Você está na página 1de 5

O Barroco é um movimento artístico que floresceu na Europa entre os séculos XVII e XVIII,

originando-se na Itália e se espalhando por vários países, incluindo Portugal, Espanha e outros.
Caracterizado por sua estética exuberante e dramática, utiliza contrastes, ornamentos e
elementos decorativos elaborados. Na pintura, explora luz e sombra para criar profundidade.

Esse estilo manifesta-se em arquitetura, com igrejas ornamentadas, e esculturas detalhadas.


Na literatura, aborda temas religiosos, filosóficos e satíricos. Influenciado pela Contrarreforma,
busca impacto emocional e grandiosidade.

No Brasil, o Barroco deixou marca expressiva. Durante o século XVII e XVIII, destacou-se em
igrejas com fachadas esculpidas e altares dourados. Esculturas em madeira e pedra, como as
de Aleijadinho, transmitiam movimento e emoção. Pinturas adornavam igrejas e conventos, e a
música sacra era proeminente. A fusão de culturas e riqueza das Minas Gerais influenciaram o
Barroco brasileiro, que perdura como patrimônio cultural.

Esse estilo é marcado por dramatismo, ornamentos, temas religiosos e impacto emocional,
manifestando-se em diversas formas artísticas. Principais autores incluem Camões, Gregório de
Matos, Padre Antônio Vieira, Aleijadinho e artistas como Caravaggio e Rubens.

No contexto do Barroco, surgiram vários tipos de poesia que refletiram as características e a


estética desse movimento artístico. Alguns dos principais tipos de poesia do Barroco incluem:

1. **Soneto Barroco:** O soneto barroco é uma forma poética popular durante esse
período. Nele, os poetas exploravam temas profundos e complexos, frequentemente
usando jogos de palavras, paradoxos e contrastes para transmitir emoções intensas.

2. **Poesia Religiosa:** Dado o forte contexto religioso do Barroco, a poesia religiosa era
uma expressão comum. Os poetas abordavam temas espirituais, místicos e teológicos,
muitas vezes em um estilo emocional e dramático.

3. **Poesia Conceptista:** A poesia conceptista era caracterizada pelo uso de jogos de


palavras, trocadilhos e conceitos complexos. Os poetas buscavam surpreender o leitor
com sua habilidade retórica e capacidade de explorar múltiplos significados.

4. **Poesia Culterana:** A poesia culterana se destacava pela linguagem elaborada e


rebuscada, com uso abundante de metáforas e alusões mitológicas. Essa forma de
poesia buscava demonstrar erudição e conhecimento cultural.
5. **Poesia Satírica:** Alguns poetas barrocos produziam sátiras que criticavam a
sociedade, a moralidade e as instituições da época. Essas sátiras eram frequentemente
carregadas de ironia e humor ácido.

6. **Poesia Lírica:** A poesia lírica barroca abordava temas de amor, desejo e paixão de
maneira intensa e emocional. Os poetas exploravam os sentimentos humanos de
forma dramática e expressiva.

7. **Poesia Petrificada ou Concreta:** Esse estilo de poesia buscava criar formas visuais
com as palavras, como uma espécie de “pintura” textual. A disposição das palavras no
papel formava desenhos que complementavam o significado do poema.

8. **Poesia Elegíaca:** A poesia elegíaca tratava de temas melancólicos, como a morte, a


perda e a tristeza. Os poetas exploravam emoções profundas e sentimentos de
saudade.

Esses são apenas alguns dos tipos de poesia que emergiram durante o período barroco. Cada
um deles contribuiu para a riqueza e diversidade da produção poética desse movimento
artístico, refletindo as características dramáticas, ornamentadas e emotivas do Barroco.

Em resumo, o Barroco é um movimento artístico marcado por dramaticidade e contraste,


influenciado pela Contrarreforma. No Brasil, deixou legado em arquitetura, escultura, pintura e
música, com fusão de culturas. Autores notáveis contribuíram para diversos tipos de poesia
barroca, enriquecendo o cenário artístico da época.

Poesias do Barroco:

Soneto Barroco:

Soneto 139

Quando me vejo ao espelho, às vezes,

Naquele imperturbável, que encobria

Esse rosto, a ocultar-me dia a dia,

Pois no seu próprio rosto se exerce,

Ao passo que a cor de vez e verse

Toda outra na descor tem fugidia,


Pois a graça natural com a vida

Na morte tem consigo esmaecesse.

Mas, vendo enfim do rosto o derradeiro

Instante, eis que a minh’alma se alvoroça,

E teme de perder-se no maneiro

De o deixar, para o achar mais gloriosa;

E tanto os olhos desvio ao derradeiro

Olhar que o pudor da vida me destoa.

Luiz de Camões

Poesia Satírica e religiosa:

“A um que andava pegado à mulher”

Andava o arcebispo de Braga

Pegado a uma mulher doentesca,

Certa velha barbuda e quixotesca

Que parecia um homem de Sardanapaga.

Com vaidade importuna e falsa praga,

Mas não há braga como a minha braga

Dizia ele a rir com voz grossesca.

Pega-lhe o arcebispo, começa a prega

Eu te absolvo, meu filho, desta chaga –

Anda-me cá com isso, braga, braga,

Dá-me as costas, mulher, que eu dou-te a prega

De te arrancar, a ti, tal como a braga,

Essa barba fagueira e cheirosa.

Gregório de Matos
Poesia Conceptista:

“A Boca do Inferno”

Oh mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Gregório de Matos

Poesia Culterana:

“Soneto de Fidelidade”

Se tens amor, nas garras da beleza,

Da bela Inês põe o teu desejo,

Põe teu temor no justo, e honesto pejo,

Que fazer podes dela a presteza.

E pois em teu rigor enfim tropeça,

Amor na terra, o céu, e o mar vejo,

Já que foste ditoso com um só beijo,

Foste nos ares já na vingança aza.

Entanto que é descanso breve engano,

Mas torna-se na alma, quando mente,


Se não for com desculpa soberana.

Porém quem já tem o desejo ufano,

Quanto mais se lhe acende, mais consente,

Mas tanto que a razão se torna insana.

Poesia Lírica:

“Soneto XXII”

Numa fonte, onde à sombra amena e pura

Sua beleza as flores desfolhava,

De Cipris a cruel, que o mal mostrava

Em ser tão doce o gosto, e a desventura.

Vi sobre a margem oposta da verdura

Uma Ninfa, que o belo rosto inclinava,

E um Tejo, por regalo, a que atentava,

Manso olho para ela, e pé segura.

Oh, ditosa Ninfazinha! A Pororoca

Foi de menos fureste ao navegante,

Que ao doce mar em que o Tejo se toca!

E tu, ó brando Tejo, a mão um dia

Que ali pousaste, dize, relutante,

Se és homem, se és mulher, ou és Maria.

Bocage

Você também pode gostar