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O BARROCO:

LITERATURA UMA ÉPOCA DE


BARROCA
DÚVIDAS E TENSÕES

Profs. Ceça, Mariano e Soraya


Rumo à universidade 2012 - Ipojuca
‘’
A ceia, de Caravaggio
Idade Média Renascimento Barroco

Teocentrismo Antropocentrismo Teocentrismo X


Antropocentrismo
Barroco X Renascença
O Renascimento deu ao homem o papel de senhor
absoluto da terra, dos mares, da ciência e da arte. E o
sentimento de que, por meio da ciência, ele tudo podia.
Mas até onde iria a ventura humanista?
No século XVII, por força de vários acontecimentos
religiosos, políticos e sociais, valores religosos e
espirituais abandonados no mundo medieval
ressurgem, passando a conviver com os valores
renascentistas.
A expressão artística desse momento de dualismo e
contradição é o Barroco. Estudar esse movimento
implica conhecer as condições em que vivia o homem da
época, tanto na Europa quanto no Brasil-Colônia.
Duas correntes se distinguem na Literatura
Barroca
Cultismo/Gongorismo Conceptismo/Quevedismo
• É o jogo das palavras, o estilo • É o jogo de idéias ou conceitos,
trabalhado com a linguagem de conformidade com a técnica
dirigida aos sentidos. de argumentação, sem a
Predominam hipérboles aparência brilhante do
(alteração da ordem natural das Cultismo, procurava
palavras na oração ou no economizar palavras e imagens.
período) e metáforas: diamantes É comum o uso de antíteses,
significando dentes ou olhos; paradoxos ou juízos contrários
cristal = água ou orvalho; cravo ao senso comum.
ou rubi = boca e etc. • Frequente na prosa
• Dominante na poesia Influenciado pelo poeta
Influenciado pelo poeta espanhol Luís de Quevedo
espanhol Luís Gôngora
CHEGADA DO BARROCO
AO BRASIL
O estilo Barroco desenvolveu-se
plenamente no Brasil a partir do século
XVII, perdurando ainda no século XVIII.
BARROCO LITERÁRIO
NO BRASIL

Marco inicial

Inicia-se em 1601, com a publicação


do poema épico “Prosopopéia”, de Bento
Teixeira.
Curiosidades sobre “Prosopopéia”
• Poema épico, com 94 versos em
oitavas-rimas e decassílabos
heroicos, conforme ensinava Luis de
Camões em “Os lusíadas”;
• Enredo: gira em torno de Jorge de
Albuquerque Coelho, donatário da
Capitania de Pernambuco;
• Procurou imitar “Os lusíadas”, de
Luis de Camões.
Características gerais
• Uso de contrastes;
• Preocupação com a transitoriedade da vida;
• CARPE DIEM;
• Linguagem complicada, excessivamente trabalhada, através
de:
- expressões eruditas;
- sintaxe rebuscada, com uso frequente da ordem inversa;
- repetições;
- uso abusivo de figuras de linguagem, principalmente
antíteses, hipérboles, paradoxos e metáforas;
- uso frequente de frases interrogativas ;
• Tentativa de conciliação entre a religiosidade e o
racionalismo.
Características da linguagem barroca

Quanto ao conteúdo

• Conflito entre visão antropocêntrica e


teocêntrica;
• Oposição entre mundo material e mundo
espiritual;
• Conflito entre fé e razão;
• Cristianismo;
• Sensualismo e sentimentalismo de culpa cristão;
• Consciência da efemeridade do tempo;
• Gosto por raciocínios complexos, desenvolvidos em
parábolas e narrativas bíblicas;
Características da linguagem barroca

Quanto à forma

• Poemas preferencialmente escritos na


forma de SONETO ITALINO (poema de
4 estrofes, sendo 2 quartetos e 2
tercetos, totalizando 14 versos);

• Gosto pelas inversões e por construções


complexas e raras.
POETA E ESCRITOR
BARROCOS
Autores do Barroco brasileiro
Na poesia:

• Gregório de Matos, conhecido como “Boca


do Inferno” ou “Boca de Brasa” por causa
de suas poesias satíricas. Além desse tipo
de poesia, também escreveu poesia sacra e
lírica, assim como também poemas
graciosos e pornográficos.
Soneto VII
Ardor em firme coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido:

Tu, que em um peito abrasas escondido;


tu, que em um rosto corres desatado:
quando fogo em cristais aprisionado;
quando cristal em chamas derretido:

Se és fogo como passas brandamente?


se és neve, como queimas com porfia?
mas ai! Que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,


como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.
A ideia central desse poema é a
dificuldade, que todo ser humano tem, de
conciliar o sentimento amoroso com sua
expressão. Para expressar essa contradição,
o autor monta o texto a partir de antíteses: no
início, há uma oposição entre o calor e o frio, o
fogo e a água, entre o que se sente e o que se
expressa. Essas antíteses evoluem para os
oxímoros finais, fundindo os opostos: “neve
ardente” e “chama fria”. A tensão demonstrada
no poema reflete muito bem os conflitos do
homem dessa época. A busca de uma síntese
entre elementos contraditórios é a principal
característica do modo de pensar do período
barroco.
O “Boca do Inferno” não perdoava ninguém: ricos e
pobres, negros, brancos e mulatos, padres, freiras,
autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos,
todos, enfim, eram objeto de sua “lira maldizente”.

Em um de seus poemas satíricos, o governador


baiano Câmara Coutinho foi assim retratado:

“Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada
duas horas primeiro
que seu dono.”

Embono: viga de madeira leve


Em sua poesia satírica, Gregório de Matos
apresenta sua visão do amor físico de maneira
agressiva e debochada. Quer despertar o riso ou
o comentário maldoso da plateia. Por isso,
manifesta desprezo pela concepção cristã do amor
que envolve a camada espiritual, conforme
podemos verificar no fragmento de um de seus
poemas:
“O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.”
A Jesus Cristo, Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,


A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada


Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,


Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Autores do Barroco brasileiro (3)

Na prosa:

Padre Antônio Vieira – escreveu mais de


200 Sermões, entre 1679 a 1718.
CURIOSIDADES
Pe. Antônio Vieira

• É a maior expressão do Barroco em


Portugal; isto é, o maior orador sacro
do Barroco brasileiro;
• Veio para o Brasil com 6 ou 7 anos de
idade;
• Sua obra pertence tanto à literatura
portuguesa quanto à brasileira.
FIM

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