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Salvador
2014
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Salvador
2014
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Inclui apêndice.
ao meu amor, Toni, e meu amado filho, Lúcio, por serem a minha maior motivação todos os
dias;
a minha mãe e meu pai (in memoriam), pelo incentivo a superar desafios e pelo acalanto e
correção encontrados em gestos e palavras;
a todos que foram e são meus professores, pois eles também são peça fundamental para o meu
encaminhamento profissional e acadêmico.
6
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
Thesis presented in one volume, consisting of six sections. It begins by situating the
research in the subject Language and Culture as well as brings about object of study
considerations, documents about the notarial labor Colonial Bahia, considering Regimento de
Thomé de Sousa (1548) as a document-monument, registered in Livro II de Tombo of
Benedictine Monastery of Bahia. The second section presents Diplomatic history, its
establishment as a science, characters of its theory and its practice in Portugal to confront the
results obtained in corpora, in Brazil, in colonial era. Analysis of extrinsic and intrinsic
aspects of Regimento and its insertion in diplomatic acts scenario, bringing its relevance as a
monument to the diplomatic labor in colonial age, as well as document-argument in several
cases registered in Livro II de Tombo, are presented; moreover, two existing editions were
analyzed and the proposed edition is presented. The fourth section takes up the importance of
the monastery as a participant in Bahya formation and, at the same time, safe guardian of part
of (its own) memory; it is the core of the thesis, the exhaustive survey of characteristics of
notarial practice, accompanied by a linguistic and extra-linguistic overview, collaborating, in
the end, with details of the notary-registral praxis that Livro II de Tombo eventually provide
with their writings. In the fifth section, practical-theoretical considerations about the editorial
process and criteria for editing are presented, as well as features about the availability of
digital texts edited semidiplomatically, index of notary agents involved in the process,
glossary of terms and other studies. Finally, the last section contains the conclusions that
came after the search, and leave loose ends for new studies, understanding that any work is
finished or is uncontested.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ABREVIATURAS
AF Alves Filho
AHU Arquivo Histórico Ultramarino
FGM Fundação Gregório de Matos
GPMSBB Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia
L2T Livro II do Tombo
LT Livros de Tombo
LTMSBB Livros de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia
LVTMSBB Livro Velho de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia
MSBB Mosteiro de São Bento da Bahia
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
1.1 ESTUDOS DE DIPLOMÁTICA E ÁREAS AFINS NO BRASIL 22
REFERÊNCIAS 372
1 INTRODUÇÃO
Ginzburg (1989), trabalhos que acabaram por difundir uma visão da história criminal como
história social e como uma prática entremeada por relações de poder. Para Cybele Crossetti de
Almeida (2002), houve uma mudança de concepção, que nada mais é do que uma volta a
antigas práticas de imersão em arquivos, com o matiz dos estudos sociológicos nas pesquisas
mais recentes. Nas palavras da autora,
Trata-se de encarar as fontes jurídicas não apenas no seu aspecto punitivo, mas
também normativo, como ordenamento social e parte de um projeto político. Se esta
concepção pode ser adotada como válida para diferentes períodos históricos, tanto
mais o será para a idade média, período no qual se formaram os Estados Nacionais.
(ALMEIDA, 2002, p. 2)
pois a função dos escritos eclesiásticos, sobretudo monasteriais, acabam por recair em
diversas vertentes.
De las causas que estudia Sáez en el trabajo que publicamos, referido al origen y
función de los cartularios hispanos, interesa destacar en esta presentación el aspecto
novedoso en la mirada de un tema, cual es que, una de las causas del origen de los
códices diplomáticos sea conservar la memoria. Para el autor ésta es triple, por un
lado la de las donaciones recibidas por el monasterio, la abadía, etc.; por otro la de
los donantes y, en tercer lugar, la de los promotores o comitentes. Todos son hechos
memorables, pero el autor también rescata "la ambición de la creación de una nueva
memoria y la legitimación de una nueva situación, olvidando u ocultando la
anterior", pues no todos los originales conservados pasan al cartulario, sino una
selección de ellos y, puede existir la tentación - que de hecho la hubode introducir
diplomas falsos interpolados en la copia (MOYA, 2000, p. 26)
Indias. Es casi el único creador del insrumentum publicum, autógrafo desde todo
punto y compuesto en varias fases separadas; proceso que comenzó a consolidarse
en Europa a partir del siglo XII (GARZÓN, 1996, p. 78)
11
Aquele que é o motivo da escritura e que normalmente solicita cópia de outros, bem como certidões de atos
dos notários para corroborar sua solicitação.
23
De acordo com breve levantamento feito para esta subseção, os estudos de atos
diplomáticos, documentação jurídica, são feitos, no Brasil, na direção de análises com
diferentes perspectivas afins, tais como a histórica, a paleográfica, a discursiva e a
lexicográfica, salientando as potencialidades da história da escrita brasileira, do conteúdo e da
língua ali documentados, lançando mão da individuação de textos, ―[...] por que cada texto,
como ficou dito, tem as suas exigências e por isso deve ser tratado pragmaticamente como um
indivíduo à parte‖ (TAVANI, 2007, p. 57). Poucos, no entanto, têm se debruçado sobre os
aspectos diplomatísticos, direção em que segue esta tese, observando a estrutura dos
documentos, seus agentes e suas marcas, se aproximando ou se afastando das fórmulas
diplomáticas. Todos os estudos, independemente da vertente de análise, têm em comum a
possibilidade de dar a conhecer a documentação jurídica, pragmática de nascença, mas
24
histórica, à medida que os anos passam. Desfocam-se os textos literários, objetos primazes da
antiga Filologia, enquanto Crítica Textual, ressaltando as microhistórias, o cotidiano, o
comum, o pragmático e apresentação liguística dos textos jurídicos (de motivação régia ou
notarial), uma vez que ―[...] um texto é feito de escritas múltiplas, saídas de várias culturas e
que entram umas com as outras em diálogo, em paródia, em contestação [...]‖ (BARTHES,
1987, p. 49).
Nesta subseção, serão mencionados estudos de documentos jurídicos, sem focar na
perspectiva de análise mais profundamente. Destaca-se, desde já, que muitos trabalhos
possivelmente não estarão neste breve panorama e que objetiva-se listar alguns projetos de
pesquisas (em andamento ou já finalizados), demonstrando a proficuidade de estudos cujos
corpora sejam atos diplomáticos. Entendendo-se que se em Portugal o desenvolvimento da
Diplomática se deu de forma mais empírica e restrita às fórmulas (vide subseção 3.1), os
estudo diplomáticos brasileiros vêm aliados à ideia de diploma como mais uma manifestação
cultural, numa acepção mais abrangente que tende a levar a Diplomática a aporte da Filologia
enquanto ciência do texto. Os caminhos são diferentes, é forçoso confessar, mas o objeto é o
mesmo: o texto em sua manisfestação que emana vontade de instância superior, regulatória,
comunicativa. Testemunho único da diversidade, a única realidade tangível
[...] que dispõe o editor de textos antigos são manuscritos apógrafos (e, só muito
raramente, autógrafos), todos com seus complexos sistemas grafêmicos, que
representam, por vezes, simples hábitos pessoais, assistemáticos. (CUNHA, 2004, p.
348)
- Arquivos Eclesiásticos: a Filologia Moderna como porta de Entrada. Edição digital dos Livros
de Atas da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição da Praia,
Bahia, Brasil;
- Edição digtal semidiplomática do Livro de Aforamentos do Mosteiro de São Bento da Bahia;
- Edição semidiplomática do Livro I do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia;
- Livro Velho do Tombo (Salvador, 1582-1750): edição semidiplomática e análise da formação do
pensamento das famílias católicas baianas;
- Coleção dos Livros do Tombo Mosteiro de São Bento da Bahia: preservando e divulgando 400
anos de história do Brasil;
- Projeto Restauração dos Livros Cartorários Antigos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
(interior e capital).
Egressa da UFBA, com doutorado pela USP, a Profa Dra Rita de Cássia Ribeiro de
Queiroz participa (ou participou) de projetos, que vão na direção aqui selecionada, na UEFS e
UNEB, com a peculiaridade de preparar edições semidiplomáticas de arquivos locais e se
debruçar sobre o contexto sociocultural que se veicula nos documentos, como se vê:
De forma mais isolada, mas não menos importantes, estão os trabalhos de Maria
Helena Ochi Flexor (UCSAL), que tendem à leitura de documentos jurídicos com fins
históricos, urbanísticos e arquitetônicos. Os núcleos urbanos planejados do século XVIII:
Porto Seguro e São Paulo2, Bahia: criação de rede urbana no século XVIII3 e J.J. Seabra e a
2
FLEXOR, Maria Helena. Os núcleos urbanos planejados do século XVIII: Porto
Seguro e São Paulo. n. 135. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA, 1989.
3
FLEXOR, Maria Helena. Bahia: criação de rede urbana no século XVIII. In: ANAIS DO
4º CONGRESSO DE HISTÓRIA DA BAHIA. 27 de setembro a 1º de outubro de 1999. v. 2.
Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia; Fundação Gregório de Matos, 2001, p. 567-584.
26
- Edição de textos oficiais da Capitania do Ceará dos séculos XVIII e XIX para estudos da língua
e da história-social;
- O léxico da língua portuguesa em documentos dos séculos XVII, XVIII e XIX: estudo dos
campos semânticos da igreja, da guerra e da administração pública colonial.
A Profa Dra Vera Lucia Costa Acioli, da UFPE, foi considerada Notório Saber pela
publicação A Escrita no Brasil Colônia, primeiro manual de paleografia brasileira, e suas
áreas de interesse e atuação são História Colonial e Paleografia, sob forma de projetos como
estes:
- Memória Institucional do Ministério Público de Pernambuco;
- Projeto Resgate para a História do Brasil Colonial: Capitania de Pernambuco.
Como se falara no início desta seção, na USP, a Profa Dra Heloísa Liberalli Bellotto
direciona os estudos de Diplomática num viés analítico, sendo reconhecidos os seus trabalhos
de Tipologia Documental. Isso se deva, talvez, ao fato de ser ela bacharel em Biblioteconomia
(FESP) e especialista em Arquivística (Escuela de Documentalistas, Madri, Espanha), além de
ser consultora de sistemas de arquivos e bibliotecas no Brasil e em Portugal. Vejam-se alguns
de seus projetos:
- Tipologia documental da administração luso-brasileira no século XVIII;
- Tipologia documental luso-brasileira;
- Diário de Governo, São Paulo, 1765-1775;
- Projeto Resgate de Documentação Histórica.
Finalmente, registra-se que esta tese é fruto deste potencial dos estudos diplomáticos,
num esforço de congruir o matiz português e o brasileiro. O curso de Letras da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) é um dos raros que oferecem disciplinas de Diplomática. Mesmo
associadas à Paleografia e destinadas, in principio, a estudantes de Biblioteconomia,
Arquivologia e História, o que pode parecer pouco, deve ter sido suficientemente profícuo
para que muitos dos estudos supramencionados tivessem se realizado. Por isso, conclui-se
esta seção fazendo uma singela homenagem em memória ao ―responsável‖, direto ou indireto,
4
FLEXOR, Maria Helena. J.J. Seabra e a reforma urbana de Salvador (Bahia-Brasil) [no prelo].
27
por grande parte da profusão destes trabalhos: o Prof. Dr. Nilton Vasco da Gama, graduado
em Letras Clássicas pela Universidade Federal da Bahia (1953) e doutor em Lingüística pela
Universidade Federal de Santa Catarina (1974). Tendo orientado 13 dissertações, 3 teses, 1
trabalho de conclusão de curso e 11 planos de pesquisa em nível de Iniciação Científica (IC),
sua semente dificilmente não se disseminaria, portando a bandeira de filólogo como o que não
medirá esforços (trans)disciplinares para dissecar o texto e tentar descobrir o homem que atrás
dele se enconde.
Uma veemente mantenedora do trabalho de Prof. Vasco, Profa. Dra. Albertina Ribeiro
da Gama, é, indubitavelmente, motivadora da permanência dos cursos de Paleografia,
Ecdótica e Diplomática de graduação na UFBA até o presente momento. Possui graduação em
Biblioteconomia pela Universidade Federal da Bahia (1972), mestrado em Letras e
Lingüística pela Universidade Federal da Bahia (1979) e doutorado em Faculté Des Sciences
Humaines pela Université de Strasbourg (1982). Atualmente, coordena o projeto Edição de
manuscritos do século XVIII ao século XIX, cujo objetivo é editar semidiplomaticamente
documentos não literários dos séculos XVIII ao XIX, relativos ao Brasil, desenvolvendo
estudo das abreviaturas e o de vocabulário.
A tendência que segue este trabalho vem desta abordagem mais ampla do texto, aqui
brevemente resumida, entendendo o texto, sobretudo, como portador de Língua e de Cultura,
o que poderá se constatar a partir da seção seguinte.
28
Arthur Schopenhauer (2010, p. 32) diz que ―A palavra dos homens é o material mais
duradouro‖. Poder-se-ia acrescentar à assertiva do filósofo alemão, no entanto, a ressalva de
que há necessidade de registro desta palavra, pois confiar na memória humana para registrar
acontecimentos é, certamente, um problema: o homem não tem capacidade de se lembrar de
tudo que ocorreu em sua própria vida, quanto mais quando se trata de vidas alheias e
pretéritas! Sem um modo de guardar tais informações, de forma minimamente convencionada,
pouco se saberia do presente e quase nada se teria ciência acerca de tempos remotos. Ainda
bem que o próprio homem percebeu isso cedo e criou uma importante aliada como auxiliar
mnemônica: a escrita.
Em As placas de Uruk, registros de contas agrícolas encontrados na Mesopotâmia, diz-
se encontrar os primeiros símbolos escritos, no sentido de escrita, empregado por Steven
Roger Fischer (2006, p. 14) como ―[...] seqüência de símbolos padronizados (caracteres,
sinais ou componentes de sinais) com a finalidade de reproduzir graficamente a fala e o
pensamento humanos, entre outras coisas, no todo ou em parte.‖
Se há símbolos, há uma convenção social; se há uma convenção, há determinado(s)
grupo(s) que a determina(m) e a regula(m). Surge, então, a figura do escriba. A figura 1
ilustra a atenção com que os alunos-escribas se dedicam ao ofício, cuja importância podia ser
comparada a de indivíduos das classes sociais mais altas e até de soberanos (faraós,
sacerdotes, reis, etc.), dado o caráter transcendente da escrita, conforme Fischer:
Como disse o burocrata egípcio Dua-Queti a seu filho Pepy há quatro milênios,
enquanto navegavam na direção sul pelo Nilo para uma escola de escribas: ‗Fixe o
pensamento apenas nos escritos, pois já vi pessoas serem salvas por seu trabalho.
Entenda, não há nada mais genial do que os escritos. São como um barco sobre a
água. Deixe-me fazê-lo amar a escrita mais que à sua mãe. Permita-me introduzir
sua beleza a seus olhos. Pois ela é mais importante que qualquer outro trabalho. Não
há o que a ela se compare em todo o mundo.‘ (FISCHER, 2006, p. 29)
Não se confia na memória humana: tem-se a escrita. Não se confia que os registros
estarão o máximo de tempo, sob mínimas condições de salvaguarda, à disposição de alguém
ou de uma instituição: formam-se os arquivos, os acervos, as bibliotecas públicas e privadas,
que se organizam e se instrumentalizam a depender de seus objetivos para a guarda da
documentação e, por conseguinte, da informação, que, posta em análise, poderá gerar mais
informação que, por sua vez, será armazenada, organizada, arquivada. Por esta razão, o
Mosteiro de São Bento da Bahia, por meio da conservação de seu acervo de mais de quatro
séculos, e do incentivo à documentação e à pesquisa, do qual o presente estudo é um dos
frutos já colhidos pelo Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia, se faz um lugar
material e imaterial fértil para os estudos filológicos, que têm como escopo o texto analisado
em sua materialidade e historicidade (incluindo a linguística).
Destarte, tem-se que um ato diplomático é dos exemplos mais extremos em que a
escrita se manifesta como instrumento de execução de tarefas, desempenhadas mais ou menos
bem (SAMPSON, 1996), uma vez que se trata de ―[...] um conjunto de símbolos escritos com
um determinado conjunto de convenções para seu emprego.‖ (SAMPSON, 1996, p. 16) E
estas convenções extrapolam, e muito, o nível linguístico, o que coincide com a posição de
Pereira (1996), quando se trata de análise diplomática de documentos. Pergunta-se, então:
quem institui tais convenções? Por que motivos? Interessa também aos diplomatistas saber
quem está por trás da pena ou caneta que escreve os atos diplomáticos, vistos como uma
fórmula, por um lado, mas também como manifestação única de um sujeito situado num
momento histórico, por outro lado.
Extrapolando o âmbito da materialidade textual e do autor, pode-se ir ao das leituras e
práticas, uma vez que documentos têm essencialmente um fim pragmático, pode-se ver o
texto numa perspectiva sociológica, ―[...] que estudia los textos como formas registradas, así
como los procesos de su transmisión, incluyendo su producción y su recepción. 5‖, como
registra Roger Chartier, a propósito e um prólogo no livro de Donald McKensie (2005, p. 8).
Cada estado de uma obra [considerando o processo de escritura diplomática como um
resultado de procedimentos temporalmente sucessivos, que culminam nas categorias
documentais, como também dizem Belloto (2008) e Duranti (1995)] é uma encarnação
histórica, que precisar ser analisada em separado e carece de respeito, porquanto se trata de
manifestação única no espaço e no tempo. Nesta mesma direção, Saraiva afirma que
Importa, todavia, conhecermos estes homens, a duração das suas vidas profissionais,
a forma como se auto-denominam, o espaço onde exercem a actividade, o modo
como executam os escritos, a natureza dos actos jurídicos que elaboram, enfim,
tentar reconstituir todo um perfil profissional, social e humano de quem fez da
escrita um ofício e um modus vivendi. (SARAIVA, 1998, p. 589)
Assim, esta tese se propõe a colaborar com base textual que traga dados confiáveis
desta natureza a estudiosos das mais diversas áreas, cujo recorte abrange este modus vivendi,
incluindo aí o modus scribendi (as formas antevistas de escrita de um determinado grupo) e o
usus scribendi (a prática individual de escrita, circunscrita no modus) dos agentes
administrativos, tabeliães e escrivães que iniciaram em terra brasil as práticas diplomáticas, as
quais foram aprendidas em Portugal e foram ganhando feições diferentes das que em terras
europeias iam se fazendo. A seguir, traz-se em relevo uma instituição que registrou e
salvaguarda muitos processos jurídicos, encadernados em livros de tombo, caros à História do
5
―[...] que estuda os textos como formas de registro, assim como os processos de sua transmissão, incluindo sua
produção e recepção (tradução nossa).‖
33
Direito, bem como à história do português em solo brasileiro: o Mosteiro de São Bento da
Bahia.
Esses terrenos eram adjacentes aos da primeira doação, feita para a fundação do
Mosteiro, fazendo crescer, ainda mais, o patrimônio em torno da própria instituição.
[...] Com estas terras ficou conformada a cerca do mosteiro, cuja construção foi
iniciada em 1587 (LVTMSBB, 1945, p. 406-408), e chegou a abranger uma área
aproximada de 12,5ha, suficiente para abrigar a horta, pomar, oficinas, moradia dos
escravos, capela e outras edificações. A partir de meados do século XVII, o muro
que fechava a cerca primitiva começou a ser recolhido com a finalidade que as terras
que ficassem de fora pudessem ser aforadas (OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p.
36).
Ao longo dos séculos seguintes ocorre a diminuição da área cercada, que se loteou,
visando interesses da instituição e as ordens de povoamento, organizadas pela Câmara. Tem-
se como exemplo destas mudanças de feições territoriais, o registro de 4 de setembro de 1747,
no qual era exigido dos religiosos que fossem mudados os marcos de pedra existentes no meio
da rua da Lapa, pois impediam a passagem das pessoas, como se vê no trecho reproduzido,
abaixo:
Marco de pedra lavrado com a marca S.B., e por estar o dito marco no meio da rua
que embaraçava a passagem publica do povo, houve a dita vereação por bem mudar
o dito marco em distancia de doze palmos para aparte da trincheira, ficando em
direito do lugar em que se achava em linha reta, sendo presente no dito ato o
Reverendo Padre Frei Manoel do Nascimento Lisboa procurador do Mosteiro dos
Reverendos Religiosos do Patriarca São Bento, e o mestre das obras publicas João
de Miranda Ribeiro, presente o Alcaide do Senado João da Silveira Torres e seu
escrivão Diogo Rodrigues Lima e do referido (sic) junto á forca foradiza (sic)
comigo sobredito escrivão, e pessoas referidas, á Rua da Lapa, onde no meio da rua
se achava outro marco de pedra Lavrada na forma e com a marca acima referida dos
Religiosos, e houve a dita vereação por se mudar o dito marco do lugar em que se
acha vinte e três palmos em linha reta para a parte onde foi trincheira [...]
(TERMOS..., APM, 1746-1770, fl. 24 apud OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p.
38).
Esta era a quarta vez que os limites da cerca dos beneditinos eram corrigidos. Nessa
oportunidade, entretanto, foi por imposição das autoridades, diferentemente das mudanças
anteriores, que decorreram de resolução dos próprios monges. Nos finais do século XIX, a
área da cerca do mosteiro era formada por quinze ruas. Contava com trezentos e sessenta e
sete terrenos foreiros, ou seja, terrenos cujos donos reconheciam o domínio direto dos
religiosos, e vinte e sete casas pertencentes ao próprio Mosteiro (CÓDICE 298, 1766-1946,
fl.60 apud OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p. 38).
Convergindo a história da instituição e a documentação que ela mesma salvaguarda
para seu uso e memória cultural (caberia ressaltar o título de reconhecimento dos LT como
Memória do Mundo, sob portaria no 4, de 22 de janeiro de 2014, atribuído pela UNESCO),
tem-se uma inevitável associação entre o Mosteiro, seus Livros de Tombo e a evolução da
Bahia. Os dados obtidos no Livro II do Tombo, corpus desta tese, são indicativos a) de
35
suas análises. Apresentar-se-á o corpus, quanto a seus caracteres externos e internos, para ser
retomado, quanto aos resultados e discussões, na seção 5 desta tese.
6
―O tabelião tinha no direito justiniano outra prerrogativa singular pelo qual se refere a força probatória de seus
documentos: bastava reconhecer por sua completude o mesmo para admitir seu valor probatório (tradução
nossa).‖
37
Fruto deste processo da história notarial, o Livro II tem a maioria de seus instrumentos
autenticados por tabeliães, afirmando-se que, depois de copiados, foram lidos e achados
conforme os originais, já que ―Escrivão e tabelião são [...] os scriptores responsáveis pelo
traslado e pela autenticação do trasladado‖ (TELLES, 2012, p. 324). Trata-se de processos,
―[...] suporte modificado por um texto (a informação) que lhe foi aderido e que foi
produzido/recebido por entidade ou indivíduo em relação com uma atividade e que se
emprega para dispor, obrigar, conceder direitos, comunicar, provar, informar ou testemunhar‖
(BELLOTTO, 2008, p. 19).
O volume em questão faz parte da coleção dos Livros do Tombo do Mosteiro de São
Bento da Bahia e, em sua capa, se vê o brasão do Mosteiro da Bahia e a sua data de fundação
(figura 2). Este mesmo desenho e o mesmo material utilizado (couro de porco em cor
marrom) estão presentes nas encadernações de todos os volumes da referida coleção. No
entanto, cada um dos volumes se diferencia em tamanho e quantidade de fólios, os assuntos
podem coincidir e há registros de documentos indênticos entre volumes.
restauro
restauro
540 mm
dano
280 mm
A mancha escrita se apresenta em uma coluna, delineada por margens feitas com a
mesma tinta de caneta e linhas feitas a lápis. Muitas das linhas foram apagadas depois de feita
a mancha escrita; algumas, porém, foram mantidas, sobretudo em fólios onde ocorreu troca de
scriptor, do escrivão (Antonio Barbosa de Oliveira) para o tabelião (Joaquim Tavares de
Macedo Silva). No canto superior direito de todos os fólios, há numeração e rubrica do
tabelião. As margens constam de anotações contemporâneas à mancha escrita, feitas à caneta
pelo próprio escrivão, e de anotações posteriores feitas a lápis por um arquivista do Mosteiro,
o que se pode ver na figura 4, a seguir.
Figura 4 – Excertos facsimilares do Livro II 39
do Tombo nos quais se verificam alguns
aspectos paleográficos.
Numeração
com rubrica
Margens
à tinta Scriptor 3
Regras
a lápis
Anotação Anotação
marginal marginal
posterior
Scriptor 2
Depois da invenção da imprensa, apenas nos fins do século XVI, surge o primeiro
calígrafo português, Manuel Barata, que em Portugal divulgou a bastarda primitiva (já com
matiz espanhol e, recuando-se, tem-se a italiana nas características básicas), cuja criação
credita-se ao mestre calígrafo Francisco Lucas de Sevilha, em 1580.
A partir do século XVI, por isso ser comum evitar a classificação categórica de letras
tal como antes, os estilos vão sendo introduzindos ao tipo base, originando um exponencial
número de possibilidades (cali)gráficas: o sujeito começa a aparecer através do seu modo de
desenhar as letras. Abaixo, um quadro comparativo das primeiras manifestações de bastardas
espanholas, dentre as quais se destaca a de Francisco Lucas (a primeira, de cima para baixo,
na figura 7), não apenas por ser o dito criador, mas por ser muito semelhante a do scriptor 2
do L2T, embora perceba-se também a influência dos demais registros naquela.
7
[...] e verticalmente escreveram os homens desde os tempos da invenção da escrita até o fim do século XV e
começaram a usar as letras chamadas bastardas, as quais, como já fora dito, eram inicialmente muito pouco
inclinadas (tradução nossa).
42
Figura 7 – Quadro comparativo das primeiras manifestações de bastardas espanholas. Disponível em:
<http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/arte-de-la-escritura-y-de-la-caligrafia-teoria-y-practica--
0/html/ff0f1954-82b1-11df-acc7-002185ce6064_24.html>. Acesso em 13 jul. 2014.
Reclamo
Abreviaturas
43
Embora reconhecida como uma escrita de fácil leitura, os grafos do escrivão do Livro
do Tombo II também apresentaram dificuldades para entendimento e para se convencionar o
que deles foi decodificado. Foram dois os tipos de dificuldades mais comuns na edição do
Livro II do Tombo: as de transcrição (como convencionar certas ocorrências, afim de que
resultem numa lição rigorosamente conservadora) e as de leitura (limitações do editor frente
ao que se registra no documento).
Uma vez que Livro II está sendo editado semidiplomaticamente, assumem-se duas
posições bem características deste tipo de edição: 1) a possibilidade de se separarem as
palavras que estiverem unidas (e vice-versa) e 2) a de desenvolver as abreviaturas (optando-
se, neste caso, pela indicação parentética dos caracteres desenvolvidos por se acreditar que tal
recurso auxilia na visualização das ocorrências braquigráficas).
Quanto à primeira característica, relacionada às palavras, tem-se um primeiro embate:
o próprio conceito de palavra, sobre o qual recaem problemas, independentemente da postura
que se assuma quanto à lição, modernizadora ou conservadora. ―Em se tratando dessa questão
[separação vocabular], os problemas aparecem seja quando se reproduz fielmente a separação
do modelo seja quando se adota o sistema atual (baseado no vocábulo morfológico)‖
(CAMBRAIA, 2005, p. 120).
Assim, foi necessária uma decisão, a eleição de um viés para se aplicar o conceito de
forma mais pontual e criteriosa, de acordo com a presente demanda. Em princípio, foi
considerado o conceito morfológico, logo foram apartados dois ou mais termos que, embora
escritos juntos, pertenciam a classes distintas. No entanto, ao longo da transcrição dos
primeiros fólios, percebeu-se que este procedimento parecia interferir bastante no sistema do
scriptor, que, ao que tudo indicava, grafava juntos muitos vocábulos com certa unidade,
sintagmática e semântica, ou que fossem pequenos demais para que se gastasse tempo e tinta
levantando a caneta.
A alternativa mais neutra (no sentido de procurar intervir o mínimo possível no que se
registra nos documentos com o intuito de oferecer uma edição mais fiel para futuros trabalhos
que se debruçassem sobre a língua do texto), porém a mais laboriosa, foi a de optar em se
considerar o contexto gráfico, ou seja, pela presença/ausência de espaços em branco entre os
termos.
Desta forma, convencionou-se que os termos unidos seriam reproduzidos fielmente,
bem como os que ocorriam com segmentação. Contudo, através deste critério surgiu um novo
questionamento de difícil resolução: quais são os termos que estão, de fato, ligados? E, o que
44
é ligadura, de fato para textos em letra cursiva? Em muitos casos, não é difícil estabelecer os
limites dos termos grafados, como no caso dos vocábulos fonológicos edamaneira e depersi,
abaixo ilustrados, onde se pode atribuir relativa facilidade de transcrição e se primou pela
conservação.
No quadro abaixo, verificam-se exemplos onde o reajuste de critério para segmentação
vocabular não se apresenta como dificuldade:
Transcrição
Localização Ilustração Transcrição inicial
vigente
conceito de empréstimo para definir a postura adotada durante a transcrição) é a ―União, com
traços, de duas letras. Dá-se quando o escriba com o objetivo de ser rápido não levanta o
instrumento de escrever provocando uma letra cursiva bastante enlaçada.‖ (LEAL, 1994, p.
38). Logo, pode-se conceber que não basta que os caracteres estejam justapostos, juntos,
porém sem conexão gráfica; os caracteres precisam estar aglutinados, unidos de forma que
não se reconheça as partes originais.
Em proporção maior está a dificuldade em se definir o fenômeno contrário: decidir
quais termos estão separados. ―A letra cursiva, usada desde o século II a.C., tornou-se escrita
popular e largamente utilizada pelos notários e escrivães, que necessitavam de um tipo
caligráfico mais rápido e mais correntio na redação dos documentos‖ (SPINA, 1994, p. 40).
O problema reside no fato de o scriptor 2 do volume apresentar uma escrita híbrida: às
vezes encadeada, outras vezes separada, devido, provavelmente, a razões topográficas
(verifica-se maior estreitamento e encadeamento dos caracteres nos finais das linhas e dos
fólios; do início até o meio dos fólios e linhas, verifica-se o inverso). Para os casos em que
claramente se percebe que a separação se dá tão somente pela característica da scripta, optou-
se por transcrever num só vocábulo, como em notefiquei (ver abaixo).
Passa-se, então, a uma breve análise sobre o sistema de diacríticos e sua relevância
para o estabelecimento dos critérios de transcrição. Parece que o problema maior reside em se
querer modernizar o uso de que se faz na lição.
[...] este sinal abreviativo adquiriu um novo significado: em vez de marcar supressão
gráfica de um ou mais grafemas, passou a marcar nasalidade adquirida pela vogal
que precedia a referida consoante nasal antes desta sofrer síncope e mantida, em
certos casos, após a síncope (CAMBRAIA, 2005, p. 123).
8
O titulus (diacrítico para a nasalidade) sempre apresentou formas diversas: podia ir de um ponto (.) a um traço-
ponto-traço (-.-), passando por traços retos, curvos, oblíquos ou verticais.
47
Quanto à análise da scripta no que tange à dificuldade de leitura dos caracteres, serão
listados o módulo, as abreviaturas e a decodificação de determinados caracteres.
Distinguir o tamanho dos caracteres foi uma árdua empreitada, uma vez que
Em casos como este último [em que a diferença entre caracteres maiúsculos e
minúsculos se dá somente através da dimensão], o problema está no fato de existir,
em textos manuscritos, uma escala gradiente de formas, sendo as formas
intermediárias ambíguas: não é possível saber claramente quando se trata de
maiúscula ou de minúscula (CAMBRAIA, 2005, p. 116).
f. 120r/ L. 7 Constituinte,
f. 120r/ L. 7 AditaClara
Enfim, apresentar-se-á uma prévia sobre os caracteres (e combinações destes) que são
ilisíveis ou apresentaram dificuldades para leitura. Eles (os caracteres) se apresentam na lição,
se consegue visualizar o seu traçado, mas não há uma decodificação instantânea ou há uma
má decodificação; diferentemente dos ilegíveis, que estão relacionados às condições do
suporte material. Embora a letra do scriptor 2 seja de leitura/decodificação relativamente
fluida, encontram-se interessantes desafios desse tipo.
Pode-se apresentar, em primeira instância, a) a dificuldade de leitura que os caracteres
duplos apresentam. Não raro há confusão daquela dupla de caracteres com um caractere
simples. É de se mencionar, também, b) a dificuldade trazida por caracteres diferentes que,
juntos, parecem ser algum outro (nem o primeiro, nem o segundo, mas um terceiro caractere),
c) a dificuldade trazida por caracteres em muito aparentados, chegando, muitas vezes, a
51
provocar leituras equivocadas e d) as que são trazidas pela existência de enlaces (finais ou
iniciais). Abaixo, as ilustrações e as respectivas leituras iniciais e vigentes para demonstrar
que o filólogo, ele mesmo, deverá ter sempre revistas as suas leituras.
52
Por outro lado, pode-se perceber maior regularidade nas manifestações gráficas,
grafemáticas, morfológicas e vocabulares. Até por que ele escrevia basicamente as mesmas
fórmulas (mudando basicamente o nome dos envolvidos, bem como descrevendo qualquer
53
emenda quanto ao motivo, natureza e localização) e, como se sabe, as práticas notariais [...]
regulaban la nivelación externa y la unificación interna [...] (MENÉNDEZ, 1998, p. 125).
Ainda que diferente dos padrões de escritas atuais, o fato da existência de uma lógica
definida e sistemática permite a leitura, mesmo apresentando as dificuldades supracitadas.
Pode-se também atribuir esta relativa sistematicidade ao que salientam Telles e Lose (2000):
―Por outro lado, deve ser lembrado que a língua portuguesa dos documentos lavrados no
Brasil Colônia representa a língua escrita culta, preponderantemente de cunho lusitano‖
(TELLES; LOSE, 2000, p. 111). Andrade (2007), descrevendo intrinsecamente o scriptor 3,
comenta que as partículas são normalmente ligadas aos termos subsequentes, faz-se uso das
vírgulas de forma assistemática e utiliza-se o hífen para a separação das sílabas ao final da
linha.
A presença de reclamos é uma constante nos fólios em que se apresenta esta escrita.
As abreviaturas, no entanto, são escassas e ocorrem, somente, no final do documento para
braquigrafar, tanto o status de conferido do traslado, quanto a sua própria assinatura. Só há,
portanto, duas ocorrências de braquigrafia nesta scripta, todos os casos por letras sobrepostas:
5. essa scripta apresenta o <u> no lugar de <v>, um fato comum nos textos
manuscritos ao longo de vários séculos. Ademais, a grafia do <u> é, em muitos
momentos, confundida com a do <ce>.
55
Esta condição sine qua non e, portanto, motivação da escritura documental, se fará presente (e
verbalizada!) nos traslados que constituem o corpus.
A partir destes conceitos basilares atinentes à natureza do presente estudo, tem-se que
a História, com destaque para a do Direito Notarial e Registral (sobretudo no Brasil), o
Urbanismo, a Linguística e a Paleografia são áreas de interesse para este trabalho e são
evocadas no intuito de iluminar o objeto em análise, sob a perspectiva filológica, entre outras
razões, pelo fato de a crítica textual, lato sensu, ser ―[...] um campo do conhecimento em que
a transdisciplinaridade constitui não apenas uma abordagem relevante para seu
desenvolvimento, mas, sobretudo, uma condição para sua existência.‖ (CAMBRAIA, 2012, p.
23).
57
A seguir, traça-se um breve histórico de tais práticas lusitanas e de alguns estudos que
têm como escopo documentos notariais e seus scriptores, no intuito de se verificar na prática
brasileira colonial, via L2T, as contribuições lusitanas para as primeiras páginas da colônia,
pois [...] está quase tudo por fazer no trabalho de pesquisa e elaboração da história do direito
brasileiro, ao menos no que respeita ao seu primeiro século (NORONHA, 2005, p. 12).
58
Fato é que muitos tabeliães desta época utilizavam a expressão primus tabellio na
subscrição notarial dos documentos que validavam. Gomes (2000) concorda com Sá Nogueira
(1988) quanto às balizas desta primeira fase, afirmando que esta
Domina, pois, terras, dinheiros e uma profissão especializada. Domina homens. Tem
moços ou escrivães que o coadjuvam no ofício. Tem trabalhadores rurais que lhe
amanham as terras. Tem cobradores que lhe arrecadam as rendas. Tem criados. É
assim o tabelião um homem da classe média urbana. Em Quatrocentos muitos destes
tabeliães mais dotados podem já ter ascendido a certos graus da nobreza. Não raro
encontramos, assim, tabeliães que são escudeiros. Nesta posição social enveredam,
como os demais, nestas centúrias, pelo clientelismo e vassalidade. São vassalos do
rei ou ‗criados‘ de fidalgos e instituições eclesiásticas. Esta protecção régia ou
senhorial reforça o poder específico que a escrita lhes confere. (SARAIVA, 1998, p.
603)
[...] teve de ceder o lugar a um tempo religiosamente neutro, ligado à vida dos
negócios e do trabalho das comunidades urbanas laicas – o tempo dos mercadores e
das torres sineiras das comunas livres – [...]. Não se tem notado que este recuo no
poder sobre o tempo terreno foi em parte compensado pela aquisição de um poder
sobre o tempo dos homens para lá da sua morte: o tempo do Purgatório. (LE GOFF,
1994, p. 118)
Após estas reflexões, alguns estudiosos questionam, com relação ao perfil firme e
homogêneo traçado acerca da dualidade do tempo laico e sacro: será que, composta de
homens, instalada no espaço, governando bens terrenos e exercendo atividades
administrativas, fiscais e jurídicas em momento algum a Igreja medieval experimentou um
tempo minimante prático e racionalizado? Afinal, será que esse tempo metafísico e
―extraordinário‖, que pesava sobre os eclesiásticos medievais, era capaz de sustentar todas as
atividades da Igreja medieval? Embora não se queira aqui diretamente responder a tais
perguntas, o histórico do notariado, bem como os resultados de pesquisas em solo português,
poderão apontar alguns caminhos para tais discussões.
63
Os caracteres resultantes das pesquisas que ora se apresentarão são assaz significantes
para a análise do corpus desta tese, à medida que se podem vislumbrar aproximações e
distanciamentos entre as práticas notariais de Portugal e de sua colônia americana. Faz-se,
então, necessário elencar tais trabalhos, apontando seus responsáveis, escopo e os resultados
que por ora interessam.
Em primeiro lugar, Saúl Gomes (2000) ressalta que a história se faz relevante para
compreender o processo, mas não é este, exatamente, o objeto dos estudos diplomatísticos.
Preza-se, portanto, pela verificação de alterações nos conteúdos doutrinários (o que também é
atinente à história da jurisprudência) e nos formulários registrados (o escopo, em verdade),
assumindo que as transformações sociais, em diversos vetores, atingirão, mais cedo ou mais
tarde, as formulae. É sobre a interseção língua-diplomática-cultura que os trabalhos a seguir
se debruçam, sobre os quais o parágrafo a seguir trará breve resumo.
Começa-se por citar Anísio Miguel de Sousa Saraiva (1998), que analisou documentos
feitos por tabeliães régios e notários da Sé de Lamego 9, inventariando vinte e três tabeliães no
período compreendido entre 1297 e 1350. Maria Cristina Almeida Cunha (2006) estudou
documentos notariais brigantinos10 do século XIV. Ao longo das próximas subseções,
contributos dos trabalhos de Sá-Nogueira (1988) são recorrentes em outros de temática
semelhante, por serem estudos exaustivos sobre as origens do tabelionado em Portugal e por
proporem uma periodização para o ofício. Finalmente em Garcia (2011), se buscaram os
tabeliães de Santarém11 em 488 documentos entre 1367 e 1405, detalhes sobre carreiras,
estabelecendo balizas cronológicas para início e fim do trabalho de cada notário, oitenta e
nove, ao todo.
9
Lamego é uma cidade do Distrito de Viseu, Região Norte e sub-região do Douro. Fazia parte da província de
Trás-os-Montes e Alto Douro.
10
Relativo à Bragança, cidade na sub-região de Alto Trás-os-Montes, na Região Norte de Portugal. O município
é limitado a norte e leste por Espanha.
11
Santarém é a capital do Distrito de Santarém. Pertencia à antiga província do Ribatejo, da qual era a capital e
centro urbano mais importante.
64
A pesquisa com documentação notarial implica estar em contato com vários tipos
documentais, pois eles refletem as variadas demandas que podem levar um indivíduo a
procurar um tabelião. Há, obviamente, tipologias recorrentes por tratarem de matérias triviais,
do cotidiano, tais como os emprazamentos, os arrendamentos, as cartas de venda, as cartas de
posse, etc.
66
3.1.3.1 A invocação
A invocação, de acordo com Saraiva (1998), varia entre a forma em nome de Deus
amen e a correspondente latina in nomine Domini amen. Isolada ou acompanhada da
notificação, começou a desaparecer do protocolo a partir de 1349, deixando espaço apenas à
notificação, que variava inicialmente entre sabham quantos este strumento viren e leer
ouviren e a forma menos produtiva conoscam quantos este strumento virem, fixando-se,
finalmente, em sabham quantos este strumento virem.
Em Coelho (2003, p. 196), encontram-se dados semelhantes: "Logo, no protocolo
inicial não há invocação, que já estava praticamente em desuso, como sabemos, mas apenas
os autores e destinatários, por vezes com as suas identificações profissionais ou sociais e de
morada." Os documentos também se iniciam, mormente, pela notificação saibham quantos
este estormento Virem ou saibham quantos esta carta virem. Estes dados, coincidentes com a
maioria dos estudos aqui revisados, só reforçam o estilo que se reproduz nos LT, no Brasil,
aceitando, as conservações que estão presentes nos acta, com mais entusiasmo do que as
inovações que obviamente ocorreram por ser possível estabelecer relação mais direta entre a
prática lusitana medieva e a colônia americana quinhentista.
No corpo do texto diplomático, de forma geral, encontra-se apenas a disposição,
introduzida objetivamente pelo verbo que é o motivo do ato, em 1ª pessoa do singular (dou,
outorgo, vendo, arrendo, estabeleço por meu certo procurador), ligando o autor ao
67
destinatário. Esta parte dispositiva se propõe a ser clara, apresentando o conteúdo essencial
que a cada tipo documental corresponde. Nisto, a documentação editada nesta tese se diferirá,
por motivos e exemplos que mais a frente se verão.
Os sinais polilobados são constituídos por formas lobadas que ficam ao redor de um
núcleo (que pode ter motivos diversos) e, normalmente, estão dispostas em cruz. Estes sinais
se fizeram mais produtivos até a primeira metade do séc. XIV, dando lugar às formas
estreladas (vide Figura 10) e, principalmente, às rômbicas (vide Figura 11).
A maior produtividade dos sinais rômbicos (com formas de losango) pode ter
motivação histórica. Geralmente combinada a formas quadrangulares, apresenta pontinhos e
remete à simbologia nacional portuguesa, a Ourique12.
12
Ourique é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região Alentejo e sub-região Baixo Alentejo,
ao sul do país. É uma referência nacional de fortaleza e de influência árabe em terras lusitanas.
69
Chega-se aos sinais cruciformes e aos que têm grafias (Figuras 13 e 14). Os primeiros
foram largamente utilizados no século XIV. Os segundos, nem tanto. Mas o que há de
semelhança entre os dois é a mensagem mais exposta do que os sinais anteriores, assumindo,
neste caso, toda a carga simbólica que a cruz traz e registrando as iniciais do próprio nome,
uma marca.
Finalmente, há tabeliães que alteram seu sinal por conta do desgaste do próprio ofício.
Outros mudam drasticamente e em pouco tempo, como se registra na Figura 15, o que deveria
ser evitado, já que o sinal é dos mais importantes elementos de autenticação tabeliônica.
Por fim, após a validação, o tabelião registrava os emolumentos cobrados pela sua
feitura. Através dos textos analisados por Saraiva (1998), por exemplo, sabe-se que por uma
venda, emprazamento, arrendamento, doação, sentença ou uma quitação de rendas, os
tabeliães cobravam o preço fixo de quatro soldos. Mais dispendiosos eram os traslados: um
tabelião cobrou cinquenta soldos por trasladar uma carta régia, em pública forma, e doze
soldos por trasladar uma sentença de procuração. Estes serviços tinham preço fixo. Existiam,
no entanto, outros eram pagos por linha escrita.
Para os documentos cuja tipologia não estavam nas listas régias, os tabeliães cobravam
2 dinheiros por cada 3 regras escritas. Mas, para que não houvesse fraudes ‒ embora fossem
constantes ‒, as letras não deviam estar tão afastadas umas das outras. As escrituras de
inquirição eram pagas de forma diferente, por artigo, cada um a 4 dinheiros, e por testemunha,
cada uma a 2 dinheiros.
Foram regulamentadas, também, as despesas de caminhos percorridos pelos tabeliães
para realizar alguns serviços. Para os deslocamentos dentro da vila, pela ida e regresso, eram
cobrados em 2 soldos. Para as diligências fora do âmbito do seu tabelionado, o pagamento era
de 4 soldos por légua percorrida, somando-se a este uma besta para o retorno.
Traçado este quadro, fácil é de reter que a profissáo de tabeliáo era, nos séculos XIV
e XV, absolutamente imprescindível e omnipresente. Imperava a escrita. Escrever
71
ato devem ouvir previamente a leitura das notas, para que não haja falseamento; 9) define que
os tabeliães devem ser escolhidos pelas partes e 10) define que devem ser testemunhas
quando convocados, a fim de não obstruírem a justiça. Estas 10 premissas estão no
fundamento da prática notarial em toda sua história em Portugal e grande parte delas está
presente nos LT.
―Leis, posturas, códigos. O normativo, não é o vivido. Da lei à prática por vezes é um
longo caminho. Como da realidade ao nosso conhecimento." (COELHO, 2003, p. 179)
Em 1549, a Vila do Pereira contava seus últimos momentos como mais umas das
capitanias que não tiveram sucesso na colônia portuguesa. Quinze anos após o
estabelecimento do sistema de capitanias hereditárias, uma carta régia escolhia por sede a
capitania da Baía de Todos os Santos, a mais central, já tendo sido comprada pela Coroa ao
herdeiro do donatário Francisco Pereira Coutinho. No ano anterior, 1548, a ainda Capitania da
Bahia fora transformada em capitania da Coroa e, antecedendo a comissão administrativa
propriamente dita, recebeu o padre Manuel da Nóbrega e a primeira leva de escravos
africanos do Brasil.
A expedição partiu no dia 1° de fevereiro. Chegou em 29 de março a comitiva à futura
Cidade da Bahia de Todos os Santos13.
Nas mãos, Thomé de Sousa traz a primeira forma de tratamento jurídico a todas as
esferas previstas pelo sistema. A fim de evitar enganos, Thomé de Souza foi provido de
Regimento, onde sua conduta se achava preestabelecida.
Quase tudo se sabe da administração Tomé de Souza. Desde quando chegou até
quando se retirou em 1553. O que infelizmente ninguém conseguiu descobrir foi a
13
E, até hoje, em algumas regiões de contato colonial, se referem a Salvador como ―Bahia‖, a exemplo da região
do recôncavo baiano, por exemplo.
76
Mas quem era este Thomé de Sousa, por que ele fora escolhido para a (re)organização
da colônia e qual a relevância deste Regimento enquanto documento e monumento?
Filho de abade em São Pedro de Rates (Portugal), Thomé de Sousa foi o primeiro
titular da comenda da Ordem de Cristo em 1517 (em Rates), depois da desorganização do
mosteiro local. Por méritos militares na África, recebeu o título de fidalgo em 1535.
O litoral da colônia portuguesa na América estava sofrendo constantes ataques e os
capitães não tinham como, isoladamente, se defenderem. Por isso, em 7 de janeiro de 1549
Thomé de Sousa foi nomeado primeiro governador-geral do Brasil (1549-1553), recebendo
um Regimento, escrito em 17 de dezembro de 1548, constituído por 47 artigos, tratando de
detalhes da instalação do governo; concessão de sesmarias; organização do comércio
(promovendo feiras periódicas, por exemplo); medidas para a defesa e situações de invasão;
trato com os índios (recomendando o seu bom trato e punindo com a morte os colonos que
tentassem escravizá-los). Ou seja, um documento feito para orientação de como fundar,
povoar e fortificar a cidade de Salvador, que não era necessariamente a Vila Velha. Tal
documento tem, portanto, cunho:
a) administrativo: para instituir o poder público, nos setores da fazenda, justiça e defesa.
Tinha o governador-geral autonomia decisória na maioria dos assuntos. Entretanto, para
os temas de maior gravidade, as decisões eram tomadas por uma espécie de conselho
formado pelo governador, pelo ouvidor-mor (Pero Borges, responsável pela justiça) e
pelo provedor-mor (Antônio Cardoso de Barros, responsável pelos negócios da Fazenda);
b) arquitetônico-urbanístico: detalha o local e maneira básica para a fundação de
Salvador, mesmo Luís Dias já trazendo praticamente pronta a planta para a Lisboa
brasileira, com inspiração na europeia;
c) militar: completavam o alto escalão da governança o encarregado pela defesa do
território (o capitão-mor da costa, cargo ocupado pelo ex-donatário da capitania de São
Tomé, Pero de Góis) e um alcaide-mor (o chefe da milícia, ou tropas de segunda linha).
Das três esferas acima apontadas como frentes atuantes do Regimento, a que mais
interessa a esta pesquisa é a administrativa, pois é dela que resulta a documentação em estudo,
direta e indiretamente.
77
[...] mudou sua posição acerca do documento: ela se dá por tarefa primeira, nem
tanto interpretá-lo, nem tanto determinar se ele diz a verdade e qual é o seu valor
expressivo, mas sim trabalhá-lo no interior e elaborá-lo: ela o organiza, recorta-o,
distribui-o, ordena-o, reparte-se em níveis, estabelece séries, distingue o que é
pertinente do que não é, delimita elementos, define unidades, descreve relações. O
documento, pois, não é mais para a história essa matéria inerte através da qual ela
tenta reconstituir o que os homens fizeram ou disseram, o que é passado e do qual
apenas permanece o rastro: ela procura definir, no próprio tecido documental das
unidades, conjuntos, séries, relações (FOUCAULT, 1972, p. 13-14).
Como fora dito anteriormente, a tradição de um texto constitui-se, grosso modo, das
cópias que dele se fazem. Uma vez que o Regimento exige a cópia parcial de passagens
relevantes para cada processo, se faz natural a presença de citações diretas (e indiretas) do
documento nos Livros de Tombo do Mosteiro da Bahia, já que eles reúnem demandas
jurídicas que se relacionam a aspectos contemplados neste inaugural regulamento, no tocante
ao cotidiano da Vila do Pereira e à aplicação da (falida) política de capitanias hereditárias.
Fora do âmbito do uso jurídico, foram encontradas duas edições em que se publica o
Regimento na íntegra, uma preparada pela Fundação Gregório de Matos e outra por Alves
Filho. As edições têm algo em comum: parecem ter sido motivadas por eventos memoráveis,
como comemorações aos 500 anos de descobrimento do Brasil e aos 450 anos da fundação de
Salvador.
A edição da Fundação Gregório de Matos (FGM) foi publicada em 1998 e integra a
coleção Documentos de Salvador, com (re)edições preparadas para a comemoração dos 450
anos da fundação de Salvador, em 1999. A edição de Ivan Alves Filho (AF) foi publicada em
1999, dentro de Brasil: 500 anos em documentos, título que reúne registros históricos,
mantendo, segundo uma nota pré-textual, a grafia da época.
Todo texto tem sua identidade, sua peculiaridade, principalmente, pelo fato de ser o
scriptor um sujeito único, num momento e conjuntura únicos. Nas palavras de Spina (1994),
O usus scribendi refere-se ao estilo do autor, que, bem conhecido pelo editor, pode
ele fazer conjecturas de correção dos manuscritos estudados. O usus scribendi
pressupõe do filólogo editor um conhecimento seguro das características gerais do
estilo, da língua [...] (SPINA, 1994, p. 73)
E estes padrões linguísticos e estéticos próprios à obra, ao autor e à época, não podem
ser apreendidos em sua totalidade pelo editor, que tem, por sua vez, seus próprios padrões
linguísticos e estilemas, os quais devem interferir minimamente no processo de edição.
Somando-se a estes desafios internos, estão as vicissitudes externas: problemas mecânicos de
impressão, estado do suporte, etc.
Ao final do cotejo, 10 divergências foram encontradas ao se comparar FGM e AF.
Assim, vão os resultados, organizados no quadro a seguir:
81
FGM AF
O Regimento de 1548, copiado inúmeras vezes por ser ele um significativo argumento
jurídico e por nele mesmo o rei solicitar que assim se faça, é considerado a constituição prévia
do Brasil por regulamentar e estabelecer penalidades, de forma pioneira, trazendo uma figura
que faria executar as leis, além de poder acrescê-las, conforme a necessidade: o governador-
geral. Estudar este documento é retomar as primeiras práticas de Direito em terras brasis,
sobretudo o Notarial, estrutura que, mutatis mutandi, se mantem até os dias de hoje.
Devido à importância de qualquer documento (sobretudo, o texto em questão, que
seria lido e relido, transcrito e retranscrito), procedeu-se, portanto, a esta comparação entre
duas edições do Regimento que circulam no Brasil, visando verificar as divergências entre
elas e em que medida tais divergências tornam o conteúdo opaco e quais os padrões de
variação. Ao final, como se viu, chegou-se a 13 divergências, sendo 9 atinentes ao nível
grafemático-fonético, 1 ao sintático e outras 3 ao nível lexical em que se registram ausências,
o que só vem a confirmar que o trabalho filológico acaba por recuperar o patrimônio cultural
escrito da humanidade, intentando diminuir os ruídos que vêm com o tempo e com as
divergências de cada olhar.
A fim de comparação entre as duas edições e o original (editado nesta tese), as
ocorrências de FGM e AF vão a notas de rodapé, na medida em que se lê o texto de base, cuja
edição se apresenta a seguir.
O documento manuscrito que é objeto desta descrição foi fornecido via digitalização
de microfilme, não sendo possível, portanto, detalhar tipo de suporte, tinta e estado de
conservação. As dimensões do suporte e da mancha escrita também não se podem precisar a
partir do material fotográfico. Há, no entanto, um detalhamento do códice, como um todo, a
ser consultado na figura 14. Todo o Regimento está disposto em coluna única central,
subdividido em 47 itens, definidos por espaços em branco e iniciados por um sinal semelhante
a uma cruz. Os itens contam com um traço diagonal entre eles para garantir que nenhuma
adição seja feita.
A letra que se registra no Regimento é a gótica cursiva, sobre a qual diz Acioli (1994):
Há poucos sinais especiais, como se verá abaixo nos excertos, e foram transcritos, na
edição proposta, com o auxílio de chaves. O mais recorrente é, indubitavelmente, o sinal para
o sufixo ou preposição com.
hei a saber
escre- cruza-
Crist-
com-
84
A edição aqui proposta para o Regimento se faz necessária, porém não inconteste, por
não haver, até o presente momento, uma edição de cunho filológico, de natureza
semidiplomática, norteada por lição conservadora. Após análise das edições encontradas, a
saber, a preparada por Alves Filho (AF) e pela Fundação Gregório de Matos (FGM), verifica-
se a demanda de se manter todos os níveis linguísticos do original na íntegra.
Nesta edição, a grafia foi mantida, bem como o limite vocabular e a pontuação.
Excetua-se o caso em que no original se grafa barra oblíqua / (para separação de sintagmas,
orações ou parágrafos), quando se utilizou barra oblíqua dupla // para não confundir o leitor
por conta de a barra simples já ser adotada no quadro de operadores, como abaixo se verá.
Foram utilizados operadores para indicar as interferências feitas na edição proposta,
tendo em vista a maior fidedignidade possível ao original e facilidade para o leitor
especializado. Há, no entanto, notas que trazem comentários que não puderam ser
comunicados através dos símbolos. Seguem, abaixo, os operadores utilizados:
[ ] acréscimo suprimido
14
Estes operadores são os mesmos utilizados para o projeto de publicação Coleção dos Livros do Tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia: editando 430 anos de história do Brasil, que se encontra em andamento e que
será públicado em breve.
90
Os textos foram transcritos em tabela de Word, linha a linha, com o intuito de auxiliar
o leitor em sua pesquisa. A tabela é composta por 3 colunas, contendo, respectivamente, a
indicação do número do fólio, a indicação das linhas (numeradas de cinco em cinco, bem
como a última linha da mancha escrita de cada fólio) e o corpo do texto, respectivamente.
Para facilitar a consulta do leitor, bem como seu cotejo frente aos originais, foram
disponibilizados, fólio a fólio, os facsímiles face à transcrição a qual corresponde, como se
segue.
91
15
Em FGM, lê-se se faça uma fortaleza. Em AF, lê-se se faça uma fortaleça.
93
94
16
Em FGM, lê-se destruindo-lhe. Em AF, lê-se destruíndo-lhe.
97
98
17
Em FGM, lê-se aquela parte que pela informação. Em AF, lê-se aquela que pela informação.
101
102
18
Em FGM, lê-se destruindo-lhe. Em AF, lê-se destruíndo-lhe.
105
106
4v mais perto das ditas Vilas que poder ser e aos que vos pa
recer que estam lomje ordenareis que se fortifiquẽ de man(ei)ra
q(ue) seposão bem defemder quoamdo cumprir //
+ E asy ordenareis que nas ditas vilas e pouoações
5 se faça ẽ hu(m) dia de cada semana ou mais se vos parecerẽ neçesa
rios f(ei)ra aque osjentios posão vir vemder o que tiverem
E quiserem e comprar o que ouuerẽ mister e asy ordenareis
que os {Crist}ãos não vão as aldeas dosjemtios atratar com
eles saluo os senhorios ejemtedosenjenhos porque
10 estes poderão ẽ todo o tempo tratar cõ osjemtiosdas all
deias que estiverẽ nas terras elimites dos ditos emjenhos //
E porem parecemdouos que fara imcomueniẽte
pod(e)rẽ todos os decadaẽgenho terlibardade p(ar)atratar cõ
os ditos gemtios segumdo forma deste capitolo e que
15 seramilhor ordenarse q(ue) hu(m)a sa p(esso)a ẽ cada emgenho o faça
asy sefara
+ E temdo allgu(n)s {Crist}ãos necesidade dẽ allgu(n)s dos outros
dias que não forẽ de feira comprar allgu(m)as cousas dos dy
tosjemtios odirão ao capitão e ele daral(icenc)a p(ar)a as irem
20 comprar quoamdo e omde lhebem pareçer //
+ pela terra firme a demtro não poderahir tratar pesoa
allgu(m)a seml(icen)ca vosa ou do prouedor/mor↑/ deminhafazemda não
semdo vosp(re)sentes ou dos capitais e adital(icenc)a senão dara
senão apesoas quepareçer que irão abom recado e que
25 de sua ida e trato senão seguira p(re)juizo allgu(m) nẽ isso
mesmo irão de hu(m)as capitanias p(ar)a outras p(or) terra seml(icenc)a
dos ditos capitães ou dosprovedores posto que sejap(or) terras
que /estem*/ depaz por evitar allgu(n)s ẽ comuenientes quese
diso seguem sob pena deser açoutado semdo pião esem
30 do demoor calidade paguara vimte {cruza}dos ametade p(ar)a
os Cativos e a outra metade p(ar)a quẽ o acusar // Eos ditos
p(ro)uedores não darão aditaL(icen)casenão ẽ ausemcia do
Capitão
+ por que aprimçipal cousa que me moveo a ma(m)dar
35 pouoar as ditas terras dobrasillfoy p(ar)a que ajemte
delasecomuertese anosa samtafee catolica vos Em
comẽdo muito que pratiques cõ os ditos capitaes e o
ficiaes amilhor man(ei)ra que p(ar)aiso sepode ter e de
minha p(ar)te lhes direis que lhes aguadeçerei muyto
40 terem espiçiall cuidado deos prouocar aserem {Crist}ãos
e p(ar)a eles mais folguarẽ deho ser tratẽ bem todos
os que forẽ depaz e os fauoreção sempre e não cõ
symtaõ que lhes(e)ja feito opresão nẽ agrauo allgũ
Efazemdo selheslho 19 fação correger e ẽmemdar de
45 man(ei)ra que fiquẽ atisfeitos e as p(esso)as que lhos fizerẽ
46 sejão castiguados como forjustiça //
19
Em FGM, lê-se fazendo-se-lhe lho faça. Em AF, lê-se fazendo-se lhe lho façam.
107
108
20
Em FGM, lê-se três palmos de guoa. Em AF, lê-se três palmos de água.
111
112
21
Anotação marginal esquerda: ―Sobre se darẽ armar emo / niçoens aos capitaẽs do / brasil nos almazens
de / sua mag(estad)e p(e)los preços q(ue) custã‖.
22
Anotação marginal esquerda: ―Sobre o pao debrasil‖.
115
116
23
Há um sinal de mais logo após esta palavra.
117
118
24
Em FGM, lê-se e marcos de como. Em AF, lê-se e marcos e de como.
119
120
25
Em FGM, lê-se que vos parecer. Em AF, lê-se que vós parecer.
26
Em FGM, lê-se quantos devem ser. Em AF, lê-se quantos devem de ser.
121
122
27
Em FGM, lê-se tenha para o serem.. . Em AF, lê-se tenha para o serem. .
123
124
4.3.4 Confronto dos trechos do Regimento (ou melhor, dos regimentos), copiados
no L2T, frente ao original
Nos dados em quadro (vide seção 5), o único documento cujas informações
foram trazidas de fora do conteúdo dos próprios documentos foi o Regimento de 1548.
Nenhum registro no L2T chega a citá-lo na íntegra e, então, a datação, autoria e local
não podem ser acessados via estas citações, que são cópia de itens bem específicos,
relativos à doação de terras e uso de terras devolutas, como se verá nas ocorrências.
Serão postos em comparação o original, cuja edição de base é a que se propõe
nesta tese (norteada por lição conservadora), e os trechos copiados no L2T (dois, no
total), verificando-se, destarte, a existência de variantes. Foram desconsideradas, para o
cotejo, 1) as diferenciações de capitalização, 2) as variações entre u e v, 3) as variações
entre ~, m e n, 4) a variação do uso de consoantes iniciais simples ou geminadas.
Considera-se, fora as quatro situações acima, que erro é o difere do original, ainda sim,
em todo o tempo, questiona-se: ―Mas o que é um ‗erro‘? E até que ponto um erro pode
ser definido com absoluta certeza ‗evidente‘?‖ (TAVANI, 2007, p. 52). Ainda mais
quando se trata de documentos jurídicos, em que ―[...] os amanuenses se tornaram
responsáveis de alterações voluntárias, determinadas por exigências práticas, não de
verdadeiros erros. Perante estas situações, o editor não pode intervir.‖ (TAVANI, 2007,
p. 51).
O quadro que apresenta o cotejo é composto por 4 colunas. A primeira e a
segunda dizem respeito à localização do texto na foliação e linearização; a terceira traz
o corpo do texto de base (edição aqui proposta, na seção 4.3.3), sobre o qual se
sinalizam os pontos de divergência entre o original e as cópias (duas); a quarta coluna
apresenta anotações onde se registram os fatos divergentes, identificando o documento
cópia que os realiza (sob os códigos de identificação já mencionados). Há uma
congruência de influências de aparato crítico e sinóptico, escolhendo-se um matiz mais
comparativo/contrastivo, semelhante aos que se apresentam em bíbia de referência
(também chamada de chave bíblica). Foi inserido o operador [nulo] em caso de haver
um espaço vazio no original, em comparação com as cópias, ou vice versa.
127
Sesmarias48 //
48
49 LIIT_030: Sismarias; LIIT_036: Sismarias
129
[...] As terras, eagoas das Ribeiras, que estiverem dentro do1 termo2, eLemitte da dita3Cidade, que 1
51v LIIT_055: no; LIIT_056: nos
2
LIIT_056: termos
3
LIIT_054: desta
saõ Seis Legoas para cadaparte, que4 naõ forem dadas apessoas5, que as aproveitem, eestiverem 4
LIIT_055: [nulo]; LIIT_023, LIIT_024,
vagas, edevolutas para LIIT_026, LIIT_027, LIIT_047,
LIIT_048, LIIT_056: as
5
LIIT_053, LIIT_054, LIIT_055: pessoa
mim, por qual quér6 via, ou7 modo que seja, podereis8 dar deSismaria9 as10 pessoas, [nulo]11 6
LVT_082: qualquer; LIIT_023,
que12 vos las13 pedir14, as quaes terras, assim dareis LIIT_026, LIIT_047: qualquér
7
LIIT_059: e
8
LIIT_055: poderei
9
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048:
Sismarias
10
LIIT_053: a
11
LIIT_055: as aproveitarem; LIIT_056:
as aproveitem
131
12
LIIT_055, LIIT_056: e
13
LIIT_026, LIIT_027, LIIT_047,
LIIT_048, LIIT_053, LIIT_054,
LIIT_055, LIIT_056: volas
14
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048,
LIIT_053, LIIT_055, LIIT_056,
LIIT_059: pedirem; LIIT_054: pediram
Livremente, sem outro algum foro, nem15 tributo, somente16 o dizimo a Ordem deNosso Senhor 15
25 LIIT_054, LIIT_056: ou
Јεѕνѕ Christo, e17 com as con- 16
LIIT_056: sómente
17
LIIT_054, LIIT_055, LIIT_056: [nulo]
diçoens, eobrigaçoens doforal dado as ditas terras, edeminha Ordenaçaõ do quarto livro18 titulo 18
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_047,
das Sismarias, com condiçaõ, que a- LIIT_056: [nulo]
tal pessoa, oupessoas rezidaõ19 na Povoaçaõ da ditaBahia, ou das terras, que assim20 lheforem 19
LIIT_055: rezidam
dadas, ao menos trez annos, e 20
LIIT_024, LIIT_027, LIIT_048: asim
que dentro no21 dito tempo, as naõ possaõ vender, nem aliar, etereis22 lembrança23, que naõ 21
LIIT_048, LIIT_055: do
132
a quella25, que segundoSua possebilidade26 virdes27, ouvos parecer, que pode28 aproveitar, ese 25
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
algumas pessoas29, a que30 forem LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048,
LIIT_053, LIIT_054, LIIT_059: aquella;
LIIT_055: [nulo]
26
LIIT_024, LIIT_027, LIIT_048,
LIIT_054: possebelidade; LIIT_056,
LIIT_059: possibilidade
27
LIIT_055: virde
28
LIIT_053: podem
29
LIIT_053, LIIT_055, LIIT_056:
alguma pessoa; LIIT_054: algumas
pessoa
30
LIIT_053, LIIT_054: a quem
133
dadas31 terras no dito termo, [nulo]32 estiverem33 perdidas, por as34 naõ aproveitarem,evos las35 31
30 LIIT_055: dados
tornarem apedir, vós36 has37 dareis denovo, pa- 32
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_053,
LIIT_055, LIIT_056, LIIT_059: as
33
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_055,
LIIT_056, LIIT_059: tiverem
34
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_047: pela;
LIIT_053, LIIT_054: pelas
35
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_047, LIIT_048, LIIT_053,
LIIT_055, LIIT_059: volas
36
LIIT_023, LIIT_026: vos; LIIT_054:
Vós
37
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_027,
LIIT_047, LIIT_048, LIIT_053,
LIIT_055, LIIT_056, LIIT_059: lhas;
LIIT_054: lha
marias [...]
134
O Fundo Documental dos D’Ávila é resultado da dissertação que antecedeu esta tese e
a concebe enquanto continuação, visto que esta pesquisa é uma progressão do trabalho de
mestrado (OLIVEIRA, 2011), formado por documentos editados semidiplomaticamente que
tratam de trâmites registrados em três livros de tombo que dizem respeito à família D‘Ávila.
Aqui se aterá apenas aos documentos lançados no L2T, dado atual o enfoque.
O Fundo foi constituído após exame das transcrições feitas pelas frentes de pesquisa
do GPMSBB, buscando-se apenas os documentos que fazem menção às transações do
Mosteiro que envolvem Garcia D'Ávila e seus descendentes. Fazendo-se tal recorte temático,
obteve-se um corpus que congrega 10 documentos (4 no Livro Velho, 1 no Livro I e 5 no
Livro II) e perfaz uma quantidade de 118 fólios. Para melhor acesso às informações, os
documentos foram identificados com códigos que trazem o volume de origem e um número
que indica a ordem de ocorrência em tal volume (assim, o LII_doc04, por exemplo, é o quarto
documento encontrado no Livro II). Segue, na próxima página, uma lista que dispõe o código
de cada documento, os títulos atribuídos aos documentos, a data do documento de motivação
da escritura (ou documento caput) e a correspondência quanto à foliação no volume de
135
LII_doc03 Treslado de Escritura de composição entre Frei Diogo Rangel 1663 75v-77r
e o Padre Manoel Vás, Manoel Homem de Almeida e outros
LII_doc04 Autos de Causa Cível entre o Dom Abade e Religiosos do 1638 77r-84r
Convento do Patriarca São Bento da Cidade do Salvador
contra Catharina Fogassa
LII_doc05 Sentença dos Religiosos do Patriarca São Bento contra os 1668 84r-99r
herdeiros de Anna Ferraz
cultural, social e político pode facilitar a compreensão de sua mensagem, esclarecer tópicos e
alusões [...]‖ (BASSETO, 2001, p. 62).
Entre a História e Filologia sempre houve uma relação de interdependência, e por que
não dizer, de retroalimentação. O homem deixa seus registros – como testemunhos e
testemunhas de sua época, civilização, língua, etc. – e outros homens, normalmente, em
gerações posteriores, tomam tais escritos com o intuito de interpretá-lo criticamente (o que
têm feito os filólogos desde os alexandrinos) ou de situá-lo no tempo e no espaço, levando em
consideração seus caracteres internos e externos (tarefa primaz para os historiadores). Logo se
vê, portanto, a íntima relação que se estabelece entre as duas áreas supracitadas, bem como a
relação destas com instituições ―[...] tanto as públicas com as privadas, salvaguardadoras ou
salvaguardiãs da memória coletiva de importantes grupos sociais‖ (NUNES, 2010, p. 391).
A Nova História, por exemplo, traz como uma das principais premissas o olhar do
pesquisador voltado ao fundo documental; nas palavras de Antonietta d‘Aguiar Nunes (2010,
p. 391), ―Sem a menor dúvida precisa-se voltar às fontes primárias, os documentos antigos
para neles obter as informações necessárias à reconstituição histórica de qualquer tema‖.
Os documentos se fazem importantes instrumentos de análise também para
genealogistas, que trabalham com dados vários, necessitando de confronto e interpretação
constantes, não podendo confiar na memória transmitida oralmente para o objetivo primaz da
Genealogia, que é, por definição, ―[...] a ciência que estuda a geração de alguém, através dos
graus sucessivos de parentesco, ligando os descendentes a um ascendente comum‖ (MATOS;
ROSADO, 2010, p. 70) e, ainda: ―[...] ramo da História que se dedica ao estudo das famílias
em sentido ascendente ou descendente, trançando sempre que possível as biografias dos seus
membros‖ (MATOS; ROSADO, 2010, p. 69).
O fato de os transmissores estarem cada vez mais distante temporalmente e
espacialmente dos fatos históricos e por deixar a cargo do transmissor dos dados uma
complexa tarefa (capacidade de apreensão, interpretação e verbalização dos fatos que
interessam à história da família em estudo) faz com que seja mais razoável a necessidade de
se recorrer aos escritos por estes guardarem em si porções da cultura da qual eles emergem
por intermédio de seus sujeitos. Nunes (2010) lembra que alguns pesquisadores associam
indivíduos de mesmo sobrenome à árvore genealógica de uma determinada família. Ora,
sabido é – entre os que estudam as línguas, sobretudo os estudiosos da Onomástica – que não
é bivalente a relação entre sobrenome e família, não se podendo asseverar que, por exemplo,
todos os descendentes que assinam o mesmo sobrenome pertençam a uma árvore comum.
137
para os embates locais e em expedições sertanistas. Ademais, a Casa da Torre era guarida para
a empreitada sertanista que encabeçava. Em 1557, oito anos depois, Garcia D‘Ávila já era o
homem mais poderoso da Bahia; a descendência ficou notabilizada pela quase legendária
fortuna em terra e gado e pela fama agregada por sua riqueza e poder.
Constituiu família, mas foi de uma união extraconjugal que adveio seu herdeiro, sua
linhagem: Francisco Dias D‘Ávila Caramuru, filho de Isabel D‘Ávila (fruto da união de
Garcia D‘Ávila com uma índia chamada Francisca) e Diogo Dias, neto de Caramuru e
Paraguaçu. À sua época, Francisco Caramuru, como também era conhecido, era considerado o
homem mais rico do Brasil. (BANDEIRA, 2007; SILVA, 2010, p. 139).
Seus descendentes foram importantes para o cenário político e econômico desde a
instalação lusitana em terras brasileiras até às guerras pela independência nacional. Os
préstimos de Garcia D‘Ávila Pereira, filho de Francisco Dias D‘Ávila 1º, foram fundamentais
para alcance da vitória portuguesa sobre os holandeses, emprestando a Casa da Torre, homens
e material bélico.
Francisco Dias D‘Ávila 2º, descendente de Garcia D‘Ávila Pereira, era o homem mais
rico do Brasil em sua época. Francisco Dias D‘Ávila gerou a Garcia D‘Ávila Pereira, o
segundo; este gerou ao terceiro Francisco Dias D‘Ávila, que por sua vez, gerou a Garcia
D‘Ávila Pereira de Aragão, que transferiu o morgadio (vinculação dos bens de uma família ao
primogênito e concessão de subsídios aos demais herdeiros, dependendo de Alvará Real e
outra série de restrições legais) aos Albuquerque e Pires (parentes de sua esposa) por não ter
tido filhos (BANDEIRA, 2007).
A família D‘Ávila representou grande poder militar (e político-social, uma vez que as
relações sociais da Bahia colonial se mostram num complexo para o qual tendem a clivagem
nobre∕plebeu e a importância de questões ligadas ao nível simbólico) no período colonial,
ajuda sem a qual o Nordeste do Brasil possivelmente teria sido vencido pelos franceses e/ou
holandeses (SILVA, 2010, p. 23).
De 1798 em diante, a família esteve envolvida nas lutas pela Independência do Brasil.
Com os recursos minimizados após os embates e a extinção dos morgadios no Brasil a partir
de 1835, a Casa da Torre foi progressivamente abandonada, transformando-se em ruínas.
Tombada como patrimônio cultural da humanidade – sob projetos de exploração
arqueológica, manutenção e revitalização – a Casa da Torre hoje é mais um ponto de atração
turística para a Praia do Forte, na cidade de Mata de São João, Bahia.
A massa documental referente a esta relevante família, o Fundo Documental dos
D'Ávila, foi editada semidiplomaticamente seguindo o quadro de critérios e operadores para
139
[ ] acréscimo suprimido
Itapoan
no Anno do Nascimento deNosso Senhor JESVS christo de mil eseis centos e nove annos, aos dezoito dias do mez deMayo
Testam(en)to
do dito anno, nesta Cidade do Salvador Bahia de todos os Santos, eCazas da Os pedaria do Hospital da SantaMizericor-
de Garcia
dia della, estando eu Garcia deAvella morador na minha torre de tatupara, mal disposto, mais em todo omeu cizo, een-
d'Avila 5
tendimento perfeito, que o Senhor Deos me dêo, etemendo a hora da morte, para que todos fomos criados, ordenei esta Cedula
detestamento na maneira seguinte = Primeiramente em com mendo minha alma aoSenhor Deos, que a criou, epesso a
Virgem NossaSenhora, e a todos os Santos, sejaõ meos advogados anteSua Divina Magestade = Mando, quesendo
Nosso Senhor servido de melevar davida prezente, meu corpo seja enterrado na minhasepultura, que tenho naSeê
destaCidade, ao pé do Altar dos fieis de Deos, e acompanharâ meu corpo o Cabido, eaIrmandadedaSantaMizericor-
10
dia, de que sou Irmaõ, de que se dará deesmolla o costumado, e me diraõ tres Officios de noveliçoens naSeê, hum do Corpo
prezente, e outro a hum mez, outro ao anno, oprimeiro sepoder ser, digo ao anno, ou primeiro sepoder sêr, e diraõ deesmola
o custumado, offertados com aofferta, que a meus testamenteiros bem parecer, me acompanharaõ a Confraria deNossaSen-
hora daAjuda, e as mais Confrarias daSeê destaCidade, elhe daraõ deesmola o costumado, até me acompanharaõ outro sim
os Padres do Mosteiro do Carmo; eos daCidade, elhe daraõ deesmolla por isso quatro mil reis, e meu corpo de claro, que hirá amor-
15
talhado no habito deSaõ Francisco, pelo qual habito, e deesmola, selhe daraõ cincoenta cruzados = De claro, que eu tenho
deprazo em fatiota do Conde daCastanheira, seis legoas deterra, que comessaõ de Jacoipe para oSul naforma do aforamento,
a metade das quaes couberaõ aCaza da Santa Mizericordia destyaCidade, como herdeira dosbens de minha mulher Mexi-
a Rodrigues, de quem eu as houve, e nas ditas terras fiz muitas bem feitorias, como saõ aIgreja deNossa Senhora da-
Conceiçaõ, e as Cazas daTorre, pegada à ella, eoutras muitas terreiras, olarias, sercados, de Ortas, e outras Igrejas pelas Fa-
20
Zendas, e Curraes que fiz nas mesmas terras, eoutras muitas bem feitorias, eo dito prazo, deixo aFrancisco Dias Davila,
meu Néto, do qual pagará oforo ao Senhorio, epor rezaõ das bem feitorias, epor quanto outro sim, o nomeio no dito prazo,
será obrigado ater naFasenda da dita torre hum Cappelaõ, que diga Missa na dita Cappella todos os Domingos, e dias
Santos, e alem disso dirá o dito Caappelaõ huma Missa aSegundafeira de cadaSemana aos Fieis de Deos, eoutra aoSabbado
aNossaSenhora por minha alma, ede minhas obrigaçoens, e cahindo algum diaSanto em Segundafeira, ou Sabbado, ficára
25
comprindo com a dita obrigaçaõ = Edeclaro, quesendo cazo, que pelo tempo em diante, se ordene, que sejaFreguesia a dita I-
greja, em tal cazo, naõ será obrigado a dizer mais, que as ditas duas Missas daSegundafeira, eSabbado de cadaSemana, e as co-
ortas feiras huma Missa aSaõ Bento, ecom esta declaraçaõ, seentenderá adiposiçaõ acima; eordeno, que para conservaçaõ
da dita Igreja, eFazenda, epara difensaõ do porto della, estejaõ todos os Indios forros naditaFazenda unidos, como hoje estaõ, e-
pesso ao Senhor Governador, e mais Justiças, hajaõ por bem está minha declaraçaõ, por assim ser bem Com mum, eserviço de-
30
SuaMagestade, para as ocazioens de i(n)nimigos, que muitas vezes costumaõ vir ali, para o que convem, à assistencia
dos ditos Indios, os quaes estaraõ de baixo dopossuidor deste prazo, ao qual emcomendo o bom tratamento, econservaçaõ
dos ditos Indios, pois saõLivres, epor meceestarem muito à ad querir, o Cappellaõ que ali estiver nadita Igreja; terá
33
cuidado deos doutrinar, eSacramentar, como eu sempre mandei fazer == Declaro, e mando, que opossuidor do prazo acima
142
143
71r acima dito, esuas bem feitorias, hirá dando em cadahum anno cincoenta mil reis, os quaes sedepozitaraõ, eentregaraõ na
Caza daSanta Mizericordia desta Cidade athé aquantia de cento, ecincoenta mil reis, para dote, e Cazamento dafilha
mais velha de Joaõ Homem, que Deos tem; o qual dote, a dita Caza entregará ao marido que com ella cazar, caza-
da aditafilha mais velha, hirá dando pela mesma ordem outra tanta quantia, que se depozitará na mesma forma
5 para cazamento daoutra Orfaã, segundafilha do dito Joaõ Homem, esendo cazo, que ambas, ou qualquér dellas mor-
ra antes deCazar, ficará o ditolegado outra vez ao dito possuidor, que o poderá tornar acobrar sendo depozitado, ao qu-
al mando, eemco(m)mendo, que depois deCazarem, querendo ellas com os ditos seos maridos, acomodar-se nas terras do dito
prazo, as aco(m)mode como melhor lheparecer, desorte que co(m)modamente possaõ nella viver em suas vidas com Rossas,
eCriaçoens; eem quanto naõ se cazarem, o dito possuidor as recolherá em Tatúap/a*/rá, elá as alimentará, por que lá
10 opoderá fazer mais commodamente, e estando ellas em outra parte, ficará o dito possuidor des obrigado dos ditos
alimentos, e querendo Domingos Fernandes Quaresma t/ê*/llas em seu poder onde quer que viver, por ser cazado, as terá
até que cazem, eem co(m)mendo muito ao Provedor, eIrmaõs daMizericordia, appliquem abrevidade dos Cazamen-
tos desta Orfaãs, por que se naõ perca = E declaro, eordeno que o possuidor desteprazo, aco(m)modará nas terras delle
a Domingos Fernandes Quaresma seuCunhado, bem acomodado, digo, que deixo ao dito Domingos Fernandes Qua-
15 resma humalegoa deterra por costa de Mar, rumo direito, comessando dabarra deJacoipe para o Nórte com-
todo sertaõ, que cabe a ditalegoa conforme ào aforamento, eo dito Domingos Fernandes Quaresma, por quanto
appensaõ do prazo senaõ pode devidir, nem confundir, acodirá ao principal possuidor do prazo pro rata, com appen-
sas, como dos Cazamentos das Orfaãs, e naõ se amigando entre si o possuido quanto será bom, que dê pro rata, o arbi-
trará o Doutor Balthazar Ferráz, ou Antonio Guedes, por que assim o quero, eordeno = Deixo aSebastiaõ Vas-
20 ques; e a PedroLopes, moradores em Sergipe de ElRei, as terras, que mepertencem feito partilhas com aMize-
ricordia de quanto diz do Rio Jacoipe athé oRio Real, ficando aterra, que há do Rio Tazizi, athé o Tapecurú, que
deixo aos Frades deSaõ Bento, que posto que apediraõ de Sismaria, todavia hé minha com as demais de hu(m)a par-
te, e outra = Etocando mais alegoa deterra, que tenho aforada aAntonio Jacome ao longo do Anhumbupe,
o qual acodirá com o dito foro ao possuidor principal do prazo acima dito, ao qual possuidor do dito prazo, deixo a-
25 mais terra, que há donde se acaba aterra do prazo do Conde athé intestar com o Rio Jaguipe, por naõ ser justo,
que semeta ali ninguem de Rio a Rio = De claro, que deixo forro aFernando meu escravo deGuiné, que está
em Jacuipe, esua mulher Marqueza, esua filha Ignez, eDomingos negro Alfayate, marido dadita Ig-
nêz, eseu filhoManoel, eFaustina daterra, mulher de Vicente forro, eàJozé, eRomaõ seus filhos; ede =
claro, que Brizida mulata atenho por forra, equando haja duvida, por tal adeixo, ealiberto; e declaro,
30 que os ditos escravos, Fernando, esuafamilia, assistiraõ naFazenda em que estaõ do dia do meu falecimento a
hum anno par mais co(m)modamente, quem succeder na ditaFazenda, seprover deoutros, que nellaponha = Dei-
xo mais forros aFrancisco deGuiné, que está no Massá Suipe, no Curral deSaõ Thomé, easua mulher Izabel,
easeus filhos, os quaes naforma sobredita, assestiraõ no dito Curral de meu falecimento ahum anno = Decla-
ro, que Madaglena daterra, esua maen, epai, e irmaons, saõ todos livres doseu nascimento = Declaro, que os
35 Padres deSaõ Bento, vieraõ ater entrada com migo, epor suas inportunaçoens, lhes fiz algu(m)as do acçoens, e contrac
36 tos naNottadeAntonio Guedes Taballiaõ, que despois destratei com elles, eultimamente mefez oPadreFrei Do-
144
145
71v Domingos asinaraõ hu(m)a Escriptura naNotta deSebastiaõ daSilva notada pelo dito Padre, easuavontade
por meter fora de minha liberdade, esem medeixar aconcelhar no que convinha para discargo daminha consciencia,
Epor que sempre me disse, epersuadio, que adita Escriptura, naõ era mais, que em quanto eu naõ quizesse dispôr, etes-
tar outra couza, que conformasse com as primeiras, e assim, que meficava lincensa, eliberdade para dispôr dos ditos me-
5 us bens como era praticado entre mim, eos ditos Padres; e nessa confiança, mefizeraõ pelos meios, que elles quizeraõ assig-
nar as ditas Escripturas, o que bem sevê, por que todas as vezes que as quiz destratar, naõ duvidaraõ disso, e me outorga-
raõ, senaõ agora, que me dizem, que o haõ de impugnar, ecom estaforça conheci o engano, com que mas tinhaõ feito a-
sinar, eaviolencia, emáos modos, com que pertendiaõ tirár aliberdade deminha vontade, esatis fazer
as muitas obrigaçoens de consciencia deparentes pobres, enetos que tenho, eoserviços depessoas, que meserviraõ a-
10 que sedeve satisfaçaõ, pelo que vendo-me impedido dos ditos Padres, esercado delles, mevim fogindo de minha Caza
aesta daSantaMizericordia, aonde tratei por este modo, descarregar minha consciencia, epor quanto como di-
go, naõ só foi tençaõ minha, más taõbem tratado entre mim, eos ditos Padres, poder, dispôr dos ditos meus bens,
esatisfazer as ditas obrigaçoens; e assim se declarou na ditaEscriptura, que mefez assinar o dito Frei Domingos,
com quem tratei o sobre dito, em conformidade do que, edo mais direito que pertendo ter para isto, fiz esta minha ul-
15 tima vontade = Em verdade da qual de claro, primeiramente, que hei por revogado o dito Contracto feito na-
Notta do dito Sebastiaõ daSilva, uzando da clauzula delle depoder dispôr dos ditos meos bens, epelo mais sobre-
dito= Declaro que deixo aos ditos Padres deSaõ Bento a parte, que me cabe nas terras de Itapagipe,
e assim aparte que me cabe nas terras daFazenda deSaõ Francisco, esuas bem feitorias, tirando as terras , em que
está ManoelPereira, por que essas deixo ao dito ManoelPereira, como lhetenho dadas, por bons serviços, eboas
20 obras, que tenho delle recebido; e assim deixo mais aos ditos Padres deSaõ Bento as terras que comessaõ do Tariri
athé o Tapecurú já atráz de claradas, por que posto que os ditos Padres, apertendaõ, por dizer, que lhes pertencem por-
titulo deSismaria, eu entendo serem minhas, epor este respeito lhes deixo o direito, que nellas tenho = Eporquan-
to os ditos Padres deSaõ Bento, em satisfaçaõ das boas obras, que lhes tenho feitas, dizem, que eu lhes devo debi-
tos, emepertendem demandar, eque principalmente, que lhes devo por huma Escriptura hum Conto, e tantos
25 mil reis, declarando na dita Escriptura algumas couzas, de que procedia o dito debito, de claro por descargo demin-
ha consciencia, que o dito PadreFrei Domingos mefez asignar adita Escriptura como quiz, e assim declarou
nella, que eu devia sete centos mil reis daparte das terras, que secompraraõ aMizericordia; e assimduzentos
mil reis deserviço do dito PadreFrei Domingos, e o mais depreço deboys, eVacas, que diz medeo para mevaler dellas, e
com isto mefes asinar adita Escriptura, oque eu fiz por lhefazer avontade, epelo estado, em que metinhaõ posto,
30 por quanto averdadehé, que oPadreFrei Domingos está mais, que pago, ealem disso no que trata de boyz, e Vacas lhe-
naõ devo nada, por que deminhafazendasahiaõ, antes os ditos Padres meestaõ devendo muita quantidade de dinheiro, se
quizessem estar aContas, por quanto de pois, que comigo tiveraõ entrada, sendo os meus, digo sendo meos os uzos, efructos
no tempo que duraraõ os Contractos, e hé o menos naõ mos poder<aõ>/do\ tirar nenhu(m)a Via, com tudo afirmo, que os di-
tos Padres gozavaõ, edestribuiaõ todos; eassim o dito PadreFrei Domingos levou muito dadita fazenda,
35 eoutros Padres, epor este respeito, quando lhe devece algu(m)a couza, estaõ bem pagos, esem embargo disso lhes-
deixo olegado detodas as ditas terras, com tal condiçaõ, que compenssem com ellas, eseu valor o que assim perten-
37 dem demim, equese hajaõ por contentes, esatis feitos, e naõ pessaõ mais couza alguma a meos herdeiros, porque per-
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72r pertendendo alguma couza de minha fazenda, ou depessoa alguma, que nella suceda, lhes naõ deixo nada, ecada hum
seguirá sua justiça, eos ditos bens, que lhes deixava acima, eo mais com que forem alcançados, virá a meos herdeiros
a baixo declarados= Deixo a Caza da Santa Mizericordia, eHospital della aparte que mepertence, etenho nas-
Cazas, que estaõ defronte das Cazas de DiogoLopes Vlhoa: tambem deixo as terras que mepertencem nos Reis Magos
5 aos Padres daCompanhia, por que aoutraparte hé daMizericordia = Deixo aos Lecenciados Francisco Lopes Bran-
daõ, e Gonçalo Homem dalmeida cincoenta cruzados acada hum, e aFrancisco Lopes deLima dés mil reis pelo trabalho,
que tiveraõ com minha infermidade = Deixo por meos herdeiros, e testamenteiros ao dito Francisco Dias Davilla
meo netto, e a Domingos Fernandes Quaresma seu Cunhado, detodos os Remanicentes demeus bens, eas ditas filhas
deJoaõ Homem, daraõ acadahuma mais seis Vacas, alem do que atrás lhes deixo = Declaro, que os herdeiros de-
10 Garcia Davilla meo netto, que morreo no Rio de Janeiro, se vierem aesta terra, que meos herdeiros os agazalhem,
pois saõ seos parentes = Deixo os serviços que tenhofeitos a Sua Magestade, eos papeis delles aos ditos meos
herdeiros = De claro, que o Inventario, que sefez entre mim, eaMizericordia, sefes por Ordem do Padre Frey
Domingos, o que se achar selhe devia, paguese-lhe; e a signei asua instancia, havendo algum erro, secomponha por-
que minha tençaõ naõ hé levar-lhe nada = Aos herdeiros deBartholomeu Dias naõ devo nada deseu serviço, e
15 se alguns papeis passei a os Padres Bentos foi por sua importunaçaõ, e por me dizerem, que Relevava assim pa-
ra se armarem contra os herdeiros, como semprefizeraõ nas mais couzas, epor aqui hei este meu testamento, eultima
Vontade por acabado, equero que valha, e tenha força, evigor pelo melhor modo, via, e maneira, que emdireito possa ser,
e quando naõ se possa valer como testamento, valha como Codicillo, ou qual quer outra ultima Vontade, e hei por revogados, e re-
vogo qual quér testamento, Codicillo, ou qual quer outra dispoziçaõ, e quero, eordeno, que naõ tenha força, nem vigor
20 Seja necessario fazer-se expresa, e especial, e de clarada mensaõ do tal testamento, ou Codicillo, ou qual quér outra dispoziçaõ que
assim revogo, eposto que tenham clauzula, ou clauzulas derrogatorias, sem que sedeclarem, que sempre para sepoderem Re-
vogar seja necessario fazer-se expecial mençaõ datal clausula, ou clausulas derrogatorias, eque nellas secontenham algumas
palavras, verso, ou oraçaõ, ou psalmo, ou qual quér outracouza, que seja necessario repetir, eque sem isso naõ sejajusto revogalo,
por que tudo hei por revogado, como sefizera expecial mensaõ das ditas palavras, e clauzula, porquanto por ditos Padres as-
25 porem, e dellas uzarem nas ditas dispoziçoens, que assim se acharem, menaõ posso lembrar daforma dellas, nem que pala-
vras sejaõ, pelo que as Revogo, e hei por revogadas como dito tenho, eas hei por declaradas como sedellas, edecadahuma del-
las fizesse mensaõ, por que só este quero se guarde, e cumpra naforma sobredita, e naõ faça duvida os riscados, que de-
ziaõ dos ditos Padres, eaonde diz, a qual quantia naõ tem pago os ditos Padres aMizericordia, eaella selhedeve
pagar deminha fazenda o que mandei fazer por verdade roguei aFrancisco de Oliveira, este escrevesse,epor mim asignase,
30 por naõ poder asignar, eeu Francisco de Oliveira ofiz, eescrevi a rogo do dito Testador, elholi, epor dizer estar asua
Vontade, e mandar que secomprisse, o asignei no dito dia, mez, e anno, estando prezentes por testemunhas o Dezembargador
Balthazar Ferráz, o Lecenciado Gonçalo Homem Dalmeida, eo Tab/e/lliaõ Antonio Guedes, dito o escrevy, e declarou o
Testador, que deixava deesmola a Redempçaõ dos Captivos Vinte cruzados, edeixa mais, que sedeem aManoel
Alvares Çapateiro Coatro Vacas somente, ecom isto aseu Rogo asignei dia, mez, eanno sobredito = Francis-
35 co de Oliveira deAmaral = Balthazar Ferráz = Gonçalo Homem deAlmeida = Antonio Guedes. ===
Approv(aç)am Saibam quantos esteInstrumento de approvaçaõ deTestamento virem, que no Anno do Nascimento deNosso
Senhor Јεѕνѕ Christo demil eseis centos, e nove annos: aos dezoito dias do mez deMaio do dito anno, nesta Cidade 18.V.1609
38 do Salvador daBahia detodos os Santos, terras do Brazil, na Caza da Ospedaria daSantaMizericordia dadita
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72v da dita Cidade, estando ahi Garcia Davilla lansado em Cama doente da doença, que Deos lhe deu, mas em todo seu per-
feito cizo, e entendimento, segundo parecia, por elle dasua maõ a maõ demim Taballiaõ parante as testemunhas adian-
te escritas, foi dado opapel atras escripto em tres folhas depapel inteiras, que saõ seis mêas folhas, em cujas cabeças me-
assinei demeu sinal, enome; que diz Joaõ deFreitas, que se acabaraõ deescrever onde comesa este Instrumento, dizendo
5 o dito Garcia deAvilla, que o conteudo, eescrito nas ditas tres folhas depapel, hera seo solemne testamento, ultima, ederra-
deira vontade, eelle o mandara escrever por Francisco de Oliveira, morador nestaCidade, que lholêra, eoutras pessoas,
epor estar asua vontade, mandara que secomprisse naforma delle, ou em qual quér outraforma, que o direito lhe desse
lugar, com os riscados já rezervados, requerendo amim Taballiaõ, que lho approvasse, dizendo mais, que deixava ao dito
Francisco de Oliveira dez mil reis, epor o dito testamento estar saõ, esem vicio, salvo os já rezalvados nelle, eu Tabali-
10 aõ lho approvo, ehei por approvado quanto em direito devo, eposso, epor o dito Garcia deAvilla dizer naõ podia asinar, ro-
gou ao Dezembargador Balthazar Ferrás, que por elle asinase, o qual aseu rogo asinou, sendo testemunhas ole-
cenciado Gonçalo HomemDalmeida, eoLecenciado Francisco Lopes Brandaõ, eFrancisco Alvares, Cunhado doLecenciado
Gonçalo Homem Dalmeida, eBelchior Henriques Hospitaleiro, ePedroBarboza, que pouza com-o dito Balthe-
zar Ferráz, e Duarte Alvares Ribeiro, eAntonio Guedes Tabaliaõ nesta Cidade. Eeu Joaõ deFreitas Taballi-
15 aõ dopublico Judicial, eNottas nesta Cidade, por EL Rei Nosso Senhor, que este instrumento deapprovaçaõ detesta-
mentofis arogo do Testador Garcia Davilla, eassinei demeu publico sinal, que tal hê = Sinalpublico = Asino
a Rogo do Testador Balthazar Ferrás = Olecenciado Francisco Lopes Brandaõ = Gonçalo Homem Dalmeida =
Belchior Henriques = Pedro Barboza = Francisco Alvares = Duarte Alvares Ribeiro = Francisco de-
Oliveira do Amaral = Antonio Guedes ==== Cumpra-se estetestamento como nelle secontem, eo hei
22.V.1609 20 por publicado avinte, edois de Maio deseis centos, enove. Bahia em Audiencia == Sequeira == Foi publica-
da à abertura do testamento, e desembargo acima do Dezembargador Ambrozio deSequeira, Ouvidor Geral por-
elle em Audiencia publica, que às partes fazia no Paço do Concelho destaCidade, em os vinte,edous dias do mez de-
22.V. 1609 Maio deseis centos, enove annos, e mandou que secomprise assim, e damaneira, que nelle secontem == A-
maro Serqueira, Escrivaõ daAlssada o escreví = E naõ secontinha mais em o dito titulo
25 Supra, e Retro, o qual eu Joaquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ do Pu-
blico Judicial, eNottas nestacidade do Saluador Bahia de todos os Santos
eseo termo porSua Alteza Real que Deos Goarde em Cumprimento do-
despacho profereido pelo Doutor Juiz de Fora actual Domingos Joze Car-
dozo no Requerimento que fôy asegunda folha deste Liuro, aqui bem e fi-
30 elmente sem couza que duuida faça fis copear do proprio que me foi
aprezentado pelo Reuerendo Procurador Geral do Mosteiro deSam
Bento desta mesma cidade Frei Manoel do Sacramento, pelo achar
uerdadeiro, e autorizado judicialmente como sedeixauer no proprio
traslado, eo tornei entregar depois delansado ao dito Reuerendo Procu-
35 rador geral que decomo Recebeo aqui asinou, estemesmo traslado jun-
tamente como Tabeliaõ Companheiro Antonio Barboza deOliueira
Conferi Como Original, Concertei, sobscreui, easinei na Bahia aos treze
13 III 1805 38 dias do mês de Março demil eoito centos esinco annos. eEuJoaquim
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73r Joaquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ que o sobscreui, easiney
C(omferido)por mimT(abelia)m C(onferi)do p(o)r mim T(abeli)am
3 Antonio Barb(oz)a deOliveira Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
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LII_doc02: Escritura de composição feita ao Padre Provincial sobre as terras de Saõ Francisco da Itapoã
74v 34
Itapoan Escritura de concerto, etransaçaõ, e amigavel compoziçaõ feita ao Padre Provincial, ema-
Comp(oziça)n is Religiozos do Mosteiro deSaõ Bento, eoProvedor, eIrmaõs daCaza daSantaMizericordia,
entre o Con- sobre as terras deSaõ Francisco daItapoãn ===== Saibam quantos esteInstrumento
de transaçaõ, e amigavel compoziçaõ, eobrigaçaõ virem, que no Anno do Nascimento deNosso Senhor Јεѕνѕ
vento e 15 Christo de mil, eseis centos, e catorze annos, aos treze dias do mez deMarço do dito anno, nestaCidade
a Miseri- do Salvador Bahia de todos os Santos, dentro no Mosteiro do Gloriozo Patriarcha Saõ Bento, na-
cordia Caza do Capitulo delle, estando ahi deprezente aeste Outorgantes dehumaparte os Reverendos Pa-
sobre dres Frei Roberto de Јεѕνѕ, Provincial da dita Ordem, eFrei Diogo daSilva, Abbade do dito
Itapoan Mosteiro; eos mais Religiozos delle abaixo assinados, e da outraparte Henrique Moniz Telles,
e Monte 20 Provedor daCaza daSanta Mizericordia desta dita Cidade, eseo Hospital, e os mais Irmaons
Serrate da Meza della abaixo assinados, logo por elles todos juntos, ecadahum delles per si só insolidum, foi dito pa-
rante mim Taballiaõ, etestemunhas ao diante nomeadas, queentre o dito Mosteiro, ea ditaCaza daSanta
13 de Março Mizericordia, havia huma demanda, que deprezente pende naRellaçaõ, sobre apaga, que o dito Mosteiro
1614 pertendia haver das Cappelanias, e mais serviços, que oPadre Frei Domingos, eoutros Religiozos fizeraõ a
25 Mecia Rodrigues, eáseu marido Garcia Davilla, no tempo, em que assestiraõ por Cappellaens naIgreja
de Tatû apará, em a qual estava dada Sentença naprimeira Instancia em favor do dito Mosteiro; epor que ofim
della era incerto, e querem escuzar demandas, eo incertofim dellas, disseraõ, que estavaõ havindos, ecompostos por esta
transaçaõ, e amigavel compoziçaõ na maneira seguinte. Que elles Religiozos, em seo nome, edo dito seo Mosteiro,
dezistem, como defeitologo dezistiraõ detodo direito, acçaõ, epertençaõ, que tem, epossaõ ter na dita cauza, edo que por-
30 elle podiaõ pertender dadita Caza da Santa Mizericordia, com de claraçaõ, eobrigaçaõ, que aditaSanta Caza da-
SantaMizericordia, ficará obrigada, como defeito logo seobrigaraõ, o dito Provedor, e mais Irmaos em nome
della adar, epagar ao dito Mosteiro, oitenta mil reis em dinheiro de contado, por rezaõ do sobre dito, eoutro sim dezis-
tem de todo, equal quér direito, que aditaSanta Caza daMizericordia podia ter contra o dito Convento na mês-
maCaoza, eassim mais foi por elles ditos partes, que as terras deItapagipe, eas deSaõ Francisco, que ficaraõ do dito
35 Garcia Davilla, e deMecia Rodrigues sua mulher, ficaraõ por suas mortes, pertencendo misticamente ao ditto
Mosteiro, e a Caza daSanta Mizericordia, e por que na devizaõ dellas havia em commodidades, secom-
puzeraõ outro sim, em que as terras deItapagipe assim, edamaneira, que ficaraõ dos ditos defuntos, ficassem
38 insolidum a Caza daSanta Mizericordia; eas deSaõ Francisco, ficassem outro sim insolitum assim, edama-
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75r eda maneira, que pertenciaõ ao dito Garcia Davilla, esua mulher ao dito Mosteiro, eReligiozos deSaõ Bento
desta ditaCidade, ficando a ditaCaza daMizericordia obrigada, como defeito seobrigaraõ o dito Provedor, eIrmãos
della a dar, epagar ao dito Mosteiro cem mil reis por razaõ da mais valia, em que as terras deItapagipe foraõ ava-
liadas por louvados, que amigavelmente para isso tomaraõ, os quaes ditos cem mil reis, com-os oitenta declarados a-
5 traz, fazem so(m)ma deCento, eoitenta mil reis, que aditaCaza daSantaMizericordia fica devendo ao dito Mosteiro,
por razaõ desta transaçaõ, ecompoziçaõ: os quáes ditos Cento, eoitenta mil reis, disseraõ o dito Provedor, emais Irmaõs, que
elles se obrigavaõ, e defeito obrigaraõ de os dar, epagar ao dito Mosteiro, eProcurador delle em dous annos
primeiros seguintes, que comessaràõ de hoje feitura desteInstrumento em diante, a metade que saõ noventa mil re-
is nesteprimeiro anno, e os outros noventa no segundo, eàos tempos dos pagamentos, lhe naõ poraõ duvida, nem em bar-
10 Monte-
go algum; epor assim estarem compostos, disseraõ os ditos Religiozos, que dezestiaõ, como defeito logo des estiraõ detodo
serrate
o direito, acçaõ, epertençaõ, dominio, posse, epropriedade, que tinhaõ, epossaõ ter na a metade das ditas terras deItapa-
gipe, etudo cediaõ, etraspassavaõ na ditaCaza daSantaMizericordia, epela mesma maneira, o dito Provedor,
e mais Irmaons, disseraõ, que desestiaõ, como defeito des estiraõ de todo o direito, acçaõ, epertençaõ, Senhorio, dominio pos-
se, epropriedade, que tem, epodiaõ ter, na a metade das ditas terras deSaõ Francisco, e tudo cediaõ, etrespassavaõ no-
15 dito Mosteiro, e de clararaõ elles partes, que a Hermida deNossaSenhora deMonsserrate, que está na ponta de
Itapagipe, fica como d'antes era ao dito Mosteiro deSaõ Bento, com vinte braças deterra daIgreja para o
20 br(aça)s
Forte, com alargura, que tiver aditaponta paralogradouro dadita Hermida, por quanto na dita Hermida com-
da Igreja
as ditas Vinte braças craveiras, elargura da ditaponta, a dita Caza daSanta Mizericordia, naõ pertenderá ter di-
p(ar)a o forte
reito em nenhum tempo, epor quanto thê hora, naõ sefizeraõ contas das rendas das ditas terras, assim deItapagipe, co
20 mo deSaõ Francisco, de que secobrou departe aparte, em quantoforaõ com muns, sefaràõ contas, eseinteiraraõ, e
igualaraõ cada hum dasua a metade das ditas rendas diversas, edeste anno prezente, que seacaba porfim deste mezde
Março nas deItapagipe, e nas deSaõ Francisco, athé hoje feiturura28 deste, por que dahi por diante, fica pertencendo,
a quem ficaõ as ditas terras pertendo porbem deste Instrumento, epara todos assim cumprirem cada hum naparte
que lhe toca, disseraõ que obrigavaõ, como defeito obrigaraõ os bens do dito Mosteiro, eos bens da dita Caza da Santa
25 Mizericordia, eHospital della, eseobrigaraõ huns, e outros anaõ vir contra estaEscriptura, eeffeito della
emparte, nem em todo, nem contra os ditos pagamentos, efazendo o contrario, querem, esaõ contentes, de que naõ sejam ou-
vidos em Juizo, nem foradelle, sem primeiro depozitarem namaõ daparte obediente dois mil cruzados, eem quanto
naõ fizerem o dito depozito, lheserá denegado toda acçaõ, e remedio de direito que em seu favor seja, que denada se que-
rem valer, nem ajudar, se naõ com effeito cumprir este Instrumento, o qual depozito, poderá receber aparte ob<i>/e\diente sem
30 fiança, nem obrigaçaõ algu(m)a, que para tudo á abonaõ da gora entaõ, epelo contrario, a qual cluzula depo
zitaria, terá outro sim lugar nasegundaInstancia, e na execuçaõ, epara todo cumprir, sedes aforaõ deJuiz de-
seu foro, e detodas, e quáes quer Leys, eLiberdades, que em seu favor sejaõ, eseobrigam a responder pelo comprimento
desta Escriptura parnte o Ouvidor geral, ou Juizes ordinarios, donde, eparante quem este Instrumento for
aprezentado, que todo huns, eoutros a ceitaraõ; eemfé, etestemunho deverdade assim o outorgaraõ, epor se-
35 rem contentes, mandaràõ ser feito esteInstrumento nestaNotta, que todos assinaraõ, e della dar, epassar os tres-
lados que fossem pedidos; que eu Taballiaõ como pessoa publica, estipulante, eaceitante, estipulei, e aceitei em no-
me dos aubzentes, evindouros, a quem ofavor della de direito tocar possa, sendo testemunhas os Lecenciados
Francisco Lopes Brandaõ, e JorgeLopes daCosta, eFrancisco Alvares, criado doLecenciado Diogo Pereira
28
Desta exata forma se registra no manuscrito.
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74r Pereira, e Eu Taballiaõ conheço as partes serem os proprios conteudos neste Instrumento, os que prezentes estavaõ,
etodos asinaraõ, Joaõ deFreitas Taballiaõ o escreví ==== OProvedor Henrique Moniz Telles == Manoel daSáa
daCunha == Joaõ Garcêz == Diogo Ferreira == Francisco Pereira == Joaõ deAndrade == deSebastiaõ de
Mattos humaCrúz == Francisco Lopes Barndaõ == Jorge Lopes daCosta == Francisco Alvares = Frei
5 Roberto de Јεѕνѕ Dom AbbadeProvincial = Frei Diogo daSilva Dom Abbade = Frei
Guilherme daPurificaçaõ = Frei Placido das Chagas = Frei Roque Lôy = Frei Christovaõ daTrinda-
de = Frei Pedro das Chagas = Frei Antonio de Јεѕνѕ = Frei Placido de Јεѕνѕ = Frei Balthazar
dos Reis = Frei Luiz deSaõ Bento = O qual Instrumento detransaçaõ. Eu Paschoal Teixeira Pin-
to, quesirvo deTabelliaõ publico do Judicial, eNottas, nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, eseus
10 Termos proProvimento deSuaMagestade ofiz tresladar de hum livro deNottas, emque atomou Joaõ
deFreitas Prorietario quefoi deste Officio, ao quallivro me reporto, que está em meu poder, consertei, subscrevi,
Easinei de meu publico sinal seguinte, hoje na Bahia quatro dias do mez deJunho demil eseis centos, e sincoenta,
eoito annos = Estava osinal publico = Emfê deverdade PaschoalTeixeiraPinto = E naõ secontinha
4. VI. 1658 mais em o dito titulo Supra e Retro, o qual eu Joaquim Tauares deMacedo
15 Silua Tabeliaõ do Publico Judicial eNottas nestaCidade do Saluador Ba-
hia de todos os Santos eseo termo por Sua Alteza Real que Deos Goarde
em cumprimento do despacho proferido pelo Doutor Juiz deFora ac-
tual Domingos Jozé Cardozo no Requerimento que fôy asegunda folha
deste Liuro, aqui bem, e fielmente sem couza que duuida faça fis copear
20 do proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo Procurador geral
do Mosteiro deSam Bento desta mesma Cidade Frei Manoel do Sa-
cramento pelo achar uerdadeiro, e authorizado judicialmente como
se deixa uer no proprio traslado, eo tornei entregar depois delansado
eo dito Reuerendo Procurador Geral, que de como Recebeo aqui asinou
25 eeste mesmo traslado juntamente como Tabeliaõ Companheiro An-
tonio Barboza de Oliueira conferi como Original, concertei, sobs-
creui, easinei na Bahia aos treze dias do mês de Março demil eoito
centos esinco annos. eEu Joaquim Tauares deMacedo Silua Ta-
13.III.1805 beliaõ que o escreui, e asiney
30
C(omferido)por mimT(abelia)m
C(onferi)do p(o)r mim T(abeli)am
AntonioBarb(oz)a deOliveira
34 Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
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LII_doc03: Treslado de Escritura de composiçaõ entre o Frei Diogo Rangel e o Padre Manoel Vás, Manoel Homem de Almeida e outros
75v Itapoan 35 Diz o Muito Reverendo Padre Dom Abbade do Mosteiro deSaõ Bento destaCidade, que para bem 35
27 Abril deSuajustiça lhe hé necessario huma Escriptura decompoziçaõ, contrahida com oPadre Frei Diogo Rangel Sen-
1663 do Rezidente do dito Mosteiro, eoPadreManoelVás, Sacerdote do habito deSaõ Pedro, eManoel Homem
sobre a [†] deAlmeida, eGaspar Rodrigues Seichas, eoutros, a qual foi feita em vinte sete deAbril de mil, eseis centos, esecen-
[†] ta etres annos no cartorio de que eraproprietario Antonio deBrittoCorrea, sendoTaballiaõ Francisco do Coutto
[†] 40 Barreto; cujo Officio serve deprezente Sebastiaõ Carneiro, pelo que Pede a Vossa Mercê, lhe faça merce man-
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76r mandar que o dito Tabaliaõ Sebastiaõ Carneiro lhe dê o treslado da dita Escriptura em modo, que faça fé. E receberá
Desp(ach)o Mercê. = Despacho = Como pede. Roballo ==== Sebastiaõ Carneiro daCosta Tabaliaõ
publico do Judicial, eNottas nestaCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, eSeutermo etc. Certefico, que
em meu poder, eCartorio está hum Livro deNottas, que comessou aservir com-oTabaliaõ Francisco do Coutto Bar-
5 retto, ecomesou o ditolivro aservir em trez de Dezembro de mil eseis centos, esecenta, edous, eacabou emseis de-
Setembro de mil eseis centos, esecenta, etres annos, enelle afolhas cento, evinte tres, está a Escriptura de que
Escriptura. a petiçaõ trata: cujo theor deverbo adverbum, hé o seguinte etc Saibam quantos estepublico instrumento de-
27 - Abril
Conserto, etransaçaõ, e amigavel com pozição, ou qual em direito melhor nome, elugar hajavirem, que no Anno
do Nascimento deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil, eseis centos, esecenta, etres annos, aos vinte, ese- 1663
Composiçaõ
10 te dias do mez deAbril do dito anno, nesta Cidade doSalvador Bahia detodos os Santos, dentro no Mosteiro
sobre a me-
doPatriarcha Saõ Bento, estando ahi prezentes partes, a saber de huma oReverendoPadre Frei Diogo Ran-
diçaõ das
gel, ora <p>/P\rezidente no dito Mosteiro, eo ReverendoPadre Frei Hieronimo de Christo Priôr, eoReverendo Padre
2 legoas p(ar)a
Frei Antonio daTrindade Procurador, eos mais Religiozos Conventuaes do dito Mosteiro ao diante assinados todos
o sertaõ
juntos em Capitulo, sendo chamados àelle ào som de Campa tangida, segundo seu bom, elouvavel costume, em no-
15 me do dito seu Convento, e mais Religiozos delle; prezentes, efuturos, eda outraparte estavaõ prezentes o Reverendo Pa-
dreManoel Vas, eAmaro Homem deAlmeida, e Gaspar Rodrigues Seixas, DuartedeVasconcellos, e
Joaõ deMiranda, em seu nome, edesuas Primas Leonor deCazares, Guiomar deSouza, eVictoria daSilva,
como seu procuradorbastante, que mostrou ser, eo ReverendoPadre Frei Antonio daPiedade, Procurador do
Mosteiro deNossaSenhora do Monte do Carmo destaCidade, em nome do dito seu Mosteiro, eo Capitaõ Va-
20 lentim Duraõ de Carvalho, em nome, e como Procurador bastante, que mostrou ser deseu Sogro Joaõ Cazado, todas pes-
soas, que reconheço pelas proprias nomeadas,elogo por elles partes todas juntas nos nomes, que reprezentaõ, foi dito
em minha prezença, e das testemunhas ao diante nomeadas, que entre os mais bens de Raiz, que pertenciaõ ao dito Mostei-
ro deSaõ Bento, assi era huma legoa deterra por costa de mar na Itapoan, que comessa da banda do Sul, donde
1 legoa de
25
acaba o Conde da Castanheira, e vai contestar com terras dePaulo Antunes Freire, e duas legoas para o Sertaõ, como
terra p(o)r costa
Consta da Sismaria, que foi concedida a Garcia deAvilla, de quem o dito Mosteiro a houve por via delegado, eso-
do mar, co-
bre adita data deterra, tráz o dito Mosteiro à muitos annos de manda com Anna Ferrás Vezinha que hé das mais
meçando do
partes nomeadas, eultimamente alcansou o dito Mosteiro Sentença contra ella, para que semedissem inteiramente
lado do Sul
as duas legoas para oSertaõ, que foi dada na Rellaçaõ deste Estado, e por elle dito Padre Manoel Vaz, Ama-
onde acaba
30
ro Homem, Gaspar Rodrigues Seixas; e os mais nomeados, eoutros vezinhos, e Éreos entenderem, que adita medi-
a legoa do
çaõ lhe era muito prejudicial nas terras que estavaõ possuindo persi, e seus antecessores de muitos annos aesta par-
Conde de Cas-
te por diversos titulos nos Campos, e terras dePirajá, em corporados aggravaraõ da ditaSentença daRellaçaõ deste
tanheira
Estado para aCazadaSupplicaçaõ, sobre o qual aggravo estava pendendoletigio entreelles partes, epor que os-
e vai contes-
fins das de mandas, eraõ incertos, eduvidozos, eos gastos excessivos, eordinariamente traziaõ odios, eescadalos, o
tar com
que tudo queriaõ evitar, econservar-se em boa paz, e amizade, pelo que sevieraõ aconcertar amigavelmente,
terras de
35 por via desta transaçaõ naforma seguinte, asaber, que elles ditos PadreManoelVaz, Amaro Homem
Paulo An-
Dalmeida, Gaspar Rodrigues Seixas, Duarte deVasconcellos, Joaõ deMiranda, Valentim Duraõ deCarva-
tunes Freire
lho, nos nomes que reprezentaõ, e ainda em nome dos mais Ereos, vizinhos dos ditos Campo, eterras dePirajá,
Pirajá
38 eo dito Padre Frei Antonio daPiedade, em nome doSeuConvemto, pelo que lhepodevir a tocar, etodos os-
162
163
76v os que derem sua Otorga aesta Escriptura dezistem, como defeito dezistiraõ do dito aggravo, quetem intreposto, e
querem, esaõ contentes, que o dito Reverendo Padre Prezidente, eos mais Padres, tirem com effeito Sua Sentença
doprocesso, e adeem asua devida execuçaõ, fazendo se a mediçaõ das ditas duas legoas deterra para oSertaõ,
Paulo An- principiando se no marco dePaulo Antunes Freire, conforme seprincipiou no anno demil seis centos, evinte dous,
tunes Freire 5 e medidas, que sejaõ as ditas duas legoas deterra, ficaraõ elles partes sendo Verdadeiros Senhores, epossuidores da-
primeira legoa, e assim mais detoda aterra, que se achar possuirem adita AnnaFerráz, Francisco Dalmeida,
Francisco Pitta Ortegueira, eoCapitaõ Valentim deFaria Barreto, sem duvida, nem contradiçaõ alguma na-
forma, que lheestá julgada, fazendo os ditos Reverendos Padres a mediçaõ destaprimeira, acusta doseu Con-
vento, como tambem de toda aterra, que se achar possuem, como dito hé a dita AnnaFerráz, Francisco deAlmei-
10 da Francisco Pitta, e Valentim de Faria, etoda a mais terra, que restar dasegundalegoa, será me dida a custa
delles ditos PadresManoelVás, Amaro Homem, e dos mais nomeados, e dos que mais quizerem dar sua outorga,
eConsentimento aesta Escriptura, e querem, esaõ contentes elles partes, que todos fiquem conservados napossessaõ, eterra,
que cadahum deprezente possue, parahaverem delograr, epossuir todos os dias desuavida, eseus Successores, sem
huns poderem entender com os outros, nem com adita AnnaFerrás, Francisco Dalmeida, Francisco Pitta Orte-
15 gueira, e Valentim deFaria, por que esse direito, ficará somentepertencendo aelles Padres, eem caso, que elles Pa-
dres lancem o Rumo pelaparte doConde daCastanheira para oSertaõ, nunca estepoderá prejudicar as outras par-
tes, ainda que com o dito Rumo se chegue aterra de qual quér delles, por que todos, e cadahum, ficaràõ taõlivres,
como já estaõ, sem por parte delles Padres, se poder nunca allegar ignorancia nem restetuiçaõ, por que tudo desdelogo re-
esocegados,
nunciaõ elles ditos PadreManoelVás, Amaro Homem, Gaspar Rodrigues Seichas, eos amsi nomeados, e que de-
20 rem outorga aesta Escriptura, alem da dezistencia, que fazem, etem feito do dito aggravo, promettem dar elles partes se-
Centa mil reis, em dinheiro de contado, tanto que adita mediçaõ sefizer daprimeira legoa, eestes secenta mil reis, será
obrigado apagar logo com effeito o dito Amaro Homem, que os dará aelles Padres, sem contenda alguma, tanto que se aca-
bar de medir aditaprimeira legoa, sem aisso allegar duvida alguma, eas mais partes seraõ assim mesmo obrigadas a
dar, epagar a elle Amaro Homem, o que acadahum tocar, que será rata pormilha, conforme aterra, que posssuir, ecom-
25 de claraçaõ que vindo-se elles Padres aconcertar com-o dito francisco Pitta, AnnaFerrás, Francisco deAlmeida, eValentim
deFaria, será em forma, que naõ seja emprejuizo delles partes, por que cada hum ficará sempre naforma em que está, e-
fazendo-o em outraforma, esta Escriptura naõ valerá couza algu(m)a, eficará cada hum com seu dereito salvo como
dantes, eaSentença que elles Padres tirarem, equal quer obra, que por ellafizerem sem effeito, e nestaformadiceraõ to-
dos elles partes, se haviaõ por compostos, econcertados, ese obrigavaõ ater cumprir, e manter tudo aqui declarado, sem em
30 po
tem-algum apoderem contradizer, acujo cumprimento, obrigam elles Padres os bens, e rendas deseuConvento, e as mais par-
tes todas os seus bens havidos, epor haver, eo melhor parado/s/ delles, e huns, eoutros responderaõ pelo aqui declarado
Cidade parante os Juizes Ordinarios della, ou do Ouvidor geral doCivel daRellaçaõ, deste Estado, para o que renun-
nesta
ciaõ Juizes deseu foro, terra, elugar ondeviverem, e morarem ferias geraes, eespeciaes, etudo mais, que em seu favor se-
ja, que de nada uzaraõ, eem testemunho deverdade asim o outorgaraõ, e mandaraõ fazer esta Escriptura nestaNo-
35 ta, em que assinaraõ, pediraõ, e acceitaraõ. Eeu Taballiaõ acceito, por quem tocar auzente comopessoa publica,
Estipulante, eacceitante, edella dar os treslados necessarios, sendo testemunhas prezentes olecenciado Manoel
Correa Ximenes, eAntonio Nogueira Barreto, eo Alferes André deSaõ Martinho, eBulhoenz; que to-
dos asinaraõ. Eeu Francisco do CouttoBarreto Taballiaõ o escreví, edeclaro que esta seotorgou pelas partes, e
5.V.1663 39 asinou por ellas, etestemunhas em cinco do mes deMaio deste prezente, eem lugar deAndré deSaõ Martinho Bu
164
165
77r Bulhoens, foi testemunha Simaõ Rodrigues Crespo, eeu sobre dito Taballiaõ o escrevý =
Frei Diogo Rangel = Frei Ignacio deSaõ Bento = Frei Antonio dos Reys = Frei Hie-
ronimo de Christo Prior = Frei Antonio daTrindade = Frei Paulo do EspiritoSanto = Frei
Chonstantino = Frei Placido doSacramento = Frei Joaõ deSaõ José = o Irmaõ Frei Antonio =
5 = o Irmão Frei Paschoal = Frei Luiz deSaõ Joaõ = o Padre ManoelVás = Frei Antonio da-
Piedade Procurador Geral = Gaspar Rodrigues Seichas = Amaro Homem Dalmeida =
Joaõ deMiranda Henriques = Duarte de Vasconcellos = Valentim Duraõ = Mano
el Correa Ximenes = Simaõ Rodrigues Crespo = Antonio NogueiraBarretto = Enaõ secon-
tem mais na dita Escriptura a que me reporto, donde passei aprezente Certidaõ bem, efielmente,
10 por despacho do Doutor Juiz deFora, que conferi, subscrevi, asinei, econsertei como official com
23.VII.1715
migo abaixo asinado naBahia aos vinte, etrez dias do mez de Julho de mil, esete centos, equinze an
23.VII.1715
nos. EeuSebastiaõ Carneiro daCosta Taballiaõ aSubscreví, edeclaro, que a emmenda naterceira lauda
diz / Duarte / e na quinta dis / e os gastos / e nasetima, oitava, e nonalauda, tem outras emmendas, que dizem / Padres /
etudo vai naverdade. Eeu sobre dito Taballiaõ o declarei = Sebastiaõ Carneiro daCosta = Consertada por mim
15 Taballiaõ Sebastiaõ Carneiro daCosta = Ecommigo Taballiaõ = José Valençuellado = E naõ seconti-
nha mais em o dito titulo Supra e Retro o qual eu Joaquim Tauares deMa-
cedo Silua Tabeliaõ do Publico Judicial eNottas nesta Cidade do Sal-
uador Bahia de todos os Santos eseo termo por Sua Alteza Real que
Deos Goarde, em cumprimento do despacho proferido pelo Doutor
20 Juiz de Fora actual Domingos José Cardozo no Requerimento que foy
asegunda folha deste Liuro aqui bem e fielmente sem couza que duui-
da faça fis copear do proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo
Procurador Geral do Mosteiro de Sam Bento desta mesma cidade
Frei Manoel do Sacramento pelo achar uerdadeiro eauthorizado judi-
25 cialmente como sedeixauer no proprio traslado, eo tornei entregar
depois de lansado ao dito Reuerendo Procurador Geral, que decomo o Re-
cebeo aqui asinou eeste mesmo traslado juntamente como Tabe-
liaõ Companheiro Antonio Barboza de Oliueira conferi como-
Original, concertei, sobscreui, easinei na Bahia aos treze dias do mês 13 III 1805
an
Felipe por Graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves daquem, e dalem mar em Africa, Senhor de Guiné,
Questaõ
eda Conquista, Navegaçaõ, Comercio da Ethiopia, Arabia, Percia, eda India etc A todos os Corre-
Catharina
gedores, Provedores, Ouvidores, Julgadores, Juizes, e Justiças, Officiaes, e Pessoas de meus Reinos, e Senhorios,
Fogaça
40 onde, e perante quem esta Minha Carta de Sentença for aprezentada, eo conhecimento della com direito deva
168
169
77v deva, e haja depertencer, eseu effeito, e cumprimento se requerer. Faço-vos a saber, que nesta MinhaCorte, e Caza
L(ivr)o Velho f(o)l(ha)
105
daSupplicação parante mim, eos meus Dezembargadores das Appellaçoens, eAggravos Civeis, que nella andaõ por-
dois dos quaes esta passou, foraõ trazidos, e aprezentados, efinalmente Sentenciados huns autos deCauza Civel, que aella
vieraõ por Appellação dante o Doutor João do Coutto Barboza do meu Dezembargo, Dezembargador daRe-
5 lação da Caza doPorto, Ouvidor geral por Mim com Alçada emtodo o Estado do Brazil, ordenados, eproces-
sados entrepartes dehuma o Dom Abbade, e Religiozos do Convento do Patriarca São Bento da Cidade do
Salvador Bahia detodos os Santos, como Authores, contra Catharina Fogassa, Dona Viuva, mulher, que ficou
deManoelPereiraGago Reé daoutra parte, moradora naCapitania daBahia, eisto sobre, epor rezaõ daCauza
declarada nos ditos autos, os quaes eraõ sobre ex ecução deSentenças sobre de marcaçaõ, que os Authores houveraõ
10 Contra a Reé, como detudo ao diante sefará mais clara, eexpreça mençaõ, pelos quaes autos, e termos delles, semostrava
10-{outu}bro entre as mais couzas em elles conteudas, e declaradas, que sendo aos dez dias do mez de Outubro do Anno do Nascimento
1631 deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil, e seis centos, etrinta, ehum annos, em a dita Cidade do Salvador Bahia de
todos os Santos, e Paço do Concelho della em publica audiencia, que aosffeitos, epartes faziaõ Ouvidor Geral que
entaõ éra o Dezembargador Jorge daSilvaMascarenhas na dita audiencia peloLecenciado JorgeLopes da-
15 Costa, lhe fora dito, que ainstancia, e requerimento doPadre Dom Abbade, e mais Religiozos do Mosteiro do
Patriarcha Saõ Bento da ditaCidade doSalvador, estavaCitada a ditaReé CatherinaFogassa DonaViuva,
mulher que ficara deManoel Pereira Gago para aprezentaçaõ de hum Libello, que logo contra ella offerecia, pelo qual
a queria demandar Civilmente, em que de marcase aterra de seu aRendamento na forma delle, e pelas confrontaçoens
nelle declaradas, eque largase ao Mosteiro as terras, que fora delle lhe occupava pella maneira declarada no dito Li-
20 bello, pedindo ao dito Ouvidor geral lho recebesse, o que visto porelle fizera porgunta quem citara aditaReé Catherina
Fogassa, e por lhe constar por Certidaõ de Francisco da Costa, e Porteiro, que elle a citara para todo o sobredito conteudo no dito
Libello, a mandara logo apregoar pelo dito Porteiro, que á apregoara, e por não parecer a sua revelia, a ouvera por Ci-
tada para aditaCauza, esuas dependencias, termos, e autos judiciaes della, elherecebera odito Libello tanto quanto com-
direito era dereceber, segundoforma de minha Ordenaçaõ, e ficará aReé esperada para o contrariar athé asegunda
25 audiencia, e mandara, que os Religiozos dessem fiança as custas, por serem deoutra jurisdição, ese authoara o dito Libel-
lo, em que se continha dizerem os Authores os Padres Dom Abbade, e mais Religiozos do dito Mosteiro de São Bento
Libello
da dita Cidade contra a dita Reé Catharina Fogassa, que se comprisse, e necessario fosse, provariaõ, que elles Authores,
digo, que entre os mais bens, epropriedades, de que elles Authores, eseu Mosteiro estavaõ deposse, era humalegoa
de terra por costa do mar, eduas para o Sertaõ nos Lemittes da Itapoan, que houveraõ por herança de Garcia
30 Davilla, e troca que fizeraõ com aCazadaSantaMizericordia daditaCidade // e que provariaõ,
que dentro da dita legoa tinha o dito Garcia Davilla arendado em suavida na parte doSertaõ
della aManoelPereira Gago, marido da ditaReé humasorte deterra confrontada emseu arrendamento,
que aditaReé tinha em si, edepois lha deixara em seu testamento pelas confrontaçoẽs do dito seu arrendamento,
e que namesma forma selhe rezervara na tranzaçaõ, que o Mosteiro fizera comFrancisco Dias Davilla, em-
35 que elle se asinara como parte interessante // e que provariaõ, que na dita tranzaçaõ ficara o marido da-
ditaReé obrigado a se demarcar, e contribuir pro rata na despeza da dita de marcaçaõ, eque até entaõ, anaõ ha
via feito, epor falta disso se tinha a remettido em grande quantidade de terra uzurpada ao Mosteiro, fora das-
Confrontaçoens declaradas no dito arrendamento // porque provariaõ, queaditaReé tinha posto dasua maõ ado-
39 us filhos deMartim Rodrigues defora do Caminho velho daTapera deSaõ Francisco, eTapera de DiogoDias, eMi-
170
171
78r eMiguel Soares, eoccupavaõ parte dos Campos arrendados aos Padres do Carmo, sendo que seu arrendamento o-
L(ivro) V(elho)
demarcava com os ditos Campos, epelo caminho velho daTapera deSaõ Francisco sem poder passar paraforadelle, pelo f(o)l(ha) 105
v(erso)
que, devia ser condemnada, em que se de marcasse naforma, epelas confrontaçoens deseu arrendamento, eque largasse ao
Mosteiro as terras, que defora dellas lhe occupava do que tudo éra publica vóz, efama, pedindo os ditos Authores em fim, e con-
5 cluzaõ do dito seu Libello recebimento delle, e que a dita Reé fosse Condemnada, em que sedemarcasse naforma do dito arren
damento, epelas confrontaçoens, e que largasse ao Mosteiro as terras, que fora dellas lheoccupava, e que em tudo lhefosse
29
feito inteiro cumprimento de justiça pelo melhor modo, com as custas // segundo secontinha no Libello dos Autores, que sendo au-
tuado com os papeis, que se aprezentaraõ, os ditos Religiozos satisfizeraõ com darem fiança segura, ebastante, por que seu
fiador lecenciado Jorgelopes daCosta, se obrigara apagar por elles todas as custas, em que na Cauza fossem con-
10 demnados, evencidos; e assinara disso termo nos autos, como seu fiador, eprincipal pagador, e com-o mais na Cauza proces-
sado, e hum feito findo, que se ajuntara a linha, semostrava mais, que sendo dado vista ao procurador daReé Catherina
Contraried(ad)e Fogassa, satisfez com sua contrariedade, dizendo nella, que provaria que aterra della Reé, ede que setratava, naõ reque-
ria, que fosse medida, nem demarcada; por quanto Garcia Davilla, de quem ellaReé à ouvera, naõ lha dera as braças,
senaõ ad corpus, logo confrontada, e de marcada // por que provaria, que aterra de Garcia Davilla dera ao marido della
15 Reé, logo lhaconfrontara, edemarcara, asaber, que comessava daRibeira, que fora deFrancisco Antunes thé as taperas,
que foraõ de Diogo Dias, athé sahir ao caminho velho daFazenda deSaõ Francisco, com todos os mattos, que entre adita
Ribeira, e caminho velho se achase para por banda domar, de maneira, que aditaterra, ou fosse muita, ou pouca, assim
confrontada, edemarcada na sobredita maneira, éra a quepertencia aellaReé, e que lhe dera, e deixara Garcia Davilla
por serviços, que seu marido ManoelPereira Gago lhe havia feito, ecomo assim fosse, éra escuzada a mediçaõ, de que
L(ivro) V(elho)
20 os ditos Authores tratavão // eque provaria, que com o dito titulo, possuhia ella Reé a ditaterra de mais de trinta annos ao tal f(o)l(ha) 106
tempo, por si, eseu marido, eque nella entravaõ os Campos, que o dito defunto havia arrendado aos Frades do Carmo, edentro nos di-
tos lemittes, e confrontaçoens morava ella Reé, etinha póstos desua maõ os filhos deMartim Rodrigues, eque por reconvenção //
Rio Petuassú
provaria, que os ditos Authores, lhetinhaõ uzurpado da dita terra mais de meialegoa deterra, que ficava do Rio Petuassû para
a banda do mar, etinhaõ nellaposto Curraes, etraziaõ suas creaçoens, efaziaõ suas Rossas, etinhaõ tirado tirado daditaterra muitos pro-
25 veitos, em quelhe tinhaõ dado aella Reé melhor demil cruzados deperda, que lhe pedia por reconvensaõ com a mesma terra,
do que éra publica vóz, efama, pedindo a dita Reé emfim, e concluzão dasua contrariedade, recebimento della,eabsolviçaõ, e
que pela dira Reconvençaõ fossem os ditos Autores Condemnados, elhe restituissem aditaterra, que injustamente lheoccu-
pavaõ com os frutos, e com as ditas perdas, e damnos, eque lhefossefeito comprimento dejustiça pelo melhor modo
com custas // Segundo se continha na ditaContrariedade da dita Reé Catherina Fogassa, que lhefora em Juizo
30 pelo Ouvidor geral recebida tanto quanto com direito éra de receber, segundo a ditaforma de minha Ordenação,
epor nella setratar de reconvençaõ, os Religiozos Authores pediraõ vista acontrariar, ejuntamente Replicar aCon-
trariedade, esendo-lhe dada, satisfizeraõ em sua Replica, eContrariedade com que viéraõ a Reconvençaõ daReé,
cujos artigos deTreplica tambem seoffereceraõ, os quaes huns, eoutros lheforaõ recebidos em Juizo tanto quanto com di-
reito éraõ de receber, segundo adita forma deminha Ordenaçaõ, eseassinara naCauza, delicaõ, termo, elugar depro-
35 va para haverem de dar aos ditos artigos recebidos, a qual deraõ pelos autos papeis, do cumentos, epor inquiriçoens detestemun-
has, que lheforaõ porguntadas judicialmente, e tudofora comessado, eacabado, esendo passada adilaçaõ, foraõlançados
demais prova, ese houveraõ as inquiriçoens por abertas, epublicadas, eforaõ juntas aos autos, de que as ditas partes por-
seus procuradores houveraõ vista, etanto por elles, e por cadahum delles fora rezuado, requerido, eállegado deSeu direito,
39 ejustiça, que com tudo os autos foraõ levados com cluzos ao dito Ouvidor geral, o Dezembargador Jorge daSilva Mascaren-
29
Há um algarismo 1 escrito a lápis na entrelinha superior entre este termo e o próximo.
172
173
78v Mascarenhas, evistos por elle, nelles por sua Sentença pronunciara oseguinte// Vistos os autos, Libello oferecido por- Sen(te)nca
parte dos Autores, os Reverendos Dom Abbade, eReligiozos do Convento do Patriarcha Saõ Bento destaCidade, Contrariedade
daReé Catherina Fogassa, com os mais artigos, Escripturas, Certidoens, eassinados juntos com aprova dada, mostra-se pertencer a-
os Authores huma legoa deterra por costa do mar, e duas para oSertaõ nolemitte daItapoan, que ahouveraõ porherança de-
5 Garcia Davilla, etranzacão feita com a Caza daSantaMizericordia destaCidade, emostra-se possuir aReé certapar-
te deterra, eSitio dentro dos lemittes, ecircunferencia da dita legoa deterra, por virtude de hum escrito deaforamento,
eadoacçaõfeita aManoelPereira seu marido defunto pelo dito Garcia Davilla, confirmada por testamento, do co-
al se colige, duar-lhe no dito sitio, emattos aterra, emattos, que seinclue daTapera eRibeira deFructuoso Antu
nes athé aTapera de DiogoDias Caramurú, eTaperadeMiguel Soares até sahir ao caminho velho daTapera do-
10 dito defunto, eIgreja deSaõ Francisco, com os mattos do dito lemitte para aparte do mar, eCampos aforados aos Padres
do Carmo para poder pastar comseus gados: mostra-se possuir aReé muito mais terra, queaque lheperten-
ce pela dita doacçaõ, que hé toda aque vai do dito Caminho velho, que severificou na minha prezença por Reli-
giozos testemunhas velhas, antiga, e sem suspeita, correr das ditas Taperas pela ponta dehuma Rossa dos filhos de-
Martim Rodrigues pelo Vale athé dar na ditta Tapera deSaõ Francisco, pessuindo aReé todaamais, que corre
15 athé o caminho, quevay para Itapoan, que depois da<t>/d\ita adoacçaõ, foi aberto por differentes pessoas, enaõ mostra ti-
tulo, oucauza por que lhepertença mais terra, queaque se inclue nas demarcaçoens, e confrontaçoens do dito escrito, nem
asentença dada em Juizo Summario lhe dá dereito deprescripçaõ, mormente contra os Authores Religiozos, o que tudo vis-
to com o mais dos dos autos, disposiçaõ de direito, com-o que meconstou nas deligencias que fiz nas Vestorias destas terras, eem
formaçaõ de pessoas antigas sobre o dito Caminho da duvida, julgo, edeclaro o dito Caminho ser o que secontem no auto da Vesto-
20 ria, pela demonstraçaõ, que dellefez oPadreFrei Bartholomeu Religiozo do Carmo, econdemno aReé, aque naforma
do dito escrito, e confrontaçoens delle, se demarque com os Authores, largando, eabrindo maõ de todas ás mais terras, que
pessue, deixando-as livres aos ditos Authores, com os frutos, e rendimentos dalide contestada em diante, que seliquidaraõ na-
26.II.1633 execuçaõ, e custas Bahias vinte, digo Bahia Fevereiro vinteseis deseis centos, e trinta, etrez // Jorge daSilva Mascare-
nhas // a qual Sentença do dito Ouvidor geral sendo por elle dada, epublicada noPaço do Concelho da ditaCidade
25 doSalvador Bahia de todos os Santos, em audiencia publica, que aos feitos, epartes fazia em o primeiro dia do-
1o III.1633 mez deMarço de mil, eseis centos, etrinta, etrez annos, eoprocurador de ditaReé Catherina Fogassa Appel-
lara della para esta minhaCorte, Rellaçaõ, e Caza daSupplicaçaõ destaCidade deLisboa, ese deliberara
em seguir sua Appellaçaõ que lhefora recebida por a Cauza naõ caber naAlçada do dito Juiz, eser avaliada
por louvado das partes, em Cento, eSetenta mil reis, esendo as ditas partes citadas para atempaçaõ, concerto, e
30 seguimento da dita Appellaçaõ, epor táes em Juizo ouvidos para isso, epara todos os termos, e autos judiciaes, com-o-
que mais setratara o dito Ouvidor geral lhá atempara, eassinara Navio, em que viesse a dita Appellaçaõ, edia
de aparecer paraser aprezentada nesta Corte, eCaza da Supplicaçaõ, depois desua chegada aesta min-
ha Cidade deLisboa, a qual fora nella aprezentada, onde as partes, fizeraõ seos Procuradores, e houveraõ vista dos au-
tos della, evieraõ com suas rezoens por escrito, com as quaes os ditos autos, meforaõ trazidos concluzos, esendo vistos
35 p(o)r emRellaçaõ, com os do meu Dezembargo, Dezembargador das Appellaçoens, eAgravos Civeis, em elles //
Acordaõ
Acordei etc Bem julgado hé pelo Ouvidor, confirmo SuaSentença, por alguns deseos fundamentos, e
31.VIII.1634 os mais dos autos, econdemno aAppellante nas Custas delles, Lisboa o ultimo deAgosto Seis centos, etrin-
4.IX.1634 ta, equatro // a qual Sentença sendo dada, epublicada setirara doprocesso em os quatro dias domêz deSeptembro
39 do dito anno deSeis centos, etrinta, equatro, equerendo-a os Authores passar pela minha Chancellaria desta
174
175
79r desta Corte, eCaza daSuplicação, se offereceraõ nella por parte daReé Catharina Fogassa huns Embargos, que dicera tin-
ha a haver de passar a dita Sentença pela Chancelaria, os quaes na forma do estillo, selhetomaraõ nella, e com adita Sen-
tensa Embargada foraõ inviados ao Escrivaõ dos autos, queesta subscreveo, e da dita Appellação, para que os autuasse,
edessa vista as partes, confórme hum despacho nelles posto; o qual sendo-lhe dados, lhefizera sua aprezentaçaõ, segundo es-
5 tillo, econstava pelos ditos Embargos, dizer a ditaReé Catherina Fogassa Embargante, que tinha legitimos Embargos apas-
sar pella Chancellaria aditaSentença dada em favor dos ditos Religiozos Authores, de que foraõ Juizes os meu
Dezembargadores, o Doutor Manoel CorreaBarba, eo Doutor Francisco Dalmeida Cabral, e o Doutor Fran
cisco deCarvalho, eEscrivaõ o que esta subescreveo, e que em nome della Catherina Fogassa, e deseus filhos menores //
Emb(ar)gos Provaria, que por falescimento deManoelPereiraGago, marido da Embargante, lheficara muitos filhos menores,
10 que eraõ partes interessadas na ditaCauza, e que naõ foraõ citados, nem selhe déra Curador, pelo que fora tudo nullo, e a-
o menos por beneficio de restituiçaõ, deviaõ os ditos menores, ser admettidos à allegar desuajustiça o que lhe parecesse, eque
na tal conformidade // provaria, queaSentença Embargada confirmava à do Ouvidor geral do Estado do Brazil, em-
que condemnava aReé Embargante, se demarcasse pelas confrontaçoens de duzidas no dito Libello dos ditos Authores
Embargados, eabsolvia aos mesmos Autores da Reconvençaõ daReé, a qual Sentença se devia revogar // porque prova-
15 ria, que no Libello folhas trez, deziaõ os ditos Autores, que noLemite dacontenda, naõ tinha aReé mais direito, que o que
pertencia aseu marido Manoel Pereira Gago, por hum Escripto de arrendamento, eoutro de aforamento, epor huma
Verba de testamento, tudo de Garcia Davilla, de quem fora a quelleLemitte, eno mesmoLibellofolhas trez deziaõ, que
conforme aos ditos escriptos, etestamento, naõ tinha aReé, nem seo marido mais terra, que athé o caminho velho, que
Tapera de S(aõ)
hia da tapera deSaõ Francisco, e lhe naõ peretnciaõ as terras arendadas aos Religiozos doCarmo, que estavaõ alem do Ca- Franc(isc)o
20 minho velho deSaõ Francisco, epediaõ, que pelo dito caminho Velho sefizesse ademarcaçaõ, eassim sejulgara: porem dos-
autos constava expressamente, haver-se dejulgar o contrario // por que provaria, que no Libello, e napetiçao folhas se-
tenta, e nove, approvavam os ditos Autores, e reconhecciaõ por verdadeiros os ditos escriptos, e Verbas do testamento de Garcia
Davilla, epediraõ dito folio setenta, enove certidaõ dellas para se exibir, como exibiraõ em sua prova folhas setenta,
e nove verso exsequentibus, e era isso tanto verdade, que no mesmo Libello pediaõ sefizesse ademarcaçaõ pelas Confronta-
25 çoens do escripto de arrendamento, que o dito Garcia Davilla fizera ao marido daReé, de modo, que ainda regulando-se
o tal cazo pelo que os ditos Autores deziaõ, se devia descidir pelos ditos escriptos, e Verba do Testamento// Eque provaria
que o escripto de arrendamento, que Garcia Davillafizera ao marido daReé, dezia folhas noventa, e duas, in fine et verso, que
elhe arrendava asua Fazenda da Ribeira deFructuoso Antunes athé aTapera, ecaminho velho deSaõ Francisco, com todos
os mattos, que daquelleLemitte se achassem athé omar, ecom os Campos que tinha aforados aos Padres doCarmo, demodo que
30 expressamente lhe arrendara os Campos aforados aos Padres do Carmo, e depois lhe aforara tudo o tal folhas noventa, etrez,
edepois lho deixara no testamento folhas noventa, ecinco// E que provaria, que conforme ao quarto artigo doLibello fo-
lhas trez imprincipio, eas testemunhas, que sobreelles juraraõ as terras dos Padres doCarmo, estavaõ fora do caminho
velho, donde rezultava, que senaõ devia fazer adermarcaçaõ pelo caminho velho, por que o tal seria tirár a Embargan-
te as terras dosPadres doCarmo, que expressamenteforaõ arrendadas, aforadas, edeixadas emtestamento ao marido
35 da Embargante folhas noventa, e duas in fine ad verso noventa, etrez, enoventa, esinco // e que provaria, que a rezaõ,
que todas as testemunhas dos ditos authores deraõ parajurar, que as terras dos Padres do Carmo, naõ pertenciaõ aReé,
fora dizer, que senaõ comprehenderaõ no escripto do arrendamento, queéra falso, porquanto o escripto dearrendamento
38 dezia o contrario ditofolio noventa, eduas verso, ebem sevia, que eraõ testemunhas damesma Religiaõ, e cazeiros dos ditos
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79v dos ditos Authores, que haviaõ detratar de os favorecer // Eque provaria que o termo daVestoria, que o dito Ouvidor
fizera, nadaprejudicava aReé Embargante, por que no dito termo folhas cento, ehuma verso et sequenti, só mente
se tratara de averiguar para ondehia o caminho velho, sendo que a questaõ, éra averiguar se as terras dos Pa-
dres doCarmo, que estavaõ foradoCaminho velho, entraraõ no arrendamento do marido daReé, que essa fora a
5 questaõ, que os ditos Authores moveraõ nolibello folhas quatro, pelo que a dita Vestoria nadaprejudicava, mormente, que
nella se naõ descedira couza alguma; eassim ficava constando claramente dos mesmos autos, que as terras dos Padres
do Carmo, que estavaõ alem do Caminho velho, entraraõ no arrendamento, que Garcia Davilla fizera ao marido daReé,
eque lhepertenciaõ aella, eque a demarcaçaõ senaõ devia fazer pelo Caminho velho, e no tal primeiro ponto da ácção, se
devia emmendar aSentença // Eque por Reconvensaõ provaria, que outro sim, se devia revogar adita Sentença em rez-
10 peito da Reconvensaõ, em que a Reé pedia aos Authores, as terras que estavaõ dabanda do már dentro dolemittedo Ca-
minho velho, eque éra couza muito clara, e manifesta; por que Garcia Davilla arrendara dito folio noventa,eduas
Verso, aforara folhas noventa, etrez, deixara folhas noventa, esinco ao marido daReé todos os mattos, que daquella
parte do Caminho velho chegassem até o mar, como expressamente seprovaria dito folio noventa, eduas verso ibi = que
seachassem para a banda do mar; pelo que pois, os ditos Autores pediaõ nolibello, que atal demanda se regulasse pelo
15 dito escripto, necessariamente se deviaõ julgar a Reé todos os mattos da quella parte do caminhovelho até omar, eno tal
taõbem naõ podia caber duvida, e assim se devia julgar como nasua tençaõ, o declarava o meu Dezembargador Antonio
deAbreu Coelho, do que tudo era publica vóz, efama, pedindo a dita Reé Embargante em fim, econcluzaõ dos seus Em-
bargos, recebimento delles, eprovado o necessario, Cumprimento de Justiça pelo melhor modo, com custas // Segundo secontin-
ha em os ditos Embargos daReé, que sendo autuados com aSentença, sedemandara dar Vista as partes, ecom-o que disseraõ,
Acordaõ
20 tornaraõ os autos Concluzos, e vistos por mim, com os do dito meu Dezembargo, em elles // Acordei Etc Sem embargo
dos Embargos, que naõ recebo aSentença Embargada, passe pela Chancellaria; e condemno a Embargante nas custas na-
17.VII.1635 forma da Ordenaçaõ, Lisboa dezasete de Julho Seis centos, etrinta, e cinco // Esendo osobredito pronunciado, setirara
sobreSentença por parte dos Authores Embargados, epassada pela minha Chancellaria, ese aprezentaraõ aditaSenten-
sa, esobreSentensa naditaCidade do Salvador Bahia detodos os Santos, donde Originalmente setratara aCauza // E-
12.II.1636 25 outro sim semostrava mais pelos ditos autos, que sendo aos doze dias do mez deFevereiro demileSeis centos, etrinta, eseis
annos, na ditaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, epouzadas do dito Ouvidor Geral, o Doutor Joaõ do Coutto
Barboza, em publica audiencia, que ahi fazia aos feittos, epartes, nas Cauzas que corriaõ nas ferias nadita audiencia
pelo Lecenciado Gonçalo Homem Dalmeida, Advogado na ditaCidade, lhefora dito em nomedo Convento Autor, que ape-
tiçaõ, e Requerimento do ReverendoPadrePrezidente, eReligiozos doMosteiro deSaõ Bento da ditaCidade, estavaCitada
30 para adita audiencia a ditaReé Catherina Fogassa Dona Viuva, para effeito desefazer demarcaçaõ das terras, sobre que
seletigava no dito Juizo por parte dos ditos Religiozos contra ella naforma que semandavafazer pelaSentença
que offerecia, dada nesta minhaCorte, e Caza daSupplicaçaõ destaCidadedeLisboa, Requerendo fosse havida
porCitada para todo o necessario, o que visto pelo Ouvidor geral, por lheconstar por Certidaõ deFrancisco deMacêdo Es-
crivaõ dos lemittes daPitanga, que aCitara, a mandara apregoar pelo Porteiro do Auditorio Francisco daCosta, que á-
35 pregoara, epor ella naõ aparecer asua reveria a Ouvera por Citada para aditaCauza termos, eautos judiciaes della, e
mandara se fizesse adita demarcaçaõ, em que se havia deachar prezente, que seria em quarta feira vinte dias do dito Feve-
reiro, elogo peloLecenciado Jeronimo deBurgos, procurador daReé, fora dito que queria haver vista daCitaçaõ, eSen-
tensa, pedindo selhedesse, eo dito Ouvidorgeral, mandara selhedesse em auto apartado por aCauza ser deexecuçaõ, esendo
39 autuada aditaSentença, eSobreSentensa, ecitaçaõ em cumprimentodetudo fora o dito Ouvidor em pessoa ao Sitio sobre que
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80r Demarcação. que setratava aonde sefizera a demarcaçaõ, cujo theôr hé oSeguinte // Anno do Nascimento de Nosso Senhor Јεѕνѕ 1636
20.II.1636
Christo de mil, eseis centos, etrinta, e eseis annos, aos vinte dias do mez deFevereiro do dito anno, nos Lemittes daRibeira,
chamada de Fructuozo Antunes, termo daCidadedo Salvador Bahia detodos os Santos, ondefoi oDoutor Joaõ do Coutto
Barboza do Dezembargo deSua Magestade, Ouvidor geral, com Alçada em todo Estado do Brazil, para effeito
5 de ahi fazer demarcaçaõ das terras desteLetigio naforma, que o mandaõ as Sentensas atráz juntas daCaza daSupplica-
çaõ para o que se acharaõ prezentes, o Reverendo Padre Frei Ignacio deSaõ Bento Prezidente do Mosteiro do mes-
mo Santo naditaCidade doSalvador, em nome do dito Mosteiro, eoLecenciado Gonçalo Homem Dalmeida, Advogado
do mesmo Mosteiro, ebem assim oPadreAntonio Pereira, filho daReé Catherina Fogassa, e Bráz daCosta
Sisne, seu procurador, logo pelo dito Ouvidor geral, foi mandado vir perantesi ao Irmaõ Frei Bartholomeu Reli-
10 giozo Donatto do Convento deNossaSenhora do Carmo, como pessoa, quese achou prezente aVestoria das ditas terras
quando afêz o Dezembargador Jorge daSilva Mascarenhas, ao qual mandou ler perante os mais nomeados o escrip-
to, por que Garcia Davilla, dêo, e duou aterra de clarada nas ditas Sentenças aManoelPereiraGago, marido que foy
daditaCatherina Fogassa, por ser fundamento daSentensa; que seconfirmou naditaCaza daSupplicaçaõ, e depois de de-
clarado o dito escripto, e condiçoens delle perguntou o dito Ouvidor geral ao dito Frei Bartholomeu, qual éra a Ribeira
15 chamada de Fructuoso Antunes, esuaTapéra, epor elle foi mostrado a dita Ribeira defronteabaixo dehum Oi-
Rib(ei)ra do
teiro, onde disse fora aditaTapéra, e sobindo elle, eeu Escrivaõ, com o Piloto do Conçelho Antonio Freire ao cúme do Fructuoso
Antunes
dito Oiteiro, eTapéra, ahi pôz o dito Piloto á agulha de marcando com ella aparagem onde estaõ ás Tapéras que fo-
Rumo. raõ de Diogo Dias Caramurú defunto, efoi demarcados ao Rumo de Nordeste, eSodueste, e depois defeita esta deligencia,
mandou o dito Ouvidor geral, sefosse em seguimento das ditas Taperas, para hir se buscar o caminho velho, relatado no-
20 mesmo escripto, e entaõ pareceu o dito PadreAntonio Pereira em nome, ecomo Procurador da dita Sua Maĩ Cathe-
rinaFogassa, e disse que prottestava de nullidade atoda a demarcaçaõ que se fizesse por Rumo de agulha, por que só sede-
via fazer pelas Confrontaçoens do dito escripto, e o dito Ouvidor geral, lhe mandou escrever seu prottesto, eque sefosse
fazendo ademarcaçaõ na forma daSentença, por bem do que foi elle com os demais aqui nomeados, em prezença de-
mim Taballiaõ as ditas Tapéras de Diogo Dias, que nos foraõ mostradas pelo dito Religiozo Frei Bratholomeu, dizendo-
25 eraõ aquellas as ditas Tapéras, e dellas foi dar no caminho velho, que vai dar naTapéra, donde esteve aIgreja velha de-
Saõ Francisco, de que o mesmo escripto fás mensaõ, dizendo, que o principio do dito caminho, éra o que vai daestrada pu-
blica a dita Tapera deSaõ Francisco, o velho, onde o dito Ouvidor geral, mandou pôr adita agulha, eo Piloto apôs,
demarcando com ella Rumo direito aditaTapéra, ondeesteve adita Igreja, edemarcou aLoeste quarta denor-
deste, e ao principio do dito caminho, ficou por diviza, e marco hum tronco delgado, quefoi dehuma arvore chamada
30 Osricurizeiro, que secortou, ejunto delle está hum cajueiro, efronteiro do dito tronco, fica huma arvore deSipipira; e
porquanto nestelugar ouve grandes debates, e Requerimentos entre as partes sobre oSertaõ, e banda do mar, tocantes
as terras pertencentes adita Catherina Fogassa, mandou odito Ouvidor geral, dar juramento dos Santos Evangelhos
ao dito Religiozo Frei Bartholomeu, para como pessoa antiga, epratica nestas terras, declarar oSertaõ , ebanda do mar,
que tocava aditaCatherina Fogassa; cujos mattos, lheconcedia o ditoseu escripto, epor ellefoi recebido o dito juramento, e
35 debaixo delle declarou, que oSertaõ daterra da ditaCatherina Fogassa, éra aquelle, que seinclúe naparagem daTapé-
ra da dita Igreja velha atrás demarcada, eo mar fica a rumo deLeste, com qual declaraçaõ, houve o dito Ouvidor
geral porfeita esta demarcaçaõ, segundo fica declarado, eos Campos que declara omesmo escripto, onde estiveram os
38 Padres do Carmo, ficaõ no mesmo Rumo deLoéste aquartadenoroeste, onde adita Tapéra daIgreja velha está, edepois
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80v e depois defeita assim esta deligencia, logo ahi pelo dito Padre Antonio Pereira, foi dito em nome, ecomo procurador, que
disse ser da ditasua maỹ CatherinaFogassa, edisse que tornava aprottestar denullidade atoda esta demarcaçaõ, porquanto fora feita
foradas Confrontaçoens deseu escripto, e que lhenaõ podia projudicar em nenhum tempo, por quanto lhenaõ dava aterra, que aSenten-
ça lhemanda dar, nem serventia pelo Caminho velho ao mar, eo dito Ouvidor geral lhemandou escrever seos prottestos, etambem Re
5 quereo mais, que declarase o dito Frei Bartholomeu o caminho velho, que vai para aTapera deSaõ Francisco, tinha, outivera sahida
para o mar, o que declarase de baixo do mesmo juramento dos Santos Evangelhos, que tinha recebido, eodito Ouvidor gerallhemandou
fazer adita declaraçaõ, edeclarou, que odito caminho velho, tinhasaida ao mar pela estrada, que vai dar aItapoan, eesta mesma estrada,
quevem daItapoan, vai dar no mesmo Caminho velho, donde semeteu o marco, ecom esta declaraçaõ, houve odito Ouvidor geral por
bada esta dita deligencia, edella fazer este auto, em que asinou com o dito Religiozo Frei Bartholomeu, ePiloto, eoMeirinho da-
aca-
10 CorreiçaõJorgeCoelhoCastanho, que ahi seachou prezente. Eeu Escrivaõ taõ bem asinei, eeu PaschoalTeixeira Taballiaõ
o escrevi // Joaõ doCoutto Barboza // Frei Bartholomeu // JorgeCoelho Castanho // Paschoal Teixeira // Antonio Freire // segun-
do tudo assim era conteudo, edeclarado em o dito auto de demarcaçaõ, edeclaraçaõ, que sendofeita adita Catharina Fogassafizera
petiçaõ ao dito meu Dezembargador, e Ouvidor ge<l>/r\al, dizendo que lheéra necessario haver vista do auto demediçaõ, edemarca
çaõ, que elle Ouvidor fizera entre ella, eos ditos Religiozos deSaõ Bento, por que atudo tinha Embargos, pedindo-lhe lha-
15 mandase dar, ereceberiajustiça, emercê, segundo secontinha naditapetiçaõ, que sendo prezentada ao dito Ouvidor geral, e-
Vista por elle, nella por seu despacho, mandara que houvessevista, por bem do qual por sejuntar Procuraçaõ dadita Reé
aos ditos autos, delles sedera Vista a seu Advogado, eviera com huns Embargos de nullidade aditade marcaçaõ, ea rumaçaõ,
Emb(ar)gos
dizendo nelles por escripto, que se cumprisse // provaria, que aterra que o defunto Garcia Davilla, dera ao marido della Em-
bargante, confórme aos escriptos deseu aforamento, fora dado ad corpus, epor lemittes nelles confrontados, ede clarados, que
20 naõ padeciaõ rumo de agulha, nem tal nelles sedeclarava, eser feita ademarcaçaõ notraforma, era contra os escriptos, e
Sentenças deminha Rellaçaõ // eque provaria que adita terra fora dada desde uma Ribeira d'agoa, onde morara
Fructuozo Antunes, que éra a parte doSúl athé sahir ao caminho velho daIgreja deSaõ Francisco, que era aparte do
Nórte, incluindo-se entre os ditos termos as duas Tapéras de Diogo Dias, eMiguelSoares, e do tal lemittes lhe dé-
ra todos os mattos para abanda do már, e do mesmo lemitte lhe déra taõ bem para aparte doSertaõ, os Campos
25 que estavaõ aforados os Frades do Carmo, desórte, que pondo-se nos taes lemittes, asaber a Ribeira deFructuozo
Antunes, e do Caminho Velho, queera ao meio dadita terra, e a largura datal terra, ealargura della, se havia
dehir primeirobuscar aparte do mar, que ficava avista dadita terra, e depois do mesmo lemitte a sima dito, sehaviaõ de
hir buscar os Campos dos Frades do Carmo, que éra o Sertaõ da dita terra, e natal forma sobredita, dera Garcia Davilla
aditaterra ao marido della Embargante // Eque provaria, que os ditos marcos, se deviaõ pôr nas ditas Confrontaçoens,
30 por rezaõ do escripto naõ tratar deterra admensuram, senaõ ad corpus, comlemittes certos, edeclarados // Eque provaria,
que pelo dito escripto, ficara ella Embargante sendo Senhora, epossuidora detoda a Ribeira deFructuozo Antunes á-
thé o mar, por que éra o primeirotermo doseu escripto // Eque provaria ella Embargante, que assim mesmoficava
sendo Senhora epossuidora detoda aterra, que desde o Caminho velho deSaõ Francisco, indo sempre por elle abaixo,
o ouvesse athé o mar entre os ditoslemittes de Nórte, eSúl, por que // Eque provaria, que osegundo escripto no fim
35 dezia, que atal terra estava no posto das terras, que estavaõ no Rio Petuassú, o qual Rio ficava junto aomar, porsima do-
qual ella Embargante, vencêra humafôrça contra os Embargados, eselhes julgara ficar a dita Rossa do Caminho
Velho para dentro, por ser em terra della Embargante, assim que aella Embargante pertencia toda aterra, que
seachasem entre a Ribeira deFructuozo Antunes partedoSúl, eo dito Caminho velho, que éra onórte, que éra a-
39 largura da dita terra, etoda a que se achase emcom primento desde os Campos dos Frades doCarmo athé o mar
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81r omar aonde semetia o dito Rio Pituassú, que em si recebia a Ribeira deFructuozo Antunes, termos em seus escriptos claramen- Rio Pituassú
te expreços // Com o que provaria, que ademarcaçaõ que sefizera fora atravessar-se com-o Rumo denórdeste, eSodueste
desde aTapéra onde morava Fructuozo Antunes athé as Taperas de Diogo Dias, eMiguelSoares, que ambas estavaõ
juntas, edahi havendo desahir pelo caminho velho athé omár, como dezia o escripto deaforamento, ebuscar o Rio Pituassú,
5 que estavajunto do mar, foraõ pelo caminho velho acima para oSertaõ datal terra, queeraõ os Campos dos Frades do-
Carmo, incluindo olemitte, onde estivera aIgreja deSaõFrancisco, o Velho, privando àella Reé dasahida do-
caminho velho para o mar, comtodos os mattos, que dos lemittes das Taperas deDiogoDias, eMiguel Soares, ha-
via athé o mar // por que provaria, que conforme aos escriptos se haviaõ os demarcadores depôr nas Taperas deDiogo
Dias saindo ao caminho velho, que hia para o mar, edahi lhe havião de dar aella Embargante toda aterraque
10 se achase athé o mar, edas mesmas Taperas lhe haviaõ dedar aterra daSertaõ, que éraõ os Campos dos Frades do Carmo,
com o que ficavaõ inchendo as confrontaçoens dos seus escriptos // Eque provaria, que os mattos que naditademarca-
saõ que sefizera, davaõ os Embargados aella Embargante para abanda do mar, eraõ dos mesmos Campos dos Fra-
des doCarmo, eSitio daIgreja deSaõ Francisco, ovelho para apartedoLéste athé vir intestar com o rumo de agu-
lha, que sebotara daTapéra deFructuozo Antunes cortando aRibeira pelo meio athé sahir as Tapéras deDiogo Dias,
15 sem sahir ao caminho velho athé o már, conforme o escripto dava àella Embargante, sendo que das ditas Ribeira, e
Tapéra deDiogoDias, e caminho velho vezinho aella, se havia dehir para aparte doLeste buscar os mattos para
abanda do mar pelo mesmo Caminho abaixo, que éra aestrada, que Garcia Davilla abrira, para serventia da di-
ta Igreja Velha; e da mesma Ribeira, eTaperas, e caminho velho, se haviaõ de hir buscar os Campos dos Frades do
Carmo, que éra oSertaõ da ditaterra, como declarava o Padre Frei Bartholomeu, o que tudo sefizera incon-
Rio Pitu-
20 trario deseus escriptos // Com-o queprovaria, que no fim doSegundo escripto, se declarava, que aditaterra estava no assú
posto do Rio Pituassú, o qual ficava junto ao mar, epelo dito escripto pertencia áella Embargante, epelo contrario na-
demarcaçaõ, que entaõ sefizera, como constava do autodella, naõ metiaõ na terra, que davaõ áella Embargante odi-
to Rio, antes ficava defora mais de mil braças do Rumo que lansaraõ para abanda domar, no qualéra manifesto u-
25 zurparaõ os ditos Embargados aella Embargante toda aterra, emattos, que seos escriptos lhe davaõ do dito lemitte daRi-
beira, eTaperas, e caminho velho para o mar // pelo que provaria queadita demarcaçaõ éra nulla, por senaõ guardarem
os seus escriptos, confórme aSentença daCaza daSupplicaçaõ, que lhos mandavaguardar; eassim se deviaõ pôr
os marcos nos lemittes, nelles apontados por o doador Garcia Davilla lho dar toda, eindividua, e ad corpus, dando por le-
mitte doSúl, a Ribeira, e do nórte, o caminho velho, epor lemitte doSertaõ, os Campos dos Frades doCarmo, epor o de-
Pituassú
30 Léste, o mesmo mar, em que entrava coma Ribeira, o Rio Pituassú conteudo no escripto // E que provaria, que deven-
do o dito Ouvidor geral, na forma daSentensa deminhaRellaçaõ fazer demarcaçaõ, conforme as confrontacoens declara-
das nos ditos escriptos juntos ad corpus, enaõ por Rumos, ofizera pelo contrario, porque dando-lhe os seus escriptos os-
mattos para abanda do mar, e terra no Sitio do Rio Pituassû, lhos naõ dera, antes excluira aella Embargante dos ditos
mattos; eRio, privando-a da posse, edominio dellas, e doSitio em que morava demais detrinta, equarenta annos áquella
35 parte muitos annos antes dofalecimento do doador Garcia Davilla, com-o que tinha legitimamente prescripto com
titulo deboa fé àvista dos ditos Embargados, por que quandofizer adoaçaõ ao marido della Embargantedaterra dacon-
tenda, já ella Embargante possuhia, e morava no Sitio, que entaõ morava, etinha suas Cazas, de que pelademarca
çaõ que faziaõ os ditos Embargados, ficava ella Embargante privada, no que havia notorio erro // e que provaria,
que sem o dito Ouvidor declarár por Sentença donde sehaviaõ depôr os marcos, eestando somentefeita a nullademarca
40 çaõ por Rumos, contra aforma dos escriptos, eSentensa deminha Rellaçaõ, seforaõ os ditos Embargados depropria authoridade
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81v authoridade meter marcos naditaterra, sem o Ouvidor estar prezente, nem Official de Justiça algum, e assim semeteraõ asua
vontade pela terra della Embargante, de que tinhaõ occupado gran parte contra aforma de direito, pelo que era violenta, e
nulla aditademarcaçaõ, sem que o dito Ouvidor ouvesse primeiro declarado por Sentença // alem do que provaria ella Embar-
gante, que era uzo, ecostume naditaCidade, eseus lemittes uzado, epraticado, dar-se hum anno para despejo, esecolherem os-
5 frutos daterra, que semandava despejar, esem sedar o dito tempo, naõ podia ella Embargante, sêr constrangida adespejar o si-
tio, que os ditos Embargados lhe queriaõ occupar contra aforma da ditaSentensa, esendo aisso contrangida, selhefazia forsa,
esem justiça // Eque provaria, que ademarcaçaõ de que setratava, naõ hé materia de execuçaõ, porque dependia depro-
va, epor o dito Ouvidor assim o entender, mandara hir parantesi ao dito PadreFrei Bartholomeu, elhe dera juramento
dos Santos Evangelhos, como constava do auto da demarcaçaõ, epor que contra ella tinha Embargante que allegar, e-
10 dizer deseu direito, se naõ devia dar a execuçaõ couza algu(m)a, sem primeiro o dito Ouvidor tratar de detreminar a mate-
ria dos ditos Embargos, eter verdadeiro conhecimento dos lemittes da ditaterra, que fora dada adecorpus, para
que nelles mandasse fixar os marcos, efazer cumprimento deJustiça // Eque provaria, que aVestoria, que fizera
o Dezembargador Jorge daSilva Mascarenhas, com o Irmaõ Frei Gonçalo, e Frei Bartholomeu de Nossa Se-
nhora do Carmo, sobre se averiguar qual éra o caminho velho, houvera engano nos ditos Religiozos, por no tal tempo es-
15 tar hum pedaço de matto, digo pedaço coberto de matto, fazendo ser outro muito diferente, onde tinhaõ os filhos deMar-
tim Rodrigues huma Rossa, pelo que sahira ella Embargante condemnada na Restituiçaõ daterra que secontinha
do dito caminho athé o outro, que na demarcaçaõ se achara ser o verdadeiro caminho velho // Eassim provaria, que
depois dadita Vestoria, achando-se inganados os ditos Religiozos, seforaõ desdizer diante do dito Ouvidor geral, e-
Abbade dos ditos Embargados, e de muitas pessoas, pela qual rezaõ no auto, que sefizera da nova de marcaçaõ, dezia
20 oReligiozo Frei Bartholomeu, que o caminho velho hia sahir ao mar, que héra o que secontinha no escripto deaforame(n)-
to della Embargante // Com o que provaria, que da Ribeira deFructuozo Antunes, eTaperas de Diogo Dias, ecami-
nho velho, por onde saltara o rumo de Nórdeste, eSodueste queriaõ os ditos Embargados, que seficassem inxendo os es-
criptos della Embargante do dito Rumo para aparte do Sertaõ, que era olemitte dos Campos dos Frades doCarmo, eSitio
aonde estivera Saõ Francisco, o Velho, e que os mattos, que os escriptos lhe davaõ aella Embargante para abanda do
25 mar, seficasse intendendo dos ditos Campos dos Frades do Carmo, eIgreja Velha, athé vir outravez parabaixo buscar
as Taperas de DiogoDias, eo rumo de Nórdeste, eSudueste, que se botara daRibeira deFructuozo Antunes as Tapéras
de Diogo Dias, sem quererem que dellas passasse para omar, como tudo constava do auto da nulla demarcaçaõ // Com-
o que provaria que das ditas Taperas deDiogoDias, erumo que aellas sebotara para aparte doLeste aondeficava omar, ha-
via muitos mattos que éraõ os que lhe davaõ os seus escriptos, e pelatal nulla demarcaçaõ lhos ficavaõ tomando com os Sitio
30 das suas Cazas, sendo que assim o dito Sitio, como os ditos mattos, lheforaõ dados em vida de GarciaDavilla, ao marido
della Embargante, e em sua vida os pessuira, como tambem depois doseu aflescimento do dito GarciaDavilla, lavrando
avista, eface sua, ede todo o mundo, eatal héra aterra, que elle deixara em seu testamento, conforme aseus escriptos,
e assim que lhenaõ deviaõ os ditos Embargados querer entaõ uzupar com suas trassas, e maus modos, dequeuzavam //
E que provaria, que chegando com o dito Rumo deNórdeste, eSudoeste as Tapéras deDiogo Dias, dahi ao caminho
35 Velho daTapera daIgreja deSaõ Francisco Velho, de que o mesmo escripto fazia mensaõ, mandara o Ouvidor geral, pôr
aagulha peloPiloto, ecom ella demarcara aditaIgrejaVelha, que ficava para oSertaõ daditaterra, como o decla-
rava no mesmo auto o Irmaõ Frei Bartholomeu, mandando meter no dito caminho hum marco, sendo que do tal camin-
39 ho velho, onde semetera o dito marco, sehavia primeiro desahir por elle ao mar, como o declarava omesmo escripto, o
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82r o que tudo sefizera incontrario // Eque provaria, que mettido o dito marco por os ditos Padres quererem embaraçar on-
de éra o mar, eo Sertaõ da dita terra, mandara o Ouvidor geral, dar juramento dos Santos Evangelhos ao Irmaõ Frei
Bartholomeu, que declarase qual éra aparte do Sertaõ da ditaterra, ebandadomar, epor ellefora dito, que o Ser-
taõ daterra della Embargante, éra o que seincluhia naparagem, onde seincluhia aIgreja Velha, e Campos dos Frades
5 do Carmo, eo mar ficava para abanda doLéste, sem lhe quererem dar a ditaterra // eque provaria, que para ella
Embargante ser cheia dasua terra naforma deSeus escriptos, e Sentença deminhaRellaçaõ, lhe haviaõ dedar todas
as terras donde meteraõ o dito marco para abanda do mar, que ficava para abanda doLeste, como bem declarara o dito
Irmaõ Frei Bartholomeu, máz naõ lhe davaõ terra alguma, epara a dita mediçaõ nos ditoslemittes apartados do escrip-
to, sem quererem os Reverendos, que delles selhedese aterra, que houvessepara abandadomar, querendo somente enxer
10 a ella Embargante daparte doSertaõ, que tambem em o dito seu escripto, que éraõ os Campos dos Fradesdo Carmo, e que a-
terra para abanda do mar, seentendesse dos Campos dos Frades do Carmo, eIgreja velha para aparte doLeste athé vir
dar outra vez, onde ssemetera o dito marco, o que era grande engano com que ficavaõ tomando aella Embargante toda
aterra, que havia daRibeira deFructuozo Antunes, eTapera de Diogo Dias, e caminho velho para abanda do mar, que éra
o remedio deSeus filhos, ao que elle Ouvidor geral, devia accodir, edesfazer atal inpertenencia, eduvida, ou para melhor
15 dizer teima, com que os ditos Religiozos lhe queriaõlevar o remedio deSeus filhos, como que foraõ homens, que naõ temiaõ
aDeos // Erafama publica // Pedindo aditaReé Embargante emfim, e Concluzaõ deSeus Embargos Recebi-
mento delles, eCumprimento de Justiça pelo melhor modo, com as custas, por que prottestara //. Segundo éra Conteu-
do em os ditos Embargos, comque a Embargante offerecera o treslado dos Escriptos deGarcia Davilla, em que os fun-
dava,ecomisso os autos sefizeraõ Concluzos, esendolevados ao dito meu Dezembargador Ouvidor geral, evisto por el-
20 le, mandava por seu despacho, que ouvessem as partes Vista ao que fora satisfeito, epor seus procuradores vieraõ com Re-
zoens, allegando cada hum desuajustiça, com as quaes tornaraõ os ditos autos concluzos ao dito Ouvidor geral, evisto
por elle, nelles pronunciara, que antes deoutro despacho, se ajuntassem os autos originarios, etornassem. Bahia
23.IV. 1636
Vinte, etres deAbril deSeis Centos, etrinta, eSeis // Por bem do qual se appenssaram alinha os autos, que pelo
dito despacho se mandaraõ juntar, ecom elles tornaraõ os ditos Embargos Concluzos, esendolevados aoditoOuvi-
25 dor geral, evisto por elle, nelles pronunciaraaSentensa, CujaCopia deverbo adverbum sesegue //
Sen(te)nca Sem Embargo dos Embargos, que naõ Recibo, visto sua materia; e o que dos autos consta. Hei porboa ade-
marcaçaõ de que setrata, emando secumpra, e guarde como nella secontem, epague a Embargante os autos Bahia três
3.V.1636
deMaio deSeis centos, etrinta, eseis // Coutto // Esendo aditaSentensa do dito Ouvidor geral, o Doutor Joaõ
do Coutto Barboza, por elle mesmo fora publicada naditaCidade doSalvador no Paço do Concelho della em-
6.V.1636
30 publica audiencia, que aos ffeitos, epartes fazia em os seis dias do dito mez deMaio, e anno nelladeclarado, empre-
zença dos procuradores das ditas partes, elogo pelo daReé Embargante Catherina Fogassa, fora dito queAppella-
va da ditaSentensa, epronunciaçaõ della para esta minhaCorte Rellaçaõ, e Caza daSupplicaçaõ destaCidade
deLisboa, epedira Vista dos autos, que selhedéra por mandado do dito Ouvidor Geral; ecom o quemais se tratara,
9.V.1636
eprocessara, semostrava outro sim pelos ditos autos, que sendo aos nove dias do dito mez deMaio demil, eSeis centos,
35 etrinta, eseis annos, em aditaCidadedo Salvador Bahia de todos os Santos, noPaço do Concelho della, em publica
Audiencia, que o dito Ouvidorgeral aos ffeitos, epartes fazia nadita audiencia, pello Advogado dos Religiozos, Embar-
gados, lhe fora dito, que para adita audiencia, mandara aAppellanteCatherina Fogassa, citar ao ReverendoPa-
drePrezidente do Convento deSaõ Bento, para atempaçaõ, Conserto, eSeguimento deSua Appllaçaõ30, eavaliaçaõ daCau-
39 za, eque sem embargodisso, lhehavia dedar SuaSentensa por adita Appellaçaõ só menteter lugar no effeito devolotivo
30
Desta exata forma se registra no manuscrito.
188
189
82v devolutivo, como ja estava declarado no termo Continuado nos ditos autos, eo procurador daReé Appelante, Requerera se ouvesse
por Citado ao dito PadrePrezidente evisto pelo Ouvidor geral por constar por Certidaõ deFrancisco daFonceca Escrivaõ daVara do
Meirinho daCorreiçaõ que o Citara, omandara apregoar pelo Porteiro da Ouvedoriageral, que o apregoara, epor naõ aparecer, asua
Reveria o Ouvera por Citado, para atempaçaõ, Conserto, eseguimento da dita Apellação, eavaliaçaõ dacontenda, epor selouvarem os-
5 Procuradores das partes, em Christovaõ Luiz Sallazar, os houvera por louvados; posto que em outra audiencia selouvara o dito
Advogado dos Autores em Balthazar Antunes morador na Itapoan, eo dito Ouvidor geral mandara, que sem Embargode Re-
querimentos, que ouvera departe aparte, que aelle se desse juramento, epelo Advogado daAppellante dizer, que tinha aisso Embargos,
epedira Vistapara os formar, eselhe dera, viera com hu(m)a razaõ, eCotta por Embargosdizendo, que adita cauza, já viera, eestava
avaliada folhas quarenta, ehuma verso, e quarenta, eduas, em cento, esetenta mil reis, que excediaõ aalssada do dito Juizo, pe-
10 laqual rezaõ viera aesta minhaCorte, eCazadaSupplicaçaõ, eque assim naõ éra necessario ser outravez avaliada, eque
sendo necessario, offerecia atal rezaõ por Embargos, e que pelos autos se ouvesse(m) porprovados, e recebida aAppellaçam, o que pedia
com as Custas, por que prottestara, segundo secontinha nadita rezaõ deEmbargos, sobre os quaes os autos foraõ levados concluzos
Dezp(ach)o
ao dito Ouvidor geral, evistos por elle, nelles por seu despacho pronunciara, que ouvesse aparteVista, e respondesse athé aprimeira, por-
bem do qual despacho, eem comprimento delle sederaõ vista ao procurador dos Appellados, que respondera, dizendo por escripto, que a
15 avaliaçaõ que se fizera, fora a respeito detoda a terra daContenda aprincipio, eque por entaõ senaõ letigava mais, que sobre
huma nesga della conforme elle Ouvidor geral por seos olhos alcançara quando for afazer ademarcaçaõ, que sobre ella
eraõ fundados os ditos Embargos, em que se duvidara sobre anesga, e naõ sobre toda aterra, por onde as rezoens offereci-
das por Embargos, naõ eraõ de receber, o que pedia com as Custas por que prottestara, com a qual resposta sefizeraõ os autos con-
cluzos ao dito Ouvidor geral, evistos por elle, nelles por seu despacho pronunciara, que deferindo ao Requerimento daReé, e-
20 Visto como aditaCauza já viera por appelaçaõ aesta minhaCorte, eCaza da Supplicaçaõ, por naõ caber na alçada do dito
21.VI.1636 Juizo, recebia aAppellaçaõ interposta Bahia vinte,ehum deJunho deSeis centos, etrinta, eSeis // esendo dado, epubli-
cado o dito despacho pelo dito Ouvidor geral, naformadelle recebera aAppellaçaõ aAppellanteCatherina Fogassa, epelo
Procurador dos Appellados dizer que tinha aisso Embargos, epedir Vista paravir comelles, selhedera, eviera com os ditos
Embargos ao recebimento dadita Appellaçaõ, dizendo nelles em nome do Convento, eReligiozos delle, epor Restituiçaõ //
25 que provaria, que posto que aditaCauza jáfosse a valiada para vir porAppellaçaõ aesta dita minhaCorte, e Caza
daSupplicaçaõ, isso fora em respeito de toda aterra, sobre que as ditas partes letigavaõ aprincipio, o que naõ havia
no tal encidente, que aReé pertendia tomar-se por Appellaçaõ // por que provaria, que o tal enccidente, eos Embargos por-
elle Ouvidor geral, digo, e os Embargos delle por elle Ouvidor geral naõ recebidos, de que se Appellara, éra em respeito
dademarcaçaõ, que elle Ouvidor geralpessoalmente fora fazer, naõ em respeito detoda aterra, sobre que corria leti-
30 gio, julgada aelles Embargantes porSentença, que passaraem Cauzajulgada, maz em respeito dademarcaçaõ, ecerto,
elemitadolugar della, sehavia defazer mais, ou menos distancia deterra, que assim o tal só sedevia avaliar, em que
aditaReé duvidava, edezia houvera excesso, e naõ toda, eque assim necessariamente, sedevia fazer nova avaliaçaõ
para sepoder diferir aAppellaçaõ interposta // Era fama publica // Pedindo Recebimento, ecomprimento de Jus-
tiça pelo melhor modo, com Custas, por que prottestara // Segundo secontinha nos ditos Embargos, deque
35 o dito Ouvidor geral por seu despacho, mandara dar Vista as partes, esendo-lhe dada, e razoens com qui vie-
raõ, se tornaraõ a fazer os ditos autos Concluzos, esendolevados ao dito Ouvidor geral, evistos por elle, nelles pro-
nunciara o seguinte etc Sem Embargo dos Embargos, que naõ recebo Vista asua materia, eo que dos au-
tos consta, secumpra meu despacho, eo Embargante pague o retardamento Bahia trinta deJulho deSeis centos,
30.VII.1636 etrinta eSeis // Coutto // O qual despacho sendo dado, epublicado pelo dito Ouvidor geral no Paço do Concelho
40 daditaCidade empublica audiencia que aos ffeitos, e partes fazia em oprimeiro dia do mez deAgosto do dito anno de
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83r de mil, eseis centos, etrinta, eseis, elogo peloprocurador dos Autores Religiozos fora dito, que aggravava do dito despacho 1º.VIII.1636
para esta dita minha Corte, eCaza da Supplicação destaCidade deLisboa, eo dito Ouvidor geral lhemandara
Escrever seu Aggravo, e que sedesse aAppellante sua Appelaçaõ para aseguir, etrazer, ou mandar aesta dita
minhaCorte, eCaza daSupplicaçaõ para ondetinha Appellado, eestava recebida aAppellaçaõ // Esendo tresla-
5 dada a dita Appellaçaõ ainstancia da ditaReé AppellanteCatherinaFogassa, semostrava outro sim pelos ditos
12.XII.1636
autos, que sendo aos doze dias do mez de Dezembro do dito anno de mil eseis centos etrinta eseis, em aditaCidade
do Salvador Bahia detodos os Santos, no Paço do Concelho della empublica audiencia, que aos ffeitos, epartes fazia
o dito meu Dezembargador, Ouvidor geral do dito Estado do Brazil, o Doutor Joaõ do Coutto Barboza na ditta
Audiencia pelolecenciado Jeronimo deBurgos deContreiras, Advogado daReé Appellante Catherina Fogassa,
10 fora dito, que aAppellaçaõ dos ditos autos estava tresladada para semandar aesta minhaCorte, e Caza daSupplica-
çaõ, e que a queria mandar naCaravella, de que éra Mestre, eSenhorio Gaspar Palhano, que entaõ estava no Porto da-
ditaBahia, para seguir viagem aestaCidade de Lisboa, requerendo ao dito Ouvidor geral o àtempasse nadita
Caravella, evisto pelo dito Ouvidor seu Requerimento por lhe constar por fé do Escrivaõ dos ditos autos, estar adita Ap-
pellaçaõ tresladada, eadita Caravella outrosim estar para partir para esteReino, mandara que nella viesse adita
15 Appellaçaõ, enela ahovera por atempada para esta minhaCorte, Rellaçaõ, e Caza daSupplicaçaõ, emandara, que desua
chegada aesta ditaCidade deLisboa a déz dias, seapprezentase em Juizo nesta ditaCorte naformacostumada // E
detudo sefizera termo de atempaçaõ por bem do qual os ditos autos, forão trazidos por Appellaçaõ aesta minhaCorte, eCa-
4.IV.1637
za daSupplicaçaõ, e nella aprezentados aos quatro dias do mez deAbril demil eseis centos etrintaeseteannos,
e entregues ao Officio, de que hé proprietario o Escrivaõ, que estaSubscreveo por ser dependencia, elhe pertencerem // e-
20 se ajuntaraõ dois instrumentos publicos deprocuraçoens das partes com seus substabelecimentos, em vertude dos quaes houve-
raõ Vista dos autos por seus Procuradores, ecadahum pela parte que lhetocava, vieraõ com rezoens por escripto alle-
gando, defendendo, emostrando seu direito, ejustiça, eseajuntaraõ alguns papeis, eCertidoens, offerecidas pelas partes em
ajuda desuas provas, e com o que disseraõ, eallegaraõ, os ditos autos comtudo nelles processado, junto, eappensso, meforam
trazidos finalmente concluzos, evistos por mim emRellaçaõ, com os do meu Dezembargo, Dezembargadores das Ap-
25 pellaçoens, eAggravos Civeis, em elles com os do dito meu Dezembargo// Accordei euetc Bem julgado hé pelo Ou-
18 Agosto
Accordaõ vidor, Confirmo suaSentença, por alguns dos seus fundamentos, eo mais dos autos, e condemno aAppellante nas custas delles.
1639
Lisboa dezoito deAgosto deSeis centos, etrinta, enove // Esta minhaSentança sendo assim dada, foi publicada
nestaditaCidade deLisboa, nos Paços daRellaçaõ, e em Audiencia das Appellaçoens, eAggravos Civeis, que
18.VIII.1639
aosffeitos, epartes fazia o meu dezembargador, o Doutor Pedro deCastro deMello, aos ditos dezoito dias do mez de-
30 Agosto do anno prezente demil, eseis centos, etrinta, enove annos// Esendo assim dada, epublicada como dito hé,
porparte dos Autores Appellados, o ReverendoPadre DomAbbade, emais Religiozos do Mosteiro doPatriar-
chaSaõ Bento da dita Cidade do Salvador Bahia detodos osSantos, Vencedores foi pedidoSentensa do processo dos di-
tos autos para comella Requererem seu direito, ejustiça, eselhes deu aprezente, epor tanto vos mando, que assim o
cumpraes, eguardeis, efaçaes muito inteiramente Cumprir, eguardar assim, eda maneira, que por mim vai sentenciado,
35 Accordado, eDetreminado, enesta minhaCarta deSentensa seContem, aqual tanto que vos for aprezentada, sendo pri-
meiro passada pelaMinhaChancellaria, a Cumprireis em tudo, segundo formadella, fazendo adar asua devida,
everdadeira execuçaõ, assim, eda maneira, que nella secontem; eo diz, edeclara adescizaõ daditaMinhaSentença
atráz, que confirma ado dito Ouvidor do dito Estado do Brazil, o Doutor Joaõ doCoutto Barboza, as quaes hu-
39 ns, eoutros assim cumprir // fazendo mais por virtude desta, Requerer aditaReé Embargante, eAppellante Catherina
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83v Catherina Fogassa Condemnada, que dê, epague ao dito Reverendo Padre Dom Abbade, e mais Religiozos do Mosteiro
do Patriarcha Saõ Bento daCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, Vencedores as Custas dos autos, em que vay
Condemnada, que saõ Sallario do Escrivaõ, que estaSubscreveo, feitio destaCartadeSentença, asignatura, Chancellaria,
eSello della, com outras mais custas, edespezas miudas, enecessarias, que todas juntas humas, eoutras fizeraõ so(m)ma dequatro
5 mil, eSecenta, edous reis, segundoforaõ contados por Manoel Valentim, que hora serve deContador dellas emestadita
minhaCorte, e CazadaSupplicaçaõ, que as contou // e quanto as Custas daterra, lá secontaraõ, por quanto nesta dita
minhaCorte se naõ contaraõ mais, que as desta Instancia // eoutro sim lhe dará, epagará mais adita Reé Appel-
lante condemnada Catherina Fogassa, tudo o que se achar escripto nas Costas desta minhaCarta deSentensa pello
Escrivaõ da dita minhaChancellaria de dizima das ditas Custas, que amim pertencia havêr, epor ella pagaraõ os-
10 Authores Appellados dos Vencedores // esendo por tudo a dita Reé Appellante CatherinaFogassa Requerida, enaõ
querendo logo tudo dar, epagar, será pinhorada, eexecutada em tantos deseos bens, enaõ bastando, nos der raiz, que
bem valhaõ adita quantia, os quaes todos huns, eoutros lheseraõ mettidos em pregaõ em Praça publica, onde andaraõ
os dias, etermos deminha Ordenaçaõ, epassados elles, será tudo vendido, e rematado, a quem por elles mais der, edo
procedido, seraõ os Authores Appelados, o ReverendoPadre Dom Abbade, emais Religiozos do Mosteiro do
15 PatriarchaSaõ Bento da ditaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, ou seo certo, ebastante Procurador
Real pagos, digo Realmentepagos, e<s>/n\tregues, esatisfeitos detudo, o que dito hé, sem erro, mingua, nem falta algu-
ma, tudo nasobreditaforma, e conformidade, o que huns, eoutros assim comprir, e al naõ façaes etc Dada
nesta minhaCorte, e Cidade de Lisboa aos ditos dezoito dias do mez de Agosto do Anno doNascimento de-
18.VIII.1639 NossoSenhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis centos, etrinta, e noveannos, etirada do processo aos vinte, etres di-
23.VIII.1639 20 as do dito mez, eanno atráz declarados // El Rêy NossoSenhor, o mandou peloDoutor Valentim da-
Costa deLemos, doSeu Dezembargo, que por sua expecial Commissaõ, conheceo daCauza nesta declarada,
como Dezembargador das Appellaçoens, eAggravos Civeis em estaSuaCorte, e CazadaSupplicaçaõ // etc E-
pello Doutor Pero Vieira daSilva, outrossim, do Dezembargo do dito Senhor, que tambem por sua ex-
pecial Commissaõ, conheceo daCauza nesta de clarada, como Dezembargador das Appelaçoens, eAggravos Civeis
25 em esta ditasuaCôrte, e Caza daSupplicaçaõ etc Manoel dos Reys Fabio, afêz no Officio, deque hé
Proprietario Julio Fulco Passanha, Escrivaõ das Appellaçoens, eAggravos Civeis em esta dita Corte, e Caza da
Supplicação // Pagou-se desefazer estaCarta deSentença ao todo por parte dos ditos Authores, o Reverendo
Dom Abbade, e mais Religiozos doConvento do Patriarcha Saõ Bento Vencedores, acujo Requerimento seti-
rou do processo, mil, esete centos Reis, dos quaes o Escrevente levou a quarta parte, e de assignatura della, sepagaraõ
30 já cem reis ao tempo, que os ditos autos foraõ levados Concluzos paraserem Sentenciados, epor sepagarem por parte
daReé Appellante Catherina Fogassa condemnada, naõ vaõ mettidos na so(m)ma das Custas atráz, e tudo o mais
vai mettido nadittasomma com os trinta reis daChancellaria, eSello destaCarta deSentença que nas Costas della
vaõ carregados, e declaro que esta vay por trêz vias, e hé asegundavia huma cumprida, as outras naõ have-
raõ effeito, edesta sepagara aos Juizes quarenta reis de assinarem == Julio Fulco Pessanha o fiz escrever,
35 eSubscrevy == Pero Vieira daSilva == Valentim daCostadeLemos == Estava oSello ==
Thomé Pinheiro da Veiga == Pague trinta reis, por ser segunda via == Fonceca == A dizima das
Custas vai paga naprimeira via == Fonceca === E naõ secontinha mais em o dito ti-
tulo Supra, e Retro, o qualeuJoaquim Tauares deMacedo Silua Tabeli-
39 aõ do Publico Judicial eNottas nesta cidade do Saluador Bahia de
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84r de todos os Santos eseo termo porsua Alteza Real que Deos Goarde em
Cumprimento do despacho proferido pelo Doutor Juiz de Fora actual Do-
mingos Jozé Cardozo no Requerimento que foy asegunda folha deste Li-
uro, aqui bem, e fielmente sem couza que duuida faça, fis copear do-
5 proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo Procurador Geral do
Mosteiro de Sam Bento desta mesma cidade Frei Manoel do Sacra-
mento pelo achar uerdadeiro, eauthorizado judicialmente como sedeixa
uer no proprio traslado, eo tornei entregar depois de lansado ao dito Reue [↑2]
rendo Procurador Geral, que decomo o Recebeo aqui asinou, eeste mesmo
10 traslado juntamente como Tabeliaõ Companheiro Antonio Barbo-
za de Oliueira comferi como Original, concertei, sobscreui, e asinei
na Bahia aos treze dias do mês deMarço demil eoito centos esinco annos. 13 III 1805
em as pouzadas deAntonio Barreiros Provedor mor daFazendadeSua Magestade neste Estado do Brasilpelo ditoSenhor, em
doSalvador,
Publica audiencia que os feitos, epartes fazia, pareceu oReverendoPadre Frei Mauro, Procurador do Mosteiro deSaõ Bento,
30 epor ellefoi dito, que asua petiçaõ, eado dito Mosteiro, eraõ Citados os Officiaes daCamara destaditaCidade nomeados,
trás em sua petiçaõ,
eConteudos a eAntonio Machado deVasconcellos, eSua mulher, ePedro Viegas Giraldes, esua mulher Maria
deAguiar, elhe requeri os houvesse por Citados para as ditas mediçoens atras, epor constar das Citaçoens, os mandou
os sobreditos
apregoar, cadahum depersi peloPorteiro Francisco Feio desteAuditorio, que os apregoou, epor naõ aparecerem debaixo
eoforaõ
do Se- pregaõ, os houve por citados para esta mediçoens, eCauza, termos, eautos judiaes33 della, e mandou dava, econcedia
gundo
35 dito
ao- Pedro Viegas Giraldes, nove dias dedoente, eque correriaõ dehoje em diante, eos que tivessem procuraçaõ houvessem
naforma ordinaria, de que fis este termo. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda o escrevi, emea-
vista
Procur(aç)am
14.XII.1621 sinei // ManoelFernandes Lobo // Aos catorzedias do mezdeDezembro demil seis centos, evinte hum annos
nestaCidade do Salvador, epouzadas demim Escrivaõ, apareceo MendeSaá, morador emPirajá, termo desta ditaCidade,
39 epor- dito, que em huma Cauza de mediçoens, que lheora movem os Reverendos Padres deSaõ Bento destaditaCidade,
ellefoi
sobre hu-
31
Refere-se, provavelmente, ao termo jurídico apud acta.
32
O termo um se encontra escrito a lápis na entrelinha superior entre este termo e o próximo.
33
Desta exata forma se registra no manuscrito.
204
205
86r humas mediçoens que querem fazer nas terras que houveraõ por herança de GarciadeAvilla naItapoan, faz seu Procurador
apudauta34 aolesenciado Jeronimo deBurgos deContreiras, Advogado nestaditaCidade, para que em Juizo, eforadelle, possa
Requerer todo oseu direito, ejustiça, eobem della, para oqual dice selhedava os poderes emdireito concedidos, e que possa
al quér
jurar qu-juramento, que emdireito lhefor dado, eos mesmos poderes dice, que dava aJeronimo dePaiva, Solicitador de
5 Cauzas
nesta ditaCidade, eassinou. ManoelFernandes Lobo, Escrivam dos Feitos daFazenda aescrevi // MendeSaá//
23-{dez}(em)bro
Termo. Aos vinte, etres dias domez de Dezembro demil, eseis centos evinte, ehum annos, nestaCidadedoSalvador, epou- 1621
zadas deAntonio Barreiros Provedor mor da FazendadeSuaMagestade neste Estado do Brazil pelo ditoSenhor.
Em publica audiencia, que affeitos, epartes fazia, apareceo oPadreFrei Mauro Procurador do Mosteiro deSaõ Bento, e
por elle foi dito, que os mais Eréos Conteudos na sua petiçaõ, enas Certidoens juntas, éraõ citados, como dellas constavaõ
10 para as mediçoens das terras do Rio Vermelho, que vaõ para aItapoan, como éraõ Domingos deVilla chan, eSua
mulher, MendeSaá, esua mulher, Balthazar Barboza, eSua mulher, elhe requeria os houvesse por Citados
para as ditas mediçoens, epara estaCauza, termos, e autos judiciaes della, eporconstar das Citaçoens nestes autos, epor Cer-
tidoens nas Costas dos Mandados, os houve por citados para as ditas mediçoens, epara o mais conteudo, epor tambem
apregoados pelo porteiro Francisco Feio, e por naõ aparecerem, mandou houvessem vista por seos Procuradores, elhe-
serem
15 mandou que até aprimeira audiencia, viessem com os Embargos quetivessem ase deixarem defazer as ditas
mediçoens, sendo certo, que naõ vindo, ou mandando as suas Reverias, mandaria o que lheparecesse justiça, eos haveria
por lansados dos ditos Embargos, e do mais com que poderia vir, mandaria sefizessem as ditas mediçoens na-
forma dapetiçaõ doSuplicante, de que fiz este termo. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos da-
23-{dez}(em)bro
T(e)r(m)o Fazenda o escrevi // Aos vinte, etres dias do mezdeDezembro demil eseis centos evinte, ehum annos: nes- 1621
20 taCidade doSalvador, epouzadas deAntonio Barreiros Provedor mor daFazenda deSua Magestade, na-
dita audiencia atraz, aparaceo Domingos Dias deAmaral Requente que disseser daCamara destaCidade, digo desta dita
Cidade, epor ellefoi dito ao dito Provedor mor, que em nome dadita Camara lhepedia lhe mandase dar por Restituiçaõ hu-
ma audiencia, epor lheconstar naõ lheter dado tempo, por Restituiçaõ lheconcedeo thé primeira audiencia, para allegarem
sua justiça, efazerem procuraçaõ, esendo certos, que naõ vindo , ou mandando, os haveria porlançados de com que podiaõ
de
25 evir,
allegar, e mandaria naCauza o que lheparecesse justiça, de que fiz este termo. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos
23-{dez}(em)bro
T(e)r(m)o Feitos daFazenda o escreví // Aos vinte, etrezdias do mez deDezembro de mil seis centos evintedous annos: man- 1621
dei Vista aoLecenciado Jeronimo de Burgos de Contreiras procurador nestaCauza, paradizer por parte deSeu Consti-
tuinte até aprimeira audiencia, eallegar os Embargos quetivesse, sob pena deser lansado, de que fiz estetermo deVista
30.XII.1621
V(is)ta ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ o escrevý // AoLesenciado Jeronimo deBurgos deContreiras atrinta deDezem-
Cotta 30 bro // A terradeMendeSaá, por quem eu faço, esemedá Vista, está medida, edemarcadaamuitos annos, eassim lhenaõ
podeprejudicar a mediçaõ deque os Authores trataõ, etanto que lhenaõ prejudicar, por ora naõ trata delhe impedir
que selhefizer algum prejuizo, lhe Embargar, eassim dêsde agorapesso vista, emcazo que lhe entre em a mediçaõ em asua
comprottestaçaõ,
8-M(ar)co
Termo data cum ex pensis // Aos oito dias do mez deMarço demil eseis centos evinte, edous annos NestaCidade doSal- 1<8>/6\22
vador, epouzada demim Escrivaõ, por parte doLesenciado Jeronimo deBurgos deContreiras mefoi dado estefeito com-
35 a cota acima em reposta35 por partedeMendeSaá seu constituinte, de que fiz estetermo // ManoelFernades Lo
9 M(ar)co 1622
T(e)r(m)o bo o escrevi // Aos novedias do mezdeMarço demil seis centos evinte,edous annos, NestaCidadedoSalvador,
eCaza d‘Alfandega, em audiencia publica que afeitos, epartes fazia Sebastiaõ Parvi deBritto, ProvedordaFazen-
da destaCapitania peloProvedor mor ser auzente, epor elle foi mandado desse Vista destefeito aoLesenciado
39 Gonçalo Homem Dalmeida Procurador de Balthazar BarbosaPinheiro para dizer por sua parte sobre as mediçoens que Re
34
Refere-se, provavelmente, ao termo jurídico apud acta.
35
Desta exata forma se registra no manuscrito.
206
207
86v Requerem os Reverendos Padres deSaõ Bento, aduvida que tem asefazerem, esobre omais tocante aseu direito,
ejustiça para asegunda audiencia dizer deseu direito, ejustiça sob penna deser lansando, quefiz este termo deVista //
V(ist)a
ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ que o escreví == Vista aolesenciado Gonçalo Homem Dalmeida a nove
9.III.1622 deMarço = ORéo Balthazar Barboza, por quem faço nestaCauza, dá a mesma Resposta, que Mende
5 Saá acima deu, e debaixo do mesmo prottesto, sepode medir somente atravessaõ, que alargura aolongo do mar, já es-
T(e)r(mo)
tá medida = Aos dezoito dias do mez deMarço demil, eseis centos, evinte, edous annos, NestaCidade do
Salvador por parte deBalthazar Barboza, meforaõ dados estes autos com a Resposta a cima, que com àatráz de-
18 M(ar)co 1622 MendeSaá fiz estes autos Concluzos ao Provedor para detreminar como lheparecêr naforma deseu mereci-
Desp(ach)o
mento, deque fiz estetermo deConcluzaõ // ManoelFernandes Lobo Escrivaõ, que o escrevi // Visto como
10 os Éreos partes Citados para estas mediçoens, naõ vieraõ com duvida alguma naformado Mandado, os Reverendos
Padres podem fazer suas mediçoens com os medidores doConcelho naformacostumada na Conformidade deseus ti-
4.IV.1622 tulos, eCartas deSismarias, epaguem as Custas dos autos. Bahia coatrodeAbril de seis centos, evinte, edois = Se-
T(e)r(m)o
2-Abr(il) 1622 bastiaõ Parvi deBritto = Aos dois dias do mez deAbril demil eseis centos evinte edous annos, NestaCida-
de doSalvador Bahia detodos os Santos, nas Cazas d'Alfandega della, estando prezente Sebastiaõ Parvi
15 deBritto Provedor da dita Alfandega, em audiencia doProvedor mór daFazenda por elle foi publica-
do seu despacho atrás, que mandou se cumprir como nelle secontem, a reveria das partes, edeseus procuradores,
de que fiz este termo depublicaçaõ = ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda, que o escrevi =
Termo
6 Abr(il) 1622 Aos seis dias do mez deAbril, eseis centos, evinte, edous annos, NestaCidadedoSalvador, epouzadas dole-
senciado Sebastiaõ Parvi deBritto Provedor daFazenda, eJuiz daAlfan<g>/d\ega Nesta Cappitania daBahia,
20 perante elle apareceu em audiencia, que fazia as partes oReverendo Padre Frei Mauro; Procurador do
Mosteiro deSaõ Bento desta ditaCidade,epor ellefoi dito ao dito Provedor, que por quanto queriaõ hir fazer
suas mediçoens conteudas nestes autos, lhe requeria lhe quizesse mandar passar mandado para que fossem
noteficados os Eréos, que se achassem todos prezentes por si, ouseos Procuradores ns terras onde se haõ defazer
na Itapoan, que Garcia Davilla deixou ao dito Convento conteudas em seus titulos, quartafeira pela manhan,
25 que saõ vinte deste prezente mez deAbril, sendo certos, que naõ vindo, sefaraõ com os medidores doConce-
lho asua Reveria naforma daSentença atraz, epor que naõ, viessem com alguns Embargos depois eseescuza-
cem duvidas, requeria mandasefazer estadeligencia, eos estivessem nestaCidade se requeressem, eque o Reque-
rese o MeirinhoAntonio Machado, eo Procurador do Concelho desta Cidade, eoProvedor mandou que assim se-
fizesse, e que havendo lá alguns Embargos de qual quér qualidade, que fossem; as mediçoens secontinuassem,
30 eviessem ante elleProvedor allegar os Embargos, que tivessem àellas, ouduvidas, que tudo mandou se escreves-
Notef(icaç)am
se, efizesse este termo, que assinou// ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ, que o escreví = Parvi = Elogo
no dito dia, epraça destaCidade ondeeu Escrivaõ notefiquei aAntonio Machado Meirinho da Ouvedoria Ge-
ral, e requeri que se achaseprezente por si, ou seo procurador quartafeira Vinte deste dito mez deAbril
nas terras conteudas, onde comessaõ as terras que pertencem as ditas mediçoens, eelle se ouve por note
35 ficado, edisse asim ofaria, dequefiz este termo sobpennadesefazerem asua reveria. ManoelFernandes
Notef(icaç)am
18-Abr(il) 1622 Lobo Escrivaõ, que o escrevi, easinei = ManoelFernandes Lobo = Aos dezoito dias do mez deA-
bril de mil seis centos evinte, edous annos, nestaCidade do Salvador Bahia detodos osSantos, ePraça della,
ondeeu Escrivaõ fui, eachei aLuiz daCosta Procurador do Concelho, eCamaradestaCidade, ao qual notefi-
39 quei, e requeri, que se achase prezente as mediçoens que se mandavaõ fazer nas terras da Itapoan, ou mandase pes-
208
209
87r pessoas aellas assesticem em nome daCamara desta ditaCidade, como heréos nas ditas mediçoens, eterras, eque se achasse
prezente quartafeira pela manhan, tempo em que se haviaõ decomessar no tempo emque fossem findas, e acabadas que
saõ vinte deste mez deAbril desta prezente éra, as quaes mediçoens sefaziaõ a Requerimento dos Reverendos Padres
deSaõ Bento desta dita Cidade, nas terras que houveraõ por herança de Garcia Davella, já defunto, epelo dito Lu-
5 iz daCosta foi dito, que as fizesse embora, que naõ tinha por ora que Requerer, que fazendo-lhe algum prejuizo, oa
legariaõ depois ante oProvedor, esem embargo ohouve por noteficado no dito nome, de que fiz este termo de note-
ficaçaõ, que asiney. ManoelFernandes Lobo, Escrivão dos Feitos daFazenda que o escrevý = Manoel
19 Abr(il) 1622
Notef(icaç)am Fernandes Lobo = Aos dezanove dias do mez deAbril de mil, e seis centos e vinte, e dous annos: nestaCidade do
Salvador, em as pouzadas dePedro Viegas Giraldes, onde eu Escrivaõ, a Requerimento dos Reverendos Padres deSaõ Ben-
10 to,fui, elhe notefiquei, que amenhaâ quinta feira vinte deste dito mez deAbril, haviaõ dehir oProcurador do ditto
Mosteiro, com migo Escrivaõ, eo Piloto, e Medidor do Concelho, e mais Padres, com os mais Eréos, que estavaõ para is-
so noteficados conteudos nestes autos, havia-mos hir fazer as mediçoens das terras, que se achase prezente, por quanto para
oisso,
mandavaõ noteficar, para amanhaã secomessarem as ditas mediçoens, oufosse por si, ou mandase seu procurador asses-
tir as ditas mediçoens, que saõ vinte dias deste mez deAbril, sendo certo, que naõ hindo, sefariaõ as ditas mediçoẽs
15 asua Reveria, epor ellefoi dito, que tinha Embargos as ditas medicoẽs, e que as suas estavaõ medidas, edemarcadas por-
suas Cartas, e rumos mais antigos, esem embargo dasua Reposta, o houve eu Escrivaõ por Requerido, e noteficado,
de que fiz este termo de noteficaçaõ, que asignei. ManoelFernando Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda,
edestas mediçoens, que o escrevi = ManoelFernandes Lobo = Nós Frei Bernardino de Oliveira Dom
Proc(uraç)am Abbade do Mosteiro deSaõ Bento daBahia, etodos os mais Religiozos delle abaixo asignados, fazemos
20 nossos bastantes Procuradores aoPadreFrei MauroFerreira, Francisco Pereira, eao Irmaõ Frei Domingos, para que to-
dos trez, e cadahum depersi possaõ em nome deste Convento assestir nas mediçoens que fazemos, em as nossas terras
deSaõda
cisco Fran-
Itapoan, com o Piloto, eMedidores destaCidade, conforme aCartadeSismaria, eoutros papeis consernentes aditta
terra, para oque lhe damos todos os poderes, em direito concedidos, ejuntamente Requerer nossa justiça, fazendo prottestos
20.IV.1622
denovo
no que succeder, eoutros requerimentos. Dada neste Mosteiro sub nossosignal,eSello doConvento em vinte deAbril deSeis
25 centos evinte, edois // Bernardino de Oliveira Dom Abbade // Frei Lorenço daPurificaçaõ // Frei Francis-
co daMagdalena // Frei Diogo // Frei Gregorio // Frei Cosme // Frei Bernardo das Chagas // Frei Ignacio deSaõ-
Francisco // Frei Paulo do EspiritoSanto // Frei Joaõ daGraça // Frei Fructuozo // Frei Bernardo // Sello do-
Mand(ad)o Convento // Sebastiaõ Parvi deBritto Provedor daFazenda, eJuiz daAlfandega destaCappitania daBa
hia por Sua Magestade etc Que sirvo em auzenciadoProvedor mos daFazendaetc Mando a qual
30 quér Official de Justiça destaditaCidade, ou seus lemittes, eáos da Fazenda, a quem este meu Mandadofor apre-
zentado, com elle requeiraõ aBalthazar Barboza Pinheiro, eo citem, easua mulher, ea Domingos daVilla
Chaã, esua mulher, Mende Saá, esua mulher, para se acharem prezentes as mediçoens, que hora sehaõ de hir fa-
zer, a requerimento do Procurador, e mais Padres deSaõ Bento, das terras, que lhe ficaraõ de GarciaDavilla nos-
lemittes daItapoan, termo desta ditaCidade, as quaes se haõ de comessar afazer, quintafeira pela menhaã,
35 que saõ vinte deste mez deAbril, por quanto por sentensa, que tenho dado neste Juizo, que está empoder do Escri-
vaõ, queestefiz, tenho mandado sefaçaõ, esendo cazo, que qualquer dos sobreditos se esconda,e nem dê copia desi,
o citareis em pessoa dehum familiar deSuaCaza, ou vezinho mais chegado, de que passareis Certidaõ nas Costas deste.
38 Dado no Salvador sobre meu signal somente aos dezaceis dias do mez deAbril. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ,
210
211
87v Escrivaõ que sirvo dos Feitos daFazenda, afez de mil eseis centos evinte, edous annos // Sebastiaõ Parvi deBritto// Dou Cit(aç)am
fé, Simaõ Matheus, Porteiro destaCidade, que emcomprimento do Mandado atráz, fui aCutigipe aFazenda deBal-
thazar Barboza, aonde o achei àelle, e a sua mulher ambos juntos, os citei naformado dito mandado atráz como nelle secon-
18.IV.1622 tem, epor verdade dei esta por mim asinada, hoje dezoito dias do mez de Abril deseis centos, evinte, edous annos // Simaõ
Cit(aç)am
5 Matheus // Doufé Simaõ Matheus Porteiro destaCidade, que em comprimento do Mandado atráz, fui aCaza,eFa-
zenda de Domingos daVilla chaã, aonde o achei aelle, easua mulher, e ambos juntos os citei por todo o conteudo no ditto
Mandado atrás como nellesecontem, epor verdade dei esta por mim assinado, hoje dezoito dias do mez deAbril deseis
Pet(iç)am
18.IV.1622 Centos, evinte, edous annos // Simaõ Matheus // Diz Garcia Davella, que nos Livros dos Resistos daAl-
fandega, estaõ Rezistadas algumas Cartas deSismaria suas, entre as quáes estáhuma, que lhefoi dada pelo Governador,
10 Thomé deSouza nos lemittes daItapoan, que comessa onde acaba a Carta doConde daCastanheira // Pede a Vossa
Mercê, que lhe mandem dar os treslados, que lheforem necessarios em modo que faça fé. E receberá Mercê =
Desp(ach)o
22.II.1603 Dese-lhe como pede em vinte, e dois deFevereiro de seis centos, etres // Santos Martinz // ============
Saibam quantos este Instrumento deCarta deSizmaria virem, que no Anno Nascimento deNossoSenhor Јεѕνѕ Christo Carta
deSism(a)r(i)a
19.V.1552 de mil, equinhentos, esincoenta,edous annos, aos dezanove dias do mezdeMaio do dito anno, naCidade doSalvador Bahia
Garcia d'Avilla, 15 detoosSantos, parante mim Escrivaõ ao diante nomeado, pareceo Garcia Davella36, morador naTorre deSaõ Pedro deRates,
dos
1552 e me aprezentou humapetiçaõ com hum Despacho nella doSenhor Thomé deSouza, Capitaõ daditaCidade, eGover-
Petiçaõ
nador Geral netas partes do Brasil etc da qual petiçaõ o treslado della hé oseguinte // Diz Garcia Davella, mo-
rador nas torres deSaõ Pedro deRattes, que as terras deSaõ Pedro de Rattes, de que lhe Vossa Senhoria tem feito mercê
hé muito pouca, eestreita para as duas Creaçoẽs multiplicarem, e que tem já perto de duzentas Cabeças de gado, afora
20 porcos, Cabras, e Egóas, naõ cabem nas ditas terras por muitapartedella ser allagada dos mares, evisto quam pouca
terra tem para segundo as comessadas Creaçoens, que tem, eser dos primeiros que vieraõ aestaterrapovoar // Pede
aVossaSenhoria lhefaça mercê de duas legoas deterra em os Campos daItapoan aolongo domár, e huma para o
Sertaõ, as quaes legoas comessaraõ donde acabar adada aoSenhor Conde da Castanheira, que hé huma legoa, alem
do Rio Vermelho, no que lhefaria mercê, pedindo aoSenhor Governador, que lhe desse deSismaria as ditas terras, por quan-
25 to as queria povoar, e aproveitar-se dellas, lhe mandasse passar SuaCartadeSismaria emforma; evisto pelo dito
Governador seu dizer, epedir serjusto, havendo Respeito aoproveito, que sepodia seguir aserca daRé publica, eser
Serviço deDeos, ede ElRey NossoSenhor, epor a terra sepovoar lhe dou as ditas terras de Sismaria, que es-
taõ no ditolugar, epartem pelas ditas Confrontaçoens como tudo acimahé dito, e conteudo, o que tudo lhe concedo na-
maneira abaixo declarada, segundoforma doseu Regimento, de queo treslado hé oseguinte // Despacho do Senhor Gover
Desp(ach)o
30 nador // Dou ao Supplicante Garcia Davilla huma legoa aolongo do már, a qual começará a donde acabar
adada do Rio Vermelho doSenhor Conde daCastanheira, que hé huma legoa alemdo Rio, eacaba aditalegoa, onde começa
a dadadeSismaria, que tenho dado aesta Cidade doSalvador, eseu termo, para pastos desuas Creaçoens, epara oSertaõ
lhe dou duas legoas com todas as aguas, que houver nellas, as quaes leguas mediraõ por modo, que sesaiba averdade do
1o Maio que deve ter huma legoa, hoje oprimeiro deMaio de mil, e quinhentos, eSincoenta, edois annos // treslado do Re-
1552 35 gimento de ElRêy NossoSenhor// Tanto que tiverdes assentado aterra para seguramente sepoder aproveitar, dareis
deSismaria as terras que estiverem dentro no dito termo as pessoas, que volas pedirem, naõ sendo já dadas aoutras pessoas,
as quizessem povoar, e aproveitar no tempo que lhe para isso hade ser noteficado, as quaes terras dareis livremente sem
que
38 algum, somente pagarão o dizimo aOrdem deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo, com as condiçoens, eo brigaçoens doforal dado as ditas
foro
36
Os termos Garcia Davella se encontram sublinhados a lápis.
212
213
88r as ditas terras de minha ordenacaõ do quartoLivro, titulo das Sismarias, com condiçaõ que rezidaõ naPoaaçaõ37,
digo rezidaõ na Povoaçaõ daBahia, ou nas terras que lhe asim forem dadas trez annos, dentro do qual tempo, naõ
poderàõ vender, nem aliar, e naõ dareis acadapessoa mais terra que aquella aboa mente, segundo suapossibilidade
vos parecer, que pode aproveitar, eseás pessoas, que já tiverem terras dentro no dito termo, assim aquellas que se acha-
5 rem prezentes na dita Bahia, como as que depois forem àella, dentro no dito tempo, que lhe hadeser noteficado,
quizerem aproveitar as terras, que já tinhaõ, voslastornareis adar de novo para as aproveitarem com aobriga-
çaõ a cima dita, e naõ hindo alguns dos auzentes dentro no dito tempo, que lhe assim hade ser noteficado apro-
veitar as terras que já tinhaõ, vós as dareis pela dita maneira, a quem ás aproveite, eesteCapitulo se treslada-
rá nas Cartas das ditas Sismarias, com as quáes condiçoens, e declaraçoens deo as ditas terras deSismaria, e
10 para sua guarda, lhe mandou ser feita estaCarta deSismaria, pela qual manda selhehajaposse, digo man-
da, que elle hajaposse, eSenhorio dellas parasempre, para sý, epara seus herdeiros, esuccessores, que após
elle vierem, com tal condiçaõ, e entendimento, que lhedeixe porellas quaes quér caminhos, serventias, para qua-
es quér partes, que opovo lhes necessarias forem, isso mesmo, que elles aproveite as ditas terras dadata desta
a tres annos primeiros seguintes, por que naõ fazendo assim passados os ditos annos, sedaraõ as ditas terras que
15 aproveitadas naõ tiverem deSismarias a quem as pedir, para as aproveitar, esobre tudo pagará mil reis pa-
ra o Concelho, as quaes terras lhe assim dava forra, eo dizimo a Deos, o que asim mando, que secumpra, e
guarde, sem outra nenhuma duvida que se à ellaponha, eque estaCartaseja Rezistada dentro em hum
anno noLivro daFazenda como o dito Senhor manda, sob apennaconteuda noSeu Regimento, epor verda-
de, eu InofrePinheiro Carvalho, Escrivaõ das Sismarias por EL Rêy Nosso Senhor, em estasua
20 Cidade do Salvador, eseus termos, que este Instrumento escrevi, etirei dos Livros de Nottas, que em meu
poder fica asignado pelo dito Senhor Governador nas ditas Nottas, ecom elle de meu publico Sinal,
que tal hé == Antonio do Rego Escrivaõ daProvedoria a rezistei dapropria bem, efielmente,
20.VIII.1552
que tornei aparte aos vinte deAgosto de mil quinhentos eSincoenta edois = Antonio doRêgo =
Belchior Dias Cramurú38, Escrivaõ daAlfandega, eProvedoria, por El Rêy Nosso Senhor, o fiz
25 tresladar do proprio, esubscrevi, e conferi com Tabaliaõ abaixo no meado bem, efielmente sem couza
que duvida faça, feitahoje vinte, eseis dias do mez deFevereiro deseis39 centos, e cincoenta, etrez an- 26.II.1603
nos = Belchior Dias = Concertado por mim Escrivaõ Belchior Dias Caramurû =
Procur(aç)am Ecom migoTabaliaõ Diogo Ribeiro = Por esta por mim feita, easinada faço meu Pro-
curador ao Senhor Sebastiaõ Alvares, para por mim, eem meu nome Requerer, allegar todo omeu direito, e
30 justiça em huma mediçaõ deterras, que fazem os Reverendos Padres deSaõ Bento, eem cazo que meprejudique
prottestar a dita mediçaõ por nulla, por quanto estou medido, e demarcado, e havendo mediçoens entre mim, eos ditos
Padres, eu heideser o que me eyde medir primeiro, por quanto as minhas Cartas deSizmarias, saõ mais antigas
que as suas, isto a Vossa mercê de Requerer ao Escrivaõ, que o escreva, para o que lhe dou todos os poderes emdi-
23.IV.1622
reito concedidos. Bahia hoje vinte, etres deAbril deSeis centos, evinte, edois annos = Pedro Viegas Giraldes ==
Auto da
medição
35 Anno do Nascimento deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis centos, evinte, edois annos, aos vinte, e hum 21-Abr(il) 1622
dias do mez deAbril do dito anno, no Termo daCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, nos Lemittes daIta-
poan, termo da ditaCidade, nas terras dos Reverendos Padres deSaõ Bento, que houveraõ por herança de Garcia
Davella já defunto, sendoprezente oReverendoPadreFrei Mauro, Procurador do dito Convento, segundo constou
39 por suaProcuraçaõ junta nestes autos, epor elle dito ReverendoPadre,foi dito, e Requerido, que as mediçoens estavaõ Senten-
37
Desta exata forma se registra no manuscrito.
38
Desta exata forma se registra no manuscrito.
39
Os algarismos 1652 se encontram escritos a lápis na entrelinha superior.
214
215
88v Sentenciadas, que sefizessem nestelugar onde estava-mos para oSitio, elugar onde sehaviaõ decomeçar, que éra
o marco dalegua do Rio Vermelhofim da ditalegua, ondese acabaõ as terras do Conde daCastanheira, esendoprezen-
tes FranciscoPereira, Eréo das terras do dito Conde, com os ditos Padres, eBalthazar Barboza Eréo dofim desta dita
ao longo do legua, que havemos decomessar a medir aolongodo Már, eBelchior deBarros, filho de Dominos deVilla chaã,
mar 5 outro sim Eréo com o dito Balthazar Barboza, sendo outro sim prezentes Francisco do Coutto Medidor do Con-
celho, e Alvaro deAraujo Piloto, ede marcador do dito Concelho, diante dos quaes eu Escrivaõ, perguntei em-
vozes mui intellegiveis, emprezença detodos os sobreditos, seéra aquelle o marco, eSitio, elugar dadita le-
guadeterra conteuda naCarta deSismaria, etitulo dos ditos Padres, epor elles foi dito, que aquelle héra
oprimeiro marco donde se acaba alegoa do Rio vermelho do Conde da Castanheira, ehavia decomeçar
10 alegoa dos Reverendos Padres, ao que naõ pozeraõ duvida alguma ser aquelle o dito marco, esendo as-
sim, e emprezença dos sobreditos, o Medidor Francisco do Coutto, tomou alinha, que trazia, e a medio pella
40
vara que trazia afilhada em sua maõ, e medio por ella vinco , ecincobraças craveiras, que saõ cincoenta va-
ras a duas porbraça, elogo pelo dito Balthazar Barboza foi dito, que prottestava denullidade adita medi-
çaõ, por estár já medida, ede marcada, eo mais allegaria aseu tempo, esem embargo deseu Requerimento
15 naforma do Mandado doProvedor daFazenda, secomessou a medir do dito Marco, de que fiz
eu Escrivaõ este auto, que o Medidor, ePiloto de marcador assinaraõ. ManoelFernandes Lobo, Escri-
Começa a vaõ dos Feitos daFazenda, que o escreví = Francisco do Coutto = Alvaro deAraujo = elogo no di-
mediçaõ p(o)r to dia vinte, ehum dias do dito mez de Abril, o medidor Francisco do Coutto depois demedida aditalinha
costa do mar parante mim Escrivaõ, comessou a medir do dito marco, esemediraõ secentalinhas, que hé meia le-
21 Abr(il) 1622 20 gua, eellas acabadas se naõ medio mais, por ser noite, aonde deixamos hum sinal para ooutro dia
seguinte, etornamos acontinuar nadita mediçaõ, eacabar alegoa, que o dito Garcia deAvella deixou por heran-
sa aos ditos Padres, eConvento doPatriarcha Saõ Bento, de que fis este termo, que o dito Piloto Alvaro deAraujo as-
sinou com o dito Medidor. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda, edestas mediçoens, que o escre-
Termo
22.IV.1622 vi = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Aos vinte, edois dias do mez deAbril do dito anno de
25 mil, eseis centos, evinte, edois annos, nos ditos lemittes daItapoan, termo da dita Cidade doSalvador, oPiloto Alvaro de-
Araujo, com-o Medidor do Concelho Francisco do Coutto, tornamos aoSitio, elugar aonde acabamos demedir ameia legoa
deterra aolongo do már, e o dito medidor tornou atomar aditalinha, e a medio pela vara afillada, que trazia, e medio cin-
coenta Varas, que saõ vinte cinco braças craveiras, eestendeo sua linha, ecomessou a medir, econtinuou com outras secenta
linhas, em que seprefez, eacaboudemedir alegoa deterra aolongo do mar, que os ditos Reverendos Padres tem pela dita
30 heransa deGarcia Davilla, e antes dechegar-mos ao fim dadita mediçaõ, pouco mais detrez linhas, pareceraõ Antonio
Machado deVasconcellos, eBalthazarBarboza, epor elles foi dito, que tinhaõ embargos adita mediçaõ de nullidade
que allegariaõ aseu tempo, esem embargo doseu Requerimento, eprottesto, seacabou de medir adita legoa, de que fiz
este termo, que os ditos Piloto, ede Marcador, eMedidor assinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ, que o Escreví: de
clarasaõ, que diceraõ os sobreditos Antonio Machado, eBalthazar Barboza, que por quanto passaraõ nesta mediçaõ os-
35 marcos antigos, que estavaõ medidos antigamente, tinhaõ os ditos Embargos, eprottestavaõ de nullidade, a qual mediçaõ
tiga, setinha feito a Requerimento de Garcia Davilla Senhor da ditta terra, eque as deixou aos ditos Padres, eaSeu
an-
Termo
Convento sobre dito o escrevý = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Elogo no dito dia vinte, e dois di-
22.IV.1622 38 as do dito mez deAbril de mil, eseis centos, evinte, edois annos, nos dittos lemittes, eSitio onde se acabaraõ as trez mil
40
Desta exata forma se registra no manuscrito.
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89r mil braças deterra , eao longo do mar, que hé huma legoa, oPiloto, edemarcador Alvaro deAraujo, pos Sua as 2 legoas
p(ar)a o certaõ
agulha, e achou correrem as duas Legoas doSertaõ ao Rumo deNoroéste Suéste, ecommessou o Medidor Francisco saõ em ru
mo de
deCoutto estender sualinha pelo dito numero digo dito Rumo, e medio cinco linhas devinte ecinco braças craveiras, que N(or)O(este)
S(udo)E(ste)
fazem cento, evinte, ecinco braças, epelas duvidas, que entre o PadreFrei Mauro, eos Eréos Antonio Machado de
125 br(aças) des-
5 Vasconcellos, eBalthazar Barboza, tinhaõ desemeter omarco, se acordaraõ, que semetesse como baliza, e naõ tante da Cos-
ta está 1
como marco, nem teria valia como marco, athé naõ sêr julgadaporboa adita mediçaõ elogo em hum lugar
marco _
alto, semetteo deinstante do mar para oSertaõ as ditas cincolinhas, ondeficou mettido comobaliza, como dito
hé, a qual baliza hé humapedra comprida com hum Letreiro deSaõ Bento em cima do alto della, erequere-
raõ mais, que naõ ficava aditabaliza como em posse, se naõ como devizaõ do Rumo, que sevai correndo para o Sertaõ,
10 deque fiz este termo, que os sobreditos assinaraõ, com o medidor, ePiloto demarcador, ManoelFernandes Lobo,
Escrivaõ dos Feitos daFazenda que o escreví = Alvaro de Araujo = Francisco doCoutto = Antonio Maxado
<15>/02\5
Termo. = Balthazar Barboza = Eno dito dia atráz, easima se medio humalinha, depois de mettida abaliza a br(aças) até
a borda
tráz declarada depedra com o ditoLetreiro, a qual linha chegou abordadehum brejo, que senaõ podepassar, com 22.IV.1622
de 1 brejo
que ficaraõ sendo seis Linhas devintecinco braças craveiras cadahumalinha, enaõ esmedio mais no dito
15 dia, por ser já noite, de que fiz este termo, que os ditos Officiaes asinaraõ. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ
23.IV.1622
T(e)r(m)o dos Feitos daFazenda o escreví == Alvaro deAraujo == Francisco do Coutto = Aos vinte, etrez dias do mez
correndo p(ar)a
deAbril de mil, eseis centos, evinte, e dois annos, nos ditos lemittes daItapoan, termo da ditaCidade, eu Escrivaõ,
N(or)O(este)
com oditoPiloto, fomos abaliza emlugar ondetinha-mos deixado o dia atráz, aonde pôz sua agulha ao Rumo do
se medio
Noroéste, e o dito Medidor estendêo sua linha devinte, ecincobraças craveiras, que foi medida pelo dito medi- mais 18 li-
nhas de 25
20 dor parante mim Escrivaõ, comessando dabordado brejo, e continuando com adita mediçaõ, e pela ditaLinha, seme-
br(aça)s até a
diraõ dezoito linhas athé ofim daOrta deAntonio Mendes, por cujo meio passou esta mediçaõ, ese naõ medio o fim da
horta de
mais por diante neste dia, por ser hum brejo muito grande, e alagado de agôa, por senaõ poder passar apé, nem a Ant(oni)o Men
des, e encon-
Cavallo, o dito Piloto botou hum travessaõ pela esquadrilha para a terrafirme da banda doSoduéste, e naõ
trou um
sefez mais por ser noite, de que fiz este termo, que os ditos Officiaes asinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ
grande bre-
T(e)r(m)o 25 o escrevi = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Aos vinte equatro dias do mez deAbril de mil, e
jo q(ue) se naõ
seis centos, evinte, edois annos, se naõ fez nada, por ser dia ferial, de que fiz este termo, que o Piloto demarcador, e pode atra-
vessar
medidor Alvaro deAraujo, eFrancisco de Coutto asinaraõ. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ o escreví
25.IV.1622
T(e)r(m)o = Araujo = Coutto Aos vinte, ecinco dias domez deAbril de mil eseis centos evinte edois annos; nos dittos
Lemittes da Itapoan, termo da ditaCidade doSalvador, o dito Piloto, eMedidor atráz nomeados, fomos
30 abaliza, elugar aondetinha mos deixado, eo Medidor Francisco de Coutto, estendêo sualinha ao Rumo
de Noroéste Sueste que odito Piloto lhedeu por sua agulha, eestendeo sua linha devinte, ecinco braças
que medio por huma vara demedir, que para isso trazia afiladad parante mim Escrivaõ, comessando da-
mais 27
ditabaliza que haviamos deixado, efoi medindo, econtinuando asua medida, emedio vinte seteli- linhas
atravessan-
nhas, que vem aser seis centas, esetenta, ecinco braças craveiras, enaõ semedio mais nestedia pelos muitos
do brejos
35 brejos que havia, de que eu Escrivaõ fiz este termo que asinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ das di-
T(e)r(m)o 26.IV.1622
deprott(est)os
tas mediçoens que o escrevi = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Aos vinte,eseis dias
do mez deAbril demil, eseis centos, evinte, edous annos, nos lemittes da Itapoan, termo daditaCidade, eu
Escrivaõ, com o Piloto, eMedidor, que hora seinstituhio por Provizaõ daCamara, Domingos Páes em lugar
39 deFrancisco do Coutto, por adoecer, esehir para aCidade, eaprezentar em seulugar ao dito Domingos Paes na-
218
219
89v na forma acimadita, elogo estendeo sualinha devinte, ecincobraças craveiras, que saõ cincoenta varas, que
mais 24
linhas
o dito Medidor medio diante demim Escrivaõ, por huma vara que trazia afilada, eseguir o Rumo do noroéste, ees-
tendendosua linha pelo dito Rumo, que atrás tinhamos, correndo, emedio neste dia vinte,equatro linhas, que saõ seis
Centas braças, esenaõ medio mais neste dia, efizeraõ digo, dia, esefizeraõ os dias atráz muitas esquadrilhas, por rezão
5 dos muitos brejos, que todas as linhas, que setomaraõ seforaõ paguando, eficou aconta final sem sedever couza alguma
athé estedia, eindo correndo com a mediçaõ, chegamos àRossa deAntonio Mendes, nofim della dapartedo nórdeste, sepôs
humaCrúz em hum sepo da Rossa, cortado, etrez móssas ao pé dadita Cruz, chamado cahobim pelalingua daterra, efor-
soma cado no fim decima, ondesecortou, etem de altura cinco palmos, eàthé estelugar se acharaõ cincoenta, ecinco linhas,
1385 br(aças) que fazem som(m)a demil, etrezentas, esetenta, e cinco braças peloSertaõ, de que fiz este termo, que o dito Piloto,
10 asinaraõ.
eMedidorManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda, que o escreví, eaProvizaõ, por onde os Officiaes daCa-
mara memostrou o dito Domingos Páes comjuramento pelo Escrivaõ della, que dou fé ser dos ditos Officiaes, elha torney,
T(e)r(m)o deprott(est)os
27-Ab(ril) que o dito Domingo Paes recebeo. Sub, digo recebeo. Sobredito escrevi = Alvaro deAraujo = Domingo Páes = Aos vinte,e
1622 sete dias do mez deAbril demil, eseis centos, evinte,edois, no termo destaCidadedoSalvador, indo correndo com as mediço
ens conteudas nestes autos, apareceo MendeSaá, tambem parte nestas mediçoens, epor ellefoi dito naestrada que vem
15 daCidade para aCaza por ondehia-mos correndo com amediçaõ para atravessar-mos para o noroéste, para onde corre es-
ta mediçaõ, epelo dito MendeSaá, eSebastiaõ Alvares, procurador dePedro Viegas, segundo constou deSua procuraçaõ
aqui junta, epelo dito MendeSaá foi dito, que asua mediçaõ, e demarcaçaõ corria pela dita estrada, eseu marco es-
tava nella adiante para abanda daCaza grande, que hé o mais antigo nome, que tem estas partes, eque Requeria, que
naõ passassemos adiante com amediçaõ, por quanto tinha titulos mais antigos, em que está medido, edemarcado, com mar-
20 cos mettidos, etomado posse, que corria peladita estrada, edeposse demais deSecenta annos, sem contradiçaõ depessoa
alguma, como prottestava aprezentar aseu tempo, edelhenaõ projudicar a dita mediçaõ, eser nulla, epor naõ
constar depapeis, ou Mandado do Julgador incontrario, do que atráz tinha mandado por termo por elle asinado, eRe-
querer o Reverendo PadreFrei Mauro, que naformadelle correse-mos com amediçaõ, e na maneira deSua Sentensa
atráz, nem constar deoutros alguns papeis, correse-mos com amediçaõ por diante naforma dos titulos dos ditos Padres, e da-
25 CartadeSismaria de Garcia Davilla: cujo herdeiro hé o dito seu Convento, eo mesmo Requerêo Belchior
deBarros por sua parte, e como procurador deSeu pai Domingos daVilla chaã, que naparte, que lheprejucas-
se tinha Embargos, por quanto esta mediçaõ tambem hia correndo com suas mediçoens, epor parte dePedro
Viegas Giraldes, foi Requerido, por Sebastiaõ Alvares Seu procurador, que em cazo, que lhe projudique(m) estas me-
diçoens, as haver por nullas, por quanto está medido, edemarcado, ecom seus titulos mais antigos, ese havia demedir
30 primeiro, eenxer de sua terra por suas Cartas, deSismarias, de que eu Escrivão fiz estetermo deprottestos, que
os sobreditos assinararaõ. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ que o escrevi = Sebastiaõ Alvares = Mende
T(e)r(m)o
Saá = Elogo pelo Mendes Saá foi dito, que eu Escrivaõ, ePiloto demarcador lhe eraõ-mos suspeitos deprott(est)os
em continuar-mos com a mediçaõ, eoutras rezoens, que allegaria nellas, deque fiz estetermo deprottesto, esus-
peiçoens. ManoelFernandes Lobo, que ofiz , a Requerimento doditoMendeSaá, que o escrevi, edecla-
marco
na estrada
35 ro, que no dito lugar metemos hum marco depedradeseis palmos com hum letreiro, quediz Saõ Bento
mettido aparte do Noroeste nabanda da Estrada. Sobredito o escrevi = Alvaro deAraujo = Domingos
Termo
27.IV.1622 Paes = Aosvinte, esete dias, domezdeAbril demil, eseis centos, evinte, edois annos, nos ditos lemi-
38 tes daItapoan, nas ditas terras por os Officiaes, Piloto demarcador, eMedidor atrás nomeador tornamos ao-
220
221
90r aolugar, que haviamos deixado o dia atraz, e nelle o dito Medidor Domingos Páes, estendeo sualinha, e a medio
por huma vara de medir afilada, que para isso trazia, diante de mim Escrivaõ, e medio por ella cincoenta varas, que fa-
zem soma, e quantia devinte cinco braças craveiras, e continuou com sua mediçaõ pelo dito Rumo de noróeste, efoi conti-
28 linhas
nuando com o que neste dia semediraõ vinte oito linhas, que fazem soma desetecentas braças craveiras, e dentro nesta di- até a casa
de Dom(ing)os de
5 ta mediçaõ desta estrada chamada Caza grande, fomos medindo até dar em outra de carro, que vai para os mattos, aonde se-
Villa chã
acabaõ dezoitolinhas, e meia entre estas duas Estradas, e correLeste o Éste, e na borda della em huma arvore deduas per-
nas chamada Cacunda, sefez humaCrúz, e a baixo della na dita arvore tres mossas, que ficaraõ para abanda do Sués-
te, e chegamos com esta mediçaõ as Cazas de Domingos deVilla chaã, aondese acabaõ as vinte, eoitolinhas atráz decla-
radas, de que eu Escrivaõfiz este termo, que os ditos Officiaes asinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ dos Feitos
28.IV.1622
Termo. 10 daFazenda, edestas mediçoens, que o escrevi = Alvaro deAraujo = Domingos Páes = Aos vinte e oito días do
mez deAbril de mil, eseis centos evinte, e dous annos, nos ditos lemittes correndo com a mediçaõ atráz referida para o
Sertaõ, e o Piloto demarcador Alvaro deAraujo, tomou sua agulha ao Rumo, que se hia correndo do Noroéste, em olugar
chegaraõ ao
onde ontem dia atrás acabou a mediçaõ até as Cazas eSitio de Domingos deVilla chaã, eo Medidor Domingos Páes, por-
Cam(inh)o q(ue)
avara afilada que trazia, medio cincoenta varas, que saõ vinte, ecinco braças craveiras de duas varas cadabraça, parante esta
a baixo da Ca-
15 mim
Escrivaõ, e comessando no dito sitio, foi continuando com a mediçaõ, e dentro nella pelosobre dito Rumo, fomos dar em sa de Salva-
dor Corrêa
Caminho,
hum que está por baixo daCaza deSalvador Correa, genro do dito Domingos deVilla chaã, epassou a mediçaõ por den-
- 6 linhas
tro de huma sua serca abaixo de humas laranjeiras, e araçazeiros do Perú, comseis linhas até hum Ribeiro, que serve de ate 1 ribei-
ro q(ue) mette
levador, que sevai meter no Rio Jaguaripe, epassamos ao alto da outrabanda no Caminho que vai dar na estrada daPitan- no rio Ja-
guaripe e
ga, que vai para a Cidade, e naborda delle pozemos hum marco depau deSupupira seco denove palmos, emeio, etem fora
do outro la-
20 daterra quatro palmos, emeio com hum letreiro aberto para abanda donde corre amediçaõ, com quatro letras que do esta o Ca
m(inh)o q(ue) vae
dizem Saõ Bento, e continuando fomos passar o Rio de Jaguaripe com pouco mais detres linhas, e dali pelo dito Ru-
dar na es-
mo com quatro linhas com que seprefizeraõ as dezasete linhas neste dia com que se encheo huma legoa de tres mil
trada de Pi-
1 legoa braças craveiras, e nofim della emhum pau sefes humaCruz com tres mossas ao pé, cujo nome senaõ soube; porem tanga, q(ue)
vai p(ar)a
junto aella em dois paus de arvores cada hum dehumabanda, com tres mossas em cadahuma chamadas imberigum, Cid(ad)e
m(ai)s 3 linhas
25 ese rossou o matto o redor destas ditas arvores, deque detudo eu Escrivaõ dos Feitos daFazenda, edestas mediçoens fiz passou o
Jaguaripe
este termo, que os ditos Piloto demarcador, eMedidor assinaraõ. Manoel Fernandes Lobo Escrivaõ, que o escrevi = completou
1 Legoa com
T(e)r(m)o Alvaro deAraujo = Domingos Páes = Aos vinte, e nove dias do mez deAbril demil, eseis centos,
m(ai)s 4 linhas
evinte, edous annos, nos ditos lemittes da Itapoan, termo da ditaCidade, depois defeitas as mediçoens atrás de-
29.IV.1622
claradas, nos ditos termos dehuma legoa aolongo do mar, eoutra para oSertaõ, que acabou naparte, e sitio do-
30 Termo atrás, pelo ReverendoPadre Frei Mauro, Procurador doMosteiroProcurador, digo doMosteiro
do PatriarchaSaõ Bento destaditaCidade, foi dito que para se encher asua Carta de mediçaõ, que anda nestes autos,
lhefaltava para medir outra legoa para oSertaõ, a qual por ora naõ tinha oportunidade para semedir, assim por ser
longe daCidade, e de carretos senaõ podiaõ prover, como pros Officiaes andarem canssados, eeu Escrivaõ ter necessidade
de accodir ao Officio; que prottestava naõ lhe projudicar o deixar agora de acabar demedir alegoa, que lheficava
35 por medir, epor tambem seacabar em duvidas, que as partes embargantes, eprotestantes tinhaõ as ditas mediçoens,
alegar deseus direitos, e aprezentarem os papeis, etitulos, que cada hum, qual delles tivessem, para effeito de clareza
epoderem
detudo, de que tudo me requeria fizesse este termo de protesto. Manoel Fernandes Lobo Escrivaõ, que sirvo
dos Feitos daFazenda, que o escreví, o qual termo assinei. Sobredito o escrevi = Manoel FernandesLobo = O qual tres-
39 lado de mediçoens, eautos dellas. Eu Antonio Cardozo daSilva fiz tresladar das proprias, que andaõ em huns autos de
222
223
90v de que sou Escrivaõ que ficaõ em meu poder, a que me reporto, que osobscrevi, easinei, com o official com migo abaixo
nado = Antonio Cardozo daSilva = Concertado por mim Tabaliaõ Antonio Cardozo daSilva = Segundo que
asig-
tudo isto assim, etaõ cumpridamente éra conteudo, e declarado nos ditos autos de mediçoens, dos quaes, edadita
ra adita Reé Anna
noteficaçaõ, pedi- Ferráz Vista eselhemandara dar por despacho do dito Provedor mór, para o que fizera na Cauza seu
5 Procurador, ao quál se déra vista dos autos, esendo-lhe dada viera em elles com hu(m)a excessaõ declinatoria fori, oucomo
Fim
dereito
melhor houvesselugar,
em- dizendo emnomedaditaReé no melhor modo dedireito, esecumprir === Provaria, que ella
Excepiente era Viuva, e honesta, e recolhida, ecomo tal tinha escolha deJuiz, pela qual rezaõ escolhia por seuJuiz
ao Juiz ordinario destaCidade, e para seu Juiz o declinava ella Excepiente, para o qual devia hir estes autos remetido. Era
competente
Famapublica, pedindo a ditaReé emfim, e Concluzaõ deSua Excepssaõ della Recebimento, eprovado o necessario, fosse es-
Excepssaõ
10 te Feito Remettido para o Juiz Ordinario, para onde declinava ella Excepiente no melhor modo de Direito com Custas, se-
gundo, que tudo isto assim, etaõ cumpridamente éra conteudo, edeclarado na dita excepssaõ daditaReé Excepiente, epeti-
torio della, com aqual os ditos autos sefizeraõ Concluzos, esendo aprezentados ao dito Provedor mór de minha Fazenda
Estado
deste doBrazil, evistos por elle, nelles por seudespacho pronunciara = Deferindo a Excepssaõ declinatoria fori,
Remeti aquelles autos as Justiças ordinarias a quem tocava. Bahia treze deJulho mil eseis centos cincoenta,ehum annos.
15 Esendo dados os autos com odito despacho, delles houvera vista oprocurador dos ditos Authores Appelantes os Padres
doConvento doPatriarchaSaõ Bento desta Cidade, esendo lhe dada, vieraõ nelles com huma Cotta por escripto, dizendo em-
Desp(ach)o
ella= Que vinhaõ Remetidos aquelles autos ao Juiz ordinario, no qual estavaõ aprezentados, epreparados, eficavaõ nos-
13.J(u)l(h)o.1651 termos daprimeira petiçaõ e noteficaçaõ afolhas trez, preparada já com os titulos dos Reverendos Padres, da qual aSup-
plicante AnnaFerrás Dona Viuva pedio Vista para sedar ao seu Advogado, e dizer o que lheparecesse desuajustiça,
20 esendo dado os autos com adita Cotta; delles houvera Vista oProcurador da ditaReé AnnaFerrás, esendo-lhe dada, vie-
ra nelles com hu(m)a Excepssaõ peremtoria, ou como melhor em direito hovesselugar, dizendo em elle, esecumprisse =
Provaria, que ella Excepiente estavadeposse daterra, de que setratava por si, eseus antecessores, de mais de dez, vinte,
trinta, quarenta, cincoenta, secenta, e mais annos aquella parte, sem contradiçaõ depessoa alguma, aos olhos, eface de todo
o mundo, e dos mesmo Exceptos logrando-a, edesfrutando-a, metendo nella Colomnos, fazendo della como decouza sua
25 pro- que era, pelo que tinha legitimamente ella Excepiente prescriptas as ditas terras, pelo que senaõ podia tratar dellas
pria,
nestaCauza, ese devia por perpetuo silencio nella. Era FamaPublica. Pedindo a dita Reé a dita Reé Excepiente, emfim, e
Conclusaõ desua excepssaõ della Recebimento, eprovado onecessario sepuzesse perpetuo silencio naditaCauza no
melhor modo de Direito com Custas. Segundo omais largamente éra conteudo, ede clarado nadita Excepssaõ da ditta
Reé E[x]sepiente, com a qual os autos sefizeraõ Concluzos, esendo aprezentados ao Juiz Ordinario desta Cidade, vistos
30 por elle, nelles pronunciara por seu despacho = Recebia a Excepsaõ peremtoria da Reé por Contrariedade vistasua
sua materia, e autos, e querendo-a accrescentar, lhetorne vista Bahia quinzedeMaio demil eseis centos, ecincoen-
ta, e dous annos, em comprimento, evigor do qual despacho, se déra Vista dos autos ao procurador da dita Reé, para
tar sua Contrariedade, esendo-lhe dada, viera nelles com huns artigos de attentado, dizendo nelles, esecumprisse
acressen-
Desp(ach)o
= Provaria que pendendo estaCauza, eestando dado vista para se acressentar aContrariedade, os Autores manda-
15 M(ar)ço 1652 35 raõ noteficar aellaReé Excepiente, que naõ Cortase, nem Rossasse, nem plantase nas terras, de que nestes autos se-
trata, naõ co(m)mettendo attentado, em quererem à ella Excepiente privada daposse em que estava demais de oitenta,
e cem annos a quella parte, pelo que senaõ podia proceder na quellaCauza, sem selevantar adita noteficaçaõ, edesfa-
Art(ig)os de atten
zer o attentado, e repor-se no estado, em que até agora estivera, segundo <o>/m\ais largamente éra conteudo, ede clara-
tado.
39 do no dito artigo deattentado, do qual por despacho fora mandado dar Vista as partes, esendo dada aseus procu-
224
225
91r procuradores com o que disseraõ, allegaraõ, apontaraõ; ea rezoaraõ, os autos se fizeraõ concluzos, esendo aprezentados ao
Desp(ach)o dito Ordinario vistos por elle, nelles por seu despacho pronunciara = Recebia os artigos de attentado por sua ma-
Juiz
5.V.1653
teria, aparte os contrariar selheparecesse Bahia cinco deMaio demil eseis centos ecincoenta, etrez, esendo assim
5.V.1653
dado, epublicado o dito despacho, semostrava = Aos cinco do mez deMaio demil eseis centos ecincoenta, etrez
5 annos, nestaCidade do Salvador, e Paço doConcelho della, empublica audiencia que afeitos, epartes fazia, o Juiz An-
tonio Coelho Pinheiro, paranteelle parecera Antonio Fernandes Roxo, epor ellefora dito, como Procurador dos Padres
deSaõ Bento, que elle dezistia com que ficavaõ os artigos de attentado provados, e que correse aCauza seus termos,
eo dito Juiz asim o mandara, eo dito Antonio Fernandes Roxo, fizera termo de dezistencia nos autos denote-
ficaçaõ por elle asinado, de que o Escrivaõ dos autos fizera termo nelles pelo dito Antonio Fernandes Roxo asinado,
Desp(ach)o 10 com o qual os autos sefizeraõ concluzos ao dito Juiz, evistos por elle, nelles pronunciara por seu despacho =
Que o termo de dezistencia sobre os artigos de attentado recebidos asinados por Antonio Fernandes Roxo, devia ser
asinados pelos mesmos Religiozos deSaõ Bento, ou por seu Procurador bastante, que tivesse para isso expecial po-
der, o qual naõ tinha naquelles autos Antonio Fernandes Roxo, visto ser termo prejudicial naforma da Ordenaçaõ, o-
que satisfizessem até aprimeira, alias contrariassem os artigos recebidos naformado despacho atráz Bahia sete
7.VIII.1653
15 deAgosto deseis centos e cincoenta etres esendo assim dado, epublicado o dito despacho, se appensara aos autos princi-
paes a requerimento dos ditos Autores outros da dita noteficaçaõ, esendo appensos foraõ outrosim levados ao dito Juiz or-
Desp(ach)o dinario, evistos por elle pronunciara por seu despacho = Visto como nofeito apenso estava poder bastante a Antonio
Fernandes Roxo para o termo dezistencia, onde taõbem estavafeito termo como nestes autos mandava, que aparte
24.IX.1653
acabase sua Contrariedade até aprimeira. Bahiahoje vinte quatro deSetembro deseis centos, ecincoentra, etrez,
20 esendo este despacho assim dado, epublicado, em seu cumprimento se déravista ao procurador dadita Reé Appellada
Anna Ferráz, para acabar sua Contrariedade, esendo-lhe dada, viera nella comseu a cabamento, dizendo em-
Continuação
daContaried(ad)e nome da ditaReé, ese cumprice = Provaria que naõ somentetinha ella Excepiente prescripto as terras, deque se-
tratava por estar deposse dellas, de mais dedez, vinte, trinta, quarenta, cincoenta, esecenta annos aquellaparte,
por si, e seus antecessores a olhos, eface detodo o mundo, e dos mesmos Autores Exceptos, sendo moradores no mes-
25 molugar = Provaria, que ao tempo que sefizera vestoria, e mediçaõ das terras, deque setratava, em rezaõ
dademanda, que ella Excepiente trouxera com Diogo Muniz Telles, secomessara alansar o rumo do marco,
que chamavaõ seSaõ Bento, estando prezentes alguns Religiozos do Convento, os quaes naõ encontraraõ adita me-
diçaõ, a qual sefizera taõ bem com os herdeiros deAntonio Machado,por serem Eréos, e naõ seachara, que as-
terras do dito Convento estivessem occupadas por ella Excepiente, eque naõ podia acabar aContrariedade, sem
30 que os Authores Exceptos ajuntassem aos autos procuraçaõ do cumentos para sefazer dezistencias, ejuntamente
Requeiro sefaça exame na Certidaõ deSimaõ Matheus folhas quatro, por que sevê claramente ser falsa,
por ser aletra doSinal muito diferente, eque éra necessario pagarem as custas, em que estavaõ condemnados,
esatisfeito acabaria suaContrariedade, esendo dado vista dos autos aoProcurador dos Autores Appellantes pa
ra responder ao apontado peloprocurador daReé, viera dizendo nelles por escripto = pelo ultimo despacho, que
35 andava na quelles autos sejulgara já a dezistencia do attentado por boa, efeita por legitimo procurador, com poder ex-
pecial para asinar, como constava dos autos appensos, etendo o dito despacho passado em couza julgada, havendo tan-
tos annos que se delatava aquella cauza, podera jâ nella cauzar o pejo de tanta dilaçaõ, o que naõ obrava o res-
peito, nem aprova a consciencia, o exame que se requeria naCertidaõ do Official morto, éra couza sem fundamen-
39 to, e nem tocava a Reé, por ser Citaçaõ feita a outras pessoas, que a naõ impugnaraõ: das Custas naõ havia condem-
226
227
91v condemnaçaõ alguma para sepagarem, equando ahouvera, tinha aReé Remedio em tirar mandado para as co-
brar, e naõ podia com isso dilatar a Cauza, saindo com cota depois de exgotar tudo o que tinha para articular, em
fim de meter mais tempo em meio, pelo que devia o dito Juiz haver por acab/a/do do accressentamento daContrariedade
com custas, esendo dados os autos com adita Reposta, sefizeraõ Concluzos, esendo aprezentados ao dito Juiz ordinario,
Desp(ach)o
5 Vistos por elle, nelles pronunciara por seu despacho = Sem embargo do que por parte daReé Excepiente se Re-
queria, mandava acabassesua Contrariedade, com Co(m)minação deselhe haver por acabada com o que vier Bahia
trez deMarço de mil eseis centos, esincoenta, e sinco; esendo dados os autos com o dito despacho, emcompri-
mento delle se deraVista delles aoprocurador daditaReé, esendo-lhe dada, viera nelles com seu acabamen-
to deContrariedades naforma do despacho retro proximo, com protesto denullidade atodo oprocessado naqueles
10 autos pelo defeito da falsa Certidõ deSimaõ Matheus folhas trezeverso, dizendo em nome da dita Reé Anna
Ferrás, que sendo necessario = Provaria, que aSismaria que andava na quelles autos defolhas vinte, etrez em-
diante, de que os Autores se queriaõ valer, e em vertude della pertendiaõ como poderozos uzupar-lhe as suas ter-
3-M(ar)ço 1655 ras, que a houvera por titulo decompra de, que as possuhio aolhos, eface detodos, e dos mesmos
Autores, sendo moradores no mesmolugar, enamesma posse as ficara ella Reé possuindo = Provaria,
15 que aditaSismaria, como della sevia fora dada a Garcia Davella no primeiro deMaio de mil equinhen-
tos e cincoenta, edois annos, sendo passados cento, etres annos, sem os Autores, nem o dito Garcia Davella, povoa-
rem, nem cultivar a ditaterra, naforma doRegimento por quanto = Provaria que conforme ao dito Re-
gimento incerto na ditaSismaria, que por parte dos Autores se aprezentava, eficava fazendo prova contra
elles, de clarava, que naõ podendo aproveitar as terras que já tinhaõ, setornariaõ adar, pelo que como os Autores
20 naõ povoaraõ a dita terra, ella Reé a estava povoando com taõ antiga posse aolhos, eface dos Autores,
sendo moradores no mesmolugar, tendo ella Reé legitimamente prescriptas as ditas terras = Provaria
que os Autores pediaõ individamente as duas legoas deterra para o Sertaõ, por quanto como sevia dapetiçaõ, que
fizera GarciaDavella ao Governador Thomé deSouza folhas vinte, etrez em diante, naõ pedira mais,
que duas legoas deterra nos Campos da Itapoan <a>/h\uma ao longo do mar, ehuma para oSertaõ = prova-
25 ria que como sevia do treslado do despacho do mesmo Governador, em que de clarava dava ao suplicante
Garcia Davella huma legoa aolongo do mar, aqual comessava adada, digo comessara aonde acabou adada
do Rio Vermelho doSenhor Conde da Castanheira, que éra huma legoa aolongo do Rio, e acabava adita ter-
ra aonde comessa adada deSismaria, que tenho dado nestaCidade doSalvador, eseu termo, para pastos de-
suas Creaçoens para oSertaõ, elhe dou duas legoas, com todas as agoas que houver nellas, as quaes legoas se-
30 mediraõ por modo, que sesaiba averdade do que deveser huma legoa, pelo que éra contra averdade bem
claramente vista, quererem os Autores sendo Religiozos, uzurpar as terras alheias, e interpetrár deram
duas legoas para oSertaõ, sendo que dapetiçaõ sevia, senaõ pedira mais que huma legoa aolongo do mar, eou-
tra para oSertaõ, e comesta rezaõ ficava bem claro, que naõ havia o Governador de dar mais terra deSisma-
ria da quella que selhe pedira napetiçaõ, era fama publica, pedindo aditaReé AnnaFerrás emfim, eConcluzaõ de-
35 sua Contrariedade della Recebimento, eprovado onecessario cumprimento dejustiça no melhor modo de direito com custas;
segundo o que tudo isto assim, etaõ cumpridamente éra conteudo, edeclarado naditaContrariedade daditaReé, epe-
titorio della, com a qual se ajuntara aos autos o treslado dehuma mediçaõ, eescriptura devenda, de que aditaReé
Mediçaõ
nasuaContrariedade fazia mensaõ, de que tudo o treslado deverbo adverbum hé oseguinte = Anno do Nascimento de
8 de {nove}(m)bro
1645
39 Nosso Senhor Јεѕνѕ Christo demil eseis centos equrenta,esinco annos, aos oito dias do mez deNovembro do dito
228
229
92r do dito anno nos Campos de Pirajá junto a Jaguaripe, termo daCidade do Salvador, onde estava prezente o Doutor Demarca-
çoẽs de
Manoel Pereira Franco do Dezembargo deSua Magestade, Ouvidor geral com Alçada neste Estado, para
Anna Fer-
effeito defazer as mediçoens, e Vestoria ao diante, elogo parante o dito Ouvidor pareceraõ prezentes Joaõ Botelho deMat- ráz
tos, procurador bastante deAnnaFerraz, e Diogo Muniz Telles Réo nesta cauza, elogo pelo dito Joaõ Botelho no no-
5 me Reprezenta, foi Requerido ao dito Ouvidor geral, que para efeito desefazer a Vestoria conteuda nestes au-
tos, mandase medir meia legoa deterra, comessando do marco dos Padres deSaõ Bento pelo meia legoa deterra
daditaSua Constituinte Anna Ferráz, e acabada demedir adita meia legoa deterra, veria elle dito Ouvidor se o Réo
Diogo Muniz Telles tinha feito o damno, ou naõ nas madeiras, eterras da ditaAnnaFerraz, epelo dito Diogo Muniz
Telles, foi dito ao dito Ouvidor geral, que elle naõ tinha duvida asefazer adita mediçaõ para adescizaõ da Cauza,
10 mas, que protestava delhe naõ prejudicar, e de naõ pagar gastos alguns da dita mediçaõ, o que visto pelo dito Ouvidor,
lhe mandou escrever oseu prottesto, e requerimento, ao que eu Tabeliaõ satisfiz, Francisco deCoutto Barreto Tabaliaõ
Rio Jaguaripe
o escrevi = elogo pareceo Matheus Cardozo Leitaõ, e requereo ao dito Ouvidor geral, que aterra do Rio Jaguaripe
paradentro lhe pertencia, pelo que mandasse que a mediçaõ naõ passasse o dito Rio, e que protestava naõ lheprojudi-
car, o que visto pelo dito Ouvidor geral, lhe mandou tomar seu Requerimento, eprottesto, e pelo dito Joaõ Botelho
15 foi requerido ao dito Ouvidor geral, que semembargo do dito Requerimento, mandase botar o Rumo direito nafor-
ma do etillo, paraboa descizaõ destaCauza, eo dito Ouvidor lhe mandou escrever seus Requerimentos, eprottestos de
que fez este termo, que todos assinaraõ com o dito Ouvidor, eeu Francisco do Coutto Tabaliaõ o escrevi =
Pereira = Joaõ Botelho deMattos = Matheus CardozoLeitaõ = Diogo Muniz Telles = Afonço doPorto =
elogo no dia, mez, eanno declarado, no auto da mediçaõ, eVestoria atráz, o dito Ouvidor se foi aonde es-
20 ta mediçaõ havia decomessar, para effeito dever o da(m)no, que o Réo havia feito nas terras, e madeiras daAutora
AnnaFerrás, e chegando a huma estrada, que vai da Caza da ditaAnnaFerráz para aCaza donde vive Antonio de
Lima, nas terras dos Padres deSaõ Bento, e junto adita estrada, se achou hum pau muito velho, e antigo, que disse-
raõ ser o marco, por onde se devediaõ as terras da ditaAutora com os Padres deSaõ Bento, e aonde estava o di-
to pau, mandou o Ouvidor se metesse hum marco depedra, o qual semettêo com trez testemunhas depedra, ao
25 qual marco veio DiogoMoniz comembargos de nullidade a naõ co(m)messar amediçaõ do dito marco, por senaõ pre-
zentar Escriptura, que declarase, que dali comessava, o dito Ouvidor lhemandou escrever seu prottesto, e infor-
mado de pessoas que ali se acharaõ, como dali comessava aterra daAutora, mandou, que a mediçaõ secomessasse
do dito marco, correndo pelo Rumo caminho de Nórte, elogo o PilotoSebastiaõ deMacedo, que o hé do Concelho,
pôz sua agulha no dito marco, eo Medidor Antonio Fernandes Negraxo, que o hé do Concelho, foi medindo pelo Ru-
30 mo do nórte, ese mediraõ vinte, etres linhas devinte, e cinco braças cadalinha, quefazem quinhentas, esetenta, e
cinco braças craveiras, epor ser tarde senaõ foi por diante, de que fiz este termo, que todos asinaraõ com-o dito Ou-
vidor, eAjudante daLinha Pedro daSilva. Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Sebas-
9.XI.1645
tiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço doPorto = Aos nove dias do mez de-
Novembro demil eseis centos quarenta, ecinco annos, sefoi medindo pelo dito Rumo caminho do nórte, e se medi-
35 raõ vinte, esetelinhas, digo, e semediraõ trinta, esetelinhas, que fazem nove centas, evinte, ecincobraças, on-
de se acabaraõ mil, e quinhentas braças, que hé meia legoa, conforme aescriptura daAutora AnnaFerrás, que
anda nestes autos, as quaes mil, equinhentas braças se acabaraõ no pé de huma arvore, que chamaõ supupira, com-
1 marco junto da
hum galho em cima no pé da qual se cavacou, esemeteu hum marco depedra com trez testemunhas depedra, que Cachoeira
do Jagua
39 ficou junto daCachoeira do Rio Jaguaripe para abanda doLéste, de que o dito Ouvidor geral mandou fazer ripe a L(este)
230
231
92v fazer este termo, que todos assinaraõ com elle, e eu Francisco do Coutto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Se-
10 {nove}(m)bro 1645 bastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto = Aos dez dias do mez de
Novembro de mil eseis centos e quarenta ecinco annos, setornou ao marco atráz de clarado, no qual o dito Piloto Sebasti-
aõ deMacedo pôs sua agulha, eo dito Ouvidor mandou, que pelo Rumo deLeste o Éste se medissem, emcomprimento do-
5 que o dito Medidor Antonio Fernandes Negraxo, com seu AjudantePedro daSilva foraõ medindo pelo dito Rumo, e
mediraõ vinte, e nove linhas, que fazer sete centos, evinte, ecinco braças, epor ser tarde senaõ foi por diante com-a me
diçaõ, de que fiz este termo, de que todos assinaraõ, eeu Francisco do CouttoBarreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira =
11-{nove}(m)bro 1645 Sebastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto. = Aos onze dias
do mez deNovembro de mil, eseis centos, equarenta, ecinco annos, sefoi medindo pelo dito Rumo deléste o éste,
estrada q(ue) 10 quatro centas, ecinco braças, onde se acabaraõ as mil, e duzentas braças decomprido, que se acabaraõ abaixo da es-
esemediram
vae p(ar)a Cotegi
estrada que vai para Cotigipe, passando pelo meio da Rossa deFrancisco Pitta, onde está huma pedra nativa, que ficou
pe = marco por marco, onde o dito Ouvidor ouve a mediçaõ por acabada pora Autora estar inteirada confórme sua escriptura
em pedra na decompra, de que fis este termo que asinaraõ, eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Se-
tiva bastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto = Elogo no dito dia
15 acima e atraz declarado, o dito Ouvidor geral <o>/m\andou meter hum marco depedra, o qual semeteo com tes-
temunhas depedra, e ficou junto de hum caminho, que vem deSanto Amaro Pirajá, elogo pareceo o Réo Diogo Mo-
niz Telles, epor ellefoi dito, que tinha embargos asemeter ali o dito, por quanto a mediçaõ se naõ comessara don-
de sehavia decomessar, etudo éra nullo, por quanto elle estava deposse daterra donde semetia o dito marco, sem em-
bargo de que o dito Ouvidor geral mandou, que o dito marco ficasse aonde estava mettido, epelo dito Ouvidor ge-
20 ral no dito marco foi por guntado as pessoas que ali estavaõ, e as partes convem asaber ao dito Diogo Moniz Telles,
eaJoaõ Botelho deMattos procurador daAutora, eaFrancisco Pitta, eaAntonio deLima ali moradores, don-
de éra aparagem donde elle Reo havia cortado as madeiras, elenhas, a qual paragem selhe mostrou, eahi se há
por vista delles ficar o dito da(m)no dentro daterra daAutora AnnaFerrás, com o que houve aVestoria por feita,
e acabada, de que fiz este termo, que asinaraõ, eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = E declaro, que o dito
25 Ouvidor geral mandou escrever todos os Requerimentos do dito Reo Diogo Moniz, elhemandou que viesse com seus
Embargos dentro no termo da Lei, eeu dito Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Sebastiaõ de
Macedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto = Elogo no dito dia o dito Ou-
vidor geral mandou, que se metese mais outro marco no Rumo deLéste o Éste para amediçaõ ficar mais clara, esesa-
marco ber a todo o tempo averdade della, por bem do que se metteo hum marco de pedra com suas testemunhas depedra
em 1 ladei- 30 em huma ladeira dentro damatta acima de humbrejo, o qualficou defronte dehuma arvore por nome Copimba
ra a cima
de 1 brejo ao pé da qual sefez huma Cruz de que fiz este termo, que todos asinaraõ, eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ
o escrevi = Pereira = Sebastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço
doPorto = Estas mediçoens, evestoria pagaraõ as partes as partes depremio = Coutto = Elogo no dito dia atrazdeclarado
nas Cazas devivenda deFrancisco Pitta, onde estava o Ouvidor geral, parante ellepareceraõ CatherinadaSilva, Viuva
35 deAntonio deMiranda, e Gaspar Rodrigues Seichas, epor elles foi dito, que elles tinhaõ embargos amediçaõ atráz, por qu-
anto lheprojudicava, eque prottestava delhe naõ prodicar, por quanto elles possuhiaõ toda aterra que ficava para
baixo da estrada deMatoim, e o dito Ouvidor lhemandou escrever seus prottestos, e que viessem comseus embar-
Sentensa
gos no termo daLei, de que fiz este termo. Eu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Vistos estes autos,
Libello doAutor, Contrariedade do Réo, mais artigos Recebidos, eprovas dadas depapeis, etestemunhas, mediçaõ, evestoria
40 feita por meu antecessor com as partes citadas, mostrase por parte daAutora, que estando deposse como está dehuma sorte
232
233
93r sorte deterra dabanda dePirajá, que tem mil, eduzentas braças decomprido, emeia legoadelargo, a qual houveseu marido
Manoel Cardozo Botelho por titulo decompra deFernam Vás Freire, o réo como poderoso, lhetem entradopela dita
terra, etirado della muitas madeiras, elenhas para oseu Engenho, esendo noteficado asim antes, como despois decorre es-
taCauza, por manadado de meus antecessoresnão tirasse as ditas madeiras, elenhas, nem as fizesse naditaterra, compen-
5 na de cincoenta Cruzados, applicados ao accuzador, eCaptivos, sem embargo das ditas noteficaçoens, fora continuando em-
tirar as ditas madeiras, elenhas, fazendo muito damno naditaterra daAutora, sem obedecer aos mandados daJus-
tiça, mostra-se pela mediçaõ, evestoria, que meo antecessor foi fazer na dita terra, sendo o Réo citado, eprezente constar,
que os da(m)nos das ditas madeiras; elenhas foi feito dentro daditaterra daAutora, sem por parte do Réo se allegarem
embargos, nem vir com elles adita mediçaõ, evestoria, por parte do Réo se allega, que as lenhas que fazia, emandava
10 fazer, emadeiras que tirava, eraõ deterra sua propria, esealgumas levava daAutora, éraõ com sualicensa, edeseu
maridojá defunto, o que tudo visto, eomais dos aautos, edeposiçaõ de dereito, como o Réo naõ prova bastantemente a li-
censa em que sefunda, nem couza que deconde(m)naçaõ o Releve, condemno ao Réo no valor das lenhas, e madeiras, que
tirado tem da terra daAutora, as quaes selequidaraõ na execuçaõ destaSentença, enos Cincoenta Cruzados da penna,
que lhefoi imposta, em que incorreo depois delheser noteficada, naõ obedecendo àella ametade para Autora, ea outra
15 a metade para as despezas da Justiça, edefirindo aos Embargos ultimos do Enbargante José Pinto, lhe rezervo seu
direito sobre amateria delles para o deduzir quando, ecomo lheparecer, visto naõ poderem pedir com elles adetermi-
naçaõ desta Cauza emfinal, entre aAutora, eo Reo, que naõ letogaõ com elle por se naõ fazerem confuzoens, e
pague o Réo os autos Bahia vinte de Abril deseis centos, equarenta, eoito = Joaõ Jacome doLago =
Escriptura. == Saibam quantos este Instrumento de Venda, quitaçaõ, eobrigaçaõ virem, que no Anno do Nascimento
20 deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil eseis centos evinte sete annos, aos vinte, eoitodias do mes deFevereiro,
NestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, epouzadas demim Tabaliaõ ao diante nomeado, pareceram
a estes prezentes, eoutorgantes partes, a saber da huma como vendedor Fernam Váz Freire, Escrivaõ daOuvedoria geral,
morador nesta dita Cidade, eda outra comprador Manoel Cardozo Botelho, morador naIlhadeMaré, termo desta di-
Fernaõ Vaz
ta Cidade, elogo pelo dito Fernam Váz Freire vendedor foi dito em minha prezença, edas testemunhas ao diante no-
Freire vendeo
25
meadas, que entre os mais bens, propriedades de raiz, que elle tinha, epossuhia, ededireito lhepertencia, bem assim éra como a M(ano)el Cardo-
zo Botelho
hé, humasórtedeterra sita no lemitte daPitangua, Freguezia deSanto Amaro, termo desta dita Cidade, que tem mil, e 1200 br(aça)s X
duzentas braças de comprido, e meia legua delargo, queparte dehumabandacom terras deAntonio Machado deVas- 12 legoa de largo,
q(ue) fôra das
concellos, edaoutra com os Padres deSaõ Bento, e comquaes quér outras conforntaçoens com que de direito devaõ, ehajaõ
Fogaças
departir, ede marcar saõ forras, eizentas, sem obrigaçaõ deforo, nem tributo algum, eelledito Fernaõ Váz Freire, a houvera
/compr(ada)s
por titulo de compra deBelchior deBarros, edesua maỹ Maria Fogassa, e deSalvador Correa, e desua mulher Mar- em*/
8-{sete}(m)bro-
30 garidaFogassa, como mais largamente severá da Escriptura de vendafeita por Sebastiaõ daSilva em os oito dias 1625
do mez deSeptembro do anno demil, eseis centos, evinte, esinco, que está as folhas do livro do ditoSebastiaõdaSilva,
Tabaliaõ oitenta, etrez, a qual dita sorte de terra acima nomeada, com todas as suas entradas, esahidas, serventias,
mattos, aguas, possessoens, elogradouros, como ella de direito lhepertense por seus titulos, emelhor semilhor podeser dice o-
dito Fernam Váz Freire, que ellevendia, como defeito logo vendêo deste dia para todosempre ao dito Manoel
35 Cardozo Botelho, que prezente estava empreço, equantia deduzentos, e dez mil reis em dinheiro de contado forros para
elle dito vendedor pagos na maneiraseguinte, asaber cem mil reis em dinheiro decontado, logo que o ditoVendedor Fer-
nam Vás Freire confessou ter já em si recebido em dinheiro decontado damaõ do dito comprador, epor assim ser, disse o dito
Vendedor, que delles lhe dava, como defeito logo deu geral quitaçaõem seus bens, eherdeiros aos ditos cento, edez mil reis
39 do preço desta venda, disse o dito Manoel Cardozo Botelho comprador, queelle se obrigava, e defeito seobrigou deos dar; epa-
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235
93v epagar dentro desta dita Cidade em dinheiro decontado ao dito Vendedor Fernam Vás Freire dehoje feitura desta Escrip-
tura ahum annoprimeiro seguinte, sem ao tal tempo lhe vir com duvida, ou embargo algum, evindo com elles, quer, ehé
Contente denaõ ser ouvido, nem admettido com rezaõ alguma, quedenada sequér, nem ajudar, senão com effeito pa-
gar ao dito tempo devido, epelo dito vendedor Fernam Váz Freire foi dito, que aceitava adita obrigaçaõ, etirava como
5 defeitologo tirou desi, demittio, e renunciou todo o direito, acção, epertensaõ, senhorio, util dominio, posse propriedade,
opoder prezente, efuturo, sabido, enaõ sabido, que tinha, epodia ter naditasórte deterra, esuas pertenças, e Cazas devivenda,
etodo
edenegros, etudologo possedeu etrespassou no sobredito CompradorManoelCardozoBotelho, para que tudo hajaelo-
gre mansa, epacificamente, e faca como coiza suapropria que já hé por bem deste instrumento por vertude do qual lhedeu
logo lugar, epoder para que por ellesomente sem mais outra authoridade de Justiça, por si, ou por quem lheaprover pos-
10 sa tomar, etome posse dasobre dita sortedeterra, eFazenda, esuas pertenças, posse pessoal, real, actual, Civel, enatu-
ral em si a reter, econtinuar para sempre, quér a tome quér naõ, toda via lha houve logo por dada nelle, eseus herdeiros
eSuccessores por incorporada pela clauzula constituti, epara o dito comprador todupoder havêr, ter, epossuir, lhe cede,
passa
etres- todas as suas acçoens reaes, epessoaes prezentes, efuturas activa, epassiva, etodo o remedio dedireito, que lhe
epode competir, eofas seu procurador em cauza propria, eprometteo, eseobrigou de comprir ter, emanter o conteudo neste
compete,
15 Instrumento, edeo naõ revogar, nem contradizer, antes fazer adita sórte deterra boa, segura, ede pais livre,edezembar-
gada detoda, equal quér pessoa, que algumaduvida, demanda, ou Embargo queiram pôr, eatudosedar por Autor, ede
fenssor asua propria custa, edespeza athé lhatornar apôr, alias succedendo o contrario, tornar ao dito comprador
os ditos cem, mil reis jâ recebidos, eo que mais constar tem recebido daquantia dos ditos duzentos, e dez mil reis do preço
Venda, etodas as bem feitorias, emelhoramentos, que tiver feito, emelhoramento nos ditos bens, será crido por sua verdade,
desta
20 ramento,
eju- tudo em dinheiro decontado, epara tudo assim cumprirem hum, eoutro disseraõ que o obrigavaõ, como defeito lo
go obrigaraõ suas pessoas, ebens moveis, ede Raiz havidos, epor haver, eem expecial o melhor parado delles, que para elles
obrigaraõ cada huma naparte, que lhe toca, e em fê, etestemunho deverdade assim o outorgaraõ, epor detodo serem conten
tes, eestar no dito acordo, evontade mandaraõ ser feito este instrumento devenda, eobrigaçaõ nesta notta que assinaraõ, e
la dar, epassar os treslados, que forem pedidos, eposto, que esta Escriptura está continuada em vinte, eoito dias do mes
del-
1o III 1627 25 deFevereiro,
foi lida, eoutorgada pelas partes em oprimeiro dia do mez de Março do dito anno demil, eseis centos, evinte, esete, edis-
se o dito Manoel Cardozo Botelho, que chegado o dito anno, e naõ pagando, havia por bem, que odito Fernam Vás
Freire fizesse citar em nome delle comprador ao Extribuidor Joaõ deAndrade, ouquem seu cargoservir, epela
tal citaçaõ, o poderá proceder até final sentença, o que outorgaraõ sendo testemunhas Simaõ Francisco Madriz,
eFrancisco Barboza deBritto, e eu Tabaliaõ conheço as partes vendedor, ecomprador, serem os proprios conteudos
30 nestaEscriptura, os que prezentes estavaõ, etodos assinaraõ. Joaõ deFreitas Tabaliaõ o escrevý = Fernam
Vás Freire = Manoel Cardozo Botelho = Francisco BarbozadeBritto = Simaõ Francisco Ma-
driz = Segundo mais largamente éra conteudo, edeclarado nas ditas mediçoens, e Escriptura, que por parte da
ditaReé AnnaFerráz fora junta aos autos, dos quaes houvera vista o procurador dos Autores para Replicar,
com a qual Replica viera, eaReé com sua Treplica, que tudo outrosim na mesmaforma lhefora recebido, e
35 por naõ quererem mais articular se asinara na Cauza tempo, etermo de dilaçaõ, e lugar deprova para elles partes
adarem aseus artigos Recebidos, o que fizeraõ pelos mesmos autos, papeis, documentos, epor inquiriçoens detestemunhas;
o que tudofoi tirado comessado, eacabado em termo, etempo devido, elançado demais prova houvera odito Juiz ordinario
as Inquiriçoens por abertas, epublicadas, ejuntas ao feito mandara dar vista as ditas partes para Rezoarem em final,
39 esendo dadas aseus procuradores por elles, epor cada hum delles, fora tanto dito , allegado, apontado deseu direito, ejustiça
236
237
94r ejustiça que com as rezoens, com que vieraõ os aautos sefizeraõ concluzos, esendo aprezentados ao dito Juis, evistos por
S(e)n(te)nca por
elle,sua sentensa pronunciara ado theôr seguinte = Vistos estes autos, petiçaõ folhas trez, na qual os Religiozos
nelles
doPatriarcha Saõ Bento, inttentaõ continuar com a mediçaõ dehuma datadeterra que herdaram de Garcia Davilla,
que haviaõ comessando em o anno eseis centos evinte edois afolhas trinta, com aqual mediçaõ senão foi por diante
5 no dito tempo folhas trinta, eseis excepssaõ daReé AnnaFerrás, que lhefoi recebida por contrariedade, Replica, Tre-
plica, Escripturas, eSismarias, eSentensa, folhas cincoenta, eseis, e mais papeis juntos, mostra-se por parte dos Auto-
res pertencer-lhes humadatadeterra, que tem huma legua por costade mar, eduas legoas para oSertaõ,
nolemittes daItapoan, que houveraõ por titulo de heransa, que lhes deixou Garcia Davilla, o qual havia
tomado posse della judicialmente, e arrendado aPauloRibeiro no anno de mil, equinhentos, e noventa, esete, eoutros
10 Colónos, mostra-se mais, que no anno de mil, eseis centos, evinte, edois, requereraõ os Autores, queriaõ medir adi-
ta terra, ecom effeito me diraõ alegoa por costa de mar, ehu(m)a legoa para oSertaõ, e não foraõ pordiante por falta depor-
tunidade, ficando postos marcos, eprincipalmentehum, o deSaõ Bento, e que aReé tem as Cazas deVivenda do mar-
co dos Autores paradentro dasua terra; por parte daReé semostra, eprova, estar deposse por si, eseus antecessores
da terra, em que está epossue de mais de quarentaa annos aestaparte; que ahouve por titulo de compra seu marido Manoel
15 Cardozo Botelho de Fernam Váz Freire, e que Garcia Davilla, de quem as houveraõ os Autores, nuncaesteve
deposse da terra daReé , prova-se mais por parte daReé, que havendo entre ella, e Diogo Moniz Telles de manda, se
fez mediçaõ da data daReé, que saõ mil, e duzentas braças de comprido, e meia legoa de largo, assestindo aella o Dezembar
gador ManoelPereira Franco, alguns Religiozos doPatriarcaSaõ Bento, por serem vezinhos daReé, eforaõ as ditas
mediçoens julgadas por Sentença sem por parte dos Autores secontradizer; o que tudo visto com os mais dos autos, e naõ
20 ser verosimel, que os Autores sendo vezinho daReé, e achando-se prezentes alguns Religiozos a mediçaõ e de marcaçaõ,
publicamente
que fez o dito Dezembargador, naõ tivessem noticia della, julgo que os Autores prosigaõ sua medissaõ, que
saraõ,
comes- com declaração, que naõ prejudicaràõ a Reé, nemlhe entraràõ dos seos marcos para dentro, eparecendo aos Autores,
que tem algum direito para revendicarem aterra, que aReé pessue asombra doseu titulo, eposse taõ antiga, o requeiraõ
pela via, que lheparecer, epaguem os Autores as custas destes autos Bahiadezanove deAgosto demil eseis centos, e-
25 cincoenta, eseis annos = Balthazar deAraujo deAragaõ = A qual Sentença sendo assim publicada pelo dito Juiz
empublica audiencia, que elle aos feitos, epartes fazia no Paço doConcelho desta dita Cidade no dia, mez, eanno nella de
App(ellaç)am do, logopeloDoutor Joaõ de Góes deAraujo, procurador dos ditos Autores foradito, que Appellava da ditaSentensa pa-
clara-
ra estaRellaçaõ do Estado doBrazil, eo dito Juiz lhe mandara escrever sua Appellaçaõ, eos ditos Autores fizeraõ citar
aReé para seguimento, atempaçaõ, a valiaçaõ, etodo omais necessario da dita Appellaçaõ, efora portal havida emJuizo, e
30 as partes selouvaraõ em quem a valiasse aCauza, e com effeito foi avaliada, eAppellaçaõ recebida para esta minhaRel-
laçaõ, em cujo Juizofoi seguida, eàpprezentada em tempo, etermo devido, aonde as ditas partes houveraõ vista dos-
autos nesta segunda Instancia para arezoarem em final, esendo dada aseus Procuradores, por elles, epor cadahum delles
fora tanto dito, allegado, apontado, e arezoado deseu direito, ejustiça, que com as rezoens com que vieraõ, os autos
cluzos,
sefizeraõesendo
Con- vistos por mim em Rellaçaõ, com os do meu Dezembargo, Dezembargadores das Appellaçoens, eAggravos
S(e)n(te)nca
da
35 Civeis, dellafinalmente Acordei = Que bem julgado pelo Juiz ordinario destaCidade, em mandar, que os Appellantes,
R(ellaç)am o Padre Dom Abbade, e mais Religiozos do MosteirodeSaõ Bento procigam a mediçaõ que commessaraõ; porem em de-
clarar, que com adita mediçaõ naõ seprojudique aAppellada AnnaFerráz, nem selheentre deseus marcos para dentro,
naõ foi por elle bem julgado, Revogando nestaparte sua sentensa, cumpra-se oConfirmado por alguns deseus funda-
39 mentos, eo mais, que dos autos consta, os quaes visto, ecomo semostra que aterra emque a Appellada está, nuncafoi me di-
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239
94v medida, nem de marcada, nem se possuhio por espaço detantos annos, que bastem para seprescrever, maiormente contra
teiro deSaõ Bento, para o que saõ necessarios secenta anno por Previlegio que lhe concedo oPapa Eugenio no anno demil,
hum Mos-
centos,
equatro etrinta, equatro: mando que adita mediçaõ seprosiga, eainda que projudique aAppellada, se messaõ, edemarquem as
as para
duas oSertaõ, que sederaõ deSismaria a Garcia Davilla, eem que os Appellantes succederaõ, epague aAppellada as
lego-
21 M(ar)ço 1658 5 autos
Custasdedestes
ambas as Instancias, em que a conde(m)no. Bahia vinte, ehum deMaio demilseis centos, ecincoenta, eoito annos =
deMendonça
Seco = Barradas = Soares = A qual minhaSentensa sendo assim publicada nos Paços de minha Rellaçaõ pelo meu
dor, que ao tal tempo era dos Aggravos, eAppelaçoens Civeis della, o Doutor Fernam daMayaFurtado, mandei que
Dezembarga-
mo nella secontinha,
secomprisse co etirando-se doprocesso aditaSentensa por parte dos ditos Autores, eReverendo Padre Dom Abbade, e
ligiozos
mais Re- doMosteiro do Patriarcha Saõ Bento destadita Cidade, indo-a passar pela minha Chacellaria por parte dadita Reé
Emb(ar)gos a Chan-
10 AnnaFerrás, ebem assim dos Capitaens Valentim deFaria, eFrancisco Pitta Ortigueira, foi em bargada com os Embargos:
cellaria.
copea
cuja hé aseguinte = Provará que aSentensa embargada, sefunda em que para prescrever contra oMosteiro deSaõ Ben-
to Embargado, hé necessario posse continua por espaço demais desecenta annos, conforme o Previlegio do Papa Eugenio
do aos Religiozos deSaõ Bento, e que a Embargante Anna Ferráz, naõ tem aditaposse de mais desecenta annos, eas-
concedi-
sim que naõ pode allegar prescripçaõ, sendo que = Provará que a terra em que aditaAnna Ferráz está, epossue, foi dada de
15 Sizmaria aDiogo daRoxa deSaá, Avô do Embargante Valentim deFaria, e hé parte dalegoa, que selhedeu deSismaria; a-
qual já se havia dado aoutro possuidor, antes daSismaria de Garcia Davilla, enessa forma sedeo ao dito Diogo
possuhio
daRoxadeSaá,alegôao que
quallhefoi dada, de que hé parte a terra daContenda, edepois delleseus successores athé oprezente por
tenta,
espaçoe demais
noventadeoi-
annos; eassim ficaõ legitimamente prescripta aterra da contenda, alem deque = Provará, que desde otempo
taconcessaõ até oprezente, nunca os Religiozos deSaõ Bento nem Garcia Davilla possuiraõ aterra que está daestrada Real
dadi-
20 raja, digo para abanda dePirajá, que hé aque possue aEmbargante AnnaFerrás, eaterra que Garcia Davilla possuhio, e em
para Pi-
ve Colo(n)no<o>/s\,
que te- foi napria daItapoan, aprte muito diversa daterra da Embargante, que fica da dita estrada para Pirajá,
nunca
eassim o Mosteiro Embargado, teve posse daterra da Embargante, alem de que = Provará, que estaterra, que os Embargados
tendem hé por dizerem serem herdeiros de Garcia Davilla, edos autos naõ consta, em como aos ditos Embargados pertense
per-
tes o contrario
suaherança, an-hé notorio, por ser Garcia Davilla seu Néto, seu herdeiro, por ser filho deFrancisco Dias Davilla, filho do
25 Garcia
dito Davilla, o velho, ecomo os Emabargados naõ provaraõ ofundamento desua acçaõ, ficou aSentensadada emseu favor,
denenhum
nulla, e effeito = Provará que nos bens adqueridos por titulos de herança, as Religioens basta aprescripsaõ ordinaria,
que quando oditoGarcia Davillafaleceo, já eraõ passados mais de quarenta annos, que odito Diogo daRoxadeSaá
maiormente
legoa deterra, que
estavadeposse da- lhefoi dada deSismaria, eque hé parte aterra da Embargante; e assim tinha legitimamenteprescripto
contra odito Garcia Davilla, em cujaCabeça, ecomoseus herdeiros, pedem os Embargados esta terra = Provará que as me-
30 diçoens em que os Embargados fundaõ suajustiça, esemandaõ proceguir com duas legoas para o Sertaõ, saõ de direito
de nenhum
nullas, e- effeito, por que nellas naõ assestio oProvedor mór, que entaõ éra Juis daCauza, enaõ vio meter marco algum, e
taõbem por queforaõ embargadas, e contraditadas; eassim naõ tem os Embargados por ella duvida alguma, nem acçaõ algu-
ma, alem de que acitaçaõ que sefez aos Officiaes daCamara, foi nulla por faltar Provizaaõ deSuaMagestade = Prova-
rá que as ditas mediçoens sefizeraõ no anno deseis centos, evinte e hum, no qual tempo já eraõ passados mais desecenta
35 alegua deterra em que a Embarganteestá, se havi<d>/a\o dado deSismaria a Diogo daRocha deSaá, enella tinhaCazas
annos, que
Domingo deVilla chaa(n) pai deBelchior deBarros, que avendeo aFernam Vas Freire, de quem ahouve por titulo de-
compraManoel Cardozo, marido della Embargante, quanto mais, que os Embargados naõ podem, nem nunca podiaõ
39 ter mais de huma legoa para oSertaõ, que foi o que pedio o dito GarciaDavilla, nem podia concederse-lhe mais do que pe-
240
241
95r pedia maiormente sendo emprejuizo deoutra Sismaria, que já estavadada aoutro morador = Provará que os Embarga-
dos fizeraõ hum contracto com Fernam Vás Freire, pelo quallhe largou sua fazenda, e sedeu todo seu direito, eentre
as couzas que sedeclaraõ, se relata no dito contracto como havia vendido adita terradacontenda ao marido da Em-
bargante, etendo os Embargados obrigação delhefazer boa aditavenda, como successores do dito Fernam Váz, injusta-
5 mentelhepede(m) a mesma terra, que tem obrigaçaõ delhefazer boa, esem mostrár otitulo por ondelhepertense aherança
de Garcia Davilla, eassim ficou aSentensa embargada nulla, por defeito deprova, havida pordollo dos Embargados ==
Provará que tanto hé assim ter a Embargantejustiça, que votou em favor, eem confirmaçaõ daSentensa do Juiz
O Senhor Dezembargador Christovaõ deBurgos, e em segundolugar oSenhor Dezembargador Luiz Salemo deCarva-
lho, por verem ajustiça della Embargante = Provará que oSenhor Dezembargador Francisco Barradas, que votou em-
10 quartolugar, seguindo aoSenhor Doutor JorgeSêco Chanceller daRellaçaõ, naõ podia votar, e ofez por esquecimento,
epelas muitas occupaçoens doseu Officio, por quanto setinha dado por suspeito aos Embargados, eassim ficou aSentença
bargada nulla pordefeito de hum voto, e naõ poder ser nella Juis o ditoSenhor Dezembargador Francisco Barradas, Fa-
Em-
mapublica // Pede Recebimento, eprovado onecessario, seja revogada aSentensa Embargada, ejulgada por nulla, e con-
firmada ado Juiz ordinario no melhor modo de direito, com custas = Offeró Britto = Como Procurador Gaspar de
15 Britto daSilva: Segundo mais largamente éra conteudo, e de clarado nos ditos Embargos, esendo juntos aos autos
comProcuraçoens das partes, por Acordam da minhaRellaçaõ, selhe mandara dar vista, esendo dada aseus Procuradores
com o que disseraõ, allegaraõ, eapontaraõ deseu direito, ejustiça, epapeis que porhuma parte, eoutra sejuntaraõ os autos
sefizeraõ concluzos, esendo vistos por mim em Rellaçaõ com os do meu Dezembargo, Dezembargadores das Appella-
Acordaõ çoens, eAggravos Civeis della = Acordei etc Que antes deoutro despacho, serradas às ttençoens, sefizesse Vestoria nas-
27 Ag(os)to
20 terras da contenda, e que para isso sefizesse deposito, esecitassem as partes. Bahia vinte, esete deAgosto demil seis centos
1658
cincoenta eoito = O qual Acordam, sendo assim publicado nos Paços de minha Rellaçaõ, pelo meu Dezembargador que
foi della o Doutor Luiz Salemo deCarvalho, em seu comprimento serradas as tençoens, e citadas as partes para adita
Auto
deVesto
Vestoria sefez, econtinuou naforma, e maneira seguinte = Anno do Nascimento deNosso Senhor
ria. Јεѕνѕ Christo de mil seis centos cincoenta e nove annos, aos oito dias domez deJaneiro do dito anno nos le 8-Jan(ei)ro 1659
25 mittes daItapoan, terras deFrancisco Ferreira de Olival, cazas da morada do Capitaõ Pedro daRoxa, em que
se agazalharaõ os Dezembargadores Juizes destaCauza, o Doutor JorgeSeco deMacedo, eo Doutor Francisco
Barradas deMendonça, eo Doutor Afonço Soares eAfonseca, sendo elles ahi prezentes com migo Es-
crivaõ, ebem assim Manoel Marques Piloto do Concelho, eAntonio Fernandes Negraxo Medidor do dito
Concelho, eoPadre Frei Gabriel, eoPadreFrei Antonio Religiozos doPatriarchaSaõ Bento, eem no-
30 medoPadre Dom Abbade, e mais Religiozos doConvento destaCidade por seu Procurador olecensiado
Joaõ de Goés deAraujo, ebem assim o Capitaõ Valentim deFaria, eFrancisco Pitta Ortigueira que taõ bem foraõ
Embargantes, edezistiraõ deseus Embargos, como constados termos atraz por elles assinados, eoutras pessoas, elhe pro
pozeraõ os ditos Dezembargadores, que parafazer esta Vestoria, haviaõ dehir comessar no Sitio adonde esteve antiga-
mente o Engenho da Sismaria dada a Diogo daRoxa, pondo-se todos aCavallo, fomo pela estrda publica dos Cam-
35 pos do Pitta até hum baixo aonde os sobreditos Valentim deFaria, Francisco Pitta, Joaõ Baptista morador em Santo
nasçença
Antonio, eManoel deLima mostrár oSitio doEngenho, e ainda vestigios deparedes della, tendo visto acima
do rio ver-
o tanque que dizem fora do dito Engenho, que hé a nassensa do Rio Vermelho, cuja corrente atravessa aestrada que melho
Aldeya do
vem daCidade, e naõ souberaõ dizer aonde estava antigamente aAldeya do Tubaraõ, mais disceraõ que entendi-
Tubaraõ
39 aõ que por a quella estrada, sedevia hir a ditaAldeya, elogo oDoutorJorgeSeco deMacedo, advertio ao Dou-
242
243
95v ao Doutor Afonso Soares deAfonseca, como Zelador daCauza, que mandse apregoar a Embargante Anna Ferráz , ou
que por ella requerese, ao que sem pregaõ, respondeo seu genroFrancisco d'Almeida, que ali estavaprezente em seu nome,
tar doente, esendo-lhe perguntado setrazia procuraçaõ sua, disse, que não, nem se achou nos autos, vendo-se aprocuraçaõ
algum,
quatro,
por ella substabelecimentofolhas
es- seis, pondo oPiloto ManoelMarques agulha, de mandou ao nórte dentro no qual mais
5
aparte
folhas de nórdeste em cimajunto daEstrada, por onde dicemos que corre entre ella, eotanque que foi do dito Engenho, emais
cima setinha visto apicada que o dito Piloto havia feito couza de duzentas braças pouco mais, ou menos afastado do dito
Engenho,
a que hé oque comessou napraia, Costa do mar brabo, entre aSismaria doConde daCatanheira, ea que foy
de Garcia Davilla, que hoje hé dos ditos Religiozos estadeque setracta, eacharaõ ser muito dificultozo, medindo-se o
Engenho para abarra do Rio Vermelho, pelos muitos oiteiros, e mattos, e brejos que há em meio, mas segundo parecer dos
10
seentederaõ poder haver por linha recta duas legoas emeia sobre que o ditolecenciado Joaõ deGoés fez requerimentos, alle-
gando
mais, que era taõ perto daCidade, que só lega, emeia poderia haver, com-o que ouveraõ os ditos Dezembargadores
por feita nestelugar, evoltamos todos pela mesma estrada a hir ver o marco depau, quedeziaõ se chamavadeSaõBento,
quesendo
aVestoria junto delle, mostrou oPiloto olugar do marco, contestando os ditos Capitaens Valentim deFaria, eFran-
cisco Pitta, queelle héra, edeclarando o medidor Antonio Fernandes Negraxo, que dali viera com-o Ouvidor geral Ma-
15
noelPereiraFranco comessar aVestoria sobre aduvida entre adita Embargante AnnaFerráz, e Diogo Moniz Telles, que
na quelle tempo vira ainda o tronco depau velho, que as testemunhas para isso chamadas, disseraõ ser aquelle, eoutro sim
seachou, evio o dito marco depedra que o dito Ouvidor geral mandou meter por o pau estar podre, eo Dezembargador
JorgeSeco deMacêdo, mandou sevice setinha as trez testemunhas depedra, de que nadita Vestoria sefaz mensaõ,
e dou fé queforaõ descubertas pelo Piloto, eas vi, eoutras pessoas, edeclarou o dito Piloto ManoelMarques, que a-
20
picada que fizera por ondeviera daCosta do mar, correndo otravessaõ entre os Frades, eJoaõ Alvares, ePaulo Antunes,
correndo ao rumo denoroéste a quarta donorte demorada muito ao nórte deste dito marco, a qual naõ seacomodarem em-
rumo, nem entravessaõ na medissaõ dos Frades deSaõ Bento, por que passava inda muito adiante,ainda aprimeira legôa,
que vem daCosta domar já foi de marcada, epor sepor oSol, se naõ obrou mais neste dia, edeclaro, que nelle senaõ achou
prezente o Doutor Francisco Barradas deMendonça por impedimento que teve, de que tudo mandaraõ fazer este
25
auto, que assinaraõ com os ditos Piloto<s>/e\,medidor, ecomo testemunhas odito Capitaõ Valentim deFaria, Francisco Pita,
Manoel deLima colo(n)no dadita Anna Ferráz, eeu Joaõ TeixeiradeMendonça, que sirvo de Escrivaõ das-
Appellaçoens, eAggravos, eosou destes autos o escrevý = Afonso Soares daFonceca = JorgeSêco deMacêdo = Antonio
Fernandes Negraxo = Manoel Marques = Francisco Pitta Ortigueira = Valentim deFaria Barreto =
9-Jan(ei)ro
= Aos nove dias do mez deJaneiro demil, eseis centos, ecincoenta, enove annos, foraõ os ditos trez Dezembar-
1659 30
gadores com o Piloto, eMedidor, eos ditos Religiozos deSaõ Bento, ede mais o PadreFrei Antonio daEsperança,
eolesenciado Joaõ de Góes deAraujo seu procurador, eoCapitaõ Valentim deFaria, eFrancisco Pitta Ortigueira, com-
migo Escrivaõ ao ditolugar do chamado marco depau deSaõ Bento, aonde ontem acabamos, que nelle semostrou
ao dito Dezembargador Francisco Barradas deMendonça o marco depedra, eselhepraticou o que vimos datarde de
ontem, ecomo dali para o nórte, correra amediçaõ deAnnaFerráz com DiogoMoniz Telles, eaonde alem demorada,
35
adita picada que fizera o dito Piloto, elogo caminhando pela estrada para aparte do mar brabo, acouza detiro de-
espingarda, viraõ junto daestrada aparte esquerda humas Cazas grandes novas, cobertas depalha, perguntando o que éra,
diceraõ morar ali Manoel deLima colo(n)no dadita Anna Ferráz, que doutras mais pequenas, evelhas que es-
tavaõ aparte direita da banda daestrada, sehavia mudado para ali ào norte das quáes, demoravaõ as Cazas,
39
em que habita adita Anna Ferrás, já na decida do Rio Jaguaripe, aqualAnna Ferráz, por estar ali prezente nas Cazas
244
245
96r nas Cazas do dito Manoel deLima, fui eu Escrivaõ de mandado dos Dezembargadores por ficarem como hiaõ
continuando aVestoria, setinha que requer nella, e que nomeasseprocurador, que em seu nome assestisse àella, epela
dita anna Ferráz mefoi respondido, que tinha por seu procurador aseu Cunhado Joaõ Botelho deMattos, eque naõ
tinha outrem, e logo pela dita AnnaFerrás mefoi dito que fazia procurador, digo fazia seu procurador ao Capitaõ
5
Valentim deFaria, como consta daprocuraçaõ, que ajuntei aestes autos, e caminhando pela dita estrada, e da banda do-
marco depedra dos ditos Frades deSaõ Bento, que sepos ademarcaçaõ daprimeira Legoa, como consta dos autos atrás,
folhas trinta, e cinco, efomos vendo sempre aparte esquerda da estrada da tapada da madeira, que diceraõ ser do ditto
Manoel deLima colo(m)no deAnnaFerraz, epouco adiente della da dita tapada, e na borda da estrada, que chamaõ
daCajá, couza de duas braças a banda esquerda, o dito rumo de noroéste, quarta do nórte, sevio o dito marco entre hu(m)
10
matto muito alto daterra, e com aface, eletreiro, que diz Saõ Bento para a parte da estrada, e rumo deSuéste, quarta de-
Sul, etambem sevio entre o dito Marco aestrada nova que hia correndo no vizo daestrada velha, entre a nova do dito
marco, com o que ouveraõ os ditos Dezembargadores a vestoria deste dia porfeita, por ser já oSol posto, de que
mandaraõ fazer este termo, que asignaraõ comos ditos Piloto, e Medidor, eoCapitaõ Valentim de Faria, eFran-
cisco Pita Ortigueira. Joaõ TeixeiradeMendonça o escreví = Afonso Soares deAfonceca = JorgeSeco de-
15
Macêdo = Francisco Barradas deMendonça = Valentim deFaria Barreto = Francisco Pitta Ortigueira =
ManoelMarques = Antonio Fernandes Negraxo = Elogo no mesmo dia, mez, eanno os ditos Dezembar-
gadores acima nomeados, eassinados, rezolveraõ que seria conveniente, que eu Escrivaõ, com oPiloto ManoelMar-
ques, eMedidor Antonio Fernandes Negraxo, que os saõ doConcelho, fossemos amanhaã pela manhaã, que se-
contaràõ dez deste dito mez deJaneiro, aolugar do marco velho depau, aonde se achou o marco depedra com-
20
as trez testemunhas, que na Vestoria, que anda nestes autos afolhas cincoenta, eoito, mandou meter o Ouvidor ge-
ral ManoelPereira Franco, emedisse-mos com distinçaõ quantas braças há do dito marco athé as Cazas deMano-
el deLima colo(m)no da dita Anna Ferráz, e da ditaCaza por quantas braças corre para Léste aserca, etapagem da-
dita AnnaFerrás, que vimos por junto da dita estrada, eaparte esquerda della athé ofim da Rossa dodito Ma-
noel deLima, e da li quantofica athé o marco depedra deSaõ Bento, que vimos junto da mesma estrada, que
25
hé a que vai para a Caza grande, e decomo assim o mandaraõ, fiz estetermo, que os ditos Dezembargadores asinaraõ.
Joaõ TeixeiradeMendonça oescreví = Francisco Barradas de Mendonça = JorgeSeco deMacedo =
10 Jan(ei)ro
Afonso Soares deAfonseca = Aos dez dias do mez deJaneiro demil seis centos cincoentaenove annos, nos di-
tos lemittes da Itapoan, nas ditas terras, em comprimento do mandado atráz, fui eu Escrivão, com oPiloto demarca- 1659
dor Manoel Marques, eo Medidor Antonio Fernandes Negraxo atráz nomeados, que são do Conce-
30
lho, aolongo do dito marco depau, em que hoje está o dito depedra; e nelle o dito Medidor Antonio Fernandes
Negraxo estendeo sua linha, e a medio por hu(m)a varademedir afilada, quepara isso trazia, diante de mim
Escrivão, e medio por ella cincoenta varas, quefazem so(m)ma, e quantia devinte, ecinco braças craveiras, elogo
comessou sua mediçaõ, pondo aponta dalinha no dito marco depedra aondeesteve o depau, eforaõ medindo pela
estrada com o rosto aléste athé o canto daserca, defronte daporta deManoel de Lima, e a chamos quatrolinhas,
35
que fazem sem braças, edo dito cantofomos continuando aolongo daserca, que correjunto daestrada, e achamos
ter tres linhas, que fazemsetenta, ecincobraças, efomos correndo por diante athé aprimeira porteira, e me-
dimos onzelinhas, que fazem duzentas, setenta, e cinco braças, efomos continuando, e medimos athé asegunda por-
teira, e achamos cinco linhas, que fazem cento, evinte, e cincobraças, efomos continuando athé oprincipio da
39
Rossa deManoel deLima, eachamos trez linhas, que fazem setenta, ecincobraças, e continuando com atapagem
246
247
96v com atapagem da dita Rossa deManoel de Lima até ofim della, eachamos quatrolinhas, quefazem sem braças,
edali onde acaba, enão haja maiz serca, outapagem, fomos continuando até o dito marco depedra, quetem porsi-
nalSaõ Bento, de que no dia atrás sefás mensaõ, eachamos novelinhas, que fazem duzentas, evinte, ecinco bra-
ças, eachamos que dolugar do dito marco de pau, donde comessamos até este depedra ao todo, há trinta, enove
5
linhas, quefazem nove centas, setenta, ecincobraças craveira dedes palmos cadahuma, eporquanto aditaes-
trada naõ corresempre direita aléste, mais vai fazendo algumas voltas pequenas, hora para a mão dereita, ho
41
ra para aesquerda, diceraõ os ditos Poloto , eMedidor, que dando deabatimento pelas voltas daestrada ascento, eseten-
ta, ecincobraças, entendem, que haverá de marco amarco, medindo-se por rumo direito, oito centas braças cravei-
ras antes mais, que menos, de que tudo dou minhafé passar naverdade, efiz este termo, que assinei comos ditos Pi-
10
loto de marcador, e Medidor. Joaõ TeixeiradeMendonça o escrevi = ManoelMarques = Antonio Fer-
nandes Negraxo = Joaõ TeixeiradeMendonça = Segundo mais largamente éra conteudo, e de clarado
nas ditas mediçoens, e devizoens, com as quáes os autos foraõ levados concluzos, esendo-me aprezentados, vistos
por mim em Rellaçaõ, com os demeu Dezembargo, Dezembargadores das Apellaçoens eAggravos della =
Acordaõ so-
Acordei, que sem embargo dos embargos, que naõ recebia, visto sua materia, eautos, aSentença Embargada se cum-
1º- {dez}(m)bro 1661 15
prisse, epassasse pela Chancellaria, econdemnava aos Embargantes nas Custas naformada Ordenação Bahia oprimeiro bre os
deDezembro de mil, eseis centos, esecenta, ehum = Esendo este Acordam assim publicado nos Paços deminha Rel- Emb(ar)gos
6-{sete}(m)bro T(e)r(m)o
laçaõ pelo meu Dezembargador, o Doutor Agostinho de Azevedo Monteiro, semostrava = Que sendo aos seis dias do
1661
mezdeSeptembro de mil eseis esecenta ehum annos, nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, e deAggr(av)o
Paços daRellaçaõ deste Estado, empublica audiencia, que emfeitos, epartes fazia o Doutor Agostinho de-
20
Azevedo Monteiro do meu Dezembargo, Dezembargador dos Aggravos naditaRellaçaõ, parante elle
pareceo, o Doutor Pedro Vás Roxo, e por ellefoi dito, quecomo Procurador, que éra de Anna Ferráz, edesua fi-
lha menór Violante Cardoza, Francisco Pitta Ortigueira, Valetim deFaria Barreto, Bartholomeu de-
Vasconcellos, Antonio Barreto, Francisco daRochadeSaá, Amaro Homem deAlmeida, o Sargento mor-
Francisco Fernandes Fragoso, oPadre ManoelVáz, Leonor de Cazares, Guiomar deSouza, Victoria daSilva,
25
MariadeMiranda, o Capitaõ Antonio daFonceca, Gaspar Rodrigues Seichas, João Mendes de Vasconcellos,
Joaõ Baptistada Veiga, como constava das Procuraçoens, que aprezentava em seos nomes dos ditos seus Cons-
tituintes, disse, que Aggravava para a Caza daSupplicaçaõ da Cidade deLisboa daSentensa, que se déra afavor
dos Reverendos Padres deSaõ Bento, pela qual selhemandava medir, e encher duas legoas deterra na cauza,
que traziaõ com Anna Ferrás, nas quaes duas legoas deterra, seincluhiaõ, eestavaõ as fazendas, deque os Ag-
30
gravados eraõ Senhores, digo de que os Aggravantes eraõ Senhores, enaõ foraõ ouvidos, nem citados, ejuravaõ
se necessario héra, que lhes chegara anoticia, pedindo recebimento deseu Aggr avo, que preparariam, citando
as partes para avaliaçaõ da Cauza; e que outrosim Aggravava taõbem para aCazadaSupplicaçaõ decon-
de(m)narem as Custas ao Capitaõ Valentim deFaria Barreto, eFrancisco Pitta Ortigueira, que lhepedia lhe-
mandase escrever seu Aggravo naforma que requeria, evisto pelo dito Dezembargador seu Requerimento, lhe-
35
mandara escrever o dito Agravo, ao que fora satisfeito pelo Escrivaõ dos autos, que ao tal tempo éra Joaõ Teixeira
deMendonça, aos quaes tambem juntara Procuraçoens dos ditos Aggravantes, ebem asim Certidaõ doThezou-
reiro de minha Chancellaria, pel/a/s quaes constava terem todos os Aggravantes depozitado nella os nove centos
Reis cadahum deseu Aggravo, como mais largamente constava das ditas Certidoens, com as quaes os autos se-
39
fezeraõ concluzos, evistos por mim em Rellaçaõ, comos domeu Dezembargo, Dezembargadores dos Aggravos, eAppel-
41
Desta exata forma se registra no manuscrito.
248
249
97r Acordaõ ao
e Appelaçoens Civeis della = Acordei etc que naõ concedia o Aggravo a Aggravante AnnaFerráz, por caber a-
gr(a)v(o)
Ag- Cauza Alçada desta Rellaçaõ, conforme o Regimento della, ao tocante aos mais Aggravantes, que deziaõ ser proju-
dicados pelaSentença dada contra aditaAnnaFerráz, mandava queathé asegunda audiencia por si, ou seos bas-
tantes Procuradores, selouvassem juntamente com-os Autores em duas pessoas, que de clarassem por juramento nafor
5
macostumada, se eraõ todos, ou alguns delles projudicados peladitaSentensa, eo valor, e importancia, eoprejuizo de cada
25. {outu}bro
hum, ecomotermo assinado pelosLouvados, tornassem os autos parasedeferir ao Aggravo. Bahia Vinte, ecinco deOutu-
bro de mil eseis centos esecenta, ehum = Esendo este Acordam asim publicado nos Paços deminha Rella- 1661
3-{nove}(m)bro
çaõ pelo meu Dezembargador dos Aggravos o Doutor Joaõ Vamesem, semostrava = Que sendo aos trez dias
do mez deNovembro demil, eseis centos, esecenta, ehum annos, NestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, 1661
10
ePaços daRellaçaõ deste Estado empublica audiencia, que affeitos, epartes fazia o Doutor Leandro de Castro da-
Silveira do meu Dezembargo, Dezembargador dos Aggravos daditaRellaçaõ paranteelle pareceu o Doutor Pe-
dro Vás Roxo, epor ellefoi dito quejurava aos Santos Evangelhos, em como agora viera anoticia aFrancisco de-
Almeida, genro daReé Appellante AnnaFerráz, que aSentensa que sahira contra aditaSuaSogra, lheprejudicava
Aggravo
pelaparte quetinha naterra daContenda, pelo que Aggravava para aCazadaSupplicaçaõ daCidade deLisboa da-
15
ditaSentença, que lhepedia lhemandase escrever seu Aggravo, o quevisto pelo dito Dezembargador, lhemandou dar ju-
ramento dos Santos Evangelhos, que elle recebeo, esobcargo delle, declarou, que agora lheviera anoticia aditaSen-
tensa aseuConstituinte, pelo que odito Dezembargador lhemandara escrever seu Aggravo, quefora satisfeito pelo
Escrivaõ dos autos, que ao tal tempo éra Joaõ TeixeiradeMendonça, e aelle se ajuntara huma
Certidaõ de Escrivaõ deminha Chancellaria ManoelTeixeirade Carvalho, pela qualconstava haver o dito
20
Aggravante Francisco d'Almeida, depozitado nella os nove centos reis do dito Aggravo, como mais largamen-
te constava da ditaCertidaõ junta aos autos, os quaes estando nestes termos, ouvera na Cauza entre os ditos Autores ag-
gravados, e Reos Aggravantes muitos, evarios Requerimentos, emrezaõ da avaliaçaõ, que semandafazer das Fazen-
das dos ditos Aggravantes, eprejuizo, que acadahum toca, elouvamentos que paar esse effeito sefizeraõ, ao que
tudo sedeferio como pareceo justiça, athé que em fim, eConcluzaõ os Autores Aggravados, ealguns dos Ag-
25 Conce/rto/
gravantes sevieraõ aConcertar, por via detranzaçaõ, eamigavel compoziçaõ, deque outorgaraõ entre si
Escriptura
aEscriptura do theôr seguinte = Saibam quantos estepublico Instrumento deConcerto, tranzaçaõ, eami-
Concerto.
de gavelcompoziçaõ, qual emdereito melhor n<†>/o\me, elugar hajavirem, que no Annodo Nascimento deNosso
Senhor Јεѕνѕ Christo demil eseis centos cecenta etrez annos, aos vinte, eseis dias do mez deAbril 1663-2<7>/6\
vejaAbr(il)
f(o)l(ha)s
do dito anno, naCidade doSalvador Bahia detodos osSantos, dentro no MosteirodoPatriarcha Saõ
30
Bento, estando ahi prezentes partes, asaber da hu(m)a oReverendoPadre Frei Diogo Rangel, hora Prezi- 76
dente no dito Mosteiro, eoReverendoPadre Frei Hieronimo deChristo, Prior, eo ReverendoPadre Frey
Antonio daTrindade Procurador, eos mais Padres Conventuaes do dito Mosteiro adiante assinados todos
junto em Capitulo sendo chamados àelle por som deCampa tangida, segundo oseu bom, elouvavel costume,
em Nome do ditoSeuConvento, emais Padres delle prezentes, efuturos; e da outra parte estavaõ prezentes,
35
o Reverendo PadreManoelVaz, e Amaro Homem deAlmeida, eGaspar Rodrigues Seichas, e Du-
arte de Vasconcellos, eJoaõ deMiranda emseu nome, edesuas Irmans Leonor deCazares, eGuiomar
deSouza, e Victoria daSilva, como seuProcurador bastante, que disseser, eo Reverendo PadreFrey
Antonio daPiedade, Procurador doMosteiro deNossaSenhora do Monte do Carmo destaCidade, em Nome
39
do dito seu Mosteiro, eo Capitaõ Valentim Duraõ deCarvalho, em nome, ecomoProcurador bastante que disse
250
251
97v disse ser deseu sogro Joaõ Cazado, todas pessoas que Reconheço pelos proprios nomeados, elogo por elles partes todos
nos nomes que Reprezentaõ foi dito em minha prezensa, edas testemunhas ao diante nomeadas, que entre os mais
que pertencia ao dito Mosteiro deSaõ Bento, bem assim éra humalegoa deterra por costademar na Itapoan, que
juntos
começa dabanda doSúl onde acaba oConde daCastanheira, e vai intestar com terra de Paulo Antunes Freire, e duas
benzdeRaiz,
5
legoas para oSertaõ, como conta daSismaria, que, foi concedida aGarcia Davilla, dequem o ditoMosteiro ahou-
ve por viadellegado, esobre adita data deterra, tras o dito Mosteiro amuitos annos demanda com AnnaFerráz, vezin-
ha, que hé das mais partes nomeadas, eultimamente alcançou o dito Mosteiro Sentença contra ella, para que semedissem
inteiramente as duas legoas para oSertaõ, que foi dada naRellação deste Estado, eporelle dito Padre Manoel
Vaz, Amaro Homem, Gaspar Rodrigues Seichas, eos mais nomeados, eoutros vezinhos Eréos intenderem que adita
10
mediçaõ lhe héra muito prejudicial nas terras, que estavaõ possuindo por si, eseus antecessores demuitos annos aesta
parte, por diversos titulos nos Campos, eterras dePirajá, incorporados aggravaraõ daditaSentensa daRellaçaõ deste Esta-
do, para aCaza daSupplicaçaõ, sobre o qual aggravo, estava pendendoletigio entre elles partes, eporque os fins das de-
mandas saõ incertos, e duvidozos, eos gastos excessivos, eordinariamente trazem odio, eescandalos, o que tudo queriaõ evi-
tar, econservar-se em boa pas, eamizade, pelo que sevieraõ aconsertar amigavelmente, asaber, que elles dito Padre Ma-
15
noelVaz, Amaro Homem Dalmeida, Gaspar Rodrigues Seichas, Duarte deVasconcellos, Joaõ deMiranda,
Valentim Duraõ deCarvalho, nos nomes que Reprezentaõ, eainda em nome dos mais Eréos Vezinhos dos ditos
Campos, eterras dePirajá, eo ditoPadre Frei Antonio daPiedade, em NomedoSeuConvento, epelo que lhepode
vir atocar, etodos os que devem sua outorga aesta Escriptura, dezistem, como defeito dezistiraõ do dito Aggravo, que
tem interposto, equerem, esão contentes, que o dito ReverendoPadre Prezidente, e mais Padres tirem com effeito
20
Sua Sentensa do processo, e adeem asua devida execuçaõ, fazendo-se amediçaõ das ditas duas legoas deterra
para o Sertaõ, principiando-se no marco de Paulo Antunes Freire, conforme seprincipiou no anno demil, eseis
Centos, evinte, edois, emedidas, que sejaõ as duas Legoas deterra, ficaraõ elles Padres sendo Verdadeiro Senhores,
epossuidores daprimeiralegoa, eassim mais detoda aterra, que se achar possuirem adita AnnaFerráz, Francisco
Dalmeida, Francisco Pitta Ortigueira, eo Capitaõ Valentim deFaria Barreto, sem duvida nem contradi-
25
çaõ alguma naforma que lhes está julgada, fazendo os ditos Reverendos Padres a medissaõ desta primeira aCus-
ta deSeu Convento, como tambem detoda aterra, que seachar possuem como dito hé, adita AnnaFerras, Fran-
cisco Dalmeida, Francisco Pitta, e Valentim deFaria, etoda amais terra que restar dasegundaegoa, será
medida acusta delles ditos PadreManoel Vaz, Amaro Homem, e dos mais nomeados, edos que mais quizerem
dar sua Outorga, e consentimento aesta Escriptura, equerem, esaõ contentes elles Padres, que todos fiquem
30
conservados napossessaõ, eterra que cada hum deprezentepessue para haverem delograr, epossuir todos os di-
as desuavida, eseus Sucessores sem huns poderem entender com os outros, nem com adita AnnaFerráz, Francisco
Dalmeida, Francisco Pitta Ortigueira, e Valentim deFaria, por que esse dereito, ficará somentepertencen-
do àelles Padres, eem cazo que elles Padres lancem o Rumo pelaparte do Conde daCastanheira para oSertaõ, nunca
este rumo, poderá projudicar aoutras partes, ainda que com odito rumo se chegue aterradequal quér delles, por que to
35
dos, ecada hum, ficaraõ taõ livres, esucegados, como ojá estaõ, sem por parte delles Padres sepoder nunca allegar
ignorancia, nem restetuiçaõ, porque tudo desde logo renunciaõ elles ditoPadre ManoelVaz, Amaro
Homem, Gaspar Rodrigues Seichas, eos mais nomeados, e que derem Outorga a esta Escriptura, alem da-
38
dezistencia, que fazem etem feito do dito Aggravo, promettem dar àelles Padres secenta mil reis emdireito,
252
253
98r em direito, digo em dinheiro decontado, tanto que a dita mediçaõ sefizer daprimeira legoa, eestes secenta mil reis,
Será obrigado apagar logo com effeito o dito Amaro Homem, que os dará a elles Padres sem contenda alguma, tanto que
acabar de medir a ditaprimeiralegoa, sem aisso allegar duvida alguma, e as mais partes seraõ asim mesmo obrigadas adar,
epagar
se- aelle Amaro Homem o que acada hum tocar, que será a rata por milha, confórme a terra, que possuir, comdeclara-
5
çaõ, que vindo-se elles Padres a consertar com o dito Francisco Pitta, eAnnaFerráz, Francisco Dalmeida, eValentim
será informa que naõ seja em prejuizo delles partes; por que cadahum ficará sempre naforma em que está, efazendo o em-
outraforma,
deFaria, esta Escriptura naõ valerá couza alguma, eficará cadahum com o seudireitosalvo como d'antes, eàSen-
tensa, que elles Padres tirarem, e qual quer obra que por ellas fizerem, sem effeito, enesta forma disseraõ todos elles partes,
que se haviaõ por compostos e concertados, ese obrigaõ ater, cumprir, e manter tudo aqui declado, sem em tempo algum o-
10
poderem contradizer: acujo cumprimento obrigaõ elles Padres bens, e rendas doseu Convento, eas mais partes todos seus
bens havidos, epor haver, eo melhor parado delles, ehuns, eoutros Respoderàõ pelo aqui declarado nestaCidade parante os-
Juizes ordinarios della, ou do Ouvidor geral do Civel da Rellaçaõ deste Estado, para o que Renunciaõ Juizes de seu fo-
ro, terra, elugardonde viver, e morar, ferias geraes, eespeciaes, etudo mais que em seu favor seja, que denada uzaràõ, eem
testemunho de verdade assim o outorgaraõ, emandaraõ fazer esta Escriptura nesta Notta, em que assinaraõ, pediraõ, e ac-
15
ceitaraõ, eeu Tabaliaõ acceito, por quem tocar auzemte, como pessoa publica estipulante, e acceitante, edela dar os tresla-
das necessarios, sendo testemunhas prezentes o Lecenciado ManoelCorrea Ximenes, eAntonio Nogueira Barreto, eo
Alferes André deSaõ Martinho Castilhon, que todos assinaraõ. Eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escre-
5.V.1663
ví. Declaro, que esta se outorgou pelas partes, eassinou por ellas, etestemunhas em cinco do mezm deMaio deste prezen-
te, e em lugar de Andre deSaõ Martinho Castelhon, foi testemunha Simaõ Rodrigues Crespo, Eeu sobre dito Ta-
20
baliaõ, o escreví = Frei Diogo Rangel, = Frei Ignacio deSaõ Bento = Frei Antonio dos Reis = Frei Hieronimo
deChristo Prior = Frei Antonio daTrindade = Frei Paulo do EspiritoSanto = Frei Chonstantino = Frei Placido
doSacramento = Frei Joaõ deSaõ Jozé = o Irmaõ Frei Antonio = o Irmaõ Frei Paschoal = Frei Luiz deSaõ
Joaõ = oPadreManoelVaz = Frei Antonio daPiedade Procurador geral = Gaspar Rodrigues Seichas = Va-
lentim Duraõ = Amaro Homem Dalmeida = DuartedeVasconcellos = Joaõ deMiranda Henrique =
25
Manoel Correa Ximenes = Antonio Nogueira Barreto = Simaõ Rodrigues Crespo. E eu Francisco do Coutto,
Tabaliaõ publico do Judicial, eNottas, por Sua Magestade naCidade doSalvador Bahia detodos os Santos,
eseus Termos, eesta Escriptura em meu Livro deNottas tomei, e della a que me reporto, afiz pastar aos Padres de-
Saõ Bento concertei, sobscrevi, eàsinei de meu publico signal seguinte, em testemunho deverdade Francisco de Cout-
to Barreto. Segundo mais largamentese continha na dita Escriptura, eConserto detranzasaõ, e amigavel com po-
30
ziçaõ, a qual snedo junta aos autos concluzos em minha Rellaçaõ, esendo vistos por mim, com os de meu Dezembar-
Accordaõ. Confirm(aça)m
go, Dezembargadores dos Aggravos della, por minhaSentença = Acordei, que confirmava aEscripturade dezisten-
16<7>63 - 29
cia, ecompoziçaõ, e mandava que secumprisse naforma que nella secontinha, no tocante as pessoas nella conteudas. M(ar)co
BahiadeMaio vinte, e nove deseis centos, esecenta, etrez = Costa = Castro = Azevedo = Vannesem = Secco =
o Doutor Soares = Burgos = O qual Accordaõ sendo asim publicado nos Paços deminha Rellaçaõ, pelo
35
meu Dezembargador dos Aggravos o Doutor Thomé daCosta Homem, viera afalecer davida prezente a Reé origi-
naria AnnaFerráz, epara correrem com aCauza, foraõ citados seus herdeiros Manoel Caldeira, AnnadeSan-
ty-ago, Francisco deAlmeida, AngelaCardoza, e Violante Cardoza, epor táes foraõ ouvidos emJuizo, epara /fa/-
38
larem em huns artigos dehabelitaçaõ com que por parte dos Autores, os Religiosos doPatriarcha Saõ Bento, se queria vir
254
255
98v vir, para o que sedeu dos autos vista a seu procurador, que veio nelles dizendo por escrito = Provaria que pendendo Art(ig)o de
habelitaçaõ
com Anna Ferras, Reé originaria, falescera davidaprezente, eficaraõ porseus herdeiros, Manoel Caldeira, o qual estava
do com ArmadeSanty-ago, filha da dita AnnaFerrás, eFrancisco deAlmeida, cazado com AngelaCardoza, eViolante
estaCauza
eMaria
caza- deAbreu filhas, egenros dadefunta, eseus herdeiros etc Eque como táes, tinham acceitado sua herança, ecom elles
5
correr
Cardoza,esta Cauza, como mais largamente secontinha no dito artigo dehabelitação, o qual por Acordam deminhaRellaçaõ
fora
deviarecebido, e mandado que as partes o contrarias(s)em selhes parecece, esendo-lhes asinado termo para ofazerem, foraõ
taContrariedade,
lhe- por naõ fazerem deligencia algu(m)a, nem ajuntarem procuraçaõ, eseasinou na Cauza termo, etempo de
lugar deprova,
lançados dadi- dentro do qual, os ditos Autores aderaõ a seu artigo dehabelitaçaõ recebido portestemunhas, que
lheforaõ
dilaçaõ, eproguntadas comessadas, eacabadas em termo, etempo devido, eoSummario dellas junto aos autos sefizeraõ
10 Acordaõ.
do vistos por mim em Rellaçaõ com-os domeu Dezembargo, Dezembargadores dos Aggravos della = Acordei etc Que
judicialmente
oconcluzos,
artigo de esen-
habeliaçaõ por provado, e os filhos, e genros nelle nomeados por herdeiros deAnna Ferráz, com os quaes
21 Agosto 1663
corresse
julgava aCauza as custas afinal BahiadeAgosto vinte, ehum deseis centos, esecenta, etrez = Costa = Seco = Azevedo =
Esendo
mandavaesteAcordaõ assim publicado nos Paços deminha Rellaçaõ, pelo meu Dezembargador dos Aggravos, o Doutor
daCosta Homem, me foi Requerido por parte dos ditos Autores, os Religiosos doPatriarchaSaõ Bento, lhemandase dar sua
15
Sentensadoprocesso
Thomé para adarem asua execuçaõ, evisto por mim seu requerimento, lhemandei passar aprezente,
quesendo passada pela minha Chancellaria, mando secumpra, eguarde assim, eda maneira que nella secontem; e
como por mim, com-os do meu Dezembargo, hé mandado, julgado, Accordado, efinalmente Sentenciado tudo naforma, e
maneira da Escriptura deConcerto, tranzassaõ, e amigavel compoziçaõ feita em as pessoas nella declaradas, pagando os-
ditos Autores as custas dos autos, que com effeito destaCarta de Sentença, asinatura, Chancellaria, esello della,
20
fizeraõ so(m)ma, equantia dequatro mil, e quinhentos, evinte, eseis reis, segundo foraõ contados peloContador della,
que as contou, esomou naforma doseu Regimento, efizeraõ adita soma, equantia; o que huns, eoutros assim
cumprireis, e alnaõ façaes. Dada nestaCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, aos vinte, e hum dias do
21-Ag(os)to.1663
mez deAgosto, etirada doprocesso àos quinzedias do mez deOutubro, tudo do anno doNascimento deNossoSenhor Јε-
15.X.1663 ѕνѕ Christo demil eseis centos, esecenta etres annos etc EL Rêy NossoSenhor, o mandou pelos Doutores
25
Thomé daCosta Homem, eAgostinho deAzevedoMonteiro, ambos doseu Dezembargo, Dezembargadores dos
Aggravos, eAppellaçoens Civeis naRellaçaõ desteEstado do Brazil pelo ditoSenhor etc Manoel Marques
deSerqueira afez por Bento PereiradeAndrade Escrivaõ das ditas Appellaçoens, eAggravos daditaRel-
laçaõ, edos ditos autos, que esta subscreveo, pagou-se defeitio desta CartadeSentença trez mil, nove centos, e
Secenta, de que levei ametade, e de asinatura della quarenta Reis, quetudo vai metido, e carregado nasomma
30
das Custas atraz. Eeu Bento PereiradeAndrade Escrivaõ das Appellaçoens, eAggravos afiz escrever, esubs-
crevi = Agostinho deAzevedo Monteiro = Thomé daCosta Homem = JorgeSeco deMacedo =
21.XI.1663
Pagou naChancellaria quarenta reis Bahia vinte, ehum deNovembro deseis centos, esecenta, etrez = Tei-
xeira = E naõ se continha mais em o dito titulo supra e retro, o qual euJo-
aquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ do Publico Judicial eNottas nes-
35
taCidade de Saluador Bahia de todos os Santos, eseo termo por sua Alteza
Real que Deos Goarde em cumprimento do despacho proferido pelo Dou-
tor Juiz de Fora actual Domingos Jozé de Cardozo no Requerimento que fôy
asegunda folha deste Liuro, aqui bem, e fielmente sem couza que duuida
39
faça fis copear do proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo Procu-
256
257
99r Procurador Geral do Mosteiro deSam Bento destamesma Cidade Frei Ma-
noel do Sacramento, pelo achar uerdadeiro, eauthorizado judicialmente
como sedeixauer no proprio traslado, eo tornei entregar depois de lansado
ao dito Reuerendo Procurador Geral, que decomo o Recebeo aqui asinou ees-
5 te mesmo traslado juntamente como Tabeliaõ Companheiro Antonio
Barboza de Oliueira, conferi como Original concertei sobscreui, e asi-
nei na Bahia aos treze dias do mês deMarço demil eoito centos esinco 13.III.1805
Protocolo
Invocação divina
Titulação (nome e título de quem emana o ato)
Endereço (a quem o ato se dirige)
Saudação
Texto
Preâmbulo (razões morais para a criação do ato)
Notificação (―tenho a honra de comunicar a vós...‖)
Exposição (razões jurídicas para a criação do ato)
Dispositivo (assunto propriamente dito)
Sanção (penalidades para descumprimento)
Corroboração (cláusulas finais)
Escatocolo
Subscrição/assinatura
Datação (tópica e cronológica)
261
Este esquema textual se refere à unidade textual, que pode ser simples (quando ela
mesma é bastante para o seu fim) ou composta (quando insere no texto, ou desenvolvimento,
outros documentos, que podem ter outros documentos encaixados ou não). No caso do fundo
em questão, as unidades documentais são, mormente, compostas, trazendo como argumento
dispositivo outros documentos que o avalizam. Indenpendemente de sua natureza,
Cada documento singular se considera em relação funcional com outros que formam
parte do fluxo burocrático de um determinado ato administrativo. Tem, portanto, a
ver com os objetivos, as funções e a estrutura interna da entidade produtora.
(CARUCCI, 1994, p. 31)
As perguntas 4 e 5 não poderiam ser aqui respondidas a contento por conta do caráter
de traslado que tem o corpus. As perguntas 2 e 3 já serão respondidas pela análise
diplomática. Buscam-se os indícios para as questões 1 e 6, que irão à primeira linha, logo
abaixo do título do documento, bem como de sua localização.
Apresentadas tais premissas, vai-se a uma breve aplicação das mesmas aos cinco
documentos que compõem o Fundo, resumida nos quadros a seguir.
262
O que?
Trata-se de um codicilo, espécie de errata de um primeiro testamento feito por Garcia D‘Ávila, alterando algumas cláusulas. Foi redigido por
Francisco de Oliveira, tendo por testemunhas o desembargados Balthazar Ferraz, o licenciado Gonçalo Homem Dalmeida e o tabelião Antônio
Guedes.
Documento simples, ao qual se adjunge o instrumento de aprovação de testamento, bem como a publicação de abertura de testamento.
Para quê?
Foi escrito a fim de invalidar a primeira cédula de testamento em que o testador afirma ter sido coagido a deixar bens ao Mosteiro de São Bento
da Bahia e registrar a sua última e livre vontade.
ANÁLISE DIPLOMÁTICA
LII_doc02: Escritura de composição feita ao Padre Provincial sobre as terras de Saõ Francisco da Itapoã e Itapagipe
(f. 74v-75v)
O que?
Trata-se de uma escritura de concerto, transaçaõ e amigável composição feita ao Padre Provincial e demais Religiosos do Mosteiro de São
Bento da Bahia, o Provedor e Irmãos da Casa da Santa Misericórdia, sobre as terras de São Francisco da Itapoã e de Itapagipe, tendo por testemunhas
os licenciados Francisco Lopes Brandão, Jorge Lopes da Costa e Francisco Alvares, criado do licenciado Diogo Pereira, e por tabelião
Joaõ de Freitas.
Documento complexo, sendo a camada mais antiga a do conteúdo da escritura, em 1614, feita por Joaõ de Freitas, trasladada em 1650 pelo
tabelião Paschoal Teixeira Pinto.
Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre a Santa Casa e o Mosteiro, por conta de herança deixada por Garcia D‘Ávila,
em seu codicilo (1609), em Itapagipe e em Itapoã.
ANÁLISE DIPLOMÁTICA
Dispositivo Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
a Santa Casa e para o Mosteiro, estas duas instituições estavam
(assunto propriamente dito)
em contenda por posses em Itapagipe e em Itapoã, a qual foi
75r, L. 6-30 sanada por um conserto no qual o Mosteiro comprou aparte da
Santa Casa e cobrou por serviços de capelania feitos em
Tatuapara, o que possibilitou aos padres a posse total da parte
herdada.
Sanção ______ ______
(penalidades para descumprimento)
Corroboração 75r, L. 30-34 a qual cluzula depozitaria, terá outro sim lugar
nasegundaInstancia, e na execuçaõ, epara todo cumprir, sedes
(cláusulas finais)
aforaõ deJuiz de-seu foro, e detodas, e quáes quer Leys,
eLiberdades, que em seu favor sejaõ, eseobrigam a responder
pelo comprimento desta Escriptura parante o Ouvidor geral, ou
Juizes ordinarios, donde, eparante quem este Instrumento
foraprezentado, que todo huns, eoutros a ceitaraõ
268
Escatocolo Subscrição/assinatura f. 75r, L. 40 OProvedor Henrique Moniz Telles == Manoel daSáa daCunha
== Joaõ Garcêz == Diogo Ferreira == Francisco Pereira ==
a
Joaõ deAndrade == deSebastiaõ deMattos humaCrúz ==
f. 75v, L. 6 Francisco Lopes Barndaõ == Jorge Lopes daCosta ==
Francisco Alvares = Frei Roberto de Јεѕνѕ Dom
AbbadeProvincial = Frei Diogo daSilva Dom Abbade = Frei
Guilherme daPurificaçaõ = Frei Placido das Chagas = Frei
Roque Lôy = Frei Christovaõ daTrinda-de = Frei Pedro das
Chagas = Frei Antonio de Јεѕνѕ = Frei Placido de Јεѕνѕ = Frei
Balthazar dos Reis = Frei Luiz deSaõ Bento =
LII_doc03: Treslado de Escritura de composiçaõ entre o Frei Diogo Rangel e o Padre Manoel Vás, Manoel Homem de Almeida e outros
(f. 75v-77r)
O que?
Trata-se de uma escritura de concerto, transaçaõ e amigável composição feita entre os Religiosos do Mosteiro de São Bento da Bahia e os
herdeiros de Anna Ferráz, para quem Garcia D‘Ávila deixou herdades nos Campos de Pirajá, tendo por testemunhas olicenciado Manoel Correa
Ximenes, Antonio Nogueira Barreto, o Alferes André de Saõ Martinho e Bulhõens, e por tabelião Francisco do Coutto Barreto.
Documento complexo, sendo a camada mais antiga a do conteúdo da escritura, em 1663, feita por Francisco do Coutto Barreto, trasladada em
1715 pelo tabelião Sebastião Carneiro da Costa por despacho do Dr. Juiz de Fora, Roballo.
Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre herdeiros de Anna Ferraz e o Mosteiro, por conta de herança deixada por
Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), nos Campos de Pirajá.
ANÁLISE DIPLOMÁTICA
Texto Preâmbulo Certefico, que em meu poder, eCartorio está hum Livro deNottas,
(razões morais para a criação do ato)
que comessou aservir com-oTabaliaõ Francisco do Coutto Bar-
retto, ecomesou o ditolivro aservir em trez de Dezembro de mil
eseis centos, esecenta, edous, eacabou emseis de- Setembro de
mil eseis centos, esecenta, etres annos, enelle afolhas cento,
evinte tres, está a Escriptura de que a petiçaõ trata: cujo theor
deverbo adverbum, hé o seguinte etc
Notificação ______ ______
(―tenho a honra de comunicar a vós...‖)
Escatocolo Subscrição/assinatura f. 77r, L. 2-8 Frei Diogo Rangel = Frei Ignacio deSaõ Bento = Frei Antonio
dos Reys = Frei Hie-ronimo de Christo Prior = Frei Antonio
daTrindade = Frei Paulo do EspiritoSanto = Frei Chonstantino
= Frei Placido doSacramento = Frei Joaõ deSaõ José = o Irmaõ
Frei Antonio == o Irmão Frei Paschoal = Frei Luiz deSaõ Joaõ
= o Padre ManoelVás = Frei Antonio da- Piedade Procurador
Geral = Gaspar Rodrigues Seichas = Amaro Homem Dalmeida =
Joaõ deMiranda Henriques = Duarte de Vasconcellos =
Valentim Duraõ = Manoel Correa Ximenes = Simaõ Rodrigues
Crespo = Antonio NogueiraBarretto =
LII_doc04: Autos de Causa Civel entre o Dom Abade e Religiosos do Convento do Patriarca São Bento da Cidade do Salvador
contra Catharina Fogassa
(f. 77r-84r)
O que?
Trata-se de uma carta de sentença relativa a um processo utramar que Catharina Fogassa, viúva de Manoel Pereira Gago, criado e um dos
herdeiros de Garcia D‘Ávila, moveu contra os Padres, citando, em discurso indireto, os passos desde a denúncia de invasão, até a decisão favorável
aos religiosos, a expensas da ré. Esta carta fora solicitada pelos vencedores para comprovação de direitos, feita pelo tabelião Julio Fulco Pessanha, a
pedido do rei D. Felipe.
Documento complexo, sendo a camada mais antiga a de um auto de demarcação, em fevereiro de 1636, feita por Paschoal Teixeira, seguida de
dois desembargos de medição, um de maio de 1636 e outro de julho do mesmo ano.
Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre Catharina Fogassa e o Mosteiro, por conta de herança deixada por Garcia
D‘Ávila, em seu codicilo (1609), no Caminho Velho e em Itapoã, entestando com o rio Pituaçú.
ANÁLISE DIPLOMÁTICA
Dispositivo 77v, L. 1, 2 Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
Manoel Pereira Gago, seu criado, a viúva Catharina Fogassa
(assunto propriamente dito) a
questionou posses, demarcações e embargou vários
83 v, L. 20 procedimentos de instrumentalização dos Padres, alegando terem
eles adentrado e, muitas vezes, usurpado partes de sua herança no
Caminho Velho e em Itapoã.
Não conformada de perder nas instâncias locais, Catharina
Fogassa apela à Côrte e novamente perde e é sobre a sentença
deste processo que se faz a presente carta.
Sanção ______ ______
(penalidades para descumprimento)
Corroboração ______ ______
(cláusulas finais)
Datação 83v, L. 17-19 Dadanesta minhaCorte, e Cidade de Lisboa aos ditos dezoito
dias do mez de Agosto do Anno doNascimento de-
(tópica e cronológica)
NossoSenhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis centos, etrinta, e
noveannos
LII_doc05: Sentença dos Religiosos do Patriarca São Bento contra os herdeiros de Anna Ferraz
(f. 84r-99r)
O que?
Trata-se de uma carta de sentença relativa a um processo utramar que Anna Ferraz, viúva de Manoel Cardozo Botelho, um dos herdeiros de
Garcia D‘Ávila, moveu contra os Padres, citando, em discurso indireto, os passos desde a denúncia de invasão, medições, audiências, citações,
embargos e desembargos até a decisão favorável aos religiosos, a expensas da ré. Esta carta fora solicitada pelos vencedores para comprovação de
direitos, feita a pedido do rei D. Afonso, sem data.
Documento complexo, composto or mais de trinta camadas, o maior documento do L2T, dentre as quais se relacionam, na ordem que aparecem
na juntada:
- certidão de citaçãodas partes para audiência, na Bahia, 20 de novembro de 1621, pelo escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- certidão de citação para refazer medições, na Bahia, 19 de outubro de 1621, pelo escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- citação das partes envolvidas e dos medidores para refazer medições, na Bahia, 26 de novembro de 1621, pelo porteiro Simão Matheus e
escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- termo de medição, na Bahia, 04 de abril de 1622, pelo escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- protesto do Mosteiro frente às novas medições e solicitação para que os padres acompanhem pessoalmente as medições, no Mosteiro, em 20
de abril 1622;
- citação das partes envolvidas e dos medidores para refazer medições, na Bahia, 18 de abril de 1622, pelo porteiro Simão Matheus;
- treslado de carta de sesmaria dada a Garcia D‘Ávila, na Bahia, 22 de Fevereiro 1603, copiada em 06 de fevereiro 1653, pelo escrivão Belchior
Dias Caramurú;
- publicação da sentença, na Bahia, em 21 de agosto de 1663;
- treslado desta carta de sentença, na Bahia, em 21 de novembro de 1663, pelo escrivão Bento Pereira de Andrade.
Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre Anna Ferraz e o Mosteiro, por conta de herança deixada por Garcia D‘Ávila, em seu
codicilo (1609), no Rio Vermelho, Itapoã e na estrada da Aldeia do Tubarão.
ANÁLISE DIPLOMÁTICA
277
Dispositivo 84r, L. 27 Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
Manoel Cardozo Botelho, a viúva Anna Ferraz e seus herdeiros
278
Saindo-se de uma amostra menor, o Fundo Documental dos D‘Ávila, composto por 5
documentos, para proceder a algumas análises (vide seção 5.2.1), passa-se à visão maior do
L2T, esquematizando os 60 documentos que constituem o volume. O quadro esquema é
constituído por 4 colunas. A primeira, da esquerda para a direita, indica todos os documentos
primários, secundários, terciários, etc, que formam a juntada dos processos, através de
divisões na celula em cor cinza. A segunda indica os tipos de documentos e data de lavratura,
quando houver. A terceira coluna elenca os nomes e cargos dos agentes envolvidos e indica se
eles aparecem arrolados como autores ou apenas referidos. Por fim, na quarta coluna, indica-
se o local de lavratura. Veja-se, a seguir:
281
LIVRO II DO TOMBO
05.07.1660
(sem data)
LIIT_005 (f.19v-20r)
Auto de Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
posse Francisco,
Capitania
20.01.1683 de
Pernambuco
Treslado do Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
auto de Francisco,
posse Capitania
de
17.02.1683 Pernambuco
LIIT_006 (f.20r-21v)
Escritura de Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
venda de Francisco,
terras Capitania de
Pernambuco
23.10.1684
terras Pernambuco
28.12.1684
LIIT_007 (f.21v-23r)
Escritura da João Barbosa de Castro (tabelião), autor Vila do
venda de Penedo do
terras Rio de São
Francisco,
20.09.1730 Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco
LIIT_008 (f.23r-23v)
Auto de João Barbosa de Castro (tabelião), autor Vila do
posse Penedo do
Rio de São
20.09.1730 Francisco,
285
Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco
LIIT_009 (f.23v-25v)
Petição Gonçalo Martins Pereira (juiz ordinário), autor Vila do
inicial Penedo do
Rio de São
02.06.1715 Francisco,
Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco
LIIT_010 (f.25v-27r)
Petição Manoel Mendes de Vasconcelos (escrivão da Capitania de
inicial fazenda), referido Pernambuco
(sem data)
LIIT_011 (f.27r-28r)
Petição Francisco de Andrade de Brito (ouvidor de Vila de
inicial Pernambuco), referido Olinda
LIIT_012 (f.28r-29r)
288
LIIT_013 (f.29v-30r)
Instrumento Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da Cidade do
de doação ouvidoria geral), referido Salvador da
remunerator Bahia
ia João de Freitas (tabelião), autor
25.02.1642
(sem data)
LIIT_014 (30r-34r)
Carta Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da Cidade de
executória ouvidoria geral), referido Salvador
LIIT_015 (34r-35v)
Carta de data Mathias de Albuquerque (capitão e goverdor), Olinda
referido
06.05.1626
Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e
governador da capitania de Pernambuco), referido
LIIT_016 (35v-37v)
Escritura do João Carvalho da Costa (tabelião), autor São
dote Cristovão,
João Corrêa Arnão (tabelião), referido Capitania de
13.03.1651 Sergipe de El
Rey
Instrumento João Carvalho da Costa (tabelião e escrivão de São
de venda orfãos e defuntos e ausentes), autor Cristovão,
Capitania de
23.04.1655 Sergipe de El
Rey
Instrumento Gaspar Maciel Villas Boas (tabelião), referido Cidade de
de venda São
Felix da Costa (tabelião), referido Cristovão,
05.09.1672 Capitania de
Manoel de Souza Furtado (tabelião e escrivão Sergipe de
dos órfãos, defuntos e ausentes), autor ElRei
LIIT_017 (37r-38v)
Escritura de Pedro Leandro (tabelião), referido Vila de
venda Penedo,
Filgueira (juiz), autor Pernambuco
06.03.1736
João Rodrigues Romeiro (alcaide mor), referido
LIIT_018 (38v-40r)
Escritura de Damião Soares da Novoa (juiz), autor Vila do
dote Penedo
João Barboza de Castro (escrivão da Câmara e
18.02.1723 orfãos e almoçatarias e do publico judicial e
notas), autor
02.09.1653
19.10.1683
04.10.1728
LIIT_019 (40r-41v)
Petição João Barboza de Castro (escrivão, alferes), Penedo de
inicial referido São
Francisco,
29.03.1728 Ferro (juiz), autor Comarca de
Alagoas,
Pernambuco
Escritura de Manoel Velho da Rocha (escrivão), autor Penedo
doação
04.06.1725
30.03.1728
18.09.1730
23.09.1730
LIIT_020 (42r-43v)
Escritura de Arcângela Brandão de Araújo (testador), autor Vila do
doação Penedo
recíproca
293
03.04.1732
03.04.1732
03.04.1732
03.04.1732
04.04.1732
04.04.1732
04.04.1732
04.04.1732
25.04.1732
LIIT_021 (43v-49r)
Escritura de Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público Penedo
ratificação de judicial e notas nesta Vila do Penedo do Rio São
doação Francisco), autor
21.08.1732
21.08.1732
LIIT_022 (49r-50r)
Codicilo Archangela de Santa Ana (testadora), autor Vila do
Penedo
20.08.1742 José Fernandes Cruz (vigário da Vila do
Penedo), autor
Penedo
20.08.1742
LIIT_023 (50r-53v)
Escritura de Domingos Dias Timbó (tabelião), autor Olinda
dote
(sem data)
13.06.1700
(sem data)
LIIT_024 (53v-54v)
Petição inicial João Ribeiro Tonouco (tabelião), referido Vila de São
Francisco
13.07.1704 Manuel Dantas Sirqueira (tabelião), referido
24.07.1704
LIIT_025 (54v-61r)
Sentença de Cristovão Tavares de Moraes (cavaleiro da Cidade da
medição de terras Ordem de Aviz, desembargador na Relação do Bahia
Porto, juiz do tombo), autor
19.12.1718
22.01.1629
24.10.1695
23.08.1696
LIIT_026 (61r-63r)
Testamento Paschoal Marques de Almeida (testemunha), Bahia
autor
20.01.1724
Agostinho Ribeiro (testador), autor
Aprovação de José Rodrigues Pinheiro (tabelião publico do Bahia
testamento judicial e notas), autor
21.01.1724
LIIT_027 (63r-64r)
Petição inicial Ignacio Barboza Machado (juiz de fora), autor Bahia
(sem data)
06.02.1724
06.02.1724
300
LIIT_028 (64r-65v)
Escritura de Antonio de Souza Velho (tabelião), autor Bahia
venda e
quitação
23.11.1751
22.11.1751
(sem data)
20.12.1751
09.12.1751
LIIT_029 (65v-68v)
Petição inicial Domingos de Abreu e Lima (escrivão das Bahia
execuções da Câmara e do tombo), referido
10.07.1761
Christovão Tavares de Moraes
(desembargador), referido
14.07.1761
LIIT_030 (68v-70v)
Petição inicial Luiz de Sequeira da Gama (juiz), autor Bahia
(sem data)
01.05.1552
20.08.1552
26.02.1553
LIIT_031 (70v-73r)
Codicilo Garcia de Avella (almoxarife), autor Bahia
LIIT_032 (73r-74v)
Instrumento de João de Freitas (tabelião), autor Cidade do
transação e Salvador
amigável
composição
305
04.07.1612
12.10.1618
LIIT_033 (74v-75v)
Instrumento de João de Freitas (tabelião), autor Cidade do
transação e Salvador
amigável
composição
13.03.1614
04.06.1658
LIIT_034 (75v-77r)
Petição inicial Antonio de Brito Correa (proprietário), referido Bahia
23.07.1715
LIIT_035 (77r-84r)
Carta de Dom Felipe (rei de Portugal), autor Bahia
sentença
João do Coutto Barboza (desembargador de
23.08.1639 Porto e ouvidor geral no Brasil), referido
26.02.1633
LIIT_036 (84r-99r)
Carta de Dom Afonso (rei de Portugal), autor Lisboa
sentença
Simão Alvares de Lapenha (provedor mor),
(sem data) referido
26.11.1621
26.11.1621
10.12.1621
10.12.1621
fazenda), autor
09.03.1622
18.03.1622
20.04.1622
18.04.1622
18.04.1622
22.02.1603
19.05.1552
(Portugal)
17.12.1548 Dom João III (rei de Portugal), autor
23.04.1622
(sem data)
19.08.1656
concerto
26.04.1663
LIIT_037 (99r-104r)
Petição Alvares (juiz), autor Salvador
(sem data)
23.11.1767
21.06.1768
31.01.1769
LIIT_038 (104r-105r)
Escritura de José Ferreira da Silva (tabelião ajudante do Bahia
venda público do judicial e notas em Salvador), autor
01.08.1772
01.08.1772
LIIT_039 (105r-106v)
Escritura de Manoel Ribeiro de Carvalho (tabelião), autor Salvador
prazo fatuizim
Bernardino de Senna e Araújo (tabelião),
21.07.1796 referido
15.10.1796
LIIT_040 (106v-108v)
Escritura de Antonio de Souza Velho (tabelião), autor Bahia
317
venda
25.05.1743
LIIT_041 (108v-112r)
Despacho Simão Mendes Barreto (escrivão), referido Bahia
17.12.1753
LIIT_042 (112r-113r)
Certidão João Ferreira da Costa e São Payo (escrivão Bahia
interino da junta real da fazenda e contador),
13.10.1803 autor
LIIT_043 (113r-114r)
Escritura de Antonio Guedes (tabelião), autor Salvador
venda
06.07.1615
(sem data)
LIIT_044 (114r-117v)
Despacho Silva (juiz), autor Bahia
29.11.1630
25.01.1622
10.12.1626
320
09.08.1627
29.05.1622
(sem data)
03.01.1631
LIIT_045 (117v-120v)
Escritura de João de Freitas (tabelião), autor Bahia
concerto
16.12.1634
(sem data)
Idanha
23.09.1613 Antonio Calvo de Moraes (tabelião), autor Nova
16.08.1626
17.08.1626
16.12.1634
LIIT_046 (120v-121v)
Despacho Almeida (juiz), autor Pernameiri
para treslado m, Sergipe
do Conde
03.09.1609
LIIT_047 (121v-122v)
Despacho Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, Bahia
para treslado escrivão da alfândega de Salvador), referido
01.06.1611
(sem data)
LIIT_048 (122v-140v)
Carta de Diogo Mendes Duro Exmeraldo (desembargador Bahia
sentença de dos agravos e apelações crimes e civeis, juiz do
medição e tombo), autor
demarcação
Christovão Tavares de Moraes (desembargador
(sem data) dos agravos e apelações crimes e civeis, juiz do
tombo), referido
06.10.1718
27.01.1719 autor
LIIT_049 (141r-141v)
325
LIIT_050 (141v-144v)
Petição inicial Diogo Pereira de Barros (escrivão dos órfãos), Bahia
autor
28.08.1723
Ignacio Barboza Machado (juiz de fora e
orfãos), referido
LIIT_051 (144v-147r)
Escritura de Manoel de Parches Freire (tabelião), referido Salvador
venda
Antonio Rodrigues Pinheiro (proprietário),
13.11.1699 referido
19.05.1694
29.07.1723
LIIT_052 (147r-149r)
Testamento Gonçalo Antonio Rios (testador), autor Pojuca
16.02.1702
LIIT_053 (149r-151v)
Sesmaria Francisco de Couto (escrivão das sesmarias), Salvador
autor
02.04.1598
Diogo Botelho (governador geral), autor
16.07.1640
LIIT_054 (151v-152v)
Sesmaria Diogo Botelho (governador geral), autor Bahia
treslado dos
documentos Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido
LIIT_055 (153r-154r)
Sesmaria Diogo de Menezes (governador geral), autor Salvador
(sem data)
11.10.1611
LIIT_056 (154r-155r)
Carta de Luis de Sousa (governador), autor Salvador
sesmaria
Brás da Costa (escrivão), autor
15.11.1619
Treslado dos Manoel Afonso da Costa (tabelião), autor Bahia
documentos
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido
12.03.1718
LIIT_057 (155r-155v)
Carta de Luis de Sousa (governador), autor Salvador
sesmaria
Brás da Costa (escrivão), autor
23.05.1620
Treslado dos Manoel Afonso da Costa (tabelião), autor Bahia
documentos
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido
25.02.1718
João Homem Freire (juiz), referido
LIIT_058 (156r-157r)
Carta de João Rodrigues de Vasconcelos de Souza Salvador
sesmaria (governador), autor
LIIT_059 (157r-166r)
Petição com Francisco de Souza de Menezes (escrivão dos Salvador
despacho agravos), referido
17.08.1669
332
(sem data)
A já citada preocupação com a cultura escrita por parte dos monges beneditinos (vide
seção 2), aliada ao fator de necessidade de comprovação documental frente a demandas
jurídicas, foi motivadora à escritura e salvaguarda destes registros que ganharam historicidade
com o passar dos séculos.
Não é possível, através deste corpus, se verificar detalhes quanto à localização das
notas públicas e cartórios ou, ainda, quanto à procedência dos agentes. Deduz-se, no entanto,
que os primeiros vieram de Portugal e trouxeram de lá o modus scribendi que norteou o fazer
notarial até o século XVIII, uma vez que poucas mudanças, sobretudo de cunho formulaico,
se operaram. Daí, a sucessão no cargo de tabelião parecer ter sido direta (com a presença de
familiares) ou indireta (com a presença de criados), o que dá a entender a presença de
sobrenomes idênticos, em espaços de tempos intergeracionais. Os cartórios (através dos
nomes de seus proprietários) eram lembrados como referências espaciais e temporais, para
facilitar a localização dos originais os quais se intentava trasladar ou dos agentes envolvidos
em determinadas demandas.
Em se falando se envolvimento em demandas, foram elencadas, através do corpus, as
seguintes tarefas para escrivães e tabeliães: produzir documentos, fazer registros de
documentos em livros, constituir certidões de documentos, trasladar parcialmente (as
chamadas verbas) e integralmente documentos, acompanhar demandas (servindo-lhe de
secretário em todo o processo), secretariar novas medições (dentro ou fora do termo da
cidade), atos de posse, confirmação de velhas medições, testemunhar atos ou escritos, citar
partes envolvidas em processos, fora os servições específicos de cada instituição (caso não
fossem só tabeliães públicos). Como eram escolhidos para cada caso em que era exigida a
presença de um agente notarial? Via de regra, o solicitante da demanda era quem o escolhia.
Por diversas vezes, o abade do mosteiro redigia uma petição, solicitando que determinado
agente, em cujo cartório se depositavam os originais ou já ciente do caso em momento
333
anterior, fosse acionado pela figura legislativa local (juízes ordinários, ou de fora, ou
ouvidores).
Certamente, o tabelião conhecia bem o termo de sua circunscrição, minimamente o
raio urbano, tornando estes documentos de extrema minúncia para a descrição da distribuição
das terras entre vizinhos, de antigas e novas ruas, de aspectos da flora, detalhando nomes de
diversas plantas que serviam como marcos entre as possessões, sem deixar de lado os rios
(com seus nomes normalmente nativos), vitais para a ordenação do solo e sua distribuição.
Na tabela abaixo, se apresentam os nomes dos agentes e sua distribuição ao longo dos
anos, como autores ou citados em processos de outrem. A primeira coluna consta das
informações dos agentes, tais como nomes e cargos que acumulou ou desempenhou em
momentos distintos que se flagram na documentação. As demais colunas dizem respeito à
distribuição das ocorrências no volume Livro II (L2). As colunas estão divididas em duas para
especificar se a pessoa a que se refere a entrada era autor (A), imprescindível ao ato de
escritura/validação, ou referido (R), citado apenas para referenciar as circunstâncias da
demanda sem lhe conferir sua fé pública. Difere-se da tabela na subseção anterior por nela se
registrarem os anos em que cada agente aparece no documento. Os anos repetidos não foram
considerados e foram mantidas as situações em que a amplitude cronológica foi considerada
inviável, se tratando, possivelmente, de homonímia. Agentes que ocorrem somente em
documentos sem data não estão listados. Através desta tabulação, se verificam dados que
permitem verificar quais os agentes mais atuantes nas causas específicas dos LT e em quais
épocas eles atuaram.
LII
Agentes
A R
1659
Afonso Soares da Fonseca (juiz, desembargador e ouvidor geral)
1749
Albuquerque (tabelião)
1609
Almeida (juiz)
1616
Almeida (tabelião)
1803
Antonio Barbosa de Oliveira (tabelião público do judicial e notas) 1804
1805
1615
Antonio Correa Sevilha (piloto)
1628
1715
1718
Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo, tabelião)
1719
1723
1702
Antonio da Silveira de Faria (escrivão, tabelião de Sergipe)
1723
1645
Antonio Fernandes Negraxo (medidor)
1659
1693
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário de cartório)
1718
336
1653 1656
Antonio Gonçalves Vieira (tabelião)
1723
1609
Antonio Guedes (tabelião do público judicial e notas)
1615
1621
Aragão (juiz)
Araújo (juiz)
1716 1616
Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, escrivão da alfândega)
1717
Barros (tabelião)
1553
Belchior Dias Caramurú (escrivão da alfândega e provedoria)
1653
1609 1622
Brochado (juiz)
Cadena (tabelião)
Cardozo (juiz)
Chaves (juiz)
1715 1718
1609
Diogo Baracho (escrivão da alfândega)
1611
1605 1749
Diogo Botelho (governador geral)
1607
1609
Diogo de Menezes (capitão, governador geral)
1611
1722
Diogo Mendes Duro Esmeraldo (desembargador, juiz do tombo)
1723
1553
Diogo Ribeiro (escrivão das sesmarias, tabelião) 1605
1653
1634
Dom Felipe (rei de Portugal)
1639
1803
Domingos José Cardozo (juiz de fora) 1804
1805
1615
Domingues Lopes (demarcador)
1628
1614 1615
1552
Enofre Pinheiro Carvalho (escrivão das sesmarias e tombo)
1553
1627
1628
1642
1656
1695 1695
Francisco Álvares Távora (tabelião do público judicial e notas)
1699 1723
1628
1803
1645 1622
Francisco do Couto Barreto (tabelião, medidor do conselho)
1663 1663
1715 1719
Francisco Machado da Silva (piloto)
1718
Francisco Pinto (tabelião do público judicial e notas, escrivão das 1622 1628
apelações)
1629
Gonçalo Pinto de Freitas (escrivão da alfândega)
1631
1694 1699
Henrique de Valençoela da Silva (tabelião, proprietário de cartório) 1695
1696
1621
Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador, juiz dos órfãos)
1622
1723 1728
1730
1609 1658
1612
1634
João do Couto Barbosa (desembargador, ouvidor geral)
1639
João Ferreira da Costa e São Payo (escrivão interino da junta real da 1803
fazenda)
1803
Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião público do judicial e
1804
notas)
1805
1715
José da Silva de Melo (medidor da corda) 1718
1719
José Luiz Moitinho (escrivão da vara dos dízimos reais, ajudante da 1753 1719
corda)
1723 1723
José Rodrigues Pinheiro (tabelião público do judicial e notas)
1724
1552 1722
1722
José Teixeira Guedes (tabelião)
1723
1724
1718
José Valançoela da Silva (tabelião)
1723
1619 1652
Luis de Souza (governador geral)
1620
1722 1722
Luiz de Siqueira da Gama (juiz, ouvidor geral do cível)
1723
1668
1683
Manoel Dantas Cerqueira (tabelião do público judicial e notas)
1684
1621
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da fazenda)
1622
1659
Manoel Marques (piloto do concelho), referido
1668
1645
Manoel Pereira Franco (desembargador, ouvidor geral)
1659
1702
Manuel Rodrigues de Siqueira (tabelião)
1723
1615 1628
Paulo de Souza (tabelião, escrivão da ouvidoria de Olinda)
1628
1728 1736
Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público judicial e notas na
1730
Vila do Penedo)
1732
Queiroz (tabelião)
Sebastião Álvares da Fonseca (juiz de fora dos órfãos, do crime e 1768 1768
cível)
1609
Sebastião da Silva (tabelião público do judicial e notas)
1628
1742
Simão de Araújo (tabelião)
1747
1621
Simão Matheus (porteiro)
1622
351
Soares (juiz)
Soares (tabelião)
Tavares (tabelião)
1552
Thomé de Souza (capitão de Salvador, governador geral)
1553
Abertura de testamento
Ação Sumária de exhibendo
Acordão e conclusão de sentença
Aprovação da certificação
Aprovação de testamento
Autenticação da escritura
Autenticação da procuração
Autenticação de traslado de procuração
Autenticação do traslado da escritura de transação
Autenticação do treslado do termo de outorga
Autenticação dos traslados
Auto de demarcação
Auto de posse
Carta de arrematação
Carta de data
Carta de doação
Carta de emancipação
Carta de sentença
Carta de sentença de composição
Carta de sentença de segunda via
Carta de sesmaria
Cédula de testamento
Certidão da arruação
353
um modelo, um formulário adotado pela maioria dos tabeliães, em quase todas as situações,
constituído, como nas práticas portuguesas, basicamente, de invocação (e ou notificação),
intitulação, endereço, exposição, cláusulas finais, da data, das testemunhas, da subscrição do
tabelião ou notário e do sinal notarial. Pelo fato de serem traslados, nos LT, documentos não
apresentavam protocolo e texto, mas sempre o escatocolo, já que a cópia autenticada assume
as duas primeiras partes do texto fonte, de forma geral. Há, no entanto, alguns documentos
que apresentam protocolo e texto, informando acerca do próprio processo de trasladação,
além do indispensável escatocolo; nestes casos, o texto fonte acabam por se tornarem apenas
uma parte do texto trasladado.
Quanto à língua que se verifica nos documentos, há uso espaçado de latim,
diferentemente do que ocorreu no século XIV em Portugal, conforme Garcia (2011, p. 72),
que não verificou escritas em latim. No Livro II, se registram apenas expressões latinas,
restritas ao uso jurídico. Este resultado de registro em latim, ao contrário do que uma visão
determinística poderia prever, só corrobora a tese de que as práticas notariais na Bahia
Colônia tiveram seu próprio matiz, de conservadorismo pelo insulamento administrativo,
longe da força centrípeta de Portugal. São flagrados, também, diversos recortes sincrônicos
que ajudam a caracterizar variações, inovações e mudanças linguísticas, uma vez que há uma
média de 5 documentos dentro dos documentos motivos e cada um dele registra uma variante
situada em determinado tempo, espaço e sociocultura.
A invocação no L2T coincide com a ocorrência lusitana em nome de Deus amen,
sendo restrita a produtividade da correspondente latina in nomine Domini amen. Vem
normalmente acompanhada da notificação e, semelhantemente à prática portuguesa, foi se
tornando rara ao longo do período registrado (séc XVI a XIX), deixando espaço apenas à
notificação, Saibam quantos este instrumento (ou outro tipo de documento) virem.
No corpo do texto diplomático, verifica-se o descritivismo que caracteriza a maioria
dos documentos no L2T na parte dispositiva, dificultando, por um lado, a leitura e
compreensão do conteúdo, mas trazendo, por outro lado, riqueza de detalhes que extrapolam o
diplomático, conferindo à documentação alto teor de aspectos urbanísticos, históricos, sociais
e antropológicos, como os rituais de posse, presentes nas descrições dos autos de posse de
terras e escravos, bem como em firmas de contratos. O texto português tende a ser mais
específico, apresentando o conteúdo essencial que a cada tipo documental corresponde e
servindo melhor, portanto, aos quesitos pragmáticos.
356
L2
Agentes
A R
Afonso Garcia Tinoco (juiz, desembargador, corregedor)
Afonso Soares da Fonseca (juiz, desembargador e ouvidor geral) 2
Agostinho de Azevedo Monteiro (juiz, desembargador) 1
Agostinho Gonçalves Pinheiro (meirinho do campo)
Albuquerque (juiz) 1
Albuquerque (tabelião)
Aleixo Lucas (tabelião do público judicial)
Almeida (juiz) 3
Almeida (tabelião)
Álvares (juiz) 1
Álvaro de Araújo (piloto, demarcador) 2
Álvaro Sanches (escrivão da chancelaria e da alfândega, tabelião) 2
Álvaro Teixeira da Fonseca (escrivão), autor 1
Amador Aranha (escrivão)
Amaro Bezerra (capitão, proprietário de cartório) 1
Amaro Siqueira (escrivão da alçada) 1
Ambrósio de Siqueira (desembargador, ouvidor geral)
358
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por tudo que fora feito e apresentado até então, fica patente que o estudioso da cultura,
via escrita, deve se aproximar do máximo possível de informações das mais variadas
naturezas: um dia elas ser-lhes-ão úteis. Por isso ele não pode deixar de dialogar com outras
disciplinas que analisam o texto e a língua através de diferentes perspectivas, pois,
O homem não conseguiria perenizar tudo o que viveu, nem seus antepassados o
fariam. A escrita é, então, um dos modos mais eficazes de auxílio à memória individual e
coletiva, permitindo-se contar e recontar a história sob diferentes perspectivas sociais, já que o
scriptor deixa em cada registro suas marcas subjetivas e enquanto membro de uma
comunidade. Daí, o L2T ser considerado monumento-documento (mesmo sendo cópias
autenticadas e, por isso, fragmentos), pois registram fatos diversos do Brasil Colônia,
sobretudo na Bahia, com um intuito documental (mais especificamente jurídico) e acabam por
constituir um monumento, uma vez que se vislumbra, também, a historicidade do processo.
Muitos desses fragmentos, utilizados entre os séculos XVI e XIX, como capas de
livros de contabilidade e de gestão por párocos, notários e outros amanuenses de
instituições administrativas públicas ou privadas, constituem, hoje em dia, um
relevante testemunho material de obras desaparecidas ou mesmo desconhecidas.
(GOMES; REBELLO, 2006, p. 66)
conservadora e que, portanto, serve a profissionais das mais diversas áreas. Isto mostra o quão
diverso um objeto pode se mostrar; escavação e edição estariam, então, em relação de
similitude.
Para além da edição, as análises feitas, ainda que possam ser consideradas como
introitos, apontam para o mesmo sentido: a adoção do sistema notarial português no Brasil,
refletido no fazer diplomático que documenta o nascente direito brasileiro no tocante a
autores, testemunhas, agentes e outras pessoas, lugares e coisas que compõem um cenário
setorizado da Colônia Portuguesa e, sobretudo, a língua (melhor dizendo, estados de língua)
flagrada em mais de uma centena de camadas textuais citadas que formam um mosaico. O
foco principal não está em se trazer o direito àquela época, propriamente, mas os recursos
linguísticos e diplomáticos utilizados pelos scriptores ao longo de quase quatro séculos,
reunindo transcrições, propondo edições, elaborando índice e glossário, a fim de tentar
minimizar o ruído do tempo que existe entre as fontes e o leitor, bem como se esforçar para
penetrar o epistema dos textos.
Assim, nesta seção não se apresentarão conclusões fechadas, mas recapitulações e
algumas pistas para possíveis estudos futuros. São elas:
a) Os dados para esta tese foram recolhidos em 1 volume dos livros de tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia, que perfaz 66 documentos e 156 fólios escritos. Soma-se ao
corpus o Regimento de 1548, com 9 fólios. O Regimento do Governador não foi encontrado
até o final do cronograma desta pesquisa, deixando-se esta informação para estudos futuros;
b) Esforçou-se por uma aproximação espacial e temporal do fazer notarial na Bahia
Colônia, entre os séculos XVI e XIX, tendo como documento-monumento, o Regimento de
1548;
c) Em relação aos locais onde se lavraram os atos, há predominância da Cidade de
Salvador, mas há número considerável de localidades (cidades, vilas e freguesias) de outras
capitanias, sobretudo, em Pernambuco;
d) No que diz respeito à tipologia diplomática, as autenticações de traslados, autos de
demarcação, autos de posse, cartas de sesmaria, cédulas de testamento, cartas de doação,
instrumentos de aforamento, petições, procurações e escrituras de venda são os mais
produtivos, alcançando, juntos, mais de 50% de ocorrências;
e) Verificaram-se mudanças de fórmulas diplomáticas no preâmbulo, sobretudo na
invocação e intitulação. Para o texto não há fórmula, mas as segmentações das citações
variam entre os tabeliães dos volumes trasladados, sendo, portanto, o modus scribendi o da
372
última mão e não necessariamente das anteriores. De todas as partes, a que menos variou foi o
protocolo final ou escatocolo;
f) No âmbito histórico-jurídico, pôde-se contemplar o início da jurisprudência
brasileira, com o auxílio do Regimento, que serviu como fonte de citação para doações
(apenas dois documentos atinentes à sesmaria, assunto em que se obrigava a citação, não a
citam), mas que não evitou que a burocracia e a morosidade fossem reincidentes na época
colonial brasileira, que remonta às práticas medievais portuguesas, insuladas num novo
mundo desprovido de estrutura semelhante à europeia. Tal descompensação pode se verificar
até mesmo nos dias atuais, mutatis mutandi.
Os aspectos que emergiram dos textos, os quais se resumiram nesta seção, são apenas
alguns poucos em face ao potencial que a documentação apresenta. A maior questão que foi
se repetindo ao longo do doutoramento foi a de como os originais dos documentos citados
enriqueceriam este levantamento com sinais rasos e públicos, assinaturas, marginálias, etc.,
uma vez que estes são traslados? Mesmo que autênticas, estas camadas textuais acabam por
ficar uniformizadas pelo tabelião mais emergente, o que apaga as idiossincrasias no âmbito
paleográfico e de validação diplomática. E ainda mais: é possível que estes originais existam?
Os arquivos brasileiros e portugueses (já que há documentos cujas demandas se passaram em
Portugal, sobretudo no Porto e em Lisboa) salvaguardam estas fontes?
Estas são algumas perguntas que podem dar fôlego a outras pesquisas, entendendo que
as mesmas ultrapassam os limites desta tese, que buscou apresentar documentação que seja
proveitosa a estudos de Diplomática, História e Direito no Brasil, correlacionando a prática
notarial colonial à ainda medievalizante prática portuguesa, que aqui se instalou e ficou
insulada, sem sólido movimento centrífugo ou centrípeto, após o Regimento de 1548.
Resultou-se disso que enquanto em Portugal se ventilava o tabelionado, em terras brasis estar
à moda do se havia prescrito desde a chegada de Thomé de Souza (1549) era o preconizado,
medievalizando, portanto, o fazer notarial, o que se verifica desde a forma (língua, formulae)
até o conteúdo veiculado pelo fundo documental que se dar a acessar com esta pesquisa.
373
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APÊNDICE
Glossário de termos da esfera jurídico-administrativa da Bahia Colônia em recorte
Ação sumária de exhibendo: s. f. Ação constituída rapidamente para que não se detivesse
(indevidamente) um homem livre, ação privilegiada denominada (interdictum de libero
homine exhibendo).
Agravo: s. m. Recurso cabível das decisões proferidas no curso do processo, contra uma
presumida injustiça.
Ajudante de corda: s. m. Auxiliar do agrimensor oficial, cuja tarefa principal era esticar a
corda a fim de se procederem às medições.
Alcaide: s. m. Autoridade que governa uma praça, um castelo, uma fortaleza ou uma
província.42
42
No período colonial os alcaides eram funcionários que guardavam as cidades de dia e de noite. O alcaide era
acompanhado por um tabelião ou escrivão de alcaidaria para registrar o que ele fizesse ou as coisas que
encontrasse. O alcaide poderia fazer prisões em flagrante delito ou flagrante malefício. Á fora o flagra, só
poderia prender com mandado por escrito do juiz. Na ausência do juiz na localidade, poderia efetuar prisões em
382
Auto: s. m. Peça escrita por oficial público que contém a narração formal, circunstanciada e
autêntica de determinados atos judiciais ou de processos. Do latim actu. ~de demarcação, ~de
posse.
Cabedal: s. m. O conjunto dos bens livres e desobrigados que formam o capital de alguém.
Capitão mor: s. m. Autoridade que governa uma capitania subalterna, tendo alçada civil e
criminal.
algum conflito, mediante o requerimento por pessoa ou lhe era mostrada querela com sumário obrigatório. Após
o toque de recolher, poderiam prender pessoas que estivessem ou não com armas proibidas. Os homens
auxiliares do alcaide juntavam-se em casa deste ao toque da Ave-Maria, e também o escrivão, e combinavam os
meios de vigiar a cidade. Quando prendiam alguém eram obrigados a dizer ao carcereiro o motivo da prisão,
para que soubesse a quem podia requerer o livramento.
383
Carta de data: s. f. Documento dado por uma autoridade colonial (rei, governador ou
capitão) que garantia a cessão de determinada porção de terra a uma pessoa, chamada de
sesmeiro. Também chamada de data de sesmaria.
Carta de doação: s. f. Documento da Coroa Portuguesa pelo qual fazia a concessão de uma
capitania a um capitão donatário. Esse documento estabelecia os limites geográficos da
capitania e proibia o comércio das suas terras, aceitando a transferência territorial apenas por
hereditariedade, regulamentava os limites das capitanias e dava jurisdição civil e criminal
sobre a área da capitania.
Carta de sesmaria: s. f. Registro de posse dada por governador geral ou pelo próprio rei,
apresentando o requerimento do favorecido, informando seus limites e vizinhos e, sobretudo,
seus deveres.
Cartório: s. m. Local particular onde um serventuário da justiça exerce o seu ofício e no qual
são guardados livros, documentos, processos importantes, quer sejam particulares ou oficiais.
Certidão: s. f. Documento passado por funcionário que tem fé pública (escrivão, tabelião
etc.), no qual se reproduzem peças processuais, escritos constantes de suas notas, ou se
certificam atos e fatos que eles conheçam em razão do ofício. ~de arruação. ~ de folha de
partilha. ~de carta de sesmaria. ~de conservatória. ~de cumprimento de sentença. ~de
escritura de doação. ~de testamento. ~de verba de testamento. ~auto de demarcação. ~de
autenticação.
Cláusula derrogatória: s. f. Cláusula em que se revoga parcialmente uma lei por outra.
43
No Brasil Colônia, sob a vigência das Ordenações Filipinas, a imputabilidade penal iniciava-se aos
sete anos, eximindo-se o menor da pena de morte e concedendo-lhe redução da pena, esta sempre
proferida em público. Entre dezessete e vinte e um anos havia um sistema de "jovem adulto", o qual
poderia até mesmo ser condenado à morte, mas ainda com redução de pena em algumas situações. A
imputabilidade penal plena ficava para os maiores de vinte e um anos, a quem se cominava, inclusive,
a pena de morte para certos delitos. (SOARES, 2003, p. 2).
384
Conclusão dos autos: s. f. Entrega ou remessa de um processo ao juiz, para que esse lavre
nele despacho ou sentença.
Custas: s. f. pl. Despesas regulamentadas por normas, feitas com a promoção ou realização
de atos forenses, processuais. Diferem-se as que são atinentes aos registros públicos e as que
são contra a parte derrotada na ação judicial.
Dar fé a documentos: exp. Assegurar que a documentação processual seja verdadeira e que
seu conteúdo seja devidamente autenticado.
Dar posse: exp. Conceder o poder de dispor fisicamente de algo, com ânimo de considerá-la
sua e defendê-la contra a intervenção de outrem.
Doação inter vivos: s. f. Ato pelo qual uma pessoa, ainda em vida, renuncia, a partir de data
predeterminada, de uma coisa, seja ela qual for, em favor de outra, donatário.
385
Doação: s. f. Contrato pelo qual uma pessoa, por livre e espontânea vontade, transfere bens
de seu patrimônio a outrem.
Escrivão: s. m. Oficial público que tem a função de registrar todos os atos de um processo ou
determinados pela autoridade a quem serve. 44 ~da câmara. ~da alçada. ~da alfândega. ~da
almotaceria. da chancelaria. ~da legacia. ~da ouvidoria geral. ~da provedoria. ~da provedoria
mor das fazendas dos defuntos e ausentes. ~da vara do meirinho. ~da vara dos dízimos reais.
~da vintena. ~das apelações. ~das conservatórias das religiões. ~das sesmarias. ~de
demarcação. ~do eclesiástico. ~do meirinho da correição. ~do tombo. ~dos agravos e
apelações. ~dos feitos da Coroa e da fazenda real. ~dos órfãos, defuntos e ausentes. ~dos
resíduos. ~interino da junta real da fazenda.
Ex officio: exp. Locução que autoriza o órgão competente a agir oficialmente, por
determinação legal, em razão do ofício, independentemente de aprovação de alguém.
44
No período colonial havia vários tipos de escrivão que ocupavam todas as instância da administração pública,
como escrivão de ouvidoria, escrivão de correição, escrivão do alcaide etc. Graças a ação desses funcionários
podemos ter acesso aos textos, pois eram os pouco com domínio da escrita naquele momento histórico, já que a
maioria da população era analfabeta. Muitos deles eram portugueses ou descendentes próximos, como também
eram de famílias ilustres e protegidos pelos administradores, conforme o que podemos constatar.
386
Folha de partilha: s. f. Peça autêntica dos autos de inventário que estabelece direitos
atribuídos legalmente aos herdeiros, dando-lhes, formalmente, posse dos quinhões de
conformidade com a carta testamento.
Juiz de fora: s. m. Juiz vindo de fora da localidade, nomeado pelo rei ou outra autoridade
executiva, e que servia como administrador da justiça e/ou presidente da câmara da vila.
Opunha-se ao juiz eleito ordinariamente.
Juiz de vintena: s. m. Juiz responsável pela administração das pequenas localidades mais
afastadas com população entre vinte e cinquenta habitantes e que não constituíam um
município.45
Juiz ordinário:s. m. Juiz eleito anualmente pelo povo e câmeras das vilas que exercia a
presidência dessas, domiciliado e estabelecido onde atuava.
45
Vintena designa o lugar ou povoado de vinte vizinhos ou de vinte casais. O juiz vinteneiro ou de vintena era
provido na jurisdição de uma aldeia ou povoado que tem vinte casais.
387
Outorga: s. f. Ato de atribuir ou conceder; dar bens, direitos, títulos, entre outros. Assumir ou
declarar em contrato privado ou em escritura pública. Do latim auctoricare.
Ouvidor geral: s. m. Autoridade instituída juntamente com o Governo Geral em 1548, para
auxiliar o governador na administração do Brasil, ouvindo as demandas.
Petição: s. f. É toda declaração de vontade fundamentada, pela qual alguém se dirige ao juiz
para entrega de determinada prestação jurisdicional, devendo, ou não, ser citada a outra parte.
Poderão as partes exigir recibo de petição, arrazoados, papéis e documentos que entregarem
em cartório. ~com despacho. ~do agravo e acordão.
Praça: s. f. Venda judicial de bens imóveis. Os trâmites eram inicialmente feitos em praças
públicas.
388
Procuração: s. f. Instrumento por meio do qual a pessoa física ou jurídica outorga poderes a
outra.
Público notário apostólico: s. m. Aquele que recebe e expede atos e instrumentos públicos
em matéria espiritual.
Quitação: s. f. Documento escrito por meio do qual o credor declara ter recebido o resgate
feito pelo devedor de sua dívida, desobrigando-o do compromisso assumido.
Reconhecimento: s. m. Documento que registra o ato (ou omissão) realizado por alguém.
Geralmente relaciona-se à identificação de letras e sinais de tabeliães e escrivães,
certificando-as como dos escreventes. ~do traslado da procuração.
Relação: s. f. Nome dado à formação nuclear jurídica da época colonial, constituída de três
desembargadores dos agravos e apelações, dois desembargadores extravagantes, um juiz dos
feitos da Coroa, da Fazenda e do Fisco, um provedor dos defuntos e resíduos, um ouvidor-
geral do cível e do crime e um chanceler. Finalmente, havia entre os magistrados um
procurador da Coroa, que acumulava também as funções de procurador da Fazenda e a
promotoria.
Sentença: s. f. Ditame, expressão, frase ou mesmo uma palavra que resume ou caracteriza um
pensamento moral ou um julgamento de profundo alcance. ~ da legacia. ~de emenda de
partilhas. ~de folha de partilha. ~de habilitação de causa cível. ~de licença para venda. ~de
reformação e publicação. ~do ouvidor geral
389
Termo: s. m. Extremidade, limite, alcance máximo de algo. Declaração escrita nos autos. Ato
pelo qual o notário registra por escrito: uma convenção das partes, a confirmação categórica
de outrem, devendo esta produzir certos efeitos de direito. ~de abertura. ~de aforamento. ~de
amigável composição. ~de arrematação e venda. ~de arruação. ~de demarcação. ~de
desistência e composição. ~de dívida. ~de doação. ~de encerramento. ~de medição. ~de
outorga e retificação. ~de posse. ~de publicação da sentença. ~de quitação e arrematação.
Terras devolutas: s. f. pl. Terras vagas, não aproveitadas, que podem ser alienadas ou
concedidas a particulares.
Testamento: s. m. Ato revogável pelo qual alguém dispõe, no todo ou em parte, de seu
patrimônio, para depois de sua morte.
Traslado: s. m. Cópia de registro, fiel e exata quando comparada com o documento original.
É feita pelo escrivão ou o próprio tabelião, sendo que a matriz é trasladada nos autos do
processo ou no livro do tabelião. O primeiro traslado de um documento é designado escritura
autêntica e os seguintes são identificados como certidões. É também conhecido como
apógrafo. ~ de carta de sesmaria. ~de escritura de débito. ~de escritura de venda. ~de escritura
de venda e quitação. ~de instrumento de venda e aforamento. ~de instrumento de doação. ~de
instrumento de transação amigável. ~de testamento. ~de traslado de carta de sesmaria. ~de
traslado de escritura de débito. ~de verba de testamento. ~de auto de posse. ~do traslado do
traslado de carta de sesmaria. ~dos documentos.
Verba: s. f. Cada uma das cláusulas ou dos artigos, condições ou disposições mencionadas
em um documento escritura; comentário, esclarecimento, ponderação. Transcrição de trecho
de documento. ~de testamento.
Vício: s. m. Qualquer falha que corrompe o ato jurídico, tornando-o nulo ou anulável. Pode
ser: sanável, quando, não afetando a validade do ato, pode ser modificado por ato posterior;
insanável, quando, por afetar a legalidade do ato, torna o mesmo nulo, não podendo ser
modificado por nenhum ato.
Vista dos autos: s. m. Recebimento dos autos de um processo em que lhe cabe falar ou tomar
ciência do que ele contém. Os autos têm de ser vistos no próprio tribunal.