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LITERATURA BRASILEIRA I

TRABALHO AVALIATIVO 2

Acadêmico (a): Liriany Vitoria França da Silva.

1 – Originalmente, o Barroco teve conceito negativo, pejorativo, resultado de um estilo impuro e


obscuro. Disserte sobre a revalidação da arte barroca a partir das Teorias Genético-formal e
Genético-social. (2,0)

O barroco parte de duas teorias, genético-formal segundo a qual surge de um movimento seiscentista reside
num contraste estilístico entre barroco e renascença, já a teoria genético-social, pela qual se dá a oposição
com a renascença, mais do que no plano estético, dá se no campo ideológico , ambas possuem diferenças
marcantes, teoria genético-formal é sustentada pelo historiador Wölfflin que, chegou à formulação das
cinco categorias de antítese entre o estilo clássico e o estilo barroco: linear/pictórico; visão de
superfície/profundidade; forma fechada/aberta; independência das partes/conjunto; claridade
absoluta/claro-escuro, Segundo Wölfflin. O Barroco, pelo contrário, anula a linha como limitadora,
multiplica as bordas, complica a forma, de modo que cada componente não consegue impor seu valor
plástico. No que diz respeito propriamente à Literatura, o estilo barroco se diferencia do estilo clássico por
uma renovação na linguagem e na temática, já a teoria genético-social a determinação da temática, do
estilo, da sensibilidade do homem barroco que, dividido entre a concupiscência dos prazeres mundanos,
herança do Renascimento, e o terror das penas do inferno, inculcado pela doutrina tridentina (Lutero), se
torna um ser dilemático, angustiado. A arte barroca é caracterizada pelo choque entre a sensualidade pagã
da Renascença e o espiritualismo ascético e fanático da época da contrarreforma. Daí resultam trágicos
conflitos na alma dos homens, que provocam manifestações artísticas exuberantes e chocantes.

2 – Explique quais os motivos que levaram a arte barroca ser concebida como uma expressão
degenerada e a mudança de tal posição a partir dos estudos de Wölfflin. (2,0)

O barroco foi um período literário subsequente do renascimento, e isso fez com que, durante os três
primeiros séculos modernos, processa-se a formação do credo neoclássico em literatura; do Renascimento,
passando pelo barroco, que diminuiu o seu ímpeto reagindo contra ele em nome da liberdade, da
irregularidade e da emoção invadindo o neoclassicismo no final do século XVII. Barroco ficou
intermediário entre o renascimento e a fase neoclássica, fazendo com que ele “degenerasse”, foi onde partiu
os estudos de Wölfflin, afim de impor termos para confusão exposta, delimitando os quinhentista e
seiscentistas, linear e pictoria, fechada e aberta, múltipla e unitária, plana e profunda, cara e obscura, dando
forma a divisão renascentista conhecida pela sua forma de vida e manifestações artísticas, separando o do
barroco, por sua vez, caracterizado por formas peculiares de existência e cultura, por um estilo próprio de
vida e da arte, pensamento, ação, religiosidade, governo, divertimento, guerra, prosa e verso, assim leva se
em compreensão que a era barroca forma um estágio entre o renascimento, do seio do qual e em reação ao
qual emergiu, Wölfflin em seus estudos conseguiu mostrar claramente que a ideia barroca tinha
personalidade próprias sem se ofuscar ou degenerar com as demais, cada uma tinha personalidades
próprias.

3 – Na visão de Afrânio Coutinho é possível afirmar que a Contra-Reforma criou o estilo


barroco? (1,5)

Com a ideia consciente ou inconsciente de combater os princípios renascentista a contra-reforma foi o meio
de criar-se o barroco, um novo estilo de vida, que traduz em suas contradições e distorções o caráter
dilemático da época, na arte, filosofia, religião, literatura.
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4 – Segundo Bosi, “a paisagem e os objetos” contagiam o artista barroco “pela multiplicidade


dos aspectos mais aparentes [...] com os quais a imaginação estética vai compondo a obra
em função de analogias sensorias” (BOSI, 1995, p. 30). Exponha a estética barroca nos
aspectos do conteúdo e da forma. (1,5)

Em suma, depois das afirmações que o autor cita, ele complementa com as características que contêm a arte
barroca, o orvalho e a pele clara podem valer pelo cristal; o sangue pelo cravo ou pelo rubi; o espelho pela
agua pura e pelo metal polido, referindo-se ao mundo de afetos e semelhanças dos contrastes, de modo a
camuflar toda percepção nítida das diferenças objetivas, já no processo de identificação ilusória, sensorial
não-racional o autor cita que opera nos jogos de palavras, nos trocadilhos e enigmas, somados na similitude
da percepção afim de camuflar o mesmo, fazendo com que, a arte barroca seja sentida e imaginada de
diferentes formas, trazendo o foco do autor que remetem a conceitos comuns estarem ocultos.

4 – Gregório de Matos cultivou a poesia lírica, satírica, religiosa e filosófica. Analise, abaixo, o
poema de Gregório de Matos identificando o tipo, os temas e os procedimentos de linguagem
frequentes no Barroco.

O Soneto de Gregorio de Matos trata-se de uma poesia lirica. O processo de identificação


(ilusoria, sensorial nao racional) opera nos jogos de palavras, nos trocadilhos e nos enigmas,
fundados na similitude da imagem sonora de termos semanticamente dispares. Usando principios
conceptivas, ou seja, palavras peregrinas que velozmente indique um objeto por meio de outro,
pois o que é relevante é nao nomear plebeiamente o objeto, mas envolvelo em agudezas e torneio
de engenho, criterio basico de valor na arte seiscentista. O tema soneto é a transitoriedade das
coisas terrenas estarem em oposição ao carater imutavel do sujeito, submetido a uma concepção
fatalista do destino humano. A linguagem barroca retrata a inquietação, inconformidade do
homem e o seu conflito do corpo e da alma, da razão e da fé (dualismo e contradição).

4.1. Soneto 1 (3,0)

No fluxo e refluxo da maré encontra o desditado Poeta incentivo para recordar


seus males

Seis horas enche e outras tantas vaza


A maré pelas margens do Oceano
E não larga a tarefa um ponto do ano,
Depois que o mar rodea, o sol abrasa.

Desde a esfera primeira opaca, ou rasa,


A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

Muda-se o tempo e suas temperanças,


Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.
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Só eu, que todo o fim de meus pesares


Eram de algum minguante as esperanças,
Nunca o minguante vi de meus azares.

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