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A “Santa Ceia” é realmente santa?

O assunto o qual vou abordar agora é muito delicado para muitos da estrutura
religiosa cristã (catolicismo e protestantismo). Para muitos, divergir nesta
questão é uma blasfêmia terrível. Mas, para aqueles a quem, de fato se
destina este estudo, é mais um artigo que servirá de despertamento,
conduzindo-os a retirar de sua vida mais um "engano de satanás" que ousa
deturpar aquilo que Cristo de fato quis nos ensinar. E esse engano só não foi
revelado há muito mais tempo pela igreja, caro leitor, porque estava
soterrado sob liturgias e rituais provenientes da religiosidade pagã-romana.

Sei que, ao tocar neste assunto, é como se estivesse cutucando um vespeiro,


pois a “Ceia” é um dos pilares do cristianismo. Nestes últimos tempos, o
Espírito Santo tem aberto os olhos de muitos, pois o dia do retorno do nosso
Cristo, o Messias, está muito próximo. E antes de sua volta TODAS as coisas
serão reveladas aos servos, todo engano cairá por terra (cf. Atos 3.21).C
Cristo nunca mandou instituirmos rituais! E Ele não nos ordenou a fazer este
ritual de partir um pão em pedacinhos e comer tomando copinho de suco de
uva, mas através de certas atitudes descritas na Palavra, Ele nos deixa o
exemplo de transferi-las para uma linguagem espiritual em nosso dia-a-dia.
Ele aproveitou a comemoração da páscoa junto aos seus discípulos e, em
meio a vários outros itens no jantar, destacou o pão e o vinho para nos
ensinar algo IMPORTANTE. Mas NÃO instituiu um ritual. Por exemplo, o que
Ele nos ensina com o ato de lavar os pés dos discípulos? Com certeza não
ensinou um ritual literal de lavar os pés, mas ensina que devemos nos
humilhar, nos sujeitar e servir o próximo em amor.

Diversas liturgias e rituais que muitos do catolicismo e protestantismo


contemporâneo praticam e as têm como comuns e importantes, são
originárias do império romano, quando o imperador Constantino formou o
cristianismo religioso baseado em dogmas e ordenanças religiosas, por volta
do ano 300 d.C. Presta atenção numa coisa: o cristianismo de
Constantino é um verdadeiro pacote de rituais e costumes de outras
culturas pagãs, como por exemplo, Grega e Mitraica (religião romana
pagã).

O ritual de comer um pão físico e beber o vinho (suco de uva) foi, de certa
forma, introduzido pelo catolicismo de Constantino, copiando de um possível
ritual ao deus chamado “Mitra”. Não vou me aprofundar no contexto histórico
agora, iremos apenas focar no que Cristo verdadeiramente nos ensinou, sem
a intromissão de ensinos impostores do passado.

Martinho Lutero, idealizador da “reforma protestante”, morreu ainda sendo


padre católico. Ele apenas reformou algo já existente, mas não se desapegou
de vários de seus velhos dogmas. Quando você reforma uma casa, você pode
modificar algumas características dela, mas não muda suas estruturas. Pois
foi isto que aconteceu na suposta “reforma protestante”. Uma das provas que
podemos observar na história foi que, mesmo após a reforma de Lutero,
ainda era feito pelos protestantes o ritual da Eucaristia, na qual, a cada rito,
refazem simbolicamente o sacrifício já realizado e consumado no madeiro.

A “Santa Ceia” (nome dado pelo catolicismo), era simplesmente, no tempo


de Cristo, uma refeição noturna durante a páscoa judaica.

“Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar


a páscoa. E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-
nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram:
Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que,
quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando
um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E
direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o
aposento em que hei de comer a páscoa com os meus
discípulos?” (Lucas 22:7-11)

Esclarecimentos importantes antes de começar pra valer o estudo

Os padres católicos que traduziram e compilaram a Bíblia, a organizaram de


forma errada. Estamos acostumados a começar a ler o Novo Testamento à
partir do nascimento de Cristo. Isto é um grande erro. Você pode dizer que
isto não afeta a “inerrância” deste livro, pois é apenas uma ordem na
impressão. Mas já é suficiente para levar as pessoas ao engano. É importante
sabermos disto. O “Novo Testamento” que temos pelo início da Nova Aliança,
se inicia, de fato, após a morte de Cristo (cf. Hebreus 7), e não no
nascimento, como foi colocado na Bíblia. Após sua morte, se iniciou uma
Nova Aliança.
Quero esclarecer também que, o Antigo Testamento é sombra das coisas
futuras (Novo Testamento). Se a “Ceia” foi realizada antes da morte do
Messias, então devemos entender que ela foi feita ainda durante a Velha
Aliança, por isso, este ato é apenas uma sombra da revelação espiritual
trazida na Nova Aliança. Pois bem, foi exatamente o que o Messias quis nos
trazer. Ele NÃO nos ensinou um ritual, mas sim um entendimento espiritual
de como seria a vida de sua Igreja após Sua morte e ressurreição. Através
daquela simples refeição, Ele nos ensinou como deveríamos viver
espiritualmente.

“Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a


comunhão do sangue de Jesus? O pão que partimos, não é
porventura a comunhão do corpo de Jesus?” (1 Coríntios
10:16)

Enquanto você ler o estudo, você pode perceber que o texto de I Coríntios
11:23 em diante, não foi usado. Mas este texto será explicado ao final deste
artigo.

Vamos agora analisar os textos:

O PÃO

“E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho,


dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em
memória de mim.” (Lucas 22:19)

O NOSSO MESSIAS É O VERDADEIRO PÃO, O PÃO QUE DESCEU DOS CÉUS

Ele não é um pão físico (pão de forma, pão sovado, bisnaga da padaria). O
pão que Ele nos fala é espiritual, ou seja, Ele mesmo! No dia da páscoa, Ele
apenas usa o pão e o vinho para servir como simbolismo didático no
momento, Ele usou elementos materiais para mostrar aquilo que era
espiritual, e nunca para ser um ritual, como é feito hoje! Isso precisa ficar
MUITO claro, por isso estou repetindo.

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste
pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne,
que eu darei pela vida do mundo.” (João 6:51)

“Porque o pão do Eterno é aquele que desce do céu e dá vida ao


mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim
não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. Mas já vos
disse que também vós me vistes, e contudo não credes.” (João
6:33)

“Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Este é


o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste
pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne,
que eu darei pela vida do mundo. Disputavam, pois, os judeus
entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a
comer?” (João 6:49-52)

Devemos nos alimentar do verdadeiro Pão que é espiritual, e não físico. Veja
novamente neste versículo:

“Este é o pão que desceu do céu (Jesus); não é o caso de vossos


pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão
viverá para sempre.” (João 6:58)

“Eu sou o pão da vida.” (João 6:48) – Jesus é o verdadeiro Pão espiritual, e
não um pão feito de farinha de trigo.

Mas porque “fazei isto em memória de mim”?

Certamente não é um ritual da qual Ele pede para que façamos. Veja os
textos:

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a


Palavra era Deus.” (João 1:1)

“E a Palavra se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua


glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.” (João 1:14)

“(Jesus) Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o


nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.” (Apocalipse
19:13)

Jesus Cristo é a PALAVRA! É o Pão! O Pão espiritual é a Palavra.


Quando Ele nos pede que partíssemos e comêssemos do Pão, na verdade
devemos comer e compartilhar a Palavra, a Palavra viva, o próprio Jesus!
Então o Pão que as Escrituras nos falam não é um pão que compramos na
padaria e comemos como se fosse um pão “mágico”, não! Mas é o Pão
espiritual! Jesus, nosso Messias! Faça isso sempre em memória dele.

O CÁLICE

“Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse:


Tomai-o, e reparti-o entre vós; Semelhantemente, depois da
ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu
sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22:17-20)

Da mesma forma que o Pão descrito na Escritura é o Pão espiritual, ou seja,


a Palavra Viva (Jesus), o cálice descrito no texto acima também é espiritual,
veja:

“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de


joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice
(sofrimento); todavia não se faça a minha vontade, mas a
Tua.” (Lucas 22:41-42)

“Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos


sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. Mas Jesus
lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu
bebo (sofrimento futuro e morte), e ser batizados no batismo
em que eu sou batizado? E lhe responderam: Podemos. Mas
Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no
batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados; mas
o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me
pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está
reservado.” (Marcos 10:37-40)

“Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não


hei de beber o cálice (sofrimento futuro) que o Pai me
deu?” (João 18:11)

Diante destes textos podemos verificar a linguagem espiritual da expressão


“Cálice”. O cálice do Messias são Seus sofrimentos, Sua renúncia,
morte, Sua vida… Quando Ele pede para bebermos do seu cálice, é para que
possamos alinhar nossa vida com a Vida dEle. É que possamos imitá-lo em
Suas atitudes. Devemos nos alimentar do Pão (A Palavra) e dividi-lo com
muitos, mas também praticarmos o que Ele fez, nos humilhando se preciso,
até a morte, para que Ele seja glorificado, assim como o Pai foi glorificado na
vida e atitudes dEle.

Uma orientação simples ou ordenação de uma liturgia ritualística?

Vamos ler o texto por inteiro, e não somente a parte que é lida na liturgia!

“Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos
ajuntais, não para melhor, mas para pior. Porque, antes de tudo,
ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões;
e em parte o creio. E até importa que haja entre vós facções,
para que os aprovados se tornem manifestos entre vós. De sorte
que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do
Senhor; porque quando comeis, cada um toma antes de outrem
a sua própria ceia; e assim um fica com fome e outro se
embriaga. Não tendes porventura casas onde comer e beber?
Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada
têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo. Porque
eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor
Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão; e, havendo dado
graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei
isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de
cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu
sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória
de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e
beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até
que ele venha. De modo que qualquer que comer do pão, ou
beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo
e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo,
e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e
bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não
discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos
fracos e enfermos, e muitos que dormem. Mas, se nós nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; quando,
porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não
sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos,
quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Se
algum tiver fome, coma em casa, a fim de que não vos reunais
para condenação vossa. E as demais coisas eu as ordenarei
quando for.” (1ª Coríntios 11:17-34)
Por causa das inúmeras repetições da liturgia da qual o líder lê este texto,
muitos até o sabem “decorado” sintomatizando uma idolatria pelo texto. Mas
nesta parte da carta à Igreja de Corinto, Paulo estava os orientando com
muita simplicidade, não querendo lhes ordenar uma liturgia ritualística. Paulo
expõe a esta Igreja da seguinte forma:

A comunidade de Corinto não sabia discernir o Corpo de Jesus…. Muitos


formavam entre si, grupos para reunir-se comer e embriagar-se na casa de
alguém (a famosa roda de irmãos que se formam antes ou depois da reunião
para comer)… Só que enquanto alguns se reuniam (“panelinhas”) para
comerem sua refeição, outros da própria congregação estavam passando por
dificuldade e fome. Ou seja, individualismo e egoísmo eram alguns pecados
da Igreja de Corinto. Paulo então diz, que se forem apenas para ajuntarem
alguns para comer e deixar um outro irmão em dificuldade e sem ajuda, é
melhor que comam em casa, pois eles não se reuniam para agradar à Jesus,
não praticavam a verdadeira refeição, para compartilhar da Palavra.

Por isso, Paulo cita a passagem da páscoa feita antes da morte do Messias,
da qual Ele ensina qual é a verdadeira refeição, que é comer e beber dEle.
Para que com isso, anunciar a morte de Jesus.

Como vamos fazer este anúncio (do evangelho) apenas enchendo o


estômago de pão físico e suco de uva?

Paulo também nunca quis transmitir o ensino de uma liturgia ritualística. Mas
ele ensinava que, se somos o Corpo de Cristo, e o Messias “se partiu” por
nós, devemos fazer como Ele, O Seu Corpo – a Igreja, também deve ser
partida pelo próximo, através da pregação da Palavra, participando do seu
cálice: dos seus sofrimentos, sua renúncia e seu modo de viver.

Por causa daqueles erros apontados por Paulo, A igreja de Corinto não sabia
discernir o Corpo de Jesus, pois apenas comiam para si, e comiam para sua
própria condenação, pois estavam em pecado. Por isso estavam
espiritualmente fracos e doentes, e muitos dormiam na fé.

A “ceia” no formato atual que é praticada nas igrejas vem de tempos


em que Roma já buscava uma conciliação com práticas pagãs, e
portanto não deve ser tida como algo bíblico ou um ritual ordenado
por Cristo, se alguém quiser fazer esse ritual fique sabendo que Cristo
não ordenou tal procedimento. Fora o fato de ser completamente
distorcida: É feita com base no simbolismo do pão, e não no que de
fato Cristo quis expressar, é feita fora de hora, é feita de forma
desconectada da festa bíblica (páscoa) de que se origina, e não é
ordenada em momento algum nas Escrituras. Em suma, trata-se de
doutrina de homens.

A "santa ceia" cristã é um ritual que tem suas origens no paganismo!

Mais especificamente na chamada Teofagia. Esta é mais uma das


“contribuições” de Constantino à cristandade. Seu sincretismo na implantação
de uma religião única no império romano, destroçou o poder da IGREJA DE
CRISTO até os dias de hoje, quando inseriu em seu meio práticas pagãs. A
Teofagia é a prática de comer o corpo de um deus. Isso às vezes é realizada
simbolicamente através da ingestão de um alimento ou material simbólico
desse deus. Nos rituais de fertilidade, o grão colhido pode ser ele próprio o
deus renascer da vegetação. Esta prática tem origem em muitas religiões
antigas. Dionísio e muitos exemplos são documentados em The Golden Bough
por Sir James George Frazer (1854-1941). Vestígios da prática da teofagia
sobreviveram em muitas religiões modernas.

Protestantes e Católicos não praticam a CEIA do modo como era no


século I (trecho do livro “Cristianismo Pagão”, de Frank Viola)

Rios de sangue foram derramados tanto por mãos protestantes como


católicas por causa de intrincadas doutrinas relacionadas à Ceia do Senhor.
20[20] A Ceia do Senhor, uma vez preciosa e viva, chegou a ser o centro do
debate teológico por muitos séculos. Mas protestantes (como católicos) não
praticam a Ceia do modo como era no século I. Para os primeiros cristãos, a
Ceia do Senhor era uma refeição festiva. 21[21]

Hoje, a tradição forçou-nos a tomar a Ceia com um dedalzinho com suco de


uva e um pedacinho de pão ou biscoito sem gosto. Toma-se a Ceia em um
ambiente de penumbra e morte. Pedem que recordemos os horrores da morte
de Nosso Senhor e reflitamos sobre nossos pecados. Além disso, a tradição
nos ensina que tomar a Ceia pode ser uma coisa perigosa. Portanto, a maioria
da moderna cristandade nunca a tomaria sem a presença de um clérigo.
Todos estes elementos eram desconhecidos entre os primeiros cristãos. Para
eles, a Ceia do Senhor era uma ceia comunal. 22[22] O humor era de
celebração e gozo. E não havia nenhum clérigo na direção. 23[23] A Santa
Ceia, essencialmente, era um banquete cristão.

Truncando a Ceia
Quando acabou a ceia completa, ficando apenas o pão e o cálice? Durante o
século I e a primeira parte do II, os primeiros cristãos descreviam a Santa
Ceia como a “festa do amor”.24[24] Naquele tempo eles tomavam o pão e o
cálice dentro do contexto de uma ceia festiva. Mas por volta do tempo de
Tertuliano (160-225), houve um início de separação do pão e do cálice da
Ceia. Pelo fim do século II, a separação foi completa. 25[25]

Alguns eruditos têm arrazoado que os cristãos eliminaram a ceia porque eles
não queriam que a Eucaristia fosse profanada pela participação de incrédulos.
26[26] Em parte isso pode ser verdade. Mas é mais provável que a crescente
influência do ritual religioso pagão removeu o gostoso ambiente caseiro, não
religioso, de uma ceia na sala de uma casa. 27[27] Já pelo século IV a festa
do amor foi “proibida” entre os cristãos! 28[28]

Com o fim da ceia, os termos “partir o pão” e “Ceia do Senhor” sumiram.


29[29] Agora, o termo comum do ritual truncado (apenas pão e cálice) era
“Eucaristia”. 30[30] Irineu (130-200) foi um dos primeiros a descrever o pão
e o cálice enquanto “oferenda”. 31[31] Depois dele adotou-se o termo
“oferenda” ou “sacrifício”.

A mesa do altar onde o pão e cálice eram colocados chegou a ser vista como
um altar onde a vítima [do sacrifício] era oferecida.32[32] A Ceia deixou de
ser um evento comunitário. Em vez disso virou um ritual sacerdotal
presenciado a distancia. Ao longo dos séculos IV e V houve um crescente
sentido de medo e pavor associado com a mesa onde se celebrava a
Eucaristia.33[33] Chegou a ser um ritual sombrio. A alegria que antes
acompanhava a Ceia desaparecera completamente.34[34]

O misticismo associado à Eucaristia deveu-se à influência do misticismo


religioso pagão. 35[35] Tais religiões eram permeadas de mistério e
superstição. Com esta influência, os cristãos começaram a atribuir nuances
sagradas ao pão e ao cálice. Eram vistos como objetos santos em si mesmos.
36[36]

O fato da Ceia do Senhor chegar a ser um ritual sagrado fez com que esta
exigisse uma pessoa sagrada para ministrá-la.37[37] É aí que entra o
sacerdote para oferecer o sacrifício da Missa. 38[38] Acreditava-se que ele
tinha o poder de pedir a Deus que descesse do céu e tomasse residência em
um pedacinho de pão. 39[39]

Por volta do século X, o significado da palavra “corpo” mudou na literatura


cristã. Previamente, os escritores cristãos utilizavam a palavra “corpo”
referindo-se a uma das três coisas: 1) O corpo físico de Jesus, 2) a Igreja, ou
3) O Pão da Eucaristia.Os pais da igreja primitiva viam a igreja como uma
comunidade de fé identificada com o partir do pão. Mas pelo século X houve
uma mudança de pensamento e de linguagem. A palavra “corpo” já não era
mais utilizada referindo-se à igreja. Era utilizada apenas referindo-se ao
corpo físico do Senhor ou ao pão da Eucaristia. 40[40] A palavra “corpo” tinha
sido evacuada de seu outro significado: A igreja.

Por conseguinte, a Ceia do Senhor distanciou-se bastante da ideia da Igreja


reunindo-se para celebrar o partir do pão. 41[41] A mudança de vocabulário
refletia esta prática. A Eucaristia não tinha nada a ver com a Igreja, mas
chegou a ser vista como “sagrada” em si mesma — mesmo quando colocada
na mesa. Envolvida em uma mística religiosa. Vista com assombro. Tomada
pelo sacerdote com uma sombria disposição. Completamente divorciada da
natureza comunal da ekklesia.

Todos estes fatores deram apoio à doutrina da transubstanciação. No século


IV, explicitou-se a crença de que o pão e o vinho se transformavam em corpo
e em sangue real do Senhor. A transubstanciação foi, portanto, a doutrina
que explicava teologicamente como essa mudança ocorria.42[42] (Esta
doutrina funcionou do século XI ao XIII).

A doutrina da transubstanciação trouxe consigo um sentimento de medo em


torno dos elementos. O temor foi tão intenso que o povo de Deus vacilava
aproximar-se dos elementos.43[43] Acreditava-se que quando as palavras
da Eucaristia eram ditas, o pão literalmente virava Deus. Tudo isto converteu
a Ceia do Senhor em um ritual sagrado levado a cabo por gente sagrada,
bem distante das mãos do povo de Deus. Isto ficou tão fixo na mentalidade
medieval que o pão e o cálice viraram “oferenda” até mesmo para alguns dos
reformadores. 44[44]

Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício,


os modernos cristãos protestantes continuaram abraçando a prática católica
da Ceia. Observe qualquer Ceia do Senhor (muitas vezes chamada de “Santa
Comunhão”) em qualquer igreja protestante e você verá o seguinte:

A Ceia do Senhor composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um


dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de
verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica. O humor é sombrio e taciturno.
Como na Igreja Católica. O pastor diz à congregação que cada um tem que
se examinar com respeito ao pecado antes de participar dos elementos. Uma
prática que veio de João Calvino. 45[45]
Como o sacerdote católico, muitos pastores ministram a ceia e recitam as
palavras da instituição: “Este é o meu corpo” antes de distribuir os elementos
à congregação. 46[46] Da mesma forma que a Igreja Católica. Com apenas
algumas poucas mudanças, tudo isso vem do catolicismo medieval.

CONCLUSÃO

Não estou introduzindo algo novo no Evangelho, mas verdadeiramente


exortando-os a voltar ao ensinamento original, sem a ritualização religiosa,
na qual, o Messias nunca quis nos ensinar, mas que foi injetada durante a
história da Igreja. Muitos ainda vivem enganados, pensando que ao comerem
um pão de trigo, e beberem um copo de suco de uva industrializado, estão
obedecendo uma ordenança de Jesus Cristo, o nosso Messias. Mas estão
fracos e doentes porque não se alimentam e compartilham da Palavra (O Pão
espiritual) e nem se tornam participantes do Cálice do Mestre (da vida e
práticas do Messias), que significa viver em santidade, andar em santidade,
como Ele andou.

Olhe pra mim! Este ritual de comer pão físico e beber suco como ritual
NÃO consta nas Sagradas Escrituras! E nunca devia existir. Este rito
foi introduzido por homens que supostamente entenderam tudo de
forma errônea, ou até, quem sabe, usando de má intenção. O comer
e beber Dele deve ser espiritual! Uma atitude diária em nossa vida!

Então, tudo o que foi feito até hoje, de nada serviu?

Outrora, vivíamos no tempo da ignorância, mas agora o Espírito Santo está


abrindo os olhos da Igreja! Ouça-O! Vamos ver o que é espiritual com os
olhos espirituais! E não carnais (segundo a nossa vontade).

“Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da


carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do
Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação
do Espírito é vida e paz.” (Romanos 8:5-6)

Chegou o tempo de voltarmos a pureza do Evangelho, sem distorções


históricas, sem invenções de achismos ou com más intenções. Apenas o
Evangelho! Nosso foco deve ser Jesus… Pare de pensar apenas em si mesmo!
Vamos discernir o Corpo Dele! Vamos imitá-Lo, amando o próximo, e
pregando as boas novas do Reino!
“Quem tem ouvidos para ouvir, OUÇA!”

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Referências Bibliográficas

20[20] Nas palavras de H. Ellerbe, “Ensinaram-me a conceber a história do Cristianismo como


uma história de espiritualidade, emanada de Cristo, que brilhou pelos séculos como luz na
escuridão. Mas percebi que tal Cristianismo tem em si mesmo um lado escuro, e que a história do
Cristianismo é ao mesmo tempo uma ladainha de crueldade e um legado de caridade”.

21[21] Veja Rethinking the Wineskin, Capítulo 2; Eric Svendsen, The Table of the Lord (Atlanta:
NTRF, 1996); F.F. Bruce, First and Second Coríntios, NCB (London: Oliphant, 1971), p. 110;
James F. White, The Worldliness of Worship(New York: Oxford University Press, 1967), p. 85;
William Barclay, The Lord’s Supper(Philadelphia: WestministerPress, 1967), pp.100-107; I.
Howard Marshall, Last Supper

and Lord’s Supper(Eerdmans, 1980); Vernard Eller, In Place of Sacraments (Eerdmans, 1972),
pp. 9-15.

22[22] “Ao longo do período do NT a Ceia do Senhor era uma refeição real compartilhada nas casas de cristãos” (John Drane);

“Nos primeiros dias a Ceia do Senhor aconteceu no curso de uma refeição comunal. Todos traziam a comida que podiam e depois

a compartilhavam conjuntamente” (Donald Guthrie); “Em Corinto a sagrada comunhão não era simplesmente uma refeição

simbólica como

fazemos, mas uma refeição real. Além disso, parece claro que era uma refeição em que cada participante trazia comida” (Leon

Morris).

23[23] The Lord’s Supper, pp. 102-103. A Ceia do Senhor foi certa feita uma função “secular”, mas eventualmente virou dever

especial de uma classe sacerdotal.

24[24] Isto foi chamado Agape. Judas 1:12.

25[25] The Shape of the Liturgy, p. 23;Early Christians Speak, pp. 82-84, 96-97, 127-130. Nos século I e início do século II, A Ceia

do Senhor parece ter sido celebrada pela noite como uma refeição. Fontes do século II mostram que era celebrada apenas aos

domingos. No Didache, a Eucaristia é mostrada como sendo tomada com a refeição do Ágape(festa do amor). Veja também J.G.

Davies, The Secular Use

of Church Buildings(New York: The Seabury Press, 1968), p. 22.

26[26] The Table of the Lord, pp. 57-63.

27[27] Sobre as influências pagãs envolvendo a Missa Cristã, veja o ensaio de Edmon Bishop, The Genius of the Roman Rite; Mgr.

L. Duchesne, Christian Worship: Its Origin and Evolution(New York: Society for Promoting Christian Knowledge, 1912), pp. 86-
227; Josef A. Jungmann, S.J., The Early Liturgy: To the Time of Gregory the Great(Notre Dame: Notre Dame Press, 1959), p. 123,

130-144, 291-292; M.A. Smith, From Christ to Constantine (Downer’s Grove: InterVarsity Press, 1973), p. 173; Will Durant, Caesar

to Christ(New York: Simon & Schuster, 1950), pp. 599-600, 618-619, 671-672.

28[28] Foi proibida pelo Concílio de Cartago em 397 d.C.. The Lord’s Supper, p. 60; Charles Hodge, 1 Coríntios, p. 219; R.C.H.

Lenski, The Interpretation of 1 & 2 Coríntios, p. 488.

29[29] The Early Christians, p. 100.

30[30] Ibid., p. 93. Eucaristia significa “ação de graças”.

31[31] Tad W. Guzie, Jesus and the Eucharist(New York: Paulist Press, 1974), p. 120.

32[32] Ibid.

33[33] Escritores como Clemente de Alexandria, Tertuliano, e Hippolytus (início do século III) começaram a usar uma linguagem

que geralmente fala da presença de Cristo no pão e no vinho. Mas nenhuma tentativa foi feita naquele primeiro momento para

questionar este realismo físico que “transformava” o pão e o vinho em carne e sangue. Posteriormente, alguns escritores orientais

(Cyril, Sarapion, Athanasius) apresentaram uma oração para o Espírito Santo transformar o pão e o vinho em corpo e sangue. Mas

foi Ambrósio de Milão (fim do século IV) que fixou um poder consagratório pela recitação das palavras da instituição. Às palavras

“Este é o meu corpo” (do latim em meum de corpo de hocest) foram atribuídas o poder de transformar o pão e o vinho (Josef

Jungmann, The Mass of the Roman Rite, New York: Benziger, 1951, pp. 52, 203-204; Gregory Dix, The Shape of the Liturgy,

London: Dacre Press, pp. 239, 240-245). Incidentalmente, o latim começou a ser utilizado no Norte da África no início do século

I e esparramou-se lentamente através de Roma até tornar-se comum ao final do século III (Bard Thompson, Liturgies of the

Western Church, Cleveland: Meridian Books, 1961, p. 27).

34[34] Isto se reflete também na arte Cristã. Não há nenhum semblante melancólico de Jesus antes do século IV (Private Email

from Graydon Snyder, 10/12/2001; Veja também his book Ante Pacem).

35[35] Jesus and the Eucharist, p. 121.

36[36] Isto aconteceu no século IX. Antes disto era o ato de tomar a Eucaristia que se considerava sagrado. Mas em 830 d.C., um

homem chamado Radbert escreveu o primeiro tratado abordando a Eucaristia focando diretamente o pão e o vinho. Todos os

escritores cristãos antes de Radbert descreveram o que os cristãos faziam quando tomavam o pão e o vinho, ou seja, o ato de tomar

os elementos. Radbert foi o primeiro a focar exclusivamente os elementos pão e vinho que eram colocados na mesa do altar (Jesus

and the Eucharist, pp.60-61, 121-123).

37[37] James D.G. Dunn, New Testament Theology in Dialogue (Westminister Press, 1987), pp. 125-135.

38[38] Isto teve início por volta do século IV.

39[39] Richard Hanson, Christian Priesthood Examined(Guildford and London: Lutterworth Press, 1979), p. 80.

40 http://www.libertar.info/

41 Cristianismo Pagão pag. 110 a 114.

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