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Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca

territórios que vinham sendo colonizados na América, na


A ESTÉTICA BARROCA Índia, na África e na Ásia.

Assim, a Europa viveu crises internas e experimentou


INTRODUÇÃO
o choque cultural com costumes até então desconhecidos.
A origem do termo barroco é objeto de muitas As supostas irregularidades da arte barroca transmitiam de
especulações. Segundo alguns estudiosos, a palavra se forma bastante viva a falta de harmonia de um mundo em
associava a um tipo de pedra de formato irregular e era crise.
usada para designar algo imperfeito, sem harmonia. Em
arte (literatura, pintura, música, etc.), o termo foi aplicado A ARTE BARROCA
a uma estética que não apresentava os valores
renascentistas. Seu uso buscava evidenciar que DUALIDADE
determinada obra não seguia as regras clássicas de O Barroco, como expressão artística, ocorreu em um
harmonia e equilíbrio, entendidas como princípios período histórico preciso. No entanto, ele tratou de
imutáveis do belo artístico difundido pelo Renascimento. contradições experimentadas pelo ser humano em
Com o tempo, o Barroco passou a ser aceito como uma qualquer época. Tais contradições foram expostas na
estética legitima, que criava as próprias convenções e estética barroca por meio de recursos expressivos próprios
instituía novos padrões de beleza. Esse padrão daquele tempo.
predominou ao longo do século XVII, período designado
como seiscentismo – termo que também se associa à O fragmento a seguir evidencia as preocupações mais
estética barroca. contundentes daquele momento, conforme as entendia o
Padre Antônio Vieira, um dos maiores representantes da
REFORMA E CONTRARREFORMA estética barroca em língua portuguesa:

Para custear suas despesas e a construção de obras {...} Os homens, temos três vidas: vida corporal, vida
monumentais, a Igreja Católica costumava levantar fundos espiritual, vida eterna. A morte tira somente a vida
com a venda de indulgencias. Indulgência significava corporal; o pecado tira a vida espiritual, tira a vida eterna,
perdão dos pecados, concedido em caráter especial. Tal e também tira a vida corporal, porque do pecado nasceu a
procedimento, adotado ainda na Idade Média, sempre morte {...} A morte mata o corpo que é mortal; o pecado
mereceu críticas de setores da hierarquia eclesiástica. No mata a alma, que é imortal, e morte que mata o imortal,
início do século XVI, a oposição a esse tipo de pratica vede que morte será! Os estragos que faz a morte no corpo,
passou a ocorrer de maneira mais firme. Em 1517, o consome-os em poucos dias a terra; os estragos que faz o
religioso alemão Martinho Lutero protestou de forma pecado na alma, não basta uma eternidade para os
veemente, levando contra si a fúria das autoridades consumir no fogo. E sendo sobre todo o excesso de
católicas, que determinaram sua excomunhão. Lutero comparação tanto mais para temer a morte da alma que a
recebeu o apoio de importantes autoridades europeias, morte do corpo, e tendo mais para amar e para estimar a
fazendo surgir o movimento da Reforma protestante, fato vida espiritual e eterna que a vida temporal, em que fé, e
que provocou uma cisão na Igreja Católica. em que juízo cabe, que pela vida e saúde do corpo se façam
tão extraordinários extremos, e que da vida e saúde da ama
A Igreja Católica reagiu com uma série de medidas,
se faça tão pouco caso?
que, no seu conjunto, configuraram a Contrarreforma.
Entre os anos 1545 e 1563, a cidade italiana de Trento foi VIEIRA, Padre Antônio. Sermão de Nossa Senhora da Penha de França. Sermões.

palco de uma assembleia de autoridades católicas


denominada Concilio de Trento. O concilio produziu LINGUAGEM REBUSCADA
documentos que determinavam a obediência rigorosa aos Para os representantes da estética barroca, a
dogmas, a criação de um índex – lista de livros proibidos – simplicidade defendida pelos clássicos era demonstração
e o desenvolvimento de estratégias que visavam à de falta de criatividade. De maneira oposta à estética
popularização do ritual católico. renascentista, o Barroco valorizava o ornamento, o enfeite,
o rebuscamento, características expressivas que tornavam
Paralelamente, os tribunais da Santa Inquisição, que
a manifestação barroca mais tortuosa.
funcionavam desde o período medieval, foram usados para
perseguir os protestantes, enquanto a Companhia de A arte literária do século XVIII tinha jogos de palavras,
Jesus, organização fundada em 1534, foi utilizada para proposições e comparações inusitadas, que exigiam
difundir a fé católica, impondo-as às populações dos perspicácia do leitor. A criação desses tipos de associação
Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca
era definida como agudeza. Ela pode ser exemplificada O equilíbrio clássico é substituído, no Barroco, pela
pelo texto a seguir. concepção de um mundo efêmero, em constante
movimento e transformação. A consciência de que a vida é
Foi no mar de um cuidado breve assume ares dramáticos, com o pressentimento da Comentado [MEB1]: Inquietação, preocupação
morte, da punição pelos pecados e da destruição gradativa
Meu coração pescado; de todos os bens da existência. A literatura barroca se
volta, assim, para o processo de decadência moral e física
Anzóis os olhos belos; do ser humano.

São linhas teus cabelos Leia o soneto a seguir, de Gregório de Matos:

Com solta gentileza, Ao dia do juízo

Cupido pescador, isca a beleza. O alegre do dia entristecido,

OLIVEIRA, Manuel Botelho de. Música do Parnaso. Rio de Janeiro. O silencio da noite perturbado

A complexidade da expressão barroca pode ser O resplendor do sol todo eclipsado,


didaticamente compreendida levando em consideração
dois conjuntos de recursos expressivos: o cultismo e o E o luzente da lua desmentido! Comentado [MEB2]: Brilho
conceptismo.

CULTISMO E CONCEPTISMO Rompa todo o criado em um gemido, Comentado [MEB3]: Criação


Os recursos que foram explorados pela linguagem Que é de ti mundo? Onde tens parado?
barroca podem ser agrupados em duas grandes correntes.
De um lado, havia o conceptismo, que dava maior Se tudo neste instante está acabado,
destaque ao conteúdo. De outro lado, o cultismo, que se
concentrava mais na própria expressão, explorando, por Tanto importa o não ser, como haver sido.
exemplo, as figuras de linguagem. Eram duas vertentes de
um mesmo movimento, que podiam estar presentes
simultaneamente na mesma obra. É muito difícil que um Soa a trombeta da maior altura, Comentado [MEB4]: Referência à concepção católica do
texto seja puramente cultista ou conceptista. Juízo Final
A que vivos, e mortos traz o aviso
DINAMISMO
Da desventura de uns, d’outros ventura. Comentado [MEB5]: Infelicidade
O Barroco pode ser concebido como a arte do
Comentado [MEB6]: Felicidade
movimento. Isso não significa dizer que a arte clássica era
estática. O que ocorre é que o classicismo renascentista
Acabe o mundo, porque é já preciso,
privilegiava a imagem fixa, parada, como se a pintura, por
exemplo, reproduzisse uma estatua, enquanto o Barroco Erga-se o morto, deixe a sepultura,
preferia o dinâmico.
Porque é chegado o dia do juízo.
Esse dinamismo é facilmente percebido nas artes
plásticas (desenho, pintura, escultura, etc.). Mas como
percebê-lo na literatura? Algumas figuras de linguagem
No contexto do Barroco, o homem era fruto do
criam a sugestão de um verdadeiro labirinto sintático,
pecado, e todo pecado necessariamente seria punido. Qual
conferindo movimento à expressão verbal ao torna-la
alternativa restava, então, aos que se sentiam angustiados
tortuosa. É o que ocorre, por exemplo, com o hipérbato,
diante dessa perspectiva? A resposta estava na fé.
que é a inversão da ordem natural da frase.

Outra forma de manifestação do dinamismo na EXPRESSÃO DE FÉ


estética barroca diz respeito à temática da instabilidade do
Diante da inevitabilidade da morte e da punição pelos
mundo, já presente nos poemas maneiristas de Camões.
pecados cometidos, a alternativa que se descortinava ao
ser humano, segundo a concepção barroca, consistia no
INSTABILIDADE
esforço de obter o perdão divino.
Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca
Para a Igreja Católica, tal perdão só poderia ser futurologia, foi impedido de pregar e transferido de volta
alcançado por meio da obediência às suas determinações para Salvador, onde passou os últimos anos, dedicando-se
– o que visava, entre outras coisas, manter a ligação do fiel à organização de sua obra máxima, os Sermões.
com o catolicismo, afastando-o de qualquer aproximação
com as ideias reformistas. A ARTE DE PREGAR SERMÕES

Em um de seus textos mais famosos, o “Sermão da


A ARTE DE ALEIJADINHO
Sexagésima”, pregado em 1655, Vieira apresenta aos seus
Antônio Francisco Lisboa (1730? – 1814) foi o mais ouvintes uma verdadeira aula de como se deve
importante artista plástico do Barroco brasileiro. Sua desenvolver a pregação. Trata-se de um exercício de
biografia é ainda hoje envolta em mistério, mas sua obra é metalinguagem, isto é, um sermão que tem como tema a
reconhecida pela qualidade e pela expressividade própria atividade do sermonário. Para Vieira, a função dl
dramática de suas figuras, características estéticas que pregador era esclarecer a palavra de Deus aos fieis.
permitem sua inserção nas convenções barrocas.
O Padre Vieira defendia com seus sermões a ideologia
católica, atacando de forma decidida os reformistas,
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
considerados então hereges, isto é, contrários aos dogmas
A UNIÃO IBÉRICA (1580 – 1640) católicos.

O desaparecimento do rei português D. Sebastião


(1554 – 1578) na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, DEFESA DO CATOLICISMO
criou uma crise sucessória, já que o monarca não deixara Um dos grandes exemplos da defesa da moral católica
herdeiros. contra o protestantismo, na obra de Vieira, é o “Sermão
pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de
A partir de 1580, o trono português foi ocupado pelo
Holanda”.
rei Felipe da Espanha, inaugurando um período de domínio
espanhol que duraria 60 anos. O episodio foi o ponto mais Os holandeses, que eram protestantes em sua
marcante da decadência lusitana, já prevista por Camões maioria, pretendiam estender seus domínios à América e,
no epilogo de Os Lusíadas, publicado em 1572. em 1640, tentaram invadir a Bahia. Com seu sermão, Vieira
estimulou a resistência dos brasileiros. Sua argumentação
O sentimento de frustração gerado pela morte do rei
parte do episódio do Antigo Testamento no qual o rei
fez surgir o sebastianismo.
hebreu Davi recorre a Deus para proteger seu povo. Vieira
Em 1640, o movimento da Restauração expulsou os pede proteção aos que, para ele, constituem o novo povo
espanhóis de Portugal e colocou uma nova família no de Deus: os portugueses e todos os que lutam ao seu lado.
poder, a dinastia de Bragança, iniciada com D. João IV.
Curiosamente, esse mesmo religioso que tanto
Desde então, a influência política do Padre Antônio Vieira
defendia a Igreja Católica foi perseguido por essa
cresceu, pois ele se tornara um dos conselheiros do rei.
instituição. Isso ocorreu porque Vieira perdeu o apoio
politico com que ele contava. Essa perda, por sua vez,
BIOGRAFIA
ocorreu por causa de certas atitudes do pregador, que
Nascido em Portugal, Antônio Vieira (1608 – 1697) feriram interesses de poderosos.
veio com a família para o Brasil aos 6 anos. Em Salvador,
Bahia, frequentou o Colégio Jesuíta e iniciou sua carreira TEMÁTICA SOCIAL
eclesiástica em 1635. Sua pregação religiosa logo chamou
Nos sermões de Vieira, predomina a temática
a atenção. Após a Restauração de 1640, passou a exercer
religiosa, porém, por meio dela, ele também tratava de
funções administrativas no reino português, mas não
questões sociais. O fato de ele exercer funções
abandonou sua vida eclesiástica. Em 1652, esteve no
administrativas não o inibia de fazer críticas aos vícios da
Maranhão, desenvolvendo um trabalho de catequese
sociedade. Vieira fazia do púlpito um espaço de defesa e
junto aos indígenas e combatendo a escravatura dessa
difusão de suas ideias. Defesa que, muitas vezes, era
população, praticada pelos fazendeiros locais. Estes
sinônimo de ataque. Foi o que aconteceu, por exemplo, em
últimos conseguiram sua expulsão em 1661.
1665, quando Vieira pregou o “Sermão do bom ladrão”, em
Enfrentamentos desse tipo fizeram Vieira perder o Lisboa. Nele, o sermonário se refere aos funcionários do
apoio político que tinha, enfraquecendo-o também junto reino.
às autoridades eclesiásticas. Acusado de praticar
Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca
Em 1656, com a morte de D. João IV, o grande Gregório de Matos Guerra (1633 – 1696), nascido em
protetor de Vieira, este ficou a mercê de seus inimigos, que Salvador, era o terceiro filho de uma família abastada.
tramaram para afastá-lo de suas atividades Depois de completar a educação básica em um colégio
administrativas. As autoridades eclesiásticas, por sua vez, jesuíta da Bahia, foi mandado a Coimbra, onde se graduou
já não viam com bons olhos a forma liberal como Vieira em Direito. Embora não tenha publicado nada em vida,
tratava os judeus, cujas praticas religiosas eram durante sua estada em Portugal adquiriu fama como poeta
condenadas pela Igreja. O padre fazia vista grossa a essas satírico e improvisador. De volta ao Brasil, em 1679,
práticas, pois sabia que os judeus eram importantes para trabalhou como desembargador e tesoureiro-mor da Sé,
as finanças do reino. Como consequência, Vieira perdeu cargos dos quais foi destituído por não aceitar usar batina
seu apoio dentro e fora da instituição, tendo sido relegado nem acatar ordens superiores da igreja. A partir desse fato,
ao esquecimento nos seus últimos anos de vida. Gregório passou a se dedicar a fazer criticas a todas as
classes sociais da Bahia, em textos geralmente corrosivos
A VISÃO DA ESCRAVIDÃO que lhe custaram a perseguição pelas autoridades locais, a
prisão e o exilio na África. Ao final da vida, voltou para
Em mais de uma ocasião, Vieira criticou os
Recife, onde morreu, sem nunca mais ter pisado em solo
latifundiários brasileiros pela crueldade ao tratar a
baiano.
população indígena, que era condenada à escravidão. No
entanto, sua posição era diferente em relação à escravidão
negra, que o padre via como uma importante fonte de mão BOCA DO INFERNO
de obra para a economia colonial. A fim de justificar suas As poesias satíricas, que apresentam termos chulos e
opiniões, Vieira utilizava argumentos religiosos. ataques pessoais violentos, são um aspecto muito
conhecido da obra do poeta baiano, considerado por
O BARROCO NO BRASIL E A POESIA DE muitos o verdadeiro precursor da literatura brasileira.
GREGÓRIO DE MATOS Foram seus textos críticos, associados à vertente erótica e
muitas vezes pornográfica, que lhe valeram a alcunha de
O BARROCO BRASILEIRO
Boca do Inferno.
Quando pensamos no Barroco brasileiro, é muito
comum nos lembrarmos da obra de Antônio Francisco POESIA SATÍRICA (CRÍTICA SOCIAL)
Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho.
Mesmo tendo nascido em Salvador, Gregório de
Literariamente, porém, o Barroco já se havia Matos nunca poupou a capital baiana de críticas em seu
desenvolvido no Brasil desde o início do século XVII, mais trabalho literário. O poeta não se conformava em viver em
especificamente no Nordeste, quando ainda havia o um mundo usurpado por aquilo que, para ele, era
processo de colonização, sob a égide rigorosa da Inquisição oportunismo dos pretensos e falsos nobres, os negociantes
europeia, em um clima de repressão decorrente da portugueses. Como advogado, vivia a farsa das instituições
Contrarreforma religiosa. jurídicas e, como poeta culto, via-se em um meio que
considerava iletrado.
Didaticamente, considera-se que o marco inicial do
Barroco literário no Brasil foi a publicação, em 1601, do POESIA ERÓTICA (ENTRE O GRACIOSO E O
livro Prosopopeia, de Bento Teixeira, poema épico PORNOGRÁFICO)
inspirado na tradição camoniana. Naquela época, havia no
Brasil colonial pouco espaço para o desenvolvimento da O trabalho de Gregório de Matos é fortemente
literatura, e os autores só tinham seus livros publicados em marcado pelo erotismo. O poeta é lembrado não só por sua
Portugal. Assim, na colônia, os poemas só tornavam-se capacidade de produzir textos ferinos sobre a sociedade
conhecidos ou pela tradição oral ou por folhetos baiana, como também por textos que fazem menção a
manuscritos e distribuídos por seus próprios autores. encontros sexuais e às genitálias masculina e feminina.
Normalmente, esses trabalhos são classificados como
Salvador, também conhecida como “cidade da Bahia”, graciosos, quando sugerem algum traço malicioso, ainda
era o grande centro político e econômico do Brasil colônia, que não explicitado; ou pornográficos, quando atingem o
que vivia da exploração da cana-de-açúcar e do algodão. E terreno da licenciosidade, com termos de baixo calão,
foi em consequência disso que o Barroco brasileiro se extremamente ofensivos.
desenvolveu primeiramente em território baiano.
A outra freira, que satirizando a
O POETA GREGÓRIO DE MATOS delegada fisionomia do poeta lhe
chamou “Pica-flor”
Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca
Se Pica-flor me chamais,

Pica-flor aceito ser,

mas resta agora saber,

se no nome, que me dais,

meteis a flor, que guardais

no passarinho melhor!

Se me dais este favor,

Sendo só de mim o Pica,

E o mais vosso, claro fica,

Que fico então Pica-flor

POESIA AMOROSA
Além de ter escrito poesia de crítica social e textos
marcados por erotismo e obscenidade, Gregório de Matos
também cultuou o lirismo amoroso. Seus poemas líricos
apresentam um homem angustiado diante do amor que
muitas vezes se revela dividido entre os desejos corporais
que nele se manifestam e a culpa e angústia pelo pecado,
dualidade tipicamente barroca.

POESIA RELIGIOSA
Como traço comum do Barroco, o questionamento
religioso aparece entre as principais preocupações dos
autores. Os textos revelam um eu lírico dividido entre a
atração pelo pecado e a necessidade do perdão, ou em
busca de uma integração entre o espiritual e o carnal em
suas atitudes. A referência a objetos sagrados, como o
símbolo da cruz ou a imagem de Jesus Cristo, também é um
recuso muito utilizado por Gregório de Matos.

POESIA REFLEXIVA
O tema da efemeridade é um dos mais presentes no
movimento Barroco e a percepção de que o mundo está
em desacerto também é um pressuposto importante para
desencadear o processo reflexivo a respeito daquilo que se
vive e do que se vê acontecer ao redor. O eu poético de
Gregório de Matos assume em vários poemas essa postura
reflexiva, em que a questão filosófica transcende a
religiosa e se estende a outros aspectos da existência.

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