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RESUMO DO LIVRO
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SUMÁRIO
PRIMEIRA PARTE
ÁGUA
Águas do Norte
Águas do Sul
Águas de Maceió
Águas do Velho Chico
TERRA
Terra de ícones
Terra das maravilhas
Terra de guerreiros
Terra de heroínas
Terra da poesia
Terra de campeões
GENTE
Profissões e ofícios
Índios das Alagoas
Negros de Alagoas
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Figuras populares
Figuras do Carnaval
Legião estrangeira
ARTE POPULAR
Música
Teatro
Dança
Cinema
Artes Visuais
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SEGUNDA PARTE
ALAGOANOS UNIVERSAIS
LITERATURA ALAGOANA
MEMÓRIA SOCIAL
OUTRAS MEMÓRIAS
PATRIMÔNIO TOMBADO
ÍNDICE REMISSIVO
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ÁGUA
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ÁGUAS DO SUL
OSSADAS NA PRÉ-HISTÓRIA
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“Um enorme sambaqui começava a ser explorado para o
fabrico de cal, e do qual se retiraram ossos, machados, armas de
guerra, pilões e outros artefatos de pedra. Posteriormente foram
identificados restos de sambaquis no litoral e nas ilhas das lagoas
desse Estado”.
MUNDO DE FÓSSEIS
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“Essas inscrições têm sido assinaladas em inúmeras partes
do território alagoano. Alfredo Brandão faz referências a algumas
delas, encontradas em rochedos de Viçosa, Capela, Atalaia, Porto
de Pedra, Anadia, Palmeira dos índios, e até em Maceió, no sítio
Leópolis, na localidade de Bica da Pedra. E consequentmentee, as
regiões alagoanas devem ser compreendidas entre aquelas que
ofereceram testemunho da pré-história americana”.
TERRA PINDORAMA
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eles sabiam que era o último dia do paraíso perdido, a terra das
palmeiras, Pindorama, na língua tupi-guarani.
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ALAGOAS, TERRA À VISTA!
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lagoas salgadas, cujas comunicações com o mar, só se estabelecem
nas marés altas”.
PIRATAS FRANCESES
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“Podemos dizer que nossa mestiçagem começou com eles.
Os primeiros mestiços de brancos com índios, os chamados mame-
lucos alagoanos certamente nasceram tingidos de Pau-brasil, mis-
to de caeté-francês. O grau de convivência, de relações amistosas,
dos ferozes caetés com os franceses é algo a se pensar. Talvez de
todos os indígenas brasileiros, foram os caetés os que mais detes-
taram os lusos e por eles foram perseguidos, torturados e mortos
até a quase exterminação. Lembremos que os franceses em outras
plagas tinham a mesma crueldade portuguesa com os nativos ao
ponto do pensador Montaigne ao escrever sobre o bom selvagem
considerar os seus compatriotas os verdadeiros bárbaros. O bom
relacionamento do indígena alagoano com o pirata francês foi
decisivo para a ocupação do Brasil, já assim denominado pela
importância do pau corante. Compreendeu Lisboa que se não o
fizesse já eles perderiam a antiga Terra de Santa Cruz para os
seus vizinhos da Gália. Sucessivas expedições e a criação das Ca-
pitanias Hereditárias e do Governo geral foram parte do novo
planejamento para consolidação da conquista”.
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TRÁFICO DO PAU-BRASIL
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Jayme de Altavila, História da Civilização de Alagoas, 1962
– com anotações de Moacir Medeiros de Sant´Ana
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tório alagoano. Eles tinham estatura mediana, eram robustos e en-
troncados, de olhos pequenos de coloração negra, nariz meio achata-
do, boca grande e cabelos grossos e pretos. A pele tinha cor de folha
seca”.
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me parece ainda mais que são como as aves ou alimárias mon-
teses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que as man-
sas, porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão
fremosos que não pode mais ser (...) Ali andavam entre eles três
ou quatro moças bem novinhas e gentis, com cabelo mui pretos
e compridos pelas costas e suas vergonhas tão altas e tão sara-
dinhas e tão limpas das cabeleiras que de as nós muito bem
olharmos não tínhamos nenhuma vergonha”.
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índios e passaram a colonizar a região onde eles habitavam. O reli-
gioso tentou controlar as ações dos colonos portugueses que vie-
ram para o Brasil. Ele tentava combater, por exemplo, o hábito de
fumar, adquirido com os indígenas, como impedir que os portu-
gueses se relacionassem sexualmente com as indígenas. À época,
Duarte da Costa era governador-geral do Brasil. Seu filho, Álvaro
da Costa, era um homem violento e que utilizava da força para
intimidar principalmente os indígenas. Durante um de seus ser-
mões, o bispo Sardinha condenou as ações de Álvaro da Costa, o
que resultou no início de um conflito entre o bispo e o governador-
geral. Como não tinha forças para enfrentar Duarte da Costa, o
bispo Sardinha decidiu voltar a Portugal para fazer suas reclama-
ções diretamente ao rei D. João III.
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MASSACRE DOS CAETÉS
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Brandão: “Batendo os autóctones, numa fúria louca, aos impulsos
de um ódio desabrido”. Se não os exterminou, empurrou-os para
tão longe, interior a dentro, que os afastou das áreas de posterior
ocupação. As expedições contra os caetés duraram cinco anos, e
foi secundada por um edito real que condenou os sobreviventes à
escravidão perpétua... Depois dessa expedição que se estabelece o
projeto português de colonização das terras alagoanas”. .
FIM DA ALAGOÍNDIA
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“Há muito, muito tempo atrás, todos esses povos, viviam
aqui sob a égide do naturalismo e da liberdade, até chegarem os
homens brancos trazendo desgraças. Chegaram os europeus com
o advento da civilização e da fé cristã, mas com a destruição da
cultura, da liberdade, da vida de todas as sociedades nativas. Para
os portugueses, as tribos e as nações que não aceitavam seu poder
eram consideradas infiéis e a guerra contra eles revertia-se em
uma guerra santa, que tinham como finalidade precípua reduzir os
índios à escravidão, pois os senhores brancos, na ânsia de auferir
mais riquezas, queriam, constantemente, aumentar a mão de obra
escrava local na colônia”.
MANIFESTO ANTROPOFÁGICO
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haver devorado e deglutido (digerido) as matrizes culturais euro-
peias, africanas e indígenas. Oswald busca uma marcação temporal
para a existência brasileira, que no Manifesto começa com o pri-
meiro ato antropófago conhecido oficialmente. Leia abaixo um
trecho do Manifesto Antropofágico:
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Por Oswald de Andrade, em Manifesto Antropofágico, Re-
vista de Antropofagia, Ano I, No. I, maio de 1928.
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de embriagar-me quando experimento qualquer abalo, alegria ou
tristeza... Diferentes, é claro. Outras raças outros costumes. Mas
no íntimo, um caeté. Um caeté descrente”.
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sou eu, e não o bestalhão do Oswald de Andrade. Eles roubaram a
antropofagia alagoana”.
ÍNDIO NA REPÚBLICA
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Abelardo Duarte, em Aspectos da Mestiçagem nas Alagoas,
1955.
POLOS PRIMITIVOS
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“É possível admitir-se que haja partido de três focos inici-
ais o povoamento do território alagoano. Um assentou no Norte, e
teve Porto Calvo como núcleo de irradiação. O segundo situa-se
no centro o litoral e se desenvolveu em torno das lagoas, que de-
ram nome ao povoado inicial: Alagoas ou Alagoa do Sul e Alagoa
do Norte. Prolongou-se pelo Vale do (rio) Mundaú, a cujas mar-
gens assentaram-se os fundamentos da economia local: os enge-
nhos de açúcar. O terceiro foco situou-se ao Sul, Penedo é seu
centro de expansão. Um quarto foco, complementar daqueles três
primeiros, surge já nos meados do século XVII, com Atalaia sendo
núcleo do quarto foco de povoamento, e seu aparecimento se deve
à luta contra os Palmares, que determina a expansão do povoa-
mento do interior. Completa-se a estruturação geográfico-social
das Alagoas”.
“CIVILIZAÇÃO DO COURO”
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sertão e semiárido alagoano, com a criação da chamada “Civiliza-
ção do Couro” (termo cunhado pelo historiador cearense Capistra-
no de Abreu), e o rio também levou fama, sendo chamado de “Rio
dos Currais”. Uma sociedade de estrutura social mais simples, com
um mínimo de distância social entre os “donos” da terra e do gado
com o vaqueiro-tangedor, sem o uso do trabalho escravo negro
comprado dos navios negreiros.
RIOS E ESCRAVOS
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ram na zona das matas úmidas e litorâneas do Norte de Alagoas.
Os engenhos de açúcar nunca deixaram de prosperar. Os “donos”
da terra usavam rios e escravos para prosperar negócios. Pela exu-
berante hidrografia da região, com muitos rios, lagoas e mananci-
ais. Os engenhos permaneceram com o predomínio da economia
regional, mesmo em épocas de guerra, como entre Portugal e Ho-
landa, e com o uso intensivo de mão de obra de negros africanos.
No ensaio de Catarina Agudo, da Universidade Federal de Alago-
as, sobre Georg Marcgraf (cartógrafo alemão que em 1643 fez um
criterioso e pioneiro mapeamento dos rios e lagoas da costa alago-
ana, a pesquisadora cita (Cortesão, 1971) para mostrar como fun-
cionava o sistema entre os engenhos de cana e os rios.
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MAPA DA VIDA COLONIAL
LAGOAS E LATIFÚNDIOS
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semelhante ao de Cristóvão Lins no litoral Norte: ganharam da
Coroa portuguesa, durante as Capitanias Hereditárias, no sistema
de sesmarias, imensos nacos de terra. Os alcáides-mor beneficiados
pela doação fatiavam as sesmarias para a família.
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ÁGUAS DO NORTE
CIVILIZAÇÃO DO AÇÚCAR
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ção. A fixação da sociedade agrária nesta área se faz através da
extinção dos índios de corso (nômades) nos domínios agrícolas e
com a importação de escravos da África para o trabalho nas plan-
tações e engenhos”.
EXPANSÃO NO FRONT
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pos entrelaçados por parentescos. Os engenhos e seus senhores
sempre formaram o verdadeiro centro social e político da região”.
TRÁFICO NEGREIRO
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douro de Sapucahy. Barcos e brigues evitavam os portos de maior
visibilidade para não atrair a atenção e faziam à larga o desem-
barque dos negros, usando barcaças e jangadas quando chegavam
mais perto do litoral. Os muambeiros eram conhecidos pela desfa-
çatez com que driblavam a proibição e praticavam o tráfico às
escâncaras, sob a proteção dos poderosos da época. Para comba-
ter a ilegalidade ou manter as aparências, o governo criou postos
militares ao longo do litoral alagoano. Barra de Coruripe, Fran-
cês, Peba, Poxim, Gamela e Ipioca foram usados como pretensa
medida de repressão ao contrabando, mas o comércio continuou
existindo e só foi reduzido, ma non troppo, a partir da Lei Euzébio
de Queiroz, em 1850”.
CICLO DA CANA
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d´água, passando pelos vales úmidos e os chamados “rios do açú-
car”: Manguaba, Camaragibe, Santo Antônio, Mundaú, Paraíba,
São Miguel, Jequiá e Coruripe. Em sua marcha para o Sul de Ala-
goas, engoliu intensas terras cobertas pela Mata Atlântica. No pe-
ríodo holandês, entre 1590 e 1637, já existiam 16 engenhos. O
mais antigo deles, o Buenos Aires, ficava em Passo de Camaragi-
be. Mesmo no processo de abolição, em 1888, os senhores de en-
genho não entraram e crise e nem diminuíram os ritmo.
FOGO MORTO
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transição do modelo descentralizado dos engenhos banguês para o
da concentração industrial das usinas coincidiu com a criação, já
no século XX, em 1933, do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA).
Os banguês agora eram “fogo morto”, com a oligarquia composta
pelos senhores de engenho, ameaçada com a chegada do capital
proveniente da industrialização. O escritor e poeta alagoano, Jorge
de Lima, relata o fim dos engenhos em dois textos líricos e dramá-
ticos: um em prosa, no romance Calunga (1943), e outro na poesia
Banguê, publicada em Poemas Negros (1947). Leia trechos:
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Banguê
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E os senhores de espora?
E as sinhás-donas de cocó?
E os cambiteiros, purgadores, negros queimados na forna-
lha?
O seu cozinhador, Usina Leão, é esse tal Mister Cox que ti-
ra
da cana o que a cana não pode dar
e que não deixa nem bagaço
com um tiquinho de caldo
para as abelhas chupar!
[...]
Ah! Usina Leão, você engoliu
os bangüezinhos do país das Alagoas!
Cadê seus quilombos com seus índios armados de flecha,
com seus negros mucufas que sempre acabavam vendidos,
tirando esmola para enterrar o rei do Congo?
“Folga negro
Branco não vem cá!
Si vinhé,
Pau há de levá!”
Você vai morrer, banguê!
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VILLA DE PORTO CALVO 1
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“A embarcação agitava a água com um ruído agradável,
que fazia estremecer de contente os habitantes daquela linda mar-
gem. A excursão estava agradável: o barco, cheio de amadores
(tripulantes), todos ávidos, contemplavam aquelas margens pito-
rescas. Quanto mais subia, o barco singrava ufano e veloz, e mais
deliciosas se tornavam as paysagens do Camaragibe. Sobre o Ca-
maragibe se divisa uma ponte em madeira, concluída em 1868, na
qual se dispensou sete mil réis. A noite estava com um lindo luar,
entre os deleitáveis passeios lá estava a ponte, onde os visitantes
dançaram, ouviram música. Duas grandes barcaças carregadas de
madeira, estavam atracadas no porto. Depois de pernoitar na ci-
dade, a expedição voltou e desceu o rio até fundear na litorânea
Vila de Ponta de Pedra, no delta do rio Manguaba”.
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tura comprometida - onde os presos ficavam em “prisões espaço-
sas”, com sacadas de ferro, e vista para o mar. O vapor Mossoró
zarpou pelas águas do rio Manguaba, até a Villa de Porto Calvo,
distante sete léguas acima da foz, ao som de muito foguetório,
“que festejavam a feliz e esperançosa tentativa da navegação a va-
por naquelas águas”.
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ROTEIRO DA CIVILIZAÇÃO
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dência de sua produção por queima do carvão e a destruição das
matas (começava a faltar lenha para as fornalhas de cozimento do
açúcar), foi no coração dessa mata úmida, entre árvores magnífi-
cas e madeiras excelentes e às margens resplandecentes dos rios,
que começou a se erguer a civilização açucareira nestes núcleos
pioneiros das Alagoas”.
PRAIAS NA GUERRA
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caças velejou para sua terra, trazendo o desígnio de apoderar-se
de Porto de Pedra e Porto Calvo”.
DESERÇÃO DE CALABAR
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Parte dos historiadores, porém, vê um pouco de exagero na “glo-
rificação” de Calabar. Na verdade, o que contou mais para as
vitórias dos invasores foram o aumento dos investimentos da
Companhia das Índias e a troca do comando militar, com a che-
gada do coronel polonês Christoffel Artichewsky, que ouvia muito
os palpites do Calabar”.
TÁTICAS DE GUERRILHA
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saqueadas e destruídas, passaram a se comprometer, secretamente,
a não mais apoiar Matias de Albuquerque, em troca de serem pou-
pados.
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ano, depois de ganhar várias batalhas em solo alagoano, chega a
Penedo, onde constrói o famoso forte Maurício. Em 1640, neste
mesmo forte, a Holanda cai mais uma vez, acossada por tropas
portuguesas e deixa Penedo. A invasão holandesa no Brasil durou
de 1630 a 1654.
UM ELOGIO Á TRAIÇÃO
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e mestiço do Nordeste brasileiro, ao longo dos séculos. Descons-
truindo a história oficial, o Domingos Fernandes Calabar idealiza-
do por Ivo não é o traidor da pátria. Ele é a personificação do mar-
tírio perpetrado contra os que se insurgem, contra os que lutam
pelos seus ideais. O texto, originalmente lançado em 1985, discute
ainda sobre preconceito e traz uma das características mais mar-
cantes da obra do autor: sua intensa alagoanidade.
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com a força de uma bala
entre nuvens de ouro fino...
HERANÇAS HOLANDESAS
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por baixo, a legenda em latim – Alagoas ad Austrum (Alagoas da
parte sul), sendo o escudo encimado por duas asas espalmadas.”
GUERRA DO AÇÚCAR
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3. A Batalha de Mata Redonda, ocorrida entre Porto Calvo
e Porto de Pedras, em janeiro de 1633, foi a “mãe” de todas as
batalhas, devido ao grande teatro de guerra montado, que envol-
veu tropas portuguesas, espanholas, holandesas, índios, negros e
mercenários europeus.
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no território onde hoje estão os municípios de Anadia e São Mi-
guel dos Campos.
CARTOGRAFIA DO AÇÚCAR
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à sua frente: um lindo horizonte de Porto Calvo. Mas ele inseriu os
outros elementos da paisagem – uma estradinha de terra, um casal
de brancos brincando na sombra de uma árvore, uma família de
negros apontando para o céu claro, mas cheio de nuvens, sob três
grandes montes, no do meio, uma estrada em aclive até o forte ho-
landês embandeirado. Esta pintura – uma litografia em aquarela
está entre as mais famosas de Frans Prost, que atuou como a me-
mória viva de Maurício de Nassau, acompanhando-o em todas as
suas viagens e campanhas militares. Ele fez parte da comitiva de
Nassau ao Brasil, juntamente com Albert Eckhout, George Ma-
cgraf e alguns naturalistas. É considerado o primeiro paisagista
estrangeiro com olhar no Brasil. O Instituto Ricardo Brennand, no
Recife, possui quinze quadros de Post. Os registros mais importan-
tes – mapas, iconografia, desenhos em aquarela e bico de pena -
revelaram os primeiros contornos da nascente Alagoas, durante a
ocupação holandesa.
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quista pela visão: mapas e pinturas, do livro O Olhar Holandês e
o Novo Mundo, Edufal 2011
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CAPITÃO DAS MATAS
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assim, conseguiu apenas o Maravano, onde já morava sua família.
No entanto, o velho caudilho vai assentar-se na região de Porto
Calvo, nas suas antigas terras. Ali morrrerá em torno de 1868”.
UM NATIVO DO NORTE
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declarações de amor a sua terra, e na última ele fechou: “minha
profissão é ser alagoano”.
CAPITANIA INDEPENDENTE
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de Pernambuco para conquistar a condição de capitania indepen-
dente. Dom João VI assinou o decreto e, logo após, iniciou-se um
período turbulento, o da fixação dos limites entre Alagoas e Per-
nambuco. É que o decreto régio não fixava os limites divisórios.
De 1817 até 1889, quando foi proclamada a República, foi imensa
a quantidade de políticos que assumiram o governo, que definiram
o nosso destino. Exatamente 139 homens administraram Alagoas.
Foram 72 anos de intrigas internas, confusões e muita discussão. A
agitação política foi de tal forma que poucos conseguiram deixar
marcas duradouras de sua passagem. Leia a íntegra do decreto,
escrita em português arcaico do século XVII.
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petentes: e atendendo ás boas qualidades e mais partes, que con-
correm na pessoa de Sebastião Francisco de Melo: Hei por bem
nomea-lo governador dela, para servir por tempo de três anos, e o
mais que decorrer,/ enquanto lhe não der sucessor.
PROTAGONISTAS DA EMANCIPAÇÃO
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primeiro jornal publicado na província, assim considerada a par-
tir da independência do Brasil e organização do império. É certo
que os primeiros anos de independência não foram fáceis. Uma
sequência de movimentos abalou a vida provincial: em 1824, a
Confederação do Equador; em 1832-1835, a Cabanada; em 1844,
a rebelião conhecida como Lisos e Cabeludos; em 1849, a reper-
cussão da revolução praieira.
CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA
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“O que parece é que de fato a autonomia de Alagoas resul-
tou da conjugação desses dois fatores: o político - como irão com-
provar as reações adversas da nova Capitania... e o econômico,
pelas novas conduções do controle administrativo criadas com a
nova unidade. Afinal, Alagoas já contava com 13 freguesias e oito
vilas, a maior parte delas distribuídas ao longo do litoral, mas já
com algumas a razoável distância da costa. A produção de açúcar
já era significativa e o número de engenhos tinha atingido, em
1802, a importante cifra de 180 unidades”.
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“A separação não foi uma traição à Capitania de Pernam-
buco, tendo em vista que a solicitação da autonomia da Comarca
de Alagoas começou a ser feita muita antes da eclosão da Revolu-
ção Pernambucana. O espírito separatista era antigo, e vinha des-
de a época da Guerra do Açúcar. A fronteira do Rio Persinunga
(divisa dos municípios de Maragogi (AL), com o estado de Per-
nambuco) delimitava duas regiões com situações bem definidas.
Até o sotaque, por exemplo, já era distinto. Pernambuco era mais
urbano, mais ligada ao exterior, mais liberal; Alagoas era mais
rural, mais isolada, mais conservadora”.
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os defensores da emancipação como prêmio e reconhecimento
pela contribuição alagoana à derrota da Revolução de 1817; e
outra corrente defensora a ideia de que, peã importância econô-
mica e social, a comarca ao já merecia o status de capitania”.
64
ÁGUAS DE MACEIÓ
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que ali vinham, e, também, com algumas sacas e caixas de alguns
engenhos próximos".
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“O historiador Moacir Medeiros de Sant´ana , ao encon-
trar, em 1972, um documento nos arquivos do Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas (IHGAL), trouxe inestimável contribuição
para o esclarecimento das origens e da formação da capital ala-
goana. Tratava-se do testamento ditado pelo capitão de Ordenan-
ças, Apolinário Fernandes Padilha, “nesse Massayó, Capella de
Nossa Senhora dos Prazeres e São Gonçalo, aos quinze dias do
mês de setembro de mil setecentos de vinte e quatro”.
MACEIÓ: A NOVACAP
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pois de trocas de deputados favoráveis à manutenção da capital em
Marechal Deodoro, a Câmara Municipal da cidade aprova a trans-
ferência da capital. Na sua mensagem aos deputados, assim justifi-
cou Silva Neves, sobre a importância da proximidade do mar para
a nova capital.
CAPITAL DE PÓVOAS
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tembro de 1817, que marcava a separação política e administrativa
de Alagoas de Pernambuco. Mas a capital permanecia em Santa
Maria Madalena ou Jaraguá do Sul. Porém, o governador - logo
após a sua posse - adotou Maceió como sua moradia, que causou
um rebuliço sem igual na recém emancipada capitania das Alago-
as. Melo Póvoas retornou à pequena e aprazível vila, onde, imedia-
tamente, começou a trabalhar. E tudo foi feito para favorecer Ma-
ceió nessa queda de braço.
MARECHAL X MACEIÓ
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dência foi criar a Junta de Arrecadação, a Alfândega e o
porto de Jaraguá, além de fortificar todo litoral. Tendo de-
sembarcado na Vila de Maceió, o governador foi ficando na
cidade, embora a capital fosse ainda Alagoas do Sul (hoje
Marechal Deodoro). Com interdição do Porto do Francês,
problemas de controle fiscal e dificuldades topográficas,
Alagoas do Sul ficou dependente de Maceió. Só o porto de
Jaraguá faria a diferença naquele tempo. Liderados por in-
dustriais e comerciantes ingleses, as pressões por mudanças
eram constantes, afinal o comércio internacional estava co-
meçando a deslanchar, e o setor tinha forte prestígio na área
de exportação. A confusão começou em 1839, quando o
presidente da província Agostinho da Silva Neves, decidiu
pela mudança da capital para Maceió, mas foi aprisionado
no Palácio Provincial, após uma rebelião formada pelo pai
do Marechal Deodoro, major Manuel Mendes e pelo notável
cidadão local Tavares Bastos (pai). Sebastião Neves foi for-
çado a renunciar e obrigado a embarcar no Porto do Fran-
cês, para o Rio de Janeiro.
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Douglas Apratto, em Alagoas 200 Anos, encarte do jornal
Gazeta de Alagoas, 2017
PITORESCOS PREGÕES
Félix Lima Júnior, com seus olhos e sua caneta afiados, re-
tratou Maceió de forma sem igual. O escritor, no livro Maceió de
Outrora (1976), estuda os aspectos pitorescos da Maceió antiga, os
costumes e hábitos do Centro, no começo do século passado. Os
amoladores de canivetes, facas e tesouras, os tocadores de realejo;
o vendedor de papagaios; os moleques de pés descalços que prego-
avam à porta dos teatros; o afenim, dedinho, broa de goma, tapioca
de eucalipto, broas de eucalipto, de goiaba e de mel de abelha; do
vendedor de leite tirado da vaca na frente do cliente, e ainda dos
pregões de Maceió.
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dio para mulher desconcertada! Garrafada das sete sementes! A
turma ria a bom rir enquanto dona Apolinária, antiga zeladora da
Confraria de Nossa das Vitórias, da Catedral, fechava a cara,
resmungando, e ia rogando pragas ao doutor”.
PRIMEIRA QUADRATURA
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e o intendente Municipal (prefeito). Fechando o préstito vinha o
Cobrinha, cabo de Polícia, ordenança de Sua Excelência, condu-
zindo ao lado esquerdo, com a pose de um “Royal Horse Guard”
da Rainha Vitória e ares de mosqueteiro, velha espada de cavala-
ria que, de tão antiga, já deveria ter sido recolhida ao museu do
Instituto Histórico de Alagoas. Nessa mesma artéria, sentados em
cadeiras, na calçada, ou encostados em caixões vazios, negocian-
tes, magistrados, funcionários e professores conversavam e discu-
tiam, além da política, os acontecimentos sociais da cidade semi-
morta. À passagem da primeira autoridade do Estado levantavam-
se e respondiam, atenciosos, aos cumprimentos do supremo diri-
gente da terra de Deodoro”.
POBREZA E RIQUEZA
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estágio Maceió disputava com outras cidades o deslumbramento de
grandes centros, puxados pela burguesia local. A aristocrática ci-
dade de Penedo e a lacustre Pilar, dominavam a cena. Esta Belle
Époque não chegou aos mais pobres. Estes já começavam a ser
segregados, longe dos belos sobrados.
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das nos “footings” de domingo. Em 1950, conforme aponta o anu-
ário Maceió de Bolso, organizados pelos jornalistas Ajérico Vieira
e Pedro Lopes Barbosa, o comércio de Maceió tinha 17 alfaiatari-
as, cinco camisarias, seis ateliês de corte e costura, cinco revende-
doras de automóvel, doze tipografias e livrarias. Os bares, restau-
rantes e cafés eram mais de 40, povoando as ruas do Comércio,
Senador Mendonça e Moreira Lima. Mas foram os cafés que fize-
ram sua fama no centro, como o Colombo, o Cristal, A Helvética,
do Cupertino (depois Ponto Central), Java e até restaurantes de
grife como o Elegante, na Rua do Comércio, 321, conforme anún-
cio no anuário.
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CAFÉ DO CUPERTINO
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QUINTAL DE DELÍCIAS
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VISÕES DA SERTANEJA
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TROMBA D´ÁGUA
ÁGUAS DO AURÉLIO
79
nar em seu curso primário. Já naquela época passou a se interessar
por língua e literatura portuguesas. Formou-se em direito pela Fa-
culdade de Direito do Recife em 1936. Mestre Aurélio então subiu
o olimpo, tornando-se um intelectual de classe universal: foi lexi-
cógrafo, filólogo, professor, tradutor, ensaísta e crítico literário.
Foi o autor do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e membro
da Academia Brasileira de Letras. Aurélio passou a residir no Rio
de Janeiro a partir de 1938, onde ficaria até sua morte, em 1989.
Mas ele nunca esqueceria sua terra natal.
80
CIVILIZAÇÃO DAS ÁGUAS
81
Dirceu Lindoso, Historiador, trechos do livro Interpretação
da Província – Estudo da Cultura Alagoana, Edufal - 2005
TERRAÇO DE LÊDO
82
que semeia a insônia nas lacraias
e adultera a fretagem dos navios.
Este é o meu lugar, entranhado em meu sangue
como a lama no fundo da noite lacustre.
LAGOAS DE OCTÁVIO
83
“Descobri as riquezas naturais em geral e indícios de pe-
tróleo em particular. Pesquisei a natureza viva, o povo e a histó-
ria. Coligi materiais folclóricos. Investiguei a formação e o desen-
volvimento da terra, as condições de vida e trabalho das popula-
ções. Convivi fraternalmente com os simples homens do povo –
pescadores, canoeiros, lavradores pobres. Publiquei o livro no Rio
de Janeiro, em 1919. Estuda a geografia, a mineralogia e a geolo-
gia da região dos canais e lagoas do Estado de Alagoas. Ataca o
regime dominante. Condena a exploração do Brasil pelos capita-
listas estrangeiros. Prega a divisão de terras. É um poema telúri-
co. Estuda a terra e o homem trabalhador. Protesta contra a misé-
ria e abandono do povo. Procura fundir a ciência com a poesia.
Aspira a fundir o realismo literário espontâneo com o romantismo
histórico”.
HIDROAVIÕES CATALINA
84
civil, as aeronaves transportavam turistas para Alagoas e o Nordes-
te.
85
nal foi dramático, como uma cena de filme. Dois dias depois de
tombado, tentaram de tudo para reerguê-lo. Teve guindaste, agrô-
nomo, polícia, jornalistas, e o povo batendo palmas e dando salvas
com emoção. Mas nada adiantou.
“Foram três dias de peleja para aprumar a debilitada pal-
mácea. Os esforços chegaram ao limite, mas não adiantaram. De-
pois de muita amarração em cabos, que mantinham o coqueiro
imobilizado, o mar inclemente e impiedoso continuava a atacar.
Depois de 90 dias acabou o Gogó da Ema perdendo para o Ocea-
no Atlântico”.
CORES DO MAR
86
Alagoas é da cor do mar de Alagoas. O jornalista, poeta, escritor e
boêmio Noaldo Dantas, falecido em 1999, paraibano de nascimen-
to, fez de Alagoas sua terra natal. Aqui, viveu feliz, fundou jornais,
namorou, tomou um uisquinho, fez muitos amigos e curtiu como
nunca. Inspirado nas cores do mar, ele escreveu O dia em que Deus
criou Alagoas:
87
PAJUÇARA DOS PESCADORES
Ai, ai
Que saudade, ai que dó
Viver longe de Maceió
Alagoas
Tem joias tão caras
Que meus olhos
Não cansam de olhar
Uma delas és tu Pajuçara
Praia linda engastada no mar
Quando a lua no céu adormece
Pajuçara se enfeita ainda mais
Vem a brisa rezar uma prece
Entre as folhas dos seus coqueirais
88
As noitadas felizes nas ostras
Bons amigos que choram até
Que saudade de Bica da Pedra
E dos banhos lá no Catolé
Recordando estas coisas tão boas
Sou feliz não me sinto tão só
Toda gente que sai de Alagoas
Coração deixa em Maceió
89
Craveiro Costa, Maceió de Outrora, 1ª edição Arquivo Pú-
blico de Alagoas, 1976
90
DESVIARAM O SALGADINHO?!
91
BYE BYE RUA DO SOL
92
MENINOS DA AVENIDA
93
Estes são os Meninos da Avenida que escreveram no livro e
que hoje continuam a contar as histórias de Jaraguá, no blog: Al-
berto Cardoso (Cuca), Alberto Rego de Carvalho, Carlito Lima,
Eurico Uchoa, Francisco Nemésio (Chiquinho), Guilherme Pal-
meira, Humberto Gomes de Barros, João Kepler, Milton Hênio,
Mozart Cintra, Murillo Rocha Mendes, Paulo Ramalho de Castro,
Paulo de Castro Silveira, Ricardo Peixoto e Sônia Cardoso...
RUAS DE MACEIÓ
94
do escritor, foi compilado e revisado pelo radialista Edécio Lopes,
em 1974, já que no seu programa “Manhãs Brasileiras” os textos
de Félix eram lidos ao vivo no quadro o “Nome de Minha Rua”.
95
varanda soprada por ventos suaves. E uma leitura caleidoscópica,
de uma época capaz de despertar os poetas, os cronistas e os pin-
tores, tal seu efeito hipnótico sobre o leitor”. Pedrosa divide seu
livro em três partes: o princípio, o ambiente e o homem.
O princípio
O ambiente
96
acionando a alavanca. Do cais do Porto, ouviam-se os apitos dos
rebocadores e o assovio de seus vapores, os troles dos trapiches
chiando por cima dos trilho, um o outro fordeco de comendador e
coronel de engenho com aquela buzina “aûa”. Na Sá e Albuquer-
que e na Barão de Jaraguá era o tilintar das rodas das carroças a
burro, com aqueles elos metálicos percutindo nas sobra dos para-
lelepípedos. Na noite lá estavam as pensões da Sá e Albuquerque
de cujas janelas altas saíam amplificados os boleros, tangos e val-
sas de suas vitrolas ou conjuntos ao vivo, de onde se destacavam
pistões e clarinetes, intercalados pelas palmas e vivas e às vezes
tiros de revólver de seus ruidosos frequentadores e os gritos de
mulheres se mostrando”.
O homem
97
J. F. Maya Fernandes em Histórias do Velho Jaraguá, edição
avulsa (do autor), Gráfica e Editora Talento, 1998
98
de Ponta da Terra e de Jaraguá
da festa do Prado eu era o maior
E em Ponta Grossa
no Vergel do Lago eu tinha um namoro
me deu saudade da turma de lá
E hei visitar o meu bairro Bebedouro
99
ÁGUAS DO VELHO CHICO
100
água junta, meus amigos. É um mar: engole o rio Ipanema em
tempo de cheia e pede mais. Está sempre com sede”.
101
de groseira,
de tarrafa,
mas tem cuidado que as piranhas podem comer os teus pin-
céis
DESCOBERTA DO RIO
102
que o batizou de rio São Francisco, uma homenagem ao dia de
aniversário do santo católico São Francisco de Assis. No comando
de quatro caravelas, ele navegou a costa marítima das terras recém
descobertas, até chegar à foz do grande rio. Só em 1522, durante as
Capitanias Hereditárias, é fundado o primeiro núcleo de povoação
de todo Baixo São Francisco, hoje a cidade de Penedo. No período
das primeiras expedições, os índios Xacriabá ocupavam o encontro
das águas. Até hoje as populações indígenas vivem perto do rio e
têm um carinho muito especial com essas águas. É uma relação de
sobrevivência porque retiram dele água para irrigar a agricultura
familiar e pescam. Mas é também uma relação cultural, porque o
Velho Chico faz parte do rito de vida dessas pessoas.
AVENTURAS DO IMPERADOR
103
Brasil, pela Universidade Federal da Bahia. Em 2003 saiu mais
uma edição revista e ampliada. Da viagem a Alagoas são 46 pági-
nas com os textos escritos pelo imperador, e que registra os dez
dias da viagem.
104
NAVEGAR É PRECISO
105
SONHOS FRUSTADOS
106
Comissão do Vale São Francisco (hoje Codevasf), em Revista
Graciliano, Um mergulho no Rio São Francisco, junho 2010
VAPOR AFUNDADO
107
de para a pobreza, porque esse navio cabia a todos e era uma ri-
queza como transporte coletivo”.
VIAGEM INESQUECÍVEL
108
Fluminense a bordo do Comendador Peixoto., e depois nos vagões
da ferrovia, onde podíamos observar a linda paisagem do Rio São
Francisco, um belo cenário de todo o Vale”.
FERROVIA DESATIVADA
109
“O sistema de transporte hidroferroviário no Baixo São
Francisco não escapou a esse quadro geral de mudanças. A nave-
gação fluvial entrou em decadência e a Estrada de Ferro Paulo
Afonso, que já vinha enfrentando dificuldades há bastante tempo,
acabou sendo retomada pelo Estado (ela foi controlada pelo grupo
inglês Great Western de 1903 a 1950), através da Rede Ferroviá-
ria Federal. Todavia, o quadro de obsolescência e o enfraqueci-
mento econômico da região foram mais fortes que os estímulos
para a sobrevivência dessa ferrovia, que acabou sendo desativada
em 1964”.
NAUFRÁGIO DO MOXOTÓ
110
tre passageiros e tripulantes. A Moxotó ainda repousa sobre os
bancos de areia da ilha do Belmonte e se torna visível a cada va-
zante mais severa do rio, como que para lembrar a maior tragédia
da navegação do Baixo.
ÚLTIMO CARPINTEIRO
111
mos mestres carpinteiros não são incentivados a repassar seus co-
nhecimentos aos aprendizes. A construção de novos modelos não
está tão fácil como parece, pois não se trata de linha de montagem,
mas da pura arte de ofício dos velhos construtores de canoas que já
não são mais os mesmos e hoje alcançam o peso da idade. Como o
mestre carpinteiro e canoeiro Pedro de Aristides, que terminava
sua última canoa, como ele ressaltou, em um estaleiro artesanal do
porto de Penedo.
112
cas européias uma série de exemplares. O Atlas reúne 48 mapas
litografados, parcialmente coloridos e em folha dupla, com repro-
duções dos resultados da viagem de Halfeld, que explorou a região
entre 1852 e 1854 a pedido do imperador dom Pedro II. A obra
apresenta sondagens, medições e indicações de detalhes sobre for-
mações geológicas e características da vegetação da área. Entre as
ilustrações há um mapa geral, perfil longitudinal do leito do rio,
além de vistas e mapas das cataratas e de afluentes.
CANOA DE TOLDA
113
velhas embarcações, já ultrapassadas pelo tempo, cujo combustível
foi o desmatamento generalizado e criminoso da Mata Atlântica do
Vale do São Francisco, o Baixo resgatou as tradicionais e quase
extintas canoas de Tolda, que têm uma cabine na proa, com in-
fluências holandesa, portuguesa, oriental.
BENS TOMBADOS
114
to primitivo foi erguido em 1661, a pedido dos moradores. O atual
conjunto começou a ser erguido em 1682. A igreja e a capela-mor
ficaram prontas em 1689. Passou por diversas reformas no século
XVIII. O tombamento engloba todo o seu acervo.
115
RELICÁRIO A CEU ABERTO
PENEDO É POESIA
116
ou passear de mãos dadas com seu amor pelos becos escurinhos e
ruas cheias de sobrados coloridos e reluzentes; entrar pelos um-
brais das igrejas centenárias e conhecer as relíquias barrocas bor-
dadas a ouro e prata, sob a benção de santas, santos e altares sagra-
dos. Assim é Penedo. Uma cidade de sonhos e belezas inigualá-
veis, cheias de superlativos cantados em versos, prosas e canções:
a Cidade dos Sobrados, como diria Gilberto Freyre, ou a Ouro Pre-
to do Nordeste, ou a joia da arte barroca brasileira ou ainda um
relicário a céu aberto, como gostam de chamar as dezenas e cente-
nas de jornalistas e turistas em seus blogs e matérias depois de co-
nhecer Penedo.
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
117
fluência das cidades de Canindé do São Francisco (SE) e Piranhas
(AL).
FESTIVAL DE PENEDO
118
naldo Andrade, José Márcio Passos, Mário Aluízio, Celso Bran-
dão, Solange Lages e tantos e tantos outros. O ciclo original do
Festival de Penedo não existe mais, foi ótimo enquanto durou, de
1975 a 1982. O festival sempre acontecia no início de janeiro, jun-
to à procissão de Bom Jesus dos Navegantes, no Cine São Francis-
co.
O FORTE DE NASSAU
119
era um povoado perdido no vão da história, com 300 600 habitan-
tes espalhados por fazendas raquíticas, um povo formado por mui-
tos descendentes de franceses trazidos na ambição do pau-brasil”.
120
“Francisco Alberto Sales nasceu, em 19 de novembro de
1939, se formou na primeira turma de Medicina da Universidade
Federal de Alagoas; foi médico psiquiatra, estava aposentado e
dedicou grande parte do seu tempo em transformar a cidade, atra-
vés da memória e da cultura”.
121
TERRA
122
TERRA DE ÍCONES
123
e com uma boneca nos braços), o Caboclinho da Lira, a Estrela de
Ouro, a Estrela Brilhante, a Banda da Lua, a Estrela Republicana, a
Borboleta, a Sereia, além das “figuras” como nos Reisados”.
BRASÃO DE ARMAS
124
CHAPÉUS DE GUERREIRO
125
Depoimento de Cicinho do Trenado, na série Algo Mais
Mestres Populares, no suplemento do Diário Oficial de Alagoas,
2003
CABEÇAS CORTADAS 1
126
CABEÇAS CORTADAS 2
127
CAÇADOR DE CARANGUEJO 1
128
passeio em busca de comida. A vida dos caranguejos palpita de
sobressalto sob os pés dos homens. A luta está para começar”.
CAÇADOR DE CARANGUEJO 2
Vendedor de Caranguejo
Gilberto Gil
Compositor: Gordurinha
Caranguejo Uçá
Caranguejo Uçá
Apanho ele na lama
e boto no meu caçuá
129
Tem caranguejo
tem gordo guaiamum
cada corda de dez
eu dou mais um
eu dou mais um
eu dou mais um
cada corda de dez
eu dou mais um
eu perdi a mocidade
com os pés sujos de lama
eu fiquei analfabeto
mas meus filho criou fama
pelos gosto dos menino
pelo gosto da mulher
eu já ia descansar
não sujava mais os pé
130
CATEDRAL METROPOLITANA
131
Abelardo Duarte, no livro Dom Pedro II e Dona Teresa
Cristina nas Alagoas, coleção Pensar, Imprensa Oficial Graciliano
Ramos, 2010
CARPINTEIROS RIBERINHOS
Até o final dos anos 1950, o rio São Francisco era um porto
seguro para barcos, navios a vapor, chatas, grandes canoas como a
Alagoana e a Canindé, que chegavam a carregar 1.200 sacos de
arroz. O porto de Penedo recebia grandes cargueiros, e navios a
vapor transportaram milhares de passageiros, como o mais famoso
deles, o Comendador Peixoto, que fazia a linha Penedo-Piranhas.
Mas hoje, o volume de água do Velho Chico não suporta mais esse
grande movimento de embarcações pelo baixo calado. Os navios
foram desativados, as embarcações bonitas só aparecem uma vez
por ano, sempre no começo de janeiro, na procissão naval de Bom
Jesus dos Navegantes. Com o fim das grandes embarcações, estão
desaparecendo também os pequenos estaleiros artesanais. Carpin-
teiros construtores, como Pedro de Aristides, conhecido em todo
Baixo São Francisco, e que participou da reforma e reestruturação
de grandes naus, lembra dos tempos áureos e a situação hoje no
Baixo.
132
Existem ainda grandes mestres em Pão de Açúcar. Mas, as canoas
acabaram. O porto de Penedo não cabia de tanta embarcação,
eram mais de 400 para cima e para baixo”. Pedro Aristides em
depoimento à Revista Graciliano, 2009,
COLEÇÃO PERSEVERANÇA 1
133
COLEÇÃO PERSEVERANÇA 2
CARTÕES POSTAIS
134
aficionados cartões postais de nosso estado de Alagoas, em um
impecável trabalho memorialístico e de uma memoráblia inacredi-
tável. No final do livro um postal-foto de um homem segurando
um guarda-chuva, sentado sabe onde? Na curva do famoso coquei-
ro Gogó da Ema!
CACHAÇA AZULADINHA
135
rismo em Alagoas, o escritor Luiz Veras Filho, revela que quem
gostava mesmo da cachaça Azuladinha era a atriz francesa Jeanne
Moreau, e o designer de moda Pierre Cardin, italiano naturalizado
francês, que estiveram em Alagoas em 1973, para participar do
filme Joana Francesa, dirigido por Cacá Diegues e rodado no mu-
nicípio de União dos Palmares.
CAFÉ DO CUPERTINO
136
Guimarães Passos, Emílio de Menezes e tantos outros. O Café de
Cupertino ficou famoso e fez história em Alagoas Imagine sentar
num banquinho de café, e ver Graciliano Ramos chegar e ficar to-
mando café e seu famoso cigarro da marca Selma, que fumava sem
parar.
CALDO DE CANA
137
mentar o caldo, porque essa era a bebida que restava dos tachos de
rapadura. Tudo começou com a chegada do açúcar no Brasil. A
partir daí se fez de tudo com o caldo da cana: cachaça, rapadura,
doce, garapa, melaço, rum, bagaço e etanol. O caldo com pastel
continua fazendo sucesso, mas a história que fica é o caldo da cana
no passado, que fazia a festa nos engenhos, desde quando as pri-
meiras canas foram para as moendas, que começaram a rodar.
138
CALUNGA
139
CAMARÃO DO BAR DAS OSTRAS
140
que fique transparente. Acrescente a manteiga, o extrato de tomate
e o colorau, mexer até dissolver. Aos poucos colocar a farinha
misturando com a colher.
CARAPEBA
Carapeba
Luiz Gonzaga
141
Carapeba
Bandinha quente
Abrindo frente
Alegrando vai
ESTÁTUA DE ZUMBI
142
tua. Desde aquele remoto 1984 se falava muito do tombamento, da
construção de museu vivo de Zumbi, do Memorial Zumbi, da re-
tomada arqueológica do que sobrou dos Quilombos.
ESTÁTUA DA LIBERDADE
143
“A liberdade foi levada para a praça do Centenário, no Fa-
rol, onde, por algum tempo, iluminou com seu facho o tanque, em
cujo centro se erguia, e as florzinhas em volta, Depois, arrasta-
ram-na, ignominiosamente – uma liberdade sem mais liberdade –
e por muito tempo ficou tombada, uma corda no pescoço, na gra-
ça inculta da praça Manoel Duarte, até que recebeu alforria e de
novo a puseram de pé. Atualmente está na praça dezoito do Forte
de Copacabana . Lá Liberté éclairant Jaraguá”.
ESQUENTA MULHER
144
músicas provocam no ânimo feminino. Apelidou-o, assim, o povo e
a denominação pegou para sempre”.
FEIRA DE ARAPIRACA
145
“No final dos anos 80, Arapiraca assumiu a condição de
cidade-polo da região e sua feira já era considerada a maior do
Nordeste. Com o inevitável declínio da cultura do fumo, intensifi-
cou-se o êxodo rural e os camponeses, com a falência da agricul-
tura, se refugiaram no centro urbano, aumentando as favelas e
milhares de cortiço, e se apegaram à feira de Arapiraca como úni-
ca tábua de salvação”.
FEIRA DE VIÇOSA
146
pressões, os cheiros, o burburinho, os detritos e as relíquias da
memória, que em mim fizeram morada”. O livro é uma viagem no
tempo, com fotos de Juarez e o texto supimpa de Sidney. Leia tex-
tos do livro:
O começo
Fim de feira
147
álidos geram uma lama espessa e viscosa que os faxineiros muni-
cipais tentarão com esforço extremo e escasso sucesso debelar.
Desse caldo tenebroso, quiçá similar àquele em que a vida irrom-
peu há três e meio bilhões de anos, é que a feira renascerá, bro-
tando do chão ao sétimo dia, como Cristo ressuscitou ao terceiro,
porém com uma férvida alegria e uma estonteante irreverência
que jamais habitaram o Crucificado em seus trinta e três anos de
existência terrenal.
FEIRA DO PASSARINHO
148
seus produtos, de autopeças à bicicletas de segunda mão, no meio
dos trilhos do trem. Quando o comboio dos VLTs passa, eles reti-
ram o material e voltam a repô-los no mesmo lugar, em um tira e
bota constante durante todo o dia. Recentemente, o fotógrafo e
cineasta Charles Northrup, lançou uma instalação, fotografias e um
curta metragem denominado Fim da Linha, que tenta colocar a
feira do passarinho como um patrimônio histórico e cultural na
memória de Maceió.
FARÓIS DE ALAGOAS
149
11 metros de altura, com alcance luminoso e geográfico de 13 mi-
lhas. Alagoas ainda tem os faróis do Pontal do Coruripe, Pontal do
Peba e São Miguel dos Campos, no litoral Sul; e Porto de Pedras,
ao Norte. O farol mais icônico, que fez história, e que hoje não
existe mais, era o velho farol da Jacutinga, que ficava ao fundo da
Catedral Metropolitana, ao seu lado tinha uma praça e um mirante
para o porto de Jaraguá.
FOTOMONTAGENS DE JORGE
150
eram surrealistas, mas com temas brasileiros. Cerca de onze origi-
nais sobreviveram nos arquivos de Mário de Andrade, e que se
encontra hoje no acervo do Instituto de Estudos Brasileiros
(IEB/USP). As fotos fizeram parte da mais recente exposição das
fotomontagens de Jorge, no Rio de Janeiro, em 2010: A Pintura em
Pânico.
151
“Contratado em 1903, como fotógrafo oficial da diretoria
geral de Obras e Viação da prefeitura do Distrito Federal, cargo
criado especialmente para ele, Malta teve como missão inicial
registrar imagens de todas as ruas que teriam seu traçado modifi-
cado pelo gigantesco projeto urbanístico do prefeito Pereira Pas-
sos, no período conhecido como “bota-abaixo”. Pereira Passos,
de quem o fotógrafo se tornou amigo, deixou a prefeitura em 1906,
mas Malta conservou-se no posto por mais 30 anos, registrando
desde grandes eventos, como a Exposição Nacional de 1908 e a
inauguração da estátua do Cristo Redentor (em 1931), até aspec-
tos da vida cotidiana da cidade”.
152
“No Rio de Janeiro, a maior parte das fotografias de Au-
gusto Malta encontra-se dividida entre o Museu da Imagem e do
Som do Rio de Janeiro e o Arquivo Geral da Cidade do Rio de
Janeiro. São, ao todo, 80 mil fotos, incluindo 2.600 negativos em
vidro e 40 panorâmicas. Já no Museu da Imagem e do Som a cole-
ção reúne cerca de 27.700 fotografias do Rio de Janeiro, tiradas
por Augusto Malta durante o período em que atuou como fotógra-
fo oficial na gestão do prefeito Pereira Passos, no início do século
XX.
153
tografias e negativos tirados até 1973, como também os documen-
tos dele e sua correspondência.
154
“Com formação em arquitetura, o fotógrafo busca nas pai-
sagens, nas comemorações e na vida cotidiana, na história vivida
das ruas, o equilíbrio minucioso das formas, o jogo com a profun-
didade e campo e o movimento, o registro calculado das luzes. Pré-
visualiza o momento particular em que as disposições do quadro
sintetizam como trama gráfica e representação o acontecimento.
Cabe relembrar que a formação fotográfica de Gautherot tem como
primeira referência seus experimentos com a revelação fotográfica
no laboratório do novo Musée de l´Homme, em Paris, como arqui-
teto decorador, do projeto de reorganização das exposições etno-
gráficas”.
155
repercussão, em Alagoas, do Movimento Modernista, desencadea-
do, em fevereiro de 1922, na incensada Semana de Arte Moderna,
e não só desse movimento de vanguarda, mas também do Movi-
mento Regionalista do Nordeste. A Festa da Arte foi realizada em
17 de julho de 1928, promovida por intelectuais da terrinha, como
Mendonça Júnior, Valdemar Cavalcanti, Carlos Paurílio, Mário
Brandão e pelo pintor Lourenço Albuquerque. Aurélio Buarque de
Hollanda, um dos convidados para a festa, deu o tom do aconteci-
mento:
156
GALO DO ROSÁRIO
157
IMAGEM DO BOM JESUS
158
JANGADAS DA PAJUÇARA
159
rante 25 anos de pesquisas ao longo de suas viagens de trabalho e
observação. Em seu discurso de inauguração do novo museu, Théo
afirmou que “a verdade verdadeira é que o Museu não passa de
uma sopa de pedras, que ainda está a ser cozinhada com vagar,
paciência e cautela”. Ele se referia que o “pequeno acervo” doado
à Universidade Federal de Alagoas, mantenedora do museu, não
passava de “materiais de uso comum e diário do nosso homem do
povo”. E assim ele resumia a conquista do prédio próprio, em seu
discurso de 20 de agosto de 1977, na sede do museu, durante a V
Festa do Folclore Brasileiro.
160
1907/2007, organizado por Cármem Lúcia Dantas, Fernando Lôbo,
Vera Lúcia Calheiros Malta, editado pelo Governo de Alagoas
MUSEU DA MARINHEIRA
161
praia estava lotada de peças. Tive uma ótima convivência com ele,
ele me adorava e eu adorava a ele. Cuido dos filhos dele até hoje”.
MUSEU CHALITA
162
MUSEU FLORIANO PEIXOTO
PINACOTECA
163
de Arte Contemporânea, a Pinacoteca o espaço educativo, demo-
crático e proativo foi consolidado.
PRAÇA DEODORO
164
emperrados entre ambulantes, ônibus, barracas, pipoqueiras,
montes de lixo”.
RELÓGIO OFICIAL
165
mandante Aníbal Amaral que informava sobre a responsabilidade
da Capitania dos Portos em ajustar as horas do Relógio.
RELÓGIO OFICIAL 2
166
RELATÓRIOS DE GRACILIANO 1
167
Textos reproduzidos do livro Relatórios de Graciliano Ra-
mos Publicados no Diário Oficial, Imprensa Graciliano Ramos,
2013
RELATÓRIOS DE GRACILIANO 2
168
A prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou
um contrato para o fornecimento de luz. Apesar de ser o negócio
referente à claridade, julgo que assinaram aquilo às escuras. É um
bluff (blefe). Pagamos até a luz que a lua nos dá.
169
Alagoas se uniram para realizar novas pesquisas. Os estudos vão
embasar o pedido à Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, Ciência e Cultura (Unesco), para a inscrição da candidatura
conjunta da Singeleza alagoana e do bordado italiano Puntino co-
mo bens culturais da Humanidade.
SURURU ALAGOANO 1
170
é utilizado em iguarias. Apesar de ser encontrado em outros esta-
dos também, ele ficou mundialmente conhecido como prato típico
de Alagoas.
SURURU ALAGOANO 2
171
cotidiano e no imaginário do povo alagoano, como uma velha cas-
ca de ostra pregada nos manguezais. Ele está em todos os lugares,
na poesia, na música, no teatro, no folclore e no prato dos viajantes
e da população local, como fator sobrevivência. Muito propriamen-
te algum poeta inaugurou um novo gentílico, o alagoano é uma
papa sururu. Djavan, em seu disco Alumbramento revelou o sururu
de capote (Eh sarará é sucuri/ Eh sarará de pratagi/eis o siri-de-
coral/ sururu na casca é capote), um modo peculiar de preparo,
servido na própria concha e cozido no leite de coco. Em texto pu-
blicado na revista Carioca de 17 de setembro de 1938, o jornalista
e escritor alagoano Valdemar Cavalcanti identificou a culinária
alagoana como “de uma humildade sem nome. Cozinha de pobre.
De sururu e caranguejo. De siri de coral. De peixe frito ou ensopa-
do. De feijão com carne seca ou bacalhau e farinha”. Uma verda-
deira pérola foi achada pelo historiador Egberto Ticianeli em uma
pesquisa de fôlego que publicou em seu blog. È o cotidiano do
pescador de Sururu da Levada, divulgada nos anos 1930 por um
jornal do Rio de Janeiro. Aqui em um trecho condensado:
172
comum; grande parte em demanda do sururu. Uma canoa esguei-
ra-se para um mangue. Aí o caboclo sentiu a presença do marisco.
E — nu da cintura para cima e apenas com um pano á guisa de
tanga —atira-se n’água. Quando a profundidade exige, mergulha.
A água abre um largo círculo de pequenas ondas… E, passados
uns instantes, o caboclo volta, trazendo uma pasta negra e lama-
centa, escorrendo água. É aí que se encontra o molusco, como o
ouro se encontra na ganga impura… A canoa vai se enchendo.
Não precisa muito tempo, porém, para o pescador, já bronzeado
pelo sol, dar-se por contente”.
SINOS DE MACEIÓ
173
posse do sino, todavia nenhuma delas entrou com um tostão”. Ho-
je, os sinos não tocam mais na Catedral, um sistema de som emite
os badalos. Quem olha para cima, está lá o sino parado. Não há
mais sinos com antigamente, veja na poesia de Ledo Ivo.
Os sinos de Maceió
Lêdo Ivo
De manhã à noite
os sinos tocavam
nas velhas igrejas.
Sinos do Rosário
e do Livramento
e da Catedral
sinos da alegria
da fé e tormento
perdidos no vento
174
sinos dos Martírios
que se irradiavam
pelo firmamento.
SEREIA DA PRAIA
175
para depois serem colocadas as outras partes, durante a maré
vazante”.
TEATRO DEODORO 1
176
Nilo Peçanha e Washington Luiz. Em 1954, na temporada da
Companhia Eva Tudor, o Teatro Deodoro sofreu um incêndio no
palco, destruindo, naquela ocasião, o seu "pano de boca" original,
que retratava a cachoeira de Paulo Afonso, trabalho notável do
cenógrafo italiano Orestes Scercoelli, também responsável pela
pintura do Salão Nobre do Deodoro, alterada na reforma de 1975.
Em 1957, o Deodoro foi reinaugurado com apresentação do notá-
vel ator Rodolfo Mayer, que encenou o monólogo de Pedro Bloch,
"As Mãos de Eurídice".
TEATRO DEODORO 2
177
Guimarães Passos, Romeu de Avelar, Dias Cabral, Sávio de Al-
meida, Ronaldo de Andrade, Homero Cavalcanti. O orgulho dos
alagoanos na ocasião era descrito pelo jornal Tribuna de Alagoas,
então em circulação:
178
“Esse homem seco e difícil, seco de carnes, econômico em
sua literatura da qual eliminou qualquer gordura, cuja amizade
era moeda de câmbio alto, reservada para alguns, que começou a
escrever já maduro (aos quarenta e poucos anos de idade) e que
morreu cedo, em plena força criadora. Esse Graciliano Ramos do
interior de Alagoas, com algo de senhor feudal e de cangaceiro
reivindicador, foi um dos homens mais doces e ternos que conheci,
e um dos mais fiéis amigos. A lealdade era sua virtude fundamen-
tal”.
TREM DA GWBR 1
179
do trem, passando pelos vagões e observando a paisagem. Leia
trechos de Calunga.
180
TREM DA GWBR 2
181
Maceió!
Great Western of Brazil railway
feita de encomenda para o Nordeste,
minha primeira viagem deslumbrada!
Ferrugem. Fumaça. Meus brinquedos. Pó.
ZEPELIM PRATEADO
182
TERRA DAS MARAVILHAS
183
CÂNIONS DO VELHO CHICO 2
184
dante volume de água cai sobre os “degraus” formando imensas
áreas de espumas que descem pela rocha a uma altura de cerca de
80 metros. Dentre as inúmeras quedas d’água, destaca-se a Cacho-
eira Véu da Noiva, que abriga lindas quedas d´água e paisagens
naturais indescritíveis. Com a construção das usinas, as águas que
formam a cachoeira foram represadas, permanecendo apenas em
pequeno volume, o que permite observar melhor o belo conjunto
de rochas polidas pelas águas durante milhares de anos. Em épocas
programadas, as comportas da barragem são abertas, num espetá-
culo de impressionante beleza. A cachoeira de Paulo Afonso en-
contra-se situada no centro geográfico das regiões mais pobres dos
Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Seu mais ilus-
tre visitante foi D. Pedro II, em 1859. O poeta alagoano Jorge de
Lima, descreveu a beleza da cachoeira e ainda falou de Delmiro, o
“cearense que desceu com uma turbina na mão” e transformou as
águas da cachoeira em energia elétrica para fazer funcionar a pri-
meira hidrelétrica nordestina.
185
Até as pedras estremecem !
Até D. Pedro II teve medo da cachoeira!
E o cearense desceu com uma turbina na mão.
ILHA DO FERRO
186
saídos do espírito da arte ribeirinha. O Velho Chico é dono de uma
abundância cultural, onde homens e mulheres buscam na natureza
o seu modo de fazer único, são escultores, bordadeiras, pintores,
cantores, contadores de história. Quem conta os “causos” na ilha
do é o artista popular Aberaldo Sandes, 50 anos.
187
de Proteção Ambiental Costa dos Corais, entre Pernambuco e Ala-
goas – foi criada em 1997 para proteger os recifes costeiros e ecos-
sistemas associados, além de fauna ameaçada de extinção como o
peixe-boi marinho. A área estende-se de Tamandaré em Pernam-
buco até Maceió, em Alagoas. Embaixo da água fica um dos mais
ricos e importantes ecossistemas do mundo, uma barreira de recife
de corais que se estende, próxima a costa alagoana.
188
Artigos e Rimas, de A. C. Simões, há uma referência à existência
de um elevador no hotel, e que este seria o primeiro de Maceió a
utilizar tal recurso. Para se ter uma ideia da importância do hotel
na vida da capital, a posse do governador Costa Rego, em junho de
1924, ocorreu em suas dependências.
MARITUBA DO PEIXE
189
são pessoas simples e hospitaleiras, que ganham a vida como pes-
cadores e artesãos.
MAR VERMELHO
MUTUM-DE-ALAGOAS 1
190
cípio litorâneo de Roteiro. As aves foram criadas e reproduzidas
em cativeiro. O Mutum é uma das mais raras do planeta. É genui-
namente alagoana, específica do litoral Sul, e começou a desapare-
cer por causa do desmatamento na região para a plantação de cana-
de-açúcar. Isso aconteceu na década de 1980 e desde então alguns
estudiosos brasileiros têm se empenhado na reprodução da espécie
em cativeiro para que ela possa voltar ao seu habitat. Mutum, na
língua tupi, significa grande pássaro preto. A espécie foi relatada
pela primeira vez no Brasil pelo matemático e naturalista George
Marcgraff no século 17, que escreveu:
MUTUM-DAS-ALAGOAS 2
191
“O Mutum de Alagoas é uma das duas únicas aves no
mundo que só existem em cativeiro; a outra é a ararinha azul.
Também em todo o mundo, só existem duas espécies salvas a par-
tir de um trio: o gavião que ocorre nas Ilhas Seychelles, na África,
e o nosso mutum. Diante dessa raridade, me empenhei todos esses
anos para reintroduzir essa espécie na natureza”.
ORQUÍDEA ALAGOANA
192
to para o cultivo dessa espécie, principalmente em Chã Preta, Mar
Vermelho e Maravilha. Aqui em Alagoas são 160 espécies.
PENEDO 1
193
do açúcar, do arroz e da indústria têxtil. Chamada pelo escritor
Gilberto Freyre de a "Cidade dos Sobrados", Penedo viu surgir seu
atual cenário de belas igrejas e casarões entre finais do século 17 e
início do século 19. Entre as igrejas mais importantes estão o Con-
vento de São Francisco e as igrejas de Nossa Senhora dos Anjos e
Nossa Senhora da Corrente.
PENEDO 2
194
PIRANHAS
195
RUÍNAS DO MOSTEIRO
196
RIO SÃO FRACISCO
197
Antônio Gomes dos Santos, Seu Toinho, presidente da Fe-
deração dos Pescadores de Alagoas e membro do Movimento Na-
cional dos Pescadores, em Agência Alagoas, fevereiro de 2010
198
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS 1
199
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS 2
200
gurou a nova base, que se estende em toda a Área de Proteção
Ambiental (APA) Costa dos Corais, maior unidade de conservação
da Marinha do Brasil. A base tem como principais finalidades am-
pliar as ações de proteção, conservação e manejo da biodiversidade
marinha na região; desenvolver as atividades de aclimatação, soltu-
ra e monitoramento de peixes-boi marinhos na natureza. O casal de
peixe-boi Astro e Lua foi o primeiro a mergulhar no mar das Ala-
goas, depois de passar por ações de proteção, aclimatação e soltu-
ra. Eles saltaram das lonas plásticas que o levavam e mergulharam
no mar de Porto de Pedra, e vivem até hoje entre grandes estuários
de rios, ou na faixa litorânea mais próxima do litoral. A espécie é
considerada criticamente ameaçada de extinção no Brasil. Estima-
se que existam apenas 500 indivíduos. No estado, a pesca predató-
ria, a poluição e a destruição dos manguezais, estão empurrando
peixe-boi para a sua extinção
SERRA DA BARRIGA
201
do Quilombo dos Palmares. Com paredes de pau-a-pique, cobertu-
ra vegetal e inscrições em banto e yorubá, avista-se o Onjó de fari-
nha (Casa de farinha), Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo),
Oxile das ervas (Terreiro das ervas), Ocas indígenas e Muxima de
Palmares (Coração de Palmares). O poeta alagoano Jorge de Lima,
eternizou a Serra.
Serra da Barriga
Jorge de Lima
Serra da Barriga!
Barriga de negra-mina!
As outras montanhas se cobrem de neve,
de noiva, de nuvem, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa,
de argolas, de contas, de quilombos!
Serra da Barriga!
Te vejo da casa em que nasci.
Que medo danado de negro fujão!
202
Serra da Barriga,
Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga,
cheirando a maconha, cheirando a liamba?
Os teus meio-dias: tibum nos peraus!
Tibum nas lagoas!
203
SERRA DOIS IRMÃOS
204
“Não é de admirar que o Zumbi se tivesse refugiado a prin-
cípio no Sabalangá e mais tarde na serra que lhe fica próxima – a
serra dos Dois Irmãos – a qual, por causa dos seus desfiladeiros,
seus penhascos abruptos e suas gargantas profundas, por uma das
quais se precipita o Paraíba, poderia oferecer todas as condições
de estratégia e resistência”.
SERRA TALHADA
205
pelas 165 nascentes que formam inúmeros riachos e brejos do topo
da montanha até nas pastagens do entorno.
206
TERRA DE GUERREIROS
HERÓIS DO PETRÓLEO
207
vessar um braço da lagoa Mundaú, conduzido por um canoeiro que
não era o habitual, a embarcação revira e o pobre sábio perece.
208
“O povo o aclamou como herói nacional, O Congresso
concede-lhe um prêmio de 200 contos, que ele não chegou a rece-
ber. Suicida-se antes disso em um quarto de hotel, sem que nin-
guém compreendesse semelhante tragédia. Era o petróleo. Na vés-
pera do “suicídio” Pinto Martins havia telegrafado ao seu sócio
em Maceió: ´Negócio fechado; assinarei contrato dentro de três
dias`. A sua papelada – mapas, relatórios e mais os estudos de
José Bach em seu poder – tudo desapareceu do hotel”.
209
“Começam as perfurações, o então Departamento Nacional
de Produção Mineral abre campanha contra a empresa. Recorre à
imprensa. Procura desmoralizar os pioneiros. Assaca-lhes as mai-
ores infâmias. Nada consegue. Em 1932, o poço São João, em Ri-
acho Doce, com 250 metros de perfuração, irrompe com um fortís-
simo jato de gás de petróleo. Tinha vencido!”.
Um rebelde do petróleo
210
“A singularidade de Emílio de Maya (além de ser um pre-
cursor de atitudes) consiste na rebeldia orgânica, pacata, de ope-
rar resoluções sem derramamento de sangue e em acompanhar a
marcha do progresso sem renegar a liberdade do homem – condi-
ção essencial para a vida de qualquer homem de qualquer raça”
211
prêmios, e reconhecimento na Câmara Federal e Assembleia Le-
gislativa, e repercussão em toda a imprensa nacional. A Petrobras
resolveu abrir seus arquivos a respeito das explorações petrolífe-
ras desenvolvidas em Riacho Doce. Novos estudos foram progra-
mados. Seguiram-se diversas outras publicações”.
212
cais do Arsenal de Marinha, no Rio de Janeiro, quando foram re-
cebidos pelo presidente da República Arthur Bernardes.
Jangadeiros: a odisséia
213
recebidos pela população.Informado da situação, o governador da
Bahia, José Joaquim Seabra, telegrafou para o intendente do muni-
cípio e recomendou que proporcionasse “tudo quanto for preciso
para que os mesmos possam concluir o seu percurso oceânico”.
214
nautas que retornavam. Os jangadeiros estavam cobertos de flores
e vestiam uniformes de reservistas da Marinha de Guerra, de cor
azul ferrete, e exibiam as medalhas de ouro a eles concedidas pela
colônia alagoana na Bahia.
215
tares direitos humanos. Estes são os alagoanos corajosos militantes
que deram a vida pela democracia.
216
Manoel Lisboa de Moura. Nasceu em Maceió, em 27 de fe-
vereiro de 1944. Iniciou sua atividade política logo jovem, no mo-
vimento estudantil do Colégio Liceu Alagoano (Colégio Estadual
de Alagoas), foi membro da União dos Estudantes Secundaristas
(UESA) e participou do Movimento Popular de Cultura. Militou
na Juventude Comunista, no PCB e no PC do B. Em 64, era estu-
dante de medicina da UFAL, quando teve sua casa invadida por
policiais e teve que fugir para Recife e depois para o Rio. Fundou
o Partido Comunista Revolucionário (PCR). Em 1973, foi visto
com vida por mais de dez dias nas celas do IV Exército, em Recife.
Foi transferido para São Paulo, onde continuou sofrendo torturas.
Em setembro desse mesmo ano, o governo paulista informava a
morte oficial de Manoel Lisboa, em um tiroteio no bairro da Mo-
ema, com 29 anos. Existem versões de que Manoel Lisboa tenha
sido morto nas celas do IV Exército, por tortura.
217
José Dalmo Guimarães Lins. Nasceu em Maceió, março de
1933. Estudou no Colégio Marista e entrou para o PCB ainda
adolescente. Trabalhava como representante comercial. Entre 62 e
63 esteve em Cuba, na União Soviética, onde cursou Ciências Po-
líticas. José Dalmo volta Maceió e integra-se à executiva estadual
do PCB. Ficou algum tempo em Alagoas, cursou Direito, mas foi
expulso, acusado de subversão. Em 67, seu apartamento foi inva-
dido pela polícia e Dalmo levado ao DOI-CODI. Dalmo foi obri-
gado a assistir sessões de torturas em sua mulher. Depois desse
episódio ficou distante e não conseguiu recuperar o trauma. No
dia 11 de fevereiro de 1971, Dalmo pôs fim a sua agonia jogando-
se do sexto andar do prédio onde morava, no Leblon. Tinha 37
anos.
218
TEOTONIO: DIRETAS JÁ!
219
Teotônio: a canção do peregrino
220
Buscar fruta no quintal?
Quem é esse que conhece
Alagoas e Gerais
E fala a língua do povo
Como ninguém fala mais?
Quem é esse?
De quem essa ira santa
Essa saúde civil
Que tocando a ferida
Redescobre o Brasil?
Quem é esse peregrino
Que caminha sem parar?
Quem é esse meu poeta
Que ninguém pode calar?
Quem é esse?
221
alagoanos e brasileiros. Exatamente no mesmo dia do primeiro
comício que marcou a campanha das Diretas Já – em um dos maio-
res movimentos de massa já vividos pelo País - morria em Maceió
o menestrel das Alagoas. Teotônio Vilela, que deu o grito das Di-
retas Já, não viu nascer a primeira eleição presidencial que pôs um
ponto final ao período de 20 anos da ditadura militar.
222
VLADIMIR E A ESTUDANTADA DE 68
223
ração de um povo, não à miséria deste povo, não à morte deste
povo. Os estudantes cumprem seu papel de denúncia da ditadura”.
224
TERRA DE HEROÍNAS
225
parece a mãe do rei de Palmares residia no quilombo denominado
Aqultune. Nunca é bom esquecer que Palmares era sociedade em
guerra permanente, portanto sua estrutura sócio-econômica era
igualmente militar. O desequilíbrio de sexos entre a população
escrava também evidenciou”.
226
“Mulher em quem se fixaram as mais fortes, mais vivas,
mais enérgicas qualidades de uma matriarca. Era uma mulher
simples e magnífica esposa brasileira. Heróica nos gestos e na
ação militar. A força da ancestralidade do 1º século, o sentimento
de brasilidade sempre crescente, concentrou e plasmou nela a fi-
gura da matriarca nem sempre compreendida diante do patriarca-
do vigente, sobretudo da classe a que pertencia: a de senhora de
engenho”.
227
ela todos recorriam nas horas de dúvidas, de incerteza e de conse-
lho. Além dos serviços inestimáveis que prestou na guerra e na
paz, em longa carreira de enfermeira militar, a capitã Olímpia
aparece agora nos brindando com o livro que estava faltando,
relatando, com dados estatísticos e testemunhos valiosos, o que foi
a organização do “Quadro de Enfermeiras” para servir na Se-
gunda Guerra Mundial, como essas enfermeiras, todas voluntá-
rias, se prepararam para a missão e como a cumpriram nos cam-
pos de batalha na Itália. Esta enfermeira alagoana da Segunda
Guerra Mundial renova em nós valores morais e de bravura de
nossa gente, demonstrados nas horas difíceis de conflitos bélicos
inevitáveis”.
228
desses pracinhas carentes de olhos e membros, exigindo-lhes muito
mais que o serviço de enfermagem. No livro da capitã pode-se ler
um precioso depoimento extremamente útil aos estudiosos de nos-
sa história militar e aos pesquisadores de psicologia e sociologia,
por oferecer precioso manancial de observações sobre o caráter do
brasileiro. Na apresentação do livro, a heroína de guerra alagoana
fala com saudades de sua terra.
Meu uniforme
229
CLARA MARIGHELLA
230
CECI CUNHA: A CERIMÔNIA DO ADEUS
231
Trecho do discurso de Ceci Cunha, jornal Gazeta de Alago-
as, dezembro de 1998
232
GRACILIANA DESAFIA DEPUTADO
233
Índia Graciliana, em depoimento ao jornal Primeira~Edição,
2003
234
GAJURU E SEUS FILHOS
235
dial das Mulheres em Alagoas. Na infância e adolescência ficou
duas fortes influências – o cristianismo de sua mãe evangélica e o
socialismo de seu pai comunista. Logo após a sua morte, o movi-
mento Marcha Mundial das Mulheres publicou uma mensagem
emocionante para sua mais nobre integrante. Quando morreu, Jare-
de lutava contra um câncer há dois anos e meio e ainda estava ativa
na militância.
236
LINDA, A DONA DO PALCO
237
desejo de se tornar atriz. Sua estreia como atriz no teatro aconte-
ceu aos 61 anos, em 1956, quando interpretou “Lizaveta”, na peça
“O Idiota”, de Léo Vital, baseada no romance homônimo de Dos-
toievski, com direção de Heldon Barroso”.
LINDA, A ATIVISTA
238
organizava palestras cujos temas versavam sobre os direitos das
mulheres”.
239
“Tenho segurança de que a mulher triunfará sempre e que
resume uma força estupenda de ação, com o direito, portanto, de
interferir mais assídua e intimamente no trabalho de reorganiza-
ção de nossas leis e códigos, reparando a injustiça dos homens e
defendendo os princípios fundamentais da imprescindível e urgen-
te renovação social”.
240
navio Itapagé, torpedeado na costa brasileira pelo submarino ale-
mão U-161. Também enveredou pela música, teatro e jornalismo.
Natural do Rio de Janeiro, carioca do bairro de Copacabana,
aprendeu música e idiomas. Por indicação de Arnon de Mello, in-
gressou na Associação Brasileira de Imprensa. Estreou, com Fer-
nando Torres, Nathália Timberg e Sérgio Brito no Teatro Universi-
tário, com a peça Dama da Madrugada. Formou-se em Jornalismo
pela Faculdade Nacional de Filosofia.
241
“O ferido não tem posto nem nacionalidade. Quem tem priori-
dade é a doença. Eu fui lutar contra os alemães, mas a saúde do ser
humano é outra coisa. Na verdade, os alemães eram os feridos mais
obedientes e mais tranquilos que nós tínhamos. Porque eles estão
acostumados a obedecer. Para exemplificar, naquela época o remédio
principal era, além da penicilina, a sulfa. Então a primeira dose de
sulfa a se dar são oito gramas, portanto, dezesseis comprimidos de
sulfa e trinta e dois de bicarbonato, que o desgraçado precisava to-
mar de uma vez só. O brasileiro sempre reclamava, o alemão não.
Você entregava o monte de comprimidos, ele arregalava os olhos,
pegava a caneca de líquido, enchia a boca e engolia tudo de uma
vez”.
242
ce”, por Júlio Lerner. Clarice projetou em Macabéa seu próprio
final trágico, quando alguns dias depois da publicação do livro,
faleceu, no Rio de Janeiro, de câncer no ovário. “Macabéa reduzi-
ra-se a si. Também eu, de fracasso em fracasso, me reduzi a mim,
mas pelo menos quero encontrar o mundo e seu Deus”.
243
“Ainda podia voltar atrás em retorno aos minutos passados
e recomeçar com alegria no ponto em que Macabéa estava na cal-
çada – mas não depende de mim dizer que o homem alourado es-
trangeiro a olhasse. É que fui longe demais e já não posso retro-
ceder”.
244
presença da Família Real, na Catedral Diocesana, antiga Matriz
da NS dos Prazeres, hoje Catedral Metropolitana, administrada
pela Arquidiocese de Maceió, completando 158 anos de história e
religiosidade”.
245
jovens carentes, na faixa etária de 5 a 26 anos, sendo 90% delas da
comunidade da Vila Emater II, favela do lixão de Maceió.
246
já reformado no posto de Tenente-Coronel, em 24 de agosto de
1859. Dessa união nasceram dez filhos, sendo duas mulheres, Emí-
lia e Amélia, e oito varões. Todos os homens abraçaram a carreira
das Armas, ocupando posições de destaque na vida militar.
247
SELMA BANDEIRA; 1ª PRESA POLITIA
248
cidade, devido a existência de outros importantes representantes e
fundadores de terreiros, como Chico Foguinho, pai Adolfo, mestre
Roque, Manoel Loló e outros.
249
tas histórias dos antigos Babalorixás e da escravidão, revelam co-
mo foi a morte de Tia Marcelina, para a qual existem duas versões.
250
VERA ARRUDA: MUNDO FASHION
“No final dos anos 1990, boa parte das grandes marcas se-
guiam os padrões minimalistas, geométricos e com modelos an-
251
dróginos para tentar se adequar ao mercado internacional. Vera
Arruda seguiu na contramão e sacudiu o mercado ao apresentar
peças que resgatavam as cores, a exuberância e a feminilidade da
mulher brasileira”.
252
TERRA DA POESIA
253
de memórias Eu em Trânsito, onde reafirmou o seu amor pela vida
e seu modo livre e ousado de ser. Na poesia deixou sua marca entre
as melhores de sua geração.
De dentro da lagoa
emergem as casas tristes
de moradores mais tristes ainda
a água parada fedendo
poluindo a meninada
que brinca de tomar banho.
E a sujeira boiando
lavando os trapos da gente
que mora por perto
gente triste sambuda doente.
254
Anilda Leão em Revista da Academia Alagoana de Letras,
nº 10, 1984
255
Pedem-me notícias de mim.
Eu as dou assim: em versos.
256
Eu as dou assim: em versos
que me desmentem.
Empilho palavras
sob o sol ardente,
para não empalhar mágoas
257
à sombra dos amores.
Caminho à beira-mar
para aprender a ser cais, somente,
e não mais âncora ou elos,
nem casco musgoso de barcaça.
Empilho palavras
para que, ao sol ardente,
virem cinza em cores
e me surpreendam a cada estação
com a sempre nova e rotineira
des/ventura do amor.
258
livro A Terra dos Meninos Pelados foi escrito por ele logo após ser
solto da prisão da Ilha Grande, num quarto de pensão no Rio de
Janeiro, e foi concluído em 1937, um ano antes de seu quarto, úl-
timo e decisivo romance: Vidas Secas. O mestre Graça fez mais
dois livros infantis: Alexandre e outros heróis e Pequena História
da República. Em “A Terra dos Meninos Pelados, uma novela cur-
ta, com 18 capítulos, Raimundo e Caralâmpia vivem em um mun-
do de sonhos. O autor criou a personagem espelhada em sua amiga
a psiquiatra Nise da Silveira, que fora sua companheira na prisão.
259
ninos da minha terra, mas talvez eu mesmo me perca e não acerte
mais o caminho.
260
mitológicos e malemolência brejeira, e de uma postura poética
que dá as costas (melhor seria uma banana) à oficialidade e à re-
verência acadêmicas”.
Maceió
ausente
fácil se me afigura
inteiro caber dentro de
Maceió
Mas se nas descidas da vida
o torna-caminho
é Maceió
claro então me volta à memória
o beco sem saída
o jogo de gata-parida
que é
Maceió
para o pobre de Jó.
261
De Lêdo para Jorge
Um estandarte da poesia
262
jovens intelectuais. Há a história da panfletagem feita por Marcos
de Farias Costa, acompanhado pelo amigo também poeta, Norton
Sarmento em um evento na Reitoria da Universidade Federal de
Alagoas (Ufal), onde o meio universitário e a Academia Alagoana
de Letras estavam homenageando outro poeta, outro Jorge, o Jorge
de Lima.
263
FERNANDO FIÚZA: CONTEMPORANEIDADE
264
outra, em casco, gente e fardos. A bússsola artesanalmente fabri-
cada às duras penas – e a-partes”.
O Mapa
265
- ou seria em Quebrangulo?
Searas gracilianas
- agrestes de talo e prego,
rifle, cinema e calor.
A virilha da direita
é de esmeralda corrente
e um morno colar de espuma;
266
Paraíba ou Mundaú?
Neste aí Jorge de Lima
267
lista, conceituosa, filosófica. Enfim, é uma poesia leve, onírica,
intimista mas também contemplativa, de um lirismo, acho, quase
em extinção, que se coloca sempre ao lado da vida, tantas vezes
amarga, suja, violenta, mas que nos deixa, como raspa no fundo
do tacho, alguma coisa de sua beleza. De sua sensualidade. É
quando poeta acorda e a poesia acontece”.
e se possível querer-me
e se possível tocar-me
e se possível possuir-me
268
e se possível anular-me
269
que conseguem falar à nossa alma como se dissessem as coisas
mais simples.
270
objetos em sua volta têm sonoridade e harmonia: chaleira, panela,
ferro, madeira. Mas ele virou estrela internacional como multi ins-
trumentista. O “bruxo” alagoano das canoas, toca, compõe e escre-
ve, até em um papel de hotel, todas as cifras de sua música, inclu-
indo um hino para Alagoas. Hermeto toca tudo com perfeição e
ousadia: saxofone, bateria, piano, escaleta, flauta, violão, contra-
baixo, bombardino, sanfona, que sola de forma magistral. Em Ca-
lendário do Som (2000), chegou ao requinte de criar uma composi-
ção diferente para cada feriado e dia de santo. Ele já tinha criado
uma canção para o Dia de São Antonio.
271
É dia 13, dia de Santo Antonio
Ô de casa
Ô de casa
272
O mundo do menino impossível
o urso de Nurenberg,
273
o velho barbado jugoeslavo,
as poupées de Paris aux
cheveux crêpés,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoslovaca,
o polichinelo italiano
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro
de Buenos Aires
moviendo la cola y la cabeza.
O menino impossível
que destruiu até
os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papá Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,
tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...
274
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!
É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!
A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.
E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...
275
O menino pousa a testa
e sonha dentro da noite quieta
da lâmpada apagada
com o mundo maravilhoso
que ele tirou do nada...
276
çamento foi na Academia Alagoana de Letras. Pela primeira
vez, uma editora de Alagoas publicava um título do poeta.
Para o presidente da Academia Alagoana de Letras, Carlos
Méro, o livro foi um marco na literatura alagoana.
277
Paurílio, Carlos J. Duarte, Renato Alencar, Aloísio Branco, Mário
Marroquim, Lobão Filho e Alberto Passos Guimarães”.
278
e da turma de lá
E em Ponta Grossa
no Vergel do Lago eu tinha um namoro
me deu saudade da turma de lá
E hei visitar o meu bairro Bebedouro
279
e das morenas que tem na Levada
280
incluídas poesias de autores alagoanos, no espetáculo “Poesia e
Expressão Corporal”, que apresentou e dirigiu. No Segundo Stan-
d'Art, dirigiu o espetáculo denominado Ilha, no Teatro de Arena
Sérgio Cardoso, composto, em especial, de poesias de Jorge de
Lima e Beto Leão. Criadora do projeto "Ética e Estética das
Águas". Editora de O Clínico, jornal do Diretório Acadêmico da
Faculdade de Medicina e onde iniciou a publicação de poemas de
sua autoria. Na década de 60 começou a publicar poesias no su-
plemento literário da Gazeta de Alagoas.
281
voei por partos pragas e partidas
de maceió às vagas estrelas
das manguabas às madrugadas
_____________
Caeté 89
282
o verde do verbo minha língua
restingas vertigens
mistura de dores tambores
celestiais sabores
como as estrelas do arco-íris
persigo perigos
sete fadas
sete risos
cavalgados até o âmbar
toda luta toda paz
cochilo o conflito da andorinha
pasto raro
ave de rapina
curva de coqueiro
infinito retorno à madrugada
parto das enseadas
agridoce planctons da vida
saboreando néctares e nabos
como em uma grande gargalhada
283
LUIZ GONZAGA CANTA ALAGOAS
Pedaço de Alagoas
Luiz Gonzaga
Letra da música: Edu Maia
284
Quem é que não sente saudade
De um dia de sol em Maceió.
285
das as formas que se possa imaginar. Desde os anos 1980, quando
“militava” em um grupo de intelectuais “sobreviventes” que até
hoje forma a turma da cena contemporânea das artes e manhas das
Alagoas. Entre os que constituem este importante grupo estão Sid-
ney Wanderley, Marcondes Costa, Diógenes Tenório Junior, Elício
Murta, Luis Costa Pereira Junior, Susana Souto, Luzia Helena
Wittmann, Norton Sarmento Filho. Na cena atual cada um foi em
busca de seus sonhos, cada um foi buscar seu pão e sua cachaça,
mas nunca abandonaram o front das letras. Marcos Farias publicou
livros de poemas carnalmente eróticos; escreveu ensaios sobre lite-
ratura universal, editou a revista cultural Dialética, dedicada a te-
mas como tradução de poesia, literatura comparada e crítica literá-
ria. Recentemente lançou dois CDs com músicas autorais, em sua
própria voz. E no momento organiza uma antologia de letras de
música que citem ou façam alusão a Maceió. Alagoano da gema,
ele tem na versatilidade de estilos o seu talento para as artes: para
além de poeta, ele é cantor, tradutor, editor, livreiro, compositor
(de sambas e chorinhos), e nas horas vivas dedica-se à crítica lite-
rária, “sempre se opondo ao mau-mocismo das velhas práticas
provincianas dos elogios entre amigos e do puxa-saquismo auto-
congratulatório”, como ele próprio assinala. Formado em Psicolo-
gia, nunca exerceu a carreira, preferindo optar pela poesia. É tradu-
tor da língua alemã. Compositor bissexto, com prêmios e reconhe-
cimentos. Em 2017, lança pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos
o livro A História de um Soldado, uma tradução da obra do suíço
C. F. Ramuz.
286
Oficina do soneto
Pra cometer um soneto é preciso
dosar-se muito bem amor e morte
e da mistura então glosar o mote,
assim como quem monta um paraíso.
Os bagos da fé
Eu juro
pelos pentelhos da Virgem
que o meu futuro
é pura vertigem.
287
Eu prometo
pelas barbas de Maomé
botar cianureto
no teu café.
Eu garanto
pelas trombetas de Jericó
que o meu canto
supera a clave de dó.
Eu testemunho
sem cruzar os dedos
que o mês de junho
não tem segredos.
Eu asseguro
por meus testículos
que não aturo
quaisquer versículos.
Eu abjuro
todas as juras
todos os muros
e sepulturas.
288
Obras: O amador de sonhos (1982), Ócios do ofício (1984),
A quadratura do círculo (1991), A comédia de Eros (1997), Doce
Estilo Novo (2000), O Jardim Selvagem (2013), A História do
Soldado, tradução de C. F. Ramuz (2017), pela Imprensa Oficial
Graciliano Ramos
289
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
290
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
291
RENAULT: MOTOR DA NOVA POESIA
Se vocês pensam...
292
Ainda haver-se-á de passar pelas praias
Vestidos de astronautas,
Não que iriam transformar as águas em lua,
Mas, ao contrário, em anti-lua.
293
Depois vão colorir a cidade para dizer
Que está tudo bonitinho.
294
buscava o fermento de sua árida poesia. Poeta, compositor, funcio-
nário público, trabalhou na Fundação Cultural Cidade de Maceió e
Fundação Teatro Deodoro, Paulo Renault foi até vendedor da
Brahma, mas sempre atento ao mundo.
295
Vendi-a, porque Deus não quis comprá-la
Se quisesse,
Teria me oferecido pelo menos um dólar.
Ao que o velho satã pagou-me cinco...
Para isso
Pretendo viajar o mundo inteiro:
Ao mercado negro da Pérsia,
Às catacumbas do Egito,
À terra dos pigmeus,
Às calcinhas de lycra das bonecas de Paris,
Ou quem sabe,
Aos mictórios imundos,
Fedorentos de Istambul.
Talvez, nestes lugares encontre
Alguma coisa nova
Menos desprezível que a Rua do Comércio
Ou o bar do Chopp.
Ou a praça dos Martírios
(nunca vi um nome tão feliz para uma praça
Que não significa absolutamente nada).
Cidade bonita é New York
Com milhares de pessoas a passarem pela Wall
A avenida sem almas.
Cidade maravilhosa...
296
Quero dizer, minha nova alma
Comprarei em New York.
Boemia
297
olhos no espaço, trêmula, cantando,
cantando a mágoa que em seu peito mora.
298
alagoana, com os grupos Caçoa Mas num Manga, quando realiza-
ram o antológico show Babe Bicho, que reuniu no palco Júnior
Almeida, Nelsinho Braga, Jorge Barboza, Gal Monteiro, Aline
Marta, Rosália Brandão, Emídio Magalhães, e uma “cozinha” ma-
ravilhosa: Zé Barros, Zé Carlos e Baygon, Mirna Porto e Eliane
Vielmond. Rosália escreveu o livro Racional Radical, prefaciado
por Lucy Brandão, com projeto gráfico da jornalista Patrícia Pavas
e capa do teatrólogo e artista plástico Lael Correa. Rosália repre-
sentou uma geração alagoana que namorava o rock, o pop, o dark,
o gótico, o trash.
299
transformou sua cidade natal Viçosa das Alagoas, em um burgo
contemporâneo e universal, com grandes histórias e grandes perso-
nagens. Permaneceu em Viçosa até os quinze anos de idade. A
literatura ganhou força em sua vida entre os 17 e 18 anos, quando
cursava medicina, curso que não gostava. “No primeiro ano de
Medicina, ao cursar Anatomia, percebi a absoluta falta de voca-
ção para esse curso e essa profissão. Danei-me a escrever poemas
(na época, lia um bocado Drummond, Pessoa e João Cabral), e
até hoje não me curei desta doença”. Sidney chegou a trocar car-
tas com o grande poeta mineiro, em uma delas Drummond rasga
seda em um perfil de seu missivista alagoano:
Inequação
300
com cinco dedos por mão,
com vinte dedos no corpo,
trinta ideias na cabeça,
algum dinheiro no bolso;
com vida, se entrarmos vivos;
defuntos, se entrarmos mortos.
Na amada mergulhamos
por completo, inteiramente,
e quando à tona tornamos
há em nós algo de menos:
pode ser nosso suor
a encharcar nossas vestes;
nosso sangue, nosso sêmen
que em seu ventre floresce;
pode ser nossa agonia,
nossa careta de gozo ou
nossa contrição de prece.
301
como se entra e sai de um auto.
Num auto se entra e passeia
por ladeiras e ruas planas,
por campos, charcos, desertos,
asfalto, barro batido,
canaviais, açucenas,
e ao final da jornada
restamos inteiros e vivos,
de igual forma como entramos.
Na amada mergulhamos
por completo, inteiramente,
e quando à tona tornamos
há em nós algo de excesso:
pode ser o seu perfume
reacendendo em nossa pele,
a mancha do seu batom
tatuada em nosso ombro,
um pelo do negro púbis
boiando em nossa saliva,
ou o nosso peito inflado
de senhor dono do mundo
(porque senhores da amada).
302
algo que antes não havia:
um sargaço, um crustáceo,
sal, areia, maresia,
ou algo que antes no mar
gozoso da amada dormia,
303
1987, e ainda em abril Sidney receberia sua última carta. Em 1991
data de publicação de Poemas post-húmus, Sidney se aproxima de
outro monstro da literatura brasileira, o escritor paulista e Best sel-
ler, Raduan Nassar. Motivado pela obra Poemas post-húmus que
recebeu de um jornalista. Raduan entra em contato com Sidney
Wanderley através de carta, gerando uma aproximação que se
transformou em influente amizade. Leia a poesia que encantou
Raduan, Poemas post-húmus:
crepúsculo.
mudo faz-se o mundo
e loquaz a luz
**
do derradeiro canto
do pomposo cisne
ri-se o riacho irônico.
**
sem culpa ou agasalhos,
plácidos peixes passeiam
no estreito mar do aquário.
**
cauda e crina equinas
eriçam quando roçam
carnes femininas.
**
na cozinha da casa-grande
entre a fuligem e os temperos
304
o tricô dos fuxicos se expande.
**
com frieza assassina
engole bois e pastagens
a espessa neblina.
**
talvez celebre a andorinha
morta no campanário
o repique desses sinos.
**
bem hajam os que ouvem
átomos, galáxias,
brumas e Beethoven.
305
deu luzes e vozes. “Era uma família de boa tradição da escrita, to-
mei gosto e tino e estou aqui”. Sua poesia, como explicou no lan-
çamento de seu livro mais recente (Pincéis, 2017), “é fruto da ob-
servação e da experiência, transformando em palavra poética, ale-
gre, triste, densa”, como em Pincéis, que traz líricas sobre a morte
do renomado pintor alagoano Pierre Chalita.
Campo Minado
306
antes de parir chuvas
nuvens densas
fúria reservada
N a cama te quero
307
sem óculos
esquadro e régua
sem limites nas dobras
dos lençóis
mais moderno
selvagem
das entradas e bandeiras
petróleo sem surpresas
ciências plataformas
correntes colossais
Na cama te faço
objeto de pesquisa
sem financiamento
externo
materialista dialético
de roucas práxis
rituais diabólico jeito de ser Deus
sem cruz
cruzando corpos desiguais
Na cama te quero
vivendo papéis profanos
motor ligado
jato de gás em fogo
fósforo que vira tocha
no sair da caixa
e incendeia jardins, plantas, flores
canaviais
308
Obras de Vera Romariz: Cacos, 1977; Quase Pássaro
(1986); Campo Minado (1986); Amor aos Cinqüenta (2004) e Pe-
lícula (2008); Camões: O Poliedro da Poética Portuguesa (1980);
Quem é Você, Manuel Bandeira? Ensaio literário para o público
infantil em co-autoria com Edilma Acioli Bomfim (1986). Recebeu
da Academia de Letras da Bahia em 1990, o prêmio nacional de
Ensaio Literário Adonias Filho pelo trabalho Identidade e Alterati-
dade Culturalno Romance Luanda Beira Bahia; Amor aos Cin-
quenta (poesia), 2004; Tomá Lá, Dá Cá (resenhas críticas (2011).
.
ZÉ DA FEIRA: A POESIA POPULAR
309
lo, José Pimentel, José Aloísio Brandão, Alfredo Brandão, Sidney
Wanderley, Denis Melo, Eloi Loureiro Brandão, Nelson Almeida e
outros. Feitosa, diz sempre que: “Foi em Viçosa que iniciou o
aprendizado do jornalismo e de minha profissão de repórter foto-
gráfico”. Trabalhou como repórter fotográfico em todas as reda-
ções de Alagoas, dos extintos Jornal de Alagoas, o mais antigo do
Estado, que pertencia aos Diários Associados e Jornal de Hoje,
Gazeta de Alagoas, Tribuna de Alagoas. O olho de repórter e a
sensibilidade de poeta caminharam juntos. Em todos esses momen-
tos esteve presente o jornalista e poeta José Feitosa, o Zé da Feira.
Sequidão
É a seca devorando
O que existe no chão,
Bebendo a água da terra
Do esperançoso sertão.
310
É a terra tremendo
O gado gemendo,
A lavoura morrendo...
É só desolação!
É a terra queimando,]
O povo chorando,
Pedindo, implorando
A salvação...
nas águas da irrigação!
311
TERRA DE CAMPEÕES
312
“(Os pais de Garrincha) contentaram-se em reproduzir em
Pau Grande o mesmo estilo de vida que levavam nas Alagoas.
Talvez porque o cenário fosse parecido: em Quebrangulo, o hori-
zonte era a Serra da Barriga; em Pau Grande, a Serra dos Ór-
gãos. As malas e os sacos de aniagem que abriram ao chegar po-
diam conter somente as alpercatas de couro e uma ou duas cami-
sas de riscado. Mas eles traziam também os invencíveis costumes
do Sertão: as superstições, os desafios de viola, as redes de dor-
mir, o sexo sempre em riste, a naturalidade com que se produziam
filhos fora do casamento.”
313
“Em Quebrangulo, já não existem mais aldeias de fulniô, e
a população desconhece o pai de Garrincha, Amaro Francisco dos
Santos, que morreu aos 63 anos, em outubro de 1980. E não existe
nos cartórios e nem nos batistérios qualquer registro de nascimen-
to. Nem com a ajuda de fotografias de Amaro, mostradas aos an-
ciões da cidade, abriu qualquer pista para a investigação da vida
dos pais de Garrincha na cidade alagoana. Mas em Águas Belas,
o cacique João Francisco dos Santos, que tem o mesmo sobrenome
de Garrincha afirmava: “Não me admira não se encontrar ne-
nhum documento sobre os pais dele. Naquele tempo índio não ti-
rava nem identidade nem nada. Que diabo gostaria de ser índio
naquela época”.
314
Olinda e Pau Grande. Vinte dias depois do parto, com a pequena
Rosa grudada no peito da mãe, Amaro e Carolina pegaram o va-
por para o Rio de Janeiro. Oito anos depois do nascimento de
mais quatro filhos – José, Cícero, Jorge e Lourdes - Maria Caroli-
na dá á luz ao quinto filho que viria a ser “a alegria do povo”, o
“anjo das pernas tortas”, “o demônio que veio de outro planeta”,
“a estrela solitária”, batizado de Manoel dos Santos, uma home-
nagem ao tio, Mané Caieira. Depois dele, com longos intervalos,
viriam outros quatro: Josefa, Antônia, Teresinha”.
315
natureza selvagem, seu jeito puro de ser, de corpo aberto com ber-
muda e descalço jogando bola nas clareiras das florestas; ingênuo
no trato com dinheiro; irresponsável com seus compromissos soci-
ais (era como um adulto com personalidade de criança, inimputá-
vel, como os índios).
316
ção, Mané virou espécie de artista saltimbanco pelo Brasil. As du-
as cidades contempladas foram Maceió e Arapiraca. Era 19 de se-
tembro de 1973, data que muitos nunca esqueceram. Foi como um
sonho, em verdade, para muitos torcedores do CSA. Afinal, dois
ídolos do futebol brasileiro vestiriam a camisa azulina no mesmo
dia.
317
drible, impulsão, perfeita colocação na área e chute preciso com os
dois pés), Dida foi descoberto por um olheiro do rubro negro em
viagem pelo Nordeste. Dida jogou como titular contra a Áustria no
primeiro jogo do Brasil, mas foi barrado pelo técnico Vicente Feo-
la no segundo jogo, para a entrada de Vavá, que não saiu mais.
Pelé só entrou no terceiro jogo. Seu temperamento irascível, como
explica em sua autobiografia escrita junto com o radialista e irmão
Luiz Alves, o fez comprar sérias brigas com a imprensa, e os pró-
prios dirigentes. No capítulo “a força de um falso diamante”, o
craque aponta toda sua ira contra o ex-jogador Leônidas da Silva, o
Diamante Negro, então comentarista na Copa pela imprensa pau-
lista.
318
Lauthenay: um amigo para sempre
319
anos jogou pelo Flamengo, onde foi campeão, convocado para a
Seleção Carioca e para a Seleção Brasileira. Seu amor pelo clube
da Gávea era tão grande que sempre assinou seus contratos em
branco. Com o passar dos anos, o Flamengo engoliu toda sua mo-
cidade, sugou todas as suas energias e terminou mandando o arti-
lheiro embora depois de um desentendimento com o treinador Flá-
vio Costa. Os dribles e os gols maravilhosos já tinham sido esque-
cidos. Apesar das grandes alegrias que teve vestindo a camisa do
Flamengo, ele não pôde esquecer a ingratidão que sofreu de seus
dirigentes”.
320
um verdadeiro campeão. Lutador referência chegou ao topo do seu
esporte com títulos mundiais, recordes de público em ginásios e
lutas memoráveis. O agora ex-lutador de kickboxing Eduardo Ca-
nuto, ao se despedir, emocionado, ao aposentar suas luvas, agrade-
ceu ao povo alagoano.
321
pão, Argentina e no México, dentro de um Estádio Azteca lotado –
onde a seleção brasileira conquistou o tricampeonato mundial –
“com os mexicanos gritando Brasil e jogando os sombreros para
alto”. Aos 65 anos, Fátima Pinto é chef gourmet, e mantém seu
portal Ciscando na Cozinha com opções de comida regional. Mas
ela não esquece as amigas e colegas que formaram com ela a gera-
ção de ouro do voleibol feminino alagoano: Alzira, Luana, Ana,
Denise, Silvana, Simone, Cristina, Nina, Cilza, Tereza, Rosa, Lucy
Fireman, Clarissa, Socorrinho, Lucia Sarmento, Vanessa, Suzana,
Noêmia e Kátia Born. Fátima Maria Mendes Pinto nasceu em Ma-
ceió no dia 02 de março der 1956. Seu pai, Fernando Alberto
Mendes Pinto era um português que nasceu na cidade de Figueira
da Foz. Veio para o Brasil e casou com dona Nilda Neves. Fátima
jogou voleibol na Fenix e no CRB e passou três anos na Seleção
Brasileira.
322
futebol mundial. De vermelho para vermelho, a camisa de Bobby
the best, como os ingleses o chamam, veio lá de trás, quando aos
17 anos começou sua meteórica carreira, na base do alvirrubro
Clube Regatas Brasil (CRB), e quase dez anos depois foi compra-
do pelos reds do Liverpool, por 41 milhões de euros, equivalente a
142 milhões de reais, na época, em 2015, a segunda contratação
mais cara da história do clube. Depois de jogar no CRB, de 2005 a
2008, foi transferido já como profissional para o Figueirense, onde
foi o maior responsável pelo acesso do time de Santa Catarina à
primeira divisão do Brasileirão, e eleito o melhor jogador da Série
B. O atacante alagoano não demorou muito no Figueira, em 2010
assinou contrato com o Hoffenhein, da Alemanha. O jogador reno-
vou o contrato por mais três anos e terminou a temporada (2013-
2014) da Bundesliga como quarto maior artilheiro, com 16 gols.
Como jogador profissional, Firmino já ultrapassou a média de um
pouco mais de cem gols marcados.
323
bola, respira bola”, disse a sorridente Cícera, na entrevista ao re-
pórter Tino Marcos, em reportagem para o Jornal Nacional da Re-
de Globo, no começo de junho de 2018. Firmino aposta forte tam-
bém nas redes sociais, e vem crescendo para se tornar querido no
Brasil (@bobbyfirmino), só perdendo na seleção para ativos Ney-
mar e Gabriel Jesus. Segundo sua assessoria, o atacante tem quatro
milhões de seguidores e cresceu, nos últimos três meses, 31% no
Instagram.
324
com ou sem o headphone no ouvido. No seu closet estão coleções
de paletós estilosos e coloridos, tênis extravagantes e sandálias de
todo tipo. Firmino adora usar também calças jeans estilizadas.
325
Textos do jornalista Wellington Santos, para a série Ídolos e
Fatos, no jornal Gazeta de Alagoas, 2013
326
Passe de Maradona... drible no goleiro... goool
327
JUVENAL, O JÓQUEI HEXACAMPEÃO
328
sucesso, nunca perdeu a simplicidade e serenidade; sendo acima
de tudo uma pessoa do povo que gosta de viver em contato com a
natureza, numa relação de harmonia com a terra, com os animais.
Este talvez seja o segredo de sua genialidade.”
329
Rio, sendo a primeira e, até agora, a única mulher a deixar a marca
dos pés neste local. No final de 2018 a cena se repetiu no Maraca-
nã, o estádio alegou que a peça original de 2007 tinha sumido. Aos
32 anos, Marta é a única atleta - contando as modalidades masculi-
na e feminina - que conseguiu o prêmio de melhor jogadora do
mundo em seis oportunidades (2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e
2018).
330
ria difícil, sobretudo pela marcação cerrada em Neymar. Para ela,
Neymar ficou irritado e incomodado com as faltas que recebeu e
não mostrou seu melhor jogo, o que repercutiu no resultado do
grupo. Marta diz também que o árbitro errou por não ter marcado
falta no empurrão em Miranda no empate e nem o pênalti em Ga-
briel Jesus. "Apesar das decisões (do árbitro), eu acho que o Bra-
sil fez o suficiente para ganhar o jogo: teve melhores chances e
não pareceu que a Suíça ameaçou o gol de Alisson depois do em-
pate. Mas, por todo o trabalho que o time e a comissão técnica
colocaram no preparo para este torneio, eu esperava muito mais
do Brasil. Mas este foi apenas o primeiro jogo do torneio", escre-
veu a estrela.
331
Instituto Marina Tavares (IMT). Marina Tavares vai encarar mais
um desafio na sua vida: a alagoana recebeu um convite para inte-
grar o Comitê Rio 2016, grupo organizador das Olimpíadas e Pa-
raolimpíadas, disputadas na Cidade Maravilhosa.
332
torneio disputado no Brasil. Após acertar uma cotovelada no rosto
do atacante Müller, da Alemanha, Pepe completou o trabalho com
uma cabeçada no rival, ainda no primeiro tempo, quando seu time
já perdia por 2 a 0. O jogo terminou em 4 a 0 para os alemães e o
destempero do zagueiro rendeu comentários pouco honrosos nas
redes sociais. O defensor deixou o Brasil aos 17 anos, onde atuou
nas categorias de base do CRB e o do Corinthians Alagoano. Em
Portugal, seu primeiro clube foi o Marítimo, mas foi no Porto que
o zagueiro se apresentou à Europa. A qualidade no sistema defen-
sivo e o perfil forte chamaram a atenção do Real. No verão de
2007, o Real Madrid da Espanha anunciou a transferência dos di-
reitos federativos do jogador, com a compra de seu passe por 30
milhões de euro. No Real Madrid jogou com Cristiano Ronaldo,
Gareth Bale, Zinedine Zidane, Kaká, Luka Modrić, Luís Figo, Ro-
naldo, David Beckham, Arjen Robben, Nicolas Anelka, Asier Illar-
ramendi o Xabi Alonso. Neste universo de craques, Pepe jogou na
defesa central, um defensor líbero que tem muita potência no chute
a média distância, e também é considerado um bom cabeceador.
333
de faixas de campeão ao CRB, em 1965, no antigo e hoje extinto
estádio Severiano Gomes. A segunda vez foi na inauguração do
estádio que leva seu nome, em 1970, quando o Santos aplicou uma
goleada na Seleção Alagoana, e em 2010, após sobrevoar os muni-
cípios atingidos pela cheia, ele participou da reinauguração e revi-
talização do estádio, 45 anos depois daquela partida no acanhado
estádio da Pajuçara, que foi vendido a grupos supermercadista.
334
José Augusto Xavier, o Flecha Negra, atacante do futebol
alagoano, em depoimento no encarte Cadernos da Copa, 2018, no
jornal Tribuna de Alagoas.
335
Pelé concedeu uma tumultuada e disputada entrevista. Depois ele
subiu o túnel de acesso ao gramado. No centro do campo, com a
bola na marca de saída, Pelé bate para Teotonio, e o prefeito Cícer-
to Almeida. Tudo muito rápido. O governo de Alagoas cancelou a
programação festiva da reinauguração do estádio em consequência
da tragédia que abalava Alagoas. Mas Pelé deixou a marca dos
seus pés no Hall da Fama do Museu dos Esportes Dida.
336
ROBERTO MENEZES: LENDA DOS GRAMADOS
337
gador refinado, elegante e objetivo. As nossas ruas confluíam,
apontando para a Praça Sinimbu, onde fomos criados quase ma-
loqueiros, jogando pelada em um campo vasto, pois a Praia da
Avenida era nossa, e Roberto Menezes, futuro engenheiro e já ído-
lo de futebol, mostrava-nos gratuitamente o engenho de sua arte,
para nós mais que complicada, insondável. Hoje eu sei porque as
bolas do mundo inteiro tinham uma grande paixão por ele, que as
tratava com respeito e indiferença”.
338
do. Com dois anos foi acometida pela poliomielite, mas seguiu sua
estrela, primeiro na natação, depois se consolidou no dardo e no
disco. Desde 1989 vem ganhando campeonatos em todo mundo,
com medalhas no Brasil, na Venezuela, na Inglaterra. Em 2016,
Sônia representou Alagoas no revezamento da Tocha Olímpica
Rio-2016, em Arapiraca.
339
zou como o atleta mais rápido do mundo nos 200m rasos T46 (ca-
tegoria para pessoas com amputações) nas Paraolimpíadas de Lon-
dres, quando conquistou a medalha de ouro. Nessa prova, Yohans-
son fez o tempo de 22s05, batendo o recorde mundial. Resultado:
foi ao lugar mais alto do pódio ao conquistar a medalha de ouro
para o paratletismo brasileiro. Hoje, o campeão acumula cerca de
150 medalhas desde que fincou pé no atletismo, fruto de várias
competições em que participou no Brasil e no exterior. Garoto hu-
milde, do bairro do Vergel do Lago, desde que ingressou no atle-
tismo em 2005 até o ano de 2008 a barra foi pesada. “Sempre trei-
nei em pistas sem condições e sem um centavo de patrocínio. Mas
sempre acreditei no meu sonho.”
ZAGALLO O MEGACAMPEÃO
340
Ao apostar em uma formação mágica, que combinava os talentos
de Pelé, Rivellino, Tostão, Jairzinho, Gérson, Carlos Alberto Tor-
res e outras estrelas, encantou o mundo e alterou os paradigmas do
futebol para sempre. Pelé, o rei do futebol, depois de resgatar uma
foto icônica sua e de Zagallo, com a jaqueta verde e amarela da
seleção de 1970, saudou o mestre em um de seus quase noventa
aniversários. Pelo Facebook, o eterno camisa dez da seleção brasi-
leira parabenizou o mestre do futebol mundial. Eles foram campe-
ões na Suécia e no Chile, e tri no México, quando Zagallo foi o
técnico.
341
“Começa o jogo. Zagallo se atira na batalha. Ele quer ser o
Zagallo campeão do mundo. Lá, sempre apanhava a bola, ele fazia
lembrar o Tom Mix do cinema mudo: partia em todas as direções.
Despontava atrás, na frente, na meia-canja, e tudo ao mesmo tem-
po, numa presença múltipla e constante. Seu tórax magro esconde
um coração, um coração tremendo. Walter Scott, se o reconheces-
se diria: “Zagallo, Coração de Leão”.
A “forminguinha” veloz
342
GENTE
343
PROFISSÕES & OFÍCIOS
ACENDEDOR DE LAMPIÃO
O acendedor de lampiões
344
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
BORDADEIRA/ RENDEIRA
345
sas, debruçadas sobre uma mesma atividade feita à mão, geralmen-
te sem uso de livros ou manuais técnicos, aprendem a fazer fazen-
do. Ficou famosa a música de Zé do Norte, Mulher Rendeira, em
sua letra original.
BARRANQUEIRO/ RIBEIRINHO
346
nedo, São Braz, Igreja Nova, Belo Monte, Traipu, Pão de Açúcar,
Piranhas e Delmiro Gouveia.
CORTADOR DE CANA
347
safra de 2016. Entre os instrumentos usados pelo canavieiro está o
podão (faca grande e comprida) para não se machucar. A safra da
cana dura seis meses. No resto do ano, enquanto espera a cana bro-
tar de novo, o cortador faz sua plantação de subsistência ou emigra
para as capitais à procura de trabalho. O setor sucroalcooleiro já
chegou a empregar dois milhões de pessoas na atividade durante o
Proálcool, programa de estímulo à produção de etanol. Hoje, são
cerca de 500 mil trabalhadores.
Em lugares distantes
onde não há hospitais nem escola
homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos
plantando e colhendo a cana que viraria açúcar
em usinas escuras, homens de vida amarga e dura
produziram esse branco e puro açúcar com que adoço meu
café nessa manhã
em Ipanema
DESTALADEIRA DE FUMO
348
cantigas entoadas para espantar o sono durante as madrugadas. As
cantigas tiveram seu período áureo nas décadas de 1940 e 1950.
Eram versos de amor o dia inteiro, numa alegria contagiante e que
atingia o seu ponto máximo no chamado derradeiro dia de fumo,
quando era encerrada a destalação da safra e o patrão oferecia uma
buchada de um carneiro gordo, e muita bebida para comemorar o
encerramento da colheita.
Adeus Cajueiro
Adeus Cajuí
Adeus que eu vou-meimbora
Para o ano eu volto aqui
349
JANGADEIRO
Suíte do Pescador
Dorival Caymmi
350
Adeus, adeus
Pescador não esqueça de mim
Vou rezar pra ter bom tempo, meu nêgo
Pra não ter tempo ruim
Vou fazer sua caminha macia
Perfumada com alecrim
MARISQUEIRA E DESPINICADEIRA
Tapete negro
Que a água esconde
Lugar comum entre lugares onde eu cresci
Tuas pontes, teus mangues mistérios
Mundaú das ilhas, dos casebres, a lagoa mãe
És senhora de rara beleza
Eu vi a pérola
Eu vi a Pérola
Eu vi a pérola
Na concha de um Sururu
351
PESCADOR
352
TIRADOR DE COCO
353
Pra Tirar Côco
Messias Holanda
VAQUEIRO
354
lata Graciliano em Vidas Secas, quando seu personagem, o vaquei-
ro Fabiano, corria também atrás da fome.
LAVADEIRA
355
primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do
riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer.
Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois en-
xáguam, dão mais uma molhada, agora jogando água com a mão.
Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e
mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente
depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na
corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia
fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar
como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.
CANOEIRO/ BARQUEIRO
356
pobre já acostumado a pedir por mais quatro horas de remo con-
tra as correntes do canal, um preço ínfimo.
- Vambora, patrãozinho!
- Vamos”.
357
ÍNDIOS DAS ALAGOAS
358
ACONÃ: terra conquistada
359
bro 1984, Adalberto Ferreira, cacique da aldeia, assumiu a mis-
são de pajé após o falecimento de seu irmão João Ferreira pas-
sando a missão de cacique para José Saraiva Irmão em cerimônia
religiosa sob práticas de rituais”.
360
Palavra do cacique
361
“Meu maior desgosto da vida é ver a situação a que che-
gou o São Francisco; quando ele morrer e não podermos dar mais
jeito. Como é que ficam os governantes, os prefeitos das cidades
ribeirinhas que não se levantaram para proteger o rio dos desvios
da transposição. Daqui a uns 70 anos, vamos atravessar o São
Francisco a pé”.
362
cia de Santa Cruz, onde dá sua visão do que teria acontecido. No
livro, o índio tem uma primeira apresentação extremamente realis-
ta, pois a real intenção dos portugueses era a de realmente dominar
a terra e se apossar dos bens que aqui existiam, desprezando todo e
qualquer habitante que, porventura, viesse a atrapalhar os objetivos
da corte portuguesa, como se vê claramente no trecho:
363
seguições e falta de terra pela colonização. Os Geripancó vivem
em oitos comunidades e, devido às necessidade de subsistência,
trabalham como meeiros de fazendeiros da região, nos meses que
correspondem ao inverno. No verão, geralmente vão para o corte
da cana-de-açúcar nas usinas de Alagoas e em outros Estados vizi-
nhos. Eles retornam ao fim da moagem para plantar feijão, milho e
mandioca durante o inverno. O solo não é adequado para cultivar
muitos frutos, mas tem caju, pinha, jaca e manga e o umbu no in-
verno. As tradições da tribo que deu origem ao Gerinpakó estão
mais vivas que nunca, principalmente entre os mais velhos, que
seguem participando de rituais, como a Corrida do Imbu, o Menino
do Rancho, os Encantados e a dança dos Pássaros. Neste último, os
índios incorporam “espíritos antepassados”, e fazem a imitação de
animais. Descendente dos Pankararu, o povo Gerinpakó foi o pri-
meiro a se organizar e reivindicar o reconhecimento em Alagoas.
A etnia começou a ocupar a região no final do século XIX, com o
casal Zé Carapina e Izabel.
364
KARIRI-XOCÓ: luta pela demarcação
365
Guardião das tradições Kariri-Xocó
Aldeamento
366
Perdendo a identidade
Discrição da aldeia
367
lhando na cerâmica utilitária, homens chegando da pescaria. Em
1941 casaram Maria de Lurdes e Alírio, meus pais. Numa casinha
de palha também foram morar: uma cama de vara, fogo de lenha
no chão, vasilhames de barro, potes e pratos todos feitos pelas
mãos de minha mãe completavam a arrumação. Juntamente com
os artifícios de pesca trabalhados por meu pai: jereré, kuvú, tarra-
fa e puçá”.
A arte da cerâmica
Cenas de espancamento
368
dir. Certa vez, quando os índios dançavam toré na rua em que mo-
ravam, entre eles estavam alguns brancos da cidade que observa-
vam o fato... No momento da dança o índio Pedro Tinga pisou no
pé duma mulher branca sem querer e ela caiu fazendo cena de
drama. Alguém deu queixa e a polícia chegou, acabou com a dan-
ça e pegaram Pedro Tinga e começaram a espancá-lo desde a rua
até a delegacia, arrastado pelo chão”.
Brincadeiras de indio
369
cia é vivida pelos Xucurus, em Palmeira dos Índios. Com uma po-
pulação estimada de três mil pessoas divididas em diversas comu-
nidades, eles tinham uma área tradicional de 36 mil hectares, tendo
a catedral de Nossa Senhora do Amparo ao centro, mas vêm sendo
expulsos de seu habitat natural desde 1770, com a chegada do frei
Domingos de São José. A luta pela demarcação é longa e vem des-
de 1822, ainda sem uma solução.
370
ainda que ela teria plantado uma cruz ao lado do amado, dada por
frei Domingos de São José, rogando que Tilixi pudesse ter alguma
sombra para aliviar seu sofrimento. Milagrosamente a cruz trans-
formou-se na dita “palmeira dos índios”. A história, porém, foi
concebida e escrita pelo romancista Luiz Torres (1926-1992), em
A terra de Tilixi e Txiliá: Palmeira dos Índios Séculos XVIII e
XIX, de 1973. A confusão foi desfeita pelo antropólogo Clóvis
Antunes na obra Waokna-Xukuru-Kariri, também de 1973, que
traz a ressalva do cacique Miguel Celestino. Segundo ele, tal lenda
era desconhecida entre seu povo. A índia Iraci Lourenço de Melo
conta que o nome, na verdade, seria derivado de uma palmeira que
era “a mãe de todas as palmeiras”. De tão alta, ela poderia ser avis-
tada de qualquer ponto da planície e servia de referência a quem
vinha de longe.
371
Fundação do Museu Xucuru
372
Índia xucuru “enquadra” deputado
373
“É uma afirmação muito grave de uma pessoa sem cultura,
e mais que isso é um desrespeito a um povo que chegou a Palmei-
ra dos Índios muito antes que o homem branco, e tem uma história
que ainda é viva e reconhecida internacionalmente. Temos todo
direito à terra e esse bem ninguém vai nos tirar. Não tenho outra
palavra, a não ser dizer que o desequilíbrio é o pior sentimento
humano. Pena que os alagoanos elegeram um cidadão desta natu-
reza. Eles vão ver o que é bom nas próximas eleições, quando não
vão ganhar voto de ninguém. A terra é nossa e de nossos ances-
trais, e não vai ter deputado nenhum que vá tirar a gente de lá,
nem trocar nome de nada”.
Mulher de palavra
374
“Eles são os mais atingidos, pois perderam toda a safra e
são tribos que sobrevivem da agricultura. Se não forem tomadas
as ações imediatas, os katoquin, kaiponká, jaripatreô, kalnakó
estão correndo perigo”.
375
KARAPATÓ: a reconquista da terra
376
rio no rio Boa Cica e construiram uma nova Aldeia Karapotó Pla-
ki-ó.
377
causa dela. Não dá para explicar a dor que nós todos estamos sen-
tindo”.
TINGUI BOTÓ
378
WASSU COCAL
KALÁNKÓ
379
KARUAZU
UM ÍNDIO PROLETÁRIO
380
indígena em reserva de mão-de-obra, por isso é de interesse o ín-
dio pobre. Ele vai da pobreza rural à pobreza urbana. Não tenho
dúvidas de que, no próximo censo, a maior aldeia indígena de
Alagoas vai ser Maceió. Não me interessa se você é marxista ou
não; não interessa que corrente ideológica você segue; o que inte-
ressa é que a universidade tem responsabilidade por uma coisa
que se chama povo. Ninguém é objeto de estudo, a academia não
elimina a desigualdade. É importante sabermos o quanto precisa-
mos aprender com esse povo".
381
obra de Estevão Pinto, segundo o sociólogo paulista Florestan Fer-
nandes, equipara-se às pesquisas de Couto de Magalhães, Nina
Rodrigues e do alagoano Arthur Ramos. O folclorista alagoano
José Maria Tenório Rocha escreveu o livro Estevão Pinto, um dos
pioneiros da antropologia no Brasil. Fortaleza: Fundação Walde-
mar Alcântara, 1994.
ZONAS DE EXTINÇÃO
382
“Esta proposta tem um único objetivo: financeiro. Boa par-
te dos deputados federais e senadores são agropecuaristas, e
áreas indígenas o interessam apenas para fins comerciais. Eles
alegam que a demarcação só atrasaria ainda mais o desenvolvi-
mento do País”.
383
NEGROS DE ALAGOAS
384
escâncaras, sob a proteção dos poderosos da época. As sucessivas
denúncias não surtiam efeito, como hoje o são as de corrupção
com o dinheiro público, porque gente influente, do topo da pirâ-
mide social, estava por trás e auferia gordos lucros. Para comba-
ter a ilegalidade ou manter as aparências, o governo criou postos
militares ao longo do litoral alagoano. Barra de Coruripe, Fran-
cês, Peba, Poxim, Gamela e Ipioca foram usados como pretensa
medida de repressão ao contrabando, mas o comércio continuou
existindo e só foi reduzido, ma non troppo, a partir da Lei Euzébio
de Queiroz, em 1850”.
385
Ardas, Angola e Croulos, cada um com características bem pró-
prias.
A ÁFRICA É AQUI
386
nação de acidentes geográficos e no cotidiano do povo alagoano.
Nos nossos folguedos e danças pode se afirmar com certeza que a
grande maioria foi originada das congadas, dos rituais africanos e
da própria vitalidade dos negros. Autos de nosso folclore, o Guer-
reiro, o Reisado, o Bumba-meu-Boi, as festas de Reis de Congo, o
Maracatu, a Taieira, o Samba-de-Matuto, o Quilombo, as Negras
da Costa, as Baianas, que são motivos de orgulho do alagoano,
nasceram com o negro escravizado. A energia do batuque nos ter-
reiro contagiava todos, da casa grande à senzala. Na Zona da Mata
dos engenhos de açúcar, foi aonde Alagoas se tornou um celeiro de
manifestações folclóricas – o Estado tem o hoje o maior e mais
diversificado números de folguedos do país.
387
sado, o Guerreiro, as desaparecidas Taiêras, as Baianas, o Qui-
lombo, e o finado Maracatu”.
388
“É a afirmação eterna de sua passagem. A lembrança da
espoliação de uns e do sacrifício de outros”.
AS IGREJAS “NEGRAS”
389
alicerce viviam sob absoluta dificuldade econômica. Foi preciso a
ajuda da comunidade e do concurso de loterias. Um fato provocado
pelos políticos locais tentou desmoralizar o templo sagrado.
390
fazendeiros, políticos e empresários não ligavam a mínima para a
alforria. Os negros emancipados continuavam sendo tratados da
mesma forma como eram na condição de escravos. A má vontade
em dar-lhes a liberdade era patente.
391
PALMARES: A GUERRA DE UM LADO SÓ
392
A fundação de Palmares
393
Palmares, no livro Bicentenário em Prosa, 200 Anos de Alagoas,
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2017
394
Décio Freitas, Palmares A Guerra dos Escravos, 1978, Edi-
tora Graal
Holanese
395
militares, de prisão e morte de negros mocambeiros e quilombo-
las, de destruição e ocupação dos redutos construídos pelos ne-
gros nas matas”.
396
“Estabelecido o conflito pelo poder, Ganga Zumba foi as-
sassinado e o grupo liderado por Zumbi dos Palmares assumiu o
comando político, administrativo e militar do Quilombo dos Pal-
mares, não reconhecendo o acordo de paz. O governador de Per-
nambuco se antecipou e acionou seu maior cão de guarda, o ban-
deirante Domingos Jorge Velho, no sentido de tê-lo como coman-
dante de um exército para destruir Palmares, com autorização do
rei e Portugal. O bandeirante organizou o maior contingente mili-
tar da história colonial brasileira para destruir a sociedade pal-
marina”.
397
um grupo e refugia-se na serra Dois Irmãos. Entre os documentos
achados que contam como foi a invasão, está o relato do governa-
dor de Pernambuco, mais oficial que nuca::
398
André Furtado, que o sequestrou e o torturou para tentar a confis-
são sobre o paradeiro de Zumbi. Tinha se encerrado uma história
começou há mais de cem anos. Numa noite qualquer do ano de
1597, quando quarenta escravos fugiram de um engenho no sul de
Pernambuco, formando o primeiro grupo na Serra da Barriga.
399
Zumbi, já que mais de uma vez os chefes militares da época, men-
tiam para seus superiores, afirmando ter matado Zumbi, e acabado
com o “Estado Negro”.
A cabeça de Zumbi
400
mas nunca se teve certeza. Vários governadores das províncias e
chefes militares falaram até em cabeça cortada. Historiadores, co-
mo Dirceu Lindoso, sempre duvidaram do fato, na verdade seria
uma mentira oficial para ocultar a força do líder negro.
“É mais fácil crer que Zumbi – pelo guerreiro que era – fu-
giu ou foi preso e não reconhecido, e vendido como outros. Das
cabeças que chegaram aos representantes do rei, nenhuma era a
cabeça de Zumbi, como o império romano, que nunca teve em suas
mãos a cabeça de Spartacus. Zumbi é uma figura histórica de
grande relevância, é a maior figura de herói de nosso povo afro-
alagoano e afro-brasileiro, e que nós, brancos, vivemos a mentir-
lhe a história”.
Encontro de heróis
401
Zumbi e esta igreja é o único lugar onde Zumbi esteve e que per-
manece de pé”, afirma o atual pároco, padre Abelardo. A versão
que faz o encontro dos dois heróis alagoanos, que tem Porto Calvo
como fio condutor da história, está no livro do historiador alagoano
Audemário Lins - Zumbi, o Rebelde Negro, que fala da infância do
líder negro em Porto Calvo. Há 400 anos, durante a ocupação ho-
landesa (1630-1654), o então subcomandante do Exército invasor e
ex-oficial da Coroa Portuguesa, major Domingos Fernandes Cala-
bar (1600/1635), capitulou diante das tropas portuguesas no adro
da igreja de Nossa Senhora da Apresentação. “Depois da derroca-
da de Calabar e das tropas holandesas, Matias obrigou a popula-
ção de Porto Calvo a lavar a cidade e não deixar rastros de san-
gue do herói”, relata Audemário Lins. Trinta e nove anos depois,
na mesma igreja onde tombou Calabar, o líder negro Zumbi, então
com 12 anos, limpava as imagens dos altares e servia como “coro-
inha” ao padre Antônio Melo, que o criava depois que Zumbi foi
capturado em Palmares. O padre lhe ensinava latim, português e
religião. Aos 15 anos, atendendo a um pedido de seu tio, Ganga
Zumba, foi para a Serra da Barriga, em União dos Palmares.
402
Parnaíba (SP), ele nasceu em 1641, 50 anos mais tarde já era co-
nhecido como um fervoroso caçador de índios, e de negros. Do-
cumento publicado no livro República dos Palmares, do historiador
Décio Freitas (Edufal, 2004, pag. 118), mostra como foi o acordo
entre o “mercenário” Domingos Jorge Velho, com o apoio do
Exército Português e de empresários escravagistas, para entrar na
guerra genocida e racial. O documento mostra o contrato celebrado
entre a coroa portuguesa, por meio do governador de Pernambuco,
João da Cunha Souto Maior, e o paulista Domingos Jorge Velho,
para a destruição de Palmares. Entre as condições estavam:
403
NEGROS MUÇULMANOS NAS ALAGOAS
404
muçulmanos em Alagoas. Abelardo apresenta o livro como uma
memória lida no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, em
1956, sobre a vida e obra de Nina Rodrigues, que previu a extinção
dos negros muçulmanos no Brasil. O livro registra a rebelião Malê,
em 1817, nas ruas de Penedo. Os negros escravos muçulmanos
vestiam túnicas até os pés, usavam gorro e conservavam as barbas,
e traz importantes registros como fotos dos Malês, após a insurrei-
ção.
405
narrativa sobre a “Festa dos Mortos”, celebrada duas vezes por ano
pelos escravos negros muçulmanos de Penedo, segundo ele, até
1888, ano da Abolição. Antropólogos e folcloristas, como Abelar-
do Duarte e Nina Rodrigues, confirmam a importância do relato de
Melo Moraes, mas que ainda precisa de uma maior confirmação do
que ele viu, ou ouviu dizer, e até mesmo questionam o “sentido
folclórico” do texto. Mello Moraes Filho descreve a cerimônia,
mas não faz referência ao islã, indicando apenas “origens do hebra-
ísmo” nos ritos dos observados.
As negras muçulmanas
406
livro de Abelardo Duarte, além da descrição da rebelião no ano de
1815. Segundo as pesquisadoras, Duarte se preocupou em mostrar
que os muçulmanos permaneceram em Penedo após a prisão de
muitos de seus grupos, anexando ao texto foto de 1887. No verso
da foto – que reúne cinco homens e quinze mulheres, consta:
“Candomblé — Brinquedo dos Africanos de Penedo”. Para as pes-
quisadoras, a foto exibida sugere uma comparação com as duas
imagens que ilustram o capítulo A Festa dos Mortos, de Moraes. A
primeira delas é a do “Chefe Sacrificador”; a outra, a da “Boiádera
Negra”, “de turbantes e panos da costa, de saias rendadas e leves
chinelinhas, as mulheres negras prodigalizavam aos convivas do
estranho festim comidas à moda de seu país. Graciosa e vistosa-
mente trajada, recobria-lhes a mão suspensa uma chuva de fitas de
todas as cores, e mais missangas e búzios que a adornavam de um
palmo”, disse o memorialista.
407
entre sexos, assim como a indumentária como uma importante
fonte de informação sobre as relações sociais”.
408
FIGURAS POPULARES
Frevo da saudade
409
Com você no coração...
Um sorriso, uma frase, uma flor,
Tudo é você na imaginação..
Serpentina ou confete...
Carnaval de amor...
Tudo é você no coração...
Você existe
Como um anjo de bondade
E me acompanha
Neste frevo de saudade
410
marchas carnavalescas e frevos pernambucanos em parceria com
grandes compositores do Recife, entre eles, Capiba e Nelson Fer-
reira. Mas ele também cantou sua terra natal em lindas palavras,
como autor da música Pajuçara.
411
artistas populares do Nordeste, era um ilustre iletrado. Suas impro-
visações, versos, desafios e canções foram anotados e compilados
por estudiosos folcloristas, amigos, filhos e fãs. É um imenso re-
pertório de mais de 300 canções, sem um verso escrito por ele, mas
cantados e interpretados por onde passasse.
412
ram assim em noites de intensas farras, conversas, rodas de música
e um interminável conhecer, de varar noites a fora, que Mário La-
go, Chico Nunes e Zé do Cavaquinho, foram amigos até o fim co-
mo relata Mário Lago.
413
EDÉCIO: EMBAIXADOR DO FREVO
Eu vi eu vi eu vi eu vi!
414
Trapichão enfeitado
CRB no gramado
com CSA a jogar
Jatiuca, Pajuçara
Ponta Verde joia rara
Avenida Jaraguá
415
Alagoano Espaço Edécio Lopes. Radialista com mais de 50 anos
de atuação, foi também poeta e escritor com três livros publicados.
O Manhãs Brasileiras esteve no ar de 1975 a 2008, com 33 anos de
muita música, papo, entrevistas e “aulas” sobre o carnaval alagoa-
no.
416
“Em seu caderno, mestre Fernando (re) produziu cultura,
registrou os fatos históricos, alguns pintados com um tom fantásti-
co e contribuiu, através do ato de criar, para a construção de uma
identidade cultural do território, sendo, portanto, verdadeiro
agente mediador entre aquela pequena fatia da população alago-
ana e mundo externo em diálogo cada vez mais acentuado em nos-
sa contemporaneidade. E para que os escritos do mestre Fernando
não sejam lidos somente por aqueles que adquiriram suas escultu-
ras em vida”.
Mangação na escola
417
“Em 1940, eu com 10 anos de idade, minha roupa da escola
minha mãe é quem fazia na mão, uma roupa de saco de açúcar, o
calção era no meio das pernas. Minha mãe ia no mato para tirar
rapa de umbuzeiro para pintar minha roupa. Ninguém sabia no
mundo que cor era, e o sapato era de pano também, O livro que eu
levava para escola era do 4º grau e eu não sabia nem o ABC.
Quando chegava lá, as meninas só eram para mangar dos meus
trajes”.
“Em 1945, com doze anos, envolvido pela música e pelo jo-
go de futebol no campo da estação, Jacinto é mais uma vez repro-
vado no exame de promoção da 1ª série. Depois disso, abandonou
418
definitivamente os estudos. Ainda adolescente começou a frequen-
tar feiras, festas e os cabarés da Rua Pernambuco Novo, em Pal-
meira dos Índios, cantando embolada, coco de roda e forró”
419
partir de quatro figuras emblemáticas: Luiz Gonzaga (inventor e
divulgador do baião), Jackson do Pandeiro (intérprete habilidoso
de senso ritmo invejável), Dominguinhos (virtuoso instrumentista
de herança gonzaguiana), e Jacinto Silva (cantador especialista
em várias modalidades de coco e forró). Ao popularizar o coco
sincopado – gênero musical que fundia trava-língua com pique de
embolada – Jacinto conseguiu desenvolvê-lo de forma complexa e
sofisticada, tanto no modo compor como na de interpretar”.
420
dade à frente do Governo que se tornou conhecido por passear
sem segurança pelas ruas da capital. No lugar de assessores mili-
tares, preferia a companhia de crianças e pobres com quem divi-
dia roletes de cana que o tornou personagem recorrente da crôni-
ca política alagoana. E, de tão cristalizada, essa imagem folclóri-
ca do “Major” quase se sobrepôs às realizações de sua gestão”.
421
noite. Virou letra de um samba de sucesso nacional (Só em Ma-
ceió, com Martinho da Vila)”.
Só em Maceió
Martinho da Vila
Teka, rendeira
Eliane, praiera
Vamos pra Paripueira
Vamos pra Paripueira
Vai ter sururu
Vai ter sururu
E o Maré fica na beira
Da Lagoa de Mundaú
Vou tomar uma azuladinha
E vou convidar vocês
Pra comer uma agulhinha
Lá na Praia do Francês
E um casadinho de feijão
Lá na casa do Seu João
E depois vou vadiar
Com as meninas do Mossoró
Só em Maceió
422
Só em Maceió
É que se pode vadiar
Com as meninas do Mossoró
Com as meninas do Mossoró
423
sões voltaram a acontecer, líderes estudantis foram presos e sub-
metidos a tortura em Alagoas e por todas as partes do país, a anis-
tia chegou, e Nô voltou a suas origens de libertário, louco e anar-
quista, no céu ele deve estar formando novos quadros de esquerda.
424
ODETE; MORENA SESTROSA
425
música... Assim foi se espalhando a história da beleza daquela
negra alegre de belo sorriso, dentes brancos, lábios grossos, uma
loba no amor. Muitos homens desejaram, muitos homens foram
rejeitados. Odete se transformou num mito, figuras das mais popu-
lares de Maceió. Adorava dançar, como não podia frequentar clu-
bes, partia para as boates de Jaraguá apenas para rodopiar ao
som dos conjuntos tocando os boleros. Muitos parceiros de dança
tentaram levá-la para o quarto, ela recusava, queria apenas dan-
çar. O único local que aceitava uma empregada, negra, analfabe-
ta, no salão de dança, era a zona. Noite alta, com o sapato pendu-
rado entre os dedos, voltava para seu quarto, sua casa na Praça
Sinimbu”.
426
ro”, que o ator alagoano Paulo Gracindo confessou ter “tomado
emprestado” para seu personagem Odorico Paraguassu, na novela
O Bem Amado.
SILVESTRE E O CAJUEIRO
427
res e a família Góis Monteiro. Em seu tempo o Estado recebeu a
alcunha de Alagóes, quando família exerceu o mandarinato em
Alagoas durante o Estado Novo. O presidente Getúlio Vargas no-
meou seus irmãos, Pedro Aurélio, como o poderoso ministro da
Guerra, e Edgar para ocupar o governo de Alagoas. Eleito gover-
nador em 1947, Silvestre comandou o Estado com punhos de ferro,
mas um episódio tirou o personagem do sério. Ele convocou todos
seus secretários, já na madrugada, com uma ordem inusitada: ouvi-
lo recitar uma poesia de sua lavra. Depois de percorrer as ruas de
Maceió com a comitiva, ele pediu que todos os carros oficiais
apontassem sua luz para o tal cajueiro solitário, e falou aos presen-
tes.
428
TENÓRIO CAVALCANTI E A METRALHADORA
429
chão, cena constrangedora em que se encontrava ACM, Tenório
Cavalcanti começou a rir dele e disse: "Podem sossegar. Eu só
mato homem”.
http://jornalggn.com.br/blog/alessandre-de-argolo/o-dia-em-
que-toninho-malvadeza-se-urinou-de-medo-do-homem-da-capa-
preta
430
dada no museu Théo Brandão. Para Duda Calado, “trabalhar com
defunto é uma vocação natural”. Mas ele jamais esqueceu o caso
da jovem assassinada pelo marido ciumento, com 129 facadas des-
feridas por todo o corpo da mulher.
431
em covas rasas e, às vezes, sem a presença da família, como um
indigente”.
ZÉ DO CAVAQUINHO NA BOEMIA
432
a ser o reduto dos boêmios de Viçosa.Foi pai de quinze filhos, to-
dos eles exímios tocadores de cavaquinho e violão.
FIGURAS CARNAVALESCAS
433
JANUÁRIO GUSMÃO, O CANHOTO
434
Era bonito vê-lo vestido de marinheiro, sua boina branca e cami-
sa de marinheiro, de azul. Ele marcou a minha infância”.
435
Dá a chupeta pro bebê não chorar!
436
leira nos anos 1920 e 1930. O alagoano também foi parceiro do
lendário maestro Antônio Carlos Jobim, o Tom Jobim, na música
O Boto, que abre seu disco Urubu, lançado nos Estados Unidos,
em 1976, e gravado também por Elis Regina. A música tem um
refrão que fala de sua lagunar Pilar.
Bôto
437
Na ilha deserta o sol desmaia
Do alto do morro vê-se o mar
Papagaio discute com jandaia
Jararaca e Ratinho
438
para os soldados em armas. Em 1964, por sua proximidade com
Prestes e o Partido Comunista, é afastado da Rádio Nacional. Jara-
raca costumava discursar e cantar nos comícios do PC. Nesse perí-
odo que surge a embolada “Espingarda – pá! Faca de ponta – tá”,
sucesso gravado também pelos “Oito Batutas”, o grupo do genial
Pixinguinha.
Minha espingarda
Tem a boca envenenada
De matá onça pintada
Caititú, tamanduá - ôi.
Eu dei um tiro
Na cabeça da guariba
Que a bala passo pra riba
Matou dois Maracajá ...
439
,,, Pegue pra qui
E arrepare o companhero
Vou lhe dá um granadero
Sem coronha, sem fuzi,
Dou-lhe mais uma espingarda
E lhe puxo pra caçada
Da mata do Calumbi - ôi.
440
“Essa foi a era de ouro das composições de carnaval em
Alagoas. Época que tínhamos o Banho de Mar à Fantasia que
ocorria uma semana antes do carnaval e a pessoas iam à praia e
sabiam as músicas de cor. Também tínhamos os blocos “Amigo da
Onça” e “Vulcão” que arrastavam milhares de foliões na praia da
Avenida, ao som do frevo autêntico com marchinhas e bordões. A
composição de Jucá teve direito a mais de 10 regravações em
Long Plays, os saudosos “bolachões.”.
MAESTRO MANEZINHO
441
apresentação e fez mais, na ausência de músicos, arregimentou os
integrantes da banda da Polícia Militar para tocar na orquestra
que iria animar a candidatura comunista”.
442
uma estética naif-fashion, encantava pela extravagância. Foi du-
rante anos personalidade dos verões alagoanos do litoral do lito-
ral Norte”.
MOLEQUE NAMORADOR
443
tensamente nos baixos meretrícios, ou como dizia na época, nas
gandaias do bairro do Ouricuri, e no Alto do Urubu, uma localida-
de do bairro de Bebedouro, onde nas décadas de 1930 era o foco da
malandragem da capital alagoana. Foi verdadeiramente conquista-
dor e farrista de tempo integral, e isso o fez “gastar todo o orga-
nismo antes dos trinta anos”.
444
MAJOR BONIFÁCIO, O FESTEIRO
445
MARCIAL LIMA: UM TRIBUTO
http://www.tribunahoje.com/noticia/5588/alagoas/2011/09/1
7/morre-um-dos-principais-fundadores-do-pinto-da-
madrugada.html
446
NEGA JUJU É DA FAVELA
447
PEDRO TARZAN: HERÓI NO CARNAVAL
448
PINTO DA MADRUGADA: ALEGRE MANHÃ
449
ras políticas. Morador da Ponta Grossa, era muito respeitado e tido
como um líder da comunidade.
SERESTEIROS DA PITANGUINHA
450
almente reúnem-se a cada primeira sexta feira do mês no bairro
que tem o seu nome, promove passeios na cidade, bailes temáticos
e participa com a sua alegria em reuniões culturais e científicas do
Estado. A partir do ano de 1994 um grupo de amigos transformou
a paixão pela música em uma ação de resistência cultural e partici-
pação cidadã, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da
população, além de manter uma atividade de fundamental impor-
tância para a preservação e incremento da vida cultural da cidade.
451
mais de que ninguém, desempenhar o papel de Monarca da Folia.
Levava o cargo a sério.”
452
LEGIÃO ESTRANGEIRA
453
morte, em Nova Iorque, aos 43 anos, em pleno palco, quando apre-
sentava um show para a comunidade latino-americana, no clube
noturno El Continente.
454
alma de passarinho, ela avisou ao seu supervisor acadêmico em
São Paulo sobre a descoberta do pássaro, que lhe daria uma boa
tese para seu mestrado, mas ouviu um alerta: “Seu estudo requer
pressa. A floresta desaparecerá em nove ou dez anos”, previu o seu
superior, referindo-se ao rápido desmatamento da área. Ela respon-
deu de bate pronto: “Primeiro eu vou salvar a floresta, e em se-
guida eu tenho todo o tempo do mundo para estudar o anumará”.
Desde sua chegada no coração da mata de Serra Talhada, em 1980,
até hoje, Anita repovoou os céus da região com novas espécies de
anumarás, plantou mais de um milhão e meio de árvores nativas
em grandes viveiros, com a ajuda da população, criou a Associação
Nordesta, com trabalhos ambientais em 16 estados, inclusive na
Amazônia, mas, segundo a própria Anita, as ações estão mais con-
centradas no Nordeste brasileiro, nos estados de Alagoas e Per-
nambuco.
“Foi aqui onde tudo começou. Tinha que fazer uma tese de
mestrado e meu orientador falou de um pássaro raro que tinha
sumido há muito tempo. Fui seguindo as pistas, e, numa tarde
quente de dezembro de 1980, um menino me mostrou um ninho de
anumará na fazenda Riachão, em Quebrangulo. E aí não parei
mais. Fomos criando ações na educação, convidando as crianças
a participar do plantio, pois a mão que planta não destrói mais a
natureza”.
455
A luta pela Reserva Biológica
456
Entrevista de Anita Studer à rádio França Brasil (FRI Bra-
sil), no programa Vozes do Mundo, em 07/05/2016
457
rência a história que ele tanto cultuou, pois o quilombo foi um
entrelaçar de lutas. Não foi um espaço só de negros, mas que
abarcou as diferenças em busca de uma causa comum: a liberda-
de”, assinalou Arísia Barros, militante da causa negra e coordena-
dora do Instituto Raízes da África, responsável pela cerimônia na
Serra
458
Lima, Aurélio Buarque de Holanda, José Auto, Valdemar Caval-
canti, Alberto Passos Guimarães, Raul Lima, Tomás Santa Rosa -
uma trupe literária que se tornou um dos mais denso e permanente
núcleo da literatura brasileira. Disse o mestre Cândido:
459
mensagens secretas para os aliados, liderou movimentos de apoio
aos judeus, furando o cerco dos soldados para levar comida e re-
médios nos campos de concentração. Para sobreviver se transfor-
mou em repórter dos jornais operários da Alemanha, e foi até jor-
nalista correspondente de guerra na Espanha. Por suas atividades
anti-nazistas, amargou três anos na prisão e foi expulso do país. Na
França continuou sua luta contra o invasor, que tinha ocupado Pa-
ris, pela resistência francesa. Em 1945, com a vitória dos países
aliados ajudou a reconstruir a Europa devastada. Em 1950, René
aportou no Brasil e nunca mais deixou o país. Ele veio com a mis-
são de recolher alimentos para os Europeus no pós-guerra e desco-
briu que o Brasil poderia ser um grande lugar para que os refugia-
dos refizessem sua vida.
A semente de Pindorama
460
dorama parou. Pelo contrário, Renê liderou com apoio dos coope-
rados de 1963 a 1967, mecanizando a lavoura, implantando os
primeiros geradores para fazer funcionar as caldeiras de fabricação
do suco de Maracujá, onde tudo começou. O suco ganhou outras
frutas e outros gostos, ultrapassando as fronteiras do Brasil e ga-
nhando o mundo; a agricultura se diversificou; a irrigação moder-
nizou plantações e garantiu mercado; a reforma agrária nesse pe-
queno espaço de terra chamado Pindorama se deu de forma natural
e sem conflitos; a produção de açúcar e álcool que durante séculos
era monopólio de grandes indústrias, agora também está nas mãos
dos pequenos produtores que hoje disputam o mercado.
461
mãs Leah, virou Elisa e Tania adotou o mesmo nome. Já Clarice,
que tinha um ano e meio, não teria nenhuma lembrança de Chaya
(seu antigo nome) nem dos horrores da Ucrânia” (Benjamim Mo-
ser, em Clarice, uma biografia - editora Cosacnaify, 2011). Com
dificuldades de relacionamento com Rabin e sua família, Pedro
decide mudar-se de Maceió para o Recife, centro urbano mais im-
portante da Região Nordeste na época. O poeta Ledo Ivo também
falou sobre a passagem de Clarice por Alagoas.
462
pleto de como os espiões da ditadura analisavam a vida de militan-
tes políticos. Em uma desses episódios, com a presença de Dom
Hélder em um encontro com estudantes em Maceió, os documen-
tos apontam para a fala do religioso.
463
car de Alagoas. Antes de chegar ao Brasil, os irmãos estiveram em
Guadalupe, nas Antilhas, onde fundaram uma usina de açúcar.
Chegando ao Brasil, desembarcou no Rio de Janeiro e procurou o
imperador Dom Pedro II, em sua residência de verão em Petrópo-
lis, em busca de investimentos para seus negócios, mas nada con-
seguiu. Depois de tentar negócios na Bahia, desembarcou em Ala-
goas, no Pilar, na época o mais importante empório comercial do
interior, onde construiu a mais moderna usina de açúcar de Alago-
as. Todos os equipamentos foram importados da Europa, detentora,
na época, da mais avançada tecnologia do ramo açucareiro.
464
ana Nise da Silveira, em 2016; e Memórias do Cárcere, 1984,
quando foi Heloísa Ramos, mulher de Graciliano Ramos (Carlos
Vereza), que mostra o período em que o Mestre Graça estava preso
no Rio de Janeiro. Glória e Heloísa assistiram juntas a avant pemi-
ere do filme, em São Paulo. “Ela olhava para tela não parava de
chorar, e eu também”, disse Glória à Folha de São Paulo. Sobre a
filme biográfico de Nise, ela afirmou: “Nise era uma intelectual
guiada pelo afeto. A humanidade dela esteve sempre em primeiro
plano sem que isso a transformasse em paternalista ou melosa”.
GUSTAVO PAIVA
465
esposa para Maceió, onde chega em meados de 1917. Um ano de-
pois falece seu sogro, o comendador Teixeira Basto, deixando para
ele, então com 26 anos de idade, o desfio de representar os interes-
ses da família de sua esposa na Companhia.
Comendador comunista
466
mia uma compacta multidão, calculada em muitos milhares de
pessoas”.
GRACINDO: O BEM-AMADO
467
agosto. Carioca criado em Alagoas, Gracindo era casado há 53
anos com Dulce Xavier da Silva Gracindo. Ele tinha quatro filhos:
o ator Gracindo Júnior, Lucila, Lenora e Teresa. Há três anos Gra-
cindo sofria também do mal de Alzheimer (doença degenerativa do
sistema nervoso) e nos últimos meses não reconhecia mais nin-
guém. O trabalho de Gracindo mais conhecido na Rede Globo foi
em "O Bem-Amado'', novela de Dias Gomes em que fez o prefeito
Odorico Paraguaçu. O sucesso foi tanto que, em 80, a emissora
transformou a novela em seriado. Em maio de 2017, Paulo Gracin-
do ganhou uma escultura em bronze, da cabeça aos pés, que hoje
está fincada no calçadão da orla de Maceió, em uma homenagem
da prefeitura da capital.
468
sido dirigida por grandes diretores como Michelangelo Antonioni,
François Truffaut, François Ozon, Louis Malle e Orson Welles,
entre outros.
469
viva do mestre Graça, que vive em Salvador, com James Amado
(1922-2013), irmão de Jorge. Jorge se interessou por Ramos quan-
do leu os originais de Caetés, pelas mãos do livreiro e editor Au-
gusto Frederico Schmidt, que publicaria o livro em 1933. Ele ficou
tão fascinado pela obra que decidiu ir à Maceió conhecer o autor
em “viva voz”.
470
MANÉ NO CSA E ASA
471
MÁRIO DE ANDRADE: DOMINGO FRUGAL
472
MÁRIO LAGO DAS ALAGOAS
473
cupada de dizer as coisas. Se falhei no intento de repetir o Chico
Nunes que eu ouvi, azar do poeta, que era bom às pampas”.
474
MARECHAL DEODORO VIRA SUCUPIRA
475
Por Carlito Lima, na época secretário de Cultura de Mare-
chal Deodoro, em entrevista à TV Gazeta de Alagoas
476
que o retrato da miséria e da seca continue, mas torço para ser
surpreendido com mudanças”.
477
PAULO ALTRAN: LIBERDADE LIBERDADE
478
era aquilo, ele confirmou a censura. Horas depois, fui chamado
pelo governador, que liberou a peça. O delegado ficou possesso”.
RACHEL E O GRUPO DE 30
479
todas as tardes a tomar um chopinho, um cafezinho, a conversar.
Depois viemos para cá [Rio], o Alberto Passos Guimarães, Val-
demar Cavalcanti, Aurélio Buarque de Holanda, eu e Zé Lins”.
480
de bunda, e no gramado a torcida gritava: vovô! vovô! Com trei-
nador, poupava ele do desgaste do plantel, e combinei para não se
envolvesse”.
481
Uma família de fotógrafos
482
“Há indícios de atividades chorísticas aqui em nosso Esta-
do, pelo menos, desde 1922, quando o correu a Semana de Arte
Moderna, coincidentemente o ano em que Pixinguinha e seu grupo
Oito Batutas estiveram em Maceió, e também excursionaram a
Paris e Buenos Aires. Infelizmente a passagem destes artistas ain-
da não foi devidamente avaliada”.
483
coração estremeceu de saudades dos tempos felizes. Revi Alagoas
da minha mocidade, dos meus anos decisivos da vida, cidade que
me deu a paz maior do coração, e o gosto para ser tudo o que sou,
a força para poder arrancar do barro informe da memória os li-
vros que foram o sangue, a carne e o espírito dos meus tempos
fecundos. Vi a cidade de Maceió debaixo da maior alegria. En-
quanto o automóvel rodava pela estrada, o cheiro da terra nordes-
tina tomava conta de mim. Senti-me o paraibano chegando a Ala-
goas em 1926, para fazer amizades duradouras. Então, uma gera-
ção de meninos grudou-se comigo. Seriam eles os meus melhores
amigos.”
484
CULTURA POPULAR/ SABERES
485
MESTRES (AS) DO FOLCLORE
486
NELSON DA RABECA
Luthier e rabequeiro - Marechal Deodoro
487
A música que sai da madeira
488
79 anos, não abre mão dos anéis nem dos colares. As unhas estão
sempre bem pintadas. É uma rainha. Já foi também estrela de ouro
e por último, mestra. Tem saber reconhecido pela Lei do Patrimô-
nio Vivo de Alagoas. Desde menina, dedica a vida ao guerreiro.
Nascida no Engenho Prazeres, na cidade de Flexeiras, Maria Flor,
com 10 anos, começou a brincar no folguedo. “Ninguém na minha
família dançava. Só eu. Muito nova, fui estrela de ouro e rainha.
As meninas tinham inveja de mim”, lembra. Pouco tempo depois
de chegar a Maceió – “com 20 e poucos anos” –, foi participar do
grupo de Jorge Ferreira, em Chã de Bebedouro. Nesse, passou dois
anos. Mas era preciso criar o próprio guerreiro, ser a dona da brin-
cadeira. Há 25 anos, ela criou o Guerreiro Vencedor Alagoano, na
Chã da Jaqueira. E já tem sucessoras na família. Dona Flor, como é
mais conhecida, vive hoje com uma bisneta e a única tataraneta, e a
pequena Rita de Cássia, seu xodó. “Ela canta toda manhã, só mú-
sicas do guerreiro. Os meninos enchem a casa e ela se distrai,
brinca com eles, lembrando das apresentações”, revela a neta,
Aurizete Flor dos Santos.
489
CLARICE SEVERIANO DOS SANTOS
Rendeira de bilro - São Sebastião
490
sãos do Brasil todo. Na abertura, ele foi lá nos conhecer. O ho-
mem era uma simpatia, muito distinto”.
491
DJALMA JOSÉ DE OLIVEIRA (MESTRE JAYME)
Guerreiro - Coruripe
492
xo de Deus. Foi o que me deu a capacidade de lidar com as pesso-
as. É a minha origem. É tudo mesmo”.
ELIAS PROCÓPIO
Cordel e viola - Maceió
Do coco ao cordel
O garoto Elias Procópio, aos 10 anos, não podia ver uma la-
ta. Ele pegava, começava a bater e já fazia uma cantoria. Nascido
em Murici, o violeiro foi levado criança para Atalaia. Foi nessa
cidade, que começou toda a história de versos. No início, os ensai-
os não foram com a viola. “Eu era cantador de coco e pagode.
Tocava para o pessoal das fazendas dançar. Essa era a minha fes-
ta.” O primeiro instrumento foi o cavaquinho. “Eu tinha 10 ou 12
anos. Carreguei cinco contos da minha irmã e comprei. Meu pai,
quando soube, devolveu o dinheiro a ela e não achou ruim. Sem-
pre me apoiou.” O ofício como repentista começou em 1975.
493
Pavão Misterioso foi a inspiração
Chegar até José Pereira Lima, Seu Dedeca, não é das tarefas
mais fáceis. O mestre do reisado mora no alto da Serra do Cavalo,
em Água Branca. O caminho é de ruas de barro, ladeira dificultosa.
Não pense que o carro vai até a porta. É preciso andar por meio do
494
mato. Terminada a maratona, não se acha o homem. “Ele está na
Jurema”, diz a companheira Maria Aparecida. Jurema é uma la-
voura, a uns 40 minutos do local. Ela pede a um sobrinho para
buscar o mestre. Durante a espera, um passeio na comunidade. As
meninas do reisado vivem na Serra do Cavalo. Depois de um giro
rápido, todas estão concentradas na casa de Seu Dedeca. Fazem um
furdunço só. Passado esse tempo todo, Seu Dedeca aparece. Como
o interesse era o de conhecer o grupo de reisado, Seu Dedeca se
põe logo a se arrumar e a pedir que a garotada também o faça. As
meninas respeitam o mestre como se fosse um avô, pedem até a
bênção. Depois chegaram a figura do Mateu e o tocador. O apito
do mestre dá início aos passos ensaiados, à disputa do azul contra o
encarnado, com direito a espadas, e o canto das meninas.
495
MARIA BENEDITA DA SILVA
Folguedo Mané do Rosário - Poxim, Coruripe
496
Mané foi exímio dançador
497
JOSÉ RICARDO NETO
Dança de São Gonçalo - Água Branca
498
São Gonçalo tocava viola
499
BENON PINTO DA SILVA
Guerreiro - Maceió
500
JOSÉ SEBASTIÃO DE OLIVEIRA
Mestre de Guerreiro - Viçosa
501
JUVENAL LEONARDO JORDÃO
Mestre Guerreiro - Maceió
502
MARIA JOSÉ DOS SANTOS
Baiana - Coruripe
503
NELSON VICENTE ROSA
Coco de Roda - Arapiraca
504
no plantio da mandioca. Não tinha pagamento. No final, a satisfa-
ção era chamar uns tocadores e fazer um samba”.
505
está dentro da Bíblia, sobre o nascimento de Jesus menino. O fol-
guedo representa a visita dos pastores ao estábulo de Belém, com
cantos e louvações. Tem como origem os dramas litúrgicos, mos-
trados nas igrejas. Essa é mais uma festa do ciclo natalino”.
506
“Eu tenho fé de ter uma barca construída aqui, em Coquei-
ro Seco. A chegança precisa de um lugar próprio para se apresen-
tar. Ela canta a música tradicional da chegança: Viva o sol, a lua
e as estrelas/ Viva o céu e a terra/ Eu dou viva à bandeira brasi-
leira/ Viva o cruzeiro do norte/ Viva o cruzeiro do sul/ Eu dou viva
ao Silva Jardim/ Naqueles mares tão fortes”.
507
homem ainda mantinha os pulmões firmes. Emenda uma canção na
outra. Entre as músicas mais queridas estão as romarias. Mestre
Jota é pifeiro de muita fé. Em casa, uma parede inteira dedicada
aos santos. Todos os anos, ele vai pelo menos uma vez a Juazeiro
do Norte (CE). “Essa minha banda é leve. Faço questão de levar
comigo e tocar entre as orações”, diz.
508
ter a casa cheia, de animação. Eu e Maria (José da Conceição)
tivemos 16 filhos: oito homens e oito mulheres. Deus levou meta-
de: quatro homens e quatro mulheres. Eu ficava triste porque não
é brincadeira você perder uma criança de 4 anos, já crescidinha.
Dos que ficaram, eu só tenho alegria. Na família, são 22 netos. O
primeiro bisneto está a caminho”.
509
avó. Esse trabalho aqui tem muita história”, anuncia. Mas há 30
anos, a mestra resolveu inovar, decidiu criar os “brinquedos” –
como ela mesma definiu suas maravilhosas cabeças de gente no
barro.
510
meses e bate os pezinhos ao ouvir os versos do avô. A esposa dele,
Creuza Bomfim, é a rainha da brincadeira. A paixão pela cultura
popular começou ainda na infância, em Palmeira dos Índios. Lá,
com 8 anos, participava do reisado da mestra Zefa Bispo. Seu pai,
Agápito Bomfim, era o mateu. Aos 12 anos, era mestre no guerrei-
ro da comadre Joana Gajuru, em Maribondo. A mãe de Seu Nival-
do era curandeira. Quando lembra dos antepassados, ele fala: “Nós
somos índios, xucurus-kariris”.
511
Com 14 anos, já era contramestre. Foi nessa época também que
deu um abraço na viola. O primeiro instrumento foi feito por ele,
com a palha do coco catolé. Domada a viola, passou a acompanhar
o pai, o mestre de reisado Cícero Venâncio de Amorim, conhecido
como Gavião. Após a morte de Venâncio, a festa segue. Agora,
sob a regência do mestre André Joaquim dos Santos, 61. O senhor
de riso fácil assumiu o Mensageiros de Padre Cícero a pedido de
Augusta Maria da Conceição, amiga do cantador e baiana conheci-
da, do herdeiro de Manoel Venâncio, Petrúcio, que é tambozeiro
no guerreiro.
512
Josefina Medeiros. O pai de Maria Vitória era brincante também.
Jacinto Marques da Silva era festeiro dos bons. Em Maceió, parti-
cipou do Vencedor Alagoano. Era rainha. Aos 26 anos, foi mãe do
Leão Devorador. Foi também para Josefina Medeiros que a mestra
confidenciou que, na sua falta, gostaria que o Leão Devorador fi-
casse sob os cuidados da filha, Anadege Moraes da Silva, 53, e
com o apito de Seu Djalma, 70. “Essa foi a herança que eu recebi
da minha mãe. No início, foi muito difícil. Quando eu ouvia a mú-
sica do guerreiro, eu chorava,”, conta Anadege. Pouco antes de
morrer, viu concretizado o sonho de ter a própria sede. A conquista
se deu com o prêmio Culturas Populares – Humberto Maracanã,
em 2008. “A inauguração da sede foi o dia mais feliz da minha
vida. Já posso morrer em paz”, disse à presidente da Asfopal.
Na batida do couro
513
escolheu Maceió como lar. Foi em Alagoas que o violeiro e repen-
tista fez amigos, teve filhos, se casou e consolidou sua arte. Foi
aqui também que veio o reconhecimento: aos 53 anos, seu Severi-
no é um dos 11 novos selecionados para o Registro do Patrimônio
Vivo da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A vitória veio,
segundo ele, para coroar tantos anos de dedicação. “Sei que fui
contemplado porque mereci, por todo o tempo dedicado à minha
arte”.
514
JOÃO PEREIRA DE LIMA
Viola e Repente - Porto Real do Colégio
Basta dizer uma única palavra para que o mestre João Perei-
ra de Lima, ou João de Lima das Alagoas, como ele gosta de ser
chamado, comece a criar. Em poucos minutos, dezenas de estrofes
e rimas feitas pelo senhor de 68 anos já pairam no ar. A inspiração
é constante e, nas mãos do talentoso artista, pode virar música,
poesia ou cordel. Assim como o formato, os temas também são
variados – os mais citados, porém, são a saudade e a infância no
campo, assuntos que muitas vezes acabam por se combinar. A pre-
ferência tem explicação: as imagens de Porto Real do Colégio,
onde nasceu e se criou, continuam fortes na mente do violeiro,
cordelista e trovador. Foi na cidade que ele começou a vida artísti-
ca. Ainda criança, acompanhava o pai, que era cantador, nas festas
pelas fazendas do município e, ensinado pelos primos, aprendeu a
tocar e afinar sua viola. A profissionalização aconteceu mais tarde,
por volta dos 20 anos, quando decidiu tentar a vida em Maceió.
515
ARTHUR MORAES DOS SANTOS
Guerreiro - Maceió
516
ANADEJE MORAIS
Guerreiro - Maceió
517
MARIA NEIDE MARTINS (MÃE NEIDE)
Mãe de santo - Maceió
518
MARIA DE LOURDES MENEZES
Bonequeira - Piaçabuçu
519
são repassados em oficinas realizadas pela Ong Velho Chico, que
tem ajudado dona Lourdes em seu trabalho.
520
JORGE CALHEIROS
Literatura de Cordel - Pilar
MESTRE ZÉ HUM
Chegança e Pastoril - Coqueiro Seco
521
preservar a cultura popular na região com os folguedos populares.
Mestre Zé Hum também empresta seu talento de pandeirista à
Chegança e ao Pastoril e por causa de um curioso apelido que ga-
nhou fama na região. “Por volta de quatro ou cinco anos de idade,
eu tinha mania de fazer ‘hum, hum’ em tudo que minha mãe me
dizia ou perguntava. Daí, me puseram o apelido de Zé Hum”, ex-
plica José Gomes Pureza, o famoso Mestre Zé Hum, um dos mais
novos Mestres do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas. Aos 71
anos, Mestre Zé Hum conta que se apaixonou pela Chegança e
Pastoril quando contava 15 anos de idade. “Via dois tocadores de
pandeiro em ação, o Tatá e o Luís da Betila, gostei e passei a to-
car até hoje.”
522
mudar de Aracaju para cá. Foi assim que vim parar em Maceió”,
conta. A primeira trova e muitas mais – Era o primeiro dia do mês
de outubro de 1940 quando o céu de Pernambuco escureceu às 9h
da manhã. Na pequena São Joaquim do Monte, um menino corre
para buscar lápis e papel. Enquanto muitos observavam o fenôme-
no, Raul Vicente, com apenas 12 anos, tratava de escrever o que
viria a ser o seu primeiro livro de cordel. Mas as palavras escritas,
sozinhas, não lhe contentavam. Faltava-lhes volume e voz. Foi aí
que as poesias ganharam ritmo e viraram repente na boca do seu
Raul. Nas feiras do interior de Pernambuco, as trovas criativas aju-
davam a vender os seus cordéis e medicamentos caseiros.
523
Théo Brandão. Apesar de ser funcionário da prefeitura de Capela
há quase 30 anos, mestre Hilton teve na agricultura seu principal
ganha-pão. Mas o pandeiro tocado ali, no meio da feira capelense,
já chegou a suprir as despesas de casa em apenas duas horas de
apresentação. Quando perguntado em que se inspira para criar suas
peças, Hilton responde com altivez: “Não preciso de nada disso de
inspiração, não. Faço cantiga aqui, na brincadeira”. Basta dar-lhe
um mote – ou seja, um tema ou algumas palavras – e deixar o resto
a cargo da criatividade. A boa memória compensa o pouco que
sabe ler. Toda sua criação está guardada na cabeça.
524
ensina jovens e crianças de escolas públicas em quatro municípios
do Estado – Maceió, União dos Palmares, Branquinha e Murici – e
é com o público infantil que o mestre se diz mais feliz em traba-
lhar.
Artesão e dançarino
525
estrela do Norte, estrela brilhante, coroa da rainha, de índio, de
vassalo, de caboclinha, todos os ricos personagens do Guerreiro
alagoano foram agraciados com sua arte marcante. Cicinho, que
assume o personagem Índio no grupo, conta que a origem do nome
do Guerreiro que sua família dança – já que 90% dos membros são
formados por filhos, noras, irmãos, sobrinhos e esposa do mestre
Nivaldo – se deu em homenagem a um amigo do patriarca, o Fran-
cisco Jupi, conhecido como Campeão Treinado.
526
conjunto e começou enveredar nos tons do pífano com sua bandi-
nha.
527
garoto, nos anos de 1940, Biribinha acompanhava a família nas
apresentações por cidades de Alagoas, principalmente Arapiraca,
onde residiam. Com o falecimento dos pais, o artista herdou o ofí-
cio, contagiando dois dos filhos a também seguir no mundo das
artes.
PENSADORES DO FOLCLORE
528
Eles dividiram as tarefas de pesquisa, cada um em uma linha fol-
clórica, para depois fazer o encontro dos mestres. Théo fixava-se
nos folguedos tradicionais: guerreiros, reisados, pastoris; José Alo-
ísio Vilela, na poesia popular, na dança de coco, repentistas e can-
tadores; José Maria de Melo, nos contos, sentinelas e adivinhas e
José Pimentel na medicina popular, no curandeirismo, rezas e ben-
zeduras. O padrinho da escola, Manuel Diégues, incluiu no grupo o
folclorista Pedro Teixeira de Vasconcelos, também nascido em
Viçosa, o mais novo da turma, que tinha como marca o pastoril –
foi o maior animador da brincadeira em Maceió, partidário do cor-
dão azul. Os trabalhos iniciados em Viçosa e sistematizado em
Alagoas, culminou com a criação da instituição guardiã dos inte-
resses do folclore do estado, a Comissão Alagoana do Folclore
(CAF), fundada há 67 anos.
THÉO BRANDÃO
529
professor, mas sua paixão sempre foi o folclore. Neto de senhores
de engenho, toda sua família é marcada pela intelectualidade. Em
1931, publica seu primeiro trabalho de caráter folclórico – “Folclo-
re e Educação Infantil”. A partir de 1949, começa a ganhar prê-
mios locais e nacionais pela sua obra, como “Folclore de Alagoas e
Reisado Alagoano. Estudiosos dos EUA, Itália e Portugal propaga-
ram a obra de Théo Brandão no Exterior. Entre seus grandes livros
estão Folclore de Alagoas (1949), Folguedos Natalinos de Alagoas
(1961, na terceira edição), Cavalhada das Alagoas (1969), Qui-
lombo (1969).
530
estudo quase obsessivo das manifestações artísticas populares. “É,
de longe, o pesquisador alagoano que mais registrou, analisou e
escreveu sobre a cultura popular dos quatro cantos do Estado”,
assinala o jornalista cultural Roberto Bonfim. Não é à toa que o
acervo deixado por ele deu para fundar o museu que leva o seu
nome e funciona no belo palacete amarelo em frente a praia da
Avenida da Paz. Sete anos após a morte do amigo, o também pes-
quisador José Maria Tenório Rocha lançava “Théo Brandão, Mes-
tre do Folclore Brasileiro”. No ensaio biográfico, no primeiro capí-
tulo “O Homem”, é o próprio Théo que se revela:
531
Memória de Théo, por seu discípulo Pedro
532
JOSÉ ALOÍSIO BRANDÃO VILELA
533
JOSÉ MARIA DE MELO
534
Zeca estudaria no Instituto Viçosense do educador Ovídio Edgard
de Albuquerque (1891-1955), dividindo carteira com outros nomes
de literatos da cidadezinha. Na capital, cursou os secundários no
Diocesano e no Ginásio de Maceió.
PEDRO TEIXEIRA
535
Por Olegário Venceslau da Silva, escritor e poeta
ABELARDO DUARTE
536
tos, a que o próprio senhor branco não se opôs e com que conti-
nuou, indiferente aos sofrimentos físicos e morais, a pautar os atos
da vida social no seu novo mundo atribulado”.
RANILSON FRANÇA
537
A NOVA ESCOLA DO FOLCLORE ALAGOANO
538
Alagoano, do professor e folclorista, Théo Brandão. Na publica-
ção, ele divide e classifica o folclore e os folguedos de Alagoas em
ciclos. O Marítimo ou Costeiro, o Agrícola e o Pastoril, ou Serta-
nejo. Dos folguedos populares de Alagoas vejam os mais significa-
tivos.
REISADO
539
Mimosa istrela vem dispontando
Ela vem guiando nossa fonção.
GUERREIRO
540
das figuras na parte da Guerra, do Índio Peri, da Sereia, da Lira e
dos “Caboclinhos da Lira”:
Guerreiro!
Cheguei agora
Nossa Senhora é nossa defesa
menina me dê um beijo
só não quero no pescoço
quero no bico do peito
que é lugar que não tem osso.
Guerreiro!
Cheguei agora
Nossa Senhora é nossa defesa
tristeza pode ir "simbora"
neste terreiro
ninguém sofre
ninguém chora
541
Ô minha gente!
dinheiro só de papé
carinho só de mulhé
capitá só Maceió
MESTRAS DO GUERREIRO
542
Boa noite meus senhores
Boa noite eu venho dar
Que a Gajuru falada
Chegou hoje no lugar.
Pega a peça figurá
Verde, encarnado, azul
Guerreiro da Gajuru
Ta em primeiro lugar
PASTORIL
Azul é o céu,
543
Azul é o mar,
Azul é a rainha
Que vamos coroar!
Estrela do Norte,
Cruzeiro sagrado,
Vamos dar um viva,
Ao cordão encarnado
544
PRESÉPIO
Estrêla do Norte
Cruzeiro do Sul,
Viva a cor do céu –
O celeste azul.
CHEGANÇA
545
entre marujos e lutas entre cristãos e mouros infiéis, seguidores de
Maomé. Deriva-se das “mouriscadas” peninsulares ou das lutas e
danças entre cristãos e mouros da Europa. É de origem ou acultu-
ração européia.
No dia segunda-feira
Que esta nau parti queria
Na terça embarca os marinhêros
Na quarta a munição e artilharia.
546
FANDANGO
BAIANAS
547
É grande, de mais valor
E a alegria nossa é dela,
E todo esse nosso imenso amor.
QUILOMBO
Folga negro,
Branco não vem cá,
Se vier,
Pau há de levar.
Folga negro,
Branco não vem cá
Se vier,
O diabo vai levar
548
CAVALHADA
549
Théo Brandão, em Folguedos Natalinos Taieiras,
Coleção Folclórica da Ufal 32 - 1976
FOLGUEDOS CARNAVALESCOS
BOI DE CARNAVAL
550
porta em porta fazendo pedidos de dinheiro, bebidas e gêneros
alimentícios.
OS GIGANTÕES (BONECAS)
COBRA JARARACA
TORÉ DE ÍNDIO
551
Dá-lhe toré
Dá-lhe toré
Faca de ponta
Não mata mulher
TORÉ DE XANGÕ
NEGRAS DA COSTA
Ô raia o sol,
Suspende a lua,
552
Negra da Costa
Quem anda na rua!
Ô tuê, ô tuê
Ô tuê, ô tuá
Negra da Costa
Mandou me chamar!
SAMBA-DE-MATUTO
553
Na cabeça da galé
Aboiou um cação
Ouvi o nome de Tião
Namorador de Zezé.
Acredite se quiser
Tire o meu cartaz de bamba
O meu fracasso é o samba
E carinho de mulher
CABOCLINHAS
554
Dei laço na fita verde
Dei outro na verde rama
Benzinho você não sabe
Quem é cativo não ama
MANÉ DO ROSÁRIO
555
Chegamos na porta da Igreja
Para louvar o senhor São José
Com o nosso Mané do Rosário
Até para o ano, se Deus quiser!
Ele haverá de querer!
BANDOS
MARACATU
Ê, ê, ê, maracatuê
556
Baiana do Centro todos venham vê.
TAIEIRAS
557
gos e estrutura na época da escravidão, seus principais personagens
são: rei, rainha, mateu, catirina, crioula, figural e africanas.
Taiêiras do Pôrto
Foi quem nos guiou,
Estrela do céu
Foi quem nos coroou
Dançai, taiêirinhas,
Na ponta do pé,
Fazei cortezia
Ao sinhô São José
BUMBA-MEU-BOI
A chã de dentro,
558
É pra seu coroné.
A chã de fora
É pra dona Aurora.
A passarinha
é de dona Aninha.
O coxão,
É pra seu João.
Mocotó do pé
É pra seu Zé.
Mocotó da mão
É pra seu Lesbão.
Os miúdos
É pra seu Joca.
Os miolo
É pra Mané Crioulo.
A aparação
É pra seu Tubarão.
A rabada
É pra negrada.
A tripa gaiteira
É pra dona Eleuza.
A tripa fininha
É pra dona Chiquinha.
O figo do animal
É pro pessoal.
Resta pouco pra repartir
559
Tou com pressa pra sair.
MARUJADA
CAMBINDA
560
COCO ALAGOANO
561
lá dentro, mas as palmas e o sapateado cadenciado eletrizavam o
pessoal que respondia ao refrão”.
Jorge de Lima, em Calunga – Editora Alba (RJ) 1943 – 2ª
edição
562
ARTE POPULAR DAS ALAGOAS
563
ARTISTAS POPULARES
ANTONIO DEODATO
Escultor e santeiro - Marechal Deodoro
564
em seus últimos momentos vivia na ponte aérea Maceió - São Pau-
lo, onde montou uma oficina onde era professor de Artes . Sua
vida é uma história de cinema. Começou fazendo bonecos de bar-
ro, que vendia na feira do Passarinho. Foi descoberto por Théo
Brandão, o mais importante folclorista alagoano. Théo, com seu
olhar de descobridor, levou Deodato para estudar no Liceu de Ar-
tes e Ofícios, em Maceió. O garoto cresceu, fazendo de tudo nas
artes, mas sua escolha foi a madeira. Começou como santeiro, e
seu primeiro sucesso veio com as centenas de imagens de São
Francisco, que talhou de todas as formas e tamanhos para o mundo
inteiro. No Liceu, ele se transformou em monitor, depois foi pro-
fessor de Arte na Universidade Federal de Alagoas, por notório
saber. Com trabalhos de todos os tipos e formas, o mestre Deodato
foi um daqueles artistas mambembes que não faz catálogos, nem
tampouco sabe onde estão suas obras. Na pedra, no cimento, no
barro, na madeira, nas tintas, na cerâmica e em tudo que lhe traga
inspiração, é da alma do artesão de onde vem a sua essência.
565
da Segunda Guerra, com a vontade imensa de ter seu trabalho re-
conhecido. Viajou na terceira classe de um Ita do Norte, saindo do
porto de Jaraguá, em Maceió. Levou com ele uma única mala, e
que maaaala ele levava! "Era uma mala mesmo, daquelas de ma-
deira forrada com pano e pintada por mim. De um lado uma onça
brigando com a cobra, do outro um pavão vistoso com um rabão
enorme. Ela foi meu travesseiro no navio". Quebrado e cansado,
Deodato foi parar aonde todo nordestino parava naquele tempo, na
Feira de São Cristóvão, que lhe deu abrigo. Lá, Deodato fez de
tudo, peças em madeira, pinturas e até lameiras de caminhão com a
máxima "Deus te Guie". Mas Deodato tinha estrela, e daquelas que
encandeia. Ele resolveu subir o morro, onde passou um tempo de
ouro, convivendo com Cartola e Dona Zica e os sambistas da velha
guarda da Estação Primeira da Mangueira, onde Deodato começou
a fazer arte nos barracos da Escola.
566
lhado por Deodato sangrava no altar, um líquido vermelho pingava
o chão. "As mulheres pulavam no meu pescoço, se ajoelhavam, me
chamavam de milagreiro, até um velhinho deixou as muletas e se
esparramou aos meus pés". O “sangue” era a tinta de resina des-
prendida da madeira, que deu a Deodato a fama do santeiro que
virou santo, em uma reportagem no programa Fantástico da Rede
Globo.
567
ABERALDO SANTOS
Escultor em madeira - Ilha do Ferro – Pão de Açúcar
568
“A Ilha do Ferro é cercada por dois riachos, quando chovia
e tinha muita trovoada, que se transformava em enxurrada. E lá
vinham aquelas madeiras como um presente abençoado que en-
costavam-se à beira do riacho e nas pedras. Aí a gente começou a
se aproveitar dessas madeiras. Hoje não tem mais isso, a chuva
que bate é tão pouca que não dá nem para encher os riachos”.
ARLINDO MONTEIRO
Escultor em palito fósforo - Maceió
A arte em um palito
569
pião e Maria Bonita, e peças complexas como o bumba meu boi, a
primeira missa do Brasil. E santos, muitos santos.
DONA IRACEMA
Bordadeira - Entremontes
570
pria. Aos 10 anos comprei meu primeiro bastidor (armação re-
donda em madeira para dar apoio ao bordado) e a agulhinha de
costurar. Hoje sou uma das lutadoras do corte e do bordado", se
orgulha Iracema. Com dificuldades de visão, "pelas noites de bor-
dado na luz do candeeiro", dona Iracema diz que só vai deixar o
bordado quando não enxergar mais. Com o dinheiro ganho da cos-
tura ela compra roupas para os filhos e filhas.
571
ERALDO DIAS LIMA
Escultor em madeira - Ilha do Ferro – Pão de Açúcar
572
eram artistas, meu pai era sapateiro, meus primos faziam anel e
alianças, e até espingarda”.
O encantador de madeira
573
tas do povo, a exemplo do mestre Vitalino, de Caruaru (PE), Seve-
rino de Tracunhahém (PE) e os mestres populares do Vale do Je-
quitinhonha, em Minas Gerais, e de Juazeiro do Norte, no Ceará.
574
Prêmios internacionais
A Infância do mestre
575
cio ao sonho de viver da arte do barro em sua cidade, mas por for-
mar discípulos de sua obra.Com as mãos meladas de barro, água e
manuseando uma faquinha, diariamente seu João vai dando forma
ao barro.
576
JOSÉ PETRÔNIO DOS ANJOS
Escultor de madeira - Pão de Açúcar
577
pagou os mesmo R$ 10 numa única peça. Por isto estou aqui até
hoje”.
MANOEL DA MARINHEIRA
Escultura de madeira - Boca da Mata
O mágico da jaqueira
578
lhos do primeiro casamento. Maria Cícera foi a única que não se-
guiu os passos do pai, mas do avô. Ela é escultora de imagens sa-
cras, que podem ser vistas em seu ateliê e no museu da cidade. Já
Manoel da Marinheira Filho e André da Marinheira são os filhos
do segundo casamento seguem também a arte do pai. Aos 12 anos,
Manoel começou a esculpir “escondido” do pai, quando foi “fla-
grado” por Liberalino. Quem conta essa história do despertar de
Manoel para as artes, é um de seus filhos, André da Marinheira,
numa manhã de verão, em seu ateliê na Boca da Mata.
A tradição continua
579
esposa de Severino, é quem cuida do ateliê dos irmãos surdos, e
resolve problemas de encomendas e das participações em feiras e
exposições. O ateliê dos surdinhos é na garagem da casa onde vi-
vem, bem próximo a entrada de Boca da Mata. De lá saem peças
maravilhosas, bem similares as que eram esculpidas pelo pai, que
são mais rústicas. André começou a fazer sua arte em madeira aos
12 anos, quando esculpiu sua primeira peça, um tatu; com 15 anos
se especializou e refinou sua produção, e aos 48 anos mostra a for-
ça de sua produção, e diz estar feliz por contar a história das gera-
ções da família Marinheira. O artista diz que já ensinou o ofício a
mais de uma dezena de discípulos. E a saga da família Marinheira
vai seguir em frente, com a quarta geração. Depois do bisavô LIbe-
ralino, do avô Manoel e do pai André, o garoto Andrezinho, com
nove anos, já está na boca do povo. “Outro dia ele chegou para
mim e disse: painho rabisque um peixe para eu cortar. Ele fez e um
cliente comprou a peça, eu noto que ele está inspirado”, finaliza
André, com uma ponta de sorriso.
580
de obras de arte. Foi também na década de 70, quando o fotógrafo
e pesquisador Celso Brandão e o pintor alagoano Fernando Lopes
descobriram o escultor, que o trabalho de Manoel da Marinheira
ganhou mais visibilidade. Eles começaram a divulgar as obras jun-
to a artistas e intelectuais da época. Daí em diante as obras dele
ganharam o mundo. Hoje o mestre tem peças nos Estados Unidos,
Alemanha, Inglaterra, França.
581
estavam em seu ateliê com figuras cumpridas e delgadas, muita
expressividade nas figuras talhadas, e dramaticidade nas cores, que
são as marcas mais evidentes de sua obra.
RESÊNDIO
Escultor de madeira - Porto Real do Colégio
582
onadores, decoradores e especialistas de arte e design de todo país.
Segundo o fotógrafo e pesquisador de arte popular Celso Brandão,
um museu de arte contemporânea da cidade americana de Palo
Alto, na Califórnia, está preparando um salão para receber uma
coleção de bonecos do mestre Resêndio. Na galeria Karandash, em
Maceió, a proprietária, a artista visual Maria Amélia Viera, come-
mora a boa fase do mestre, com um estoque de mais de 100 peças
compradas a Resêndio.
PEDROCA
Escultor em pedra e madeira - Maceió
O poeta da madeira
583
cos, passarinhos. Mas pra seu desconsolo, dois dias depois a peça
estava seca e mofada.
A escultura migratória
584
alagoano. Na sua via-sacra morou em Arapiraca (AL), Aracaju
(SE) e em São Paulo. Nesta última viveu até os vinte anos. Na ca-
pital paulista trabalhou na fábrica de calçados Lambert, com os
restos do couro fazia artesanato para vender em frente ao Museu
do Ipiranga. De volta a Alagoas começou a trabalhar com artesana-
to. Raimundo foi descoberto pelo mestre Zezito Guedes, escultor
popular de infinita grandeza, reconhecidamente um formador de
novos talentos, nascido na Paraíba, mas que escolheu Arapiraca
como sua terra há muitos anos.
585
gigantes, escarpadas de bonecos de barro, com paisagens no fundo,
é algo espetacular. Seu casamento de matuto virou peça de traba-
lho. Todo mundo quer. Na primeira visita que fez ao ateliê do
mestre já foi para ficar. E suas primeiras peças?
VALMIR LESSA
Escultor em madeira - Ilha do Ferro
O herdeiro de Fernando
586
grafou as peças. Valmir estava trabalhando o entalhe de um totem,
de madeira crua, com sua faca amolada. Ele conta que gosta mes-
mo e se sente à vontade fazendo as cadeiras de raízes de pau, aque-
las que tornaram seu sogro famoso. “Eu já fazia as cadeiras com
ele, desde buscar as madeiras na serra, até o corte, a armação, o
alongamento dos galhos e cipós. Por isto faço com sabedoria, foi
ele que me passou tudo”.
VAVAN
Escultor em madeira - Ilha do Fero
587
dia”, quando há quatro anos se libertou do duro trabalho e mergu-
lhou no universo da madeira. Mas Vavan já fazia canoinhas, e pe-
gou uma encomenda de seis unidades da prefeitura de Piranhas. E
a partir daí não parou mais.
VIEIRA
Escultor em madeira - Ilha do Ferro
588
meus pássaros de madeira”. Vieira começou no roçado, depois se
transformou em carpinteiro, quando começou a trabalhar as escul-
turas. Viera também fez muitos galos-de-campina, araras e sabiás,
como também centenas de miniaturas da famosa canoa de Tolda,
embarcação do Velho Chico.
“Tem que ter cabeça para saber o que você vai fazer da
madeira. Eu de imediato já vejo formas nela. Mas prefiro desenha
primeiro no papel e depois ir elaborando a obra. Gosto de mistu-
rar as cores, acho que fica tão bonita quanto à natureza do lu-
gar”.
ZÉ CRENTE
Escultor de madeira - Ilha do Ferro
589
“Eu brincava com a madeira desde criança, juntava a me-
ninada fazia cobra, passarinhos, índios, Lampião e barquinhos.
Quando meu pai morreu meti a cara no trabalho e aprendi a arte
do artesanato. Foi quando entrou na minha vida o seu Fernando,
conselheiro de todas as horas. Nós íamos para mata pegar os
paus, e comia rapadura com farinha e queijo”.
DIVERSIDADE DA ARTE
BORDADO DE FILÉ
590
BORDADO MEIA NOITE
RENDA DE BILRO
591
todas, Clarice Severiano dos Santos, 74, é exemplo. Não há quem
não a conheça na cidade. As peças dela, feitas com muito primor,
são vendidas pelos quatro cantos do país. No cotidiano, a força de
vontade dessa mestra impressiona. “Eu faço renda todo dia. Só
paro à noite, depois das 11 horas, quando a minha filha mais nova
chega da faculdade. Ela estuda em Penedo”, conta. Com essa pele-
ja toda, a vista e a coluna reclamam. “As costas doem. Passar o dia
inteiro sentada nessa cadeira não é brincadeira”, admite. Os óculos
ficam bem rentes ao rosto. São aliados inseparáveis. O ofício foi
repassado às três filhas, Maria, Josefa e Djenalva, e à neta, Amélia.
“Com 8 anos, eu já colocava as meninas para aprender o bilro. Se-
gui a lição da minha mãe, Maria das Dores. Criança, eu já ganhava
meu dinheirinho. Comprava boneca, casinha”, diz. Interessante
também são os nomes dos pontos. As alunas sabem de cor: olho de
pombo, tracinho, bico Ester, feixe de lenha. Tem também o dedo
do cão, mas Dona Clarice pede que esse não seja pronunciado. “É
feio, preferimos dizer Serra de Catatu”, afirma. Trata-se de mais
uma superstição da mestra de São Sebastião.
BARRO OU CERÂMICA
592
barro virou matéria prima nobre para uma arte que tornou Alagoas
conhecida dentro e fora do país. Em todas as 11 cidades ribeirinhas
do Rio São Francisco tem produção ceramista. O movimento na
feira do barro de Penedo é grande, a de Porto Real do Colégio, é
outro polo, neste último, as ceramistas são chamadas de louceiras,
e as peças louças. A cerâmica indígena de Porto Real também é
forte. Existem outros centros produtores de barro, como Lagoa da
Canoa, Matriz de Camaragibe e Viçosa.
593
ideais de liberdade, motivo de orgulho para os alagoanos, em espe-
cial, às mulheres da comunidade quilombola que têm em sua ima-
gem, exemplo vivo de resistência.
FIBRA
594
passadeiras, jogos americanos, porta copos, bolsas e carteiras, co-
mercializados em feiras de diversos Estados do Brasil.
TABOA (FOLHA)
595
CIPÓ (PLANTA TREPADEIRA)
BRINQUEDOS
Um mundo mágico
596
variadas formas – simples e funcionais, feitas por mãos sensíveis
que enriquecem a nossa cultura e mantém viva nossas tradições”.
597
discípulo do mestre Lampião . e mais: Adailton Rodrigues dos
Santos, de Lagoa da Canoa; Cicinho de Pão de Açúcar; João Car-
los da Silva, João das Alagoas, de Capela; Nan, da Ilha do Ferro;
José Nilson Barbosa, de Palmeira dos Índios e Nena, de Capela,
Sil, de Capela; Nilson, de Viçosa; Valmir, da Ilha do Ferro.
CABAÇA
598
COURO CRU
599
SUCATA
Esculturas de Zezito Guedes
600
com uma obra pura e forte, como é sem dúvida, a escultura em
madeira desse moço”.
XILOGRAVURA
Pica pau, ou mestre Enéias
601
PAPEL MACHÊ
As máscaras de Achiles Escobar
602
Chapéu de palha moldado por pilão – Litoral Norte
Covos (armadilha para peixes) feitos de taboca e cipó – Je-
quiá da Praia
Esculturas de Geraldo Dantas – Arapiraca
Esteira de piripiri –Vale do Mundau
Imagens sacras de Saturnino João – Arapiraca
Peneiras ou urupemas (quadrada ou circular) – Litoral Sul
Rabecas construídas com a melhor madeira – Marechal
Deodoro
São Francisco talhado em madeira – Antonio Deodato
Tecelãs de Água Branca – Povoado Quixabeira
Utensílios da palha de ouricuri tingidas por anilina – Feliz
Deserto e Coruripe
603
Marechal Deodoro. Bordados: Filé e Labirinto
Palmeira dos Índios. Artesanato em palha da bananeira e ce-
râmica indígena
Pão de Açúcar (Povoado Ilha do Ferro). Bordado Boa-noite
Penedo (Povoado de Marituba do Peixe)
Cestaria em palha de ouricuri
Piranhas (Povoado de Entremontes). Bordados Rendendê e
Ponto de Cruz
Porto Real do Colégio. Bordados Rendendê e Ponto de Cruz
São Sebastião. Renda de bilro
União dos Palmares. Artesanato em cerâmica
604
ARTES & ARTISTAS
605
MÚSICA
AUGUSTO CALHEIROS
A patativa do Nordeste
606
Sentado na margem do rio Chuí
Seus olhos rasgados, no entanto
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava
A filha formosa de um morubixaba.
Um dia encontraram
Senhor da floresta no rio Chuí
Crivado de flechas,
De longe atiradas por outro tupi
E a filha formosa do morubixaba
Quando anoiteceu, correu
Subindo a montanha
No fundo do abismo desapareceu.
Naquele momento
Alguém viu no espaço, à luz do luar
Senhor da floresta de braços abertos
Risonho a falar:
Ó virgem guerreira
Ó virgem mais pura que a luz da manhã,
Iremos agora unir nossas almas
Aos pés de Tupã
607
Sucesso no Rio de Janeiro
608
BANDAS E FILARMÔNICAS
609
século XIX. Há 50 anos ela existe pela abnegação dos maestros
Euclides, Francelino e João Ferreira, este último já falecido.
BANDA MOPHO
Psicodelismo e Beatles na veia
610
de Borracha, uma alusão ao disco Rubber Soul, dos Beatles, de
1965, onde cantam os Fab-four. Seus integrantes são João Paulo
(guitarra e voz), Hélio Pisca (bateria), Junior Bocão (baixo e voz) e
Dinho Zampier (teclado). O tecladista da formação original é Leo-
nardo Luiz. A Banda tem suas origens em 1989 na cidade de Ara-
piraca, agreste alagoano, quando João Paulo e Junior Bocão for-
mam uma banda cover dos Beatles. Em 1994, João Paulo muda-se
para Maceió e forma a banda Água Mineral, de Rock and Roll e
Blues, e em 1996, muda o nome da banda para Mopho. O nome é
originado de brincadeiras de amigos que, na efervescência do mo-
vimento Manguebeat em Recife, disseram que a banda ia "mofar"
no estúdio.
611
lio Pisca vão para São Paulo e formam a banda Casa Flutuante,
enquanto João Paulo grava com Leonardo o Sine Diabolo Nullus
Deus, lançado pela Baratos Afins em 2004. Em 2008, após cinco
anos separados, o grupo anuncia o retorno e com planos para um
novo disco. Em 2011, o disco "Volume 3" é lançado pela Pisces
Records.
Se você encontrar
Alguém perfeito eu vou rezar
Vou ficar, vou morrer
Vai ser um lindo dia de sol
612
A minha estrada sem fraquejar
Vou sorrir como nunca
Sem tentar me enganar
Quem sabe esqueça
613
"Raul era um figura; um personagem. Desde os cinco anos
de idade, guardava tudo num baú dele. O baú do Raul. O artista
era único. E é difícil de tocá-lo! Há toda uma complexidade nos
arranjos vocais e nas músicas", salienta o cantor Phillipe.
614
CARLOS MOURA
A sereia de Maceió
615
Ai que gosto me dá
CHAU DO PIFE
Um chorinho para Alagoas
616
as. Ao começar a tocar o pífano ou pife, foi batizado de Chau do
Pife, descobrindo o amor pelo instrumento, que já dura mais de 35
anos. Por volta dos 50 anos, casado há mais de 15 anos, com três
filhos, vive exclusivamente da música. Chau toca hoje em um pí-
fano de alumínio com sete furos que ele mesmo faz. O pai de Chau
era agricultor em Boca da Mata e plantava feijão, mandioca e mi-
lho. Para proteger a plantação de milho dos pássaros que atacavam
logo cedinho, seu pai lhe deu um pífano de quatro furos para que
ele “apitasse” para espantá-los. “E eu tinha que apitar muito, por-
que se ele pegasse algum milho comido, eu apanhava”, disse Chau.
Com o tempo seu pai percebeu o interesse que ele tinha pelo “pe-
daço de cano” que ele furava, a taboca, e deu ao pequeno Chau um
pife de seis furos para tocar. E assim começou a história musical
de Chau do Pife. Sua primeira apresentação foi numa Feira em
Atalaia, aos 14 anos. Ganhava dinheiro com essas apresentações e
ficava umas quatro semanas sem ir cortar cana, “um serviço muito
ruim”, diz. Música própria, ele só começou a fazer há 16 anos, na
banda Forró e Xodó. Hoje, os músicos que tocam com Chau são:
Irineu e Lula Sabiá (sanfonas); Xéxéu (Zabumba); Renato (triângu-
lo) e Deda (baixo). Vivendo exclusivamente da música, Chau bus-
ca inspiração para suas composições no seu dia-a-dia, como Me-
mória dos Pássaros, música que dá nome ao seu primeiro CD. Em
2006 lançou seu segundo CD, Ninguém Anda Sozinho.
617
CÍCERO FLOR
O cantor underground
618
entre outros artistas de consagração nacional. Tocou no programa
de Adelson Alves na Rádio Globo e no programa do cantor e com-
positor Luiz Vieira, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em
2000, lança seu melhor trabalho: “Trilha”, depois de uma batalha
de longa data.
DYDHA LYRA
Pintor-cantor-poeta
619
Entrevista a Thayanne Magalhães, jornal Primeira Edição,
em 18/07/2011
DJAVAN
Fato consumado
620
chega ao estúdio da Som Livre. Em 1976 sai "A voz, o violão, a
música de Djavan", um disco de samba sacudido, sincopado e dife-
rente de tudo que se fazia na época. O seu primeiro álbum trouxe o
"carro-chefe": "Flor de Lis" que se torna um grande hit nas rádios.
No primeiro disco, Alagoas, Djavan cantou sua terra.
Ô Maceió
É três mulé prum homem só
Ô Maceió
É três mulé prum homem só
Eu fui batizado na capela do farol
Matriz de Santa Rita,
Maceió
Eu fui batizado na capela do farol
Matriz de santa Rita,
Maceió
mas foi beirando estrada abaixo que eu piquei a mula
Disposto a colar grau na escola da natura
Se alguém me perguntar
Não tenho nada a dizer
Pois eu, pra me realizar
Preciso morrer
Mas foi beirando estrada abaixo que eu piquei a mula
Disposto a colar um grau na escola da natura
Se alguém me perguntar
Não tenho nada a dizer
Pois eu, pra me realizar preciso morrer
621
Você me deu liberdade
Pra meu destino escolher
E quando sentir saudades
Poder chorar por você
Não vê, minha terra mãe
Que estou a me lamentar
É que eu fui condenado a viver do que cantar
ELIEZER SETTON
Forró com marca própria
622
A canção épica em tributo à terra natal
623
Eu sou da terra onde há lagoas
Da terra onde há marechais
De tantos risos de tantas loas
Tantas ilhas tantas croas
À sombra dos coqueirais
624
Pelo meu lugar
625
FERNANDO MELO
Violão alagoano conquista mundo
626
FLORENTINO DIAS
Monstro sagrado da regência
627
Alagoano cria Filarmônica carioca
628
GERSON FILHO
Forrozeiro danado de bom
629
Por José Lessa, em ensaio sobre personalidades alagoanas
no universo do Forró, publicado na edição de Junho de 2017 no
Almanaque Alagoas 200 anos
GUSTAVO GOMES
A fábrica de som
JOÃO DO PIFE
Shows com Ludugero
630
um legítimo ribeirinho, aprendeu logo as coisas. Músico, instru-
mentista. Analfabeto, aprendeu a tocar pífano ainda criança, quan-
do ajudava os pais na lavoura de fumo, em Arapiraca. Autodidata,
porém dono de uma musicalidade ímpar, o menino logo começou a
ganhar fama e a ser reconhecido pelo seu talento. Do final da dé-
cada de 1960 até o fim da década de 1980, viveu a fase áurea de
sua carreira artística, realizando shows em todo o Brasil, acompa-
nhando o humorista Coronel Ludugero e tocando com artistas de
renome nacional, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Conside-
rado por Hermeto Pascoal como um gênio da arte de tocar o pífano
e um ícone da cultura popular nordestina. Recebeu da Prefeitura de
Arapiraca, o Troféu Arraiá da Integração, em reconhecimento á
preservação da Música de Raiz e a Cultura Popular. Discografia:
LP´s: O Rei do Pife; Coletânea Pau de Sebo, sucesso na década de
1970; João do Pífaro no Sertão.
JOTA DO PIFE
Mestre de banda de pífano
631
bumbo, surdo e pratos. Confeccionava seus próprios instrumentos:
a flauta é de tubo PVC e tem pife de cano de alumínio, de taquara
e de taboca. Todo este conhecimento e arte tem sido repassado às
crianças da comunidade de Poço Azul. Em 2007 recebeu o Certi-
ficado do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas.
JOÃO DE LIMA
O violeiro “corda de aço”
632
de sua viola também chegou ás rádios Palmares, Progresso e ou-
tras. Ainda nos anos 1970, João de Lima começou a construir sus
história em programas de TV de repercussão nacional. No Rio de
Janeiro: "Fui para o trono do Show de Calouros de Cassino do
Chacrinha!. Participou dos programas O Povo na TV, no SBT e
Sem Censura, na TV Educativa. Chegou ás ondas das rádios Naci-
onal, MEC, Globo, Tupi, Mauá... Ao palco do Sílvio Santos. Até
ao programa do Jô Soares...
JACINTO SILVA
Ícone da música nordestina
633
sora de Alagoas, assinou contrato com a CBS (hoje a Sony), e fez
carreira nacional; participou como compositor em trabalhos de
grandes estrelas da MPB, como Abdias dos Oito Baixos, Ângela
Maria, Clemilda, Coronel Ludugero, Genivaldo Lacerda, Marinês,
Quinteto Violado, Trio Nordestino, Xangai e Silvério Pessoa. Ao
longo da carreira, foram quatro discos 78 RPM, dois compactos,
vinte long-plays e três CDs.
634
Jacinto: o mestre do coco sincopado
635
Silvério Pessoa traz à tona Jacinto
636
Quadra e Meia
Jacinto Silva
Chora Bananeira
Jacinto Silva
637
Foi embora meu amor, eu sei onde ele está
Eu tenho o endereço mas não vou procurar
JÚNIOR ALMEIDA
Música no embalo do coração
638
músicos talentosos que nem sempre continuaram nos palcos alago-
anos, pois alguns se dedicaram a outras atividades profissionais,
como o jornalismo, a arquitetura, a carreira jurídica. Em 1985,
classificado em primeiro lugar no V Festival Universitário de Mú-
sica da UFAL com "Lúcia Coragem", decidiu seguir a carreira ar-
tística solo. De lá pra cá são mais de 20 anos de estrada, contabili-
zando inúmeros shows. Apresentações realizadas em praticamente
todos os palcos alagoanos, em diversos palcos do País, como For-
taleza, Paraíba, Recife, Salvador, Porto Alegre, Santa Maria, Blu-
menau, Florianópolis São Paulo e Rio de Janeiro e, também no
exterior. O cantor também tocou ao lado de Milton Nascimento no
Show Crooner. Júnior Almeida passou a atrair a curiosidade de
produtores e cantores de todo o Brasil depois que teve a música "A
Cor do Desejo" (de Júnior Almeida e Ricardo Guima) gravada pelo
cantor Ney Matogrosso em seu mais recente trabalho, o CD Beijo
Bandido. A sonoridade de Júnior Almeida já foi conferida na Fran-
ça, quando, a convite da Aliança Francesa, participou do Festival
do Sul na cidade de Marselha. Depois seguiu em turnê em outras
seis cidades. Em São Paulo, tocou ao lado de talentos como Her-
meto Pascoal, Leila Pinheiro e Duofel. Em 2015, foi autor da mú-
sica que marcou os 200 anos da cidade de Maceió.
639
plantei flores no coração
Morena
Nas ruas desse meu lugar
Ruas tão cheias de vida
Gente que quer ser feliz
Querer paz e justiça
Morena
Tudo que a gente sempre quis
Ô Maceió
Parabèns para você agora
Com seus 200 anos de história
Com seus 200 anos de amor
640
JUVENAL LOPES
O comandante do Samba
641
Meu povo pediu pra chover
Mais a chuva pedida aqui não chegou
O gado ta todo morrendo
Ta tudo sofrendo, meu Deus que horror
Mandacaru já virou pó
Nordestino sofre e chora, seu moço
Chega a fazer dó
Essa gente precisa ter
Saúde e educação
Falta água, não vem chuva
Pra vingar a plantação
Tem tanto caboclo rezando
Olhando o céu sem chover
E não vem um pingo d'água
Pra molhar o meu sofrer
Eita que seca malvada
Racha a alma na terra até
642
LUIZ WANDERLEY
Rei do forró pé de serra
643
MÁCLEIM
Voz da música e da crítica
644
ROBERTO BECKER
A voz popular das Alagoas
645
SÓSTENES LIMA
Uma trajetória surpreendente
646
Barato em dezembro do mesmo ano. O show "Todas as carapuças"
é o registro da trajetória do compositor Sóstenes Lima, nos últimos
vinte anos.
TORORÓ DO ROJÃO
Uma explosão de estrelas
647
tudo: Boemia, malandragem, sexo, linguagem profana, brega, pop,
a temática social, e também muita sacanagem e “fuleiragem” nas
canções. Ele é único nesse ponto. Mas sua espinha dorsal é o forró,
na versão mais genuína.
“Ô Cabra bom!”
648
produziu um documentário sobre o cantor. O líder da banda Xique
Baratinho, Railton Sarmento, prepara um novo show com várias
bandas da cena musical alagoana apresentando as músicas de To-
roró. As luzes da ribalta estão acesas, o palco está pronto para mais
um espetáculo do mestre do forró, seja aonde for, assim na terra
como no céu. Tomara que ele volte iluminado, endiabrado, angeli-
cal, pronto para outras traquinagens. Salve Tororó pelos séculos!”.
WADO
O mais alagoano dos estrangeiros
649
quarto álbum solo, "Terceiro Mundo Festivo". Ainda em 2008 foi
premiado pelo Projeto Pixinguinha, que o permitiu se apresentar
em diversas cidades de Alagoas, bem como produzir de forma in-
dependente seu quinto álbum, "Atlântico Negro". "Atlântico Ne-
gro" possui duas faixas com trechos do escritor africano Mia Cou-
to, com quem assinou parceria para este trabalho
650
Atlântico Negro
Wado
Discografia
651
MÚSICA INSTRUMENTAL
ZÉ BARROS
O guitarrista que abriu o rock
BANDA PORÃO
A primeira do rock de Alagoas
652
e em 1977, com Félix Baigon e Beto Batera, em seguida formou a
Banda Porão. Em 1982, ao lado de Nelson Braga e José Cícero
(Jatiúca), formou a primeira banda de rock, a Banda Porã, oda qual
gravou seu trabalho em Alagoas.
FÉLIX BAIGON
O “dono” da cozinha
653
amigo de verdade. Toda turma ia vê-lo sempre, às sextas-feiras e
sábados no Trilha do Mar, na Garça Torta, sempre acompanhado
de ótimos músicos e fazendo jazz de primeira qualidade. O bateris-
ta geralmente se apresentava com nomes de peso na cidade, a
exemplo do grupo Power Jazz: Everaldo Borges, Felix Baigon,
Geraldo Benson e Carlos Balla.
654
Noberto Vinhas: Violões e guitarras
Nilton Souza: Maestro
Orquestra de Tambores de Alagoas: Batuque
Pinduca: Violão
Quartinha: Zabumba e Triângulo
Ricardo Lopes: Guitarra
Ronalso: Percurssão
Roni: Trombone
Selma Brito: Piano
Siqueira Lima: Trompete
Toni Augusto: Guitarra
Tião Marcolino: Sanfona
Welington Sarmento: Cavaquinho
Wilbert Fialho: Violão de 7 e de 6 cordas
Van Silva: Baixo
Zailton Sarmento: Flauta e Teclado
Zé Vicente: Cavaquinho
655
CANTORAS ALAGOANAS
CRIS BRAUN
Cantora Cult do Brasil
656
em 1997, e "Menos carnaval" foi gravada com relativo sucesso por
Belô Velloso. Em 2005 lançou o segundo disco solo, "Atemporal",
com composições próprias, como "Entre o céu e a terra", "Atempo-
ral" e a releitura de "Nenhuma dor" (Caetano Veloso). Em 2012,
Cris Braun lançou o CD "Fábula", com músicas autorais, além
composições de Wado e uma parceria de Marina Lima e Alvin L,
entre outras.
CLEMILDA
A forrozeira invocada
657
Veiga no programa "Crepúsculo sertanejo", dirigido por Raimundo
Nobre de Almeida, que apresentava profissionais e calouros. Nessa
ocasião, conhece o sanfoneiro Gerson Filho, contratado da grava-
dora e também alagoano como ela, que popularizou o fole de oito
baixos e já era artista com disco gravado. Com ele Clemilda viria a
se casar. Fez algumas participações em dois LPs do esposo, e a
partir de 1967 começou a gravar seu próprio disco. Sua carreira
tomou impulso com os shows que fazia em Sergipe, onde vive há
mais de duas décadas, sempre acompanhada pelo marido. Após
1994, com a morte do companheiro, a forrozeira-mor afastou-se
dos shows e se dedicou como apresentadora do programa “Forró
no Asfalto”, na TV Aperipê de Aracaju, programa há mais tempo
no ar da emissora. A forrozeira que é considerada 'Rainha do For-
ró' se consagrou como um dos maiores ícones da música sergipana
com 50 anos de carreira, gravação de 40 discos e seis CDs. Ela tem
dois discos de ouro e dois de platina. A cantora faleceu em novem-
bro de 2014, em Aracaju, onde morava há mais de 20 anos. Ela
tinha ainda histórico de hipertensão e Parkinson.
ELAINE KUNDERA
A voz da MPB em Alagoas
658
alagoano. O seu nome é Elaine Kundera. A sua voz e interpretação
dispensam apresentação. Aos 17 anos de carreira, a intérprete se
prepara para mostrar o seu talento em seu primeiro CD solo. O
projeto está sendo montado em parceria com a ONG Candeeiro
Aceso e está em fase de captação de recursos, escolha das músicas
e detalhes da produção. O trabalho vai trazer 15 faixas, onde todas
as músicas são inéditas e de cantores alagoanos. Enquanto os deta-
lhes da gravação do CD estão sendo acertados, Kundera continua
com a sua agenda de shows e participações em projetos culturais.
A intérprete está sempre recebendo convites e marcando a sua pre-
sença em grandes produções alagoanas, a exemplo do Teatro Soli-
dário, Divas alagoanas, Dose Dupla e Viola Enluarada. Apesar de
ter nascido em São Paulo e morado em Minas Geras durante um
bom tempo, Elaine se considera arapiraquense. Ela veio morar na
cidade com a sua família na década de 1980. E, desde então, onde
quer que vá leva o nome de Arapiraca. Quando canta, Elaine Kun-
dera dá vida as músicas. Ela justifica que somente canta quando
consegue sentir a música.
659
FERNANDA GUIMARÃES
A voz de veludo
660
“O meu trabalho tem pitada de jazz, tem latinidade e tem
brasilidade e por outro lado segue uma linha pop marcante, pelo
menos essa é uma grande influência, já que quase sempre gostei
de atuar na música pop”.
IRINA COSTA
A voz que veio da África
661
LEURENY
A diva da música alagoana
662
MPB, entre eles Leila Pinheiro e a grande violonista Rosinha de
Valença (considerada a maior violonista brasileira de todos os
tempos). Em 1996 se apresentou no Festival de Jazz de Montreux,
na Suíça. Em 2004 participou do projeto “Alagoas de Corpo e Al-
ma”, cantando no Canecão, no Rio de Janeiro, para mais de duas
mil pessoas. Participou também de um concurso musical com a
famosa Beth Nascimento. Sua grande influência foi Rosinha de
Valença que generosamente doou a Canção "Dama da Noite" para
Leureny. Amiga e parceira musical de Djavan e outros artistas. Em
outubro de 2014, nos seus 70 anos, ela reuniu seis grandes cantoras
da cena alagoana: Elaine Kundera, Fernanda Guimarães, Irina Cos-
ta, Nara Cordeiro, Wilma Araújo e Wilma Miranda, além da banda
formada por músicos notáveis como Zé Barros, Everaldo Borges,
Carlos Bala e Jiuliano Gomes.
MILLANE HORA
The Voice Brasil por um triz
663
participou de festivais de música influentes como a Femusesc
(2009, 2010 e 2011) e representou Alagoas na Femucic, em Ma-
ringá em 2010. Participou de programas televisivos, como Fama 4,
Ídolos 1 e Domingão do Faustão, onde foi escolhida por votação
popular para cantar com a baiana Ivete Sangalo, no Carnaval de
Salvador 2010. Foi uma das participantes da 3ª temporada do talent
show The Voice Brasil, sendo eliminada na fase tira-teima.
WILMA ARAÚJO
Canções da cultura popular
664
Grupo de Baianas Mensageiras de Santa Luzia, resgatando assim a
nossa autêntica cultura popular.
WILMA MIRANDA
Nossa Elza Soares
665
MPB Petrobrás, Wilma Miranda abriu a cena para a apresentação
de Ângela Maria, foi um grande show.
TEATRO
666
Cavalcante, Lídia e Dário Bernardes, Beatriz Sá Brandão (Tisi-
nha), Jorge Barbosa, Virgílio Palmeira, Edberto Ticianeli, Kátia
Born, Roberto Lopes, Douglas Apratto
O MANIFESTO MAKAMÃDI
Em busca da perfeição
667
criação de um “teatro alagoano para os alagoanos”. Daí promo-
vemos o reencontro de todo o núcleo de sócios da ATA: o autor
cedendo o seu texto inacabado (da peça) “A farinhada”.
668
vos, nada nos atrapalhava, não havia dificuldades, tudo acontecia
de maneira certa, porque queríamos que assim ocorresse. A equi-
pe soube vencer, fomos maiores”.
669
Nacional de Cinema, do MEC. E, por fim, delegado da Sociedade
Brasileira de Autores Teatrais - SBAT, por 11 anos. Secretário
Executivo da Sociedade Nacional de Teatro Prêmio de Melhor
Ator, do Festival Nacional de Estudantes, no Rio de Janeiro, com
bolsa de estudo na Academia de Arte Dramática de Nice (França).
Por 11 anos consecutivos recebeu o prêmio Melhor Ator, conferido
pela Associação de Cronistas Teatrais de Alagoas. Membro do
Conselho Estadual de Cultura, do Conselho de Folclore Alagoano
e da AAI. Coordenador e realizador do 1º e 2º Festivais de Arte de
Penedo, bem como do 1º Festival Alagoano de Teatro.
EDU PASSOS
Pioneiro da dança afro
670
Recebeu o 1º Prêmio de Expressões Culturais Brasileiras, patroci-
nado pela Petrobrás em 2010.
ELIANE CAVALCANTI
A primeira escola de balé
671
EMÍLIA CLARCK
O balé da modernidade
672
TELMA CÉSAR DE CARVALHO
A arte da dança
HOMERO CAVALCANTI
Pai dos Filhinhos da Mamãe
673
Ciências Humanas, Comunicação e Artes, da UFAL. Foi, junta-
mente com Linda Mascarenhas e Lauro Gomes, um dos responsá-
veis pelo desenvolvimento e sustentação da Associação Teatral das
Alagoas (ATA). Foi, ainda, o representante, em Alagoas, da Soci-
edade Brasileira de Autores Teatrais. Fundador, com Ronaldo de
Andrade, em 1976, da revista Bruzundanga. Entre suas peças tea-
trais de sucesso estão Quando se Deu o Eclipse; Fazendo Chuva;
Uma Flor de Outra Cor, Duvidamos, esta última peça teatral em
parceria com Ronaldo de Andrade; e os escritos: A Estrela-Guia
Que Não Sabia Para Onde Ia, Maceió, EDUFAL, 1998; Liberdade,
Sonho em Cena, Maceió, CESMAC/UFAL, 2009; Linda Masca-
renhas, a Diretora, in O Teatro & Linda Mascarenhas.
CHICO DE ASSIS
Dom Quixote da cena alagoana
674
rias de Heloísa. Chico virou multimídia, com seu programa Café
com Poesia, na TV Assembleia. Em Alagoas, Chico ainda prota-
gonizou campanhas nacionais de divulgação do estado, o Alagoas
de Corpo e Alma, nos anos 2000, durante o governo de Ronaldo
Lessa.
675
d’água (2010) e em minisséries para TV Globo como Memorial de
Maria Moura, e na clássica novela Irmãos Coragem, em 1995, que
Dias Gomes readaptou do original de Janete Clair, em 1970.
OTÁVIO CABRAL
O poeta da cena
676
Mascarenhas. No mesmo ano, participou da segunda e a terceira
peça "O Telescópio", de Jorge Andrade, pela ATA e "A História
de João Rico", de Volney Leite, e Gercino Souza, pelo Teatro de
Amadores de Maceió - TAM. No ano seguinte (1967), participou
da peça "Riacho Doce", de Lauro Barros, pelo Os Independentes;
"Chapeuzinho Vermelho", adaptação de Volney Leite, pelo Grupo
Teatral Educação e Cultura – GTEC e "Os Ossos do Barão", de
Jorge Andrade pela ATA. Em 1969, foi eleito presidente do Teatro
Universitário de Alagoas – TUA, e juntamente com o grupo mon-
tou "Antígona", de Sófocles, como uma forma de combater a dita-
dura e discutir o autoritarismo com a sociedade, através de um tex-
to irrecusável pela censura. A peça foi montada, o que arrebatou de
melhor espetáculo, melhor direção (Alfredo de Oliveira) e melhor
ator coadjuvante (Otávio Cabral). Ao lado das atividades artísticas,
Otávio Cabral passou a exercer, desde 1994, a função de professor
de Literatura Dramática, do Curso de Licenciatura em Artes Cêni-
cas, da Universidade Federal de Alagoas, tendo defendido a tese
intitulada O Riso e o Social - O poder transformador da comédia
na trilogia cômica de Volney Leite e Gercino Souza, que resultou
na publicação do livro intitulado O Riso Subversivo.
PEDRO ONOFRE
Pioneiro das artes cênicas
677
aposentado do TRT da 19ª Região. Estudou no Instituto São Luís,
no Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho e no Colégio Porto
Carrerro, no Recife, onde terminou o ginasial. Retorna a Maceió,
em 1955, e estudou no Colégio Guido de Fontgalland e na Escola
Técnica de Comércio. Em 1956 foi um dos fundadores, em Ma-
ceió, do Centro Alagoano de Estudos Cinematográficos, bem como
da Associação Alagoana do Rádio. Um dos primeiros dirigentes do
Museu da Imagem e do Som , em 1961. A partir de 1964 passa a
morar no Recife e a seguir volta a viver em Maceió. Funda o Insti-
tuto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contem-
porâneo - IECPS. Foi presidente da Fundação Teatro Deodoro.
Coordenador de Planejamento Cultural da Sercretaria Estadual de
Cultura, no governo Divaldo Suruagy e presidente da Fundação
Teatro Deodoro, no governo José Tavares. Um dos fundadores de
AML. Membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste, com
sede em Recife e da Academia Alagoana de Cultura Membro,
desde 1956, da Associação Alagoana de Imprensa Membro, tam-
bém, do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
678
RENÉ GUERRA
Do teatro para o cinema
679
cumentação sobre personagens considerados marginais pela socie-
dade. O filme, um curta de ficção, Os Sapatos de Aristeu, com o
qual estreou como diretor de cinema, levou praticamente os cinco
anos do curso da FAAP para ser terminado. Este curta-metragem
teve sua première, em 11 de novembro de 2008, no Cine Sesi Pa-
juçara .
RONALDO DE ANDRADE
Em todas as cenas
680
companhia. São 63 anos de história e mais de 80 produções. Em
dezembro de 2018, a Associação Teatral das Alagoas montou o
espetáculo Macbeth: Ambição e Sangue, de William Shakespeare.
A montagem é adaptação de uma das obras mais importantes do
escritor britânico, principal nome da dramaturgia no mundo. No
lançamento da peça, Romero lançou seu livro Antes da Cena - pe-
ças alagoanas. O compêndio reúne três de suas criações: "Estrela
Radiosa", "Dona Magda vai ao trono" e "João e Josefa". "Celebrar
os 63 anos da Associação Teatral das Alagoas é se sentir com a
responsabilidade de lutar para não deixar que desapareça um le-
gado teatral como a ATA. Me sinto muito feliz por estar contribu-
indo para a realização desta façanha", disse Ronaldo de Andrade
MAURO BRAGA
Grupo Cena Livre
681
Melhor Direção e Melhor Espetáculo na Mostra Alagoana de Tea-
tro, em 1996, com 174 apresentações e recorde de público no esta-
do; Igreja Verde, com texto de Luiz Sávio de Almeida, que teve a
atuação de Chico de Assis e coreografia de Edu Passos premiadas
em Festival Nacional em São Paulo; e Hello Boy, com montagem
do diretor e dramaturgo paulista Roberto Gill Camargo, com a
qual participou de eventos importantes como o Janeiro de Grandes
Espetáculos, em Recife, e realizou a primeira edição Teatro é o
Maior Barato.
682
tituta no céu. Com apoio e direção de Lindolfo Amaral, integrante
de um dos mais importantes grupos de teatro de rua do Brasil, o
Imbuaca (SE), a Joana Gajuru iniciou sua trajetória, que viria a ser
mais conhecida pelo espetáculo A Farinhada. Com texto de Luís
Sávio de Almeida, direção de René Guerra e Flávio Rabelo, a peça
viajou o Brasil por mais de oito.
ZÉ MÁRCIO PASSOS
Referência no palco
683
Cacá Diegues. José Marcio Passos é um orgulho alagoano pelo
bem que faz ao nome dessa terra.
CINEMA
BETO LEÃO
Lenda do cinema alagoano
684
Roteiro de um filme inacabado
Take 01
685
Take 02
Take 03
686
Take 04
Take 05
Take 06
687
aos cineastas, as suas histórias, sua gente, sua paisagem. Assim se
dá com nosso maior cineasta Cacá Diegues, que aqui rodou “Joa-
na Francesa”, “Bye Bye Brasil” e o belo “Deus é brasileiro. E eis
que meio cabisbaixo finalizo o roteiro desse filme alegre, às vezes
triste, mas cheiuo de esperança para que o cinema alagoano –
feito fênix – renasça.
688
trou uma nova cachorra apenas para exibir aos desconfiados –
porque vira lata é tudo igual”.
689
vam-lhe a comida e a bebida. Por isso Fabiano imaginava que ela
estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pes-
coço um rosário de sabugos de milho queimados. (...) Então Fabi-
ano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, li-
xou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem
para a cachorra não sofrer muito. (...) Pobre Baleia. Escutou, ou-
viu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as
pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da
Baleia”.
CACÁ DIEGUES
690
Rocha, Leon Hirzsman, Joaquim Pedro de Andrade, Davi Neves,
Gustavo Dahl e Paulo César Saraceni. Neste período é quando di-
rige os filmes em longa metragem: Ganga Zumba, Rei dos Palma-
res (1964) cujo tema retomaria, vinte anos depois, com Quilombo
(1984). Às inquietações do Cinema Novo, A Grande Cidade- 1966;
Os Herdeiros, 1969, de tom alegórico e tropicalista, aliam-se ao
desejo de chegar mais perto do público em Quando o Carnaval
Chegar (1972) e Joana a Francesa (1973 ) -- uma das primeiras co-
produções internacional do país, protagonizado pela estrela france-
sa Jeanne Moreau -- e em especial no sucesso de bilheteria de Xica
da Silva (1976).
691
canções de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Jorge
Benjor. Seu 16º. Filme de longa metragem O Maior Amor do
Mundo, com José Wilker e Taís Araújo, 2006, que recebeu, em
2007, o titulo de Melhor Filme no Festival de Cinema Brasileiro,
em Paris. Homenageado numa retrospectiva de sues filmes, em
Roma, ganhou da Fundação Roberto Rosselini, pelo .conjunto da
obra e importância no cinema mundial., o Prêmio Rosselini, bela
estatueta de bronze desenhada por Federico Fellini.
692
casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães.
Além do cinema, publicou as obras: O Diário de Deus é Brasileiro,
Objetiva, 2003; Dias Melhores Virão: Do Roteiro Escrito por An-
tônio Calmon, Vicente Pereira, Vinicus Viana e Carlos Diegues,
Baseado em Argumento de Antônio Calmon, Rio de Janeiro, Ed.
Record, 1990; Palmares: Mito e Romace da Utopia Brasileira, Rio
de Janeiro, Rio Fundo Editora, 1991, juntamente com Everardo
Rocha; Chuvas de Verão: Um Filme, Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira.
CELSO BRANDÃO
O olho da cultura popular
693
Arqueológica Indígena, da Coleção Etnográfica Indígena e peças
do acervo histórico, artístico e antropológico do Museu do IHGAL.
Cabe ressaltar, ainda, a documentação fotográfica das comunida-
des pesqueiras de Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco; fotogra-
fia do poeta e xilógrafo Enéas Tavares dos Santos, para ilustrar o
livro Poesia de Circunstância num Folheto de Cordel e, por fim,
toda a documentação audiovisual do museu Théo Brandão, entre
1977 e 1986. Na cinematografia, seus trabalhos foram: Reflexos,
produzido em 1975, primeiro colocado no I Festival de Cinema de
Penedo.
694
ELINALDO BARROS
O Senhor Cinema
695
HERMANO FIGUEIREDO
Mestre do áudio-visual
696
PEDRO ROCHA
O cinema popular
697
WERNER SALLES
O cinema peninsular
698
SADI CABRAL
Um artista do Brasil
699
Sadi Cabral entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia e, pela
atuação em Eurydice, de Jean Anouilh, direção de Gianni Ratto,
recebeu o Prêmio Saci do jornal O Estado de S. Paulo. Nesse
mesmo ano, lançou pela Sinter o LP Sadi Cabral interpreta poemas
de Luiz Peixoto, em que declamava poemas de Bandeira.
700
escrevendo com Custódio, nos anos seguintes, as valsas Velho rea-
lejo, O pião, Bonequinha, além do fox Mulher, que tornaram-se
grandes sucessos na voz de Sílvio Caldas, Carmen Costa, Carlos
Galhardo e do grupo Anjos do Inferno. Com Davi Raw, compôs os
choros Sapoti e Cachorro Vagabundo, além do samba Ciúmes,
gravado por Rubens Peniche.
701
ARTISTAS VISUAIS
702
ARTE-NAIF
Simplicidade e esplendor
703
sempre voltado para uma das fortunas das Alagoas: a nossa arte
popular, que é ao mesmo tempo o espelho e o sonho de um povo, o
dia da festa e a noite do canto e da dança. Nas pinturas, esculturas
e objetos que Tânia de Maya Pedrosa soube acumular, conferin-
do-lhes a hierarquia de um museu real, a criação artística, anôni-
ma ou portadora do selo de uma autoria, testemunha o que o ho-
mem tem de mais belo e nobre, no seu trajeto terrestre: o fazer
criativo”.
A invenção da terra
704
“Neste “rumo eterno da vida” entrei como se entra em ve-
redas sertanejas, vendo caatingas, casinhas a beira do rio São
Francisco, percorrendo o agreste, a zona da mata, o litoral, ob-
servando nossa diversidade cultural singular, resultado da misci-
genação, e nossas etnias variadas, além dos diversos materiais e
formas imaginárias da nossa arte, influenciada pelos brancos co-
lonizadores, negros africanos e índios. E assim passei mais de
quarenta anos dedicando-me ao ideal de realizar o que ora se en-
contra concretizado na Exposição do Instituto do Patrimônio His-
tórico e Artístico Nacional”.
AGÉLIO NOVAIS
A arte da colagem
705
“O que se vê nas minhas colagens é parte da minha vivên-
cia em Jaraguá, onde morei; são cenas da movimentação no cais,
da boemia... Sem falar no tempo que vivi no Centro do Recife, re-
gião que é um celeiro e tanto para observação”.
ALBA CORREIA
Simplicidade de uma naif
706
ALEX BARBOSA
Fortes tons em pastel
707
seu pavilhão das bandeiras e os bustos dos generais de ferro. Um
espaço muito procurado por turistas e pelos alagoanos.
BÁRBARA LESSA
Esculturas de vanguarda
708
DINAH DE OLIVEIRA
A pintura começou aos 60
BETO NASCIMENTO
O grito das aquarelas
709
alumbrante de sua terra natal tivesse-o ajudado a exorcizar suas
angústias existenciais, o artista apresenta-se bem introspectivo”.
Romeu Loureiro, no livro Arte Alagoas II, 1994.
710
no pano de uma das 15 velas de embarcações da Associação dos
Jangadeiros que compuseram a mostra ao ar livre”.
BETUCA LIMA
As igrejas de Maceió
711
BISMARCK
O operário da arte
712
CESÁRIO PROCÓPIO
Santeiro de ofício
713
clécio Fídeas; a terceira, com o mestre Cesário Procópio Martyres,
depois com o filho dele, mestre José Vécio Martyres, que é padras-
to do mestre Claudionor Higino. Além de Claudionor, há outros
santeiros famosos na cidade, como Antônio Francisco dos Santos e
George de Carvalho Andrade.
CARLOS FIÚZA
As espinhas de peixe
714
2014. Também no Rio, a exposição Litorais, divididas em quatro
núcleos: litoral dos coqueiros-pintura, litoral dos peixes-estrutura,
litoral de cajus-desenho, litoral do ciclista estrutural e dos cachor-
ros desconstruídos. São trabalhos em tinta acrílica sobre tela e so-
bre MDF, com o uso das técnicas de velatura e de monotipias que
compõem mosaicos. Há influências indiretas da obra de José Pan-
cetti, no que se referem aos temas e algumas formas (cajus, barcos
e linhas de areia), e de Leonilson, na alusão ao bordado.
CARMEN OMENA
Pintora preservacionista
715
Fez curso de desenho e pintura com os professores Lourenço Pei-
xoto, Pierre Chalita e Maria Teresa Vieira. Fez parte do Simpósio
Internacional do Centenário de Nascimento de Graciliano Ramos e
de outros inúmeros eventos e exposições.
716
quisadora da arte popular no estado”. Entre 1990 e 2002 realizou a
curadoria de cerca de 20 exposições. Lançou, numa parceria com o
SESC/AL e Atelier Casa 50, o CD “Folguedos Natalinos Alagoa-
nos /Pastoril” dentro da Coleção Memória Musical produzido pelo
Centro de Difusão e Realizações Musicais do SESC/AL. Era admi-
radora e colecionadora de lapinhas e presépios feitos por artesãos
populares, possuindo um acervo de mais de 70 conjuntos, de várias
cidades e países, que eram expostas anualmente, no mês de de-
zembro.
CELI LEITE
A pintura antropológica
717
de Jorge de Lima, pela Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Ja-
neiro, sob a curadoria de Lula Nogueira e Tânia Pedrosa.
CERES VASCONCELOS
A arte no topo do Brasil
718
nambuco e Expoarte 2000; Mostra Arfetacto, Mostra Novi-
tá/APALA e Mostra Designer´s/Pinacote UFAL em 2001. Foi
convidada especial de Alagoas para participar do megaevento Casa
Plural Fashion e Arte, mostra de maior porte do Nordeste, em
2002.
CORREIA FLORES
A fúria das cores
“Não deve ser em vão que ele repete tanto – “minha pintu-
ra é a minha psicoterapia”... Para com estes artistas, cujos mer-
gulhos sofridos são verdadeiras realizações vicariantes, mergu-
lhos nossos que os medos cotidianos impede-nos de possuí-los,
uma dívida coletiva sempre há de permanecer e uma gratidão legí-
tima há que vir desde o recôndito espírito. Apresentar Correia
Flores é, sem dúvida, uma tarefa que me faz bem. Aos olhos e a
719
alma. Fazendo-o, espero estar contribuindo para que a nossa com
este artista possa ir-se apagando”.
720
Texto de Francisco Ribeiro, na Revista Graciliano e na Gra-
ciliano online, em outubro de 2013
721
DELSON UCHOA
Um universo fantástico
722
personagem para isso, o qual carrega constantemente sombrinhas,
em cores e estampas variadas.
DÊNIS MATOS
Natureza alagoana
723
dash (1982) Galeria de Arte Grafitti (1984) Galeria -Oficina de
Arte R.G.- (1989), todas em Maceió. Um dos seus trabalhos parti-
cipou da exposição Arte Popular Alagoana 2003, realizada na Ga-
leria SESC/Centro, de 19/08 a 05/09/2003. É um dos artistas di-
vulgados no livro Arte Contemporânea das Alagoas, publicado em
Maceió: em 1989, sob coordenação de Romeu de Mello-Loureiro.
Participou, em 1993, da Exposição Arte de Alagoas, na Fundação
Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.
EDNA CONSTANT
A dona da Casa da Arte
724
dores de Garça Torta, e presidente da Associação Casa da Arte,
como coordenadora do projeto Poleiro dos Anjos.
725
Texto do jornalismo Macelo Cabral no overmundo, em no-
vembro de 2006
http://www.overmundo.com.br/overblog/a-casa-da-arte-de-
dona-edna
EVA LE CAMPION
O lado social da arte
726
ABC das Alagoas, Dicionário Biobliográfico e Geográfico
de Alagoas, por Francisco Reinaldo Amorim de Barros, Edições do
Senado Federa, 2005
EDMILSON OLIVEIRA
Um pintor contemporâneo
727
Projeto Alagoas Presente. Após revelar vários talentos e aprimorar
sua arte, em 2002 a cultura teve uma baixa com o fechamento da
escolinha de pintura. Em 2011 a carreira de Ed deu um salto maior
e foi encantar o público europeu. O sucesso foi tanto que durante
exposição em Genebra, na Suíça, no Salle Communale de Plainpa-
laisem, em comemoração aos 25 anos da Associação Nordeste, em
apenas um dia vendeu 70 obras.
728
FERNANDO LOPES
Consagrado pintor alagoano
729
Admiradores famosos e exposições internacionais
GASPAR LUIZ
As mais lindas mulheres
730
nando Lopes. No livro Arte Alagoas II, de 1994, é o próprio Gas-
par Luiz que faz a apresentação de sua obra no catálogo, organiza-
do por Tânia Maya Pedrosa Lula Nogueira.
“Procuro ser artista cada dia que passa e ainda não encon-
trei o verdadeiro caminho. Faço parte de uma leva que acredita
na inspiração, se vier acompanhada da transpiração; produzo
todos os dias e sem preocupação com “ismos” ou correntes daqui
ou de lá; apenas tento dar uma linguagem amena e despretensiosa
para que o meu público lide com naturalidade com minhas peças;
o dever do alquimista pictórico é este”.
HÉRCULES MENDES
A arte da charge jornalística
731
Jornal de Alagoas. Participou de inúmeras mostras e concursos em
Maceió, Recife, Rio de Janeiro, Curitiba, Piracicaba, Salvador,
Brasília, Salvador, Caratinga, Teresina, Roma, Espanha, Bélgica,
Coréia, China, Irã, Romênia. É também escultor e trabalha em cri-
ação de marcas e peças publicitárias. Publicou junto com Nunes
Lima e Manoel Viana, o Livro de Graça. Executou o Mural do Es-
tádio Rei Pelé e arte final do Brasão de Armas e Bandeira do Esta-
do de Alagoas em parceria com o Doutor Théo Brandão. A carica-
tura foi a porta de entrada de Hércules Mendes na charge.
ISMAEL PEREIRA
Uma arte multicultural
732
seus estudos. Casado duas vezes, teve cinco filhos. Em Aracaju
tornou-se empresário do ramo da publicidade e artista plástico.
Realizou sua primeira exposição individual em Aracaju, na Galeria
de Artes Álvaro Santos, em 1965. Neste mesmo ano, mudou-se
para Arapiraca. Ali foi fundador da Câmara Júnior de Arapiraca e
de uma emissora de radio, foi integrante da Maçonaria e partici-
pante de diversas entidades no campo artístico e cultural da cidade.
Ingressou na vida pública em 1973, sendo eleito vereador por Ara-
piraca. Ismael Pereira foi também deputado estadual pelo Estado
de Alagoas por três legislaturas. Em outubro de 2015, Ismael fez
sua mais recente exposição “ReVivendo”, com estilos que passam
como uma linha do tempo de sua obra, que ganhou um teor multi-
cultural.
733
or de Alagoas. Com a passar do tempo, o artista inovou ao lançar a
série “Guerreiro das Alagoas”. Nesta série, os característicos cha-
péus dos integrantes desse folguedo lhe inspiraram composições
geométricas, cujas linhas retas eram quebradas por estratégicas
colagens de chita. Depois ele criou a série “Jangadas das Alagoas”,
mostrando velas reduzidas a simples triângulos, agrupadas em so-
breposições ou servindo de suportes a elementos decorativos. Mais
inovadora ainda foi a série dos “Cajus”, na qual desconstruiu a
fruta símbolo de sua terra, a ponto de transformá-la, num violão
muito bem ornamentado. Na sequência, o artista descobriu a man-
dala, uma de suas obras mais famosas; dela se apoderou para criar
composições com grande riqueza de detalhes.
JOSÉ ZUMBA
A visão negra da arte
734
Londrina-PA, 1953; Curitiba-PA, São Paulo e Recife, 1957. Parti-
cipou de diversas coletivas, bem como da Exposição Arte Popular,
Coleção Tânia de Maia Pedrosa, realizada no Museu Théo Bran-
dão, em Maceió, jan. 2002. Tem trabalhos em acervos de museus
da França, Itália, Rússia e Argentina. Sua pintura remete às raízes
africanas ao retratar Zumbi, pretos velhos e mães de santo e ganha
uma nova dimensão antropológica e sociológica. Em 2013, Zumba
foi homenageado com uma exposição no Dia da Consciência Ne-
gra, com 80 telas de sua autoria mostradas no hall do Museu Palá-
cio Floriano Peixoto.
LOURENÇO PEIXOTO
O decano de gerações
735
O pintor, escultor e professor de arte Lourenço Albuquerque
(1897-1986) nasceu há dois séculos, e morreu aos 90 anos deixan-
do uma geração inteira de pintores e pintoras que passaram pelas
suas mãos. Quando aprovava com louvor alguma pintura assinava
em baixo. Era observador, detalhista, mas quem passava por ele
estava pronto para seguir as belas artes. Estudou no Colégio Dio-
cesano e no Liceu Alagoano. Em 1913, passa a trabalhar na Lito-
grafia Trigueiros, a fim de estudar gravura e pintura com Karl Mi-
chael e Sigismund Gobat, temporariamente em Maceió. O primeiro
contato com a pintura e o desenho deu-se em 1915, quando foi
discípulo de Carlos Leão Xavier, no Liceu de Artes e Ofícios.
736
gens. Fundou, a 29/09/1928, juntamente com Aloísio Branco, Car-
los Paurílio, Waldemar Cavalcanti e Diégues Junior, entre outros, a
Revista Maracanã, dedicada às artes e letras e da qual só um núme-
ro foi publicado.
LULA NOGUEIRA
As cores do cotidiano
737
para os Estados Unidos, França, entre outros países. Porém nunca
desistiu da arte. Aos dezenove anos fez oito meses de curso no
ateliê de Pierre Chalita. Mas seu espírito irrequieto queria mais,
conhecer novas técnicas, experimentar outros materiais. Sua pri-
meira exposição foi aos vinte anos, na cidade de Marechal Deodo-
ro. Pintava sanfoneiros, pastoris, gaiolas de pássaros, casarios,
lembranças da infância.
738
“Meu trabalho é carregado de referências musicais e per-
sonalidades (algumas desconhecidas) que já ajudaram a mudar o
mundo de alguma forma, como cientistas, astronautas, vencedores
do prêmio Nobel da Paz, causas de proteção a animais e ao meio
ambiente, entre outros elementos que trazem vibrações positivas
para as pessoas”.
ORLANDO SANTOS
Um cubista alagoano
739
PAULO CALDAS
As cores do Nordeste
740
observador e saudosista dos tempos que jogava ximbra nas ruas de
barro de Maceió.
PEDRO CABRAL
Arquiteto projeta o artista
741
arte são todos os traços e cores que herdei da arquitetura. Uma
comunhão de pensamentos e atos”.
742
PIERRE CHALITA
Percursor da pintura em Alagoas
743
forneceu, na autenticidade do conteúdo social da mensagem veicu-
lada, no domínio de uma técnica com novas possibilidades, sem
romper, contudo, com a tradição universal da pintura que usa o
suporte na tela, como instrumento de trabalho, pincéis, e material,
pigmentos dissolvidos no óleo. Se tivéssemos de rotular a arte des-
se grande mestre brasileiro, da segunda metade do século XX, nós
a chamaríamos de Transexpresionista, pois nela os problemas
psicológicos são filtrados à luz dos critérios sócio-econômicos”.
RICARDO MAIA
O Movimento Vivarte
744
De Masi sobre criatividade e grupos criativos. Criou inclusive a
linha de pesquisa “Arte, Artista e Cultura na Sociedade Alagoana”.
Nos anos 1980, foi um dos criadores do Grupo Vivarte (1984-85) e
das “Cruzadas Plásticas” (1987-88): dois importantes movimentos
das artes visuais pelo modernismo em Alagoas.
745
ROBERTO ATAÍDE
Uma trajetória interrompida
746
“Roberto é sempre lembrado por sua doçura, certa inge-
nuidade em lidar com o mundo, como uma aventura poética que o
fazia um artista de cores e formas, um embelezador da vida. Mi-
nhas lembranças sobre ele remetem sempre a de um menino lindo,
crescido e feliz. Com um sorriso iluminadíssimo e sem nenhuma
dúvida sobre seu amor pelas artes. Uma vida tão breve mas que
nos deixou mais que traços e cores”, relata o videoprodutor ala-
goano Cláudio Manoel, que lançou em 2014 um documentário
sobre o pintor – Traços e Cores - com cerca de 25 minutos de du-
ração, realizado pelas produtoras Imaginário é TV e Meu Bolso
Produções Artísticas.
ROSALVO RIBEIRO
Belas artes em Paris
747
tros cotidianos e ainda, cenas de gênero. Mestre da pintura alagoa-
na, Rosalvo é um artista de sólida formação, que percorre as mes-
mas etapas dos artistas brasileiros mais destacados da segunda me-
tade do século XIX. Estudou na Academia Imperial de Belas Artes
do Rio de Janeiro, viaja, em 1889, para Paris para continuar seus
estudos na Escola de Belas Artes e na Acádemie Julian. Retorna ao
Brasil em 1901. Torna-se Diretor da Biblioteca Pública Estadual
de Alagoas em 1902. Em 1910, assume o projeto da estátua eques-
tre do Marechal Deodoro da Fonseca e da praça que leva o nome
do militar, em Maceió. Aos 48 anos, morre de tuberculose. A te-
mática e estilo de Detaille exercerão grande influência na produção
francesa de Rosalvo Ribeiro, manifestos inclusive na tela La char-
ge ("A carga"), de tema militar, exposta no Salon de 1898 com
relativo sucesso (mais tarde doada ao governo de Alagoas, na con-
dição de "envio".
748
cam-se, entretanto, as qualidade primaciais de um verdadeiro artista,
que detesta as cores vivazes, sabendo, porém, imprimir a seus painéis
os traços inconfundíveis peculiares aos mestres. Ao que aí fica apenas
nos cumpre acrescentar que o nosso grande pintor era filho do major
Felippe Angelo Ribeiro, conhecido pela força assombrosa e proverbi-
al de que era dotado, e da exma. sra. d. Josefina de Caldas Ribeiro. A
morte de Rosalvo ocorreu a 20 de abril de 1915, sendo o seu cortejo
constituído por vinte e cinco pessoas! As suas telas são, além das que
já foram citadas (L’ Innocence, La Sommission, La Charge, Le Facti-
onaire, Le Régiment, Vielle Bretonne), Vieux Baron, Pequeno Tam-
bor, Garotos de Paris, No Atelier, Oficina de Ferreiro, Cabeças de
Expressão, O Dragão, Pequeno Mendigo, A leitura, Mulher Russa
(estudo do nu), A Índia, etc”.
Texto de Moreno Bradão publicado originalmente no Diário
de Pernambuco de 7 de novembro de 1925 com o título As artes
plásticas em Alagoas
749
pintar com tinta acrílica. Na sua temática estão paisagens, as lagoas
de Maceió, jangadas, as pastoras do Pastoril, a elegância das mu-
lheres, naturezas mortas. Atualmente, ela pinta uma coleção inspi-
rada na arte alemã Bauernmalerei, que significa, em tradução lite-
ral, "pintura campestre". É um estilo rústico floral, cujas origens
remontam ao século XVII. Ele caracteriza-se especialmente pelas
pinceladas livres e espessas de temas florais, com traços de branco
e fundo patinado. Supõe-se que a técnica era inicialmente empre-
gada para aprimorar a arte no ambiente, a partir do reaproveita-
mento artesanal de objetos metálicos ou de madeira durante a II
Guerra na Europa. Nos dias de hoje, ela é bastante difundida em
todo o mundo graças à sua aura campestre e romântica. Rosita,
além das telas em acrílico, pinta também objetos inspirados na arte
Bauer alemão, como travessas e pratos de madeira, baldes e obje-
tos de latão, banquinhos e estantes.
SOLANGE CHALITA
Textura e tintas acrílicas
750
10 livros, Solange Lages lembra que sua influência foi seu pai, o
médico José Lages Filho, da tia Lily Lages e da professora Edla
Braga no estimulo à leitura. Comenta também sobre a influência
que sofreu dos autores Machado de Assis e Malba Tahan, que a
inspiraram na adolescência e na vida adulta. Ela também colabora
com assuntos culturais nos jornais de Maceió. Foi colaboradora
semanal na área de Literatura do Jornal “Gazeta de Alagoas”, no
caderno “Mulher”, durante dois anos. Atualmente, é presidente do
Conselho Deliberativo da Fundação Pierre Chalita, sediada em
Maceió e vice-presidente da Academia Alagoana de Letras.
Mais Pintores
Aloisio Coimbra
Carlos Xavier da Costa
Eurico Maciel
Joaquim Brígido
Luiz Silva
Messias de Melo
Miguel Torres
Natalício Barros
Reinaldo Lessa
Ricardo Sarmento (escultor)
Teixeira da Rocha
José Rodrigues de Miranda
751
José Paulino Lins
José Menezes
Virgílio Maurício
Fredy Correia
Paulo Caetano
Virgílio Maurício
Zaluar de Sant´Ana
Mais pintoras
752
Martha Sraújo
Miriam Falcão Lima
Morgana Maria Pita Duarte
Naná Loureiro
Nelza Amorim de Miranda
Noêmia Duarte (1897-1962)
Sandra Pereira das Neves
Stela Maria Mota
Vera Gama
753
ALAGOANOS UNIVERSAIS
754
logo francês Roger Bastide, autor da obra 0 Candomblé na Bahia
(1961), que escreveu sobre Arthur Ramos:
Infância e carreira
755
rou: “Levem daqui este menino, comigo nada mais tem que apren-
der”. E Arthur foi longe, e até hoje seu trabalho repercute. Em
2003, no centenário de AR, sai pela Coleção Nordestina, uma pu-
blicação coletiva das universidades federais da região: A Mestiça-
gem no Brasil. O livro foi lançado em 1951, em edição francesa
(Le Métissage au Brésil), e só agora, 64 anos depois, saiu esta edi-
ção, traduzida pela professora e antropóloga alagoana Luitgarde
Oliveira Cavalcanti Barros, da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, uma das maiores estudiosas de Arthur. Ela atesta a atuali-
zação da obra de Arthur Ramos:
Fundador de museu no RJ
756
nhou o mundo, primeiro o Rio de Janeiro, onde se formou em An-
tropologia. Entre 1926 a 1949, Arthur Ramos produziu mais do
que qualquer outro escritor brasileiro, em igual período de tempo.
Foi traduzido para o espanhol, inglês, alemão e tcheco. Nas come-
morações de sua data festiva, não é somente Pilar e Alagoas que
realizam homenagens ao autor, mas São Paulo, Salvador, Rio de
Janeiro, onde fundou o Museu de Arte Afro-brasileira, em 1944,
até então o único no gênero do país, também festejam o mestre.
Nos Estados Unidos ensinou e fez pesquisas nas Universidades de
Louisiana, Califórnia, Harvard e Columbia, ao lado de grandes
nomes das Ciências Sociais. Em Pilar, a casa natal do cientista se
transformou na Casa de Cultura Arthur Ramos, tombada pelo Pa-
trimônio Histórico Estadual em 1986.
757
“Sabemos quais foram os resultados dessas doutrinas de
pureza racial, de crença na supremacia do dolicéfalo louro: a dis-
criminação e a luta de raças, o anti-semitismo, o anti-negrismo, o
ódio aos povos de cor... Essas atitudes e opiniões do europeu face
aos indígenas nada mais são do que racionalizações da política de
dominação imperialista”.
758
“A minha recompensa maior será a de estar ouvindo aque-
las vozes queridas que os ventos constantemente trazem-me do
Pilar distante para a música do meu coração”.
759
um dissidente e passou a apoiar as tropas financiadas pela Compa-
nhia das Índias Ocidentais, braço político e econômico da Holanda.
Calabar chegou a ter a patente de major. A adesão de Calabar aos
holandeses coincidiu com o avanço da conquista, até então restrita
ao litoral de Pernambuco e à Ilha de Itamaracá. Em 1635, a con-
quista holandesa no Nordeste estava consolidada, inclusive na Pa-
raíba e no Rio Grande do Norte, além do interior pernambucano.
Os cronistas portugueses destacam muito o papel de Calabar, que
conhecia trilhas e maneiras de lidar com os índios, pois era mame-
luco e falava a língua de tabajaras e potiguaras, além de aprender o
holandês e o latim.
760
deiro de um português e de uma índia – uma “negra da terra”, co-
mo também se denominava os indígenas na capitania de Pernam-
buco do século 17. Nem seu sobrenome é dado concreto. Uns sus-
tentam que Calabar é uma alusão a uma cidade nigeriana de onde
viriam escravos para a maior colônia de Portugal. O historiador
pernambucano Evaldo Cabral de Mello, em O Brasil Holandês
(2010), chama-o de “Domingos Fernandes, o Calabar”; a historio-
grafia oficial brasileira, quase sempre qualificam-no como “o
grande traidor”.
761
seu ex-comandante, e é julgado em plena praça pública, é enforca-
do e esquartejado, e partes de seu corpo espalhados pela cidade,
em postes e paliçadas.
Exageros na “glorificação”
762
coronel polonês Christoffel Artichewsky, que ouvia muito os pal-
pites do Calabar sobre como fazer a chamada guerra brasílica. Foi
apenas por um breve período, três anos e três meses, mas que teve
consequências para toda a época da invasão flamenga. Calabar não
foi o único a passar para o outro lado, mas sem dúvida foi o mais
importante entre eles. Era um homem inteligente e grande conhe-
cedor da região, desenvolvia táticas de guerra e escaramuças mor-
tais contra os luso-espanhóis. Entre seus serviços, constavam: a
orientação das tropas neerlandesas em solo colonial; o planejamen-
to e a direção das entradas no território; o ensino dos segredos do
terreno e da arte das guerrilhas; além do comando das tropas dos
nativos com as quais Calabar facilmente conseguia se comunicar.
763
poema dramático de Lêdo Ivo, o escritor revelou sua frustração em
não ter concretizado a ambição de ver os personagens de Calabar
ganharem vida no tablado. “Eu chegava a visualizar a sua encena-
ção. Esperava que ele fosse representado, o que não ocorreu. Na-
turalmente escrevi Calabar para ser encenado. Ao escrevê-lo, eu o
encenava, como um diretor de teatro. É um poema dotado de visu-
alidade. Entretanto, ele jamais foi representado”.
Uma Voz
764
Na luz cega do farol
No cajueiro florido
No caminho percorrido
pelo peregrino.
Calaabar mora na terra
dos que não têm terra nenhuma.
E seu cavalo salta
a cerca do arame farpado
que divide o mundo.
765
chefia do governo provisório. A primeira constituição republicana
estabelecia que as eleições no Brasil seriam diretas e que o presi-
dente e seu vice seriam eleitos pelo voto popular. Entretanto, de-
terminava também que, em caráter excepcional, o primeiro presi-
dente e o primeiro vice seriam eleitos indiretamente, isto é, pelo
Congresso Nacional. Foi o que aconteceu. No dia seguinte à pro-
mulgação da Constituição, o Congresso elegeu de forma indireta
os marechais Deodoro da Fonseca para presidente e Floriano Pei-
xoto para vice-presidente, em 25 de fevereiro de 1891.
766
A abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, pela
princesa Isabel, apressou a proclamação da República, como um
dos estopins que provocou a queda do Império. Já próximo à deci-
são da princesa Imperial Regente, deu um passo avançado contra o
escravagismo nacional, como registra Jayme de Altavila em seu
livro:
767
alguns bancos e pela criação de sociedades anônimas. Como resul-
tado, houve forte especulação financeira e falência de bancos e
empresas. A formação de um novo ministério liderado pelo barão
de Lucena, político vinculado à ordem monárquica, a tentativa de
centralização do poder e às resistências encontradas no meio mili-
tar conduziram o país a uma crise política, que teve seu ápice na
dissolução do Congresso Nacional. Ao mesmo tempo crescia no
meio militar a influência de Floriano Peixoto, que também fazia
oposição a Deodoro juntamente com as forças legalistas que leva-
ram à renúncia de Deodoro da Fonseca em 23 de novembro de
1891. Neste mesmo dia, Deodoro declarou aos seus partidários:
768
DOM AVELAR. PRIMAZ DO BRASIL
No concílio do Vaticano
769
de outubro de 1969 e a II Assembléia Ordinária do Sínodo dos
Bispos, entre 30 de setembro e 6 de novembro de 1971. Em 25 de
março de 1971 foi transferido para a Arquidiocese de São Salvador
da Bahia. Em 5 de março de 1973, foi criado cardeal no Consistó-
rio Ordinário Público de 1973, recebendo o barrete cardinalício das
mãos do papa Paulo VI e o título cardinalício de São Bonifácio e
Santo Aleixo. Em 1975 requereu da Santa Sé o Título já consagra-
do da primazia de sua arquidiocese, o Santo Padre enviou seu re-
presentante o núncio apostólico para conferir o título numa ceri-
mônia na Catedral-Basílica Primacial de São Salvador, em 25 de
outubro de 1980.
770
nistro do Exército, o visconde de Ouro Preto, quando teve início o
movimento republicano em 1889. Recusou-se a fazer parte da
conspiração, mas também não se dispôs a combater as tropas repu-
blicanas rebeladas.
Movimentos rebeldes
771
obras a importância do índio no processo de mestiçagem nas Ala-
goas, e que tinha o marechal Floriano Peixoto como uma “admirá-
vel espécie”
772
Moreno Brandão, citado por Jurandir Gomes, em Quadros
da Historia de Alagoas, Casa Ramalho Editora, 1956.
773
o escritor conheceu na prisão, José Lins do Rego e José Olympio.
Tem poucas dívidas. Quando prefeito de uma cidade do interior,
soltava os presos para construírem estradas. Espera morrer com
57 anos”.
Os “Garranchos” de Graciliano
774
especificamente, podemos destacar a série de textos que dá nome
ao livro. Trata-se de 14 crônicas publicadas no pequeno jornal O
Índio, de Palmeira dos Índios. Nesse conjunto de escritos, já po-
demos encontrar um Graciliano interessado pela coisa pública,
que assumia a condição de defensor da população da referida ci-
dade interiorana, reivindicando, sobretudo, o incremento da edu-
cação no município. Em linhas gerais, já se observa aqui o pre-
núncio do Graciliano prefeito de Palmeira dos Índios e diretor da
Instrução Pública do Estado de Alagoas. Sua batalha pelo apri-
moramento do ensino é uma bandeira que até hoje se faz urgente
em praticamente todos os cantos do país”.
775
espanhol, é o resultado de várias viagens ao sertão de Alagoas e
Pernambuco, a partir de 2002, quando foi feito o primeiro ensaio
fotográfico para a exposição “O Chão de Graciliano”.
776
em 2012. A nova versão da biografia O Velho Graça foi original-
mente publicada há 20 anos pelo professor de literatura Dênis de
Moraes. Entre as novidades, estão um bem cuidado caderno icono-
gráfico, com imagens raras e até inéditas, e a mais esclarecedora
entrevista concedida pelo escritor, em 1944, nunca antes publicada
em livro. A garimpagem em arquivos públicos e privados de Rio
de Janeiro, São Paulo e Alagoas, assim como as dezenas de teste-
munhos de amigos, parentes, artistas, intelectuais e companheiros
de geração enriqueceram sobremaneira o trabalho. Com argúcia de
historiador e sensibilidade literária, Moraes traça a interligação
entre as várias personagens de Graciliano Ramos: o menino trau-
matizado pelas surras na infância; o jovem autodidata que lia Bal-
zac, Zola e Marx em francês; o mítico comerciante da loja Sincera;
o revolucionário prefeito de Palmeira dos Índios; o zeloso diretor
da Imprensa Oficial e da Instrução Pública de Alagoas; o preso
político no inferno da Ilha Grande; o escritor sufocado por apuros
financeiros; o estilista da palavra na redação do Correio da Manhã;
o militante comunista aos esbarrões com a burocracia partidária.
Leia um trecho do livro:
777
tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no
interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram.
Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam
um cidadão. Depois que redigi esses infames relatórios, os jornais
e o governo resolveram não me deixar em paz. Houve uma série de
desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital, coisas
piores e três romances fabricados em situações horríveis – Caetés,
publicado em 1933, S. Bernardo, em 1934, e Angústia, em 1936.
Evidentemente, isso não dá para uma biografia. Que hei de fazer?
Eu devia enfeitar-me com algumas mentiras, mas talvez seja me-
lhor deixá-las para o romance’”.
GRACILIANO DE A À Z
778
São Bernardo. Grande parte do livro escrito na sacristia da
Igreja Nossa Senhora do Amparo, onde antes funcionara uma esco-
la, da qual Graciliano fora professor. Inicialmente foi publicado
pela editora Ariel, do médico Gastão Cruls. O livro foi concluído
em 1932, escrevendo-o em dez meses, de fevereiro a novembro,
sendo lançado apenas em 1934. São Bernardo foi publicado em
Portugal (1958), Alemanha (1960), Hungria (1961), EUA (1979).
Em 1949, o livro virou uma rádio-novela pela Rádio Globo do Rio.
Em 1972 virou filme (dirigido por Nelson Pereira dos Santos). Au-
rélio Buarque de Holanda classificou o livro como “um Balzac
rural”. Segundo o jornalista e biógrafo de Graciliano, Dênis de
Moraes, o conto “A carta”, escrito por volta de 1925, teria sido a
semente da obra São Bernardo.
779
vez o festival de Cannes. O ator Carlos Vereza fez o papel de Gra-
ciliano e atriz Glória Pires interpretou Heloísa Ramos. O quarto
filme foi Insônia, filmado em 1980, realizado pelo Sindicato dos
Artistas do Rio de Janeiro, em três episódios, com um elenco ma-
gistral: Joel Barcelos, Wanda Lacerda, Bete Mendes, Otávio Au-
gusto e Ney Santana.
780
gravador. No costume de escrever cedinho, tinha como companhia
um dicionário (Caldas Aulete), dois ou três maços de cigarros, pre-
ferindo o da marca Selma em Palmeira dos Índios, e Astória ou
Colúmbia, no Rio de Janeiro, e mais fósforos, uma garrafa térmica
de café e, uma vez por outra, uma garrafa de cachaça, de preferên-
cia tipo cabeça.
781
traição. À dona Heloísa Ramos afirmou que só voltaria a Alagoas
“se pudesse oferecer a isso um terremoto que acabasse tudo”.
782
Leitura. Até os nove anos de idade o nosso grande escritor
não tinha leitura, como se diz aqui no Nordeste, quando se refere a
alguém analfabeto. Segundo Graciliano, isso foi em decorrência da
improvisação de professoras a que foi submetido. Apontava ainda
a deficiência das escolas no interior, usando as seguintes palavras:
“Não existe prisão pior que uma escola do interior. A escola era
um lugar onde se enviava crianças rebeldes”.
783
de deixar a prisão: “Hei de pagar um dia a hospitalidade que os
senhores me deram... Pagar como? Contando lá fora o que existe
em Ilha Grande... escrevendo, ponto tudo no papel. – O senhor é
jornalista? - Não senhor. Faço livros. Vou fazer um... duzentas
páginas ou mais. Os senhores me deram um assunto magnífico.
Uma história curiosa, sem dúvida”.
784
Patrão. Embora tendo bom relacionamento com seu chefe,
Paulo Bittencourt, diretor do jornal Correio da Manhã, no Rio de
Janeiro, não compareceu ao aniversário do chefe. Alegou para
Conde, jornalista da revista O Cruzeiro, que o convidou, “que ja-
mais sentaria na mesma mesa com o patrão, ainda mais para bater
palmas e cantar parabéns, pois todo patrão é filho da puta” .
785
Sincera. Era a denominação de seu estabelecimento comer-
cial, em Palmeira dos Índios. Loja Sincera foi transformada hoje
nas lojas Guido, situada vizinha à prefeitura. A Sincera tinha pro-
paganda tipo: “vendemos com 2% de juros, cobrados só após 80
dias, ou então, “magnífico sortimento de fazendas, miudezas, fer-
ragens, tintas etc”. E ainda: “preço sem competição”. Com a che-
gada da loja Pernambucana, a Sincera foi falindo aos poucos. Gra-
ciliano foi um verdadeiro dublê de negociante e intelectual. Ainda
bem que fracassou como negociante, ganhando todos, com ele co-
mo escritor.
786
quando foi desmembrado de Atalaia. Morava na casa de seus pais,
na rua Juazeiro. Em Viçosa fundou dois jornais.
787
dos teatros da Praça Tiradentes. Na parceria com o compositor
Luiz Peixoto, obteve seu maior êxito popular com a música Casa
de Caboclo gravada por Gastão Formenti na Parlophon, em 1928.
Ainda neste ano, Patrício Teixeira gravou Eu Ri da Lagartixa,
também lançada na Parlophon. Já no início da década de 1930,
Hekel Tavares compôs com muitos parceiros entre os quais Joraci
Camargo com quem fez Favela e Leilão, com Ascenso Ferreira a
Chove!… chuva!… E com Álvaro Moreira Bahia, Murilo Araújo
Banzo e Luís Peixoto, as músicas Na Minha Terra Tem e Felicida-
de. Autor de mais de 100 músicas, de 1949 a 1953 percorreu quase
todo o Brasil, em missão especial do então Ministério da Educação
e Saúde Pública, pesquisando motivos folclóricos que utilizaria em
diversas obras.
Suçuarana
Composição: Heckel Tavares - Luiz Peixoto
A noite veio
788
O caminho estava em meio
Eu tive aquele arreceio
Que alguém nos pudesse ver
Eu quis dizer
Suçuarana, vamo imbora
Mas Virgem Nossa Senhora
Cadê boca pra dizer
Mais adiante
Do mundo, já bem distante
Nóis paremo um instante
Predemo a suspiração
Envergonhado
Ele partiu para o meu lado
Ó Virgem dos meus pecados
Me dê a absorvição
789
Heckel Tavares fez peças clássicas como o Concerto para
Piano e Orquestra em Formas Brasileiras, obras para piano e violi-
no, coro misto, solistas e coros infantis entre outros motivos folcló-
ricos e regionais, como Engenho Novo, Bia-tá-tá. Ainda com o
material obtido na viagem, em 1955, fez Oração do guerreiro, para
baixo profundo. Compôs ainda o Concerto, para piano e orquestra;
o Concerto em formas brasileiras, para violino e orquestra; O sapo
domado e A lenda do gaúcho. Deixou inacabados, Rapsódia nor-
destina e Fantasia brasileira, ambas para piano e orquestra, além do
drama folclórico Palmares. Infelizmente, Heckel Tavares não é
muito conhecido pela maioria dos brasileiros por causa da retirada
da educação musical das escolas em 1960, motivo pelo qual nós
brasileiros ficamos a mercê de uma formação musical totalmente
influenciada pelo mercado discográfico.
790
deu junto com o irmão José Neto, tocando na harmônica de oito
baixos do pai, que a deixava em casa para ir trabalhar. Os dois pas-
saram a revezar-se tocando acordeão em festas de casamentos, ba-
tizados e bailes ao ar livre, debaixo de árvores, os chamados bailes
de pé-de-pau, comuns no Nordeste e no Norte. O pai chegou a
vender duas vacas para poder pagar um acordeão de 32 baixos para
os filhos. Em 1950, sua família mudou-se para o Recife.
791
Solo, Hermeto Pascoal e Big Band e Hermeto Pascoal e Orquestra
Sinfônica. Diz ele que, por enquanto, é só!!”.
792
Hermeto Pascoal em entrevista à Revista Continente, edita-
da pela Imprensa Oficial de Pernambuco, edição de Novembro de
2017
793
minha mãe, ela estava com seus… da minha idade mais ou menos,
muito debilitada já pro fim, adoentada. E eu estava conversando
com uns amigos, eu converso brincando, assim, e ela deitada no
sofá, disse: “meu filho, eu nunca vi você homem”, e eu: mãe, pelo
amor de Deus, eu estou brincando com seus netos aqui, que é isso,
como a senhora diz que eu não sou homem? Ela riu e disse: “meu
filho, não foi com essa intenção que eu falei, é que você brinca
como você brincava quando era menino, eu vejo você menino,
brincando ainda”. Aí eu falei, mãe, você não me vê de fora para
dentro, como eu também não vejo as pessoas, eu vejo todo mundo
no seu interior, eu também me vejo no meu interior. Eu me amo,
eu me amo de verdade… Eu me lembro de quando fui criado na
minha terra, até uns quinze anos, não tinha nada de relógio, não
tinha luz elétrica, e a gente almoçava tudo na hora certa” …
794
positor. Sua morte na Europa – onde permaneceu em uma grande
turnê com sua orquestra por quatro anos (1947-1951) – causou
uma grande comoção. Fon-Fon veio a falecer durante essa excur-
são em Atenas, na Grécia. Durante a viagem, eles gravaram seu
único elepê pelo selo London: “Fon-Fon et la musique del Brésil”,
nunca editado no Brasil. Em 1935 criou sua própria orquestra,
para atuar no Cassino Assyrio, no Rio de Janeiro. Foi o primeiro
maestro no Brasil a utilizar naipes de saxofones e metais, dando à
sua orquestra uma sonoridade especial. Em 1942 acompanhou com
sua orquestra, na Odeon, Ataulfo Alves e sua Academia, na grava-
ção do clássico samba “Ai que saudades da Amélia”, de Ataulfo
Alves e Mário Lago. A partir daí dirigiu e acompanhou grandes
nomes da música popular brasileira, como Carmem Miranda,
Francisco Alves, Dircinha Batista, Moreira da Silva, Almirante,
Emilinha Borba, Dalva de Olveira, Herivelton Martins, Orlando
Silva, e Aracy de Almeida.
795
Maestro Fon-Fon em entrevista ao jornal O Globo, reprodu-
zida do artigo O alagoano que encantou o Brasil e a Europa
796
modo que espero demorar no mínimo três meses neste belo país.
Pretendo seguir depois para o Brasil. Já me encontro cansado de
todos os dias a mesma luta e sem esperança de mais nada. Conhe-
ço toda Europa, elevei a música do nosso país. Fiz a música brasi-
leira ser conhecida, embora monetariamente não me tenha dado
resultado. Porém estou contente com o que Deus me deu. Aqui
deixo o meu abraço a todos da nossa família, desejando um ano
cheio de felicidades e próspero 1951. Minha benção e que Deus os
guarde. Otaviano Romeiro”.
797
obras foram editadas pela casa Préalle, de Pernambuco que, depois,
as mandava para serem impressas pela Vreitkopf & Hartel, da
Alemanha. Em 1889, compôs o primeiro Hino do estado de Alago-
as. Em 1980, foi homenageado pela pianista Sonia Maria Vieira,
que gravou suas obras no LP "Sonia Maria Vieira revela Misael
Domingues 48 anos depois". Em 1984, sua serenata “Em pleno
luar”, originalmente composto para dois violinos ou dois bandolins
e piano, foi gravada no LP triplo "Recordações de um sarau artísti-
co - Homenagem a Ernesto Nazareth".
Engenheiro e abolicionista
798
irmãos Francisco Domingues e José Domingues de ações de alta
relevância em defesa da causa dos negros.
799
“Além de uma grade lateral larga, distingui, afinal, uma
senhora pálida e magra (Nise tinha 31 anos quando foi presa), de
olhos fixos, arregalados. O rosto revelava fadiga, aos cabelos ne-
gros misturavam-se alguns fios grisalhos. Referiu-se a Maceió,
apresentou-se: Nise da Silveira. Noutro lugar o encontro me daria
prazer. O que senti foi surpresa, lamentei ver minha conterrânea
fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos
loucos”.
800
deste trabalho introduziu a psicologia jungiana no Brasil. Também
fundou e se dedicou à casa da Palmeira, no Rio, que recebe egres-
sos de hospitais psiquiátricos, onde oficinas de arte eram dirigidas
por voluntários.
801
culdade de se relacionar com eles e os perseguem indiscrimina-
damente desde o início dos tempos”.
802
Desporto (1993). Entre suas obras publicadas estão Jung: Vida e
Obra (1968), Imagens do Consciente (1981) e Casa das Palmeiras
(1986). Se ela ganhou status de uma celebridade nacional, em Ala-
goas não foram muitas as oportunidade. Afinal, para ela Maceió
era um mito, um mito que viu só de longe. Veja na entrevista con-
cedida por ela a Luiz Gonzaga dos Santos, em Psicologia: Ciência
e Profissão (Print version ISSN 1414-9893/ Psicol. cienc. prof.
vol.14 no.1-Brasília 1994)
Uma saudade...
É um tempo mítico?
Acho que sim. Acho que Maceió prá mim é um mito. Uma
cidade mítica que estragaram completamente querendo imitar Co-
pacabana. Eu adoro Maceió. Tenho medo de ir a Maceió.
803
O alagoano Octávio Brandão (1896-1980) deve ser aclama-
do como um personagem universal. De sua terra natal Viçosa, ele
ganhou o mundo, e se tornou não somente o primeiro ambientalista
alagoano, com seu clássico livro Canais e Lagoas, de 1919, mas
com um ser um humano sem igual. Octávio Brandão é reconhecido
também pela sua luta política, como ativista e militante do Partido
Comunista Brasileiro (PCB), e em sua biografia também mostra
seu talento no jornalismo (ensaios e crônicas), na poesia e na pro-
dução intelectual e acadêmica, como lembra o professor José Ro-
berto Guedes, bacharel em Direito e Pós-Graduado em Direito
Ambiental pela Universidade de Campinas, e um de seus biógra-
fos. Guedes lançou em 2008 o livro Octavio Brandão – Dispersos e
Inéditos, obra relevante para todos aqueles que se identificam com
as riquezas naturais e minerais do Brasil, bem como sentem, pelas
coisas nordestinas, uma singular paixão. A edição é uma obra evo-
cativa que reúne artigos, poesias, crônicas, estudos, anotações, en-
saios e críticas do viçosense Octavio Brandão.
804
A deportação para a Alemanha e Rússia
805
criou. Octavio Brandão foi, junto com Astrojildo Pereira, um dos
pilares da formação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Sua
ideologia e militância levaram-no a passar 15 anos de sua vida no
exílio e décadas na clandestinidade. Foi preso 17 vezes. Escrevia
sobre história, sociologia, ciências naturais, e mais poesias, incon-
táveis artigos para jornais, estudos científicos. Falava vários idio-
mas e foi o tradutor de O Manifesto Comunista para o português.
Também usou pseudônimos para veicular suas idéias: Antonio
Chicote, Brand, Salomão, Salomão Bombarda, Manuel, Souza
Dragão, Scipião Fogareu, Krieg, Karl Krieg, Fritz Mayer, Daniel
Brauna. Morreu no dia 15 de março de 1980, lutando contra um
AVC.
806
“Após o 15 de novembro de 1889, esse grande homem, que
veio a falecer quase centenário, assim se manifestara: ´ Sou mo-
narquista, morrerei monarquista, mas nunca conspirarei contra a
República. Receio que o Brasil se fragmente em republiquetas, o
que será uma desgraça`. Essas palavras confirmam que não só o
espírito conciliador e perspicaz, porém, acima de tudo, o civismo
de Sinimbu”.
807
vamente escolhido, pela finura de sua atuação, para missão oficial
em Roma, onde enfrentou a diplomacia do Cardeal Antonelli, jus-
tificando perante Sua Santidade o Papa o criticável procedimento
do governo imperial”.
808
ria. E Tavares Bastos é um dos lindos capítulos da História das
Alagoas e do Brasil”.
809
articuladas, umas às outras, compondo uma reforma profunda do
Estado e da sociedade”.
810
Dirceu Lindoso, em Interpretação da Província – Estudo da
Cultura Alagoana, Edufal – Maceió 2005, 2ª edição
LITERATURA ALAGOANA
811
Graciliano Ramos, em Linhas Tortas, na na crônica Os Sa-
pateiros da Literatura, Editora Record, 21ª edição , 2005
ALAGOANOS IMORTAIS
DA LITERATURA
GUIMARÃES PASSOS
812
O poeta louco que conquistou a glória
813
vam Raul Pompéia, Artur Azevedo, Coelho Neto, e aquele que
viria a ser seu amigo irmão: Olavo Bilac, o “príncipe dos poetas
brasileiros”. Guimarães Passos ganhou fama como o poeta da ins-
piração fácil, escrevia seus poemas “em um jato de impulso de sua
assombrosa vitalidade (Ranulfo Goulart)”.
814
“Certo ano um dos carros alegóricos do préstito carnava-
lesco inspira-se n´O Lenço soneto famoso de Guimarães Passos,
reproduzindo-o ao vivo com quatro beija-flores no alto, carregan-
do o lenço, entre serpentinas e nuvens de conffeti e fogos colori-
dos”.
815
Casa Laemmert RJ 1891
816
Raimundo Menezes, em Guimarães Passos e sua época
boêmia, Martins São Paulo, 1952.
GOULART DE ANDRADE
Da Escola Naval às letras
817
esmerou-se na especialidade das poesias difíceis, de forma fixa o
vilancete, o rondel, a balada e sobretudo o canto, real, uma das
mais complexas formas poéticas. Tornou-se também jornalista,
sendo um dos redatores de O Imparcial nos primeiros tempos, onde
teve o convívio de João Ribeiro (João do Rio), Humberto de Cam-
pos e Augusto de Lima.
Forte Abandonado
818
Agora! E que contraste estes ruídos, maninhos,
Mortíferos canhões guardam ninhos e ninhos,
Paz e Amor!... Pode a abelha as melífluas colméias
Fabricar sem temor, ao longo das ameias!
Pode aqui vicejar a tímida violeta!
Pode adejar a iriante e inquieta borboleta!
819
português. Aos 15, ingressou efetivamente no magistério: foi con-
vidado pelo Ginásio Primeiro de Março a lecionar em seu curso
primário. Já naquela época passou a se interessar por língua e lite-
ratura portuguesas. Formou-se em direito pela Faculdade de Direi-
to do Recife em 1936. Nesse mesmo ano, tornou-se professor de
Língua Portuguesa e Francesa e de Literatura no Colégio Estadual
de Alagoas. Em seu discurso de posse na Academia Brasileira de
Letras, em 19 de dezembro de 1961, Aurélio revela sua infância
em Alagoas, sua paixão pelo mar, pelas palavras e pelo Nordeste,
sobre a terra de seu antecessor, de quem ocuparia a cadeira, Aus-
tregésilo de Athayde (1898-1993), professor, jornalista, cronista,
ensaísta e orador. Leia trechos do discursos na ABL.
O mar
820
“e a jangada foi-se afastando, foi-se afastando da terra, que
quando ele deu fé estava junto-junto do céu. Ai o pequeno fez um
rombo no céu com a vara de pesca, mas não houve nada, não,
graças a Deus, que São Pedro, habilidoso que só ele, remendou
tudo bem remendado, com sabão”.
As assombrações
As palavras
821
por um novo mundo – o mundo vocabular. Entrei a amar as pala-
vras, ferramenta do ofício das idéias e porventura chave de enig-
mas. Daí viria a desabotoar, com o volver dos anos, o aprendiz de
lexicografia, o interessado pelo exame dos textos, pela exegese
poética, o estudante e curioso da língua. Assim, Senhores Acadê-
micos, antes de agradecer-vos a generosidade que aqui me trouxe,
viajo ao arrepio do tempo, para revocar à tona dos dias de hoje,
por contraste com a iluminação factícia desta sala, a luz natural
de tantas noites de minha infância, e, mais contrastantemente, o
escuro de tantas outras noites, tão gratas ao João-Galafoice, à
Caipora, ao Lobisomem, e a companheiros de seu fabuloso univer-
so.
As estrepulias de Austragésilo
822
derramava pelo ambiente, fazíamos as serenatas”, “e cantávamos
as modinhas plangentes, arrancadas às almas sofredoras dos me-
nestréis da moda”.
823
Olhos azuis cintilantes bem abertos e perdidos em algum
ponto do espaço, cabelos brancos encrespados, a voz grave e pau-
sada, gestos lentos, porém expressivos, e a mão trêmula, em con-
sequência do Mal de Parkinson. Era dezembro de 1988. Assim
estava o alagoano de Passo de Camaragibe, dicionarista, filólogo,
tradutor, contista, crítico literário, professor e imortal da Academia
Brasileira de Letras (ABI), aos 78 anos, na casa de amigos, en-
quanto curtia o que viriam a ser suas últimas férias na terra natal e
sua derradeira entrevista. Poucos tempo depois, mestre Aurélio foi
acometido de uma forte crise de pneumonia e teve que voltar às
pressas para o Rio de Janeiro. Aurélio Buarque se recuperava len-
tamente na Clínica Bambina. Mas em 29 de fevereiro de 1989 o
mestre não resistiu e faleceu.
824
Um dos pontos altos da entrevista, e de valor histórico, foi
sua descrição da época em que conviveu com grandes intelectuais
como os também alagoanos Graciliano Ramos, Jorge de Lima,
Théo Brandão e José Lins do Rego - um paraibano que adotou
Maceió - e mais a cearense Raquel de Queiroz, que passava uns
tempos em Maceió. Aurélio lembrou dos encontros nos cabarés de
Jaraguá e do Café do Cupertino, no Centro, onde se reunia o seleto
grupo de intelectuais para conversas literárias, políticas e sobre a
vida mundana da capital. Aurélio descreveu uma das atrações da
época, o então emergente escritor Graciliano Ramos. “E chegava
aquele homem mal vestido, com paletó de linho amarfanhado, feito
por algum alfaiate de Palmeira dos Índios. Figura predominante e
malcriada. Gostava de dizer aforismos e palavrões. Acendia um
cigarro atrás do outro.” E ele continuava a falar sobre essa época,
com um certo sorriso nos lábios, sempre assistido de perto pela sua
mulher Marina Baird Ferreira.
PONTES DE MIRANDA
O grande mestre dos estudos jurídicos
825
Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda (1892 — 1979) foi
um jurista, filósofo, matemático e escritor brasileiro. Autor de li-
vros nos campos da Matemática e das Ciências Sociais como Soci-
ologia, Psicologia, Política, Poesia, Filosofia e, sobretudo Direito,
tem obras publicadas em português, alemão, francês, espanhol e
italiano. Aos dezenove anos formou-se bacharel em Direito e Ci-
ências Sociais (1911) pela Faculdade de Direito do Recife, mesmo
ano em que escreveu seu Ensaio de Psicologia Jurídica, o qual foi
alvo de elogios de Ruy Barbosa. Foi professor honoris causa da
Universidade de São Paulo, Universidade do Brasil, Universidade
do Recife, Universidade Federal de Alagoas, Pontifícia Universi-
dade Católica do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de
Santa Maria (RS).
Obra de 60 volumes
826
Oliveira Lima e, no Itamarati, o Barão do Rio Branco. Seu primei-
ro livro, À Margem do Direito, foi escrito em Pernambuco, aos 17
anos e, ao chegar ao Rio de Janeiro, a Editora Francisco Alves já o
tinha publicado em Paris.
LÊDO IVO
“Poesia é uma magia da linguagem”
827
nas e coqueirais, ilhas e estaleiros apodrecidos, alcança esse ir-
mão separado de nós que se confunde com os caranguejos semio-
cultos na terra mole e escura dos mangues e maceiós – essa terra
congeminada à água que é a minha raiz e o meu berço, a minha
Pátria e a minha Linguagem, e até mesmo o meu pesadelo”.
828
meira ilha que eu contemplava em minha vida. Mas que a breve
palavra insulada em sua própria magia, ela emergia a meu encon-
tro como uma paisagem completa, com os coqueirais domados
pelo vento, e as mangueiras e jaqueiras gordas como goiamuns
monstruosos.”
O Desastre
829
A Aurélio Buarque de Hollanda
E marchávamos
como soldados.
830
Ó miss, ó garde-party, ó desastre!
831
Por Milena Andrade, em entrevista com Lêdo Ivo, na Revis-
ta Graciliano, nº7, dezembro de 2010
832
“Queimem tudo o que poder”
A Queimada
Lêdo Ivo
833
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arteriosclerose
834
PIONEIROS DA LITERATURA
FREI JABOATÃO
Primeiríssima crônica
835
“Foi colocada a Imagem com o título Corrente, pela que
tomavam os da sua irmandade, título que de corrente de braço,
com que se prendiam e mostravam escravos da Senhora, se foi
passando com propriedade para a outra corrente, a do Rio São
Francisco, que lhe fica ao pé. Sem dúvida com o devido obséquio
se fez a mudança, pois a mesma Senhora parece que assim o quis,
porque costumando o rio nas suas maiores enchentes levar toda
aquela praia, com grande detrimento para os moradores dela,
porque lhes tomavam a maior parte das casas, não fincando de
fora o lugar onde se fundou a sua capela, depois que ali se erigiu
não chegaram mais até o presente as águas do rio, ainda mais nas
maiores inundações”.
836
1909). Sávio assinala que “essas três leituras são fundamentais
para o entendimento básico da formação histórica, política, social
e econômica de Alagoas”.
COROATÁ
Um texto magistral
837
busca de seu registro fotográfico. Após se formar em Ciências Ju-
rídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife (1850), Caro-
atá retorna a Alagoas, atua no jornal O Correio Maceioense e em
dezembro do mesmo ano é redator-chefe de O Timbre Alagoano,
órgãos do Partido Conservador. Foi diretor do Liceu Alagoano. E
depois transfere-se para o Rio de Janeiro, onde é nomeado oficial
da secretaria do Ministério da Justiça. Em 1864, o Correio Mercan-
til publica, em série, seu trabalho Memória Descritiva e Estatística
do Rio São Francisco. Já a Crônica do Penedo foi a mais conhecida
e cultuada, e valeu como passaporte para se tornar membro do Ins-
tituto Histórico e Geográfico de Alagoas. A revista do IGHA abre
seus três primeiros números com a série da crônica de Caroatá. Ao
ser impressa, em 1914, sai com inúmeros erros, inclusive e até
mesmo o nome de autor. Considera-se como a 1ª edição integral
aquela feita em Maceió, 1962, reedição da DEC, Imprensa Oficial,
60 páginas. Com introdução e notas de Moacir Medeiros de
Sant´Ana.
838
“O Caroatá dá uma visão de Alagoas em todos os setores:
da economia à política. Toda hora que você lida com uma questão
chamada poder, passa por tudo isso. Todo livro é uma plataforma
política. Principalmente os que dizem que não são. Não tem um
que não seja. Caroatá é fantástico e extraordinário porque ele
sabe disso. Ele não nega que está a serviço do poder local”.
DIAS CABRAL
Descobridor de tesouros
839
ficência de Alagoas. Médico da Colônia Militar de Leopoldina,
professor e diretor do Liceu de Artes e Ofícios e do Asilo de Órfãs
de NS do Bom Conselho. Médico do Hospital de Caridade de Ma-
ceió. Abolicionista e membro da Sociedade Libertadora Alagoana.
Dias Cabral foi fundador do Instituto Arqueológico de Alagoas, e
um dos pioneiros a trazer á tona a guerra dos Palmares. Em 1872,
foi responsável pelo lançamento da revista da instituição, tendo
nela publicado inúmeros trabalhos. Dias Cabral é patrono da cadei-
ra 11 do IHGA e da cadeira 32 da Academia Alagoana de Letras.
840
légrafos entre 1889 e 1903. Membro da Sociedade Libertadora
Alagoana, que lutava pelo fim da escravidão. Sócio do Clube Lite-
rário José Bonifácio, do qual foi vice-presidente e, por muitos
anos, orador do Montepio dos Artistas Alagoanos. Foi fundador de
O Gutenberg, tipógrafo do Diário das Alagoas, redator dos jornais
Tribuna do Povo, Jornal de Notícias, Constelação, O Popular, O
Viçosense. Seus romances estão entre os melhores escritos em
Alagoas, como o livro Crônica Vermelha - Leitura Quente, publi-
cada pela primeira vez, em 1899, sem indicação da tipografia e
sem o nome de seu autor. Um retrato de Maceió pintado com as
cores ficcionais, entretanto, com personagens bem reais. É de sua
lavra também, A Filha do Barão, considerado pelo historiador Mo-
acir Medeiros de Sant´Ana “o primeiro romance de costumes ala-
goanos, representando uma referência cronológica da História da
Literatura de Alagoas”. Leia um trecho do romANCE:
841
da mais requintada calúnia. De volta aos seus penates, o barão rece-
bera uma carta. Abrindo-a leu o seguinte:
842
polícia no governo de Pedro Paulino inaugurou o primeiro asilo
para loucos.
“Se o cabra não ler, vai ficar muito difícil entender Alago-
as. Hoje seria considerado um texto de direita. Mas é imperdoável
querer, por conta desse tipo de balizamento, deixar de dizer que é
uma obra-prima. É um artigo publicado em três números na Revis-
ta do Instituto Histórico. É fantástico! Extraordinário! O cara es-
creve sabendo que está em cima de um palanque, de uma plata-
forma política. Tem que ser lido sim”.
NICODEMOS JOBIM
Uma chacoalhada na história
843
(1836-1913), editado em Maceió, por Amintas e Filhos, 1881. Ni-
codemos foi historiador e professor, membro do Instituto Arqueo-
lógico de Alagoas, além de ter feito o primeiro relato que se tem
notícia sobre o folclore alagoano, em 1872, quando raros eram os
estudos sobre o tema no Brasil (no jornal O Liberal, em artigo inti-
tulado Lenda Anadiense e tradição história).
CALDEIRÃO CULTURAL
844
sobre cultura alagoana tiveram seus textos reunidos depois pela
Fundação Manoel Lisboa, que enfeixam o livro. Uma verdadeira
aula magna sobre a cultura alagoana, de fio a pavio.
845
próprio Dirceu Lindoso, em seu apartamento no Rio. Na abertura
do ensaio, Lindoso fala da “civilização das águas”, de Alagoas
como um estado “anfíbio” como se referiu Gilberto Freyre; e em
livros como Canais e Lagoas, Calunga e a Invenção de Orfeu, obra
prima de Jorge de Lima, e segundo Dirceu, uma “criação anfíbia”:
“o que é uma ilha senão um círculo?”. Soneto XXIII, Canto V. O
autor segue sua análise dos primeiros escritos e primeiros livros,
até chegar ao esperado paradoxo da luta de classes. “A história da
Província passa a ser contada a partir dos interesses de classe dos
grandes propietários rurais e da burguesia mercantil urbana”.
846
quem conhece a causa: “São manifestações contraditórias de uma
mesma realidade que designamos a cultura alagoana”.
847
ESCRITORES ALAGOANOS/ PERFIS
848
te fundou, em 1923, juntamente com Artur Ramos, Mário Maga-
lhães da Silveira, João Lessa Azevedo, Eduardo Santa Rita, entre
outros, a Revista Acadêmica, dedicada à ciência e à literatura, ten-
do sido publicada até 1926. Membro da AAL, tendo ocupado a
cadeira 5, e membro da Academia Carioca de Letras. Em seu in-
censado livro, Abelardo Duarte, após extensivas pesquisas, aponta
para a origem da predominância dos negros angolano a congoleses
como os primeiros a chegar em navios negreiros no Brasil.
849
ADALBERON CAVALCANTI LINS (1907-1990)
850
patrimônio arquitetônico, artístico e cultural. O trabalho de Adal-
berto Marroquim foi reeditado pela Academia Alagoana de Letras,
em série numerada, de mil exemplares.
851
1933. Perseguido politicamente, viveu um período escondido em
Maceió, e, ainda, no interior da Bahia, onde vendia sabonetes.
Chegou ao Rio de Janeiro em 1940. Ingressou no IBGE, como re-
dator, onde realizou vários estudos, entre eles o Primeiro Censo
das Favelas do Rio de Janeiro, em 1950. Era responsável, no IB-
GE, pela coleção Retratos do Brasil.
852
Verifique-se a sua produção poética e aí teremos a frequência com
que o poeta lança mão desse recurso para encontrar os seus efei-
tos sonoros. Tanto no poema da pequena viagem, como no em lou-
vor ao telefone, sente-se que a sua mensagem não poderia caber
nesses poemas de versos curtos e sons breves, porque era mesmo
do seu temperamento, alongar-se na procura de um efeito mais
rítmico para a sua poesia. Talvez, como nenhum outro, daqui da
província, foi Aloísio Branco o que mais se beneficiou dessa liber-
dade que o modernismo trouxe para a poesia. Aloísio Branco não
procura imitar. Com ele tivemos urna manifestação poética dife-
rente daquilo que conhecíamos em matéria de poesia. Ele não foi
um inovador, no sentido rigoroso, mas que deu à nossa poesia
provinciana um sentido novo, urna dimensão diferente, não resta a
menor dúvida”.
853
lhando em Mato Grosso. Foi expedicionário do marechal Rondon,
em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco, onde foi dire-
tor do Hospital Militar do Recife. Em 1931 volta a viver em Ma-
ceió. Era sócio do IHGA, onde ingressou em 1937. Entre suas
obras estão Contribuição Para a Geografia Botânica do Estado de
Alagoas, 1915; Crônicas Alagoanas (História, Lendas e Etnogra-
fia), prefácio de Humberto Bastos, Maceió, Casa Ramalho, 1939;
A Escrita Pré-histórica do Brasil, com um Apêndice Sobre a Pré-
história de Alagoas. Provavelmente teria encantado Gilberto Freyre
com sua descrição do mestiço, em seu livro Viçosa das Alagoas.
“Sobre o ponto de vista étnico, há uma grande mistura oriunda do
cruzamento das três raças que se fundiram – a branca, a preta e a
cabocla. Encarado no seu conjunto o que fere logo a atenção do
observador é a mestiçagem, isto é, o produto do caldeamento dos
três elementos heterogêneos. Esse produto tem no cabra o seu
mais perfeito representante”,
854
Alfredo Brandão, na apresentação do livro Viçosa de Ala-
goas - O Município e a Cidade, Recife, Imprensa Industrial, 1914
(inclui notas históricas, geográficas e arqueológicas ), Recife –
1914
855
ARNON DE MELLO (1911-1983)
856
“Essa Negra Fulô é um belíssimo poema. Bonito prá burro!
É um poema, além de tudo brasileiro. Brasileiro da cabeça aos
pés. Todo sensualidade. Dum delicioso sensualismo que seria ca-
paz de abalar o próprio Sr. Alberto Oliveira, já petrificado em
vida numa praia do Rio. Uma coisa suavíssima, gostosa, que a
gente passa a vida toda para ler, sem sentir o menor cansaço. Tem
cadência, tem ritmo, tem tudo enfim. Traçado todinho numa lin-
guagem de encantar.”
BARAFUNDA
857
cia e foi juiz de direito em Passo Fundo (RS), de onde saiu por
razões políticas, refugiando-se em Rivera, Uruguai. Jornalista no
Amazonas. Internado no Hospício da Praia da Saudade, em 1923,
no Rio de Janeiro. Entre suas obras estão Ouro de Lei, 1918; Caro-
la Maluca, Rio de Janeiro, 1919 (prosa); Pontas de Fogo, Rio de
Janeiro, 1922, (crônicas); Gigantes e Pigmeus,
858
Razão Mutilada - Ficção e Loucura em Breno Accioly, sobre a
obra do autor. No prefácio ao livro João Urso, José Lins do Rego
lembra-se do garoto que conheceu no passado.
859
do só ia para os bailes de casaca, fraque, bengala e chapéu”,
lembra. Foi gerente da Companhia de Cigarros Souza Cruz em
Alagoas e diretor da Imprensa Oficial por 15 anos. Em sua face
literária, Carlos foi presidente da Academia Alagoana de Letras, e
um prolífico ensaísta e poeta, com uma vasta obra. Anilda Leão,
sua musa, outra grande poeta, ouvia atentamente e se fazia presente
com inteligentes intervenções, ao final recitou o 59º e último sone-
to, de sua mais famosa obra, A Ilha, de 1969:
860
“Presidente da academia não era literato”
861
Entrevista de Carlos Moliterno, na revista Última Palavra,
1988, nº 18
“Só a partir dos anos 1980 é que surge uma nova safra de
bons poetas, entre eles Lúcia Guiomar, Marcos Farias Costa, José
Geraldo Marques entre outros. Eles têm publicado muita coisa
862
boa. Alguns com o mau hábito de falar de outras gerações e da
própria Academia Alagoana de Letras. Vejo a nova geração com
mais interesse político que cultural. Quem quiser fazer críticas à
realidade do país é muito melhor escrever em prosa, em material
jornalístico do que na poesia. Escrever poesia é ter um momento
lírico e dramático”.
CARLOS PAURÍLIO
863
“Logo depois que casei descobri que não frequentava mais o seu
emprego. Saía pronto para o trabalho todas as manhãs, mas não ia
para lá. Ia beber com os amigos de mesa”. Seu lugar predileto era o
Bar Único, na Ladeira do Brito. Ele justificava: “Escrevo quase
bêbado. É a única maneira que encontro para me colocar dois pés
acima do mundo”. Ou ainda, como explicou para seu amigo J. Sil-
veira: “Corpo e alma se dependem. A alma quando é de cristal
como a nossa, vive da sua tristeza, dos seus sonhos felizes e das
suas mágoas. Possuo assim dois tipos de trabalhos: os que faço
para ganhar, os que faço para vibrar a alma, para sonhar acorda-
do”. Morreu subitamente em 30 de dezembro de 1941, com apenas
37 anos de idade.
864
quências viu-se obrigado a se afastar do Estado, residindo em São
Paulo e no Rio de Janeiro, onde exerceu por cinco anos a função de
guarda-livros. Entre suas obras estão Indicador Geral do Estado de
Alagoas, Casa Ramalho, 1902; História das Alagoas, (Resumo
Didático) prefácio de Aurino Maciel, Cia. Melhoramentos, São
Paulo; O Fim da Epopéia (Notas Para a História do Acre), Maceió,
Tipografia Fernandes, 1925, saiu em 2ª edição, na série Brasiliana.
Craveiro esquecido
865
Moacir Medeiros de Sant´Ana, no artigo Craveiro, da revis-
ta do IHGA, volume 39 – 1984
866
Confissões de um capitão
867
Entrevista de Carlito Lima ao jornalista Carlos Nealdo, jor-
nal Tribuna de Alagoas, edição de 26/10/2001
CÍCERO PÉRICLES
868
caminhos para consulta de fontes contemporâneas e permitindo
uma ampliação ou reelaboração dos assuntos discutidos”.
DIRCEU LINDOSO
869
acontecimentos que traduzem toda nossa nacionalidade, como o
Quilombo dos Palmares no século XVII e a Guerra dos Cabanos
no meado de século XIX. Nele, pelo que aconteceu, se fizeram as
Alagoas, e assim juntas: a Alagoas do Norte e a Alagoas do Sul.
Com dois polos luminares: a cidade luso-flamenga do Penedo, nas
ribeiras altas do rio São Francisco, e a cidade luso-flamenga do
Porto Calvo, nas grandes matas do rio Manguaba e na ribeira do
porto antigo do Varadouro... Alagoas é para mim uma coisa mai-
or, e posso dizer monumental”.
870
“Se você estudar a destruição de Palmares, você vai ver
que o motivo foi a terra, que era muito fértil naquela região. Essa
história de que os negros se suicidaram pulando de penhascos não
existe. Eram mais de 30 mil negros e a maior parte foi vendida
para o sul do Brasil e para a América Central”.
871
ceió, EDUFAL, 1979; Metamorfose das Oligarquias, Curitiba, H D
Livros, 1997; Caminhos do Açúcar. Engenhos e Casas-Grandes
das Alagoas, Brasília, Senado Federal, 2008 juntamente com Dan-
tas, Carmen Redescobrindo o Passado: Cartofilia Alagoana, junta-
mente com Carmen Lúcia Dantas, Recife, Fundação Joaquim Na-
buco, Editora Massangana, 2008. Douglas Apratto é reitor do Cen-
tro de Estudos Superiores (Cesmac).
872
“A atmosfera maceioense, na sexta-feira, 13 de se-
tembro de 1957, é de tensão. Respira-se ar de tragédia
prestes a explodir... Antevê-se, claramente, um clima de
desencadeamento de paixões políticas com o estalo inevi-
tável das soluções violentas... durante quarenta minutos, o
tiroteio (na Assembleia Legislativa) entre as duas banca-
das era intenso. “Ouvia-se disparos vindo das ruas, en-
quanto balas pipocavam por todos os lados do recinto,
enquanto pedidos de socorro surgiam dos muitos feridos”.
Mais de mil tiros foram disparados, inclusive alguns de
fora para dentro”.
ELYSIO DE CARVALHO
873
anos ingressou no seminário de Olinda, e assistiu ao que chamou
de “a encapotada hipocrisia fradesca”. Em 1895 ingressou no Li-
ceu Alagoano onde cursou Humanidades. Em 1898 instalou-se no
Rio de Janeiro e funda jornais e revistas, colabora com revistas
européias e traduz para o Brasil obras de Nietzsche, Stirne, Freud e
Oscar Wilde. Em 1904, funda e dirige a Universidade Popular, que
estabelecia educar o proletariado brasileiro dentro dos preceitos
socialistas. Foi professor da Academia de Polícia do Rio de Janei-
ro, além de exercer com maestria o cargo de sub-diretor do Gabi-
nete de Identificação e de Estatística da Polícia do Distrito Federal.
Convidado pelo Ministro da Justiça de Portugal para dar parecer
sobre as reformas dos serviços policiais portugueses, agradece e
não aceita. Dedica-se ao jornalismo. Sua morte precoce, vítima de
tuberculose, na Suíça em dois de novembro de 1925, com 46 anos
incompletos, deixou um espaço vazio na cultura brasileira.
874
Letras da Ufal foi presidente do Diretório do Curso de Letras, du-
rante o período de chumbo da ditadura militar 1968-1969 onde
enfrentou lutas históricas contra o CCC – Comando de Caça aos
Comunistas. Em 1968 participou das manifestações estudantis con-
tra a ditadura, pelas liberdades democráticas e em 1969 engajou-se
na luta contra o AI-5. Em 1970 termina o Curso de Letras – Bacha-
relado e Licenciatura. Foi professor de Língua e Literatura Portu-
guesa e Língua Inglesa em colégios do setor privado como Marista
de Maceió e Imaculada Conceição, foi selecionado para lecionar
Português na rede estadual de ensino em 1968. Em 1975, foi apro-
vado em concurso público para a então Escola Técnica Federal de
Alagoas – Etfal, passando a lecionar Língua Portuguesa e Literatu-
ra Brasileira até 1980, quando foi selecionado como Professor
substituto para o CCSA – Centro de Ciências Sociais da Universi-
dade Federal de Alagoas. A partir daí começou a construir sua car-
reira acadêmica e sindical no ensino superior, desligando-se da
Etfal ao ser aprovado na seleção de Mestrado da Faculdade de
Educação da UFPE e, em 1984, tornou-se Professor Auxiliar da
Ufal, aprovado em concurso público.
Doutor em Educação
875
também Professor de disciplinas como Métodos e Técnicas de En-
sino, Planejamento e Política Educacional. Mais tarde, já nos anos
1990, após concluir o Doutorado em Política Educacional na Feusp
– Faculdade de Educação da USP, também liderou a criação dos
Cursos de Pós-Graduação – Mestrado e Doutorado no Cedu/Ufal.
Foi Presidente do Conselho Estadual de Educação por três manda-
tos consecutivos, reconduzido por seus pares sempre pelo voto
direto; voluntário do Programa de Pós-Graduação em Educação do
Centro de Educação da Ufal. Verçosa é reconhecido como um dos
pilares na renovação dos quadros de pesquisadores de Alagoas.
“Ele dá uma generosa, fértil e incisiva contribuição científica,
sendo leitura obrigatória para todos aqueles que desejam pensar
sobre esta nossa nação Alagoas. Vamos então ler seu texto e pen-
sar em como está sendo fértil o refazer as Alagoas”, disse Sávio
de Almeida, em seu blog Coleção Espaço em 02/01/2012. Élcio
Verçosa é autor de mais de 10 importantes livros, o mais recente -
dezoito anos após a publicação original – “História da Educação
Superior em Alagoas de suas Origens ao Século XXI”, foi lançado
na Bienal do Livro de Alagoas, em novembro de 2104.
“Caminhando nos meus estudos e percebendo que as práti-
cas dominantes no interior da universidade, em meio às transfor-
mações por que passava a sociedade, e apesar delas, constante-
mente reiteravam, no plano da cultura, o ethos tradicional e oli-
gárquico que parecia ser sua característica essencial, logo me dei
conta de que a historiografia produzida sobre Alagoas e sua edu-
cação padeciam de limites explicativos, quando não de lacunas
severas, tanto em relação à incipiente história produzida sobre a
876
universidade, quanto naquela mais ampla, feita sobre os viventes
das Alagoas”.
877
Atualmente, é coordenador Acadêmico da Faculdade SEUNE e
professor de Sociologia do Direito no Curso de Direito naquela
instituição universitária.
878
“Félix mergulhava fundo, nas águas por vezes bem turvas
dos mares da historiografia pátria e de lá, à superfície surdindo,
as mãos pejadas trazia das mais preciosas gemas e marcantes
eventos sócio/históricos da sua terra querida”.
879
Estadual de Cultura, permanecendo em ambos até 31 de dezembro
daquele ano. Membro da AAL, empossado em 1972, onde ocupa a
cadeira 24, bem como da Academia de Letras e Artes do Nordeste.
Sócio do IHGAL, empossado em 1986. Obras: O Grito, Ma-
ceió,1952; Testamento Poético de Jorge de Lima, 1958; Rosa da
Manhã Nascente, SERGASA 1979; A Noite Reinventada, Edições
Catavento, 2001. Foi na revista da Academia Alagoana de Letras
que ele desfilou suas poesias, como colaborador assíduo.
A noite reinventada
880
como sombra lunática, opressiva.
881
“Quando cheguei na casa do Mateos, o Jorge estava sozi-
nho. Encontrei-o numa banheira, sentindo fortes dores e aplicando
morfina em si mesmo. Em seguida, chegaram às pressas Mateos
de Lima e um médico amigo da família. Eles já estavam com as
passagens de avião compradas e a ordem era levá-lo com urgên-
cia para o Rio de Janeiro. Foi a última vez que o vi”.
882
desde a filosofia da história de Santo Agostinho e poesia, como
esse desfecho do artigo O Universo Imaginário da poesia, um hino
de amor aos versos.
883
cura - O Brasil não vai bem da cabeça, diagnóstico de psiquiatras
alagoanos – ilustradada pelo jornalista Ênio Lins (uma charge do
mapa de Alagoas sentado no divã). Tudo que ele disse, 27 anos
depois, é como se estivesse no presente.
884
bem informada e adquira uma consciência social. Poder escolher
sem influências sugestivas e o que é pior, pela compra de voto. A
compra do voto é muito pior que a ditadura velada, pois apenas
aparenta democracia, mas não passa de um jogo de manipulação
de massas. Muito pior que a violência física é a violência simbóli-
ca do engano, das imagens forjadas, das noticias pré-fabricadas,
que infelizmente é o que está ocorrendo. Vivemos em uma socie-
dade mascarada, com aparência de democracia.
IVAN BARROS
885
ciliano Ramos, natural de Quebrangulo, viveu a maior parte do
tempo em que esteve em Alagoas, entre 1910 e 1932. A paixão
pela cidade é retratada em diversas obras do escritor, como Caetés
(1933), São Bernardo (1934) e Vidas Secas (1938). Essa trajetória
inspirou o livro Roteiro Sentimental de Ivan Barros, autor de três
títulos sobre o Mestre Graça.
MAYA PEDROSA
886
ria para contar. Depois de estudar no Grupo Escolar Diégues Jú-
nior, no Colégio Guido de Fontgalland, Colégio Nóbrega, no Reci-
fe, e no Liceu Alagoano, José Fernando ingressa, em 1949, na Es-
cola Preparatória do Exército, em Fortaleza, e depois na Academia
Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), de onde sai aspiran-
te a oficial. Segue carreira no Exército até 1987, quando se aposen-
ta como coronel. A partir daí começa sua carreira literária, como
diretor da Biblioteca do Exército – onde lança livros clássicos co-
mo A Grande Barreira - Os Militares e a Esquerda Radical no Bra-
sil: 1930-1968, em 1998, que se tornou uma bíblia para os milita-
res e políticos que apoiaram o golpe de 1964. Em Alagoas, é esco-
lhido como membro do Instituto Histórico e Geográfico, na cadeira
da qual o patrono é o Barão de Penedo. Entre sua produção cultural
destacam-se obras como “A Saga do Barcaceiro”, de 1994, sobre o
ciclo das águas e seus personagens; Histórias do Velho Jaraguá,
com prefácio de Luiz Nogueira de Barros, em 1998. E se aventu-
rou também por biografias, com as de Emílio de Maya e Solano
Lopes, e relatos de fatos históricos com a Guerra de Canudos, a
Guerra Fria.
LUIZ GUTEMBERG
887
Universidade de Brasília também já foi conferencista em seminá-
rios como o de Jornalismo Internacional da Universidade de Stan-
ford - Estados Unidos, chegando ainda a estagiar no jornal The
Washington Post. Com um vasto currículo, começou cedo, aos 15
anos na Gazeta de Alagoas, como repórter. Trabalhou na revista
Manchete e no Jornal do Brasil, do Rio, foi editor-assistente da
revista Veja, em São Paulo, analista político e diretor da Rede
Bandeirante. Publicou obras de grande sucesso de público, entre
elas “O Jogo da Gata Parida” e “Rendez-vous no Itamaraty”. Seu
talento como jornalista aproximou-o do mundo político nacional, o
que resultou na publicação da biografia de alguns senadores, como
a de Pedro Simon. No teatro, Gutemberg escreveu as peças “Auto
da Perseguição e Morte do Mateu”, “O Homem que enganou o
diabo... e ainda pediu troco”, “Auto da lapinha Mágica” e “O Pro-
cesso Crispim”. Em 1955 começa a trabalhar no jornal A Gazeta
de Alagoas. Entra para a Faculdade de Direito em 1956, porém,
mudando-se, no ano seguinte, para o Rio de Janeiro, interrompe o
curso, o qual só iria retomar seis anos depois, formando-se em
1967. Trabalha como repórter e redator em diversos jornais do Rio,
tais como Diário de Notícias, Tribuna da Imprensa e Jornal do
Brasil e nas revistas Manchete e Mundo Ilustrado. Regressa em
1961, a Maceió, no Governo Luiz Cavalcante, como Chefe da Casa
Civil. Gutemberg mora em Brasília desde 1970, onde dirige as
Edições Dédalo. Ele diz por que deixou Alagoas.
888
de mim, que estava morando em Maceió, me chamaram e lá fui me
incorporar ao grupo de fundador da Veja, em São Paulo, como
editor assistente. Fui e não voltei mais, salvo para visitas rápidas
e inesquecíveis férias de verão, a cada janeiro. Na verdade, esta
foi apenas a segunda e definitiva saída. A primeira deu-se em
1957, aos 18 anos, quando – com a cara e a coragem – emigrei
para o Rio de Janeiro para cumprir minha vocação de jornalista:
desde os 16 anos trabalhava na Gazeta e não resisti à tentação de
experimentar a grande imprensa nacional do eixo Rio-São Paulo.
Precisei apenas de uma semana para conquistar meu primeiro
emprego, na revista Manchete, que vivia seu apogeu, e de onde me
transferi para o Jornal do Brasil, que estava sendo modernizado
por Odylo Costa Filho, e onde vivi minha grande experiência pro-
fissional. Mas sempre, como até hoje, não consigo esquecer Ala-
goas, meu coração, esteja onde estiver, está sempre em Maceió”.
GERALDO DE MAJELLA
889
e mais combativos personagens que fizeram a história, à sombra da
política oficial. Majella é autor de livros engajados como Caderno
da Militância – histórias vividas nos bastidores da política; Execu-
ções Sumárias e Grupos de Extermínio em Alagoas (1975-1998);
Rubens Colaço: Paixão e vida – A trajetória de um líder sindical;
Mozart Damasceno, o bom burguês; O PCB em Alagoas: Docu-
mentos (1982-1990); Dênis Agra: um Jornalista em Defesa da Li-
berdade (2014), e seu mais recente livro Jayme Miranda, um revo-
lucionário brasileiro, Editora Bagaço, 2015. Majella veio de uma
família de classe média baixa, pai comerciante do interior e mãe
professora primária da rede estadual. Ainda jovem, ele conheceu
poetas, cantores, cantoras, artistas, atores de teatro e jovens rebel-
des que desafiavam como podiam a ditadura militar ou mesmo
transgrediam as normas de condutas sociais da época. Ao fazer 50
anos, Majella falou sobre seu tempo de militante, tempos difíceis
de enfretamento à ditadura.
890
processo eleitoral é sedutor e envolvente, não é difícil identificar-
mos os candidatos ou os que estão em sua volta envolvidos com
irregularidades, com o ilegal. A “conquista do voto” invariavel-
mente é como se fosse um imã, um vale-tudo. O ilegal transita da
compra propriamente dita do voto ao tráfico de influência e à dis-
tribuição de benesses – na maioria das vezes públicas: são favo-
res, empregos etc. Transitar nesse ambiente foi um rito de passa-
gem para o amadurecimento que chegou em meio às lutas, com
derrotas e vitórias.
891
incluem assuntos como Direito, História, romances, poesias, con-
tos e composições musicais, de parceria com o mestre alagoano
Hekel Tavares. É de sua lavra a poesia “Nossa Alagoas Querida”.
892
salvaguarda do patrimônio histórico do Estado. Em setembro de
2013, a Universidade Federal de Alagoas lhe concedeu o título de
Doutor Honoris Causa, como forma de reconhecer a contribuição
do professor no que refere à formação de pesquisadores de História
e por sua produção intelectual. Em 2014, a Universidade Estadual
de Alagoas, também lhe concedeu o título de Honoris Causa, por
notório saber. É autor de obras importantes como A História do
Modernismo em Alagoas (1980); Contribuição à História do Açú-
car de Alagoas (1970); História da Imprensa em Alagoas: 1831-
1981 (1987); Efemérides Alagoanas (1992).
JUDAS ISGOROGOTA
893
em Lagoa da Canoa, agreste alagoano. Viveu em Maceió até os 23
anos, quando mudou-se para o Rio de Janeiro e depois para São
Paulo onde ganhou projeção internacional. Parte de sua obra poéti-
ca traduzida para vários idiomas (francês, inglês, alemão, espanhol,
italiano, húngaro, árabe, checo e lituano). Com toda essa bagagem
é quase um desconhecido em sua terra. Estreou nas letras com Ca-
retas de Maceió, em 1922, poesias humorísticas sobre costumes e
personalidades locais, inicialmente publicadas em O Bacurau. Só-
cio fundador da Academia Alagoana de Letras, ocupando a cadeira
25. Transferiu-se para São Paulo em 1924, onde foi secretário da
revista Arquivos da Polícia Civil de São Paulo, órgão da Secretaria
de Segurança, em São Paulo, atuou na Revista do Brasil, de Mon-
teiro Lobato, e, na imprensa diária, nos jornais: Gazeta, onde diri-
giu A Gazeta Infantil, (SP), O Estado de São Paulo, Jornal do Co-
mércio e nas revistas Comentário, Revista Oriente e A Época.
Bebedouro
894
Silencioso lhe molhando o olhar.
895
criação da UFAL, da qual foi fundador e professor catedrático de
História e professor emérito. Fundador, ainda, do Centro Universi-
tário de Brasília - CEUB, do qual foi professor nas cadeiras de His-
tória Geral e História do Brasil. Durante certo período ocupou a
Presidência do Conselho Estadual de Educação. Em 1971, o Papa
Paulo VI concordou com sua Reductio Ad Statum Laicum, tendo,
então se casado com a professora Andréa Maria Coelho da Paz de
Medeiros Neto. Entre as suas obras estão Versos e Rima, 1941
(poesia); História do São Francisco, Maceió, Casa Ramalho, 1941.
896
Terra de Tilixi e Txiliá – Palmeira dos Índios nos Séculos XVIII e
XIX” foi outro livro escrito por Luiz Torres, em 1975, e que lhe
deu uma Menção Honrosa, por seus méritos como historiador, pelo
Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Em 1984, o Instituto
Joaquim Nabuco, de Pernambuco, concedeu-lhe a Medalha de Mé-
rito, por seus relevantes serviços prestados à cultura nordestina e
brasileira. Em 1987, recebeu da Fundação Teatro Deodoro o Méri-
to Cultural, face aos seus préstimos de benemerência a essa entida-
de. Em 1991, lança mais uma obra: “Visão Social do Evangelho”.
Dois livros de Luiz Torres foram lançados in memoriam: “Roteiro
Sentimental de Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios”, em
parceria com o também palmeirense Ivan Bezerra de Barros, em
1992. Luiz Torres deixou várias obras concluídas, mas não publi-
cadas: “Eu e o Amor”; “Socorro, não quero ser padre”; “O Catoli-
cismo e sua influência em Palmeira dos Índios”; “Estou Baleado,
me acudam”; “Vereadores e Prefeitos desde 1838”; “Jornais Pal-
meirenses desde 1865”; e “A cidade do Amor”, onde narra a lenda
da fundação de Palmeira dos Índios.
897
por um período de dois anos (1932-1933), secretariou a Comissão
de Folclore. Concluiu o curso de Ciências Jurídicas e Sociais pela
Faculdade de Direito do Recife em 1935, mas dedicou-se ao estudo
da Antropologia e da Sociologia. Em 1939, radicou-se no Rio de
Janeiro e trabalhou na Secretaria Geral do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Exerceu o cargo de Diretor Geral
do Departamento Estadual de Estatística dos Estados do Espírito
Santo (1940) e de Alagoas (1942). Em 1945, foi eleito membro da
Comissão Nacional de Folclore do Instituto Brasileiro de Educa-
ção, Ciência e Cultura (IBECC), órgão da Unesco. Entre 1958 e
1979, exerceu o cargo de Diretor do Centro Latino-Americano de
Pesquisas em Ciências Sociais e do Departamento de Ações Cultu-
rais do Ministério da Educação. Foi professor de Antropologia
Cultural e Antropologia no Brasil e diretor do Departamento de
Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Sua maior obra é O bangüê nas Alagoas, traços da in-
fluência do sistema econômico do engenho de açúcar na vida e na
cultura regional (1949).
898
imagens vindas de Portugal; escravos sadios e fortes, outros doen-
tes e maltratados ou ainda emancipando negros bons que serviam
com dedicação; engenhos indo à praça por dívidas; outros sendo
vendidos por não podendo mais os seus senhores mantê-los”.
899
fora o doutor Jorge de Lima, o qual lhe ministrou, a conta-gotas,
que o modernismo não era injeção de meras invencionices e insa-
nidades.
900
Diário da Noite e, em seguida, funda com Orlando Lins o Instituto
Maceioense. Destacou-se também como jornalista, poeta, roman-
cista e historiador, sendo eleito Deputado Estadual na legislatura
de 1921 a 1924. Era sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográ-
fico de Alagoas e membro da Academia Alagoana de Letras. Autor
de vasta obra literária.
MILTON HÊNIO
901
Psicológico da Criança, e Atualização sobre Pneumopatias. Parti-
cipou de diversas Jornadas Alagoanas de Pediatria, de Jornadas
Brasileiras de Pediatria, de Congressos Brasileiros de Pediatria, É
membro da Associação Médica Brasileira, da Sociedade Médica de
Alagoas, da Sociedade de Pediatria de Alagoas, da Academia
Americana de Pediatria. Sócio do IHGA, desde 1991, onde ocupa a
cadeira 43, da qual é patrono Aníbal Falcão Lima. Obras: Medicina
e Vida, Maceió, SERGASA, 1991; Pequeno Dicionário de um Pe-
diatra, Maceió, Ed. Catavento, 1999; Sempre aos Domingos, Ma-
ceió, Ed. Catavento, 2001; Sempre aos Domingos 2. Crônicas,
Maceió, Imprensa Oficial e Gráfica Graciliano Ramos, 2006. Tem
mais de 500 artigos, publicados na A Gazeta de Alagoas sobre as-
suntos relacionados com a criança em seus mais variados aspectos.
902
“ratos” de alfarrábios. Desde lá nunca houve outra reedição. O ro-
mance é também um verdadeiro libelo que mistura lirismo e o res-
gate histórico de Domingos Fernandes Calabar, em que o autor
reconstrói – batalha por batalha – a vida e morte do herói alagoano.
Romeu penetra no manancial histórico, nos arquivos, nos pontos
de vista antagônicos, e o mais importante: ele percorreu os locais
onde foram travadas as guerrilhas, e mostra com precisão de deta-
lhes cada movimento das tropas, do começo ao fim do livro, do
começo ao fim da guerra. Da primeira batalha até a última, quando
Calabar foi capturado e decapitado.
Livro proibido
903
um clarividente que se antecipou à revolução histórica e liberal do
Brasil”.
Jornalista e biógrafo
904
Santa Rosa, entre outros. No jornalismo, Valdemar tornou-se o
primeiro crítico literário, e o pioneiro como colunista diário do
jornalismo impresso, pelo ‘O Jornal’, de Assis Chateaubriand,
onde por duas décadas manteve a coluna ‘Jornal Literário’. A
ligação de Valdemar com o jornalismo começou cedo, aos 16
anos, quando ocupou o cargo de redator do Jornal de Alagoas e
depois da Gazeta de Notícias. Nomeado secretário da prefeitura
de Maceió aos 20 anos, não deixou o jornalismo de lado. Pelo ór-
gão da Arquidiocese ‘O Semeador’, liderou em 1924, em Maceió,
a Semana de Arte Moderna, da qual participaram, entre outros,
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Carlos Paurílio, Aluísio
Branco e Lourenço Peixoto.
905
Notícias. Zé Lins, inclusive, foi um dos seus grandes amigos, prin-
cipalmente na capital carioca, companheiro no ‘Sabadoyle’, en-
contro de intelectuais na casa de Plinio Doyle; ou nas partidas de
futebol do Flamengo, paixão em comum dos dois rubro-negros. No
ano seguinte, em 1934, voltou ao Nordeste, convidado para assu-
mir o Diário de Pernambuco como secretário de redação, no Reci-
fe. Dois anos mais tarde voltou para sua terra natal, onde dirigiu
a Gazeta de Alagoas, de Maceió. Valdemar também foi membro
honorário da Academia Francesa de Letras e levantou, em 1965, o
Prêmio Jabuti, como Melhor Crítica com o Noticiário Literário,
além do consagrado Prêmio Machado de Assis, da Academia Bra-
sileira de Letras (ABL), principal premiação literária no país,
além do prêmio Estácio de Sá de Literatura em 78, entre outros.
Membro da Academia Alagoana de Letras (AAL), onde ocupou a
cadeira 32, publicou em 1960 o seu único livro, ‘Jornal Literário’,
pela José Olympio. O acervo de mais de 80 mil títulos, herança de
sua vida dedicada à literatura e ao jornalismo, foi doado à biblio-
teca da Casa de Rui Barbosa, em Botafogo.
906
possíveis” (Editora Hedra), é doutora em literatura brasileira pela
USP e pós-doutoranda no IEB-USP, conseguiu um feito nunca
antes alcançado: o acesso à coleção completa da revista Novidade,
no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGA), e fez um
apurado estudo sobre a coleção.
907
Afetuosamente, Graciliano Ramos se refere a Valdemar e a
outros companheiros do tempo da Novidade como “meninos pela-
dos”, em uma analogia a seu livro de literatura infantil “A terra dos
meninos pelados”, que escreveu lodo depois de deixar a prisão, no
Rio de Janeiro. A revista Novidade circulou com 24 edições de
dezesseis páginas, de 11 de abril a 26 de setembro de 1931, com
periodicidade semanal. A revista Klaxon, de São Paulo, a primeira
revista modernista, de Mário de Andrade, Oswald de Andrade,
Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, dentre outros, durou nove
números (1922), e A Revista, de Belo Horizonte, de Carlos
Drummond de Andrade, Emílio Moura, João Alphonsus, Pedro
Nava, Abgar Renault, publicou três números (1925-1926).
908
fabetismo, a política personalista, a necessidade de reforma da
Constituição”.
Graciliano Ramos
José Lins do Rego
Jorge de Lima
Murilo Mendes
Álvaro Lins
Aurélio Buarque de Holanda
Santa Rosa Júnior
Valdemar Cavalcanti
Alberto Passos Guimarães
Carlos Paurílio
Aloísio Branco
Manuel Diégues Júnior
Raul Lima
IB GATO (1914-2008)
909
sua obra literária. Forma-se na Faculdade de Medicina da Bahia
(1935) e regressa a Maceió, onde a partir de 1936 é médico do
Pronto-Socorro. Professor-fundador da Faculdade de Medicina de
Alagoas, da qual foi catedrático de Clinica Cirúrgica. Foi secreta-
rio de Saúde e Assistência Social (1961/65) no governo Luiz Ca-
valcante, desenvolveu um programa de construção de habitações
populares. Secretário de Planejamento do Governo Lamenha Filho
(1967), quando presidiu o Conselho de Desenvolvimento Econô-
mico do Estado. Secretário de Saúde e Serviço Social no governo
José de Medeiros Tavares. Sócio do IHGA, empossado em 1949
na cadeira 3, da qual é patrono Osório Gato. Membro da AAL,
tendo sido eleito seu presidente em 1998, sendo reeleito sucessi-
vamente. Entre 1970 e 1974 foi Diretor da Escola de Ciências Mé-
dicas, sendo hoje professor emérito da instituição, como também
da UFAL.
910
o Brasil estava lançado na Guerra do Paraguai. Bacharelou-se na
Faculdade de Medicina da Bahia. A obra mais conhecida de To-
maz Espíndola é Geografia Alagoana Descrição Física, Política e
Histórica da Província das Alagoas, ainda em edição tipográfica de
1871. Uma das melhores análises feitas desse político e intelectual
alagoano é do memorialista Félix Lima Júnior, nos 80 anos de nas-
cimento de Espíndola, em 1969, quando falou durante o sepulta-
mento do corpo de Espíndo, na sacristia da Catedral Metropolitana
de Maceió: “Tomás Espíndola foi um homem austero, culto, bri-
lhante, de aprimorada educação, convivendo com os mais destaca-
dos elementos da sociedade alagoana, que o estimavam e o respei-
tavam. Estudioso de tudo quanto se referia e interessava a nossa
terra. Morreu serenamente, com a consciência tranquila, pois cum-
prira na Terra e, dedicado, servira a sua pequena província”.
911
hoje, tem seus limites precisamente esquadrinhados graças aos
contínuos trabalhos de campo do mestre Ivan. Ele, que a bordo de
uma antiga Rural e depois num jipe, percorreu cantos e recantos de
todos os 102 municípios alagoanos. Formado em Direito e em Ge-
ografia e História (licenciatura e bacharelado) pela antiga Faculda-
de de Filosofia de Pernambuco, Ivan Fernandes Lima não se limi-
tou à sala de aula. O ex-professor do colégio Marista do Recife, do
Lyceu Alagoano, do Colégio Batista e da Universidade Federal de
Alagoas (Ufal) sempre trilhou as subidas e descidas das serras ala-
goanas em paralelo ao percurso pedagógico. Foi ele quem sistema-
tizou os mapas de Alagoas. Toda essa divisão em mesorregiões foi
ele quem iniciou. Entre inúmeras notas, cartilhas didáticas e artigos
científicos, dois livros de Ivan Fernandes Lima merecem ser desta-
cados. O primeiro, Maceió - A Cidade Restinga - é uma obra ex-
tremamente técnica sobre a formação geomorfológica da cidade,
lançado em 1961, que serviu de tese para a admissão do geógrafo
como professor no tradicional Lyceu Alagoano: e o clássico Geo-
grafia de Alagoas, livro didático lançado em 1965, veio como uma
obra geográfica de porte. Ampla e abrangente, e foi utilizada como
base para o ensino da geografia de Alagoas nas escolas da rede
pública da década de 60.
912
MULHERES ESCRITORAS
E POETISAS
913
Dicionário Mulheres de Alagoas ontem de hoje, de Enaura
Quixabeira Rosa e Silva e Edilma Acioli Bomfim, Edufal 2007
914
Filha de Graciliano Ramos e Heloísa Ramos, Clara Ramos
deixou Maceió em 1937, quando foi morar com a mãe no Rio de
Janeiro. Aos 11 anos publicou seu primeiro livro, “Uma garota fala
dos grandes”. Trabalhou como jornalista no Correio da Manhã e na
Rádio Globo. Em 1979, lança sua grande obra “Mestre Graciliano:
Confirmação humana de sua obra”, pela Civilização Brasileira.
Clara ficou conhecida também pela briga que travou contra a famí-
ia, por achar que o livro do seu pais Memórias do Cárcere tivera
capítulos aduterados pelo Partido Comunista, a que Graciliano fora
militante (1945). Com esses capítulos nas mãos, Clara travou uma
briga pública com o resto da família. Na ocasião, o jornal O Estado
de S. Paulo publicou uma reportagem com o título: “As memórias
que Graciliano não escreveu”. Clara acusava a mãe, Heloísa, e o
irmão Ricardo de ter permitido a interferência na obra do pai. Co-
brava deles a entrega dos outros capítulos manuscritos. Clara mor-
reu em 1993, aos 71 anos, sem ter se reconciliado com os familia-
res. Ela ainda acreditava que o livro fora alterado pelos comunis-
tas.
915
Professora, museóloga, escritora e administradora cultural.
Alagoana de Penedo, Cármem Lúcia Dantas formou-se Museolo-
gia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez Mestrado em
Literatura, na UFAL. Tem uma vida dedicada a cultura alagoana e
é uma das mentes privilegiadas do Estado. É membro do Instituto
Histórico e Geográfico de Alagoas, mas é considerada a madrinha
do Museu Théo Brandão, da UFAL, por tê-lo recuperado em ape-
nas dois anos, após passar 14 anos fechado, devido a inércia de
gestores públicos. Tendo Penedo como memória efetiva, uma ci-
dade de majestosos casarões, um verdadeiro museu a céu aberto,
ingressou no curso de Museologia, na Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Retornando à Alagoas, especializou-se em História do
Brasil e fez mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade
Federal de Alagoas (UFAL). Enveredou pelo caminho do magisté-
rio e notabilizou-se pela especial proficiência com que lecionou
História da Arte, na UFAL. Trabalhou no Departamento de Assun-
tos Culturais da Secretaria de Educação de Alagoas (DAC), junta-
mente com a diretora Solange Chalita, realizaram o 1° Festival de
Cinema de Penedo e o Festival de Verão (arte) de Marechal Deo-
doro. Cármen Lúcia recebera convite do Reitor da UFAL, Rogério
Moura Pinheiro, para recuperar o Museu Théo Brandão. Aceitou o
desafio e exerceu com êxito a missão. Conseguira recursos para
restauração do prédio, instalação do acervo e a manutenção do
Museu.
916
sobre a história e a cultura alagoana - posso afirmar que a perso-
nalidade desta mulher se faz sentir com vigor na Alagoas contem-
porânea. Penedense extremamente orgulhosa de suas raízes, da
mesma forma que glorifica seu estado natal. Como educadora e
intelectual, tem uma vida multiforme e rica. Dá uma contribuição
ímpar para as artes e a memória alagoana”.
917
em 2007, ocupando a cadeira 137, cujo patrono é o contista Breno
Accioly. Edilma lançou recentemente mais uma edição do livro
Razão Mutilada - Ficção e Loucura em Breno Accioly, de 2005.
ABC das Alagoas, Francisco Reinaldo Amorim de Barros,
edição do Senado Federal, 2005
ENAURA QUIXABEIRA
918
a obra “Lúcio Cardoso - Paixão e Morte na Literatura Brasileira”,
como sendo o seu trabalho mais acabado.
IZABEL BRANDÃO
919
livro, “As Horas da minha Alegria”, em março de 2014, onde con-
ta em versos sua vivência por onde passou, ela crava sua paixão
por Alagoas.
920
Em 1972, recebe a medalha e diploma do IHGA pelos serviços
prestados à coletividade. Membro da AAL, tendo ocupado a ca-
deira 07. Sócia do IHGA, onde toma posse em 1968, na cadeira 14,
sendo patrono, Romeu de Avelar. Tem trabalhos publicados pela
Academia Goiana de Letras. Sócia do Grupo Literário Alagoano,
da AAI, da Federação Alagoana pelo Progresso Feminino. Obras:
A Europa É Assim, Maceió, Imprensa Oficial, 1963, prêmio da
AAL (viagem); São Miguel dos Campos, Maceió, DEC, Série Es-
tudos Alagoanos, 1964; Discursos Acadêmicos, Maceió, Imprensa
Oficial, 1965, (discursos); Camões, O Gênio da Raça, 1976, (en-
saio); Castro Alves, o Lírico, 1979 (ensaio).
921
posse em 1994, na cadeira 14. Membro da AAL onde ocupou a
cadeira 12. Membro, ainda, do Grupo Literário de Alagoas e da
Associação Alagoana pelo Progresso Feminino, da qual foi vice-
presidente. Academia Brasileira de Letras (sócia-correspondente);
Pen Club do Brasil (sócia-correspondente); Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos Femininos.
922
sa, da Universidade de Nancy. Em seu discurso de posse na Aca-
demia, em 1984, ela preconizou o que o mundo passa hoje, como
se o passado fosse o presente.
923
Literário Alagoano. Consócia do IHGA, empossada em 1984 na
cadeira 47. Membro da AAL, na cadeira 21. Membro, ainda, do
Conselho Estadual de Cultura, da AAI e da Academia de Letras e
Artes do Nordeste Brasileiro. Obras: Poemas da Vida Real, prefá-
cio de Carlos Moliterno, Maceió, SERGASA, 1973; Contos do
Vale de Jacarecica, capa de Pierre Chalita, Maceió, SERGASA,
1979, prêmio Romeu de Avelar, 1979 (contos ); Félix Lima Jr. - O
Amigo dos Estudiosos, Maceió, 1984 (biografia ); Major Bonifácio
Magalhães da Silveira, o Homem do Governo e o Homem do Povo
Anotações de Sua Neta, (biografia); Memórias de uma Colegial,
Maceió, SECULT/SERGASA, 1993; Mandacarus, nota introdutó-
ria de Heloísa Marinho de Gusmão Medeiros, capa de Marisa Gat-
to, Maceió, SERGASA, 1987 (contos). Em certo período foi res-
ponsável pelo Suplemento Literário do jornal A Gazeta de Alago-
as. Escreveu, ainda, critica literária para aquele jornal e para o Jor-
nal de Alagoas. Com O Grito, participou do livro Contos Alagoa-
nos de Hoje, São Paulo, LR Editores Ltda, 1982, seleção, prefácio
e notas de Ricardo Ramos e ilustrações de Pierre Chalita, e com
este mesmo conto, de Os Contos de Alagoas - Uma Antologia, de
Antônio S. Mendonça Neto, Maceió, Ed. Catavento, 2001. Escre-
veu, por vários anos, crônicas dominicais na Gazeta de Alagoas,
tendo, no mesmo jornal, dirigido a Gazeta Literária. É uma das
alagoanas citadas no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras
(1711-2001) de Nely Coelho.
924
LUITGARD DE OLIVEIRA BARROS
925
artigo “As contribuições de Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros
para os estudos do universo social e cultural do sertão nordestino,
2011”, em Perspectiva Sociológica.
LEDA ALMEIDA
926
mente com Sandra Lúcia dos Santos Lira, ilustrações de Ênio Lins
e Tiago Amaral, Maceió, Catavento, 1998; Rupturas e Permanên-
cias em Alagoas. O 17 de Julho de 1977 em Questão, Maceió, Ed.
Catavento, 1999, prêmio da AAL, 2000. Entre outros.
SIMONE CAVACANTE
927
sar no que é dito sobre a importância da leitura para a criança e
saber do que se desenvolve em Alagoas nesta importante área cul-
tural”.
ROMANCE ALAGOANO
928
da referência sobre romance escrito por alagoano situa-se entre
1869 e 1870. Disputam a primazia o Mendigo, assinado por um
presumível João Dionísio, e Isaura, de Antonio Duarte Leite da
Silva (1870). Em seguida, uma sucessão de ficcionistas surgiu na
literatura local, tendo a maioria deles, nos fins do século XIX, ins-
pirados no romantismo e publicado em capítulos nos jornais. Em
1886, a Tipografia Mercantil editou em Maceió, reunindo em vo-
lume único os fragmentos publicados em jornal, em 1885, do pri-
meiro romance de costumes alagoanos, A Filha do Barão, de Pe-
dro Nolasco Maciel. Na ficção alagoana do século XX, de seu ini-
cio aos dias atuais, encontram-se as mais diversas tendências,
desde realismo, naturalismo, regionalismo, modernismo, até as
técnicas narrativas contemporâneas. A poesia alagoana passou a
ter um número maior de cultores a partir da segunda metade do
século XIX. Românticos, simbolistas ou parnasianos, estes poetas
deixaram seus versos em jornais ou enfeixados em pequenos volu-
mes, editados pelas tipografias locais. Pode se dizer que este con-
junto de regionalistas representou para a história literária de Ala-
goas uma época de apogeu”.
929
“Quem pensar que, em Alagoas, a mina da ficção secou de-
pois que Graciliano morreu – e secado por não ter dado o máximo
-, está muito enganado. O velho Graça foi grande, não das letras
alagoanos, mas das letras brasileiras. Dada a sua estatura excep-
cional, é claro que não serve como parâmetros. Mas há valores
expressivos, trabalhando na noite, enrustidos por timidez ou o que
for, como com receio de dar na vista, mas que estão a merecer a
atenção dos observadores literários. Os romances alagoanos são
feitos, em sua maior parte, usando como material e barro humano
do Nordeste rural, brigas de clãs, lutas políticas, desespero dos
pobres diabos, E contando sua longa história numa linguagem de
autêntico sabor nativo. Rica a substância folclórica”.
930
O Último Senhor de Engenho, A.S. Mendonça, 1986
Angústia, Graciliano Ramos, Record 1936
O tigre dos Palmares, Adalberon Cavalcanti Lins, 1978
Curral Novo. Aldalberon Cavalcanti Lins, 1958
Sidrônio. Adalberon Cavalcanti Lins.1962
Caminhos Incertos. Adalberon Cavalcanti Lins, 1976
Mandacarus, Ilza Porto, 1989
Padre Eutanásio, Luiz Lavenere, 1921
Calabar, Romeu de Avelar, 1938
Procissão dos Miseráveis, Luiz B. Torres
Povóa Mundo, Dirceu Lindoso, 1980
A família rubro. J. Costa Filho, 1980
Adélia Magalhães
Anselmo Carlos Chagas
Ari Lins Pedrosa
Audemário Lins
Alice Plancherel
Bruno Cavalcanti
Benilda Guimarães
Beto Brito
Carlos Nealdo
Fernando Bastos
Fernando Coelho
931
Fernando Lira
Gal Monteiro
Isvânia Marques
Joanita Cardoso
Jorge Calheiros
Margarida de Mesquita
Mariquinha
Maria Angélica Silva
Maria Cecília Lustosa
Octávio Cabral
Odilo Rios
Pablo de Carvalho
Petrucia Camelo
Rosalvo Acioli
Regina Barbosa
Regina Dulce Lins
Regina Marques
Ricardo Cabús e a poesia no varal
Ruth Vasconcelos
Sidney Wanderley
Siloé Amorim
Selma Jardim
Taina Costa
Tchello d´Barros
Vanessa Alencar
Weber Salles
Yara Falcon
932
SÉCULO XX: LIVROS SEMINAIS
933
equivalente ao Ministério da Educação, onde de 1974 a 1979 pro-
moveu grandes avanços culturais, também no seu estado. O livro O
Banguê teve sua primeira edição lançada em 1949, e que teve mais
duas edições reeditadas pela Ufal. Manuel sofreu críticas por ser “o
maior e único discípulo de Gilberto Freyre, cuja influência é o
ponto frágil da obra”. Mas quem escreveu o prefácio foi mesmo o
sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. “O (livro) Banguê é tão
largo que é quase como se incluísse tudo que, na história das Ala-
goas, é socialmente importante. Pois da história da gente alagoana
se pode generalizar, como do passado do carioca, que é a história
de uma gente quase anfíbia. Apenas do lado das águas já amoro-
samente tão estudadas por Octávio Brandão”. Gilberto Freyre, no
prefácio da edição de O Banguê das Alagoas, Edufal – 1978. A
Universidade Federal de Alagoas lançou, em 2012, a terceira edi-
ção de O Banguê pela Coleção Nordestina. A edição foi organiza-
da e apresentada pelo professor Elco Verçosa.
934
Prefácio do professor Elcio Verçosa na 3ª edição do livro
Banguê das Alagoas, Coleção Nordestina Ufal, 2012
935
Entrevista de Sávio Almeida ao jornalista Lelo Macena, em
Gazeta de Alagoas – 27/11/2005
A Utopia Armada
936
Folguedos Natalinos
937
Terra das Alagoas (1922)
938
uma Maceió feérica, ruas movimentadas, casarões, rios e praias. O
romance se passa em um só dia, com personagens inesquecíveis,
que viviam em Maceió nos anos 40, durante o Estado Novo de
Getúlio Vargas. Veja o que Lêdo falou sobre seu próprio romance,
em instigante entrevista do autor à jornalista Milena Andrade, em
2010.
939
“Num dos portões do Mercado Municipal aos domingos, o
doutor Raiz, xingando o “homem da cobra”, concorrente perigo-
so, no centro de um círculo e futuros fregueses, fazia propaganda
e suas misturas maravilhosas, suas garrafadas, suas ervas e raízes
infalíveis para qualquer doença, da lepra, à dor de barriga, da
“espinhela caída” ao câncer. Muito compenetrado, com ares de
verdadeira sumidade “soltava o verbo”.
940
autora. "Reside aqui a preciosidade da obra deste escritor curioso
que tanto se aproxima da linguagem etnográfica: no detalhamento
do cotidiano, na busca pelo dado direto, de primeira mão, mas que
não descuida da investigação junto a outras fontes: jornais, por
exemplo, fotografias, folhetos publicitários de campanhas políti-
cas, documentos. Etnógrafo no estilo e na curiosidade. Intuitivo na
metodologia. Grandemente afeito às observações diretas, Félix
Lima Jr. manteve-se sempre atento a objetos que somente na se-
gunda metade do século XX ganharam expressividade com a cha-
mada nova história cultural, uma história antropológica, atenta a
uma história das mentalidades, dos odores, da moda, dos compor-
tamentos enfim, que informam as realidades culturais de sujeitos
inseridos num tempo e num espaço específicos". Maceió de Outro-
ra, v. II, obra póstuma, texto selecionado e apresentado por Rachel
Rocha, Maceió, EDUFAL, 2001.
941
este mesmo trabalho foi publicado no então Jornal do Comércio do
Recife.
“(...) Para isso, não tenho olhado nem dinheiro, nem fadi-
gas, fazendo até hoje 33 excursões, numa das quais andei 30 e
tantas léguas a pé em três dias e meio - um saco às costas e um
bordão aos ombros, em trajes de vagabundo ou farroupilha, to-
mando apontamentos sobre tudo quanto os nossos olhos viam,
galgando serranias, mergulhando no âmago dos chapadões, ir-
rompendo pelos matagais, afundando nos boqueirões bravios, de-
safiando as maretas lagunares em fúria, dormindo ao relento com
o lençol do frio e o docel das estrelas no azul, através de mil aci-
dentes e mil vicissitudes, na ânsia de - bandeirante moderno -
querer escrever um másculo poema de energia sobre-humana da
exaltação lírica, de sonho impetuoso e de realismo profundo e
cheio esta minha alma de uma fé tão alta e de uma esperança ta-
manha que para ultrapassá-las só encontro a fé dos Apóstolos
942
quando, pelo mundo, partiram a espalhar a Boa Nova e a espe-
rança que ilumina a alma dos velhos navegadores quinhentistas”.
943
dissolveu o Congresso (sic) irrequieto e gestos de desprendimento
quando declarou aos seus partidários – “Não quero aumentar o
número de viúvas e de órfãos em meu país. Mandem chamar o
Floriano. Não sou mais presidente da República e vou pedir a re-
forma (aposentadoria). E aquele gesto dera origem à revolta de 23
de novembro de 1891, chefiada pelo intrépido almirante Custódio
José de Melo. E Floriano Peixoto, chamado ao poder no caráter
de vice-presidente, encontrando a nação explorada pelos pedago-
gos (sic), teve que usar da manopla de aço e sustentar a Repúbli-
ca... Passou a história a sua célebre resposta aos revoltosos, como
havia de receber a esquadra inglesa caso ela viesse até nós: “À
bala!”.
944
“os mais belos versos que a gente pode ler em português”. Um
raro exemplar publicado é a reedição facsimilada - obedecendo à
paginação e ao formato original da edição inicial - pela Sergasa,
gráfica oficial do Governo, em 1953, no centenário de Nascimento
do poeta. Com um precioso detalhe a menos. Nos originais, con-
feccionado por uma tipografia carioca, os desenhos e ilustrações,
feitos pelo autor, foram coloridos a lápis por Hidelbrando de Lima,
irmão mais novo de Jorge, nosso maior poeta. Curta no Youtube
uma versão impecável do poema O Mundo do Menino Impossível,
com a leitura dos versos pelo ator alagoano Chico de Assis, e mon-
tagem e edição de Marco Aurélio e Rubem Pablo Suassuna.
A DIÁSPORA LITERÁRIA
945
sos Guimarães, Octávio Brandão e tantos outros. Teria alguma
explicação para o fato? O cronista e jornalista alagoano Luiz No-
gueira Bastos, apresentou um apontamento categórico sobre o as-
sunto, na Revista da Academia Alagoana de Letras, em 1999, nú-
mero 17, nos 80 anos da instituição.
946
MEMÓRIA SOCIAL
947
Bruno César Cavalcanti, antropólogo e professor, em Revis-
ta Graciliano, no 9, 2001, em Memória Cultural
JORNALISTAS PIONEIROS
948
lismo alagoano naqueles tempos, os pioneiros já brilhavam nas
redações dos jornais da capital da República, na época, o Rio de
Janeiro, como conta em seu livro Alagoas na Idade Mídia, um dos
mais importantes jornalistas alagoanos José Marques de Melo –
primeiro professor do ensino superior de Jornalismo no Brasil.
949
O jornalista alagoano José Aldo Ivo (1932-2017) foi um
homem de batente no jornalismo, até sua morte. Aos 85 anos, ele
ainda trabalhava. O jornalista dedicou 67 anos de sua vida ao exer-
cício da profissão e foi um dos responsáveis pela proposta de criar
o curso de jornalismo na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Aldo Ivo tinha oito irmãos, dentre eles o escritor alagoano Lêdo
Ivo, e deixou cinco filhos, nove netos e quatro bisnetos. Estudou
na escola estadual Dom Pedro II, na Praça Deodoro. ”No colégio
eu já fazia um jornalzinho na máquina de escrever batendo como o
dedinho, toda semana eu fazia como se fosse um boletim então eu
já nasci com o dom”. O tempo passou e ele estava da mesma for-
ma, simples. O jornalista não dirigia, não tinha computador e nem
celular, andava de ônibus e de táxi e continuava exercendo as suas
atividades profissionais no jornal semanário Tribuna do Sertão, de
Palmeira dos Índios, onde fazia a editoria de Turismo, e na asses-
soria da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea). No
Jornal de Alagoas conquistou sua primeira carteira assinada, de-
pois de trabalhar sem remuneração, em 1949. O Jornal de Alagoas
já pertencia aos Diários Associados do magnata da imprensa Assis
Chateaubriand, e foi fundado em 1908, pelo jornalista Luiz Silvei-
ra. Mas teve um fim melancólico, como relata Aldo Ivo.
950
que começou a ser impresso no Diário de Pernambuco (da mesma
rede de Chateaubriands) e sem a oficina, ele começou a cair. O
Jornal de Alagoas quando eu cheguei tinha um diretor era o Dr
Ulisses Braga Júnior, naquela época, comprava caminhões, carre-
tas de bobina e o cheque ia primeiro que as bobinas”.
951
Aliás o ataque era todo botafoguense, inclsive o que entrou no
lugar do Pelé:Amarildo”.
952
de partida.Você pode dizer que antes e depois de Herzog. E antes
e depois de Herzog, passa pelo sindicato dos jornalistas de São
Paulo, passa pelas redações de São Paulo e passa pelas redações
de todo Brasil. Uma coisa curiosa, quando a nossa diretoria foi
eleita, em 75, foi o primeiro movimento de oposição sindical no
Brasil vitorioso. Que havia tentativas mas, os sindicatos estavam
absolutamente sobre controle do regime e não podiam se mexer. O
nosso sindicato, ao denunciar o assassinato lá do Herzog, teve
uma participação que você pode considerar hoje como um capítu-
lo da história recente do país. É bom a gente falar no caso Herzog
e dizer alguma coisa. O Vladimir Herzog era um jornalista de ori-
gem Iugoslava, judeu, muito competente, era um intelectual e que
em 1975 em setembro, assumiu a direção de jornalismo da TV
Cultura, TV Educativa de São Paulo. Ele assumiu isso no momen-
to em que estava em marcha uma operação de caça aos comunis-
tas, antes tinha sido a luta armada e naquele momento era o pes-
soal do partido comunista brasileiro. E ele foi um dos doze jorna-
listas presos, sequestrados em São Paulo dentro desse processo”.
953
“Minhas lembranças (de Alagoa) são aquelas lembranças
de criança, que tem um valor muito grande. Depois voltei aos dez
anos, mais ou menos, fiquei mais dois anos lá, e definitivamente
fui para São Paulo. Então quase toda minha formação é em São
Paulo. Mas você perguntou de rádio, é uma coisa curiosa, acho
que foi a primeira referência que eu tive da notícia, foi via rádio e
via leitura de jornal por terceiros, não minha. Um farmacêutico
local chamado Daniel Pimentel, nunca vou esquecer, a única far-
mácia do lugar, no final de tarde ele reunia os amigos na calçada,
pegava a Gazeta de Alagoas, o Jornal de Alagoas, e lia as notí-
cias. Isso era na época da segunda guerra, 1944/43 por aí. E ele
lia as notícias de uma maneira muito curiosa, parecia locutor de
rádio, dizia: “Moscou” ou “As tropas russas”, daí interpretava.
“Berlim”, “Londres”, e eu ouvia aquelas notícias, uma maravilha
pra mim. Foi o primeiro contato que eu tomei com a notícia de
jornal que tinha um aspecto até importante no sentido da imagina-
ção. Ficava imaginando que é que é isso, o que que é guerra, o
que que é Moscou, o que que é Paris, Londres, entendeu?”.
954
ores em sua profissão. O mestre Graça foi sua grande influência
literária e jornalística. Audálio leu Graciliano aos 14 anos.
955
em Alagoas, onde aportou em 1976, para trabalhar no Jornal de
Alagoas, da rede dos Diários Associados. Como repórter investiga-
tivo, viveu épocas de sufoco - no cenário de bang-bang que marcou
Alagoas nos anos 1970, do sindicato do crime e da “guerra” entre
Calheiros e Omenas -, e de brilho, com o reconhecimento nacional
na série de dez reportagens que fez para a Tribuna de Alagoas
(1979) sobre polêmicos estudos que apontavam para a existência
de petróleo no estado. A matéria lhe rendeu prêmios e obrigou a
Petrobras – que antes o boicotava - a abrir seus arquivos sobre a
abundância do óleo no nosso litoral. Entrevistou personagens de
primeira grandeza como o arcebispo dom Hélder Câmara e o líder
estudantil Vladimir Palmeira no auge da luta de ambos pela demo-
cracia no Brasil. Conviveu, com personagens polêmicos como o
ex-secretário de Segurança, Coronel Amaral (“bandido bom é ban-
dido morto”) e Henrique Omena, o Cabo Henrique. Tudo isso com
direito a ameaças – já viveu sob escolta da polícia, e a absoluta má
vontade das autoridades, que, muitas vezes, não lhe relatavam a
verdade dos fatos, tendo que ir buscá-la no garimpo de documentos
e testemunhos. Profissional de talento plural, Dresch permeou sua
trajetória em todos os meios de comunicação.
CORRESPONDENTE DE GUERRA
956
Janeiro, o general participou de todas as revoluções que ocuparam
as páginas da história de 1930 para cá – em etapas difíceis de lutas
internas e externas, e até luta entre irmãos brasileiros. Como tenen-
te do Exército, Carvalho foi para o front, comandou pelotões e re-
latou – como um correspondente de guerra – o que se travou na
Revolução Constitucionalista de 1932, no Vale do Paraíba, São
Paulo, na luta contra os paulistas sublevados que enfrentaram o
presidente Getúlio Vargas. O livro Diário de um Soldado foi es-
crito em pleno teatro de operações da guerra, entre 14 de julho e 2
de outubro. Uma semana após seu retorno das trincheiras, o oficial
de Transmissão, tenente Mário de Carvalho Lima, mostra toda sua
versatilidade e estreia como correspondente de guerra, na série
“Diário de um Soldado na Revolução Constitucionalista de 1932”,
publicada na primeira página do Jornal de Alagoas em 31 edições,
de 05 de novembro a 20 de dezembro.
Notícias do front
957
“26 de julho. Ao atravessarmos um trecho da estrada para
Engenheiro Passos, onde se achava a nossa frente de combate, no
início da marcha, já ouvíamos tiros das metralhadoras. Fomos
recebidos à bala. Foi terrível a travessia: tiros para todos os la-
dos. Felizmente, no homem a homem, conseguimos transpor as
linhas inimigas. No final, ouvi de um soldado: Ah que vida horro-
rosa meu Deus! Era o nosso batismo de fogo... A princípio a notí-
cia não foi muito bem recebida, pois no meio de nossos soldados
havia mais de 80 homens que nunca tinha pegado em um fuzil.
Porém, o brasileiro é soldado por natureza”.
958
“Conta-se que o presidente Getúlio Vargas, à hora do café,
não dispensava a leitura do editorial e do artigo assinado por
Costa Rego no “Correio da Manhã”. Getúlio Vargas, na própria
expressão do jornalista, era um de seus “assuntos”, e o presiden-
te, apesar de sua enorme soma de poder, temia as reportagens do
eminente alagoano. E mais ainda as opiniões, a ironia que a pena
de Costa Rego imprimia no papel”.
959
“Iniciei, como é de domínio público, uma repressão siste-
mática aos bandidos. Para começá-la, tive naturalmente que en-
frentar alguns desgostos, lutando contra a mentalidade da minoria
que domina os centros rurais. Em consequência, instrui as autori-
dades no sentido de procurarem, onde estiverem, detendo-os: os
criminosos processados e quase sempre foragidos nos engenhos e
fazendas, com a proteção velada ou ostensiva, dos diretores e pos-
suidores de estabelecimentos desta natureza”.
CRONISTAS SOCIAIS
960
Renato, e os técnicos Jacques Mesquita, Miguel Correia de Olivei-
ra e Luiz Gonzaga lançam o Centro Regional de Anúncios Falados,
na verdade era um serviço de alto-falantes. Era um automóvel
“OpeI” pintado de azul, com duas cornetas de alto-falante, que
divulgava anúncios, músicas e informações de utilidade pública.
Josué Júnior foi cronner e mestre de cerimônia nas festas produzi-
das pelos clubes de elite da época, como o Fênix Alagoana; e or-
ganizou os concursos de Miss Alagoas, chegando muitas vezes a
acampanhar a vencedora para o Hotel Quitandinha, no Rio de Ja-
neiro, onde disputava-se a final da escolha da Miss Brasil.
961
da vida das celebridades do grand monde alagoano. Não esquecia o
aniversário de ninguém. Era amiga de toda classe dominante do
Estado. Começou a escrever aos 15 anos, com o apoio do já então
consagrado colunista José de Sousa Alencar (1926-2015), o Alex,
alagoano de Água Branca, mas que fez sua carreira no Recife.
962
de Alagoas a coluna “Sociedade com Lilian Rose”. As crônicas
foram reunidas no livro “Sociedade Alagoana”, lançado em 1991,
que chegou à 12ª edição, e se transformou em seu livro mais ven-
dido. A jornalista se tornou multimídia com programas de TV. Fo-
ram 53 anos de atividade. As irmãs Palmeira, Maria José e Cândi-
da formaram o fino da crônica social. Elas foram duas jornalistas
que dedicaram sua vida ao Colunismo Social. Maria José faleceu
aos 74 anos de idade, com 53 anos de atividade de jornalismo soci-
al, marcando posição como membro da Associação Alagoana de
Imprensa e da Academia Maceioense de letras. Maria José deixou
herdeiros na profissão, seu filho Leo Palmeira – seu blog no portal
da Gazeta recebeu o prêmio de melhor colunista social em 2015,
em São Paulo, no Clube Sírio Libanês, das mãos de uma celebri-
dade, o cirurgião plástico Ivo Piranguy.
963
Alagoas. Durante vários anos, entidades reconheceram, por meio
de comendas, o trabalho e a importância intelectual do colunista.
964
editor de O Semeador, órgão da Arquidiocese de Alagoas. Mas
quase troca a igreja por uma morena carioca.
965
encerrei a minha carreira de redação. Passei pelo Jornal de Ala-
goas, como redator, depois fui pra o Diário de Alagoas, levado
pelo Floriano Ivo, irmão do Lêdo Ivo e do Aldo Ivo, me levou pra
lá, era o jornal do Muniz Falcão, jornal de oposição, eu terminei
me notabilizando como editorialista de oposição porque eu man-
dava cacete no governo. Como aquela história: tem governo? Sou
contra. E eu fiquei com esse rótulo de anti-governista”.
O integralismo em Alagoas
966
Não cheguei a casar, mas, morei com uma menina, no Rio de Ja-
neiro, quando fui prá lá. Passei um tempão, fui jornalista, lá eu
entrei na imprensa e fui professor, eu comecei a ensinar em cursi-
nhos lá, eu era professor de filosofia, eu fui professor de primeira
aqui em Alagoas, publicou uma apostila completa de filosofia para
vestibular, e essa apostila, anos depois se transformou em um li-
vro, e havia carência de professor de filosofia”.
967
era poder conviver com o senhor, como no tempo que ao lado da
família o senhor parecia o Zorro da minha infância. Ele quase
morre. Ele não tinha mais barba, mas ele recorria muito à barba,
ao cavanhaque e disse: - Puta que pariu! eu vou te botar na Aca-
demia Brasileira de Letras. Tá empregado. Você quer ganhar
quanto aqui?”.
968
“Daqui a pouco foi bala, eu nunca tinha ouvido na vida um
tiro, e ouvi milhares de tiros de uma vez só. Rajada, bala , fuzil, aí
eu percebi que o exército subiu no prédio da Delegacia Fiscal,
eles estavam atirando para Assembleia. E vi quando um rapaz,
jovem ainda, de terno branco, pulou a janela da Assembleia e caiu
na marquise e houve alguma coisa com a perna dele que ele não
se levantou mais. Depois eu vim saber que foi o jornalista Marcio
Moreira Alves da revista O Cruzeiro E vi também saiu a pessoa,
depois eu soube, era o deputado Carlos Gomes de Barros, que
levou uma rajada no pescoço. O senador Teotônio Vilela, levou
um tiro na mão. A morte do deputado Humberto Mendes, eu vi
quando saiu alguém deitado já. Eu pensei que fosse né? Foi o pri-
meiro que saiu. Foi ele. Aí que começou a confusão, e foi uma coi-
sa horrorosa, foi uma coisa que... aquilo não pode existir mais
né?”
969
abril de 1964 –, descortinou um novo cenário, o da luta social e do
marxismo. Começou cedo seus trabalhos jornalísticos, como ele
mesmo costuma dizer; e fez dessa atividade um ponto de difusão
da sua produção intelectual, ainda muito jovem. Hoje podemos
afirmar que Dirceu Lindoso pertence a uma tradição de intelectu-
ais que tiveram no jornalismo de esquerda e operário, o caminho
primeiro de uma virtuosa carreira intelectual, como percebemos
ter também acontecido com Octavio Brandão, Alberto Passos
Guimarães, Jayme Miranda, Aylton Quintiliano, Bercelino Maia e
André Papini Góes. A primeira contribuição com a imprensa veio
em forma de artigo publicado no Diário de Pernambuco, que teve
como tema a obra de Josué de Castro que viera a Maceió a convi-
te dos estudantes da Faculdade de Direito falar sobre o problema
da fome.
No front do jornalismo
970
lis. Esse incansável intelectual jamais deixou de influir e contribuir
com qualquer espécie de publicação, mas foram, talvez, as publi-
cações do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) – de circula-
ção nacional, como o jornal do Comitê Central Voz da Unidade –
onde colaborou semanalmente por quase uma década de maneira
ininterrupta –, e as revistas Problema da Paz e do Socialismo e
Novos Rumos, essa última publicação do Instituto Astrojildo Pe-
reira.
971
editorial -, no caso de Dênis ficar de alerta no jornal da família
Collor, a Gazeta de Alagoas. Liderou a categoria nos enfrentamen-
tos e negociações salariais. Participou da criação do piso nacional
de jornalista, como diretor da Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj). Estudou Medicina na Universidade Federal de Alagoas
(Ufal). Em 1973, foi preso e torturado em Recife. O que motivou a
sua prisão e de outros estudantes em Alagoas foi o fato de ser um
líder estudantil e militante clandestino do Partido Comunista Revo-
lucionário (PCR) Denis Agra morreu na flor da idade, aos 42 anos,
depois de lutar contra um câncer. A coragem de Dênis vem de sua
própria força interior, ele vence suas guerras com a palavra e a
verdade.
Confissões de um intocável
972
A caneta Bic azul do editor da revista Última Palavra, jorna-
lista Dênis Agra, deslizava com rapidez e estilo pelas laudas bran-
cas tipo A4, no front de mais uma reportagem. A do último coro-
nel, a do intocável da polícia, e tantas outras páginas que aponta-
ram para o caminho das pedras das Alagoas. De sua lavra já saíram
reportagens de grande repercussão: a última entrevista do coronel
Elísio Maia, na revista Última Palavra é de tirar o chapéu. Entre as
respostas da velha raposa foi “eu prefiro o ferrão que o boi”. A
entrevista com o ex-delegado de Polícia e secretário de Segurança
Pública de Alagoas, Rubens Quintella (1930-2012), foi considera-
da "bomba" na época, em agosto de 1988. Era uma daquelas tardes
calorentas, no amplo terraço da casa de Quintella, onde Dênis, e os
jornalistas da UP, Roberto Vilanova, Joaldo Cavalcante, fazia o
policial passar por uma saraivada de perguntas. O velho Rubens
jurou inocência sobre casos insolúveis e nunca desvendados – nes-
se tempo eram fortes a ligação da própria polícia com o crime or-
ganizado e a pistolagem. Ele assumiu que usava instrumentos de
tortura para arrancar confissão dos presos como o caso do tanque
para afogamentos em sua delegacia, motivo pelo qual o policial foi
afastado no governo Muniz Falcão, que mandou destruir o tanque.
"Não se pode fazer isso com suspeito, mas eu fazia até mesmo co-
mo laboratório de pesquisa e concluí que a única coisa que libera
a pessoa humana é a presença da morte, devido ao instinto de
conservação. Dá certo em 90% dos casos e nunca morreu nin-
guém. Os marginais acabavam confessando”. Leia a seguir tre-
chos da entrevista “bomba” com Quintella.
973
UP- Existe sindicato do crime organizado em Alagoas?
Quintella - Nunca existiu esse sindicato. Antigamente, os fa-
zendeiros eram amigos e se reuniam. Existia amizade e ajuda, in-
clusive financeira. O que existia eram favores entre os coronéis da
Guarda Nacional.
UP- E quem criou essa imagem do Sindicato do Crime?
Quintella - Quem criou foi o Silvestre Péricles (ex-
governador). Já o Arnon de Mello (ex-governador e pai de Fer-
nando Collor) criou a imagem de violência em Alagoas Como ti-
nha influência na imprensa do Sul, todo crime em Alagoas tinha
grande repercussão. Essa imagem do alagoano violento, bandido,
quem criou foi o Arnon. Já a de marajá, de que alagoano é ladrão,
foi o Fernando Collor.
UP - O senhor já foi baleado alguma vez?
Quintella - Nunca fui baleado, é Deus que me protege
UP - O que o senhor acha da Justiça alagoana?
Quintella - É arcaica, inoperante. A sociedade cresceu mui-
to e a Justiça continua a mesma. Temos que ter uma Justiça seme-
lhante à americana.
UP- O senhor é contra ou a favor à pena de morte?
Quintella - Para o delinquente do crime hediondo, que mata
para roubar, sequestrar crianças, estuprar menores, sou favorá-
vel. Um indivíduo desses tem que morrer. E tem que ser de forma
sumária.
974
confirmou a versão mais “apressada” do assassinato de Paulo Cé-
sar Farias, o PC, que teria sido assassinado pela sua namorada Su-
zana Marcolino.
975
cupou, também, com os trabalhadores. É um tipo de jornalista que
está acabando”.
976
num dos artigos sobre Graciliano Ramos: `a morte interrompe
apenas a convivência física, o ideal permanece vivo”.
977
“Freitas deixou grandes contribuições como combatente
pelas liberdades públicas, como defensor dos movimentos sociais,
como sindicalista, como militante socialista e como parlamentar
que deu exemplo na luta contra a corrupção, as desigualdades
sociais e a violência política em Alagoas”.
GRACILIANO NO JORNALISMO
978
O romancista Graciliano Ramos (1892-1953) dedicou-se à
literatura, à política e ao ensino, mas também era um grande jorna-
lista. Com 12 anos, em Viçosa, escreve seus primeiros textos. Foi
lá onde nasceu de fato a verve de escritor e jornalista, quando co-
nheceu o agente dos Correios, intelectual e dono da maior bibliote-
ca da cidade, Mário Venâncio. Além de professor de Geografia,
Venâncio era editor do periódico O Dilúculo (A Tarde), de publi-
cação bimensal. Graciliano trabalhou até o fechamento do jornal,
um ano depois, com a morte Venâncio. Em 1909 inicia sua colabo-
ração no Jornal de Alagoas, sob vários pseudônimos, Almeida Cu-
nha e Lambda. Em Palmeira dos Índios, Graciliano também cola-
borou como cronista de O Índio, assinando com o pseudônimo J.
Calixto. Em agosto de 1914, aos 22 anos, embarca para o Rio de
Janeiro no vapor Itassupê, e continua sua carreira de jornalista co-
mo revisor dos jornais cariocas Correio da Manhã, A Tarde, O Sé-
culo, e o periódico fluminense Paraíba do Sul, e na revista Dom
Casmurro. Em uma carta ao pai, Sebastião, mestre Graça parece
decidido em procurar emprego na imprensa, descartando qualquer
outra coisa, como comerciário ou no serviço público.
979
Do livro Cartas, Editora Record, 1980, com desenhos de
Portinari, em Carta ao Pai, Sebastião Ramos , aos 22 anos
980
nas. Quando, há alguns anos, desconhecidos, encolhidos e ma-
gros, descemos as nossas terras miseráveis, éramos retirantes, os
flagelados da literatura. Tomamos o costume de arrastar os pés no
asfalto, frequentamos as livrarias e os jornais, arranjamos por aí
ocupações precárias e ficamos na tripeça, cosendo, batendo, gru-
dando ... Enfim as sovelas furam e a faca pequena corta. São ar-
mas insignificantes, mas são armas”.
981
Deodoro) atuou apenas quando o Íris foi renomeado para O Fede-
ralista Alagoense.
982
de ter circulado o último número do jornal, o editor e redator foi
atingido por tiros de pistola, saindo ferido no peito e com mais de
doze caroços de chumbo no corpo. Voltou para Recife imediata-
mente. Auxiliado pelo advogado pernambucano Felix José de Me-
lo e Silva, quem assume a editoria do jornal é um dos líderes dos
liberais alagoanos, padre Afonso de Albuquerque Melo, que passa
a ser o primeiro jornalista alagoano.
983
se Rachel de Queiroz – que passou um bom tempo morando em
Maceió – Jorge de Lima, e tantos outros mestres.
984
Formação dos craques-meninos
985
do Museu dos Esportes Edvaldo Alves Santa Rosa, idealizado e
mantido pelo jornalista e historiador Lauthenay Perdigão, profis-
sional que conheci pessoalmente e que impressionou pela dedica-
ção ao trabalho que realiza em favor da preservação das tradições
e nomes do nosso esporte, em todas as modalidades”.
986
O professor José Marques de Melo (1943-2018), considera-
do um dos maiores pesquisadores de comunicação do Brasil foi o
primeiro doutor em jornalismo titulado por uma universidade bra-
sileira e participou ativamente de momentos marcantes da história
do ensino de Jornalismo no Brasil. Durante sua rica trajetória inte-
lectual, contribuiu com a formação de inúmeros pesquisadores e
publicou dezenas de livros que se tornaram referências para as
áreas de jornalismo e comunicação. Nascido em Palmeiras dos
ìndios, Alagoas, em 1943, José Marques de Melo iniciou sua car-
reira acadêmica em 1966, em Recife, como assistente do Professor
Luís Beltrão. Logo em seguida transferiu-se para São Paulo onde
fundou em 1967, o Centro de Pesquisas da Comunicação Social,
mantido pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, então vincu-
lada à Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Em
1994, atendendo a um convite do reitor da Unicamp, Professor
Carlos Vogt, José Marques de Melo, ajudou a fundar o Laboratório
de Estudos Avançados em Jornalismo – Labjor – projeto decisivo
para a existência deste Observatório da Imprensa. Como jornalista,
José Marques de Melo ganhou um prêmio Esso Regional por uma
reportagem publicada no Jornal do Commercio de Recife, em
1965, sobre a desativação de ramais ferroviários no Nordeste após
o golpe de 64. Trabalhou também como repórter e colaborador em
publicações de Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Brasília, Rio
Grande do Sul e Rio de Janeiro.
987
Em 1977, idealizou e foi um dos fundadores da Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Inter-
com). Exerceu a presidência da entidade em três mandatos. José
Marques de Melo idealizou também a Rede Alfredo de Carvalho –
que, depois, se tornaria a Alcar (Associação Brasileira de Pesqui-
sadores de História da Mídia) – e inspirou intelectualmente redes
nacionais e internacionais, como Lusocom e Folkcom. O professor
José Marques de Melo formou gerações de jornalistas e de pesqui-
sadores acadêmicos, orientando uma centena de pós-graduandos,
dos quais 72 mestres e 28 doutores. Em 2014, o projeto Memórias
da USP fez uma entrevista com o professor onde ele relembra os
fatos mais marcantes de sua trajetória.
988
moldou a sua vida como jornalista e político. Mendonça Neto ficou
conhecido como “A voz que não se cala”, devido ao seu persistente
combate aos ladrões de colarinho branco. Ele dedicou boa parte de
sua vida à luta contra a corrupção e em defesa da moralidade pú-
blica.
989
repórter, colunista, chefe de redação e fez coberturas em todo o
país. Sua fama correu, trabalhou na revista O Cruzeiro e Manchete,
onde realizou grandes reportagens como as eleições norte-
americanas de 1968. Entrevistou personagens e celebridades naci-
onais e internacionais como Elis Regina, Tom Jobim, Mané Gar-
rincha, Jânio Quadros, JK, Francisco Julião, Chico Buarque, Char-
les Aznavour, Cláudia Cardinalle, Richard Nixon, Leonel Brizola,
Ulisses Guimarães. Entre muitos outros personagens.
990
tudo, sobretudo papel. Quando me via rabiscando garatujas na-
quelas folhas, fazia uma advertência paternal. Nos intervalos do
trabalho, contava-me histórias dos dicionários, do seu amor a eles
e de sua angústia de não saber se conseguiria quem bancasse a
primeira edição. “Sou um simples professor, não aguento tocar
isto sozinho”, me dizia. Um dia, iria chegar a editora Nova Fron-
teira, de Carlos Lacerda, e fazer do Aurélio o dicionário mais po-
pular da história do Brasil. Mas até este dia, o combustível do
mestre Aurélio era a fé absoluta no que fazia”.
991
balho vai em cima das camadas mais simples. A popularidade que
ele alcançou era impressionante. As pessoas colecionavam os re-
cortes. Era fácil vê-los em barbearias e oficinas”, diz o jornalista
Ênio Lins, no Diário Oficial do Estado.
992
cife (PE), e diretor da sucursal da lendária revista O Cruzeiro. Teve
uma grande história também o rádio alagoano. Gouveia se aposen-
tou pelo Banco do Nordeste, onde também fez carreira, como as-
sessor de Comunicação, em Fortakeza (CE). Rodrigues de Gouveia
é reconhcedo também pela sua veia literária, autor de livros e fun-
dador da Associação Alagoana de Imprensa.
993
De origem simples, o jornalista e desembargador Antônio
Sapucaia da Silva é filho ilustre do Pilar, de onde saiu também
Arthur Ramos e Costa Rego, grandes nomes de Alagoas, ambos
biografados por Sapucaia em livros. Iniciou sua carreira quando foi
nomeado juiz em oito de março de 1971 e depois atuou nas comar-
cas de Água Branca, Colônia Leopoldina, Viçosa, Atalaia. Mas
antes de seguir no Direito, foi escriturário da loja Mesbla e jorna-
lista. Antônio Sapucaia pertenceu a uma geração aguerrida, de
muita luta política e profissional, na convivência diária da Casa
dos Estudantes, pelos idos de 1967/1968, com nomes que ganha-
ram peso histórico como os jornalistas Tobias Granja, Albérico
Cordeiro, Josenildo Carvalho, Cícero Canuto, Pedro Teixeira. Sa-
pucaia fez carreira na Gazeta de Alagoas, e tornou-se, junto Eduar-
do Menezes, o primeiro copidesque da imprensa alagoana. “Não
tinha esse tipo de redator nos jornais de Alagoas, o modelo foi
trazido pelo Leopoldo Collor de Mello do Jornal do Brasil, onde
trabalhava”. Na Gazeta ele chegou a função máxima do jornalis-
mo, a de secretário de redação. Antonio Sapucaia é o autor da mais
completa biografia sobre o jornalista e ex-governador de Alagoas,
Costa Rêgo.
O índex de Arnon
994
plo, em determinado período, o Dr. Arnon de Mello dizia olhe, o
nome de fulano de tal não pode sair nesse período. Por exemplo, o
do governador Lamenha Filho, vamos dar um exemplo... em deter-
minados períodos. Arnon de Mello era senador e vinha sempre a
Maceió, ele gostava demais da Gazeta e dava total assistência. Saía
do aeroporto direto para redação e lá se juntava a todos nós, era de
uma simplicidade extrema. Mas, havia essas coisas, questões políti-
cas né? E, eu encontrei certa dificuldade com relação a isso. Porque
eu na realidade era funcionário público estadual e tinha esse empe-
cilho. Eu recordo, permita-me esse parêntese aí, quando as vezes eu
vinha despachar... eu fui secretario de Administração no Governo
Lamenha Filho. E uma das vezes ao despachar ele disse...”Eu sei
que meu nome está proibido de sair no jornal, não é? Eu dizia “não
Governador, não é nada disso”.
995
ção foi através do nome de Costa Rêgo. Costa Rêgo foi a minha
fonte de inspiração e minha base de vocação. Naquela época era
o maior jornalista do Brasil, ombreando-se com Assis Chateaubri-
and, Macêdo Soares, Prudente de Moraes Neto, todo aqueles no-
mes de maior vulto do jornalismo brasileiro, estavam ao lado de-
le”.
996
“Foi o seguinte. Primeiro começou com jornalismo, ele era
um jornalista altamente conceituado no Brasil. Era um homem que
tinha intimidade com Getúlio Vargas, pois trocavam charutos,
essas coisas - eram fumadores inveterados de charutos. Rêgo man-
tinha uma coluna no Correio da Manhã ( o maior jornal brasileiro
da época, seria O Globo depois) e criticava abertamente Getúlio
Vargas, mas, eram amigos. Então veja o seguinte. Com esse pres-
tígio dele o então governador da época era Fernandes Lima, e
acharam que podia ser o nome indicado para governar Alagoas,
mesmo porque ele defendia muito o Estado de Alagoas e as políti-
cas locais. Além disso, era um homem de alta dignidade, isso tam-
bém contava bastante. É incrível, na época existia isso, hoje está
desaparecendo aos poucos, gradativamente. Mas, havia um Costa
Rêgo no Brasil naquela época. Ele chegou até a me contar que foi
cogitado pra ser candidato à presidência da República, na época
em que esteve bem próximo do Getúlio Vargas, chegou a ser cogi-
tado o nome dele e tal. Era um homem de alto destaque e deu-se o
seguinte. Ele então foi convidado pelo Fernandes Lima pra vim
governar Alagoas. Aceitou e veio como candidato único, ele go-
vernou de 1924 a 1928”.
997
carro, um jeep, dirigido pelo Moura, pai da nossa amiga Elza
Moura, que trabalhou na Gazeta durante muito tempo. E o Moura
ia ao aeroporto, não esperava que chegasse nas bancas, e ia apa-
nhar os jornais diariamente: o Globo principalmente, Folha de
São Paulo, O Estado de São Paulo, ele apanhava esses jornais
principais do Brasil, e quando chegava, nós recortávamos as ma-
térias principais, substituíamos os títulos e colávamos com goma
arábica e a tesoura. Eram dois instrumentos indispensáveis na
redação”.
Discurso de desabafo
998
Operação taturana
999
gerações. O maior deles chama-se Valmir Calheiros. Ele nos dei-
xou, em março de 2014, ou encantou-se, chegando lá como fazia
aqui, todos os santos dias. Lá vinha ele, camisa arregaçada, testa
franzida e acentuada, óculos girando entre a mão e o bolso: “Seu
cara”... A alegria, o bom papo, a grande pauta fluía. No final, Val-
mir ainda estava no batente, com mais de 50 anos de jornalismo, e
em seus quase 70 anos de vida, como profissional da Organização
Arnon de Mello, onde ocupava as funções de editorialista e repór-
ter especial do Jornal Gazeta de Alagoas.
O começo, em Atalaia
1000
sa foi é que minha matéria estava na manchete da página. Aí eu
fiquei gostando daquilo. Mandei um artigo, mandei o segundo,
mandei o terceiro e começou a serem publicados pelo Carvalho Ve-
ras, que era o organizador da página dos Municípios do Jornal de
Alagoas”.
1001
política estudantil, ao mesmo tempo da Gazeta de Alagoas.
Nessa época, surgiram outras pessoas também. Que depois
seriam jornalistas, o José Marques de Melo, primeiro doutor
em jornalismo do Brasil, Bezerra e Silva - a primeira pessoa
que começou a escrever sobre as façanhas de Lampião em
Alagoas - Ivan Barros, saiu daqui foi para o Rio onde traba-
lhou nas revistas O Cruzeiro e Manchete; Hélio Teixeira, pa-
dre Abelardo Pereira; Francisco Rocha, da Academia Alago-
ana de Letras: o Rubens Cavalcante, Juarez Oliveira, Juarez
Ferreira, Antonio Sapucaia, Zito Cabral. Sem demérito para
os demais, a maior geração de jornalistas, de talentos, foi dos
anos 1950 e 1960, como as maiores gerações de homens de
letras nesse país, eu reputo o grupo que surgiu nos anos
1920 e 1930 em Alagoas. O Jorge de Lima, Aurélio Buarque
de Holanda, Graciliano Ramos, que com 11 anos de idade já
escrevia para o Jornal de Alagoas, agora sob pseudônimo.
Na década de 50, quando estava começando o jornalismo
profissional, tudo era mais romântico, porque era poeta
quem escrevia, era advogado quem escrevia, depois foi que
veio a profissionalização.
1002
passava lá o jornaleiro Gatinho, ele era galego, baixinho, vendendo
a Voz do Povo. Era o jornal do Partido Comunista, que seria dis-
solvido pela polícia, pela Polinter em 64. A Voz do Povo fazia ba-
rulho, era vendido em Fernão Velho, o jornal mais dirigido aos
operários. Eu tirava dinheiro da minha mãe as escondidas pra
comprar a Voz do Povo. Fazia isso pra duas coisas, era pra com-
prar o jornalzinho e não perder uma matinal”.
Reportagens e causos
1003
assim na variante que vai para Capela, Cajueiro, aquele meio de
mundo. Aí o Oséias sente sede e disse Valmir, vá pegar um coco de
água pra mim ali. A gente chama coco, é aquele vasilha de água,
coisa e tal e cheguei lá disse moço, me arranje um pouco d’água.
Aí o velhinho tava assim, aí disse: Jane Altman vá buscar água
para o moço. Ao mesmo tempo ele pergunta: Ô Jane, cadê o Roy
Rogers, aí a menina respondeu e saiu... Achei que era uma brinca-
deira. Aí comecei a puxar conversa, peraí seus filhos tem nome de
artistas... Quais os nomes deles? Tem o Rocky Lane, Billy Elliot...
E meninas? Também tem nome de artistas? Tenho três que traba-
lham aqui no roçado... Sofia Loren, Gina Lollobrigida e Lauren
Bacall”.
MEMÓRIAS POLÍTICAS
1004
blico em Atalaia, Coruripe e Penedo. Ainda no sélculo IXX foi
deputado estadual (1890-1891 e 1895-1896), prefeito de Penedo
(1895-1897), deputado federal (1892-1893 e 1897-1899, e senador
(1903-1905, 1906-1908 e 1921-1926). Sua sobrinha-neta, Rosane
Collor, foi a primeira-dama do Brasil entre 1990 e 1992, durante o
governo Collor de Mello. O ciclo político de domínio dos Malta
finalizou em 1912. Na oposição estava Fernandes Lima, que lan-
çou como candidato ao governo o general Clodoaldo da Fonseca.
O afastamento definitivo de Euclides Malta só se dará na década
de 1930, e muitos de seus seguidores permaneceram na ribalta do
poder.
1005
pou das campanhas pela Abolição e depois retornou ao Estado de
Alagoas, onde iniciou sua vida política. Foi deputado estadual na
legislatura 1893-1894. Eleito deputado federal na gestão 1894-
1896, destacou-se pela oposição à oligarquia dominante, chefiada
por Euclides Malta. Sua candidatura foi favorecida pela nova ori-
entação do governo federal, então chefiado pelo presidente Hermes
da Fonseca (1910-1914), que passou a intervir em alguns estados,
inclusive com o afastamento de seus governantes, no que ficou
conhecido como “política das salvações. Em março de 1918 foi
eleito e reeleito governador de Alagoas, permanecendo no exercí-
cio do governo até 1924, quando tomou posse o novo governador
Pedro da Costa Rego. Contra a tese de que o desenvolvimento de-
veria ser feito da capital para o interior, durante seu governo lan-
çou o slogan “Rumo aos campos”, buscando interiorizar sua ação
administrativa.
1006
Lima esteve nos bastidores políticos de Alagoas de 1892 a 1930.
De forma infeliz, Fernandes Lima se envolveu em um episódio
inolvidável da história brasileira. Em 1º de fevereiro de 1912, co-
mo vice-governador, autorizou milícias armadas e guardas pesso-
ais a invadir e quebrar casas de culto afro-brasileiras, espancando
seus praticantes e destruindo objetos sagrados de culto. No chama-
do Dia do Quebra de Xangô, um dos episódios mais tenebrosos da
história de Alagoas e do Brasil, um dos atos mais violentos de into-
lerância e violência religiosa e racial. Historiadores, antropólogos,
doutores da história do negro, em uníssono, apontam para o forte
protagonismo de Fernandes Lima, até mesmo como mentor políti-
co da Liga dos Republicanos Combatentes – uma liga de clube que
reunia militares - “viabilizada e autorizada” por Fernandes - que
saiu pelas ruas de Maceió para “manter a ordem”, “moralizar os
costumes”, depois da vitória nas eleições.
1007
O romancista Graciliano Ramos falou sobre Fernandes Li-
ma, em 1930, em que lhe deu o codinome de Macobeba – um
monstro mitológico - em duas crônicas escritas para o Jornal de
Alagoas, publicadas no livro Garranchos (editora Record, 2012)
organizado pelo escritor e biógrafo de Graciliano, Thiago Mio Sal-
la. (Record, 2012). Em Nota no livro o autor assinala que o políti-
co tratado no artigo, em chave alegórica, como Macobeba, seria
Fernandes Lima, que na época perdera a eleição para Costa Rego,
e alegava que a votação teria sido marcada por fraudes.
1008
tro imensos olhos vermelhos como quatro grandes brasas vivas.
Era mais feio que o cão”. Nota do livro Garranchos Textos Inédi-
tos, organização Thiago Mio Sallo.
1009
SINIMBU: MONARQUISTA CONVICTO
1010
o ator teatral Paulo Gracindo. Depois de ser juiz em várias comar-
cas em Alagoas e no Pará, retornou a Maceió como catedrático de
História Geral do Brasil no Liceu Alagoano e exercendo, simulta-
neamente, intensas atividades profissional, literária e política. Foi
prefeito de Maceió, secretário de Estado por duas vezes, deputado
estadual e federal. E mais: diretor secretário do Banco do Nordeste
do Brasil, com participação na gestão... Não aceitava nossos re-
creios na Praça Rosa da Fonseca, hoje desaparecida, a mim pesso-
almente, tracionava-me pelo pescoço para retorno às aulas do
Lyceu, a nos dizer com o seu vozeirão, que lugar de aluno é na sala
de aula. Fui um dos últimos alunos de sua cátedra, nos idos de
1926.
1011
eminente que enriquecia as ruas de Maceió, e era um canal de
segurança e liberdade”.
1012
ça, numa questão de júri com o Dr. Ciridião Durval, esse falou
que, nem um milagre de São Benedito, fazia o o promotor arrancar
provas a ele. Provocado, falou sobre a figura do santo negro, e de
seus milagres por mais de uma hora, prendendo a atenção do audi-
tório de maneiria espetacular.
1013
Tribunal Superior Eleitoral vota pelo cancelamento do registro, sob
pressão do governador eleito, Silvestre Péricles.
1014
MELLO MOTTA: ÉTICA NA POLÍTICA
1015
FREITAS CAVALCANTI: POLÍTICA NACIONAL
1016
Por Divaldo Suruagy
1017
Nas eleições de 1970, após tentar a reeleição para o senado
pela Guanabara (hoje Rio de Janeiro), Aurélio Vianna foi impedi-
do pelo Tribunal Superior Eleitoral por ter título de eleitor regis-
trado em Alagoas. Volta para Maceió e tenta permanecer no Sena-
do, mas é derrotado. Como senador integrou as comissões de As-
suntos da Associação Latino-Americana de Livre Comércio e do
Mercado Comum Europeu, do Distrito Federal, dos Projetos do
Executivo, Relações Exteriores, entre outras. Ao fim do seu man-
dato, passa a representar a UFAL e a UFPE, em Brasília. Aurélio
Vianna ainda foi professor em Maceió. Ensinou no Colégio Batista
Alagoano e na UFAL, como professor titular da cadeira de História
da Antiguidade e Idade Média. Faleceu em Brasília no dia 21 de
março de 2003.
1018
Diário de Notícias, Diários Associados, Diário Carioca e em O
Jornal. Em 1936 assumiu a direção da Gazeta de Alagoas e foi
membro do conselho diretor da Associação Brasileira de Imprensa.
Após o fim do Estado Novo ingressou na UDN e foi eleito suplen-
te de deputado federal em 1945. Por esta legenda foi eleito simul-
taneamente deputado federal e governador de Alagoas em 1950,
optando por este último cargo, onde cumpriu um mandato de cinco
anos. Retornou à vida política sendo eleito senador em 1962, in-
gressando na Arena após a decretação do bipartidarismo pelo Re-
gime Militar de 1964. Reeleito pelo voto direto em 1970 foi recon-
duzido ao mandato como senador biônico em 1978. Ao falecer
estava filiado ao PDS, no qual ingressou em 1980.
1019
quando foi eleito deputado federal. Foi eleito governador de Ala-
goas em 1955 para um mandato de cinco anos. Como governador
sofreu um processo de impeachment, deflagrado por opositores.
Em 13 de setembro de 1957 foi marcada a votação do impedimen-
to, entretanto um novo confronto onde houve um morto e muitos
feridos de parte a parte, que fez suspender a sessão. A gravidade do
fato foi levada ao presidente Juscelino Kubitschek que decretou
intervenção federal no estado em 15 de setembro e no dia 18 os
deputados estaduais aprovaram o impedimento do governador que
foi substituído pelo vice-governador Sizenando Nabuco. Incon-
formado, Muniz Falcão foi ao Supremo Tribunal Federal que o
repôs no cargo em 24 de janeiro de 1958.
1020
Jogo do bicho financia obras sociais
1021
tudo de forma equacionada e com muito rigor. Tenho guardado
todos os canhotos, para que depois não dissessem que me locuple-
tei com o jogo do bicho. Queria e fiz uma carreira com dignidade,
honradez e respeito".
1022
or. Inaugurou obras importantes como o Estádio Rei Pelé, o Mata-
douro Frigorífico de Satuba, além de implantar a Escola de Ciên-
cias Médicas, a Fundação TV Educativa. Em 1974 colocou seu
nome à disposição da Arena, partido do Governo Militar, como
candidato ao Senado, mas foi preterido em função da candidatura
de Teotônio Vilela.
1023
O economista Divaldo Suruagy, nascido em São Luís do
Quitunde, em 1937, e que faleceu em março de 2015, governou o
estado de Alagoas por três vezes,: 1975-1978; 1983-1986 e 1995-
1997. Suruagy entrou na história mais por sua queda, no episódio
provocado pela revolta do servidores - em 17 de julho de 1997-
pelas condições em que estavam, salários atrasados em até cinco
meses. É segundo político alagoano que mais tempo ficou na vida
pública no Estado: 40 anos. O recorde é de Visconde de Sinimbú,
que passou por todos os cargos no Império. Funcionário público
municipal junto à prefeitura de Maceió, trabalhou como servente,
auxiliar de escritório e escriturário até se formar em Economia pela
Universidade Federal de Alagoas em 1959, e a seguir chefiar a
Divisão de Impostos Prediais e Territoriais. Foi presidente da Cen-
tral de Abastecimento e da Companhia de Silos e Armazéns de
Alagoas, tornou-se afilhado político do governador Luiz Cavalcan-
ti que o nomeou secretário de Fazenda, cargo ao qual abdicou para
disputar e ser eleito prefeito de Maceió em 1965, naquele que seria
o último pleito direto durante vinte anos.
Primeiro mandato
1024
ônico", pelo presidente Ernesto Geisel em 1974, e sua gestão como
chefe do executivo assegurou sua eleição para deputado federal em
1978.
Segundo mandato
Terceiro mandato
Queda de Suruagy
1025
rio. Desesperados, muitos servidores cometeram suicídio depois de
seis meses sem receber salário, militares e civis se uniram em um
combate armado nas proximidades da Assembleia Legislativa de
Alagoas, que estava protegida pelas tropas do Exército. Houve
quebra-quebra nas ruas e, finalmente, aconteceu a queda do gover-
nador Suruagy.
1026
em 1985, se filiou ao PFL e foi eleito presidente nacional do parti-
do em 1986. Disposto a recuperar seu capital político foi eleito
prefeito de Maceió em 1988, mandato ao qual renunciou em 1990
quando foi eleito para o seu segundo mandato como senador.
ONALDO E A RIO-NITERÓI
1027
2006 e 2010. Nasceu em berço político, como filho do “menestrel”
Teotônio Vilela, símbolo nacional da luta pela redemocratização e
pela anistia. Formado em economia pela Universidade de Brasília,
com especialização em Administração de Empresas pela Fundação
Getúlio Vargas. Teotonio estreou na política como o mais jovem
senador da República, aos 35 anos, em 1986. Dois anos depois,
1988, ele foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia
Brasileira, o PSDB. Entrou para a história política de Alagoas co-
mo o único político do estado a ser eleito, por três vezes consecuti-
vas, para o Senado: 1986, 1994, 2002 e legislou até o final de
2006. Já no primeiro mandato, destacou-se como uma das 100 ca-
beças pensantes do Congresso Nacional, por sua atuação durante a
elaboração da Constituição de 1988.
1028
tado de Alagoas. É filho do sena-dor Renan Calheiros, com Maria
Verônica Rodrigues Calheiros. Em outubro de 2014, foi eleito em
primeiro turno governador de Alagoas com 52,16% dos votos váli-
dos.
OUTRAS MEMÓRIAS
1029
governador Muniz Falcão, durante tiroteio na Assembleia Legisla-
tiva. Em setembro de 1957, Márcio foi enviado pelo jornal carioca
Correio da Manhã para cobrir a crise política existente no estado
de Alagoas, onde a Assembleia Legislativa deveria se reunir para
decretar o afastamento do governador Muniz Falcão, acusado do
assassinato de um deputado oposicionista (até hoje nunca prova-
do). Durante essa sessão, a Assembleia alagoana foi invadida, tra-
vando-se um tiroteio entre os deputados, no qual Márcio Moreira
Alves foi baleado. Mesmo ferido conseguiu enviar a matéria, na-
quele tempo um telegrama, ao seu jornal, ganhando, com essa co-
bertura, o prêmio Esso de reportagem de 1958.
1030
Cheguei às 6 da manhã de hoje, acompanhando o presiden-
te da UDN. Imediatamente saímos a tomar contato com o ambien-
te político de Maceió, onde se vivia momentos de expectativa. O
Palácio do Governo estava vazio de povo e cheio de homens ar-
mados. O governador movimentou a cidade durante toda a manhã.
A partir do meio dia passou a receber em Palácio. Às 15 horas a
Polícia Estadual formou em frente ao edifício da Assembleia. Os
deputados da oposição se encontravam no recinto. Às 15:10 horas,
deputados situacionistas liderados pelo deputado Claudenor Lima,
subiram a escadaria vestidos de capas, sob as quais portavam me-
tralhadoras. Penetraram imediatamente no recinto. Nenhuma pa-
lavra chegou a ser trocada. Os deputados da situação abriram
fogo imediatamente a esmo. Vários feridos. Impossível dizer nú-
mero, pois figuro entre eles. De relance vi um deputado de terno
escuro, de óculos, empunhando metralhadora sob a capa, que me
afirmaram ser Claudenor Lima. Vi o fogo da metralhadora, senti
dor na perna e caí. Durante uma hora, juntamente com quatro
outros feridos, abriguei-me atrás de três sacos de areia destinados
a proteger a taquigrafia. Esperei socorro. As ambulâncias tiveram
dificuldades em atravessar o cerco de cangaceiros, que ameaça-
vam o corpo médico com metralhadoras. Removido para o Pronto
Socorro, foi diagnosticado fratura do fêmur. Meu estado geral
bom. Reportagem encerrada. Marcio Alves”.
O provocador do AI-5
1031
Márcio Moreira Alves também ficou famoso por proferir o
discurso que provocou o governo militar a baixar o Ato Institucio-
nal número 5, o famigerado AI-5, em 1968. Ele foi um dos primei-
ros cassados pela nova medida de força dos militares - acusavam-
no de ofensas às Forças Armadas e tiveram negado pedido de auto-
rização para processá-lo, o que foi usado como pretexto para o
"golpe dentro do golpe". Marcito, como era conhecido pelos ami-
gos, deixou o País clandestinamente e só voltou após a anistia de
1979.
1032
cunstâncias muito parecidas. Os eventos deflagraram o processo
que levou à redemocratização do País. Em 1980, foi lançado o li-
vro Manoel Fiel Filho: quem vai pagar por este crime?, de Carlos
Alberto Luppi, pela Editora Escrita. Já nos anos 2000, estreou em
2009, sob a direção do cineasta alagoano Jorge Oliveira, o docu-
mentário Perdão, Mister Fiel. O filme conta a perseguição política
ao metalúrgico pela ditadura militar brasileira, que resultou em seu
assassinato nos porões do Doi-Codi.
COMUNISTAS CASSADOS 1
1033
André Papini (1908-1966). Nascido em Brejo Grande, Ser-
gipe, ele era considerado um penedense. Ainda jovem foi trabalhar
no comércio de Penedo, onde funda e é diretor de uma associação
de classe. Com 21 anos, muda-se para o Rio se Janeiro, onde traba-
lha em banco particular. Logo regressa a Alagoas. Como estudan-
te, participou de congressos nacionais da UNE – União Nacional
dos Estudantes; foi secretário de redação e diretor do Jornal de
Alagoas e A Voz do Povo, jornal do Partido Comunista. Após a
cassação em 1948, Papini passa a viver em Recife onde advoga,
principalmente em defesa dos operários.
1034
canti aparece no grupo de dirigentes que depois formou o PCdoB,
ao lado de Diógenes de Arruda Câmara, João Amazonas, Pedro
Pomar, Maurício Grabois.
COMUNISTAS CASSADOS 2
1035
tinham ido a São Luiz do Quitunde com o objetivo de libertar um
operário que fora preso naquela cidade. Entrevistado sobre o epi-
sódio, o governador Silvestre Péricles declarou:
1036
livro, que tratada da “Dialética do Trabuco”. Segundo o jornalista,
dez dias antes da posse de Arnon, em entrevista ao jornal O Globo,
em 21 de janeiro de 1963, Silvestre revelou que iria impedir o in-
gresso do inimigo no Senado.
ASSASSINATO DE DELMIRO
1037
“A noite era quente e abafada, como costumam ser as noites
de verão no sertão nordestino. Firmino Rodrigues Pereira, a últi-
ma pessoa que falou com o coronel Delmiro, disse que deixou
Delmiro a ler tranquilamente o Jornal de Alagoas no alpendre da
casa. Algumas pessoas asseguraram que a luz elétrica foi cortada
por alguns segundos e, nesse ínterim, passou um desconhecido
com um lampião de querosene aceso diante da varanda. Então,
ouviram-se os tiros”.
Jornal do Commércio do Recife, na edição de 14 de setem-
bro de 1968.
1038
Nascimento, José Inácio Pia, o Jacaré, e Antonio Félix do Nasci-
mento. Foram condenados a 30 anos de prisão.
1039
Em junho de 1982, um tiro fatal na nuca mata o jornalista e
advogado Tobias Granja, em um do episódios mais lamentáveis da
história de Alagoas. Tobias era candidato a deputado estadual, e
passara toda a tarde do dia do crime distribuindo panfletos em bair-
ros de Maceió. Às 17h30 do dia quinze de junho, no exato momen-
to em que saía do seu escritório, situado na antiga Rua Augusta, no
Centro de Maceió, uma emboscada aguardava Tobias. O pistoleiro
agiu covardemente pelas costas e disparou um tiro mortal, por trás,
em sua nuca.
1040
Até quando? O assassinato de Ceci entra aqui, como exem-
plo e como símbolo de uma era marcada pela impunidade, pela
falta de coragem cívica e institucional de todas as autoridades do
Estado – de todos os poderes - que lavaram as mãos e fecharam os
olhos para crimes políticos que permanecem no panteão dos casos
considerados insolúveis. O alto grau de impunidade e a compla-
cência das autoridades públicas no enfrentamento ao crime organi-
zado torna Alagoas uma terra sem lei, e um Estado conhecido na-
cionalmente como a terra da pistolagem, do cabra da peste, da
Guarda Nacional do coronéis, do o sindicato do crime, da Gangue
Fardada e dos grupos políticos que continuam a impor a lógica
perversa do medo e da ameaça, para preservar seus domínios terri-
toriais e políticos, e promover chacinas e assassinatos por motivos
inconfessáveis.
1041
LAMPIÃO E O CANGAÇO
1042
José Luiz Calazans em entrevista ao jornalista Wilson Reis,
em Revista Última Hora – 1977.
1043
O diabo é alagoano na terra do sol Mas o cangaço não ti-
nha acabado. Durante a chacina de Angico, Corisco e sua mulher
Dadá se encontravam bem longe dali. Cristino Gomes da Silva, o
Corisco, lugar-tenente de Lampião, alagoano de Água Branca, alto
sertão alagoano, cinco dias depois vingou a morte do chefe e ma-
tou toda a família do “coiteiro” que entregou o grupo. Com o pas-
sar dos anos, ficou belo como um galã de cinema: possuía boa es-
tatura, ombros largos, pele alva e cabelos louros e longos. No dia 5
de maio de 1940, por fim, na região de Brotas de Macaúbas, na
Bahia, uma volante cercou o que restou do grupo de Corisco, e o
matou com uma rajada de metralhadora. Em 1964, Glauber Rocha
lança o filme que marcou o Cinema Novo, Deus e o Diabo na Ter-
ra do Sol, tendo Corisco como protagonista, vivido pelo ator Othon
Bastos, que travou o inesquecível duelo com Antônio das Mortes.
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego, não,
Eu não sou passarinho,
Prá viver lá na prisão.
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego, não,
Não me entrego ao tenente,
Não me entrego ao capitão,
Eu me entrego só na morte,
De parabelum na mão!”
1044
Chuva de balas em Angicos
1045
junto com Serra Talhada (PE) – onde nasceu Lampião, Jeremoabo
(BA), Uauá (BA), Floresta (PE), Poço Redondo (SE), Porto da
Folha (SE) e Glória (BA). Foram locais onde funcionaram as sedes
das volantes ou das passagens de Lampião. Pelo lado político, o
cerco a Angicos se deu sob pressão, tendo como alvo, o presidente
Getúlio Vargas, que sofria sérios ataques dos adversários por per-
mitir a existência de Lampião. O interventor de Alagoas, Osman
Loureiro, levou a pressão a sério e promoveu uma caça implacável
a Lampião, adotando providências para acabar com o cangaço. Ele
prometeu promover ao posto imediato da hierarquia o militar que
trouxesse a cabeça de Lampião ou alguém de seu bando. Hoje, a
grota de Angicos se transformou em uma trilha de aventuras, por
caminhos íngremes, até o local exato da chacina, onde uma grande
cruz de madeira está fincada nas pedras, com os nomes de todos os
cangaceiros mortos. O Museu do Sertão, em Piranhas, mostra o
cotidiano do sertanejo, artigos de uso dos vaqueiros e fotografias
históricas sobre o ciclo do cangaço.
1046
irmãos e companheiros da vida de crime e andou pela região em
busca de dinheiro para manter armando seu bando. Para isso, man-
dou bilhetes aos principais fazendeiros da região pedindo ajuda em
dinheiro para comprar munição, porém, em um desses bilhetes que
chegou ao consentimento da baronesa, a mesma mandou uma res-
posta para o portador que tinha dinheiro, mais era pra comprar de
bala para seus jagunços “arrancar a cabeça dos bandidos”. Depois
do cerco ao pelotão policial do local, com todos rendidos, Lampião
e seu bando invadiram o casarão da baronesa. Enquanto a polícia
era rendida, outra parte do grupo já havia entrado na cidade e agia
no saque ao casarão da Baronesa de Água Branca. Irreverente,
Lampião foi até ela e, fitando-a com severidade, soltou o vozeirão:
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
E GEOGRÁFICO
1047
comércio, ao culto religioso e à administração. Essas construções,
com suas diversidades de épocas, estilos, materiais e funções,
atestam diferentes fases da história de Alagoas. A vida de um povo
pode ser contada a partir de diferentes perspectivas. A arquitetura
é uma delas. Desde tempos imemoriais, as maneiras como as co-
munidades constroem suas moradias e outras edificações voltadas
a fins econômicos, religiosos ou administrativos, denotam traços
característicos de sua gente... A geografia e o clima também têm
sobre elas um forte efeito, condicionando várias de suas funções e
aspectos. A tradição e a cultura se encarregam de dar-lhes a con-
formação final”.
BENS TOMBADOS
1048
interesse cultural ou ambiental, quais sejam: fotografias, livros,
mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, cida-
des, regiões, florestas, cascatas etc. Somente é aplicado aos bens
materiais de interesse para a preservação da memória coletiva.
1049
anos, onde o casario e as edificações religiosas retratam a história
da economia e das batalhas que ocorreram na região.
1050
de Arte Sacra de Alagoas. O tombamento incide sobre todo o seu
acervo. A obra surgiu a partir de um pequeno convento fundado
para 12 monges, em 1635. Com a invasão dos holandeses, os reli-
giosos se refugiaram na Bahia e o convento ficou fechado até
1659. O atual convento foi concluído apenas em 1723. Em 1908,
passou a abrigar o Orfanato São José. Com o tempo sofreu muitas
modificações mas sempre com a função de culto religioso. A fa-
chada principal é em estilo rococó e a lateral em neoclássico, em
decorrência da construção ter sido realizada em etapas. .
1051
Fernanda Ramos Amado, filha de Luiza Ramos Amado (filha do
Mestre Graça), e de James Amado, filho de Jorge. Luiza fez Jorge
e Graciliano formarem laços de família, uma ciranda de roda.
1052
por ordem do capitão-mor José da Silva Reis. O tombamento inci-
de sobre todo o seu acervo
1053
matriz do povoado foi erguida em 1610 e sofreu diversas descarac-
terizações com o passar do tempo.
Arquitetura Civil
1054
Paço Imperial de Pão de Açúcar - Pão de Açúcar
Palácio Marechal Floriano Peixoto – Maceió
Teatro Deodoro – Maceió
Casa de Jorge de Lima – Maceió
Academia Alagoana de Letras – Maceió
Paço Imperial – Penedo
Associação Comercial de Maceió – Maceió
Casa do Poeta Jorge de Lima - União dos Palmares
Museu Théo Brandão - Maceió
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde – Maceió
Teatro Sete de Setembro – Penedo
Casa de Cultura de Viçosa – Viçosa
Palacete Barão de Jaraguá – Maceió
Casa do senador Teotônio Vilela – Viçosa
Casa de Arthur Ramos – Pilar
Tribunal de Justiça de Alagoas – Maceió
Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas - Maceió
Palácio do Trabalhador – Maceió
Complexo Arquitetônico NS do Bom Conselho – Maceió
Arquitetura Religiosa
1055
Igreja e Convento de São Francisco, Santa Maria Madalena -
Marechal Deodoro
Igreja da Ordem 3ª de São Francisco - Marechal Deodoro
Igreja NS Mãe dos Homens - Coqueiro Seco
Igreja NS do Ó – Maceió
Igrejas de Maceió - Catedral Metropolitana; NS do Livramen-
to; NS do Rosário dos Pretos; Bom Jesus dos Martírios; Capela de
São Gonçalo de Amarante; Arcebispado de Maceió
Igreja Matriz de Santa Luzia do Norte
Igreja de Nossa Senhora da Guia – Maceió
Casarão da Baronesa em Água Branca
Festas e celebrações
JANEIRO
1056
sicais e culturais. O espetáculo "Paripueira – Senhora das Águas",
encenado por artistas locais, conta a história da cidade.
FEVEREIRO
1057
São Miguel, Coruripe, Barra de Santo Antonio, Maragogi entre
outros.
ABRIL
JUNHO
JULHO
1058
Festival de Inverno. Água Branca, localizada no Alto do
Sertão alagoano, registra, nesse período do ano, uma temperatura
baixa, e o frio atrai muitos visitantes durante a realização do Festi-
val de Inverno, que tem na sua programação atrações culturais e
animados show
AGOSTO
1059
SETEMBRO
OUTUBRO
1060
ceió, atrai muitos criadores e expositores de vários estados. Bovi-
nos, eqüinos, caprinos e ovinos participam da exposição, leilões,
desfiles e torneios. A Expoagro mostra o que há de melhor em re-
lação ao gado de corte e gado de leite. Movimenta milhões em ne-
gócios durante o evento, e conta com uma programação diversifi-
cada.
NOVEMBRO
1061
gens: universos de sentidos”. O evento é uma realização da Uni-
versidade Federal de Alagoas, por meio de sua Editora, a Edufal.
Segundo o site oficial do evento, a estimativa de público para este
ano é de mais de 260 mil. No ano de 2013 o número de visitantes
foi de 252 mil pessoas.
1062
Festival do Bagre. Acontece no Pilar, e conta com vasta
programação artística: shows com bandas, diversas atrações cultu-
rais, esportivas e concurso gastronômico, onde o prato principal é
o bagre, peixe fisgado na Lagoa Manguaba, que banha o municí-
pio.
DEZEMBRO
CIRCUITO CULTURAL
1063
vida. O museu é o lugar em que sensações, ideias e imagens de
pronto irradiadas por objetos e referenciais ali reunidos iluminam
valores essenciais para o ser humano. Espaço fascinante onde se
descobre e se aprende, nele se amplia o conhecimento e se apro-
funda a consciência da identidade, da solidariedade e da partilha.
Por meio dos museus, a vida social recupera a dimensão humana
que se esvai na pressa da hora. As cidades encontram o espelho
que lhes revele a face apagada no turbilhão do cotidiano. E cada
pessoa acolhida por um museu acaba por saber mais de si mesma.
1064
1997. Casa da Palavra
2001. Museu do Comércio (Associação Comercial de Alagoas)
2003. Centro de Memória da Justiça Eleitoral
2005. Memorial Teotônio Vilela
2005. Memorial à República
2005. Ecomuseu Comunitário Graciliano é uma Graça
2006. Museu Palácio Floriano Peixoto
2012. Memoriais de Graciliano Ramos e Ledo Ivo
2008. Casa Jorge de Lima
Museus de Alagoas
BOCA DA MATA
MUSEU MANOEL DA MARINHEIRA
Boca da Mata AL CEP 57680-000
www.aguasdesaobento.com.br
Artes visuais. Esculturas em madeira,tendo como temas
animais, da autoria do titular do museu e de seus familiares.
MACEIÓ
COLEÇÃO KARANDASH DE ARTE POPULAR E
CONTEMPORÂNEA
Avenida Moreira Silva, 89 – Farol
Maceió AL CEP 57051-500
www.karandash.com.br
1065
Esculturas, pinturas, desenhos, gravuras, cerâmicas, rendas,
banco de dados de artistas. Acervo dividido em arte contemporâ-
nea, arte popular e objetos utilitários, expondo e promovendo artis-
tas locais.
PENEDO
MUSEU DO PAÇO IMPERIAL
Rua Damaso do Monte, s/ n – Centro histórico
Penedo AL CEP 77200-000
Tornou-se Paço Imperial a partir da visita de Dom Pedro II
a Penedo. Seu acervo remete à época deste Imperador.
PILAR
CASA DA CULTURA E MUSEU ARTHUR RAMOS
Avenida Professor Artur Ramos, 195 - Centro
Pilar AL CEP 57150-000
smoraes.pilar@hotmail.com
1066
Pinturas, objetos históricos, fotografias, história da cidade,
maquetes, banners.
PIRANHAS
MUSEU DO SERTÃO
Rua José Martiniano Vasco, s / n – Centro Histórico
Piranhas AL CEP 57460-000
www.piranhas-al.com.br
Iconografia do Cangaço, memorabilia da ferrovia Paulo
Afonso e da navegação a vapor na região. Peças das culturas ribei-
rinhas.
SANTANA DO IPANEMA
MUSEU HISTÓRICO E DE ARTES DARRAS NOYA
Praça Manoel Rodrigues da Roicha, s / n – Centro
Santana do Ipanema AL CEP 57500-000
Arte local. Fixa a memória das culturas formadas às mar-
gens do Rio Ipanema.
1067
MUSEU HISTÓRICO E CULTURAL FERNANDO LO-
PES
Rua Visconde de Sinimbú, 60 – Centro
São Miguel dos Campos AL CEP 57240-000
casadaculturasmc@yahoo.com.br
www.casadaculturasmc.hd1.com.br
Instalado do Palacete da Baronesa, expõe obras de artistas
alagoanos, como Fernando Lopes, Pierre Chalita, José Paulino e
Tânia Pedrosa. Junto ao Museu, existe o Espaço Douglas Apratto,
sala multiuso que abriga exposições.
VIÇOSA
MUSEU DE ARTE SACRA DE VIÇOSA (AL)
Avenida Firmino Maia, s/n – Centro
Viçosa AL CEP 57700-000
1068
pmvicosa.cultura@ig.com.br
graca.vasconcelos68@yahoo.com.br
Fotografias de personalidades eclesiásticas, imaginária de
santos.
PENEDO
CASA DO PENEDO
1069
BIODIVERSIDADE:
FAUNA E FLORA
1070
calango. Era a coisa mais linda do mundo. Há 25 anos o nosso rio
era assim: Passarinhos cantavam alegres e não tinha veneno aqui,
também não tinha barragem, era bom demais viver aqui. Hoje é
um São Francisco prisioneiro, está preso pela barragem de So-
bradinho, só soltam água quando querem. Porque nós vamos pa-
gar esse preço. Essas árvores e esses passarinhos são nossos ir-
mãos. São criaturas criadas por Deus para ajudar a gente a viver.
A gente deixa que o diabo tome conta. O diabo são os grandes
projetos na mão de poderosos que não tem consciência de respei-
tar a dignidade humana.”
INTERIOR DE ALAGOAS
ZONA DA MATA
1071
de surgiu um dos primeiros povoamentos do estado, como Porto
Calvo; e pela quantidade de rios perenes, foi também onde apare-
ceram os primeiros engenhos de açúcar. Os maiores rios da Zona
da Mata são: Manguaba, Tatuhamunha, Camaragibe e Santo Anto-
nio. A Zona da Mata atinge ainda os vales do Mundaú e do Paraíba
do Meio. Foi nesta região onde se instalou a República dos Palma-
res e onde foi travada a guerra dos Cabanos. A Zona da Mata se
estendia ainda até Coruripe, e ficava bem caracterizada na área de
Colônia de Pindorama, onde tinham as árvores de melhor qualida-
de.
SEMIÁRIDO
BREJOS DE ALTITUDE
1072
Área caracterizada pela presença da água na forma de olhos
d´água. Em Alagoas alguns brejos de altitude, talvez os mais im-
portantes pela ocupação humana, acham-se os maciços sertanejos
de Água Branca e Mata Grande. Na zona rural, ainda trabalham
pequenos engenhos de rapadura e aguardente. E a agricultura cons-
ta cana-de-açúcar, milho, feijão, mandioca, além de frutíferas:
mangueiras, jaqueiras, cajueiros e umbuzeiros.
A FAUNA
1073
de flora e fauna dizimada. Ainda que se tenha um interior povoado
por distintos e diversificados animais, a fauna nem de longe lembra
os grandes animais, que desapareceram, principalmente os mamí-
feros
Moluscos e crustáceos.
1074
alimentam de sangue, como barbeiros, pulgas e piolhos, e podem
transmitir doenças.
1075
Aracnídeos
1076
Peixes. Tem espécies terrestres e de água doce. São animais
de corpo mole, No interior, encontramos no rio São Francis-
co a maioria dos peixes da região. Vários habitam riachos e
rios permanentes menos caudalosos, que são poucos no Ser-
tão por causa do clima quente e seco. O lago formado pelo
enchimento da represa de Xingó, em Piranhas, tornou-se re-
servatório de várias espécies, ai mesmo tempo foi grande o
impacto da barragem sobre a vida dos peixes da região.
1077
charcos e rios calmos. Enterra-se no lodo, com a cabeça de
fora para caçar peixes e crustáceos.
1078
nhos, mas a população ribeirinha consome. Em outras regi-
ões é salgada e secada ao s0l para consumo.
1079
Cobra Cascavel. Mata por envenenamento, e se alimenta
de vertebrado de sangue quente, vive em cerrados e caatin-
gas.
Mamíferos
1080
ra estima que nos próximos 15 anos, ou três gerações, ocor-
rerá um declínio de pelo menos 10% desta população, prin-
cipalmente pela perda e fragmentação de habitat causadas
pela expansão agrícola.
1081
Cutia. Habita toda Alagoas, fica mais ativo ao amanhecer e
no crepúsculo, quando sai em busca de alimentação.
Aves
1082
Corrupião. Ave típica da região semi-árida. Tem um canto mara-
vilhoso e imita até outras aves. É muito disputada no mercado
clandestino de venda aves.
1083
Canário. Muito conhecido em Alagoas, habita áreas abertas tanto
do interior como no litoral. Convive bem com o homem, chega a
formar ninhos em telhados.
Flora
1084
séculos de exploração de madeiras, tanto pelo Norte, com o uso
para fabricar as naus das grandes guerras entre holandeses e por-
tugueses; e no Sul, no Rio São Francisco, que também foi porto de
saída para exportação de madeira. Mas, enfim, alguns pedaços da
mata resistiram, e são espécies de rara beleza.
Juá (ou Juazeiro). Árvore que chega a quatro metros; tem uma
boa sombra e sua folhagem é usada alimentar (forragem) para ovi-
nos , caprinos e bovinos
1085
Catingueira. Uma das espécies mais dispersa do Sertão alagoano.
Rebrota rápido quando é cortada, o que acontece também com as
espécies da caatinga.
ZONA DA MATA
1086
Visgueiro. Árvore de zona úmida, presentes nas bordas e no inte-
rior das matas. De copa ampla, bastante ramificada, atinge até 20
metros de altura.
1087
Flores e Plantas
1088
Cactos, bromélias e arbustos
Mandacaru. Cacto que atinge uma altura de até seis metros, prefe-
re áreas menos seca de solo argiloso. Produz flores grandes e fru-
tos vermelhos. É o mais conhecido da espécie cacto, já foi nome de
livros, romances e poesias.
1089
Melão-de-Santo-Caetano. O melão de São Caetano, aquele me-
lãozinho cor de laranja, com carnosidade, que pode ser facilmente
encontrado em cercas, alambrados, terrenos baldios. É uma planta
originária de partes como leste da Índia e sul da China. Em todo o
Brasil, também vem a ser reconhecido por nomes populares como
erva de São Caetano, fruto de cobra, erva das lavadeiras e melão-
zinho. Tratando-se de características, é uma trepadeira de cheiro
desagradável que possui flores amareladas ou esbranquiçadas.
LITORAL DE ALAGOAS
1090
restos de vegetais e animais. Os sedimentos também são formados
por lixo, muito lixo acumulado e poluição, que vem se tornando
um transtorno, principalmente nas praias urbanas de Maceió.
1091
Moluscos: Maçunim, Mela-pau, Ostra, Redondo, Sururu, Taiobas,
Unha-de-velho
1092
Foz do São Francisco. Em uma visão aérea, a foz do rio São
Francisco se mostra sinuosa, com seus baixios alagados, dunas,
manchas de florestas e extensos coqueirais. São inúmeros alagadi-
ços, várzeas que interligam lagoas, separam pequenas ilhas. As
formas atuais do relevo incluem terraços marinhos, planícies mari-
nhas, dunas móveis e fixas e superfícies pantanosas. No lado ala-
goano, o delata tem formato triangular, e ocupa terras dos municí-
pios de Piaçabuçu, Penedo e Feliz Deserto. Entre os acidentes geo-
gráficos se destaca a várzea da Marituba, conhecida com o Panta-
nal Alagoano.
1093
proveniente dos esqueletos de corais, e estão entre as comunidades
marinhas mais antigas que se conhece - a sua história remonta há
500 milhões de anos atrás. Estima-se que um único recife de coral
pode albergar, pelo menos, 3.000 espécies de animais.
1094
Polvo. Os polvos são moluscos marinhos da classe, da ordem Oc-
topoda (oito pés), possuindo oito braços fortes e com ventosas dis-
postos à volta da boca. O polvo tem um corpo mole, sem esqueleto
interno (ao contrário das lulas) nem externo. Como meios de defe-
sa, o polvo possui a capacidade de largar tinta, de mudar a sua cor
(camuflagem, através dos cromatóforos), e autotomia de seus bra-
ços. Todos os polvos são predadores e alimentam-se de peixes,
crustáceos e outros invertebrados, que caçam com os braços e ma-
tam com o bico quitinoso. Para auxiliar a caça, os polvos desen-
volveram visão binocular e olhos com estrutura semelhante à do
órgão de visão do ser humano, tendo percepção de cor.
1095
uma praia: praias com um certo grau de poluição ou de presença
humana não costumam mais apresentar tatuís.
1096
Mas em Alagoas a situação do camarão barba-roxa, ou espigão,
não é das melhores. O avanço da pesca predatória na costa alagoa-
na e o baixo volume de água lançado na Foz do Rio São Francisco
são responsáveis pela inclusão do camarão espigão ou sete barbas
– 75% de toda a captura – na “lista vermelha” dos animais em ris-
co de extinção, apontados por um fórum nacional de cientistas e
biólogos, e divulgada anualmente pelo Instituto Biodiversitas e
Ibama.
Peixes
1097
pescada com um facho de luz, quando são atraídas para as redes ou
para próprio barco do pescador.
Carapeba
Luiz Gonzaga
1098
Bandinha quente
Abrindo frente
Alegrando vai
1099
Pescada. Peixe importante para a produção pesqueira, principal-
mente no verão. De tamanho médio a grande, apresenta escamas
maiores na linha lateral. Vive no mar, e em estuários e lagoas.
1100
clima tropical e temperado, em profundidades que variam de 8 a 45
metros. Todas as espécies são consideradas vulneráveis por órgãos
de proteção à natureza. O corpo desse pequeno e delicado peixe é
coberto por placas em forma de anel. Esse peixe pode medir entre
15 cm e 18 cm. O cavalo-marinho é muito querido pelo pessoal
que gosta de dançar ciranda. Ele ganhou até música.
Cavalo Marinho
Quinteto Violado
Cavalo marinho
Chega mais pra adiante
Faz uma misura
Pra toda essa gente
Cavalo marinho
Dança no terreiro
Que a dona da casa
Tem muito dinheiro
Cavalo marinho
Dança na calçada
Que a dona da casa
Tem galinha assada
1101
Cavalo marinho
Já são horas já
Dá uma voltinha
E vai pro teu lugar
Mamíferos
1102
que assola a região semi-árida no período de agosto a janeiro, não
afeta só a população rural, más também os animais silvestres. En-
tre estes animais, encontramos as raposas, que buscam alimentos
fugindo da seca, principalmente nas rodovias onde são atropeladas
a noite na busca de alimentos.
Aves
1103
Rolinha-fogo-pagou. Gosta das restingas, campos, cerrados e caa-
tingas, mas pode ser encontrada também nas cidades. Mede cerca
de 20 centímetros. Seu alimento básico são grãos e sementes.
Constróe o ninho idem forma de tigela, onde põe ovos brancos.
Seu canto, traduzido como “fogo apagou”, deu origem ao seu no-
me, e até música de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Os meninos e
suas carrapateiras, o caçador com suas soca tempero e a panela,
são seus inimigos.
Fogo Pagou
Luiz Gonzaga
Fogo pagou
Fogo pagou
Fogo pagou... tem dó de mim
Fogo pagou
Fogo pagou
Fogo pagou... é sempre assim
Fogo pagou
Fogo pagou
Fogo pagou..tem dó de mim
1104
Jaçanã. A Jaçanã vive nos brejos, lagoas e açudes com vegetação
aquática. Tem pernas esticadas, dedos longos, com unhas de até
quatro centímetros, o que lhe permite caminhar pela vegetação
com se estivesse em terra firme. Alimenta-se de sementes, brotos
de planta, insetos, moluscos, e pequenos crustáceos e peixes.
1105
rando comida de pratos ou da mesa. O sabiá-da-praia não tem can-
to próprio: reproduz cantos de outros pássaros. Tem uma vocaliza-
ção variada e musical e canta, por vezes, de noite. Com cauda lon-
ga e plumagem cinza-claro nas costas e branca nas sobrancelhas,
lembra os verdadeiros sabiás.
Plantas do mar
1106
Gaiteira ou Mangue Vermelho. É a principal árvore das águas
mais fundas nos manguezais de toda a América tropical e África.
Atinge até 15 metros de altura. As raízes-escoras ampliam sua base
e melhoram sua fixação ao solo. As sementes germinam ainda pre-
sas aos compridos frutos, e as pequenas raízes às vezes alcançam o
sol antes de sua queda.
RELEVO E HIDROGRAFIA
As serras de Alagoas*
1107
Ipanema”. Considerado os traços gerais, este relevo tem aspectos
particulares no conjunto e suas formas variadas, sendo dividido
por Ivan Fernandes Lima
1108
Serras: Azul, Bananal, Batente, Cocal, Cotia, Cruzes, Cuscus,
d´água Dois Irmãos, Maricota, Naceia, Ouricuri, Ouro, pedra
Talhada e Tamoará.
Os rios de Alagoas
1109
*Descrição de Ivan Fernandes Lima, em Geografia de Alagoas
Lagoas
1110
invadidas pelo grande rio, e, finalmente, as de terras interiores, as
quais podem ser permanentes ou temporárias.
Cachoeiras
1111
ba; Serraria, no Rio Paraibinha e Poço Redondo, no Rio Poron-
gaba.
Pontas do litoral
As ilhas
1112
CULINÁRIA ALAGOANA
1113
cia do Rio São Francisco para a alimentação das populações ri-
beirinhas, bem como a cultura de engenho, que nos fez produzir
rapaduras, cachaças, e doces à base do açúcar. E a culinária in-
dígena. Não é à toa, hoje, que a mandioca é considerada um dos
mais importantes produtos brasileiros. No nosso estado, um dos
grandes ícones que é a tapioca tem fortíssima ligação com a cultu-
ra e tradição gastronômica dos índios”.
1114
siri, aperitivos e sobremesas com "cheiro" da terra. Da nossa ter-
ra. E deixem os "churrascos" que são dos gaúchos mesmo e lá no
Rio Grande é comida tradicional, como é tradicional o "barreado"
do Paraná, o "tutu", de Minas Gerais e o "pato no tucupi", da área
amazônica”.
1115
com pirão feito do mesmo caldo no qual foi preparado. Usa-se,
também, o sururu frio.
Culinária junina
1116
Mungunzá: também chamado "chá de burro"; prepara-se com mi-
lho desfolhado cozido e leite de coco-da-Bahia, temperado com
açúcar, sal, cravo e canela.
1117
Alfenim. Doce feito com açúcar e limão. Em alguns municípios, o
alfenim é feito com rapadura-batida e "puxada", e recebe, inclusi-
ve, o nome de "puxa-puxa".
Tapioca. Iguaria feita com goma seca, coco ralado e sal. Assa-se
em formas de barro, frigideiras e chapas de ferro.
1118
Cuscuz. Feito com milho ralado ou fubá de milho; pode ainda ser
feito com arroz, coco ralado e sal. Cozinha-se em cuscuzeiro de
barro, estando a água que fica na parte inferior do recipiente em
estado de vapor.
Sobremesas
1119
Ao invés de servir doces em compotas industrializados, devería-
mos oferecer doces feitos com produtos da região.
Comidinha de boteco*
1120
carne é destaque porque tem o autêntico sabor suíno, sem muitas
intervenções.
Rua Manoel Lourenço, 248 – Ponta Grossa (na mesma rua do fa-
moso Bar do Pelado)
1121
Rua Augusto Barreto, 90- Bebedouro
1122
tres, incontáveis mestres da cozinha. Mas a nova geração vem se-
gurando bem o estandarte. A gastronomia local atual é uma das
mais criativas do país. Uma nova geração de chefs renova a comi-
da de Alagoas. Além de destacar o trabalho de personalidades co-
mo o chef Wanderson Medeiros, à frente do Picuí; outros mestres
estão sempre surgindo. Como Sérgio Jucá e Felipe Lacet, do Sur;
Jonatas Moreira, do Akuaba: Gustavo Mmaia; a pioneira Simone
Bert, do Wanchako; André Generoso, do Divina Gula; Jorge Ban-
deira, do Le Corbu.
Rolete de cana-de-açúcar
Sarapatel (preparado com as vísceras e miúdos-de-porco, sem as
tripas)
Farinha d’água é feita com farinha de mandioca, coco ralado e
sal.
Mel de engenho
Licor de Maracujá
Fava
Amendoim (torrado, cozinhado)
Castanha de caju (assada e cristalizada)
1123
Pimenta Orgânica de São José da Tapera
Manteiga de Garrafa
Tábua de pirulito
Tatuí da Praia torrado
Tanajura frita
Corda de caranguejo
Jacaré em cubinhos
Farinha boa de Alagoas
Bago de Jaca
Suco de Maracujá Pindorama
Salgadinho e biscoitos D´Lícia de Penedo
Guarina
Bolo de vendinha
Feijão de corda
Sanduíche Passaporte
Bolacha Mimosa
Rosquinha de coco
Cachorro Quente do Moacir (Jaraguá)
Pastéis da Dona Gil (Jaraguá)
Polos de gastronomia - Massagueira, Stella Maris, Francês
Os internacionais - peruanos, portugueses, chineses
LIVROS PARA
ENTENDER ALAGOAS
1124
os com carinho e ternura constantes... Eis que de repente o homem
tropeça e, por conta do destino, lá se vai, de vez, interrompendo
para sempre o suave convívio. E todos aqueles livros, reunidos por
um gosto diferente de viver e conviver, logo passam à condição de
órfãos... Mal se joga a última pá de cal sobre o caixão do colecio-
nador, e já os herdeiros estão telefonando para os proprietários de
sebos para que levem quanto antes o entulho. E é assim, que um
mundo de ansiedades, indagações e perplexidades intelectuais,
composto com tenacidade e amor, de repente se desfaz, por força
da indiferença e da incompreensão”.
HISTÓRIA DE ALAGOAS
1125
abrangente, incluindo áreas como Literatura, Ciências Sociais,
Folclore e Antropologia. Veja o que foi publicado de Alagoas:
1126
DUARTE, Abelardo. Folclore Negro das Alagoas, edição
original 1954
1127
BRANDÃO, Moreno. Vade-Mecuum do Turista em Alago-
as, 1937
1128
SANT´ANA, Moacir Medeiros de. Contribuição à História
do Açúcar em Alagoas, 1958
Mais Alagoas
1129
ALMEIDA, Luiz Sávio de. Chrônicas Alagoanas Lembran-
ças das matas e agrestados das Alagoas. Edufal 2013
1130
CANDIDO, Antônio (apresentação). 50 anos do romance
Cahetés. Maceió, Departamento de Assuntos Culturais, 1984
1131
COSTA, Craveiro. História das Alagoas: resumo didático.
São Paulo, Melhoramentos, 1983
1132
HALFED, Henrique Guilherme. Atlas e Relatório de explo-
ração do Rio São Francisco desde a cachoeira de Pirapora até o
Oceano Atlântico, do engenheiro civil Henrique Guilherme Halfed
(1787-1873). Trata-se da segunda edição do atlas – reproduzido
por fac-símile e acrescido de texto final – da rara edição de 1860,
editado pela litografia Imperial.
1133
LEITE JÚNIOR, Bráulio. Histórias de Maceió. Maceió,
Edições Catavento, 2000
1134
MACEDO, Maurício de. Esfinge Caetés – visita em versos
a história de Alagoas. Edições Catavento, 1999
1135
OLIVEIRA, Nilton. Eu fui testemunha: vinte anos na políti-
ca. Maceió, edufal, 1979
1136
TENÓRIO, Douglas Apratto e DANTAS, Cármem Lúcia.
Caminhos do Açúcar: engenhos e casas-grandes das Alagoas. Se-
nado Federal (DF), 2008
1137
VILELA, Humberto. Floriano Peixoto e a estátua – conheça
nossa história através de nossos monumentos. Sergasa, 1984, do-
cumento do Arquivo Público de Alagoas
1138
BITENCOURT, Ednor. Picadas e Ferroadas: memórias.
Maceió, Edufal, 1987
1139
bino Romariz, Carlos Paurílio, Heckel Tavares, Breno Accioly,
Jayme de Altavila, Guimarães Passos, Tavares Bastos, Aloysio
Branco
1140
LIMA, Carlito. O velho e o mar e Outras mentiras. Maceió,
Grafpel, 2015
LIMA, Carlito. Vadiando com Ledo Ivo nos mares das Ala-
goas e outras crônicas.
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2012
1141
MELO, José Marques de Melo. Alagoas na Idade Mídia.
Maceió, Viva Editora, 2013
1142
SAPUCAIA, Antonio. O legendário Costa Rego. Maceió,
Edufal 2000
1143
Destaques da Edição
1144
Maceió 200 anos, 2015
O oceano de Djavan, 2016
Fauna Viva, 2016
Alagoas \nação Zumbi, 2016
Instante capturado, 2017
Manifesto da Arte Popular, 2017
1145
BRANDÃO, Théo. Folguedos Natalinos - Maracatu. Cole-
ção Folclórica da Universidade Federal de Alagoas, 1976
1146
DUARTE, Abelardo. Folclore Negro das Alagoas. UFAL/
Maceió- 1974
1147
TRIGUEIROS, Edilberto. A língua e o folclore da bacia do
São Francisco. Ministério de Educação e Cultura, prêmio Silvio
Romero, 1963
1148
Iconografia Alagoana. Sebrae/ Governo de Alagoas. Maceió
Grafmax – 2011
Literatura
1149
CAVALCANTE, Simone. Literatura em Alagoas. Maceió,
Scortecci e Grafmarques, 2005
1150
ANDRADE, M. de. Romanceiro de Lampeão. Em O baile
das quatro artes. São Paulo: Martins, 1963
1151
LEBENSZTAYN, I. Caetés: os incapazes de propriedade.
Vencedores e vencidos na forma criada por Graciliano Ramos. São
Paulo, 2003. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Le-
tras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo
1152
ROCHA, T. Modernismo e regionalismo. Maceió: Depar-
tamento Estadual de Cultura, 1964
Meio Ambiente
1153
Guia do Meio Ambiente. Litoral de Alagoas. Projeto IMA-
GTZ-Fapeal-1995
1154