Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TâüNAY
BARTHOLOMEU DE GUSMÃO
E A SUA
PRIORIDADE AEROSTATICA
1938
il
IMPRENSA OFFICIAL DO ESTADO
SÃO PAULO
n
Ie ne fay rien
sans
Gayeté
(Montaigne, Des livres)
Ex Libris
José Mindlin
AFFONSO DE E. TaüNAY
BARTHOLOMEU DE GUSMÃO
E A SUA
PRIORIDADE AEROSTATICA
1938
IMPRENSA OPPICIAL DO ESTADO
SÃO PAULO
Separata do Tomo
IX dos Annctes do
Museu P a u l i s t a
Bartholomeu de Gusmão. .. "o sábio, o illustre, o maior
homem que deu o século XVIII a Portugal"
Affonso de E. Tmmatj
PREFACIO
Affonso de E. Taunay
quer andar pello ar, e fazer 200 legoas por dia, e para este
effeito deo petiçam a Sua Magestade, em que propoz o arbí-
trio, e pedio privilegio, para que descuberto o tal arbitrio,
e executado por elle lhe fizesse Sua magestade alguas mer-
cês. Esta petiçam se mandou ver no Dezembargo do Paço,
e se consultou a favor do homem, de que são protectores o
Duque e Marquez de Fontes pellos grandes interesses que se
consideram neste estupendo arbitrio, porque em 8 dias se
podem mandar avizos ao Brasil, e em poucos mais á índia,
em 3 dias a Roma, e em hua hora ás fronteiras do reyno.
Eu tomara já ver conseguido este superior invento para
ter a honra de hir todas as tardes assistir meya hora na sala
de V Ex.
Com estas belas imaginaçoens endoidecem docemente
estes grandes snrs. propriedade que sempre se achou em
Cortes novas de Príncipes moços.
Eu crera tudo o que estes senhores afirmão sobre, a
quimera desta ridicula propoziçam em que este homem não
foi o 1.° nem hade ser o ultimo saltimborque, e disseralhes,
que o nosso reyno seria o 1.° prejudicado, ou a l. a dupe
deste vôo sobrenatural porque descuberta a maneira de voar,
e feitio das azas amanheceriam como por arribaçam 40 mil
moiros no Reyno do Algarve; mas podem-me responder que
cada vassalo d'El Rey seria obrigado a ter hu par de azas
de sobreçalente, e voar neste cazo para o Brazil. Perdoe
V Exa. a bacatela deste discurso, que tal qual hé anda
pelos nossos tribunaes. Fico na obediência de V. Exa. como
devo. Deus Guarde a V Exa. muitos annos. Lisboa 13 de
abril de 1709".
Commenta, a tal propósito, Joaquim de Carvalho:
"Esta passagem, publicada primeiramente no Investi-
gador Portuguez em Inglaterra, e reproduzida pelo Dr. Men-
des dos Remédios, no prefacio das já citadas Memórias de
Brochado, além de revelar o feitio irônico e discretamente
sceptico do nosso epistographo, contém alguns pormenores
para a historia da Machina volante, de Bartholomeu Lou-
— 26 —
"MACHINA AEROSTATICA
DÉCIMAS
De um zambujeiro a um cypreste,
De um álamo para um choupo,
Brincando de ramo em ramo
Saltando de tronco em tronco?
Governando tribunaes
Com o foro ou desaforo
Já não cabendo em si mesmos
Desvanecidos e fofos.
"El Rey por causa de hua fluxão de humor que' lhe veyo
ás glandullas, e que lhe fazem alguma inchação no piscoço,
e .debaixo da barba, teve sentença de sangria por todos os
votos do Senado da Medicina; porém pela grande devoçam
— 96 —
c7 C/J2*
s>'7y°"Z &,ê*nyd^t.
, ,rvr. V~^t>
,72$**
L7 oj.
R /S2+.
~ £
* ^ > . - j «
tv
E x p e r i ê n c i a s de G u s m ã o
Ephemeride historiai chronologica lusitana e x i s t e n t e na Biblio-
theca Publica de É v o r a , m s . da lavra do beneficiado Francisco
Leitão Ferreira, m e m b r o da A c a d e m i a Real de H i s t o r i a Portugueza.
"19 de abril de 1709 — Data do alvará dei rei de Portugal D.
João V a favor do Pe. Bartholomeu Lourenço, clérigo de ordens me-
nores, natural do Rio de Janeiro, em que lhe concedeu privilegio
para que elle somente e seus herdeiros podessem usar do instrumen-
to, que se lhe offereceu fazer para navegar pelo ar; promettendo-
uma nova navegação de grande utilidade para o domínio portu-
guez; estamos esperando o effeito e experiência deste inaudito
invento."
Na margem a nota:
"Fez a experiência em 8 de Agosto deste ano de 709, no pateo
da Casa da índia diante de sua Magestade e muita fidalguia e
gente com um globo, que subiu suavemente á altura da sala das
embaixadas, e do mesmo modo desceu, elevado de certo material
que ardia e a que applica o fogo no mesmo invento.
Esta experiência se fez dentro da sala das audiências.
„./y,e4k)^C§r0*<r!7<
77 / - A 1.S ,
i/*4rrt«)\ ecrm vttTirpy/tyrfír} ,&*~
7
( ftn/
Experiências de Gusmão
Depoimento do autor anonymo do códice 357 da Bibliotheca da
Universidade de Coimbra.
"Com effeito. poz (Bartholomeu de Gusmão) por obra. não logo
o principal invento, mas uma amostra, a qual era uma barcassa pe-
quena de feitio de uma gamella coberta de lona, e com vários es-
píritos, quintas essências, e outros ingredientes, lhe metteu umas
luzes por baixo, e na sala das embaixadas, estando presente Sua
Magestade e muitas mais pessoas, fez voar a dieta barcassa, que a
pouca altura deu pelas paredes, e depois em terra, e confundindo-
se os materiais pegou fogo, e na queda em que se despenhou quei-
mou uma cortina, e tudo o que encontrou foi fazendo o mesmo ef-
feito e Sua Magestade foi tão benigno que não se escandalisou e
conservou na sua graça estando...
^ãtuethM
4Ê%»/to
•li^rnjVj >nt /-etcJol&Ljce
rrLcn^wriM J-üstd* fuá
ruirnitncuv natj n +t*+lx
yWjl G-»T7t,i
a-w77t.j*^B£> rn*Aç~
TTtJL^Ç,
CL.^r^=> /f ,J? © • 0_<7. i ^ /
c_ xu
'rar/r StyjrtL
> Cfr. i *HT y>, Jetumfc. "• <r mente { <.() c^ í ^ v ufl ^ e ig
(/ J '
f» />'. '*n*> t ,'CHK* .. .»,.-.-,,• %y„J7r> /?//n/t> .•
pTm/itc /Cta/rx^l-
/ ( / 1
i 77 y c •'( ' ' Q°
Mk.' idthi <*rí/juf/i\iA^
;£rt7*^. tntnit'
t-HAq (forre
"II soggetto che, como aviso tempo fà. pretendeva di voler fa-
bricare un ordigno per volare. ha in questi giorni due volte fatta
1'esperienza in presenza dei Re. havendo lormato un corpo sferico
di poço peso; ma siceome Ia virtú impulsiva o attrativa pare che
consista In spiriti. questi presero fuoco. e si brugió 1'ordegno Ia
prima volta senza muoversi di terra, e Ia 2.à ancorché si elevasse
due canne. parimente brugió; onde egli. impegnato di far vedere
che non corre pericolo Ia sua invenzione. sta fabricando altro ordi-
gno maggiore."
Í4& &0
#7
ÍQG*< *2J Jm~rt< mj******t Jk^tr^KmtK.
&4. IMJ* UT-^^K +/**r*t*g - • JLt^/t
r
7 Y t KV
'">;>£
ÚÍT** éítuÀJ>*ry~.
J2**Á £*&•*. •-*>$"&•
*^y*~Í* *-**-—*•
<«M«Jl *** £***
. r * :-£**•'
à*
^5 aJrr*4*4 yCf*+«. +/*+4J» ^jZft+M *Jbtrk».»*+,£)
E x p e r i ê n c i a s de G u s m ã o
Emprendestes, procurastes.
Conseguistes logo o intento
que pelos ares nos derão
o volátil previlegio.
Ficastes constetuhido
por voador mor do Reyno
por andarem das espheras
dos Orbes por caminheiro.
Grudastes os papelinhos
amassastes os unguentos,
eu só lhe gabo a massada
E construindo-lhe a pira
lhe menistrastes o incêndio
que merecia queimado
hum tam mal nascido engenho.
Embainhastes a Sotayna,
Sacastes o vademecum
tcdc manos a Ia obra.
Senão em campo, em ierreiro.
— 134 —
Mas como o parto era aborto
veyo informe mortal veio
com que aforgarse a naunca (?)
foi lastima, sim por sertol
sorte, que os inventos mais subtis que até agora se têm des-
coberto, até áquelle ponto, em que não foram vistos, "foram
negados pelos ignorantes da razão, porque, como nos obje-
ctos somente têm o discurso, só com a vista é que então
lhes deram o credito, sendo como espelhos, que sem obje-
ctos não podem ter em si representação.
D'onde finalmente acabo o meu discurso com esta com-
paração, que por posto que pueril, é verdadeira; são emfim
os inventos tão incríveis para os indiscnrsivos como são as
ligeirezas das mãos.
Dizemos a um d'estes que lhe havemos de mostrar v. g.
uma pelotilha, e que á sua vista d'esta lhe havemos fazer
um pomo. O que vos responderá? Responde logo com velo-
cidade, sem primeiro discursar se pode ser ou não ser, ou
por que arte se poderá fazer a dita farça que tal coisa se
não pôde fazer.
Fazeis-lhe a ligeireza, fica attonito o nossoleigo, e res-
ponde-vos que aquillo não pôde ser senão por arte diabó-
lica. Ensinaes-lhe a peça, entende o segredo, e põe-se a sor-
rir; e vendo tão fácil o que tinha por impossível rompe do
seu assombro dizendo; quem tal dissera?
Assim pois esperamos que se ha de dizer, vendo-se sul-
car os ares o nosso invento, para confusão dos ignorantes,
que o negam, e desempenho dos sábios que o affirmam"
Por mais severa que queira ser a critica desta peça uma
cousa não poderá negar: a intelligencia do seu autor, a pre-
caução por elle tomada no sentido de refrear os surtos
exagerados da imaginação que já antevia as mais maravi-
lhosas conseqüências do invento de Passarola, como por
exemplo a excessiva velocidade dos aerostatos.
Manda aliás dizer a justiça que todos estes arroubos
de phantasia decorriam naturalmente das promessas da
própria petição inicial da Passarola. Seja como fôr o Ma-
nifesto de Gusmão é certamente novo argumento compro-
batorio de seus dotes dialecticos.
— 166 —
O&tr:
uníí su flteaen /
SBramttc l(troefienman tn 24. <Stimben
bur* btc gufft 200. gjlciií n faí>rcn/aIfojtD€if^cfd^ttnn*
for ató fonftcn Durc& t>a$ 5R w o f c r úbc r £ant> retfcn/
fettm Jtrí<g$;.£xmn i« toncn rtxit rnrlcaencti fcin*
bm bit Ordres, ©ricft/ SJolcf / £rben6 * Ãrtf96 - uní>
QdfcSRtttcl út>crH>tcfm/nidE>rttKnignròif brlaafrfm
$tó$c rálf aüen 9íoí()tt)cnò^feíífnt)crRr)fn/au^
allcrlf o SBaarcn Mifdfrrr n fónnc.
IDícífí 5fim(t®íikf ifr í>on etnem GWfrfo
c&m aud S5ra(í!íen crfuntai
3í)roS!ónJâí^ai.t)onlgortuôaíí
tib«íe6ain?crl)fti/
unb (ôa barmtt btis 14.3tintt tkfte 1709.2^f)vd
bit fycbc ju ttjfabon dcfc^c^m.
3u* frr portuffijttíbcn @pra*c in txwáod^ciit*»
ftfx àbcrfcÇrt/
UPfr jum grffm maí?íto,prmf flrôrcdfrt.
_ Tt>3í£n/ —
íôtt<Wd«Okr/1709-
Opusculo publicado em Vtenna em Junho de 1709. com a traducção do
memorial da falsa Passarola.
iSfótfôung
unfí i u fíírçenv
QSnrmittelft fwldjer mau tn 24.<5tunteit 200.
Sflctlm fbrtfommca/brnm Sttit^^cetm to txnmtotit
«Bofcf y 2cí*n& JW/a*<ti«> <BdMRfit*i» fKxrjífcffen /nkfr twrrí
gc; t>fr &foame QW4ôe ma aOni 9to&tt*nb%fcttcji wrfrfirn/
ao$aw2Baarcji uat> #auffiiM3rr*$aífífn durcb t>k
£uflt ttifàajfta ttunc /T^
©* w.!N
l«n(ijuf((egcn/
ScrmttteIjl iDri^cr manm 24 @tun<
bm 2 0 0 SÇtal macficn/ benen JCrie^6ccmt itt
tcnenmtit cntlrgencn íánbcrn btc Orbrc/ auQjuiencn/
nfbfti baun Çfrirfen/ <33olct/ Vtbtnt* Jtrtfa>unt> QMt>-<DhttfCo
übfrfcttcffn / nlcfct twaigcc Wc bdajjfrtt ^íd$í ntír aíirn 9Ufo*
ttfnMgPr Uf«ju \*rfr r)<n/aac$ afir «Ba armar* rtauffmann-
fívofftfa Durtfc Mt 2»fl* wtf$affro
fòmtf.
©o/
Çtrtf 4 <m
ítepoen ftpifft*.
•
i he Deltnption oi a t L V1N G S HIP, latély Iíívcnted,
In which onc may Travei Two Hundrad Milcs in Twenty Four Bouri, carry Orders
to General!, in remoto Countrics, ai alfo Letters, Rccruits, ProVjflonV Ammu-
nition and Moncy; fupply befieg'd Placcs with ali Ncceflarics. and tranfpon
Mcrcliandifc tluough che A I R ;
• h U to befeen hj thefollo»i»g Cef) oftht Origintl Addref, frefeuted to tbe Kj»g «/PoaTUG.U.
Invented by a Prieft in B R4 S I L.
2
Accordi«g Pritrted *t V I E N N A
AtcerdÍM to tbe C O P Y Priated 1709.
t-tao. Y f
1 u
( ( ) I V r,f ** A t\ l"» ti n c c J *' «ontribnte"to their greater Gtory to be Aath<
t U r 1 0} 4» A D D R E S S mtde of ru AdmiraM. a MacW, jehlchro nwny Suck
to hIS rOKTUGÜESE MAJÉSTV 10 tbe O»»": "» Vain attempred.
b «v í ^ « t . ^n, e f Mip», b«i by tbii Urortal the fcirth «lil
I ' 2 s 1. 7
pifltjw iti
^^m
SlrvlZxplaruUian of th* 'Haure .
A.Repreunti the Jaili, rrheremith theJlir u tt/v JwuUd.whidi tam u tfteyort
Tl.TheSternto yovern the Sfup.that She may not run at rondam,, í —
C.cIheBodu of thtShip whuh ú formed at bcth endi JcjlLf-wue in the ccitcarity
ofEach u iiTair cfBellcwj rvkúh mu/t be Uorvn when thert- it no Wind. ••
T).7~rop Wínoj rrhidi heep the Shif u/myht. — ^ —
E. lhe úrlobee ofHeaven and Jiarth contamina in them Slttraetive Virttiee. They
are of^Wetal, and- Jerve for a Cover to bvo Load/tcnej jrlaced in them, upon the>
Pedi/tal/, to draw (he-Shie afirr them, the,3ody ofmhieh ú o/Thtn&rvnPlattá
Cntred withStrorv SUott for oimivnieney oflO or II ~Men beeu/e/ Me JJrtiet. —
F. Si cover mode ofJron tfire, inform ofa Jfet, on nrhieh are fjjfemda paed-
number ofLarae JJmber £eads, nrhieh by a Jeertf Operaticn ntiühel/r to k-~
ÜuShif? JHofh: andby the Sun/ hamt, the a/õr&aid-J/a£i tfutf line theShif,.
be.drunm tovante tfcSimberBmd'• " '
\9.7he Jlrtut.who by the heJ/rofthe Celuttal GUbe, a SeaSU/tf.attdtempo*-
tmhv thehstfhtofthcSwt, thtrebytefindcuttheSpctefZandover rrhvfi táey are.
»TI the irfebe ofAe. Harth. —•™""™—™
H.lhe CcmfSê» to dirtct them in their MÊ?.
? 'í • t Tullout andJ&pcJ that jrrv* to hovtt or Tnrl thejaib —
1 I
V
"
^
Oi
O
r.
x —
5
u >-/
o
-S *Õ N
h S
ti
Y
z
5 s 3 X
o» c
mm
< ;
S E
w
BARCA, CHC NAVIGA P«R U ÁRIA JEICtNTO MICLIA P I R OIORKO,
inventara L A n n o p r e f e n t e in P o r t o g a l l o p e r trafportar o g n i M e r c ê .
. . ' V w , yuuí rvUtuU. 7. J*crAr J^AÍAnêiciper fua£
%, Alhtr-o GnvuL . JL àojfiun* rvedld FeÜL.
l.Vela r+tanda.. ^^ t. Giraão,Jovaa'ajjtrano Us
+ . GinodU per-jovorruu- U Mareie 1 fof-dír por ah.ar*, e aibafore
5. VeJeJta. per jovem* dtlTtnum*Y?M% * Jfantú^
é.Quattro Mme»ÉÍc*\m^jceLtjy^^tjW^ y.Corde, CA+J'aggiran* n*ãe
Vomini per dar vsnio mlLx. JU V&V GircJle.
Veia rulont/a . / | | N^s^ar. >of*WMA"perahara iMonhc*,
Co«
raducção italiana da petição de Bartholomeu de Gusmão oceurrente no tratado
°fl volo cios Versi e prose de Pier Jacopo Martello (.Roma, F. Gonzaga, 1710)
217
"Mas qual era a força que devia fazer mover todo este
volume?
Eis o segredo, como o próprio autor do aerostato lhe
chama. Estava esse segredo encerrado em duas espheras
de metal dentro da machina: havia nellas magnete, e sobre
um tecto de arame muito âmbar. E' quanto sabemos.
Lembrando-nos de que muitas propriedades da electri-
cidade e do magnetismo já eram então conhecidas, nenhu-
ma duvida temos em aventurar que as forças com que con-
tava o inventor deviam ser electro-magneticas.
0 certo é que ainda hoje, que a mecânica tem feito
tantos progressos, a realização do problema não se pode
admittir senão por meio de uma força motriz que se pro-
duza dentro da machina, seja ella electro magnética, seja
de ar comprimido, etc."
Depois de reproduzir a petição, o manifesto, o despacho
regio e as mercês recompensadoras de Gusmão refere Var-
nhagen que o "governo portuguez, superior ao seu século,
acolheu o homem pensador e ainda hoje se pode ver no
archivo publico da Coroa portugueza o registro do alvará
de privilegio que se passou a tal respeito, dois dias depois
do despacho.
"Crê-se até que el-rei favoreceu o inventor com os gas-
tos da primeira machina de prova, e segundo nos affirma
um autor contemporâneo (Francisco Leitão Ferreira) prom-
pta ella, chegou a ser experimentada diante do soberano e
de muitos grandes, no pateo da «asa da índia, em Lisboa,
fazendo o inventor subir o pequeno aerostato até a altura
da Sala que chamavam das Embaixadas, e dando ao subir
de encontro a uma cimalha, cahiu".
Emitte Porto Seguro sobre o glorioso filho de Santos
uma serie de conceitos realmente nobres.
"Não se tratou de repetir a experiência, e o autor do
invento, — homem de gênio, foi escarnecido e quasi dado
por louco; e desgraçadamente para elle os raciocínios não
— 245 —
Ora rarefazendo o ar
D . J O S E P H I. POR
PEDRO NORBERTO
DE A U C O U R T E PADILHA,
Cavalleiro profeffo na Ordem de Chrifio , Fidalgo
da Cafa Real , e Efcrivaõ da Camera dt
Sua Magtfiade na Mefia do Defcm~
bargo do Paço.
LISBOA.
Na Ornem». Patriarcal de FRANCISCO LUIZ AMENO.
M. DCC LIX.
Com as licenças ntcejfarias.
Folha de rosto da obra de Aucourt e Padilha em que occorre a primeira
referencia portugueza ás experiências de Bartholomeu de Gusmão.
428 Raridades da Arte
fia também voou , e quebrou hu-
ma perna ; e o mefmo íuccedeo a
outro homem de Calábria, de que
faz menção Campanella.
O Padre Bartholomeu Lou-
renço de Guímaõ trabalhou no mef-
mo proje&o , e com effeito em hu-
ma maquina de papelão fe elevou
na prefenca do Senhor Rey D. João
V.
Nao faõ poucas as peíToas,
que nos vôos da fortuna, e eleva-
ções da foberba experimentarão
iguaes precipícios.
I IV.
Aves, que fervirao de Correyos.
Montgolfier celebrado
Filho de grande nação
Só após quatorze lustros
Seguiu no vôo a Gusmão
Portugal inteiro
Tudo num só olhar descortinava!
Acerbamente accrescenta
E reponta:
II
III
C.N >'
BARTHELEMY LAURENT DE GUSMÃO
(1685-1724)
Barthelemy Laurent de Gusmão, premier invenlcur
américain, naquit à Santos (Brésil), vers Ia fin de décem-
bre de 1685. Son père était un chirurgien militaire portu-
gais et sa mère une brésilienne de vieille souche, descendante
des premiers colons du Brésil.
II fit ses premières études dans sa petite villc natale et
vers 1697 il partit pour le séminaire jésuitique de Belém à
Bahia. En 1701 il se démit de Ia Compagnie de Jesus, pré-
ferant plutôt être prêtre séculier.
Dês son enfance il donna des marques extraordinaires
de talent et d'aptitude pour les sciences. Doué d'une mé-
moire absolument prodigieuse il put, encore adolescent,
faire preuve d'une érudition tout à fait au dessus de son àge.
En 1701 il visita Lisbonne ou il émerveilla tout le mon-
de par ses talents et son savoir d'enfant prodige.
Revenant au Brésil, à Bahia, pour completer ses études,
et recevoir les ordres du presbytérat il inventa un système
de pompes qui donna les meilleurs résultats pour 1'appro-
visionnement d'eau de son séminaire placè sur une forte
éminence au dessus des sources.
Ordonné prêtre il partit pour le Portugal, dans les pre-
miers móis de 1709, imaginant construire un appareil aéros-
tatique base sur les effets de Ia dilatation de l'air surchauffé.
Le roi Jean V lui accorda une protection signalée, le
brevet qu'il lui demanda, et les moyens de réaliser avec un
petit ballon, en aoüt et en octobre 1709, des expériences
452
II
Francisco Leitão Ferreira, membre de VAcadèmie Royale
du Portugal "Ephemeride historiai chronologica lusitana"
Ms de Ia Bibliothèque Municipale d'Evora, (Portugal)
III
IV
Joseph Soares da Silva, académicien de VAcadémie Royale
du Portugal ("Gazeta em forma de diário" ms. de Ia
Bibliothèque Nationale de Lisbonne).
VI
II
III
IV
VI
IV
VI
PUBLICAÇÕES ESTRANGEIRAS
c.:s K
BIBLIOGRAPHIA DO MARQUEZ DE FARIA
B) Obras impressas
•>
Aiinaes do Museu Paulista — Tomo I.
* * * Annúariüs da Escola Põlitechrnca de São Pftulo — 1934,
1935, e 1936.
Almeida (Fortunato de) Historia da Igreja em Portugal.
Alves (José Luiz) Os claustros e o clero no Brasil.
André (M. Hw) Les dirigeables.
Azevedo (João Lúcio d') Nova epanafofa. — Épocas de
Portugal contemporâneo.
** Basto (Arthur de Magalhães) Falam velhos manuscriptos.
Bonnefon (Jean d e ) : Historia de Ia Conquête de 1'air.
* Brazão (Eduardo): D. Joâ«» V e a Santa Sé.
Collecção dos retratos de Diogo Barbosa Machado
na Bibliotheca Nacional do Rio dè Janeiro.
Collecção dos Documentos e Memórias da Aca-
demia Real de Historia Portuguesa.
Cadaval (A. Ribas): Navegação aérea.
Calixto (Benedicto): Bartholomeu de Gusmão.
Carvalho (Horacio d e ) : A conquista dos ares.
** Carvalho (Joaquim d e ) : A côrrespohdenciâ de José da Cu-
nha Brochado com o Conde de Vianna.
* Castello Branco (Camillo): Carta a Alberto Pimentel
(1873).
Castro (José Osório da Gama e) Artigo no Diário de Noticias
de Lisboa (29-8-1912).
Coutinho (C. V. Gago) Artigo no Diário de Lisboa (15-XI-
1933).
— 505 —
II
S.or
Do Cons.o Ultr.o
Alex. e de Gusmão
(Lugar do selo)
— 543 —
N.° 32
540
A fl. 292 do L.o 1." da re.ta dos novos dr.tos ficão carre-
.gados ao Thez: delles quinhentos e quarenta rs. Lx.a 29 de
Março de 1707.
(ilegível)
(ilegiveP
PREFACIO ,
CAPITULO I
Em vésperas da primeira experiência aerostatica.
Grande espectativa geral popular. Os depoimentos
recentemente descobertos de Soares da Silva e Cunha
Brochado. Pontos obscuros da biographia de Bartho-
lomeu tíV Gusmão 15
CAPITULO II
Annuncio de experiências feito peto Voador. A peti-
ção de privilegio endereçada ao Rei. O despacho de
Dom João V 27
CAPITULO III
A pretensão de Bartholomeu de Gusmão á resolução
do problema da navegação aérea. Velhos ideaes. A
aerostação e a aviação. De Archytas, de Tarento. a
Lana-Terzi 41
CAPITULO IV
Aggressões insolentes de poetastros a Gusmão. O in-
sultador profissional Thomaz Pinto Brandão e sua
caterva. O seu ódio irreductivel ao inventor 55
CAPITULO V
Longa satyra anonyma contra o invento de Bartholo-
meu de Gusmão. Espirito relativo desta moxinifada
métrica. Novos documentos: inéditos, dos archivos
portuguezes 67
II Í N D I C E
CAPITULO VI
A expectativa pelas experiências de Bartholomeu 'de
Gusmão. Depoimento de origem magestatica. Affirma-
ção, não documentada, de Ferdinand Denis. Docu-
mentos valiosissimos do Archivo Vaticano e de ar-
chivos portuguezes 95
CAPITULO VII
Prodromos das experiências da Passarola. Serie de
perguntas que se impõe. A prioridade inconcussa de
Gusmão, aerostatica mas não aeronáutica. Os áocu- ., ,r
mentos em que se esteiam os direitos do Voador 99
CAPITULO VIII
Analyse dos depoimentos. Cotejo destes papeis... 113
CAPITULft IX . , ... ,-V . ...,-.. ...-«, .
Local das experiências do aerostato. A moléstia de
.;.• D. João V, e sua influencia sobre a,.marchados*Rr
safos. Forma do balão e material empregado . . . . . . 119
CAPITULO X
Os primeiros documentos divulgados em Portugal
sobre as experiências de Gusmão .."' ^ 1Z9
CAPITULO XI - '
O silencio posterior ás experiências da "Passarola"
em Portugal. Mutismo dó próprio inventor/Causas
que o determinaram. O grande atrazo scientifico dos
mèiós ibéricos de então. Inexplicável altitude de Diògò
•* Barbosa Machado. Causas militares de preocupação
publica em 1709 135
CAPITULO XII ..,- v,\
CAPITULO XXI
A analyse do memorial e da estampa da Passarola
por Balthazar Wilhelm e o coronel Moedebeck. Idéias
absurdas e abstrusas 273
CAPITULO XXII
Revelação sensacional. Um depoimento da mais auto-
risada fonte sobre a mystificação realisada com a es-
tampa da Passarola. A segunda edição do poema de
Martello e a divulgação capital, que nella se contem 281
CAPITULO XXIII
A balida da perseguição inquisitorial a Gusmão, em
1709, incriminada causadora da suspensão de suas
experiências 293
CAPITULO XXIV
O silencio de Barbosa Machado. Opiniões de Freire
de Carvalho. As experiências da Passarola realisadas
em âmbito restricto. Parallelo entre o invento de
Gusmão e o dos Montgolfier. Conceitos de Augusto
F. Simões , 299
CAPITULO XXV
Argumentação de Augusto Felippe Simões em prol da
veracidade das experiências de Gusmão 311
CAPITULO XXVI
Descoberta valiosa de Augusto Felippe Simões. A
"Memória do Padre Bartholomeu Lourenço chamado
vulgarmente o Voador" 319
CAPITULO XXVII
A infatigabilidade das pesquizas de Felippe Simões
em prol dos direitos de Gusmão. Notável descoberta
effectuada. Uma descripção mais verosimil da Passa-
rola 325
CAPITULO XXVIII
Uma arguição do Major Pinheiro Correia a Augusto
Felippe Simões. Injustificado receio e deslise deste
pesquisador 337
Í N D I C E v
CAPITULO XXIX
Bartholomeu de Gusmão aeronauta. Falsa attribuição
de predicados. Origem da lenda creada pela ima-
ginação 345
CAPITULO XXX
Um carme descriptivo da pseudo ascensão de Bar-
tholomeu de Gusmão. Uma das Brasilianas de Porto
Alegre consagrada ao Voador 367
CAPITULO XXXI
A occurrencia do segundo centenário das experiên-
cias da Passarola. Projectos brasileiros irrealisados.
As cerimonias de Toledo e a placa comemorativa de
Lisboa em 1912. Vehemente contradicta do Dr. Ri-
cardo de Almeida Jorge. Resposta de Correia Neves.
Áspero revide 3' **
CAPITULO XXXII
Novos conceitos ásperos e injustos. Replica de Cor-
rêa Neves. Repto do Dr. Ricardo de Almeida Jorge.
3X
Final de critica '
CAPITULO XXXIII
Outros gusmanophobos gratuitos e inscientes. Boffito
40
e o sen livro desvalioso '
CAPITULO XXXIV
Progressos lentos mas constantes, do reconhecimento
dos direitos de Gusmão, nos grandes paizes europeus 415
CAPITULO XXXV
A propósito da inauguração do aerodromo Bartholo-
meu de Gusmão no Rio de Janeiro. Os esforços dos
campeões dos direitos de Gusmão. Actuação constante
do Marquez de Faria, Coronel Correia Neves e seus
indefessos companheiros
Complementos á biographia de Bartholomeu de
441
Gusmão
Barthelemy La::reitt de Gusmão (/(i"."-/??»)
Vi i N D i er s