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Biologia
Características da vida O que é vida?
A Biologia é a ciência que estuda a vida. Mas o que é Segundo o biólogo Ernest Mayr (1904-2005), definir
vida? vida é algo pouco importante. No entanto, ele admite a
existência de “processos da vida”, isto é, a existência de
Muitos biólogos já tentaram definir vida. Embora essas certas características e propriedades que não são encontradas
definições sejam muito complexas e estejam em constante em objetos inanimados. Muitas das características da vida
mudança, até hoje não há uma definição completamente são identificadas por praticamente qualquer pessoa que,
satisfatória. desde pequena, deve ser capaz de perceber se há vida em um
ser.
Aproximadamente 99% do corpo de um ser humano, assim como de A tabela mostra as porcentagens de alguns elementos químicos no universo,
praticamente qualquer ser vivo, é formado por apenas quatro elementos na crosta terrestre e no corpo humano.
químicos: carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, combinados em
moléculas. A maior parte do oxigênio e do hidrogênio está combinada nas
moléculas de água, que representam de 60% a 65% da massa de uma pessoa
*Quando não foi atribuído valor na tabela é porque o elemento encontra-se em Embora a tabela mostre que há menos de 0,1% de potássio e de sódio no
porcentagem menor do que 0,1%. corpo humano, esses elementos são fundamentais para o funcionamento do
organismo, como também são importantes o ferro, o flúor, o zinco, o cobre,
entre outros presentes em quantidades ainda menores.
Os seres vivos são formados por uma célula (organismos unicelulares) ou As células das bactérias são procarióticas (sem núcleo nem organelas
por mais de uma célula (organismos pluricelulares). São unicelulares as celulares) enquanto as células dos demais organismos são eucarióticas (com
núcleo e organelas membranosas)
duas novas células (divisão binaria), como é o caso das bactérias e dos
Reprodução e hereditariedade protozoários, por exemplo. Nesse tipo de reprodução, os organismos ou células
formados são geneticamente idênticos. Embora a reprodução assexuada seja
mais rápida e menos complexa que a sexuada, esse tipo de reprodução implica
Os seres vivos são capazes de se reproduzir. A reprodução pode ocorrer
pouca ou nenhuma variabilidade genética.
basicamente de duas maneiras: sexuada ou assexuadamente.
Em um organismo pluricelular ocorre ainda a diferenciação celular, logo As plantas também respondem a estímulos ambientais, como a luz e a
nos primeiros estágios de desenvolvimento embrionário. É esse processo que umidade. Um girassol é assim chamado pelo fato de acompanhar a trajetória do
leva à formação de diferentes células no nosso corpo como uma hemácia, um sol no céu ao longo do dia. As plantas carnívoras, como a Dionea sp.,
neurônio ou uma célula da pele. Concluímos, portanto que o crescimento é respondem ao toque de um pequeno inseto que pouse sobre suas folhas e
acompanhado de uma especialização celular. rapidamente as fecham.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Níveis de
organização
A Biologia também estuda as relações existentes entre os submicroscópicas até a vida distribuída por todo o planeta,
seres vivos e entre eles e o ambiente onde vivem, em uma área adaptada às mais diversas condições.
nominada Ecologia. Percebe-se, então, que a Biologia é uma Dessa forma, foi necessário organizar a Biologia em níveis
ciência bastante ampla, que estuda desde estruturas de acordo com a complexidade dos objetos de analise cada um
desses níveis é chamado de nível de organização.
Átomos e moléculas
Não só os seres vivos, mas tudo que há na Terra é constituído de átomos. Há um ramo da Biologia denominado Biologia Molecular, que estuda o
Todo elemento químico, como carbono, ferro, mercúrio etc. é formado por funcionamento e as relações das moléculas nas células e, consequentemente, nos
átomos. A união de átomos forma as moléculas, como a água (H2O)e o dióxido organismos. O DNA, material genético dos seres vivos, é uma molécula que tem
de carbono ou gás carbônico (CO2) , que são moléculas simples e inorgânicas sido objeto de muitos estudos desde o século passado. Os conhecidos testes de
(sem cadeia de carbono) proteínas, os carboidratos (açúcares) os lipídeos os DNA usados na identificação de pessoas fazem parte das descobertas da
ácidos nucleicos (DNA e RNA) são moléculas orgânicas (com cadeia de Biologia Molecular.
carbono) formadas por uma enorme quantidade de átomos, principalmente
carbono, hidrogênio e oxigênio sendo mais complexas e denominadas
macromoléculas.
Até mesmo um único organismo pode apresentar vários tipos diferentes de Resumindo, até aqui vimos que:
células. Nós, humanos, temos células nervosas, sanguíneas, ósseas, etc.
Órgãos, sistemas e
organismos
Os tecidos são encontrados apenas nos organismos pluricelulares (formados Um conjunto de órgãos que interagem em funções corporais especificas forma
por várias células), não sendo encontrados em organismos unicelulares um sistema.
(formados por uma única célula).
O agrupamento de vários sistemas forma um organismo. Digestório,
Quando ocorre a união de mais de um tipo de tecido, temos um órgão. Por nervoso, endócrino, urinário e respiratório são alguns dos sistemas que formam o
exemplo, uma artéria (tipo de vaso sanguíneo) é formada por tecido conjuntivo organismo humano.
tecido muscular liso e tecido epitelial, caracterizando-a como um órgão.
No entanto, nem todos os seres vivos possuem sistemas. Se considerarmos
Na maioria das vezes não é fácil, principalmente aos leigos identifica se um organismo unicelular, sua única célula exerce todas as funções necessárias à
uma estrutura é um órgão unicamente por sua composição histológica(de sua sobrevivência, sem ao menos formar um tecido, quanto mais órgãos ou
tecidos). Em geral, é mais fácil concluirmos que se trata de um órgão quando ele sistemas. Assim, nesse organismo unicelular identificamos apenas os níveis de
faz parte de um sistema. O sistema cardiovascular, por exemplo, é formado pelos organização de átomos, moléculas, organelas, células e organismo, pulando
vasos sanguíneos (artérias, arteríolas, veias, vênulas e capilares) e pelo coração. tecidos, órgãos e sistemas.
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Há ainda organismos que, como as águas-vivas, possuem tecidos, mas não Biologia possui varias áreas especificas: a Anatomia estuda os órgãos e os
possuem órgãos nem sistemas. Percebe-se então que, embora haja um padrão sistemas, enquanto a Fisiologia se dedica ao funcionamento deles. Já os seres
nos níveis de organização dos seres vivos, alguns organismos acabam fugindo a vivos são estudados em várias áreas por exemplo, a Zoologia, dedicada aos
ele, o que é absolutamente normal em uma ciência como a Biologia, que se animais, a Botânica, aos vegetais e a Microbiologia, dedicada ao estudo dos
propõe a estudar todas as formas e vida da Terra. A fim de facilitar os estudos, a fungos e das bactérias.
Populações, comunidades,
ecossistemas e biosfera
Quando vários organismos de uma mesma espécie estão reunidos em etc., que influenciam diretamente na capacidade de sobrevivência dos seres
determinada localidade, na mesma época, temos uma população. Se pensarmos vivos em cada tipo de ambiente.
em um grupo de onças na Amazônia e outro no Pantanal, teremos duas
populações, pois, embora estejamos falando da mesma espécie vivendo na Há uma grande variedade de ecossistemas, como as florestas, os oceanos,
mesma época, os locais são diferentes. O mesmo ocorre se pensarmos nas onças os rios e até as cidades. Em todos esses locais encontramos uma comunidade e
que habitam o Pantanal hoje em dia e há 100 anos. O local e a espécie são os fatores ambientais que influenciam na sobrevivência dos indivíduos das
mesmos mas a época é diferente, o que impede a existência de um indivíduo populações dessa comunidade. A reunião de todos os ecossistemas do planeta é a
dessa população em ambos os momentos. biosfera.
Na natureza, os organismos estabelecem relações com outros seres vivos, A Ecologia é a área da biologia que estuda a relação entre os seres vivos e
da própria espécie e de outras assim, se temos varias populações de espécies entre eles e o ambiente.
diferentes habitando o mesmo local, estamos diante de uma comunidade.
Em resumo, os níveis de organização são agrupados, em ordem crescente,
A comunidade representa apenas o conjunto de seres vivos habitando um da seguinte maneira:
meio físico e, por isso, é considerada a porção biótica (porção viva) de um
ecossistema, enquanto o meio físico é considerado a porção abiótica (sem vida).
Um ecossistema, por sua vez, é o conjunto formado pelos seres vivos (a Átomo molécula organela célula tecido órgão
comunidade) mais o meio físico (fatores abióticos), como a temperatura, a
disponibilidade de água, a disponibilidade de luz, o pH, a pressão atmosférica, sistema organismo população comunidade ecossistema
biosfera
Célula eucariótica
A célula eucariótica, de estrutura mais complexa é o tipo celular que
constitui os organismos pertencentes aos reinos Protista (protozoários e algas),
Fungi (fungos), Plantae (vegetais) e Animalia (animais); tais seres são, por essa
razão, chamados de eucariontes. Entre esses organismos, encontramos os dois
estilos de vida: autótrofos (algas e vegetais) e heterótrofos (protozoários, fungos
e animais).
Organelas
Ribossomos
São grânulos microscópicos (visíveis apenas ao microscópio eletrônico)
constituídos por moléculas de RNA associadas a certas proteínas. Os ribossomos
são fundamentais para a síntese de proteínas o interior da célula. Eles podem
estar livres dispersos no citosol, ou aderidos à membrana de certas regiões do
reticulo endoplasmático, constituindo o reticulo endoplasmático rugoso ou
granuloso.
Citosol
O citosol, ou hialoplasma, é um meio aquoso no qual estão dispersas
moléculas de natureza variada: íons, sais minerais, carboidratos, aminoácidos,
enzimas. É no citosol que ocorre grande parte das reações químicas do
metabolismo celular. Outras reações correm no interior de compartimentos
membranosos chamados organelas, cujas funções são variadas.
Complexo golgiense
Assim chamado em homenagem a seu descobridor, Camilo Golgi,
citologista italiano. Trata-se de uma pilha de vesículas membranosas adjacentes
achatadas, em geral com uma configuração côncavo-convexa, cercada por
numerosas vesículas.
Lisossomos e peroxissomos
São vesículas membranosas que contêm enzimas em seu interior. Os
lisossomos podem digerir materiais vindos de fora da célula (no caso de células
que realizam fagocitose) ou da própria célula, processo denominado autofagia.
Os peroxissomos estão envolvidos no processo de degradação de substancias
toxicas ao organismo, entre outras funções.
Mitocôndrias
Mitocôndrias são organelas membranosas, responsáveis por parte das
reações da respiração celular, na qual moléculas de glicose são degradadas com
obtenção energia. No interior das mitocôndrias forma-se grande quantidade de
moléculas de ATP (trifosfato de adenosina), que transporta a energia obtida na
respiração até outros locais da célula onde será utilizada nas reações do
metabolismo celular.
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Plastos
Plastos são organelas membranosas que contêm pigmentos responsáveis
por diversas funções. Os plastos são organelas exclusivas dos eucariontes
autotróficos (algas e vegetais). O principal tipo é o cloroplasto, assim
denominado por conter moléculas de clorofila (substancia de coloração verde),
responsáveis pela captação da energia luminosa durante a fotossíntese. Nesse
processo, a energia luminosa é transformada em energia química, armazenada
em certas ligações da molécula de glicose.
Centríolos
São organelas não membranosas, constituídas por microtúbulos proteicos,
com aspecto de um par de cilindros. Os centríolos são responsáveis pela
organização das fibras que participam da divisão celular. Além disso, dão
origem, em certos tipos celulares aos cílios e aos flagelos e coordenam o
batimento dessas estruturas.
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O núcleo de uma célula eucariótica é uma estrutura delimitada por No interior do núcleo podem ser encontrados um ou mais nucléolos,
membrana dupla (a carioteca ou envelope nuclear) provida de poros que estruturas ricas em RNA nas quais ocorre a montagem dos ribossomos antes que
permitem a comunicação entre o meio interno o núcleo e o citoplasma adjacente. estes sejam enviados ao citosol.
No interior desse compartimento estão as moléculas de DNA que constituem o
material genético da célula (a cromatina). Vale lembrar, mais uma vez, que as
células procarióticas também possuem material genético sob a forma de Parede celular
moléculas de DNA, mas, nesse tipo de célula, esse material não se encontra
contido em um compartimento nuclear, e sim disperso no citosol. Muitas células procarióticas apresentam uma estrutura mais externa à
membrana plasmática denominada parede celular, que confere suporte às células
A cromatina das células eucarióticas é constituída por numero variável de permite que elas resistam a pressões mecânicas, mas não são seletivas como a
moléculas de DNA associadas a proteínas. No momento da divisão celular, o membrana plasmática.
núcleo se desagrega e a cromatina se transforma em cromossomos, estruturas
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Com algumas poucas exceções, as células das bactérias possuem A água apresenta algumas propriedades bastante especificas, e que
paredes celulares constituídas por peptidioglicanos (misturas de carboidratos e justificam, em certa medida, a sua importância para os organismos vivos:
aminoácidos), de espessura variável, rígidas, que lhes conferem forma e certo a excelente propriedade de solvente, o largo espectro de temperatura em
grau de resistência às agressões do meio. Ainda mais externamente, pode existir que se mantem liquida, a alta capacidade calorifica e a tensão superficial.
uma estrutura denominada capsula, cuja função também é de proteção, adesão ao Todas essas propriedades estão baseadas na polaridade da molécula de
meio externos e a outros indivíduos, permitindo a formação de colônias. água e na sua habilidade para formar ligações umas com as outras.
Entre os eucariontes, as células dos fungos, das algas e das plantas Dizer que a molécula de água é polar significa que ela apresenta
apresentam paredes celulares. A composição de carboidratos da parede celular uma região com carga parcial positiva (correspondente aos dois átomos
difere de um grupo para outro: quitina (nos fungos) e celulose (nas plantas e nas de hidrogênio da molécula) e uma região com carga parcial negativa
algas). As células animais e as de protozoários não apresentam parede celular. (correspondente ao átomo de oxigênio). Existe uma atração natural entre
a parte positiva de uma molécula de água e a parte negativa de outra,
originando a ligação de hidrogênio entre elas.
Diversidade na organização A polaridade das moléculas de água explica duas importantes
estrutural das células propriedades: aas grandes forças de adesão (a moléculas de outras
substancias) e de coesão (adesão entre moléculas da mesma substancia).
Essas propriedades, bem como outras delas derivadas (como a
eucarióticas capilaridade e a tensão superficial) são de grande importância para uma
serie de fenômenos biológicos.
Existem certas diferenças na estrutura das células dos organismos Por fim, as moléculas de água podem absorver grande quantidade
eucarióticos que, quando comparadas entre si, permitem agrupa-las em três tipos de calor sem que sua temperatura se eleve significativamente (elevado
genéricos: calor especifico). Assim, a existência de água em abundância nos
organismos vivos impede que estes sofram grandes variações de
Células de animais e de protozoários: células relativamente semelhantes, em temperatura, o que contribui para a sua estabilidade térmica. Além disso,
termos de distribuição e frequência das organelas e ausência de parede celular. o baixo ponto de fusão e o elevado ponto de ebulição da água justificam
a permanência dela no estado liquido na maioria dos ambientes em que a
Células vegetais e de algas: apresentam parede celular celulósica, além de vida está presente.
plastos diversos e vacúolos.
Células de fungos: possuem parede celular composta de quitina e não A água como solvente
apresentam plastos (uma vez que não realizam fotossíntese) nem vacúolos.
A água é um excelente solvente, devido à polaridade da molécula, isto é,
Além dessas diferenças, os organismos eucarióticos pluricelulares mais um meio de dissolução para diversas substancias; por esse motivo, ela é
complexos, como os animais e as plantas, são frequentemente formados por um frequentemente chamada de “solvente universal”. Há um evidente exagero
grande número de tipos celulares, morfológica, e funcionalmente distintos. Essas nessa expressão, pois nem todas as substancias dissolvem-se em água;
células diferem na forma, no metabolismo e na abundancia relativa deste ou substancias apolares (como gorduras e óleos) são ditas hidrofóbicas, ou seja,
daquele componente celular. repelem a molécula de água, e, por isso, não se dissolvem nela. Em geral, os íons
e as substancias que apresentam moléculas polares se misturam bem em meio à
A maioria dos estudiosos do assunto reconhece, no organismo humano, a água e nela se dissolvem; tais substancias são ditas hidrofóbicas. Muitas das
existência de cerca de duzentos tipos celulares distintos. É a grande diferença moléculas importantes ao funcionamento dos organismos vivos são polares e,
morfológica e funcional, por exemplo, entre um neurônio – capaz de conduzir portanto, solúveis em água.
impulsos nervosos – e um glóbulo branco do sangue (leucócito) – relacionado à
defesa do organismo. Ao servir como solvente, a água torna-se um meio adequado para a
ocorrência de um grande número de reações químicas dentro da célula. A
atração/repulsão gerada pela polaridade das moléculas de água sobre as
A química da vida: substancias nela dissolvidas aumenta o número de colisões entre as moléculas e,
em consequência, a velocidade das reações químicas também aumenta.
água e sais minerais Como regra geral, pode-se dizer que a quantidade relativa de água em um
órgão ou em um tecido é tanto maior quanto maior for sua taxa metabólica.
Composição química dos transporte delas no organismo. São exemplos disso os líquidos encontrados nos
sistemas circulatório dos animais (linfa, sangue) e as seivas dos vegetais; os
sucos digestivos, como as secreções do estomago, do pâncreas e do intestino; e
seres vivos também a urina, liquido produzido pelos animais que permite a remoção e a
eliminação de certos produtos indesejáveis do metabolismo. Na verdade, os
animais perdem água constantemente para o ambiente, por meio da urina, das
As fontes a partir das quais são obtidos os vários elementos necessários à fezes, da respiração e da transpiração, enquanto as plantas a perdem por meio da
vida e as maneiras pelas quais cada um deles é utilizado no metabolismo celular respiração e da evapotranspiração. A água perdida é reposta pela alimentação, no
caracterizam o organismo como autótrofo (fotossintetizante ou caso dos animais, ou absorvida pelas raízes, no caso dos vegetais.
quimiossintetizante) ou heterótrofo (consumidor, decompositor ou parasita).
Ainda assim, por mais diversos que sejam em sua estrutura corporal, numero de
células ou estilos de vida, os seres vivos compartilham grande semelhança em
termos de sua composição química. Isto se deve ao fato de que, muito
A água participa de muitas
provavelmente, todas as espécies de organismos que habitam o planeta se
desenvolveram, por evolução biológica, a partir de ancestrais comuns surgidos
reações do metabolismo
há alguns bilhões de anos nos mares da Terra primitiva. Como resultado,
compartilhamos – certa composição as bactérias, as plantas e os demais seres A água, por si só, é um reagente ou um produto em muitas reações do
vivos – certa composição química que atende às necessidades básicas da metabolismo celular. Assim, por exemplo, a água é um componente fundamental
manutenção da vida. da fotossíntese, processo no qual moléculas de gás carbônico e de água fornecem
os átomos necessários à síntese de moléculas de glicose, com auxilio da energia
De modo geral, podemos classificar as substancias encontradas em um luminosa.
organismo em duas categorias:
A equação que resume esse processo mostra a participação dessas
Substâncias inorgânicas, como a água e os sais minerais. São moléculas substancias: 6 CO2 + 6 H2O C6H12O6 + 6 O2.
relativamente simples, mas ainda assim de grande importância para a vida.
Substâncias orgânicas, como os carboidratos, os lipídeos, as vitaminas, as Outros contextos em que a água é
proteínas e os ácidos nucleicos. São constituídas por moléculas com cadeias
carbônicas (isto é, formadas por átomos de carbono), configurando, de modo importante
geral, maior tamanho e maior complexidade estrutural; desempenham variadas
funções no metabolismo celular.
A água atua na sustentação corporal de alguns organismos (animais e vegetais)
de pequeno porte, fornecendo um “esqueleto hidrostático”. Águas-vivas
Água e sua importância minhocas, lombrigas e estrelas-do-mar são exemplos de animais que utilizam
esse recurso.
para os seres vivos A água suporta e dissipa as pressões exercidas sobre as articulações ósseas dos
animais vertebrados além de lubrificar e reduzir o atrito entre os ossos.
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carga negativa) são o cloro (Cl -), o fosfato (PO2-4), o bicarbonato (HCO -3), o
Sais minerais nitrato (NO-3) e o sulfato (SO-4).
Carboidratos, lipídeos e união ocorre graças à saída de uma molécula de água (síntese por condensação)
assim, um dissacarídeo formado pela união de duas hexoses (C 6H12O6) terá a
formula C12H22O11. São exemplos de dissacarídeo: a sacarose (formada pela
vitaminas união de glicose + frutose), a maltose (formada pela união de duas moléculas de
glicose) e a lactose (formada pela união de glicose + galactose).
As hexoses são monossacarídeos de grande importância para as células são A celulose só é digerida por alguns microrganismos (bactérias, fungos,
exemplos: a galactose, a frutose e a glicose, três açúcares que são isômeros entre protozoários) ou animais (como o caracol-de-jardim, por exemplo) que
si. produzem a enzima catalisadora da hidrolise da celulose (a celulase). Os
ruminantes (animais como as vacas as cabras os carneiros e os veados) não são
A glicose é o carboidrato produzido pelas algas e plantas na fotossíntese. capazes de produzir essa enzima mas abrigam em seu estomago populações de
Nesse processo, a energia luminosa é transformada em energia química, que fica certas espécies de bactérias que fazem a digestão da celulose, numa associação
armazenada em certas ligações das moléculas de glicose por meio da vantajosa e obrigatória para ambos, conhecida como mutualismo.
fermentação e da respiração celular, os seres vivos quebram essas ligações e
obtêm a energia necessária às suas reações metabólicas. A quitina é um polissacarídeo constituído por cadeias de um
monossacarídeo derivado da glicose, denominado N-acetilglicosamina.
A galactose e a frutose são em geral encontradas como componentes de
dissacarídeos; a glicose é encontrada sob a forma livre ou como componente de A quitina é um material muito resistente e flexível, insolúvel em água; é o
dissacarídeos e de polissacarídeos. segundo polímero orgânico mais abundante, depois da celulose. Esse
polissacarídeo é o principal componente da parede célula dos fungos e do
Os carboidratos e a glicemia
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Os carotenoides, uma família de pigmentos vegetais cuja cor vai do amarelo ao O colesterol é um importante constituinte da membrana plasmática das células
vermelho. O betacaroteno – pigmento presente no mamão e na cenoura – é um animais. Além disso, serve com precursor para a síntese de várias outras
importante precursor da vitamina A; substâncias, como os hormônios sexuais e o cortisol (hormônio produzido pelas
glândulas adrenais).
Atua na manutenção da integridade dos epitélios, mucosas, dentes e ossos, está É encontrada em frutas (laranja, limão acerola, goiaba, morango, caju, etc.) e
presente em certas células da retina, sendo essencial para a visão; vegetais frescos; o calor do cozimento e a exposição ao provocam a destruição
da vitamina C;
O retinol é encontrado em alimentos de origem animal (óleo de peixe, ovos,
fígado). Certos alimentos de origem vegetal (cenoura, mamão, espinafre, tomate) Sua deficiência provoca o escorbuto (inflamação da pele mucosas gengivas,
contêm pigmentos (como o betacaroteno) que são transformados em vitamina A com sangramento e perda dos dentes)
pelo organismo;
Cianocobalamina (B12) – encontrada em alimentos de origem animal (carne, peptídicas, vai se formando. Em sua forma final, o polipeptídio assim
vísceras, ovos e lacticínios), é também sintetizada por bactérias da flora constituído apresenta um terminal com um grupo amina livre (chamado amino
intestinal humana, sua deficiência provoca a anemia perniciosa. terminal, ou N-terminal) e um terminal com um grupo carboxila livre (C-
terminal, ou carboxi-terminal).
Biotina – encontrada em leveduras, ovos, nozes, arroz integral; é também
sintetizada por bactérias da flora intestinal; sua deficiência provoca dermatite, Convencionou-se descrever a sequencia dos aminoácidos de um
dores musculares e fraqueza. polipeptídio da esquerda para a direita, partindo do N-terminal em direção ao C-
terminal, pois esse é o sentido em que novos aminoácidos são acrescentados
Ácido fólico – encontrada nas carnes em geral; sua deficiência provoca anemia; pelos ribossomos, à medida que a cadeia cresce, durante a síntese proteica.
é essencial para a boa formação do sistema nervoso do feto durante o
desenvolvimento embrionário.
Proteínas são substancias orgânicas complexas, que participam de variadas Estrutura terciária
maneiras na constituição e no funcionamento de todos os seres vivos. Em termos
estruturais, são constituídas por uma ou mais cadeias de aminoácidos, sendo
Resulta de certas atrações e repulsões entre diferentes pontos da cadeia. Um bom
cada uma dessas cadeias denominada polipeptídio.
exemplo são as ligações dissulfeto (S-S), que se formam entre dois aminoácidos
do tipo cisteína.
Alterações na estrutura de
proteínas de todos os seres vivos são constituídas por cadeias polipeptídicas de
diferentes tamanhos ou sequencias de aminoácidos. No entanto, em todas elas
encontramos apenas 20 tipos de aminoácidos que diferem uns dos outros pelo
radical que possuem. Diferentes radicais conferem propriedades físico-químicas
(polares, apolares, etc.) distintas aos aminoácidos. uma proteína causadas por
Nas células, os polipeptídeos são sintetizados a partir de uma "receita" contida
na molécula de RNA e "lida" pelos ribossomos. Esse processo, chamado de
erros genéticos (mutações)
tradução, será estudado com mais detalhes mais adiante. Na síntese da cadeia
polipeptídica, dois aminoácidos podem se unir, estabelecendo entre eles uma Uma proteína também pode sofrer alterações em sua estrutura moléculas
ligação covalente, estável. Essa ligação, que ocorre entre o grupo amina de um devido a erros (mutações) ocorridos no gene (segmento de DNA) que determina
aminoácido e o grupo carboxila do outro, com saída de uma molécula de água, é a sua produção. Um erro desses, quando transmitido às gerações seguintes,
chamada de ligação peptídica, e o produto dessa reação é um dipeptídeo. constitui um novo alelo daquele gene e passa a fazer parte do patrimônio
genético da população, podendo ser transmitido da mesma forma que o alelo
À medida que novos aminoácidos são acrescentados pelo mesmo processo, uma normal. Frequentemente, o alelo mutante resulta em uma proteína anormal, o
cadeia com dezenas ou centenas de aminoácidos sempre unidos por ligações que leva a um quadro de disfunção ou doença relacionada ao funcionamento
daquela proteína no organismo.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Uma das doenças humanas ocasionadas por mutação gênica mais estudadas Numa reação catalisada por enzimas, as moléculas reconhecidas pela
é a anemia falciforme (ou siclemia). A hemoglobina humana é uma proteína enzima (as suas “moléculas-alvo”) são o seu substrato. A molécula de uma
constituída por quatro cadeias polipeptídicas iguais duas a duas (alfa e beta). Um enzima apresenta um local especifico (o chamado sitio ativo de uma enzima)
erro genético (alteração na molécula de DNA) leva à substituição de um para o “encaixe” de uma ou mais moléculas de substrato. Esse “encaixe” é, na
aminoácido a sexta posição da cadeia beta da hemoglobina humana. Isto, por sua realidade, o resultado de várias interações entre determinados átomos da
vez, provoca alterações na estrutura da molécula e, em consequência, leva à molécula de enzima e átomos da molécula do substrato, que permitem o
produção de hemácias de formato anormal, lembrando o de uma foice reconhecimento de substratos específicos para aquela enzima.
(falciformes), o que prejudica o transporte de gases respiratórios no organismo
afetado. O reconhecimento e o “encaixe” entre a enzima e seu(s) substrato(s)
permite, então, que ocorra a reação. Como resultado, teremos um ou mais
produtos diferentes do substrato. Nesse processo, a enzima não sofre qualquer
Proteínas na dieta dos animais tipo de desgaste ou de alteração permanente, de forma que pode ser novamente
utilizada na catalise de uma reação idêntica à que acabou de ocorrer.
catalisadoras
substrato(s) para a reação seguinte. Muitos passos do metabolismo celular são
efetuados por meio de vias metabólicas variadas, como a síntese de aminoácidos
a partir de outros compostos orgânicos. Em geral, cada etapa de uma via
metabólica é catalisada por uma enzima altamente especifica, o que possibilita a
Enzimas são proteínas catalisadoras existentes em todos os seres vivos
regulação dessa via por parte da célula – ao produzir diferentes quantidades em
(bactérias, fungos protistas, animais e vegetais). As enzimas facilitam as reações
diferentes momentos – de cada uma das enzimas envolvidas.
que ocorrem nos seres vivos ao interagir fisicamente com os reagentes,
fornecendo um caminho energicamente mais favorável para a transformação
desses em produtos. As enzimas aumentam a velocidade das reações ao Chamamos de anabolismo ao conjunto das reações de síntese de novas
possibilitar que os reagentes interajam mais apropriadamente. Até mesmo os substâncias que ocorre no interior das células. Dá-se o nome de catabolismo ao
vírus, incapazes de produzir enzimas por si mesmos, induzem as células que conjunto das reações celulares que promovem a degradação de moléculas
parasitam a produzir certas enzimas virais; alguns deles ainda carrega consigo maiores em moléculas menores. Tanto as vias anabólicas quanto as vias
uma ou mais enzimas sintetizadas pela célula hospedeira da qual se originou. catábolicas de uma célula ou de um organismo são altamente reguladas por meio
da produção de enzimas especificas.
Algumas enzimas dependem de um cofator (também chamado coenzima)
para atuarem corretamente. Muitos desses fatores são vitaminas, enquanto outros
são metais, como o zinco, o cobre e o manganês. Algumas enzimas atuam no Regulação da atividade enzimática
interior da célula, enquanto outras são lançadas fora dela e atuam no meio
extracelular. Dessa forma, processos naturais como a obtenção, o As células têm diversos mecanismos que lhes permitem regular a
armazenamento e a transferência de energia no ambiente intracelular; a concentração e a atividade de suas enzimas. Primeiramente, pela modulação da
construção de novas moléculas a partir de precursores de menor tamanho a ação dos genes responsáveis pela síntese de uma enzima. Em segundo lugar,
digestão do alimento e outros processos similares dependem, em grande medida, para as enzimas já produzidas existentes no interior da célula, há três
da atuação de diversas enzimas. possibilidades de regulação: a inibição competitiva, a inibição não competitiva e
a inibição por retroalimentação (feedback).
O nome de uma enzima e, em geral, formado pelo nome do substrato
especifico sobre o qual ela atua, acrescido do sufixo –ase. Assim, por exemplo,
uma enzima que catalisa a hidrólise de lipídeos e uma lipase uma enzima que
catalisa a conversão de uma substância em outra por adição de uma hidroxila é
Anticorpos,
uma hidroxilase; e assim por diante.
proteínas de
Em geral, associamos a ideia de enzimas com os processos de degradação
de moléculas orgânicas, como ocorre durante a digestão (hidrolise enzimática)
dos alimentos. No entanto, essa é apenas uma das funções das enzimas;
defesa
igualmente importantes são as enzimas responsáveis pelo processo oposto, isto
é, de síntese de novas moléculas; ou ainda aquelas envolvidas na transferência Os anticorpos ou imunoglobulinas são proteínas complexas, produzidas
de um grupo químico de uma molécula para outra. pelos organismos dos animais vertebrados, voltadas para a defesa do organismo
por meio do combate aos antígenos. Estes são, em geral, substancias estranhas
A maioria das reações químicas que ocorre no interior das células é ao organismo, capazes de desencadear uma resposta imune (como a produção de
catalisada por enzimas. Dessa forma, o organismo é capaz não só de obter maior anticorpos). A maioria dos antígenos é de natureza proteica ou polissacarídica.
eficiência em seu metabolismo (uma vez que as reações ocorrerão em menor Essas substâncias estão presentes ou são derivadas, por exemplo, dos
tempo. E com menor gasto de energia), mas também de regular suas vias microrganismos que podem parasitar o organismo humano (vírus, bactérias,
metabólicas. Assim, por exemplo o fato de sintetizar ou não uma enzima permite fungos e protozoários).
às células a regulação de quando produzir determinada substância quanto dela
produzir, e em que tipo de células. Uma molécula de anticorpo é formada por quatro cadeias polipeptídicas
(duas cadeias “leves” e duas cadeias “pesadas”, assim denominadas em função
A deficiência (total ou parcial) na produção de algumas enzimas pode de seu peso molecular), unidas por pontes dissulfeto, Uma das extremidades das
acarretar o desenvolvimento de algumas doenças (algumas formas de albinismo, cadeias corresponde à região variável, pela qual um anticorpo se liga ao
fenilcetonúria entre outras) ou mesmo a morte do organismo. antígeno. A variabilidade dessa região é dada pela variabilidade dos genes
responsáveis pela síntese dessas cadeias. Dessa forma, o organismo é capaz de
produzir um grande número de anticorpos diferentes, capazes de reconhecer e se
Modo de ação de uma enzima ligar a diferentes antígenos, em reações altamente especificas, neutralizando
essas moléculas.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Os anticorpos são elementos da imunidade humoral, assim chamada porque Um soro terapêutico contém anticorpos específicos contra um antígeno que
esse nível de defesa do organismo é feito por moléculas (anticorpos) presentes se deseja neutralizar, em certo individuo, em dado instante. Esse recurso é
nos humores do organismo (líquidos e secreções corporais, como o sangue, a utilizado quando há um grande risco para o organismo (devido a uma infecção já
linfa, as lagrimas, a saliva, o leite materno, etc.). Outro nível de defesa é instalada, ou devido à exposição a toxinas ou venenos de origem animal) e não
constituído pela imunidade celular, assim chamada porque é mediada por há tempo suficiente para que o organismo desenvolva a própria resposta imune.
células, como os linfócitos T (um tipo especifico de leucócito, ou glóbulos
brancos do sangue). A produção de um soro terapêutico tem início com a introdução, no
organismo de um animal de grande porte (em geral cavalo), de antígenos
específicos preparados com os venenos de animais peçonhentos (serpentes,
Produção de anticorpos pelo aranhas, escorpiões) ou de toxinas bacterianas (para a produção, por exemplo, de
soros antibotulínico, antidiftérico e antitetânico) ou ainda com o vírus inativado
sistema imune humano da raiva (para a produção do soro antirrábico humano). A resposta imune do
cavalo ao antígeno inoculado garante a produção de anticorpos específicos
contra aquele antígeno, que passam a circular em sua corrente sanguínea. Em
Os linfócitos B – um tipo de leucócito (glóbulos brancos do sangue) que seguida, realiza-se a coleta de sangue desses animais e o plasma obtido é
amadurece no interior da medula óssea – produzem e expõem continuamente em submetido a uma sequência de processos físicos e químicos que permitem a
sua superfície externa moléculas de anticorpo com diferentes sítios, purificação e o isolamento dos anticorpos de interesse, que comporão o soro
reconhecedores de antígenos (região variável). Quando determinado linfócito B terapêutico especifico para o combate ao antígeno.
é exposto a determinado antígeno que se encaixa em seu anticorpo, esse linfócito
é ativado. Essa ativação faz com que essa célula se prolifere por mitoses Conforme explicado, a imunização passiva conferida pela administração de
sucessivas, formando em pouco tempo uma população de células-filhas capazes um soro terapêutico oferece uma proteção rápida e eficiente, porem temporária,
de produzir aquele mesmo anticorpo. Parte dessas células passa por uma vez que não conduz à formação de memória imunológica, pois os
transformações, originando um novo tipo de célula, os plasmócitos, que produz e anticorpos foram produzidos por outro organismo.
secreta anticorpos em grande quantidade nos líquidos e secreções corporais, a
fim de promover o combate ao antígeno, enquanto outra parcela permanece
como células de memória.
Ácidos nucleicos e
Resposta imune primária e
secundária
síntese de proteínas
Quando o organismo é exposto pela primeira vez a um antígeno, seja de
forma natural, seja por meio de uma vacina, os plasmócitos resultantes da
O que são ácidos nucleicos?
transformação dos linfócitos B ativados dão início à produção e à secreção
daquele tipo especifico de anticorpo. Trata-se da resposta imune primária. Os ácidos nucleicos são assim chamados porque são substâncias de caráter
Quando o indivíduo é exposto ao mesmo antígeno pela segunda vez (seja de ácido, usualmente encontradas no interior do núcleo das células eucarióticas
forma natural, seja em razão de uma segunda dose de vacina), o tempo (mas não só ali). São eles: o ácido desoxirribonucleico (ADN, ou DNA, na sigla
necessário para a produção de anticorpos é menor e a quantidade de anticorpos em inglês) e o ácido ribonucleico (ARN ou RNA).
produzidos é maior quando comparados com o que ocorre na resposta primária,
uma vez que agora já existe uma população de células de memória capaz de Os ácidos nucleicos desempenham importante papel no controle das
iniciar rapidamente a produção de grande quantidade daquele anticorpo. Trata- atividades celulares, uma vez que contêm as informações para a produção das
se, portanto, da resposta imune secundária. enzimas e de outras substâncias necessárias ao funcionamento do organismo.
Além disso, o DNA (e, no caso de alguns vírus, o RNA) é também o responsável
pela transmissão dessas informações de uma geração a outra, quando uma célula
Imunidade ativa e imunidade se divide ou quando um organismo se reproduz. Por essas razoes, pode-se
afirmar que os ácidos nucleicos constituem o material genético dos seres vivos.
passiva O DNA foi primeiramente isolado e reconhecido por Friedrich Miescher,
um cientista suíço, em 1869. Ao realizar a análise química de núcleos celulares,
Imunização é a aquisição de proteção contra um antígeno (e, por extensão, Miescher encontrou um composto desconhecido, de caráter ácido, rico em
a uma doença infecciosa) graças à produção de anticorpos contra esse antígeno fosforo, e constituído de moléculas aparentemente muito grandes. Anos mais
(imunização ativa) ou à transferência ao indivíduo de anticorpos produzidos por tarde, já em meados do século XX, tornou-se claro que, na verdade, existiam
outro organismo (imunização passiva). duas classes distintas de ácidos nucleicos, caracterizados por algumas diferenças
em sua constituição química. Por fim, a partir das décadas de 1950 e 1960, a
A imunidade ativa resulta do fato de o indivíduo ter contraído uma doença estrutura molecular e o modo de ação dos ácidos nucleicos foram sendo pouco a
infecciosa ou de ter recebido uma vacina contra essa doença. A imunidade ativa pouco desvendados, o que possibilitou maior compreensão a respeito do
em geral é duradoura, podendo se estender por muitos anos ou por toda a vida do funcionamento das células e, por extensão de todo o organismo.
indivíduo. No caso da imunidade resultante de vacinação, às vezes são
necessárias doses de reforço periódicas, a fim de manter a memória imunológica
contra determinada doença. Nucleotídeos, as unidades
A imunidade passiva ocorre quando uma criança recebe anticorpos
produzidos por sua mãe (através da placenta, durante a gestação e, mais tarde,
formadoras dos ácidos nucleicos
por meio do leite materno) ou quando um indivíduo recebe anticorpos
produzidos por um animal (soro terapêutico) ou provenientes de outro ser Os ácidos nucleicos são macromoléculas constituídas por longas cadeias
humano (terapia com imunoglobulina humana e transfusões de sangue, por contendo milhares de nucleotídeos. Cada uma dessas unidades é composta de
exemplo). Esse tipo de imunização confere proteção rápida e eficiente; no três partes distintas: um grupo fosfato (PO42-) ao qual está unida na pentose
entanto, essa proteção é temporária, durando em geral poucas semanas ou alguns (monossacarídeo com cinco carbonos), à qual está ligada uma base nitrogenada
meses. (uma molécula formada por um ou dois anéis de carbonos e nitrogênios).
Observe o esquema a seguir, que mostra a estrutura molecular de um
nucleotídeo:
Vacinas e soros
Uma vacina contém o antígeno contra o qual se deseja proporcionar
proteção imunológica. Portanto, uma vacina pode conter substâncias que fazem
parte do patógeno (proteínas, polissacarídeos), ou que foram liberadas por esse
patógeno (toxinas bacterianas), ou ainda o próprio patógeno atenuado (vírus ou
bactérias, vivos ou mortos).
De acordo com o modelo da “dupla-hélice” proposto por James Watson, lhes serviram de molde. Assim, a duplicação do DNA é um processo
Francis Crick e outros colaboradores em 1953, o DNA é representado como uma semiconservativo: cada molécula-filha resultante desse processo consiste de uma
espécie de “escada” enrolada em espiral na qual cada “corrimão” corresponde s cadeia “antiga”, pertencente ao DNA original, e uma cadeia “nova”, recém-
uma sucessão de pentoses e fosfatos alternados, e cada “degrau” equivale a um sintetizada.
par de bases nitrogenadas (A com T, C com G). Note que as duas cadeias de
nucleotídeos são antiparalelas: uma ocorre no sentido 3’ 5’, enquanto a
outra está orientada no sentido 5’ 3’.
Replicação (duplicação) do
DNA
O DNA constitui o material genético das células uma vez que tem o papel
de controle do metabolismo celular, por meio da produção de enzimas e de
outras moléculas reguladoras. Dessa forma, o DNA é responsável pela
informação genética transmitida de uma geração a outra, ou seja, por todas as
informações necessárias para a formação de uma nova célula (ou de um novo
organismo), a cada geração, ora, essa transmissão de informações só é possível
graças à capacidade que o DNA tem de se replicar, isto é, de gerar copias de si
mesmo.
produção de uma molécula de RNA tendo como molde a cadeia 3’5’ do Essas informações tornaram necessária a reformulação do dogma central da
DNA (a chamada “fita molde”, ou “fita guia” do DNA); como resultado, toda biologia molecular, dando origem à sua forma mais moderna:
molécula de RNA é sempre m polinucleotídeo de polaridade 5’3’.
Apenas uma das fitas da molécula de DNA serve como molde; a outra fita
de DNA (chamada “fita inativa”) volta a se juntar à fita molde depois que o
processo termina, uma vez que o polinucleotídeo de RNA assim formado se
destaca do molde ao final da transcrição.
momento; em virtude disso, pode-se dizer que ela apresenta uma permeabilidade
seletiva.
Além disso, é por meio da membrana plasmática que uma célula percebe
sinalizações do ambiente – ao interagir com moléculas de hormônios, por
exemplo –, reconhece outras células e estabelece vínculos mais ou menos
permanentes com elas.
Estrutura da membrana
plasmática
Todas as membranas de uma célula (a membrana plasmática e as
membranas que constituem e envolvem muitas estruturas internas da célula) têm
natureza lipoproteica e compartilham uma organização estrutural comum: uma
bicamada lipídica, à qual estão associadas diversas proteínas de membrana.
O número de códons é maior do que o número de tipos de aminoácidos que A membrana tem consistência fluida, ou seja, as moléculas que a
formam as proteínas (20 tipos); isso significa que o código genético é constituem estão em continuo movimento, alterando sua posição conforme as
degenerado (ou redundante), pois há uma “sobra” de um lado (códons) em necessidades da célula. No entanto, nas células animais, a presença de moléculas
relação ao outro lado (aminoácidos) dessa correlação. Em consequência, muitos de colesterol, em meio aos fosfolipídeos, confere certa “rigidez” a determinadas
aminoácidos são codificados por mais de um códon; além disso, há três códons porções da membrana, limitando ou impedindo a movimentação das moléculas
que não determinam nenhum aminoácido, servindo como sinais de terminação daquela região.
de leitura do RNAm.
Na face externa da membrana plasmática podem ainda ser encontradas
moléculas de carboidratos, ancoradas aos fosfolipídeos os às proteínas da
O códon AUG, nas moléculas de RNAm, funciona tanto como códon
membrana. Essa cobertura, quando mais extensa, recebe o nome de glicocálice.
determinante do aminoácido metionina quanto como códon de iniciação. Isso
significa que o primeiro códon AUG mais próximo da extremidade 5’ de um
RNAm é reconhecido como de início e é por ai que se inicia a síntese da
proteína.
Proteínas da membrana
As proteínas que constituem a membrana plasmática têm composição e
Tipos de RNA que participam da estrutura bastante variada. As principais funções dessas proteínas são:
síntese de proteínas
Realizar o transporte de materiais diversos através da membrana.
Funcionar como receptores de moléculas sinalizadoras, como
hormônios, por exemplo.
A síntese de um polipeptídeo ou de uma proteína envolve a participação de Atuar como enzimas, catalisando reações que ocorrem tanto no
três tipos distintos de RNA: o RNAm (mensageiro), o RNAr (ribossômico) e o meio externo (na proximidade da membrana) quanto no meio
RNAt (transportador). Todos os três são produzidos a partir do DNA, na interno da célula.
transcrição; no entanto, como são transcritos a partir de diferentes segmentos da
molécula. As proteínas envolvidas no transporte de substâncias através da membrana
são basicamente de dois tipos. O primeiro deles é o das proteínas de canal, que
formam um poro aquoso, por meio do qual fluem as moléculas que devem entrar
A “leitura” do RNAm pelos ou sair da célula. O segundo tipo, mais complexo, é constituído por proteínas
capazes de alterar sua configuração espacial, mudando de forma de modo a
Membrana plasmática metabólicas estão perfeitamente dispostas lado a lado na membrana plasmática,
o que possibilita que controlem uma serie de reações sequenciais de forma mais
eficiente do que se estivessem livres no hialoplasma.
foram denominadas microvilosidades, e constituem um arranjo bastante Osmose: um caso especial de difusão
satisfatório, que permite aumentar a superfície de absorção dos nutrientes pela
mucosa do intestino delgado.
A osmose é o fenômeno no qual moléculas de um solvente (como a água)
se movimentam através de uma membrana semipermeável, isto é, permeável ao
Troca de substâncias entre a solvente, porém impermeável ao soluto considerado, quando existe um gradiente
de concentração desse soluto entre dois lados de uma mesma membrana. As
moléculas de água se movimentam do meio menos concentrado em soluto (onde
célula e o meio há “mais água”) para o meio mais concentrado em soluto (onde há “menos
água”). Assim, pode-se considerar a osmose como sendo um caso especial de
difusão (“difusão da água”).
Todas as células precisam manter uma concentração apropriada de água,
íons e nutrientes, bom como eliminar substâncias inúteis resultantes do seu
metabolismo, a fim de se manterem em estado de equilíbrio dinâmico Consequências da osmose para as células
(homeostase). A membrana plasmática tem papel importante na manutenção
desse equilíbrio diferencial de concentrações entre o meio interno e o meio
Uma célula estará isotônica em relação ao seu meio circundante se a
externo da célula.
concentração de solutos for a mesma dentro e fora dela.
Se analisarmos a permeabilidade da membrana a variadas substâncias,
considerando-se inicialmente apenas a bicamada lipídica, podemos afirmar que: Nesse caso, embora as moléculas de água possam atravessar livremente a
membrana em qualquer direção, não há ganho nem perda de água por parte da
Macromoléculas (como proteínas, dissacarídeos e célula. Mas se uma célula estiver mergulhada em um meio hipertônico (ou seja,
polissacarídeos) não podem atravessar a membrana por mais concentrado em solutos que a célula), moléculas de água passarão, por
causa de seu tamanho; osmose, preferencialmente de dentro para fora dela – nesse caso, a célula perde
Moléculas pequenas que possuem carga elétrica (os íons, água para o meio. Finalmente, quando colocadas em meio hipotônico, as células
por exemplo) também não podem passar através da ganham água por osmose. Como resultado desses ganhos e perdas de água, uma
membrana, pois são incapazes de atravessar seu interior célula pode sofrer alterações em seu volume.
apolar;
Moléculas de água têm dificuldade para passar pelo A existência de uma parede celular (membrana esquelética celulósica) nas
“miolo” hidrofóbico da bicamada lipídica; a células vegetais faz com que as consequências do ganho ou da perda de água por
permeabilidade da membrana plasmática à água seria, osmose nessas células seja diferente, quando comparadas às células animais.
dessa forma, bastante reduzida; Além disso, as células vegetais apresentam um ou mais vacúolos contendo
Membranas pequenas e apolares (como o etanol) e gases soluções salinas em seu interior. Quando ocorrem trocas de águas por osmose
(O2, CO2, N2) passam através da membrana de acordo com entre a célula vegetal e o meio, há ganho ou perda de água nos vacúolos.
seu gradiente de concentração (isto é, da região de menor
concentração).
Colocadas em meio isotônico, as células vegetais não ganham nem perdem
água; dizemos então que a célula está flácida. Postas em meio hipotônico, as
Ora, como já explicado, uma das funções das proteínas de membrana é a de células ganham água e seus vacúolos aumentam de volume; no entanto não há
auxiliar o transporte de substancias que, de outra forma, não poderiam atravessar
risco de ruptura (lise) celular devido à resistência da parede celular. Quando
a bicamada lipídica. Assim, a permeabilidade da membrana é bem mais ampla
ocorre o equilíbrio entre as forças osmóticas e a resistência exercida pela parede,
do que se poderia supor, graças aos movimentos de moléculas que ocorrem em
razão das leis da Física (como é o caso da difusão) e aos processos que a célula estará túrgida. Transferidas para um meio hipertônico, as células
envolvem transporte com gasto de energia. vegetais perdem água; os vacúolos diminuem de volume e a membrana
plasmática se descola da parede celular; dizemos que a célula está plasmolisada.
Exocitose
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
A exocitose é oposta à endocitose, ou seja, ocorre pela fusão de uma O citoesqueleto é uma estrutura dinâmica, em continua modificação,
vesícula originada no interior da célula com a membrana plasmática, o que associada à manutenção da atividade celular e ao crescimento e à divisão da
possibilita que o material nela contido seja lançado no meio externo. É esse o célula. Ele é responsável pela forma das células animais, pelos movimentos das
principal caminho que as células utilizam para a eliminação de secreções (como organelas e das substâncias pelo citoplasma e pelos movimentos da própria
hormônios e enzimas) por elas produzidas. célula.
O glicocálice desempenha funções bastante variadas. De modo geral, os Os filamentos possibilitam a ciclose, movimento ordenado do citosol
carboidratos presentes no glicocálice funcionam como marcadores que vão responsável pela circulação de materiais e organelas, que é mais facilmente
orientar e conduzir as várias interações de uma célula com outras, identificando observável nas células vegetais. Ela ocorre pela ação de proteínas motoras
determinado tipo celular. Essa possibilidade de identificação celular é (miosina) associadas com as fibras de actina.
responsável pelo reconhecimento, por parte do sistema imune do nosso
organismo, de células estranhas a ele – sejam elas provenientes de organismos No fim da divisão celular das células animais, a actina forma um anel
de outra espécie (bactérias, por exemplo) ou de outro ser humano (o que pode contrátil, provocando a divisão final do citoplasma, processo denominado
conduzir à rejeição de tecidos e órgãos transplantados ou ao insucesso de uma citocinese.
transfusão sanguínea).
Os pseudópodes são projeções da membrana, relacionados com o
deslocamento de algumas células e organismos unicelulares e o englobamento
Estruturas de adesão intercelular de partículas. Sua formação esta relacionada com alterações da agregação da
actina sob a membrana. As microvilosidades das células intestinais são projeções
da membrana plasmática que aumentam a superfície de absorção e possuem um
Em muitos tecidos animais, duas células adjacentes estabelecem entre si eixo central de moléculas de actina, responsáveis pela sua forma.
certas interações, a fim de garantir maior aderência e/ou comunicação
intercelular. Essas estruturas são basicamente de três tipos:
Filamentos intermediários
Citoplasma Apresentam diâmetro intermediário entre os microtúbulos maiores e os
filamentos de actina menores. Sua função é estrutural, permitindo maior
Citosol: a matriz centrossomos, próximo do núcleo celular. Os centríolos não existem nas
angiospermas e na maioria das gimnospermas e dos fungos.
Citoesqueleto: estrutura e
sincronizados. São encontrados em protozoários ciliados como o Paramecium,
permitindo sua locomoção. No nosso corpo, encontramos cílios nas células
epiteliais de revestimento das vias respiratórias, usados para movimentar o
protozoários flagelados, como o Trypanosoma cruzi, e de algas unicelulares, A apoptose, ou morte celular programada, é um processo controlado por
como a Euglena. certas proteínas, as quais desencadeiam uma série de eventos que determinam a
morte da célula. Por esse processo, ocorre a modelagem de órgãos durante o
desenvolvimento embrionário, a eliminação de estruturas desnecessárias e o
Retículo endoplasmático descarte de células envelhecidas e sujeitas a danos no seu DNA. Exemplos da
ocorrência de apoptose incluem a eliminação das membranas encontradas entre
os dedos do embrião e o desaparecimento da cauda do girino ao se transformar
O reticulo endoplasmático (RE) é a maior organela citoplasmática. Ele é em adulto.
formado por uma rede de membranas lipoproteicas espalhadas pelo citoplasma,
delimitando cavidades cujo conteúdo difere do citosol. As membranas A necrose ou autólise é um processo agudo, desencadeado por fatores
aumentam a superfície interna da célula e fornecem uma grande área para a externos como falta de oxigênio ou presença de toxinas. Caracteriza-se pelo
ocorrência das reações celulares. aumento do volume celular, ruptura de organelas e explosão da célula.
O RE não granulosos participa de importantes processos metabólicos: Os peroxissomos atuam na quebra de moléculas de ácidos graxos, necessária
para sua utilização em reações energéticas. Eles também são importantes para a
nele ocorre a quebra das moléculas de glicogênio, liberando inativação de várias moléculas toxicas para a célula, como o álcool e por essa
glicose para a atividade celular; razão, eles são abundantes nas células do fígado.
é o local de síntese de lipídeos, necessários para o crescimento
das membranas; outros lipídeos produzidos no RE são o Nas células vegetais eles são denominados glioxissomos e atuam
colesterol e os hormônios esteroides, como o estrógeno e a principalmente na transformação de gorduras em glicose.
progesterona;
Mitocôndrias
no seu interior existem enzimas que modificam e inativam
moléculas pequenas que entram na célula, como álcool, remédio e
drogas.
As mitocôndrias encontradas em todas as células eucarióticas são
Complexo golgiense constituídas por duas membranas. A externa é contínua e funciona como
envoltório, enquanto a membrana interna forma prolongamentos para o interior
da mitocôndria, as cristas mitocondriais, que participam ativamente das reações
O complexo golgiense (CG) é um sistema de membranas, intimamente da organela.
ligado ao RE e formado por sáculos membranosos achatados empilhados, com
vesículas periféricas. O interior da mitocôndria é preenchido pela matriz mitocondrial, um
material amorfo e transparente. Na matriz encontramos um DNA circular com
O CG é a organela que apresenta o maior número de funções conhecidas, 36 genes ativos e ribossomos, que sintetizam proteínas.
das quais vamos destacar:
As mitocôndrias têm capacidade de autoduplicação e, na formação do
Processamento e distribuição de proteínas – recebe as proteínas zigoto, são fornecidas exclusivamente pelo óvulo. Tanto nos animais como nos
sintetizadas no RE granulosos, realiza nelas alterações químicas, vegetais, o gameta masculino não contribui com mitocôndrias para o
armazena e empacota em vesículas para posterior distribuição. descendente.
Secreção celular – associada à função anterior, todas as proteínas
Nas mitocôndrias ocorre a maior parte das reações da respiração aeróbica,
destinadas à secreção são empacotadas no CG e posteriormente
principal fonte de energia para a atividade celular.
enviadas para a membrana, para liberação.
Síntese de polissacarídeos – nele ocorre a síntese dos
polissacarídeos vegetais celulose e pectina. Nas células animais,
forma os mucopolissacarídeos constituintes do muco. Plastos
Formação da lamela média vegetal – durante a divisão celular
vegetal, a separação final das células formadas é feita por uma Os plastos são organelas membranosas encontradas exclusivamente em
membrana de pectina, a lamela média, produzida pelo CG. algas e células vegetais. Existem vários tipos de plastos: os cromoplastos
Formação do acrossomo do espermatozoide – no espermatozoide, coloridos de muitos frutos, os leucoplastos, que armazenam material de reserva
o CG produz vesículas que se unem, formando o acrossomo, uma – como o amido -, e os cloroplastos.
bolsa com enzimas digestivas, que facilitam a penetração do
espermatozoide no óvulo. Os cloroplastos contêm um pigmento de cor verde chamado clorofila e são
os responsáveis pela fotossíntese. Estruturalmente são formados por duas
Lisossomos
membranas, como as mitocôndrias. Ligadas à membrana interna, existem
lâminas denominadas lamelas e, presas a elas, estão os tilacoides, discos
membranosos empilhados (cada pila é chamada de grana, e o conjunto,
granum). A clorofila fica no interior dos tilacoides e das lamelas. Entre os
Os lisossomos são vesículas membranosas liberadas pelo complexo granum, existe um material de preenchimento denominado estroma. Do mesmo
golgiense, contendo enzimas denominadas hidrolases, que atuam nos modo que as mitocôndrias, os cloroplastos apresentam DN+A circular e
mecanismos de digestão intracelular. O pH ótimo dessas enzimas é acido (3), o ribossomos.
que fornece proteção ao citoplasma, cujo pH é 7,4.
A principal relação entre os dois tipos de epitélio (de Na fase G1, mais longa, ocorre a maior parte da síntese de RNA e de
proteínas, além do aumento das organelas e o crescimento da célula. Em S,
revestimento e glandular) é a origem, pois as glândulas se acontece o processo de replicação, com a autoduplicação do DNA. A fase G2
originam de células de um epitélio de revestimento. encerra a preparação para a mitose, com uma pequena síntese de RNA e de
proteínas necessárias à divisão, além do término da duplicação dos centríolos.
Tecido epitelial de revestimento Durante o ciclo celular, existem pontos de checagem, nos quais
mecanismos celulares verificam se as condições para sua continuação estão
Tecido formado por células justapostas, unidas por uma adequadas ou não. Caso não estejam, pode ocorrer uma parada no ciclo e,
eventualmente, a destruição da célula por apoptose.
fina camada cimentante e por diferenciações da membrana
plasmática, cuja função é aumentar a aderência e a coesão Existem células que não se dividem após o período embrionário, como os
entre essas células e a capacidade de resistência ao atrito e à neurônios e as células musculares. Nesse caso, elas param o ciclo ao atingir o
ponto de checagem no fim da fase G1, não duplicam seu DNA e permanecem em
tração. um estado denominado G 0. Nessas células, a atividade metabólica e a síntese de
materiais se mantem, mas o processo não caminha em direção à divisão.
O tecido epitelial de revestimento reveste o corpo do
animal, as faces internas das cavidades corporais, as faces A mitose é o processo de divisão celular no qual uma célula eucariótica
forma duas células-filhas, com o mesmo numero de cromossomos da célula
externas das vísceras alojadas nessas cavidades, a face
inicial. Pode ocorrer em células com qualquer ploidia (n, 2n, 3n, ...) e é
interna das vísceras ocas e os canais ou ductos de diferentes caracterizada pela separação das cromátides durante o processo de divisão.
órgãos. Assim, o epitélio pode exercer várias funções:
absorver nutrientes (epitélio intestinal), realizar trocas A mitose permite a reprodução assexuada de eucariontes unicelulares,
como protozoários, algas e fungos unicelulares. Nos organismos pluricelulares, o
gasosas (epitélio do alvéolo pulmonar) processo começa no zigoto, possibilitando a formação das células embrionárias.
Tecidos musculares ocorre a separação do material genético, duplicado na fase S da interfase e que
será dividido em dois núcleos idênticos. As organelas citoplasmáticas também
serão divididas igualmente entre as duas células-filhas.
Tecido nervoso O processo da mitose é contínuo mas para facilitar o estudo é normalmente
dividido em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Fases da meiose homólogos, podem ocorrer 2²³ combinações, ou seja, 8 388 608 misturas
possíveis de cromossomos nos gametas formados.
No processo meiótico, a primeira divisão (Meiose I) é reducional, com a O crossing over (ou permutação) é a troca de partes simétricas entre duas
separação dos cromossomos homólogos. A segunda divisão (Meiose II) é cromátides homologas, que pode ocorrer durante a prófase I da meiose. O
equacional, com a separação das cromátides. processo produz a recombinação genética, permitindo novas combinações de
genes nos gametas. As trocas são casuais e ocorre ao longo dos pares de
homólogos, possibilitando um número imenso de novas sequencias genicas. Para
Prófase I ocorrer, o crossing over necessita da formação de um sistema de fibras proteicas,
que faz o pareamento dos cromossomos homólogos; esse pareamento vai
possibilitar a separação correta dos cromossomos materno e paterno do par de
Fase inicial, mais longa e importante da meiose. Como na mitose, ocorrem homólogos.
os eventos de preparação da divisão, com as alterações no núcleo (condensação
cromossômica, desaparecimento do nucléolo e desintegração do envelope
nuclear) e do citoplasma (migração dos centríolos duplicados para os polos,
formação das fibras do fuso). Erros na meiose: a não
A prófase I é caracterizada por dois eventos exclusivos. O primeiro,
obrigatório, é o pareamento (sinapse) dos cromossomos homólogos, formando
disjunção
pares denominados bivalentes ou tétrades, possibilitando a separação correta dos
homólogos, um para cada célula, durante a primeira divisão. O segundo evento é Eventualmente, podem ocorrer erros durante o processo meiótico. O erro
o crossing over (permutação), um processo frequente, mas não obrigatório, que mais frequente é a não disjunção. Nela não ocorre a separação correta dos
permite a troca de partes entre os cromossomos homólogos; os locais onde cromossomos homólogos, na meiose I ou na meiose II. A separação incorreta
ocorrem essas trocas são denominados quiasmas. dos cromossomos leva à formação de células alteradas, com cromossomos a
mais (n + 1) ou a menos (n – 1).
A síndrome de Down é uma trissomia do cromossomo 21, na qual A formação dos gametas femininos ocorre nos ovários e apresenta as fases
geralmente um dos gametas que origina o zigoto tem dois cromossomos 21, em de multiplicação, crescimento e maturação, de modo semelhante ao da
razão de uma não disjunção. Os indivíduos afetados pela síndrome de Down têm espermatogênese. Mas há duas diferenças importantes: o período da vida em que
alterações faciais características, defeitos em vários órgãos e retardo do ocorre cada fase e o número de gametas formados. Observe as fases da
desenvolvimento psicomotor. Já a síndrome de Turner é uma monossomia do ovulogênese humana.
cromossomo X. Na formação do zigoto, um dos gametas, formado por não
disjunção, não possui um dos cromossomos sexuais (X ou Y). Na fecundação, Multiplicação: nos ovários do embrião feminino, a partir do 2º
ele se une a um gameta com o cromossomo X, formando o individuo XO, que mês de gestação, as células germinativas primárias dividem-se em
será uma mulher com baixa estatura e ausência de desenvolvimento sexual. ovogônias, que se multiplicam, atingindo 7 milhões no fim do 5º
mês gestacional.
A espermatogênese ocorre nos canais seminíferos das gônadas masculinas, No inicio da puberdade, entre 11 e 13 anos, a menina apresenta entre 300 a
os testículos. O processo é dividido em quatro etapas: 400 mil folículos primários. Estimulado por hormônios, o processo meiótico é
reiniciado, possibilitando o inicio dos ciclos menstruais. Em cada ciclo, alguns
Multiplicação: na fase embrionária formam-se as células folículos (de 6 a 12) começam a se desenvolver, mas normalmente apenas um
germinativas primárias diploides, que se concentram nos atinge o momento da ovulação, com a degeneração dos restantes. No interior do
testículos. No menino, entre 7 e 9 anos, as células germinativas folículo em desenvolvimento, o ovócito I termina a meiose I, formando um
começam a se dividir por mitose e passam a ser chamadas de ovócito II haploide. A divisão é desigual, com a formação de um único ovócito
espermatogônias. II grande e uma pequena célula, o glóbulo polar. Isso permite a formação de uma
Crescimento: com a multiplicação ativa, entre os 11 e 14 anos, célula mais volumosa, responsável pelo citoplasma do ovo, além de possibilitar a
começa um processo de diferenciação. Em cada duas separação dos cromossomos homólogos. A meiose II só ocorrerá se o ovócito II
espermatogônias formadas, uma continua a divisão e a outra sofre for fecundado pelo espermatozoide; assim, na ovulação o ovário libera um
uma transformação, aumentando o volume e ativando ovócito II, que passa a ser chamado de ovulo no momento da fecundação.
determinados genes, permitindo a formação do espermatócito I
(ou de 1ª ordem ou primário), que se divide por meiose. Na fecundação, a penetração espermática ativa a meiose II e o ovócito I
Maturação: caracterizada pela divisão meiótica do espermatócito divide-se em um ovulo e outro glóbulo polar; isso ocorre antes da união do
I diploide. Na 1ª divisão, formam-se dois espermatócitos II núcleo espermático com o núcleo do ovulo. Pode ocorrer ou não a meiose II do
haploides, os quais formam quatro espermátides haploides no fim primeiro glóbulo polar; mas todos os glóbulos polares formados degeneram e
da 2ª divisão meiótica. são descartados.
Diferenciação (espermiogênese): as espermátides passam por
várias modificações até se transformarem em espermatozoides. Comparando-se a ovulogênese com a espermatogênese, vemos que, no
Cerca de dois terços do citoplasma é eliminado e a célula adquire homem, as fases de multiplicação, crescimento e maturação ocorrem
uma forma mais alongada; o núcleo se reduz pela compactação simultaneamente a partir da adolescência e se mantêm por toda a vida. Já na
maior do DNA; o complexo golgiense forma uma bolsa com mulher, as fases de multiplicação e crescimento ocorrem somente no período
enzimas digestivas, o acrossomo, para permitir a penetração no embrionário e a fase da maturação vai da adolescência até a menopausa, quando
óvulo; a partir de um centríolo, origina-se o flagelo para a os folículos restantes degeneram, cessando o processo de ovulação. A outra
locomoção; as mitocôndrias se distribuição em torno da base do diferença está no número de gametas formados; no homem um espermatócito I
flagelo. origina quatro espermatozoides; enquanto na mulher cada ovócito I que entra em
meiose forma apenas um óvulo.
Ovulogênese
Embriologia Segmentação
A fase de segmentação ou clivagem ocorre logo após a fecundação e dá
A embriologia animal estuda o desenvolvimento do embrião. O processo é início ao desenvolvimento do embrião por meio de uma sucessão de mitoses. As
iniciado com a fecundação e se estende até a formação de um novo organismo células resultantes dessas mitoses iniciais chamam-se blastômeros e são as
com as características típicas da sua espécie, capaz de sobreviver de forma células-tronco embrionárias totipotentes, que são capazes de originar qualquer
autônoma. tecido embrionário ou seus anexos.
A célula-ovo ou zigoto é a célula que resulta da fecundação (união dos O plano de clivagem, que corresponde à citocinese (divisão do citoplasma),
gametas) e o embrião é o organismo em formação que precede a fase adulta. e a velocidade de segmentação dependem da quantidade e da distribuição do
vitelo no citoplasma do zigoto ou célula-ovo. Quanto maior a quantidade de
Nos animais, as fases iniciais do desenvolvimento são muito semelhantes e vitelo, menor a velocidade de divisão do zigoto e dos blastômeros.
apresentam em comum, além da fecundação, a segmentação, a gastrulação e a
organogênese.
Tipos de fecundação e tipos de
Fecundação desenvolvimento nos cordados
A fecundação nos animais resulta da fusão entre um espermatozoide Os cordados correspondem a um dos grupos animais com maior
(gameta masculino) haploide (n) e um óvulo (gameta feminino) também diversidade e importância na biosfera atual. Deles fazem parte muitas das
haploide (n). espécies com que nos deparamos diariamente, incluindo a humana.
Embora vários espermatozoides dirijam-se ao óvulo, apenas um deles o Peixes, sapos, tartarugas, jacarés, aves e mamíferos são exemplos de
fecundará, formando um zigoto diploide (2n) e, portanto, reconstituindo a cordados muito comuns, mas há alguns cordados menos conhecidos, cuja
diploidia da espécie. Com isso, ocorre a mistura de material genético dos importância para o estudo da embriologia é muito grande.
genitores. A vantagem evolutiva desse tipo de reprodução é o aumento da
variabilidade genética da espécie. Como se reconhece um cordado?
O sistema nervoso dorsal persiste na quase totalidade dos representantes segmentação total, também chamada holoblástica (do grego: holos, total e
atuais desse grupo animal e as fendas faringianas permanecem na vida adulta blastos, germe, broto, que em citologia tem o sentido de não diferenciado), ou
apenas nas espécies cuja respiração é branquial. seja, a célula sofre citocinese (divisão) completa, originando duas células-filhas.
A existência dessas estruturas na vida embrionária, mesmo que não Nos ovos em que a distribuição do vitelo é homogênea observa-se
persistam na vida adulta, é uma evidencia da origem comum de todos os segmentação igual. As células-filhas apresentam a mesma massa, tamanho e
componentes desse grupo animal. volume, independentemente da direção do plano de citocinese. É o que ocorre
nos mamíferos placentários.
No entanto, o local da fecundação e o desenvolvimento embrionário podem
variar bastante de acordo com o cordado analisado. Os anfíbios e muitos tipos de
peixes, por exemplo, realizam fecundação externa. O encontro dos gametas
ocorre fora do corpo dos adultos (meio externo). Neste caso, o ambiente
aquático é o mais adequado para a fecundação. Repteis, aves e mamíferos têm
fecundação interna, ou seja, o encontro entre os gametas ocorre no interior do
organismo materno.
Os grânulos de vitelo
Os cordados com fecundação interna são principalmente vivíparos ou
têm distribuição
ovíparos. Vivíparos são animais em que, após a fecundação, a formação do
Asocorrem
primeiras segmentações resultam em células homogênea no
zigoto e o desenvolvimento embrionário no interior do organismo
citoplasma
materno. Nesse caso, a maior parte das de tamanhos
demandas semelhantes
nutricionais, de trocas gasosas
e de excreção de resíduos do embrião é suprida pelas relações materno-fetais e,
não há, portanto, grande necessidade de reservas nutritivas (vitelo) à disposição
do embrião. Esse tipo de desenvolvimento ocorre na maioria dos mamíferos.
Nos ovos com distribuição heterogênea do vitelo, ocorre segmentação
Os répteis, as aves e alguns mamíferos, por exemplo, são ovíparos, ou seja, desigual. Dependendo da direção do plano de clivagem em relação à disposição
o embrião se desenvolve dentro de um ovo, mas fora do organismo materno. do vitelo nos polos da célula, as células-filhas podem apresentar tamanhos
Assim, o embrião deverá sobreviver por conta própria e, para isso, necessita de diferentes. Neste caso, os blastômeros menores são chamados de micrômeros e,
uma grande quantidade de reserva nutritiva disponível e ser capaz de realizar os maiores, de macrômeros.
trocas gasosas e de eliminar excretas, além de o ovo ser dotado de alguma forma
de proteção em relação às possíveis agressões do meio no qual se encontra.
Em cordados como os mamíferos placentários – cujos embriões Nos ovos telolécitos, ocorre segmentação parcial e discoidal, pois a grande
estabelecem uma conexão anatômica com o organismo materno através de um quantidade de vitelo impede a divisão completa do citoplasma. Esse tipo de
órgão denominado placenta, e em alguns cordados primitivos (pouco segmentação é chamada também de segmentação meroblástica (do grego: meros,
complexos) – a quantidade de vitelo no óvulo e, consequentemente no ovo ou parcial). Além disso, com as citocineses concentradas no polo animal, formam-
zigoto, é pequena. Esse tipo de ovo, com pouco vitelo, chama-se oligolécito (do se células-filhas sem limites nítidos nessa região, constituindo o disco
grego: oligos, pouco e lecitos, vitelo). Em ovos desse tipo a distribuição do embrionário que dará origem ao corpo do embrião; já a massa citoplasmática
vitelo no citoplasma pode ser homogênea ou heterogênea. Quando a distribuição onde estão os grânulos de vitelo não se divide.
é homogênea, os ovos são chamados alécitos (do grego: a, prefixo de negação e
lecitos, vitelo). Quando a distribuição do vitelo é heterogênea, o vitelo se
acumula em um dos polos do óvulo, ficando o núcleo e o citoplasma dispostos
no polo oposto.
Aves, répteis e alguns mamíferos são ovíparos e produzem ovos com casca.
Os ovos desses animais apresentam uma grande quantidade de vitelo com
distribuição heterogênea no citoplasma, permitindo que o embrião possa se
desenvolver isolado do meio externo e do organismo materno. Esses ovos são
chamados de telolécitos (do grego: telos, extremidade), gigantolécitos ou Os tipos de segmentação ou clivagem ocorrem de acordo com a quantidade e a
megalécitos (do grego: mega, grande). distribuição do vitelo em ovos de cordados
Gastrulação
Embriologia do anfioxo A partir da blástula, tem início o processo de gastrulação que consiste numa
série de movimentos celulares que levarão o embrião a adquirir um aspecto
As primeiras etapas do desenvolvimento, com poucas exceções, são comuns totalmente diferente. Nos anfioxos ocorre invaginação da camada celular
a todos os animais: segmentação, gastrulação e organogênese. formada pelos macrômeros, que se projeta para dentro da blastocele, dobrando-
se na direção da camada de micrômeros. Inicialmente, o embrião será formado
O anfioxo é um pequeno cordado marinho que vive semienterrado nas por duas camadas de células que delimitarão uma nova cavidade, a gastrocele.
areias próximas às praias, filtrando a água do mar para obter seu alimento. Sua Essa nova cavidade corresponde ao intestino primitivo, também conhecido como
organização corporal é muito simples se comparada à maioria dos cordados arquêntero (do grego: arqueos, primeiros e enteron, intestino). Esse estágio do
atuais. Além disso, o fato de se desenvolver diretamente no meio aquático, desenvolvimento do embrião é denominado gástrula. Além das duas camadas
facilita a observação das etapas iniciais do desenvolvimento embrionário em que delimitam a gástrula, outra diferença observada em relação à blástula é a
laboratório. Por apresentar um tipo de ovo muito semelhante ao do ser humano, presença do blastóporo, um orifício que comunica o arquêntero (intestino
esse pequeno animal é utilizado como padrão no estudo das etapas iniciais do primitivo) com o meio externo. Nos cordados, o blastóporo originará o ânus.
desenvolvimento dos cordados.
Blástula
A gástrula nessa fase inicial tem a forma aproximadamente cilíndrica. Nos
Após a formação da mórula, com as sucessivas mitoses, à medida que o cordados, a extremidade na qual está localizado o blastóporo corresponde à
embrião torna-se cada vez mais esférico, as células vão se dispondo na superfície extremidade posterior do embrião, uma vez que aí se originará o ânus.
e, no interior dessa estrutura, ocorre o surgimento de uma cavidade. Esse é o
estágio de blástula. A blástula é formada por uma camada de células, a Na região que corresponderá à superfície dorsal, células da ectoderme,
blastoderme, e uma cavidade, a blastocele. Observe a imagem a seguir: geneticamente programadas, se dispõem de maneira a promover um
achatamento dessa superfície e formar a placa neural (vide A, na ilustração a
seguir). Na sequência, essa placa é recoberta por células da própria ectoderme,
ao mesmo tempo em que se desdobra a forma a constituir um sulco voltado para
a superfície dorsal, o sulco neural.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
As bordas do sulco neural se aproximam e acabam por se fundir, resultando São quatro os anexos embrionários: vesícula vitelínica (ou saco vitelínico),
no tubo neural, separando o sulco neural da superfície externa do embrião. alantoide, âmnio e cório. Observe a ilustração.
Portanto, o tubo neural e, consequentemente, o sistema nervoso têm origem
ectodérmica. Simultaneamente, a camada que reveste o intestino primitivo sofre
movimentos que originam a notocorda e os somitos. A notocorda é uma
estrutura inicialmente tubular, que se forma ao longo da porção superior do
intestino primitivo (o “teto” do arquêntero). Durante a neurulação, torna-se
maciça, com consistência de cartilagem, exercendo a função de sustentação do
embrião (vide B, na ilustração a seguir).
Organogênese
A organogênese é o processo pelo qual ocorre a formação dos tecidos e
Placenta
órgãos de um novo organismo a partir dos três folhetos embrionários.
A maioria dos mamíferos se desenvolve no interior do útero materno. Eles
não estão dentro de ovos com casca e não carregam consigo seu alimento ou
uma vesícula para as excretas. Estando dentro do corpo das mães, até a obtenção
de oxigênio seria difícil. Como resolver esses problemas? A resposta a essa
pergunta é: placenta.
ser utilizada no trabalho celular. A respiração celular é exemplo de uma reação Existem vários tipos de fermentação, que são diferenciadas pelo produto
exergônica. final. Vamos destacar aqui a fermentação lática e alcóolica.
Reações do metabolismo Os lactobacilos também são muito importantes para a saúde humana. Eles
fazem parte da flora intestinal e sua atividade auxilia na digestão de algumas
substâncias, como a lactose. Além disso, a atuação dos lactobacilos protege
energético contra a ação de bactérias patogênicas.
Fermentação: continuação da terra em putrefação, assim como muitos animais dos quais não se observava a
reprodução sexuada, como estrelas-do-mar, ostras e vermes parasitas.
glicólise por via anaeróbica As ideias de Aristóteles permaneceram entre os gregos e os romanos, que
citavam vários exemplos, como a formação de pulgas a partir da poeira e de
mariscos a partir da areia das praias ou mesmo árvores de cujos frutos nasciam
Para possibilitar a manutenção da glicólise, o NADH formado deve ser carneiros.
reduzido à forma de NAD+, isto é, deve perder os hidrogênios que captou. Uma
das maneiras de isso ocorrer é pela fermentação. O médico e químico belga Van Helmont (1579 – 1644), defensor da
abiogênese, deixou uma receita para conseguir ratos por geração espontânea: em
Na fermentação, a transferência dos hidrogênios do NADH é feita para o uma caixa, colocavam-se uma roupa suja de suor e germe de trigo; após 21 dias,
piruvato (ácido pirúvico), por meio de um conjunto de reações que acontecem no apareceriam filhotes de rato, produzidos por geração espontânea, graças ao
citosol. As reações ocorrem sem o uso de oxigênio, sendo esse, então, um principio ativo contido no suor que estava na roupa.
mecanismo anaeróbico.
Nem todos concordavam com Van Helmont. Em 1668, o médico italiano
A fermentação é realizada principalmente por microrganismos anaeróbicos, Francesco Redi (1626 – 1697) fez uma experiencia definitiva para negar a
que incluem muitas bactérias e fungos unicelulares. Algumas células do nosso
abiogênese. Na época, acreditava-se que a carne em decomposição originava
corpo, como as hemácias e as células musculares, também utilizam a
vermes por geração espontânea. Para verificar se essa afirmação era verdadeira
fermentação como processo metabólico.
ou falsa, Redi fez uma série de observações e experimentos.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Inicialmente, ele verificou que os vermes que surgiam na carne se Essa hipótese não foi aceita por vários motivos: primeiro, porque não é
transformavam em moscas. Assim, ele concluiu que os vermes não passavam de possível a sobrevivência dos esporos nas condições do espaço – temperatura
filhotes de moscas. Mas os defensores da abiogênese afirmavam que isso não próxima do zero absoluto e radiação intensa -; segundo, porque o atrito da
provava nada, pois esses filhotes continuavam a ser formados por geração entrada na atmosfera produz temperaturas de até 6 000 °C; e, por fim, porque
espontânea. essa hipótese não explica a origem da vida, apenas a transfere para outro lugar
no espaço.
Para provar a falsidade da abiogênese, Redi preparou o que se considera um
dos primeiros exemplos de uma experiência científica verdadeira. Ele colocou
carne fresca, de um animal recém-abatido, em três grupos de recipientes. Ele
deixou o primeiro recipiente aberto, de modo que moscas pudessem entrar
livremente. O segundo recipiente foi vedado com pergaminho, que não deixava
passar o ar nem as moscas. Já o terceiro recipiente foi tampado com gaze, que
permitia a passagem do ar (que conteria o princípio ativo), mas impedia a
Ecologia: conceitos e
entrada de moscas.
Após algum tempo, surgiram larvas no frasco aberto, mas nenhuma nos
relações alimentares
fechados, embora a carne tenha apodrecido em todos eles. Assim, eram as
O que é Ecologia?
moscas que produziam as larvas, e não a geração espontânea. Com essa simples
e bem executada experiência, Redi provou que a ideia da abiogênese era
incorreta.
Os seres vivos estão distribuídos por quase toda a Terra, havendo hoje
Mas os defensores da abiogênese ainda não estavam totalmente
poucos lugares onde não são encontrados. Conhecer quantas espécies existem
convencidos. Em 1673, o holandês Anton van Leeuwenhoek (1632 – 1723),
em um ambiente, como elas estão distribuídas e quais relações apresentam entre
usando um microscópio aperfeiçoado por ele, fez as primeiras observações de
si e com o ambiente são os objetivos dos estudos ecológicos.
microrganismos. Ele descreveu e desenhou o que chamava de “animáculos”,
que incluíam bactérias e protozoários. Suas descobertas foram confirmadas por
A Ecologia é uma ciência jovem, nascida na segunda metade do século
outros estudiosos, como o inglês Robert Hooke, o criador do termo célula.
XIX, mas que já contribuiu muito e continua a contribuir com a melhoria das
condições de vida humana e também com a preservação de todas as espécies de
A descoberta dos microrganismos, denominados germes ou micróbios, nosso planeta.
reativou a ideia da abiogênese. Acreditava-se que os germes surgiam pela ação
de um princípio ativo que existiria no ar e em todas as coisas.
Em 1748, o inglês John Needham (1713 – 1781) fez experiências que Fatores abióticos e bióticos
apoiavam a explicação da abiogênese dos germes. Sabendo que o calor
eliminava os germes, ele colocou caldo nutritivo (caldo de carne) em tubos de Os estudos de Ecologia buscam compreender todos os fatores que
ensaio, que foram fechados com rolhas e aquecidos por alguns minutos. Após interferem nos seres vivos. Esses fatores podem ser classificados em dois
esfriar, os frascos foram abertos, e a análise de seu conteúdo mostrou a presença grupos: os abióticos e os bióticos.
de germes. Para Needham, isso era uma prova de geração espontânea dos
micróbios, pois o aquecimento prévio dos frascos teria matado todos os germes Os fatores abióticos fazem parte do meio físico, que é o conjunto de fatores
que já existissem no caldo de carne. sem vida dos ambientes, como temperatura, salinidade, pressão, luminosidade,
pH, água liquida disponível e nutrientes minerais.
O italiano Lazzaro Spallanzani (1729 – 1799) negou as conclusões de
Needham em 1768. Ele refez a experiência, mas vedou mais fortemente os tubos Os fatores bióticos são os seres vivos e as relações que estabelecem entre si,
e os aqueceu intensamente por mais de uma hora; após o resfriamento dos como acontece, por exemplo, na competição entre os seres da mesma espécie ou
frascos, Spallanzani não encontrou nenhum germe. Ele afirmou que Needham de espécies diferentes, que disputam espaço, água liquida, locais de abrigo e
não havia aquecido os tubos por tempo suficiente para matar os micróbios que já alimento, e também na cooperação entre os seres, uns favorecendo os outros,
existiam no caldo. Mas Needham respondeu à acusação de Spallanzani alegando como os insetos que polinizam as espécies vegetais.
que o aquecimento excessivo impedia a ação do princípio ativo no caldo
nutritivo. Embora Spallanzani estivesse certo, a falta de uma prova irrefutável
manteve as ideias sobre a abiogênese vivas por mais algum tempo. Habitat
Em 1862, o francês Louis Pasteur (1822 – 1895) realizou um experimento
que provou, definitivamente, a falsidade da abiogênese. Para demonstrar que o O habitat de uma espécie é o local ou o conjunto de locais onde ela vive.
ar não continha um princípio ativo ou vital, ele idealizou a experiência dos Nele devem estar presentes todos os fatores importantes para a sobrevivência e a
frascos com gargalo em pescoço de cisne. reprodução daquela espécie, como temperatura, luminosidade, salinidade, gases
atmosféricos e pH.
Pasteur colocou sucos nutritivos em frascos com longos gargalos, que
foram ainda mais alongados e afinados (em forma de pescoço de cisne) com o Por exemplo, o habitat de uma espécie de perereca pode ser uma floresta
uso de calor. Em seguida, os frascos foram aquecidos por bastante tempo, a fim úmida e quente, com chuvas regulares o ano todo, onde ela possa viver entre as
de matar os micróbios que já existissem neles. Após o aquecimento, Pasteur os folhas das bromélias, apoiadas nos galhos das árvores altas, aproveitando a água
deixou abertos, permitindo a livre entrada do ar, mas nenhum micróbio acumulada, onde também há insetos, que lhes servem de alimento.
apareceu, mesmo após muitas semanas de exposição.
Enquanto o habitat se refere a uma espécie, o biótipo é o local onde vive
A explicação para os resultados encontrados é a de que o gargalo dos uma comunidade (biocenose).
frascos, em razão de sua forma e seu diâmetro, funcionava como um filtro,
retendo a poeira do ar, na qual estavam suspensos os germes. A inclinação do
frasco, fazendo o conteúdo entrar em contato com a poeira do gargalo, ou a
retirada dele provocava o rápido aparecimento de micróbios nos caldos
Nicho ecológico
nutritivos.
Cada espécie ocupa um nicho ecológico em seu ambiente. Esse nicho
envolve todas as atividades de determinada espécie, por isso se diz que ele
Pasteur destrói completamente a ideia da geração espontânea. A partir dele,
representa o papel que a espécie exerce no ambiente. Nele também estão
os cientistas aceitam o conceito da biogênese, segundo o qual todo ser vivo é
inclusos todos os fatores necessários para a sobrevivência e a reprodução dos
formado a partir de outro ser vivo preexistente.
seres que o ocupam.
Explicações científicas para a O nicho ecológico é, portanto, um conceito muito amplo, que envolve as
atividades que a espécie desempenha para sobreviver e se reproduzir, como
mergulhar para capturar peixes, subir em árvores para comer frutos, crescer
origem da vida apoiado em árvores, sugar o sangue de outros animais. Além disso, o nicho
abrange os fatores ambientais para os quais a espécie está adaptada, como a
faixa de temperatura adequada, a quantidade de água liquida necessária para
A biogênese permite a manutenção da vida na Terra atual, mas não explica sobreviver, os locais para construir seus ninhos, os nutrientes minerais para o
o seu surgimento. A partir do século XIX, foram elaboradas algumas hipóteses desenvolvimento, a luminosidade para a realização de fotossíntese, os locais de
baseadas em observações de fenômenos naturais, análises químicas e estudos abrigo, etc.
sobre as relações entre os organismos, para tentar elucidar a origem da vida.
Quando duas espécies passam a viver no mesmo ambiente e apresentam o Os seres vivos necessitam de matéria (átomos) e energia para poder crescer,
mesmo nicho ecológico, ou seja, quando utilizam os mesmos recursos do desenvolver-se, realizar suas atividades metabólicas, locomover-se, gerar calor,
ambiente, como espaço, alimento, nutrientes, luminosidade, água, locais para gerar filhos, produzir flores, renovar pelos, etc.
abrigo ou para construção de ninhos, elas entram numa competição tão acirrada
que uma delas pode ser levada à extinção. Esse principio é conhecido como A matéria entra inicialmente nas cadeias alimentares pela absorção
principio de Gause ou princípio da exclusão competitiva. realizada pelos produtores, que captam gás carbônico do ar e água e íons do
solo. Por meio da fotossíntese produz-se o açúcar, com o qual é possível
Esse fenômeno foi demonstrado pelo ecólogo russo Gause. Em um produzir outras substâncias como cera, óleo e também polissacarídeos, como
laboratório, ele colocou duas espécies de protozoários do gênero Paramecium celulose e amido.
em um mesmo tubo de vidro, no qual havia aveia e fungos do tipo levedura.
Os íons participam de diversas funções, como fazer parte da produção de
Como as duas espécies de Paramecium se alimentavam daquelas substâncias como ATP, fosfolipídeos ou ficam no citoplasma.
leveduras, houve intensa competição, até que uma delas foi extinta do tubo.
Ao fazer parte dos corpos dos produtores, a matéria pode ser utilizada como
Em situações naturais, a extinção pode realmente ocorrer, mas há também alimento pelos consumidores primários, que assim que conseguem os átomos e
outras possibilidades para a espécie em desvantagem competitiva, pois ela pode as moléculas importantes para seus organismos. Os consumidores secundários se
migrar para outros ambientes ou até mesmo modificar seu nicho ecológico, alimentam dos primários e obtêm a matéria necessária; o mesmo ocorre com os
passando a explorar outros recursos ambientais. outros níveis de consumidores.
População é o conjunto de seres da mesma espécie em um ambiente em certo Os decompositores secretam enzimas digestivas e digerem a matéria
tempo orgânica em pequenas moléculas, que são absorvíveis, como aminoácidos,
glicose, ácidos graxos e glicerol. Essas substâncias são utilizadas na fermentação
e na respiração aeróbia de fungos e bactérias. Assim, eles transformam a matéria
Biodiversidade orgânica em inorgânica, pois liberam CO2, H2O, NH3 e também grande
quantidade de íons, como Ca2+, Mg2+, PO3-4, Fe2+, que pode ser novamente
absorvida pelos produtores, havendo assim a reciclagem da matéria.
Biodiversidade é toda variedade de vida de certo local , o que inclui todas as
espécies de seres vivos e sua riqueza genética.
A decomposição realizada por fungos e bactérias disponibiliza nutrientes A fotossíntese transforma a energia luminosa em energia química
para os vegetais, que os absorvem para crescer. A fotossíntese libera oxigênio
para a atmosfera e produz alimento orgânico, rico em energia, consumido A energia química armazenada nas moléculas orgânicas do corpo dos
também por outros seres. A urina e as fezes dos animais contribuem para a produtores segue para os consumidores primários quando eles se alimentam.
adubação do solo, que devolve os nutrientes minerais para as plantas. Porém, uma parte do alimento vegetal não é digerida e acaba sendo perdida para
o ambiente por meio das fezes.
Cadeias alimentares A maior parte do alimento orgânico ingerido pelos consumidores primários
é utilizada na respiração celular para produzir moléculas de ATP. Contudo,
grande parte da energia é perdida na forma de calor durante a respiração celular,
As relações alimentares de um ecossistema podem ser representadas em e o calor sai dos seres vivos e segue para o ambiente.
uma sequência linear chamada de cadeia alimentar, na qual cada espécie ocupa
um nível de alimentação, o nível trófico. As substâncias orgânicas que não foram utilizadas para a produção de ATP
servem para a produção de moléculas ricas em energia química, que fazem parte
Produtor: neste nível ficam os seres autótrofos, que podem ser os vegetais, as do corpo dos consumidores primários, como as proteínas, as gorduras e os
algas, as cianobactérias e também as bactérias quimiossintetizantes. ácidos nucleicos. Contudo, essa energia corresponde a uma pequena parte da
energia total que estava no alimento ingerido.
Consumidor: é todo ser heterótrofo, que se alimenta do produtor ou de outro
consumidor. Como em uma cadeia alimentar há alguns níveis de consumidores, Somente uma pequena parte da energia que um animal obteve no alimento é
eles se apresentam em uma sequência em ordem crescente. utilizada na construção de seu corpo
Detritívoro: é o consumidor que se alimenta de restos orgânicos, como pelos, O mesmo processo de perda de energia na forma de calor acontece em
folhas, galhos, epiderme de cobras e lagartos, restos alimentares de carnívoros e todos os outros níveis tróficos, assim como o armazenamento de uma pequena
excrementos. parte de energia. Sendo assim, a energia que estava nos produtores flui ao longo
da cadeia alimentar e vai sendo perdida para o ambiente como calor.
Decompositor: este nível é composto principalmente de bactérias e fungos. Eles
transformam matéria orgânica em inorgânica. No inicio da decomposição, eles Os decompositores também utilizam a energia proveniente dos restos
secretam enzimas digestivas e, depois, absorvem pequenas moléculas orgânicas orgânicos presentes nas folhas, nos galhos e nas flores que caem, nos pelos que
para realizar a fermentação ou a respiração aeróbia. No final do processo, são os animais soltam, nas fezes e no corpo dos animais quando morrem, além disso,
liberados no ambiente pequenas substâncias orgânicas, como CO 2, H2O, NH3, também liberam energia na forma de calor para o ambiente.
Ca2+ e Mg2+.
Dessa maneira, toda a energia que estava armazenada nos produtores volta
Observação: muitos biólogos consideram os decompositores parte do grupo para o ambiente, principalmente como calor, e não pode mais ser absorvida por
dos detritívoros também. eles em razão de a fotossíntese absorver luz, e não calor, para produzir glicose.
Ciclo da matéria energia que chega de uma planta aos consumidores terciários ou quaternários,
não havendo, portanto, energia para sustentar mais um nível trófico.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Pirâmide de números
químicos
A pirâmide de números indica quantos indivíduos de cada nível trófico
existem em determinada região. Seu formato é muito variável de acordo com as Os elementos químicos como carbono, nitrogênio e fosforo são
comunidades que representa. fundamentais para os seres vivos. Eles se encontram no solo, dissolvidos na água
ou na atmosfera e podem ser absorvidos pelos seres vivos e assim utilizados em
Em uma comunidade de campo, por exemplo, existem mais plantas de seu metabolismo. Mas, além de incorporar os elementos químicos, os seres vivos
capim do que grilos, e o número de sapos é menor do que o de grilos, e o de também podem liberá-los de seu corpo para o ambiente.
gaviões é menor que o de sapos.
A respiração celular, por exemplo, é uma atividade biológica que libera, na
Pirâmide de números invertida molécula de gás carbônico, átomos de carbono e oxigênio para o ambiente, mas
é a decomposição feita por bactérias e fungos a principal atividade biológica que
promove o retorno dos elementos químicos para o ar, para o solo e para os meios
Nas comunidades em que os produtores são muito grandes, como nas aquáticos.
árvores, a pirâmide de números tem a base estreita. Nessas comunidades
costuma haver maior quantidade de consumidores do que de produtores. Os ciclos biogeoquímicos são ciclos da matéria nos ecossistemas que envolvem
fenômenos biológicos, geológicos e químicos.
Pirâmide de biomassa
A pirâmide de biomassa apresenta a quantidade de massa seca presente em
Ciclo da água
cada um dos níveis tróficos por metro quadrado. A massa seca corresponde a
biomassa, porque é constituída de moléculas orgânicas produzidas pelos seres Este é o mais simples dos ciclos biogeoquímicos, porque, embora seja
vivos, como as proteínas, as gorduras, os ácidos nucleicos e os carboidratos. fundamental à vida, a água não sofre transformações químicas nos seres vivos.
A pirâmide de energia é a que melhor representa as relações alimentares de O processo de fotossíntese utiliza os átomos de hidrogênio da água para a
uma comunidade. Seu formato nunca é invertido. Cada nível da pirâmide produção de glicose, que é utilizada posteriormente para a produção das outras
representa a energia presente nos seres do nível trófico representado. Os valores substâncias orgânicas das plantas, como celulose, amido, óleo e aminoácidos.
indicam a quantidade de energia que cada nível trófico acumulou nas substâncias
orgânicas que produziu utilizando a energia fornecida pelo nível trófico anterior. Os animais adquirem água ao bebê-la diretamente de rios, lagos, poças,
nascentes ou até mesmo da água acumulada nas bromélias. Quando se
Percebe-se facilmente que a eficiência no processo de transferência de alimentam de vegetais ou de outros seres vivos, eles também estão ingerindo
energia de um nível trófico para outro é muito baixa. Na natureza, é comum a água, pois a maior parte dos organismos é constituída de água.
eficiência ser de 5% a 20%, isto é, somente essa pequena percentagem de
energia do alimento é utilizada para a produção de novas substancias orgânicas. A água volta dos animais para o meio externo por meio da transpiração, da
Portanto, de 80% a 95% da energia de um nível trófico é perdida para o excreção e da defecação. A decomposição dos restos orgânicos também devolve
ambiente na forma de calor. água ao ambiente.
O carbono nos seres vivos alimentação, durante a decomposição, para a construção de suas células, mas
liberam a maior parte dele como gás carbônico porque também realizam
respiração celular.
O átomo de carbono é um dos principais ingredientes das moléculas dos
seres vivos, pois faz parte de sias moléculas orgânicas, como DNA, RNA, Parte da matéria orgânica dos organismos não foi totalmente decomposta,
proteínas, ácidos nucleicos, lipídios e carboidratos. sendo transformada, ao longo de milhões de anos, em petróleo, gás e carvão
mineral em depósitos muito profundos. Porem, com sua intensa utilização como
fonte de energia, houve a elevação da concentração de gás carbônico na
O carbono nos meios físicos atmosfera de 0,029%, há cem anos, para 0,04% atualmente, o que corresponde a
um aumento de 40%.
Nos meios físicos, o carbono é encontrado de diversas maneiras. Seja no
solo, no ar ou nos meios aquáticos, ele se apresenta ligado a outras substâncias, A queima das árvores também contribuiu para esse aumento, tornando-se
participando de moléculas orgânicas parcialmente decompostas do húmus, nas necessária a recuperação das áreas nativas para que, com o crescimento de novas
moléculas de gás carbônico, de monóxido de carbono, de metano, nas rochas árvores, grande parte do gás carbônico fosse absorvida da atmosfera pela
calcárias (CaCO3) e na forma iônica de carbonatos. fotossíntese e os átomos de carbono, incorporados, fenômeno chamado de
sequestro de carbono.
Ciclo do carbono (C) O sequestro de carbono é a fixação de carbono da atmosfera pelas plantas
durante o seu desenvolvimento. Para essa finalidade, o reflorestamento é uma
pratica que deve ser estimulada.
Os átomos de carbono são incorporados pelos autótrofos como algas,
cianobactérias e plantas por meio da fotossíntese, que absorve gás carbônico da Grande parte do gás carbônico liberado da queima de combustíveis fosseis
atmosfera para produzir glicose com a qual podem então produzir as outras até hoje foi absorvida pelos meios aquáticos, o que formou o ácido carbônico,
substâncias orgânicas de seus organismos. prejudicando assim a vida nesses ambientes. Os seres que têm exoesqueleto
calcário, como corais, mariscos e caramujos, foram os mais prejudicados, pois o
Os animais obtêm carbono por meio da alimentação. meio ácido corrói o exoesqueleto.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
O clima é controlado pela atmosfera A amônia no solo pode ser absorvida por bactérias que a utilizam no
metabolismo e liberam para o ambiente nitrito (NO 2-), que é absorvido por outras
bactérias produtoras de nitrato (NO 3-). Esse processo todo é chamado de
A influência do calor que vem do interior da Terra sobre as temperaturas
nitrificação.
que encontramos na superfície é pequena quando comparada à do Sol.
O nitrato (NO 3-) liberado no solo é utilizado por algumas bactérias, que
A radiação solar aquece a superfície, e esta emite ondas de calor – radiação
acabam liberando N2 para a atmosfera, em um processo chamado de
infravermelha –, que são, em boa parte, absorvidas por gases da atmosfera e
desnitrificação ou denitrificação, fechando assim o ciclo.
pelo vapor de água. Os gases da atmosfera e o vapor de água emitem de volta
para a superfície grande parte desse calor, enquanto outra segue para o Espaço
A fixação biológica produz 170 milhões de toneladas de amônia anualmente em
sideral.
todo o planeta
Pelo fato de o vapor de água, e principalmente o gás carbônico, e depois o
A nitrificação é feita em duas etapas por espécies diferentes de bactérias.
metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) emitirem de volta o calor para a superfície
terrestre, essas substâncias são consideradas geradoras do efeito estufa, uma vez
que atuam como o vidro de uma estufa de plantas, que também mantém o calor O nitrito e o nitrato são produzidos por bactérias realizadoras de
dentro dela. quimiossíntese.
Em razão dos gases estufa, as temperaturas de nosso planeta têm sido Outra maneira de produção natural de amônia acontece na atmosfera, com a
favoráveis à vida. Caso não existissem esses gases, como o gás carbônico e o combinação de nitrogênio gasosos, oxigênio e descargas elétricas, processo
metano, teríamos um planeta muito frio. chamado de fixação atmosférica, ou fixação elétrica, que é responsável pela
produção de 20 milhões de toneladas anuais de nitrato por toda a Terra.
As nuvens dificultam a passagem de luz solar para a superfície terrestre, e
as poeiras, mais o óxido de enxofre (SO 2) emitido por vulcões e principalmente
pela queima de combustíveis fosseis, refletem a luz solar de volta para o espaço, Adubação verde
agindo assim na direção contraria dos gases estufa, chamado por alguns
cientistas de efeito guarda-sol. A produção de nitrato pela indústria tem um custo muito alto, o que
encarece a produção de alimentos. Visando reduzir esses custos, ou até mesmo
como medida para a regeneração de solos degradados, emprega-se o plantio de
A interferência humana leguminosas, coo feijão, soja e amendoim, pois essas plantas abrigam bactérias
fixadoras de nitrogênio em suas raízes.
As atividades humanas foram responsáveis pelas alterações drásticas da
composição da atmosfera terrestre nos últimos séculos. Os estudos permitiram, As bactérias fixadoras das raízes absorvem o gás nitrogênio do ar, que entra
por exemplo, determinar variações da concentração de gases estufa do passado, no solo por entre os grãos de terra, e produzem amônia. Que é fornecida às
especialmente a partir da Revolução Industrial. Desde o inicio dessa revolução, plantas, que, por sua vez, fornecem alimento orgânico, açúcar, às bactérias.
investigadores franceses detectaram um aumento de 25% na concentração de
CO2 e de 100% na concentração de CH4. Essa associação com bactérias proporciona às leguminosas uma grande
vantagem nutritiva e explica por que elas possuem elevado valor proteico.
A liberação de CO2 Após a colheita dos grãos, as plantas morrem e permanecem no solo.
Forma-se então a palhada, que sofre decomposição, um processo liberador de
amônia para o solo, onde vivem bactérias nitrificantes que a utilizam para a
A imensa quantidade de gás carbônico liberado pela queima de produção de nitrato, um dos mais importantes nutrientes minerais dos vegetais.
combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial é a responsável pelo
acréscimo desse gás na atmosfera. Outros fatores também colaboraram, como a
Dessa maneira, o solo fica mais rico em nitrato, o que favorece o
queima de florestas, que tinham milhões de toneladas de carbono em seus
desenvolvimento de outras culturas que não são leguminosas, como a da cana-
organismos e matéria orgânica do solo. Além disso, a ausência das florestas
de-açúcar, do milho, do trigo e das hortaliças.
acarretou a queda da taxa de fotossíntese, processo responsável pela captação de
gás carbônico da atmosfera.
Plantas carnívoras
A liberação de metano – CH4 Plantas carnívoras crescem em solos com pouco nitrogênio, onde as
bactérias fixadoras e nitrificantes não encontram condições favoráveis ao
A queima de florestas, de restos de agricultura e a decomposição
desenvolvimento, como solos lamacentos ou muito rasos. Elas digerem insetos
anaeróbica liberam metano.
em suas folhas e, assim, obtêm compostos nitrogenados como aminoácidos e
bases nitrogenadas para produzir proteínas, ácidos nucleicos e ATP.
As bactérias decompositoras anaeróbias, bactérias fermentadoras, são
bastante comuns nos solos das florestas, nas plantações de arroz de solos
alagados, em fundo de lagos e oceanos, lixões, aterros sanitários, esgoto e no
tubo digestório dos animais. Eutrofização
As bactérias que liberam metano na verdade são as metanogênicas, que utilizam Eutrofização é o processo no qual os ambientes aquáticos recebem muitos
substâncias liberadas pelas bactérias fermentadoras. No entanto, é usual afirmar nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênios, que favorecem a reprodução
que a decomposição anaeróbia libera metano. excessiva do fitoplâncton.
Hoje, existem imensos depósitos de metano no fundo do mar e também na Em consequência do grande crescimento das populações de algas e
região do permafrost. Se a temperatura ambiente aumentar de modo cianobactérias, a luz atinge somente as camadas superiores desses ambientes.
significativo, o metano dos dois ambientes poderá sair desses depósitos e chegar Isso acaba levando à morte grande parte do fitoplâncton por falta de fotossíntese
à atmosfera, causando um grave problema para toda a vida na Terra. e, consequentemente, à queda da concentração de oxigênio dissolvido na água, e
os seres aeróbios, como os peixes, morrem.
Ciclo do nitrogênio Outro fator que contribui para a queda dos níveis de oxigênio é a ação das
bactérias aeróbias, que consomem os restos orgânicos de algas, animais mortos
e, nos ambientes poluídos, do esgoto orgânico também.
Os átomos de nitrogênio participam da produção de aminoácidos, que
compõem as proteínas e também das bases nitrogenadas, as quais fazem parte
Na falta de oxigênio e com a presença de restos orgânicos na água, as
das moléculas de DNA, RNA e ATP.
bactérias anaeróbias se proliferam e acabam liberando gás sulfídrico, que causa
intenso mau cheiro.
A maior parte desses átomos está nas moléculas do gás nitrogênio (N 2), que
correspondem a 79% da atmosfera. Mas, embora seja muito abundante, raros são
Além disso, os processos anaeróbios produzem substâncias utilizadas pelas
os seres vivos que conseguem reagir com esse gás e produzir amônia (NH 3), que
bactérias metanogênicas, que acabam produzindo grandes quantidades de
é uma substância utilizada na produção de aminoácidos e bases nitrogenadas.
metano, que é um dos gases responsáveis pelo agravamento do aquecimento
global.
A produção de amônia (NH 3), a partir do N 2, é um processo de fixação
biológica realizado por bactérias, entre elas as cianobactérias, que utilizam a
amônia para produzir aminoácidos e bases nitrogenadas.
Zonas mortas oceânicas
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
A primeira lei de
perdurar até que as fontes dos nutrientes, como o esgoto, sejam interrompidas e
os ecossistemas se recuperem.
Grupos sanguíneos
se reproduzem exageradamente em razão da presença de grandes quantidades de
nutrientes inorgânicos no ambiente aquático. Embora o nome seja maré
vermelha, algumas espécies são amarelas.
A segunda lei de
prejudicadas, o que os leva à morte por falta da oxigenação adequada do sangue.
Além disso, a passagem de luz é prejudicada, afetando assim outras espécies de
algas, que reduzem sua taxa fotossintética e acabam liberando menos oxigênio
no meio aquático.
Evite a praia: as toxinas podem ser levadas para o ar através dos respingos
Genética de populações
das ondas e do vento, causando ardor e secura nos olhos, tosse, irritações na pele
e dificuldade de respirar. Esses sintomas desaparecem em poucos dias e não são
perigosos.
Introdução
A Genética de populações estuda os princípios genéticos aplicados a
Dinâmica de populações inteiras de seres vivos. Por meio de modelos matemáticos, ela
analisa os fatores associados às mudanças evolutivas que ocorrem nas espécies
ao longo do tempo.
populações
interpretação de levantamentos populacionais de portadores de genes de doenças
como diabete, esquizofrenia e vários tipos de câncer; estudos para aumentar o
desempenho de plantas cultivadas e animais domesticados; análise de genes e
genomas de espécies diferentes para estabelecer relações evolutivas.
Bactérias: diversidade Os mecanismos que provocam mudanças na frequência dos alelos de uma
população são denominados fatores evolutivos e incluem mutações, seleção
Mutações
Reino Fungi As mutações são modificações espontâneas do material genético, que
podem alterar os genes e introduzir novas variantes genéticas na população. A
mutação é a base primaria da variabilidade, ao aumentar o número de alelos
Algas
disponíveis. Isso, associado à recombinação genética da meiose, possibilita um
incremento da variabilidade.
Seleção natural
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Enquanto mutação e recombinação são fontes de variação, a seleção natural Vamos admitir uma população sexuada em equilíbrio, na qual as
é um mecanismo que age sobre as variações já existentes. A seleção natural é o frequências dos alelos A (p) e a (q) são iguais em machos e em fêmeas.
conjunto de situações do meio que atuam sobre a populações, visando o processo Considerando cruzamentos ao acaso, a chance de um zigoto ser formado por um
de adaptação da população. óvulo A (p) e por um espermatozoide A (p) é igual a p X p = p². a chance de
ocorrer um encontro entre um óvulo a (q) e um espermatozoide a (q) é igual a q
Um exemplo da ação da seleção natural é o melanismo industrial. A X q = q². A chance de formar um genótipo Aa depende de dois eventos
diferente ação da seleção sobre as mariposas, em ambientes rurais sem poluição diferentes: o encontro de um óvulo A (p) com um espermatozoide a (q), com p X
do ar e ambientes urbanos poluídos, altera a frequência dos alelos relacionados q = pq, ou o encontro de um óculo a (q) com um espermatozoide A (p), com p X
com a coloração das asas. q = pq.
As migrações de indivíduos entre diferentes populações provocam um fluxo F (AA) = p² F (Aa) = 2pq F (aa) = q²
gênico, que pode alterar a frequência genotípica pela transferência de alelos
entre as populações. A imigração pode aumentar o conjunto de alelos de uma Isso corresponde à expansão do binômio de Newton (p + q = 1)² ou p² +
população, enquanto a emigração pode reduzi-lo. 2pq + q² = 1.
Noções de taxonomia e
desses indivíduos em conjunto pode ser diferente da população total, de modo
que a frequência alélica na nova geração pode divergir da população inicial. Um
exemplo é o que ocorre com populações de elefantes-marinhos, nas quais um
número muito reduzido de machos é responsável pela fertilização de todas as
fêmeas.
nomenclatura
Equilíbrio de Hardy- A classificação biológica é um sistema usado para organizar todas as
formas de vida existentes no planeta, tanto macroscópicas (visíveis a olho nu)
População grande; Para facilitar o estudo dessa enorme diversidade de seres vivos, a Biologia
Cruzamentos ao acaso (panmixia); utiliza um método de agrupamento (sistemática ou taxonomia) e nomenclatura
Sem a ocorrência de mutações, seleção, fluxo gênico ou deriva. (classificação biológica). Assim, os organismos são agrupados de acordo com
suas semelhanças morfológicas, anatômicas e genéticas, possibilitando maior
Uma população em equilíbrio de Hardy-Weinberg não altera suas compreensão de sua origem evolutiva e de seus graus de parentesco.
frequências alélicas de uma geração para outra e, assim, não está evoluindo. É
claro que isso é uma situação teórica, que não ocorre na natureza. Entretanto, a A unidade dessa classificação é a espécie. Há diferentes maneiras de definir
evolução é um processo muito lento, que ocorre ao longo de milhares de anos. espécie, mas, por conveniência didática, utilizaremos a definição que leva em
conta a possibilidade reprodutiva entre os seus componentes.
Podemos medir, por amostragem, a frequência alélica de uma população
para determinada característica hereditária e admitir que, no momento da coleta Desse modo, espécie é um conjunto de organismos que podem se
de daos, a população estava em equilíbrio. Se medidas posteriores da frequência intercruzar livremente e gerar descendentes férteis.
alélica, coletadas do mesmo modo, mostrarem dados diferentes da coleta inicial,
podemos admitir que essa população está sob a ação de fatores evolutivos. Em 1735, o botânico sueco Carl von Linné (Lineu, 1707-1778) publicou o
livro Systema Naturae, no qual propôs o agrupamento das espécies em
Desse modo, a análise do equilíbrio de Hardy- Weinberg é uma ferramenta categorias, hoje chamadas de táxons, que apresentavam uma hierarquia. Os
importante no estudo dos mecanismos evolutivos. vários tipos de seres vivos eram divididos em dois grandes reinos: o Reino
animal e o Reino vegetal, que continham grupos cada vez menores até chegar à
Cálculo da frequência alélica espécie, ou seja, um reino era formado por um conjunto de classes, cada classe
era constituída de um conjunto de ordens, que por sua vez eram conjuntos de
gêneros, que reuniam um conjunto de espécies. Além disso, cada espécie recebia
Considerando um par de alelos autossômicos A e a, vamos estabelecer a um nome em latim, seguindo critérios bem definidos.
frequência do alelo A como um valor p e a frequência do alelo a como um valor
q. Nessa classificação, o critério para formar as várias categorias eram as
semelhanças anatômicas, pois as espécies eram consideradas imutáveis, ou seja,
F(A) = P F(a) = q tinham as mesmas características desde o seu surgimento e assim
permaneceriam sempre. Esse conceito de imutabilidade das espécies é chamado
A soma das frequências de A e a representa 100% desses alelos na de fixismo.
população. Assim, temos:
Com a descoberta de milhares de novas formas de vida, muitas delas
p+q=1 microscópicas e, principalmente, com o surgimento da Teoria da Evolução no
século XIX, houve uma mudança na compreensão das semelhanças entre as
Mas esses dados não podem ser obtidos pelo estudo direto da população, espécies e nos critérios de classificação dos seres vivos.
pois não podemos ver os alelos no interior das células. Observamos os fenótipos
(dominante ou recessivo) e daí depreendemos os genótipos (A_ ou aa). Assim, Hoje, as semelhanças utilizadas para o agrupamento das espécies incluem,
devemos calcular a frequência dos genótipos na população. além da anatomia, aspectos fisiológicos, embriológicos, bioquímicos e
ecológicos, que permitem estabelecer maior ou menor proximidade evolutiva
entre os componentes das categorias taxonômicas ou táxons. Desse modo, os
Cálculo da frequência de grupos formados pela classificação biológica procuram refletir as origens
evolutivas dos seres vivos.
genótipos
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
O próprio sistema de classificação pode se tornar limitado, exigindo a Os seres autótrofos são capazes de produzir o próprio alimento orgânico a
criação de novas categorias taxonômicas para acomodar os seres vivos. Foi partir de substancias inorgânicas retiradas diretamente do meio ambiente. Esse
assim que surgiram as categorias de filo e família, acrescentadas aos grupos processo ocorre, principalmente, por meio da fotossíntese, realizada por plantas,
iniciais criados por Lineu. algas e várias espécies de bactérias, como as cianobactérias.
A classificação biológica é, portanto, um ramo em constante mudança, Os heterótrofos são os seres vivos que não produzem o próprio alimento
principalmente a partir da utilização das semelhanças bioquímicas (DNA, RNA orgânico e precisam obtê-lo a partir de outros organismos, por meio da
e proteínas) dos organismos como critério de classificação. alimentação, como ocorre nas cadeias alimentares. São heterótrofos os animais,
os protozoários, os fungos e muitas espécies de bactérias.
Observe a seguir a sequência das categorias taxonômicas:
Tecidos são conjuntos de células especializadas com forma e função Problemas dessa natureza eram cada vez mais frequentes e levaram os
semelhantes. biólogos a criar um terceiro reino, o Reino Protista.
As algas e os fungos pluricelulares não têm o corpo organizado em tecidos, O Reino Protista (ou Protoctista) englobava as bactérias, os protozoários, os
ou seja, suas células não apresentam diferenças significativas na forma fungos e as algas, ou seja, todos os organismos que não se enquadravam nas
(morfológicas) e cada uma delas realiza todas as funções básicas de condições previstas para os reinos Animal e Vegetal.
sobrevivência.
No século XX, a microscopia eletrônica revelou a existência das células
Os animais e os vegetais são organismos pluricelulares cujo corpo tem procarióticas e, com isso, foi criado o Reino Monera, que passou a ser formado
maior grau de complexidade e suas células estão organizadas em conjuntos com por esses organismos procariontes. Mais recentemente, com a constatação de
semelhanças morfológicas e funcionais (fisiológicas), formando os tecidos, que que, além de aclorofilados, o modo de nutrição dos fungos difere do dos demais
permitem uma divisão de trabalho entre as células e a possibilidade de elas se heterótrofos, houve a sugestão de que esses organismos fossem retirados do
organizarem em conjuntos de maior complexidade: formando órgãos e sistemas. Reino Protista e colocados em um reino próprio, o Reino Fungi. Dessa maneira,
os seres vivos passaram a ser classificados em cinco reinos: Monera, Protista
(Protoctista), Fungi, Animal (Animalia) e Vegetal (Plantae).
Nutrição
Para que uma classificação seja eficiente, ela deve obedecer aos critérios
estabelecidos para o agrupamento dos organismos. Assim, utilizando os critérios
Quanto à nutrição, os seres vivos podem ser autótrofos ou heterótrofos.
já vistos, podemos estabelecer os reinos da seguinte maneira:
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Reino Componentes Critérios usados para As esponjas são os representantes do filo Porifera. O nome do grupo vem
classificação do latim e faz referencia ao fato de apresentarem uma enorme quantidade de
Monera Bactérias Procariontes poros na superfície de seu corpo. São conhecidas mais de 15 mil espécies desses
Cianobactérias animais, marinhos em sua maioria, havendo apenas cerca de 150 especies de
Protista Algas Eucariontes unicelulares água doce (dulsícolas)
Protozoários ou pluricelulares sem
organização em tecidos
Fungi (Fungos)
Cogumelos
Orelhas-de-pau
Eucariontes
Uni ou pluricelulares
sem organização em
Vermes e verminoses
Leveduras tecidos
Heterótrofos com
Os vírus são seres acelulares (sem célula) e não são incluídos nos cinco
Tegumento
reinos nem na classificação com três domínios, tendo uma classificação própria.
Tegumento ou revestimento
Nomenclatura biológica
corporal
A nomenclatura biológica corresponde ao sistema universal que nomeia as
categorias taxonômicas, ou táxons, de acordo com regras bem definidas e O tegumento é o revestimento externo do corpo, uma cobertura de proteção
estabelecidas pela comunidade cientifica. que separa o meio externo do meio interno dos organismos.
Na literatura cientifica, as espécies são designadas por dois nomes que Dependendo da espécie e do ambiente onde ela vive, o tegumento pode
correspondem ao gênero (1° nome) e ao epiteto especifico (2° nome), Esses exercer outras funções, como:
nomes devem ser escritos em latim e destacados do texto (itálico, sublinhado ou
negrito). O gênero tem a inicial grafada em letra maiúscula e o epiteto
Proteger contra perda ou ganho excessivo de água;
especifico, em letra minúscula. Exemplos: Canis lúpus (lobo), Felis catus (gato),
Proteger contra agressões físicas de várias naturezas (mecânicas,
Zea mais (milho) e Araucaria angustifólia (pinheiro-do-paraná).
como perfurações, atrito; térmicas, luminosas e outros tipos de
radiação; elétricas, etc.);
As demais categorias taxonômicas (reino, filo, classe, ordem, família)
Regular passiva ou ativamente a entrada e a saída de substâncias
devem ser escritas em latim, com a inicial maiúscula e sem destaque. Exemplos:
(trocas gasosas, excreção, transpiração, osmose);
Felidae (família dos felinos), Fabales (ordem do feijão, soja, ervilha), Mammalia
Secretar substâncias (muco, suor, gorduras, venenos, substâncias
(classe dos mamíferos), Mollusca (filo dos moluscos) e Plantae (reino vegetal ou
de atração sexual, repelentes ou urticantes, queratina nos
reino das plantas).
vertebrados, quitina nos artrópodes, nácar nos moluscos, etc.);
Participar da regulação térmica nas aves e nos mamíferos com
Na zoologia, o nome das famílias tem sufixo -idae, e, na botânica, o sufixo
mecanismos de arrefecimento ou retenção de calor;
-aceae. Exemplos: Canidae (cães) e Palmaceae (palmeiras).
Atuar como barreira contra a penetração de microrganismos;
Servir de sustentação e apoio para a musculatura como nos
O uso de “sp.” após o nome do gênero designa uma espécie qualquer desse
artrópodes, moluscos e quelônios;
gênero. Exemplo: Anopheles sp. indica uma espécie qualquer do gênero
Produzir estruturas anexas com funções variadas (pelos, penas,
Anopheles. O sufixo sp. é escrito em letra minúscula e sem destaque no texto.
garras, unhas, etc.) e outras funções.
Existe ainda a possibilidade de os cientistas criarem categorias taxonômicas
intermediarias, como subfilos, subgêneros, subespécies, conforme necessário.
Tipos de tegumento
Quanto à nomenclatura, nos casos em que há subespécie, o nome da
subespécie deve vir após o epíteto especifico, com inicial em letra minúscula. Os protozoários em geral têm apenas a membrana plasmática como
Exemplo: Homo sapiens sapiens (Homo = gênero; sapiens = epíteto especifico; revestimento, mas alguns, como o paramécio, apresentam uma película de
sapiens = subespécie). proteção que corresponde à camada mais externa e densa do citoplasma, que
também mantém a forma do protozoário e à qual se prendem os cílios e outras
organelas.
Entre os invertebrados, o tegumento mais complexo é o dos artrópodes. Ele precursoras de cada tecido. Na pele, por exemplo, há células-tronco que
é formado por uma epiderme simples que secreta uma cutícula cuja composição produzem células de pele, as células sanguíneas são produzidas por células-
principal é a quitina, um polissacarídeo nitrogenado que, associado a proteínas e tronco precursoras desses tipos celulares na medula óssea vermelha; e assim por
a lipídios, proporciona não apenas proteção, mas também suporte esquelético diante. Já em um vegetal, todos os tecidos são originados de células
para sustentação e inserção de apêndices articulados e músculos. meristemáticas.
Fisiologia da digestão água, de amido e de ar. Todos esses tecidos se originam do meristema.
Briófitas e pteridófitas a fase embrionária, todos os tecidos já estão, de certo modo, “programados” no
genoma do vegetal. Em uma angiosperma, cada semente, de modo geral, é
constituída de um envoltório (a casca), um endosperma triploide e um embrião
diploide. Dispondo de quantidade suficiente de água e de outros fatores
Gimnospermas
ambientais – temperatura adequada, por exemplo – a semente se hidrata, o
embrião entra em atividade e suas células passam a consumir as reservas
alimentares e a se dividir ativamente por mitose. A primeira estrutura
embrionária a emergir da semente é a radícula. A seguir, surge o caulículo e,
com isso, a planta jovem, ou plântula, inicia o longo processo de formação do
Angiospermas vegetal adulto. Todos os tecidos diferenciados são formados durante esse
processo, a partir do tecido meristemático.
vegetais de uma planta adulta, relacionando seus nomes a suas principais funções. Alguns
são tecidos simples, por serem dotados de apenas um tipo de célula. É o caso do
súber, do parênquima, do esclerênquima e do colênquima. Outros são
complexos, por conter mais de um tipo celular, como é o caso da epiderme, do
A epiderme das plantas vasculares é um tecido geralmente formado por mecanismo de abertura e fechamento
uma única camada de células de formato irregular, achatadas ao corte, vivas e de estômatos
aclorofiladas. No entanto, em algumas regiões do Brasil dotadas de baixa Cálcio (Ca) Participante de paredes celulares
umidade atmosférica, a epiderme das folhas pode conter mais de uma camada de vegetais
células. A epiderme é um tecido típico de órgãos jovens, como raiz, caule e Magnésio (Mg) Componente de moléculas de clorofila
folha. Na folha, a epiderme apresenta especializações particulares: sendo um Enxofre (S) Componente de moléculas de certos
órgão de face dupla, a folha possui duas epidermes – a superior e a inferior. Em aminoácidos, proteínas e coenzimas
cada uma delas, há uma cutícula cerosa, de espessura variável, que fica em
contato com o ar e protege a planta da perda excessiva de água para o ambiente.
Na raiz, a epiderme é constituída de uma única camada de células, as quais A falta desses minerais provoca diferentes anomalias no desenvolvimento
podem produzir pelos absorventes para captação de água e de nutrientes da planta, que podem ser tratadas com a adição dos nutrientes ao solo de cultivo.
minerais. A utilização de adubos orgânicos, muito valorizados atualmente, ou de adubos
sintéticos contendo diversos tipos de sais (nitratos, fosfatos, sulfatos, etc.) é
fundamental para sanar as deficiências. Muitas vezes, mesmo com a adubação, a
Anexos da epiderme retenção dos nutrientes minerais pelo solo é precária em solos ácidos, por
exemplo. A acidez do solo é uma característica comum de muitos solos
Na epiderme da raiz, o anexo mais notável é, sem duvida, o pelo
Vermes e verminoses
absorvente, unicelular, originado da extensão da própria célula em direção às
partículas do solo. Pelos absorventes são comuns na chamada zona pilífera,
região de absorção preferencial de uma raiz
Nutriente Papel
Nitrogênio (N) Componente de moléculas de
proteínas, ácidos nucleicos e ATP
Fosforo (P) Componente de moléculas de ATP e
ácidos nucleicos
Relacionado às trocas iônicas entre a
Potássio (K) célula e o meio; participante no
Maria Eduarda Mendonça Bet – Biologia
Estômatos: válvulas
reguladoras das trocas
gasosas e da transpiração
Estômatos são “válvulas” reguláveis existentes nas epidermes das folhas
das plantas vasculares (traqueófitas). Um estômato visto de cima assemelha-se a
dois feijões (ou dois rins) dispostos com as concavidades frente a frente.
Apresentam duas células estomáticas, ou guardas, que possuem parede celular
mais espessada na face concava e cuja disposição forma entre elas um espaço
denominado fenda estomática ou ostíolo. As células estomáticas são as únicas da
epiderme que possuem cloroplastos, ou seja, são clorofiladas.
Condução de seivas
vegetais
Hormônios e
reguladores vegetais
Movimentos vegetais e
fotoperiodismo
Angiospermas – defesas
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