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10
As mais importantes adaptações fílmicas são a película homónima de
António Lopes Ribeiro (1950) e Quem és tu?, de João Botelho (2001). Logo em
1863, com o óleo D. João de Portugal, Miguel Ângelo Lupi faz a mais conhecida
pintura inspirada em Frei Luís de Sousa, alusiva à nuclear cena de reconhecimento.
A ópera em língua italiana Fra Luigi di Sousa, de Francisco de Freitas Gazul,
remonta a 1891. Sem propósito de exaustividade, a lista de traduções inclui ver-
sões em alemão (W. von Lückner, Frankfurt a. M., 1847; Georg Winkler, Wien:
Braumüller, 1899), búlgaro (Daniela Dimitrova Petrova, Sófia: Svetulka 44, 2002),
catalão (Gabriel de la S. T. Sampol, Barcelona: Institut del Teatre, 1997), checo
(Marie Havlíková, Praga: Torst, 2011), concani, (Śāntārāma Ananta Hedo, Gõya:
Jāga Prakāśana, 1977), espanhol (D. Emilio Olloqui, Lisboa: Imprensa Nacional,
1859, com o título Después del Combate; Luis López-Ballesteros e Manuel Paso,
Madrid: Florencio Fiscowich Editor, 1890; desconhecido, Madrid-Buenos Aires:
Compañia Ibero-Americana de Publicaciones, 193-; José Andrés Vázquez e Antonio
Rodríguez de León, Cádiz: Escélicer, 1942; Iolanda Ogando, Madrid: Asociación
de Directores de Escena de España, 2003), francês (Maxime Formont, Livourne:
Giusti, 1904; Claude-Henri Frèches, Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, Centre
Culturel Portugais, 1972), inglês (Edgar Prestage, London: Elkin Mathews, 1909),
12
A exposição seguinte baseia-se em João Dionísio, «A escultura da
dor no Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett», pp. 37-51.
13
F, p. 6. O texto publicado em 1844 é citado segundo as normas de
transcrição aplicadas na presente edição; os textos provenientes de testemunhos
anteriores são citados segundo normas conservadoras de transcrição.
14
R, 258 v.
15
Consultado (em 19 de abril de 2021) através do Corpus Lexicográfico
do Português, http://clp.dlc.ua.pt/inicio.aspx.
16
Sophocles, Fragments, pp. 198-201.
17
F, p. 7.
18
F, pp. 162-163.
19
Gotthold Ephraim Lessing, Laocoön, p. 6.
20
Gotthold Ephraim Lessing, Laocoön, capítulo xv; Ofélia Paiva Monteiro,
A Formação de Almeida Garrett. Experiência e Criação, p. 413.
21
Gotthold Ephraim Lessing, Laocoön, p. 23.
22
Gotthold Ephraim Lessing, Laocoön, p. 17.
23
F, p. 10.
24
Almeida-Garrett, Frei Luís de Sousa, 1964 (7.ª ed.), pp. 78-79, nota 1.
25
F, p. 143.
26
O trecho anterior e este respetivamente A, fl. 270 v. e 257 v.
27
Almeida-Garrett, Frei Luís de Sousa, 1964 (7.ª ed.), p. 95, nota 1.
28
Andrée Crabbé Rocha, O Teatro de Garrett, pp. 175-176.
29
Gotthold Ephraim Lessing, Laocoön, p. 20.
30
F, pp. 149-150.
31
Um dos salmos penitenciais usados no Ofício dos Defuntos. Este salmo
foi musicado por vários compositores (Bach, Händel, Mendelssohn, Mozart,
entre outros) e integrado em diferentes peças de Requiem. Cf. F, p. 216.
32
Respetivamente A, 270 v. e 257 v.
33
F, p. 152.
34
Andrée Crabbé Rocha, O Teatro de Garrett, p. 168.
das artes plásticas 35. É neste pano de fundo que Garrett retira
o seu protagonista do espetáculo desfigurante da dor, mas nele
inclui uma mulher impotente perante o destino, D. Madalena, e
uma criança estranha, D. Maria. É sobretudo por intermédio destas
duas personagens que o seu texto não resiste totalmente ao apelo
melodramático. É sobretudo por intermédio delas que o seu texto
não tem um aspeto dominantemente masculino como na história
de Laocoonte, que, recorde-se, vitima pai e dois filhos. Será este
um dos motivos por que, aparecendo a referência «o Lacoon» num
momento muito incoativo da elaboração da «Memória», depois
desaparece? É certo que a conformidade entre a narrativa de Lao-
coonte e Frei Luís de Sousa não existe neste ponto nodal. Noutro
plano, a advertência de Lessing contra a representação da dor em
direto leva-nos a entender renovadamente o princípio do aponta-
mento que Garrett apôs no remate do rascunho: «Parece-me q não
fiz uma coisa de theatro» 36. Mas, independentemente das dúvidas
acerca da identidade de género textual e das declinações de género
da representação da dor, o Frei Luís de Sousa é um impressionante
memento contra o voluntarismo individual e um convite poderoso
à compaixão. Ou por melhores palavras: «uma impressiva imagem
da fragilidade das venturas humanas e do ‘desconcerto’ que parece
reger a Fortuna, tornando difícil a abertura à fé» 37.
35
Gotthold Ephraim Lessing, Laocoön, p. 24.
36
R, fl. 52 r. Precisamente sobre os sinais do programa teatral no texto
de Garrett, cf. a apresentação crítica de Maria João Brilhante na edição que
preparou de Frei Luís de Sousa.
37
Ofélia Paiva Monteiro, «Introdução a Frei Luís de Sousa», p. 114.
SENHORES,
Um estrangeiro fez, há pouco tempo, um romance da aventu-
rosa vida de Frei Luís de Sousa. 2 Há muito infeite de maravilhoso
nesse livro, que não sei se agrada aos estranhos; a mim, 3 que sou
natural, pareceu-me impanar a singela beleza de tão interessante
*
Foi lida esta memória em conferência do Conservatório Real de Lisboa
em 6 de maio de 1843.
1
AO CONSERVATÓRIO REAL.] L Memoria lida | em conferencia |
geral do Conservatorio | R. de Lxa | em | 6 de Maio de 1843 [Em L esta
anotação encontra-se no canto superior esquerdo, no topo da zona da página deixada
em branco. C começa por não apresentar esta anotação, mas uma folha numerada
(3) foi preparada de propósito para a incluir (na margem inferior: Foi lida ésta
memoria em conferencia <geral> do Conservatorio Real de 6 de Maio de
1843.), bem como as três primeiras linhas manuscritas da «Memória» propriamente
dita (cf. nota seguinte).]
2
SENHORES, || Um estrangeiro fez, há pouco tempo, um romance da
aventurosa vida de Frei Luís de Sousa ] L Senhores; || (…). [Em C a parte
inicial do texto começou por ser escrita, sem vírgulas, no topo de 72 r., para ser de
seguida cancelada e transposta (até à palavra Fr.) para a parte inferior de um novo
fólio, onde ocupa quatro linhas. Esta deslocação serviu certamente de indicação para
que fosse esta a única parte da Memória a compor na primeira página de TF. O início
destacado da Memória apresenta-se assim: Senhores, | Um extrangeiro <>/fez\,
| <faz>[← ha] pouco tempo, um romance | da aventurosa vida de | Fr.]
3
livro, que não sei se agrada aos estranhos; a mim, ] L livro, — que
não sei se agrada aos extranhos — a mim, C livro, — que não sei se agrada
aos estranhos; < — > a mim,
4
Exponho um sentimento meu; ] L Exponho um sentimento meu,
C Exponho <aqui> um sentimento meu,
5
refiro, escrita em francês, como todos sabeis, pelo nosso consócio]
L refiro escripta, como todos sabeis, em Francez pelo nosso consocio C re-
firo, <es-|,>[↑<escripta,>][← <q e>escripta em Francez], como todos sabeis,
[← <escripta em Francez>] pelo nosso consocio [Garrett hesita em C sobre a
colocação da expressão escripta em Francez.]
6
— ou da nossa tradição — que para aqui tanto vale — ] L — ou
da nossa tradição, que para aqui tanto vale — C — ou da nossa tradição<,>
— que [↑ para aqui] tanto vale
7
talvez ] LC talvez,
8
novo — ] L novo — C novo, —
*
Profunda observação de Mr. Adamson, citando um crítico alemão, a res-
peito das causas por que, entre tantas tragédias de Inês de Castro, portuguesas,
castelhanas, francesas, inglesas e alemãs, nenhuma tinha saído verdadeiramente
digna do assunto. Vej. Memoirs of Camoens by John Adamson.
9
Profunda observação (…) entre (…) John Adamson. ] C Profunda
observação (…) <>/entre\ (…) John Adamson. ] [L não apresenta esta anota-
ção, que em C foi inserida na zona da página guardada para acrescentos, emendas
e indicações, estando encimada pela instrução Isto hade ir | em nota no | fim.]
10
Sousa — ] LC Souza, —
11
antiga. Casta e severa ] LC antiga, casta e severa
12
Sófocles, tem ] LC Sophocles. Mas tem,
13
essoutras, ] L essoutras, C <aquel->|[← ess]outras,
14
vivos: — jazem (…) mosteiro, (…) eles; morreram (…) mundo, ] L vivos
— jazem (…) mosteiro; (…) eles, morreram (…) mundo; C (…) mundo,
15
Cáucaso ] L Caucaso; C Caucaso
16
Os remorsos de Édipo ] L Os remorsos de Édipo C Os remorsos de
Édipo <e os terrores de Jocasta>
17
mais asquerosos do que sublimes; ] LC mais ascorosos do que
sublimes:
18
piedades, ] L piedades, C piedades
19
A bela figura ] L Eu intendo que a bella figura C <Eu intendo
que><a>/A\ bella figura [Em L começa aqui um novo parágrafo.]
20
Coutinho, ] LC Coutinho
21
formam naturalmente um grupo, que ] L deviam formar um grupo
que, — C <deviam> forma<r>/m\ [natural.te] um grupo, que —
22
atos do meu drama. ] L actos do meu drama. C actos [do] <d’esta
peça> meu drama.
23
recentes. ] L recentes. C <modernas> recentes.
24
propósito — ] LC propósito, —
25
modernos, também não ] L modernos, <como este>, também não
C modernos <como este>, [↑ também] não
26
musas gregas deixaram consagrado à mais sublime ] L musas gre-
gas [↑[←deixaram] consagrara<m>/d\o] á mais sublime C musas gregas [2↑
deixaram] [1↑consagrara<m>/d\o] á mais sublime [Em C, Garrett apercebe-se
primeiro de que não fora incluída uma forma verbal necessária e acrescenta na
entrelinha superior consagraram, tendo depois preferido escrever deixaram (na
segunda entrelinha superior) consagrado. Enganou-se, entretanto, na substituição,
tendo escrito consagrarado.]
27
solto está provado que ] L sôlto está provado que C sôlto, está
provado que,
28
que ele, mais que ninguém, ] LC que elle mais que ninguem
29
tão-pouco, ] L tam-pouco; C tam-pouco,
30
procurava resolver. ] L procurei resolver C procurei resolver.
31
no desenho, pela verdade das cores, ] L no desenho pela verdade
das côres, C no desenho, pela verdade <dos> das cores,
32
sensaboria. Eu (…) arrojei, ] L sensaboria: eu (…) arrojei, C (…)
arrojei
33
queda: elas são tantas já!] L queda. São tantas j<á>/a\! C queda.
[→Ellas] <S>/s\ão tantas j<á>/a\!
34
género. Com uma ação ] LC genero: uma acção
35
pai, mãe e filha, ] LC pae mãe e filha,
36
sem um mau ] C sem um </*‘mau’/>[→mau]
37
ato,] L acto
38
assassínios, ] L assassínios
39
plateas, gastas e caquéticas ] L plateas gastas e <□>/cacheticas\
C plateas gastas e cacheticas [O acrescento no espaço em branco deixado em L
foi feito noutra letra.]
40
o τραγος consagrado, o bode votivo; não subiu ] L o τραγος
[→ (tragos) τραγος] consagrado, o bode votivo de Baccho, porque não subiu
C o τραγος consagrado, o bode votivo de Baccho, </*não subiu/>; porque
não subiu
41
povo: esse atire ] L povo [→ esse] atire C povo: [↑esse] atire
42
Mas se o ingenho ] C Mas [↑se] o ingenho
43
capaz de tamanha criação, ] LC capaz d’esta grande creação,
44
muito se, diretamente ] L muito, se directamente <se> C muito se
directamente
45
afrontamentos e nojos, ] LC afrontamentos<,> e nojos[,]
46
a literatura atual é a palavra, ] L a litteratura é a palavra, C a litte-
ratura [→actual] </*na/> é a palavra,
47
expressão, ] LC expressão;
48
nenhuma nem ] L nenhuma, nem
49
assunto, ] LC assumpto
era este mesmo H de Frei Luís de Sousa 50. Lembra-me que ri muito
de um homem que nadava em certas ondas de papelão, enquanto
num 51 altinho, mais baixo que o cotovelo dos atores, ardia um
palaciozinho também de papelão… era o de Manuel de Sousa
Coutinho em Almada!
Fosse de mim, dos atores ou da peça, 52 a ação não me pareceu
nada do que hoje a acho, grande, bela, sublime de trágica majes-
tade. Não se obliteram facilmente em mim 53 impressões que me
intalhem, por mais de leve que seja, nas fibras do coração: e 54 as
que ali recebi estavam inteiramente apagadas quando, poucos anos
depois, lendo a célebre memória do Sr. bispo de Viseu D. Francisco
Alexandre Lobo, e relendo, por causa dela, 55 a romanesca mas
sincera narrativa do padre Frei António da Incarnação, 56 pela
primeira vez atentei no que era de dramático aquele assunto.
Não passou isto porém de um vago relancear do pensamento.
Há dois anos, e aqui nesta sala, quando ouvi ler o curto mas bem
sentido relatório da comissão que nos propôs admitir às provas
públicas o drama 57 O Cativo de Fez,J é que eu senti como um raio
de inspiração nas reflexões que ali se faziam sobre a comparação
daquela fábula ingenhosa e complicada com a história tão simples
do nosso insigne escritor 58.
50
ao teatro: davam a comédia famosa não sei de quem, mas o assunto
era este mesmo de Frei Luís de Sousa ] L ao theatro ouvir a comedia famosa
de Calderon que tractou <d>este mesmo assumpto de Fr. Luiz de Souza.
C ao theatro ouvir a comedia famosa de Calderon que tractou este mesmo
assumpto de Frei Luis de Sousa.
51
enquanto num altinho, ] L em quanto, n’um altinho C em quanto
<n> | n’um altinho,
52
Fosse de mim, dos atores ou da peça, ] L Fosse de mim; dos actores
ou da peça;
53
em mim] C < > em mim
54
e ] LC <é>/e\
55
relendo, por causa dela, ] LC relendo por causa dela
56
Frei António da Incarnação, ] L Fr. Antonio da Encarnação, C Frei
Antonio < > da Encarnação,
57
o drama ] L o bello drama C o </*bello/> drama<,>
58
ingenhosa e complicada com a história tão simples do nosso insigne
escritor ] L ingenhosa com a historia do nosso insigne escriptor C <e>/i\ngi-
nhosa e complicada [→ com] a historia [↑tam simples] do nosso insigne
escriptor
59
imitado, ] L imitado C imitado,
60
acusação; ] C acusação,
61
mas achei mais falsa ] L ma<is>/s\ achei mais falsa
62
modo, e assentei fazer ] L modo, [↑e assentei] f<i>/a\z[er] C modo/*,/
[↑e assentei] f</*iz/>/az\er
63
por impróprio ] LC como improprio
64
a severa crítica ] LC <o>/a\ sever<o>/a\ <tribunal da> crítica
65
arriscado de ] L arriscado para C arriscado <para>[→de]
66
verdade! ] L verdade.
67
notícias ] C notícias <,>
68
ou assentar ] LC e assentar
69
de novo, naquele belo compêndio, ] L de novo <na> [n’a]quelle bello
compendio, C de novo n’aquelle bello compendio,
70
costumes, ] C costumes
71
epopea são possíveis, ] LC epope<ia>/a\ são possiveis
72
Arte de verificar as datas na mão.] L [“]<a>/A\rte de verificar as dat-
tas[”] na mão C Arte de verificar as dattas <mão>/na\ mão.
73
ridícula, Senhores, ] L ridicula, senhores, C ridicula Senhores,
74
limitadas, ] LC limitadas
75
escrava ] LC escrava,
76
Desculpai-me apontar aqui ] L Desculpai-me appontar aqui C Des-
culpa<i>/e\-me </*appromptar/ aqui> appontar aqui [Em C, o segmento que
foi cancelado ocupa toda a última linha de 79 r.]
77
a que não estou obrigado porque as não aceitei. ] L a que não estou
obrigado [→porque] <nem>/as\ não acceitei. C a que não estou obrigado
[→porque] <nem> as [↑não] acceitei.
78
referido como tal ] C referido [→como] < > tal
79
possível, ] LC possivel
80
Ofereço esta obra ao Conservatório Real de Lisboa, ] L Dedico ésta
obra ao Conservatorio Real de Lisboa C <Dedico>[↑Ofereço] esta obra ao
Conservatorio Real de Lisboa
81
literatos, ] C l<i>/e\tteratos
82
com prémios, animado com exemplos, ] L com prémios, animado
com exemplos; C com prémios </*e/> animado com exemplos,
83
dirigido com sábios conselhos a cultura ] LC dirigido com conselhos
para a cultura
84
artística da civilização ] C artística <expres> da civilização
85
poderosa influência. ] LC poderosa e salutar influencia.
86
ser — ] C ser; —
87
Scribes. O estudo ] LC Scribes[.] < — o>/O\ estudo
88
e ] LC <é>/e\
89
sábio; ] L sabio, C sabio;
90
intelectual e moral ] L intellectual<,> e moral C intellectual e moral
91
romance, ] LC romance:
92
ou ] L <é>/e\ C <é>/ou\
93
cousas políticas, ] L coi<z>/s\as politicas C co<u>/i\sas politicas
94
feito o meu ] LC feito <> o meu
95
molde ] LC modello
96
dramáticas, ] LC dramáticas;
97
não foi senão uma tentativa incolhida e tímida para espreitar o gosto
do público português, para ver se nascia entre nós o género, e se os nossos
jovens escritores adotavam aquela bela forma, entravam por sua antiga histó-
ria ] L (…) <se> [se]não (…) encolhida e timida para ver se nascia entre nós
o genero, para espreitar o gôsto do publico portuguez, <> se os seus jovens
escriptores adoptav<ão>/am\ aquella bella forma, <s>e entrav<ão>/am\ pela
sua antiga historia C (…) <se> [se]não uma tentativa incolhida e timida para
ver se nascia entre nós o genero, para espreitar <se>/o\ <o> gôsto do público
portuguez, <ou dos seus no> se os seus jovens escriptores adoptava<õ>/m\
aquela bella fórma, </*de/> entra</*õ/>/va\m pela sua antiga historia
98
atual. ] LC natural.
99
Adozinda vê-se ] L <a>/A\DOZINDA <se> vê[→se] C ADOZINDA
[←e similhantes] <se> vê [↑se]
100
sua; querem ir como Eurípedes ] LC sua, (…) Euripides <,>
101
Virgílio, ] LC Virgilio
Dom Manuel e Luís XIV já não são possíveis; não tinham favores
que dar nem tesouros que abrir ao poeta e ao artista.
Os sonetos e os madrigais eram para as assembleas perfumadas
dessas damas que pagavam versos a sorrisos: — e era 102 talvez a
melhor e mais segura letra que se vencia na carteira do poeta. Os
leitores e os espectadores de hoje querem pasto mais forte, menos
condimentado e mais substancial: é povo, 103 quer verdade. Dai-lhe
a verdade do passado no romance e no drama histórico, 104 — no
drama e na novela da atualidade oferecei-lhe o espelho em que
se mire 105 a si e ao seu tempo, a sociedade que lhe está por cima,
abaixo, ao seu nível, — 106 e o povo há de aplaudir, porque intende:
é preciso intender para apreciar e gostar. 107
Eu sempre cri nisto: a minha fé não era tão clara e explícita
como hoje é, mas sempre foi tão implícita. Quis pôr a teoria à
prova 108 experimental e lancei no teatro o Auto de Gil Vicente. Já
escrevi algures, e sinceramente vos repito aqui, que não tomei
para mim os aplausos e favor com que o recebeu o público; não
foi o meu drama que o povo aplaudiu, foi a idea, 109 o pensamento
do drama nacional.
Esta academia Real 110 diante de quem hoje me comprazo
de falar, e a quem, desde suas primeiras reuniões, expus o meu
pensamento, os meus desejos, as minhas esperanças e a minha
fé, vós, Senhores, o intendestes e acolhestes, e lhe tendes 111 dado
vida e corpo. Direta ou indiretamente o Conservatório tem feito
102
sorrisos: — e era ] L s<o>/u\rrizos — e era C sorrisos: — <vai> e era
103
é povo ] L e<o> povo, C <e>/é\ <o> povo,
104
histórico, ] LC histórico;
105
mire ] L <lhe>[↑mire] C <lhe> [→mire]
106
nível, — ] LC nivel: —
107
apreciar e gostar ] L appreciar. C appreciar<.>/e\ gostar
108
à prova ] C á </*parte/> prova
109
foi a idea ] TF foi à idea LC foi a idea, [Em C, o X que se vê à trans-
parência de «Leão X», na outra face da folha, encontra-se sobre o artigo a de «a |
idea» e pode ter contribuído para a acentuação inadvertida.]
110
Real ] L Real,
111
Senhores, o intendestes e acolhestes, e lhe tendes ] L Senhores, a
<e>/i\tendestes e <a> acolhestes e lhes tendes C senhores, o intendestes e
acolhestes, e lhes tendes
112
anos ] L annos,
113
a tenção ] L [a] <a>tenção
114
marcada nas nossas leis académicas. ] L marcada <pelas>[↑em] nossas
leis academicas. C marcada pelas nossas </*ordens/>[↑leis] academicas.
115
agora de apresentar ] L agora de vos apresentar C agora <do>
[↑de] apresentar
116
incógnito ] L incognito,
117
imparcial ] L imparcial,
118
venha intregar como oferenda ao Conservatório ] L venha offerecer-
-vos, dedicar ao Conservatorio C venha <oferecer vos >[↑apresentar como
offerenda] ao <c>/C\onservatorio
119
terei de viver ] LC terei que viver
120
mesmo ] L mesmo, < — > C mesmo, [↑—]
121
ao trabalhador ] LC a[o] <um> trabalhador —
122
demais, o amor próprio: ] L de mais, o amor próprio, C de mais
<> o amor próprio,
123
hoje ] LC hoje<,>
124
funções de que me não demiti nem demito ] LC fun[c]ções [→de]
que me não demitti [↑nem] demitto
125
escrevendo, na história do nosso século, a crónica do último rei de
Portugal o Senhor Dom Pedro IV. ] L escrevendo a historia do nosso seculo
na minha chronica do ultimo rei de <p>/P\ortugal o Senhor Dom Pedro IIII.
C escrevendo na historia do nosso seculo [→a] <> chronica do último rei
de Portugal o Senhor Dom Pedro [→IV] <IIII>.
126
Assim ] LC Assim,
127
saudade; ] LC saudades;
128
senão com o suor do rosto; ] L <senão juncto> senão com o suor do
rosto; C senão <juncto senão> com o suor do rosto;
129
porém ] LC <necessarias> porêm
130
olfato — ] L olfato<,> —