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DO
CARDEAL SARAIVA
OBRAS COMPLETAS
DO
CARDEAL SARAIVA
1
( D. FRANCISCO DE S. LUIZ )
PATRIARCHA DE LISBOA
PRECEDIDAS DE
TOMO X
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1883
THE NEW YORK
PUBLIC LIBRARY
145030B
ASTOR LENOX AND
TILDEN FOUNDATIONS
R 1941 L
MISCELLANIA
ᎠᎪ
ΤΟΜΟ Χ
Historia vero testis temporum, lux veritatis, vita
memoriae, magistra vitae, nuncia veritatis.
CICER., De Orat.
Comparar a Historia de D. João de Castro, por Jacinto
Freire de Andrade, e a Vida de D. Paulo de Lima, por
Diogo do Couto, tanto pelo que respeita ás perfeições ou
vicios da linguagem e do estilo, como pelo que respeita
ás perfeições e vicios de ambos em qualidade de escri-
ptores da historia.
ᎠᎪ
Do historiador Couto
PARTE I
CAPITULO I
Da sua extensão
CAPITULO III
Superbiam
Quaesitam meritis ....
CAPITULO V
Dos caracteres
CAPITULO VI
Das sentenças
CAPITULO VII
Da sua moral
CAPITULO VIII
Da sua utilidade
PARTE II
Da narração historica
CAPITULO III
Das digressões
Dos costumes
CAPITULO V
Dos affectos
CAPITULO VI
Das descripções
ww
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CAPITULO VII
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Da clareza do estilo
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CAPITULO IX
Da brevidade da expressão
CAPITULO X
Da cultura do estilo
CAPITULO XII
Abrazado finalmente
O mundo, e reduzido a hum mar de cinzas,
Tudo o que o esquecimento deste dia ...
Tambem passo em silencio a narração ...
Do Evangelho pertence aos que hão de ser
Vivos naquelle tempo, e não a nós ;
E o dia de hoje he muito de tratar ...
E consumido pela violencia
Quando já não se verão
Neste formoso e dilatado mappa
Senão humas poucas cinzas ...
Desengano da nossa vaidade.
O Ceo, o Inferno, o Purgatorio, o Limbo.
Tu potente Fortuna
Com pé injurioso não derribes
A solida columna.
Recapitulação
CONTRA AS
Tendo certo critico famoso ajuntado todos os defeitos de hum grande poeta, fez
delles presente a Apollo . Este Deos os recebco graciosamente, e determinou recom-
pensar o auctor de hum modo conveniente ao trabalho que tivera. Com este intento
poz-lhe presente hum pouco de trigo por alimpar, e ordenou-lhe que separasse a palha,
e a pozesse á parte. Começou o critico a trabalhar com muita industria e diligencia;
e depois de ter feito a separação, Apollo lhe deo a palha pelo seu trabalho.
Boccalini, citado por Addisson no seu discurso sobre o poema de Milton.
PREFAÇÃO
CONTRA AS
(10) Lycée ou cours de litterature, part. 3.º , liv. 1.º, cap. 1.º.
sect. 2.a
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Mas bem haja o critico ! Elle não he tão cruel que ex-
ponha aos nossos olhos as desgraças da litteratura por-
tugueza sem ao mesmo tempo nos dar a este respeito
alguma piedosa consolação . Nelle mesmo temos o esteio
mais firme e mais seguro da nossa gloria litteraria ! Elle
mesmo nos diz com exemplar modestia que «he talvez o
unico homem em Portugal, que neste seculo frivolo préza
a litteratura italiana, e possue com devida estimação os
preciosissimos thesouros dos quinhentistas italianos , e
dos que tambem os souberão seguir e imitar até á in-
fernal época da revolução» . Elle assim o mostra clara-
mente citando nas Reflexões criticas a Claudio Tolomei,
a Beniveni, a Sanazzaro e ao admiravel Ariosto ; e dan-
do-nos deste modo a mais solemne demonstração de que
só elle , e ninguem mais em Portugal, sabe prezar e ter
em justo valor a litteratura italiana e os seus preciosis-
simos quinhentistas ! Com hum litterato deste toque, que
cita os auctores italianos , e diz que os préza ; que escreve
Sermões e Satyras, Considerações christãas e Poemas ;
que gosta de Lucano e de Ariosto , e despreza e ridicu-
liza Camões ; com hum homem, digo , deste toque nada
tem que temer a nossa litteratura portugueza ; nada de
infausto lhe pode acontecer ! Queira a fortuna proteger
os seus trabalhos e emprezas litterarias tanto , quanto
ellas são uteis á gloria da nação e ao credito da nossa
litteratura !
O critico entra finalmente no principal assumpto das
Reflexões, e para nos não deixar hum só instante duvi-
dosos de qual seja a sua opinião a respeito do episodio
de Adamastor, de que vai a tratar, estabelece como the-
ma e principio geral do seu discurso , que este episodio he
entre os disparates de Luiz de Camões o maior dispa-
rate!!!
Elle por certo não ignora que este immortal episodio
tem sido considerado em todos os tempos como hum dos
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(16) Barros, Dec. 1.ª, liv. 3.º, cap. 4.º; Castanheda, liv. 1.º, cap. 3.º
Manuel Corrêa, commentarios á est. 65.ª do cant. 5.º
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tos, que sabem sentir e julgar . Nós temos isto por huma
especie de blasfemia litteraria , apezar de confessarmos
que esta ficção de Lucano he bella, ainda que por des-
graça seja a unica que se encontra em toda a Farsalia.
O critico recapitula emfim as identidades, analogias e
semelhanças que acha nas duas imagens, e diz com mui-
ta satisfação : ambas são imagens fantasticas, ainda que
differentes entre si, como pedião as circumstancias . Mas
se as circumstancias dos dous heroes erão ha pouco
identicas, como são agora differentes ? E se as imagens
fantasticas são differentes como podem ser identicas e
analogas? A palavra differente exclue a identidade e a se-
melhança. Veja pois o critico em que difficuldades se vai
mettendo !
«A Cesar (diz elle mais) apparece a imagem da repu-
blica que elle hia tyrannisar ; a Vasco da Gama a ima-
gem do Cabo que elle hia a passar . A apparição da re-
publica a Cesar he feita de noute : a apparição de Ada-
mastor tambem he de noute . Logo temos duas imagens
que apparecem de noute, e nada mais . Tambem as ima-
gens de Heitor e de Venus apparecem de noute a Eneas,
(Eneida, liv. 2.º, v. 270. ° e v. 589.°) , e ninguem dirá que
estes dous bellos quadros de Virgilio são os originaes
de Adamastor . Tambem os rios Indo e Ganges appa-
recem de noute a el-Rei D. Manoel debaixo de imagens
fantasticas (Lusiadas, cant. 4.º; est . 71. *) , e não são co-
pias do quadro de Lucano , &c .
Ambos os fantasmas rompem do seio de carregadas e
espessas nuvens . Já dissemos que não ha esta circum-
stancia em Lucano, e nem huma só palavra que a dê a
entender. O poeta só diz que a imagem apparecêra a
Cesar por huma noute escura.
ha il capo ricciuto
Le chiome ha nere, ed ha la pelle fosca
Pallido il viso, oltre il dover barbuto
Gli occhi gonfiati, e guardatura tosca,
Schiacciato il naso , e nelle ciglia irsuto.
NA
ΝΑ
Tomo 1.º
Tomo 2.°
Tomo 4.°
Tomo 5.º
Tomo 6.°
Tomo 7.º
Tomo 9.º
Tomo 10.°
Tomo 12.º
Tomo 13.°
Tomo 14.°
Tomo 15.°
(2) Frei Bernardo de Brito, nos Elogios, diz : « Ficou el- Rei
(D. Affonso V) , em idade de seis annos, debaixo da protecção da
Rainha D. Leonor, sua mãi, com pouca satisfação da maior parte
do reino, que tendo tantos Infantes tios do menino, soffrião mal
serem governados pelo arbitrio de huma mulher, que alem de
pouca experiencia, e de huma natural inconstancia, que tinha na
resolução dos negocios, era mandada pelo Conde de Barcellos, e ou-
tros, que desfavorecião muito ao Infante D. Pedro, a quem o povo
amava por sua prudencia, affabilidade» , &c. Note- se que, segundo
este escriptor, o odio do Conde de Barcellos ao Infante já vinha
de longe, e parece não ter tido a origem, a que alguns o attribuem ,
como depois diremos.
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SOBRE O
(FRAGMENTO)
MEMORIA
SOBRE O
(FRAGMENTO)
tonio Alvares da Cunha ; foi outra vez renovada em 1693 por seus
filhos D. Pedro e D. Luiz da Cunha.
Academia Portugueza. - Novamente aberta em 1717 .
Conferencias eruditas. - - Em caza do Conde da Ericeira em 1696
até 1699.
Academia Erudita , anonyma e illustrada.
Academia dos Humildes e ignorantes.
Academia dos Anonymos . - Juntava- se em caza do Conde da
Ericeira, e na de Ignacio Carvalho de Souza, varão insigne na poe-
tica.
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anno de 1740, pag. 111 ; veja-se tambem o elogio que lhe faz o
outro sabio portuguez, Jacob de Castro Sarmento , na dedicatoria
da obra intitulada Theorica verdadeira das marés, impressa em
1737, 4.°
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DE
DE
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resto dos bens , que lhe ficavão , quando isso fosse util
ao Estado e ao seu Principe » . Raro exemplo de gene-
roso desinteresse , e do mais fino amor da patria !
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(TRADUCÇÃO DE SENECA)
Credendumque doctissimis hominibus, qui unicum
adversorum solatium litteras putaverunt.
QUINTIL. INST., liv. vi, Praefat.
TOMO X
DA CONSTANCIA DO VARÃO SABIO
(TRADUCÇÃO DE SENECA)
que daquelle que nada sofre , ainda que lh'o fação . An-
tes, não sei eu se diga , que a sabedoria mostra mais as
suas forças, ficando tranquilla no meio dos que a accom-
mettem ; pois até o general se mostra muito mais pode-
roso em armas e soldados , quando no proprio paiz dos
inimigos está em tranquilla seguridade .
Distinguamos, Sereno, se te parece, injuria de con-
tumelia. A primeira he por sua mesma natureza mais
grave ; a segunda mais leve , e sómente grave ás pessoas
delicadas , que se dão por offendidas , ainda quando não
sofrem lesão alguma . Tal he a vaidade e a relaxação dos
animos, que julgão muitos não haver cousa mais acerba.
Servos acharás, que antes queirão ser açoutados , do que
levar huma bofetada , e que tenhão por mais toleraveis
os açoutes , e a mesma morte , do que algumas palavras
contumeliosas . A tanta necedade chegámos , que não só
nos deixâmos opprimir da dôr, senão tambem da opinião
da dôr ; semelhantes nisto aos meninos , a quem mette
medo a sombra, ou a deformidade e ruim aspecto das
pessoas , e que chorão, quando ouvem nomes pouco gra-
tos aos ouvidos , ou quando vêem certos movimentos dos
dedos , ou outras semelhantes cousas, que elles maqui-
nalmente estranhão e repugnão, por huma especie de
impeto , originado de erro não previsto .
A injuria consiste em fazer mal a alguem; mas a sa-
bedoria não dá lugar ao mal , pois só tem por mal a tor-
peza, e esta não póde entrar aonde existe o honesto e a
virtude. A injuria pois não pode chegar ao sabio, por-
quanto se a injuria he sofrimento de algum mal , e o sa-
bio não pode sofrer mal nenhum, segue-se que não póde
ser injuriado.
Toda a injuria he especie de diminuição daquelle a
quem se faz ; nem pessoa alguma póde receber injuria,
sem que sofra diminuição ou detrimento, ou na pessoa,
ou na dignidade , ou nos bens e cousas externas . O sa-
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(TRADUCÇÃO DO LATIM)
Credendumque doctissimis hominibus, qui unicum
adversorum solatium litteras putaverunt.
QUINTIL. INST., liv. VI, Praefat.
(TRADUCÇÃO DO LATIM)
(2) Caligula.
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(3) Tiberio.
414
Pag.
Comparação da historia de D. João de Castro por Jacinto
Freire de Andrade, e da vida de D. Paulo de Lima por
Diogo de Couto ..... 1
Apologia de Camões contra as reflexões criticas do padre José
Agostinho de Macedo, sobre o episodio de Adamastor no
canto 5º dos Lusiadas. ... 153
Erratas miudas na traducção portugueza da Historia geral de
Portugal de Mr. de La Clede ....... 233
Memoria sobre o estado das letras em Portugal na primeira
metade do seculo XVIII (Fragmento) .... 271
Exemplos de virtude, acções e dictos memoraveis, colligidos
da Historia de Portugal ... 307
Da constancia do varão sabio . 367
Seneca posto em desterro, consola a sua mãi Elvira desta in-
felicidade .... 397