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F. A. CASTRO
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RESUMO DO LIVRO
2
SUMÁRIO
VERBETES TEMÁTICOS
ÁGUA
Águas do Norte
Águas do Sul
Águas de Maceió
TERRA
Terra de ícones
Terra das maravilhas
Terra de valentes
Terra de heroínas
Terra do cangaço
Terra dos vilões
Terra da poesia
Terra de campeões
Terra de futebol
GENTE
Profissões e ofícios
Índios das Alagoas
Negros das Alagoas
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Ilustres iletrados
Figuras populares
Figuras do Carnaval
Legião estrangeira
Memória da Imprensa Alagoana
Memória política e parlamentar
CULTURA POPULAR
Folclore e Folguedos
Mestres do Patrimônio Vivo
Pensadores do folclore alagoano
ARTE POPULAR
Música
Teatro
Dança
Cinema
Artes Plásticas
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LITERATURA ALAGOANA
Pioneiros
Livros do século XX
Alagoanos imortais
Escritores e poetas
Escritoras e poetisas
Caldeirão Cultural de Lindoso
Alagoanos Universais
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Interior de Alagoas
Litoral de Alagoas
Ambientalistas alagoanos
ÍNDICE REMISSIVO
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ÁGUAS
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ÁGUAS DO SUL
7
uma gruta que guardava “grande quantidade de corpos humanos
ressequidos, quase petrificados”. Quanto às inscrições rupestres,
dois renomados exploradores, o americano Richard Burton e o
inglês John Brenner, em trabalho nas regiões do São Francisco e
do Sertão de Alagoas, descobriram paredões “com estranhos
caracteres feitos nas pedras”, em Olho d´Água do Casado, Piranhas
e Santana do Ipanema.
8
foi o monte Pascoal, na Bahia, mas a Serra da Nacêa, em Anadia.
Em um relato vibrante e histórico, mas sempre presumindo os
fatos, Altavila conta ainda que foi no litoral de Coruripe o
“possível ancoradouro da esquadra” de Cabral. Leia trechos do
livro, colhido da quarta edição, com o chancela do Departamento
Estadual de Cultura e anotações do historiador Moacir Medeiros de
Sant´Anna.
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pelos navegantes Américo Vespúcio e André Gonçalves. Para os
índios ele sempre se chamou opara (rio mar), mas foi o navegador
italiano Vespúcio, que o batizou de rio São Francisco. No comando
de quatro caravelas, ele navegou a costa marítima das terras recém
descobertas, e em 4 de outubro (dia de São Francisco), chegou à
foz do grande rio. Só em 1522, durante as Capitanias Hereditárias,
é fundado o primeiro núcleo de povoação de todo Baixo São
Francisco, hoje a cidade de Penedo.
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Índios Caetés dominavam litoral Sul
11
João Ribeiro Lemos, professor e historiador alagoano em
História de Coruripe, 2004, edição do autor
12
Nota de Elcio de Gusmão Verçosa, em Cultura e Educação
nas Alagoas – História, histórias, Secretaria de Educação -Maceió-
2001
13
Elcio de Gusmão Verçosa, em Cultura e Educação nas
Alagoas – História, histórias, Secretaria de Educação -Maceió-
2001
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conquista do sertão e semiárido alagoano, com a criação da
chamada “civilização do couro” (termo cunhado pelo historiador
cearense Capistrano de Abreu). Uma sociedade de estrutura social
mais simples, com um mínimo de distância social entre os “donos”
da terra e do gado com o vaqueiro-tangedor, sem o uso do trabalho
escravo negro comprado dos navios negreiros.
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“Os moradores eram empregados no corte da madeira de lei
destinada aos estaleiros de Lisboa e da Inglaterra, Eram matas ricas
em madeira tortas para o cavername dos navios. Daí surgiu uma
sociedade complexa e muito hierarquizada, de imensos latifúndios,
polarizada entre a casa-grande e a senzala”.
Dirceu Lindoso, em Primeiros Passos da Formação de
Alagoas, livreto publicado pela Secretaria de Comunicação de
Alagoas, 2005
Grandes lagoas, grandes latifúndios
16
Elcio de Gusmão Verçosa, em Cultura e Educação nas
Alagoas – História, histórias, Secretaria de Educação -Maceió-
2001
17
solo, para o transporte da produção, para o banho dos animais;
também para o seu banho e o da sua família”.
Catarina Agudo Menezes, no trabalho Alagoas de Marcgraf,
apresentado no 1º Simpósio de Cartografia Histórica, em Paraty
(RJ) – 2011.
18
ÁGUAS DO NORTE
19
“Após o assalto e tomada de Rio Formoso (PE), Calabar
lembrou a necessidade de transportar-se a campanha para Alagoas.
À frente de 400 homens, embarcados em seis navios e oito barcaças
velejou para sua terra, trazendo o desígnio de apoderar-se de Porto
de Pedra e Porto Calvo”.
Moreno Brandão, História das Alagoas, Uneal – 2004,
Arapiraca
20
Holanda desanimada por tantos reveses amadurecia a ideia de
abandonar o Brasil”.
Romeu de Avelar, em Calabar (Interpretação romanceada
do tempo da invasão holandesa), 2ª edição, 1973, edição do
Departamento de Ciência e Cultura do Governo de Alagoas
21
Calabar. Na verdade, o que contou mais para as vitórias dos
invasores foram o aumento dos investimentos da Companhia das
Índias e a troca do comando militar, com a chegada do coronel
polonês Christoffel Artichewsky, que ouvia muito os palpites do
Calabar”.
Entrevista com o professor Ronaldo Vainfa, professor de
História da Universidade Federal Fluminense, na revista
Continente, Imprensa Oficial de Pernambuco, 2016
22
“A lealdade de Calabar se expressa no decurso da guerra.
Segundo os cronistas portugueses, Calabar colaborou, guiou e
comandou muitas investidas holandesas no território através das
quais efetuou as tomadas de Igarassu em 1632, de Rio Formoso,
Itamaracá e Rio Grande do Norte em 1633 e de Nazaré do Cabo em
1634, além de sitiar o Arraial do Bom Jesus em 1635”.
Regina de Carvalho Ribeiro, no artigo Calabar: um
intermediário cultural no Brasil Holandês, 2013
23
bem dispostas e já conhecedoras das melhores posições. Penso que a
fortaleza cairá de hoje para amanhã, caso o major Calabar e o
comandante Gastman já tenham entrado em entendimentos com os
janduis. A bordo ficou-se a aguardar ansiosamente a resposta (da
rendição), não obstante ter-se a certeza de que a praça se renderia, e
com mais sobejas razões, porque Calabar se achava em terra fazendo
entendimentos com os moradores e índios da cercania”.
Romeu de Avelar, em Calabar (Interpretação romanceada
do tempo da invasão holandesa), 2ª edição, 1973, edição do
Departamento de Ciência e Cultura do Governo de Alagoas.
24
rendeu-se com honras militares, entregando a Capitania da Paraíba
aos neerlandeses”.
Romeu de Avelar, em Calabar (Interpretação romanceada
do tempo da invasão holandesa), 2ª edição, 1973, edição do
Departamento de Ciência e Cultura do Governo de Alagoas.
25
não confiar em Souto, Matias ganha a famosa batalha de Mata
Redonda e captura Calabar. Ele é preso pelo seu ex-comandante, e é
julgado por crime de Lesa Majestade, e em plena praça pública, no
adro da igreja, é enforcado e esquartejado, e partes de seu corpo
espalhados pela cidade, em postes e paliçadas”.
Romeu de Avelar, em Calabar (Interpretação romanceada
do tempo da invasão holandesa), 2ª edição, 1973, edição do
Departamento de Ciência e Cultura do Governo de Alagoas.
26
Jayme de Altavila, no livro História da Civilização das
Alagoas, edição do Departamento Estadual de Cultura – Maceió
1952
27
A aula do mestre Dirceu continua, quando ele ala de outro
importante curso de água da região Norte,o rio Camaragibe:
28
que lhe deu de presente à sua terra, e uma estratégia econômica,
pelas facilidades do transporte do açúcar e o escoamento da
produção pelo rio Manguaba, até a foz. Apesar do começo do fim
dos engenhos e banguês, que já estavam em decadência de sua
produção por queima do carvão e a destruição das matas
(começava a faltar lenha para as fornalhas de cozimento do
açúcar), foi no coração dessa mata úmida, entre árvores magníficas
e madeiras excelentes e às margens resplandecentes dos rios, que
começou a se erguer a civilização açucareira nestes núcleos
pioneiros das Alagoas.
29
Guerra dos Cabanos: episódio “esquecido” (1832-1850)
30
Maragogi e de Jacuípe, de índios cariris aldeados, e de brancos
pobres moradores de engenho, sob a liderança de Vicente de Paula,
que era chamado de Capitão de Todas as Matas. Vicente de Paula
liderou o quanto pode o grupo que queria implantar uma nova
sociedade alternativa na mata alagoana. Mas os governantes de
Pernambuco e Alagoas fizeram um cerco em 1834, e decidiram
atacá-los na mata, com um exército de mais de 4.000 homens. Os
cabanos seriam sitiados. Foi dado um prazo para a população
evacuar o espaço, o que reduziu o número de integrantes dos
grupos, limitados, agora, aos mais comprometidos com a revolta e
os escravos negros, por preferirem a luta à escravidão. Outra tática
utilizada pelos governadores foi a promessa de anistiar os
dissidentes que se entregassem. Em 1835, se renderam os
derradeiros cabanos de Alagoas e Pernambuco, mas Vicente de
Paula foge para o sertão.
31
Luiz Sávio de Almeida, Memorial Biográfico de Vicente de
Paula, Guerrilha e Sociedade alternativa na mata alagoana. Edufal,
Maceió, 2008
ÁGUAS DE MACEIÓ
32
Passados episódios de relevância histórica, como a Guerra
de Palmares, a capitulação holandesa e a revolução Pernambucana,
Alagoas é desmembrada da capitania de Pernambuco, por um
decreto régio de Dom João Sexto, datado de 16 de setembro de
1817, que deu legitimidade jurídica a um processo histórico de
quase dois séculos que viera acumulando. O decreto erigiu a
comarca das Alagoas à condição de capitania, isentando-a
absolutamente da sujeição ao governo da capitania de Pernambuco.
33
Três anos depois de sua emancipação política, em 1819, um
novo recenseamento acusou uma população de mais de cento e
onze mil pessoas (111.973). Na nova província de Alagoas já tinha
oito vilas, 13 freguesias. O ouvidor Antonio José Ferreira Batalha,
foi o principal mentor da então comarca de Alagoas, aproveitando-
se da situação – ele não aderiu à revolução Pernambucana, ficando
fiel à Coroa Portuguesa - e infringindo as próprias leis régias,
desmembrou a comarca da jurisdição de Pernambuco e nela
constituiu um governo provisório. Esses atos foram suficientes
para abrir caminhos que levaram D. João a sancionar o
desmembramento. Mas o ouvidor perdeu a batalha: Sebastião
Francisco de Melo e Póvoas foi governador nomeado, mas que só
assumiu em 22 de janeiro de 1819.
34
Depois de passados episódios e fatos, alguns deles ainda não
tão claros à luz da historiografia oficial, de como realmente eles
aconteceram- como por exemplo, a derrota dos Cabanos, o
extermínio dos Quilombos dos Palmares e o caso da “traição” de
Calabar - em 16 de setembro de 1817, em ato do príncipe regente,
Alagoas é desmembrada e emancipada da capitania de
Pernambuco. Mas há controvésia entre historiadores sobre o
verdadeiro sentido do ato real. Se foi um prêmio à fidelidade dos
alagoanos em contrapartida à audácia e ao sentimento de
natividade dos pernambucanos, que tinham acabado de vencer a
Revolução Republicana, ou em consideração ao nível de
desenvolvimento que chegara à região. Alagoas, na época, já havia
ultrapassado, em índices de renda, em relação a algumas
capitanias, como a da Paraíba.
35
Rebeliões na transferência da capital
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igrejas, desta vez de alegria, pois se sabia que era irreversível o
processo de trasferência da capital. O epsisódio não se encerraria
por ali, muita coisa aconteceria. Os alagoanos jamais perdoaram a
ação enérgica de Sinimbú, e a política alagoana, por muito tempo,
amargou essa divisão, com conseqüência nefastas”.
Douglas Apratto Tenório, em Memórias Legislativas, no 4,
Visconde de Sinimbú – Emérito Estadista do Império, 1998
37
úmida, aquosa. Desde o nome do estado, Alagoas, e o da capital -
talvez do tupi maçayó, o "alagado", ou o "que tapa o alagadiço". Até
os bairros - Poço, Levada, Bebedouro. Os de povoações do
município, como Riacho Doce, praia belíssima, cenário de um
romance de José Lins do Rego, e famosa pelo seu petróleo, e os
nomes de vários lugares do interior: Volta D' água, Bica da Pedra,
Água Branca, Barra Grande, Barra de Santo Antônio, Barra de São
Miguel, Minador do Negrão, Olho d' Água das Flores, Rio Largo,
Porto Calvo, Porto de Pedras, Porto Real do Colégio".
Aurélio Buarque de Holanda em Alagoas: roteiro cultural e
turístico. Pierre Chalita, Carmem Lúcia, Solange Berard. Maceió –
1979
38
tudo: a economia, a vida literária, as formas de moradia, o transporte
e a fixação da vida rural e urbana”
39
que traz a poesia Planta de Maceió, mostrada aqui em sua segunda
parte:
40
Ele ressalta um roteiro preciso do quanto era exuberante a região
formada no entorno das grandes lagoas Mundaú e Manguaba.
Octávio Brandão percorreu um total de 1.500 quilômetros, sendo
600 a pé, em viagens e excursões para escrever Canais e Lagoas.
“Fiz penosas caminhadas, atravessei Calunga, em novembro de
1916, lutei terrivelmente para escapar ao naufrágio e morte”.
41
bairro da Levada. Um píer de concreto facilitava o desembarque
dos voos regulares dos bimotores da companhia Catalina/Panair -
tanto os cargueiros, operados pela Força Aérea Brasileira (FAB),
que mantinha uma base na rua Santo Antônio, no entorno do local
– quanto ao uso civil, as aeronaves transportavam turistas para
Alagoas e o Nordeste.
“Na Levada aterrissavam os aviões, de modo que o viajante
que chega a Maceió pelos ares tem um encontro pitoresco com a
cidade: através da lagoa. É um gosto ver-se aquilo lá de cima; é um
labirinto d’água, a que não faltam o colorido dos coqueiros, os
mangues extensos, os guiamuns pela areia e os pescadores
apanhando sururu nas suas canoas”.
Craveiro Costa, Maceió de Outrora, 1ª edição Arquivo
Público de Alagoas, 1976
42
“era apenas um coqueiro torto que existia no sítio do Chico Zu,
quem queria ver tinha que pular o muro e correr do cachorro”. Mas
o coqueiro se transformou na atração da cidade, mil vezes foi
fotografado, pintado, traduzido em versos, contos e até uma lenda
apareceu. Seu final foi dramático, como uma cena de filme. Dois
dias depois de tombado, tentaram de tudo para reerguê-lo. Teve
guindaste, agrônomo, polícia, jornalistas, e o povo batendo palmas
e dando salvas com emoção. Mas nada adiantou.
43
Pajuçara”. Djavan, o maior cantor das Alagoas, ao escrever
“Azul”, pedia que “alga marinha, vá na maresia buscar ali um
cheiro de azul” e confessava: “essa cor não sai de mim, bate e finca
o pé”. O mar de Alagoas é da cor do mar de Alagoas. O jornalista,
poeta, escritor e boêmio Noaldo Dantas, falecido em 1999,
paraibano de nascimento, fez de Alagoas sua terra natal. Aqui,
viveu feliz, fundou jornais, namorou, tomou um uisquinho, fez
muitos amigos e curtiu como nunca. Inspirado nas cores do mar,
ele escreveu O dia em que Deus criou Alagoas:
44
Pajuçara: ai, ai que saudade ai que dó!
Ai, ai
Que saudade, ai que dó
Viver longe de Maceió
Alagoas
Tem joias tão caras
Que meus olhos
Não cansam de olhar
Uma delas és tu Pajuçara
Praia linda engastada no mar
Quando a lua no céu adormece
Pajuçara se enfeita ainda mais
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Vem a brisa rezar uma prece
Entre as folhas dos seus coqueirais
As noitadas felizes nas ostras
Bons amigos que choram até
Que saudade de Bica da Pedra
E dos banhos lá no Catolé
Recordando estas coisas tão boas
Sou feliz não me sinto tão só
Toda gente que sai de Alagoas
Coração deixa em Maceió
46
Craveiro Costa, Maceió de Outrora, 1ª edição Arquivo
Público de Alagoas, 1976
Maceió a novacap de Alagoas
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mundo... A vila de Maceió é hoje, pela natureza das cousas, o ponto
principal da Província”.
48
Théo Brandão, no prefácio do livro Maceió de Outrora vol.
I. Sergasa Maceió – 1959
49
O Centro foi um dos bairros de Maceió que ao longo da
história que mais sofreu intervenções em sua urb. Nos primeiro
anos do século XX, a chamada Boca de Maceió – onde a capital
começou, há 200 anos, dominada por pescadores, gente simples e
trabalhadores que subiam da parte baixa para a parte alta da cidade
– mudou de forma irreconhecível sua feição urbanística e social.
As transformações começaram com a edificação da Catedral de
Maceió, que depois pontificou a quadratura da nova face do
Centro: a Praça Pedro II, a Assembleia Legislativa, o Biblioteca
Pública Estadual, o prédio da Receita Federal. Sobre o começo
desta mudança, fala o historiador Felix Lima Júnior.
50
atenciosos, aos cumprimentos do supremo dirigente da terra de
Deodoro”.
Felix Lima Júnior no artigo Evocação, do livro Festejos
Populares em Maceió de Outrora, editado pela Associação Atlética
Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 1956
51
Gitó! Pimenta d´água! Óleo de jibóia preta! Mangiroba! Catingueira
rasteira! Mamão jaracatiá! Raiz de juá! Remédio para mulher
desconcertada! Garrafada das sete sementes! A turma ria a bom rir
enquanto dona Apolinária, antiga zeladora da Confraria de Nossa
das Vitórias, da Catedral, fechava a cara, resmungando, e ia rogando
pragas ao doutor”.
52
“Restaurante e bar fundado em 1928, estabelecimento de
primeira ordem, adquirido pela firma Cunha & Cia, garantindo um
serviço a contento de seus fregueses, e espera a preferência do mundo
elegante de Maceió. Cozinha à vista do freguês, e sortimentos
completo de bebidas nacionais e estrangeiras. Pedidos à lá carte e
serviço rápido para o pessoal do salão”.
53
Bye Bye Brasil na Rua do Sol e no Francês
54
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
55
Gustavo Accioly, biólogo do Instituto do Meio Ambiente
(IMA), em entrevista a Mário Lima, jornal Extra, 2003
56
TERRAS
57
TERRA DE ÍCONES
58
caixeiros, meninas namoradeiras, cegos cantando, aleijados,
ferimentos com úlcera cheia de moscas, expondo a moléstia aos
passageiros para arranjar esmolas... toda aquela gente tinha história
de espoliação e tirania”.
Os faróis de Alagoas
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13 e 12 milhas. Alagoas ainda tem os faróis do Pontal do Coruripe,
Pontal do Peba e São Miguel dos Campos, no litoral Sul, e Porto
de Pedras, ao Norte. O farol mais icônico, que fez história, e que
hoje não existe mais, era o velho farol da Jacutinga, que ficava ao
fundo da Catedral Metropolitana, ao seu lado tinha uma praça e um
mirante para o porto de Jaraguá. Teve que ser demolido.
Até o final dos anos 1950, o rio São Francisco era um porto
seguro para barcos, navios a vapor, chatas, grandes canoas como a
Alagoana e a Canindé, que chegavam a carregar 1.200 sacos de
arroz. O porto de Penedo recebia grandes cargueiros, e navios a
vapor transportaram milhares de passageiros, como o mais famoso
deles, o Comendador Peixoto, que fazia a linha Penedo-Piranhas.
Mas hoje, o volume de água do Velho Chico não suporta mais esse
60
grande movimento de embarcações pelo baixo calado. Os navios
foram desativados, as embarcações bonitas só aparecem uma vez
por ano, sempre no começo de janeiro, na procissão naval de Bom
Jesus dos Navegantes. Com o fim das grandes embarcações, estão
desaparecendo também os pequenos estaleiros artesanais.
Carpinteiros construtores, como Pedro de Aristides, do alto de seus
84 anos (em 2010), conhecido em todo Baixo São Francisco, e que
participou da reforma e reestruturação de grandes naus, lembra dos
tempos áureos e a situação hoje no Baixo.
61
“Maceió não tinha campo adequado para estes maravilhosos
engenhos voadores, mas todo mundo via passar pelos céus, em várias
oportunidades, pelas madrugadas e outras vezes em dia claro, entre
os idos de 1931 a 1935. Toda a cidade parava apontando para cima,
com mãos protegendo os olhos da claridade solar”.
Bráulio Leite Júnior, Histórias de Maceió, Edições
Catavento, 2000.
Jangadas da Pajuçara
62
Maceió, minha sereia
Os sinos de Maceió
Os sinos de Maceió
Ledo Ivo
63
na cidade morta.
De manhã à noite
os sinos tocavam
nas velhas igrejas.
Sinos do Rosário
e do Livramento
e da Catedral
sinos da alegria
da fé e tormento
perdidos no vento
sinos dos Martírios
que se irradiavam
pelo firmamento.
64
Navegantes – protetor dos ribeirinhos – se consolidou como a
maior festa popular e religiosa do Baixo São Francisco.
65
Depoimento de Vinícius Maia Nobre, no livro Arte em
Alagoas, de Tânia de Maya Pedrosa – Grafitex 2004
Cachaça Azuladinha
66
sabor de antes, como dizem os “especialistas”. Todo alagoano
boêmio tem alguma história para contar da aguardente de cana
composta de folhas de laranjeira adoçada. Em seu livro, A História
do Turismo em Alagoas, o escritor Luiz Veras Filho, revela que
quem gostava mesmo da cachaça Azuladinha era a atriz francesa
Jeanne Moreau, e o designer de moda Pierre Cardin, italiano
naturalizado francês, que estiveram em Alagoas em 1973, para
participar do filme Joana Francesa, dirigido por Cacá Diegues e
rodado no município de União dos Palmares.
67
madeira oca, e cobertos com pelo de carneiro”. Um modo de fazer
do negro e do índio. Duarte também explica a razão do nome.
68
Praça Dois Leões, em um pedestal próximo ao Museu da Imagem e
do Som. Hoje, a estátua eleva sua tocha com uma das mãos,
olhando o mar de Jaraguá.
Coleção Perseverança
69
A Coleção Perseverança é considerada uma das mais
importantes e raras coleções etnográficas existentes no País com
relação a história do negro e afrodesdentes. O “tesouro” reúne
objetos resgatados do Dia do Quebra (1912) em que os terreiros de
Maceió foram destruídos e queimados por manifestantes anti-
religiosos, integra o acervo do Instituto Histórico e Geográfico de
Alagoas (IHGAL). A coleção reúne esculturas, imagens,
instrumentos, indumentárias e paramentos que resistiram à
perseguição e aos ataques em fevereiro de 1912, quando as Casas
de Xangô da capital alagoana foram alvo da intolerância religiosa e
ficaram totalmente destruídas.
70
classificadas pelo orixá pertencente e a especificação. São fetiches
e insígnias; esculturas e imagens; instrumentos musicais,
indumentárias, paramentos e mais muletas, machados, espingardas
e revólveres de oxum.
71
“Alagoas também se inseriu nessa trajetória e foi fotografada
nesse período, detendo a cartofilia uma memória histórica da
fisionomia arquitetônica, social e cultural da sua capital e de outras
cidades interiorianas. Cartões de bela feição gráfica mostram as
cheias do Rio São Francisco, a Boca de Maceió, os antigos engenhos
e banguês, a dança do coco no meio rural, populares candidamente
conversando nas ruas vazias de automóveis”.
Douglas Apratto e Carmem Lúcia Dantas, em Cartofilia
Alagoana Redescobrindo o Passado, 2ª edição – Sebrae 2009
72
seria o primeiro de Maceió a utilizar tal recurso. Para se ter uma
ideia da importância do hotel na vida da capital, a posse do
governador Costa Rego, em junho de 1924, ocorreu em suas
dependências.
Na boca de Maceió
Popularmente conhecida por Praça dos Palmares, este
ambiente também já foi anteriormente chamado de Boca de
Maceió, pois era o primeiro local onde os visitantes da nova capital
do estado se hospedavam nos hotéis localizados na região, além de
desfrutar dos cafés, dos bares, dos cabarés e das diversas casas de
diversões que se localizavam ao redor. Um dos locais de
hospedagem mais famoso que havia na praça, era o Hotel
Universal, que posteriormente deu lugar ao Hotel Petrópolis, que
era bastante famoso por não sofrer com o ataque de mosquitos que
era bastante freqüentado na época. No auge do ramo da hotelaria,
mais na frente o Hotel Petrópolis foi substituído pelo Bella Vista
Palace Hotel. Construído para ser a residência do comerciante
Arsênio Fortes, em 1929 o hotel foi a leilão. Arrematado, passou a
ser administrado por Romeu dos Santos e depois, passou para as
mãos do ‘capitalista’ Adib Robay, quando ganhou Palace Hotel em
seu nome.
73
Maceió, em 1943, hoje sob a guarda do Instituto Moreira Salles
(IMS), mas aberta ao público. A raridade é considerada – nos
estudos de antropologia sobre a fotografia – uma das mais
importantes coleções fotográficas sobre o Brasil no século XX.
Gautherot chegou a registrar mais 25 mil fotogramas por todo o
país, durante os anos em que permaneceu no Brasil (1940 a 1980).
O acervo foi adquirido pelo IMS em 1999.
74
a história do museu é de emocionar os alagoanos e brasileiros. Ele
surgiu pela determinação do maior folclorista alagoano, Théo
Brandão, que repassou todo seu acervo, garimpado durante 25 anos
de pesquisas ao longo de suas viagens de trabalho e observação.
Em seu discurso de inaguração do novo museu, Théo afirmou que
“a verdade verdadeira é que o Museu não passa de uma sopa de
pedras, que ainda está a ser cozinhada com vagar, paciência e
cautela”. Ele se referia que o “pequeno acervo” doado à
Universidade Federal de Alagoas, mantenedora do museu, não
passava de “materiais de uso comum e diário do nosso homem do
povo”. E assim ele resumia a conquista do prédio próprio, em seu
discurso de 20 de agosto de 1977, na sede do museu, durante a V
Festa do Folclore Brasileiro.
75
Trecho do discurso de Théo Brandão no livro Vida em
Dimensão, edição comemorativa ao Centenário do folclorista
1907/2007, organizado por Cármem Lúcia Dantas, Fernando Lôbo,
Vera Lúcia Calheiros Malta, editado pelo Governo de Alagoas
76
Transfiguração de Rafael, adquirida do Museu do Prado, Lavínia e
Vênus, ambas atribuídas a Ticiano, além de uma madona já
creditada ao ateliê de Leonardo da Vinci e cópias antigas de
Caravaggio e Guido Reni. Do Modernismo, há obras de João
Câmara, Alfredo Volpi, Carlos Scliar, entre outros. Dentre os
artistas alagoanos, há obras de Lourenço Peixoto, Rosalvo Ribeiro,
Fernando Lopes, e Vicente Ferreira de Lima, além de várias peças
do próprio Pierre Chalita e de sua esposa, Solange.
77
preservar e difundir a memória artística e cultural de Alagoas, por
meio do incentivo à produção artística e à execução de projetos
educativos para o público estudantil dos diversos níveis e a
comunidade alagoana. A Pinacoteca, apesar da degradação em seu
entorno, na Praça Sinimbú, se firma como lugar destinado a
promover o conhecimento e o contato com a arte em geral e, em
especial, com a produção contemporânea, buscando ultrapassar o
papel de espaço de observação e lazer. Desde que se transformou
em Museu de Arte Contemporânea, a Pinacoteca o espaço
educativo, democrático e proativo foi consolidado.
78
Relatórios do prefeito Graciliano
79
cultural do país. O editor carioca Augusto Frederico Schmidt foi o
primeiro a supor que atrás daquele texto de teor administrativo se
escondia um escritor. Schmidt teria escrito ou mandado dizer a
Graciliano: “Envie o romance!”. Assim, em 1933, foi publicado o
romance Caetés, obra de estréia de um dos maiores romancista que
o Brasil já teve.
80
Projetos. Tenho vários, de execução duvidosa. Poderei
concorrer para o aumento da produção e, consequentemente, da
arrecadação. (...) Iniciarei, se houver recursos, trabalhos urbanos.
(...) Empedrarei, se puder, algumas ruas. Tenho também a idéia de
iniciar a construção de açudes na zona sertaneja.
Relatório de Graciliano publicados no Diário Oficial,
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2013
81
também pela mística cristã. Regionalista e universal; popular e
erudito. É o caráter multifacetado de suas criações desafiam até hoje
a compreensão por parte da crítica”.
José Nivaldo de Farias, estudioso de Jorge de Lima,
professor de letras na Ufal, autor de “O Surrealismo na poesia de
Jorge de Lima, Editora PUC-RS, 2011
82
estátua do Cristo Redentor (em 1931), até aspectos da vida cotidiana
da cidade”.
Texto de apresentação do portal do Instituto Moreira Sales
(IMS), que desde 2002 detém todo o acervo de fotos do alagoano
Um gigante da fotografia
Até os 24 anos Augusto Malta viveu entre Alagoas e
Pernambuco. Em Mata Grande, sua família dominava toda a
região, indo até mais além, quando seu tio, Euclides Vieira Malta,
tornava-se governador de Alagoas. Em Recife, cumpriu o serviço
militar, quando esperava ser chamado para fazer carreira. Mas para
decepção de Augusto, fora dispensado. Foi aí que tomou coragem
e partiu para o Rio de Janeiro. Ele mudou-se para a Corte Imperial
aos 24 anos, em 1888, e foi trabalhar com comércio de tecidos,
mas depois trocou seu tino comercial, pelas máquinas fotográficas.
83
reúne cerca de 27.700 fotografias do Rio de Janeiro, tiradas por
Augusto Malta durante o período em que atuou como fotógrafo oficial
na gestão do prefeito Pereira Passos, no início do século XX.
Texto de apresentação do portal do Instituto Moreira Sales
(IMS), que desde 2002 detém todo o acervo de fotos do alagoano
84
interior de Alagoas, com algo de senhor feudal e de cangaceiro
reivindicador, foi um dos homens mais doces e ternos que conheci, e
um dos mais fiéis amigos. A lealdade era sua virtude fundamental”.
85
efervescência do Teatro Sete de Setembro, recebendo as grandes
trupes nacionais e os grupos locais que resistem ao tempo. E o
brilho das estrelas não parava aí. Pelo tapete passou meio mundo
do cinema brasileiro e internacional. Cacá Diegues, Nelson Pereira
dos Santos, Sylvio Back, Hector Babenco, e tantos outros,
lançaram seus filmes, Eva Vilma era a lady de Penedo, sempre
liderava as rodas.
86
modernistas em Alagoas. A festa serviu para romper com o que se
entendia como arte e trazer o novo, a liberdade proposta pelo
modernismo. Dois livros do historiador Moacir Sant´Ana formam
a melhor obra escrita sobre o assunto: Documentário do
Modernismo (1978), com toda a memoráblia do movimento - e
História do Modernismo em Alagoas - 1922-1932 (1980). Os
livros trazem a repercussão, em Alagoas, do Movimento
Modernista, desencadeado, em fevereiro de 1922, com a referida
Semana de Arte Moderna, e não só desse movimento de
vanguarda, mas igualmente de um outro, o Movimento
Regionalista do Nordeste. A Festa da Arte foi realizada em 17 de
julho de 1928, promovida por intelectuais da terrinha, como
Mendonça Júnior, Valdemar Cavalcanti, Carlos Paurílio, Mário
Brandão e pelo pintor Lourenço Albuquerque. Aurélio Buarque de
Hollanda, um dos convidados para a festa, deu o tom do
acontecimento:
87
irá assistí-la. São os despeitados e ofendidos ... Também não faz mal.
Porque se fosse todo mundo, o prédio não caberia tanta gente”.
Aurélio Buarque de Holanda, no artigo A Festa da Arte
Nova, do livro Documentário do Modernismo, de Moacir Sant
´Ana, Editora da Universidade Federal de Alagoas – 1978
88
“Eu tinha dez anos quando comecei a fazer os chapéus de
guerreiro. Eu via o meu irmão fazendo e aprendi. É um trabalho
difícil, bonito e importante. Além de confeccionar os chapéus, eu
danço Guerreiro. Comecei com o Caboclinho e agora danço
Guerreiro. É uma tradição de família. Lá todos participam. Com a
morte de meu pai Nivaldo Abdias (também Mestre do Patrimônio
Vivo), hoje, eu estou à frente do Grupo Guerreiro Campeão do
Trenado. Sinto-me feliz por manter a tradição. Eu gosto do que
faço”.
“Tânia de Maya Pedrosa, tudo que ela deseja ela obtém, tal é
sua força. Pesquisadora incansável das artes Nordestinas, em
particular de Alagoas; é com uma tenacidade feroz que ela descobre
novos talentos, aos quais ela dedica grande parte de seu tempo, em
89
detrimento de pintora ingênua (naif). Ela pratica, quase sempre
madrugada afora, com real talento, poesia e efusão de cores”.
Ceres Franco, crítica de arte e galerista brasileira, que mora
no Sul da França, em Arte Popular de Alagoas, Grafitex – 2004
90
vista. Brincou com a verdade erra, perde o ponto. Aí entroncha tudo,
e o bordado perde o caminho”.
Dona Marinita, em Mestre Artesãos das Alagoas, 2ª edição
atualizada, Instituto Arnon de Mello, 2014
O Café do Cupertino
91
Carlos Moliterno, no artigo Graciliano Ramos em Maceió,
na Revista Alagoana de Letras, no quatro, ano IV, dezembro de
1978
92
reduzir o volume. Mexendo sempre. Coloque a metade da manteiga,
os camarões e continue mexendo, acrecente o restante da manteiga,
deixando ferver por 10 minutos em fogo baixo. Para a Farofa: Em
uma panela colocar o óleo e a cebola, levar ao fogo até que fique
transparente. Acrescente a manteiga, o extrato de tomate e o colorau,
mexer até dissolver. Aos poucos colocar a farinha misturando com a
colher.
93
deságuam na lagoa, e outras causas, tornam-se como que degenerados,
pequenos, gordinhos, gostosíssimos”.
Jorge de Lima, Calunga – 2ª edição 1943
94
considerável de tecidos com estampas de várias formas e
motivações florais, com predominância sobre o mais brasileiro dos
tecidos, que é a chita.
95
Américo José Peixoto Lima, em entrevista ao jornal Gazeta
de Alagoas em 25/12/2011
Estes são os Meninos da Avenida que escreveram no livro e
que hoje continuam a contar as histórias de Jaraguá, no blog :
Alberto Cardoso (Cuca), Alberto Rego de Carvalho, Carlito
Lima, Eurico Uchoa, Francisco Nemésio (Chiquinho), Guilherme
Palmeira, Humberto Gomes de Barros, João Kepler, Milton
Hênio, Mozart Cintra, Murillo Rocha Mendes, Paulo Ramalho de
Castro, Paulo de Castro Silveira, Ricardo Peixoto e Sônia
Cardoso...
96
devem apenas à aprovação pela Câmara de vereadores, ou à
indicação isolada de um vereador, do prefeito da capital.
97
a feira começou ao redor de uma tamarineira, “em cujos galhos os
açougueiros penduravam a carne para vender a população”. Quase
140 anos depois, a feira livre se tornou a maior do Nordeste. Todas
as segundas-feiras, em 27 ruas do Centro, centenas de barracas
vendem de tudo e para todos: de lojinhas de secos e molhados,
tecidos, calçados, ferragens, aos pratos feitos de comida de feira
mesmo, como sarapatel, bode assado, buchada e até carne de ave,
como nambu e rolinha. Neste caldeirão calorento do agreste,
também estão os artistas populares como repentistas, cordelistas,
sanfoneiros. Foi neste ambiente que Hermeto Pascoal, natural de
Lagoa da Canoa, buscou inspiração para sua formação musical,
bem como os utensílios que costuma usar em suas apresentações,
como chaleira, bacia, apito de caçar passarinho.
Feira de Viçosa
98
Em atividade há mais de 100 anos, quase sempre aos
sábados, a feira de Viçosa, sempre atraiu os mascates da região da
Zona da Mata alagoana. Lá se encontra de tudo, carnes, peixes,
temperos, macaxeira, inhame, artesanato, calçados, roupas, e as
indispensáveis ervas medicinais da cultura popular tradicional,
geralmente vendidas em alto e bom som pelos comerciantes. A
área total da feira possui cerca de 500 pontos de vendas, que são
bastante variados e setorizados, facilitando a localização por parte
do comprador. Em julho de 2017, o fotógrafo Juarez Cavalcanti e o
poeta e escritor Sidney Wanderley, lançaram o livro A Feira, pela
Imprensa Oficial de Alagoas. Fotográfo e poeta retornaram sete
vezes “ao local do crime”, como explicou o viçosense Sidney
Wanderley, “para confirmar ou desmentir as impressões, os
cheiros, o burburinho, os detritos e as relíquias da memória que em
mim fizeram morada”, completa Sidney. O livro é uma viagem no
tempo, com fotos de Juarez e o texto supimpa de Sidney. Leia
textos do livro:
O começo
99
“eiros” e “eiras” que compõem e colorem a feira e a manhã. Concluí
um poema escrito há quase vinte anos com estes versos: “Não
retornes nunca ao lugar/ em que outrora/ infância e festa se
confundiram”. Retornei – para me confirmar, para me estranhar,
para me contradizer. Para ver a feira, para ler a feira, para sê-la”.
Fim de feira
100
Albuquerque, em Rio Largo. Era um louco ritual, onde a cada
passagem do trem – hoje chamado de Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT) – os ambulantes retiravam os produtos da linha e o
recolocavam após a passagem dos vagões. A feira sobreviveu à
demolição do antigo mercado público, e desde os anos 1930 se
manteve firme, no bairro da Levada, e ainda hoje tem gente que só a
chama de Feira do Passarinho. Até o começo dos anos 2000 a feira
resistiu e em alguns quarteirões as barracas de lona ainda continuavam
as atividades. Mas nada no ariscado comércio no meio do trilho.
Vendia-se de tudo: sapatos, bolsas, peças de automóveis e até
bicicletas. Chegou a ser chamada “Feira do Rato”, pois muitos dos
objetos vendidos – principalmente quando surgiram os aparelhos
celulares – eram receptados de atravessadores e pelos próprios
suspeitos de roubo. Em 2012, o cineasta e produtor Charles Northrup
realizou o documentário Fim da Linha - Viagem além dos trilhos. Ele
explicou seu projeto:
O tamarineiro e os passarinhos
No livro História de Maceió, o cronista Bráulio Leite Júnior,
fala dos tempos primitivos da Feira do Passarinho, que ganhou este
101
nome pela presença constante de gaioleiros e vendedores de pássaros.
Na sombra de um frondoso tamarineiro, os negócios com a venda de
pássaros silvestres, hoje proibida, corriam soltos.
102
engenho que perdiam a hora do trem e eram forçados a pernoitar
na capital.
103
doutor em História e membro da Academia Brasileira de História,
Douglas Apratto Tenório.
Moacir Medeiros de Sant`Ana, em Efemérides Alagoanas,
Instituto Armon de Melo, 1992
104
reuniam familiares maceionses nas tardes festivas e nas noites de
domingo. Canteiros, naturalmente, havia, mas existiam também
largos espaços e calçadas limpas para o passeio das melindorsas e
almofadinhas, olhares furtivos, acenos velados ou mesmo encontros à
luz de lindos e bem trabalhados postes de luz elétrica, em forma de
lampiões. Logradouro limpo. Arejado, espaçoso, que só saudades traz
aos setentões e oitentões de agora, espremidos e emperrados entre
ambulantes, ônibus, barracas, pipoqueiras, montes de lixo”.
Por Bráulio Leite Pedrosa, em Hostórias de Maceió, Edições
Catavento, Maceió-São Paulo, 2000
105
que foi emergindo da terra e das águas, numa leitura caleidoscópica,
de uma época capaz de despertar os poetas, os cronistas e os
pintores, tal seu efeito hipnótico sobre o leitor”.
O princípio
“Quando teria então surgido aquele pequeno braço do mar
que vimos correr por trás do (Clube) Fênix para desembocar no
106
Sobral? Como teria sido cavado aquele Salgadinho onde a geração
dos anos 1930 pescava de tarrafa e pegava caranguejo? Por força
mutável por excelência? Sem nenhuma pretensão de resolver o
enigma, existe aí um fato que deve intrigar o pesquisador, porque,
salvo melhor juízo, surge a hipótese daquele curso ter sido cavado
pela mão humana, a menos que as plantas (mapas) de 1803 e de 1820
tenham omitido sua representação por um engano ou por um motivo
qualquer... Porteriormente foi aquele curso d´água que passava pela
(praça) Sinimbu, desviado para o oitão do Hotel Atlântico, por onde
sai toda a poluição da cidade, infestando a Praia da Avenida e toda
enseada de Jaraguá, num autêntico desatre ecológico”.
O ambiente
“Os ruídos também fazem memória. Jaraguá chegava a ser
barulhento. Ouvia-se o ranger dos bondes em marcha, freando,
fazendo a curva, passageiros batendo nas sinetas, motorneiros
acionando a alavanca. Do cais do Porto, ouviam-se os apitos dos
rebocadores e o assovio de seus vapores, os troles dos trapiches
chiando por cima dos trilho, um o outro fordeco de comendador e
coronel de engenho com aquela buzina “aûa”. Na Sá e Albuquerque
e na Barão de Jaraguá era o tilintar das rodas das carroças a burro,
com aqueles elos metálicos percutindo nas sobra dos paralepípedos.
Na noite lá estavam as pensões da Sá e Albuquerque de cujas janelas
altas saíam amplificados os boleros, tangos e valsas de suas vitrolas
ou conjuntos ao vivo, de onde se destacavam pistões e clarinetes,
intercalados pelas palmas e vivas e às vezes tiros de revólver de seus
ruidosos frequentadores e os gritos de mulheres se mostrando”.
107
O homem
“Como não podia deixar de ser, a humanidade dos trapiches
era exótica, desde o administrador melhorado, ou do proprietário
aristocrata, até os arrumadores, trapicheiros, estivadores, vigias,
operadores de guindaste, barcaceiros e marinheiros. Os trapicheiros,
visto de longe, pareciam um formigueiro em atividade. Todos eram da
mesma cor, faziam movimentos iguais, ágeis e irrequietos, como se
alguma coisa os fizessem agir por automomatismo. Na cabeça, um
turbante enrolado para proteger o peso dos sacos e fardos, um lenço
à moda dos piratas ou simplesmente o forro dos cabelos
encarapinhados, sempre melados de garapa e suor salgado do
corpo”.
Por J. F. Maya Fernandes em Histórias do Velho Jaraguá,
edição avulsa (do autor), Gráfica e Editora Talento, 1998
108
“Uma condessa italiana ficou furiosa com o filme, disse que
só povo subdesenvolvido, para fazer o filme, e matar o animal. Mas
foi a Air France que ofereceu uma passagem para a Baleia ir para
Cannes. A história estourou, mas a tal defensora dos animais seguiu
cética, argumentando que, na verdade, a produção encontrou uma
nova cachorra apenas para exibir aos desconfiados – porque vira
lata é tudo igual”.
109
"A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o
pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo
róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam cobertas de
moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe
a comida e a bebida. Por isso Fabiano imaginava que ela estivesse
com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um
rosário de sabugos de milho queimados. (...) Então Fabiano resolveu
matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a
com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não
sofrer muito. (...) Pobre Baleia. Escutou, ouviu o rumor do chumbo
que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na
bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia”.
110
TERRA DAS MARAVILHAS
111
Paulo Afonso encontra-se situada no centro geográfico das regiões
mais pobres dos Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e
Pernambuco. A visita de D. Pedro II, em 1859, também foi
homenageada por meio de uma placa de bronze. O poeta alagoano
Jorge de Lima, em seu poema Rio São Francisco, descreveu a
beleza da cachoeira e ainda falou de Delmiro, o “cearense que
desceu com uma turbina na mão” e transformou as águas da
cachoeira em energia elétrica para fazer funcionar a primeira
hidrelétrica nordestina.
112
E os braços edificaram a caatinga,
iluminaram os capões,
e quando o mestiço inspirado pelo santo
ia fazer o milagre da multiplicação
e salvar o nordeste e remir o sertao,
o trabuco do irmão lobo calou o grito da raça
Miserere mei.
113
cabeça do cearense Delmiro Gouveia. A descida é vertiginosa,
escadas em espiral, com plataforma para mirante, de onde os olhos
captam uma imagem inesquecível do que resta da cachoeira de
Paulo Afonso, ou parte dela. A visão do Velho Chico cercado por
cânions e corredeiras é colossal, e uma cachoeira transbordante na
entrada do lago da usina, que iluminou boa parte da região até nos
anos 60. Depois de uma intensa luta pela revitalização do
patrimônio do Complexo da Usina de Angiquinho, em Delmiro
Gouveia, o patrimônio foi tombado pelo Estado, e a Companhia
Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) entregou à população todos
os equipamentos recuperados.
Epidendrum alagoensis: a orquídea alagoana
114
espécie, principalmente em Chã Preta, Mar Vermelho e Maravilha.
Aqui em Alagoas são 160 espécies.
115
todo o mundo, só existem duas espécies salvas a partir de um trio: o
gavião que ocorre nas Ilhas Seychelles, na África, e o nosso mutum.
Diante dessa raridade, me empenhei todos esses anos para
reintroduzir essa espécie na natureza”.
Fernando Pinto, presidente do Instituto para Preservação da
Mata Atlântica (IPMA)
Ameaça de extinção
A espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção
no Brasil. Estima-se que existam apenas 500 indivíduos. Em
Alagoas, a espécie fica geralmente perto de rio, estuários e
manguezais. Seu ciclo de gestação é 13 meses. No estado, a pesca
predatória, a poluição e a destruição dos manguezais, estão
116
empurrando peixe-boi para a sua extinção. Em 20 anos de
existência em Alagoas, o Programa de Manejo para a Conservação
dos Peixes-Boi, com base em Maragogi, atingiu taxas de sucesso
que superam muitas outras iniciativas similares existentes no
mundo, elevando a variedade genética da espécie, recolocando as
populações existentes e recolonizando áreas ocupadas no passado.
Mas a luta para salvar o animal não é fácil.
117
das mais lindas paisagens do mar de Maragogi. Durante os séculos
XVII e XVIII a igreja e o mosteiro eram habitados por padres
beneditinos e a servir de abrigo para viajantes católicos durante
suas peregrinações entre o interior e o litoral. No local foram
enterrados alguns destes religiosos, o que torna ainda mais
misteriosa a história do convento.
118
eles: Porto Lino, Porto das Ostras, Bateria, Porto Gersino, Tibau,
Barbaça, Preguinha, Pinheiro, Estaleiro. E no Vale do Grapiúna os
engenhos Caxangá, Areal, Sabiaú e Capivara”.
119
maior do mundo, só perdendo para os Grandes Corais da Austrália.
São 130 km realçados pelo verde dos coqueiros e o azul intenso do
mar. A exuberância das piscinas naturais e biodiversidade da vida
marinha são atrações à parte e de uma beleza indescritível. A Área
de Proteção Ambiental Costa dos Corais, entre Pernambuco e
Alagoas – foi criada em 1997 para proteger os recifes costeiros e
ecossistemas associados, além de fauna ameaçada de extinção
como o peixe-boi marinho. A área estende-se de Tamandaré em
Pernambuco até Maceió, em Alagoas. Embaixo da água fica um
dos mais ricos e importantes ecossistemas do mundo, uma barreira
de recife de corais que se estende, próxima a costa alagoana.
120
Campo Santo), Oxile das ervas (Terreiro das ervas), Ocas
indígenas e Muxima de Palmares (Coração de Palmares). O poeta
alagoano Jorge de Lima, eternizou a Serra.
Serra da Barriga
Jorge de Lima
Serra da Barriga!
Barriga de negra-mina!
As outras montanhas se cobrem de neve,
de noiva, de nuvem, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa,
de argolas, de contas, de quilombos!
Serra da Barriga!
Te vejo da casa em que nasci.
Que medo danado de negro fujão!
Serra da Barriga,
Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga,
cheirando a maconha, cheirando a liamba?
121
Os teus meio-dias: tibum nos peraus!
Tibum nas lagoas!
122
último refúgio de Zumbi dos Palmares. Seu nome deriva de seus
cabeços mais importantes – os Dois Irmãos, separados entre si pela
cachoeira do rio Paraíba e que se situam na divisa entre os
municípios de Viçosa e Cajueiro. Constituem-se em atração
turística natural, distantes 8 Km da sede municipal e entrecortados
pela via férrea. O historiador Alfredo Brandão criou, em 1900,
uma bela “estória” para “explicar” a gênese dos Dois Irmãos – a
lenda de Inhamunhá, a meiga e sedutora iara que teria cometido o
suicídio (convertendo-se após a morte na cachoeira do Paraíba)
para evitar o combate de morte entre os irmãos guerreiros e
indígenas Pirauê e Pirauá, desejosos de desposá-la. Enlouquecidos
com o trágico desaparecimento da pretendida, os dois irmãos,
possuídos por infinita melancolia, acabaram por transformar-se em
gigantescas pedras que são hoje a serra dos Dois Irmãos. O certo e
indiscutível é que a serra dos Dois Irmãos serviu de refúgio e
esconderijo para o herói Zumbi e seus seguidores, fato este
comprovado através de minuciosas pesquisas empreendidas por
Alfredo Brandão e constantes em seu livro Viçosa de Alagoas. Ou
nas palavras do historiador:
123
Alfredo Brandão, em Viçosa das Alagoas, publicado em
1914
124
da reserva em áreas como flores e vegetações, biótipos, e toda a
fauna e flora locais
125
Na Copa do Mundo no Brasil, em 2014, o Ministério do
Turismo lançou a campanha nacional “As Praias da Copa do
Mundo”, com a escolha de nove destinos por Estado, para trabalhar
comercialmente, com o objetivo de divulgador o destino Brasil em
todo o mundo. Em Alagoas as escolhidas foram Maceió, Maragogi,
Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Barra de
Santo Antônio, Paripueira, Marechal Deodoro e Barra de São
Miguel.
Litoral alagoano
É paixão à primeira vista. Com sol o ano inteiro e uma brisa
gostosa, as praias alagoanas são selvagens, cristalinas, exóticas,
desertas, cercadas de arrecifes e coqueirais, radicais para a prática
do surf, isoladas para o nudismo e mansas como uma piscina
natural. Os 230 quilômetros da costa marítima de Alagoas são puro
prazer e êxtase. É impossível não deixar de apaixonar-se!
Um mundo de águas
A viagem pelo mundo de águas começa pelo litoral Norte.
A praia de Maragogi exibe a maior barreira de corais e piscinas
naturais do país. Nas galés, um inesquecível mergulho onde se
observa a vida subaquática, e o incrível peixe-boi marinho.
Japaratinga é de uma beleza estonteante! O mar é calmo, sem
ondas, águas mornas e claras. Em Porto de Pedras, São Miguel dos
Milagres, Barra de Camaragibe, não se perde o fôlego. São
quilômetros e mais quilômetros de lindas praias, rios, lagoas,
126
mangues, falésias de areia colorida, antigos engenhos do ciclo do
açúcar.
Playground aquático
Na Barra de São Miguel é festa e diversão todos os dias.
Bares na orla, banana boat, jet sky, passeios de lancha, ultraleve.
Um verdadeiro playground aquático. Uma barreira de arrecifes faz
do mar uma piscina, com águas paradas e mornas. O passeio de
lancha até a Praia do Gunga, pela grande enseada da lagoa do
127
Roteiro, é inesquecível. Esta praia é considerada uma das 10 mais
bonitas do Brasil pela revista Quatro Rodas.
Outros roteiros
Massagueira e Barra Nova são pontos de descanso, com
banhos, esportes náuticos e a mais genuína culinária alagoana.
Pontal do Coruripe, uma praia habitada por pescadores - a região
tem grande potencial pesqueiro - com bons restaurantes e
artesanatos, com destaque para as mulheres que trabalham com a
palha.
Mares do Sul
As lagoas da região litorânea do Sul, a rota do cumurupim,
são de beleza rara: Lagoas Azeda, do Pau e de Jequiá. O litoral
Norte tem praias dominadas por imensas falésias, mares desertos e
de difícil acesso. Entre os destaques estão as praias da Barra de
Jequiá e Dunas de Marapé. Pontal do Peba fecha o ciclo das praias
do Litoral Sul. É onde o Rio São Francisco mergulha no Oceano
Atlântico. É possível ver de perto o abraço do Rio São Francisco
com o mar.
128
do Rio Paraíba. Com atitude de 636 metros, Mar Vermellho é uma
considerada uma boa opção também para auxiliar no tratamento de
doenças respiratória, com atestam médicos especialistas. Mas são
as belezas locais de cidade interiorana, com inúmeras fontes de
águas minerais, cachoeiras, passeios a cavalo. Uma bonita estátua
de pedra do Cristo Redentor e o portal na entrada da cidade
recebem vistantes de todas as partes do país. Todos os anos, na
estaão chuvosa, entre junho o julho, é realizado o Festival de
Inverno na cidade.
TERRA DE VALENTES
129
engenho. Os negros fugitivos, denominados quilombolas, sob o
comando de Zumbi dos Palmares, resistiram durante 27 anos aos
ataques, com perdas e ganhos ao enfrentar os canhões de Exército
imperial. O líder negro Zumbi, foi anunciado como morto em
várias batalhas, mas nunca se teve certeza. Vários governadores
das províncias e chefes militares falaram até em cabeça cortada.
Historiadores, como Dirceu Lindoso, sempre duvidaram do fato,
na verdade seria uma mentira oficial para ocultar a força do líder
negro.
“É mais fácil crer que Zumbi – pelo guerreiro que era – fugiu
ou foi preso e não reconhecido, e vendido como outros. Das cabeças
que chegaram aos representantes do rei, nenhuma era a cabeça de
Zumbi, como o império romano, que nunca teve em suas mãos a
cabeça de Spartacus. Zumbi é uma figura histórica de grande
relevância, é a maior figura de herói de nosso povo afro-alagoano e
afro-brasileiro, e que nós, brancos, vivemos a mentir-lhe a história”.
Dirceu Lindoso, O Poder Quilombola, Edufal – 2007.
130
terreiros da capital, com a quebra, retirada e queima em praça
pública dos objetos de culto sagrado. Durante décadas, os negros
foram intimidados pela violência racial e pelo poder local, e os
terreiros tiveram que adotar o Xangô Rezado Baixo, sem o uso de
atabaques. Em 2012, no centenário do Quebra, o governo de
Alagoas pediu perdão oficial. Hoje, Alagoas tem mais de dois mil
terreiros espalhados pelo estado, e que cantam alto.
131
Anistia, em 1979. Essa "operação caça às bruxas" deixou famílias
inteiras aflitas, traduzida em dor, sofrimento e a brutal violação dos
mais elementares direitos humanos. Estes são os alagoanos
corajosos militantes que deram a vida pela democracia.
132
em uma emboscada preparada pelo delegado Sérgio Paranhos
Fleury, Lúcia foi sumariamente metralhada ao reagir à voz de
prisão, no centro de São Paulo: tinha 22 anos.
133
sessão de tortura foi recolhido ao hospital militar do Recife, com
retenção de urina, vomitando sangue, ossos fraturados e ruptura de
rins, baço e fígado. Ele morreu em fevereiro, aos 25 anos. No
atestado de óbito falava em embolia. Foi enterrado com o nome de
Osias, o que dificultou na identificação do corpo.
134
Perfis extraídos do Documento da Comissão Mista do
Congresso Nacional sobre a Anistia e depoimento de familiares e
do livro Dos filhos deste solo, de Nilmário Miranda e Carlos
Tibúrcio, editora Boitempo – 1999.
135
Perdão, Mister Fiel: o filme
Em 1980, foi lançado o livro Manoel Fiel Filho: quem vai
pagar por este crime?, de Carlos Alberto Luppi, pela Editora
Escrita. Já nos anos 2000, estreou em 2009, sob a direção do
cineasta alagoano Jorge Oliveira, o documentário Perdão, Mister
Fiel. O filme conta a perseguição política ao metalúrgico pela
ditadura militar brasileira, que resultou em seu assassinato nos
porões do Doi-Codi. Personalidades como Luiz Inácio Lula da
Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Jarbas Passarinho
e Marival Chaves, ex-agente do Doi-Codi, dão seus depoimentos
sobre o episódio.
136
adiantou. Em 1968, as manifestações estudantis foram lideradas
por Vladimir, contra o regime militar, que culminaram com a
passeata dos 100 mil, no Rio. Vladimir foi preso e banido do país.
Viveu em Cuba, na Argélia e na Bélgica. Foi o último a voltar pela
Lei da Anistia. Foi deputado federal pelo PT em 1986 e reeleito em
1990. Vladimir Palmeira saiu do Partido dos Trabalhadores em
junho de 2011.
137
e relatou – como se fosse um correspondente de guerra – o que se
travou na Revolução Constitucionalista de 1932, no Vale do
Paraíba, São Paulo, na luta contra os paulistas sublevados que
enfrentaram o presidente Getúlio Vargas. O livro Diário de um
Soldado foi escrito em pleno teatro de operações da guerra, entre
14 de julho e 2 de outubro. Uma semana após seu retorno das
trincheiras, o oficial de Transmissão, tenente Mário de Carvalho
Lima, mostra toda sua versatilidade e estreia como correspondente
de guerra, na série “Diário de um Soldado na Revolução
Constitucionalista de 1932”, publicada na primeira página do
Jornal de Alagoas em 31 edições, de 05 de novembro a 20 de
dezembro.
Notícias do front
Toda a série do Diário do Soldado, publicado no Jornal de
Alagoas, foi recuperada e fotocopiada da coleção do Instituto
Histórico e Geográfico de Alagoas, e editada pelo escritor e
engenheiro Américo José Peixoto Lima, filho do general. Na série
e no livro, o tenente mostra episódios de tensão, tiros no front,
encontro de amigos e irmãos em linhas opostas, com texto baseado
em crônicas de guerra bem apuradas e ótimas descrições do que se
passou na linha de combate.
138
Felizmente, no homem a homem, conseguimos transpor as linhas
inimigas. No final, ouvi de um soldado: Ah que vida horrorosa meu
Deus! Era o nosso batismo de fogo... A princípio a notícia não foi
muito bem recebida, pois no meio de nossos soldados havia mais de
80 homens que nunca tinha pegado em um fuzil. Porém, o brasileiro é
soldado por natureza”.
Diário de um Soldado Alagoano no front da Revolução de
1932, Mário de Carvalho Lima, Nossa Livraria, Recife,
organização Américo José Peixoto Lima
139
com um copinho de cachaça ao lado e a mala pronta do outro. E a
família chorando.
Confissões de um capitão
140
Companhia de Guarda em Recife. De índole pacífica e de coração
amoroso e boêmio, Carlito conta como provocou a ira do Exército
Brasileiro em sua passagem pela carceragem de Recife, onde tinha
um tratamento amistoso com presos políticos como o ex-
governador Miguel Arraes - que depois ficou seu amigo – Paulo
Freire (o educador), Paulo Cavalcanti e Francisco Julião, líder das
Ligas Camponesas. Carlito Lima lançou sua primeira obra aos 61
anos. De lá para cá, já publicou mais de 800 crônicas e 18 livros.
“Confissões de um capitão” foi traduzido para espanhol e
comercializado na Feira de Frankfurt, na Alemanha.
141
Freitas. Era mais uma viagem de Freitas à ilha de Fidel Castro,
onde havia participado, em Santiago de Cuba, do Festival de
Cultura do Caribe, conhecido como Fiesta del Fuego. Em sua vida,
Freitas Neto era apaixonado por Cuba, organizou várias viagens
para o país caribenho, abrindo os caminhos entre Alagoas e Cuba,
que foi importante, por exemplo, na luta contra o vitiligo, durante a
gestão da secretária de Saúde, Kátia Born. Seu corpo foi trasladado
para Maceió, dias depois, sem o da sua mulher, que desapareceu no
mar após a tragédia.
142
“Estadão”. Sua capacidade de liderança o levou à presidência do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas, no final da
década de 1970, destacando-se na luta contra a ditadura militar em
seu período final. Como candidato à presidência da Federação
Nacional dos Jornalistas (FENAJ), em 1983, levantou a bandeira
de luta pela Democratização da Comunicação, percorrendo
diversos estados no país. Em 1982, Freitas Neto filiou-se ao
PMDB, por cuja legenda elegeu-se vereador por Maceió. Na
Câmara, contabilizou a sua presença em 314 sessões, só nos três
primeiros anos de mandato, fez 166 discursos e 16 projetos de lei.
143
Texto do jornalista Roberto Vilanova, no artigo O que foi
isso, companheiro? na Gazeta de Alagoas, na edição especial de
20/07/97.
144
multinacionais do óleo; a morte insolúvel de um estrangeiro em
Alagoas, e o fim das minas de petróleo em Riacho Doce, onde
jorrou pela primeira vez. Dois livros são essenciais para conhecer
esta história: O Drama da Descoberta do Petróleo (1958), de Edson
de Carvalho, e o Escândalo do Petróleo (1959), de Monteiro
Lobato. O livro de Lobato é um libelo em favor da luta dos
alagoanos pelo Petróleo, chegou a ter sua venda proibida pelo
governo Vargas, pelo seu conteúdo explosivo e denunciante.
145
Outro mártir do petróleo: o herói aviador
O desaparecimento de Bach retardou muitos anos a
mobilização do petróleo em Riacho Doce. Mais tarde, um senhor
de Maceió adquire da viúva de Bach os direitos sobre os estudos e
os projetos do geólogo, e associasse ao aviador cearense Euclides
Pinto Martins, um herói nacional dos anos 1920, quando fez a
primeira viagem aérea dos Estados Unidos ao Brasil. Pinto Martins
(hoje nome do aeroporto internacional de Fortaleza) já era famoso,
quando após ao famoso "raid" entrou no negócio do petróleo em
Alagoas. Ele foi encontrado morto em seu quarto com um tiro na
cabeça, em um episódio até hoje insolúvel, em 12 de abril de 1924.
146
gente` em Riacho Doce. A chefatura da polícia em Alagoas é
informada de que a vida de Edson de Carvalho corria perigo. A
polícia monta guarda à casa do pioneiro e à sonda. O golpe falha, e
o nome do terceiro mártir fica em branco”. Edson Martins
sobreviveu, mas morreu pobre. Ele descreveu toda sua epopéia no
livro O Drama da descoberta do Petróleo Brasileiro (1958). Edson
narra como fundou a empresa Companhia de Petróleo Nacional,
tendo com sócio o próprio Monteiro Lobato.
Um rebelde do petróleo
Em 1939, morria o poeta, jornalista, advogado e deputado
federal alagoano Emílio Elizeu de Maya, autor do relevante O
Brasil e o Drama do Petróleo (José Olympio: Rio de Janeiro,
1938), que por muito tempo foi usado como bandeira nacionalista
pelos que defendiam o petróleo brasileiro. “Sua posição em relação
ao petróleo, ainda nos idos do fi m da década de trinta, criou
147
especulações”, lembraria muitos anos depois o ex-governador
Divaldo Suruagy. “Seria Emílio um fanático radical de esquerda?
Buscamos ainda em (José Fernando de) Maya Pedrosa a resposta a
tais indagações: Nem fanático, nem visionário, nem utópico.
Emílio de Maya foi, na verdade, um democrata autêntico, que
levou ao debate público, através do livro, as posições assumidas na
Câmara dos Deputados”.
148
“Em determinado dia, no entanto, adentra na redação do
Jornal de Alagoas, com um bau debaixo do braço, uma senhora
baixinha, cara e jeito de guerreira. Era Vicentina Alves de Oliveira,
viúva de Edson de Carvalho, que levava seus pertences pessoais.
Foram dez reportagens especiais, com direito a ameaças, prêmios, e
reconhecimento na Câmara Federal e Assembleia Legislativa, e
repercussão em toda a imprensa nacional. A Petrobras resolveu abrir
seus arquivos a respeito das explorações petrolíferas desenvolvidas
em Riacho Doce. Novos estudos foram programados. Seguiram-se
diversas outras publicações”.
Bartolomeu Dresch, na apresentação do livro O Drama da
descoberta do Petróleo brasileiro, de Edson Carvalho, Imprensa
Oficial Graciliano Ramos – 2010, coleção Pensar Alagoas.
149
quando mal se esperasse, o óleo subiria para o céu com uma força
danada, e todos ficariam ricos”, pag 113. Em 1932, sete anos antes
do lançamento do livro, Alagoas foi destaque no país quando pela
primeira vez jorrou petróleo em Riacho Doce, no poço São João,
da Companhia de Petróleo Nacional, do pioneiro alagoano Edson
de Carvalho.
150
ao clímax em janeiro de 2002, quando assumiu como
desembargador do Tribunal de Justiça, a corte máxima da Justiça
alagoana, onde no ano seguinte chegaria à presidência da casa,
também por merecimento.
O discurso bomba
Em uma sessão tensa, Sapucaia estava impecável, com sua
toga preta reluzente, uma manta vermelha trespassando a cintura.
Ele lia seu discurso com uma emoção impressionante, e suas
palavras caíam como bombas nas caras sonolentas dos
desembargadores afundados em suas cadeiras de espaldar altos.
Era a quarta vez que Antônio Sapucaia tentava entrar na corte por
merecimento, nas outras três vezes fora preterido ou não indicado
na lista tríplice de escolha do pleno do TJ. Entre as afirmações que
causaram grande repercussão está a de que “desembargadores se
locupletam em seus gordos vencimentos”; “vezes sem conta,
magistrados viajam às expensas do Tribunal, sem que uma linha
sequer seja publicada no Diário Oficial” e uma máxima: “O juiz
Nicolau dos Santos Neto, o famigerado Lalau, fez escola (aqui) no
Estado”. Indagado se não temia ficar isolado em conseqüências das
críticas a seus colegas de toga, Antônio Sapucaia afirmou que isso
não o deixa preocupado.
151
ouvidos e bocas de onde saem vozes incontroláveis. Nada do que aqui
se passa permanece hermeticamente entre as paredes, há sempre um
pórtigo ou uma brecha invisível, deixando escapulir os fatos, mesmo
os interna corporis. Pelo que me lembro só uns dois
desembargadores me cumprimentaram no final, mas no calor da hora
não lembro quem foi”.
Teotônio Vilela: o século do menestrel
152
em entrevista a Ana Clara Brant, no jornal Estado de Minas, em
28/05/2017
153
Teotônio: a canção do peregrino
Marchi foi repórter em Brasília durante as décadas de 1970
e 1980 e além de ter convivido com o político de Alagoas foi
amigo pessoal dele. A relação próxima é anunciada já nas
primeiras páginas da obra. Em uma tarde de 1983 sem grande
movimento e sem notícias nos corredores do Senado, o jornalista
foi surpreendido: "Por onde você vai, cabra? Vem comigo pra ver
uma coisa bonita", convocou o então senador. Era a gravação de
Menestrel das Alagoas, composição de Milton Nascimento e
Fernando Brant em homenagem a Teotônio Vilela, que se tornou
um hit nacional na voz de Fafá de Belém.
154
Buscar fruta no quintal?
Quem é esse que conhece
Alagoas e Gerais
E fala a língua do povo
Como ninguém fala mais?
Quem é esse?
De quem essa ira santa
Essa saúde civil
Que tocando a ferida
Redescobre o Brasil?
Quem é esse peregrino
Que caminha sem parar?
Quem é esse meu poeta
Que ninguém pode calar?
Quem é esse?
155
do primeiro comício que marcou a campanha das Diretas Já – em
um dos maiores movimentos de massa já vividos pelo País - morria
em Maceió o menestrel das Alagoas. Teotônio Vilela, que deu o
grito das Diretas Já, não viu nascer a primeira eleição presidencial
que pôs um ponto final ao período de 20 anos da ditadura militar.
156
Senador, deputado federal e jornalista, Pedro da Costa Rego
(1889-1954) foi governador de Alagoas (1924-1928), onde
conseguiu o apoio do Legislativo para realizar as reformas de base
e de infraestrutura. Seu programa de Crédito Agrícola foi uma de
suas marcas. Como jornalista, Costa Rego foi editor de grandes
jornais e revistas do país, e conviveu com Assis Chateubriand,
Austragésilo de Athayde, San Thiago Dantas e Júlio Mesquita –
entre os jornais que trabalhou está o “Correio da Manhã”, do Rio, o
mais influente jornal da então Capital Federal.
157
Como homem público, Costa Rego despertou muita
controvérsia, pois fez um governo forte e conseguiu preservar o
princípio da autoridade, a ponto de modificar a paisagem política,
sobretudo no interior do estado, onde predominava o mando
absoluto dos chamados coroneis. Além de acabar com os
mosquitos e o jogo desenfreado, acabou também, pelo menos por
um tempo, com o banditismo em Alagoas. Ele mandava seu recado
pelas suas mensagens na Assembleia. Como essa, de 1925, com o
título Repressão aos bandidos.
158
Nasceu em Palmeira dos Índios no dia 13 de fevereiro de
1945. Filho de Manoel de Araújo Granja e de Maria Bernadete
Tobias Granja. No início da década de 1960, com 15 anos e já
morando em Maceió, destacou-se como líder estudantil
secundarista, chegando a presidir a União dos Estudantes
Secundarista de Alagoas, a UESA. Depois do Golpe Militar de
1964 foi trabalhar na imprensa do Sul, sendo repórter das revistas
Manchete e Cruzeiro. Nesse período, concluiu o curso de Direito.
Em meados da década de 1970, volta a Maceió e continua no
jornalismo, além de advogar. Foi candidato a deputado federal em
1974, mas não conseguiu se eleger. Exatamente um ano antes de
ser assassinado, no dia 15 de junho de 1981, Tobias redigiu uma
petição ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, que ficou
quase como um vaticínio:
“A arma contra a covardia é a fé, a convicção na verdade.
Nem as emboscadas, nem as bombas nos amedrontam, porque uma
ideia não morre no meio do fogo. Se for preciso, entrego minha vida
em sacrifício”.
159
Rua Augusta, no Centro de Maceió, uma emboscada aguardava
Tobias. O pistoleiro agiu covardemente pelas costas e disparou um
tiro mortal, por trás, em sua nuca.
160
em Maceió, se não fosse a atuação dos estudantes. Autran, que
estava em Recife apresentando a peça, foi intimado pela Secretaria
de Segurança Pública de Alagoas a não apresentar a peça em
Alagoas. Mas diante de um grande barulho dos estudantes
alagoanos, a peça foi liberada. Liberdade foi apresentada para um
público exultante que lotou o Teatro Deodoro por dois dias. No
final o DCE afixou uma placa na entrada do teatro, com frase
cunhada pelo jornalista Luiz Gutemberg: "Nesse teatro, Paulo
Autran cantou a liberdade". Veja o que falou Radjalma:
161
Eugênio Antônio de Oliveira (25) e Pedro Ganhado da Silva (36),
de Coruripe, são verdadeiros heróis esquecidos em sua terra. Muito
mais que a homenagem que receberam ao ganhar o nome de uma
importante rua no bairro da Pajuçara, em Maceió, eles hoje
deveriam estar no panteão dos grandes heróis e dos grandes feitos
de Alagoas. Em 1922, há 95 anos, o grupo partiu de Maceió na
pequena jangada de seis paus, chamada Independência – uma
homenagem à esta efeméride brasileira – e, após percorrerem em
linha reta mais de 1.100 milhas, o equivalente a aproximadamente
dez mil milhas, e 98 dias de viagem, os tripulantes desembarcam
no cais do Arsenal de Marinha, no Rio de Janeiro, quando foram
recebidos pelo presidente da República Arthur Bernardes.
162
Após deixarem a jangada no Rio de Janeiro, que foi
oferecida ao Museu Histórico Nacional, os jangadeiros voltaram a
Maceió a bordo do vapor Santos, do Lloyd Brasileiro. Já dentro da
enseada de Jaraguá, às 8 horas da manhã do dia 21 de dezembro,
foram recebidos por flotilhas de jangadas floridas, de canoas
embandeiradas — vindas das lagoas Mundaú e Manguaba — dos
saveiros, de onde soltavam foguetes, — cujo espocar juntava-se ao
som dos apitos das lanchas e dos navios fundeados no porto — de
lanchas repletas de famílias, de rebocadores levando a reboque
lanchões com o pessoal da estiva que levantava seguidos vivas aos
bravos nautas que retornavam.
163
Com o fim da ditadura de Getúlio Vargas durante o Estado
Novo, vários partidos foram legalizados e realizadas eleições para
presidente, deputados federais e senadores ainda em 1945. No
entanto, a escolha dos governadores e dos deputados estaduais
(além de prefeitos e vereadores) ocorreu apenas em 19 de janeiro
de 1947. O Partido Comunista do Brasil (PCB) foi um dos
primeiros a fazer o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
se habilitar para as disputas eleitorais. Essa legalidade dos
comunistas, entretanto, não durou muito. Em 19 de janeiro de
1947, o PCB em Alagoas elegeu três deputados estaduais. André
Papini Gois, José Maria Cavalcantie e Moacir Rodrigues de
Andrade. Em outubro de 1947, os mandatos são cassados e, em
janeiro de 1948, a brutal perseguição que o governador Silvestre
Péricles aplicava aos comunistas em Alagoas fez com que os três
deputados cassados deixassem o estado. Em 7 de maio de 1947, o
registro foi cancelado no TSE.
164
Após a cassação em 1948, Papini passa a viver em Recife onde
advoga, principalmente em defesa dos operários.
165
Silvestre manda fechar jornal
166
“Se os criminosos, ladrões e assassinos, com fantasias
ideológicas ou sem elas, me aborrecerem, o pau canta e não para
mais. É o que estou dizendo: se me aborrecerem o pau canta e não
para mais”.
167
O PC do B dominava a União Nacional dos Estudantes,
quando em maio de 1979 acontecia, no Centro de Convenção de
Salvador, na Bahia, o famoso Congresso da Reconstrução, a volta
da UNE legalizada desde 1964. Era a estudantada soltando o verbo
na terra de Castro Alves, dez mil estudantes pintando o sete na
praia da Pituba, no Pelourinho e nas quebradas da capital. Mas
dentro do “gigante” Centro de Convenções, que ainda não tinha
sido concluído, a coisa pegava fogo: maconha, socialismo, guerra
de guerrilhas, anistia, os rachas internos do movimento estudantil e
a bandeira azul turquesa da UNE. O alagoano Aldo Rebelo e o
carioca Marcelo Beraba enfrentam-se no discurso. A tendência
Liberdade e Luta – a famosa Libelu - era a mais assanhada e
anarquista: militantes e simpatizantes. O clima era de total
sublevação. A conspiração era geral. “A UNE Somos nós, a UNE é
a nossa voz”, o grito saia a plenos pulmões, de calça jeans, camisas
de malha, bandeiras ao vento. O teatro Vila Velha mostrava shows
de Gil, Gonzaguinha, Ivan Lins. Estava vingado o congresso
anterior, ainda na clandestinidade, em um sítio de Ibiúna (SP), em
1968, quando a polícia fechou o cerco e prendeu 920 estudantes.
Em Salvador, discussões políticas, paz, amor e anarquia.
168
TERRA DE HEROÍNAS
169
magnífica esposa brasileira. Heróica nos gestos e na ação militar. A
força da ancestralidade do 1º século, o sentimento de brasilidade
sempre crescente, concentrou e plasmou nela a figura da matriarca
nem sempre compreendida diante do patriarcado vigente, sobretudo
da classe a que pertencia: a de senhora de engenho”.
Manuel Diégues Júnior, em Dona Ana Lins Matriarca,
Diário de Pernambuco, 26/08/1951.
170
Rosa da Fonseca perdeu grande parte de seus filhos no front
das guerras, quando sete de seus filhos seguiram para os campos de
batalha. Permaneceu junto a ela seu filho Pedro Paulino, tenente
reformado do Exército, literato e estatístico, futuro governador de
Alagoas e senador federal por esse Estado. Morreram os filhos
Afonso Aurélio; o capitão de Infantaria Hyppólito; o major de
Infantaria Eduardo Emiliano; ficaram feridos Hermes e o próprio
Deodoro, sendo que esse último recebera três ferimentos por tiros
de fuzil. Durante as comemorações pela vitória em Itororó, ao ser
informada da morte de Eduardo e da situação de Hermes e
Deodoro, teria dito: "Sei o que houve. Talvez até Deodoro esteja
morto, mas hoje é dia de gala pela vitória; amanhã, chorarei a
morte deles". Seu neto, o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca,
foi o 8º Presidente da República, exercendo seu mandato entre
1910 e 1914. Ao instituir o dia 18 de setembro, data natalícia de
Rosa da Fonseca, a matriarca exemplar, como o Dia da Família
Militar, o Exército Brasileiro presta a devida homenagem à
família, na figura de Rosa da Fonseca, reconhecendo a importância
do espírito de sacrifício e de luta.
171
e fundadores de terreiros, como Chico Foguinho, pai Adolfo,
mestre Roque, Manoel Loló e outros.
172
A primeira versão foi ao saber que ia ser visitada pela Liga
dos Republicanos Combatentes (organização que perseguia os
Xangôs em Alagoas e seus seguidores) com sede em Alagoas,
chefiada pelo sargento que não tinha uma das pernas e ex-
combatente da Guerra dos Canudos, Manoel Luiz da Paz, ela preferiu
atirar-se na cacimba existente no quintal de seu terreiro. A Segunda
Versão, contada por sua filha de Santo Hortência, foi que por não
aceitar submeter-se a aquelas humilhações, teria sido espancada e
morta com ferimentos de sabre na cabeça. Uma das causas da
perseguição religiosa das matrizes africanas em Maceió em 1912, foi
a divergência de duas facções políticas. Uma que frequentava e era
adepta dos terreiros e a outra não simpatizante. Esta última para
atingir seus opositores realizou o “Quebra”, como ficou conhecido
esta violência religiosa. O Quebra era a destruição dos terreiros de
Alagoa”.
Histórias não contadas de Tia Marcelina, texto de Edson
Moreira, um griot (contador de histórias), Coletivo AfroCaeté, 21
de julho de 2010
173
Barriga, o primeiro povoado quilombola. Ela liderou e influenciou
os negros fugitivos que se chegavam e multiplicavam. Reinou
absoluta, até mesmo quando Ganga Zumba assumiu o poder. Era
consultada para tudo, de problemas familiares e decisões políticas
e militares. Outro mito criado é que, mesmo morta, aparecia aos
chefes quilombolas para orientá-los..
174
Nossa Senhora dos Prazeres, também conhecida como NS
das Sete Alegrias, ganhou grande impulso em sua “adoração”,
segundo a Igreja Católica, depois de sua aparição no século XVI,
em Portugal. A disseminação de sua devoção é de origem
franciscana, isto porque os prazeres, ou alegrias de Nossa Senhora
foram escritos por um franciscano. São elas: A Anunciação, a
saudação de Isabel, o Nascimento de Jesus, a visitação dos Reis
Magos, o encontro com Jesus no Templo quando ele conversava
com os doutores da Lei, a aparição de Jesus Ressuscitado e a
coroação de Maria no céu.
175
política do país. Em março de 2015, recebeu o prêmio Excelência
Mulher, do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Clara foi
presa pela ditadura militar, era mulher do inimigo número um dos
ditadores de plantão, Carlos Marighella (1911-1969), até seu
assassinato, em São Paulo, pela polícia comandada pelo delegado
Sérgio Paranhos Fleury. Vítima de perseguição, Clara partiu para o
exílio, em Cuba, e voltou em 1979, nas asas da Anistia. Filiou-se
ao PT, foi candidata a deputada estadual, mas não levou. Passou a
vida inteira no resgate da vida de Marighella –, em 1996 o Estado
brasileiro reconheceu os direitos dos mortos e desaparecidos.
176
história da datilógrafa Macabéa, que migra para o Rio de Janeiro.
“É a história de uma moça que era tão pobre que só comia
cachorro-quente. Mas não é só isso. A história é sobre uma
inocência pisada, uma miséria anônima”, dizia Clarice em “A
última entrevista de Clarice”, por Júlio Lerner. Clarice projetou em
Macabéa seu próprio final trágico, quando alguns dias depois da
publicação do livro, faleceu, no Rio de Janeiro, de câncer no
ovário. “Macabéa reduzira-se a si. Também eu, de fracasso em
fracasso, me reduzi a mim, mas pelo menos quero encontrar o
mundo e seu Deus”.
177
se na sua própria ficção. É o melhor epitáfio possível para
Clarice”, escreveu o jornalista Paulo Francis, na obra “Clarice:
impressões de uma mulher que lutou sozinha”.
178
Dicionário Mulheres de Alagoas ontem e hoje, obra de
Enaura Quixabeira e Edilma Acioli Bomfim, Edufal 2007, com
prefácio de Solange Chalita
179
defendendo os princípios fundamentais da imprescindível e urgente
renovação social”.
Lily Lages, em Memórias Legislativas, revista da
Assembléia Legislativa Alagoana nº 18, organizada por Solange
Chalita.
180
"Durante toda a vida ela participou de eventos, espetáculos,
saraus e declamando poesias, que era uma prática muito comum no
início do século 20 e 30. Mas foi só em 1952, quando Luiz Gutemberg
e Noémia Ambrósio, dois estudantes de Juazeiro, convidam Linda
para dirigir um espetáculo. A partir desse novo momento ela se
mantém no teatro, como se fosse destino, e aí surge o desejo de se
tornar atriz. Sua estreia como atriz no teatro aconteceu aos 61 anos,
em 1956, quando interpretou “Lizaveta”, na peça “O Idiota”, de Léo
Vital, baseada no romance homônimo de Dostoievski, com direção de
Heldon Barroso”.
Do livro O Teatro e Linda Mascarenhas, de Ronaldo de
Andrade e Izabel Brandão (orgs), Edufal, 2011
181
educação para as mulheres para que elas pudessem ter sua
independência. Para isso, ela criou em sua própria casa uma escola
para domésticas com o nobre objetivo de alfabetizá-las. Também
organizava palestras cujos temas versavam sobre os direitos das
mulheres”.
182
velhinha e com a saúde abalada. Mesmo assim Joana Gajuru
dançou seu Guerreiro, fumou seu cigarro de corda e bebeu sua
cachacinha. Morreu, gloriosa, no ano de 1986. Fonte: Portal dos
Amigos Associados de Lagoa da Canoa
183
Jarede Viana de Oliveira (1938-2008) foi militante do
movimento estudantil, lutou contra a ditadura e pela anistia. Foi
Vereadora em Maceió pelo MDB e pelo PC do B, partido no qual
militou até o início dos anos 90. Militante da Educação, foi
fundadora do Sindicato dos Trabalhadores pela Educação (Sinteal).
Como militante feminista, era coordenadora da Marcha Mundial
das Mulheres em Alagoas. Quando morreu, Jarede lutava contra
um câncer há dois anos e meio e ainda estava ativa na militância.
Jarede nasceu em um lar com duas fortes influências – o
cristianismo de sua mãe evangélica e o socialismo de seu pai
comunista. Criada na ética do trabalho, adquiriu fortes princípios
que viveu e testemunhou. Logo após a sua morte, o movimento
Marcha Mundial das Mulheres publicou uma mensagem
emocionante para sua mais nobre integrante.
184
mais fortes e aguerridas por termos tido ela como companheira de
luta e de sonhos”.
185
A estilista alagoana Vera Arruda (1966-2004) nasceu em
Palmeira dos Índios. Em 1986, aos 20 anos, foi eleita Miss
Alagoas, chegando a participar do concurso Miss Brasil do mesmo
ano. Sua vida como artista e design de moda iniciou-se fazendo
bijuterias, que vendia para amigas, em um cômodo de seu
apartamento o ateliê dos seus trabalhos. Desde criança, gostava de
desenhar suas próprias roupas, talento que herdou de sua avó, e
contratava costureiras para executá-las. Em 1997 mudou-se para
São Paulo em busca de novos horizontes. Em 1998, resolveu
participar do Phytoervas Fashion Awards, evento que daria origem
ao São Paulo Fashion Week. Não deu outra, foi escolhida a melhor
estilista do evento. Logo em seguida foi convidada para estudar no
Studio Berçot, em Paris, e começou a desenvolver acessórios para
grifes como Ellus e Rosa Chá e roupas para socialites, tendo como
a maior incentivadora Adriana Galisteu. Nos últimos anos, fez
figurinos para artistas como Ivete Sangalo, Astrid Fontenelle,
Margareth Menezes, Xuxa. Nos anos 90, foi a primeira estilista a
resgatar o nacionalismo criando um vestido de franjas com a
Bandeira do Brasil. Seu nome está imortalizado em Maceió, que
reconheceu o seu talento e criou no bairro Stella Maris, um
corredor cultural com seu nome, numa imensa praça, onde são
expostos permanentemente a história de alagoanos ilustres e ícones
da cultura local.
“No final dos anos 1990, boa parte das grandes marcas
seguiam os padrões minimalistas, geométricos e com modelos
andróginos para tentar se adequar ao mercado internacional. Vera
186
Arruda seguiu na contramão e sacudiu o mercado ao apresentar
peças que resgatavam as cores, a exuberância e a feminilidade da
mulher brasileira”.
Por Aline Amaral, jornalista e produtora de moda Alina
Amaral, no portal TNH, Agenda “a”, 31 de julho de 2014
187
Soleil. Comandado por Peró de Andrade, o projeto reúne 179
crianças, adolescentes e jovens carentes, na faixa etária de 5 a 26
anos, sendo 90% delas da comunidade da Vila Emater II, favela do
lixão de Maceió.
188
Oswaldo Cruz na campanha contra a febre amarela. Major Elza foi
a primeira brasileira a se apresentar como voluntária, na Diretoria
de Saúde do Exército, para lutar na Segunda Guerra Mundial, aos
dezenove anos. Embora sonhasse em lutar na linha de frente, teve
que se conformar em seguir como uma das setenta e três
enfermeiras da Força Expedicionária Brasileira (FEB), uma vez
que o Exército Brasileiro, à época, não aceitava mulheres
combatentes. Sua atuação na 2ª Guerra Mundial começou em
Alagoas, prestando socorro aos náufragos do navio Itapagé,
torpedeado na costa brasileira pelo submarino alemão U-161.
Também enveredou pela música, teatro e jornalismo. Natural do
Rio de Janeiro, carioca do bairro de Copacabana, aprendeu música
e idiomas. Por indicação de Arnon de Mello, ingressou na
Associação Brasileira de Imprensa. Estreou, com Fernando Torres,
Nathália Timberg e Sérgio Brito no Teatro Universitário, com a
peça Dama da Madrugada. Formou-se em Jornalismo pela
Faculdade Nacional de Filosofia.
189
levantava o povo, de modo que ficou pouco tempo presa. A única
benesse que pediu foi a de ficar com o filho, que veio a ser o
Visconde de Sinimbu, Primeiro Ministro do Império, ocupando
todas as pastas, exceto a da Marinha", dizia, orgulhosa, a Major
Elza. Foi membro da Academia Alagoana de Cultura, quando se
dedicou à preservação da memória fotográfica da FEB. Sempre
que falava sobre sua carreira, ela não deixava de lembrar seu
vínculo com Alagoas, a ponto de dizer que gostaria que, quando
morresse, metade de suas cinzas ficasse no Rio e a outra metade
viesse para Maceió. E como era a vida de enfermeira de guerra no
front?
190
A alagoana Olímpia de Araújo Camerino, nascida nos
primeiros anos do século XX, em 1906, era capitão enfermeira e
chegou a escrever o livro A Mulher Brasileira na Segunda Guerra
Mundial. Aos 38 anos, comandou um grupo de 67 enfermeiras que
voluntariamente se apresentaram para acompanhar os nossos
combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e do 1º
Grupo de Caça, no front da guerra, na Itália.
191
No seu livro, Olímpia Camerino conta aspectos do que foi a
adaptação do grupo de enfermeiras em meio a um campo minado
de guerra, em hospitais norte americanos. Ela fala da rotina do
trabalho nesses hospitais, as horas incansáveis de vigília, atenção e
cuidados com os pracinhas hospitalizados, a extraordinária força
moral necessária para assistir à chegada de nossos feridos do front
– cabeças dilaceradas, pulmões perfurados, intestinos expostos,
pés, pernas e braços arrancados e a dependência a elas de muitos
desses pracinhas carentes de olhos e membros, exigindo-lhes muito
mais que o serviço de enfermagem. No livro da capitão pode-se ler
um precioso depoimento extremamente útil aos estudiosos de
nossa história militar e aos pesquisadores de psicologia e
sociologia, por oferecer precioso manancial de observações sobre o
caráter do brasileiro. Na apresentação do livro, a heroína de guerra
alagoana fala com saudades de sua terra.
Meu uniforme
192
Por Olímpia Camerino, capitão enfermeira do Exército
Brasileiro, em trecho extraído do livro A Mulher Brasileira na
Segunda Guerra Mundial, Capemi Editora e Gráfica, 1983
193
wave e muito rock; e o Sargento Pimenta, do Leto e da Galega. Foi
um tempo bom, de muita curtição e com Lucy Brandão no coração.
Vale a pena ler esta poesia, publicada em seu santinho, distribuído
em sua fuga para o céu, aos 39 anos, novinha.
Íris Alagoana
194
Celestino, ela representa sua tribo de forma incontestável. Em
2003, Graciliana foi manchete nos jornais ao repercutir uma
notícia de um deputado que que insinuou “que Palmeira não é mais
dos Índios”. Graciliana tomou um susto com a idéia do deputado
Gervásio Raimundo (PTB), e ficou estarrecida com o argumento
do político. “Palmeira não é mais dos índios, porque eles não
existem mais. Palmeira hoje é uma terra dos empresários que
fazem o progresso da região (sic)”, afirmava Gervásio, em
pronunciamento na tribuna de Assembléia Legislativa, na defesa
de seu projeto de lei de tirar o aposto “dos Índios” do nome da
cidade de Palmeira, terra secular dos xucurus, da tribo de
Graciliana. Ela rasgou o verbo:
195
TERRA DO CANGAÇO
196
trabalhava para o fazendeiro e dono da Fábrica da Pedra (antigo
nome da cidade), o emergente industrial Delmiro Gouveia, como
tropeiro, transportando algodão e couro de bode. Quando soube do
assassinato do chefe por pistoleiros contratados pelos concorrentes
estrangeiros no setor têxtil, Lampião teria sido empurrado para o
cangaço. Quem conta a história é o cantor e compositor alagoano
José Luiz Calazans, o Jararaca (autor da famosa marcha Mamãe eu
quero mamar), em uma entrevista histórica ao jornalista Wilson
Reis (já falecido), publicada no jornal carioca Última Hora, em
1977. Ele conta que já era um conhecido seresteiro e cantor e
sempre era convidado para animar as festas nos salões da casa de
Delmiro, na Pedra.
197
alagoana, comandada pelo tenente João Bezerra da Silva, em que
morreram Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luiz Pedro,
Mergulhão, outros seis cangaceiros. O governador de Alagoas,
Osman Loureiro, logo mandou exibir as cabeças cortadas nas
escadarias da prefeitura de Piranhas (AL).
198
quando escolheu Angicos como esconderijo inexpugnável, cercado
de pedras pontiagudas, cactus gigantes, umburanas e uma
vegetação fechada da caatinga, às margens do rio São Francisco.
199
Piranhas, mostra o cotidiano do sertanejo, artigos de uso dos
vaqueiros e fotografias históricas sobre o ciclo do cangaço.
200
passou o seguinte telegrama cifrado: “Tenente Bezerra, tem boi no
pasto”. O tenente Bezerra estava em Delmiro Gouveia.
Por Roberto Vilanova, no portal Alagoas 24 horas, em
11/10/2005
201
invadiram o casarão da baronesa. Enquanto a polícia era rendida,
outra parte do grupo já havia entrado na cidade e agia no saque ao
casarão da Baronesa de Água Branca. Irreverente, Lampião foi até
ela e, fitando-a com severidade, soltou o vozeirão:
202
“Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego, não,
Eu não sou passarinho,
Prá viver lá na prisão.
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego, não,
Não me entrego ao tenente,
Não me entrego ao capitão,
Eu me entrego só na morte,
De parabelum na mão!”
TERRA DE VILÕES
203
No século XVII, prevalecia no Brasil as expedições de
bandeirantes para conquistar territórios indígenas que ainda não
haviam sido tomados pelos colonizadores portugueses. Na segunda
metade deste século, Domingos Jorge Velho seria o bandeirante
que mais se destacaria nesta função. Natural da cidade de Vila de
Parnaíba (SP), ele nasceu em 1641, 50 anos mais tarde já era
conhecido como um fervoroso caçador de índios, e de negros.
Documento publicado no livro República dos Palmares, do
historiador Décio Freitas (Edufal, 2004, pag. 118), mostra como
foi o acordo entre o “mercenário” Domingos Jorge Velho, com o
apoio do Exército Português e de empresários escravagistas, para
entrar na guerra genocida e racial. O documento mostra o contrato
celebrado entre a coroa portuguesa, por meio do governador de
Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, e o paulista Domingos
Jorge Velho, para a destruição de Palmares. Entre as condições
estavam:
204
Apagaram Angiquinho: o assassinato de Delmiro
205
segundos e, nesse ínterim, passou um desconhecido com um lampião
de querosene aceso diante da varanda. Então, ouviram-se os tiros”.
Jornal do Commércio do Recife, na edição de 14 de
setembro de 1968.
206
Em 1979, o general Mário de Carvalho Lima lançou o livro
Sururu Apimentado, que dá a versão da caserna nos conturbados
anos 1950, principalmente na disputa sangrenta pelo governo de
Alagoas, entre Silvestre Péricles e Arnon de Melo, que terminou
ganhando as eleições. O livro traz relíquias, como a reprodução da
reportagem “Sou rápido no gatilho”, dos famosos jornalistas Davi
Nasser e Jean Mazzon (repórter fotográfico), para a revista O
Cruzeiro, edição de fevereiro de 1950. “Ilustraram-na com
instantâneos fotográficos bem extravagantes, nas quais aparecia o
governador Silvestre Péricles de revólver em punho em plena
posição de tiro, dando um aspecto bem burlesco ao trabalho
jornalístico”, comentava o autor no livro. Veja a seguir a abertura
da matéria assinada por Davi Nasser, que teve repercussão
internacional.
207
esgotada em sua paciência, que sem limites, irá à Assembleia
Legislativa e botará fogo naquilo”.
Sururu Apimentado – apontamentos para a história política
d Alagoas, de Mário de Carvalho Lima, Imprensa Oficial
Graciliano Ramos, 2ª edição – 2008
208
até mesmo como mentor político da Liga dos Republicanos
Combatentes – uma liga de clube que reunia militares -
“viabilizada e autorizada” por Fernandes - que saiu pelas ruas de
Maceió para “manter a ordem”, “moralizar os costumes”, depois
da vitória nas eleições.
209
incapazes de denunciar no momento oportuno uma fraude na eleição.
A primeira hipótese é verdadeira. Teus fiscais não eram imbecis. Tu,
sim, Macobeba, é que mentes e mentes com tanta maior importância
quanto é certo que foste, em pessoa, um dos fiscais das eleições”.
Garranchos, Thiago Mio Sallo, Editora Record, 2012, no
texto inédito Palavras a Macobeba, Jornal de Alagoas, 15 de março
de 1934.
210
histórica foto com os deputados federais e estaduais eleitos. Era a
cerimônia de adeus
211
consumada, quando conversavam no terraço da casa nº 284, da rua
Eloi Lemos de França, bairro Gruta de Lourdes, nesta capital.
Naquela sombria noite, indivíduos fortemente armados, invadiram as
dependências da casa, como que num festival macabro dispararam de
forma incessante suas armas sem oferecer a menor chance de defesa
às suas vítimas”.
212
gozando do beneplácito de uma liberdade criminosa e cúmplice: Luiz
Campos Teixeira (1950), Marques da Silva (1957), Beato
Franciscano (1957), Humberto Mendes (1957), Moacir Peixoto
(1960), Robson Mendes (1962), Valter Mendes (1972), Coronel
Adauto Barbosa (1970), jornalista Tobias Granja (1982), delegado
Ricardo Lessa (1991), Sílvio Vianna (1996) e Ceci Cunha (1998) e o
vereador Fernando Aldo (2007)”.
213
TERRA DA POESIA
214
Entre as estrelas e lá detrás da igreja,
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.
o urso de Nurenberg,
o velho barbado jugoeslavo,
as poupées de Paris aux
cheveux crêpés,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoslovaca,
o polichinelo italiano
215
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro
de Buenos Aires
moviendo la cola y la cabeza.
O menino impossível
que destruiu até
os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papá Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,
tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...
216
cangaceiros de chapéus de couro...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!
É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!
A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.
E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...
217
Xô! Xô! Pavão!
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado!
Os “meninos impossíveis” do modernismo
Com a adesão de Jorge de Lima ao Modernismo,
principalmente depois da publicação de O Mundo do Menino
Impossível, em 1927, surge o grupo alagoano literário que vai
divulgar e incorporar o movimento. Passam a ser denominados
“Os meninos impossíveis” das Alagoas, que vão dominar a cena
literária do fim dos anos 1920, até os anos 1930, quando surge o
Romance Nordestino.
“Nas colunas de vários jornais periódicos de nossa província,
foram estampados noticiários, crônicas e estudos, de autoria entre
outros, de Jorge de Lima, José Lins do Rego, Tavares Bastos, Emílio
de Maya, Pontes de Miranda, Barreto Falcão, Arnon de Mello,
Valdemar Cavalcanti, Guedes de Miranda, Paulo Malta Filho,
Manuel Diegues Júnior, Aurélio Buarque de Holanda, Raul Lima,
Luiz Lavenère, José Aloísio Vilela, Costa Aguiar, Carlos Paurílio,
Carlos J. Duarte, Renato Alencar, Aloísio Branco, Mário Marroquim,
Lobão Filho e Alberto Passos Guimarães”.
Moacir Sant`Ana, em História do Modernismo em
Alagoas,Edufal, 1980 e Documentário do Modernismo, Edufal,
1978.
218
O romancista alagoano Graciliano Ramos também escreveu
literatura infantil, talvez querendo espantar seus próprios
fantasmas. O livro A Terra dos Meninos Pelados foi escrito por ele
logo após ser solto da prisão da Ilha Grande, num quarto de pensão
no Rio de Janeiro, e foi concluído em 1937, um ano antes de seu
quarto, último e decisivo romance: Vidas Secas. O mestre Graça
fez mais dois livros infantis: Alexandre e outros heróis e Pequena
História da República. Em “A Terra dos Meninos Pelados, uma
novela (gênero literário) curta, com 18 capítulos, Raimundo e
Caralâmpia vivem em um mundo de sonhos. O autor criou a
personagem espelhada em sua amiga a psiquiatra Nise da Silveira,
que fora sua companheira na prisão.
219
troncos, nas rãs, nos pardais e na guariba velha, pobrezinha, que não
se lembra das coisas e fica repetindo um pedaço de história. Quero
bem a vocês. Vou ensinar o caminho de Tatipirun aos meninos da
minha terra, mas talvez eu mesmo me perca e não acerte mais o
caminho.
Graciliano Ramos, em A Terra dos Meninos Pelados, edição
FNDE/ Ministério da Educação – 2003
220
Amanhã tem acompanhamento
Que santo? É Santo Antonio
221
Rosália Sandoval (1876-1956) foi poetisa, cronista,
jornalista, professora. Aos trinta e dois anos de idade foi
transferida da cadeira de professora primária de Tatuamunha, em
Porto de Pedras, para a de Jussara em União dos Palmares. Dirigiu
o Colégio Parthenon. Professora de Português e Francês. Viveu no
Rio de Janeiro a partir da década de 1920. Ficou órfã de pai ainda
criança, e perdeu o irmão poeta (Sebastião Sandoval) ainda muito
nova. Pioneira na literatura, dedicou sua vida à produção literária,
fazendo versos, contos, fábulas, anedotas, prosa poética intimista,
crítica literária e literatura infantil.
Boemia
222
Formosa e jovem passa pela vida,
sem ter os sonhos que seus pais tiveram
sem amor, sem vaidade, sem guarida!
223
Anilda Leão: musa da poesia alagoana
224
De dentro da lagoa
emergem as casas tristes
de moradores mais tristes ainda
a água parada fedendo
poluindo a meninada
que brinca de tomar banho.
De dentro da lagoas
a boca aberta dos sapos
engolindo outros bichos
E a sujeira boiando
lavando os trapos da gente
que mora por perto
gente triste sambuda doente.
225
O poeta Jorge Cooper (1911-1991) é alagoano, mas durante
a juventude passou algumas décadas no Rio de Janeiro e em São
Luiz (MA). Foi bancário e funcionário público federal. Seus
poemas trazem a marca da brevidade, da ausência da pontuação, da
escolha de palavras de uso cotidiano; os temas enfocam,
principalmente, as memórias do poeta e o próprio exercício da
poesia. Em 2011, a Imprensa Oficial do Governo de Alagoas
lançou o livro Poesia Completa de Jorge Cooper, em que foram
reunidos todos os poemas do autor em homenagem a seu
centenário. Em 2013, sua vida e obra viraram filme, dirigido por
Victor Guerra, e acabou por ganhar o Prêmio Guilherme Rogato,
promovido pela Secretaria de Cultura de Maceió. Um dos
organizadores do livro Obras Completas, o também poeta,
Fernando Fiúza, fala sobre a obra de Cooper, e uma poesia de
Cooper encerra o verbete.
226
o torna-caminho
é Maceió
claro então me volta à memória
o beco sem saída
o jogo de gata-parida
que é
Maceió
para o pobre de Jó.
Obras Completas, Jorge Cooper,
2011, p. 182
227
Por Lêdo Ivo, no argumento do documentário Jorge Cooper
– A Cidade é do Poeta , direção de Victor Guerra
228
Aquele encontro produziu uma frase dita como de autoria da italiana
de ser Jorge Cooper ‘um cacto solitário da poesia alagoana’. O
reconhecimento dos companheiros de geração de Cooper foi
acontecendo quase diariamente, não sei com certeza, se de modo
espontâneo ou de modo contingencial. A história da inédita obra
cooperiana em se tornar pública e acessível a todos, a partir daí, vai
ser longa”.
Por Chales Cooper
229
moralista, conceituosa, filosófica. Enfim, é uma poesia leve,
onírica, intimista mas também contemplativa, de um lirismo, acho,
quase em extinção, que se coloca sempre ao lado da vida, tantas
vezes amarga, suja, violenta, mas que nos deixa, como raspa no
fundo do tacho, alguma coisa de sua beleza. De sua sensualidade.
É quando poeta acorda e a poesia acontece”.
230
e se possível querer-me
e se possível tocar-me
e se possível possuir-me
e se possível anular-me
Se vocês pensam...
231
Já estão dizimados.
A jaracuçu, a cobra verde,
O uçá e o guaiamum
Já boiam de barriga para cima
Entre o pântano e a lagoa.
232
Só nas salas de aula, quer dizer, vazias.
Porque eles já deram um jeito de expulsar
Professores e alunos.
Mesmo assim eles não vão parar aí!
233
grupos musicais de Alagoas, o Grupo Terra, no final dos anos 70 e
até o início dos oitenta.
234
http://majellablog.blogspot.com.br/2010/06/poeta-
compositor-e-boemio.html
235
da festa do Prado eu era o maior
E em Ponta Grossa
no Vergel do Lago eu tinha um namoro
me deu saudade da turma de lá
E hei visitar o meu bairro Bebedouro
236
Com letra de Edu Maia, violonista dos anos 1980, Pedaço
de Alagoas foi um sucesso nacional na voz do rei do Baião, Luiz
Gonzaga, quando mostra seu amor por Alagoas e sua veia de
“estradeiro”. Sua voz soa vigorosa para cantar Alagoas e sua
beleza, quem não ainda ouviu corra para ouvir. Pedaço de Alagoas
aparece em seu último trabalho, o LP Vou te Matar de Cheiro,
editado pela gravadora Copacabana, e também tece elogios a
pontos famosos como a Praia do Francês e a Lagoa Mundaú. De
Lourival Passos ele gravou “Maceió”, na qual também exalta a
beleza inconfundível da capital mais bonita do Brasil, “Ai, ai, qua
saudade, ai que dó. Viver longe de Maceió”. Com o estouro da
música, o autor de Pedaço de Alagoas, Edu Maia gravaria um
compacto da música por um selo paulista com vocal de Silvinha
Araújo e participação de Oswaldinho do Acordeon.
Pedaço de Alagoas
Luiz Gonzaga
Autor: ( Edu Maia)
237
De um dia de sol em Maceió.
238
enchiam de desejos os homens brancos da corte. Seu poema Essa
Negra Fulô foi publicado pela primeira vez na editora Casa
Trigueiros, em Maceió, em 1928.
239
pra engomar pro Sinhô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
240
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
241
inspiração e sua arte, foi o coração acelerado da vanguarda e do
movimento underground dos 1960 e 1970, com posições firmes de
enfrentamento à repressão da ditadura militar. Inspirou outras
gerações, mergulhou de cabeça na superestrutura do mundo.
Irriquieta por natureza, criou eventos que se tornaram cultuados.
Lúcia foi uma das idealizadoras do Festival de Verão de Marechal
Deodoro, cujo primeiro se realizou em 1968, como também do
Prêmio Guerreiro Alagoano. Uma das idealizadoras, também do
Primeiro Stand'Art, na década de 70, onde selecionou textos nos
quais foram incluídas poesias de autores alagoanos, no espetáculo
“Poesia e Expressão Corporal”, que apresentou e dirigiu. No
Segundo Stand'Art, dirigiu o espetáculo denominado Ilha, no
Teatro de Arena Sérgio Cardoso, composto, em especial, de
poesias de Jorge de Lima e Beto Leão. Criadora do projeto "Ética
e Estética das Águas". Editora de O Clínico, jornal do Diretório
Acadêmico da Faculdade de Medicina e onde iniciou a publicação
de poemas de sua autoria. Na década de 60 começou a publicar
poesias no suplemento literário da Gazeta de Alagoas.
242
de Raquel Villard Miranda, São Paulo, Edicon, 1988. E a obra
completa de suas poesias reunidas em Negro e Azul como a Alma,
de 2001, editado pelo seu grande amigo, Beto Leão. Com as
poesias Atlantis, Natura, Caeté 89, Narciso: Da Natureza e do Ser
participou de A Poesia das Alagoas, Recife, Edições Bagaço,
2007.
Narciso: da natureza e do ser
243
para lá das tordesilhas
navego minha jangada
Caeté 89
244
Poemas coligidos do livro A Poesia das Alagoas,
organizado por Edilma Bomfim e Carlito Lima, Edições Bagaço,
2007, Recife
245
Campo Minado
246
a mina medra
e é rastro na mão que mexe.
Campo minado, coração
de mulher
pise devagar
ou não pise
erga as mãos em ninho
e segure com dedos
de casca de ovo
Sem Óculos
N a cama te quero
sem óculos
esquadro e régua
sem limites nas dobras
dos lençóis
mais moderno
selvagem
das entradas e bandeiras
petróleo sem surpresas
ciências plataformas
correntes colossais
Na cama te faço
objeto de pesquisa
sem financiamento
externo
materialista dialético
247
de roucas práxis
rituais diabólico jeito de ser Deus
sem cruz
cruzando corpos desiguais
Na cama te quero
vivendo papéis profanos
motor ligado
jato de gás em fogo
fósforo que vira tocha
no sair da caixa
e incendeia jardins, plantas, flores
canaviais
248
Marcos de Farias Costa, 63 anos, é até hoje o que se pode
considerar o enfant terrible da literatura alagoana. Irrequieto por
natureza, o bardo alagoano vive, pensa e transborda poesia, de
todas as formas que se possa imaginar. Desde os anos 1980,
quando “militava” em um grupo de intelectuais “sobreviventes”
que até hoje forma a turma da cena contemporânea das artes e
manhas das Alagoas. Entre os que constituem este importante
grupo estão Sidney Wanderley, Marcondes Costa, Diógenes
Tenório Junior, Elício Murta, Luis Costa Pereira Junior, Susana
Souto, Luzia Helena Wittmann, Norton Sarmento Filho. Na cena
atual cada um foi um em busca de seus sonhos, cada um foi buscar
seu pão e sua cachaça, mas nunca abandonaram o front das letras.
Marcos Farias publicou livros de poemas carnalmente eróticos,
escreveu ensaios sobre literatura universal, editou a revista cultural
Dialética, dedicada a temas como tradução de poesia, literatura
comparada e crítica literária. Recentemente lançou dois CDs com
músicas autorais, em sua própria voz. E no momento organiza uma
antologia de letras de música que citem ou façam alusão a Maceió.
Alagoano da gema, ele tem na versatilidade de estilos o seu talento
para as artes: para além de poeta, ele é cantor, tradutor, editor,
livreiro, compositor (de sambas e chorinhos), e nas horas vivas
dedica-se à crítica literária, “sempre se opondo ao mau-mocismo
das velhas práticas provincianas dos elogios entre amigos e do
puxa-saquismo autocongratulatório”, como ele próprio assinala.
Formado em Psicologia, nunca exerceu a carreira, preferindo optar
pela poesia. É tradutor da língua alemã. Compositor bissexto, com
prêmios e reconhecimentos.
249
Oficina do soneto
Pra cometer um soneto é preciso
dosar-se muito bem amor e morte
e da mistura então glosar o mote,
assim como quem monta um paraíso.
James Joyce
250
untam Ulysses: episódio das sereias.
251
Tanta sedução doente seja acedia:
Translúcida infinita melodia.
Os bagos da fé
Eu juro
pelos pentelhos da Virgem
que o meu futuro
é pura vertigem.
Eu prometo
pelas barbas de Maomé
botar cianureto
no teu café.
Eu garanto
pelas trombetas de Jericó
que o meu canto
supera a clave de dó.
Eu testemunho
sem cruzar os dedos
que o mês de junho
não tem segredos.
Eu asseguro
por meus testículos
252
que não aturo
quaisquer versículos.
Eu abjuro
todas as juras
todos os muros
e sepulturas.
253
erótico-amoroso e pela paixão ao fazer literário, atualmente na 5ª
edição, foi adotado no vestibular da Ufal, por 3 anos e
proporcionou à autora vários prêmios, inclusive nacionais. Em
2005, foi editado o primeiro romance de Arriete Vilela, Lãs ao
vento, que recebeu o prêmio da União Brasileira de Escritores e o
Prêmio Internacional de Literatura, da Academia Feminina Mineira
de Letras. Em 2011, Arriete Vilela teve cinco poemas traduzidos
para o espanhol e publicados na Antologia de poetas brasileños
actuales pela Paralelo Sur Ediciones, Barcelona, Espanha. O livro
Maria Flor foi adaptado pela Panam Filmes, produtora alagoana, e
exibido em outubro de 2012 com o título “Farpa”.
254
(O avô - ah, os equívocos da infância!
o avô tocava bumbo.)
255
também, avó seduzida pelos risos infantis que, hoje, enchem a
minha casa e o meu coração.Escrevo, escrevo, escrevo.
Apaixonadamente. Com a alegria e com as contradições de uma
alma que nasceu poética, que sofreu muitos reveses e que insiste
em não ser enrodilhada, mas rendilhada”.
Empilho palavras
sob o sol ardente,
para não empalhar mágoas
à sombra dos amores.
Caminho à beira-mar
para aprender a ser cais, somente,
e não mais âncora ou elos,
nem casco musgoso de barcaça.
256
Empilho palavras
para que, ao sol ardente,
virem cinza em cores
e me surpreendam a cada estação
com a sempre nova e rotineira
des/ventura do amor.
257
transformou sua cidade natal Viçosa das Alagoas, em um burgo
contemporâneo e universal, com grandes histórias e grandes
personagens. Permaneceu em Viçosa até os quinze anos de idade.
A literatura ganhou força em sua vida entre os 17 e 18 anos,
quando cursava medicina, curso que não gostava. “No primeiro
ano de Medicina, ao cursar Anatomia, percebi a absoluta falta de
vocação para esse curso e essa profissão. Danei-me a escrever
poemas (na época, lia um bocado Drummond, Pessoa e João
Cabral), e até hoje não me curei desta doença”. Sidney ghegou a
trocar cartas com o grande poeta mineiro, em uma delas
Drummond solta um perfil de seu missivsta alagoano:
Inequação
258
com cinco dedos por mão,
com vinte dedos no corpo,
trinta ideias na cabeça,
algum dinheiro no bolso;
com vida, se entrarmos vivos;
defuntos, se entrarmos mortos.
Na amada mergulhamos
por completo, inteiramente,
e quando à tona tornamos
há em nós algo de menos:
pode ser nosso suor
a encharcar nossas vestes;
nosso sangue, nosso sêmen
que em seu ventre floresce;
pode ser nossa agonia,
nossa careta de gozo ou
nossa contrição de prece.
259
como se entra e sai de um auto.
Num auto se entra e passeia
por ladeiras e ruas planas,
por campos, charcos, desertos,
asfalto, barro batido,
canaviais, açucenas,
e ao final da jornada
restamos inteiros e vivos,
de igual forma como entramos.
Na amada mergulhamos
por completo, inteiramente,
e quando à tona tornamos
há em nós algo de excesso:
pode ser o seu perfume
reacendendo em nossa pele,
a mancha do seu batom
tatuada em nosso ombro,
um pelo do negro púbis
boiando em nossa saliva,
ou o nosso peito inflado
de senhor dono do mundo
(porque senhores da amada).
260
algo que antes não havia:
um sargaço, um crustáceo,
sal, areia, maresia,
ou algo que antes no mar
gozoso da amada dormia,
261
versalhada, a remota e a de agora”. Drummond faleceu em 17 de
agosto de 1987, e ainda em abril Sidney receberia sua última carta.
Em 1991 data de publicação de Poemas post-húmus, Sidney se
aproxima de outro monstro da literatura brasileira, o escritor
paulista e best seller, Raduan Nassar. Motivado pela obra Poemas
post-húmus que recebeu de um jornalista. Raduan entra em contato
com Sidney Wanderley através de carta, gerando uma aproximação
que se transformou em influente amizade. Leia a poesia que
encantou Raduan, Poemas post-húmus:
crepúsculo.
mudo faz-se o mundo
e loquaz a luz
**
do derradeiro canto
do pomposo cisne
ri-se o riacho irônico.
**
sem culpa ou agasalhos,
plácidos peixes passeiam
no estreito mar do aquário.
**
cauda e crina equinas
eriçam quando roçam
carnes femininas.
**
na cozinha da casa-grande
262
entre a fuligem e os temperos
o tricô dos fuxicos se expande.
**
com frieza assassina
engole bois e pastagens
a espessa neblina.
**
talvez celebre a andorinha
morta no campanário
o repique desses sinos.
**
bem hajam os que ouvem
átomos, galáxias,
brumas e Beethoven.
263
Jacinto, região serrana no agreste alagoano. José, o segundo dos
filhos, depois de perambular como cigano com o pai entre Alagoas
e Juazeiro do Ceará, foi estudar em Viçosa. O contato com os
cantores, a música popular e a poesia de cordel, abriu uma janela
na vida do adolescente que mais tarde se tornaria poeta. O
ambiente de boemia em Viçosa, terra de grandes figuras, como o
músico Zé do Cavaquinho, Teotônio Vilela, Octavio Brandão, José
Maria de Melo, José Pimentel, José Aloísio Brandão, Alfredo
Brandão, Sidney Wanderley, Denis Melo, Eloi Loureiro Brandão,
Nelson Almeida e outros. Feitosa, diz sempre que: “Foi em Viçosa
que iniciou o aprendizado do jornalismo e de minha profissão de
repórter fotográfico”. Trabalhou como repórter fotográfico em
todas as redações de Alagoas, dos extintos Jornal de Alagoas, o
mais antigo do Estado, que pertencia aos Diários Associados e
Jornal de Hoje, Gazeta de Alagoas, Tribuna de Alagoas. O olho de
repórter e a sensibilidade de poeta caminharam juntos. Em todos
esses momentos esteve presente o jornalista e poeta José Feitosa, o
Zé da Feira.
Sequidão
É a seca devorando
264
O que existe no chão,
Bebendo a água da terra
Do esperançoso sertão.
É a terra tremendo
O gado gemendo,
A lavoura morrendo...
É só desolação!
É a terra queimando,]
O povo chorando,
Pedindo, implorando
A salvação...
nas águas da irrigação!
265
exerceu a profissão, e partiu para construir sua trajetória como
poeta, compositor, tradutor, crítico literário, professor e
dramaturgo. Fernando Fiúza seguiu os passos de grandes
intelectuais alagoanos, e embarcou na diáspora literária, deixando
Maceió para aportar no Rio de Janeiro e lá viveu até meados da
década de 90, período – segundo o próprio poeta - de maior
produção do autor. Em 1995, resolve ir para França estudar,
voltando em 2000 com os títulos de mestre e doutor em Langue et
Littérature Françaises, pela Université Stendhal Grenoble-III. Ao
terminar o doutorado, volta para Maceió. Em 2001 ingressa na
Universidade Federal de Alagoas, como professor da graduação e
pós-graduação do curso de Letras. Referente à sua produção
poética, Fernando Fiúza lança seu segundo livro em 2004: Tira-
prosa; em 2008, Alagoado; já em 2012 é lançado Outdó. Em 2013,
o poeta resolve enveredar pelo ramo da dramaturgia, e vê no palco
Balanço Final – um monólogo, com direção de Homero Cavalcante
e interpretação de José Márcio Passos. No livro Alagoados,
Fernando retoma seu umbigo, e reúne 20 anos de poesia sobre sua
terra, Alagoas. “Alagoado não procura a alagoanidade (apenas um
dado, viciado): sua baliza é porto, lugar permanente de passagem,
a primeira terra, a última água, o fim do mar, lugar de bandeiras e
neurto, ou quase: uma nação visitando outra, em casco, gente e
fardos. A bússsola artesanalmente fabricada às duras penas – e a-
partes”.
O Mapa
266
Há quem perceba no mapa
geográfico de Alagoas
o formato de um revólver.
Searas gracilianas
- agrestes de talo e prego,
267
rifle, cinema e calor.
A virilha da direita
é de esmeralda corrente
e um morno colar de espuma;
268
fundou seu mundo de luz
sob as mangueiras em flor.
TERRA DE CAMPEÕES
269
técnico, mas após a eliminação do Brasil acabou se afastando do
futebol. Com fama de pão-duro e supersticioso, Zagalo cerca-se de
amuletos e manias, incluindo uma fixação pelo número 13. Como
jogador, além de ter sido tricampeão pelo Flamengo (1953/54/55),
foi bicampeão pelo Botafogo (1961/62). Como treinador
conquistou o Campeonato Carioca de 1972 pelo Flamengo e o
bicampeonato pelo Botafogo (1967/68). Zagallo, como jogador, foi
o personagem da semana do jornalista Nelson Rodrigues, na
coluna que escrevia para a Manchete Esportiva, em agosto de
1958, no jogo Flamengo 2 x 2 Botafogo.
270
ataque, o ajudante no lateral, o formiguinha do time campeão do
mundo. Como jogador, em clubes, iniciou sua carreira nos
aspirantes do America carioca, onde chegou a conquistar o Torneio
Início em 1949; transferiu-se, e foi posteriormente tricampeão
carioca pelo Flamengo, bicampeão carioca pelo Botafogo, clube
onde também veio a conquistar a Taça Brasil, e outros títulos, além
de bicampeão mundial pela seleção brasileira. No Botafogo
participou da fase áurea do time, jogando ao lado de astros como
Garrincha, Didi e Nilton Santos. Seus títulos cariocas e a conquista
da Taça Brasil o levaram a seleção brasileira de futebol. Com ele o
Brasil inovou taticamente e jogou em 1958 no esquema 4-3-3, pois
Zagallo era um ponta esquerda que recuava para ajudar no meio-
de-campo. Nessa Copa e na seguinte (1962) deixou na reserva
Pepe, grande astro do Santos e companheiro de Pelé.
271
Mesmo franzino, tornou-se o maior artilheiro do Flamengo até a
era Zico, marcando 257 gols em 364 jogos entre 1954 e 1963.
Deixou a titularidade com a chegada do treinador Flavio Costa e
transferiu-se para a Portuguesa em 1964. Encerrou a carreira no
Atlético Júnior da Colômbia. Na seleção Dida era um dos titulares
até a Copa do Mundo de 1958. Disputou o primeiro jogo da
Seleção Brasileira contra a Seleção Austríaca, porém uma contusão
o deixou no banco de reservas e abriu vaga para o jovem Edson
Arantes do Nascimento (Pelé), que encantaria o mundo com seu
futebol. Faleceu em 17 de dezembro de 2002, aos 68 anos, vítima
de insuficiência hepática e respiratória.
Reserva de Pelé
Dida jogava originalmente como ponta de lança, e deu azar
de ser a mesma posição que o Pelé. Na Copa de 1958, começou
como titular, mas depois perdeu a vaga para o “rei”, mas foi
Campeão do Mundo na Suécia. Seu temperamento irascível, como
explica em sua autobiografia escrita junto com o radialista Luiz
Alves, o fez comprar sérias brigas com a imprensa, e os próprios
dirigentes. No capítulo “a força de um falso diamante”, o craque
aponta toda sua ira contra o ex-jogador Leônidas da Silva, o
Diamante Negro, então comentarista na Copa pela imprensa
paulista.
272
mais tarde, sem poder negar suas raízes, sem olvidar a inveja de por
ter sido eu quem superou seu prestígio no Flamengo, tornado-se
então o maior ídolo de todos os tempos na história da Gávea (sic),
valeu-se de um microfone para soltar sua peçonha contra mim que,
inocente, dentro de campo, dava tudo de mim e corria horrores” .
(ALVES, 1993)
273
Juvenal: o vaqueiro campeão
274
pessoa do povo que gosta de viver em contato com a natureza, numa
relação de harmonia com a terra, com os animais. Este talvez seja o
segredo de sua genialidade.”
Hermano Figueiredo, diretor do filme Lá vem o Juvenal, de
2012
275
Janeiro, em 2007, com o bronze no lançamento de dardo, e prata
no disco. Sônia também estufou no peito muitas medalhas em
campeonatos nacionais, internacionais, no Mundial de Assen, na
Holanda, em 2006, com medalha de bronze no lançamento de
dardo. Com dois anos foi acometida pela poliomielite, mas seguiu
sua estrela, primeiro na natação, depois se consolidou no dardo e
no disco. Desde 1989 vem ganhando campeonatos em todo mundo,
com medalhas no Brasil, na Venezuela, na Inglaterra.
276
“Eu acho um esporte fantástico. Gosto de esporte em geral,
mas o tênis é disparado. Então, o conselho que dou é que, se gosta, se
vê que tem alguma identificação, se tem talento, vai fundo. Se não
tiver, vai no esforço. Vale à pena persistir, porque no fim das contas o
único foco não é você ser tenista profissional. No meu caso sim,
porque foi e é o meu objetivo. Mas através do esporte é possível
ganhar uma bolsa de estudos, numa boa universidade americana, por
exemplo. O tênis abre portas e, mesmo que se jogue num nível
amador, sempre abre espaços”
277
comida regional. Mas ela não esquece as amigas e colegas que
formaram com ela a geração de ouro do voleibol feminino
alagoano: Alzira, Luana, Ana, Denise, Silvana, Simone, Cristina,
Nina, Cilza, Tereza, Rosa, Lucy Fireman, Clarissa, Socorrinho,
Lucia Sarmento, Vanessa, Suzana, Noêmia e Kátia Born.
278
Manoel dos Santos, o Mané Garrincha (1933-1983), um dos
maiores jogadores do futebol mundial de todos os tempos,
bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira na Suécia (1958) e no
Chile (1962), tem suas raízes plantadas em Alagoas. Seu pai,
Amaro Francisco dos Santos, é alagoano de Quebrangulo, que
como o avô do jogador, Manoel Francisco, vivia como índio
nômade, fugindo do jugo da escravidão imposta pelo colonialismo,
até a chamada diáspora, quando o pai do craque e sua família
fugiram de Águas Belas (PE), para o agreste de Alagoas. A vida de
Garrincha e seus vínculos com seus ancestrais índios de Alagoas é
uma história de tirar o fôlego, e foi contada no livro do jornalista
Mário Lima, Mané Garrincha – A Flecha Fulniô das Alagoas
Mestiçagem, futebol-arte e crônicas pioneiras. O livro mostra o
inventor do futebol arte com sua terra mater, onde chegou a jogar e
a vestir o manto sagrado do CSA e no ASA de Arapiraca.
279
Anjo das pernas tortas volta à sua terra-mãe
Em Alagoas, Mané Garrincha não foi uma estrela solitária,
apesar da flagrante decadência física em que se encontrava. A
torcida lotou os dois estádios que receberam o Anjo das Pernas
Tortas na Terra dos Marechais, em dois desses incontáveis jogos
de exibição, Mané virou espécie de artista saltimbanco pelo Brasil.
As duas cidades contempladas foram Maceió e Arapiraca. Era 19
de setembro de 1973, data que muitos nunca esqueceram. Foi
como um sonho, em verdade, para muitos torcedores do CSA.
Afinal, dois ídolos do futebol brasileiro vestiriam a camisa azulina
no mesmo dia. No dia inesquecível, uma feliz coincidência, como
lembra o jornalista e diretor do Museu dos Esportes, Lauthenay
Perdigão, que homenageou Dida dando-lhe o nome do museu. “A
camisa do CSA tinha praticamente as mesmas cores da primeira
grande conquista do Brasil, em 1958: um azul muito parecido com
a que a seleção usou na Suécia”.
Roberto Menezes: a lenda dos gramados alagoanos
280
“Galego” – como era chamado por alguns amigos. Parecia andar
na ponta dos pés para jogar com a cabeleira elegante, que, não
raro, encantava a mulherada nos estádios. Elegante mesmo era seu
futebol, cuja habilidade quase lhe rendeu um prêmio nacional: a
disputadíssima “Bola de Prata”, condecoração que a revista Placar
elegia os melhores jogadores do Brasil nos anos 1970. E foi a
partir da disputa da Bola de Prata contra ninguém menos que o
quarto-zagueiro mineiro Wilson Piazza, tricampeão mundial em
1970 pelo Brasil, que Menezes saiu do patamar de craque para
virar uma lenda dos gramados do Brasil e de Alagoas. Roberto
Menezes faleceu há doze anos, vítima de câncer em um dos olhos.
281
anos setenta, a era dos hippies, do movimento estudantil, dos poetas
undergrounds. Com seus cabelos louros e cacheados fazia a alegria
da moçada. “Ele é de um tempo que o romantismo fazia a cabeça da
juventude naqueles anos dourados, em que arte e futebol andavam
juntos. Nessa época, o quarto-zagueiro fazia parte da chamada
Turma da (Praça) Sinimbu, que se reuniam para conversar sobre as
boas coisas da vida”, lembra o amigo de infância Bessa da Loteria.
Foi campeão pelo CRB onde começou em seus juvenis. Jogava futebol
e cursava engenharia. Em 1973 só não ganhou a Bola de Ouro da
revista Placar porque o CRB não se classificou para as semi finais do
campeonato brasileiro. No ano seguinte se transferiu para o Vitória
de Salvador assinando um contrato de dois anos com o mais alto
salário do clube. Quando sentiu que estava sendo boicotado pelos
companheiros pediu para voltar ao futebol alagoano. Em 1975, o
CRB não se interessou na sua volta e o CSA conseguiu Roberto
Menezes por empréstimo de um ano, quando foi mais uma vez
campeão alagoano. Quando encerrou seu contrato com o CSA voltou
a cuidar de sua carreira para cuidar da profissão de engenheiro. Em
28 de agosto de 2003, morria uma lenda do futebol alagoano.
Cláudio Canuto, jornalista e cientista social em seu artigo
Eu o vi jogar, 2003
Aventuras de Jacozinho
282
Prata. E se tem festa para Jacó, tem alegria também para a
molecada. Ídolo do CSA dentro de campo e fora dele, Jacozinho,
se notabilizou com seu jeito excêntrico, moleque. Era um eterno
menino, bon vivant, que sempre cativou adultos e crianças.
Driblava como poucos e tinha o poder de despertar as multidões.
Ele dominava a bola, domava seus marcadores e hipnotizava o
público. Desembarcou em Maceió em 1981 e multiplicou os
torcedores do CSA. Em campo, fazia estragos por onde passava;
fora dele, cativava até os rivais com um jeito que chegava até
mesmo lembrar um tal Garrincha das Alagoas. Passou por diversos
clubes ao longo da sua carreira, entre eles Jequié (BA), Galícia
(BA), Lêonico (BA), Corinthians de Presidente Prudente (SP),
ABC (RN), Baraúnas (RN), Rio Branco FC (AC), Nacional (AM),
Santa Cruz (PE) e Ypiranga (PE). Mas a fase de maior sucesso foi
defendendo o CSA.
283
estádio, convidou Jacó para comentar a partida. Ele assumiu o
comando da jornada e não teve pra ninguém. A torcida do Vasco
deixava de prestar atenção no jogo para ouvir as histórias do
boleiro. Naquela mesma semana, Zico programava sua festa no
Maracanã, e o repórter Márcio Canuto tentou colocar o craque do
CSA no “script”. “Com aquele jeitão todo dele, o Márcio Canuto
me disse: ‘vamos, Jacó, vou lhe apresentar ao Zico e você vai
entrar nessa festa, meu filho. O povo quer que você jogue.” Na
apresentação ao craque do Flamengo, o sergipano percebeu que as
coisas não seriam tão fáceis assim. “O Zico mal pegou na minha
mão e virou de costas. Quis ir embora, mas já tinha feito amizade
com outros jogadores, como o Júnior, e o Márcio me convenceu a
ficar”.
284
sozinho no meio-campo. Partiu em velocidade e foi lançado por
Maradona no meio da defesa do Flamengo. O ponta dominou a
bola em velocidade, deu um drible da vaca no goleiro Cantarelle,
ganhou do zagueiro Figueiredo na corrida e encostou para o gol
vazio. “Consagração geral. Depois daquele gol, amigo, a torcida
esqueceu o Zico e só gritava o meu nome. Saí do Maracanã
consagrado. No outro dia as manchetes destacavam: Jacozinho
rouba a festa de Zico”, conta Jacó. Toda essa fama, rendeu a Jacó
entrevistas nas mais conceituadas revistas de esporte do País, como
a capa de Placar com a camisa da seleção brasileira.
285
‘caras’ vieram atrás de mim, querendo me pegar. Do vestiário, fui
levado para o Mutange e saí de lá para um restaurante que tinha no
bairro de Ponta Grossa, chamado ‘Buraco da Zefa’. Ao chegar lá,
estavam juntos torcedores do CSA, do CRB e membros da imprensa.
Alguns torcedores do CRB ainda partiram para me bater e eu me
defendi segurando uma cadeira. Foi uma confusão danada, mas no
final foi tranquilo”.
Cícero Lopes de Araújo, o Castanha, massagista do CSA
286
e voltou a Maceió para encerrar sua carreira no CSA. Tentou a de
treinador no próprio clube azulino, mas não deu certo.
TERRA DE FUTEBOL
287
o futebol já era uma realidade na cidade de Penedo. E o primeiro
jogo aconteceu no dia 27 de dezembro daquele ano. E aconteceu
em um terreno improvisado localizado em frente ao Cemitério
Publico, no bairro do Cajueiro Grande. Foot-Ball Club foi,
provavelmente, o primeiro clube que surgiu em Penedo e que
usava as cores vermelho e branco. O clube tinha dois times que
jogavam entre si. E foram essas duas equipes que disputaram o
jogo do dia 27 de dezembro. Uma época em que tínhamos o Gool-
keeper, Full-back, Half-back, Center-half e Center-forward.
totalmente a maquete original que estava com sérios problemas.
Por Lauthenay Perdigão, em Arquivos Implacáveis, 1981,
editado pela Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas
288
Alagoano Foot-Ball Club, do qual Manoel Machado foi aclamado
presidente. A maioria nunca tinha visto um jogo de futebol, apenas
Manoel Machado, Mário Trigo e Amadeu Dourado tinham um
vago conhecimento das regras do novo esporte. Depois de vários
adiamentos, chegou à tarde memorável da apresentação ao publico.
289
O jogo do Xaxado. CSA 4 X 0 CRB
O jogo do Xaxado foi um dos que mais emocionou a torcida
azulina. Não somente pelo resultado de 4 x O, mas pelo passeio
que o clube deu no seu tradicional adversário, o CRB. Xaxado é o
famoso ritmo musical. Na época, 10 de setembro de 1952, era a
musica do momento, das paradas de sucesso. Todo o Brasil
dançava o xaxado com Luiz Gonzaga. E naquela tarde, no campo
da Pajuçara, os jogadores do CRB dançaram o xaxado no ritmo
azulino. Foi um baile, um olé. Jamais se pensou em desrespeitar o
adversário, mas era gostoso observar a bola de pé em pé com os
alvirubros na roda. Como ninguém se lembrava do jogo da Sofia
(CRB 6 x CSA O), o marcador ficou mesmo nos 4 x 0. Havia
condições para superar os 6x0, entretanto, os jogadores do CSA
preferiram os dribles espetaculares, as jogadas de alto efeito
técnico, com a torcida azulina batendo palmas e gritando,
ritmicamente, a palavra xaxado. Muitos gols foram perdidos.
Por Lauthenay Perdigão, em Arquivos Implacáveis, 1981,
editado pela Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas
Rivalidade até no apito
Em 1941 aconteceu um fato interessante envolvendo os
tradicionais clubes da cidade. Um caso que mostra como era a
rivalidade entre CSA e CRB. Até mesmo em um amistoso para
arrecadar fundos para ajudar aos leprosos de Alagoas, a pedido do
então governador interventor Ismar de Goes Monteiro. O CSA não
queria, o presidente do clube, Paulo Pedrosa não aceitou participar
do jogo. Achava que, naquele momento, o CRB estava muito
290
melhor pelas contratações que havia feito. Dizia que o CRB queria
vencer o campeão de qualquer maneira. Mesmo assim, aceitou
comparecer ao Palácio dos Martírios para conversar com
Interventor Góes Monteiro e o presidente do CRB Rui Palmeira.
291
esportivo, construtor do Estádio Rei Pelé, no fim dos anos 1960, e
exímio entrevistador, como o famoso bate papo com o capitão
Bellini, campeão de 1958 pelo Brasil. Ele hoje é diretor e curador
do Museu de Esportes Edvaldo Santo Rosa, nome do atacante
alagoano Dida, seu amigo, e campeão do Mundo em 1958 e
artilheiro no Flamengo. Além da privilegiada memória, ele está
sempre presente ao museu para mostrar seus tesouros. São mais de
10 mil fotos, 400 mil camisas de clube, em todas as épocas, seis
mil reportagens (de revistas, jornais, TV, rádio ou internet).
292
sobre o beque dentro da área, um dos mais bonitos de todas as
Copas. Foi uma decisão difícil. A camisa tinha sido dada ao
jogador alagoano Dida, que era seu reserva imediato, que ao
morrer entregou à sua família. Os filhos decidiram doar a camisa
ao museu. Mas o fato está noticiado nos jornais da época, em 21 de
setembro de 2004, na Casa Christhie´de Londres, por um
colecionador privado por 105 mil dólares, pó equivalente na época
a R$ 300 mil reais.
293
artigo publicado no jornal “O Índio”, que circulava em Palmeira
dos Índios (AL). Com o pseudônimo J. Calisto, Graciliano
assinava uma coluna intitulada “Traços a esmo”, em que fazia
comentários ácidos em geral. No domingo de 10 de abril de 1921,
ele escreveria Futebol é fogo de palha, que depois se tornou
documento importante da história do futebol brasileiro.
294
especificamente à sua gente do sertão, aos leitores do jornal de sua
pequena Palmeira dos Índios. Mas parece falar para o Brasil como
um todo, sendo que neste caso o jornal “O Índio” decerto não era o
melhor palanque, e talvez fosse audácia demais para um talento tão
novo e suburbano, em uma terra desconhecida. A contraposição
sertão/grandes cidades aparece no texto com frequência reforçando a
ideia de que fala mais para sua gente do que para todo o país, onde
sugeria para a mocidade exercitar-se em jogos nacionais, sem mescla
de estrangeirismo, como o murro, o cacete, a faca de ponta”.
A criação de jogadores-caranguejo
295
O jornalista Mário Magalhães escreveu uma das belas
páginas do futebol brasileiro, no livro Viagem ao País do Futebol
(1998), resultado de uma pesquisa e reportagem por todo o Brasil,
com fotos de Antônio Galdério. Em Alagoas, ele fez reportagens
arrasa-quarteirão, que mexeu com os caciques do futebol aloano,
como empresário João Feijó, dono do Conrinthians Alagoano,
fundado em 1991. Mário entrevistou Feijó, que fez declarações
contundentes, como não se importar pela subida do time à primeira
divisão do Brasileirão, apostando em uma empreitada muito mais
lucrativa: a de comprar e vender jogadores. Ele mantém vínculos
do passe, por exemplo, do jogador Grafite. Veja o que João Feijó
falou sobre como mantém seus jogadores, usando como
“metáfora” os mangues alagoanos.
296
Na Copa do Mundo de junho de 2014, Alagoas não foi uma
das sede do mundial, mas virou um Centro de Treinamentos de
Seleções (CTS), quando uma grande reforma no estádio Rei Pelé
foi realizada, com inclusão de academia, laboratório; o gramado
foi todo recuperado. Alagoas foi o estado-anfitrião da seleção
africana de Gana, os “Estrelas Negras” da Áfica. O país jogou no
Grupo G da competição, ao lado de Alemanha, Portugal e Estados
Unidos, e não passaram das quartas de finais. A escolha por
Alagoas muito se deve ao fato de que vários jogos da chave estão
marcados para acontecer em Estádios da Região Nordeste. Gana
estreou no dia 16 de junho, contra os americanos, na Arena das
Dunas, em Natal. Depois, no dia 21 de junho, com os alemães, que
viriam a ser campeões do Mundo no Brasil, na Arena Castelão, em
Fortaleza. Por fim, os africanos enfrentaram a seleção de Portugal,
no Mané Garrincha, em Brasília, no dia 26 de junho.
GENTE
297
alagoana se pode generalizar, como no passado do carioca, que é a
história de uma gente quase anfíbia. Não se deve deixar de
considerar a grande influência, sobre a formação do alagoano, que
vendo sendo o açúcar através do latifúndio, da monocultura e da
escravidão. Através do sistema patriarcal e quase feudal de relações
entre senhores de terras com lavradores, de donos de casas-grandes
com escravos de senzalas ou quilombos de mocambos: de homens
com mulheres; de brancos com pretos, de europeus com indígena; do
homem com a natureza – com as terras, com as matas, com as
águas”.
Bordadeira/ rendeira
298
Mulher que faz bordado ou renda. As alagoanas estão entre
as melhores do Brasil. É um trabalho delicado e detalhista. Entre
os bordados que são genuinamente alagoanos estão filé, labirinto,
bilro, singeleza, meia noite. Todo trabalho artesanal reúne uma
tradição de conhecimentos que são repassados por gerações. Esses
conhecimentos são também aprimorados com o passar do tempo,
acrescentando-se melhorias e inovações ao produto ou ao modo de
produzi-lo. Trata-se de um ofício em que mãos e mentes
laboriosas, debruçadas sobre uma mesma atividade feita à mão,
geralmente sem uso de livros ou manuais técnicos, aprendem a
fazer fazendo. Ficou famosa a música de Zé do Norte, Mulher
Rendeira, em sua letra original.
299
observam as cheias que trazem peixes e renovação para a vida.
Eles cultivam o arroz, o milho, o feijão; e o sustento da pesca,
agricultura e criação de animais. Em Alagoas, os ribeirinhos são os
moradores do Baixo São Francisco, formado pelas cidades de
Penedo, São Braz, Igreja Nova, Belo Monte, Traipu, Pão de
Açúcar, Piranhas e Delmiro Gouveia.
Cortador de cana
300
ele faz uma pilha. O fiscal vem e mede as pilhas com um
compasso. Para cada metro de cana empilhada, o cortador ganha de
5 a 10 centavos. Entre os instrumentos usados pelo canavieiro está
o podão (faca grande e comprida) para não se machucar. A safra da
cana dura seis meses. No resto do ano, enquanto espera a cana
brotar de novo, o cortador faz sua plantação de subsistência ou
emigra para as capitais à procura de trabalho. O setor
sucroalcooleiro já chegou a empregar dois milhões de pessoas na
atividade durante o Proálcool, programa de estímulo à produção de
etanol. Hoje, são cerca de 600 mil trabalhadores, dos quais 150 mil
na área agrícola.
Em lugares distantes
onde não há hospitais nem escola
homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos
plantando e colhendo a cana que viraria açúcar
em usinas escuras, homens de vida amarga e dura
produziram esse branco e puro açúcar com que adoço meu
café nessa manhã
em Ipanema
Destaladeira de fumo
301
O cultivo do fumo foi a principal atividade econômica por
mais de cinco décadas em Arapiraca, no agreste alagoano, onde as
mulheres trabalhavam horas a fio sentadas no chão nos “salões de
fumo”, destalando e selecionando as folhas já colhidas ao som de
cantigas entoadas para espantar o sono durante as madrugadas. As
cantigas tiveram seu período áureo nas décadas de 1940 e 1950.
Eram versos de amor o dia inteiro, numa alegria contagiante e que
atingia o seu ponto máximo no chamado derradeiro dia de fumo,
quando era encerrada a destalação da safra e o patrão oferecia uma
buchada de um carneiro gordo, bem como um forró acompanhado
ao som de harmônica e muita bebida para comemorar o
encerramento da colheita.
Adeus Cajueiro
Adeus Cajuí
Adeus que eu vou-meimbora
Para o ano eu volto aqui
302
Vamos deixá para o ano
Se nós todos vivo for
Marisqueira e Despinicadeira
Tapete negro
Que a água esconde
Lugar comum entre lugares onde eu cresci
Tuas pontes, teus mangues mistérios
Mundaú das ilhas, dos casebres, a lagoa mãe
És senhora de rara beleza
Eu vi a pérola
Eu vi a Pérola
Eu vi a pérola
Na concha de um Sururu
Em tuas margens
Eu lembro ainda
Da árdua luta quase tem.
Pescador
303
Alagoas contava, em 2013, com mais de 31 mil pescadores
registrados nas colônias espalhadas pelo estado, que tem quatro
grandes polos de atividade: Rio São Francisco; Maceió e litorais
Sul e Norte; o Complexo Lagunar Mundaú e Manguaba; e os
criatórios de peixe em cativeiro, principalmente a tilápia. De
acordo com o IBGE, há os pescadores envolvidos com a atividade
industrial (assalariados), e os sem registro (carteira de trabalho).
Os profissionais são aqueles que pescam para a subsistência de
suas famílias, mas conseguem gerar excedentes que são
comercializados no mercado, e os de subsistência são aqueles que
pescam para a manutenção de suas famílias e que não conseguem
gerar excedentes para o mercado.
304
O tirador de coco é o morador dos sítios de coqueiros do
litoral. Usa as peias feitas de cipó, com que sobe nos coqueiros e
faz o corte dos frutos com uma foice de cabo curto. É comum ver
no litoral do Nordeste profissionais que ganham a vida subindo em
coqueiros para colher frutos. Embora não pareça, tirar coco é uma
atividade de extremo risco, pois sem qualquer equipamento de
segurança, esses homens arriscam suas vidas subindo em coqueiros
com até 30 metros de altura. Nessa arriscada atividade, eles portam
apenas um facão “rabo de galo”, muito utilizado no corte de cana-
de-açúcar e um recipiente plástico tipo spray, geralmente
embalagem vazia que reaproveitam, colocando óleo diesel,
principal arma contra os marimbondos caboclos e outros animais
peçonhentos que habitam as copas dessas palmeiras. No Congresso
Nacional tramita um projeto de regulamentação da atividade
profissional dos tiradores de coco que beneficiará uma massa de
trabalhadores. O escritor paulista Mário de Andrade, em seu
famoso livro Turista Aprendiz (1983), em sua viagem etnográfica
pelo Nordeste teve os tiradores de coco, em sua atividade
profissional como personagens de seus registros fotográficos. Em
seu trabalho constatou a precariedade das condições de vida e
saúde destes trabalhadores que colocam em nossas mesas a
deliciosa água de coco.
Jangadeiros alagoanos
305
Em Alagoas, existem alguns tipos de atividade entre os
jangadeiros, a mais popular é o que faz a travessia para galés e
piscinas naturais; há os que pescam em alto mar, com linha de
mão; e os lacustres, que percorrem as ilhas das lagoas. Em Maceió
existe a Rua Jangadeiros Alagoanos, entre Ponta da Terra e
Pajuçara, que presta uma homenagem aos pescadores Umbelino
Santos, Eugênio de Oliveira, Joaquim Tertuliano e Pedro Ganhada,
tripulantes da jangada “Independência”, que zarparam pelas águas
do Oceano Atlântico até a capital da República, em 1922, o Rio de
Janeiro, para comemorar o 1º Centenário da Independência.
Vaqueiro
306
seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da
terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele... A pé,
não se aguentava bem. Pendia para um lado, para outro, cambaio,
torto e feio”.
Lavadeira
307
palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra
foi feita para dizer”.
Canoeiro/ Barqueiro
308
Acendedor de lampião
O acendedor de lampiões
309
E a palidez da lua apenas se pressente.
Caçador de caranguejo
310
alagoano Audálio Dantas, na icônica revista Realidade, em março
de 1970, com o título Povo Caranguejo.
311
filósofo e humanista Josué de Castro, em seu livro Geografia da
Fome.
Vendedor de Caranguejo
Gilberto Gil
Compositor: Gordurinha
Caranguejo Uçá
Caranguejo Uçá
Apanho ele na lama
e boto no meu caçuá
Tem caranguejo
tem gordo guaiamum
cada corda de dez
eu dou mais um
eu dou mais um
eu dou mais um
cada corda de dez
eu dou mais um
eu perdi a mocidade
com os pés sujos de lama
eu fiquei analfabeto
mas meus filho criou fama
pelos gosto dos menino
pelo gosto da mulher
312
eu já ia descansar
não sujava mais os pé
313
ÍNDIOS DAS ALAGOAS
314
família terra para plantar e colher. Em 1759, os jesuítas foram
expulsos abandonando o colégio e o convento. Outro fato
marcante, é que não existem mais índios, e sim caboclos, juntos e
misturados índios e negros. Em 1859, D. Pedro II, esteve com os
índios, ocasião em que foi concedida uma área de terra para sua
sobrevivência. Por fim, a Funai concede 281 mil hectares de terras
registradas como Terra Indígena Aconã, na comunidade de Bom
Jardim, onde habitam até hoje, preservando costumes e tradições
culturais indígenas.
315
canoas ou lanchas, que partem cortando as águas do São Francisco,
em direção à foz. A lancha percorre o trajeto bem perto das
margens, ao lado de paisagens deslumbrantes de mangues,
paredões de areia caindo pela força das águas e milhares de
caranguejo entrando nas locas de lama preta dos mangues. Em 40
minutos se chega ao povoado de Bom Jardim, onde ficam as terras
demarcadas pela Funai na aldeia Aconã. Apesar da sisudez da
placa indicativa, “Terra Protegida, Identifique-se”, o visitante é
muito bem recebido por um incessante cheiro de sândalo e pelo
cacique José Saraiva, em sua casa, com mulher e filhos, aos 77
anos. Óculos escuros tipo Waldick Soriano, o cacique solta o verbo
e diz que está esperando uma equipe de TV para fazer uma séria
denúncia: “Todo nosso cedro está sendo destruído e levado por
pescadores para fazer canoa”, diz.
316
“Hoje não diferenciamos quem é A ou B em razão da mistura.
A própria história do Brasil não conta nada, foi feita no estrangeiro.
Só é boa quando é contada pelos próprios índios, que continuam
contando histórias de 600 anos atrás, como nossos pais nos
informaram”.
“Éramos seis milhões na zona litorânea. Os portugueses, os
franceses e os holandeses usavam os índios para produzir gente de
forma mais rápida para se manter no poder”.
317
devido às perseguições e falta de terra pela colonização. Os
Geripancó vivem em oitos comunidades e, devido às necessidade
de subsistência, trabalham como meeiros de fazendeiros da região,
nos meses que correspondem ao inverno. No verão, geralmente
vão para o corte da cana-de-açúcar nas usinas de Alagoas e em
outros Estados vizinhos. Eles retornam ao fim da moagem para
plantar feijão, milho e mandioca durante o inverno. O solo não é
adequado para cultivar muitos frutos, mas tem caju, pinha, jaca e
manga e o umbu no inverno.
Karapató
Kariri-Chocó
318
região reunindo várias nações indígenas (Kariri, Karapatós e
Aconans) criando um aldeiamento denominado "urubu-mirim".
Seu cotidiano é muito semelhante ao das populações rurais de
baixa renda que vendem sua força de trabalho nas diferentes
atividades agropecuárias da região. Atividades culturais: Cantos e
torés, artesanato, cerâmica utilitária e ervas medicinais e atividades
econômicas: agricultura, olaria, pesca e artesanato.
Tingui Botó
Wassu Cocal
319
missa inicial com padre, e após uma cerimônia de oito dias na qual
só participam os índios, por possuírem rituais secretos, na qual
ocorrem curas e outras manifestações que o branco não pode ficar
sabendo.
Xukuru Kariri
Kalankó
Karuazu
320
O longo processo de migração experimentado por famílias
pankararu desde a extinção oficial do aldeamento de Brejo dos
Padres, no penúltimo quartel do século XIX, promoveu a formação
recente de coletivos de identidade indígena genealógica e
culturalmente ligados aos índios Pankararu (PE).
321
de que, no próximo censo, a maior aldeia indígena de Alagoas vai ser
Maceió. Não me interessa se você é marxista ou não; não interessa
que corrente ideológica você segue; o que interessa é que a
universidade tem responsabilidade por uma coisa que se chama povo.
Ninguém é objeto de estudo, a academia não elimina a desigualdade.
É importante sabermos o quanto precisamos aprender com esse
povo".
Pioneiro na antropologia
322
Pernambucano; o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; a
Sociedade Brasileira de Geografia; da Sociedade Geográfica
Americana (Buenos Aires); a Société des Américanistes de Paris.
Em 1952, indicado pelo sociólogo Roger Bastide e convidado pelo
historiador Lucien Fébrve, proferiu uma palestra sobre a
antropologia brasileira, na Escola Prática de Altos Estudos (École
Pratique des Hautes Études), de Sorbonne, em Paris. A obra de
Estevão Pinto, segundo o sociólogo paulista Florestan Fernandes,
equipara-se às pesquisas de Couto de Magalhães, Nina Rodrigues e
do alagoano Arthur Ramos. O folclorista alagoano José Maria
Tenório Rocha escreveu o livro Estevão Pinto, um dos pioneiros
da antropologia no Brasil. Fortaleza: Fundação Waldemar
Alcântara, 1994.
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php
323
NEGROS DE ALAGOAS
324
comunidades quilombolas certificadas e uma em processo de
estudo, segundo dados da Fundação Cultural Palmares. A maior
concentração destas comunidades em Alagoas se encontra na
microrregião serrana dos Quilombos, que abrange sete município:
Chã Preta, Pindoba, Ibateguara, Santana do Mundaú, São José da
Laje, Viçosa e União dos Palmares que é o mais populosos destes.
Em terras quilombolas
325
colonial do Império contra os quilombolas, sendo o mais famoso
deles a Serra Real dos Macacos, a Serra da Barriga, em União dos
Palmares, onde reinou Zumbi.
Os Caminhos da Liberdade
326
Na Região dos Quilombos, um roteiro de turismo étnico,
aberto em 2008, oferece um passeio turístico cheio de histórias e
aventuras, dentro da imensidão da natureza. Tudo começa no
Parque Memorial Quilombo dos Palmares, onde encontra-se a
comunidade quilombola Muquém, importante por seu artesanato
em cerâmica. O roteiro segue até Palmeira dos Índios, na
comunidade Tabacaria, com cerca de 89 famílias descendentes de
escravos é o primeiro território quilombola reconhecido pelo
Governo Federal. O roteiro conta ainda com Poço das Trincheiras,
onde se encontram três comunidades remanescentes de
quilombolas: Jacu e Mocó, Jorge e Alto do Tamanduá, seguida de
Arapiraca, Taquarana e Pão de Açúcar, cada uma com duas
comunidades cada: Pau D’arco e Carrasco, Mameluco e Poços do
Lunga, Poço do Sal e Chifre do Bode. Existem também
comunidades em Penedo (Tabuleiro dos Negros), Cacimbinhas
(Guaxini), Santana do Mundaú (Filus), Santa Luzia do Norte
(Quilombo) Batalha (Cajá dos Negros), Monteiropolis (Paus
Pretos) e Delmiro Gouveia (Cruz). Em todo roteiro, o visitante
pode conhecer um pouco da cultura remanescente dos negros,
como artesanato, danças e culinária.
327
quilombo, cambona, mutange. E personagens reais como Miss
Paripueira, Moleque Namorador e imaginários: Negra Fulô, Negra
Juju. “Em sua abrangência, (as toponímias) formam um grupo que
reúne expressões correntes na memória linguística e no cotidiano
alagoano, e que possibilita a popularização de termos e
expressões”, em Iconografia Alagoana (2011), pelo sociólogo
Bruno César Cavalcante.
328
confirmou a presença malê em Alagoas, o gentílico não agradava
aos adeptos, que era dito de forma pejorativa.
329
que a sagacidade e a diligência do ouvidor da comarca das Alagoas,
Antonio Ferreira Batalha, fizeram abortar, prendendo os cabecilhas,
tomando medidas preventivas e cuidando cautelosamente de verificar
a existência de negros fugitivos vindos da Bahia, impedindo o intento
da “intimação criminosa” como disse o ouvidor Batalha em seu
ofício ao governador e capitão mor de Pernambuco”.
330
“A Festa dos Mortos, que o dr. Mello Moraes desenha em
Penedo é com certeza uma festa muçulmana. A prática de reza e
longos jejuns, a abstinência de bebidas alcoólicas, as relações da
festa com as fases lunares, o sacrifício de carneiros, a vestimenta de
largas túnicas alvas, a descrição de todas as práticas e costumes
malês, que não se encontram nas festas dos negros fetichistas. De que
nacionalidade eram esses malês, e que o autor não disse, não
indagou, nem tenho dados para julgar”.
As negras muçulmanas
As professoras e pesquisadoras Mariza de Carvalho Soares e
Priscilla Leal Mello, do Programa de Pós-graduação em História
da Universidade Federal Fluminense, colocaram mais luzes sobre o
livro de Abelardo Duarte, além da descrição da rebelião no ano de
1815. Segundo as pesquisadoras, Duarte se preocupou em mostrar
que os muçulmanos permaneceram em Penedo após aprisão de
muitos de seus grupos, anexando ao texto foto de 1887. No vers da
foto – que reúne cinco homens e quinze mulheres, consta:
“Candomblé — Brinquedo dos Africanos de Penedo”. Para as
pesquisadoras, a foto exibida sugere uma comparação com as duas
imagens que ilustram o capítulo A Festa dos Mortos, de Mello
Moraes Filho. A primeira delas é a do “Chefe Sacrificador”; a
outra, a da “Boiádera Negra”, “de turbantes e panos da costa, de
331
saias rendadas e leves chinelinhas, as mulheres negras
prodigalizavam aos convivas do estranho festim comidas à moda
de seu país. Graciosa e vistosamente trajada, recobria-lhes a mão
suspensa uma chuva de fitas de todas as cores, e mais missangas e
búzios que a adornavam de um palmo”, disse o memorialista.
A Cultura Negra
332
O legado negro em Alagoas é de uma importância seminal,
e estas expressões e talentos estão na arte popular, na música, na
dança, nos folguedos e folclore, na atitude religiosa, que sofreu
muita oposição, pressão, discriminação e violência, como o Dia do
Quebra dos xangôs de Maceió, em 1912. Na gênese de nossas
maiores expressões populares está a forte presença do negro, e foi
exatamente assim que a cultura negra resistiu e avançou.
333
provenientes, sobretudo, dos atuais territórios de Angola, falantes do
quicongo, do quimbundo e do umbundo, entre outras línguas; da
República Democrática do Congo (Congo-Kinshasa, ex-Zaire) e da
República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), falantes do
quimbundo e do quicongo, entre outras, que constituíram a força de
trabalho africana espalhada inicialmente na costa brasileira, entre os
séculos XVI e XIX, formando a quase totalidade dos negros cativos
em Alagoas. Os rebeldes de Palmares, por exemplo, eram
seguramente bantos, em sua maioria e talvez mesmo em sua
totalidade”.
Por Bruno César Cavalcanti, no artigo Bantas Coisas de
Alagoas - culturas negras, passado e presente, em 12 de Dezembro
de 2005
334
da cultura popular de Alagoas” são resultados de um contexto da
escravidão.
335
plantou as raízes da liberdade do negro com muita guerra e muito
sangue. A serra viveu seu apogeu no Quilombo dos Palmares, que
se transformou em palco sagrado de resistência dos negros. A serra
estava radiante e iluminada, com a inauguração do busto do líder
Zumbi em pedra-sabão e do pavilhão das bandeiras, uma grande
oca de madeira e palha, construída para o tombamento da serra
pelo governo brasileiro. A Serra da Barriga comemorava também,
pela primeira vez no calendário nacional, o 20 de novembro como
Dia da Consciência Negra, deixando na poeira da história o 13 de
maio da Princesa Isabel. O topo da Serra se transformou em uma
mãe África. Negras e negros de Angola, da Nigéria, de
Moçambique, do Congo e da Serra Leoa dançavam e gritavam
palavras de ordem, batendo duro no chão, fazendo poeira na serra.
336
pantera Ângela Davis, estavam lá. Uma foto em preto e branco
revelava uma linda negra da Nigéria que fazia um inflamado
discurso. No cair da tarde, a serra viveu uma cena inesquecível. Os
negros da Jamaica, com cabelos amarrados em feixes, em baixo da
sombra de uma frondosa palmeira, cantavam canções de Bob
Marley, jogavam capoeira, tomavam goles de vinho daquele da
jarra grande e fumavam um baseado do tamanho de um charuto.
Não sei se foi a primeira vez que o secretário Abdias presenciava
uma cena assim. Ele também estava com os olhos bem abertos.
ILUSTRES ILETRADOS
337
É um paradoxo a existência de índices tão altos de não
letramento e de não alfabetização, no berço de gênios da literatura
brasileira como Jorge de Lima (1893-1953); Graciliano Ramos
(1892-1953), Lêdo Ivo (1924-2012) e Aurélio Buarque de Holanda
(1910-1989). Ao citar em seu verbete a condição do filósofo
Rousseau de analfabeto que superou sua ignorância aos 35 anos,
Aurélio levou em alta conta seu desejo de que todos pudessem ser -
um dia - Jean Jacques Rousseau(1712-1778). Eles não se tornaram
um Rosseau, um erudito das letras mundiais, mas como ilustres
iletrados de Alagoas deixaram páginas de glória na história da arte
popular, da cultura, do folclore, da música, da poesia e das
tradições orais, como donos das histórias mais espetaculares. Na
lista estão artistas populares como os trovadores, poetas
cordelistas, cantores, artistas populares, e figuras do folclore e dos
folguedos. Gente liga à plebe rude.
Chico Nunes das Alagoas
338
“Chico Nunes foi um desses repentistas que ainda glosa com o
copo na mão. Sem tribuna e nem local fixo para se apresentar, os
improvisos vão se largando nos caminhos, bares, bordeis... O tempo
distorce e tumultua, porque nada fica em letra de forma para se
eternizar. A figura do poeta se folcloriza e a ele passa a atribuir-se
todos os improvisos que andam no ar. Seu repertório acaba se
tornando maior que as chamadas anedotas de Bocage”.
Por Mário Lago, no livro Chico Nunes das Alagoas, da
editora Civilização Brasileira, edição 1975
339
pouco importando que ele repetisse o já contado na véspera.
Escutava pacientemente, na certeza de que, de um momento para
outro, surgiria um detalhe esquecido. Procuro reproduzir aqui tudo
que ele contou, conversando a sua maneira solta e despreocupada de
dizer as coisas. Se falhei no intento de repetir o Chico Nunes que eu
ouvi, azar do poeta, que era bom às pampas. Aos quatro anos, em
consequência de um sarampo, ele adquiriu uma forte miopia, que lhe
cortou os passos nos estudos. Apesar dos óculos, com enorme
sacrifício conseguiu ler ou escrever alguma coisa”.
E na sequência, Mário mostra um verso de Chico Nunes.
340
“Em 1945, com doze anos, envolvido pela música e pelo
jogo de futebol no campo da estação, Jacinto é mais uma vez
reprovado no exame de promoção da 1ª série. Depois disso,
abandonou definitivamente os estudos. Ainda adolescente
começou a frequentar feiras, festas e os cabarés da Rua
Pernambuco Novo, em Palmeira dos Índios, cantando embolada,
coco de roda e forró”
341
“A cultura musical nordestina autêntica e original – que foge
do atual padrão de forró estilizado, com simulação de ritmo
caribenho e mexicano, untada de baixo calão – pode ser definida a
partir de quatro figuras emblemáticas: Luiz Gonzaga (inventor e
divulgador do baião), Jackson do Pandeiro (intérprete habilidoso de
senso ritmo invejável), Dominguinhos (virtuoso instrumentista de
herança gonzaguiana), e Jacinto Silva (cantador especialista em
várias modalidades de coco e forró). Ao popularizar o coco
sincopado – gênero musical que fundia trava-língua com pique de
embolada – Jacinto conseguiu desenvolvê-lo de forma complexa e
sofisticada, tanto no modo compor como na de interpretar”.
Em As Canções, por Luciano José, Imprensa Oficial
Graciliano Ramo, 2013
342
verdadeiros, e ditou linha a linha para seus filhos e amigos. São
histórias de caças hilariantes, testemunhos sobre Lampião e seu
bando e aventuras inimagináveis, tudo saído de sua cabeça de
pensador.
“Em seu caderno, mestre Fernando (re) produziu cultura,
registrou os fatos históricos, alguns pintados com um tom
fantástico e contribuiu, através do ato de criar, para a construção
de uma identidade cultural do território, sendo, portanto,
verdadeiro agente mediador entre aquela pequena fatia da
população alagoana e mundo externo em diálogo cada vez mais
acentuado em nossa contemporaneidade. E para que os escritos
do mestre Fernando não sejam lidos somente por aqueles que
adquiriram suas esculturas em vida”.
Mangação na escola
Em uma parte de seus “escritos” seu Fernando fala de sua
infância, das difíceis condições da família, e de sua decepção ao
chegar pela primeira vez a uma escola, em uma experiência nada
agradável e que marcou sua vida, já que largou os estudos, que
nem começara. Até chegar ao estrelato como um dos maiores
artistas populares de Alagoas e do Brasil, Fernando Rodrigues teve
343
infinitas profissões. Além de “agradecer a Deus pelo dom e
coragem de ser caçador”, ele foi pescador, bodegueiro (foi dono do
Redondo o bar mais animado da Ilha), foi sapateiro, servente de
pedreiro, poeta (“fazedor de rimas”), farinheiro, criador de bode,
gado e galinha de Guiné, e até jogador de futebol.
FIGURAS POPULARES
344
entre os anos 1950 e 1960. Eles ficavam loucos quando passava
aquela mulata sestrosa, com o corpo cheiroso e vestido
apertadinho, no auge de sua vida sexual, até a decadência. Um tabu
permanece até os dias de hoje, mas pouca gente fala: quem levou a
Nêga Odete para a cama? Aos coqueirais na penumbra ou as areias
noturnas do mar de Jaraguá? Odete nasceu em uma família pobre,
foi criada pela avó no bairro da Levada. Cresceu uma menina
alegre, cativante. Tinha as ruas, as praças, a lagoa Mundaú para
brincar, pescar e catar sururu. Criou-se livre, sem estudar, correndo
e percorrendo toda biboca da cidade. Um de seus maiores fãs, e
amigo, o escritor Carlito Lima, autor de muitas histórias sobre ela,
não poupa elogios à beleza da mulher que dedicou sua vida aos
prazeres sexuais – que sempre assegurou nunca ter recebido nada
pelas noitadas que oferecia aos “sortudos” que escolhia – e
bagunçou a sociedade conservadora da capital. Odete seria hoje a
nossa Gabriela Cravo e Canela.
345
boates de Jaraguá apenas para rodopiar ao som dos conjuntos
tocando os boleros. Muitos parceiros de dança tentaram levá-la para
o quarto, ela recusava, queria apenas dançar. O único local que
aceitava uma empregada, negra, analfabeta, no salão de dança, era a
zona. Noite alta, com o sapato pendurado entre os dedos, voltava
para seu quarto, sua casa na Praça Sinimbu”.
Carlito Lima, no blog Meninos da Avenida, em 19/12/2014
http://meninosdaavenida.blogspot.com.br/2014/12/o-ultimo-
natal-da-nega-odete-por-carlito.html
346
Por Plínio Lins, trecho da reportagem na Gazeta de Alagoas,
edição de 26/06/2005
Só em Maceió
Martinho da Vila
Teka, rendeira
Eliane, praiera
Vamos pra Paripueira
Vamos pra Paripueira
Vai ter sururu
Vai ter sururu
E o Maré fica na beira
Da Lagoa de Mundaú
Vou tomar uma azuladinha
E vou convidar vocês
Pra comer uma agulhinha
Lá na Praia do Francês
E um casadinho de feijão
Lá na casa do Seu João
E depois vou vadiar
Com as meninas do Mossoró
Só em Maceió
Só em Maceió
É que se pode vadiar
347
Com as meninas do Mossoró
Com as meninas do Mossoró
348
Depois, num soluço, os olhos molhados de gratidão, gritou:
- Obrigado, Marechal. Obrigado. Quem cala, consente.
349
um ladrão”. Ao ouvir isso, Tenório Cavalcanti disse "vai morrer
agora mesmo", no que foi contido por vários deputados, que
agarraram o revólver de Tenório, impedindo a morte de ACM, que a
essa altura já tinha tido uma incontinência urinária e, diante da
impossibilidade de ser alvejado, bradava no microfone “atira, atira”.
Ao ver a poça de urina no chão, cena constrangedora em que se
encontrava ACM, Tenório Cavalcanti começou a rir dele e disse:
"Podem sossegar. Eu só mato homem”.
http://jornalggn.com.br/blog/alessandre-de-argolo/o-dia-em-
que-toninho-malvadeza-se-urinou-de-medo-do-homem-da-capa-
preta
350
simplicidade à frente do Governo que se tornou conhecido por
passear sem segurança pelas ruas da capital. No lugar de assessores
militares, preferia a companhia de crianças e pobres com quem
dividia roletes de cana que o tornou personagem recorrente da
crônica política alagoana. E, de tão cristalizada, essa imagem
folclórica do “Major” quase se sobrepôs às realizações de sua
gestão”.
Radjalma Cavalcante e Felipe Cavalcante,
em crônica da Gazeta de Alagoas, edição 03/08/2003.
351
que todos os carros oficiais apontassem sua luz para o tal cajueiro
solitário, e falou aos presentes.
352
fiquei no mirante a olhar
os raios dourados do sol
no azul imenso do mar.
Olhei a Cidade Sorriso
eu vi Maceió tão feliz
Eu vi eu vi eu vi eu vi!
Vi tanta coisa boa
no mundão de lagoa
um barco a deslizar
Eu vi eu vi eu vi eu vi!
Trapichão enfeitado
CRB no gramado
com CSA a jogar
Jatiuca, Pajuçara
Ponta Verde joia rara
Avenida Jaraguá
353
Edécio Lopes, música e letra
354
Juntos fizeram uma das poesias que mais marcaram o carnaval
pernambucano, o frevo canção “Frevo da Saudade”. Aldemar
escreveu a letra e Nelson a música. Na literatura Aldemar Paiva foi
um exímio contador de causos. Um dos mais famosos dele é:
Monólogo de Natal. Aldemar Paiva também foi poeta, cordelista,
ator, radialista, jornalista, compositor, produtor artístico e
publicitário. Nasceu em Maceió, foi um dos fundadores da Rádio
Difusora, mas seguiu sua carreira artística em Pernambuco, onde
durante muitas décadas comandou programas de enorme sucesso.
Frevo da saudade
355
Como um anjo de bondade
E me acompanha
Neste frevo de saudade
Pajuçara
Aldemar Paiva
356
Pajuçara onde o mar beija as areias
Com mais alma e mais amor
Pajuçara lindo berço das sereias
Que nos deu o criador
Pajuçara que refletes num sorriso
O teu coqueiral em flor
Tens uma beleza rara
Pajuçara
357
derrotar a ditadura. O tempo passou, prisões voltaram a acontecer,
líderes estudantis foram presos e submetidos a tortura em Alagoas
e por todas as partes do país, a anistia chegou, e Nô voltou a suas
origens de liberatário, louco e anarquista, e as 75 anos continua
formando novos quadros de esquerda.
358
uso de folhas de manjericão no nariz ao fazer a exumação dos
cadáveres. “O manjericão tem uma essência natural que impede
que o cheiro da putrefação entre pelo nariz”, atesta Manoel
Cassiano, auxiliar de necropsia e que acompanhou Duda por 19
anos no IML. Entre suas exóticas manias estava a de colecionar as
armas dos crimes mais bárbaros. De acordo com João Aurélio,
filho de Duda, essa “coleção” está guardada no museu Théo
Brandão. Para Duda Calado, “trabalhar com defunto é uma
vocação natural”. Mas ele jamais esqueceu o caso da jovem
assassinada pelo marido ciumento, com 129 facadas desferidas por
todo o corpo da mulher.
359
“Nunca, em nenhum governo, o IML foi olhado ou tratado
como deveria. Sempre ficou jogado ao segundo plano, sem apoio de
ninguém. Morto não dá voto, no entanto temos que enterrá-los em
covas rasas e, às vezes, sem a presença da família, como um
indigente”.
360
abril de 1981. Seu histórico bar foi totalmente reformado,
ganhando placas comemorativas e galeria de fotos e artigos,
continuando a ser o reduto dos boêmios de Viçosa.Foi pai de
quinze filhos, todos eles exímios tocadores de cavaquinho e violão.
FIGURAS CARNAVALESCAS
361
Nos anos da década de 1930, Maceió iniciava o período
considerado como sendo a época de ouro do Carnaval alagoano.
Nos clubes e nas ruas, as marchinhas dominavam, mas já
começavam a sentir a crescente presença do frevo pernambucano,
principalmente tocados pelas orquestras dos blocos nas ruas da
cidade. O tradicional Banho de Mar à Fantasia da Avenida da Paz
arrastava multidões para as manhãs dos domingos anteriores ao
Carnaval. Por lá desfilavam blocos, troças, ranchos e mascarados.
Do sábado de Zé Pereira até a terça-feira gorda, a festa se
transferia para a Rua do Comércio, incluindo a Praça dos
Martírios. O corso e os carros alegóricos abriam as noites que
quase sempre acabavam, para parte da população, nos clubes. Nos
bairros, o carnaval acontecia na Praça Moleque Namorador e em
Bebedouro, na ainda Praça Major Bonifácio Silveira, que viria a
ser a Coronel Lucena Maranhão.
Moleque Namorador
362
Ainda é até hoje símbolo do carnaval alagoano e virou nome de
praça, no bairro do Prado.
Pedro Tarzan
Um homem corpulento e de pele negra, Pedro Ferreira Auta
(1929-2001) mantinha uma espécie de “ritual” para confeccionar
suas fantasias carnavalescas. Para evitar ser incomodado pelos
comentários alheios sobre os trajes que produzia, ele buscava se
isolar do contato com as pessoas. “Não queria ouvir a opinião de
ninguém”, confessou ao cineasta alagoano Pedro da Rocha, no
documentário Memórias de um herói de carnaval (1988). Não era
segredo para ninguém. Bastava perguntar para Pedro Ferreira de
onde vinha a inspiração para criar as suas fantasias que ele
revelava sem nenhum rodeio:“Através dos filmes que vinha
assistindo, como O Grande Guerreiro, com Victor Matuse, Um
Passo da Morte, com Kirk Douglas, Talhado em Granito, com
Randolph Scott e O Último Guerreiro, com Jack Palance”.
Desfilando pelas ruas durante as festas momescas vestido de heróis
dos épicos hollywoodianos, ele logo se tornou “o rei do Carnaval
alagoano”.
363
Figura de proa do carnaval alagoano, Rás Gonguila era um
homem do povo, um engraxate. Ele fundou um dos primeiros e
importante bloco carnavalesco, o Cavaleiro dos Montes. Negro
forte, espirituoso e alegre, Rás Gonguila dizia que era rei da
Etiópia. O local onde trabalhava como engraxate, na Rua do
Comércio, tornou-se ponto de encontro de boêmios, poetas e até
figuras políticas. Morador da Ponta Grossa, era muito respeitado e
tido como um líder da comunidade. “Todo ano desfilava à frente
do bloco arrastando uma multidão com orquestra de frevo. Atrás
do bloco misturavam-se pedreiros, engenheiros, médicos,
enfermeiros, desocupados, prostitutas e soldados”, conta o escritor
Carlito Lima.
364
Maestro Manezinho
365
Alfândega de Maceió e no Cais do Porto – também tirou sua
diversão: Januário foi fundador e organizador do bloco
carnavalesco “Os Marujos”, que desfilava pelas ruas da Pajuçara e
Ponta da Terra na década de 1950 e arrastava centenas de pessoas.
Ele também organizava festas juninas e de Natal com quadrilhas,
pastoris (inclusive o dos homens vestidos de mulheres com
maracujás imitando os seios), reisados, fandango (ou marujada) no
Largo de Nossa Senhora de Fátima, na Ponta da Terra. Morreu de
infarto do miocárdio no Sábado de Zé Pereira, em pleno Carnaval
de 1963, a festa de que ele mais gostava. O amigo da família, Jorge
Lins, relembrou Januário e sua importância para o Carnaval.
366
A “fashion” Miss Paripueira
367
como cantor, Setton integrou o cast da Rádio Difusora de Alagoas,
em sua inauguração, em 1948.
368
Major Bonifácio: festeiro de Bebedouro
369
Personagem lendária da marcha “Sururu da Nega”,
composta em 1934, por Pedro Nunes e Aristóbulo Cardoso, e
muita executada nos carnavais de Maceió.
370
Jararaca: Carnaval para o mundo
371
Eu tenho uma irmã que se chama Ana:
De piscar o olho já ficou sem a pestana.
372
“Essa foi a era de ouro das composições de carnaval em
Alagoas. Época que tínhamos o Banho de Mar à Fantasia que ocorria
uma semana antes do carnaval e a pessoas iam à praia e sabiam as
músicas de cor”, lembra Jucá, ao fazer referência também aos blocos
“Amigo da Onça” e “Vulcão” que arrastavam milhares de foliões na
praia da Avenida, ao som do frevo autêntico com marchinhas e
bordões.
373
Alegres manhãs do Pinto da Madrugada
374
Brasil. Filho do radialista Lima Filho, um dos fundadores da Rádio
Difusora, ainda jovem despertou interesse pela cultura. Foi ator,
compositor e agitador cultural. Participou de várias peças teatrais,
entre elas a "História do Amarelinho e o Valente Secundino"
escrita por Wolney Leite e Gercino Souza. Para o ator Chico de
Assis a morte de Marcial "representa uma perda muito grande para
Alagoas, pois com ele morre parte da nossa cultura. O legado de
seu trabalho ficará para sempre marcado pela dedicação e alegria".
Marcial também teve passagem por empresas de publicidade e
ficou famoso nos anos 1980 como garoto-propaganda da empresa
AGEAL, que prestava serviços terceirizados de higiene, limpeza,
dedetização e outros executados em prédios e domicílios. Na
propaganda, Marcial dizia o bordão: "Ageal, limpeza total!".
http://www.tribunahoje.com/noticia/5588/alagoas/2011/09/1
7/morre-um-dos-principais-fundadores-do-pinto-da-
madrugada.html
375
aparecidos em 1932. Era um carnaval de rua, com muita pinga,
muita melação, muito pega-pega e frevo nos ouvidos. Muitas águas
rolaram até chegar aos dias de hoje, com o Pinto da Madrugada, as
Pecinhas, a Seresta da Pitanguinha, e tantos outros.
Lança perfume no ar
376
Rodoro, de cheiro agradável. O comércio de fantasias, de tecidos e
dos demais adereços carnavalescos, a indústria dos lança-perfumes
promovia e esquentava o ambiente do carnaval da velha Maceió.
“Quem se debruçar sobre os jornais diários do período carnavalesco
nas décadas de 1930 ou 1940 verá a força participativa da
propaganda e do comércio do lança-perfume, a atenção dispensada a
este produto pelos colunistas carnavalescos. O mesmo se poderia
dizer dos refrigerantes e das bebidas, muitas das quais de fabricação
local”.
377
bandas distribuídas em palanques, na extensão que ia da Praça dos
Martírios ao ponto onde se ergueria o edifício do antigo Produban”.
LEGIÃO ESTRANGEIRA
378
Nordesta, com trabalhos ambientais em 16 estados, inclusive na
Amazônia, mas, segundo a própria Anita, as ações estão mais
concentradas no Nordeste brasileiro, nos estados de Alagoas e
Pernambuco.
“Foi aqui onde tudo começou. Tinha que fazer uma tese de
mestrado e meu orientador falou de um pássaro raro que tinha
sumido há muito tempo. Fui seguindo as pistas, e, numa tarde quente
de dezembro de 1980, um menino me mostrou um ninho de anumará
na fazenda Riachão, em Quebrangulo. E aí não parei mais. Fomos
criando ações na educação, convidando as crianças a participar do
plantio, pois a mão que planta não destrói mais a natureza”.
Entrevista de Anita Studer à rádio França Brasil (FRI
Brasil), no programa Vozes do Mundo, em 07/05/2016
379
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, a IMBio, para a gestão
da floresta. Desde o início da parceria mais de dois milhões de
árvores já foram plantadas, e construídos um posto de saúde, duas
escolas e um centro de educação ambiental. Anita recebeu o Rolex
Awards, premiação da relojoaria suíça que completa 40 anos. “Mas
o nosso trabalho não acabou”, afirma. Aos 72 anos, ela se empenha
em uma cruzada para cessar, de vez, a extração de madeira.
380
ocupar as vagas de deputado federal e de senador da República no
Brasil.
“Ele dizia que queria voltar para o solo sagrado. Foi uma
reverencia a história que ele tanto cultuou, pois o quilombo foi um
entrelaçar de lutas. Não foi um espaço só de negros, mas que abarcou
as diferenças em busca de uma causa comum: a liberdade”.
381
tem a participação do estilista, também francês, Pierre Cardin, e de
artistas locais como Beto Leão. A voz de Jeanne foi dublada pela
atriz Fernanda Montenegro. A atriz francesa já tinha sido dirigida
por grandes diretores como Michelangelo Antonioni, François
Truffaut, François Ozon, Louis Malle e Orson Welles, entre outros.
382
“O pai Pinkhas, virou Pedro, a mãe Mania, ficou Marieta, as
irmãs Leah, virou Elisa e Tania adotou o mesmo nome. Já Clarice,
que tinha um ano e meio, não teria nenhuma lembrança de Chaya
(seu antigo nome) nem dos horrores da Ucrânia”.
Benjamim Moser, em Clarice, uma biografia - editora
Cosacnaify, 2011.
O poeta Ledo Ivo também falou sobre a passagem de
Clarice por Alagoas.
383
usina hidrelétrica de Paulo Afonso, em Delmiro Gouveia. O livro
foi organizado pela museóloga Cármen Lúcia Dantas e conta com
textos da própria organizadora, e de Alex Baradel, responsável
pelo acervo fotográfico da Fundação Pierre Verger e do professor
Douglas Apratto Tenório. Ele adotou Salvador como sua casa,
onde fundou a Fundação Pierre Verger. Ali estão guardados mais
de 63 mil fotografias e negativos tirados até 1973, como também
os documentos dele e sua correspondência.
384
com o argentino Ramon Spá e foi aberta ao público em janeiro de
1919, no Teatro Cinema Floriano. Foi paixão à primeira fotografia.
385
Rogato e Costa Rego: Terras das Alagoas
Seus primeiros filmes impulsionaram a carreira de Rogato, e
os jornais locais e regionais cantavam loas ao novo cinema do
italiano. Para a imprensa daquela época, havia um vasto manancial
para a realização de filmes grandiosos e genuinamente alagoanos.
Foi neste clima de otimismo geral, que foi exibido em Maceió o
filme no País da Amazônia, em 1925. Dois anos depois, como “o
bravo Rogato se deslocando a vários municípios, o filme Terra das
Alagoas foi concluído e exibido ao público da capital e do interior.
386
alista-se no Exercito, onde ingressa no Corpo de Engenheiros. Sua
vinda para o Brasil deve ter se dado entre o final de 1872 e o início
de 1873, quando chega ao Rio de Janeiro. Sua presença em
Alagoas está registrada em três de fevereiro de 1875, quando o
Diário das Alagoas, publica um anuncio da dissolução da
sociedade que mantinha, com mais três sócios, na Rua do
Açougue, no centro de Maceió. O Almanack Administrativo da
Província das Alagoas, editado em 1877, publica a informação que
o arquiteto Lucarini tinha seu escritório, em Maceió, na rua
Primeiro de Março.
387
Palmares; um estudo para a canalização urbana do rio Coruripe e o
levantamento da planta da Vila de Viçosa.
388
Uma família de fotógrafos
Ao deixar Maceió, dirige-se à então capital federal, Rio de
Janeiro, e passa a trabalhar no jornal O Globo. Em 1957, durante o
governo Juscelino Kubitschek, é destacado pela direção do jornal
para fazer uma longa reportagem da construção de Brasília.
Eduardo trabalhou durante um ano fotografando a construção da
nova capital do país e registrando o cotidiano da construção e dos
trabalhadores. Quando é chamado de volta ao Rio de Janeiro, deixa
o filho Roberto Stuckert a documentar a construção de Brasília.
Poucos meses antes de Brasília ser inaugurada, Eduardo Roberto
retorna com toda a família para o Planalto Central, onde fixa
residência. Na década de 1970, com os filhos Roberto, Rodolfo,
Eduardo e Rosiane, funda a Stuckert Press, empresa de
fotojornalismo.
389
“O avião militar começou a sobrevoar a cidade. Lá estava a
Lagoa Manguaba, o coqueiral, o mar verde, o porto, como uma
figura de geometria, na praia desenhada. Olhei pelo vidro e o meu
coração estremeceu de saudades dos tempos felizes. Revi Alagoas da
minha mocidade, dos meus anos decisivos da vida, cidade que me deu
a paz maior do coração, e o gosto para ser tudo o que sou, a força
para poder arrancar do barro informe da memória os livros que
foram o sangue, a carne e o espírito dos meus tempos fecundos. Vi a
cidade de Maceió debaixo da maior alegria. Enquanto o automóvel
rodava pela estrada, o cheiro da terra nordestina tomava conta de
mim. Senti-me o paraibano chegando a Alagoas em 1926, para fazer
amizades duradouras. Então, uma geração de meninos grudou-se
comigo. Seriam eles os meus melhores amigos.”
Citado no livro Sururu Apimentado, Apontamentos para a
História Política de Alagoas, de Mário de Carvalho Lima, 2ª
edição, Editora Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2008.
390
“Nesse período em Maceió, por coincidência, Zé Lins
morava lá, engraçado. Ele era fiscal de imposto de consumo e
morava lá. E o Aurélio Buarque de Holanda também morava lá.
Era uma roda de tantos que depois vieram para cá! Então a gente
tinha um botequim, um café, um ponto chique de Maceió, onde a
gente reunia-se todas as tardes a tomar um chopinho, um
cafezinho, a conversar. Depois viemos para cá [Rio], o Alberto
Passos Guimarães, Valdemar Cavalcanti, Aurélio Buarque de
Holanda, eu e Zé Lins”.
Por Rachel de Queiroz, em O Globo, 17/10/2000
391
Marcos de Farias Costa, em Aqui, Pixinguinha de outros
chorões – Revista Graciliano, nº 9, junho e julho de 2011.
392
Fomos amigos, e ele me ajudou em Alagoas, nos idos de 1972,
vestindo a camisa azul e branco do CSA, em um amistoso contra o
ASA. Foi última vez que o estádio Trapichão recebeu seu Mané”.
Dida Histórias de um Campeão do Mundo, escrito pelo
jornalista Luiz Alves (Sergasa – 1993).
393
Texto reproduzido pela Arquidiocese de Maceió.
http://www.arquidiocesedemaceio.org.br
394
O acesso à cidade Piranhas, único patrimônio tombado na
região do semi-árido alagoano, é pela rodovia Altemar Dutra
(1940-1983), uma descida sinuosa onde se vê a cidade por inteiro e
o Velho Chico no fundo. Um visual deslumbrante. Por isto o “rei
do bolero” brasileiro e seresteiro inveterado Altemar Dutra dizia
sempre; “nasci no dia que conheci Piranhas”. A orla com as praias
fluviais do São Francisco, em Piranhas, também leva seu nome,
com a estátua em bronze do cantor, em pé, abraçado ao seu violão.
Ele cantou músicas que viraram pérolas da MPB, como
“Sentimental Demais”, “O Trovador”, “Brigas” e “Que Queres Tu
de Mim”. Altemar está na memória dos moradores mais antigos e
também é nome de rua, pizzaria, lanchonete. Sempre gostou de
festa, seresta e pesca em Piranhas, até sua morte, em Nova Iorque,
aos 43 anos, quando apresentava um show para a comunidade
latino-americana, no clube noturno El Continente.
395
Graciliano no filme Memórias do Cárcere (1984), uma adaptação
livre do livro, com a espetacular atuação do ator Carlos Vereza no
papel do Mestre Graça. O cineasta foi fundador do Cinema Novo,
junto com Glauber Rocha, é imortal da Academia Brasileira de
Letras. Nelson esteve em Alagoas em 2010, para conferências e a
realização de um documentário, produzido pelo seu filho, e que
mostrou os bastidores desse reencontro com Alagoas e as
paisagens de Vidas Secas.
“Quero rever as locações, conversar com as pessoas e estou
torcendo para que a situação tenha melhorado, pois acredito no
princípio de que o espírito humano resiste e é capaz de encontrar
alternativas para sair das situações mais negativas. Acredito que o
retrato da miséria e da seca continue, mas torço para ser
surpreendido com mudanças”.
396
editora Itatiaia: 2002). O fato não está neste livro, mas Mário
mudou seu itinerário, e passou um domingo em Maceió, onde o
ilustre viajante foi recebido pelo poeta Jorge de Lima e o
romancista José Lins do Rego, “em um almoço com comidas e
refrescos da terra”.
397
Trovador Berrante, na praça central de Viçosa, no início dos anos
1970, durante as gravações do filme, baseado na obra de
Graciliano, dirigido por Leon Hirszman. O bar era de um amigo de
ambos, o lendário boêmio músico Zé do Cavaquinho, que chamou
Mário para conhecer o poeta. “Você nunca ouviu falar do Chico?”,
e foi assim em noites de intensas farras, conversas, rodas de
música e um interminável conhecer, de varar noites à fora, que
Mário Lago, Chico Nunes e Zé do Cavaquinho, ficaram amigos até
o fim, como relata Mário Lago.
398
Foi casado com Zeli, filha do militante comunista Henrique
Cordeiro, que conhecera numa manifestação política, até a morte
dela em 1997. O casal teve cinco filhos: Antônio Henrique, Graça
Maria, Mário Lago Filho, Luís Carlos (em homenagem ao líder
comunista Luís Carlos Prestes) e Vanda.E com apuro, Lago
também pesquisou a infância pobre do poeta, e fala das
dificuldades de Chico Nunes para estudar, ler ou escrever. “Aos
quatro anos, em consequência de um sarampo, adquiriu uma forte
miopia, que lhe cortou os passos nos estudos. Apesar dos óculos,
com enorme sacrifício conseguiu ler ou escrever alguma coisa”.
399
nada e aparece tanto? Participou das maiores companhias teatrais
dos anos 30 e 40.
400
figuração do longa. O Bem Amado foi produzido pela empresária
Paula Lavigne, em parceira com a Globo Filmes e a Buena Vista
Internacional. Integram o elenco José Wilker (Zeca Diabo), Maria
Flor (Violeta), Matheus Nachtergaele (Dirceu Borboleta), Caio
Blat (Neco Pedreira) e Tonico Pereira (Vladimir).
401
existente no estado de Alagoas, onde a Assembleia Legislativa
deveria se reunir para decretar o afastamento do governador Muniz
Falcão, acusado do assassinato de um deputado oposicionista (até
hoje nunca provado). Durante essa sessão, a Assembleia alagoana
foi invadida, travando-se um tiroteio entre os deputados, no qual
Márcio Moreira Alves foi baleado. Mesmo ferido conseguiu enviar
a matéria, naquele tempo um telegrama, ao seu jornal, ganhando,
com essa cobertura, o prêmio Esso de reportagem de 1958.
402
político de Maceió, onde se vivia momentos de expectativa. O Palácio
do Governo estava vazio de povo e cheio de homens armados. O
governador movimentou a cidade durante toda a manhã. A partir do
meio dia passou a receber em Palácio. Às 15 horas a Polícia
Estadual formou em frente ao edifício da Assembleia. Os deputados
da oposição se encontravam no recinto. Às 15:10 horas, deputados
situacionistas liderados pelo deputado Claudenor Lima, subiram a
escadaria vestidos de capas, sob as quais portavam metralhadoras.
Penetraram imediatamente no recinto. Nenhuma palavra chegou a
ser trocada. Os deputados da situação abriram fogo imediatamente a
esmo. Vários feridos. Impossível dizer número, pois figuro entre eles.
De relance vi um deputado de terno escuro, de óculos, empunhando
metralhadora sob a capa, que me afirmaram ser Claudenor Lima. Vi
o fogo da metralhadora, senti dor na perna e caí. Durante uma hora,
juntamente com quatro outros feridos, abriguei-me atrás de três sacos
de areia destinados a proteger a taquigrafia. Esperei socorro. As
ambulâncias tiveram dificuldades em atravessar o cerco de
cangaceiros, que ameaçavam o corpo médico com metralhadoras.
Removido para o Pronto Socorro, foi diagnosticado fratura do fêmur.
Meu estado geral bom. Reportagem encerrada. Marcio Alves”.
O provocador do AI-5
Márcio Moreira Alves também ficou famoso por proferir o
discurso que provocou o governo militar a baixar o Ato
Institucional número 5, o famigerado AI-5, em 1968. Ele foi um
dos primeiros cassados pela nova medida de força dos militares -
acusavam-no de ofensas às Forças Armadas e tiveram negado
403
pedido de autorização para processá-lo, o que foi usado como
pretexto para o "golpe dentro do golpe" -, Marcito, como era
conhecido pelos amigos, deixou o País clandestinamente e só
voltou após a anistia de 1979.
404
Alagoas as variedades de cana de açúcar: Demerara, Barbados e
White Transparent. O então presidente da República Afonso Pena,
atraído pela fama da Brasileiro, fez uma visita à usina e provou da
aguardente lá fabricada, que ele próprio rotulou de “uísque
Vandesmet”. A Usina Brasileiro, mesmo mudando de nome,
funcionou até 1958. Em 16 de agosto de 1929, aos 81 anos, morreu o
Barão de Vandesmet.
http://www.atalaiapop.com/paginas/historia/1.html
405
colônia em cooperativa. Ele mesmo comprou terras e doou a
colonos, com a missão de obter terra produtiva e divisão de
trabalho e renda. E nunca mais Pindorama parou.
Comendador comunista
406
Gustavo Paiva ganhou o título popular de “Comendador do
Povo” e foi taxado de comunista. À frente das empresas e do seu
tempo, Gustavo Paiva revelou-se um empresário muito diferente
dos tradicionais líderes de uma economia atrasada e ainda
carregada das relações escravistas abolidas poucos anos antes no
país. As leis trabalhistas engatinhavam no Brasil quando Gustavo
Paiva passou a adotar relações mais humanizadas entre a empresa
que administrava e os trabalhadores, fazendo investimentos para
proporcionar educação, saúde, lazer e cultura aos operários. Aos 37
anos de idade, após receber homenagens dos operários em Rio
Largo, Gustavo Paiva agradeceu e disse que persistiria na sua
cruzada para melhorar as condições de vida dos operários, e
revelou que por ter esta postura, já o tinham chamado até de
comunista. O comendador morreu em outubro de 1947. O jornal
Gazeta de Alagoas assim noticiou o fato.
407
MEMÓRIA DO JORNALISMO ALAGOANO
408
girando entre a mão e o bolso: “Seu cara”... A alegria, o bom papo,
a grande pauta fluía entre nós. No final, Valmir ainda estava no
batente, com mais de 50 anos de jornalismo, e em seus quase 70
anos de vida, como priofissional da Organização Arnon de Mello,
onde ocupava as funções de editorialista e repórter especial do
Jornal Gazeta de Alagoas.
Reportagens e causos
“Por acaso, fui ao Cine Plaza, e tinha lá um galego, um
senhor bem gordo, vendendo pipoca, comecei a conversar com ele
e uma senhora também moreninha, bem humildezinha, ajudando
ele botar a pipoca no saquinho.... Bem, e eu desconfiei que ele não
era alagoano, não era português, pelo sotaque, comecei a puxar,
puxar, puxar , aí puxei essa velhinha pro meu lado assim, e ela
me disse é alemão. Eu disse: o senhor é alemão, eu quero
conversar com o senhor. Fui, fui. insisti e cansei de tanto insistir
aí ele contou que tinha fugido do (Adolfo) Hitler, da tropa de
Hitler, porque o pessoal queria pegá-lo de qualquer maneira. Era
um dissidente nazista”.
409
de água pra mim ali. A gente chama coco é aquele uma vasilha de
água, coisa e tal e cheguei lá disse moço, me arranje um pouco
d’água. Aí o velhinho tava assim, aí disse: Jane Altman vá buscar
água para o moço. Ao mesmo tempo ele pergunta: Ô Jane, cadê o
Roy Rogers, aí a menina respondeu e saiu... Achei que era uma
brincadeira. Aí comecei a puxar conversa, peraí seus filhos tem
nome de artistas... Quais os nomes deles? Tem o Rocky Lane, Billy
Elliot... E meninas? Também tem nome de artistas? Tenho três que
trabalham aqui no roçado... Sofia Loren, Gina Lollobrigida e
Lauren Bacall”.
410
O jornalista alagoano José Aldo Ivo (1932-2017) foi um
hOmem de batente no jornalismo. Até sua morte, aos 85 anos, ele
ainda trabalhava. O jornalista dedicou 67 anos de sua vida ao
exercício da profissão e foi um dos responsáveis pela proposta de
criar o curso de jornalismo na Universidade Federal de Alagoas
(Ufal). Aldo Ivo tinha oito irmãos, dentre eles o escritor alagoano
Lêdo Ivo, e deixou cinco filhos, nove netos e quatro bisnetos.
Estudou na escola estadual Dom Pedro II, na Praça Deodoro. ”No
colégio eu já fazia um jornalzinho na máquina de escrever batendo
como o dedinho, toda semana eu fazia como se fosse um boletim
então eu já nasci com o dom”. O tempo passou e ele estava da
mesma forma, simples. O jornalista não dirigia, não tinha
computador e nem celular, andava de ônibus e de táxi e continuava
exercendo as suas atividades profissionais no jornal semanário
Tribuna do Sertão, de Palmeira dos Índios, onde faz a editoria de
Turismo, e na assessoria da Federação das Indústrias do Estado de
Alagoas (Fiea). No Jornal de Alagoas conquistou sua primeira
carteira assinada, depois de trabalhar sem remuneração, em 1949.
O Jornal de Alagoas já pertencia aos Diários Associados do
magnata da imprensa Assis Chateaubriand, e foi fundado em 1908,
pelo jornalista Luiz Silveira. Mas teve um fim melancólico, como
relata Aldo Ivo.
411
redação tudo... mas a oficina fazia o jornal, tinha as máquinas. As
máquinas foram vendidas para O Norte, diário do Ceará. Depois que
começou a ser impresso no Diário de Pernambuco e sem a oficina ele
começou a cair. O Jornal de Alagoas quando eu cheguei tinha um
diretor era o Dr Ulisses Braga Júnior, naquela época, comprava
caminhões, carretas de bobina e o cheque ia primeiro que as
bobinas”.
412
para o Brasil, a do Chile, em 1962. Aliás o ataque era todo
botafoguense”.
Audálio Dantas: alagoano conquista o mundo
413
Acho que foi a primeira referência que eu tive da notícia, foi
via rádio e via leitura de jornal por terceiros, não minha. Um
farmacêutico local chamado Daniel Pimentel, nunca vou esquecer, a
única farmácia do lugar, no final de tarde ele reunia os amigos na
calçada, pegava a Gazeta de Alagoas, o Jornal de Alagoas, e lia as
notícias. Isso era na época da guerra, 1944/43 por aí. E ele lia as
notícias de uma maneira muito curiosa, parecia locutor de rádio,
dizia: “Moscou” ou “As tropas russas”, daí interpretava. “Berlim”,
“Londres”, e eu ouvia aquelas notícias, uma maravilha pra mim. Foi
o primeiro contato que eu tomei com a notícia de jornal que tinha um
aspecto até importante no sentido da imaginação. Ficava imaginando
que é que é isso, o que é guerra, o que que é Moscou, o que que é
Paris, Londres, entendeu?
414
principalmente, na trajetória jornalística dele, ele teve um papel
muito importante no jornalismo brasileiro. Numa época, em que não
se falava no que se chama hoje de copidesque, ele era o redator que
ia buscar a forma correta de se dizer as coisas. Quando migrou para
o Rio de Janeiro, ele foi trabalhar na profissão, naquilo que era a
porta de entrada dos jornalistas, que era a revisão. Ele ficava
escondido lá no fundo, mas era aquilo que ele podia fazer bem,
porque ele era um profundo conhecedor da língua e no trabalho de
revisão ele deu uma contribuição. Aliás, o jornalista Graciliano veio
antes do romancista. Muitos jornalistas vêm antes do romancista. O
jornalismo é, digamos, o caminho para o desenvolvimento da ficção
depois”.
415
que ficava na Avenida Moreira Lima, então, eu fui pra lá e
comecei a escrever alguma coisa sobre história do esporte, sobre
história do futebol, porque, parece que dentro de mim tinha
alguma coisa assim de como é que eu posso dizer... um repórter
investigativo. Então, eu ouvia falar: O Jogo do Xaxado, o Jogo da
Sofia, o tetra campeonato do CRB, eu ia nos jornais e procurava
ali, pegava aquelas figuras que participaram daqueles jogos, eu
ia procurar onde eles estavam pra eles me contar aquelas
histórias. Na época, eu gravava no K7, depois a gente começou a
gravar em vídeo, mas, já é outra época, então, eu sempre tive esse
cuidado de voltar ao passado, e procurar as coisas que tinham por
lá, pra gente trazer aqui pro futuro”.
416
dentro do departamento ter fotografias em tudo quanto é canto, de
gravar tudo, e fazer essas coisas todas”.
417
conversam que diz que é bonito. O pessoal tira fotografias. As
escolas, que vem pra cá, os meninos que vem pra cá, que a gente
senta ali e fica conversando com eles, eles fazendo aquelas
perguntas gosadas pra gente responder. Enfim, isso deixa a gente
feliz e com vontade de fazer mais. São 20 anos que a gente
praticamente tem aqui, e a gente a cada dia a gente fica mais feliz,
porque apesar dos pesares, apesar dos problemas, a gente está
levando, eu tenho uma família maravilhosa, uma família que me
ajuda muito nisso, me da todo apoio e não tem outro jeito. Tem
que continuar”.
418
“Não tinha esse tipo de redator nos jornais de Alagoas, o modelo
foi trazido pelo Leopoldo Collor de Mello do Jornal do Brasil,
onde trabalhava”. Na Gazeta ele chegou a função máxima do
jornalismo, a de secretário de redação. Antonio Sapucaia é o autor
da mais completa biografia sobre o jornalista e ex-governador de
Alagoas, Costa Rêgo.
419
condições abomináveis, porque havia perdido o pai, havia perdido a
mãe, mas teve a felicidade de ir para o Rio de janeiro, e lá foi... A
vocação dele já nasceu em Pilar. Ele saiu daquí em 1900 ele tinha 11
anos de idade, mas a família dele era de jornalista. Tinha o Zadir
Índio e o Fernando Mendonça, que eram intelectuais em Pilar. Então
Costa Rêgo foi, juntamente com o irmão Rosalvo da Costa Rêgo - que
tornou-se arcebispo do Rio de Janeiro -, e lá chegando foram criados
pelo tio. Fez o ginásio no Mosteiro São Bento, e por incrível que
pareça ele se tornou o primeiro professor de jornalismo do Brasil.
Aliás, essa tese vem sendo defendida e difundida pelo José Marques
de Melo, em todos os congressos, em todas as oportunidades que ele
tem”.
420
época. Ele chegou até a me contar que foi cogitado pra ser
candidato à presidência da República, na época em que esteve bem
próximo do Getúlio Vargas, chegou a ser cogitado o nome dele e
tal. Era um homem de alto destaque e deu-se o seguinte. Ele então
foi convidado pelo Fernandes Lima pra vim governar Alagoas.
Aceitou e veio como candidato único, ele governou de 1924 a
1928”.
421
Damasceno, participou de forma marcante da transição do
jornalismo romântico para o profissionalismo, entre os anos 1960 a
1980. Trabalho em quase todos os jornais de Alagoas e do Rio de
Janeiro, onde conheceu o alagoano Tenório Cavalcanti, dono do
jornal A Luta, já sem sua famosa metralhadora Lourdinha. Foi, por
algum tempo, editor de O Semeador, órgão da Arquidiocese de
Alagoas. Mas quase troca a igreja por uma morena carioca.
O integralismo em Alagoas
“Minha fase religiosa vem de 1971 prá cá. É quando aqui em
Maceió chegou a Igreja Católica Brasileira, e o professor Vanilo
Galvão, meu padrinho de crisma, era um homem inteligente, mas
tinha um defeito, coitado, que morreu com ele. Eu chamei muita
atenção dele, acho até que ele nunca me perdoou por isso. Tinha a
422
mania de ser integralista, e eu nunca vi nada de bom no integralismo.
É tão facínora, um credo tão safado, tão horroroso, como o nazismo.
Era um nazismo brasileiro, misturado com o fascismo daquele
maluco, o Mussolini. Era um bobo, tão inteligente, um escritor de
tantos métodos aderir a uma porcaria daquela. Mas Dom Vanilo era
amicíssimo compadre. O Plínio (Salgado, chefe supremo do
integralismo brasileiro), era padrinho de dois filhos dele. Ele
personificou o integralismo em Alagoas, mas ele trouxe também a
Igreja Brasileira, um cisma que se deu em 1945, separando parte da
Igreja Romana, abrindo aos padres que quisessem se casar a ter esse
direito, contrair matrimonio e continuar no ministério. Eu queria me
casar e queria ser padre e eu vou por aqui. Não cheguei a casar, mas,
morei com uma menina, no Rio de Janeiro, quando fui prá lá. Passei
um tempão, fui jornalista, lá eu entrei na imprensa e fui professor, eu
comecei a ensinar em cursinhos lá, eu era professor de filosofia, eu
fui professor de primeira aqui em Alagoas, publicou uma apostila
completa de filosofia para vestibular, e essa apostila, anos depois se
transformou em um livro, e havia carência de professor de filosofia”.
423
louco, era um homem simpático, alto, muito bem elegante, só andava
de colete, dois 38, não sei o que mais usava. Não usava mais a
Lourdinha não. Ali foi na fase da Capa Preta já tinha sido contado
em livro, já seria depois do filme. O José Wilker é igualzinho ao
Tenório como jovem, é aquilo ali que tá no filme. E foi logo me
testando: - Olhe, vá ali na máquina e me faça um bilhetinho, coisa de
quatro linhas, dizendo porque você quer trabalhar comigo aqui no
jornal. O Ivan me deu a dica antes. “Elogie, que esse velho gosta de
um elogio, diga que você admirava ele, desde rapazinho”. Aí eu
escrevi: - Minha vontade de trabalhar, na Luta era poder conviver
com o senhor, como no tempo que ao lado da família o senhor
parecia o Zorro da minha infância. Ele quase morre. Ele não tinha
mais barba, mas ele recorria muito à barba, ao cavanhaque e disse: -
Puta que pariu, eu vou te botar na Academia Brasileira de Letras. Tá
empregado. Você quer ganhar quanto aqui?”.
424
estamos armados! E eu comecei a ter medo da multidão, fomos
para a Catedral, pra ver lá de cima, do parapeito. Lá encontrei meu
amigo Teodomiro: - Damasceno, vamos pra torre do sino, que a
gente vê melhor”
425
tem um papel marcante na história do jornalismo em Alagoas, e foi
uma das precursoras. Ela viveu um tempo que era muito difícil a
mulher fazer parte das redações dos jornais.
426
está correto hoje, que a nossa profissão, está muito mais
valorizada, com exigência, não só para o jornalista ou o redator,
mas, também para o jornalista de rádio, radialista, porque esse
curso da a ele o embasamento cultural, a gente não vê tanta
besteira que sai nos jornais, que vai ao ou sai na TV”.
427
O romancista Graciliano Ramos (1892-1953) dedicou-se à
literatura, à política e ao ensino, mas também era um grande
jornalista. Com 12 anos, em Viçosa, escreve seus primeiros textos.
Foi lá onde nasceu de fato a verve de escritor e jornalista, quando
conheceu o agente dos Correios, intelectual e dono da maior
biblioteca da cidade, Mário Venâncio. Além de professor de
Geografia, Venâncio era editor do periódico O Dilúculo (A Tarde),
de publicação bimensal. Graciliano trabalhou até o fechamento do
jornal, um ano depois, com a morte Venâncio. Em 1909 inicia sua
colaboração no Jornal de Alagoas, sob vários pseudônimos,
Almeida Cunha e Lambda. Em Palmeira dos Índios, Graciliano
também colaborou como cronista de O Índio, assinando com o
pseudônimo J. Calisto. Em agosto de 1914, aos 22 anos, embarca
para o Rio de Janeiro no vapor Itassupê, e continua sua carreira de
jornalista como revisor dos jornais cariocas Correio da Manhã, A
Tarde, O Século, e o periódico fluminense Paraíba do Sul, e na
revista Dom Casmurro. Em uma carta ao pai, Mestre Graça parece
decidido em procurar emprego na imprensa, descartando qualquer
outra coisa, como comerciário ou no serviço público.
428
Portanto... os amigos que guardem suas opiniões”, Viçosa, em 21 de
agosto de 1914.
429
pelo Centro e Jaraguá. Tomavam cervejas e cafezinho no Bar do
Cupertino, na esquina da rua do Comércio e a do Livramento. O
diretor Graciliano Ramos teve então que ampliar o número de
máquinas de escrever e modernizar toda a estrutura da Imprensa
Oficial”.
Petrúcio Vilela, jornalista palmeirense e ex-colunista de
Economia do Jornal de Alagoas; trabalhou no Jornal do Brasil e
revista Veja
430
“Afinal, quem são os rapazes do D. Casmurro? Os sapateiros
da literatura. Não se zanguem, é isto. Somos sapateiros, apenas.
Quando, há alguns anos, desconhecidos, encolhidos e magros,
descemos as nossas terras miseráveis, éramos retirantes, os
flagelados da literatura. Tomamos o costume de arrastar os pés no
asfalto, freqüentamos as livrarias e os jornais, arranjamos por aí
ocupações precárias e ficamos na tripeça, cosendo, batendo,
grudando ... Enfim as sovelas furam e a faca pequena corta. São
armas insignificantes, mas são armas”.
Graciliano Ramos, em Linhas Tortas, Record, 1962
431
Pernambuco, 1965) e Pós-Graduação em Ciências da Informação
Coletiva (Centro Internacional de Estudos Superiores de
Comunicação para a América Latina, Quito, Equador, 1966).
Fundou, em 1967, o Centro de Pesquisas da Comunicação Social,
mantido pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, então
vinculada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sua
atividade foi interrompida durante o regime militar, quando esteve
impedido de exercer a docência em universidades públicas
brasileiras. Anistiado em 1979, reassumiu sua cátedra na
Universidade São Paulo (USP). Durante a gestão do Reitor José
Goldemberg, foi escolhido pela comunidade acadêmica e por ele
nomeado em 1989 para exercer o cargo de Diretor da ECA-USP
(Escola de Comunicação e Arte, uma das mais conceituadas do
Brasil), mandato cumprido até 1993, findo ao qual decidiu
aposentar-se voluntariamente da instituição. Atualmente é docente
do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da
Universidade Metodista de São Paulo, sendo Titular da Cátedra
Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional.
http://www.marquesdemelo.pro.br/perfil.htm
432
comer! - Ao que o aluno indagou de volta: comer o que,
professora? Sua concepção do cotidiano simples, do seu humor
admirável, e a ironia fina e sutil, estiveram em suas charges
publicadas na página de Opinião, da Gazeta de Alagoas por
décadas, ou nas crônicas que escreveu na coluna Vidas Sem
Retoque, transformada em livro, em 2008. “Nunes é uma daquelas
raridades que nós temos. O seu trabalho vai em cima das camadas
mais simples. A popularidade que ele alcançou era impressionante.
As pessoas colecionavam os recortes. Era fácil vê-los em
barberarias, oficinas”, Ênio Lins, no Diário Oficial do Estado –
20/07/2009.
433
com rapidez e estilo pelas laudas brancas tipo A4, no front de mais
uma reportagem. A do último coronel, a do intocável da polícia, e
tantas outras páginas que apontaram para o caminho das pedras das
Alagoas, da lama do sururu ao “há algo mais no ar, além dos
aviões de carreira”. De sua lavra já saíram reportagens de grande
repercussão: a última entrevista do coronel Elísio Maia, em Última
Palavra é de tirar o chapéu. Entre as respostas da velha raposa foi
“eu prefiro o ferrão que o boi”. Foi ombudsman do jornal da
família Collor, a Gazeta de Alagoas. Liderou a categoria nos
enfrentamentos e negociações salariais. Participou da criação do
piso nacional de jornalista, como diretor da Federação Nacional
dos Jornalistas (Final). Denis Agra morreu na flor da idade, aos 42
anos, depois de lutar contra um câncer. Ele nasceu em Viçosa,
estudou medicina na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Em
1973, foi preso e torturado em Recife. O que motivou a sua prisão
e de outros estudantes em Alagoas foi o fato de ser um líder
estudantil e militante clandestino do Partido Comunista
Revolucionário (PCR).
434
esquerda contra o regime ditatorial e defensor da ética no
jornalismo. Fartamente ilustrado com fotos do dia a dia das
redações. Em suas 63 páginas, a publicação de Majella mostra um
panorama da trajetória de Denis Agra. São nove capítulos que
passeiam desde seus primeiros passos até a militância política em
grupos como os Partidos Comunista Revolucionário (PCR),
Socialista Brasileiro (PSB) e Comunista Brasileiro (PCB) e seu
papel como profissional da imprensa. Segundo Majella, o desejo
de escrever o livro nasceu enquanto se debruçava sobre outro
trabalho: o Dicionário dos Comunistas, que ele elabora há oito
anos.
435
política e profissional. No Rio de Janeiro iniciou sua carreira de
jornalista, no Diário de Notícias, depois nas revistas O Cruzeiro e
Manchete. Foi deputado estadual e deputado federal por Alagoas
entre 1974 e 1994, defendendo, entre outras causas, a volta à
democracia representativa, uma distribuição de renda mais justa e a
probidade no uso do dinheiro público. No Rio de Janeiro, como
antiga Capital Federal ele se aproximou do ex-governador da
Guanabara, Carlos Lacerda. A influência política do udenista
carioca moldou a sua vida como jornalista e político. Mendonça
Neto ficou conhecido como “A voz que não se cala”, devido ao seu
persistente combate aos ladrões de colarinho branco. Ele dedicou
boa parte de sua vida à luta contra a corrupção e em defesa da
moralidade pública.
436
na Gazeta de Alagoas. Mendonça descobriu e entrevistou o cabo
Honorato, o matador de Lampião. A partir daí ele ganhou o Brasil.
No jornal carioca Diário de Notícias teve sua carteira assinada e foi
repórter, colunista, chefe de redação e fez coberturas em todo o
país. Sua fama correu, trabalhou na revista O Cruzeiro e Manchete,
onde realizou grandes reportagens como as eleições norte-
americanas de 1968. Entrevistou personagens e celebridades
nacionais e internacionais como Elis Regina, Tom Jobim, Mané
Garrincha, Jânio Quadros, JK, Francisco Julião, Chico Buarque,
Charles Aznavour, Cláudia Cardinalle, Richard Nixon, Leonel
Brizola, Ulisses Guimarães. Entre muitos outros personagens.
437
conseguiria editá-lo ou, pelo menos, deixá-lo pronto. Economizava
tudo, sobretudo papel. Quando me via rabiscando garatujas naquelas
folhas, fazia uma advertência paternal. Nos intervalos do trabalho,
contava-me histórias dos dicionários, do seu amor a eles e de sua
angústia de não saber se conseguiria quem bancasse a primeira
edição. “Sou um simples professor, não aguento tocar isto sozinho”,
me dizia. Um dia, iria chegar a editora Nova Fronteira, de Carlos
Lacerda, e fazer do Aurélio o dicionário mais popular da história do
Brasil. Mas até este dia, o combustível do mestre Aurélio era a fé
absoluta no que fazia”.
Mendonça Neto, no livro O Ministro que virou garçom,
editora Voz de Minas, 2006, pag 195
438
Albuquerque Melo, padre e deputado provincial, natural da antiga
cidade de Alagoas (atual Marechal Deodoro) atuou apenas quando
o Íris foi renomeado para O Federalista Alagoense.
439
Atentado ao redator
O francês Garin, que redigia o jornal, terminou por ser
alvodos embates entre os grupos políticos locais. Seis dias depois
de ter circulado o último número do jornal, o editor e redator foi
atingido por tiros de pistola, saindo ferido no peito e com mais de
doze caroços de chumbo no corpo. Voltou para Recife
imediatamente.Auxiliado pelo advogado pernambucano Felix José
de Melo e Silva, quem assume a editoria do jornal é um dos líderes
dos liberais alagoanos, padre Afonso de Albuquerque Melo, que
passa a ser o primeiro jornalista alagoano.
440
deixaram a marca de sua produção literária no JA: José Lins do
Rego, Manoel Diegues Junior e a cearense Rachel de Queiroz –
que passou um bom tempo morando em Maceió – Jorge de Lima, e
tantos outros mestres.
441
MEMÓRIAS POLÍTICAS*
442
durante o governo Collor de Mello. O ciclo político de domínio
dos Malta finalizou em 1912. Na oposição estava Fernandes Lima,
que lançou como candidato ao governo o general Clodoaldo da
Fonseca. O afastamento definitivo de Euclides Malta só se dará na
década de 1930, e muitos de seus seguidores permaneceram na
ribalta do poder.
443
pelo presidente Hermes da Fonseca (1910-1914), que passou a
intervir em alguns estados, inclusive com o afastamento de seus
governantes, no que ficou conhecido como “política das salvações.
Em março de 1918 foi eleito e reeleito governador de Alagoas,
permanecendo no exercício do governo até 1924, quando tomou
posse o novo governador Pedro da Costa Rego. Contra a tese de
que o desenvolvimento deveria ser feito da capital para o interior,
durante seu governo lançou o slogan “Rumo aos campos”,
buscando interiorizar sua ação administrativa.
Fontes: Texto de Reynaldo de Barros, da Fundação Getúlio
Vargas e fotos do fascículo Memórias Legislativas nº 23, da
Assembleia Legislativa de Alagoas, com pesquisa de Douglas
Apratto Tenório.
444
Lima Júnior se despediu de seu amigo, na beira do seu túmulo, na
sacristia da Catedral de Maceió.
“Espíndola foi um homem austero, culto, brilhante... viveu
cercado pela estima e alta consideração dos alagoanos. Morreu
serenamente, com a consciência tranquila, pois cumprira sua missão
na terra e, dedicado, servira a sua pequenina província”
Pesquisa do professor e pesquisador José Maria Tenório
Rocha, mestre e pesquisador em antropologia Cultural
Visconde de Sinimbu: o monarquista convicto
445
terrena, iluminou o céu das Alagoas. Nasceu em Viçosa em 1884;
aos 19 anos termina o bacharelado na Faculdade de Direito do
Recife, em 1903. Filho de coronel, Demócrito casa-se com
Argentina Guimarães Gracindo, que depois de perderam o
primeiro filho, que se chamaria Epaminondas, tiveram apenas um
herdeiro, de nome Pelópidas Gracindo, que anos depois tornou-se
famoso no País, como o ator teatral Paulo Gracindo. Depois de
ser juiz em várias comarcas em Alagoas e no Pará, retornou a
Maceió como catedrático de História Geral do Brasil no Liceu
Alagoano e exercendo, simultaneamente, intensas artividades
profissional, literária e política. Foi prefeito de Maceió, secretário
de Estado por duas vezes, deputado estadual e federal. E mais:
diretor secretário do Banco do Norteste do Brasil, com
participação na gestão... Não aceitava nossos recreios na Praça
Rosa da Fonseca, hoje desaparecida, a mim pessoalmente,
tracionava-me pelo pescoço para retorno às aulas do Lyceu, a nos
dizer com o seu vozeirão, que lugar de aluno é na sala de aula.
Fui um dos últimos alunos de sua cátedra, nos idos de 1926”.
446
homenageado; Costa Rego comentou o contexto oratório do saudoso
alagoano; Cipriniano Jucá falou sobre o sonhador que emoldurava a
sua personalidade; Jaime de Altavila do professor de energia e
dinamizador; e Lima Júnior realizou uma profunda análise
sociológica de Demócrito como homem de rua... A sua tez morena,
como se fora um açoreano, dava o coroamento de popularidade ao
vulto eminente que enriquecia as ruas de Maceió, e era um canal de
segurança e liberdade”.
Pesquisa do médico, escritor e professor Ib Gatto Falcão,
em Memória Legislativa nº 31, em 1998
Rodrigues de Melo: presença negra na polítca
447
ia fazer apologia à sua raça. Existem vários casos pitorescos
relatados sobre o assunto. Num deles, contado por Elisabeth
Mendonça, numa questão de júri com o Dr. Ciridião Durval, esse
falou que, nem um milagre de São Benedito, fazia o o promotor
arrancar provas a ele. Provocado, falou sobre a figura do santo
negro, e de seus milagres por mais de uma hora, prendendo a
atenção do auditório de maneiria espetacular.
448
Eles assumem o mandato em março de 1947, dois meses depois o
Tribunal Superior Eleitoral vota pelo cancelamento do registro, sob
pressão do governador eleito, Silvestre Péricles.
449
Mello Motta: ética na política
450
Freitas Cavalcanti: presença na política nacional
451
Por Divaldo Suruagy
452
pelo Tribunal Superior Eleitoral por ter título de eleitor registrado
em Alagoas. Volta para Maceió e tenta permanecer no Senado,
mas é derrotado. Como senador integrou as comissões de Assuntos
da Associação Latino-Americana de Livre Comércio e do Mercado
Comum Europeu, do Distrito Federal, dos Projetos do Executivo,
Relações Exteriores, entre outras. Ao fim do seu mandato, passa a
representar a UFAL e a UFPE, em Brasília. Aurélio Vianna ainda
foi professor em Maceió. Ensinou no Colégio Batista Alagoano e
na UFAL, como professor titular da cadeira de História da
Antiguidade e Idade Média. Faleceu em Brasília no dia 21 de
março de 2003.
453
membro do conselho diretor da Associação Brasileira de Imprensa.
Após o fim do Estado Novo ingressou na UDN e foi eleito
suplente de deputado federal em 1945. Por esta legenda foi eleito
simultaneamente deputado federal e governador de Alagoas em
1950, optando por este último cargo, onde cumpriu um mandato de
cinco anos. Retornou à vida política sendo eleito senador em 1962,
ingressando na Arena após a decretação do bipartidarismo pelo
Regime Militar de 1964. Reeleito pelo voto direto em 1970 foi
reconduzido ao mandato como senador biônico em 1978. Ao
falecer estava filiado ao PDS, no qual ingressou em 1980.
454
jornalista, dez dias antes da posse de Arnon, em entrevista ao
jornal O Globo, em 21 de janeiro de 1963, Silvestre revelou que
iria impedir o ingresso do inimigo no Senado.
http://www.almanaquealagoas.com.br/noticias/?vCod=8146
455
governador sofreu um processo de impeachment, deflagrado por
opositores. Em 13 de setembro de 1957 foi marcada a votação do
impedimento, entretanto um novo confronto onde houve um
mortos e muitos feridos de parte a parte, que fez suspender a
sessão. A gravidade do fato foi levada ao presidente Juscelino
Kubitschek que decretou intervenção federal no estado em 15 de
setembro e no dia 18 os deputados estaduais aprovaram o
impedimento do governador que foi substituído pelo vice-
governador Sizenando Nabuco. Inconformado, Muniz Falcão foi
ao Supremo Tribunal Federal que o repôs no cargo em 24 de
janeiro de 1958.
456
Jogo do bicho financia obras sociais
Ao arrumar sua sala para começar a trabalhar, o secretário
de Governo do então governador Muniz Falcão, Murillo Rocha
Mendes descobriu algo inusitado. Em três gavetas, estavam
abarrotadas mais de 200 cartas fechadas e endereçadas ao
governador. Ao abri-las viu que se tratava de reivindicações e
pedidos, como tijolos e telhas. Mendes levou as cartas ao
governador, que adotou os pedidos com uma solução inimaginável.
Naquele tempo o dinheiro do Estado era curto e difícil. Aí o
governador Muniz Falcão decidiu usar o dinheiro do jogo do bicho
– uma contravenção aceita e acatada pelos governos, até hoje,
como é o caso de Alagoas. Todas as tardes, o oficial de gabinete do
secretário ia à sede onde se concentravam as apostas do jogo do
bicho, pegava o borderô e o dinheiro do resultado, e o depositava
em um banco. A conta para saldar os compromissos das cartas. O
próprio governador, em audiência com as pessoas, era entregava o
cheque.
457
jogo do bicho. Queria e fiz uma carreira com dignidade, honradez e
respeito".
458
Satuba, além de implantar a Escola de Ciências Médicas, a
Fundação TV Educativa. Em 1974 colocou seu nome à disposição
da Arena, partido do Governo Militar, como candidato ao Senado,
mas foi preterido em função da candidatura de Teotônio Vilela.
459
estado de Alagoas por três vezes,: 1975-1978; 1983-1986 e 1995-
1997. Suruagy entrou na história mais por sua queda, no episódio
provocado pela revolta do servidores - em 17 de julho de 1997-
pelas condições em que estavam, salários atrasados em até cinco
meses. É segundo político alagoano que mais tempo ficou na vida
pública no Estado: 40 anos. O recorde é de Visconde de Sinimbú,
que passou por todos os cargos no Império. Funcionário público
municipal junto à prefeitura de Maceió, trabalhou como servente,
auxiliar de escritório e escriturário até se formar em Economia pela
Universidade Federal de Alagoas em 1959, e a seguir chefiar a
Divisão de Impostos Prediais e Territoriais. Foi presidente da
Central de Abastecimento e da Companhia de Silos e Armazéns de
Alagoas, tornou-se afilhado político do governador Luiz
Cavalcanti que o nomeou secretário de Fazenda, cargo ao qual
abdicou para disputar e ser eleito prefeito de Maceió em 1965,
naquele que seria o último pleito direto durante vinte anos.
Primeiro mandato
Cumprido o seu mandato, ingressou na Arena e foi eleito
deputado estadual em 1970, destacando-se tanto como líder da
bancada do governo Afrânio Lages. Tamanho afinco garantiu sua
escolha como cargo indicado de governador do Estado, "cargo
biônico", pelo presidente Ernesto Geisel em 1974, e sua gestão
como chefe do executivo assegurou sua eleição para deputado
federal em 1978.
Segundo mandato
460
Membro do PDS a partir de 1980, foi eleito governador em
1982, nas primeiras eleições diretas para governadores do país no
período da Ditadura Militar e, durante o curso de seu novo
mandato, apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência da
República, e a seguir ingressou no PFL em 1986, ano em que foi
eleito senador.
Terceiro mandato
Em 1994 foi eleito para o seu terceiro mandato de
governador, quando já estava filiado ao PMDB. Entretanto, uma
situação de grave crise político-financeira forçou sua renúncia ao
cargo em 17 de julho de 1997, quando o seu vice-governador
Manoel Gomes de Barros - " o Mano", tomou as rédeas do poder
estadual.
Queda de Suruagy
Em 17 de julho de 1997, milhares de servidores públicos
protestaram contra a desvalorização dos trabalhadores ao então
governador Divaldo Suruagy. Eles reivindicavam melhoria nas
condições de trabalho nas repartições públicas e pela falta do
salário. Desesperados, muitos servidores cometeram suicídio
depois de seis meses sem receber salário, militares e civis se
uniram em um combate armado nas proximidades da Assembleia
Legislativa de Alagoas, que estava protegida pelas tropas do
Exército. Houve quebra-quebra nas ruas e, finalmente, aconteceu a
queda do governador Suruagy.
461
Guilherme Gracindo Soares Palmeira
462
Ronaldo Lessa nasceu em Maceió em 25 de abril de 1949,
governou o Estado de Alagoas por dois mandatos, em 1998,
reelegendo-se em 2002 vencendo o ex-presidente Fernando Collor.
Formado em Engenharia Civil pela UFAL, Ronaldo Lessa
trabalhou em obras como a reforma da refinaria de petróleo de
Duque de Caxias, do terminal marítimo da baía de Ilha Grande, do
metrô do Rio de Janeiro e da Ponte Rio–Niterói. Eleito em 1982
deputado estadual em Alagoas pelo PMDB, candidatou-se ao
governo daquele estado em 1986, ficando em terceiro lugar. Elege-
se prefeito de Maceió em 1992, apoiando Kátia Born como sua
sucessora. Em fevereiro de 2005, adere ao PDT pelo qual
disputaria a eleição de 2006 ao Senado Federal. Seria derrotado
pelo ex-presidente da República Fernando Collor. Nas eleições de
2010 disputa novamente o governo alagoano, onde alcança o
segundo turno mas é derrotado por Teotonio Vilela Filho.
463
Brasileira, o PSDB. Entrou para a história política de Alagoas
como o único político do estado a ser eleito, por três vezes
consecutivas, para o Senado: 1986, 1994, 2002 e legislou até o
final de 2006. Já no primeiro mandato, destacou-se como uma das
100 cabeças pensantes do Congresso Nacional, por sua atuação
durante a elaboração da Constituição de 1988.
Renan Filho
464
CULTURA POPULAR/ SABERES
465
e associações, bem como ainda recebem incentivos de instituições
culturais e turísticas uns poucos remanescentes dos chamados
“grupos autênticos”, embora deslocados de seu tempo e de sua
função social”.
466
Sílvio Romero, no prefácio do livro Festas e Tradições
Populares, de Melo Morais Filho
Reisado
467
Ó que noite linda, raiou a lua
Ela flutua no céu azulado;
Mimosa istrêla vem dispontando,
Ela vem guiando nosso Reisado.
Guerreiro
468
“Quanto é deslumbrante a apresentação de um Guerreiro! A
beleza das vestes, de cores variadas, o esplendor dos chapéus, das
coroas, dos diademas, cheios de espelho, de contas de aljofre, de
fitas, de areia brilhante, trazendo formatos exóticos, copiando o feitio
de igrejas e mesquitas orientais. E a melodias dos cantos, a dinâmica
da difícil coreografia, o gingado do corpo, a agilidade das figuras na
parte da Guerra, do Índio Peri, da Sereia, da Lira e dos
“Caboclinhos da Lira”:
Guerreiro!
Cheguei agora
Nossa Senhora é nossa defesa
menina me dê um beijo
só não quero no pescoço
quero no bico do peito
que é lugar que não tem osso.
Guerreiro!
Cheguei agora
469
Nossa Senhora é nossa defesa
tristeza pode ir "simbora"
neste terreiro
ninguém sofre
ninguém chora
Ô minha gente!
dinheiro só de papé
carinho só de mulhé
capitá só Maceió
Mestras do Guerreiro
470
Eu vou vencer minha batalha
Á vista de Santa Bárbara
Com o cálice na mão
Pastoril
471
Aos meus senhores peço proteção.
Azul é o céu,
Azul é o mar,
Azul é a rainha
Que vamos coroar!
Estrela do Norte,
Cruzeiro sagrado,
Vamos dar um viva,
Ao cordão encarnado
472
Presépio
Estrêla do Norte
Cruzeiro do Sul,
Viva a cor do céu –
O celeste azul.
Chegança
473
Maomé. Deriva-se das “mouriscadas” peninsulares ou das lutas e
danças entre cristãos e mouros da Europa. É de origem ou
aculturação européia.
No dia segunda-feira
Que esta nau parti queria
Na terça embarca os marinhêros
Na quarta a munição e artilharia.
Fandango
474
Auto de assunto marítimo que corresponde a Marujada,
Barca e Nau Catarineta de outros Estados brasileiros. Não possui
enredo ordenado e lógico. É apresentado em um barco construído
em terra, com palanque, onde são entoados cantigas náuticas de
diversas épocas e origens. Possui nítida formação portuguesa.
Baianas
475
E todo esse nosso imenso amor.
Quilombo
Folga negro,
Branco não vem cá,
Se vier,
Pau há de levar.
Folga negro,
Branco não vem cá
Se vier,
O diabo vai levar
Cavalhada
476
Desfile, corrida de cavalos e jogos de argolinha, realizado
em amplas praças próximas às igrejas. Teve origem nos torneios
medievais, tendo como participantes doze cavalheiros ou pares que
são divididos em cordão azul e encarnado. As cavalhadas são
encontradas em quase todos os municípios de Alagoas e se
apresentam por ocasião do Natal ou festas de Santos.
Folguedos Carnavalescos
477
Essas manifestações são resíduos importantes dos folguedos
natalinos alagoanos - em alguns casos havendo transposição direta
- como é o boi-de-carnaval, que foi extraído de entremeios dos
guerreiros e dos reisados. As músicas tocadas têm ritmo forte,
contagiante, algumas são chamadas de “pancadas-motor”.
Boi de Carnaval
Boi feito com armação de madeira e coberto com tecido
vistoso ou chitão. Sai às ruas durante os três dias de carnaval
fazendo pedidos de dinheiro, de bebida ou vendendo o boi. Sua
origem é européia, africana e ameríndia. Os bois que surgem em
Alagoas recebem influência dos bumbas, reisados e guerreiros.
Os Gigantões (Bonecas)
478
homem localizado no seu interior. O cortejo é formado ainda pelos
tocadores e eventuais participantes.
Cobra Jararaca
Toré de Índio
Toré de Xangõ
479
remédios para os doentes, que são recebidos através dos caboclos
que “baixam” e receitam ao som dos maracás. Como manifestação
folclórica, comparável no sentido de apresentações, a um folguedo
qualquer, um reisado, um guerreiro, etc.
Negras da Costa
Ô raia o sol,
Suspende a lua,
Negra da Costa
Quem anda na rua!
Ô tuê, ô tuê
Ô tuê, ô tuá
Negra da Costa
Mandou me chamar!
480
Samba-de-Matuto
Na cabeça da galé
Aboiou um cação
Ouvi o nome de Tião
Namorador de Zezé.
Acredite se quiser
Tire o meu cartaz de bamba
O meu fracasso é o samba
E carinho de mulher
481
Caboclinhas
Mané do Rosário
482
Grupo de mulheres e homens mascarados que dançam,
pulam e se requebram ao som da dança de pífanos. Surgiu em
1762, durante a festa em homenagem ao Santo quando apareceram
dois mascarados que brincavam e dançavam na porta da Igreja.
Todos os anos, por ocasião da festa, sugiram os mascarados e
ninguém conseguia saber quem eram. Em 1776, sumiram. A
comunidade resolveu copiar os trejeitos e as danças e, como não
soubessem o nome da brincadeira, atribuíram o fato ao morador
Manoel do Rosário, pessoa que gostava de dançar reisado e
maracatu.
Bandos
Maracatu
483
Dança processional e cortejo real, parte dos reinados dos
congos. A palavra maracatu é de origem africana que significa
dança ou batuque. O Maracatu pernambucano penetrou com tanta
intensidade em Alagoas que criou formas alagoanas dessa
manifestação, assim como as cambindas, o samba-de-matuto, as
negras da costa, baianas e as caboclinhas.
Ê, ê, ê, maracatuê
Baiana do Centro todos venham vê.
484
Coleção Folclórica da Ufal 21 - 1976
Taieiras
Taiêiras do Pôrto
Foi quem nos guiou,
Estrela do céu
Foi quem nos coroou
Dançai, taiêirinhas,
Na ponta do pé,
Fazei cortezia
Ao sinhô São José
Bumba-meu-boi
485
Auto popular de temática pastoril que tem na figura do boi o
personagem principal. Aparece em todo o Brasil com nomes
parecidos. Em Alagoas a apresentação do Bumba é semelhante a
um teatro de revistas, com desfiles de bichos ao som de cantigas
entoadas por cantadores do conjunto musical que faz o
acompanhamento.
A chã de dentro,
É pra seu coroné.
A chã de fora
É pra dona Aurora.
A passarinha
é de dona Aninha.
O coxão,
É pra seu João.
Mocotó do pé
É pra seu Zé.
Mocotó da mão
É pra seu Lesbão.
Os miúdos
É pra seu Joca.
Os miolo
É pra Mané Crioulo.
A aparação
É pra seu Tubarão.
A rabada
486
É pra negrada.
A tripa gaiteira
É pra dona Eleuza.
A tripa fininha
É pra dona Chiquinha.
O figo do animal
É pro pessoal.
Resta pouco pra repartir
Tou com pressa pra sair.
Marujada
Cambinda
487
alagoanas dos Maracatus de nação, oriundos de Pernambuco,
penetrados em Alagoas através dos municípios da região norte do
Estado. Cabinda, Cambinda ou Kabenda, segundo Mário de
Andrade, era um reino de gente africana próximo de Loanda,
Angola. Nina Rodrigues identifica os Cambindas aos conguenses.
Coco Alagoano
488
outro, e depois sob o ritmo da dança se esbarravam em novas
umbigadas nos demais pares que compunham a roda. A embolada do
preto era como toda embolada uma lambança em que se prometia
fazer e acontecer. Vinha um pituim enjoativo, misturado de Oriza, lá
dentro, mas as palmas e o sapateado cadenciado eletrizavam o
pessoal que respondia ao refrão”.
Jorge de Lima, em Calunga – Editora Alba (RJ) 1943 – 2ª
edição
489
*Textos dos jornalistas Telma Elita, Wellington Santos, Paula
Newton e Larissa Bastos editados e condensados, da série
“Patrimônio Vivo: Mestres da Cultura Alagoana”, publicada
originalmente no Diário Oficial do Estado de Alagoas, entre 2009 e
2011
490
Nelson da Rabeca - luthier e rabequeiro
Marechal Deodoro
491
O homem que faz música da madeira
Se a alma é música, que a casa seja um pedacinho dela
também. Na entrada de Marechal Deodoro, todos sabem onde
mora o instrumentista. “A casa de Seu Nelson fica logo mais na
frente, é laranja com verde, tem porta marrom e uma rabeca em
cima”, foi essa a descrição de um ciclista anônimo. Da calçada, já
se ouve o som da Deodora. “Podem entrar, fiquem à vontade”, diz
Nelson da Rabeca. As visitas são levadas logo para um quarto,
fechado a chave. Porta aberta, o mundo de Nelson à vista. As
paredes estão cobertas de fotografias. O homem é mesmo uma
celebridade. No canto do quarto, um baú, também trancado. Findo
o mistério, o tesouro impressiona: muitas rabecas. O trabalho como
luthier começa cedo, no quintal. “Às 5 horas, eu já estou aqui,
fazendo rabeca. Eu passo meu dia cortando madeira, serrando. As
ferramentas fui eu mesmo que construí”, conta.
492
Patrimônio Vivo de Alagoas. Desde menina, dedica a vida ao
guerreiro. Nascida no Engenho Prazeres, na cidade de Flexeiras,
Maria Flor, com 10 anos, começou a brincar no folguedo.
“Ninguém na minha família dançava. Só eu. Muito nova, fui
estrela de ouro e rainha. As meninas tinham inveja de mim”,
lembra. Pouco tempo depois de chegar a Maceió – “com 20 e
poucos anos” –, foi participar do grupo de Jorge Ferreira, em Chã
de Bebedouro. Nesse, passou dois anos. Mas era preciso criar o
próprio guerreiro, ser a dona da brincadeira. Há 25 anos, ela criou
o Guerreiro Vencedor Alagoano, na Chã da Jaqueira. E já tem
sucessoras na famíla.
493
Maceió. A prefeitura do lugar mantém até uma escola para que a
arte não se perca. Na sala de aula, estão meninas entre 8 e 12 anos,
e mulheres, poucas, que ainda teimam em aprender o ofício. Para
todas, Clarice Severiano dos Santos, 74, é exemplo. Não há quem
não a conheça na cidade. A mestra, uma profissional de longa data,
diz que já passou um ano para fazer uma colcha. Além dessa dança
de bilros, levada por mãos habilidosas, a rendeira dá aulas na
escola. É professora exigente. “A peça para ficar boa é preciso
firmeza. Os pontos têm que sair bem fechados, senão a renda fica
frouxa.” As peças dela, feitas com muito primor, são vendidas
pelos quatro cantos do país. O talento garantiu até um encontro
com o empresário Roberto Marinho, já falecido.
494
conta que podem chegar até 180. Para dar sustentação a todas essas
ferramentas, um tamborete, com os pés para o alto. Interessante
também são os nomes dos pontos. As alunas sabem de cor: olho de
pombo, tracinho, bico Ester, feixe de lenha. Tem também o dedo
do cão, mas Dona Clarice pede que esse não seja pronunciado. “É
feio, preferimos dizer Serra de Catatu”,
495
cantar. Eu sou bom na rima e no improviso”, anuncia. De repente,
começa a encher a sala de lembrança que não se toca. São as peças,
todas compostas por ele. Para agitar o sangue, pede um cafezinho
quente. A inspiração surgiu com a cantoria de vaqueiros:
496
pai, quando soube, devolveu o dinheiro a ela e não achou ruim.
Sempre me apoiou.” O ofício como repentista começou em 1975.
497
José Pereira Lima, seu Dedeca – Reisado
Água Branca
Chegar até José Pereira Lima, 79, o Seu Dedeca, não é das
tarefas mais fáceis. O mestre do reisado mora no alto da Serra do
Cavalo, em Água Branca. O caminho é de ruas de barro, ladeira
dificultosa. Não pense que o carro vai até a porta. É preciso andar
por meio do mato. Terminada a maratona, não se acha o homem.
“Ele está na Jurema”, diz a companheira Maria Aparecida. Jurema
é uma lavoura, a uns 40 minutos do local. Ela pede a um sobrinho
para buscar o mestre. Durante a espera, um passeio na
comunidade. As meninas do reisado vivem na Serra do Cavalo.
Depois de um giro rápido, todas estão concentradas na casa de Seu
Dedeca. Fazem um furdunço só. Passado esse tempo todo, Seu
Dedeca aparece. Como o interesse era o de conhecer o grupo de
reisado, Seu Dedeca se põe logo a se arrumar e a pedir que a
garotada também o faça. As meninas respeitam o mestre como se
fosse um avô, pedem até a bênção. Depois chegaram a figura do
Mateu e o tocador. O apito do mestre dá início aos passos
ensaiados, à disputa do azul contra o encarnado, com direito a
espadas, e o canto das meninas.
498
amor”, a mãe referida na toada é Nossa Senhora Aparecida, a
homenageada por esse auto-popular que pertence ao ciclo natalino
499
dona do grupo. Já recebeu essa herança da minha avó, Maria Josefa
da Cunha. Mas com a idade, passou para mim”.
Mané foi exímio dançador
Os demais integrantes são vizinhos da família dos Santos.
Os palhaços carregam chocalhos na cintura e têm a face pintada de
carvão. Com os passos, uma festa tumultuada. A música é feita
com tarol, caixa, surdo e pífano. Nada de vozes. O folguedo é todo
instrumental. O Mané do Rosário está registrado no trabalho de
Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro. É definido
como teatro popular. No livro, conta-se que foi mesmo em 1762
que apareceu uma dupla de mascarados, que brincava e dançava na
porta da igreja. A folia deles foi até 1766, quando sumiram, sem
deixar identidade. Foi a partir deste ano, que a comunidade se
reuniu, copiando os trejeitos dos dois, e prosseguiu com a festa.
Mas a autoria foi atribuída a Manoel do Rosário, um conhecido
dançador de reisado e maracatu. Por isso, o nome Mané do
Rosário. Ao todo, participam 36 integrantes. Os dançadores se
apresentam com roupas femininas e aventais. Escondem o rosto
com panos brancos e na cabeça, chapéus de palha.
500
ladainhas. Durante uma hora, eles se preparam para a Dança de
São Gonçalo, oferecida aos mortos. O ofício acontece numa capela
simples, no Alto Sertão de Alagoas. O mestre, José Ricardo dos
Santos Neto, 59, é o guardião dessa história. O santuário fica no
povoado Cal, na cidade de Água Branca – a 320 km de Maceió.
Depois do asfalto, é necessário passar por estradas de terra batida.
Em tempos de chuva, a travessia se torna uma verdadeira
provação. A tradição está na família de José Ricardo, o Seu Deca,
há muitas décadas. A música é muito bonita. Antes da dança e nos
intervalos das jornadas, o mestre afina minuciosamente seu
instrumento, uma rabeca, seu José Carlos de Santos, fica com o
adufe – um pandeiro pequeno, de madeira leve, e tem ainda os
vizinhos: o violão de Cícero Gonçalves, e o pandeiro de Ademar
Ricardo dos Santos.
501
que o santo convertia mulheres, dançando com elas, alegremente,
mas tendo nos sapatos pregos que o feriam nos pés. Em Água
Branca, os devotos, quase todos familiares de Seu Deca, dançam
durante horas. Os movimentos são ordenados. Remetem às fases
da lua e à posição das estrelas. No grupo, participam 12 mulheres e
quatro homens, os tocadores. Apesar da música e dos passos
animados, a festa a São Gonçalo é levada com seriedade pelos
participantes. Quase todas as mulheres têm mais de 60 anos.
Durante cada uma das jornadas, que tem duração média de 30
minutos, elas giram e se ajoelham com a força de jovens.
502
vassalo, peri, embaixador. Ainda em Cajueiro, criou o Barreira
Pesada, e finalmente o Treme Terra, em Maceió, na década de
1980. Em São Paulo o Treme Terra já foi campeão. “Eu me vi no
meio de 22 Estados, num festival. Antes da nossa apresentação, o
Rio Grande do Sul era o primeiro. Mas quando a gente fez a
guerra, vencemos. A bandeira de Alagoas ficou lá no alto”.
503
“Aposentadoria? Aposentadoria nada minha filha, eu só paro
com o guerreiro quando Jesus quiser. Não tem homem aqui na terra
que me faça parar.”
504
Felicidade é um apito e o folguedo
505
Saias rodadas dão cores praieira
506
Nelson Vicente Rosa, falecido em 2017 aos 80 anos, foi o
típico lavrador nordestino. Nasceu na Vila Fernandes, comunidade
agrícola da cidade de Arapiraca, e nunca arredou pé do lugar.
Criou os sete filhos graças à benevolência da terra e a muito
trabalho. Foi no povoado que o mestre presenciou as primeiras
manifestações culturais. Mas só depois dos 30 anos, nos anos
1970, que ele começou a fazer as festinhas no estilo do coco de
roda. Ele levou seu conhecimento ainda à escola do povoado. O
esforço valeu à pena. Hoje, os garotos estão afinados, sabem de cor
os versos do coco. A batida dos pés é cheia de vigor. As
vestimentas estão nos conformes, alinhadas. A voz de Seu Nelson
também impressiona. Faz gosto assistir à brincadeira. Na família, a
tarefa de quebrar o coco foi repassada hoje aos três netos: Wesley,
10, José Wellerson, 11, e Wilianny Karlly, 13. A tradição está
garantida na Vila Fernandes.
507
Dos cordões ao casamento matuto
508
Mouros versus Cristões: barca dos brincantes
509
José Felix dos Santos 1938-2011 – Pífano
Maceió
510
dedicada aos santos. Todos os anos, ele vai pelo menos uma vez a
Juazeiro do Norte (CE). “Essa minha banda é leve. Faço questão
de levar comigo e tocar entre as orações”, diz.
511
eu só tenho alegria. Na família, são 22 netos. O primeiro bisneto está
a caminho”.
512
“brinquedos” – como ela mesma definiu suas maravilhosas cabeças
de gente no barro.
513
Palmeira dos Índios. Lá, com 8 anos, participava do reisado da
mestra Zefa Bispo. Seu pai, Agápito Bomfim, era o mateu. Aos 12
anos, era mestre no guerreiro da comadre Joana Gajuru, em
Maribondo. A mãe de Seu Nivaldo era curandeira. Quando lembra
dos antepassados, ele fala: “Nós somos índios, xucurus-kariris”.
514
acompanhar o pai, o mestre de reisado Cícero Venâncio de
Amorim, conhecido como Gavião. Após a morte de Venâncio, a
festa segue. Agora, sob a regência do mestre André Joaquim dos
Santos, 61. O senhor de riso fácil assumiu o Mensageiros de Padre
Cícero a pedido de Augusta Maria da Conceição, amiga do
cantador e baiana conhecida, do herdeiro de Manoel Venâncio,
Petrúcio, que é tambozeiro no guerreiro.
515
mestra confidenciou que, na sua falta, gostaria que o Leão
Devorador ficasse sob os cuidados da filha, Anadege Moraes da
Silva, 53, e com o apito de Seu Djalma, 70. “Essa foi a herança que
eu recebi da minha mãe. No início, foi muito difícil. Quando eu
ouvia a música do guerreiro, eu chorava,”, conta Anadege. Pouco
antes de morrer, viu concretizado o sonho de ter a própria sede. A
conquista se deu com o prêmio Culturas Populares – Humberto
Maracanã, em 2008. “A inauguração da sede foi o dia mais feliz da
minha vida. Já posso morrer em paz”, disse à presidente da
Asfopal.
Na batida do couro
516
Patrimônio Vivo da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A
vitória veio, segundo ele, para coroar tantos anos de dedicação.
“Sei que fui contemplado porque mereci, por todo o tempo
dedicado à minha arte”.
517
Uma palavra e o repente começa
518
mestre Artur Moraes a entoar um dos versos do Guerreiro das
Alagoas, onde atuou por mais de 70 anos. “Ô minha Lira, a rainha
primeira; encruza a perna, seja mais ligeira...”, canta o velho
brincante. É assim ritmando que mestre Artur Moraes dos Santos,
86 anos, comandou por muitos anos o Guerreiro Santa Isabel,
localizado no bairro de Chã da Jaqueira, em Maceió. Ele nasceu
em 1925, em Fernão Velho, mas foi criado na cidade de Satuba. O
gosto de dançar guerreiro veio aos 10 anos no grupo do mestre
Manoel Vicente, no distrito de Rio Novo, quando o velho povoado
ainda se chamava Carrapato. Lá foi bandeirinha e depois brincou
como embaixador.À frente do guerreiro Mensageiro Padre Cícero,
mestre André comanda a brincadeira no bairro Santos Dumont e
leva a alegria aonde for convidado
519
30 participantes de diferentes faixas etárias, dos 10 aos 70 anos,
misturando experiência de várias gerações. “Tudo começou como
brincadeira, pois quando criança, não percebíamos a grandiosidade
do guerreiro. Hoje ele representa para mim um dos fatores mais
importantes na minha vida, sinto-me realizada em cada
apresentação, que são únicas.”
520
onde as mães da comunidade que trabalham e estudam podem
deixar seus filhos no período da manhã até as 16h. Neste período,
as crianças têm aulas voltadas à alfabetização e fazem três
refeições por dia.
521
aperfeiçoada. “As da minha avó eram bem diferentes, não eram
como as minhas. Quando comecei também não fazia bonecas tão
elaboradas. Com o tempo fui aperfeiçoando cada vez mais”, conta
ela. A profissionalização veio aos 22 anos, sem ajuda de
professores. “Aprendi mesmo sozinha e posso dizer que é um dom
que Deus me deu. Tudo que aprendi foi vontade própria, até
porque, naquela época, não tinha quem ensinasse”, conta ela. Hoje,
no entanto, a realidade já é bem diferente: ainda às margens do rio,
a até então única artista de bonecas da região não só vende sua
produção como também divide o conhecimento com as mulheres
do local. Os ensinamentos são repassados em oficinas realizadas
pela Ong Velho Chico, que tem ajudado dona Lourdes em seu
trabalho.
522
quem comanda o histórico reisado Virgem dos Pobres, localizado
no povoado de Bananal, em Viçosa, e um dos últimos do Estado. A
liderança do grupo foi passada pelo pai, o também mestre Osório
Tavares, e abraçada por mestre Expedito com todo vigor. O talento
para dar continuidade à tradição – que se iniciou com o avô e
mestre Terto Tavares – foi revelado ainda na infância, quando, aos
8 anos, ele entrou no folguedo como figurante. “No início, achava
que não conseguiria dançar e disse isso para o meu pai, mas ele me
encorajou muito, até que realmente consegui”, conta.
523
que sabia ler e escrever na vizinhança. Quando anoitecia, era
comum as crianças se reunirem em volta de uma fogueira para
escutar a leitura de livros infantis.
524
Nem as marcas dos 82 anos de vida enfraqueceram a
potente voz que ainda enche a sede da Associação dos Violeiros e
Trovadores de Alagoas. Raul Vicente de Queiroz, fundador da
entidade em 1976, é um dos artistas que receberam o certificado de
mestre do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas. Nascido em
São Joaquim do Monte, interior de Pernambuco, Raul chegou a
Alagoas após rodar o Brasil como feirante e repentista. “Alguém
disse que eu era a pessoa certa para montar a Associação e eu
resolvi me mudar de Aracaju para cá. Foi assim que vim parar em
Maceió”, conta. A primeira trova e muitas mais – Era o primeiro
dia do mês de outubro de 1940 quando o céu de Pernambuco
escureceu às 9h da manhã. Na pequena São Joaquim do Monte, um
menino corre para buscar lápis e papel. Enquanto muitos
observavam o fenômeno, Raul Vicente, com apenas 12 anos,
tratava de escrever o que viria a ser o seu primeiro livro de cordel.
Mas as palavras escritas, sozinhas, não lhe contentavam. Faltava-
lhes volume e voz. Foi aí que as poesias ganharam ritmo e viraram
repente na boca do seu Raul. Nas feiras do interior de Pernambuco,
as trovas criativas ajudavam a vender os seus cordéis e
medicamentos caseiros.
525
José Gonçalves dos Santos nunca havia visto um pandeiro.
Sua batucada ecoava de latas vazias na fazenda onde morava, em
Capela, até que, aos 12 anos, ganhou de presente o instrumento ao
qual tem dedicado a vida. A partir de então, o menino José virou
Hilton do Pandeiro. Com 78 anos, o poeta-cantador entrou para o
Registro do Patrimônio Vivo Alagoano, recebendo o título de
mestre. Suas inúmeras cantigas já chegaram à Alemanha, aos
Estados Unidos e à Suécia, onde foram elogiadas, segundo o
mestre, por nomes importantes da cultura alagoana, como Pedro
Teixeira e Théo Brandão. Apesar de ser funcionário da prefeitura
de Capela há quase 30 anos, mestre Hilton teve na agricultura seu
principal ganha-pão. Mas o pandeiro tocado ali, no meio da feira
capelense, já chegou a suprir as despesas de casa em apenas duas
horas de apresentação. Quando perguntado em que se inspira para
criar suas peças, Hilton responde com altivez: “Não preciso de
nada disso de inspiração, não. Faço cantiga aqui, na brincadeira”.
Basta dar-lhe um mote – ou seja, um tema ou algumas palavras – e
deixar o resto a cargo da criatividade. A boa memória compensa o
pouco que sabe ler. Toda sua criação está guardada na cabeça.
526
Cândido da Silva, o mestre Jacaré, voltou do Estado de São Paulo,
trazendo em sua bagagem a arte afro-brasileira que envolve luta,
dança, cultura popular e música. A plástica dos movimentos e a
ginga contagiante embalada pelo berimbau foram os principais
motivos que levaram o mestre a começar a praticar a luta, que hoje
ele considera como uma verdadeira filosofia de vida. Em seus 40
anos de dedicação à capoeira, sendo 26 em Alagoas, mestre Jacaré
já repassou seus ensinamentos para cerca de duas mil pessoas.
Hoje ele ensina jovens e crianças de escolas públicas em quatro
municípios do Estado – Maceió, União dos Palmares, Branquinha
e Murici – e é com o público infantil que o mestre se diz mais feliz
em trabalhar.
“Costumo passar para as crianças lições educacionais,
psicológicas e de conscientização. A capoeira vai muito além dos
movimentos, das músicas. É muito mais que uma luta. Ela traz um
conjunto de ensinamentos em todos os aspectos para quem pratica e
vive intensamente essa arte fascinante”.
527
ao trabalho que aprendeu aos 10 anos de idade com um de seus
irmãos, mestre Cicinho diz que a paixão pelo guerreiro é herança
do pai, mestre Nivaldo Bonfim. Mestre Cicinho foi agraciado pelo
seu traço inconfundível na confecção de chapéus de guerreiros.
Não apenas com amor, talento e dedicação, o agora mestre Cicinho
faz os chapéus desde a década de 1980. Os chapéus da estrela de
ouro, estrela do Norte, estrela brilhante, coroa da rainha, de índio,
de vassalo, de caboclinha, todos os ricos personagens do Guerreiro
alagoano foram agraciados com sua arte marcante. Cicinho, que
assume o personagem Índio no grupo, conta que a origem do nome
do Guerreiro que sua família dança – já que 90% dos membros são
formados por filhos, noras, irmãos, sobrinhos e esposa do mestre
Nivaldo – se deu em homenagem a um amigo do patriarca, o
Francisco Jupi, conhecido como Campeão Treinado.
528
Registro do Patrimônio Vivo da Cultura alagoana. Sua trajetória de
pifeiro tevê início lá nos idos de 1950, quando, pela primeira vez,
viu e ouviu o instrumento em uma das famosas festas do pé-de-
serra de Viçosa. A partir de então, mestre Bia formou seu próprio
conjunto e começou enveredar nos tons do pífano com sua
bandinha.
529
pais, o ator e produtor Nelson Silveira, e a também atriz caricata e
sambista, Expedita Silveira, conhecida como Ditinha Silveira.
Ainda garoto, nos anos de 1940, Biribinha acompanhava a família
nas apresentações por cidades de Alagoas, principalmente
Arapiraca, onde residiam. Com o falecimento dos pais, o artista
herdou o ofício, contagiando dois dos filhos a também seguir no
mundo das artes.
530
mar”. No sítio Chã da Mangueira, em São Miguel dos Campos
conheceu o cantador Sebastião Maceno que o incentivou ainda
mais o gosto pela cantoria. Sem condições de possui uma viola
construiu sua própria viola de “costa de palha de palmeira”
iniciando assim sua arte de violeiro. Ouvia falar nos grandes
nomes da viola como Frederico Bernardes, Manoel Nenê, Joaquim
Vitorino, entre outros. Mas foi o cantador Otávio José que o
batizou de Verdelinho de Alagoas, em 1962, o que muito lhe
agradou. Foi companheiro, por muitos anos , da afamada mestra de
reisado, Dolores Jupi, com quem muito aprendeu, sendo também
Mateu do guerreiro da mestra Joana Gajuru, por vários anos. Vindo
para Maceió, começou a dançar guerreiro, em 1968, com o mestre
Jorge Ferreira, na Chã da Jaqueira, como carregador de maleta e
“botador de entremeios”. Certa feita, tendo que substituir o mestre
Jorge no guerreiro do professor Pedro Teixeira, passou a comandar
definitivamente o grupo. Durante muitos anos foi mestre de reisado
e guerreiro, em Chã Preta, sempre ao lado do Professor Pedro
Teixeira, com quem percorreu quase todo o território nacional, em
festivais e encontros de cultura popular. Com suas bonitas rimas e
o gingado do seu bandeiro, destacou-se no cenário cultural de
Alagoas, sendo citado pelo mestre Ariano Suassuna como “um dos
maiores poetas populares que já conheci”. Dentre as composições
mais apreciadas está o belíssimo pagode gravado pelo cantor
alagoano Wado e pelos grupos “A Barca” e “Comadre Fulozimha”
531
A terra fica, movimenta, a terra há
A terra acaba com toda nossa alegria
A terra acaba com o inseto que a terra cria
Mas, nascendo na terra, nessa terra há de viver
Morrendo na terra, pra nesta terra é de comer
Tudo que vive nesta terra pra esta terra é alimento
Nosso Deus corrige o mundo com o seu dominamento
Sei que a terra gira com o seu grande poder”
532
se nos folguedos tradicionais: guerreiros, reisados, pastoris; José
Aloísio Vilela, na poesia popular, na dança de coco, repentistas e
cantadores; José Maria de Melo, nos contos, sentinelas e adivinhas
e José Pimentel na medicina popular, no curandeirismo, rezas e
benzeduras.
O padrinho da escola, Manuel Diégues, incluiu no grupo o
folclorista Pedro Teixeira de Vasconcelos, também nascido em
Viçosa, o mais novo da turma, que tinha como marca o pastoril –
foi o maior animador da brincadeira em Maceió, partidário do
cordão azul. Os trabalhos iniciados em Viçosa e sistematizado em
Alagoas, culminou com a criação da instituição guardiã dos
interesses do folclore do estado, a Comissão Alagoana do Folclore
(CAF), fundada há 67 anos.
533
caráter folclórico – “Folclore e Educação Infantil”. A partir de
1949, começa a ganhar prêmios locais e nacionais pela sua obra,
como “Folclore de Alagoas e Reisado Alagoano. Estudiosos dos
EUA, Itália e Portugal propagaram a obra de Théo Brandão no
Exterior. Entre seus grandes livros estão Folclore de Alagoas
(1949), Folguedos Natalinos de Alagoas (1961, na terceira edição),
Cavalhada das Alagoas (1969), Quilombo (1969).
534
Avenida da Paz. Sete anos após a morte do amigo, o também
pesquisador José Maria Tenório Rocha lançava “Théo Brandão,
Mestre do Folclore Brasileiro”. No ensaio biográfico, no primeiro
capítulo “O Homem”, é o próprio Théo que se revela:
535
“Nascido nas terras dadivosas da Princesa das Matas
(Viçosa) passou sua infância na gleba natal, ouvindo o marulhar
sonoro das águas do velho Paraíba... Sentiu o cheiro do mel quente
fervendo nas tachas de cobre do velho Engenho Boa Sorte. Esteve
presente às festas do Senhor Bom Jesus do Bonfim, assistindo às
cavalhadas puxadas pelo destro caveleiro Quincas Vilela, da
Ingazeira, e gravando na memória os pregões de Chico Doninha nos
célebres leilões de prendas e de gado. Bateu palmas aos cantadores
de coco e repentistas nas tradições dos serões da casa do patriarca
José Aprígio dos Passos Vilela, seu avô materno. Embeveceu-se com
as apresentações dos reisados, dos Quilombos e das Taieiras nas
festas de Natal e São Sebastião. Foi neste ambiente que o menino de
engenho cresceu e alçou vôo para as alturas em demanda da glória
da fama, levando sempre no coração e nos lábios a imagem querida
da terra que o viu nascer”.
536
enriqueciam suas conferências. Em outubro de 2015, a Ufal
relançou sua importante obra Coletânea de Assuntos Folclóricos. A
Coletânea reúne cinco trabalhos, escritos em diferentes épocas da
vida do autor, sobre temas do folclore alagoano, como:
manifestações populares de Viçosa, cantoria de viola, vaquejada,
danças e folguedos.
537
Academia Alagoana de Letras. Em 1971, deixa o plano da pesquisa
folclórica e surpreende o mundo literário com seu romance
Canoés, que focaliza a vida nos engenhos de açúcar.
538
nega da costa e outros. Era reconhecido pelos inúmeros convites
para apresentações, palestras e seminários pelo Brasil e exterior.
539
“Música e dança são inseparáveis da vida do negro. Os povos
afro-negros, em seu habitat original, dela se utilizam largamente nas
suas cerimônias mágico-religiosas e guerreiras. Claro é que, atirado
de chofre num status social diverso do seu de origem, o escravo negro
introduzido no nosso país não abdicaria facilmente do cultivo dessas
manifestações artísticas, a esses derramamentos, a que o próprio
senhor branco não se opôs e com que continuou, indiferente aos
sofrimentos físicos e morais, a pautar os atos da vida social no seu
novo mundo atribulado”.
Abelardo Duarte, em Folclore Negros das Alagoas, capítulo
do livro, na revista Academia Alagoana de Letras, nº 12 – 1986.
540
está à criação do programa Balançando Ganzá, da Rádio Educativa
FM desde 1987.
541
ARTES & ARTISTAS
542
que colocaram Alagoas no mercado nacional e internacional do
artesanato, e seus herdeiros e herdeiras que de posse do
conhecimento milenar de seus avós multiplicaram sua arte,
repassaram seus conhecimentos. Ou aqueles que chegam agora, com
a força do novo, em um círculo virtuoso de concepções artísticas que
nunca vai acabar.
543
popular”, tira das riquezas naturais e culturais o material para seu
trabalho. Em Alagoas entre as mais importantes matérias primas
para uso artesanal estão o a madeira (principalmente a mangueira),
o barro (cerâmica); cipós (cestarias); couro do bode, do boi e do
peixe; metal (esculturas), rendas e bordados, tecelagem.
544
Na pedra, no cimento, no barro, na madeira, nas tintas, na cerâmica
e em tudo que lhe traga inspiração, é da alma do artesão de onde
vem a sua essência.
545
"Minhas alegorias eram feitas de papel marchê. Hoje é tudo
feito de resina e poliéster. Os carros quando entravam na avenida
tremiam, era um visual deslumbrante".
546
mim os amigos, as namoradas e os fãs”. Uma de suas últimas obras
foi é o busto do Marechal Deodoro, que fica no trevo de acesso ao
Francês, da rodovia AL 101 Sul
ESCOLA DE CAPELA
Prêmios internacionais
547
Há mais de dez anos, João das Alagoas vive de sua arte.
Tem um currículo imponente: ganhou vários prêmios de melhor
artesão em alguns Estados; uma menção honrosa, em Córdoba,
Argentina e muitas de suas obras integram importantes coleções de
arte popular que estão expostas em galerias do Recife, de São
Paulo, de Belo Horizonte, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro.
João tem peças expostas também no exterior, como o Museu de
Cerâmica do México.
A Infância do mestre
Mas a arte está na vida de João da Alagoas desde pequeno.
Era do barro que ele, quando criança, criava seus próprios
brinquedos. Cavalos, bois, vaqueiros e cangaceiros faziam parte de
sua criatividade. Desde 1987, João das Alagoas sobrevive
exclusivamente da sua arte. Sua trajetória assemelha-se a de outros
artistas, também conhecidos mundialmente, como o mestre
Vitalino, sua maior inspiração, e Marliete, ambos do Alto do
Moura, em Caruaru, e tantos outros artesãos do qual considera suas
grandes fontes para seu aprendizado. O conhecimento também
veio dos livros e das matérias em revistas sobre os artistas
pernambucanos. A semelhança com eles não é apenas pelas
dificuldades com que deu início ao sonho de viver da arte do barro
em sua cidade, mas por formar discípulos de sua obra.Com as
mãos meladas de barro, água e manuseando uma faquinha,
diariamente seu João vai dando forma ao barro.
548
O Bumba meu Boi é sua marca registrada, inspirado pelos
artesãos do Alto do Moura e que trouxe a estabilidade do mestre na
década de 90. Em seu ateliê, João das Alagoas trabalha ao lado de
outros artesãos que também viajam pelo mundo por meio de suas
obras e sobrevivem, exclusivamente, do trabalho deles com o
barro. Segundo o mestre, as orientações que ele deu não devem ser
vistas como ensinamentos e sim como oportunidades para que cada
um expressasse a sua história, seu talento, seus sonhos. Tanto é que
as obras são diversificadas, cada uma tem um estilo próprio.
549
trabalho. Todo mundo quer. Na primeira visita que fez ao ateliê do
mestre já foi para ficar. E suas primeiras peças?
O encantador de madeira
550
na minha cabeça e aí eu deixo aquela e já começo a outra. E eu
não sei quando termina, quem diz é a peça”.
As palavras são do mestre popular Fernando Rodrigues,
uma das muitas almas imortais do rio São Francisco, que deixou a
sua história gravada nas madeiras, nas pedras e nos íngremes
caminhos das caatingas que cercam a Ilha do Ferro, em Pão de
Açúcar, um lugar idílico e encantado, onde nasceu, viveu e morreu.
O mestre faleceu no dia 10 de janeiro de 2009. A tradição da arte
popular da madeira vem desde a origem secular do vilarejo. Mas
foi o escultor Fernando Rodrigues dos Santos (1928-2009), ou
Fernando da Ilha do Ferro, ou Fernando da Calu, ou ainda,
Fernando do Japão (nome da vila onde nasceu), que fez a Ilha ficar
famosa. Ele inventou o design em arte bruta, quase selvagem, de
mesas, cadeiras e bancos rústicos, que o tornou uma referência
nacional em arte popular, pontuando a Ilha do Ferro entre os
maiores polos de arte popular do Brasil, na configuração de arte
como forma de expressividade de artistas do povo, a exemplo do
mestre Vitalino, de Caruaru (PE), Severino de Tracunhahém (PE) e
os mestres populares do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais,
e de Juazeiro do Norte, no Ceará”.
Cabeça de pensador
Artista popular fantástico, Seu Fernando não é letrado, mas
autor de um livro muito curioso. Ele organizou na memória uma
impressionante coleção de contos que garante serem totalmente
verdadeiros, com histórias de caças hilariantes, testemunhos sobre
Lampião e seu bando e aventuras inimagináveis, tudo saído de sua
551
cabeça de pensador. Para “não morrer e enterrar os causos”, ele
passou toda a história para suas filhas e filhos, e jovens que
chamou para escrever seu livro de memórias.
552
Ilha do Ferro – Pão de Açúcar
553
se aproveitar dessas madeiras. Hoje não tem mais isso, a chuva que
bate é tão pouca que não dá nem para encher os riachos”.
554
José Petrônio Faria dos Anjos – escultor de madeira
Pão de Açúcar
555
“De início não foi inspiração, mas necessidade e precisão.
Mas a vida com o artesanato e a pesca melhorou muito minha
situação. Faço o que gosto, meu trabalho vai do imaginário ao
utilitário, bancos, mesas, cadeiras, banquinhos, ex-votos, um pouco
de tudo da arte. Sempre inventando novas formas e sempre
observando a natureza”.
O herdeiro de Fernando
556
o alongamento dos galhos e cipós. Por isto faço com sabedoria, foi
ele que me passou tudo”.
557
“O artesanato na minha vida esteve sempre presente, desde
cedo, quando “reinava” com um serrote fazendo peças,
principalmente canoas que até hoje é a que mais gosto. Minha
inspiração vem desde menino, tenho uma visão muito na frente, meu
desejo é sempre transformar e buscar algo novo. Qualquer pau eu
transformo numa peça. Muitos aí trabalham com o pau feito. Eu olho
o que tenho em mãos, vejo as formas, e deixo minha imaginação
fluir”.
558
“Tem que ter cabeça para saber o que você vai fazer da
madeira. Eu de imediato já vejo formas nela. Mas prefiro desenha
primeiro no papel e depois ir elaborando a obra. Gosto de misturar
as cores, acho que fica tão bonita quanto à natureza do lugar”.
559
Manoel da Marinheira –escultura de madeira
Boca da Mata
O mágico da jaqueira
560
“Meu avô perguntou – o que você leva escondido aí, rapaz –
meu pai ficou aperreado e derrubou as ferramentas e o coelho que
havia começado. Meu avô deu um sorriso e devolveu a peça a
Manoel. E ele começou a fazer peças uma atrás da outra, e
presepadas com suas fantasias. Uma vez ele colocou uma de suas
onças em uma corrente amarrada no esteio de sua casa. Um agente
da Sucam (que trabalhava no controle da malária) ao ver a onça
pulou pela janela e saiu correndo em disparada, morrendo de medo”.
A tradição continua
André é um dos 20 filhos que Manoel teve em dois
casamentos, dez do primeiro e mais dez do segundo. Quinze estão
vivos, e cinco seguiram a carreira do pai: Maria Cícera, Antônio e
Severino, mudos de nascença – conhecidos como os mudinhos, e
Manoel e André da Marinheira. Assim como seu pai, Dete Barros,
esposa de Severino, é quem cuida do ateliê dos irmãos surdos, e
resolve problemas de encomendas e das participações em feiras e
exposições. O ateliê dos surdinhos é na garagem da casa onde
vivem, bem próximo a entrada de Boca da Mata. De lá saem peças
maravilhosas, bem similares as que eram esculpidas pelo pai, que
são mais rústicas. André começou a fazer sua arte em madeira aos
12 anos, quando esculpiu sua primeira peça, um tatu; com 15 anos
se especializou e refinou sua produção, e aos 48 anos mostra a
força de sua produção, e diz estar feliz por contar a história das
gerações da família Marinheira. O artista diz que já ensinou o
ofício a mais de uma dezena de discípulos.
561
E a saga da família Marinheira vai seguir em frente, com a
quarta geração. Depois do bisavô LIberalino, do avô Manoel e do
pai André, o garoto Andrezinho, com nove anos, já está na boca do
povo. “Outro dia ele chegou para mim e disse: painho rabisque um
peixe para eu cortar. Ele fez e um cliente comprou a peça, eu noto
que ele está inspirado”, finaliza André, com uma ponta de sorriso.
562
promoveu em julho de 2017 a exposição “A Floresta Encantada
Manoel da Marinheira”, no Complexo Cultural anexo do Teatro
Deodoro, a maior de toda história das artes alagoanas. Sessenta
esculturas do pioneiro e dos filhos e discípulos que formam a
família Marinheira foram vistas por mais de cinco mil visitantes. A
mostra fez parte da programação oficial das comemorações dos
200 anos de emancipação política de Alagoas, e tem o apoio da
Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas. Na produção do
espetáculo foram precisos quatro caminhões-baú, 24 carregadores
e empilhadeiras, para transportar um volume de mais de 15
toneladas de esculturas maciças de madeira, trazidas do Museu
Manoel da Marinheira, localizado na fazenda Bento Moreira, em
Boca da Mata, Zona da Mata alagoana. O acervo é do colecionador
Jorge Tenório, da Usina Triunfo, um aficionado pelas esculturas de
Manoel da Marinheira e sua família, entre eles André, Antônio,
Severino, Manoel Filho e o discípulo Fábio. O Museu foi aberto
em 2005, e possui mais de 1.200 peças.
563
O poeta da madeira
564
Os bonecos do mestre Resêndio
565
Uma arte para sempre
566
totem desses poderia valer até R$ 50 mil, tenho meus gastos com a
peça, mas o pessoal quer comprar por R$ 2 mil, R$ 3 mil”.
A arte em um palito
567
com os pés e cortando no braço as toras em 20 pedaços. Fiquei com
as mãos sangrando. Cheguei lá em casa e pensei: meu Deus, porque
a gente trabalha tanto e passa tanta dificuldade. Fui dormir e tive um
sonho com um cristo entalhado em um palito de fósforo. Quando
acordei me veio a inspiração. Eu tinha em casa um pacote de fósforo
com dez caixas e gastei todas as dez para fazer o Cristo crucificado.
Não tinha pintura, não tinha nada, mas fiquei feliz por ter feito algo
diferente”.
A escultura migratória
568
os restos do couro fazia artesanato para vender em frente ao Museu
do Ipiranga. De volta a Alagoas começou a trabalhar com
artesanato. Raimundo foi descoberto pelo mestre Zezito Guedes,
escultor popular de infinita grandeza, reconhecidamente um
formador de novos talentos, nascido na Paraíba, mas que escolheu
Arapiraca como sua terra há muitos anos.
569
Vieira e Dalton Costa; e Tania Maya Pedrosa, pintora,
colecionadora e autora de livros sobre cultura popular. Entre outros
grandes colecionadores do estado, que podem ser considerados
como guardiões da arte popular alagoana.
De máquina em punho
O fotógrafo Celso Brandão é um dos mais conceituados
conhecedores e colecionadores da cultura popular. Em sua casa, no
sítio Carababa, no bairro de Ipioca, no litoral Norte, estão
guardados tesouros da arte genuína de diferentes escultores e
pintores alagoanos. As esculturas estão por toda casa, nos
corredores, na sala, na varanda e nos jardins. Peças grandes como
uma mesa de centro colorida para jogos de roleta, com cadeiras de
madeira do escultor Fernando da Ilha do Ferro; totens e máscaras
incríveis de mestre Dedé; pássaros de Viera, e uma das primeiras
onças esculpidas pelo genial Manoel da Marinheira. Segundo
Celso, há mais de 50 anos ele registra a arte popular, incluindo
suas incursões com o mais importante antropólogo alagoano Théo
Brandão. Celso registrou, na maioria das vezes em fotos em preto e
branco, o folclore, a dança, os autos, as esculturas e a arte que
brotam em Alagoas. E ao mesmo tempo, aumenta sua coleção,
como apaixonada pelos grandes mestres da madeira.
570
trabalho. No final do ano assistia àquela variedade de folguedos
natalinos, chegando a dançar como pastor do cordão azul, na Matriz
de Viçosa. Vivências de infância e juventude que me marcaram e
prosseguem trilhando novos ou velhos roteiros. De máquina em
punho, encontrei um sentido maior para essas incursões”.
571
“Hoje os colecionadores, os amantes e interessados na arte
popular pipocam nos quatro cantos do país. Alguns complementam
suas belas coleções com obras significativas dos nossos artistas,
outros iniciam uma coleção. Muitos Colecionadores de arte
contemporânea também colecionam arte popular. São Paulo ainda é
o maior consumidor de arte do país, também de arte popular. A arte
popular tem o frescor da inventividade e é tida hoje como algo
absolutamente necessária na vida dos apaixonados por estética, por
cultura, por arte”.
572
longínquos locais, à procura de artistas do povo. Hoje seu acervo
de arte popular é uma referência nacional, seus velhos e novos
amigos artesãos também estão consagrados e exportam sua parte
para o Brasil e para o mundo. A pintora tem parte de sua coleção
exposta em mostra permanente na sede do Instituto Nacional
Histórico e Geográfico (Iphan), no bairro de Jaraguá, na capital
Maceió.
573
similar. Os homens, que vivem da pesca no Velho Chico, costuram
as redes de pesca de náilon rompida por peixes e pedras do rio, na
sombra dos arvoredos. E as mulheres bordam. Dona Iracema
Araújo Sarmento, trabalha com bordado desde os oito anos. "A
arte do bordado saiu da minha própria cabeça e aprendi por conta
própria. Aos 10 anos comprei meu primeiro bastidor (armação
redonda em madeira para dar apoio ao bordado) e a agulhinha de
costurar. Hoje sou uma das lutadoras do corte e do bordado", se
orgulha Iracema. Com dificuldades de visão, "pelas noites de
bordado na luz do candeeiro", dona Iracema diz que só vai deixar o
bordado quando não enxergar mais. Com o dinheiro ganho da
costura ela compra roupas para os filhos e filhas.
574
Bordado de filé
575
Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia), e que chegou a nossas
plagas graças à herança portuguesa nas comunidades ribeirinhas do
São Francisco. Dentre as flores da localidade, foi em especial a flor
denominada “boa-noite” que serviu de inspiração para os primeiros
bordados, aplicados sobre os fios desfiados de linho, e acabou por
dar nome à nova técnica. A Cooperativa Art-Ilha, onde se reúnem
mais de 40 mulheres bordadeiras de todas as idades, é a maior
responsável pela produção e comercialização dos artigos de cama,
mesa e banho, que apresentam ricos detalhes feitos com o bordado
boa-noite.
Renda de Bilro
576
inseparáveis. O ofício foi repassado às três filhas, Maria, Josefa e
Djenalva, e à neta, Amélia. “Com 8 anos, eu já colocava as
meninas para aprender o bilro. Segui a lição da minha mãe, Maria
das Dores. Criança, eu já ganhava meu dinheirinho. Comprava
boneca, casinha”, diz. Interessante também são os nomes dos
pontos. As alunas sabem de cor: olho de pombo, tracinho, bico
Ester, feixe de lenha. Tem também o dedo do cão, mas Dona
Clarice pede que esse não seja pronunciado. “É feio, preferimos
dizer Serra de Catatu”, afirma. Trata-se de mais uma superstição da
mestra de São Sebastião.
Barro ou cerâmica
577
As cabeças de barro de Dona Irinéia
578
exposições pelo Brasil, ele passa todo seu saber para o que ele
chama de “discípulos”. Seu território é o ateliê na cidade de
Capela, com espaço para exposição, criação e o forno. É um
mestre da cerâmica responsável por recriar o boi do bumba-meu-
boi, peça tão comum na arte figurativa popular brasileira. Com as
mãos, João faz surgir do barro grandes bois com seus mantos
esculpidos em baixo e alto relevo, representando histórias do
folclore nordestino, das brincadeiras de rua, dos casamentos, dos
batizados, enfim, as histórias do povo e suas tradições. O barro é
levemente colorido, numa técnica singular. João é autodidata,
sempre fez tudo sozinho. Desde pequeno, já se destacava na escola
através de seus desenhos. Usava o barro como brincadeira para
fazer boizinhos. Ele conta que aprendeu com a experiência e a
observação, e que a sua inspiração vem de outros grandes artistas
brasileiros, como o mestre Vitalino, sua principal referência. Há
mais de dez anos, João das Alagoas vive de sua arte. Tem um
currículo imponente: ganhou vários prêmios de melhor artesão em
alguns Estados; uma menção honrosa, em Córdoba, Argentina e
muitas de suas obras integram importantes coleções de arte popular
que estão expostas em galerias do Recife, de São Paulo, de Belo
Horizonte, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro. João tem peças
expostas também no exterior, como o Museu de Cerâmica do
México.
Fibra
579
Ao lado da cerâmica (barro e argila) e da madeira, a fibra de
uso artesanal é a de maior atividade e geração de emprego no
Brasil, e também em Alagoas. Foram os índios que criaram as
técnicas originais de trançar as fibras vegetais; principalmente pela
diversificação desta fibra. Em Alagoas existem centros de
produção de fibras de coqueiros, palmeiras e bananeiras, folhas de
taboa e a planta trepadeira - o cipó. É um artesanato leve, não pesa,
basta ter habilidade na mão, no manuseio da costura e na
inventividade do artesão. Os objetos são os mais diversos, vão
desde os artefatos indígenas – até hoje produzidos – como
máscaras, cocares, tiaras e braceletes, até todo tipo de cestaria.
580
palha elas realizam a própria preservação do meio ambiente, com a
reciclagem da matéria-prima, e garantem o sustento da família. O
trabalho das cesteiras é conhecido em todo Brasil e exterior. A
marca do artesanato são cestas, bolsas e objetos decorativos a
partir da palha, e depois coloridas com anilina e polidas.
Taboa (folha)
581
distância de aproximadamente 4 Km da cidade. Entre os produtos
comercializados estão cestas, caçuá, caqueiras, cadeiras, balaios.
582
premiada mais três vezes nas Bienais Naïfs do Sesc/SP, tendo
recebido seu último prêmio na Bienal no ano de 2006.
583
“Através da recreação a criança se relaciona com o mundo e
constrói seu próprio universo. Aqui nas Alagoas, como em qualquer
outra parte do Brasil, há brincadeiras e brinquedos das mais
variadas formas – simples e funcionais, feitas por mãos sensíveis que
enriquecem a nossa cultura e mantém viva nossas tradições”.
584
gostoso, piões, caminhões, aviões, brinquedos de cabo, rodas
gigantes e cata-ventos. Ele cita também Zezinho, de Arapiraca, que
é discípulo do mestre Lampião . e mais: Adailton Rodrigues dos
Santos, de Lagoa da Canoa; Cicinho de Pão de Açúcar; João
Carlos da Silva, João das Alagoas, de Capela; Nan, da Ilha do
Ferro; José Nilson Barbosa, de Palmeira dos Índios e Nena, de
Capela, Sil, de Capela; Nilson, de Viçosa; Valmir, da Ilha do
Ferro.
585
No fim do século XVII, devido à expansão da conquista
territorial, os rebanhos de bois foram distribuídos ao longo de
Alagoas, desde as regiões são franciscanas até o Agreste o Sertão.
O corte, a carne, o couro e o leite foram condições sem as quais o
sertanejo estaria mais ainda isolado. Mas a cultura permaneceu, e
em algumas áreas com tradição rural, como Batalha, Major
Isidoro, Viçosa, Chã Preta, Água Branca, Piranhas, Delmiro
Gouveia, Palmeira dos Índios e Dois Riachos, sustentam o
mercado de couro da região. E para fazer celas, correias,
chibatas, chapéus, gibão de vaqueiro, e até sandálias xô boi, os
artesãos usam instrumentos pesados como facas e facões,
máquinas de costura de linha grossa, pregos, alicates, martelos,
sovelas e tesouras. O produto ainda é garantido com a venda de
couro cru, ou dos curtumes da região, na feira de Dois Riachos, a
maior de Alagoas na comercialização de animais. A feira é aberta,
onde circulam todos os personagens como vaqueiros,
compradores, açougueiros, artesãos, e tocadores de viola.
586
esculturas geniais – também trabalha faz com madeira, gesso e
pedra -, ele é um renomado escritor, com livros importantes como
“Cantigas das Destaladeiras de Fumo”, “A Feira de Arapiraca”,
“Folclore da Seca”, “Tabira e Outras Manifestações Populares” e
“Arapiraca Através do Tempo”, alguns deles publicados pela
Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco, e pela Editora da
Universidade Federal de Alagoas (Edufal). Em 2009, a Prefeitura
de Arapiraca inaugurou o Museu Zezito Guedes, na Praça Luiz
Pereira Lima, que tem acervo de grande porte do escultor. Ariano
Suassuna, autor de obras como “Auto da Compadecida” e “Pedra
do Reino”, elogiou o escultor em texto publicado no catálogo da
Mostra Individual Zezito Guedes, na Fundação Joaquim Nabuco,
em 1975. Segundo Zezito, foi Ariano quem colocou sua alcunha de
Zezito Guedes.
587
A xilogravura é uma das técnicas mais antigas, vindas da
Idade Média. Em Alagoas, Enéias Tavares dos Santos, o Pica-Pau,
é o nosso maior xilógrafo. Enéias continua a encantar o mundo
com sua arte. Chegou a ser tema de livros e pesquisas, como a
publicada por Denilda Moura no livro O Poeta e Xilógrafo Enéias
Tavares dos Santos, em 1983. O processo para produzir um quadro
em xilogravura e passá-lo para uma ilustração de cordel não é tão
simples quanto o resultado final tenta sugerir. Uma vez riscada, a
madeira é talhada. Com o desenho esculpido, a peça vai para uma
prensa que reproduz as cópias em papel. Aos 74 anos de idade,
Enéias Tavares diz que aprendeu todo o processo sozinho. A
relação com a arte brotou quando ainda era criança, aos 11 anos.
"Vi um camarada fazendo carimbos, achei bonito e aquilo
entranhou meu espírito. Dos carimbos com nomes de amigos e
parentes, fui fazendo desenhos e depois rumei para a xilogravura”.
588
Alpercata xô boi – Batalha
Arte plumária indígenas – Porto Real
As louças de Porto Real do Colégio
Cadeira de tronco de coqueiro – São Miguel dos Milagres
Cadeiras e bancos com madeira de mangue – Ilha do
Ferro
Candeeiro de flandres – Feira de Arapiraca
Casca de coco, ou quengo do coco: ladrilhos, jangadas,
bonecos, arranjos
Cestos e caçoás de cipó para lombo de animal – Região
Agreste e Sertão
589
Utensílios da palha de ouricuri tingidas por anilina – Feliz
Deserto e Coruripe
590
Fonte: Secretaria de Planejamento, 2014
Berthold Brecht
591
MÚSICA
592
(violão), e mais os violonistas Manuel de Lima (que era cego) e
João Frazão (Periquito). Por sugestão do historiador Mário Melo, o
grupo passou a chamar- se Turunas da Mauricéia, numa alusão ao
governador holandês do séc. XVII, Maurício de Nassau.Foi logo
apelidado de “A patativa do Norte”, pela sua voz afinadíssima e
estilo peculiar de cantar, que o tornariam um dos cantores mais
originais do seu tempo. Descendente de índio, Augusto fez um
tributo a seus ancestrais com a música Senhor da Floresta, que se
tornou um de seus maiores sucessos.
Um dia encontraram
Senhor da floresta no rio Chuí
Crivado de flechas,
De longe atiradas por outro tupi
E a filha formosa do morubixaba
Quando anoiteceu, correu
Subindo a montanha
No fundo do abismo desapareceu.
593
Naquele momento
Alguém viu no espaço, à luz do luar
Senhor da floresta de braços abertos
Risonho a falar:
Ó virgem guerreira
Ó virgem mais pura que a luz da manhã,
Iremos agora unir nossas almas
Aos pés de Tupã
594
brasileira, Rádio Clube de Pernambuco.Calheiros, a partir de 1929,
fez também sua carreira solo, mantendo um estilo próprio cantando
músicas sertanejas.No auge de sua popularidade, dividindo com
Jararaca e Ratinho, Dercy Gonçalves, Arthur Costa e outros,
cantava na Casa de Caboclo, famosa casa de espetáculos
inaugurada em 1932, localizada na Praça Tiradentes, onde era
divulgada a música regional brasileira. Ao todo gravou 80 discos
78 rpm com 154 músicas.
595
apresentação como sanfoneiro de Oito Baixos e, no mesmo ano,
compôs sua primeira música: "Choveu em Minha Roça" - o
primeiro forró como gênero musical. Gerson Filho usou os
pseudônimos de Penedo, Baianinho da Sanfona, Zé Piaba, Zé
Mamede, Baianão da Sanfona, Zé Piatã, Gerson e seu 8 Baixos - só
para citar alguns. Ele foi o responsável pelo lançamento da
conterrânea Clemilda e viveu com ela por 28 anos.Brilhou como
sanfoneiro contratado, no Rio de Janeiro, pelas mais famosas
rádios de seu tempo: Tamoio, Guanabara, Mayrink Veiga e Rádio
Nacional (no Programa apresentado pelo alagoano Paulo Gracindo
e com participação também de Jackson do Pandeiro e Almira).
Atuou por muito tempo em Sergipe, na Rádio Difusora (hoje
Fundação Aperipê) e Rádio Liberdade.
Por José Lessa, em ensaio sobre personalidades alagoanas
no universo do Forró, publicado na edição de Junho de 2017 no
Almanaque Alagoas 200 anos
Almir Medeiros
596
pelo Cesmac. Atuou como violoncelista na Orquestra Sinfônica de
Sergipe, como também na extinta Orquestra Sinfônica de Alagoas,
da qual foi regente. Foi regente, ainda, da Orquestra de Câmara da
UFAL e fundador do Quarteto de Cordas Pau-Brasil. Professor do
Centro Federal de Educação Tecnológica, onde leciona as
disciplinas musicais, além de história da arte e folclore no curso de
turismo. Compôs, entre outras: Suíte Nordestina; Toré Dia do
Índio; Abertura Allegro Dançante; Maracatu em Maceió; A
Laurça; Retirantes, Invasão. Compôs, ainda, trilhas sonoras para
espetáculos de dança, teatros, documentários, publicidade e vídeos,
destacando-se: Espetáculo Teatral A Arca de Noé; documentário
Artur Ramos; espetáculo Alagoas Terra da Liberdade; Balé
Folclórico.
Bandas e filarmônicas
597
pequenas cidades interioranas, desenvolve importante trabalho
educativo e social, propiciando oportunidade de uma vida mais
digna a centenas de jovens carentes”, afirma o pesquisador
Wilson Lucena, detentor do saber sobre a trajetória das
filarmônicas. Ainda de acordo com Wilson, embora Maceió tenha
sido uma das precursoras das chamadas “furiosas”, ele só
perdurou no interior do Estado, onde elas resistem ao tempo, e
formam um circuito musical encantador:
598
Marechal Deodoro. Sociedade Musical Carlos Gomes,
fundada em 1915
599
movimento Manguebeat em Recife, disseram que a banda ia
"mofar" no estúdio.
600
Leve embora meu coração
Nunca mais quero ser
Aquele tolo homem feliz
Se você encontrar
Alguém perfeito eu vou rezar
Vou ficar, vou morrer
Vai ser um lindo dia de sol
601
banda nos preparativos para um 'Tributo' a Raul, e ainda
aproveitou a deixa para tocar ao vivo com eles a música "Maluco
Beleza". A banda está há mais de 10 anos fazendo shows,
principalmente os Tributos a Raul Seixas, no Clube Fênix
Alagoana, sempre na data de aniversário do lendário cantor Raul
Santos Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945). Ele morreu em
1989, é considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Sua obra
musical é composta por 17 discos lançados em seus 26 anos de
carreira. Em todas as apresentações, a banda veste literalmente a
aura do cantor. Calças bocas-de-sino, botas, "camisas psicodélicas"
e performances. E no começo, trazem ao palco um rádio velho,
sintonizando em diversas estações, passando por "Rebolations" da
vida, até chegarem em "Se o rádio não toca", de Raul e Paulo
Coelho.
602
Aldo Jones, Lelo Macena e Tárcio Rodrigues, e misturam ritmo
grove, guitarras criativamente pesadas e sopros de melodias
marcantes. Uma dose generosa de tempero pisado na cultura
popular alagoana e eis a artimanha sonora do Xique Baratinho. Na
poesia, a turma ora entorta ora apruma canções populares e
cantigas de mestres do folclore, sem deixar de lado as composições
próprias que seguem a mesma linha, numa reverência explícita aos
brincantes da região. Matreiros na habilidade de cadenciar o rock
com coco de embolada, eles vão decodificando extratos poéticos
da sabedoria popular capturados nas feiras, esquinas, praças e
praias das Alagoas.
603
Cheiro" e "Estrela Cor de Areia". Essa boa sequência de sucessos
fez com Carlos Moura fizesse apresentações no programa Som
Brasil (Globo); Empório Brasileiro (BAND); Jô Soares Onze e
Meia (SBT) e Fantástico (Globo) que exibiu um clip da música
"Cometa Mambembe", grande sucesso nacional. Durante o São
João pelo Brasil, apresentou-se ao lado de figuras como
Dominguinhos, Genival Lacerda, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo.
Nos anos 1990 fez uma série de apresentações pelo Canadá.
Minha Sereia
Carlos Moura
604
Mergulhar no azul piscina
No mar de Pajuçara
Deixar o sol bater no rosto
Ai que gosto me dá
605
numa Feira em Atalaia, aos 14 anos. Ganhava dinheiro com essas
apresentações e ficava umas quatro semanas sem ir cortar cana,
“um serviço muito ruim”, diz. Música própria, ele só começou a
fazer há 16 anos, na banda Forró e Xodó. Hoje, os músicos que
tocam com Chau são: Irineu e Lula Sabiá (sanfonas); Xéxéu
(Zabumba); Renato (triângulo) e Deda (baixo). Vivendo
exclusivamente da música, Chau busca inspiração para suas
composições no seu dia-a-dia, como Memória dos Pássaros,
música que dá nome ao seu primeiro CD. Em 2006 lançou seu
segundo CD, Ninguém Anda Sozinho.
606
lep-lep, bolsa de couro, e o violão, que toca de forma magistral.
Aos 13 anos, cantava em programas de auditório da Rádio
Difusora de Alagoas, em praças públicas, festas de aniversários,
colégios. Em 1978, no 1.º Festival Estudantil de Música,
promovido pelo extinto Departamento de Assuntos Culturais, hoje
Secretaria da Cultura, foi eleito o melhor intérprete, com uma
músicas de sua autoria: “Saudações a um Velho Companheiro”.
Em 1979, participou do Show da UNE (União Nacional dos
Estudantes), na Faculdade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro ao Lado
de Joyce, Originais do Samba, Carlos Lyra, Terezinha de Jesus,
entre outros artistas de consagração nacional. Tocou no programa
de Adelson Alves na Rádio Globo e no programa do cantor e
compositor Luiz Vieira, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em
2000, lança seu melhor trabalho: “Trilha”, depois de uma batalha
de longa data.
607
plástica ele vê uma situação nada boa. Na opinião do artista, os
grandes pintores de Alagoas estão acabando, e se preocupa com a
não renovação da classe. “Os grandes pintores alagoanos estão
morrendo, e não estão aparecendo novos artistas. Outra grande
deficiência em Maceió é a não existência de uma escola de arte, ou
a realização anual de um salão de arte, para incentivar s mostrar o
trabalho dos nossos artistas”.
608
1987; Djavan, CBS, 1992; Coisa de Ascender, Columbia, 1992
-CD; Novena, EPIC, 1994 - CD; Malásia, EPIC, 1996- CD, Bicho
Solto XIII (1998); Djavan Ao Vivo Volumes 1 e 2, Sony Musical,
1999; Milagreiro, 2001; Vaidade - no qual é autor das doze letras e
músicas - editado pela Luanda Records, sua própria gravadora;
Matizes, 2007: Ária, 2010, Gravadora Luanda, Records e Biscoito
Fino. Entre seus sucessos musicais destacam-se, "Seduzir", "Flor
de Lis", "Lilás", "Pétala", "Se…", "Eu te Devoro", "Açaí",
"Segredo", "A Ilha", "Faltando um Pedaço", "Oceano", "Esquinas",
"Samurai", "Boa Noite" e "Acelerou". Ele também retrata muito
Alagoas em suas letras, como a recente Farinha (boa das Alagoas).
Farinha
Djavan
609
a macaxeira é popular é macaxeira prá ali, macaxeira pra cá
e em tudo que é farinhada a macaxeira tá
você não sabe o que é farinha boa
Farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas
610
Em 1976 sai "A voz, o violão, a música de Djavan", um disco de
samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na
época. O seu primeiro álbum trouxe o "carro-chefe": "Flor de Lis"
que se torna um grande hit nas rádios.
611
(transmitido ao vivo pela Rede Globo para toda a Região), onde foi
finalista em 1994 e 1995. Compositor eclético, é na música
nordestina que vem colhendo os melhores frutos. Da parceria com
Pedro Sertanejo, pai de Oswaldinho do Acordeon, surgiu Campo
Formoso, o primeiro forró com sanfona e tudo, gravado por Eliezer
num disco de Pedro Sertanejo, em 1982. Da parceria com
Oswaldinho do Acordeon, nasceu, dentre outras, Na hora H,
música que Elba Ramalho gravou em 1992 e foi indicada para o VI
Prêmio SHARP. O casamento com o Forró estava sacramentado e
o compositor passou a ser gravado pelos intérpretes do cancioneiro
nordestino. Em 2011, Eliezer volta ao Forró no CD "O Quelso",
que apresenta uma exclusiva e interessante versão da popular "My
way", que ganha ares forrozeiros e ficou "Bem a meu jeito". “O
Forró é a cara do Nordeste, por isso nunca teve ascensão. Sempre
foi discriminado, assim como o nordestino. A música nordestina
está diluída. Na hora que começou a valer dinheiro na boca das
bandas de som eletrônico, deixou de ser autêntico". Eliezer Setton,
em entrevista ao "O Jornal", em 06/06/2010. Mas Eliezer também
canta sua terra, resgata pérolas de músicas antigas, principalmente
as carnavalescas. Mas seu mais bonito tribito está na canção Não
há quem não morra de amores pelo meu lugar:
612
Ah! Calabares de Holanda
Mares de uma banda
E o Velho Chico ao sul
Esse Graciliano
Esse Jorge de Lima
Essa Nêga Fulô
Ah! Marechal Floriano
De ferro e de flores
Não há quem não morra de amores
Pelo meu lugar
613
Teotônio Vilela
Pontes de Miranda
Aurèlio de A a Z
Ah! Mesa rica de renda
E de tantos sabores
Não há quem não morra de amores
Pelo meu lugar
614
Luiz Bueno, com quem criou, há 27 anos, o Duofel - duo
instrumental que figura entre os mais respeitados do Brasil e do
exterior. Em 1985, formaram o duo, que passou a acompanhar
Tetê Espíndola. Nesse mesmo ano, atuou ao lado da cantora na
interpretação de "Escrito nas estrelas", tendo sido responsável
também pelo arranjo da canção que venceu o "Festival dos
Festivais" (TV Globo). O músico, autodidata, sentiu cedo, nas
veias, o desejo de se expressar por meio da música. Aos 6 anos,
ainda em sua cidade natal, deixava a mãe cabreira ao cantar na
porta da sorveteria do cinema do município, quase sempre em
troca de guloseimas e de ingressos para as matinês. Em meados
de 1970, Fernando decidiu deixar para trás a capital alagoana,
rumo à selva de pedra, São Paulo/SP. Sofreu com a mudança,
assim como todo nordestino que se aventura por aquelas bandas.
Hoje, com uma carreira consolidada, ele experimenta o sabor da
superação, encantando espectadores mundo afora com sua
música inventiva e autêntica. Com um currículo que exibe shows
em países como Bélgica, França, Suíça e EUA.
615
Com seis anos de idade, o alagoano Florentino Dias
começou a estudar música. Aos nove, mudou-se com a família para
o Rio de Janeiro, onde pôde, tempos depois, concretizar o sonho de
infância: tornar-se maestro de orquestras. A trajetória do musicista
inclui o curso de graduação em Música na UFRJ, o mestrado em
Regência de Orquestra nos Estados Unidos e a carreira de docente
universitário. É fundador e Regente titular da Orquestra
Filarmônica do Rio de Janeiro há 26 anos. Também é membro da
Academia Internacional de Música na Cadeira de "Richard
Strauss" e da América Symphony Orchestra League. Foi o
primeiro e único regente brasileiro homenageado com uma Batuta
de Ouro, representando o Brasil como Membro Internacional
Order of Merit. Pelos Estados Unidos recebeu do América
Biographical Institute, "The Presidencial Seal of Honor" por sua
exemplar realização no campo da música. Florentino é fundador de
três orquestras no Rio de Janeiro. Em 1962, a Orquestra
Filarmônica Estudantil do Diretório Acadêmico Padre José
Maurício, da Escola de Música da UFRJ. Em 1969 fundou a
Orquestra Sinfônica e Coral da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Com ela realizou mais de 150 concertos pelo interior do
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Conseguiu que a
Universidade reconhecesse o Coral como disciplina, com
publicação em Boletim.
616
Em 1978 criou a Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro,
da qual é Regente Titular. É formado pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro e professor titular da mesma Escola. Concluiu
mestrado em Regência na Washington University, USA, e
frequentemente tem sido regente convidado dos Festivais de Verão
na Flórida e em Nova York. Estudou com grandes mestres, como
Francisco Mignone, Eleazar de Carvalho, Robert Wykes, Harold
Blumenfeld e outros. É membro da Academia Internacional de
Música e da American Symphony Orchestra League e em 1987 foi
homenageado com uma "Batuta de Ouro" e com o Título de
Cidadão do Estado do Rio de Janeiro pela Assembléia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro. Foi homenageado com dois valiosos
prêmios no Fórum Mundial em Washington D.C. O American
Biographical Institute criou uma fundação com seu nome,
"Florentino Dias Award Foundation", e pelo International
Biographical Centre, da Inglaterra, foi eleito "International
Professional of the Year 2007", em sua especialidade. Em
setembro de 2014, o maestro Florentino Dias, há 35 anos à frente
da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, finalmente aposentou
sua batuta.
617
gestação inicial foi compensada recentemente com a gravação de
seis álbuns até 2012. Inicialmente considerado sambista, Gustavo
ampliou sua área de visão musical e abriu outras trilhas sonoras,
como reggae, forró, soul music, pop e até música erudita. “Hoje eu
componho reggae, amanhã valsa, de outra vez, frevo... Não estou
comprometido com nenhum estilo musical popular ou erudito.
Componho por intuição e, muitas vezes, lembrando os
compositores já existentes”.
618
Ri da Lagartixa, também lançada na Parlophon. Já no início da
década de 1930, Hekel Tavares compôs com muitos parceiros entre
os quais Joraci Camargo com quem fez Favela e Leilão, com
Ascenso Ferreira a Chove!… chuva!… E com Álvaro Moreira
Bahia, Murilo Araújo Banzo e Luís Peixoto, as músicas Na Minha
Terra Tem e Felicidade. Autor de mais de 100 músicas, de 1949 a
1953 percorreu quase todo o Brasil, em missão especial do então
Ministério da Educação e Saúde Pública, pesquisando motivos
folclóricos que utilizaria em diversas obras.
Suçuarana
Composição: Heckel Tavares - Luiz Peixoto
A noite veio
O caminho estava em meio
Eu tive aquele arreceio
619
Que alguém nos pudesse ver
Eu quis dizer
Suçuarana, vamo imbora
Mas Virgem Nossa Senhora
Cadê boca pra dizer
Mais adiante
Do mundo, já bem distante
Nóis paremo um instante
Predemo a suspiração
Envergonhado
Ele partiu para o meu lado
Ó Virgem dos meus pecados
Me dê a absorvição
620
folclóricos e regionais, como Engenho Novo, Bia-tá-tá. Ainda com
o material obtido na viagem, em 1955, fez Oração do guerreiro,
para baixo profundo. Compôs ainda o Concerto, para piano e
orquestra; o Concerto em formas brasileiras, para violino e
orquestra; O sapo domado e A lenda do gaúcho. Deixou
inacabados, Rapsódia nordestina e Fantasia brasileira, ambas para
piano e orquestra, além do drama folclórico Palmares.
Infelizmente, Hekel Tavares não é muito conhecido pela maioria
dos brasileiros por causa da retirada da educação musical das
escolas em 1960, motivo pelo qual nós brasileiros ficamos a mercê
de uma formação musical totalmente influenciada pelo mercado
discográfico.
621
bailes de pé-de-pau, comuns no Nordeste e no Norte. O pai chegou
a vender duas vacas para poder pagar um acordeão de 32 baixos
para os filhos. Em 1950, sua família mudou-se para o Recife.
622
João do Pife: “um gênio na arte de tocar o pífano”
623
aos sete anos de idade. Com 16 veio para Maceió ser animador de
festas de fazendas na Zona Rural, passando a ser conhecido como
seu Jota. No início dos anos 1960, criou a Banda de Pífano
Consagrada Jesus Maria e Todos os Santos, também conhecida
como a Bandinha do Jota, composta por seis músicos, e formada
por tarol, bumbo, surdo e pratos. Confeccionava seus próprios
instrumentos: a flauta é de tubo PVC e tem pife de cano de
alumínio, de taquara e de taboca. Todo este conhecimento e arte
tem sido repassado às crianças da comunidade de Poço Azul. Em
2007 recebeu o Certificado do Registro do Patrimônio Vivo de
Alagoas.
624
reis e, eu afinava como viola. O mestre folclorista Théo Brandão o
encaminha à rádio Difusora de Alagoas, onde passou a atender ao
pedido dos ouvintes com seus repentes e modas no programa A
Hora dos Municípios, na época reproduzido para todo o Nordeste.
A cantoria de sua viola também chegou ás rádios Palmares,
Progresso e outras. Ainda nos anos 1970, João de Lima começou a
construir sus história em programas de TV de repercussão
nacional. No Rio de Janeiro: "Fui para o trono do Show de
Calouros de Cassino do Chacrinha!. Participou dos programas O
Povo na TV, no SBT e Sem Censura, na TV Educativa. Chegou ás
ondas das rádios Nacional, MEC, Globo, Tupi, Mauá... Ao palco
do Sílvio Santos. Até ao programa do Jô Soares...
Texto da jornalista Elô Baêta, no Caderno 2, em O Jornal -
2012
625
áureo nos anos 1960 e 1970. Sua estreia como artista foi em 1955,
na rádio Difusora de Alagoas, assinou contrato com a CBS (hoje a
Sony), e fez carreira nacional; participou como compositor em
trabalhos de grandes estrelas da MPB, como Abdias dos Oito
Baixos, Ângela Maria, Clemilda, Coronel Ludugero, Genivaldo
Lacerda, Marinês, Quinteto Violado, Trio Nordestino, Xangai e
Silvério Pessoa. Ao longo da carreira, foram quatro discos 78
RPM, dois compactos, vinte long-plays e três CDs.
626
ponto de alguns críticos afirmarem que Jacinto seria um imitador
de Jackson. Mas hoje não existem mais dúvidas, embora
continuasse sempre a cultuar e seguir seu mestre Jackson, Juvenal
sempre teve seu estilo próprio, seu ritmo sincopado e diferente e
sua grande dedicação aos ritmos regionais nordestino, como o coco
e o forró, de forma autêntica e autônoma, é considerado atualmente
um clássico alagoano.
627
sua produção de compositor, e abraça a produção de gravar Jacinto
Silva, e lança o CD Bate no Mancá. Nesse CD, Silvério Pessoa,
logo após sair da banda Cascabulho, realizou um trabalho de
resgate da obra de Jacinto Silva e regravou alguns de seus grandes
sucessos. Regravou de forma espetacular, com muito bom gosto e
altíssima qualidade. No início de cada faixa, há uma fala do
próprio Jacinto Silva, falando sobre as frugalidades do forró, e com
isso passando um pouco do romantismo da história e origem desse
ritmo nosso, tão querido e que, aos poucos, vai se perdendo, assim
como todo o conhecimento que não é transcrito e fica somente na
memória dos mais antigos. “Silvério Pessoa é cantor e compositor,
nascido na zona da mata no norte de Pernambuco, na cidade de
Carpina. Cresceu ouvindo músicos de forró no Rádio e passou a
admirar o estilo de Jacinto Silva de quem se tornou fã. Sua mãe,
professora de acordeon e sua vó, frequentadora assídua dos
programas de auditório de Recife nas décadas de 1940 e 1950,
tiveram grande influência em sua formação musical, na qual
também muito contribuíram as programação das rádios do
interior”, Texto do encarte do CD Bate o Mancá (O Povo dos
Canaviais) 2000 – Natasha.
Quadra e Meia
Jacinto Silva
628
Quem canta fica calado, quem não sabe quer cantar
Chora Bananeira
Jacinto Silva
629
Nosso amor tão passageiro, eu não posso recordar
Se o passado voltasse eu voltava a te amar
630
País, como Fortaleza, Paraíba, Recife, Salvador, Porto Alegre,
Santa Maria, Blumenau, Florianópolis São Paulo e Rio de Janeiro
e, também no exterior. O cantor também tocou ao lado de Milton
Nascimento no Show Crooner. Júnior Almeida passou a atrair a
curiosidade de produtores e cantores de todo o Brasil depois que
teve a música "A Cor do Desejo" (de Júnior Almeida e Ricardo
Guima) gravada pelo cantor Ney Matogrosso em seu mais recente
trabalho, o CD Beijo Bandido. A sonoridade de Júnior Almeida já
foi conferida na França, quando, a convite da Aliança Francesa,
participou do Festival do Sul na cidade de Marselha. Depois seguiu
em turnê em outras seis cidades. Em São Paulo, tocou ao lado de
talentos como Hermeto Pascoal, Leila Pinheiro e Duofel. Em 2015,
foi autor da música que marcou os 200 anos da cidade de Maceió.
631
Onde quer que eu vá, cidade
Levarei seus pedaços comigo
O calor deste sol que nos arde
E o azul desse céu infinito
Que a cidade se faça verdade
E acolha com carinho e zelo
Cada filho que dela é parte
Cada parte deste canto inteiro.
Ô Maceió
Parabèns para você agora
Com seus 200 anos de história
Com seus 200 anos de amor
632
1950, que resgata o clima daqueles anos. Outro fato que resgatou a
importância de Juvenal Lopes no cenário musical alagoano foi o
lançamento, em 2007, do livro do poeta Marcos Farias Costa,
Juvenal Lopes - O Comandante do Samba, que resgata a vida e a
obra do sambista. A obra de Juvenal Lopes ganhou o país, na voz
de Clemilda, Marinês, Noite Ilustrada entre outros. Juvenal foi, na
realidade, um dos maiores compositores da música alagoana em
todos os gêneros musicais. Um boêmio, um homem do povo, mas,
sobretudo, foi um homem que tinha grande sensibilidade, que sabia
colher da alma do nosso povo e transmitir a alegria, a dor e o
sentimento do alagoano, Juvenal foi um sociólogo e transmitiu a
esperança do povo nordestino que, como diz na composição
“Chuva Perdida”:
Chuva Pedida
Juvenal Lopes
633
Falta água, não vem chuva
Pra vingar a plantação
Tem tanto caboclo rezando
Olhando o céu sem chover
E não vem um pingo d'água
Pra molhar o meu sofrer
Eita que seca malvada
Racha a alma na terra até
634
Ramalho, Milton Nascimento, entre outros. Viveu um período na
Europa, realizando inclusive, turnês artísticas por Londres, Paris e
Amsterdã. A mistura de Jazz, MPB e ritmos regionais levada pelo
alagoano encantou muita gente e abriu caminhos para a
consolidação de sua carreira artística. Integrou o grandioso Projeto
Pixinguinha, criado há pela Fundação Nacional das Artes para
fomentar e difundir a MPB, nos anos 1970 e 1980. Participou de
uma caravana musical acompanhado pelo Grupo Vocal 4, do Rio
de Janeiro e do baixista mineiro Ezequiel Lima. A cada
apresentação, os três interagem no palco, unidos pela linguagem
universal da música.
635
Borba, Francisco Alves, Joel & Gaúcho e Araci de Almeida. Em
1944, Odete Amaral gravou seu choro “Murmurando”, com letra
de Mário Rossi, que se tornou um clássico do choro cantado. Em
1947, a convite do Club de Champs Elysées, ele e sua orquestra
foram a Paris, França, e permaneceram na Europa por quatro anos,
apresentando-se em diversos países. Fon-Fon veio a falecer
durante essa excursão em Atenas, na Grécia. Durante a viagem,
eles gravaram seu único elepê pelo selo London: “Fon-Fon ET La
musique Del Brasil”, nunca editado no Brasil.
636
nove anos, a marcha Serpentina, e posteriormente, entre outras
De Bandinha, Entre suas composições, destaque para Fricó Forró.
Em parceria com Ádila Becker compôs Não Foi o Vento
637
realizou shows em Maringá(PR), Paranaguá(PR),
Florianópolis(SC) e Porto Alegre(RS). Ainda em 2002 venceu o e-
festival IBM, com a música “Noites de Bar”, abrindo show de
Zélia Duncan, numa das etapas, e de Jorge Benjor, na final.
638
sexo, linguagem profana, brega, pop, a temática social, e também
muita sacanagem e “fuleiragem” nas canções. Ele é único nesse
ponto. Mas sua espinha dorsal é o forró, na versão mais genuína.
“Ô Cabra bom!”
Era com esse gentílico que Tororó se apresentava, sempre
de bom humor, para quem sofreu na pele a pobreza, no corte e na
limpa da cana-de-açúcar. Mas a vida sorriu para Tororó, pelas
ondas da Rádio Difusora, no programa de Odete Pacheco, lá pelos
idos de 1950. Dali em diante sua carreira decolou, tornando-o
reconhecido e aplaudido como o autêntico forrozeiro das Alagoas.
Tororó era múltiplo e versátil, une gerações de artistas, dividiu o
palco com legendas como Tom Zé, Duofel, Wado, Mopho e Xique
Baratinho, no Festival de Música Independente (FMI), em Maceió.
O despertar musical chegou logo cedo, escutando sua mãe Maria a
cantar o coco, em sua cidade natal, Matriz do Camaragibe. Daí em
diante, o artista já começava a sonhar em ser uma estrela da música
popular, um artista de verdade, de carteirinha e tudo. Assim foi a
vida do grande Tororó. Muita luta, muita garra pela vida de quem
venceu a pobreza com seu talento, apesar de continuar pobre,
vivendo e ajudando toda a família com sua aposentadoria de
funcionário público da Petrobras. Muito pouco, por sinal. O que
valia era seu plano de saúde, por uma velhice mais segura. Mas o
que ele queria mesmo era voltar aos palcos. Tororó deixou marcas
na música, e uma legião de fãs. Uma delas, a jornalista Paula Félix,
que produziu um documentário sobre o cantor. O líder da banda
639
Xique Baratinho, Railton Sarmento, prepara um novo show com
várias bandas da cena musical alagoana apresentando as músicas
de Tororó. As luzes da ribalta estão acesas, o palco está pronto
para mais um espetáculo do mestre do forró, seja aonde for, assim
na terra como no céu. Tomara que ele volte iluminado, endiabrado,
angelical, pronto para outras traquinagens. Salve Tororó pelos
séculos!”.
640
apresentar em diversas cidades de Alagoas, bem como produzir de
forma independente seu quinto álbum, "Atlântico Negro".
"Atlântico Negro" possui duas faixas com trechos do escritor
africano Mia Couto, com quem assinou parceria para este trabalho
Atlântico Negro
Wado
641
Essa é a morte da raça
A inevitável hibridez
É lindo que assim se faça
Foi fruto do Atlântico
Culpa do Atlântico
Em branco e preto
Negro, pardo, parto
No mar azul
Atlântico negro vai renascer
Discografia
MÚSICA INSTRUMENTAL
642
Zé Barros, o guitarrista que abriu o rock
Félix Baigon
643
É praticamente impossível falar em música instrumental
produzida em Alagoas sem esbarrar, diversas vezes, no nome do
contrabaixista Félix Baigon. Nos últimos 30 anos, ele tem figurado
como músico e produtor de vários artistas da terra, como Júnior
Almeida, Mácleim e Fernanda Guimarães. Em 2008, Baigon deixa
a cozinha musical, e mostra seu lado desconhecido: o de
compositor. “É o momento de revelar o resultado do processo de
criação de muitos anos. É o divisor de águas do seu trabalho
enquanto músico”.
Nelsinho Braga
644
O arquiteto Nelson Braga foi outro pioneiro da cena
roqueira alagoana. Cantor, compositor, violonista e guitarrista,
Nelsinho compôs duas bandas que fizeram história, apesar do
pouco tempo de aparição. Mas foram aparições marcantes nos
grupos Caçoa mais Não Manga e a Beira Banda da Lagoa, durante
o final dos anos 1970 aos anos 1980. No início dos anos 1980
participou do grupo Caçoa Mas Num Manga, que tinha a seguinte
composição: Jorge Barbosa – o hoje jornalista cultural e roqueiro
Sebage - Gal Monteiro, Aline Marta, Rosália Brandão, Júnior
Almeida, Emídio Magalhães. Alguns desses músicos depois (1984)
fizeram o show “Babe Bicho”, no Teatro de Arena e em outros
palcos ao ar livre em Maceió. A participação no Babe Bicho foi de
Zé Barros, Zé Carlos e Baygon, Nelson Braga, Mirna Porto e
Eliane Vielmond. Esse período, a década de 1980, foi produtivo e
de muita criatividade. Bandas surgiam e logo se subdividiam com
outras formações; foi uma época de afirmação de uma geração de
músicos talentosos que nem sempre continuaram nos palcos
alagoanos, pois alguns se dedicaram a outras atividades
profissionais, como o jornalismo, a arquitetura, a carreira jurídica.
Pois a Beira Banda da Lagoa confirmou todas as expectativas, em
um show remake, em 2000, resenhado pelo jornalista Ênio Lins.
645
da década de 70 para a de 80. Gravou um disco, um grande mérito.
Mas outros tantos grupos floresceram por aqueles tempos e tiveram
existências mais longevas, como foi o caso do Grupo Terra. E a tribo
do cinema, quando vai revitalizar-se. Olha aí a boa lição desses
respeitáveis senhores da Beira Banda da Lagoa. Nelsinho Braga, Zé
Barros, Jatiúca e Máclein mostraram um trabalho que comprova a
busca da inovação e da qualidade desde há (pelo menos) 20 anos.
Outro fato digno de elogios é o relançamento do CD com as músicas
do antigo compacto simples. Um documento importante, garantindo a
preservação da memória musical recente”.
Na rua do Sol
646
Você vinha subindo ladeiras
Correndo, balançando as cadeiras
Melada de amor e suor.
Cantando um frevo
que o marinheiro pediu
olhou para o céu e sorriu
Sentiu purpurina no ar.
647
E surgiu
A Concha do Mar...
Lá, laiá, láiá,
Lá, laiá!
648
Nilton Souza: Maestro
Orquestra de Tambores de Alagoas: Batuque
Pinduca: Violão
Quartinha: Zabumba e Triângulo
Ricardo Lopes: Guitarra
Ronalso: Percurssão
Roni: Trombone
Selma Brito: Piano
Siqueira Lima: Trompete
Toni Augusto: Guitarra
Tião Marcolino: Sanfona
Welington Sarmento: Cavaquinho
Wilbert Fialho: Violão de 7 e de 6 cordas
Van Silva: Baixo
Zailton Sarmento: Flauta e Teclado
Zé Vicente: Cavaquinho
CANTORAS ALAGOANAS
649
rock Sex Beatles, com quem lançou dois discos, "Automobília"
(1994) e "Mondo Passionale" (1995). Em 1998, participou do
projeto "Novo Canto", da Rádio JB FM, que apresentava novos
talentos da música brasileira. No ano seguinte, gravou seu primeiro
CD, "Cuidado com pessoas como eu", pelo selo Fullgás, de Marina
Lima. O CD foi bem recebido pela crítica, destacando-se a faixa-
título (Cris Braun, Nilo Romero e William Magalhães) e uma
releitura drum'n'bass de "Brigas" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim).
Em 2002, apresentou-se no Bastidores (RJ), com o show
"Artérias", interpretando composições próprias como "Filme
antigo", "Contradição" e "Gávea Posto 6" (com Paula Toller e
George Israel) e clássicos como "Brigas" (Evaldo Gouveia e Jair
Amorim) e "Bom conselho" (Chico Buarque). Como compositora
tem parcerias com Alvin L. e Paula Toller. Sua composição "Como
é que eu vou embora?", gravada pelo Kid Abelha, entrou na lista
das mais tocadas em 1997, e "Menos carnaval" foi gravada com
relativo sucesso por Belô Velloso. Em 2005 lançou o segundo
disco solo, "Atemporal", com composições próprias, como "Entre
o céu e a terra", "Atemporal" e a releitura de "Nenhuma dor"
(Caetano Veloso). Em 2012, Cris Braun lançou o CD "Fábula",
com músicas autorais, além composições de Wado e uma parceria
de Marina Lima e Alvin L, entre outras.
650
estourou nas paradas de sucesso com a música “Prenda o Tadeu”,
em 1985, e a partir de então participou de vários programas de
rádio e TV, entre eles o “Clube do Bolinha”, na Rede
Bandeirantes, e o “Cassino do Chacrinha” e "Os Trapalhões", na
Rede Globo. Nesse mesmo ano ganhou seu primeiro Disco de
Ouro e em 1987, com o disco “Forró Cheiroso”, mais conhecido
como “Talco no Salão”, ganhou seu segundo Disco de Ouro.
“Foram os dois momentos mais importantes pra mim”. Clemilda
passou a infância e a adolescência em Palmeira dos Índios, Zona
da Mata de Alagoas. No começo da década de 1960 decide viajar
para o Rio de Janeiro para "tentar a sorte", onde então consegue
emprego como garçonete. Até então ainda não havia descoberto o
dom artístico que tinha. Em 1965, consegue cantar pela primeira
vez na Rádio Mayrink Veiga no programa "Crepúsculo sertanejo",
dirigido por Raimundo Nobre de Almeida, que apresentava
profissionais e calouros. Nessa ocasião, conhece o sanfoneiro
Gerson Filho, contratado da gravadora e também alagoano como
ela, que popularizou o fole de oito baixos e já era artista com disco
gravado. Com ele Clemilda viria a se casar. Fez algumas
participações em dois LPs do esposo, e a partir de 1967 começou a
gravar seu próprio disco. Sua carreira tomou impulso com os
shows que fazia em Sergipe, onde vive há mais de duas décadas,
sempre acompanhada pelo marido. Após 1994, com a morte do
companheiro, a forrozeira-mor afastou-se dos shows e se dedicou
como apresentadora do programa “Forró no Asfalto”, na TV
Aperipê de Aracaju, programa há mais tempo no ar da emissora. A
forrozeira que é considerada 'Rainha do Forró' se consagrou como
651
um dos maiores ícones da música sergipana com 50 anos de
carreira, gravação de 40 discos e seis CDs. Ela tem dois discos de
ouro e dois de platina. A cantora faleceu em novembro de 2014,
em Aracaju, onde morava há mais de 20 anos. Ela tinha ainda
histórico de hipertensão e Parkinson.
652
Apesar de ter nascido em São Paulo e morado em Minas Geras
durante um bom tempo, Elaine se considera arapiraquense. Ela
veio morar na cidade com a sua família na década de 1980. E,
desde então, onde quer que vá leva o nome de Arapiraca. Quando
canta, Elaine Kundera dá vida as músicas. Ela justifica que
somente canta quando consegue sentir a música.
653
Nova” ao lado das melhores cantoras do estado. Intérprete finalista
do Festival de Música Alagoana do Sesc em 2002 e 2004 e
segunda colocada no Festival CantaCUT de São Paulo, Fernanda
conquistou currículo suficiente para abrir com primor os shows de
Paralamas do Sucesso, Flávio Venturini, Vanessa da Mata, Djavan
(com quem dividiu palco num dueto memorável em Maceió) e
Maria Rita. Considerada a revelação da música alagoana, Fernanda
alça outros voos e apresenta-se com frequência nos palcos do Rio
de Janeiro, São Paulo e Maceió. Morando no Rio de Janeiro,
Fernanda Guimarães lançou o seu primeiro CD intitulado "Verbo
Livre" em 2010.
654
apresentou no canal RTPi para mais de 141 países. Origem
angolana, ascendentes portugueses e criação em Alagoas. Talvez
seja por isso que a trajetória da cantora Irina Costa, cuja família
saiu de Angola para Alagoas em meio à guerra no país, em 1975,
seja marcada, assim como o Oceano Atlântico, pela confluência
entre Portugal, África e Brasil. Em outubro de 2014, a intérprete
fez, no Teatro Deodoro, o maior show de sua carreira, “O Mar Fala
de Mim”, espécie de superprodução síntese de suas raízes com a
participação de mais de 40 músicos do Estado em um repertório
que vai de Madredeus a Caetano Veloso, de Caymmi a Ennio
Morricone. Veja entrevista concedida por Irina ao blog Ouvido
Interativo.
655
falam do amor, da sina. E, ao contrário do que se pensa, tenho cada
vez mais gente jovem na platéia. Porque a juventude tem uma
urgência nas palavras e na expressão. O fado também.
http://ouvidointerativo.blogspot.com.br/2011/06/entrevista-
irina-costa.html
656
portanto, enriquece o meio artístico alagoano hoje ajudando a
formar novas gerações de artistas com quem tem dividido os
palcos desta terra. Em maio de 2015, ela lançou seu novo show:
“Leureny – De volta pra casa”, em Paulo Jacinto, que representou
um retorno afetivo à cidade e ao carinho dos inúmeros amigos e
familiares que vivem na zona da mata alagoana. Com essa
apresentação ela contribuiu para a reabertura do Clube Recreativo
Paulojacintense, seguindo assim os passos de sua mãe, dona
Zefinha, que décadas atrás criou na cidade o famoso Baile da
Chita. A intérprete e cantora Leureny Barbosa é natural de Paulo
Jacinto, onde viveu sua infância e adolescência, mudando-se para
Quebrangulo, onde se descobriu artista. A partir daí, não parou
mais. Foram vários shows Brasil afora. Gravou disco em parceria
com grandes nomes da MPB, entre eles Leila Pinheiro e a grande
violonista Rosinha de Valença (considerada a maior violonista
brasileira de todos os tempos). Em 1996 se apresentou no Festival
de Jazz de Montreux, na Suíça. Em 2004 participou do projeto
“Alagoas de Corpo e Alma”, cantando no Canecão, no Rio de
Janeiro, para mais de duas mil pessoas. Participou também de um
concurso musical com a famosa Beth Nascimento. Sua grande
influência foi Rosinha de Valença que generosamente doou a
Canção "Dama da Noite" para Leureny. Amiga e parceira musical
de Djavan e outros artistas. Em outubro de 2014, nos seus 70 anos,
ela reuniu seis grandes cantoras da cena alagoana: Elaine Kundera,
Fernanda Guimarães, Irina Costa, Nara Cordeiro, Wilma Araújo e
Wilma Miranda, além da banda formada por músicos notáveis
como Zé Barros, Everaldo Borges, Carlos Bala e Jiuliano Gomes.
657
Millane Hora: the Voice Brasil por um triz
658
clássicos da MPB, que na sua voz requintada se transformam em
boas lembranças e em delicadas interpretações. Ela sempre tem um
cuidado especial com o seu figurino e uma excelente presença de
palco. Veterana em festivais de músicas, já teve a oportunidade de
participar de produções como o Femusesc (Mostra de Música do
Sesc Alagoas) e o Banco de Taletos Febraban (Festival de Artes de
Federação dos Bancos). Wilma Araújo é intérprete de canções da
MPB. Sempre grava e canta em seus shows músicas de
compositores alagoanos como Gustavo Gomes, Junior Almeida,
Macléim, e outros. Ela já regravou canções do Maestro Fon Fon e
cantos do Grupo de Baianas Mensageiras de Santa Luzia,
resgatando assim a nossa autêntica cultura popular.
659
Retornou a Maceió e teve aulas de piano com a professora Selma
Brito. Durante sua trajetória artística, participou de alguns festivais
ligados à música, atuando como cantora e intérprete, entre os quais
se destacam: Festival de Maringá (1998), primeiro lugar em
música e arranjo e Festival Ver, com Confirmar, música de sua
autoria, obtendo o primeiro lugar como intérprete. Após um câncer
na tireoide sublingual e corda vocal, não parou de cantar. Em 2004,
no show nacional MPB Petrobrás, Wilma Miranda abriu a cena
para a apresentação de Ângela Maria, foi um grande show.
Renata Peixoto
660
TEATRO
661
Maya Pedrosa, mostra como foi um dos melhores momentos
vividos pelo teatro alagoano, ainda com Linda Mascarenhas viva, e
bem na foto. O documento é de 1983, com foto tirada no salão
Nobre do Teatro Deodoro (sem os devidos créditos do fotógrafo).
Na foto lá estão: Linda Mascarenhas, Anilda leão, Gustavo Leite,
Ronaldo de Andrade. Homero Cavalcante, Lídia e Dário
Bernardes, Beatriz Sá Brandão (Tisinha), Jorge Barbosa, Virgílio
Palmeira, Edberto Ticianeli, Kátia Born, Roberto Lopes, Douglas
Apratto
662
“Foi uma “crise” que nos levou a redimensionar a trajetória
da ATA. Aqueles apelos anunciados por Lauro Gomes, com o teatro
de participação e vanguarda, por José Márcio Passos, em na
montagem de Dom Pero, receberam o incremento do desejo de
criação de um “teatro alagoano para os alagoanos”. Daí
promovemos o reencontro de todo o núcleo de sócios da ATA: o autor
cedendo o seu texto inacabado (da peça) “A farinhada”.
663
apresentações em mais de 30 cidades brasileiras, 36 prêmios e 57
indicações em festivais nacionais, é necessário entender o processo.
Todos os artistas e técnicos chamados eram energicamente positivos,
nada nos atrapalhava, não havia dificuldades, tudo acontecia de
maneira certa, porque queríamos que assim ocorresse. A equipe
soube vencer, fomos maiores”.
664
Tavares. Delegado, por 13 anos, em Alagoas e Sergipe, do Serviço
Nacional de Teatro. Delegado, e ainda, por quatro anos, do
Instituto Nacional de Cinema, do MEC. E, por fim, delegado da
Sociedade Brasileira de Autores Teatrais - SBAT, por 11 anos.
Secretário Executivo da Sociedade Nacional de Teatro Prêmio de
Melhor Ator, do Festival Nacional de Estudantes, no Rio de
Janeiro, com bolsa de estudo na Academia de Arte Dramática de
Nice (França). Por 11 anos consecutivos recebeu o prêmio Melhor
Ator, conferido pela Associação de Cronistas Teatrais de Alagoas.
Membro do Conselho Estadual de Cultura, do Conselho de
Folclore Alagoano e da AAI. Coordenador e realizador do 1º e 2º
Festivais de Arte de Penedo, bem como do 1º Festival Alagoano de
Teatro.
665
Alagoas. Recebeu o 1º Prêmio de Expressões Culturais Brasileiras,
patrocinado pela Petrobrás em 2010.
666
Emília Clarck é bailarina profissional alagoana, graduada
em Serviço Social pela Universidade Federal de Alagoas, pós-
graduanda em Metodologia do Ensino das Artes Cênicas pela
Universidade Internacional de Curitiba. Integrou o Balé Stagium
por uma década, participando dos principais festivais de dança
mundiais, como Bienal de Lyon (França), Acordanse (Suiça),
L'áquila (Itália), Havana (Cuba), Cadiz (Espanha), Guanajato
(México), Joinville (Brasil), Festival de Dança (Hungria), etc.
Atualmente possui a Academia e Companhia de Dança Maria
Emília Clark, e o Projeto voluntário Dança a Serviço da Educação,
iniciado em seu Estado desde 1999. A coreógrafa e bailarina Maria
Emília Clark comemorou em 2014 os 15 anos da escola de dança
que mantém em duas unidades em Maceió, nos bairros do Jaraguá
e Ponta Verde. O balé reúne dançarinos formados com Maria
Emília e, também, os estudantes – desde os mais jovens, incluindo
a meninada. “Este nosso novo trabalho da escola reúne diversos
balés do repertório clássico, como “O Corsário”, “O Pássaro azul”,
“Giselle”, “Dom Quixote” e “Esmeralda”, além do musical
contemporâneo”, diz a bailarina, destacando a “atitude
memorialista com as cores e as obras” da artista visual Eva
Lecampion.
667
se fala em dança e música em Alagoas. Múltipla profissional,
Telma foi uma das primeiras integrantes da banda pernambucana
Comadre Florzinha, sucesso em todo país, nos anos 1990. No
grupo, Telma fazia vocal, rabeca e percussão, em ritmos como
coco, baião e ciranda. Atualmente é professora do Curso de
Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Alagoas,
integra o Grupo de Pesquisa Danças do Brasil do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e dirige a
Cia. dos Pés, como fundadora, bailarina e coreógrafa. Um de seus
últimos espetáculos, “Encontros”, é apresentado pela companhia
desde 2010.
668
com Ronaldo de Andrade, em 1976, da revista Bruzundanga. Entre
suas peças teatrais de sucesso estão Quando se Deu o Eclipse;
Fazendo Chuva; Uma Flor de Outra Cor, Duvidamos, esta última
peça teatral em parceria com Ronaldo de Andrade; e os escritos: A
Estrela-Guia Que Não Sabia Para Onde Ia, Maceió, EDUFAL,
1998; Liberdade, Sonho em Cena, Maceió, CESMAC/UFAL,
2009; Linda Mascarenhas, a Diretora, in O Teatro & Linda
Mascarenhas.
669
“Comecei minha carreira artística como ator em 1966 quando
tinha apenas oito anos de idade em Maceió, Alagoas, um dos lugares
mais lindos do mundo. Tudo teve inicio no grupo escolar Dr. José
Maria Correia das Neves, popularmente chamado de “Frango
Assado”. Meu primeiro mestre foi o folclorista Pedro Teixeira que
tomei como padrinho. Minha genitora Dona Tereza Romeiro;
escritora, leitora da bíblia, mãe de seis filhos sendo três homens e
três mulheres, cada um com uma penca de filhos. Francisco meu pai,
já falecido, quando em vida foi funcionário dos Correios e gostava de
tocar clarinete. Meu tio Otaviano Romeiro, conhecido como maestro
Fon Fon; um grande músico brasileiro fez bastante sucesso no Brasil
e no exterior, vindo a falecer na Grécia”.
670
“Não existe maneira melhor de celebrar esse momento, senão
atuando, exercendo meu ofício. Dele sobrevivo, com ele viverei até o
último dia em que respirar o ar dessa terra de Tupã. Terra de
Olorum. Terra de meu Deus...”
Otávio Cabral
671
– GTEC e "Os Ossos do Barão", de Jorge Andrade pela ATA. Em
1969, foi eleito presidente do Teatro Universitário de Alagoas –
TUA, e juntamente com o grupo montou "Antígona", de Sófocles,
como uma forma de combater a ditadura e discutir o autoritarismo
com a sociedade, através de um texto irrecusável pela censura. A
peça foi montada, o que arrebatou de melhor espetáculo, melhor
direção (Alfredo de Oliveira) e melhor ator coadjuvante (Otávio
Cabral). Ao lado das atividades artísticas, Otávio Cabral passou a
exercer, desde 1994, a função de professor de Literatura
Dramática, do Curso de Licenciatura em Artes Cênicas, da
Universidade Federal de Alagoas, tendo defendido a tese intitulada
O Riso e o Social - O poder transformador da comédia na trilogia
cômica de Volney Leite e Gercino Souza, que resultou na
publicação do livro intitulado O Riso Subversivo.
http://www.memorialdeartescenicas.com.br/site/teatro-
c2/136-otavio.html
Pedro Onofre
672
Maceió, do Centro Alagoano de Estudos Cinematográficos, bem
como da Associação Alagoana do Rádio. Um dos primeiros
dirigentes do Museu da Imagem e do Som , em 1961. A partir de
1964 passa a morar no Recife e a seguir volta a viver em Maceió.
Funda o Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do
Homem Contemporâneo - IECPS. Foi presidente da Fundação
Teatro Deodoro. Coordenador de Planejamento Cultural da
Sercretaria Estadual de Cultura, no governo Divaldo Suruagy e
presidente da Fundação Teatro Deodoro, no governo José Tavares.
Um dos fundadores de AML. Membro da Academia de Letras e
Artes do Nordeste, com sede em Recife e da Academia Alagoana
de Cultura Membro, desde 1956, da Associação Alagoana de
Imprensa Membro, também, do Conselho Municipal de Meio
Ambiente.
673
Gajuru. 1998: Além do Ponto, Cia. Das Mãos; Terra Terta, Cia.
Penedense de Teatro, em Penedo . 1999: Vida, espetáculo do Balé
Íris de Alagoas, no qual atuou como encenador. 2000: Dois
Perdidos Numa Noite Suja, no Curso de Formação do Ator, em
Maceió; Fulaninha e Dona Coisa, Cia das Mãos; Tambores dos
Palmares, promovido pelo Governo do Estado em União dos
Palmares, e do qual foi encenador. 2001: Alagoas, Terra da
Liberdade, igualmente promovido pelo Governo do Estado, no
qual foi, também, encenador. 2002: Quase Tudo Sobre Quase
Nada, espetáculo de balé no qual Isabelle Rocha era a principal
bailarina. Prêmios: 1995: Melhor Diretor no Festival Estudantil
Alagoano, 1997: Melhor Diretor, no 5º Festival Nacional de Teatro
Isnard Azevedo, em Santa Catarina; 1998: Melhor Diretor no
Festival de Teatro de Nova Hamburgo; 1999: Melhor Diretor, no
3º Festival de Teatro do Mercosul, Curitiba (PR). Revelação, na
19º edição do Festiva1 de Curta-metragem de São Paulo.
Participou, em 2006, das oficinas do Festival de Cinema de Berlim
- na Berlinale Talent Campus -, onde trabalhou no
desenvolvimento de projetos de ficção e de documentação sobre
personagens considerados marginais pela sociedade. O filme, um
curta de ficção, Os Sapatos de Aristeu, com o qual estreou como
diretor de cinema, levou praticamente os cinco anos do curso da
FAAP para ser terminado. Este curta-metragem teve sua première,
em 11 de novembro de 2008, no Cine Sesi Pajuçara .
674
Ronaldo de Andrade
675
mais recente espetáculo montado pelo grupo, Zelodaro Come
Pano, do professor e escritor Luiz Sávio de Almeida. Entre os
muitos espetáculos que se destacam durante a trajetória de atuação
da companhia, estão Ararinha, o Anjo Azul, de Mauro Braga, que
ganhou Melhor Direção e Melhor Espetáculo na Mostra Alagoana
de Teatro, em 1996, com 174 apresentações e recorde de público
no estado; Igreja Verde, com texto de Luiz Sávio de Almeida, que
teve a atuação de Chico de Assis e coreografia de Edu Passos
premiadas em Festival Nacional em São Paulo; e Hello Boy, com
montagem do diretor e dramaturgo paulista Roberto Gill Camargo,
com a qual participou de eventos importantes como o Janeiro de
Grandes Espetáculos, em Recife, e realizou a primeira edição
Teatro é o Maior Barato.
Teatro da Poesia
676
Simões, a ideia de montar a sua própria companhia veio da
observação de outros espetáculos: a forma como a poesia aparece
no cotidiano, e como ela entra em cena. Partindo do princípio do
ator criador, a companhia busca descobrir em seus trabalhos como
as obras artísticas tornam-se poéticas, extrapolando o texto e
ganhando espaço na cenografia, luz, sons, figurino. O primeiro
trabalho apresentado pela Teatro da Poesia ao público estreou no
dia 25 de novembro de 2016, no teatro Jofre Soares, dentro da
programação do Festival de Teatro de Alagoas.
677
rua do Brasil, o Imbuaca (SE), a Joana Gajuru iniciou sua
trajetória, que viria a ser mais conhecida pelo espetáculo A
Farinhada. Com texto de Luís Sávio de Almeida, direção de René
Guerra e Flávio Rabelo, a peça viajou o Brasil por mais de oito.
Claricena
678
coco de roda, quadrilha junina e do pastoril. O espetáculo em si
traz em cena flores que passam por uma seca no Jardim chamado
Alagoas e que recebem a visita de uma flor de outro jardim que os
convida a buscar outro lugar para que permaneçam vivas.
679
Foi o arquiteto italiano Luiz Lucariny, famoso pela obra do
Teatro Sete de Setembro, em Penedo, que traçou as linhas clássicas
que formam o Teatro Deodoro que, pelo estilo inovador de sua
arquitetura, em estilo neoclássico com reflexos do barroco, é
considerado hoje um dos mais bonitos do Brasil. É importante
ressaltar o trabalho desenvolvido na construção do prédio pelos
mestres-de-obras Antônio Barreiros Filho e Oreste Scercoeli. O
orgulho dos alagoanos na ocasião era descrito pelo jornal Tribuna
de Alagoas, então em circulação:
680
Em 1954, na temporada da Companhia Eva Todor, o Teatro
Deodoro sofreu um incêndio no palco, destruindo, naquela ocasião,
o seu "pano de boca" original, que retratava a cachoeira de Paulo
Afonso, trabalho notável do cenógrafo italiano Orestes Scercoelli,
também responsável pela pintura do Salão Nobre do Deodoro,
alterada na reforma de 1975. Em 1957, o Deodoro foi reinaugurado
com apresentação do notável ator Rodolfo Mayer, que encenou o
monólogo de Pedro Bloch, "As Mãos de Eurídice". A constelação
de estrelas que brilharam no palco do Teatro Deodoro também
inclui a atriz Bibi Ferreira e o cantor Vicente Celestino. A partir de
1910, e nas décadas seguintes, o Teatro Deodoro recebeu clássicos
da dramaturgia mundial, como "Medéia", de Eurípedes;
"Antígona", de Sófocles; "L'Ecole des Femme", de Molière; "O
Inspetor Geral", de Gogol; "O Idiota", de Dostoiewski; "Uma Rua
Chamada Pecado", de Tenessee Williams; "Mortos Sem
Sepultura", de Jean Poul Sartre; "O Sorriso de Gioconda", de
Audus Huxley; e montagens internacionais como a ópera "A
Toscana", pela Companhia Lírica Italiana, e o tenor Abelle de
Angeli. Também se apresentou no palco do Deodoro os bailarinos
internacionais Istvan Rabovski e Nina Verchinina.
Zé Márcio Passos
681
berço que o criou na pequena Viçosa, outrora Princesa das Matas.
Incansável na promoção do meio cultural alagoano, José Márcio é
uma referência de qualidade não só para o Estado, como para o
Brasil. Durante décadas foi um dos principais atores e diretores da
ATA – Associação Teatral de Alagoas – entidade cultural fundada
pela saudosa Linda Mascarenhas. São incontáveis as peças em que
atuou no Estado. Na televisão brasileira atuou na TV Globo, nos
anos 80, na novela Brilhante, de Gilberto Braga e dirigida por
Daniel Filho. Atuou ainda no filme Deus é Brasileiro e Bye Bye
Brasil, de Cacá Diegues. José Marcio Passos é orgulho alagoano
pelo bem que faz ao nome dessa terra.
CINEMA
682
média como da periferia. Todos queriam assistir aos grandes
filmes, “no escurinho do cinema”, como diria Rita Lee. O Cine São
Luiz, no centro foi o último a fechar as portas, em 1996. Daí por
diante o poderio da televisão, as telenovelas dominaram o
imaginário popular. Começou a invasão pornô nos cinemas de
bairro, como Plaza, no Poço, e o Ideal, na Levada. Nesse caldeirão
que deu o ultimato aos cinemas de bairro também estão a pirataria
dos filmes e a segurança, que encalacrou o cinéfilos em salas
multiplex dos shoppings. É o preço da modernidade, e da
insegurança.
683
conta que guardava o dinheiro do lanche e do ônibus para ver
filmes todos os dias, e 90% do que via era no Lux, que hoje virou
igreja evangélica.
Rex, na Pajuçara
O Cine Rex tinha o formato de bolo e a frente era em art
noveau, mas antes de fechar, em 1978, o teto desabou. Mas não
havia sessão, quase que termina em tragédia o fim dos cinemas de
bairro em Maceió. Há controvérsias se quem veio primeiro foi a
praça Rex, ou o cinema Rex.
684
cheiro de pipoca e chicletes. A saída, por trás era um fuzuê, com
todo mundo falando com todo mundo sobre o filme visto.
Ideal, na Levada
O ideal era o mais popular, perto da antiga Feira do
Passarinho, no Mercado da Produção, tinha de tudo, até mesmo
filmes de arte. Mas foi o primeiro a aderir à invasão pornô.
685
Beto Leão e o roteiro de um filme inacabado
O cineasta e artista plástico alagoano Beto Leão, contou em
seis takes, a história do cinema em Alagoas, no artigo “Roteiro de
um filme inacabado”, para o Caderno de Debates do Conselho
Estadual de Comunicação – A Cultura em Alagoas, em junho de
2003. Vale a pena conhecer os trechos desse artigo, que na verdade
conta a história do cinema alagoano:
Take 01
Take 02
686
Passaram-se 33 anos e eis que em 1967, o curta “Rosa
Pereira a Silva”, de Júlio Simom e Teógenes Nunes, se destaca no
extinto festival JB/ Mesbla. A repercussão do filme junto à imprensa e
apaixonados pela 7ª arte incentivou o produtor José Wanderley a
rodar “A volta pela estrada da violência”. Sucesso em Alagoas, mas
que infelizmente não teve acesso à distribuição nacional. Fade-out.
Take 03
Take 04
687
saudade! Quanta irresponsabilidade, deixarem o Festival de Penedo
desaparecer.
Take 05
Take 06
688
Cacá Diegues: co-fundador do Cinema Novo
689
De Chuvas de Verão à Tieta do Agreste
Depois da crônica da vida suburbana em Chuvas de Verão
(1978), o vasto painel de um país que se transforma em Bye, Bye
Brasil ( 1980). Os conflitos da juventude são o tema de Um Trem
para as Estrelas (1987); seguem-se Dias Melhores Virão (1990)
lançado primeiro na televisão; Veja Esta Canção, (1994), um longa
metragem em quatro episódios, co-produzido pela TV Cultura de
São Paulo e primeiramente exibido na emissora; Tieta do Agreste,
(1996), Orfeu, 1999 e Deus é Brasileiro (2002 ), este último
filmado, em grande parte, em Alagoas. Seus filmes estão
associados com a música popular, em episódios inspirados e
musicados por canções de Caetano Veloso, Chico Buarque,
Gilberto Gil e Jorge Benjor. Seu 16º. Filme de longa metragem O
Maior Amor do Mundo, com José Wilker e Taís Araújo, 2006, que
recebeu, em 2007, o titulo de Melhor Filme no Festival de Cinema
Brasileiro, em Paris. Homenageado numa retrospectiva de sues
filmes, em Roma, ganhou da Fundação Roberto Rosselini, pelo
.conjunto da obra e importância no cinema mundial., o Prêmio
Rosselini, bela estatueta de bronze desenhada por Federico Fellini.
690
Estados Unidos e na América Latina - o que o torna um dos
realizadores brasileiros mais conhecidos no mundo. É oficial da
Ordem das Artes e das Letras (l'Ordre des Arts et des Lettres) da
República Francesa. Também é membro da Cinemateca Francesa.
O governo brasileiro também lhe concedeu o título de Comendador
da Ordem de Mérito Cultural e a Medalha da Ordem de Rio
Branco, a mais alta do país. Tem dois filhos, Isabel e Francisco, do
seu casamento com a cantora Nara Leão. Tem três netos: José
Pedro Diegues Bial (2002), filhos de Isabel; e Monah André
Diegues (2004) e Mateo André Diegues (2005), filhos Francisco.
Desde 1981, é casado com a produtora de cinema Renata Almeida
Magalhães. Além do cinema, publicou as obras: O Diário de Deus
é Brasileiro, Objetiva, 2003; Dias Melhores Virão: Do Roteiro
Escrito por Antônio Calmon, Vicente Pereira, Vinicus Viana e
Carlos Diegues, Baseado em Argumento de Antônio Calmon, Rio
de Janeiro, Ed. Record, 1990; Palmares: Mito e Romace da Utopia
Brasileira, Rio de Janeiro, Rio Fundo Editora, 1991, juntamente
com Everardo Rocha; Chuvas de Verão: Um Filme, Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira.
691
Fotografia como Instrumento de Pesquisa na Comunicação Social,
UCAM (2004). Professor na UFAL, desde 1998, especializou-se
em documentários sobre aspectos da vida do povo nordestino. A
partir de 1982, professor de Fotografia nos cursos de Jornalismo e
Arquitetura da UFAL. Entre seus trabalhos fotográficos se
destacam: levantamentos fotográficos do artesanato das cidades de
Alagoas, Santana do Ipanema; do artesanato em cerâmica de
Carrapicho - SE, para ilustrar o livro Carrapicho - Cerâmica e Arte;
da Coleção Arqueológica Indígena, da Coleção Etnográfica
Indígena e peças do acervo histórico, artístico e antropológico do
Museu do IHGAL. Cabe ressaltar, ainda, a documentação
fotográfica das comunidades pesqueiras de Santa Luzia do Norte e
Coqueiro Seco; fotografia do poeta e xilógrafo Enéas Tavares dos
Santos, para ilustrar o livro Poesia de Circunstância num Folheto
de Cordel e, por fim, toda a documentação audiovisual do museu
Théo Brandão, entre 1977 e 1986. Na cinematografia, seus
trabalhos foram: Reflexos, produzido em 1975, primeiro colocado
no I Festival de Cinema de Penedo.
692
diversas etapas da construção de uma casa de barro, madeira e
palha da região lacustre de Barra Nova, ao som do pandeiro e dos
versos do Coco de Roda, puxado por Mestre Fagundes.
693
Livros de Elinaldo:
Cine Lux: Recordações de um Cinema de Bairro, Maceió,
Secult, 1987 (prêmio da Academia Alagoana de Letras, em 1988)
694
Nascimento, em Escritos Sobre a Educação Alagoana;
Compêndios, Periódicos, Manuscritos e Práticas Educativas
(Século XIX, XX e XXI), Maceió: EDUFAL, 2011, Élcio de
Gusmão Verçosa e Mailza da Silva Correia (orgs).
Guilherme Rogato
Hermano Figueiredo
695
o Juvenal. Sua última realização foi a iniciação em ficção com o
curta Um vestido para Lia onde divide a direção com Regina Célia
Barbosa (prêmio de melhor roteiro na categoria curta-metragem
nacional no 5º Festival de Cinema de Triunfo, em Pernambuco) e
selecionado para Circular Festival Brasileiro de Filme Infanto-
juvenis em Londres.
696
morte do pai, desaparecia o seu maior obstáculo à sonhada carreira
de artista, onde iria se consagrar pela sua versatilidade no teatro,
rádio e cinema e, em especial, na televisão. Volta a estudar e
Direito, no Rio de Janeiro, na mesma turma de Mário Lago, que
iria ser, durante muito tempo, seu colega de trabalho no rádio, mas
não termina o curso.
Na tablado e na telinha
Estreou no teatro em 1934, após algumas montagens
amadoras -- em especial no Teatro Ginástico Português -- na
Companhia de Procópio Ferreira, fazendo uma figuração na peça
Pérola. Em 1942, protagonizou nessa rádio a novela Em Busca da
Felicidade, mas seu grande sucesso de público foi o personagem
Albertinho Limonta na novela O Direito de Nascer. Na televisão,
onde passou a atuar mais decididamente a partir da década de
1970, destacou-se em telenovelas, tais como o personagem Tucão,
em Bandeira 2, 1971; Ossos do Barão, 1973; Roque Santeiro,
1985; mas, sobretudo, como o coronel Odorico Paraguaçu, o
prefeito de Sucupira, em O Bem Amado, telenovela em 1973 e
minissérie em 1980; e, ainda, o Coronel Ramiro Bastos, em 1975,
na novela Gabriela, Cravo e Canela, além de O Casarão, 1976 e A
Rainha Louca.
697
Curtametragistas – Secção AL. Entre os filmes realizados em
vídeo estão Botija, Lobisomem, Mula Sem Cabeça, as três
animações são de 1997, Em Nome do Pai, do Filho e da Folia -
com o qual recebeu o 1º lugar na I Mostra Competitiva de Vídeos
Alagoanos - e Raul Vicente – Entre Pelejas e Amores, ambos de
1998 e os documentários Carnaval Temperatura e Memórias de um
Herói de Carnaval, os dois de 2003, documentários. Sanfona
Sinfônica, de 2007, Histórias da Difusora em Estrelas Radiosas, de
2008, documentários, Sandoval Caju – Além do Conversador, de
2011. Pedro da Rocha é um dos poucos diretores de cinema em
Alagoas, se não o único, que vive exclusivamente dos filmes que
produz. A intimidade com o universo do cinema é antiga – remonta
ao final da década de 1980. “Na época eu trabalhava na Secretaria
de Cultura (Secult), e lá havia uma câmera que usávamos para
documentar a cultura popular alagoana, preservando-a dessa
forma. Foi a partir daí que minha relação com o cinema se
estreitou.”
698
projeto vencedor do edital DocTV, promovido pela TV Cultura.
Como o título explica, a produção biografa o poeta que é hoje o
mais importante representante vivo da literatura alagoana. Em
2005, Werner voltou a ser contemplado no mesmo prêmio, dessa
vez com História Brasileira da Infâmia, documentário que propõe
uma reflexão sobre a escrita da história ao defrontar versões para a
morte do 1º Bispo do Brasil, Dom Pedro Fernandes Sardinha,
ocorrida há mais de 450 anos. Além dos DocTVs, o cineasta
realizou alguns filmes institucionais, entre eles O Homem, o Rio e
o Penedo, projeto do Programa Monumenta, da Unesco. Com
Interiores ou 400 Anos de Solidão, projeto contemplado no
Programa Petrobras Cultural, o diretor faz seu filme mais ousado e
subjetivo até aqui ao assumir uma linguagem experimental e
polissêmica.
699
alguns espetáculos no Teatro Municipal como bailarino. Adepto do
sistema de realismo psicológico do teatrólogo russo Constantin
Stanislavski (1863-1938), Sadi dedicou-se também a estudá-lo.
Stanislavski discriminou um conjunto de regras para a vivência de
emoções autênticas em cena, com o objetivo de que o ator
mergulhasse em sua memória emocional e estudasse cada intenção
do personagem, de modo a dar a ele a sensação de realidade. Era
meados da década de 1940 quando esse alagoano participou do
Teatro Experimental Negro, atuando em O imperador Jones, de
Eugene O’Neill, apresentando no Teatro Municipal do Rio de
Janeiro a situação do negro após a abolição. Em junho de 1949,
passa a lecionar, desde o início, no Curso Prático de Teatro, que
Santa Rosa conseguiu instalar junto ao Serviço Nacional do Teatro.
Em 1956, Sadi Cabral entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia
e, pela atuação em Eurydice, de Jean Anouilh, direção de Gianni
Ratto, recebeu o Prêmio Saci do jornal O Estado de S. Paulo.
Nesse mesmo ano, lançou pela Sinter o LP Sadi Cabral interpreta
poemas de Luiz Peixoto, em que declamava poemas de Bandeira.
700
Bandeirantes, Excelsior, Tupi; Cultura e Globo. Nesta, interpretou o
personagem Seu Pepê, que fez Sadi conquistar definitivamente os
telespectadores e ganhar popularidade. A história do poderoso
Hipólito Peçanha, que, confundido por Patrícia como um faxineiro da
fábrica da qual era dono, faz-se passar por Seu Pepê, virou,
inclusive, tema de uma marchinha de carnaval no ano de 1972. Seu
último trabalho na televisão foi em Maçã do amor, novela exibida
pela TV Bandeirantes. Na música, Sadi Cabral fez a primeira
composição em 1938, em parceria com Custódio Mesquita. A opereta
A bandeirante, apresentada em outubro do mesmo ano no Teatro São
Pedro, na capital gaúcha, Porto Alegre, deu início a uma amizade
que rendeu outras canções. Sadi tornou-se letrista, escrevendo com
Custódio, nos anos seguintes, as valsas Velho realejo, O pião,
Bonequinha, além do fox Mulher, que tornaram-se grandes sucessos
na voz de Sílvio Caldas, Carmen Costa, Carlos Galhardo e do grupo
Anjos do Inferno. Com Davi Raw, compôs os choros Sapoti e
Cachorro Vagabundo, além do samba Ciúmes, gravado por Rubens
Peniche.
701
ARTISTAS VISUAIS
702
que usa para compor seus quadros. Nascido em Viçosa, o artista
plástico que morou e estudou no Recife e que há 20 está de volta a
Maceió. São obras feitas a partir de colagens confeccionadas com
papel couchê e cola líquida transparente. A técnica de arte no papel
surgiu ainda da infância. Quando menino, nos trabalhos escolares,
ele já fazia muita coisa com colagem em cartolinas.
703
Alex Barbosa e seus tons em pastel
704
Bárbara Lessa: esculturas de vanguarda
705
Lar da Menina. Iniciou sua carreira na pintura aos 60 anos, após
sua aposentadoria. Sua formação artística se deu no ateliê Pierre
Chalita. Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas.
É um dos artistas divulgados na obra Arte Alagoas II, publicada
quando da exposição em homenagem ao centenário de nascimento
de Jorge de Lima, pela Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de
Janeiro, sob a curadoria de Lula Nogueira e Tânia Pedrosa.
706
em comum em telas que impressionam. O mais recente trabalho, a
exposição “Texturas e cores abstratas e expressionistas”, em
novembro de 2015, foi sucesso de visitação. “Com a curadoria de
Carol Gusmão, a mostra apresenta o trabalho recente desses dois
artistas veteranos, que criaram uma identidade conjunta de
conceitos que se reflete nos trabalhos primorosos e inventivos que
realizam. Entre a decoração de festa de Réveillon, que realizaram
em dupla para o evento “Absoluto“ de 2012, e os trabalhos
isolados de cada um, seja no teatro ou em exposições, Normande e
Normande compõem a fina flor das artes visuais maceioenses.
Grafismo também é outra característica dos trabalhos de Beto e
Márcia. Márcia Normande participou da montagem “O Diário de
Anne Frank”, como membro do grupo decano Cena Livre,
assumindo a direção de arte do espetáculo. Beto Normande é um
dos artistas que trabalharam na recente exposição itinerante “Velas
Artes”, pintando em estilo abstrato e expressionista as ondas do
mar e o sol da Pajuçara, no pano de uma das 15 velas de
embarcações da Associação dos Jangadeiros que compuseram a
mostra ao ar livre”.
707
Universidade Federal de Alagoas, por duas vezes, e na Galeria
Mário Palmeira. É um dos artistas divulgados no livro Arte
Alagoas II, publicada quando da exposição em homenagem ao
centenário de nascimento de Jorge de Lima, pela Fundação Casa
de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, sob a curadoria de Lula Nogueira e
Tânia Pedrosa. Betuca Lima é economista, foi por muito tempo dos
quadros da UFAL, trabalhou na Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e líder estudantil. Betuca
Lima é casado com Tânia Calheiros Lima, tem um filho, dois
netos, e integra o Movimento Familiar Cristão.
708
do passado. Antigas residências dos senhores do açúcar, o sobrado,
nem processo revolucionário, foi invadido pelo povo, abriu suas
portas ao comércio miúdo, pequenas oficinas e baixo meretrício – era
o povo no poder”
709
mais novo, e, talvez, o último representante da escola gloriosa de
santeiros penedenses. Ele faz parte da quinta geração como
discípulo do mestre Antônio Pedro dos Santos, o pioneiro na arte
de esculpir imagens sacras, arte que veio de Portugal com os
franciscanos. A segunda geração foi liderada pelos mestres Júlio e
Dioclécio Fídeas; a terceira, com o mestre Cesário Procópio
Martyres, depois com o filho dele, mestre José Vécio Martyres,
que é padrasto do mestre Claudionor Higino. Além de Claudionor,
há outros santeiros famosos na cidade, como Antônio Francisco
dos Santos e George de Carvalho Andrade.
710
Guerchman (MAM-RJ); Arquitetura e Urbanismo (UFPE),
doutorado em Educação (PUC-Rio) e pesquisador e professor da
ENSP-FIOCRUZ (RJ). Em 1984 fez sua 1ª coletiva no Rio de
Janeiro, a mostra ‘Como Vai Você, Geração 80?’, realizada no
Parque Laje e em 2014. Também no Rio, a exposição Litorais,
divididas em quatro núcleos: litoral dos coqueiros-pintura, litoral
dos peixes-estrutura, litoral de cajus-desenho, litoral do ciclista
estrutural e dos cachorros desconstruídos. São trabalhos em tinta
acrílica sobre tela e sobre MDF, com o uso das técnicas de velatura
e de monotipias que compõem mosaicos. Há influências indiretas
da obra de José Pancetti, no que se referem aos temas e algumas
formas (cajus, barcos e linhas de areia), e de Leonilson, na alusão
ao bordado.
711
sendo o Folclore sua maior paixão, dentro deste emaranhado de
inteligência, cultura e vocação artística. Iniciou-se na arte em 1968.
Fez curso de desenho e pintura com os professores Lourenço
Peixoto, Pierre Chalita e Maria Teresa Vieira. Fez parte do
Simpósio Internacional do Centenário de Nascimento de
Graciliano Ramos e de outros inúmeros eventos e exposições.
712
Associação, Josefina Novaes: Alagoas perdeu hoje mais uma
grande defensora da cultura popular alagoana... uma entusiasta e
uma pesquisadora da arte popular no estado”. Entre 1990 e 2002
realizou a curadoria de cerca de 20 exposições. Lançou, numa
parceria com o SESC/AL e Atelier Casa 50, o CD “Folguedos
Natalinos Alagoanos /Pastoril” dentro da Coleção Memória
Musical produzido pelo Centro de Difusão e Realizações Musicais
do SESC/AL. Era admiradora e colecionadora de lapinhas e
presépios feitos por artesãos populares, possuindo um acervo de
mais de 70 conjuntos, de várias cidades e países, que eram
expostas anualmente, no mês de dezembro.
Dicionário Mulheres de Alagoas, Ontem e Hoje - por
Enaura Quixabeira e Edilma Bonfim, 2007, Edufal, e no endereço:
713
Ceres Vasconcelos: arte no topo do Brasil
714
´s/Pinacote UFAL em 2001. Foi convidada especial de Alagoas
para participar do megaevento Casa Plural Fashion e Arte, mostra
de maior porte do Nordeste, em 2002.
“Não deve ser em vão que ele repete tanto – “minha pintura é
a minha psicoterapia”... Para com estes artistas, cujos mergulhos
sofridos são verdadeiras realizações vicariantes, mergulhos nossos
que os medos cotidianos impede-nos de possuí-los, uma dívida
coletiva sempre há de permanecer e uma gratidão legítima há que vir
desde o recôndito espírito. Apresentar Correia Flores é, sem dúvida,
uma tarefa que me faz bem. Aos olhos e a alma. Fazendo-o, espero
estar contribuindo para que a nossa com este artista possa ir-se
apagando”.
Por José Geraldo Marques, Arte Alagoas II, sob a curadoria
de Lula Nogueira e Tânia Pedrosa.
715
Dalton e Maria Amélia: Heróis da resistência
716
Dalton Costa e Maria Amélia Vieira à frente da galeria
Karandash, que é, também, o museu Coleção Karandash de Arte
Popular e Contemporânea. A discussão do vídeo gira em torno
dos conceitos e prática da arte e dos possíveis caminhos que ela
pode trilhar. Nesse contexto, o trabalho realizado pelo casal,
como galeristas garimpando obras entre excepcionais artistas
populares do Nordeste, acaba influenciando a própria produção
dos dois artistas, identificados com as obras coletadas por eles em
povoados e cidades ribeirinhas do São Francisco pelo Sertão
afora. Como diz Maria Amélia no vídeo, “a Karandash cria um
diálogo entre a arte popular e contemporânea”. Esse trabalho de
quase 30 anos de Maria Amélia e Costa, importantíssimo e único,
cruzando as fronteiras do Estado, navegando com um barco
próprio, o chamado Museu no Balanço das Águas, às margens de
povoados como Ilha do Ferro em Pão de Açúcar e Entremontes
em Piranhas, e outras comunidades do lado sergipano do rio,
construindo assim uma ponte entre a caatinga e a urbanidade da
capital Maceió.
717
Inevitável não ter o olhar preso pelas cores de Delson
Uchôa, em suas pinturas e fotografias. A mistura das referências do
cotidiano, do universo popular de diversas regiões do Brasil cria
obra de forte impacto visual. O artista participou de importantes
exposições como a célebre mostra Como vai você? Geração 80 e
outras em instituições como o Instituto Tomie Ohtake (São Paulo),
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Recife). Suas obras
fazem parte de importantes acervos como o do Museu de Belas
Artes do Rio de Janeiro, de Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ), de
João Sattamini (MAC-Niterói), do Museu de Arte Moderna
Aloísio Magalhães (Recife). Com paleta vibrante e em escala
mural, as pinturas de Delson Uchôa trazem desenhos geométricos e
abstratos que nos remetem a símbolos. Formas que por vezes se
repetem padrões que se aproximam da estamparia. Suas criações
fazer referência a universos fantásticos, como em Atlântida (1998)
e populares como Tudo que reluz é ouro (2000). Em uma de suas
mais recentes exposições, em 2014, Delson Uchoa continua a se
reinventar. Com fotografias em duratrans sobre backlight, ele traz
sombrinhas coloridas usadas pela população nordestina para a
proteção do sol, que foi transformada em uma série, chamada
“Bicho da Seda”. Através dela, o artista pesquisou as cores do
nordeste e criou um personagem para isso, o qual carrega
constantemente sombrinhas, em cores e estampas variadas.
718
Iniciou o seu estudo de Arte Moderna em 1970, por
intermédio do Departamento de Arte e Cultura (DAC) de Alagoas.
Fez vários cursos nas áreas das Artes Plásticas e participou de
inúmeras coletivas e individuais, ao longo de sua carreira como
pintor, conquistando lugar de destaque no cenário das artes em
nosso Estado. Em algumas de suas obras usa técnicas misturadas,
com permanent marker, tinta e verniz acrílico sobre tela, como é a
série Monumentos da Natureza da Terra Alagoana.
719
Loureiro. Participou, em 1993, da Exposição Arte de Alagoas, na
Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.
720
de artistas de todos os lugares e para os olhares curiosos da
comunidade local, que dificilmente encontraria oportunidade de
vivenciar a experiência artística através de outros canais. É a Casa
da Arte de Dona Edna, uma mulher cativante e dedicada que deu
inicio a este projeto há vinte e um anos e que hoje é um dos Pontos de
Cultura do estado de Alagoas, dentro do Programa Cultura Viva do
Governo Federal. A Casa da Arte atende atualmente 100 crianças e
jovens entre cinco e 18 anos de idade em aulas de música, pintura,
teatro, e dispõe de um laboratório de línguas (português, inglês e
espanhol). Dona Edna Constant conta um pouco da história do lugar.
“Já vínhamos a um longo tempo utilizando a casa para exposições,
aberta para a comunidade daqui. Foi quando, a partir do natal de
1999, resolvemos mudar um pouco, expandir as atividades, incluir a
comunidade e seus meninos e meninas como protagonistas dessa
história, eles já viviam sempre por aqui mesmo, mas como
espectadores, a partir deste momento eles passaram a ser atores”.
721
Laje, no Rio de Janeiro. Cursou, e também ensinou desenho e
pintura no Ateliê da Fundação Pierre Chalita. A artista
desenvolveu trabalhos artísticos com jovens carentes e em situação
de risco, na Cruz Vermelha de Alagoas, com programas de
atividades com oficinas de tecelagem e cerâmicas que a artista
realizou com a comunidade carente de Maceió. A Cerâmica Cruz
Vermelha foi montada pela própria artista em Maceió. Fez
especialização em língua inglesa, na Bonners Ferry High Schoool
(EUA) e em língua francesa, na Universidade de Lyon. Cursou
História da Arte na PUC-RJ. Sua mais recente exposição foi
Pinacoteca Universitária, em novembro de 2015. A exposição
Moira foi composta de pinturas em tecidos e cerâmicas, a mostra
reúne obras que refletem a trajetória da artista e a construção de
uma poética própria. As moiras, na mitologia grega, eram
responsáveis por tecer, cortar e determinar o fio da vida dos deuses
e dos humanos.
722
quadro aos 11 anos e de lá prá cá não parou mais. Natural de Paulo
Jacinto, Alagoas, o artista plástico passeou por vários estilos, mas
se considera um pintor contemporâneo. Não é a toa que criou seu
jeito próprio de fazer arte, dando asas à imaginação, quebrando
barreiras e paradigmas, indo mostrar o que melhor sabe fazer (arte)
pelas bandas da Europa. Autodidata, Ed Oliveira pôde mostrar seu
talento de maneira mais ampla aos 17 anos quando aceitou o
convite do pároco de sua cidade natal para restaurar o acervo da
igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças. E sob as graças da
padroeira dos paulo-jacintenses percebeu que poderia trilhar
caminhos mais longos e vencer qualquer desafio. Prova disso é que
naquele mesmo ano realizou sua primeira exposição, em Palmeira
dos Índios. Sem medo de arriscar, o artista enveredou por várias
ramificações e em 1994 foi convidado pela ONG Nordeste
Reflorestamento e Educação, com sede em Genebra, Suíça, a
ensinar desenho e pintura para jovens na cidade alagoana de
Quebrangulo. Naquele ano, participa ainda de três exposições
coletivas em Maceió, através do Projeto Alagoas Presente. Após
revelar vários talentos e aprimorar sua arte, em 2002 a cultura teve
uma baixa com o fechamento da escolinha de pintura. Em 2011 a
carreira de Ed deu um salto maior e foi encantar o público europeu.
O sucesso foi tanto que durante exposição em Genebra, na Suíça,
no Salle Communale de Plainpalaisem, em comemoração aos 25
anos da Associação Nordeste, em apenas um dia vendeu 70 obras.
723
http://novoextra.com.br/outras-edicoes/2015/834/18488/ed-
oliveira--encanta-o--mundo-com-sua-arte
724
Everson Fonseca Oliveira nasceu em Maceio (AL) em 1959.
Como tantos outros, começou a desenhar ainda em criança e a
pintar aos dezesseis anos, se tornou m autodidata. Seu currículo
remonta a 1977, quando realizou sua primeira Exposição
Individual na Galeria Mário Palmeira Junior que acabava de ser
inaugurada. Nos primeiros tempos, seus trabalhos mantiveram-se
num academicismo puro; aos poucos foram surgindo os elementos
surreais, que marcou enfim, a consolidação definitiva do seu
Estilo, tornando próprio, personalíssimo e inconfundível. O
colorido, propositadamente artificial (mais para o terroso) de suas
telas contribui para a perfeição do clima surrealista das suas obras.
725
Fernando Lopes: o consagrado pintor alagoano
726
de exposições coletivas nas Embaixadas do Brasil em Paris, Roma,
Israel, Estados Unidos; participou de Bienais nas mais importantes
cidades do país. Chegou a expôs em Londres em 1970 por três
vezes com outros artistas da América do Sul. Seus quadros estão
expostos em museus e em importantes coleções particulares
brasileiras, como: Museu Bloch, Manchete Vieta, Abril Cultural,
Giovanna, Bonino, Aloísio de Paula Machado, Museu de Olinda,
Fundação Armando Álvares Penteado - SP, Museu do Sol- SP e
Alfredo Knope Nova York.
“Procuro ser artista cada dia que passa e ainda não encontrei
o verdadeiro caminho. Faço parte de uma leva que acredita na
inspiração, se vier acompanhada da transpiração; produzo todos os
dias e sem preocupação com “ismos” ou correntes daqui ou de lá;
apenas tento dar uma linguagem amena e despretensiosa para que o
727
meu público lide com naturalidade com minhas peças; o dever do
alquimista pictórico é este”.
Getúlio Mota
728
(UESA), apresentação de Lima Júnior, 1963 (ensaio, juntamente
com José Vianney dos Passos, João Azevedo, Alves Damasceno e
José Renivan).
729
personagem, os seus traços característicos, suas deformações físicas,
suas desproporções, sua expressão facial e corporal. A charge
transfere esses componentes para o fato, o acontecido ou mesmo
ainda, para o que está por acontecer. A memória, a informação, a
irreverência ou o espírito crítico, alimentam a criatividade. Claro que
tem que haver uma certa habilidade para o desenho caricatural”.
730
“Retornar a esta terra se constitui como uma forma singular
do renascimento que me permite mostrar obras da minha lavra aos
amantes das artes e da cultura e reavivar, com meus olhos de agora,
as imagens dos tantos cantos e recantos desta bela e acolhedora
Cidade Sorriso onde vivi”.
http://aquiacontece.com.br/noticia/2015/10/24/aberta-
exposicao-de-ismael-pereira-revela-arte-multicultural
731
famosas; dela se apoderou para criar composições com grande
riqueza de detalhes.
732
“Este alagoano de Santa Luzia do Norte foi um grande
batalhador. Sustentou esposa e filhos com sua arte, pintando
diariamente e saindo para vender as telas pelas ruas da cidade,
repartições públicas e casas de colecionadores. Sua pintura remete às
raízes africanas ao retratar Zumbi dos Palmares, pretos velhos e
mães de santo e ganha uma dimensão antropológica e sociológica
quando nos apresenta os saberes e fazeres alagoanos, em especial as
manifestações folclóricas e usos e costumes, como o não mais
existente vendedor de mel”.
733
1925, o Instituto de Belas Artes de Alagoas que, posteriormente,
iria chamar-se Instituto de Belas Artes Rosalvo Ribeiro,
responsável, nos fins da década de vinte, pela promoção de vários
salões de arte, dos quais participaram alunos do estabelecimento
(Violeta Leite e Tarcila Pitanga - escultura) e artistas
independentes: Zaluar de Sant`Ana, Moreira e Silva, Eurico
Maciel, Luis Silva, Durval Honório, Calheiros Gomes (pintor e
escultor), Cícero Leandro (caricaturista) e o próprio Lourenço.
Teve, ainda, atividade destacada na Festa da Arte Nova, em 1928,
cujo programa constou de uma seção literária e uma exposição de
pintura de alguns dos seus trabalhos. Sua temática oscilou entre a
fixação de tipos locais e paisagens. Fundou, a 29/09/1928,
juntamente com Aloísio Branco, Carlos Paurílio, Waldemar
Cavalcanti e Diégues Junior, entre outros, a Revista Maracanã,
dedicada às artes e letras e da qual só um número foi publicado.
734
mesmo tempo, tinha um verdadeiro “museu” no seu quarto.
Colecionava objetos, postais, pendurava-os pelas paredes,
improvisava as primeiras colagens. O artista Pierre Chalita, amigo
da família, viu seus desenhos e recomendou que lhe dessem telas,
tintas, pincéis. Aos onze anos ingressou no curso de pintura de
Vânia Lima, onde aprendeu a trabalhar com outras técnicas, como
o fusain, o óleo, o nanquim. Aos quatorze anos foi para Recife
cursar o segundo grau. Lula escolheu Engenharia, levou nove anos
para concluir o curso, com várias interrupções. Nesses intervalos,
viajou para os Estados Unidos, França, entre outros países. Porém
nunca desistiu da arte. Aos dezenove anos fez oito meses de curso
no ateliê de Pierre Chalita. Mas seu espírito irrequieto queria mais,
conhecer novas técnicas, experimentar outros materiais. Sua
primeira exposição foi aos vinte anos, na cidade de Marechal
Deodoro. Pintava sanfoneiros, pastoris, gaiolas de pássaros,
casarios, lembranças da infância.
735
Lula Nogueira é considerado um dos destaques das artes
plásticas do estado de Alagoas. Ele é um artista que privilegia
cenas representativas da vida e cultura alagoana, pintando seu
cotidiano, além dos aspectos culturais e históricos do estado.
Descrita como "viva, alegre e buliçosa", a arte de Lula Nogueira
realmente não faz concessões à mistura de cores: usa e abusa das
cores, adicionando um caráter eufórico ao seu ato criativo. Além
disso, muitas de suas telas assemelham-se a folhetins
multicoloridos, isso sem desmerecer nenhum dos dois gêneros.
Para o escritor alagoano Lêdo Ivo, a arte de Lula Nogueira é naif,
mas também pop. Já Viviane Duarte acredita que ele é naif
contemporâneo. Para o crítico de arte Ruy Sampaio, considerar o
pintor alagoano um representante da arte naif é um verdadeiro
equívoco. Num ponto todos concordam: Lula Nogueira, ao retratar
o cotidiano da vida urbana e rural de Alagoas, o faz de uma
maneira muito simples e intensa, mas sem folclorismo.
736
Artes Plásticas e Cultura Popular: a união dessas vertentes
se torna um prato cheio nas mãos do cubista alagoano Orlando
Santos, que consegue transmitir com pinceladas a grandeza e o
colorido das manifestações folclóricas do Nordeste. Apesar de o
cubismo ter sido um movimento artístico de curta duração, com
apenas cinco anos, Orlando, aos 46 anos de idade, consegue
eternizar o estilo no movimento circular dos vestidos usados pelas
dançarinas do Reisado, na cauda triangular dos peixes do Rio São
Francisco ou nos quadros em zigue zague das calças dos próprios
pescadores. “O Cubismo é uma temática versátil, de grandiosidade
e movimento muito marcante da arte. Meu trabalho é influenciado
por mestres como Picasso, Portinari e Di Cavalcanti”. Orlando
estudou Artes na Fundação Pierre Chalita, em Maceió, e na Escola
Nacional do Desenho, em Porto Alegre. Ele já fez mais de 20
exposições individuais e coletivas e trabalha sempre com o acrílico
sobre tela, retratando temas regionais.
737
Nordeste. A partir daí, Paulo começou a transformar em pinturas as
histórias de trancoso e da carochinha contadas pela avó; os
cenários, personagens e as brincadeiras do mundo real, além do
farto universo do folclore alagoano. As telas são recortes de um
Nordeste colorido, vivo, alegre e lúdico. Uma realidade recriada
para ser entendida e, ao mesmo tempo, seduzir crianças e jovens.
"Não podemos deixar nossa juventude crescer sem contato com a
arte e os artistas da terra. Sem isso, que referência eles terão do
lugar onde nasceram e vivem?", alerta. Para isso, ele apresenta ao
público infanto-juvenil os coloridos trabalhos povoados de
cangaceiros, guerreiros, carros de lata, cirandas, circo, pau de sebo,
mamulengos e muitas outras referências guardadas no seu
imaginário de criança curiosa e artista observador e saudosista dos
tempos que jogava ximbra nas ruas de barro de Maceió.
738
Pedro Cabral, essas duas vertentes andam mesmo juntas. Arquiteto
por formação, artista por vocação, ele engloba em si um pouco de
cada uma delas. A formação na ciência de projetar e organizar
espaços, criar ambientes, deu o embasamento para o lado pintor.
Dois aspectos indissociáveis, afirma – tanto no mundo como na
vida dele.
739
cronista de primeira qualidade. Tive a grata satisfação de lançá-lo
como colaborador da imprensa. É autor de belas crônicas e ensaios
nos jornais Gazeta de Alagoas, O Jornal, Extra e O Dia. Nos anos
1990 e 2000 foi um dos primeiros alagoanos a fazer sucesso na
internet, com seu delicioso blog Pois É, no começo distribuído nos
e-mails dos amigos. Em 2015/2016 lançou sua principal e mais
importante exposição: as razões do coração, na galeria Fernando
Lopes, no Cesmac.
740
“Toda minha escola eu parti do impressionismo para cá.
Concentrei meu estudo no impressionismo, final do século 19. Monet,
Lautrec, Van Gogh. As cores de Van Gogh, o amarelo, abracei o
amarelo do Van Gogh com um carinho extraordinário. As pinceladas
eu fui buscar de Monet. São vários tijolinhos que foram me ajudando
a chegar ao que estou fazendo agora”.
Persivaldo Figueirôa
741
Inspiradas na mãe, as filhas começaram a fazer trabalhos artísticos
em 1993 com o professor Zezito Guedes em Arapiraca, esculpindo
pedras. A família levou as bonequinhas de pano para a exposição
Arte Nordeste, a tradicional Artenor, em Maceió, e com o sucesso
da iniciativa foram incentivadas a continuar o trabalho com panos
e bordados, que hoje é a principal atividade. A família Petuba cria
quadros e painéis bordados em tela, com fragmentos de pano, em
geral retratando cenas infantis e a vida no interior. Obras que
encantam por refletirem uma rara habilidade de composição,
perspectiva e utilização de cores.
742
Lagreca, no Recife. Em 1982, foi nomeado professor de História
da Arte, na UFAL.
743
pública e privada de ensino superior. Nesse período, pesquisou no
Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas estimulando a pesquisa
sobre o campo artístico alagoano. Criou informalmente, com
alunos e alunas, o Grupo de Estudos em Ciências Organizacionais
Não Industriais (GECONI) para conhecer as idéias de Domenico
De Masi sobre criatividade e grupos criativos. Criou inclusive a
linha de pesquisa “Arte, Artista e Cultura na Sociedade Alagoana”.
Nos anos 1980, foi um dos criadores do Grupo Vivarte (1984-85) e
das “Cruzadas Plásticas” (1987-88): dois importantes movimentos
das artes visuais pelo modernismo em Alagoas.
744
Ricardo Maia, na página de seu facebook, em 20 de junho
de 2014, no artigo “Mamélia, a Vivartista”
https://www.facebook.com/ricardo.maia.39142/posts/30005
4346835826
745
volumes, criados por cores intensas e formas não precisas que por
vezes geravam sensações de vagas figuras.
http://www.ufal.edu.br/noticias/2014/03/pinacoteca-
universitaria-lanca-documentario-sobre-o-artista-alagoano-roberto-
ataide
746
professor. Todavia, foi nas artes plásticas a sua melhor
performance, e, através dela, com uma técnica apuradíssima, ele
transitaria com leveza e maestria em temas históricos, militares,
retratos, paisagens, registros cotidianos e ainda, cenas de gênero.
Mestre da pintura alagoana, Rosalvo é um artista de sólida
formação, que percorre as mesmas etapas dos artistas brasileiros
mais destacados da segunda metade do século XIX. Estudou na
Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, viaja, em
1889, para Paris para continuar seus estudos na Escola de Belas
Artes e na Acádemie Julian. Retorna ao Brasil em 1901. Torna-se
Diretor da Biblioteca Pública Estadual de Alagoas em 1902. Em
1910, assume o projeto da estátua equestre do Marechal Deodoro
da Fonseca e da praça que leva o nome do militar, em Maceió. Aos
48 anos, morre de tuberculose. A temática e estilo de Detaille
exercerão grande influência na produção francesa de Rosalvo
Ribeiro, manifestos inclusive na tela La charge ("A carga"), de
tema militar, exposta no Salon de 1898 com relativo sucesso (mais
tarde doada ao governo de Alagoas, na condição de "envio".
747
trabalhos como as praças Deodoro e Tavares Bastos, tão
severamente criticadas por estetas e críticos de fancaria. Nos quadros
por ele plasmados verificam-se, entretanto, as qualidade primaciais
de um verdadeiro artista, que detesta as cores vivazes, sabendo,
porém, imprimir a seus painéis os traços inconfundíveis peculiares
aos mestres. Ao que aí fica apenas nos cumpre acrescentar que o
nosso grande pintor era filho do major Felippe Angelo Ribeiro,
conhecido pela força assombrosa e proverbial de que era dotado, e
da exma. sra. d. Josefina de Caldas Ribeiro. A morte de Rosalvo
ocorreu a 20 de abril de 1915, sendo o seu cortejo constituído por
vinte e cinco pessoas! As suas telas são, além das que já foram
citadas (L’ Innocence, La Sommission, La Charge, Le Factionaire, Le
Régiment, Vielle Bretonne), Vieux Baron, Pequeno Tambor, Garotos
de Paris, No Atelier, Oficina de Ferreiro, Cabeças de Expressão, O
Dragão, Pequeno Mendigo, A leitura, Mulher Russa (estudo do nu), A
Índia, etc”.
748
baixo de suas pinturas, e Chalita afirmava gostar das cores fortes
dos óleos de Rosita. Hoje, por sua idade, deixou o óleo e passou a
pintar com tinta acrílica. Na sua temática estão paisagens, as lagoas
de Maceió, jangadas, as pastoras do Pastoril, a elegância das
mulheres, naturezas mortas. Atualmente, ela pinta uma coleção
inspirada na arte alemã Bauernmalerei, que significa, em tradução
literal, "pintura campestre". É um estilo rústico floral, cujas origens
remontam ao século XVII. Ele caracteriza-se especialmente pelas
pinceladas livres e espessas de temas florais, com traços de branco
e fundo patinado. Supõe-se que a técnica era inicialmente
empregada para aprimorar a arte no ambiente, a partir do
reaproveitamento artesanal de objetos metálicos ou de madeira
durante a II Guerra na Europa. Nos dias de hoje, ela é bastante
difundida em todo o mundo graças à sua aura campestre e
romântica. Rosita, além das telas em acrílico, pinta também objetos
inspirados na arte Bauer alemão, como travessas e pratos de
madeira, baldes e objetos de latão, banquinhos e estantes.
Rosival Lemos
749
Hotel, Rio de Janeiro-RJ. 1981: Sucata Decorações; Plaza Hotel,
Arapiraca; Panorama Galeria de Arte, SalvadorBA. 1982: Galeria
Grafitti. 1984: Ponta Verde Praia Hotel; Fundação Jose Augusto,
Natal-RN. 1985: Galeria Karandash Arte Contemporânea. 1987:
Sucata Decorações. 1990: Galeria Karandash Arte Contemporânea.
1987: Sucata Decorações. 1990: Karandash Arte Contemporânea.
1994: Sucata Decorações. 1995: Gstaad. 1996; Terracota. 2000:
Armazém 384. Coletivas: 1973: Stand´Art de Alagoas. 1974:
Pinturas Pelo Teatro, Aliança Francesa. 1975: 1ª Mostra de
Minquadros, Galeria Ambiental; 1º Encontro de Artes
Pernambuco/ Alagoas, Galeria Ambiental; Convenção Nacional
IBM, Hotel Nacional, Rio de Janeiro-RJ.
Solange Chalita
750
10 livros, Solange Lages lembra que sua influência foi seu pai, o
médico José Lages Filho, da tia Lily Lages e da professora Edla
Braga no estimulo à leitura. Comenta também sobre a influência
que sofreu dos autores Machado de Assis e Malba Tahan, que a
inspiraram na adolescência e na vida adulta. Ela também colabora
com assuntos culturais nos jornais de Maceió. Foi colaboradora
semanal na área de Literatura do Jornal “Gazeta de Alagoas”, no
caderno “Mulher”, durante dois anos. Atualmente, é presidente do
Conselho Deliberativo da Fundação Pierre Chalita, sediada em
Maceió e vice-presidente da Academia Alagoana de Letras.
751
participar da Bienal Naif de 1998 em Piracicaba, promovida pelo
SESC/SP. Seus dois trabalhos não só foram selecionados como
também receberam o Prêmio Aquisição pela tela "Devoções
Populares", que passou a fazer parte do acervo do SESC e foi a
capa do catálogo desta mesma exposição, lançado também em
1998. Leia o que o poeta alagoano Lêdo Ivo, falou sobre Tânia
Pedrosa.
752
encontrou profissionalmente. Ela chegou a fazer diversos cursos de
arte e andou o Sertão alagoano e outros estados do Nordeste
brasileiro movida pela arte popular e seus mestres artesãos. Tânia
também mantinha amizade com muitos intelectuais alagoanos, a
exemplo do jornalista e poeta Lêdo Ivo, Aurélio Buarque de
Holanda e Marina Baird, entre outros, o que a inspirava a trilhar
pelo caminho das artes. Tânia coleciona prêmios como o Prêmio
Aquisição e Destaque Bienal Naïfs do Brasil (1998, 2000 e 2006),
e Comendas Ordem do Mérito Ministro Silvério Fernandes de
Araújo Jorge (2007), do Mérito dos Palmares (2014) e Nise da
Silveira (2015).
Vânia Lima
753
Mais Pintores
Aloisio Coimbra
Carlos Xavier da Costa
Eurico Maciel
Joaquim Brígido
Luiz Silva
Messias de Melo
Miguel Torres
Natalício Barros
Reinaldo Lessa
Ricardo Sarmento (escultor)
Teixeira da Rocha
José Rodrigues de Miranda
José Paulino Lins
José Menezes
Virgílio Maurício
Fredy Correia
Paulo Caetano
Virgílio Maurício
Zaluar de Sant´Ana
Mais pintoras
754
Alba Nascimento Correia
Ângela Nadir Oiticica
Augusta Martins
Carmem Correia Acioli (1897-2001)
Célia Malta
Ceres Vasconcdelos
Creusa de Souza Accioly
Cristiane Acioli Jatobá
Darcy de Farias Costa
Denise Fereira Jambo
Fátima Leão
Irene Duarte Silva
Lysete Alves de Carvalho
Maria José Lima Soares
Maria Luiza Pontes de Miranda
Maria Rosa Maia Nobre Piatti
Marisa Gatto
Martha Sraújo
Miriam Falcão Lima
Morgana Maria Pita Duarte
Naná Loureiro
Nelza Amorim de Miranda
Noêmia Duarte (1897-1962)
Sandra Pereira das Neves
Stela Maria Mota
Vera Gama
755
ARTE CONTEMPORÂNEA
Thiago Oli
Suel
756
a pintura clássica e contemporânea referências presentes nos
trabalhos que desenvolve e paredes e murais. A desconstrução é um
elemento constante na arte de Suel, cujas cores fortes e alegres e a
fluidez dos traços remetem à Art Nouveau – linhas longas e curvas
que podem ser associadas a formas e estruturas da natureza. Com
grafite, pincel ou qualquer técnica ao alcance das mãos, Suel leva
para a rua a ideia de que o desconhecido não é, necessariamente,
assustador. É ao ar livre, em comunidades ou em estabelecimentos
que pagam pela sua produção, que o artista tem maior visibilidade e
um contato direto com o público.
Léo Villanova
757
Por Weber Bagetti, no livro Graciliano Arte, 2017, editado
pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos
LITERATURA ALAGOANA
758
PIONEIROS DA LITERARTURA
759
capela, depois que ali se erigiu não chegaram mais até o presente as
águas do rio, ainda mais nas maiores inundações”.
Caroatá
760
primeiros números com a série da crônica de Caroatá. Ao ser
impressa, em 1914, sai com inúmeros erros, inclusive e até mesmo
o nome de autor. Considera-se como a 1ª edição integral aquela
feita em Maceió, 1962, reedição da DEC, Imprensa Oficial, 60
páginas. Com introdução e notas de Moacir Medeiros de Sant´Ana.
Dias Cabral
761
Francisco Dias Cabral (1834-1885) foi historiador, médico.
Iniciou bastante tarde seus estudos históricos, apesar de ser um
profundo conhecedor da história alagoana, ter grande capacidade
crítica e uma imaginação investigadora. Começou seus estudos
primários em Maceió, em 1840, e concluiu seu ensino superior ma
Bahia, e virou doutor cirurgião. Em 1826, estava em Maceió
exercendo a profissão. Mas segundo o historiador Moreno
Brandão, sua maior obra foi a criação do Instituto Arqueológico e
Geográfico Alagoas, depois de passar todas as instituições de
saúde e beneficência de Alagoas. Médico da Colônia Militar de
Leopoldina, professor e diretor do Liceu de Artes e Ofícios e do
Asilo de Órfãs de NS do Bom Conselho. Médico do Hospital de
Caridade de Maceió. Abolicionista e membro da Sociedade
Libertadora Alagoana. Dias Cabral foi fundador do Instituto
Arqueológico de Alagoas, e um dos pioneiros a trazer á tona a
guerra dos Palmares. Em 1872, foi responsável pelo lançamento da
revista da instituição, tendo nela publicado inúmeros trabalhos.
Dias Cabral é patrono da cadeira 11 do IHGA e da cadeira 32 da
Academia Alagoana de Letras.
762
no Caderno de Debates do Conselho Estadual
de Comunicação, Cultura Alagoana, junho de 2003
763
resultado imediato das calúnias arrogadas à digna moça pela
perversa Laura. Os boatos, diz com acerto um escritor, são como
grandes rios: quanto mais longe chegam maior vulto tomam... A
surpresa causada ao senhor barão por notícias que tão perto afetava
a sua dignidade e a honra de sua filha, levou-o à casa do doutor
Benício, de onde, entretanto, saíra afagando a convicção de que
Alcina fora vítima da mais requintada calúnia. De volta aos seus
penates, o barão recebera uma carta. Abrindo-a leu o seguinte:
“Exmoº Sr. Barão de Piragé.
764
comendador Pitanga (1810-1909), foi fundador da Guarda
Nacional em Alagoas, e do esquadrão de Cavalaria de Dom Pedro
I, em Anadia. Em 1894, Leite Oiticica assumiu a suplência de
Floriano Peixoto, que assumiria a vice-presidência da República.
Como delegado de polícia no governo de Pedro Paulino inaugurou
o primeiro asilo para loucos.
“Se o cabra não ler, vai ficar muito difícil entender Alagoas.
Hoje seria considerado um texto de direita. Mas é imperdoável
querer, por conta desse tipo de balizamento, deixar de dizer que é
uma obra-prima. É um artigo publicado em três números na Revista
do Instituto Histórico. É fantástico! Extraordinário! O cara escreve
sabendo que está em cima de um palanque, de uma plataforma
política. Tem que ser lido sim”.
Entrevista de Sávio Almeida ao jornalista Lelo Macena, em
Gazeta de Alagoas – 27/11/2005
765
1881. Nicodemos foi historiador e professor, membro do Instituto
Arqueológico de Alagoas, além de ter feito o primeiro relato que se
tem notícia sobre o folclore alagoano, em 1872, quando raros eram
os estudos sobre o tema no Brasil (no jornal O Liberal, em artigo
intitulado Lenda Anadiense e tradição história).
766
órgão equivalente ao Ministério da Educação, onde de 1974 a 1979
promoveu grandes avanços culturais, também no seu estado. O
livro O Banguê teve sua primeira edição lançada em 1949, e que
teve mais duas edições reeditadas pela Ufal. Manuel sofreu críticas
por ser “o maior e único discípulo de Gilberto Freyre, cuja
influência é o ponto frágil da obra”. Mas quem escreveu o prefácio
foi mesmo o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. “O (livro)
Banguê é tão largo que é quase como se incluísse tudo que, na
história das Alagoas, é socialmente importante. Pois da história da
gente alagoana se pode generalizar, como do passado do carioca,
que é a história de uma gente quase anfíbia. Apenas do lado das
águas já amorosamente tão estudadas por Octávio Brandão”.
Gilberto Freyre, no prefácio da edição de O Banguê das Alagoas,
Edufal – 1978. A Universidade Federal de Alagoas lançou, em
2012, a terceira edição de O Banguê pela Coleção Nordestina. A
edição foi organizada e apresentada pelo professor Elco Verçosa.
767
Contribuição à História do Açúcar em Alagoas
A Utopia Armada
768
Livro do historiador alagoano Dirceu Lindoso (1932) que
explica e retrata o povo alagoano em movimentos contestatórios –
até mesmo de guerra de guerrilhas na região das matas – contra os
colonizadores e escravagistas, logo após ao fim da Guerra da
Cabana, 1832. “As matas alagoanas são tomadas pelos grandes e
médios proprietários de Alagoas e Pernambuco, sua Mata Atlântica
é derrubada para ceder espaço à extensão do plantio de cana de
açúcar e colônias de estrangeiros,reduzindo o homem pobre que
outrora sobrevivera da caça, da pesca e dos frutos comestíveis, a
um errante sem perspectivas vindouras. Na visão de Dirceu
Lindoso. “A devoração das matas pelo fogo das fornalhas dos
engenhos e dos roçados grandes significou a degradação da
pobreza colonial, que surgira na época da conquista e ocupação, e
sua conversão em miséria sesmeiro-escravista”. Janaína Cardoso
de Mello, Alagoas e a escrita de si mesma e de sua gente, em
Revista Crítica da História, Centro de Pesquisa e Documentação
Histórica da UFAL- UFSE- 2015. Apud Dirceu Lindoso, em A
Utopia Armada – Rebeliões dos Pobres nas matas do Tombo Real
– Paz e Terra (RJ), 1983
Folguedos Natalinos
769
Juninos foi lançado em 1973, tem capa do artista plástico Pierre
Chalita e ilustrações de Hércules Mendes. Em 1976, a
Universidade Federal de Alagoas e o Museu Théo Brandão lançam
a Coleção Folclórica Folguedos Natalinos de Théo Brandão, em
folhetos populares, com mais de 32 fascículos. O livro fascinante e
mostra um universo de beleza e resistência. Sobre as baianas, por
exemplo, Théo comenta “além de ser um ritmo original e quente...
são as narrações de sucessos, episódios, acontecimentos que se
refletiram na mente popular, e, que, se repetidas, mantém a
tradição sempre viva e alegre”.
770
encadernação do editor. Profusamente ilustrado no texto com
fotogravuras e reproduções de fotografias de paisagens, sendo
algumas desdobráveis, e no final um mapa do Estado de Alagoas a
partir de um levantamento de 1917. A obra foi impressa sobre
papel couché, mostrando as paisagens e as plantações, a
urbanização, os retratos das personalidades, os interiores dos
edifícios públicos, as vias de comunicação, as fábricas de diversas
atividades econômicas, as centrais elétricas, os mercados e os
locais turísticos, o acervo de pintura dos museus.
771
Estado do Brasil onde há menos emigração, sabia? Digo que esse
meu livro é a história de alagoanos que amam a terra natal como as
cobras amam os ninhos de pedras, com todos os defeitos, com as
fofocas, os adultérios, os assassinatos”.
Lêdo Ivo, em entrevista a Milena Andrade, revista
Graciliano, edição no 7, novembro/dezembro de 2010.
772
caída” ao câncer. Muito compenetrado, com ares de verdadeira
sumidade “soltava o verbo”.
– Batata de purga! banha de preguiça! Gitó! Pimenta d´água!
Óleo de jibóia preta! Mangiroba! Catingueira rasteira! Mamão
jaracatiá! Raiz de juá! Remédio para mulher desconcertada!
Garrafada das sete sementes! A turma ria a bom rir enquanto dona
Apolinária, antiga zeladora da Confraria de Nossa das Vitórias, da
Catedral, fechava a cara, resmungando, e ia rogando pragas ao
doutor”.
773
somente na segunda metade do século XX ganharam
expressividade com a chamada nova história cultural, uma história
antropológica, atenta a uma história das mentalidades, dos odores,
da moda, dos comportamentos enfim, que informam as realidades
culturais de sujeitos inseridos num tempo e num espaço
específicos". Maceió de Outrora, v. II, obra póstuma, texto
selecionado e apresentado por Rachel Rocha, Maceió, EDUFAL,
2001.
774
ansiedades com imenso carinho, o profundo amor e a vocação
suprema que sempre tive pelos estudos nacionais (...”).
“(...) Para isso, não tenho olhado nem dinheiro, nem fadigas,
fazendo até hoje 33 excursões, numa das quais andei 30 e tantas
léguas a pé em três dias e meio - um saco às costas e um bordão aos
ombros, em trajes de vagabundo ou farroupilha, tomando
apontamentos sobre tudo quanto os nossos olhos viam, galgando
serranias, mergulhando no âmago dos chapadões, irrompendo pelos
matagais, afundando nos boqueirões bravios, desafiando as maretas
lagunares em fúria, dormindo ao relento com o lençol do frio e o
docel das estrelas no azul, através de mil acidentes e mil vicissitudes,
na ânsia de - bandeirante moderno - querer escrever um másculo
poema de energia sobre-humana da exaltação lírica, de sonho
impetuoso e de realismo profundo e cheio esta minha alma de uma fé
tão alta e de uma esperança tamanha que para ultrapassá-las só
encontro a fé dos Apóstolos quando, pelo mundo, partiram a espalhar
a Boa Nova e a esperança que ilumina a alma dos velhos
navegadores quinhentistas”.
Octávio Brandão, em trecho da conferência de 12 de
outubro de 1917, realizada no Instituto Histórico e Geográfico de
Alagoas (IHGA), Maceió
775
Na escolha do poeta Carlos Moliterno, o livro História da
Civilização das Alagoas, de Jayme de Altavila, estaria entre as
quatro obras fundamentais para se estudar a História de Alagoas,
junto com Geografia Alagoana, ou Descrição Física, Política e
Histórica da Província das Alagoas”, de Tomaz Espíndola; História
das Alagoas, de Moreno Brandão e História das Alagoas, de
Craveiro Costa. O livro, que teve sua primeira publicação em
1933, continua a ser uma referência nos estudos sobre a história de
Alagoas. Na edição de 1962, a 4ª, acrescida, revista e atualizada,
tem anotações do historiador Moacir Medeiro de Sant´Ana. No
capítulo Alagoas Republicana, Altavila relata de forma
folhetinesca, mas com apuração histórica, confirmada por Moacir,
como se deu a transição do dois primeiros governos da República,
entre dois alagoanos, os marechais Deodoro e Floriano.
776
como havia de receber a esquadra inglesa caso ela viesse até nós: “À
bala!”.
Jayme de Altavila, em História da Civilização das Alagoas,
Departamento Estadual de Cultura – Maceió, 1962, 4ª edição,
anotada por Moacir Medeiros de Sant´Ana
A diáspora literária
777
“Não posso determinar com exatidão os motivos dessa
permanência deles lá pelo Sul do país. Mas com certeza a grande
metrópole, o Rio de Janeiro de então, lhes oferecia maiores
incentivos, maiores motivações. Estácio de Lima foi para a Bahia. A
Maceió provinciana, com uma política cultural governamental,
acanhada, imagino, pode ter os deixado escaparem. É verdade que
muitos ficaram por aqui. Jayme de Alta vila e realizou uma grande
obra. E até deixou transcrito, num verso, o problema dos que
partiram e dos que ficaram. Intelectuais não surgem do dia para a
noite. São longos anos de preparação e muitas as circunstâncias.
Novos intelectuais surgirão, com certeza, mas terão muito mais
dificuldades”.
Luiz Nogueira em Revista da Academia Alagoana de
Letras, em 1999
778
Guimarães Passos
779
conquistou a roda boêmia da Rua do Ouvidor. Eram poetas,
jornalistas e panfletários, que constituíram a geração de 1886. Lá
estavam Raul Pompéia, Artur Azevedo, Coelho Neto, e aquele que
viria a ser seu amigo irmão: Olavo Bilac, o “príncipe dos poetas
brasileiros”. Guimarães Passos ganhou fama como o poeta da
inspiração fácil, escrevia seus poemas “em um jato de impulso de
sua assombrosa vitalidade (Ranulfo Goulart)”.
780
“Certo ano um dos carros alegóricos do préstito carnavalesco
inspira-se n´O Lenço soneto famoso de Guimarães Passos,
reproduzindo-o ao vivo com quatro beija-flores no alto, carregando o
lenço, entre serpentinas e nuvens de conffeti e fogos coloridos”.
Raimundo Menezes, em Guimarães Passos e sua época
boêmia, Martins São Paulo, 1952
781
O fardão, a tuberculose, o jornalismo e o fim
Em 1990, quatro anos depois de sua posse na academia, a
tuberculose instalou-se definitivamente no corpo do poeta. Sem
ligar para recomendações médicas, nem temporadas em estações
de água termais, Guimarães Passos segue sua vida de boemia e
vive de escrever artigos para os jornais da época como O Malho, O
Mequetrefe, O País – pasquins de muito sucesso na época. Os
amigos o convencem de se tratar na ilha da Madeira, e ainda deram
500 mil reis para as despesas. Depois de passar um tempo na ilha,
“sem melhoras e cheio de enfado e saudades aproveitou os últimos
dinheiros e partiu para a França”. Em um relato dramático,
transcrito pelo seu biógrafo Raimundo Menezes, é possível sentir
como foi a morte estúpida do poeta.
782
restos mortais foram transferidos para o Brasil, uma iniciativa da
Academia Brasileira de Letras, em 28 de dezembro de 1950
Goulart de Andrade
Forte Abandonado
783
De pé, no promontório, encravado na bronca
Penedia, onde o mar atropelado ronca,
Ribomba, estoura, estruge, espoca, estronda, esbarra,
Abandonado avulta o vigia da barra!
Ó naus, podeis entrar! Podeis vir, exilados,
Peixes, que íeis buscar abrigo em outros lados,
Quando o bruto estridor dos canhões sacudia
O fraguedo; e a fumaça o almo esplendor do dia
No firmamento azul, empanava de chofre,
Saturando todo o ar de salitre e de enxofre!
784
Medre e floresça! A brisa em fruto a flor transforme!
Venha o rijo Aquilão soprar a pulmão pleno!
Venha a Lua banhar de luz o terra-pleno
Venha aqui dentro o Sol e esta terra fecunde!
Venha o musgo crescendo e a muralha circunde!
Venha gemer o mar, que espumarento, esbarra
No rochedo em que dorme o vigia da barra!
785
Direito do Recife em 1936. Nesse mesmo ano, tornou-se professor
de Língua Portuguesa e Francesa e de Literatura no Colégio
Estadual de Alagoas. Em seu discurso de posse na Academia
Brasileira de Letras, em 19 de dezembro de 1961, Aurélio revela
sua infância em Alagoas, sua paixão pelo mar, pelas palavras e
pelo Nordeste, sobre a terra de seu antecessor, de quem ocuparia a
cadeira, Austregésilo de Athayde (1898-1993), professor,
jornalista, cronista, ensaísta e orador. Leia trechos do discursos na
ABL.
O mar
786
pesca, mas não houve nada, não, graças a Deus, que São Pedro,
habilidoso que só ele, remendou tudo bem remendado, com sabão”.
As assombrações
As palavras
787
interessado pelo exame dos textos, pela exegese poética, o estudante e
curioso da língua. Assim, Senhores Acadêmicos, antes de agradecer-
vos a generosidade que aqui me trouxe, viajo ao arrepio do tempo,
para revocar à tona dos dias de hoje, por contraste com a iluminação
factícia desta sala, a luz natural de tantas noites de minha infância, e,
mais contrastantemente, o escuro de tantas outras noites, tão gratas
ao João-Galafoice, à Caipora, ao Lobisomem, e a companheiros de
seu fabuloso universo.
As estrepulias de Austragésilo
788
Rio de Janeiro, a pasárgada dos literatos alagoanos
A partir de 1938, Aurélio passa a morar e trabalhar no Rio
de Janeiro, o local preferido dos literatos alagoanos. Aurélio
publicou artigos, contos e crônicas na imprensa carioca. Em 1941,
deu início a seu trabalho de lexicógrafo, colaborando com o
Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa. Em 1942, lançou o
livro de contos Dois Mundos, que foi premiado dois anos depois
pela Academia Brasileira de Letras. Em 1945, casou-se com
Marina Baird. A partir de 1950, começou a escrever para a revista
Seleções do Reader’s Digest, na seção Enriqueça o Seu
Vocabulário. A preocupação com a língua portuguesa e o amor
pelas palavras levou-o a estudar e pesquisar o idioma durante
muitos anos com o objetivo de lançar seu próprio dicionário.
Finalmente, em 1975, foi publicado o Novo Dicionário da Língua
Portuguesa, conhecido como Dicionário Aurélio ou somente
“Aurelião” ou “Aurélio”. Em 1977, publicou o Minidicionário da
Língua Portuguesa, que também é chamado de “Miniaurélio”. Em
1989, lançou o Dicionário Aurélio Infantil da Língua Portuguesa,
com ilustrações do Ziraldo.
789
Brasileira de Letras (ABI), aos 78 anos, na casa de amigos,
enquanto curtia o que viriam a ser suas últimas férias na terra natal
e sua derradeira entrevista. Poucos tempo depois, mestre Aurélio
foi acometido de uma forte crise de pneumonia e teve que voltar às
pressas para o Rio de Janeiro. Aurélio Buarque se recuperava
lentamente na Clínica Bambina. Mas em 29 de fevereiro de 1989 o
mestre não resistiu e faleceu.
790
época, o então emergente escritor Graciliano Ramos. “E chegava
aquele homem mal vestido, com paletó de linho amarfanhado, feito
por algum alfaiate de Palmeira dos Índios. Figura predominante e
malcriada. Gostava de dizer aforismos e palavrões. Acendia um
cigarro atrás do outro.” E ele continuava a falar sobre essa época,
com um certo sorriso nos lábios, sempre assistido de perto pela sua
mulher Marina Baird Ferreira.
Pontes de Miranda
791
Direito e Ciências Sociais (1911) pela Faculdade de Direito do
Recife, mesmo ano em que escreveu seu Ensaio de Psicologia
Jurídica, o qual foi alvo de elogios de Ruy Barbosa. Foi professor
honoris causa da Universidade de São Paulo, Universidade do
Brasil, Universidade do Recife, Universidade Federal de Alagoas,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e
Universidade Federal de Santa Maria (RS). Em sua produção
bibliográfica, 144 volumes dos quais 128 estudos jurídicos,
destaca-se seu Tratado de Direito Privado, obra com 60 volumes e
mais de 30 mil páginas, concluído em 1970. Por duas vezes foi
premiado na década de 1920 pela Academia Brasileira de Letras,
da qual tornou-se imortal em 1979. Pontes de Miranda tinha 87
anos, quando se candidatou à ABL, pela terceira vez, e foi eleito.
Pontes de Miranda foi mais um alagoano a escolher o Rio de
Janeiro, então capital da República, para viver. Chegou em 1912 e
teve o privilégio de conhecer e conviver com José Veríssimo, Rui
Barbosa, Clóvis Beviláqua, Coelho Neto, Lafayette Rodrigues
Pereira, Oswaldo Cruz, Artur Orlando, Carlos de Laet, Oliveira
Lima e, no Itamarati, o Barão do Rio Branco. Seu primeiro livro, À
Margem do Direito, foi escrito em Pernambuco, aos 17 anos e, ao
chegar ao Rio de Janeiro, a Editora Francisco Alves já o tinha
publicado em Paris.
Lêdo Ivo
792
Lêdo Ivo (Maceió, 18 de fevereiro de 1924 — Sevilha, 23
de dezembro de 2012) foi um jornalista, poeta, romancista,
contista, cronista e ensaísta brasileiro. Seu primeiro livro foi As
Imaginações. Fez jornalismo e tradução. Da sua vasta obra,
destacam-se títulos como Ninho de Cobras,A Noite Misteriosa, As
Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões
de um Poeta. Era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito
em 13 de novembro de 1986 para a cadeira 10, sucedendo a
Orígenes Lessa. No discurso de posse Lêdo Ivo falou de seu ofício:
fazer poesia.
793
Infância deixa marcas profundas no poeta
Filho de Floriano Ivo, maçom, e Eurídice, dona de casa
católica, Lêdo Ivo conviveu com 11 irmãos, na região do Centro e
Farol. Estudava no Dom Pedro II, reduto dos estudantes do bairro,
“um colégio exemplar”. Em frente, a grande praça Marechal
Deodoro, o playground da meninada da época. Desta fase o poeta
lembra os passeios, em um Ford bigode que o pai alugava para os
primeiros passeios reveladores, que impressionaram o poeta em
sua infância. Como o dia em que em um passeio de barco pela
lagoa Mundaú conheceu a Ilha de Santa Rita.
794
depois, em 1942, ele volta para Maceió e começa a trabalhar como
repórter no Jornal de Alagoas e Gazeta de Alagoas. Em 1943
transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde termina a faculdade e
trabalha em jornais cariocas, como O Amanhã, dos Diários
Associados, revista Manchete e Diário de Notícias. No Rio
também veio a conhecer sua paixão por toda a vida Lêda. Escreveu
seu primeiro livro de poemas As Imaginações, aos 20 anos. No ano
seguinte, publicou Ode e Elegia, que ganhou o prêmio Olavo
Bilac, da Academia Brasileira de Letras. De lá para cá não parou,
escreveu 27 livros de poesia – um com sua obra completa (Poesia
Completa 1940-2004, Topbooks RJ) – uma autobiografia, cinco
romances, três livros infanto-juvenis. Se tornando, o mais
produtivo e efervescente poeta do Brasil, até sua morte.
O Desastre
A Aurélio Buarque de Hollanda
795
Depois era a praia longa.
Na tarde fria estávamos afundados
E marchávamos
como soldados.
796
seu estilo sagaz, bem humorado, mas certeiro com quem não lhe
agrada tanto.
797
Jorge Amado e João Cabral de Melo Neto. A coleção de Lêdo Ivo
se junta ao acervo do IMS, que já guarda as obras Clarice
Lispector, Orto Lara Resende, Ana Cristina César e Rachel de
Queiroz. O público pode ter acesso pelo site www.ims.com.br. O
jornalista alagoano Fernando Coelho entrevistou Lêdo Ivo, que
falou sobre o fato.
798
para falar sobre “poemas inacabados”, na intensa poesia A
Queimada.
A Queimada
Lêdo Ivo
799
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita.
Patronos (40)
Adriano Jorge
Pedro Paulino da Fonseca
Ambrósio Lira
800
Torquato Cabral
José Alexandre Passos
Ciridião Durval
Cônego Domingos Fulgino
Fausto de Barros
Tavares Bastos
Moreira e Silva
Tomaz Espíndola
José Duarte
Alves de Amorim
Joaquim Cavalcante
Sabino Romariz
Guimarães Passos
Correia de Oliveira
M. J. Fernandes de Barros
Cônego João Machado de Melo
Augusto de Oliveira
801
Aristeu de Andrade
Inácio de Barros Acioli
Ladislau Neto
Dias Cabral
Olímpio Galvão
Barão de Penedo
Roberto Calheiros
Inácio dos Passos
Mesquita das Neves
Messias de Gusmão
Afonso de Mendonça
802
Ranulfo Goulart
Guedes de Miranda
Lima Júnior
Jayme de Altavila
Cipriano Jucá
Luiz Acioli
Fernando Mendes de Oliveira Mendonça
Hermann Byron de Araújo Soares
Carlos Garrido
Fernandes Lima
Orlando Araújo
Gilberto de Andrade
803
Júlio Auto Cruz Oliveira
Américo Melo
Luís Lavenère
Leite e Oiticica
Otávio Gomes
Segundos ocupantes
Costa Rego
José Maria de Melo
Paulo de Castro Silveira
José Francisco da Costa Filho
Abelardo Duarte
Luís de Medeiros Neto
Guiomar Alcides de Castro
Mendonça Júnior
Cléa Marsígilia
Ricardo Ramos
Ferreira Pinto
Raul Lima
José Sílvio Barreto de Macedo
Armando Wücherer
Fernando Iório
Arnon de Melo
Divaldo Suruagy
Oiticica Filho
Teotônio Vilela
804
Ezequias da Rocha
Alves Mata
Manuel Diegues Júnior
Paulo de Albuquerque
Reinaldo Gama
Silvestre Péricles de Goés Monteiro
Eunice Lavenére
Pedro Teixeira Cavalcante
Aurélio Buarque de Holanda
Théo Brandão
Antônio Santos
Cyridião Durval e Silva
Romeu de Avelar
Humberto Cavalcante
Félix Lima Júnior
Luiz Gonzaga Leão
José Pimentel Amorim
José Aloísio Vilela
Carlos Pontes
Augusto Galvão
José da. Silveira Camerino
Terceiros ocupantes
Carlos Moliterno
Humberto Vilela
Teófanes Barros
805
Tobias Medeiros
Arriete Vilela Costa
Margarida de Mesquita
Freitas Cavalcanti
Aloísio Américo Galvão
Lobão Filho
Heliônia Ceres
Marcos Bernardes de Melo
Osman Loureiro
Douglas Apratto
Manoel Wanderley de Gusmão
Ledo Ivo
Ib Gatto Falcão
Ilza do Espírito Santo Porto
Luiz Gutenberg
Francisco Valois
Oliveiros Litrento
Anilda Leão Moliterno
Solange Lages Chalita
Moacir de Medeiros Sant’Ana
José Maria Tenório da Rocha
Aristeu Bulhões
Waldemar Cavalcanti
Ernani Méro
Paulo Malta Ferraz
João Ferreira de Azevedo
João Arnoldo Paranhos Jambo
806
Adalberon Cavalcanti Lins
Gilberto de Macedo
Quartos ocupantes
Quintos ocupantes
807
Humberto Gomes de Barros
José Uberival Alencar Guimarães
Milton Hênio Neto de Gouveia
Ricardo Nogueira Bezerra
Fernando Collor de Melo
Carlito Lima
808
Professor, jornalista, médico. Foi autor do notável livro
Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina nas Alagoas, em que relata a
viagem imperial a Penedo, e outra cidades do Baixo São Francisco,
até a Cachoeira de Paulo Afonso, Maceió e a zona lacustre.
Estudou no Lyceu Alagoano, e teve Arthur Ramos como professor.
Fez Medicina na Bahia, na mesma turma de Nise da Silveira, se
formando em 1926. Quando estudante fundou, em 1923,
juntamente com Artur Ramos, Mário Magalhães da Silveira, João
Lessa Azevedo, Eduardo Santa Rita, entre outros, a Revista
Acadêmica, dedicada à ciência e à literatura, tendo sido publicada
até 1926. Membro da AAL, tendo ocupado a cadeira 5, e membro
da Academia Carioca de Letras.
809
publicado no Jornal de Alagoas. Na imprensa, manteve a coluna
Cipó de Fogo.
810
de Lima, Raul Lima, Aloysio Branco, Mário Brandão e Graciliano
Ramos, que era o mais velho dessa turma. Foi um dos fundadores
da Academia dos Dez Unidos; da Festa da Arte Nova, uma espécie
de Semana de Arte Moderna realizada em apenas um dia; e, por
último, o Grêmio Literário Guimarães Passos, ambiente de poetas
e prosadores que tinham, na época, menos de 25 anos de idade.
Ingressou na imprensa em Maceió, tendo fundado, juntamente com
Waldemar Cavalcanti, Afrânio Mello e outros, em 11 de abril de
1931, a revista literária Novidade. Colaborou, também, no O
Estado, O Jornal de Alagoas, A Vanguarda Proletária, que dirigiu a
partir de janeiro de 1933. Perseguido politicamente, viveu um
período escondido em Maceió, e, ainda, no interior da Bahia, onde
vendia sabonetes. Chegou ao Rio de Janeiro em 1940. Ingressou no
IBGE, como redator, onde realizou vários estudos, entre eles o
Primeiro Censo das Favelas do Rio de Janeiro, em 1950. Era
responsável, no IBGE, pela coleção Retratos do Brasil.
811
Aloísio Machado Bezerra Branco, na vida literária, Aloísio
Branco, nasceu em São Luiz do Quitunde, a 6 de janeiro de 1909 e
morreu em Maceió, a 4 de fevereiro de 1937. Era filho de Lindolfo
Branco Bezerra e Maria Amália Alves Machado. Estudou as
primeiras letras no seu município e os preparatórios no Liceu
Alagoano e no da Paraíba. Foi oficial de gabinete do Secretário
Geral do Estado e, ao falecer, era funcionário da Administração do
Porto de Maceió. Colaborou em todos os jornais e revistas de
Alagoas, na imprensa pernambucana e no Boletim de Ariel, do Rio
de Janeiro. Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife.
Escreveu poesias, contos, crônicas, ensaios, artigos, pois era um
espírito curioso por tudo o que fosse letra de forma. Mas foi como
poeta que o seu nome firmou-se entre os seus companheiros de
geração, embora fosse também uma grande vocação de ensaísta.
812
conhecíamos em matéria de poesia. Ele não foi um inovador, no
sentido rigoroso, mas que deu à nossa poesia provinciana um sentido
novo, urna dimensão diferente, não resta a menor dúvida”.
813
preta e a cabocla. Encarado no seu conjunto o que fere logo a
atenção do observador é a mestiçagem, isto é, o produto do
caldeamento dos três elementos heterogêneos. Esse produto tem no
cabra o seu mais perfeito representante”,
814
Alagoas, e, posteriormente, na sua direção. Foi um dos
organizadores do jornal A Voz do Povo, tendo sido forçado, por
motivos políticos a emigrar para Recife, onde foi editorialista do
Diário de Pernambuco. Regressando a Maceió, exerceu por mais
sete anos as funções de secretário de redação do Jornal de Alagoas,
desempenhando ao mesmo tempo as funções de crítico literário do
referido matutino. Diretor do Departamento Estadual de Cultura a
partir de 1961, cargo que ocupou nos governos Muniz Falcão e
Luís Cavalcante, promoveu a publicação de CADERNOS, com as
séries: "Estudos Alagoanos ", "Reedições DEC”, "Vidas e
Memórias", "Folguedos de Alagoas ", "Estante Alagoana de
Monografia", "Cultura Didática", "Poesia de Sempre" e "Arquivos
Acadêmicos" além de outras atividades culturais de caráter
pioneiro no Estado. Membro da AAL, tendo ocupado a cadeira 38.
Membro honorário da AML
815
Diários Associados. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1930 e
matriculou-se na Faculdade de Direito. Trabalhou no Diário de
Notícias e nos Diários Associados antes da graduação. Em 1936
assumiu a direção da Gazeta de Alagoas e foi membro do conselho
diretor da Associação Brasileira de Imprensa. Após o fim do
Estado Novo ingressou na UDN e foi eleito suplente de deputado
federal em 1945 e exerceu o mandato mediante convocação. Por
esta mesma legenda foi eleito simultaneamente deputado federal e
governador de Alagoas em 1950, optando por este último cargo
onde cumpriu um mandato de cinco anos. Na literatura, participou
do Movimento Modernista com a turma do Grêmio Literário em
Maceió, e sempre arriscava fazer crônicas sobre os livros dos
amigos, como a que escreveu sobre o poema Essa Nêga Fulô, de
Jorge de Lima.
816
Barafunda
817
inclinação era para a literatura. Até 1942, dividiu a banca escolar
com a imprensa pernambucana, trabalhando no Diário de
Pernambuco, Jornal do Comércio e Diário da Manhã. No final de
1942 Breno mudou-se para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso
na Faculdade de Ciências Médicas (1946), especializando-se em
hanseníase. Foi médico da Prefeitura da então Capital Federal.
Breno Accioly morreu prematuramente, aos 45 anos, em seu
modesto apartamento, em Ipanema, no Rio de Janeiro, tinha sido
diagnosticado com esquizofrenia. A professora e escritora, Edilma
Bonfim, lançou o livro Razão Mutilada - Ficção e Loucura em
Breno Accioly, sobre a obra do autor. No prefácio ao livro João
Urso, José Lins do Rego lembra-se do garoto que conheceu no
passado.
818
Carlos Moliterno: paletós e poesias
819
O relógio parou. Parou a vida.
Parou a própria Ilha sonegada,
Nas águas turvas e no céu de chumbo.
...
820
Joaquim Nabuco. Depois dele veio Goulart de Andrade, poeta
parnasiano, também imortal da ABL. Mas o tempo ainda não era
de poetas, mas de gente influente.
821
corrente literária mais influente nessa nova geração. Estão entre os
poetas desse tempo, Ledo Ivo, Jorge de Lima - com seu poema de
adesão ao modernismo O Mundo do Menino Impossível -, Breno
Acioly (ficcionista), Francisco Valois (poeta), Cléa Marsíglia, Luiz
Gonzaga Leão, Moliterno e Anilda Leão.
“Só a partir dos anos 1980 é que surge uma nova safra de
bons poetas, entre eles Lúcia Guiomar, Marcos Farias Costa, José
Geraldo Marques entre outros. Eles têm publicado muita coisa boa.
Alguns com o mau hábito de falar de outras gerações e da própria
Academia Alagoana de Letras. Vejo a nova geração com mais
interesse político que cultural. Quem quiser fazer críticas à realidade
do país é muito melhor escrever em prosa, em material jornalístico do
que na poesia. Escrever poesia é ter um momento lírico e dramático”.
822
levou a participar dos meios intelectuais. Colaborou com revistas
como a Novidade, surgida em 1931 sob a direção de Alberto
Passos Guimarães e Valdemar Cavalcante. Teve grande projeção
nacional e contava com a participação da elite intelectual de
Maceió, a exemplo de Graciliano Ramos e Jorge de Lima. Com 31
anos trabalhava na Imprensa Oficial como revisor, mas já nesta
época era dependente do álcool. Em depoimento, Alzira, sua
mulher, já viúva, revelava: “Logo depois que casei descobri que
não frequentava mais o seu emprego. Saía pronto para o trabalho
todas as manhãs, mas não ia para lá. Ia beber com os amigos de
mesa”. Seu lugar predileto era o Bar Único, na Ladeira do Brito.
Ele justificava: “Escrevo quase bêbado. É a única maneira que
encontro para me colocar dois pés acima do mundo”. Ou ainda,
como explicou para seu amigo J. Silveira: “Corpo e alma se
dependem. A alma quando é de cristal como a nossa, vive da sua
tristeza, dos seus sonhos felizes e das suas mágoas. Possuo assim
dois tipos de trabalhos: os que faço para ganhar, os que faço para
vibrar a alma, para sonhar acordado”. Morreu subitamente em 30
de dezembro de 1941, com apenas 37 anos de idade.
823
seringais. Na volta a Maceió, atendendo ao convite do governador
Fernandes de Lima. Vivia inteiramente para o trabalho e
elaboração de seus livros. Ao mesmo tempo dedicou-se ao
jornalismo, em especial ao jornalismo político, no jornal O
Gutenberg, no qual utilizava o pseudônimo de Gavarni,
participando na campanha contra o governo de Euclides Malta.
Devido a violência da luta política que se estabeleceu em Alagoas,
entre outras consequências viu-se obrigado a se afastar do Estado,
residindo em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde exerceu por
cinco anos a função de guarda-livros. Entre suas obras estão
Indicador Geral do Estado de Alagoas, Casa Ramalho, 1902;
História das Alagoas, (Resumo Didático) prefácio de Aurino
Maciel, Cia. Melhoramentos, São Paulo; O Fim da Epopéia (Notas
Para a História do Acre), Maceió, Tipografia Fernandes, 1925, saiu
em 2ª edição, na série Brasiliana.
Craveiro esquecido
De acordo com o historiador Moacir Sant`Ana, em artigo
escrito para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de
Alagoas, de 1984, nos 50º ano de morte do sócio-fundador e
membro efetivo do instituto, nada saiu na imprensa e nem sequer
no necrológico da revista. “Morreu pobre, vitimado por um
colapso cardíaco, quando se achava em sua mesa de trabalho”. Por
que então este silêncio, esta indiferença em torno do nome do
grande historiador? Moacir relata:
824
“Fomos encontrar num pronunciamento de José Barbosa
Netto, representante de Alagoas no Congresso de Estatística
realizado no Rio de Janeiro, em 1938. “... Craveiro Costa, sociólogo,
panfletário, cronista, historiador, economista, pedagogo, assumira as
proporções de um gigante, a cuja sombra se sentiam inquietos os que
ainda hoje tremem a simples evocação de sua memórias.”
825
ambos publicados pela Edufal. Em 2015, na Bienal Internacional
do Livro de Alagoas, O professor Cícero Péricles relançou o livro
“Formação Histórica de Alagoas”, publicado pela primeira vez na
década de 80. Segundo o pesquisador, as duas primeiras edições
refletiam as notas de leitura daquela época.
Dirceu Lindoso
826
alagoana. Nasceu em Maragogi e só veio a Maceió já adulto, já que
as melhores estradas apontavam para Pernambuco. Estudou no
Colégio Batista do Recife, e depois no exterior. Por sua posição
política e a militância marxista esteve dez meses preso em Maceió.
No dia em que foi libertado, foi embora para o Rio de Janeiro. Ele
foi assessor do Ministro de Educação e Cultura, na área de
Desenvolvimento do Patrimônio Cultural. Membro da Academia
Alagoana de Letras (AAL), onde ocupa a cadeira número um. E é
sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas
(IHGAL). No seu discurso de posse no IHGA, em outubro de
2009, além de dar uma aula de história alagoana ele fez várias
declarações de amor a sua terra, e na última ele fechou: “minha
profissão é ser alagoano”.
827
Dirceu Lindoso, em seu discursos de posse no IHGA.
Revista do IHGA, dezembro, 2005
828
O escritor nasceu em São Miguel dos Campos, foi secretário
de Estado da Educação (1986), fez seus primeiros estudos na sua
cidade natal. Fez o curso colegial em Maceió e o bacharelado em
História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFAL
(1968). Mestrado em História, pela Universidade Federal de
Pernambuco (1976) e doutorado na mesma universidade (1994).
Professor de História Geral e do Brasil, bem como de Geografia,
em diversos colégios e universidades. Foi diretor do Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes da UFAL. Em 1978, se torna
membro da Academia Brasileira de História, da AAL. O escritor
tem mais de 30 livros publicados e premiados, e é colaborador na
imprensa alagoana e nacional. Entre suas principais publicações
estão A Tragédia do Populismo (1995); As Ferrovias em Alagoas.
Estudo da Implantação do Transporte Ferroviário nas Alagoas
Durante o Período Imperial Até o Alvorecer do Período
Republicano, Recife, Ed. Grafbom, 1977; A Sociedade e a Política
Alagoana nas Décadas de 20 e 30, Maceió, Imprensa Universitária,
UFAL, 1977; Capitalismo e Ferrovias no Brasil (As Ferrovias em
Alagoas), Maceió, EDUFAL, 1979; Metamorfose das Oligarquias,
Curitiba, H D Livros, 1997; Caminhos do Açúcar. Engenhos e
Casas-Grandes das Alagoas, Brasília, Senado Federal, 2008
juntamente com Dantas, Carmen Redescobrindo o Passado:
Cartofilia Alagoana, juntamente com Carmen Lúcia Dantas,
Recife, Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2008.
Douglas Apratto é reitor do Centro de Estudos Superiores
(Cesmac).
829
Livro: A Tragédia do Populismo
O historiador e professor Douglas Apratto, 70 anos, é autor
de importantes obras, onde retoma a linhagem dos grandes textos
da historiografia alagoana, com pesquisa de fôlego e escrita
científica, mas com um novo estilo de contar os fatos, “sejam eles
dramáticos, empolgantes, grandiosos e humanos” ou trágicos,
como no seu livro A Tragédia do Populismo (1994). A obra retrata
o período do impeachment do governador Muniz Falcão (1957),
tendo como pano de fundo o comportamento da elite política
alagoana, considerada um marco na história política do estado.
“Quatro décadas separam-nos do governo Muniz Falcão e
serenadas agora as paixões, começa a aparecer no grande quadro
político alagoano detalhes e nuances que têm, na pena privilegiada
de Douglas Apratto Tenório, uma ótica científica com a máximo
rigor da metodologia histórica. Sua formação humanística,
entretanto, deu também a este livro um sabor clássico”. Armando
Souto Maior, no prefácio da edição. Veja trechos do capítulo II,
Uma tragédia anunciada.
830
socorro surgiam dos muitos feridos”. Mais de mil tiros foram
disparados, inclusive alguns de fora para dentro”.
831
parecer sobre as reformas dos serviços policiais portugueses,
agradece e não aceita. Dedica-se ao jornalismo. Sua morte precoce,
vítima de tuberculose, na Suíça em dois de novembro de 1925,
com 46 anos incompletos, deixou um espaço vazio na cultura
brasileira.
832
“História da Educação Superior em Alagoas de suas Origens ao
Século XXI”, foi lançado na Bienal do Livro de Alagoas, em
novembro de 2104.
833
Diretório Acadêmico de Letras onde enfrentou, junto com a
professora Jarede Viana, o Comando de Caça aos Comunistas
(CCC). Casado desde 1970 com Ivanilda Soares de Gusmão
Verçosa, também Professora e que conheceu na militância
estudantil e política, tem dois filhos: Elcio de Gusmão Verçosa
Filho e Catarina Soares de Gusmão Verçosa e um neto, Diógenes
Verçosa Domed. Aposentou-se da UFAL em 2006, após 35 anos
de serviço. Recebeu da comunidade acadêmica da UFAL o
honroso título de Professor Emérito. Em 2004, recebeu o título de
Cidadão de Maceió, outorgado pela Câmara de Vereadores, por
iniciativa do Vereador Thomaz Beltrão. Atualmente, é
coordenador Acadêmico da Faculdade SEUNE e professor de
Sociologia do Direito no Curso de Direito naquela instituição
universitária.
834
Moreira (Barão de Penedo). Lima Júnior é da AAL, onde
ingressou em 1957. Ele esquadrinhou o passado, e trouxe para
presente, por meios de perfis literários Tiradentes, Pedro II,
Floriano Peixoto, Rio Branco, Caixas, Varnhagem, Delmiro
Gouveia, Gilberto Freyre. Ele nasceu em um casarão na rua do
Comércio, a mais tradicional do Centro de hoje, que em seu tempo
ouvia os o barulho dos carros de boi “varando os silêncios das
argentinas madrugadas e dos soturnos magismos das noites
largas”.
“Félix mergulhava fundo, nas águas por vezes bem turvas dos
mares da historiografia pátria e de lá, à superfície surdindo, as mãos
pejadas trazia das mais preciosas gemas e marcantes eventos
sócio/históricos da sua terra querida”.
835
Econômica Federal em Alagoas e em 1970 é designado gerente da
agência central daquela Caixa em Alagoas, chegando em 1971 até
1981, quando se aposenta por tempo de serviço. Em 1983 assume a
editoria do suplemento literário Tribuna Cultural do jornal
Tribuna de Alagoas. Em 1987, é nomeado subsecretário da
Secretaria de Cultura. Em 1996, assume a editoria de Cultura,
suplemento literário do jornal O Diário, e, em 1998, passa a
coordenar a página literária de Letras & Artes de O Jornal. Nesse
ano é nomeado chefe de gabinete da Secretaria da Cultura e passa a
integrar o Conselho Estadual de Cultura, permanecendo em ambos
até 31 de dezembro daquele ano. Membro da AAL, empossado em
1972, onde ocupa a cadeira 24, bem como da Academia de Letras e
Artes do Nordeste. Sócio do IHGAL, empossado em 1986. Obras:
O Grito, Maceió,1952; Testamento Poético de Jorge de Lima,
1958; Rosa da Manhã Nascente, SERGASA 1979; A Noite
Reinventada, Edições Catavento, 2001. Foi na revista da Academia
Alagoana de Letras que ele desfilou suas poesias, como
colaborador assíduo.
A noite reinventada
836
na quietude do campo serenado
e sugere um veleiro que alvorece,
na solidão do porto abandonado:
837
escritores locais arregimentado para recebê-lo. Todos
acompanharam Jorge de Lima em uma espécie de passeio turístico,
onde o convidado ilustre matou saudades da paisagem da Lagoa
Mundaú e da culinária alagoana, em especial do sururu, um de seus
pratos prediletos. “A partir deste dia, começamos uma grande
amizade. Num momento em que ficamos a sós, no Park Hotel, no
Centro de Maceió, onde ele estava hospedado, o Jorge me mostrou os
originais de Invenção de Orfeu”. O último encontro dos dois
aconteceria no ano seguinte, em 1953, alguns meses antes da morte
de Jorge, em Recife. Jorge viera descansar na casa do irmão, Mateos
de Lima, no Recife, e pediu para que Valois viajasse até a capital
pernambucana a fim de que pudessem se encontrar.
838
Federal de Alagoas. Com mais de 15 livros publicados, em títulos
que compreendem medicina legal, física contemporânea, política,
literatura, poesia, psicologia e criminalidade; e o famoso ensaio
que escreveu com Gilberto Freyre, Casa Grande & Senzala - Obra
Didática? Rio de Janeiro, Cátedra, Brasília, INL, 1979. Foi um dos
mais assíduos colaboradores da revista da Academia Alagoana de
Letras. Com estilo erudito, ele escreveu de tudo na revista, ensaios
desde a filosofia da história de Santo Agostinho e poesia, como
esse desfecho do artigo O Universo Imaginário da poesia, um hino
de amor aos versos.
839
Silveira, Abelardo Duarte, Ib Gatto e tantos outros. É
impressionante sua atualidade quando se fala em saúde mental, e
seu contexto social e político. Em 1988, na revista Última Palavra,
de Maceió, Gilberto de Macedo participou de uma mesa redonda
sobre a saúde mental do alagoano e do brasileiro - que teve o título
A nossa loucura - O Brasil não vai bem da cabeça, diagnóstico de
psiquiatras alagoanos – ilustradada pelo jornalista Ênio Lins (uma
charge do mapa de Alagoas sentado no divã) e coordenada pelo
jornalista Mário Lima. Tudo que ele disse, 27 anos depois, é como
se estivesse no presente.
840
Gilberto Macedo – O problema da injustiça social. O que se vê
é a Constituinte fazer suas regras e partir de interesses partidários
que representam grupos. Não bastam eleições diretas, nem
democracia participativa. É preciso que a pessoa que vote esteja bem
informada e adquira uma consciência social. Poder escolher sem
influências sugestivas e o que é pior, pela compra de voto. A compra
do voto é muito pior que a ditadura velada, pois apenas aparenta
democracia, mas não passa de um jogo de manipulação de massas.
Muito pior que a violência física é a violência simbólica do engano,
das imagens forjadas, das noticias pré-fabricadas, que infelizmente é
o que está ocorrendo. Vivemos em uma sociedade mascarada, com
aparência de democracia.
Ivan Barros: resistência na literatura alagoana
841
sua coleção objetos e documentos preciosos do mestre Graça.
Apesar de não ter nascido em Palmeira dos Índios, foi nesta cidade
que Graciliano Ramos, natural de Quebrangulo, viveu a maior
parte do tempo em que esteve em Alagoas, entre 1910 e 1932. A
paixão pela cidade é retratada em diversas obras do escritor, como
Caetés (1933), São Bernardo (1934) e Vidas Secas (1938). Essa
trajetória inspirou o livro Roteiro Sentimental de Ivan Barros,
autor de três títulos sobre o Mestre Graça.
842
história para contar. Depois de estudar no Grupo Escolar Diégues
Júnior, no Colégio Guido de Fontgalland, Colégio Nóbrega, no
Recife, e no Liceu Alagoano, José Fernando ingressa, em 1949, na
Escola Preparatória do Exército, em Fortaleza, e depois na
Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), de onde
sai aspirante a oficial. Segue carreira no Exército até 1987, quando
se aposenta como coronel. A partir daí começa sua carreira
literária, como diretor da Biblioteca do Exército – onde lança
livros clássicos como A Grande Barreira - Os Militares e a
Esquerda Radical no Brasil: 1930-1968, em 1998, que se tornou
uma bíblia para os militares e políticos que apoiaram o golpe de
1964. Em Alagoas, é escolhido como membro do Instituto
Histórico e Geográfico, na cadeira da qual o patrono é o Barão de
Penedo. Entre sua produção cultural destacam-se obras como “A
Saga do Barcaceiro”, de 1994, sobre o ciclo das águas e seus
personagens; Histórias do Velho Jaraguá, com prefácio de Luiz
Nogueira de Barros, em 1998. E se aventurou também por
biografias, com as de Emílio de Maya e Solano Lopes, e relatos de
fatos históricos com a Guerra de Canudos, a Guerra Fria.
843
seminários como o de Jornalismo Internacional da Universidade de
Stanford - Estados Unidos, chegando ainda a estagiar no jornal The
Washington Post. Com um vasto currículo, começou cedo, aos 15
anos na Gazeta de Alagoas, como repórter. Trabalhou na revista
Manchete e no Jornal do Brasil, do Rio, foi editor-assistente da
revista Veja, em São Paulo, analista político e diretor da Rede
Bandeirante. Publicou obras de grande sucesso de público, entre
elas “O Jogo da Gata Parida” e “Rendez-vous no Itamaraty”. Seu
talento como jornalista aproximou-o do mundo político nacional, o
que resultou na publicação da biografia de alguns senadores, como
a de Pedro Simon. No teatro, Gutemberg escreveu as peças “Auto
da Perseguição e Morte do Mateu”, “O Homem que enganou o
diabo... e ainda pediu troco”, “Auto da lapinha Mágica” e “O
Processo Crispim”. Em 1955 começa a trabalhar no jornal A
Gazeta de Alagoas. Entra para a Faculdade de Direito em 1956,
porém, mudando-se, no ano seguinte, para o Rio de Janeiro,
interrompe o curso, o qual só iria retomar seis anos depois,
formando-se em 1967. Trabalha como repórter e redator em
diversos jornais do Rio, tais como Diário de Notícias, Tribuna da
Imprensa e Jornal do Brasil e nas revistas Manchete e Mundo
Ilustrado. Regressa em 1961, a Maceió, no Governo Luiz
Cavalcante, como Chefe da Casa Civil. Gutemberg mora em
Brasília desde 1970, onde dirige as Edições Dédalo. Ele diz por
que deixou Alagoas.
844
mim, que estava morando em Maceió, me chamaram e lá fui me
incorporar ao grupo de fundador da Veja, em São Paulo, como editor
assistente. Fui e não voltei mais, salvo para visitas rápidas e
inesquecíveis férias de verão, a cada janeiro. Na verdade, esta foi
apenas a segunda e definitiva saída. A primeira deu-se em 1957, aos
18 anos, quando – com a cara e a coragem – emigrei para o Rio de
Janeiro para cumprir minha vocação de jornalista: desde os 16 anos
trabalhava na Gazeta e não resisti à tentação de experimentar a
grande imprensa nacional do eixo Rio-São Paulo. Precisei apenas de
uma semana para conquistar meu primeiro emprego, na revista
Manchete, que vivia seu apogeu, e de onde me transferi para o Jornal
do Brasil, que estava sendo modernizado por Odylo Costa Filho, e
onde vivi minha grande experiência profissional. Mas sempre, como
até hoje, não consigo esquecer Alagoas, meu coração, esteja onde
estiver, está sempre em Maceió”.
845
política; Execuções Sumárias e Grupos de Extermínio em Alagoas
(1975-1998); Rubens Colaço: Paixão e vida – A trajetória de um
líder sindical; Mozart Damasceno, o bom burguês; O PCB em
Alagoas: Documentos (1982-1990); Dênis Agra: um Jornalista em
Defesa da Liberdade (2014), e seu mais recente livro Jayme
Miranda, um revolucionário brasileiro, Editora Bagaço, 2015.
Majella veio de uma família de classe média baixa, pai
comerciante do interior e mãe professora primária da rede estadual.
Ainda jovem, ele conheceu poetas, cantores, cantoras, artistas,
atores de teatro e jovens rebeldes que desafiavam como podiam a
ditadura militar ou mesmo transgrediam as normas de condutas
sociais da época. Ao fazer 50 anos, Majella falou sobre seu tempo
de militante, tempos difíceis de enfretamento à ditadura.
846
tráfico de influência e à distribuição de benesses – na maioria das
vezes públicas: são favores, empregos etc. Transitar nesse ambiente
foi um rito de passagem para o amadurecimento que chegou em meio
às lutas, com derrotas e vitórias.
847
“Eu trago a minha terra nos meus olhos
Minha terra é morena como as arvores sertanejas
Minha terra tem os cabelos verdes como os coqueirais
Eu trago minha terra em meus ouvidos
Minha terra é sonora como o sabiá da mata
Eu trago a minha terra em meu olfato
Minha terra cheira a mel quente dos engenhos
Eu trago a minha terra nos meus lábios
Minha terra é saborosa como os frutos de nossas arvores
Eu trago a minha terra bem dentro do coração
Minha terra é formosa; boa e hospitaleira
Minha terra é para mim/O pedaço melhor da terra brasileira”
848
de Alagoas, também lhe concedeu o título de Honoris Causa, por
notório saber. É autor de obras importantes como A História do
Modernismo em Alagoas (1980); Contribuição à História do
Açúcar de Alagoas (1970); História da Imprensa em Alagoas:
1831-1981 (1987); Efemérides Alagoanas (1992).
849
com Caretas de Maceió, em 1922, poesias humorísticas sobre
costumes e personalidades locais, inicialmente publicadas em O
Bacurau. Sócio fundador da Academia Alagoana de Letras,
ocupando a cadeira 25. Transferiu-se para São Paulo em 1924,
onde foi secretário da revista Arquivos da Polícia Civil de São
Paulo, órgão da Secretaria de Segurança, em São Paulo, atuou na
Revista do Brasil, de Monteiro Lobato, e, na imprensa diária, nos
jornais: Gazeta, onde dirigiu A Gazeta Infantil, (SP), O Estado de
São Paulo, Jornal do Comércio e nas revistas Comentário, Revista
Oriente e A Época.
Bebedouro
Judas Isgorogota
850
Desconversemos... não convém lembrar.
851
período ocupou a Presidência do Conselho Estadual de Educação.
Em 1971, o Papa Paulo VI concordou com sua Reductio Ad
Statum Laicum, tendo, então se casado com a professora Andréa
Maria Coelho da Paz de Medeiros Neto. Entre as suas obras estão
Versos e Rima, 1941 (poesia); História do São Francisco, Maceió,
Casa Ramalho, 1941.
852
Fundação Teatro Deodoro o Mérito Cultural, face aos seus
préstimos de benemerência a essa entidade. Em 1991, lança mais
uma obra: “Visão Social do Evangelho”. Dois livros de Luiz
Torres foram lançados in memoriam: “Roteiro Sentimental de
Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios”, em parceria com o
também palmeirense Ivan Bezerra de Barros, em 1992. Luiz Torres
deixou várias obras concluídas, mas não publicadas: “Eu e o
Amor”; “Socorro, não quero ser padre”; “O Catolicismo e sua
influência em Palmeira dos Índios”; “Estou Baleado, me acudam”;
“Vereadores e Prefeitos desde 1838”; “Jornais Palmeirenses desde
1865”; e “A cidade do Amor”, onde narra a lenda da fundação de
Palmeira dos Índios.
853
1971, funda o Museu Xucurus de História, Artes e Costumes, e
nele coloca todos os materiais pertencentes ao passado,
encontrados por ele, além de arrecadar junto à população outros
instrumentos pertencentes às famílias mais tradicionais da taba
xucuru/kariri. Em 1966, o então prefeito José Duarte Marques
sanciona a lei 691, onde determinava como símbolos oficiais da
cidade de Palmeira dos Índios, o Hino, o Brasão e a Bandeira
confeccionados por Luiz Torres em co-parceria com outros
palmeirenses. Em 1988, produziu e dirigiu um documentário sobre
a lenda da fundação da cidade de Palmeira dos Índios, em VHS,
tendo como protagonistas os próprios descendentes dos índios
xucuru/kariri. Em 1989, filma a história do fundador da primeira
tipografia da Vila de Palmeira dos Índios, bem como a fundação do
seu primeiro jornal.
854
1939, radicou-se no Rio de Janeiro e trabalhou na Secretaria Geral
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Exerceu
o cargo de Diretor Geral do Departamento Estadual de Estatística
dos Estados do Espírito Santo (1940) e de Alagoas (1942). Em
1945, foi eleito membro da Comissão Nacional de Folclore do
Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC), órgão
da Unesco. Entre 1958 e 1979, exerceu o cargo de Diretor do
Centro Latino-Americano de Pesquisas em Ciências Sociais e do
Departamento de Ações Culturais do Ministério da Educação. Foi
professor de Antropologia Cultural e Antropologia no Brasil e
diretor do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Sua maior obra é O
bangüê nas Alagoas, traços da influência do sistema econômico do
engenho de açúcar na vida e na cultura regional (1949).
855
Manoel Diegues Júnior, em O Banguê nas Alagoas, edição
Edufal – 1980
856
Moreno Brandão (1875-1938)
857
Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e membro da
Academia Alagoana de Letras. Autor de vasta obra literária.
“A sua obra é tão vasta que não cabe, nem só enunciá-la, nos
limites de um discurso. Prosador, poeta, romancista, orador,
jornalista, filólogo, historiógrafo, só um livro poderia comportar o
índice de sua prodoção. Romances, deixou seis; contos, sem conta;
estudos alagoanos, ele próprio os denominou, 21... Além de tantos
outros não catalogados. Ainda ultimamente tinha em mãos de
editoras algumas obras, cujos nomes ainda não conheço”.
Milton Hênio
858
Brasileira, da Sociedade Médica de Alagoas, da Sociedade de
Pediatria de Alagoas, da Academia Americana de Pediatria. Sócio
do IHGA, desde 1991, onde ocupa a cadeira 43, da qual é patrono
Aníbal Falcão Lima. Obras: Medicina e Vida, Maceió, SERGASA,
1991; Pequeno Dicionário de um Pediatra, Maceió, Ed. Catavento,
1999; Sempre aos Domingos, Maceió, Ed. Catavento, 2001;
Sempre aos Domingos 2. Crônicas, Maceió, Imprensa Oficial e
Gráfica Graciliano Ramos, 2006. Tem mais de 500 artigos,
publicados na A Gazeta de Alagoas sobre assuntos relacionados
com a criança em seus mais variados aspectos.
859
romance é também um verdadeiro libelo que mistura lirismo e o
resgate histórico de Domingos Fernandes Calabar, em que o autor
reconstrói – batalha por batalha – a vida e morte do herói alagoano.
Romeu penetra no manancial histórico, nos arquivos, nos pontos
de vista antagônicos, e o mais importante: ele percorreu os locais
onde foram travadas as guerrilhas, e mostra com precisão de
detalhes cada movimento das tropas, do começo ao fim do livro,
do começo ao fim da guerra. Da primeira batalha até a última,
quando Calabar foi capturado e decapitado.
Livro proibido
Romeu foi o primeiro a escrever um livro sobre o
personagem Calabar (a primeira edição original foi bancada pelo
próprio autor em 1938), contestando a ideia de que Calabar teria
sido um traidor. Na época foi considerado subversivo e apreendido
pelas autoridades. Nele, o autor corajosamente argumenta que
Domingos Calabar, por ter sido brasileiro a gritar por liberdade no
Brasil, antes de Tiradentes, Frei Caneca, entre outros esconjurados,
e teve todo o direito de escolher de que lado lutar. Avelar nos
mostra ainda um Calabar não apenas corajoso, mas também um
patriota. Segundo o autor, “Domingos Fernandes Calabar foi um
insurreto e um clarividente que se antecipou à revolução histórica e
liberal do Brasil”.
Jornalista e biógrafo
Romeu de Avelar nasceu em São Miguel dos Campos e
morreu em Leopoldina, Minas Gerais, em um acidente de
860
automóvel. Seu nome verdadeiro era Luís de Araújo Morais. Foi
um dos responsáveis pelo lançamento em 1914 da Revista Frou-
Frou e também diretor de jornais e revistas em Maceió como A
Imprensa e o Diário de Maceió. O escritor alagoano escreveu
também contos, peças de teatro, crônicas, um romance do cárcere
(À sombra do presídio, 1928) e a biografia do General Góis
Monteiro. Membro da Academia Alagoana de Letras, onde ocupou
a cadeira 32.
861
redator do Jornal de Alagoas e depois da Gazeta de Notícias.
Nomeado secretário da prefeitura de Maceió aos 20 anos, não
deixou o jornalismo de lado. Pelo órgão da Arquidiocese ‘O
Semeador’, liderou em 1924, em Maceió, a Semana de Arte
Moderna, da qual participaram, entre outros, Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, Carlos Paurílio, Aluísio Branco e Lourenço
Peixoto.
862
de redação, no Recife. Dois anos mais tarde voltou para sua terra
natal, onde dirigiu a Gazeta de Alagoas, de Maceió. Valdemar
também foi membro honorário da Academia Francesa de Letras e
levantou, em 1965, o Prêmio Jabuti, como Melhor Crítica com o
Noticiário Literário, além do consagrado Prêmio Machado de
Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), principal
premiação literária no país, além do prêmio Estácio de Sá de
Literatura em 78, entre outros. Membro da Academia Alagoana de
Letras (AAL), onde ocupou a cadeira 32, publicou em 1960 o seu
único livro, ‘Jornal Literário’, pela José Olympio. O acervo de
mais de 80 mil títulos, herança de sua vida dedicada à literatura e
ao jornalismo, foi doado à biblioteca da Casa de Rui Barbosa, em
Botafogo.
863
Novidade, no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGA),
e fez um apurado estudo sobre a coleção.
864
dezesseis páginas, de 11 de abril a 26 de setembro de 1931, com
periodicidade semanal. A revista Klaxon, de São Paulo, a primeira
revista modernista, de Mário de Andrade, Oswald de Andrade,
Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, dentre outros, durou nove
números (1922), e A Revista, de Belo Horizonte, de Carlos
Drummond de Andrade, Emílio Moura, João Alphonsus, Pedro
Nava, Abgar Renault, publicou três números (1925-1926).
865
Graciliano Ramos
José Lins do Rego
Jorge de Lima
Murilo Mendes
Álvaro Lins
Aurélio Buarque de Holanda
Santa Rosa Júnior
Valdemar Cavalcanti
Alberto Passos Guimarães
Carlos Paurílio
Aloísio Branco
Manuel Diégues Júnior
Raul Lima
Ib Gato (1914-2008)
866
Serviço Social no governo José de Medeiros Tavares. Sócio do
IHGA, empossado em 1949 na cadeira 3, da qual é patrono Osório
Gato. Membro da AAL, tendo sido eleito seu presidente em 1998,
sendo reeleito sucessivamente. Entre 1970 e 1974 foi Diretor da
Escola de Ciências Médicas, sendo hoje professor emérito da
instituição, como também da UFAL.
867
convivendo com os mais destacados elementos da sociedade
alagoana, que o estimavam e o respeitavam. Estudioso de tudo
quanto se referia e interessava a nossa terra. Morreu serenamente,
com a consciência tranquila, pois cumprira na Terra e, dedicado,
servira a sua pequena província”.
868
pedagógico. Foi ele quem sistematizou os mapas de Alagoas. Toda
essa divisão em mesorregiões foi ele quem iniciou. Entre inúmeras
notas, cartilhas didáticas e artigos científicos, dois livros de Ivan
Fernandes Lima merecem ser destacados. O primeiro, Maceió - A
Cidade Restinga - é uma obra extremamente técnica sobre a
formação geomorfológica da cidade, lançado em 1961, que serviu
de tese para a admissão do geógrafo como professor no tradicional
Lyceu Alagoano: e o clássico Geografia de Alagoas, livro didático
lançado em 1965, veio como uma obra geográfica de porte. Ampla
e abrangente, e foi utilizada como base para o ensino da geografia
de Alagoas nas escolas da rede pública da década de 60.
869
em 1954, aos 15 anos de idade. Ela foi a primeira mulher a
trabalhar em uma redação de jornal em Maceió como jornalista.
Depois disso morou em muitos lugares e passou por diversas
redações. Em 1980, afastou-se do jornalismo e se casou com o
mineiro Nilo Pereira, indo morar no interior de Minas Gerais.
Arlene se aposentou precocemente devido a problemas
cardiovasculares. Afastada das redações, passou a dedicar-se à
literatura dando seguimento a uma carreira iniciada em 1966
quando lançou “A Hora Presente”, que foi relançado em janeiro de
2004. As obras que se seguiram foram: “Perfis” (crônicas), em
1991, sobre a imprensa alagoana dos anos 50 e 60; “Histórias Bem
Contadas” (crônicas), em 2000; “Os Colibris em Festa (poesia) e
“Retratos da Vida” (crônicas), ambos em 2006. Arlene Miranda
fez ainda parte da Academia Maceioense de Letras e do grupo
literário Movimento da Palavra. Em seu terceiro livro, Histórias
Bem Contadas, de 2000, ela fala de c casos pitorescos em sua vida,
inclusive um pedido de casamento que lhe fez o jogador Pelé, em
1958, no Recife.
870
Acaieme, que ficou no primeiro número. Publicou: Sarabanda,
Maceió, Editora Caeté, 1951, (poema em prosa); Difícil reino
amar, Maceió, SENAC/DAC, 196- (poesia); Jarro de porcelana,
ilustrações de Roberto Lopes, Maceió, SERGASA, [s.d.] (poesia):
Luminária, Maceió, DAC/SENEC, SERGASA, 1974 (poesia);
Quarteto do tempo, Maceió, 1968, (poesia); Cânticos da terra, São
Paulo, 1956, prêmio no concurso feminino de poesia, em 1956, de
A Gazeta, de São Paulo; Poemas e baladas, Rio de Janeiro, Edições
Leitura, 196- (poesia), entre outros. “Cléa Marsiglia é um poeta de
rara leveza, retirando a poesia da pura sensação. É uma pena
conhecer uma poeta tão sutil com tanto atraso e mesmo que ela vindo
da terra de dois outros dois grandes poetas (Jorge de Lima e Lêdo
Ivo), não seja festejada nacionalmente”.
871
o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem com o
título: “As memórias que Graciliano não escreveu”. Clara acusava
a mãe, Heloísa, e o irmão Ricardo de ter permitido a interferência
na obra do pai. Cobrava deles a entrega dos outros capítulos
manuscritos. Clara morreu em 1993, aos 71 anos, sem ter se
reconciliado com os familiares. Ela ainda acreditava que o livro
fora alterado pelos comunistas.
872
especializou-se em História do Brasil e fez mestrado em Literatura
Brasileira pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Enveredou pelo caminho do magistério e notabilizou-se pela
especial proficiência com que lecionou História da Arte, na UFAL.
Trabalhou no Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de
Educação de Alagoas (DAC), juntamente com a diretora Solange
Chalita, realizaram o 1° Festival de Cinema de Penedo e o Festival
de Verão (arte) de Marechal Deodoro. Cármen Lúcia recebera
convite do Reitor da UFAL, Rogério Moura Pinheiro, para
recuperar o Museu Théo Brandão. Aceitou o desafio e exerceu
com êxito a missão. Conseguira recursos para restauração do
prédio, instalação do acervo e a manutenção do Museu.
873
em 1992, com a dissertação Uma Representação Poética do
Discurso Amoroso em Fantasia e Avesso, de Arriete Vilela.
Doutora em Letras, pela UFAL (2000), tendo defendido a tese
Razão Mutilada: Uma Visão Junguiana da Loucura em João Urso,
de Breno Acccioly. Professora de Teoria da Literatura e Literatura
Portuguesa na UFAL, desde 1995. Consultora, CESMAC, desde
2008. Membro do corpo editorial da Entre Aberta - Revista do
Centro de Estudos Superiores de Maceió, desde 2008. Ingressou na
ALANE, em 2007, ocupando a cadeira 137, cujo patrono é o
contista Breno Accioly. Edilma lançou recentemente mais uma
edição do livro Razão Mutilada - Ficção e Loucura em Breno
Accioly, de 2005.
Enaura Quixabeira
874
sócia efetiva da Academia Alagoana de Letras. Foi agraciada em
2008 com a comenda Nise da Silveira, conferida pelo Governo do
Estado. A escritora já conta com 10 livros publicados, dentre eles
"Do traje ao Ultraje” e "Lúcio Cardoso: paixão e morte na
Literatura brasileira", além de vasta produção científica. Ela
atualmente coordena o núcleo do Programa de Pesquisas do
CESMAC. “Eu amo a literatura porque as piores coisas da vida,
com o toque da arte, se transformam; elas se transfiguram e isso é
maravilhoso. E através da arte fugimos deste mundo banal e dessa
realidade fria”, diz, destacando a obra “Lúcio Cardoso - Paixão e
Morte na Literatura Brasileira”, como sendo o seu trabalho mais
acabado.
875
e organizou vários de crítica (solo ou em colaboração). Atualmente
organiza (em colaboração) uma antologia intitulada Traduções da
cultura: perspectivas críticas feministas. Formada em Letras pela
Universidade Federal da Paraíba, Izabel Brandão possui mestrado
em inglês e literaturas correspondentes pela Universidade Federal
de Santa Catarina, doutorado em literatura inglesa pela University
of Sheffield, Inglaterra, e pós-doutorado na Universidade Federal
de Minas Gerais. Atualmente é professora da Faculdade de Letras
da Universidade Federal de Alagoas, No lançamento de seu
terceiro livro, “As Horas da minha Alegria”, em março de 2014,
onde conta em versos sua vivência por onde passou, ela crava sua
paixão por Alagoas.
876
Guiomar de Castro (1923-1992)
877
Professora, jornalista, escritora, poetisa e contista, Heliônia
Ceres é licenciada em Letras Neolatinas pela Faculdade de
Filosofia do Recife (1952). Ingressa no jornalismo, em 1957, ainda
no Recife. Fez cursos de especialização em Língua e Literatura
Italiana, no Instituto Italiano de Cultura (1964), no Rio de Janeiro,
de Teoria da Literatura, na Universidade Federal de Minas Gerais
(1972); em Literatura Brasileira, Universidade de São Paulo
(1975). Lecionou Língua Francesa no Colégio Santíssimo
Sacramento (1953) e professora titular de Português e Francês no
Colégio Estadual Moreira e Silva (1957-63). Professora Língua e
Literatura Italiana, UFAL (1961-73). Sócia do IHGAL, tendo
tomado posse em 1994, na cadeira 14. Membro da AAL onde
ocupou a cadeira 12. Membro, ainda, do Grupo Literário de
Alagoas e da Associação Alagoana pelo Progresso Feminino, da
qual foi vice-presidente. Academia Brasileira de Letras (sócia-
correspondente); Pen Club do Brasil (sócia-correspondente);
Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Femininos.
878
Vera Romariz, no artigo Resgatando Heliônia Ceres dez
anos depois: enfim! De Edilma Acioli Bomfim, em Gazeta de
Alagoas, Caderno Saber, 4/7/2009
879
Ilza Porto (1919-2004)
880
Chalita, e com este mesmo conto, de Os Contos de Alagoas - Uma
Antologia, de Antônio S. Mendonça Neto, Maceió, Ed. Catavento,
2001. Escreveu, por vários anos, crônicas dominicais na Gazeta de
Alagoas, tendo, no mesmo jornal, dirigido a Gazeta Literária. É
uma das alagoanas citadas no Dicionário Crítico de Escritoras
Brasileiras (1711-2001) de Nely Coelho.
881
da Mãe de Deus: Um Estudo do Movimento Religioso de Juazeiro
do Norte, que teve sua primeira publicação, com o mesmo título,
em 1988, pela editora Francisco Alves. Ao retornar aos estudos
acadêmicos na década de 1990, a autora continuou se dedicando ao
universo sertanejo ao analisar o cangaceirismo como objeto de sua
tese de doutorado. A tese recebeu o título de A Derradeira Gesta:
Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão e foi publicada em
2000, pela editora Mauad em coedição com a FAPERJ. Por Selmo
Nascimento da Silva, no artigo “As contribuições de Luitgarde
Oliveira Cavalcanti Barros para os estudos do universo social e
cultural do sertão nordestino, 2011”, em Perspectiva Sociológica.
Leda Almeida
882
do Ministério da Educação (1985-89). Diretora geral do Museu
Théo Brandão (2004-10). Curadoria Do Memorial Ledo Ivo Da
Literartura Alagoana. 2009 e Instalação da Sala de Memória do
Hospital Universitário da Ufal 2009. Obras: Cidadania: Que Bicho
é Esse? , ilustrações de Tiago Amaral, Maceió, Ed. Catavento,
1997; Piaget e Freud: um Encontro Possível?, Maceió, Edufal
1997, juntamente com Heliane Leitão; A História de Maceió Para
Crianças, juntamente com Sandra Lúcia dos Santos Lira,
ilustrações de Ênio Lins e Tiago Amaral, Maceió, Catavento, 1998;
Rupturas e Permanências em Alagoas. O 17 de Julho de 1977 em
Questão, Maceió, Ed. Catavento, 1999, prêmio da AAL, 2000.
Entre outros.
ROMANCE ALAGOANO
883
“O folhetim contribuiu para a propagação da literatura em
Alagoas, ou seja, a publicação fragmentada de uma obra diariamente
nos rodapés dos jornais. No ano de 1858, em Alagoas, possivelmente,
o romance já era um gênero bastante difundido. Pelo menos isto é o
que se depreende inclusive na leitura da coluna `A Viola´, do nosso
primeiro jornal de publicação diária, O Diário de Alagoas, assinada
com o pseudônimo. Em Alagoas, a mais recuada referência sobre
romance escrito por alagoano situa-se entre 1869 e 1870. Disputam a
primazia o Mendigo, assinado por um presumível João Dionísio, e
Isaura, de Antonio Duarte Leite da Silva (1870). Em seguida, uma
sucessão de ficcionistas surgiu na literatura local, tendo a maioria
deles, nos fins do século XIX, inspirados no romantismo e publicado
em capítulos nos jornais. Em 1886, a Tipografia Mercantil editou em
Maceió, reunindo em volume único os fragmentos publicados em
jornal, em 1885, do primeiro romance de costumes alagoanos, A
Filha do Barão, de Pedro Nolasco Maciel. Na ficção alagoana do
século XX, de seu inicio aos dias atuais, encontram-se as mais
diversas tendências, desde realismo, naturalismo, regionalismo,
modernismo, até as técnicas narrativas contemporâneas. A poesia
alagoana passou a ter um número maior de cultores a partir da
segunda metade do século XIX. Românticos, simbolistas ou
parnasianos, estes poetas deixaram seus versos em jornais ou
enfeixados em pequenos volumes, editados pelas tipografias locais.
Pode se dizer que este conjunto de regionalistas representou para a
história literária de Alagoas uma época de apogeu”.
884
Moacir Medeiros de Sant´Ana, em estudo introdutório ao
livro "A filha do Barão", de Pedro Nolasco Maciel, Senec/MEC,
1976, 2ª edição
885
Os Canoés, José Maria de Melo. UFPE 1971
Caetés, Graciliano Ramos, Editora Record 1947
A Utopia Armada, Dirceu Lindoso, 1983
Manuscritos Alagoenses, Rubens Jambo, 1985
O Último Senhor de Engenho, A.S. Mendonça, 1986
Angústia, Graciliano Ramos, Record 1936
O tigre dos Palmares, Adalberon Cavalcanti Lins, 1978
Curral Novo. Aldalberon Cavalcanti Lins, 1958
Sidrônio. Adalberon Cavalcanti Lins.1962
Caminhos Incertos. Adalberon Cavalcanti Lins, 1976
Mandacarus, Ilza Porto, 1989
Padre Eutanásio, Luiz Lavenere, 1921
Calabar, Romeu de Avelar, 1938
Procissão dos Miseráveis, Luiz B. Torres
Povóa Mundo, Dirceu Lindoso, 1980
A família rubro. J. Costa Filho, 1980
Adélia Magalhães
Anselmo Carlos Chagas
Ari Lins Pedrosa
Audemário Lins
Alice Plancherel
Bruno Cavalcanti
Benilda Guimarães
Beto Brito
886
Carlos Nealdo
Carlito Lima
Cícero Péricles
Edilma Acioly Bonfim
Enaura Quixabeira
Fernando Bastos
Fernando Coelho
Fernando Fiúza
Fernando Lira
Gal Monteiro
Isvânia Marques
Joanita Cardoso
Jorge Calheiros
Margarida de Mesquita
Mariquinha
Maria Angélica Silva
Maria Cecília Lustosa
Octávio Cabral
Pablo de Carvalho
Petrucia Camelo
Rosalvo Acioli
Regina Barbosa
Regina Dulce Lins
Regina Marques
Ricardo Cabús e a poesia no varal
Ruth Vasconcelos
Sidney Wanderley
887
Siloé Amorim
Selma Jardim
Simone Cavalcante
Taina Costa
Tchello d´Barros
Vanessa Alencar
Volney Rebelo
Weber Salles
Yara Falcon
888
“Por que essa ideia de que, para descrever a cultura
alagoana, eu usei essa arte arqueológica de unir cacos, colar
pedaços do que se achava partido? Daí a ideia da cacaria reunida
de uma maneira sistemática. Cacaria no bom sentido arqueológico,
do qual saiu um perfeito marajoara de um dos tesos de Marajó”.
889
primeiros escritos e primeiros livros, até chegar ao esperado
paradoxo da luta de classes. “A história da Província passa a ser
contada a partir dos interesses de classe dos grandes propietários
rurais e da burguesia mercantil urbana”. Veja a seguir a “pipineira”
da cultura alagoana. “São manifestações contraditórias de uma
mesma realidade que designamos a cultura alagoana”, ensina
Lindoso.
890
A sociologia agrária de Alberto Guimarães Passos
A poesia de Jorge de Lima e Ledo Ivo
ALAGOANOS UNIVERSAIS
891
forma indireta os marechais Deodoro da Fonseca para presidente e
Floriano Peixoto para vice-presidente, em 25 de fevereiro de 1891.
892
“capitães do mato”, pois era ele obrigado a capturar pelo interior
das províncias os miseráveis escravos fugitivos do jugo desumano dos
seus senhores. Há quem assevere que a abolição da escravatura foi o
cupim que corroeu o trono do Império, pois os grandes senhores,
prejudicados com a falta de braço africano, arruinaram-se e
começaram a cercar fileira em oposição à monaquia”.
893
novembro de 1891. Neste mesmo dia, Deodoro declarou aos seus
partidários:
“Não quero aumentar o número de viúvas e de órfãos em meu
país. Mandem chamar o Floriano. Não sou mais presidente da
República e vou pedir minha aposentadoria”.
894
especialmente na Guerra do Paraguai, da qual participou até o
desfecho, em Cerro Corá. Como lembrança, guardou a manta do
cavalo de Solano Lopes. Exercia o papel de ajudante general-de-
campo, segundo posto abaixo do ministro do Exército, o visconde
de Ouro Preto, quando teve início o movimento republicano em
1889. Recusou-se a fazer parte da conspiração, mas também não se
dispôs a combater as tropas republicanas rebeladas.
Movimentos rebeldes
Com a proclamação da República, ocupou o Ministério da
Guerra, em 1890, e foi eleito vice-presidente de Deodoro da
Fonseca no ano seguinte. Com a renúncia de Fonseca, assumiu a
presidência e governou no regime que ficou conhecido como "mão
de ferro" até o final do mandato, em 1894. Venceu um período
conturbado por movimentos rebeldes, entre eles a Revolta da
Armada, no Rio de Janeiro, e a Revolução Federalista, que
começou no Rio Grande do Sul e tinha como objetivo destituir
Peixoto do poder. Neste movimento, o conflito aconteceu entre
republicanos de orientação positivista e liberais, liderados por
Silveira Martins, político de destaque durante o Império. Em sua
homenagem o governador catarinense Hercílio Luz decretou a
mudança de nome da capital, de Desterro para Florianópolis em 10
de outubro de 1894. Abandonou a carreira política assim que
deixou o cargo de presidente. Morreu em Divisa, hoje distrito de
Floriano, no município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, em 26 de
junho de 1895.
895
Um índio no berço da República
Dois grandes historiadores clássicos alagoanos – Abelardo
Duarte e Moreno Brandão – tentaram mostrar ao longo de suas
obras a importância do índio no processo de mestiçagem nas
Alagoas, e que tinha o marechal Floriano Peixoto como uma
“admirável espécie”
896
que é admirável espécie o Marechal Floriano Peixoto, em cuja
fisionomia está perfeitamente estreotipados los traços do
silvícola”.
897
Paulo Silveira de Castro, em um Titã das Alagoas, Sergasa –
Maceió, 1976, publicado pelo Instituto Histórico de Alagoas e o
Conselho Federal da Cultura
O menino franzino que ajudou a mudar o Brasil
Tavares Bastos nasceu em Marechal Deodoro, já com a
saúde debilitada e estatura de menino franzino. Aos oito anos já
fazia o secundário e teve que esperar até os 15 para fazer
faculdade. Bacharelou-se em Direito em uma das mais importantes
instituições da época, a Faculdade de Direito do Largo do São
Francisco em São Paulo. Como jornalista escrevia para o Correio
Mercantil (SP), com o pseudônimo de “O Solitário”, que depois
teve suas crônicas reunidas em seu primeiro livro (Cartas do
Solitário, 1862). Defendia e pensava um Brasil moderno, justo e
aberto para o mundo.
898
Tavares Bastos na geração de 1860
O historiador Dirceu Lindoso assinala o surgimento
intelectual da “figura admirável” de A. C. Tavares Bastos, na que
ele denomina “Geração de 1960”, quando um grupo de intelectuais
iniciou no espaço da cultura alagoana a produção de seus
trabalhos. Nesse grupo, Lindoso inclui Ladislau Neto, Melo
Morais, Thomaz Espíndola e Dias Cabral. Apesar de ver em
Tavares Bastos a figura mais ilustre desta geração, ele faz críticas a
seu pensamento de filosofia econômica liberal.
899
por convicção e, através de suas ideias libertárias, lutou contra o
imperialismo e o preconceito racial. Chegou ao ápice de sua
carreira como diretor do Departamento de Ciências Sociais do
Fundo das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
(Unesco), quando passou a morar em Paris, em 1949. Na capital
francesa, neste mesmo ano, quando começava construir um Plano
de Paz para o mundo, ao lado de Bertrand Russel, Jean Piaget,
Maria Montessori e Julien Huxley, ele morre em Paris, vítima de
um edema pulmonar. Antropólogo, médico, escritor e folclorista,
Arthur Ramos foi brilhante como estudioso do negro africano, e
depois do negro brasileiro. Lançou três obras fundamentais nesta
área de pesquisa: O Negro Brasileiro (1934), A Mestiçagem no
Brasil (1951) e O negro na Civilização Brasileira (1956). Passa a
ser considerado como “o maior africanista do Brasil”, por
intelectuais como Gilberto Freyre, Jorge Amado e sociólogo
francês Roger Bastide, autor da obra 0 Candomblé na Bahia
(1961), que escreveu sobre Arthur Ramos:
O cientista da civilização
900
Apesar de morrer muito novo, Arthur Ramos devotou mais
da metade deles aos estudos sobre psicanálise, psicologia social,
ecologia, educação, antropologia e o folclore alagoano. Um legado
que o situa entre os mais respeitados intelectuais de todo o mundo.
Além de diversos livros, o prodigioso alagoano deixou registrados
quase seiscentos artigos - cerca de duzentos elaborados nos últimos
quatro anos de vida - sobre as ciências acima citadas, mas
principalmente sobre a condição do negro na sociedade brasileira.
Infância e carreira
O garoto Arthur, com nove anos, fez seus estudos primários
no Externato Progresso Pilarense, fundado pelo professor João
Frederico da Costa, terminando em 1914, quando o mestre
declarou: “Levem daqui este menino, comigo nada mais tem que
aprender”. E Arthur foi longe, e até hoje seu trabalho repercute.
Em 2003, no centenário de AR, sai pela Coleção Nordestina, uma
publicação coletiva das universidades federais da região: A
Mestiçagem no Brasil. O livro foi lançado em 1951, em edição
francesa (Le Métissage au Brésil), e só agora, 64 anos depois, saiu
esta edição, traduzida pela professora e antropóloga alagoana
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, uma das maiores estudiosas de Arthur. Ela atesta a
atualização da obra de Arthur Ramos:
901
debates em que se digladiaram intelectuais, de todas as correntes do
pensamento social brasileiro, na primeira metade do século XX,
sobre essa questão”.
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, no posfácio do livro
A Mestiçagem no Brasil, de Arthur Ramos, Edufal – 2003
902
Firme em suas convicções libertárias, Arthur Ramo foi
preso duas vezes pelo Departamento de Ordem Social (Dops), na
ditadura do presidente Getúlio Vargas. Sua prisão ocorreu em
outubro de 1937, quando estava em seu consultório, no Edifício
Odeon, na Cinelândia, Rio de Janeiro, acusado de ser membro da
Liga dos Intelectuais Antifascistas. “Foi um ato para me
amedrontar. O que eles visavam era impedir que eu usasse minha
cátedra, para desmascarar as doutrinas em voga, que difundiu a
grandeza da Alemanha nazista”. Mas sua voz não calou:
903
foi oferecido à venda pela viúva Luisa Ramos para o Ministério da
Educação em 1954, cinco anos após a morte dele. Em 1956, o
acervo foi efetivamente comprado pela Biblioteca Nacional. Em
Paris, no ano de 1949, foi diretor do Departamento de Ciências
Sociais do Fundo das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (Unesco), mas quando começava construir um Plano de
Paz para o mundo, ao lado de Bertrand Russel, Jean Piaget, Maria
Montessori e Julien Huxley. Mas ele morre na capital francesa, aos
46 anos de idade, vítima de um edema pulmonar, no dia 31 de
outubro de 1949. Nunca esqueceu sua terra. Percebe-se isso
quando escreveu:
904
Em 1936, por sua posição antifascista, e militante da Aliança
Nacional Libertadoral, foi denunciada e presa pela ditadura de
Getúlio Vargas. Passou mais de um ano na Casa de Detenção Frei
Caneca, no Rio. Teve como vizinhos de cela, Olga Benário, mulher
de Carlos Prestes, então o maior líder comunista brasileiro, e
Graciliano Ramos. O encontro é relatado pelo mestre alagoano em
seu livro Memórias do Cárcere.
905
xilogravuras. O museu fica no bairro Engenho de Dentro, Rio de
Janeiro, e toda a coleção foi tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Este centro de estudo e
pesquisa - que reúne obras produzidas nos ateliês de pintura e
modelagem – já lançou artistas interno para circuito das artes como
Emidgio de Barros, Rafael Domingues e Fernando Diniz. Através
deste trabalho introduziu a psicologia jungiana no Brasil. Também
fundou e se dedicou à casa da Palmeira, no Rio, que recebe
egressos de hospitais psiquiátricos, onde oficinas de arte eram
dirigidas por voluntários.
906
“Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e
independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens tem
tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem
indiscriminadamente desde o início dos tempos.”
907
da Silveira foi reconhecida nacionalmente quando recebeu as
maiores comendas como a Ordem do Rio Branco no Grau de
Oficial, pelo Ministério das Relações Exteriores (1987);
Personalidade do Ano de 1992, da Associação Brasileira de
Críticos de Arte; Medalha Chico Mendes, do grupo Tortura Nunca
Mais (1993) e Ordem Nacional do Mérito Educativo, pelo
Ministério da Educação e do Desporto (1993). Entre suas obras
publicadas estão Jung: Vida e Obra (1968), Imagens do Consciente
(1981) e Casa das Palmeiras (1986). Se ela ganhou status de uma
celebridade nacional, em Alagoas não foram muitas as
oportunidade. Afinal, para ela Maceió era um mito, um mito que
viu só de longe. Veja na entrevista concedida por ela a Luiz
Gonzaga dos Santos, em Psicologia: Ciência e Profissão (Print
version ISSN 1414-9893/ Psicol. cienc. prof. vol.14 no.1-Brasília
1994)
Uma saudade...
Da minha casa em Maceió. Até me lembro dos versos de um
poeta que diz assim: "minha mãe, é em ti que eu penso, oh! casa".
Esse é um dos motivos porque eu me recuso a ir a Maceió, prá não
ver essa casa.
É um tempo mítico?
908
Acho que sim. Acho que Maceió prá mim é um mito. Uma
cidade mítica que estragaram completamente querendo imitar
Copacabana. Eu adoro Maceió. Tenho medo de ir a Maceió.
909
romances várias vezes. Esteve preso duas vezes. É-lhe indiferente
estar preso ou solto. Escreve à mão. Seus maiores amigos: Capitão
Lobo - oficial comandante do quartel em que esteve preso, em 1936,
no Recife; Cubano - ladrão que o escritor conheceu na prisão, José
Lins do Rego e José Olympio. Tem poucas dívidas. Quando prefeito
de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem
estradas. Espera morrer com 57 anos”.
910
“O maior legado de Graciliano repousa fundamentalmente na
maestria de sua obra, na qual se destacam o rigor formal, o
enxugamento, paralelamente à ênfase na introspecção e na
problematização de diferentes temas de caráter social, tais como a
miséria, a exploração, a humilhação, entre outros ingredientes que
compõem um caldeirão de conflitos bem brasileiro, prestes a
explodir. Dessa mescla entre contenção (formal) e revolta (temática),
o artista extrai sua força, que o engrandece e o afasta de qualquer
esquematismo redutor. Ao mesmo tempo, a trajetória política do
romancista revela-se emblemática para se pensar as principais
questões que marcaram o campo intelectual brasileiro da primeira
metade do século XX. Graciliano sempre viveu no fio da navalha.
Administrou as mais diversas pressões (financeiras, políticas e
estéticas), mantendo sua integridade como homem e como escritor”.
911
bandeira que até hoje se faz urgente em praticamente todos os cantos
do país”.
912
sentido clássico de fazer um monumento, aquelas besteiras que se
fazem. É um absurdo que se tenha um patrimônio dessa grandeza e
ele praticamente seja abandonado. Você passa em Viçosa a casa em
que ele viveu não existe mais. não há um pequeno museu em Viçosa
com o nome de Graciliano Ramos; passa em Quebrangulo que é a
cidade natal, e tem a casa de nascimento que pertence a um cidadão
que tem muito boa vontade mas ele até vive, desculpe a expressão, de
saco cheio de pessoas que chegam lá e perguntam “ah! essa era a
casa do Graciliano”. O Estado não fez nada, está lá uma escola que
tinha o nome de Graciliano Ramos em Quebrangulo, não sei se vocês
sabiam disso, foi mudado o nome, tem o nome de uma diretora, de
uma professora daquela escola, é absurdo. O Museu-casa de
Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios, que aí não é
responsabilidade do estado que ele pertence ao Ministério da
Cultura, a prefeitura parece que tem um convênio, é uma simples
exposição de documentos sem condições de tratamento, nada”.
913
antes publicada em livro. A garimpagem em arquivos públicos e
privados de Rio de Janeiro, São Paulo e Alagoas, assim como as
dezenas de testemunhos de amigos, parentes, artistas, intelectuais e
companheiros de geração enriqueceram sobremaneira o trabalho.
Com argúcia de historiador e sensibilidade literária, Moraes traça a
interligação entre as várias personas de Graciliano Ramos: o
menino traumatizado pelas surras na infância; o jovem autodidata
que lia Balzac, Zola e Marx em francês; o mítico comerciante da
loja Sincera; o revolucionário prefeito de Palmeira dos Índios; o
zeloso diretor da Imprensa Oficial e da Instrução Pública de
Alagoas; o preso político no inferno da Ilha Grande; o escritor
sufocado por apuros financeiros; o estilista da palavra na redação
do Correio da Manhã; o militante comunista aos esbarrões com a
burocracia partidária. Leia um trecho do livro:
914
redigi esses infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não
me deixar em paz. Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas,
cargos públicos, hospital, coisas piores e três romances fabricados
em situações horríveis – Caetés, publicado em 1933, S. Bernardo, em
1934, e Angústia, em 1936. Evidentemente, isso não dá para uma
biografia. Que hei de fazer? Eu devia enfeitar-me com algumas
mentiras, mas talvez seja melhor deixá-las para romances”.
http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/o-
velho-graca
915
Angústia, romance, 1936
Vidas Secas, romance, 1938
A Terra dos Meninos Pelados, 1939
Infância, memória, 1945
Insônia, contos, 1947
Póstumas:
Memórias do Cárcere (2 vols), 1953
Viagem, impressões de viagem, 1954
Linhas Tortas, crônicas, 1962
Viventes das Alagoas, crônicas, 1954
Alexandre e Outros Heróis, crônicas, 1962
Cartas, correspondência, 1980
Catas a Heloísa, correspondência, 1992
Relatórios, documento, 1994
Graciliano de A à Z
916
de guerreiro ou mateu; depois, ao vestir o fardão, eu me sentiria
um século mais velho”.
917
aposentado cabo da Marinha em Palmeira dos Índios. O filme foi
vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Memórias do Cárcere,
também de Nelson Pereira dos Santos, foi filmado em 1984, e
ganhou mais uma vez o festival de Cannes. O ator Carlos Vereza
fez o papel de Graciliano e atriz Glória Pires interpretou Heloísa
Ramos. O quarto filme foi Insônia, filmado em 1980, realizado
pelo Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro, em três episódios,
com um elenco magistral: Joel Barcelos, Wanda Lacerda, Bete
Mendes, Otávio Augusto e Ney Santana.
918
Escrever. Graciliano tinha por hábito escrever pela manhã
cedinho e ia até perto do meio-dia. Escrevia a lápis e usava
qualquer folha de papel (até notas de venda da loja Sincera – de
seu pai), depois seria datilografada, dificilmente por ele.
Escandalizava-se com as notícias de que havia colegas escritores
ditando para gravador. No costume de escrever cedinho, tinha
como companhia um dicionário (Caldas Aulete), dois ou três
maços de cigarros, preferindo o da marca Selma em Palmeira dos
Índios, e Astória ou Colúmbia, no Rio de Janeiro, e mais fósforos,
uma garrafa térmica de café e, uma vez por outra, uma garrafa de
cachaça, de preferência tipo cabeça.
919
Golfo. Em determinada ocasião desejou que Alagoas fosse
transformada num golfo (parte do mar que penetra nas terras, cuja
abertura é extremamente larga), já que a forma de Alagoas bem se
prestava para tal, além do mais geograficamente o Brasil não tinha
nenhum. Isto em decorrência do ressentimento grande que sentia
pelo Estado, por conta de sua prisão injusta, covarde e movida à
traição. À dona Heloísa Ramos afirmou que só voltaria a Alagoas
“se pudesse oferecer a isso um terremoto que acabasse tudo”.
920
reação estudantil contra à visita do integralista Plínio Salgado. No
teatro Deodoro, a estudantada dera uma vaia, após o discurso do
visitante, acompanhada de estouro de traques tipo cabeça-de-
negro. O chefe integralista “camisa verde” teve que fugir pelos
fundos do teatro. Acharam que tinha o dedo do Velho Graça no
complô.
921
marcado pela irreverência nos textos, crônicas e críticas literárias.
Uma pérola sobre sua passagem pelo jornal está na crônica Os
Sapateiros da Literatura, rebatendo um outro artigo de Mário de
Andrade, em Linhas Tortas:
922
Nise da Silveira. A lendária psiquiatra alagoana Nise da
Silveira (1905-1999) foi companheira de prisão de Graciliano
ramos, sendo uma das cinco mulhres presas em Ilha Grande, no
Rio de Janeiro. Sobre o escritor conterrâneo ela falou: “Realmente
fomos bastante amigos, uma amizade singela nos quais duas
pessoas se comunicam de verdade, íntimo a íntimo”. Em defesa da
sisudez de Graciliano, Nise assim define: “Compreende-se que
pessoa assim afinada para captar o bem, nos mais variados
cumprimentos, de onde fosse do mesmo modo sensível e quaisquer
manifestações da brutalidade, de perfídia, do mal. Tinha, pois, que
tomar suas medidas de defesa. Vestir carapuça dura, enrolar-se
com arame farpado”. Nise foi presa no próprio hospital onde
trabalhava, denunciada por uma enfermeira, com a acusação de ser
marxista. Foi libertada um mês antes de Graciliano.
923
jamais sentaria na mesma mesa com o patrão, ainda mais para bater
palmas e cantar parabéns, pois todo patrão é filho da puta”.
924
chegada da loja Pernambucana, a Sincera foi falindo aos poucos.
Graciliano foi um verdadeiro dublê de negociante e intelectual.
Ainda bem que fracassou como negociante, ganhando todos, com
ele como escritor.
925
rebento literário”, segundo a irmã Marili. O que elas fizeram
juntas? Enterraram os originais numa lata, embaixo de um pé de
sapoti, no quintal da casa da irmã Otília, que morava no bairro de
Jaraguá.
926
Jurandir Gomes, em Quadros da História de Alagoas Breves
Ensaios sobre a História Pátria, Casa José Ramalho Editora, 1956
927
O alagoano Octávio Brandão deve ser aclamado como um
personagem universal. De sua terra natal Viçosa, ele ganhou o
mundo, e se tornou não somente o primeiro ambientalista
alagoano, com seu clássico livro Canais e Lagoas, de 1919, mas
com um ser um humano sem igual. Octávio Brandão é reconhecido
também pela sua luta política, como ativista e militante do Partido
Comunista Brasileiro (PCB), e em sua biografia também mostra
seu talento no jornalismo (ensaios e crônicas), na poesia e na
produção intelectual e acadêmica, como lembra o professor José
Roberto Guedes, bacharel em Direito e Pós-Graduado em Direito
Ambiental pela Universidade de Campinas, e um de seus
biógrafos. Guedes lançou em 2008 o livro Octavio Brandão –
Dispersos e Inéditos, obra relevante para todos aqueles que se
identificam com as riquezas naturais e minerais do Brasil, bem
como sentem, pelas coisas nordestinas, uma singular paixão. A
edição é uma obra evocativa que reúne artigos, poesias, crônicas,
estudos, anotações, ensaios e críticas do viçosense Octavio
Brandão.
928
A deportação para a Alemanha e Rússia
Até os últimos dias de sua existência, Octávio Brandão
lutou contra tudo e contra todos, pelo ostracismo a que fora
relegado em razão de seu idealismo e inquietação política. “Ele fez
desse idealismo que abraçara o ponto de partida na sua trajetória
conturbada de escritor revolucionário”, conta Guedes. Para se ter
uma ideia da longa e penosa peregrinação que fora a sua
existência, Octávio Brandão, sua mulher Laura e três filhas foram
deportados para a Alemanha, em 1931, em seguida para a Rússia.
Octávio Brandão foi um dos poucos que no começo do século XX
teve duas atitudes das mais relevantes: uma, a defesa do nosso
meio ambiente e, outra, na luta pelo nosso petróleo. Na defesa do
petróleo, Octavio Brandão produziu trabalhos publicados em
jornais alagoanos e do Rio de Janeiro, bem como de suas pesquisas
científicas em Alagoas, por volta de 1920/1930.
Perfil político e familiar
Octavio Brandão Rego. Poeta, naturalista, libertário,
anarquista, comunista, precursor do petróleo no Brasil. Ou como
“informava” o extinto Departamento de Ordem Pública e Social:
“farmacêutico, perigoso, agitador de operários”. Nasceu em
Viçosa, no dia 12 de setembro de 1896. Filho de Manoel Correia
de Mello Rego e Maria Loureiro Brandão Rego. Sua mãe morreu
quando ele tinha 4 anos e ficou órfão de pai aos 11. Foi o tio
materno, Alfredo Brandão – autor de Viçosa de Alagoas - quem o
criou. Octavio Brandão foi, junto com Astrojildo Pereira, um dos
pilares da formação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Sua
929
ideologia e militância levaram-no a passar 15 anos de sua vida no
exílio e décadas na clandestinidade. Foi preso 17 vezes. Escrevia
sobre história, sociologia, ciências naturais, e mais poesias,
incontáveis artigos para jornais, estudos científicos. Falava vários
idiomas e foi o tradutor de O Manifesto Comunista para o
português. Também usou pseudônimos para veicular suas idéias:
Antonio Chicote, Brand, Salomão, Salomão Bombarda, Manuel,
Souza Dragão, Scipião Fogareu, Krieg, Karl Krieg, Fritz Mayer,
Daniel Brauna. Morreu no dia 15 de março de 1980, lutando contra
um AVC.
930
seu único elepê pelo selo London: “Fon-Fon et la musique del
Brésil”, nunca editado no Brasil. Em 1935 criou sua própria
orquestra, para atuar no Cassino Assyrio, no Rio de Janeiro. Foi o
primeiro maestro no Brasil a utilizar naipes de saxofones e metais,
dando à sua orquestra uma sonoridade especial. Em 1942
acompanhou com sua orquestra, na Odeon, Ataulfo Alves e sua
Academia, na gravação do clássico samba “Ai que saudades da
Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago. A partir daí dirigiu e
acompanhou grandes nomes da música popular brasileira, como
Carmem Miranda, Francisco Alves, Dircinha Batista, Moreira da
Silva, Almirante, Emilinha Borba, Dalva de Olveira, Herivelton
Martins, Orlando Silva, e Aracy de Almeida.
931
Durante os últimos anos na Europa, no final dos anos 1950,
o maestro Fon-Fon enviou uma série de cartas para a família, uma
delas para a irmã, Vicentina Romeiro, em que fala da saudade de
sua terra e de suas apresentações palcos europeus: “Centina,
primeiro que tudo espero encontrá-la bem de saúde. Hoje tive uma
emoção sem igual. No show aqui em Madri tocamos a música
Touradas em Madri do Braguinha. Foi lindo! os espanhóis
adoraram. Só não encontrei uma espanhola natural da Catalunha.
Estou morrendo de saudades de vocês e de comer um sururu de
capote aí em Santa Luzia”. Em dezembro de 1950, Fon Fon envia
uma carta ao seu pai, Amaro Romeiro descrevendo os momentos
que vivia na Europa. A carta foi escrita em dezembro após o natal,
vindo Fon Fon a falecer em agosto de 1951 em Atenas, Grécia,
momento em que regia sua orquestra durante uma apresentação.
932
Reproduzida do artigo O alagoano que encantou o Brasil e a
Europa, por Chico de Assis
no portal http://maestrofonfon.blogspot.com.br/
933
Primeira Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, na Cidade
do Vaticano, entre 29 de setembro e 29 de outubro de 1967, a
primeira Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, entre
11 a 28 de outubro de 1969 e a II Assembléia Ordinária do Sínodo
dos Bispos, entre 30 de setembro e 6 de novembro de 1971. Em 25
de março de 1971 foi transferido para a Arquidiocese de São
Salvador da Bahia. Em 5 de março de 1973, foi criado cardeal no
Consistório Ordinário Público de 1973, recebendo o barrete
cardinalício das mãos do papa Paulo VI e o título cardinalício de
São Bonifácio e Santo Aleixo. Em 1975 requereu da Santa Sé o
Título já consagrado da primazia de sua arquidiocese, o Santo
Padre enviou seu representante o núncio apostólico para conferir o
título numa cerimônia na Catedral-Basílica Primacial de São
Salvador, em 25 de outubro de 1980.
934
conhecia plenamente o repertório de sua época. Suas obras foram
editadas pela casa Préalle, de Pernambuco que, depois, as mandava
para serem impressas pela Vreitkopf & Hartel, da Alemanha. Em
1889, compôs o primeiro Hino do estado de Alagoas. Em 1980, foi
homenageado pela pianista Sonia Maria Vieira, que gravou suas
obras no LP "Sonia Maria Vieira revela Misael Domingues 48
anos depois". Em 1984, sua serenata “Em pleno luar”,
originalmente composto para dois violinos ou dois bandolins e
piano, foi gravada no LP triplo "Recordações de um sarau artístico
- Homenagem a Ernesto Nazareth".
http://dicionariompb.com.br/misael-domingues
Engenheiro e abolicionista
Misael Domingues também atuou como engenheiro, chegou
a ser o executor de grandes obras como as ferrovias Ferro Norte de
Alagoa, Sul de Pernambuco, Central de Caruaru e Alcobaça à Praia
Rainha, no Pará. Durante muitos anos foi engenheiro chefe das
obras públicas do Estado de Pernambuco e técnico da Inspetoria de
Portos, Rios e Canais.Em 1875, seu nome já era conhecido na
capital do Império. Nas páginas do Jornal do Comércio, consta
anúncio da polka-lundú “Mamãe já disse”, impressa e distribuída
pela loja de músicas de “D. Filippone”.Quando foi estudar no Rio
de Janeiro, em 1878, sua chegada foi anunciada no jornal Gazeta
935
de Notícias: “Chegou a esta Corte o jovem pianista compositor
Misael Domingues Lordsleem, conhecido pelas suas graciosas
músicas publicadas em Genebra, e outras aqui e em Maceió”.Teve
papel importante na campanha abolicionista, participando, com
seus dois irmãos Francisco Domingues e José Domingues de ações
de alta relevância em defesa da causa dos negros.
http://dicionariompb.com.br/misael-domingues
936
Países em Desenvolvimento (TWAS). É Professor Honoris Causa
da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Federal
da Bahia (UFBA), da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), da Universidade de Brasília (UnB) e da Pontifícia
Universidade Católica do Peru, doutor Honoris Causa pela
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), pela Universidade
Federal do Amazonas (UFAM). Ganhou duas vezes o Prêmio
Jabuti da Câmara Brasileira do Livro pelos livros Espaços
Métricos e Álgebra Linear, e recebeu o prêmio Anísio Teixeira do
Ministério da Educação.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
E GEOGRÁFICO
937
contada a partir de diferentes perspectivas. A arquitetura é uma
delas. Desde tempos imemoriais, as maneiras como as comunidades
constroem suas moradias e outras edificações voltadas a fins
econômicos, religiosos ou administrativos, denotam traços
característicos de sua gente. .. A geografia e o clima também têm
sobre elas um forte efeito, condicionando várias de suas funções e
aspectos. A tradição e a cultura se encarregam de dar-lhes a
conformação final”.
Bens tombados
938
fotografias, livros, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios,
ruas, praças, cidades, regiões, florestas, cascatas etc. Somente é
aplicado aos bens materiais de interesse para a preservação da
memória coletiva.
939
religiosas retratam a história da economia e das batalhas que
ocorreram na região.
940
o Museu de Arte Sacra de Alagoas. O tombamento incide sobre
todo o seu acervo. A obra surgiu a partir de um pequeno convento
fundado para 12 monges, em 1635. Com a invasão dos holandeses,
os religiosos se refugiaram na Bahia e o convento ficou fechado
até 1659. O atual convento foi concluído apenas em 1723. Em
1908, passou a abrigar o Orfanato São José. Com o tempo sofreu
muitas modificações mas sempre com a função de culto religioso.
A fachada principal é em estilo rococó e a lateral em neoclássico,
em decorrência da construção ter sido realizada em etapas. .
941
de ambos, Fernanda Ramos Amado, filha de Luiza Ramos Amado
(filha do Mestre Graça), e de James Amado, filho de Jorge. Luiza
fez Jorge e Graciliano formarem laços de família, uma ciranda de
roda.
942
Sobrados", Penedo viu surgir seu atual cenário de belas igrejas e
casarões entre finais do século 17 e início do século 19. Entre as
igrejas mais importantes estão o Convento de São Francisco e as
igrejas de Nossa Senhora dos Anjos e Nossa Senhora da Corrente.
Um pequeno e despercebido local, mostra a que ponto chegou a
religiosidade dos antepassados de Penedo. O Oratório da Forca,
construído em 1769, destinava-se às preces dos prisioneiros antes
de serem sacrificados. Depois das orações, eles eram levados para
ilhas e croas do São Francisco para o enforcamento, já que a
Penedo cristã não podia aplicar uma pena de morte sumária.
943
por ordem do capitão-mor José da Silva Reis. O tombamento
incide sobre todo o seu acervo
944
Lista de bens tombados pelo Estado de Alagoas*
*Secretaria de Estado da Cultura do governo de Alagoas –
Secult 2015
Arquitetura Civil
945
Casa de Jorge de Lima – Maceió
Academia Alagoana de Letras – Maceió
Paço Imperial – Penedo
Associação Comercial de Maceió – Maceió
Casa do Poeta Jorge de Lima - União dos Palmares
Museu Théo Brandão - Maceió
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde – Maceió
Teatro Sete de Setembro – Penedo
Casa de Cultura de Viçosa – Viçosa
Palacete Barão de Jaraguá – Maceió
Casa do senador Teotônio Vilela – Viçosa
Casa de Arthur Ramos – Pilar
Tribunal de Justiça de Alagoas – Maceió
Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas - Maceió
Palácio do Trabalhador – Maceió
Complexo Arquitetônico NS do Bom Conselho – Maceió
Arquitetura Religiosa
946
Igrejas de Maceió - Catedral Metropolitana; NS do
Livramento; NS do Rosário dos Pretos; Bom Jesus dos Martírios;
Capela de São Gonçalo de Amarante; Arcebispado de Maceió
Igreja Matriz de Santa Luzia do Norte
Igreja de Nossa Senhora da Guia – Maceió
Casarão da Baronesa em Água Branca
Festas e celebrações
JANEIRO
947
Municípios é uma vitrine do potencial do estado, e tem como
objetivo gerar negócios e apresentar as atividades que impulsionam
o desenvolvimento dos municípios. O evento é uma excelente
oportunidade para mostrar serviços, divulgar potencialidades
turísticas e culturais, como também comercializar artesanato e
produtos das localidades.
FEVEREIRO
ABRIL
948
Paixão de Cristo. Em Arapiraca, a encenação da Paixão de
Cristo lota o Morro Santo da Massaranduba, é um megaespetáculo
realizado no teatro ao ar livre que encena a história de Cristo. O
evento é grandioso e tem como elenco artistas da localidade e de
renome nacional.
JUNHO
JULHO
949
Festival de Inverno, que tem na sua programação atrações culturais
e animados show
AGOSTO
SETEMBRO
950
Missa do Vaqueiro. Evento religioso que acontece em
União dos Palmares e Canapi. A tradicional Missa do Vaqueiro
conta com uma rica programação artística e cultural. Os shows de
forró e na feirinha típica, onde são expostos objetos artesanais e
decorativos, são comercializadas comidas tradicionais à base de
milho e mandioca.
OUTUBRO
951
Maceió, atrai muitos criadores e expositores de vários estados.
Bovinos, eqüinos, caprinos e ovinos participam da exposição,
leilões, desfiles e torneios. A Expoagro mostra o que há de melhor
em relação ao gado de corte e gado de leite. Movimenta milhões
em negócios durante o evento, e conta com uma programação
diversificada.
NOVEMBRO
952
imagens: universos de sentidos”. O evento é uma realização da
Universidade Federal de Alagoas, por meio de sua Editora, a
Edufal. Segundo o site oficial do evento, a estimativa de público
para este ano é de mais de 260 mil. No ano de 2013 o número de
visitantes foi de 252 mil pessoas.
953
Festival do Bagre. Acontece no Pilar, e conta com vasta
programação artística: shows com bandas, diversas atrações
culturais, esportivas e concurso gastronômico, onde o prato
principal é o bagre, peixe fisgado na Lagoa Manguaba, que banha
o município.
DEZEMBRO
CIRCUITO CULTURAL
954
as conduz à procura de registros antigos e novos, levando-as ao
campo dos museus, no qual as portas se abrem sempre mais. A
museologia é hoje compartilhada como uma prática a serviço da
vida. O museu é o lugar em que sensações, ideias e imagens de
pronto irradiadas por objetos e referenciais ali reunidos iluminam
valores essenciais para o ser humano. Espaço fascinante onde se
descobre e se aprende, nele se amplia o conhecimento e se aprofunda
a consciência da identidade, da solidariedade e da partilha. Por meio
dos museus, a vida social recupera a dimensão humana que se esvai
na pressa da hora. As cidades encontram o espelho que lhes revele a
face apagada no turbilhão do cotidiano. E cada pessoa acolhida por
um museu acaba por saber mais de si mesma.
955
1975. Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore
1980. Museu de Arte - Fundação Pierre Chalita
1980. Museu de Arte Brasileira - Fundação Pierre Chalita
1984. Fundação Teotônio Vilela
1985. Casa da Arte - Garça Torta
1987. Museu da Imagem e do Som
1991. Museu de História Natural da UFAL
1993. Museu dos Esportes Edvaldo Alves Santarosa
1994. Memorial Pontes de Miranda da Justiça do Trabalho
1995. Museu do Cangaço (perdido em incêndio)
1996. Instituto Arnon de Mello
1997. Casa da Palavra
2001. Museu do Comércio (Associação Comercial de Alagoas)
2003. Centro de Memória da Justiça Eleitoral
2005. Memorial Teotônio Vilela
2005. Memorial à República
2005. Ecomuseu Comunitário Graciliano é uma Graça
2006. Museu Palácio Floriano Peixoto
2012. Memoriais de Graciliano Ramos e Ledo Ivo
2008. Casa Jorge de Lima
Museus de Alagoas
BOCA DA MATA
MUSEU MANOEL DA MARINHEIRA
956
Boca da Mata AL CEP 57680-000
www.aguasdesaobento.com.br
Artes visuais. Esculturas em madeira,tendo como temas
animais, da autoria do titular do museu e de seus familiares.
MACEIÓ
COLEÇÃO KARANDASH DE ARTE POPULAR E
CONTEMPORÂNEA
Avenida Moreira Silva, 89 – Farol
Maceió AL CEP 57051-500
www.karandash.com.br
Esculturas, pinturas, desenhos, gravuras, cerâmicas, rendas,
banco de dados de artistas. Acervo dividido em arte
contemporânea, arte popular e objetos utilitários, expondo e
promovendo artistas locais.
957
PENEDO
MUSEU DO PAÇO IMPERIAL
Rua Damaso do Monte, s/ n – Centro histórico
Penedo AL CEP 77200-000
Tornou-se Paço Imperial a partir da visita de Dom Pedro II
a Penedo. Seu acervo remete à época deste Imperador.
PILAR
CASA DA CULTURA E MUSEU ARTHUR RAMOS
Avenida Professor Artur Ramos, 195 - Centro
Pilar AL CEP 57150-000
smoraes.pilar@hotmail.com
Pinturas, objetos históricos, fotografias, história da cidade,
maquetes, banners.
PIRANHAS
MUSEU DO SERTÃO
Rua José Martiniano Vasco, s / n – Centro Histórico
Piranhas AL CEP 57460-000
www.piranhas-al.com.br
Iconografia do Cangaço, memorabilia da ferrovia Paulo
Afonso e da navegação a vapor na região. Peças das culturas
ribeirinhas.
PORTO REAL DO COLÉGIO
CASA DA CULTURA DE PORTO REAL DO COLÉGIO
Avenida Moacir Andrade, s/n - Centro
Porto Real do Colégio AL
958
mucioprc@ig.com.br
Artesanato, fotografias, instrumentos domésticos.
SANTANA DO IPANEMA
MUSEU HISTÓRICO E DE ARTES DARRAS NOYA
Praça Manoel Rodrigues da Roicha, s / n – Centro
Santana do Ipanema AL CEP 57500-000
Arte local. Fixa a memória das culturas formadas às
margens do Rio Ipanema.
959
turismo.pmup@hotmail.com
Memorial das lutas sociais do movimento negro brasileiro.
Acervo em formação.
VIÇOSA
MUSEU DE ARTE SACRA DE VIÇOSA (AL)
Avenida Firmino Maia, s/n – Centro
Viçosa AL CEP 57700-000
pmvicosa.cultura@ig.com.br
graca.vasconcelos68@yahoo.com.br
Fotografias de personalidades eclesiásticas, imaginária de
santos.
PENEDO
CASA DO PENEDO
960
objetos de arte que simbolizam a cultura e a tradição de sua
população. No dia 26 de setembro de 1992, uma multidao fechou a
rua João Pessoa, no Penedo. Gente vinda de todos os cantos parou
para ouvir a um recital com o pianista Joel Soares, o ator Valmor
chagas e o poeta Cassiano Nunes
BIODIVERSIDADE:
FLORA E FAUNA
961
“Cadê o marreco. A quantidade de marreco que você via aqui
no rio não era brincadeira, eles faziam a maior festa. Eu tirava foto
da nuvem de marreco passando aí na beira. Tiraram nosso adubo
orgânico e colocaram adubo químico para dar duas safras, e aí veio
a mortandade de marreco, do paturi, da jia, do calango. Era a coisa
mais linda do mundo. Há 25 anos o nosso rio era assim: Passarinhos
cantavam alegres e não tinha veneno aqui, também não tinha
barragem, era bom demais viver aqui. Hoje é um São Francisco
prisioneiro, está preso pela barragem de Sobradinho, só soltam água
quando querem. Porque nós vamos pagar esse preço. Essas árvores e
esses passarinhos são nossos irmãos. São criaturas criadas por Deus
para ajudar a gente a viver”.
INTERIOR DE ALAGOAS
962
veio o Proálcool. Da primitiva Mata Atlântica, não restam mais
que dois terços. Foi onde surgiu um dos primeiros povoamentos do
estado, como Porto Calvo; e pela quantidade de rios perenes, foi
também onde apareceram os primeiros engenhos de açúcar. Os
maiores rios da Zona da Mata são: Manguaba, Tatuhamunha,
Camaragibe e Santo Antonio. A Zona da Mata atinge ainda os
vales do Mundaú e do Paraíba do Meio. Foi nesta região onde se
instalou a República dos Palmares e onde foi travada a guerra dos
Cabanos. A Zona da Mata se extendia ainda até Coruripe, e ficava
bem caracterizada na área de Colônia de Pindora, onde tinham as
árvores de melhor qualidade.
963
rural, ainda trabalham pequenos engenhos de rapadura e
aguardente. E a agricultura consta cana-de-açúcar, milho, feijão,
mandioca, além de frutíferas: mangueiras, jaqueiras, cajueiros e
umbuzeiros.
A Fauna
A devastação da cobertura vegetal da Mata Atlântica, o
quase fim dos arbustos da caatinga, a poluição das águas e a caça
predatória formam um caldo de cultura que poderia até ser um
quadro de flora e fauna dizimada. Ainda que se tenha um interior
povoado por distintos e diversificados animais, a fauna nem de
longe lembra os grandes animais, que desapareceram,
principalmente os mamíferos
964
Peixes:ictiofauna
No interior, encontramos no rio São Francisco a maioria dos
peixes da região. Vários habitam riachos e rios permanentes menos
caudalosos, que são poucos no Sertão por causa do clima quente e
seco. O lago formado pelo enchimento da represa de Xingó, em
Piranhas, tornou-se reservatório de várias espécies, ai mesmo
tempo foi grande o impacto da barragem sobre a vida dos peixes da
região.
965
e rios calmos. Enterra-se no lodo, com a cabeça de fora para caçar
peixes e crustáceos.
966
Tucunaré. O Tucunaré é um peixe que pode medir entre 30
centímetros e 1 metro. Seu corpo é longo e estreito, cheio de
escamas, de cor amarelo-esverdeada, por cima ele é escuro mas a
barriga é branca. O Tucunaré é natural da bacia amazônica, mas
hoje está rio São Francisco. É muito apreciado pela sua carne
saborosa.
Répteis
Lagartos/ Lagartixas/ Camaleão/Camaleão Sinimbu (um
dos maiores da espécie no Brasil, vive nas caatingas)/ Cágado
(habita as caatingas e o agreste, na maior parte do tempo é
aquático).
Mamíferos
967
Alagoas tinha matas exuberantes, antes da colonização, da
caça predatória, e do plantio da monocultura da cana. Que
guardavam índios e grandes mamíferos. Com a redução do se
habitat, alguma espécies já não encontradas mais em Alagoas: a
anta, a suçuarana e a onça-pintada. Elas desapareceram de
Alagoas. Hoje, outras espécies de mamíferos estão em extinção no
estado, como o guariba, o porco-do-mato e a lontra.
968
Porco-do-mato. Habita todo o Estado, das matas ao litoral,
às caatingas. Mas está muito ameaçado pela perda habitat e pela
perseguição dos caçadores. Nas matas secas da caatinga mantém-
se em atividade à noite, por causa do forte calor.
969
Tatu. Vive em área abertas e bordas da mata. Abriga-se em
tocas que cava na terra, com suas garras fortes. O dorso é coberto
por uma carapaça.
Aves
Alagoas abriga pássaros e aves em extinção, e, apesar das
ameaças em ecossistemas como a caatinga, foram descobertas mais
quatro novas espécies nos últimos anos. Verdadeiras joias aladas
como o pintor-sete-cores e o macuco do Nordeste fazem parte de
nossa fauna alagoana.
970
Pintor-sete-cores. Ave ameaçada de extinção. É uma
maravilha da natureza a sua plumagem. O que resta da sua espécie
vive na Mata Atlântica de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Os
vendedores clandestinos são seu maior inimigo.
971
Jacu-de-Alagoas. É uma nova subespécie do mutum de
Alagoas, o Jacu Preto, que há pouco tempo estava em extinção,
mas projetos em Alagoas tentam repovoá-lo.
Flora
Alagoas, apesar de ser um estado pequeno, tem vários tipos
de vegetação. Suas matas, com suas madeiras de leis, seu pau-
brasil, foram sistematicamente sendo destruídas pela mão do
homem. São séculos de exploração de madeiras, tanto pelo Norte,
972
com o uso para fabricar as naus das grandes guerras entre
holandeses e portugueses; e no Sul, no Rio São Francisco, que
também foi porto de saída para exportação de madeira. Mas,
enfim, alguns pedaços da mata resistiram, e são espécies de rara
beleza.
973
Baraúna. Um das maiores árvores da caatinga, ocorre em
todo o Nordeste. Sua madeira, e o núcleo duro, tem muito valor
econômico.
974
Pau-falha. Essa árvore tornou-se pouco comum em
Alagoas, em conseqüência da exploração no passado, por seu caule
retorcido e elegante, que servia de sustentação a alpendres.
975
Imbaúba (ou Umbaúba, ou Árvore da Preguiça). Cresce
rápido e dá condições ao desenvolvimento de outras espécies, ao
fornecer matéria orgânica com a queda de folhas, frutos e ramos.
Foi uma das primeiras plantas a serem instaladas nas matas ou em
áreas abertas recém-desmatadas.
Flores e Plantas
976
Macaxeira. Mandioca, aipi, aipim, castelinha, uaipi,
macaxeira, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira,
pão-de-pobre, mandioca-brava e mandioca-amarga são termos
brasileiros para designar a espécie. Em Alagoas, a macaxeira já faz
parte da vida do sertanejo e agrestino, tanto para sua mesa, como
para seu sustento. É um dos vetores emergentes da economia
popular.
977
grandes e frutos vermelhos. É o mais conhecido da espécie cacto,
já foi nome de livros, romances e poesias.
978
LITORAL DE ALAGOAS
Praias
Na linha de contato entre mar e terra, podemos encontrar
três tipos de costa: rochosa, arenosa e lamacenta. Em todo litoral
predomina uma faixa formada por acúmulos de sedimentos, como
dunas e falésias, e outros trazidos pelos rios, ondas e correntes, e
ventos. O principal é a areia, mas também temos conchas, lama,
restos de vegetais e animais. Os sedimentos também são formados
por lixo, muito lixo acumulado e poluição, que vem se tornando
um transtorno, principalmente nas praias urbanas de Maceió.
979
Recifes e Corais
Alagoas tem a segunda maior barreira de corais do mundo.
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, a maior unidade
de conservação marítima do Brasil e a segunda maior barreira do
mundo, só perde para a Grande Barreira de Corais da Austrália,
abrange uma área de 413 mil hectares, espalhada por 135
quilômetros de litoral, vai da cidade de Tamandaré (PE) a
Paripueira (AL). A extinção de corais já teve um impacto sem
proporções há décadas, com danos irreversíveis. O ponto mais
movimentado da barreira fica em Maragogi (AL), nas famosas
galés, piscinas naturais rasas a 5 km da costa. Estima-se a presença
de 60 mil visitantes por ano. A área de visitação é restrita e
monitorada. Fonte: Ministério do Meio Ambiente.
Estuários e Lagoas
Em 230 quilômetros de costa, 17 lagoas – uma em cada 14
quilômetros. A abertura para o mar constitui um estuário, região
sujeita às marés. As espécies que aqui sobrevivem oferecem fartura
de alimentos. Ameaçada apenas pelas agressões humanas. A
vegetação ciliar, além do papel fundamental de nutriente, responde
pela fixação das margens dos rios, lagoas e estuários. Mas a oferta
de alimentos vem caindo vertiginosamente, com a degradação de
habitats com os manguezais. Dentre as 1u7 lagoas, duas se
destacam: a Manguaba (com 34 km² - a maior do Estado) e a
Mundaú (23 km²). Estima-se que 200 mil pessoas vivem na região,
980
diretamente envolvida com a obtenção de alimento neste
complexo, que tem uma grande variedade de espécies como:
Moluscos: Maçunim, Mela-pau, Ostra, Redondo, Sururu,
Taiobas, Unha-de-velho
Restingas e Dunas
A restinga é um conjunto de formações geológicas, ao longo
do tempo, caracterizado por depósito de areias, coberto por uma
flora variada, como campos ralos de gramíneas, moitas de arbusto
intercaladas de clareiras, matas fechadas ou brejos com densa
vegetação aquática. Nos anos 1990, as restingas e as dunas
cobriam quase 80% do litoral brasileiro. Isto representa cinco mil
quilômetros, dos quais 18 estavam no litoral alagoano (Litoral de
Alagoas, Guia do Meio Ambiente, 1994). A restinga do Pontal da
Barra é um exemplo para se ver de perto.
Manguezal
Os mangues são considerados patrimônio nacional, como
define o artigo 225 da Constituição Federal do Brasil, mas
infelizmente isto só existe no papel. Os mangues, mesmo diante de
sua importância ambiental e social, sempre foram considerados
pouco atrativos e áreas sem valor econômico. O resultado dessa
concepção quase provocou a extinção de um ecossistema essencial
para a sobrevivência de inúmeras espécies da zona costeira. Dos
981
230 km que formam a zona costeira alagoana, 150,91 km²
constituem manguezais. Nessa extensão, destacam-se as lagoas
Mundaú, Manguaba e do Roteiro, os rios Coruripe, Salgado,
Maragogi, Tatuamunha, Santo Antônio, Manguaba e Camaragibe,
entre outros. O manguezal é importante porque é o berçário
natural de muitas espécies marinhas, como algumas espécies de
camarões, moluscos e peixes, além de dar subsistência a milhares
de pessoas que vivem da pesca em seu entorno.
Fauna
982
marinha-estuarina, há desde esponjas, corais e caramujos, lindos
peixes ornamentais, grandes mamíferos que resistem ao tempo, a
peixes, muitos peixes.
Anêmona-do-mar. As anêmonas-do-mar são um grupo de
animais sésseis (não possuem capacidade de locomoção, vivem
fixos, associados à um substrato). Utiliza seus tentáculos para
capturar alimentos. São intimamente relacionadas aos corais,
águas-vivas e hidras.
983
variam bastante de tamanho. Na grande maioria a locomoção
depende da das correntes ou é tão limitada que não têm forças para
ir contra a correnteza. A água-viva é um animal que tem o corpo
composto por cerca de 98 % de água. Se ela encalhar na praia,
praticamente irá desaparecer à medida que a água evaporar. Uma
água-viva adulta também é conhecida como Medusa (por causa de
Medusa, a criatura mitológica com cobras no lugar do cabelo).
984
meios de defesa, o polvo possui a capacidade de largar tinta, de
mudar a sua cor (camuflagem, através dos cromatóforos), e
autotomia de seus braços. Todos os polvos são predadores e
alimentam-se de peixes, crustáceos e outros invertebrados, que
caçam com os braços e matam com o bico quitinoso. Para auxiliar
a caça, os polvos desenvolveram visão binocular e olhos com
estrutura semelhante à do órgão de visão do ser humano, tendo
percepção de cor.
985
ambiental de uma praia: praias com um certo grau de poluição ou
de presença humana não costumam mais apresentar tatuís.
986
considerados alimentos de luxo. O nome comum tem apenas base
morfológica, razão pela qual não tem significado taxonômico
preciso para além do nível de subordem.
Peixes
987
Arraia. Também chamada de raia. Tem o corpo achatado,
em forma de disco, com uma cauda fina e alongada. Vive no fundo
e pode enterrar-se para se defender ou cavar a areia em busca de
alimentos. Habita perto da costa, e pode entrar em estuários e
lagoas com a maré enchente.
988
em verso e prosa, com direito a música de Luiz Gonzaga, o rei do
baião. Peixe outrora abundante no mar alagoano, carapeba é
palavra de origem tupi como sentido de peixe miúdo. Segundo o
Dicionário Aurélio, trata-se de "peixe de corpo ovalado, boca
pequena desprovida de dentes, e com apenas dois raios ósseos na
nadadeira anal". Medindo até 30 cm, a carapeba é considerada uma
iguaria de grande prestígio na culinária alagoana - especialmente
as fritas, mas também ensopadas.
Carapeba
Luiz Gonzaga
989
Bonifácio, Major do povo
Velhinho novo a comandar
Carapeba por onde passa
Faz som de graça pra se brincar
Cioba. Cioba é um peixe costeiro, cabeça grande, com
espinhos na nadadeira dorsal. Cor avermelhada, com pequena
mancha escura nas laterais. Pode-se se encontrar em estuários e
lagoas, ou no mar, é peixe de ficar entre as pedras. Pode chegar a
75 cm de comprimento, coloração avermelhada com ventre mais
claro, estrias escuras e douradas no dorso e nos flancos. No Brasil,
também conhecido como ciobinha, mulata, realito, vermelho-
paramirim. Em Portugal, conhecido simplesmente como pargo
vermelho. É um peixe de carne muito saborosa e apreciada
comercialmente.
990
Pescada. Peixe importante para a produção pesqueira,
principalmente no verão. De tamanho médio a grande, apresenta
escamas maiores na linha lateral. Vive no mar, e em estuários e
lagoas.
991
Cavalo-marinho. O cavalo-marinho (Hippocampus) é um
peixe ósseo, a cabeça lembra a de um cavalo, tem a cauda enrolada
ligeiramente na extremidade. Habita os recifes coralíneos. Existem
32 espécies diferentes de cavalos-marinhos nos mares de regiões
de clima tropical e temperado, em profundidades que variam de 8 a
45 metros. Todas as espécies são consideradas vulneráveis por
órgãos de proteção à natureza. O corpo desse pequeno e delicado
peixe é coberto por placas em forma de anel. Esse peixe pode
medir entre 15 cm e 18 cm. O cavalo-marinho é muito querido
pelo pessoal que gosta de dançar ciranda. Ele ganhou até música.
Cavalo Marinho
Quinteto Violado
992
Cavalo marinho
Chega mais pra adiante
Faz uma misura
Pra toda essa gente
Cavalo marinho
Dança no terreiro
Que a dona da casa
Tem muito dinheiro
Cavalo marinho
Dança na calçada
Que a dona da casa
Tem galinha assada
Cavalo marinho
Já são horas já
Dá uma voltinha
E vai pro teu lugar
993
quilos, usa o litoral de Alagoas como zona de alimentação e aqui,
pode, ocasionalmente, desovar.
Mamíferos
994
Raposa. Vive nos campos e nas áreas abertas. É comum vê-
las correndo em canaviais ou atravessando rodovias. Alimenta-se
de pequenos roedores, aves e insetos. O homem do campo a
persegue, pela fama atacar animais domésticos, como a galinha. Há
registros da chamada raposa-da-caatinga, que alimenta-se
basicamente de pequenos animais, frutos e insetos. No Nordeste
brasileiro, a seca que assola a região semi-árida no período de
agosto a janeiro, não afeta só a população rural, más também os
animais silvestres. Entre estes animais, encontramos as raposas,
que buscam alimentos fugindo da seca, principalmente nas
rodovias onde são atropeladas a noite na busca de alimentos.
Aves
995
grupos e fazem um algazarra danada com seus silvo curto e
estridente.
Fogo Pagou
Luiz Gonzaga
996
Teve pena da rolinha que o menino matou
Mais depois que torrou a bichinha, comeu com farinha...
gostou
Fogo pagou
Fogo pagou
Fogo pagou... tem dó de mim
Fogo pagou
Fogo pagou
Fogo pagou... é sempre assim
Fogo pagou
Fogo pagou
Fogo pagou..tem dó de mim
997
sementes, brotos de planta, insetos, moluscos, e pequenos
crustáceos e peixes.
998
É encontrado ao longo do litoral brasileiro, do Rio de Janeiro para
o norte e também no Caribe. Os adultos têm 25 cm de
comprimento e pesam 54 g. Alimentam-se no chão ou na
vegetação ou descem de um poleiro para capturar invertebrados.
Comem principalmente insetos e algumas bagas. São capazes de se
aproximar de humanos, retirando comida de pratos ou da mesa. O
sabiá-da-praia não tem canto próprio: reproduz cantos de outros
pássaros. Tem uma vocalização variada e musical e canta, por
vezes, de noite. Com cauda longa e plumagem cinza-claro nas
costas e branca nas sobrancelhas, lembra os verdadeiros sabiás.
999
gavião-pinhé, indaié, pega-pinto e papa-pinto. Como toda ave de
rapina tem um papel indispensável no equilíbrio da fauna como
regulador da seleção. Evita uma superpopulação de roedores e aves
pequenas (como é o caso dos ratos e pombos nos centros urbanos),
além de eliminar indivíduos defeituosos e doentes.
Plantas do mar
RELEVO E HIDROGRAFIA
As serras de Alagoas*
*Descrição de Ivan Fernandes Lima, em Geografia de
Alagoas
1000
“O relevo de Alagoas compreende o trecho meridional da
Borborema. Tem a forma de um leque, a se rebaixar, em níveis
escalonados. Para o Rio São Francico e para o mar. Seus
gigantescos patamates semi-circundam o núcleo mais elevado, a
noroeste do Planalto de Garanhuns. Fora desta área existe no
ocidente alagoano uma zona elevada, pertencentes às áreas de Água
Branca e Mata Grande, e, no trecho centro-norte o pequeno maciço
de Santana do Ipanema”.
Planície ou Baixada Litorânea
1001
É a parte do território onde morros e serras instalam-se nela,
numa paisagem de vales rebaixados. Os seus rios correm paralelos
à própria escarpa com inflexão para o mar.
1002
Pelada, Poço Comprido, São Pedro, Serrinha, Surrão Velho, Tanque
d´Arca, Tavares, Tronco, Vento e Vigia.
Pediplano Sertanejo
OS RIOS DE ALAGOAS
1003
*Descrição de Ivan Fernandes Lima, em Geografia de
Alagoas
1004
Afluentes do São Francisco. Moxotó, Botoque ou
Pariconha, Mosquito, Talhada, Capiá, Grande, dos Farias, Jacaré,
Ipanema, Traipu, Itiuba, Boacica, Perucaba, Piauí e Marituba.
Lagoas
1005
Luzia, Curral, Gado Bravo, Pé Leve e Lunga. Em Palmeira dos
Índios encontram-se lagoas de água salgada: Porcos, Canto e
Nova.
Pontas do litoral
1006
A costa é constituída de vários aspectos, dividindo-os em:
costas altas, com falésias, costas baixas, com as praias, além de
manguesais, lagunas e recifes. Nelas são encontradas as seguintes
pontas: Patacho, nas proximidades de Porto de Pedras; Estância, ao
norte da barra do Rio Camaragibe; do Prego, nas imediações do Rio
Suaçui e Ponta Verde, em Maceió, no que se refere as praias do
Litoral Norte, ou de recifes. E finalmente, no litoral sul, ou de delta,
encontra-se o Pontal do Peba e o Pontal do Piaçabuçu. Nesta parte
do litoral encontram-se, ainda, os baxios de Dom Rodrigo, do Miaí e
Pelea.
As ilhas
1007
cita, sem definir em qual das duas lagoas: Andorinhas, Fogo e
Maranhão
1008
Rio de Janeiro, nomeado pelo Imperador Dom Pedro II. Botânico
por formação, Ladislau transformou o museu num centro mundial
de exposição e aprendizado científicos.
1009
LIVROS PARA
ENTENDER ALAGOAS
1010
levem quanto antes o entulho. E é assim, que um mundo de
ansiedades, indagações e perplexidades intelectuais, composto com
tenacidade e amor, de repente se desfaz, por força da indiferença e da
incompreensão”.
HISTÓRIA DE ALAGOAS
1011
BRANDÃO, Moreno. A História de Alagoas e o Baixo São
Francisco, 2015
1012
LINDOSO, Dirceu. Utopia Armada, 2005
1013
CARVALHO, Edson de. O Drama da descoberta do
petróleo brasileiro, 1970
Mais Alagoas
1014
ALAGOAS. Alagoas em mapas acervo sobre o Estado de
Alagoas. Secretaria de Planejamento do governo de Alagoas, 2012]
ALAGOAS. Departamento estadual de Estatística, Alagoas
e seus municípios. Maceió, Imprensa Oficial, 1944
1015
ALMEIDA, Luiz Sávio de. Dois Dedos de Prosa com os
Karapotó
1016
CASCUDO, Luiz Câmara. Geografia Alagoana no Domínio
Holandês 1940/1941, em Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas, volume 21, Maceió, pp. 18/26
1017
COSTA, João Craveiro. Instrução Pública e Instituições
Culturais de Alagoas & outros ensaios
1018
FREITAS, Décio. República dos Palmares – pesquisa e
comentários em documentos históricos do século XVII. Edufal,
2004
1019
LIMA, Mário de Carvalho. Sururu Apimentado –
apontamentos para a história política de Alagoas. Maceió,
Imprensa Oficial 2ª edição
1020
MAJELLA, Geraldo de. O PCB em Alagoas – documentos
(1982-1990). Maceió, Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2011
1021
PEDROSA, J. F. de Maya. Histórias do Velho Jaraguá.
Maceió, edição do autor 1998.
1022
TENÓRIO, Douglas Apratto e DANTAS, Cármem Lúcia.
Caminhos do Açúcar: engenhos e casas-grandes das Alagoas.
Senado Federal (DF), 2008
1023
VILELA, Humberto. Floriano Peixoto e a estátua – conheça
nossa história através de nossos monumentos. Sergasa, 1984,
documento do Arquivo Público de Alagoas
1024
BITENCOURT, Ednor. Picadas e Ferroadas: memórias.
Maceió, Edufal, 1987
1025
Sabino Romariz, Carlos Paurílio, Heckel Tavares, Breno Accioly,
Jayme de Altavila, Guimarães Passos, Tavares Bastos, Aloysio
Branco
1026
LIMA, Carlito. O velho e o mar e Outras mentiras. Maceió,
Grafpel, 2015
1027
MELO, José Marques de Melo. Alagoas na Idade Mídia.
Maceió, Viva Editora, 2013
1028
SANT´ANA, Moacir de. Bibliografia anotada de Jorge de
Lima 1915-1993. Ministério da Cultura e Fundação Casa de Rui
Barbosa
1029
Coleção Revista Graciliano Ramos, da Imprensa Oficial
Graciliano Ramos, de setembro de 2008 a 2015, do nº 1 ao nº 30
Destaques da Edição
1030
Sabores de Alagoas, setembro de 2014
Guerreiros do Nordeste, cangaço, novembro 2015
Arte & Censura, novembro de 2015
Maceió 200 anos, 2015
O oceano de Djavan, 2016
Fauna Viva, 2016
Alagoas \nação Zumbi, 2016
Instante capturado, 2017
Manifesto da Arte Popular, 2017
1031
BRANDÃO, Théo. Folguedos Natalinos - Guerreiro.
Coleção Folclórica da Universidade Federal de Alagoas, 1976
1032
DUARTE, Abelardo. Catálogo Ilustrado da Coleção
Perseverança. Maceió, Deca, 1974
1033
TRIGUEIROS, Edilberto. A língua e o folclore da bacia do
São Francisco. Ministério de Educação e Cultura, prêmio Silvio
Romero, 1963
1034
Iconografia Alagoana. Sebrae/ Governo de Alagoas. Maceió
Grafmax – 2011
Literatura
1035
LIMA, Jorge de. Calunga. Editora Alba (RJ), 2ª edição,
1943
1036
CANDIDO, A. Literatura e cultura de 1900 a 1945. Em
Literatura e sociedade. Ensaios de teoria e história literária. São
Paulo: Cia. Editora Nacional, 1965
1037
RAMOS, G. Caetés. Introdução de Antonio Candido,
“Ficção e confissão”. 5.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955
Meio Ambiente
1038
PEREIRA, Luiz de Araújo. Orquídeas de Alagoas. Maceió,
Sergasa, 1981
1039
Municípios de Alagoas. Instituto Arnon de Mello. 2006
ÍNDICE REMISSIVO
A Voz do Povo
Abdias Nascimento
Abdias, Bob Marley
Abelardo Duarte
Academia Alagoana de Letras
Ação Libertadora Nacional
Acebilio
1040
Achiles Escobar
Acotirene
Adalberon Cavalcanti Lins
Adalberto Marroquim
Adelmo dos Santos
Afrânio Lages
Agélio Novais
Águas do Aurélio
Alagoanos universais
Alagoas Boreal
Alba Nascimento Correia
Alberto Passos Guimarães
Alceu Mainard
Aldemar Paiva
Aldo Ivo
Aldo Jones
Alex Barbosa
Alfredo Brandão
Aline Marta
Allen Ginsberg
Alma de Borracha
Almir Medeiros
Aloísio Branco
Aloísio Coimbra
Aloísio Vilela
Alpínia purpurata vermelha
Altair Pereira
1041
Altemar Dutra
Ambientalistas de Alagoas
Américo José Peixoto Lima (Lelé)
Américo Vespúcio
Ana Lins
André Papini
Ângela Nadir Oiticica
Angicos
Angiquinho
Anilda Leão
Anistia
Antônio Cândido
Antonio Carmo
Antonio de Dedé
Antonio Deodato
Antônio Francisco dos Santos
Antonio Sapucaia
Arcanjo
Arthur Ramos
Ari Cipola
Aristóbolo Cardoso (compositor)
Arivaldo Maia
Arlene Miranda
Arnoldo Jambo
Arnon de Mello
Arriéte Vilela
ASA
1042
Associação Teatral de Alagoas
Audálio Dantas
Augusta Martins
Aureliano Cândido Tavares Bastos
Aurélio Buarque
Aurélio Buarque de Holanda
Aurélio Vianna
Aydete Vianna
Azuladinha
Baile da Chita
Baleia – Vidas Secas
Banda "Esquenta Muié"
Banda Cachorro Urubu
Banda Gato Zarolho
Banda Mopho
Banda Porão
Bandas e filarmônicas
Banguê nas Alagoas
Barafunda
Bárbara Lessa
Barreto Falcão
Bartolomeu Dresch
Baygon
Benedito Fonseca
1043
Benedito Mossoró
Benjamim Moser
Benon Pinto da Silva
Bens tombados
Bernardina Dinah de Oliveira
Beroaldo Maia Gomes
Beto Batera
Beto Leão
Beto Nascimento
Beto Normande
Betuca Lima
Bety Faria
Bidu Sayão
Bismarck
Biu Cabecinha
Bob Vilanova
Boca da Mata
Boca de Maceió
Bordado de filé
Bordado Meia Noite
Bordado Singeleza
Botafogo
Braga Lyra
Brasão de armas
Bráulio Leite Júnior
Brejos de altitude
Breno Accioly
1044
Bruno César Cavacalcanti
Cabo Henrique
Cacá Diegues
Cachoeira de Paulo Afonso
Cachorra Baleia
Café do Cupertino
Calabar
Calunga
Cândida Palmeira
Canhoto
Canibais
Canoa de Tolda
Cantinho da Saudade
Capiba
Caralâmpia
Carlinhos Marechal
Carlito Lima
Carlos Xavier da Costa
Carlos Alberto Richelli
Carlos Balla
Carlos Fiúza
Carlos J. Duarte
Carlos Marighella
Carlos Moliterno
1045
Carlos Moura
Carlos Paurílio
Carlos Vereza
Carmem Correia Acioli (1897-2001)
Cármem Lúcia Dantas
Carmem Miranda
Carmem Omena
Carnaval
Castanha (massagista)
Ceci Cunha
Celi Leite
Celso Brandão
Cena literária contemporânea
Cerca Real do Macaco
Ceres Vasconcelos
Cesário Procópio
Charles Bukovski
Chau do Pife
Chico Buarque
Chico Eupídio
Chico Nunes
Chico Nunes das Alagoas
Cícero Flor
Cícero Péricles
Cícero Vieira
Cidade Sorriso
Circuito cultural
1046
Clara Charf Marighela
Clara Ramos
Clarice Lispector
Cláudia Gordon
Claudio Canuto
Cláudio Moreira Pacheco
Claudionor Higino
Cléa Marsiglia
Clemilda
Clóvis José da Silva
Clube Fênix
Coleção Perseverança
Comendador Peixoto
Contracultura alagoana
Corisco
Corisco
Correia Flores
Costa Aguiar
Costa Rego
Costa Rêgo
Couraçado Caetés
Craveiro Costa
Cravo Albim
CRB
Creusa de Souza Accioly
Cris Braun
Cristiane Acioli Jatobá
1047
CSA
Culinária alagoana
Dalton Costa
Damião de Souza
Darcy de Farias Costa
Darcy Ribeiro
Dário Bernardes,
Dario Pingo de Ouro
Davi Nasser
Décio Freitas
Delmiro Gouveia
Delson Uchoa
Demócrito Gracindo
Denis Agra
Destaladora de fumo
Dia do Quebra
Dias Cabral
Diáspora Literária
Dida – jogador
Dinho Zampier
Diplomatas do Império
Dirceu Lindoso
Divaldo Suruagy
Djavan
1048
Dom Hélder Câmara
Dom Pedro I
Dom Pedro II
Domingos Fernandes Calabar
Domingos Jorge Velho
Dona Clarice
Dona Iracema
Dona Irineia
Douglas Apratto Tenório
Duda Calado
Duofel
Dydha Lyra
Edberto Ticianelli
Edécio Lopes
Edgar Bastos
Edgar Moraes
Edições Catavento
Edilma Bomfim Acioli
Edenilson Oliveira
Edmilson Salles
Edna Constant Mendes
Ednilson Salles
Edson Bezerra
Edson de Carvalho
1049
Edson Moreira
Edu Maia (compositor)
Edu Passos
Eduardo Canuto
Eduardo Xavier
Edvaldo Santa Rosa
Elaine Kundera
Elba Farias Gazaneu
Elcio de Gusmão Verçosa
Eliane Cavalcanti
Eliane Vielmond
Eliezer Setton
Elinaldo Barros
Elysio de Carvalho
Elza Miranda
Embarcações do Velho Chico
Emídio Magalhães
Emília Clarck
Emílio de Maya
Enaura Quixabeira
Ênio Lins
Erb
Ernani Méro
Esportes & Futebol
Estátua de Zumbi
Estefânia Goes
Estevão Pinto
1050
Euclides Malta
Eurico Maciel
Eva Le Campion
Everaldo Borges
Evocação a Alagoas
Ezra Pound
Farois de Alagoas
Fátima Leão
Fátima Pinto
Félix Baigon
Félix de Lima Júnior
Fernanda Guimarães
Fernandes Lima
Fernando Bismarck
Fernando Coelho
Fernando Collor
Fernando Fiúza
Fernando Lobo
Fernando Lopes
Fernando Melo
Fernando Pontes
Fernando Rodrigues
Ferreira Gullar
Ferreti
1051
Festa da Arte Nova
Festas e celebrações
Floracy Cavalcante
Florentino Dias
Floriano Peixoto
Fotomontagens (Jorge Lima)
Francisco Oiticica
Francisco Valoir
Fredy Correia
Frei Jaboatão
Freitas
Freitas Cavalcanti
Freitas Neto
Gal Monteiro
Galo da torre do Rosário
Gama Júnior
Ganga Zumba
Gaspar Luiz
Gastone Lúcia Beltrão
General Mário Lima
Georg Marcgraf – cartógrafo
George de Carvalho Andrade
1052
Geraldo Benson
Geraldo de Majella
Gerson Filho
Getúlio Mota
Getúlio Vargas
Gicélia Lopes de Oliveira
Gilberto de Macedo
Gilberto Freyre
Gogó da Ema
Góis Monteiro
Gonzaga Leão
Goulart de Andrade
Graça Dias
Graciliana Celestino
Graciliano Ramos
Grupo Vivarte
Guedes de Miranda
Guerra dos Cabanos
Guilherme Palmeira
Guilherme Rogatto
Guiomar de Castro
Gustavo Gomes
Gustavo Leite
Gustavo Lima
Gustavo Paiva
1053
Halfeld
Heckel Tavares
Hélio Miranda
Hélio Pisca
Heliônia Ceres
Heloísa Maria de Gusmão Medeiros
Henrique Davino
Henrique Lima
Hércules Mendes
Hermano Figueiredo
Hermeto Pascoal
Hidroaviões
Hidronavegação
Hilarina
Homero Cavalcante
Homero Cavalcanti
Humberto Lins
Humberto Mendes
Ícones
Igreja Nova
Ilha do Ferro
Ilhas
Ilza Porto
1054
Impeachment
Índios das Alagoas
Interior de Alagoas
Irene Duarte Silva
Irina Costa
Irineu e Lula Sabiá
Ismael Pereira
Italo Graciano Matos
Ivan Fernandes Lima
Ivanildo Rafael
Ivson Monteiro
Jacinto Silva
Jack Kerouak
Jacozinho
Jaime de Altavila
Jaime Miranda
Jangadas da Pajuçara
Jangadeiros alagoanos
Januário Canhoto
Jararaca
Jarede Viana
Jayme Amorim de Miranda
Jayme d’Altavila
Jean Mazzon
1055
Jeanine Toledo
Jeanne Moreau
Joana Gajuru
João Bezerra da Silva
João das Alagoas
João de Lima
João do Pife
João Guimarães Rosa
João Paulo
João Paulo II
Joãozinho Paulista
Joaquim Alves
Joaquim Brígido
Jofre Soares
Jorge Barbosa
Jorge Barboza
Jorge Cooper
Jorge da Sorte
Jorge de Lima
Jorge Lins
Jorge Oliveira
Jorge Siri
José Aloísio Brandão Vilela
José Aloísio Vilela
José Augusto Xavier
José Bach
José Cícero
1056
José Dalmo Guimarães Lins
José Geraldo Marques
José Joaquim
José Kairala
José Lins do Rego
José Luiz Calazans (Jararaca)
José Marcio Passos
José Maria de Melo
José Maria Tenório Rocha
José Marques de Melo
José Menezes
José Paulino Lins
José Pimentel Amorim
José Próspero Jeová da Silva Caroatá
José Rodrigues de Miranda
José Wilker
José Zumba
Josefina Novaes
Josué Junior
Jota do Pife
Juarez Cavalcanti
Juarez Orestes
Jucá Santos
Judas Isgorota
Júnior Almeida
Junior Bocão
Jurandir Gomes
1057
Juvenal Lopes
Juvenal Machado
Kleber Roubaud
Ladislau Neto
Lael Correia
Lagoa da Canoa
Lagoas
Lamenha Filho
Lampião
Lauro Gomes
Lauthenay Perdigão
Le Champion
Leda Almeida
Ledo Ivo
Lêdo Ivo
Lelo Macena
Léo Palmeira
Leureny
Liceu Alagoano
Lilian Rose
Liliana Brandão
Lily Kapetanakis
Lily Lages
Linda Mascarenhas
1058
Literatura infantil
Litoral de Alagoas
Lobão Filho
Lourenço Lacombe
Lourenço Peixoto
Lourival Passos
Lucas Lamenha
Lúcia Guiomar
Luciano José
Lucy Brandão
Luis Felipe Scolari
Luiz Inácio Lula da Silva
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros
Luiz B. Torres
Luiz Câmara Cascudo
Luiz Cavalcante
Luiz de Almeida Araújo
Luiz de Almeida Neto
Luiz de Medeiros Neto
Luiz Gonzaga
Luiz Lavenère
Luiz Lucariny
Luiz Sávio de Almeida
Luiz Vera Filho
Lula
Lula em Maceió
1059
M
Macabéa
Mácleim
Maestro Fon-Fon
Maestro Manezinho
Major Bonifácio
Major Luiz
Mané Garrincha
Manhãs Brasileiras
Manifesto Sururu
Manoel Bandeira
Manoel Diégues Júnior
Manoel Fiel Filho
Manoel Lisboa de Moura
Manoel Viana
Manuel Diegues Júnior
Marcel Gautherot
Marcelino Freitas Neto
Marcial Lima
Márcio Canuto
Marcio Moreira Alves
Marcos Aurélio
Marcos de Farias Costa
Marcos Plech
Maria Amélia Vieira
Maria Bonita
1060
Maria José Palmeira (Lilian Rose)
Maria Luiza Pontes de Miranda
Maria Rosa Maia Nobre Piatti
Maria Teresa Vieira
Marília Ferreira
Marina Tavares
Marinês
Mário de Andrade
Mário de Carvalho Lima
Mário de Gusmão
Mário Lago
Mário Magalhães
Mário Marroquim
Mário Tilico
Marisa Gatto
Marta Vieira
Martha Araújo
Martha Arruda
Martinho da Vila
Maurício de Nassau
Mello Motta
Memória do Jornalismo Alagoano
Memória do Rádio Alagoano
Memórias do Cárcere
Memórias Legislativas
Menestrel das Alagoas
Meninos da Avenida
1061
Messias de Melo
Mestre Graça
Mestre Zinho
Mestres Artesãos das Alagoas
Miguel (Rocha) Rosas
Miguel Torres
Millane Hora
Milton Hênio
Miriam Falcão Lima
Mirna Porto
Miss Paripueira
Misso
Moacir Medeiros de Sant´Ana
Modernismo
Modernismo em Alagoas
Moleque Namorador
Monteiro Lobato
Moreno Brandão
Morgana Maria Pita Duarte
MR-8
Muniz Falcão
N
Naná Loureiro
Natalício Barros
Navegação fluvial
Nega Juju
1062
Negra Fulô
Negra Odete
Negro no futebol alagoano
Nelsinho Braga
Nelson da Rabeca
Nelson Pereira dos Santos
Nelson Rodrigues
Neto
Neuza Amorim de Miranda
Neuza Saleme
Ney Conceição
Nilo Peixoto
Nise da Silveira
Nivaldo Yang Tay
Nô Pedrosa
Noêmia Duarte (1897-1962)
NS dos Prazeres
Nunes Lima
Octávio Brandão
Odete dos Martírios
Odete Pacheco
Odijas Carvalho de Souza
Operação Taturana
Orlando Santos
1063
Orquídea alagoana
Osman Loureiro
Otávio Cabral
Padroeira de Maceió
Pajuçara
Pajussara
Pantanal alagoano
Pão de Açúcar
Paranhos
Patrícia Lins
Patrimônio Imaterial
Paulo Alencar
Paulo Autran
Paulo Caetano
Paulo Caldas
Paulo Gracindo
Paulo Malta Filho
Paulo Martins
Paulo Silveira de Castro
PC do B
PCB
PCR
Pedro Cabral
Pedro da Rocha
1064
Pedro Nolasco Maciel
Pedro Nunes
Pedro Onofre
Pedro Tarzan
Pedro Teixeira
Peró Andrade
Persival Figueroa
Petrobras
Petróleo em Alagoas
Petuba
Peu
Piaçabuçu
Pierre Cardin
Pierre Chalita
Pierre Verger
Pindorama
Piranhas
Pixinguinha
Plínio Lins
Pontes de Miranda
Porto Calvo
Porto Real
Quebra de Xangô
Quebrangulo
1065
R
Rachel de Queiroz
Rachel Rocha
Rádio alagoano
Rádio Difusora
Radjalma Cavalcanti
Railton Sarmento
Ranilson França
Rás Gonguila
Raul Lima
Rei Pelé – Trapichão
Relatórios do prefeito Graciliano
Renan Filho
Renda de Bilro
Renê Bertholet
René Guerra
Réplica da Estátua da Liberdade
Riacho Doce
Ricardo Maia
Ricardo Mota
Ricardo Neto
Ricardo Santado
Ricardo Sarmento
Rita Vilela
Roberto Ataíde
1066
Roberto Becker
Roberto Lopes
Roberto Mendes
Roberto Menezes
Roberto Vilanova
Robertson Dort
Rodrigues de Gouveia
Rodrigues de Melo
Rogério Gomes
Romance alagoano
Romance Nordestino
Romeu de Avelar
Rommel
Ronaldo de Andrade
Ronaldo Lessa
Rosália Brandão
Rosália Sandoval
Rosita Peixoto Lima
Rosival Lemos
Rosivaldo Reis
Ruas de Maceió
Rubens Colaço
Rubens Quintela
Rui Palmeira
Ruth Quintela
1067
Sabino Romariz
Saleiro Pitão
Sadi Cabral
Salles
Sambaqui
Sandoval Caju
Sandra Pereira das Neves
Santa Rita
Sávio de Almeida
Selma Bandeira
Seresteiros da Pintanguinha
Setton Neto
Sil
Silva
Silva Cão
Silvério Pessoa
Silvestre Péricles
Sinos de Maceió
Soarestes
Socorrinho Breda
Solange Chalita
Solange da Costa
Solange Sarmento
Sônia Maria de Gouveia
Sóstenes Lima
Stela Maria Mota
1068
Suely Bandeira
Suetônio Madeiros
Sururu Apimentado
T
Tadeu da Costa Lima
Tânia de Maya Pedrosa
Tânia Pedrosa
Tavares Bastos
Teatro Deodoro
Teixeira da Rocha
Tenório Cavalcanti
Teotônio Brandão Vilela
Teotonio Brandão Vilela Filho
Tereza Setton
Tereza Wucherer Braga
Terezinha Agra
Terezinha Porto
Théo Brandão
Thiago Mio Salla
Tia Marcelina
Tobias Granja
Tomás Espíndola
Tororó do Rojão
Traipu
Trapichão
1069
U
Valdemar Cavalcanti
Valmir Calheiros
Vânia Lima
Vera Arruda
Vera Fischer
Vera Gama
Vera Lúcia Calheiros
Vera Romariz
Vicente de Paula
Vicente Ferreira
Vinícius Maia Nobre
Virgílio Maurício
Virgulino Ferreira da Silva
Visconde de Sinimbu
Vladimir de Carvalho
Vladimir Herzog
Vladimir Maiakovski
Vladimir Palmeira
1070
Wado
Walfredo Bandeira de Melo
Walfrido Alencar
Werner Salles
Wilma Araújo
Wilma Araújo
Wilma Miranda
Wladimir Carvalho
Xéxéu
Xilogravura do Tico Tico
Xique Baratinho
Yohansson
Zabumbeiro
Zafi
Zagallo
Zaluar de Sant´Ana
1071
Zé Barros
Zé Carlos
Zé Márcio Passos
Zé Preta
Zélia Maia Nobre
Zezinho
Zezito Guedes
Zinho
Zumba
Zumbi dos Palmares
1072