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LITERATURA
POPULAR EM VERSO
ANTOLOGIA
TOMO H
LITERATURA
POPULAR EM VERSO
ANTOLOGIA
TOMO IH
IX
exemplo seja seguido por outras entidades culturais, para
mais ampla difusão do precioso acervo da Casa de Rui
Barbosa, não só no campo da literatura de cordel, mas
em vários outros.
Homero SENNA
Diretor do Centro de Pesquisas
INTRODUÇÃO À OBRA DE
LEANDRO GOMES DE BARROS
12
de Barros, entrou em entendimento com a Universidade
Regional do Nordeste, que prontamente aceitou o apelo de
custear a impressão do primeiro volume, como homenagem
prestada ao autor, que é paraibano. Para a publicação
dos outros já há entendimentos com entidades igualmente
interessadas em participar da co-edição.
Este primeiro volume da obra de Leandro, em edição
fac-similar, sai em regime de co-edição da Fundação Casa
de Rui Barbosa e Fundação Universidade Regional do
Nordeste, Campina Grande, Paraiba.
O ideal seria uma edição critica, com notas esclare-
cedoras das formas de expressão no contexto da cultura
popular do Nordeste, abrangendo inclusive os temas e sua
motivação. Nada disso, porém, será possivel numa edição
fac-similar.
Como cada folheto de Leandro reúne dois ou mais
títulos, adotou-se o critério de ordem alfabética do pri-
meiro título, porque a cronológica é inviável, em razão
da falta de data em numerosos folhetos.
Tanto a Casa de Rui Barbosa como a Universidade
Regional do Nordeste estão conscientes do serviço que
prestam à cultura nacional com esta obra, porque tudo
que é popular há de ser necessariamente nacional.
Os homens ilustres do Brasil não infundiram cultura
ao povo, principalmente aos cantadores e poetas popula-
res, que aprenderam por si mesmos, lendo o lunário per-
pétuo e ouvindo as estórias de carochinhas. Naqueles
tempos não havia Mobral. O povo fez a sua cultura, que
o letrado de hoje transforma em enredos de romances.
Os bons poetas ligam o tempo, porque permanecem
na lembrança do povo. Neste caso está Leandro Gomes
de Barros, que continua vivo, bem vivo, na graça e no
13
sabor de sua poesia, apesar de desaparecido há quase ses-
senta anos.
Importa que se diga isso de um poeta popular, cuja
magia decorre da confluência de duas vertentes; a es-
pontaneidade de suas composições e a preocupação que
sempre teve de manter e valorizar a cultura nativa de
sua terra, de sua gente. Há, portanto, mais poesia em
sua obra que em copiosos versos que se empacotam em
livros, feitos só de palavras, como produtos de cérebros
espremidos.
Horácio DE ALMEIDA
14
COLEÇÃO
LEANDRO GOMES DE BARROS
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custo (UR msm
Novecentos e quatorze
Corria sem novidade
Todas nações da Europa
Contavam prosperidade
Não esperavam tão cedo
A mão da fatalidade.
A desgraça vem ao mundo
Sem avisar a ninguem
O homem está descançado
Julga que vae muito bem
Longe de seu pensamento
Está, que a desventura vem,
O arqueduque Fernando
Indo a servia asseiar
Condusinde sua esposa
Que que:.a viajar
Não s-via que uma cobra
Hav'. de os emboscar,
21
gia
Ali uma fera humana
Acabou-lhe a existencia
Matou a el'c e a esposa
Com arbitraria insolencia
Eis a causa porque hoje
Está pagando a innocencia.
O Imperador da Austria,
Tio do assassinado
jurou em nome de Deus
Que havia de ser vingado
E por causa destas mortes
Estão mundo incendiado,
A Russia m? ou diser
Ao goverr; Allemão
Que a *.vor da Inglaterra
Matar4 O proprio irmão
At: ava losse em quem fosse
Fnquanto tivesse mão.
23
io is
O Allemão respondeu
Que já estava preparado
A Russia se prevenisse
Que elle cra forte e pesado
O risco que corre o páu
Corre tambem o machado
Para minha artilharia
Não ha rochedo nem serra
Pode invistir a Allemanha
Russia, França e Inglaterra,
Para meus submurinos
Não se fez vaso de guerra,
Sou eu e a Austria, sós
t não chamo mais alguem
Se a Italia quiser vir
Eu aceitarei tambem
Tanto a favor como contra
Não recusarei ninguem.
Se a Belgica der passagem
Tenho todas garantia
Vou daqui com grande cxereito
Tomo França em I5 dia
À Russia e a Inglaterra
Ficam sem soberanias.
24
asia:
25
silica:
26
cmi TO ca
21
AN sa
Fôgo! gritava Allemanha
Deixe a cidade arrazada
À Belgica gritava avança!
Vamos ver rapaziada
Não sujemos nossa historia
Dai valor a nossa espada.
Vamos tratar na batalha
De 27 de Agosto
Quando 12 couraçados
Cada qual o mais disposto
Trez allemães 9 inglezes
Peitaram de rosto a rosto.
Disse o commondante chefe
Que vinha na armada ingleza
Qualquer um dos meus navios
Val mais que uma fortaleza
Disse a armada allemã:
Veremos, não é Certeza:
Foi q tiroteio mais forte
Que ja se viu nesse “undo
Com 5 horas de fôgo
Foram todus 12 ao fuma.
Só escapou um soldado
Mas esse ja muribindo
28
abs
30
pipas
São esses que sua origem
E' da serpe feia e bruta
Vivem da desgraça humana
Como o passaro da fruta
Existencia venenosa
Mil veses mais que a cicuta.
Daus! oh! Deus dos miseraveis!
Alertai vossos ouvidos
Escuta lá desses céos
Os dolorosos gemidos
Dos miserav:is que choram
Com fome, nús e feridos.
31
Oh! grande America do Nortel
Terra de um povo ilustrado
Intervem nesta miseria
Olha o mundo derrotado
Mata o homem o seu irmão
Como um cão desesperado.
Tcdo homem de bom senso
Deve apresentar pesares
Vê os campos cheios dç ossos
Transformar-se em sangue os mares
Até os aeroplanos
Estão perseguindo nos ares,
Santo Deus! olhai de lá!
Esta triste nepra sanha
Talvez que o sol tanha nojo
Quando passa na campanha
Quem se não escarra
Da Austra da Allemanha.
As montanhas da Evrapa
Dirão d'onde nós vinhe os?
P'ra um paiz só de asst-smo:
Aonde até nôs sofremást
Esiste mais piedade
Nas serpentes que criemos,
32
atá ss
Os montes dirão meu povo
Não parece ter estudo
Porque o sabio conhece
Que a rasão é :m escudo
Aonde ha educação
EMi deve se achar tudo.
Russia avança como um tigre
Nustria se enrosca e da bote
Allcmanha faz subir
Rna, egreja e sacerdote
Jo geito que vai a cousa
Bté cu vou no pacote.
A França e a Inglaterra
Avançam para afrontar
à Servia fazo que pole
Belgica não pode brigar
Agora a Italia entrou
Iêm mais lenha para queimar.
id to o . SDCrUns dO a
Que sahirr - brevemente o folneto ue
maior sacesse que Leandro já escreveu -
"Os homer- da Nandioca”, o melhor fulio-
te de L mdro
DEL, CMERT E.
33
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35
AFFONSO PENNA
Fazem dezesete annos
Que o norte foi visitado
O conde d'Eu veio aqui
E foi muito festejado
Veio agora Affunso Penna,
Ninguem sebe o resultado,
O povo esperaria
Tudo por alh
Que elle vindo aqui
Tudo melhcrava
Julgue; que elle vava
Sacos de dinheiro
Fiz um mealheiro
Do tamanho de um jigo
E disse commigo :
Breve sou banqreiro.
Dizia à mulher :
Vossê cuide em ir
Pode o homem vir
nai Ps E
E lá fui a estação
Dei tres quedas d'esta vez
Desconjuntei uma perna
Que tanto damno ire fez
negou elle: porém vinha
De cáda lado um inglez.
Em todas as villas
Que tinham estação
Via-se em cada mão
Duas, tres mochilas
Viu-se sacudi'-as
No matto de vez
Eu disse : vossês
O tempo perderam
Para que não nasceram
Em terra de inglez?
Dizia uma filha á mãe:
Minha máãi, vosmincê vai
Bote uma pedra na bocca
Se não o queixo lhe cai
37
|
o
um — ———
38
= 4 -—
É eu avisando tudo
Fortuna não vem em kilo
O povo dizia : não !
Não tem isso nem aquillo
E quasi que vem dar tudo
Como adivinhou Joãor Grillo.
Alli só se via
Mulheres passeando
O cego apalpando
Gritar para o guia:
Está chuvoso o dia
K' grande o lameiro
Não tem atoleiro
Para me impedir
Eu hoje hei de ir
E chegar primeiro.
39
— 6 —
Os inglezes : santaninha !
Um preparava-lhe a sôpa
Outro tangia mosquitos
Outro catava-lhe a roupa
Diziam : o que faltar, peça!
Inglez aqui não se poupa.
Dizia um inglez:
Mim vai chaleirar
Que é para ganhar
Brazil desta vez
O calculo mim fez
E ganha dinheiro
Mim é estrangeiro
Sabe andar subtil
Mim compra Brazil
E vende brazileiro.
Atc as creanças
Mostravam alegria
Formavam harmonia
Cheios de esperanças
Batiam nas panças
Que era de mais.
Diziam-lhe os pais :
Cada qual se ripe
Ataca, Felippe !
Aproveita, Btaz '!
Às rp &
O mundo € um logegripho, —
Nirguem pode o decifrar;
A sorte é como uma vega
Que vem e torna a voltar;
A vida um dardo voluvel,
Raro é quem pode ganhar.
Alguem diz que rosa vida
Parece um sonho dourado,
Eu classifico esta vida
Um fardo muito pesado, —
44
— 7 —
O homem é nm viandante
Que nasce e morre cançado.
Mathilde era uma orphã,
O ente mais desvalido,
Por mãe conheceu a Dor,
Por distracção o Gemido,
Por abrigo o Sol ardente,
Oh ! ser desíavorecido !
42
— 8 —..
O avarento aggravou-se,
Para ver se elia morria,
Mandou que elia passasse
No quarto que o cão dormia.
Tendo já quasi a certesa
Que o cão a devoraria.
O monstro disse sorrindo :
Hoje has de me pagar,
O cachorro crocodilo
Hoje tem o que ceisr,
Se não fosses tão pequena
Ficava o que elie almoçar,
A mulher do avarento
Vendo Mathilde sahir
Fez uma supplica ao marido
Para elle consentir
Ficar ali a creanca
Mas não pude conseguir.
4
Andava pela montanha
Procurando-a impaciente.
O avarento dormindo
Sonhou que tinha morrido
la a uma gruta escura
Ouvia um grande gemido
Via o paí delle em um carcere
Todo queimado e ferido.
49
UNS OLHOS
Teus olhos são como uns astros
Teus seios puros e cestos
Parecem o throno de Deus,
Teu riso é um céo aberto
Que nem os anjos por certo
Teem uns olhcs como as teus,
As tranças negras e finas
As faces cor de boninas
ÃO passar da viração
Teu gesto tem tanta graça
Ninguem o vê que não faça
Palpitar O coração.
Tem o perfume da flor
E's fina como c amor
Tão firme quanto amizade
O inventor da existencia
De belleza é innocencia
Te fez desta qualilade.
Teu halito é um odor
Que exalou de uma flor
Que tinha no paraiso
Teu rosto da cor de um véo
Provoca os anjos do céo
Virem beber teu sorriso.
Jaboatão, 9 de Agosto de 1906.
50
— 16 -—
21
À mega É
LEANDRO GOMES DE BARROS
CON VOCCCODCVOGGOCD9OOO
À ALMA DE UM FISCAL |
CONTINUAÇÃO DA
VINGANCA DE UM FILHO É
A” VENDA
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Rua do Alecrim N.º 34 >
RECIFE :
PN pp
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EO CCOCOCCCOCEL CHELCCCEELCEEC OCCCCOCE CCCCOCCCONY
LEANDRO
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GOMES
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DE
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BARROS
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DOODODODDODDOODODO :
TAMA DE Um FNLAL
Estava uv diabo um: dia
No vabmete internal
Quando um filho delle disse:
Papai lá vem um fiscal
O «iabo perguntou
E" tempo de carnaval?
Que novidade trarã
“sie animal por aqui!
Creio que não virá só
A uúesgruça vem alh
Traz a caipora de um lado
ft acha v azar alu.
Disse o tilho do diabo
Aquele é meu conhecido
Papai se lembra d'aquelle
Magro corcundo e ruido
Cocho da perna direita
E tinha um olho cusido?
ni
Disse o fiscal: disso tudo
Posso fazer-lhe presente
Quer minha sogra vou vel-a
E um presunto excelente
O diabo disse: vôte
Antes um banho de agua quente.
E lá voltou o fiscal
Sem nada alli receber
O diabo não o quiz
Nada pode resolver
Ficou junto com trez sogras
No espaça à se morder,
VINGANÇA Dk UM HIHO
Arrancaram a feichadura
De uma das portas que havia
Encontraram a baroneza
No salão já morta €e fria
Uma moça em cada lado
Banhada em sangue se via,
Duas moças bem trajadas
No assualho estendidas
Deixando vêr-se nas frontes
Duas enormes feridas
Dois revolves encostados
Com que liquidaram as vidas
Dona Lidia a baroneza
Essa morreu num estrado
Tinha uma carta no collo
E um frasco com sublimado
O veneno com que ella
Tinha se suicidado.
O chete ficou immovel
O escrivão não falou
O delogado foi ver
Chegando dentro voltou
O official de justiça
Foi quem a examinou,
O official de justiça
Abriu a carta e a leu
Logo ao principio da carta
Elle lendo estremeceu
Doutor venha ler aqui
O que toi que ella escreveu!
Na carta tinha o seguinte:
Não ponham culpa em alguem
Me envenenei por meu gosto
Pois vi que não hia bem
Na vida não achei goso
A morte a mim me convem
Minhas filhinhas dois anjos
Sonhavam com a inocencia
Sabendo do que o pai fez
1
Acharam maior prudencia
Antes de se emjuriarem
Poi em termo a existencia.
Meu miseravel marido
Nunca me disse quem era
Era por fora um cordeiro
Por dentro a mais cruel féra
Monstro semelhante a elle
A natureza não gera.
No deposito de seu crime
(Que nunca estava vasio
Foi Antão e a mulher
Que morreram a sangue frio
E um filhinho inocente
Esse se afogou no rio.
Tinha aqui um morador
Nem vista tinha sequer
Um pobre velho até cégo
Ser que não tinha mister
Elle mandou matar
A elle, um filho e a mulher.
Na Espanha elle matou
O avô e o padrinho
Trez mortes injustamente
Fez na tidade do Minho
Matou um velho em Lisbôa
Elle a mulher e um filhinho.
E
Elle contou tudo hontem
De nada disso eu sabia
E não é Italiano
Como elle aqui disia
Chama-se Valentim Angelo
E não Lauro de Maria.
Não pode haver outro homem
De intestinos mais malvados
Aquillo foi um aborto
Entre os mais seres criados
Só não era mão marido
E pagava aos impregados
O somno delle é horrivel
Cheio de tribulações
Vê esquelêto por sonho
Assassinatos e prizões
Conta dormindo o que sonha
Tem horrives discurções
Elle se evadiu no mundo
Não disse para onde hia
Disse que não esperasse-o
Pois elle só voltaria
Quando tivesse a serteza
De fazer o que queria.
No mas adeus a quem fica
Vou para a eternidade
Ninguem prantei minha morte
59
Morro por livre vontade
Não levo queixa de alguem
Tambem não deixo saudade
Posto escripto escreveu ella
Tenho a fazer um pedido
Não me sepultem em terra
Roubada por meu marido
Embora que meu cadaver
Pelos cães seja comido
Nada mais tenho a diser
Morta agora mesmo caio
Fasenda de campo verde
Em vinte e nove de Maio
De oitocento e dez
Lidia Telles de Sampaio
A carta de D. Lidia
Arrematou aquestão
O juiz deu a Arnaldo
Todos os bens do barão
Visto tudo ser provado
Que pertencia a Antão.
Disse Arnaldo inda me falta
D'aqui o excencial
E" tomar d'aquelle infame
Uma vingança fatal!
Sem a qual posso dizer
Que da questão sahir ma!
Mas onde estava o barãc
Para onde tinha ido?
Era o que ninguem sabia
Porque sahiu escondido
O maivado quando sai
Vai logo bem prevenido.
Os moradores que haviam
Na fasenda do barão
Ficaram sobsaltados
A terminar a questão
Porem Arnaldo foi lá
Fez uma declaração.
Colhesem suas lavouras
E ficasem trabalhando
Seis annos sem pagar rendas
E tudu all desfrutando
Os moradores d'alh
Ficaram todos morando
Arnaldo disse a Andresa
Tudo quanto tinha feito
Que o pessoal da fazenda
Tudo ficou satisfeito
Andreza disse: meu filho
Andasses muito direito.
Andresa lhe perguntou
Não soubesses do bandido?
Não senhora disse Arnaldo:
61
p= fa
le sahiu escondido
Só deve está na provincia
Onde não for conhecido.
Andresa disse meu filho
Auero consultar ati
Existe em Miras-Geraes
Na iasenda Bem-ti-vi
O meu compadre Herculano
Que nos troxe para aqui
E homem de confiança
Conhece bem o bandido
É daquele miserave)
Elle não é conhecido
Eu tenho toda serteza
Clle faser-me um pedido,
Parto amanha para Minas
Não quero usar da tardança
Me arrume trez portadores
Pessõas de contiança
Se meu compadre existir
Eu volto com esperança.
As seis horas da manhã
Ella arrumou-se e partiu
Fez dez leguas de viagem
Nesse dia que sahiu
Soube que o barão passou
N'um logar que ella dormiu.
62
— 16 —
Au entrar na Capital
Herculano a encontrou
Ella lhe disse a que vinha
Elle se promptificou
[E disse minha comadre
As suas ordens estou.
Disse-lhe Andresa compadre
Venho fazer-lhe um pedido
Só você pode encontrar
Novas d'aquelle bandido
Leve trez contos de réis
Sula daqui prevenido.
Com relação a família
Não tenha nada que pensar
Está mais um conto de réis
Que é para em casa deixar
Diga a comadre qne marde
Ver tudo que precisar.
Entregou-lhe a precatoria
Feita com legalidade
Com ordem do imperador
A qualquer auctoridade
Auxiliar a Herculano
Havendo necessidade.
Ro Sta Luzia.
— Poralbcha
Joze Nunes Fignerêde
05
e | ás
66
a À ee
À terceira se chamava
Genovéva bota-abaixo,
Espumava pela boca
Que a baba cahia em caixo,
Um dia partiu a elle
Fez-lhe da cabeça um facho.
67
— 4 —
À derradeira de todas
Não era. muito ruim,
Me levantava algum falso,
Fallava muito de mim,
Eu teria me banhado
Se as outras fossem assim.
69
q
Vá cavar no pé do muro,
Aonde teve um coqueiro,
Debaixo da raiz delle
Acha uma lage primeiro
E debaixo dessa lage
Tem a jarra de dinheiro.
De manhã me levantei
E fui logo para lá
Cavei, cncontrei a lage
Disse contente oh! vem cá
Sabe o que achei? um cortiço
De bezouro mangangá.
Ah es bezouros todos
Frecharam em cima de mim,
Eu nem sei como corri,
Julgnei ali ser meu fim,
= =
q
ss aca
e. Õõíõqrra
12
DSL OCLESES SESC SCEECESCES
We
a
AS PROESAS DE UM NAMORADO MOFINO
13
Sae
Porque João-molle, o pai della
Era um velho perigoso,
Embora que Zé-pitada
Dizia ser revoltoso,
Adiante o leitor verá
Qual era o mais valoroso.
74
ses Gas
To
E
A febre já me atacou,
Sinto frio horrivelmente,
Com muita dor de cabeça,
Uma enorme dor de dente,
Está nie dando a ervsipela,
Já sinto o corpo dormente.
76
— AA me
fi
mp
18
ca am
79
AVISO
Com o fim de evitar os abusos
constantes, resolvi d'ora em diante es-
tampar em todas as minhas obras o
meu retrato em um cliché. sem logar
determinado.
Leandro Gomes.
a
"24
<<
Lcanóro Gomes de cRarros
EE ————— A
Antonio Silvino, no jury
Debate de seu advogado
—
A 262toda
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mi,
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—
O autor ne o direitoaa
de ade
—
ms
, /
81
Debate de seu advogado.
Era 26 de Outubro
O dia desionado
Pura o celebro cangaceiro
No tribunal ser juleado
Perante a justiça publica
bo sem advogado,
Jú na torre da igreja
Anuunciava meio dia
bntão Autonio Silvino
Cabisbaixo triste ia
Ver a ultima sentenca
Que por sorte lhe cabia.
No salão do tribunal
Entrou elle amedrontado
Porque conhecem que ali
Havia de ser julgado
Disialhe a consciencia:
— E triste teu resultado
O advogado delle
Entrou da forma seguinte:
Disse em pleno tribunal
Vejo o men constituinte
Ser condemnado em artigos
Onde so livraram vinte.
O concelho reuniu-se
E fizeram votação
Não houve um voto a favor
Não poude haver concessão
A causa estava perdida
Não havia remissão.
Arrenegava da hora
Que a mãe delle o conceben
Desconjurava do dia
E do anno em que nascen
Até da primeira papa
E do tempo em que viveu
Crimes de barbaridades
que por mim não foram feitos
Mas o homem prezo está
Sujeito a qualquer mazella
| quem compra numa tasca
Paga pelo preço della
Isso é cazo que se dá
Desde o palacio a uma sella.
So pelo o revez da sorte
inda eu possa me soltar
Aos quatro estados do norte
Bu hei de cratificar
Por uns quatro ou cinco secnlos
O póvo tem que fallar
Pernambuco tem de ver
bEmbuá tocar vióla
Morcêgo andar no cangaço
Com rifle faca e pistolla
Parahyba fica doida
O Rio Grande se amolla
Se eu escapulir daqui
Não ha mais quem me dé fim
Porque desse dia em diante
Eu hei de faser assim
BEsmolla nem ao men pai
Confiança nem em mim
—NO o
DO DDDDDIDDD DDD XD DDSDED EXP
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LEVO DOME LOCO COESO COCS
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ANTONIO SILVINO
O REI DOS CANGACEIROS
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101]
oÀ me
Telegraphei ao governo
E elle lá recebeu,
Mandei-lhe dizer: doutor,
Cuide lá no que for seu,
À capital lhe pertence
Porém o estado é meu.
O padre José Paulino
Sabe o que elle agora fez?
Prendeu-me dous cangaceiros,
Tinha outro preso fez tres,
O governo precisou
Matou tudo de uma vez.
Porém deixe estar o padre,
Eu hei de lhe perguntar
Elle nunca cortou canna
Onde aprendeu a amarrar?
Os cangaceiros morreram,
Mas elle tem que os pagar.
Depois elle não se queixe,
Dizendo que eu lhe fiz mal,
Eu chego na casa delle,
Levo-lhe até o missal,
Faço da batina delle
Tres mochilas para sal.
Um dos cabras que mataram,
Valia tres Ferrabraz,
Eu não dava-o por cem papas,
Nem quinhentos cardeaes,
Não dava-o por dez mil padres,
Pois elle valia mais.
102
= É ss
L03
cas
1 om
Al no Entroncamento
Eu fui Vigario-Geral,
Em Santa Rita fui bispo,
Bem perto da capital,
Só'não fui nada em Monteiro,
Devido a ser federal.
LO4.
aee O
Fu já encontrei um padre,
Recommendado do papa,
Tinha o pescoço de um touro,
Bom cupim para uma tapa,
Fomos ás unhas e dentes,
Foi ver aquella garapa.
Quando o rechunchudo viu
Que tinha se desgraçado,
Porque meu facão é forte,
Meu braço é muito pesado,
Disse: vôte, miseravel,
Abancou logo veado.
Lu gritei-lhe: padre-mestre,
Me ouça de confissão,
Elle respondeu-me dammne-se,
Eu lhe deixo a maldição,
Em mim só tinha uma corôa,
Voscê fez outra a facão.
Ku inda o deixei correr
Por elle ser sacerbote,
Para cobra só faltava
Enroscar-se e dar o bóte,
Aonde elle foi vigario,
Quatro levaram chicote.
Foi tanto qu' eu disse a elle:
Padre não seja atrevido
Tire a peneira dos olhos,
Veja que está illudido,
Eu lhe respeito a corôa,
Porém não o pé do ouvido.
105
cad E Sa
(O) velho padre Custodio.
Usurario, interesseiro,
Amaldiçoava quem désse
Raucho a qualquer cangaceiro,
Enterrou uma fortuna,
E eu sonhei com o dinheiro!..
106
pr
107
aO ra
Eu juro pelo meu rifle,
Que o Padre José Faulino
Cae sempre na ratoeira
E paga o grosso e o fino,
Não ha de casar mais homem,
Nem baptizar mais menino.
Eu sempre gostei de padre
“Tenho agora desgostado
Padre querer intervir
Em negocios do Estado?!...,
Viaja sem o missal,
Mas leva o rifle encostado.
Em vez de estudar o meio
Para nos aconselhar,
Só quer saber com accerto,
Armiar rifle e atirar,
Lá onde elle ordenou-se,
Só lhe ensinaram a brigar.
Depois elle não se queixe,
Nem diga que sou malvado,
Elle nunca assentou praça
Como póde ser snldado?
Não tem razão de queixar-se,
Se tiver mau resultado.
Quatro estados reunidos
Tratam de me perseguir,
Julgam qne não devo ter
O direito de existir,
Porém emquanto houver matto,
Éu posso me escapolir.
108
as O que
109
E
HO
nas, RIR clica
Ali desceu toda a tropa,
Não demoraram um momento,
Um soldado que trazia
Um sacco de mantimento,
Por minha felicidade
Deixou-o por esquecimento.
Eu estava dentro do matto,
Vi quando a tropa desceu
O tigre soltou um urro,
Que uv tenente estremeceu
Até a borracha d'agua
Uma das praças perdeu.
Quando eu vi que a tropa ia
Já n'uma grande lonjura,
Fui, apanhei o mochila,
Achei carne e rapadura,
Farinha, queijo e café,
Ahi chegon-me a fartura.
Achei a borracha d'agua
Matei a sêéde que tinha,
À carne ja estava assada,
Fiz um pirão da farinha,
Enchi a barriga e disse:
Deus te dê fortuna, oncinha.
Porque a tua presença
Fez toda a força ir embora,
O ronco que tu soltasses,
Encheu-me a barriga agora,
Eu com a sêde que estava,
Não durava meia hora.
111
E
E é agora o que faço,
Havendo perseguição,
Procuro uma gruta assim
E lá faço habitação,
Só levo lá, um, dous rifles
E o sacco de munição.
Me mudo para uma furna
Que ninguem sabe onde é,
À furna tem meia legua
Marcando de vante a ré,
À onça chega na bocca
Mas dentro não põe o pé.
À onça conhece a furna,
Desde a entrada á sahida
Porém qual é essa féra
Que não tem amor á vida?
Uma onça parte assim,
Se veudo quase perdida!...
Quando eu deixar de existir
Ninguem fica em meu lvgar,
Ainda que eu deixe filho,
Elle não pode ficar,
Porque a um pai como eu
Filho não póde puxar.
Pode ter muita coragem
Ser bem ligeiro e valente,
Mas vamos ver se supporta
Passar tres dias doente,
Com sêde de estalar beiço
E fome de serrar dente.
112
asa VAsas
113
E,
14
AVISO
Com o fim de evitar os abusos
constantes, resolvi d'ora em diante es-
tampar em todas as minhas obras o
meu retrato em um cliché, sem logar
determinado.
Leandro Gomes.
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117
O azar ea feiticeira
Andava o azar no mundo
Sem ter aonde pousar
Foi em casa de uma velha
Pediu para se arranchar
Disse-lhea velha: pois não!
Vossa mercê pede entrar.
118
Lo
Deixou do lado de fora
A roupa ca pegou logo
Queimou-se em menos de um'hora.
119
va
Pois, camarada, levante-se
Faça favor de ir embora
Vosmincê chama-se azar
EÉ' conductor da caipora
Eu que sou tão feiticeira
Vosmincê chocou-me agora,
120
4
AA
Aaa
A Orphá
Acordou o avarento
Mas quesi desesperado
Com horror daquelle sonho
Estava bastante suado
Exciamando entre si mesmo!
Oh ! meu paí foi condemnado.
121
o
ALÇA
AO AA
O nome do avarento
Era Aquilino Vilar
Tinha vinte e oito engenhos.
122
f)
123
T
Então ella lhe dizia:
Maldito o que trabalhar
Só para ajuntar riqueza
E no mundo amontoar
Porque depois desta vida
O que pode aproveitar ?
124
Deu de esmola aos desvalidos
Então foi ser enfermeira
No hospital dos feridos.
125
Perdeu a questão da terra
Os navios afundaram
As casas é como se sabe
Km praça se arremataram
Onde elle tinha dinheiro
Os bancos todos quebraram.
126
LO
De ii ii io ii
127
1
Aa RS AO AO
128
12
Da tempestade o rugido
Elle sem poder virar-se
"Todo quebrado e ferido.
Sonho de illusão
Não sei o que tem a sorte
Que só quem anda a capricho
Se planto milho ou feijão
Nasce ortiga ou carrapicho
Se tenho um sonho visivel
Vou jogar erro no bicho.
Uma noite eu fui dormir
Sem ceiar por não ter pão
Disse-me a mulher : marido,
Faça ao menos uma oração
Veja se sonha com o bicho
Que tire esta precisão.
129
13
Ca
aa a
Adormeci e sonhci
Que chegava um ancião
Um homem bastante velho
Apoiado em um bom bastão
E disse: anda commigo,
Ku te acabo a precisão.
130
14
Ei ai
Felizmente um sapateiro
Disse: se o sr. quizer
Com cêra, sovela e linha,
131
15
Ma ÇÃO a A A
Sonho de um portuguez
Um portuguez que amava
A uma sua patricia
Com muito amor e caricia
Disse a ella:
132
16
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133
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139
Bode ferrrvo pro
AMO sy 04.
Batalhas de Oliveiros com Ferrabraz
Eram doze cavalleiros
Homens muito valorosos,
Destemidos, animosos,
Entre todos os guerreiros,
Como bem fosse, Oliveiros
Um dos pares de fiança
Que sua perseverança
Venceu todos infiés,
Foram doze leões cruéis
Os doze pares de França.
O almirante Balão
Tinha um filho—o Ferrabraz.
Que entre os turcos, era o mais
Que tinha disposição
Mesmo em nobreza de acção
Era o maior que havia
Então em toda Turquia
Oude se ouvia fallar,
Tudo tinha de respeitar
Ferrabraz de Alexandria.
137
a
138
=
139
É =
140
mom:
141
aO
Ordenou ao escudeiro
O cavallo lhe sellar
E mandou logo apromptar
Arreios de cavalleiro...
E gritou—ande ligeiro,
Me ajude logo a armar,
Pode o turco se gabar,
Matei um dos cavalleiros,
142
o
143
ado a
E foi ao imperador
Com a maior reverencia:
Disse com obediencia
— Esclarecido senhor,
Eu não sou merecedor
Que cousa alguma me dê
Por isso, senhor, bem vê
Que valor tem seu captivo
Por 10 annos que te sirvo
Vim pedir-te uma mercê...
Disse-lhe o imperador:
— Pode Oliveiros dizer
Eu juro o satisfazer
Seja que pedido fôr.
Disse-lhe Oliveiros: Senhor!
Não quero cousa de mais,
E não serei tão capaz
Para tanto te pedir
Porem, o que quero é ir
Dar batalha a Ferrabaz.
144.
— 10 —
145
gene:
EE rm
Levante-se, cavalleiro,
Prepare as armas e as aprompte
Pegue o cavallo, se monte,
Trate de ser bom guerreiro
Ponha seu corpo ligeiro
Veja não dê uma falha.
A morte entre nós se espalha,
A hora de um é chegada
Lance mão de sua espada,
Vamos entrar na batalha.
146
— TO
14%
o
Oliveiros já massado
Disse: turco és um louco...
Levanta-te, senão com pouco
Hei de ferilo deitado.
Que tempo tem se passado
Nessas tuas discussões
Eu não vim ouvir razões
Vim ao campo pelejar,
Tu és franco no fallar
Vamos vêr tuas acções.
148
a TÃ so
149
mis a
Depois de se levantar
Ferrabraz se preparou,
A Oliveiros rogou
Que o ajudasse a armar.
Oliveiros quiz faltar
Por achar que era um perigo.
Disse Ferrabraz: lhe digo
Confie em minha nobreza,
Eu não uzo da vileza
Para com meu inimigo.
Oliveiros se apeiou
Ajudou a Ferrabraz,
Com cortezias iguaes
Elle tambem o tratou.
Quando Ferrabraz se armou
Vestiu a saia de malha
Na qual não tinha uma falha
Feita por outros guerreiros,
150
aE
Montaram-se os cavalleiros
Deram começo a batalha.
151
E |
152
— 18 —
Oliveiros recebeu
Um golpe tão desmarcado
Que ficou atordoado
E muito sangue desceu.
O turco ahi conheceu
Delle as forças abatidas
Com vozes compadecidas
Disse Oliveiros teimoso,
Bebe o balsamo milagroso
Que te cura essas feridas.
153
sas O ac
Oliveiros cntristeceu
Quando viu Ferrabraz são,
E disse no coração
Quem perde a lucta sou eu...
Porem não esmoreceu
Nem deu mostração de falha
Como o homem que trabalha
Disse sem poder contcr-se,
154
sos BMqe
Disse o turco—cavalleiro:
Tu já estás muito ferido
Queira acceitar meu partido
Renda-se, prisioneiro,
Assim lhe farei o herdeiro
Do reino de Alexandria,
E tem mais a garantia
De hoje para amanhã,
Casarás com minha irmã,
A flor de toda Turquia.
155
a ME qua
A Ferrabraz offendeu
O cto o favoreceu
Um revez escapoliu
O balsamo delle cahiu
E Oliveiros bebeu.
Ferrabraz admirado
Por ver tanta ligeireza,
E vêr aquella destreza
Em quem já estava cunçado.
Viu Oliveiros curado
De todas suas feridas
Suas forças abatidas,
Mas estava tão renitente
Que parecia-lhe um ente
Com quinze ou dezeseis vidas.
Oliveiros respondeu:
Ferrabaz fique sabendo
156
O
E tornou o investir
Que só um leão voraz.
E disse: Senhor Ferrabraz
E' tempo de decidir,
Só se ouvia era tinir
As espadas pelo ar.
Roldão que estavo a olhar
De vez em quando dizia:
Oliveiros eu queria
Estar agora em teu lugar.
Já tinha se espedaçado
Arnéis, capecête e tudo,
Não tinha mais uimn escudo
Que não tivesse quebrado.
As lanças tinham voado
Só as viseiras existiam
Elles já mal se cobriam
Nas horriveis cutiladas.
Somente as duas espadas
Sem damno algum resistiam.
157
O,
Olíveiros se propina
E partiu ao inimigo..
O turco vio o perigo
A pé firme o esperou,
Um golpe nelle deitou
Com tanta disposição
Sem ser proposito ou traição
Nesses golpes tão ligeiros,
O cavallo de Oliveiros
Cahiu sem vida no chão.
158
em REua
Eu agora me lembrei
Da falta que commetti,
Mas foi porque me esqueci,
Por isso não relatei.
Porem sempre fallarei
Para o leitor se agradar,
Quem sabe ha de se lembrar
Na lucta dos cavalleiros,
O cavallo de Oliveiros
Quando quiz desembestar.
159
ai: DON sa
E tornaram se bater
Os dous ferozes cavalleiros,
O turco com Úliveiros
Ninguem podia entender,
Nada se ouvia dizer
No jogo das cutiladas,
As armas espedaçadas,
Com esse pesado jogo
De longe via-se o fogo
Que sahiam das espadas.
160
sa ca
161
E
É partiu determinado
A Ferrabraz degollar,
Mas não poude aproveitar
O golpe descarregado:
O turco pulou de um lado,
Um golpe nelle mediu.
Quando Oliveiros sentiu
O braço lhe estremeceu
Do golpe que recebeu
A sua espada cahiu.
162
gi SUDO sta
163
E
Ferrabraz a resistir
Estava com tanta paixão,
Oliveiros só leão
Quando alguem quer o ferir,
Disse—vamos decidir
Esta batalha comprida.
A causa está conhecida,
Um de nós hoje aqui erra,
E nesse campo de guerra
Um ha de deixar a vida.
L64
— 90—
E tornou a repetir
Outro golpe desmarcado,
OQ turco muito cançado
Quasi o golpe o faz cahir,
Não podendo resistir
O golpe não respondeu,
Oliveiros conheceu
A falta de ligeireza,
Mas viu que aquella fraqueza
Não era defeito seu.
165
a O
Já de Ferrabraz a vida
Se divulgaya num sopro,
Cada parte de seu corpo
Tinha uma mortal ferida.
A força muito abatida
Elle de todo mudado
Pallido e ensanguentado
Oliveiros viu com calma
Que o turco só tinha a alma,
O corpo estava acabado.
Já estava Ferrebraz
Muito rendido ao cansaço,
Já o seu esquerdo braço
Não o podia erguer mais,
Porque não era capaz
De resistir mais uma hora
E Oliveiros por fóra
Conheceu-lhe a gravidade,
166
pes
Se tu chegasses a crer
Na Santissima Trindade,
No Poderoso Deus Padre,
Havias de conhecer
Que ao mundo rege um poder
De grande sabedoria,
Que a tudo alimento e cria,
Fez o ceu, a terra, o mar,
E' mais puro que o ar
E mais claro que o dia.
167
a Ruas
Disse o turco—cavalheiro,
Isso eu não hei de fazer
Me sujeitarei morrer
No campo do desespero.
Tenho os louros de um guerreiro!
Brazão, honra, assim por deante,
Ainda que vá avante,
embisto assim nunca farei,
Não deixo a lei que adoptei
Por dez montes de brilhante.
168
— 34
Ainda se levantou,
Disse:—Sr. Oliveiros,
Esses são os derradetros
Golpes que em guerra dou:
Oliveiros o esperou,
Mas não queria o matar;
Seu desejo era o salvar,
Não desejava mais nada
Pôz no réto sua espada
Apenas para constar.
L69
Assim que Ferrabraz viu
Se ultimando sua vida,
Pôz a mão sobre a ferida
A Oliveiros pediu
Julga-se que o turco sentiu
Uma emoção tanto ou quanto
Que disparou nesse pranto
Resentido e maguado,
Como se fosse tocado
Do Divino Espirito Santo.
No
ne DO) que
171
casi VE SE
E Oliveiros andando,
Por uma estrada que havia
Viu que de um monte sahia
A força que estava esperando,
O turco foi se apeiando
E Oliveiros se armou,
Sobre uma sombra o deixou
Foi de encontro aos inimigos,
Um dos maiores perigos
Que Oliveiros encontrou.
172
O autor reserva o direito de pro-
priedade
173
ç To
4.
Leandro
aos
Gomes
Aº VENDA NA
ROO DO QOLECRIM-5a-€
RECIFE—1913
Impm. ma Tyr, Da Liv, Fuancezar Recira
175
ATALMA DE OLIVEIROO COM FERRABRAL
Eram doze cavalleiros
Homens muito valorosos,
Destimidos. animosos,
Entre todos os guerreiros,
Como bem fosse, Oliveiros
Um dos pares de fiança
Que sua perseverança
Venceu todos infiés,
Foram uns leões cruéis
Os doze pares de França,
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Ordenou ao escudeiro
O cavallo lhe sellar
E mandou logo apromptar
Arreios de cavalleiros...
E gritou—ande lígeiro,
Me ajude logo a armar,
Pode o turco se gabar,
Matei um dos cavalleiros,
Porem não diz Oliveiros
Temeu commigo luctar.
183
a
184
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E foi ao imperador
Com a maior reverencia:
Disse com obediencia
—Esclarecidos senhores,
Eu não sou merecedor
Que cousa alguma me dê
Por isso, senhor, bem vê
Que valor tem seu captivo
Por 10 annos que te sirvo
Vim pedir-te uma mercê...
Disse-lhe o imperador:
— Pode Oliveiros dizer
Eu juro o satisfazer
Seja que pedido fór.
Disse-lhe Oliveiros: Senhor!
Não quero cousa de mais,
Eu não serei tão capaz
Para tanto te pedir
Porem, o que queto é ir
Dar batalha a Ferrabraz.
185
Pass
186
e
E Oliveiros partiu
Do meio daquelle auditorio
Carlos Magno ao oratorio
Chorando se dirigiu
Se ajoelhando pediu
A imagem de Jesus
Pelos martyrios da Cruz
Olhasse seus cavalleiros
E que guiasse Oliveiros
Com sua divina luz.
187
gue Das
Oliveiros o saudou
E elle ficou callado
E Oliveiros bem maçado
Da atção do turco ficou
Herrabraz nem o olhou
Tanto caso delle fez
Oliveiros éra francez
Guerreiro de educação
Juntou as redias na mão
Fallou-lhe a segunda vez.
Las
soil ics
Levante-se, cavaleiro.
Prepare as armas se aprompte
Pegue o cavallo, se monte,
Trate de ser bom guerreiro
Ponha seu corpo ligeiro
Veja não dê uma falha.
A morte entre nós se espalha.
A hora de um é chegada
Lance mão de sua espada,
Vamos entrar em batalha.
189
aalE
190
Eu sou Guarim de Lorenda.
Oliveiros respondeu
Hoje foi que succedeu
Dar a primeira contenda.
E lhe digo que se renda
Que o lavarei com amor,
Fique sabendo o senhor
Hoje não pode escapar
Eu hoje tenho de o levar
Preso ou morto ao meu senhor,
Oliveiros já massado
Disse-lhe: turco és um louco...
Levanta-te, senão com pouco
Hei de feril-o deitado.
Que tempo tem se passado!
191
Nessas tuas discussões
Eu não vim ouvir razões
Vim ao campo pelejar,
Tu és franco no fallar
Vamos vêr tuas acções.
192
sl fica
Depois de se levantar
Ferrabraz se preparou,
A Oliveiros rogou
Que o ajudasse a armar.
Oliveiros quiz faltar
193
— 19
QOliveiros se apeiou
Ajudou a Ferrabraz,
Com cortezias iguaes
Elle tambem o tratou.
(Quando Ferrabraz se armou
Vestiu a saia de malha
Na qual não tinha uma falha
Feita por outros guerreiros,
Montaram-se os cavalleiros
Deram começo a batalha
194
— 20 —
195
dad Lc
196
Ahi tornaram a partir
Em ordem de cavalleiros.
Disse o turco a Oliveiros
— Não posso mais te ferir;
Vejo teu sangue sahir
Devido estares estragado;
Eu tenho o balsamo sagrado
Com que teu Deus foi ungido,
Bebe-o porque estás ferido,
Bebendo ficas curado.
Turco eu não hei de acceitar
Cousa alguma que me deres,
Salvo se tu quizeres
Crêr em Deus e se baptisar
Do contrario é se cançar
Porque não acceito nada,
Estou com a vida arriscada,
Sei do poder que tem elle
Porem só me sirvo delle
Tomando-o pela espada.
197
Todos dous descarregaram,
Com a força que botaram
Os braços ficaram bambos
E os cavallos de ambos
Em terra se ajoelharam.
Oliveiros recebeu
Um golpe tão desmarcado
Que ficou atordoado
F muito sangue desceu,
O turco ahi conheceu
Delle as forças abatidas
Com vozes compadecidas
Disse Oliveiros teimoso,
Bebe o balsamo milagroso
Que te cura essas feridas.
198
— 94 —
Oliveiros entristeceu
Quando viu Ferrabraz são,
E disse no coração
Quem perde a lucta sou eu...
Porem não esmoreceu
199
Nem deu mostração de falha
Como o homem que trabalha
Disse sem poder conter-se,
Falta pouco para ver-se
O fim de nossa batalha.
Disse o turco—cavalleiro:
Tu já estás muito ferido
(Queira acceitar meu partido
Renda-se prisioneiro,
Assim lhe farei herdeiro
Do reino de Alexandria,
E tem mais a garantia
De hoje para amanhã,
Casarás com minha irmã,
A flor de toda Turquia
200
= 6.
Ferrabraz admirado
Por ver tanta ligeireza,
E vêr aquella destreza
Em quem já estava cançado,
Viu Oliveiros curado
De todas suas feridas
As forças restituidas
Estava tão renitente
Que parecia-lhe um ente
Com quinze ou dezeseis vidas.
Oliveiros respondeu:
Ferrabraz fique sabendo
Que a tudo Deus está vendo
Pois o mundo todo é seu,
Um guerreiro como ev
Não vae atraz de cilada
Com Deus não me falta nada
Me bastam os prodigios seus
Não quero mais do que Deus
Uma lança e uma espada.
E tornou a investir
Que só um leão voraz.
E disse: Senhor Ferrabraz
E' tempo de decidir,
Só se ouvia era tinir
As espadas pelo ar.
Roldão que estava a olhar
De vez em quando dizia:
Oliveiros eu queria
Estar agora em teu lugar.
202
—98—
Já tinha se espedaçado
Arnéis, capacête e tudo,
Não tinha mais um escudo
Que não tivesse quebrado.
As lanças tinham voado
Só as viseiras existiam
Elles já mal se cobriam
Nas horriveis cutiladas.
Somente as duas espadas
Sem damno algum resistiam.
Oliveiros se preparou
E partiu ao inimigo...
O turco vio o perigo
A pé firme o esperou,
Um golpe nelle deitou
Com tanta disposição
Sem ser proposito ou traição
Nesses golpes tão ligeiros,
O cavallo de Oliveiros
Cahiu sem vida no chão.
Eu agora me lembrei
Da falta que commetti,
Mas foi porque me esqueci,
Por isso não relatei.
Porem sempre fallarei
Para o leitor se agradar,
Quem sabe ha de se lembrar
Na lucta dos cavalleiros,
O cavallo de Oliveiros
Quando quiz desembestar.
Com a grande cutilada
Que Oliveiros recebeu,
Quando o cavallo correu
Não obedecendo a nada,
Sahiu numa desfilada.
Mas o turco o atalhou
Oliveiros até pensou
Que fosse alguma tragedia,
O turco pegou na redia
E o cavallo parou.
205
Es| e
E tornaram a se bater
Os ferozes cavalleiros,
O turco com Oliveiros,
Ninguem podia entender,
Nada se ouvia dizer
No jogo das cutiladas.
As armas espedaçadas,
Com esse pesado jogo
De longe via-se o fogo
Que sahia das espadas.
206
Disse Oliveiros: então
Tua espada não quebrasse
E” porque não encontrasse
Com a espada de Roldão.
Elle com ella na mão
Nunca encontrou ferro duro,
Nem arnez de aço puro
Que seus golpes resistisse,
Nem metal que não rangisse,
Nem cavalleiro seguro.
E partiu determinado
A Ferrabraz degollar.
Mas não poude aproveitar
O golpe descarregado.
O turco pullou de um lado,
207
fio
Um golpe nelle mediu.
Quando Oliveiros sentiu
O braço lhe estremeceu,
Do golpe que recebeu
A sua espada cahiu.
209
se
210
E
E tornou a repetir
Outro golpe desmarcado,
O turco muito cançado
Quasi o golpe o faz cahir,
Não podendo resistir
O golpe não respondeu,
Oliveiros conheceu
A falta de ligeireza,
Mas viu que aquella fraqueza
Não era defeito seu.
De su'alma se perder,
O céo tinha de colher
Uma alma quasi perdida
Que depois de arrependida
Podia se converter.
213
id =
Já de Ferrabraz a vida
Se divulgava num sopro,
Cada parte de seu corpo
Tinha uma mortal ferida,
A força muito abatida
Elle de todo mudado
Pallido e ensanguentado
Oliveiros viu com calma
Que o turco só tinha a alma,
O corpo estava acabado.
214
—40—
Já estava Ferrabraz
Muito rendido ao cansaço,
Já o seu esquerdo braço
Não o podia erguer mais,
Porque não era capaz
De resistir mais uma hora
E Oliveiros por fóra
Conheceu-lhe a gravidade,
Com toda amabilidade
Disse —Ferrabraz, agora.
Se tu chegasse a crer
Na Santissima Trindade,
No Poderoso Deus Padre,
Havias de conhecer
Que ao mundo rege um poder
215
Eq
De grande sabedoria,
Que a tudo alimenta e cria,
"ez o ceu, a terra, o mar,
E é mais puro que o ar
Mais claro que o proprio dia.
216
AD
Disse o turco—cavalleiro,
Isso eu não hei de fazer
Sujeitarei-me morrer
No campo do desespero.
Tenho os louros de um guerreiro!
Brazão, honra, assim por deante,
Ainda que vá avante,
sto assim nunca farei,
Não deixo a lei que adoptei
Por dez montes de brilhante.
217
aihas
Ainda se levantou,
Disse:—Sr. Oliveiros,
Esses são os derradeiros
Golpes que em guerra dou.
Oliveiros o esperou,
Mas não queria o matar;
Seu desejo era o salvar,
Não desejava mais nada
Pôz no réto sua espada
Apenas para constar.
221
safa
Oliveiros se apeiou
E deitando Ferrabraz
Um dos golpes mais mortaes
Alli do turco curou
Sobre uma sombra o deixou
Apenas pôde abraçal-o
Foi obrigado deixal-o
E ir de encontro aos guerreiros
O turco disse Oliveiros
Te monta no meu cavallo.
Tu és prévilegiado
Para afrontar as bravuras
Leva minhas armaduras
Porque irás bem armado
Va munido e preparado
Porque nelles tem cobardes
Os menos de qualidades
Poderão armar ciladas
Eu trago alli 4 espadas
Que valem 4 cidades,
A
E Oliveiros partindo
Disse Ferrabraz comsigo
Aquelle estando em perigo
E” dos que morre surrindo
Rios de sangue sahindo
Inda elle diz, isso é nada
A batalha está travada
Porem elle nada estranha
Joga a vida na campanha
Crer em Deus e na espada
227
o:
228
mis
O almirante balão
Estaya em perigos fataes
Por saber que Ferrabraz
Foi preso por um christão
Nessa desesperação
Lamentando seu estado
Mandou um reforço armado
Com ordens especiaes
(Que trouxesse Ferrabraz
Ou não voltasse soldado.
Oliveiros já estava
Sem lança, arnéz e escudo
Faltando-lhe quasi tudo
Já descoberto brigava
Apenas só lhe restava
À viseira e a espada
Por não poder ser quebrada
Devido a temperatura
Pois foi a lamina mais dura
Que por homem foi forjada.
De turcos exercitados
Na lucta foram pegados
Esses 4 cavalleiros
Onde levaram Oliveiros
Preso com os olhos tapados.
232
LEANDRO QOOMES DE BARROS
VV CCL]
BATALHAS
“DE
A Séêcca do Ceará
- ——— esa
233
“O
BATALHAS
234
qi sui
235
0
236
ai
237
AR
É um grande da Turquia,
Turco de muita energia,
Impera sobre o seu throno.
E' o legitimo dono
Do reino de Alexandria,
238
nie
239
—| —
Ordenou ao escudeiro
O cavallo lhe sellar
E mandou logo apromptar
Arreios de cavalleiro...
E gritou—ande ligeiro,
Me ajude logo a armar,
Pode o turco se gabar,
Matei um dos cavalleiros,
Porem não diz Ofiveiros
Temeu commigo luctar.
24)
fios
Assim que Guarim sentiu
Seu senhor fallar em guerra,
Poz os joelhos em terra
Até por Deus lhe pediu,
Porque imaginou e viu
Que elle não estava capaz,
Porque já era demais
O sangue que lhe sahia
Por isso por Deus pedia
Que não fosse a Ferrabraz,
Quarim, podes descançar,
—Oliveiros respondeu.
Um soldado como eu
Não deixa seu rei chorar,
Pois o turco ha de acrediar
Que mil féras não me comem
As minhas façanhas se somem
Mas emquanto eu não morrer
Ferrabraz ha de dizer
Em França encontrei um homem.
241
a SR
E de um pullo se montou,
Disse-lhe o imperador:
—Pode Oliveiros dizer,
Eu juro o satisfazer
Seja que pedido fôr.
Disse Oliveiros: Senho!!
Não quero cousa de maiís,
E não serei tão capaz
Para tanto vos pedir,
Porem o que quero é ir
Dar batalha a Ferrabraz.
242
cs
Levante-se, cavalfeiro,
Prepare as armas se aprompte
Pegue o cavallo, se monte,
Trate de ser bom guerreiro
Ponha seu corpo ligeiro
243
e,
244
E
245
|
Oliveiros já massado
Disse: turco és um louco...
Levanta-te, senão com pouco
Hei de ferir-te deitado,
Que tempo tem se passado
Nessas tuas discussões
Eu não vim ouvir razões
Vim ao campo pelejar,
Tu és franco no fallar
Vamos vêr tuas acções.
2%
—|
4 —
24
emilio
Depois de se levantar
Ferrabraz se preparou,
A Oliveiros rogou
Que o ajudasse a armar.
Oliveiros quiz faltar
Por achar que era um perigo.
Disse Ferrabraz: lhe digo
Confie em minha nóbreza,
Eu não uso da vileza
Para com meu inimigo.
Oliveiros se apeiou
Ajudou a Ferrabraz.
Com cortezias iguaes
Elle tambem o tratou,
Quando Ferrabraz se armou
Vestiu a saia de malha
Na qual não tinha uma falha
Feita por outros guerreiros,
Montaram-se os cavalleiros
Deram começo a batalha.
248
=Ãõ=
249
e 17
Oliveiros recebeu
Um tão desmarcado
Que ficou atordoado
250
cefiia
2ol
Com tanta disposição
Que só se tivesse são
Teria tanto valor.
Deu-lhe um golpe matador
Porem pegou mal ado,
Feriu o turco de um lado
Ferrabraz se desviou
Tirando o balsamo e tomou
Ficou de tudo curado.
Oliveiros entristeceu
Quando viu Ferrabraz são,
E disse no coração
Quem perde a lucta sou eu...
Porem não esmoreceu
Nem deu mostração de falha
Como o homem que trabalha
Disse sem poder conter-se,
Falta pouco para vêr se
O fim de nossa batalha.
Disse o turco
— cavalleiros :
Tu já estás muito ferido
Queira acceitar meu partido
Renda-se, prisioneiro,
Assim lhe farei o herdeiro
Do reino de Alexandria,
E tem mais a garantia
De hoje para amanhã,
Casarás com minha irmã,
A flores de toda Turquia.
292
mm DU
Ferrabraz admirado
Por ver tanta ligeireza,
E ver aquela destreza
Em quem já estava cançado,
Viu Oliveiros curado
De todas suas feridas
Suas forças abatidas,
Mas estava tão renitente
Que parecia-lhe um emte
ani tio
Oliveiros respondeu:
Ferrabraz fique sabendo
Que a tudo Deus está vendo
En o mundo todo é seu,
m guerreiro como eu
Não vae atraz de cilada
Com Deus não me falta nada
Me bastam os prodigios seus
Não quero mais do que Deus
Uma lança e uma espada.
E tornou a Investir
Que só um leão voraz.
E disse: Senhor Ferrabraz
E tempo de dicidir.
Só se ouvia era timir
As espadas pelo ar.
Roldão que estava a olhar
254
E
De vez em quando dizia:
Oliveiros eu queria
Estar agora em teu logar.
Já tinha se espedaçado
Arnéis capacête e tudo,
Não tinha mais um escudo
Que não tivesse quebrado.
As lanças tinham voado
Só as viseiras existiam
Elles já mal se cobriam
Nas horriveis cutiladas.
Somente as duas espadas
Sem damno algum resistiam.
Oliveiros se preparou
E partiu ao inimigo...
O turco viu o perigo
E pé firme o esperou,
Uu golpe nelle deitou
Com tanta disposição
Sem ser proposito ou traição
Nesses golpes tão ligeiros,
O cavallo de Oliveiros
Cahiu sem vida no chão.
Turco tu estás bem montado
E meu cavallo morreu.
Ferrabraz lhe respondeu:
Mas eu não fui o culpado.
Não ficarás desarmado
|
S
O cm
Eu agora me lembrei
Da falta que commetti,
Mas foi porque me esqueci,
to i
DÁ são
Por isso não relatei.
Porem sempre falarei
Para o leitor se agradar,
Quem sabe ha de se lembrar
Na lucta dos cavalleiros.
O cavallo de Oliveiros
Quando quiz desembestar.
Com a grande cutilada
Que Oliveiros receter,
Quando o cavallo correu
Não obedecendo a nada,
Sahiu numa desfilada.
Mas o turco o atalhou
Oliveiros até pensou
Que fosse alguma lragedia,
O turco pegou na redia
E o cavallo parou.
E tornaram-se bater
=)
so
Disse Oliveiros:—então
Tua espada não torasse,
E' porque não encontrasse
Com a espada de Roldão.
Elle com ella ma mão
Nunca encontrou ferro duro,
Nem arnez de aço puro
Que seus golpes resistisse,
Nem metal que não rangisse,
Nem cavalheiro seguro.
258
sm) sora
E partiu determinado
A Ferrabraz degollar,
Mas não poude aproveitar
O golpe descarregado.
O turco pulou de um lado,
Um golpe neHe mediu.
Quando ÓOliveiros sentiv
O braço ihe estremeceu,
Do golpe que recebeu
A sua espada cahiu.
299
ses ema
200
— 28 —
Ferrabraz a resistir
Estava com 1anta paixão,
Oliveiros só leão
Quando alguem o quer ferir,
Disse—vamos dicidir
261
cm DO ma
E tornou a repetir
Outro golpe desmarcado,
O turco muito cançado
Quasi o golpe o faz cahir,
Não podendo resistir
O golpe não respondeu,
Oliveiros conheceu
A falta de ligeireza,
Mas viu que aquella fraqueza
Não era defeito seu.
Disse Oliveiros comsigo,
Meu Deus—-se vós concedesse
Que esse turco conhecesse
262
mis
Já de Ferrabraz a vida
Se divulgava num sopro,
Cada parte de seu corpo
Tinha uma mortal ferida,
A força muito abatida
Elle de todo mud:do
Pallido e ensanguentado
Oliveiros viu com calma
Que o turco só tinha a alma,
O corpo estava acabado.
263
it
já estava, Ferrabraz
Muito rendido ao cansaço,
já o seu esquerdo braço
não o podia erguer mais,
Porque não era capaz
De resistir mais uma hora
E Oliveiros por fóra
Conheceu-lhe a gravidade,
Com toda amabilidade
Disse —Ferr2braz, agora,
Se tu chegasses a crer
na Santissima Trindade,
No Poderoso Deus Padre,
Havias de conhecer
Que ao mundo rege um poder
De grande sabedoria,
Que a tudo alimenta e cria,
Fez o creu, a tera, o mar,
E" mais puro que o ar
204
E
265
aà qo
Dizendo—Apollim me valha!
Se levantando cançado,
inda dizia animado:
—Vamos dar fim a batalha,
A morte não me empalha,
A vida é como um segredo,
O mundo um cruél degredo
Onde um mysterio se encerra,
Golpe de espada na guerra
Jamais me mata de medo.
266
Ai
267
q a
268
iG
E Oliveiros andando,
Por uma estrada que havia
Viu que de um monte sahia
A força que estava esperando,
O turco foi se apeiando
E Oliveiros se armou,
Sobre uma sombra o deixou
Foi de encontro aos inimigos,
Um dos maiores perigos
Que Oliveiros encontrou,
269
o,
A Secca do Ceará
270
—38—
21)
aiiO ss
E a fome obdecendo
A sentença foi cumprida
Descarregando lhe o gladio
Tirou-lhe de um golpe a vida
Não olhou o seu estado
Deixando desamparado
Ao pé de si um filinho,
Dizendo já existisses
Porque da terra sahisses
Volta no mesmo camirho,
274
aca
Examinar a fraqueza
Da fragil humanidade
A natureza a sorrir
Vela sem vida cahir
Responde: o tempo é debalde.
O geverno federal
Q ierendo remia o Norte
orem cresceu o imposto
Foi mesmo que dar-lhe a morte
Um mete o tacão e ro a-o
QU Estado aqui esfola-o
Vai tudo dessa maneira
O municipio acha os troços
Ajunta o resto dos ossos
Manda vendel-os na feira.
FIM
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Dol
O
/
lit
2
O editor e proprie-
tario reserva os direitos
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do com o artigo 649do
Codigo Civil.
282
253
AAA AT
a,
Md AAA
: dd o O o A nd o o dt cdi ci
Peleja de Antonio Baptista e Manoel Cabeceira
!: — LEANDRO GOMES DE BARROS |
———————
co
ÉMuohal Atliro 24
de Beberibe
Pernambuco é um Estado
Aonde tudo se apoia
E quasi todos os annos
Vem de novo uma pincia,
Este anno em Beberibe
Milagre já está de bois,
Dirigi-me a um rapaz
E perguntei-lhe o que era ;
— Disse o rapaz—é um homem
Que o povo no cées espera,
Cura gente com milagre
E é curador de vera.
Disse a pessoa—elle lá
Faz a cousa de maneira,
Que a «Saude da Mulher»
E o «Elixir de Nogueira»
Tem o valor das bananas
De tarde, no fim da feira.
259
a
Os reporters de um jornal
Foram lá, tomaram nota.
Disse-lhe um dos curados
Que ali não tinha lorota
O homem aqui tira lingua
Endireita e depois bota.
Chegou um aleijado
Que causava até assombro,
Às pernas já estavam seccas
Tinha nas ccstellas um rombo,
Foi lá em duas molêtas
Voltou com ellas no hombro.
2971
= Re
A mulher me perguntou
E quem é vossa mercê ?
Eu disse sou seu maridc
Ella disse--quem você ?
Disse—o caçula de todos:
Esse é lá papai o que!
280
e (Ds
O menind perguntou-me
Papai como isso se deu?
De que forma é esse homem *
Como foi que appareceu ?
Cahiu do ceu por descuido ?
Seria trovão que deu ?
259
as Soa
290
ms
BA o
291
- Peleja de Antonio Baptista
e Manoel Cabeceira
B—Cabeceira eu aprendi
Na escola de Romano,
Que no logar que cantava
Deixava a mostra do panno
Tomei lc ão com Ugmlino
Me exercitei com Germano.
292
Fiz Romano atropellar-se
E fiz Germano correr
Abocanhei Ugulino
Porem não pude o morder
293
E qn
294.
ps,
O: see
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a SAS que
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LEANDRO GOMES DE BARROS
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Branca de Neve .
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Soldado Cuerreiro
4
o
A
et
2.
4.—
301
-
Um grande historiador
Narrava um facto importante
Que entre todos os factos
Foi o mais interessante
Sobre a vida de um soldado
E o reino de um gigante.
302
—2—
Veredano olhando bem
Se aproximou de um portão
De onde avistou um palacio:
E um grande pavilhão
Ao mastro de uma bandeira
Estava encostado um leão.
503
e.
Feitas a jaspe e brilhante
Uma cobra de metal
De uma forma enteressante.
304
da sus
Au leste do portão
Havia um grande jardim:
Saindo insensante aroma
De cada pé de jasmim
Como monarcha nem ur
Já possuiu outro assim.
Verdeano observou;
Por aquelle torrião
Passava uma aguia branca
E; saudava o pavilhão
|; a cobra de metal
[azia venia ao lião.,
Klle perguntava a si
isso aqui em que se enverr:
sem duvida é reino encantad:
Que há aqui nesta terra
Quando passou uma dama
Rufaram tambor de guerra
305
ia dis
A estatua do menino
Tinha traços do Trovanno
|: se parecia muito
Com o pae de Verdeano
so sendo feita por elle
Não havia um só engane.
306
si
307
o Ta
Completou 16 annos
Não tinha de que viver
Pegou a faltar-lhe roupa
E até o que comer
Verdiano antes pensou
O que havia de fazer.
308
a co
309
um
310
E|
Em confiava-me nelle
(Quando o combate rompeu
Elle achava-se na frente
311
gt Tum
Pois minuciosamente
Espreitou tudo que viu
Disse que o general
Foi quem primeiro fugiu
De todos officines
Um só a luta não viu.
E Verdeano tirou
Cem praças do regimento
Tirou 10 cabos de esquadras
E levou mais um sargento
Fez o exercito da Syria
Deixar o acampamento.
312
|
313
gi usos
Trez galões de oficial
Para jurar este falço
A magestade real.
314
Quando o soldado ia prezo
Ouxiu rugir uma fera
E echoar no espaço
Uma voz grossa e severa
(Que dizia: Verdiano !
Branca de Neve te espera,
O soldado conhecendo
Ser aquillo uma ambição
FE não era mais que inveja
Aquella horrivel traição
Poude soltar um dos bracos
Arrebatou um facão.
Derribou o general
Arrebatou-lhe a espada
Que na mão do domno della
scEus
Não tinha valor de nada
Mas na mão de Verdeano
Era uma lamina afiada.
Exclamava um capitão
Como chegamos ao rei?
O general soluçando
Dizia; eu que contarei ?
Se o rei perguntar-me como
Eu !!.. respondo; não sei.
316
cu E cus
Eu nunca vi um cavallo
Como o que elle tomou
Nas redias do freio d'elle
Nunca inimigo pegou
Na guerra de Babylonia
Muitos a couce matou.
317
cai
Que não fosse devorada.
Chegando ao pé da montanha
Era logo arrebatada.
O soldado perseguido
Pelo reforço que vinha
Seis mil praças atraz delle
Estendidas numa linha
Então aquella montanha
Era o socorro que tinha.
O soldado conhecia
De todo aquelle perigo
Mais para onde elle fosse
Emfrentava o inimigo
Disse eu. entro na montanha
Embora acabem commigo.
«
3] «>
fintão do centro da mata
Saiam grandes rugidos
(Jue só pareciam ser
Dc bichos desconhecidos
Mais de 11) officiaes
Perderam logo os sentidos,
319
mt a
O soldada perguntou
Que patrão é esse seu?
Não posso dizer seu nome
O negro então respondeu
K terminando essas frases
Contra elle se enfureceu.
O cavallo do soldado
Duas horas rezistiu
Ficando muito cauçado
Esbaforido cahiu
Felizmente que na luta
O negro não o feriu.
320
Ficou Verdeano a pé
Parem não esmoreceu
Alli chegou uma moça
Um liquido ao cavallo deu
O cavallo ficou bom
Rapidamente se ergeu,
321
sontii
E no que se desviou
Pegou o negro de geito
Descarregando-lhe um golpe
Tirou-lhe o braço direito
Depois foi que conheceu
Aquillo ser um defeito
322
E disse ao negro; desculpe
Eu o ferir desse lado
Eu firo meu inimigo
Porem o conservo armado
O negro fez-lhe continencia
Disse-lhe muito obrigado,
Verdeano ficou só
Olhando para o caminho
Ouviu alguem perguntar-lhe
Guerreiro estás sosinho?
Trouxeram-lhe uma bandeja
Com fructas, pão, e com vinho.
325
Bico
Entrega as armas troyano
Esse indio que estás vendo
Resiste batalha um anno.
E ia repetir outro
Porem suspendeu a mão
No peito de Verdeano
Viu um sino Salomão
Recuou cinco ou seis passos
Com grande admiração
324
Dalli o soldado Ouviu
Vma peça detonar
E no cume da montanha
Uma corneta tocar
Ouvia pedir socorro
Uma pessãa chorar.
Empunha-ndo a espada
Se enterrou de mata a dentro
Deparou com uni jardim
Mormurou consigo eu entro
Os gritos continuavam
No jardim porem ao centro.
329
cs DM
326
E
O guerreiro conhecendo
Que podia ficarar tarde
E se a moça falecesse
Elle seria um covarde
Partiu-lhe logo as algemas
E poz ella em liberdade
321
e
Que se ouvio o ar tremer
A serpente ficou só
Tratou logo de correr,
O soldado perguntou
Inda tenho que luctar?
Disse o jovem eu tenho medo
Não torne a fada a voltar
Ella deixou o condão
Pode ainda o procurar.
Verdeano perguntou
Pela vara de condão
Branca de Neve lhe disse
Está enterrado no chão
Sete braças de fundura
Dentro de grande caixão.
3206
Depois dessa operação
Coulocar-me numa furna
Então ja tinha escolhido
Uma montanha suturna
Para depois encantar-me
Numa ave feia e noturna,
329
— 99 —
350
o,
3951
E,
A varinha de candão
E depois do casamento
Fizessem bôa união.
As testemunhas de Branca
Foram duas assucenas
Um nevoeiro auri-verde
Duas estrellas pequenas
Duas garças muito alvas
Com letras d'ouro nas penas.
As testemunhas do noivo
Foi a planta da estrada
Por onde elle conseguio
Entrar na serra encantada
Foram suas testemunhas
À planta e a sua espada.
352
Obras do Autor
ROMANCES COMPLETOS EM VER-
SOS A 1$000 RS.
e. .
333
INDICE
PREFÁCIO . VII