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Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem

Enem
História
Introdução à História
Pré-História
Antiguidade oriental: Mesopotamia e Egito
Antiguidade clássica: Grécia
Origens da civilização grega
As origens da civilização grega remontam à ilha de Creta, de acordo com escavações arqueológicas feitas a partir do final do século XIX nessa ilha, a
maior da Grécia. A civilização cretense baseava-se na vida em torno do palácio, eixo da vida social, e na cidade, centro comercial e eixo da vida econômica.
Pelos vestígios arqueológicos encontrados, foi possível concluir que os cretenses costumavam fazer viagens pro mar e tinham contato com a civilização
egípcia. Exemplo desse contato foram os objetos cretenses descobertos no Egito e objetos egípcios encontrados em Creta.

Em torno de 2000 a.C., tribos indo-europeias rumaram para o sul, em direção à região grega. No processo de ocupação desse território, destacaram-se os
aqueus, os eólios, os jônios e, mais tardiamente, os dórios. Ali, em contato com a civilização cretense, esses povos formaram a civilização micênica.

No Peloponeso (região do sul da Grecia), os micênicos compartilharam valores, construíram uma religiosidade em comum, organizaram os negócios de
Estado e desenvolveram o comercio e o artesanato.

A civilização micênica atingiu seu apogeu no período de 1400 a.C. a 1230 a.C. Por volta de 1150 a.C., desintegrou-se, devido a guerras internas,
perturbações politicas que enfraqueceram as camadas dirigentes e, provavelmente, mudanças climáticas prejudiciais à agricultura. A violenta chegada dos
dórios, ultimo povo indo-europeu a se estabelecer na Grécia, contribuiu para o declínio da civilização micênica.

Dos micênicos, a civilização grega herdou crenças religiosas, a cerâmica, a metalurgia, a agricultura, a língua e um código de honra, imortalizado nas
epopeias de Homero, além de mitos e lendas que serviram de matéria-prima para as tragedias gregas.

O Período Homérico (séculos XII a.C. – VII a.C.)


De aproximadamente 1200 a.C. a 800 a.C., o mundo grego passou por uma etapa de transição na qual formas de organização estatal desapareceram, o
comercio de longo curso foi extinto, e a escrita, abandonada.

A ausência de documentos escritos confere grande importância à pesquisa arqueológica, que aponta uma enorme diversidade de modos de vida na Grécia.
Existiam alguns pequenos centros urbanos, comunidades agrarias coletivistas, grupos nômades e, quem sabe, outros modelos de vida em sociedade,
desconhecidos por nós.

De qualquer maneira, os indícios evidenciam o predomínio de uma sociedade agropastoril. Os homens viviam em pequenas células – os gene, ou
comunidades gentílicas, entendido como uma extensa família, onde vários casais viveriam sob a autoridade de um único chefe. Em torno desse núcleo,
organizava-se o oikos, unidade econômica que compreendia terras, casas, ferramentas, armas e gado, dos quais dependia a sobrevivência do grupo.

Nos oikoi (plural de oikos) prevalecia uma economia coletiva e a liderança era do pater famílias, líder militar e religioso. A preservação do passado se
fazia pela tradição oral, em que poetas, chamados aedos, contavam a historia por meio da poesia. Para tornar suas narrativas mais atraentes aos ouvintes, os
aedos as modificavam, geração após geração, já que o essencial era a beleza e a emoção que poderiam despertar.
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Ilíada e Odisseia: a construção da identidade
Logo após o período homérico, ainda no século VIII a.C., um individuo chamado Homero teria reunido essas historias nas obras Ilíada e Odisseia:
epopeias que narram, respectivamente, o ultimo ano da Guerra de Troia e o regresso de Ulisses a Ítaca após o combate. Na verdade, embora atribuídas a
Homero, não há certeza da autoria dessas obras, que revelam séculos de uma poesia até então oral, composta, recitada e transmitida pelo aedos sem o auxilio
da escrita.

As epopeias contribuem na construção da identidade da civilização grega. Nelas está presente uma língua em comum, valores e a religiosidade da Grécia
Antiga. Entre os valores, destaca-se o espirito guerreiro como um elemento primordial. Na Ilíada, por exemplo, Aquiles é descrito como o maior guerreiro que
já existiu. Antes de partir para a guerra, sua mãe o teria advertido de que se fosse lutar teria uma vida curta, mas sua gloria seria eterna. Caso não partisse para
a batalha, teria uma vida longa e tranquila. Aquiles escolheu uma vida breve, mas cheia de heroísmo.

O sentimento religioso ocupa um lugar central tanto na Ilíada quanto na Odisseia. Os deuses participam intensamente dos eventos. Eles se assemelhavam
aos homens em virtudes e fraquezas, mas diferiam pela imortalidade e onipotência. Por diversas vezes, as deusas e os deuses apaixonavam-se pelas criaturas
humanas, lutavam contra elas ou aliavam-se a elas. Os gregos do Período Homérico tinham grande respeito pelos deuses, mas não acreditavam que
determinassem como seriam suas vidas e, algumas vezes, chegavam a desafiá-los para alcançar seus objetivos.

Na trajetória de Ulisses, nota-se a valorização da inteligência do guerreiro. Na Ilíada, por exemplo, ele imaginou como os gregos poderiam vencer a
guerra de Troia: fingiriam reconhecer a derrota, dando de presente aos troianos um grande cavalo de madeira, porém com alguns guerreiros escondidos dentro.
Os troianos, para quem o cavalo era um animal sagrado, recolheram o presente deixado no portao de suas muralhas e os soldados gregos saíram de dentro do
cavalo, incendiando Troia.

Os relatos fantásticos da Ilíada e da Odisseia apresentam o ser humano como uma criatura capaz de superar obstáculos variados, de confrontar os deuses
e de lidar com os fenômenos da natureza. As epopeias foram usadas na educação dos jovens gregos e os feitos dos grandes heróis serviam como um guia dos
valores morais a serem perseguidos.

O Período Arcaico (séculos VIII a.C. – VI a.C.)


A formação das cidades-Estado
Após o século VIII a.C., as comunidades gentílicas (genos), começaram a se enfraquecer. Tornou-se cada vez mais difícil encontrar terras disponíveis.
Isso estimulou o renascimento da vida urbana. Pouco a pouco, foram surgindo unidades políticas e administrativas autônomas. Eram as cidades-Estado gregas
– definidas como pólis (palavra grega para “cidade”).

As pólis não têm certidão de nascimento. Só as pudemos reconhecer quando já estavam funcionando. Além disso, elas não se desenvolveram
simultaneamente, o que dificulta a datação precisa de suas origens. Cada pólis caracterizava-se pela pequena dimensão, e a maior de todas elas, Atenas, chegou
a ter em seu apogeu cerca de 350 mil habitantes. Cada cidade-Estado era independente, tinha suas próprias instituições e frequentemente entrava em atrito com
as outras. Essa autonomia contribuiu para a diversidade no mundo grego. Apesar de compartilharem de uma série de elementos comuns, como a língua e a
religião, havia em cada pólis espaços para diferenciações: Atenas e Esparta são exemplos dessa pluralidade cultural.

Foi na pólis grega que surgiu uma importante mudança na organização da vida em sociedade, na medida em que se desenvolveram práticas politicas
participativas, nas quais a legitimidade do poder politico deixou de depender dos deuses. Inicialmente essas praticas se deram sob formas aristocráticas e, mais
tarde, chegando à democracia, implicaram a ruptura com um certo fatalismo: o destino dos homens deixou de ser atribuição dos deuses e passou a ser
conduzido por eles mesmos, reunidos em assembleia ou praça pública, discutindo seus problemas e deliberando sobre seu futuro.

Atenas
Atenas, situada próxima ao litoral da península da Ática, tinha uma grande esquadra e encabeçava o comércio entre os gregos. A exemplo de outras
cidades-Estado gregas, a monarquia centralizada foi a primeira forma de governo adotada, durante o século VII a.C., os aristocratas, grandes proprietários de
terras, usurparam o poder dos monarcas hereditários e formaram uma oligarquia, isto é, um regime politico em que o poder é exercido por um pequeno grupo
de pessoas da mesma classe social.

A expansão pelo mar Mediterrâneo


A escassez de terras férteis para sustentar a população em crescimento havia se tornado um grande problema para as cidades gregas. Por isso, Atenas e
outras pólis estabeleceram colônias: o processo ficou conhecido como a 2ª diáspora grega e se estendeu pelas margens do mar Mediterrâneo e do mar Negro.
Após a conquista das regiões a serem colonizadas, os gregos fundaram cidades autônomas, com a utilização do modelo das pólis gregas e a adoção de suas
tradições religiosas.

Cabe destacar as peculiaridades da colonização grega no Mediterrâneo: ao contrario do que ocorreu em outros contextos de colonização ao longo da
História, uma cidade grega era capaz de dar origem a colônias que, depois de fundadas, mantinham a autonomia politica e a independência econômica.
Certamente uma colônia sustentava ligações privilegiadas com a pólis de onde saiam seus fundadores, mas não havia nenhuma obrigatoriedade nessa situação.
Nesse sentido, conceitos habituais como “metrópole” ou “monopólio” são inadequados para entender o mundo colonial grego.

O processo de estabelecimento de colônias foi mais intenso no período que vai de 750 a.C. a 550 a.C., quando ocorreu a expansão do comercio e da
manufatura, com aceleração da urbanização e desenvolvimento da classe dos mercadores. A partir do século VII a.C., em Atenas, muitos desses comerciantes
acabariam por desafiar a aristocracia.

Rumo à democracia
No século VII, as pólis enfrentaram uma grave crise social. Várias foram as medidas tomadas pelos legisladores para tentar resolvê-la. Em 621 a.C., o
aristocrata Drácon redigiu um código de leis, que até então se baseavam apenas na tradição oral. O código, muito severo, permitiu aos pobres conhecer a lei,
mas não resolveu os conflitos que envolviam, entre outros, os camponeses e a nobreza proprietária de terras, os eupátridas.
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Uma nova tentativa de atenuar os conflitos sociais ocorreu em 594 a.C., quando os eupátridas nomearam como chefe executivo Sólon. Por acreditar que a
sede de poder dos ricos proprietários havia destruído a vida da comunidade, Sólon propôs limitar o tamanho das propriedades e pôs fim à escravidão por
dividas, além de conceder a todos os grupos sociais, mesmo os mais pobres, o direito de participar de uma assembleia de cidadãos. Além disso, concedeu os
postos mais altos do Estado aos ricos comerciantes, até então excluídos por não pertencerem à aristocracia agraria. Sólon, portanto, deu inicio à transformação
da politica ateniense, regida até então por uma oligarquia aristocrática, que levaria à democracia.

As reformas de Sólon não eliminaram, porem, as disputas entre os clãs aristocráticos, tampouco diminuíram o descontentamento dos pobres. Pisístrato
(600 a.C. – 527 a.C.) tentou tirar partido dessa instabilidade para se tornar tirano. Conquistando o poder em 546 a.C., exilou os aristocratas que se opuseram a
ele.

A tirania era uma forma de governo em que o poder não se baseava na religião nem na hereditariedade. O poder do tirano dependia fundamentalmente do
emprego da força e do prestigio junto à população mais pobre, para quem ele geralmente aparecia como defensor na luta contra os aristocratas. Pisístrato, por
exemplo, promoveu uma distribuição de terras para homens do povo ateniense. Além disso, também realizou grandes projetos arquitetônicos, recitais das
epopeias de Homero e festivais que incluíam representações dramáticas, antes privilégios da aristocracia e que agora finalmente chegavam ao homem comum.

Ao final do período da tirania, destacou-se o legislador Clístenes, que ampliou a participação politica para o conjunto de homens livres nascidos na pólis.
Observa-se aqui a exclusão da democracia ateniense de mulheres, escravos e estrangeiros, ou seja, dos chamados metecos (gregos nascidos em outras pólis).
Dos 350 mil habitantes que Atenas teve em seu apogeu, menos de 10% podiam ser caracterizados como cidadãos (homens livres atenienses) e, portanto, com
direito a participar da vida politica.

Um dos pontos fundamentais do novo regime politico foi a transformação da assembleia de cidadãos, a Eclésia, na suprema autoridade do Estado. Nela,
todas as questões de interesse geral eram debatidas e votadas pelos cidadãos. Para proteger o novo regime democrático, foi introduzido o ostracismo: uma vez
por ano os atenienses faziam uma votação secreta, inscrevendo em um caco de barro (ostrakon) o nome de alguém que fosse considerado perigoso para o
Estado. O individuo contra o qual se apurasse um numero suficiente de votos era ostracizado, isto é, forçado a deixar Atenas durante dez anos.

Outro ponto importante foi a consolidação do demos como unidade politica dentro de Atenas. A cidadania passou a depender da inscrição dos cidadãos no
demos que, grosso modo, representa uma região geográfica. A península da Ática foi dividida em 139 demos que reuniam habitantes da mesma vizinhança
com problemas comuns. A pratica democrática ligava-se, portanto, à identidade do cidadão com o demos onde vivia, e sua participação nas discussões da
Eclésia incluía os interesses comuns ao seu grupo local. Pode-se dizer que essa identidade facilitou a criação e o desenvolvimento da democracia,
representando o fundamento diante do qual ela deveria se fundar: caso os cidadãos não se reconheçam como iguais ou membros da mesma comunidade, torna-
se difícil a aceitação do discurso do outro, fundamento do regime democrático.

A religiosidade foi pouco a pouco cedendo espaço para um governo que expressava a vontade dos cidadãos livres, não a de deuses, monarcas hereditários
ou sacerdotes. Entretanto, a emergência dessa nova forma de governo não implicou o fim da religião, especialmente para os camponeses, que permaneciam
fieis a seus antigos cultos, deuses e santuários. Nem os dirigentes atenienses deixavam de consultar oráculos antes de tomar decisões. A diferença é que, cada
vez mais, a religião ficava em segundo plano. Tanto que, quando a civilização grega chegou ao apogeu, em meados do século V a.C., ela já não era fator
dominante na vida politica. Isso distinguiu a politica grega entre as outras de seu tempo.

Esparta: um Estado militarizado


Situada na península do Peloponeso, mais interiorana do que a maioria das cidades gregas, esparta foi ocupada pelos gregos de origem dória, de forte
tradição guerreira. Enquanto as outras cidades-Estado gregas resolviam seus problemas de superpopulação e escassez de terra estabelecendo colônias, Esparta
aproveitava-se da exploração de mão de obra conquistada durante o estabelecimento dos dórios.

Eram conservados como “servos do Estado”, chamados de hilotas, e submetidos ao trabalho na agricultura. As escassas atividades comerciais eram
deixadas a cargo dos periecos, homens livres, pequenos proprietários de terra e sem direitos políticos.

A participação politica estava restrita à aristocracia militar, que ocupava os cargos públicos e encarregava-se da manutenção da ordem. Na preparação de
um cidadão

Antiguidade Clássica: Roma


O mundo extraeuropeu
Idade Média: a Alta Idade Média
Idade Média: a experiência do feudalismo
Baixa Idade Média: Cruzadas
Baixa Idade Média: Renascimento Comercial e urbano
Baixa Idade Média: Formação das monarquias nacionais
Baixa Idade Média: Crise e expansão comercial
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Cultura medieval
Introdução à Idade Moderna
Idade Moderna: o Renascimento Cultural
Idade Moderna: Reforma religiosa
Idade Moderna: Absolutismo
Significado
Origens e estruturação
O absolutismo representa a forma de organização política predominante nos estados europeus entre os séculos XV e XVIII. Suas origens remontam ao
processo de centralização monárquica do fim da Idade Média. Nessa época, o desenvolvimento da economia de mercado havia gerado uma expansão da
riqueza monetária que, transferida a grandes senhores sob a forma de impostos, lhes permitiu a estruturação de unidades politicas de vasto alcance territorial,
originando os Estados Nacionais.

Nesse contexto, surgiu uma associação entre os reis e os grupos burgueses instalados no território desses estados. Durante a maior parte do período de
vigência do absolutismo, os reis mantiveram a politica de beneficiar a burguesia nacional por meio da proteção militar, do estabelecimento de leis favoráveis
aos seus negócios e através do fomento da expansão da atividade econômica, empreendendo conquistas ou guerras contra estados rivais – e, por consequência,
grupos burgueses de outros países.

O engajamento dos estados na proteção e ampliação do interesse privado de grandes negociantes é uma das características do sistema econômico
capitalista, em processo de formação naquele momento. Por isso, a Idade Moderna pode ser caracterizada como o período do capitalismo comercial, no qual
prosseguia a expansão da economia de mercado, com os lucros gerados principalmente em virtude do comercio. Os Estados Nacionais passaram a ter papel
significativo na configuração desse mercado.

Todavia, não se deve considerar que o Estado absolutista agisse somente em beneficio de interesses burgueses, uma vez que, na sua organização interna,
era fundamental a presença da aristocracia.

Atraída para a corte, essa nobreza se converteu em um poderoso instrumento burocrático à disposição dos monarcas, monopolizando quase todas as
funções administrativas do Estado. Desempenhando as funções de comandantes militares, juízes, funcionários e administradores de toda espécie, os nobres
atuavam sob as ordens do rei, ao mesmo tempo legitimando e fortalecendo o seu poder. A concessão de salários generosos e privilégios de toda espécie
(incluindo leis especificas e tribunais separados), além da possibilidade de uma vida luxuosa na corte, garantiam ao rei o controle da nobreza. Como
consequência, a burguesia ficava pouco satisfeita, uma vez que, em ultima analise, deveria cobrir esses gastos através do pagamento de impostos.

Percebe-se aqui o caráter do Estado absolutista. Trata-se de um estado que busca o equilíbrio entre a burguesia (de quem o rei obtém o poder econômico
cobrando impostos) e a nobreza (de quem o rei extrai apoio político em troca de privilégios). Esse equilíbrio era fruto simultâneo da desarticulação politica da
burguesia, incapaz de controlar integralmente o poder do Estado, e do declínio da nobreza de origem feudal, cuja ambição politica local se viu desarticulada
com o surgimento dos Estados Nacionais. Diante da impossibilidade de um desses grupos sociais exercer a hegemonia, o poder político se descolou e ganhou
autonomia, assumindo a forma de um monarca absolutista todo poderoso.

Finalmente, o Estado absolutista é um estado de transição em que a permanência de grupos sociais remanescentes do feudalismo, como a nobreza,
convivia com a ascendente burguesia capitalista que, no futuro, assumiria o controle dos estados e derrubaria os reis absolutistas.

O estado absolutista preservava a estrutura de ordens do sistema feudal, com leis e tribunais separados para membros do clero, nobreza e trabalhadores
em geral (o Terceiro Estado). A dificuldade de transitar entre diferentes ordens sociais caracterizava uma sociedade estamental. É conhecido por Antigo
Regime o conjunto formado por uma sociedade de ordens, estado absolutista e capitalismo comercial.

Política econômica
O mercantilismo
Por mercantilismo entendemos o conjunto de práticas econômicas adotadas pelos estados absolutistas europeus, com o objetivo de promover o
enriquecimento da burguesia e, consequentemente, o fortalecimento do próprio Estado. Em outras palavras, trata-se da política econômica dos estados
modernos europeus.

A palavra “mercantil” designa tudo aquilo que é relativo ao comercio, e foram justamente as preocupações comerciais dos monarcas associadas aos
interesses burgueses que definiram as práticas econômicas do mercantilismo. Visando garantir o enriquecimento e o controle do Estado na economia, as
monarquias absolutistas se utilizaram de diversos mecanismos intervencionistas para viabilizar o lucro das práticas mercantis.

O protecionismo tinha como objetivo evitar a saída de moeda do país, ao mesmo tempo defendendo a produção nacional da concorrência estrangeira. Para
isso, foram criadas barreiras alfandegarias que controlavam e tributavam a entrada de produtos estrangeiros nos estados. Uma das intenções protecionistas era
contribuir para a geração de uma balança comercial favorável, ou seja, a criação de um valor de exportações maior que o valor de importações.
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As medidas protecionistas poderiam contribuir para diminuir o valor das importações, mas pouco colaboravam para aumentar as exportações. Por isso, o
colonialismo desempenhou papel central para alavancar o lucro dos comerciantes europeus. Com a obtenção de matéria-prima nas colônias, foi possível
produzir em larga escala produtos manufaturados que seriam escoados para o mercado europeu, como no caso do açúcar brasileiro. Além disso, o pacto
colonial era uma forma de monopólio que garantia a exploração exclusiva da colônia pela metrópole.

Junto às práticas do mercantilismo, foi se esboçando uma concepção de riqueza que a identificava com a posse de metal precioso, incluindo aquele que
circulava sob a forma de moeda. Trata-se do metalismo, e o exame das praticas mercantilistas espanholas ilustra o alcance e os equívocos dessa concepção.

Em meados do século XVI, o ouro e a prata que a Espanha trazia de suas colônias na América pareciam não ter fim. Uma vez fundidos e transformados
em moeda, essa enorme quantidade de metal precioso se tornou responsável por uma revolução nos preços na Europa. Tanta oferta de ouro e prata tornava
necessário cada vez mais moedas para a aquisição da mesma quantidade de mercadorias. O preço dos cereais aumentou de três a quatro vezes entre o inicio e o
final do século XVI e o fenômeno prosseguiu ate 1610, quando o afluxo de metais preciosos diminuiu sensivelmente e os preços se estabilizaram.

Outra evidencia da diversidade das praticas mercantilistas foi o aprimoramento da produção de mercadorias manufaturadas. Ainda que o mercantilismo
estivesse geralmente associado às práticas comerciais, muitas vezes os governantes, visando ao fortalecimento do Estado, atuaram para ampliar a produção
manufatureira. Esse princípio do mercantilismo é denominado industrialismo e seus defensores acreditavam que a produção de manufaturados geraria tantos
lucros como a sua comercialização.

Observe que o mercantilismo não tinha como objetivo promover a prosperidade geral dos habitantes, mas sim o fortalecimento do seu Estado. Até mesmo
o enriquecimento da burguesia nacional, consequência prática das medidas que estimulavam o comercio, não era visto como uma finalidade, mas sim um meio
através do qual seria criada a riqueza que, pela arrecadação de impostos, resultaria no fortalecimento e na expansão do poder do Estado.

Fundamentos teóricos do absolutismo


Desde o século XVI, uma serie de autores desenvolveu concepções politicas originais e que legitimavam o exercício do poder absolutista, centralizado e
independente. Um dos expoentes dessa corrente de pensamento foi o italiano Nicolau Maquiavel (1469 – 1527), autor da obra O príncipe, na qual busca
compreender a politica como atividade humana, independente de quaisquer princípios religiosos. Nesse sentido, Maquiavel rompeu com a concepção medieval
de política associada à religiosidade, que considerava como seu principal objetivo promover o bem. Contra isso, Maquiavel acreditava que as principais
atividades do príncipe (ou governante) eram assumir o poder e preservá-lo, mesmo porque sem isso qualquer boa intenção perdia o sentido. Surgiu assim a
razão de Estado, que dava ao príncipe o direito de usar a força e recorrer à astúcia (incluindo a mentira, se necessário), desde que o resultado fosse o
fortalecimento do poder estatal.

América colonial: o complexo açucareiro do Brasil


Vida política e cultural na América colonial
América colonial: caminhos e fronteiras
América colonial: a mineração
América colonial: vida urbana e confronto com a metrópole
Pensamento político nos séculos XVII e XVIII: Iluminismo
Crise do Antigo Sistema Colonial
A Revolução Industrial
Criação da Ordem Liberal
Independência na América
A formação do Estado brasileiro
O Primeiro Reinado (1822-1831)
A construção do Império do Brasil
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O Primeiro Reinado, conduzido por D. Pedro I, pode ser considerado uma etapa crucial na consolidação do processo de independência do Brasil. Parte da
estrutura administrativa do Estado brasileiro já havia sido montada no período anterior, durante o governo de D. Joao, quando a colônia foi elevada a Reino
Unido de Portugal e Algarves. Após a separação dos reinos, em 1822, o Estado Brasileiro já tinha

Guerras e conflitos na construção do Império brasileiro


Declínio do Primeiro Reinado
O Período Regencial (1831-1840)
Desenvolvimento e crítica do pensamento liberal no século
XIX
Movimentos sociais e políticos no século XIX
A consolidação do Estado brasileiro
O fim do século XIX
Conflitos do século XX: a Primeira Guerra Mundial
Grandes revoluções do século XX
Brasil: formação da República

Biologia
Características da vida
O que é vida?
A Biologia é a ciência que estuda a vida. Mas o que é vida?

Muitos biólogos já tentaram definir vida. Embora essas definições sejam muito complexas e estejam em constante mudança, até hoje não há uma definição
completamente satisfatória.

Segundo o biólogo Ernest Mayr (1904-2005), definir vida é algo pouco importante. No entanto, ele admite a existência de “processos da vida”, isto é, a
existência de certas características e propriedades que não são encontradas em objetos inanimados. Muitas das características da vida são identificadas por
praticamente qualquer pessoa que, desde pequena, deve ser capaz de perceber se há vida em um ser.

Características dos seres vivos


Composição química
Aproximadamente 99% do corpo de um ser humano, assim como de praticamente qualquer ser vivo, é formado por apenas quatro elementos químicos:
carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, combinados em moléculas. A maior parte do oxigênio e do hidrogênio está combinada nas moléculas de água, que
representam de 60% a 65% da massa de uma pessoa adulta. Outros elementos como fósforo e enxofre também estão presentes no corpo, mas em menor
quantidade do que os citados anteriormente.

A tabela mostra as porcentagens de alguns elementos químicos no universo, na crosta terrestre e no corpo humano.

Elemento químico Símbolo Universo Crosta terrestre Corpo humano


Hidrogênio H 92,8 2,9 60,6
Carbono C -* - 10,7
Oxigênio O - 60,1 25,7
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Nitrogênio N - - 2,4
Enxofre S - - 0,1
Fósforo P - - 0,1
Hélio He 7,1 - -
Alumínio Al - 6,3 -
Potássio K - 1,1 -
Sódio Na - 2,2 -
Silício Si - 20,8 -

*Quando não foi atribuído valor na tabela é porque o elemento encontra-se em porcentagem menor do que 0,1%.

Embora a tabela mostre que há menos de 0,1% de potássio e de sódio no corpo humano, esses elementos são fundamentais para o funcionamento do
organismo, como também são importantes o ferro, o flúor, o zinco, o cobre, entre outros presentes em quantidades ainda menores.

Estrutura celular
Os seres vivos são formados por uma célula (organismos unicelulares) ou por mais de uma célula (organismos pluricelulares). São unicelulares as
bactérias, algumas algas, alguns fungos e os protozoários. As demais algas e fungos, os demais e os vegetais são todos pluricelulares.

As células das bactérias são procarióticas (sem núcleo nem organelas celulares) enquanto as células dos demais organismos são eucarióticas (com
núcleo e organelas membranosas)

Metabolismo
“Metabolismo” deriva da palavra grega metábole, que significa transformação, e se caracteriza pelo conjunto de reações químicas que ocorre em uma
célula, transformação determinadas moléculas em outras. Algumas moléculas são quebradas, enquanto outras são sintetizadas.

Quando falamos em metabolismo de um organismo ou órgão , estamos tratando das reações químicas que ocorrem no individuo como um todo ou em
algum de seus órgãos, como é o caso da digestão que ocorre no estomago, por exemplo, no qual há quebra de moléculas de proteínas durante a digestão.

O metabolismo pode ser classificado em anabolismo (reações de síntese de moléculas) e catabolismo (reações de quebra de moléculas). Usando o
exemplo da digestão, quando uma proteína é transformada em moléculas menores do que ela, os aminoácidos, temos um caso de catabolismo os aminoácidos
são absorvidos no intestino e, pela circulação sanguínea, ao levados para as células de todo o corpo. Quando uma dessas células utiliza esses aminoácidos para
sintetizar uma nova proteína, que fará parte da estrutura de sua membrana plasmática, por exemplo, ela esta realizando anabolismo.

Há algo importante ao se considerar o metabolismo como um conjunto de reações químicas que ocorre em uma célula, o controle dessas reações. Esse
controle é determinado pelo material genético da célula, o DNA ou ADN (ácido desoxirribonucleico). Assim, o metabolismo celular, extremamente complexo,
é sempre comandado pelo material genético, que determina o tipo de molécula que será sintetizado e degradado e o momento em que isso ocorrerá.

Outro aspecto muito importante é o fato de praticamente toda reação química do metabolismo necessitar de energia, a qual é obtida da degradação de
algumas moléculas orgânicas através de dois processos possíveis: a respiração celular ou a fermentação.

Outra possibilidade de classificação para metabolismo é dividi-lo em três grupos de reações: metabolismo estrutural, ou de construção, metabolismo
energético e metabolismo de controle.

Metabolismo estrutural ou de construção – reúne as reações de síntese de moléculas que, por sua vez. Servem para construir estruturas maiores. A síntese
de proteínas ou de tipos específicos de lipídeos para formar a membrana plasmática das células, é um exemplo desse tipo de metabolismo. Outro exemplo são
as moléculas de glicose (um tipo de açúcar) produzidas pelas plantas, através da fotossíntese, que podem ser unidas umas às outras formando moléculas
maiores, como as de celulose, usadas na construção das paredes celulares das células vegetais. As principais substancias orgânicas envolvida nesse tipo de
metabolismo são as proteínas (nos animais) e os carboidratos (nos vegetais).

Metabolismo energético – reúne as reações químicas de síntese de moléculas (anabólicas), e de quebra de moléculas de substancias (catábolicas) que
fornecem ou armazenam energia. Durante a fotossíntese, por exemplo, são produzidas moléculas de glicose a partir de gás carbônico (CO 2). Água (H2O) e luz.
Já na respiração celular, ocorre a quebra de moléculas de glicose na presença de oxigênio, liberando CO 2, H2O e energia. Os carboidratos e os lipídeos são as
principais substancias orgânicas relacionadas a esse tipo de metabolismo.

Metabolismo de controle – para que o metabolismo, como um todo, funcione harmonicamente, é necessário um controle de todas as suas reações
químicas. Isso é realizado pelos ácidos nucleicos (DNA e RNA), com auxilio de proteínas especializadas, as enzimas. Ácidos nucleicos e proteínas são as
principais substancias orgânicas envolvidas nesse tipo de metabolismo.

Reprodução e hereditariedade
Os seres vivos são capazes de se reproduzir. A reprodução pode ocorrer basicamente de duas maneiras: sexuada ou assexuadamente.

Na reprodução sexuada há mistura ou transferência de material genético entre duas células, como na união de um óvulo com um espermatozoide. Esse
tipo de reprodução gera uma vantagem biológica, a variabilidade genética, aumentando a chance de sobrevivência das populações.

A reprodução assexuada pode ocorrer por brotamento, como no caso de alguns cnidários e de alguns fungos, ou pela divisão de uma célula, que gera duas
novas células (divisão binaria), como é o caso das bactérias e dos protozoários, por exemplo. Nesse tipo de reprodução, os organismos ou células formados são
geneticamente idênticos. Embora a reprodução assexuada seja mais rápida e menos complexa que a sexuada, esse tipo de reprodução implica pouca ou
nenhuma variabilidade genética.
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Tanto na reprodução sexuada quanto na assexuada, ocorre a transmissão de material genético dos pais para seus descendentes. É isso que mantém as
características de cada espécie, isto é, um golfinho gera sempre outros golfinhos porque transmite aos seus descendentes as características genéticas da espécie,
enquanto uma laranjeira transmite características genéticas da laranjeira a seus descendentes. Quando os descendentes provêm de reprodução sexuada, há uma
maior variabilidade genética.

Crescimento
Embora na natureza possa haver crescimento de algo não vivo, como as estalactites de uma caverna, há uma clara diferença em relação ao crescimento
dos seres vivos. Enquanto a estalactite cresce apenas pelo acumulo de material, um ser vivo cresce em decorrência de reações químicas ordenadas por seu
material genético.

Organismos unicelulares como bactérias e protozoários crescem pelo aumento de tamanho de suas células. Quando atingem determinado tamanho, se
dividem em duas novas células com metade do volume da célula inicial. Cada uma delas cresce até atingir o tamanho máximo, quando também se divide.

Nos organismos pluricelulares, o crescimento ocorre pelo aumento de numero de células. Assim, um adulto é maior do que um recém-nascido, pois, ao
longo de seu desenvolvimento, acumula novas células.

Em um organismo pluricelular ocorre ainda a diferenciação celular, logo nos primeiros estágios de desenvolvimento embrionário. É esse processo que
leva à formação de diferentes células no nosso corpo como uma hemácia, um neurônio ou uma célula da pele. Concluímos, portanto que o crescimento é
acompanhado de uma especialização celular.

Respostas a estímulos e movimento


Nos dias atuais, até mesmo alguns brinquedos infantis podem responder a estímulos provenientes do ambiente. A robótica tem desenvolvido uma série de
sensores que permitem que um robô bem programado responda a estímulos, muitas vezes, de forma melhor que os seres vivos.

De qualquer modo, a tecnologia desses brinquedos ainda não se iguala à incrível complexidade dos seres vivos em receber estímulos, interpretá-los,
aprender com eles e responde-los de forma adequada. O funcionamento do sistemas nervoso e endócrino dos animais é capaz das mais variadas respostas aos
estímulos externos. Ao ouvir um barulho muito alto um cavalo pode se assustar e correr ou se manter controlado sob o comando de seu condutor, se tiver sido
treinado para isso.

As plantas também respondem a estímulos ambientais, como a luz e a umidade. Um girassol é assim chamado pelo fato de acompanhar a trajetória do sol
no céu ao longo do dia. As plantas carnívoras, como a Dionea sp., respondem ao toque de um pequeno inseto que pouse sobre suas folhas e rapidamente as
fecham.

Modificações sugeridas com o tempo (evolução)


A reprodução sexuada é um dos fatores que possibilita a variabilidade genética ou seja, a diferença mesmo que mínima, entre os indivíduos de uma
espécie essa variabilidade é determinada pelas diferenças existentes no material genético de cada individuo.

Segundo a teoria evolucionista, a natureza seleciona constantemente os indivíduos mais bem adaptados ao ambiente onde se encontram. Entende-se
por mais adaptado aquele que possui características que favorecem a sua sobrevivência, levando-o a ter maior chance de reprodução, gerando
descendentes que provavelmente também estarão bem adaptados. Como os ambientes mudam com o tempo, uma característica favorável em certo
momento pode não ser mais vantajosa em outro. A natureza mantém a seleção dos indivíduos mais bem adaptados às novas situações, em detrimento dos
demais.

Um exemplo de adaptação ao ambiente é exibido pelos golfinhos. Durante muitas gerações, o material genético dos antepassados desses animais foi
sofrendo modificações que se refletiram em mudanças de sua estrutura corporal, como a formação de nadadeiras, o desenvolvimento de um corpo
hidrodinâmico a capacidade de permanecer mais tempo sob a agua e até de dormir com apenas um lado do cérebro, ficando o outro em alerta para que
golfinho continue retornando à superfície para respirar! Esse conjunto de modificações selecionadas pelo ambiente, levou à existência do golfinho que
conhecemos hoje e que, como todos os seres vivos, continua evoluindo.

Níveis de organização
A Biologia também estuda as relações existentes entre os seres vivos e entre eles e o ambiente onde vivem, em uma área nominada Ecologia.
Percebe-se, então, que a Biologia é uma ciência bastante ampla, que estuda desde estruturas submicroscópicas até a vida distribuída por todo o
planeta, adaptada às mais diversas condições.
Dessa forma, foi necessário organizar a Biologia em níveis de acordo com a complexidade dos objetos de analise cada um desses níveis é
chamado de nível de organização.

Átomos e molécula

Não só os seres vivos, mas tudo que há na Terra é constituído de átomos. Todo elemento químico, como carbono, ferro, mercúrio etc. é formado por
átomos. A união de átomos forma as moléculas, como a água (H2O)e o dióxido de carbono ou gás carbônico (CO 2) , que são moléculas simples e inorgânicas
(sem cadeia de carbono) proteínas, os carboidratos (açúcares) os lipídeos os ácidos nucleicos (DNA e RNA) são moléculas orgânicas (com cadeia de carbono)
formadas por uma enorme quantidade de átomos, principalmente carbono, hidrogênio e oxigênio sendo mais complexas e denominadas macromoléculas.

Há um ramo da Biologia denominado Biologia Molecular, que estuda o funcionamento e as relações das moléculas nas células e, consequentemente, nos
organismos. O DNA, material genético dos seres vivos, é uma molécula que tem sido objeto de muitos estudos desde o século passado. Os conhecidos testes
de DNA usados na identificação de pessoas fazem parte das descobertas da Biologia Molecular.
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Organelas, células e tecidos
As células são compostas de organelas (orgânulos ou organoides). Cada estrutura da célula, como a membrana plasmática, os ribossomos e as
mitocôndrias, são organelas as quais por sua vez, são formadas por moléculas. A membrana plasmática, por exemplo, é constituída basicamente por um
arranjo de lipídeos e proteínas, enquanto a parede de uma célula vegetal é formada pelo carboidrato celulose.

Há uma variedade enorme de células na natureza. As células de animais, vegetais, fungos e bactérias, por exemplo embora formadas por estruturas
básicas iguais, apresentam diferenças evidentes. Todas elas possuem parede celular, com exceção das células animais e as dos protozoários. Por outro lado, só
a célula vegetal apresenta cloroplastos, enquanto as bactérias não possuem varias organelas presentes nas demais, como núcleo e mitocôndrias por exemplo.

Até mesmo um único organismo pode apresentar vários tipos diferentes de células. Nós, humanos, temos células nervosas, sanguíneas, ósseas, etc.

Os tecidos são conjunto de células associadas pela forma e função que desempenham. Assim, um osso que é um órgão, é formado pelo tecido ósseo, que
por sua vez, é constituído por muitas células ósseas. Já o sangue é um tecido liquido formado por diferentes tipos de células, com forma e função distintas, no
qual as células não estão unidas entre si como nos demais tecidos.

O sangue é o único tecido liquido do corpo. Nele, as células não são unidas entre si como nos demais tecidos.

A área da Biologia que estuda as células e as organelas e a Citologia, e a área que estuda os tecidos e a Histologia. Em ambos os casos, os microscópios
são ferramentas fundamentais para visualizar esses níveis de organização que não podem ser vistos a olho nu.

Resumindo, até aqui vimos que:

Átomos  Moléculas  Organelas  Células  Tecidos

Órgãos, sistemas e organismos


Os tecidos são encontrados apenas nos organismos pluricelulares (formados por várias células), não sendo encontrados em organismos unicelulares
(formados por uma única célula).

Quando ocorre a união de mais de um tipo de tecido, temos um órgão. Por exemplo, uma artéria (tipo de vaso sanguíneo) é formada por tecido conjuntivo
tecido muscular liso e tecido epitelial, caracterizando-a como um órgão.

Na maioria das vezes não é fácil, principalmente aos leigos identifica se uma estrutura é um órgão unicamente por sua composição histológica(de
tecidos). Em geral, é mais fácil concluirmos que se trata de um órgão quando ele faz parte de um sistema. O sistema cardiovascular, por exemplo, é formado
pelos vasos sanguíneos (artérias, arteríolas, veias, vênulas e capilares) e pelo coração. Um conjunto de órgãos que interagem em funções corporais especificas
forma um sistema.

O agrupamento de vários sistemas forma um organismo. Digestório, nervoso, endócrino, urinário e respiratório são alguns dos sistemas que formam o
organismo humano.

No entanto, nem todos os seres vivos possuem sistemas. Se considerarmos um organismo unicelular, sua única célula exerce todas as funções necessárias
à sua sobrevivência, sem ao menos formar um tecido, quanto mais órgãos ou sistemas. Assim, nesse organismo unicelular identificamos apenas os níveis de
organização de átomos, moléculas, organelas, células e organismo, pulando tecidos, órgãos e sistemas.

Há ainda organismos que, como as águas-vivas, possuem tecidos, mas não possuem órgãos nem sistemas. Percebe-se então que, embora haja um padrão
nos níveis de organização dos seres vivos, alguns organismos acabam fugindo a ele, o que é absolutamente normal em uma ciência como a Biologia, que se
propõe a estudar todas as formas e vida da Terra. A fim de facilitar os estudos, a Biologia possui varias áreas especificas: a Anatomia estuda os órgãos e os
sistemas, enquanto a Fisiologia se dedica ao funcionamento deles. Já os seres vivos são estudados em várias áreas por exemplo, a Zoologia, dedicada aos
animais, a Botânica, aos vegetais e a Microbiologia, dedicada ao estudo dos fungos e das bactérias.

Populações, comunidades, ecossistemas e biosfera


Quando vários organismos de uma mesma espécie estão reunidos em determinada localidade, na mesma época, temos uma população. Se pensarmos em
um grupo de onças na Amazônia e outro no Pantanal, teremos duas populações, pois, embora estejamos falando da mesma espécie vivendo na mesma época,
os locais são diferentes. O mesmo ocorre se pensarmos nas onças que habitam o Pantanal hoje em dia e há 100 anos. O local e a espécie são os mesmos mas a
época é diferente, o que impede a existência de um indivíduo dessa população em ambos os momentos.

Na natureza, os organismos estabelecem relações com outros seres vivos, da própria espécie e de outras assim, se temos varias populações de espécies
diferentes habitando o mesmo local, estamos diante de uma comunidade.

A comunidade representa apenas o conjunto de seres vivos habitando um meio físico e, por isso, é considerada a porção biótica (porção viva) de um
ecossistema, enquanto o meio físico é considerado a porção abiótica (sem vida). Um ecossistema, por sua vez, é o conjunto formado pelos seres vivos (a
comunidade) mais o meio físico (fatores abióticos), como a temperatura, a disponibilidade de água, a disponibilidade de luz, o pH, a pressão atmosférica, etc.,
que influenciam diretamente na capacidade de sobrevivência dos seres vivos em cada tipo de ambiente.

Há uma grande variedade de ecossistemas, como as florestas, os oceanos, os rios e até as cidades. Em todos esses locais encontramos uma comunidade e
fatores ambientais que influenciam na sobrevivência dos indivíduos das populações dessa comunidade. A reunião de todos os ecossistemas do planeta é a
biosfera.

A Ecologia é a área da biologia que estuda a relação entre os seres vivos e entre eles e o ambiente.

Em resumo, os níveis de organização são agrupados, em ordem crescente, da seguinte maneira:

Átomo  molécula  organela  célula  tecido  órgão  sistema  organismo  população  comunidade  ecossistema  biosfera
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A célula como unidade da vida
O que é uma célula?
A célula é a unidade morfológica e funcional dos seres vivos. A única exceção a essa regra são os vírus, organismos microscópicos acelulares.

Uma célula é um compartimento aquoso microscópico, delimitado por uma membrana de natureza lipoproteica. Em seu interior, estão encerradas as
moléculas necessárias à manutenção das reações químicas que constituem a vida: água, sais minerais diversos, carboidratos, lipídeos, proteínas, ácidos
nucleicos e outras substancias. No interior das células correm continuamente numerosas reações químicas, responsáveis pela obtenção de energia, pela
construção de novas estruturas, pela síntese e secreção de materiais diversos, etc. Para isso, as células necessitam de uma fonte de energia e de matérias-
primas, com agua, sais, aminoácidos, açúcares, vitaminas e outros compostos. Além disso muitas células utilizam o gás oxigênio em seu metabolismo, o que
gera gás carbônico e outras substancias – como metano, álcoois e ácidos – ao realizarem certos processos vitais.

Tamanho de uma célula


O tamanho das células é muito variável, dada a enorme variedade de tipos e funções desempenhadas por elas nos organismos. Em alguns poucos casos,
uma célula pode ser grande o suficiente para que a enxerguemos com a vista desarmada (sem auxilio de lentes de aumento), como alguns óvulos animais (o
ovo de galinha não fecundado é um exemplo). Na maioria das vezes, no entanto, uma célula só pode ser vista com auxilio de um microscópio. A Biologia se
vale de dois tipos básicos de microscópio para fazer a observação de tecidos, células e estruturas que estão abaixo do nível celular (organelas, moléculas): o
microscópio de luz (antes chamado de microscópio óptico) e o microscópio eletrônico.

Os dois tipos celulares fundamentais


Por mais diversos que sejam os seres vivos, as células de todos eles são apenas dois tipos fundamentais: procariótica ou eucariótica.

Célula procariótica
A célula procariótica, de estrutura mais simples, é a célula dos organismos pertencentes ao reino Monera (bactérias, cianobactérias e arqueas); tais seres
são, por essa razão, chamados de procariontes. Esse tipo celular é constituído, basicamente, por uma membrana lipoproteica (membrana plasmática) que
delimita e contém um meio liquido (o citosol, antes chamado hialoplasma). A única organela presente são os ribossomos, pequenos grânulos dispersos no
citosol, constituídos por RNA (acido ribonucleico) e proteínas associadas responsáveis pela síntese de proteínas na célula. Existe ainda uma ou mais moléculas
de DNA constituindo a cromatina – o material genético dos seres vivos -, seja dispersas no citosol, seja formando o cromossomo principal seja sob a forma de
plasmídeos (pequenas porções circulares de DNA independentes do DNA principal)
Além dessas estruturas fundamentais a célula de uma bactéria pode apresentar certos componentes adicionais como, capsula, parede celular, flagelos e
fimbrias.
As células procarióticas não apresentam um núcleo organizado não apresentam um núcleo organizado, isto é, com um envoltório nuclear (envelope
nuclear ou carioteca) delimitando um compartimento à parte, dentro do qual está contida a cromatina, como ocorre nas células eucarióticas. Além disso,
também não possuem um sistema de membranas internas, constituindo uma série de organelas especializadas, como se verifica nas células eucarióticas. Por
outro lado, a membrana plasmática de certas bactérias apresenta especializações, conhecidas como mesossomos, que lhes permitem realizar a respiração
celular. Por fim, há notáveis diferenças na constituição e na expressão genética dessas células, bem como em seu metabolismo, quando comparadas às células
eucarióticas.
Os seres vivos celulares possuem, de modo geral, um entre dois modos de vida bastante distintos. Os seres autótrofos são capazes de sintetizar o próprio
alimento, realizando a fotossíntese ou a quimiossíntese. Já os seres heterótrofos, como não são capazes de produzir o próprio alimento, alimentam-se de
outros seres vivos ou de seus restos. A maioria dos procariontes é heterótrofa, embora existam também representantes autótrofos nesse grupo.
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Célula eucariótica
A célula eucariótica, de estrutura mais complexa é o tipo celular que constitui os organismos pertencentes aos reinos Protista (protozoários e algas), Fungi
(fungos), Plantae (vegetais) e Animalia (animais); tais seres são, por essa razão, chamados de eucariontes. Entre esses organismos, encontramos os dois estilos
de vida: autótrofos (algas e vegetais) e heterótrofos (protozoários, fungos e animais).

Tal como a célula procariótica, a célula eucariótica também apresenta em sua constituição uma membrana plasmática envolvendo um meio liquido
(citosol) no qual estão dispersos os ribossomos e outras organelas. No entanto, a principal diferença entre os dois tipos celulares é que, na célula eucariótica, o
material genético (a cromatina, formada por moléculas de DNA) está contido no interior de um compartimento delimitado por membranas, o núcleo celular;
daí provém o termo “eucariótica”.

O citoplasma da célula eucariótica apresenta um grande numero de estruturas (organelas) especializadas no desempenho de diversas funções. As
mitocôndrias, por exemplo, são organelas nas quais ocorre o processo de respiração celular (degradação de glicose com liberação de energia); os cloroplastos
são organelas responsáveis pela fotossíntese, os centríolos estão envolvidos com a organização do citoesqueleto, etc.
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Estrutura básica e uma célula eucariótica


Membrana plasmática
Todas as células, sejam elas procarióticas ou eucarióticas, possuem uma membrana plasmática, que é uma fina película, de natureza lipoproteica (lipídeos
associados a proteínas), que separa o meio interno da célula do ambiente externo. Além de delimitar e conferir forma à célula =, a membrana plasmática regula
as trocas com o meio; em outras palavras, é ela quem determina, de forma seletiva, o que pode ou não entrar ou sair da célula. Tal papel de permeabilidade
seletiva é fundamental para a manutenção de um meio interno relativamente constante e distinto do meio externo. Por fim, a membrana plasmática é também a
interface por meio da qual se dá o relacionamento da célula com outras células, vírus e moléculas presentes no ambiente.
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Citosol
O citosol, ou hialoplasma, é um meio aquoso no qual estão dispersas moléculas de natureza variada: íons, sais minerais, carboidratos, aminoácidos,
enzimas. É no citosol que ocorre grande parte das reações químicas do metabolismo celular. Outras reações correm no interior de compartimentos
membranosos chamados organelas, cujas funções são variadas.

Dá-se o nome de citoplasma ao material contido pela membrana plasmática de uma célula; em outras palavras, o citoplasma equivale ao conjunto
formado pelo citosol mais as organelas nele mergulhadas. Vale lembrar que por esse motivo o citosol também é conhecido como matriz citoplasmática, ou
citoplasma fundamental.

Citoesqueleto
O citoesqueleto equivale a uma rede de microfilamentos e microtúbulos proteico, dispersos no citosol, que asseguram a estrutura e a forma de muitas
células eucarióticas. O citoesqueleto confere apoio e ancoragem às organelas e ao núcleo celular.
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Organelas
Ribossomos
São grânulos microscópicos (visíveis apenas ao microscópio eletrônico) constituídos por moléculas de RNA associadas a certas proteínas. Os ribossomos
são fundamentais para a síntese de proteínas o interior da célula. Eles podem estar livres dispersos no citosol, ou aderidos à membrana de certas regiões do
reticulo endoplasmático, constituindo o reticulo endoplasmático rugoso ou granuloso.

Reticulo endoplasmático
Consiste numa série de túbulos e canalículos membranosos que se estendem por todo o citoplasma, formando uma verdadeira rede. Algumas partes do
reticulo apresentam ribossomos aderidos à face externa de suas membranas, constituindo o reticulo endoplasmático granuloso (granular ou rugoso), devido ao
seu aspecto quando observado ao microscópio eletrônico outras partes da membrana apresentam-se sem ribossomos constituindo o reticulo endoplasmático
não granuloso (agranular ou liso).

O reticulo endoplasmático não granuloso tem como função básica o transporte de substancias dentro da célula, enquanto o reticulo endoplasmático
granuloso tem por função a síntese de proteínas (que ocorre nos ribossomos a ele associados) e o transporte dessas substancias.
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Complexo golgiense
Assim chamado em homenagem a seu descobridor, Camilo Golgi, citologista italiano. Trata-se de uma pilha de vesículas membranosas adjacentes
achatadas, em geral com uma configuração côncavo-convexa, cercada por numerosas vesículas.

No complexo golgiense, proteínas, carboidratos e lipídeos são processados e “empacotados” antes de serem enviados, por meio de vesículas de secreção
para o exterior da célula. É também função dessa organela a formação e lisossomos, organelas responsáveis pela digestão intracelular.
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Lisossomos e peroxissomos
São vesículas membranosas que contêm enzimas em seu interior. Os lisossomos podem digerir materiais vindos de fora da célula (no caso de células que
realizam fagocitose) ou da própria célula, processo denominado autofagia. Os peroxissomos estão envolvidos no processo de degradação de substancias
toxicas ao organismo, entre outras funções.

Mitocôndrias
Mitocôndrias são organelas membranosas, responsáveis por parte das reações da respiração celular, na qual moléculas de glicose são degradadas com
obtenção energia. No interior das mitocôndrias forma-se grande quantidade de moléculas de ATP (trifosfato de adenosina), que transporta a energia obtida na
respiração até outros locais da célula onde será utilizada nas reações do metabolismo celular.
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Plastos
Plastos são organelas membranosas que contêm pigmentos responsáveis por diversas funções. Os plastos são organelas exclusivas dos eucariontes
autotróficos (algas e vegetais). O principal tipo é o cloroplasto, assim denominado por conter moléculas de clorofila (substancia de coloração verde),
responsáveis pela captação da energia luminosa durante a fotossíntese. Nesse processo, a energia luminosa é transformada em energia química, armazenada
em certas ligações da molécula de glicose.
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Centríolos
São organelas não membranosas, constituídas por microtúbulos proteicos, com aspecto de um par de cilindros. Os centríolos são responsáveis pela
organização das fibras que participam da divisão celular. Além disso, dão origem, em certos tipos celulares aos cílios e aos flagelos e coordenam o batimento
dessas estruturas.
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Em relação a estrutura de uma célula eucariótica, é importante ressaltar que:

 Nem todas as organelas citadas estão obrigatoriamente presentes em todas as células eucarióticas. Células animais, por exemplo, não apresentam
cloroplastos; os lisossomos não são usualmente encontrados em células vegetais; em células que não secretam materiais para o meio externo, o complexo
golgiense pode estar pouco desenvolvido ou mesmo ausente. Por outro lado, células vegetais apresentam, como característica, um grande vacúolo de
reserva, além de outros menores, nos quais se acumulam agua, sais minerais e substancias de reserva.
 Embora determinados processos metabólicos dependam, na célula eucariótica, de certas organelas para ocorrerem, esses mesmos processos podem
ocorrer nas células procarióticas, nas quais tais organelas inexistem. Basta, para isso, que a célula possua o conjunto de enzimas e de outras moléculas
necessárias ao desempenho daquela função. Assim, por exemplo, as células de certas espécies de bactérias são capazes de realizar o processo de
respiração celular mesmo não possuindo mitocôndrias; a fotossíntese ocorre em células de cianobactérias, que não apresentam cloroplastos, mas têm o
pigmento clorofila e outras moléculas necessárias ao processo.

Núcleo celular
O núcleo de uma célula eucariótica é uma estrutura delimitada por membrana dupla (a carioteca ou envelope nuclear) provida de poros que permitem a
comunicação entre o meio interno o núcleo e o citoplasma adjacente. No interior desse compartimento estão as moléculas de DNA que constituem o material
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genético da célula (a cromatina). Vale lembrar, mais uma vez, que as células procarióticas também possuem material genético sob a forma de moléculas de
DNA, mas, nesse tipo de célula, esse material não se encontra contido em um compartimento nuclear, e sim disperso no citosol.

A cromatina das células eucarióticas é constituída por numero variável de moléculas de DNA associadas a proteínas. No momento da divisão celular, o
núcleo se desagrega e a cromatina se transforma em cromossomos, estruturas compactas que facilitam o processo de distribuição do material genético,
previamente duplicado, entre as duas células-filhas resultantes da divisão.

No interior do núcleo podem ser encontrados um ou mais nucléolos, estruturas ricas em RNA nas quais ocorre a montagem dos ribossomos antes que
estes sejam enviados ao citosol.

Parede celular
Muitas células procarióticas apresentam uma estrutura mais externa à membrana plasmática denominada parede celular, que confere suporte às
células permite que elas resistam a pressões mecânicas, mas não são seletivas como a membrana plasmática.

Com algumas poucas exceções, as células das bactérias possuem paredes celulares constituídas por peptidioglicanos (misturas de carboidratos e
aminoácidos), de espessura variável, rígidas, que lhes conferem forma e certo grau de resistência às agressões do meio. Ainda mais externamente, pode existir
uma estrutura denominada capsula, cuja função também é de proteção, adesão ao meio externos e a outros indivíduos, permitindo a formação de colônias.

Entre os eucariontes, as células dos fungos, das algas e das plantas apresentam paredes celulares. A composição de carboidratos da parede celular
difere de um grupo para outro: quitina (nos fungos) e celulose (nas plantas e nas algas). As células animais e as de protozoários não apresentam parede celular.

Diversidade na organização estrutural das células eucarióticas


Existem certas diferenças na estrutura das células dos organismos eucarióticos que, quando comparadas entre si, permitem agrupa-las em três tipos
genéricos:

Células de animais e de protozoários: células relativamente semelhantes, em termos de distribuição e frequência das organelas e ausência de parede celular.

Células vegetais e de algas: apresentam parede celular celulósica, além de plastos diversos e vacúolos.

Células de fungos: possuem parede celular composta de quitina e não apresentam plastos (uma vez que não realizam fotossíntese) nem vacúolos.

Além dessas diferenças, os organismos eucarióticos pluricelulares mais complexos, como os animais e as plantas, são frequentemente formados por um
grande número de tipos celulares, morfológica, e funcionalmente distintos. Essas células diferem na forma, no metabolismo e na abundancia relativa deste ou
daquele componente celular.

A maioria dos estudiosos do assunto reconhece, no organismo humano, a existência de cerca de duzentos tipos celulares distintos. É a grande diferença
morfológica e funcional, por exemplo, entre um neurônio – capaz de conduzir impulsos nervosos – e um glóbulo branco do sangue (leucócito) – relacionado à
defesa do organismo.

A química da vida: água e sais minerais


Composição química dos seres vivos
As fontes a partir das quais são obtidos os vários elementos necessários à vida e as maneiras pelas quais cada um deles é utilizado no metabolismo celular
caracterizam o organismo como autótrofo (fotossintetizante ou quimiossintetizante) ou heterótrofo (consumidor, decompositor ou parasita). Ainda assim, por
mais diversos que sejam em sua estrutura corporal, numero de células ou estilos de vida, os seres vivos compartilham grande semelhança em termos de sua
composição química. Isto se deve ao fato de que, muito provavelmente, todas as espécies de organismos que habitam o planeta se desenvolveram, por
evolução biológica, a partir de ancestrais comuns surgidos há alguns bilhões de anos nos mares da Terra primitiva. Como resultado, compartilhamos – certa
composição as bactérias, as plantas e os demais seres vivos – certa composição química que atende às necessidades básicas da manutenção da vida.

De modo geral, podemos classificar as substancias encontradas em um organismo em duas categorias:

Substâncias inorgânicas, como a água e os sais minerais. São moléculas relativamente simples, mas ainda assim de grande importância para a vida.

Substâncias orgânicas, como os carboidratos, os lipídeos, as vitaminas, as proteínas e os ácidos nucleicos. São constituídas por moléculas com cadeias
carbônicas (isto é, formadas por átomos de carbono), configurando, de modo geral, maior tamanho e maior complexidade estrutural; desempenham variadas
funções no metabolismo celular.

Água e sua importância para os seres vivos


A água apresenta algumas propriedades bastante especificas, e que justificam, em certa medida, a sua importância para os organismos vivos: a
excelente propriedade de solvente, o largo espectro de temperatura em que se mantem liquida, a alta capacidade calorifica e a tensão superficial. Todas
essas propriedades estão baseadas na polaridade da molécula de água e na sua habilidade para formar ligações umas com as outras.

Dizer que a molécula de água é polar significa que ela apresenta uma região com carga parcial positiva (correspondente aos dois átomos de
hidrogênio da molécula) e uma região com carga parcial negativa (correspondente ao átomo de oxigênio). Existe uma atração natural entre a parte
positiva de uma molécula de água e a parte negativa de outra, originando a ligação de hidrogênio entre elas.

A polaridade das moléculas de água explica duas importantes propriedades: aas grandes forças de adesão (a moléculas de outras substancias) e de
coesão (adesão entre moléculas da mesma substancia). Essas propriedades, bem como outras delas derivadas (como a capilaridade e a tensão superficial)
são de grande importância para uma serie de fenômenos biológicos.
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Por fim, as moléculas de água podem absorver grande quantidade de calor sem que sua temperatura se eleve significativamente ( elevado calor
especifico). Assim, a existência de água em abundância nos organismos vivos impede que estes sofram grandes variações de temperatura, o que contribui
para a sua estabilidade térmica. Além disso, o baixo ponto de fusão e o elevado ponto de ebulição da água justificam a permanência dela no estado
liquido na maioria dos ambientes em que a vida está presente.

A água como solvente


A água é um excelente solvente, devido à polaridade da molécula, isto é, um meio de dissolução para diversas substancias; por esse motivo, ela é
frequentemente chamada de “solvente universal”. Há um evidente exagero nessa expressão, pois nem todas as substancias dissolvem-se em água; substancias
apolares (como gorduras e óleos) são ditas hidrofóbicas, ou seja, repelem a molécula de água, e, por isso, não se dissolvem nela. Em geral, os íons e as
substancias que apresentam moléculas polares se misturam bem em meio à água e nela se dissolvem; tais substancias são ditas hidrofóbicas. Muitas das
moléculas importantes ao funcionamento dos organismos vivos são polares e, portanto, solúveis em água.

Ao servir como solvente, a água torna-se um meio adequado para a ocorrência de um grande número de reações químicas dentro da célula. A
atração/repulsão gerada pela polaridade das moléculas de água sobre as substancias nela dissolvidas aumenta o número de colisões entre as moléculas e, em
consequência, a velocidade das reações químicas também aumenta.

Como regra geral, pode-se dizer que a quantidade relativa de água em um órgão ou em um tecido é tanto maior quanto maior for sua taxa metabólica.

Ao atuar como solvente de outras substancias, a água também possibilita o transporte delas no organismo. São exemplos disso os líquidos encontrados
nos sistemas circulatório dos animais (linfa, sangue) e as seivas dos vegetais; os sucos digestivos, como as secreções do estomago, do pâncreas e do intestino;
e também a urina, liquido produzido pelos animais que permite a remoção e a eliminação de certos produtos indesejáveis do metabolismo. Na verdade, os
animais perdem água constantemente para o ambiente, por meio da urina, das fezes, da respiração e da transpiração, enquanto as plantas a perdem por meio da
respiração e da evapotranspiração. A água perdida é reposta pela alimentação, no caso dos animais, ou absorvida pelas raízes, no caso dos vegetais.

A água participa de muitas reações do metabolismo


A água, por si só, é um reagente ou um produto em muitas reações do metabolismo celular. Assim, por exemplo, a água é um componente fundamental da
fotossíntese, processo no qual moléculas de gás carbônico e de água fornecem os átomos necessários à síntese de moléculas de glicose, com auxilio da energia
luminosa.

A equação que resume esse processo mostra a participação dessas substancias: 6 CO 2 + 6 H2O  C6H12O6 + 6 O2.

Outros contextos em que a água é importante


A água atua na sustentação corporal de alguns organismos (animais e vegetais) de pequeno porte, fornecendo um “esqueleto hidrostático”. Águas-vivas
minhocas, lombrigas e estrelas-do-mar são exemplos de animais que utilizam esse recurso.

A água suporta e dissipa as pressões exercidas sobre as articulações ósseas dos animais vertebrados além de lubrificar e reduzir o atrito entre os ossos.

Evaporação do suor eliminado através das folhas é um importante mecanismo para a condução da seiva em sentido ascendente, das raízes para a copa.

Sais minerais
Chamamos sais minerais a um conjunto de elementos e substancias inorgânicas que fornecem íons essenciais ao funcionamento das células dos seres
vivos. Eles apresentam funções bastante variadas nos organismos animais e vegetais. Os animais adquirem os sais minerais através da alimentação; as plantas
os obtêm juntamente com a água absorvida do solo pelas raízes.

Quando dissolvidos em meio aquoso, os sais minerais apresentam-se sob a forma de íons (partículas carregadas positiva ou negativamente) ou eletrólitos.
Os principais cátions (íons com carga positiva) encontrados nos seres vivos são o sódio (Na +), o potássio (K+), o cálcio (Ca2+), o ferro (Fe2+, Fe3+), o magnésio
(Mg2+), o zinco (Zn2+) e o manganês (Mn2+). Os principais ânions (íons com carga negativa) são o cloro (Cl -), o fosfato (PO2-4), o bicarbonato (HCO-3), o nitrato
(NO-3) e o sulfato (SO-4).

A maioria dos eletrólitos é, em alguma medida, responsável pela manutenção do equilíbrio hidrossalino (ou hidroeletrolítico) dos fluidos existentes dentro
e fora das células. Esse equilíbrio é fundamental para o correto grau de hidratação do organismo, para o funcionamento dos músculos dos animais e dos
tecidos vegetais, para a manutenção do pH adequado, para a condução dos impulsos nervosos, etc. A atividade elétrica de uma célula, como as células
nervosas (neurônios), depende das diferenças de concentração de íons positivos e negativos entre as superfícies interna e externa da membrana plasmática
dessas células.

A tabela a seguir apresenta alguns papeis desempenhados pelos principais sais minerais nos organismos animal e vegetal:

Sais minerais Importância biológica


Nitrogênio Componente essência para as moléculas de proteínas e ácidos
nucleicos.
Participa dos processos de transferência de energia dentro das
Fosforo células e é também um importante componente das moléculas
de ácidos nucleicos
Atuam na regulação do equilíbrio hidrossalino de células e
tecidos. Estão também envolvidos diretamente na transmissão
Sódio e potássio dos impulsos nervosos e na contração muscular.
Envolvido na ativação de certas enzimas. Também atua no
funcionamento dos músculos, na coagulação sanguínea e é
Cálcio importante na constituição de ossos e dentes.
Componente das moléculas de clorofila (fundamentais na
Magnésio fotossíntese). Também é um importante cofator enzimático.
Componente das moléculas de hemoglobina (transporte de
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Ferro gases pelo sangue).

Carboidratos, lipídeos e vitaminas


Carboidratos
Os carboidratos (ou hidratos de carbono) são uma categoria de substancias orgânicas constituídas basicamente por átomos de carbono, hidrogênio e
oxigênio; sua formula geral é: Cn(H2O)n, dai o seu nome. Em termos gerais, essa categoria corresponde aos açúcares (ou glicídeos), mas também abriga
substancias – como o amido e a celulose – que não correspondem à noção usual de “açúcar”, no sentido de “substancia doce”. Por essa razão, é preferível o
termo carboidratos em vez de açúcares.

É comum classificar os carboidratos em três categorias gerais, conforme o tamanho e suas moléculas e algumas de suas propriedades essas categorias são
a dos monossacarídeos, a dos oligossacarídeos (dos quais os dissacarídeos são os mais importantes) e a dos polissacarídeos.

Monossacarídeos
Caracterizam-se por não serem divisíveis em carboidratos menores – daí o seu nome, que significa “um único açúcar” ou seja, os monossacarídeos são a
unidade básica dos carboidratos.

Os monossacarídeos são os carboidratos de menor tamanho molecular e, por causa disso, podem ser absorvidos pelas células sem necessidade de
digestão. Ao paladar humano, em geral apresentam pronunciado sabor adocicado.

A formula geral de um monossacarídeo, C n(H2O)n, pode ser escrita de outra maneira: CnH2nOn. os valores de n de maior interesse são: n = 5,
caracterizando o grupo das pentoses, e n = 6, que constituem o grupo das hexoses.

Como exemplos de pentoses, temos a ribose e a desoxirribose, dois monossacarídeos muito importantes na composição dos ácidos nucleicos. O ácido
ribonucleico (ARB, ou RNA, na sigla em inglês) contém ribose em suas moléculas, enquanto o ácido desoxirribonucleico (ADN ou DNA) apresenta
desoxirribose.

As hexoses são monossacarídeos de grande importância para as células são exemplos: a galactose, a frutose e a glicose, três açúcares que são isômeros
entre si.

A glicose é o carboidrato produzido pelas algas e plantas na fotossíntese. Nesse processo, a energia luminosa é transformada em energia química, que fica
armazenada em certas ligações das moléculas de glicose por meio da fermentação e da respiração celular, os seres vivos quebram essas ligações e obtêm a
energia necessária às suas reações metabólicas.

A galactose e a frutose são em geral encontradas como componentes de dissacarídeos; a glicose é encontrada sob a forma livre ou como componente de
dissacarídeos e de polissacarídeos.

Dissacarídeos
São os carboidratos formados pela união de dois monossacarídeos. Essa união ocorre graças à saída de uma molécula de água (síntese por condensação)
assim, um dissacarídeo formado pela união de duas hexoses (C 6H12O6) terá a formula C12H22O11. São exemplos de dissacarídeo: a sacarose (formada pela união
de glicose + frutose), a maltose (formada pela união de duas moléculas de glicose) e a lactose (formada pela união de glicose + galactose).

A sacarose é um carboidrato de reserva energética bastante comum nos vegetais como na cana-de-açúcar. A maltose e produto da digestão de moléculas
de amido (um polissacarídeo), e a lactose é encontrada no leite. A digestão é feita por hidrolise enzimática, e resulta em monossacarídeos que podem ser
absorvidos pela célula.

Polissacarídeos
Um polissacarídeo é um carboidrato cuja molécula é formada por numerosos monossacarídeos ligados entre si. Essas moléculas podem ser lineares ou
ramificadas, contendo até dezenas de milhares de unidades. Os exemplos mais importantes são o glicogênio, o amido e a celulose, que são polímeros de
glicose; e a quitina, um polímero de N-acetilglicosamina.

O glicogênio é uma das formas de armazenamento de energia nos organismos animais. Ele é sintetizado e armazenado nas células dos músculos
esqueléticos e nas células hepáticas. A sua degradação pode fornecer glicose (e, consequentemente, energia) para as células mais rapidamente do que por meio
da degradação de gorduras. O glicogênio também é encontrado nas células dos fungos.

O amido é a principal forma de armazenamento de energia dos vegetais moléculas de amido são estocadas em grande quantidade no interior de raízes
(como a mandioca, a batata-doce, a cenoura e a beterraba), tubérculos (batata-inglesa, cará, inhame), grãos (arroz, trigo, aveia, milho) e outras sementes
(feijão, soja, grão-de-bico, amendoim). O amido é uma importante fonte de energia na alimentação de muitos animais, incluindo o ser humano; uma vez
totalmente digerido, o amido dá origem a moléculas de glicose livres, que podem ser absorvidas e utilizadas pelas células.

A celulose é constituída por longas moléculas lineares (cadeias de glicose); varias cadeias justapostas estabelecem grande número de ligações de
hidrogênio entre si, e, dessa forma, constituem as fibras de celulose que formam a parede das células vegetais a celulose é a substancia orgânica mais
abundante na natureza; uma vez que está presente em grande quantidade na madeira que constitui as árvores, e em todos os vegetais, associada a outras
moléculas orgânicas. A extração de celulose a partir da madeira permite a fabricação de papel e a produção de etanol (álcool combustível), dentre outros usos.

A celulose só é digerida por alguns microrganismos (bactérias, fungos, protozoários) ou animais (como o caracol-de-jardim, por exemplo) que produzem
a enzima catalisadora da hidrolise da celulose (a celulase). Os ruminantes (animais como as vacas as cabras os carneiros e os veados) não são capazes de
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produzir essa enzima mas abrigam em seu estomago populações de certas espécies de bactérias que fazem a digestão da celulose, numa associação vantajosa e
obrigatória para ambos, conhecida como mutualismo.

A quitina é um polissacarídeo constituído por cadeias de um monossacarídeo derivado da glicose, denominado N-acetilglicosamina.

A quitina é um material muito resistente e flexível, insolúvel em água; é o segundo polímero orgânico mais abundante, depois da celulose. Esse
polissacarídeo é o principal componente da parede célula dos fungos e do exoesqueleto dos artrópodes (como os caranguejos e os insetos).

Os carboidratos e a glicemia
Por meio da alimentação, os animais obtêm carboidratos das três categorias: polissacarídeos, dissacarídeos e monossacarídeos os dois primeiros devem
sofrer digestão (hidrolise enzimática) a fim de resultar em monossacarídeos livres, que podem então ser absorvidos e, por meio da circulação sanguínea, serem
levados até o fígado, órgão em que todos os monossacarídeos são transformados em glicose, que, levada pelo sangue, é distribuída a todas as células do
organismo. A glicose, no interior das células, é degradada pela respiração celular ou pela fermentação lática, fornecendo a energia necessária ao metabolismo
celular.

Parte da glicose presente na corrente sanguínea retorna às células hepáticas (do fígado), onde será polimerizada em glicogênio, num processo conhecido
como glicogênese. Esse processo é ativado pela insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas e secretado na corrente sanguínea em resposta a um alto nível
de glicose no sangue (hiperglicemia). A insulina promove a passagem da glicose do sangue para as células, normalizando a glicemia (a concentração de
glicose no sangue) após uma refeição, por exemplo.

A quebra do glicogênio hepático com a consequente liberação de glicose na corrente sanguínea corresponde ao processo conhecido como glicogenólise.
O glicogênio das células hepáticas constitui, assim, uma reserva de glicose a ser utilizada pelas outras células do organismo em períodos de carência (por
exemplo, nos intervalos entre as refeições). A glicogenólise é estimulada pelo glucagon (outro hormônio produzido pelo pâncreas), secretado na corrente
sanguínea quando os níveis de glicose no sangue estão baixos (hipoglicemia).

Lipídeos
Os lipídeos constituem uma categoria bastante heterogênea de substancias orgânicas, cuja característica comum é a sua insolubilidade em água e a
solubilidade em solventes orgânicos. Eles desempenham funções biológicas de grande importância. As principais são: estrutural, de regulação e de reserva
energética.

Lipídeos simples
Os lipídeos simples compreendem as ceras e os glicerídeos (óleos e gorduras). As ceras são substancias utilizadas pelos animais e vegetais na
impermeabilização e proteção de superfícies (como a cutícula que reveste certas folhas e certos frutos e o cerume da orelha humana). Nas ceras, o álcool
ligado aos ácidos graxos é uma molécula de cadeia longa, com muitos átomos de carbono, que nunca é o glicerol. Os glicerídeos são compostos de glicerol
(um álcool) associado a moléculas de ácidos graxos; constituem substancias de reserva de energia nas plantas e nos animais – são óleos quando estão em
estado líquido, à temperatura ambiente, e gorduras quando estão em estado solido. A gordura sob a forma de tecido adiposo no corpo de um animal, constitui
uma importante reserva energética e pode funcionar também como um isolante térmico, reduzindo as perdas de calor para o ambiente .

Lipídeos complexos
Os lipídeos complexos podem ser subdivididos em duas características: a dos lipídeos conjugados, que contêm em sua molécula outras substancias além
do álcool e dos ácidos graxos (como fosfato ou carboidratos), e a dos lipídeos derivados, que compreendem substancias muito variadas, derivadas do
colesterol, com uma estrutura química bastante diferente do restante dos lipídeos, conhecidas coletivamente pelo nome de esteroides.

Entre os lipídeos conjugados, destacam-se os fosfolipídeos, componentes das membranas celulares (isto é, da membrana plasmática e também das
organelas membranosas) e os esfingolipídeos, presentes nas membranas de algumas células do sistema nervoso.

Dentre os lipídeos derivados, destacam-se:

Os carotenoides, uma família de pigmentos vegetais cuja cor vai do amarelo ao vermelho. O betacaroteno – pigmento presente no mamão e na cenoura – é um
importante precursor da vitamina A;

O colesterol é um importante constituinte da membrana plasmática das células animais. Além disso, serve com precursor para a síntese de várias outras
substâncias, como os hormônios sexuais e o cortisol (hormônio produzido pelas glândulas adrenais).
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Vitaminas
As vitaminas são substancias orgânicas de natureza muito variada, em termos de composição química. Para representa-las usam-se letras do alfabeto. Todas
as vitaminas são necessárias para o bom desempenho e a manutenção das funções vitais do organismo. Um exemplo são as vitaminas que atuam como coenzimas
(cofatores necessários à ação de algumas enzimas).

A maioria das vitaminas não é sintetizada pelo organismo animal, e mesmo as que são sintetizadas não o são em quantidade suficiente. É necessário, portanto,
obtê-las pela alimentação, provenientes de vegetais ou de outros animais. Algumas vitaminas são sintetizadas pelas bactérias que constituem a flora intestinal.

Podemos dividir as vitaminas em dois grupos: lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K) e hidrossolúveis (vitaminas B e C). as primeiras são encontradas em
alimentos ricos em gorduras e, uma vez absorvidas pelo organismo, são armazenadas no tecido adiposo; o consumo excessivo dessas vitaminas pela alimentação
pode, portanto, provocar quadros de hipervitaminose. Já as vitaminas hidrossolúveis não se acumulam no organismo pois seu excesso é eliminado na urina.

Vitamina A (retinol):
Atua na manutenção da integridade dos epitélios, mucosas, dentes e ossos, está presente em certas células da retina, sendo essencial para a visão;

O retinol é encontrado em alimentos de origem animal (óleo de peixe, ovos, fígado). Certos alimentos de origem vegetal (cenoura, mamão, espinafre, tomate)
contêm pigmentos (como o betacaroteno) que são transformados em vitamina A pelo organismo;

Sua deficiência provoca xeroftalmia (secura e degeneração da camada córnea dos olhos) e cegueira noturna (dificuldade para enxergar em condições de pouca
luz).

Vitamina D (calciferol)
Nome geral dado a um grupo de compostos lipossolúveis, responsáveis por assegurar uma boa absorção intestinal de cálcio, ferro, magnésio, fosfatos e zinco;
dessa forma, contribuem para a manutenção do equilíbrio mineral do corpo. A principal forma de vitamina D é o calciferol;

É encontrada em óleo de peixe, ovos, fígado, fungos (leveduras, cogumelos). O organismo humano pode sintetizar o calciferol a partir do colesterol, nas células da
pele quando esta é exposta à radiação ultravioleta;

Sua deficiência provoca má formação dos ossos, um quadro conhecido como osteomalacia (nos adultos) ou raquitismo (na infância).

Vitamina E (tocoferol)
Tem ação antioxidante;

É encontrada em vegetais de folhas verdes, germe de trigo e óleos vegetais;

Sua deficiência provoca anemia e infertilidade.

Vitamina K (quinona)
Nome geral dado a um grupo de compostos lipossolúveis relacionados à coagulação sanguínea a principal delas é a quinona;

É encontrada em verduras e óleos vegetais e é também sintetizada pela flora intestinal humana;

Sua deficiência provoca distúrbios hemorrágicos (falhas na coagulação do sangue)

Vitamina C (ácido ascórbico)


Tem ação antioxidante e atua na síntese das fibras colágenas;

É encontrada em frutas (laranja, limão acerola, goiaba, morango, caju, etc.) e vegetais frescos; o calor do cozimento e a exposição ao provocam a destruição da
vitamina C;

Sua deficiência provoca o escorbuto (inflamação da pele mucosas gengivas, com sangramento e perda dos dentes)

Vitaminas do complexo B
O complexo de vitaminas B é um grupo de compostos hidrossolúveis, que atuam como coenzimas e dessa forma asseguram o bom funcionamento do
organismo ao regularem diversas funções metabólicas. Os mais importantes são:

Tiamina (B1) –encontrada em vísceras, cereais integrais; sua deficiência provoca o beribéri (um tipo de polineurite), caracterizado por fraqueza musculas e
dificuldades respiratórias.

Riboflavina (B2) – encontrada em leite, ovos, cereais integrais; sua deficiência provoca fotofobia e lesões na pele.

Piridoxina (B6) – encontrada em cereais integrais; sua deficiência provoca dermatite e distúrbios nervosos.

Cianocobalamina (B12) –
encontrada em alimentos de origem animal (carne, vísceras, ovos e lacticínios), é também sintetizada por bactérias da flora intestinal humana,
sua deficiência provoca a anemia perniciosa.

encontrada em leveduras, ovos, nozes, arroz integral; é também sintetizada por bactérias da flora intestinal; sua deficiência provoca dermatite, dores
Biotina –
musculares e fraqueza.

encontrada nas carnes em geral; sua deficiência provoca anemia; é essencial para a boa formação do sistema nervoso do feto durante o
Ácido fólico –
desenvolvimento embrionário.
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Niacina (ou ácido nicotínico) – encontrada em leveduras, cereais integrais; sua deficiência causa a pelagra (lesões na pele, distúrbios digestivos, demência)

Ácido pantotênico – encontrado na maioria dos alimentos; sua deficiência provoca desordens neuromotoras e cardiovasculares.

Proteínas
O que são proteínas?
Proteínas são substancias orgânicas complexas, que participam de variadas maneiras na constituição e no funcionamento de todos os seres vivos. Em termos
estruturais, são constituídas por uma ou mais cadeias de aminoácidos, sendo cada uma dessas cadeias denominada polipeptídio.

Funções biológicas das proteínas


Estrutural: algumas proteínas participam da arquitetura das células e dos tecidos, conferindo forma, suporte e resistência. São proteínas estruturais: queratina,
colágeno, elastina, actina, miosina, tubulina, entre outras.

Catalisadora: função exercida pelas proteínas que facilitam (aceleram) as reações químicas do metabolismo e que passam a ser denominadas enzimas, como a
amilase, a pepsina, a lipase, a catalase, as hidrolases, as sintases, as transferases, etc.

Defesa: função exercida pelas proteínas chamadas de anticorpos (existentes apenas nos animeis vertebrados), que reconhecem e combatem substancias
estranhas ao organismo (antígenos), presentes oi derivadas de vírus, bactérias, fungos, etc. além dos anticorpos, outras categorias de proteínas também atuam na
defesa do organismo, como o interferon e as interleucinas.

Reguladora: os pequenos peptídeos ou outras moléculas derivadas de aminoácidos que exercem funções especificas sobre algum órgão ou estrutura do
organismo regulam o seu funcionamento. Muitos hormônios, como a insulina, o glucagon, a tiroxina, a ocitocina, a melatonina e o hormônio do crescimento têm
essa função.

Outras: transporte de substâncias, através da membrana celular(permeases), caracterizando o transporte ativo, por difusão facilitada ou dissolvidas nos fluidos
do organismo, como ocorre com nutrientes, íons e gases transportados pela hemoglobina (proteína presente nas células vermelhas do sangue); reserva, é o caso das
proteínas presentes nas sementes dos vegetais, por exemplo. Além disso, várias proteínas podem se associar sob a forma de um complexo proteico,
desempenhando uma função especifica.

Composição química de uma proteína


Um polipeptídio é uma macromolécula (polímero) constituída por uma cadeia de aminoácidos. Essas substancias possuem um grupo amina (NH2) e um
grupo ácido carboxílico (COOH) m sua composição, dai o seu nome. Todas as proteínas de todos os seres vivos são constituídas por cadeias polipeptídicas de
diferentes tamanhos ou sequencias de aminoácidos. No entanto, em todas elas encontramos apenas 20 tipos de aminoácidos que diferem uns dos outros pelo
radical que possuem. Diferentes radicais conferem propriedades físico-químicas (polares, apolares, etc.) distintas aos aminoácidos.

Nas células, os polipeptídeos são sintetizados a partir de uma "receita" contida na molécula de RNA e "lida" pelos ribossomos. Esse processo, chamado de
tradução, será estudado com mais detalhes mais adiante. Na síntese da cadeia polipeptídica, dois aminoácidos podem se unir, estabelecendo entre eles uma ligação
covalente, estável. Essa ligação, que ocorre entre o grupo amina de um aminoácido e o grupo carboxila do outro, com saída de uma molécula de água, é chamada
de ligação peptídica, e o produto dessa reação é um dipeptídeo.

À medida que novos aminoácidos são acrescentados pelo mesmo processo, uma cadeia com dezenas ou centenas de aminoácidos sempre unidos por ligações
peptídicas, vai se formando. Em sua forma final, o polipeptídio assim constituído apresenta um terminal com um grupo amina livre (chamado amino terminal, ou
N-terminal) e um terminal com um grupo carboxila livre (C-terminal, ou carboxi-terminal).

Convencionou-se descrever a sequencia dos aminoácidos de um polipeptídio da esquerda para a direita, partindo do N-terminal em direção ao C-terminal,
pois esse é o sentido em que novos aminoácidos são acrescentados pelos ribossomos, à medida que a cadeia cresce, durante a síntese proteica.

Estruturas de uma proteína


Estrutura primária
É determinada pelo número, pelo tipo e pela sequência (ordem) dos aminoácidos na proteína

Estrutura secundária
Resulta de ligações (pontes de hidrogênio) que ocorrem entre alguns aminoácidos .

Estrutura terciária
Resulta de certas atrações e repulsões entre diferentes pontos da cadeia. Um bom exemplo são as ligações dissulfeto (S-S), que se formam entre dois aminoácidos
do tipo cisteína.

Estrutura quaternária
Proteína formada por mais de uma cadeia peptídica.

Proteínas conjugadas
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Proteínas conjugadas são aquelas que apresentam, além dos aminoácidos presentes na(s) cadeia(s) polipeptídica(s), outros componentes de natureza não
proteica, conhecidos como grupos prostéticos ou cofatores; estes são essenciais para a atividade biológica dessas proteínas. O grupo prostético de uma proteína
pode ser inorgânico (como um íon de ferro, zinco ou magnésio) ou orgânico (como uma vitamina). A proteína total é referida como holoproteina, enquanto a parte
exclusivamente proteica, sem o grupo prostético, é dita apoproteína.

Muitas vezes uma proteína pode estar associada a uma molécula de carboidrato, formando uma glicoproteína; a um lipídeos, formando uma lipoproteína; ou
a um ácido nucleico, constituindo uma nucleoproteína.

Desnaturação das proteínas


Desnaturação é o nome dado ao processo em que ocorre a alteração na configuração espacial (forma) da molécula de uma proteína, provocada principalmente
por alterações de pH ou de temperatura (calor). Nesse processo, ocorre a ruptura das ligações de hidrogênio e outras ligações não covalentes responsáveis pelas
estruturas secundaria e terciaria, mas não há ruptura das ligações covalentes do esqueleto da cadeia peptídica, preservando-se assim a sua estrutura primária.

Dependendo do grau de desnaturação de uma proteína, esse processo pode ser reversível (renaturação). De qualquer maneira, ao alterar a forma espacial da
molécula de uma proteína, a desnaturação prejudica a sua atividade biológica, e, com isso certos processos metabólicos e fisiológicos podem ser afetados a ponto
de ocasionar a morte do organismo.

Alguns exemplos práticos de desnaturação de proteínas são: a alteração do estado, após o cozimento da clara e da gema do ovo ou da carne; e a precipitação
das proteínas do leite, quando o pH do meio fica ácido (por exemplo, na produção de iogurtes e coalhadas).

Alterações na estrutura de uma proteína causadas por erros genéticos (mutações)


Uma proteína também pode sofrer alterações em sua estrutura moléculas devido a erros (mutações) ocorridos no gene (segmento de DNA) que determina a sua
produção. Um erro desses, quando transmitido às gerações seguintes, constitui um novo alelo daquele gene e passa a fazer parte do patrimônio genético da
população, podendo ser transmitido da mesma forma que o alelo normal. Frequentemente, o alelo mutante resulta em uma proteína anormal, o que leva a um
quadro de disfunção ou doença relacionada ao funcionamento daquela proteína no organismo.

Uma das doenças humanas ocasionadas por mutação gênica mais estudadas é a anemia falciforme (ou siclemia). A hemoglobina humana é uma proteína
constituída por quatro cadeias polipeptídicas iguais duas a duas (alfa e beta). Um erro genético (alteração na molécula de DNA) leva à substituição de um
aminoácido a sexta posição da cadeia beta da hemoglobina humana. Isto, por sua vez, provoca alterações na estrutura da molécula e, em consequência, leva à
produção de hemácias de formato anormal, lembrando o de uma foice (falciformes), o que prejudica o transporte de gases respiratórios no organismo afetado.

Proteínas na dieta dos animais


Os vegetais e muitos microrganismos, sendo autótrofos, são capazes de sintetizar todos os vinte tipos de aminoácidos de que necessitam para formar suas
proteínas, a partir da matéria orgânica (glicose) produzida na fotossíntese ou na quimiossíntese.

Os animais, seres heterotróficos, são capazes de sintetizar alguns dos vinte tipos de aminoácidos; esses são chamados de aminoácidos naturais. Os demais
(aminoácidos essenciais), não sendo fabricados pelo organismo, só podem ser obtidos pela digestão das proteínas contidas nos alimentos.

De modo geral, animais apresentam maior quantidade de proteínas em sua composição, enquanto nos vegetais o componente majoritário são os carboidratos.
Assim, os alimentos que constituem boas fontes de proteínas e aminoácidos são: as carnes (de peixe, ave, vaca e porco), o leite e seus derivados, os ovos, os grãos
(feijão soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha), as nozes e as sementes.

Os aminoácidos obtidos por meio da alimentação servirão para construir as proteínas do próprio organismo e também para a síntese de outras moléculas
orgânicas. Além disso, se houver deficiência de carboidratos ou de lipídeos na dieta, aminoácidos podem ser utilizados pelo organismo para a obtenção de energia.

Enzimas, proteínas catalisadoras


Enzimas são proteínas catalisadoras existentes em todos os seres vivos (bactérias, fungos protistas, animais e vegetais). As enzimas facilitam as reações que
ocorrem nos seres vivos ao interagir fisicamente com os reagentes, fornecendo um caminho energicamente mais favorável para a transformação desses em
produtos. As enzimas aumentam a velocidade das reações ao possibilitar que os reagentes interajam mais apropriadamente. Até mesmo os vírus, incapazes de
produzir enzimas por si mesmos, induzem as células que parasitam a produzir certas enzimas virais; alguns deles ainda carrega consigo uma ou mais enzimas
sintetizadas pela célula hospedeira da qual se originou.

Algumas enzimas dependem de um cofator (também chamado coenzima) para atuarem corretamente. Muitos desses fatores são vitaminas, enquanto outros
são metais, como o zinco, o cobre e o manganês. Algumas enzimas atuam no interior da célula, enquanto outras são lançadas fora dela e atuam no meio
extracelular. Dessa forma, processos naturais como a obtenção, o armazenamento e a transferência de energia no ambiente intracelular; a construção de novas
moléculas a partir de precursores de menor tamanho a digestão do alimento e outros processos similares dependem, em grande medida, da atuação de diversas
enzimas.

O nome de uma enzima e, em geral, formado pelo nome do substrato especifico sobre o qual ela atua, acrescido do sufixo –ase. Assim, por exemplo, uma
enzima que catalisa a hidrólise de lipídeos e uma lipase uma enzima que catalisa a conversão de uma substância em outra por adição de uma hidroxila é uma
hidroxilase; e assim por diante.

Em geral, associamos a ideia de enzimas com os processos de degradação de moléculas orgânicas, como ocorre durante a digestão (hidrolise enzimática) dos
alimentos. No entanto, essa é apenas uma das funções das enzimas; igualmente importantes são as enzimas responsáveis pelo processo oposto, isto é, de síntese de
novas moléculas; ou ainda aquelas envolvidas na transferência de um grupo químico de uma molécula para outra.

A maioria das reações químicas que ocorre no interior das células é catalisada por enzimas. Dessa forma, o organismo é capaz não só de obter maior
eficiência em seu metabolismo (uma vez que as reações ocorrerão em menor tempo. E com menor gasto de energia), mas também de regular suas vias metabólicas.
Assim, por exemplo o fato de sintetizar ou não uma enzima permite às células a regulação de quando produzir determinada substância quanto dela produzir, e em
que tipo de células.
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A deficiência (total ou parcial) na produção de algumas enzimas pode acarretar o desenvolvimento de algumas doenças (algumas formas de albinismo,
fenilcetonúria entre outras) ou mesmo a morte do organismo.

Modo de ação de uma enzima


Numa reação catalisada por enzimas, as moléculas reconhecidas pela enzima (as suas “moléculas-alvo”) são o seu substrato. A molécula de uma enzima
apresenta um local especifico (o chamado sitio ativo de uma enzima) para o “encaixe” de uma ou mais moléculas de substrato. Esse “encaixe” é, na realidade, o
resultado de várias interações entre determinados átomos da molécula de enzima e átomos da molécula do substrato, que permitem o reconhecimento de substratos
específicos para aquela enzima.

O reconhecimento e o “encaixe” entre a enzima e seu(s) substrato(s) permite, então, que ocorra a reação. Como resultado, teremos um ou mais produtos
diferentes do substrato. Nesse processo, a enzima não sofre qualquer tipo de desgaste ou de alteração permanente, de forma que pode ser novamente utilizada na
catalise de uma reação idêntica à que acabou de ocorrer.

Enzimas e desnaturação
As enzimas, como praticamente todas as proteínas, são sensíveis às alterações de temperatura ou do pH do meio, pois podem sofrer desnaturação. No caso
especifico das proteínas, a alteração da forma espacial (estrutura terciaria) da enzima pode provocar deformações em seu sitio ativo, o que leva à perda – parcial ou
total – de seu poder catalisador.

A desnaturação das enzimas de uma célula (ou das células de um organismo) constitui um impedimento de grande importância para a realização do
metabolismo celular. Dessa forma, temperatura e pH adequados são fatores limitantes para a vida no planeta.

Se registrarmos em um gráfico a atividade de uma enzima em função de variações na temperatura ou no pH, obteremos uma curva.

Vias metabólicas e sua regulação por enzima


Dá-se o nome de via metabólica a uma série de reações químicas sequenciais, nas quais o(s) produto(s) de uma reação constitui(em) o(s) substrato(s) para a
reação seguinte. Muitos passos do metabolismo celular são efetuados por meio de vias metabólicas variadas, como a síntese de aminoácidos a partir de outros
compostos orgânicos. Em geral, cada etapa de uma via metabólica é catalisada por uma enzima altamente especifica, o que possibilita a regulação dessa via por
parte da célula – ao produzir diferentes quantidades em diferentes momentos – de cada uma das enzimas envolvidas.

Chamamos de anabolismo ao conjunto das reações de síntese de novas substâncias que ocorre no interior das células. Dá-se o nome de catabolismo ao
conjunto das reações celulares que promovem a degradação de moléculas maiores em moléculas menores. Tanto as vias anabólicas quanto as vias catábolicas de
uma célula ou de um organismo são altamente reguladas por meio da produção de enzimas especificas.

Regulação da atividade enzimática


As células têm diversos mecanismos que lhes permitem regular a concentração e a atividade de suas enzimas. Primeiramente, pela modulação da ação dos
genes responsáveis pela síntese de uma enzima. Em segundo lugar, para as enzimas já produzidas existentes no interior da célula, há três possibilidades de
regulação: a inibição competitiva, a inibição não competitiva e a inibição por retroalimentação (feedback).

Anticorpos, proteínas de defesa


Os anticorpos ou imunoglobulinas são proteínas complexas, produzidas pelos organismos dos animais vertebrados, voltadas para a defesa do organismo por
meio do combate aos antígenos. Estes são, em geral, substancias estranhas ao organismo, capazes de desencadear uma resposta imune (como a produção de
anticorpos). A maioria dos antígenos é de natureza proteica ou polissacarídica. Essas substâncias estão presentes ou são derivadas, por exemplo, dos
microrganismos que podem parasitar o organismo humano (vírus, bactérias, fungos e protozoários).

Uma molécula de anticorpo é formada por quatro cadeias polipeptídicas (duas cadeias “leves” e duas cadeias “pesadas”, assim denominadas em função de seu
peso molecular), unidas por pontes dissulfeto, Uma das extremidades das cadeias corresponde à região variável, pela qual um anticorpo se liga ao antígeno. A
variabilidade dessa região é dada pela variabilidade dos genes responsáveis pela síntese dessas cadeias. Dessa forma, o organismo é capaz de produzir um grande
número de anticorpos diferentes, capazes de reconhecer e se ligar a diferentes antígenos, em reações altamente especificas, neutralizando essas moléculas.

Os anticorpos são elementos da imunidade humoral, assim chamada porque esse nível de defesa do organismo é feito por moléculas (anticorpos) presentes
nos humores do organismo (líquidos e secreções corporais, como o sangue, a linfa, as lagrimas, a saliva, o leite materno, etc.). Outro nível de defesa é constituído
pela imunidade celular, assim chamada porque é mediada por células, como os linfócitos T (um tipo especifico de leucócito, ou glóbulos brancos do sangue).

Produção de anticorpos pelo sistema imune humano


Os linfócitos B – um tipo de leucócito (glóbulos brancos do sangue) que amadurece no interior da medula óssea – produzem e expõem continuamente em sua
superfície externa moléculas de anticorpo com diferentes sítios, reconhecedores de antígenos (região variável). Quando determinado linfócito B é exposto a
determinado antígeno que se encaixa em seu anticorpo, esse linfócito é ativado. Essa ativação faz com que essa célula se prolifere por mitoses sucessivas,
formando em pouco tempo uma população de células-filhas capazes de produzir aquele mesmo anticorpo. Parte dessas células passa por transformações,
originando um novo tipo de célula, os plasmócitos, que produz e secreta anticorpos em grande quantidade nos líquidos e secreções corporais, a fim de promover o
combate ao antígeno, enquanto outra parcela permanece como células de memória.

Resposta imune primária e secundária


Quando o organismo é exposto pela primeira vez a um antígeno, seja de forma natural, seja por meio de uma vacina, os plasmócitos resultantes da
transformação dos linfócitos B ativados dão início à produção e à secreção daquele tipo especifico de anticorpo. Trata-se da resposta imune primária. Quando o
indivíduo é exposto ao mesmo antígeno pela segunda vez (seja de forma natural, seja em razão de uma segunda dose de vacina), o tempo necessário para a
produção de anticorpos é menor e a quantidade de anticorpos produzidos é maior quando comparados com o que ocorre na resposta primária, uma vez que agora já
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existe uma população de células de memória capaz de iniciar rapidamente a produção de grande quantidade daquele anticorpo. Trata-se, portanto, da resposta
imune secundária.

Imunidade ativa e imunidade passiva


Imunização é a aquisição de proteção contra um antígeno (e, por extensão, a uma doença infecciosa) graças à produção de anticorpos contra esse antígeno
(imunização ativa) ou à transferência ao indivíduo de anticorpos produzidos por outro organismo (imunização passiva).

A imunidade ativa resulta do fato de o indivíduo ter contraído uma doença infecciosa ou de ter recebido uma vacina contra essa doença. A imunidade ativa
em geral é duradoura, podendo se estender por muitos anos ou por toda a vida do indivíduo. No caso da imunidade resultante de vacinação, às vezes são
necessárias doses de reforço periódicas, a fim de manter a memória imunológica contra determinada doença.

A imunidade passiva ocorre quando uma criança recebe anticorpos produzidos por sua mãe (através da placenta, durante a gestação e, mais tarde, por meio do
leite materno) ou quando um indivíduo recebe anticorpos produzidos por um animal ( soro terapêutico) ou provenientes de outro ser humano (terapia com
imunoglobulina humana e transfusões de sangue, por exemplo). Esse tipo de imunização confere proteção rápida e eficiente; no entanto, essa proteção é
temporária, durando em geral poucas semanas ou alguns meses.

Vacinas e soros
Uma vacina contém o antígeno contra o qual se deseja proporcionar proteção imunológica. Portanto, uma vacina pode conter substâncias que fazem parte do
patógeno (proteínas, polissacarídeos), ou que foram liberadas por esse patógeno (toxinas bacterianas), ou ainda o próprio patógeno atenuado (vírus ou bactérias,
vivos ou mortos).

Em todos os casos, pretende-se que o organismo vacinado produza anticorpos específicos contra o antígeno, ficando imunizado de forma permanente e
duradoura contra determinado microrganismo patogênico. Isso ocorre, graças à formação de uma população de células sanguíneas que “fixam” em seu material
genético a informação relativa à produção daquele anticorpo especifico (células de memória). Essas células e suas descendentes serão capazes, daí em diante, de
dar uma resposta imune rápida e de grande amplitude, frente à presença daquele antígeno no organismo.

Algumas vacinas proporcionam imunidade prolongada com uma única dose, enquanto outras requerem múltiplas doses e outras ainda necessitam de uma ou
mais doses de reforço periódicas, a fim de garantir a manutenção da imunidade adquirida.

Um soro terapêutico contém anticorpos específicos contra um antígeno que se deseja neutralizar, em certo individuo, em dado instante. Esse recurso é
utilizado quando há um grande risco para o organismo (devido a uma infecção já instalada, ou devido à exposição a toxinas ou venenos de origem animal) e não há
tempo suficiente para que o organismo desenvolva a própria resposta imune.

A produção de um soro terapêutico tem início com a introdução, no organismo de um animal de grande porte (em geral cavalo), de antígenos específicos
preparados com os venenos de animais peçonhentos (serpentes, aranhas, escorpiões) ou de toxinas bacterianas (para a produção, por exemplo, de soros
antibotulínico, antidiftérico e antitetânico) ou ainda com o vírus inativado da raiva (para a produção do soro antirrábico humano). A resposta imune do cavalo ao
antígeno inoculado garante a produção de anticorpos específicos contra aquele antígeno, que passam a circular em sua corrente sanguínea. Em seguida, realiza-se a
coleta de sangue desses animais e o plasma obtido é submetido a uma sequência de processos físicos e químicos que permitem a purificação e o isolamento dos
anticorpos de interesse, que comporão o soro terapêutico especifico para o combate ao antígeno.

Conforme explicado, a imunização passiva conferida pela administração de um soro terapêutico oferece uma proteção rápida e eficiente, porem temporária,
uma vez que não conduz à formação de memória imunológica, pois os anticorpos foram produzidos por outro organismo.

Ácidos nucleicos e síntese de proteínas


O que são ácidos nucleicos?
Os ácidos nucleicos são assim chamados porque são substâncias de caráter ácido, usualmente encontradas no interior do núcleo das células eucarióticas (mas
não só ali). São eles: o ácido desoxirribonucleico (ADN, ou DNA, na sigla em inglês) e o ácido ribonucleico (ARN ou RNA).

Os ácidos nucleicos desempenham importante papel no controle das atividades celulares, uma vez que contêm as informações para a produção das enzimas e
de outras substâncias necessárias ao funcionamento do organismo. Além disso, o DNA (e, no caso de alguns vírus, o RNA) é também o responsável pela
transmissão dessas informações de uma geração a outra, quando uma célula se divide ou quando um organismo se reproduz. Por essas razoes, pode-se afirmar que
os ácidos nucleicos constituem o material genético dos seres vivos.

O DNA foi primeiramente isolado e reconhecido por Friedrich Miescher, um cientista suíço, em 1869. Ao realizar a análise química de núcleos celulares,
Miescher encontrou um composto desconhecido, de caráter ácido, rico em fosforo, e constituído de moléculas aparentemente muito grandes. Anos mais tarde, já
em meados do século XX, tornou-se claro que, na verdade, existiam duas classes distintas de ácidos nucleicos, caracterizados por algumas diferenças em sua
constituição química. Por fim, a partir das décadas de 1950 e 1960, a estrutura molecular e o modo de ação dos ácidos nucleicos foram sendo pouco a pouco
desvendados, o que possibilitou maior compreensão a respeito do funcionamento das células e, por extensão de todo o organismo.

Nucleotídeos, as unidades formadoras dos ácidos nucleicos


Os ácidos nucleicos são macromoléculas constituídas por longas cadeias contendo milhares de nucleotídeos. Cada uma dessas unidades é composta de três
partes distintas: um grupo fosfato (PO42-) ao qual está unida na pentose (monossacarídeo com cinco carbonos), à qual está ligada uma base nitrogenada (uma
molécula formada por um ou dois anéis de carbonos e nitrogênios). Observe o esquema a seguir, que mostra a estrutura molecular de um nucleotídeo:
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Uma das diferenças entre o RNA e o DNA é que, no primeiro, os nucleotídeos contêm a pentose ribose, enquanto nos nucleotídeos de DNA a pentose é a
desoxirribose. Veja o esquema a seguir:

As bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos são a adenina (A), a guanina (G), a citosina (C), a timina (T) e a uracila (U). As bases púricas (adenina e guanina)
são de maior tamanho, uma vez que são constituídas por dois anéis formados por átomos de carbono e de nitrogênio. As bases pirimídicas (citosina, timina e
uracila) são menores, compostas de um único anel de carbonos e nitrogênios.

As bases adenina, citosina e guanina fazem parte da composição do RNA e do DNA. Já a base uracila é encontrada apenas no RNA, enquanto a timina é
exclusiva do DNA, constituindo mais de uma diferença importante na composição dos dois tipos de ácidos nucleicos.

Polinucleotídeos são cadeias de nucleotídeos


Os nucleotídeos ligam-se entre si formando moléculas muito longas; o fosfato de um nucleotídeo liga-se à pentose do nucleotídeo seguinte e, dessa maneira,
se estabelece uma cadeia linear (“fita” ou “filamento”) de nucleotídeos, que pode ser denominada polinucleotídeos.

Os átomos de carbono de uma pentose são numerados de um a cinco, de acordo com as regras de nomenclatura química (note, na figura a seguir, a
numeração – em vermelho – atribuída aos cinco átomos de carbono que constituem a pentose do nucleotídeo mais inferior). A ligação entre dois nucleotídeos que
vão constituir parte de um polinucleotídeo sempre se estabelece entre o fosfato preso ao carbono 5 de um nucleotídeo e o OH do carbono 3 do outro nucleotídeo.
Em razão disso, referimo-nos a uma das extremidades do polinucleotídeo como sendo a extremidade 5’, enquanto a outra é a extremidade 3’, conforme o átomo de
carbono que estiver mais próximo dessa extremidade.
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Estrutura de uma molécula de RNA


Uma molécula de RNA é formada por uma única fita (ou cadeia) de nucleotídeos; estes contêm ribose e as bases adenina, guanina, citosina e uracila em sua
composição. Veja a representação a seguir:
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Estrutura de uma molécula de DNA


Uma molécula de DNA é formada por duas fitas de nucleotídeos, que contêm desoxirribose e as bases adenina, guanina, citosina e timina em sua composição.
Essas duas cadeias de nucleotídeos mantém-se unidas graças a ligações de hidrogênio, que se estabelecem entre as bases nitrogenadas das duas fitas adjacentes. O
pareamento dessas bases sempre se faz da mesma maneira: uma adenina de uma cadeia pareia com uma timina da outra cadeia, estabelecendo duas ligações de
hidrogênio. E uma guanina de uma cadeia pareia com uma citosina da outra cadeia, estabelecendo três ligações de hidrogênio.

É comum comparar-se a molécula de DNA com uma escada, na qual os “corrimãos” são constituídos por pentoses (desoxirriboses) e fosfatos alternados, e
cada “degrau” corresponde a um par de bases nitrogenadas (A com T[Agnaldo Timóteo ou Théo Alves], e C com G[Carlos Garcia ou Gal Costa]). Veja a
representação a seguir:
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Graças aos trabalhos desenvolvidos por vários cientistas nas décadas de 1940 a 1960, foi possível estabelecer que a molécula de DNA apresenta uma estrutura
em dupla-hélice, conforme a ilustração a seguir:

De acordo com o modelo da “dupla-hélice” proposto por James Watson, Francis Crick e outros colaboradores em 1953, o DNA é representado como uma
espécie de “escada” enrolada em espiral na qual cada “corrimão” corresponde s uma sucessão de pentoses e fosfatos alternados, e cada “degrau” equivale a um par
de bases nitrogenadas (A com T, C com G). Note que as duas cadeias de nucleotídeos são antiparalelas: uma ocorre no sentido 3’  5’, enquanto a outra está
orientada no sentido 5’  3’.

O DNA e a identidade de indivíduos e espécies


O DNA de indivíduos ou de espécies distintas difere, basicamente, na sequência de seus nucleotídeos (ou, mais precisamente, na sequência das bases
nitrogenadas de seus nucleotídeos). Dessa forma, o sequenciamento do DNA permite obter informações que caracterizam determinado individuo ou espécie em
particular. As tecnologias disponíveis atualmente para a extração e analise do DNA de amostras de materiais provenientes de seres vivos têm possibilitado toda
uma gama de aplicações: resolução de crimes e estabelecimento de laços de filiação por meio da determinação da identidade genética de indivíduos;
estabelecimento de bancos de dados genéticos (projetos genoma e afins) de espécies animais, plantas, fungos, bactérias e outras formas de vida; melhoramento
genético por meio da manipulação do DNA de espécies e interesse econômico; avaliação do grau de parentesco evolutivo entre as espécies etc.
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O DNA nas bactérias, mitocôndrias e cloroplastos
O material genético das células dos organismos eucariontes é constituído, na maioria das vezes, por várias moléculas de DNA individuais distintas e de
aspecto linear. Assim, por exemplo, em uma célula somática humana típica (isto é, qualquer célula do corpo com exceção dos gametas) encontramos 46 moléculas
de DNA que, durante a divisão celular, podem ser visualizadas ao microscópio de luz sob a forma de 46 cromossomos distintos. Nas bactérias, no entanto, o DNA
é circular, ou seja, suas extremidades estão soldadas, conferindo ao DNA bacteriano a forma de um anel. Além do DNA principal, muitas bactérias possuem
também pequenos segmentos de DNA circulares adicionais, chamados plasmídeos, com importante papel na troca de informação genética entre elas (num
processo chamado conjugação).

Duas organelas das células eucarióticas apresentam moléculas de DNA circular em seu interior; são elas as mitocôndrias e os cloroplastos. A existência de
DNA nessas organelas, distinto e independente do DNA nuclear, e a sua forma circular, são as principais evidencias de que essas organelas se originaram, em
termos evolutivos, a partir de ancestrais bacterianos que se associaram às células eucarióticas, numa relação endossimbiótica, há alguns bilhões de anos.

Replicação (duplicação) do DNA


O DNA constitui o material genético das células uma vez que tem o papel de controle do metabolismo celular, por meio da produção de enzimas e de outras
moléculas reguladoras. Dessa forma, o DNA é responsável pela informação genética transmitida de uma geração a outra, ou seja, por todas as informações
necessárias para a formação de uma nova célula (ou de um novo organismo), a cada geração, ora, essa transmissão de informações só é possível graças à
capacidade que o DNA tem de se replicar, isto é, de gerar copias de si mesmo.

A replicação (ou duplicação) do DNA é um fenômeno complexo, regulado por vários fatores intrínsecos (da própria célula) e extrínsecos (por exemplo,
sinais provenientes das células vizinhas ou do ambiente), em função do tempo transcorrido desde a última replicação (a que originou a presente molécula de
DNA), da disponibilidade de nutrientes para a célula, de fatores hormonais etc. de modo geral, uma célula duplica o seu DNA antes de entrar em divisão que dará
origem a duas células-filhas. Evidentemente, se ocorrem erros durante esse processo, as células-filhas poderão apresentar anomalias em seu funcionamento. Por
essa razão, a duplicação do DNA é regulada por vários mecanismos celulares.

O processo de replicação do DNA ocorre inteiramente no interior do núcleo celular e é regulado pela ação de várias enzimas. Inicialmente, a enzima helicase
promove a ruptura das ligações de hidrogeno que unem as duas fitas do DNA, afastando-as e abrindo a dupla-hélice do DNA original. Em seguida, as DNA
polimerases promovem a ligação de nucleotídeos de DNA que estão livres no interior do núcleo celular com nucleotídeos correspondentes, existentes nas fitas do
DNA original. A DNA polimerase é, portanto, a responsável pelo pareamento adequado entre as bases de novos nucleotídeos e as bases dos nucleotídeos das fitas
molde. A ligação sempre ocorre entre uma adenina com uma timina (e vice–versa) e entre uma citosina com uma guanina (e vice- versa). Nesse processo, cada fita
do DNA original funciona como um “molde” para a formação de uma nova fita complementar a ela. Enfim, a enzima ligase estabelece as ligações entre os
nucleotídeos constituintes das novas fitas de DNA duplicado, formando novos polinucleotídeos, presos às respectivas cadeias que lhes serviram de molde. Assim,
a duplicação do DNA é um processo semiconservativo: cada molécula-filha resultante desse processo consiste de uma cadeia “antiga”, pertencente ao DNA
original, e uma cadeia “nova”, recém-sintetizada.
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Ao final da replicação, uma molécula de DNA dá origem a duas moléculas-filhas, idênticas entre si e idênticas a molécula de DNA original dessa maneira, as
informações genéticas são transmitidas de geração em geração quer estejamos falando das células de um tecido autorrenovável (como a pele, por exemplo), de
uma colônia de bactérias ou de seres humanos e, em consequência disso, os tecidos, órgãos ou organismos mantêm-se estáveis. Por outro lado a ocorrência de
mutações durante a replicação do DNA pode levar ao surgimento de novas variedades de genes, o que pode ter consequências positivas ou negativas. Por um lado,
mutações podem alterar o funcionamento de uma célula e das células descendentes dela, dando origem a um tecido com anomalias em seu funcionamento, como
um tumor, por exemplo. Por outro lado mutações são uma das causas de variabilidade genética, fundamental para a evolução das espécies.

Síntese de RNA (transcrição)


Nas células, moléculas de RNA são sempre produzidas a partir de um segmento de uma molécula de DNA que lhe serve como molde. Esse processo é
conhecido como transcrição do DNA nele, a enzima RNA polimerase catalisa a produção de uma molécula de RNA tendo como molde a cadeia 3’5’ do DNA (a
chamada “fita molde”, ou “fita guia” do DNA); como resultado, toda molécula de RNA é sempre m polinucleotídeo de polaridade 5’3’.

O processo ocorre de maneira similar ao da replicação do DNA, porém com algumas particularidades:

Apenas um trecho da molécula de DNA será transcrito; esse trecho equivale a um gene( “receita” para uma proteína) ou à “receita” para a produção de uma
molécula de RNA com função regulatória as ligações de hidrogênio que unem as duas cadeias do DNA naquele trecho em particular são rompidas por ação
enzimática, e as duas fitas se afastam uma da outra.

Quando há uma adenina na fita molde do DNA, o nucleotídeo de RNA colocado a seu lado apresenta a base uracila.

Apenas uma das fitas da molécula de DNA serve como molde; a outra fita de DNA (chamada “fita inativa”) volta a se juntar à fita molde depois que o
processo termina, uma vez que o polinucleotídeo de RNA assim formado se destaca do molde ao final da transcrição.
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Funções do RNA
A principal função do RNA nas células é participar da síntese de proteínas, processo chamado tradução. Na tradução, a informação relativa à produção de
uma proteína, contida em determinado segmento da molécula de DNA (o gene para aquela proteína) é copiada, de forma complementar, para uma molécula de
RNA (o RNA mensageiro) no citoplasma, o RNAm é “lido” pelos ribossomos e a informação é traduzida em um polipeptídeo ou proteína.

O fluxo unidirecional de informação que ocorre de uma molécula a outra, na síntese de proteínas em uma célula, chamou a atenção de Francis Crick, que
propôs, em 1956, o chamado dogma central da biologia molecular. Inicialmente, o dogma era assim representado:

Mais tarde, tornaram-se conhecidos outros papeis que as moléculas de RNA podem ter nos seres vivos. Um deles é o de regulação do metabolismo celular,
exercido por categorias de RNA distintas daquelas que participam da síntese de proteínas( como o RNA de interferência).

Outro papel do RNA é o de funcionar como o material genético de certos vírus, os chamados “vírus de RNA”. Alguns vírus de RNA são capazes de duplicar
seu RNA diretamente. Os vírus que provocam o resfriado, a gripe, a poliomielite e o ebola são alguns exemplos de vírus de RNA.

Existem também vírus de RNA capazes de sintetizar uma molécula de DNA a partir de seu RNA, desde que este tenha sido inserido numa célula hospedeira.
Esse processo, conhecido como transcrição reversa, é catalisado por uma enzima especifica ( a transcriptase reversa). A partir desse DNA viral transitório são
então sintetizadas novas moléculas de RNA idênticas à original que farão parte de novas partículas virais. A essa categoria, conhecida como retrovírus, pertencem
o HIV (causador da aids) e alguns vírus causadores de câncer no ser humano.

Essas informações tornaram necessária a reformulação do dogma central da biologia molecular, dando origem à sua forma mais moderna:

Síntese de proteínas (tradução do RNAm)


Um gene, é um segmento especifico de uma molécula de DNA que contém uma informação – a “receita” de um polipeptídeo – codificada em sua sequência
de bases nitrogenadas. As informações genéticas codificadas no DNA e enviadas o citoplasma por meio do RNAm fornecem instruções para a fabricação de um
polipeptídeo, componente de uma proteína.
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Há algo em comum entre os ácidos nucleicos (DNA e RNA) e as proteínas (polipeptídeos): todos são macromoléculas constituídas por uma sequência
ordenada de unidades (nucleotídeos nos ácidos nucleicos, aminoácidos no caso das proteínas). Dessa forma, estabelece-se a possibilidade de um fluxo de
informação entre essas moléculas: a sequência de nucleotídeos (bases) do gene (DNA) determina uma sequência especifica de bases no RNAm correspondente, e a
sequência de bases desse RNAm condiciona a sequência de aminoácidos de polipeptídeo (proteína) produzido a partir do comando dado por esse gene, à
correspondência existente entre a sequência de bases dos ácidos nucleicos e a sequência dos aminoácidos de uma proteína damos o nome de código genético.

Essa correspondência, na verdade, se estabelece entre trincas de bases nitrogenadas no DNA (ou no RNAm correspondente), denominadas códons, e os
aminoácidos constituintes da cadeia peptídica formada a partir do segmento de DNA (gene). Veja a tabela a seguir, que relaciona os 20 tipos de aminoácidos com
seus respectivos códons no RNAm:

Observe que:

O código genético é universal, ou seja, é o mesmo em todos os seres vivos, com poucas exceções.

Existem 64 códons distintos, equivalentes a todas as combinações possíveis das quatro bases nitrogenadas do RNAm (A, C, G e U) arranjadas três a três (4 x
4 x 4 = 64);

O número de códons é maior do que o número de tipos de aminoácidos que formam as proteínas (20 tipos); isso significa que o código genético é degenerado
(ou redundante), pois há uma “sobra” de um lado (códons) em relação ao outro lado (aminoácidos) dessa correlação. Em consequência, muitos aminoácidos são
codificados por mais de um códon; além disso, há três códons que não determinam nenhum aminoácido, servindo como sinais de terminação de leitura do RNAm.

O códon AUG, nas moléculas de RNAm, funciona tanto como códon determinante do aminoácido metionina quanto como códon de iniciação. Isso significa
que o primeiro códon AUG mais próximo da extremidade 5’ de um RNAm é reconhecido como de início e é por ai que se inicia a síntese da proteína.

Tipos de RNA que participam da síntese de proteínas


A síntese de um polipeptídeo ou de uma proteína envolve a participação de três tipos distintos de RNA: o RNAm (mensageiro), o RNAr (ribossômico) e o
RNAt (transportador). Todos os três são produzidos a partir do DNA, na transcrição; no entanto, como são transcritos a partir de diferentes segmentos da molécula.

A “leitura” do RNAm pelos ribossomos


Mutações
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Membrana plasmática
Toda célula, seja ela procariótica ou eucariótica, apresenta-se delimitada por uma membrana plasmática, que, além de conter o citoplasma, é responsável
pelas trocas de substâncias entre a célula e o ambiente (que pode ser o meio em que a célula está mergulhada ou outras células vizinhas a ela).

A membrana plasmática determina, em grande medida, quais são as substâncias que entram e saem de uma célula, em que quantidade e em que momento; em
virtude disso, pode-se dizer que ela apresenta uma permeabilidade seletiva.

Além disso, é por meio da membrana plasmática que uma célula percebe sinalizações do ambiente – ao interagir com moléculas de hormônios, por exemplo
–, reconhece outras células e estabelece vínculos mais ou menos permanentes com elas.

A membrana plasmática só pode ser visualizada ao microscópio eletrônico. Em grande aumento, ela aparece como uma estrutura trilaminar, ou seja, com três
camadas – duas camadas mais escuras e, em meio a elas, uma camada mais clara.

Estrutura da membrana plasmática


Todas as membranas de uma célula (a membrana plasmática e as membranas que constituem e envolvem muitas estruturas internas da célula) têm natureza
lipoproteica e compartilham uma organização estrutural comum: uma bicamada lipídica, à qual estão associadas diversas proteínas de membrana.

Os lipídeos que constituem a bicamada central permanecem à categoria dos fosfolipídeos. Essas moléculas apresentam uma extremidade polar (a “cabeça” da
molécula, na qual se encontra o fosfato) e, portanto, hidrofílica, a qual estão ligadas duas longas cadeias carbônicas (as “caudas”) hidrofóbicas. Essa peculiar
composição faz com que os fosfolipídeos, quando em meio aquoso, formem espontaneamente uma bicamada na qual as “cabeças” polares estão voltadas para a
água (do meio externo e do meio interno) enquanto as “caudas” apolares estão voltadas para dentro, formando um “miolo” altamente hidrofóbico.

Baseados em variadas evidências experimentais, os cientistas propuseram um modelo para a estrutura da membrana plasmática, que veio a ser conhecido
como modelo do mosaico fluido. Esse modelo permite explicar e compreender de maneira satisfatória os fenômenos em que a membrana plasmática está
envolvida.

Nesse modelo, as moléculas de proteína estão distribuídas num padrão em mosaico, ou seja, estão espalhadas entre as moléculas de lipídeos que constituem a
bicamada central. Algumas dessas proteínas atravessam a membrana de lado a lado (proteínas transmembrana ou integrais), enquanto outras estão localizadas
apenas na face interna ou na face externa da membrana (proteínas periféricas).

A membrana tem consistência fluida, ou seja, as moléculas que a constituem estão em continuo movimento, alterando sua posição conforme as necessidades
da célula. No entanto, nas células animais, a presença de moléculas de colesterol, em meio aos fosfolipídeos, confere certa “rigidez” a determinadas porções da
membrana, limitando ou impedindo a movimentação das moléculas daquela região.

Na face externa da membrana plasmática podem ainda ser encontradas moléculas de carboidratos, ancoradas aos fosfolipídeos os às proteínas da membrana.
Essa cobertura, quando mais extensa, recebe o nome de glicocálice.

Proteínas da membrana
As proteínas que constituem a membrana plasmática têm composição e estrutura bastante variada. As principais funções dessas proteínas são:

 Realizar o transporte de materiais diversos através da membrana.


 Funcionar como receptores de moléculas sinalizadoras, como hormônios, por exemplo.
 Atuar como enzimas, catalisando reações que ocorrem tanto no meio externo (na proximidade da membrana) quanto no meio interno da célula.

As proteínas envolvidas no transporte de substâncias através da membrana são basicamente de dois tipos. O primeiro deles é o das proteínas de canal, que
formam um poro aquoso, por meio do qual fluem as moléculas que devem entrar ou sair da célula. O segundo tipo, mais complexo, é constituído por proteínas
capazes de alterar sua configuração espacial, mudando de forma de modo a permitir a entrada ou a saída de determinada substância na célula; essas são proteínas
carreadoras.

Algumas proteínas da membrana plasmática funcionam como receptores para sinais químicos específicos, como um hormônio.

Certas enzimas são proteínas que fazem parte da própria estrutura da membrana plasmática. Assim, as enzimas que regulam determinadas vias metabólicas
estão perfeitamente dispostas lado a lado na membrana plasmática, o que possibilita que controlem uma serie de reações sequenciais de forma mais eficiente do
que se estivessem livres no hialoplasma.

Microvilosidades
O intestino da maioria dos mamíferos apresenta dobras, conhecidas como vilosidades intestinais. Se observarmos as células que constituem o epitélio que
recobre essas vilosidades, veremos que a membrana da porção apical dessas células (isto é, da face que está voltada para a cavidade intestinal) apresenta grande
número de dobras, visíveis apenas ao microscópio eletrônico. Tais dobras foram denominadas microvilosidades, e constituem um arranjo bastante satisfatório, que
permite aumentar a superfície de absorção dos nutrientes pela mucosa do intestino delgado.

Troca de substâncias entre a célula e o meio


Todas as células precisam manter uma concentração apropriada de água, íons e nutrientes, bom como eliminar substâncias inúteis resultantes do seu
metabolismo, a fim de se manterem em estado de equilíbrio dinâmico (homeostase). A membrana plasmática tem papel importante na manutenção desse equilíbrio
diferencial de concentrações entre o meio interno e o meio externo da célula.

Se analisarmos a permeabilidade da membrana a variadas substâncias, considerando-se inicialmente apenas a bicamada lipídica, podemos afirmar que:

 Macromoléculas (como proteínas, dissacarídeos e polissacarídeos) não podem atravessar a membrana por causa de seu tamanho;
 Moléculas pequenas que possuem carga elétrica (os íons, por exemplo) também não podem passar através da membrana, pois são incapazes de
atravessar seu interior apolar;
 Moléculas de água têm dificuldade para passar pelo “miolo” hidrofóbico da bicamada lipídica; a permeabilidade da membrana plasmática à água
seria, dessa forma, bastante reduzida;
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 Membranas pequenas e apolares (como o etanol) e gases (O2, CO2, N2) passam através da membrana de acordo com seu gradiente de concentração
(isto é, da região de menor concentração).

Ora, como já explicado, uma das funções das proteínas de membrana é a de auxiliar o transporte de substancias que, de outra forma, não poderiam atravessar
a bicamada lipídica. Assim, a permeabilidade da membrana é bem mais ampla do que se poderia supor, graças aos movimentos de moléculas que ocorrem em
razão das leis da Física (como é o caso da difusão) e aos processos que envolvem transporte com gasto de energia.

Tipos de transporte
O transporte de materiais através da membrana pode ser passivo ou ativo.

O transporte passivo não requer gasto de energia, pois, nesse caso, as moléculas se movimentam de acordo com seu gradiente de concentração. São exemplos
a difusão simples, a difusão facilitada e a osmose.

O transporte biológico requer gasto de energia (ATP), portanto só pode ocorrer em células vivas. Nessa categoria encontram-se o transporte ativo, que
usualmente se vale de uma proteína transportadora para transportar íons ou moléculas contra o seu gradiente de concentração; e os processos de endocitose e
exocitose, nos quais ocorre o transporte de macromoléculas através da membrana plasmática por meio da formação de vesículas, o que também requer gasto de
energia.

Transporte passivo
Difusão simples
A difusão é um movimento passivo das moléculas, que tendem a sair de um meio em que estão presentes em maior concentração e dirigir-se a uma região em
que estão em menor concentração, numa tendencia a atingir um estado de equilíbrio. Esse processo é espontâneo, e não requer gasto de energia.

Há muitos exemplos de difusão na vida cotidiana; o “espalhamento” de um corante (uma gota de tinta, por exemplo) num recipiente com água é devido à
difusão das moléculas de soluto (no caso, o pigmento) em um meio solvente (por exemplo, a água).

Da mesma maneira, moléculas de soluto podem entrar ou sair de uma célula graças à difusão; é o que ocorre por exemplo com os gases respiratórios
(oxigênio e gás carbônico). O intercâmbio de gases entre o ar e as células de um epitélio respiratório, como o dos alvéolos pulmonares, se dá por difusão simples,
numa tendencia ao equilíbrio.

Difusão facilitada
A difusão facilitada é uma modalidade de difusão na qual a passagem de moléculas de um soluto através da membrana plasmática ocorre com o auxílio de
uma proteína transportadora. Mais uma vez, trata-se de um movimento passivo, a favor do gradiente de concentração, sem gasto de energia.

Uma vez que as células consomem glicose continuamente nos processos de obtenção de energia, a concentração desse açúcar costuma ser maior no meio
externo. Assim, a glicose tende a entrar nas células por difusão. Essa entrada é facilitada pela existência, na membrana plasmática, de uma proteína carreadora
especifica para a glicose, o que facilita o processo de difusão.

Osmose: um caso especial de difusão


A osmose é o fenômeno no qual moléculas de um solvente (como a água) se movimentam através de uma membrana semipermeável, isto é, permeável ao
solvente, porém impermeável ao soluto considerado, quando existe um gradiente de concentração desse soluto entre dois lados de uma mesma membrana. As
moléculas de água se movimentam do meio menos concentrado em soluto (onde há “mais água”) para o meio mais concentrado em soluto (onde há “menos
água”). Assim, pode-se considerar a osmose como sendo um caso especial de difusão (“difusão da água”).

Consequências da osmose para as células


Uma célula estará isotônica em relação ao seu meio circundante se a concentração de solutos for a mesma dentro e fora dela.

Nesse caso, embora as moléculas de água possam atravessar livremente a membrana em qualquer direção, não há ganho nem perda de água por parte da
célula. Mas se uma célula estiver mergulhada em um meio hipertônico (ou seja, mais concentrado em solutos que a célula), moléculas de água passarão, por
osmose, preferencialmente de dentro para fora dela – nesse caso, a célula perde água para o meio. Finalmente, quando colocadas em meio hipotônico, as células
ganham água por osmose. Como resultado desses ganhos e perdas de água, uma célula pode sofrer alterações em seu volume.

A existência de uma parede celular (membrana esquelética celulósica) nas células vegetais faz com que as consequências do ganho ou da perda de água por
osmose nessas células seja diferente, quando comparadas às células animais. Além disso, as células vegetais apresentam um ou mais vacúolos contendo soluções
salinas em seu interior. Quando ocorrem trocas de águas por osmose entre a célula vegetal e o meio, há ganho ou perda de água nos vacúolos.

Colocadas em meio isotônico, as células vegetais não ganham nem perdem água; dizemos então que a célula está flácida. Postas em meio hipotônico, as
células ganham água e seus vacúolos aumentam de volume; no entanto não há risco de ruptura (lise) celular devido à resistência da parede celular. Quando ocorre
o equilíbrio entre as forças osmóticas e a resistência exercida pela parede, a célula estará túrgida. Transferidas para um meio hipertônico, as células vegetais
perdem água; os vacúolos diminuem de volume e a membrana plasmática se descola da parede celular; dizemos que a célula está plasmolisada.

Transporte biológico
O transporte biológico só pode ocorrer em células vivas, uma vez que requer gasto de energia. Enquadram-se nessa categoria duas modalidades distintas de
transporte: o transporte ativo, em que íons ou moléculas são transportados com auxílio de uma proteína carreadora contra o gradiente de concentração; e os
processos de endocitose e exocitose, em que ocorre o transporte de macromoléculas para dentro ou para fora da célula, respectivamente, por meio da formação de
vesículas.

Transporte ativo
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No transporte ativo, íons ou moléculas são transportados através da membrana contra o gradiente de concentração – de um meio menos concentrado para um
meio mais concentrado. Trata-se, portanto, de um processo contrário às leis da difusão, e que, por isso, requer gasto de energia e a mediação de uma proteína
transportadora.

Muitos íons são transportados para dentro ou para fora das células por transporte ativo. As proteínas envolvidas nesse processo são conhecidas como bombas
iônicas, e a mais conhecida delas é a bomba de sódio-potássio, que “bombeia” simultaneamente sódio para fora e potássio para dentro da célula.

Bombas iônicas são muito importantes no estabelecimento e na manutenção de uma diferença de carga elétrica nas duas faces da membrana plasmática de
determinadas células, como os neurônios, por exemplo. A atuação de bombas de sódio, potássio, cloro, cálcio, magnésio e outros íons é essencial para vários
processos vitais.

Endocitose
Dá-se o nome de endocitose aos processos de internalização de materiais por meio de dobramento de uma porção da membrana plasmática, formando assim
uma vesícula contendo o material englobado. Esse processo ocorre de duas maneiras distintas:

 Por meio da fagocitose, em que a célula forma vesículas maiores (vacúolos) contendo moléculas, partículas ou até mesmo outras células menores. O
dobramento se faz graças à emissão de expansões temporárias (pseudópodes), em um processo de evaginação (dobra para fora), visível ao microscópio
de luz;
 Por meio da pinocitose, a célula forma vesículas muito pequenas, visíveis apenas ao microscópio eletrônico; estas contêm moléculas que interessam à
célula, dispersas em meio aquoso. O dobramento da membrana se faz por invaginação.

Exocitose
A exocitose é oposta à endocitose, ou seja, ocorre pela fusão de uma vesícula originada no interior da célula com a membrana plasmática, o que possibilita
que o material nela contido seja lançado no meio externo. É esse o principal caminho que as células utilizam para a eliminação de secreções (como hormônios e
enzimas) por elas produzidas.

Membrana plasmática e relações com outras células


Glicocálice
Chama-se glicocálice a cobertura encontrada na face externa da membrana plasmática de muitas células. Ela é constituída por moléculas de carboidratos,
ancoradas aos fosfolipídeos ou às proteínas da membrana.

O glicocálice desempenha funções bastante variadas. De modo geral, os carboidratos presentes no glicocálice funcionam como marcadores que vão orientar e
conduzir as várias interações de uma célula com outras, identificando determinado tipo celular. Essa possibilidade de identificação celular é responsável pelo
reconhecimento, por parte do sistema imune do nosso organismo, de células estranhas a ele – sejam elas provenientes de organismos de outra espécie (bactérias,
por exemplo) ou de outro ser humano (o que pode conduzir à rejeição de tecidos e órgãos transplantados ou ao insucesso de uma transfusão sanguínea).

Estruturas de adesão intercelular


Em muitos tecidos animais, duas células adjacentes estabelecem entre si certas interações, a fim de garantir maior aderência e/ou comunicação intercelular.
Essas estruturas são basicamente de três tipos:

 Junções adesivas (desmossomos) – regiões de contato entre duas células epiteliais, nas quais filamentos de queratina estão ancorados à membrana
plasmática. Uma vez que os tecidos epiteliais estão sujeitos, em geral, a forças de atrito que poderiam levar uma camada de células a se desprender de
outra, os desmossomos são de grande importância, pois garantem a firme adesão das células;
 Junções oclusivas – impedem a passagem de moléculas entre duas células e marcam a separação entre as faces apical e lateral das células epiteliais;
 Junções comunicantes – apresentam canais proteicos que garantem a permanente comunicação entre o citoplasma de duas células adjacentes.

Citoplasma
Organização do citoplasma
Nas células eucarióticas, o citoplasma ocupa a maior parte do volume celular, sendo constituído pelo citosol, pelas organelas e pelas inclusões. As organelas
são componentes celulares diferenciados, com função especializada e podem ser membranosas, como o reticulo endoplasmático, o complexo golgiense, os
lisossomos, os peroxissomos, as mitocôndrias, os plastos e os vacúolos, ou não membranosas, como os ribossomos e os centríolos. As inclusões englobam
substâncias orgânicas de reserva, minerais e restos de organelas.

Citosol: a matriz citoplasmática


O espaço interno da célula é preenchido por um material viscoso, amorfo e transparente, no qual estão mergulhadas organelas e inclusões. Esse material é
denominado citosol ou hialoplasma e é constituído principalmente por água e proteínas, com pequenas quantidades de sais minerais, carboidratos e lipídeos.

Além de preencher o espaço celular, o citosol é sede de importantes reações metabólicas, como o processo de fermentação e etapas da síntese proteica.

Citoesqueleto: estrutura e movimentação celular


Mergulhado no citosol das células eucarióticas, existe uma rede de proteínas filamentosas, o citoesqueleto, inexistente nas células procarióticas.
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O citoesqueleto é uma estrutura dinâmica, em continua modificação, associada à manutenção da atividade celular e ao crescimento e à divisão da célula. Ele é
responsável pela forma das células animais, pelos movimentos das organelas e das substâncias pelo citoplasma e pelos movimentos da própria célula.

Os principais componentes do citoesqueleto são os filamentos de actina, os microtúbulos e os filamentos intermediários. Além disso, existem proteínas
motoras que trabalham associadas ao citoesqueleto.

Filamentos de actina
A actina forma filamentos muito finos e é a proteína mais abundante no citoesqueleto. Concentra-se principalmente abaixo da membrana plasmática e é
responsável pela resistência mecânica da superfície celular, determinação da forma e dos movimentos que possibilitam a migração celular, englobamento de
partículas e divisão celular.

Os filamentos possibilitam a ciclose, movimento ordenado do citosol responsável pela circulação de materiais e organelas, que é mais facilmente observável
nas células vegetais. Ela ocorre pela ação de proteínas motoras (miosina) associadas com as fibras de actina.

No fim da divisão celular das células animais, a actina forma um anel contrátil, provocando a divisão final do citoplasma, processo denominado citocinese.

Os pseudópodes são projeções da membrana, relacionados com o deslocamento de algumas células e organismos unicelulares e o englobamento de partículas.
Sua formação esta relacionada com alterações da agregação da actina sob a membrana. As microvilosidades das células intestinais são projeções da membrana
plasmática que aumentam a superfície de absorção e possuem um eixo central de moléculas de actina, responsáveis pela sua forma.

Microtúbulos
Os microtúbulos são formados pela proteína tubulina. Durante a interfase, eles se originam de uma região próxima ao núcleo, denominada centrossomo. Os
microtúbulos formam uma rede dinâmica, em contínua modificação, que permite o transporte de organelas e materiais em vesículas, pela ação de proteínas
motoras (dineínas e cinesinas).

Uma característica dos componentes do citoesqueleto é o fato de que eles podem ser degradados e formados rapidamente, permitindo respostas rápidas diante
das mudanças das condições. Um exemplo é o que ocorre com os microtúbulos no fim da interfase. Eles são reorganizados para formar as fibras do fuso
acromático, responsáveis pela movimentação dos cromossomos durante a divisão celular.

Filamentos intermediários
Apresentam diâmetro intermediário entre os microtúbulos maiores e os filamentos de actina menores. Sua função é estrutural, permitindo maior resistência a
tensões mecânicas.

Os filamentos intermediários são constituídos por vários tipos de proteínas fibrosas. A mais importante é a queratina, encontrada nas células epiteliais da
epiderme. Seus filamentos interligam as células, possibilitando a maior parte da resistência mecânica da pele.

Centríolos
Os centríolos são cilindros sem revestimento de membrana, formados por nove conjuntos de três microtúbulos. Eles ficam aos pares no interior dos
centrossomos, próximo do núcleo celular. Os centríolos não existem nas angiospermas e na maioria das gimnospermas e dos fungos.

Os centríolos, relacionados com a orientação da formação das fibras do fuso, são constituídos pelos microtúbulos do citoesqueleto. Além disso, são
responsáveis pela formação dos cílios e dos flagelos.

Cílios e flagelos são projeções celulares formadas a parti de um corpo basal, que é um centríolo ancorado na membrana celular e associado a proteínas
motoras. A organização interna dos cílios e dos flagelos é idêntica, formada por nove conjuntos de dois microtúbulos, com dois microtúbulos isolados no centro da
estrutura.

Os cílios são curtos e numerosos, com movimento em chicote e sincronizados. São encontrados em protozoários ciliados como o Paramecium, permitindo sua
locomoção. No nosso corpo, encontramos cílios nas células epiteliais de revestimento das vias respiratórias, usados para movimentar o muco, retirando poeira e
microrganismos do sistema respiratório. Também existem cílios nas células de revestimento das tubas uterinas para movimentar os óvulos em direção ao útero.

Os flagelos são mais longos e menos numerosos, de movimento ondulante. É pelo batimento deles que ocorre a movimentação do espermatozoide, de
protozoários flagelados, como o Trypanosoma cruzi, e de algas unicelulares, como a Euglena.

Retículo endoplasmático
O reticulo endoplasmático (RE) é a maior organela citoplasmática. Ele é formado por uma rede de membranas lipoproteicas espalhadas pelo citoplasma,
delimitando cavidades cujo conteúdo difere do citosol. As membranas aumentam a superfície interna da célula e fornecem uma grande área para a ocorrência das
reações celulares.

Partes do RE possuem ribossomos aderidos na superfície externa das membranas, constituindo o RE granuloso, responsável pela maior parte da síntese
proteica da célula, enquanto uma parte menor dessa síntese ocorre em ribossomos livres no citosol. As proteínas formadas são transportadas pelo RE para outras
organelas.

Outras regiões do RE não têm ribossomos e apresentam um aspecto tubular, formando o RE não granuloso. Ele estabelece um conjunto de canais e bolsas que
permite o armazenamento e a circulação de substâncias.

O RE não granulosos participa de importantes processos metabólicos:

 nele ocorre a quebra das moléculas de glicogênio, liberando glicose para a atividade celular;
 é o local de síntese de lipídeos, necessários para o crescimento das membranas; outros lipídeos produzidos no RE são o colesterol e os hormônios
esteroides, como o estrógeno e a progesterona;
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 no seu interior existem enzimas que modificam e inativam moléculas pequenas que entram na célula, como álcool, remédio e drogas.

Complexo golgiense
O complexo golgiense (CG) é um sistema de membranas, intimamente ligado ao RE e formado por sáculos membranosos achatados empilhados, com
vesículas periféricas.

O CG é a organela que apresenta o maior número de funções conhecidas, das quais vamos destacar:

 Processamento e distribuição de proteínas – recebe as proteínas sintetizadas no RE granulosos, realiza nelas alterações químicas, armazena e empacota
em vesículas para posterior distribuição.
 Secreção celular – associada à função anterior, todas as proteínas destinadas à secreção são empacotadas no CG e posteriormente enviadas para a
membrana, para liberação.
 Síntese de polissacarídeos – nele ocorre a síntese dos polissacarídeos vegetais celulose e pectina. Nas células animais, forma os mucopolissacarídeos
constituintes do muco.
 Formação da lamela média vegetal – durante a divisão celular vegetal, a separação final das células formadas é feita por uma membrana de pectina, a
lamela média, produzida pelo CG.
 Formação do acrossomo do espermatozoide – no espermatozoide, o CG produz vesículas que se unem, formando o acrossomo, uma bolsa com enzimas
digestivas, que facilitam a penetração do espermatozoide no óvulo.

Lisossomos
Os lisossomos são vesículas membranosas liberadas pelo complexo golgiense, contendo enzimas denominadas hidrolases, que atuam nos mecanismos de
digestão intracelular. O pH ótimo dessas enzimas é acido (3), o que fornece proteção ao citoplasma, cujo pH é 7,4.

No processo de digestão celular, o material englobado por endocitose fica em uma vesícula, o endossomo. Ocorre a fusão entre o lisossomo primário e o
endossomo, formando o vacúolo digestivo (lisossomo secundário). No vacúolo digestivo, o pH é ácido, por bombeamento de íons H + do citosol, o que permite a
ação das hidrolases, que realizam a digestão. As pequenas moléculas resultantes atravessam a membrana do vacúolo e passam para o citoplasma. Os restos não
digeridos constituem o corpo residual, que é eliminado por exocitose ou se acumula no citoplasma.

Autofagia, apoptose e necrose


As células podem digerir materiais próprios realizando a autofagia. Organelas e partículas são envolvidas por membranas do RE não granuloso, formando
vesículas que se unem a lisossomos, possibilitando a digestão do material. O processo ocorre normalmente nas células para permitir a reciclagem de estruturas
velhas ou defeituosas e também para conseguir substâncias necessárias para a atividade celular, com a obtenção de aminoácidos a partir de proteínas da célula.
Também pode ocorrer autofagia quando a célula é submetida a um jejum prolongado.

A apoptose, ou morte celular programada, é um processo controlado por certas proteínas, as quais desencadeiam uma série de eventos que determinam a
morte da célula. Por esse processo, ocorre a modelagem de órgãos durante o desenvolvimento embrionário, a eliminação de estruturas desnecessárias e o descarte
de células envelhecidas e sujeitas a danos no seu DNA. Exemplos da ocorrência de apoptose incluem a eliminação das membranas encontradas entre os dedos do
embrião e o desaparecimento da cauda do girino ao se transformar em adulto.

A necrose ou autólise é um processo agudo, desencadeado por fatores externos como falta de oxigênio ou presença de toxinas. Caracteriza-se pelo aumento
do volume celular, ruptura de organelas e explosão da célula.

Peroxissomos
Os peroxissomos são pequenas vesículas membranosas encontradas em todas as células eucarióticas. Eles participam da degradação de substâncias por
oxidação, com a formação de água oxigenada (H 2O2), uma substância toxica para a célula. Por isso, eles possuem a enzima catalase, que degrada a água oxigenada
na reação 2 H2O  2 H2O + O2.

Os peroxissomos atuam na quebra de moléculas de ácidos graxos, necessária para sua utilização em reações energéticas. Eles também são importantes para a
inativação de várias moléculas toxicas para a célula, como o álcool e por essa razão, eles são abundantes nas células do fígado.

Nas células vegetais eles são denominados glioxissomos e atuam principalmente na transformação de gorduras em glicose.

Mitocôndrias
As mitocôndrias encontradas em todas as células eucarióticas são constituídas por duas membranas. A externa é contínua e funciona como envoltório,
enquanto a membrana interna forma prolongamentos para o interior da mitocôndria, as cristas mitocondriais, que participam ativamente das reações da organela.

O interior da mitocôndria é preenchido pela matriz mitocondrial, um material amorfo e transparente. Na matriz encontramos um DNA circular com 36 genes
ativos e ribossomos, que sintetizam proteínas.

As mitocôndrias têm capacidade de autoduplicação e, na formação do zigoto, são fornecidas exclusivamente pelo óvulo. Tanto nos animais como nos
vegetais, o gameta masculino não contribui com mitocôndrias para o descendente.

Nas mitocôndrias ocorre a maior parte das reações da respiração aeróbica, principal fonte de energia para a atividade celular.

Plastos
Os plastos são organelas membranosas encontradas exclusivamente em algas e células vegetais. Existem vários tipos de plastos: os cromoplastos coloridos de
muitos frutos, os leucoplastos, que armazenam material de reserva – como o amido -, e os cloroplastos.
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Os cloroplastos contêm um pigmento de cor verde chamado clorofila e são os responsáveis pela fotossíntese. Estruturalmente são formados por duas
membranas, como as mitocôndrias. Ligadas à membrana interna, existem lâminas denominadas lamelas e, presas a elas, estão os tilacoides, discos membranosos
empilhados (cada pila é chamada de grana, e o conjunto, granum). A clorofila fica no interior dos tilacoides e das lamelas. Entre os granum, existe um material de
preenchimento denominado estroma. Do mesmo modo que as mitocôndrias, os cloroplastos apresentam DNA circular e ribossomos.

Vacúolos
Os vacúolos são bolsas membranosas, geralmente relacionadas com o armazenamento de materiais. Existem vacúolos com funções especializadas, como o
vacúolo pulsátil e o vacúolo da célula vegetal.

O vacúolo pulsátil ou contrátil é uma estrutura de equilíbrio osmótico encontrada em protozoários de água doce. O citosol desses organismos é mais
concentrado que a água circundante, provocando a entrada continua na célula por osmose. Essa água é eliminada pelo vacúolo para o meio externo por meio de
contrações rápidas e rítmicas. A atividade gasta energia e varia com a concentração do meio externo. Quando ela aumenta, o vacúolo diminui seu ritmo até parar
de funcionar, igualando as concentrações externa e interna.

O vacúolo da célula vegetal, formado a partir do RE, é uma estrutura volumosa e central, que ocupa a maior parte do volume da célula. O vacúolo é
delimitado por uma membrana denominada tonoplasto e no seu interior existe uma solução de água, açúcares e sais, que determina a concentração interna da
célula vegetal.

O vacúolo participa da regulação osmótica da célula, armazena substâncias e contém enzimas digestivas, atuando como lisossomo da célula vegetal.

Tecido epitelial
Tecido conjuntivo
Tecidos musculares
Tecido nervoso
Núcleo da célula eucariótica
Processos de divisão celular
Importância da divisão celular
A vida na Terra baseia-se nas células. Para possibilitar a manutenção da vida, são necessários processos de formação de novas células. Na reprodução, os
organismos unicelulares precisam se dividir e os pluricelulares dependem da divisão para sua formação e a regeneração de tecidos. Além disso, um mecanismo de
divisão possibilita a formação de gametas e de esporos, permitindo a reprodução sexuada.

Existem dois processos básicos de divisão: a mitose e a meiose. A primeira é uma divisão equacional (E!), isto é, forma células com o mesmo número
cromossômico da célula parental. A meiose é uma divisão reducional (R!), que produz células com a metade do número cromossômico da célula parental.

Ciclo celular: interfase e mitose


O período que engloba a interfase e a mitose é o ciclo celular. A maior parte do período é representada pela interfase, com a mitose constituindo uma fração
de tempo bem menor do ciclo.

Na interfase, a célula está em grande atividade metabólica e é durante ela que ocorre a preparação para a mitose. O período da interfase é dividido em três
etapas: G1, S e G2 (G vem do inglês gap, intervalo, e S, do inglês synthesis, síntese).

Na fase G1, mais longa, ocorre a maior parte da síntese de RNA e de proteínas, além do aumento das organelas e o crescimento da célula. Em S, acontece o
processo de replicação, com a autoduplicação do DNA. A fase G2 encerra a preparação para a mitose, com uma pequena síntese de RNA e de proteínas necessárias
à divisão, além do término da duplicação dos centríolos.

Durante o ciclo celular, existem pontos de checagem, nos quais mecanismos celulares verificam se as condições para sua continuação estão adequadas ou não.
Caso não estejam, pode ocorrer uma parada no ciclo e, eventualmente, a destruição da célula por apoptose.

Existem células que não se dividem após o período embrionário, como os neurônios e as células musculares. Nesse caso, elas param o ciclo ao atingir o ponto
de checagem no fim da fase G1, não duplicam seu DNA e permanecem em um estado denominado G 0. Nessas células, a atividade metabólica e a síntese de
materiais se mantem, mas o processo não caminha em direção à divisão.

A mitose é o processo de divisão celular no qual uma célula eucariótica forma duas células-filhas, com o mesmo numero de cromossomos da célula inicial.
Pode ocorrer em células com qualquer ploidia (n, 2n, 3n, ...) e é caracterizada pela separação das cromátides durante o processo de divisão.

A mitose permite a reprodução assexuada de eucariontes unicelulares, como protozoários, algas e fungos unicelulares. Nos organismos pluricelulares, o
processo começa no zigoto, possibilitando a formação das células embrionárias.
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Após o nascimento, a mitose é responsável pelo crescimento do organismo, graças ao aumento do número de células. Nos organismos endotérmicos (aves e
mamíferos) o crescimento cessa na idade adulta, mas a mitose se mantém, possibilitando a regeneração de tecidos. A formação contínua de células do sangue, da
epiderme e do revestimento intestinal, e a regeneração de fraturas, são exemplos da ação permanente da mitose.

Fases da mitose
A duração da mitose é muito variável dependendo do tipo de célula, tecido e atividade metabólica, podendo durar de 40 minutos até várias horas. Na mitose
ocorre a separação do material genético, duplicado na fase S da interfase e que será dividido em dois núcleos idênticos. As organelas citoplasmáticas também serão
divididas igualmente entre as duas células-filhas.

O processo da mitose é contínuo mas para facilitar o estudo é normalmente dividido em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

Prófase
Fase inicial e mais longa, caracterizada por alterações no núcleo e no citoplasma em uma preparação para a divisão. O núcleo aumenta de volume e o RNA
ribossômico migra para o citoplasma, com o desaparecimento do nucléolo. Os cromossomos começam sua condensação, cada um com duas cromátides, ligadas
pelo centrômero. O envelope nuclear começa a se desintegrar, associado a uma desorganização do reticulo endoplasmático. No citoplasma, os centríolos
duplicados e cercados pelo áster, um conjunto de fibras, migram para os polos celulares. No espaço, entre os centríolos, os microtúbulos do citoesqueleto
organizam as fibras do fuso, que vão prender os cromossomos.

Metáfase
Com o desaparecimento do envelope nuclear, os centríolos chegam aos polos e o fuso adquire posição central. Os cromossomos atingem o grau máximo de
condensação e ligam-se às fibras do fuso, na região equatorial. A ligação é feita pelas proteínas do cinetócoro, nos centrômeros.

Anáfase
As proteínas dos cinetócoros comandam a separação dos centrômeros, dividindo os cromossomos com a separação das cromátides. Proteínas motoras
associadas às fibras do fuso provocam o afastamento progressivo dos cromossomos em direção aos polos celulares.

Telófase
Os cromossomos chegam aos polos. Desaparecem as fibras do fuso. Reorganiza-se o envelope nuclear. Os cromossomos começam a se descondensar e o
núcleo reaparece. Ocorre a divisão do citoplasma, processo denominado citocinese.

Papel da meiose
A meiose é um processo de divisão celular mais especializado do que a mitose. Ocorre somente em certas células diploides – as células germinativas animais
e as células formadoras de esporos nos vegetais. Engloba duas divisões celulares sequenciais, com a formação de quatro células haploides diferentes da célula-mãe
diploide.

Nas células que sofrem meiose a interfase é idêntica à da mitose, com a ocorrência da duplicação do DNA. As duas divisões celulares permitem a redução da
quantidade de DNA e, consequentemente, do numero de cromossomos, à metade.

A meiose possibilita a reprodução sexuada, processo fundamental para a existência de variabilidade e a continuidade do processo evolutivo. Eça mantém
constante o número de cromossomos da espécie, ao formar gametas haploides, cuja união produz um zigoto diploide com o número de cromossomos da espécie.

Fases da meiose
No processo meiótico, a primeira divisão (Meiose I) é reducional, com a separação dos cromossomos homólogos. A segunda divisão (Meiose II) é
equacional, com a separação das cromátides.

Prófase I
Fase inicial, mais longa e importante da meiose. Como na mitose, ocorrem os eventos de preparação da divisão, com as alterações no núcleo (condensação
cromossômica, desaparecimento do nucléolo e desintegração do envelope nuclear) e do citoplasma (migração dos centríolos duplicados para os polos, formação
das fibras do fuso).

A prófase I é caracterizada por dois eventos exclusivos. O primeiro, obrigatório, é o pareamento (sinapse) dos cromossomos homólogos, formando pares
denominados bivalentes ou tétrades, possibilitando a separação correta dos homólogos, um para cada célula, durante a primeira divisão. O segundo evento é o
crossing over (permutação), um processo frequente, mas não obrigatório, que permite a troca de partes entre os cromossomos homólogos; os locais onde ocorrem
essas trocas são denominados quiasmas.

Metáfase I
Com o desaparecimento do envelope nuclear ocorre a ligação dos bivalentes às fibras do fuso, por meio dos cinetócoros dos centrômeros.

Anáfase I
Ocorre o encurtamento das fibras do fuso, com a separação dos cromossomos homólogos e a redução do número cromossômico.

Telófase I
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Os cromossomos homólogos chegam aos polos. Desaparece o fuso e reaparece o envelope nuclear. Não há descondensação cromossômica nem o
reaparecimento do nucléolo. Ocorre a citocinese, com a separação de duas células haploides .

Meiose II
Terminada a meiose I, pode existir um intervalo de tempo antes de começar a segunda divisão. Esse intervalo é a intercinese, com a preparação para a nova
divisão: duplicação dos centríolos e organização do citoesqueleto. Mas na intercinese não ocorre duplicação do DNA, ao contrário da interfase.

A meiose II é semelhante a uma mitose, mas, em relação a esse processo, apresenta três importantes diferenças:

 Não é precedida por uma duplicação do DNA;


 Ocorre obrigatoriamente após uma divisão reducional;
 Forma exclusivamente células haploides.

Os eventos da meiose II são idênticos aos da mitose: na prófase II, ocorre a formação das fibras do fuso e o desaparecimento do envelope nuclear; na
metáfase II, os cromossomos ligam-se ao fuso pelos centrômeros; na anáfase II, ocorre a separação das cromátides associada ao encurtamento das fibras do fuso;
na telófase II termina a divisão, com o desaparecimento do fuso, a reorganização do envelope nuclear e do nucléolo, a descondensação cromossômica e a
citocinese.

Meiose e variabilidade
A variabilidade genética é uma característica das espécies que se reproduzem sexuadamente. Com exceção dos gêmeos idênticos, os filhos de um casal nunca
são iguais; os irmãos são semelhantes, mas cada um tem características próprias, que o identificam desde o momento de sua formação. A principal responsável por
essas diferenças é a meiose. Dois processos que ocorrem na meiose estão associados à variabilidade: a separação dos cromossomos homólogos e o crossing over.

Uma característica obrigatória e exclusiva da meiose é a segregação (separação) dos cromossomos homólogos, que ocorre durante a anáfase I. Na metáfase I,
os bivalentes ligam-se ao fuso, em cada par de homólogos, um vem do pai e outro da mãe. A separação na anáfase I é casual, e depende de como o bivalente ligou-
se ao fuso. Para entendermos melhor, vamos examinar um exemplo.

Em uma célula com dois pares de cromossomos homólogos (par A e par B), podem ocorrer quatro combinações possíveis (2 ² combinações). Cada célula-filha
formada no fim da meiose I pode receber dois cromossomos paternos ou dois cromossomos maternos, ou o cromossomo materno do par A e o paterno do par B, ou
o cromossomo paterno do par A e o materno do par B. Na meiose de uma célula germinativa humana, que apresenta 23 pares de cromossomos homólogos, podem
ocorrer 2²³ combinações, ou seja, 8 388 608 misturas possíveis de cromossomos nos gametas formados.

O crossing over (ou permutação) é a troca de partes simétricas entre duas cromátides homologas, que pode ocorrer durante a prófase I da meiose. O processo
produz a recombinação genética, permitindo novas combinações de genes nos gametas. As trocas são casuais e ocorre ao longo dos pares de homólogos,
possibilitando um número imenso de novas sequencias genicas. Para ocorrer, o crossing over necessita da formação de um sistema de fibras proteicas, que faz o
pareamento dos cromossomos homólogos; esse pareamento vai possibilitar a separação correta dos cromossomos materno e paterno do par de homólogos.

Erros na meiose: a não disjunção


Eventualmente, podem ocorrer erros durante o processo meiótico. O erro mais frequente é a não disjunção. Nela não ocorre a separação correta dos
cromossomos homólogos, na meiose I ou na meiose II. A separação incorreta dos cromossomos leva à formação de células alteradas, com cromossomos a mais (n
+ 1) ou a menos (n – 1).

A não disjunção provoca a formação de gametas com número alterado de cromossomos que, uma vez fecundados, podem causar trissomias (2n + 1) ou
monossomias (2n – 1). Geralmente, essas alterações são inviáveis, causando abortamento ou morte precoce na infância. Entretanto, algumas alterações podem
gerar indivíduos que sobrevivem até a idade adulta, como na síndrome de Down e na síndrome de Turner.

A síndrome de Down é uma trissomia do cromossomo 21, na qual geralmente um dos gametas que origina o zigoto tem dois cromossomos 21, em razão de
uma não disjunção. Os indivíduos afetados pela síndrome de Down têm alterações faciais características, defeitos em vários órgãos e retardo do desenvolvimento
psicomotor. Já a síndrome de Turner é uma monossomia do cromossomo X. Na formação do zigoto, um dos gametas, formado por não disjunção, não possui um
dos cromossomos sexuais (X ou Y). Na fecundação, ele se une a um gameta com o cromossomo X, formando o individuo XO, que será uma mulher com baixa
estatura e ausência de desenvolvimento sexual.

Gametogênese
Nos animais, a gametogênese ocorre por meiose e possibilita a reprodução sexuada. A produção de gametas masculinos é chamada de espermatogênese e a
dos gametas femininos, de ovulogênese (ou ovogênese).

Espermatogênese
A espermatogênese ocorre nos canais seminíferos das gônadas masculinas, os testículos. O processo é dividido em quatro etapas:

 Multiplicação: na fase embrionária formam-se as células germinativas primárias diploides, que se concentram nos testículos. No menino, entre 7 e 9
anos, as células germinativas começam a se dividir por mitose e passam a ser chamadas de espermatogônias.
 Crescimento: com a multiplicação ativa, entre os 11 e 14 anos, começa um processo de diferenciação. Em cada duas espermatogônias formadas, uma
continua a divisão e a outra sofre uma transformação, aumentando o volume e ativando determinados genes, permitindo a formação do espermatócito I
(ou de 1ª ordem ou primário), que se divide por meiose.
 Maturação: caracterizada pela divisão meiótica do espermatócito I diploide. Na 1ª divisão, formam-se dois espermatócitos II haploides, os quais
formam quatro espermátides haploides no fim da 2ª divisão meiótica.
 Diferenciação (espermiogênese): as espermátides passam por várias modificações até se transformarem em espermatozoides. Cerca de dois terços do
citoplasma é eliminado e a célula adquire uma forma mais alongada; o núcleo se reduz pela compactação maior do DNA; o complexo golgiense forma
uma bolsa com enzimas digestivas, o acrossomo, para permitir a penetração no óvulo; a partir de um centríolo, origina-se o flagelo para a locomoção;
as mitocôndrias se distribuição em torno da base do flagelo.
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Ovulogênese
A formação dos gametas femininos ocorre nos ovários e apresenta as fases de multiplicação, crescimento e maturação, de modo semelhante ao da
espermatogênese. Mas há duas diferenças importantes: o período da vida em que ocorre cada fase e o número de gametas formados. Observe as fases da
ovulogênese humana.

 Multiplicação: nos ovários do embrião feminino, a partir do 2º mês de gestação, as células germinativas primárias dividem-se em ovogônias, que se
multiplicam, atingindo 7 milhões no fim do 5º mês gestacional.
 Crescimento: por volta do 7º mês de gestação, a maioria das ovogônias entra em apoptose; todas as restantes aumentam de volume e transformam-se
em ovócitos I (também chamados de primários ou de 1ª ordem).
 Maturação: os ovócitos I iniciam a meiose, que é interrompida no meio da prófase I, com as células mantendo-se em latência. Os ovócitos I ficam
envolvidos em uma bolsa de células denominada folículo primário. Ao nascer, a menina possui cerca de um milhão de folículos primários, mas a
maioria deles vai degenerar antes de ela chegar à puberdade.

No inicio da puberdade, entre 11 e 13 anos, a menina apresenta entre 300 a 400 mil folículos primários. Estimulado por hormônios, o processo meiótico é
reiniciado, possibilitando o inicio dos ciclos menstruais. Em cada ciclo, alguns folículos (de 6 a 12) começam a se desenvolver, mas normalmente apenas um
atinge o momento da ovulação, com a degeneração dos restantes. No interior do folículo em desenvolvimento, o ovócito I termina a meiose I, formando um
ovócito II haploide. A divisão é desigual, com a formação de um único ovócito II grande e uma pequena célula, o glóbulo polar. Isso permite a formação de uma
célula mais volumosa, responsável pelo citoplasma do ovo, além de possibilitar a separação dos cromossomos homólogos. A meiose II só ocorrerá se o ovócito II
for fecundado pelo espermatozoide; assim, na ovulação o ovário libera um ovócito II, que passa a ser chamado de ovulo no momento da fecundação.

Na fecundação, a penetração espermática ativa a meiose II e o ovócito I divide-se em um ovulo e outro glóbulo polar; isso ocorre antes da união do núcleo
espermático com o núcleo do ovulo. Pode ocorrer ou não a meiose II do primeiro glóbulo polar; mas todos os glóbulos polares formados degeneram e são
descartados.

Comparando-se a ovulogênese com a espermatogênese, vemos que, no homem, as fases de multiplicação, crescimento e maturação ocorrem simultaneamente
a partir da adolescência e se mantêm por toda a vida. Já na mulher, as fases de multiplicação e crescimento ocorrem somente no período embrionário e a fase da
maturação vai da adolescência até a menopausa, quando os folículos restantes degeneram, cessando o processo de ovulação. A outra diferença está no número de
gametas formados; no homem um espermatócito I origina quatro espermatozoides; enquanto na mulher cada ovócito I que entra em meiose forma apenas um
óvulo.

Embriologia
A embriologia animal estuda o desenvolvimento do embrião. O processo é iniciado com a fecundação e se estende até a formação de um novo organismo com
as características típicas da sua espécie, capaz de sobreviver de forma autônoma.

A célula-ovo ou zigoto é a célula que resulta da fecundação (união dos gametas) e o embrião é o organismo em formação que precede a fase adulta.

Nos animais, as fases iniciais do desenvolvimento são muito semelhantes e apresentam em comum, além da fecundação, a segmentação, a gastrulação e a
organogênese.

Fecundação
A fecundação nos animais resulta da fusão entre um espermatozoide (gameta masculino) haploide (n) e um óvulo (gameta feminino) também haploide (n).

Embora vários espermatozoides dirijam-se ao óvulo, apenas um deles o fecundará, formando um zigoto diploide (2n) e, portanto, reconstituindo a diploidia da
espécie. Com isso, ocorre a mistura de material genético dos genitores. A vantagem evolutiva desse tipo de reprodução é o aumento da variabilidade genética da
espécie.

Vitelo
O sustento nutricional das células do embrião nas fases iniciais do desenvolvimento depende do vitelo, substância de reserva encontrada no citoplasma do
óvulo, composto, principalmente por lipídeos e proteínas. Com a fecundação, o vitelo passa a fazer parte da célula-ovo ou zigoto.

Segmentação
A fase de segmentação ou clivagem ocorre logo após a fecundação e dá início ao desenvolvimento do embrião por meio de uma sucessão de mitoses. As
células resultantes dessas mitoses iniciais chamam-se blastômeros e são as células-tronco embrionárias totipotentes, que são capazes de originar qualquer tecido
embrionário ou seus anexos.

O plano de clivagem, que corresponde à citocinese (divisão do citoplasma), e a velocidade de segmentação dependem da quantidade e da distribuição do
vitelo no citoplasma do zigoto ou célula-ovo. Quanto maior a quantidade de vitelo, menor a velocidade de divisão do zigoto e dos blastômeros.

Tipos de fecundação e tipos de desenvolvimento nos cordados


Os cordados correspondem a um dos grupos animais com maior diversidade e importância na biosfera atual. Deles fazem parte muitas das espécies com que
nos deparamos diariamente, incluindo a humana.

Peixes, sapos, tartarugas, jacarés, aves e mamíferos são exemplos de cordados muito comuns, mas há alguns cordados menos conhecidos, cuja importância
para o estudo da embriologia é muito grande.

Como se reconhece um cordado?


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As características distintivas dos cordados são principalmente embrionárias. Todos os cordados possuem, pelo menos durante o período embrionário, quatro
características principais: notocorda (um” bastão” flexível de sustentação localizado na porção dorsal do embrião), sistema nervoso dorsal (localizado logo acima
da notocorda), fendas na região faringiana e cauda pós anal.

A maioria dos cordados atual é vertebrada. Nesses animais, a notocorda desaparece durante a vida embrionária, sendo substituída na sua função de
sustentação pela coluna vertebral.

O sistema nervoso dorsal persiste na quase totalidade dos representantes atuais desse grupo animal e as fendas faringianas permanecem na vida adulta apenas
nas espécies cuja respiração é branquial.

A existência dessas estruturas na vida embrionária, mesmo que não persistam na vida adulta, é uma evidencia da origem comum de todos os componentes
desse grupo animal.

No entanto, o local da fecundação e o desenvolvimento embrionário podem variar bastante de acordo com o cordado analisado. Os anfíbios e muitos tipos de
peixes, por exemplo, realizam fecundação externa. O encontro dos gametas ocorre fora do corpo dos adultos (meio externo). Neste caso, o ambiente aquático é o
mais adequado para a fecundação. Repteis, aves e mamíferos têm fecundação interna, ou seja, o encontro entre os gametas ocorre no interior do organismo
materno.

Os cordados com fecundação interna são principalmente vivíparos ou ovíparos. Vivíparos são animais em que, após a fecundação, a formação do zigoto e o
desenvolvimento embrionário ocorrem no interior do organismo materno. Nesse caso, a maior parte das demandas nutricionais, de trocas gasosas e de excreção de
resíduos do embrião é suprida pelas relações materno-fetais e, não há, portanto, grande necessidade de reservas nutritivas (vitelo) à disposição do embrião. Esse
tipo de desenvolvimento ocorre na maioria dos mamíferos.

Os répteis, as aves e alguns mamíferos, por exemplo, são ovíparos, ou seja, o embrião se desenvolve dentro de um ovo, mas fora do organismo materno.
Assim, o embrião deverá sobreviver por conta própria e, para isso, necessita de uma grande quantidade de reserva nutritiva disponível e ser capaz de realizar trocas
gasosas e de eliminar excretas, além de o ovo ser dotado de alguma forma de proteção em relação às possíveis agressões do meio no qual se encontra.

O desenvolvimento pode ser, ainda, direto ou indireto. No desenvolvimento direto o embrião se desenvolve continuamente até a formação de um organismo
capaz de sobreviver no ambiente típico da espécie. Nesse caso, as necessidades nutricionais do embrião dependem de um ovo com grande quantidade de vitelo
armazenada ou de uma relação permanente com o organismo materno durante a maior parte desse período.

No desenvolvimento indireto ocorre um ou mais estágios larvais. Os anfíbios são os que melhor ilustram esse tipo de desenvolvimento, e o girino é a larva
típica desses animais. O ovo dos anfíbios apresenta uma quantidade média de vitelo, suficiente para o embrião atingir o estágio larval.

Tipos de ovos nos cordados


De acordo com as informações anteriores, é fácil perceber que a quantidade de vitelo no óvulo deve variar, dependendo de onde ocorre o desenvolvimento e
da complexidade da organização corporal do organismo em formação, entre outros fatores.

Em cordados como os mamíferos placentários – cujos embriões estabelecem uma conexão anatômica com o organismo materno através de um órgão
denominado placenta, e em alguns cordados primitivos (pouco complexos) – a quantidade de vitelo no óvulo e, consequentemente no ovo ou zigoto, é pequena.
Esse tipo de ovo, com pouco vitelo, chama-se oligolécito (do grego: oligos, pouco e lecitos, vitelo). Em ovos desse tipo a distribuição do vitelo no citoplasma pode
ser homogênea ou heterogênea. Quando a distribuição é homogênea, os ovos são chamados alécitos (do grego: a, prefixo de negação e lecitos, vitelo). Quando a
distribuição do vitelo é heterogênea, o vitelo se acumula em um dos polos do óvulo, ficando o núcleo e o citoplasma dispostos no polo oposto.

Os anfíbios, cuja fecundação e desenvolvimento se dão no meio externo, apresentam ovos mediolécitos ou heterolécitos (do latim: médio, meio, metade e do
grego: hetero, diferente), cuja quantidade de vitelo é media, se comparada aos outros tipos de ovos observados nos cordados. Nesse tipo de ovo a distribuição do
vitelo no citoplasma é heterogênea.

Além disso, esses animais têm desenvolvimento indireto e essa quantidade de vitelo é suficiente para que o embrião atinja o estágio larval, mas não chegue ao
estágio final de desenvolvimento (sapo, rã ou perereca). As larvas apresentam autonomia e são capazes não apenas de sobreviver, mas também de armazenar
reservas nutritivas para o processo de metamorfose (transformação que a larva sofre, originando um indivíduo com as características típicas do adulto da espécie).

Aves, répteis e alguns mamíferos são ovíparos e produzem ovos com casca. Os ovos desses animais apresentam uma grande quantidade de vitelo com
distribuição heterogênea no citoplasma, permitindo que o embrião possa se desenvolver isolado do meio externo e do organismo materno. Esses ovos são
chamados de telolécitos (do grego: telos, extremidade), gigantolécitos ou megalécitos (do grego: mega, grande).

Tipos de segmentação nos cordados


O plano de segmentação ou clivagem dos ovos depende da quantidade e distribuição de vitelo nele existente. Nos ovos oligolécitos e heterolécitos há
segmentação total, também chamada holoblástica (do grego: holos, total e blastos, germe, broto, que em citologia tem o sentido de não diferenciado), ou seja, a
célula sofre citocinese (divisão) completa, originando duas células-filhas.

Nos ovos em que a distribuição do vitelo é homogênea observa-se segmentação igual. As células-filhas apresentam a mesma massa, tamanho e volume,
independentemente da direção do plano de citocinese. É o que ocorre nos mamíferos placentários.

Os grânulos de
vitelo têm
distribuição
homogênea no As primeiras segmentações
citoplasma resultam em células de tamanhos
semelhantes
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Nos ovos com distribuição heterogênea do vitelo, ocorre segmentação desigual. Dependendo da direção do plano de clivagem em relação à disposição do
vitelo nos polos da célula, as células-filhas podem apresentar tamanhos diferentes. Neste caso, os blastômeros menores são chamados de micrômeros e, os
maiores, de macrômeros.

No ovo, o polo vegetativo é aquele em que se acumulam os grânulos de vitelo e o polo animal é o polo oposto, onde estão o núcleo e o restante do citoplasma.
Note na figura anterior, que nas duas primeiras segmentações, as células-filhas são de tamanhos semelhantes. Na terceira segmentação, devido à maior quantidade
de vitelo no polo vegetativo, há um deslocamento no plano de clivagem, que é perpendicular ao das duas primeiras e se aproxima do polo animal, resultando em
células-filhas (blastômeros) de tamanhos diferentes (micrômeros e macrômeros).

Nos ovos telolécitos, ocorre segmentação parcial e discoidal, pois a grande quantidade de vitelo impede a divisão completa do citoplasma. Esse tipo de
segmentação é chamada também de segmentação meroblástica (do grego: meros, parcial). Além disso, com as citocineses concentradas no polo animal, formam-se
células-filhas sem limites nítidos nessa região, constituindo o disco embrionário que dará origem ao corpo do embrião; já a massa citoplasmática onde estão os
grânulos de vitelo não se divide.

Os tipos de segmentação ou clivagem ocorrem de acordo com a


quantidade e a distribuição do vitelo em ovos de cordados

Embriologia do anfioxo
As primeiras etapas do desenvolvimento, com poucas exceções, são comuns a todos os animais: segmentação, gastrulação e organogênese.

O anfioxo é um pequeno cordado marinho que vive semienterrado nas areias próximas às praias, filtrando a água do mar para obter seu alimento. Sua
organização corporal é muito simples se comparada à maioria dos cordados atuais. Além disso, o fato de se desenvolver diretamente no meio aquático, facilita a
observação das etapas iniciais do desenvolvimento embrionário em laboratório. Por apresentar um tipo de ovo muito semelhante ao do ser humano, esse pequeno
animal é utilizado como padrão no estudo das etapas iniciais do desenvolvimento dos cordados.
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Observe, na imagem, que na vida adulta, o anfioxo apresenta a notocorda persistente, além do sistema nervoso dorsal, fendas faringianas, cauda pós-anal e
musculatura segmentada. A ocorrência dessas características simultaneamente é típica apenas das primeiras fases embrionárias da maioria dos cordados atuais. Os
ovos dos anfioxos são oligolécitos com distribuição heterogênea dos grânulos de vitelo. Sua segmentação, portanto, é total e desigual.

Formação da mórula
Após as duas primeiras segmentações, há formação de quatro blastômeros de mesmo tamanho. No entanto, a terceira segmentação é perpendicular às duas
primeiras e origina quatro micrômeros e quatro macrômeros, totalizando oito blastômeros. A partir daí, os planos de segmentação serão alternadamente
perpendiculares entre si, de maneira que após algumas divisões, o conjunto de blastômeros adquire o aspecto aproximadamente esférico, maciço e compacto,
semelhante a uma amora. Devido a essa semelhança, essa figura embrionária recebeu o nome de mórula.

Blástula
Após a formação da mórula, com as sucessivas mitoses, à medida que o embrião torna-se cada vez mais esférico, as células vão se dispondo na superfície e,
no interior dessa estrutura, ocorre o surgimento de uma cavidade. Esse é o estágio de blástula. A blástula é formada por uma camada de células, a blastoderme, e
uma cavidade, a blastocele. Observe a imagem a seguir:

Gastrulação
A partir da blástula, tem início o processo de gastrulação que consiste numa série de movimentos celulares que levarão o embrião a adquirir um aspecto
totalmente diferente. Nos anfioxos ocorre invaginação da camada celular formada pelos macrômeros, que se projeta para dentro da blastocele, dobrando-se na
direção da camada de micrômeros. Inicialmente, o embrião será formado por duas camadas de células que delimitarão uma nova cavidade, a gastrocele. Essa nova
cavidade corresponde ao intestino primitivo, também conhecido como arquêntero (do grego: arqueos, primeiros e enteron, intestino). Esse estágio do
desenvolvimento do embrião é denominado gástrula. Além das duas camadas que delimitam a gástrula, outra diferença observada em relação à blástula é a
presença do blastóporo, um orifício que comunica o arquêntero (intestino primitivo) com o meio externo. Nos cordados, o blastóporo originará o ânus.

Na maioria dos animais haverá a formação de uma terceira camada embrionária entre as observadas na gástrula até aqui. Essas camadas são os folhetos
embrionários.

Os animais que apresentam apenas dois folhetos embrionários são chamados diblásticos, ou diploblásticos (do grego: diploos, duplo). O folheto embrionário
externo é a ectoderme e o que reveste internamente o arquêntero é a endoderme. No entanto, assim como o anfioxo, a maioria dos animais é triblástica ou
triploblástica. A partir da gástrula forma-se a mesoderme, um terceiro folheto embrionário situado entre a ectoderme e a endoderme.
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A importância da gastrulação está relacionada com a formação dos folhetos embrionários, pois é a partir deles que se originarão todos os tecidos e órgãos do
embrião.

Neurulação
Para que se possa acompanhar as principais transformações embrionárias, a partir do estágio de gástrula, é necessário observá-las da perspectiva de um corte
transversal do embrião.

Nos cordados, a formação da mesoderme coincide com o surgimento do tubo neural, uma estrutura embrionária dorsal que vai originar o sistema nervoso do
animal. Por essa razão, denomina-se nêurula o estágio de gástrula adiantada a partir do qual se dá a formação do sistema nervoso.

A gástrula nessa fase inicial tem a forma aproximadamente cilíndrica. Nos cordados, a extremidade na qual está localizado o blastóporo corresponde à
extremidade posterior do embrião, uma vez que aí se originará o ânus.

Na região que corresponderá à superfície dorsal, células da ectoderme, geneticamente programadas, se dispõem de maneira a promover um achatamento dessa
superfície e formar a placa neural (vide A, na ilustração a seguir). Na sequência, essa placa é recoberta por células da própria ectoderme, ao mesmo tempo em que
se desdobra a forma a constituir um sulco voltado para a superfície dorsal, o sulco neural.

As bordas do sulco neural se aproximam e acabam por se fundir, resultando no tubo neural, separando o sulco neural da superfície externa do embrião.
Portanto, o tubo neural e, consequentemente, o sistema nervoso têm origem ectodérmica. Simultaneamente, a camada que reveste o intestino primitivo sofre
movimentos que originam a notocorda e os somitos. A notocorda é uma estrutura inicialmente tubular, que se forma ao longo da porção superior do intestino
primitivo (o “teto” do arquêntero). Durante a neurulação, torna-se maciça, com consistência de cartilagem, exercendo a função de sustentação do embrião (vide B,
na ilustração a seguir).

Nas porções superiores laterais do embrião, de cada um dos lados do arquêntero projetam-se duas bolsas, inicialmente ocas, os somitos, delimitando uma
nova cavidade corporal, o celoma. A maioria dos órgãos e estruturas desse novo organismo é formada a partir dos somitos, sendo que uma boa parte dos órgãos
internos (vísceras) vai se alojar no celoma (vide C, na ilustração a seguir).

A camada de células que reveste os somitos passa a ser considerada a mesoderme do embrião. Portanto, a notocorda, os somitos e todas as estruturas que vão
se originar a partir deles têm origem mesodérmica, sendo que o celoma é uma cavidade totalmente revestida pela mesoderme.

Finalmente, as bordas inferiores do revestimento do intestino primitivo se aproximam e se fundem, continuando a constituir o intestino do embrião, cuja
posição torna-se cada vez mais ventral. A camada interna de células que reveste o intestino primitivo é a endoderme.

Assim, o revestimento interno do intestino e todas as estruturas que derivam dele, como o revestimento interno do sistema respiratório e da bexiga urinaria e
as glândulas anexas do sistema digestório, têm origem endodérmica.

Organogênese
A organogênese é o processo pelo qual ocorre a formação dos tecidos e órgãos de um novo organismo a partir dos três folhetos embrionários.

Anexos embrionários
A conquista definitiva do ambiente terrestre pelos vertebrados foi possível devido a fatores como a presença de patas para a locomoção, pele impermeável,
respiração exclusivamente pulmonar e reprodução independente da água.
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Especificamente no caso da reprodução, o ovo terrestre ou ovo amniótico que surgiu nos répteis foi uma estrutura fundamental para o desenvolvimento do
embrião em ambiente seco (fora da água) e sem contato com o meio externo.

A formação de um ovo começa pela reprodução com fecundação interna, isto é, o encontro do espermatozoide com o óvulo ocorre dento do corpo das fêmeas
e não mais na água, como nos anfíbios. Uma vez fecundado, o ovo (gema) é envolvido pela clara e recebe a casca, sendo eliminado para o ambiente onde ocorrerá
o desenvolvimento do embrião até seu nascimento (eclosão do ovo).

Pensando na estrutura do ovo, podemos formular algumas questões. Como o embrião consegue se alimentar dentro do ovo? E como obtém oxigênio? Para
onde vão suas excretas? O ovo não desidrata ficando em contato com o ar? Para responder a todas essas questões, precisamos conhecer e entender as funções dos
anexos embrionários, estruturas produzidas pelo embrião e utilizadas apenas durante seu desenvolvimento, sendo descartadas ao nascer.

São quatro os anexos embrionários: vesícula vitelínica (ou saco vitelínico), alantoide, âmnio e cório. Observe a ilustração.

A vesícula vitelínica armazena o vitelo, substancia rica em lipídeos e proteínas, que alimentará o embrião no período em que estiver se desenvolvendo no
interior do ovo. As proteínas são matéria-prima importante para a construção do corpo do embrião, enquanto os lipídeos representam a reserva de energia que será
utilizada nesse período. A vesícula vitelínica está ligada ao tubo digestório do embrião, o que facilita a absorção do material nutritivo. Assim, o embrião não
precisa de alimento do meio externo, pois carrega vitelo suficiente dentro do ovo para todo o período de desenvolvimento.

Embora esse anexo tenha função fundamental nos embriões que se desenvolvem no interior de ovos, há ocorrência de vesícula vitelínica em algumas espécies
de peixes cujos ovos são telolécitos, nos quais é encontrada “pendurada”, externamente, na região abdominal do embrião.

O alantoide armazena cristais de ácido úrico, excreta nitrogenada insolúvel gerada pelo metabolismo do embrião. Ele também está ligado ao tubo digestório,
assim como a vesícula vitelínica. O alantoide, com o cório, forma uma membrana muito vascularizada, chamada alantocório, que se mantém em contato com a
casca e é responsável pelas trocas gasosas entre o embrião e o ambiente. Outra função desse anexo é absorver cálcio da casca, usado no fortalecimento dos ossos.
Ao perder esse mineral, a casca vai ficando mais frágil, facilitando a saída do filhote ao final do desenvolvimento.

O âmnio é uma bolsa que envolve o embrião. No seu interior, há o líquido amniótico, no qual o embrião fica mergulhado e protegido contra desidratação e
choques mecânicos. Ao longo do desenvolvimento esse liquido vai sendo absorvido.

O cório (ou serosa) é uma membrana originada da dobra do âmnio, e envolve o embrião e todos os outros anexos embrionários, protegendo todo esse
conjunto. Além disso, com o alantoide, é responsável pela troca gasosa do embrião com o ambiente.

Placenta
A maioria dos mamíferos se desenvolve no interior do útero materno. Eles não estão dentro de ovos com casca e não carregam consigo seu alimento ou uma
vesícula para as excretas. Estando dentro do corpo das mães, até a obtenção de oxigênio seria difícil. Como resolver esses problemas? A resposta a essa pergunta é:
placenta.

A placenta é um órgão formado principalmente a partir de anexos embrionários e de tecidos maternos derivados do endométrio (camada que reveste o útero
internamente).

O embrião dos mamíferos também fica mergulhado no líquido amniótico, contido no interior do âmnio (bolsa amniótica), assim como ocorre com os repteis e
as aves. Como o embrião dos mamíferos está conectado ao útero materno pela placenta, que é rica em vasos sanguíneos,

Evolução biológica
Bioenergética I: fermentação e respiração
Metabolismo e atividade celular
O metabolismo é o conjunto de reações químicas celulares que possibilitam a vida. As reações metabólicas são classificadas em dois tipos: endergônicas , que
necessitam de fornecimento de energia para ocorrer, como acontece na fotossíntese; e exergônicas , que liberam no processo energia livre (útil), podendo ser
utilizada no trabalho celular. A respiração celular é exemplo de uma reação exergônica.

Existem dois processos metabólicos básicos: o anabolismo e o catabolismo. O anabolismo engloba as reações endergônicas de síntese de material,
indispensáveis ao funcionamento do organismo e ao crescimento, por exemplo, a fotossíntese. No catabolismo, temos as reações exergônicas de quebra de
substâncias, que fornecem matéria-prima para a construção celular e energia para a atividade celular. A digestão, a fermentação e a respiração celular são
processos do catabolismo.

O metabolismo celular é um processo altamente complexo, que envolve vários conjuntos de reações relacionadas, constituindo as vias metabólicas. Estas vias
interligam-se e reúnem milhares de reações químicas que possibilitam a manutenção da atividade celular.

Reações do metabolismo energético


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As vias metabólicas energéticas transferem energia de compostos orgânicos para a atividade celular. Isto é realizado por meio de reações de oxirredução, que
envolvem ganho ou perda de elétrons. Na célula, esses processos ocorrem por ganho ou perda de hidrogênio. Os aceptores de hidrogênio são substancias que
participam dessas reações e incluem o NAD+ (Nicotinamida Adenina Dinucleotideo) e o FAD (Flavina Adenina Dinucleotideo). Esses dois compostos são
transportadores de elétrons e de íons H + liberados em reações celulares, conduzidos para outras partes da célula e fornecidos a outras moléculas, com liberação de
energia.

Os processos de liberação de energia necessitam de uma molécula com a capacidade de transferir energia química para uso imediato. A substância que tem
esse papel na célula é o ATP (trifosfato de adenosina).

O ATP é um nucleotídeo, formado por uma adenina (base nitrogenada), uma ribose (pentose) e três fosfatos. Quando o ATP perde um fosfato, forma-se o
ADP (difosfato de adenosina) e a reação de hidrolise da ligação do fosfato libera 8 kcal/mol. Assim, a energia contida nas ligações químicas dos fosfatos pode ser
transferida para os processos celulares. De modo similar, a célula necessita de energia, obtida da quebra de moléculas orgânicas, para unir um fosfato inorgânico
ao ADP, possibilitando a regeneração do ATP.

O ATP é a moeda energética da célula, transferindo energia das moléculas orgânicas para praticamente todos os processos celulares. Ele é uma molécula
simples, que libera energia em uma única reação e pode ser utilizado em qualquer ponto da célula. O ATP é utilizado por todos os seres vivos como fonte imediata
de energia para as reações metabólicas.

Glicólise: a quebra inicial da glicose


A principal molécula orgânica utilizada para o fornecimento de energia é a glicose, um monossacarídeo de 6 carbonos (C 6H12O6). Para liberar a energia
contida nas ligações químicas da glicose, a etapa inicial é a glicólise.

Este processo ocorre citosol. Uma sequência de 10 reações quebra a molécula de glicose, com a formação de duas moléculas de 3 carbonos (C 3H4O3),
denominadas piruvato (ou ácido pirúvico). Há transferência de hidrogênio, com a formação de 2 NADH e liberação de energia, que permite a produção de 2 ATP.

Os destinos do piruvato e do NADH+ vão depender do processo energético realizado pela célula. Eles podem ser utilizados no citosol, no processo da
fermentação, ou nas mitocôndrias, possibilitando a respiração celular.

Fermentação: continuação da glicólise por via anaeróbica


Para possibilitar a manutenção da glicólise, o NADH formado deve ser reduzido à forma de NAD +, isto é, deve perder os hidrogênios que captou. Uma das
maneiras de isso ocorrer é pela fermentação.

Na fermentação, a transferência dos hidrogênios do NADH é feita para o piruvato (ácido pirúvico), por meio de um conjunto de reações que acontecem no
citosol. As reações ocorrem sem o uso de oxigênio, sendo esse, então, um mecanismo anaeróbico.

A fermentação é realizada principalmente por microrganismos anaeróbicos, que incluem muitas bactérias e fungos unicelulares. Algumas células do nosso
corpo, como as hemácias e as células musculares, também utilizam a fermentação como processo metabólico.

Existem vários tipos de fermentação, que são diferenciadas pelo produto final. Vamos destacar aqui a fermentação lática e alcóolica.

Fermentação lática
Na fermentação lática ocorre a redução do piruvato obtido na glicólise, com a formação do lactato (ácido lático). O processo ocorre no citosol e não utiliza
oxigênio nas suas reações.

Algumas bactérias, como os lactobacilos, realizam a fermentação lática. Esse processo é empregado na produção de iogurtes, coalhadas, leite fermentado,
vários tipos de queijo, picles e chucrute. As bactérias utilizam os dois ATP produzidos na glicólise para manter suas atividades e empregam a fermentação para
regenerar o NAD+, necessário à manutenção da glicólise.

Os lactobacilos também são muito importantes para a saúde humana. Eles fazem parte da flora intestinal e sua atividade auxilia na digestão de algumas
substâncias, como a lactose. Além disso, a atuação dos lactobacilos protege contra a ação de bactérias patogênicas.

Algumas células humanas também realizam a fermentação lática. As hemácias adultas, que não possuem mitocôndrias, obtém o ATP necessário para seu
funcionamento pelo processo da glicólise. O piruvato formado reage com o NADH, formando lactato e NAD +. As células musculares também realizam a
fermentação lática, em processos anaeróbicos, como exercícios de velocidade.

Fermentação alcoólica
A fermentação alcoólica é realizada por fungos unicelulares (leveduras), algumas bactérias e células vegetais. O processo envolve duas etapas.

Inicialmente, o piruvato (C 3H4O3) sofre uma descarboxilação, isto é, ele perde uma molécula de CO 2 e transforma-se em acetaldeído (C2H4O), que recebe os
hidrogênios do NADH, formando o etanol (C2H5OH).

A fermentação alcoólica realizada pelas leveduras tem grande importância econômica. Ela é utilizada na produção de álcool combustível (etanol), na
fabricação de bebidas alcoólicas e no processo de panificação.

Existem outros tipos de fermentação, realizados por bactérias e com interesse industrial, como a fermentação butírica (que torna a manteiga rançosa) e a
malolática (importante na produção de vinhos tintos). A fermentação acética, responsável pela produção do vinagre, é um processo aeróbico realizado por
bactérias Acetobacter, que utilizam oxigênio na transformação de etanol em ácido acético.

Respiração celular aeróbica: maior produção de ATP


A respiração celular aeróbica é o mecanismo mais eficiente de liberação de energia para a célula, por meio de uma quebra total da molécula de glicose, em
presença de oxigênio.
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O processo de respiração celular começa pela glicólise no citosol. A diferença em relação à fermentação é o destino do piruvato e do NADH formados, que
são transferidos para a mitocôndria. No interior da organela, eles serão utilizados nas fases seguintes, o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória.

Ciclo de Krebs
O Ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico (citrato) se inicia por ação da acetil-coenzima A (actil-CoA), obtida pela transformação do piruvato ao entrar na
matriz mitocondrial. A coenzima A é uma substância auxiliar no processo, derivada de uma vitamina, o ácido pantotênico.

A acetil-CoA (2 carbonos) reage com o ácido oxalacético ou oxaloacetato (4 carbonos), formando o citrato (6 carbonos). Um conjunto de reações de
descarboxilização (perda de CO2) e de desidrogenação (perda de hidrogênio) permite a regeneração do oxaloacetato, possibilitando a formação de NADH, FADH 2
e ATP.

O fornecimento de hidrogênio, transportado pelo NAD e pelo FAD, é a função básica do ciclo de Krebs. Esse hidrogênio permitirá o funcionamento da etapa
final da respiração celular, a cadeia respiratória.

Cadeia respiratória
A maior parte da produção de ATP na respiração ocorre na cadeia respiratória, mecanismo que acontece nas cristas mitocondriais. Trata-se de uma via
metabólica de fosforilação oxidativa – processo no qual a oxidação do NADH e do FADH 2 libera energia para formar ATP. O funcionamento da cadeia
respiratória é explicado pela teoria quimiosmótica, descrita a seguir.

Os hidrogênios do NADH e do FADH 2 fornecem elétrons, que são captados e transportados por três complexos de proteínas carreadoras, denominadas
citocromos. A energia dos elétrons possibilita o bombeamento dos prótons do hidrogênio (H+), para a região que fica entre as duas membranas mitocondriais. O
acumulo de prótons nessa região intermembrana provoca um gradiente (diferença) de concentração entre esse espaço e a matriz mitocondrial.

A diferença de concentração de prótons permite a passagem deles de volta para a matriz mitocondrial, por meio da enzima ATP-sintetase, que usa a energia
provocada pelo fluxo de prótons para unir ADP com fosfato inorgânico, formando ATP. Os prótons e elétrons transportados são finalmente captados pelo
oxigênio, formando moléculas de água.

Rendimento energético da respiração celular aeróbica


A finalidade das vias metabólicas de liberação de energia é a produção de ATP pela fosforilação. O número de ATP formados determina o rendimento
energético do processo.

Na glicólise, são formados dois ATP e dois NADH. Os NAHD da glicólise não atravessam a membrana mitocondrial interna e transferem seus hidrogênios
para proteínas transportadoras, que os levam para a matriz mitocondrial. Esse processo consome energia, gastando 1 ATP para o transporte dos hidrogênios de
cada NADH.

A glicose origina dois piruvatos, que, na formação da acetil-CoA e no ciclo de Krebs, permitem a produção de 8 NADH, 2 FADH 2 e 2 ATP. Na cadeia
respiratória, cada NADH leva à formação de 2,5 ATP e o FADH 2, que será usado a partir do 2° complexo de transporte, produz 1,5 ATP. No final, o rendimento
da respiração é de 30 ATP para cada molécula de glicose que inicia o processo.

Respiração celular anaeróbica em bactérias


Varias espécies de bactérias obtem energia para sua atividade por meio da respiração celular anaeróbica. Nesse processo, há produção de ATP por meio do
transporte de elétrons e prótons, como ocorre na mitocôndria. Entretanto, o aceptor final dos prótons e elétrons não é o oxigênio, e sim compostos como nitrato,
metano, sulfatos, carbonatos, ferro, manganês, cobalto e uranio.

A respiração anaeróbica tem maior eficiência energética do que a fermentação. Entretanto, na respiração anaeróbica ocorre apenas uma parte das reações do
ciclo de Krebs. Em consequência, há menor liberação de hidrogênio e menor produção de ATP, quando comparados com a respiração aeróbica.

Bioenergética II: fotossíntese e quimiossíntese


A importância da fotossíntese
Em relação à obtenção dos alimentos, os seres vivos são divididos em dois grupos: os autótrofos e os heterótrofos.

Os seres autótrofos têm a capacidade de sintetizar alimento orgânico a partir de compostos inorgânicos e energia obtidos do meio; já os seres heterótrofos não
produzem o próprio alimento, devendo obtê-lo do meio, consumindo autótrofos ou outros heterótrofos. Existe uma integração entre heterótrofos e autótrofos que
possibilita o fluxo de energia e de matéria no ambiente.

O principal processo autotrófico é a fotossíntese, no qual ocorre transformação da energia luminosa solar em energia química, armazenada na molécula de
glicose. A fotossíntese possibilita a existência da maior parte dos seres vivos na Terra, que dependem direta ou indiretamente do alimento obtido no processo.
Além disso, o processo é responsável pela liberação do oxigênio atmosférico.

A fotossíntese é realizada por varias bactérias, com destaque para as cianobactérias, e também por algas e vegetais. Nas algas e nos vegetais, o processo
ocorre no interior dos cloroplastos, que surgiram provavelmente a partir de cianobactérias que se associaram a outras células, como descrito na apresentação da
teoria endossimbiótica.

Equação geral da fotossíntese


Em termos químicos, a fotossíntese é um processo de produção de matéria orgânica (glicose) a partir de CO2 + H2O, utilizando energia luminosa, em presença
de clorofila, com liberação final de oxigênio.
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Podemos representar a equação geral simplificada da fotossíntese da seguinte maneira:

CO2 + H2O + luz Clorofila CH2O + O2


Observação: CH2O é a formula simplificada de carboidrato

Entretanto, estudos usando marcadores radioativos demonstraram que todo o oxigênio liberado é proveniente da água. Como ocorre liberação de O 2 e cada
molécula de água tem apenas um oxigênio, a equação simplificada é mais bem representada como:

CO2 + 2 H2O + luz Clorofila CH2O + O2 + H2O


Desse modo, podemos representar a equação geral completa da fotossíntese por:

6 CO2 + 12 H2O* + luz Clorofila C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O


A equação enfatiza a origem do oxigênio no processo, que é liberado a partir da quebra de moléculas de água. A equação geral é apenas um resumo das
reações que ocorrem na fotossíntese. O processo envolve dezenas de reações, divididas em dois grupos: as reações dependentes da luz, que constituem a fase
fotoquímica (luminosa ou reação de claro) e, na sequencia, as reações independentes da luz, que correspondem à fase química (enzimática ou reação de escuro).
Todas as reações ocorrem no interior dos cloroplastos. As matérias-primas necessárias são H2O, CO2 e o NADP (aceptor de hidrogênio da mesma família do NAD)
e os produtos do processo são a glicose e o O2.

Fase fotoquímica: a conversão de energia


A fotossíntese é um processo endergônico (endotérmico), que necessita de energia para ocorrer. Essa energia é obtida da luz, na fase fotoquímica, que é a
etapa inicial e mais rápida do processo fotossintético e ocorre nos tilacoides dos cloroplastos.

Na fase fotoquímica ocorre a conversão da energia luminosa em energia química, armazenada nas moléculas de ATP e NADPH formadas. Nessa fase,
ocorrem dois processos simultâneos: a fotofosforilação e a fotólise da água.

Na fotofosforilação, a clorofila absorve luz e libera elétrons ricos em energia. Captados por uma cadeia de proteínas transportadoras (citocromos), o
transporte dos elétrons fornece energia, usada na formação de ATP, em um processo similar ao da cadeia respiratória, envolvendo bombeamento de prótons e a
ação da enzima ATP-sintase.

Na fase fotoquímica, há duas formas possíveis de fotofosforilação: cíclica e acíclica. Na fotofosforilação cíclica, os elétrons liberados pela clorofila excitada
pela luz são transportados pelos citocromos e retornam para a clorofila, com formação de ATP durante o transporte dos elétrons. Na fotofosforilação acíclica, os
elétrons são utilizados para reduzir a substância NADP e não retornam para a clorofila. A reposição dos elétrons perdidos pela clorofila ocorre pela fotólise da
água. Nesse processo, moléculas de água são quebradas, liberando oxigênio, elétrons (captados pela clorofila) e H + (captados pelo NADP, formando o NADPH).
Desse modo, a função da água no processo fotossintético é fornecer hidrogênio, possibilitando a liberação do oxigênio para o meio.

Fase química: o armazenamento de energia


A fase fotoquímica produz compostos ricos em energia, o ATP e o NAPH. Mas há um problema: esses compostos são instáveis e não podem ser armazenados
por muitas horas (período da noite) ou por muitos dias (como ocorre no inverno mais intenso ou nos períodos de seca). Desse modo, a energia do ATP e do NAPH
deve ser utilizada para a produção de um composto armazenável e que também possa ser enviado para células que não realizam a fotossíntese. Esse composto é a
glicose, carboidrato que armazena energia nas suas ligações químicas, solúvel em água e pode ser transportado para outras células e ser armazenado por longos
períodos pela célula vegetal, na forma do polissacarídeo amido. A glicose é produzida na segunda parte da fotossíntese, a fase puramente química ou reação de
escuro.

Esta segunda etapa do processo fotossintético ocorre no estroma dos cloroplastos e produz moléculas orgânicas de carboidrato, pela reunião de CO 2, dos
hidrogênios do NADPH e da energia do ATP. Desse modo, a energia e os hidrogênios obtidos na fase fotoquímica são utilizados na fixação do carbono na
molécula da glicose. Isso possibilita o armazenamento de energia nas ligações químicas de carbono.

A fase química não depende diretamente da presença de luz, mas necessita dos compostos formados na fase fotoquímica para ocorrer. Assim, embora
chamada reação de escuro, a fase química só pode acontecer após uma exposição previsa do cloroplasto à luz.

O conjunto de reações da fase química é denominado ciclo de Calvin-Benson ou ciclo das pentoses. Nele, seis moléculas de CO 2 reagem com seis pentoses
(ribulose difosfato – RuDP), formando seis hexoses que se dissociam em doze trioses (gliceraldeído 3-fosfato ou PGAL). O processo é catalisado por uma enzima
denominada rubisco (ribulose-bifosfato carboxilase oxigenasse), que é a mais abundante nos vegetais. Duas moléculas de PGAL são usadas em uma serie de
reações para formar glicose e outros carboidratos. As dez moléculas restantes de PGAL participam de reações para a regeneracao das seis moléculas iniciais de
RuDP, permitindo a manutenção do ciclo. Para ocorrerem as reações do ciclo de Calvin, são necessários os hidrogênios do NADPH e a energia do ATP obtidos na
fase fotoquímica.

O produto final do ciclo de Calvin é o PGAL, que tem três destinos possíveis: no citosol uma parte é transformada em piruvato, utilizado no processo de
glicólise, na respiração celular; outra parte é usada para produzir sacarose, que é transferida para a seiva e levada para outras partes do vegetal; e o restante é
utilizado na produção de amido, armazenado no cloroplasto.

Clorofila e pigmentos acessórios


A clorofila é a substância chave do processo fotossintético, sendo responsável pela captação da energia luminosa. A estrutura da clorofila é muito semelhante à
do grupo heme da hemoglobina; a principal diferença é a presença de magnésio como átomo central da clorofila e ferro como átomo central do grupo heme.
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Existem dois tipos de clorofila nos vegetais, designadas por clorofila a e clorofila b, que apresentam pequenas diferenças na absorção de luz e ocorrem na
proporção de três moléculas a para cada molécula b. A clorofila a predomina no fotossistema I e a clorofila b participa do fotossistema II. A fotofosforilação
cíclica é realizada apenas pelo fotossistema I e a acíclica pode ser realizada pelos dois fotossistemas.

A clorofila é um pigmento fotoexcitável, que absorve radiação luminosa no comprimento de luz visível e faz a conversão energética, liberando elétrons ricos
em energia. A absorção de luz pela clorofila (absorbância) não ocorre igualmente em todos os comprimentos de onda da luz visível, concentrando-se na cor
violeta-azul e na cor vermelha; no verde a absorção é mínima e a sua reflexão determina a cor verde da clorofila.

Além da clorofila, existem outras substâncias associadas aos fotossistemas que auxiliam a ação da clorofila nos vegetais e algas. São os pigmentos acessórios,
que absorvem luz em comprimentos de onda diferentes da clorofila, mas não têm capacidade de liberar elétrons; por isso, eles transferem a energia absorvida para
a clorofila. Os pigmentos acessórios incluem os carotenoides nos vegetais (ß-caroteno, que dá a cor da cenoura e é precursor da vitamina A, e a xantofila, de cor
amarela) e as ficobilinas nas algas.

Fatores ambientais que influenciam a fotossíntese


Todo processo biológico é limitado em sua velocidade ou intensidade por fatores do ambiente. Denomina-se fator limitante todo fator ambiental que, pela sua
redução ou ausência, regula a intensidade de um processo biológico. Portanto, um fator é limitante somente enquanto influenciar a intensidade do processo.

A fotossíntese tem vários fatores limitantes; os mais importantes são a intensidade luminosa, a concentração de CO2 e a temperatura ambiente. A água
também é um fator limitante da fotossíntese, pois é a matéria-prima indispensável ao processo. Entretanto, como um fator limitante é determinado pela sua
redução, quando ocorre a diminuição da água o efeito atinge todas as atividades do vegetal, e não apenas a fotossíntese. Assim, deve-se entender a disponibilidade
de água como um fator limitante à vida do organismo.

Intensidade luminosa
O aumento da intensidade luminosa aumenta a taxa de fotossíntese até atingir a taxa de saturação, a partir da qual a luz não é mais fator limitante e a
velocidade não varia. A saturação é atingida quando todas as moléculas de clorofila disponíveis estão captando luz e não existem mais moléculas de clorofila
disponíveis para captar os fótons.

Concentração de CO2
A saturação pelo CO2 ocorre quando todas as enzimas que participam da captação do CO 2, na fase química da fotossíntese, estão realizando sua ação em
atividade. A concentração de CO2 na atmosfera, entre 0,03% e 0,04% está bem abaixo do ponto de saturação, tornando o CO 2 um importante fator limitante para os
vegetais.

Temperatura ambiente
A temperatura influencia a atividade enzimática da fase química do processo. De modo geral, um aumento de 10 °C na temperatura duplica a velocidade das
reações. Em condições ideais de luminosidade e concentração de CO 2, a elevação da temperatura aumenta a velocidade da fotossíntese até determinado ponto, a
partid do qual começa a desnaturação das moléculas proteicas das enzimas, acarretando a rápida redução da taxa fotossintética.

Quimiossíntese: processo autotrófico sem utilização da luz


Algumas bactérias autotróficas apresentam um mecanismo para a produção de matéria orgânica, a partir de gás carbônico e água, que não necessita da luz
como fonte de energia.

Esse processo é a quimiossíntese, na qual a energia é obtida a partir da oxidação de compostos inorgânicos, como H 2S, NH3, FeCO3, H, Mn e CH4, em um
sistema de reações exclusivo de determinadas bactérias, cada uma delas especializada na oxidação de um substrato diferente.

De modo similar ao da fotossíntese, a quimiossíntese ocorre em duas fases. Na primeira, o substrato inorgânico é oxidado, com a liberação de energia e
hidrogênios, o que permite a formação de ATP e NADPH. Na segunda fase, praticamente idêntica ao que acontece na fotossíntese, são realizadas as reações do
ciclo de Calvin, possibilitando a produção de glicose.

Um exemplo importante de bactéria quimiossintetizante são as bactérias nitrificantes, fundamentais para o ciclo do nitrogênio no ambiente. Essas bactérias
oxidam compostos nitrogenados obtendo, assim, a energia para suas atividades metabólicas.

Origem e diversidade da vida


Origem da vida: primeiras ideias
Explicações sobre a origem da vida sempre existiram nas diferentes culturas humanas. Provavelmente, os grupos iniciais de caçadores-coletores tinham mitos
para explicar a origem do ser humano e dos outros seres vivos, semelhantes aos mitos que existem entre os índios brasileiros.

A partir de 8000 a.C., o desenvolvimento da agricultura e da pecuária no Neolítico possibilitou o desenvolvimento das primeiras grandes civilizações na
Mesopotâmia, no Egito, na Índia e na China. Todas essas culturas tinham suas interpretações sobre a origem dos seres vivos, geralmente relacionadas com
intervenções divinas.
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As primeiras explicações para a origem dos seres vivos sem fatores sobrenaturais surgiram com os filósofos gregos. Dentre eles, o mais importante foi
Aristóteles (século IV a.C.), para quem as formas mais simples de vida surgiam por geração espontânea ou abiogênese.

Aristóteles propôs a ação de um princípio ativo, ou vital, que existiria na natureza e atuaria sobre a matéria bruta (tudo aquilo que não é vivo), transformando-
a em um ser vivo. Ele acreditava que muitos insetos vinham da terra em putrefação, assim como muitos animais dos quais não se observava a reprodução sexuada,
como estrelas-do-mar, ostras e vermes parasitas.

As ideias de Aristóteles permaneceram entre os gregos e os romanos, que citavam vários exemplos, como a formação de pulgas a partir da poeira e de
mariscos a partir da areia das praias ou mesmo árvores de cujos frutos nasciam carneiros.

O médico e químico belga Van Helmont (1579 – 1644), defensor da abiogênese, deixou uma receita para conseguir ratos por geração espontânea: em uma
caixa, colocavam-se uma roupa suja de suor e germe de trigo; após 21 dias, apareceriam filhotes de rato, produzidos por geração espontânea, graças ao principio
ativo contido no suor que estava na roupa.

Nem todos concordavam com Van Helmont. Em 1668, o médico italiano Francesco Redi (1626 – 1697) fez uma experiencia definitiva para negar a
abiogênese. Na época, acreditava-se que a carne em decomposição originava vermes por geração espontânea. Para verificar se essa afirmação era verdadeira ou
falsa, Redi fez uma série de observações e experimentos.

Inicialmente, ele verificou que os vermes que surgiam na carne se transformavam em moscas. Assim, ele concluiu que os vermes não passavam de filhotes de
moscas. Mas os defensores da abiogênese afirmavam que isso não provava nada, pois esses filhotes continuavam a ser formados por geração espontânea.

Para provar a falsidade da abiogênese, Redi preparou o que se considera um dos primeiros exemplos de uma experiência científica verdadeira. Ele colocou
carne fresca, de um animal recém-abatido, em três grupos de recipientes. Ele deixou o primeiro recipiente aberto, de modo que moscas pudessem entrar
livremente. O segundo recipiente foi vedado com pergaminho, que não deixava passar o ar nem as moscas. Já o terceiro recipiente foi tampado com gaze, que
permitia a passagem do ar (que conteria o princípio ativo), mas impedia a entrada de moscas.

Após algum tempo, surgiram larvas no frasco aberto, mas nenhuma nos fechados, embora a carne tenha apodrecido em todos eles. Assim, eram as moscas que
produziam as larvas, e não a geração espontânea. Com essa simples e bem executada experiência, Redi provou que a ideia da abiogênese era incorreta.

Mas os defensores da abiogênese ainda não estavam totalmente convencidos. Em 1673, o holandês Anton van Leeuwenhoek (1632 – 1723), usando um
microscópio aperfeiçoado por ele, fez as primeiras observações de microrganismos. Ele descreveu e desenhou o que chamava de “animáculos”, que incluíam
bactérias e protozoários. Suas descobertas foram confirmadas por outros estudiosos, como o inglês Robert Hooke, o criador do termo célula.

A descoberta dos microrganismos, denominados germes ou micróbios, reativou a ideia da abiogênese. Acreditava-se que os germes surgiam pela ação de um
princípio ativo que existiria no ar e em todas as coisas.

Em 1748, o inglês John Needham (1713 – 1781) fez experiências que apoiavam a explicação da abiogênese dos germes. Sabendo que o calor eliminava os
germes, ele colocou caldo nutritivo (caldo de carne) em tubos de ensaio, que foram fechados com rolhas e aquecidos por alguns minutos. Após esfriar, os frascos
foram abertos, e a análise de seu conteúdo mostrou a presença de germes. Para Needham, isso era uma prova de geração espontânea dos micróbios, pois o
aquecimento prévio dos frascos teria matado todos os germes que já existissem no caldo de carne.

O italiano Lazzaro Spallanzani (1729 – 1799) negou as conclusões de Needham em 1768. Ele refez a experiência, mas vedou mais fortemente os tubos e os
aqueceu intensamente por mais de uma hora; após o resfriamento dos frascos, Spallanzani não encontrou nenhum germe. Ele afirmou que Needham não havia
aquecido os tubos por tempo suficiente para matar os micróbios que já existiam no caldo. Mas Needham respondeu à acusação de Spallanzani alegando que o
aquecimento excessivo impedia a ação do princípio ativo no caldo nutritivo. Embora Spallanzani estivesse certo, a falta de uma prova irrefutável manteve as ideias
sobre a abiogênese vivas por mais algum tempo.

Em 1862, o francês Louis Pasteur (1822 – 1895) realizou um experimento que provou, definitivamente, a falsidade da abiogênese. Para demonstrar que o ar
não continha um princípio ativo ou vital, ele idealizou a experiência dos frascos com gargalo em pescoço de cisne.

Pasteur colocou sucos nutritivos em frascos com longos gargalos, que foram ainda mais alongados e afinados (em forma de pescoço de cisne) com o uso de
calor. Em seguida, os frascos foram aquecidos por bastante tempo, a fim de matar os micróbios que já existissem neles. Após o aquecimento, Pasteur os deixou
abertos, permitindo a livre entrada do ar, mas nenhum micróbio apareceu, mesmo após muitas semanas de exposição.

A explicação para os resultados encontrados é a de que o gargalo dos frascos, em razão de sua forma e seu diâmetro, funcionava como um filtro, retendo a
poeira do ar, na qual estavam suspensos os germes. A inclinação do frasco, fazendo o conteúdo entrar em contato com a poeira do gargalo, ou a retirada dele
provocava o rápido aparecimento de micróbios nos caldos nutritivos.

Pasteur destrói completamente a ideia da geração espontânea. A partir dele, os cientistas aceitam o conceito da biogênese, segundo o qual todo ser vivo é
formado a partir de outro ser vivo preexistente.

Explicações científicas para a origem da vida


A biogênese permite a manutenção da vida na Terra atual, mas não explica o seu surgimento. A partir do século XIX, foram elaboradas algumas hipóteses
baseadas em observações de fenômenos naturais, análises químicas e estudos sobre as relações entre os organismos, para tentar elucidar a origem da vida.

A panspermia cósmica, proposta pelo médico alemão Hermann Helmholtz (1821 – 1894) e pelo químico sueco Svante Arrhenius (1859 – 1927), sugere que a
vida foi trazida do espaço, por meio de esporos de bactérias lançadas na terra por meteoros. Essa teoria apoia-se na existência de moléculas orgânicas, como
aminoácidos e hidrocarbonetos, no interior de meteoros encontrados na superfície terrestre.

Essa hipótese não foi aceita por vários motivos: primeiro, porque não é possível a sobrevivência dos esporos nas condições do espaço – temperatura próxima
do zero absoluto e radiação intensa -; segundo, porque o atrito da entrada na atmosfera produz temperaturas de até 6 000 °C; e, por fim, porque essa hipótese não
explica a origem da vida, apenas a transfere para outro lugar no espaço.

Ecologia: conceitos e relações alimentares


Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
O que é Ecologia?
Os seres vivos estão distribuídos por quase toda a Terra, havendo hoje poucos lugares onde não são encontrados. Conhecer quantas espécies existem em um
ambiente, como elas estão distribuídas e quais relações apresentam entre si e com o ambiente são os objetivos dos estudos ecológicos.

A Ecologia é uma ciência jovem, nascida na segunda metade do século XIX, mas que já contribuiu muito e continua a contribuir com a melhoria das
condições de vida humana e também com a preservação de todas as espécies de nosso planeta.

Fatores abióticos e bióticos


Os estudos de Ecologia buscam compreender todos os fatores que interferem nos seres vivos. Esses fatores podem ser classificados em dois grupos: os
abióticos e os bióticos.

Os fatores abióticos fazem parte do meio físico, que é o conjunto de fatores sem vida dos ambientes, como temperatura, salinidade, pressão, luminosidade,
pH, água liquida disponível e nutrientes minerais.

Os fatores bióticos são os seres vivos e as relações que estabelecem entre si, como acontece, por exemplo, na competição entre os seres da mesma espécie ou
de espécies diferentes, que disputam espaço, água liquida, locais de abrigo e alimento, e também na cooperação entre os seres, uns favorecendo os outros, como os
insetos que polinizam as espécies vegetais.

Habitat
O habitat de uma espécie é o local ou o conjunto de locais onde ela vive. Nele devem estar presentes todos os fatores importantes para a sobrevivência e a
reprodução daquela espécie, como temperatura, luminosidade, salinidade, gases atmosféricos e pH.

Por exemplo, o habitat de uma espécie de perereca pode ser uma floresta úmida e quente, com chuvas regulares o ano todo, onde ela possa viver entre as
folhas das bromélias, apoiadas nos galhos das árvores altas, aproveitando a água acumulada, onde também há insetos, que lhes servem de alimento.

Enquanto o habitat se refere a uma espécie, o biótipo é o local onde vive uma comunidade (biocenose).

Nicho ecológico
Cada espécie ocupa um nicho ecológico em seu ambiente. Esse nicho envolve todas as atividades de determinada espécie, por isso se diz que ele representa o
papel que a espécie exerce no ambiente. Nele também estão inclusos todos os fatores necessários para a sobrevivência e a reprodução dos seres que o ocupam.

O nicho ecológico é, portanto, um conceito muito amplo, que envolve as atividades que a espécie desempenha para sobreviver e se reproduzir, como
mergulhar para capturar peixes, subir em árvores para comer frutos, crescer apoiado em árvores, sugar o sangue de outros animais. Além disso, o nicho abrange os
fatores ambientais para os quais a espécie está adaptada, como a faixa de temperatura adequada, a quantidade de água liquida necessária para sobreviver, os locais
para construir seus ninhos, os nutrientes minerais para o desenvolvimento, a luminosidade para a realização de fotossíntese, os locais de abrigo, etc.

Princípio da exclusão competitiva


Quando duas espécies passam a viver no mesmo ambiente e apresentam o mesmo nicho ecológico, ou seja, quando utilizam os mesmos recursos do ambiente,
como espaço, alimento, nutrientes, luminosidade, água, locais para abrigo ou para construção de ninhos, elas entram numa competição tão acirrada que uma delas
pode ser levada à extinção. Esse principio é conhecido como principio de Gause ou princípio da exclusão competitiva.

Esse fenômeno foi demonstrado pelo ecólogo russo Gause. Em um laboratório, ele colocou duas espécies de protozoários do gênero Paramecium em um
mesmo tubo de vidro, no qual havia aveia e fungos do tipo levedura.

Como as duas espécies de Paramecium se alimentavam daquelas leveduras, houve intensa competição, até que uma delas foi extinta do tubo.

Em situações naturais, a extinção pode realmente ocorrer, mas há também outras possibilidades para a espécie em desvantagem competitiva, pois ela pode
migrar para outros ambientes ou até mesmo modificar seu nicho ecológico, passando a explorar outros recursos ambientais.

População é o conjunto de seres da mesma espécie em um ambiente em certo tempo

Biodiversidade
Biodiversidade é toda variedade de vida de certo local, o que inclui todas as espécies de seres vivos e sua riqueza genética.

A biodiversidade de uma floresta, por exemplo, abrange todas as espécies de seres vivos encontradas nele, como bactérias, fungos, algas, plantas, animais,
vírus, e também todo o patrimônio genético do conjunto desses seres.

A preservação da biodiversidade garante a continuidade dos ecossistemas, pois eles são formados pelos seres vivos e todas as relações destes entre si e com o
meio físico (fatores abióticos).

É o que acontece em uma floresta: as raízes das árvores retêm o solo, evitando assim a lixiviação e a erosão; as árvores oferecem sombras, o que mantém o
solo e a atmosfera frescos e úmidos, proporcionando com isso um microclima na zona que fica abaixo de suas copas bem diferente daquele acima delas.

A decomposição realizada por fungos e bactérias disponibiliza nutrientes para os vegetais, que os absorvem para crescer. A fotossíntese libera oxigênio para a
atmosfera e produz alimento orgânico, rico em energia, consumido também por outros seres. A urina e as fezes dos animais contribuem para a adubação do solo,
que devolve os nutrientes minerais para as plantas.

Cadeias alimentares
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
As relações alimentares de um ecossistema podem ser representadas em uma sequência linear chamada de cadeia alimentar, na qual cada espécie ocupa um
nível de alimentação, o nível trófico.

Produtor: neste nível ficam os seres autótrofos, que podem ser os vegetais, as algas, as cianobactérias e também as bactérias quimiossintetizantes.

Consumidor: é todo ser heterótrofo, que se alimenta do produtor ou de outro consumidor. Como em uma cadeia alimentar há alguns níveis de consumidores, eles
se apresentam em uma sequência em ordem crescente.

Detritívoro: é o consumidor que se alimenta de restos orgânicos, como pelos, folhas, galhos, epiderme de cobras e lagartos, restos alimentares de carnívoros e
excrementos.

Decompositor: este nível é composto principalmente de bactérias e fungos. Eles transformam matéria orgânica em inorgânica. No inicio da decomposição, eles
secretam enzimas digestivas e, depois, absorvem pequenas moléculas orgânicas para realizar a fermentação ou a respiração aeróbia. No final do processo, são
liberados no ambiente pequenas substâncias orgânicas, como CO2, H2O, NH3, Ca2+ e Mg2+.

Observação: muitos biólogos consideram os decompositores parte do grupo dos detritívoros também.

Em cadeias alimentares aquáticas, os seres do fitoplâncton, as algas e as cianobactérias, são os produtores. Os consumidores primários são pequenos animais
do zooplâncton.

Teias alimentares
As teias alimentares são representações mais realistas das relações alimentares nos ecossistemas, pois elas demonstram todas essas relações de cada espécie,
que podem então apresentar mais de um nível trófico.

Ciclo da matéria
Os seres vivos necessitam de matéria (átomos) e energia para poder crescer, desenvolver-se, realizar suas atividades metabólicas, locomover-se, gerar calor,
gerar filhos, produzir flores, renovar pelos, etc.

A matéria entra inicialmente nas cadeias alimentares pela absorção realizada pelos produtores, que captam gás carbônico do ar e água e íons do solo. Por meio
da fotossíntese produz-se o açúcar, com o qual é possível produzir outras substâncias como cera, óleo e também polissacarídeos, como celulose e amido.

Os íons participam de diversas funções, como fazer parte da produção de substâncias como ATP, fosfolipídeos ou ficam no citoplasma.

Ao fazer parte dos corpos dos produtores, a matéria pode ser utilizada como alimento pelos consumidores primários, que assim que conseguem os átomos e as
moléculas importantes para seus organismos. Os consumidores secundários se alimentam dos primários e obtêm a matéria necessária; o mesmo ocorre com os
outros níveis de consumidores.

Os decompositores secretam enzimas digestivas e digerem a matéria orgânica em pequenas moléculas, que são absorvíveis, como aminoácidos, glicose,
ácidos graxos e glicerol. Essas substâncias são utilizadas na fermentação e na respiração aeróbia de fungos e bactérias. Assim, eles transformam a matéria orgânica
em inorgânica, pois liberam CO 2, H2O, NH3 e também grande quantidade de íons, como Ca 2+, Mg2+, PO3-4, Fe2+, que pode ser novamente absorvida pelos
produtores, havendo assim a reciclagem da matéria.

Fluxo de energia
A energia entra na cadeia alimentar principalmente por meio da fotossíntese que consegue utilizar parte da energia luminosa que incide sobre as folhas para
produzir glicose, que é utilizada para a produção de outras substâncias orgânicas dos produtores, como é o caso da celulose, do óleo e do amido.

A fotossíntese transforma energia luminosa em energia química, armazenada na glicose

Como os produtores precisam produzir ATP, eles utilizam uma parte das moléculas de glicose produzidas na respiração celular, e o restante é utilizado no
crescimento do organismo.

A fotossíntese transforma a energia luminosa em energia química

A energia química armazenada nas moléculas orgânicas do corpo dos produtores segue para os consumidores primários quando eles se alimentam. Porém,
uma parte do alimento vegetal não é digerida e acaba sendo perdida para o ambiente por meio das fezes.

A maior parte do alimento orgânico ingerido pelos consumidores primários é utilizada na respiração celular para produzir moléculas de ATP. Contudo,
grande parte da energia é perdida na forma de calor durante a respiração celular, e o calor sai dos seres vivos e segue para o ambiente.

As substâncias orgânicas que não foram utilizadas para a produção de ATP servem para a produção de moléculas ricas em energia química, que fazem parte
do corpo dos consumidores primários, como as proteínas, as gorduras e os ácidos nucleicos. Contudo, essa energia corresponde a uma pequena parte da energia
total que estava no alimento ingerido.

Somente uma pequena parte da energia que um animal obteve no alimento é utilizada na construção de seu corpo

O mesmo processo de perda de energia na forma de calor acontece em todos os outros níveis tróficos, assim como o armazenamento de uma pequena parte de
energia. Sendo assim, a energia que estava nos produtores flui ao longo da cadeia alimentar e vai sendo perdida para o ambiente como calor.

Os decompositores também utilizam a energia proveniente dos restos orgânicos presentes nas folhas, nos galhos e nas flores que caem, nos pelos que os
animais soltam, nas fezes e no corpo dos animais quando morrem, além disso, também liberam energia na forma de calor para o ambiente.

Dessa maneira, toda a energia que estava armazenada nos produtores volta para o ambiente, principalmente como calor, e não pode mais ser absorvida por
eles em razão de a fotossíntese absorver luz, e não calor, para produzir glicose.

A energia limita as cadeias alimentares


Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Como os seres vivos precisam de energia para viver, todos os níveis tróficos dependem dos produtores, pois eles absorvem a energia luminosa e a utilizam
para a produção de glicose, que é rica em energia.

A energia armazenada nas plantas é transferida ao longo da cadeia alimentar e vai sendo perdida para o ambiente; com isso, é muito pouca a energia que
chega de uma planta aos consumidores terciários ou quaternários, não havendo, portanto, energia para sustentar mais um nível trófico.

Pirâmides ecológicas
As relações entre os níveis tróficos podem ser representadas por pirâmides ecológicas, que facilitam a compreensão dos fenômenos típicos dessas relações.

Na estrutura das pirâmides, os produtores ficam na base e, em seguida, vem a sequência de consumidores.

Pirâmide de números
A pirâmide de números indica quantos indivíduos de cada nível trófico existem em determinada região. Seu formato é muito variável de acordo com as
comunidades que representa.

Em uma comunidade de campo, por exemplo, existem mais plantas de capim do que grilos, e o número de sapos é menor do que o de grilos, e o de gaviões é
menor que o de sapos.

Pirâmide de números invertida


Nas comunidades em que os produtores são muito grandes, como nas árvores, a pirâmide de números tem a base estreita. Nessas comunidades costuma haver
maior quantidade de consumidores do que de produtores.

Pirâmide de biomassa
A pirâmide de biomassa apresenta a quantidade de massa seca presente em cada um dos níveis tróficos por metro quadrado. A massa seca corresponde a
biomassa, porque é constituída de moléculas orgânicas produzidas pelos seres vivos, como as proteínas, as gorduras, os ácidos nucleicos e os carboidratos.

Pirâmide de biomassa invertida


Em ambientes aquáticos, é comum a biomassa do fitoplâncton ser menor do que a do zooplâncton. Isso se explica pelo fato de o fitoplâncton ser formado por
minúsculas algas e cianobactérias fotossintetizantes, que se reproduzem muito rapidamente e assim conseguem manter suas populações e sustentar as de
zooplâncton.

Pirâmide de energia
A pirâmide de energia é a que melhor representa as relações alimentares de uma comunidade. Seu formato nunca é invertido. Cada nível da pirâmide
representa a energia presente nos seres do nível trófico representado. Os valores indicam a quantidade de energia que cada nível trófico acumulou nas substâncias
orgânicas que produziu utilizando a energia fornecida pelo nível trófico anterior.

Percebe-se facilmente que a eficiência no processo de transferência de energia de um nível trófico para outro é muito baixa. Na natureza, é comum a
eficiência ser de 5% a 20%, isto é, somente essa pequena percentagem de energia do alimento é utilizada para a produção de novas substancias orgânicas. Portanto,
de 80% a 95% da energia de um nível trófico é perdida para o ambiente na forma de calor.

Ecologia: ciclos biogeoquímicos


A importância dos elementos químicos
Os elementos químicos como carbono, nitrogênio e fosforo são fundamentais para os seres vivos. Eles se encontram no solo, dissolvidos na água ou na
atmosfera e podem ser absorvidos pelos seres vivos e assim utilizados em seu metabolismo. Mas, além de incorporar os elementos químicos, os seres vivos
também podem liberá-los de seu corpo para o ambiente.

A respiração celular, por exemplo, é uma atividade biológica que libera, na molécula de gás carbônico, átomos de carbono e oxigênio para o ambiente, mas é
a decomposição feita por bactérias e fungos a principal atividade biológica que promove o retorno dos elementos químicos para o ar, para o solo e para os meios
aquáticos.

Os ciclos biogeoquímicos são ciclos da matéria nos ecossistemas que envolvem fenômenos biológicos, geológicos e químicos.

Ciclo da água
Este é o mais simples dos ciclos biogeoquímicos, porque, embora seja fundamental à vida, a água não sofre transformações químicas nos seres vivos.

Podemos dividir o ciclo da água em dois:

1. No pequeno ciclo da água, não há participação dos seres vivos. A água evapora e depois precipita como chuva ou neve, que pode evaporar
novamente.
2. No grande ciclo há a participação dos seres vivos.

Nos ambientes terrestres, as raízes das plantas absorvem água, que vai fazer parte de seu organismo ou sair por transpiração foliar. A maior parte da água que
entra em uma planta é perdida para a atmosfera; a parte que permanece fica no citoplasma ou participa da fotossíntese e de outros processos metabólicos.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
O processo de fotossíntese utiliza os átomos de hidrogênio da água para a produção de glicose, que é utilizada posteriormente para a produção das outras
substâncias orgânicas das plantas, como celulose, amido, óleo e aminoácidos.

Os animais adquirem água ao bebê-la diretamente de rios, lagos, poças, nascentes ou até mesmo da água acumulada nas bromélias. Quando se alimentam de
vegetais ou de outros seres vivos, eles também estão ingerindo água, pois a maior parte dos organismos é constituída de água.

A água volta dos animais para o meio externo por meio da transpiração, da excreção e da defecação. A decomposição dos restos orgânicos também devolve
água ao ambiente.

Ciclo do carbono
O carbono nos seres vivos
O átomo de carbono é um dos principais ingredientes das moléculas dos seres vivos, pois faz parte de sias moléculas orgânicas, como DNA, RNA, proteínas,
ácidos nucleicos, lipídios e carboidratos.

O carbono nos meios físicos


Nos meios físicos, o carbono é encontrado de diversas maneiras. Seja no solo, no ar ou nos meios aquáticos, ele se apresenta ligado a outras substâncias,
participando de moléculas orgânicas parcialmente decompostas do húmus, nas moléculas de gás carbônico, de monóxido de carbono, de metano, nas rochas
calcárias (CaCO3) e na forma iônica de carbonatos.

Ciclo do carbono (C)


Os átomos de carbono são incorporados pelos autótrofos como algas, cianobactérias e plantas por meio da fotossíntese, que absorve gás carbônico da
atmosfera para produzir glicose com a qual podem então produzir as outras substâncias orgânicas de seus organismos.

Os animais obtêm carbono por meio da alimentação.

Tanto animais quanto vegetais e algas produzem gás carbônico na respiração celular, o que é então liberado para o meio externo.

Fungos e bactérias decompositores também utilizam carbono obtido na alimentação, durante a decomposição, para a construção de suas células, mas
liberam a maior parte dele como gás carbônico porque também realizam respiração celular.

Parte da matéria orgânica dos organismos não foi totalmente decomposta, sendo transformada, ao longo de milhões de anos, em petróleo, gás e carvão
mineral em depósitos muito profundos. Porem, com sua intensa utilização como fonte de energia, houve a elevação da concentração de gás carbônico na atmosfera
de 0,029%, há cem anos, para 0,04% atualmente, o que corresponde a um aumento de 40%.

A queima das árvores também contribuiu para esse aumento, tornando-se necessária a recuperação das áreas nativas para que, com o crescimento de novas
árvores, grande parte do gás carbônico fosse absorvida da atmosfera pela fotossíntese e os átomos de carbono, incorporados, fenômeno chamado de sequestro de
carbono.

O sequestro de carbono é a fixação de carbono da atmosfera pelas plantas durante o seu desenvolvimento. Para essa finalidade, o reflorestamento é uma pratica que
deve ser estimulada.

Grande parte do gás carbônico liberado da queima de combustíveis fosseis até hoje foi absorvida pelos meios aquáticos, o que formou o ácido carbônico,
prejudicando assim a vida nesses ambientes. Os seres que têm exoesqueleto calcário, como corais, mariscos e caramujos, foram os mais prejudicados, pois o meio
ácido corrói o exoesqueleto.

Aquecimento global
O clima é controlado pela atmosfera
A influência do calor que vem do interior da Terra sobre as temperaturas que encontramos na superfície é pequena quando comparada à do Sol.

A radiação solar aquece a superfície, e esta emite ondas de calor – radiação infravermelha –, que são, em boa parte, absorvidas por gases da atmosfera e pelo
vapor de água. Os gases da atmosfera e o vapor de água emitem de volta para a superfície grande parte desse calor, enquanto outra segue para o Espaço sideral.

Pelo fato de o vapor de água, e principalmente o gás carbônico, e depois o metano (CH 4) e o óxido nitroso (N2O) emitirem de volta o calor para a superfície
terrestre, essas substâncias são consideradas geradoras do efeito estufa, uma vez que atuam como o vidro de uma estufa de plantas, que também mantém o calor
dentro dela.

Em razão dos gases estufa, as temperaturas de nosso planeta têm sido favoráveis à vida. Caso não existissem esses gases, como o gás carbônico e o metano,
teríamos um planeta muito frio.

As nuvens dificultam a passagem de luz solar para a superfície terrestre, e as poeiras, mais o óxido de enxofre (SO 2) emitido por vulcões e principalmente
pela queima de combustíveis fosseis, refletem a luz solar de volta para o espaço, agindo assim na direção contraria dos gases estufa, chamado por alguns cientistas
de efeito guarda-sol.

A interferência humana
As atividades humanas foram responsáveis pelas alterações drásticas da composição da atmosfera terrestre nos últimos séculos. Os estudos permitiram, por
exemplo, determinar variações da concentração de gases estufa do passado, especialmente a partir da Revolução Industrial. Desde o inicio dessa revolução,
investigadores franceses detectaram um aumento de 25% na concentração de CO 2 e de 100% na concentração de CH4.
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A liberação de CO2
A imensa quantidade de gás carbônico liberado pela queima de combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial é a responsável pelo acréscimo desse gás na
atmosfera. Outros fatores também colaboraram, como a queima de florestas, que tinham milhões de toneladas de carbono em seus organismos e matéria orgânica
do solo. Além disso, a ausência das florestas acarretou a queda da taxa de fotossíntese, processo responsável pela captação de gás carbônico da atmosfera.

A liberação de metano – CH4


A queima de florestas, de restos de agricultura e a decomposição anaeróbica liberam metano.

As bactérias decompositoras anaeróbias, bactérias fermentadoras, são bastante comuns nos solos das florestas, nas plantações de arroz de solos alagados, em
fundo de lagos e oceanos, lixões, aterros sanitários, esgoto e no tubo digestório dos animais.

As bactérias que liberam metano na verdade são as metanogênicas, que utilizam substâncias liberadas pelas bactérias fermentadoras. No entanto, é usual afirmar
que a decomposição anaeróbia libera metano.

Hoje, existem imensos depósitos de metano no fundo do mar e também na região do permafrost. Se a temperatura ambiente aumentar de modo significativo,
o metano dos dois ambientes poderá sair desses depósitos e chegar à atmosfera, causando um grave problema para toda a vida na Terra.

Ciclo do nitrogênio
Os átomos de nitrogênio participam da produção de aminoácidos, que compõem as proteínas e também das bases nitrogenadas, as quais fazem parte das
moléculas de DNA, RNA e ATP.

A maior parte desses átomos está nas moléculas do gás nitrogênio (N 2), que correspondem a 79% da atmosfera. Mas, embora seja muito abundante, raros são
os seres vivos que conseguem reagir com esse gás e produzir amônia (NH3), que é uma substância utilizada na produção de aminoácidos e bases nitrogenadas.

A produção de amônia (NH3), a partir do N 2, é um processo de fixação biológica realizado por bactérias, entre elas as cianobactérias, que utilizam a amônia
para produzir aminoácidos e bases nitrogenadas.

As bactérias fixadoras de nitrogênio são encontradas livremente no solo, mas também existem espécies que vivem dentro das raízes de plantas leguminosas,
como a soja, o feijão e o amendoim.

A amônia no solo pode ser absorvida por bactérias que a utilizam no metabolismo e liberam para o ambiente nitrito (NO 2-), que é absorvido por outras
bactérias produtoras de nitrato (NO3-). Esse processo todo é chamado de nitrificação.

O nitrato (NO3-) liberado no solo é utilizado por algumas bactérias, que acabam liberando N2 para a atmosfera, em um processo chamado de desnitrificação ou
denitrificação, fechando assim o ciclo.

A fixação biológica produz 170 milhões de toneladas de amônia anualmente em todo o planeta

A nitrificação é feita em duas etapas por espécies diferentes de bactérias.

O nitrito e o nitrato são produzidos por bactérias realizadoras de quimiossíntese.

Outra maneira de produção natural de amônia acontece na atmosfera, com a combinação de nitrogênio gasosos, oxigênio e descargas elétricas, processo
chamado de fixação atmosférica, ou fixação elétrica, que é responsável pela produção de 20 milhões de toneladas anuais de nitrato por toda a Terra.

Adubação verde
A produção de nitrato pela indústria tem um custo muito alto, o que encarece a produção de alimentos. Visando reduzir esses custos, ou até mesmo como
medida para a regeneração de solos degradados, emprega-se o plantio de leguminosas, coo feijão, soja e amendoim, pois essas plantas abrigam bactérias fixadoras
de nitrogênio em suas raízes.

As bactérias fixadoras das raízes absorvem o gás nitrogênio do ar, que entra no solo por entre os grãos de terra, e produzem amônia. Que é fornecida às
plantas, que, por sua vez, fornecem alimento orgânico, açúcar, às bactérias.

Essa associação com bactérias proporciona às leguminosas uma grande vantagem nutritiva e explica por que elas possuem elevado valor proteico.

Após a colheita dos grãos, as plantas morrem e permanecem no solo. Forma-se então a palhada, que sofre decomposição, um processo liberador de amônia
para o solo, onde vivem bactérias nitrificantes que a utilizam para a produção de nitrato, um dos mais importantes nutrientes minerais dos vegetais.

Dessa maneira, o solo fica mais rico em nitrato, o que favorece o desenvolvimento de outras culturas que não são leguminosas, como a da cana-de-açúcar, do
milho, do trigo e das hortaliças.

Plantas carnívoras
Plantas carnívoras crescem em solos com pouco nitrogênio, onde as bactérias fixadoras e nitrificantes não encontram condições favoráveis ao
desenvolvimento, como solos lamacentos ou muito rasos. Elas digerem insetos em suas folhas e, assim, obtêm compostos nitrogenados como aminoácidos e bases
nitrogenadas para produzir proteínas, ácidos nucleicos e ATP.

Eutrofização
Eutrofização é o processo no qual os ambientes aquáticos recebem muitos nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênios, que favorecem a reprodução
excessiva do fitoplâncton.
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Em consequência do grande crescimento das populações de algas e cianobactérias, a luz atinge somente as camadas superiores desses ambientes. Isso acaba
levando à morte grande parte do fitoplâncton por falta de fotossíntese e, consequentemente, à queda da concentração de oxigênio dissolvido na água, e os seres
aeróbios, como os peixes, morrem.

Outro fator que contribui para a queda dos níveis de oxigênio é a ação das bactérias aeróbias, que consomem os restos orgânicos de algas, animais mortos e,
nos ambientes poluídos, do esgoto orgânico também.

Na falta de oxigênio e com a presença de restos orgânicos na água, as bactérias anaeróbias se proliferam e acabam liberando gás sulfídrico, que causa intenso
mau cheiro.

Além disso, os processos anaeróbios produzem substâncias utilizadas pelas bactérias metanogênicas, que acabam produzindo grandes quantidades de metano,
que é um dos gases responsáveis pelo agravamento do aquecimento global.

Zonas mortas oceânicas


A eutrofização também acontece no mar, quando grandes quantidades de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, escoam para os rios e depois para o oceano,
provocando a proliferação do fitoplâncton (florações de algas), geralmente durante o verão. As algas que morrem são decompostas por bactérias que esgotam o
oxigênio na água.

Sem ter como respirar, ostras, mexilhões, corais, estrelas-do-mar e outros animais marinhos que não conseguem se deslocar morrem. Essa situação vai
perdurar até que as fontes dos nutrientes, como o esgoto, sejam interrompidas e os ecossistemas se recuperem.

Maré vermelha
A maré vermelha é um fenômeno no qual as microalgas dinoflageladas se reproduzem exageradamente em razão da presença de grandes quantidades de
nutrientes inorgânicos no ambiente aquático. Embora o nome seja maré vermelha, algumas espécies são amarelas.

A proliferação de algas é conhecida como “floração das águas”.

O aumento da presença de nutrientes pode ser uma consequência de fatores naturais, como, após as chuvas, a chegada de sais minerais com a água dos rios
que desembocam no mar. No entanto, esse aumento também pode ocorrer por causa da decomposição do esgoto.

A quantidade de microalgas é tão grande que as brânquias dos peixes são prejudicadas, o que os leva à morte por falta da oxigenação adequada do sangue.
Além disso, a passagem de luz é prejudicada, afetando assim outras espécies de algas, que reduzem sua taxa fotossintética e acabam liberando menos oxigênio no
meio aquático.

Os dinoflagelados também podem produzir algumas toxinas que matam peixes e outros organismos marinhos.

Moluscos como as ostras são filtradores, isto é, eles se alimentam de seres muito pequenos, como as microalgas, e podem intoxicar os animais que deles se
alimentam, como o próprio ser humano. Daí o motivo de o consumo de ostras ser proibido quando ocorre a maré vermelha.

Em razão de sua ação neurotóxica, essas toxinas podem causar vômitos, diarreia, calafrios, dormência dos membros, descontrole da musculatura, tonturas,
dificuldade para respirar e paralisia, podendo ser até fatais para as pessoas.

Evite a praia: as toxinas podem ser levadas para o ar através dos respingos das ondas e do vento, causando ardor e secura nos olhos, tosse, irritações na pele e
dificuldade de respirar. Esses sintomas desaparecem em poucos dias e não são perigosos.

Dinâmica de comunidades e de populações


Poluição
Vírus
O que são os vírus?
Os vírus são acelulares, ou seja, não apresentam estrutura celular nem metabolismo próprio. Eles são parasitas intracelulares obrigatórios e não têm
capacidade de reprodução fora das células. São encontrados em todos os reinos e domínios, parasitando bactérias, arqueas, fungos, algas, protozoários, animais e
vegetais.

Os vírus são estruturas vivas? Esta questão causa debate há décadas. Por um lado, os vírus não têm metabolismo nem capacidade de reprodução autônoma,
características obrigatórias dos seres vivos. Por outro lado, eles controlam a atividade da célula hospedeira, se reproduzem nela e sofrem mutações, características
também associadas à vida. Definir a vida é algo complexo e difícil, os vírus podem ser considerados uma transição entre as estruturas não vivas e as vivas.

Há vírus específicos para cada um dos reinos; os que atacam bactérias não atuam em arqueas, os vírus que parasitam vegetais não atacam animais. De modo
geral, ao se reproduzirem, eles provocam a destruição da célula hospedeira, liberando novos vírus para atacar outras células.

A estrutura dos vírus


Os vírus têm uma estrutura muito simples, formada por moléculas de ácidos nucleicos, que podem ser DNA ou RNA, evolvidos por uma capsula proteica, o
capsídeo. Nenhum vírus apresenta os dois ácidos nucleicos no interior do capsídeo. Muitos vírus de animais são revestidos por um envelope de membrana
lipoproteica, obtido a partir da célula na qual o vírus foi formado. A partícula viral completa, fora da célula hospedeira, é denominada vírion, representando a
forma infectante que ataca as células.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
A maioria dos vírus é muito pequena, com diâmetro entre 20 e 200 nanomeros, mas existem alguns vírus “gigantes” com mais de 300 nm. Para comparar,
bactérias medem entre 400 e 1 000 nm e hemácias humanas têm 7 000 nm de diâmetro.

O genoma dos vírus pode apresentar de 6 a 120 genes, ao passo que o menor genoma bacteriano apresenta 490 genes e o genoma humano, 27 mil. O tamanho
do genoma viral mostra a otimização dos seus genes para a ação parasitaria, ao mesmo tempo que revela a dependência dos genes da célula hospedeira para as
demais atividades do vírus.

O mecanismo de ação viral


Todos os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e apresentam mecanismos de ação semelhantes. Os vírus geralmente são específicos para
determinada célula hospedeira. Essa identificação é estabelecida pela presença dos receptores de membrana, proteínas nas quais o vírus se liga e que permitem a
penetração dele na célula. Assim, cada tipo de vírus reconhece certos receptores, aos quais se associa para poder entrar na célula.

Os vírus entram na célula hospedeira de três modos: por injeção do seu material genético, fundindo-se à membrana celular ou englobados por endocitose.

No interior da célula, os vírus utilizam estruturas e materiais celulares para formar seu material genético e novas proteínas virais, produzindo novos vírus, que
serão liberados pela célula hospedeira. Esse processo geralmente acarreta a morte da célula parasitada. Para examinar esse mecanismo, é preciso estudar a ação dos
vírus bacteriófagos.

Reino Monera
Bactérias: diversidade biológica
Reino Fungi
Algas
Protozoários e protozoonoses
A primeira lei de Mendel
Grupos sanguíneos
Cromossomos sexuais e a herança de seus genes
A segunda lei de Mendel
Linkage e mapas genéticos
Genética de populações
Introdução
A Genética de populações estuda os princípios genéticos aplicados a populações inteiras de seres vivos. Por meio de modelos matemáticos, ela analisa os
fatores associados às mudanças evolutivas que ocorrem nas espécies ao longo do tempo.

As aplicações práticas da Genética de populações incluem o aconselhamento genético de pacientes com alterações hereditárias; a interpretação de
levantamentos populacionais de portadores de genes de doenças como diabete, esquizofrenia e vários tipos de câncer; estudos para aumentar o desempenho de
plantas cultivadas e animais domesticados; análise de genes e genomas de espécies diferentes para estabelecer relações evolutivas.

Para atingir seus objetivos, a Genética de populações estuda o comportamento dos genes nas populações naturais, investigando a ação dos mecanismos que
alteram a composição genética das populações. Esses mecanismos são denominados fatores evolutivos.

Fatores evolutivos
O processo evolutivo decorre da descendência com modificações que ocorre em todas as espécies, ao longo do tempo. As espécies transmitem seus genes de
uma geração para outra; as modificações evolutivas são decorrentes de alterações nas frequências gênicas.

Os mecanismos que provocam mudanças na frequência dos alelos de uma população são denominados fatores evolutivos e incluem mutações, seleção natural,
fluxo gênico provocado por migrações e a deriva genética.
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Mutações
As mutações são modificações espontâneas do material genético, que podem alterar os genes e introduzir novas variantes genéticas na população. A mutação
é a base primaria da variabilidade, ao aumentar o número de alelos disponíveis. Isso, associado à recombinação genética da meiose, possibilita um incremento da
variabilidade.

Seleção natural
Enquanto mutação e recombinação são fontes de variação, a seleção natural é um mecanismo que age sobre as variações já existentes. A seleção natural é o
conjunto de situações do meio que atuam sobre a populações, visando o processo de adaptação da população.

Um exemplo da ação da seleção natural é o melanismo industrial. A diferente ação da seleção sobre as mariposas, em ambientes rurais sem poluição do ar e
ambientes urbanos poluídos, altera a frequência dos alelos relacionados com a coloração das asas.

Fluxo gênico (migrações)


As migrações de indivíduos entre diferentes populações provocam um fluxo gênico, que pode alterar a frequência genotípica pela transferência de alelos entre
as populações. A imigração pode aumentar o conjunto de alelos de uma população, enquanto a emigração pode reduzi-lo.

Deriva genética
A deriva ou oscilação genética (genetic drift) corresponde a alterações da frequência alélica em virtude de eventos casuais. A deriva ocorre em todas as
populações, mas seus efeitos são muito mais intensos em populações pequenas e isoladas, como aquelas que vivem em ilhas.

Em populações grandes, pode ocorrer a deriva genética quando apenas um pequeno número de indivíduos se reproduz a cada geração. A frequência alélica
desses indivíduos em conjunto pode ser diferente da população total, de modo que a frequência alélica na nova geração pode divergir da população inicial. Um
exemplo é o que ocorre com populações de elefantes-marinhos, nas quais um número muito reduzido de machos é responsável pela fertilização de todas as fêmeas.

Equilíbrio de Hardy-Weinberg
Em 1908, o matemático inglês G. H. Hardy e o médico alemão W. Weinberg publicaram trabalhos semelhantes de forma independente, que são considerados
o início dos estudos de genética de populações.

Hardy e Weinberg propuseram que, na ausência de fatores evolutivos, a frequência de alelos e genótipos de uma população que se reproduz sexualmente
permanece em equilíbrio, ficando constante e invariável de uma geração para outra. As condições para estabelecer o equilíbrio são:

 População grande;
 Cruzamentos ao acaso (panmixia);
 Sem a ocorrência de mutações, seleção, fluxo gênico ou deriva.

Uma população em equilíbrio de Hardy-Weinberg não altera suas frequências alélicas de uma geração para outra e, assim, não está evoluindo. É claro que
isso é uma situação teórica, que não ocorre na natureza. Entretanto, a evolução é um processo muito lento, que ocorre ao longo de milhares de anos.

Podemos medir, por amostragem, a frequência alélica de uma população para determinada característica hereditária e admitir que, no momento da coleta de
daos, a população estava em equilíbrio. Se medidas posteriores da frequência alélica, coletadas do mesmo modo, mostrarem dados diferentes da coleta inicial,
podemos admitir que essa população está sob a ação de fatores evolutivos.

Desse modo, a análise do equilíbrio de Hardy- Weinberg é uma ferramenta importante no estudo dos mecanismos evolutivos.

Cálculo da frequência alélica


Considerando um par de alelos autossômicos A e a, vamos estabelecer a frequência do alelo A como um valor p e a frequência do alelo a como um valor q.

F(A) = P F(a) = q

A soma das frequências de A e a representa 100% desses alelos na população. Assim, temos:

p+q=1

Mas esses dados não podem ser obtidos pelo estudo direto da população, pois não podemos ver os alelos no interior das células. Observamos os fenótipos
(dominante ou recessivo) e daí depreendemos os genótipos (A_ ou aa). Assim, devemos calcular a frequência dos genótipos na população.

Cálculo da frequência de genótipos


Vamos admitir uma população sexuada em equilíbrio, na qual as frequências dos alelos A (p) e a (q) são iguais em machos e em fêmeas. Considerando
cruzamentos ao acaso, a chance de um zigoto ser formado por um óvulo A (p) e por um espermatozoide A (p) é igual a p X p = p ². a chance de ocorrer um
encontro entre um óvulo a (q) e um espermatozoide a (q) é igual a q X q = q ². A chance de formar um genótipo Aa depende de dois eventos diferentes: o encontro
de um óvulo A (p) com um espermatozoide a (q), com p X q = pq, ou o encontro de um óculo a (q) com um espermatozoide A (p), com p X q = pq.

Desse modo, temos o cálculo da frequência de genótipos assim estabelecido:

F (AA) = p² F (Aa) = 2pq F (aa) = q²

Isso corresponde à expansão do binômio de Newton  (p + q = 1)² ou p² + 2pq + q² = 1.


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Examinando a população em relação aos alelos A e a estudados, a observação dos indivíduos dominantes não é suficiente para determinar a frequência do
alelo A; não podemos distinguir o homozigoto AA do heterozigoto Aa, pois têm o mesmo fenótipo.

Mas a contagem dos indivíduos recessivos (aa) é útil, porque fornece o valor de q². o valor de q é √ q ² , e a partir dele determinamos o valor de p, pois p + q
= 1.

Noções de taxonomia e nomenclatura


A classificação biológica é um sistema usado para organizar todas as formas de vida existentes no planeta, tanto macroscópicas (visíveis a olho nu) como
microscópicas (visíveis apenas ao microscópio)

Taxonomia e classificação biológica


No nosso planeta, há uma infinidade de formas de vida já conhecidas e classificadas pelos cientistas. No entanto, estima-se que a quantidade de espécies não
descobertas seja ainda maior do que a de espécies conhecidas.

Para facilitar o estudo dessa enorme diversidade de seres vivos, a Biologia utiliza um método de agrupamento ( sistemática ou taxonomia) e nomenclatura
(classificação biológica). Assim, os organismos são agrupados de acordo com suas semelhanças morfológicas, anatômicas e genéticas, possibilitando maior
compreensão de sua origem evolutiva e de seus graus de parentesco.

A unidade dessa classificação é a espécie. Há diferentes maneiras de definir espécie, mas, por conveniência didática, utilizaremos a definição que leva em
conta a possibilidade reprodutiva entre os seus componentes.

Desse modo, espécie é um conjunto de organismos que podem se intercruzar livremente e gerar descendentes férteis.

Em 1735, o botânico sueco Carl von Linné (Lineu, 1707-1778) publicou o livro Systema Naturae, no qual propôs o agrupamento das espécies em categorias,
hoje chamadas de táxons, que apresentavam uma hierarquia. Os vários tipos de seres vivos eram divididos em dois grandes reinos: o Reino animal e o Reino
vegetal, que continham grupos cada vez menores até chegar à espécie, ou seja, um reino era formado por um conjunto de classes, cada classe era constituída de um
conjunto de ordens, que por sua vez eram conjuntos de gêneros, que reuniam um conjunto de espécies. Além disso, cada espécie recebia um nome em latim,
seguindo critérios bem definidos.

Nessa classificação, o critério para formar as várias categorias eram as semelhanças anatômicas, pois as espécies eram consideradas imutáveis, ou seja,
tinham as mesmas características desde o seu surgimento e assim permaneceriam sempre. Esse conceito de imutabilidade das espécies é chamado de fixismo.

Com a descoberta de milhares de novas formas de vida, muitas delas microscópicas e, principalmente, com o surgimento da Teoria da Evolução no século
XIX, houve uma mudança na compreensão das semelhanças entre as espécies e nos critérios de classificação dos seres vivos.

Hoje, as semelhanças utilizadas para o agrupamento das espécies incluem, além da anatomia, aspectos fisiológicos, embriológicos, bioquímicos e ecológicos,
que permitem estabelecer maior ou menor proximidade evolutiva entre os componentes das categorias taxonômicas ou táxons. Desse modo, os grupos formados
pela classificação biológica procuram refletir as origens evolutivas dos seres vivos.

O próprio sistema de classificação pode se tornar limitado, exigindo a criação de novas categorias taxonômicas para acomodar os seres vivos. Foi assim que
surgiram as categorias de filo e família, acrescentadas aos grupos iniciais criados por Lineu.

A classificação biológica é, portanto, um ramo em constante mudança, principalmente a partir da utilização das semelhanças bioquímicas (DNA, RNA e
proteínas) dos organismos como critério de classificação.

Observe a seguir a sequência das categorias taxonômicas:

Reino  Filo  Classe  Ordem  Família  Gênero  Espécie

Quanto maior o grau de semelhanças evolutivas entre diferentes espécies, maior é o número de categorias taxonômicas entre elas.

Critérios gerais de classificação


As características fundamentais dos seres vivos são utilizadas como critério geral para a classificação em reinos.

Tipo de célula
Os seres vivos podem ser formados por dois tipos básicos de células: procariótica e eucariótica.

A célula procariótica é formada basicamente pela membrana plasmática envolvendo o hialoplasma, os ribossomos e a cromatina. Portanto, a cromatina
encontra-se dispersa no hialoplasma, sem um núcleo organizado. Os organismos formados pelas células procarióticas são chamados de procariontes. Seus
representantes são as bactérias.

A célula eucariótica é mais complexa do que a procariótica porque apresenta vários tipos de compartimentos membranosos (organelas), sendo o núcleo
organizado o mais representativo.

Desse modo, a célula eucariótica tem como estrutura básica: membrana plasmática, citoplasma e núcleo. O núcleo contém a cromatina e é delimitado pela
membrana nuclear ou carioteca.

O citoplasma encontra-se entre a membrana plasmática e a membrana nuclear. Ele é constituído de hialoplasma e organelas dispersas em seu interior. Os
organismos formados por células eucarióticas são denominados eucariontes. Estão incluídos nesse grupo protozoários, algas, fungos, animais e vegetais.
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Número de células
Quanto ao número de células que apresentam, os seres vivos podem ser classificados em unicelulares ou pluricelulares. Os procariontes (bactérias) são
unicelulares e, além da membrana plasmática, geralmente apresentam um segundo envoltório celular chamado de membrana esquelética ou parede celular.

Os seres vivos constituídos de células eucarióticas podem ser unicelulares, como os protozoários ou pluricelulares, como os animais e vegetais. Fungos e
algas podem ser uni ou pluricelulares. Além da membrana plasmática, fungos, algas e vegetais possuem uma membrana esquelética ou parede celular, cuja
composição química varia de acordo com o tipo de organismo estudado.

Tecidos
Tecidos são conjuntos de células especializadas com forma e função semelhantes.

As algas e os fungos pluricelulares não têm o corpo organizado em tecidos, ou seja, suas células não apresentam diferenças significativas na forma
(morfológicas) e cada uma delas realiza todas as funções básicas de sobrevivência.

Os animais e os vegetais são organismos pluricelulares cujo corpo tem maior grau de complexidade e suas células estão organizadas em conjuntos com
semelhanças morfológicas e funcionais (fisiológicas), formando os tecidos, que permitem uma divisão de trabalho entre as células e a possibilidade de elas se
organizarem em conjuntos de maior complexidade: formando órgãos e sistemas.

Nutrição
Quanto à nutrição, os seres vivos podem ser autótrofos ou heterótrofos.

Os seres autótrofos são capazes de produzir o próprio alimento orgânico a partir de substancias inorgânicas retiradas diretamente do meio ambiente. Esse
processo ocorre, principalmente, por meio da fotossíntese, realizada por plantas, algas e várias espécies de bactérias, como as cianobactérias.

Os heterótrofos são os seres vivos que não produzem o próprio alimento orgânico e precisam obtê-lo a partir de outros organismos, por meio da alimentação,
como ocorre nas cadeias alimentares. São heterótrofos os animais, os protozoários, os fungos e muitas espécies de bactérias.

Obtenção dos nutrientes pelos heterótrofos


Os heterótrofos podem obter alimento englobando partículas alimentares em um processo denominado fagocitose, ingerindo os alimentos ou por meio da
absorção direta. Em todos esses casos, o alimento deve ser digerido, ou seja, as moléculas orgânicas grandes devem ser quebradas em moléculas menores para que
possam ser absorvidas pelas membranas biológicas. Para isso, há participação das enzimas digestivas que atuam promovendo as reações de digestão.

A digestão pode ser intracelular ou extracelular intracorpórea ou extracorpórea.

Digestão intracelular: ocorre no interior dos vacúolos digestivos nos organismos que englobam o alimento (fagocitose). Nesses vacúolos ocorrem a digestão e a
absorção dos nutrientes. Esse tipo de digestão acontece, por exemplo, nos protozoários e nas esponjas.

Digestão extracelular e intracorpórea: ocorre na cavidade digestória ou tubo digestório. Em seguida, os nutrientes são encaminhados para as células do corpo.
Nesse caso, as células já recebem o alimento digerido. Esse tipo de digestão ocorre nos animais que possuem sistema digestório.

Digestão extracorpórea: o organismo libera enzimas digestivas no ambiente e o processo se dá totalmente fora do corpo. Uma vez digeridos, os nutrientes são
absorvidos pelo organismo. Esse tipo de digestão ocorre nos fungos.

Os reinos
Na época em que Lineu propôs seu sistema de classificação dos seres vivos, a ideia predominante é de que havia três reinos: Animal, Vegetal e Mineral. Com
o desenvolvimento do conhecimento das Ciências Naturais, houve a nítida distinção entre animais e plantas de um lado (seres vivos ou bióticos) e as formas
inanimadas da matéria (componentes não vivos ou abióticos).

A distinção dos seres vivos em dois reinos (Animal e Vegetal) se manteve por algum tempo. Eram considerados animais os organismos que se
movimentassem, fossem heterótrofos e crescessem até determinado tamanho, enquanto os vegetais seriam os seres que não se moviam, podiam crescer durante
toda a vida e produzissem o próprio alimento.

Portanto, os protozoários eram considerados animais e as bactérias, as algas e os fungos eram classificados como vegetais. Os fungos, embora heterótrofos,
eram mantidos no reino vegetal porque são fixos (sésseis) e suas células são dotadas de parede celular ou membrana esquelética.

No entanto, os fungos apresentam parede celular de quitina e não de celulose, como a encontrada nas células vegetais. O polissacarídeo de reserva dos fungos
é o glicogênio e o dos vegetais é o amido. Os fungos também são aclorofilados e sua nutrição, como já dito, é heterotrófica.

A fragilidade dessa classificação foi se tornando cada vez mais evidente: observou-se que alguns organismos unicelulares dotados de cloroplastos e, portanto,
autótrofos, na ausência de luz, englobavam e utilizavam partículas alimentares, passando a uma forma heterotrófica de nutrição. Como classificá-los? Em
autótrofos ou heterótrofos?

Problemas dessa natureza eram cada vez mais frequentes e levaram os biólogos a criar um terceiro reino, o Reino Protista.

O Reino Protista (ou Protoctista) englobava as bactérias, os protozoários, os fungos e as algas, ou seja, todos os organismos que não se enquadravam nas
condições previstas para os reinos Animal e Vegetal.

No século XX, a microscopia eletrônica revelou a existência das células procarióticas e, com isso, foi criado o Reino Monera, que passou a ser formado por
esses organismos procariontes. Mais recentemente, com a constatação de que, além de aclorofilados, o modo de nutrição dos fungos difere do dos demais
heterótrofos, houve a sugestão de que esses organismos fossem retirados do Reino Protista e colocados em um reino próprio, o Reino Fungi. Dessa maneira, os
seres vivos passaram a ser classificados em cinco reinos: Monera, Protista (Protoctista), Fungi, Animal (Animalia) e Vegetal (Plantae).
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Para que uma classificação seja eficiente, ela deve obedecer aos critérios estabelecidos para o agrupamento dos organismos. Assim, utilizando os critérios já
vistos, podemos estabelecer os reinos da seguinte maneira:

Reino Componentes Critérios usados para


classificação
Monera Bactérias Procariontes
Cianobactérias
Protista Algas Eucariontes unicelulares ou
Protozoários pluricelulares sem
organização em tecidos
Eucariontes
Cogumelos Uni ou pluricelulares sem
Fungi (Fungos) Orelhas-de-pau organização em tecidos
Leveduras Heterótrofos com digestão
exclusivamente extracorpórea
Plantae (Vegetal) Briófitas Eucariontes
Pteridófitas Pluricelulares com
Gimnospermas organização em tecidos
Angiospermas Autótrofos
Animalia (Animal( Poríferos Eucariontes
Cnidários Pluricelulares com
Platelmintos organização em tecidos
Nematelmintos Heterótrofos
Anelídeos
Moluscos
Artrópodes
Equinodermos
Cordados

Os domínios
Nos últimos anos, vários estudos, principalmente os de Genética, têm demonstrado que algumas bactérias, apesar de procariontes, apresentam maior
proximidade evolutiva com os eucariontes do que com as demais bactérias.

Essa proximidade evolutiva levou à proposta da criação de uma nova categoria taxonômica acima de reino: o domínio. Sendo assim, o Reino Monera foi
dividido em dois domínios (Bacteria e Arquea), enquanto todos os eucariontes passaram a integrar um único domínio: o Eukarya.

Portanto, o Dominio Bacteria é formado pelo conjunto das eubactérias (bactérias verdadeiras), atualmente chamadas simplesmente de bactérias. O Dominio
Arquea é constituído de procariontes capazes de viver em condições extremas de temperatura, salinidade e pH, as arqueobactérias, ou apenas arqueas. O Dominio
Eukarya engloba todos os eucariontes, protozoários, fungos, algas, animais e vegetais.

Os vírus são seres acelulares (sem célula) e não são incluídos nos cinco reinos nem na classificação com três domínios, tendo uma classificação própria.

Nomenclatura biológica
A nomenclatura biológica corresponde ao sistema universal que nomeia as categorias taxonômicas, ou táxons, de acordo com regras bem definidas e
estabelecidas pela comunidade cientifica.

Na literatura cientifica, as espécies são designadas por dois nomes que correspondem ao gênero (1 ° nome) e ao epiteto especifico (2° nome), Esses nomes
devem ser escritos em latim e destacados do texto (itálico, sublinhado ou negrito). O gênero tem a inicial grafada em letra maiúscula e o epiteto especifico, em
letra minúscula. Exemplos: Canis lúpus (lobo), Felis catus (gato), Zea mais (milho) e Araucaria angustifólia (pinheiro-do-paraná).

As demais categorias taxonômicas (reino, filo, classe, ordem, família) devem ser escritas em latim, com a inicial maiúscula e sem destaque. Exemplos:
Felidae (família dos felinos), Fabales (ordem do feijão, soja, ervilha), Mammalia (classe dos mamíferos), Mollusca (filo dos moluscos) e Plantae (reino vegetal ou
reino das plantas).

Na zoologia, o nome das famílias tem sufixo -idae, e, na botânica, o sufixo -aceae. Exemplos: Canidae (cães) e Palmaceae (palmeiras).

O uso de “sp.” após o nome do gênero designa uma espécie qualquer desse gênero. Exemplo: Anopheles sp. indica uma espécie qualquer do gênero
Anopheles. O sufixo sp. é escrito em letra minúscula e sem destaque no texto.

Existe ainda a possibilidade de os cientistas criarem categorias taxonômicas intermediarias, como subfilos, subgêneros, subespécies, conforme necessário.

Quanto à nomenclatura, nos casos em que há subespécie, o nome da subespécie deve vir após o epíteto especifico, com inicial em letra minúscula. Exemplo:
Homo sapiens sapiens (Homo = gênero; sapiens = epíteto especifico; sapiens = subespécie).

Poríferos e cnidários
Poríferos
As esponjas são os representantes do filo Porifera. O nome do grupo vem do latim e faz referencia ao fato de apresentarem uma enorme quantidade de poros
na superfície de seu corpo. São conhecidas mais de 15 mil espécies desses animais, marinhos em sua maioria, havendo apenas cerca de 150 especies de água doce
(dulsícolas)
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Vermes e verminoses
Moluscos e equinodermos
Artrópodes
Cordados I: características, protocordados e peixes
Classificação dos cordados
O filo dos cordados (do latim, Chordata, chorda, corda) inclui animais que apresentam, em pelo menos uma fase do seu

Cordados II: tetrápodes


Tegumento
Tegumento ou revestimento corporal
O tegumento é o revestimento externo do corpo, uma cobertura de proteção que separa o meio externo do meio interno dos organismos.

Dependendo da espécie e do ambiente onde ela vive, o tegumento pode exercer outras funções, como:

 Proteger contra perda ou ganho excessivo de água;


 Proteger contra agressões físicas de várias naturezas (mecânicas, como perfurações, atrito; térmicas, luminosas e outros tipos de radiação; elétricas,
etc.);
 Regular passiva ou ativamente a entrada e a saída de substâncias (trocas gasosas, excreção, transpiração, osmose);
 Secretar substâncias (muco, suor, gorduras, venenos, substâncias de atração sexual, repelentes ou urticantes, queratina nos vertebrados, quitina nos
artrópodes, nácar nos moluscos, etc.);
 Participar da regulação térmica nas aves e nos mamíferos com mecanismos de arrefecimento ou retenção de calor;
 Atuar como barreira contra a penetração de microrganismos;
 Servir de sustentação e apoio para a musculatura como nos artrópodes, moluscos e quelônios;
 Produzir estruturas anexas com funções variadas (pelos, penas, garras, unhas, etc.) e outras funções.

Tipos de tegumento
Os protozoários em geral têm apenas a membrana plasmática como revestimento, mas alguns, como o paramécio, apresentam uma película de proteção que
corresponde à camada mais externa e densa do citoplasma, que também mantém a forma do protozoário e à qual se prendem os cílios e outras organelas.

Na maioria dos invertebrados, o principal revestimento é a epiderme, que, nesses animais, corresponde a uma única camada de células. Em alguns deles, há
uma cutícula acelular sobre essa camada de revestimento, o que constitui uma proteção adicional, como ocorre nos nematelmintos e nos anelídeos.

Entre os invertebrados, o tegumento mais complexo é o dos artrópodes. Ele é formado por uma epiderme simples que secreta uma cutícula cuja composição
principal é a quitina, um polissacarídeo nitrogenado que, associado a proteínas e a lipídios, proporciona não apenas proteção, mas também suporte esquelético para
sustentação e inserção de apêndices articulados e músculos.

Pele: tegumento dos vertebrados


Glândulas
Penas e pelos
Escamas
Bicos córneos, cornos e outros anexos

Locomoção
Fisiologia da digestão
Alimentação e nutrição
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Alimentação e nutrição são termos que causam alguma confusão. Quando nos alimentamos estamos nos nutrindo? É possível nos alimentarmos sem nos
nutrirmos?

Para responder a essas perguntas, precisamos definir alguns termos:

Nutriente é toda substância utilizada no crescimento, na manutenção ou no reparo do organismo, como proteínas, carboidratos, lipídios, ácidos
nucleicos, vitaminas e minerais.
Alimentação é o ato de consumir alimentos (comer), independentemente das substâncias químicas neles presentes.

Assim, podemos concluir que, sempre que nos alimentamos, estamos também nos nutrindo. As plantas se nutrem ao absorverem substâncias químicas (sais
minerais) do solo, mas não se alimentam, já que não comem.

Os nutrientes encontrados nos alimentos podem ser classificados como macronutrientes e micronutrientes carboidratos, lipídios e proteínas são
macronutrientes, pois são necessários em maiores quantidades diárias; já vitaminas e minerais, necessários em quantidades diárias bem menores, são os
micronutrientes.

A energia presente nos alimentos é medida em calorias. Essa informação pode ser encontrada em tabelas nutricionais ou nos rótulos de embalagens. O calculo
é realizado levando em consideração que 1g de carboidrato ou de proteína gera 4 kcal (quilocaloria) e 1g de gordura gera 9 kcal. A energia (caloria) contida nos
alimentos é usada pelo organismo na obtenção de energia necessária para a realização de inúmeras tarefas, como as reações químicas que ocorrem dentro das
células e a capacidade de falar, se movimentar, piscar os olhos, etc.

Atividades físicas regulares aumentam o gasto energético do corpo. Consequentemente, o sedentarismo faz com que esse gasto seja menor. Quando o
consumo de calorias é superior ao gasto energético, o excedente calórico é armazenado na forma de gordura. Assim, para uma vida mais saudável, é importante
balancear a quantidade de calorias ingeridas diariamente com o gasto energético do corpo. Por isso, atletas, necessariamente, precisam de mais energia no seu dia.

As dietas para emagrecimento em geral são baseadas em um circuito simples: consumir menos alimentos (menos calorias), obrigando o corpo a completar a
energia necessária diária usando suas reservas energéticas (gorduras). A pratica de atividade física estimula o corpo a buscar ainda mais energia, o que faz
aumentar o consumo de gordura armazenada. O ideal é que os programas de emagrecimento sejam acompanhados por profissionais da saúde, como médicos,
nutricionistas e professores de educação física.

Uma alimentação equilibrada deve ser composta de alimentos que forneçam todos os tipos de nutrientes, orgânicos e minerais, e ter como base principalmente
vegetais frescos, grãos e pouca ingestão de gordura animal. O consumo de alimentos industrializados que contêm muito sódio e alta concentração de açúcares,
como salgadinhos e refrigerantes, também deve ser evitado.

Convém ressaltar a importância das fibras para a saúde do sistema digestório. As fibras são carboidratos obtidos dos vegetais, que não são digeridos no trato
digestório humano. São exemplos de fibras: a celulose, a hemicelulose, as pectinas, as mucilagens, entre outros. O consumo dessas substâncias diminui a absorção
de colesterol e outros lipídios, reduz a glicemia, diminui as chances de desenvolvimento de tumores intestinais, entre outros benefícios.

Digestão
Muitas das substâncias químicas presentes nos alimentos são encontradas na forma de moléculas grandes, incapazes de atravessar a membrana plasmática das
células. O processo de digestão é fundamental para que as substâncias adentrem as células, que, ao receberem a matéria-prima necessária, conseguem construir sua
estrutura, obter energia, realizar reações químicas, etc.

A digestão ocorre através de hidrólise, processo geralmente acelerado (catalisado) pelas enzimas.

Nem todo organismo apresenta um sistema digestório complexo, como o do ser humano. As amebas, por exemplo, são seres vivos unicelulares que também
precisam obter e digerir moléculas grandes encontradas no ambiente. Podemos concluir que o processo de quebra de moléculas deve ser realizado por todos os
seres vivos heterótrofos, independentemente de seu tamanho ou complexidade corporal.

Tipos de digestão
A digestão pode ser intracelular, quando ocorre no interior das células, ou extracelular, quando ocorre fora das células, em uma cavidade digestória.

Digestão intracelular: ocorre nos protozoários, poríferos, cnidários e muitos platelmintos, em geral, sob a ação das enzimas lisossômicas.
Digestão extracelular: os primeiros animais a apresentar uma cavidade digestória foram os cnidários.

Quanto ao tipo de cavidade digestória na qual a digestão extracelular ocorre, podemos classificar o tubo digestório como incompleto ou completo. Tubo
digestório incompleto é o que possui apenas uma abertura, a boca, sendo encontrado nos cnidários e nos platelmintos. O tubo digestório completo, com boca e
ânus, está presente nos nematelmintos, anelídeos, moluscos, artrópodes, equinodermos e cordados.

O tubo digestório completo trouxe a vantagem de propagar o alimento em um só sentido, além de ocorrerem especializações dos órgãos desses sistemas,
aumentando a capacidade de digerir e de absorver os nutrientes.

A digestão extracelular pode ocorrer também fora do corpo do organismo (digestão extracorpórea), como nos fungos e nas aranhas.

Ao inocular veneno em suas presas, as aranhas também injetam enzimas digestivas que liquefazem os tecidos do animal. Após a ingestão, as moléculas
grandes ainda presentes nesse liquido são digeridas no interior do tubo digestório.

A transformação dos nutrientes


O principal papel da digestão é transformar as moléculas grandes (macromoléculas, como proteínas, carboidratos, polissacarídeos, ácidos nucleicos, lipídios,
triglicerídeos, etc.) dos alimentos em moléculas menores, que possam ser absorvidas pelo corpo e chegar até as celular. Sais minerais e vitaminas normalmente são
absorvidos pelo corpo sem sofrer transformações.

A digestão ocorre por reações de hidrólise. Para que a velocidade da digestão seja compatível com o ritmo da utilização dos nutrientes pelos seres vivos, ela
deve ser acelerada. Essa tarefa cabe às enzimas, que são proteínas catalisadoras especificas para cada substrato.
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As enzimas participam tanto das reações de hidrólise das macromoléculas quanto da quebra de moléculas menores.

Sistema digestório humano


O sistema digestório humano é formado pelos seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, estomago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Juntos, esses
órgãos tem cerca de 5 a 7 metros de comprimento. Os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas são considerados órgãos
digestórios acessórios. A seguir, vamos conhecer as principais funções de cada um deles.

Boca e esôfago
É na boca que a digestão se inicia. há dois tipos de digestão nesse local: a mecânica e a química. A digestão mecânica consiste na trituração do alimentos
realizada pelos dentes no processo de mastigação, durante o qual o alimento é movimentado pela língua e misturado com saliva. A saliva possui uma enzima
digestiva que age quebrando quimicamente as moléculas: é o início da digestão química.

A saliva é o suco digestivo liberado na boca pelas glândulas salivares, processo conhecido por insalivação. Essas glândulas estão dispostas aos pares.

A enzima encontrada na saliva é a amilase salivar (ou ptialina) que catalisa a hidrólise do amido. Seu pH ótimo de atuação é 7,0 (neutro), muito próximo do
encontrado na boca.

Uma vez triturados e umedecidos, os alimentos são deglutidos (engolidos). Na fase voluntaria do processo, a língua empurra o alimento para trás e para cima,
em direção ao palato (céu da boca). O bolo alimentar passa para a faringe e ocorre a fase involuntária da deglutição, quando a respiração é temporariamente
interrompida para que o alimento passe para o esôfago, um tubo de paredes musculares que leva o bolo alimentar ao estomago por meio de movimentos de
contração denominados movimentos peristálticos ou peristaltismo. Esse movimento impulsiona o bolo alimentar ao longo de todo o tubo digestório até a
eliminação das fezes.

Estômago
Chegando ao estômago, o bolo alimentar é misturado ao suco gástrico, em um processo conhecido por quimificação, e passa a ser chamado de quimo.

O estômago é a porção mais larga do tubo digestório. O alimento ingerido durante uma refeição é armazenado nesse órgão. Quando nos alimentamos, a
sensação de saciedade é dada por alguns fatores. O mais perceptível é o aumento do volume do estômago. Uma vez cheio, ele libera aos poucos pequenas porções
do quimo para o duodeno (intestino delgado).

O suco gástrico é produzido por células da parede do estomago e é composto de pepsinogênio (forma inativa da pepsina), secretado pelas células principais, e
de ácido clorídrico, secretado pelas células parietais. Um terceiro tipo de célula encontrado na parede desse órgão é a célula mucosa, que secreta muco protetor
para evitar o contato do suco gástrico com a própria parede estomacal.

O ácido clorídrico tem um papel importante na ativação do pepsinogênio, isto é, na sua transformação em pepsina, uma enzima ativa (protease). Ele também
matém o pH ácido, por volta de 2,0, ideal para a ação enzimática e inadequado para a sobrevivência e proliferação de microrganismos ingeridos com o alimento.

O estômago não é o local de maior absorção das substâncias obtidas dos alimentos. No entanto, a água, os sais minerais, alguns medicamentos e o álcool são
absorvidos pelas paredes desse órgão.

Intestino delgado
O intestino delgado é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. O duodeno é a sua primeira porção e é onde ocorre a maior parte da digestão. No jejuno
e no íleo, a digestão é menos intensa, mas eles são responsáveis por praticamente 90% do que absorvemos no processo digestivo. Quando o bolo alimentar chega
ao duodeno, ocorre a quilificação, processo que transforma o quimo ácido, proveniente do estômago, no quilo alcalino. Isso ocorre pela ação conjunta do
bicarbonato de sódio (NaHCO3), proveniente do suco pancreático, e dos sais biliares, provenientes do fígado, provocando a rápida alcalinização do bolo alimentar.
O pH fica por volta de 8,0 (alcalino), ideal para a ação das enzimas que agem nesse órgão.

O duodeno recebe três sucos digestivos: suco pancreático proveniente do pâncreas, bile proveniente do fígado e da vesícula biliar, e suco entérico produzido
por células da parede do próprio duodeno.

Suco pancreático
Além de bicarbonato de sódio (NaHCO 3) que alcaliniza o quimo, o suco pancreático possui várias enzimas digestivas importantes: amilase pancreática,
tripsina (protease), lipase pancreática e nucleases. Todas elas têm boa atividade no pH 8,0, típico do intestino.

Bile
A bile ou suco biliar não contém enzimas digestivas, mas sim sais biliares (sais orgânicos) que alcalinizam o pH no duodeno e emulsificam as gorduras. A bile
é produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar, de onde é lançada para o duodeno. A bile realiza digestão mecânica, pois a emulsificação não causa
transformação química do lipídio, apenas forma gotas menores, que facilitam a ação das lipases encontradas no duodeno (intestino delgado).

Suco entérico
O suco entérico é produzido por glândulas presentes na parede do próprio duodeno. Suas principais enzimas são as dissacaridases (sacarase, maltase e
lactase), as peptidases e as nucleotidases. Todas elas também possuem pH ótimo de acao por volta de 8,0.

As moléculas resultantes da hidrólise dos alimentos (glicose, aminoácidos, ácidos graxos, glicerol, bases nitrogenadas, etc.) são pequenas o suficiente para
serem absorvidas pelas membranas celulares. Assim, podem atravessar as paredes do intestino e dos capilares sanguíneos e linfáticos, os quais irão transportá-las
para todas as células do corpo. Além dessas substâncias, as vitaminas, os sais minerais e a água são diretamente absorvidos. No intestino delgado são encontradas
adaptações chamadas vilosidades (dobras do revestimento interno intestinal) e microvilosidades (evaginações das membranas das células que revestem o intestino)
que aumentam a superfície e a capacidade de absorção desse órgão.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Intestino grosso
Também chamado de colón, esse órgão está relacionado principalmente com a absorção de água e sais minerais. É nessa porção do tubo digestório que ocorre
a formação das fezes (bolo fecal). Elas são formadas pelo processamento dos resíduos alimentares que se acumulam na porção terminal do intestino grosso (o
reto), de onde saem no momento da evacuação.

No intestino grosso encontra-se a maior parte da microbiota intestinal, constituída principalmente de bactérias que proliferam e se alimentam dos resíduos da
digestão que permanecem nesse órgão. Essa microbiota constitui parte significativa da massa fecal e impede a instalação de bactérias patogênicas (por competir
com elas pelo ambiente), além de produzir algumas vitaminas importantes para o ser humano, como a vitamina K.

Ciclos de vida
Briófitas e pteridófitas
Gimnospermas
Angiospermas
Tecidos e órgãos vegetais
Célula vegetal típica
O esquema abaixo representa uma célula vegetal típica, viva, cuja função é relacionada à realização de fotossíntese. Nem toda célula vegetal apresenta todas
as estruturas descritas no esquema. Por exemplo, muitas células vegetais mortas, presentes em certos tecidos, são dotadas de uma parede espessa, relacionada à
função que exercem. Já em outras células vegetais pode não haver núcleo celular, indicando a realização de uma função especifica, como ocorre nas células que
conduzem a seiva orgânica do floema.

Três detalhes chamam a atenção no esquema e sua ocorrência deve ser sempre associada a uma célula vegetal típica, viva. São eles: a presença de uma
membrana celulósica (parede celular celulósica); a ocorrência de um grande vacúolo de localização central; e a existência de cloroplastos, organelas nas quais
ocorre o processo de fotossíntese. Todas as demais estruturas presentes nas células vegetal ocorrem também em uma célula animal típica; estes dois tipos celulares
são eucariontes, ou seja, possuem núcleo organizado.

Os tecidos vegetais
Os vegetais são seres vivos multicelulares complexos nos quais, entre outras características, há células reunidas que constituem tecidos. As células de um
tecido vegetal nem sempre apresentam a mesma forma, ou seja, nem sempre sua aparência é semelhante, embora atuem na mesma função.

Em uma planta adulta, há apenas oito tecidos. Um deles, considerado o “pai de todos”, é um tecido constituído de células indiferenciadas, o meristema. Os
demais são considerados permanentes, ou diferenciados, e exercem funções especificas.

As células de todos os tecidos diferenciados são geradas pelo meristema, daí sua importância. Essa é uma das grandes diferenças entre o organismo humano e
um organismo vegetal. No ser humano, não se constata a existência de um tecido “pai de todos os outros” (um meristema), mas, sim, células-tronco precursoras de
cada tecido. Na pele, por exemplo, há células-tronco que produzem células de pele, as células sanguíneas são produzidas por células-tronco precursoras desses
tipos celulares na medula óssea vermelha; e assim por diante. Já em um vegetal, todos os tecidos são originados de células meristemáticas.

Outra característica presente nos vegetais é a associação da forma dos tecidos diferenciados com a sua função. Por exemplo, a condução de seiva bruta (ou
seiva inorgânica do xilema) é promovida por células em formato de tubo condutor. Note que alguns tecidos vegetais são formados por apenas um tipo celular – são
os tecidos simples. Outros são formados por mais de um tipo celular – são os tecidos complexos. No organismo humano, por exemplo, o sangue e o tecido nervoso
são considerados tecidos complexos por serem constituídos por mais de um tipo de célula.

Quais são os tecidos vegetais?


Os tecidos permanentes, ou diferenciados, são responsáveis pela sobrevivência do vegetal, cada um deles exercendo determinadas funções. Revestimento e
proteção são funções relacionadas à epiderme e ao súber. A condução de substâncias dissolvidas em água é função desempenhada pelo xilema e pelo floema. A
sustentação do corpo do vegetal fica a cargo do colênquima e do esclerênquima, embora também possa ser desempenhada por células do xilema. Ao parênquima,
cabe a realização de várias funções: preenchimento de espações, realização de fotossíntese e armazenamento de água, de amido e de ar. Todos esses tecidos se
originam do meristema.

Do embrião à planta adulta, com todos os tecidos


O crescimento de uma planta começa com a germinação da semente. Desde a fase embrionária, todos os tecidos já estão, de certo modo, “programados” no
genoma do vegetal. Em uma angiosperma, cada semente, de modo geral, é constituída de um envoltório (a casca), um endosperma triploide e um embrião diploide.
Dispondo de quantidade suficiente de água e de outros fatores ambientais – temperatura adequada, por exemplo – a semente se hidrata, o embrião entra em
atividade e suas células passam a consumir as reservas alimentares e a se dividir ativamente por mitose. A primeira estrutura embrionária a emergir da semente é a
radícula. A seguir, surge o caulículo e, com isso, a planta jovem, ou plântula, inicia o longo processo de formação do vegetal adulto. Todos os tecidos
diferenciados são formados durante esse processo, a partir do tecido meristemático.
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Descrição dos tecidos
A tabela mostra de uma maneira simplificada a composição dos oito tecidos de uma planta adulta, relacionando seus nomes a suas principais funções. Alguns
são tecidos simples, por serem dotados de apenas um tipo de célula. É o caso do súber, do parênquima, do esclerênquima e do colênquima. Outros são complexos,
por conter mais de um tipo celular, como é o caso da epiderme, do xilema e do floema.

O meristema, como já vimos, é um tecido de células indiferenciadas a partir das quais serão originadas as células de todos os demais tecidos vegetais.

Tecido Função
Meristema Crescimento
Epiderme Proteção, absorção, trocas gasosas
Súber Revestimento de caules e raízes idosos
Xilema Condução de seiva bruta e sustentação
Floema Condução de seiva elaborada
Parênquima Preenchimento, fotossíntese, armazenamento
Esclerênquima Sustentação
Colênquima Reforço e sustentação de órgãos flexíveis.

Tecidos protetores: epiderme e súber


Diante de um violento temporal, uma seca prolongada, um animal agressor ou qualquer outro agente que venha a causar danos, a planta imóvel necessita de
recursos de proteção diferentes daqueles de um animal, que, sendo capaz de se mover, pode se refugiar em lugar seguro até que as condições ambientais deixem de
oferecer perigo. Como recursos, a planta conta com os tecidos protetores, ou de revestimento: a epiderme e o súber. A eficiência desses tecidos garante à planta
proteção contra diversos agentes agressivos do meio.

Epiderme: fina, viva e eficiente


A epiderme das plantas vasculares é um tecido geralmente formado por uma única camada de células de formato irregular, achatadas ao corte, vivas e
aclorofiladas. No entanto, em algumas regiões do Brasil dotadas de baixa umidade atmosférica, a epiderme das folhas pode conter mais de uma camada de células.
A epiderme é um tecido típico de órgãos jovens, como raiz, caule e folha. Na folha, a epiderme apresenta especializações particulares: sendo um órgão de face
dupla, a folha possui duas epidermes – a superior e a inferior. Em cada uma delas, há uma cutícula cerosa, de espessura variável, que fica em contato com o ar e
protege a planta da perda excessiva de água para o ambiente. Na raiz, a epiderme é constituída de uma única camada de células, as quais podem produzir pelos
absorventes para captação de água e de nutrientes minerais.

Anexos da epiderme
Na epiderme da raiz, o anexo mais notável é, sem duvida, o pelo absorvente, unicelular, originado da extensão da própria célula em direção às partículas do
solo. Pelos absorventes são comuns na chamada zona pilífera, região de absorção preferencial de uma raiz

A planta adulta e os órgãos vegetativos


Meristemas e crescimento vegetal
Raiz e nutrição inorgânica / Folha e Nutrição orgânica
Nutrição inorgânica: a raiz em ação
O termo nutrição inorgânica, relacionado a uma planta, refere-se ao papel da raiz na absorção de agua e de nutrientes minerais essenciais para o bom
desenvolvimento vegetal. A planta possui adaptações que compensam a falta de mobilidade, a qual, em um animal, por exemplo, é uma característica requerida
para buscar nutrientes necessários à sobrevivência. E, sem duvida, a raiz desempenha um importante papel na obtenção, por absorção, dos nutrientes no substrato
em que a planta vive (solo, água e, eventualmente, meio aéreo). Muitas vezes, é bom lembrar, as folhas também executam esse papel. Por isso, é comum a
adubação foliar em muitas plantas. A absorção radicular é efetuada principalmente pela zona pilífera, região na qual a superfície de absorção é aumentada pela
existência de pelos absorventes.

Macronutrientes e micronutrientes
Quando um nutriente mineral é utilizado em grande quantidade por uma planta, é considerado macronutriente. Se for utilizado em pequena quantidade, é
considerado micronutriente. Esses termos não se relacionam com o tamanho do nutriente mineral, mas com a quantidade de utilização. Entre os macronutrientes
podem ser citados os que contêm os elementos nitrogênio, fosforo, enxofre, potássio, cálcio e magnésio, que, juntamente com carbono, oxigênio e hidrogênio,
constituem os elementos essenciais utilizados em grande quantidade pelo vegetal. Entre os micronutrientes, também essenciais, podem ser citados boro (B), cobre
(Cu), zinco (Zn), molibdênio (Mo), manganês (Mn), sódio (Na) e ferro (Fe).

A tabela a seguir relaciona alguns macronutrientes com seu papel no desenvolvimento dos vegetais.

Nutriente Papel
Nitrogênio (N) Componente de moléculas de proteínas, ácidos nucleicos e ATP
Fosforo (P) Componente de moléculas de ATP e ácidos nucleicos
Relacionado às trocas iônicas entre a célula e o meio;
Potássio (K) participante no mecanismo de abertura e fechamento de
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estômatos
Cálcio (Ca) Participante de paredes celulares vegetais
Magnésio (Mg) Componente de moléculas de clorofila
Enxofre (S) Componente de moléculas de certos aminoácidos, proteínas e
coenzimas

A falta desses minerais provoca diferentes anomalias no desenvolvimento da planta, que podem ser tratadas com a adição dos nutrientes ao solo de cultivo. A
utilização de adubos orgânicos, muito valorizados atualmente, ou de adubos sintéticos contendo diversos tipos de sais (nitratos, fosfatos, sulfatos, etc.) é
fundamental para sanar as deficiências. Muitas vezes, mesmo com a adubação, a retenção dos nutrientes minerais pelo solo é precária em solos ácidos, por
exemplo. A acidez do solo é uma característica comum de muitos solos

Vermes e verminoses
Fisiologia da circulação
O que é sistema circulatório?
O sistema circulatório é responsável pela distribuição de substâncias pelo corpo dos animais, mas não está presente em todos os filos. À medida que os
organismos pluricelulares foram aumentando de tamanho, as substâncias (nutrientes, gases, excretas, etc.) não podiam atingir as células mais internas por simples
difusão, em razão da distância cada vez maior da superfície corporal, onde essas trocas ocorriam. Assim, o sistema circulatório resolveu o problema de levar até as
células mais internas as mesmas substâncias que podiam ser obtidas na superfície corporal. O sistema circulatório surgiu no filo dos anelídeos.

As células possuem uma membrana plasmática que pode estar em contato direto com o ambiente, permitindo a difusão das substâncias entre ele e seu
citoplasma. É o que acontece com organismos unicelulares. Um organismo pluricelular com grande superfície corporal e pequeno volume (com corpo achatado,
por exemplo) ainda consegue, por difusão com o meio, atender às necessidades de suas células mais internas, já que essas não se encontram tão distantes da
superfície corporal.

No entanto, em casos nos quais as células estão distantes da superfície corporal, o transporte de substâncias por difusão não é eficiente.

Distribuição de substâncias pelo corpo


A esponja absorve nutrientes e gases por simples difusão entre suas células e o ambiente. As hidras e as planarias possuem uma cavidade digestiva que
distribui os alimentos dentro do corpo do animal, enquanto gases e excretas também são trocados por simples difusão. Nos nematelmintos, os alimentos absorvidos
pelo tubo digestório são distribuídos para todo o corpo por meio de um liquido corporal (liquido do pseudoceloma). Na minhoca, a circulação é fechada e o sangue
que circula no interior dos vasos distribui as substâncias pelo corpo. Nos artrópodes, um liquido denominado hemolinfa distribui nutrientes, excretas, etc., mas não
gases. Nos vertebrados, o sangue distribui alimentos, gases, excretas e outras substâncias para todo o corpo.

Tipos de sistema circulatório e de circulação


Tipos de sistema circulatório
O sistema circulatório pode ser aberto ou fechado. No sistema circulatório aberto ou lacunoso, a hemolinfa sai do interior dos vasos sanguíneos e banha
diretamente os tecidos. Não há capilares conectando as artérias às veias. Essa circulação está presente nos artrópodes e na maioria dos moluscos.

No sistema circulatório fechado, o sangue não sai de dentro dos vasos. A pressão interna desse sistema é muito maior do que a pressão do sistema aberto,
fazendo com que o sangue circule com uma velocidade bem maior e atinja maiores distâncias, fatores fundamentais em animais grandes ou com metabolismo
acelerado. A maioria dos anelídeos, os moluscos cefalópodes e os vertebrados possuem esse tipo de sistema circulatório.

Circulação nos vertebrados


A circulação pode ser classificada de acordo com dois fatores: percurso do sangue no corpo e mistura de sangue arterial com o venoso. Quanto ao
percurso do sangue, a circulação pode ser simples ou dupla.

Na circulação simples, o sangue passa pelo coração uma vez a cada ciclo. É a circulação típica dos peixes.

Na circulação dupla, o sangue passa duas vezes pelo coração a cada ciclo. Essa circulação é encontrada em anfíbios, repteis, aves e mamíferos, e subdividida
em circulação pulmonar, ou pequena circulação, que ocorre entre o coração e os pulmões, e circulação sistêmica, corporal, ou grande circulação, que ocorre
entre o coração e o resto do corpo.

Quanto à mistura de sangue, a circulação pode ser incompleta, quando ocorre a mistura de sangue arterial e venoso, ou completa, quando a mistura não
ocorre. A circulação incompleta está presente nos anfíbios e repteis, enquanto a circulação completa está presente nos peixes, aves e mamíferos.

Os vasos sanguíneos
Além do coração, o sistema circulatório é formado por vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares.

Artérias são os vasos sanguíneos pelos quais o sangue sai do coração para qualquer outra parte do corpo e possuem as seguintes características:

Paredes com musculatura espessa, capazes de aguentar a pressão gerada pela contração cardíaca. Essa musculatura também faz as artérias pulsares,
auxiliando a impulsão do sangue dentro do sistema circulatório;
São vasos mais profundos do que as veias, em sua maioria;
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Quando se ramificam em vasos menores, formam as arteríolas, que, ao se ramificarem, formam os capilares arteriais.

As veias são os vasos sanguíneos pelos quais o sangue chega ao coração vindo de qualquer parte do corpo. Suas características são:

Paredes com musculatura mais delgada do que as artérias e, por isso, apresentam pressão interna menor e constante;
Possuem válvulas em seu interior para impedir o refluxo de sangue;
Estão mais próximas à superfície do corpo;
São formadas pela união de várias vênulas que, por sua vez, se formam da união de capilares venosos.

Os capilares são os vasos sanguíneos de menor espessura. Sua parede é formada por apenas uma camada de células (endotélio), pela qual ocorre passagem de
substâncias entre o sangue e os tecidos, o que não ocorre através da parede de nenhum outro vaso.

Em resumo, as artérias são os vasos pelos quais o sangue sai do coração. Uma artéria se ramifica em artérias menores, as arteríolas, que, por sua vez, se
ramificam em capilares arteriais. Através dos capilares ocorre a troca de substâncias com os tecidos. A parte final dos capilares é venosa. Vários capilares venosos
se unem para formar vênulas, as quais se unem para formar as veias que levam o sangue de volta ao coração. A pressão sanguínea também varia nesses vasos,
sendo maior nas artérias e menor nas veias.

O retorno venoso
Entender como o sangue é impulsionado do coração para todo o corpo é, em geral, mais simples, já que ele sai do coração sob alta pressão e segue quase
sempre para baixo, auxiliado pela gravidade. Porem, como ele volta das pernas para o coração, com baixa pressão e contra a gravidade?

Há duas explicações para a subida do sangue: a primeira se deve à presença das válvulas no interior das veias, que impedem o refluxo (volta) do sangue
para baixo; a segunda é o auxilio dado pela musculatura esquelética que, ao se contrair, pressiona as veias, atuando como uma bomba que impulsiona o sague.

O mau funcionamento das válvulas das veias das pernas pode levar ao desenvolvimento de varizes. Nesse caso, o mau funcionamento das válvulas permite a
volta e ocorre acumulo de sangue na veia.

Tipos de coração
Nos vertebrados, observam-se três tipos de coração: bicavitário (duas cavidades), tricavitário (três cavidades) e tetracavitário (quatro cavidades).

As cavidades presentes em um coração são os átrios (ou aurículas) e os ventrículos. O sangue sempre chega ao coração por veias que desembocam nos átrios
e sempre sai do coração pelos ventrículos, levado por uma artéria. Para que os ventrículos possam impulsionar o sangue para todo o corpo do animal, suas paredes
são mais espessas do que as dos átrios, podendo assim contrair com força e gerar grande pressão sanguínea. Os átrios recebem sangue das veias com baixa pressão
e, por isso, suas paredes menos espessas não sofrem prejuízo. A contração do miocárdio (musculatura do coração) é denominada sístole, enquanto seu relaxamento
é denominado diástole.

O sangue rico em oxigênio é conhecido por sangue arterial, enquanto o sangue pobre em oxigênio é o sangue venoso. O sangue arterial não está
necessariamente circulando em uma artéria, assim como o venoso não circula necessariamente em uma veia.

Coração bicavitário – peixes


O coração dos peixes apresenta duas cavidades principais: um átrio e um ventrículo. O sangue venoso sai do ventrículo durante a sístole ventricular, sendo
conduzido pela artéria aorta até as brânquias, onde será oxigenado e liberará gás carbônico, passando a ser chamado de sangue arterial. O sangue continua pela
artéria aorta até atingir os capilares dos tecidos, onde libera oxigênio e recebe gás carbônico, voltando a ser chamado de sangue venoso. Dos tecidos, o sangue
volta ao corpo por veias que desembocam no átrio. A circulação dos peixes é fechada e simples.

Coração tricavitário – anfíbios e répteis


Nos anfíbios e répteis, o coração apresenta três cavidades: dois átrios e um ventrículo. A circulação é fechada, dupla e incompleta.

O sangue venoso chega do corpo até o átrio direito pela veia cava. Ao mesmo tempo, o átrio esquerdo recebe sangue arterial pelas veias pulmonares. Quando
os dois átrios se contraem (sístole), eles enviam o sangue para o único ventrículo, no qual sangue venoso e arterial se misturam. Durante a sístole ventricular, o
sangue misturado sai do ventrículo pelas artérias pulmonares em direção aos pulmões (pequena circulação) e pela artéria aorta em direção ao corpo (grande
circulação).

A diferença entre o coração dos anfíbios e o dos répteis é o fato de existir no ventrículo dos répteis um septo incompleto, ausente nos anfíbios.

Coração tetracavitário – aves e mamíferos


Aves e mamíferos apresentam coração com quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Diferente do que ocorre no coração dos répteis, os ventrículos
estão totalmente separados pelo septo interventricular. A circulação desses animais é fechada, dupla e completa.

A circulação completa, sem mistura de sangue, está associada à manutenção da temperatura corpórea pelos animais endotérmicos. As aves e os mamíferos
mantêm a temperatura corporal constante, mesmo que diferente da temperatura ambiental. Isso só é possível porque os tecidos do corpo recebem sangue arterial,
rico em oxigênio, e não misturado, como nos anfíbios e répteis. Essa grande oferta de oxigênio aos tecidos possibilita um metabolismo intenso com geração de
calor, que mantém a temperatura corporal. A temperatura constante do corpo proporciona uma atividade metabólica satisfatória o tempo todo, pois as enzimas
funcionarão sempre na sua temperatura ótima, e permite que muitos animais vivam em locais de baixas temperaturas ambientais. Por isso, só encontramos pertos
aos polos animais terrestres endotérmicos, como pinguins, focas, leões-marinhos, ursos, alces, etc.

Sistema circulatório humano


Coração
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Como em todos os mamíferos, o coração humano também é tetracavitário. Observe a seguir a sua estrutura e os vasos sanguíneos ligados a ele:

A circulação no coração
Durante a diástole atrial, os átrios relaxam e permitem a entrada de sangue. O átrio direito recebe sangue venoso de todo o corpo pelas veias cavas superior e
inferior, ao mesmo tempo que o átrio esquerdo recebe sangue arterial dos pulmões pelas veias pulmonares. Ocorre então a sístole atrial e a diástole ventricular. O
sangue venoso do átrio direito segue para o ventrículo direito, enquanto o sangue arterial do átrio esquerdo segue para o ventrículo esquerdo. Na sístole ventricular,
o sangue venoso do ventrículo direito sai, pelas artérias pulmonares, em direção aos pulmões, que vão oxigenar o sangue, tornando-o arterial. O sangue arterial
do ventrículo esquerdo sai pela artéria aorta em direção a todo o corpo.

Estrutura interna do coração


Internamente, o coração apresenta quatro valvas. A função dessas estruturas é impedir o refluxo do sangue para a cavidade da qual acabou de sair. A valva
atrioventricular esquerda (também chamada de bicúspide ou mitral) separa o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo. A valva atrioventricular direita (ou
tricúspide) separa o átrio direito do ventrículo direito. As valvas semilunares impedem o refluxo de sangue das artérias aorta e pulmonares para os ventrículos
esquerdo e direito, respectivamente.

O som que ouvimos das batidas do coração são provenientes do fechamento violento das valvas que estão sob pressão. O primeiro som do “tum-tum”
característico é proveniente do fechamento das valvas atrioventriculares, para evitar o refluxo de sangue para os átrios. O segundo som ocorre com o fechamento
das valvas semilunares ao final da sístole ventricular.

Artérias coronárias
As artérias coronárias originam-se na artéria aorta e têm a função de nutrir a musculatura cardíaca (miocárdio). O fato de essa musculatura ser espessa impede
a difusão de substâncias para as camadas de células mais profundas a partir do sangue que passa pelas cavidades cardíacas, por isso a irrigação sanguínea realizada
pelas coronárias é necessária.

Frequência cardíaca
Os batimentos cardíacos são gerados por células do próprio coração. O nó sinoatrial (AS) gera um impulso elétrico que contrai simultaneamente os dois
átrios, fazendo com que o sangue passe para os ventrículos. O impulso continua até a parte inferior dos ventrículos e volta em direção aos átrios, quando ocorre a
sístole ventricular. O AS é conhecido como o marca-passo natural do coração.

O numero de vezes que o coração contrai e relaxa em determinado tempo é chamado de frequência cardíaca. Essa frequência varia nas diversas horas do dia,
de acordo com a atividade do individuo. Durante o sono o coração bate por volta de 40 a 50 vezes por minuto, enquanto durante as atividades normais do dia a dia
a frequência está por volta de 70 a 80 vezes por minuto. Atividades físicas intensas podem elevar a frequência cardíaca acima dos 180 batimentos por minuto.

O controle do ritmo cardíaco é realizado pelo bulbo, localizado no sistema nervoso central.

Trocas de substâncias nos capilares


Como vimos, o capilar é um vaso sanguíneo com parede delgada o suficiente para que ocorram trocas de substâncias entre os tecidos e o sangue.

Precisamos entender o que são pressão arterial e pressão osmótica..

Pressão arterial é a exercida pelo sangue contra as paredes do capilar e tende a derramar o plasma sanguíneo nos tecidos. A pressão osmótica é gerada pelo
aumento da concentração do sangue à medida que ele perde água para os tecidos, tornando-o mais concentrado e capaz de absorver o liquido intersticial. As
proteínas sanguíneas são fundamentais para a manutenção da pressão osmótica do sangue.

As trocas de substâncias entre os capilares e os tecidos ocorrem quando o sangue arterial chega pela arteríola e passa para a porção arterial do capilar. Nesse
ponto, a pressão sanguínea é alta, fazendo o plasma sair e banhar o tecido, enquanto a pressão osmótica é baixa, reabsorvendo muito pouco liquido intersticial.
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Ao percorrer o capilar, a pressão sanguínea diminui à medida que a pressão osmótica aumenta. No final do capilar (porção venosa), a pressão osmótica é
maior que a arterial, absorvendo o liquido intersticial de volta para o sangue.

Sistema linfático
O plasma sanguíneo sai do capilar em sua porção arterial e retorna na porção venosa. No entanto, uma parte do plasma não é reabsorvida pelos capilares e
permanece nos tecidos, onde passa a ser chamado de liquido intersticial. Os vasos linfáticos drenam o excesso desse liquido e o devolvem ao sangue por uma
veia. Também apresentam válvulas para impedir o refluxo da linfa.

Além da função de drenagem, o sistema linfático é responsável pela absorção de lipídios e vitaminas lipossolúveis no trato gastrointestinal e pela resposta
imunológica contra microrganismos ou células anormais. Ao longo dos vasos linfáticos estão os linfonodos ou nódulos linfáticos. A linfa passa através dessas
estruturas ricas em linfócitos (células produtoras de anticorpos), iniciando a resposta imunológica. O baço é a maior massa de tecido linfático do corpo.

Durante um quadro infeccioso, é comum que os linfonodos inchem devido ao aumento da quantidade de linfócitos. As populares ínguas ou inchaços
apalpados pelos médicos quando um paciente reclama de dores de garganta, por exemplo, são linfonodos.

Sangue
A principal função do sangue é o transporte de substâncias. Ele é formado pelo plasma, sua parte liquida, e pelos elementos figurados ou diferenciados, sua
parte solida.

O plasma sanguíneo é formado principalmente por água, além de proteínas (entre elas anticorpos), gases, nutrientes provenientes do intestino, excretas, etc.

Os elementos figurados são as hemácias (eritrócitos ou glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas (trombócitos).

Nos indivíduos adultos, as células do sangue são produzidas pelas células-tronco pluripotentes da medula óssea vermelha, em um processo denominado
hematopoiese (do grego hematos, sangue e poese, produção) ou hemopoiese.

Hemácias ou eritrócitos
A função das hemácias é transportar o gás oxigênio e possibilitar as trocas gasosas entre o sangue e os tecidos. O oxigênio obtido nos pulmões se combina à
hemoglobina no interior das hemácias e é conduzido aos tecidos, onde, então, é liberado. O gás carbônico é recolhido por todo o corpo e levado aos pulmões,
dissolvido no plasma, para ser eliminado. Uma pequena parte desse gás é transportada pela hemoglobina.

O oxigênio passa dos pulmões para o sangue graças à diferença de pressão parcial desse gás, que é maior nos pulmões e menor no sangue, ocorrendo o oposto
com o gás carbônico que passa do sangue para os pulmões. Todo gás passa do local de pressão parcial maior para o de menor.

As hemácias jovens no interior da medula óssea são chamadas de eritroblastos e são células nucleadas. Seu núcleo comanda a síntese da hemoglobina,
proteína vermelha que dá cor ao sangue e é responsável pelo transporte de gases. Quando amadurecem, os eritroblastos perdem o núcleo e outras organelas e
permanecem cheios de hemoglobina, passando a ser chamados de eritrócitos (ou hemácias), os quais são lançados no sangue.

Em media, um homem apresenta 5,5 milhoes de hemácias por microlitro de sangue (uma gota tem aproximadamente 50 microlitros), enquanto uma mulher
apresenta aproximadamente 4,8 milhoes. Esse número é mantido praticamente constante durante a fase adulta. O tempo de vida das hemácias é de 90 a 120 dias,
quando são destruídas no baço, no fígado ou na própria medula óssea vermelha.

A produção de hemácias varia conforme alguns fatores, como a pressão atmosférica. Em maiores altitudes, a pressão atmosférica é menor, tornando o ar
rarefeito. Como a absorção de oxigênio pelos pulmões é dificultada pela baixa pressão parcial desse gás, o organismo é estimulado a aumentar a produção de
hemácias, elevando a eficiência na captação de oxigênio pelos pulmões. O contrario ocorre quando pessoas que vive, em locais de maior altitude viajam para
locais mais baixos: a produção de hemácias diminui, pois a pressão parcial do oxigênio é maior e permite uma boa captação pelos pulmões.

Transporte de gases
Como vimos, a principal função do sangue e, particularmente, das hemácias é o transporte de gases respiratórios. A seguir, veremos como é o transporte de
alguns gases no organismo.

Oxigênio (O2)
É transportado ligado à hemoglobina (Hb) na forma de oxiemoglobina.

Gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2)


Uma pequena parcela (7%) desse gás se dissolve no plasma e segue direto para os pulmões, enquanto outra parcela maior (23%) é transportada ligada à
hemoglobina (Hb) na forma de carboemoglobina..

No entanto, a maior parte do gás carbônico (70%) é transportada na forma de íons bicarbonato.

O gás carbônico produzido pelas células dos tecidos se difunde para as hemácias, onde reage com água. Essa reação é catalisada pela enzima anidrase
carbônica e forma ácido carbônico (H2CO3), que se dissocia em H+ (íon hidrogênio) e HCO3- (íon bicarbonato). A maior parte dos íons bicarbonato se difunde do
interior das hemácias para o plasma sanguíneo. Quando chega aos pulmões, o mecanismo se inverte; isto é, o HCO 3- volta para o interior das hemácias, reage com
o H+ formando ácido carbônico, produzindo água e gás carbônico, o qual é eliminado no ar expirado.

Monóxido de carbono (CO)


Gás incolor, inodoro, insípido, não irritante, porém asfixiante. Ele é produzido pela queima de combustíveis como gasolina, madeira, álcool, gás, etc.
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Ao ser inalado, o monóxido de carbono liga-se à hemoglobina 200 vezes mais intensamente do que o oxigênio, bloqueando o transporte do oxigênio para os
tecidos e podendo levar o individuo à morte por asfixia.

Leucócitos ou glóbulos brancos


Os leucócitos ou glóbulos brancos são as células de defesa do organismo. Com os órgãos nos quais essas células são formadas, multiplicadas e
amadurecidas, formam o sistema imunitário ou imunológico.

A defesa do corpo pelos leucócitos ocorre principalmente de duas formas: leucócitos especiais, os monócitos, migram do sangue para os tecidos, onde se
transformam em macrófagos, que fagocitam bactérias, restos de células, etc; ou os linfócitos produzem anticorpos para neutralizar a ação de antígenos que
eventualmente invadam o corpo.

Há três tipos principais de linfócitos:

Linfócito B: especializado na produção de anticorpos.


Linfócito T auxiliador ou CD4: modulador (controlador) da resposta imunológica. Quando um antígeno entra no corpo, ele é fagocitado por um
macrófago que o digere e apresenta suas partes (antígenos) aos linfócitos T auxiliadores. Estes estimulam os linfócitos B a produzir anticorpos. O HIV,
vírus que causa a aids, ataca e destrói justamente esses linfócitos T, evitando a ativação dos linfócitos B e diminuindo a capacidade de produzir
anticorpos contra qualquer doença.
Linfócito T citotóxico ou CD8: atacam células estranhas à pessoa ou parasitadas por vírus. São os principais responsáveis pelas rejeições de órgãos e
tecidos transplantados.

Plaquetas ou trombócitos
Trombócitos ou plaquetas são fragmentos de células, os megacariócitos. São formadas na medula óssea vermelha e atuam na coagulação do sangue.

A coagulação ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe e as plaquetas começam a aderir imediatamente ao local. Além disso, liberam uma substância
chamada tromboplastina, que inicia uma sequencia de reações denominadas “cascata da coagulação”.

A tromboplastina, na presença de cálcio, acelera a transformação da protrombina em trombina, que, por sua vez, estimula a conversão de fibrinogênio
(outra proteína sanguínea) em fibrina, que forma uma rede no ferimento, na qual ficam retidas as hemácias, formando o coagulo.

Fisiologia da respiração
Fisiologia da excreção
Fisiologia do sistema nervoso
Fisiologia do sistema endócrino
Introdução
Fisiologia do sistema endócrino
O equilíbrio dinâmico, ou homeostase, depende da integração e do funcionamento harmônico de sistemas, órgãos, tecidos e células do organismo. Essa
integração resulta da ação de dois sistemas: nervoso e endócrino.

O sistema endócrino é formado pelas glândulas endócrinas, que controlam várias das nossas funções por meio de hormônios. Os hormônios são mensageiros
químicos, secretados no sangue e que servem para levar informações a células localizadas em diferentes partes do corpo. As células que são estimuladas por
hormônios são chamadas de células-alvo.

As glândulas exócrinas e endócrinas


A denominação glândulas endócrinas serve para diferenciar essas estruturas das glândulas exócrinas, cuja(s) secreção(ões) é(são) liberada(s) por um duto no
meio externo ou em cavidades corporais, diferentemente das glândulas endócrinas, que liberam seus hormônios no sangue. São exemplos de glândulas exócrinas
as glândulas sudoríferas, lacrimais, sebáceas, mamarias, salivares, o fígado, entre outras.

Mecanismo de ação hormonal: células-alvo e os receptores hormonais


Apesar de circular por todo o organismo, os hormônios atuam apenas em células especificas, chamadas células-alvo, que possuem receptores de membrana
específicos para determinados hormônios.

Os receptores de hormônios são proteínas localizadas na superfície externa da membrana plasmática ou no interior da célula-alvo. A estrutura dessas
proteínas apresenta uma parte que é complementar a um hormônio especifico. O estimulo hormonal ocorre quando há a combinação entre o hormônio e o seu
receptor especifico.

As principais glândulas endócrinas dos seres humanos são:

Hipófise (glândula pituitária)


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Hipotálamo
Epífise (glândula pineal)
Tireoide
Paratireoides
Suprarrenal (Adrenal)
Pâncreas
Ovários (na mulher)
Testículos (no homem)

Hipófise: adeno-hipófise e neuro-hipófise


A hipófise, também chamada glândula pituitária, tem aproximadamente 1 cm de diâmetro e pode pesar entre 0,5 g e 1 g. Está localizada na base do encéfalo,
ligada ao hipotálamo e alojada em uma reentrância do osso que separa a cavidade craniana e a cavidade nasal.

Anatomicamente, a hipófise pode ser dividida em adeno-hipófise, ou hipófise anterior, de tecido epitelial glandular, e a neuro-hipófise, ou hipófise posterior,
formada por tecido de origem nervosa.

A maioria dos hormônios da adeno-hipófise são genericamente chamados de trofinas, porque são estimuladores de órgãos, entre eles, outras glândulas
endócrinas. A neuro-hipófise não produz hormônios. Apenas secreta hormônios produzidos pelo hipotálamo.

Hormônios da adeno-hipófise
Hormônio do crescimento ou somatotrofina (GH)
Atua no crescimento corporal, promovendo o crescimento das cartilagens e dos ossos. Além disso, age no metabolismo, estimulando a síntese proteica,
utilizando a gordura dos tecidos como fonte de energia. Por estimular a síntese proteica, o GH é considerado um hormônio anabolizante.

Normalmente, a produção do GH diminui progressivamente após a puberdade e praticamente cessa na vida adulta, determinando a consolidação das
cartilagens nas extremidades ósseas que são responsáveis pelo crescimento.

Disfunções da hipófise durante a vida adulta podem provocar a retomada da produção e secreção do GH, causando acromegalia. O individuo não cresce mais
em altura, mas há crescimento dos ossos das mãos, dos pés e da cabeça (queixo, nariz e fronte).

Já o gigantismo é o crescimento exagerado causado pelo excesso de GH na infância.

O nanismo é um quadro de crescimento abaixo do normal que resulta em indivíduos adultos com altura entre 1 m e 1,20 m. o nanismo hipofisário ou
pituitário deve-se a uma deficiência da produção de GH e resulta em indivíduos que, apesar da baixa estatura, têm seus órgãos com tamanho proporcional e, na
vida adulta, apresentam fenótipo infantil.

Se o diagnostico for feito ainda na infância, é possível fazer tratamento com administração de GH para um crescimento normal.

Hormônio estimulante da tireoide ou tireotrofina (TSH)


Estimula a secreção dos hormônios T3 e T4 pela tireoide. É liberado quando ocorre diminuição da concentração desses hormônios no sangue.

Hormônio adrenocorticotrófico ou adenocorticotrofina (ACTH)


Estimula a secreção de hormônios do córtex das glândulas suprarrenais.

Hormônio folículo estimulante (FSH) e Hormônio luteinizante (LH)


São chamados de gonadotrofinas porque estimulam as gônadas (testículos nos machos e ovários nas fêmeas). O FSH atua nos ovários, estimulando a
produção do hormônio estrógeno, enquanto nos testículos estimula a produção de espermatozoides. O LH age nos ovários promovendo a ovulação e a produção do
hormônio progesterona. Nos testículos, estimula a produção de testosterona. O TSH, o ACTH, o FSH e o LH são hormônios tróficos, pois estimulam o
funcionamento de outras glândulas endócrinas.

Prolactina (hormônio lactogênico): estimula as glândulas mamarias a produzir leite. Os altos níveis de estrógeno durante a gestação estimulam a secreção
desse hormônio.

Hormônios da neuro-hipófise
A neuro-hipófise ou hipófise posterior apenas armazena e secreta hormônios produzidos pelo hipotálamo.

Os principais hormônios secretados pela neuro-hipófise são a ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH).

Ocitocina
Atua durante o trabalho de parto, estimulando a contração da parede muscular do útero para a expulsão do feto. Logo após o parto e durante todo o período de
amamentação, estimula a ejeção de leite pelas glândulas mamarias.

Hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina


Age na reabsorção de água nos rins, aumentando a permeabilidade dos túbulos renais do néfron, diminuindo o volume de urina produzida.
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Outro efeito do ADH é promover a concentração das pequenas artérias (arteríolas) em geral elevando a pressão arterial, daí ser chamado também de
vasopressina.

A diabete insípida é uma doença decorrente da deficiência de produção de ADH que faz com que haja aumento muito expressivo do volume urinário
(diurese) por falta de reabsorção de água no néfron. Isso provoca muita sede e, nos casos mais agudos e graves, pode resultar em desidratação.

Epífise
A epífise ou glândula pineal é ainda menor do que a hipófise e está situada na parte posterior da base do cérebro, é pequena e ovoide, com formato
semelhante a um caroço de azeitona. A epífise produz e secreta a melatonina (popularmente chamada de hormônio do sono).

Melatonina
Esse hormônio é secretado durante o período da noite (a secreção é estimulada pela escuridão e inibida pela claridade). O efeito básico da melatonina é
sinalizar ao organismo que é hora de dormir.

Tireoide e paratireoides
A tireoide é uma glândula endócrina cuja forma lembra a letra H e está localizada na face anterior do pescoço. As paratireoides são minúsculas glândulas
observadas na parte posterior da tireoide.

Hormônios tireoidianos
Tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4)
O T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina) são dois hormônios derivados do aminoácido tirosina ligados, respectivamente, a três ou a quatro átomos de iodo. O T 3
e o T4 controlam o ritmo metabólico do corpo. Assim, quanto maior sua concentração no sangue, mais intenso é o metabolismo e vice-versa. A secreção desses
hormônios é estimulada pelo TSH (hormônio tireotrófico), secretado pela hipófise.

Calcitonina
A calcitonina promove a diminuição de cálcio no sangue, estimulando sua fixação nos ossos, aumentando a excreção de cálcio pelos rins e diminuindo a sua
absorção no intestino delgado. O estimulo para a secreção de calcitonina pela tireoide é o aumento da concentração de cálcio no sangue.

Hormônio das paratireoides


Paratormônio (PTH) ou hormônio paratireoidiano
O paratormônio ou PTH retira cálcio dos ossos e aumenta a quantidade desse elemento no sangue.

Controle do equilíbrio de cálcio no sangue


A calcitonina e o paratormônio apresentam ações antagônicas no equilíbrio dinâmico da quantidade de cálcio no sangue (calcemia).

O PTH promove a reabsorção óssea, ou seja, a saída de cálcio dos ossos, e o seu retorno ao sangue, e o aumento da reabsorção de cálcio pelos rins e da
absorção intestinal desse íon.

Suprarrenais ou adrenais
As suprarrenais (ou adrenais) são duas glândulas endócrinas localizadas sobre os rins. Essas glândulas apresentam duas regiões distintas: o córtex, região
mais externa da glândula com origem epitelial glandular, e a medula, região interna, cuja origem é nervosa.

Córtex das suprarrenais


Todos os hormônios do córtex das suprarrenais são esteroides (corticosteroides) sintetizados a partir de moléculas de colesterol.

Glicocorticoides
O cortisol (ou hidrocortisona) e a corticosterona são os principais hormônios glicocorticoides. Os glicocorticoides são essenciais para o metabolismo
proteico e da glicose. Sua principal função é promover a produção de glicose a partir de gorduras e proteínas, aumentando a disponibilidade desse açúcar no
sangue, principalmente em situações de estresse. Esses hormônios diminuem a permeabilidade dos vasos, tendo efeito anti-inflamatorio.

Mineralocorticoides
Os mineralocorticoides regulam o balanço hídrico e salino no organismo.

A aldosterona é o principal hormônio mineralocorticoide, cujo efeito é aumentar a retenção de íons sódio (Na +) nos rins. Com isso, há maior retenção de
água no sanhue e, consequentemente, elevação da pressão arterial.

Andrógenos
Os esteroides sexuais produzidos pelas suprarrenais contribuem para a formação e a manutenção dos caracteres sexuais secundários.
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Na pós-menopausa essa ação é da maior relevância, devido à cessação da atividade endócrina do ovário.

Medula das glândulas suprarrenais


A medula secreta a adrenalina (ou epinefrina) e a noradrenalina (ou norepinefrina).

A secreção desses hormônios pela medula das suprarrenais é estimulada pelo sistema nervoso em situações de estresse ou emergência (ação do sistema
nervoso autônomo simpático). O efeito dos hormônios da medula da suprarrenal é prolongar e acentuar as ações do sistema nervoso simpático nessas situações.

Portanto, as ações desses hormônios são: dilatação das pupilas (aumentando a percepção visual de eventos mais próximos), dilatação dos brônquios ou
broncodilatação (aumentando a capacidade pulmonar e a oxigenação do sangue), vasoconstrição periférica (remanejando o sangue periférico para a musculatura;
por isso a palidez diante de um susto), aumento da frequência cardíaca (elevando o fluxo de sangue para os músculos), aumento da conversão de glicogênio em
glicose (elevando a oferta de combustível para as células musculares), além de inibição de funções vegetativas que poderiam atrapalhar em uma situação
emergencial, como o peristaltismo, a secreção salivar (boca seca em situações de estresse) e a contração da bexiga. Todos esses efeitos visam garantir o máximo
desempenho muscular, seja para realizar uma fuga, seja para o enfrentamento envolvendo luta corporal.

Pâncreas endócrino
O pâncreas é uma glândula mista constituída de dois tipos de estruturas secretoras: os ácinos pancreáticos, que produzem o suco pancreático e são
responsáveis pela função exócrina desse órgão; e a porção endócrina do pâncreas, que é composta de agrupamentos celulares chamados ilhas pancreáticas (antes
conhecidas como ilhotas de Langerhans). As ilhas pancreáticas encontram-se dispersas no pâncreas e são formadas por dois tipos de células, as células alfa
(células α), que produzem glucagon, e as células beta (células ß), que produzem insulina.

A principal função da insulina e do glucagon é regular a quantidade de glicose no sangue (glicemia).

Insulina
A insulina é liberada quando há aumento da concentração de glicose no sangue (hiperglicemia).

Sua função é facilitar a entrada de glicose nas células, diminuindo a quantidade desse açúcar no sangue e suprindo as células com o combustível necessário à
manutenção do trabalho metabólico.

Glucagon
O glucagon é liberado quando há diminuição da concentração de glicose no sangue (hipoglicemia). O glucagon promove a hidrolise do glicogênio
armazenado no fígado em glicose, que é liberada no sangue aumentando a glicemia.

Note que a insulina e o glucagon são hormônios com efeitos antagônicos no controle da glicemia.

Gônadas: ovários e testículos


Além do papel de gônadas, ou seja, de órgãos que produzem gametas, os ovários e os testículos também são glândulas endócrinas.

Estrógeno e progesterona
O estrógeno e a progesterona são os hormônios produzidos pelos ovários. Eles determinam as características sexuais secundarias femininas, regulam o ciclo
menstrual e são responsáveis pela manutenção da gravidez.

Testosterona
A testosterona é o hormônio produzido pelos testículos. Esse hormônio é responsável por determinar as características sexuais secundarias masculinas e por
regular a produção de espermatozoides.

Ciclos de vida
Trocas gasosas e transpiração nas plantas
Troca de gases entre a planta e o meio
A troca de gases entre a planta e o meio ocorre através dos revestimentos, a epiderme e o suber. O gás oxigênio é necessário à respiração, já o gás carbônico é
fundamental à realização de fotossíntese. Na raiz, o ingresso de oxigênio para as células vivas e a saída do gás carbônico produzido na respiração ocorrem pelas
células da epiderme radicular, em uma troca gasosa por difusão simples; o mesmo ocorre através da epiderme de caules jovens.

Em troncos dotados de grande espessura e nas grossas raízes expostas de muitas arvores cujo revestimento é o súber, as trocas gasosas (entrada de oxigênio e
saída de gás carbônico) ocorrem através de orifícios conhecidos como lenticelas. Cada lenticela é uma microabertura do súber e permite a difusão de gases entre a
planta e o meio.

As raízes respiratórias da Rhizophora mangle – árvore típica de manguezais onde o solo é lodoso e constantemente alagado, com baixo teor de oxigênio -,
apresentam minúsculos orifícios, os pneumatódios, estruturas análogas às lenticelas, através dos quais as trocas gasosas são facilitadas.
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Estômatos: válvulas reguladoras das trocas gasosas e da transpiração
Estômatos são “válvulas” reguláveis existentes nas epidermes das folhas das plantas vasculares (traqueófitas). Um estômato visto de cima assemelha-se a dois
feijões (ou dois rins) dispostos com as concavidades frente a frente. Apresentam duas células estomáticas, ou guardas, que possuem parede celular mais espessada
na face concava e cuja disposição forma entre elas um espaço denominado fenda estomática ou ostíolo. As células estomáticas são as únicas da epiderme que
possuem cloroplastos, ou seja, são clorofiladas.

Ao lado de cada célula-guarda, há uma célula epidérmica comum, a célula anexa, que não tem cloroplastos. Em corte transversal, verifica-se que a fenda
estomática dá acesso a um espaço, a câmara estomática, que se comunica com os espaços aéreos do parênquima foliar, sobretudo o lacunoso.

O papel dos estômatos


O principal papel dos estômatos relaciona-se à regulação das trocas gasosas entre a planta e o meio. Os inúmeros poros estomáticos aumentam
extraordinariamente a superfície total disponível para o ingresso de gás carbônico e a saída de oxigênio. Se as trocas gasosas ocorressem apenas pelas epidermes
dotadas de cutículas cerosas, as trocas gasosas não seriam eficazes para a planta. A ação da seleção natural, favorecendo plantas vasculares dotadas de válvulas
reguladoras das trocas gasosas, foi uma solução para o problema. Por outro lado, um dos desafios de um vegetal se relaciona à disponibilidade e à perda de água.

É importante salientar que, para a realização de fotossíntese, é fundamental que gás carbônico e água esteja, disponíveis para a planta. O envio das moléculas
de água obtidas do solo, pelas raízes, para as partes aéreas da planta, ocorre por meio de vasos condutores do xilema.

Já a absorção de luz e de gás carbônico é possibilitada pelas folhas. Nesses órgãos, as trocas gasosas ocorrem através das epidermes, revestimentos
permeáveis aos gases, mas que também permitem a saída de vapor de água. As cutículas, compostas de material lipídico, impermeabilizante, presentes nas faces
expostas das epidermes, reduzem a desidratação; no entanto, dificultam a ocorrência de trocas gasosas. Os estômatos, por sua vez, permitem que ocorram as trocas
gasosas e, ao mesmo tempo, graças às suas aberturas reguláveis, ajudam a evitar perdas excessivas de vapor de água.

De qualquer modo, é fundamental a reposição da água perdida no processo a partir da água do solo, trazida pelos vasos do xilema. Isso implica uma inter-
relação dos mecanismos de trocas gasosas e os de condução da água até as células foliares que dela se utilizam.

Condução de seivas vegetais


Hormônios e reguladores vegetais
Movimentos vegetais e fotoperiodismo
Angiospermas – defesas
Fitogeografia do Brasil
Biotecnologia

Física
Movimento e mudança de posição
Mecânica
Mecânica é a parte da Física que estuda o movimento. Muitas vezes, estudar o movimento se resume a descrevê-lo. Se você pretende fazer uma viagem de
avião, seu interesse pode ficar restrito à hora da partida e da chegada e você pode não se importar com a potência do motor, a resistência do ar, o empuxo, a
densidade do ar, nem com outros eventuais fatores que seriam relevantes para o desempenho do avião. A área da Física que estuda o movimento sem se interessar
pelas causas é denominada Cinemática. O ramo da Física que relaciona o movimento com suas causas é a Dinâmica. Também faz parte da Mecânica a Estática,
que estuda as condições de equilíbrio dos corpos.

Corpo
Para a Mecânica, corpo é uma porção limitada de matéria podendo ser o núcleo de um átomo, um livro, uma pessoa, um carro, um navio, um astro.

Posição
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Na linguagem da Física, dar a posição de um corpo é informar o lugar em que ele se encontra. Quando dizemos que um passageiro de um avião ocupa o
assento 3d ou que o livro procurado é o terceiro da esquerda para direita da primeira prateleira, estamos definindo a posição do corpo. No caso do passageiro,
indicando a posição dele em relação ao avião; no caso do livro, em relação à prateleira.

Coordenadas
Na Física, a posição tem de ser definida por medidas, para que possamos estabelecer relações matemáticas. Um corpo – uma esfera presa ao teto de uma sala,
por exemplo – pode ser localizado em relação a outro tomado como referencial por suas coordenadas cartesianas. Para determinar a posição da esfera em relação à
sala, escolhemos um sistema de eixos fixos à sala.

Corpos e pontos
A rigor, o sistema de coordenadas tem a finalidade de localizar pontos, não corpos. Mas isso normalmente não representa um problema, pois o que é
necessário é uma primeira informação sobre a posição do corpo; a partir dela, determinamos a posição dos demais, se necessário.

Unidade de comprimento
Na Matemática, quando escolhemos um eixo, escolhemos também, arbitrariamente, uma unidade de medida. Quando dizemos que as coordenadas de um
ponto A são (3, 2) estamos indicando que a abscissa vale 3 unidades arbitrariamente escolhidas enquanto a ordenada vale 2 unidades.

Na Física é diferente. As unidades são padronizadas. O Sistema Internacional de Unidades (SI) adota como unidade de comprimento o metro (m), que,
historicamente, foi definido como um décimo milionésimo de um quadrante de um meridiano terrestre. Claro que, para se chegar ao valor do metro, foi necessário
medir com precisão o comprimento de um quadrante terrestre. A tarefa foi concluída logo após a Revolução Francesa, ainda no século XVIII.

Mais tarde, com o aperfeiçoamento dos processos de medida, descobriu-se um erro nessa medida, da ordem de 0,06%. Hoje, o metro é definido a partir da
velocidade de propagação da luz.

Movimento
O que caracteriza um movimento é a mudança de posição. Em resumo: Movimento é mudança de posição. Se a posição do corpo é determinada por suas
coordenadas, ele está em movimento quando varia uma ou mais coordenadas.

Trajetória
Trajetória é o percurso, o caminho que o corpo percorre. A estrada na qual o carro se movimenta é a trajetória dele. A trajetória de um corpo caindo é uma
reta vertical. A trajetória de um avião pode ser observada quando ele deixa um rastro, como no caso dos aviões da Esquadrilha da Fumaça.

Como o movimento depende do referencial adotado, a trajetória depende do referencial. Em resumo: Trajetória é a linha sobre a qual o corpo se movimenta.
A trajetória depende do referencial adotado.

Espaço ou abscissa de um corpo que percorre uma trajetória conhecida


Como foi explicado, na linguagem da Física, descrever a posição de um corpo é informar o lugar em que ele se encontra em relação a outro tomado como
referencial. No caso particular em que o corpo percorre uma trajetória conhecida, a posição do corpo pode ser determinada por uma única medida. Por exemplo, a
posição de um veículo em uma estrada pode ser determinada pelo marco quilométrico, que é a distância, medida sobre a estrada, até um ponto preestabelecido,
chamado marco zero.

O conceito de espaço (ou abscissa) é uma generalização da ideia de marco quilométrico. Ele determina a posição de um corpo que percorre uma trajetória
conhecida e é praticamente o mesmo conceito de abscissa utilizado na Matemática. Uma diferença é o emprego de unidades padronizadas, como o metro. Vamos
lembrar que, na Física, os símbolos das unidades são obrigatórios e os das grandezas não. Neste curso, o espaço (ou abscissa) será, de modo geral, representado
pela letra S. eventualmente, dependendo das particularidades do problema, poderá ser representado pelas letras x ou y.

Outra diferença é que, na Física, o conceito de espaço (ou abscissa) pode ser aplicado às trajetórias curvilíneas. Só que, neste caso, a medida é feita sobre a
trajetória.

Deslocamento escalar
Grandezas físicas
Relógios e cronômetros
Unidade de tempo
Descrição de um movimento sobre uma trajetória conhecida por meio de uma
tabela
Equação dos espaços
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Observações sobre a equação dos espaços
Gráfico dos espaços
Fotos estroboscópicas, sequenciais e sensores de posição
Velocidade escalar
Movimento uniforme
A aceleração escalar e o movimento uniformemente variado
Movimentos circulares
Vetores e cinemática vetorial
Conceitos iniciais de Óptica geométrica
O fenômeno a reflexão e o espelho plano
Espelhos esféricos
Estudo da refração
As lentes esféricas
As equações associadas aos espelhos esféricos e às lentes
esféricas
Aplicações da óptica geométrica
O globo ocular
Força e resultante
Princípio da inércia
Princípio fundamental da dinâmica
Notação cientifica e ordem de grandeza
Algarismos significativos
Sistema Internacional de Unidades
Analise dimensional – sistema genérico de unidades MLT
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Princípio fundamental da Dinâmica
Princípio de ação-reação
Energia, trabalho e potência
Trabalho de uma força
Teorema da energia cinética (TEC)
Teorema da energia potencial (TEP)
Teorema da energia mecânica (TEM)
Máquinas, potência e rendimento
Gravitação
Equilíbrio de um corpo extenso
Conceitos iniciais de hidrostática
Densidade e massa específica
Pressão
Vácuo, pressão atmosférica e pressão hidrostática
Equilibro de corpos imersos em um fluido
Equação fundamental da Dinâmica para valores médios ou
teorema do impulso
Sistemas de corpos interagindo
Choques
Lançamentos
Noções de hidrodinâmica: vazão e lei de Bernoulli
Introdução à eletricidade
Eletricidade e a sociedade
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Na sociedade atual, o domínio da eletricidade e suas aplicações contribuem significativamente para a melhor qualidade de vida das pessoas. Pode-se perceber
esse fato quando comparamos as tarefas realizadas por diversos equipamentos elétricos com a maneira como eram realizadas antigamente, sem a utilização da
eletricidade. Como exemplo das aplicações da eletricidade em diversos contextos cotidianos, podemos citar:

Transportes: diminuiu-se o tempo de deslocamento das pessoas, que passaram a utilizar meios de transporte que demandam energia elétrica, como trens e metrô.
Além disso, a utilização de equipamentos eletrônicos como o GPS permitiu a otimização de rotas, diminuindo o tempo de percurso.

Comunicação: no início do século XX, o domínio das ondas eletromagnéticas permitiu a comunicação por rádio entre algumas regiões do planeta. Atualmente, o
uso da internet por meio de aparelhos eletrônicos como computadores, tablets ou smartphones permite a comunicação por meio de vídeo e voz.

Lazer: além dos brinquedos e brincadeiras tradicionais, hoje é possível, por meio da eletricidade, utilizar computadores e videogames para entretenimento,
inclusive com usuários localizados em outros países.

Eletrodomésticos: os diversos tipos de eletrodoméstico permitem que as tarefas sejam realizadas em menos tempo ou, até mesmo, de maneira mais prática.

Ciência: a descoberta da eletricidade e o seu domínio são resultados de estudos científicos. Com seu uso, a evolução da ciência foi mais rápida, graças aos diversos
instrumentos elétricos utilizados em laboratórios. Como exemplo, pode-se citar o LHC (sigla em inglês para Large Hadron Collider, “Grande Colisor de
Hádrons”, em português), um acelerador de partículas localizado na fronteira entre França e Suíça que permite o estudo e a descoberta de partículas ainda menores
que o átomo.

Saúde: diversos equipamentos usados em hospitais e exames médicos utilizam dispositivos eletrônicos. Um desses dispositivos é o desfibrilador, que permite
reativar os batimentos do coração de uma pessoa após uma parada cardíaca ou uma arritmia.

Esses exemplos representam uma pequena amostra da importância que a Eletricidade e seu estudo possuem atualmente. Com o desenvolvimento da ciência,
pode-se esperar ainda o surgimento de outros equipamentos que melhorem a qualidade de vida das pessoas. Aliás, é interessante imaginar que tipos de máquina
elétrica existirão no futuro e quais tarefas elas serão capazes de realizar.

Agora que sabemos a importância que a eletricidade possui em nosso cotidiano, iremos nos aprofundar nesse tema. O estudo desse capitulo permitirá
entender melhor alguns fenômenos elétricos e o princípio de funcionamento de diversos dispositivos elétricos que utilizamos em nosso dia a dia.

Equipamentos elétricos
Equipamentos elétricos são dispositivos que transformam algum tipo de energia em energia elétrica ou vice-versa. Basicamente, eles podem ser classificados
como sendo fornecedores ou consumidores de energia elétrica.

Fornecedores de energia elétrica: são equipamentos que transformam alguma forma de energia em energia elétrica. Eles também são denominados geradores de
energia elétrica ou, simplesmente, geradores. Alguns exemplos desses dispositivos são: pilhas, baterias e dínamos. Deve-se ressaltar que, além das modalidades de
energia apresentadas, podem surgir outros tipos de energia durante o funcionamento de um dispositivo fornecedor de energia elétrica. Uma evidencia desse fato é a
bateria de um telefone celular, que aquece (aumento da energia térmica) durante o seu funcionamento.

Consumidores de energia elétrica: são equipamentos que transformam energia elétrica em outra modalidade de energia, como mecânica ou luminosa. Muitos deles
são denominados eletrodomésticos, como lâmpadas, computadores e geladeiras. É importante lembrar que, além das modalidades de energia mencionadas, podem
haver outros tipos de energia durante o funcionamento de um aparelho consumidor. Como exemplo, pode-se notar o aquecimento do motor (aumento da energia
térmica) de um liquidificador durante seu funcionamento.

Transformações de energia em equipamentos elétricos


Assim como em diversos fenômenos da natureza, durante o funcionamento de equipamentos elétricos podem ocorrer transformações de energia. A seguir,
serão apresentadas algumas delas.

Fornecedores de energia elétrica (geradores)


A escolha de um entre os diversos tipos de fornecedores de energia elétrica depende de alguns fatores, principalmente da quantidade de energia elétrica
requerida e da rapidez com que essa energia é fornecida.

Uma pilha, por exemplo, transforma energia química em energia elétrica em pequenas quantidades e é capaz de fazer funcionar aparelhos de baixo consumo,
como um controle remoto, uma lanterna ou um brinquedo. Porem, a quantidade de energia elétrica fornecida por uma pilha não é suficiente para o funcionamento
dos equipamentos elétricos de uma residência. Nesse caso, utiliza-se a energia elétrica fornecida por geradores mais potentes, como uma usina elétrica.

Consumidores de energia elétrica

Mecanismos de eletrização
Força elétrica
Campo elétrico
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Energia potencial elétrica e diferença de potencial
Eletrodinâmica
Circuitos elétricos
Termometria
Calor, mecanismos de transferência e dilatação
Calculando as quantidades de calor trocadas entre corpos
As variáveis de estado de um gás ideal
Primeira lei da Termodinâmica
Aplicação da primeira lei da Termodinâmica e algumas
transformações
As máquinas térmicas
Circuitos elétricos
Associação de dispositivos elétricos em circuitos residenciais
Geradores elétricos
Receptores elétricos
As maquinas térmicas
Osciladores harmônicos
Movimento harmônico simples
Ondulatória
Introdução
A ondulatória é a área da Física que estuda as ondas e os fenômenos a elas associados, chamados fenômenos ondulatórios. Quando ouvimos uma música ou
apreciamos uma obra de arte, interagimos com andas. Ao conversarmos em um aparelho celular ou pressionarmos um botão do controle remoto, as ondas se fazem
presentes. Em alguns procedimentos médicos, como em exames de ultrassom, de ecocardiograma, de endoscopia e de raio-X, as ondas são de grande importância.

Conceitos básicos
Uma empresa escocesa desenvolveu um tipo de usina geradora de energia elétrica que aproveita o movimento das ondas do mar. O equipamento é constituído
por estruturas cilíndricas ligadas por articulações flexíveis, semelhantes a dobradiças, que flutuam no mar, oscilando perpendicularmente às ondas.
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Essas maquinas são chamadas de Pelamis. Termo de origem latina utilizado para designar serpentes marinhas e que dá nome à empresa que desenvolveu a
tecnologia (Pelamis Wave Power Limited). O movimento de sobe e desce das ondas é aproveitado pelas maquinas, que oscilam acompanhando as ondas, o que
leva à transformação de energia mecânica em elétrica, que é então distribuída ao consumidor final.

Mas, se ocorre transformação de energia mecânica em energia elétrica, de onde “surge” a energia mecânica, já que constantemente as estruturas cilíndricas
sobem e descem? Como essa energia é transferida para a Pelamis? Para responder a essas perguntas, vamos analisar um caso mais simples. Imagine duas pessoas
segurando as extremidades de uma mola.

A pessoa A inicia um movimento de sobe e desce com a mão, provocando a formação do que chamamos de um pulso na mola. A mão da pessoa A é chamada
de fonte de perturbação desse pulso. A distancia entre a posição inicial da mão e a altura máxima atingida por ela é chamada de amplitude (A) do pulso.

Pulso é uma perturbação provocada em um ponto de um meio que se propaga e se repete em todos os pontos desse meio

Se a pessoa A mover sua mão para cima e para baixo de forma regular e periódica, ocorrerá a formação de uma sequência de pulsos. Essa sequência regular e
periódica de pulsos é chamada de onda.

Onda é uma sequência regular e periódica de pulsos

A onda criada por A na mola percorre todo o seu comprimento, chegando até a mão da pessoa B, movendo-a. Se a mão da pessoa B movimentou-se, significa
que sua energia mecânica aumentou. Esse acréscimo de energia mecânica foi transferido da pessoa A para a pessoa B por meio da onda que se propagou na mola.

Acústica
Ímãs e magnetismo
A experiencia de Oersted
Força magnética
Indução eletromagnética
Indução eletromagnética: gerador mecânico
Aspectos históricos da física moderna
A teoria da relatividade
Física quântica
Física de partículas
Cosmologia

Geografia
Elementos da orientação
Os pontos de orientação
O termo orientação, do latim orire, significa nascer. Portanto, orientar-se é buscar a nascente, a origem, o início. Entre os elementos usados como referência
para se orientar na superfície terrestre, encontram-se os pontos de orientação.

Os mais importantes desses pontos são os cardeais ou principais. São eles: Este (E) ou Leste (L), Oeste (O), Norte (N) e Sul (S). Com base nesses pontos é
possível determinar em qual direção se encontra qualquer lugar na superfície da Terra.
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Por meio dos pontos de orientação é possível determinar, além das quatro direções que eles indicam (Leste, Oeste, Norte e Sul), uma infinidade de direções
intermediárias. Entre essas direções intermediárias encontram-se as indicadas pelos pontos de referência, chamados de colaterais e subcolaterais.

Os colaterais são quatro: Noroeste, Nordeste, Sudoeste e Sudeste; esses pontos indicam direções intermediárias entre os quatro pontos cardeais. Os
subcolaterais são oito pontos (Norte-nordeste [NNE], Norte-noroeste [NNO], Este-nordeste [ENE], Este-sudeste [ESSE], Sul-sudeste [SSE], Sul-sudoeste [SSO],
Oeste-sudoeste [OSO] e Oeste-noroeste [ONO]) que indicam direções intermediárias entre os quatro pontos cardeais e os quatro pontos colaterais.

Temos, assim, um total de dezesseis pontos de orientação que, representados em um só desenho, formam um importante instrumento de orientação: a rosa dos
ventos.

Orientação pelo Sol


O movimento de rotação da Terra se dá em torno do seu eixo imaginário, portanto, em torno da linha imaginária que passa pelo seu centro e define a
localização dos seus polos geográficos Norte e Sul. O tempo de duração desse movimento é de, aproximadamente, 24 horas.

O movimento de rotação da Terra é responsável pela ocorrência dos dias e das noites e, também pela impressão que temos de que o Sol se desloca na esfera
celeste diariamente do lugar em que ele nasce (chamado de nascente) para o lugar onde ele se põe (chamado de poente).

Esse movimento da Terra ocorre sobre um eixo imaginário e proporciona na superfície terrestre uma imagem singular do Universo. Do nosso ponto de vista, é
como se o Sol se deslocasse no céu durante o dia, fenômeno que denominamos “movimento aparente do Sol”. Segundo esse “movimento”, o Sol sempre nasce de
um lado e se põe do lado oposto. O lado em que ele nasce (nascente) situa-se no lado leste do observador e o lado em que ele se põe (poente), situa-se no lado
oeste do observador. Isso acontece porque o movimento de rotação da Terra apresenta sentido anti-horário, portanto, oeste-leste. Dessa forma, se um observador
apontar o seu braço direito para o nascente e o esquerdo para o poente, ele terá a sua direita o lado leste; a sua esquerda, o lado oeste; à frente, o lado norte e, atrás,
o lado sul.

Orientação pela bússola


Entre os instrumentos utilizados para determinar pontos de orientação, a bússola ocupa papel de destaque. Acredita-se que a bússola tenha sido inventada
pelos chineses por volta do século X. Feita com magnetita (mineral também conhecido como pedra-imã), ela tem a propriedade de atrair materiais que contêm
ferro – fenômeno denominado “atração magnética” ou “magnetismo”.

O funcionamento da bússola se baseia na atração magnética exercida sobre uma agulha imantada. Presa apenas a um eixo, essa agulha aponta para os polos
magnéticos da Terra. A posição dos polos magnéticos varia ao longo do tempo e depende do local onde se encontra o observador; por isso, não há coincidência
entre os polos magnéticos e os polos geográficos da Terra, uma vez que estes são absolutamente fixos.

Paralelos e meridianos
O globo terrestre e o mapa-mundi são exemplos de representações da Terra. Nessas representações, são traçadas linhas imaginárias (paralelos e meridianos)
que tornam possível determinar a localização de qualquer ponto na superfície terrestre. A partir dessas linhas, podemos definir o sistema de coordenadas
geográficas conhecidas como latitude e longitude.

Os paralelos são círculos imaginários traçados paralelamente a outro círculo imaginário, o Equador, que divide a Terra em dois hemisférios: o Norte (ou
Setentrional, ou Boreal) e o Sul (ou Meridional, ou Austral).

O Equador do latim aequus, é uma linha imaginária contida em um plano que divide o globo terrestre em dois hemisférios iguais: Norte e Sul.
Acompanhando a circunferência terrestre, que no plano equatorial tem cerca de 40 000 km de extensão, essa linha passa pelo trecho centro-meridional da América,
pela porção central da África e pela extremidade sul da Ásia. A maior parte dos blocos continentais situa-se no hemisfério Norte, o que justifica sua denominação
de “hemisfério das terras emersas”.

Além do Equador, mais quatro paralelos recebem denominações especiais: o Círculo Polar Ártico, o Trópico de Câncer, o Trópico de Capricórnio e o Círculo
Polar Antartico. Esses paralelos delimitam as zonas climáticas da Terra: a intertropical, a temperada do norte, a temperada do sul, a glacial ártica e a glacial
antártica.

Os meridianos são semicírculos imaginários, traçados de forma a ligar os dois polos geográficos da Terra. Qualquer um desses semicírculos, juntamente com
o seu antimeridiano, divide a Terra em duas partes iguais. Por isso, em 1884, durante uma convenção internacional, o meridiano de Greenwich foi adotado como
referencial. Este meridiano também divide a Terra em dois hemisférios: o Leste (ou Oriental) e o Oeste (ou Ocidental).

Durante muito tempo, cada país utilizou como meridiano-base aquele que atravessava sua capital: o Brasil usou o meridiano do Observatório do Castelo, no
Rio de Janeiro; a França, o de Paris; os Estados Unidos, o de Washington; o Reino Unido, o de Greenwich, que passa pelo observatório d mesmo nome, localizado
a leste de Londres.

Essa situação criava inúmeros embaraços nas relações internacionais – nas comunicações, no comércio e na navegação marítima, principal meio de transporte
entre os continentes durante séculos. Como o Reino Unido havia adquirido, historicamente, grande poderio sobre os mares, sobretudo no século XIX, a maior parte
das embarcações do mundo adotava o meridiano de Greenwich como referencial.

Em 1884, os Estados Unidos e o Reino Unido assinaram o Acordo de Washington, que definiu que os estadunidenses também passariam a utilizar Greenwich
como referencial de longitude e de fuso horário. Pesaram nessa decisão a influência britânica no mundo e a necessidade de precisão horaria em um país no qual
uma ferrovia transcontinental atravessa, de costa a costa, quatro fusos horários diferentes.

Alguns países apuseram-se à definição de Greenwich como meridiano principal, entre eles a França. Seguiram-se negociações, e finalmente se chegou a um
acordo: todos adotariam Greenwich. O Reino Unido, em contrapartida, começaria a usar o sistema métrico em substituição ao sistema inglês de comprimento,
baseado na polegada. Assim, oficializou-se o meridiano de Greenwich para a definição das longitudes e dos fusos horários no Congresso Internacional de
Geografia realizado em Londres em 1895.

Coordenadas geográficas
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A latitude corresponde à medida angular (em graus) do arco do meridiano, observada de um ponto até o Equador. Ela varia nos dois hemisférios (Norte e
Sul), de 0° (no Equador) a 90° (nos polos geográficos). Isto é, no hemisfério Norte e no hemisfério Sul, a latitude vaia de 0° a 90°.

A longitude corresponde à medida angular (em graus) do arco do paralelo, observado de um ponto até o meridiano de Greenwich. Ela varia nos dois
hemisférios (Leste e Oeste), de 0° no meridiano de Greenwich a 180° no antimeridiano de Greenwich. Isto é, no hemisfério Leste e no hemisfério Oeste, a
longitude varia de 0° a 180°.

Orientação pelo GPS


O Sistema de Posicionamento Global (em inglês, Global Positioning System ou GPS) é considerado, atualmente, o recurso mais moderno e preciso para
determinar a posição de um ponto na superfície terrestre. Esse sistema utiliza satélites que emitem ondas de rádio para a superfície, as quais são captadas por
equipamentos receptores que decodificam o sinal e informam a posição geográfica exata por meio das coordenadas (latitude e longitude) daquele ponto e, também,
a altitude em que ele se encontra.

Trata-se de uma tecnologia desenvolvida, a principio, para fins bélicos, no final da década de 1970. Sua utilização pôde ser observada durante a Guerra do
Golfo (1990 – 1991), onde os Estados Unidos orientaram todos os ataques aéreos, os bombardeiros e os inúmeros lançamentos de mísseis de terra pelas
informações de localização de alvos fornecidas pelo GPS. No final do conflito, até os soldados estadunidenses portavam um receptor de bolso que orientava seu
deslocamento no campo de batalha.

Desde a segunda metade da década de 1980, esse sistema foi aberto para o uso civil e para outros países. Mantido pelo Departamento de Defesa dos Estados
Unidos, conta atualmente com 24 satelites do tipo NAVSTAR (sigla para Navigation Satelite with Time and Ranging) que orbitam a uma altitude de cerca de 16
000 km. Os satélites estão distribuídos em seis orbitas diferentes, de maneira que um receptor, posicionado em qualquer ponto da superfície terrestre, sempre estará
em uma área de alcance de pelo menos dois satélites. Essa condição permite que a margem de erro do posicionamento seja inferior a 1 centimetro.

Nos dias de hoje, o uso do GPS está disseminado pelos diversos campos das atividades humanas e econômicas, por facilitar a localização de veículos e
pessoas, independentemente de visibilidade. É por isso que o sistema tem sido muito utilizado nas navegações aérea e marítima, no transporte terrestre, na
agricultura, no turismo e, ultimamente, até por pessoas comuns, que se utilizam do GPS para se deslocar por áreas pouco conhecidas.

Com o GPS também se pode controlar um deslocamento a longa distância. Por isso, grandes empresas de transporte instalam esses aparelhos em seus
caminhões, a fim de localizá-los rapidamente em caso de roubo do veículo. Embarcações de todos os tipos também estão sendo equipadas, para orientação e
segurança dos navegantes. As empresas aéreas são atualmente os principais usuários do GPS, pois as aeronaves podem navegar e pousar com toda a segurança,
mesmo que estejam sem nenhuma visibilidade.

Elementos da Cartografia
O que é Cartografia?
A Cartografia tem como objetivo representar a Terra ou parte dela. Isso significa fazer a transição gráfica dos fenômenos por meio da elaboração de mapas e
cartas, a fim de obter como produto um retrato – o mais preciso possível – da realidade.

Mais do que uma técnica, a Cartografia é uma arte que envolve diversos aspectos da representação dos fenômenos geográficos, entre os quais:

 A concepção dessa representação;


 O levantamento daquilo que será representado;
 A confecção propriamente dita;
 A divulgação dessa representação sob a forma de cartas e mapas.

Para que todo esse processo representativo cumpra seu objetivo de maneira rigorosa, torna-se necessário considerar determinadas relações matemáticas de
proporcionalidade, estabelecidas por uma escala predefinida pelo cartografo.

Excetuando os globos terrestres, um mapa é sempre uma representação plana de uma superfície curva, ou seja, ele representa total ou parcialmente a
superfície esférica ou curva da Terra. A diferença entre as duas superfícies – a que é representada e a que é utilizada para representar – é uma das maiores
dificuldades para a confecção de mapas. Para solucionar esse problema – ou pelo menos diminuir a defasagem entre o real e sua representação – são utilizadas
técnicas de projeção, de modo que as formas e as dimensões daquilo que se está representando proporcionalmente reproduzam tanto quanto possível a realidade.

Quando os mapas são reunidos ordenadamente em um só volume, com a finalidade de representar um tema especifico ou retratar determinado espaço,
formam um atlas. Esse nome vem do grego Atlas, ser mitológico que, condenado por Zeus, carregava o globo terrestre nos ombros. O primeiro atlas de que se tem
notícia, chamado Theatrum Orbis Terrarum, foi elaborado em 1570 pelo flamengo Abraão Ortélio.

É necessário destacar, ainda, que a Cartografia, apesar de extremamente importante para as analises geográficas, não deve ser entendida como um monopólio
da Geografia, mas como um instrumento a que os geógrafos devem recorrer com frequência.

A Cartografia e suas tecnologias


Nos dias atuais, o processo de elaboração dos mapas envolve o uso de sofisticada tecnologia vinculada, principalmente, ao setor aeronáutico e espacial, pois
grande parte dos levantamentos de dados sobre a área que neles serão representados é realizada por meio da obtenção e montagem de fotografias e imagens aéreas.

As fotos aéreas são obtidas por câmeras instaladas em aviões. Essa técnica de obtenção e montagem das fotos aéreas para efeito de levantamento de dados
sobre uma área que será representada nos mapas é chamada de aerofotogrametria.

As imagens aéreas são obtidas por sensores remotos acoplados aos satélites artificiais, os quais fornecem informações para a geração de imagens ou dados
referentes à superfície terrestre. Esse processo ocorre por meio da captação de energia eletromagnética e de sistemas de interpretação.
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Após a interpretação e o tratamento de cores, as imagens permitem aos pesquisadores e aos demais usuários (governos, instituições militares, ONGs, entre
outros) conhecer em detalhes os tipos de vegetação, de solo e de rochas, além de mapear os fenômenos que apresentam continuidade, como queimadas,
desmatamentos, poluição e crescimento de áreas urbanas.

O sistema de captação de informações e tratamento de imagens vem sendo aperfeiçoado desde a década de 1950, e as imagens produzidas atualmente
apresentam altíssima resolução.

O processo de elaboração dos mapas envolve a utilização de uma série de elementos cartográficos, que possibilitam aos seus usuários uma melhor
compreensão. Dentre eles, podemos citar as legendas, as isoípias ou curvas de nível, as escalas e as projeções.

As legendas
São fundamentais para a compreensão dos mapas, pois elas explicam a simbologia da representação gráfica. Podem ser compostas de linhas, cores e
símbolos.

As linhas são usadas para representar fenômenos de distribuição linear – como ferrovias, rodovias, rios, canais, fronteiras – ou fenômenos de mesma
intensidade por meio de isolinhas, linhas que unem pontos de mesmo valor, como é o caso das isotermas (linhas de igual temperatura), das isoietas (linhas de igual
pluviosidade) e das isoípsas ou curvas de nível (linhas de igual altitude).

As cores são utilizadas, por exemplo, para representar as diferenciações altimétricas nas áreas continentais e profundidades nas áreas oceânicas.
Convencionalmente, as altitudes são representadas por cores claras nas áreas baixas (variações de verde) e por cores escuras nas áreas altas (tons de marrom). As
profundidades são sempre indicadas pelo azul, em tons claros para as áreas mais rasas e em tons escuros para as áreas mais profundas.

Os símbolos, assim como as linhas e as cores, representam fenômenos de várias ordens: aspectos físicos (o desenho de uma montanha), socioeconômicos
(produtos agrícolas ou industriais, aeroportos), urbanos, políticos, militares, religiosos, etc.

As isoípsas ou curvas de nível


As isoípsas são linhas imaginárias de um terreno que representam nível; cada linha indica um valor de altitude.

As marcações de isoípsas começam a partir da definição de uma superfície de referencia do terreno (normalmente, utiliza-se o nível do mar) e então se inicia
o traçado das linhas, que podem ser acima ou abaixo da superfície de referencia, conforme o que se pretende representar no mapa a ser feito. Essas linhas são
conhecidas também como curvas de nível; são encontradas nos mapas topográficos e representam a altitude do relevo. A mesma linha representa sempre a mesma
altitude, que é normalmente indicada por uma numeração, a qual fica no contorno da linha. Essa numeração é conhecida como cota altimétrica. Para não
sobrecarregar os mapas, nem toda linha tem cota altimétrica. Por exemplo, quando se utiliza o intervalo entre duas linhas de 10 metros, todas as linhas traçadas são
de 10 em 10 metros.

Por meio das marcações em curva de nível, é possível ter uma boa noção das características topográficas do relevo e, a partir daí, interpretar e analisar as
potencialidades do lugar. Quanto mais próximas as linhas se apresentam, maior é a declividade do lugar representado.

As escalas
Esse elemento de um mapa mostra a relação constante entre as dimensões dos elementos nele representados e suas reais dimensões na natureza. A escala
demonstra quantas vezes as dimensões do terreno foram reduzidas no mapa.

Há dois tipos de escalas nos mapas: a numérica e a gráfica. Embora as duas representem exatamente a mesma relação de proporcionalidade, cada uma serve
melhor a determinados objetivos, cabendo ao elaborador do mapa a opção de qual escala utilizar, ou mesmo, a utilização das duas.

1
A escala numérica, expressa por uma fração (exemplo: ) ou por uma razão (exemplo: 1:2 000 000), indica que a unidade de comprimento (1)
2000 000
no numerador da fração ou no primeiro membro da razão vale 2 milhões de vezes essa mesma unidade no terreno, ou seja, 1 metro no mapa representa 2 milhões
de metros na natureza; 1 milimetro no mapa representa 2 milhões de milímetros na natureza, e assim por diante.

Algumas vezes, utiliza-se o centímetro como unidade de medida, pois assim é possível representar cidades, estados, países, continentes ou até todo o
planisfério terrestre em uma folha de papel de pequena dimensão. Nesse caso, em um mapa construído na escala de 1 por 2 milhões, 1 centímetro no papel
representa 2 milhões de centímetros no terreno cartografado. É sempre recomendável, quando os mapas representam áreas de grande extensão na natureza, fazer a
transformação da medida em centímetros para uma medida em quilômetros.

A escala gráfica exprime, pelo desenho, a relação entre mapa e natureza. A vantagem dessa escala está em sua leitura fácil e mediata, que permite determinar
a distancia por comparação. Em geral, ela vem desenhada em um mapa, como se fosse uma régua, com divisões marcadas em centímetros e uma indicação do
valor em quilômetros que cada centímetro no mapa representa na natureza. Então, para descobrir a distancia real entre dois pontos em um mapa, basta medir com
uma régua essa distancia no mapa e multiplicar o valor encontrado pelo número de quilômetros indicado na escala.

As projeções
A representação mais fiel da forma da superfície do planeta é o globo terrestre, pois é impossível retratar a superfície esférica da Terra em um plano sem
provocar distorções, como acontece com as representações feitas nos mapas. No entanto, o globo terrestre apresenta um sério inconveniente pedagógico: sua
manipulação é bem menos prática do que a de mapas. A solução técnica que permite uma elaboração de mapas com menor distorção da realidade consiste na
utilização de uma projeção para a confecção dos cartogramas (esquemas representativos).

Entende-se por projeção cartográfica uma correspondência matemática entre as coordenadas da superfície esférica da Terra (latitudes e longitudes) e as
coordenadas da superfície retangular do plano (abscissas e ordenadas). No eixo das abscissas indicamos os paralelos, que determinam as latitudes; e nos eixos das
ordenadas indicamos os meridianos, que determinam as longitudes. As projeções sempre terão deformações, mas é possível fazer uma escolha entre manter a
fidelidade dos contornos, alterando a proporcionalidade da área representada, ou manter a proporcionalidade das áreas, alterando seus contornos. A opção de quem
vai construir um mapa dependerá da maior ou menor adequação de cada uma dessas projeções aos objetivos a serem atendidos pela representação.
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Há, ainda, várias projeções que podem ser utilizadas na confecção de mapas. Entre elas, merecem menção devido à frequência de sua utilização: a cônica; a
central ou plana; e a cilíndrica.

A projeção cônica é conhecida desde a Antiguidade e se caracteriza por apresentar os meridianos retos e os paralelos curvos. É geralmente usada para
representar só um hemisfério e retrata com maior perfeição apenas as regiões de altas latitudes, como as áreas polares, e com grandes deformações as regiões de
baixas latitudes, como as áreas equatoriais.

A projeção plana, também conhecida como zenital ou azimutal, é usada, sobretudo, para representar pequenas áreas, pois as deformações aumentam com o
distanciamento do ponto central do mapa. Essa projeção é geralmente escolhida para representar rotas de navegação.

A projeção cilíndrica, muito usada na elaboração de mapas-múndi e nas cartas de navegação, representa o planeta com base na projeção dos paralelos e
meridianos num cilindro que tangencia o globo terrestre. De acordo com o tipo de deformação que essa projeção provoca nos mapas, ela é classificada como
conforme ou equivalente.

As projeções cilíndricas do tipo conforme e equivalente


A projeção cilíndrica conforme, conhecida como projeção de Mercator, é a mais utilizada para elaboração de mapas-múndi. Criada pelo belga Gerhard
Kremer (Também chamado Mercator) em 1569, conserva direções e ângulos e a forma das massas continentais, mas distorce suas áreas relativas, pois valoriza a
extensão dos territórios representados nas médias e altas latitudes. Esse tipo de deformação leva os territórios situados nas latitudes acima de 45 °, como grande
parte dos continentes europeu e norte-americano, a apresentar uma dimensão relativa bem maior do que a real.

Note que a projeção apresenta algumas distorções, por exemplo: a Groenlândia é na verdade cerca de nove vezes menor do que a América do Sul, mas nessa
projeção parece bem maior que o subcontinente sul-americano, situado em áreas de baixas latitudes. Do ponto de vista geopolítico, essa projeção funcionou como
instrumento de reforço da dominação europeia, decorrente da expansão do capitalismo comercial sobre o planeta, por mais de 300 anos. Isso se explica pelo fato
de essa projeção valorizar a extensão territorial das metrópoles europeias, situadas em áreas de medias e altas latitudes, em detrimento da extensão territorial de
suas colônias, em grande parte situadas nas áreas de baixas latitudes da América, da África e da Ásia.

A projeção cilíndrica equivalente, conhecida como projeção de Peters, também é usada para elaboração de mapas-múndi. Ela foi criada pelo cartógrafo
alemão Arno Peters na década de 1950 e divulgada em 1973. Ao contrario da confeccionada por Mercator, ela conserva as dimensões relativas dos territórios
representados, mas distorce os ângulos da latitude e da longitude de um ponto na superfície terrestre.

O planisfério elaborado nessa projeção costuma ser chamado de “mapa para um mundo solidário”, porque valoriza o tamanho dos países não desenvolvidos
localizados em áreas de baixa latitude da Ásia, da América Latina e da África. Essa projeção, ao dimensionar de modo favorável os territórios desses países,
possibilitou, do ponto de vista geopolítico, o registro cartográfico de uma reinvindicação que cresceu nos países não desenvolvidos no período do pós-guerra: a
valorização de seu espaço no contexto internacional, a fim de subsidiar a conquista de maior presença nas decisões mundiais.

Paralelamente ao mapa-múndi desenvolvido por Peters, são divulgadas as representações cartográficas que colocam o hemisfério Sul acima do Norte,
invertendo a representação tradicional. Essa inversão, desde que se verifique a indicação norte ou sul, não compromete a informação cartográfica, além de
valorizar a representação dos países localizados ao sul das áreas onde estão a maior parte dos países desenvolvidos.

Noções de Astronomia e estações do ano


O mapa do mundo e do Brasil
As fronteiras do Brasil
Os fusos horários
Fundamentos da Geologia
O que a Geologia estuda?
A Geologia é a ciência que estuda a crosta terrestre, ou seja, a camada mais superficial do planeta. Ela subdivide-se em vários ramos de estudo, dos quais os
principais são:

Geologia morfológica, ou Geomorfologia, que estuda a dinâmica física da superfície terrestre, ou seja, as transformações da crosta decorrentes da ação
dos agentes formadores e modeladores do relevo.
Geologia histórica, ou Paleontologia, que estuda a história da Terra por meio da análise dos vestígios geológicos presentes nas rochas (um fóssil, por
exemplo), buscando com isso reconstituir o passado geológico do planeta ou de uma região.
Geologia econômica, que estuda a concentração, a composição e a distribuição dos recursos minerais de uma região, como os minérios – rochas
compostas de minerais que apresentam valor econômico -, os solos ou, ainda, os mananciais de água.

As eras geológicas
A idade da Terra é da ordem de 4,6 bilhões de anos, ao longo dos quais ocorreram inúmeros eventos, datados, geologicamente, em dois planos distintos: o da
verificação de sua idade relativa e o da verificação de sua idade absoluta.
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No plano da idade relativa, a verificação se realiza pela análise da distribuição das camadas rochosas da crosta, cuja deposição ao longo do tempo geológico
ocorreu em ordem cronológica. Isso significa que a camada mais antiga da formação é a que funciona como base de sustentação das demais, e a camada mais
recente é a que se apresenta a céu aberto.

No plano da idade absoluta, a datação do evento é realizada pela utilização do método radioativo. Esse processo consiste na mensuração do processo de
desintegração dos isótopos (uma das formas em que um elemento químico se apresenta) radioativos, que dá origem a isótopos mais estáveis. A utilização de um ou
de outro isótopo nesse processo varia, sobretudo, em razão da idade do evento.

Para o calculo da datação dos eventos mais recentes, os pesquisadores utilizam isótopos radioativos que apresentam uma meia-vida (tempo necessário para
que ocorra a desintegração de metade dos núcleos atômicos de um material radioativo) relativamente curta. É o caso do carbono-14, que tem meia-vida de 5 700
anos.

Entre os eventos datados com base na verificação da quantidade de carbono-14 ( 14C) presente em sua composição destacam-se os materiais orgânicos, como
os fósseis animais (ossos, etc.) e os fósseis vegetais (madeiras, etc.). As datações com base nesse isótopo são realizadas em materiais de origem orgânica que
apresentam, como regra, até 50 mil anos de idade.

Para o cálculo da datação dos eventos antigos, os pesquisadores utilizam isótopos radioativos que apresentam meia-vida relativamente longa, como o uranio-
238, o potássio-40 e o rubídio-87. Entre eles, um dos mais utilizados é o uranio-238, cuja meia-vida é de 4,5 bilhões de anos e que, ao final de seu processo de
desintegração (que ocorre em 14 etapas), dá origem ao chumbo-206.

Pode-se datar uma rocha com bastante precisão, sabendo o tempo necessário para que certa quantidade de uranio-238 dê origem a determinada quantidade de
chumbo-206, bem como a quantidade existente de cada um desses elementos na sua composição.

A possibilidade de datação dos eventos geológicos, associada à possibilidade de interpretá-los no contexto em que se apresentam, viabilizou a reconstrução de
parte da história geológica da Terra. Essa reconstrução é apresentada na ordem inversa dos acontecimentos, ou seja, das ocorrências mais recentes para as mais
antigas, tal qual a disposição das camadas rochosas ao observador.

Por outro lado, visando facilitar a compreensão e a visualização da dinâmica dos fatos geológicos ao longo da existência do planeta, costuma-se dividir a
história da Terra em eras geológicas; e cada uma delas em períodos geológicos – todos marcados pela ocorrência de importantes eventos.

As camadas da Terra
A distância média entre a superfície irregular da Terra e seu centro de massa é da ordem de 6 370 km; destes, conhecemos, aproximadamente, 13 km, a partir
de observação direta, principalmente, por causa das atividades relacionadas com o processo de exploração petrolífera. O conhecimento que se tem a respeito da
estrutura interna do nosso planeta, portanto, foi obtido em sua maior parte, por métodos indiretos de investigação realizados, principalmente, no campo de estudo
da sismologia.

Os estudos com o intuito de conhecer a estrutura física da Terra são realizados levando em conta dois critérios de análise: a composição química de suas
estruturas rochosas e o nível de rigidez e plasticidade de suas estruturas rochosas.

Tomando-se como referência a composição química dos materiais que compõem a Terra, identifica-se a existência de três camadas da Terra: o núcleo, o
manto e a crosta.

O núcleo é a camada central do nosso planeta. Com espessura de cerca de 3 470 km, densidade media de 10,6 g/cm³ e temperatura média em torno dos 5
000°C, composto de elementos metálicos, como níquel e ferro, o que explica seu outro nome, nife (Ni + Fe, os símbolos do níquel e do ferro). Ele se subdivide em
duas camadas: o núcleo interno, que se acredita estar no estado solido, e o núcleo externo, que se acredita estar no estado liquido ou pastoso.

O manto tem espessura aproximada de 2 900 km, densidade média de 4,6 g/cm³ e temperatura média em torno dos 3 500°C. É composto basicamente de
silicatos ferromagnesianos (silício, ferro e magnésio). Apresenta-se, predominantemente, no estado solido, e só se torna líquido se uma ruptura na crosta alivia a
altíssima pressão a que está submetido. Nessa situação, o material silicatico do manto se liquefaz e é então chamado de magma. Ele é constituído pelo manto
superior, que inclui a atenosfera, camada menos rígida, e pelo manto inferior.

A crosta corresponde à camada superficial da Terra, na qual se encontram os recursos necessários ao desenvolvimento do ciclo da vida no planeta: os
nutrientes e os minerais. A densidade média dessa camada é de 2,8 g/cm³, composta basicamente de basalto, na porção que funciona como substrato dos oceanos, e
de granito, na porção continental.

Se levarmos em consideração o comportamento físico (rigidez e plasticidade) das estruturas rochosas, consta-se a existência de quatro camadas na Terra:
litosfera, atenosfera, mesosfera e endosfera.

A endosfera encontra-se sob a mesosfera e apresenta um comportamento físico fluido, na sua parte externa (cuja espessura média é da ordem de 2 250 km) e
rígida na sua parte interna (cuja espessura média é da ordem de 1 220 km).

A mesosfera, localizada sob a astenosfera, apresenta uma espessura que varia de 350 a 2 900 km e comportamento físico plástico, portanto, apresenta
materiais mais resistentes quando comparada a astenosfera. Esses materiais são submetidos à enorme quantidade de força no interior do planeta, e deformam-se
devido à pressão existente a essa profundidade.

A astenosfera, por sua vez, se encontra abaixo da litosfera, e apresenta comportamento físico fluido viscoso, que se deforma plasticamente quando submetida
a esforços.

A litosfera (composta de materiais rochosos que integram as camadas da crosta e superior do manto) não é uma camada continua, pois falhas profundas
dividem essa camada da Terra em placas rígidas, denominadas de placas tectônicas, sobre as quais estão assentados, e em continuo movimento sobre a
astenosfera, os continentes e os oceanos.

Agentes internos e externos do relevo


Estrutura geológica
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Relevo e solos do Brasil
Os recursos minerais não energéticos no mundo
Os recursos minerais não energéticos no Brasil
Elementos climáticos
Os fatores climáticos
Os grandes domínios climatobotânicos do mundo
Os grandes domínios climáticos do Brasil
Vegetação no Brasil
Desmatamento e Unidades de Conservação
Elementos da hidrografia
As bacias hidrográficas no Brasil
Bacia Platina e domínios morfoclimáticos
A produção de combustíveis fósseis
Fontes de energia: combustíveis fosseis e biomassa no Brasil
A geração de energia elétrica no mundo
Globalização
As desigualdades no mundo globalizado
População: distribuição e crescimento
População no Brasil: distribuição e crescimento
Estrutura etária e por gênero
População no Brasil: imigração e estrutura étnica
População do Brasil: estrutura ativa
As migrações
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Urbanização e implicações sociais
O que é que é urbanização?
A urbanização é um processo que ocorre quando, em certo momento histórico, a população residente na cidade cresce em um ritmo mais rápido que o ritmo
de crescimento da população do país, ou seja, a taxa de crescimento da população residente nas cidades é maior que a da população rural.

A evolução do processo de urbanização está historicamente ligada à industrialização. A população urbana mundial, que era de apenas 2,4% nos primeiros
anos da Revolução Industrial, chegou, em 2010, a 50,7%.

A urbanização ocorreu primeiro nos países desenvolvidos e, posteriormente, nos países subdesenvolvidos. Atualmente, esse processo é mais intenso nos
países subdesenvolvidos. Apesar disso, os países desenvolvidos ainda apresentam, em média, um nível de urbanização mais elevado do que os países
subdesenvolvidos. Isso não quer dizer que não existam países subdesenvolvidos com nível de urbanização tão ou mais elevado do que muitos países
desenvolvidos, basta observarmos alguns países da América Latina, entre eles o Brasil.

Rede urbana
Megacidades e cidades globais
A urbanização brasileira
Nas últimas cinco décadas, o Brasil conheceu um processo de urbanização intenso, a ponto de ocorrer uma inversão completa nas porcentagens das
populações rural e urbana no país: em 1950 elas eras, respectivamente, 63,8% e 36,2% do total da população; enquanto em 2010, passaram a ser, respectivamente,
15,6% e 84,4%, segundo o Censo Demográfico de 2010.

O rápido processo de urbanização no Brasil gerou situações e problemas novos e pode ser explicado por vários fatores. Um deles, porém, merece destaque, a
migração em massa da população do campo para a cidade.

O deslocamento da população rural é o elemento mais importante na analise da movimentação interna da população de um país. Em virtude do elevado
contingente que se desloca em um curto período de tempo, esse movimento caracteriza um efetivo êxodo populacional também conhecido como êxodo rural.

O êxodo rural acontece por diferentes razoes, e aquelas que se sobressaem são:

 A estrutura fundiária brasileira, que se caracteriza por ser altamente concentrada, ou seja, pouca gente tem muita terra, muitos têm pouca terra, e uma
massa enorme de trabalhadores rurais não tem terra nenhuma, o que estimula a migração em direção às cidades;
 A implantação acelerada da mecanização agrícola em determinadas áreas, particularmente em locais em que a produção se voltou para o mercado
externo ou para o atendimento das indústrias, pois gerou um forte processo de desemprego no meio rural e levou o trabalhador do campo a mudar-se
para a zona urbana;
 A expansão do processo industrial, concentrado em algumas metrópoles, acelerou o deslocamento campo-cidade, atraindo o trabalhador rural, que via
nas áreas industrializadas a perspectiva de trabalho e de melhores salários.

Problemas urbanos
Agropecuária no mundo
Agropecuária no Brasil
A importância do setor agrícola no Brasil
Embora atualmente a maior parte da produção econômica brasileira esteja concentrada nas atividades urbanas e, portanto, vinculada à produção industrial e
aos serviços, a agricultura, que sempre foi muito importante no país, ainda ocupa lugar de destaque. Esse setor emprega 20% da mão de obra ativa, gerando
empregos nas áreas de transporte, comercio, armazenagem e transformação de produtos: fornece alimentos à população e matéria-prima para os mais diversos
setores industriais, como o alimentício, o energético e o têxtil. Além disso, representa cerca de 25% da renda das exportações nacionais.

O setor agrícola brasileiro vem apresentando nos últimos anos expressivo aumento de produção e produtividade. Isso está relacionado à soma de numerosos
fatores: elevação do nível de investimentos realizados no campo por parte dos empresários rurais: adoção de políticas agrícolas governamentais que valorizam e
beneficiam o desenvolvimento do cultivo de determinados produtos; melhoria na qualificação profissional do trabalhador rural; modernização dos equipamentos
agrícolas; desenvolvimento de uma tecnologia agrícola nacional; expansão do mercado mundial de produtos agrícolas; e uma crescente e contínua inserção do
Brasil no mercado global do setor.

Contudo, apesar da elevação da produção e da produtividade agrícola que vem ocorrendo no país nas ultimas décadas, tanto no âmbito da produção do
agronegócio como no da agricultura familiar, ainda hoje se constata a existência de graves problemas sociais no campo. Segundo muitos analistas, tal fato é
resultado, em grande parte, da estrutura fundiária historicamente concentrada e também das precárias relações de trabalho existentes na área rural brasileira.

O agronegócio no Brasil
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
As propriedades rurais no Brasil apresentam atualmente características diferentes entre dois dos principais setores de produção agrícola: o agronegócio e a
agricultura familiar.

O agronegócio comumente é chamado de “cadeia do agronegócio” ou “ciclo do agronegócio”, pois envolve não apenas a produção agrícola, mas também as
diferentes etapas antes do cultivo, como o desenvolvimento de pesquisas, a elaboração de tecnologias rurais (adubos, maquinas, insumos, rações e sementes) e o
processamento e a distribuição de produtos agrícolas, o que inclui a transformação do produto obtido inicialmente em diferentes itens direcionados ao consumidor
final. Trata-se, portanto, de um sistema complexo que exige a participação de uma extensa rede de agentes econômicos para finalmente atingir o mercado
consumidor.

Diversos produtos relacionados ao agronegócio têm como destino a exportação e possuem relevante participação na balança comercial brasileira. Dados do
Ministerio da Agricultura mostram a importância do setor nos últimos anos, com destaque para produtos relacionados ao complexo da soja (em grãos, farelo e
óleo), carnes, complexo sucroalcooleiro (açúcar e etanol), celulose, café e frutas.

Apesar do crescimento da produção e da produtividade que vem ocorrendo no setor agrícola brasileiro, ainda existem sérios obstáculos ao seu
desenvolvimento, como a infraestrutura de transporte e portuária bastante precária, o que provoca a elevação dos custos e, consequentemente, a perda de
competitividade de muitas produções no mercado global.

Em relação à agricultura familiar, é importante ressaltar seu papel fundamental no abastecimento dos centros urbanos do país, cultivando os alimentos
tipicamente consumidos pela população brasileira, como o arros, o feijão, o milho, a mandioca, as frutas e as hortaliças.

A agricultura familiar no Brasil


Compreende-se por agricultura familiar a estrutura rural em que pequenos produtores dirigem o processo produtivo, com ênfase na diversificação da produção
e no predomínio do trabalho familiar, que pode eventualmente ser complementado pelo trabalho assalariado.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 80% dos trabalhadores rurais atuam nesse segmento produtivo e são responsáveis pela
produção de 60% dos alimentos consumidos no país. Apesar disso, o território ocupado por esse tipo de produção é relativamente pequeno, alcançando apenas
32% das terras destinadas à agricultura no país.

A estrutura fundiária
A estrutura fundiária brasileira caracteriza-se pela histórica concentração de terras nas mãos de poucos proprietários. Esse problema exerce influencia em
diversos aspectos da economia e da organização social brasileira, como na oferta de empregos, no nível de remuneração, na qualidade de vida e no trabalho da
população rural, bem como na produção agrícola nacional.

Enquanto poucos possuem muita terra, muitos ainda não têm acesso a ela. A estrutura fundiária brasileira apresenta valores bastante representativos no que se
refere a sua concentração, pouquíssimas propriedades ocupam áreas com mais de 100 mil hectares, como os latifúndios, ao mesmo tempo que há um gigantesco
número de propriedades com menos de 1 hectare (ha).

A identificação e a desaprovação de latifúndios improdutivos ou ociosos para fins de reforma agraria é uma das principais reinvindicações de movimentos
sociais ligados à questão da terra.

As relações trabalhistas
Existem diversos regimes de trabalho no meio rural brasileiro sendo comum os trabalhadores terem vinculo empregatício em mais de uma propriedade ao
mesmo tempo. De acordo com as relações de trabalho estabelecidas, os trabalhadores rurais classificam-se em:

Posseiros: quando instalam-se em terras que não lhes pertencem legalmente, isto é, terras devolutas (do governo) ou de terceiros;
Parceiros: quando trabalham na terra de outra pessoa em troca de parte da produção. Quando essa parte chega a 50%, o trabalhador é chamado de
meeiro (pois recebe metade da produção);
Pequenos proprietários: quando cultivam a própria terra para abastecer a família e para negociar seus produtos no mercado local;
Arrendatários: quando alugam a terra de alguém pagando em dinheiro. Em geral, dispõem de certo capital e de equipamentos;
Assalariados permanentes: quando moram nas propriedades em que trabalham, mantendo vinculo empregatício, com registro profissional e todos os
direitos legais;
Assalariados temporários|: quando são contratados por dia, por tarefa ou por empreitada, sem direito a morar na terra. Geralmente, habitam a periferia
das cidades e deslocam-se diariamente para trabalhar no campo.

Principais áreas de produção agropecuária da região Sudeste


No Sudeste, a atividade agrícola se apoiou inicialmente na cana-de-açúcar e, em seguida, na cultura do café, ainda hoje importante na região. As áreas de
maior destaque na agricultura são o Planalto Ocidental Paulista, o Triangulo Mineiro, o sul de Minas Gerais, a Zona da Mata Mineira e a Planície Litorânea.

O Planalto Ocidental Paulista é a principal área agrícola do Sudeste, apresenta uma agricultura moderna e bastante diversificada, que foi favorecida,
sobretudo, por três fatores:

As condições naturais: topografia relativamente plana, predomínio do clima tropical de altitude, ocorrência de manchas significativas de terra roxa, etc.;
A imigração e a implantação de infraestrutura de transportes no mesmo período: a entrada de imigrantes em larga escala, no século XIX e no inicio do
XX, impulsionou a adoção de novas técnicas e cultivos, e a necessidade de escoamento da produção cafeeira a custos acessíveis determinou o
incremento das vias férreas e do sistema portuário, os quais serviram de base para a expansão de outras culturas;
O crescimento da indústria no estado de São Paulo: o parque industrial fornece insumos à agricultura e consome matérias-primas agrícolas, além de
impulsionar o intenso crescimento urbano, ampliando o mercado consumidos dos produtos agrícolas.

Entre as produções locais, as de maior valor econômico são o café, a cana-de-açúcar e a laranja. Mas outros produtos se destacam, como chá, milho, arroz,
algodão e banana.
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O Planalto Ocidental Paulista também se destaca como área de criação de bovinos de diferentes raças, especialmente a nelore, com o domínio de uma
pecuária rica, seja nos moldes do sistema intensivo, com muito investimento, seja no sistema extensivo, porém com grande aplicação de zootecnologia.

Nas outras áreas da região, a atividade agrícola apresenta-se especializada em algumas produções. Observe a tabela a seguir:

Região Produção permanente


Sul e Zona da Mata de Minas Gerais O principal produto agrícola é o café; também se destaca uma
tradicional pecuária leiteira
Destaca-se o cultivo de cereais, como arroz e milho, além de
Triângulo Mineiro uma atividade pecuarista importante, concentrada na criação
de gado nelore, com grande aplicação de zootecnia
Planície litorânea, no norte do Rio de Janeiro (Baixada dos O principal produto é a cana-de-acúcar
Goitacazes, na região de Campos)
Litoral sul de São Paulo (Vale do Ribeira) Destaca-se a produção de banana e de chá
Vale do Paraíba Predomina a cultura do arroz e há uma importante criação de
gado leiteiro
Norte de Minas Gerais e vale do Jequitinhonha Destaca-se pela pecuária de bovinos

Nas proximidades dos grandes centros urbanos, particularmente circundando a Grande São Paulo, há um importante cinturão verde que produz
hortifrutigranjeiros para consumo local e regional. Esse cinturão vem se afastando, gradativamente, dos núcleos urbanos, em razão da valorização imobiliária e da
expansão da mancha urbana em torno das regiões mais ocupadas pela população.

Principais áreas de produção agropecuária da região Sul


A ocupação do espaço agrícola do Sul do Brasil começou com as grandes fazendas de pecuária formadas na região da Campanha. A partir do século XIX, com
as correntes imigratórias, a paisagem passou a se caracterizar, em especial nas áreas de concentração de colonos, pelas pequenas propriedades policultoras (com
regime de trabalho familiar), e por produções típicas de clima temperado, como a cultura do trigo e da uva, sobretudo, o abastecimento do mercado regional.

A diversidade da produção agrícola sulina, fruto da forma como a região foi ocupada pelos imigrantes, gradativamente deu lugar à homogeneidade baseada
em alguns produtos, como a soja e o trigo.

A expansão do cultivo da soja nas ultimas décadas tem provocado profundas alterações no tradicional quadro agrário do Sul. As propriedades cresceram em
tamanho, mecanizaram-se e passaram a privilegiar o mercado externo. Atualmente, cerca de 90% do trigo, 50% do arroz, 66% da uva e aproximadamente um terço
da soja e do milho produzidos no Brasil vêm da região Sul. Destaca-se também a pecuária, em especial, a de suínos, aves e ovinos, sobretudo no Rio Grande do
Sul, que detém aproximadamente 24% do rebanho ovino do Brasil.

Principais áreas de produção agropecuária da região Nordeste


A atividade agrícola é a mais importante atividade econômica do Nordeste. As sub-regiões nordestinas apresentam realidades muito diversas, tanto em termos
de produção como na organização do espaço agrícola, em razão do clima e das condições estruturais de cada região. Assim, temos a Zona da Mata bastante úmida,
o Agreste semiúmido, o Sertão semiárido e o Meio-Norte bastante úmido.

A Zona da Mata foi o primeiro espaço agrícola a ser ocupado na região, com a cultura da cana-de-açúcar, que lá encontrou condições naturais favoráveis a
sua expansão, como o fértil solo argiloso de massapé e o clima tropical úmidos. Na região ainda predominam as grandes propriedades e a monocultura voltada
para o mercado externo, particularmente nas áreas produtoras de cana-de-açúcar, sendo importante também a produção de cacau no sul da Bahia.

No Agreste, região menos úmida que a Zona da Mata, predominam as pequenas propriedades policultoras, dedicadas à produção de gêneros alimentícios,
como milho, mandioca, feijão, batata, frutas, café, fava, entre outros. Planta-se, ainda, o algodão e o sisal.

O Sertão tem como principal plantio comercial o algodão arbóreo, de fibras longas; já nas áreas mais úmidas, desenvolve-se uma policultura de subsistência,
com plantações de milho, feijão e mandioca. Observa-se também, ao longo do rio São Francisco, a pratica de uma agricultura moderna, que depende de irrigação
(cebola, frutas, arroz, etc.). Em grande parte dessa sub-região pratica-se uma pecuária de baixa produtividade, em um sistema extensivo, com predomínio de
bovinos, além de grande número de caprinos (cabras e bodes) e asininos (jegues).

O Meio-Norte caracteriza-se pela cultura comercial do arroz, desenvolvida sobretudo às margens dos rios Parnaíba, Mearim e Pindaré, e por uma pecuária de
bovinos extensiva, praticada principalmente ao sul dessa sub-região.

Principais áreas de produção agropecuária da região Centro-Oeste


O Centro-Oeste é a região onde a fronteira agrícola teve maior expansão recente no Brasil: a região se tornou uma das principais áreas de produção de soja,
arroz, milho, algodão e pecuária do país.

Parte dessa expansão se deve às técnicas de correção da acidez do solo do Cerrado, processo conhecido como calagem; à elaboração de técnicas de adaptação
climática de cultivos como a soja; e à construção de rodovias, que possibilitaram maior integração econômica a outras regiões do país. Tal avanço tem um custo
ambiental elevado, o que caracteriza atualmente o Cerrado como uma área de hotspot em biodiversidade, pois cerca de 50% da área original já foi completamente
destruída.

Entre as principais áreas de produção agrícola do Centro-Oeste destacam-se a região de Campo Grande e Dourados, no Mato Grosso do Sul, com grande
produção de soja, milho, amendoim e trigo; a região sudeste de Goias, com produção de arroz, algodão, milho, soja e café; o vale do Paranaíba, localizado no sul
de Goiás, com produção de algodão, amendoim e arroz. Atualmente o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de soja, e o estado do Mato Grosso é o maior
produtor brasileiro desse gênero agrícola.

Em relação à pecuária, destaca-se a presença de rebanhos em áreas do Cerrado, em especial o de gado bovino, com produção voltada para a pecuária
extensiva e a utilização do rebanho para corte. No Pantanal também há a presença de importantes áreas de pecuária.
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Principais áreas de produção agropecuária da região Norte
A região Norte não tem grande destaque na produção agrícola nacional, mas verifica-se, atualmente, um aumento da produção na região, uma área de
expansão da fronteira agrícola. Tal fato tem colocado em risco a Floresta Amazônica, em especial, a região conhecida como “arco do desmatamento”, localizada
nas margens da floresta.

Por conta da expansão da fronteira agrícola também ocorreu na região Norte, entre os anos 1970 e 1980, o aumento dos conflitos por terras, sendo o Bico do
Papagaio a área em que houve a maior incidência de conflitos entre posseiros e grandes proprietários de terras.

Entre as áreas agropecuárias mais importantes da região Norte estão a Zona Bragantina, próxima a Belém, com produção de pimenta-do-reino e malva; as
várzeas do rio Amazonas, com produção de juta; algumas regiões de Rondonia, onde se destacam as plantações de soja e milho; Roraima, com criação de bovinos
e equinos; e a ilha de Marajó, com criação de bufalinos.

A atividade industrial
As potências industriais tradicionais
As potências industriais emergentes
Atividade industrial no Brasil
As fases da industrialização
Durante o Período Colonial, Portugal impôs uma série de restrições à implantação de industrias no Brasil. Em 1808, com a vinda da família real portuguesa e
a abertura dos portos brasileiros, foram revogadas as proibições relativas às atividades industriais. No entanto, durante todo o século XIX, um conjunto de
obstáculos continuou a impedir seu crescimento.

Era mais conveniente para os países industrializados da época, ou seja, aqueles que dominavam o mercado internacional, que o Brasil, assim como outros
países colonizados ou dependentes, fossem mantidos na condição de fornecedores de matérias-primas e consumidores de produtos manufaturados do exterior –
sobretudo da Inglaterra, grande potencia da época. Além disso, o uso da mão de obra escravizada restringia o mercado consumidor interno, e a hegemonia política
dos proprietários rurais determinava uma politica industrial tímida, transposta de forma limitada por ações pontuais e medidas isoladas.

No final do século XIX, a economia cafeeira, que estava consolidada no período, proporcionou fatores importantes para o inicio do desenvolvimento
industrial em São Paulo, entre eles a integração entre os mercados (impulsionados pela imigração e pela urbanização) e o surgimento das ferrovias, que foi
fundamental para viabilizar a exportação de café. Ao mesmo tempo, os capitais excedentes da economia cafeeira possibilitaram a importação de equipamentos
industriais. Isso gerou uma estrutura favorável para o investimento no setor industrial, que cresceria principalmente no período da Primeira Guerra Mundial (1914
– 1918).

Nessa época, as exportações brasileiras de café e as importações de bens não duráveis e maquinaria caíram significativamente, pois os países exportadores
desviaram sua capacidade de produção para armamentos e artigos bélicos. Naquela circunstancia, em que havia poucos produtos estrangeiros concorrentes, os
capitais nacionais foram atraídos para o investimento industrial.

A década de 1930 marcou uma passagem decisiva na história da indústria brasileira. De um lado, a depressão econômica internacional ocasionada pela crise
da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, proporcionou condições inéditas para o Brasil substituir importações de bens não duráveis – e mesmo de certos
semimanufaturados – por produções nacionais. De outro, a revolução de 1930 operou uma mudança decisiva na politica interna, já que afastou do poder do Estado
alguns grupos das oligarquias tradicionais vinculados aos interesses agrocomerciais que emperravam a industrialização.

O governo de Getulio Vargas (1930 – 1945) adotou uma politica industrializante, regulamentou o mercado de trabalho urbano e limitou as importações.
Porem, para impulsionar o desenvolvimento interno, privilegiando a produção nacional, era indispensável que o governo investisse em um complexo de industrias
de base, até então quase inexistente no país.

A industrialização brasileira apoiou-se em uma politica direcionada ao processo de substituição das importações. Foi o que ocorreu também nos demais países
latino-americanos de expressivo desenvolvimento industrial, como Mexico e Argentina.

Em 1941, Getulio Vargas criou oficialmente a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e um ano depois complementou a iniciativa com a formação da
Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, que faria exploração de minérios no Quadrilatero ferrífero para abastecer o nascente parque siderúrgico do país.

Na década de 1950 foram criadas a Companhia Siderurgica Paulista (Cosipa), em Cubatão, e a Usina Siderurgica Minas Gerais (Usiminas), em Ipatinga. Por
meio do então recém-constituido Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES), o Estado brasileiro funcionava como financiador e socio
majoritário dessas empresas mistas (empresas constituídas de capitais públicos, ou do governo e privados).
Após a década de 1940, a produção de energia elétrica também passou a preocupar o Estado, que criou, então, a Companhia Hidreletrica do São Francisco
(Chesf) para substituir diversas empresas estrangeiras que atuavam no setor. Nos anos 1950 foram criadas, em Minas Gerais, as companhias Furnas Centrais
Elétricas e a Companhia Energetica de Minas Gerais (Cemig), e no inicio da década de 1960 foram implantadas a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), em
São Paulo, e a Eletrobras, no Rio de Janeiro, para atuar como controladoras da produção energética em âmbito nacional. O grande marco do intervencionismo
estatal no setor energético, porém, foi a criação da Petrobras, em 1953 (quinze anos depois da constituição do Conselho Nacional do Petroleo); com o
estabelecimento do monopólio do refino de petróleo, a nova empresa iniciou a montagem de um amplo parque de refinarias em diferentes pontos do país.
Nesse período, a mão de obra que até então era majoritariamente composta de imigrantes, foi substituída por trabalhadores brasileiros. O êxodo rural do oeste
paulista (provocado pela decadência da cafeicultura) e a chegada ao Rio de Janeiro e a São Paulo dos primeiros contingentes de migrantes da região Nordeste (que
se deslocaram para outras regiões do Brasil em razão das dificuldades econômicas) formaram as bases de um mercado de trabalho industrial brasileiro.
Durante o governo de Juscelino Kubitchek (1956 – 1960) consolidou-se o desenvolvimento dos setores de energia, de transportes, de alimentação, de
educação e de industrias. O Plano de Metas que norteava a politica desse governo tinha por finalidade acelerar o crescimento econômico do país por meio da
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implantação de estabelecimentos industriais de grande porte para gerar muitos empregos e assim dinamizar todo o processo. O slogan do governo era que o Brasil
conhecesse o crescimento de “50 anos em 5“.
O recurso adotado para atingir esse objetivo foi abrir a economia brasileira à entrada de capital estrangeiro, por meio de incentivos cambiais, tarifários, fiscais
e de créditos, que atraíram investimentos tanto sob a forma de implantação industrial como de empréstimos financeiros.
Esses investimentos privilegiaram, no setor de bens de consumo duráveis, a indústria automobilística, concentrada principalmente na região do ABC paulista,
e a indústria de equipamentos elétricos e eletrônicos; no setor de bens não duráveis, a indústria farmacêutica; e no setor de bens de produção, a siderurgia, a
indústria química e a construção naval – implantada no Rio de Janeiro a partir de 1958, com a criação do Grupo Executivo da Industria de Construcao Naval
(Geicon).
O modelo econômico brasileiro estruturado a partir da década de 1950 é descrito por vários autores como um tripé constituído de capital estatal, grandes
conglomerados internacionais e grandes conglomerados nacionais. Nesse tripé, o capital estatal atuou principalmente no setor de base e de infraestrutura,
subsidiando os capitais privados de forma direta ou indireta.
Em 1964, com a introdução do regime militar no Brasil, o processo de industrialização foi acentuadamente internacionalizado. A entrada de um número cada
vez maior de empresas estrangeiras impôs aos brasileiros novos hábitos de consumo, o que contribuiu para intensificar a dependência econômica e tecnológica do
Brasil em relação às grandes potencias do período. Ainda apoiado no tripé capital estatal, grandes conglomerados internacionais e grandes conglomerados
nacionais, houve um crescimento na produção industrial brasileira muito expressivo na década de 1970 e na primeira metade da década de 1980.
Na segunda metade da década de 1980, houve uma forte retração da produção industrial brasileira. Esse declínio foi decorrente de uma grande instabilidade
financeira no país, marcada, entre outros aspectos, pela aceleração da inflação, diminuição do poder de compra dos salários, elevação das taxas de desemprego e
desequilíbrio das contas externas.
A retração da produção industrial que ocorreu no Brasil nos anos de 1980, aliada às transformações que ocorriam no mundo, resultado do avanço do processo
de globalização econômica, ocasionou uma serie de mudanças na politica econômica adotada pelo governo brasileiro (que voltara a ser democrático) para tentar
promover o desenvolvimento da atividade industrial brasileira nos anos de 1990.

A industrialização brasileira no mundo globalizado


A partir dos nãos 1990, o Brasil passou a ingressar, gradativamente, nas novas relações de mercado impostas pela expansão do processo de globalização. Isso
implicou ao país ceder a duas exigências do grande capital transnacional: estabelecer uma abertura maior à entrada de produtos originários de outros países, com a
queda de obstáculos como taxas alfandegarias e cotas de importação, além de determinar o fim do monopólio estatal sobre atividades econômicas, inclusive as
estratégicas, como as atividades relacionadas ao petróleo, à eletricidade e às comunicações, resultando na privatização de várias empresas, especialmente no
campo da produção industrial de base, como o siderúrgico.
A globalização trouxe, ainda, a necessidade de as industrias nacionais se adequarem para que seus produtos pudessem competir no mercado brasileiro com os
produtos importados, e no exterior, para viabilizar a inserção dos seus produtos no fluxo de comercio internacional.
Embora grande parte do parque industrial brasileiro tenha se modernizado, ainda não foi suficiente para incluir o Brasil entre os países exportadores
industriais de grande competitividade no mercado externo. Segundo muitos analistas, o motivo da exclusão do Brasil do patamar dos principais países
exportadores do mundo se deve a uma série de problemas que afetam a competitividade dos produtos industriais brasileiros no exterior, relacionados, sobretudo, à
elevada carga tributaria existente no país, à deficiência na infraestrutura de transporte e de escoamento da produção, entre outros fatores.
Alguns analistas apontam, ainda, os elevados encargos sociais sobre a mão de obra e a baixa flexibilização do seu uso como fatores que agravam o chamado
“custo Brasil”. Não existe, entretanto, unanimidade em relação aos fatores que determinam essa baixa competitividade.
Apesar da relativa descentralização da atividade industrial no Brasil, ainda hoje é possível identificar uma forte concentração industrial na região Sudeste.

Transporte e comércio
Turismo como organizador do espaço geográfico
Geopolítica: a ordem mundial bipolar e multipolar
Problemas geopolíticos na Ásia
Problemas geopolíticos na África

Gramatica e texto
Utilidades da língua
Gêneros textuais
Funções da linguagem
Semântica I: conceitos básicos
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Classes de palavras – Substantivo: função na construção de
sentidos no texto
Classes de palavras – Adjetivos: função na construção de
sentidos no texto
Classes de palavras – Artigo: função na construção de sentidos
no texto
Classes de palavras – Numeral: função na construção de sentidos
no texto
Classes de palavras – Pronome: função na construção de sentidos
no texto
Contextualização: apreensão e compreensão de sentido
Intertextualidade, interdiscursividade e interdisciplinaridade
Semântica II: conceitos básicos
Verbo na norma-padrão: uso literal e metafórico dos tempos
Verbo na norma-padrão
Figuras de çinguagem: recursos retóricos
Como ler um poema
Classes de palavras – Advérbio: função na construção de
sentidos no texto
Classes de palavras – Preposição e conjunção: função na
construção de sentidos no texto
Formação de palavras: função na construção de sentidos no texto
Seleção lexical: função na construção de sentidos no texto
Combinação de palavras: mecanismos de coesão frasal
Interpretação de texto no Enem e nos vestibulares: os distratores
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Semântica, pragmática, contextualização e interdisciplinaridade
Coerência textual
Coesão textual
Colocação de palavras na frase
Fonética e fonologia
Acentuação gráfica: norma-padrão
Argumentação: recursos de persuasão
Sujeito e predicado: manobras de construção de sentidos do texto
Concordância: norma-padrão, marca de relação sintática
Satélites do verbo: papel semântico dos objetos, adjuntos e
agente da passiva
Regência: norma-padrão, marca de relação sintática e produção
de sentido
Tipos de texto: descrição, narração e dissertação
Tipos de discurso e transposições
Funções do pronome se: papel argumentativo
Satélites do nome e vocativo
Textos temáticos e figurativos
Textos não verbais e sincréticos: procedimentos de leitura

Língua inglesa
Introduction to Reading and Understanding; multiple Text
Genres
Simple Present
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Present Continuous
“Going to” Future; Simple Future
Text Comprehension
Possessive Adjectives
Possessive Pronouns; Double possessive
Imperative; Time Clauses
Personal Pronouns; Reflexive and Emphasizing Pronouns text
Comprehension
Simple past
Past Continuous
Past perfect
Plural of Nouns
Much; Many; Little; Few
Text Comprehension
Some; Any; Compound Forms
No; None; Compound Forms
The Genitive
Review Exercises
Text Comprehension
Interrogatives
Relative Pronouns (I)
Relative Pronouns (II)
Text Comprehension
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Degrees of Adjectives
Articles
Modal Verbs (I)
Prepositions (I)
Review Exercises
Another; Other; Others
Present perfect (I)
Present perfect (II)
Text Comprehension
Modal verbs (II)
Addictions to Remarks
Question-tags; Short Awswers; Shortened Clauses
Text Comprehension
Conditional Sentences
Prepositions (II)
The Passive Voice (I)
The Passive Voice (II)
The Passive with Verbs of “thinking”; “saying” etc.
Like; As
Text Comprehension

Literatura
Introdução ao estudo da Literatura e das Artes visuais
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Como podemos entender a arte?
“A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta. [...]”.

Fernando Pessoa

Alguns de nós talvez consigamos atravessar toa a existência sem compreender fenômenos físicos que nos cercam, ou sem dominar totalmente complicadas
operações matemáticas. Da mesma forma, podemos viver muitos anos sem nos questionarmos a respeito do significado ou da importância da arte no mundo que
habitamos.

Ainda que não entendamos ou pensemos teoricamente sobre tudo isso, é muito difícil que alguém, inserido em uma comunidade, consiga permanecer uma
vida inteira sem tomar parte em uma experiência artística de qualquer natureza. A arte nos acompanha desde as mais remotas organizações sociais e é, além de
tudo, algo inerente ao ser humano.

Cantarolar uma musica durante o dia, olhar para uma imagem pintada em um muro da cidade em que se vive, assistir a uma cena de um filme no cinema ou
na televisão, dançar durante uma celebração qualquer são situações que todos nós experimentamos em nosso dia a dia sem que necessariamente pensemos sobre
elas do ponto de vista da arte.

Para que possamos apreciar a arte de forma plena, é preciso compreender alguns aspectos que a constituem e aprender a olhar para as manifestações artísticas
de uma maneira mais consciente. Afinal. Qual é o papel da arte em nossa vida?

Arte e comunicação
Desde quando o homem passou a dominar a linguagem, ele utiliza algumas formas de comunicação que permitem a troca de informações. A expressão
artística é uma dessas formas. Arte é comunicação, uma forma de ler o mundo e transmitir uma visão pessoal ou coletiva a respeito de determinado fato, época ou,
simplesmente experiência vivida.

Além da troca de conhecimento, a arte também tem o poder de nos colocar em contato com a parcela transcendente e inexplicável do universo que nos cerca
e, em última análise, de aproximar cada um de nós com nossa própria essência. Assim, podemos pensar na arte como um instrumento de comunicação do homem
com seu semelhante e consigo mesmo. Em outras palavras, a arte nos proporciona entrar em contato com o que há de humano em todos nós.

Algumas dimensões da arte


Dada a complexidade de definir a arte e sua importância para nós, vamos dividi-la em cinco grandes dimensões que abrangem as diferentes manifestações
artísticas.

Dimensão pedagógica
Levando em consideração a força da arte como elemento de comunicação, não é difícil entender seu grande potencial como instrumento de ensino. A obra de
arte tem sido historicamente usada como veiculo na transmissão de conhecimentos e alcançado resultados muito eficientes e profundos, exatamente por incluir a
utilização de recursos estéticos que podem atingir o espectador por vias emocionais, que transcendem a mera compreensão do conteúdo.

Os jesuítas, por exemplo, em seu trabalho de colonização no Brasil, utilizavam com frequência peças de teatro e poemas, especialmente produzidos para
ensinar a religião católica aos indígenas. Muito antes disso, na Grécia antiga as tragédias também exerciam importante papel na transmissão de conhecimentos ao
público da pólis que, interessado, lotava os grandes teatros durante os famosos festivais que aconteciam anualmente.

Dimensão politica
São inúmeros os exemplos de manifestações artísticas que abordam questões relativas à estrutura da sociedade. Relações entre governantes e governados,
entre classes sociais mais e menos favorecidas e entre patrões e empregados são um terreno fértil para a produção da arte. Nessa particularidade, a obra pode
tornar-se instrumento de conscientização política e social e contribuir para o desenvolvimento do senso crítico e da postura reflexiva do espectador/leitor.

Durante a ditadura brasileira entre os anos 1960 e 1970, por exemplo, muitas obras de arte propunham um olhar sobre o regime, na maioria das vezes de
forma metafórica, para escapar do rígido controle da censura. Composições musicais, espetáculos de teatro e produções cinematográficas foram, ao longo de toda a
história do homem, mecanismos de resistência contra sistemas injustos e opressores.

Dimensão estética
O cuidado com a forma é um dos aspectos definidores da expressão artística e, em alguns casos, a observação dessa forma passa a ser o elemento mais
destacado na obra de arte. Olhamos e admiramos o produto final considerando a habilidade do artista em desenvolver aquele trabalho de forma a proporcionar
sensações em quem o observa, seja, de prazer, estranhamento, admiração ou curiosidade.

Dimensão de registro histórico


A dimensão de registro histórico, que cria e mantem a identidade de um povo por meio das obras de arte, também é muito recorrente no trabalho dos artistas.
Naturalmente, ao entendermos a arte como parte do tempo em que o artista vive e das experiências que tem, não fica difícil identificar seu valor como
representação de uma forma de vida e de um conjunto de conceitos a respeito da maneira como se compreende e, até mesmo, se constrói a realidade.

Essa “construção” da realidade se transforma em um discurso inserido em determinada época, que, além de registrar acontecimentos significativos, também
tem o poder de resgatar visões sobre fatos e comportamentos que constroem a memória e a identidade de um povo.

Dimensão ritualística
Por mais que se discuta a respeito da função do artista e da arte, a ideia de que seu poder conecta o homem a uma dimensão transcendente resume muitas das
impressões registradas sobre o papel do trabalho artístico. Arte é ilusão, é transporte, é sugestão, é transcendência.
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Além da chamada arte sacra termo que se refere a imagens e/ou objetos sagrados, podemos considerar como parte da manifestação ritualística da arte
quaisquer danças e cânticos executados em rituais religiosos, ou mesmo templos construídos em torno de uma crença ou um deus.

Convém ressaltar que essa classificação está muito distante de esgotar a discussão acerca das dimensões que a arte pode assumir na sociedade. As categorias
apresentadas aqui dificilmente se manifestam de maneira pura em uma obra. Podemos observar a predominância de uma ou outra tendência no trabalho do artista,
mas não devemos perder de vista o fato de que a arte é fruto da expressão subjetiva e, assim, por mais técnica que seja, não deve deixar de ser compreendida como
um pronunciamento pessoal.

A classificação de uma obra como política, ritualística ou de registro histórico pode ser fruto de um olhar crítico em um momento posterior ao da produção do
trabalho ou parte da intenção primeira do artista.

Artes visuais – imagens que substituem as palavras


Literatura – palavras combinadas para fazer arte
O texto como pronunciamento da História
Gêneros literários e literatura medieval
Gêneros literários
Gênero lírico
Gênero dramático
Humanismo português: O teatro de Gil Vicente
O teatro de Gil Vicente
Estética renascentista
As principais transformações das artes plásticas no Renascimento
Dois filósofos fundamentais
O Maneirismo
Gênero narrativo
O Renascimento: o Classicismo em Portugal e as obras de Camões
Brasil: literatura informativa e jesuítica
A estética barroca
Introdução
A origem do termo barroco é objeto de muitas especulações. Segundo alguns estudiosos, a palavra se associava a um tipo de pedra de formato irregular e era
usada para designar algo imperfeito, sem harmonia. Em arte (literatura, pintura, música, etc.), o termo foi aplicado a uma estética que não apresentava os valores
renascentistas. Seu uso buscava evidenciar que determinada obra não seguia as regras clássicas de harmonia e equilíbrio, entendidas como princípios imutáveis do
belo artístico difundido pelo Renascimento. Com o tempo, o Barroco passou a ser aceito como uma estética legitima, que criava as próprias convenções e instituía
novos padrões de beleza. Esse padrão predominou ao longo do século XVII, período designado como seiscentismo – termo que também se associa à estética
barroca.

Reforma e Contrarreforma
Para custear suas despesas e a construção de obras monumentais, a Igreja Católica costumava levantar fundos com a venda de indulgencias. Indulgência
significava perdão dos pecados, concedido em caráter especial. Tal procedimento, adotado ainda na Idade Média, sempre mereceu críticas de setores da hierarquia
eclesiástica. No início do século XVI, a oposição a esse tipo de pratica passou a ocorrer de maneira mais firme. Em 1517, o religioso alemão Martinho Lutero
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protestou de forma veemente, levando contra si a fúria das autoridades católicas, que determinaram sua excomunhão. Lutero recebeu o apoio de importantes
autoridades europeias, fazendo surgir o movimento da Reforma protestante, fato que provocou uma cisão na Igreja Católica.

A Igreja Católica reagiu com uma série de medidas, que, no seu conjunto, configuraram a Contrarreforma. Entre os anos 1545 e 1563, a cidade italiana de
Trento foi palco de uma assembleia de autoridades católicas denominada Concilio de Trento. O concilio produziu documentos que determinavam a obediência
rigorosa aos dogmas, a criação de um índex – lista de livros proibidos – e o desenvolvimento de estratégias que visavam à popularização do ritual católico.

Paralelamente, os tribunais da Santa Inquisição, que funcionavam desde o período medieval, foram usados para perseguir os protestantes, enquanto a
Companhia de Jesus, organização fundada em 1534, foi utilizada para difundir a fé católica, impondo-as às populações dos territórios que vinham sendo
colonizados na América, na Índia, na África e na Ásia.

Assim, a Europa viveu crises internas e experimentou o choque cultural com costumes até então desconhecidos. As supostas irregularidades da arte barroca
transmitiam de forma bastante viva a falta de harmonia de um mundo em crise.

A arte barroca
Dualidade
O Barroco, como expressão artística, ocorreu em um período histórico preciso. No entanto, ele tratou de contradições experimentadas pelo ser humano em
qualquer época. Tais contradições foram expostas na estética barroca por meio de recursos expressivos próprios daquele tempo.

O fragmento a seguir evidencia as preocupações mais contundentes daquele momento, conforme as entendia o Padre Antônio Vieira, um dos maiores
representantes da estética barroca em língua portuguesa:

{...} Os homens, temos três vidas: vida corporal, vida espiritual, vida eterna. A morte tira somente a vida corporal; o pecado tira a vida espiritual, tira a
vida eterna, e também tira a vida corporal, porque do pecado nasceu a morte {...} A morte mata o corpo que é mortal; o pecado mata a alma, que é imortal, e
morte que mata o imortal, vede que morte será! Os estragos que faz a morte no corpo, consome-os em poucos dias a terra; os estragos que faz o pecado na alma,
não basta uma eternidade para os consumir no fogo. E sendo sobre todo o excesso de comparação tanto mais para temer a morte da alma que a morte do corpo,
e tendo mais para amar e para estimar a vida espiritual e eterna que a vida temporal, em que fé, e em que juízo cabe, que pela vida e saúde do corpo se façam tão
extraordinários extremos, e que da vida e saúde da ama se faça tão pouco caso?

VIEIRA, Padre Antônio. Sermão de Nossa Senhora da Penha de França. Sermões.

Linguagem rebuscada
Para os representantes da estética barroca, a simplicidade defendida pelos clássicos era demonstração de falta de criatividade. De maneira oposta à estética
renascentista, o Barroco valorizava o ornamento, o enfeite, o rebuscamento, características expressivas que tornavam a manifestação barroca mais tortuosa.

A arte literária do século XVIII tinha jogos de palavras, proposições e comparações inusitadas, que exigiam perspicácia do leitor. A criação desses tipos de
associação era definida como agudeza. Ela pode ser exemplificada pelo texto a seguir.

Foi no mar de um cuidado

Meu coração pescado;

Anzóis os olhos belos;

São linhas teus cabelos

Com solta gentileza,

Cupido pescador, isca a beleza.

OLIVEIRA, Manuel Botelho de. Música do Parnaso. Rio de Janeiro.

A complexidade da expressão barroca pode ser didaticamente compreendida levando em consideração dois conjuntos de recursos expressivos: o cultismo e o
conceptismo.

Cultismo e conceptismo
Os recursos que foram explorados pela linguagem barroca podem ser agrupados em duas grandes correntes. De um lado, havia o conceptismo, que dava
maior destaque ao conteúdo. De outro lado, o cultismo, que se concentrava mais na própria expressão, explorando, por exemplo, as figuras de linguagem. Eram
duas vertentes de um mesmo movimento, que podiam estar presentes simultaneamente na mesma obra. É muito difícil que um texto seja puramente cultista ou
conceptista.

Dinamismo
O Barroco pode ser concebido como a arte do movimento. Isso não significa dizer que a arte clássica era estática. O que ocorre é que o classicismo
renascentista privilegiava a imagem fixa, parada, como se a pintura, por exemplo, reproduzisse uma estátua, enquanto o Barroco preferia o dinâmico.

Esse dinamismo é facilmente percebido nas artes plásticas (desenho, pintura, escultura, etc.). Mas como percebê-lo na literatura? Algumas figuras de
linguagem criam a sugestão de um verdadeiro labirinto sintático, conferindo movimento à expressão verbal ao torna-la tortuosa. É o que ocorre, por exemplo, com
o hipérbato, que é a inversão da ordem natural da frase.

Outra forma de manifestação do dinamismo na estética barroca diz respeito à temática da instabilidade do mundo, já presente nos poemas maneiristas de
Camões.
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Instabilidade
O equilíbrio clássico é substituído, no Barroco, pela concepção de um mundo efêmero, em constante movimento e transformação. A consciência de que a vida
é breve assume ares dramáticos, com o pressentimento da morte, da punição pelos pecados e da destruição gradativa de todos os bens da existência. A literatura
barroca se volta, assim, para o processo de decadência moral e física do ser humano.

Leia o soneto a seguir, de Gregório de Matos:

Ao dia do juízo
O alegre do dia entristecido,
O silencio da noite perturbado
O resplendor do sol todo eclipsado,
E o luzente da lua desmentido!

Rompa todo o criado em um gemido,


Que é de ti mundo? Onde tens parado?
Se tudo neste instante está acabado,
Tanto importa o não ser, como haver sido.

Soa a trombeta da maior altura,


A que vivos, e mortos traz o aviso
Da desventura de uns, d’outros ventura.

Acabe o mundo, porque é já preciso,


Erga-se o morto, deixe a sepultura,
Porque é chegado o dia do juízo.

No contexto do Barroco, o homem era fruto do pecado, e todo pecado necessariamente seria punido. Qual alternativa restava, então, aos que se
sentiam angustiados diante dessa perspectiva? A resposta estava na fé.

Expressão de fé
Diante da inevitabilidade da morte e da punição pelos pecados cometidos, a alternativa que se descortinava ao ser humano, segundo a concepção barroca,
consistia no esforço de obter o perdão divino.

Para a Igreja Católica, tal perdão só poderia ser alcançado por meio da obediência às suas determinações – o que visava, entre outras coisas, manter a ligação
do fiel com o catolicismo, afastando-o de qualquer aproximação com as ideias reformistas.

A arte de Aleijadinho
Antônio Francisco Lisboa (1730? – 1814) foi o mais importante artista plástico do Barroco brasileiro. Sua biografia é ainda hoje envolta em mistério, mas sua
obra é reconhecida pela qualidade e pela expressividade dramática de suas figuras, características estéticas que permitem sua inserção nas convenções barrocas.

Padre Antônio Vieira


A União Ibérica (1580 – 1640)
O desaparecimento do rei português D. Sebastião (1554 – 1578) na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, criou uma crise sucessória, já que o monarca não
deixara herdeiros.

A partir de 1580, o trono português foi ocupado pelo rei Felipe da Espanha, inaugurando um período de domínio espanhol que duraria 60 anos. O episódio foi
o ponto mais marcante da decadência lusitana, já prevista por Camões no epilogo de Os Lusíadas, publicado em 1572

O sentimento de frustração gerado pela morte do rei fez surgir o sebastianismo.

Em 1640, o movimento da Restauração expulsou os espanhóis de Portugal e colocou uma nova família no poder, a dinastia de Bragança, iniciada com D. João
IV. Desde então, a influência política do Padre Antônio Vieira cresceu, pois ele se tornara um dos conselheiros do rei.

Biografia
Nascido em Portugal, Antônio Vieira (1608 – 1697) veio com a família para o Brasil aos 6 anos. Em Salvador, Bahia, frequentou o Colégio Jesuíta e iniciou
sua carreira eclesiástica em 1635. Sua pregação religiosa logo chamou a atenção. Após a Restauração de 1640, passou a exercer funções administrativas no reino
português, mas não abandonou sua vida eclesiástica. Em 1652, esteve no Maranhão, desenvolvendo um trabalho de catequese junto aos indígenas e combatendo a
escravatura dessa população, praticada pelos fazendeiros locais. Estes últimos conseguiram sua expulsão em 1661.

Enfrentamentos desse tipo fizeram Vieira perder o apoio político que tinha, enfraquecendo-o também junto às autoridades eclesiásticas. Acusado de praticar
futurologia, foi impedido de pregar e transferido de volta para Salvador, onde passou os últimos anos, dedicando-se à organização de sua obra máxima, os
Sermões.

A arte de pregar sermões


Em um de seus textos mais famosos, o “Sermão da Sexagésima”, pregado em 1655, Vieira apresenta aos seus ouvintes uma verdadeira aula de como se deve
desenvolver a pregação. Trata-se de um exercício de metalinguagem, isto é, um sermão que tem como tema a própria atividade do sermonário. Para Vieira, a
função dl pregador era esclarecer a palavra de Deus aos fiéis.
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O Padre Vieira defendia com seus sermões a ideologia católica, atacando de forma decidida os reformistas, considerados então hereges, isto é, contrários aos
dogmas católicos.

Defesa do catolicismo
Um dos grandes exemplos da defesa da moral católica contra o protestantismo, na obra de Vieira, é o “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra
as de Holanda”.

Os holandeses, que eram protestantes em sua maioria, pretendiam estender seus domínios à América e, em 1640, tentaram invadir a Bahia. Com seu sermão,
Vieira estimulou a resistência dos brasileiros. Sua argumentação parte do episodio do Antigo Testamento no qual o rei hebreu Davi recorre a Deus para proteger
seu povo. Vieira pede proteção aos que, para ele, constituem o novo povo de Deus: os portugueses e todos os que lutam ao seu lado.

Curiosamente, esse mesmo religioso que tanto defendia a Igreja Católica foi perseguido por essa instituição. Isso ocorreu porque Vieira perdeu o apoio
politico com que ele contava. Essa perda, por sua vez, ocorreu por causa de certas atitudes do pregador, que feriram interesses de poderosos.

Temática social
Nos sermões de Vieira, predomina a temática religiosa, porém, por meio dela, ele também tratava de questões sociais. O fato de ele exercer funções
administrativas não o inibia de fazer críticas aos vícios da sociedade. Vieira fazia do púlpito um espaço de defesa e difusão de suas ideias. Defesa que, muitas
vezes, era sinônimo de ataque. Foi o que aconteceu, por exemplo, em 1665, quando Vieira pregou o “Sermão do bom ladrão”, em Lisboa. Nele, o sermonario se
refere aos funcionários do reino.

Em 1656, com a morte de D. João IV, o grande protetor de Vieira, este ficou a mercê de seus inimigos, que tramaram para afastá-lo de suas atividades
administrativas. As autoridades eclesiásticas, por sua vez, já não viam com bons olhos a forma liberal como Vieira tratava os judeus, cujas praticas religiosas eram
condenadas pela Igreja. O padre fazia vista grossa a essas práticas, pois sabia que os judeus eram importantes para as finanças do reino. Como consequência,
Vieira perdeu seu apoio dentro e fora da instituição, tendo sido relegado ao esquecimento nos seus últimos anos de vida.

A visão da escravidão
Em mais de uma ocasião, Vieira criticou os latifundiários brasileiros pela crueldade ao tratar a população indígena, que era condenada à escravidão. No
entanto, sua posição era diferente em relação à escravidão negra, que o padre via como uma importante fonte de mão de obra para a economia colonial. A fim de
justificar suas opiniões, Vieira utilizava argumentos religiosos.

O Barroco no Brasil e a poesia de Gregório de Matos


O barroco brasileiro
Quando pensamos no Barroco brasileiro, é muito comum nos lembrarmos da obra de Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho.

Literariamente, porém, o Barroco já se havia desenvolvido no Brasil desde o início do século XVII, mais especificamente no Nordeste, quando ainda havia o
processo de colonização, sob a égide rigorosa da Inquisição europeia, em um clima de repressão decorrente da Contrarreforma religiosa.

Didaticamente, considera-se que o marco inicial do Barroco literário no Brasil foi a publicação, em 1601, do livro Prosopopeia, de Bento Teixeira, poema
épico inspirado na tradição camoniana. Naquela época, havia no Brasil colonial pouco espaço para o desenvolvimento da literatura, e os autores só tinham seus
livros publicados em Portugal. Assim, na colônia, os poemas só tornavam-se conhecidos ou pela tradição oral ou por folhetos manuscritos e distribuídos por seus
próprios autores.

Salvador, também conhecida como “cidade da Bahia”, era o grande centro político e econômico do Brasil colônia, que vivia da exploração da cana-de-açúcar
e do algodão. E foi em consequência disso que o Barroco brasileiro se desenvolveu primeiramente em território baiano.

O poeta Gregório de Matos


Gregório de Matos Guerra (1633 – 1696), nascido em Salvador, era o terceiro filho de uma família abastada. Depois de completar a educação básica em um
colégio jesuíta da Bahia, foi mandado a Coimbra, onde se graduou em Direito. Embora não tenha publicado nada em vida, durante sua estada em Portugal adquiriu
fama como poeta satírico e improvisador. De volta ao Brasil, em 1679, trabalhou como desembargador e tesoureiro-mor da Sé, cargos dos quais foi destituído por
não aceitar usar batina nem acatar ordens superiores da igreja. A partir desse fato, Gregório passou a se dedicar a fazer criticas a todas as classes sociais da Bahia,
em textos geralmente corrosivos que lhe custaram a perseguição pelas autoridades locais, a prisão e o exilio na África. Ao final da vida, voltou para Recife, onde
morreu, sem nunca mais ter pisado em solo baiano.

Boca do Inferno
As poesias satíricas, que apresentam termos chulos e ataques pessoais violentos, são um aspecto muito conhecido da obra do poeta baiano, considerado por
muitos o verdadeiro precursor da literatura brasileira. Foram seus textos críticos, associados à vertente erótica e muitas vezes pornográfica, que lhe valeram a
alcunha de Boca do Inferno.

Poesia satírica (crítica social)


Mesmo tendo nascido em Salvador, Gregório de Matos nunca poupou a capital baiana de críticas em seu trabalho literário. O poeta não se conformava em
viver em um mundo usurpado por aquilo que, para ele, era oportunismo dos pretensos e falsos nobres, os negociantes portugueses. Como advogado, vivia a farsa
das instituições jurídicas e, como poeta culto, via-se em um meio que considerava iletrado.

Poesia erótica (entre o gracioso e o pornográfico)


O trabalho de Gregório de Matos é fortemente marcado pelo erotismo. O poeta é lembrado não só por sua capacidade de produzir textos ferinos sobre a
sociedade baiana, como também por textos que fazem menção a encontros sexuais e às genitálias masculina e feminina. Normalmente, esses trabalhos são
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classificados como graciosos, quando sugerem algum traço malicioso, ainda que não explicitado; ou pornográficos, quando atingem o terreno da licenciosidade,
com termos de baixo calão, extremamente ofensivos.

A outra freira, que satirizando a delegada fisionomia do poeta lhe chamou “Pica-flor”
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-flor

Poesia amorosa
Além de ter escrito poesia de crítica social e textos marcados por erotismo e obscenidade, Gregório de Matos também cultuou o lirismo amoroso. Seus
poemas líricos apresentam um homem angustiado diante do amor que muitas vezes se revela dividido entre os desejos corporais que nele se manifestam e a culpa e
angústia pelo pecado, dualidade tipicamente barroca.

Poesia religiosa
Como traço comum do Barroco, o questionamento religioso aparece entre as principais preocupações dos autores. Os textos revelam um eu lírico dividido
entre a atração pelo pecado e a necessidade do perdão, ou em busca de uma integração entre o espiritual e o carnal em suas atitudes. A referência a objetos
sagrados, como o símbolo da cruz ou a imagem de Jesus Cristo, também é um recuso muito utilizado por Gregório de Matos.

Poesia reflexiva
O tema da efemeridade é um dos mais presentes no movimento Barroco e a percepção de que o mundo está em desacerto também é um pressuposto
importante para desencadear o processo reflexivo a respeito daquilo que se vive e do que se vê acontecer ao redor. O eu poético de Gregório de Matos assume em
vários poemas essa postura reflexiva, em que a questão filosófica transcende a religiosa e se estende a outros aspectos da existência.

A estética neoclássica
O Racionalismo newtoniano
O Iluminismo
A poesia neoclassicista
D. Maria, rainha louca: “a Viradeira”
Bocage
Arcadismo no Brasil
Tomás Antônio Gonzaga
Cláudio Manuel da Costa (1729 – 1789)
O Uruguai, de Basílio da Gama
Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão
Um árcade melodioso e terno: Silva Alvarenga
A estética romântica
Liberdade e individualismo: motor de grandes revoluções
Aspectos do romantismo
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Mais circulação de ideias: o jornal
Gêneros de prosa romântica: o romance e o conto
Romantismo: Portugal e Brasil
O nascimento do Brasil-nação
Gerações românticas
O teatro romântico
A prosa romântica no Brasil
Outros romances: o regionalismo romântico
A estética realista
Introdução
Contexto histórico
O realismo como expressão dos novos tempos
A visão critica da sociedade contemporânea
O Naturalismo
Eça de Queirós
Machado de Assis
Aluísio Azevedo
Estética da Belle Époque
Introdução
A expressão Belle Époque designa um período de grande otimismo, marcado pelo desenvolvimento tecnológico e artístico, vivido pela França entre a década
de 1870 e a eclosão da Primeira Guerra Mundial. As formas de sociabilidade (moda, comportamento, etc.) das elites parisienses tornaram-se modelos de elegância
e de sofisticação para todo o Ocidente.

No Brasil, no início do século XX, o Rio de Janeiro – então capital da República – passou por uma série de reformas urbanas com vistas à criação de avenidas
amplas e arborizadas, tirando do centro os resquícios da velha urbe colonial, de ruas estreitas e cheias de cortiços. Sem opções de moradia, as camadas pobres da
população tiveram de subir os morros, o que contribuiu com o processo de favelização da cidade, ou buscaram residência em subúrbios longínquos. Assim, os
desfavorecidos financeiramente pagaram um preço alto pela inserção da cidade na Belle Époque.

A luta pela consolidação do “bom gosto” e da higienização na cidade (por meio de campanhas de vacinação obrigatória, o que ocasionou a Revolta da
Vacina) era uma forma de mostrar ao mundo e aos brasileiros que o país alcançara um novo estágio de desenvolvimento. Essa cruzada pela instauração de um
refinamento nos moldes europeus teve um correlato na produção poética: o Parnasianismo.

Parnasianismo
Nos anos 1860, na França, um grupo de poetas iniciou um movimento de oposição ao Romantismo, acompanhando a renovação realista que já ocorria na
prosa e nas artes plásticas. O excesso romântico de subjetividade (uma verdadeira “exaltação de eu”) destoava da exatidão requerida pelo pensamento cientificista.
Assim, da mesma maneira que a impessoalidade e a aplicação de certos procedimentos são marcas da analise cientificista, a arte deveria assimilar um conjunto de
regras, com vistas a ser também uma forma válida de conhecimento.

Visando defender seus princípios, esse grupo francês publicou uma série de três antologias intituladas Le Parnasse Contenporain (O Parnaso
Contemporaneo), em 1866, 1871 e 1876. O nome da antologia já indica a filiação clássica do movimento, já que, para os antigos gregos, o mote Parnaso (uma
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montanha situada no centro da Grecia) era a morada de Apolo – jovem e belo deus, ligado ao Sol, ao dia, às Artes, à Medicina, à Razao e ao equilíbrio das formas,
que morava no Parnaso na companhia de nove musas.

Para os parnasianos, a poesia romântica tinha se afastado dos verdadeiros princípios artísticos para se tornar apenas suporte confessional de sentimentos
vagos, ou ainda, expressão de engajamento em causas sociais, políticas, etc. Os novos poetas quiseram então “restaurar” o que para eles era a função principal da
arte: o cultivo da Beleza. Seu objetivo era atingir um ideal de beleza inquestionável, que estivesse acima das opiniões pessoais e das modas. Como alcançar tal
utopia? Pelo aprimoramento da forma, pelo domínio perfeito da técnica, e pela abordagem de temas consagrados pela tradição. Assim, ao artista importava apenas
atingir uma espécie de perfeição estética, sem se rebaixar ao tratamento de temas cotidianos, políticos, e sem utilizar linguagem popular. Era o ideal da arte pela
arte, uma das principais características do movimento parnasiano.

Impessoalidade e técnica
Como em toda busca por um ideal, a arte parnasiana assumia uma postura platônica ao eleger valores que fossem universais, reconhecidos por todos. A obra
não podia mais ser fruto de um arroubo sentimental; pelo contrário, o artista deveria se dedicar laboriosamente a seu trabalho, almejando efeitos previamente
planejados, de maneira racional e objetiva. Por isso, em vez de um mergulho nas emoções pessoais, o parnasiano entregava-se completamente à sensoriedade,
detalhando paisagens ou objetos ao alcance da vista.

A perfeição técnica mostrada por artistas plásticos como pintores e escultores tornou-se o modelo para os poetas. O brasileiro Olavo Bilac resumiu o gosto
parnasiano pela sofisticação e pelo detalhismo associando a atividade do poeta ao trabalho de um joalheiro. Ambos lapidam elementos preciosos: o joalheiro, a
joia; o poeta; as palavras.

Características gerais do Parnasianismo


Como vimos, o Parnasianismo apresenta, no próprio nome, evidente filiação com o mundo clássico. Isso se manifesta também no racionalismo ou na
contenção emocional.

Resumindo, podemos destacar as seguintes características do movimento:

Arte pela arte: poesia desvinculada de tudo que não fosse a perfeição estética. Recusa da arte engajada.

Rigor formal: poesia rigidamente metrificada e rimada. Preferência pelas formas fixas, como o soneto, e pelos versos longos, tais como o decassílabo ou o
alexandrino (versos de doze silabas poéticas).

Impessoalidade: ao menos em teoria, os parnasianos preconizavam um racionalismo extremo, frio e impessoal. Contudo, esse aspecto sem sempre foi
concretizado, pois vários poemas de molde parnasiano, de perfeição formal, expressam emoção (ainda que de forma contida).

Descritivismo: gosto pela descrição de paisagens, templos e objetos de decoração, tais como vasos ou taças.

Preciosismo vocabular: para o parnasiano, a palavra é uma espécie de joia preciosa, que deve ser trabalhada com esmero. Assim, nega-se completamente o uso de
coloquialismos.

Temas clássicos: é frequente a referência a ambientações e a personagens históricos ou mitológicos da Antiguidade greco-latina.

O Parnasianismo no Brasil
Na década de 1870, pouco antes de o Parnasianismo

A Belle Époque nem sempre foi assim tão bela


O Simbolismo
O impressionismo
Arte brasileira na virada do século XIX-XX
Vanguardas artísticas europeias
Modernismo em Portugal
Modernismo no Brasil: primeira geração
Modernismo no Brasil: segunda geração
Modernismo no Brasil: terceira geração
Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
Poesia concreta
Tendencias das artes contemporâneas
Literatura brasileira contemporânea
Arte urbana
Literatura lusófona contemporanea

Química
Substâncias químicas
A ciência química
Química: afinal, o que é isso?
Muitas pessoas têm uma ideia equivocada sobre a Química. Expressões como “produtos químicos” são associadas apenas a materiais tóxicos e poluentes que
agridem o meio ambiente e prejudicam as pessoas.

Não há uma definição precisa de Química, devido à sua crescente participação em diversos setores da sociedade. Para compreendê-la, será mais útil observar
os campos de ação de um químico moderno:

 Preservação do meio ambiente;


 Análise qualitativa e quantitativa de materiais;
 Determinação da estrutura de substâncias;
 Estudo dos mecanismos das reações químicas;
 Pesquisa e produção de novas substâncias.

O que é uma substância?


As substâncias químicas (ou apenas substâncias) estão presentes na água que bebemos, no ar que respiramos, na matéria de que somos feitos e em tudo o mais
que faz parte de nossas vidas.

Por exemplo, o ar atmosférico contém principalmente duas substâncias: gás oxigênio e gás nitrogênio.

Já a “água gaseificada” encontrada no comercio é uma mistura da substância química água com várias outras, como alguns sais, gás oxigênio e gás carbônico.

Mas o que é uma substância? No momento, é suficiente saber que é um tipo de material com propriedades características e bem definidas. A água pura, não
importando a fonte da qual foi obtida, é uma substância com propriedades e características típicas desse material.

Substâncias sofrem transformações


Qualquer alteração na natureza corresponde a uma transformação, também chamada de fenômeno. Mudanças de clima, de posição dos astros e os ciclos de
vida são exemplos de transformações naturais.

As transformações podem ser classificadas em:

 Químicas;
 Físicas;
 Biológicas
 Nucleares.

Em geral, uma transformação pode ter vários componentes. Quando classificamos as transformações, somente estamos indicando o componente que nos
interessa no momento.

Teoria atômica de Dalton: a abordagem inicial


Certamente você já ouviu falar de átomos. Em 1803, o cientista inglês John Dalton divulgou a primeira teoria atômica considerada cientifica.

A teoria propunha que:


Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem
 A matéria é feita por átomos.
 Os átomos são esferas maciças, indivisíveis e indestrutíveis.
 ]as propriedades químicas do átomo devem-se à sua massa.
 Substâncias diferentes terão átomos diferentes, ou seja, com massas diferentes.
 Um conjunto de átomos iguais constitui um elemento químico.
 A substância que contiver apenas um elemento químico será uma substância simples.
 A reação química será uma reorganização de átomos.

Símbolos e fórmulas químicas


Elementos químicos são representados por símbolos. A União Internacional de Química Pura e Aplicada (sigla do inglês, IUPAC) estabelece esses símbolos,
que possuem a primeira letra do nome latino ou grego do elemento.

Exemplo: elemento enxofre (do latim, sulphur). Símbolo S

Quando vários elementos possuem a mesma letra inicial, a IUPAC coloca uma segunda letra para diferenciação.

Exemplos:

Elemento Carbono Cálcio Cádmio Cobalto Cobre

Símbolo C Ca Cd Co Cu

Uma das propriedades de uma substância é a repetição de um conjunto de átomos. Esse conjunto pode ser chamado de unidade estrutural.

A unidade estrutural pode ser um átomo, uma molécula ou um grupo de íons (grupos de átomos com carga positiva ou negativa).

Pois bem, a representação da unidade estrutural é chamada de fórmula química.

Resumindo:

Substância  apresenta  repetição de um grupo de átomos  chamado unidade estrutural  representado pela  fórmula química da substância

Exemplos:

Espécie química Fórmula química Significado

Cada molécula contém um átomo do


Gás carbônico CO2 elemento carbono e dois átomos do
elemento oxigênio

Equação química: a representação da reação


Substâncias: as primeiras classificações
Sistemas químicos homogêneos e heterogêneos
Separação de misturas
Separação de misturas heterogêneas
Métodos de laboratório
A obtenção de oxigênio do ar, a produção industrial de sal de cozinha, a reciclagem do lixo, o tratamento da água para consumo e o beneficiamento dos
esgotos são alguns exemplos da importância socioeconômica das separações de misturas.

O quadro a seguir indica alguns dos principais métodos de separação de misturas heterogêneas.

Deve-se notar que, dependendo da composição da mistura pura, mas somente uma separação de fases.

Estado físico das fases Métodos possíveis

Sólido + liquido Decantação; filtração

Sólido + gás Filtração

Sólido + sólido Dissolução fracionada; flotação; levigação; cristalização


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fracionada; ventilação

Ferro + outro sólido Separação magnética

Liquido + liquido Decantação; uso de funil de bromo; sifonação

Filtração comum
Utiliza filtros para separar uma fase solida de outra fase liquida ou gasosa. O que atravessa o filtro (filtrado) pode ser uma substância pura ou uma solução.

Filtração a baixa pressão (filtração a vácuo)


Para separar o sólido de “pastas úmidas”, como no caso da mistura de farinha e água, a filtração comum será um processo lento. A velocidade do processo
pode ser aumentada com a filtração a pressões reduzidas, conhecida como filtração a vácuo. Uma trompa de vácuo reduz a pressão no interior do kitassato (o fluxo
de água arrasta o ar e isso diminui a pressão dentro do aparelho); com isso, a pressão atmosférica torna-se proporcionalmente maior e empurra o liquido da mistura
no funil de Büchner, forçando a separação.

Decantação
Decantação é a separação de duas fases com diferentes densidades, por repouso. Caso a fase mais densa seja um solido, pode-se usar a expressão
sedimentação. Os sólidos de águas barrentas decantam (ou sedimentam quando a mistura fica em repouso. Isso é parecido com a sedimentação de poeira no chão e
nos moveis de nossas casas. Após a decantação, a retirada de uma das fases pode ser feita de várias formas:

 Remoção da fase sólida por filtração


 Separação entre fases líquidas com funil de separação, funil de decantação ou funil de bromo.

Dissolução fracionada
É uma técnica utilizada para separar misturas heterogêneas sólidas, quando apenas um dos componentes se dissolve em um dado solvente.

Outros métodos para separação de misturas heterogêneas


Tamisação
Tamisação ou peneiração permite separar grãos de diferentes diâmetros.

Flotação
É a separação de dois sólidos desagregados e com densidades diferentes, utilizando um líquido de densidade intermediaria. O sólido menos denso flutuará e o
mais denso sedimentará.

Levigação
Ainda no caso de dois sólidos desagregados e com densidades diferentes, a separação pode ser feita com um fluxo de líquido que arrastará o sólido menos
denso.

Ventilação
Se no lugar do líquido for utilizado um jato de ar, a técnica chama-se ventilação. Areia e pequenos pedaços de isopor podem ser separados por ventilação.

Cristalização fracionada
Técnica utilizada para separar parcialmente dois sólidos com diferentes solubilidades em um mesmo solvente; por exemplo, sal e açúcar. É um método
sofisticado e que exige o conhecimento de dados físico-químicos.

Separação de misturas homogêneas


Métodos de laboratório
A separação de misturas homogêneas (soluções) exige técnicas mais complexas que aquelas empregadas em sistemas heterogêneos. As principais são:

Tipo de solução Técnicas possíveis

Líquida (líquido + sólido) Destilação simples; evaporação

Líquida (líquido + líquido) Destilação fracionada

Gasosa Liquefação fracionada

Sólida Fusão fracionada

Destilação simples
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Considere uma solução de água e sal. O solvente (água) vaporiza, ou seja, é volátil. O soluto (sal) é um sólido que não vaporiza. Quando o objetivo for a
obtenção de água pura, a melhor técnica é a destilação simples.

Esse método apresenta duas mudanças de estado físico (ou mudanças de fase):

 Vaporização do solvente: é realizada por aquecimento. Apenas o solvente passa da fase líquida para a fase de vapor.
 Condensação do solvente: ocorre por resfriamento. O solvente em fase de vapor retornará à fase líquida.

Destilação fracionada
Esse tipo de destilação é útil para separar misturas homogêneas de líquidos com diferentes temperaturas de ebulição.

Outros métodos de separação de soluções homogêneas


A fusão fracionada
Aquecendo-se uma mistura homogênea de dois ou mais sólidos, desde que exista uma razoável diferença entre as temperaturas de fusão dos componentes,
apenas um deles sofrerá fusão por vez. Ao se obter o primeiro, ele é escoado, separando-se assim o componente sólido da mistura.

É dessa forma que se obtém o silício 100% puro para chips de computadores, usando-se a chamada técnica de fusão em zona. Em um sistema apropriado,
uma fina barra de silício é aquecida a partir de uma extremidade. Ocorre fusão e o silício puro cristaliza à medida que o aquecedor caminha lentamente ao longo da
barra. As impurezas são mais solúveis no liquido e acumulam-se na extremidade oposta, sendo posteriormente desprezadas.

Cromatografia
A cromatografia é um conjunto de técnicas de separação e analise dos componentes de uma mistura. Ela é útil na determinação de aminoácidos em amostras de
proteínas, na análise de índices de poluição do ar e em diversas situações que exigem a verificação de substancias que aparecem em pequenas dosagens.

Na cromatografia sobre papel, a amostra é colocada na extremidade de uma tira de papel-filtro, que é mergulhada em um solvente adequado, sem que o
liquido alcance a amostra. O solvente sobe pela tira e carrega os componentes da mistura. Aqueles mais solúveis se movem facilmente pelo papel; os menos
solúveis deslocam-se de forma mais lenta e podem ser separados e identificados.

Teorias atômicas
O modelo atômico de Dalton
As leis ponderais
No fim do século XVIII, duas leis que envolviam massas – leis ponderais – tornaram-se importantes na tentativa de esclarecimento da estrutura da matéria.
Uma delas foi proposta por Antoine Laurent Lavoisier em 1789 (lei da conservação das massas) e a segunda por Joseph Louis Proust em 1800 (lei das proporções
definidas).

Lei da conservação das massas (lei de Lavoisier)


Realizando experimentos cuidadosos e utilizando balanças recentemente aprimoradas, Lavoisier provocou uma verdadeira revolução cientifica ao descobrir
que as reações realizadas em recipientes fechados mantinham massas constantes.

Lei das proporções constantes (lei de Proust)


Alguns anos após Lavoisier e ainda como consequência de avanços tecnológicos, a lei descoberta por Proust também surpreendeu os cientistas.

As massas das substâncias participantes de uma reação química são diretamente proporcionais (lei das proporções definidas).

A descoberta de Proust abriu caminhos ao desenvolvimento de industrias químicas. Medindo as massas em laboratórios, tornou-se possível prever
quantidades e custos industriais.

O modelo atômico de Rutherford


O modelo atômico de Bohr
A eletrosfera atômica
Classificação periódica dos elementos
Classificar seres e ideias é uma parte do nosso conhecimento. Também classificamos alimentos, roupas, livros, músicas e até as pessoas conhecidas. Uma das
primeiras classificações importantes dos materiais levava em conta as propriedades associadas aos seus supostos agentes formadores: terra, fogo, ar e água.

No século XIX surgiu uma importante classificação das substâncias simples: a Tabela Periódica. Mais do que um fantástico banco de dados, a Tabela
Periódica permite várias previsões. Precisamos saber se o átomo de oxigênio é maior que o átomo de sódio? Queremos saber qual o possível estado físico do
elemento com 118 prótons? Consultemos a tabela periódica.
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A estrutura da Tabela Periódica
A Tabela Periódica (ou classificação periódica) permite várias previsões a respeito das propriedades dos elementos químicos. Distribuições eletrônicas,
tamanhos relativos de átomos, tipos de ligações químicas e reatividade de algumas substâncias simples são apenas alguns exemplos.

Na Tabela Periódica, os elementos químicos estão dispostos:

 Em ordem crescente de número atômico


 Em colunas denominadas grupos ou famílias
 Em filas horizontais chamadas períodos

Os grupos (famílias)
Cada coluna (grupo) da Tabela contém elementos com propriedades químicas semelhantes. A principal causa disso é o seguinte fato: os elementos de um
grupo possuem a mesma configuração eletrônica no nível de valência.

Elementos do mesmo grupo  mesma configuração de valência  propriedades químicas semelhantes

Como identificar os grupos da Tabela?


Os grupos estão numerados de 1 a 18. Além disso, podem ser identificados pelo seu primeiro elemento químico. Pode-se falar em grupo do berílio, grupo do
carbono, grupo do flúor, e assim por diante.

Além disso, há uma codificação antiga e também utilizamos os nomes históricos de alguns grupos. Veja:

Grupo Código antigo Nome especial Origem histórica


Metais alcalinos (exceção = A expressão álcali deriva do
1 1A hidrogênio) árabe e significa cinzas de
plantas
A expressão terroso, em
Metais alcalinoterrosos (ou Alquimia, significava
2 2A alcalinos terrosos) substância de alto ponto de
fusão e insolúvel em água
Em grego antigo significava
16 6A Calcogênios formador de cobre
Deriva do grego antigo e
17 7A Halogênios significava formador de sais
A expressão gás nobre foi
18 Zero Gases nobres criada no século XVIII para
indicar baixa reatividade

Os períodos
Cada fila horizontal da tabela chama-se período e contém elementos com a mesma quantidade de níveis de energia.

Vamos examinar uma parte da Tabela Periódica:

Grupo 1 Grupo 13 Grupo 17


Li – 2s¹ B – 2s² 2p¹ F – 2s² 2p5
Na – 3s¹ Al – 3s² 3p¹ Cl – 3s² 3p5
K – 4s¹ Ga – 4s² 4p¹ Br – 4s² 4p5
Perceba que:

 Em cada fila horizontal os elementos possuem o mesmo número de níveis de energia.


 O nível de valência mostra em qual período o elemento está situado.
 Se contarmos de cima para baixo, o número aponta z quantidade de níveis de energia dos átomos participantes.

Os blocos s, p, d e f
Em função do subnível de maior energia, os elementos são classificados em:

Elemento Subnível mais energético


Representativo s ou p
Transição d
Transição interna f
O que significam notações do tipo [Ne] 3s²?
O nível mais externo de um átomo denomina-se nível de valência e que os elétrons desse nível são os elétrons de valência. Todos os elétrons mais internos
estão em uma configuração conhecida como cerne. Exemplos:

2 He – 1s²
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3 Li – 1s² 2s¹

Note que a distribuição do lítio é a do hélio, mas o subnível 2s¹. em outros termos, o cerne da eletrosfera do lítio é igual ao do hélio.

Indica-se isso escrevendo:

3 Li – [He] 2s¹

Outro exemplo:

10 Ne – 1s² 2s² 2p6

12 Mg – 1s² 2s² 2p6 3s²

Os elétrons mais internos do magnésio (cerne) estão na mesma distribuição que no átomo de neônio. Logo, pode-se representar:

12 Mg – [Ne] 3s²

Interprete assim: A distribuição do magnésio é igual à do neônio mais o subnível 3s².

A interpretação do cerne é útil para condensar a representação da distribuição eletrônica de um átomo. Em geral, o cerne é o gás nobre imediatamente anterior
ao átomo na Tabela Periódica.

Note que a distribuição eletrônica dos elementos representativos pode ser resumida conforme indicado na tabela abaixo:

Grupo Nível de valência (n = nº período) Nº de elétrons


1 ns¹ 1 elétron
2 ns² 2 elétrons
13 ns² np¹ 3 elétrons
14 ns² np² 4 elétrons
15 ns² np3 5 elétrons
16 ns² np4 6 elétrons
17 ns² np5 7 elétrons
18 ns² np6 8 elétrons

Metais e não metais


O que faz um elemento ser classificado como metal é um conjunto de propriedades.

Os metais em geral:

 São sólidos com brilho característico (brilho “metálico”)


 São dúcteis, ou seja, podem ser transformados em fios
 São maleáveis, ou seja, transformam – se em folhas
 São bons condutores de calor
 São bons condutores de eletricidade
 São da cor cinza, exceto o ouro e o cobre

Os semimetais são elementos químicos com comportamento intermediário entre metais e não metais. Uma das diferenças mais interessantes entre metais e
semimetais está na condutividade elétrica. Os semimetais são maus condutores de eletricidade a 25ºC, mas a condutividade aumenta com a elevação da
temperatura. Esse comportamento é oposto ao dos metais. O silício é um dos semimetais mais importante pela sua grande aplicação em eletrônica e em células
fotovoltaicas (baterias solares), como as das calculadoras.

Elementos artificiais e radioativos


Os elementos artificiais (ou sintéticos) não são encontrados no Universo ou são muito raros. Podem ser produzidos em laboratórios apropriados. O elemento
natural com maior número atômico é o uranio (Z = 92)

Transurânicos Cisurânicos
Z > 92 Z < 92
Todos os elementos Quatro elementos: frâncio (87Fr), astato (85At), tecnécio (43Tc) e
promécio (61Pm)
Um elemento será considerado radioativo quando todos os seus isótopos forem instáveis, com emissão de radiações (partículas) e ondas eletromagnéticas.
Isso ocorre com todos os elementos após o bismuto (Z > 83).

O frâncio e o astato são considerados artificiais porque são raros, instáveis e difíceis de serem isolados. Sabe – se que a desintegração do actínio (Ac) origina
continuadamente pequenas porções de frâncio e que, porém, a quantidade deste reduz-se à metade a cada 22 minutos.

Em nosso plante, calcula – se que a massa média de frâncio seja apenas 20 g.

A composição do Universo
Em cada 100 átomos do Universo, cerca de 86 são de hidrogênio e 13 de hélio. Em massa, essa proporção corresponde aproximadamente a 60% de
hidrogênio e 37% de hélio. No Sol, os valores se alteram pra 69% em massa de hidrogênio e 23% de hélio.

As propriedades periódicas
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Por que a tabela que estamos analisando se chama periódica?

Em nosso dia a dia, há vários acontecimentos que se repetem regularmente, ou seja, são periódicos. Os dias da semana, as fases da Lua e as estações do ano
são alguns exemplos.

Os elementos químicos também apresentam propriedades que ocorrem com regularidade e são chamadas de propriedades periódicas.

Nos elementos representativos, o número de elétrons é uma propriedade periódica.

As quantidades de elétrons de valência em função do número atômico conduzem a um diagrama típico de propriedade periódica, com os característicos
valores máximos e mínimos.

Raio atômico
Uma série de propriedades dos elementos está associada ao tamanho de seus átomos, ou seja, aos seus raios.

É impossível determinar com exatidão os limites da eletrosfera. Os átomos não são esferas rígidas, com tamanho definido. O raio de um átomo sempre será
um valor aproximado, assim como acontece com a atmosfera em torno da Terra.

A eletrosfera não possui um volume rígido, mas as posições dos núcleos podem ser determinadas com razoável precisão. Para determinar o raio de um átomo
(raio atômico), os cientistas podem usar este caminho:

1. Medem experimentalmente a distância entre os núcleos de dois átomos iguais (A – A).


2. Admitem que os átomos são como duas esferas iguais, tocando-se em um ponto.
3. Calculam metade da distância A – A. Esse será o valor do raio atômico.

A variação na Tabela Periódica


 Nos grupos, o valor do raio atômico cresce de cima para baixo, porque nesse sentido aumenta o número de níveis de energia.
 Nos períodos, o valor do raio atômico tende a aumentar da direita para a esquerda. Os átomos de um período possuem a mesma quantidade de níveis de
energia, mas a carga do núcleo aumenta para a direita, pois amplia o número de prótons. Isso aumenta a atração sobre os elétrons, causando a
diminuição do raio atômico.

Os raios iônicos
Quando um átomo perde elétrons, forma-se um íon positivo ou cátion. Ocorrerá um abrandamento geral da repulsão entre os elétrons restantes e a eletrosfera
se contrairá. Portanto, um cátion será menor que o átomo neutro correspondente.

No caso da formação de um ânion ocorre o inverso. O recebimento de elétrons aumenta a repulsão geral e o volume da eletrosfera.

Energia de ionização

Sabemos que o fornecimento de energia para os elétrons de um átomo faz com que eles saltem para níveis mais energéticos. Se a energia for suficiente, um
elétron poderá abandonar o átomo. Esse fenômeno recebe o nome de ionização. Assim:

 A primeira energia de ionização (1ª El) será a energia necessária para retirar o primeiro elétron do átomo isolado no estado gasoso.
 Consequência importante: quanto maior a energia de ionização, mais difícil é a retirada de um elétron.

Para um átomo genérico X, pode-se indicar sua ionização da seguinte maneira:

X(g) + energia (1ª El) → X+(g) + elétron

A variação na Tabela
Nos grupos e períodos, há uma importante relação entre a primeira energia de ionização e o raio atômico:

Quanto menor o átomo → Maior é a atração entre o núcleo e a eletrosfera → Maior é a energia para retirar um elétron → Maior é a energia de ionização.

 Nos grupos, a energia de ionização aumenta de baixo para cima.


 Nos períodos, a energia de ionização aumenta da esquerda pra direita.

As duas variações são justificáveis pelo mesmo fato: quanto menor o tamanho do átomo, maior será a energia necessária para retirar um elétron.

Retirando mais elétrons...


A energia para retirar o segundo elétron de um átomo será chamada de segunda energia de ionização (2ª El):

X+ (g) + energia → X²+ (g) + elétron (2ª El)

Note que a segunda energia de ionização se aplica para o segundo elétron e não para a retirada de dois elétrons!

Retirando-se o primeiro elétron, ocorre uma redução do tamanho da eletrosfera. Os elétrons restantes ficam mais atraídos pelo núcleo e a retirada do segundo
elétron torna-se mais difícil. Portanto, a segunda energia de ionização será sempre maior que a primeira. Esse fenômeno acentua-se à medida que mais elétrons são
retirados.

Afinidade eletrônica
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Se um átomo precisa receber energia para perder um elétron, deveremos esperar que o processo de captura de um elétron ocorra com emissão de energia.

A energia liberada quando um átomo isolado recebe um elétron chama-se afinidade eletrônica (AE) ou eletroafinidade.

X(g) + elétron → X- (g) + energia (AE)

De modo geral, quanto maior a energia liberada nesse processo, maior a facilidade do átomo para capturar um elétron, ou seja, maior a sua afinidade por
elétrons.

Podemos prever que a eletroafinidade será maior à medida que diminuir o raio atômico.

Quanto menor o átomo → Maior é a atração entre o núcleo e a eletrosfera → Maior é a facilidade para receber um elétron → Maior é a afinidade
eletrônica

Eletronegatividade
Será uma propriedade muito utilizada no estudo de ligações entre átomos. A eletronegatividade mede a capacidade de um átomo atrair elétrons de uma
ligação química.

Quanto menor for o átomo, maior será a sua eletronegatividade.

Caráter metálico
Indica o conjunto de características metálicas do elemento, tais como o estado físico, a tendência de perder elétrons e o brilho metálico.

Relação entre as propriedades periódicas


Em síntese, quanto menor for o átomo:

 Maior será a energia de ionização (aumenta a dificuldade para perder elétrons).


 Maior será a afinidade eletrônica (aumenta a facilidade para receber elétrons).
 Maior será a eletronegatividade (aumenta a tendência de atrair elétrons em uma ligação química).
 Menor será o caráter metálico.

Essas relações serão importantes no estudo de ligações entre átomos.

Outras propriedades periódicas


Veremos agora o conceito geral de outras propriedades periódicas que aparecerão ao longo dos estudos das substâncias.

Temperatura de fusão e ebulição


Apresentam variações não relacionadas diretamente com o raio atômico.

O metal de maior temperatura de fusão é o tungstênio (3 422 ºC), utilizado em ligas especiais, como a dos filamentos de lâmpadas incandescentes. O não
metal carbono tem formas alotrópicas de alto ponte de fusão, a grafita sublima a 3650 ºC e o diamante funde a 3 700 ºC.

Densidade
É a propriedade que indica a massa total de uma unidade de volume do elemento químico. O ósmio é a substância simples com a maior densidade conhecida
(22,6 g/cm³)

Ligações químicas
A regra do octeto
Apenas os átomos dos elementos químicos denominados gases nobres (He, Ne, Ar, Kr, Xe e Rn) não tem tendência a formar ligações químicas. Dessa forma,
eles são encontrados como substâncias simples monoatômicas na natureza. Dizemos que os átomos desses elementos são estáveis. No inicio de século XX, os
cientistas começaram a procurar as regularidades que se apresentavam nas eletrosferas dos gases nobres e pudessem dar suporte a um modelo de estabilidade para
essa classe de elementos. Os esforços de vários cientistas – com destaque para o norte – americano Gilbert Newton Lewis (1875 – 1846) – permitiram a construção
da hipótese de que a regularidade da configuração eletrônica da camada de valência dos gases nobres estava associada à estabilidade desses elementos. Observe as
configurações eletrônicas dos gases nobres e procure a regularidade apresentada na camada de valência dos átomos desses elementos:

K L M N O P

Hélio (Z = 2) 2

Neônio (Z = 2 8
10)

Argônio (Z = 2 8 8
18)
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Criptônio (Z = 2 8 18 8
36)

Xenônio (Z = 2 8 18 18 8
54)

Radônio (Z = 2 8 18 32 18 8
86)

Você deve ter notado que, com exceção do hélio, os gases nobres apresentam oito elétrons na camada mais externa, ou camada de valência. O hélio, como
tem Z = 2, só tem dois elétrons, que saturam a camada K, a mais externa de seu átomo. Como os átomos dos outros elementos de outras famílias têm menos de
oito elétrons na camada de valência, Lewis propôs a hipótese de que os elementos químicos fazem ligações químicas de modo a ficarem com o número de elétrons
na camada de valência igual ao dos gases nobres: oito elétrons, ou dois, no caso da camada de valência ser a camada K . Essa hipótese ficou conhecida como regra
do octeto.

Depois daquela época, foram identificadas várias substâncias cujos elementos constituintes não seguiam a regra do octeto. Apesar dessas restrições (lembre-se
de que as limitações existem em qualquer modelo cientifico), a regra do octeto é bastante útil para explicar a fórmula e a estrutura de muitas substâncias,
principalmente as constituídas por elementos representativos.

Ligação iônica ou eletrovalente


Vejamos como se explica, pela regra do octeto, a ligação química entre o sódio e o cloro, da qual resulta a substância cloreto de sódio, o sal de cozinha. Para
isso, precisamos primeiro verificar qual a configuração eletrônica do sódio (Z = 11) e a do cloro (Z = 17).

Elemento K L M

11 Na 2 8 1

17 Cl 2 8 7

Se houver transferência de um elétron na camada de valência do sódio para o cloro, ambos vão adquirir configuração da camada de valência de um gás nobre,
pois ficarão com 8 elétrons na camada mais externa.

Na transferência de um elétron do átomo de Na para o de Cl, formam-se os íons Na + (cátion) e Cl- (ânion). Os íons Na+ e Cl- atraem-se mutuamente, pois têm
cargas opostas. Dessa atração resulta a ligação química da substância cloreto de sódio. Essa ligação é chamada ligação iônica.

O cloreto de sódio sólido é uma substância constituída por um conjunto desses íons na proporção 1 : 1. O agregado iônico se organiza de modo que as
atrações entre os íons com cargas de sinais opostos sejam as maiores possíveis e as repulsões entre os íons de cargas de mesmo sinal sejam as menores possíveis
(essa formação apresenta a menor energia). Logo, o sólido iônico é um conjunto de cátions e ânions empacotados de modo a formarem um arranjo de menor
energia. Esse arranjo é denominado retículo cristalino iônico.

 Determinação das fórmulas dos compostos iônicos


A fórmula de um composto iônico indica a proporção mínima, expressa pelos menores números inteiros, entre os números de cátions e ânions
que forma um sistema eletricamente neutro, isto é, com somatório de cargas igual a zero. Isso se deve ao fato de que em um composto iônico o número
total de elétrons cedidos pelos átomos (números de cargas positivas que irão se formar) é igual ao número total de elétrons recebidos pelos outros
átomos (número de cargas negativas que irão se formar). Como o número final de cargas positivas é igual o número final de cargas negativas, o
somatório de cargas é igual a zero.
Existe uma regra prática para montar a fórmula de um composto iônico a partir da carga de seus íons:
Ax+y By-x
Total de cargas positivas: y. (+x) = +xy
Total de cargas negativas: x . (-y) = -xy
Somatório das cargas: ZERO
Retornemos o cloreto de magnésio do exemplo anterior (MgCl2) e vejamos outro modo de determinar a sua fórmula:
12Mg K = 2 L=8 M=2 perde 2 e− ¿ ¿ Mg 2+
K=2 L=8

17Cl K = 2 L =8 M=7 gan h a 1 e− ¿ ¿ Cl K = 2 -


L=8 M=8

2+ -
Assim , temos os íons Mg e Cl com configurações eletrônicas da camada de valência iguais às dos gases nobres.
Para escrever a fórmula do composto iônico formado de modo que o somatório de cargas seja zero, podemos utilizar a regra já mencionada.
Analisando os exemplos citados, é possível perceber que a situação ideal para a formação de um composto iônico é a presença de um metal
(tendência a dar elétrons) e um não metal (tendência a receber elétrons).
 Montagem de fórmulas a partir de tabelas
Também é possível a determinação da fórmula dos compostos iônicos a partir de tabelas de cátions e ânions. Observe o
quadro:

Alguns ânions Fórmulas Alguns cátions Fórmulas

Brometo Br- Prata Ag+

Carbonato (CO3)2- ou CO32- Ferro II Fe2+

Cianeto CN- Ferro III Fe3+

Bicarbonato (HCO3)- ou HCO3- Cobre I Cu+

Fosfato (PO4)3- ou PO43- Cobre II Cu2+

Sulfato (SO4)2- ou SO42- Zinco Zn2+


Maria Eduarda Mendonça Bet – Enem

Hidróxido OH- Sódio Na+

Nitrato (NO3)² ou NO3- Cálcio Ca2+

Óxido O²- Chumbo II Pb2+

Iodeto I- Bário Ba2+

O modelo da ligação iônica e as propriedades dos compostos iônicos


Uma das principais funções de um modelo é explicar os fatos observados no mundo real. Vejamos as explicações, a partir do modelo de ligação iônica, para
algumas propriedades encontradas na maioria dos compostos iônicos.

 Elevada temperatura de fusão


No estado solido, os cátions e ânions se encontram em posições fixas no retículo cristalino iônico. Essas posições são
garantidas pela máxima força de atração entre os íons de cargas de sinais opostos e pela mínima força de repulsão entre os íons de
cargas de sinais iguais. Esse arranjo confere ao sólido iônico uma grande estabilidade.
Os compostos iônicos no estado líquido apresentam os seus íons constituintes desordenados e com movimento, ou seja, para
fundir um composto iônico é necessário desfazer toda a estabilidade do arranjo do retículo cristalino iônico. Isso exige grande
quantidade de energia (elevada temperatura de fusão).
 Não conduzem corrente elétrica no estado solido, mas conduzem no estado líquido e em solução aquosa
De modo simplificado, podemos definir corrente elétrica como um fluxo (movimento) ordenado de cargas. No estado sólido,
as cargas (íons) estão presas no retículo cristalino e, portanto, não apresentam movimento. Dessa forma, não é possível a condução
de corrente elétrica. Quando o composto iônico está no estado líquido ou dissolvido em água, as cargas (íons) apresentam grande
liberdade de movimento. Isso cria condições para a condutividade elétrica.
 Elevada dureza e baixa resistência ao impacto (quebradiços)
A dureza dos compostos iônicos pode ser explicada pelos posicionamentos praticamente fixos dos íons no retículo cristalino.
Essa falta de mobilidade dos íons confere dureza ao cristal.
A baixa resistência ao impacto pode ser explicada pelo aumento das forças de repulsão que surgem com o deslocamento de
cargas provocado pelo choque mecânico.

Ligação covalente
As substâncias do tipo H 2O, H2, Cl2CH4 são exemplos de substâncias cujos átomos são unidos por ligações covalentes. Essas substâncias também são
chamadas de substâncias moleculares.

As substâncias moleculares não conduzem corrente elétrica no estado líquido. Isso significa que essas entidades não são formadas por íons, pois, se fossem,
os íons ganhariam mobilidade no estado líquido e ocorreria a condução de corrente elétrica.

Como deve ocorrer a ligação dos átomos constituintes desses compostos?

Tomemos como exemplo a molécula de H 2. Forças de atração e repulsão surgem, ao mesmo tempo, quando dois átomos de H se aproximam. Isso ocorre,
pois:

 O núcleo de cada um dos átomos atrai o elétron do outro átomo.


 Os elétrons dos dois átomos se repelem
 Os núcleos dos dois átomos se repelem

Os átomos mantêm uma distância (comprimento da ligação) na qual ocorre o equilíbrio entre as forças de atração e repulsão. As forças de atração não deixam
os átomos se separarem e as forças de repulsão não permitem o encurtamento da distância entre os átomos. O conjunto formado é denominado molécula.

Para que ocorra o predomínio das forças de atração entre o núcleo de um átomo e o elétron do outro átomo, os átomos envolvidos na ligação devem
apresentar uma grande capacidade para atrair elétrons. A categoria de elementos que apresenta essa característica é a dos não metais. Portanto, a situação ideal para
a formação de ligação covalente é a união de átomos de não metais.

A regra do octeto e ligação covalente


Em um conjunto de átomos isolados, no qual todos têm tendência a receber elétrons (não metais), a configuração de gás nobre poderá ser atingida por meio
do compartilhamento de pares de elétrons das respectivas camadas de valência, isto é, por meio da formação de ligações covalentes entre os átomos. Podemos
esquematizar a representação da formação da ligação covalente entre dois átomos de hidrogênio a partir das estruturas de Lewis:

Cada átomo isolado do elemento hidrogênio (H) tem um elétron na camada de valência, que é a camada K, e sua tendência é ficar com dois elétrons nessa
camada, adquirindo, assim, a configuração do gás nobre hélio. Isso é conseguido pelo compartilhamento de elétrons. O par de elétrons compartilhado entre os dois
átomos representa a ligação covalente, e a entidade formada por essa ligação é denominada molécula.

Os átomos isolados dos halogênios têm sete elétrons na camada de valência e, por isso, necessitam de um elétron para adquirir a configuração de gás nobre.
Isso pode ser alcançado se dois átomos se ligarem por meio de uma ligação covalente.

Um caso diferente?
Observe a fórmula eletrônica do dióxido de enxofre (SO2), um importante poluente atmosférico:
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Uma das ligações foi feita pelo compartilhamento de elétrons de apenas um dos átomos envolvidos. Alguns autores chamam esse tipo de ligação de ligação
covalente coordenada ou ligação covalente dativa. Entretanto, é importante ressaltar que a ligação covalente coordenada é uma ligação covalente como outra
qualquer. A denominação “coordenada” ou “dativa” é apenas um termo para designar que o par de elétrons compartilhado veio de apenas um dos átomos da
ligação. No modelo do octeto, não há restrição quanto à origem dos elétrons que serão compartilhados. Dessa forma, não faremos nenhuma diferenciação para essa
situação de ligação.

Um modelo prático para montagem de fórmulas

Vamos utilizar como exemplo a molécula de HCl: Inicialmente, é preciso conhecer com quantos elétrons cada átomo se estabiliza. Nesse caso:

H se estabiliza com 2 e-

Cl se estabiliza com 8 e-

Total de elétrons para estabilizar a molécula = 10 e-. E também é necessário conhecer o número de elétrons que existem na camada de valência de cada
átomo.

H tem 1 e- na camada de valência

Cl tem 7 e- na camada de valência

Total de elétrons nas camadas de valência = 8 e-. a diferença entre o total de elétrons necessários para estabilizar a molécula (10 e-) e o total de elétrons nas
camadas de valência (8 e-):

10 – 8 = 2

Dois (2 e-) corresponde ao número de elétrons compartilhados e, consequentemente, ao número de ligações 1 ( - ):

2 e- = 1 –

Fórmula estrutural: H – Cl

Fórmula eletrônica: H ∙ ∙ Cl

O modelo da ligação covalente e algumas propriedades de compostos moleculares


Medidas experimentais demonstram que as ligações covalentes são bastante intensas, isto é, exigem uma grande quantidade de energia para separar os átomos
unidos por esse tipo de ligação. Para alguns, isso pode parecer estranho, pois os compostos moleculares apresentam baixas temperaturas de fusão e, portanto,
também baixas temperaturas de ebulição para desfazer essa confusão, é preciso diferenciar dois tipos de ligações:

1. As fortes ligações covalentes que mantêm unidos os átomos na molécula ( o modelo de ligação que estamos discutindo agora);
2. As relativamente fracas ligações intermoleculares (também chamadas de forças intermoleculares) que mantêm as moléculas
próximas, formando as substâncias que vemos macroscopicamente.

O segundo tipo de força – e não as fortes ligações covalentes – é responsável pelas propriedades físicas como as baixas temperaturas de fusão e ebulição, dos
compostos moleculares. Tomemos como exemplo a ebulição do pentano (C 5H12). Durante a passagem do pentano do estado líquido para o vapor, não são rompidas
as fortes ligações C – C ou C – H. Se ocorresse a ruptura dessas ligações, não existiriam moléculas de pentano no vapor produzido, pois elas teriam sido
destruídas. O que ocorre na ebulição é a simples separação das moléculas, ou seja, o que deve ser vencido são as forças intermoleculares que mantêm próximas as
moléculas de pentano.

Alguns compostos unidos por ligação covalente chamados de sólidos covalentes não são constituídos de moléculas individuais unidas por forças
intermoleculares. Nesses sólidos, os átomos de toda a estrutura macroscópica são unidos por ligações covalentes. Um exemplo de sólido covalente é o quartzo, o
mineral mais abundante da crosta terrestre (aproximadamente 12% em volume). O quartzo é constituído por uma estrutura cristalina formada pela união covalente
de átomos de silício e oxigênio ao longo de toda a extensão do material; é como se uma amostra de quartzo equivalesse a uma única e “gigantesca molécula”.

O quartzo apresenta uma elevada dureza e funde a uma temperatura de 1 550 °C. o diamante é o material natural conhecido de maior dureza, além de fundir
em temperaturas próximas de 3 550 °C.

Como a maioria das substâncias que apresentam ligações covalentes consistem de moléculas individuais unidas por forças intermoleculares – e não de redes
tridimensionais de ligações covalentes como o quartzo e o diamante – as propriedades físicas dos compostos moleculares não refletem a intensa força das ligações
covalentes.

Ligação metálica
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As substâncias como Li, Al, Ag, Fe e Ca são exemplos de substâncias metálicas. Essas substâncias apresentam elevada temperatura de fusão, conduzem
corrente elétrica no estado líquido. A maioria das substâncias unidas por ligação metálica também apresenta boa condutividade térmica e não é quebradiça, pois
tende a sofrer deformações e não romper quando submetida a um impacto com intensidade apropriada.

Observe que as propriedades dos compostos metálicos não podem ser explicadas pelos modelos de ligação iônica e covalente. São situações como essa que
impulsionam os cientistas a criarem novos modelos, no caso o modelo de ligação metálica.

Na ligação iônica, temos cátions e ânions unidos em uma disposição na qual ocorre a máxima atração entre os íons de cargas opostas e a mínima repulsão
entre os íons de mesma carga. Os cátions são originados de metais e os ânions, de não metais. No modelo de ligação covalente, a união de dois átomos (geralmente
não metais) se dá pela atração que os núcleos dos átomos exercem sobre o par de elétrons da ligação.

Na ligação metálica, temos apenas metais. Como eles formam ligações entre si?

Para compreendermos as ideias centrais desse modelo, tomemos como exemplo o metal lítio. Em cada cristal desse metal, cada átomo de lítio está rodeado
por oito outros átomos de lítio. O elétron da camada de valência de cada um desses átomos é fracamente preso ao núcleo (lembre-se de que os metais apresentam
baixa energia de ionização). Dessa forma, os elétrons da camada de valência têm condições de se movimentar e interagir com qualquer um dos núcleos vizinhos. É
como se cada átomo de lítio perdesse seu elétron da camada de valência, mas o conjunto de elétrons perdidos passasse a pertencer a todos os átomos do cristal.

Nesse modelo, os cátions dos metais estariam imersos em um “mar de elétrons”. Esse “mar” seria constituído pelos elétrons da camada de valência que foram
cedidos por cada um dos átomos da amostra. Os cátions formados estariam organizados de modo a conseguirem uma máxima compactação (aproximação). As
forças de repulsão entre esses cátions seriam equilibradas pelas forças de atração mútua que eles exercem pelo “mar” de elétrons em que estão imersos. Esse
conjunto estável constitui o retículo cristalino metálico.

O modelo da ligação metálica e as propriedades dos compostos metálicos


Devido ao grande número de metais (praticamente dois terços da Tabela Periódica), as propriedades das substâncias metálicas podem variar bastante.
Entretanto, como vimos, a maioria dos metais apresenta algumas propriedades que os caracterizam. A elevada temperatura de fusão é uma dessas propriedades. De
um modo geral, as temperaturas de fusão das substâncias metálicas, apesar de elevadas, são, em média, mais baixas que a dos compostos unidos por ligação iônica.
O modelo de ligação metálica é consistente na explicação dessa constatação, visto que nesse modelo os cátions estão organizados no retículo cristalino metálico
em posições não tão fixas como os cátions e ânions estão organizados no retículo cristalino iônico. Essa maior mobilidade dos cátions da ligação metálica se deve
ao fato de eles estarem imersos num “mar de elétrons” que apresenta muita liberdade de movimento. Dessa forma, durante a fusão dos metais, a atração entre os
cátions e o “mar de elétrons” não precisa ser rompida totalmente como ocorre na fusão dos compostos iônicos, em que a ligação iônica deve ser rompida. Essa
hipótese pode ser confirmada pela elevada temperatura de ebulição dos metais, pois na ebulição a ligação metálica deve ser rompida. O metal lítio (Li) exemplifica
bem a diferença entre as temperaturas de fusão e ebulição dos metais, visto que ele funde a uma temperatura de 180 °C e entre em ebulição a uma temperatura de 1
342 °C.

A capacidade de sofrer deformação ao impacto e não quebrar com facilidade também pode ser explicada pela maior mobilidade que os cátions apresentam no
retículo cristalino metálico.

A boa condutividade térmica dos metais também pode ser explicada pela grande mobilidade que os elétrons apresentam no “mar” eletrônico. Por exemplo, o
fornecimento de calor para a ponta de um fio metálico provoca aumento da energia dos elétrons daquela região. Como os elétrons têm mobilidade, essa
perturbação é transmitida para toda a amostra do metal com relativa facilidade.

A liberdade de movimentação de elétrons, proposta pelo modelo de ligação metálica, também é utilizada para explicar a boa condutividade elétrica que os
metais apresentam tanto no estado solido quanto no estado líquido. Diferentemente dos compostos iônicos, nos quais o fluxo de cargas é constituído de íons, no
caso dos metais, o fluxo de cargas é constituído de elétrons que apresentarão mobilidade estando o metal no estado sólido ou no estado líquido.

O mol e as massas de átomos e moléculas


Massas atômicas e moleculares
O mol e as massas molares
Geometria e polaridade das moléculas
O formato das moléculas: geometria molecular
Polaridade das ligações
Polaridade das moléculas
Ligações intermoleculares
Forças intermoleculares ou ligações intermoleculares: uma visão geral
Polaridade x solubilidade
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Funções inorgânicas: ácidos, bases, sais e óxidos
Teoria da dissociação eletrolítica de Arrhenius (1887)
Ionização
Condutividade elétrica das substancias puras
Condutividade elétrica em solução aquosa
Conceitos de ácidos, bases e sais pela teoria de Arrhenius
Funções inorgânicas
O comportamento físico dos gases
As leis das transformações gasosas
A equação de estado do gás ideal
As misturas gasosas sem reações
Tipos de reações
Relação de tipos de reações
Determinação de fórmulas químicas
Determinação de formula porcentual
Determinação de formula mínima
Determinação de formula molecular
Leis ponderais
Lei da conservação das massas (lei de Lavoisier)
Lei das proporções constantes (lei de Proust)
Cálculos estequiométricos
Função dos coeficientes da equação química
Excessos de reagente
Pureza dos participantes
Rendimento das reações químicas
Concentração das soluções
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A solubilidade das substancias
A concentração das soluções
Diluição de soluções
Mistura de soluções
Oxirredução
Oxidação e redução
Balanceamento de equações de oxirredução
Eletroquímica
As células galvânicas
Potenciais de oxirredução
Eletrolises
Cálculos eletroquímicas
Concentração das soluções
Termoquímica
Eletroquímica
Cinética química
Equilíbrios químicos
Estudo dos compostos de carbono
Introdução
A origem do universo
O surgimento da vida
Os primórdios da Química Orgânica
A Química Orgânica hoje
Petróleo e nomenclatura de hidrocarbonetos
Nomenclatura de compostos orgânicos
Nomenclatura básica de alguns compostos orgânicos
Vimos que a nomenclatura oficial dos compostos orgânicos considera o número de carbonos que os compõem, os tipos de ligações entre eles e a função a que
pertencem.
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Assim, o nome de uma cadeia aberta normal, por exemplo, é constituído de três partes: um prefixo, um termo intermediário e um sufixo.

O prefixo indica o número de átomos de carbono na cadeia.

O termo intermediário indica o tipo de ligação entre os carbonos.

O sufixo indica a função a que pertence o composto orgânico.

Grupos orgânicos substituintes e radicais


Cisão de ligações
A ligação covalente é o tipo de ligação mais frequentemente encontrado na Química Orgânica. Lembre-se de que a ligação covalente simples é constituída de
um par de elétrons compartilhado por dois átomos.

A ligação entre esses átomos pode ser rompida pelo fornecimento de energia. Essa cisão, dependendo da quantidade de energia, pode ocorrer basicamente de
duas maneiras diferentes.

I. Cisão heterolítica (heterólise) – na quebra da ligação, o par de elétrons da ligação permanece com um dos átomos.
A°°B  A+ + °°B-

Nesse exemplo, o átomo A perde um elétron, enquanto o átomo B ganha um elétron, formando entidades denominadas íons.

II. Cisão homolítica (homólise) – na quebra da ligação, cada um dos átomos fica com um dos elétrons do par eletrônico que era
compartilhado.
A°°B  A° + °B

Como na cisão homolítica não ocorre ganho nem perda de elétrons, os produtos obtidos são eletricamente neutros e apresentam um elétron livre (não
compartilhado), ou seja, uma valencia livre. Essas estruturas são denominadas radicais.

Grupos orgânicos substituintes


Hidrocarbonetos ramificados
Funções orgânicas oxigenadas e nitrogenadas
Álcoois
São compostos que apresentam o grupo hidroxila ligado a carbonos saturados

Obs: os álcoois apresentam no máximo um grupo OH por carbono

Classificação
Nomenclatura oficial dos álcoois
A nomenclatura oficial dos álcoois, estabelecida pela Iupac, segue as mesmas regras estabelecidas para os hidrocarbonetos, mudando-se apenas o sufixo.

Prefixo Intermediário Sufixo


Numero de carbonos Tipo de ligação ol

Sinopse das funções orgânicas


Interações intermoleculares
Equilíbrios químicos I
Equilíbrios químicos II
Equilíbrios iônicos
Propriedades coligativas das soluções
Introdução
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 Por que a concentração de NaCl no soro fisiológico deve ser 0,9% em massa?
 Por que se adicionam aditivos nas soluções dos radiadores dos carros?

Fatos tao diferentes são justificáveis pelo mesmo fator: a quantidade total de partículas dissolvidas em cada litro da solução.

Vamos analisar alguns dados experimentais.

Sabemos que a água, ao nível do mar, solidifica a 0°C e entra em ebulição a 100°C. E verificamos também que essas temperaturas são constantes nas
respectivas mudanças de estado físico. E quanto às soluções aquosas?

Analise os dados da tabela:

Solução Tf (°C) Te(°C)

NaCl(aq) 0,5 mol/L -1,8 100,5

Glicose(aq) 1,0 mol/L -1,8 100,5

NaCl(aq) 1,0 mol/L -3,6 101

Glicose(aq) 2,0 mol/L -3,6 101

Conclusão: as temperaturas de mudança de estado físico não dependem do tipo de substância dissolvida, mas da concentração dessa substância.

Com base na tabela apresentada, podemos concluir que:

I. Ao nível do mar, uma solução aquosa solidifica a uma temperatura menor que a do solvente puro (T f < 0°C) e ferve a uma temperatura maior (T e
> 100°C).
II. Para uma dada solução, quanto maior for a concentração de determinado soluto nela presente, menor será sua temperatura de solidificação e
maior será sua temperatura de ebulição.

Propriedades desse tipo, que dependem apenas do número de partículas dissolvidas em uma solução, são chamadas de coligativas. E o conceito principal para
a compreensão dessas propriedades é o de pressão de vapor da substância.

A pressão de vapor do líquido

Radioatividade
Interações intermoleculares
Neste capitulo, vamos estudar duas propriedades físicas muito importantes dos compostos orgânicos: a temperatura de ebulição e a solubilidade.

Temperatura de ebulição
Essa propriedade depende das interações intermoleculares e do tamanho das moléculas. A seguir, veremos como esses fatores podem ter influencia na
temperatura de ebulição dos compostos orgânicos.

Ligações intermoleculares
Durante as mudanças de estado físico em qualquer substância, o que realmente ocorre é somente um afastamento ou uma aproximação das moléculas, ou seja,
somente as interações intermoleculares são rompidas ou formadas.

As mudanças de estado físico dos compostos ocorrem com o fornecimento ou a retirada de energia, que é proporcional à intensidade das interações
intermoleculares são rompidas ou formadas.

Construções de fórmulas estruturais e isomeria plana


Isomeria geométrica ou cis-trans
Isomeria óptica
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Introdução ao estudo das reações orgânicas
As principais reações orgânicas de hidrocarbonetos
Álcoois: propriedades e reações
Ácidos carboxílicos e ésteres: propriedades e reações
Acidez e basicidade na Quimica orgânica
Polímeros

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