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COLEÇÃO BRASILEIRA DE DIVULGAÇÃO

Série IV História N.» 4

RODOLFO GARCIA

AS ÓRFÃS

S. D. do M. E. S.
1946
I — A história das órfãs que vieram para o
Brasil, mandadas pela Rainha D. Catarina a fim de
terem estado na Colônia, ainda não foi devida-
mente escrita. Os linhagistas, a quem o assunto
pertence em particular, não lhe deram maior
atenção e concorreram mesmo para fazê-lo mais
complicado, mais confuso. As nótulas a seguir
não aspiram a resolvê-lo : são apenas achegas
àquela história, que de algum modo pode ser con-
siderada como um capítulo da história social do
Brasil em seu período inicial. Aquelas jovens apor-
taram à Baía à busca de maridos ; quase todas, ou
mesmo todas, alcançaram o que desejavam, porque
vinham dotadas, ou com promessas de dotes a quem
as tomasse por esposas. Foram desse modo tron-
cos de numerosas famílias brasileiras, que se pro-
longaram pelos tempos adiante, por gerações su-
cessivas, florindo e reflorindo, e guardando quase
sempre, conforme ao velho costume luso, os ape-
lidos dos ramos maternos. Ver-se-á, no curso
desta resenha, quais foram essas jovens, com quem
casaram e recasaram, como mais de uma vez acon-
teceu, tudo deduzido e decalcado de documentos
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que fazem fé. A constante evocação das fontes do Reino ; por isso o Padre Manuel da Nóbrega
neste trabalho há de parecer fastidiosa e enjoada escrevia para a Corte, encarecendo a vantagem de
a muitos ouvintes ou leitores; mas advirta-se que virem mulheres para o Brasil, ainda que fossem
se traía menos de dissertação do que de simples erradas, visto ser a terra muito grossa e larga —
esquema ou roteiro, que não dispensa tais pontos grossa no sentido de pingue e abundante, e larga,
de referencia, necessários à firmeza dos fatos apon- porque era mesmo, e ainda é, Deus louvado ! —
tados, e úteis talvez para quem quiser dar maior dilatada e imensa.
desenvolvimento à matéria, suscetível de correções III — Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão,
e adendas por parte dos entendidos. Catálogo Genealógico das principais Famílias, etc.,
II - - S' faio natural nas sociedades em for- in Revista do Instituto Histórico, tomo LII, parte
mação, como era a do Brasil por meiados do pri- l .a, pág. 78, alude a um Recolhimento da Nossa
meiro século, a falta de mulheres ; entenda-se, no Senhora da Encarnação, que existiu ern Lisboa,
para abrigo e amparo das órfãs nobres e pessoas
caso, de mulheres brancas, porque daquelas da
honradas, que é o próprio Mosteiro das Órfãs fala-
terra, das chamadas índias, suficientes para evitar
do nos documentos da época, ao qual veio a dis-
o rapto das Sabinas, merecedoras dos ditirambos pensar sua real proteção D. João III, que o dotou
de Fero Vaz de Caminha, seu primeiro namorado com rendas certas e anuais para sustentação de
branco, havia sobras, e delas usaram e abusaram vinte e uma pensionistas, filhas de Ministros que
os colonos; as negras, no princípio, eram novida- houvessem falecido no serviço da coroa, ordenando
des, para logo depois, com a expansão africana, em também que de três em três anos se enviassem
meio propício, cresceram e multiplicaram-se sob para a índia e Brasil algumas delas, com cartas
a forma apreciada das mulatas, que quase suplan- aos vice-reis e governadores para que as casassem
taram as demais concorrentes... com a decência possível, e reservando-se para seus
Mas, no começo, as brancas disponíveis eram dotes os provimentos dos ofícios daquelas partes.
raras. Uma vez aconteceu brigaram os homens na A uni alvará nesse sentido refere-se Frei André
Baía, para saber com quem havia de ficar a cria- Torneiro, em carta a Rainha D. Catarina, de 20 de
da ou arna de certa família, que acabava de chegar fevereiro de 1564. A data desse diploma não vem

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declarada, mas coioio não se conhece outro, é pos- filhas de Baltasar Lobo de Sousa, morto na car-
sível que seja o de 12 de fevereiro de 1557, trans- reira da índia, as quais, segundo Jaboatão, Ca-
crito in Documentos Históricos, XXXV, págs. 429- tálogo, pág. 177, teriam chegado no ano de 1551,
430. Fosse esse ou outro, que o precedesse, o que na armada de que era capitão de mar e guerra
parece certo é que pela metade do governo de Antônio de Oliveira Carvalhal, o primeiro alcávJ.3-
Men de Sá, à data daquela carta, as determinações mor que teve a Baía, e que as trouxera com reco-
reais quanto aos ofícios eram letra-morta, e 'as mendação do Rei e da Rainha para que as casas-
órfãs, no dizer penalizado do bom frade, estavam se com pessoas principais da terra. Para Antô-
ao desamparo, sem terem quem com elas quizes- nio José Vitoriano Borges da Fonseca, Noliliarquia
se casar : tornava-se preciso, nem ele via outro Pernambucana, in Anais da Biblioteca Nacional,
remédio, que a Rainha fizesse cumprir as ordens vol. XLVIII (1935), págs. 158-160, essas três
do defunto Rei, e mandasse revogar as provisões irmãs eram filhas de Baltasar Novo, que morreu
que se passaram em contrário a elas, dando-se na carreira da índia, ao Ssrviço d'El-Rei, e tr ' >
exclusivamente os ofícios das partes do Brasil às ido para a Baía um ano depois do que consigna
pessoas que com elas casassem ; a não ser assim, Jaboatão, loe. cit. Pouca diferença há nos dize-
que se lhes favorecessem os casamentos com di- res de um e outro : apenas, como se viu, quanto
nheiro, o que reputava por mais trabalhoso. A ao nome do pai e ao ano da- chegada ; mas são os
carta de Frei André Torneiro, documento valioso, mesmos os nomes das três irmãs — Catarina Lobo
erarn citada em ementa por Varnhagen, História de Barras Almeida, Joana Barbosa Lobo de Al-
Geral ao Brasil, I, pág. 309 (4.a edição) ; mas não meida e Mícia Lobo. Onde existe desconehavo ô
publicada por ele, nem por seus anotadores, ao com relação aos maridos que lograram, menos
último dos quais somente se deparou, e por acaso, quanto à primeira, que ambos casaram com Gas-
quando terminada a tarefa, pela cópia existente par de Barros de Magalhães, confundindo-a com
^ na Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos, Có- outra Catarina Loba ou Lobo, que veio depois
dice Torre ao Tombo, fls. 452 v-453. com Men de Sá. Essa Catarina primeira, criada
IV — No governo de Tome de Sousa consta da Rainha, devia ter encontrado dificuldade em
apenas terem vindo para a Baía as três irmãs, achar marido, porque teve uma provisão especial

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de 13 de outubro de 1555, que lhe fez mercê do cumentos Históricos, XXXV, págs. 27-28. Em de-
ofício de escrivão dos armazéns da Cidade do Sal- zembro de 1551 andava doente, e para substitui-lo
vador, por tempo de três anos, para a pessoa que no impedimento Tome de Sousa mandou que ser-
casasse com ela, Documentos Históricos, XXXV, visse o ofício João de Araújo, por provisão de 13
págs. 328-329. Mas, apesar desse engodo, não daquele mês e ano, ibidem, pág. 103. Em 22 de
consta que Catarina alcançasse outro marido além junho de 1553 obtinha um alvará da lembrança
daquele que as linhagistas impropriamente lhe para que, por sua morte, passasse o ofício de que
concederam. era proprietário à pessoa que casasse com uma de
Joana Barbosa, a segunda das três irmãs, suas filhas, Documentos Históricos, XXXVI, pá-
casou com Rodrigo de Argolo, ou Arguelo, o Cas- ginas 37-38.
telhano, conforme Jaboaíão, o que está certo, ou Rodrigo de Argolo teria falecido antes de 8
com Jerônimo Moniz, para Borges da Fonseca, o de junho de 1556, porque naquela data D. Duarte
que está errado. A Mícia Lobo, a terceira, que da Costa provia em seu ofício ao mesmo João de
Borges da Fonseca casou com Rodrigo de Argolo, foi Araújo, "enquanto a dita filha de Rodrigo de Ar-
a mulher de Francisco Bicudo, Jaboatão, Catálogo, golo não casasse", Documentos Históricos, XXXV,
pág. 77. A primeira mulher de Jerônimo Moniz págs. 351-353.
Barreto foi outra Micia Lobo, que era filha daquela, Estando Antônio Ribeiro contratado com Joa-
batizada r<a Sé da Baía a 21 de novembro de, na Barbosa para haver de casar com sua filha rnais
1554, ibiãem. A identidade de nomes de pessoas velha Maria de Argolo, obteve o cumprimento do
de uma mesma família leva o genealogista, que alvará dotal, que a esta dizia respeito, por provi-
não presta atenção à cronologia, a atrapalhações são de 13 de novembro do mesmo ano de 1558,
ftessa ordem, comuns nos autores citados e nos com a imposição de ir ou mandar tirar na corte sua
outros. carta de ofício, o que fez, Documentos Históricos,
Rodrigo de Argolo já estava na Baía nos págs. 37-42. A data do casamento — 5 de novem-
princípios de sua fundação ; teve o ofício de pro- bro de 1556, testemunhas o governador D. Duarte,
vedor da fazenda da Cidade do Salvador, que ia seu filho D. Álvaro, e Maria (aliás Mícia) Lobo,
ser criada, por carta de 15 de janeiro de 1549, Do- mulher de Francisco Bicudo, está conforme com a

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provisão de D. Duarte antes citada, em que de-
clara que Antônio Ribeiro "perante mim casou com dor da faserida da capitania da Baía, em 18 de
a Maria de Argôlo, e a recebeu na Sé desta cidade novembro de 1553, Documentos Históricos, XXXV,
por sua mulher". Maria de Argôlo, pela data pro- págs. 195-197.
vável do casamento de seus pais, ainda era ira- Rodrigo de Freitas, escudeiro fidalgo da casa
púbere ; a antecipação do consórcio explica-se pela real, veio para Baía com o primeiro governador,
exigência do cumprimento do alvará que lhe insti- provido no ofício de escrivão da matrícula geral.
tuiu o dote. Por isso mesmo é que os frutos do D. João III, em carta regia a D. Duarte, de 24
casal só vieram na década seguinte : foram Ber- de novembro de 1554, mandava dizer : "... a carta
nardo e Agostinho Ribeiro, batisados na Sé, res- que me escrevesíes, em que falais em Rodrigo de
pectivamente, a 20 de agosto de 1562 e a 4 de mar- Freitas, de quem Tome de Sousa, quando veio
ço de 1584, Jaboatão, Catálogo, pág. 181. Agosti- dessas partes deu larga informação, e em quem
nho é o próprio D. Agostinho Ribeiro, que foi bispo agora me tornou também a falar..." — e ordenava
de Ceuta, o primeiro filho do Brasil que atingiu à fosse provido em sua vida para servir na vacante
dignidade episcopal. de qualquer dos ofícios a prover até a feitura da-
Com a outra filha de Rodrigo de Argôlo, Ana quela carta regia. Teve então o ofício de escri-
Argôlo, casou Cristóvão Pires, que obteve o ofício vão das rendas de sua Altesa no Brasil, do qual
de escrivão do tesouro da capitania da Baía, por tomou posse em 15 de julho de 1555, Documentos
provisão do governador Men de Sá, de 24 de junho Históricos, XXXV, págs. 294-296.
de 1563, com a obrigação de ir ou mandar ao reino, Sua provisão remetida à corte para ser confir-
a buscar provisão confirmada, Documentos Histó- mada, perdeu-se na tormenta da nau Nossa Se-
ricos, XXXVI, págs. 193-194. nhora da Ajuda; veio-lhe depois ressalva, que con-
V — Os serviços de Rodrigo de Argôlo ainda tém alguns erros na cópia reproduzida in Do-
foram valiosos em favor de uma sua sobrinha, que cumentos Históricos, XXXVI, págs. 127-129 : —
não tem o nome declarado nos documentos, con- deve ser de 1556, e não 1565, de 30, e não de 31 de
tratada para casar com Rodrigo de Freitas, a quem novembro, dia inexistente, etc.
D. Duarte proveu na serventia do ofício de prove- Naquele tempo, Rodrigo de Freitas, envolvido
nas brigas do governador com o bispo D. Pedro
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Fernandes, teve substituto em seu emprego na pes- teve na corte provimento favorável, e Rodrigo de
soa de Antônio do Rego, por provisão de l de outu- Freitas foi resiituido ao seu lugar. Cerca de quatro
bro de 1556, "por ser impedido Rodrigo de Freitas", anos mais tarde enviuvava e, em meio de tantas
Documentos Históricos, XXXV, págs. 300-301. Por viciESitudes, resolvera abandonar a vida secular,
outra provisão de 25 de novembro do mesrno ano, motivo por que M'en de Sá provia ern seu cargo,
D. Duarte fazia saber ao provedor-mor da fazen- em 4 de outubro do ano que está ern branco no
da e mais oficiais que — "os dias passados Rodrigo documento, mas deve ser o de 1560, a Sebastião
de Freitas foi preso por vosso mandado (do pro- Alvares "por Rodrigo de Freitas, escrivão do tesou-
vedor-mor) ; e porque agora é sentenciado, e seu ro destas partes, se meter na Ordem dos Padres
feito está apelado, e ele não pode servir o dito ofí- da Companhia de Jesus, e não poder servir o dito
cio até vir a apelação, em que se há de passar ofício, conforme a Direito, e Ordenação de Sua Al-
algum espaço de tempo..." — fora servido encar- tesa...", Documentos Históricos, XXXVI, pági-
regar do ofício de escrivão do tesouro a Luís da nas 132-133.
Maia, ibidem, págs. 341-343. Rodrigo de Freitas O Padre Rodrigo de Freitas passou a Pernam-
era acusado de alcance que se verificara nos livros buco em 1563 ; em fins de 1573 voltou a Baía, e
do armazém da matrícula, e a acusação e perse- daí seguiu para Lisboa, levando ern sua companhia
guição que sofria, ele as atribuía "às rnaiícias deste o índio Ambrósio Pires ; regressou ao Brasil em
tempo, e a má vontade que me tem o governador, 1583, com o visiíaclor Cristóvão de Gouveia e o
e o ouvidor [Brás Fragoso], que também serve de Padre Fernão Cardixn. Foi um jesuíta admirável,
provedor-mor", Apontamentos ao Escrivão Rodrigo de nome reverenciado na História da Colonização
de Freitas, in História da Colonização Portuguesa e da Catequese do Brasil, pelos serviços memorá-
710 Brasil, III, págs. 369-371. veis prestados no século e na Companhia de Jesus.
Sua sogra morreu no naufrágio da Nossa Se- VI — Luísa de Manjoulo, viúva de Simáo de
nhora ãa Ajuda, como certifica a carta dos oficiais Rabelo, obteve a graça de um alvará de lembrança,
da Câmara de Salvador a El-Rei Nosso Senhor, da de 16 de dezembro de 1558, para que em respeito
18 de dezembro de 1556, História ãa Colonização, dos serviços do defunto tivesse o ofício de escri-
citada, III, págs. 381-482. A apelação de seu feito vão da fazenda nas partes do Brasil quem casasse

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mandado de 30 de julho de 1553, do provedor-mr
corn uma das suas filhas. Como estas fossem da fazenda ao tesoureiro Luís Garcês, para que
duas, que casaram com Miguel de Oliva de Men- desse, a contar do dia 13, que foi o da chegada da
donça e Franeiseo de Barbuda, houve dúvidas e armada de D. Duarte à cidade de Salvador, mil
desconfianças sobre qual delas seria a beneficiá- oitocentos réis em dinheiro, duzentos réis a cada
ria do rnesmo ofício, que afinal foram resolvidas uma, para peixe e miudezas, entregue a quantia a
pela carta de 17 de agosto de 1559, corn a divisão Maria Dias, criada delas, Documentos Históricos,
do cargo em dois ramos, Documentos Históricos, XXXVIII, pág. 174.
XXXVI, págs. 32-37. Em relação a Francisco de
Barbuda, essa notícia discorda da que vem em Já- Dessas nove órfãs tem-se apenas notícias sobre
boatão, Catálogo, págs. 127-128, que o faz casado cinco, duas mais do que as que consigna Jaboatão.
por três vezes, mas em nenhuma delas com qual- Catálogo, pág. 63, et passim, que se refere repeti-
quer das filhas de Luísa de Manjoulo com Sirnão damente às "três órfãs fidalgas que a Sereníssima
de Rabelo. Esse Barbuda deve ter o mesmo a Rainha D. Catarina mandou à Baía para casa-
quem ni&ndaram abrir pelas costas, de alto a baixo, rem com as pessoas principais da terra", o que mos-
a golpes de machado, Paulo de Carvalhal de Vas- tra que em seu tempo já não havia memória das
concelos e seu filho Bartolomeu de Vasconcelos, os outras. Das três órfãs de Jaboatüo a mais notá-
quais, por asse crime horrendo, o primeiro foi de- vel foi Clemência Doria, a quem os linhagistas con-
golado na Baía, corn cadeia no pé, a 7 de outu- ferem origem principesca, dos Dorias da república
bro de 1814, e o outro, ainda que se livrasse da de Gênova, sobrinha do doge André Doria, que com
pgna última, ficou pelo resto da vida, não se atina o favor de Carlos V, imperador da Alemanha, livrou
por que, conhecido pela alcunha de Má-pele, Ja- sua pátria da sujeição a várias potências, e com
boatão, Catálogo, págs. 128, 201-202 ; Anais da Bi- quem casam Fernão Vaz da Costa, que passara à
blioteca Nacional, vol. XLIX, págs. 80. Baía com D. Duarte, seu tio, Catálogo, páginas
263-265, — informações estas fide-indignas. Quan-
VII — Do Governo de D. Duarte da Costa são to à vinda com o segundo governador, o que sern
mais seguras as informações sobre as órfãs que dificuldade se apura é que Fernão Vaz já assistia
chegaram a Baía com o próprio governador. Fo- na terra ao tempo de Tome de Sousa. De 5 de
ram elas em número de nove, como se verifica do
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dezembro de 1550 a 5 de maio do ano seguinte era dentes usaram. Em relação ao seu casamento com
capitão de bergantim São Roque, corno se vê dos Clemência Doria, o que hoje se sabe é que ele não
Documentos Históricos, XXXVII, pág. 139; de 4 foi o primeiro marido da nobre órfã. Essa priori-
de agosto a 18 de setembro de 1551, continuava na dade coube de fato a Sebastião, ou Bastião Ferreira,
mesma capitania do bergantim, ibidem, pág. 272 ; moço da Câmara real, provido por D. Duarte no
de 10 de março a 10 de maio de 1552, era pago de ofício de tesoureiro, na vacante de Luís Garcês,
seu soldo naquele emprego, Documentos Históricos, preso e suspenso do cargo pelo provedor-mor da
XXXVIII, pág. 11 ; passava à capitania da caravela fazenda Antônio Cardoso de Barros, por culpas su-
Rainha, e recebia o soldo respectivo de 8 de julho jeitas à devassa, Documentos Históricos, XXXV,
a 6 de setembro do mesmo ano, ibidem, pág. 80; págs. 214-216.
voltava à capitania do bergantim, e embolsava-se
de seus vencimentos de 7 de setembro a 7 de outu- Foi de efêmera duração esse consórcio, porque,
bro do dito ano, ibidem, pág. 101 ; em 10 de março embarcando para a corte Sebastião Ferreira, "ma-
de 1553 conservava o cargo, ibidem, pág. 117. No rido de Clemência Doria" — foi uma das vítimas
governo de D. Duarte da Costa, sob o mando de da catástrofe da nau Nossa Senhora da Ajuda,
D. Álvaro, tomou parte nas guerras aos índios da relacionadas na carta dos oficiais da Câmara do
Baía e em um dos encontros saiu ferido pelos pei- Salvador, antes citada. Foi então que Clemência
tos, Varnhagen, História Geral do Brasil, I, pág. 3-59 Doria, livre do primeiro esposo, convolou a novas
(4.a edição, nota). núpcias, dessa vez com Fernão Vaz da Costa, que
levou de dote o ofício de contador das terras do
Quanto ao alegado parentesco com o governa- Brasil, por provisão d'El-Rei D. Sebastião, de l?
dor, é para se pôr em dúvida, por que, além do cog- de maio de 1559, para que tivesse o cargo enquanto
nomento comum, nada indica que Fernão Vaz per- bem servisse e El-Rei não mandasse o contrário, a
tencesse à ilustre prosápia dos Costas de Portugal, começar tanto que Damião Lopes de Mesquita, que
originária do D. Álvaro da Costa, camareiro-mor o ocupava por provisão do governador, acabasse o
e armeiro-mor d'El-Rei D. Manuel, e vedor da fa- triênio. Aquela provisão foi apostilhada em 4 de
zenda da Rainha D. Leonor, ao qual foi concedido agosto do mesmo ano, para que Fernão Vaz se
o tratamento de dom, que todos os seus descen- beneficiasse do emprego pelo tempo de dez anos,

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que deviam correr de 11 de maio de 1561, quando ainda vivia, mãe de Cristóvão da Costa, sogra de
prestou juramento e tomou posse, Documentos His- Francisco de Abreu e de Martim de Carvalho, —
tóricos, XXXVI, págs. 152-154. Primeira Visitação do Santo Ofício às Partes do
Desse segundo casamento houve dilatada pro- Brasil. — Denunciações da Bahia, págs. 239-240 e
le, mencionada por Jaboatão, Catálogo, páginas 249, São Paulo — Rio, 1925.
265-267, et passim. Um neto do casal, Fernão Vaz Outra das órfãs de D. Duarte foi Violante Deça,
da Costa Doria, casou com Inácia de Azevedo, filha dada como filha bastarda de D. João Deça, capitão
de Cristóvão Vieira Ravasco e de sua mulher Maria de Goa. Casou na Baía com João de Araújo de
de Azevedo, e tornou-se assim cunhado do Padre Sousa, fidalgo galego da casa dos Alcáides-mores
Antônio Vieira. de Lindoso e Pertigueiras de Cela-Nova, Jaboa-
Fernão Vaz da Costa faleceu na Baía entre tão, Catálogo, págs. 321-322. João de Araújo, com
novembro de 1567 e princípios de julho do ano sub- mais de uma citação nesta resenha, veio para a
seqüente, Jaboatão, Catálogo, pág. 266. Sua mu- Baía com Tome de Sousa. Em novembro de 1549,
lher passou muito além, quase ao fim do século, funcionava como escrivão do tesouro, Documentos
conforme se colige de documentos contemporâneos. Históricos, XXXVII, págs. 32, 357, 430, et passim ;
Em 1580 era possuidora de terras conírontantes em 6 de dezembro de 1551 foi provido nos ofícios de
com a ermida de São Sebastião da Cidade do Sal- tesoureiro das rendas reais das partes do Brasil,
vador, doada com os seus chãos aos Beneditinos feitor e almoxarife da cidade do Salvador e alfân-
por Francisco Afonso, o condestável, e sua mulher dega dela, que vagaram por falecimento de Gonçalo
Maria Carneira. As terras da ermida, além das Ferreira, Documentos Históricos, XXXV, páginas
confrontações com as de Clemência Doria, ainda se 101-102.
limitavam com outras pertencentes a Sebastião da De João de Araújo e Violante Deça, Jaboatão,
Ponte, Antônio Dias Adorno, Sirnão da Gama de Catálogo, págs. 321-322, registra a ilustre descen-
Andrade, e outros nomes conhecidos da História dência. Uma filha do casal, batisada na Sé da
baiana, citados no Livro Velho do Toiribo do Mos- Baía em 5 de dezembro de 1555, padrinhos D.
teiro de São Bento da Cidade do Salvador, pág. 404, Duarte da Costa, seu filho D. Álvaro, e D. Leonor,
Baía,'1945. Em agosto de 1591, Clemência Doria mulher de Simão da Gania de Andrade, casou com
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Luís Alves Espinha, filho do capitão-mor dos João de Araújo acompanhou Men de Sá à con-
Ilhéus, e foi mãe de Manuel de Sousa Deça, extra- quista do Rio de Janeiro e foi um dos depoentes
ordinário tipo de guerreiro, a quem Capistrano de no Instrumento aos serviços desse governador,
Abreu qualificou como "a figura mais simpática Anais da Biblioteca Nacional, vol. XXVI, páginas
dos primeiros tempos da conquista do Maranhão", 129-280. D. Violante faleceu na Baía em l de
— o capitão da frente em todos os combates contra junho de 1602, sepultada em São Francisco, Jaboa-
os franceses intrusos, desde o presídio do Buraco tão, Catálogo, pág. 321, nota.
das Tartarugas até as praias de Guaxinduba. Inês da Silva foi outra das órfãs que trouxe
Quando foi assinada a trégua de Jerônimo de Al- D. Duarte. Casou na Bahia com Cristóvão Bran-
buquerque, foi mandado a Pernambuco com a no- dão, Jaboatão, Catálogo, pág. 265, nota. Sobre o
tícia ; mas seu navio desgarrou com a corrente casal não há outros pormenores na documentação
marítima e foi de arribada a Pôrto-Rico, onde Sou- conhecida. Outra foi Jerônima de Góis, que D.
Duarte, na provisão de 26 de abril de 1554, pas-
sa Deça colheu e transmitiu à corte as primeiras
sada a João Velho Galvão para servir o ofício de
informações sobre a presença de estrangeiros nas escrivão do armazém, declara ser uma das órfãs
terras do Cabo do Norte, Documentos para a His- que El-Rei "mandou do Reino em minha compa-
tória e Geografia da Costa Leste-Oeste, páginas nhia para casar nestas partes", Documentos His-
119-121. Prestou ainda grandes serviços à con- tóricos, XXXV, págs. 383-385. João Velho Galvão
quista, e por fim foi nomeado governador do Pará; era morador na cidade do Salvador, e já ocupava o
nesse cargo entrou em desavença com o governa- cargo desde 24 de fevereiro do mesmo ano por man-
dor do Maranhão Francisco Coelho de Carvalho, dado do governador.
que o mandou prender, e o enviou à Corte. Nos Aparece ainda outra órfã, que deve pertencer
cárceres do Limoeiro, como dois de seus imediatos ao rol das de D. Duarte : Marta de Sousa, casa-
sucessores, Luís Aranha de Vasconcelos e Jácome da com João Gonçalves Dormundo, provedor da
Raimundo de Noronha, foi morrer, lastimosamente, fazenda da Capitania de São Jorge do Rio dos
o glorioso neto de D. Violarite Deça, ibidem, pá- Ihéus, Documentos Históricos, XXXV, páginas
gina 309. 151-158; Jaboatão, Catálogo, pág. 76. O casal ainda

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vivia em agosto de 1591, morava na vila d©s Ilhéus com sua mulher, trazia o cuidado delas durante a
e tinha pelo menos dois filhos : Gaspar Lobo de longa travessia de oito meses do reino à cidade do
Sousa e Belchior de Sousa, então com 37 e 33 anos Salvador, que tanto foi tempo que levou a armada
de idade, respectivamente, nascidos na dita vila, do governador para chegar a seu destino.
Denunciações da Bahia, citadas, págs. 273, 286 e Uma provisãa real, de 20 de abril de 1557, que
332. Men de Sá devia ter trazido consigo, porque é
Não se perca a oportunidade de esclarecer que datada de dez dias antes de sua partida de Lisboa,
Maria Dias, criada das órfãs, a que se refere o ordenava o mantimento para seis órfãs que El-Rei
mandado do provedor-mor da fazenda, de 30 de mandava ao Brasil para terem estado, Documentos
julho de 1553, supra, é a mesma "velha que veio Históricos, XXXV, págs. 437-438. Os nomes delas
com as órfãs", incluída entre os naufragantes da constam dessa provisão : Catarina Loba, Ana de
Nossa Senhora da Ajuda, na carta dos oficiais da Paiva, Catarina Fróis, Damiana de Góis, Maria Re-
Câmara do Salvador, citada mais de uma vez. boredo e Apolônia de Góis, que encontraram bons
VIII — Do Instrumento dos serviços de Men de casamentos, do que o governador, como se viu, se
Sá o capítulo terceiro diz respeito às "órfãs que gaba e aponta no arrolamento de suas beneme-
vierão em minha companhia, e tanto que cheguei rências.
a esta cidade trabalhei pelas casar e quiz o nosso Pela ordem em que se acham enumeradas na
senhor que as casei todas, e as que depois vierão, provisão, vêm a seguir as seis órfãs, com os seus
e todas estão casadas e onradas". As testemunhas competentes maridos :
inqueridas no Instrumento, à excepção do bispo
D. Pedro Leitão, que ai não disse, todas SQ referem 1) Catarina Loba, que casou com Gaspar de
às órfãs trazidas pelo governador, e às que vieram Barros de Magalhães. À conta de Jaboatão, Ca-
posteriormente, que João de Araújo, Vicente Mon- tálogo, pág. 203, e de Borges da Fonseca, íJóbiliar-
teiro e Antônio da Costa, informaram que tinham quia, II, pág. 158, vá a notícia de difícil verifica-
vindo com o capitão-mor Estácio de Sá. Das tes- ção, segundo a qual Gaspar de Barros era homem
temunhas juradas João de Araújo e Francisco de fidalgo, que vivera no Brasil, no Recôncavo da
Morais eram casados com órfãs, e Brás Alcoforado, Baía, onde chamam São Paulo, e viera de Portu-

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RODOLFO GARCIA AS ÓRFÃS

gal exterminado, tornando-se ali muito rico e afa- Essas queixas nenhuma providência, ao que
zendado. Quanto se sabe a seu respeito é que teve conste, determinaram por parte da metrópole :
provisão do governador Men de Sá, de 3 de janeiro Men de Sá continuou a governar ainda por quase
de 1560, para servir o ofício de contador das partes uma década, e só deixou de fazê-lo quando a morte
do Brasil, com o ordenado anual de setenta mil assim o quiz, a 2 de março de 1572, às 10 horas de
réis, Documentos Históricos, XXXVI, págs. 53-54. uma luminosa manhã de domingo baiano.
Quando Men de Sá se dispunha a vir ao Rio de Gaspar de Barros ainda era vivo cerca de 1578,
Janeiro, sendo necessário em sua ausência deixar Denunciações da Bahia, pág. 414 ; Paula de Bar-
na sede do governo dois juizes para os feitos da ros, denunciando perante a mesa do Santo Ofício,
fazenda de sua Alteza, foi um deles Gaspar dê em 22 de agosto de 1591, declarou ser filha de
Barros, provido por alvará de 10 daquele mês e Gaspar de Barros, defunto, e de sua mulher Cata-
ano, ibidem, pág. 67. rina Loba, "que ora he casada com André Mon-
Gaspar de Barros e Sebastião Álvares, oficiais teiro", ibidem, pág. 416.
da fazenda do Salvador, logo se indispuseram con-
2) Ana de Paiva, casada em Salvador da Fon-
tra o governador, porque, em carta de 24 de julho
seca, que foi provido em 26 de junho de 1559 na
de 1582 ao Rei D. Sebastião, dele se queixavam
serventia do ofício de escrivão ante o provedor da
• e pediam que "fizesse mercê aos moradores destas
fazenda da cidade do Salvador, Documentos His-
partes de mandar-lhes governador homem fidalgo
tóricos, XXXVI, págs. 163-164. O ofício pertencia
e virtuoso, e que não fosse cubiçoso, e será por nos
a Francisco de Morais, que terminou seu tempo
fazer maior mercê que não pudesse na terra res-
em 28 de janeiro de 1562 ; no dia seguinte Salvador
gatar senão mantimentos para sua casa, porque, se
da Fonseca foi metido de posse pelo provedor-mor
não viesse com esta condição, somos perdidos, como
e começou a vencer seu ordenado, ibidem.
estamos, porque tomam todos os resgates de âmbar
e escravos, e para adquirirem assim tudo não pode Sobre o casal nada mais informam os do-
ser senão com muitas sem-justiças e dissolu- cumentos .
ções ..." — Documentos relativos a Men de Sá, in 3) Catarina Fróis, que já era casada com
Anais da Biblioteca Nacional, XXVII, pág. 241. Francisco de Morais em 27 de janeiro de 1558, data

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RODOLFO GARCIA

da carta do governador Men de Sá, em que provia soa nobre, filho de uma irmã de Duarte Coelho,
nos ofícios de escrivão da provedoria dos defuntos donatário de Pernambuco, a qual era casada no
e alfândega da cidade e capitania, por tempo de Porto, — História ãa Colonização, citada, III, pá-
quatro anos ao mesmo Francisco de Morais, "que gina 197. Teria o casal passado àquela Capitania,
casou com Catarina Fróis, uma das órfãs que Sua sem deixar rastros na documentação baiana.
Alteza enviou a estas Partes na Nau em que vim", 5) Maria Reboredo, que casou com Antônio
Documentos Históricos, XXXV, págs. 431-434. -Laniego, provido em 5 de agosto de 1558 no Ofício
Em agosto de 1591, quando o visitador do San- de escrivão dos contos e matrícula da Cidade do
to Ofício perambulou pela Baía, o casal ainda ali Salvador, com o ordenado em cada ano de trinta
existia ; a ele Catarina disse ser filha de Simão Ro- e cinco mil réis, com os próis e precalços, Do-
drigues Fróis, cristão-velho, e sua mulher Mecia cumentos Históricos, XXXV, págs. 444-445. Por
Rodrigues, cristã-nova ; era natural de Lisboa, com provisão do governador, de 10 de agosto do mesmo
cinqüenta anos pouco mais ou menos; era sogra ano, por estar Antônio Lamego doente dos olhos,
de Gaspar Martins, a quem odiava, pela má vida passou a servir o ofício seu cunhado Fernão Rebo-
que dava a sua filha Isabel da Fonseca, pelo que redo, ibidem, págs. 446-447.
entrara em tratos com a feiticeira Maria Gonçal- 6) Finalmente, Apolônia de Góis, que casou
ves, de alcunha Arde-lhe-o-Rabo, para que lhe fizes- com Damião Lopes de Mesquita, provido por isso,
se uns feitiços que o matassem ou que ele morresse, em 2 de junho de 1558, no cargo de contador das
ou não tornasse da guerra de Ceregipe, onde estava, partes do Brasil, com o ordenado anual de setenta
— Primeira Visitação ao Santo Ofício às Partes do mil réis, ibidem, págs. 441-444. Essa Apolônia de
Brasil — Confissões ãa Bahia, pág. 68, São Paulo, Góis e Damiana de Góis eram irmãs, sobrinhas de
1922. Francisco de Morais, cavaleiro da casa real, Pedro de Góis, donatário da Capitania de São
andou com Men de Sá na conquista do Rio de Ja- Tome ou Paraíba do Sul, — História da Coloniza-
neiro e foi, como se viu, uma das testemunhas ção, citada, III, pág. 213.
juradas dos serviços do governador.
4) Damiana de Góis, filha de Manuel de Góis IX — Sobre as órfãs que trouxe Estácio de Sá
de Macedo, casou com João Fernandes Coelho, pés- não ocorrem senão referências vagas ; teriam che-

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gado à Baía em 1561, talvez depois, na segunda O que é certo é que, depois de tal sucesso, não
viagem do Capitão-mor ao Brasil. Outras órfãs consta fossem despachadas mais donzelas para o
teriam vindo pelos tempos afora, sobre as quais Brasil.
nada se colhe dos documentos disponíveis, con- Aos perigos da navegação, que naquele tempo
fundidas naturalmente com tantas outras moças, eram muitos e temerosos, mais um veio juntar-se :
que atravessariam o oceano em companhia de suas a incontinência dos navegantes...
famílias, filhas, irmãs, ou parentes de oficiais ou
empregados na Colônia. Impossível se torna assim
reconhecê-las e discriminá-las nesse complexo de
imigrantes do sexo gentil; mas pode-se imaginar
que não seriam poucas as jovens nas condições
preditas, que viriam procurar maridos sob os tró-
picos, nas pródigas terras brasileiras.
X — No século seguinte, pelos anos de 1608 e
1609, uma caravela de um Sebastião Martins, da
qual era mestre e piloto um seu irmão, trouxe
órfãs para a Baía; do mal que lhes aconteceu, às
donzelas, pelo caminho, foi tirada devassa, e os
dois irmãos, achados em culpa, foram presos e re-
metidos para a corte por ordem do governador
D. Diogo de Meneses, para serem entregues ao
Conselho, ou a quem seu presidente mandasse, —
Anais da Biblioteca Nacional, vol. LVII, pág. 50.
Qual fosse esse mal, não se declara no do-
cumento citado ; mas adivinha-se sem maior dis-
pêndio de argúcia. Nem é necessário entrar em
pormenores sobre o que a devassa teria conhecido.
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1947
IMPRENSA NACIONAL
RIO DE JANEIRO — BRASIL

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