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LITERATURA
ANTOLOGIA TOMO TI
LEANDRO
GOMES DE
BARROS-2
HOMERO SENNA
Diretor do Centro de Pesquisas
XI
INTRODUÇÃO
O MARAVILHOSO
O FANTÁSTICO
ARIANO SUASSUNA
NOVAS PERSPECTIVAS PARA ANÁLISE
DAS COMPOSIÇÕES POPULARES
10 * CASCUDO, Luís da Câmara. Cínco Livros do Povo. Rio de Janeiro, José Olympio, 1953.
Ataíde. As pesquisas feitas por Sebastião Nunes Batista
perniltiram restituir a Leandro a autoria de mais de 50
estórias' entre as quais algumas das mais belas composi-
Er populares: História de Juvenal e o Dragão, História
Princesa da Pedra Fina, O Boi Misterioso e História de
Jodo da Cruz. Neste ultimo alteram o acróstico LEAN-
DRO para SEANDRO:
Edição de 1917
Edição de 1966
Satanás ficou convulso
Esvaindo-se em furor
A alma rendia graças
Na presença do Senhor
Dando louvores ao anjo
Rendendo graças ao Arcanjo
O seu grande defensor.
* Várias teses de Mestrado e Doutorado, focalizando a literatura popular nos seus diversos
12 aspectos (literários, sociológicos, etc.), testemunham esta evolução dos estudos universitários
popular e, em 1870, praticamente não existiam mais edi-
toras para a ''Biblioteca Azul". Outro fator responsável
por esta extinção foi, sem dúvida, o desenvolvimento da
imprensa, trazendo notícias mais exatas e mais recentes,
bem como novelas publicadas sob forma de folhetim se-
manal.
O exemplo da ''Literatura de Colportage”"' leva-nos a
uma reflexão a respeito da função do instrumento de in-
formação. Antigamente era o único disponível no mundo
rural (versando sobre acontecimentos sociais e políticos,
catástrofes, milagres etc.). Tornou-se também veículo de
propaganda, utilizado para fins políticos, religiosos ou
comerciais, o que não era precipuamente a sua função. O
folheto é considerado, ainda, difusor da literatura tradi-
cional ou universal, pela ''tradução'"' na linguagem po-
pular de obras como os ''Cinco Livros do Povo", por
exemplo. Esta necessidade de uma tradução indica a
função principal do folheto, a função poética. Efetiva-
mente, como este poderia sobreviver, com o advento do
rádio e agora da televisão, se não era mais do que um
instrumento de informação e divulgação? Citamos a este
respeito, um trecho de uma carta de Ariano Suassuna
(endereçada a Idelette Muzart Fonseca dos Santos, em 26
de março de 1974) em que se esclarece perfeitamente esta
relação:
“Creio que, até agora, as pessoas que escrevem sobre
isso pôem toda a ênfase no folheto como meto de comunica-
ção, esquecendo a importância literária dele, a importância
do folheto como forma poética de que o povo gosta literarta-
mente mesmo e não apenas como informação. A respeito
disso, conto-lhe uma história: no dia da morte do Presiden-
te Getulio Vargas. um ''folhetista nordestino", ao ouvir,
pelo rádio, e ler, pelos jornais, a notícia do fato, começou a
escrever um folheto intitulado 4 Lamentável Morte do Pre-
sidente Vargas. Desse folheto, venderam-se 70.000 exem-
plares em 48 horas. Agora eu indago: se Ô Interesse era o da
notícia, por que o povo não se contentou com o rádio e os
jornais? Um jornal é mais barato do que um folheto e além
disso, naquele dia, as edições especiais sairam antes do 13
folheto. Então, se o interesse do Povo se limitasse à notícia,
era melhor comprar o jornal, mais barato e saído primeiro.
Se o povo comprou o folheto dessa maneira, era porque
estava desejoso de ver contado, nos termos literários e poé-
ticos que a ele correspondem, aquele acontecimento que
tanto o emocionara.”
Foi e é esta riqueza poética da “Literatura Popular
em Verso" que permitiu afinal o reconhecimento do seu
alto valor, sem que fosse necessário nem desejável para
ela ''engraxar os cascos para se elevar”, como pensam
alguns críticos.
Aplicando-se o método proposto por Vladimir Propp'
a um corpus limitado de 32 folhetos, chegamos a algumas
conclusões que consideramos válidas para o estudo de
textos populares. Distribuímos os folhetos em dois gran-
des temas: ''O Maravilhoso e o Fantástico” e “Deus e o
Diabo'' na Literatura de Cordel. Este último, por sua vez,
foi dividido em três subtemas: ''Encarnações do Diabo”,
“Encontros com o Diabo'"' e ''Misticismo e Fanatismo””.
O '“'Maravilhoso'' aparece como uma constante na
Literatura de Cordel. O poeta folhetista dá largas a sua
imaginação, criando seus heróis formidáveis e fazen-
do-os vencer toda sorte de atropelos. Esses heróis rece-
bem sempre o auxílio de magos, fadas, figuras misterio-
sas e bruxas, personagens também comuns aos folhetos
sob esse tema, os quais aparecem como ''doadores'"* e
ajudam os protagonistas desde a sua partida para um
lugar onde se encontra o objeto de sua busca até o regres-
so e a subida ao trono, doando-lhes objetos mágicos ou
substâncias capazes de vencer o tempo e o espaço.
O '“'Fantástico", por sua vez, faz parte do cotidiano
do poeta popular, que admitindo o impossível, inventa
um novo mundo para si e para o povo que o lê e ouve.
Esse mundo construído pelos narradores de Cordel é po-
voado de valentes heróis, de serpentes e dragões desco-
*PROPP, Vladimir. Morphologie du Conte. Traduction de Marguerite Derrida, Trvetan
Todorov e Claude Khan. Paris, Seuil, 1970.
14 *Vide PROPP, op cft., pp. 51-55.
munais — tipo de agressor muito comum a essas estórias
— de pássaros encantados, de bichos, coisas e vegetais.
Todos eles alimentam os sonhos e divagações dos seus
leitores e ouvintes, ao mesmo tempo que lhes revelam a
transitoriedade e a fraqueza das coisas.
Depois do estudo da estrutura narrativa dos dezesseis
folhetos selecionados em torno do tema “O Fantástico e
o Maravilhoso na Literatura de Cordel", verificamos
uma semelhança evidente entre dois tipos de narrativas:
a que constitui o folheto Juvenal e o Dragão, de Leandro
Gomes de Barros, numa versão de João Martins de Ataí-
de (proprietários, filhos de José Bernardo da Silva, de 3
de março de 1976) e a narrativa do folheto Jodo Valen-
te e o Dragão de 3 Cabeças, de Joaquim Batista de Sena
(proprietário Manuel Caboclo e Silva). Ressalte-se que no
corpus selecionado reunimos folhetos de Joaquim Batista
de Sena, Leandro Gomes de Barros, Manuel Camilo dos
Santos e outros autores.
Constatamos, após várias observações, que o segundo
folheto se apresenta como uma variante do primeiro Ju-
venal e o Dragão. Possui a mesma estrutura narrativa,
mudando apenas algumas funções, que foram triplicadas
por Joaquim Batista de Sena. Do confronto das duas
narrativas, como veremos, registram-se divergências e
convergências. Exemplificamos como as mais impor-
tantes:”
João Valente e o Dragão de 3
Juvenaleo Dragão Cabeças
* Quando fazemos os confrontos das narrativas, os números que vêm após as citações
remetem
para as estrofes dos folhetos. 15
“Jogar espadas”, 'atirar de
besta''(13) e “tocar muito
violão'.(14)
VI. Partida — Juvenal parte pa- Partida — João parte para o lo-
ra a montanha onde mora o cal onde se encontra o dragão:
dragão (partida do heró! para o “João armou-se ligeiro
16 combate): e seguiu dali tocando
“Juvenal com muita pena numa gaita e as ovelhas
dessa morte sem defesa seguiram lhe acompanhando
chamou os seus trés cachorros para aquele mesmo lado
acompanhou a princesa".(39) pr estava a fera esturrando”".
(47)
VII. Luta -—- Confronto entre Luta — João Valente passa por
Juvenal (herói) e o dragão três provas, luta três vezes com o
(agressor) (luta com o auxílio do dragão cortando-lhe as três ca-
objeto mágico): beças.
“O moço era destemido O dano aí ainda não foi sanado.
com seu cachorro valente, A ameaça do dragão persiste.
eles dois incorporados
lutando com a serpente,
Juvenal no ferro frio
e o cão fiel pelo dente''.(45)
* PROENÇA, Ivan Cavalcanti “O verão (e não a seca) voltará'' in JORGE NETO, Nagib,
As três príncesas perderam o encanto na boca da noite, Rio de Janeiro, Folhetim, 1976
* CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro Edições de Ouro, Rio de
Janeiro, s/d. 19
Por todo o Nordeste do Brasil são retomados em fo-
lhetos, ou em romances, os grandes temas da novelistica
tradicional. Assim é que, não obstante o tão divulgado
declinio da nossa produção popular, aparecem reedita-
dos, ainda hoje, folhetos com títulos como a Donzela
Teodora, História de Roberto do Diabo, João de Calais e
estórias calcadas sobre a ''História do Imperador Carlos
Magno'' e os 'Doze Pares de França'', cujas origens se
perderam nas tradições populares européias. O exemplar
de Roberto do Diabo que foi incluído no corpus por nós
selecionado, é datado de 15.02.76, confirmando a sur-
preendente popularidade da estória do ''homem endia-
brado", tantas vezes retomada pela nossa literatura po-
pular. A recorrência a esta temática, conforme verifica-
mos, aparece em vários níveis e pode ser representada em
forma de arborescência (do ponto de vista da semântica):
ENCARNAÇÃO DO DIABO
ANIMADO
tias NÃO- ANIMADO
(não aparece a encar-
A is nação neste nível)
HUMANO NÃO-HUMANO
NO FORA Da
ÚTERO DO ÚTERO BOI BESTA PORCA
“Na província da Normandia “Depois de Cristo alguns anos “No sertão de Quixelou
existiu um ancião na fazenda Santa Rosa
esse tinha um filho único Se esa pa E
o qual chamava-se João
era ele o soberano''(1); que ia de encontro chamada Misteriosa ''(9);
à cristã religião''(1);
83
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“Juntaram-se trinta rapazes “Perguntou-lhe o paí um dia como nunca achou vaqueiro
foram lutar com Roberto por que não gostas de Deus? que dele se aproximasse
“ee e E e nn. .“ ar AS OS a e (6);
destes o que não morreu
salu de perna quebrada.''(40); “João da Cruz ouvia isso
porém sempre endurecido
“O mestre ainda falou “Muitos cavalos de estima.
atrás dele se acabavam
vaqueiros que em outros campos
“e... ...
até medalhas ganhavam
deu-lhe quatro punhaladas muitos vendiam os cavalos
botou-o na campa fria.''(49); e nunca mais campeavam.''(5);
“0... an...
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Sinais utilizados
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Os gossos antepassados
Eram muito prevenidos,>
Diiam: mato tem olhos,
Ap paredes tem ouvidos,
Os crimes são descobertos
Por mais que sejam escondidos.
Em vitocentos e-seis,
Na provincia da Bahia,
Distante da capital
Trez leguas ou menos seria,
Sebastião de Oliveira
Alli num canto vivia.
Elle, a mulher, duas filhas,
Um filho homem já feito,
O rapaz era empregado
E estudava direito,
O.velho não era rico
Mais vivia satisfeito.
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37
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Ou poderia matal-o
Oculto n'uma emboscada
Porque ninguem vendo o crime
Elle não sofria nada
Defunto não conta historia
Estava a questão acabada.
Havia alli um engano
Entre Victoria e Bahia;
A divizão 'das provincias
All ninguem conhegfia, ve.
Sebastião de Oliveira
Era o unico que sabia,
O governo da provincia
Tendo aquella precizão
Disse um dia : Floriano
Você vá em commissão
Chamar seu pai para vir
Mostrar a demarcação.
Veldivino de Amorim
Viu Floriano passar,
Escolheu o lugar proprio
Onde o pudesse emboscar,
Dizendotdentro de sis
Elle não pode escapar
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39
as, se
Passava alli Florianno
A fera então enfrentou-o;
Desparcu-lhe o bacamarte
Sem vida em terra lançou-o
Calar partiu ao ia
O assafino amarreu-o.
4 qunieid tada
Ouviram grande estampido,
Angelita se assustou,
Disendo: o que terá sido;
O tiro foi para o lado
Que o irmão tinha hido.
Angelita convidou
À sua irmã Esmeralda
Disendo vamos aqui,
À passeio pela a estrada
Aquelle tiro que cCeram
Deixou-me soubsaltada.
No sertão naquelle tempo
Podia uma môça andar
Passavam-se dois, trez mezes
Sem um homem all passar
Por issotforam elias duas
Não tinham o que receiar.
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43
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45
Datou-a afjnou o nome, aah
Pegou a arma e sahiu
Se encostou no gamelleiro
A carteira escapuliu
Havia um Ôco na arvore
Nella a carteira cahiu,
À fera não se lembrou
Da testemunha ocular
Perdendo aquella carteira
Alguem a podia achar
Ella na mão da justiça
Quem poderia o salvar?
Porém uma força oculta
Permíttiu que elle perdesse
E a mesma força impôz
Que elle d'ella se esquecesse
Para dizer ao seu tempo:
O assafino foi esse /A4
Calar o pobre cachorro
Que aquelle espectaculo via
Soltava uivos enormes,
Que muito ao lonje se ouvia
Rosnava e fitava os olhos
Debalde a corda mordia
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Em oito centos e nove
Estava a festa a terminar
Um velho dalli caçava
Passou naquelle lugar,
Atraz desse caçador
Vinha o cachorro Calar.
Abrigou-se n'uma sombra
Vinha muito esbafurido
Foi chorar ao pé da cruz,
Que o senhor tinha morrido
Cheirou as das duas moças
iJepois soltou um gemido.
Estava alli o general
Q bispo c o presidente
E o chefe de policia
Homem muito esperiente
Todos ficaram d aquilo
Impressionadamentc.
O general perguntou
De quem era aquelle cão
Respondeu o velho Pedro
Este cachoiro: patrão,
É do defunto Oliveira
Que Deus dê-lhe a salvação.
54
ai sds
o
Então disse o general,
Isso ainda é discoberto
O crime foi muito oculto
Feito aqui n'este diserto.
Mas quando chegar o dia
Há de saber-se por certo.
Se eu for vivo nesse tempo
Serei o algoz mais forte
Serei um dos que condusa-o
Para o theatro da morte
Com a minha propria mão
Amollo um ferro que o corte.
O cachorro ouviu aquillo
Ergueu-se muito contente
Hoi aos pés do general
Festejou o presidente
Como quem disia o crime
É punido sertamente.
Disse o bispo este cachorro
E testimunha ocular
Elle viu quem fez as mortes
Só falta é elle contar
Se visse O criminoso
Podia o denunciar.
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Juvenal um hespanhol
Parente de Eliasario
Chegando lá disse ao velho
Você é milionario
Compre quatro ou cinco medicos
Que provem; que elle está vario.
Porque elle estando louco
Não pode ser condenada
O processo fica envalido
Não poderá ser julgado
Ahi o senhor procura
O melhor advogado.
Eliasario pençou
Aquillo ser acertado
Ao contrario Valdivino
la ser executado
É tinha toda sertesa
Elle morrer enforcado
Derigiu-se a capital
Procurou advogado
Esse arrumou cinco medicos
Foi o réo examinado
Que provaram a 4 annos
Elle já ser treslocado,
62
aa A
O bispo e o prezidente
Consultaram ao general
Mandaram ver 4 medicos
No reino de Portugal
E faserem na Bahia
Uma junta especial.
Vinheram de Portugal
Quatro medicos escolhidos
Que por dinheiro sem conta
Não seria illudidos
Desiam que seus carateres
Jamais seriam vendidos.
E examinando o réo
Cada medico de per si
Todos disseram que nunca
Houve tal loucura alli
Nem se quer nervoso havia
Todos juraram ahi.
Fiseram novo processo
Depois d'eHe examinado
Estando prompto o precesso
Valdivino foi julgado
A sentença que pegou
Foi para ser enforcado,
63
ao DA mao
64
fis NS cas
65
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Eu hoje direi a elle
Tudo que cstá planiado
Que côr terá o' cavallo
Que á de estar alli sellado?
Diga que é o poldro cobra
Em que clle andava montado.
WValdivinp quando soube
Esta consulta que havia
Ficou comp uma creança,
Chorou alli de alegria
Jurando no mesmo instante
Que Calar lhe pagaria.
Então passaram-se os dias
Estava o pôvo aglumerado,
Valdivino de Amorim
Hia sêr executado
Tudo alli estava esperando
Vel-o morrêr enforcado.
Estava o estado maior,
Que vinha presenciar'
Subio Valdivino a força
Zefirino o foi laçar
Porem elle se encolhendo
Conseguiu d'alli saltar.
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cet RR qa
E sahiu o assacino
Chegando lá se escondeu,
Não houve alli quem o visse
Quando o dia amanheceu
O compadre-veio fora
E elle lhe appareceu.
Valdivino lhe pediu
Que não deichasse-o morrer
Disse-lhe o velho Roberto,
Tenho aonde o esconder
Porém ninguem mais d'aqui
Disso poderá saber.
Quatro dias decorria,
O assacino escondido
Debaixo de umas madeiras
Estava elle alli mettido
O pai d'elle na cadeia
E ia sêr concluido.
Um dia de quarta feira
O velho Calar chegou
A forca inda estava armada
Calar alli a olhou,
Cravando a vista no céo
Um uivo triste soltou.
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F estejando o general
As pernas d'elle abraçou
Derijiu-se ao presidente,
Essa mesma acção obrcu
E alli desapareceu
Novo destino tomou.
Foi direitinho ao lugar
Que o crime horrendo se deu
No pé da cruz de Angelita
Flle cavou e gemeu
O velho Pedro chamou-o
Mas elle não attendeu
Deitafido-se entre as 3 cruzes
Sua vida terminou
Nas conilições do guerreiro
Que da batalha chegou
Trazendo os louros da guerra
A sepultura baixou.
O general quando soube
Que Calar era sumido
E que fasia trez dias
Que não era aparecido
Mandou gente procural-o
Ficando muito sentido.
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E qu
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Agoti veja leitcres
Quem crã o velho Calar
E como do» Sebastião-
Um dia pôde o achar
Elle tinha quirize dias
O donó hia o matar,
Então o velho Oliveira
Achou set uma ingratidão
Matar aquelle innocente
Embora fosse elle um cão
Porem disse à caridade
Não se faz só a christão,
E levou-o para casa
Disse a mulher que o criasse
Disendo pode ser bom
E algum dia inda casse
Quando nada da fasenda
Talvez os bichos espantasse.
Calar criou-se & cresseu
E era um cão caçador
Maracaja é rapousa
Tinham delle grande horror
Passavam por muito longe
Da fasenda do senhor,
78
Era o vigia da noute
Um minuto não dormia,
N'uma cousa que guardavam
O velho cão não bulia.
Só quando os donos lhe davam
Era que elle se servia.
A familia de Oliveira
Muitas vezes a converçar
O velho disia aos filhos
Este cachorro Calar,
Tem espreções de pessõa
Que conhesse o seu lugar.
Em casa do dono d'elle
De noute nada chegava
Um bacuráu que voasse
Calar se erguia e ladrava,
Do poleiro das galinhas
Os morcêgos espantava.
Era muito caçador
O dono sempre caçava
Porém a visinho algum,
A noute elle acompanhava
Só satua para o mato
Quando o senhor o chamava.
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Parahyba (Capital) —F. 'C.: Baptista
& Irmão.
Em Rio Branco — Manuel Vianna
Em Manaus—Bemjamin Cardozo
Em Caruarú— João de' Barros.
Em Pesqueira— Jusé Liberal.
Em Sta Luzia (Parahyba )— José ' Nu
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Os nossos antepassados
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As paredes têm ouvidos,
Os crimes são descobertos
Por mais que sejam escondidos.
Em oitocentos e seis,
Na provincia da Bahia,
Distante da capital
Tres ieguas ou menos seria,
Sebastião de Oliveira
Ali n'um canto vivia
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O seductor conhecem
Seus planos serem debalde
E só podia vencel-as,
Por meio de uma falsidade,
Que é a arma mais prompta
Aonde existe a maldade,
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Ou poderia matal-o
Occulto n'uma emboscada
Porque ninguem vendo o crime
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O go no da provincia
Tendo aquelia precisão
Disse um dia: Florian
Você vá en commissão
Chamar seu pae para vir
Mostrar a demarcação,
Valdevino de Amorim
Viu Floriano passar,
Escolheu o logar proprio
(Onde o pudesse emboscar,
Dizendo dentro de si:
Elle não póde escapar.
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As moças lá da fazenda
Ouviram grande estampido,
Angelita se assustou,
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Angelita convidóu
A sua irmã Esmerald
Dizendo: vamos ut
A passeio pel? ada,
Aquelle tiro «e deram
Deixou: ne sobresaltada,
93
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94
E não saceias o destino
Isso eu te hei de lembrar
Perante ao Juiz Divino.
95
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À Dum
As tres vidas que roubastes
Pagarás com tua vida,
Tú has de te arrependeres
qDepois da camea perdida.
“Uma lagrma de dôr
Será pot-*eu pae vertida.
96
sóis
Chorando se retirou
Depois pensou, isso é nada
Com toda calma voltou.
Em Esr da se via
O sanç . ainda sahíndo,
Vestigiu de zombaria
Como quem morre sorru. To,
Como creança brincando
Finge que está dormindo.
97
sb co
98
—| 5 um
Um golpe encolerisado,
Errou e cortou-lhe a corda
Com que estava elle amarraco.
Valdevino ficou triste
Vendo o cachorro cor |,
Lembrou-se do que “.ngelita
Disse antes de " srrer,
Porém disse: .te não fala
Como pode . dizer?
99
io
Sebastião ue Oliveira
Foi cur onde a mulher veio
Achou o poço de sangue
Os tilhos mortos no meio
Olhou para o céu e disse:
Oh! meu Deus! que quadrc feio,
100
mi
D. Maria da Gloria
Dois dias depois morreu
Sebastião de Oliveira
Em tres dia; enloqueceu
Dentro de duas semanas
Tudo desappareceu.
101
am
A justiça da Babia
Não cessou de procurar.
Espalhou por toda parte
Secretos a indagar.
Não havia uma pessõa
Que disse “e: eu vi matar.
Attribui
se a um roubo
Por algum aventureiro,
Mas o rapaz costumava
102
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Os moradores de perto
Eram todos conhecidos
Compadres delle e de , ae
E por elles proter .us
Tanto que dar seo crime
Todos ticarar sentidos.
103
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“o bahianos costumavam
Desde da antiguidade
Fazerem uma grande festa
N'aquella localidade
Vesperas e dias de anno
Alli era novidade,
Na cahital da Bahia
Não havia outro festim
Havia missa campal
104
e (pm
Orchestra e botequim,
Bailes n'aquellas latadas
Cobertas de folhas e capim,
Em oitocentos e nove
Estava a festa a terminar
Um velho d'alli caçava
Passou n'aquelle loo”.,
Atraz d'esse car" ,or
Vinha o cach' ,o Calar.
O general perguntou
De quem era aquelle cão?
Respondeu o velho Pedro,
Este cachorro: patrão,
E" do defuncto Oliveira
Que Deus dê-lhe a salvação,
105
o 2)«mo
ec O chefe q nolicia:
inda não se descob *
A morte de um patio.
Que tanto á patria serviu ?
Foi logo n'esse des to,
Em horas que ni” guem viu!
Disse alli o .esidente
Se aind- se descobrir
” actor dessas tres mortes
Eu juro a Deus os puni,
Serei o carrasco d'elle
«Quando elle á forca subir.
sevastião de Oliveira
Era um pobre acreditado;
A familia deu exemplo,
O filho um rapaz honrado,
Era um bahiano distincto
Por todo mundo estimado.
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Como quem quer supplicar,
Como quem diz oh! Deus!
Vem que eu não posso falar!
109
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Corria escaramuçando
Como quem estava em folia,
Festejava o general.
110
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O general ao sahir
Ordenou ao cosinheiro
Que désse ao velho Calar
Um bom lombo de carneiro,
Porque merecia muito
Aquelle bom companheiro
111
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A mulher de Eliasario
Sabendo o que aconteceu
Deu-lhe um ataque tão forte
Que ella no chão se estendeu.
Passou a noite sem fala
No outro “ia morreu,
“e sa), um hespanhol,
1 arente de Eliasaric
Chegando lá disse ao elho:
Você é millionario
Compre quatro ou rinco me. ds
Que provem que .ile está va: ».
Luesario pensou
Aquillo ser acertado,
Ao contrario, Valdevino
la ser executado
E tinha toda certeza
Elle morrer enforcado.
Dirigiu-se á capital
Procurou o advogado,
Esse arrumou cinco medicos,
112
E o réo sendo examinado
Provaram que ha 4 2nnos
Elle já era tresloucado,
O bispo e o presidente
Consultaram ao gencral,
Mandaram vir 4 medir
Do reino de Ports.l
F fizeram na R ua
Uma junta es .ecial,
Vinher . de Por. gal
(Juatrc medicos esc lhidos
Que por dinheiro sen. conta
Não seriam illudidos,
Esses homens de caracter
Jámais seriam vendidos,
E examinando ao réo
Cada medico de per si
Todos disseram: que nunca
Houve tal loucura alli,
Nem se quer nervoso havia
Todos juraram ahi.
113
cmo DA ms
114
=,
Evasão a Valdevino
Dizendo: elle pula da forca
É depois toma o destino ,.
115
e,
Valdevino quando soube
Este consulta que havia,
Ficou como uma creança
Chorou alli de alegria,
Jurando nr * mesmo instante
Que Calar . ” pagaria,
116
aÃ
Estrangulou Zefirino,
Porque esse tinha dado
Evasão ao assassino.
Porem aldevino ia
Em bol cavallo mon.do,
Tinha grande desvantage:
De não ter sahido armado,
E Calar no rasto delle
Gania muito vexado.
117
Valdevino conhecendo
(Que mada a elle valia
E o cachorro Calar
Seu rasto não deixaria
Pensou em suicidar-se
Só assim | «cançaria.
118
ce ias
O criminoso pensou
Que alli não escaparia,
Lembrou-se de uma pessõa
Que morava na Bahia,
Tinha aonde o occultar
Que nem o cachorro via.
119
AA
Valdevino calculou:
Eu o que devo fazer
E" ir para o quintal delle
E por allime esconder ;
Ou elle ou a mulher delle
Um ha c me apparecer.
” sahiu o assaccino
Chegando lá se es. sndeu,
Não houve alli quem » visse
Quando o dia amanheceu,
O compadre veio ora
E elle lhe appar' ceu,
120
AS
O cachorro levantou-se
Como quem estava caçando,
Foi á casa de Roberto,
Na porta ficou uivando,
Olhava para Roberto
Partia a elle rosnando,
121
Eis
122
E
Assim que o sino dobrou
Elle soltando um suspiro
Não falou mais, expirou,
Festejando o general
As pernas delle abraçou
Dirigiu-se ao presidente
Essa mesma acção obrou.
E alli desappareceu
Novo destino tomou.
123
o,
Foi direitinho ao logar
Que o crime horrendo se deu,
No pé da cruz de Angelita
Elle cavou e gemeu,
O velho Priro chamou-o,
“tas, elle na. atendeu,
veitando-se entre as “es cruzes
Sua vida terminou,
Nas condições do guerreiro
(Que da batalha cheg .u,
Trazendo os louros da guerra
A' sepultura baixou,
124
fica
125
— 49 —
« de duzentas pessoas
Assistiram enterrar elle.
Devido a grande firmeza
Que tinha se visto nelle,
Muitas flôres naturaes
Deintaram na cova delle.
126
fica
A familia de Oliveira
Muitas vezes a conversar
O velho dizia aos filhos:
Este cachorro Catar,
Tem expressões de pessõa
(Que conhece o seu logar.
Em casa do donu delle
De noite nada chegava,
Um bacuráu que voasse
Calar se erguia e ladrava,
Do poleiro das gallinhas
Os morcêgos espantava.
127
ali
128
—45—
Recife —191
FIM
129
“S
Recordações
130
edfis
131
Attenção
BESCpg
PEDRO BAPTISTA.
Guarabira, Agosto de 1919,
132
PO O
AVISO
O O A a PES
TT A E OS A
NA LIVRARIA
Pedro Baptista
QUARABIRA
133
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A Mone da Alonso e a Vingança de Marina
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A Fuha do Pescador.*
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O Mal em Paga do Bem. Hist.de Recae Liro
A Vida e o Testantesto do Cancãe de. Nopo
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A Mulher roúbadu
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O Boi Mxstersoso da
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O Cachorro dos Mortos
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Os Selliimentos de Alzira
O Reino da Pedra Fina
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A V nganca de em Filho
A Vida de Fedro Cen
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4 O TESTAMENTO Ed
4: «CANCÃO DE FOGO»
+ ie
«é Ee
4 a
x fe
135
CASAMENTO A PRESJAÇÃO
O atraso do Brazil
ti esta desunião
Cinema jogo de bichos'
Automoveis e balão
Esses seguros de vida
E negocio aprestação
(quem enventou prestação
Não foi mais que lItalianno
Uma nação que d'all
Tira-se um bom por engano
O mais serio que tem li
Passa quináo em c'gano
E aqui em Pernambuco
Progrediu esta envenção
Hoje é plaxe de negocio,
Da capital ao sertão
Ja temos visto até noivo
Comprar noiva a prestação
Ha quem diga assim mesmo
Que o ceculo «é civilisado
Eu para faser favor
Não fallo.fico calado
Elle tem luz como as noites
Sem lua em temgo turbedo.
136
amd, a
Os do tempo do atraso
Tinham carater e ação
Criavam bem as familias
Davam bôa criação
Alguns do ceculo das luzes
Vende filhas a prestação
Um homem naquelle tempo
Que chamam-lhe ceculo escuro
Uma abenção dos pais velhos
Era um brilhante futuro.
Hoje querem ter mãe veiha
Para bota” no seguro
Elle ver que a mãe é pobre
Morre e não deixa dinheiro
Elle diz antes que a perca
Vou segural-a primeiro
Isso « igualmnte ao porco
Que se bota no chiqueiro.
Eu não sensuro ninguem
Tal cousa nunca farei
Está meu confessor que diga
Tal culpa nunca acusei
E principalmente hoje
Que a pouco me confessei
137
e
Lanto que na contisção
Só discubri culpa aleia
O namoro de uma velha
Que não obsta ser tão feia
A vida de uma viuva
Que ja morou na cadeia.
Cuntei a vida de um velho
(ue diz que ja foi honrado
A honra desmantelcu-se.
Elle ficou relachado
Para a filha se cazar
O noivo comprou-a fiad».
João Triste sem nem um X
Pediu Antonia Bisonha,
Disendo a Marco Subêjo,
Venho pedir-lhe a Totonha
Disse Marco: sem dinheiro?
Ja por all sem vergonha
Disse João Tiiste Sr. Marco
Veja as minhas condicões
Espero satisfaze r-me
Cum suas bellas acções
Eu caso com a menina
Pago em quatro prestacões,
138
— | —
139
m
—— ) —
140
—6 —s
Eis ahi as prestações
O que pode rezultar,
Mulher e resto de mesa
Agente não vende,dar
E só mesmo à prestação
Se pode negociar.
TESTAMENTO DO «CANCÃO»
DE FOGO
141
E am
O Dr, João de Siqueira
Disse :momentos damnados!
Ficou possesso de tudo
Porém minutos passados
Foi ao cartorio e mandou
Dar buscas n)5 registrados
Foi dao cartorio, bateu
Sahiu o tabelião
O Dr. disse: me consta
Que o collega & escrivão,
Venho vêr em seu cartorio
Copia d'uma certidão.
E ahi puchou do bolço
Os papeis do testamento
E disse:o colega veja,
Se acha este apontamento,
Veja se não está legal
Todo este meu documento?
Encontraram a escriptura,
Da casa ja refirida
Vendida pelo o doutor
Felix Teixeira Guarida
Comprada para uma orfã
Da viuva Margarida
142
ms 8 sos
Collega como foi isso ?
Perguntou o tabellião
Foi um conto do vigario
Passado por um ladrão
Disse o tabelião :--- esse
Foi iguamente ao «Cancão»
Pois foi esse tal «Cencão»,
Morreu no Rio de Janeiro
Disse-lhe o tabelião,
Esse era um grande estradeiro
Quando elle era pequeno
Roubcu esse mundo inteiro,
Aqui mesmo de uma vez
Uma noite de S. João
Um ladrão foi roubar elle
E elle roubou o ladrão
E o gatuno por isso
Acabou-se na prisão
O ladrão tinha dois contos,
Que de alguem tinha roubado
E julgando que «Cancão
Fosse um vendelhão de gado
Foi ver se passava um quengo
Mas foi quem sahiu quengado
143
E
144
— 10 —
Ahi tirou o dinheiro
E disse senhor delegado
Pegue 2 contos de reis
Aceite de seu creado
«Tancão» tomou o dinheiro
E disse vá com cuidado
Botou-lhe um cêrco por fóra
Adiante denunciou-o;
A patrulha foi atraz,
Minutos depois pegou-o;
O sgatuno conheceu
Que outro gatuno roubou-o
O ladrão confessou tudo
(Quando o policia o prendeu
Inda caçaram o «Cancão»
Elie desapareceu
O gatuno na cadeia
Deu-lhe a bexiga e morreu
Um preto aqui fazendeiro
No tenpo da escravidão,
Botou-o como empregado
Elle uma occasião
Foi a um comprador de escravos
E lá vendeu o patrão
145
ma UA
146
ass
RR o
147
nas
148
pais DOR aa
149
pos E
A mulher disse: Doutor
Meu marido não roubava
Mas com alguns escrivões,
Elle se communicava
Sendo um pouco intelijente
Muitas cousas decorava
Elle chamou os senhores
Quando êstava aqui prostado
Porque queria imitar
() Cristo crucificado
Queria tambem morrer,
Com um ladrão de cada lado
Doutor sabe que a pessõa
Estando perto de morrer
A's veses sente remorços
E teme de se perder
Disem que no outro mundo
As pessõas hão de sofrer
150
aco DOig
O dr. não viu o frade
Vir tambem pór sua vez?
E não viram meu marido
Que barulho logo fez?
Disse, eu chamei dois ladrões
Não é preciso de trez.
Ahi disse o escrivão
Dê licença eu vou embora
—Sou obrigado a dizer,
Estou com mêdo da senhora
Eu acho vossa excelencia
Capaz de vender-me agora
Até logo senhor doutor .
Disse a mulher de Cancão
Aqui fico as suas ordens
Se acaso houver precisão
Tem uma creada aqui.
A sua disposição.
[Damna-te cachorra doida
Disse o escrivão correndo
O diabo é quem vem cá
Ainda estando morrendo,
O quengo de teu marido
Farece que em ti estou vendo
151
AGENTE,
Parahyba (Capital)—Chagas Baptista,
Irmão
Alagoa Grande— Delfino Costa
Guarabyra—A. Baptista Guedes
Eu Rio Branco—Manoel Vianna
Em Manaus—Bemjamin Cardozo
Km Caruarú—João de Barros
Em Pesqueira—José Liberal
Em Pombal (Parahiba)—Camillo X.
de Farias.
Em Sta Luzia —Parahyba
José Nunes Figuarêdo.
152
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o:
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SS
LEANDRO GOMES DE BARROS
+ .- SS: CMC Da MD CCO “Ca LUAS E X
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4 ) LASAMENTO DO VELHO
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E UM DESASTRE NA FESTA
VINGANCA DE UM FILHO
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( CONCLUSÃO )
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154
O CASAMENTO DO VELHO
F UM DESASTRE NA FESTA
155
sc
E usa
A mulher n'uma algibeira
Chama-se tiro seguro
Porque ella entra n'um bolço
Que só fogo mo munturo
Só trinchête em melancia
Culher em mamão maduro.
O medico faz do doente
tim sitio de plantação
A mulher faz traviceiro
Da algibeira de um christão
O doutor é sangue-suga
Do sangue de uma questão
(Quatro milhões que possuo
Custaram muito a ganhar
Uma mulher chega aqui
Não tem pena de gastar
Diz, isso aqui eu achei.
Portanto posso estragar.
Porem dos Anjos um dia
Achou quem o dominasse
Uns olhos que o atrahisse
Umas feições que o chamasse
Um fluido que o seduzisse
E suas forças quebrasse.
Foi Georgina Aguiar
Filha de um velho pintor
Aquem podia chamar-se
156
aE ag
A capricho do criador
Enfeite do universo
O verdadeiro primor.
Setenta e cinco janeiros
Dos Anjos tinha no couro
Fora cinco que mamou
(Quatro que levou-os em chouro
E dez que vendeu azeite
Para adquerir o ouro.
Georgina que contava
Quatoze annos de idade
> apaixonava as flores
As nuvens na imencidade
Só desejava brinquedos
E passear sempre a tarde.
O velho tornou-se outro
Ja parecia outra cousa
Mandou saber da criança
Se lhe dava a mão de esposa
Ella inda disse; papai
Caça, porem não rapoza.
Disse o pai de Georgina
Que ella devia a ceitar
Porque dos Anjos era rico
Tinha com que a tratar
Aquella furtuna delle *
Só ella a podia herdar.
151
gaia
Disse a ella minha filha:
Você faz sua ventara -
Dos Anjos está de viagem
D'aqui para a sepultura
Um homem d'aquella idade
E” como a fruta madura.
E” signal que vive pouco
tJuem ja tem: vivido muito
Um velho como dos Anjos
Ja se assigna por defunto
A sepultura já diz
Não tarda aquelle presunto.
Dos Anjos veio em pessõa
Pedir a mão de Georgina
Então o velho Aguiar
Deu-lhe com gosto a menina
Dos Anjos disse comsigo
Foi ditoza a minha sina
Ha creaturas no mundo
Que faz o homem pecar
Domina a vontade alheia
Sem fazer gesto ou fallar
Abre-lhe chagas crueis
Somente com seu olhar.
Então a moça aceitou
O parecer de seu pae
Disendo elle está maduro
158
mr SEE ipa
Com certeza breve cai
A morte tiralhe as contas
E elle não manda, vai.
Elle seguindo viagem
Eu casarei com um moço
Quatro milhões em dinheiro
Tem que roer esse osso
À viuva que os tiver
Logra o nome de coloço
Casou-se o velho dos Anjos
Ouve uma festa imponente
Elle fez um palacête
Muito caprichosamente
Sem haver nelle uma cousa
Que não fosse bem decente
Disia o velho consigo:
Nada mais pode existir
O mundo perde a belleza
Se a caso for conferir
Com a perola natural
Que breve hei de possuir.
Ella em orações disia:
Santo Deus Onipotente
Vós sabeis meu Pai Eterno
Eu quanto sou inocente
À pobresa me faz ser
Mulher d'aquella serpente.
159
cu:me
Dos Anjos tinha o nariz
(Que parecia um martello
As sobrancelhas dê porco
Um grande dente amarello
Não tinha um signal em si
Que se dissesse esse é bello.
Mas como diz o rifão
Que quem dinheiro tiver
Vende a terra compra 0 céo
E faz tudo que quiser
Obtem sem trabalhar
O mais custoso que houver
Gasou-se o velho dos Anjos
Houve uma festa de raça
Elle mandou dar esmola
A todos pobres da praça
Até cachorro tirou
A barriga da desgraça.
Antes do velho casar
Procurou com grande custo
Um medico que se atrevesse
Pôr elle moço é robusto
Acho um que disse eu ponho
Pode casar-se sem susto,
Custa trez contos de reis
Para o senhor obter
Tome trez dias depois
160
sis
O cavalheiro ha de vêr
Cair a cabelleira branca
E a outra preta nascer.
OU velho puchou o covre
Disse dotor ahi tem
Trez contos de réis em ouro
Se o remedio fizer bem
Não fica só por wez contos
Se eu ficar moço dou cem.
Disse o medico você leve
O remedio e va tomár
São trez colheres por dia
Uma antes de almoçar
Tome outra antes da janta
Outra antes de cejar.
Dos Anjos tomou trez: dias
Mas nem abalo sentiu
Disse lá com seus botões:
(O) tal medico me illudiu,
Giastei trez contos de reis
É de nada me serviu.
Inda tomou trez colheres
No dia do casamento
N'essa noite foi que o velho,
Prescintiu o movimento
O effeito do remedio
Teve dezenvolvimento.
161
a ce
Sahiram os noivos valçando:
O velho ia tão ancho.
Disse baixo á Georgina
Estou com a desgraça no rancho
O remedio do Dr.
Fez-me serviço de gancho:
E não acabou a valga
Principiou-lhe um ataque
Foi ao quarto mais não teve,
Tempo de tirar o frak
O effeito do remedio
Estava até no cavanhak
Q velho exclamava, morro
E deixo minha tetéa,
Fui muito enexperiente
Não me passar na idéa
Que sempre fui inimigo,
De reumatismo e diarréa.
O remedio poz-o logo
Com a cor amarelaça,
O cabello inda mais branco
Porem de cor de fumaça,
A cousa mais esquesita
Que viram n'aqnelja praça
Ficou dos Anjos prostado
Com. grande dor de barriga
Não poude achar um remedio
162
Que le tirasse a fauiga,
Falleceu no urinol
Teve as honras qe lumbriga
À viuva no vechame
Não se lembrou de chorar
Só lembrou-se do dinheiro
Que tirou-o e foi guardar
No outro dia bem cêdo
Mando-o logo emterrar
Disse a viuva: dos Anjos
Quiz mesmo facilitar
Porque rabugem em cachorro
Nimguem consegue curar
E sultura em gente velho
Numca o deichou escapar
Agora note o leitor,
Que foi que a viuva fez
Depois da morte do velho
Inda casou-se com trez.
Quase que .derrotam o rancho
Com « vicio da enbriaguez.
Então Georjina disse
Eu inda faço figura
Caso com velho que tenha
Dinheiro em grande fartura
Isto é bem entendido
Se elle soffrer de sultura
163
te
sc ce
+ssie
aii
Aos
His
ce
Ae
Dio
E
ds:
VINGANÇA Dt UM FILHO
( CONCLUSÃO )
164
Sahni o dono da casá
Quando Herculano gritou
Esse trazia um creado
Mas chegando elle o matou
Tanto que o pobre rapaz
No mesmo instante espirou
Herculano foi a elle
N'uma colera desgraçada
“lle tambem investiu-o
Como uma cobra assanhada
Jas facas sahiam fogo
Que só fusil de espingarda
Porem chegou Malunguirho
Que estava com.uma melhora
Deitando-lhe um pão no braço
Fez saltar a faca fora,
E gribu vamos seu moço
Malunguinho está bom agora
Herculano: alt pegou-o
Sustentou elle e prendeu
Disse te entrega "bandido
Porque tu agora és meu
Até as pedras chporavam
Se vissem d castigo teu
Desse crime de. Lisbôa
Ficou elle descançado
Porem o crime de Minas
165
ses DO; o
O cerco do dellegado,
O roubo e morte de um moço
Mais a morte ce um criado.
De Lisbôa elle voltou
Nos ferros prisioneiro
O governo lá mandou-o
Para. o Rio de Janeiro
Dô Rio foi requisitado
Pelo governo Mineiro
Arnaldo o vendo sahir
Foi para Minas-Geráes
Disse-lhe pessoalmente
Fica certo satanaz
Tu has de pagar a mim
O que fizestes aos meus pais
Tirou um conto de'reis,
Fez presente 'ao tarcereiro
Para não deixar dar nada
Aquelle prisioneiro, |
Tudo que foi de soldado
Arnaldo deu-lhe dinheiro
Um dia elle viu Arnaldo
Pelas fendas da parêde
Disse : por alma y posse
Que possuiu campo vérde
Perdôa a traição que fiz
Manda matar-me esta sede
166
ÇA
Afinal morreu a féra
Assombro da umanidade
Quem deve a Deus paga a Deus
Isso ou mais cedo ou mais tarde
Foi profecia de Christo
N'ella não há falcidade
Elle na hora da morte
Ainda pode dizer
Morro desgraçadamente
Porque não soube viver
Tive destino que cobra
Talvez não deseje o ter
Derramei o sa humano
Roubei a fazenda alheia
Hoje miseravelmente
Venho findar-me na cadeia
Talvez um cão idrofobico.
Não tenha morte tão feia.
Com cinco annos de idade.
Qriasi que morro afogodo
Côm seis annos por um lobo
Quasi que sou devorado
Era bem dita essa féra
Se me tivesse tragado
Antão, se estais no céo
Ora por um infeliz,
Tú e tua espoza peçam
167
— 15—
Perdão para o que te fiz
Ora por um desgraçado
Que a furtuna não o quiz.
Oh! natureza criaste
Um com tanta perfeição,
E outro tão imperfeito
Como fiseste isso então
Um,ente assim como eu
Foi feito por prevenção
À trez dias na prizão
Agua a elle nimguem dava
Com cinco dias de fome,
Nem bem O ar respirava
Chupava o suor do corpo
E a sede não saciava.
Então Arnaldo lhe disse:
Acudo-te infeliz sem sorte
Essa porquem tu me pedes
Recebeu teu golpe fortc
Curou tua fome em vida,
Cura-te a sêde na morte.
Um soldado deu-lhe agua
Elle dous golles bebeu
Não poude injerir os trez
Um grande ataqu lhe deu
Botou a lingua de fora
Soltando uivos morreu.
168
MENTES:
Paralivba (Capital) — Chagas Baptista,
Irmão
Alagoas Grande -= Delfino Costa
Guarabvra — A. Baptista Guedes
Em Rio Branco—Manocel Vianna
Jim Manaus—bemjamin Cardozo
km Caruaru'—João de Barros
lim Pesqueira—José Liberal
Em Pombal (Parahiba)-=Camillo N
de Farias.
Rm Sta Lunzia—Paralvim
Joze Nunes Figucrêdo
169
Ai cimjd
170
OQ ca E. O)
WET CCD OD ASDOCSOVICCDA
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| f -JRANDRO GOMES DE BARROS
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O Casamento .O |
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PSA
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Afogados
—
à rua do Motocolombós., 28 |
ersbatd do Recife. E
y
SECR & OO ODE
171
O Casamento hoje em dias
172
e ua
A mulher é um volume
Que tem um pêso infinito
Com carne de dois mil reis
Feijão a crusado o litro
Farinha a mil e trezêntos
Toucinho dois mil e duzentos
E esse só tem o couro
Ainda diz a mulher
Compre pelo que estiver
Não faça cara de choro.
Cinco litros de farinha
Do itecife ou Afogados
Se a pessõa for medir,
Talvez uão dér dez punhados,
Quiabo um, um vintem
E todo o dia não tem,
Lenha dois vintens a lasca
Bananna hoje é um brinco
S- dar am tustão por cinco
Só se encontra n'ella a casca
173
cg TR cã
Se o camaradinha disser
Meu filho, um X não voltou
A mulher pergunta logo
O que fez do que levou?
Tudo não está caro assin:
Não sobrou foi para mim,
Que o que como é subeijo
Eu não sei mais o que faça
Agora por mais desgraça,
Estou de antojos tenho desejo.
174
ço Eras
175
E
— O —
176
q
Eu perguntei a um theologo
Homem muito scientifico
Se podia se encontrar
Mulher de genio pacifico
Elle me disse ce encontra,
E" difilculdade monstra
Mas que o prestigio na droga
E” mesmo uma raridade
Com especialidade,
N'uma freira ou n'uma sogra
Acrescentou n theologo
Entre espinhos nascem rosas
De dez mil mulheres feia
Tira-se cinco formosas
Como isso assim é tudo
177
7 te
178
aca PR ca
Eu ciassífico a mulher
Como a flor da existencia
Um eltar de divindade
O simbolo da innocencia
Pois vejo que esse obejecto
Foio grande predilecto
Do autor da creação
Deus se esmerou tanto n'ella
Que a fez a obra mais bella
Entre toda a geração
Coro a luz planta nas trevas
O louro clarão garboso
A mulher planta o praser,
N'um crração pressuroso
Como a rosa no Sereno
ella com carinho ameno
laz abrir um coração,
D'ella se extrai o praser
Trdc ter; que lhe render
O cuito de adoração.
179
GE aaa
Algumas tem propenção
Não comer e ajuntar
Um dia até sucedeu
De uma o marido morreu
É ella quiz o guardar.
180
Mas ainda não tinha visto
Não podia acreditar,
OQ leitor sabe que feira
Tem um inigma que atrai
Porque no lugar que ha feira,
Todo mundo em geral vai
Della « festa de natal
Até o diabo sai.
O Saturnino vendia
Obras de flandre na feira
Quanão pela torda d'elle
Passou uma ave agoreira
Veio um grande ridimunho,
Cobriu cudo com poeira.
Saturnino olhou a um lado
Viu um sugeito chegar
Kra uma armação tão feia
Que - fez repugnar,
Elle perguntou a si
Será aquelle o azar?
Era “am individuo alto
Com uma enorme corcunda
Qs olhos tinham cabellos
À boca sem dente e funda
181
| e
Chegando-se a Saturnino
lhe disse meu camarada
ku não tenho conhecido
E ando aqui de arribada
182
saida
183
As galinhas espantadas
E os morcepos voando.
Gra Saturnino tinha
Um amigo e companheiro
Esse veio a Saturnino
Ensultal-o no terreiro
E era homem pacífico
Que nunca foi desordeiro.
O pobre do funileiro
[E xclamon, estou derrotado,
De onde teria vindo
Semelhante desgraçedo
So se o portão do inferno
Está hoje desmantelado.
184
Tinha uma herva barbosa,
Essa amanheceu torrada,
O funileiro tremia
Que só quem está com maleita
Quando viu o aza-negra
Estirar a mão direita
Puchar de dentro de um sacco
Um livro de nova-ceita
O funileiro exclamou
Eu bem que estava scismado
E disse logo que vi
O inferno está furado
Só do reino de Plutão
Sahia esse desgraçado:
Tinha alli um Ífurmigueiro
A mais de um seculo morando
Então achou as formigas
Assanhadas se mudando
Com” quem tinham receio
Por lonje d'elle passando
Ahi pendurou a carne
Metcu a chave na porta
À chave do seu bahiú
Envergou e ficou torta
185
asilios
Na barrica da farinha
Achou umu gata morta
Voltou e foi ver a carne
Que tinha deixado fora,
De lonje vio um um cachorro
Que ia com ella embora
E “inda não fazia,
Um quarto de meia hora.
Foi n'uma venda comprou
Carne, farinha e café
Quando a agua já fervia
Cahiu de cima um mondé
Virou a chaleira d'agua
Queimou-lhe as mãos eum pé
Tinha uma cabra com canga
Logo ahi precipitou-se
Na rede que estava armada
Pulou dentro ella furou-se
Tinha uma jarra com agua,
Cahiu o fogo apagou-se.
Assim que elle se deitou
Teve uma prova real
Ficou convicto que aquelle,
Era um conductor no mal,
186
SD
Cantou na telha a coruja
E a peitica no quintal
Então guardou a farinha
Que a tarde tinha comprado
O rato furou O saco
Que nunca tinha furado,
De noite foi beber agua
Achou o coco quebrado
Derramou-se o sal da lata
No lugar que têve o fôgo
Ficou como uma pessôa
Que perde tudo no jogo
O galo pai do terreiro
Morreu de noite com gõgo.
O dono da casa disse
Posso agora acreditar
Em alma do outro mundo
Feitiçaria e azar
Aquel!s veio aqui hontem
Para me justificar.
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188
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& A CANÇONETA DOS MORCEGOS
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189
Os Collectores da Great Western
Alerta rapaziada
Da margem da Great Western,
O inglez fez uma coiza;
Acho que queira Deus preste!
Botou collector nos trens
Matou morcêgo por peste.
Gritava um morcego, ai !
Seu collector eu sou cégo
Dizia um soldado dêssa
Se não com pouco eu o pego
Q fiscal disse: você
Não fica aqui nem a prego.
190
casais
À compRihia ordep»u-me
Que eu não fizesse graça,
À linha tem prejuizo
O tempo está de fumaça,
E dos morcegos dos trens
Que tem'e que se acaba a raça.
191
cclica
Que não val nada em viagem
Se não comprar o bilhete
Só vai se for na hagagem.
O arrecadador alli,
Pambem com grande veixame
Perguntando ao collector
K' preciso que lhe chame?
sá recebeu os- excessos?
Venha entregar-me o arame
O conductor suspirava
Dizendo eston na arraia
Porque não lia um morcego
Que chegue aqui e não caia
FE queira Deus o inglez
Não dé-me agora wma saia.
192
= um
Eu por dinheiro de inglez
Não ari-co minha vida
Os passageiros dos trens
São gente descomedida
Um cacéte de quiri
A muitos serve de ida.
Os conductores coitados
Nada poderão fazer
O ordenado que ganham
Não dá nem para comer
Se não for um economico
Esta no cazo de morrer
193
ss
Uma ou duas de primeira
Pois a classe de segur la
Fica por mais derradeira.
E se certos empregados
Virem que a pessoa é tóla
Elle tem que despachar
Inda sendo uma cebola
qNão, passa sem despachar
Nem os botões da ceroula.
EK o pobre passageiro
Soffre tudo e vae callado
K não poderá dizer
Que não está de seu agrado,
Passa uma em cheio outra em vão
E diz que está consolado.
194
a
O bilhete que se co apra
Cortam-no logo na porta,
No trem chega o corductor
À segunda vez o corta,
O collector examina-o
Outro depois toma nota.
Embarcou um cachaceiro
Porem teve a desvantagem,
Um eollector disse a elle
Voce não faz a viagem
Aguardente de seu buxo
SO vai se for na bagagem,
195
a] cos
KR o sacristão do frade
Um tal Amaro escapolle
O collector perguntou-lhe
Você tambem vem no molle?
Do que seu patrão comeu
Você tambem hoje engole.
196
CANÇONETA DOS MORCEGOS
(Pera ser cantada com a mnsica Dão Maluco
gemendo na pua.)
Essas linhas de ferro do norte
Estão causando ligeira inipressão
O inglez leva o cobre que ha
Não nos deixa ficar um tustão.
198
Peisja te José to Braço com
Izidro Gavião
199
G.- Aonde cu canto martello
Outro cantor fica mudo
Fu sou um dos gaviõ.:
Pezado forte e pelludo
Aonde em marcar o bote
Vai frango vai gallo e tudo
200
—19—
Murro que achata venta
No dia que estou z ngado
Arde o rio o mar esquenta
G.
— Não cuide nessa asneira
Que perde o tempo em pensar
Não duvido que você
Com um copo seque o mar
Porem uma cenna minha
Duvido alguem arrancar
J. B.-Gavião eu ja cantci
Com um moço preparado
Yinha seis annos de estudo
Já éra quasi formado
i.ssc com cinco ou seis horas
“au mas euvergonhado
201
J. B.--Enu canto a quatorze aunos
Ja tenho bastante prativa
Decorei Geographia
E conheço mathematica
Fiz exame de arithmetiça
Historia musica e gramatica
202
mattidico
E é raro um gaulop” sem defeito
Eu conheço cantador liabilitado
Que faz mil, e não faz um só bem fcito.,
203
—| 5)
204
im ABca
Estes astros que se vê no firmamento
Foi o grade Geovah que em seis dias
Fez o muudo com tolo movimento
205
206
E a e pe, e e Jp pe e a q TT
pi
O Cometa
pu
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ai
Momo e lguacio da Catingueira
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A VENDA.
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= —- Rua do Alecrim n. S8 E
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207
AMO9,0 0).
O Cometa
208
cida
Me resolvi a pagar,
ia damnado esse processo,
paguei, tomaram á força,
ue Eé pedido confesso,
Se via morrer de desgraça,
Antes morrer de successo,
209
E pm
O conductor perguntou-me:
Sua passagem onde está?
Eu disse: na bilheteira,
(Quando eu vim deixei-a lá.
Não comprou? perguntou elle,
Pois paga o excesso cá.
210
io Sa
À 19 de Maio,
Quando acabar-se o barulho,
Eu hei de ver vosmecê
Que o senhor vai no embrulho,
Só si esconder-se aqui,
Debaixo de algum basculho.
211
o am
O marinheiro me olhou,
E exclamou: Oh! desgraçado|
Então inda achas pouco
Os, que já tens enganado,
Queres chegar no inferno,
Com isso mais no costado?
Perguntei ao marinheiro:
Não far o fiado agora?
O marinheiro me disse :
Vagabundo vá embora,
Eu lhe disse: Pé de chumbo,
Você morre e está na hora,
212
=K =
A 17 de Maio,
A fortalera salvou,
Eu comendo a panellada
Que a velhinha cosinhou,
Quando um menino me disse:
Papai o bicho estourou.
213
7
E me ajoelhando ahi,
Tratei logo de rezar
O acto de confissão,
Senti um anjo chegar
Dizendo reze com fé
Ainda póde escapar.
Ahi disse eu :
— Eu beberrão me confesso a
a bem aventurada immaculada de
Grande, ao bemaventurado vinho de
cajú, a bemaventurada genebra de Hol-
landa, vinhos de fructas, apostolos de
deus Baccho, e a vós, oh caxixi que
estaes a direita de todas as bebidas na
prateleira do marinheiro. Amen.
214
ns
0 ss
215
Romanc e Ignacio da Catingueira
R. —Iguacio tu me conheces
E sabes bem eu quem sou,
E tenho que te garantir,
Que á catingueira inda vou,
Vou derribar teu castello,
Que nunca se derribou
216
— JO —
217
a E
218
e
219
R.— Tenho pegado leão
Que o ronco delle estremece,
Tenho maltratado touro
Até que elle me obedece,
Já tenho açontado tudo
É nunca achei me desse.
220
a; 1X sam
221
és 15
222
x Tl
223
pa da
224
q
A geographia é dificil
Della en muito longe eston.
R.—Eu bem conheci, Ignacio,
Que a respiração te falta,
Isso é bom para Romano
Que canta e não «se delata,
De onde en eston ninguem me tira
Nó que eu don ninguem desata,
e Tp fa
Rua do Alecrim n. 358 E
225
O autor reserva o direito de |
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Gomes de Barros
QUEIXAS AMOROSAS
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Coma Antonio Silvino fez 0 diabo chocar
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227
ENCNA)
Como Antonio Silvino
fez 0 diabo chocar
Eu tive a vida tranquila —
Como qualquer innocente,
Pegaram-mo aperriar
Tornei-me assim imprudente,
O boi manso aperriado
Arremette certamente.
228
E qi
229
cai Des
230
e uam
g eu lhe disse—amarello,
Estás virando lobishomem,
Sem duvida vens beber sangue
úmanheceste com fome,
Perdeste tua viagem
Hoje o urubú te come.
231
sa Lia
O miolo da cabeça
Com este golpe desceu.
Lá matei o desgraçado
KR voltei para Granito,
Fui atraz d'outro chaleira
Bm S. Josá do Egypto,
uasi que um cabra me lambe
as lá eu briguei bonito.
De S. José do Egypto
Pui passeiar no Teixeira,
Andei na Immaculada,
Santo Antonio e Catingueira,
Villa da Misericordia,
Pombal, Souza e Cajázeira.
232
is e
233
as uni
Eu estava na Cajazeira
A policia me cercou
Devido a um meu inimigo
Que lá me denunciou,
Levei cento e vinte tiros
Porem nenhum me pegou.
Vi a cousa perigosa,
Pulei por uma janela
Estava em trajos de soldado
Fingi-me ser sentinella.
Depois de fóra gritei
—Nião sou eu quem caio nella!
234
Ev a
Eu fazia mil'juizos
Mas sempre desacertado,
Vinha ás vezes uma idéa
Que era um logar encantado,
235
Pensava que isto era um sonho
Porem eu estava acordado
O padre me perguntou
Encontraste alguem ahi?
Eu disse—padre me diga
Que logar é este aqui?
Disse o padre: 4.0 infermy
E o diabo móra alli ..
236
a | f
237
a Sis
Disse o diabo—cu de ty
Hei de fazer um guizado,
Chegou aqui me pertence
Pode estár desenganado,
Então ahi eu lhe disse
—Vosmineo está envergado,
238
= AO =
E disse—você conheça
Que aonde procuro acho.
O diabo perguntou-lhe:
—L( sr. de onde vem?
Quem é e como se chama?
Que profissão é que tem?
Eu sou Antonio Silvino
Gue não respeita ninguem.
239
guião TESS! cum
O diabo estremeceu
A meus pés ajoelhou-se
Pediu-me dez mil desculpas,
Depois disto confessou-se
Tanto que outro diabo
Gritou de fora—damnou-se!
240
se TA qm
E "a
Queixas amorosas
Adeus, Chiquinha, meu bem!
—Seu Gregorio como vae?
—Eu com medo de seu pne
“Não vou bem
241
— 15 ——»
—Chiquinha, eu desconfie',
Tive queixa de vocí,
E lhe peço que não dé
Mais desgosto.
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A venda na casa do autor e editor em Afogada
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BARROS
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Fuil tt Motocslomba un. 2 N Arrabulde do Recife Da did
245
Como João Leso tornou
a illudir o bispo.
D. Alberto coitadinho
Tnda estava tão aleio
Mal sabia que João Leso
Já estudava outro meio
Para vir dar outro furo
E como de fato veio
Meteu-se no séminario
E foi muilo bem aceito
kFuz dous presentes ao papa
247
Esse ficou satisfeito
(O) papa o chamou nys folhas
Alumno justo e direito
Escreveu a D; Alberto
Dizendo ser um prelado
E a um capilalista
Tendo um” dia confessado
Esse acuzou um dinheiro
Que delle tinha roubado
248
coesa
249
Pode fazer aliança
Não altere cousa alguiria
E pode ter esperança
250
O bispo então escreveu
E respondeu ao prelado
Confessando eternamente
Ficar-lhe muito obrigado
Pela a atencção que teve
E o serviço prestado
E dizia o reverendo
Será bem recompensado
Fará em minha pessôa
Um amigo e um criado
Dizendo dentro de si
Eu dou-te um xifre eufiado
Nicolão italiano
Foi pelo padre chamado
Houve uma seção dos trez
Ficou o plano acertado
Limparam bem o caminho
O laço ficou armado
Fsse la no séminano
Achou um litulo romano
Para puder arrumar
291
ca a
Nicolau italiano
Bicho cacau de 3 pintas
Superior 2 um cigano
Ella no coufissionario
Ão vigario confessou
Que trinta contos de reis
De um estrangeiro roubou
Tinha bolça junto della
E ao vigario entregou
294
ba
Eu guardarei-lhe o segredo
& vôu ordenar-lhe um meio
Pegue a quantia roubada
H despache-a no correio
Mande entregal-a a seu dommo
Não diga de onde veio.
Niculão italiano
Vulgo Vigario Aguiar
Apoderou-se da orden.
Foi logo aos bancos tirar
Retirou todo dinheiro
Não deixou nada ficar.
258
e
O reverendo Aguiar
Achou-o mas não era o padre
One a cils tinha enganado
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oubando ambos. «
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Conseguencias do casamento !
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Entontro de Jovino com
Bentinho, no outro mundo
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Recife--Rua Imperial-84
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As consequencias do casamento
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E agirraram-se 4 dentes...
Disse Bentinho vamos vêr!
Disse Jovino, é commigo,
Alma não faz eu correr,
No tempo que eu era vivo,
Dôr nunca me fez gemer.
O guarda do Purgatorio,
Correu e disse 4 S. Pedro:
Tem duas almas brigando
Está tão damnado o enrêdo,
Eu fui vêr si as apartava,
Corri de longe com mêdo.
212
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Me largarei pelo mundo
Buscando a morte ou a vida
276
Tu foste o cavalheiro
Que foi a serra encantada?
Que recebeu um presente
De uma pedra desejada ?
Por uma mão invisivel
Que ficou apaixonada?
Disse elle
— fui eu mesmo
Que recebi o presente
Daquella mão bemfeitora
Que encontrei casualmente.
Ella livrou-me da morte
Que eu ia morrer cruelmente,
211
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A féra estava gemendo, >
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O autor reserva o direito de pro:
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Rua do Alecrim,
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A Duque
carne tar ap Moderna--
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Xs cousas mudadas
A muito tempo que eu digo
O mundo está as avessas,
O povo incredulo e descrente,
Me diz você, já começa
Isto é sêéde de agouro
Ou fôme de uma conversa,
284
—2—
285
=
Ha de carregar no quarto
Os filhos que' ella tiver.
Outrora, quando um rapaz
Chegava a uma certa idade,
Só se casava com moça
e tivesse honestidade
que o pai della tivesse
Muito bôa qualidade.
Mas, hoje, é pelo contrario.
uando um rapaz quer casar,
uer sabor se a moça tem
oragem de trabalhar,
nua saiba fechar cigarros
saiba bem engommar.
Quer vêr casar-se depressa,
Seja ama ou costureira.
Professora ou modista,
Ou mesmo uma cigarreira
Ainda feia c fallada
Não falta rapaz que não queira.
o homens de hoje só querem
ulher para trabalhar,
A mulher de casa é elle,
Faz tudo que ella ordenar,
Para ser ama do leite
Só falta dar de mamar.
286
gs lim
287
mem
e
288
muciifino
Um feixe de lenha junto,
Atiçando fogo nellas.
Pergunte pela mulher
ua ha de ouvir elle dizer:
oi p'ra roça apanhar fava,
Só vem quando escurecer,
Eu fiquei sósinho em casa,
P'ra fazer o comer.
Outr'ora só se enfeitavam
As moças na flór da idade,
Hoje vê-se cada uma
Mais velha quea eternidade!
Com marrafas e espartilho,
Cinto e suas novidades.
Tinje os cabellos de preto
Bóta pó de arroz na cara,
Mira no espelho e diz:
Sou uma belleza rara!
A fructa estando madura
Inda se torna mais cara.
289
E o
290
iu
291
dis
292
se Due
A aldeis é magnifica,
Nosso palacete é bello,
Al se póde viver
Sem conhecer-se o flagello.
Apertando a mão de João,
Pela campina seguiu,
Uma aria interessante
Entoou quando sahiu ;
Todas palavras da aria
João da Cruz as ouviu.
A ARIA
A vida é um riso
De mil esperanças:
Uma nau que nos leva
N'um mar de bonanças.
e
293
——
Veremos o pomo
Como é saboroso.
A morte nos traz
Horrures «e choros
De nós rouba a vida
Extrai nossos louros,
294
jd
João da Cruz lhe respondeu :
Uma pedra para assento
João da Cruz lhe offereceu,
295
E js
E' propriedade nossa,
Não précisa sacrificio.
Sc Deus assim permittisse,
Nosso mundo era de espinhos,
Nossos fructos amargavam,
Eram penosos os caminhos;
Até mesmo nos faltava
De nossos paes os carinhos.
Por exemplo a penitencia
Que abuso-sô são os seus!
Maltratarmos nossos corpos,
Fazemos mais que os atheus,
Temer de perdera alma
E' não confiar em Deus !
João da Cruz esperirientando-a,
Como quem não tem termos
Perguntou-lhe: existe inferno ?
Respondeu ha sim, senhor;
bra infeliz quem cahisse.
Naquelle abysmo de horror.
Para que foi feito elle?
Perguntou lhe João da Cruz :
Para que? respondeu ella,
Foi para um anjo de luz,
O homem estava perdido
A não ter sido Jesus,
296
João ouvindo essa resposta
Pensou: e disse comsiga,
Esta não é como a velha,
Não vem botar-me em porigo ;
Não tem nada que venha
Da parte do inimigo.
Disse ella a João da Cruz :
Vá em nossa habitação,
Faça a sua penitencia,
Mas não prive a distracção,
Deus só exije do homem
E* ter um bom coração,
Despediu-se d'elle e disse :
No uia que quizer ir,
E' rodear esse monte,
Ver por onde ade seguir;
Toda hora estou em casa
As ord>ns para o servir.
Reuniram-se os diabos
É fizeram uma sessão,
Projectando construir,
Uma linda habitação,
em João da Cruz indo lá
restasse toda attenção,
Por uma magica diabolica,
De uma gruta escura e feia,
297
ao Eca
298
a: Tio
299
O anctor reserva o direito de pro
priodudo
300
| Leandro (omes de Barros
7 À CRISE ACTUAL
e 0 augmento do sello
A URUCUBAÇA
0 ANTIGO[a Ú vm) |
Es 19135
301
À orise actual
e o augmento do sello
— doe tá
302
ssa:
OU tda
O arcebispo já disse
Se a cousa mão melhorar
Eu vou trocar o cajado
Por um ansol vou pescar
Até ver si inda apparece
O que se possa ganhar.
303
mtas
6 uai
304
E qse
305
-
Um missionario dizia
Sahi ao mundo a pregar
Mes a caipora era tauta
Que eu chegava n'um logar
Para alguem ir ao sermão
Era preciso eu pagar.
Disse um fiscal: eu tambem
Me vejo tão- derrotado
Fui receber um dinheiro
De um homem que foi murtado
Este metteu-me o cacete
Voltei de lá desgraçado.
306
a RR rm
Ea Parahyba do Norte
Não fica um só morador
Morando na capital
Nem mesmo o governador
Pode ficar pelos mangues
Um ou outro pescador.
O governo de lá disse
A cousa está tão tyranna
Que até uma padaria
Me cortou esta semana
Breve vou para os engenhos
Fazêr sercas é amarrar canua
Ao governo federal
Mandei um officio immenso.
Mandando dizer, aqui,
Não compro fiado um lenço
Este mandou-me dizer
Eu cá vou mal que estou penso.
307
pos O oo
O governo federal
Acha que a cousa vai bem
E diz o dinheiro é pouco
Deste eu não dou a ninguem
Porque eu não solto o passaro
Por um que algum dia vem.
308
ss A aa
O negociante para
O fiscal vai receber
O consumidor trabalha
E isso eu hei de comêr
Então que osso acordado
Mas tarde eu tenho que roer!...
309
agita
Eu vi o povo chorar
Isto causou-me um desgosto
O Brazil em condições
De viuva sem encosto,
Para vêr se o melhorava
Aumentei mais o imposto.
Primeiramente ordenei
(Que sellasse até o mundo
Foi um echo sem igual
Foi um suspiro profundo
Botar trez sellos em lata
Na tampa, no meio. e no fundo.
310
= TU
311
E| q
Até as sociedades
Tem que sellarem as acções
O Bispo sella o cajado
O frade sella os cordões
Cada freira ha de levar
Um sello de dez tustões.
312
-NW—
Um velho se maldizia
Blasfemando contra u sorte
Dizendo: com esta crize
Eu estou esperando a morte
Esse imposto desgraçado
Inda faz ella mais forte.
313
es RI
314
Até o velho diabo
Sahiu com muito desgosto
Queria atentar a gente
E não pagar o imposto,
Eu em lugar de fiscal
Não havia estar desposto.
315
Õ antigo e o moderno
e
316
À Urucubaca.
NES
- — — e — e
AVISO
— leandro Gomes de Barros avisa
aos seus exes e amigos, que mora em
Areias de do Recife enderêço, para a
Estação de Areias.
317
318
cantry Gomos de Barros
E E
À cura da quebradeira
320
cs
321
cs É
A quebyadeira do Chico
Estava enflamada e ruim
No sujo da roupa delle
Estava nascendo capim
E no fundilho da calça
Tinha casa de cupim.
Porém uzou o remedio
O cppim se retirou
O capim da roupa délle
No mesmo instante seccou!
t” hoj2 um milionario
Com trez dóses que tomou !...
Quem soffre, compre a receita
E preste toda a attenção
Porque ella encina o geito
De fazer a cavação
Despache em botica grande
Veja se ella serve ou não !...
Essas figuras da capa
Estão ahi para esplicar
Este da frente está lendo
O de traz quer se arranjar
E" doente que procura
Remedio para o curar.
322
assado nicas
É se houver um linguarugo
Que queira me reprovar
Eu digo : vá na cadeia,
Que há de se desenganar,
Tem muitos doentes presus
Para me justificar.
Esses que estão na cadeia
Não aplicaram o cuidado
Só estudaram o remedio
Mas não compriramo resguardo:
Tomando elle no publico
Torna-se ruim que é damnado!
Deve o tomar no escuro
Onde não dê uma réstia
É usar constantemente
Muito cinismo e modestia
Eu não conhesso o remedio
Mas já soffri a molestia.
Entre toda as molestias
A petor é quebradeira
É" superior á febre
Coça mais do que frieira
Não ha thisica tão damnada
Como thisica de algibeira.
323
a pn
324
— 6G—
325
=
Porém uzando o remedio
Sendo bem acautellado
Logo nas primeiras dóses
Verá o seu resultado
Disse Frei Espertalhão
Que foi com isto curado.
326
a E a
327
paia Ras
Encontra-se esse remedio
Em cofres municipacs
Pelas fabricas de tecidos
Ou bancos especiaes
Repartições d'alta escalla
Thesouros estadoaes.
O remedio é extraido
ve ouro papel e cobre
Tambem há de prata e nike!
Para algum doente pobre
Alivia o desgraçado,
Ausmenta as pompas do nobre
João Gatuno coitadinho,
Soffria um mal incuravel,
Fazia pena se olhar
à roupa do miseravel;
Com trez doses que tomor
Tem fortuna inczlculavel.
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BS Je >
328
O Pezo de uma Mulher
e o ses + A
329
gas
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330
quão; HESUR que
331
= É cu
Pergunte ao rapaz solteiro
À crize o que quer diser.
Elle responde é palavra
Que eu nem a posso entender
Pergunte agora a um casado
Que já está callejado
Que os trabalhos o consomem
(Que ele suspirando diz
E" a sentença infiliz,
Que Deus destinou ao homem.
Por causa d'ella vendi
À caza aonde morava
Vendi o ultimy traste
Que em minha caza restava
Minha sogra ainda diz,
Que eu sou um homem infeliz
Amante da perdição
E que vendi a mobilia
Não foi devido á familia
Foi pela vadiação.
Não diz que eu veudi a cas
Por devida que a filha fez
Pagar ama para elia
A vinte mil reis o mez,
Não diz que a filha lusava
332
a TA a
la a baile passeava
Adoecia de manha
Me botando na desgraça
Antes eu sentasse praça
E morresse na campanha.
Porqu? quando nada o fogo
Podia me consumir
tu estava livre de ver
Minha sogra inda surrir,
A mulher aborrecida
N'uma cadeira cahida
Fingindo estar quasi morta
E eu nestas agonias
Inda vêr todos os dias
Os cobradóres na porta.
O pescador cobra o peixe
O mascate. cobra a renda
quando vejo um alfaiate
Procurando uma encomenda
Vem um turco do outro lado
QU sapateiro vêxado
Pelo sapato que fez,
Quem está ardendo-se em braza
Chega o aluguel da caza
Que já se findou o mez.
333
o ur
Santo Deus ! que peso horrendo
Nas costas de um desgraçado
Uma mulher e a mãe
Oh! que madeiro pezado '!
(que calix tão amargoso
Hu julgava saboroso
Porém sahiusme ao contrario
r'ença alguem que a vida presta
alas p'ra Christo só resta
O homem ir ao Calvario.
() individuo solteiro
Não sabe a vida o que custa
Não tem pensão nem cuidado
f. Crise não o assusta
|.ogo quando quer cazar-se
E” nessessario apromptar-se
De tudo quanto precisa
“lm elle vai sabendo
O que muitos estão soffrendo
Porque mulher não alisa.
Alguem ha de perguntar
Deus não casou á Adão?
ku digo; Adão era louco
Não calculava a razão
Inda foi muito feliz
334
Porque nasceu num paiz
Le terra desabitada
3ogra e cunhado não tinha
Assim mesmo vD. Evirha
Inda o botou na enchada.
Ora Eva era innocente
Não tinha manha nem dengo
Mas pela historia d'ella
Se ver que ella tinha quengo
porque foi dar ao marido
Esse fructo prohibido
Do autor da creação
Quando o barulho estourou
Ella então descarregou
O pão nas costas de Adão.
4; FIM
335
AVISO
ai ak = O
336
ÍNDICE
RERRENTADAR aussi
e ps DES vil
INTRODUÇÃO aaa. toada... I
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338
4665 INDÚSTRIAS GRÁFICAS S à
RO - RUA LUÍS CÂMARA 495 . TEL farm