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Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Biologia
Características da vida O que é vida?
A Biologia é a ciência que estuda a vida. Mas o que é Segundo o biólogo Ernest Mayr (1904-2005), definir
vida? vida é algo pouco importante. No entanto, ele admite a
existência de “processos da vida”, isto é, a existência de
Muitos biólogos já tentaram definir vida. Embora essas certas características e propriedades que não são encontradas
definições sejam muito complexas e estejam em constante em objetos inanimados. Muitas das características da vida
mudança, até hoje não há uma definição completamente são identificadas por praticamente qualquer pessoa que,
satisfatória. desde pequena, deve ser capaz de perceber se há vida em um
ser.

Características dos seres


vivos
adulta. Outros elementos como fósforo e enxofre também estão presentes no
Composição química corpo, mas em menor quantidade do que os citados anteriormente.

Aproximadamente 99% do corpo de um ser humano, assim como de A tabela mostra as porcentagens de alguns elementos químicos no universo,
praticamente qualquer ser vivo, é formado por apenas quatro elementos na crosta terrestre e no corpo humano.
químicos: carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, combinados em
moléculas. A maior parte do oxigênio e do hidrogênio está combinada nas
moléculas de água, que representam de 60% a 65% da massa de uma pessoa

Elemento Símbol Universo Crosta Corpo


químico o terrest human
re o
Hidrogêni H 92,8 2,9 60,6
o
Carbono C -* - 10,7
Oxigênio O - 60,1 25,7
Nitrogênio N - - 2,4
Enxofre S - - 0,1
Fósforo P - - 0,1
Hélio He 7,1 - -
Alumínio Al - 6,3 -
Potássio K - 1,1 -
Sódio Na - 2,2 -
Silício Si - 20,8 -
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

*Quando não foi atribuído valor na tabela é porque o elemento encontra-se em Embora a tabela mostre que há menos de 0,1% de potássio e de sódio no
porcentagem menor do que 0,1%. corpo humano, esses elementos são fundamentais para o funcionamento do
organismo, como também são importantes o ferro, o flúor, o zinco, o cobre,
entre outros presentes em quantidades ainda menores.

bactérias, algumas algas, alguns fungos e os protozoários. As demais algas e


Estrutura celular fungos, os demais e os vegetais são todos pluricelulares.

Os seres vivos são formados por uma célula (organismos unicelulares) ou As células das bactérias são procarióticas (sem núcleo nem organelas
por mais de uma célula (organismos pluricelulares). São unicelulares as celulares) enquanto as células dos demais organismos são eucarióticas (com
núcleo e organelas membranosas)

Outra possibilidade de classificação para metabolismo é dividi-lo em três


Metabolismo grupos de reações: metabolismo estrutural, ou de construção, metabolismo
energético e metabolismo de controle.
“Metabolismo” deriva da palavra grega metábole, que significa
transformação, e se caracteriza pelo conjunto de reações químicas que ocorre em Metabolismo estrutural ou de construção – reúne as reações de síntese de
uma célula, transformação determinadas moléculas em outras. Algumas moléculas que, por sua vez. Servem para construir estruturas maiores. A síntese
moléculas são quebradas, enquanto outras são sintetizadas. de proteínas ou de tipos específicos de lipídeos para formar a membrana
plasmática das células, é um exemplo desse tipo de metabolismo. Outro exemplo
são as moléculas de glicose (um tipo de açúcar) produzidas pelas plantas, através
Quando falamos em metabolismo de um organismo ou órgão , estamos
da fotossíntese, que podem ser unidas umas às outras formando moléculas
tratando das reações químicas que ocorrem no individuo como um todo ou em
maiores, como as de celulose, usadas na construção das paredes celulares das
algum de seus órgãos, como é o caso da digestão que ocorre no estomago, por
células vegetais. As principais substancias orgânicas envolvida nesse tipo de
exemplo, no qual há quebra de moléculas de proteínas durante a digestão.
metabolismo são as proteínas (nos animais) e os carboidratos (nos vegetais).
O metabolismo pode ser classificado em anabolismo (reações de síntese de
Metabolismo energético – reúne as reações químicas de síntese de
moléculas) e catabolismo (reações de quebra de moléculas). Usando o exemplo
da digestão, quando uma proteína é transformada em moléculas menores do que moléculas (anabólicas), e de quebra de moléculas de substancias (catábolicas)
ela, os aminoácidos, temos um caso de catabolismo os aminoácidos são que fornecem ou armazenam energia. Durante a fotossíntese, por exemplo, são
absorvidos no intestino e, pela circulação sanguínea, ao levados para as células produzidas moléculas de glicose a partir de gás carbônico (CO 2). Água (H2O) e
de todo o corpo. Quando uma dessas células utiliza esses aminoácidos para luz. Já na respiração celular, ocorre a quebra de moléculas de glicose na
sintetizar uma nova proteína, que fará parte da estrutura de sua membrana presença de oxigênio, liberando CO 2, H2O e energia. Os carboidratos e os
plasmática, por exemplo, ela esta realizando anabolismo. lipídeos são as principais substancias orgânicas relacionadas a esse tipo de
metabolismo.
Há algo importante ao se considerar o metabolismo como um conjunto de
reações químicas que ocorre em uma célula, o controle dessas reações. Esse Metabolismo de controle – para que o metabolismo, como um todo,
controle é determinado pelo material genético da célula, o DNA ou ADN (ácido funcione harmonicamente, é necessário um controle de todas as suas reações
desoxirribonucleico). Assim, o metabolismo celular, extremamente complexo, é químicas. Isso é realizado pelos ácidos nucleicos (DNA e RNA), com auxilio de
sempre comandado pelo material genético, que determina o tipo de molécula que proteínas especializadas, as enzimas. Ácidos nucleicos e proteínas são as
será sintetizado e degradado e o momento em que isso ocorrerá. principais substancias orgânicas envolvidas nesse tipo de metabolismo.

Outro aspecto muito importante é o fato de praticamente toda reação


química do metabolismo necessitar de energia, a qual é obtida da degradação de
algumas moléculas orgânicas através de dois processos possíveis: a respiração
celular ou a fermentação.

duas novas células (divisão binaria), como é o caso das bactérias e dos
Reprodução e hereditariedade protozoários, por exemplo. Nesse tipo de reprodução, os organismos ou células
formados são geneticamente idênticos. Embora a reprodução assexuada seja
mais rápida e menos complexa que a sexuada, esse tipo de reprodução implica
Os seres vivos são capazes de se reproduzir. A reprodução pode ocorrer
pouca ou nenhuma variabilidade genética.
basicamente de duas maneiras: sexuada ou assexuadamente.

Tanto na reprodução sexuada quanto na assexuada, ocorre a transmissão de


Na reprodução sexuada há mistura ou transferência de material genético
material genético dos pais para seus descendentes. É isso que mantém as
entre duas células, como na união de um óvulo com um espermatozoide. Esse
características de cada espécie, isto é, um golfinho gera sempre outros golfinhos
tipo de reprodução gera uma vantagem biológica, a variabilidade genética,
porque transmite aos seus descendentes as características genéticas da espécie,
aumentando a chance de sobrevivência das populações.
enquanto uma laranjeira transmite características genéticas da laranjeira a seus
descendentes. Quando os descendentes provêm de reprodução sexuada, há uma
A reprodução assexuada pode ocorrer por brotamento, como no caso de
maior variabilidade genética.
alguns cnidários e de alguns fungos, ou pela divisão de uma célula, que gera

Crescimento Respostas a estímulos e


Embora na natureza possa haver crescimento de algo não vivo, como as movimento
estalactites de uma caverna, há uma clara diferença em relação ao crescimento
dos seres vivos. Enquanto a estalactite cresce apenas pelo acumulo de material, Nos dias atuais, até mesmo alguns brinquedos infantis podem responder a
um ser vivo cresce em decorrência de reações químicas ordenadas por seu estímulos provenientes do ambiente. A robótica tem desenvolvido uma série de
material genético. sensores que permitem que um robô bem programado responda a estímulos,
muitas vezes, de forma melhor que os seres vivos.
Organismos unicelulares como bactérias e protozoários crescem pelo
aumento de tamanho de suas células. Quando atingem determinado tamanho, se De qualquer modo, a tecnologia desses brinquedos ainda não se iguala à
dividem em duas novas células com metade do volume da célula inicial. Cada incrível complexidade dos seres vivos em receber estímulos, interpretá-los,
uma delas cresce até atingir o tamanho máximo, quando também se divide. aprender com eles e responde-los de forma adequada. O funcionamento do
sistemas nervoso e endócrino dos animais é capaz das mais variadas respostas
Nos organismos pluricelulares, o crescimento ocorre pelo aumento de aos estímulos externos. Ao ouvir um barulho muito alto um cavalo pode se
numero de células. Assim, um adulto é maior do que um recém-nascido, pois, ao assustar e correr ou se manter controlado sob o comando de seu condutor, se
longo de seu desenvolvimento, acumula novas células. tiver sido treinado para isso.

Em um organismo pluricelular ocorre ainda a diferenciação celular, logo As plantas também respondem a estímulos ambientais, como a luz e a
nos primeiros estágios de desenvolvimento embrionário. É esse processo que umidade. Um girassol é assim chamado pelo fato de acompanhar a trajetória do
leva à formação de diferentes células no nosso corpo como uma hemácia, um sol no céu ao longo do dia. As plantas carnívoras, como a Dionea sp.,
neurônio ou uma célula da pele. Concluímos, portanto que o crescimento é respondem ao toque de um pequeno inseto que pouse sobre suas folhas e
acompanhado de uma especialização celular. rapidamente as fecham.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

bem adaptados. Como os ambientes mudam com o tempo, uma


Modificações sugeridas com o característica favorável em certo momento pode não ser mais vantajosa em
outro. A natureza mantém a seleção dos indivíduos mais bem adaptados às
tempo (evolução) novas situações, em detrimento dos demais.

Um exemplo de adaptação ao ambiente é exibido pelos golfinhos.


A reprodução sexuada é um dos fatores que possibilita a variabilidade Durante muitas gerações, o material genético dos antepassados desses
genética ou seja, a diferença mesmo que mínima, entre os indivíduos de animais foi sofrendo modificações que se refletiram em mudanças de sua
uma espécie essa variabilidade é determinada pelas diferenças existentes estrutura corporal, como a formação de nadadeiras, o desenvolvimento de
no material genético de cada individuo. um corpo hidrodinâmico a capacidade de permanecer mais tempo sob a
agua e até de dormir com apenas um lado do cérebro, ficando o outro em
Segundo a teoria evolucionista, a natureza seleciona constantemente alerta para que golfinho continue retornando à superfície para respirar!
os indivíduos mais bem adaptados ao ambiente onde se encontram. Esse conjunto de modificações selecionadas pelo ambiente, levou à
Entende-se por mais adaptado aquele que possui características que existência do golfinho que conhecemos hoje e que, como todos os seres
favorecem a sua sobrevivência, levando-o a ter maior chance de vivos, continua evoluindo.
reprodução, gerando descendentes que provavelmente também estarão

Níveis de
organização
A Biologia também estuda as relações existentes entre os submicroscópicas até a vida distribuída por todo o planeta,
seres vivos e entre eles e o ambiente onde vivem, em uma área adaptada às mais diversas condições.
nominada Ecologia. Percebe-se, então, que a Biologia é uma Dessa forma, foi necessário organizar a Biologia em níveis
ciência bastante ampla, que estuda desde estruturas de acordo com a complexidade dos objetos de analise cada um
desses níveis é chamado de nível de organização.

Átomos e moléculas

Não só os seres vivos, mas tudo que há na Terra é constituído de átomos. Há um ramo da Biologia denominado Biologia Molecular, que estuda o
Todo elemento químico, como carbono, ferro, mercúrio etc. é formado por funcionamento e as relações das moléculas nas células e, consequentemente, nos
átomos. A união de átomos forma as moléculas, como a água (H2O)e o dióxido organismos. O DNA, material genético dos seres vivos, é uma molécula que tem
de carbono ou gás carbônico (CO2) , que são moléculas simples e inorgânicas sido objeto de muitos estudos desde o século passado. Os conhecidos testes de
(sem cadeia de carbono) proteínas, os carboidratos (açúcares) os lipídeos os DNA usados na identificação de pessoas fazem parte das descobertas da
ácidos nucleicos (DNA e RNA) são moléculas orgânicas (com cadeia de Biologia Molecular.
carbono) formadas por uma enorme quantidade de átomos, principalmente
carbono, hidrogênio e oxigênio sendo mais complexas e denominadas
macromoléculas.

Organelas, células e tecidos


As células são compostas de organelas (orgânulos ou organoides). Cada Os tecidos são conjunto de células associadas pela forma e função que
estrutura da célula, como a membrana plasmática, os ribossomos e as desempenham. Assim, um osso que é um órgão, é formado pelo tecido ósseo,
mitocôndrias, são organelas as quais por sua vez, são formadas por moléculas. A que por sua vez, é constituído por muitas células ósseas. Já o sangue é um tecido
membrana plasmática, por exemplo, é constituída basicamente por um arranjo de liquido formado por diferentes tipos de células, com forma e função distintas, no
lipídeos e proteínas, enquanto a parede de uma célula vegetal é formada pelo qual as células não estão unidas entre si como nos demais tecidos.
carboidrato celulose.
O sangue é o único tecido liquido do corpo. Nele, as células não são unidas entre
Há uma variedade enorme de células na natureza. As células de animais, si como nos demais tecidos.
vegetais, fungos e bactérias, por exemplo embora formadas por estruturas
básicas iguais, apresentam diferenças evidentes. Todas elas possuem parede A área da Biologia que estuda as células e as organelas e a Citologia, e a
celular, com exceção das células animais e as dos protozoários. Por outro lado, área que estuda os tecidos e a Histologia. Em ambos os casos, os microscópios
só a célula vegetal apresenta cloroplastos, enquanto as bactérias não possuem são ferramentas fundamentais para visualizar esses níveis de organização que
varias organelas presentes nas demais, como núcleo e mitocôndrias por exemplo. não podem ser vistos a olho nu.

Até mesmo um único organismo pode apresentar vários tipos diferentes de Resumindo, até aqui vimos que:
células. Nós, humanos, temos células nervosas, sanguíneas, ósseas, etc.

Átomos  Moléculas  Organelas  Células  Tecidos

Órgãos, sistemas e
organismos
Os tecidos são encontrados apenas nos organismos pluricelulares (formados Um conjunto de órgãos que interagem em funções corporais especificas forma
por várias células), não sendo encontrados em organismos unicelulares um sistema.
(formados por uma única célula).
O agrupamento de vários sistemas forma um organismo. Digestório,
Quando ocorre a união de mais de um tipo de tecido, temos um órgão. Por nervoso, endócrino, urinário e respiratório são alguns dos sistemas que formam o
exemplo, uma artéria (tipo de vaso sanguíneo) é formada por tecido conjuntivo organismo humano.
tecido muscular liso e tecido epitelial, caracterizando-a como um órgão.
No entanto, nem todos os seres vivos possuem sistemas. Se considerarmos
Na maioria das vezes não é fácil, principalmente aos leigos identifica se um organismo unicelular, sua única célula exerce todas as funções necessárias à
uma estrutura é um órgão unicamente por sua composição histológica(de sua sobrevivência, sem ao menos formar um tecido, quanto mais órgãos ou
tecidos). Em geral, é mais fácil concluirmos que se trata de um órgão quando ele sistemas. Assim, nesse organismo unicelular identificamos apenas os níveis de
faz parte de um sistema. O sistema cardiovascular, por exemplo, é formado pelos organização de átomos, moléculas, organelas, células e organismo, pulando
vasos sanguíneos (artérias, arteríolas, veias, vênulas e capilares) e pelo coração. tecidos, órgãos e sistemas.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Há ainda organismos que, como as águas-vivas, possuem tecidos, mas não Biologia possui varias áreas especificas: a Anatomia estuda os órgãos e os
possuem órgãos nem sistemas. Percebe-se então que, embora haja um padrão sistemas, enquanto a Fisiologia se dedica ao funcionamento deles. Já os seres
nos níveis de organização dos seres vivos, alguns organismos acabam fugindo a vivos são estudados em várias áreas por exemplo, a Zoologia, dedicada aos
ele, o que é absolutamente normal em uma ciência como a Biologia, que se animais, a Botânica, aos vegetais e a Microbiologia, dedicada ao estudo dos
propõe a estudar todas as formas e vida da Terra. A fim de facilitar os estudos, a fungos e das bactérias.

Populações, comunidades,
ecossistemas e biosfera
Quando vários organismos de uma mesma espécie estão reunidos em etc., que influenciam diretamente na capacidade de sobrevivência dos seres
determinada localidade, na mesma época, temos uma população. Se pensarmos vivos em cada tipo de ambiente.
em um grupo de onças na Amazônia e outro no Pantanal, teremos duas
populações, pois, embora estejamos falando da mesma espécie vivendo na Há uma grande variedade de ecossistemas, como as florestas, os oceanos,
mesma época, os locais são diferentes. O mesmo ocorre se pensarmos nas onças os rios e até as cidades. Em todos esses locais encontramos uma comunidade e
que habitam o Pantanal hoje em dia e há 100 anos. O local e a espécie são os fatores ambientais que influenciam na sobrevivência dos indivíduos das
mesmos mas a época é diferente, o que impede a existência de um indivíduo populações dessa comunidade. A reunião de todos os ecossistemas do planeta é a
dessa população em ambos os momentos. biosfera.

Na natureza, os organismos estabelecem relações com outros seres vivos, A Ecologia é a área da biologia que estuda a relação entre os seres vivos e
da própria espécie e de outras assim, se temos varias populações de espécies entre eles e o ambiente.
diferentes habitando o mesmo local, estamos diante de uma comunidade.
Em resumo, os níveis de organização são agrupados, em ordem crescente,
A comunidade representa apenas o conjunto de seres vivos habitando um da seguinte maneira:
meio físico e, por isso, é considerada a porção biótica (porção viva) de um
ecossistema, enquanto o meio físico é considerado a porção abiótica (sem vida).
Um ecossistema, por sua vez, é o conjunto formado pelos seres vivos (a Átomo  molécula  organela  célula  tecido  órgão 
comunidade) mais o meio físico (fatores abióticos), como a temperatura, a
disponibilidade de água, a disponibilidade de luz, o pH, a pressão atmosférica, sistema  organismo  população  comunidade  ecossistema 
biosfera

A célula como O que é uma célula?


unidade da vida
A célula é a unidade morfológica e funcional dos seres vivos. A única
exceção a essa regra são os vírus, organismos microscópicos acelulares. Tamanho de uma célula
Uma célula é um compartimento aquoso microscópico, delimitado por uma O tamanho das células é muito variável, dada a enorme variedade de tipos e
membrana de natureza lipoproteica. Em seu interior, estão encerradas as funções desempenhadas por elas nos organismos. Em alguns poucos casos, uma
moléculas necessárias à manutenção das reações químicas que constituem a célula pode ser grande o suficiente para que a enxerguemos com a vista
vida: água, sais minerais diversos, carboidratos, lipídeos, proteínas, ácidos desarmada (sem auxilio de lentes de aumento), como alguns óvulos animais (o
nucleicos e outras substancias. No interior das células correm continuamente ovo de galinha não fecundado é um exemplo). Na maioria das vezes, no entanto,
numerosas reações químicas, responsáveis pela obtenção de energia, pela uma célula só pode ser vista com auxilio de um microscópio. A Biologia se vale
construção de novas estruturas, pela síntese e secreção de materiais diversos, etc. de dois tipos básicos de microscópio para fazer a observação de tecidos, células
Para isso, as células necessitam de uma fonte de energia e de matérias-primas, e estruturas que estão abaixo do nível celular (organelas, moléculas): o
com agua, sais, aminoácidos, açúcares, vitaminas e outros compostos. Além microscópio de luz (antes chamado de microscópio óptico) e o microscópio
disso muitas células utilizam o gás oxigênio em seu metabolismo, o que gera gás eletrônico.
carbônico e outras substancias – como metano, álcoois e ácidos – ao realizarem
certos processos vitais.

Os dois tipos celulares


fundamentais
Por mais diversos que sejam os seres vivos, as células de todos eles conhecidas como mesossomos, que lhes permitem realizar a respiração celular.
Por fim, há notáveis diferenças na constituição e na expressão genética dessas
são apenas dois tipos fundamentais: procariótica ou eucariótica . células, bem como em seu metabolismo, quando comparadas às células
eucarióticas.
Os seres vivos celulares possuem, de modo geral, um entre dois modos de
Célula procariótica vida bastante distintos. Os seres autótrofos são capazes de sintetizar o próprio
alimento, realizando a fotossíntese ou a quimiossíntese. Já os seres heterótrofos,
como não são capazes de produzir o próprio alimento, alimentam-se de outros
A célula procariótica, de estrutura mais simples, é a célula dos organismos
seres vivos ou de seus restos. A maioria dos procariontes é heterótrofa, embora
pertencentes ao reino Monera (bactérias, cianobactérias e arqueas); tais seres
existam também representantes autótrofos nesse grupo.
são, por essa razão, chamados de procariontes. Esse tipo celular é constituído,
basicamente, por uma membrana lipoproteica (membrana plasmática) que
delimita e contém um meio liquido (o citosol, antes chamado hialoplasma). A
única organela presente são os ribossomos, pequenos grânulos dispersos no
citosol, constituídos por RNA (acido ribonucleico) e proteínas associadas
responsáveis pela síntese de proteínas na célula. Existe ainda uma ou mais
moléculas de DNA constituindo a cromatina – o material genético dos seres
vivos -, seja dispersas no citosol, seja formando o cromossomo principal seja sob
a forma de plasmídeos (pequenas porções circulares de DNA independentes do
DNA principal)
Além dessas estruturas fundamentais a célula de uma bactéria pode
apresentar certos componentes adicionais como, capsula, parede celular, flagelos
e fimbrias.
As células procarióticas não apresentam um núcleo organizado não
apresentam um núcleo organizado, isto é, com um envoltório nuclear (envelope
nuclear ou carioteca) delimitando um compartimento à parte, dentro do qual está
contida a cromatina, como ocorre nas células eucarióticas. Além disso, também
não possuem um sistema de membranas internas, constituindo uma série de
organelas especializadas, como se verifica nas células eucarióticas. Por outro
lado, a membrana plasmática de certas bactérias apresenta especializações,
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Tal como a célula procariótica, a célula eucariótica também apresenta em


sua constituição uma membrana plasmática envolvendo um meio liquido
(citosol) no qual estão dispersos os ribossomos e outras organelas. No entanto, a
principal diferença entre os dois tipos celulares é que, na célula eucariótica, o
material genético (a cromatina, formada por moléculas de DNA) está contido no
interior de um compartimento delimitado por membranas, o núcleo celular; daí
provém o termo “eucariótica”.

O citoplasma da célula eucariótica apresenta um grande numero de


estruturas (organelas) especializadas no desempenho de diversas funções. As
mitocôndrias, por exemplo, são organelas nas quais ocorre o processo de
respiração celular (degradação de glicose com liberação de energia); os
cloroplastos são organelas responsáveis pela fotossíntese, os centríolos estão
envolvidos com a organização do citoesqueleto, etc.

Célula eucariótica
A célula eucariótica, de estrutura mais complexa é o tipo celular que
constitui os organismos pertencentes aos reinos Protista (protozoários e algas),
Fungi (fungos), Plantae (vegetais) e Animalia (animais); tais seres são, por essa
razão, chamados de eucariontes. Entre esses organismos, encontramos os dois
estilos de vida: autótrofos (algas e vegetais) e heterótrofos (protozoários, fungos
e animais).

Estrutura básica e uma


célula eucariótica
Membrana plasmática
Todas as células, sejam elas procarióticas ou eucarióticas, possuem uma
membrana plasmática, que é uma fina película, de natureza lipoproteica (lipídeos
associados a proteínas), que separa o meio interno da célula do ambiente
externo. Além de delimitar e conferir forma à célula =, a membrana plasmática
regula as trocas com o meio; em outras palavras, é ela quem determina, de forma
seletiva, o que pode ou não entrar ou sair da célula. Tal papel de
permeabilidade seletiva é fundamental para a manutenção de um meio interno
relativamente constante e distinto do meio externo. Por fim, a membrana
plasmática é também a interface por meio da qual se dá o relacionamento da
célula com outras células, vírus e moléculas presentes no ambiente.
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Organelas
Ribossomos
São grânulos microscópicos (visíveis apenas ao microscópio eletrônico)
constituídos por moléculas de RNA associadas a certas proteínas. Os ribossomos
são fundamentais para a síntese de proteínas o interior da célula. Eles podem
estar livres dispersos no citosol, ou aderidos à membrana de certas regiões do
reticulo endoplasmático, constituindo o reticulo endoplasmático rugoso ou
granuloso.

Citosol
O citosol, ou hialoplasma, é um meio aquoso no qual estão dispersas
moléculas de natureza variada: íons, sais minerais, carboidratos, aminoácidos,
enzimas. É no citosol que ocorre grande parte das reações químicas do
metabolismo celular. Outras reações correm no interior de compartimentos
membranosos chamados organelas, cujas funções são variadas.

Dá-se o nome de citoplasma ao material contido pela membrana plasmática


de uma célula; em outras palavras, o citoplasma equivale ao conjunto formado
pelo citosol mais as organelas nele mergulhadas. Vale lembrar que por esse
motivo o citosol também é conhecido como matriz citoplasmática, ou citoplasma
fundamental.

Citoesqueleto Reticulo endoplasmático


Consiste numa série de túbulos e canalículos membranosos que se estendem
O citoesqueleto equivale a uma rede de microfilamentos e microtúbulos por todo o citoplasma, formando uma verdadeira rede. Algumas partes do
proteico, dispersos no citosol, que asseguram a estrutura e a forma de muitas reticulo apresentam ribossomos aderidos à face externa de suas membranas,
células eucarióticas. O citoesqueleto confere apoio e ancoragem às organelas e constituindo o reticulo endoplasmático granuloso (granular ou rugoso), devido
ao núcleo celular. ao seu aspecto quando observado ao microscópio eletrônico outras partes da
membrana apresentam-se sem ribossomos constituindo o reticulo
endoplasmático não granuloso (agranular ou liso).

O reticulo endoplasmático não granuloso tem como função básica o


transporte de substancias dentro da célula, enquanto o reticulo endoplasmático
granuloso tem por função a síntese de proteínas (que ocorre nos ribossomos a ele
associados) e o transporte dessas substancias.
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Complexo golgiense
Assim chamado em homenagem a seu descobridor, Camilo Golgi,
citologista italiano. Trata-se de uma pilha de vesículas membranosas adjacentes
achatadas, em geral com uma configuração côncavo-convexa, cercada por
numerosas vesículas.

No complexo golgiense, proteínas, carboidratos e lipídeos são processados


e “empacotados” antes de serem enviados, por meio de vesículas de secreção
para o exterior da célula. É também função dessa organela a formação e
lisossomos, organelas responsáveis pela digestão intracelular.

Lisossomos e peroxissomos
São vesículas membranosas que contêm enzimas em seu interior. Os
lisossomos podem digerir materiais vindos de fora da célula (no caso de células
que realizam fagocitose) ou da própria célula, processo denominado autofagia.
Os peroxissomos estão envolvidos no processo de degradação de substancias
toxicas ao organismo, entre outras funções.

Mitocôndrias
Mitocôndrias são organelas membranosas, responsáveis por parte das
reações da respiração celular, na qual moléculas de glicose são degradadas com
obtenção energia. No interior das mitocôndrias forma-se grande quantidade de
moléculas de ATP (trifosfato de adenosina), que transporta a energia obtida na
respiração até outros locais da célula onde será utilizada nas reações do
metabolismo celular.
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Plastos
Plastos são organelas membranosas que contêm pigmentos responsáveis
por diversas funções. Os plastos são organelas exclusivas dos eucariontes
autotróficos (algas e vegetais). O principal tipo é o cloroplasto, assim
denominado por conter moléculas de clorofila (substancia de coloração verde),
responsáveis pela captação da energia luminosa durante a fotossíntese. Nesse
processo, a energia luminosa é transformada em energia química, armazenada
em certas ligações da molécula de glicose.
Centríolos
São organelas não membranosas, constituídas por microtúbulos proteicos,
com aspecto de um par de cilindros. Os centríolos são responsáveis pela
organização das fibras que participam da divisão celular. Além disso, dão
origem, em certos tipos celulares aos cílios e aos flagelos e coordenam o
batimento dessas estruturas.
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Em relação a estrutura de uma célula eucariótica, é importante ressaltar que:

 Nem todas as organelas citadas estão obrigatoriamente presentes em


todas as células eucarióticas. Células animais, por exemplo, não
apresentam cloroplastos; os lisossomos não são usualmente encontrados
em células vegetais; em células que não secretam materiais para o meio
externo, o complexo golgiense pode estar pouco desenvolvido ou mesmo
ausente. Por outro lado, células vegetais apresentam, como característica,
um grande vacúolo de reserva, além de outros menores, nos quais se
acumulam agua, sais minerais e substancias de reserva.
 Embora determinados processos metabólicos dependam, na célula
eucariótica, de certas organelas para ocorrerem, esses mesmos processos
podem ocorrer nas células procarióticas, nas quais tais organelas
inexistem. Basta, para isso, que a célula possua o conjunto de enzimas e
de outras moléculas necessárias ao desempenho daquela função. Assim,
por exemplo, as células de certas espécies de bactérias são capazes de
realizar o processo de respiração celular mesmo não possuindo
mitocôndrias; a fotossíntese ocorre em células de cianobactérias, que não
apresentam cloroplastos, mas têm o pigmento clorofila e outras
moléculas necessárias ao processo.

compactas que facilitam o processo de distribuição do material genético,


Núcleo celular previamente duplicado, entre as duas células-filhas resultantes da divisão.

O núcleo de uma célula eucariótica é uma estrutura delimitada por No interior do núcleo podem ser encontrados um ou mais nucléolos,
membrana dupla (a carioteca ou envelope nuclear) provida de poros que estruturas ricas em RNA nas quais ocorre a montagem dos ribossomos antes que
permitem a comunicação entre o meio interno o núcleo e o citoplasma adjacente. estes sejam enviados ao citosol.
No interior desse compartimento estão as moléculas de DNA que constituem o
material genético da célula (a cromatina). Vale lembrar, mais uma vez, que as
células procarióticas também possuem material genético sob a forma de Parede celular
moléculas de DNA, mas, nesse tipo de célula, esse material não se encontra
contido em um compartimento nuclear, e sim disperso no citosol. Muitas células procarióticas apresentam uma estrutura mais externa à
membrana plasmática denominada parede celular, que confere suporte às células
A cromatina das células eucarióticas é constituída por numero variável de permite que elas resistam a pressões mecânicas, mas não são seletivas como a
moléculas de DNA associadas a proteínas. No momento da divisão celular, o membrana plasmática.
núcleo se desagrega e a cromatina se transforma em cromossomos, estruturas
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Com algumas poucas exceções, as células das bactérias possuem A água apresenta algumas propriedades bastante especificas, e que
paredes celulares constituídas por peptidioglicanos (misturas de carboidratos e justificam, em certa medida, a sua importância para os organismos vivos:
aminoácidos), de espessura variável, rígidas, que lhes conferem forma e certo a excelente propriedade de solvente, o largo espectro de temperatura em
grau de resistência às agressões do meio. Ainda mais externamente, pode existir que se mantem liquida, a alta capacidade calorifica e a tensão superficial.
uma estrutura denominada capsula, cuja função também é de proteção, adesão ao Todas essas propriedades estão baseadas na polaridade da molécula de
meio externos e a outros indivíduos, permitindo a formação de colônias. água e na sua habilidade para formar ligações umas com as outras.

Entre os eucariontes, as células dos fungos, das algas e das plantas Dizer que a molécula de água é polar significa que ela apresenta
apresentam paredes celulares. A composição de carboidratos da parede celular uma região com carga parcial positiva (correspondente aos dois átomos
difere de um grupo para outro: quitina (nos fungos) e celulose (nas plantas e nas de hidrogênio da molécula) e uma região com carga parcial negativa
algas). As células animais e as de protozoários não apresentam parede celular. (correspondente ao átomo de oxigênio). Existe uma atração natural entre
a parte positiva de uma molécula de água e a parte negativa de outra,
originando a ligação de hidrogênio entre elas.
Diversidade na organização A polaridade das moléculas de água explica duas importantes

estrutural das células propriedades: aas grandes forças de adesão (a moléculas de outras
substancias) e de coesão (adesão entre moléculas da mesma substancia).
Essas propriedades, bem como outras delas derivadas (como a
eucarióticas capilaridade e a tensão superficial) são de grande importância para uma
serie de fenômenos biológicos.

Existem certas diferenças na estrutura das células dos organismos Por fim, as moléculas de água podem absorver grande quantidade
eucarióticos que, quando comparadas entre si, permitem agrupa-las em três tipos de calor sem que sua temperatura se eleve significativamente (elevado
genéricos: calor especifico). Assim, a existência de água em abundância nos
organismos vivos impede que estes sofram grandes variações de
Células de animais e de protozoários: células relativamente semelhantes, em temperatura, o que contribui para a sua estabilidade térmica. Além disso,
termos de distribuição e frequência das organelas e ausência de parede celular. o baixo ponto de fusão e o elevado ponto de ebulição da água justificam
a permanência dela no estado liquido na maioria dos ambientes em que a
Células vegetais e de algas: apresentam parede celular celulósica, além de vida está presente.
plastos diversos e vacúolos.

Células de fungos: possuem parede celular composta de quitina e não A água como solvente
apresentam plastos (uma vez que não realizam fotossíntese) nem vacúolos.
A água é um excelente solvente, devido à polaridade da molécula, isto é,
Além dessas diferenças, os organismos eucarióticos pluricelulares mais um meio de dissolução para diversas substancias; por esse motivo, ela é
complexos, como os animais e as plantas, são frequentemente formados por um frequentemente chamada de “solvente universal”. Há um evidente exagero
grande número de tipos celulares, morfológica, e funcionalmente distintos. Essas nessa expressão, pois nem todas as substancias dissolvem-se em água;
células diferem na forma, no metabolismo e na abundancia relativa deste ou substancias apolares (como gorduras e óleos) são ditas hidrofóbicas, ou seja,
daquele componente celular. repelem a molécula de água, e, por isso, não se dissolvem nela. Em geral, os íons
e as substancias que apresentam moléculas polares se misturam bem em meio à
A maioria dos estudiosos do assunto reconhece, no organismo humano, a água e nela se dissolvem; tais substancias são ditas hidrofóbicas. Muitas das
existência de cerca de duzentos tipos celulares distintos. É a grande diferença moléculas importantes ao funcionamento dos organismos vivos são polares e,
morfológica e funcional, por exemplo, entre um neurônio – capaz de conduzir portanto, solúveis em água.
impulsos nervosos – e um glóbulo branco do sangue (leucócito) – relacionado à
defesa do organismo. Ao servir como solvente, a água torna-se um meio adequado para a
ocorrência de um grande número de reações químicas dentro da célula. A
atração/repulsão gerada pela polaridade das moléculas de água sobre as

A química da vida: substancias nela dissolvidas aumenta o número de colisões entre as moléculas e,
em consequência, a velocidade das reações químicas também aumenta.

água e sais minerais Como regra geral, pode-se dizer que a quantidade relativa de água em um
órgão ou em um tecido é tanto maior quanto maior for sua taxa metabólica.

Ao atuar como solvente de outras substancias, a água também possibilita o

Composição química dos transporte delas no organismo. São exemplos disso os líquidos encontrados nos
sistemas circulatório dos animais (linfa, sangue) e as seivas dos vegetais; os
sucos digestivos, como as secreções do estomago, do pâncreas e do intestino; e
seres vivos também a urina, liquido produzido pelos animais que permite a remoção e a
eliminação de certos produtos indesejáveis do metabolismo. Na verdade, os
animais perdem água constantemente para o ambiente, por meio da urina, das
As fontes a partir das quais são obtidos os vários elementos necessários à fezes, da respiração e da transpiração, enquanto as plantas a perdem por meio da
vida e as maneiras pelas quais cada um deles é utilizado no metabolismo celular respiração e da evapotranspiração. A água perdida é reposta pela alimentação, no
caracterizam o organismo como autótrofo (fotossintetizante ou caso dos animais, ou absorvida pelas raízes, no caso dos vegetais.
quimiossintetizante) ou heterótrofo (consumidor, decompositor ou parasita).
Ainda assim, por mais diversos que sejam em sua estrutura corporal, numero de
células ou estilos de vida, os seres vivos compartilham grande semelhança em
termos de sua composição química. Isto se deve ao fato de que, muito
A água participa de muitas
provavelmente, todas as espécies de organismos que habitam o planeta se
desenvolveram, por evolução biológica, a partir de ancestrais comuns surgidos
reações do metabolismo
há alguns bilhões de anos nos mares da Terra primitiva. Como resultado,
compartilhamos – certa composição as bactérias, as plantas e os demais seres A água, por si só, é um reagente ou um produto em muitas reações do
vivos – certa composição química que atende às necessidades básicas da metabolismo celular. Assim, por exemplo, a água é um componente fundamental
manutenção da vida. da fotossíntese, processo no qual moléculas de gás carbônico e de água fornecem
os átomos necessários à síntese de moléculas de glicose, com auxilio da energia
De modo geral, podemos classificar as substancias encontradas em um luminosa.
organismo em duas categorias:
A equação que resume esse processo mostra a participação dessas
Substâncias inorgânicas, como a água e os sais minerais. São moléculas substancias: 6 CO2 + 6 H2O  C6H12O6 + 6 O2.
relativamente simples, mas ainda assim de grande importância para a vida.

Substâncias orgânicas, como os carboidratos, os lipídeos, as vitaminas, as Outros contextos em que a água é
proteínas e os ácidos nucleicos. São constituídas por moléculas com cadeias
carbônicas (isto é, formadas por átomos de carbono), configurando, de modo importante
geral, maior tamanho e maior complexidade estrutural; desempenham variadas
funções no metabolismo celular.
A água atua na sustentação corporal de alguns organismos (animais e vegetais)
de pequeno porte, fornecendo um “esqueleto hidrostático”. Águas-vivas

Água e sua importância minhocas, lombrigas e estrelas-do-mar são exemplos de animais que utilizam
esse recurso.

para os seres vivos A água suporta e dissipa as pressões exercidas sobre as articulações ósseas dos
animais vertebrados além de lubrificar e reduzir o atrito entre os ossos.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Evaporação do suor eliminado através das folhas é um importante mecanismo


para a condução da seiva em sentido ascendente, das raízes para a copa.

carga negativa) são o cloro (Cl -), o fosfato (PO2-4), o bicarbonato (HCO -3), o
Sais minerais nitrato (NO-3) e o sulfato (SO-4).

A maioria dos eletrólitos é, em alguma medida, responsável pela


Chamamos sais minerais a um conjunto de elementos e substancias manutenção do equilíbrio hidrossalino (ou hidroeletrolítico) dos fluidos
inorgânicas que fornecem íons essenciais ao funcionamento das células dos seres existentes dentro e fora das células. Esse equilíbrio é fundamental para o correto
vivos. Eles apresentam funções bastante variadas nos organismos animais e grau de hidratação do organismo, para o funcionamento dos músculos dos
vegetais. Os animais adquirem os sais minerais através da alimentação; as animais e dos tecidos vegetais, para a manutenção do pH adequado, para a
plantas os obtêm juntamente com a água absorvida do solo pelas raízes. condução dos impulsos nervosos, etc. A atividade elétrica de uma célula, como
as células nervosas (neurônios), depende das diferenças de concentração de íons
Quando dissolvidos em meio aquoso, os sais minerais apresentam-se sob a positivos e negativos entre as superfícies interna e externa da membrana
forma de íons (partículas carregadas positiva ou negativamente) ou eletrólitos. plasmática dessas células.
Os principais cátions (íons com carga positiva) encontrados nos seres vivos são
o sódio (Na+), o potássio (K+), o cálcio (Ca 2+), o ferro (Fe2+, Fe3+), o magnésio A tabela a seguir apresenta alguns papeis desempenhados pelos principais
(Mg2+), o zinco (Zn2+) e o manganês (Mn 2+). Os principais ânions (íons com sais minerais nos organismos animal e vegetal:
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Sais minerais Importância biológica


Nitrogênio Componente essência para as moléculas
de proteínas e ácidos nucleicos.
Participa dos processos de transferência
Fosforo de energia dentro das células e é
também um importante componente das
moléculas de ácidos nucleicos
Atuam na regulação do equilíbrio
hidrossalino de células e tecidos. Estão
Sódio e potássio também envolvidos diretamente na
transmissão dos impulsos nervosos e na
contração muscular.
Envolvido na ativação de certas
enzimas. Também atua no
Cálcio funcionamento dos músculos, na
coagulação sanguínea e é importante na
constituição de ossos e dentes.
Componente das moléculas de clorofila
Magnésio (fundamentais na fotossíntese).
Também é um importante cofator
enzimático.
Componente das moléculas de
Ferro hemoglobina (transporte de gases pelo
sangue).

São os carboidratos formados pela união de dois monossacarídeos. Essa

Carboidratos, lipídeos e união ocorre graças à saída de uma molécula de água (síntese por condensação)
assim, um dissacarídeo formado pela união de duas hexoses (C 6H12O6) terá a
formula C12H22O11. São exemplos de dissacarídeo: a sacarose (formada pela

vitaminas união de glicose + frutose), a maltose (formada pela união de duas moléculas de
glicose) e a lactose (formada pela união de glicose + galactose).

A sacarose é um carboidrato de reserva energética bastante comum nos

Carboidratos vegetais como na cana-de-açúcar. A maltose e produto da digestão de moléculas


de amido (um polissacarídeo), e a lactose é encontrada no leite. A digestão é
feita por hidrolise enzimática, e resulta em monossacarídeos que podem ser
Os carboidratos (ou hidratos de carbono) são uma categoria de substancias absorvidos pela célula.
orgânicas constituídas basicamente por átomos de carbono, hidrogênio e
oxigênio; sua formula geral é: Cn(H2O)n, dai o seu nome. Em termos gerais, essa
categoria corresponde aos açúcares (ou glicídeos), mas também abriga Polissacarídeos
substancias – como o amido e a celulose – que não correspondem à noção usual
de “açúcar”, no sentido de “substancia doce”. Por essa razão, é preferível o Um polissacarídeo é um carboidrato cuja molécula é formada por
termo carboidratos em vez de açúcares. numerosos monossacarídeos ligados entre si. Essas moléculas podem ser
lineares ou ramificadas, contendo até dezenas de milhares de unidades. Os
É comum classificar os carboidratos em três categorias gerais, conforme o exemplos mais importantes são o glicogênio, o amido e a celulose, que são
tamanho e suas moléculas e algumas de suas propriedades essas categorias são a polímeros de glicose; e a quitina, um polímero de N-acetilglicosamina.
dos monossacarídeos, a dos oligossacarídeos (dos quais os dissacarídeos são os
mais importantes) e a dos polissacarídeos. O glicogênio é uma das formas de armazenamento de energia nos
organismos animais. Ele é sintetizado e armazenado nas células dos músculos
esqueléticos e nas células hepáticas. A sua degradação pode fornecer glicose (e,
Monossacarídeos consequentemente, energia) para as células mais rapidamente do que por meio
da degradação de gorduras. O glicogênio também é encontrado nas células dos
fungos.
Caracterizam-se por não serem divisíveis em carboidratos menores – daí o
seu nome, que significa “um único açúcar” ou seja, os monossacarídeos são a
O amido é a principal forma de armazenamento de energia dos vegetais
unidade básica dos carboidratos.
moléculas de amido são estocadas em grande quantidade no interior de raízes
(como a mandioca, a batata-doce, a cenoura e a beterraba), tubérculos (batata-
Os monossacarídeos são os carboidratos de menor tamanho molecular e, inglesa, cará, inhame), grãos (arroz, trigo, aveia, milho) e outras sementes
por causa disso, podem ser absorvidos pelas células sem necessidade de (feijão, soja, grão-de-bico, amendoim). O amido é uma importante fonte de
digestão. Ao paladar humano, em geral apresentam pronunciado sabor energia na alimentação de muitos animais, incluindo o ser humano; uma vez
adocicado. totalmente digerido, o amido dá origem a moléculas de glicose livres, que
podem ser absorvidas e utilizadas pelas células.
A formula geral de um monossacarídeo, C n(H2O)n, pode ser escrita de outra
maneira: CnH2nOn. os valores de n de maior interesse são: n = 5, caracterizando o A celulose é constituída por longas moléculas lineares (cadeias de glicose);
grupo das pentoses, e n = 6, que constituem o grupo das hexoses. varias cadeias justapostas estabelecem grande número de ligações de hidrogênio
entre si, e, dessa forma, constituem as fibras de celulose que formam a parede
Como exemplos de pentoses, temos a ribose e a desoxirribose, dois das células vegetais a celulose é a substancia orgânica mais abundante na
monossacarídeos muito importantes na composição dos ácidos nucleicos. O natureza; uma vez que está presente em grande quantidade na madeira que
ácido ribonucleico (ARB, ou RNA, na sigla em inglês) contém ribose em suas constitui as árvores, e em todos os vegetais, associada a outras moléculas
moléculas, enquanto o ácido desoxirribonucleico (ADN ou DNA) apresenta orgânicas. A extração de celulose a partir da madeira permite a fabricação de
desoxirribose. papel e a produção de etanol (álcool combustível), dentre outros usos.

As hexoses são monossacarídeos de grande importância para as células são A celulose só é digerida por alguns microrganismos (bactérias, fungos,
exemplos: a galactose, a frutose e a glicose, três açúcares que são isômeros entre protozoários) ou animais (como o caracol-de-jardim, por exemplo) que
si. produzem a enzima catalisadora da hidrolise da celulose (a celulase). Os
ruminantes (animais como as vacas as cabras os carneiros e os veados) não são
A glicose é o carboidrato produzido pelas algas e plantas na fotossíntese. capazes de produzir essa enzima mas abrigam em seu estomago populações de
Nesse processo, a energia luminosa é transformada em energia química, que fica certas espécies de bactérias que fazem a digestão da celulose, numa associação
armazenada em certas ligações das moléculas de glicose por meio da vantajosa e obrigatória para ambos, conhecida como mutualismo.
fermentação e da respiração celular, os seres vivos quebram essas ligações e
obtêm a energia necessária às suas reações metabólicas. A quitina é um polissacarídeo constituído por cadeias de um
monossacarídeo derivado da glicose, denominado N-acetilglicosamina.
A galactose e a frutose são em geral encontradas como componentes de
dissacarídeos; a glicose é encontrada sob a forma livre ou como componente de A quitina é um material muito resistente e flexível, insolúvel em água; é o
dissacarídeos e de polissacarídeos. segundo polímero orgânico mais abundante, depois da celulose. Esse
polissacarídeo é o principal componente da parede célula dos fungos e do

Dissacarídeos exoesqueleto dos artrópodes (como os caranguejos e os insetos).

Os carboidratos e a glicemia
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Por meio da alimentação, os animais obtêm carboidratos das três categorias:


polissacarídeos, dissacarídeos e monossacarídeos os dois primeiros devem sofrer Lipídeos simples
digestão (hidrolise enzimática) a fim de resultar em monossacarídeos livres, que
podem então ser absorvidos e, por meio da circulação sanguínea, serem levados Os lipídeos simples compreendem as ceras e os glicerídeos (óleos e
até o fígado, órgão em que todos os monossacarídeos são transformados em gorduras). As ceras são substancias utilizadas pelos animais e vegetais na
glicose, que, levada pelo sangue, é distribuída a todas as células do organismo. A impermeabilização e proteção de superfícies (como a cutícula que reveste certas
glicose, no interior das células, é degradada pela respiração celular ou pela folhas e certos frutos e o cerume da orelha humana). Nas ceras, o álcool ligado
fermentação lática, fornecendo a energia necessária ao metabolismo celular. aos ácidos graxos é uma molécula de cadeia longa, com muitos átomos de
carbono, que nunca é o glicerol. Os glicerídeos são compostos de glicerol (um
Parte da glicose presente na corrente sanguínea retorna às células álcool) associado a moléculas de ácidos graxos; constituem substancias de
hepáticas (do fígado), onde será polimerizada em glicogênio, num processo reserva de energia nas plantas e nos animais – são óleos quando estão em estado
conhecido como glicogênese. Esse processo é ativado pela insulina, um líquido, à temperatura ambiente, e gorduras quando estão em estado solido. A
hormônio produzido pelo pâncreas e secretado na corrente sanguínea em gordura sob a forma de tecido adiposo no corpo de um animal, constitui uma
resposta a um alto nível de glicose no sangue (hiperglicemia). A insulina importante reserva energética e pode funcionar também como um isolante
promove a passagem da glicose do sangue para as células, normalizando a térmico, reduzindo as perdas de calor para o ambiente.
glicemia (a concentração de glicose no sangue) após uma refeição, por exemplo.

A quebra do glicogênio hepático com a consequente liberação de glicose na


corrente sanguínea corresponde ao processo conhecido como glicogenólise. O
Lipídeos complexos
glicogênio das células hepáticas constitui, assim, uma reserva de glicose a ser
utilizada pelas outras células do organismo em períodos de carência (por Os lipídeos complexos podem ser subdivididos em duas características: a
exemplo, nos intervalos entre as refeições). A glicogenólise é estimulada pelo dos lipídeos conjugados, que contêm em sua molécula outras substancias além
glucagon (outro hormônio produzido pelo pâncreas), secretado na corrente do álcool e dos ácidos graxos (como fosfato ou carboidratos), e a dos lipídeos
sanguínea quando os níveis de glicose no sangue estão baixos (hipoglicemia). derivados, que compreendem substancias muito variadas, derivadas do
colesterol, com uma estrutura química bastante diferente do restante dos
lipídeos, conhecidas coletivamente pelo nome de esteroides.
Lipídeos Entre os lipídeos conjugados, destacam-se os fosfolipídeos, componentes
das membranas celulares (isto é, da membrana plasmática e também das
Os lipídeos constituem uma categoria bastante heterogênea de substancias organelas membranosas) e os esfingolipídeos, presentes nas membranas de
orgânicas, cuja característica comum é a sua insolubilidade em água e a algumas células do sistema nervoso.
solubilidade em solventes orgânicos. Eles desempenham funções biológicas de
grande importância. As principais são: estrutural, de regulação e de reserva Dentre os lipídeos derivados, destacam-se:
energética.

Os carotenoides, uma família de pigmentos vegetais cuja cor vai do amarelo ao O colesterol é um importante constituinte da membrana plasmática das células
vermelho. O betacaroteno – pigmento presente no mamão e na cenoura – é um animais. Além disso, serve com precursor para a síntese de várias outras
importante precursor da vitamina A; substâncias, como os hormônios sexuais e o cortisol (hormônio produzido pelas
glândulas adrenais).

Vitaminas Vitamina E (tocoferol)


Tem ação antioxidante;
As vitaminas são substancias orgânicas de natureza muito variada, em
termos de composição química. Para representa-las usam-se letras do alfabeto.
É encontrada em vegetais de folhas verdes, germe de trigo e óleos vegetais;
Todas as vitaminas são necessárias para o bom desempenho e a manutenção das
funções vitais do organismo. Um exemplo são as vitaminas que atuam como
Sua deficiência provoca anemia e infertilidade.
coenzimas (cofatores necessários à ação de algumas enzimas).

A maioria das vitaminas não é sintetizada pelo organismo animal, e mesmo


as que são sintetizadas não o são em quantidade suficiente. É necessário,
Vitamina K (quinona)
portanto, obtê-las pela alimentação, provenientes de vegetais ou de outros
Nome geral dado a um grupo de compostos lipossolúveis relacionados à
animais. Algumas vitaminas são sintetizadas pelas bactérias que constituem a
coagulação sanguínea a principal delas é a quinona;
flora intestinal.

É encontrada em verduras e óleos vegetais e é também sintetizada pela flora


Podemos dividir as vitaminas em dois grupos: lipossolúveis (vitaminas A,
intestinal humana;
D, E e K) e hidrossolúveis (vitaminas B e C). as primeiras são encontradas em
alimentos ricos em gorduras e, uma vez absorvidas pelo organismo, são
armazenadas no tecido adiposo; o consumo excessivo dessas vitaminas pela Sua deficiência provoca distúrbios hemorrágicos (falhas na coagulação do
alimentação pode, portanto, provocar quadros de hipervitaminose. Já as sangue)
vitaminas hidrossolúveis não se acumulam no organismo pois seu excesso é
eliminado na urina.
Vitamina C (ácido ascórbico)
Vitamina A (retinol): Tem ação antioxidante e atua na síntese das fibras colágenas;

Atua na manutenção da integridade dos epitélios, mucosas, dentes e ossos, está É encontrada em frutas (laranja, limão acerola, goiaba, morango, caju, etc.) e
presente em certas células da retina, sendo essencial para a visão; vegetais frescos; o calor do cozimento e a exposição ao provocam a destruição
da vitamina C;
O retinol é encontrado em alimentos de origem animal (óleo de peixe, ovos,
fígado). Certos alimentos de origem vegetal (cenoura, mamão, espinafre, tomate) Sua deficiência provoca o escorbuto (inflamação da pele mucosas gengivas,
contêm pigmentos (como o betacaroteno) que são transformados em vitamina A com sangramento e perda dos dentes)
pelo organismo;

Sua deficiência provoca xeroftalmia (secura e degeneração da camada córnea


Vitaminas do complexo B
dos olhos) e cegueira noturna (dificuldade para enxergar em condições de
pouca luz). O complexo de vitaminas B é um grupo de compostos hidrossolúveis, que
atuam como coenzimas e dessa forma asseguram o bom funcionamento do
organismo ao regularem diversas funções metabólicas. Os mais importantes são:
Vitamina D (calciferol)
Tiamina (B1) – encontrada em vísceras, cereais integrais; sua deficiência
Nome geral dado a um grupo de compostos lipossolúveis, responsáveis por provoca o beribéri (um tipo de polineurite), caracterizado por fraqueza musculas
assegurar uma boa absorção intestinal de cálcio, ferro, magnésio, fosfatos e e dificuldades respiratórias.
zinco; dessa forma, contribuem para a manutenção do equilíbrio mineral do
corpo. A principal forma de vitamina D é o calciferol; Riboflavina (B2) – encontrada em leite, ovos, cereais integrais; sua deficiência
provoca fotofobia e lesões na pele.
É encontrada em óleo de peixe, ovos, fígado, fungos (leveduras, cogumelos). O
organismo humano pode sintetizar o calciferol a partir do colesterol, nas células Piridoxina (B6) – encontrada em cereais integrais; sua deficiência provoca
da pele quando esta é exposta à radiação ultravioleta; dermatite e distúrbios nervosos.

Sua deficiência provoca má formação dos ossos, um quadro conhecido como


osteomalacia (nos adultos) ou raquitismo (na infância).
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Cianocobalamina (B12) – encontrada em alimentos de origem animal (carne, peptídicas, vai se formando. Em sua forma final, o polipeptídio assim
vísceras, ovos e lacticínios), é também sintetizada por bactérias da flora constituído apresenta um terminal com um grupo amina livre (chamado amino
intestinal humana, sua deficiência provoca a anemia perniciosa. terminal, ou N-terminal) e um terminal com um grupo carboxila livre (C-
terminal, ou carboxi-terminal).
Biotina – encontrada em leveduras, ovos, nozes, arroz integral; é também
sintetizada por bactérias da flora intestinal; sua deficiência provoca dermatite, Convencionou-se descrever a sequencia dos aminoácidos de um
dores musculares e fraqueza. polipeptídio da esquerda para a direita, partindo do N-terminal em direção ao C-
terminal, pois esse é o sentido em que novos aminoácidos são acrescentados
Ácido fólico – encontrada nas carnes em geral; sua deficiência provoca anemia; pelos ribossomos, à medida que a cadeia cresce, durante a síntese proteica.
é essencial para a boa formação do sistema nervoso do feto durante o
desenvolvimento embrionário.

Niacina (ou ácido nicotínico) – encontrada em leveduras, cereais integrais; sua


Estruturas de uma proteína
deficiência causa a pelagra (lesões na pele, distúrbios digestivos, demência)
Estrutura primária
Ácido pantotênico – encontrado na maioria dos alimentos; sua deficiência
provoca desordens neuromotoras e cardiovasculares. É determinada pelo número, pelo tipo e pela sequência (ordem) dos aminoácidos
na proteína

Proteínas Estrutura secundária


Resulta de ligações (pontes de hidrogênio) que ocorrem entre alguns
O que são proteínas? aminoácidos.

Proteínas são substancias orgânicas complexas, que participam de variadas Estrutura terciária
maneiras na constituição e no funcionamento de todos os seres vivos. Em termos
estruturais, são constituídas por uma ou mais cadeias de aminoácidos, sendo
Resulta de certas atrações e repulsões entre diferentes pontos da cadeia. Um bom
cada uma dessas cadeias denominada polipeptídio.
exemplo são as ligações dissulfeto (S-S), que se formam entre dois aminoácidos
do tipo cisteína.

Funções biológicas das Estrutura quaternária


proteínas Proteína formada por mais de uma cadeia peptídica.

Estrutural: algumas proteínas participam da arquitetura das células e dos


tecidos, conferindo forma, suporte e resistência. São proteínas estruturais:
queratina, colágeno, elastina, actina, miosina, tubulina, entre outras.
Proteínas conjugadas
Proteínas conjugadas são aquelas que apresentam, além dos aminoácidos
Catalisadora: função exercida pelas proteínas que facilitam (aceleram) as
presentes na(s) cadeia(s) polipeptídica(s), outros componentes de natureza não
reações químicas do metabolismo e que passam a ser denominadas enzimas,
proteica, conhecidos como grupos prostéticos ou cofatores; estes são essenciais
como a amilase, a pepsina, a lipase, a catalase, as hidrolases, as sintases, as
para a atividade biológica dessas proteínas. O grupo prostético de uma proteína
transferases, etc.
pode ser inorgânico (como um íon de ferro, zinco ou magnésio) ou orgânico
(como uma vitamina). A proteína total é referida como holoproteina, enquanto a
Defesa: função exercida pelas proteínas chamadas de anticorpos (existentes
parte exclusivamente proteica, sem o grupo prostético, é dita apoproteína.
apenas nos animeis vertebrados), que reconhecem e combatem substancias
estranhas ao organismo (antígenos), presentes oi derivadas de vírus, bactérias,
Muitas vezes uma proteína pode estar associada a uma molécula de
fungos, etc. além dos anticorpos, outras categorias de proteínas também atuam
carboidrato, formando uma glicoproteína; a um lipídeos, formando uma
na defesa do organismo, como o interferon e as interleucinas.
lipoproteína; ou a um ácido nucleico, constituindo uma nucleoproteína.
Reguladora: os pequenos peptídeos ou outras moléculas derivadas de
aminoácidos que exercem funções especificas sobre algum órgão ou estrutura do
organismo regulam o seu funcionamento. Muitos hormônios, como a insulina, o Desnaturação das proteínas
glucagon, a tiroxina, a ocitocina, a melatonina e o hormônio do crescimento têm
essa função. Desnaturação é o nome dado ao processo em que ocorre a alteração na
configuração espacial (forma) da molécula de uma proteína, provocada
Outras: transporte de substâncias, através da membrana celular(permeases), principalmente por alterações de pH ou de temperatura (calor). Nesse processo,
caracterizando o transporte ativo, por difusão facilitada ou dissolvidas nos ocorre a ruptura das ligações de hidrogênio e outras ligações não covalentes
fluidos do organismo, como ocorre com nutrientes, íons e gases transportados responsáveis pelas estruturas secundaria e terciaria, mas não há ruptura das
pela hemoglobina (proteína presente nas células vermelhas do sangue); reserva, ligações covalentes do esqueleto da cadeia peptídica, preservando-se assim a sua
é o caso das proteínas presentes nas sementes dos vegetais, por exemplo. Além estrutura primária.
disso, várias proteínas podem se associar sob a forma de um complexo proteico,
desempenhando uma função especifica. Dependendo do grau de desnaturação de uma proteína, esse processo pode
ser reversível (renaturação). De qualquer maneira, ao alterar a forma espacial da

Composição química de uma


molécula de uma proteína, a desnaturação prejudica a sua atividade biológica, e,
com isso certos processos metabólicos e fisiológicos podem ser afetados a ponto
de ocasionar a morte do organismo.

proteína Alguns exemplos práticos de desnaturação de proteínas são: a alteração do


estado, após o cozimento da clara e da gema do ovo ou da carne; e a precipitação
Um polipeptídio é uma macromolécula (polímero) constituída por uma das proteínas do leite, quando o pH do meio fica ácido (por exemplo, na
cadeia de aminoácidos. Essas substancias possuem um grupo amina (NH2) e um produção de iogurtes e coalhadas).
grupo ácido carboxílico (COOH) m sua composição, dai o seu nome. Todas as

Alterações na estrutura de
proteínas de todos os seres vivos são constituídas por cadeias polipeptídicas de
diferentes tamanhos ou sequencias de aminoácidos. No entanto, em todas elas
encontramos apenas 20 tipos de aminoácidos que diferem uns dos outros pelo
radical que possuem. Diferentes radicais conferem propriedades físico-químicas
(polares, apolares, etc.) distintas aos aminoácidos. uma proteína causadas por
Nas células, os polipeptídeos são sintetizados a partir de uma "receita" contida
na molécula de RNA e "lida" pelos ribossomos. Esse processo, chamado de
erros genéticos (mutações)
tradução, será estudado com mais detalhes mais adiante. Na síntese da cadeia
polipeptídica, dois aminoácidos podem se unir, estabelecendo entre eles uma Uma proteína também pode sofrer alterações em sua estrutura moléculas
ligação covalente, estável. Essa ligação, que ocorre entre o grupo amina de um devido a erros (mutações) ocorridos no gene (segmento de DNA) que determina
aminoácido e o grupo carboxila do outro, com saída de uma molécula de água, é a sua produção. Um erro desses, quando transmitido às gerações seguintes,
chamada de ligação peptídica, e o produto dessa reação é um dipeptídeo. constitui um novo alelo daquele gene e passa a fazer parte do patrimônio
genético da população, podendo ser transmitido da mesma forma que o alelo
À medida que novos aminoácidos são acrescentados pelo mesmo processo, uma normal. Frequentemente, o alelo mutante resulta em uma proteína anormal, o
cadeia com dezenas ou centenas de aminoácidos sempre unidos por ligações que leva a um quadro de disfunção ou doença relacionada ao funcionamento
daquela proteína no organismo.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Uma das doenças humanas ocasionadas por mutação gênica mais estudadas Numa reação catalisada por enzimas, as moléculas reconhecidas pela
é a anemia falciforme (ou siclemia). A hemoglobina humana é uma proteína enzima (as suas “moléculas-alvo”) são o seu substrato. A molécula de uma
constituída por quatro cadeias polipeptídicas iguais duas a duas (alfa e beta). Um enzima apresenta um local especifico (o chamado sitio ativo de uma enzima)
erro genético (alteração na molécula de DNA) leva à substituição de um para o “encaixe” de uma ou mais moléculas de substrato. Esse “encaixe” é, na
aminoácido a sexta posição da cadeia beta da hemoglobina humana. Isto, por sua realidade, o resultado de várias interações entre determinados átomos da
vez, provoca alterações na estrutura da molécula e, em consequência, leva à molécula de enzima e átomos da molécula do substrato, que permitem o
produção de hemácias de formato anormal, lembrando o de uma foice reconhecimento de substratos específicos para aquela enzima.
(falciformes), o que prejudica o transporte de gases respiratórios no organismo
afetado. O reconhecimento e o “encaixe” entre a enzima e seu(s) substrato(s)
permite, então, que ocorra a reação. Como resultado, teremos um ou mais
produtos diferentes do substrato. Nesse processo, a enzima não sofre qualquer
Proteínas na dieta dos animais tipo de desgaste ou de alteração permanente, de forma que pode ser novamente
utilizada na catalise de uma reação idêntica à que acabou de ocorrer.

Os vegetais e muitos microrganismos, sendo autótrofos, são capazes de


sintetizar todos os vinte tipos de aminoácidos de que necessitam para formar Enzimas e desnaturação
suas proteínas, a partir da matéria orgânica (glicose) produzida na fotossíntese
ou na quimiossíntese.
As enzimas, como praticamente todas as proteínas, são sensíveis às
alterações de temperatura ou do pH do meio, pois podem sofrer desnaturação.
Os animais, seres heterotróficos, são capazes de sintetizar alguns dos vinte No caso especifico das proteínas, a alteração da forma espacial (estrutura
tipos de aminoácidos; esses são chamados de aminoácidos naturais. Os demais terciaria) da enzima pode provocar deformações em seu sitio ativo, o que leva à
(aminoácidos essenciais), não sendo fabricados pelo organismo, só podem ser perda – parcial ou total – de seu poder catalisador.
obtidos pela digestão das proteínas contidas nos alimentos.
A desnaturação das enzimas de uma célula (ou das células de um
De modo geral, animais apresentam maior quantidade de proteínas em sua
organismo) constitui um impedimento de grande importância para a realização
composição, enquanto nos vegetais o componente majoritário são os
do metabolismo celular. Dessa forma, temperatura e pH adequados são fatores
carboidratos. Assim, os alimentos que constituem boas fontes de proteínas e
limitantes para a vida no planeta.
aminoácidos são: as carnes (de peixe, ave, vaca e porco), o leite e seus
derivados, os ovos, os grãos (feijão soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha), as
Se registrarmos em um gráfico a atividade de uma enzima em função de
nozes e as sementes.
variações na temperatura ou no pH, obteremos uma curva.
Os aminoácidos obtidos por meio da alimentação servirão para construir as
proteínas do próprio organismo e também para a síntese de outras moléculas
orgânicas. Além disso, se houver deficiência de carboidratos ou de lipídeos na Vias metabólicas e sua
dieta, aminoácidos podem ser utilizados pelo organismo para a obtenção de
energia.
regulação por enzima
Enzimas, proteínas Dá-se o nome de via metabólica a uma série de reações químicas
sequenciais, nas quais o(s) produto(s) de uma reação constitui(em) o(s)

catalisadoras
substrato(s) para a reação seguinte. Muitos passos do metabolismo celular são
efetuados por meio de vias metabólicas variadas, como a síntese de aminoácidos
a partir de outros compostos orgânicos. Em geral, cada etapa de uma via
metabólica é catalisada por uma enzima altamente especifica, o que possibilita a
Enzimas são proteínas catalisadoras existentes em todos os seres vivos
regulação dessa via por parte da célula – ao produzir diferentes quantidades em
(bactérias, fungos protistas, animais e vegetais). As enzimas facilitam as reações
diferentes momentos – de cada uma das enzimas envolvidas.
que ocorrem nos seres vivos ao interagir fisicamente com os reagentes,
fornecendo um caminho energicamente mais favorável para a transformação
desses em produtos. As enzimas aumentam a velocidade das reações ao Chamamos de anabolismo ao conjunto das reações de síntese de novas
possibilitar que os reagentes interajam mais apropriadamente. Até mesmo os substâncias que ocorre no interior das células. Dá-se o nome de catabolismo ao
vírus, incapazes de produzir enzimas por si mesmos, induzem as células que conjunto das reações celulares que promovem a degradação de moléculas
parasitam a produzir certas enzimas virais; alguns deles ainda carrega consigo maiores em moléculas menores. Tanto as vias anabólicas quanto as vias
uma ou mais enzimas sintetizadas pela célula hospedeira da qual se originou. catábolicas de uma célula ou de um organismo são altamente reguladas por meio
da produção de enzimas especificas.
Algumas enzimas dependem de um cofator (também chamado coenzima)
para atuarem corretamente. Muitos desses fatores são vitaminas, enquanto outros
são metais, como o zinco, o cobre e o manganês. Algumas enzimas atuam no Regulação da atividade enzimática
interior da célula, enquanto outras são lançadas fora dela e atuam no meio
extracelular. Dessa forma, processos naturais como a obtenção, o As células têm diversos mecanismos que lhes permitem regular a
armazenamento e a transferência de energia no ambiente intracelular; a concentração e a atividade de suas enzimas. Primeiramente, pela modulação da
construção de novas moléculas a partir de precursores de menor tamanho a ação dos genes responsáveis pela síntese de uma enzima. Em segundo lugar,
digestão do alimento e outros processos similares dependem, em grande medida, para as enzimas já produzidas existentes no interior da célula, há três
da atuação de diversas enzimas. possibilidades de regulação: a inibição competitiva, a inibição não competitiva e
a inibição por retroalimentação (feedback).
O nome de uma enzima e, em geral, formado pelo nome do substrato
especifico sobre o qual ela atua, acrescido do sufixo –ase. Assim, por exemplo,
uma enzima que catalisa a hidrólise de lipídeos e uma lipase uma enzima que
catalisa a conversão de uma substância em outra por adição de uma hidroxila é
Anticorpos,
uma hidroxilase; e assim por diante.
proteínas de
Em geral, associamos a ideia de enzimas com os processos de degradação
de moléculas orgânicas, como ocorre durante a digestão (hidrolise enzimática)
dos alimentos. No entanto, essa é apenas uma das funções das enzimas;
defesa
igualmente importantes são as enzimas responsáveis pelo processo oposto, isto
é, de síntese de novas moléculas; ou ainda aquelas envolvidas na transferência Os anticorpos ou imunoglobulinas são proteínas complexas, produzidas
de um grupo químico de uma molécula para outra. pelos organismos dos animais vertebrados, voltadas para a defesa do organismo
por meio do combate aos antígenos. Estes são, em geral, substancias estranhas
A maioria das reações químicas que ocorre no interior das células é ao organismo, capazes de desencadear uma resposta imune (como a produção de
catalisada por enzimas. Dessa forma, o organismo é capaz não só de obter maior anticorpos). A maioria dos antígenos é de natureza proteica ou polissacarídica.
eficiência em seu metabolismo (uma vez que as reações ocorrerão em menor Essas substâncias estão presentes ou são derivadas, por exemplo, dos
tempo. E com menor gasto de energia), mas também de regular suas vias microrganismos que podem parasitar o organismo humano (vírus, bactérias,
metabólicas. Assim, por exemplo o fato de sintetizar ou não uma enzima permite fungos e protozoários).
às células a regulação de quando produzir determinada substância quanto dela
produzir, e em que tipo de células. Uma molécula de anticorpo é formada por quatro cadeias polipeptídicas
(duas cadeias “leves” e duas cadeias “pesadas”, assim denominadas em função
A deficiência (total ou parcial) na produção de algumas enzimas pode de seu peso molecular), unidas por pontes dissulfeto, Uma das extremidades das
acarretar o desenvolvimento de algumas doenças (algumas formas de albinismo, cadeias corresponde à região variável, pela qual um anticorpo se liga ao
fenilcetonúria entre outras) ou mesmo a morte do organismo. antígeno. A variabilidade dessa região é dada pela variabilidade dos genes
responsáveis pela síntese dessas cadeias. Dessa forma, o organismo é capaz de
produzir um grande número de anticorpos diferentes, capazes de reconhecer e se
Modo de ação de uma enzima ligar a diferentes antígenos, em reações altamente especificas, neutralizando
essas moléculas.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Os anticorpos são elementos da imunidade humoral, assim chamada porque Um soro terapêutico contém anticorpos específicos contra um antígeno que
esse nível de defesa do organismo é feito por moléculas (anticorpos) presentes se deseja neutralizar, em certo individuo, em dado instante. Esse recurso é
nos humores do organismo (líquidos e secreções corporais, como o sangue, a utilizado quando há um grande risco para o organismo (devido a uma infecção já
linfa, as lagrimas, a saliva, o leite materno, etc.). Outro nível de defesa é instalada, ou devido à exposição a toxinas ou venenos de origem animal) e não
constituído pela imunidade celular, assim chamada porque é mediada por há tempo suficiente para que o organismo desenvolva a própria resposta imune.
células, como os linfócitos T (um tipo especifico de leucócito, ou glóbulos
brancos do sangue). A produção de um soro terapêutico tem início com a introdução, no
organismo de um animal de grande porte (em geral cavalo), de antígenos
específicos preparados com os venenos de animais peçonhentos (serpentes,
Produção de anticorpos pelo aranhas, escorpiões) ou de toxinas bacterianas (para a produção, por exemplo, de
soros antibotulínico, antidiftérico e antitetânico) ou ainda com o vírus inativado
sistema imune humano da raiva (para a produção do soro antirrábico humano). A resposta imune do
cavalo ao antígeno inoculado garante a produção de anticorpos específicos
contra aquele antígeno, que passam a circular em sua corrente sanguínea. Em
Os linfócitos B – um tipo de leucócito (glóbulos brancos do sangue) que seguida, realiza-se a coleta de sangue desses animais e o plasma obtido é
amadurece no interior da medula óssea – produzem e expõem continuamente em submetido a uma sequência de processos físicos e químicos que permitem a
sua superfície externa moléculas de anticorpo com diferentes sítios, purificação e o isolamento dos anticorpos de interesse, que comporão o soro
reconhecedores de antígenos (região variável). Quando determinado linfócito B terapêutico especifico para o combate ao antígeno.
é exposto a determinado antígeno que se encaixa em seu anticorpo, esse linfócito
é ativado. Essa ativação faz com que essa célula se prolifere por mitoses Conforme explicado, a imunização passiva conferida pela administração de
sucessivas, formando em pouco tempo uma população de células-filhas capazes um soro terapêutico oferece uma proteção rápida e eficiente, porem temporária,
de produzir aquele mesmo anticorpo. Parte dessas células passa por uma vez que não conduz à formação de memória imunológica, pois os
transformações, originando um novo tipo de célula, os plasmócitos, que produz e anticorpos foram produzidos por outro organismo.
secreta anticorpos em grande quantidade nos líquidos e secreções corporais, a
fim de promover o combate ao antígeno, enquanto outra parcela permanece
como células de memória.
Ácidos nucleicos e
Resposta imune primária e
secundária
síntese de proteínas
Quando o organismo é exposto pela primeira vez a um antígeno, seja de
forma natural, seja por meio de uma vacina, os plasmócitos resultantes da
O que são ácidos nucleicos?
transformação dos linfócitos B ativados dão início à produção e à secreção
daquele tipo especifico de anticorpo. Trata-se da resposta imune primária. Os ácidos nucleicos são assim chamados porque são substâncias de caráter
Quando o indivíduo é exposto ao mesmo antígeno pela segunda vez (seja de ácido, usualmente encontradas no interior do núcleo das células eucarióticas
forma natural, seja em razão de uma segunda dose de vacina), o tempo (mas não só ali). São eles: o ácido desoxirribonucleico (ADN, ou DNA, na sigla
necessário para a produção de anticorpos é menor e a quantidade de anticorpos em inglês) e o ácido ribonucleico (ARN ou RNA).
produzidos é maior quando comparados com o que ocorre na resposta primária,
uma vez que agora já existe uma população de células de memória capaz de Os ácidos nucleicos desempenham importante papel no controle das
iniciar rapidamente a produção de grande quantidade daquele anticorpo. Trata- atividades celulares, uma vez que contêm as informações para a produção das
se, portanto, da resposta imune secundária. enzimas e de outras substâncias necessárias ao funcionamento do organismo.
Além disso, o DNA (e, no caso de alguns vírus, o RNA) é também o responsável
pela transmissão dessas informações de uma geração a outra, quando uma célula
Imunidade ativa e imunidade se divide ou quando um organismo se reproduz. Por essas razoes, pode-se
afirmar que os ácidos nucleicos constituem o material genético dos seres vivos.
passiva O DNA foi primeiramente isolado e reconhecido por Friedrich Miescher,
um cientista suíço, em 1869. Ao realizar a análise química de núcleos celulares,
Imunização é a aquisição de proteção contra um antígeno (e, por extensão, Miescher encontrou um composto desconhecido, de caráter ácido, rico em
a uma doença infecciosa) graças à produção de anticorpos contra esse antígeno fosforo, e constituído de moléculas aparentemente muito grandes. Anos mais
(imunização ativa) ou à transferência ao indivíduo de anticorpos produzidos por tarde, já em meados do século XX, tornou-se claro que, na verdade, existiam
outro organismo (imunização passiva). duas classes distintas de ácidos nucleicos, caracterizados por algumas diferenças
em sua constituição química. Por fim, a partir das décadas de 1950 e 1960, a
A imunidade ativa resulta do fato de o indivíduo ter contraído uma doença estrutura molecular e o modo de ação dos ácidos nucleicos foram sendo pouco a
infecciosa ou de ter recebido uma vacina contra essa doença. A imunidade ativa pouco desvendados, o que possibilitou maior compreensão a respeito do
em geral é duradoura, podendo se estender por muitos anos ou por toda a vida do funcionamento das células e, por extensão de todo o organismo.
indivíduo. No caso da imunidade resultante de vacinação, às vezes são
necessárias doses de reforço periódicas, a fim de manter a memória imunológica
contra determinada doença. Nucleotídeos, as unidades
A imunidade passiva ocorre quando uma criança recebe anticorpos
produzidos por sua mãe (através da placenta, durante a gestação e, mais tarde,
formadoras dos ácidos nucleicos
por meio do leite materno) ou quando um indivíduo recebe anticorpos
produzidos por um animal (soro terapêutico) ou provenientes de outro ser Os ácidos nucleicos são macromoléculas constituídas por longas cadeias
humano (terapia com imunoglobulina humana e transfusões de sangue, por contendo milhares de nucleotídeos. Cada uma dessas unidades é composta de
exemplo). Esse tipo de imunização confere proteção rápida e eficiente; no três partes distintas: um grupo fosfato (PO42-) ao qual está unida na pentose
entanto, essa proteção é temporária, durando em geral poucas semanas ou alguns (monossacarídeo com cinco carbonos), à qual está ligada uma base nitrogenada
meses. (uma molécula formada por um ou dois anéis de carbonos e nitrogênios).
Observe o esquema a seguir, que mostra a estrutura molecular de um
nucleotídeo:
Vacinas e soros
Uma vacina contém o antígeno contra o qual se deseja proporcionar
proteção imunológica. Portanto, uma vacina pode conter substâncias que fazem
parte do patógeno (proteínas, polissacarídeos), ou que foram liberadas por esse
patógeno (toxinas bacterianas), ou ainda o próprio patógeno atenuado (vírus ou
bactérias, vivos ou mortos).

Em todos os casos, pretende-se que o organismo vacinado produza


anticorpos específicos contra o antígeno, ficando imunizado de forma
permanente e duradoura contra determinado microrganismo patogênico. Isso
ocorre, graças à formação de uma população de células sanguíneas que “fixam”
em seu material genético a informação relativa à produção daquele anticorpo
especifico (células de memória). Essas células e suas descendentes serão
capazes, daí em diante, de dar uma resposta imune rápida e de grande amplitude,
frente à presença daquele antígeno no organismo.

Algumas vacinas proporcionam imunidade prolongada com uma única


dose, enquanto outras requerem múltiplas doses e outras ainda necessitam de
uma ou mais doses de reforço periódicas, a fim de garantir a manutenção da
imunidade adquirida.
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Polinucleotídeos são cadeias de


nucleotídeos
Os nucleotídeos ligam-se entre si formando moléculas muito longas; o
fosfato de um nucleotídeo liga-se à pentose do nucleotídeo seguinte e, dessa
maneira, se estabelece uma cadeia linear (“fita” ou “filamento”) de
nucleotídeos, que pode ser denominada polinucleotídeos.

Os átomos de carbono de uma pentose são numerados de um a cinco, de


acordo com as regras de nomenclatura química (note, na figura a seguir, a
numeração – em vermelho – atribuída aos cinco átomos de carbono que
constituem a pentose do nucleotídeo mais inferior). A ligação entre dois
nucleotídeos que vão constituir parte de um polinucleotídeo sempre se
estabelece entre o fosfato preso ao carbono 5 de um nucleotídeo e o OH do
carbono 3 do outro nucleotídeo. Em razão disso, referimo-nos a uma das
extremidades do polinucleotídeo como sendo a extremidade 5’, enquanto a
outra é a extremidade 3’, conforme o átomo de carbono que estiver mais
próximo dessa extremidade.

Uma das diferenças entre o RNA e o DNA é que, no primeiro, os


nucleotídeos contêm a pentose ribose, enquanto nos nucleotídeos de DNA a
pentose é a desoxirribose. Veja o esquema a seguir:

As bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos são a adenina (A), a guanina


(G), a citosina (C), a timina (T) e a uracila (U). As bases púricas (adenina e
guanina) são de maior tamanho, uma vez que são constituídas por dois anéis
formados por átomos de carbono e de nitrogênio. As bases pirimídicas (citosina,
timina e uracila) são menores, compostas de um único anel de carbonos e
nitrogênios.
Estrutura de uma molécula de
As bases adenina, citosina e guanina fazem parte da composição do RNA e RNA
do DNA. Já a base uracila é encontrada apenas no RNA, enquanto a timina é
exclusiva do DNA, constituindo mais de uma diferença importante na Uma molécula de RNA é formada por uma única fita (ou cadeia) de
composição dos dois tipos de ácidos nucleicos. nucleotídeos; estes contêm ribose e as bases adenina, guanina, citosina e uracila
em sua composição. Veja a representação a seguir:
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fitas adjacentes. O pareamento dessas bases sempre se faz da mesma maneira:


uma adenina de uma cadeia pareia com uma timina da outra cadeia,
estabelecendo duas ligações de hidrogênio. E uma guanina de uma cadeia pareia
com uma citosina da outra cadeia, estabelecendo três ligações de hidrogênio.

É comum comparar-se a molécula de DNA com uma escada, na qual os


“corrimãos” são constituídos por pentoses (desoxirriboses) e fosfatos
alternados, e cada “degrau” corresponde a um par de bases nitrogenadas (A com
T[Agnaldo Timóteo ou Théo Alves], e C com G[Carlos Garcia ou Gal Costa]).
Veja a representação a seguir:

Graças aos trabalhos desenvolvidos por vários cientistas nas décadas de


1940 a 1960, foi possível estabelecer que a molécula de DNA apresenta uma
estrutura em dupla-hélice, conforme a ilustração a seguir:

Estrutura de uma molécula de


DNA
Uma molécula de DNA é formada por duas fitas de nucleotídeos, que
contêm desoxirribose e as bases adenina, guanina, citosina e timina em sua
composição. Essas duas cadeias de nucleotídeos mantém-se unidas graças a
ligações de hidrogênio, que se estabelecem entre as bases nitrogenadas das duas
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De acordo com o modelo da “dupla-hélice” proposto por James Watson, lhes serviram de molde. Assim, a duplicação do DNA é um processo
Francis Crick e outros colaboradores em 1953, o DNA é representado como uma semiconservativo: cada molécula-filha resultante desse processo consiste de uma
espécie de “escada” enrolada em espiral na qual cada “corrimão” corresponde s cadeia “antiga”, pertencente ao DNA original, e uma cadeia “nova”, recém-
uma sucessão de pentoses e fosfatos alternados, e cada “degrau” equivale a um sintetizada.
par de bases nitrogenadas (A com T, C com G). Note que as duas cadeias de
nucleotídeos são antiparalelas: uma ocorre no sentido 3’  5’, enquanto a
outra está orientada no sentido 5’  3’.

O DNA e a identidade de indivíduos e


espécies
O DNA de indivíduos ou de espécies distintas difere, basicamente, na
sequência de seus nucleotídeos (ou, mais precisamente, na sequência das bases
nitrogenadas de seus nucleotídeos). Dessa forma, o sequenciamento do DNA
permite obter informações que caracterizam determinado individuo ou espécie
em particular. As tecnologias disponíveis atualmente para a extração e analise do
DNA de amostras de materiais provenientes de seres vivos têm possibilitado
toda uma gama de aplicações: resolução de crimes e estabelecimento de laços de
filiação por meio da determinação da identidade genética de indivíduos;
estabelecimento de bancos de dados genéticos (projetos genoma e afins) de
espécies animais, plantas, fungos, bactérias e outras formas de vida;
melhoramento genético por meio da manipulação do DNA de espécies e
interesse econômico; avaliação do grau de parentesco evolutivo entre as espécies
etc.

O DNA nas bactérias, mitocôndrias e


cloroplastos
O material genético das células dos organismos eucariontes é constituído,
na maioria das vezes, por várias moléculas de DNA individuais distintas e de
aspecto linear. Assim, por exemplo, em uma célula somática humana típica (isto
é, qualquer célula do corpo com exceção dos gametas) encontramos 46
moléculas de DNA que, durante a divisão celular, podem ser visualizadas ao
microscópio de luz sob a forma de 46 cromossomos distintos. Nas bactérias, no
entanto, o DNA é circular, ou seja, suas extremidades estão soldadas, conferindo
ao DNA bacteriano a forma de um anel. Além do DNA principal, muitas
bactérias possuem também pequenos segmentos de DNA circulares adicionais,
chamados plasmídeos, com importante papel na troca de informação genética
entre elas (num processo chamado conjugação).

Duas organelas das células eucarióticas apresentam moléculas de DNA


circular em seu interior; são elas as mitocôndrias e os cloroplastos. A existência
de DNA nessas organelas, distinto e independente do DNA nuclear, e a sua
forma circular, são as principais evidencias de que essas organelas se
originaram, em termos evolutivos, a partir de ancestrais bacterianos que se
associaram às células eucarióticas, numa relação endossimbiótica, há alguns
bilhões de anos.

Replicação (duplicação) do
DNA
O DNA constitui o material genético das células uma vez que tem o papel
de controle do metabolismo celular, por meio da produção de enzimas e de
outras moléculas reguladoras. Dessa forma, o DNA é responsável pela
informação genética transmitida de uma geração a outra, ou seja, por todas as
informações necessárias para a formação de uma nova célula (ou de um novo
organismo), a cada geração, ora, essa transmissão de informações só é possível
graças à capacidade que o DNA tem de se replicar, isto é, de gerar copias de si
mesmo.

A replicação (ou duplicação) do DNA é um fenômeno complexo, regulado


por vários fatores intrínsecos (da própria célula) e extrínsecos (por exemplo,
sinais provenientes das células vizinhas ou do ambiente), em função do tempo
transcorrido desde a última replicação (a que originou a presente molécula de
DNA), da disponibilidade de nutrientes para a célula, de fatores hormonais etc.
de modo geral, uma célula duplica o seu DNA antes de entrar em divisão que Ao final da replicação, uma molécula de DNA dá origem a duas moléculas-
dará origem a duas células-filhas. Evidentemente, se ocorrem erros durante esse filhas, idênticas entre si e idênticas a molécula de DNA original dessa maneira,
processo, as células-filhas poderão apresentar anomalias em seu funcionamento. as informações genéticas são transmitidas de geração em geração quer estejamos
Por essa razão, a duplicação do DNA é regulada por vários mecanismos falando das células de um tecido autorrenovável (como a pele, por exemplo), de
celulares. uma colônia de bactérias ou de seres humanos e, em consequência disso, os
tecidos, órgãos ou organismos mantêm-se estáveis. Por outro lado a ocorrência
O processo de replicação do DNA ocorre inteiramente no interior do núcleo de mutações durante a replicação do DNA pode levar ao surgimento de novas
celular e é regulado pela ação de várias enzimas. Inicialmente, a enzima helicase variedades de genes, o que pode ter consequências positivas ou negativas. Por
promove a ruptura das ligações de hidrogeno que unem as duas fitas do DNA, um lado, mutações podem alterar o funcionamento de uma célula e das células
afastando-as e abrindo a dupla-hélice do DNA original. Em seguida, as DNA descendentes dela, dando origem a um tecido com anomalias em seu
polimerases promovem a ligação de nucleotídeos de DNA que estão livres no funcionamento, como um tumor, por exemplo. Por outro lado mutações são uma
interior do núcleo celular com nucleotídeos correspondentes, existentes nas fitas das causas de variabilidade genética, fundamental para a evolução das espécies.
do DNA original. A DNA polimerase é, portanto, a responsável pelo pareamento
adequado entre as bases de novos nucleotídeos e as bases dos nucleotídeos das
fitas molde. A ligação sempre ocorre entre uma adenina com uma timina (e
vice–versa) e entre uma citosina com uma guanina (e vice- versa). Nesse Síntese de RNA (transcrição)
processo, cada fita do DNA original funciona como um “molde” para a
formação de uma nova fita complementar a ela. Enfim, a enzima ligase Nas células, moléculas de RNA são sempre produzidas a partir de um
estabelece as ligações entre os nucleotídeos constituintes das novas fitas de DNA segmento de uma molécula de DNA que lhe serve como molde. Esse processo é
duplicado, formando novos polinucleotídeos, presos às respectivas cadeias que conhecido como transcrição do DNA nele, a enzima RNA polimerase catalisa a
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produção de uma molécula de RNA tendo como molde a cadeia 3’5’ do Essas informações tornaram necessária a reformulação do dogma central da
DNA (a chamada “fita molde”, ou “fita guia” do DNA); como resultado, toda biologia molecular, dando origem à sua forma mais moderna:
molécula de RNA é sempre m polinucleotídeo de polaridade 5’3’.

O processo ocorre de maneira similar ao da replicação do DNA, porém com


algumas particularidades:

Apenas um trecho da molécula de DNA será transcrito; esse trecho equivale


a um gene(“receita” para uma proteína) ou à “receita” para a produção de uma
molécula de RNA com função regulatória as ligações de hidrogênio que unem as
duas cadeias do DNA naquele trecho em particular são rompidas por ação
enzimática, e as duas fitas se afastam uma da outra.

Quando há uma adenina na fita molde do DNA, o nucleotídeo de RNA


colocado a seu lado apresenta a base uracila.

Apenas uma das fitas da molécula de DNA serve como molde; a outra fita
de DNA (chamada “fita inativa”) volta a se juntar à fita molde depois que o
processo termina, uma vez que o polinucleotídeo de RNA assim formado se
destaca do molde ao final da transcrição.

Síntese de proteínas (tradução


do RNAm)
Um gene, é um segmento especifico de uma molécula de DNA que contém
uma informação – a “receita” de um polipeptídeo – codificada em sua
sequência de bases nitrogenadas. As informações genéticas codificadas no DNA
Funções do RNA e enviadas o citoplasma por meio do RNAm fornecem instruções para a
fabricação de um polipeptídeo, componente de uma proteína.
A principal função do RNA nas células é participar da síntese de proteínas,
processo chamado tradução. Na tradução, a informação relativa à produção de
uma proteína, contida em determinado segmento da molécula de DNA (o gene
para aquela proteína) é copiada, de forma complementar, para uma molécula de
RNA (o RNA mensageiro) no citoplasma, o RNAm é “lido” pelos ribossomos e
a informação é traduzida em um polipeptídeo ou proteína.

O fluxo unidirecional de informação que ocorre de uma molécula a outra,


na síntese de proteínas em uma célula, chamou a atenção de Francis Crick, que
propôs, em 1956, o chamado dogma central da biologia molecular. Inicialmente,
o dogma era assim representado:

Há algo em comum entre os ácidos nucleicos (DNA e RNA) e as proteínas


(polipeptídeos): todos são macromoléculas constituídas por uma sequência
ordenada de unidades (nucleotídeos nos ácidos nucleicos, aminoácidos no caso
das proteínas). Dessa forma, estabelece-se a possibilidade de um fluxo de
informação entre essas moléculas: a sequência de nucleotídeos (bases) do gene
(DNA) determina uma sequência especifica de bases no RNAm correspondente,
e a sequência de bases desse RNAm condiciona a sequência de aminoácidos de
polipeptídeo (proteína) produzido a partir do comando dado por esse gene, à
correspondência existente entre a sequência de bases dos ácidos nucleicos e a
Mais tarde, tornaram-se conhecidos outros papeis que as moléculas de RNA sequência dos aminoácidos de uma proteína damos o nome de código genético.
podem ter nos seres vivos. Um deles é o de regulação do metabolismo celular,
exercido por categorias de RNA distintas daquelas que participam da síntese de Essa correspondência, na verdade, se estabelece entre trincas de bases
proteínas( como o RNA de interferência). nitrogenadas no DNA (ou no RNAm correspondente), denominadas códons, e os
aminoácidos constituintes da cadeia peptídica formada a partir do segmento de
Outro papel do RNA é o de funcionar como o material genético de certos DNA (gene). Veja a tabela a seguir, que relaciona os 20 tipos de aminoácidos
vírus, os chamados “vírus de RNA”. Alguns vírus de RNA são capazes de com seus respectivos códons no RNAm:
duplicar seu RNA diretamente. Os vírus que provocam o resfriado, a gripe, a
poliomielite e o ebola são alguns exemplos de vírus de RNA.

Existem também vírus de RNA capazes de sintetizar uma molécula de


DNA a partir de seu RNA, desde que este tenha sido inserido numa célula
hospedeira. Esse processo, conhecido como transcrição reversa, é catalisado por
uma enzima especifica ( a transcriptase reversa). A partir desse DNA viral
transitório são então sintetizadas novas moléculas de RNA idênticas à original
que farão parte de novas partículas virais. A essa categoria, conhecida como
retrovírus, pertencem o HIV (causador da aids) e alguns vírus causadores de

câncer no ser humano .


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momento; em virtude disso, pode-se dizer que ela apresenta uma permeabilidade
seletiva.

Além disso, é por meio da membrana plasmática que uma célula percebe
sinalizações do ambiente – ao interagir com moléculas de hormônios, por
exemplo –, reconhece outras células e estabelece vínculos mais ou menos
permanentes com elas.

A membrana plasmática só pode ser visualizada ao microscópio eletrônico.


Em grande aumento, ela aparece como uma estrutura trilaminar, ou seja, com
três camadas – duas camadas mais escuras e, em meio a elas, uma camada mais
clara.

Estrutura da membrana
plasmática
Todas as membranas de uma célula (a membrana plasmática e as
membranas que constituem e envolvem muitas estruturas internas da célula) têm
natureza lipoproteica e compartilham uma organização estrutural comum: uma
bicamada lipídica, à qual estão associadas diversas proteínas de membrana.

Os lipídeos que constituem a bicamada central permanecem à categoria dos


fosfolipídeos. Essas moléculas apresentam uma extremidade polar (a “cabeça”
da molécula, na qual se encontra o fosfato) e, portanto, hidrofílica, a qual estão
ligadas duas longas cadeias carbônicas (as “caudas”) hidrofóbicas. Essa peculiar
composição faz com que os fosfolipídeos, quando em meio aquoso, formem
espontaneamente uma bicamada na qual as “cabeças” polares estão voltadas
para a água (do meio externo e do meio interno) enquanto as “caudas” apolares
estão voltadas para dentro, formando um “miolo” altamente hidrofóbico.

Baseados em variadas evidências experimentais, os cientistas propuseram


um modelo para a estrutura da membrana plasmática, que veio a ser conhecido
Observe que: como modelo do mosaico fluido. Esse modelo permite explicar e compreender
de maneira satisfatória os fenômenos em que a membrana plasmática está
envolvida.
O código genético é universal, ou seja, é o mesmo em todos os seres vivos,
com poucas exceções.
Nesse modelo, as moléculas de proteína estão distribuídas num padrão em
mosaico, ou seja, estão espalhadas entre as moléculas de lipídeos que constituem
Existem 64 códons distintos, equivalentes a todas as combinações possíveis a bicamada central. Algumas dessas proteínas atravessam a membrana de lado a
das quatro bases nitrogenadas do RNAm (A, C, G e U) arranjadas três a três (4 x lado (proteínas transmembrana ou integrais), enquanto outras estão localizadas
4 x 4 = 64); apenas na face interna ou na face externa da membrana (proteínas periféricas).

O número de códons é maior do que o número de tipos de aminoácidos que A membrana tem consistência fluida, ou seja, as moléculas que a
formam as proteínas (20 tipos); isso significa que o código genético é constituem estão em continuo movimento, alterando sua posição conforme as
degenerado (ou redundante), pois há uma “sobra” de um lado (códons) em necessidades da célula. No entanto, nas células animais, a presença de moléculas
relação ao outro lado (aminoácidos) dessa correlação. Em consequência, muitos de colesterol, em meio aos fosfolipídeos, confere certa “rigidez” a determinadas
aminoácidos são codificados por mais de um códon; além disso, há três códons porções da membrana, limitando ou impedindo a movimentação das moléculas
que não determinam nenhum aminoácido, servindo como sinais de terminação daquela região.
de leitura do RNAm.
Na face externa da membrana plasmática podem ainda ser encontradas
moléculas de carboidratos, ancoradas aos fosfolipídeos os às proteínas da
O códon AUG, nas moléculas de RNAm, funciona tanto como códon
membrana. Essa cobertura, quando mais extensa, recebe o nome de glicocálice.
determinante do aminoácido metionina quanto como códon de iniciação. Isso
significa que o primeiro códon AUG mais próximo da extremidade 5’ de um
RNAm é reconhecido como de início e é por ai que se inicia a síntese da
proteína.
Proteínas da membrana
As proteínas que constituem a membrana plasmática têm composição e
Tipos de RNA que participam da estrutura bastante variada. As principais funções dessas proteínas são:

síntese de proteínas 

Realizar o transporte de materiais diversos através da membrana.
Funcionar como receptores de moléculas sinalizadoras, como
hormônios, por exemplo.
A síntese de um polipeptídeo ou de uma proteína envolve a participação de  Atuar como enzimas, catalisando reações que ocorrem tanto no
três tipos distintos de RNA: o RNAm (mensageiro), o RNAr (ribossômico) e o meio externo (na proximidade da membrana) quanto no meio
RNAt (transportador). Todos os três são produzidos a partir do DNA, na interno da célula.
transcrição; no entanto, como são transcritos a partir de diferentes segmentos da
molécula. As proteínas envolvidas no transporte de substâncias através da membrana
são basicamente de dois tipos. O primeiro deles é o das proteínas de canal, que
formam um poro aquoso, por meio do qual fluem as moléculas que devem entrar
A “leitura” do RNAm pelos ou sair da célula. O segundo tipo, mais complexo, é constituído por proteínas
capazes de alterar sua configuração espacial, mudando de forma de modo a

ribossomos permitir a entrada ou a saída de determinada substância na célula; essas são


proteínas carreadoras.

Algumas proteínas da membrana plasmática funcionam como receptores


Mutações para sinais químicos específicos, como um hormônio.

Certas enzimas são proteínas que fazem parte da própria estrutura da


membrana plasmática. Assim, as enzimas que regulam determinadas vias

Membrana plasmática metabólicas estão perfeitamente dispostas lado a lado na membrana plasmática,
o que possibilita que controlem uma serie de reações sequenciais de forma mais
eficiente do que se estivessem livres no hialoplasma.

Toda célula, seja ela procariótica ou eucariótica, apresenta-se delimitada


por uma membrana plasmática, que, além de conter o citoplasma, é responsável
pelas trocas de substâncias entre a célula e o ambiente (que pode ser o meio em
Microvilosidades
que a célula está mergulhada ou outras células vizinhas a ela).
O intestino da maioria dos mamíferos apresenta dobras, conhecidas como
vilosidades intestinais. Se observarmos as células que constituem o epitélio que
A membrana plasmática determina, em grande medida, quais são as recobre essas vilosidades, veremos que a membrana da porção apical dessas
substâncias que entram e saem de uma célula, em que quantidade e em que células (isto é, da face que está voltada para a cavidade intestinal) apresenta
grande número de dobras, visíveis apenas ao microscópio eletrônico. Tais dobras
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foram denominadas microvilosidades, e constituem um arranjo bastante Osmose: um caso especial de difusão
satisfatório, que permite aumentar a superfície de absorção dos nutrientes pela
mucosa do intestino delgado.
A osmose é o fenômeno no qual moléculas de um solvente (como a água)
se movimentam através de uma membrana semipermeável, isto é, permeável ao
Troca de substâncias entre a solvente, porém impermeável ao soluto considerado, quando existe um gradiente
de concentração desse soluto entre dois lados de uma mesma membrana. As
moléculas de água se movimentam do meio menos concentrado em soluto (onde
célula e o meio há “mais água”) para o meio mais concentrado em soluto (onde há “menos
água”). Assim, pode-se considerar a osmose como sendo um caso especial de
difusão (“difusão da água”).
Todas as células precisam manter uma concentração apropriada de água,
íons e nutrientes, bom como eliminar substâncias inúteis resultantes do seu
metabolismo, a fim de se manterem em estado de equilíbrio dinâmico Consequências da osmose para as células
(homeostase). A membrana plasmática tem papel importante na manutenção
desse equilíbrio diferencial de concentrações entre o meio interno e o meio
Uma célula estará isotônica em relação ao seu meio circundante se a
externo da célula.
concentração de solutos for a mesma dentro e fora dela.
Se analisarmos a permeabilidade da membrana a variadas substâncias,
considerando-se inicialmente apenas a bicamada lipídica, podemos afirmar que: Nesse caso, embora as moléculas de água possam atravessar livremente a
membrana em qualquer direção, não há ganho nem perda de água por parte da
 Macromoléculas (como proteínas, dissacarídeos e célula. Mas se uma célula estiver mergulhada em um meio hipertônico (ou seja,
polissacarídeos) não podem atravessar a membrana por mais concentrado em solutos que a célula), moléculas de água passarão, por
causa de seu tamanho; osmose, preferencialmente de dentro para fora dela – nesse caso, a célula perde
 Moléculas pequenas que possuem carga elétrica (os íons, água para o meio. Finalmente, quando colocadas em meio hipotônico, as células
por exemplo) também não podem passar através da ganham água por osmose. Como resultado desses ganhos e perdas de água, uma
membrana, pois são incapazes de atravessar seu interior célula pode sofrer alterações em seu volume.
apolar;
 Moléculas de água têm dificuldade para passar pelo A existência de uma parede celular (membrana esquelética celulósica) nas
“miolo” hidrofóbico da bicamada lipídica; a células vegetais faz com que as consequências do ganho ou da perda de água por
permeabilidade da membrana plasmática à água seria, osmose nessas células seja diferente, quando comparadas às células animais.
dessa forma, bastante reduzida; Além disso, as células vegetais apresentam um ou mais vacúolos contendo
 Membranas pequenas e apolares (como o etanol) e gases soluções salinas em seu interior. Quando ocorrem trocas de águas por osmose
(O2, CO2, N2) passam através da membrana de acordo com entre a célula vegetal e o meio, há ganho ou perda de água nos vacúolos.
seu gradiente de concentração (isto é, da região de menor
concentração).
Colocadas em meio isotônico, as células vegetais não ganham nem perdem
água; dizemos então que a célula está flácida. Postas em meio hipotônico, as
Ora, como já explicado, uma das funções das proteínas de membrana é a de células ganham água e seus vacúolos aumentam de volume; no entanto não há
auxiliar o transporte de substancias que, de outra forma, não poderiam atravessar
risco de ruptura (lise) celular devido à resistência da parede celular. Quando
a bicamada lipídica. Assim, a permeabilidade da membrana é bem mais ampla
ocorre o equilíbrio entre as forças osmóticas e a resistência exercida pela parede,
do que se poderia supor, graças aos movimentos de moléculas que ocorrem em
razão das leis da Física (como é o caso da difusão) e aos processos que a célula estará túrgida. Transferidas para um meio hipertônico, as células
envolvem transporte com gasto de energia. vegetais perdem água; os vacúolos diminuem de volume e a membrana
plasmática se descola da parede celular; dizemos que a célula está plasmolisada.

Tipos de transporte Transporte biológico


O transporte de materiais através da membrana pode ser passivo ou ativo.
O transporte biológico só pode ocorrer em células vivas, uma vez que
O transporte passivo não requer gasto de energia, pois, nesse caso, as requer gasto de energia. Enquadram-se nessa categoria duas modalidades
moléculas se movimentam de acordo com seu gradiente de concentração. São distintas de transporte: o transporte ativo, em que íons ou moléculas são
exemplos a difusão simples, a difusão facilitada e a osmose. transportados com auxílio de uma proteína carreadora contra o gradiente de
concentração; e os processos de endocitose e exocitose, em que ocorre o
O transporte biológico requer gasto de energia (ATP), portanto só pode transporte de macromoléculas para dentro ou para fora da célula,
ocorrer em células vivas. Nessa categoria encontram-se o transporte ativo, que respectivamente, por meio da formação de vesículas.
usualmente se vale de uma proteína transportadora para transportar íons ou
moléculas contra o seu gradiente de concentração; e os processos de endocitose
e exocitose, nos quais ocorre o transporte de macromoléculas através da
Transporte ativo
membrana plasmática por meio da formação de vesículas, o que também requer
gasto de energia. No transporte ativo, íons ou moléculas são transportados através da
membrana contra o gradiente de concentração – de um meio menos concentrado
para um meio mais concentrado. Trata-se, portanto, de um processo contrário às
Transporte passivo leis da difusão, e que, por isso, requer gasto de energia e a mediação de uma
proteína transportadora.
Difusão simples Muitos íons são transportados para dentro ou para fora das células por
transporte ativo. As proteínas envolvidas nesse processo são conhecidas como
A difusão é um movimento passivo das moléculas, que tendem a sair de um bombas iônicas, e a mais conhecida delas é a bomba de sódio-potássio, que
meio em que estão presentes em maior concentração e dirigir-se a uma região
“bombeia” simultaneamente sódio para fora e potássio para dentro da célula.
em que estão em menor concentração, numa tendencia a atingir um estado de
equilíbrio. Esse processo é espontâneo, e não requer gasto de energia.
Bombas iônicas são muito importantes no estabelecimento e na manutenção
Há muitos exemplos de difusão na vida cotidiana; o “espalhamento” de um de uma diferença de carga elétrica nas duas faces da membrana plasmática de
corante (uma gota de tinta, por exemplo) num recipiente com água é devido à determinadas células, como os neurônios, por exemplo. A atuação de bombas de
difusão das moléculas de soluto (no caso, o pigmento) em um meio solvente (por sódio, potássio, cloro, cálcio, magnésio e outros íons é essencial para vários
exemplo, a água). processos vitais.

Da mesma maneira, moléculas de soluto podem entrar ou sair de uma célula


graças à difusão; é o que ocorre por exemplo com os gases respiratórios
Endocitose
(oxigênio e gás carbônico). O intercâmbio de gases entre o ar e as células de um
epitélio respiratório, como o dos alvéolos pulmonares, se dá por difusão simples, Dá-se o nome de endocitose aos processos de internalização de materiais
numa tendencia ao equilíbrio. por meio de dobramento de uma porção da membrana plasmática, formando
assim uma vesícula contendo o material englobado. Esse processo ocorre de
duas maneiras distintas:
Difusão facilitada
 Por meio da fagocitose, em que a célula forma vesículas maiores
A difusão facilitada é uma modalidade de difusão na qual a passagem de
(vacúolos) contendo moléculas, partículas ou até mesmo outras
moléculas de um soluto através da membrana plasmática ocorre com o auxílio
células menores. O dobramento se faz graças à emissão de
de uma proteína transportadora. Mais uma vez, trata-se de um movimento
expansões temporárias (pseudópodes), em um processo de
passivo, a favor do gradiente de concentração, sem gasto de energia.
evaginação (dobra para fora), visível ao microscópio de luz;
Uma vez que as células consomem glicose continuamente nos processos de  Por meio da pinocitose, a célula forma vesículas muito pequenas,
obtenção de energia, a concentração desse açúcar costuma ser maior no meio visíveis apenas ao microscópio eletrônico; estas contêm
externo. Assim, a glicose tende a entrar nas células por difusão. Essa entrada é moléculas que interessam à célula, dispersas em meio aquoso. O
facilitada pela existência, na membrana plasmática, de uma proteína carreadora dobramento da membrana se faz por invaginação.
especifica para a glicose, o que facilita o processo de difusão.

Exocitose
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A exocitose é oposta à endocitose, ou seja, ocorre pela fusão de uma O citoesqueleto é uma estrutura dinâmica, em continua modificação,
vesícula originada no interior da célula com a membrana plasmática, o que associada à manutenção da atividade celular e ao crescimento e à divisão da
possibilita que o material nela contido seja lançado no meio externo. É esse o célula. Ele é responsável pela forma das células animais, pelos movimentos das
principal caminho que as células utilizam para a eliminação de secreções (como organelas e das substâncias pelo citoplasma e pelos movimentos da própria
hormônios e enzimas) por elas produzidas. célula.

Os principais componentes do citoesqueleto são os filamentos de actina, os


Membrana plasmática e microtúbulos e os filamentos intermediários. Além disso, existem proteínas
motoras que trabalham associadas ao citoesqueleto.

relações com outras células


Filamentos de actina
Glicocálice A actina forma filamentos muito finos e é a proteína mais abundante no
citoesqueleto. Concentra-se principalmente abaixo da membrana plasmática e é
Chama-se glicocálice a cobertura encontrada na face externa da membrana responsável pela resistência mecânica da superfície celular, determinação da
plasmática de muitas células. Ela é constituída por moléculas de carboidratos, forma e dos movimentos que possibilitam a migração celular, englobamento de
ancoradas aos fosfolipídeos ou às proteínas da membrana. partículas e divisão celular.

O glicocálice desempenha funções bastante variadas. De modo geral, os Os filamentos possibilitam a ciclose, movimento ordenado do citosol
carboidratos presentes no glicocálice funcionam como marcadores que vão responsável pela circulação de materiais e organelas, que é mais facilmente
orientar e conduzir as várias interações de uma célula com outras, identificando observável nas células vegetais. Ela ocorre pela ação de proteínas motoras
determinado tipo celular. Essa possibilidade de identificação celular é (miosina) associadas com as fibras de actina.
responsável pelo reconhecimento, por parte do sistema imune do nosso
organismo, de células estranhas a ele – sejam elas provenientes de organismos No fim da divisão celular das células animais, a actina forma um anel
de outra espécie (bactérias, por exemplo) ou de outro ser humano (o que pode contrátil, provocando a divisão final do citoplasma, processo denominado
conduzir à rejeição de tecidos e órgãos transplantados ou ao insucesso de uma citocinese.
transfusão sanguínea).
Os pseudópodes são projeções da membrana, relacionados com o
deslocamento de algumas células e organismos unicelulares e o englobamento
Estruturas de adesão intercelular de partículas. Sua formação esta relacionada com alterações da agregação da
actina sob a membrana. As microvilosidades das células intestinais são projeções
da membrana plasmática que aumentam a superfície de absorção e possuem um
Em muitos tecidos animais, duas células adjacentes estabelecem entre si eixo central de moléculas de actina, responsáveis pela sua forma.
certas interações, a fim de garantir maior aderência e/ou comunicação
intercelular. Essas estruturas são basicamente de três tipos:

 Junções adesivas (desmossomos) – regiões de contato entre duas


Microtúbulos
células epiteliais, nas quais filamentos de queratina estão
Os microtúbulos são formados pela proteína tubulina. Durante a interfase, eles se
ancorados à membrana plasmática. Uma vez que os tecidos
originam de uma região próxima ao núcleo, denominada centrossomo. Os
epiteliais estão sujeitos, em geral, a forças de atrito que poderiam microtúbulos formam uma rede dinâmica, em contínua modificação, que permite
levar uma camada de células a se desprender de outra, os o transporte de organelas e materiais em vesículas, pela ação de proteínas
desmossomos são de grande importância, pois garantem a firme motoras (dineínas e cinesinas).
adesão das células;
 Junções oclusivas – impedem a passagem de moléculas entre Uma característica dos componentes do citoesqueleto é o fato de que eles
duas células e marcam a separação entre as faces apical e lateral podem ser degradados e formados rapidamente, permitindo respostas rápidas
das células epiteliais; diante das mudanças das condições. Um exemplo é o que ocorre com os
 Junções comunicantes – apresentam canais proteicos que microtúbulos no fim da interfase. Eles são reorganizados para formar as fibras
garantem a permanente comunicação entre o citoplasma de duas do fuso acromático, responsáveis pela movimentação dos cromossomos durante
células adjacentes. a divisão celular.

Filamentos intermediários
Citoplasma Apresentam diâmetro intermediário entre os microtúbulos maiores e os
filamentos de actina menores. Sua função é estrutural, permitindo maior

Organização do citoplasma resistência a tensões mecânicas.

Os filamentos intermediários são constituídos por vários tipos de proteínas


Nas células eucarióticas, o citoplasma ocupa a maior parte do volume fibrosas. A mais importante é a queratina, encontrada nas células epiteliais da
celular, sendo constituído pelo citosol, pelas organelas e pelas inclusões. As epiderme. Seus filamentos interligam as células, possibilitando a maior parte da
organelas são componentes celulares diferenciados, com função especializada e resistência mecânica da pele.
podem ser membranosas, como o reticulo endoplasmático, o complexo
golgiense, os lisossomos, os peroxissomos, as mitocôndrias, os plastos e os
vacúolos, ou não membranosas, como os ribossomos e os centríolos. As
inclusões englobam substâncias orgânicas de reserva, minerais e restos de
Centríolos
organelas.
Os centríolos são cilindros sem revestimento de membrana, formados por
nove conjuntos de três microtúbulos. Eles ficam aos pares no interior dos

Citosol: a matriz centrossomos, próximo do núcleo celular. Os centríolos não existem nas
angiospermas e na maioria das gimnospermas e dos fungos.

citoplasmática Os centríolos, relacionados com a orientação da formação das fibras do


fuso, são constituídos pelos microtúbulos do citoesqueleto. Além disso, são
responsáveis pela formação dos cílios e dos flagelos.
O espaço interno da célula é preenchido por um material viscoso, amorfo e
transparente, no qual estão mergulhadas organelas e inclusões. Esse material é Cílios e flagelos são projeções celulares formadas a parti de um corpo
denominado citosol ou hialoplasma e é constituído principalmente por água e basal, que é um centríolo ancorado na membrana celular e associado a proteínas
proteínas, com pequenas quantidades de sais minerais, carboidratos e lipídeos. motoras. A organização interna dos cílios e dos flagelos é idêntica, formada por
nove conjuntos de dois microtúbulos, com dois microtúbulos isolados no centro
Além de preencher o espaço celular, o citosol é sede de importantes reações da estrutura.
metabólicas, como o processo de fermentação e etapas da síntese proteica.
Os cílios são curtos e numerosos, com movimento em chicote e

Citoesqueleto: estrutura e
sincronizados. São encontrados em protozoários ciliados como o Paramecium,
permitindo sua locomoção. No nosso corpo, encontramos cílios nas células
epiteliais de revestimento das vias respiratórias, usados para movimentar o

movimentação celular muco, retirando poeira e microrganismos do sistema respiratório. Também


existem cílios nas células de revestimento das tubas uterinas para movimentar os
óvulos em direção ao útero.
Mergulhado no citosol das células eucarióticas, existe uma rede de
proteínas filamentosas, o citoesqueleto, inexistente nas células procarióticas. Os flagelos são mais longos e menos numerosos, de movimento ondulante.
É pelo batimento deles que ocorre a movimentação do espermatozoide, de
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protozoários flagelados, como o Trypanosoma cruzi, e de algas unicelulares, A apoptose, ou morte celular programada, é um processo controlado por
como a Euglena. certas proteínas, as quais desencadeiam uma série de eventos que determinam a
morte da célula. Por esse processo, ocorre a modelagem de órgãos durante o
desenvolvimento embrionário, a eliminação de estruturas desnecessárias e o
Retículo endoplasmático descarte de células envelhecidas e sujeitas a danos no seu DNA. Exemplos da
ocorrência de apoptose incluem a eliminação das membranas encontradas entre
os dedos do embrião e o desaparecimento da cauda do girino ao se transformar
O reticulo endoplasmático (RE) é a maior organela citoplasmática. Ele é em adulto.
formado por uma rede de membranas lipoproteicas espalhadas pelo citoplasma,
delimitando cavidades cujo conteúdo difere do citosol. As membranas A necrose ou autólise é um processo agudo, desencadeado por fatores
aumentam a superfície interna da célula e fornecem uma grande área para a externos como falta de oxigênio ou presença de toxinas. Caracteriza-se pelo
ocorrência das reações celulares. aumento do volume celular, ruptura de organelas e explosão da célula.

Partes do RE possuem ribossomos aderidos na superfície externa das


membranas, constituindo o RE granuloso, responsável pela maior parte da
síntese proteica da célula, enquanto uma parte menor dessa síntese ocorre em
Peroxissomos
ribossomos livres no citosol. As proteínas formadas são transportadas pelo RE
para outras organelas. Os peroxissomos são pequenas vesículas membranosas encontradas em
todas as células eucarióticas. Eles participam da degradação de substâncias por
Outras regiões do RE não têm ribossomos e apresentam um aspecto tubular, oxidação, com a formação de água oxigenada (H 2O2), uma substância toxica
formando o RE não granuloso. Ele estabelece um conjunto de canais e bolsas para a célula. Por isso, eles possuem a enzima catalase, que degrada a água
que permite o armazenamento e a circulação de substâncias. oxigenada na reação 2 H2O  2 H2O + O2.

O RE não granulosos participa de importantes processos metabólicos: Os peroxissomos atuam na quebra de moléculas de ácidos graxos, necessária
para sua utilização em reações energéticas. Eles também são importantes para a
 nele ocorre a quebra das moléculas de glicogênio, liberando inativação de várias moléculas toxicas para a célula, como o álcool e por essa
glicose para a atividade celular; razão, eles são abundantes nas células do fígado.
 é o local de síntese de lipídeos, necessários para o crescimento
das membranas; outros lipídeos produzidos no RE são o Nas células vegetais eles são denominados glioxissomos e atuam
colesterol e os hormônios esteroides, como o estrógeno e a principalmente na transformação de gorduras em glicose.
progesterona;

Mitocôndrias
 no seu interior existem enzimas que modificam e inativam
moléculas pequenas que entram na célula, como álcool, remédio e
drogas.
As mitocôndrias encontradas em todas as células eucarióticas são

Complexo golgiense constituídas por duas membranas. A externa é contínua e funciona como
envoltório, enquanto a membrana interna forma prolongamentos para o interior
da mitocôndria, as cristas mitocondriais, que participam ativamente das reações
O complexo golgiense (CG) é um sistema de membranas, intimamente da organela.
ligado ao RE e formado por sáculos membranosos achatados empilhados, com
vesículas periféricas. O interior da mitocôndria é preenchido pela matriz mitocondrial, um
material amorfo e transparente. Na matriz encontramos um DNA circular com
O CG é a organela que apresenta o maior número de funções conhecidas, 36 genes ativos e ribossomos, que sintetizam proteínas.
das quais vamos destacar:
As mitocôndrias têm capacidade de autoduplicação e, na formação do
 Processamento e distribuição de proteínas – recebe as proteínas zigoto, são fornecidas exclusivamente pelo óvulo. Tanto nos animais como nos
sintetizadas no RE granulosos, realiza nelas alterações químicas, vegetais, o gameta masculino não contribui com mitocôndrias para o
armazena e empacota em vesículas para posterior distribuição. descendente.
 Secreção celular – associada à função anterior, todas as proteínas
Nas mitocôndrias ocorre a maior parte das reações da respiração aeróbica,
destinadas à secreção são empacotadas no CG e posteriormente
principal fonte de energia para a atividade celular.
enviadas para a membrana, para liberação.
 Síntese de polissacarídeos – nele ocorre a síntese dos
polissacarídeos vegetais celulose e pectina. Nas células animais,
forma os mucopolissacarídeos constituintes do muco. Plastos
 Formação da lamela média vegetal – durante a divisão celular
vegetal, a separação final das células formadas é feita por uma Os plastos são organelas membranosas encontradas exclusivamente em
membrana de pectina, a lamela média, produzida pelo CG. algas e células vegetais. Existem vários tipos de plastos: os cromoplastos
 Formação do acrossomo do espermatozoide – no espermatozoide, coloridos de muitos frutos, os leucoplastos, que armazenam material de reserva
o CG produz vesículas que se unem, formando o acrossomo, uma – como o amido -, e os cloroplastos.
bolsa com enzimas digestivas, que facilitam a penetração do
espermatozoide no óvulo. Os cloroplastos contêm um pigmento de cor verde chamado clorofila e são
os responsáveis pela fotossíntese. Estruturalmente são formados por duas

Lisossomos
membranas, como as mitocôndrias. Ligadas à membrana interna, existem
lâminas denominadas lamelas e, presas a elas, estão os tilacoides, discos
membranosos empilhados (cada pila é chamada de grana, e o conjunto,
granum). A clorofila fica no interior dos tilacoides e das lamelas. Entre os
Os lisossomos são vesículas membranosas liberadas pelo complexo granum, existe um material de preenchimento denominado estroma. Do mesmo
golgiense, contendo enzimas denominadas hidrolases, que atuam nos modo que as mitocôndrias, os cloroplastos apresentam DN+A circular e
mecanismos de digestão intracelular. O pH ótimo dessas enzimas é acido (3), o ribossomos.
que fornece proteção ao citoplasma, cujo pH é 7,4.

No processo de digestão celular, o material englobado por endocitose fica


em uma vesícula, o endossomo. Ocorre a fusão entre o lisossomo primário e o
Vacúolos
endossomo, formando o vacúolo digestivo (lisossomo secundário). No vacúolo
digestivo, o pH é ácido, por bombeamento de íons H + do citosol, o que permite a Os vacúolos são bolsas membranosas, geralmente relacionadas com o
ação das hidrolases, que realizam a digestão. As pequenas moléculas resultantes armazenamento de materiais. Existem vacúolos com funções especializadas,
atravessam a membrana do vacúolo e passam para o citoplasma. Os restos não como o vacúolo pulsátil e o vacúolo da célula vegetal.
digeridos constituem o corpo residual, que é eliminado por exocitose ou se
acumula no citoplasma. O vacúolo pulsátil ou contrátil é uma estrutura de equilíbrio osmótico
encontrada em protozoários de água doce. O citosol desses organismos é mais

Autofagia, apoptose e necrose


concentrado que a água circundante, provocando a entrada continua na célula
por osmose. Essa água é eliminada pelo vacúolo para o meio externo por meio
de contrações rápidas e rítmicas. A atividade gasta energia e varia com a
As células podem digerir materiais próprios realizando a autofagia. concentração do meio externo. Quando ela aumenta, o vacúolo diminui seu
Organelas e partículas são envolvidas por membranas do RE não granuloso, ritmo até parar de funcionar, igualando as concentrações externa e interna.
formando vesículas que se unem a lisossomos, possibilitando a digestão do
material. O processo ocorre normalmente nas células para permitir a reciclagem O vacúolo da célula vegetal, formado a partir do RE, é uma estrutura
de estruturas velhas ou defeituosas e também para conseguir substâncias volumosa e central, que ocupa a maior parte do volume da célula. O vacúolo é
necessárias para a atividade celular, com a obtenção de aminoácidos a partir de delimitado por uma membrana denominada tonoplasto e no seu interior existe
proteínas da célula. Também pode ocorrer autofagia quando a célula é submetida uma solução de água, açúcares e sais, que determina a concentração interna da
a um jejum prolongado. célula vegetal.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

O vacúolo participa da regulação osmótica da célula, armazena substâncias


e contém enzimas digestivas, atuando como lisossomo da célula vegetal.
Núcleo da célula
Tecido epitelial
eucariótica
O tecido epitelial (epitélio) tem como função primária
o revestimento de superfícies corporais, cavidades e órgãos
internos do organismo. Existem ainda os epitélios
glandulares, cuja função é a secreção. Portanto, o epitélio
Processos de divisão
secretor é considerado uma especialização do tecido
epitelial. celular
Uma vez que os tecidos em geral são formados de
células e de substâncias que ocupam o espaço entre elas Importância da divisão celular
(meio intercelular) é possível deduzir que em um tecido cuja
função é revestir, isolando o organismo do ambiente, deve A vida na Terra baseia-se nas células. Para possibilitar a manutenção da
vida, são necessários processos de formação de novas células. Na reprodução, os
prevalecer o componente celular. Além disso, as células organismos unicelulares precisam se dividir e os pluricelulares dependem da
desse tecido deverão se apresentar o mais próximo possível divisão para sua formação e a regeneração de tecidos. Além disso, um
umas das outras (justapostas). Certas especializações típicas mecanismo de divisão possibilita a formação de gametas e de esporos,
permitindo a reprodução sexuada.
das membranas plasmáticas dessas células garantem a
proximidade necessária entre elas. Existem dois processos básicos de divisão: a mitose e a meiose. A
primeira é uma divisão equacional (E!), isto é, forma células com o mesmo
Embora seja, teoricamente, fácil diferenciar número cromossômico da célula parental. A meiose é uma divisão reducional
(R!), que produz células com a metade do número cromossômico da célula
revestimento e secreção, na prática, essas funções estão parental.
frequentemente relacionadas. Não é raro encontrar células
secretoras entre as células de um epitélio de revestimento ou
a presença do orifício de abertura de certas glândulas Ciclo celular: interfase e
localizadas abaixo desse epitélio e ligadas a ele através de
um canal ou ducto. mitose
Como exemplo, poderíamos citar superfícies corporais O período que engloba a interfase e a mitose é o ciclo celular. A maior
parte do período é representada pela interfase, com a mitose constituindo uma
que devem permanecer úmidas. Nesses casos, há fração de tempo bem menor do ciclo.
necessidade de glândulas ligadas à(s) camada(s) de
revestimento ou pelo menos de células glandulares Na interfase, a célula está em grande atividade metabólica e é durante ela
que ocorre a preparação para a mitose. O período da interfase é dividido em três
intercaladas entre as células, recobrindo essa superfície e etapas: G1, S e G2 (G vem do inglês gap, intervalo, e S, do inglês synthesis,
secretando o material que a mantém úmida. síntese).

A principal relação entre os dois tipos de epitélio (de Na fase G1, mais longa, ocorre a maior parte da síntese de RNA e de
proteínas, além do aumento das organelas e o crescimento da célula. Em S,
revestimento e glandular) é a origem, pois as glândulas se acontece o processo de replicação, com a autoduplicação do DNA. A fase G2
originam de células de um epitélio de revestimento. encerra a preparação para a mitose, com uma pequena síntese de RNA e de
proteínas necessárias à divisão, além do término da duplicação dos centríolos.

Tecido epitelial de revestimento Durante o ciclo celular, existem pontos de checagem, nos quais
mecanismos celulares verificam se as condições para sua continuação estão
Tecido formado por células justapostas, unidas por uma adequadas ou não. Caso não estejam, pode ocorrer uma parada no ciclo e,
eventualmente, a destruição da célula por apoptose.
fina camada cimentante e por diferenciações da membrana
plasmática, cuja função é aumentar a aderência e a coesão Existem células que não se dividem após o período embrionário, como os
entre essas células e a capacidade de resistência ao atrito e à neurônios e as células musculares. Nesse caso, elas param o ciclo ao atingir o
ponto de checagem no fim da fase G1, não duplicam seu DNA e permanecem em
tração. um estado denominado G 0. Nessas células, a atividade metabólica e a síntese de
materiais se mantem, mas o processo não caminha em direção à divisão.
O tecido epitelial de revestimento reveste o corpo do
animal, as faces internas das cavidades corporais, as faces A mitose é o processo de divisão celular no qual uma célula eucariótica
forma duas células-filhas, com o mesmo numero de cromossomos da célula
externas das vísceras alojadas nessas cavidades, a face
inicial. Pode ocorrer em células com qualquer ploidia (n, 2n, 3n, ...) e é
interna das vísceras ocas e os canais ou ductos de diferentes caracterizada pela separação das cromátides durante o processo de divisão.
órgãos. Assim, o epitélio pode exercer várias funções:
absorver nutrientes (epitélio intestinal), realizar trocas A mitose permite a reprodução assexuada de eucariontes unicelulares,
como protozoários, algas e fungos unicelulares. Nos organismos pluricelulares, o
gasosas (epitélio do alvéolo pulmonar) processo começa no zigoto, possibilitando a formação das células embrionárias.

Após o nascimento, a mitose é responsável pelo crescimento do organismo,


graças ao aumento do número de células. Nos organismos endotérmicos (aves e
mamíferos) o crescimento cessa na idade adulta, mas a mitose se mantém,
possibilitando a regeneração de tecidos. A formação contínua de células do
sangue, da epiderme e do revestimento intestinal, e a regeneração de fraturas,
são exemplos da ação permanente da mitose.

Tecido conjuntivo Fases da mitose


A duração da mitose é muito variável dependendo do tipo de célula, tecido
e atividade metabólica, podendo durar de 40 minutos até várias horas. Na mitose

Tecidos musculares ocorre a separação do material genético, duplicado na fase S da interfase e que
será dividido em dois núcleos idênticos. As organelas citoplasmáticas também
serão divididas igualmente entre as duas células-filhas.

Tecido nervoso O processo da mitose é contínuo mas para facilitar o estudo é normalmente
dividido em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Ocorre o encurtamento das fibras do fuso, com a separação dos


Prófase cromossomos homólogos e a redução do número cromossômico.

Fase inicial e mais longa, caracterizada por alterações no núcleo e no


citoplasma em uma preparação para a divisão. O núcleo aumenta de volume e o Telófase I
RNA ribossômico migra para o citoplasma, com o desaparecimento do nucléolo.
Os cromossomos começam sua condensação, cada um com duas cromátides, Os cromossomos homólogos chegam aos polos. Desaparece o fuso e
ligadas pelo centrômero. O envelope nuclear começa a se desintegrar, associado reaparece o envelope nuclear. Não há descondensação cromossômica nem o
a uma desorganização do reticulo endoplasmático. No citoplasma, os centríolos reaparecimento do nucléolo. Ocorre a citocinese, com a separação de duas
duplicados e cercados pelo áster, um conjunto de fibras, migram para os polos células haploides.
celulares. No espaço, entre os centríolos, os microtúbulos do citoesqueleto
organizam as fibras do fuso, que vão prender os cromossomos.
Meiose II
Metáfase Terminada a meiose I, pode existir um intervalo de tempo antes de começar
a segunda divisão. Esse intervalo é a intercinese, com a preparação para a nova
Com o desaparecimento do envelope nuclear, os centríolos chegam aos divisão: duplicação dos centríolos e organização do citoesqueleto. Mas na
polos e o fuso adquire posição central. Os cromossomos atingem o grau máximo intercinese não ocorre duplicação do DNA, ao contrário da interfase.
de condensação e ligam-se às fibras do fuso, na região equatorial. A ligação é
feita pelas proteínas do cinetócoro, nos centrômeros. A meiose II é semelhante a uma mitose, mas, em relação a esse processo,
apresenta três importantes diferenças:

Anáfase  Não é precedida por uma duplicação do DNA;


 Ocorre obrigatoriamente após uma divisão reducional;
As proteínas dos cinetócoros comandam a separação dos centrômeros,  Forma exclusivamente células haploides.
dividindo os cromossomos com a separação das cromátides. Proteínas motoras
associadas às fibras do fuso provocam o afastamento progressivo dos Os eventos da meiose II são idênticos aos da mitose: na prófase II, ocorre a
cromossomos em direção aos polos celulares. formação das fibras do fuso e o desaparecimento do envelope nuclear; na
metáfase II, os cromossomos ligam-se ao fuso pelos centrômeros; na anáfase II,
ocorre a separação das cromátides associada ao encurtamento das fibras do fuso;
Telófase na telófase II termina a divisão, com o desaparecimento do fuso, a reorganização
do envelope nuclear e do nucléolo, a descondensação cromossômica e a
citocinese.
Os cromossomos chegam aos polos. Desaparecem as fibras do fuso.
Reorganiza-se o envelope nuclear. Os cromossomos começam a se descondensar
e o núcleo reaparece. Ocorre a divisão do citoplasma, processo denominado
citocinese. Meiose e variabilidade
Papel da meiose A variabilidade genética é uma característica das espécies que se
reproduzem sexuadamente. Com exceção dos gêmeos idênticos, os filhos de um
casal nunca são iguais; os irmãos são semelhantes, mas cada um tem
características próprias, que o identificam desde o momento de sua formação. A
A meiose é um processo de divisão celular mais especializado do que a
principal responsável por essas diferenças é a meiose. Dois processos que
mitose. Ocorre somente em certas células diploides – as células germinativas
ocorrem na meiose estão associados à variabilidade: a separação dos
animais e as células formadoras de esporos nos vegetais. Engloba duas divisões
cromossomos homólogos e o crossing over.
celulares sequenciais, com a formação de quatro células haploides diferentes da
célula-mãe diploide.
Uma característica obrigatória e exclusiva da meiose é a segregação
(separação) dos cromossomos homólogos, que ocorre durante a anáfase I. Na
Nas células que sofrem meiose a interfase é idêntica à da mitose, com a
metáfase I, os bivalentes ligam-se ao fuso, em cada par de homólogos, um vem
ocorrência da duplicação do DNA. As duas divisões celulares permitem a
do pai e outro da mãe. A separação na anáfase I é casual, e depende de como o
redução da quantidade de DNA e, consequentemente, do numero de
bivalente ligou-se ao fuso. Para entendermos melhor, vamos examinar um
cromossomos, à metade.
exemplo.

A meiose possibilita a reprodução sexuada, processo fundamental para a


Em uma célula com dois pares de cromossomos homólogos (par A e par B),
existência de variabilidade e a continuidade do processo evolutivo. Eça mantém
podem ocorrer quatro combinações possíveis (2² combinações). Cada célula-
constante o número de cromossomos da espécie, ao formar gametas haploides,
filha formada no fim da meiose I pode receber dois cromossomos paternos ou
cuja união produz um zigoto diploide com o número de cromossomos da
dois cromossomos maternos, ou o cromossomo materno do par A e o paterno do
espécie.
par B, ou o cromossomo paterno do par A e o materno do par B. Na meiose de
uma célula germinativa humana, que apresenta 23 pares de cromossomos

Fases da meiose homólogos, podem ocorrer 2²³ combinações, ou seja, 8 388 608 misturas
possíveis de cromossomos nos gametas formados.

No processo meiótico, a primeira divisão (Meiose I) é reducional, com a O crossing over (ou permutação) é a troca de partes simétricas entre duas
separação dos cromossomos homólogos. A segunda divisão (Meiose II) é cromátides homologas, que pode ocorrer durante a prófase I da meiose. O
equacional, com a separação das cromátides. processo produz a recombinação genética, permitindo novas combinações de
genes nos gametas. As trocas são casuais e ocorre ao longo dos pares de
homólogos, possibilitando um número imenso de novas sequencias genicas. Para
Prófase I ocorrer, o crossing over necessita da formação de um sistema de fibras proteicas,
que faz o pareamento dos cromossomos homólogos; esse pareamento vai
possibilitar a separação correta dos cromossomos materno e paterno do par de
Fase inicial, mais longa e importante da meiose. Como na mitose, ocorrem homólogos.
os eventos de preparação da divisão, com as alterações no núcleo (condensação
cromossômica, desaparecimento do nucléolo e desintegração do envelope
nuclear) e do citoplasma (migração dos centríolos duplicados para os polos,
formação das fibras do fuso). Erros na meiose: a não
A prófase I é caracterizada por dois eventos exclusivos. O primeiro,
obrigatório, é o pareamento (sinapse) dos cromossomos homólogos, formando
disjunção
pares denominados bivalentes ou tétrades, possibilitando a separação correta dos
homólogos, um para cada célula, durante a primeira divisão. O segundo evento é Eventualmente, podem ocorrer erros durante o processo meiótico. O erro
o crossing over (permutação), um processo frequente, mas não obrigatório, que mais frequente é a não disjunção. Nela não ocorre a separação correta dos
permite a troca de partes entre os cromossomos homólogos; os locais onde cromossomos homólogos, na meiose I ou na meiose II. A separação incorreta
ocorrem essas trocas são denominados quiasmas. dos cromossomos leva à formação de células alteradas, com cromossomos a
mais (n + 1) ou a menos (n – 1).

Metáfase I A não disjunção provoca a formação de gametas com número alterado de


cromossomos que, uma vez fecundados, podem causar trissomias (2n + 1) ou
monossomias (2n – 1). Geralmente, essas alterações são inviáveis, causando
Com o desaparecimento do envelope nuclear ocorre a ligação dos
abortamento ou morte precoce na infância. Entretanto, algumas alterações
bivalentes às fibras do fuso, por meio dos cinetócoros dos centrômeros.
podem gerar indivíduos que sobrevivem até a idade adulta, como na síndrome de
Down e na síndrome de Turner.
Anáfase I
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

A síndrome de Down é uma trissomia do cromossomo 21, na qual A formação dos gametas femininos ocorre nos ovários e apresenta as fases
geralmente um dos gametas que origina o zigoto tem dois cromossomos 21, em de multiplicação, crescimento e maturação, de modo semelhante ao da
razão de uma não disjunção. Os indivíduos afetados pela síndrome de Down têm espermatogênese. Mas há duas diferenças importantes: o período da vida em que
alterações faciais características, defeitos em vários órgãos e retardo do ocorre cada fase e o número de gametas formados. Observe as fases da
desenvolvimento psicomotor. Já a síndrome de Turner é uma monossomia do ovulogênese humana.
cromossomo X. Na formação do zigoto, um dos gametas, formado por não
disjunção, não possui um dos cromossomos sexuais (X ou Y). Na fecundação,  Multiplicação: nos ovários do embrião feminino, a partir do 2º
ele se une a um gameta com o cromossomo X, formando o individuo XO, que mês de gestação, as células germinativas primárias dividem-se em
será uma mulher com baixa estatura e ausência de desenvolvimento sexual. ovogônias, que se multiplicam, atingindo 7 milhões no fim do 5º
mês gestacional.

Gametogênese  Crescimento: por volta do 7º mês de gestação, a maioria das


ovogônias entra em apoptose; todas as restantes aumentam de
volume e transformam-se em ovócitos I (também chamados de
primários ou de 1ª ordem).
Nos animais, a gametogênese ocorre por meiose e possibilita a reprodução
sexuada. A produção de gametas masculinos é chamada de espermatogênese e a  Maturação: os ovócitos I iniciam a meiose, que é interrompida no
dos gametas femininos, de ovulogênese (ou ovogênese). meio da prófase I, com as células mantendo-se em latência. Os
ovócitos I ficam envolvidos em uma bolsa de células denominada
folículo primário. Ao nascer, a menina possui cerca de um milhão
Espermatogênese de folículos primários, mas a maioria deles vai degenerar antes de
ela chegar à puberdade.

A espermatogênese ocorre nos canais seminíferos das gônadas masculinas, No inicio da puberdade, entre 11 e 13 anos, a menina apresenta entre 300 a
os testículos. O processo é dividido em quatro etapas: 400 mil folículos primários. Estimulado por hormônios, o processo meiótico é
reiniciado, possibilitando o inicio dos ciclos menstruais. Em cada ciclo, alguns
 Multiplicação: na fase embrionária formam-se as células folículos (de 6 a 12) começam a se desenvolver, mas normalmente apenas um
germinativas primárias diploides, que se concentram nos atinge o momento da ovulação, com a degeneração dos restantes. No interior do
testículos. No menino, entre 7 e 9 anos, as células germinativas folículo em desenvolvimento, o ovócito I termina a meiose I, formando um
começam a se dividir por mitose e passam a ser chamadas de ovócito II haploide. A divisão é desigual, com a formação de um único ovócito
espermatogônias. II grande e uma pequena célula, o glóbulo polar. Isso permite a formação de uma
 Crescimento: com a multiplicação ativa, entre os 11 e 14 anos, célula mais volumosa, responsável pelo citoplasma do ovo, além de possibilitar a
começa um processo de diferenciação. Em cada duas separação dos cromossomos homólogos. A meiose II só ocorrerá se o ovócito II
espermatogônias formadas, uma continua a divisão e a outra sofre for fecundado pelo espermatozoide; assim, na ovulação o ovário libera um
uma transformação, aumentando o volume e ativando ovócito II, que passa a ser chamado de ovulo no momento da fecundação.
determinados genes, permitindo a formação do espermatócito I
(ou de 1ª ordem ou primário), que se divide por meiose. Na fecundação, a penetração espermática ativa a meiose II e o ovócito I
 Maturação: caracterizada pela divisão meiótica do espermatócito divide-se em um ovulo e outro glóbulo polar; isso ocorre antes da união do
I diploide. Na 1ª divisão, formam-se dois espermatócitos II núcleo espermático com o núcleo do ovulo. Pode ocorrer ou não a meiose II do
haploides, os quais formam quatro espermátides haploides no fim primeiro glóbulo polar; mas todos os glóbulos polares formados degeneram e
da 2ª divisão meiótica. são descartados.
 Diferenciação (espermiogênese): as espermátides passam por
várias modificações até se transformarem em espermatozoides. Comparando-se a ovulogênese com a espermatogênese, vemos que, no
Cerca de dois terços do citoplasma é eliminado e a célula adquire homem, as fases de multiplicação, crescimento e maturação ocorrem
uma forma mais alongada; o núcleo se reduz pela compactação simultaneamente a partir da adolescência e se mantêm por toda a vida. Já na
maior do DNA; o complexo golgiense forma uma bolsa com mulher, as fases de multiplicação e crescimento ocorrem somente no período
enzimas digestivas, o acrossomo, para permitir a penetração no embrionário e a fase da maturação vai da adolescência até a menopausa, quando
óvulo; a partir de um centríolo, origina-se o flagelo para a os folículos restantes degeneram, cessando o processo de ovulação. A outra
locomoção; as mitocôndrias se distribuição em torno da base do diferença está no número de gametas formados; no homem um espermatócito I
flagelo. origina quatro espermatozoides; enquanto na mulher cada ovócito I que entra em
meiose forma apenas um óvulo.

Ovulogênese

Embriologia Segmentação
A fase de segmentação ou clivagem ocorre logo após a fecundação e dá
A embriologia animal estuda o desenvolvimento do embrião. O processo é início ao desenvolvimento do embrião por meio de uma sucessão de mitoses. As
iniciado com a fecundação e se estende até a formação de um novo organismo células resultantes dessas mitoses iniciais chamam-se blastômeros e são as
com as características típicas da sua espécie, capaz de sobreviver de forma células-tronco embrionárias totipotentes, que são capazes de originar qualquer
autônoma. tecido embrionário ou seus anexos.

A célula-ovo ou zigoto é a célula que resulta da fecundação (união dos O plano de clivagem, que corresponde à citocinese (divisão do citoplasma),
gametas) e o embrião é o organismo em formação que precede a fase adulta. e a velocidade de segmentação dependem da quantidade e da distribuição do
vitelo no citoplasma do zigoto ou célula-ovo. Quanto maior a quantidade de
Nos animais, as fases iniciais do desenvolvimento são muito semelhantes e vitelo, menor a velocidade de divisão do zigoto e dos blastômeros.
apresentam em comum, além da fecundação, a segmentação, a gastrulação e a
organogênese.
Tipos de fecundação e tipos de
Fecundação desenvolvimento nos cordados
A fecundação nos animais resulta da fusão entre um espermatozoide Os cordados correspondem a um dos grupos animais com maior
(gameta masculino) haploide (n) e um óvulo (gameta feminino) também diversidade e importância na biosfera atual. Deles fazem parte muitas das
haploide (n). espécies com que nos deparamos diariamente, incluindo a humana.

Embora vários espermatozoides dirijam-se ao óvulo, apenas um deles o Peixes, sapos, tartarugas, jacarés, aves e mamíferos são exemplos de
fecundará, formando um zigoto diploide (2n) e, portanto, reconstituindo a cordados muito comuns, mas há alguns cordados menos conhecidos, cuja
diploidia da espécie. Com isso, ocorre a mistura de material genético dos importância para o estudo da embriologia é muito grande.
genitores. A vantagem evolutiva desse tipo de reprodução é o aumento da
variabilidade genética da espécie. Como se reconhece um cordado?

Vitelo As características distintivas dos cordados são principalmente embrionárias.


Todos os cordados possuem, pelo menos durante o período embrionário, quatro
características principais: notocorda (um” bastão” flexível de sustentação
O sustento nutricional das células do embrião nas fases iniciais do localizado na porção dorsal do embrião), sistema nervoso dorsal (localizado logo
desenvolvimento depende do vitelo, substância de reserva encontrada no acima da notocorda), fendas na região faringiana e cauda pós anal.
citoplasma do óvulo, composto, principalmente por lipídeos e proteínas. Com a
fecundação, o vitelo passa a fazer parte da célula-ovo ou zigoto. A maioria dos cordados atual é vertebrada. Nesses animais, a notocorda
desaparece durante a vida embrionária, sendo substituída na sua função de
sustentação pela coluna vertebral.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

O sistema nervoso dorsal persiste na quase totalidade dos representantes segmentação total, também chamada holoblástica (do grego: holos, total e
atuais desse grupo animal e as fendas faringianas permanecem na vida adulta blastos, germe, broto, que em citologia tem o sentido de não diferenciado), ou
apenas nas espécies cuja respiração é branquial. seja, a célula sofre citocinese (divisão) completa, originando duas células-filhas.

A existência dessas estruturas na vida embrionária, mesmo que não Nos ovos em que a distribuição do vitelo é homogênea observa-se
persistam na vida adulta, é uma evidencia da origem comum de todos os segmentação igual. As células-filhas apresentam a mesma massa, tamanho e
componentes desse grupo animal. volume, independentemente da direção do plano de citocinese. É o que ocorre
nos mamíferos placentários.
No entanto, o local da fecundação e o desenvolvimento embrionário podem
variar bastante de acordo com o cordado analisado. Os anfíbios e muitos tipos de
peixes, por exemplo, realizam fecundação externa. O encontro dos gametas
ocorre fora do corpo dos adultos (meio externo). Neste caso, o ambiente
aquático é o mais adequado para a fecundação. Repteis, aves e mamíferos têm
fecundação interna, ou seja, o encontro entre os gametas ocorre no interior do
organismo materno.
Os grânulos de vitelo
Os cordados com fecundação interna são principalmente vivíparos ou
têm distribuição
ovíparos. Vivíparos são animais em que, após a fecundação, a formação do
Asocorrem
primeiras segmentações resultam em células homogênea no
zigoto e o desenvolvimento embrionário no interior do organismo
citoplasma
materno. Nesse caso, a maior parte das de tamanhos
demandas semelhantes
nutricionais, de trocas gasosas
e de excreção de resíduos do embrião é suprida pelas relações materno-fetais e,
não há, portanto, grande necessidade de reservas nutritivas (vitelo) à disposição
do embrião. Esse tipo de desenvolvimento ocorre na maioria dos mamíferos.
Nos ovos com distribuição heterogênea do vitelo, ocorre segmentação
Os répteis, as aves e alguns mamíferos, por exemplo, são ovíparos, ou seja, desigual. Dependendo da direção do plano de clivagem em relação à disposição
o embrião se desenvolve dentro de um ovo, mas fora do organismo materno. do vitelo nos polos da célula, as células-filhas podem apresentar tamanhos
Assim, o embrião deverá sobreviver por conta própria e, para isso, necessita de diferentes. Neste caso, os blastômeros menores são chamados de micrômeros e,
uma grande quantidade de reserva nutritiva disponível e ser capaz de realizar os maiores, de macrômeros.
trocas gasosas e de eliminar excretas, além de o ovo ser dotado de alguma forma
de proteção em relação às possíveis agressões do meio no qual se encontra.

O desenvolvimento pode ser, ainda, direto ou indireto. No desenvolvimento


direto o embrião se desenvolve continuamente até a formação de um organismo
capaz de sobreviver no ambiente típico da espécie. Nesse caso, as necessidades
nutricionais do embrião dependem de um ovo com grande quantidade de vitelo
armazenada ou de uma relação permanente com o organismo materno durante a
maior parte desse período.

No desenvolvimento indireto ocorre um ou mais estágios larvais. Os


anfíbios são os que melhor ilustram esse tipo de desenvolvimento, e o girino é a
larva típica desses animais. O ovo dos anfíbios apresenta uma quantidade média
de vitelo, suficiente para o embrião atingir o estágio larval.

No ovo, o polo vegetativo é aquele em que se acumulam os grânulos de


Tipos de ovos nos cordados vitelo e o polo animal é o polo oposto, onde estão o núcleo e o restante do
citoplasma. Note na figura anterior, que nas duas primeiras segmentações, as
células-filhas são de tamanhos semelhantes. Na terceira segmentação, devido à
De acordo com as informações anteriores, é fácil perceber que a quantidade maior quantidade de vitelo no polo vegetativo, há um deslocamento no plano de
de vitelo no óvulo deve variar, dependendo de onde ocorre o desenvolvimento e clivagem, que é perpendicular ao das duas primeiras e se aproxima do polo
da complexidade da organização corporal do organismo em formação, entre animal, resultando em células-filhas (blastômeros) de tamanhos diferentes
outros fatores. (micrômeros e macrômeros).

Em cordados como os mamíferos placentários – cujos embriões Nos ovos telolécitos, ocorre segmentação parcial e discoidal, pois a grande
estabelecem uma conexão anatômica com o organismo materno através de um quantidade de vitelo impede a divisão completa do citoplasma. Esse tipo de
órgão denominado placenta, e em alguns cordados primitivos (pouco segmentação é chamada também de segmentação meroblástica (do grego: meros,
complexos) – a quantidade de vitelo no óvulo e, consequentemente no ovo ou parcial). Além disso, com as citocineses concentradas no polo animal, formam-
zigoto, é pequena. Esse tipo de ovo, com pouco vitelo, chama-se oligolécito (do se células-filhas sem limites nítidos nessa região, constituindo o disco
grego: oligos, pouco e lecitos, vitelo). Em ovos desse tipo a distribuição do embrionário que dará origem ao corpo do embrião; já a massa citoplasmática
vitelo no citoplasma pode ser homogênea ou heterogênea. Quando a distribuição onde estão os grânulos de vitelo não se divide.
é homogênea, os ovos são chamados alécitos (do grego: a, prefixo de negação e
lecitos, vitelo). Quando a distribuição do vitelo é heterogênea, o vitelo se
acumula em um dos polos do óvulo, ficando o núcleo e o citoplasma dispostos
no polo oposto.

Os anfíbios, cuja fecundação e desenvolvimento se dão no meio externo,


apresentam ovos mediolécitos ou heterolécitos (do latim: médio, meio, metade e
do grego: hetero, diferente), cuja quantidade de vitelo é media, se comparada aos
outros tipos de ovos observados nos cordados. Nesse tipo de ovo a distribuição
do vitelo no citoplasma é heterogênea.

Além disso, esses animais têm desenvolvimento indireto e essa quantidade


de vitelo é suficiente para que o embrião atinja o estágio larval, mas não chegue
ao estágio final de desenvolvimento (sapo, rã ou perereca). As larvas apresentam
autonomia e são capazes não apenas de sobreviver, mas também de armazenar
reservas nutritivas para o processo de metamorfose (transformação que a larva
sofre, originando um indivíduo com as características típicas do adulto da
espécie).

Aves, répteis e alguns mamíferos são ovíparos e produzem ovos com casca.
Os ovos desses animais apresentam uma grande quantidade de vitelo com
distribuição heterogênea no citoplasma, permitindo que o embrião possa se
desenvolver isolado do meio externo e do organismo materno. Esses ovos são
chamados de telolécitos (do grego: telos, extremidade), gigantolécitos ou Os tipos de segmentação ou clivagem ocorrem de acordo com a quantidade e a
megalécitos (do grego: mega, grande). distribuição do vitelo em ovos de cordados

Tipos de segmentação nos


cordados
O plano de segmentação ou clivagem dos ovos depende da quantidade e
distribuição de vitelo nele existente. Nos ovos oligolécitos e heterolécitos há
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Gastrulação
Embriologia do anfioxo A partir da blástula, tem início o processo de gastrulação que consiste numa
série de movimentos celulares que levarão o embrião a adquirir um aspecto
As primeiras etapas do desenvolvimento, com poucas exceções, são comuns totalmente diferente. Nos anfioxos ocorre invaginação da camada celular
a todos os animais: segmentação, gastrulação e organogênese. formada pelos macrômeros, que se projeta para dentro da blastocele, dobrando-
se na direção da camada de micrômeros. Inicialmente, o embrião será formado
O anfioxo é um pequeno cordado marinho que vive semienterrado nas por duas camadas de células que delimitarão uma nova cavidade, a gastrocele.
areias próximas às praias, filtrando a água do mar para obter seu alimento. Sua Essa nova cavidade corresponde ao intestino primitivo, também conhecido como
organização corporal é muito simples se comparada à maioria dos cordados arquêntero (do grego: arqueos, primeiros e enteron, intestino). Esse estágio do
atuais. Além disso, o fato de se desenvolver diretamente no meio aquático, desenvolvimento do embrião é denominado gástrula. Além das duas camadas
facilita a observação das etapas iniciais do desenvolvimento embrionário em que delimitam a gástrula, outra diferença observada em relação à blástula é a
laboratório. Por apresentar um tipo de ovo muito semelhante ao do ser humano, presença do blastóporo, um orifício que comunica o arquêntero (intestino
esse pequeno animal é utilizado como padrão no estudo das etapas iniciais do primitivo) com o meio externo. Nos cordados, o blastóporo originará o ânus.
desenvolvimento dos cordados.

Na maioria dos animais haverá a formação de uma terceira camada


embrionária entre as observadas na gástrula até aqui. Essas camadas são os
folhetos embrionários.

Os animais que apresentam apenas dois folhetos embrionários são


chamados diblásticos, ou diploblásticos (do grego: diploos, duplo). O folheto
Observe, na imagem, que na vida adulta, o anfioxo apresenta a notocorda embrionário externo é a ectoderme e o que reveste internamente o arquêntero é a
persistente, além do sistema nervoso dorsal, fendas faringianas, cauda pós-anal e endoderme. No entanto, assim como o anfioxo, a maioria dos animais é
musculatura segmentada. A ocorrência dessas características simultaneamente é triblástica ou triploblástica. A partir da gástrula forma-se a mesoderme, um
típica apenas das primeiras fases embrionárias da maioria dos cordados atuais. terceiro folheto embrionário situado entre a ectoderme e a endoderme.
Os ovos dos anfioxos são oligolécitos com distribuição heterogênea dos grânulos
de vitelo. Sua segmentação, portanto, é total e desigual. A importância da gastrulação está relacionada com a formação dos folhetos
embrionários, pois é a partir deles que se originarão todos os tecidos e órgãos do

Formação da mórula embrião.

Após as duas primeiras segmentações, há formação de quatro blastômeros Neurulação


de mesmo tamanho. No entanto, a terceira segmentação é perpendicular às duas
primeiras e origina quatro micrômeros e quatro macrômeros, totalizando oito Para que se possa acompanhar as principais transformações embrionárias, a
blastômeros. A partir daí, os planos de segmentação serão alternadamente partir do estágio de gástrula, é necessário observá-las da perspectiva de um corte
perpendiculares entre si, de maneira que após algumas divisões, o conjunto de transversal do embrião.
blastômeros adquire o aspecto aproximadamente esférico, maciço e compacto,
semelhante a uma amora. Devido a essa semelhança, essa figura embrionária
Nos cordados, a formação da mesoderme coincide com o surgimento do
recebeu o nome de mórula.
tubo neural, uma estrutura embrionária dorsal que vai originar o sistema nervoso
do animal. Por essa razão, denomina-se nêurula o estágio de gástrula adiantada a
partir do qual se dá a formação do sistema nervoso.

Blástula
A gástrula nessa fase inicial tem a forma aproximadamente cilíndrica. Nos
Após a formação da mórula, com as sucessivas mitoses, à medida que o cordados, a extremidade na qual está localizado o blastóporo corresponde à
embrião torna-se cada vez mais esférico, as células vão se dispondo na superfície extremidade posterior do embrião, uma vez que aí se originará o ânus.
e, no interior dessa estrutura, ocorre o surgimento de uma cavidade. Esse é o
estágio de blástula. A blástula é formada por uma camada de células, a Na região que corresponderá à superfície dorsal, células da ectoderme,
blastoderme, e uma cavidade, a blastocele. Observe a imagem a seguir: geneticamente programadas, se dispõem de maneira a promover um
achatamento dessa superfície e formar a placa neural (vide A, na ilustração a
seguir). Na sequência, essa placa é recoberta por células da própria ectoderme,
ao mesmo tempo em que se desdobra a forma a constituir um sulco voltado para
a superfície dorsal, o sulco neural.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

As bordas do sulco neural se aproximam e acabam por se fundir, resultando São quatro os anexos embrionários: vesícula vitelínica (ou saco vitelínico),
no tubo neural, separando o sulco neural da superfície externa do embrião. alantoide, âmnio e cório. Observe a ilustração.
Portanto, o tubo neural e, consequentemente, o sistema nervoso têm origem
ectodérmica. Simultaneamente, a camada que reveste o intestino primitivo sofre
movimentos que originam a notocorda e os somitos. A notocorda é uma
estrutura inicialmente tubular, que se forma ao longo da porção superior do
intestino primitivo (o “teto” do arquêntero). Durante a neurulação, torna-se
maciça, com consistência de cartilagem, exercendo a função de sustentação do
embrião (vide B, na ilustração a seguir).

Nas porções superiores laterais do embrião, de cada um dos lados do


arquêntero projetam-se duas bolsas, inicialmente ocas, os somitos, delimitando
uma nova cavidade corporal, o celoma. A maioria dos órgãos e estruturas desse
novo organismo é formada a partir dos somitos, sendo que uma boa parte dos
órgãos internos (vísceras) vai se alojar no celoma (vide C, na ilustração a
seguir). A vesícula vitelínica armazena o vitelo, substancia rica em lipídeos e
proteínas, que alimentará o embrião no período em que estiver se desenvolvendo
A camada de células que reveste os somitos passa a ser considerada a no interior do ovo. As proteínas são matéria-prima importante para a construção
mesoderme do embrião. Portanto, a notocorda, os somitos e todas as estruturas do corpo do embrião, enquanto os lipídeos representam a reserva de energia que
que vão se originar a partir deles têm origem mesodérmica, sendo que o celoma será utilizada nesse período. A vesícula vitelínica está ligada ao tubo digestório
é uma cavidade totalmente revestida pela mesoderme. do embrião, o que facilita a absorção do material nutritivo. Assim, o embrião
não precisa de alimento do meio externo, pois carrega vitelo suficiente dentro do
Finalmente, as bordas inferiores do revestimento do intestino primitivo se ovo para todo o período de desenvolvimento.
aproximam e se fundem, continuando a constituir o intestino do embrião, cuja
posição torna-se cada vez mais ventral. A camada interna de células que reveste Embora esse anexo tenha função fundamental nos embriões que se
o intestino primitivo é a endoderme. desenvolvem no interior de ovos, há ocorrência de vesícula vitelínica em
algumas espécies de peixes cujos ovos são telolécitos, nos quais é encontrada
Assim, o revestimento interno do intestino e todas as estruturas que “pendurada”, externamente, na região abdominal do embrião.
derivam dele, como o revestimento interno do sistema respiratório e da bexiga
urinaria e as glândulas anexas do sistema digestório, têm origem endodérmica. O alantoide armazena cristais de ácido úrico, excreta nitrogenada insolúvel
gerada pelo metabolismo do embrião. Ele também está ligado ao tubo digestório,
assim como a vesícula vitelínica. O alantoide, com o cório, forma uma
membrana muito vascularizada, chamada alantocório, que se mantém em contato
com a casca e é responsável pelas trocas gasosas entre o embrião e o ambiente.
Outra função desse anexo é absorver cálcio da casca, usado no fortalecimento
dos ossos. Ao perder esse mineral, a casca vai ficando mais frágil, facilitando a
saída do filhote ao final do desenvolvimento.

O âmnio é uma bolsa que envolve o embrião. No seu interior, há o


líquido amniótico, no qual o embrião fica mergulhado e protegido contra
desidratação e choques mecânicos. Ao longo do desenvolvimento esse liquido
vai sendo absorvido.

O cório (ou serosa) é uma membrana originada da dobra do âmnio, e


envolve o embrião e todos os outros anexos embrionários, protegendo todo esse
conjunto. Além disso, com o alantoide, é responsável pela troca gasosa do
embrião com o ambiente.

Organogênese
A organogênese é o processo pelo qual ocorre a formação dos tecidos e
Placenta
órgãos de um novo organismo a partir dos três folhetos embrionários.
A maioria dos mamíferos se desenvolve no interior do útero materno. Eles
não estão dentro de ovos com casca e não carregam consigo seu alimento ou
uma vesícula para as excretas. Estando dentro do corpo das mães, até a obtenção
de oxigênio seria difícil. Como resolver esses problemas? A resposta a essa
pergunta é: placenta.

A placenta é um órgão formado principalmente a partir de anexos


embrionários e de tecidos maternos derivados do endométrio (camada que
reveste o útero internamente).

O embrião dos mamíferos também fica mergulhado no líquido amniótico,


contido no interior do âmnio (bolsa amniótica), assim como ocorre com os
repteis e as aves. Como o embrião dos mamíferos está conectado ao útero
materno pela placenta, que é rica em vasos sanguíneos,

Anexos embrionários Evolução biológica


Bioenergética I:
A conquista definitiva do ambiente terrestre pelos vertebrados foi possível
devido a fatores como a presença de patas para a locomoção, pele impermeável,
respiração exclusivamente pulmonar e reprodução independente da água.

Especificamente no caso da reprodução, o ovo terrestre ou ovo amniótico


que surgiu nos répteis foi uma estrutura fundamental para o desenvolvimento do fermentação e
embrião em ambiente seco (fora da água) e sem contato com o meio externo.

A formação de um ovo começa pela reprodução com fecundação interna,


isto é, o encontro do espermatozoide com o óvulo ocorre dento do corpo das
respiração
fêmeas e não mais na água, como nos anfíbios. Uma vez fecundado, o ovo
(gema) é envolvido pela clara e recebe a casca, sendo eliminado para o ambiente
onde ocorrerá o desenvolvimento do embrião até seu nascimento (eclosão do Metabolismo e atividade
ovo).

Pensando na estrutura do ovo, podemos formular algumas questões. Como


celular
o embrião consegue se alimentar dentro do ovo? E como obtém oxigênio? Para
onde vão suas excretas? O ovo não desidrata ficando em contato com o ar? Para O metabolismo é o conjunto de reações químicas celulares que possibilitam
responder a todas essas questões, precisamos conhecer e entender as funções dos a vida. As reações metabólicas são classificadas em dois tipos: endergônicas ,
anexos embrionários, estruturas produzidas pelo embrião e utilizadas apenas que necessitam de fornecimento de energia para ocorrer, como acontece na
durante seu desenvolvimento, sendo descartadas ao nascer. fotossíntese; e exergônicas, que liberam no processo energia livre (útil), podendo
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ser utilizada no trabalho celular. A respiração celular é exemplo de uma reação Existem vários tipos de fermentação, que são diferenciadas pelo produto
exergônica. final. Vamos destacar aqui a fermentação lática e alcóolica.

Existem dois processos metabólicos básicos: o anabolismo e o catabolismo.


O anabolismo engloba as reações endergônicas de síntese de material, Fermentação lática
indispensáveis ao funcionamento do organismo e ao crescimento, por exemplo, a
fotossíntese. No catabolismo, temos as reações exergônicas de quebra de Na fermentação lática ocorre a redução do piruvato obtido na glicólise, com
substâncias, que fornecem matéria-prima para a construção celular e energia a formação do lactato (ácido lático). O processo ocorre no citosol e não utiliza
para a atividade celular. A digestão, a fermentação e a respiração celular são oxigênio nas suas reações.
processos do catabolismo.
Algumas bactérias, como os lactobacilos, realizam a fermentação lática.
O metabolismo celular é um processo altamente complexo, que envolve Esse processo é empregado na produção de iogurtes, coalhadas, leite
vários conjuntos de reações relacionadas, constituindo as vias metabólicas. Estas fermentado, vários tipos de queijo, picles e chucrute. As bactérias utilizam os
vias interligam-se e reúnem milhares de reações químicas que possibilitam a dois ATP produzidos na glicólise para manter suas atividades e empregam a
manutenção da atividade celular. fermentação para regenerar o NAD+, necessário à manutenção da glicólise.

Reações do metabolismo Os lactobacilos também são muito importantes para a saúde humana. Eles
fazem parte da flora intestinal e sua atividade auxilia na digestão de algumas
substâncias, como a lactose. Além disso, a atuação dos lactobacilos protege
energético contra a ação de bactérias patogênicas.

Algumas células humanas também realizam a fermentação lática. As


As vias metabólicas energéticas transferem energia de compostos orgânicos hemácias adultas, que não possuem mitocôndrias, obtém o ATP necessário para
para a atividade celular. Isto é realizado por meio de reações de oxirredução, que seu funcionamento pelo processo da glicólise. O piruvato formado reage com o
envolvem ganho ou perda de elétrons. Na célula, esses processos ocorrem por NADH, formando lactato e NAD +. As células musculares também realizam a
ganho ou perda de hidrogênio. Os aceptores de hidrogênio são substancias que fermentação lática, em processos anaeróbicos, como exercícios de velocidade.
participam dessas reações e incluem o NAD+ (Nicotinamida Adenina
Dinucleotideo) e o FAD (Flavina Adenina Dinucleotideo). Esses dois compostos
são transportadores de elétrons e de íons H + liberados em reações celulares,
conduzidos para outras partes da célula e fornecidos a outras moléculas, com
liberação de energia.
Bioenergética II:
Os processos de liberação de energia necessitam de uma molécula com a
capacidade de transferir energia química para uso imediato. A substância que
fotossíntese e
quimiossíntese
tem esse papel na célula é o ATP (trifosfato de adenosina).

O ATP é um nucleotídeo, formado por uma adenina (base nitrogenada),


uma ribose (pentose) e três fosfatos. Quando o ATP perde um fosfato, forma-se
o ADP (difosfato de adenosina) e a reação de hidrolise da ligação do fosfato
libera 8 kcal/mol. Assim, a energia contida nas ligações químicas dos fosfatos
pode ser transferida para os processos celulares. De modo similar, a célula
necessita de energia, obtida da quebra de moléculas orgânicas, para unir um
Origem e diversidade
fosfato inorgânico ao ADP, possibilitando a regeneração do ATP.

O ATP é a moeda energética da célula, transferindo energia das moléculas


da vida
orgânicas para praticamente todos os processos celulares. Ele é uma molécula
simples, que libera energia em uma única reação e pode ser utilizado em
qualquer ponto da célula. O ATP é utilizado por todos os seres vivos como fonte
imediata de energia para as reações metabólicas.
Origem da vida: primeiras
ideias
Glicólise: a quebra inicial da Explicações sobre a origem da vida sempre existiram nas diferentes

glicose culturas humanas. Provavelmente, os grupos iniciais de caçadores-coletores


tinham mitos para explicar a origem do ser humano e dos outros seres vivos,
semelhantes aos mitos que existem entre os índios brasileiros.
A principal molécula orgânica utilizada para o fornecimento de energia é a
glicose, um monossacarídeo de 6 carbonos (C6H12O6). Para liberar a energia A partir de 8000 a.C., o desenvolvimento da agricultura e da pecuária no
contida nas ligações químicas da glicose, a etapa inicial é a glicólise. Neolítico possibilitou o desenvolvimento das primeiras grandes civilizações na
Mesopotâmia, no Egito, na Índia e na China. Todas essas culturas tinham suas
Este processo ocorre citosol. Uma sequência de 10 reações quebra a interpretações sobre a origem dos seres vivos, geralmente relacionadas com
molécula de glicose, com a formação de duas moléculas de 3 carbonos (C 3H4O3), intervenções divinas.
denominadas piruvato (ou ácido pirúvico). Há transferência de hidrogênio, com
a formação de 2 NADH e liberação de energia, que permite a produção de 2 As primeiras explicações para a origem dos seres vivos sem fatores
ATP. sobrenaturais surgiram com os filósofos gregos. Dentre eles, o mais importante
foi Aristóteles (século IV a.C.), para quem as formas mais simples de vida
Os destinos do piruvato e do NADH + vão depender do processo energético surgiam por geração espontânea ou abiogênese.
realizado pela célula. Eles podem ser utilizados no citosol, no processo da
fermentação, ou nas mitocôndrias, possibilitando a respiração celular. Aristóteles propôs a ação de um princípio ativo, ou vital, que existiria na
natureza e atuaria sobre a matéria bruta (tudo aquilo que não é vivo),
transformando-a em um ser vivo. Ele acreditava que muitos insetos vinham da

Fermentação: continuação da terra em putrefação, assim como muitos animais dos quais não se observava a
reprodução sexuada, como estrelas-do-mar, ostras e vermes parasitas.

glicólise por via anaeróbica As ideias de Aristóteles permaneceram entre os gregos e os romanos, que
citavam vários exemplos, como a formação de pulgas a partir da poeira e de
mariscos a partir da areia das praias ou mesmo árvores de cujos frutos nasciam
Para possibilitar a manutenção da glicólise, o NADH formado deve ser carneiros.
reduzido à forma de NAD+, isto é, deve perder os hidrogênios que captou. Uma
das maneiras de isso ocorrer é pela fermentação. O médico e químico belga Van Helmont (1579 – 1644), defensor da
abiogênese, deixou uma receita para conseguir ratos por geração espontânea: em
Na fermentação, a transferência dos hidrogênios do NADH é feita para o uma caixa, colocavam-se uma roupa suja de suor e germe de trigo; após 21 dias,
piruvato (ácido pirúvico), por meio de um conjunto de reações que acontecem no apareceriam filhotes de rato, produzidos por geração espontânea, graças ao
citosol. As reações ocorrem sem o uso de oxigênio, sendo esse, então, um principio ativo contido no suor que estava na roupa.
mecanismo anaeróbico.
Nem todos concordavam com Van Helmont. Em 1668, o médico italiano
A fermentação é realizada principalmente por microrganismos anaeróbicos, Francesco Redi (1626 – 1697) fez uma experiencia definitiva para negar a
que incluem muitas bactérias e fungos unicelulares. Algumas células do nosso
abiogênese. Na época, acreditava-se que a carne em decomposição originava
corpo, como as hemácias e as células musculares, também utilizam a
vermes por geração espontânea. Para verificar se essa afirmação era verdadeira
fermentação como processo metabólico.
ou falsa, Redi fez uma série de observações e experimentos.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Inicialmente, ele verificou que os vermes que surgiam na carne se Essa hipótese não foi aceita por vários motivos: primeiro, porque não é
transformavam em moscas. Assim, ele concluiu que os vermes não passavam de possível a sobrevivência dos esporos nas condições do espaço – temperatura
filhotes de moscas. Mas os defensores da abiogênese afirmavam que isso não próxima do zero absoluto e radiação intensa -; segundo, porque o atrito da
provava nada, pois esses filhotes continuavam a ser formados por geração entrada na atmosfera produz temperaturas de até 6 000 °C; e, por fim, porque
espontânea. essa hipótese não explica a origem da vida, apenas a transfere para outro lugar
no espaço.
Para provar a falsidade da abiogênese, Redi preparou o que se considera um
dos primeiros exemplos de uma experiência científica verdadeira. Ele colocou
carne fresca, de um animal recém-abatido, em três grupos de recipientes. Ele
deixou o primeiro recipiente aberto, de modo que moscas pudessem entrar
livremente. O segundo recipiente foi vedado com pergaminho, que não deixava
passar o ar nem as moscas. Já o terceiro recipiente foi tampado com gaze, que
permitia a passagem do ar (que conteria o princípio ativo), mas impedia a
Ecologia: conceitos e
entrada de moscas.

Após algum tempo, surgiram larvas no frasco aberto, mas nenhuma nos
relações alimentares
fechados, embora a carne tenha apodrecido em todos eles. Assim, eram as

O que é Ecologia?
moscas que produziam as larvas, e não a geração espontânea. Com essa simples
e bem executada experiência, Redi provou que a ideia da abiogênese era
incorreta.
Os seres vivos estão distribuídos por quase toda a Terra, havendo hoje
Mas os defensores da abiogênese ainda não estavam totalmente
poucos lugares onde não são encontrados. Conhecer quantas espécies existem
convencidos. Em 1673, o holandês Anton van Leeuwenhoek (1632 – 1723),
em um ambiente, como elas estão distribuídas e quais relações apresentam entre
usando um microscópio aperfeiçoado por ele, fez as primeiras observações de
si e com o ambiente são os objetivos dos estudos ecológicos.
microrganismos. Ele descreveu e desenhou o que chamava de “animáculos”,
que incluíam bactérias e protozoários. Suas descobertas foram confirmadas por
A Ecologia é uma ciência jovem, nascida na segunda metade do século
outros estudiosos, como o inglês Robert Hooke, o criador do termo célula.
XIX, mas que já contribuiu muito e continua a contribuir com a melhoria das
condições de vida humana e também com a preservação de todas as espécies de
A descoberta dos microrganismos, denominados germes ou micróbios, nosso planeta.
reativou a ideia da abiogênese. Acreditava-se que os germes surgiam pela ação
de um princípio ativo que existiria no ar e em todas as coisas.

Em 1748, o inglês John Needham (1713 – 1781) fez experiências que Fatores abióticos e bióticos
apoiavam a explicação da abiogênese dos germes. Sabendo que o calor
eliminava os germes, ele colocou caldo nutritivo (caldo de carne) em tubos de Os estudos de Ecologia buscam compreender todos os fatores que
ensaio, que foram fechados com rolhas e aquecidos por alguns minutos. Após interferem nos seres vivos. Esses fatores podem ser classificados em dois
esfriar, os frascos foram abertos, e a análise de seu conteúdo mostrou a presença grupos: os abióticos e os bióticos.
de germes. Para Needham, isso era uma prova de geração espontânea dos
micróbios, pois o aquecimento prévio dos frascos teria matado todos os germes Os fatores abióticos fazem parte do meio físico, que é o conjunto de fatores
que já existissem no caldo de carne. sem vida dos ambientes, como temperatura, salinidade, pressão, luminosidade,
pH, água liquida disponível e nutrientes minerais.
O italiano Lazzaro Spallanzani (1729 – 1799) negou as conclusões de
Needham em 1768. Ele refez a experiência, mas vedou mais fortemente os tubos Os fatores bióticos são os seres vivos e as relações que estabelecem entre si,
e os aqueceu intensamente por mais de uma hora; após o resfriamento dos como acontece, por exemplo, na competição entre os seres da mesma espécie ou
frascos, Spallanzani não encontrou nenhum germe. Ele afirmou que Needham de espécies diferentes, que disputam espaço, água liquida, locais de abrigo e
não havia aquecido os tubos por tempo suficiente para matar os micróbios que já alimento, e também na cooperação entre os seres, uns favorecendo os outros,
existiam no caldo. Mas Needham respondeu à acusação de Spallanzani alegando como os insetos que polinizam as espécies vegetais.
que o aquecimento excessivo impedia a ação do princípio ativo no caldo
nutritivo. Embora Spallanzani estivesse certo, a falta de uma prova irrefutável
manteve as ideias sobre a abiogênese vivas por mais algum tempo. Habitat
Em 1862, o francês Louis Pasteur (1822 – 1895) realizou um experimento
que provou, definitivamente, a falsidade da abiogênese. Para demonstrar que o O habitat de uma espécie é o local ou o conjunto de locais onde ela vive.
ar não continha um princípio ativo ou vital, ele idealizou a experiência dos Nele devem estar presentes todos os fatores importantes para a sobrevivência e a
frascos com gargalo em pescoço de cisne. reprodução daquela espécie, como temperatura, luminosidade, salinidade, gases
atmosféricos e pH.
Pasteur colocou sucos nutritivos em frascos com longos gargalos, que
foram ainda mais alongados e afinados (em forma de pescoço de cisne) com o Por exemplo, o habitat de uma espécie de perereca pode ser uma floresta
uso de calor. Em seguida, os frascos foram aquecidos por bastante tempo, a fim úmida e quente, com chuvas regulares o ano todo, onde ela possa viver entre as
de matar os micróbios que já existissem neles. Após o aquecimento, Pasteur os folhas das bromélias, apoiadas nos galhos das árvores altas, aproveitando a água
deixou abertos, permitindo a livre entrada do ar, mas nenhum micróbio acumulada, onde também há insetos, que lhes servem de alimento.
apareceu, mesmo após muitas semanas de exposição.
Enquanto o habitat se refere a uma espécie, o biótipo é o local onde vive
A explicação para os resultados encontrados é a de que o gargalo dos uma comunidade (biocenose).
frascos, em razão de sua forma e seu diâmetro, funcionava como um filtro,
retendo a poeira do ar, na qual estavam suspensos os germes. A inclinação do
frasco, fazendo o conteúdo entrar em contato com a poeira do gargalo, ou a
retirada dele provocava o rápido aparecimento de micróbios nos caldos
Nicho ecológico
nutritivos.
Cada espécie ocupa um nicho ecológico em seu ambiente. Esse nicho
envolve todas as atividades de determinada espécie, por isso se diz que ele
Pasteur destrói completamente a ideia da geração espontânea. A partir dele,
representa o papel que a espécie exerce no ambiente. Nele também estão
os cientistas aceitam o conceito da biogênese, segundo o qual todo ser vivo é
inclusos todos os fatores necessários para a sobrevivência e a reprodução dos
formado a partir de outro ser vivo preexistente.
seres que o ocupam.

Explicações científicas para a O nicho ecológico é, portanto, um conceito muito amplo, que envolve as
atividades que a espécie desempenha para sobreviver e se reproduzir, como
mergulhar para capturar peixes, subir em árvores para comer frutos, crescer
origem da vida apoiado em árvores, sugar o sangue de outros animais. Além disso, o nicho
abrange os fatores ambientais para os quais a espécie está adaptada, como a
faixa de temperatura adequada, a quantidade de água liquida necessária para
A biogênese permite a manutenção da vida na Terra atual, mas não explica sobreviver, os locais para construir seus ninhos, os nutrientes minerais para o
o seu surgimento. A partir do século XIX, foram elaboradas algumas hipóteses desenvolvimento, a luminosidade para a realização de fotossíntese, os locais de
baseadas em observações de fenômenos naturais, análises químicas e estudos abrigo, etc.
sobre as relações entre os organismos, para tentar elucidar a origem da vida.

A panspermia cósmica, proposta pelo médico alemão Hermann Helmholtz


(1821 – 1894) e pelo químico sueco Svante Arrhenius (1859 – 1927), sugere
Princípio da exclusão competitiva
que a vida foi trazida do espaço, por meio de esporos de bactérias lançadas na
terra por meteoros. Essa teoria apoia-se na existência de moléculas orgânicas,
como aminoácidos e hidrocarbonetos, no interior de meteoros encontrados na
superfície terrestre.
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Quando duas espécies passam a viver no mesmo ambiente e apresentam o Os seres vivos necessitam de matéria (átomos) e energia para poder crescer,
mesmo nicho ecológico, ou seja, quando utilizam os mesmos recursos do desenvolver-se, realizar suas atividades metabólicas, locomover-se, gerar calor,
ambiente, como espaço, alimento, nutrientes, luminosidade, água, locais para gerar filhos, produzir flores, renovar pelos, etc.
abrigo ou para construção de ninhos, elas entram numa competição tão acirrada
que uma delas pode ser levada à extinção. Esse principio é conhecido como A matéria entra inicialmente nas cadeias alimentares pela absorção
principio de Gause ou princípio da exclusão competitiva. realizada pelos produtores, que captam gás carbônico do ar e água e íons do
solo. Por meio da fotossíntese produz-se o açúcar, com o qual é possível
Esse fenômeno foi demonstrado pelo ecólogo russo Gause. Em um produzir outras substâncias como cera, óleo e também polissacarídeos, como
laboratório, ele colocou duas espécies de protozoários do gênero Paramecium celulose e amido.
em um mesmo tubo de vidro, no qual havia aveia e fungos do tipo levedura.
Os íons participam de diversas funções, como fazer parte da produção de
Como as duas espécies de Paramecium se alimentavam daquelas substâncias como ATP, fosfolipídeos ou ficam no citoplasma.
leveduras, houve intensa competição, até que uma delas foi extinta do tubo.
Ao fazer parte dos corpos dos produtores, a matéria pode ser utilizada como
Em situações naturais, a extinção pode realmente ocorrer, mas há também alimento pelos consumidores primários, que assim que conseguem os átomos e
outras possibilidades para a espécie em desvantagem competitiva, pois ela pode as moléculas importantes para seus organismos. Os consumidores secundários se
migrar para outros ambientes ou até mesmo modificar seu nicho ecológico, alimentam dos primários e obtêm a matéria necessária; o mesmo ocorre com os
passando a explorar outros recursos ambientais. outros níveis de consumidores.

População é o conjunto de seres da mesma espécie em um ambiente em certo Os decompositores secretam enzimas digestivas e digerem a matéria
tempo orgânica em pequenas moléculas, que são absorvíveis, como aminoácidos,
glicose, ácidos graxos e glicerol. Essas substâncias são utilizadas na fermentação
e na respiração aeróbia de fungos e bactérias. Assim, eles transformam a matéria
Biodiversidade orgânica em inorgânica, pois liberam CO2, H2O, NH3 e também grande
quantidade de íons, como Ca2+, Mg2+, PO3-4, Fe2+, que pode ser novamente
absorvida pelos produtores, havendo assim a reciclagem da matéria.
Biodiversidade é toda variedade de vida de certo local , o que inclui todas as
espécies de seres vivos e sua riqueza genética.

A biodiversidade de uma floresta, por exemplo, abrange todas as espécies


Fluxo de energia
de seres vivos encontradas nele, como bactérias, fungos, algas, plantas, animais,
vírus, e também todo o patrimônio genético do conjunto desses seres. A energia entra na cadeia alimentar principalmente por meio da fotossíntese
que consegue utilizar parte da energia luminosa que incide sobre as folhas para
A preservação da biodiversidade garante a continuidade dos ecossistemas, produzir glicose, que é utilizada para a produção de outras substâncias orgânicas
pois eles são formados pelos seres vivos e todas as relações destes entre si e com dos produtores, como é o caso da celulose, do óleo e do amido.
o meio físico (fatores abióticos).
A fotossíntese transforma energia luminosa em energia química, armazenada na
É o que acontece em uma floresta: as raízes das árvores retêm o solo, glicose
evitando assim a lixiviação e a erosão; as árvores oferecem sombras, o que
mantém o solo e a atmosfera frescos e úmidos, proporcionando com isso um Como os produtores precisam produzir ATP, eles utilizam uma parte das
microclima na zona que fica abaixo de suas copas bem diferente daquele acima moléculas de glicose produzidas na respiração celular, e o restante é utilizado no
delas. crescimento do organismo.

A decomposição realizada por fungos e bactérias disponibiliza nutrientes A fotossíntese transforma a energia luminosa em energia química
para os vegetais, que os absorvem para crescer. A fotossíntese libera oxigênio
para a atmosfera e produz alimento orgânico, rico em energia, consumido A energia química armazenada nas moléculas orgânicas do corpo dos
também por outros seres. A urina e as fezes dos animais contribuem para a produtores segue para os consumidores primários quando eles se alimentam.
adubação do solo, que devolve os nutrientes minerais para as plantas. Porém, uma parte do alimento vegetal não é digerida e acaba sendo perdida para
o ambiente por meio das fezes.

Cadeias alimentares A maior parte do alimento orgânico ingerido pelos consumidores primários
é utilizada na respiração celular para produzir moléculas de ATP. Contudo,
grande parte da energia é perdida na forma de calor durante a respiração celular,
As relações alimentares de um ecossistema podem ser representadas em e o calor sai dos seres vivos e segue para o ambiente.
uma sequência linear chamada de cadeia alimentar, na qual cada espécie ocupa
um nível de alimentação, o nível trófico. As substâncias orgânicas que não foram utilizadas para a produção de ATP
servem para a produção de moléculas ricas em energia química, que fazem parte
Produtor: neste nível ficam os seres autótrofos, que podem ser os vegetais, as do corpo dos consumidores primários, como as proteínas, as gorduras e os
algas, as cianobactérias e também as bactérias quimiossintetizantes. ácidos nucleicos. Contudo, essa energia corresponde a uma pequena parte da
energia total que estava no alimento ingerido.
Consumidor: é todo ser heterótrofo, que se alimenta do produtor ou de outro
consumidor. Como em uma cadeia alimentar há alguns níveis de consumidores, Somente uma pequena parte da energia que um animal obteve no alimento é
eles se apresentam em uma sequência em ordem crescente. utilizada na construção de seu corpo

Detritívoro: é o consumidor que se alimenta de restos orgânicos, como pelos, O mesmo processo de perda de energia na forma de calor acontece em
folhas, galhos, epiderme de cobras e lagartos, restos alimentares de carnívoros e todos os outros níveis tróficos, assim como o armazenamento de uma pequena
excrementos. parte de energia. Sendo assim, a energia que estava nos produtores flui ao longo
da cadeia alimentar e vai sendo perdida para o ambiente como calor.
Decompositor: este nível é composto principalmente de bactérias e fungos. Eles
transformam matéria orgânica em inorgânica. No inicio da decomposição, eles Os decompositores também utilizam a energia proveniente dos restos
secretam enzimas digestivas e, depois, absorvem pequenas moléculas orgânicas orgânicos presentes nas folhas, nos galhos e nas flores que caem, nos pelos que
para realizar a fermentação ou a respiração aeróbia. No final do processo, são os animais soltam, nas fezes e no corpo dos animais quando morrem, além disso,
liberados no ambiente pequenas substâncias orgânicas, como CO 2, H2O, NH3, também liberam energia na forma de calor para o ambiente.
Ca2+ e Mg2+.
Dessa maneira, toda a energia que estava armazenada nos produtores volta
Observação: muitos biólogos consideram os decompositores parte do grupo para o ambiente, principalmente como calor, e não pode mais ser absorvida por
dos detritívoros também. eles em razão de a fotossíntese absorver luz, e não calor, para produzir glicose.

Em cadeias alimentares aquáticas, os seres do fitoplâncton, as algas e as


cianobactérias, são os produtores. Os consumidores primários são pequenos
animais do zooplâncton.
A energia limita as cadeias
alimentares
Teias alimentares Como os seres vivos precisam de energia para viver, todos os níveis
tróficos dependem dos produtores, pois eles absorvem a energia luminosa e a
As teias alimentares são representações mais realistas das relações utilizam para a produção de glicose, que é rica em energia.
alimentares nos ecossistemas, pois elas demonstram todas essas relações de cada
espécie, que podem então apresentar mais de um nível trófico. A energia armazenada nas plantas é transferida ao longo da cadeia
alimentar e vai sendo perdida para o ambiente; com isso, é muito pouca a

Ciclo da matéria energia que chega de uma planta aos consumidores terciários ou quaternários,
não havendo, portanto, energia para sustentar mais um nível trófico.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Pirâmides ecológicas Ecologia: ciclos


biogeoquímicos
As relações entre os níveis tróficos podem ser representadas por pirâmides
ecológicas, que facilitam a compreensão dos fenômenos típicos dessas relações.

Na estrutura das pirâmides, os produtores ficam na base e, em seguida, vem

A importância dos elementos


a sequência de consumidores.

Pirâmide de números
químicos
A pirâmide de números indica quantos indivíduos de cada nível trófico
existem em determinada região. Seu formato é muito variável de acordo com as Os elementos químicos como carbono, nitrogênio e fosforo são
comunidades que representa. fundamentais para os seres vivos. Eles se encontram no solo, dissolvidos na água
ou na atmosfera e podem ser absorvidos pelos seres vivos e assim utilizados em
Em uma comunidade de campo, por exemplo, existem mais plantas de seu metabolismo. Mas, além de incorporar os elementos químicos, os seres vivos
capim do que grilos, e o número de sapos é menor do que o de grilos, e o de também podem liberá-los de seu corpo para o ambiente.
gaviões é menor que o de sapos.
A respiração celular, por exemplo, é uma atividade biológica que libera, na

Pirâmide de números invertida molécula de gás carbônico, átomos de carbono e oxigênio para o ambiente, mas
é a decomposição feita por bactérias e fungos a principal atividade biológica que
promove o retorno dos elementos químicos para o ar, para o solo e para os meios
Nas comunidades em que os produtores são muito grandes, como nas aquáticos.
árvores, a pirâmide de números tem a base estreita. Nessas comunidades
costuma haver maior quantidade de consumidores do que de produtores. Os ciclos biogeoquímicos são ciclos da matéria nos ecossistemas que envolvem
fenômenos biológicos, geológicos e químicos.

Pirâmide de biomassa
A pirâmide de biomassa apresenta a quantidade de massa seca presente em
Ciclo da água
cada um dos níveis tróficos por metro quadrado. A massa seca corresponde a
biomassa, porque é constituída de moléculas orgânicas produzidas pelos seres Este é o mais simples dos ciclos biogeoquímicos, porque, embora seja
vivos, como as proteínas, as gorduras, os ácidos nucleicos e os carboidratos. fundamental à vida, a água não sofre transformações químicas nos seres vivos.

Podemos dividir o ciclo da água em dois:


Pirâmide de biomassa invertida
1. No pequeno ciclo da água, não há participação dos seres
Em ambientes aquáticos, é comum a biomassa do fitoplâncton ser menor do vivos. A água evapora e depois precipita como chuva ou
que a do zooplâncton. Isso se explica pelo fato de o fitoplâncton ser formado por neve, que pode evaporar novamente.
minúsculas algas e cianobactérias fotossintetizantes, que se reproduzem muito 2. No grande ciclo há a participação dos seres vivos.
rapidamente e assim conseguem manter suas populações e sustentar as de
zooplâncton. Nos ambientes terrestres, as raízes das plantas absorvem água, que vai fazer
parte de seu organismo ou sair por transpiração foliar. A maior parte da água que
entra em uma planta é perdida para a atmosfera; a parte que permanece fica no
Pirâmide de energia citoplasma ou participa da fotossíntese e de outros processos metabólicos.

A pirâmide de energia é a que melhor representa as relações alimentares de O processo de fotossíntese utiliza os átomos de hidrogênio da água para a
uma comunidade. Seu formato nunca é invertido. Cada nível da pirâmide produção de glicose, que é utilizada posteriormente para a produção das outras
representa a energia presente nos seres do nível trófico representado. Os valores substâncias orgânicas das plantas, como celulose, amido, óleo e aminoácidos.
indicam a quantidade de energia que cada nível trófico acumulou nas substâncias
orgânicas que produziu utilizando a energia fornecida pelo nível trófico anterior. Os animais adquirem água ao bebê-la diretamente de rios, lagos, poças,
nascentes ou até mesmo da água acumulada nas bromélias. Quando se
Percebe-se facilmente que a eficiência no processo de transferência de alimentam de vegetais ou de outros seres vivos, eles também estão ingerindo
energia de um nível trófico para outro é muito baixa. Na natureza, é comum a água, pois a maior parte dos organismos é constituída de água.
eficiência ser de 5% a 20%, isto é, somente essa pequena percentagem de
energia do alimento é utilizada para a produção de novas substancias orgânicas. A água volta dos animais para o meio externo por meio da transpiração, da
Portanto, de 80% a 95% da energia de um nível trófico é perdida para o excreção e da defecação. A decomposição dos restos orgânicos também devolve
ambiente na forma de calor. água ao ambiente.

Tanto animais quanto vegetais e algas produzem gás carbônico na


Ciclo do carbono respiração celular, o que é então liberado para o meio externo.

Fungos e bactérias decompositores também utilizam carbono obtido na

O carbono nos seres vivos alimentação, durante a decomposição, para a construção de suas células, mas
liberam a maior parte dele como gás carbônico porque também realizam
respiração celular.
O átomo de carbono é um dos principais ingredientes das moléculas dos
seres vivos, pois faz parte de sias moléculas orgânicas, como DNA, RNA, Parte da matéria orgânica dos organismos não foi totalmente decomposta,
proteínas, ácidos nucleicos, lipídios e carboidratos. sendo transformada, ao longo de milhões de anos, em petróleo, gás e carvão
mineral em depósitos muito profundos. Porem, com sua intensa utilização como
fonte de energia, houve a elevação da concentração de gás carbônico na
O carbono nos meios físicos atmosfera de 0,029%, há cem anos, para 0,04% atualmente, o que corresponde a
um aumento de 40%.
Nos meios físicos, o carbono é encontrado de diversas maneiras. Seja no
solo, no ar ou nos meios aquáticos, ele se apresenta ligado a outras substâncias, A queima das árvores também contribuiu para esse aumento, tornando-se
participando de moléculas orgânicas parcialmente decompostas do húmus, nas necessária a recuperação das áreas nativas para que, com o crescimento de novas
moléculas de gás carbônico, de monóxido de carbono, de metano, nas rochas árvores, grande parte do gás carbônico fosse absorvida da atmosfera pela
calcárias (CaCO3) e na forma iônica de carbonatos. fotossíntese e os átomos de carbono, incorporados, fenômeno chamado de
sequestro de carbono.

Ciclo do carbono (C) O sequestro de carbono é a fixação de carbono da atmosfera pelas plantas
durante o seu desenvolvimento. Para essa finalidade, o reflorestamento é uma
pratica que deve ser estimulada.
Os átomos de carbono são incorporados pelos autótrofos como algas,
cianobactérias e plantas por meio da fotossíntese, que absorve gás carbônico da Grande parte do gás carbônico liberado da queima de combustíveis fosseis
atmosfera para produzir glicose com a qual podem então produzir as outras até hoje foi absorvida pelos meios aquáticos, o que formou o ácido carbônico,
substâncias orgânicas de seus organismos. prejudicando assim a vida nesses ambientes. Os seres que têm exoesqueleto
calcário, como corais, mariscos e caramujos, foram os mais prejudicados, pois o
Os animais obtêm carbono por meio da alimentação. meio ácido corrói o exoesqueleto.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

As bactérias fixadoras de nitrogênio são encontradas livremente no solo,


Aquecimento global mas também existem espécies que vivem dentro das raízes de plantas
leguminosas, como a soja, o feijão e o amendoim.

O clima é controlado pela atmosfera A amônia no solo pode ser absorvida por bactérias que a utilizam no
metabolismo e liberam para o ambiente nitrito (NO 2-), que é absorvido por outras
bactérias produtoras de nitrato (NO 3-). Esse processo todo é chamado de
A influência do calor que vem do interior da Terra sobre as temperaturas
nitrificação.
que encontramos na superfície é pequena quando comparada à do Sol.

O nitrato (NO 3-) liberado no solo é utilizado por algumas bactérias, que
A radiação solar aquece a superfície, e esta emite ondas de calor – radiação
acabam liberando N2 para a atmosfera, em um processo chamado de
infravermelha –, que são, em boa parte, absorvidas por gases da atmosfera e
desnitrificação ou denitrificação, fechando assim o ciclo.
pelo vapor de água. Os gases da atmosfera e o vapor de água emitem de volta
para a superfície grande parte desse calor, enquanto outra segue para o Espaço
A fixação biológica produz 170 milhões de toneladas de amônia anualmente em
sideral.
todo o planeta
Pelo fato de o vapor de água, e principalmente o gás carbônico, e depois o
A nitrificação é feita em duas etapas por espécies diferentes de bactérias.
metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) emitirem de volta o calor para a superfície
terrestre, essas substâncias são consideradas geradoras do efeito estufa, uma vez
que atuam como o vidro de uma estufa de plantas, que também mantém o calor O nitrito e o nitrato são produzidos por bactérias realizadoras de
dentro dela. quimiossíntese.

Em razão dos gases estufa, as temperaturas de nosso planeta têm sido Outra maneira de produção natural de amônia acontece na atmosfera, com a
favoráveis à vida. Caso não existissem esses gases, como o gás carbônico e o combinação de nitrogênio gasosos, oxigênio e descargas elétricas, processo
metano, teríamos um planeta muito frio. chamado de fixação atmosférica, ou fixação elétrica, que é responsável pela
produção de 20 milhões de toneladas anuais de nitrato por toda a Terra.
As nuvens dificultam a passagem de luz solar para a superfície terrestre, e
as poeiras, mais o óxido de enxofre (SO 2) emitido por vulcões e principalmente
pela queima de combustíveis fosseis, refletem a luz solar de volta para o espaço, Adubação verde
agindo assim na direção contraria dos gases estufa, chamado por alguns
cientistas de efeito guarda-sol. A produção de nitrato pela indústria tem um custo muito alto, o que
encarece a produção de alimentos. Visando reduzir esses custos, ou até mesmo
como medida para a regeneração de solos degradados, emprega-se o plantio de
A interferência humana leguminosas, coo feijão, soja e amendoim, pois essas plantas abrigam bactérias
fixadoras de nitrogênio em suas raízes.
As atividades humanas foram responsáveis pelas alterações drásticas da
composição da atmosfera terrestre nos últimos séculos. Os estudos permitiram, As bactérias fixadoras das raízes absorvem o gás nitrogênio do ar, que entra
por exemplo, determinar variações da concentração de gases estufa do passado, no solo por entre os grãos de terra, e produzem amônia. Que é fornecida às
especialmente a partir da Revolução Industrial. Desde o inicio dessa revolução, plantas, que, por sua vez, fornecem alimento orgânico, açúcar, às bactérias.
investigadores franceses detectaram um aumento de 25% na concentração de
CO2 e de 100% na concentração de CH4. Essa associação com bactérias proporciona às leguminosas uma grande
vantagem nutritiva e explica por que elas possuem elevado valor proteico.

A liberação de CO2 Após a colheita dos grãos, as plantas morrem e permanecem no solo.
Forma-se então a palhada, que sofre decomposição, um processo liberador de
amônia para o solo, onde vivem bactérias nitrificantes que a utilizam para a
A imensa quantidade de gás carbônico liberado pela queima de produção de nitrato, um dos mais importantes nutrientes minerais dos vegetais.
combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial é a responsável pelo
acréscimo desse gás na atmosfera. Outros fatores também colaboraram, como a
Dessa maneira, o solo fica mais rico em nitrato, o que favorece o
queima de florestas, que tinham milhões de toneladas de carbono em seus
desenvolvimento de outras culturas que não são leguminosas, como a da cana-
organismos e matéria orgânica do solo. Além disso, a ausência das florestas
de-açúcar, do milho, do trigo e das hortaliças.
acarretou a queda da taxa de fotossíntese, processo responsável pela captação de
gás carbônico da atmosfera.
Plantas carnívoras
A liberação de metano – CH4 Plantas carnívoras crescem em solos com pouco nitrogênio, onde as
bactérias fixadoras e nitrificantes não encontram condições favoráveis ao
A queima de florestas, de restos de agricultura e a decomposição
desenvolvimento, como solos lamacentos ou muito rasos. Elas digerem insetos
anaeróbica liberam metano.
em suas folhas e, assim, obtêm compostos nitrogenados como aminoácidos e
bases nitrogenadas para produzir proteínas, ácidos nucleicos e ATP.
As bactérias decompositoras anaeróbias, bactérias fermentadoras, são
bastante comuns nos solos das florestas, nas plantações de arroz de solos
alagados, em fundo de lagos e oceanos, lixões, aterros sanitários, esgoto e no
tubo digestório dos animais. Eutrofização
As bactérias que liberam metano na verdade são as metanogênicas, que utilizam Eutrofização é o processo no qual os ambientes aquáticos recebem muitos
substâncias liberadas pelas bactérias fermentadoras. No entanto, é usual afirmar nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênios, que favorecem a reprodução
que a decomposição anaeróbia libera metano. excessiva do fitoplâncton.

Hoje, existem imensos depósitos de metano no fundo do mar e também na Em consequência do grande crescimento das populações de algas e
região do permafrost. Se a temperatura ambiente aumentar de modo cianobactérias, a luz atinge somente as camadas superiores desses ambientes.
significativo, o metano dos dois ambientes poderá sair desses depósitos e chegar Isso acaba levando à morte grande parte do fitoplâncton por falta de fotossíntese
à atmosfera, causando um grave problema para toda a vida na Terra. e, consequentemente, à queda da concentração de oxigênio dissolvido na água, e
os seres aeróbios, como os peixes, morrem.

Ciclo do nitrogênio Outro fator que contribui para a queda dos níveis de oxigênio é a ação das
bactérias aeróbias, que consomem os restos orgânicos de algas, animais mortos
e, nos ambientes poluídos, do esgoto orgânico também.
Os átomos de nitrogênio participam da produção de aminoácidos, que
compõem as proteínas e também das bases nitrogenadas, as quais fazem parte
Na falta de oxigênio e com a presença de restos orgânicos na água, as
das moléculas de DNA, RNA e ATP.
bactérias anaeróbias se proliferam e acabam liberando gás sulfídrico, que causa
intenso mau cheiro.
A maior parte desses átomos está nas moléculas do gás nitrogênio (N 2), que
correspondem a 79% da atmosfera. Mas, embora seja muito abundante, raros são
Além disso, os processos anaeróbios produzem substâncias utilizadas pelas
os seres vivos que conseguem reagir com esse gás e produzir amônia (NH 3), que
bactérias metanogênicas, que acabam produzindo grandes quantidades de
é uma substância utilizada na produção de aminoácidos e bases nitrogenadas.
metano, que é um dos gases responsáveis pelo agravamento do aquecimento
global.
A produção de amônia (NH 3), a partir do N 2, é um processo de fixação
biológica realizado por bactérias, entre elas as cianobactérias, que utilizam a
amônia para produzir aminoácidos e bases nitrogenadas.
Zonas mortas oceânicas
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

A eutrofização também acontece no mar, quando grandes quantidades de


nutrientes, como nitrogênio e fósforo, escoam para os rios e depois para o
oceano, provocando a proliferação do fitoplâncton (florações de algas),
geralmente durante o verão. As algas que morrem são decompostas por bactérias
Protozoários e
que esgotam o oxigênio na água.

Sem ter como respirar, ostras, mexilhões, corais, estrelas-do-mar e outros


protozoonoses
animais marinhos que não conseguem se deslocar morrem. Essa situação vai

A primeira lei de
perdurar até que as fontes dos nutrientes, como o esgoto, sejam interrompidas e
os ecossistemas se recuperem.

Maré vermelha Mendel


A maré vermelha é um fenômeno no qual as microalgas dinoflageladas

Grupos sanguíneos
se reproduzem exageradamente em razão da presença de grandes quantidades de
nutrientes inorgânicos no ambiente aquático. Embora o nome seja maré
vermelha, algumas espécies são amarelas.

A proliferação de algas é conhecida como “floração das águas”.

O aumento da presença de nutrientes pode ser uma consequência de fatores


naturais, como, após as chuvas, a chegada de sais minerais com a água dos rios
Cromossomos sexuais e
que desembocam no mar. No entanto, esse aumento também pode ocorrer por
causa da decomposição do esgoto. a herança de seus genes
A quantidade de microalgas é tão grande que as brânquias dos peixes são

A segunda lei de
prejudicadas, o que os leva à morte por falta da oxigenação adequada do sangue.
Além disso, a passagem de luz é prejudicada, afetando assim outras espécies de
algas, que reduzem sua taxa fotossintética e acabam liberando menos oxigênio
no meio aquático.

Os dinoflagelados também podem produzir algumas toxinas que matam


peixes e outros organismos marinhos.
Mendel
Moluscos como as ostras são filtradores, isto é, eles se alimentam de seres
muito pequenos, como as microalgas, e podem intoxicar os animais que deles se
alimentam, como o próprio ser humano. Daí o motivo de o consumo de ostras
Linkage e mapas
genéticos
ser proibido quando ocorre a maré vermelha.

Em razão de sua ação neurotóxica, essas toxinas podem causar vômitos,


diarreia, calafrios, dormência dos membros, descontrole da musculatura,
tonturas, dificuldade para respirar e paralisia, podendo ser até fatais para as
pessoas.

Evite a praia: as toxinas podem ser levadas para o ar através dos respingos
Genética de populações
das ondas e do vento, causando ardor e secura nos olhos, tosse, irritações na pele
e dificuldade de respirar. Esses sintomas desaparecem em poucos dias e não são
perigosos.
Introdução
A Genética de populações estuda os princípios genéticos aplicados a

Dinâmica de populações inteiras de seres vivos. Por meio de modelos matemáticos, ela
analisa os fatores associados às mudanças evolutivas que ocorrem nas espécies
ao longo do tempo.

comunidades e de As aplicações práticas da Genética de populações incluem o


aconselhamento genético de pacientes com alterações hereditárias; a

populações
interpretação de levantamentos populacionais de portadores de genes de doenças
como diabete, esquizofrenia e vários tipos de câncer; estudos para aumentar o
desempenho de plantas cultivadas e animais domesticados; análise de genes e
genomas de espécies diferentes para estabelecer relações evolutivas.

Poluição Para atingir seus objetivos, a Genética de populações estuda o


comportamento dos genes nas populações naturais, investigando a ação dos
mecanismos que alteram a composição genética das populações. Esses
mecanismos são denominados fatores evolutivos.

Vírus Fatores evolutivos


Reino Monera O processo evolutivo decorre da descendência com modificações que
ocorre em todas as espécies, ao longo do tempo. As espécies transmitem seus
genes de uma geração para outra; as modificações evolutivas são decorrentes de
alterações nas frequências gênicas.

Bactérias: diversidade Os mecanismos que provocam mudanças na frequência dos alelos de uma
população são denominados fatores evolutivos e incluem mutações, seleção

biológica natural, fluxo gênico provocado por migrações e a deriva genética.

Mutações
Reino Fungi As mutações são modificações espontâneas do material genético, que
podem alterar os genes e introduzir novas variantes genéticas na população. A
mutação é a base primaria da variabilidade, ao aumentar o número de alelos

Algas
disponíveis. Isso, associado à recombinação genética da meiose, possibilita um
incremento da variabilidade.

Seleção natural
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Enquanto mutação e recombinação são fontes de variação, a seleção natural Vamos admitir uma população sexuada em equilíbrio, na qual as
é um mecanismo que age sobre as variações já existentes. A seleção natural é o frequências dos alelos A (p) e a (q) são iguais em machos e em fêmeas.
conjunto de situações do meio que atuam sobre a populações, visando o processo Considerando cruzamentos ao acaso, a chance de um zigoto ser formado por um
de adaptação da população. óvulo A (p) e por um espermatozoide A (p) é igual a p X p = p². a chance de
ocorrer um encontro entre um óvulo a (q) e um espermatozoide a (q) é igual a q
Um exemplo da ação da seleção natural é o melanismo industrial. A X q = q². A chance de formar um genótipo Aa depende de dois eventos
diferente ação da seleção sobre as mariposas, em ambientes rurais sem poluição diferentes: o encontro de um óvulo A (p) com um espermatozoide a (q), com p X
do ar e ambientes urbanos poluídos, altera a frequência dos alelos relacionados q = pq, ou o encontro de um óculo a (q) com um espermatozoide A (p), com p X
com a coloração das asas. q = pq.

Desse modo, temos o cálculo da frequência de genótipos assim


Fluxo gênico (migrações) estabelecido:

As migrações de indivíduos entre diferentes populações provocam um fluxo F (AA) = p² F (Aa) = 2pq F (aa) = q²
gênico, que pode alterar a frequência genotípica pela transferência de alelos
entre as populações. A imigração pode aumentar o conjunto de alelos de uma Isso corresponde à expansão do binômio de Newton  (p + q = 1)² ou p² +
população, enquanto a emigração pode reduzi-lo. 2pq + q² = 1.

Examinando a população em relação aos alelos A e a estudados, a


Deriva genética observação dos indivíduos dominantes não é suficiente para determinar a
frequência do alelo A; não podemos distinguir o homozigoto AA do
heterozigoto Aa, pois têm o mesmo fenótipo.
A deriva ou oscilação genética (genetic drift) corresponde a alterações da
frequência alélica em virtude de eventos casuais. A deriva ocorre em todas as
populações, mas seus efeitos são muito mais intensos em populações pequenas e Mas a contagem dos indivíduos recessivos (aa) é útil, porque fornece o
isoladas, como aquelas que vivem em ilhas. valor de q². o valor de q é
√ q ² , e a partir dele determinamos o valor de p,
pois p + q = 1.
Em populações grandes, pode ocorrer a deriva genética quando apenas um
pequeno número de indivíduos se reproduz a cada geração. A frequência alélica

Noções de taxonomia e
desses indivíduos em conjunto pode ser diferente da população total, de modo
que a frequência alélica na nova geração pode divergir da população inicial. Um
exemplo é o que ocorre com populações de elefantes-marinhos, nas quais um
número muito reduzido de machos é responsável pela fertilização de todas as
fêmeas.
nomenclatura
Equilíbrio de Hardy- A classificação biológica é um sistema usado para organizar todas as
formas de vida existentes no planeta, tanto macroscópicas (visíveis a olho nu)

Weinberg como microscópicas (visíveis apenas ao microscópio)

Em 1908, o matemático inglês G. H. Hardy e o médico alemão W.


Weinberg publicaram trabalhos semelhantes de forma independente, que são
Taxonomia e classificação
considerados o início dos estudos de genética de populações.
biológica
Hardy e Weinberg propuseram que, na ausência de fatores evolutivos, a
frequência de alelos e genótipos de uma população que se reproduz sexualmente No nosso planeta, há uma infinidade de formas de vida já conhecidas e
permanece em equilíbrio, ficando constante e invariável de uma geração para classificadas pelos cientistas. No entanto, estima-se que a quantidade de espécies
outra. As condições para estabelecer o equilíbrio são: não descobertas seja ainda maior do que a de espécies conhecidas.

 População grande; Para facilitar o estudo dessa enorme diversidade de seres vivos, a Biologia
 Cruzamentos ao acaso (panmixia); utiliza um método de agrupamento (sistemática ou taxonomia) e nomenclatura
 Sem a ocorrência de mutações, seleção, fluxo gênico ou deriva. (classificação biológica). Assim, os organismos são agrupados de acordo com
suas semelhanças morfológicas, anatômicas e genéticas, possibilitando maior
Uma população em equilíbrio de Hardy-Weinberg não altera suas compreensão de sua origem evolutiva e de seus graus de parentesco.
frequências alélicas de uma geração para outra e, assim, não está evoluindo. É
claro que isso é uma situação teórica, que não ocorre na natureza. Entretanto, a A unidade dessa classificação é a espécie. Há diferentes maneiras de definir
evolução é um processo muito lento, que ocorre ao longo de milhares de anos. espécie, mas, por conveniência didática, utilizaremos a definição que leva em
conta a possibilidade reprodutiva entre os seus componentes.
Podemos medir, por amostragem, a frequência alélica de uma população
para determinada característica hereditária e admitir que, no momento da coleta Desse modo, espécie é um conjunto de organismos que podem se
de daos, a população estava em equilíbrio. Se medidas posteriores da frequência intercruzar livremente e gerar descendentes férteis.
alélica, coletadas do mesmo modo, mostrarem dados diferentes da coleta inicial,
podemos admitir que essa população está sob a ação de fatores evolutivos. Em 1735, o botânico sueco Carl von Linné (Lineu, 1707-1778) publicou o
livro Systema Naturae, no qual propôs o agrupamento das espécies em
Desse modo, a análise do equilíbrio de Hardy- Weinberg é uma ferramenta categorias, hoje chamadas de táxons, que apresentavam uma hierarquia. Os
importante no estudo dos mecanismos evolutivos. vários tipos de seres vivos eram divididos em dois grandes reinos: o Reino
animal e o Reino vegetal, que continham grupos cada vez menores até chegar à

Cálculo da frequência alélica espécie, ou seja, um reino era formado por um conjunto de classes, cada classe
era constituída de um conjunto de ordens, que por sua vez eram conjuntos de
gêneros, que reuniam um conjunto de espécies. Além disso, cada espécie recebia
Considerando um par de alelos autossômicos A e a, vamos estabelecer a um nome em latim, seguindo critérios bem definidos.
frequência do alelo A como um valor p e a frequência do alelo a como um valor
q. Nessa classificação, o critério para formar as várias categorias eram as
semelhanças anatômicas, pois as espécies eram consideradas imutáveis, ou seja,
F(A) = P F(a) = q tinham as mesmas características desde o seu surgimento e assim
permaneceriam sempre. Esse conceito de imutabilidade das espécies é chamado
A soma das frequências de A e a representa 100% desses alelos na de fixismo.
população. Assim, temos:
Com a descoberta de milhares de novas formas de vida, muitas delas
p+q=1 microscópicas e, principalmente, com o surgimento da Teoria da Evolução no
século XIX, houve uma mudança na compreensão das semelhanças entre as
Mas esses dados não podem ser obtidos pelo estudo direto da população, espécies e nos critérios de classificação dos seres vivos.
pois não podemos ver os alelos no interior das células. Observamos os fenótipos
(dominante ou recessivo) e daí depreendemos os genótipos (A_ ou aa). Assim, Hoje, as semelhanças utilizadas para o agrupamento das espécies incluem,
devemos calcular a frequência dos genótipos na população. além da anatomia, aspectos fisiológicos, embriológicos, bioquímicos e
ecológicos, que permitem estabelecer maior ou menor proximidade evolutiva
entre os componentes das categorias taxonômicas ou táxons. Desse modo, os
Cálculo da frequência de grupos formados pela classificação biológica procuram refletir as origens
evolutivas dos seres vivos.

genótipos
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

O próprio sistema de classificação pode se tornar limitado, exigindo a Os seres autótrofos são capazes de produzir o próprio alimento orgânico a
criação de novas categorias taxonômicas para acomodar os seres vivos. Foi partir de substancias inorgânicas retiradas diretamente do meio ambiente. Esse
assim que surgiram as categorias de filo e família, acrescentadas aos grupos processo ocorre, principalmente, por meio da fotossíntese, realizada por plantas,
iniciais criados por Lineu. algas e várias espécies de bactérias, como as cianobactérias.

A classificação biológica é, portanto, um ramo em constante mudança, Os heterótrofos são os seres vivos que não produzem o próprio alimento
principalmente a partir da utilização das semelhanças bioquímicas (DNA, RNA orgânico e precisam obtê-lo a partir de outros organismos, por meio da
e proteínas) dos organismos como critério de classificação. alimentação, como ocorre nas cadeias alimentares. São heterótrofos os animais,
os protozoários, os fungos e muitas espécies de bactérias.
Observe a seguir a sequência das categorias taxonômicas:

Obtenção dos nutrientes pelos


heterótrofos
Reino  Filo  Classe  Ordem  Família  Gênero  Espécie
Os heterótrofos podem obter alimento englobando partículas alimentares
Quanto maior o grau de semelhanças evolutivas entre diferentes espécies, em um processo denominado fagocitose, ingerindo os alimentos ou por meio da
maior é o número de categorias taxonômicas entre elas. absorção direta. Em todos esses casos, o alimento deve ser digerido, ou seja, as
moléculas orgânicas grandes devem ser quebradas em moléculas menores para
que possam ser absorvidas pelas membranas biológicas. Para isso, há
Critérios gerais de participação das enzimas digestivas que atuam promovendo as reações de
digestão.

classificação A digestão pode ser intracelular ou extracelular intracorpórea ou


extracorpórea.

As características fundamentais dos seres vivos são utilizadas como critério


Digestão intracelular: ocorre no interior dos vacúolos digestivos nos organismos
geral para a classificação em reinos.
que englobam o alimento (fagocitose). Nesses vacúolos ocorrem a digestão e a
absorção dos nutrientes. Esse tipo de digestão acontece, por exemplo, nos

Tipo de célula protozoários e nas esponjas.

Digestão extracelular e intracorpórea: ocorre na cavidade digestória ou tubo


Os seres vivos podem ser formados por dois tipos básicos de células: digestório. Em seguida, os nutrientes são encaminhados para as células do corpo.
procariótica e eucariótica. Nesse caso, as células já recebem o alimento digerido. Esse tipo de digestão
ocorre nos animais que possuem sistema digestório.
A célula procariótica é formada basicamente pela membrana plasmática
envolvendo o hialoplasma, os ribossomos e a cromatina. Portanto, a cromatina Digestão extracorpórea: o organismo libera enzimas digestivas no ambiente e o
encontra-se dispersa no hialoplasma, sem um núcleo organizado. Os organismos processo se dá totalmente fora do corpo. Uma vez digeridos, os nutrientes são
formados pelas células procarióticas são chamados de procariontes. Seus absorvidos pelo organismo. Esse tipo de digestão ocorre nos fungos.
representantes são as bactérias.

A célula eucariótica é mais complexa do que a procariótica porque


apresenta vários tipos de compartimentos membranosos (organelas), sendo o
Os reinos
núcleo organizado o mais representativo.
Na época em que Lineu propôs seu sistema de classificação dos seres vivos,
Desse modo, a célula eucariótica tem como estrutura básica: membrana a ideia predominante é de que havia três reinos: Animal, Vegetal e Mineral.
plasmática, citoplasma e núcleo. O núcleo contém a cromatina e é delimitado Com o desenvolvimento do conhecimento das Ciências Naturais, houve a nítida
pela membrana nuclear ou carioteca. distinção entre animais e plantas de um lado (seres vivos ou bióticos) e as
formas inanimadas da matéria (componentes não vivos ou abióticos).
O citoplasma encontra-se entre a membrana plasmática e a membrana
nuclear. Ele é constituído de hialoplasma e organelas dispersas em seu interior. A distinção dos seres vivos em dois reinos (Animal e Vegetal) se manteve
Os organismos formados por células eucarióticas são denominados eucariontes. por algum tempo. Eram considerados animais os organismos que se
Estão incluídos nesse grupo protozoários, algas, fungos, animais e vegetais. movimentassem, fossem heterótrofos e crescessem até determinado tamanho,
enquanto os vegetais seriam os seres que não se moviam, podiam crescer durante
toda a vida e produzissem o próprio alimento.
Número de células Portanto, os protozoários eram considerados animais e as bactérias, as algas
e os fungos eram classificados como vegetais. Os fungos, embora heterótrofos,
Quanto ao número de células que apresentam, os seres vivos podem ser eram mantidos no reino vegetal porque são fixos (sésseis) e suas células são
classificados em unicelulares ou pluricelulares. Os procariontes (bactérias) são dotadas de parede celular ou membrana esquelética.
unicelulares e, além da membrana plasmática, geralmente apresentam um
segundo envoltório celular chamado de membrana esquelética ou parede celular. No entanto, os fungos apresentam parede celular de quitina e não de
celulose, como a encontrada nas células vegetais. O polissacarídeo de reserva
Os seres vivos constituídos de células eucarióticas podem ser unicelulares, dos fungos é o glicogênio e o dos vegetais é o amido. Os fungos também são
como os protozoários ou pluricelulares, como os animais e vegetais. Fungos e aclorofilados e sua nutrição, como já dito, é heterotrófica.
algas podem ser uni ou pluricelulares. Além da membrana plasmática, fungos,
algas e vegetais possuem uma membrana esquelética ou parede celular, cuja A fragilidade dessa classificação foi se tornando cada vez mais evidente:
composição química varia de acordo com o tipo de organismo estudado. observou-se que alguns organismos unicelulares dotados de cloroplastos e,
portanto, autótrofos, na ausência de luz, englobavam e utilizavam partículas

Tecidos alimentares, passando a uma forma heterotrófica de nutrição. Como classificá-


los? Em autótrofos ou heterótrofos?

Tecidos são conjuntos de células especializadas com forma e função Problemas dessa natureza eram cada vez mais frequentes e levaram os
semelhantes. biólogos a criar um terceiro reino, o Reino Protista.

As algas e os fungos pluricelulares não têm o corpo organizado em tecidos, O Reino Protista (ou Protoctista) englobava as bactérias, os protozoários, os
ou seja, suas células não apresentam diferenças significativas na forma fungos e as algas, ou seja, todos os organismos que não se enquadravam nas
(morfológicas) e cada uma delas realiza todas as funções básicas de condições previstas para os reinos Animal e Vegetal.
sobrevivência.
No século XX, a microscopia eletrônica revelou a existência das células
Os animais e os vegetais são organismos pluricelulares cujo corpo tem procarióticas e, com isso, foi criado o Reino Monera, que passou a ser formado
maior grau de complexidade e suas células estão organizadas em conjuntos com por esses organismos procariontes. Mais recentemente, com a constatação de
semelhanças morfológicas e funcionais (fisiológicas), formando os tecidos, que que, além de aclorofilados, o modo de nutrição dos fungos difere do dos demais
permitem uma divisão de trabalho entre as células e a possibilidade de elas se heterótrofos, houve a sugestão de que esses organismos fossem retirados do
organizarem em conjuntos de maior complexidade: formando órgãos e sistemas. Reino Protista e colocados em um reino próprio, o Reino Fungi. Dessa maneira,
os seres vivos passaram a ser classificados em cinco reinos: Monera, Protista
(Protoctista), Fungi, Animal (Animalia) e Vegetal (Plantae).
Nutrição
Para que uma classificação seja eficiente, ela deve obedecer aos critérios
estabelecidos para o agrupamento dos organismos. Assim, utilizando os critérios
Quanto à nutrição, os seres vivos podem ser autótrofos ou heterótrofos.
já vistos, podemos estabelecer os reinos da seguinte maneira:
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Reino Componentes Critérios usados para As esponjas são os representantes do filo Porifera. O nome do grupo vem
classificação do latim e faz referencia ao fato de apresentarem uma enorme quantidade de
Monera Bactérias Procariontes poros na superfície de seu corpo. São conhecidas mais de 15 mil espécies desses
Cianobactérias animais, marinhos em sua maioria, havendo apenas cerca de 150 especies de
Protista Algas Eucariontes unicelulares água doce (dulsícolas)
Protozoários ou pluricelulares sem
organização em tecidos

Fungi (Fungos)
Cogumelos
Orelhas-de-pau
Eucariontes
Uni ou pluricelulares
sem organização em
Vermes e verminoses
Leveduras tecidos
Heterótrofos com

Plantae (Vegetal) Briófitas


digestão exclusivamente
extracorpórea
Eucariontes
Moluscos e
Pteridófitas
Gimnospermas
Angiospermas
Pluricelulares com
organização em tecidos
Autótrofos
equinodermos
Animalia (Animal( Poríferos Eucariontes
Cnidários Pluricelulares com
Platelmintos
Nematelmintos
Anelídeos
organização em tecidos
Heterótrofos Artrópodes
Moluscos
Artrópodes
Equinodermos
Cordados Cordados I:
Os domínios
características,
Nos últimos anos, vários estudos, principalmente os de Genética, têm
demonstrado que algumas bactérias, apesar de procariontes, apresentam maior
protocordados e peixes
proximidade evolutiva com os eucariontes do que com as demais bactérias.

Essa proximidade evolutiva levou à proposta da criação de uma nova


Classificação dos cordados
categoria taxonômica acima de reino: o domínio. Sendo assim, o Reino Monera
foi dividido em dois domínios (Bacteria e Arquea), enquanto todos os O filo dos cordados (do latim, Chordata, chorda, corda) inclui animais que
eucariontes passaram a integrar um único domínio: o Eukarya. apresentam, em pelo menos uma fase do seu

Portanto, o Dominio Bacteria é formado pelo conjunto das eubactérias


(bactérias verdadeiras), atualmente chamadas simplesmente de bactérias. O
Dominio Arquea é constituído de procariontes capazes de viver em condições
extremas de temperatura, salinidade e pH, as arqueobactérias, ou apenas arqueas.
Cordados II: tetrápodes
O Dominio Eukarya engloba todos os eucariontes, protozoários, fungos, algas,
animais e vegetais.

Os vírus são seres acelulares (sem célula) e não são incluídos nos cinco
Tegumento
reinos nem na classificação com três domínios, tendo uma classificação própria.

Tegumento ou revestimento
Nomenclatura biológica
corporal
A nomenclatura biológica corresponde ao sistema universal que nomeia as
categorias taxonômicas, ou táxons, de acordo com regras bem definidas e O tegumento é o revestimento externo do corpo, uma cobertura de proteção
estabelecidas pela comunidade cientifica. que separa o meio externo do meio interno dos organismos.

Na literatura cientifica, as espécies são designadas por dois nomes que Dependendo da espécie e do ambiente onde ela vive, o tegumento pode
correspondem ao gênero (1° nome) e ao epiteto especifico (2° nome), Esses exercer outras funções, como:
nomes devem ser escritos em latim e destacados do texto (itálico, sublinhado ou
negrito). O gênero tem a inicial grafada em letra maiúscula e o epiteto
 Proteger contra perda ou ganho excessivo de água;
especifico, em letra minúscula. Exemplos: Canis lúpus (lobo), Felis catus (gato),
 Proteger contra agressões físicas de várias naturezas (mecânicas,
Zea mais (milho) e Araucaria angustifólia (pinheiro-do-paraná).
como perfurações, atrito; térmicas, luminosas e outros tipos de
radiação; elétricas, etc.);
As demais categorias taxonômicas (reino, filo, classe, ordem, família)
 Regular passiva ou ativamente a entrada e a saída de substâncias
devem ser escritas em latim, com a inicial maiúscula e sem destaque. Exemplos:
(trocas gasosas, excreção, transpiração, osmose);
Felidae (família dos felinos), Fabales (ordem do feijão, soja, ervilha), Mammalia
 Secretar substâncias (muco, suor, gorduras, venenos, substâncias
(classe dos mamíferos), Mollusca (filo dos moluscos) e Plantae (reino vegetal ou
de atração sexual, repelentes ou urticantes, queratina nos
reino das plantas).
vertebrados, quitina nos artrópodes, nácar nos moluscos, etc.);
 Participar da regulação térmica nas aves e nos mamíferos com
Na zoologia, o nome das famílias tem sufixo -idae, e, na botânica, o sufixo
mecanismos de arrefecimento ou retenção de calor;
-aceae. Exemplos: Canidae (cães) e Palmaceae (palmeiras).
 Atuar como barreira contra a penetração de microrganismos;
 Servir de sustentação e apoio para a musculatura como nos
O uso de “sp.” após o nome do gênero designa uma espécie qualquer desse
artrópodes, moluscos e quelônios;
gênero. Exemplo: Anopheles sp. indica uma espécie qualquer do gênero
 Produzir estruturas anexas com funções variadas (pelos, penas,
Anopheles. O sufixo sp. é escrito em letra minúscula e sem destaque no texto.
garras, unhas, etc.) e outras funções.
Existe ainda a possibilidade de os cientistas criarem categorias taxonômicas
intermediarias, como subfilos, subgêneros, subespécies, conforme necessário.
Tipos de tegumento
Quanto à nomenclatura, nos casos em que há subespécie, o nome da
subespécie deve vir após o epíteto especifico, com inicial em letra minúscula. Os protozoários em geral têm apenas a membrana plasmática como
Exemplo: Homo sapiens sapiens (Homo = gênero; sapiens = epíteto especifico; revestimento, mas alguns, como o paramécio, apresentam uma película de
sapiens = subespécie). proteção que corresponde à camada mais externa e densa do citoplasma, que
também mantém a forma do protozoário e à qual se prendem os cílios e outras
organelas.

Poríferos e cnidários Na maioria dos invertebrados, o principal revestimento é a epiderme, que,


nesses animais, corresponde a uma única camada de células. Em alguns deles, há
uma cutícula acelular sobre essa camada de revestimento, o que constitui uma

Poríferos proteção adicional, como ocorre nos nematelmintos e nos anelídeos.


Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

Entre os invertebrados, o tegumento mais complexo é o dos artrópodes. Ele precursoras de cada tecido. Na pele, por exemplo, há células-tronco que
é formado por uma epiderme simples que secreta uma cutícula cuja composição produzem células de pele, as células sanguíneas são produzidas por células-
principal é a quitina, um polissacarídeo nitrogenado que, associado a proteínas e tronco precursoras desses tipos celulares na medula óssea vermelha; e assim por
a lipídios, proporciona não apenas proteção, mas também suporte esquelético diante. Já em um vegetal, todos os tecidos são originados de células
para sustentação e inserção de apêndices articulados e músculos. meristemáticas.

Outra característica presente nos vegetais é a associação da forma dos


Pele: tegumento dos vertebrados tecidos diferenciados com a sua função. Por exemplo, a condução de seiva bruta
(ou seiva inorgânica do xilema) é promovida por células em formato de tubo
condutor. Note que alguns tecidos vegetais são formados por apenas um tipo
Glândulas celular – são os tecidos simples. Outros são formados por mais de um tipo
celular – são os tecidos complexos. No organismo humano, por exemplo, o
sangue e o tecido nervoso são considerados tecidos complexos por serem
Penas e pelos constituídos por mais de um tipo de célula.

Escamas Quais são os tecidos vegetais?


Os tecidos permanentes, ou diferenciados, são responsáveis pela
Bicos córneos, cornos e outros anexos sobrevivência do vegetal, cada um deles exercendo determinadas funções.
Revestimento e proteção são funções relacionadas à epiderme e ao súber. A
condução de substâncias dissolvidas em água é função desempenhada pelo

Locomoção xilema e pelo floema. A sustentação do corpo do vegetal fica a cargo do


colênquima e do esclerênquima, embora também possa ser desempenhada por
células do xilema. Ao parênquima, cabe a realização de várias funções:
preenchimento de espações, realização de fotossíntese e armazenamento de

Fisiologia da digestão água, de amido e de ar. Todos esses tecidos se originam do meristema.

Do embrião à planta adulta, com


Ciclos de vida todos os tecidos
O crescimento de uma planta começa com a germinação da semente. Desde

Briófitas e pteridófitas a fase embrionária, todos os tecidos já estão, de certo modo, “programados” no
genoma do vegetal. Em uma angiosperma, cada semente, de modo geral, é
constituída de um envoltório (a casca), um endosperma triploide e um embrião
diploide. Dispondo de quantidade suficiente de água e de outros fatores

Gimnospermas
ambientais – temperatura adequada, por exemplo – a semente se hidrata, o
embrião entra em atividade e suas células passam a consumir as reservas
alimentares e a se dividir ativamente por mitose. A primeira estrutura
embrionária a emergir da semente é a radícula. A seguir, surge o caulículo e,
com isso, a planta jovem, ou plântula, inicia o longo processo de formação do

Angiospermas vegetal adulto. Todos os tecidos diferenciados são formados durante esse
processo, a partir do tecido meristemático.

Descrição dos tecidos


Tecidos e órgãos A tabela mostra de uma maneira simplificada a composição dos oito tecidos

vegetais de uma planta adulta, relacionando seus nomes a suas principais funções. Alguns
são tecidos simples, por serem dotados de apenas um tipo de célula. É o caso do
súber, do parênquima, do esclerênquima e do colênquima. Outros são
complexos, por conter mais de um tipo celular, como é o caso da epiderme, do

Célula vegetal típica xilema e do floema.

O meristema, como já vimos, é um tecido de células indiferenciadas a partir


das quais serão originadas as células de todos os demais tecidos vegetais.
O esquema abaixo representa uma célula vegetal típica, viva, cuja função é
relacionada à realização de fotossíntese. Nem toda célula vegetal apresenta todas
Tecido Função
as estruturas descritas no esquema. Por exemplo, muitas células vegetais mortas,
presentes em certos tecidos, são dotadas de uma parede espessa, relacionada à Meristema Crescimento
função que exercem. Já em outras células vegetais pode não haver núcleo Epiderme Proteção, absorção, trocas gasosas
celular, indicando a realização de uma função especifica, como ocorre nas Súber Revestimento de caules e raízes
idosos
células que conduzem a seiva orgânica do floema.
Xilema Condução de seiva bruta e sustentação
Floema Condução de seiva elaborada
Três detalhes chamam a atenção no esquema e sua ocorrência deve ser Parênquima Preenchimento, fotossíntese,
sempre associada a uma célula vegetal típica, viva. São eles: a presença de uma armazenamento
membrana celulósica (parede celular celulósica); a ocorrência de um grande Esclerênquima Sustentação
vacúolo de localização central; e a existência de cloroplastos, organelas nas Colênquima Reforço e sustentação de órgãos
quais ocorre o processo de fotossíntese. Todas as demais estruturas presentes nas flexíveis.
células vegetal ocorrem também em uma célula animal típica; estes dois tipos
celulares são eucariontes, ou seja, possuem núcleo organizado.

Os tecidos vegetais Tecidos protetores: epiderme


Os vegetais são seres vivos multicelulares complexos nos quais, entre
outras características, há células reunidas que constituem tecidos. As células de
e súber
um tecido vegetal nem sempre apresentam a mesma forma, ou seja, nem sempre
Diante de um violento temporal, uma seca prolongada, um animal agressor
sua aparência é semelhante, embora atuem na mesma função.
ou qualquer outro agente que venha a causar danos, a planta imóvel necessita de
recursos de proteção diferentes daqueles de um animal, que, sendo capaz de se
Em uma planta adulta, há apenas oito tecidos. Um deles, considerado o
mover, pode se refugiar em lugar seguro até que as condições ambientais deixem
“pai de todos”, é um tecido constituído de células indiferenciadas, o meristema.
de oferecer perigo. Como recursos, a planta conta com os tecidos protetores, ou
Os demais são considerados permanentes, ou diferenciados, e exercem funções
de revestimento: a epiderme e o súber. A eficiência desses tecidos garante à
especificas.
planta proteção contra diversos agentes agressivos do meio.

As células de todos os tecidos diferenciados são geradas pelo meristema,


daí sua importância. Essa é uma das grandes diferenças entre o organismo
humano e um organismo vegetal. No ser humano, não se constata a existência de
Epiderme: fina, viva e eficiente
um tecido “pai de todos os outros” (um meristema), mas, sim, células-tronco
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia

A epiderme das plantas vasculares é um tecido geralmente formado por mecanismo de abertura e fechamento
uma única camada de células de formato irregular, achatadas ao corte, vivas e de estômatos
aclorofiladas. No entanto, em algumas regiões do Brasil dotadas de baixa Cálcio (Ca) Participante de paredes celulares
umidade atmosférica, a epiderme das folhas pode conter mais de uma camada de vegetais
células. A epiderme é um tecido típico de órgãos jovens, como raiz, caule e Magnésio (Mg) Componente de moléculas de clorofila
folha. Na folha, a epiderme apresenta especializações particulares: sendo um Enxofre (S) Componente de moléculas de certos
órgão de face dupla, a folha possui duas epidermes – a superior e a inferior. Em aminoácidos, proteínas e coenzimas
cada uma delas, há uma cutícula cerosa, de espessura variável, que fica em
contato com o ar e protege a planta da perda excessiva de água para o ambiente.
Na raiz, a epiderme é constituída de uma única camada de células, as quais A falta desses minerais provoca diferentes anomalias no desenvolvimento
podem produzir pelos absorventes para captação de água e de nutrientes da planta, que podem ser tratadas com a adição dos nutrientes ao solo de cultivo.
minerais. A utilização de adubos orgânicos, muito valorizados atualmente, ou de adubos
sintéticos contendo diversos tipos de sais (nitratos, fosfatos, sulfatos, etc.) é
fundamental para sanar as deficiências. Muitas vezes, mesmo com a adubação, a
Anexos da epiderme retenção dos nutrientes minerais pelo solo é precária em solos ácidos, por
exemplo. A acidez do solo é uma característica comum de muitos solos
Na epiderme da raiz, o anexo mais notável é, sem duvida, o pelo

Vermes e verminoses
absorvente, unicelular, originado da extensão da própria célula em direção às
partículas do solo. Pelos absorventes são comuns na chamada zona pilífera,
região de absorção preferencial de uma raiz

A planta adulta e os Fisiologia da circulação


órgãos vegetativos Fisiologia da respiração
Meristemas e Fisiologia da excreção
crescimento vegetal
Fisiologia do sistema
Raiz e nutrição nervoso
inorgânica / Folha e
Nutrição orgânica Fisiologia do sistema
endócrino
Nutrição inorgânica: a raiz em
ação Ciclos de vida
O termo nutrição inorgânica, relacionado a uma planta, refere-se ao papel
da raiz na absorção de agua e de nutrientes minerais essenciais para o bom
desenvolvimento vegetal. A planta possui adaptações que compensam a falta de
mobilidade, a qual, em um animal, por exemplo, é uma característica requerida
Trocas gasosas e
para buscar nutrientes necessários à sobrevivência. E, sem duvida, a raiz
desempenha um importante papel na obtenção, por absorção, dos nutrientes no
substrato em que a planta vive (solo, água e, eventualmente, meio aéreo). Muitas
transpiração nas plantas
vezes, é bom lembrar, as folhas também executam esse papel. Por isso, é comum
a adubação foliar em muitas plantas. A absorção radicular é efetuada
principalmente pela zona pilífera, região na qual a superfície de absorção é
aumentada pela existência de pelos absorventes.
Troca de gases entre a planta
e o meio
Macronutrientes e A troca de gases entre a planta e o meio ocorre através dos revestimentos, a

micronutrientes epiderme e o suber. O gás oxigênio é necessário à respiração, já o gás carbônico


é fundamental à realização de fotossíntese. Na raiz, o ingresso de oxigênio para
as células vivas e a saída do gás carbônico produzido na respiração ocorrem
Quando um nutriente mineral é utilizado em grande quantidade por uma pelas células da epiderme radicular, em uma troca gasosa por difusão simples; o
planta, é considerado macronutriente. Se for utilizado em pequena quantidade, é mesmo ocorre através da epiderme de caules jovens.
considerado micronutriente. Esses termos não se relacionam com o tamanho do
nutriente mineral, mas com a quantidade de utilização. Entre os macronutrientes Em troncos dotados de grande espessura e nas grossas raízes expostas de
podem ser citados os que contêm os elementos nitrogênio, fosforo, enxofre, muitas arvores cujo revestimento é o súber, as trocas gasosas (entrada de
potássio, cálcio e magnésio, que, juntamente com carbono, oxigênio e oxigênio e saída de gás carbônico) ocorrem através de orifícios conhecidos como
hidrogênio, constituem os elementos essenciais utilizados em grande quantidade lenticelas. Cada lenticela é uma microabertura do súber e permite a difusão de
pelo vegetal. Entre os micronutrientes, também essenciais, podem ser citados gases entre a planta e o meio.
boro (B), cobre (Cu), zinco (Zn), molibdênio (Mo), manganês (Mn), sódio (Na)
e ferro (Fe). As raízes respiratórias da Rhizophora mangle – árvore típica de
manguezais onde o solo é lodoso e constantemente alagado, com baixo teor de
A tabela a seguir relaciona alguns macronutrientes com seu papel no oxigênio -, apresentam minúsculos orifícios, os pneumatódios, estruturas
desenvolvimento dos vegetais. análogas às lenticelas, através dos quais as trocas gasosas são facilitadas.

Nutriente Papel
Nitrogênio (N) Componente de moléculas de
proteínas, ácidos nucleicos e ATP
Fosforo (P) Componente de moléculas de ATP e
ácidos nucleicos
Relacionado às trocas iônicas entre a
Potássio (K) célula e o meio; participante no
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Estômatos: válvulas
reguladoras das trocas
gasosas e da transpiração
Estômatos são “válvulas” reguláveis existentes nas epidermes das folhas
das plantas vasculares (traqueófitas). Um estômato visto de cima assemelha-se a
dois feijões (ou dois rins) dispostos com as concavidades frente a frente.
Apresentam duas células estomáticas, ou guardas, que possuem parede celular
mais espessada na face concava e cuja disposição forma entre elas um espaço
denominado fenda estomática ou ostíolo. As células estomáticas são as únicas da
epiderme que possuem cloroplastos, ou seja, são clorofiladas.

Ao lado de cada célula-guarda, há uma célula epidérmica comum, a célula


anexa, que não tem cloroplastos. Em corte transversal, verifica-se que a fenda
estomática dá acesso a um espaço, a câmara estomática, que se comunica com os
espaços aéreos do parênquima foliar, sobretudo o lacunoso.

O papel dos estômatos


O principal papel dos estômatos relaciona-se à regulação das trocas gasosas
entre a planta e o meio. Os inúmeros poros estomáticos aumentam
extraordinariamente a superfície total disponível para o ingresso de gás
carbônico e a saída de oxigênio. Se as trocas gasosas ocorressem apenas pelas
epidermes dotadas de cutículas cerosas, as trocas gasosas não seriam eficazes
para a planta. A ação da seleção natural, favorecendo plantas vasculares dotadas
de válvulas reguladoras das trocas gasosas, foi uma solução para o problema.
Por outro lado, um dos desafios de um vegetal se relaciona à disponibilidade e à
perda de água.

É importante salientar que, para a realização de fotossíntese, é fundamental


que gás carbônico e água esteja, disponíveis para a planta. O envio das
moléculas de água obtidas do solo, pelas raízes, para as partes aéreas da planta,
ocorre por meio de vasos condutores do xilema.

Já a absorção de luz e de gás carbônico é possibilitada pelas folhas. Nesses


órgãos, as trocas gasosas ocorrem através das epidermes, revestimentos
permeáveis aos gases, mas que também permitem a saída de vapor de água. As
cutículas, compostas de material lipídico, impermeabilizante, presentes nas faces
expostas das epidermes, reduzem a desidratação; no entanto, dificultam a
ocorrência de trocas gasosas. Os estômatos, por sua vez, permitem que ocorram
as trocas gasosas e, ao mesmo tempo, graças às suas aberturas reguláveis,
ajudam a evitar perdas excessivas de vapor de água.

De qualquer modo, é fundamental a reposição da água perdida no processo


a partir da água do solo, trazida pelos vasos do xilema. Isso implica uma inter-
relação dos mecanismos de trocas gasosas e os de condução da água até as
células foliares que dela se utilizam.

Condução de seivas
vegetais
Hormônios e
reguladores vegetais
Movimentos vegetais e
fotoperiodismo
Angiospermas – defesas
Fitogeografia do Brasil
Biotecnologia

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