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Aula de Português

Barroco

O barroco, também chamado seiscentismo, foi uma tendência artística que reagiu ao otimismo
antropocentrista do Renascimento, tendo dominado a literatura, a arquitetura e as artes plásticas
no século XVII. Ao contrário do sonho humanista, que lançou os europeus às Grandes
Navegações e ao ideal de proporção e equilíbrio nas artes, a escola barroca foi tomada por
um pessimismo rancoroso e desconfiado, de fundo religioso, que valorizava o exagero e a
expressão metafórica.

Há um tom lamurioso no barroco, um lamento pela mudança perpétua das coisas, bem como
uma cautela com a efusão renascentista, que colocava o homem no centro do universo e
propunha um novo paradigma para a época.

Interior da igreja de São Luís da França, em Roma. Um grande exemplo da arquitetura barroca.
[1]

Contexto histórico

A expressão barroca relaciona-se, principalmente, com o período da Reforma e Contrarreforma.


Em 1517, Martinho Lutero, insatisfeito com os poderes da Igreja na Europa, elaborou suas 95
teses, questionando os dogmas do catolicismo e fundamentando uma nova forma de
cristianismo, embasada na fé e no conhecimento dos textos bíblicos, refutando, entre outros
pontos, o sumo poder do papa e desprezando a representação das imagens de figuras religiosas.
Esse contexto desembocou no surgimento do protestantismo, também conhecido como
movimento da Reforma Protestante ou Luterana.

A Igreja Católica, por sua vez, iniciou um movimento de Contrarreforma, em que estabelecia
mudanças internas de pouca expressão estrutural. Preocupados com a disseminação da fé
católica, criaram medidas de expansão de sua doutrina, como a Companhia de Jesus, responsável
pela catequização de europeus, asiáticos e povos ameríndios, e medidas de perseguição, como o
Tribunal do Santo Ofício, que propôs a Inquisição como forma de punição àqueles que se
desviassem do catolicismo.
Em uma Europa tomada pelos ideais humanistas do Renascimento, que revolucionaram a
perspectiva de como os seres humanos viam a si mesmos e ao planeta Terra, o barroco surgiu
como uma postura cautelosa: pretendia lembrar a efemeridade da vida e a existência suprema
do eterno, fazendo uso de contrastes e paradoxos, além de ter a expressão católica da
representação imagética de santos, valendo-se da opulência e do exagero para enfatizar a
grandeza da Igreja.

Leia também: Classicismo, expressão artística dos ideais renascentistas

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Características do barroco

• Abundância de contrastes, paradoxos e antíteses, representando o dualismo do


teocentrismo x antropocentrismo, fé x razão;

• Uso constante de metáforas e metonímias;

• Gosto pelo exagero e pela opulência, fazendo uso de hipérboles e de rebuscamento


da linguagem;

• Riqueza de detalhes, sobretudo nas obras arquitetônicas;

• Dramatismo: esculturas e pinturas com a intenção de despertar as emoções em


quem as vê;

• Conteúdo frequentemente pessimista, em oposição ao sonho de grandeza


renascentista, relembrando a instabilidade das coisas – retrato do sofrimento e
presença da culpa ante o pecado;

• Feísmo: gosto pelo grotesco e pela exibição da miséria humana;

• Conflito entre o eu lírico e o mundo à sua volta, muitas vezes levando ao isolamento.
A pintura de Caravaggio, Inspiração de São Mateus, de 1602, apresenta características barrocas
marcantes, como presença de luz e sombra, detalhamento. [2]
Vejamos na prática a presença dessas características em dois exemplos de poemas no estilo
barroco:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se a tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

(Gregório de Matos)

Nota-se que o poeta trabalha com o jogo dos opostos, contrastando dia e noite, luz e sombra,
alegria e tristeza, em constante dualidade de termos. O pessimismo está presente quando os
versos ressaltam a efemeridade das coisas: o dia é claro, a luz é formosa, mas tudo dura pouco –
não há constância nas eternas contradições e contrastes da vida humana.

À fragilidade da vida

Esse baixel nas praias derrotado

Foi nas ondas Narciso presumido;

Esse farol nos céus escurecido

Foi do monte libré, gala do prado.

Esse nácar em cinzas desatado

Foi vistoso pavão de Abril florido;

Esse Estio em Vesúvios encendido

Foi Zéfiro suave, em doce agrado.

Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera

Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel

Sentem nos auges de um alento vago,

Olha, cego mortal, e considera

Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,

Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.

(Francisco de Vasconcelos)

Nesse soneto também se percebem a fugacidade e efemeridade da vida como temática,


principalmente no último terceto, em que o poeta pede a consideração ao mortal para com a
finitude de si mesmo e dos elementos da vida como um todo. Estão presentes os jogos de
palavras: o uso de paralelismo (“Esse baixel”/ “Esse nácar”), de metáforas (“vistoso pavão”,
“Vesúvios encendido”, “Zéfiro suave”) e de oposições para representar a dualidade da vida e da
morte (“nau”/“estrago”; “Sol”/“eclipse”; “rosa”/“cinza”; “Primavera”/“ardor cruel”).

Leia também: Figuras de linguagem: conheça metáfora, metonímia, antítese etc.


Vertentes do barroco

O estilo barroco possui duas vertentes diferentes: o cultismo e o conceptismo.

• Cultismo

O cultismo, também chamado gongorismo, caracteriza-se pela tendência


ornamental, rebuscamento das formas e uso frequente de metáforas e de vocabulário erudito,
bem como pela preferência à inversão sintática e à descrição imagética que direcione
sensorialmente o leitor, além da presença do tema amoroso e sensual, em que a amada rivaliza
com as belezas da natureza, sendo ainda mais bela. Chamou-se cultismo pela obstinação com a
linguagem culta – e gongorismo em alusão ao poeta espanhol Luis de Gôngora, cujas
composições nesse formato fizeram escola.

• Conceptismo

O conceptismo, por sua vez, tem um aspecto mais persuasivo, preferindo temas conceituais.
Suas composições versam sobre conceitos, silogismos, definições e ideias, tencionam uma
argumentação. Ao contrário da busca imagética e sensorial dos cultistas, os
conceptistas buscavam apreender os temas por meio da investigação profunda, do intelecto, da
dialética. Assim se categorizam os poemas que versam sobre o pecado e a natureza da alma
humana. Chamou-se conceptismo, pois predominam o trabalho com o conceito, muito mais do
que com a imagem, a metáfora ou a evocação sensorial.

Barroco da Europa

O estilo barroco teve maior expressão e duração nos países da Europa neolatina, principalmente
Espanha e Portugal, que se viam já em certa postura defensiva ante os avanços da Reforma
Luterana, que se estendia pelos países germânicos, e ante os ideais racionalistas, que se
espalhavam pela Inglaterra, França e Holanda.

O principal nome do barroco espanhol foi Luís de Gôngora y Argote (1561-1627), que consolidou
um estilo composicional próprio, chamado cultismo, ou gongorismo, reproduzido por muitos
seguidores.
Luís de Gôngora y Argote, o poeta responsável por criar o gongorismo na poesia barroca

Luís de Gôngora y Argote, o poeta responsável por criar o gongorismo na poesia barroca.

Em Portugal, data-se o início do barroco a partir de 1580, data da morte de Camões. A tendência
foi predominante nas artes por quase dois séculos, até 1756, quando começou a se manifestar
uma nova escola, o arcadismo. Entre os autores barrocos portugueses, destacam-se:

• Padre Antônio Vieira (1608-1697), conhecido por seus Sermões, obra em 15


volumes;

• a freira Mariana Alcoforado (1640-1723), autora das Cartas portuguesas (publicadas


em francês);

• D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), autor da Carta de guia de casados, entre


outros títulos do que se chamou “prosa doutrinária” e de poemas reunidos em Obras
métricas;

• Padre Manuel Bernardes (1644-1710), cuja obra mais relevante é Nova


Floresta, também exemplo de prosa doutrinária;

• Matias Aires (1705-1763), que, embora tenha nascido em São Paulo, produziu toda
a sua obra em terra portuguesa, com especial destaque para Reflexões sobre a
vaidade dos homens;

• o poeta Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), autor de Romanceiro, além de


poemas épicos, novelas pastoris e prosa doutrinária;

• os poetas Jerônimo Baía (1620/1630-1688) e Antônio Barbosa Bacelar (1610-1663),


cujas obras encontram-se no cancioneiro Fênix Renascida;
• Antônio José da Silva (1705-1739), brasileiro de nascimento e judeu de ascendência,
mudou-se para Portugal aos oito anos e lá produziu sua obra dramatúrgica,
composta de comédias que não agradaram à Inquisição, sendo condenado à morte.
Sua principal produção é Guerras do alecrim e da manjerona.

Importante também é o texto A arte de furtar, de autoria anônima, que traz uma grande sátira a
todos os escalões da sociedade portuguesa no reinado de D. João IV.

Leia também: Quinhentismo – período literário anterior ao barroco no Brasil

Barroco do Brasil

O estilo teve início no Brasil em 1601, com a publicação de Prosopopeia, de autoria de Bento
Teixeira. Trata-se de uma obra em decassílabos heroicos, imitação de Os Lusíadas, em que o
poeta faz um longo elogio a Jorge Albuquerque Coelho, então capitão donatário de Pernambuco.

Um dos mais conhecidos nomes do barroco brasileiro é Antônio Francisco Lisboa (1730-1814),
conhecido pela alcunha de Aleijadinho. Mestre escultor, seu trabalho com as curvas, os
elementos contorcidos e a sugestão de movimento das imagens tornou-o um dos mais célebres
artistas plásticos nacionais.

Escultura de Aleijadinho representando o profeta Habacuc.

O principal nome da literatura do período foi o baiano Gregório de Matos Guerra (1636-1696),
cuja obra ramifica-se em poemas satíricos, líricos e religiosos. Encarnação dos contrastes
barrocos, suas composições são das mais ácidas – que lhe renderam o apelido de Boca do
Inferno, atacando diretamente os mais diversos setores da sociedade baiana da época – e
também das mais devotas, nas quais glorifica Jesus Cristo e cai em profunda reflexão acerca da
efemeridade da vida e da contrição dos pecados.

Destaca-se o também baiano Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), principal expoente do


cultismo brasileiro. Sua obra foi reunida no título Música do Parnaso, publicado em 1705,
conjunto de poemas em português, espanhol, italiano e latim, que se sobressaem pelo trabalho
impecável com a linguagem. Para saber mais detalhes e informações sobre essa escola em
nosso país, leia: Barroco no Brasil.

Resumo

• Tendência estética predominante nas artes do final do século XVI até meados do
século XVIII;

• Floresceu em oposição ao otimismo renascentista;

• Sua temática gira em torno das dualidades humanas: fé e razão, espírito e corpo,
teocentrismo e antropocentrismo;

• Remete à efemeridade humana perante a eternidade celestial;

• Tem linguagem trabalhada, plena de metáforas, antíteses, paralelismos,


valorizando as figuras de linguagem e o rebuscamento das formas;

• Possui duas vertentes: o cultismo, de composições imagéticas e metafóricas, ligado


ao aspecto sensorial, e o conceptismo, cujos poemas versam sobre conceitos e
preferem estruturas argumentativas;

• Os grandes nomes do barroco português são: Padre Antônio Vieira, na prosa, e


Francisco Rodrigues Lobo, na poesia;

• No Brasil, destacam-se as obras de Gregório de Matos e Botelho de Oliveira.

Exercícios resolvidos

1) (Fatec)

"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Lua se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância."

(Gregório de Matos)

I. Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por


pares antagônicos, como Sol/Lua, dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõe a
figura da antítese.

II. Esse é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões


da forma fixa, quais sejam, rimas ricas, interpoladas nas quadras ("A-B-A-B") e alternadas
nos tercetos ("A-B-B-A").

III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos


e forças sagradas é indicado ali por "ignorância do
mundo" e "qualquer dos bens", por um lado, e por "constância", "alegria" e "firmeza",
de outro.

A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:

a) somente I está correta.

b) somente II está correta.

c) somente III está correta.

d) somente I e III estão corretas.

e) todas estão corretas.

Resolução

1) Alternativa d. Estão presentes o jogo de contrastes e a figura da antítese, bem como o


combate entre elementos mundanos e sagrados. O poema, no entanto, não é oitocentista, e
sim seiscentista, e o esquema de rimas nos quartetos é A-B-B-A e, nos tercetos, C-D-C e D-C-D.

2) (UFRS) Com relação ao barroco brasileiro, assinale a alternativa incorreta.

a) Os Sermões, de Padre Antônio Vieira, elaborados em uma linguagem conceptista, refletiram


as preocupações do autor com problemas brasileiros da época, por exemplo, a escravidão.

b) Os conflitos éticos vividos pelo homem do barroco corresponderam, na forma literária, ao


uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.
c) A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de
harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII,
adaptados, então, à realidade nacional.

d) Um dos temas principais do barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no
dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna.

e) A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no
século XVII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, em uma
mescla representativa do Barroco.

Exercícios sobre Barroco

O Barroco é uma escola literária que surgiu no século XVII e tem como principais características
o dualismo, o exagero e a riqueza de detalhes.

Confira abaixo as questões sobre o barroco no Brasil e em Portugal comentadas pelos nossos
professores especialistas.

Questão 1
(UFRN) A obra de Gregório de Matos – autor que se destaca na literatura barroca brasileira –
compreende:

a) poesia épico-amorosa e obras dramáticas.


b) poesia satírica e contos burlescos.
c) poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d) poesia confessional e autos religiosos.
e) poesia lírica e teatro de costumes.

Questão 2
(FEI)

Em tristes sombras morre a formosura,


em contínuas tristezas a alegria
Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que consiste
em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O nome desta figura
de linguagem é:

a) metáfora
b) aliteração
c) eufemismo
d) antítese
e) sinédoque

Veja também: Barroco no Brasil


Questão 3
(UFV) Leia o texto:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
(Gregório de Matos)

Os tercetos acima ilustram:

a) caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do séc. XVI, sustentando uma crítica à
preocupação feminina com a beleza.
b) jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida, exaltando gozo do momento.
c) estilo pedagógico da poesia neoclássica, ratificando as reflexões do poeta sobre as mulheres
maduras.
d) as características de um romântico, porque fala de flores, terra, sombras.
e) uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que espiritual, própria da visão
de mundo nostálgico-cultista.
Ver Resposta
Questão 4
(UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:

I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes,


que convivem tensamente na unidade da obra.

II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário


bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas.

III. A oposição entre Reforma e Contrarreforma expressa, no plano religioso, os mesmos dilemas
de que o Barroco se ocupa.

Quais estão corretas:

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

Questão 5
(Fatec) "Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, especialmente nas que eram
ditas com fé. No entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula, nas
reuniões, nas catequeses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores, duques,
marqueses, ouvidores, governadores, ministros, presidentes, rainhas, príncipes, indígenas,
desses milhões de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas - ou nenhuma delas -
havia surtido efeito. O mundo continuava exatamente o de sempre. O homem, igual a si
mesmo."

Ana Miranda, BOCA DO INFERNO.


Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra de
Vieira; trata-se do:

a) gongorismo, caracterizado pelo jogo de idéias.


b) cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras.
c) cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão.
d) conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de aliterações.
e) conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação.

Questão 6
(UCS) Escolha a alternativa que completa de forma correta a frase abaixo:

A linguagem ________, o paradoxo, ________ e o registro das impressões sensoriais são


recursos linguísticos presentes na poesia ________.

a) simples; a antítese; parnasiana.


b) rebuscada; a antítese; barroca.
c) objetiva; a metáfora; simbolista.
d) subjetiva; o verso livre; romântica.
e) detalhada; o subjetivismo; simbolista.

Questão 7
(Fuvest) Os sonetos de Bocage que transpõem poeticamente a experiência do autor na região
colonial de Goa apresentam alguns traços semelhantes aos dos poemas em que, anteriormente,
Gregório de Matos enfocara a sociedade colonial da Bahia. Sob esse aspecto, são traços comuns
a ambos os poetas:

a) presunção de superioridade, crítica da vaidade, preconceito de cor.


b) sensualismo, crítica da presunção, elogio da mestiçagem.
c) presunção de superioridade, elogio da nobreza local, sátira da mestiçagem.
d) sensualismo, crítica da nobreza antiga, preconceito de cor.
e) estilo tropical, crítica da vaidade, elogio da mestiçagem.

Questão 8
(Faculdades Objetivo) Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos do Barroco,
assinale a única alternativa incorreta:

a) O cultismo opera através de analogias sensoriais, valorizando a identificação dos seres por
metáforas. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, a argumentação.
b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do Barroco que não se excluem. É possível
localizar no mesmo autor e no mesmo texto os dois elementos.
c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem, pelo abuso no emprego de figuras
semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se
concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos, etc.
d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais
ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da Sexagésima, propõe a
primazia da palavra sobre a ideia.
e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini e o
conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos.
Questão 9
(UFRS) Leia o texto e assinale a alternativa incorreta a seu propósito.

"A morte tem duas portas. Uma porta de vidro, por onde se sai da vida; outra porta de
diamante, por onde se entra à eternidade. Entre estas duas portas se acha subitamente um
homem no instante da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem dilatar, senão
entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! oh que passo tão
estreito! oh que momento tão terrível! Aristóteles disse que entre todas as coisas terríveis, a
mais terrível é a morte. Disse bem; mas não entendeu o que disse. Não é terrível a morte pela
vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrível a porta por onde se sai; a
terrível é a porta por onde se entra. Se olhais para cima: uma escada que chega ao céu; se
olhais para baixo: um precipício que vai parar no inferno. E isto incerto".

a) Passagem famosa do Sermão da Quarta Feira de Cinza, celebrado em Roma, em 1670. O


tema canônico desse sermão encontra-se no livro bíblico do Gênese, 3, 13, nas palavras de
Deus a Adão: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris" ("Lembra-te, homem,
de que és pó e ao pó voltarás"), que constitui seu conceito predicável.
b) As metáforas das portas estabelecem uma relação antitética: a imagem do vidro desperta a
noção de efemeridade das coisas da vida, que regressa ao pó de onde veio, uma vez que o vidro
é feito de areia; a imagem do diamante se associa a noção de perenidade, significando o início
da vida eterna.
c) A doutrina expressa por Vieira nessa passagem, por ser fundamentada em Aristóteles,
contrariava a visão canônica da igreja católica contra-reformista, especialmente por dizer que a
existência do inferno era incerta.
d) Nota-se bem a influência da doutrina contra-reformista, na visão ameaçadora e terrível que o
texto apresenta a propósito da vida eterna. A autoridade da filosofia grega é invocada, embora
declarando sua inferioridade perante o pensamento cristão.
e) A imaginação serve de apoio à demonstração de idéias, dispostas racionalmente e valorizadas
por um estilo que sabe valer-se das figuras de construção, como a anáfora, de pensamento,
como a antítese, e tropos, como a metáfora, para, com eloqüência, melhor persuadir. Essas
marcas permitem enquadrar o fragmento acima no estilo conceptista Barroco.

Questão 10
(PUC-Campinas)

Que falta nesta cidade?... Verdade.


Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Pode-se reconhecer nos versos acima de Gregório de Matos:

a) caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira,
do perfil moral da cidade da Bahia.
b) caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa
lamentação pela falta de fé do gentio.
c) estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de
um autêntico moralizador.
d) caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do
arrependimento do poeta pecador.
e) estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta
sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

Questão 11
(UEL) Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.

Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos
fidalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os "falsos fidalgos". O fato é que
seus poemas satíricos constituem um vasto painel ________, que ________ compôs com
rancor e engenho ainda hoje admirados pela expressividade.

a) do Brasil do século XIX - Gregório de Matos.


b) da sociedade mineira do século XVIII - Cláudio Manuel da Costa.
c) da Bahia do século XVII - Gregório de Matos.
d) do ciclo da cana-de-açúcar - Antônio Vieira.
e) da exploração do ouro em Minas - Cláudio Manuel da Costa.

Veja também: Gregório de Matos


Questão 12
(Mackenzie) Assinale a alternativa incorreta:

a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias que seguem a tradição medieval e textos
para teatro com clara intenção catequista.
b) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamento
da terra, daí ser predominantemente descritiva.
c) A literatura seiscentista reflete um dualismo:o ser humano dividido entre a matéria e o
espírito, o pecado e o perdão.
d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos,
interrogações.
e) O conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o
cultismo é marcado pelo jogo de ideias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.

Questão 13
(FEI-SP) O soneto abaixo transcrito pertence à obra de Gregório de Matos Guerra. Leia-o com
atenção:

Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,


É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Maldade, que encaminha a vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.
Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.
Luz, que claro me mostra a salvação,
A salvação, pretendo em tais abraços,
Misericórdia, amor, Jesus, Jesus.
Agora, responda: Gregório de Matos Guerra escreveu:

a) apenas poesia sacra.


b) poesia lírica, religiosa e amorosa, e sátiras.
c) poesia lírica e satírica.
d) apenas poesia satírica.
e) apenas poesia lírica

Questão 14
(UFV/99) Considere as afirmações que se seguem. Todas elas vinculam a poesia de Gregório de
Matos aos princípios estéticos e ideológicos do Barroco brasileiro, exceto:

a) A vertente lírica da poética de Gregório de Matos cultuou o amor feito de pequenos afetos,
da meiga ternura e dos torneios gentis, tendo como cenário o ambiente campestre e pastoril.
b) O “Boca do Inferno” insurgiu-se não só contra os desmandos administrativos e políticos da
Bahia do século XVII, mas contra o próprio ser humano, que, na concepção do poeta, é por
natureza corrupto e mau.
c) Os poemas religiosos de Gregório de Matos fundiram a contemplação da divindade, o
complexo de culpa, o desejo de arrependimento e o horror de ser pó, sensações, enfim,
freqüentes no atormentado espírito barroco.
d) O significado social do Barroco brasileiro foi marcante, uma vez que a poesia de Gregório de
Matos revestiu-se de alto sentido crítico aos vícios e violências da sociedade colonial.
e) A produção literária de Gregório de Matos dividiu-se entre a temática lírico-religiosa e uma
visão crítica das mazelas sociais oriundas do processo de colonização no Brasil.

Questão 15
(Fatec)

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,


Depois da Lua se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos)
Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações a seguir:

I. Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como Sol/Lua,
dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõe a figura da antítese.

II. Este é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, quais sejam, rimas ricas,
interpoladas nas quadras ("A-B-A-B") e alternadas nos tercetos ("A-B-B-A").

III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado ali, por
"ignorância do mundo" e "qualquer dos bens", por um lado, e por "constância", "alegria" e
"firmeza", de outro.

A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:

a) somente I está correta.


b) somente II está correta.
c) somente III está correta.
d) somente I e III estão corretas.
e) todas estão corretas.

Questão 16
(UFPR) Considerando a poesia de Gregório de Matos e o momento literário em que sua obra se
insere, avalie as seguintes afirmativas:

1. Apresentando a luta do homem no embate entre a carne e o espírito, a terra e o céu, o


presente e a eternidade, os poemas religiosos do autor correspondem à sensibilidade da época
e encontram paralelo na obra de um seu contemporâneo, Padre Antônio Vieira.

2. Os poemas erótico-irônicos são um exemplo da versatilidade do poeta, mas não são


representativos da melhor poesia do autor, por não apresentarem a mesma sofisticação e
riqueza de recursos poéticos que os poemas líricos ou religiosos apresentam.

3. Como bom exemplo da poesia barroca, a poesia do autor incrementa e exagera alguns
recursos poéticos, deixando sua linguagem mais rebuscada e enredada pelo uso de figuras de
linguagem raras e de resultados tortuosos.

4. A presença do elemento mulato nessa poesia resgata para a literatura uma dimensão social
problemática da sociedade baiana da época: num país de escravos, o mestiço é um ser em
conflito, vítima e algoz em uma sociedade violentamente desigual.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.


b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.

Questão 17
(Cefet-MG) Ardoroso defensor da liberdade do homem, lutou contra a escravização do índio e a
desumanidade com que eram tratados os escravos. Considerado, pela crítica literária, o maior
exemplo de conceptismo em Língua Portuguesa. Trata-se de:
a) Padre José de Anchieta
b) Gregório de matos
c) Padre Antônio Vieira
d) Padre Eusébio de Matos
e) Bento Teixeira

Veja também: Padre Antônio Vieira


Questão 18
(PUC-MG) Relacione este trecho ao seu respectivo estilo, de acordo com as informações
contidas nas alternativas a seguir:

Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,


Te lembra hoje Deus por sua igreja;
De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
a) BARROCO: O homem barroco é angustiado, vive entre religiosidade e paganismo, espírito e
matéria, perdão e pecado. As obras refletem tal dualismo, permeado pela instabilidade das
coisas.
b) ARCADISMO: Em oposição ao Barroco, esse estilo procura atingir o ideal de simplicidade. Os
árcades buscam na natureza o ideal de uma vida simples, bucólica, pastoril.
c) ROMANTISMO: A arte romântica valoriza o folclórico, o nacional, que se manifesta pela
exaltação da natureza pátria, pelo retorno ao passado histórico e pela criação do herói nacional.
d) PARNASIANISMO: A poesia é descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas.
e) MODERNISMO: Original e polêmico, o nacionalismo nele se manifesta pela busca de uma
língua brasileira e informal, pelas paródias e pela valorização do índio verdadeiramente
brasileiro.

Questão 19
(Unicamp) A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553),
dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras.
Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era
criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas
das artes em Minas Gerais.

(Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da
Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo: Annablume, 2008,
p. 385.)

Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como:

a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado,
resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento.
b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas
confrarias e criada pelos artífices locais.
c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais,
financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias.
d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos
pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias.
Questão 20
(UFRS) Com relação ao Barroco brasileiro, assinale a alternativa incorreta.

a) Os Sermões, do Padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem conceptista, refletiram as


preocupações do autor com problemas brasileiros da época, por exemplo, a escravidão.
b) Os conflitos éticos vividos pelo homem do Barroco corresponderam, na forma literária, ao
uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.
c) A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de
harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII,
adaptados, então, à realidade nacional.
d) Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no
dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna.
e) A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no
século XVII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, numa
mescla representativa do Barroco.

Questão 21
(Vunesp) Assinale o que for incorreto, sobre Gregório de Matos.

a) Divide-se a poesia lírica de Gregório de Matos em três temáticas: poesia lírica amorosa;
poesia lírica reflexiva; poesia religiosa.
b) Na lírica amorosa de Gregório de Matos, o elogio da formosura da mulher é, comumente,
vasado em comparações e metáforas associadas à natureza, celebrando a superioridade
daquela perante esta.
c) Ao elogio da beleza feminina costuma somar-se o tema do "carpe diem", em que o poeta
convida a amada a desfrutar os prazeres da vida: Goza, goza da flor da mocidade".
d) "carpe diem" ganha um tom de apelo dramático urgente, quando associado aos temas da
fugacidade do tempo e da efemeridade de todas as coisas: "Oh não aguardes que a madura
idade/ Te converta essa flor, essa beleza,/ Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada".
e) Tendo em vista os preceitos morais e religiosos da Contra-Reforma, o poeta nunca recua
perante a tentação erótica: "Olhos meus, disse então por defender-me,/ Se a beleza heis de ver
para matar-me,/ Antes olhos cegueis, do que eu perder-me".

Questão 22
(PUC)

Anjo no nome, Angélica na cara,


Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Na estrofe acima, o jogo de palavras:

a) é recurso de que se serve o poeta para satirizar os desmandos dos governantes de seu
tempo;
b) retrata o conflito vivido pelo homem barroco, dividido entre o senso do pecado e o desejo de
perdão;
c) expressa a consciência de que o poeta tem do efêmero da existência e o horror pela morte;
d) revela a busca da unidade, por um espírito dividido entre o idealismo e o apelo dos sentidos;
e) permite a manifestação do erotismo do homem, provocado pela crença na efemeridade dos
predicados físicos da natureza humana.
Questão 23
(Mackenzie) Ao Barroco brasileiro pertencem:

a) Camões e Gil Vicente.


b) Manoel B. Oliveira e Gregório de Matos.
c) Sóror Mariana Alcoforado e Gregório de Matos.
d) Gandavo e Camões.
e) Gil Vicente e Manoel B. Oliveira.

Questão 24
(UFBa) Assinale a proposição ou proposições em que o poeta Gregório de Matos, afastando-se
da proposta estética do Barroco, assume uma postura crítico-satírica ante a realidade e, depois,
some os valores.

(01) "Sol de justiça divino/ sois Amor onipotente,/ porque estais continuamente/ no luzimento
mais fino:/ porém, Senhor; se o contínuo/ resplandecer se vos deve,/ fazendo um reparo breve/
desse sol no luzimento,/ sois sol, mas no Sacramento/ Com razão divina neve."

(02) "E que justiça a resguarda? .................... Bastarda


É grátis distribuída? ............................. Vendida
Que tem, que a todos assusta? ............. Injusta
Valha-nos Deus, o que custa,/ o que El-Rei nos dá de graça,/ que anda a justiça na praça/
Bastarda, Vendida, Injusta."
(04) "Valha-me Deus, que será/ desta minha triste vida,/ que assim mal logro perdida./ onde,
Senhor, parará?/ que conta se me fará/ lá no fim, onde se apura/ o mal, que sempre em mim
dura,/ o bem, que nunca abracei,/ os gozos, que desprezei, por uma eterna amargura."

(08) "Entre os nascidos só vós/ por privilégio na vida/ fostes, Senhora, nascida/ isenta da culpa
atroz:/ mas se Deus (sabemos nós)/ que pode tudo, o que quer,/ e vos chegou a eleger/ para
Mãe sua tão alta,/ impureza, mancha, ou falta/ nunca em vós podia haver."

(16) "O Mercador avarento,/ quando a sua compra estende,/ no que compra, e no que vende,/
tira duzentos por cento:/ não é ele tão jumento,/ que não sabia, que em Lisboa/ se lhe há de
dar na gamboa,/ mas comido já o dinheiro/ diz, que a honra está primeiro,/ e que honrado a
toda Lei:/ esta é a justiça, que manda El-Rei."

(32) "Senhor Antão de Souza de Meneses,/ Quem sobe a alto lugar, que não merece,/ Homem
sobe, asno vai, burro parece,/ Que o subir é desgraça muitas vezes./ A fortunilha autora de
entremezes/ Transpõem em burro o Herói, que indigno cresce:/ Desanda a roda, e logo o
homem desce,/ Que é discreta a fortuna em seus reveses."

(64) "De um barro frágil, e vil,/ Senhor, o homem formastes,/ cuja obra exagerastes/ por
engenhosa, e sutil:/ graças vos dou mil a mil,/ pois em conhecido aumento/; tem meu ser o
fundamento/ na razão, em que se estriba,/ se infundis alma viva,/ que muito, que vivo alento."

Questão 25
(Enem-2014)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro Deus,
que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.
DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

a) visão cética sobre as relações sociais.


b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
Ver Resposta
Veja também: Escultura Barroca
Questão 26
O maior representante do Barroco literário português foi:

a) Luís Vaz de Camões


b) Padre Antônio Vieira
c) Manuel Maria Barbosa du Bocage
d) Almeida Garret
e) Eça de Queirós

Questão 27
O barroco português teve início com a morte de ___ em 1580. No Brasil, ele teve início em ___
com a publicação da obra ___ de Bento Teixeira.

A opção que preenche corretamente as lacunas é:

a) Gil Vicente; 1584; Eustáquios


b) Fernão Lopes; 1593; Música do Parnaso
c) Bocage; 1598; Boca do inferno
d) Sá de Miranda; 1600; História da Custódia do Brasil
e) Luís Vaz de Camões; 1601; Prosopopeia

Questão 28
Todas as opções abaixo apresentam características do barroco literário, exceto:
a) Temática religiosa e profana
b) Cultismo e conceptismo
c) Complexidade e minúcia nos detalhes
d) Imitação dos modelos clássicos
e) Linguagem dramática e rebuscada

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