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Universidade Federal da Bahia


Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
Rua Barão de Geremoabo, nº147; CEP: 40170-290 Campus Universitário - Ondina, Salvador - BA
Tel.: (71) 336-0790 / 8754 Fax: (71) 336-8355 E-mail: pgletba@ufba.br

JAQUELINE CARVALHO MARTINS DE OLIVEIRA

DE RE DIPLOMATICA: FAZER NOTARIAL NA BAHIA


COLÔNIA NO LIVRO II DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO
BENTO DA BAHIA

Salvador
2014
2

JAQUELINE CARVALHO MARTINS DE OLIVEIRA

DE RE DIPLOMATICA: FAZER NOTARIAL NA BAHIA


COLÔNIA NO LIVRO II DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO
BENTO DA BAHIA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Língua e


Cultura da Universidade Federal da Bahia como requisito
parcial para obtenção de título de doutor.

Orientadora: Profa Dra Alícia Duhá Lose


Coorientadora: Profa Dra Célia Marques Telles

Salvador
2014
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Sistema de Bibliotecas da UFBA

Oliveira, Jaqueline Carvalho Martins de.

De re diplomática : fazer notarial na Bahia Colônia no Livro II do Tombo do Mosteiro de São

Bento da Bahia / Jaqueline Carvalho Martins de Oliveira. - 2015.

389 f.: il.

Inclui apêndice.

Orientadora: Profª. Drª. Alicia Duhá Lose.

Coorientadora: Profª. Drª. Célia Marques Telles.

Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, 2014.


4

JAQUELINE CARVALHO MARTINS DE OLIVEIRA

DE RE DIPLOMATICA: FAZER NOTARIAL NA BAHIA COLÔNIA NO


LIVRO II DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA BAHIA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Língua e Cultura da Universidade Federal da


Bahia como requisito parcial para obtenção de título de doutor.

Aprovada em 14 de Novembro de 2014.

Profa Dra Alícia Duhá Lose ‒ Orientadora _______________________________________


Doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Prof. Dr. Expedito Eloísio Ximenes _____________________________________________


Doutor em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFCE).

Profa Dra Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz ____________________________________


Doutora em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP).

Profa Dra Célia Marques Telles ‒ Coorientadora __________________________________


Doutora em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP).

Profa Dra Risonete Batista de Souza ________________________________________


Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP).
5

Ao Deus Supremo, Motivo de minha existência e Mestre em minha jornada, guiando-me e


ensinando-me todas as coisas;

ao meu amor, Toni, e meu amado filho, Lúcio, por serem a minha maior motivação todos os
dias;

a minha mãe e meu pai (in memoriam), pelo incentivo a superar desafios e pelo acalanto e
correção encontrados em gestos e palavras;

a meus irmãos, por compartilharmos, de forma enriquecedora, bons e maus momentos;

a todos que foram e são meus professores, pois eles também são peça fundamental para o meu
encaminhamento profissional e acadêmico.
6

AGRADECIMENTOS

 Ao Senhor Jesus pelos constantes cuidados, ensinamentos e inspirações;


 A meu esposo, Toni, pela compreensão e cumplicidade em cada passo, sem as quais
seria muito difícil concluir esta etapa;
 A meu filho, Lúcio Heleno, pela contribuição que a maternidade trouxe para mim,
em todos os aspectos;
 A minha família (mainha, painho, Ralph, Joice e sogrinha) e parentes, por todo o
suporte dado em todo o tempo;
 A Profa Alícia Duhá Lose, minha orientadora, por ter sempre me auxiliado, tendo o
próprio convívio com ela provido meu crescimento em todos os sentidos;
 A Profa Célia Telles por me ensinar o amor à palavra e aceitar a coorientação desta
tese, compartilhando comigo um pouco do seu vasto conhecimento e seus amados
livros;
 À distinta Banca Examinadora desta tese pelas intensas contribuições que fizeram ao
trabalho, tornando-o, indubitavelmente, melhor. Meu muito obrigada ao Prof. Dr.
Expedito Ximenes, à Profa Dra Rita Queiroz, à Profa Célia Telles à Profa Dra
Risonete Batista;
 A Profa Dra Rosa Borges por ter me apresentado em primeira mão o labor
philologicus, me tornando, assim, sua ―filhote‖;
 A todos os monges, na pessoa do Dom Abade Emanuel d‘Able do Amaral, que
contribuíram diretamente e indiretamente, abrindo as portas (literalmente!) para que o
Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia surgisse e se estabelecesse (do
qual tenho muito orgulho em ser a pesquisadora n o1 em Iniciação Científica, em
2006);
 Aos amigos e companheiros de trabalho do Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São
Bento da Bahia: Marla, Perla, Gérsica, Lívia, Rodrigo, Alda, Profa. Vanilda, Mona,
Juliana, Rafael... Pensaram que eu iria esquecer de meus pupilas queridos, dos quais
tive o prazer de ser tutora? Os meus sinceros agradecimentos também vão para vocês,
meninos: Andréa, Bruna, Luana, Gustavo e Amanda;
 Aos meus amigos e companheiros do Grupo de Filologia Românica da UFBA (os
de Titia Rosa e os de Titia Célia), os quais se eu fosse enumerar aqui, certamente teria
bastante trabalho; além de numerosos, vocês são individualmente valorosos para mim
e para este trabalho! As demais pessoas que não estão listadas diretamente, mas que
com certeza estão guardadas em minha memória e coração.
7

À pergunta <<que instrumentos críticos julga mais úteis e


actuais para a sua prática interpretativa?>>, o filólogo para
quem a interpretação não pode ser nunca um acto
simplesmente mental, mas antes hábito de acção,
comportamento, deve responder: <<todos>> (PICCHIO,
1979, p. 217).
8

RESUMO

Tese apresentada em um volume, constituída de 6 seções. Começa-se por situar a


pesquisa na temática Língua e Cultura, bem como apresentar o objeto de estudo, registros que
tratam do fazer notarial na Bahia Colônia, tendo como documento-monumento o Regimento
de Tomé de Sousa, de 1548, trasladados em um volume da coleção dos Livros de Tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia: o Livro II do Tombo. A segunda seção apresenta um
histórico da Diplomática, seu reconhecimento enquanto ciência, o Mosteiro de São Bento da
Bahia enquanto lugar privilegiado de estudos e a relevância do volume em análise. Passa-se,
na seção seguinte, a um panorama das tendências diplomatísticas em Portugal, procurando,
sobretudo, entender o texto notarial em solo europeu, ainda sob resquícios medievais, entre os
séculos XIV e XVI. Na quarta seção, procede-se à análise de aspectos extrínsecos e
intrínsecos do Regimento e inserção deste no cenário dos atos diplomáticos, trazendo sua
relevância como monumento e marco para o fazer diplomático na Colônia, além de
documento-argumento em vários processos registrados nos Livros de Tombo; ademais,
analisam-se duas edições existentes, apresenta-se a edição proposta e levanta-se a
possibilidade de existência de outro regimento, de teor similar, feito pelo próprio Tomé de
Sousa, depois de ter dado início ao governo-geral. A quinta seção apresenta os resultados
específicos, os que estão no recorte do Fundo Documental dos D’Ávila, editado em
dissertação (OLIVEIRA, 2012), e gerais, que dão conta de todos os documentos do volume.
Finalmente, a última seção traz as conclusões a que se chegaram depois da pesquisa, trazendo
os limites deste estudo e apontando trabalhos futuros.

Palavras-chave: Filologia. Diplomática. Atos diplomáticos. Regimento de Tomé de Sousa.


Livro II de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia.
9

ABSTRACT

Thesis presented in one volume, consisting of six sections. It begins by situating the
research in the subject Language and Culture as well as brings about object of study
considerations, documents about the notarial labor Colonial Bahia, considering Regimento de
Thomé de Sousa (1548) as a document-monument, registered in Livro II de Tombo of
Benedictine Monastery of Bahia. The second section presents Diplomatic history, its
establishment as a science, characters of its theory and its practice in Portugal to confront the
results obtained in corpora, in Brazil, in colonial era. Analysis of extrinsic and intrinsic
aspects of Regimento and its insertion in diplomatic acts scenario, bringing its relevance as a
monument to the diplomatic labor in colonial age, as well as document-argument in several
cases registered in Livro II de Tombo, are presented; moreover, two existing editions were
analyzed and the proposed edition is presented. The fourth section takes up the importance of
the monastery as a participant in Bahya formation and, at the same time, safe guardian of part
of (its own) memory; it is the core of the thesis, the exhaustive survey of characteristics of
notarial practice, accompanied by a linguistic and extra-linguistic overview, collaborating, in
the end, with details of the notary-registral praxis that Livro II de Tombo eventually provide
with their writings. In the fifth section, practical-theoretical considerations about the editorial
process and criteria for editing are presented, as well as features about the availability of
digital texts edited semidiplomatically, index of notary agents involved in the process,
glossary of terms and other studies. Finally, the last section contains the conclusions that
came after the search, and leave loose ends for new studies, understanding that any work is
finished or is uncontested.

Keywords: Philology. Diplomatic. Diplomatic acts. Regimento de Tomé de Sousa. Livro II de


Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Alunos-escribas. Ilustração reproduzida de Jean (2008, p. 40) 27


Figura 2 – Capa do Livro II do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia 36
Figura 3 – Verso da nota de abertura do Livro II do Tombo 37
Figura 4 – Excertos facsimilares do Livro II do Tombo nos quais se verificam alguns aspectos paleográficos 38
Figura 5 – Excerto facsimilar do fólio 3 recto do Livro II do Tombo no qual se registra a letra do scriptor 2 39
Figura 6 – Amostra da letra espanhola vertical e inclinada 40
Figura 7 – Quadro comparativo das primeiras manifestações de bastardas espanholas 41
Figura 8 – Excerto facsimilar do fólio 3 recto do Livro II do Tombo no qual se pode ver a letra do scriptor 3 51
Figura 9 – Sinais polilobados. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 90) 67
Figura 10 – Sinais estrelados. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 89) 67
Figura 11 – Sinais rômbicos. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 91) 68
Figura 12 – Sinais com entrelaçadas. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 90) 68
Figura 13 – Sinais com cruciformes. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 88) 68
Figura 14 – Sinais com grafias. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 90) 68
Figura 15 – Sinais modificados. Ilustração reproduzida do trabalho de Garcia (2011, p. 91) 69
Figura 16 ‒ Reprodução dos frontispícios da edição da Fundação Gregório de Matos e da edição de AF 78
Figura 17 ‒ Recorte fotográfico em maiúsculas interessantes. f. 1r, L. 1 82
Figura 18 ‒ Recorte fotográfico em maiúsculas interessantes. f. 1r, L. 3 82
Figura 19 ‒ Recorte fotográfico na letra com a qual se escreve inicialmente. f. 1r, L. 1 83
Figura 20 ‒ Recorte fotográfico na letra com a qual se escreve nos últimos fólios. f. 8r, L. 10 83
Figura 21 ‒ Ficha do livro onde se registra o Regimento 84
Figura 22 ‒ Folha de guarda do livro onde se registra o Regimento 85
Figura 23 ‒ Sumário ou Alfabeto deste liuro onde se registra o Regimento 86
Figura 24 ‒ Tauoada deste liuro dos Regimentos, onde se registra o Regimento 87
11

LISTA DE ABREVIATURAS

AF Alves Filho
AHU Arquivo Histórico Ultramarino
FGM Fundação Gregório de Matos
GPMSBB Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia
L2T Livro II do Tombo
LT Livros de Tombo
LTMSBB Livros de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia
LVTMSBB Livro Velho de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia
MSBB Mosteiro de São Bento da Bahia
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13
1.1 ESTUDOS DE DIPLOMÁTICA E ÁREAS AFINS NO BRASIL 22

2 INTRÓITOS DIPLOMÁTICOS, O MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA BAHIA E


O LIVRO II DO TOMBO 27
2.1 ESCRITOS, HISTÓRIA E MEMÓRIA 27
2.2 A IMPORTÂNCIA DA DIPLOMÁTICA PARA O ESTUDO DE
DOCUMENTAÇÃO NOTARIAL: UM POUCO DE HISTÓRIA 28
2.3 MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA BAHIA: PARTICIPANTE DA FORMAÇÃO
DA BAHYA E SALVAGUARDIÃO DA MEMÓRIA DO MUNDO 32
2.4 O LIVRO II DO TOMBO (L2T): APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO 35
2.4.1 Caracterização do Livro II do Tombo 35
2.4.1.1 O scriptor 2, o escrivão Antonio Barbosa de Oliveira 39
2.4.1.2 O scriptor 3, o tabelião Joaquim Tavares de Macedo da Silva 51

3 DIPLOMÁTICA EM PORTUGAL: ESTUDOS E RESULTADOS 57


3.1 ESTUDOS DIPLOMATÍSTICOS EM PORTUGAL: ALGUNS RESULTADOS 62
3.1.1 Tempo de duração do ofício de tabelião e sua formação 63
3.1.2 As intitulações tabeliônicas 63
3.1.3 Tipologias documentais dominantes e discurso diplomático 64
3.1.3.1 A invocação 65
3.1.3.2 Datas, testemunhas e subscrições e sinais 66
3.1.3.3 Problemas de identificação de tabeliães: homonímias e sinais 66
3.1.4 Emolumentos e outros custos 69
3.1.5 As práticas cotidianas e as leis 69
3.2 A DIPLOMÁTICA EM PORTUGAL 71

4 OS REGIMENTOS COMO MARCOS PARA OS ATOS DIPLOMÁTICOS NA


COLÔNIA PORTUGUESA 74
4.1 O REGIMENTO DE 1548: MAIS UM POUCO DE HISTÓRIA 74
4.1.1 Um documento-monumento do fazer notarial no Brasil 76
4.2 TRADIÇÃO TEXTUAL: ANÁLISE DAS EDIÇÕES DA FUNDAÇÃO
GREGÓRIO DE MATOS E DE ALVES FILHO 78
4.2.1 As variantes que ocorrem em duas edições do Regimento de 1548 79
4.3 A EDIÇÃO SEMIDIPLOMÁTICA PROPOSTA: CRITÉRIOS E TRANSCRIÇÃO 81
4.3.1 Aspectos extrínsecos e intrínsecos do Regimento de 1548 81
4.3.2 Critérios de edição 88
4.3.3 Edição semidiplomática 90
4.3.4 Confronto dos trechos do Regimento (ou melhor, dos regimentos), copiados no
13

L2T, frente ao original 124


4.3.4.1 Ocorrências do Regimento de El Rey 125
4.3.4.2 Ocorrências do Regimento do Governador 128

5 O LIVRO II DO TOMBO: RESULTADOS ESPECÍFICOS E GERAIS 133


5.1 O FUNDO DOCUMENTAL DOS D‘ÁVILA: RESULTADOS ESPECÍFICOS 133
5.1.1 Análise diplomático-indiciária dos documentos 258
5.2 RESULTADOS GERAIS DO LIVRO II DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO
BENTO DA BAHIA 279
5.2.1 Os agentes e sua atuação ao longo dos anos 331
5.2.2 As intitulações tabeliônicas 350
5.2.3 Tipologias documentais dominantes e discurso diplomático 351
5.2.4 Índice onomástico: agentes jurídico-administrativos da Bahia Colônia em
recorte 356

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 369

REFERÊNCIAS 372

APÊNDICE ‒ Glossário de termos da esfera jurídico-administrativa da Bahia 380


Colônia em recorte
14

1 INTRODUÇÃO

Desde a chegada à antiga capital da América portuguesa, em 1582, os beneditinos têm


sido coparticipantes da história brasileira: antes, por conta da incontestável importância que
exercia a Igreja em vários âmbitos da sociedade; hoje, por meio dos escritos que mantiveram
como testemunhas, muitas vezes, as únicas que sobreviveram ao tempo. Nas palavras de
Pinheiro (1989),
Ao longo de todo o processo de colonização das terras brasileiras foram se
formando pequenas, médias e grandes bibliotecas. Estas bibliotecas representam
hoje, não somente autênticos documentos da influência sócio-cultural européia, mas
constituem, também, acervos de idéias que influenciaram os homens que fizeram a
nossa história (PINHEIRO, 1989, p. 19).

Dentre os numerosos documentos salvaguardados no Mosteiro de São Bento da Bahia


estão os Livros do Tombo (doravante LTMSBB), uma coleção de registros reunidos, em forma
de caderno, que atestam e precisam a tradição medieval (que se mantem muito forte por longo
período, chegando aos dias atuais), de doação de bens para a Igreja por parte das famílias
locais e alcançam um período de cerca de 400 anos (séc. XVI, XVII, XVIII e XIX), se
referindo ao patrimônio material dos Beneditinos da Bahia, acumulado desde os primórdios
da ocupação, em 1581 ‒ quando se deu início à implantação da Ordem, em Salvador, no
limite Sul da Cidade, nas imediações das Portas de Santa Luzia, onde existiu a Capela de São
Sebastião, doada aos monges pelo Bispo Antônio Barreiros ‒, até a República, quando houve
real separação entre a Igreja e o Estado.
Os bens móveis e imóveis foram adquiridos por motivações espirituais e temporais.
De acordo com Maria Herminia Olivera Hernández (2009), muitos doadores

[...] deixavam os bens para os monges em troca do recebimento temporário de


orações e outros benefícios, tais como proteção, sustento ou a satisfação de
determinadas necessidades materiais específicas, podendo ser uma pensão por vida
ou, simplesmente, roupas, calçados e alimentos. A grande maioria das doações e
legados tinha motivação espiritual (OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p. 63).

O Governo-geral e a Câmara, para citar apenas as mais importantes instituições temporais,


com a finalidade de obter algum benefício no sentido de promover o povoamento ou
desenvolvimento econômico, também faziam suas ofertas.
Grande parte destas transações está registrada nos Livros de Tombo (doravante LT),
como se disse, e a importância dos textos de caráter jurídico como fonte histórica já é um
consenso entre estudiosos há várias décadas, especialmente após a publicação, na década de
70, de Vigiar e Punir, de Michel Foucault (1975), e de O Queijo e os Vermes, de Carlo
15

Ginzburg (1989), trabalhos que acabaram por difundir uma visão da história criminal como
história social e como uma prática entremeada por relações de poder. Para Cybele Crossetti de
Almeida (2002), houve uma mudança de concepção, que nada mais é do que uma volta a
antigas práticas de imersão em arquivos, com o matiz dos estudos sociológicos nas pesquisas
mais recentes. Nas palavras da autora,

Trata-se de encarar as fontes jurídicas não apenas no seu aspecto punitivo, mas
também normativo, como ordenamento social e parte de um projeto político. Se esta
concepção pode ser adotada como válida para diferentes períodos históricos, tanto
mais o será para a idade média, período no qual se formaram os Estados Nacionais.
(ALMEIDA, 2002, p. 2)

Embora os LT registrem práticas notariais do século XVI ao XIX, fica evidente a


influência medieval quanto aos atos registrados e as formulae diplomáticas, sobretudo nas
primeiras duas centúrias, como se pôde ver ao longo desta pesquisa (e de projetos
interinstitucionais congruentes), cujos detalhes serão esquematizados a partir de então.
Desde 2006, documentos jurídicos do acervo beneditino da Bahia vêm sendo
analisados sob diferentes perspectivas em duas frentes de trabalho em nível de graduação,
mestrado e doutorado:
a) a do Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia, que se desenvolve sob a
coordenação da Profa Dra Alícia Duhá Lose, tem por objeto, além de diversos outros
documentos do acervo, os Livros de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia, coleção
com 11 volumes que registram o tombamento de bens móveis e imóveis do Mosteiro.
Dentre eles, estudam-se os Livros I, II e IV do Tombo. No Livro I do Tombo estão
contidos documentos importantes sobre Pernambuco e Bahia no período de 1542 a 1792.
Este volume é objeto de estudo da Profa. Me. Marla Oliveira Andrade, sob orientação da
Profa. Dra. Alícia Duhá Lose, em nível de doutorado pelo PPGLingC/UFBA, no qual se
procede à edição semidiplomática dos documentos que datam da segunda metade do
século XVII e do século XVIII, às análises codicológicas, paleográficas, diplomáticas,
lexicológicas. O Livro II do Tombo, o terceiro da coleção, reúne sessenta documentos
onde se registram instrumentos que (com)provam doações feitas pelas famílias que
moravam na Bahia e até em regiões vizinhas, aos "Relligiozos de Saõ Bento", bem como
partes nas heranças que lhes eram legadas. O Livro II foi objeto de análise do Grupo de
Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia, entre 2006 e 2008, que apresentou e
publicou diversos estudos e está preparando a publicação de sua edição semidiplomática.
O Livro IV está sob os cuidados de Aldacelis Barbosa, que desenvolve pesquisa em nível
16

de mestrado, também sob orientação da coordenadora deste grupo. Dentre os documentos


presentes neste livro, estão licenças, certidões, contratos de arrendamento e de
aforamento, cartas de sesmarias. Estes documentos trazem registros dos bens imóveis
pertencentes ao Mosteiro de São Bento da Bahia, em sua maioria relacionados à cidade de
Salvador, no período de 1843 a 1913;

b) a do Grupo de Filologia Românica da Universidade Federal da Bahia, coordenado


pela Profa. Dra. Célia Marques Telles, que tem por objeto o Livro Velho e o Livro III do
Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia, o mais antigo da coleção de Livros de Tombo,
um traslado (cópia de originais) de documentos relativos ao início do séc. XVI, tais como
testamentos, doações, registros. Este volume foi editado, inicialmente, pelos próprios
monges e publicado em 1945 pela Tipografia Beneditina da Bahia. O volume manuscrito,
que ainda não é de acesso público, e sua edição de 1945 (que já se encontra, há muito,
esgotada) são objetos de análise do referido grupo. O Livro III apresenta características
semelhantes aos demais, traz documentos datados entre 1559 e 1768 e encontra-se em
estágio inicial de investigação.

Partiu-se, então, de parte da produção destas duas frentes de trabalho para o


cruzamento das informações até então obtidas e acréscimo de outras novas, atinentes ao tema
desta pesquisa, a prática notarial flagrada no Livro II do Tombo (L2T), tendo o Regimento de
Thomé de Sousa, de 1548, como documento-monumento que foi trasladado repetidamente sob
forma de citação nos referidos livros com a função de conferir maior respaldo às demandas
que ali se registram por ser o Regimento um escrito régio (redigido na corte do rei D. João III
e que dispõe acerca da forma como o futuro primeiro governador-geral deveria administrar a
Colônia). Para além de apenas disposições reguladoras para a exequibilidade do governo, o
referido documento traz impressões e histórias que chegavam em Portugal acerca da colônia,
citando nomes de pessoas já influentes e dos potenciais atributos para os objetivos da
colonização. Portanto, o olhar que os pesquisadores poderão lançar sobre o material editado
vai do histórico ao linguístico, uma vez que se trata de um marco histórico para a formação de
Salvador, primeira capital da Colônia, e guarda em si, graças às premissas que norteiam à
lição conservadora, a língua tal como fora registrada no ato de escritura. No continuum de
uma e outra área, pode-se citar o interesse mais próximo às áreas de Urbanismo e do Direito,
17

pois a função dos escritos eclesiásticos, sobretudo monasteriais, acabam por recair em
diversas vertentes.
De las causas que estudia Sáez en el trabajo que publicamos, referido al origen y
función de los cartularios hispanos, interesa destacar en esta presentación el aspecto
novedoso en la mirada de un tema, cual es que, una de las causas del origen de los
códices diplomáticos sea conservar la memoria. Para el autor ésta es triple, por un
lado la de las donaciones recibidas por el monasterio, la abadía, etc.; por otro la de
los donantes y, en tercer lugar, la de los promotores o comitentes. Todos son hechos
memorables, pero el autor también rescata "la ambición de la creación de una nueva
memoria y la legitimación de una nueva situación, olvidando u ocultando la
anterior", pues no todos los originales conservados pasan al cartulario, sino una
selección de ellos y, puede existir la tentación - que de hecho la hubode introducir
diplomas falsos interpolados en la copia (MOYA, 2000, p. 26)

Selecionou-se o Livro II para o recolhimento dos documentos atinentes à pesquisa por


estar já tratado (digitalizado, descrito e transcrito) através das pesquisas acima mencionadas,
portanto prontos para outros estudos. Ao longo do levantamento de dados nos documentos do
volume em recorte, registraram-se características do fazer diplomático na Bahia Colônia. Esta
etapa ganhou produtividade ‒ no sentido de alta ocorrência de cópias do Regimento e de
registro de flagrantes do fazer notarial ‒ que extrapolou as expectativas iniciais, devido à
potencialidade que apresenta o material estudado. Uma vez que "Toda análise se desenvolve a
partir da singularidade do material, é o objeto que dita o comportamento a ser adotado pelo
pesquisador: se antigo ou moderno, de testemunho único ou múltiplo, inédito ou édito [...]"
(CARVALHO, 2003, p. 49), propõe-se uma edição que contemple algumas das
especificidades apresentadas nos documentos.
Em especial, o fato de serem documentos jurídicos que são compostos de textos de
diversos teores, escritos por diversos scriptores, citações de citações e outros aspectos muito
caros às cópias de atos jurídicos, unidos por um motivo ou demanda registrada no documento
caput (em princípio, mas que nem sempre aparece) e culminam textualmente na relação de
intratextualidade entre macro e microtextos, requer que se garanta a integridade do suporte
material e de suas características intrínsecas, que resguarde o máximo de informações sobre o
protagonista desta pesquisa: o notário em terra colonial, comparável ao escrivão de cabido.

[...] figura central de la cancillería, como depositario de la publica fides. A través de


él se ejerce el proceso de centralización del Estado [...], pues el cabildo es la entidad
que más acabadamente interactúa directamente con los súbditos. En el escribano de
cabildo, además de esta fe pública, está presente el dominio de la palabra escrita, a
tal punto que no puede ser reemplazado por ningún escribano público y el cuerpo no
puede reunirse sin su presencia. Estamos ante un momento en que esta figura ha
adquirido un lugar central en todos los ámbitos administrativos imperiales en las
18

Indias. Es casi el único creador del insrumentum publicum, autógrafo desde todo
punto y compuesto en varias fases separadas; proceso que comenzó a consolidarse
en Europa a partir del siglo XII (GARZÓN, 1996, p. 78)

O facsímile é a forma de reprodução mais fiel de um documento, visto que mantém


todas as características visuais, em novo suporte, além de permitir a comunicação remissiva,
por meio digital, entre documentos. Sendo os documentos do Livro II traslados autênticos, a
grafia, segundo se afirma no próprio documento, foi mantida conforme os originais; daí se
adotar a edição semidiplomática em lição conservadora que intervém apenas no
desenvolvimento de abreviaturas por meio de parênteses redondos, pois

A edição diplomático-interpretativa [atualmente mais conhecida como


semidiplomática], mais completa que a edição diplomática propriamente dita,
introduz um sistema de convenções para a transcrição e leitura do texto, em geral,
um codex unicus. Assim, uma edição diplomático-interpretativa pode recorrer a
sinais de pontuação e pode adaptar o texto à ortografia atual, juntando partes
separadas de um só vocábulo e separando elementos vocabulares conglomerados.
(AZEVEDO FILHO, 1987, p. 32)

Uma vez que o labor philologicus não se caracteriza por uniformidade,


homogeneidade – posto que a língua não é nem uniforme, nem homogênea –, se deve levar
em consideração que, em se tratando de textos notariais, o quadro ainda é mais preocupante,
como salienta Maria de Los Ángeles Martinez Ortega (1999), pois são poucos os trabalhos
que sobre eles se debruçam. Ainda mais: a linguagem jurídica é tão repetitiva e estereotipada
que o escrivão pressupõe o texto que vai copiar e acaba por cometer lapsos, o que justifica a
adoção dos pressupostos teóricos da Filologia Textual, rigorosos no que tange à leitura do
material, para tal empreendimento. Por isso se defende que a primeira atitude do editor deva
ser conservadora para daí se procederem aos estudos e intervenções nos mais diversos níveis
linguísticos, uma vez que o conservadorismo consegue resguardar tanto o conteúdo quanto as
formas linguísticas em seus mais diversos níveis (desde o grafemático ao discursivo).
Considerando que "Uma cópia representa a versão necessariamente alterada do
original que intente transmitir" (SPAGGIARI; PERUGI, 2004, p. 50) e não poucas foram as
vezes em que o Regimento fora citado dentro dos atos diplomáticos no L2T (por própria
orientação do documento régio, como se verá), confrontou-se cada citação com o original,
localizando as variantes, sem haver a preocupação em se estabelecer grau de parentesco.
Além do estabelecimento dos critérios de edição e sua operacionalização, outra
questão sói ocorrer em estudos filológicos: a análise da língua, a matéria-prima do texto,
19

revelando o contexto da sociedade e do indivíduo que ali registrou e deixou-se registrar.


Analisando cada documento per si, levantaram-se informações que iluminam alguns textos,
no sentido de que trazem aspectos específicos apresentados ao longo do processo de leitura e
análise de cada instrumento, dialogando intensamente com disciplinas afins, tais como
História, Lexicologia, Urbanismo, Diplomática, Paleografia, História do Direito, Direito
Notarial e Registral.
Esta pesquisa teve como questões norteadoras iniciais as seguintes: quais são os
documentos registrados no Livro II que trazem cópia do Regimento em seu bojo? Que tipo de
edição se mostra acolhedora, no sentido de mais compatível, às especificidades do objeto?
Partindo-se da premissa de que toda cópia implica diferenciação desta frente ao original,
perguntou-se, ainda: em que nível(is) linguístico(s) os erros de cópia se manifestam de forma
mais recorrente no caso do Regimento?
Ao longo da execução do trabalho, acresceram-se mais estas perguntas: quais práticas
notariais se podem flagrar nos documentos? Que edições (especializadas ou não) há deste
relevante documento para a história da Bahia e do Brasil, fora os fragmentos trasladados do
L2T? As muitas perguntas, preliminares e posteriores, e suas consequentes respostas, se
devem, sem dúvida, ao diverso leque multidisciplinar de ações possíveis, as quais esta tese
não pretendeu encerrar.
Perpetuar parte da cultura via documentos se fez o maior objetivo deste projeto.
Assim, intenta-se promover divulgação de matéria de base para estudos nos mais diversos
campos do saber cujo objeto seja o homem e seus produtos. A Linguística e a História podem
se beneficiar deste trabalho mais de perto por conta da língua portuguesa lusitana
testemunhada no Regimento e na intervenção, ou não, em vários aspectos por parte dos
copistas/scriptores em terras brasis, primeiro em suas Notas (originais das demandas
jurídicas), depois pelo escrivão que o traslada a pedido do próprio Mosteiro para resguardo
dos trâmites relativos a doações de bens móveis e de raiz que lhes eram feitas. Junto à forma,
considerada aqui grosso modo como a língua, veicula-se o conteúdo, a historicidade
resguardada no Regimento, singular por seu caráter de registro de nascimento de Salvador e
forma de governação das partes do Brazil, e demais traslados no L2T. Oferece-se uma edição
de caráter conservador (a respeito da leitura), por um lado, e híbrido, por outro, com
empréstimos de caracteres das edições facsimilar, semidiplomática e sinóptica.
Para atingir este objetivo geral, fez-se um levantamento das edições existentes do
Regimento de 1548. Como não se encontrou nenhuma edição deste documento feita por
especialistas, e depois de se verificar problemas nas edições não especializadas, procedeu-se à
20

edição semidiplomática do documento, auxiliada por facsímiles obtidos graças ao contato


com a Torre do Tombo (Arquivo Histórico Ultramarino, AHU), que enviou as imagens, o que
viabilizou esta indispensável etapa de pesquisa. Registra-se que o documento ainda não se
encontra disponível em bibliotecas virtuais. Levantaram-se os instrumentos jurídicos nos 60
documentos do Livro II do Tombo, já transcritos pelos grupos de pesquisa já mencionados,
procedendo à classificação dos documentos de diversos níveis, seus agentes, datas e locais,
bem como à revisão final da transcrição. Procedeu-se à produção de índice onomástico,
privilegiando e enriquecendo entradas de agentes notariais com os próprios documentos ao se
cruzarem informações que estão no volume analisado. Produziu-se um glossário a partir dos
documentos recenseados. Apresentaram-se as edições semidiplomáticas dos documentos
pertinentes ao recorte, bem como do Regimento, e breves análises do material.
Estes procedimentos acabam por contribuir para a recuperação do patrimônio cultural
escrito de uma dada cultura, como diz Cambraia (2005). Imerso na gênese e no contínuo da
colonização brasileira, o Mosteiro de São Bento da Bahia é mais do que um ―depositário‖
onde o objeto está salvaguardado: esta instituição participa(ou) decisivamente da
formação/feição de Salvador, como consequência ou coadjuvante da implementação do
próprio Regimento. Assim, o Mosteiro não aparece apenas como pano de fundo deste estudo,
mas mantém com este uma relação de interdependência, de retroalimentação. Trazer o
Regimento via fragmentos copiados no Livro II do Tombo, bem como outros os traslados que
lá se registram, é contar a própria história do Mosteiro, numa espécie de mosaico textual, o
que confirma até os dias atuais que o seu acervo tem muito a oferecer como legado
patrimonial à posteridade, conservando, protegendo e preservando em seus aposentos
claustrais, monumentais por si só, um conjunto de bens culturais de reconhecida importância
para Salvador, Bahia, Nordeste, Brasil e América do Sul. O ápice deste reconhecimento se
deu com o título de Memória do Mundo aos Livros de Tombo do Mosteiro de São Bento da
Bahia, atribuído pela UNESCO em 2013. O Programa Memória do Mundo reconhece
patrimônios documentais de significância internacional, regional e nacional; mantém o seu
registro e lhes confere um certificado, que os identifica. O Programa facilita também a
preservação e o acesso a este Patrimônio, sem discriminação, além de trabalhar para despertar
a consciência coletiva do patrimônio documental da Humanidade.
Percebe-se, destarte, que recuperar as informações contidas nos Livros de Tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia é decalcar, via textos, a primeira capitania brasileira, uma
vez que se trata de vários registros relacionados a Bahya, às capitanias a ela adjacentes, enfim,
ao Brasil Colônia. Desenha-se, através dos LT, um prospecto da formação de Salvador,
21

possibilitando a compreensão de seu processo de povoamento, fornecendo os nomes


primitivos das ruas e bairros das cidades e caras informações sobre as famílias mais
tradicionais, dentre estas, a família D'Ávila, cujos documentos foram editados durante o curso
de mestrado, trabalho este que propulsionou e embasou a presente tese e a ela é incorporada
por se tratar de um doutoramento resultante de mudança de nível, o que permitiu análises cada
vez aprofundadas do L2TMSBB, em diversas camadas e objetivos e temáticas.
A dissertação e a tese não apenas se tocam como também se complementam, uma vez
que se pôde abranger, em relação de contiguidade, estudos de documentação referente a dois
momentos bem marcantes: o governo-geral no Brasil, através de Thomé de Sousa, sob as
recomendações do Regimento de 1548, e os anos de influência dos D‘Ávila durante o Brasil
Colônia e Império, iniciada por Garcia D‘Ávila, almoxarife mor, filho (ou protegido) de
Thomé de Sousa, com quem veio para o Brasil, em 1549 (BANDEIRA, 2007). Em Por uma
trajetória dos D'Ávila no Brasil através dos Livros Velho, I e II de Tombo do Mosteiro de São
Bento da Bahia, título da pesquisa em nível de mestrado, também sob orientação da Profa Dra
Alícia Duhá Lose, ofereceu-se a reunião dos instrumentos jurídicos registrados em três
volumes da coleção de Livros de Tombo referentes a Garcia (de Sousa) D'Ávila e seus
descendentes numa edição de caráter conservador (TELLES, 2009), a fim de que tais registros
possam ser analisados em seus aspectos documentais e/ou monumentais (ACIOLI, 1994).
De re diplomatica: fazer notarial na Bahia Colônia através do Livro Velho, I e II de
Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia, pesquisa que ora se introduz, foi também
desenvolvida sob orientação da Profa Dra Alícia Duhá Lose, coordenadora do Grupo de
Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia, e coorientação da Profa Dra Célia Marques
Telles, coordenadora do Grupo de Filologia Românica da UFBA, e está vinculada a um
projeto maior, Livros do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia (Salvador, 1582-1750):
edição semidiplomática e análise filológica, do qual participam a Faculdade São Bento da
Bahia e a Universidade Federal da Bahia. A tese está organizada em um volume, com cinco
outras seções que tratam do objeto, e um apêndice, que traz o conteúdo do glossário elaborado
ao longo da pesquisa.
A segunda seção desta tese, Intróitos diplomáticos, o Mosteiro de São Bento da Bahia
e o Livro II do Tombo, apresenta a) um histórico da Diplomática, na intersecção escritos-
história-memória, seu reconhecimento enquanto ciência em 1681, qunado foi publicado De re
diplomatica libri VI, por D. Jean Mabillon (1632-1707), beneditino da Congregação de Saint-
Maur (França), livro considerado a obra inaugural dos estudos diplomáticos e paleográficos,
lançando os princípios essenciais sobre a crítica da ingenuidade documental, e b) a relevância
22

do Mosteiro de São Bento da Bahia enquanto participante da história da Bahia,


particularmente através de seus Livros de Tombo, reconhecidos como Memória do Mundo
pela UNESCO, dentre os quais está o objeto desta tese, o Livro II do Tombo, que é
apresentado e caracterizado.
Na seção seguinte, a terceira, Diplomática em Portugal: estudos e resultados, passa-se
a um levantamento de estudos na área da Diplomática, em solo português, focando em
caracterizar o perfil sociocultural dos notários, incluindo aí as manifestações reguladoras
institucionais à época, bem como seus traços de escrita, especificamente, a notarial.
Em Os Regimentos como marcos para os atos diplomáticos na colônia portuguesa,
quarta seção da tese, procede-se à análise de aspectos extrínsecos e intrínsecos do Regimento
de 1548 e inserção deste no cenário dos atos diplomáticos, trazendo sua relevância como
monumento e marco para o fazer diplomático na Colônia, além de documento-argumento em
vários processos registrados no Livro II de Tombo. Ademais, analisam-se duas edições
existentes e apresenta-se a edição proposta, com seus pressupostos e critérios. Por fim,
apresenta-se um segundo Regimento, inédito, o qual se intitula Regimento do Governador,
que mantém grande parte do conteúdo do de 1548 e acresce informações específicas, tais
como limites de prazos de sesmarias e casos omissos da carta régia. Trata-se de uma ligação
textual e documental entre as seções 3 e 5, quando se abordam as práticas notariais do
Portugal medieval e Brasil colônia, respectivamente.
Diplomática no Brasil: estudos e resultados do Livro II do Tombo do Mosteiro de São
Bento da Bahia, a quinta seção, apresenta o Fundo Documental dos D’Ávila, os resultados
obtidos no corpus, analisando-o em perspectiva diplomático-indiciária (PETRUCCI, 2003), a
qual se propõe a responder as perguntas o quê?, quando?, onde?, como?, quem escreveu?,
para que foi escrito? Organizam-se os dados dos agentes envolvidos nos processos dos 60
documentos caput1 estudados, bem como seu usus scribendi, caracterizando parte da prática
notário-registral que o Livro II de Tombo, que coleciona documentos certamente não mais
existentes (portanto, são possivelmente cópias únicas), acabando por fornecer, destarte, mais
peças para o quebra-cabeça da história do Brasil, em perspectiva de síntese histórica
integradora.

Es en el carácter discursivo de los testimonio de las partes involucradas en el


conflicto, donde podemos rescatar un microcosmo constituido por interacciones
sociales permanentes y cambiantes, donde los testigos aparecen como parte de un
proceso discursivo que puede ser estratégico. El análisis de los expedientes

11
Aquele que é o motivo da escritura e que normalmente solicita cópia de outros, bem como certidões de atos
dos notários para corroborar sua solicitação.
23

judiciales, posibilita el acercamiento a individuos de diferentes sectores sociales,


como una forma de comprender las conductas y comportamientos guiados por
diferentes causas, que se expresan en conflictos y son detallados para poder recrear
una situación a la que se debe dar una solución. Creemos que el cúmulo de
interrogantes que se desprenden de este tipo de análisis, nos acercan al mundo
empresarial y del trabajo para poder introducirnos en los estudios de casos, como
sustento esencial de una síntesis histórica integradora. (MOYA, 2000, p. 89)

Cumpre lembrar que, nesta seção, os resultados tangíveis do mestrado e do doutorado se


encontram e se complementam, cumprindo o plano de pesquisa em progressão, o que faz
desta etapa uma das mais gratificantes do percurso de análise: primeiro, reunindo elementos
que apontam para uma família tão poderosa, como a D‘Ávila, via o referido Fundo
documental, que se estabeleceu no cenário colonial brasileiro, a partir de Garcia D‘Ávila e,
segundo, contribuindo para a descrição de como era o cenário cartorial português e sua
influência na Bahia Colônia, mutatis mutandi.
Finalmente, a sexta e última seção traz as conclusões a que se chegou depois da
pesquisa, pondo-se os limites da área de exploração que se previu no projeto no início e que
foi se expandindo ao longo do processo, graças às múltiplas potencialidades que os
documentos em questão trazem em seu bojo.
Ao final da tese, segue, em apêndice, o Glossário de termos da esfera jurídico-
administrativa da Bahia Colônia em recorte, produzido durante os estudos da massa
documental em questão.

1.1 ESTUDOS DE DIPLOMÁTICA E ÁREAS AFINS NO BRASIL

De acordo com breve levantamento feito para esta subseção, os estudos de atos
diplomáticos, documentação jurídica, são feitos, no Brasil, na direção de análises com
diferentes perspectivas afins, tais como a histórica, a paleográfica, a discursiva e a
lexicográfica, salientando as potencialidades da história da escrita brasileira, do conteúdo e da
língua ali documentados, lançando mão da individuação de textos, ―[...] por que cada texto,
como ficou dito, tem as suas exigências e por isso deve ser tratado pragmaticamente como um
indivíduo à parte‖ (TAVANI, 2007, p. 57). Poucos, no entanto, têm se debruçado sobre os
aspectos diplomatísticos, direção em que segue esta tese, observando a estrutura dos
documentos, seus agentes e suas marcas, se aproximando ou se afastando das fórmulas
diplomáticas. Todos os estudos, independemente da vertente de análise, têm em comum a
possibilidade de dar a conhecer a documentação jurídica, pragmática de nascença, mas
24

histórica, à medida que os anos passam. Desfocam-se os textos literários, objetos primazes da
antiga Filologia, enquanto Crítica Textual, ressaltando as microhistórias, o cotidiano, o
comum, o pragmático e apresentação liguística dos textos jurídicos (de motivação régia ou
notarial), uma vez que ―[...] um texto é feito de escritas múltiplas, saídas de várias culturas e
que entram umas com as outras em diálogo, em paródia, em contestação [...]‖ (BARTHES,
1987, p. 49).
Nesta subseção, serão mencionados estudos de documentos jurídicos, sem focar na
perspectiva de análise mais profundamente. Destaca-se, desde já, que muitos trabalhos
possivelmente não estarão neste breve panorama e que objetiva-se listar alguns projetos de
pesquisas (em andamento ou já finalizados), demonstrando a proficuidade de estudos cujos
corpora sejam atos diplomáticos. Entendendo-se que se em Portugal o desenvolvimento da
Diplomática se deu de forma mais empírica e restrita às fórmulas (vide subseção 3.1), os
estudo diplomáticos brasileiros vêm aliados à ideia de diploma como mais uma manifestação
cultural, numa acepção mais abrangente que tende a levar a Diplomática a aporte da Filologia
enquanto ciência do texto. Os caminhos são diferentes, é forçoso confessar, mas o objeto é o
mesmo: o texto em sua manisfestação que emana vontade de instância superior, regulatória,
comunicativa. Testemunho único da diversidade, a única realidade tangível

[...] que dispõe o editor de textos antigos são manuscritos apógrafos (e, só muito
raramente, autógrafos), todos com seus complexos sistemas grafêmicos, que
representam, por vezes, simples hábitos pessoais, assistemáticos. (CUNHA, 2004, p.
348)

Em primeiro lugar, destaca-se a produtividade de estudos diplomáticos e afins em solo


nordestino. Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Bahia
(UNEB), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Faculdade São Bento da Bahia
(FSBB), por exemplo, têm ramificações que desaguam na Diplomática, nas pesquisas de seus
grupos. A Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) também têm representantes na mesma direção. De forma mais distinta e isolada, a
Universidade de São Paulo (USP) conduz parte de seus estudos por caminhos portugueses,
ganhando matiz analítico. Vejam-se alguns trabalhos e seus responsáveis nas instituições
supramencionadas, sabendo-se que não são elas as únicas, mas, em verdade, se fazem polos
de disseminação de conhecimentos nesta área.
A Faculdade São Bento da Bahia, sob coordenação da Profa Dra Alícia Duhá Lose,
tem diversos projetos de pesquisa no curriculum de seu grupo interdisciplinar e
25

interinstitucional que tratam de documentação jurídica, com a peculiaridade de preocupação


em desenvolvimento de edições digitais de textos inéditos. Ei-los, em resumo:

- Arquivos Eclesiásticos: a Filologia Moderna como porta de Entrada. Edição digital dos Livros
de Atas da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição da Praia,
Bahia, Brasil;
- Edição digtal semidiplomática do Livro de Aforamentos do Mosteiro de São Bento da Bahia;
- Edição semidiplomática do Livro I do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia;
- Livro Velho do Tombo (Salvador, 1582-1750): edição semidiplomática e análise da formação do
pensamento das famílias católicas baianas;
- Coleção dos Livros do Tombo Mosteiro de São Bento da Bahia: preservando e divulgando 400
anos de história do Brasil;
- Projeto Restauração dos Livros Cartorários Antigos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
(interior e capital).

A Universidade Federal da Bahia é uma das instituições parceiras da Faculdade São


Bento da Bahia e, sob coordenação da Profa Dra Célia Marques Telles, desenvolve projetos
cuja tônica tende à Paleografia, Grafemática, Estudos de Discursos e Tipologia Documental:

- O Livro III do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia;


- A lição conservadora e os fatos de língua em documentos do Mosteiro de São Bento da Bahia;
- Coleção dos Livros do Tombo Mosteiro de São Bento da Bahia: preservando e divulgando 400
anos de história do Brasil.

Egressa da UFBA, com doutorado pela USP, a Profa Dra Rita de Cássia Ribeiro de
Queiroz participa (ou participou) de projetos, que vão na direção aqui selecionada, na UEFS e
UNEB, com a peculiaridade de preparar edições semidiplomáticas de arquivos locais e se
debruçar sobre o contexto sociocultural que se veicula nos documentos, como se vê:

- Documentação de Feira de Santana: um trabalho lingüístico-filológico: 1ª e 2ª etapas;


- Estudo histórico-filológico e artístico de documentos manuscritos baianos dos séculos XVIII ao
XX.

De forma mais isolada, mas não menos importantes, estão os trabalhos de Maria
Helena Ochi Flexor (UCSAL), que tendem à leitura de documentos jurídicos com fins
históricos, urbanísticos e arquitetônicos. Os núcleos urbanos planejados do século XVIII:
Porto Seguro e São Paulo2, Bahia: criação de rede urbana no século XVIII3 e J.J. Seabra e a

2
FLEXOR, Maria Helena. Os núcleos urbanos planejados do século XVIII: Porto
Seguro e São Paulo. n. 135. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA, 1989.
3
FLEXOR, Maria Helena. Bahia: criação de rede urbana no século XVIII. In: ANAIS DO
4º CONGRESSO DE HISTÓRIA DA BAHIA. 27 de setembro a 1º de outubro de 1999. v. 2.
Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia; Fundação Gregório de Matos, 2001, p. 567-584.
26

reforma urbana de Salvador (Bahia-Brasil)4 são trabalhos de base para compreensão da


amplitude que tem a documentação jurídica, podendo ser vislumbrada sob diversos aspectos.
A UECE tem representação em estudos com documentação jurídica com o Prof. Dr.
Expedito Eloísio Ximenes, com destaque para edições de textos notariais e estudos de lexical
e semântico, além de históricos:

- Edição de textos oficiais da Capitania do Ceará dos séculos XVIII e XIX para estudos da língua
e da história-social;
- O léxico da língua portuguesa em documentos dos séculos XVII, XVIII e XIX: estudo dos
campos semânticos da igreja, da guerra e da administração pública colonial.

A Profa Dra Vera Lucia Costa Acioli, da UFPE, foi considerada Notório Saber pela
publicação A Escrita no Brasil Colônia, primeiro manual de paleografia brasileira, e suas
áreas de interesse e atuação são História Colonial e Paleografia, sob forma de projetos como
estes:
- Memória Institucional do Ministério Público de Pernambuco;
- Projeto Resgate para a História do Brasil Colonial: Capitania de Pernambuco.

Como se falara no início desta seção, na USP, a Profa Dra Heloísa Liberalli Bellotto
direciona os estudos de Diplomática num viés analítico, sendo reconhecidos os seus trabalhos
de Tipologia Documental. Isso se deva, talvez, ao fato de ser ela bacharel em Biblioteconomia
(FESP) e especialista em Arquivística (Escuela de Documentalistas, Madri, Espanha), além de
ser consultora de sistemas de arquivos e bibliotecas no Brasil e em Portugal. Vejam-se alguns
de seus projetos:
- Tipologia documental da administração luso-brasileira no século XVIII;
- Tipologia documental luso-brasileira;
- Diário de Governo, São Paulo, 1765-1775;
- Projeto Resgate de Documentação Histórica.

Finalmente, registra-se que esta tese é fruto deste potencial dos estudos diplomáticos,
num esforço de congruir o matiz português e o brasileiro. O curso de Letras da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) é um dos raros que oferecem disciplinas de Diplomática. Mesmo
associadas à Paleografia e destinadas, in principio, a estudantes de Biblioteconomia,
Arquivologia e História, o que pode parecer pouco, deve ter sido suficientemente profícuo
para que muitos dos estudos supramencionados tivessem se realizado. Por isso, conclui-se
esta seção fazendo uma singela homenagem em memória ao ―responsável‖, direto ou indireto,

4
FLEXOR, Maria Helena. J.J. Seabra e a reforma urbana de Salvador (Bahia-Brasil) [no prelo].
27

por grande parte da profusão destes trabalhos: o Prof. Dr. Nilton Vasco da Gama, graduado
em Letras Clássicas pela Universidade Federal da Bahia (1953) e doutor em Lingüística pela
Universidade Federal de Santa Catarina (1974). Tendo orientado 13 dissertações, 3 teses, 1
trabalho de conclusão de curso e 11 planos de pesquisa em nível de Iniciação Científica (IC),
sua semente dificilmente não se disseminaria, portando a bandeira de filólogo como o que não
medirá esforços (trans)disciplinares para dissecar o texto e tentar descobrir o homem que atrás
dele se enconde.
Uma veemente mantenedora do trabalho de Prof. Vasco, Profa. Dra. Albertina Ribeiro
da Gama, é, indubitavelmente, motivadora da permanência dos cursos de Paleografia,
Ecdótica e Diplomática de graduação na UFBA até o presente momento. Possui graduação em
Biblioteconomia pela Universidade Federal da Bahia (1972), mestrado em Letras e
Lingüística pela Universidade Federal da Bahia (1979) e doutorado em Faculté Des Sciences
Humaines pela Université de Strasbourg (1982). Atualmente, coordena o projeto Edição de
manuscritos do século XVIII ao século XIX, cujo objetivo é editar semidiplomaticamente
documentos não literários dos séculos XVIII ao XIX, relativos ao Brasil, desenvolvendo
estudo das abreviaturas e o de vocabulário.
A tendência que segue este trabalho vem desta abordagem mais ampla do texto, aqui
brevemente resumida, entendendo o texto, sobretudo, como portador de Língua e de Cultura,
o que poderá se constatar a partir da seção seguinte.
28

2 INTRÓITOS DIPLOMÁTICOS, O MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA BAHIA E O


LIVRO II DO TOMBO

2.1 ESCRITOS, HISTÓRIA E MEMÓRIA

Arthur Schopenhauer (2010, p. 32) diz que ―A palavra dos homens é o material mais
duradouro‖. Poder-se-ia acrescentar à assertiva do filósofo alemão, no entanto, a ressalva de
que há necessidade de registro desta palavra, pois confiar na memória humana para registrar
acontecimentos é, certamente, um problema: o homem não tem capacidade de se lembrar de
tudo que ocorreu em sua própria vida, quanto mais quando se trata de vidas alheias e
pretéritas! Sem um modo de guardar tais informações, de forma minimamente convencionada,
pouco se saberia do presente e quase nada se teria ciência acerca de tempos remotos. Ainda
bem que o próprio homem percebeu isso cedo e criou uma importante aliada como auxiliar
mnemônica: a escrita.
Em As placas de Uruk, registros de contas agrícolas encontrados na Mesopotâmia, diz-
se encontrar os primeiros símbolos escritos, no sentido de escrita, empregado por Steven
Roger Fischer (2006, p. 14) como ―[...] seqüência de símbolos padronizados (caracteres,
sinais ou componentes de sinais) com a finalidade de reproduzir graficamente a fala e o
pensamento humanos, entre outras coisas, no todo ou em parte.‖
Se há símbolos, há uma convenção social; se há uma convenção, há determinado(s)
grupo(s) que a determina(m) e a regula(m). Surge, então, a figura do escriba. A figura 1
ilustra a atenção com que os alunos-escribas se dedicam ao ofício, cuja importância podia ser
comparada a de indivíduos das classes sociais mais altas e até de soberanos (faraós,
sacerdotes, reis, etc.), dado o caráter transcendente da escrita, conforme Fischer:

Como disse o burocrata egípcio Dua-Queti a seu filho Pepy há quatro milênios,
enquanto navegavam na direção sul pelo Nilo para uma escola de escribas: ‗Fixe o
pensamento apenas nos escritos, pois já vi pessoas serem salvas por seu trabalho.
Entenda, não há nada mais genial do que os escritos. São como um barco sobre a
água. Deixe-me fazê-lo amar a escrita mais que à sua mãe. Permita-me introduzir
sua beleza a seus olhos. Pois ela é mais importante que qualquer outro trabalho. Não
há o que a ela se compare em todo o mundo.‘ (FISCHER, 2006, p. 29)

Figura 1 – Alunos-escribas. Ilustração reproduzida de Jean (2008, p. 40).


29

Não se confia na memória humana: tem-se a escrita. Não se confia que os registros
estarão o máximo de tempo, sob mínimas condições de salvaguarda, à disposição de alguém
ou de uma instituição: formam-se os arquivos, os acervos, as bibliotecas públicas e privadas,
que se organizam e se instrumentalizam a depender de seus objetivos para a guarda da
documentação e, por conseguinte, da informação, que, posta em análise, poderá gerar mais
informação que, por sua vez, será armazenada, organizada, arquivada. Por esta razão, o
Mosteiro de São Bento da Bahia, por meio da conservação de seu acervo de mais de quatro
séculos, e do incentivo à documentação e à pesquisa, do qual o presente estudo é um dos
frutos já colhidos pelo Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia, se faz um lugar
material e imaterial fértil para os estudos filológicos, que têm como escopo o texto analisado
em sua materialidade e historicidade (incluindo a linguística).

2.2 A IMPORTÂNCIA DA DIPLOMÁTICA PARA O ESTUDO DE DOCUMENTAÇÃO


NOTARIAL: UM POUCO DE HISTÓRIA

Senhor Juiz == Diz Dona ArchangelaBrandaõ deAraujo, Viuva, queficou do // do


Coronel Belchior Alvares Fagundes, que para bem desua justiça lhe hê necessario o
traslado de hu(m)a doacção de- // bens, que o dito seo marido lhefes, eella aelle, a
qual está no Cartório, de que hê Escrivaõ o Alferes Joaõ Barboza de Cas- // tro, pelo
que == Pede a V(ossa) M(ercê) seja servido mandar-lhe dar odito treslado em modo
que façafê. Ereceberá mercê. // == Despacho. == oEscrivão dê otreslado naforma
quepede. (L2T, doc_020, f. 40r, L. 36 ao f. 40v, L. 1-4)

O trecho acima, extraído do vigésimo instrumento do L2T (aqui transcrito de forma


conservadora, com indicação de limite linear através de barra dupla oblíqua), traz a relevância
do fazer notarial à prática de direito, sem o qual este último não se instrumentaliza nem se
concretiza. Mesmo (pre)ocupado, sobretudo, com a forma dos documentos, aliado à
Diplomática, o Direito Notarial tem os textos como veículo para seu escopo, o direito
propriamente dito. Resumidamente: aos estudos diplomáticos interessa a forma; aos de
notariado, o conteúdo dos textos. E textos, por sua vez, documentam um estado de língua,
deixando flagrarem-se aspectos culturais de seus utentes. Daí a relevância e ganho de estudos
multidisciplinares para o labor filológico, reconhecido por ser, grosso modo, a ciência do
texto, neste caso, atos diplomáticos.
Passa-se, então, a um breve panorama do surgimento da Diplomática enquanto ciência,
verificando como Portugal se apropriou das premissas deste campo e, deixando transparecer
semelhanças e dessemelhanças entre prática europeia e americana. Trata-se de uma reflexão
30

acerca do mundo diplomático, via história, ciência ou território da memória do passado e do


tempo na sua evolução (CERTEAU, 2006). Voltar às ―origens‖ é o eterno retorno do
estudioso aos problemas e às suas fontes, que devem ser preferencialmente tratadas por
filólogos.
Hodierna e resumidamente, pode-se afirmar que a Diplomática consiste no estudo de
elementos externos ao texto, tais como material escriptório, tintas, selos, timbres, letras,
fórmulas, enfim tudo que possa viabilizar seu reconhecimento como autêntico, fidedigno e
verdadeiro. Etimologicamente, o termo é oriundo do grego δίπλωμα, através do latim
diploma, atis, significando ―coisa dupla‖, ―dobrada em duas‖, ―a patente‖, agregando o valor
(jurídico) à forma de apresentação do suporte material (GOMES, 1998).
A necessidade de analisar a autenticidade e veracidade dos documentos, para poder
julgar a aceitação ou rejeição do seu conteúdo, situa-se em tempos medievais. Entretanto, esta
ocupação começou, de forma mais sistematizada, no século XVII, quando a Paleografia
surgiu como tarefa de reconhecimento de grafos, de forma mais descritiva, ainda sem
pretensões de classificar ou determinar a antiguidade das escritas.
Entre 1618 e 1648, o labor paleográfico ganha mais fôlego ao se descobrir a
falsificação de inúmeros documentos. Daí ser inevitável que, no início, a Paleografia e a
Diplomática se confundam e se desenvolvam graças aos inúmeros conflitos entre religiosos à
época, que acabavam por virar verdadeiros combates. A minuciosa tarefa de vasculhar os
cartórios das suas instituições, analisando os documentos, observando letras e formas, era
executada por religiosos de várias ordens, destacando-se a dos beneditinos. O interesse destes
monges por estudos históricos se considera significativo, pois das quarenta ocupações
possíveis para os membros da congregação, mais da metade são reservadas aos estudos e,
destes, dois terços são consagrados à história.
Algumas obras foram fundamentais para a caracterização e evolução dos estudos
diplomáticos, como sói acontecer com qualquer outra ciência. Em 1675, o jesuíta Daniel Van
Papebroch publicou, Propylaeum Antiquarium circa veri ac falsi discrimen in vetustis
membranis, em 1675, uma rigorosa crítica diplomática que impugnava a validade de muitos
documentos conservados nos arquivos dos mosteiros beneditinos franceses, trazendo normas
da crítica diplomática. Entre estas duas congregações concorrentes, se põe uma publicação
beneditina em resposta ao jesuíta que questionou a autenticidade de documentos merovíngios
da abadia de Saint-Denis, no ano de 1675 (COELHO, 2010). Em 1681, foi publicado De re
diplomatica libri VI, por D. Jean Mabillon (1632-1707), beneditino da Congregação de Saint-
Maur (França), livro considerado a obra inaugural dos estudos diplomáticos e paleográficos,
31

lançando os princípios essenciais sobre a crítica da ingenuidade documental. Esta publicação


era apenas, por assim dizer, a certidão de nascimento da Diplomática; mais estudos acerca do
tema foram se estruturando e tornando-se conhecidos. No estudo intitulado Avis pour ceux qui
travaillent aux histoires des monastères, feito em 1677 (porém publicado apenas em 1724),
Mabillon aponta como fontes essenciais à investigação da história os cartulários, os
martirológios e os necrológios (ou dietários), os manuscritos em cujas margens se encontram,
por vezes, informações históricas úteis, bem como os diplomas avulsos existentes em
arquivos (GOMES, 1998). Em 1688, D. Joseph Perez, também monge beneditino, publicou as
Dissertaciones ecclesiasticas de re diplomatica. De 1750 a 1756 foram publicados os
Nouveau Traité de Diplomatique, seis volumes da autoria de outros monges beneditinos, D.
Toustain e D. Tassin (GOMES, 1998). Apenas na segunda metade do séc. XVIII, os estudos
paleográficos passaram a constituir cátedras universitárias e a Paleografia e a Diplomática
foram consideradas independentes a partir de então.
O interesse do Estado absoluto moderno em conhecer as origens medievais do poder
régio e das próprias nações, acabou por incentivar o estudo de documentos históricos, através
de Academias e Universidades numa busca por uma espécie ―recomposição do passado‖. Na
Alemanha, por exemplo, surgiu a Societas Aperiendis Fontibus Rerum Germanicarum (1819),
enquanto que, na França, se fundou a famosa École des Chartes (1821).
A Diplomática passou a ganhar as atuais feições, se estabelecendo como uma área de
análise de documentos que se vale de outras ciências, tais como a Heráldica, Papirologia,
Sigilografia e a própria Paleografia, dentre outras. Estuda os documentos de chancelaria,
histórico-jurídicos, régios, pontífices, consulares. Interessa-se pelo documento público e
privado, que, para serem considerados autênticos, devem estar vazados em formulário
conveniente, ou seja, devem apresentar fórmulas diplomáticas.
Numa interface entre a forma, o conteúdo e a práxis jurídica, Heloísa Bellotto
conceitua a Diplomática como a área de estudo que
[...] ocupa-se da estrutura formal dos atos escritos de origem governamental e/ou
notarial. Trata, portanto, dos documentos que, emanados das autoridades supremas,
delegadas ou legitimadoras (como é o caso dos notários), são submetidos, para efeito
de validade, à sistematização, imposta pelo direito (BELLOTO, 2008, p. 1).

E, a separando da Tipologia documental, continua:


[...] o objeto da diplomática é a configuração interna do documento, o estudo
urídico de suas partes e dos seus caracteres para atingir sua autenticidae, enquanto
que o estudo da tipologia, além disso, é estudá-lo enquanto componente de
conjuntos orgânicos, isto é, como integrante da mesma série documental, advinda da
junção de documentos correspondentes à mesma atividade (BELLOTO, 2008, p. 7).
32

Destarte, tem-se que um ato diplomático é dos exemplos mais extremos em que a
escrita se manifesta como instrumento de execução de tarefas, desempenhadas mais ou menos
bem (SAMPSON, 1996), uma vez que se trata de ―[...] um conjunto de símbolos escritos com
um determinado conjunto de convenções para seu emprego.‖ (SAMPSON, 1996, p. 16) E
estas convenções extrapolam, e muito, o nível linguístico, o que coincide com a posição de
Pereira (1996), quando se trata de análise diplomática de documentos. Pergunta-se, então:
quem institui tais convenções? Por que motivos? Interessa também aos diplomatistas saber
quem está por trás da pena ou caneta que escreve os atos diplomáticos, vistos como uma
fórmula, por um lado, mas também como manifestação única de um sujeito situado num
momento histórico, por outro lado.
Extrapolando o âmbito da materialidade textual e do autor, pode-se ir ao das leituras e
práticas, uma vez que documentos têm essencialmente um fim pragmático, pode-se ver o
texto numa perspectiva sociológica, ―[...] que estudia los textos como formas registradas, así
como los procesos de su transmisión, incluyendo su producción y su recepción. 5‖, como
registra Roger Chartier, a propósito e um prólogo no livro de Donald McKensie (2005, p. 8).
Cada estado de uma obra [considerando o processo de escritura diplomática como um
resultado de procedimentos temporalmente sucessivos, que culminam nas categorias
documentais, como também dizem Belloto (2008) e Duranti (1995)] é uma encarnação
histórica, que precisar ser analisada em separado e carece de respeito, porquanto se trata de
manifestação única no espaço e no tempo. Nesta mesma direção, Saraiva afirma que

Importa, todavia, conhecermos estes homens, a duração das suas vidas profissionais,
a forma como se auto-denominam, o espaço onde exercem a actividade, o modo
como executam os escritos, a natureza dos actos jurídicos que elaboram, enfim,
tentar reconstituir todo um perfil profissional, social e humano de quem fez da
escrita um ofício e um modus vivendi. (SARAIVA, 1998, p. 589)

Assim, esta tese se propõe a colaborar com base textual que traga dados confiáveis
desta natureza a estudiosos das mais diversas áreas, cujo recorte abrange este modus vivendi,
incluindo aí o modus scribendi (as formas antevistas de escrita de um determinado grupo) e o
usus scribendi (a prática individual de escrita, circunscrita no modus) dos agentes
administrativos, tabeliães e escrivães que iniciaram em terra brasil as práticas diplomáticas, as
quais foram aprendidas em Portugal e foram ganhando feições diferentes das que em terras
europeias iam se fazendo. A seguir, traz-se em relevo uma instituição que registrou e
salvaguarda muitos processos jurídicos, encadernados em livros de tombo, caros à História do

5
―[...] que estuda os textos como formas de registro, assim como os processos de sua transmissão, incluindo sua
produção e recepção (tradução nossa).‖
33

Direito, bem como à história do português em solo brasileiro: o Mosteiro de São Bento da
Bahia.

2.3 MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA BAHIA: PARTICIPANTE DA FORMAÇÃO DA


BAHYA E SALVAGUARDIÃO DA MEMÓRIA DO MUNDO

A esta seção se faz indispensável retornar à história do mosteiro beneditino na Bahia


como fator atuante no processo de povoamento de Salvador, sobretudo das faixas que ficavam
ao redor da Cidade da Bahya.
Em 1582 (portanto, 31 anos após a instalação do governo geral), foi implantada a
Ordem Beneditina na Bahia, em Salvador, no limite Sul da Cidade, nas imediações das Portas
de Santa Luzia, onde existiu a Capela de São Sebastião, doada aos monges pelo Bispo
Antônio Barreiros. Em 1584, a casa beneditina baiana foi elevada condição de abadia
(OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009).
O Mosteiro de São Bento da Bahia, assim como as outras fundações da época,
desfrutava de todos os privilégios e isenções semelhantes aos da Ordem de São Bento de
Portugal. O processo de formação de seu patrimônio móvel e imóvel teve grandes motivações
de ordem espiritual e temporal. No caso das doações, de caráter temporal, destacam-se
aquelas promovidas pelo Governo Geral e Câmara, sempre com a finalidade de obter, através
da colaboração dos religiosos, algum benefício no sentido de promover o povoamento,
desenvolvimento econômico ou de infraestrutura em determinado local. As doações de cunho
espiritual, as mais usuais, consistiam naquelas deixadas para os monges em troca de
recebimento temporário (às vezes, por grande espaço de tempo post mortem) de orações e
outros dons como a salvação da alma, o perdão pelos pecados, comumente solicitadas nos
atos públicos dos Livros de Tombo.
Francisco Affonso Condestável e sua mulher Maria Carneira iniciaram as doações aos
monges beneditinos. Os documentos que davam ao Mosteiro de São Bento domínio e posse
da propriedade doada pelo casal são de 1580 (LVTMSBB, 1945, p. 404-406). Considerando
que a propriedade recebida encontrava-se localizada nas imediações da ermida de São
Sebastião, fora solicitada na Câmara autorização para utilização das terras doadas, a qual lhes
fora negada in principio, mas obtida dois meses depois, em 15 de abril de 1581. Além desta
primeira doação, Francisco Condestável deixou mais terras para os beneditinos via documento
de 6 de fevereiro de 1587 (LVTMSBB, 1945, p. 406-408).
34

Esses terrenos eram adjacentes aos da primeira doação, feita para a fundação do
Mosteiro, fazendo crescer, ainda mais, o patrimônio em torno da própria instituição.
[...] Com estas terras ficou conformada a cerca do mosteiro, cuja construção foi
iniciada em 1587 (LVTMSBB, 1945, p. 406-408), e chegou a abranger uma área
aproximada de 12,5ha, suficiente para abrigar a horta, pomar, oficinas, moradia dos
escravos, capela e outras edificações. A partir de meados do século XVII, o muro
que fechava a cerca primitiva começou a ser recolhido com a finalidade que as terras
que ficassem de fora pudessem ser aforadas (OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p.
36).

Ao longo dos séculos seguintes ocorre a diminuição da área cercada, que se loteou,
visando interesses da instituição e as ordens de povoamento, organizadas pela Câmara. Tem-
se como exemplo destas mudanças de feições territoriais, o registro de 4 de setembro de 1747,
no qual era exigido dos religiosos que fossem mudados os marcos de pedra existentes no meio
da rua da Lapa, pois impediam a passagem das pessoas, como se vê no trecho reproduzido,
abaixo:

Marco de pedra lavrado com a marca S.B., e por estar o dito marco no meio da rua
que embaraçava a passagem publica do povo, houve a dita vereação por bem mudar
o dito marco em distancia de doze palmos para aparte da trincheira, ficando em
direito do lugar em que se achava em linha reta, sendo presente no dito ato o
Reverendo Padre Frei Manoel do Nascimento Lisboa procurador do Mosteiro dos
Reverendos Religiosos do Patriarca São Bento, e o mestre das obras publicas João
de Miranda Ribeiro, presente o Alcaide do Senado João da Silveira Torres e seu
escrivão Diogo Rodrigues Lima e do referido (sic) junto á forca foradiza (sic)
comigo sobredito escrivão, e pessoas referidas, á Rua da Lapa, onde no meio da rua
se achava outro marco de pedra Lavrada na forma e com a marca acima referida dos
Religiosos, e houve a dita vereação por se mudar o dito marco do lugar em que se
acha vinte e três palmos em linha reta para a parte onde foi trincheira [...]
(TERMOS..., APM, 1746-1770, fl. 24 apud OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p.
38).

Esta era a quarta vez que os limites da cerca dos beneditinos eram corrigidos. Nessa
oportunidade, entretanto, foi por imposição das autoridades, diferentemente das mudanças
anteriores, que decorreram de resolução dos próprios monges. Nos finais do século XIX, a
área da cerca do mosteiro era formada por quinze ruas. Contava com trezentos e sessenta e
sete terrenos foreiros, ou seja, terrenos cujos donos reconheciam o domínio direto dos
religiosos, e vinte e sete casas pertencentes ao próprio Mosteiro (CÓDICE 298, 1766-1946,
fl.60 apud OLIVERA HERNÁNDEZ, 2009, p. 38).
Convergindo a história da instituição e a documentação que ela mesma salvaguarda
para seu uso e memória cultural (caberia ressaltar o título de reconhecimento dos LT como
Memória do Mundo, sob portaria no 4, de 22 de janeiro de 2014, atribuído pela UNESCO),
tem-se uma inevitável associação entre o Mosteiro, seus Livros de Tombo e a evolução da
Bahia. Os dados obtidos no Livro II do Tombo, corpus desta tese, são indicativos a) de
35

peculiaridades linguísticas referentes a diversos recortes sincrônicos, b) de (re)organização do


discurso notarial e sua manifestação diplomática, c) de estabelecimento e transformação da
estrutura notarial e administrativa, d) de formação e (re)organização do espaço urbano da
primitiva capitania da Bahia, para falar de alguns aspectos que se vislumbram através deste
material, não sendo estes dois últimos aspectos abordados de forma direta nesta pesquisa: a
língua e seus scriptores têm lugar de destaque.
Tal riqueza de detalhes também se deve ao caráter fragmentário dos traslados, que,
além de cópias, são citações de trechos de outros documentos que, conforme Gomes e Rebello
(2006, p. 66), ―[...] são, muitas vezes, os únicos testemunhos da arqueologia histórica do
pensamento e da criação cultural do Homem no Ocidente.‖ O fragmento pode ser considerado
quanto ao aspecto físico (como parte de um todo do suporte original) ou quanto ao aspecto de
tradição, enquanto parte de todo um texto inicial que não chegou até os dias atuais, em
qualquer tipo de suporte que seja. ―Nesta última situação, o fragmento em causa consiste
geralmente no registo de uma parte de um texto perdido sob a forma de citação por um autor
posterior‖ (GOMES; REBELLO, 2006, p. 65). E é no aspecto de tradição que esta tese se
circunscreve.
Na filologia clássica, na crítica textual de textos gregos e latinos, havia uma série de
estudos de fragmentos físicos; a mesma filologia, agora com aportes da Ecdótica, tem se
ocupado do levantamento de citações de textos, dos quais se tem conhecimento de terem
existido, mas que ainda são considerados perdidos. A completude dos códices foi esmaecendo
o valor dos fragmentos, nos quais, por mais insignificantes que pareçam ser, ―[...] pode estar a
chave-mestra para a leitura ou interpretação de uma obra literária, pode estar informação que
permita identificar a autoria de uma pintura, de um texto histórico ou literário, de uma
partitura ou de qualquer outra obra de arte, pode estar uma simples referência passível de
revolucionar a História [...]‖ (GOMES; REBELLO, 2006, p. 66). Hodiernamente, há uma
tendência no tratamento de fragmentos em diversas áreas, como a Filologia; no entanto, esta
reaproximação parece contemplar, de forma massiva, os fragmentos físicos, deixando à
penumbra os de tradição. Disso resulta a parca literatura específica aos objetivos desta tese,
sendo recorrente a analogia a trabalhos de objetos semelhantes, metodologias semelhantes,
mas quase nenhum que tenha os mesmos objetivos com fragmentos de tradição, como neste
caso. As noções cristalizadas de original, cópia e autoria estão, a todo o momento, em xeque e
carecem de revisão constante, temas sobre os quais esta tese não se debruça. Objetiva-se
prover os estudiosos de diversas áreas com textos fidedignos que os permitam aprofundar
36

suas análises. Apresentar-se-á o corpus, quanto a seus caracteres externos e internos, para ser
retomado, quanto aos resultados e discussões, na seção 5 desta tese.

2.4 O LIVRO II DO TOMBO: APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

2.4.1 Caracterização do Livro II do Tombo

Indiscutivelmente, e principalmente pelo fato de que é o objeto que acaba por


selecionar o arcabouço teórico e as práticas pertinentes a sua análise, a Diplomática e suas
premissas são certamente mais adequadas ao tratamento do corpus, o Livro II do Tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia (doravante L2T). Trata-se de um conjunto de cadernos,
costurados, formando um bloco (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 458) que reune documentos
públicos trasladados, que podem constituir prova de fatos jurídicos, de atos e negócios
relativos ao Mosteiro, emitidos por autoridade pública ou mediante procuração de autoridade
pública, como o notário.
Os notários, altos funcionários das Chancelarias, eram os que melhor sabiam escrever
abreviando em notas, usadas para poupar tempo e espaço, nos discursos pronunciados no
fórum e senado romanos. As vertentes de prática notarial se dividiram em três, as quais
contribuíram para as feições que o notariado tem atualmente: a romano-bizantina (à época de
Justiniano, quando surgiu a figura do tabelião, advindo da escritura privada), a romano-
bárbara (à época de Carlos Magno, quando se começou a fazer a separação entre a re
eclesiastica e a civil, surgindo o notariado público) e a lombarda (avançando nos aspectos de
validação e autenticação de documentos, dada a disputa entre jurisdições eclesiásticas e civis).
―El tabelión tenia en el derecho justinianeo otra prerrogativa singular por lo que se refiere a la
fuerza probatoria de sus documentos: bastaba que reconociera por suya ‗completio‘ del
mismo para admitir su valor probativo‖6 (MARÍN MARTÍNEZ, 2005, p. 239).
No século XII, o conjunto de regras para a prática notarial, a ars notaria, era ensinado
na Universidade da Bolonha, considerada a Meca do direito notarial. Já a idade moderna, com
início no século XV, trouxe requintamento e detalhamento ao ofício notarial, sendo o livro de
registro ou de protocolo um de seu maior legado (MARÍN MARTÍNEZ, 2005).

6
―O tabelião tinha no direito justiniano outra prerrogativa singular pelo qual se refere a força probatória de seus
documentos: bastava reconhecer por sua completude o mesmo para admitir seu valor probatório (tradução
nossa).‖
37

Fruto deste processo da história notarial, o Livro II tem a maioria de seus instrumentos
autenticados por tabeliães, afirmando-se que, depois de copiados, foram lidos e achados
conforme os originais, já que ―Escrivão e tabelião são [...] os scriptores responsáveis pelo
traslado e pela autenticação do trasladado‖ (TELLES, 2012, p. 324). Trata-se de processos,
―[...] suporte modificado por um texto (a informação) que lhe foi aderido e que foi
produzido/recebido por entidade ou indivíduo em relação com uma atividade e que se
emprega para dispor, obrigar, conceder direitos, comunicar, provar, informar ou testemunhar‖
(BELLOTTO, 2008, p. 19).
O volume em questão faz parte da coleção dos Livros do Tombo do Mosteiro de São
Bento da Bahia e, em sua capa, se vê o brasão do Mosteiro da Bahia e a sua data de fundação
(figura 2). Este mesmo desenho e o mesmo material utilizado (couro de porco em cor
marrom) estão presentes nas encadernações de todos os volumes da referida coleção. No
entanto, cada um dos volumes se diferencia em tamanho e quantidade de fólios, os assuntos
podem coincidir e há registros de documentos indênticos entre volumes.

Figura 2 – Capa do Livro II do Tombo do


Mosteiro de São Bento da Bahia.

O volume possui encadernação em couro de porco marrom (540mm × 280mm), como


se vê na figura 3. Constituem o volume 215 fólios numerados, sendo que apenas 193 estão
escritos no recto e no verso.
38

Figura 3 – Verso da nota de abertura do Livro


II do Tombo.
oxidação

restauro

restauro
540 mm

dano

280 mm

A mancha escrita se apresenta em uma coluna, delineada por margens feitas com a
mesma tinta de caneta e linhas feitas a lápis. Muitas das linhas foram apagadas depois de feita
a mancha escrita; algumas, porém, foram mantidas, sobretudo em fólios onde ocorreu troca de
scriptor, do escrivão (Antonio Barbosa de Oliveira) para o tabelião (Joaquim Tavares de
Macedo Silva). No canto superior direito de todos os fólios, há numeração e rubrica do
tabelião. As margens constam de anotações contemporâneas à mancha escrita, feitas à caneta
pelo próprio escrivão, e de anotações posteriores feitas a lápis por um arquivista do Mosteiro,
o que se pode ver na figura 4, a seguir.
Figura 4 – Excertos facsimilares do Livro II 39
do Tombo nos quais se verificam alguns
aspectos paleográficos.

Numeração
com rubrica
Margens

à tinta Scriptor 3

Regras
a lápis

Anotação Anotação
marginal marginal
posterior

Scriptor 2

A tinta utilizada para registro dos documentos é ferrogálica de cor marrom-preta.


Neste tipo de tinta, à medida que o tempo passa e o pigmento vai saindo, fica na base apenas a
composição ferrosa. Por muitas vezes, o que fica da tinta acaba por danificar o papel, que se
destaca na forma do caractere registrado. São as maiores vítimas, geralmente, os caracteres
maiúsculos, em especial os de início de parágrafo, por conta da maior quantidade de tinta
liberada pela caneta em sua feitura.
Podem-se verificar três scriptae distintas: a das notas de abertura e encerramento
(denominado scriptor 1), a do escrivão (scriptor 2) e a do tabelião (scriptor 3). Os registros
apresentam abreviaturas, reclamos e anotações marginais. Credita-se aos traslados a grafia
característica da época, ou seja, a fidedignidade à fonte primária, segundo a própria nota de
abertura do volume menciona. Esta peculiaridade documental permite que

Freqüentes vêzes, o editor pode tirar conclusões preciosas da grafia de um


manuscrito, que lhe revela o tempo em que foi escrito; o lugar onde foi encontrado,
os outros escritos que por vêzes se encontrem no mesmo volume, copiados pela
mesma mão (AUERBACH, 1872, p. 14).
40

Considerando-se as possibilidades de tradição documental, considera-se o L2T um


pós-original, uma vez que estes traslados são

[...] cópias [...] que representam um documento formalmente idêntico a um original.


Elas podem conviver com seus originais ainda existentes ou podem vir a substituí-
los. As chamadas cópias autógrafas são feitas pelo mesmo autor do original e as
heterógrafas por outra autoridade que a valida. [...] As cópias autorizadas, que
surtem os mesmos efeitos do original, apresentam-se em duas modalidades: traslado,
cópia validada com a fé notarial [...], e cópia certificada, garantida [...] não pelo
notário (BELLOTTO, 2008, p. 90).

A Filologia se vale de diversas disciplinas, sendo a Paleografia, indubitavelmente, uma


das mais recorrentes nos estudos filológicos. Por essa razão, serão evocadas, no presente
trabalho, teoria e prática (resumidas e restritas apenas a alguns dos fatos encontrados no
corpus) com o objetivo de demonstrar as maiores dificuldades, tanto no que tange aos
conceitos paleográficos, quanto à sua aplicação na transcrição dos scriptores 2 e 3 do Livro II
do Tombo (em fase de revisão para a publicação).

2.4.1.1 O scriptor 2, o escrivão Antonio Barbosa de Oliveira

Para trasladar os documentos originais, um escrivão, por nome Antonio Barbosa de


Oliveira, copia os textos com o fim de autenticá-los por intervenção de um tabelião. Este
scriptor tem um registro consideravelmente legível: letra cursiva, estreita, inclinada para a
direita e laçadas (mais comuns nas letras maiúsculas), como ilustra a figura 5.

Figura 5 – Excerto facsimilar do fólio 3 recto do Livro II do Tombo no


qual se registra a letra do scriptor 2.
41

Um dos traços característicos desta escrita é o prolongamento das hastes para


esquerda, chegando, por muitas vezes, a sobrescrever as linhas ascendentes e descendentes.
Trata-se de uma cursiva originada na chamada letra bastarda, que é, por sua vez, uma versão
espanhola da chanceleresca italiana, com talhe inclinado e cheio, com ligações arredondadas e
hastes simples, quando comparadas aos tipos anteriores.
A arte caligráfica, iniciada nos mosteiros, sobretudo em Alcobaça, usou a letra gótica
angulosa depois da visigótica, até fins do século XIII, e por último o chamado gótico redondo
(séc. XIV-XVI). Paulatinamente, a perpendicularidade foi dando lugar à inclinação (figura 6),
até por que a demanda de documentos era cada vez maior e uma letra pausada deveria dar
lugar a uma escrita mais fluida,

[...] y verticalmente escribieron los hombres desde los tiempos de la invención de la


escritura hasta que a fines del siglo XV comenzaron a usarse las letras llamadas
bastardas, las cuales, como ya se ha dicho, fueron al principio de muy poca
inclinación (MARÍN MARTINEZ, 1991, p. 81).7

Depois da invenção da imprensa, apenas nos fins do século XVI, surge o primeiro
calígrafo português, Manuel Barata, que em Portugal divulgou a bastarda primitiva (já com
matiz espanhol e, recuando-se, tem-se a italiana nas características básicas), cuja criação
credita-se ao mestre calígrafo Francisco Lucas de Sevilha, em 1580.

Figura 6 – Amostra da letra espanhola vertical e inclinada. Disponível em:


<http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/arte-de-la-escritura-y-de-la-caligrafia-teoria-y-practica--
0/html/ff0f1954-82b1-11df-acc7-002185ce6064_24.html>. Acesso em 13 jul. 2014.

A partir do século XVI, por isso ser comum evitar a classificação categórica de letras
tal como antes, os estilos vão sendo introduzindos ao tipo base, originando um exponencial
número de possibilidades (cali)gráficas: o sujeito começa a aparecer através do seu modo de
desenhar as letras. Abaixo, um quadro comparativo das primeiras manifestações de bastardas
espanholas, dentre as quais se destaca a de Francisco Lucas (a primeira, de cima para baixo,
na figura 7), não apenas por ser o dito criador, mas por ser muito semelhante a do scriptor 2
do L2T, embora perceba-se também a influência dos demais registros naquela.

7
[...] e verticalmente escreveram os homens desde os tempos da invenção da escrita até o fim do século XV e
começaram a usar as letras chamadas bastardas, as quais, como já fora dito, eram inicialmente muito pouco
inclinadas (tradução nossa).
42

Figura 7 – Quadro comparativo das primeiras manifestações de bastardas espanholas. Disponível em:
<http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/arte-de-la-escritura-y-de-la-caligrafia-teoria-y-practica--
0/html/ff0f1954-82b1-11df-acc7-002185ce6064_24.html>. Acesso em 13 jul. 2014.

Finalizando a descrição externa do L2T, registra-se que há presença de reclamos


(chamada da palavra do fólio seguinte em fólio anterior, no verso) em quase todos os fólios.
Ocorrem abreviaturas, abundantes, principalmente, nos primeiros fólios e nas anotações
marginais.

Reclamo

Abreviaturas
43

Embora reconhecida como uma escrita de fácil leitura, os grafos do escrivão do Livro
do Tombo II também apresentaram dificuldades para entendimento e para se convencionar o
que deles foi decodificado. Foram dois os tipos de dificuldades mais comuns na edição do
Livro II do Tombo: as de transcrição (como convencionar certas ocorrências, afim de que
resultem numa lição rigorosamente conservadora) e as de leitura (limitações do editor frente
ao que se registra no documento).
Uma vez que Livro II está sendo editado semidiplomaticamente, assumem-se duas
posições bem características deste tipo de edição: 1) a possibilidade de se separarem as
palavras que estiverem unidas (e vice-versa) e 2) a de desenvolver as abreviaturas (optando-
se, neste caso, pela indicação parentética dos caracteres desenvolvidos por se acreditar que tal
recurso auxilia na visualização das ocorrências braquigráficas).
Quanto à primeira característica, relacionada às palavras, tem-se um primeiro embate:
o próprio conceito de palavra, sobre o qual recaem problemas, independentemente da postura
que se assuma quanto à lição, modernizadora ou conservadora. ―Em se tratando dessa questão
[separação vocabular], os problemas aparecem seja quando se reproduz fielmente a separação
do modelo seja quando se adota o sistema atual (baseado no vocábulo morfológico)‖
(CAMBRAIA, 2005, p. 120).
Assim, foi necessária uma decisão, a eleição de um viés para se aplicar o conceito de
forma mais pontual e criteriosa, de acordo com a presente demanda. Em princípio, foi
considerado o conceito morfológico, logo foram apartados dois ou mais termos que, embora
escritos juntos, pertenciam a classes distintas. No entanto, ao longo da transcrição dos
primeiros fólios, percebeu-se que este procedimento parecia interferir bastante no sistema do
scriptor, que, ao que tudo indicava, grafava juntos muitos vocábulos com certa unidade,
sintagmática e semântica, ou que fossem pequenos demais para que se gastasse tempo e tinta
levantando a caneta.
A alternativa mais neutra (no sentido de procurar intervir o mínimo possível no que se
registra nos documentos com o intuito de oferecer uma edição mais fiel para futuros trabalhos
que se debruçassem sobre a língua do texto), porém a mais laboriosa, foi a de optar em se
considerar o contexto gráfico, ou seja, pela presença/ausência de espaços em branco entre os
termos.
Desta forma, convencionou-se que os termos unidos seriam reproduzidos fielmente,
bem como os que ocorriam com segmentação. Contudo, através deste critério surgiu um novo
questionamento de difícil resolução: quais são os termos que estão, de fato, ligados? E, o que
44

é ligadura, de fato para textos em letra cursiva? Em muitos casos, não é difícil estabelecer os
limites dos termos grafados, como no caso dos vocábulos fonológicos edamaneira e depersi,
abaixo ilustrados, onde se pode atribuir relativa facilidade de transcrição e se primou pela
conservação.
No quadro abaixo, verificam-se exemplos onde o reajuste de critério para segmentação
vocabular não se apresenta como dificuldade:

Transcrição
Localização Ilustração Transcrição inicial
vigente

fólio 24r, L. 25 e da maneira Edamaneira

huma de per si huma depersi


fólio 3r, L. 19

Como se vê, o primeiro excerto é composto por três vocábulos morfológicos


nitidamente ligados – os termos foram grafados com uma mesma pulsão de escrita, que
começou em <e> e terminou em <a>. Neste caso, perceber que os termos estão ligados e
seccioná-los não é difícil. O segundo, no entanto, já se mostra um pouco mais desafiador, uma
vez que se trata de uma expressão latina: delimitar expressões em língua estrangeira pode ser,
algumas vezes, fácil; mas outras, nem tanto. Nem sempre o limite dos termos em uma scripta
continua é bem nítido. Veja-se no exemplo abaixo:

Localização Ilustração Transcrição vigente

fólio 33r, L. 23 no Tribunal

Verifica-se que, embora graficamente interseccionados, os termos não seguem a


mesma pulsão; i.e., em algum momento, o scriptor deu novo fôlego de escrita (observar o
desfecho do <o> minúsculo e o início do <t> maiúsculo). Para estes casos, convencionou-se a
separação dos termos, assumindo o conceito de que ligadura (neste momento, tomando este
45

conceito de empréstimo para definir a postura adotada durante a transcrição) é a ―União, com
traços, de duas letras. Dá-se quando o escriba com o objetivo de ser rápido não levanta o
instrumento de escrever provocando uma letra cursiva bastante enlaçada.‖ (LEAL, 1994, p.
38). Logo, pode-se conceber que não basta que os caracteres estejam justapostos, juntos,
porém sem conexão gráfica; os caracteres precisam estar aglutinados, unidos de forma que
não se reconheça as partes originais.
Em proporção maior está a dificuldade em se definir o fenômeno contrário: decidir
quais termos estão separados. ―A letra cursiva, usada desde o século II a.C., tornou-se escrita
popular e largamente utilizada pelos notários e escrivães, que necessitavam de um tipo
caligráfico mais rápido e mais correntio na redação dos documentos‖ (SPINA, 1994, p. 40).
O problema reside no fato de o scriptor 2 do volume apresentar uma escrita híbrida: às
vezes encadeada, outras vezes separada, devido, provavelmente, a razões topográficas
(verifica-se maior estreitamento e encadeamento dos caracteres nos finais das linhas e dos
fólios; do início até o meio dos fólios e linhas, verifica-se o inverso). Para os casos em que
claramente se percebe que a separação se dá tão somente pela característica da scripta, optou-
se por transcrever num só vocábulo, como em notefiquei (ver abaixo).

Localização Ilustração Transcrição vigente

fólio 55r, L. 16 notefiquei

fólio 120r, L. 19 e de clarou

fólio 94v, L. 1 nem de marcada

Intrigou o fato de ocorrer em vários outros vocábulos morfológicos, uma segmentação


que incide sobre unidades mínimas de sentido, os morfemas. Pensou-se, a partir dos dados
levantados, que o conhecimento intuitivo (uma espécie de input gramatical) que o falante tem
de sua língua, ao qual ele recorre instintivamente, poderia levá-lo a identificar alguns dos
componentes mórficos e transferir tal identificação para o nível gráfico (OLIVEIRA, 2008).
46

Passa-se, então, a uma breve análise sobre o sistema de diacríticos e sua relevância
para o estabelecimento dos critérios de transcrição. Parece que o problema maior reside em se
querer modernizar o uso de que se faz na lição.

Mas há certamente um problema ainda mais complexo em relação aos diacríticos:


quando se opta por substituí-los pelas formas e usos atuais, é necessário
primeiramente determinar seu valor no modelo, tarefa nem sempre possível de se
fazer com segurança. (CAMBRAIA, 2005, p. 121).

A manutenção dos diacríticos era o que se primava a princípio, devido à característica


conservadora que norteia o processo de edição. Por exemplo, mesmo nos casos em que havia
um sinal semelhante ao circunflexo, mas que indica uma vogal aberta, reproduziu-se
fielmente o uso gráfico do scriptor, sem levar em consideração o atual quadro de valor dos
diacríticos.
No entanto, ao longo da transcrição, pôde-se perceber que este critério não tinha
aplicabilidade plena ou, ao menos, majoritária. As exceções acabavam por se multiplicar e é
neste momento que se faz necessário repensar os critérios em favor do que o documento
apresenta e dos propósitos que se tenha. É o que ocorre, por exemplo, na indicação da
nasalidade, feita de inúmeras formas, tantas que, para algumas delas, não há caracteres que as
represente8; além disso, neste documento, o sinal gráfico para abreviatura é idêntico a um dos
que marcam a nasalidade (semelhante a um crochet), o que pode ser explicado historicamente,
mas se impõe como dificultador para a transcrição, que é uma amostra de sincronia. Sobre o
til, ou traço horizontal, alguns dos marcadores de nasalidade, diz Cambraia (2005):

[...] este sinal abreviativo adquiriu um novo significado: em vez de marcar supressão
gráfica de um ou mais grafemas, passou a marcar nasalidade adquirida pela vogal
que precedia a referida consoante nasal antes desta sofrer síncope e mantida, em
certos casos, após a síncope (CAMBRAIA, 2005, p. 123).

Optou-se, por conseguinte, pela representação do aparente valor do diacrítico na época


em sinais hodiernos, até por que a proposta de edição inclui a disposição de facsímiles, o que
permite aos interessados em estudos específicos voltarem ao original reproduzido. Isso se deu
por apenas um motivo: fidelidade ao critério. Se um critério não dá conta de uma determinada
ocorrência e faz-se necessário, por conta disso, o auxílio de outro para complementá-lo, é
momento de pensar num critério, geralmente mais genérico que seja aplicável à maior parte

8
O titulus (diacrítico para a nasalidade) sempre apresentou formas diversas: podia ir de um ponto (.) a um traço-
ponto-traço (-.-), passando por traços retos, curvos, oblíquos ou verticais.
47

das ocorrências do fenômeno naquele sistema de escrita. Quanto às exceções, aconselha-se


que sejam apontadas em introdução ao texto editado e/ou em notas de rodapé. Como resultado
desta problemática, tem-se, antes e depois da reformulação do critério, o que o quadro abaixo
exemplifica:

Localização Transcrição inicial Transcrição vigente


f. 5r, L. 34 fê Fé
f. 112r, L. 14 otheôr otheôr
f. 112r, L. 23 que hê que hé
f. 61r, L. 21 deSaõ deSaõ
f. 61r, L. 25 encom(m)endo encom(m)endo
f. 129v, L. 10 esepóz a Revelia esepôz a Revelia
f. 112r, L. 15 Vás Vás
f. 61r, L. 25 sŷ sý

Quanto à análise da scripta no que tange à dificuldade de leitura dos caracteres, serão
listados o módulo, as abreviaturas e a decodificação de determinados caracteres.
Distinguir o tamanho dos caracteres foi uma árdua empreitada, uma vez que

Em casos como este último [em que a diferença entre caracteres maiúsculos e
minúsculos se dá somente através da dimensão], o problema está no fato de existir,
em textos manuscritos, uma escala gradiente de formas, sendo as formas
intermediárias ambíguas: não é possível saber claramente quando se trata de
maiúscula ou de minúscula (CAMBRAIA, 2005, p. 116).

Com muita frequência, o documento apresenta caracteres que oscilam entre o


maiúsculo e o minúsculo, sendo necessário o cotejo do mesmo caractere em contextos
gráficos semelhantes – tais como mesma palavra, ou mesmo ambiente gráfico (inicial, medial
ou final), etc. Verdade é que não são numerosos os caracteres que apresentam tal dificuldade
(cinco ou seis casos tipos, no máximo), mas esta é tão intensa, e frequente, que, literalmente,
interrompia-se o trabalho, a fim de que o pesquisador revisasse o material transcrito e fizesse
o mencionado cotejo; ainda sim, já em poucos casos, o que resta é arbitrar (o que não é muito
bom, mas também não é absurdo, uma vez que toda leitura é uma interpretação). Obviamente,
a escolha deve estar dentro de um quadro possibilidades criteriosamente selecionadas.
48

Comparando-se os dois primeiros excertos do quadro abaixo e levando em


consideração apenas o traçado, o desenho da letra, ter-se-iam os <r> transcritos de uma
mesma forma.
De igual forma, houve relativa dificuldade em se estabelecer se o <l> dos últimos
excertos, ainda no quinto quadro, são maiúsculos ou minúsculos. Chegou-se a um consenso,
até o momento, de que se tratam, ambas, de minúsculas, pois mesmo sendo mais altas do que
outros <l> (tipicamente minúsculos), ocorrem em termos nos quais se grafaria com minúscula
(substantivos comuns, por exemplo; nos casos em que seria mais natural a ocorrência de
maiúsculas, o scriptor opta por um caractere maiúsculo diferenciado) e, ainda, a mesma
forma, com o mesmo tamanho, ocorre em posição medial – fato que fortaleceu ainda mais a
definição do caractere como minúsculo.
Observando o quadro abaixo, podemos conceber a existência de três linhas que
definirão, basicamente, o módulo dos caracteres: na primeira (a mais baixa), se encaixam as
minúsculas destituídas de hastes; na segunda (a intermediária), alguns caracteres minúsculos
com haste e a maioria das maiúsculas; na terceira (a mais alta), outras maiúsculas e algumas
minúsculas – tais como, <d>, <h>,<f>, <t>, <l>. É válido lembrar que estas são características
verificadas neste scriptor, neste volume.

Localização Ilustração Transcrição

f. 115r/ L. 21 ou déz mil Reis

f. 115r/ L. 26 o hei por Reformado

f. 120r/ L. 7 Constituinte,

f. 120r/ L. 4 qual quer licito

f. 120r/ L. 7 AditaClara

f. 7r/ L. 2 com os Curraes,


49

Os procedimentos seguidos para fazer a distinção de maiúsculas e minúsculas


apresentam-se, por ordem de relevância, neste caso:
1. verificar a relação de módulo na própria palavra;
2. verificar a relação de módulo nas palavras subjacentes;
3. verificar a relação de módulo do caractere na mesma palavra, mas em
ocorrências diferentes;
4. verificar a relação de módulo do mesmo caractere em ocorrências de palavras
diversas.
Certamente, o próprio sistema do escrivão conduzirá a provisórias conclusões.
Atribuiu-se o status de provisória às soluções por que outros podem ter outras leituras e o
próprio texto de base pode apresentar ocorrências que convencerão que a proposição primeira
não passou de uma impressão.
Para um paleógrafo, no entanto, a impressão não é um erro; é ela que, muitas vezes,
conduz o pesquisador a leituras acertadas, visto que em muito se assemelha a um
investigador, um detetive que segue pistas deixadas na cena de um delito. E é exatamente isso
que ocorre: o paleógrafo pode inventariar inúmeras versões para uma ocorrência, desde que
elas sejam possíveis dentro daquele sistema de escrita.
No caso do <r>, inventariaram-se as ocorrências dos caracteres e decidiu-se por
transcrever com maiúsculas ou com minúsculas; para os casos em que o cotejo não aclarou
(pois o mesmo vocábulo é apresentado ora com uma, ora com outra), a convenção é a única
saída.
Dentre os fatores que mais dificultam a leitura e, constantemente, levam a se fazer
leituras equivocadas, estão as abreviaturas – pela polissemia e parassinonímia que,
normalmente, as caracterizam. Abreviaturas são reduções de palavras, usadas por economia
de material ou/e de tempo ou por estilo da época. A notação para os termos braquigrafados foi
a parentética, i.e., os elementos reduzidos serão apresentados entre parênteses redondos.
Há casos, no entanto, em que não se pôde ler com segurança, em princípio; aliás, de
forma geral, ou apresentam-se duas, três ou até mais possibilidades de leitura (polissemia), ou,
ainda, uma mesma palavra pode ser abreviada de várias formas (para-sinonímia). Como
enumerar as possibilidades para leitura de abreviaturas, uma vez que os elementos estão
ausentes? E ainda: como eleger uma das possibilidades? Tanto a primeira, quanto a segunda
pergunta devem ser respondidas com os dados que o próprio texto de base apresenta. Para
tanto, duas questões costumam ser primordiais: a datação do documento e a relação entre
grafemas e fonemas.
50

A datação é importante, pois pode revelar um estilo de braquigrafar termos e, desta


forma, delimitar o quadro de possibilidades. Sendo o Livro II do Tombo um conjunto de
traslados escritos em 1803 e os originais datados de entre o século XVI e XVIII (mais
especificamente, o último documento data de 1724), deve-se levar em conta as características
norteadoras da escrita de ambos os períodos (a saber, o período dos originais e o da cópia) e
conhecer quais abreviaturas faziam parte do repertório básico vigente. Abaixo estão alguns
exemplos de abreviaturas encontradas:

Indicação Transcrição Classificação


f. 7r, L. 7 conf(e)re por letra sobreposta
f. 7r, L. 22 p(etiç)am por letra sobreposta
f. 7r, L. 30 N(osso) por suspensão
f. 7r, L. 30 S(e)n(ho)r por contração e sinal abreviativo
f. 7r/ L. 22 Pern(ambu)co por letra sobreposta
f. 7r, L. 23 d(it)o por letra sobreposta
f. 7r, L. 3 p(o)r por letra sobreposta
f. 7r, L. 3 q(ue) por sinal abreviativo
f. 7r, L. 3 V(ossa)S(enhoria) por sigla
f. 7r, L. 24 m(ui)tos por letra sobreposta
f. 7r, L. 6 P(ede) por suspensão
f. 7r, L. 34 p(e)la por letra sobreposta
f. 7r, L. 34 q(u)al por letra sobreposta
f. 7r, L. 24 V(il)a por letra sobreposta

Enfim, apresentar-se-á uma prévia sobre os caracteres (e combinações destes) que são
ilisíveis ou apresentaram dificuldades para leitura. Eles (os caracteres) se apresentam na lição,
se consegue visualizar o seu traçado, mas não há uma decodificação instantânea ou há uma
má decodificação; diferentemente dos ilegíveis, que estão relacionados às condições do
suporte material. Embora a letra do scriptor 2 seja de leitura/decodificação relativamente
fluida, encontram-se interessantes desafios desse tipo.
Pode-se apresentar, em primeira instância, a) a dificuldade de leitura que os caracteres
duplos apresentam. Não raro há confusão daquela dupla de caracteres com um caractere
simples. É de se mencionar, também, b) a dificuldade trazida por caracteres diferentes que,
juntos, parecem ser algum outro (nem o primeiro, nem o segundo, mas um terceiro caractere),
c) a dificuldade trazida por caracteres em muito aparentados, chegando, muitas vezes, a
51

provocar leituras equivocadas e d) as que são trazidas pela existência de enlaces (finais ou
iniciais). Abaixo, as ilustrações e as respectivas leituras iniciais e vigentes para demonstrar
que o filólogo, ele mesmo, deverá ter sempre revistas as suas leituras.
52

2.4.1.2 O scriptor 3, o tabelião Joaquim Tavares de Macedo da Silva

Joaquim Tavares de Macedo da Silva, o scriptor 3, autentica os 60 instrumentos


registrados no Livro II do Tombo. Esta scripta está presente ao final de todos os documentos
trasladados para atestar sua autenticidade e conformidade. A letra é cursiva, arredondada, sem
muitas prolongações ou floreios e apresenta separação entre os caracteres, bem como
inclinação para a direita.
Diferentemente do scriptor 2, o tabelião tem uma letra que apresenta maior
dificuldade de leitura, sobretudo, por motivo de os caracteres serem truncados, com pouco
ritmo gráfico (elemento que confere à sequência gráfica uma apresentação tal que facilita a
decodificação). Ilustra-se, a seguir:

Figura 8 – Excerto facsimilar do fólio 3 recto do Livro II do Tombo no


qual se pode ver a letra do scriptor 3.

Por outro lado, pode-se perceber maior regularidade nas manifestações gráficas,
grafemáticas, morfológicas e vocabulares. Até por que ele escrevia basicamente as mesmas
fórmulas (mudando basicamente o nome dos envolvidos, bem como descrevendo qualquer
53

emenda quanto ao motivo, natureza e localização) e, como se sabe, as práticas notariais [...]
regulaban la nivelación externa y la unificación interna [...] (MENÉNDEZ, 1998, p. 125).
Ainda que diferente dos padrões de escritas atuais, o fato da existência de uma lógica
definida e sistemática permite a leitura, mesmo apresentando as dificuldades supracitadas.
Pode-se também atribuir esta relativa sistematicidade ao que salientam Telles e Lose (2000):
―Por outro lado, deve ser lembrado que a língua portuguesa dos documentos lavrados no
Brasil Colônia representa a língua escrita culta, preponderantemente de cunho lusitano‖
(TELLES; LOSE, 2000, p. 111). Andrade (2007), descrevendo intrinsecamente o scriptor 3,
comenta que as partículas são normalmente ligadas aos termos subsequentes, faz-se uso das
vírgulas de forma assistemática e utiliza-se o hífen para a separação das sílabas ao final da
linha.

As partículas, tais como artigos, pronomes, preposições, conjunções, são, de forma


geral, ligadas aos termos subsequentes. O scriptor faz uso desnecessário de vírgula
[considerando-se o sistema atual de emprego de tais sinais gráficos] e utiliza hífen
na separação das sílabas ao final da linha, geralmente obedecendo a uma
regularização (ANDRADE, 2007, p. 12).

A presença de reclamos é uma constante nos fólios em que se apresenta esta escrita.
As abreviaturas, no entanto, são escassas e ocorrem, somente, no final do documento para
braquigrafar, tanto o status de conferido do traslado, quanto a sua própria assinatura. Só há,
portanto, duas ocorrências de braquigrafia nesta scripta, todos os casos por letras sobrepostas:

C(oncerta)do p(or) mim T(abeli)am

Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a

Vejam-se, então, alguns dos problemas de legibilidade e de lisibilidade encontradas


nesta scripta:
1. quanto aos nexos e sua implicação para o reconhecimento de palavras,
embora os caracteres do scriptor já sejam espaçados de per si, há certa
54

sistematicidade na representação gráfica vocabular, o que ajuda na aplicação do


critério adotado;
2. como afirma Andrade (2007), também este scriptor apresenta caracteres
cuja diferenciação entre maiúsculos e minúsculos reside apenas no módulo, uma
vez que o traçado das letras é idêntico;

caractere no que a diferença entre maiúsculo e minúsculo se dá


apenas pelo módulo; neste caso, trata-se de <r> maiúsculo

3. mesmo registrando apenas duas ocorrências de abreviaturas,


encontraram-se problemas de polissemia: em C(?)do p(o)r mim T(abeli)am, como
na ilustração da página anterior, a primeira abreviatura, mesmo levando em
consideração o contexto, pode admitir algumas leituras, dentre as quais
concertado, conferido, confirmado, corrigido, corroborado, confrontado, etc.
Optou-se pela primeira leitura, i.e., C(onfirma)do por mim T(abeli)am, pelo fato de
que a expressão eleita ocorre com mais frequência do que os demais;
4. o scriptor aqui analisado, apesar de traçar as letras na maioria das vezes
separadamente, possui algumas junções que provocam dúvida na leitura, como por
exemplo: <tr> e o <bs> que se assemelham a outras letras, podendo provocar erro
na transcrição;

<t> junto ao <r> se assemelhando ao <b> junto ao <s> que se assemelham


<h> maiúsculo ao <g> maiúsculo

5. essa scripta apresenta o <u> no lugar de <v>, um fato comum nos textos
manuscritos ao longo de vários séculos. Ademais, a grafia do <u> é, em muitos
momentos, confundida com a do <ce>.
55

<u> semelhante ao <c> unido ao <e>

<c> unido ao <e> semelhante ao <u>

A partir da apreciação das scriptae do escrivão e do tabelião do Livro II do Tombo,


reconhecidas como uma escrita de leitura relativamente fluida, também apresentaram,
apresentam e apresentarão certas dificuldades tanto para entendê-las quanto para se
convencionar o que delas se decodifica; nenhuma edição esgotará por completo sua
diversidade e complexidade. E esta é a melhor parte do trabalho científico: nada é para
sempre; que sejam eternas enquanto durem as hipóteses, inclusive as de leitura.
A edição de documentos desta natureza permite a pesquisadores analisarem tempos,
espaços, sociedades e situações (MENÉNDEZ, 1998, p. 124), além de línguas que os
veiculam, num espaço pequeno, com complexas relações intra/intertextuais, que revelam a
linha de raciocínio do processo: só faz parte da juntada o documento que for pertinente àquela
determinada demanda. Juntada é a união de dois ou mais processos que tenham relação ou
dependência; é o ato de juntar novos documentos a um processo, administrativo ou judicial.
Objetiva-se, com a juntada, instruir o processo, a fim de obter uma verdade processual.
(ARIOSI, 2000, p. 33).
A juntada de documentos pode alterar a convicção do julgador e deve ser efetuada em
ordem cronológica de apresentação de documentos, ou seja, na sequência em que os
documentos, informações e decisões se apresentarem como relevantes para o assunto em
questão. Tal ponto é de suma pertinência para o corpus em questão, uma vez que se trata de
traslados (portanto, de apenas um suporte aparente), feitos por 2 scriptores (um escrivão e um
tabelião), que trazem juntadas por anexação ou apensação sem, muitas vezes, sinalizar a
junção de novo documento. Ainda segundo Ariosi (2000), juntada por anexação é a juntada
definitiva de processos, passando todos os processos a constituírem um só documento,
devendo ser executada mediante despacho do dirigente; por juntada por apensação entende-se
56

a união provisória de um ou mais processos a um processo mais antigo, destinada ao estudo e


a uniformidade de tratamento em matérias semelhantes, com o mesmo interessado ou não.
Mais uma vez, o fato de o L2T trazer cópias, faz com que muitos destes caracteres do
processo de construção/criação textual se percam na materialidade. No entanto, percebe-se,
via discurso e formulae diplomáticas, que a anexação é o modus predominante nos
instrumentos em questão.
A documentação jurídica, objeto dos estudos diplomatísticos ou diplomáticos, hoje é
dividida em dois instrumentos notariais principais: a escritura pública (incluindo o testamento
e a procuração) e a ata notarial (incluindo a Nota do Auto de Aprovação de Testamento
Cerrado). Secundariamente, estão a prática do reconhecimento de firma e da autenticação de
cópia. Faz-se importante trazer esta hodierna classificação para compreender que o notariado
empenhado no Brasil Colônia abarcava uma gama de diferentes tarefas, o que também se verá
na próxima seção acerca do fazer lusitano, dentre as quais está, principalmente, a de autenticar
fatos, que significa, nas palavras de Pereira (1996, p. 46), ―[...] comprovar alguma coisa, um
acontecimento, um fato jurídico - seja ele natural ou voluntário - que acarreta conseqüência
jurídica‖.
Autenticar, termo que constantemente ocorrerá ao longo da tese, já que o L2T reune
traslados autênticos, está, para Walter Ceneviva (2014, p. 202), ―[...] vinculado ao termo
fatos. Significa a confirmação, pelo [...] notário [...] da existência e das circunstâncias que
caracterizam o fato, enquanto acontecimento juridicamente relevante‖. Ademais,
A ata notarial só pode ser formalizada pelo notário quando alguém perante ele
comparece e solicita-lhe que a lavre em suas notas, registrando o fato que relata, ou
que já ocorreu, ou, até mesmo, que está ocorrendo na presença do relator e do
notário (PEREIRA, 1996, p. 53).

Esta condição sine qua non e, portanto, motivação da escritura documental, se fará presente (e
verbalizada!) nos traslados que constituem o corpus.
A partir destes conceitos basilares atinentes à natureza do presente estudo, tem-se que
a História, com destaque para a do Direito Notarial e Registral (sobretudo no Brasil), o
Urbanismo, a Linguística e a Paleografia são áreas de interesse para este trabalho e são
evocadas no intuito de iluminar o objeto em análise, sob a perspectiva filológica, entre outras
razões, pelo fato de a crítica textual, lato sensu, ser ―[...] um campo do conhecimento em que
a transdisciplinaridade constitui não apenas uma abordagem relevante para seu
desenvolvimento, mas, sobretudo, uma condição para sua existência.‖ (CAMBRAIA, 2012, p.
23).
57

A seguir, traça-se um breve histórico de tais práticas lusitanas e de alguns estudos que
têm como escopo documentos notariais e seus scriptores, no intuito de se verificar na prática
brasileira colonial, via L2T, as contribuições lusitanas para as primeiras páginas da colônia,
pois [...] está quase tudo por fazer no trabalho de pesquisa e elaboração da história do direito
brasileiro, ao menos no que respeita ao seu primeiro século (NORONHA, 2005, p. 12).
58

3 DIPLOMÁTICA EM PORTUGAL: ESTUDOS E RESULTADOS

No Portugal medievo [...], os que detinham a capacidade de ler e escrever, uma


minoria, eram chamados a escrever ou copiar livros de registo de chancelaria,
inquirições, cartas de foral, e tantos outros [...]. Nos mosteiros, igrejas e outras
instituições eclesiásticas de todo o Portugal, dos séculos XIII-XV, sucedem-se cada
vez mais, prova da importância que ganhavam o registo gráfico, os cartulários, os
inventários, os censuais, os bulários, os tombos de propriedades e outros (SANTOS,
2000, p. 75).

Pelos motivos apontados na subseção 2.2, A importância da Diplomática para o


estudo de documentação notarial: um pouco de história, bem como pelo que corrobora
Santos (2000) com o trecho acima, viu-se a (pre)ocupação monasterial com a cultura escrita e
a alta produção documental e, por isso, começa-se esta seção por citar o interesse que eles, os
mosteiros beneditinos, despertam às investigações.

Os mosteiros beneditinos, os mais antigos na Península, no geral até já existentes e


seguindo as regras peninsulares quando depois neles vieram a ser introduzidos os
costumes cluniacenses, foram os primeiros a ser analisados. Os estudiosos mais
jovens entusiasmaram-se com o estudo da propriedade eclesiástica e seus modos de
exploração, até porque, dentro dos parámetros de uma economía senhorial, eram
estas instituições as que possuíam as melhores fontes para tais análises económicas.
Dominios territoríais e senhoriais monásticos, políticas de exploração dos bens,
rendas e rendimentos eclesiásticos, receitas e despesas das instituições, foram
aspectos que prenderam, num primeiro momento, os investigadores (COELHO,
2001, p. 211).

As instituições religiosas e, depois, as notas têm chamado a atenção de diversos


profissionais das áreas de História, Paleografia e Diplomática (para citar apenas algumas) em
Portugal. A forma de abordagem da massa documental, com tratamento diplomático, bem
como os resultados das pesquisas (quantitativos e qualitativos), incidem diretamente sobre
esta tese, já que ―Salvador herdou de Portugal a estrutura, composição administrativa, a
formação de mão-de-obra [...].‖ (FLEXOR, 1989, p. 22). Para se entender a produção dos atos
diplomáticos registrados no Livro II do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia, há que se
compreender o que acontecia na Corte, antes mesmo do processo de colonização no Brasil.
Faz-se, então, necessário tentar organizar o surgimento e evolução do notariado
português até que se chegue à época em que Portugal aqui se estabelece de forma
administrativamente mais organizada, ou seja, ao início do Governo-Geral, na Cidade da
Bahia (em 1549). Uma complexa tarefa, pois ―É difícil, no entanto, defender, em história,
uma tese sobre o surgimento de um facto de tão amplo significado social e jurídico, como o
59

tabelionado público, ex abrupto, sem encontrar novos contextos explicativos originantes e


integradores‖ (GOMES, 2000, p. 245).
Desde o século XII, a Igreja incentivava a formalização de um notariado público ao
qual se faz necessário estabelecer os instrumentos jurídicos in publicam formam. Mas este
processo contou com uma pluralidade de fatores, institucionais e culturais, bem como de
contextos históricos em que a autoridade régia será apenas uma das molas propulsoras, sem
dúvidas a mais determinante, como se verá.
Sá-Nogueira (1988) propôs três períodos para início e implantação do tabelionado em
Portugal: entre 1212 e 1259 um tabelionado em fundação, entre 1259 e 1305 um tabelionado
em integração e, daí em diante, um tabelionado em consolidação. O ―Primeiro Tabelionado‖
se deu apenas no reinado de D. Afonso II, considerando a forma como irradiou da Itália para
os territórios da cristandade latina ocidental. Nas palavras de Gomes (2000, p. 244), trata-se
de ―[...] uma fase histórica marcada por uma dinâmica original e por uma actualização de
métodos e de conceitos acerca da elaboração do documento diplomático verdadeiramente de
ponta na Europa de então.‖ E o autor continua:

Estranho seria, aliás, que a evolução histórico-política de Portugal, uma das


primeiras monarquias soberanas da Cristandade a delimitar as suas fronteiras
territoriais e políticas, não se encaminhasse no sentido de fazer evoluir a
administração central, protagonizada pela cúria régia, em ordem a adaptá-la às
exigências do Regnum quanto, por exemplo, às práticas da justiça e da legalidade
(GOMES, 2000, p. 245).

Fato é que muitos tabeliães desta época utilizavam a expressão primus tabellio na
subscrição notarial dos documentos que validavam. Gomes (2000) concorda com Sá Nogueira
(1988) quanto às balizas desta primeira fase, afirmando que esta

[...] remonta ao reinado de D. Afonso II (1211-1222) e que o seu impulso foi


sustido, fundamentalmente, pelo poder real que se caracterizou, justamente no
governo desse monarca, por um notável aperfeiçoamento dos meios que
sustentavam a produção legislativa (GOMES, 2000, p. 246).

O início do século XIII é marcado pela autonomização dos notários profissionais da


escrita, saindo dos scriptoria eclesiásticos e se afirmando como corpo social, graças à
auctoritas publica, pouco a pouco.

A ancestral tradição de uma ‗cultura notarial‘ servida pelos escribas e notários


eclesiais havia séculos não podia ser substituída repentinamente por uma nova
‗cultura notarial laica e pública‘. O estudo dos scriptoria e chancelarias eclesiásticos
60

entre os séculos XI e XIII, decerto, demonstra que há continuidades e também


espaços de renovação (GOMES, 2000, p. 247).

Após as reformas administrativas de Afonso II (séc. XIII e XIV), a figura do notário


ou tabelião surge em todo o território português. Para exercer tal ofício, exigia-se que o
cidadão fosse cristão, tivesse minimamente 25 anos de idade, ―[...] boa fama e conhecimentos
de leitura, escrita e da ars notariae‖ (CUNHA, 2006, p. 314). Exigia-se, ainda, que o tabelião
fosse casado; assim, os viúvos tinham o prazo de um ano para voltarem a se casar, podendo
durante esse ano vestir qualquer tipo de roupa que não a do luto, comum à época, sem perder
o ofício. Não podia ser clérigo, de acordo com determinação estabelecida após regimento de
1305, promulgado por D. Dinis. Este regimento, primeiro ordenamento da atividade
tabeliônica em Portugal, visava a impedir acúmulo de funções, a exigir que os documentos
tivessem todas as partes do formulário (princípio da integridade) e que fossem entregues em
até 8 dias após a celebração do negócio (princípio da celeridade) (CUNHA, 2006). No
Regimento dos Tabeliães de 1340, por conta da insistente convivência de ofícios clericais
com notariais, a restrição que constava no documento anterior já não mais se registra.
O tabelião conhecia bem o cotidiano local e acabava por conquistar a confiança da
população e até criar uma espécie de dependência da clientela, uma vez que o notário
pertencia à fina camada dos que sabiam escrever e, ao mesmo tempo, era investido de fé
pública. Nas palavras de Saraiva (1998), estes privilégios eram comuns e se poderia até passar
de pai para filho o ofício com suas beneficies, ―Sabendo que quem exercia o ofício de
tabelião, pela sua especialização e poder, rapidamente teria acesso a uma posição de destaque
na tessitura social urbana‖ (SARAIVA, 1998, p. 600).

Domina, pois, terras, dinheiros e uma profissão especializada. Domina homens. Tem
moços ou escrivães que o coadjuvam no ofício. Tem trabalhadores rurais que lhe
amanham as terras. Tem cobradores que lhe arrecadam as rendas. Tem criados. É
assim o tabelião um homem da classe média urbana. Em Quatrocentos muitos destes
tabeliães mais dotados podem já ter ascendido a certos graus da nobreza. Não raro
encontramos, assim, tabeliães que são escudeiros. Nesta posição social enveredam,
como os demais, nestas centúrias, pelo clientelismo e vassalidade. São vassalos do
rei ou ‗criados‘ de fidalgos e instituições eclesiásticas. Esta protecção régia ou
senhorial reforça o poder específico que a escrita lhes confere. (SARAIVA, 1998, p.
603)

A seguir levantar-se-ão alguns resultados de estudos sobre o tabelionado português em


diferentes lugares e períodos do Medievo. Entende-se medievalidade como o conjunto de
representações e identidades relativas ao período da história da Europa que se inicia com a
Queda do Império Romano do Ocidente (século V) e termina durante a transição para a Idade
61

Moderna (século XV). A Idade Média é, portanto, o período intermediário da divisão da


história ocidental em três períodos (a Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna), sendo
frequentemente dividida em Alta (séculos V ao X) e Baixa Idade Média (séculos X ao XV).
A este intróito, comum ao conceito de medievalidade, levantam-se, en passant, outros
aspectos, que questionam, se opõem e até relativizam a díade igreja e homem, com maior
destaque da primeira quando comparada ao segundo, in principio (RUST, 2008;
HAMILTON, 2003; COLISH, 1997; BACKMAN, 2003; HOLMES, 1988; LAWRENCE,
2001). Jacques Le Goff (1995), expresivo medievalista, trouxe contribuições para a forma de
se representar o medievo, trevoso e teocêntrico, evidenciando, via documentação, métodos de
leitura, análise, conteúdo dos curricula universitários e suas despesas, afirmando que Platão e
Aristóteles, por exemplo, não passaram despercebidos entre os séculos V e XV. Em outras
palavras: havia luz entre as trevas. Ademais, Le Goff (2006) legou as ideias sobre
mentalidade (e, relacionada a esta, a noção de longa Idade Média, como a passagem e a
transformação lenta e a longa duração dos processos históricos) e imaginário medievais.
Adjunge-se a este contexto, agora em (re)(des)construção, que o catolicismo foi o
impulso e, ao mesmo tempo, parasita do imaginário medieval. Ainda hoje, é perceptível que o
cristianismo é um legado romano portador de elementos que estruturam a forma como muitos
lidam com o sobrenatural e com o sagrado (RUST, 2008). Quanto à díade supramencionada,
observa-se um elemento que os divide, em certa medida, e que os unirá: o tempo. Nesta
esteira, o fazer notarial estará presente e refletirá as mudanças de mentalidade. Le Goff (2003)
buscou demonstrar que, durante o período medieval, duas concepções de tempo se
digladiavam: o tempo sacramental, concebido por teólogos e filósofos cristãos, e o tempo
pragmático, manipulado pelos mercadores. Segundo o autor, a percepção do devir por parte
dos clérigos medievais seguia de perto o rastro das reflexões agostinianas, condensadas nas
obras Confissões e A Cidade de Deus, que consistia em revestir a duração de qualificações
espirituais, tornando-a a sucessão de momentos e eras desencadeada no ato da Criação e que,
tendo a eternidade por pano de fundo, transcorria irreversivelmente para o Apocalipse, o fim
dos tempos.
Para os membros da Ecclesia medieval o tempo não possuía importância em si
mesmo, mas tão somente quando encarado como veículo da irrupção do sagrado no curso da
história, como porta-voz dos desígnios da divina Providência (COLISH, 1997). Já o mercador
– ainda de acordo com Le Goff (1995, p. 46) – vivenciava o tempo de maneira oposta,
considerando-o um artefato profano: um quadro rotineiro e habitual de medidas e referências
para orientação em meio à trama de acontecimentos que o envolviam, tais como planejamento
62

de viagens, avaliação de ganhos, estimativa de produção. O mercador conquistava o tempo e


retalhava-o tal como a um objeto. Impunha-lhe um preço, tratava-o como um índice de
cálculos, de projeção de riscos e de realização de lucros: um tempo mensurável, controlável.
Eis o conflito: um tempo sagrado versus um tempo profano; um tempo agrário versus um
tempo urbano. E queira-se reiterar que à noção de urbanitas está entrelaçada a prática
notarial.
Por que a história é dialética, chega-se à mudança de mentalidade tal, respondida pela
mudança de comportamento (ou vice-versa), que a própria Igreja medieval, por meio dos
escolásticos, permite ao mercador unificar seu tempo prático de trabalho ao tempo da
espiritualidade cristã e o cristão sente mais naturalidade em recorrer ao mercador para os seus
ofícios, cada vez mais ampliados e aprimorados com as universidades. Esta mudança (e
alternância) dos tempos laico e sacro culminou na passagem do tempo medieval ao moderno:
o primeiro, identificado com o tempo da Igreja (marcadamente agrário, impreciso e ritmado
pelas horas canônicas) teve, cada vez mais, que ceder espaço ao segundo, tido como sinônimo
do tempo do mercador (urbano, de maior precisão e orquestrado pelo relógio mecânico)
(HAMILTON, 2003). ―O tempo, que só pertencia a Deus, é agora propriedade do homem‖
(LE GOFF, 2003, p. 260), emergia o grande progresso material e dinamismo urbano que
tomaram de assalto o mundo feudal entre os séculos XI e XIII. A Igreja

[...] teve de ceder o lugar a um tempo religiosamente neutro, ligado à vida dos
negócios e do trabalho das comunidades urbanas laicas – o tempo dos mercadores e
das torres sineiras das comunas livres – [...]. Não se tem notado que este recuo no
poder sobre o tempo terreno foi em parte compensado pela aquisição de um poder
sobre o tempo dos homens para lá da sua morte: o tempo do Purgatório. (LE GOFF,
1994, p. 118)

Após estas reflexões, alguns estudiosos questionam, com relação ao perfil firme e
homogêneo traçado acerca da dualidade do tempo laico e sacro: será que, composta de
homens, instalada no espaço, governando bens terrenos e exercendo atividades
administrativas, fiscais e jurídicas em momento algum a Igreja medieval experimentou um
tempo minimante prático e racionalizado? Afinal, será que esse tempo metafísico e
―extraordinário‖, que pesava sobre os eclesiásticos medievais, era capaz de sustentar todas as
atividades da Igreja medieval? Embora não se queira aqui diretamente responder a tais
perguntas, o histórico do notariado, bem como os resultados de pesquisas em solo português,
poderão apontar alguns caminhos para tais discussões.
63

3.1 ESTUDOS DIPLOMATÍSTICOS EM PORTUGAL: ALGUNS RESULTADOS

Os caracteres resultantes das pesquisas que ora se apresentarão são assaz significantes
para a análise do corpus desta tese, à medida que se podem vislumbrar aproximações e
distanciamentos entre as práticas notariais de Portugal e de sua colônia americana. Faz-se,
então, necessário elencar tais trabalhos, apontando seus responsáveis, escopo e os resultados
que por ora interessam.
Em primeiro lugar, Saúl Gomes (2000) ressalta que a história se faz relevante para
compreender o processo, mas não é este, exatamente, o objeto dos estudos diplomatísticos.

Em Diplomática, no entanto, as questões fundamentais não parecem recair tanto


acerca de quem são os novos protagonistas de um conteúdo — a conscriptio
scripturarum — mas antes sobre o problema da renovação e da mudança que se
processaram nesse mesmo conteúdo sob um ponto de vista da sua forma, da
autenticidade e da eficácia probatória do documento (GOMES, 2000, p. 247).

Preza-se, portanto, pela verificação de alterações nos conteúdos doutrinários (o que também é
atinente à história da jurisprudência) e nos formulários registrados (o escopo, em verdade),
assumindo que as transformações sociais, em diversos vetores, atingirão, mais cedo ou mais
tarde, as formulae. É sobre a interseção língua-diplomática-cultura que os trabalhos a seguir
se debruçam, sobre os quais o parágrafo a seguir trará breve resumo.
Começa-se por citar Anísio Miguel de Sousa Saraiva (1998), que analisou documentos
feitos por tabeliães régios e notários da Sé de Lamego 9, inventariando vinte e três tabeliães no
período compreendido entre 1297 e 1350. Maria Cristina Almeida Cunha (2006) estudou
documentos notariais brigantinos10 do século XIV. Ao longo das próximas subseções,
contributos dos trabalhos de Sá-Nogueira (1988) são recorrentes em outros de temática
semelhante, por serem estudos exaustivos sobre as origens do tabelionado em Portugal e por
proporem uma periodização para o ofício. Finalmente em Garcia (2011), se buscaram os
tabeliães de Santarém11 em 488 documentos entre 1367 e 1405, detalhes sobre carreiras,
estabelecendo balizas cronológicas para início e fim do trabalho de cada notário, oitenta e
nove, ao todo.

9
Lamego é uma cidade do Distrito de Viseu, Região Norte e sub-região do Douro. Fazia parte da província de
Trás-os-Montes e Alto Douro.
10
Relativo à Bragança, cidade na sub-região de Alto Trás-os-Montes, na Região Norte de Portugal. O município
é limitado a norte e leste por Espanha.
11
Santarém é a capital do Distrito de Santarém. Pertencia à antiga província do Ribatejo, da qual era a capital e
centro urbano mais importante.
64

3.1.1 Tempo de duração do ofício de tabelião e sua formação

No estudo realizado por Saraiva (1998), na Sé de Lamego, levantou-se uma média de


2,94 tabeliães por ano, que atuavam como oficiais régios ou notários públicos. ―A falta de
esmero na grafia, na forma mecânica da escrita e no desenho do sinal, são reflexos da gradual
perda de agilidade e destreza imposta pelo avançar dos anos‖ (SARAIVA, 1998, p. 593). Os
"anos" a que a citação se refere não podem ser computados com certeza, mas uma amostra de
tabeliães de Torres Vedras, analisada por Coelho (2003), aponta que alguns agentes estavam
no cargo até entre os seus 44 e 55 anos de idade. Levantou-se, ainda, a informação de que eles
serviram por uma média de 18,1 anos.
Um pergunta, no entanto, faz-se pertinente: como os primeiros notários se formaram,
no séc. XIII? Não há qualquer referência, ao menos nos estudos aqui levantados, acerca da
existência de uma escola de tabeliães. Imagina-se que eles tivessem aprendido a ler e a
escrever em qualquer escola monacal (o que não era qualquer coisa), exercitando-se e
formando-se ao lado de religiosos atentos e dedicados aos diplomas, o que não era tão
incomum, como se viu mais acima. Desta forma, teriam sido formados, mas não informados,
não conduziram os saberes em prol de uma profissão estabelecida, posteriormente, e, pelo que
a história nos indica, por necessidade de regulamentar uma prática já em andamento que o
poder político à época achou por bem normalizar e normatizar (COELHO, 2001).
Os tabeliães que vieram em seguida aprenderam com a prática, em oficinas
tabeliônicas, cujo modus era levado com orgulho, como verdadeiros estandartes por seus
discípulos, que chegavam até mesmo a usar os sinais de seus mestres, o que pode confundir a
cronologização dos agentes. As palavras de Coelho (2003, p. 181) corroboram esta assertiva:
"Era a escrivaninha, como se disse, por certo, a grande escola do tabelionado portugués, e
alguns destes assessores sucediam ao seu mestre. Dele recebendo, como uma espécie de
herança, o seu sinal." Ademais, a fundação da Universidade em Lisboa, entre 1288 e 1290,
contribuiu para qualificação intelectual dos agentes da escrita. E, a partir daí, se passou a
exigir aprovação em exame sobre a ars notariae, a partir do qual os aprovados ficavam aptos
a desempenhar o seu ofício.

3.1.2 As intitulações tabeliônicas

Como interpretar, aliás, a constante oscilação no vocabulário intitulativo desses


agentes da escrita, ora auto-designados scribae, ora scriptores, ora notarii ou
tabelliones. Indefinição característica de um quadro histórico de, mais do que
65

génese, implantação e crescimento de um renovado corpo profissional de


especialistas no domínio da escrita e das form(ul)ae diplomáticas (GOMES, 2000, p.
251).

As formas escrivão, tabelião e notário concorrem, dando impressão de se tratarem de


sinônimos, mas não são. O cuidado também reside nos fatores tempo e espaço, pois estes vão
interferir na significação dos termos. Por exemplo, enquanto que quase todas as regiões de
direito escrito adoram o termo notarius (notário) a partir do século XIII, no reino de Castela e
Leão o termo aplicado foi o de escribano público e no reino de Portugal e do Algarve a
designação notário era reservada aos notários das cúrias episcopais e aos notários da corte,
sendo os escrivães vinculados à circunscrição de um concelho ou julgado, revestidos de
autoridade pública para lavrarem documentos, obrigatoriamente referidos como tabellio
(tabelião) (SÁ-NOGUEIRA, 2002). O escrivão, em Portugal, ajuda os tabeliães, daí a
expressão homem de mim tabelião. ―Várias vezes na documentação nos cruzámos, no
protocolo final (sempre no grupo das testemunhas do documento), com a expressão [nome do
indivíduo] homem de mim tabelião‖ (GARCIA, 2011, p. 51).
Através de Saraiva (1998), verifica-se que a fórmula de intitulação mais usual é
tabelliom, que se alterna com pubrico tabelliom, o que pode deixar mostrar os efeitos das
supraditas regulamentações, que visam trazer o notariado ao serviço da máquina pública. Esta
hipótese vem a ser reforçada pela alternância das intitulações dei rei en Lamego ou na cidade
de Lamego.
Em Garcia (2011), as variantes são mais numerosas e dizem respeito, inclusive a
funções distintas, como tabalyom dEl Rey, tabaljon na dicta vjla de Santarem, escriuam
pubrico na dicta uila de Santarem en seu termho. ―Estas divergências podem ter
correspondido tanto a momentos que marcaram a situação política do reino como a meras
evoluções, sofridas no ofício que exerciam‖ (GARCIA, 2011, p. 42).

3.1.3 Tipologias documentais dominantes e discurso diplomático

A pesquisa com documentação notarial implica estar em contato com vários tipos
documentais, pois eles refletem as variadas demandas que podem levar um indivíduo a
procurar um tabelião. Há, obviamente, tipologias recorrentes por tratarem de matérias triviais,
do cotidiano, tais como os emprazamentos, os arrendamentos, as cartas de venda, as cartas de
posse, etc.
66

Quanto ao discurso, Saraiva (1998) detectou a existência de um modelo, um


formulário adotado pela maioria dos tabeliães e notários, em quase todas as situações. Tal
discurso constituía-se, basicamente, da invocação (e ou notificação), da intitulação, do
endereço, da exposição, das cláusulas finais, da rogatio, da data, das testemunhas, da
subscrição do tabelião ou notário e do sinal notarial.
Quanto à língua, Garcia (2011, p. 28) afirmou que, em seu corpus, "[...] todos eles
escreveram em Português, pois nunca foi encontrado por nós um só documento elaborado por
algum destes homens que estivesse escrito em Latim. Tal não é novidade para o século XIV,
de qualquer modo, fica a nota."
Fica outra nota, que será retomada na seção 4: este resultado de nulidade de registro
em latim não se verifica nos LT, ao contrário do que uma visão determinística poderia prever,
o que só corrobora a tese de que as práticas notariais na Bahia Colônia tiveram seu próprio
matiz, de conservadorismo pelo insulamento administrativo, como adiante se verá.

3.1.3.1 A invocação

A invocação, de acordo com Saraiva (1998), varia entre a forma em nome de Deus
amen e a correspondente latina in nomine Domini amen. Isolada ou acompanhada da
notificação, começou a desaparecer do protocolo a partir de 1349, deixando espaço apenas à
notificação, que variava inicialmente entre sabham quantos este strumento viren e leer
ouviren e a forma menos produtiva conoscam quantos este strumento virem, fixando-se,
finalmente, em sabham quantos este strumento virem.
Em Coelho (2003, p. 196), encontram-se dados semelhantes: "Logo, no protocolo
inicial não há invocação, que já estava praticamente em desuso, como sabemos, mas apenas
os autores e destinatários, por vezes com as suas identificações profissionais ou sociais e de
morada." Os documentos também se iniciam, mormente, pela notificação saibham quantos
este estormento Virem ou saibham quantos esta carta virem. Estes dados, coincidentes com a
maioria dos estudos aqui revisados, só reforçam o estilo que se reproduz nos LT, no Brasil,
aceitando, as conservações que estão presentes nos acta, com mais entusiasmo do que as
inovações que obviamente ocorreram por ser possível estabelecer relação mais direta entre a
prática lusitana medieva e a colônia americana quinhentista.
No corpo do texto diplomático, de forma geral, encontra-se apenas a disposição,
introduzida objetivamente pelo verbo que é o motivo do ato, em 1ª pessoa do singular (dou,
outorgo, vendo, arrendo, estabeleço por meu certo procurador), ligando o autor ao
67

destinatário. Esta parte dispositiva se propõe a ser clara, apresentando o conteúdo essencial
que a cada tipo documental corresponde. Nisto, a documentação editada nesta tese se diferirá,
por motivos e exemplos que mais a frente se verão.

3.1.3.2 Datas, testemunhas e subscrições e sinais

A datação, a validação por testemunhas e a subscrição compõem o escatocolo.


A datação inclui a data tópica (local de escrita), o dia, o mês e o ano. Coelho (2003)
recolheu, entre seus exemplos, um escatocolo com o dia da semana, mas isso não é o usual. A
data tópica, que surge em quase todos os documentos, é muito precisa, o que permite
reconstituir os locais de trabalho dos agentes. O dia do mês e as centenas, dezenas e unidades
do ano são expressas em numeração romana.
O nome das testemunhas é heterografado, mas as suas assinaturas vão ao final, junto
às cruzes e/ou sinais.
A subscrição tabeliônica introduz-se, na maioria dos casos, pela fórmula do nome e
intitulação e eu Antam Diiz pubrico tabeliam por noso senhor ell rrey na dita cidade e seus
termos que esta nota escrevy. Quando o sinal vinha aposto, subscrevia com a intitulação,
tipologia e anúncio do sinal, como em e eu Antam Diiz pubrico tabeliam por noso senhor ell
rrey na dita cidade e seus termos que esto estormento d'emprazamento escrevy e aquy meu
sinall ffiz que tall he.
Tendo tido necessidade de entrelinhar uma palavra, ou qualquer outra emenda, faz-se a
ressalva no final, identificando com exatidão o local e a intervenção feita.

3.1.3.3 Problemas de identificação de tabeliães: homonímias e sinais

A profusão de tabeliães nos séculos XIV e XV leva à similitude de muitos sinais, se


não mesmo à sua inteira semelhança ‒ o que está ainda por provar, dado que são
poucos os estudos existentes sobre o assunto ‒ bem como à necessidade de
transmissáo do mesmo por morte. É que a imaginação de combinar redondos,
losangos, quadrados, laçadas, cruzes, linhas, pontos, por entre o negro e o branco,
teria limites! (COELHO, 2003, p. 181)

Se os principais instrumentos de trabalho de um notário são seu nome e sinal, o que


dizer de situações em que estes elementos se encontram em identificação dúbia ou totalmente
igual à de outra pessoa? Situação semelhante se apresenta em outros trabalhos, como em
Oliveira (2011), no Brasil, e no de Garcia (2011), em Portugal. Os critérios para se definir um
homônimo são, normalmente, o fator intervalo de tempo e o usus scribendi. A solução dada
68

para se apresentar os resultados, diferenciando os agentes, é a de atribuir um número romano


a cada homonímia Garcia (2011).
Em caso de homonímia, o sinal pode diferenciar os sujeitos. Além disso, auxilia como
indício à história do tabelião e da própria prática diplomática, demonstrando os modismos e
alterações no sistema de sinais. Abaixo, na figura 9, Garcia (2001) apresenta os sinais
polilobados que ocorrem em seu corpus, indicando os tabeliães que os usaram e quando o
fizeram.
Figura 9 – Sinais polilobados. Ilustração reproduzida do trabalho de
Garcia (2011, p. 90).

Os sinais polilobados são constituídos por formas lobadas que ficam ao redor de um
núcleo (que pode ter motivos diversos) e, normalmente, estão dispostas em cruz. Estes sinais
se fizeram mais produtivos até a primeira metade do séc. XIV, dando lugar às formas
estreladas (vide Figura 10) e, principalmente, às rômbicas (vide Figura 11).

Figura 10 – Sinais estrelados. Ilustração reproduzida do trabalho de


Garcia (2011, p. 89).

A maior produtividade dos sinais rômbicos (com formas de losango) pode ter
motivação histórica. Geralmente combinada a formas quadrangulares, apresenta pontinhos e
remete à simbologia nacional portuguesa, a Ourique12.

12
Ourique é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região Alentejo e sub-região Baixo Alentejo,
ao sul do país. É uma referência nacional de fortaleza e de influência árabe em terras lusitanas.
69

Figura 11 – Sinais rômbicos. Ilustração reproduzida do trabalho de


Garcia (2011, p. 91).

As formas entrelaçadas são menos comuns. O núcleo, normalmente com temática de


cruz, é emoldurado por laçadas. Na figura 12 se reproduzem dois exemplares registrados por
Garcia (2011):

Figura 12 – Sinais com entrelaçadas. Ilustração reproduzida do


trabalho de Garcia (2011, p. 90).

Chega-se aos sinais cruciformes e aos que têm grafias (Figuras 13 e 14). Os primeiros
foram largamente utilizados no século XIV. Os segundos, nem tanto. Mas o que há de
semelhança entre os dois é a mensagem mais exposta do que os sinais anteriores, assumindo,
neste caso, toda a carga simbólica que a cruz traz e registrando as iniciais do próprio nome,
uma marca.

Figura 13 – Sinais com cruciformes. Ilustração reproduzida do


trabalho de Garcia (2011, p. 88).

Figura 14 – Sinais com grafias. Ilustração reproduzida do trabalho de


Garcia (2011, p. 90).
70

Finalmente, há tabeliães que alteram seu sinal por conta do desgaste do próprio ofício.
Outros mudam drasticamente e em pouco tempo, como se registra na Figura 15, o que deveria
ser evitado, já que o sinal é dos mais importantes elementos de autenticação tabeliônica.

Figura 15 – Sinais modificados. Ilustração reproduzida do trabalho


de Garcia (2011, p. 91).

3.1.4 Emolumentos e outros custos

Por fim, após a validação, o tabelião registrava os emolumentos cobrados pela sua
feitura. Através dos textos analisados por Saraiva (1998), por exemplo, sabe-se que por uma
venda, emprazamento, arrendamento, doação, sentença ou uma quitação de rendas, os
tabeliães cobravam o preço fixo de quatro soldos. Mais dispendiosos eram os traslados: um
tabelião cobrou cinquenta soldos por trasladar uma carta régia, em pública forma, e doze
soldos por trasladar uma sentença de procuração. Estes serviços tinham preço fixo. Existiam,
no entanto, outros eram pagos por linha escrita.
Para os documentos cuja tipologia não estavam nas listas régias, os tabeliães cobravam
2 dinheiros por cada 3 regras escritas. Mas, para que não houvesse fraudes ‒ embora fossem
constantes ‒, as letras não deviam estar tão afastadas umas das outras. As escrituras de
inquirição eram pagas de forma diferente, por artigo, cada um a 4 dinheiros, e por testemunha,
cada uma a 2 dinheiros.
Foram regulamentadas, também, as despesas de caminhos percorridos pelos tabeliães
para realizar alguns serviços. Para os deslocamentos dentro da vila, pela ida e regresso, eram
cobrados em 2 soldos. Para as diligências fora do âmbito do seu tabelionado, o pagamento era
de 4 soldos por légua percorrida, somando-se a este uma besta para o retorno.

3.1.5 As práticas cotidianas e as leis

Traçado este quadro, fácil é de reter que a profissáo de tabeliáo era, nos séculos XIV
e XV, absolutamente imprescindível e omnipresente. Imperava a escrita. Escrever
71

era usar um poder. O tabelionado era apetecido. Os seus detentores abusavam. Os


lesados queixavam-se. A sociedade criticava (COELHO, 2003, p. 187).

Estabilizada a carreira, os tabeliães estavam também financeiramente estabilizados:


comerciantes, proprietários de terras e até cavaleiros, para citar alguns dos ofícios paralelos à
prática do tabelionado, graças ao largo conhecimento que tinha das pessoas, potenciais
negócios, enfim, das entranhas da rotina urbana, aliada ao poder que a escrita lhes conferia.
No entanto, nem sempre a escrita era o ponto mais relevante: queixas sobre os tabeliães se
registram desde o séc. XIV quanto a aspectos éticos e do próprio ofício, stricto sensu,
alegando-se que havia falsificação de documentos, especulação dos emolumentos e mesmo
incapacidade para escrever. Quanto às cobranças pelo serviço tabeliônico, monarcas
regulamentaram os preços para evitar os abusos e pelo menos duas tabelas foram
estabelecidas no século XIV: uma em 1305 e outra em 1366. No século XV, outra foi
instituída (CUNHA, 2006).
D. Afonso II tentou oficializar e regulamentar o ofício de tabelião, mas este só começa
a se organizar de fato na segunda metade do século, quando sua existência passa a ser exigida
por determinação régia, impondo-se como indispensável, gradualmente, durante o reinado de
D. Afonso III. Auxiliou-os, nesta afixação social, as sistematizações, listagens e codificações:
livros de notas e registros, róis de tabeliães e regimentos vão se multiplicando e perenizando a
ars notariae. O mais antigo desses memoriais é um livro de notas do tabelião Domingos Pais,
de Lisboa, em 1264. No já referido regimento de 1305, se prescreve a obrigatoriedade de
perpetuar os atos.

A leitura destes regimentos deixa-nos aperceber claramente um passado já enraizado


destes profissionais da escrita. Tão enraizado o seu labor, como os vícios
decorrentes do mesmo. Daí que muitas das exigências estipuladas derivem de maus
usos então instalados, que se queriam erradicar. (COELHO, 2003, p. 174)

A supracitada regulamentação de 1305 dispõe acerca do perfil do notário, bem como


do próprio processo do ato registrado. Resumidamente: 1) impede os tabeliães de acumularem
profissões; 2) exige que cumpram escrupulosamente a atividade de escrita; 3) determina que
sirvam à justiça ou se sujeitem a ela quando cometerem delito; 4) estabelece que não devem
ser clérigos, advogados ou juízes; 5) define que tenham casa onde a clientela poderia
encontrá-los; 6) define que as notas dos instrumentos devem ser registradas livros de notas em
papel e não em folhas avulsas que se perdem; 7) define que o traslado dos documentos
expedidos será feito em livro de couro, para perdurar; 8) define que as partes envolvidas no
72

ato devem ouvir previamente a leitura das notas, para que não haja falseamento; 9) define que
os tabeliães devem ser escolhidos pelas partes e 10) define que devem ser testemunhas
quando convocados, a fim de não obstruírem a justiça. Estas 10 premissas estão no
fundamento da prática notarial em toda sua história em Portugal e grande parte delas está
presente nos LT.
―Leis, posturas, códigos. O normativo, não é o vivido. Da lei à prática por vezes é um
longo caminho. Como da realidade ao nosso conhecimento." (COELHO, 2003, p. 179)

3.2 A DIPLOMÁTICA EM PORTUGAL

Em Portugal, a Diplomática assumiu, desde o início, tendência empírica. A história da


disciplina estava ainda muito recente e com alto teor de investigação material mesmo. Com os
anos quinhentos, a Leitura Nova faz aumentar os índices de cópias de documentos. Trata-se
de uma reforma que é considerada um dos símbolos da política administrativa e centralizadora
do reinado de D. Manuel I (1495-1521), uma das mais belas coleções de códices iluminados
quinhentistas, composta por uma coleção de 61 livros, cujo objetivo foi o de proceder à cópia
de alguns documentos do seu reinado, e de reinados anteriores, em códices de pergaminho
iluminados, visando a vontade política de isolar alguns documentos que pudessem ilustrar
uma história exemplar de Portugal assim como atender, com rapidez e eficácia, à necessidade
administrativa de responder às solicitações que lhe eram dirigidas.
Foi elaborada nos cartórios monásticos e diocesanos, ao longo dos séculos XVI a
XVIII, sendo a maior parte deles inédita e com prováveis erros de datação.
Posteriormente, há um salto qualitativo e quantitativo para a Diplomática, quando a
Academia Real das Sciencias de Lisboa, em 1720, começou a incentivar a inventariação e
recolha documental em arquivos portugueses, resultando em abundantes trabalhos acerca da
autenticidade e veracidade dos documentos, fruto de investigação junto aos mosteiros,
câmaras e outras corporações públicas, além da Torre do Tombo, destacando-se os nomes de
Fr. Joaquim de Santo Agostinho, de Santa Rosa de Viterbo e do Dr. João Pedro Ribeiro. Este
último obteve a regência da cadeira de Diplomática, criada na Universidade de Coimbra em
1796, passando depois para a Torre do Tombo, em 1801. Por ela tinham de passar todos os
que almejassem uma carreira no tabelionato ou no Real Arquivo. Enquanto autor, João Pedro
Ribeiro é considerado o mais alto expoente da idade de ouro da Diplomática portuguesa,
publicando duas obras inaugurais desta nova era, as Observações históricas e criticas para
73

servirem de memorias ao systema da Diplomática Portugueza (de 1798, onde aborda


inicialmente a questão dos diversos cartórios existentes, discorrendo sobre o estado e modo
como se devia proceder à sua organização e reparos nos documentos, passando depois à
verificação da autenticidade dos mesmos) e as Dissertações Chronologicas e Criticas sobre a
Historia e Jurisprudência Ecclesiastica e Civil de Portugal, esta em cinco volumes (de 1810
a 1836, onde se debruça sobre o estilo, o idioma, as datas, o uso do papel selado nos
documentos públicos portugueses, sinais públicos, rubricas e assinaturas, selos de
autenticação, os materiais, as técnicas e instrumentos, a forma mecânica das cartas, e outros
assuntos mais próximos à Diplomática propriamente dita, ganhando as feições que tem
atualmente). João Pedro Ribeiro é considerado fundador da ciência diplomática em Portugal e
tem largo contributo para a Paleografia, Sigilografia, Cronologia e Arquivística portuguesas.
Em 1836, a Diplomática, a Paleografia e a Taquigrafia passaram a ser ministradas em
alguns liceus de Lisboa, depois da reforma de Manuel da Silva Passos, o que veio a ocorrer no
ensino secundário logo em seguida.
As publicações de catálogos de documentos também ganham volume, em que se
destacam Aires Campos, Gabriel Pereira, Pedro de Azevedo, dentre outros. No entanto, a
maior publicação de fontes realizou-se sob o patrocínio da Academia Real das Ciências, à
época dirigida por Alexandre Herculano. Analogamente ao que se realizou na Alemanha com
a já referida Monumenta Germaniae Historica, Herculano edita os Portugaliae Monumenta
Historica, obra subdividida em Scriptores (1856); Leges et Consuetudines (1856-1868);
Diplomata et Chartae (1867-1873); Inquisitiones (1897-1977, com interrupções), sendo um
manancial enorme de vários tipos de fontes portuguesas e para diversos estudos (GOMES,
1998).
Entre os séc. XIX e XX, a Diplomática portuguesa ganha outras feições. Em meados
do século XX, dois grandes nomes – Rui de Azevedo e Avelino de Jesus da Costa –
promoveram nova publicação de fontes, com aportes de normas de transcrição, de edições
críticas documentais, ao mesmo tempo em que estudos sobre chancelaria régia portuguesa
começam a se desenvolver mais solidamente. A partir de 1984, sob orientação de Oliveira
Marques, a documentação das Chancelarias de D. Pedro I, D. Afonso IV e D. Duarte e, ainda
das Cortes de D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando I. Entre 1959 e 1962, Avelino de Jesus
da Costa publicou mais de 1500 documentos pontifícios, de diversos arquivos portugueses e
de alguns eclesiásticos estrangeiros.
A crítica interna documental também foi matéria nesta época, sendo a base para
grande parte dos manuais de paleografia e diplomática. Destaca-se o trabalho Os mais antigos
74

documentos escritos em português: revisão de um problema linguístico, em que Avelino de


Jesus da Costa descobre o mais antigo original datado redigido em português, o testamento de
D. Afonso II (de 27 de Junho de 1214). Outras pesquisas também ganham notoriedade pelo
fator interdisciplinaridade, sobretudo, entre Linguística, História e Diplomática, tais como A
data nos documentos medievais portugueses e astur-leoneses, de José Saraiva, e Calendários
portugueses medievais, dissertação de licenciatura também de Avelino de Jesus da Costa.
Em se considerando o ensino da Diplomática (geralmente irmanado ao da
Paleografia), a prática por meio de amostragem de escritos e pela reprodução de uma ampla
tipologia documental foi o interesse mais notado. Entre os manuais publicados, destacam-se o
Álbum de documentos de Torquato de Sousa Soares (1942), a coletânea do Pe. Avelino de
Jesus da Costa, Álbum de Paleografia e Diplomática Portuguesas (1966), indubitavelmente, a
publicação deste gênero mais utilizada nas universidades portuguesas, uma vez que nela se
intenta acompanhar a evolução da escrita desde a capital romana do Império até à encadeada,
associada à variedade tipológica dos atos escritos. Dentre os demais trabalhos publicados no
séc. XX, em Portugal, cita-se o de Eduardo Borges Nunes, Álbum de Paleografia Portuguesa,
no qual os documentos estão ordenados, entre os anos de 999 a 1712, a fim de acompanhar a
evolução da escrita em Portugal, especificamente. João José Alves Dias, A. H. de Oliveira
Marques e Teresa F. Rodrigues publicaram Álbum de Paleografia, em 1987, reunindo
documentos que datam dentre os séculos XIII e XVIII.
Hodiernamente, os estudos de Diplomática e Paleografia estão vinculados aos cursos
de História e Ciências Documentais. Em 1983, na Faculdade de Letras de Lisboa, foi criado
o mestrado em Paleografia e Diplomática. Os mestrados de História Medieval foram criados
em Lisboa, Porto e Coimbra, tendo-se a oportunidade de aprofundamento em conhecimentos
paleográficos e diplomáticos (GOMES, 1998).
Daí por diante, as pesquisas se tornaram tão fecundas e se publicam em forma de
dissertações, teses, artigos e livros, muitos materiais aos quais se recorreu nesta seção. Seria
cansativo, porém jubiloso, os elencar como merecem.
Após esta breve retrospectiva da Diplomática em Portugal, tanto na teoria e ensino
quanto nas próprias práticas notariais, vai-se à ponte entre Europa e América, representada
pelo Regimento de Thomé de Souza (de 1548). Aliás, os agentes da escrita foram habilitados e
reconhecidos, nomeados pelos reis para as diversas cidades, vilas e lugares do continente e
depois das ilhas e demais possessões ultramarinas da África, Índia e América, para
estabelecimento da administração régia portuguesa e provimento de suas demandas
sóciodocumentais.
75

4 ENTRE PORTUGAL E BRASIL: O REGIMENTO DE THOMÉ DE SOUSA COMO


MARCO NOTARIAL NA COLÔNIA PORTUGUESA

[...] na América Portuguesa as aglomerações originaram-se de Cartas Régias, muitas


vezes acompanhadas por planos, e que acabavam generalizando-se, constituindo-se
em corpo de doutrina. Se até 1549 vilas eram criadas pelos donatários, com a
implatação do governo geral para a conquista do território foram fundados vários
núcleos urbanos, dando início a uma nova fase do urbanismo colonial, centralizado,
que perdurou até 1649, onde não havia fronteiras entre a arquitetura militar e o
urbanismo (FRIDMAN, 2005, p. 55).

4.1 O REGIMENTO DE 1548: MAIS UM POUCO DE HISTÓRIA

Em 1549, a Vila do Pereira contava seus últimos momentos como mais umas das
capitanias que não tiveram sucesso na colônia portuguesa. Quinze anos após o
estabelecimento do sistema de capitanias hereditárias, uma carta régia escolhia por sede a
capitania da Baía de Todos os Santos, a mais central, já tendo sido comprada pela Coroa ao
herdeiro do donatário Francisco Pereira Coutinho. No ano anterior, 1548, a ainda Capitania da
Bahia fora transformada em capitania da Coroa e, antecedendo a comissão administrativa
propriamente dita, recebeu o padre Manuel da Nóbrega e a primeira leva de escravos
africanos do Brasil.
A expedição partiu no dia 1° de fevereiro. Chegou em 29 de março a comitiva à futura
Cidade da Bahia de Todos os Santos13.

Com o nobre capitão-mor, distribuída em seis navios, veio a competente máquina


administrativa: provedor-mor para os negócios da fazenda, ouvidor-mor para os
negócios da justiça, capitão-mor da costa para os negócios da guerra no mar; um
físico-mor para os negócios da saúde e mais um grande sortimento de oficiais
subalternos, para preencher os quadros vagos. Começava-se bem: distribuindo
empregos. Alvorada da burocracia no Brasil. (VALLADARES, 2011, p. 10)

Nas mãos, Thomé de Sousa traz a primeira forma de tratamento jurídico a todas as
esferas previstas pelo sistema. A fim de evitar enganos, Thomé de Souza foi provido de
Regimento, onde sua conduta se achava preestabelecida.

Quase tudo se sabe da administração Tomé de Souza. Desde quando chegou até
quando se retirou em 1553. O que infelizmente ninguém conseguiu descobrir foi a

13
E, até hoje, em algumas regiões de contato colonial, se referem a Salvador como ―Bahia‖, a exemplo da região
do recôncavo baiano, por exemplo.
76

data exata da fundação da cidade. Depois de muitos debates, o quarto centenário, em


1949, acabou comemorado numa data simbólica, a da chegada do governador – 29
de março. (VALLADARES, 2011, p. 14)

Mas quem era este Thomé de Sousa, por que ele fora escolhido para a (re)organização
da colônia e qual a relevância deste Regimento enquanto documento e monumento?
Filho de abade em São Pedro de Rates (Portugal), Thomé de Sousa foi o primeiro
titular da comenda da Ordem de Cristo em 1517 (em Rates), depois da desorganização do
mosteiro local. Por méritos militares na África, recebeu o título de fidalgo em 1535.
O litoral da colônia portuguesa na América estava sofrendo constantes ataques e os
capitães não tinham como, isoladamente, se defenderem. Por isso, em 7 de janeiro de 1549
Thomé de Sousa foi nomeado primeiro governador-geral do Brasil (1549-1553), recebendo
um Regimento, escrito em 17 de dezembro de 1548, constituído por 47 artigos, tratando de
detalhes da instalação do governo; concessão de sesmarias; organização do comércio
(promovendo feiras periódicas, por exemplo); medidas para a defesa e situações de invasão;
trato com os índios (recomendando o seu bom trato e punindo com a morte os colonos que
tentassem escravizá-los). Ou seja, um documento feito para orientação de como fundar,
povoar e fortificar a cidade de Salvador, que não era necessariamente a Vila Velha. Tal
documento tem, portanto, cunho:
a) administrativo: para instituir o poder público, nos setores da fazenda, justiça e defesa.
Tinha o governador-geral autonomia decisória na maioria dos assuntos. Entretanto, para
os temas de maior gravidade, as decisões eram tomadas por uma espécie de conselho
formado pelo governador, pelo ouvidor-mor (Pero Borges, responsável pela justiça) e
pelo provedor-mor (Antônio Cardoso de Barros, responsável pelos negócios da Fazenda);
b) arquitetônico-urbanístico: detalha o local e maneira básica para a fundação de
Salvador, mesmo Luís Dias já trazendo praticamente pronta a planta para a Lisboa
brasileira, com inspiração na europeia;
c) militar: completavam o alto escalão da governança o encarregado pela defesa do
território (o capitão-mor da costa, cargo ocupado pelo ex-donatário da capitania de São
Tomé, Pero de Góis) e um alcaide-mor (o chefe da milícia, ou tropas de segunda linha).

Das três esferas acima apontadas como frentes atuantes do Regimento, a que mais
interessa a esta pesquisa é a administrativa, pois é dela que resulta a documentação em estudo,
direta e indiretamente.
77

Sobre a subesfera jurídico-notarial, o ouvidor-geral Pero Borges escreveu, em


fevereiro de 1550, em Porto Seguro, uma carta ao governador dizendo estar horrorizado com
o que via na terra, aparentemente sem justiça, e solicita que se ponham como ouvidores
homens entendidos, já que não os encontrava e os funcionários vindos da Corte em 1549
ainda não estavam atuando fora da Cidade da Bahia. O ouvidor achara os tabeliães sem cartas
de ofícios; nenhum tinha livros de querelas, regimento; e alguns serviam sem juramento.
Concluiu afirmando ser aquela situação uma pública ladroíce e malícia, porque os notários e
outros agentes de direito julgavam nunca haver punição para eles.
Até a instituição do governo-geral, o donatário era a autoridade máxima dentro da
própria capitania, tendo o compromisso de desenvolvê-la com recursos próprios, embora não
fosse o seu proprietário (e mais esta característica remete ao período medieval, assemelhando-
se às relações de senhorio e vassalagem). O vínculo jurídico entre o rei de Portugal e cada
donatário era estabelecido em dois documentos: a carta de doação (que conferia a posse) e a
carta foral (que determinava direitos e deveres).
Com a carta de doação, o donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la aos
filhos, mas não vendê-la. Além desta, recebia uma sesmaria de dez léguas de costa. O foral
determinava que o agraciado deveria fundar vilas, distribuir terras a quem desejasse cultivá-
las, construir engenhos. O donatário exercia plena autoridade no campo judicial e
administrativo para nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a pena de
morte para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns outros direitos, tais como
isenção de taxas, venda de escravos índios e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa.
Era-lhe permitido escravizar os indígenas, obrigando-os a trabalhar na lavoura ou enviá-los
como escravos a Portugal até o limite de 30 por ano.

4.1.1 Um documento-monumento do fazer notarial no Brasil

A partir desta breve retomada histórica, pode-se ver o caráter documental e


monumental do Regimento. Em sentido lato, um documento (do latim documentum, derivado
de docere ―ensinar, demonstrar‖) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que comprove a
existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação. De forma mais restrita, no
âmbito jurídico, documentos são escritos que carregam um valor probatório e esta carga está
nos caracteres diplomáticos que possuem. A carta régia tem valor documental administrativo
(servindo à administração produtora do arquivo, na medida em que informa, fundamenta ou
aprova seus atos presentes ou futuros), legal (servindo perante a lei para comprovar um fato
78

ou constituir um direito) e, hodiernamente, permanente (justificando a guarda permanente de


um documento em um arquivo por seu valor histórico).
Um monumento é uma estrutura construída por motivos simbólicos e/ou
comemorativos, mais do que para uma utilização de ordem funcional. Isto significa que a
monumentalidade e documentalidade se encontram, pois a primeira está ligada ao valor
histórico que um documento ganha com o passar do tempo. Em última instância, um
monumento é um índice, um signo indicador. É quando o significante remete ao significado,
tomando como base a experiência vivenciada pelo interpretador, numa relação de
contiguidade entre os dois elementos.
Deste ponto, avança-se para o conceito de documento para além de voz do silêncio, de
sua fragilidade eminente, o qual a História perpetuou por muitos anos. A Nova História, em
seu retorno aos arquivos,

[...] mudou sua posição acerca do documento: ela se dá por tarefa primeira, nem
tanto interpretá-lo, nem tanto determinar se ele diz a verdade e qual é o seu valor
expressivo, mas sim trabalhá-lo no interior e elaborá-lo: ela o organiza, recorta-o,
distribui-o, ordena-o, reparte-se em níveis, estabelece séries, distingue o que é
pertinente do que não é, delimita elementos, define unidades, descreve relações. O
documento, pois, não é mais para a história essa matéria inerte através da qual ela
tenta reconstituir o que os homens fizeram ou disseram, o que é passado e do qual
apenas permanece o rastro: ela procura definir, no próprio tecido documental das
unidades, conjuntos, séries, relações (FOUCAULT, 1972, p. 13-14).

Mesmo tendo sido registrado em ambientes claustrais, os Livros de Tombo, os quais


retomam o Regimento (este documento-monumento) em sua argumentação ‒ sendo este o
documento mais recorrentes nas citações diretas e indiretas ‒ cumpre-se afirmar que esta é a
função laica da escrita: auxiliar a memória em assuntos cotidianos, jurídicos, etc., ou seja, é
de natureza estritamente pragmática, in principio. E ainda: ao citar ou copiar um documento,
o scriptor acaba por introduzir, voluntariamente ou não, erros, no sentido de desvios, frente ao
modelo. Quanto mais importante, mais copiado; quanto mais copiado, mais divergências
frente ao original. Neste caso, ainda pode-se acrescer o fato de o próprio Regimento exigir a
cópia do trecho atinente à demanda em questão no documento. Ou seja: a tradição, conjunto
de cópias, para este tipo de documentação reguladora era parte do motivo de sua existência.
79

4.2 TRADIÇÃO TEXTUAL: ANÁLISE DAS EDIÇÕES DA FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE


MATOS E DE ALVES FILHO

Ao coligirem as citações relativas ao mesmo texto, referenciadas em textos e autores


diversos, os filólogos conseguem, por vezes, reconstituir uma boa parte do texto
original, dependendo muitas vezes da extensão deste, do número de autoridades que
o citam e ainda da frequência com que o fazem – factor geralmente proporcional à
popularidade ou à importância do texto (GOMES; REBELO, 2006, p. 66).

Como fora dito anteriormente, a tradição de um texto constitui-se, grosso modo, das
cópias que dele se fazem. Uma vez que o Regimento exige a cópia parcial de passagens
relevantes para cada processo, se faz natural a presença de citações diretas (e indiretas) do
documento nos Livros de Tombo do Mosteiro da Bahia, já que eles reúnem demandas
jurídicas que se relacionam a aspectos contemplados neste inaugural regulamento, no tocante
ao cotidiano da Vila do Pereira e à aplicação da (falida) política de capitanias hereditárias.
Fora do âmbito do uso jurídico, foram encontradas duas edições em que se publica o
Regimento na íntegra, uma preparada pela Fundação Gregório de Matos e outra por Alves
Filho. As edições têm algo em comum: parecem ter sido motivadas por eventos memoráveis,
como comemorações aos 500 anos de descobrimento do Brasil e aos 450 anos da fundação de
Salvador.
A edição da Fundação Gregório de Matos (FGM) foi publicada em 1998 e integra a
coleção Documentos de Salvador, com (re)edições preparadas para a comemoração dos 450
anos da fundação de Salvador, em 1999. A edição de Ivan Alves Filho (AF) foi publicada em
1999, dentro de Brasil: 500 anos em documentos, título que reúne registros históricos,
mantendo, segundo uma nota pré-textual, a grafia da época.

Figura 16 ‒ Reprodução dos frontispícios da edição da Fundação


Gregório de Matos (à esquerda) e da edição de Alves Filho (à direita).
80

4.2.1 Variantes que ocorrem em duas edições do Regimento

Considerando-se que ―[...] o processo de transmissão de textos é efetivamente uma


atividade linguística [...]‖ (CAMBRAIA, 2012, p. 137) e que toda cópia implica,
necessariamente, erros, cotejaram-se duas edições do Regimento, focando em divergências
entre eles, sem confronto com o original. Esta análise permitirá quantificar e qualificar as
diferenças entre as lições e vislumbrar em que níveis linguísticos elas ocorrem, uma vez que,
ainda de acordo com Cambraia (2012),

[...] a transmissão do texto seria uma espécie de processo sistêmico em que as


vicissitudes do ato de cópia (que gerariam as omissões e diminuiriam a coesão
textual) desencadeariam nos copistas uma intervenção reparadora (através de
adições que restaurariam a coesão textual) (CAMBRAIA, 2012, p. 138).

Todo texto tem sua identidade, sua peculiaridade, principalmente, pelo fato de ser o
scriptor um sujeito único, num momento e conjuntura únicos. Nas palavras de Spina (1994),

O usus scribendi refere-se ao estilo do autor, que, bem conhecido pelo editor, pode
ele fazer conjecturas de correção dos manuscritos estudados. O usus scribendi
pressupõe do filólogo editor um conhecimento seguro das características gerais do
estilo, da língua [...] (SPINA, 1994, p. 73)

E estes padrões linguísticos e estéticos próprios à obra, ao autor e à época, não podem
ser apreendidos em sua totalidade pelo editor, que tem, por sua vez, seus próprios padrões
linguísticos e estilemas, os quais devem interferir minimamente no processo de edição.
Somando-se a estes desafios internos, estão as vicissitudes externas: problemas mecânicos de
impressão, estado do suporte, etc.
Ao final do cotejo, 10 divergências foram encontradas ao se comparar FGM e AF.
Assim, vão os resultados, organizados no quadro a seguir:
81

Além de divergências, constatam-se 3 supressões, ora em FGM, ora em AF. Colchetes


vazios indicam supressão de vocábulo nas ocorrências. Seguem, abaixo:

Divergências por supressão

FGM AF

aquela parte que pela informação aquela [ ] que pela informação

quantos devem [ ] ser quantos devem de ser

e marcos [ ] de como e marcos e de como

Ao todo, 13 diferenças distanciam as edições FGM e AF entre si. Conclui-se que


divergências no nível grafemático-fonético são as mais produtivas, possivelmente pelo fato de
o editor intervir no usus a partir do seu próprio uso, mas pouco avança para outros níveis mais
comprometedores no que tange ao conteúdo, provavelmente, por ser este último o que mais se
preza nestes tipos de edição.
82

O Regimento de 1548, copiado inúmeras vezes por ser ele um significativo argumento
jurídico e por nele mesmo o rei solicitar que assim se faça, é considerado a constituição prévia
do Brasil por regulamentar e estabelecer penalidades, de forma pioneira, trazendo uma figura
que faria executar as leis, além de poder acrescê-las, conforme a necessidade: o governador-
geral. Estudar este documento é retomar as primeiras práticas de Direito em terras brasis,
sobretudo o Notarial, estrutura que, mutatis mutandi, se mantem até os dias de hoje.
Devido à importância de qualquer documento (sobretudo, o texto em questão, que
seria lido e relido, transcrito e retranscrito), procedeu-se, portanto, a esta comparação entre
duas edições do Regimento que circulam no Brasil, visando verificar as divergências entre
elas e em que medida tais divergências tornam o conteúdo opaco e quais os padrões de
variação. Ao final, como se viu, chegou-se a 13 divergências, sendo 9 atinentes ao nível
grafemático-fonético, 1 ao sintático e outras 3 ao nível lexical em que se registram ausências,
o que só vem a confirmar que o trabalho filológico acaba por recuperar o patrimônio cultural
escrito da humanidade, intentando diminuir os ruídos que vêm com o tempo e com as
divergências de cada olhar.
A fim de comparação entre as duas edições e o original (editado nesta tese), as
ocorrências de FGM e AF vão a notas de rodapé, na medida em que se lê o texto de base, cuja
edição se apresenta a seguir.

4.3 A EDIÇÃO SEMIDIPLOMÁTICA PROPOSTA: CRITÉRIOS E TRANSCRIÇÃO

4.3.1 Aspectos extrínsecos e intrínsecos do Regimento

O documento manuscrito que é objeto desta descrição foi fornecido via digitalização
de microfilme, não sendo possível, portanto, detalhar tipo de suporte, tinta e estado de
conservação. As dimensões do suporte e da mancha escrita também não se podem precisar a
partir do material fotográfico. Há, no entanto, um detalhamento do códice, como um todo, a
ser consultado na figura 14. Todo o Regimento está disposto em coluna única central,
subdividido em 47 itens, definidos por espaços em branco e iniciados por um sinal semelhante
a uma cruz. Os itens contam com um traço diagonal entre eles para garantir que nenhuma
adição seja feita.
A letra que se registra no Regimento é a gótica cursiva, sobre a qual diz Acioli (1994):

A intensificação da vida civil, comercial e forense, o aumento da população, a


abertura das universidades e o desenvolvimento das relações internacionais,
83

despertaram a necessidade de redigir mais documentos. A letra gótica assentada


estava longe de satisfazer à rapidez do traçado que se requeria. Surgiu então a gótica
cursiva. [...] traduz claramente o temperamento do escrivão e assume um caráter
individual (ACIOLI, 1994, p. 40)

Para Battelli (1949), a minúscula gótica cursiva não evoluiu diretamente da


antecessora, assentada, mas da minúscula carolina (ou carolíngia) e da gótica librária,
caracterizando-se pelo traçado fácil e espontâneo, usada, também, em documentos jurídicos
(BATTELLI, 1949, p. 230).
A grafia do Regimento presenta dificuldades para a leitura pela semelhança entre
alguns caracteres, progressivo desleixo do amanuense (aumentando a imprecisão dos
formantes gráficos em proporção à feição ondulada dos caracteres unidos), dano do suporte
(sobretudo, com manchas que perpassam frente e verso dos fólios) e qualidade do facsímile.
Quanto às peculiaridades da scripta, não há maiúsculas em grande número e as mais
interessantes são o R e o E, que podem ocasionar problemas de leitura e se destacam pelos
prolongamentos e tamanhos destacados.

Figura 17 ‒ Recorte fotográfico em Figura 18 ‒ Recorte fotográfico em


maiúsculas interessantes. f. 1r, L. 1. maiúsculas interessantes. f. 1r, L. 3.

Há poucos sinais especiais, como se verá abaixo nos excertos, e foram transcritos, na
edição proposta, com o auxílio de chaves. O mais recorrente é, indubitavelmente, o sinal para
o sufixo ou preposição com.

hei a saber

escre- cruza-

Crist-

com-
84

As abreviaturas são pouco variadas, porém numerosas, e foram desdobradas com o


auxílio de parênteses redondos. Há presença de, pelo menos, dois carimbos distintos: um em
forma elíptica e outro em forma arredondada. A escrita parecida com a gótica arredondada (ou
de transição), bem cuidada no início, chega a se assemelhar a uma processual, de difícil
leitura, nos últimos fólios.

Figura 19 ‒ Recorte fotográfico na letra com a qual


se escreve inicialmente. f. 1r, L. 1.

Figura 20 ‒ Recorte fotográfico na letra com a qual


se escreve nos últimos fólios. f. 8r, L. 10.

No total, o Regimento está disposto em 9 fólios (estando o último deles escrito


somente no recto), com média de 47 linhas escritas por fólio, escritos por Gerônimo Corrêa
em nome do rei Dom João III em 17 de dezembro de 1548, em Almeirim, Portugal. O livro
onde se registra o Regimento, intitulado Lyuro em que Se Registão os Regimentos provisões
cartas de ofícios e merces que el Rej noso Senhor faz aas pesoas que vão Ao brasil o qual se
comecou, em almeyrjm ao prymeiro de Janeiro de 1549, está acondicionado em Lisboa, no
Arquivo Histórico Ultramarino, sob a identificação de Códice 112, como ilustram as figuras
nas páginas que se seguem.
85
Figura 21 ‒ Ficha do livro onde se registra o Regimento.
86

Figura 22 ‒ Folha de guarda do livro onde se registra o Regimento.


87

Figura 23 ‒ Sumário ou Alfabeto deste liuro onde se registra o Regimento.


Figura 24 ‒ Tauoada deste liuro dos Regimentos, onde se registra o Regimento.
88
89

4.3.2 Critérios de edição

A edição aqui proposta para o Regimento se faz necessária, porém não inconteste, por
não haver, até o presente momento, uma edição de cunho filológico, de natureza
semidiplomática, norteada por lição conservadora. Após análise das edições encontradas, a
saber, a preparada por Alves Filho (AF) e pela Fundação Gregório de Matos (FGM), verifica-
se a demanda de se manter todos os níveis linguísticos do original na íntegra.
Nesta edição, a grafia foi mantida, bem como o limite vocabular e a pontuação.
Excetua-se o caso em que no original se grafa barra oblíqua / (para separação de sintagmas,
orações ou parágrafos), quando se utilizou barra oblíqua dupla // para não confundir o leitor
por conta de a barra simples já ser adotada no quadro de operadores, como abaixo se verá.
Foram utilizados operadores para indicar as interferências feitas na edição proposta,
tendo em vista a maior fidedignidade possível ao original e facilidade para o leitor
especializado. Há, no entanto, notas que trazem comentários que não puderam ser
comunicados através dos símbolos. Seguem, abaixo, os operadores utilizados:

OPERADORES PARA TRANSCRIÇÃO 14


[†] escrito não identificado
/ */ leitura conjecturada
<> Supressão

[] acréscimo na margem esquerda

[] acréscimo na margem direita

[] acréscimo na entrelinha inferior

[] acréscimo na entrelinha superior

[ ] acréscimo suprimido

/\ substituição por sobreposição

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem esquerda

  [] substituição por supressão e acréscimo na entrelinha inferior

  [] substituição por supressão e acréscimo na entrelinha superior

14
Estes operadores são os mesmos utilizados para o projeto de publicação Coleção dos Livros do Tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia: editando 430 anos de história do Brasil, que se encontra em andamento e que
será públicado em breve.
90

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem direita

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem esquerda,


abaixo do trecho substituído

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem esquerda,


acima do trecho substituído

{ } equivalência a sinal especial

Os textos foram transcritos em tabela de Word, linha a linha, com o intuito de auxiliar
o leitor em sua pesquisa. A tabela é composta por 3 colunas, contendo, respectivamente, a
indicação do número do fólio, a indicação das linhas (numeradas de cinco em cinco, bem
como a última linha da mancha escrita de cada fólio) e o corpo do texto, respectivamente.
Para facilitar a consulta do leitor, bem como seu cotejo frente aos originais, foram
disponibilizados, fólio a fólio, os facsímiles face à transcrição a qual corresponde, como se
segue.
91

4.3.3 Edição semidiplomática


92

Fólio Linha Corpo do texto


1r Regimento que levou tomé de Sousa
g(overnad)or do Brazil
Eu elRey faco sab(e)r a vos tome deSousa ffidalguo de
minha casa quevendo Eu quamto serviço ded(eu)s e meude
5 {com}servar e nobreçer as Capitanias e pouoações dasterras
dobrasile dar ordem e man(ei)ra {com} que milhor e mais
seguramẽte seposaõ ir pouoamdo p(ar)a exalcamento
danosa Samta Fee e proveito demeus Reinos e Senhorios
e dos naturais deles ordenei orade mãdar nas ditas terras
10 fazeruma fortaleza15 e pouoacão gramde e forte ẽ um luguar
{com}veniente p(ar)a dahy se dar fauor e ajuda
As outras povoações esemenistrarjust(iç)a E prouer nas
cousas que {com}prirem ameuserviço e aos neguoçios demy
nha fazemda e abẽ dos /portos*/ e por ser en formado
15 que abahia detodosos Samtos heo luguar mais comve
niẽtedacostado brasile p(ar)a se poder fazer aditapouo
ação e assento asỹ p(e)la desposição do p(or)to e rios
que nelaẽtrão como pela bomdade abastamça e saude
daterra e por outros resp(ei)tos {hei} por meu serviço quena
20 ditabahia sefaça aditapouoação e asemto e p(ar)a isso
vaahũa armada cõ gente/ artelharia armas e moni
ções e todo o mais quefor necesario Epela muita cõfiam
ça que tenho ẽ vos que ẽ caso detal calidade edetamta
Importamcia/ mesabereis servir com aquela fieldade
25 Edeligençia quese p(ar)a isso requer {hei}p(or) bẽ de vos ẽui
ar por gouernador as ditas terras do brasilno qual
<qu>/c\argo e asy no fazer daditafortaleza tereis a man(ei)ra seguimte da qual fortaleza
eterrada bahia vos aveis
deser Capitão|
+ Ireis por Capitão moor da dita armada e fareis voso
30 caminho de(rei)ta mente a dita bahia detodosos Samtos e nadita
viagen tereis aman(ei)ra queleuais p(or) outro Regimento
+ tamto que cheguardes adita bahia tomareis posse
/dacerca que nela*/ esta que fez f(rancis)co pereira coutinho do
q(ua)l souẽ formado queesta pouoada demeus vasalos
35 E que he fauorecida de allgũs jemtios daterra eestade
man(eir)a que pacificamẽte /sem*/ Rezistemcia podereis des
embarcar e aposemtaruos nela cõ a jemte que cõvos
quovay e sendo caso que anão acheis asy e queesta
pouoadadejemtedaterra trabalhareis p(or)la tomar o mais
40 de vosso saluo e semperigo dajente que poder ser fazen
do guerra a quẽ quer que vos registir e o tomardes posse
dadita cerqua sera em chegamdo oudepois ẽ qualquer
43 t(em)po que vos pareçer mais meu serviço/

15
Em FGM, lê-se se faça uma fortaleza. Em AF, lê-se se faça uma fortaleça.
93
94

1v + tamto que [†] estiverdes e pose dadita cerqua


mãdareis reparrar o que nela esta feito efazer out(r)a
cerqua jumto dela de valos e mad(ei)ra ou taipal como milhor
parecer ẽ que ajente posaestar agasalhada esegura
5 E como asy estiuer aguasalhado dareis ordem como vos pro
vejais demãtimẽtos daterra mãdamdo as pramtar asŷ
p(e)la jemte queleuais Como p(e)ladaterra e por qualq(ue)r
outra man(ei)ra por que semilhor poderem aver e porem
sevos pareçer que sera mais meu seruiço desembarcardes
10 noluguar omde se /ouuer*/ defazer afortaleza faloeis asŷ/
+ ao tempo que chegardes aditabahia fareis sab(e)r por
todallas vias que poderdes aosCapitaes das Capitanias
da dita costado brasile devosa cheguada e eu lhes tenho
/escrito*/ de quetamto que o souberem vos ẽviẽ toda ajuda que
15 poderem dejemte e mamtimẽtos e as mais cousas que na
terra tiuerem das que uos podem ser necessarias e que note
fiquẽ atodas as pesoas estiverẽ nas ditas Capitanias
e tiuerem teras naditabahiadetodoslos samtos que as vaõ
pouoar e aproveitar nas premeiras ẽ barquações que forem
20 p(ar)a aditabahia c(om) decraração que nõ imdo nas ditas
prem(ei)ras Embarquações perderão o di(rei)to que nelas tiverẽ
E se darão aoutras p(esso)as queas aproueitẽ e que dadita note
fficação fação autos e volos ẽviẽ //
+ Eu sou Emformado que ajente que posue aditatera
25 dabahia hehuã pequena p(ar)te dalinhagem dostupinambaes
Eque podera aver deles nella decimquo ate seis mil home(n)s
depelejaos quaes ocupão aolomguo dacosta p(ar)a aparte
do norte atee totua para quesão seis leguoas e p(e)lo sertão
atee ẽtrada do pera <Sul>/çuu\ queserão cimquo leguoas E
30 quetẽ demtro daditabahia aIlha deTaparica e outras tres
mais pequenas pouoadas dadita nação e que adita terra e
Ilhas tem muito aparelho p(ar)aẽ pouco t(em)po com poucajente
bẽ ordenada selhes poder tomar por ser escampada ede
bom serviço e ter poucas seras e matos e asy sou ẽ formado
35 que no ano de quoremtae cimquo estamdo fr(ancis)co p(erei)ra couti
nho por Capitão daditabahia allgũa destajente lhefez
guerra e olamçou daterra e destruyo as fazẽndas efez outros
muitos danos aos {Crist}ãos de que outros tomarão ixempro
Efizerão o semelhamte ẽ outras Capitanias e que allgũns
40 outrosjemtios daditabahia não comsemtirão nẽ forão no
dito aleuamtamẽto amtesestiuerão sempre depaz e estão
ora ẽ {com}panhia dos {Crist}ãos e os ajudão e que asy estes que
ahy estão depaz como todas as outras nações da costadobra
sill estão esperamdo p(ar)aver o castiguo quese daa aos que pri
45 meiro fizerão os ditos danos p(e)lo que cumpre muito a ser
viço de d(eu)s e meu os que se asy alevantaraõ e fizerão gue
rra serem castiguados {com} muito rigor por tamto vos mãdo
que como cheguardes aditabahia vos ẽformeis dequaes são
os jentios que sostiuerão apaz e os fauoreçais deman(ei)ra
50 quesendouos necessario suaajuda a tenhais certa/ E tãto
que adita cerqua for reparrada e estiverdesprouido do
neçessario e o tempo vos parecer desposto p(ar)a iso pratica
reis com pesoas que o bẽ ẽtẽmdão a man(ei)ra que tereis
54 p(ar)a poder castiguar os culpados o mais a voso saluo e
95
96

2r Com menos Risquo da Jemte quepoder ser e como


o asy tiuerdespraticado o poreis ẽ ordem destruindolhe16
suas aldeas e pouoações e matando e catiuamdo aquela
p(ar)te deles quẽ vos parecer que abastap(ar)a seu castiguo e
5 exempro detodos e dahy ẽ diamte pedimdovos paz lha com
cedaeis damdolhes perdão e iso sera porem com eles ficarẽ
Reconhecemdo sogeição e vasalajẽ e com emcarguo de darẽ
em cadahũ an(n)o allgu(n)s mãntimẽtos p(ar)a ajente da pouoação
e no tẽpo que vos pedirem paz trabalhareis por aver avoso
10 poder allgũs dos primçipaes queforaõ no dito aleuanta
mento e estes mãdareis p(or) justiça ẽ forcar nas alde
as domde eraõ primçipaes //
+ Porque /soõ*/ Emformado que alinhajem dos tupeniquĩs
destas Capitanias são imigos dos dabahia edesejão de
15 serem presemtes ao t(em)po em que lhe ouuerdes defazer guerra pera
ajudarem nelaepouoarem allgũa p(ar)te daterra daditabahia
e quep(ar)a iso estão /pres(en)tes*/ {escre}vo tão bẽ aosditos Capitais
que vos ẽuiẽ allgu(m)a jentedadita <viajem> linhajem e asy
mesmo lhes {escre}vereis elho mãdareis dizer que vos façaõ
20 saber decomo atera esta e dajente armas e monições que tem
eseestão ẽ paz ou ẽ guerra esetem necesidade deallgũa aju
davossa e aos {Crist}ãos ejemtios que das ditas Capitanias
vierem ffareis bẽ aguasalhar e os fauoreçereis de
man(ei)ra quefolguẽ devos ajudar ẽquato tiuerdes deles ne
25 çesidade E porem osjemtios seaguasalharão ẽ p(ar)te omde
naõ posão fazer o que não debem por que não herezão que
vos fieis deles tamto que seposadiso seguir algũ mao re
cado Etamto queospoderdes escusar osexpedireis esse
allgũs dos ditosjemtios quiserẽ ficar na terra daditabahia
30 darlheis terras p(ar)a suavivẽda de que sejão comtẽtes omde vos bem pareçer //
+ E asy sou Emformado que oluguar em que oraesta
adita cerqua não he comueniẽte p(ar)a se ahy fazer e asẽ
tar afortaleza e pouoação que ora ordeno quesefaça
equesera necesario ffazersy ẽ outra p(ar)te mais p(ar)a dem
35 tro daditabahya E portamto vos ẽcomendo e mãdo que
como tiuerdes pacifica aterra vejais com pesoas queo
bẽ emtemdão o luguar que sera mais aparelhado p(ar)ase
ffazer aditafortaleza forte e queseposa bẽ defemder
equetenha desposisão e calidades p(ar)aahy por o tempo
40 emdiamte sehir fazemdo huã pouoação gramde e tal
Qual comuẽ queseja p(ar)a dela<s> seprouerem as outras ca
pitanias como com a juda de noso s(e)n(h)or espero que esta
seja e deue deser ẽ sitio sadio e debõs [†] ares e que
tenha abastamça deauguoas e p(or)to ẽ que bẽ possam a
45 marar os naujos e vararemse quamdo {com}prir por
quetodas estas calidades ou as mais delas que poderẽ
ser cumpre quetenha aditafortaleza e pouoação por asy
ter assentado que delasefauoreção e provejaõ todallas
49 terras dobrasill e no sitio que vos milhor parecer

16
Em FGM, lê-se destruindo-lhe. Em AF, lê-se destruíndo-lhe.
97
98

2v Ordenareis quesefaça hua ffortaleza dagramdura


e feição que arequerer o luguar ẽ que afizerdes {com}for
mandovos cõ astraças e amostras queleuais praticã
do cõ os oficiais que p(ar)a isola mamdo e cõ quaes q(ue)r
5 outras pesoas queo bem ẽtemdão e p(ar)aesta obra vão
ẽ vosa companhia allgũs o fiçiais asy pedr(eir)os e car
pimt(ei)ros como outros quepoderão seruir de ffazer cal
telha tijolo e p(ar)asepoder comecar a dita fortaleza
vão nosnaviosdesta armada allgũas /achegas*/ e não
10 achando natera aparelho p(ar)a se adita fortaleza
ffazer depedra e cal farsehade pedra ebarro outai
pais oumad(ei)ra como milhor poder ser deman(eir)a que
seja forte ecomo na dita fortaleza for feita tamta
obra que vos pareça queseguramẽte vos podereis nela
15 recolher e aguasalhar com ajente queleuais vos pa
sareis aela demxamdo porem nadita cerqua queesta
ffeita allgũa jenteque a bastep(ar)a apouoar ede
femder //
+ por que minha temção he que a dita pouoação
20 seja tal como atras ficadecrarado {hei} p(or)bem que
ela tenha determo elemite seis leguoas p(ar)acadap(ar)te
esendo caso quep(or) allgũa parte não haja as ditas
seis leguoas por não avertamta tera chegarao dito
termo atee omde cheguarem as teras daditaCapita
25 nia o qualtermo mãdareis demarquar demaneira
queẽ todo t(em)po seposasaber por onde parte //
+ tamto que tiuerdes asemtada aa terra pera seguramentese
poder aproueitar dareis desesmaria as teras queestiuerem
dentro no dito termo aas pesoas quevolas pedirem // não semdo já
30 dadas aoutras pesoas que as queirão ir pouoar e aproueitar no
t(em)po que lhesperaiso aade ser noteficado // as quaisterras dareis
liuremẽte sẽ foro algum // somente paguarão o diz(im)o aaordẽ
denoso S(e)nhorJesuu(s) {Cristo} e com as comdições eobrigações do
fforal dado aas ditas terras // edeminha ordenação no quoarto
35 l(ivr)o t(omb)o das sesmarias // cõ comdição que resida napouoação da
ditabahia / ou das terras que lhe asy fforem dadas tres anoos
demtro do qual tempo as não poderão vemder nem ẽlhiar // <E não>
E não dareis acadap(esso)a mais terra que aquela que boa memte // E
segumdo suaposibilidade vos pareçer que podera aproveitar
40 E se as pesoas que ja tiuerem terras demtro no dito termo // asy
aquelas que seacharem presemtesnaditabahia // como as que
depois forẽ aela dentro no t(em)po que lhes aadeser noteficado
quiserem aproueitar as ditas terras que jatinhão voslhastor
nareis adar denouo p(ar)a as aproueitarem com aobriguação
45 acima dita e não indo allgũs dos ausemtesdemtro no
dito t(em)po quelhe asy adeser noteficado aproueitar asterras
que dantes tinhão vos as dareis p(e)la ditaman(ei)ra aquẽ as a
proueite E este capitolo setreladara nas cartas das ditas
49 sesmarias //
99
100

3r + as aguoas das ribeiras queesteuerẽ demtro


no dito termo ẽ que ouuer desposisão p(ar)a sepoderem fazer
ẽgenhos daçuq(ua)r(e)s // ou doutras quaes quer cousas dareis /de*/ ses
marias liuremẽte semforo allgũ E as que derdes p(ar)aemjẽ
5 nhos daçuq(ua)res sera apesoas quetenha posibilidade pera
ospoderem fazerdemtro no t(em)po quelhelimitardesy que
seraa o que vos bem parecer Eperaseruiço e manejo dos
ditos emjenhos dacuq(ua)res lhedareis aquelatera que
p(ar)aiso forneçesaria e [†]as ditas pesoas seobriguarão
10 afazer cadahũu ẽ suaterrahũa torre ou casaforte dafey
cão egramdura quelhedecrarardes nas cartas // e seraa
aque vos parecer segumdo oluguar ẽ queesteverem que
abastarão p(ar)aseguramça do dito emjenho e pouoadores
de seu limite Easy se obriguarão depouoarem e aprouey
15 tarẽ as ditas terras e aguoas sem as poderem vemder nem
trespasar aoutras pesoas por t(em)po detres an(n)os // E nas dy
tas cartas desesmarias quelheasy pasardes setrela
daraa este capitolo //
+ aalem daterra que a cada Emjenho aveis de dar pera
20 seruiço e manejo dele // lhe limitareis aterra que vos bẽ pare
çer E o senhorio dela seraa obriguado deno dito emjenho laurar
aoslauradores as canas que no dito limite ouuerem de suas
nouidades // ao menos seis meses do ano que o tal engenho la
vrar Epor lhas laurar leuarão ossenhorios dos<↑ditos>emjenhos
25 aquela p(ar)te quepela emformação17 quela tomareis vos pareçer
bẽ deman(ei)ra que fique o partido fauorauel aos lavradores
p(ar)aeles com melhor vomtade folgarem deaproueitar asterras
E com estaobriguação e decraração do partido aque am de
laurar as ditas ca(n)nas // se lhes pasarão suas cartas de sesmarias/
30 + Se as pesoas aque forão dadas allguu(m)as aguoasno
dito termo amtes de se despouoar aditabahia // asy persemtes
como ausentes // quiserem fazer obriguação deas tomar com
as {com}dições e deman(ei)ra que a cima he decrarado // lhas dareis
requerendovolo demtro no dito t(em)po // que lhe for lemitado e
35 não vollo Requeremdo no dito t(em)po // as dareis com as ditas
{com}dições a pesoas que tenhão posibilidade p(ar)a fazer os ditos
emjenhos pela man(ei)ra e comdições sobreditas //
+ quoamto aas terras e aguoa/s*/ da dita Capitania que
estam fora do termo que ora ordeno aa dita pouoação atee
40 [†]o Rio desam fr(ancis)co por omde parte com acapitania ded(ua)rte
coelho vos emformareis que terras são e que rios e aguoas
aa nelas // e quoamtas e que desposisão tem p(ar)a se poderem
fazer ẽgenhos dacuq(ua)r(e)s e outras bẽ feitorias e se vo-las pe
dem allgu(m)as pessoas e quoamta p(ar)te cada hu(m)a pede e que
45 bemfeitorias se quer obrigar afazer nelas // e {escre}vermeeistudo

17
Em FGM, lê-se aquela parte que pela informação. Em AF, lê-se aquela que pela informação.
101
102

3v Muito decraradam(ente) com voso pareçer daman(ei)ra queseraa


mais meuserviço daremse as ditas terras pera semilhor
poderem pouoar e aproueitar e quoamta p(ar)te se deue de dar
acadap(esso)a e com que obriguação e jurdição pera vos eu niso
5 mamdar o que ouuer por bẽ que façais //
+ {hei}p(or)bem que port(em)po deçimquo annos senão posa dar
nouamẽtenadita capitaniadabahia terras nẽ aguoas
desesmaria apesoa allgu(m)a das que ora são moradores nas
outras Capitanias nẽ as tais pesoas seposão demtro no
10 dito tempo vir delas pouoar adita Capitania dabahia saluo
as pessoas que nela teverem já terras tomadas desesmarias por
que esas poderão vir das outras Capitanias onde esteverẽ
aproueitar as ditas terras //
+ Porque seraa meu seruiço aver naditabahia allgu(n)s
15 nauios deremo p(ar)aseruiço daterra e defemsão do mar // {hei}
porbẽ e vos mamdo que com amais breuidade edeligemçia q(ue)
poderdes // ordeneis com que sefação os que vos pareçerem neçe
sarios da gramdura efeição quevirdes que com vem E pera
a obra delos // leuais offiçiaes // Edos meus almazẽis as
20 monições neçessárias / E com(m)o os ditos nauios forem feitos
os mãdareis armar e aparelhar peraseruirẽ omde {com}prir
e p(ro)curareis debusquar luguar comviniente ẽ que estam
varados o t(em)po que não ouuerẽ damdar no mar //
+ Eu soo emformado que osjemtios que abitaõ ao lomguo
25 dacostada Capitania deJorge defig(uei)r(e)do daVila de São Jorge
atee aditabahia detodoslos Samtos são dalinhajem dos tupy
nambaes // e sealeuamtarão ja p(or) vezes comtra os {Crist}ãos e
lhes fizeraõ muitos danos e que oraestão ainda alevãtados
e fazem gerra e que seraa muito seruiço de d(eu)s e meu serem lan
30 çados fora desa terra p(ar)ase poder pouoar asy dos {Crist}ãos como
dosjemtios dalinhajem dos topiniquĩs que dizem quehejem
te paçifica // e quese o ferecẽ aos ajudar alamçar fora e
apouoar edefemder aterra // pelo que vos mamdo que escrevaes
aapesoa que estiuer por Capitão nadita capitania deJorge
35 defigu(ei)r(e)do // e a afomso allv(a)rez prouedor deminha fazenda
em ela // E aalgu(m)as outras pesoas que vos bemparecer que
venhaõ aaditabahia // Etamto que nela forem praticareis
{com}ele // e com quaes quer outras pesoas que niso bẽ entẽdaõ
aman(ei)ra que seteraa pera os /ditos↑/ jemtios serem lamçados dadita
40 terra // Eo que sobreiso asentardes poreis ẽ obra tamto (que)
41 vos o tempo derluguar peraas poderdes fazer //
103
104

4r + com osjemtios das terras peraaçuí // e de totuapara


e com quaes quer outras nações dejemtios que ouuer na
dita Capitania dabahia // asentareis paz e trabalhareis
por que se comserue e sostemte pera que nas terras que abitaõ
5 posaõ segura menteestar {Crist}ãos e aproueitallas E quoam
do sobceder algum alevantamento acudireis aiso e trabalha
reis por apacificar tudo o milhor que poderdes castiguamdo
os culpados //
+ tamto que os neguoçios que naditabahia aveisde
10 ffazer estiuerẽ para os poderdes deixar // Ireis visytar as out(ra)s
Capitanias // e deixareis na ditabahia ẽ voso luguar por
Capitão hũa pesoa detal calidade e recado que vos pareça
comuiniẽte peraiso // ao qual dareis por Regemẽto o que deue
fazer em vosa ausemçia E vos com os navios e jemte que vos
15 bẽ parecer // Ireis visitar as outras Capitanias // Eporque
a do esp(iri)to samto que he ade v(asqu)o fernandes coutinho esta ale
vamtada // ireis aela cõ a mais briuidade que puderdes, e toma
reis emformação por o dito Vasquo fernamdez // Epor quoaes
quer outras pesoas que vos disso saibaõ dar rezão da man(ei)ra
20 que estão com os ditos jemtios e o que cumpre fazerse perase
a dita Capitania atornar a reformar e pouoar Eo que a
sentardes poreis ẽ obra // trabalhamdo tudo o que for em
vos por que aterra se asegure e fique paçífica e deman(ei)ra
que ao diante se não alevantẽ mais os ditosjentios e nadita
25 Capitania do esp(iri)to samto estareis o t(em)po que vos pareçer neçe
sario pera fazerdes o que dito he //
++ em cada huu(m)a das ditas Capitanias // praticareis jumta
mẽte com o capitão dela e com o provedor moor deminha faz(em)da
que com vosco aade correr as ditas Capitanias Easy com o
30 ouvidor datal Capitania e o ffiçiaẽs deminha fazemda
que nela ouuer e allgũus home(n)s primçipaes daterra // sobre
aman(ei)ra queseteraa na guouernamca e seguramça della
E ordenareis que as pouoações das ditas Capitanias q(eu) não
forem cercadas se çerquẽ e as cercadas se repairem e pro
35 vejaõ detodo o neçesario p(ar)a sua fortaleza edefemsão
E asy ordenareis e asentareis com os ditos o ffiçiaes
que as pesoas aque forão dadas e daquy ẽ diamte sedarẽ
aguoas e terras de sesmaria18parase fazerem enjenhos // os façaõ
no tempo que lheslimitar o capitão que lhas der E que nos asẽ
40 tos das pouoações dos ditos emjenhos se fação torres ou casas
ffortes e se lhe delemite[†] de terra como atras fica decrara
do que se faça nas terras dabahia Eque as pessoas aque
se derem terras p(ar)a as aproueitar as não posão vemder nẽ tres
pasardemtro detres An(n)os e as aproueitẽ no tempo que mã
45 da aordenação e mãdo aos Capitais que quamdo derem as
taes aguoas e terras seja com as ditas obriguações e o de
crarẽ asy nas cartas desesmaria quelhes pasarem eaos
que as ja teverẽ senotifique este capitolo o q(ua)l fareistre
ladar no l(ivr)o das Camaras das ditas Capitanias pera
50 se asy {com}prir e porque se segue muito p(re)juizo de as faz(em)das
e emjenhos e pouoações deles se fazerẽ lomge das vilas
de que amdeser fauoreçidos e ajudados quamdo diso ou
53 ver necesidade // ordenareis que daquy ẽ diamte se façaõ o

18
Em FGM, lê-se destruindo-lhe. Em AF, lê-se destruíndo-lhe.
105
106

4v mais perto das ditas Vilas que poder ser e aos que vos pa
recer que estam lomje ordenareis que se fortifiquẽ de man(ei)ra
q(ue) seposão bem defemder quoamdo cumprir //
+ E asy ordenareis que nas ditas vilas e pouoações
5 se faça ẽ hu(m) dia de cada semana ou mais se vos parecerẽ neçesa
rios f(ei)ra aque osjentios posão vir vemder o que tiverem
E quiserem e comprar o que ouuerẽ mister e asy ordenareis
que os {Crist}ãos não vão as aldeas dosjemtios atratar com
eles saluo os senhorios ejemtedosenjenhos porque
10 estes poderão ẽ todo o tempo tratar cõ osjemtiosdas all
deias que estiverẽ nas terras elimites dos ditos emjenhos //
E porem parecemdouos que fara imcomueniẽte
pod(e)rẽ todos os decadaẽgenho terlibardade p(ar)atratar cõ
os ditos gemtios segumdo forma deste capitolo e que
15 seramilhor ordenarse q(ue) hu(m)a sa p(esso)a ẽ cada emgenho o faça
asy sefara
+ E temdo allgu(n)s {Crist}ãos necesidade dẽ allgu(n)s dos outros
dias que não forẽ de feira comprar allgu(m)as cousas dos dy
tosjemtios odirão ao capitão e ele daral(icenc)a p(ar)a as irem
20 comprar quoamdo e omde lhebem pareçer //
+ pela terra firme a demtro não poderahir tratar pesoa
allgu(m)a seml(icen)ca vosa ou do prouedor/mor↑/ deminhafazemda não
semdo vosp(re)sentes ou dos capitais e adital(icenc)a senão dara
senão apesoas quepareçer que irão abom recado e que
25 de sua ida e trato senão seguira p(re)juizo allgu(m) nẽ isso
mesmo irão de hu(m)as capitanias p(ar)a outras p(or) terra seml(icenc)a
dos ditos capitães ou dosprovedores posto que sejap(or) terras
que /estem*/ depaz por evitar allgu(n)s ẽ comuenientes quese
diso seguem sob pena deser açoutado semdo pião esem
30 do demoor calidade paguara vimte {cruza}dos ametade p(ar)a
os Cativos e a outra metade p(ar)a quẽ o acusar // Eos ditos
p(ro)uedores não darão aditaL(icen)casenão ẽ ausemcia do
Capitão
+ por que aprimçipal cousa que me moveo a ma(m)dar
35 pouoar as ditas terras dobrasillfoy p(ar)a que ajemte
delasecomuertese anosa samtafee catolica vos Em
comẽdo muito que pratiques cõ os ditos capitaes e o
ficiaes amilhor man(ei)ra que p(ar)aiso sepode ter e de
minha p(ar)te lhes direis que lhes aguadeçerei muyto
40 terem espiçiall cuidado deos prouocar aserem {Crist}ãos
e p(ar)a eles mais folguarẽ deho ser tratẽ bem todos
os que forẽ depaz e os fauoreção sempre e não cõ
symtaõ que lhes(e)ja feito opresão nẽ agrauo allgũ
Efazemdo selheslho 19 fação correger e ẽmemdar de
45 man(ei)ra que fiquẽ atisfeitos e as p(esso)as que lhos fizerẽ
46 sejão castiguados como forjustiça //

19
Em FGM, lê-se fazendo-se-lhe lho faça. Em AF, lê-se fazendo-se lhe lho façam.
107
108

5r + {hei}p(or)bem que com os ditos Capitães e offiçiaes


asemteis ospreços que vospareçer que onestamẽte
podemvaler as mercadorias que na terra ouuer e asy
as que vão do Reino e de quaes quer outras p(ar)tes
5 p(ar)a terem seus preços certos e onestos {com}forme acaly
dade decadaterra e por eles se vemderẽ trocarẽ e
escambarẽ //
+ quamdo asy fordes correr as ditas Capitanias
ira convosquo amtonio cardoso debaarros que ẽvio por
10 prouedor moor deminhafazemda as ditas terrasdo
brasill e ẽ cadahu(m)a das ditas capitanias vos ẽ forma
reis se ha nelas o fficiaes deminha fazemda e por
que prouisões servẽ e não os avemdo vereis se são
necesarios e sendoo osprouereis compareçer dodito
15 prouedor moor deminha fazemdap(ar)a que syruão atee
Eu delesprouer //
+ Easy vos emformareis das Remdas e tr(ibu)tos
que ẽ cadacapitania capitania tenho e me p(er)temcẽ e como se
arecadarão e despemderam atee guora o que fareis
20 {com} o dito prouedor moor {com}formamdouos ẽ tudo com
o seu Regimemto Em que isto mais larguamẽte vay
decrarado //
+ Eusoõ emformado que nas ditas terras epovoa
ções dobrasill aallgu(m)as pesoas que tẽ navios e cara
25 velões e amdaõ neles dehu(m)as Capitanias p(ar)a out(r)as
Equep(or) todallas vias e man(ei)ras que podem salteiaõ
Eroubão osjemtios queestão depaaz e ẽguanosa
mente os metẽ nosditos nauios e osleuão avemder
aseus imigos e aoutras p(art)es e que poriso os
30 ditos jemtios sealeuamtaõ efazem guerra aos {Crist}ãos
e queestafoy a primçipal causa dos danos queatee
guora são ffeitos e porque cumpre muito oseruiço
ded(eu)s e meu prouerse nisto deman(ei)ra quese ivite
{hei}porbem que daquy ẽ diamte pesoa allgu(m)a dequal
35 quer calidade e comdição queseja não vaa saltear
nẽ ffazer guerra aos jemtios p(or) terra nẽ p(or) maar
ẽ seus nauios nẽ ẽ outros algu(n)s sem vosa l(icenc)a oudo
capitão dacapitania de cujajurdicão for posto
queostaesjemtios /estem*/ aleuamtados edeguera
40 o q(ua)l Capitão não dara adital(icenc)a senão nos t(em)pos
quelhe parecerem {com}veniẽtes e a pesoa deque {com}fiee
que farão o que devẽ e o que lhe ele ordenar e mã
43 dar eimdo allgu(m)as das ditas pesoas sem a dita
109
110

5v l(icenc)a ou ex cedemdo o modo que lhe o dito capitao orde


nar quoamdolhe der adital(icen)ca ẽcorrerão ẽ penade
morte naturall e perdimẽto de todasua fazemda a
metade p(ar)a aremdição do catiuos e a outra metade
5 p(ar)a quem o acusar e este capitolo fareis no teficar
e apregoar Em todas as ditas capitanias e trela
dar nos Liuros das camaras delas com decraracão
decomo seasy apreguoou //
+ os queforẽ atratar eaneguoçiar sua/s↑/fazemdas
10 p(or) maar dehu(m)as capitanias p(ar)aoutras ẽ nauios
seus ou doutras pesoas ao t(em)po que oscomeçarem
acarreguar e asy amtes desairẽ do p(or)to o farão
saber ao prouedor deminhafazemda que estiuer
nacapitania omde o tal naujo se aperceber p(ar)a
15 fazer as Deligemçias quelhe ẽ seu Regimemto
mãdo ac(e)rquadas mercadorias quese nos ditos na
vios amde carregar e no modo que amdeter em as
descarreguarẽ nos luguares p(ar)a omde as levarẽ //
+ {hei}p(or)bem que daquy ẽ diamte pesoa allgu(m)a não faça
20 nas ditas terras do brasill nauio nẽ carauelão allguu(m)
seml(icenc)a // a qu/o↑/allhe vos dareis nosluguares omde fordes
p(re)semtecomforme ao Regimemto dosprouedores das /dy/
/tas/ terras Capitanias // p(or) que lhes mamdo que dem a dita l(icen)ca
omde vos não esteuerdes Etrabalhareis com as pesoas que
25 vos pedirem liçemça p(ar)a fazerẽ os ditos naujos que os façaõ
de remo E semdo dequimze bamcos // ou dahy p(ar)açima e que
tenhamdebamco a bamco tres palmos daguoa 20 // {hei}p(or)bem
quenão paguẽ d(i)r(ei)tos [†]nas minhas allfamdeguas do Reino
detodallas monições e aparelhos quep(ar)a os ditos nauios
30 fforẽ necesarios // E fazemdo os de dezo/ito↑/ bamcos e dahy p(ar)a çima
ajaõ mais coremta (cruza)dos demerce aacusta deminhafaz(em)da
p(ar)aajuda de os fazerẽ como todohe {com}theudo no Regimẽto
dos ditos prouedores // os quaes coremta (cruza)dos lheamdeser
paguos das minhas remdas das ditas terras do brasil
35 na man(ei)ra quese contẽ no Regimento do dito prouedor
moor //
+ parecendouos que ẽ alguma das ditas Capitanias
se deue de fazer alguũ nauio deRemo aa custa deminha
ffazemda // o mandareis fazer E o dito prouedor moor
40 daraa ordem como sefaça Easy lhe ordenareis ar
telharia necesaria com que posa amdar bẽ armado
quamdo {com}prir etudo secarregara ẽ Receita
sobre o meu allmox(arif)e como secomtẽ no Regimẽto
do dito provedor
45 moor //
+ parecendouos que ẽ algu(m)a das ditas Capitanias
se deua fazer alguu(m) nauio deRemo aa custa deminha
ffazenda // o mandareis fazer E o dito prouedor moor
Daraa ordem como sefaça Easy lhe ordenareis ar
50 telharia necesaria com que posa amdar br(aç)o armado
Quamdo {com}prir E tudo secarregara ẽ Rec(e)ita
sobre o meu allmox(arif)e como secomtẽ no Regemẽto
53 do dito (pro)uedor moor //

20
Em FGM, lê-se três palmos de guoa. Em AF, lê-se três palmos de água.
111
112

6r + por quamto p(or) d(i)r(eito) e pelas leis e ordenaçoes destes


Reynos he mãdado quesenão dem armas amouros
nẽ a outros Imfieis // porque diselhedarẽ se segue m(ui)to
deserviço denoso S(e)n(h)or e(pre)juizo aos {Crist}ãos mãdo
5 que p(eso)a algumade qualq(ue)r calidade e comdição q(ue) seja
não de aosjemtios daditaterrado brasil artelharia
arcabuzes espimgardas poluora nem monições
p(ar)aelas // beestas lamcas eespadas e punhaes nẽ
mamchis // nẽ fouces de cabo depaao nẽ facas dale
10 manha // nẽ outras semelhamtes nẽ algu(m)as outras
armas deq(ua)lq(ue)r feição que forẽ asy ofemsy
vas e defemsiuas // E qual q(eu)r pesoa queo {com}trairo
fizer // mora poriso mortenatural e perca todos
seus beẽs A metade p(ar)aos catiuos e a outra metade
15 p(ar)a quẽ o acusar E mando aosjuizes decadapo
voação das capitanias daditaterradobrasil // que
quamdo tirarem a devasa jeral que são obrigados atirar
cadan/o*/ sobreos o fficiaes // p(er)guntẽ tambẽ por
este ca/so*/ e achamdo algu(n)s culpados proçederão
20 {com}traeles p(e)la dita pena {com}forme as minhas ordena
ções // EIsto seemtẽdera /em*/ machados // machady
nhas fouçes decabo Redomdo // podões demão // cu
nhas nem facas pequenas detachas // Etisouras
pequenas deduzias // por que estas cousas [†] poderão
25 dar aosjemtios // e tratar com elas e correrão por
moeda como ateguora correraõ p(e)las taixas que
lhes foraõ postas // Eeste capitolo fareis a
preguoarẽ cadahu(m)a das ditas capitanias
Eregistar nosl(ivr)os das Camaras delas // com
30 decraração decomo seasy apregoou // E posto
que diga queestadefesa senão ẽtemdaem macha
dos machadinhas fouces decabo Redomdo podoes
de mão cunhas ou facas pequenas etesouras de duzias
{hei} p(or)bem que ẽ t/ud*/o se Emtenda adita defesa atee
35 eu vos mãdar despemsação do papa p(ar)a se po
der fazer //
+ por que p(ar)a defẽsão das fortalezas e po
voacões das ditas terras dobrasil he neçesario aver
nelas artelharia e monições e armas o femsiuas
40 Edefemsiuas p(ar)a sua seguramça // {hei}p(or)bẽ e mãdo
que os Capitães das capitanias da dita terra e
senhorios dos ẽjenhos e moradores daterra tenhão
a artelharia e armas seguimtes // {/a saber*/} cada capitão
Esua capitania sera obrigado ateraomenos dous
45 falcões E seis berços Eseis meyos berços E vimte
arcabuzes // ou espimgardas e poluora p(ar)aIso
necesaria E vimte bestas E vinte lamças ou
chuças Equoremta espadas E coremta corpos
darmas dalgodão das que nadita terradobrasil
50 secustumaõ Eos senhorios dos emjenhos e fa
zemdas que p(or) este Regimemto am deter torres
oucasas fortes terão ao menos quatro berços
Edez espimgardas com apoluora necesaria
Edez beestas e vimte espadas Edez lamças
55 ou chuças E vimtecorpos darmas dalgodão
Etodo morador das ditas terras dobrasil q(ue) nelas
57 tever casas terras // ou agoas ou nauyo tera ao menos
113
114

6v Beesta espimgardas espada lamca ou chuça


Eeste capitolo fareis noteficar e apregoar
E cadahu(m)a das ditas capitanias comdecraracão
que os que não teverem adita artelharia poluora
5 E armas seprouijaõ dellas danoteficação
ahu(m) ano // Epasado o dito t(em)po E achamdose
que as não tẽ pagarão ẽ dobro avalia das armas
que lhes falecẽrẽ das quesão obrigados ater // ameta
de p(ar)aos catiuos e aoutra metade p(ar)a quẽ os acu
10 sar //
+ o dito prouedor moor tera cujdado quãdo co
rrer21 as ditas Capitanias desaber se as p(esso)as
acima decraradas tem as ditas armas e de
executarem // as penas sobreditas nos que nelas ecorrerẽ
15 Equamdo ele não for correras ditas Capitanias fara
ẽcadahu(m)a delas estadelegemcia // o prouedor demy
nhafazemdaqueestevernaditacapitania E do que o
tal prouedor achar faraa autos que Emuiaraa ao
dito prouedor moor p(ar)aproceder por eles segumdo for
20 madesteCapitolo E queremdo allgu(m)as das
ditas /pessoas*/ prouerse laadas ditas cousas // ou
dalgu(m)as delas // {hei}porbem queselhedem dos meus al
mazeis // avemdoas neles p(e)los preços queseachar
quemela custaõ postas // e a<s> dita<s> diligemçia fara
25 o dito prouedor moor ou os ditos prouedores naar
telharja E armas que os capitaes são obrigua
dos ater Ecom as outras <capitanias>pesoas faraõ
os ditos Capitaes somẽte {hei}por bem queo dito
p(ro)uedor moor ou os ditos p(ro)uedores façaõ a
30 ditadeligemçia //-
+ por q(ue) por bẽ do forall dado as Cap<o>/y/tanjas das
dytas terras pertẽcem amỹ todo o paao do
dito22 brasjll E pesoa allgua não pode nele
tratar sem minha l(icen)ca E ora sou ẽ formado
35 que as p(e)s(o)as aque p(or) minhas prouisões tenho
comcedido lyçẽca p(ar)a poderẽ trazer allgu(m)a
camtidade do dito paao o Resguatam por
m(ui)to maiores preços do q(ue) soya E d(e)ue devaler
E por o a verẽ cõ majs breuidade ẽ carecẽ o dito
40 Resguate de que seseguẽ e podẽ segujr m(ui)tos
jmcomvjnjẽtes // {hei}porbẽ q(ue)ẽ cada capitania
com o dito prouedor moor de minha faz(em)da
capitão E oficiaes E outras pesoas quevos
bẽ pareçer pratiqueis a man(eir)a quesedeue deter
45 p(ar)a q(ue) as pesoas aque asy tenho dadas asditas
l(icen)cas posaõ aver o dito paau com omenos p(re)juizo
daterra q(ue) poder ser e lhes limjteis os preços
q(ue) p(or) ele ouuerẽ de dar nas mercad(ori)a que [†] correrẽ
na terra ẽ luguar de d(i)r(ei)to E o q(ue) sobr(e) yso
50 se asemtar se {escre}uera no liuro dacamara
51 para dahy ẽ diãte se comprir //

21
Anotação marginal esquerda: ―Sobre se darẽ armar emo / niçoens aos capitaẽs do / brasil nos almazens
de / sua mag(estad)e p(e)los preços q(ue) custã‖.
22
Anotação marginal esquerda: ―Sobre o pao debrasil‖.
115
116

7r + eu soo ẽ formado q(ue) mujtas p(e)s(o)a das q(ue)estão


nas ditas terras do brasill sepasaõ dehu(m)as
capitanias aoutra sẽ l(icen)ca dos capytães delas
de q(ue)se seguẽ allgu(n)s Im{com}viniẽtes e queremdo
5 niso prouer {hei}p(or)bẽ que as pesoas q(ue) estiverẽ
ẽ q(ua)l q(ue)r das ditas capitanias E sequjserem
jr p(ar)a outra allgu(m)a pesaõ p(ar)a yso l(icenc)a ao ca
pytaõ a q(ua)l lheele dara nam temdo ao
dito t(em)po tall necesydade degẽte p(ar)a q(ue) lha
10 deua deixar dedar e quãdo lhe asj ouuer
de dar adita l(icen)ca seẽ fformara23 prjmeiro se
a tall pesoa viueo ou esteue p(or) solldada ou
p(or) q(ua)l q(ue)r outro partido {com} algu(m)a outra p(eso)a E
secomprio ot(em)po desua obryguaçaõ E achando
15 q(ue)ho comprio E não he obryguado a pesoa
allgu(m)a lhedara adital(icen)ca elhepasara p(ar)a
yso sua çertidaõ ẽ q(ue) o asy decrare e levãdo
adita p(eso)a adita certidaõ sera Recolhida
ẽ q(ua)l q(ue)r outra capitania p(ar)ahomde ffor
20 E nã aleuãdo ocapitaõ d(e)la onã Recolheraa
E Recolhẽdoo {hei} porbẽ que ẽ corra ẽ pena
de cymcoẽta (cruza)dos ametade p(ar)a os catiuos E
a outra p(ar)a quẽ o acusar e isto nã averaluguar
nos degradados por q(ue)estes estarã sempre
25 nas capitanias domde fforẽ desembarcar
quãdo destes Reinos forẽ leuados sem poderẽ
pasar dahy p(ar)a outra capitanias // este capit(ol)o
seapregoara ẽ cadahu(m)a d(e)las E se Regystara
nosL(ivr)os das camaras //
30 + Como ffordes dita bahia {escre}vereis
aos capitaẽs das outra capitanias q(ue) <souberẽ>
tamto q(ue) souberẽ q(ue) na dita costa ha cosairos
vo lo {escre}vaõ ẽ fformã<dos>dos primeiro das
velas que Sam Edeque tamanho Edagẽte
35 q(ue) trazẽ E a paragẽ ẽ q(ue)estam p(ar)a vos prouerdes
niso p(e)la maneyra sobre dita ou anno vos
pareçer mais meu seruiço E q(ue)ẽtretamto aex
cusaõ ayso tẽdo oparelho p(ar)aos seguram(em)te
poderẽ fazer //
40 + p(or) q(ue) a verei p(or) m(ui)to meu seruiço descobryrse
o mais q(ue) pod(e)r ser p(e)lo sertam ademtro da
terra dabahia // vos ẽ comẽdo q(ue) tãto que
ouuer t(em)po Edesposi sã p(ar)a sebẽ pud(e)r fazer
44 ordeneis demãdar allgu(n)s bargatietoldados

23
Há um sinal de mais logo após esta palavra.
117
118

7v E bẽ prouidos doneçesario p(e)lo Rioo do peraçuu


deSam fr(ancis)co com Eym(i)goos daterra e pesoas
decõfiamça q(ue)vaõ por os ditos Rios açima
o mais q(ue)poderẽ aa partes do eoeste e pera hõde
5 fforẽ ponha padroẽs E marcos Edecomo24 os
poseram faça asemtos autẽnticos E asy
dos caminhos q(ue)fizerẽ Edetodo o q(ue) acharẽ
E o q(ue)uisto fizerdes e o q(ue) soçeder mo {escre}verei
meudam(en)te //
10 Emamẽdouos Emãdouos q(ue) as cousas {com}tidas
neste Regimẽto cumprais E façais cumprir
E guardar como de vos comfio q(ue) o fareis
Geronimo Correa o ffez ẽ allmerỹ aos xby
d(e)d(e)z(embr)o de 1548 ----
15 + Seallguu(n)s degradados q(ue)forẽ p(ara) as ditas
partes do brasill me serujrẽ lla ẽ nauios dar
mada ou na terra ẽ q(ua)l q(ue)r outra cousa do
meu serujço p(ar)a homde vos pareça q(ue)d(e)uẽ
deser abelytados p(ar)a podera seruir quaes q(uer)
20 o ficios asy da Just(iç)a como demynha ffaz(em)da
{hei}porbẽ q(ue)vos os ẽ carregueis dos ditos oficios
quãdo ouuer neçesydade deprouerdes dep(eso)as
q(ue) o syruaõ E ysto senaõ ẽ temd(e)ra nos q(ue)forem
degradados p(or) furtos ou fallsydades ----
25 + As p(eso)as q(ue) nos ditos navios darmada ou naterra
ẽ quall q(ue)r outra cousa deguerra serujrẽ deman(ei)ra
q(ue)vos pareça q(ue) mereçẽ ser feytos caual(eir)os {hei}
por bẽ q(ue) os façais elhe paseis prouisaõ de
como os asy fizestes edacausa p(or) q(ue) o mereçera
30 + quãdo vos pareçer bẽ E meu seruiço mu(it)o dardes
paguar aa<s>/l/gu(m)as p(eso)as do ordenado ou solldo q(ue)
ouuereẽ daver allgu(m)a p(ar)te adiamtado ou
dando allgu(m)as dadiuas aquaes com pesoas
q(ue)sejaõ {hei}p(or)b(em) q(ue) o posais fazer E as dadiuas
35 naõ pasaram de çem (cruza)dos p(or) anno // ----

24
Em FGM, lê-se e marcos de como. Em AF, lê-se e marcos e de como.
119
120

8r + por que hu(m)a dasprimcipaes cousas que [†]


mais cumpre p(ar)a/se*/ as ditas terras do brasil milhor
poderem pouoar // hedar ordem como os cosairos q(ue)
aelaforem sejaõ castiguados deman(ei)ra que não
5 seatreuaõ aIr laa vos emcomẽdo m(ui)to<ais> q(ue)tenhaes
especial cuidado detamto que souberdes
q(ue) ha corsairos Em allgu(m)a p(ar)te daditacosta
Ireis ael/a*/ com [†] os naujos e gemte quevos pare
çer bẽ etrabalhareis p(or) los tomar Etomandoos
10 p(ro)cedereis {com}traelesdeman(ei)ra q(ue)se{com}tẽ Ehu(m)a
prouisão minha quep(ar)aIsoleuaeis // Enaõ
podemdovos Ir ẽ p(esso)a // ouparecemdouos por algu(m)as
Rezões mais meuseruiço não Irdes mãdareis
Evosoluguarhu(m)ap(eso)a decomfiamça q(ue) vos bẽ
15 pareçer // ao q(ua)l dareis p(or) Regimẽto o q(ue) deuefazer //
E por quep(ar)aIsto sepoderbẽ ffazer E
pera milhor guarda edefemsão do mareda
terra // seraa necesario /aver*/ algu(n)s naujosdeRemo
<d>/n/ascap(itani)as omdeosdito cosairos mais acustumaõ
20 d(e)Ir voscom odito p(ro)uedor moor deminhafaz(em)da
Ecom oscapitães p(ro)uedores Eofiçiaes dasta
es cap(itani)as Ecom as mais pesoas quevos parecer25
queo bẽ Emtẽ<daõ>dem // praticareis aman(ei)ra que
setera p(ar)ase fazerem os ditos naujos deRemo
25 Ede quetamanho Eẽ quecap(itani)as sefarão Ea man(ei)ra
deque sepoderão sosterep(ro)ver e armar quã
do ffornecesario e quamtosdeuẽdeser26 [†]
e acuja custa sedevẽ defazer Equecap(itani)as
Recebẽ disto maes fauor para comtrebuirem
30 nasdespesas necesarias p(ar)aIso E do que
asentardes fareis auto q(ue)meẽ ujareis
p(ar)acõ vosaẽ formação p(ro)ver niso como ouuer p(or) meu
seruiço //
+ posto q(ue) Em allguu(n)s capitolos esteRegim(em)to
35 vos mamdo quefacais guerraaosgemtios nama
n(ei)ra quenosdito capitolos secõthem Eque
trabalheis por castiguardes os queforem cul
pados nascousaspasadas // avemdo Resp(ost)a
ao pouco ẽtemdimẽto q(ue) esagemteateguora
40 tẽ a q(ua)l cousade /seruiço muyto*/ E suasculpas
E quepode ser q(ue) muytoestaraõ aRepemdidos
do quefizeraõ averey por meuseruiço q(ue) conhe
cemdo elessuas culpas Epodemdop(er)daõ dela
selhecomcedae aInda averei p(or)bẽ quevos
45 p(e)la milhor man(ei)ra quepuderdes ostraguaeis
46 aIso porquecomo o primçepalImtẽtomeuhe

25
Em FGM, lê-se que vos parecer. Em AF, lê-se que vós parecer.
26
Em FGM, lê-se quantos devem ser. Em AF, lê-se quantos devem de ser.
121
122

8v Quese com vertaõ anosa Samta fee loguo


heRezaõ quesetenhacom eles todos os mo
dos quepu<derdes> derem ser p(ar)aque o facais
asy // Eoprimçipal /adeser*/ escusardes
5 fazer deles guerra por que com elasenaõ
podeter cõcumunicação que cõ vem quese
com eles tenha p(ar)a o serem27 //
+ Leuareis otreladodaordenação p(or) que
tenho mamdado queẽ meusReinos esenho
10 rios naõ posapeso allgu(m)a dequalq(ue)r calida
dequeseja trazerborcados nẽ sedas nẽ
outras cousas {com}theudas naditaordenaçaõ
etamto que cheguardes aditabahia
mã dareisloguo noteficar nela Eẽuj
15 areis o trelado daditaordenaçaõ asynado
p(or) vos /as outras capitanias p(ar)a que se pubrique nelas↑/ eseguarde Emt(ei)ra mẽ te Eadita no
teficação sefara<o> auto Ecadacap(itani)a q(ua)lse
treladara com aditaordenaçaõ noL(iur)o dacama
ra p(ar)adodia danoteficaçaõ ẽ diamte seex
20 xecut<ẽ>ar aspenasdadita ordenaçõ nas
p(esso)as quenelesẽ correrem //
+ porq(ue) pareçe q(ue) sera gramde Imcoueniẽte
os gemtios quesetornarẽ{Crist}aõs morarẽ
no pouoado dos outros E amdarem mestu
25 rados cõ eles Eq(ue) seramuytoseruiço ded(eu)s
Emeu apartarẽ [†] nos desuacomuersaçaõ
vos ẽ comẽndo emando q(ue) trabalheis muyto
pordarordem como os queforem {Crist}aõs
morẽ jumtos perto daspouoações das ditas
30 cap(itani)as p(ar)aquecomuersẽ cõ os{Crist}aõs Enão cõ
os gemtios Eposaõ ser doutrinados Eẽsinados
nas cousas de nosasamtafee Eos meninos
por que neles Emprimira milhor a doutrina
trabalhareis pordar ordem comosefacaõ
35 {Crist}aõs E q(ue) sejaõ Imsinados Etirados dacõ
vercasaõ dos gemtios Eaos capitaes das
outrascap(itani)as direis deminha p(ar)te quelhea
auardecerej muyto ter cadahu(m) cujdadode
asy o fazer E suacap(itani)a e os meninosestaraõ
40 napouoaçaõ dosputugueses e Emseu Emsino
folguaria deseser aman(ei)ra q(ue) vosdixe
42 + Quamdo sobcederẽ algu(m)as cousas q(ue) naõ

27
Em FGM, lê-se tenha para o serem.. . Em AF, lê-se tenha para o serem. .
123
124

9r forem prouidos p(or) este Regimemto


vos pareçer quecompre ameuseruiço porem
se Emobra vos a praticareis com meus oficiaes
Ecomquaes q(ue)r outraspesoas quevirdes que
5 nelasvos poderão dar Emformação oucomselho
E{com}seupareçer as fareis // Esemdo caso
que voseJuis Emdeferemte pareçer doseu
{hei}porbem quesefaça o quevos ordenardes
fastaes cousas sefaraasemte Equese
10 decrarar aas pesoas com aspatricas [†]
Eoparecerdelas Eovoso p(ar)a mo Ap(ro)valas
com aprim(ei)ras cartas que aposIso me
13 Emviardes //
125

4.3.4 Confronto dos trechos do Regimento (ou melhor, dos regimentos), copiados
no L2T, frente ao original

O texto é um objeto muito frágil, ameçado continuamente por uma


quantidade de interferências e intervenções alheias [...] (TAVANI, 2007, p.
46).

Ao retomar o motivo de existência da tarefa filológica, a mobilidade dos textos,


Giuseppe Tavani (2007) traz, por conseguinte, a razão desta subseção. Analisaram-se
todos os 60 documentos trasladados no Livro II de Tombo (para ver lista completa dos
documentos, verificar seção 5) e neles copiaram-se 12 vezes o Regimento, diretamente
(as citações indiretas foram excluídas desta análise). Constatou-se, ao ser feita a leitura
dos documentos, que se tratavam de dois regimentos distintos, mas muito semelhantes:
um, que fora copiado apenas 2 vezes no corpus, que é o Regimento de 1548 (feito a
pedido de D. João III para nomear e orientar Thomé de Souza no governo geral e que,
doravante, para efeito de distinção, chamar-se-á de Regimento de El Rey), e outro que
foi redigido a pedido do próprio primeiro governador, baseando-se no do Rei e
atribuindo mais detalhes aos trâmites, de acordo com a realidade que aqui encontrou
(que aqui se chamará Regimento do Governador).
Não se encontraram notícias sobre o segundo regimento, até então, mas aqui foi
considerado e incluído do material de análise pela relevância histórica e ter sido ele
mais copiado do que o régio, dado o detalhamento de aplicação regulamentar. Os
documentos em ocorreram as cópias dos regimentos foram os seguintes: LIIT_023 (50r-
53v), LIIT_024 (53v-54v), LIIT_026 (61r-63r), LIIT_027 (63r-64r), LIIT_046 (120v-
121v), LIIT_047 (121v-122v), LIIT_048 (122v-140v), LIIT_053 (149r-151v),
LIIT_054 (151v-152v), LIIT_055 (153r-154r), LIIT_056 (154r-155r) e LIIT_059 (157r-
166r).
As ocorrências dos dois regimentos estão, predominantemente, em traslados de
cartas de sesmarias, já que o próprio Regimento de El Rey solicita tal procedimento. Há
cartas, no entanto, que não seguem tal orientação ou o trecho que dela fora trasladado
não permite que se verifique a transcrição do ato régio, que, geralmente, vai ao final da
carta, conferindo-lhe conformidade à regulamentação real. Este último aspecto, o do
recorte que o tabelião faz para transcrever o que interessa diremente à causa em questão,
é de especial relevância para se pensar o processo de escritura destes livros, já que, além
126

de estarmos perante traslados, o tabelião dificilmente copia um documento de que


precisa na íntegra, por questões de espaço, tempo e interesse de assunto.

4.3.4.1 Ocorrências do Regimento de El Rey

Nos dados em quadro (vide seção 5), o único documento cujas informações
foram trazidas de fora do conteúdo dos próprios documentos foi o Regimento de 1548.
Nenhum registro no L2T chega a citá-lo na íntegra e, então, a datação, autoria e local
não podem ser acessados via estas citações, que são cópia de itens bem específicos,
relativos à doação de terras e uso de terras devolutas, como se verá nas ocorrências.
Serão postos em comparação o original, cuja edição de base é a que se propõe
nesta tese (norteada por lição conservadora), e os trechos copiados no L2T (dois, no
total), verificando-se, destarte, a existência de variantes. Foram desconsideradas, para o
cotejo, 1) as diferenciações de capitalização, 2) as variações entre u e v, 3) as variações
entre ~, m e n, 4) a variação do uso de consoantes iniciais simples ou geminadas.
Considera-se, fora as quatro situações acima, que erro é o difere do original, ainda sim,
em todo o tempo, questiona-se: ―Mas o que é um ‗erro‘? E até que ponto um erro pode
ser definido com absoluta certeza ‗evidente‘?‖ (TAVANI, 2007, p. 52). Ainda mais
quando se trata de documentos jurídicos, em que ―[...] os amanuenses se tornaram
responsáveis de alterações voluntárias, determinadas por exigências práticas, não de
verdadeiros erros. Perante estas situações, o editor não pode intervir.‖ (TAVANI, 2007,
p. 51).
O quadro que apresenta o cotejo é composto por 4 colunas. A primeira e a
segunda dizem respeito à localização do texto na foliação e linearização; a terceira traz
o corpo do texto de base (edição aqui proposta, na seção 4.3.3), sobre o qual se
sinalizam os pontos de divergência entre o original e as cópias (duas); a quarta coluna
apresenta anotações onde se registram os fatos divergentes, identificando o documento
cópia que os realiza (sob os códigos de identificação já mencionados). Há uma
congruência de influências de aparato crítico e sinóptico, escolhendo-se um matiz mais
comparativo/contrastivo, semelhante aos que se apresentam em bíbia de referência
(também chamada de chave bíblica). Foi inserido o operador [nulo] em caso de haver
um espaço vazio no original, em comparação com as cópias, ou vice versa.
127

Fólio Linha Texto Anotações do cotejo


2v 27 1 2 3 1
LIIT_030: asentado; LIIT_036: assentado
+ tamto que tiuerdes asemtada a a terra pera seguramentese 2
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
3
LIIT_030: para; LIIT_036: para
poder aproueitar dareis desesmaria4 as teras5 queestiuerem
4
LIIT_036: Sismaria
5
LIIT_036: terras
dentro no dito termo aas6 pesoas quevolas pedirem // não semdo já
6
LIIT_036: [nulo]

dadas aoutras pesoas que as queirão7 ir pouoar e aproueitar no


7
30 LIIT_030: quizerem; LIIT_036: quizessem

t(em)po que lhesperaiso aade8 ser noteficado // as quaisterras dareis


8
LIIT_030: para isso hade; LIIT_036: lhe para isso hade

liuremẽte sẽ foro algum // somente9 paguarão10 o diz(im)o a11aordẽ


9
LIIT_030: só mente
10
LIIT_030: pagaraõ; LIIT_036: pagaraõ
11
LIIT_036: [nulo]
denoso12 S(e)nhorJesuu(s) {Cristo} e13 com as comdições eobrigações do
12
LIIT_030: Nosso; LIIT_036: Nosso
13
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
fforal dado a14as ditas terras // e15de16minha ordenação no17 quoarto18
14
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
15
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
16
LIIT_030: da; LIIT_036: da
17
LIIT_030: do; LIIT_036: do
18
LIIT_030: quarto; LIIT_036: quarto
l(ivr)o19 t(itul)o das sesmarias20 // cõ comdição que resida21 napouoação da
19
35 LIIT_030: [nulo]
20
LIIT_036: Sismarias
21
LIIT_030: residaõ; LIIT_036: rezidaõ
dita22bahia / ou das23 terras que lhe asy24 fforem dadas tres anoos25
22
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
23
LIIT_036: nas
24
LIIT_030: assim; LIIT_036: assim
25
LIIT_030: annos; LIIT_036: annos
demtro do qual tempo as26 não poderão vemder nem ẽlhiar27 // <E não>
26
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
27
LIIT_030: aliar; LIIT_036: aliar
E não dareis acadap(esso)a mais terra que aquela que [nulo]28 boa memte // E29
28
LIIT_030: a; LIIT_036: a
29
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
segumdo suaposibilidade30 vos pareçer31 que podera32 aproveitar
30
LIIT_030: possebilidade
31
LIIT_030: parecer; LIIT_036: parecer
32
LIIT_030: poderá; LIIT_036: pode
128

E se as pesoas que ja tiuerem terras demtro no dito termo // asy33


33
40 LIIT_030: assim; LIIT_036: assim

aquelas que seacharem presemtesnaditabahia // como as que


depois forẽ aela dentro no [nulo]34 t(em)po que lhes35 aade36ser noteficado
34
LIIT_036: dito
35
LIIT_030: lhe
36
LIIT_030: hade; LIIT_036: hade
quiserem aproueitar as ditas37 terras que jatinhão38 voslhas39tor
37
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
38
LIIT_030: tinham
39
LIIT_036: las
nareis adar denouo p(ar)a as aproueitarem com aobriguação40
40
LIIT_030: obrigaçaõ; LIIT_036: obrigaçaõ

acima dita e não indo41 allgũs dos ausemtesdemtro no


41
45 LIIT_036: hindo

dito t(em)po quelhe asy42 ade43ser noteficado aproueitar asterras


42
LIIT_030: assim; LIIT_036: assim
43
LIIT_030: hade; LIIT_036: hade
que dantes44 tinhão vos45 as dareis p(e)la ditaman(ei)ra aquẽ as a
44
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
45
LIIT_030: vós; LIIT_036: vós
proueite E46 este capitolo47 setreladara nas cartas das ditas
46
LIIT_030: [nulo]; LIIT_036: [nulo]
47
LIIT_030: Capitulo; LIIT_036: Capitulo

Sesmarias48 //
48
49 LIIT_030: Sismarias; LIIT_036: Sismarias
129

4.3.4.2 Ocorrências do Regimento do Governador

No caso do Regimento do Governador, documento redigido em nome do próprio


Thomé de Souza, indicando detalhes para que o Regimento de 1548 fosse posto em
prática da melhor maneira possível, usou-se como texto de base a cópia mais antiga
encontrada no L2T, seguindo o critério de maior proximidade cronológica com o
original, em não havendo outro mais adequado, já que não se encontraram seus
originais, nem notícias deles, até então. A forma constrastiva de apresentação de
variantes tem a vantagem de não elevar nenhum testemunho a necessariamente um
status de mais ou menos deturpado, concordando-se com Tavani (2007) que

A tarefa do filólogo não é a de reconstruir os textos originais, mas sim de


restaurar textos de que dispomos, intentando restituir a forma que eles tinham
no arquétipo da tradição: não nos é lícito ir além desse arquétipo, à demanda
dum original cientificamente inantingível, e que às vezes pode mesmo nunca
ter existido (TAVANI, 2007, p. 51, 52).

Trata-se, tão somente, de colocar as variantes textuais em confronto, sem busca


de paternidade. No entanto, as noções de erros que agrupam os testemunhos em
determinada tradição ou os afastam em direção à outra, os chamados erros conjuntivos e
disjuntivos, saltam à vista, dado que
[...] qualquer cópia – embora tirada do próprio original – representa
necessariamente uma degradação do texto [...] por que a degradação textual
está implícita no próprio conceito de ‗cópia‘, e portanto não haver cópia sem
alteração. É também evidente que os erros aumentarão progressivamente, em
progressão geométrica, a cada transcrição do texto, por que cada cópia
acrescentará os seus aos erros do modelo. [...] Não há, portanto, nem codex
optimus nem bon manuscrit: o que pode haver, por vezes, é um manuscrito
onde o texto apresenta ser menos estragado do que nos outros. Mas o facto
que aparente sê-lo, não que dizer que o seja deveras (TAVANI, 2007, p. 55,
56).

Trazendo este posicionamento em busca das diferenças e das repercussões


possíveis que elas podem causar, até por conta de ser o Regimento um documento de
práticas, vai-se ao quadro de resultados, cujas configurações são idênticas às já
descritas.
130

Fólio Linha Texto Anotações do cotejo

[...] As terras, eagoas das Ribeiras, que estiverem dentro do1 termo2, eLemitte da dita3Cidade, que 1
51v LIIT_055: no; LIIT_056: nos
2
LIIT_056: termos
3
LIIT_054: desta

saõ Seis Legoas para cadaparte, que4 naõ forem dadas apessoas5, que as aproveitem, eestiverem 4
LIIT_055: [nulo]; LIIT_023, LIIT_024,
vagas, edevolutas para LIIT_026, LIIT_027, LIIT_047,
LIIT_048, LIIT_056: as
5
LIIT_053, LIIT_054, LIIT_055: pessoa

mim, por qual quér6 via, ou7 modo que seja, podereis8 dar deSismaria9 as10 pessoas, [nulo]11 6
LVT_082: qualquer; LIIT_023,
que12 vos las13 pedir14, as quaes terras, assim dareis LIIT_026, LIIT_047: qualquér
7
LIIT_059: e
8
LIIT_055: poderei
9
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048:
Sismarias
10
LIIT_053: a
11
LIIT_055: as aproveitarem; LIIT_056:
as aproveitem
131

12
LIIT_055, LIIT_056: e
13
LIIT_026, LIIT_027, LIIT_047,
LIIT_048, LIIT_053, LIIT_054,
LIIT_055, LIIT_056: volas
14
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048,
LIIT_053, LIIT_055, LIIT_056,
LIIT_059: pedirem; LIIT_054: pediram

Livremente, sem outro algum foro, nem15 tributo, somente16 o dizimo a Ordem deNosso Senhor 15
25 LIIT_054, LIIT_056: ou
Јεѕνѕ Christo, e17 com as con- 16
LIIT_056: sómente
17
LIIT_054, LIIT_055, LIIT_056: [nulo]

diçoens, eobrigaçoens doforal dado as ditas terras, edeminha Ordenaçaõ do quarto livro18 titulo 18
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_047,
das Sismarias, com condiçaõ, que a- LIIT_056: [nulo]

tal pessoa, oupessoas rezidaõ19 na Povoaçaõ da ditaBahia, ou das terras, que assim20 lheforem 19
LIIT_055: rezidam
dadas, ao menos trez annos, e 20
LIIT_024, LIIT_027, LIIT_048: asim

que dentro no21 dito tempo, as naõ possaõ vender, nem aliar, etereis22 lembrança23, que naõ 21
LIIT_048, LIIT_055: do
132

dareis24 acada pessoa mais terra, que 22


LIIT_054: terei
23
LIIT_054: Lembranças
24
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048,
LIIT_053, LIIT_054, LIIT_055,
LIIT_056, LIIT_059: deis

a quella25, que segundoSua possebilidade26 virdes27, ouvos parecer, que pode28 aproveitar, ese 25
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
algumas pessoas29, a que30 forem LIIT_027, LIIT_047, LIIT_048,
LIIT_053, LIIT_054, LIIT_059: aquella;
LIIT_055: [nulo]
26
LIIT_024, LIIT_027, LIIT_048,
LIIT_054: possebelidade; LIIT_056,
LIIT_059: possibilidade
27
LIIT_055: virde
28
LIIT_053: podem
29
LIIT_053, LIIT_055, LIIT_056:
alguma pessoa; LIIT_054: algumas
pessoa
30
LIIT_053, LIIT_054: a quem
133

dadas31 terras no dito termo, [nulo]32 estiverem33 perdidas, por as34 naõ aproveitarem,evos las35 31
30 LIIT_055: dados
tornarem apedir, vós36 has37 dareis denovo, pa- 32
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_053,
LIIT_055, LIIT_056, LIIT_059: as
33
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_055,
LIIT_056, LIIT_059: tiverem
34
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_047: pela;
LIIT_053, LIIT_054: pelas
35
LIIT_023, LIIT_024, LIIT_026,
LIIT_047, LIIT_048, LIIT_053,
LIIT_055, LIIT_059: volas
36
LIIT_023, LIIT_026: vos; LIIT_054:
Vós
37
LIIT_023, LIIT_026, LIIT_027,
LIIT_047, LIIT_048, LIIT_053,
LIIT_055, LIIT_056, LIIT_059: lhas;
LIIT_054: lha

ra as aproveitarem, com as condiçoens, e obrigaçoens conteudas neste Capitulo; o que38 38


LIIT_023, LIIT_026, LIIT_047,
setrasladarâ nas Cartas das ditas Sis- LIIT_048, LIIT_053, LIIT_055,
LIIT_056, LIIT_059: qual

marias [...]
134

5 O LIVRO II DO TOMBO: RESULTADOS ESPECÍFICOS E GERAIS

Além de retomar a prática notarial portuguesa (usus scribendi, modus vivendi e


resultados de alguns estudos), bem como propor edição semidiplomática para o Regimento de
El Rey (1548) e Regimento do Governador Thomé de Souza (1550) e contraste destes com as
cópias no L2T, foi objetivo desta pesquisa trazer a prática notarial brasileira per se, buscando
semelhanças entre o notariado daquém e dalém mar e, sobretudo, as dessemelhanças,
reforçando o caráter vernáculo, autóctone dessa porção escrita maior e mais heterogênea, que
é o volume por inteiro, que será a base de dados para um extenso quadro que resume a
estrutura de (intra)(inter)textos formantes dos processos, lista dos nomes de todos os agentes
da administração e notariado dos primeiros séculos da Bahia Colônia (1530-1815) ali
registrados e glossário de termos atinentes ao âmbito notarial que ocorrem no corpus.
Para análises mais detalhadas, por uma questão de recorte, escolheu-se um
subconjunto dentro do L2T que compõe o Fundo Documental dos D’Ávila, sobre o qual se
discorrerá a seguir.

5.1 O FUNDO DOCUMENTAL DOS D‘ÁVILA: RESULTADOS ESPECÍFICOS

O Fundo Documental dos D’Ávila é resultado da dissertação que antecedeu esta tese e
a concebe enquanto continuação, visto que esta pesquisa é uma progressão do trabalho de
mestrado (OLIVEIRA, 2011), formado por documentos editados semidiplomaticamente que
tratam de trâmites registrados em três livros de tombo que dizem respeito à família D‘Ávila.
Aqui se aterá apenas aos documentos lançados no L2T, dado atual o enfoque.
O Fundo foi constituído após exame das transcrições feitas pelas frentes de pesquisa
do GPMSBB, buscando-se apenas os documentos que fazem menção às transações do
Mosteiro que envolvem Garcia D'Ávila e seus descendentes. Fazendo-se tal recorte temático,
obteve-se um corpus que congrega 10 documentos (4 no Livro Velho, 1 no Livro I e 5 no
Livro II) e perfaz uma quantidade de 118 fólios. Para melhor acesso às informações, os
documentos foram identificados com códigos que trazem o volume de origem e um número
que indica a ordem de ocorrência em tal volume (assim, o LII_doc04, por exemplo, é o quarto
documento encontrado no Livro II). Segue, na próxima página, uma lista que dispõe o código
de cada documento, os títulos atribuídos aos documentos, a data do documento de motivação
da escritura (ou documento caput) e a correspondência quanto à foliação no volume de
135

origem. Por motivos supramencionados, restringir-se-á o fundo aos 5 documentos levantados


no L2T, que se seguem:

Código Título Data Localização

LII_doc01 Codicilo de Garcia D'Ávila 1609 70v-73r

LII_doc02 Escritura de composição feita ao Padre Provincial sobre as 1614 74v-75v


terras de São Francisco da Itapoã

LII_doc03 Treslado de Escritura de composição entre Frei Diogo Rangel 1663 75v-77r
e o Padre Manoel Vás, Manoel Homem de Almeida e outros

LII_doc04 Autos de Causa Cível entre o Dom Abade e Religiosos do 1638 77r-84r
Convento do Patriarca São Bento da Cidade do Salvador
contra Catharina Fogassa

LII_doc05 Sentença dos Religiosos do Patriarca São Bento contra os 1668 84r-99r
herdeiros de Anna Ferraz

Como se vê, os documentos listados e que constituem o Fundo poderiam também se


intitular A sesmaria de São Francisco de Itapoã: demanda e contendas, devido à própria
função dos LTMSBB e por ser esta a região dos mais relevantes trâmites entre a família e/ou
outros herdeiros e compradores e o Mosteiro. Temporalmente, os escritos cobrem um período
de mais de cem anos, começando no século XVII e adentrando o século seguinte.
Transcritos os textos, levantadas suas características paleográficas e diplomáticas e
analisado o texto em seus aspectos linguísticos, o investigador percebe que ainda falta algo a
ser explorado: o mundo referente e, ainda, o valor que tal documento assume ao se considerar
o seu entorno.
Não raro, a impressão que se tem de um determinado contexto no qual se insere aquela
produção textual é muitas vezes impressionística e até pré-conceituosa, antes mesmo de haver
a mínima pesquisa sobre as circunstâncias que estão relacionadas ao tema. Esta é mais uma
das tarefas do filólogo: trazer, junto ao texto editado, aparatos de naturezas várias a fim de
que o leitor tenha o máximo de informações seguras, sob o lastro de diferentes disciplinas,
que circundam um objeto. Ao descrever o labor philologicus, Bruno F. Basseto (2001) elenca
a diversidade de atividades que podem ser desenvolvidas e vão desde aspectos linguísticos até
os mais externos, como a questão da autoria, históricas e exegéticas. ―Circunstâncias são todas
as variáveis que ‗estão ao redor‘ de algo. Situar um documento em seu contexto histórico,
136

cultural, social e político pode facilitar a compreensão de sua mensagem, esclarecer tópicos e
alusões [...]‖ (BASSETO, 2001, p. 62).
Entre a História e Filologia sempre houve uma relação de interdependência, e por que
não dizer, de retroalimentação. O homem deixa seus registros – como testemunhos e
testemunhas de sua época, civilização, língua, etc. – e outros homens, normalmente, em
gerações posteriores, tomam tais escritos com o intuito de interpretá-lo criticamente (o que
têm feito os filólogos desde os alexandrinos) ou de situá-lo no tempo e no espaço, levando em
consideração seus caracteres internos e externos (tarefa primaz para os historiadores). Logo se
vê, portanto, a íntima relação que se estabelece entre as duas áreas supracitadas, bem como a
relação destas com instituições ―[...] tanto as públicas com as privadas, salvaguardadoras ou
salvaguardiãs da memória coletiva de importantes grupos sociais‖ (NUNES, 2010, p. 391).
A Nova História, por exemplo, traz como uma das principais premissas o olhar do
pesquisador voltado ao fundo documental; nas palavras de Antonietta d‘Aguiar Nunes (2010,
p. 391), ―Sem a menor dúvida precisa-se voltar às fontes primárias, os documentos antigos
para neles obter as informações necessárias à reconstituição histórica de qualquer tema‖.
Os documentos se fazem importantes instrumentos de análise também para
genealogistas, que trabalham com dados vários, necessitando de confronto e interpretação
constantes, não podendo confiar na memória transmitida oralmente para o objetivo primaz da
Genealogia, que é, por definição, ―[...] a ciência que estuda a geração de alguém, através dos
graus sucessivos de parentesco, ligando os descendentes a um ascendente comum‖ (MATOS;
ROSADO, 2010, p. 70) e, ainda: ―[...] ramo da História que se dedica ao estudo das famílias
em sentido ascendente ou descendente, trançando sempre que possível as biografias dos seus
membros‖ (MATOS; ROSADO, 2010, p. 69).
O fato de os transmissores estarem cada vez mais distante temporalmente e
espacialmente dos fatos históricos e por deixar a cargo do transmissor dos dados uma
complexa tarefa (capacidade de apreensão, interpretação e verbalização dos fatos que
interessam à história da família em estudo) faz com que seja mais razoável a necessidade de
se recorrer aos escritos por estes guardarem em si porções da cultura da qual eles emergem
por intermédio de seus sujeitos. Nunes (2010) lembra que alguns pesquisadores associam
indivíduos de mesmo sobrenome à árvore genealógica de uma determinada família. Ora,
sabido é – entre os que estudam as línguas, sobretudo os estudiosos da Onomástica – que não
é bivalente a relação entre sobrenome e família, não se podendo asseverar que, por exemplo,
todos os descendentes que assinam o mesmo sobrenome pertençam a uma árvore comum.
137

Exemplo desta necessidade retroalimentativa entre história e fundo documental atinge,


inclusive, o patriarca da família, em terras brasis, sobre a qual se debruça esta dissertação. A
origem de Garcia D‘Ávila parece ainda não ser consensual entre os estudiosos por falta de
documentação que comprove uma possível relação de filiação entre ele e Thomé de Souza ou
apenas uma relação (comum à época) de próxima servidão. Em havendo, de fato, a relação de
paternidade entre os dois, Garcia D‘Ávila seria descendente em quarto grau do rei de Portugal
Afonso III, pai de Martim Afonso Chichorro, pai de João de Sousa (último prior da Abadia de
Rates), pai de Tomé de Sousa (este, Cavaleiro da Ordem de Cristo, bem-sucedido em várias
missões dadas pela Coroa e que recebeu das mãos de D. João III a incumbência da
governança das partes do Brazil, auxiliado por um regimento redigido em 1548).
O que se sabe, ao certo, é que Garcia D‘Ávila nasceu em São Pedro de Rates,
Portugal, em 1528 e que chegou à Bahia em 29 de março de 1549 com Tomé de Sousa, sendo
nomeado, em 1º de junho, feitor e almoxarife da Cidade do Salvador e da Alfândega. O
primeiro-governador lhe doou 14 léguas de terra outorgadas por Dom Sebastião (entre 98 e 84
km de extensão, que ia de Itapuã à Tatuapara e o Rio Real, onde ergueu a Casa da Torre, o
maior latifúndio das Américas, em 1550). Faleceu em Salvador, no dia 20 de maio de 1609
(dois dias após redigir o Codicilo). Segundo Silva (2010), veio para o Brasil com seu pai,
Tomé de Sousa, primeiro governador-geral da colônia, omitindo, desde então seu sobrenome
Sousa, ocupando os cargos régios de feitor e almoxarife.
Na linha das conjecturas, alguns historiadores afirmam que, em Portugal, ele assinava
o nome completo e que, assim que chegou ao Novo Mundo, descartou o sobrenome que o
identificaria como parente do governador (o motivo seria uma lei que proibia o repasse de
terras que haviam sido doadas pelo rei de Portugal para outrem, ainda que parentes, a não ser
que por morte); outros, no entanto, acreditam que ele nunca teve o sobrenome, pois seria filho
bastardo de Tomé de Sousa.
A Torre Singela de São Pedro de Rates, como o Velho D‘Ávila a denominara – ou
Casa da Torre, entendendo-se o termo casa como a família, seus dependentes e seu
patrimônio, e não somente como a construção – fora construída em lugar estratégico, em
Tatuapara (terra de raiz em tupi), pois garantia visibilidade privilegiada do mar (necessária
por conta das constantes invasões, tanto para avisar a Salvador sobre as incursões, quanto para
as regiões costeiras que avizinham Tatuapara) e da terra (esta necessária por conta dos
aborígines que ali viviam). Uma relação relativamente pacífica com os índios garantiu dupla
função: por um lado, mãos para a criação agricultora de mandioca (entre 1549 e 1553, 80% da
produção de farinha vinha da Casa da Torre) e pecuária de gado vacum e, por outro, braços
138

para os embates locais e em expedições sertanistas. Ademais, a Casa da Torre era guarida para
a empreitada sertanista que encabeçava. Em 1557, oito anos depois, Garcia D‘Ávila já era o
homem mais poderoso da Bahia; a descendência ficou notabilizada pela quase legendária
fortuna em terra e gado e pela fama agregada por sua riqueza e poder.
Constituiu família, mas foi de uma união extraconjugal que adveio seu herdeiro, sua
linhagem: Francisco Dias D‘Ávila Caramuru, filho de Isabel D‘Ávila (fruto da união de
Garcia D‘Ávila com uma índia chamada Francisca) e Diogo Dias, neto de Caramuru e
Paraguaçu. À sua época, Francisco Caramuru, como também era conhecido, era considerado o
homem mais rico do Brasil. (BANDEIRA, 2007; SILVA, 2010, p. 139).
Seus descendentes foram importantes para o cenário político e econômico desde a
instalação lusitana em terras brasileiras até às guerras pela independência nacional. Os
préstimos de Garcia D‘Ávila Pereira, filho de Francisco Dias D‘Ávila 1º, foram fundamentais
para alcance da vitória portuguesa sobre os holandeses, emprestando a Casa da Torre, homens
e material bélico.
Francisco Dias D‘Ávila 2º, descendente de Garcia D‘Ávila Pereira, era o homem mais
rico do Brasil em sua época. Francisco Dias D‘Ávila gerou a Garcia D‘Ávila Pereira, o
segundo; este gerou ao terceiro Francisco Dias D‘Ávila, que por sua vez, gerou a Garcia
D‘Ávila Pereira de Aragão, que transferiu o morgadio (vinculação dos bens de uma família ao
primogênito e concessão de subsídios aos demais herdeiros, dependendo de Alvará Real e
outra série de restrições legais) aos Albuquerque e Pires (parentes de sua esposa) por não ter
tido filhos (BANDEIRA, 2007).
A família D‘Ávila representou grande poder militar (e político-social, uma vez que as
relações sociais da Bahia colonial se mostram num complexo para o qual tendem a clivagem
nobre∕plebeu e a importância de questões ligadas ao nível simbólico) no período colonial,
ajuda sem a qual o Nordeste do Brasil possivelmente teria sido vencido pelos franceses e/ou
holandeses (SILVA, 2010, p. 23).
De 1798 em diante, a família esteve envolvida nas lutas pela Independência do Brasil.
Com os recursos minimizados após os embates e a extinção dos morgadios no Brasil a partir
de 1835, a Casa da Torre foi progressivamente abandonada, transformando-se em ruínas.
Tombada como patrimônio cultural da humanidade – sob projetos de exploração
arqueológica, manutenção e revitalização – a Casa da Torre hoje é mais um ponto de atração
turística para a Praia do Forte, na cidade de Mata de São João, Bahia.
A massa documental referente a esta relevante família, o Fundo Documental dos
D'Ávila, foi editada semidiplomaticamente seguindo o quadro de critérios e operadores para
139

as transcrições, já utilizado pelo Grupo de Pesquisa do Mosteiro de São Bento da Bahia,


respeitando, assim, a particularidade de cada camada textual lançada nos cinco processos.
Seguem, abaixo, os operadores utilizados:

OPERADORES PARA TRANSCRIÇÃO

(†) rasura ilegível


[†] escrito não identificado
(...) leitura impossível por dano do suporte
/ */ leitura conjecturada
<> Supressão
() rasura ou mancha
<†> supressão ilegível
[] Acréscimo

[] acréscimo na margem esquerda

[] acréscimo na margem direita

[] acréscimo na entrelinha inferior

[] acréscimo na entrelinha inferior, abaixo de outro acréscimo na


entrelinha inferior

[] acréscimo na entrelinha superior

[] acréscimo na entrelinha superior, acima de outro acréscimo na


entrelinha superior

[] acréscimo na margem superior

[] acréscimo na margem esquerda, abaixo do trecho substituído

[] acréscimo na margem esquerda, acima do trecho substituído

[ ] acréscimo suprimido

/\ substituição por sobreposição

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem esquerda

  [] substituição por supressão e acréscimo na entrelinha inferior

  [] substituição por supressão e acréscimo na entrelinha superior


140

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem direita

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem esquerda,


abaixo do trecho substituído

  [] substituição por supressão e acréscimo na margem esquerda,


acima do trecho substituído

Como critérios complementares, resultantes das particularidades do próprio material,


tem-se que:
a) para a questão do limite vocabular (separação ou união), manteve-se a grafia como
no original; o critério de leitura conjecturada foi desmembrado, resultando em dois: duas
barras oblíquas / /, delimitando os caracteres conjecturados por oxidação de letra; ou um
asterisco logo depois dos caracteres conjecturados, delimitando-os com duas barras oblíquas
/caracter(es)*/ para as demais conjecturas;
b) não foi considerada ligadura quando o scriptor se vale do traçado de algum
diacrítico ou parte de caractere para formar a palavra seguinte;
c) o nome Jesus, quando grafado solenemente (ou seja, com maiúsculas mais ornadas)
no original, foi transcrito como Јεѕνѕ, forma semelhante a como se apresenta no manuscrito.
Os textos foram transcritos em tabela, linha a linha, e contam com a identificação
(código de localização e título do documento) em rodapé em todas as páginas, com o intuito
de auxiliar o leitor em sua pesquisa. A tabela é composta por colunas: indicação do número do
fólio, indicação das linhas (de cinco em cinco), anotação marginal posterior à esquerda,
anotação marginal à esquerda, corpo do texto, anotação marginal à direita e anotação marginal
posterior à direita, respectivamente. Vejam-se, a seguir, as transcrições.
141

LII_doc01:Codicilo de Garcia D'Ávila


70v 18.V.1609
Em nome de Deos. Amen. Saibam quantos esta Cedula detestamento, eultima vontade virem, que 32

Itapoan
no Anno do Nascimento deNosso Senhor JESVS christo de mil eseis centos e nove annos, aos dezoito dias do mez deMayo
Testam(en)to
do dito anno, nesta Cidade do Salvador Bahia de todos os Santos, eCazas da Os pedaria do Hospital da SantaMizericor-
de Garcia
dia della, estando eu Garcia deAvella morador na minha torre de tatupara, mal disposto, mais em todo omeu cizo, een-
d'Avila 5
tendimento perfeito, que o Senhor Deos me dêo, etemendo a hora da morte, para que todos fomos criados, ordenei esta Cedula
detestamento na maneira seguinte = Primeiramente em com mendo minha alma aoSenhor Deos, que a criou, epesso a
Virgem NossaSenhora, e a todos os Santos, sejaõ meos advogados anteSua Divina Magestade = Mando, quesendo
Nosso Senhor servido de melevar davida prezente, meu corpo seja enterrado na minhasepultura, que tenho naSeê
destaCidade, ao pé do Altar dos fieis de Deos, e acompanharâ meu corpo o Cabido, eaIrmandadedaSantaMizericor-
10
dia, de que sou Irmaõ, de que se dará deesmolla o costumado, e me diraõ tres Officios de noveliçoens naSeê, hum do Corpo
prezente, e outro a hum mez, outro ao anno, oprimeiro sepoder ser, digo ao anno, ou primeiro sepoder sêr, e diraõ deesmola
o custumado, offertados com aofferta, que a meus testamenteiros bem parecer, me acompanharaõ a Confraria deNossaSen-
hora daAjuda, e as mais Confrarias daSeê destaCidade, elhe daraõ deesmola o costumado, até me acompanharaõ outro sim
os Padres do Mosteiro do Carmo; eos daCidade, elhe daraõ deesmolla por isso quatro mil reis, e meu corpo de claro, que hirá amor-
15
talhado no habito deSaõ Francisco, pelo qual habito, e deesmola, selhe daraõ cincoenta cruzados = De claro, que eu tenho
deprazo em fatiota do Conde daCastanheira, seis legoas deterra, que comessaõ de Jacoipe para oSul naforma do aforamento,
a metade das quaes couberaõ aCaza da Santa Mizericordia destyaCidade, como herdeira dosbens de minha mulher Mexi-
a Rodrigues, de quem eu as houve, e nas ditas terras fiz muitas bem feitorias, como saõ aIgreja deNossa Senhora da-
Conceiçaõ, e as Cazas daTorre, pegada à ella, eoutras muitas terreiras, olarias, sercados, de Ortas, e outras Igrejas pelas Fa-
20
Zendas, e Curraes que fiz nas mesmas terras, eoutras muitas bem feitorias, eo dito prazo, deixo aFrancisco Dias Davila,
meu Néto, do qual pagará oforo ao Senhorio, epor rezaõ das bem feitorias, epor quanto outro sim, o nomeio no dito prazo,
será obrigado ater naFasenda da dita torre hum Cappelaõ, que diga Missa na dita Cappella todos os Domingos, e dias
Santos, e alem disso dirá o dito Caappelaõ huma Missa aSegundafeira de cadaSemana aos Fieis de Deos, eoutra aoSabbado
aNossaSenhora por minha alma, ede minhas obrigaçoens, e cahindo algum diaSanto em Segundafeira, ou Sabbado, ficára
25
comprindo com a dita obrigaçaõ = Edeclaro, quesendo cazo, que pelo tempo em diante, se ordene, que sejaFreguesia a dita I-
greja, em tal cazo, naõ será obrigado a dizer mais, que as ditas duas Missas daSegundafeira, eSabbado de cadaSemana, e as co-
ortas feiras huma Missa aSaõ Bento, ecom esta declaraçaõ, seentenderá adiposiçaõ acima; eordeno, que para conservaçaõ
da dita Igreja, eFazenda, epara difensaõ do porto della, estejaõ todos os Indios forros naditaFazenda unidos, como hoje estaõ, e-
pesso ao Senhor Governador, e mais Justiças, hajaõ por bem está minha declaraçaõ, por assim ser bem Com mum, eserviço de-
30
SuaMagestade, para as ocazioens de i(n)nimigos, que muitas vezes costumaõ vir ali, para o que convem, à assistencia
dos ditos Indios, os quaes estaraõ de baixo dopossuidor deste prazo, ao qual emcomendo o bom tratamento, econservaçaõ
dos ditos Indios, pois saõLivres, epor meceestarem muito à ad querir, o Cappellaõ que ali estiver nadita Igreja; terá
33
cuidado deos doutrinar, eSacramentar, como eu sempre mandei fazer == Declaro, e mando, que opossuidor do prazo acima
142
143
71r acima dito, esuas bem feitorias, hirá dando em cadahum anno cincoenta mil reis, os quaes sedepozitaraõ, eentregaraõ na
Caza daSanta Mizericordia desta Cidade athé aquantia de cento, ecincoenta mil reis, para dote, e Cazamento dafilha
mais velha de Joaõ Homem, que Deos tem; o qual dote, a dita Caza entregará ao marido que com ella cazar, caza-
da aditafilha mais velha, hirá dando pela mesma ordem outra tanta quantia, que se depozitará na mesma forma
5 para cazamento daoutra Orfaã, segundafilha do dito Joaõ Homem, esendo cazo, que ambas, ou qualquér dellas mor-
ra antes deCazar, ficará o ditolegado outra vez ao dito possuidor, que o poderá tornar acobrar sendo depozitado, ao qu-
al mando, eemco(m)mendo, que depois deCazarem, querendo ellas com os ditos seos maridos, acomodar-se nas terras do dito
prazo, as aco(m)mode como melhor lheparecer, desorte que co(m)modamente possaõ nella viver em suas vidas com Rossas,
eCriaçoens; eem quanto naõ se cazarem, o dito possuidor as recolherá em Tatúap/a*/rá, elá as alimentará, por que lá
10 opoderá fazer mais commodamente, e estando ellas em outra parte, ficará o dito possuidor des obrigado dos ditos
alimentos, e querendo Domingos Fernandes Quaresma t/ê*/llas em seu poder onde quer que viver, por ser cazado, as terá
até que cazem, eem co(m)mendo muito ao Provedor, eIrmaõs daMizericordia, appliquem abrevidade dos Cazamen-
tos desta Orfaãs, por que se naõ perca = E declaro, eordeno que o possuidor desteprazo, aco(m)modará nas terras delle
a Domingos Fernandes Quaresma seuCunhado, bem acomodado, digo, que deixo ao dito Domingos Fernandes Qua-
15 resma humalegoa deterra por costa de Mar, rumo direito, comessando dabarra deJacoipe para o Nórte com-
todo sertaõ, que cabe a ditalegoa conforme ào aforamento, eo dito Domingos Fernandes Quaresma, por quanto
appensaõ do prazo senaõ pode devidir, nem confundir, acodirá ao principal possuidor do prazo pro rata, com appen-
sas, como dos Cazamentos das Orfaãs, e naõ se amigando entre si o possuido quanto será bom, que dê pro rata, o arbi-
trará o Doutor Balthazar Ferráz, ou Antonio Guedes, por que assim o quero, eordeno = Deixo aSebastiaõ Vas-
20 ques; e a PedroLopes, moradores em Sergipe de ElRei, as terras, que mepertencem feito partilhas com aMize-
ricordia de quanto diz do Rio Jacoipe athé oRio Real, ficando aterra, que há do Rio Tazizi, athé o Tapecurú, que
deixo aos Frades deSaõ Bento, que posto que apediraõ de Sismaria, todavia hé minha com as demais de hu(m)a par-
te, e outra = Etocando mais alegoa deterra, que tenho aforada aAntonio Jacome ao longo do Anhumbupe,
o qual acodirá com o dito foro ao possuidor principal do prazo acima dito, ao qual possuidor do dito prazo, deixo a-
25 mais terra, que há donde se acaba aterra do prazo do Conde athé intestar com o Rio Jaguipe, por naõ ser justo,
que semeta ali ninguem de Rio a Rio = De claro, que deixo forro aFernando meu escravo deGuiné, que está
em Jacuipe, esua mulher Marqueza, esua filha Ignez, eDomingos negro Alfayate, marido dadita Ig-
nêz, eseu filhoManoel, eFaustina daterra, mulher de Vicente forro, eàJozé, eRomaõ seus filhos; ede =
claro, que Brizida mulata atenho por forra, equando haja duvida, por tal adeixo, ealiberto; e declaro,
30 que os ditos escravos, Fernando, esuafamilia, assistiraõ naFazenda em que estaõ do dia do meu falecimento a
hum anno par mais co(m)modamente, quem succeder na ditaFazenda, seprover deoutros, que nellaponha = Dei-
xo mais forros aFrancisco deGuiné, que está no Massá Suipe, no Curral deSaõ Thomé, easua mulher Izabel,
easeus filhos, os quaes naforma sobredita, assestiraõ no dito Curral de meu falecimento ahum anno = Decla-
ro, que Madaglena daterra, esua maen, epai, e irmaons, saõ todos livres doseu nascimento = Declaro, que os
35 Padres deSaõ Bento, vieraõ ater entrada com migo, epor suas inportunaçoens, lhes fiz algu(m)as do acçoens, e contrac
36 tos naNottadeAntonio Guedes Taballiaõ, que despois destratei com elles, eultimamente mefez oPadreFrei Do-
144
145
71v Domingos asinaraõ hu(m)a Escriptura naNotta deSebastiaõ daSilva notada pelo dito Padre, easuavontade
por meter fora de minha liberdade, esem medeixar aconcelhar no que convinha para discargo daminha consciencia,
Epor que sempre me disse, epersuadio, que adita Escriptura, naõ era mais, que em quanto eu naõ quizesse dispôr, etes-
tar outra couza, que conformasse com as primeiras, e assim, que meficava lincensa, eliberdade para dispôr dos ditos me-
5 us bens como era praticado entre mim, eos ditos Padres; e nessa confiança, mefizeraõ pelos meios, que elles quizeraõ assig-
nar as ditas Escripturas, o que bem sevê, por que todas as vezes que as quiz destratar, naõ duvidaraõ disso, e me outorga-
raõ, senaõ agora, que me dizem, que o haõ de impugnar, ecom estaforça conheci o engano, com que mas tinhaõ feito a-
sinar, eaviolencia, emáos modos, com que pertendiaõ tirár aliberdade deminha vontade, esatis fazer
as muitas obrigaçoens de consciencia deparentes pobres, enetos que tenho, eoserviços depessoas, que meserviraõ a-
10 que sedeve satisfaçaõ, pelo que vendo-me impedido dos ditos Padres, esercado delles, mevim fogindo de minha Caza
aesta daSantaMizericordia, aonde tratei por este modo, descarregar minha consciencia, epor quanto como di-
go, naõ só foi tençaõ minha, más taõbem tratado entre mim, eos ditos Padres, poder, dispôr dos ditos meus bens,
esatisfazer as ditas obrigaçoens; e assim se declarou na ditaEscriptura, que mefez assinar o dito Frei Domingos,
com quem tratei o sobre dito, em conformidade do que, edo mais direito que pertendo ter para isto, fiz esta minha ul-
15 tima vontade = Em verdade da qual de claro, primeiramente, que hei por revogado o dito Contracto feito na-
Notta do dito Sebastiaõ daSilva, uzando da clauzula delle depoder dispôr dos ditos meos bens, epelo mais sobre-
dito= Declaro que deixo aos ditos Padres deSaõ Bento a parte, que me cabe nas terras de Itapagipe,
e assim aparte que me cabe nas terras daFazenda deSaõ Francisco, esuas bem feitorias, tirando as terras , em que
está ManoelPereira, por que essas deixo ao dito ManoelPereira, como lhetenho dadas, por bons serviços, eboas
20 obras, que tenho delle recebido; e assim deixo mais aos ditos Padres deSaõ Bento as terras que comessaõ do Tariri
athé o Tapecurú já atráz de claradas, por que posto que os ditos Padres, apertendaõ, por dizer, que lhes pertencem por-
titulo deSismaria, eu entendo serem minhas, epor este respeito lhes deixo o direito, que nellas tenho = Eporquan-
to os ditos Padres deSaõ Bento, em satisfaçaõ das boas obras, que lhes tenho feitas, dizem, que eu lhes devo debi-
tos, emepertendem demandar, eque principalmente, que lhes devo por huma Escriptura hum Conto, e tantos
25 mil reis, declarando na dita Escriptura algumas couzas, de que procedia o dito debito, de claro por descargo demin-
ha consciencia, que o dito PadreFrei Domingos mefez asignar adita Escriptura como quiz, e assim declarou
nella, que eu devia sete centos mil reis daparte das terras, que secompraraõ aMizericordia; e assimduzentos
mil reis deserviço do dito PadreFrei Domingos, e o mais depreço deboys, eVacas, que diz medeo para mevaler dellas, e
com isto mefes asinar adita Escriptura, oque eu fiz por lhefazer avontade, epelo estado, em que metinhaõ posto,
30 por quanto averdadehé, que oPadreFrei Domingos está mais, que pago, ealem disso no que trata de boyz, e Vacas lhe-
naõ devo nada, por que deminhafazendasahiaõ, antes os ditos Padres meestaõ devendo muita quantidade de dinheiro, se
quizessem estar aContas, por quanto de pois, que comigo tiveraõ entrada, sendo os meus, digo sendo meos os uzos, efructos
no tempo que duraraõ os Contractos, e hé o menos naõ mos poder<aõ>/do\ tirar nenhu(m)a Via, com tudo afirmo, que os di-
tos Padres gozavaõ, edestribuiaõ todos; eassim o dito PadreFrei Domingos levou muito dadita fazenda,
35 eoutros Padres, epor este respeito, quando lhe devece algu(m)a couza, estaõ bem pagos, esem embargo disso lhes-
deixo olegado detodas as ditas terras, com tal condiçaõ, que compenssem com ellas, eseu valor o que assim perten-
37 dem demim, equese hajaõ por contentes, esatis feitos, e naõ pessaõ mais couza alguma a meos herdeiros, porque per-
146
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72r pertendendo alguma couza de minha fazenda, ou depessoa alguma, que nella suceda, lhes naõ deixo nada, ecada hum
seguirá sua justiça, eos ditos bens, que lhes deixava acima, eo mais com que forem alcançados, virá a meos herdeiros
a baixo declarados= Deixo a Caza da Santa Mizericordia, eHospital della aparte que mepertence, etenho nas-
Cazas, que estaõ defronte das Cazas de DiogoLopes Vlhoa: tambem deixo as terras que mepertencem nos Reis Magos
5 aos Padres daCompanhia, por que aoutraparte hé daMizericordia = Deixo aos Lecenciados Francisco Lopes Bran-
daõ, e Gonçalo Homem dalmeida cincoenta cruzados acada hum, e aFrancisco Lopes deLima dés mil reis pelo trabalho,
que tiveraõ com minha infermidade = Deixo por meos herdeiros, e testamenteiros ao dito Francisco Dias Davilla
meo netto, e a Domingos Fernandes Quaresma seu Cunhado, detodos os Remanicentes demeus bens, eas ditas filhas
deJoaõ Homem, daraõ acadahuma mais seis Vacas, alem do que atrás lhes deixo = Declaro, que os herdeiros de-
10 Garcia Davilla meo netto, que morreo no Rio de Janeiro, se vierem aesta terra, que meos herdeiros os agazalhem,
pois saõ seos parentes = Deixo os serviços que tenhofeitos a Sua Magestade, eos papeis delles aos ditos meos
herdeiros = De claro, que o Inventario, que sefez entre mim, eaMizericordia, sefes por Ordem do Padre Frey
Domingos, o que se achar selhe devia, paguese-lhe; e a signei asua instancia, havendo algum erro, secomponha por-
que minha tençaõ naõ hé levar-lhe nada = Aos herdeiros deBartholomeu Dias naõ devo nada deseu serviço, e
15 se alguns papeis passei a os Padres Bentos foi por sua importunaçaõ, e por me dizerem, que Relevava assim pa-
ra se armarem contra os herdeiros, como semprefizeraõ nas mais couzas, epor aqui hei este meu testamento, eultima
Vontade por acabado, equero que valha, e tenha força, evigor pelo melhor modo, via, e maneira, que emdireito possa ser,
e quando naõ se possa valer como testamento, valha como Codicillo, ou qual quer outra ultima Vontade, e hei por revogados, e re-
vogo qual quér testamento, Codicillo, ou qual quer outra dispoziçaõ, e quero, eordeno, que naõ tenha força, nem vigor
20 Seja necessario fazer-se expresa, e especial, e de clarada mensaõ do tal testamento, ou Codicillo, ou qual quér outra dispoziçaõ que
assim revogo, eposto que tenham clauzula, ou clauzulas derrogatorias, sem que sedeclarem, que sempre para sepoderem Re-
vogar seja necessario fazer-se expecial mençaõ datal clausula, ou clausulas derrogatorias, eque nellas secontenham algumas
palavras, verso, ou oraçaõ, ou psalmo, ou qual quér outracouza, que seja necessario repetir, eque sem isso naõ sejajusto revogalo,
por que tudo hei por revogado, como sefizera expecial mensaõ das ditas palavras, e clauzula, porquanto por ditos Padres as-
25 porem, e dellas uzarem nas ditas dispoziçoens, que assim se acharem, menaõ posso lembrar daforma dellas, nem que pala-
vras sejaõ, pelo que as Revogo, e hei por revogadas como dito tenho, eas hei por declaradas como sedellas, edecadahuma del-
las fizesse mensaõ, por que só este quero se guarde, e cumpra naforma sobredita, e naõ faça duvida os riscados, que de-
ziaõ dos ditos Padres, eaonde diz, a qual quantia naõ tem pago os ditos Padres aMizericordia, eaella selhedeve
pagar deminha fazenda o que mandei fazer por verdade roguei aFrancisco de Oliveira, este escrevesse,epor mim asignase,
30 por naõ poder asignar, eeu Francisco de Oliveira ofiz, eescrevi a rogo do dito Testador, elholi, epor dizer estar asua
Vontade, e mandar que secomprisse, o asignei no dito dia, mez, e anno, estando prezentes por testemunhas o Dezembargador
Balthazar Ferráz, o Lecenciado Gonçalo Homem Dalmeida, eo Tab/e/lliaõ Antonio Guedes, dito o escrevy, e declarou o
Testador, que deixava deesmola a Redempçaõ dos Captivos Vinte cruzados, edeixa mais, que sedeem aManoel
Alvares Çapateiro Coatro Vacas somente, ecom isto aseu Rogo asignei dia, mez, eanno sobredito = Francis-
35 co de Oliveira deAmaral = Balthazar Ferráz = Gonçalo Homem deAlmeida = Antonio Guedes. ===
Approv(aç)am Saibam quantos esteInstrumento de approvaçaõ deTestamento virem, que no Anno do Nascimento deNosso
Senhor Јεѕνѕ Christo demil eseis centos, e nove annos: aos dezoito dias do mez deMaio do dito anno, nesta Cidade 18.V.1609
38 do Salvador daBahia detodos os Santos, terras do Brazil, na Caza da Ospedaria daSantaMizericordia dadita
148
149
72v da dita Cidade, estando ahi Garcia Davilla lansado em Cama doente da doença, que Deos lhe deu, mas em todo seu per-
feito cizo, e entendimento, segundo parecia, por elle dasua maõ a maõ demim Taballiaõ parante as testemunhas adian-
te escritas, foi dado opapel atras escripto em tres folhas depapel inteiras, que saõ seis mêas folhas, em cujas cabeças me-
assinei demeu sinal, enome; que diz Joaõ deFreitas, que se acabaraõ deescrever onde comesa este Instrumento, dizendo
5 o dito Garcia deAvilla, que o conteudo, eescrito nas ditas tres folhas depapel, hera seo solemne testamento, ultima, ederra-
deira vontade, eelle o mandara escrever por Francisco de Oliveira, morador nestaCidade, que lholêra, eoutras pessoas,
epor estar asua vontade, mandara que secomprisse naforma delle, ou em qual quér outraforma, que o direito lhe desse
lugar, com os riscados já rezervados, requerendo amim Taballiaõ, que lho approvasse, dizendo mais, que deixava ao dito
Francisco de Oliveira dez mil reis, epor o dito testamento estar saõ, esem vicio, salvo os já rezalvados nelle, eu Tabali-
10 aõ lho approvo, ehei por approvado quanto em direito devo, eposso, epor o dito Garcia deAvilla dizer naõ podia asinar, ro-
gou ao Dezembargador Balthazar Ferrás, que por elle asinase, o qual aseu rogo asinou, sendo testemunhas ole-
cenciado Gonçalo HomemDalmeida, eoLecenciado Francisco Lopes Brandaõ, eFrancisco Alvares, Cunhado doLecenciado
Gonçalo Homem Dalmeida, eBelchior Henriques Hospitaleiro, ePedroBarboza, que pouza com-o dito Balthe-
zar Ferráz, e Duarte Alvares Ribeiro, eAntonio Guedes Tabaliaõ nesta Cidade. Eeu Joaõ deFreitas Taballi-
15 aõ dopublico Judicial, eNottas nesta Cidade, por EL Rei Nosso Senhor, que este instrumento deapprovaçaõ detesta-
mentofis arogo do Testador Garcia Davilla, eassinei demeu publico sinal, que tal hê = Sinalpublico = Asino
a Rogo do Testador Balthazar Ferrás = Olecenciado Francisco Lopes Brandaõ = Gonçalo Homem Dalmeida =
Belchior Henriques = Pedro Barboza = Francisco Alvares = Duarte Alvares Ribeiro = Francisco de-
Oliveira do Amaral = Antonio Guedes ==== Cumpra-se estetestamento como nelle secontem, eo hei
22.V.1609 20 por publicado avinte, edois de Maio deseis centos, enove. Bahia em Audiencia == Sequeira == Foi publica-
da à abertura do testamento, e desembargo acima do Dezembargador Ambrozio deSequeira, Ouvidor Geral por-
elle em Audiencia publica, que às partes fazia no Paço do Concelho destaCidade, em os vinte,edous dias do mez de-
22.V. 1609 Maio deseis centos, enove annos, e mandou que secomprise assim, e damaneira, que nelle secontem == A-
maro Serqueira, Escrivaõ daAlssada o escreví = E naõ secontinha mais em o dito titulo
25 Supra, e Retro, o qual eu Joaquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ do Pu-
blico Judicial, eNottas nestacidade do Saluador Bahia de todos os Santos
eseo termo porSua Alteza Real que Deos Goarde em Cumprimento do-
despacho profereido pelo Doutor Juiz de Fora actual Domingos Joze Car-
dozo no Requerimento que fôy asegunda folha deste Liuro, aqui bem e fi-
30 elmente sem couza que duuida faça fis copear do proprio que me foi
aprezentado pelo Reuerendo Procurador Geral do Mosteiro deSam
Bento desta mesma cidade Frei Manoel do Sacramento, pelo achar
uerdadeiro, e autorizado judicialmente como sedeixauer no proprio
traslado, eo tornei entregar depois delansado ao dito Reuerendo Procu-
35 rador geral que decomo Recebeo aqui asinou, estemesmo traslado jun-
tamente como Tabeliaõ Companheiro Antonio Barboza deOliueira
Conferi Como Original, Concertei, sobscreui, easinei na Bahia aos treze
13 III 1805 38 dias do mês de Março demil eoito centos esinco annos. eEuJoaquim
150
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73r Joaquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ que o sobscreui, easiney
C(omferido)por mimT(abelia)m C(onferi)do p(o)r mim T(abeli)am
3 Antonio Barb(oz)a deOliveira Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
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LII_doc02: Escritura de composição feita ao Padre Provincial sobre as terras de Saõ Francisco da Itapoã
74v 34
Itapoan Escritura de concerto, etransaçaõ, e amigavel compoziçaõ feita ao Padre Provincial, ema-
Comp(oziça)n is Religiozos do Mosteiro deSaõ Bento, eoProvedor, eIrmaõs daCaza daSantaMizericordia,
entre o Con- sobre as terras deSaõ Francisco daItapoãn ===== Saibam quantos esteInstrumento
de transaçaõ, e amigavel compoziçaõ, eobrigaçaõ virem, que no Anno do Nascimento deNosso Senhor Јεѕνѕ
vento e 15 Christo de mil, eseis centos, e catorze annos, aos treze dias do mez deMarço do dito anno, nestaCidade
a Miseri- do Salvador Bahia de todos os Santos, dentro no Mosteiro do Gloriozo Patriarcha Saõ Bento, na-
cordia Caza do Capitulo delle, estando ahi deprezente aeste Outorgantes dehumaparte os Reverendos Pa-
sobre dres Frei Roberto de Јεѕνѕ, Provincial da dita Ordem, eFrei Diogo daSilva, Abbade do dito
Itapoan Mosteiro; eos mais Religiozos delle abaixo assinados, e da outraparte Henrique Moniz Telles,
e Monte 20 Provedor daCaza daSanta Mizericordia desta dita Cidade, eseo Hospital, e os mais Irmaons
Serrate da Meza della abaixo assinados, logo por elles todos juntos, ecadahum delles per si só insolidum, foi dito pa-
rante mim Taballiaõ, etestemunhas ao diante nomeadas, queentre o dito Mosteiro, ea ditaCaza daSanta
13 de Março Mizericordia, havia huma demanda, que deprezente pende naRellaçaõ, sobre apaga, que o dito Mosteiro
1614 pertendia haver das Cappelanias, e mais serviços, que oPadre Frei Domingos, eoutros Religiozos fizeraõ a
25 Mecia Rodrigues, eáseu marido Garcia Davilla, no tempo, em que assestiraõ por Cappellaens naIgreja
de Tatû apará, em a qual estava dada Sentença naprimeira Instancia em favor do dito Mosteiro; epor que ofim
della era incerto, e querem escuzar demandas, eo incertofim dellas, disseraõ, que estavaõ havindos, ecompostos por esta
transaçaõ, e amigavel compoziçaõ na maneira seguinte. Que elles Religiozos, em seo nome, edo dito seo Mosteiro,
dezistem, como defeitologo dezistiraõ detodo direito, acçaõ, epertençaõ, que tem, epossaõ ter na dita cauza, edo que por-
30 elle podiaõ pertender dadita Caza da Santa Mizericordia, com de claraçaõ, eobrigaçaõ, que aditaSanta Caza da-
SantaMizericordia, ficará obrigada, como defeito logo seobrigaraõ, o dito Provedor, e mais Irmaos em nome
della adar, epagar ao dito Mosteiro, oitenta mil reis em dinheiro de contado, por rezaõ do sobre dito, eoutro sim dezis-
tem de todo, equal quér direito, que aditaSanta Caza daMizericordia podia ter contra o dito Convento na mês-
maCaoza, eassim mais foi por elles ditos partes, que as terras deItapagipe, eas deSaõ Francisco, que ficaraõ do dito
35 Garcia Davilla, e deMecia Rodrigues sua mulher, ficaraõ por suas mortes, pertencendo misticamente ao ditto
Mosteiro, e a Caza daSanta Mizericordia, e por que na devizaõ dellas havia em commodidades, secom-
puzeraõ outro sim, em que as terras deItapagipe assim, edamaneira, que ficaraõ dos ditos defuntos, ficassem
38 insolidum a Caza daSanta Mizericordia; eas deSaõ Francisco, ficassem outro sim insolitum assim, edama-
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75r eda maneira, que pertenciaõ ao dito Garcia Davilla, esua mulher ao dito Mosteiro, eReligiozos deSaõ Bento
desta ditaCidade, ficando a ditaCaza daMizericordia obrigada, como defeito seobrigaraõ o dito Provedor, eIrmãos
della a dar, epagar ao dito Mosteiro cem mil reis por razaõ da mais valia, em que as terras deItapagipe foraõ ava-
liadas por louvados, que amigavelmente para isso tomaraõ, os quaes ditos cem mil reis, com-os oitenta declarados a-
5 traz, fazem so(m)ma deCento, eoitenta mil reis, que aditaCaza daSantaMizericordia fica devendo ao dito Mosteiro,
por razaõ desta transaçaõ, ecompoziçaõ: os quáes ditos Cento, eoitenta mil reis, disseraõ o dito Provedor, emais Irmaõs, que
elles se obrigavaõ, e defeito obrigaraõ de os dar, epagar ao dito Mosteiro, eProcurador delle em dous annos
primeiros seguintes, que comessaràõ de hoje feitura desteInstrumento em diante, a metade que saõ noventa mil re-
is nesteprimeiro anno, e os outros noventa no segundo, eàos tempos dos pagamentos, lhe naõ poraõ duvida, nem em bar-
10 Monte-
go algum; epor assim estarem compostos, disseraõ os ditos Religiozos, que dezestiaõ, como defeito logo des estiraõ detodo
serrate
o direito, acçaõ, epertençaõ, dominio, posse, epropriedade, que tinhaõ, epossaõ ter na a metade das ditas terras deItapa-
gipe, etudo cediaõ, etraspassavaõ na ditaCaza daSantaMizericordia, epela mesma maneira, o dito Provedor,
e mais Irmaons, disseraõ, que desestiaõ, como defeito des estiraõ de todo o direito, acçaõ, epertençaõ, Senhorio, dominio pos-
se, epropriedade, que tem, epodiaõ ter, na a metade das ditas terras deSaõ Francisco, e tudo cediaõ, etrespassavaõ no-
15 dito Mosteiro, e de clararaõ elles partes, que a Hermida deNossaSenhora deMonsserrate, que está na ponta de
Itapagipe, fica como d'antes era ao dito Mosteiro deSaõ Bento, com vinte braças deterra daIgreja para o
20 br(aça)s
Forte, com alargura, que tiver aditaponta paralogradouro dadita Hermida, por quanto na dita Hermida com-
da Igreja
as ditas Vinte braças craveiras, elargura da ditaponta, a dita Caza daSanta Mizericordia, naõ pertenderá ter di-
p(ar)a o forte
reito em nenhum tempo, epor quanto thê hora, naõ sefizeraõ contas das rendas das ditas terras, assim deItapagipe, co
20 mo deSaõ Francisco, de que secobrou departe aparte, em quantoforaõ com muns, sefaràõ contas, eseinteiraraõ, e
igualaraõ cada hum dasua a metade das ditas rendas diversas, edeste anno prezente, que seacaba porfim deste mezde
Março nas deItapagipe, e nas deSaõ Francisco, athé hoje feiturura28 deste, por que dahi por diante, fica pertencendo,
a quem ficaõ as ditas terras pertendo porbem deste Instrumento, epara todos assim cumprirem cada hum naparte
que lhe toca, disseraõ que obrigavaõ, como defeito obrigaraõ os bens do dito Mosteiro, eos bens da dita Caza da Santa
25 Mizericordia, eHospital della, eseobrigaraõ huns, e outros anaõ vir contra estaEscriptura, eeffeito della
emparte, nem em todo, nem contra os ditos pagamentos, efazendo o contrario, querem, esaõ contentes, de que naõ sejam ou-
vidos em Juizo, nem foradelle, sem primeiro depozitarem namaõ daparte obediente dois mil cruzados, eem quanto
naõ fizerem o dito depozito, lheserá denegado toda acçaõ, e remedio de direito que em seu favor seja, que denada se que-
rem valer, nem ajudar, se naõ com effeito cumprir este Instrumento, o qual depozito, poderá receber aparte ob<i>/e\diente sem
30 fiança, nem obrigaçaõ algu(m)a, que para tudo á abonaõ da gora entaõ, epelo contrario, a qual cluzula depo
zitaria, terá outro sim lugar nasegundaInstancia, e na execuçaõ, epara todo cumprir, sedes aforaõ deJuiz de-
seu foro, e detodas, e quáes quer Leys, eLiberdades, que em seu favor sejaõ, eseobrigam a responder pelo comprimento
desta Escriptura parnte o Ouvidor geral, ou Juizes ordinarios, donde, eparante quem este Instrumento for
aprezentado, que todo huns, eoutros a ceitaraõ; eemfé, etestemunho deverdade assim o outorgaraõ, epor se-
35 rem contentes, mandaràõ ser feito esteInstrumento nestaNotta, que todos assinaraõ, e della dar, epassar os tres-
lados que fossem pedidos; que eu Taballiaõ como pessoa publica, estipulante, eaceitante, estipulei, e aceitei em no-
me dos aubzentes, evindouros, a quem ofavor della de direito tocar possa, sendo testemunhas os Lecenciados
Francisco Lopes Brandaõ, e JorgeLopes daCosta, eFrancisco Alvares, criado doLecenciado Diogo Pereira

28
Desta exata forma se registra no manuscrito.
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74r Pereira, e Eu Taballiaõ conheço as partes serem os proprios conteudos neste Instrumento, os que prezentes estavaõ,
etodos asinaraõ, Joaõ deFreitas Taballiaõ o escreví ==== OProvedor Henrique Moniz Telles == Manoel daSáa
daCunha == Joaõ Garcêz == Diogo Ferreira == Francisco Pereira == Joaõ deAndrade == deSebastiaõ de
Mattos humaCrúz == Francisco Lopes Barndaõ == Jorge Lopes daCosta == Francisco Alvares = Frei
5 Roberto de Јεѕνѕ Dom AbbadeProvincial = Frei Diogo daSilva Dom Abbade = Frei
Guilherme daPurificaçaõ = Frei Placido das Chagas = Frei Roque Lôy = Frei Christovaõ daTrinda-
de = Frei Pedro das Chagas = Frei Antonio de Јεѕνѕ = Frei Placido de Јεѕνѕ = Frei Balthazar
dos Reis = Frei Luiz deSaõ Bento = O qual Instrumento detransaçaõ. Eu Paschoal Teixeira Pin-
to, quesirvo deTabelliaõ publico do Judicial, eNottas, nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, eseus
10 Termos proProvimento deSuaMagestade ofiz tresladar de hum livro deNottas, emque atomou Joaõ
deFreitas Prorietario quefoi deste Officio, ao quallivro me reporto, que está em meu poder, consertei, subscrevi,
Easinei de meu publico sinal seguinte, hoje na Bahia quatro dias do mez deJunho demil eseis centos, e sincoenta,
eoito annos = Estava osinal publico = Emfê deverdade PaschoalTeixeiraPinto = E naõ secontinha
4. VI. 1658 mais em o dito titulo Supra e Retro, o qual eu Joaquim Tauares deMacedo
15 Silua Tabeliaõ do Publico Judicial eNottas nestaCidade do Saluador Ba-
hia de todos os Santos eseo termo por Sua Alteza Real que Deos Goarde
em cumprimento do despacho proferido pelo Doutor Juiz deFora ac-
tual Domingos Jozé Cardozo no Requerimento que fôy asegunda folha
deste Liuro, aqui bem, e fielmente sem couza que duuida faça fis copear
20 do proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo Procurador geral
do Mosteiro deSam Bento desta mesma Cidade Frei Manoel do Sa-
cramento pelo achar uerdadeiro, e authorizado judicialmente como
se deixa uer no proprio traslado, eo tornei entregar depois delansado
eo dito Reuerendo Procurador Geral, que de como Recebeo aqui asinou
25 eeste mesmo traslado juntamente como Tabeliaõ Companheiro An-
tonio Barboza de Oliueira conferi como Original, concertei, sobs-
creui, easinei na Bahia aos treze dias do mês de Março demil eoito
centos esinco annos. eEu Joaquim Tauares deMacedo Silua Ta-
13.III.1805 beliaõ que o escreui, e asiney
30

C(omferido)por mimT(abelia)m
C(onferi)do p(o)r mim T(abeli)am
AntonioBarb(oz)a deOliveira
34 Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
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LII_doc03: Treslado de Escritura de composiçaõ entre o Frei Diogo Rangel e o Padre Manoel Vás, Manoel Homem de Almeida e outros
75v Itapoan 35 Diz o Muito Reverendo Padre Dom Abbade do Mosteiro deSaõ Bento destaCidade, que para bem 35

27 Abril deSuajustiça lhe hé necessario huma Escriptura decompoziçaõ, contrahida com oPadre Frei Diogo Rangel Sen-
1663 do Rezidente do dito Mosteiro, eoPadreManoelVás, Sacerdote do habito deSaõ Pedro, eManoel Homem
sobre a [†] deAlmeida, eGaspar Rodrigues Seichas, eoutros, a qual foi feita em vinte sete deAbril de mil, eseis centos, esecen-
[†] ta etres annos no cartorio de que eraproprietario Antonio deBrittoCorrea, sendoTaballiaõ Francisco do Coutto
[†] 40 Barreto; cujo Officio serve deprezente Sebastiaõ Carneiro, pelo que Pede a Vossa Mercê, lhe faça merce man-
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76r mandar que o dito Tabaliaõ Sebastiaõ Carneiro lhe dê o treslado da dita Escriptura em modo, que faça fé. E receberá
Desp(ach)o Mercê. = Despacho = Como pede. Roballo ==== Sebastiaõ Carneiro daCosta Tabaliaõ
publico do Judicial, eNottas nestaCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, eSeutermo etc. Certefico, que
em meu poder, eCartorio está hum Livro deNottas, que comessou aservir com-oTabaliaõ Francisco do Coutto Bar-
5 retto, ecomesou o ditolivro aservir em trez de Dezembro de mil eseis centos, esecenta, edous, eacabou emseis de-
Setembro de mil eseis centos, esecenta, etres annos, enelle afolhas cento, evinte tres, está a Escriptura de que
Escriptura. a petiçaõ trata: cujo theor deverbo adverbum, hé o seguinte etc Saibam quantos estepublico instrumento de-
27 - Abril
Conserto, etransaçaõ, e amigavel com pozição, ou qual em direito melhor nome, elugar hajavirem, que no Anno
do Nascimento deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil, eseis centos, esecenta, etres annos, aos vinte, ese- 1663
Composiçaõ
10 te dias do mez deAbril do dito anno, nesta Cidade doSalvador Bahia detodos os Santos, dentro no Mosteiro
sobre a me-
doPatriarcha Saõ Bento, estando ahi prezentes partes, a saber de huma oReverendoPadre Frei Diogo Ran-
diçaõ das
gel, ora <p>/P\rezidente no dito Mosteiro, eo ReverendoPadre Frei Hieronimo de Christo Priôr, eoReverendo Padre
2 legoas p(ar)a
Frei Antonio daTrindade Procurador, eos mais Religiozos Conventuaes do dito Mosteiro ao diante assinados todos
o sertaõ
juntos em Capitulo, sendo chamados àelle ào som de Campa tangida, segundo seu bom, elouvavel costume, em no-
15 me do dito seu Convento, e mais Religiozos delle; prezentes, efuturos, eda outraparte estavaõ prezentes o Reverendo Pa-
dreManoel Vas, eAmaro Homem deAlmeida, e Gaspar Rodrigues Seixas, DuartedeVasconcellos, e
Joaõ deMiranda, em seu nome, edesuas Primas Leonor deCazares, Guiomar deSouza, eVictoria daSilva,
como seu procuradorbastante, que mostrou ser, eo ReverendoPadre Frei Antonio daPiedade, Procurador do
Mosteiro deNossaSenhora do Monte do Carmo destaCidade, em nome do dito seu Mosteiro, eo Capitaõ Va-
20 lentim Duraõ de Carvalho, em nome, e como Procurador bastante, que mostrou ser deseu Sogro Joaõ Cazado, todas pes-
soas, que reconheço pelas proprias nomeadas,elogo por elles partes todas juntas nos nomes, que reprezentaõ, foi dito
em minha prezença, e das testemunhas ao diante nomeadas, que entre os mais bens de Raiz, que pertenciaõ ao dito Mostei-
ro deSaõ Bento, assi era huma legoa deterra por costa de mar na Itapoan, que comessa da banda do Sul, donde
1 legoa de
25
acaba o Conde da Castanheira, e vai contestar com terras dePaulo Antunes Freire, e duas legoas para o Sertaõ, como
terra p(o)r costa
Consta da Sismaria, que foi concedida a Garcia deAvilla, de quem o dito Mosteiro a houve por via delegado, eso-
do mar, co-
bre adita data deterra, tráz o dito Mosteiro à muitos annos de manda com Anna Ferrás Vezinha que hé das mais
meçando do
partes nomeadas, eultimamente alcansou o dito Mosteiro Sentença contra ella, para que semedissem inteiramente
lado do Sul
as duas legoas para oSertaõ, que foi dada na Rellaçaõ deste Estado, e por elle dito Padre Manoel Vaz, Ama-
onde acaba
30
ro Homem, Gaspar Rodrigues Seixas; e os mais nomeados, eoutros vezinhos, e Éreos entenderem, que adita medi-
a legoa do
çaõ lhe era muito prejudicial nas terras que estavaõ possuindo persi, e seus antecessores de muitos annos aesta par-
Conde de Cas-
te por diversos titulos nos Campos, e terras dePirajá, em corporados aggravaraõ da ditaSentença daRellaçaõ deste
tanheira
Estado para aCazadaSupplicaçaõ, sobre o qual aggravo estava pendendoletigio entreelles partes, epor que os-
e vai contes-
fins das de mandas, eraõ incertos, eduvidozos, eos gastos excessivos, eordinariamente traziaõ odios, eescadalos, o
tar com
que tudo queriaõ evitar, econservar-se em boa paz, e amizade, pelo que sevieraõ aconcertar amigavelmente,
terras de
35 por via desta transaçaõ naforma seguinte, asaber, que elles ditos PadreManoelVaz, Amaro Homem
Paulo An-
Dalmeida, Gaspar Rodrigues Seixas, Duarte deVasconcellos, Joaõ deMiranda, Valentim Duraõ deCarva-
tunes Freire
lho, nos nomes que reprezentaõ, e ainda em nome dos mais Ereos, vizinhos dos ditos Campo, eterras dePirajá,
Pirajá
38 eo dito Padre Frei Antonio daPiedade, em nome doSeuConvemto, pelo que lhepodevir a tocar, etodos os-
162
163
76v os que derem sua Otorga aesta Escriptura dezistem, como defeito dezistiraõ do dito aggravo, quetem intreposto, e
querem, esaõ contentes, que o dito Reverendo Padre Prezidente, eos mais Padres, tirem com effeito Sua Sentença
doprocesso, e adeem asua devida execuçaõ, fazendo se a mediçaõ das ditas duas legoas deterra para oSertaõ,
Paulo An- principiando se no marco dePaulo Antunes Freire, conforme seprincipiou no anno demil seis centos, evinte dous,
tunes Freire 5 e medidas, que sejaõ as ditas duas legoas deterra, ficaraõ elles partes sendo Verdadeiros Senhores, epossuidores da-
primeira legoa, e assim mais detoda aterra, que se achar possuirem adita AnnaFerráz, Francisco Dalmeida,
Francisco Pitta Ortegueira, eoCapitaõ Valentim deFaria Barreto, sem duvida, nem contradiçaõ alguma na-
forma, que lheestá julgada, fazendo os ditos Reverendos Padres a mediçaõ destaprimeira, acusta doseu Con-
vento, como tambem de toda aterra, que se achar possuem, como dito hé a dita AnnaFerráz, Francisco deAlmei-
10 da Francisco Pitta, e Valentim de Faria, etoda a mais terra, que restar dasegundalegoa, será me dida a custa
delles ditos PadresManoelVás, Amaro Homem, e dos mais nomeados, e dos que mais quizerem dar sua outorga,
eConsentimento aesta Escriptura, e querem, esaõ contentes elles partes, que todos fiquem conservados napossessaõ, eterra,
que cadahum deprezente possue, parahaverem delograr, epossuir todos os dias desuavida, eseus Successores, sem
huns poderem entender com os outros, nem com adita AnnaFerrás, Francisco Dalmeida, Francisco Pitta Orte-
15 gueira, e Valentim deFaria, por que esse direito, ficará somentepertencendo aelles Padres, eem caso, que elles Pa-
dres lancem o Rumo pelaparte doConde daCastanheira para oSertaõ, nunca estepoderá prejudicar as outras par-
tes, ainda que com o dito Rumo se chegue aterra de qual quér delles, por que todos, e cadahum, ficaràõ taõlivres,
como já estaõ, sem por parte delles Padres, se poder nunca allegar ignorancia nem restetuiçaõ, por que tudo desdelogo re-
esocegados,
nunciaõ elles ditos PadreManoelVás, Amaro Homem, Gaspar Rodrigues Seichas, eos amsi nomeados, e que de-
20 rem outorga aesta Escriptura, alem da dezistencia, que fazem, etem feito do dito aggravo, promettem dar elles partes se-
Centa mil reis, em dinheiro de contado, tanto que adita mediçaõ sefizer daprimeira legoa, eestes secenta mil reis, será
obrigado apagar logo com effeito o dito Amaro Homem, que os dará aelles Padres, sem contenda alguma, tanto que se aca-
bar de medir aditaprimeira legoa, sem aisso allegar duvida alguma, eas mais partes seraõ assim mesmo obrigadas a
dar, epagar a elle Amaro Homem, o que acadahum tocar, que será rata pormilha, conforme aterra, que posssuir, ecom-
25 de claraçaõ que vindo-se elles Padres aconcertar com-o dito francisco Pitta, AnnaFerrás, Francisco deAlmeida, eValentim
deFaria, será em forma, que naõ seja emprejuizo delles partes, por que cada hum ficará sempre naforma em que está, e-
fazendo-o em outraforma, esta Escriptura naõ valerá couza algu(m)a, eficará cada hum com seu dereito salvo como
dantes, eaSentença que elles Padres tirarem, equal quer obra, que por ellafizerem sem effeito, e nestaformadiceraõ to-
dos elles partes, se haviaõ por compostos, econcertados, ese obrigavaõ ater cumprir, e manter tudo aqui declarado, sem em
30 po
tem-algum apoderem contradizer, acujo cumprimento, obrigam elles Padres os bens, e rendas deseuConvento, e as mais par-
tes todas os seus bens havidos, epor haver, eo melhor parado/s/ delles, e huns, eoutros responderaõ pelo aqui declarado
Cidade parante os Juizes Ordinarios della, ou do Ouvidor geral doCivel daRellaçaõ, deste Estado, para o que renun-
nesta
ciaõ Juizes deseu foro, terra, elugar ondeviverem, e morarem ferias geraes, eespeciaes, etudo mais, que em seu favor se-
ja, que de nada uzaraõ, eem testemunho deverdade asim o outorgaraõ, e mandaraõ fazer esta Escriptura nestaNo-
35 ta, em que assinaraõ, pediraõ, e acceitaraõ. Eeu Taballiaõ acceito, por quem tocar auzente comopessoa publica,
Estipulante, eacceitante, edella dar os treslados necessarios, sendo testemunhas prezentes olecenciado Manoel
Correa Ximenes, eAntonio Nogueira Barreto, eo Alferes André deSaõ Martinho, eBulhoenz; que to-
dos asinaraõ. Eeu Francisco do CouttoBarreto Taballiaõ o escreví, edeclaro que esta seotorgou pelas partes, e
5.V.1663 39 asinou por ellas, etestemunhas em cinco do mes deMaio deste prezente, eem lugar deAndré deSaõ Martinho Bu
164
165
77r Bulhoens, foi testemunha Simaõ Rodrigues Crespo, eeu sobre dito Taballiaõ o escrevý =
Frei Diogo Rangel = Frei Ignacio deSaõ Bento = Frei Antonio dos Reys = Frei Hie-
ronimo de Christo Prior = Frei Antonio daTrindade = Frei Paulo do EspiritoSanto = Frei
Chonstantino = Frei Placido doSacramento = Frei Joaõ deSaõ José = o Irmaõ Frei Antonio =
5 = o Irmão Frei Paschoal = Frei Luiz deSaõ Joaõ = o Padre ManoelVás = Frei Antonio da-
Piedade Procurador Geral = Gaspar Rodrigues Seichas = Amaro Homem Dalmeida =
Joaõ deMiranda Henriques = Duarte de Vasconcellos = Valentim Duraõ = Mano
el Correa Ximenes = Simaõ Rodrigues Crespo = Antonio NogueiraBarretto = Enaõ secon-
tem mais na dita Escriptura a que me reporto, donde passei aprezente Certidaõ bem, efielmente,
10 por despacho do Doutor Juiz deFora, que conferi, subscrevi, asinei, econsertei como official com
23.VII.1715
migo abaixo asinado naBahia aos vinte, etrez dias do mez de Julho de mil, esete centos, equinze an
23.VII.1715
nos. EeuSebastiaõ Carneiro daCosta Taballiaõ aSubscreví, edeclaro, que a emmenda naterceira lauda
diz / Duarte / e na quinta dis / e os gastos / e nasetima, oitava, e nonalauda, tem outras emmendas, que dizem / Padres /
etudo vai naverdade. Eeu sobre dito Taballiaõ o declarei = Sebastiaõ Carneiro daCosta = Consertada por mim
15 Taballiaõ Sebastiaõ Carneiro daCosta = Ecommigo Taballiaõ = José Valençuellado = E naõ seconti-
nha mais em o dito titulo Supra e Retro o qual eu Joaquim Tauares deMa-
cedo Silua Tabeliaõ do Publico Judicial eNottas nesta Cidade do Sal-
uador Bahia de todos os Santos eseo termo por Sua Alteza Real que
Deos Goarde, em cumprimento do despacho proferido pelo Doutor
20 Juiz de Fora actual Domingos José Cardozo no Requerimento que foy
asegunda folha deste Liuro aqui bem e fielmente sem couza que duui-
da faça fis copear do proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo
Procurador Geral do Mosteiro de Sam Bento desta mesma cidade
Frei Manoel do Sacramento pelo achar uerdadeiro eauthorizado judi-
25 cialmente como sedeixauer no proprio traslado, eo tornei entregar
depois de lansado ao dito Reuerendo Procurador Geral, que decomo o Re-
cebeo aqui asinou eeste mesmo traslado juntamente como Tabe-
liaõ Companheiro Antonio Barboza de Oliueira conferi como-
Original, concertei, sobscreui, easinei na Bahia aos treze dias do mês 13 III 1805

30 de Março demil eoito centos esinco annos eEu Joaquim Tauares de


Macedo Silua Tabeliaõ que o sobscreui, e asiney
C(omferido)pormimT(abelia)m
C(onferi)do p(o)r mim T(abeli)am
AntonioBarb(oz)a deOliveira
35 Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
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LII_doc04: Autos de Causa Civel entre o Dom Abade e Religiosos do Convento do Patriarca São Bento da Cidade do Salvador contra Catharina Fogassa
77r 36. 36 Sentença dos Religiozos deSaõ Bento contra Catharina Fogassa === // === Dom Itapo-

an
Felipe por Graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves daquem, e dalem mar em Africa, Senhor de Guiné,
Questaõ
eda Conquista, Navegaçaõ, Comercio da Ethiopia, Arabia, Percia, eda India etc A todos os Corre-
Catharina
gedores, Provedores, Ouvidores, Julgadores, Juizes, e Justiças, Officiaes, e Pessoas de meus Reinos, e Senhorios,
Fogaça
40 onde, e perante quem esta Minha Carta de Sentença for aprezentada, eo conhecimento della com direito deva
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77v deva, e haja depertencer, eseu effeito, e cumprimento se requerer. Faço-vos a saber, que nesta MinhaCorte, e Caza
L(ivr)o Velho f(o)l(ha)
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daSupplicação parante mim, eos meus Dezembargadores das Appellaçoens, eAggravos Civeis, que nella andaõ por-
dois dos quaes esta passou, foraõ trazidos, e aprezentados, efinalmente Sentenciados huns autos deCauza Civel, que aella
vieraõ por Appellação dante o Doutor João do Coutto Barboza do meu Dezembargo, Dezembargador daRe-
5 lação da Caza doPorto, Ouvidor geral por Mim com Alçada emtodo o Estado do Brazil, ordenados, eproces-
sados entrepartes dehuma o Dom Abbade, e Religiozos do Convento do Patriarca São Bento da Cidade do
Salvador Bahia detodos os Santos, como Authores, contra Catharina Fogassa, Dona Viuva, mulher, que ficou
deManoelPereiraGago Reé daoutra parte, moradora naCapitania daBahia, eisto sobre, epor rezaõ daCauza
declarada nos ditos autos, os quaes eraõ sobre ex ecução deSentenças sobre de marcaçaõ, que os Authores houveraõ
10 Contra a Reé, como detudo ao diante sefará mais clara, eexpreça mençaõ, pelos quaes autos, e termos delles, semostrava
10-{outu}bro entre as mais couzas em elles conteudas, e declaradas, que sendo aos dez dias do mez de Outubro do Anno do Nascimento
1631 deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil, e seis centos, etrinta, ehum annos, em a dita Cidade do Salvador Bahia de
todos os Santos, e Paço do Concelho della em publica audiencia, que aosffeitos, epartes faziaõ Ouvidor Geral que
entaõ éra o Dezembargador Jorge daSilvaMascarenhas na dita audiencia peloLecenciado JorgeLopes da-
15 Costa, lhe fora dito, que ainstancia, e requerimento doPadre Dom Abbade, e mais Religiozos do Mosteiro do
Patriarcha Saõ Bento da ditaCidade doSalvador, estavaCitada a ditaReé CatherinaFogassa DonaViuva,
mulher que ficara deManoel Pereira Gago para aprezentaçaõ de hum Libello, que logo contra ella offerecia, pelo qual
a queria demandar Civilmente, em que de marcase aterra de seu aRendamento na forma delle, e pelas confrontaçoens
nelle declaradas, eque largase ao Mosteiro as terras, que fora delle lhe occupava pella maneira declarada no dito Li-
20 bello, pedindo ao dito Ouvidor geral lho recebesse, o que visto porelle fizera porgunta quem citara aditaReé Catherina
Fogassa, e por lhe constar por Certidaõ de Francisco da Costa, e Porteiro, que elle a citara para todo o sobredito conteudo no dito
Libello, a mandara logo apregoar pelo dito Porteiro, que á apregoara, e por não parecer a sua revelia, a ouvera por Ci-
tada para aditaCauza, esuas dependencias, termos, e autos judiciaes della, elherecebera odito Libello tanto quanto com-
direito era dereceber, segundoforma de minha Ordenaçaõ, e ficará aReé esperada para o contrariar athé asegunda
25 audiencia, e mandara, que os Religiozos dessem fiança as custas, por serem deoutra jurisdição, ese authoara o dito Libel-
lo, em que se continha dizerem os Authores os Padres Dom Abbade, e mais Religiozos do dito Mosteiro de São Bento
Libello
da dita Cidade contra a dita Reé Catharina Fogassa, que se comprisse, e necessario fosse, provariaõ, que elles Authores,
digo, que entre os mais bens, epropriedades, de que elles Authores, eseu Mosteiro estavaõ deposse, era humalegoa
de terra por costa do mar, eduas para o Sertaõ nos Lemittes da Itapoan, que houveraõ por herança de Garcia
30 Davilla, e troca que fizeraõ com aCazadaSantaMizericordia daditaCidade // e que provariaõ,
que dentro da dita legoa tinha o dito Garcia Davilla arendado em suavida na parte doSertaõ
della aManoelPereira Gago, marido da ditaReé humasorte deterra confrontada emseu arrendamento,
que aditaReé tinha em si, edepois lha deixara em seu testamento pelas confrontaçoẽs do dito seu arrendamento,
e que namesma forma selhe rezervara na tranzaçaõ, que o Mosteiro fizera comFrancisco Dias Davilla, em-
35 que elle se asinara como parte interessante // e que provariaõ, que na dita tranzaçaõ ficara o marido da-
ditaReé obrigado a se demarcar, e contribuir pro rata na despeza da dita de marcaçaõ, eque até entaõ, anaõ ha
via feito, epor falta disso se tinha a remettido em grande quantidade de terra uzurpada ao Mosteiro, fora das-
Confrontaçoens declaradas no dito arrendamento // porque provariaõ, queaditaReé tinha posto dasua maõ ado-
39 us filhos deMartim Rodrigues defora do Caminho velho daTapera deSaõ Francisco, eTapera de DiogoDias, eMi-
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78r eMiguel Soares, eoccupavaõ parte dos Campos arrendados aos Padres do Carmo, sendo que seu arrendamento o-
L(ivro) V(elho)
demarcava com os ditos Campos, epelo caminho velho daTapera deSaõ Francisco sem poder passar paraforadelle, pelo f(o)l(ha) 105
v(erso)
que, devia ser condemnada, em que se de marcasse naforma, epelas confrontaçoens deseu arrendamento, eque largasse ao
Mosteiro as terras, que defora dellas lhe occupava do que tudo éra publica vóz, efama, pedindo os ditos Authores em fim, e con-
5 cluzaõ do dito seu Libello recebimento delle, e que a dita Reé fosse Condemnada, em que sedemarcasse naforma do dito arren
damento, epelas confrontaçoens, e que largasse ao Mosteiro as terras, que fora dellas lheoccupava, e que em tudo lhefosse
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feito inteiro cumprimento de justiça pelo melhor modo, com as custas // segundo secontinha no Libello dos Autores, que sendo au-
tuado com os papeis, que se aprezentaraõ, os ditos Religiozos satisfizeraõ com darem fiança segura, ebastante, por que seu
fiador lecenciado Jorgelopes daCosta, se obrigara apagar por elles todas as custas, em que na Cauza fossem con-
10 demnados, evencidos; e assinara disso termo nos autos, como seu fiador, eprincipal pagador, e com-o mais na Cauza proces-
sado, e hum feito findo, que se ajuntara a linha, semostrava mais, que sendo dado vista ao procurador daReé Catherina
Contraried(ad)e Fogassa, satisfez com sua contrariedade, dizendo nella, que provaria que aterra della Reé, ede que setratava, naõ reque-
ria, que fosse medida, nem demarcada; por quanto Garcia Davilla, de quem ellaReé à ouvera, naõ lha dera as braças,
senaõ ad corpus, logo confrontada, e de marcada // por que provaria, que aterra de Garcia Davilla dera ao marido della
15 Reé, logo lhaconfrontara, edemarcara, asaber, que comessava daRibeira, que fora deFrancisco Antunes thé as taperas,
que foraõ de Diogo Dias, athé sahir ao caminho velho daFazenda deSaõ Francisco, com todos os mattos, que entre adita
Ribeira, e caminho velho se achase para por banda domar, de maneira, que aditaterra, ou fosse muita, ou pouca, assim
confrontada, edemarcada na sobredita maneira, éra a quepertencia aellaReé, e que lhe dera, e deixara Garcia Davilla
por serviços, que seu marido ManoelPereira Gago lhe havia feito, ecomo assim fosse, éra escuzada a mediçaõ, de que
L(ivro) V(elho)
20 os ditos Authores tratavão // eque provaria, que com o dito titulo, possuhia ella Reé a ditaterra de mais de trinta annos ao tal f(o)l(ha) 106
tempo, por si, eseu marido, eque nella entravaõ os Campos, que o dito defunto havia arrendado aos Frades do Carmo, edentro nos di-
tos lemittes, e confrontaçoens morava ella Reé, etinha póstos desua maõ os filhos deMartim Rodrigues, eque por reconvenção //
Rio Petuassú
provaria, que os ditos Authores, lhetinhaõ uzurpado da dita terra mais de meialegoa deterra, que ficava do Rio Petuassû para
a banda do mar, etinhaõ nellaposto Curraes, etraziaõ suas creaçoens, efaziaõ suas Rossas, etinhaõ tirado tirado daditaterra muitos pro-
25 veitos, em quelhe tinhaõ dado aella Reé melhor demil cruzados deperda, que lhe pedia por reconvensaõ com a mesma terra,
do que éra publica vóz, efama, pedindo a dita Reé emfim, e concluzão dasua contrariedade, recebimento della,eabsolviçaõ, e
que pela dira Reconvençaõ fossem os ditos Autores Condemnados, elhe restituissem aditaterra, que injustamente lheoccu-
pavaõ com os frutos, e com as ditas perdas, e damnos, eque lhefossefeito comprimento dejustiça pelo melhor modo
com custas // Segundo se continha na ditaContrariedade da dita Reé Catherina Fogassa, que lhefora em Juizo
30 pelo Ouvidor geral recebida tanto quanto com direito éra de receber, segundo a ditaforma de minha Ordenação,
epor nella setratar de reconvençaõ, os Religiozos Authores pediraõ vista acontrariar, ejuntamente Replicar aCon-
trariedade, esendo-lhe dada, satisfizeraõ em sua Replica, eContrariedade com que viéraõ a Reconvençaõ daReé,
cujos artigos deTreplica tambem seoffereceraõ, os quaes huns, eoutros lheforaõ recebidos em Juizo tanto quanto com di-
reito éraõ de receber, segundo adita forma deminha Ordenaçaõ, eseassinara naCauza, delicaõ, termo, elugar depro-
35 va para haverem de dar aos ditos artigos recebidos, a qual deraõ pelos autos papeis, do cumentos, epor inquiriçoens detestemun-
has, que lheforaõ porguntadas judicialmente, e tudofora comessado, eacabado, esendo passada adilaçaõ, foraõlançados
demais prova, ese houveraõ as inquiriçoens por abertas, epublicadas, eforaõ juntas aos autos, de que as ditas partes por-
seus procuradores houveraõ vista, etanto por elles, e por cadahum delles fora rezuado, requerido, eállegado deSeu direito,
39 ejustiça, que com tudo os autos foraõ levados com cluzos ao dito Ouvidor geral, o Dezembargador Jorge daSilva Mascaren-

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Há um algarismo 1 escrito a lápis na entrelinha superior entre este termo e o próximo.
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78v Mascarenhas, evistos por elle, nelles por sua Sentença pronunciara oseguinte// Vistos os autos, Libello oferecido por- Sen(te)nca

parte dos Autores, os Reverendos Dom Abbade, eReligiozos do Convento do Patriarcha Saõ Bento destaCidade, Contrariedade
daReé Catherina Fogassa, com os mais artigos, Escripturas, Certidoens, eassinados juntos com aprova dada, mostra-se pertencer a-
os Authores huma legoa deterra por costa do mar, e duas para oSertaõ nolemitte daItapoan, que ahouveraõ porherança de-
5 Garcia Davilla, etranzacão feita com a Caza daSantaMizericordia destaCidade, emostra-se possuir aReé certapar-
te deterra, eSitio dentro dos lemittes, ecircunferencia da dita legoa deterra, por virtude de hum escrito deaforamento,
eadoacçaõfeita aManoelPereira seu marido defunto pelo dito Garcia Davilla, confirmada por testamento, do co-
al se colige, duar-lhe no dito sitio, emattos aterra, emattos, que seinclue daTapera eRibeira deFructuoso Antu
nes athé aTapera de DiogoDias Caramurú, eTaperadeMiguel Soares até sahir ao caminho velho daTapera do-
10 dito defunto, eIgreja deSaõ Francisco, com os mattos do dito lemitte para aparte do mar, eCampos aforados aos Padres
do Carmo para poder pastar comseus gados: mostra-se possuir aReé muito mais terra, queaque lheperten-
ce pela dita doacçaõ, que hé toda aque vai do dito Caminho velho, que severificou na minha prezença por Reli-
giozos testemunhas velhas, antiga, e sem suspeita, correr das ditas Taperas pela ponta dehuma Rossa dos filhos de-
Martim Rodrigues pelo Vale athé dar na ditta Tapera deSaõ Francisco, pessuindo aReé todaamais, que corre
15 athé o caminho, quevay para Itapoan, que depois da<t>/d\ita adoacçaõ, foi aberto por differentes pessoas, enaõ mostra ti-
tulo, oucauza por que lhepertença mais terra, queaque se inclue nas demarcaçoens, e confrontaçoens do dito escrito, nem
asentença dada em Juizo Summario lhe dá dereito deprescripçaõ, mormente contra os Authores Religiozos, o que tudo vis-
to com o mais dos dos autos, disposiçaõ de direito, com-o que meconstou nas deligencias que fiz nas Vestorias destas terras, eem
formaçaõ de pessoas antigas sobre o dito Caminho da duvida, julgo, edeclaro o dito Caminho ser o que secontem no auto da Vesto-
20 ria, pela demonstraçaõ, que dellefez oPadreFrei Bartholomeu Religiozo do Carmo, econdemno aReé, aque naforma
do dito escrito, e confrontaçoens delle, se demarque com os Authores, largando, eabrindo maõ de todas ás mais terras, que
pessue, deixando-as livres aos ditos Authores, com os frutos, e rendimentos dalide contestada em diante, que seliquidaraõ na-
26.II.1633 execuçaõ, e custas Bahias vinte, digo Bahia Fevereiro vinteseis deseis centos, e trinta, etrez // Jorge daSilva Mascare-
nhas // a qual Sentença do dito Ouvidor geral sendo por elle dada, epublicada noPaço do Concelho da ditaCidade
25 doSalvador Bahia de todos os Santos, em audiencia publica, que aos feitos, epartes fazia em o primeiro dia do-
1o III.1633 mez deMarço de mil, eseis centos, etrinta, etrez annos, eoprocurador de ditaReé Catherina Fogassa Appel-
lara della para esta minhaCorte, Rellaçaõ, e Caza daSupplicaçaõ destaCidade deLisboa, ese deliberara
em seguir sua Appellaçaõ que lhefora recebida por a Cauza naõ caber naAlçada do dito Juiz, eser avaliada
por louvado das partes, em Cento, eSetenta mil reis, esendo as ditas partes citadas para atempaçaõ, concerto, e
30 seguimento da dita Appellaçaõ, epor táes em Juizo ouvidos para isso, epara todos os termos, e autos judiciaes, com-o-
que mais setratara o dito Ouvidor geral lhá atempara, eassinara Navio, em que viesse a dita Appellaçaõ, edia
de aparecer paraser aprezentada nesta Corte, eCaza da Supplicaçaõ, depois desua chegada aesta min-
ha Cidade deLisboa, a qual fora nella aprezentada, onde as partes, fizeraõ seos Procuradores, e houveraõ vista dos au-
tos della, evieraõ com suas rezoens por escrito, com as quaes os ditos autos, meforaõ trazidos concluzos, esendo vistos
35 p(o)r emRellaçaõ, com os do meu Dezembargo, Dezembargador das Appellaçoens, eAgravos Civeis, em elles //
Acordaõ
Acordei etc Bem julgado hé pelo Ouvidor, confirmo SuaSentença, por alguns deseos fundamentos, e
31.VIII.1634 os mais dos autos, econdemno aAppellante nas Custas delles, Lisboa o ultimo deAgosto Seis centos, etrin-
4.IX.1634 ta, equatro // a qual Sentença sendo dada, epublicada setirara doprocesso em os quatro dias domêz deSeptembro
39 do dito anno deSeis centos, etrinta, equatro, equerendo-a os Authores passar pela minha Chancellaria desta
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79r desta Corte, eCaza daSuplicação, se offereceraõ nella por parte daReé Catharina Fogassa huns Embargos, que dicera tin-
ha a haver de passar a dita Sentença pela Chancelaria, os quaes na forma do estillo, selhetomaraõ nella, e com adita Sen-
tensa Embargada foraõ inviados ao Escrivaõ dos autos, queesta subscreveo, e da dita Appellação, para que os autuasse,
edessa vista as partes, confórme hum despacho nelles posto; o qual sendo-lhe dados, lhefizera sua aprezentaçaõ, segundo es-
5 tillo, econstava pelos ditos Embargos, dizer a ditaReé Catherina Fogassa Embargante, que tinha legitimos Embargos apas-
sar pella Chancellaria aditaSentença dada em favor dos ditos Religiozos Authores, de que foraõ Juizes os meu
Dezembargadores, o Doutor Manoel CorreaBarba, eo Doutor Francisco Dalmeida Cabral, e o Doutor Fran
cisco deCarvalho, eEscrivaõ o que esta subescreveo, e que em nome della Catherina Fogassa, e deseus filhos menores //
Emb(ar)gos Provaria, que por falescimento deManoelPereiraGago, marido da Embargante, lheficara muitos filhos menores,
10 que eraõ partes interessadas na ditaCauza, e que naõ foraõ citados, nem selhe déra Curador, pelo que fora tudo nullo, e a-
o menos por beneficio de restituiçaõ, deviaõ os ditos menores, ser admettidos à allegar desuajustiça o que lhe parecesse, eque
na tal conformidade // provaria, queaSentença Embargada confirmava à do Ouvidor geral do Estado do Brazil, em-
que condemnava aReé Embargante, se demarcasse pelas confrontaçoens de duzidas no dito Libello dos ditos Authores
Embargados, eabsolvia aos mesmos Autores da Reconvençaõ daReé, a qual Sentença se devia revogar // porque prova-
15 ria, que no Libello folhas trez, deziaõ os ditos Autores, que noLemite dacontenda, naõ tinha aReé mais direito, que o que
pertencia aseu marido Manoel Pereira Gago, por hum Escripto de arrendamento, eoutro de aforamento, epor huma
Verba de testamento, tudo de Garcia Davilla, de quem fora a quelleLemitte, eno mesmoLibellofolhas trez deziaõ, que
conforme aos ditos escriptos, etestamento, naõ tinha aReé, nem seo marido mais terra, que athé o caminho velho, que
Tapera de S(aõ)
hia da tapera deSaõ Francisco, e lhe naõ peretnciaõ as terras arendadas aos Religiozos doCarmo, que estavaõ alem do Ca- Franc(isc)o
20 minho velho deSaõ Francisco, epediaõ, que pelo dito caminho Velho sefizesse ademarcaçaõ, eassim sejulgara: porem dos-
autos constava expressamente, haver-se dejulgar o contrario // por que provaria, que no Libello, e napetiçao folhas se-
tenta, e nove, approvavam os ditos Autores, e reconhecciaõ por verdadeiros os ditos escriptos, e Verbas do testamento de Garcia
Davilla, epediraõ dito folio setenta, enove certidaõ dellas para se exibir, como exibiraõ em sua prova folhas setenta,
e nove verso exsequentibus, e era isso tanto verdade, que no mesmo Libello pediaõ sefizesse ademarcaçaõ pelas Confronta-
25 çoens do escripto de arrendamento, que o dito Garcia Davilla fizera ao marido daReé, de modo, que ainda regulando-se
o tal cazo pelo que os ditos Autores deziaõ, se devia descidir pelos ditos escriptos, e Verba do Testamento// Eque provaria
que o escripto de arrendamento, que Garcia Davillafizera ao marido daReé, dezia folhas noventa, e duas, in fine et verso, que
elhe arrendava asua Fazenda da Ribeira deFructuoso Antunes athé aTapera, ecaminho velho deSaõ Francisco, com todos
os mattos, que daquelleLemitte se achassem athé omar, ecom os Campos que tinha aforados aos Padres doCarmo, demodo que
30 expressamente lhe arrendara os Campos aforados aos Padres do Carmo, e depois lhe aforara tudo o tal folhas noventa, etrez,
edepois lho deixara no testamento folhas noventa, ecinco// E que provaria, que conforme ao quarto artigo doLibello fo-
lhas trez imprincipio, eas testemunhas, que sobreelles juraraõ as terras dos Padres doCarmo, estavaõ fora do caminho
velho, donde rezultava, que senaõ devia fazer adermarcaçaõ pelo caminho velho, por que o tal seria tirár a Embargan-
te as terras dosPadres doCarmo, que expressamenteforaõ arrendadas, aforadas, edeixadas emtestamento ao marido
35 da Embargante folhas noventa, e duas in fine ad verso noventa, etrez, enoventa, esinco // e que provaria, que a rezaõ,
que todas as testemunhas dos ditos authores deraõ parajurar, que as terras dos Padres do Carmo, naõ pertenciaõ aReé,
fora dizer, que senaõ comprehenderaõ no escripto do arrendamento, queéra falso, porquanto o escripto dearrendamento
38 dezia o contrario ditofolio noventa, eduas verso, ebem sevia, que eraõ testemunhas damesma Religiaõ, e cazeiros dos ditos
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79v dos ditos Authores, que haviaõ detratar de os favorecer // Eque provaria que o termo daVestoria, que o dito Ouvidor
fizera, nadaprejudicava aReé Embargante, por que no dito termo folhas cento, ehuma verso et sequenti, só mente
se tratara de averiguar para ondehia o caminho velho, sendo que a questaõ, éra averiguar se as terras dos Pa-
dres doCarmo, que estavaõ foradoCaminho velho, entraraõ no arrendamento do marido daReé, que essa fora a
5 questaõ, que os ditos Authores moveraõ nolibello folhas quatro, pelo que a dita Vestoria nadaprejudicava, mormente, que
nella se naõ descedira couza alguma; eassim ficava constando claramente dos mesmos autos, que as terras dos Padres
do Carmo, que estavaõ alem do Caminho velho, entraraõ no arrendamento, que Garcia Davilla fizera ao marido daReé,
eque lhepertenciaõ aella, eque a demarcaçaõ senaõ devia fazer pelo Caminho velho, e no tal primeiro ponto da ácção, se
devia emmendar aSentença // Eque por Reconvensaõ provaria, que outro sim, se devia revogar adita Sentença em rez-
10 peito da Reconvensaõ, em que a Reé pedia aos Authores, as terras que estavaõ dabanda do már dentro dolemittedo Ca-
minho velho, eque éra couza muito clara, e manifesta; por que Garcia Davilla arrendara dito folio noventa,eduas
Verso, aforara folhas noventa, etrez, deixara folhas noventa, esinco ao marido daReé todos os mattos, que daquella
parte do Caminho velho chegassem até o mar, como expressamente seprovaria dito folio noventa, eduas verso ibi = que
seachassem para a banda do mar; pelo que pois, os ditos Autores pediaõ nolibello, que atal demanda se regulasse pelo
15 dito escripto, necessariamente se deviaõ julgar a Reé todos os mattos da quella parte do caminhovelho até omar, eno tal
taõbem naõ podia caber duvida, e assim se devia julgar como nasua tençaõ, o declarava o meu Dezembargador Antonio
deAbreu Coelho, do que tudo era publica vóz, efama, pedindo a dita Reé Embargante em fim, econcluzaõ dos seus Em-
bargos, recebimento delles, eprovado o necessario, Cumprimento de Justiça pelo melhor modo, com custas // Segundo secontin-
ha em os ditos Embargos daReé, que sendo autuados com aSentença, sedemandara dar Vista as partes, ecom-o que disseraõ,
Acordaõ
20 tornaraõ os autos Concluzos, e vistos por mim, com os do dito meu Dezembargo, em elles // Acordei Etc Sem embargo
dos Embargos, que naõ recebo aSentença Embargada, passe pela Chancellaria; e condemno a Embargante nas custas na-
17.VII.1635 forma da Ordenaçaõ, Lisboa dezasete de Julho Seis centos, etrinta, e cinco // Esendo osobredito pronunciado, setirara
sobreSentença por parte dos Authores Embargados, epassada pela minha Chancellaria, ese aprezentaraõ aditaSenten-
sa, esobreSentensa naditaCidade do Salvador Bahia detodos os Santos, donde Originalmente setratara aCauza // E-
12.II.1636 25 outro sim semostrava mais pelos ditos autos, que sendo aos doze dias do mez deFevereiro demileSeis centos, etrinta, eseis
annos, na ditaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, epouzadas do dito Ouvidor Geral, o Doutor Joaõ do Coutto
Barboza, em publica audiencia, que ahi fazia aos feittos, epartes, nas Cauzas que corriaõ nas ferias nadita audiencia
pelo Lecenciado Gonçalo Homem Dalmeida, Advogado na ditaCidade, lhefora dito em nomedo Convento Autor, que ape-
tiçaõ, e Requerimento do ReverendoPadrePrezidente, eReligiozos doMosteiro deSaõ Bento da ditaCidade, estavaCitada
30 para adita audiencia a ditaReé Catherina Fogassa Dona Viuva, para effeito desefazer demarcaçaõ das terras, sobre que
seletigava no dito Juizo por parte dos ditos Religiozos contra ella naforma que semandavafazer pelaSentença
que offerecia, dada nesta minhaCorte, e Caza daSupplicaçaõ destaCidadedeLisboa, Requerendo fosse havida
porCitada para todo o necessario, o que visto pelo Ouvidor geral, por lheconstar por Certidaõ deFrancisco deMacêdo Es-
crivaõ dos lemittes daPitanga, que aCitara, a mandara apregoar pelo Porteiro do Auditorio Francisco daCosta, que á-
35 pregoara, epor ella naõ aparecer asua reveria a Ouvera por Citada para aditaCauza termos, eautos judiciaes della, e
mandara se fizesse adita demarcaçaõ, em que se havia deachar prezente, que seria em quarta feira vinte dias do dito Feve-
reiro, elogo peloLecenciado Jeronimo deBurgos, procurador daReé, fora dito que queria haver vista daCitaçaõ, eSen-
tensa, pedindo selhedesse, eo dito Ouvidorgeral, mandara selhedesse em auto apartado por aCauza ser deexecuçaõ, esendo
39 autuada aditaSentença, eSobreSentensa, ecitaçaõ em cumprimentodetudo fora o dito Ouvidor em pessoa ao Sitio sobre que
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80r Demarcação. que setratava aonde sefizera a demarcaçaõ, cujo theôr hé oSeguinte // Anno do Nascimento de Nosso Senhor Јεѕνѕ 1636
20.II.1636
Christo de mil, eseis centos, etrinta, e eseis annos, aos vinte dias do mez deFevereiro do dito anno, nos Lemittes daRibeira,
chamada de Fructuozo Antunes, termo daCidadedo Salvador Bahia detodos os Santos, ondefoi oDoutor Joaõ do Coutto
Barboza do Dezembargo deSua Magestade, Ouvidor geral, com Alçada em todo Estado do Brazil, para effeito
5 de ahi fazer demarcaçaõ das terras desteLetigio naforma, que o mandaõ as Sentensas atráz juntas daCaza daSupplica-
çaõ para o que se acharaõ prezentes, o Reverendo Padre Frei Ignacio deSaõ Bento Prezidente do Mosteiro do mes-
mo Santo naditaCidade doSalvador, em nome do dito Mosteiro, eoLecenciado Gonçalo Homem Dalmeida, Advogado
do mesmo Mosteiro, ebem assim oPadreAntonio Pereira, filho daReé Catherina Fogassa, e Bráz daCosta
Sisne, seu procurador, logo pelo dito Ouvidor geral, foi mandado vir perantesi ao Irmaõ Frei Bartholomeu Reli-
10 giozo Donatto do Convento deNossaSenhora do Carmo, como pessoa, quese achou prezente aVestoria das ditas terras
quando afêz o Dezembargador Jorge daSilva Mascarenhas, ao qual mandou ler perante os mais nomeados o escrip-
to, por que Garcia Davilla, dêo, e duou aterra de clarada nas ditas Sentenças aManoelPereiraGago, marido que foy
daditaCatherina Fogassa, por ser fundamento daSentensa; que seconfirmou naditaCaza daSupplicaçaõ, e depois de de-
clarado o dito escripto, e condiçoens delle perguntou o dito Ouvidor geral ao dito Frei Bartholomeu, qual éra a Ribeira
15 chamada de Fructuoso Antunes, esuaTapéra, epor elle foi mostrado a dita Ribeira defronteabaixo dehum Oi-
Rib(ei)ra do
teiro, onde disse fora aditaTapéra, e sobindo elle, eeu Escrivaõ, com o Piloto do Conçelho Antonio Freire ao cúme do Fructuoso
Antunes
dito Oiteiro, eTapéra, ahi pôz o dito Piloto á agulha de marcando com ella aparagem onde estaõ ás Tapéras que fo-
Rumo. raõ de Diogo Dias Caramurú defunto, efoi demarcados ao Rumo de Nordeste, eSodueste, e depois defeita esta deligencia,
mandou o dito Ouvidor geral, sefosse em seguimento das ditas Taperas, para hir se buscar o caminho velho, relatado no-
20 mesmo escripto, e entaõ pareceu o dito PadreAntonio Pereira em nome, ecomo Procurador da dita Sua Maĩ Cathe-
rinaFogassa, e disse que prottestava de nullidade atoda a demarcaçaõ que se fizesse por Rumo de agulha, por que só sede-
via fazer pelas Confrontaçoens do dito escripto, e o dito Ouvidor geral, lhe mandou escrever seu prottesto, eque sefosse
fazendo ademarcaçaõ na forma daSentença, por bem do que foi elle com os demais aqui nomeados, em prezença de-
mim Taballiaõ as ditas Tapéras de Diogo Dias, que nos foraõ mostradas pelo dito Religiozo Frei Bratholomeu, dizendo-
25 eraõ aquellas as ditas Tapéras, e dellas foi dar no caminho velho, que vai dar naTapéra, donde esteve aIgreja velha de-
Saõ Francisco, de que o mesmo escripto fás mensaõ, dizendo, que o principio do dito caminho, éra o que vai daestrada pu-
blica a dita Tapera deSaõ Francisco, o velho, onde o dito Ouvidor geral, mandou pôr adita agulha, eo Piloto apôs,
demarcando com ella Rumo direito aditaTapéra, ondeesteve adita Igreja, edemarcou aLoeste quarta denor-
deste, e ao principio do dito caminho, ficou por diviza, e marco hum tronco delgado, quefoi dehuma arvore chamada
30 Osricurizeiro, que secortou, ejunto delle está hum cajueiro, efronteiro do dito tronco, fica huma arvore deSipipira; e
porquanto nestelugar ouve grandes debates, e Requerimentos entre as partes sobre oSertaõ, e banda do mar, tocantes
as terras pertencentes adita Catherina Fogassa, mandou odito Ouvidor geral, dar juramento dos Santos Evangelhos
ao dito Religiozo Frei Bartholomeu, para como pessoa antiga, epratica nestas terras, declarar oSertaõ , ebanda do mar,
que tocava aditaCatherina Fogassa; cujos mattos, lheconcedia o ditoseu escripto, epor ellefoi recebido o dito juramento, e
35 debaixo delle declarou, que oSertaõ daterra da ditaCatherina Fogassa, éra aquelle, que seinclúe naparagem daTapé-
ra da dita Igreja velha atrás demarcada, eo mar fica a rumo deLeste, com qual declaraçaõ, houve o dito Ouvidor
geral porfeita esta demarcaçaõ, segundo fica declarado, eos Campos que declara omesmo escripto, onde estiveram os
38 Padres do Carmo, ficaõ no mesmo Rumo deLoéste aquartadenoroeste, onde adita Tapéra daIgreja velha está, edepois
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80v e depois defeita assim esta deligencia, logo ahi pelo dito Padre Antonio Pereira, foi dito em nome, ecomo procurador, que
disse ser da ditasua maỹ CatherinaFogassa, edisse que tornava aprottestar denullidade atoda esta demarcaçaõ, porquanto fora feita
foradas Confrontaçoens deseu escripto, e que lhenaõ podia projudicar em nenhum tempo, por quanto lhenaõ dava aterra, que aSenten-
ça lhemanda dar, nem serventia pelo Caminho velho ao mar, eo dito Ouvidor geral lhemandou escrever seos prottestos, etambem Re
5 quereo mais, que declarase o dito Frei Bartholomeu o caminho velho, que vai para aTapera deSaõ Francisco, tinha, outivera sahida
para o mar, o que declarase de baixo do mesmo juramento dos Santos Evangelhos, que tinha recebido, eodito Ouvidor gerallhemandou
fazer adita declaraçaõ, edeclarou, que odito caminho velho, tinhasaida ao mar pela estrada, que vai dar aItapoan, eesta mesma estrada,
quevem daItapoan, vai dar no mesmo Caminho velho, donde semeteu o marco, ecom esta declaraçaõ, houve odito Ouvidor geral por
bada esta dita deligencia, edella fazer este auto, em que asinou com o dito Religiozo Frei Bartholomeu, ePiloto, eoMeirinho da-
aca-
10 CorreiçaõJorgeCoelhoCastanho, que ahi seachou prezente. Eeu Escrivaõ taõ bem asinei, eeu PaschoalTeixeira Taballiaõ
o escrevi // Joaõ doCoutto Barboza // Frei Bartholomeu // JorgeCoelho Castanho // Paschoal Teixeira // Antonio Freire // segun-
do tudo assim era conteudo, edeclarado em o dito auto de demarcaçaõ, edeclaraçaõ, que sendofeita adita Catharina Fogassafizera
petiçaõ ao dito meu Dezembargador, e Ouvidor ge<l>/r\al, dizendo que lheéra necessario haver vista do auto demediçaõ, edemarca
çaõ, que elle Ouvidor fizera entre ella, eos ditos Religiozos deSaõ Bento, por que atudo tinha Embargos, pedindo-lhe lha-
15 mandase dar, ereceberiajustiça, emercê, segundo secontinha naditapetiçaõ, que sendo prezentada ao dito Ouvidor geral, e-
Vista por elle, nella por seu despacho, mandara que houvessevista, por bem do qual por sejuntar Procuraçaõ dadita Reé
aos ditos autos, delles sedera Vista a seu Advogado, eviera com huns Embargos de nullidade aditade marcaçaõ, ea rumaçaõ,
Emb(ar)gos
dizendo nelles por escripto, que se cumprisse // provaria, que aterra que o defunto Garcia Davilla, dera ao marido della Em-
bargante, confórme aos escriptos deseu aforamento, fora dado ad corpus, epor lemittes nelles confrontados, ede clarados, que
20 naõ padeciaõ rumo de agulha, nem tal nelles sedeclarava, eser feita ademarcaçaõ notraforma, era contra os escriptos, e
Sentenças deminha Rellaçaõ // eque provaria que adita terra fora dada desde uma Ribeira d'agoa, onde morara
Fructuozo Antunes, que éra a parte doSúl athé sahir ao caminho velho daIgreja deSaõ Francisco, que era aparte do
Nórte, incluindo-se entre os ditos termos as duas Tapéras de Diogo Dias, eMiguelSoares, e do tal lemittes lhe dé-
ra todos os mattos para abanda do már, e do mesmo lemitte lhe déra taõ bem para aparte doSertaõ, os Campos
25 que estavaõ aforados os Frades do Carmo, desórte, que pondo-se nos taes lemittes, asaber a Ribeira deFructuozo
Antunes, e do Caminho Velho, queera ao meio dadita terra, e a largura datal terra, ealargura della, se havia
dehir primeirobuscar aparte do mar, que ficava avista dadita terra, e depois do mesmo lemitte a sima dito, sehaviaõ de
hir buscar os Campos dos Frades do Carmo, que éra o Sertaõ da dita terra, e natal forma sobredita, dera Garcia Davilla
aditaterra ao marido della Embargante // Eque provaria, que os ditos marcos, se deviaõ pôr nas ditas Confrontaçoens,
30 por rezaõ do escripto naõ tratar deterra admensuram, senaõ ad corpus, comlemittes certos, edeclarados // Eque provaria,
que pelo dito escripto, ficara ella Embargante sendo Senhora, epossuidora detoda a Ribeira deFructuozo Antunes á-
thé o mar, por que éra o primeirotermo doseu escripto // Eque provaria ella Embargante, que assim mesmoficava
sendo Senhora epossuidora detoda aterra, que desde o Caminho velho deSaõ Francisco, indo sempre por elle abaixo,
o ouvesse athé o mar entre os ditoslemittes de Nórte, eSúl, por que // Eque provaria, que osegundo escripto no fim
35 dezia, que atal terra estava no posto das terras, que estavaõ no Rio Petuassú, o qual Rio ficava junto aomar, porsima do-
qual ella Embargante, vencêra humafôrça contra os Embargados, eselhes julgara ficar a dita Rossa do Caminho
Velho para dentro, por ser em terra della Embargante, assim que aella Embargante pertencia toda aterra, que
seachasem entre a Ribeira deFructuozo Antunes partedoSúl, eo dito Caminho velho, que éra onórte, que éra a-
39 largura da dita terra, etoda a que se achase emcom primento desde os Campos dos Frades doCarmo athé o mar
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81r omar aonde semetia o dito Rio Pituassú, que em si recebia a Ribeira deFructuozo Antunes, termos em seus escriptos claramen- Rio Pituassú

te expreços // Com o que provaria, que ademarcaçaõ que sefizera fora atravessar-se com-o Rumo denórdeste, eSodueste
desde aTapéra onde morava Fructuozo Antunes athé as Taperas de Diogo Dias, eMiguelSoares, que ambas estavaõ
juntas, edahi havendo desahir pelo caminho velho athé omár, como dezia o escripto deaforamento, ebuscar o Rio Pituassú,
5 que estavajunto do mar, foraõ pelo caminho velho acima para oSertaõ datal terra, queeraõ os Campos dos Frades do-
Carmo, incluindo olemitte, onde estivera aIgreja deSaõFrancisco, o Velho, privando àella Reé dasahida do-
caminho velho para o mar, comtodos os mattos, que dos lemittes das Taperas deDiogoDias, eMiguel Soares, ha-
via athé o mar // por que provaria, que conforme aos escriptos se haviaõ os demarcadores depôr nas Taperas deDiogo
Dias saindo ao caminho velho, que hia para o mar, edahi lhe havião de dar aella Embargante toda aterraque
10 se achase athé o mar, edas mesmas Taperas lhe haviaõ dedar aterra daSertaõ, que éraõ os Campos dos Frades do Carmo,
com o que ficavaõ inchendo as confrontaçoens dos seus escriptos // Eque provaria, que os mattos que naditademarca-
saõ que sefizera, davaõ os Embargados aella Embargante para abanda do mar, eraõ dos mesmos Campos dos Fra-
des doCarmo, eSitio daIgreja deSaõ Francisco, ovelho para apartedoLéste athé vir intestar com o rumo de agu-
lha, que sebotara daTapéra deFructuozo Antunes cortando aRibeira pelo meio athé sahir as Tapéras deDiogo Dias,
15 sem sahir ao caminho velho athé o már, conforme o escripto dava àella Embargante, sendo que das ditas Ribeira, e
Tapéra deDiogoDias, e caminho velho vezinho aella, se havia dehir para aparte doLeste buscar os mattos para
abanda do mar pelo mesmo Caminho abaixo, que éra aestrada, que Garcia Davilla abrira, para serventia da di-
ta Igreja Velha; e da mesma Ribeira, eTaperas, e caminho velho, se haviaõ de hir buscar os Campos dos Frades do
Carmo, que éra oSertaõ da ditaterra, como declarava o Padre Frei Bartholomeu, o que tudo sefizera incon-
Rio Pitu-
20 trario deseus escriptos // Com-o queprovaria, que no fim doSegundo escripto, se declarava, que aditaterra estava no assú
posto do Rio Pituassú, o qual ficava junto ao mar, epelo dito escripto pertencia áella Embargante, epelo contrario na-
demarcaçaõ, que entaõ sefizera, como constava do autodella, naõ metiaõ na terra, que davaõ áella Embargante odi-
to Rio, antes ficava defora mais de mil braças do Rumo que lansaraõ para abanda domar, no qualéra manifesto u-
25 zurparaõ os ditos Embargados aella Embargante toda aterra, emattos, que seos escriptos lhe davaõ do dito lemitte daRi-
beira, eTaperas, e caminho velho para o mar // pelo que provaria queadita demarcaçaõ éra nulla, por senaõ guardarem
os seus escriptos, confórme aSentença daCaza daSupplicaçaõ, que lhos mandavaguardar; eassim se deviaõ pôr
os marcos nos lemittes, nelles apontados por o doador Garcia Davilla lho dar toda, eindividua, e ad corpus, dando por le-
mitte doSúl, a Ribeira, e do nórte, o caminho velho, epor lemitte doSertaõ, os Campos dos Frades doCarmo, epor o de-
Pituassú
30 Léste, o mesmo mar, em que entrava coma Ribeira, o Rio Pituassú conteudo no escripto // E que provaria, que deven-
do o dito Ouvidor geral, na forma daSentensa deminhaRellaçaõ fazer demarcaçaõ, conforme as confrontacoens declara-
das nos ditos escriptos juntos ad corpus, enaõ por Rumos, ofizera pelo contrario, porque dando-lhe os seus escriptos os-
mattos para abanda do mar, e terra no Sitio do Rio Pituassû, lhos naõ dera, antes excluira aella Embargante dos ditos
mattos; eRio, privando-a da posse, edominio dellas, e doSitio em que morava demais detrinta, equarenta annos áquella
35 parte muitos annos antes dofalecimento do doador Garcia Davilla, com-o que tinha legitimamente prescripto com
titulo deboa fé àvista dos ditos Embargados, por que quandofizer adoaçaõ ao marido della Embargantedaterra dacon-
tenda, já ella Embargante possuhia, e morava no Sitio, que entaõ morava, etinha suas Cazas, de que pelademarca
çaõ que faziaõ os ditos Embargados, ficava ella Embargante privada, no que havia notorio erro // e que provaria,
que sem o dito Ouvidor declarár por Sentença donde sehaviaõ depôr os marcos, eestando somentefeita a nullademarca
40 çaõ por Rumos, contra aforma dos escriptos, eSentensa deminha Rellaçaõ, seforaõ os ditos Embargados depropria authoridade
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81v authoridade meter marcos naditaterra, sem o Ouvidor estar prezente, nem Official de Justiça algum, e assim semeteraõ asua
vontade pela terra della Embargante, de que tinhaõ occupado gran parte contra aforma de direito, pelo que era violenta, e
nulla aditademarcaçaõ, sem que o dito Ouvidor ouvesse primeiro declarado por Sentença // alem do que provaria ella Embar-
gante, que era uzo, ecostume naditaCidade, eseus lemittes uzado, epraticado, dar-se hum anno para despejo, esecolherem os-
5 frutos daterra, que semandava despejar, esem sedar o dito tempo, naõ podia ella Embargante, sêr constrangida adespejar o si-
tio, que os ditos Embargados lhe queriaõ occupar contra aforma da ditaSentensa, esendo aisso contrangida, selhefazia forsa,
esem justiça // Eque provaria, que ademarcaçaõ de que setratava, naõ hé materia de execuçaõ, porque dependia depro-
va, epor o dito Ouvidor assim o entender, mandara hir parantesi ao dito PadreFrei Bartholomeu, elhe dera juramento
dos Santos Evangelhos, como constava do auto da demarcaçaõ, epor que contra ella tinha Embargante que allegar, e-
10 dizer deseu direito, se naõ devia dar a execuçaõ couza algu(m)a, sem primeiro o dito Ouvidor tratar de detreminar a mate-
ria dos ditos Embargos, eter verdadeiro conhecimento dos lemittes da ditaterra, que fora dada adecorpus, para
que nelles mandasse fixar os marcos, efazer cumprimento deJustiça // Eque provaria, que aVestoria, que fizera
o Dezembargador Jorge daSilva Mascarenhas, com o Irmaõ Frei Gonçalo, e Frei Bartholomeu de Nossa Se-
nhora do Carmo, sobre se averiguar qual éra o caminho velho, houvera engano nos ditos Religiozos, por no tal tempo es-
15 tar hum pedaço de matto, digo pedaço coberto de matto, fazendo ser outro muito diferente, onde tinhaõ os filhos deMar-
tim Rodrigues huma Rossa, pelo que sahira ella Embargante condemnada na Restituiçaõ daterra que secontinha
do dito caminho athé o outro, que na demarcaçaõ se achara ser o verdadeiro caminho velho // Eassim provaria, que
depois dadita Vestoria, achando-se inganados os ditos Religiozos, seforaõ desdizer diante do dito Ouvidor geral, e-
Abbade dos ditos Embargados, e de muitas pessoas, pela qual rezaõ no auto, que sefizera da nova de marcaçaõ, dezia
20 oReligiozo Frei Bartholomeu, que o caminho velho hia sahir ao mar, que héra o que secontinha no escripto deaforame(n)-
to della Embargante // Com o que provaria, que da Ribeira deFructuozo Antunes, eTaperas de Diogo Dias, ecami-
nho velho, por onde saltara o rumo de Nórdeste, eSodueste queriaõ os ditos Embargados, que seficassem inxendo os es-
criptos della Embargante do dito Rumo para aparte do Sertaõ, que era olemitte dos Campos dos Frades doCarmo, eSitio
aonde estivera Saõ Francisco, o Velho, e que os mattos, que os escriptos lhe davaõ aella Embargante para abanda do
25 mar, seficasse intendendo dos ditos Campos dos Frades do Carmo, eIgreja Velha, athé vir outravez parabaixo buscar
as Taperas de DiogoDias, eo rumo de Nórdeste, eSudueste, que se botara daRibeira deFructuozo Antunes as Tapéras
de Diogo Dias, sem quererem que dellas passasse para omar, como tudo constava do auto da nulla demarcaçaõ // Com-
o que provaria que das ditas Taperas deDiogoDias, erumo que aellas sebotara para aparte doLeste aondeficava omar, ha-
via muitos mattos que éraõ os que lhe davaõ os seus escriptos, e pelatal nulla demarcaçaõ lhos ficavaõ tomando com os Sitio
30 das suas Cazas, sendo que assim o dito Sitio, como os ditos mattos, lheforaõ dados em vida de GarciaDavilla, ao marido
della Embargante, e em sua vida os pessuira, como tambem depois doseu aflescimento do dito GarciaDavilla, lavrando
avista, eface sua, ede todo o mundo, eatal héra aterra, que elle deixara em seu testamento, conforme aseus escriptos,
e assim que lhenaõ deviaõ os ditos Embargados querer entaõ uzupar com suas trassas, e maus modos, dequeuzavam //
E que provaria, que chegando com o dito Rumo deNórdeste, eSudoeste as Tapéras deDiogo Dias, dahi ao caminho
35 Velho daTapera daIgreja deSaõ Francisco Velho, de que o mesmo escripto fazia mensaõ, mandara o Ouvidor geral, pôr
aagulha peloPiloto, ecom ella demarcara aditaIgrejaVelha, que ficava para oSertaõ daditaterra, como o decla-
rava no mesmo auto o Irmaõ Frei Bartholomeu, mandando meter no dito caminho hum marco, sendo que do tal camin-
39 ho velho, onde semetera o dito marco, sehavia primeiro desahir por elle ao mar, como o declarava omesmo escripto, o
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82r o que tudo sefizera incontrario // Eque provaria, que mettido o dito marco por os ditos Padres quererem embaraçar on-
de éra o mar, eo Sertaõ da dita terra, mandara o Ouvidor geral, dar juramento dos Santos Evangelhos ao Irmaõ Frei
Bartholomeu, que declarase qual éra aparte do Sertaõ da ditaterra, ebandadomar, epor ellefora dito, que o Ser-
taõ daterra della Embargante, éra o que seincluhia naparagem, onde seincluhia aIgreja Velha, e Campos dos Frades
5 do Carmo, eo mar ficava para abanda doLéste, sem lhe quererem dar a ditaterra // eque provaria, que para ella
Embargante ser cheia dasua terra naforma deSeus escriptos, e Sentença deminhaRellaçaõ, lhe haviaõ dedar todas
as terras donde meteraõ o dito marco para abanda do mar, que ficava para abanda doLeste, como bem declarara o dito
Irmaõ Frei Bartholomeu, máz naõ lhe davaõ terra alguma, epara a dita mediçaõ nos ditoslemittes apartados do escrip-
to, sem quererem os Reverendos, que delles selhedese aterra, que houvessepara abandadomar, querendo somente enxer
10 a ella Embargante daparte doSertaõ, que tambem em o dito seu escripto, que éraõ os Campos dos Fradesdo Carmo, e que a-
terra para abanda do mar, seentendesse dos Campos dos Frades do Carmo, eIgreja velha para aparte doLeste athé vir
dar outra vez, onde ssemetera o dito marco, o que era grande engano com que ficavaõ tomando aella Embargante toda
aterra, que havia daRibeira deFructuozo Antunes, eTapera de Diogo Dias, e caminho velho para abanda do mar, que éra
o remedio deSeus filhos, ao que elle Ouvidor geral, devia accodir, edesfazer atal inpertenencia, eduvida, ou para melhor
15 dizer teima, com que os ditos Religiozos lhe queriaõlevar o remedio deSeus filhos, como que foraõ homens, que naõ temiaõ
aDeos // Erafama publica // Pedindo aditaReé Embargante emfim, e Concluzaõ deSeus Embargos Recebi-
mento delles, eCumprimento de Justiça pelo melhor modo, com as custas, por que prottestara //. Segundo éra Conteu-
do em os ditos Embargos, comque a Embargante offerecera o treslado dos Escriptos deGarcia Davilla, em que os fun-
dava,ecomisso os autos sefizeraõ Concluzos, esendolevados ao dito meu Dezembargador Ouvidor geral, evisto por el-
20 le, mandava por seu despacho, que ouvessem as partes Vista ao que fora satisfeito, epor seus procuradores vieraõ com Re-
zoens, allegando cada hum desuajustiça, com as quaes tornaraõ os ditos autos concluzos ao dito Ouvidor geral, evisto
por elle, nelles pronunciara, que antes deoutro despacho, se ajuntassem os autos originarios, etornassem. Bahia
23.IV. 1636
Vinte, etres deAbril deSeis Centos, etrinta, eSeis // Por bem do qual se appenssaram alinha os autos, que pelo
dito despacho se mandaraõ juntar, ecom elles tornaraõ os ditos Embargos Concluzos, esendolevados aoditoOuvi-
25 dor geral, evisto por elle, nelles pronunciaraaSentensa, CujaCopia deverbo adverbum sesegue //
Sen(te)nca Sem Embargo dos Embargos, que naõ Recibo, visto sua materia; e o que dos autos consta. Hei porboa ade-
marcaçaõ de que setrata, emando secumpra, e guarde como nella secontem, epague a Embargante os autos Bahia três
3.V.1636
deMaio deSeis centos, etrinta, eseis // Coutto // Esendo aditaSentensa do dito Ouvidor geral, o Doutor Joaõ
do Coutto Barboza, por elle mesmo fora publicada naditaCidade doSalvador no Paço do Concelho della em-
6.V.1636
30 publica audiencia, que aos ffeitos, epartes fazia em os seis dias do dito mez deMaio, e anno nelladeclarado, empre-
zença dos procuradores das ditas partes, elogo pelo daReé Embargante Catherina Fogassa, fora dito queAppella-
va da ditaSentensa, epronunciaçaõ della para esta minhaCorte Rellaçaõ, e Caza daSupplicaçaõ destaCidade
deLisboa, epedira Vista dos autos, que selhedéra por mandado do dito Ouvidor Geral; ecom o quemais se tratara,
9.V.1636
eprocessara, semostrava outro sim pelos ditos autos, que sendo aos nove dias do dito mez deMaio demil, eSeis centos,
35 etrinta, eseis annos, em aditaCidadedo Salvador Bahia de todos os Santos, noPaço do Concelho della, em publica
Audiencia, que o dito Ouvidorgeral aos ffeitos, epartes fazia nadita audiencia, pello Advogado dos Religiozos, Embar-
gados, lhe fora dito, que para adita audiencia, mandara aAppellanteCatherina Fogassa, citar ao ReverendoPa-
drePrezidente do Convento deSaõ Bento, para atempaçaõ, Conserto, eSeguimento deSua Appllaçaõ30, eavaliaçaõ daCau-
39 za, eque sem embargodisso, lhehavia dedar SuaSentensa por adita Appellaçaõ só menteter lugar no effeito devolotivo

30
Desta exata forma se registra no manuscrito.
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82v devolutivo, como ja estava declarado no termo Continuado nos ditos autos, eo procurador daReé Appelante, Requerera se ouvesse
por Citado ao dito PadrePrezidente evisto pelo Ouvidor geral por constar por Certidaõ deFrancisco daFonceca Escrivaõ daVara do
Meirinho daCorreiçaõ que o Citara, omandara apregoar pelo Porteiro da Ouvedoriageral, que o apregoara, epor naõ aparecer, asua
Reveria o Ouvera por Citado, para atempaçaõ, Conserto, eseguimento da dita Apellação, eavaliaçaõ dacontenda, epor selouvarem os-
5 Procuradores das partes, em Christovaõ Luiz Sallazar, os houvera por louvados; posto que em outra audiencia selouvara o dito
Advogado dos Autores em Balthazar Antunes morador na Itapoan, eo dito Ouvidor geral mandara, que sem Embargode Re-
querimentos, que ouvera departe aparte, que aelle se desse juramento, epelo Advogado daAppellante dizer, que tinha aisso Embargos,
epedira Vistapara os formar, eselhe dera, viera com hu(m)a razaõ, eCotta por Embargosdizendo, que adita cauza, já viera, eestava
avaliada folhas quarenta, ehuma verso, e quarenta, eduas, em cento, esetenta mil reis, que excediaõ aalssada do dito Juizo, pe-
10 laqual rezaõ viera aesta minhaCorte, eCazadaSupplicaçaõ, eque assim naõ éra necessario ser outravez avaliada, eque
sendo necessario, offerecia atal rezaõ por Embargos, e que pelos autos se ouvesse(m) porprovados, e recebida aAppellaçam, o que pedia
com as Custas, por que prottestara, segundo secontinha nadita rezaõ deEmbargos, sobre os quaes os autos foraõ levados concluzos
Dezp(ach)o
ao dito Ouvidor geral, evistos por elle, nelles por seu despacho pronunciara, que ouvesse aparteVista, e respondesse athé aprimeira, por-
bem do qual despacho, eem comprimento delle sederaõ vista ao procurador dos Appellados, que respondera, dizendo por escripto, que a
15 avaliaçaõ que se fizera, fora a respeito detoda a terra daContenda aprincipio, eque por entaõ senaõ letigava mais, que sobre
huma nesga della conforme elle Ouvidor geral por seos olhos alcançara quando for afazer ademarcaçaõ, que sobre ella
eraõ fundados os ditos Embargos, em que se duvidara sobre anesga, e naõ sobre toda aterra, por onde as rezoens offereci-
das por Embargos, naõ eraõ de receber, o que pedia com as Custas por que prottestara, com a qual resposta sefizeraõ os autos con-
cluzos ao dito Ouvidor geral, evistos por elle, nelles por seu despacho pronunciara, que deferindo ao Requerimento daReé, e-
20 Visto como aditaCauza já viera por appelaçaõ aesta minhaCorte, eCaza da Supplicaçaõ, por naõ caber na alçada do dito
21.VI.1636 Juizo, recebia aAppellaçaõ interposta Bahia vinte,ehum deJunho deSeis centos, etrinta, eSeis // esendo dado, epubli-
cado o dito despacho pelo dito Ouvidor geral, naformadelle recebera aAppellaçaõ aAppellanteCatherina Fogassa, epelo
Procurador dos Appellados dizer que tinha aisso Embargos, epedir Vista paravir comelles, selhedera, eviera com os ditos
Embargos ao recebimento dadita Appellaçaõ, dizendo nelles em nome do Convento, eReligiozos delle, epor Restituiçaõ //
25 que provaria, que posto que aditaCauza jáfosse a valiada para vir porAppellaçaõ aesta dita minhaCorte, e Caza
daSupplicaçaõ, isso fora em respeito de toda aterra, sobre que as ditas partes letigavaõ aprincipio, o que naõ havia
no tal encidente, que aReé pertendia tomar-se por Appellaçaõ // por que provaria, que o tal enccidente, eos Embargos por-
elle Ouvidor geral, digo, e os Embargos delle por elle Ouvidor geral naõ recebidos, de que se Appellara, éra em respeito
dademarcaçaõ, que elle Ouvidor geralpessoalmente fora fazer, naõ em respeito detoda aterra, sobre que corria leti-
30 gio, julgada aelles Embargantes porSentença, que passaraem Cauzajulgada, maz em respeito dademarcaçaõ, ecerto,
elemitadolugar della, sehavia defazer mais, ou menos distancia deterra, que assim o tal só sedevia avaliar, em que
aditaReé duvidava, edezia houvera excesso, e naõ toda, eque assim necessariamente, sedevia fazer nova avaliaçaõ
para sepoder diferir aAppellaçaõ interposta // Era fama publica // Pedindo Recebimento, ecomprimento de Jus-
tiça pelo melhor modo, com Custas, por que prottestara // Segundo secontinha nos ditos Embargos, deque
35 o dito Ouvidor geral por seu despacho, mandara dar Vista as partes, esendo-lhe dada, e razoens com qui vie-
raõ, se tornaraõ a fazer os ditos autos Concluzos, esendolevados ao dito Ouvidor geral, evistos por elle, nelles pro-
nunciara o seguinte etc Sem Embargo dos Embargos, que naõ recebo Vista asua materia, eo que dos au-
tos consta, secumpra meu despacho, eo Embargante pague o retardamento Bahia trinta deJulho deSeis centos,
30.VII.1636 etrinta eSeis // Coutto // O qual despacho sendo dado, epublicado pelo dito Ouvidor geral no Paço do Concelho
40 daditaCidade empublica audiencia que aos ffeitos, e partes fazia em oprimeiro dia do mez deAgosto do dito anno de
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191
83r de mil, eseis centos, etrinta, eseis, elogo peloprocurador dos Autores Religiozos fora dito, que aggravava do dito despacho 1º.VIII.1636

para esta dita minha Corte, eCaza da Supplicação destaCidade deLisboa, eo dito Ouvidor geral lhemandara
Escrever seu Aggravo, e que sedesse aAppellante sua Appelaçaõ para aseguir, etrazer, ou mandar aesta dita
minhaCorte, eCaza daSupplicaçaõ para ondetinha Appellado, eestava recebida aAppellaçaõ // Esendo tresla-
5 dada a dita Appellaçaõ ainstancia da ditaReé AppellanteCatherinaFogassa, semostrava outro sim pelos ditos
12.XII.1636
autos, que sendo aos doze dias do mez de Dezembro do dito anno de mil eseis centos etrinta eseis, em aditaCidade
do Salvador Bahia detodos os Santos, no Paço do Concelho della empublica audiencia, que aos ffeitos, epartes fazia
o dito meu Dezembargador, Ouvidor geral do dito Estado do Brazil, o Doutor Joaõ do Coutto Barboza na ditta
Audiencia pelolecenciado Jeronimo deBurgos deContreiras, Advogado daReé Appellante Catherina Fogassa,
10 fora dito, que aAppellaçaõ dos ditos autos estava tresladada para semandar aesta minhaCorte, e Caza daSupplica-
çaõ, e que a queria mandar naCaravella, de que éra Mestre, eSenhorio Gaspar Palhano, que entaõ estava no Porto da-
ditaBahia, para seguir viagem aestaCidade de Lisboa, requerendo ao dito Ouvidor geral o àtempasse nadita
Caravella, evisto pelo dito Ouvidor seu Requerimento por lhe constar por fé do Escrivaõ dos ditos autos, estar adita Ap-
pellaçaõ tresladada, eadita Caravella outrosim estar para partir para esteReino, mandara que nella viesse adita
15 Appellaçaõ, enela ahovera por atempada para esta minhaCorte, Rellaçaõ, e Caza daSupplicaçaõ, emandara, que desua
chegada aesta ditaCidade deLisboa a déz dias, seapprezentase em Juizo nesta ditaCorte naformacostumada // E
detudo sefizera termo de atempaçaõ por bem do qual os ditos autos, forão trazidos por Appellaçaõ aesta minhaCorte, eCa-
4.IV.1637
za daSupplicaçaõ, e nella aprezentados aos quatro dias do mez deAbril demil eseis centos etrintaeseteannos,
e entregues ao Officio, de que hé proprietario o Escrivaõ, que estaSubscreveo por ser dependencia, elhe pertencerem // e-
20 se ajuntaraõ dois instrumentos publicos deprocuraçoens das partes com seus substabelecimentos, em vertude dos quaes houve-
raõ Vista dos autos por seus Procuradores, ecadahum pela parte que lhetocava, vieraõ com rezoens por escripto alle-
gando, defendendo, emostrando seu direito, ejustiça, eseajuntaraõ alguns papeis, eCertidoens, offerecidas pelas partes em
ajuda desuas provas, e com o que disseraõ, eallegaraõ, os ditos autos comtudo nelles processado, junto, eappensso, meforam
trazidos finalmente concluzos, evistos por mim emRellaçaõ, com os do meu Dezembargo, Dezembargadores das Ap-
25 pellaçoens, eAggravos Civeis, em elles com os do dito meu Dezembargo// Accordei euetc Bem julgado hé pelo Ou-
18 Agosto
Accordaõ vidor, Confirmo suaSentença, por alguns dos seus fundamentos, eo mais dos autos, e condemno aAppellante nas custas delles.
1639
Lisboa dezoito deAgosto deSeis centos, etrinta, enove // Esta minhaSentança sendo assim dada, foi publicada
nestaditaCidade deLisboa, nos Paços daRellaçaõ, e em Audiencia das Appellaçoens, eAggravos Civeis, que
18.VIII.1639
aosffeitos, epartes fazia o meu dezembargador, o Doutor Pedro deCastro deMello, aos ditos dezoito dias do mez de-
30 Agosto do anno prezente demil, eseis centos, etrinta, enove annos// Esendo assim dada, epublicada como dito hé,
porparte dos Autores Appellados, o ReverendoPadre DomAbbade, emais Religiozos do Mosteiro doPatriar-
chaSaõ Bento da dita Cidade do Salvador Bahia detodos osSantos, Vencedores foi pedidoSentensa do processo dos di-
tos autos para comella Requererem seu direito, ejustiça, eselhes deu aprezente, epor tanto vos mando, que assim o
cumpraes, eguardeis, efaçaes muito inteiramente Cumprir, eguardar assim, eda maneira, que por mim vai sentenciado,
35 Accordado, eDetreminado, enesta minhaCarta deSentensa seContem, aqual tanto que vos for aprezentada, sendo pri-
meiro passada pelaMinhaChancellaria, a Cumprireis em tudo, segundo formadella, fazendo adar asua devida,
everdadeira execuçaõ, assim, eda maneira, que nella secontem; eo diz, edeclara adescizaõ daditaMinhaSentença
atráz, que confirma ado dito Ouvidor do dito Estado do Brazil, o Doutor Joaõ doCoutto Barboza, as quaes hu-
39 ns, eoutros assim cumprir // fazendo mais por virtude desta, Requerer aditaReé Embargante, eAppellante Catherina
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83v Catherina Fogassa Condemnada, que dê, epague ao dito Reverendo Padre Dom Abbade, e mais Religiozos do Mosteiro
do Patriarcha Saõ Bento daCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, Vencedores as Custas dos autos, em que vay
Condemnada, que saõ Sallario do Escrivaõ, que estaSubscreveo, feitio destaCartadeSentença, asignatura, Chancellaria,
eSello della, com outras mais custas, edespezas miudas, enecessarias, que todas juntas humas, eoutras fizeraõ so(m)ma dequatro
5 mil, eSecenta, edous reis, segundoforaõ contados por Manoel Valentim, que hora serve deContador dellas emestadita
minhaCorte, e CazadaSupplicaçaõ, que as contou // e quanto as Custas daterra, lá secontaraõ, por quanto nesta dita
minhaCorte se naõ contaraõ mais, que as desta Instancia // eoutro sim lhe dará, epagará mais adita Reé Appel-
lante condemnada Catherina Fogassa, tudo o que se achar escripto nas Costas desta minhaCarta deSentensa pello
Escrivaõ da dita minhaChancellaria de dizima das ditas Custas, que amim pertencia havêr, epor ella pagaraõ os-
10 Authores Appellados dos Vencedores // esendo por tudo a dita Reé Appellante CatherinaFogassa Requerida, enaõ
querendo logo tudo dar, epagar, será pinhorada, eexecutada em tantos deseos bens, enaõ bastando, nos der raiz, que
bem valhaõ adita quantia, os quaes todos huns, eoutros lheseraõ mettidos em pregaõ em Praça publica, onde andaraõ
os dias, etermos deminha Ordenaçaõ, epassados elles, será tudo vendido, e rematado, a quem por elles mais der, edo
procedido, seraõ os Authores Appelados, o ReverendoPadre Dom Abbade, emais Religiozos do Mosteiro do
15 PatriarchaSaõ Bento da ditaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, ou seo certo, ebastante Procurador
Real pagos, digo Realmentepagos, e<s>/n\tregues, esatisfeitos detudo, o que dito hé, sem erro, mingua, nem falta algu-
ma, tudo nasobreditaforma, e conformidade, o que huns, eoutros assim comprir, e al naõ façaes etc Dada
nesta minhaCorte, e Cidade de Lisboa aos ditos dezoito dias do mez de Agosto do Anno doNascimento de-
18.VIII.1639 NossoSenhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis centos, etrinta, e noveannos, etirada do processo aos vinte, etres di-
23.VIII.1639 20 as do dito mez, eanno atráz declarados // El Rêy NossoSenhor, o mandou peloDoutor Valentim da-
Costa deLemos, doSeu Dezembargo, que por sua expecial Commissaõ, conheceo daCauza nesta declarada,
como Dezembargador das Appellaçoens, eAggravos Civeis em estaSuaCorte, e CazadaSupplicaçaõ // etc E-
pello Doutor Pero Vieira daSilva, outrossim, do Dezembargo do dito Senhor, que tambem por sua ex-
pecial Commissaõ, conheceo daCauza nesta de clarada, como Dezembargador das Appelaçoens, eAggravos Civeis
25 em esta ditasuaCôrte, e Caza daSupplicaçaõ etc Manoel dos Reys Fabio, afêz no Officio, deque hé
Proprietario Julio Fulco Passanha, Escrivaõ das Appellaçoens, eAggravos Civeis em esta dita Corte, e Caza da
Supplicação // Pagou-se desefazer estaCarta deSentença ao todo por parte dos ditos Authores, o Reverendo
Dom Abbade, e mais Religiozos doConvento do Patriarcha Saõ Bento Vencedores, acujo Requerimento seti-
rou do processo, mil, esete centos Reis, dos quaes o Escrevente levou a quarta parte, e de assignatura della, sepagaraõ
30 já cem reis ao tempo, que os ditos autos foraõ levados Concluzos paraserem Sentenciados, epor sepagarem por parte
daReé Appellante Catherina Fogassa condemnada, naõ vaõ mettidos na so(m)ma das Custas atráz, e tudo o mais
vai mettido nadittasomma com os trinta reis daChancellaria, eSello destaCarta deSentença que nas Costas della
vaõ carregados, e declaro que esta vay por trêz vias, e hé asegundavia huma cumprida, as outras naõ have-
raõ effeito, edesta sepagara aos Juizes quarenta reis de assinarem == Julio Fulco Pessanha o fiz escrever,
35 eSubscrevy == Pero Vieira daSilva == Valentim daCostadeLemos == Estava oSello ==
Thomé Pinheiro da Veiga == Pague trinta reis, por ser segunda via == Fonceca == A dizima das
Custas vai paga naprimeira via == Fonceca === E naõ secontinha mais em o dito ti-
tulo Supra, e Retro, o qualeuJoaquim Tauares deMacedo Silua Tabeli-
39 aõ do Publico Judicial eNottas nesta cidade do Saluador Bahia de
194
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84r de todos os Santos eseo termo porsua Alteza Real que Deos Goarde em
Cumprimento do despacho proferido pelo Doutor Juiz de Fora actual Do-
mingos Jozé Cardozo no Requerimento que foy asegunda folha deste Li-
uro, aqui bem, e fielmente sem couza que duuida faça, fis copear do-
5 proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo Procurador Geral do
Mosteiro de Sam Bento desta mesma cidade Frei Manoel do Sacra-
mento pelo achar uerdadeiro, eauthorizado judicialmente como sedeixa
uer no proprio traslado, eo tornei entregar depois de lansado ao dito Reue [↑2]
rendo Procurador Geral, que decomo o Recebeo aqui asinou, eeste mesmo
10 traslado juntamente como Tabeliaõ Companheiro Antonio Barbo-
za de Oliueira comferi como Original, concertei, sobscreui, e asinei
na Bahia aos treze dias do mês deMarço demil eoito centos esinco annos. 13 III 1805

eEuJoaquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ o sobscreui, e asiney


C(omferido)por mimT(abelia)m
15 Conc(erta)do p(o)r mim T(abeli)am
Antonio Barb(oz)a deOliveira
17 Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
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LII_doc05: Sentença dos Religiosos do Patriarca São Bento contra os herdeiros de Anna Ferraz
84r 37. Sentença dos Religiozos do Patriarcha Saõ Bento contra os herdeiros de Anna Fer-
Itapoan
ráz ==== Dom Afonço por graça de Deos, Rêy de Portugal, edos Algarves, daquem,
20 e dalem, Mar em Africa, Senhor de Guiné, e da Conquista, Navegaçaõ, Comercio da Etiopia, A
Questaõ
rabia, Percia, e da India etc Atodos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Jus
Anna
tiças, Officiaes, epessoas de meus Reinos, eSenhorios, aque esta minha Carta deSentença tira-
Ferraz
da do processo emforma for aprezentada, eo conhecimento della com direito deva, ehajadepertencer,
eseu cumprimento, e execuçaõ sepedir, erequerer saude. Faço-vos asaber como nesta minha
25 Rellaçaõ do Estado do Brazil foraõ trazidos, e aprezentados, epor mim com os domeu Dezembargo,
Dezembargadores das Appellaçoens, eAggravos Civeis, finalmente Sentenciados huns autos de-
Cauza Civel, que aelle vieraõ por Appellaçaõ dante o Juizo ordinario Balthazar deAragaõ deArau-
jo, ordenados entrepartes, aSaber da huma como Authores, eAppellantes os Reverendos Padres do Pa-
triarcha Saõ Bento do Covento destaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, contra Anna
30 Ferráz, Dona Viuva, outro sim Reé da outra, emoradora notermo desta dita Cidade, eisto sobre a cauza,
e rezaõ do que tudo ao diante nesta sefará mais larga, expressa, e declarada menssaõ, epelos ditos autos, etermos
delles, entre as mais couzas, em elles conteudas, edeclaradas, semostrava, econtinha, que no Anno doNascimento
deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil, eseis centos, ecincoenta annos, aos Catorze dias do mez deMarço do dito 14 M(ar)ço
1650
anno, nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos; e Cazas dos Contos della, em audiencia publica,
35 que ahi affeitos, epartes fazia Simaõ Alvares deLapenha, Provedor mor de minha Fazenda emtodo o Esta-
do do Brazil, perante elle na dita audiencia parecera Antonio Fernandes Roxo, Solicitador de Cauzas, e-
por ellefoi dito, que apetiçaõ, e Requerimento dos Padres do Convento doPatriarchaSaõ Bento, hera citada An-
na Ferráz, Dona Viuva deManoel Cardozo Botelho, eas mais pessoas declaradas naCertidaõ de citaçaõ de-
Antonio deAndrade; Juiz dos lemittes daPitanga, os quaes citara, como Héreos para haver deseacabar demedir
40 aterra, deque setratava nos autos que taõ bem hiaõ juntos ao diante, que lhe requeria, os mandase apregoar, e naõ pa-
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199
84v parecendo asua reveria, ficassem esperados até aprimeira, elogo parece/ra/ /Joaõ/ Botelho deMattos, procura
dor deAnnaFerrás com huma petiçaõ, em que pedia vista da dos Padres, e Mand/ado,/ o que visto pelo dito Provedor
Mór, mandara, que selhe desse vista aseu procurador, e mandara autoar asua acça/õ/, ao que fora satisfeito por Do
mingos Raenol deBritto, Escrivaõ, que ao taltempo era dos Feitos daCorôa, eFazend/a/ Real deste Estado do Brazil,
5 que fizera auto da dita acçaõ, e a elle ajuntara apetiçaõ dos ditos Autores, Mandado, /des/pacho, e Certidaõ de Citaçaõ, e tu-
do authoara naforma ordinaria com os ditos autos de mediçaõ, de que tudo o treslad/o/ deverbo ad verbum hé oseguin
Petiçaõ.
te == Os Religiozos da Patriarcha Saõ Bento, que elles /c/omessaraõ /afazer/ mediçaõ dehuma Sismaria
que herdaraõ de Garcia deAvilla de huma legoadeterra pela costa, eduas para /o/Sertaõ, epor que jâ tem medido a-
legoa por Costa, ehumapara o Sertaõ, e á querem acabar adita mediçaõ para que /selhe/julgue por Sentensa, epara isso
10 hé necessario citar de novo todos os Eréos para seacharem adita mediçaõ, epara correrem com ella em seus termos, epa
ratodo necessario para aditaCauza pelo que, pede a Vossa Mercê, mande passar Man/dado/ paraserem citados todos os-
que seacharem serem sircumvizinhos, epartirem com aditaterra, esuas mulheres para se acabar adita mediçaõ, etudo omais
sobre dito, e dizerem athé aprimeira audiencia depois de citados, aduvida, quetem ase acabar adita mediçaõ, e recebe-
ria justiça, e mercê, a qual petiçaõ sendo aprezentada ao dito Provedor mor, evista por elle, mandara por seu despacho, que
15 sepassasse mandado como pedia, Em cujo cumprimento sepassara, e emvertude delle Antonio deAndrade Juizdole
mitte daFreguezia deSanto Amaro, Citar em suapessoa aditaReé AnnaFerráz para tudo conteudo na ditapetiçaõ, de-
que passara sua Certidaõ, por elle feita, easignada; que sendo junta aos autos, com ella se ajuntaraõ as damediçaõ, de
Mediçaõ
que os ditos Authores em sua petiçaõ fazem mensaõ: cuja copia de verbo ad verbum hé oseguinte == Anno do Nasci-
21.XI.1621 mento deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis, evinte, ehum annos, aos vinte, ehum dias do mês deNovembro do
20 dito anno nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, em as pouzadas deAntonio Barreiros, Provedor mór da-
Fazenda deSuaMagestade pelo dito Senhor, empublica audiencia, que a feitos, epartes fazia, parecêo o Reverendo
PadreFrei Mauro Procurador, que disse ser do Mosteiro deSaõ Bento desta Cidade, epor elle foi dito, que asua
petiçaõ, eraõ Citados os Officiaes daCamara destaCidade, para sehaverem defazer as mediçoens, de que, digo as mediçoens
nas terras daItapoan, de queeraõ Eréos os Conteudos em suapetiçaõ, eoutrosim Pedro Viegas, esua mulher, Antonio
25 Machado deVasconcellos, Meirinho desta ditaCidade, eos mais conteudos, esuas mulheres dos sobreditos, o que tudo hé
o que ao diantesesegue. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazendadeSua Magestade o escre-
Citaçaõ
Citaçaõ fei vý = Citaçaõ feita aos Officiaes daCamara destaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos == aos-
ta aos Off(icia)es
vinte dias do mez deNovembro demil, eseis centos, evinte, ehum annos, nesta Cidade doSalvador Bahia de-
da Camara 30 todos os Santos, em Cumprimento do Mandado doProvedor mór Antonio Barreiros junto nestes autos, eu Escrivaõ
fui a Requerimento do Procurador dos Padres deSaõ Bento desta Cidade, prezente o dito procurador, oPadre Frei Mau-
ro, fui aCamara destaCidade, onde achey o Juiz Marcos daCosta, eos Vereadores, o lecenciado Hieronimo deBurgos
20 {nove}(m)bro 1621 deCon- Joaõ, digo Jorge deMagalhaens, eoProcurador do Concelho Francisco Vieira, aos quaes Requerí como Officiaes
treiras,
da ditaCamara, em nome do Procurador do dito Convento, e dos ditos Padres, para sefazerem as ditas mediçoens nas terras
1 legoa p(o)r 35 do Rio Vermelho, que v/a/õ para Itapoan, que ouveraõ por heransa deGarcia deAvella, que saõ duas legoas p/a/ra o Sertaõ,
Costa de e
huma legoa por Costa do mar, eisto para aprimeira audiencia do Provedor mór, e allegarem aduvida, que tem, asefa-
mar zer as ditas mediçoens, e a costarem seus titulos, e dizerem deseudireito, ejustiça sobre conteudo nas ditas mediçoens, epor
les foi dito, que elles mandariaõ Requerer no dito termo, esem embargo desuas respostas, os houve por citados para adita
el-
20.XI.1621 diencia,
au- de que passei esta Certidaõ por mim feita, e asignada naBahia aos vinte do mez de Novembro demil, eseis cen-
Petiçaõ
40 tos, evinte, e hum annos == Manoel Fernandes Lobo == o PadreProcurador do Mosteiro doPatriarcha Saõ Bento
200
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85r Bento desta Cidade da B/a/hia, que o dito Mosteiro tem huma Legoa deterra nas terras da Itapoan por Costa p(o)r costa
de mar
do mar, com duas Legôas para /oS/ertaõ, que houveraõ deherança de Garcia Davella, que Deos tem; eporque por naõ es-
tar demarcada, selhe movem algumas duvidas, e selhemetem algumas pessoas pela ditasua terra, aquér fazer medir,
edemarcar, eisso lhe hé, digo eparaisso lhe hê necessario serem citados os heréos // Pede avossa Mercê, que visto o que
5 allego mande selhepasse mandado para os Citar atodos, e às suas mulheres para adita demarcaçaõ, os quaes saõ aCama-
ra destaCidade Pedro Viega Geraldes, Francisco Pereirado Rio Vermelho, EmendeSaá, eos mais que houver para
que depois de noteficados, mandem a primeira audiencia allegar aduvida, que aisso tiverem, aliás sefará asua reveria,
Desp(ach)o E receberá justiça, eMercê === /De/sse como pede === Barreiros == Antonio Barreiros Provedor mór da-
Mand(ad)o Fazenda deSua Magestade neste Estado doBrazil pelo dito Senhor etc Mando a qualquer Of
10 ficial de Justiça destaCidade, eseus lemittes, ou daFazenda, a quem este meu Mandadofor aprezentado, comelle apeti-
çaõ ao Procurador do Mosteiro doPatriarchaSaõ Bento destaCidade daBahia, Requeiraõ, eCitem atodos os heréos
Conteudos napetiçaõ acima, aSaber aCamara destaditaCidade, eSeuProcurador, eaPedro Viegas Geraldes, e
asua mulher Maria deAguiar, e aFrancisco Pereira do Rio Vermelho, esua mulher, EmendeSaá, eSua mu-
lher, eos mais eréos, que nomearem as partes para que do dia que Requeridos forem aSegunda audiencia, depois daCita-
15 çaõ, que sefás neste meu Juizo as segundas, equintas feiras de cada semana depois do jantar as duas horas depois do me-
io dia, venhaõ aeste Juizo adizer aduvida, ou embargos que tem asedeixar defazer amediçaõ conteuda napetiçaõ, quedi-
zem os Reverendos Padres lhepertence, por herança que houveraõ de Garcia Davella, e por tudo mais conteudo na
Sendo certo, que naõ vindo no dito termo acima nomeado, os haverei por citados, e Requeridos para sefazer as ditas
ditapetiçaõ,
mediçoens, e- que seescondem para effeito denaõ serem citados, os citareis em pessoa dehum fameliar desuas cazas, ouve-
constando-vos
20 zinho mais chegado atodos, ou acadahum dos sobreditos, de que passareis certidaõ nas Costas deste para em tudo vêr,
19.X.1621
como meparecer justiça. Dado no Salvador sob meu signalsomente aos dezanove dias do mez deOutubro == Ma-
eproceder
noel Fernandes Lobo Escrivaõ dos Feitos daFazenda deSuaMagestade, efiz em mil eSeis centos, evinte hum annos ==
Dom(ing)os de
Citaçaõ. Antonio Barreiros = Dou fé Simaõ Matheus Porteiro destaCidade, que em comprimento do mandado a- Villa Chã
trás, epetiçaõ junta, fui aFazenda deDomingos deVilla cha(n), esua mulher, onde os citei em suas pessoas, o citey
26.XI.1621
25 naformado mandado, epetiçaõ junta como emtudo secontem, epor verdadefiz, easinei esta hoje vinteeseis dias do mêz
Citaçaõ deNovembro deSeis centos, evinte, ehum annos // Simaõ Matheus // dou fé Simaõ Matheus. Porteiro desta
Men de Sá
Cidade, que em comprimento do Mandado atraz, epetiçaõ junta, fui aFazenda deMendeSaâ, onde o citei aelle, eaSua
mulher Dona Maria, aos quaes citei ambos em suas pessoas naforma do dito Mandado, epetiçaõ juntaa, como emtudo
26.XI.1621
secontem, epor verdadefiz, easinei esta, hoje vinte, eSeis dias do mez deNovembro deSeis centos, evinte, ehum annos //
20.XI.1621
Citaçaõ 30 Simaõ Matheus // Aos vinte dias do mez de Novembro demil, eSeis centos, evinte, ehum annos, nestaCidade do Sal-
Ant(oni)o
vador, ePraça publica della, onde eu Escrivaõ fui, e achei ao Meirinho destaCidade Antonio Machado deVasconcellos, Mac(had)o
Vasconcellos
ao qual citei, e Requerí para as mediçoens, que sehaõ defazer nas terras do Rio Vermelho; que vaõ para a Itapoan conteudas
na petiçaõ atráz, a requerimento dos Padres deSaõ Bento naformadella, emandado junto, que a houveraõ por herança
de Garcia Davilla, em seu nome, e desua mulher, epor ellefoi dito que sedava por Requerido em seu nome e desua mu-
35 lher, eque elle naõ héra Eréo, por quanto asua terra intestava com Balthazar Barboza, eos mais, esem embargo disso,
dice, que tinha Embargos, esem embargos esua resposta, houve por Requerido em seu nome, edesua mulher, por nome naõ
perca, de que passei esta Certidaõ, por mim feita, eàsinada na Bahia dia, mez, eera acima // ManoelFernandes Lobo,
Mand(ad)o Escrivaõ dos Feitos daFazenda, afiz mil seis centos, ev/in/tehum annos // ManoelFernandes Lobo // Antonio Bar-
39 reiros, Provedor mor da FazendadeSua magestade neste Estado do Brazil, pelo ditoSenhor etc Mando aqual quer Of
202
203
85v Official de Justiça destaCidade, eseus lemittes a quem este meu mandado for aprezentado, com elle apetiçaõ
Balthazar doPadreProcurador
do Mosteiro do PatriarchaSaõ Bento destaCidade, requeiraõ aBalthazar Barboza, esua mulher, moradores em Cotegipe,
Barboza destaCidade
termo para as mediçoens, que os ditos querem fazer nas terras daItapoan, que ouveraõ por herensa de Garcia Davella,
Saõ
em queEréos
os para
ditosaprimeira audiencia, que eu fizer, depois daCitaçaõ, que faço as segundas, equintas feiras depois domeio
5 dia,para
ras as duas
aparecerem
ho nesteJuizo, ou mandarem por seu Procurador dizer os Embargos, que tem, asenaõ fazer adita mediçaõ,
que
sendonaõ vindo, ou mandando, os haverei por Citados para aCauza, emediçoens, econstando-vos, que seescondem, citareis a
certo,
SuaCasa,
hum femeliarouvezinho
de- mais chegado, do que passareis Certidaõ em modo quefaça fé para eu tudo vêr, eproceder como
meparecer justiça,
esefazerem as ditas mediçoens no termo, queeu para isso assinar. Dado no Salvador sobmeu signal somente aos seis dias do
6.XII.1621 Dezembro
mês de // ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda ofiz demil, eseis centos, evinte, ehum annos //
Citação
10 Barreiros
Antonio // Dou fé Simaõ Matheus. Porteiro destaCidade, que em comprimento do Mandado atrás, fui aMathoim a-
CazadeBalthazar Barboza, aonde o achei àelle, esua mulher, ambos juntos, eos Citei em suas pessoas por todo o Conteudo
10.XII.1621 no ditto atrás, como nelle secontem; epor verdade dei esta por mim assinada, hoje dez dias do mez deDezembro deseis
Mandado
Citação
20.XI.1621 evinte,
centos, ehum annos // Simaõ Matheus // Aos vinte dias do mez deNovembro demil, eseis centos, evinte, ehum annos
Pedro Vie- dade doSalvador. Eu Escrivaõ fui as pouzadas dePedro Viegas Geraldes, Escrivaõ daFazenda, ào qual citei em
NestaCi-
gas Geraldes 15 camadeitado,
ri em sua pessoa, eo Reque-
para as mediçoens conteudas napetiçaõ atráz, que se haõ defazer nas terras do Rio Vermelho, que vaõ
aprimeira
para aItapoanaudiencia,
para em seu nome, e desua mulher, em cujo nome se deu por Requerido, epor ellefoi dito, que estava na
nove
Cama,dias de doente, esem embargodesua reposta, ohouve por Requerido, do que passei estaCertidaõ por mim feita,
epedia
Procur(aç)am
naBahia, dia, mez, eera acima demil eseis centos evinte ehum annos == ManoelFernandes Lobo = Aos dezasete dias do
easignada
17-{dez}(em)bro 621 mez deDezembro demil eseis centos evinte ehum annos, nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos partes do Bra-
20 zil, em as pouzadas de Balthazar BarbozaPinheiro, no bairro deSaõ Bento, onde eu Escrivaõ fui, epor ellefoi dito, que em-
huma cauza, que hora lhemove os Padres doPatriarcha Saõ Bento, por seu Procurador, sobre ás mediçoens, que querem
nas terrras daItapoan, que houveraõ por heransa de Garcia Davella, termo destaCidade, fas seuProcurador apudauta31 ao
fazer
ciado Gonçalo Homem Dalmeida, Advogado nesta ditaCidade, para que em Juizo, efora delle, possa procurar todo oseu
Lecen-
justiça
direito,sobre
e o Conteudo nas ditas petiçoens, e que possa jurár em sua alma qual quer licito juramento, que em seu lhefor
25 dado,o que diz selhedava todos os poderes, edireitos concedidos, eos mesmos poderes disse, que dava aBráz daCostaSisne,
para
de Cauzas nestaditaCidade, eassinou. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda aescrevi // Balthazar
Solicitador
2<2>/1\-{nove}mbro-
1621 BarbozaPinheiro // Aos vinte, e32 dous dias do mezdeNovembro demil eseis centos, evinte, ehum annos, nestaCidade Termo

em as pouzadas deAntonio Barreiros Provedor mor daFazendadeSua Magestade neste Estado do Brasilpelo ditoSenhor, em
doSalvador,
Publica audiencia que os feitos, epartes fazia, pareceu oReverendoPadre Frei Mauro, Procurador do Mosteiro deSaõ Bento,
30 epor ellefoi dito, que asua petiçaõ, eado dito Mosteiro, eraõ Citados os Officiaes daCamara destaditaCidade nomeados,
trás em sua petiçaõ,
eConteudos a eAntonio Machado deVasconcellos, eSua mulher, ePedro Viegas Giraldes, esua mulher Maria
deAguiar, elhe requeri os houvesse por Citados para as ditas mediçoens atras, epor constar das Citaçoens, os mandou
os sobreditos
apregoar, cadahum depersi peloPorteiro Francisco Feio desteAuditorio, que os apregoou, epor naõ aparecerem debaixo
eoforaõ
do Se- pregaõ, os houve por citados para esta mediçoens, eCauza, termos, eautos judiaes33 della, e mandou dava, econcedia
gundo
35 dito
ao- Pedro Viegas Giraldes, nove dias dedoente, eque correriaõ dehoje em diante, eos que tivessem procuraçaõ houvessem
naforma ordinaria, de que fis este termo. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda o escrevi, emea-
vista
Procur(aç)am
14.XII.1621 sinei // ManoelFernandes Lobo // Aos catorzedias do mezdeDezembro demil seis centos, evinte hum annos
nestaCidade do Salvador, epouzadas demim Escrivaõ, apareceo MendeSaá, morador emPirajá, termo desta ditaCidade,
39 epor- dito, que em huma Cauza de mediçoens, que lheora movem os Reverendos Padres deSaõ Bento destaditaCidade,
ellefoi
sobre hu-

31
Refere-se, provavelmente, ao termo jurídico apud acta.
32
O termo um se encontra escrito a lápis na entrelinha superior entre este termo e o próximo.
33
Desta exata forma se registra no manuscrito.
204
205
86r humas mediçoens que querem fazer nas terras que houveraõ por herança de GarciadeAvilla naItapoan, faz seu Procurador
apudauta34 aolesenciado Jeronimo deBurgos deContreiras, Advogado nestaditaCidade, para que em Juizo, eforadelle, possa
Requerer todo oseu direito, ejustiça, eobem della, para oqual dice selhedava os poderes emdireito concedidos, e que possa
al quér
jurar qu-juramento, que emdireito lhefor dado, eos mesmos poderes dice, que dava aJeronimo dePaiva, Solicitador de
5 Cauzas
nesta ditaCidade, eassinou. ManoelFernandes Lobo, Escrivam dos Feitos daFazenda aescrevi // MendeSaá//
23-{dez}(em)bro
Termo. Aos vinte, etres dias domez de Dezembro demil, eseis centos evinte, ehum annos, nestaCidadedoSalvador, epou- 1621
zadas deAntonio Barreiros Provedor mor da FazendadeSuaMagestade neste Estado do Brazil pelo ditoSenhor.
Em publica audiencia, que affeitos, epartes fazia, apareceo oPadreFrei Mauro Procurador do Mosteiro deSaõ Bento, e
por elle foi dito, que os mais Eréos Conteudos na sua petiçaõ, enas Certidoens juntas, éraõ citados, como dellas constavaõ
10 para as mediçoens das terras do Rio Vermelho, que vaõ para aItapoan, como éraõ Domingos deVilla chan, eSua
mulher, MendeSaá, esua mulher, Balthazar Barboza, eSua mulher, elhe requeria os houvesse por Citados
para as ditas mediçoens, epara estaCauza, termos, e autos judiciaes della, eporconstar das Citaçoens nestes autos, epor Cer-
tidoens nas Costas dos Mandados, os houve por citados para as ditas mediçoens, epara o mais conteudo, epor tambem
apregoados pelo porteiro Francisco Feio, e por naõ aparecerem, mandou houvessem vista por seos Procuradores, elhe-
serem
15 mandou que até aprimeira audiencia, viessem com os Embargos quetivessem ase deixarem defazer as ditas
mediçoens, sendo certo, que naõ vindo, ou mandando as suas Reverias, mandaria o que lheparecesse justiça, eos haveria
por lansados dos ditos Embargos, e do mais com que poderia vir, mandaria sefizessem as ditas mediçoens na-
forma dapetiçaõ doSuplicante, de que fiz este termo. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos da-
23-{dez}(em)bro
T(e)r(m)o Fazenda o escrevi // Aos vinte, etres dias do mezdeDezembro demil eseis centos evinte, ehum annos: nes- 1621
20 taCidade doSalvador, epouzadas deAntonio Barreiros Provedor mor daFazenda deSua Magestade, na-
dita audiencia atraz, aparaceo Domingos Dias deAmaral Requente que disseser daCamara destaCidade, digo desta dita
Cidade, epor ellefoi dito ao dito Provedor mor, que em nome dadita Camara lhepedia lhe mandase dar por Restituiçaõ hu-
ma audiencia, epor lheconstar naõ lheter dado tempo, por Restituiçaõ lheconcedeo thé primeira audiencia, para allegarem
sua justiça, efazerem procuraçaõ, esendo certos, que naõ vindo , ou mandando, os haveria porlançados de com que podiaõ
de
25 evir,
allegar, e mandaria naCauza o que lheparecesse justiça, de que fiz este termo. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos
23-{dez}(em)bro
T(e)r(m)o Feitos daFazenda o escreví // Aos vinte, etrezdias do mez deDezembro de mil seis centos evintedous annos: man- 1621
dei Vista aoLecenciado Jeronimo de Burgos de Contreiras procurador nestaCauza, paradizer por parte deSeu Consti-
tuinte até aprimeira audiencia, eallegar os Embargos quetivesse, sob pena deser lansado, de que fiz estetermo deVista
30.XII.1621
V(is)ta ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ o escrevý // AoLesenciado Jeronimo deBurgos deContreiras atrinta deDezem-
Cotta 30 bro // A terradeMendeSaá, por quem eu faço, esemedá Vista, está medida, edemarcadaamuitos annos, eassim lhenaõ
podeprejudicar a mediçaõ deque os Authores trataõ, etanto que lhenaõ prejudicar, por ora naõ trata delhe impedir
que selhefizer algum prejuizo, lhe Embargar, eassim dêsde agorapesso vista, emcazo que lhe entre em a mediçaõ em asua
comprottestaçaõ,
8-M(ar)co
Termo data cum ex pensis // Aos oito dias do mez deMarço demil eseis centos evinte, edous annos NestaCidade doSal- 1<8>/6\22
vador, epouzada demim Escrivaõ, por parte doLesenciado Jeronimo deBurgos deContreiras mefoi dado estefeito com-
35 a cota acima em reposta35 por partedeMendeSaá seu constituinte, de que fiz estetermo // ManoelFernades Lo
9 M(ar)co 1622
T(e)r(m)o bo o escrevi // Aos novedias do mezdeMarço demil seis centos evinte,edous annos, NestaCidadedoSalvador,
eCaza d‘Alfandega, em audiencia publica que afeitos, epartes fazia Sebastiaõ Parvi deBritto, ProvedordaFazen-
da destaCapitania peloProvedor mor ser auzente, epor elle foi mandado desse Vista destefeito aoLesenciado
39 Gonçalo Homem Dalmeida Procurador de Balthazar BarbosaPinheiro para dizer por sua parte sobre as mediçoens que Re

34
Refere-se, provavelmente, ao termo jurídico apud acta.
35
Desta exata forma se registra no manuscrito.
206
207
86v Requerem os Reverendos Padres deSaõ Bento, aduvida que tem asefazerem, esobre omais tocante aseu direito,
ejustiça para asegunda audiencia dizer deseu direito, ejustiça sob penna deser lansando, quefiz este termo deVista //
V(ist)a
ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ que o escreví == Vista aolesenciado Gonçalo Homem Dalmeida a nove
9.III.1622 deMarço = ORéo Balthazar Barboza, por quem faço nestaCauza, dá a mesma Resposta, que Mende
5 Saá acima deu, e debaixo do mesmo prottesto, sepode medir somente atravessaõ, que alargura aolongo do mar, já es-
T(e)r(mo)
tá medida = Aos dezoito dias do mez deMarço demil, eseis centos, evinte, edous annos, NestaCidade do
Salvador por parte deBalthazar Barboza, meforaõ dados estes autos com a Resposta a cima, que com àatráz de-
18 M(ar)co 1622 MendeSaá fiz estes autos Concluzos ao Provedor para detreminar como lheparecêr naforma deseu mereci-
Desp(ach)o
mento, deque fiz estetermo deConcluzaõ // ManoelFernandes Lobo Escrivaõ, que o escrevi // Visto como
10 os Éreos partes Citados para estas mediçoens, naõ vieraõ com duvida alguma naformado Mandado, os Reverendos
Padres podem fazer suas mediçoens com os medidores doConcelho naformacostumada na Conformidade deseus ti-
4.IV.1622 tulos, eCartas deSismarias, epaguem as Custas dos autos. Bahia coatrodeAbril de seis centos, evinte, edois = Se-
T(e)r(m)o
2-Abr(il) 1622 bastiaõ Parvi deBritto = Aos dois dias do mez deAbril demil eseis centos evinte edous annos, NestaCida-
de doSalvador Bahia detodos os Santos, nas Cazas d'Alfandega della, estando prezente Sebastiaõ Parvi
15 deBritto Provedor da dita Alfandega, em audiencia doProvedor mór daFazenda por elle foi publica-
do seu despacho atrás, que mandou se cumprir como nelle secontem, a reveria das partes, edeseus procuradores,
de que fiz este termo depublicaçaõ = ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda, que o escrevi =
Termo
6 Abr(il) 1622 Aos seis dias do mez deAbril, eseis centos, evinte, edous annos, NestaCidadedoSalvador, epouzadas dole-
senciado Sebastiaõ Parvi deBritto Provedor daFazenda, eJuiz daAlfan<g>/d\ega Nesta Cappitania daBahia,
20 perante elle apareceu em audiencia, que fazia as partes oReverendo Padre Frei Mauro; Procurador do
Mosteiro deSaõ Bento desta ditaCidade,epor ellefoi dito ao dito Provedor, que por quanto queriaõ hir fazer
suas mediçoens conteudas nestes autos, lhe requeria lhe quizesse mandar passar mandado para que fossem
noteficados os Eréos, que se achassem todos prezentes por si, ouseos Procuradores ns terras onde se haõ defazer
na Itapoan, que Garcia Davilla deixou ao dito Convento conteudas em seus titulos, quartafeira pela manhan,
25 que saõ vinte deste prezente mez deAbril, sendo certos, que naõ vindo, sefaraõ com os medidores doConce-
lho asua Reveria naforma daSentença atraz, epor que naõ, viessem com alguns Embargos depois eseescuza-
cem duvidas, requeria mandasefazer estadeligencia, eos estivessem nestaCidade se requeressem, eque o Reque-
rese o MeirinhoAntonio Machado, eo Procurador do Concelho desta Cidade, eoProvedor mandou que assim se-
fizesse, e que havendo lá alguns Embargos de qual quér qualidade, que fossem; as mediçoens secontinuassem,
30 eviessem ante elleProvedor allegar os Embargos, que tivessem àellas, ouduvidas, que tudo mandou se escreves-
Notef(icaç)am
se, efizesse este termo, que assinou// ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ, que o escreví = Parvi = Elogo
no dito dia, epraça destaCidade ondeeu Escrivaõ notefiquei aAntonio Machado Meirinho da Ouvedoria Ge-
ral, e requeri que se achaseprezente por si, ou seo procurador quartafeira Vinte deste dito mez deAbril
nas terras conteudas, onde comessaõ as terras que pertencem as ditas mediçoens, eelle se ouve por note
35 ficado, edisse asim ofaria, dequefiz este termo sobpennadesefazerem asua reveria. ManoelFernandes
Notef(icaç)am
18-Abr(il) 1622 Lobo Escrivaõ, que o escrevi, easinei = ManoelFernandes Lobo = Aos dezoito dias do mez deA-
bril de mil seis centos evinte, edous annos, nestaCidade do Salvador Bahia detodos osSantos, ePraça della,
ondeeu Escrivaõ fui, eachei aLuiz daCosta Procurador do Concelho, eCamaradestaCidade, ao qual notefi-
39 quei, e requeri, que se achase prezente as mediçoens que se mandavaõ fazer nas terras da Itapoan, ou mandase pes-
208
209
87r pessoas aellas assesticem em nome daCamara desta ditaCidade, como heréos nas ditas mediçoens, eterras, eque se achasse
prezente quartafeira pela manhan, tempo em que se haviaõ decomessar no tempo emque fossem findas, e acabadas que
saõ vinte deste mez deAbril desta prezente éra, as quaes mediçoens sefaziaõ a Requerimento dos Reverendos Padres
deSaõ Bento desta dita Cidade, nas terras que houveraõ por herança de Garcia Davella, já defunto, epelo dito Lu-
5 iz daCosta foi dito, que as fizesse embora, que naõ tinha por ora que Requerer, que fazendo-lhe algum prejuizo, oa
legariaõ depois ante oProvedor, esem embargo ohouve por noteficado no dito nome, de que fiz este termo de note-
ficaçaõ, que asiney. ManoelFernandes Lobo, Escrivão dos Feitos daFazenda que o escrevý = Manoel
19 Abr(il) 1622
Notef(icaç)am Fernandes Lobo = Aos dezanove dias do mez deAbril de mil, e seis centos e vinte, e dous annos: nestaCidade do
Salvador, em as pouzadas dePedro Viegas Giraldes, onde eu Escrivaõ, a Requerimento dos Reverendos Padres deSaõ Ben-
10 to,fui, elhe notefiquei, que amenhaâ quinta feira vinte deste dito mez deAbril, haviaõ dehir oProcurador do ditto
Mosteiro, com migo Escrivaõ, eo Piloto, e Medidor do Concelho, e mais Padres, com os mais Eréos, que estavaõ para is-
so noteficados conteudos nestes autos, havia-mos hir fazer as mediçoens das terras, que se achase prezente, por quanto para
oisso,
mandavaõ noteficar, para amanhaã secomessarem as ditas mediçoens, oufosse por si, ou mandase seu procurador asses-
tir as ditas mediçoens, que saõ vinte dias deste mez deAbril, sendo certo, que naõ hindo, sefariaõ as ditas mediçoẽs
15 asua Reveria, epor ellefoi dito, que tinha Embargos as ditas medicoẽs, e que as suas estavaõ medidas, edemarcadas por-
suas Cartas, e rumos mais antigos, esem embargo dasua Reposta, o houve eu Escrivaõ por Requerido, e noteficado,
de que fiz este termo de noteficaçaõ, que asignei. ManoelFernando Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda,
edestas mediçoens, que o escrevi = ManoelFernandes Lobo = Nós Frei Bernardino de Oliveira Dom
Proc(uraç)am Abbade do Mosteiro deSaõ Bento daBahia, etodos os mais Religiozos delle abaixo asignados, fazemos
20 nossos bastantes Procuradores aoPadreFrei MauroFerreira, Francisco Pereira, eao Irmaõ Frei Domingos, para que to-
dos trez, e cadahum depersi possaõ em nome deste Convento assestir nas mediçoens que fazemos, em as nossas terras
deSaõda
cisco Fran-
Itapoan, com o Piloto, eMedidores destaCidade, conforme aCartadeSismaria, eoutros papeis consernentes aditta
terra, para oque lhe damos todos os poderes, em direito concedidos, ejuntamente Requerer nossa justiça, fazendo prottestos
20.IV.1622
denovo
no que succeder, eoutros requerimentos. Dada neste Mosteiro sub nossosignal,eSello doConvento em vinte deAbril deSeis
25 centos evinte, edois // Bernardino de Oliveira Dom Abbade // Frei Lorenço daPurificaçaõ // Frei Francis-
co daMagdalena // Frei Diogo // Frei Gregorio // Frei Cosme // Frei Bernardo das Chagas // Frei Ignacio deSaõ-
Francisco // Frei Paulo do EspiritoSanto // Frei Joaõ daGraça // Frei Fructuozo // Frei Bernardo // Sello do-
Mand(ad)o Convento // Sebastiaõ Parvi deBritto Provedor daFazenda, eJuiz daAlfandega destaCappitania daBa
hia por Sua Magestade etc Que sirvo em auzenciadoProvedor mos daFazendaetc Mando a qual
30 quér Official de Justiça destaditaCidade, ou seus lemittes, eáos da Fazenda, a quem este meu Mandadofor apre-
zentado, com elle requeiraõ aBalthazar Barboza Pinheiro, eo citem, easua mulher, ea Domingos daVilla
Chaã, esua mulher, Mende Saá, esua mulher, para se acharem prezentes as mediçoens, que hora sehaõ de hir fa-
zer, a requerimento do Procurador, e mais Padres deSaõ Bento, das terras, que lhe ficaraõ de GarciaDavilla nos-
lemittes daItapoan, termo desta ditaCidade, as quaes se haõ de comessar afazer, quintafeira pela menhaã,
35 que saõ vinte deste mez deAbril, por quanto por sentensa, que tenho dado neste Juizo, que está empoder do Escri-
vaõ, queestefiz, tenho mandado sefaçaõ, esendo cazo, que qualquer dos sobreditos se esconda,e nem dê copia desi,
o citareis em pessoa dehum familiar deSuaCaza, ou vezinho mais chegado, de que passareis Certidaõ nas Costas deste.
38 Dado no Salvador sobre meu signal somente aos dezaceis dias do mez deAbril. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ,
210
211
87v Escrivaõ que sirvo dos Feitos daFazenda, afez de mil eseis centos evinte, edous annos // Sebastiaõ Parvi deBritto// Dou Cit(aç)am

fé, Simaõ Matheus, Porteiro destaCidade, que emcomprimento do Mandado atráz, fui aCutigipe aFazenda deBal-
thazar Barboza, aonde o achei àelle, e a sua mulher ambos juntos, os citei naformado dito mandado atráz como nelle secon-
18.IV.1622 tem, epor verdade dei esta por mim asinada, hoje dezoito dias do mez de Abril deseis centos, evinte, edous annos // Simaõ
Cit(aç)am
5 Matheus // Doufé Simaõ Matheus Porteiro destaCidade, que em comprimento do Mandado atráz, fui aCaza,eFa-
zenda de Domingos daVilla chaã, aonde o achei aelle, easua mulher, e ambos juntos os citei por todo o conteudo no ditto
Mandado atrás como nellesecontem, epor verdade dei esta por mim assinado, hoje dezoito dias do mez deAbril deseis
Pet(iç)am
18.IV.1622 Centos, evinte, edous annos // Simaõ Matheus // Diz Garcia Davella, que nos Livros dos Resistos daAl-
fandega, estaõ Rezistadas algumas Cartas deSismaria suas, entre as quáes estáhuma, que lhefoi dada pelo Governador,
10 Thomé deSouza nos lemittes daItapoan, que comessa onde acaba a Carta doConde daCastanheira // Pede a Vossa
Mercê, que lhe mandem dar os treslados, que lheforem necessarios em modo que faça fé. E receberá Mercê =
Desp(ach)o
22.II.1603 Dese-lhe como pede em vinte, e dois deFevereiro de seis centos, etres // Santos Martinz // ============
Saibam quantos este Instrumento deCarta deSizmaria virem, que no Anno Nascimento deNossoSenhor Јεѕνѕ Christo Carta
deSism(a)r(i)a
19.V.1552 de mil, equinhentos, esincoenta,edous annos, aos dezanove dias do mezdeMaio do dito anno, naCidade doSalvador Bahia
Garcia d'Avilla, 15 detoosSantos, parante mim Escrivaõ ao diante nomeado, pareceo Garcia Davella36, morador naTorre deSaõ Pedro deRates,
dos
1552 e me aprezentou humapetiçaõ com hum Despacho nella doSenhor Thomé deSouza, Capitaõ daditaCidade, eGover-
Petiçaõ
nador Geral netas partes do Brasil etc da qual petiçaõ o treslado della hé oseguinte // Diz Garcia Davella, mo-
rador nas torres deSaõ Pedro deRattes, que as terras deSaõ Pedro de Rattes, de que lhe Vossa Senhoria tem feito mercê
hé muito pouca, eestreita para as duas Creaçoẽs multiplicarem, e que tem já perto de duzentas Cabeças de gado, afora
20 porcos, Cabras, e Egóas, naõ cabem nas ditas terras por muitapartedella ser allagada dos mares, evisto quam pouca
terra tem para segundo as comessadas Creaçoens, que tem, eser dos primeiros que vieraõ aestaterrapovoar // Pede
aVossaSenhoria lhefaça mercê de duas legoas deterra em os Campos daItapoan aolongo domár, e huma para o
Sertaõ, as quaes legoas comessaraõ donde acabar adada aoSenhor Conde da Castanheira, que hé huma legoa, alem
do Rio Vermelho, no que lhefaria mercê, pedindo aoSenhor Governador, que lhe desse deSismaria as ditas terras, por quan-
25 to as queria povoar, e aproveitar-se dellas, lhe mandasse passar SuaCartadeSismaria emforma; evisto pelo dito
Governador seu dizer, epedir serjusto, havendo Respeito aoproveito, que sepodia seguir aserca daRé publica, eser
Serviço deDeos, ede ElRey NossoSenhor, epor a terra sepovoar lhe dou as ditas terras de Sismaria, que es-
taõ no ditolugar, epartem pelas ditas Confrontaçoens como tudo acimahé dito, e conteudo, o que tudo lhe concedo na-
maneira abaixo declarada, segundoforma doseu Regimento, de queo treslado hé oseguinte // Despacho do Senhor Gover
Desp(ach)o
30 nador // Dou ao Supplicante Garcia Davilla huma legoa aolongo do már, a qual começará a donde acabar
adada do Rio Vermelho doSenhor Conde daCastanheira, que hé huma legoa alemdo Rio, eacaba aditalegoa, onde começa
a dadadeSismaria, que tenho dado aesta Cidade doSalvador, eseu termo, para pastos desuas Creaçoens, epara oSertaõ
lhe dou duas legoas com todas as aguas, que houver nellas, as quaes leguas mediraõ por modo, que sesaiba averdade do
1o Maio que deve ter huma legoa, hoje oprimeiro deMaio de mil, e quinhentos, eSincoenta, edois annos // treslado do Re-
1552 35 gimento de ElRêy NossoSenhor// Tanto que tiverdes assentado aterra para seguramente sepoder aproveitar, dareis
deSismaria as terras que estiverem dentro no dito termo as pessoas, que volas pedirem, naõ sendo já dadas aoutras pessoas,
as quizessem povoar, e aproveitar no tempo que lhe para isso hade ser noteficado, as quaes terras dareis livremente sem
que
38 algum, somente pagarão o dizimo aOrdem deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo, com as condiçoens, eo brigaçoens doforal dado as ditas
foro

36
Os termos Garcia Davella se encontram sublinhados a lápis.
212
213
88r as ditas terras de minha ordenacaõ do quartoLivro, titulo das Sismarias, com condiçaõ que rezidaõ naPoaaçaõ37,
digo rezidaõ na Povoaçaõ daBahia, ou nas terras que lhe asim forem dadas trez annos, dentro do qual tempo, naõ
poderàõ vender, nem aliar, e naõ dareis acadapessoa mais terra que aquella aboa mente, segundo suapossibilidade
vos parecer, que pode aproveitar, eseás pessoas, que já tiverem terras dentro no dito termo, assim aquellas que se acha-
5 rem prezentes na dita Bahia, como as que depois forem àella, dentro no dito tempo, que lhe hadeser noteficado,
quizerem aproveitar as terras, que já tinhaõ, voslastornareis adar de novo para as aproveitarem com aobriga-
çaõ a cima dita, e naõ hindo alguns dos auzentes dentro no dito tempo, que lhe assim hade ser noteficado apro-
veitar as terras que já tinhaõ, vós as dareis pela dita maneira, a quem ás aproveite, eesteCapitulo se treslada-
rá nas Cartas das ditas Sismarias, com as quáes condiçoens, e declaraçoens deo as ditas terras deSismaria, e
10 para sua guarda, lhe mandou ser feita estaCarta deSismaria, pela qual manda selhehajaposse, digo man-
da, que elle hajaposse, eSenhorio dellas parasempre, para sý, epara seus herdeiros, esuccessores, que após
elle vierem, com tal condiçaõ, e entendimento, que lhedeixe porellas quaes quér caminhos, serventias, para qua-
es quér partes, que opovo lhes necessarias forem, isso mesmo, que elles aproveite as ditas terras dadata desta
a tres annos primeiros seguintes, por que naõ fazendo assim passados os ditos annos, sedaraõ as ditas terras que
15 aproveitadas naõ tiverem deSismarias a quem as pedir, para as aproveitar, esobre tudo pagará mil reis pa-
ra o Concelho, as quaes terras lhe assim dava forra, eo dizimo a Deos, o que asim mando, que secumpra, e
guarde, sem outra nenhuma duvida que se à ellaponha, eque estaCartaseja Rezistada dentro em hum
anno noLivro daFazenda como o dito Senhor manda, sob apennaconteuda noSeu Regimento, epor verda-
de, eu InofrePinheiro Carvalho, Escrivaõ das Sismarias por EL Rêy Nosso Senhor, em estasua
20 Cidade do Salvador, eseus termos, que este Instrumento escrevi, etirei dos Livros de Nottas, que em meu
poder fica asignado pelo dito Senhor Governador nas ditas Nottas, ecom elle de meu publico Sinal,
que tal hé == Antonio do Rego Escrivaõ daProvedoria a rezistei dapropria bem, efielmente,
20.VIII.1552
que tornei aparte aos vinte deAgosto de mil quinhentos eSincoenta edois = Antonio doRêgo =
Belchior Dias Cramurú38, Escrivaõ daAlfandega, eProvedoria, por El Rêy Nosso Senhor, o fiz
25 tresladar do proprio, esubscrevi, e conferi com Tabaliaõ abaixo no meado bem, efielmente sem couza
que duvida faça, feitahoje vinte, eseis dias do mez deFevereiro deseis39 centos, e cincoenta, etrez an- 26.II.1603

nos = Belchior Dias = Concertado por mim Escrivaõ Belchior Dias Caramurû =
Procur(aç)am Ecom migoTabaliaõ Diogo Ribeiro = Por esta por mim feita, easinada faço meu Pro-
curador ao Senhor Sebastiaõ Alvares, para por mim, eem meu nome Requerer, allegar todo omeu direito, e
30 justiça em huma mediçaõ deterras, que fazem os Reverendos Padres deSaõ Bento, eem cazo que meprejudique
prottestar a dita mediçaõ por nulla, por quanto estou medido, e demarcado, e havendo mediçoens entre mim, eos ditos
Padres, eu heideser o que me eyde medir primeiro, por quanto as minhas Cartas deSizmarias, saõ mais antigas
que as suas, isto a Vossa mercê de Requerer ao Escrivaõ, que o escreva, para o que lhe dou todos os poderes emdi-
23.IV.1622
reito concedidos. Bahia hoje vinte, etres deAbril deSeis centos, evinte, edois annos = Pedro Viegas Giraldes ==
Auto da
medição
35 Anno do Nascimento deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis centos, evinte, edois annos, aos vinte, e hum 21-Abr(il) 1622

dias do mez deAbril do dito anno, no Termo daCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, nos Lemittes daIta-
poan, termo da ditaCidade, nas terras dos Reverendos Padres deSaõ Bento, que houveraõ por herança de Garcia
Davella já defunto, sendoprezente oReverendoPadreFrei Mauro, Procurador do dito Convento, segundo constou
39 por suaProcuraçaõ junta nestes autos, epor elle dito ReverendoPadre,foi dito, e Requerido, que as mediçoens estavaõ Senten-

37
Desta exata forma se registra no manuscrito.
38
Desta exata forma se registra no manuscrito.
39
Os algarismos 1652 se encontram escritos a lápis na entrelinha superior.
214
215
88v Sentenciadas, que sefizessem nestelugar onde estava-mos para oSitio, elugar onde sehaviaõ decomeçar, que éra
o marco dalegua do Rio Vermelhofim da ditalegua, ondese acabaõ as terras do Conde daCastanheira, esendoprezen-
tes FranciscoPereira, Eréo das terras do dito Conde, com os ditos Padres, eBalthazar Barboza Eréo dofim desta dita
ao longo do legua, que havemos decomessar a medir aolongodo Már, eBelchior deBarros, filho de Dominos deVilla chaã,
mar 5 outro sim Eréo com o dito Balthazar Barboza, sendo outro sim prezentes Francisco do Coutto Medidor do Con-
celho, e Alvaro deAraujo Piloto, ede marcador do dito Concelho, diante dos quaes eu Escrivaõ, perguntei em-
vozes mui intellegiveis, emprezença detodos os sobreditos, seéra aquelle o marco, eSitio, elugar dadita le-
guadeterra conteuda naCarta deSismaria, etitulo dos ditos Padres, epor elles foi dito, que aquelle héra
oprimeiro marco donde se acaba alegoa do Rio vermelho do Conde da Castanheira, ehavia decomeçar
10 alegoa dos Reverendos Padres, ao que naõ pozeraõ duvida alguma ser aquelle o dito marco, esendo as-
sim, e emprezença dos sobreditos, o Medidor Francisco do Coutto, tomou alinha, que trazia, e a medio pella
40
vara que trazia afilhada em sua maõ, e medio por ella vinco , ecincobraças craveiras, que saõ cincoenta va-
ras a duas porbraça, elogo pelo dito Balthazar Barboza foi dito, que prottestava denullidade adita medi-
çaõ, por estár já medida, ede marcada, eo mais allegaria aseu tempo, esem embargo deseu Requerimento
15 naforma do Mandado doProvedor daFazenda, secomessou a medir do dito Marco, de que fiz
eu Escrivaõ este auto, que o Medidor, ePiloto de marcador assinaraõ. ManoelFernandes Lobo, Escri-
Começa a vaõ dos Feitos daFazenda, que o escreví = Francisco do Coutto = Alvaro deAraujo = elogo no di-
mediçaõ p(o)r to dia vinte, ehum dias do dito mez de Abril, o medidor Francisco do Coutto depois demedida aditalinha
costa do mar parante mim Escrivaõ, comessou a medir do dito marco, esemediraõ secentalinhas, que hé meia le-
21 Abr(il) 1622 20 gua, eellas acabadas se naõ medio mais, por ser noite, aonde deixamos hum sinal para ooutro dia
seguinte, etornamos acontinuar nadita mediçaõ, eacabar alegoa, que o dito Garcia deAvella deixou por heran-
sa aos ditos Padres, eConvento doPatriarcha Saõ Bento, de que fis este termo, que o dito Piloto Alvaro deAraujo as-
sinou com o dito Medidor. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda, edestas mediçoens, que o escre-
Termo
22.IV.1622 vi = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Aos vinte, edois dias do mez deAbril do dito anno de
25 mil, eseis centos, evinte, edois annos, nos ditos lemittes daItapoan, termo da dita Cidade doSalvador, oPiloto Alvaro de-
Araujo, com-o Medidor do Concelho Francisco do Coutto, tornamos aoSitio, elugar aonde acabamos demedir ameia legoa
deterra aolongo do már, e o dito medidor tornou atomar aditalinha, e a medio pela vara afillada, que trazia, e medio cin-
coenta Varas, que saõ vinte cinco braças craveiras, eestendeo sua linha, ecomessou a medir, econtinuou com outras secenta
linhas, em que seprefez, eacaboudemedir alegoa deterra aolongo do mar, que os ditos Reverendos Padres tem pela dita
30 heransa deGarcia Davilla, e antes dechegar-mos ao fim dadita mediçaõ, pouco mais detrez linhas, pareceraõ Antonio
Machado deVasconcellos, eBalthazarBarboza, epor elles foi dito, que tinhaõ embargos adita mediçaõ de nullidade
que allegariaõ aseu tempo, esem embargo doseu Requerimento, eprottesto, seacabou de medir adita legoa, de que fiz
este termo, que os ditos Piloto, ede Marcador, eMedidor assinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ, que o Escreví: de
clarasaõ, que diceraõ os sobreditos Antonio Machado, eBalthazar Barboza, que por quanto passaraõ nesta mediçaõ os-
35 marcos antigos, que estavaõ medidos antigamente, tinhaõ os ditos Embargos, eprottestavaõ de nullidade, a qual mediçaõ
tiga, setinha feito a Requerimento de Garcia Davilla Senhor da ditta terra, eque as deixou aos ditos Padres, eaSeu
an-
Termo
Convento sobre dito o escrevý = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Elogo no dito dia vinte, e dois di-
22.IV.1622 38 as do dito mez deAbril de mil, eseis centos, evinte, edois annos, nos dittos lemittes, eSitio onde se acabaraõ as trez mil

40
Desta exata forma se registra no manuscrito.
216
217
89r mil braças deterra , eao longo do mar, que hé huma legoa, oPiloto, edemarcador Alvaro deAraujo, pos Sua as 2 legoas

p(ar)a o certaõ
agulha, e achou correrem as duas Legoas doSertaõ ao Rumo deNoroéste Suéste, ecommessou o Medidor Francisco saõ em ru
mo de
deCoutto estender sualinha pelo dito numero digo dito Rumo, e medio cinco linhas devinte ecinco braças craveiras, que N(or)O(este)
S(udo)E(ste)
fazem cento, evinte, ecinco braças, epelas duvidas, que entre o PadreFrei Mauro, eos Eréos Antonio Machado de
125 br(aças) des-
5 Vasconcellos, eBalthazar Barboza, tinhaõ desemeter omarco, se acordaraõ, que semetesse como baliza, e naõ tante da Cos-
ta está 1
como marco, nem teria valia como marco, athé naõ sêr julgadaporboa adita mediçaõ elogo em hum lugar
marco _
alto, semetteo deinstante do mar para oSertaõ as ditas cincolinhas, ondeficou mettido comobaliza, como dito
hé, a qual baliza hé humapedra comprida com hum Letreiro deSaõ Bento em cima do alto della, erequere-
raõ mais, que naõ ficava aditabaliza como em posse, se naõ como devizaõ do Rumo, que sevai correndo para o Sertaõ,
10 deque fiz este termo, que os sobreditos assinaraõ, com o medidor, ePiloto demarcador, ManoelFernandes Lobo,
Escrivaõ dos Feitos daFazenda que o escreví = Alvaro de Araujo = Francisco doCoutto = Antonio Maxado
<15>/02\5
Termo. = Balthazar Barboza = Eno dito dia atráz, easima se medio humalinha, depois de mettida abaliza a br(aças) até
a borda
tráz declarada depedra com o ditoLetreiro, a qual linha chegou abordadehum brejo, que senaõ podepassar, com 22.IV.1622
de 1 brejo
que ficaraõ sendo seis Linhas devintecinco braças craveiras cadahumalinha, enaõ esmedio mais no dito
15 dia, por ser já noite, de que fiz este termo, que os ditos Officiaes asinaraõ. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ
23.IV.1622
T(e)r(m)o dos Feitos daFazenda o escreví == Alvaro deAraujo == Francisco do Coutto = Aos vinte, etrez dias do mez
correndo p(ar)a
deAbril de mil, eseis centos, evinte, e dois annos, nos ditos lemittes daItapoan, termo da ditaCidade, eu Escrivaõ,
N(or)O(este)
com oditoPiloto, fomos abaliza emlugar ondetinha-mos deixado o dia atráz, aonde pôz sua agulha ao Rumo do
se medio
Noroéste, e o dito Medidor estendêo sua linha devinte, ecincobraças craveiras, que foi medida pelo dito medi- mais 18 li-
nhas de 25
20 dor parante mim Escrivaõ, comessando dabordado brejo, e continuando com adita mediçaõ, e pela ditaLinha, seme-
br(aça)s até a
diraõ dezoito linhas athé ofim daOrta deAntonio Mendes, por cujo meio passou esta mediçaõ, ese naõ medio o fim da
horta de
mais por diante neste dia, por ser hum brejo muito grande, e alagado de agôa, por senaõ poder passar apé, nem a Ant(oni)o Men
des, e encon-
Cavallo, o dito Piloto botou hum travessaõ pela esquadrilha para a terrafirme da banda doSoduéste, e naõ
trou um
sefez mais por ser noite, de que fiz este termo, que os ditos Officiaes asinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ
grande bre-
T(e)r(m)o 25 o escrevi = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Aos vinte equatro dias do mez deAbril de mil, e
jo q(ue) se naõ
seis centos, evinte, edois annos, se naõ fez nada, por ser dia ferial, de que fiz este termo, que o Piloto demarcador, e pode atra-
vessar
medidor Alvaro deAraujo, eFrancisco de Coutto asinaraõ. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ o escreví
25.IV.1622
T(e)r(m)o = Araujo = Coutto Aos vinte, ecinco dias domez deAbril de mil eseis centos evinte edois annos; nos dittos
Lemittes da Itapoan, termo da ditaCidade doSalvador, o dito Piloto, eMedidor atráz nomeados, fomos
30 abaliza, elugar aondetinha mos deixado, eo Medidor Francisco de Coutto, estendêo sualinha ao Rumo
de Noroéste Sueste que odito Piloto lhedeu por sua agulha, eestendeo sua linha devinte, ecinco braças
que medio por huma vara demedir, que para isso trazia afiladad parante mim Escrivaõ, comessando da-
mais 27
ditabaliza que haviamos deixado, efoi medindo, econtinuando asua medida, emedio vinte seteli- linhas
atravessan-
nhas, que vem aser seis centas, esetenta, ecinco braças craveiras, enaõ semedio mais nestedia pelos muitos
do brejos
35 brejos que havia, de que eu Escrivaõ fiz este termo que asinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ das di-
T(e)r(m)o 26.IV.1622
deprott(est)os
tas mediçoens que o escrevi = Alvaro deAraujo = Francisco do Coutto = Aos vinte,eseis dias
do mez deAbril demil, eseis centos, evinte, edous annos, nos lemittes da Itapoan, termo daditaCidade, eu
Escrivaõ, com o Piloto, eMedidor, que hora seinstituhio por Provizaõ daCamara, Domingos Páes em lugar
39 deFrancisco do Coutto, por adoecer, esehir para aCidade, eaprezentar em seulugar ao dito Domingos Paes na-
218
219
89v na forma acimadita, elogo estendeo sualinha devinte, ecincobraças craveiras, que saõ cincoenta varas, que
mais 24
linhas
o dito Medidor medio diante demim Escrivaõ, por huma vara que trazia afilada, eseguir o Rumo do noroéste, ees-
tendendosua linha pelo dito Rumo, que atrás tinhamos, correndo, emedio neste dia vinte,equatro linhas, que saõ seis
Centas braças, esenaõ medio mais neste dia, efizeraõ digo, dia, esefizeraõ os dias atráz muitas esquadrilhas, por rezão
5 dos muitos brejos, que todas as linhas, que setomaraõ seforaõ paguando, eficou aconta final sem sedever couza alguma
athé estedia, eindo correndo com a mediçaõ, chegamos àRossa deAntonio Mendes, nofim della dapartedo nórdeste, sepôs
humaCrúz em hum sepo da Rossa, cortado, etrez móssas ao pé dadita Cruz, chamado cahobim pelalingua daterra, efor-
soma cado no fim decima, ondesecortou, etem de altura cinco palmos, eàthé estelugar se acharaõ cincoenta, ecinco linhas,
1385 br(aças) que fazem som(m)a demil, etrezentas, esetenta, e cinco braças peloSertaõ, de que fiz este termo, que o dito Piloto,
10 asinaraõ.
eMedidorManoelFernandes Lobo, Escrivaõ dos Feitos daFazenda, que o escreví, eaProvizaõ, por onde os Officiaes daCa-
mara memostrou o dito Domingos Páes comjuramento pelo Escrivaõ della, que dou fé ser dos ditos Officiaes, elha torney,
T(e)r(m)o deprott(est)os
27-Ab(ril) que o dito Domingo Paes recebeo. Sub, digo recebeo. Sobredito escrevi = Alvaro deAraujo = Domingo Páes = Aos vinte,e
1622 sete dias do mez deAbril demil, eseis centos, evinte,edois, no termo destaCidadedoSalvador, indo correndo com as mediço
ens conteudas nestes autos, apareceo MendeSaá, tambem parte nestas mediçoens, epor ellefoi dito naestrada que vem
15 daCidade para aCaza por ondehia-mos correndo com amediçaõ para atravessar-mos para o noroéste, para onde corre es-
ta mediçaõ, epelo dito MendeSaá, eSebastiaõ Alvares, procurador dePedro Viegas, segundo constou deSua procuraçaõ
aqui junta, epelo dito MendeSaá foi dito, que asua mediçaõ, e demarcaçaõ corria pela dita estrada, eseu marco es-
tava nella adiante para abanda daCaza grande, que hé o mais antigo nome, que tem estas partes, eque Requeria, que
naõ passassemos adiante com amediçaõ, por quanto tinha titulos mais antigos, em que está medido, edemarcado, com mar-
20 cos mettidos, etomado posse, que corria peladita estrada, edeposse demais deSecenta annos, sem contradiçaõ depessoa
alguma, como prottestava aprezentar aseu tempo, edelhenaõ projudicar a dita mediçaõ, eser nulla, epor naõ
constar depapeis, ou Mandado do Julgador incontrario, do que atráz tinha mandado por termo por elle asinado, eRe-
querer o Reverendo PadreFrei Mauro, que naformadelle correse-mos com amediçaõ, e na maneira deSua Sentensa
atráz, nem constar deoutros alguns papeis, correse-mos com amediçaõ por diante naforma dos titulos dos ditos Padres, e da-
25 CartadeSismaria de Garcia Davilla: cujo herdeiro hé o dito seu Convento, eo mesmo Requerêo Belchior
deBarros por sua parte, e como procurador deSeu pai Domingos daVilla chaã, que naparte, que lheprejucas-
se tinha Embargos, por quanto esta mediçaõ tambem hia correndo com suas mediçoens, epor parte dePedro
Viegas Giraldes, foi Requerido, por Sebastiaõ Alvares Seu procurador, que em cazo, que lhe projudique(m) estas me-
diçoens, as haver por nullas, por quanto está medido, edemarcado, ecom seus titulos mais antigos, ese havia demedir
30 primeiro, eenxer de sua terra por suas Cartas, deSismarias, de que eu Escrivão fiz estetermo deprottestos, que
os sobreditos assinararaõ. ManoelFernandes Lobo, Escrivaõ que o escrevi = Sebastiaõ Alvares = Mende
T(e)r(m)o
Saá = Elogo pelo Mendes Saá foi dito, que eu Escrivaõ, ePiloto demarcador lhe eraõ-mos suspeitos deprott(est)os
em continuar-mos com a mediçaõ, eoutras rezoens, que allegaria nellas, deque fiz estetermo deprottesto, esus-
peiçoens. ManoelFernandes Lobo, que ofiz , a Requerimento doditoMendeSaá, que o escrevi, edecla-
marco
na estrada
35 ro, que no dito lugar metemos hum marco depedradeseis palmos com hum letreiro, quediz Saõ Bento
mettido aparte do Noroeste nabanda da Estrada. Sobredito o escrevi = Alvaro deAraujo = Domingos
Termo
27.IV.1622 Paes = Aosvinte, esete dias, domezdeAbril demil, eseis centos, evinte, edois annos, nos ditos lemi-
38 tes daItapoan, nas ditas terras por os Officiaes, Piloto demarcador, eMedidor atrás nomeador tornamos ao-
220
221
90r aolugar, que haviamos deixado o dia atraz, e nelle o dito Medidor Domingos Páes, estendeo sualinha, e a medio
por huma vara de medir afilada, que para isso trazia, diante de mim Escrivaõ, e medio por ella cincoenta varas, que fa-
zem soma, e quantia devinte cinco braças craveiras, e continuou com sua mediçaõ pelo dito Rumo de noróeste, efoi conti-
28 linhas
nuando com o que neste dia semediraõ vinte oito linhas, que fazem soma desetecentas braças craveiras, e dentro nesta di- até a casa
de Dom(ing)os de
5 ta mediçaõ desta estrada chamada Caza grande, fomos medindo até dar em outra de carro, que vai para os mattos, aonde se-
Villa chã
acabaõ dezoitolinhas, e meia entre estas duas Estradas, e correLeste o Éste, e na borda della em huma arvore deduas per-
nas chamada Cacunda, sefez humaCrúz, e a baixo della na dita arvore tres mossas, que ficaraõ para abanda do Sués-
te, e chegamos com esta mediçaõ as Cazas de Domingos deVilla chaã, aondese acabaõ as vinte, eoitolinhas atráz decla-
radas, de que eu Escrivaõfiz este termo, que os ditos Officiaes asinaraõ. ManoelFernandes Lobo Escrivaõ dos Feitos
28.IV.1622
Termo. 10 daFazenda, edestas mediçoens, que o escrevi = Alvaro deAraujo = Domingos Páes = Aos vinte e oito días do
mez deAbril de mil, eseis centos evinte, e dous annos, nos ditos lemittes correndo com a mediçaõ atráz referida para o
Sertaõ, e o Piloto demarcador Alvaro deAraujo, tomou sua agulha ao Rumo, que se hia correndo do Noroéste, em olugar
chegaraõ ao
onde ontem dia atrás acabou a mediçaõ até as Cazas eSitio de Domingos deVilla chaã, eo Medidor Domingos Páes, por-
Cam(inh)o q(ue)
avara afilada que trazia, medio cincoenta varas, que saõ vinte, ecinco braças craveiras de duas varas cadabraça, parante esta
a baixo da Ca-
15 mim
Escrivaõ, e comessando no dito sitio, foi continuando com a mediçaõ, e dentro nella pelosobre dito Rumo, fomos dar em sa de Salva-
dor Corrêa
Caminho,
hum que está por baixo daCaza deSalvador Correa, genro do dito Domingos deVilla chaã, epassou a mediçaõ por den-
- 6 linhas
tro de huma sua serca abaixo de humas laranjeiras, e araçazeiros do Perú, comseis linhas até hum Ribeiro, que serve de ate 1 ribei-
ro q(ue) mette
levador, que sevai meter no Rio Jaguaripe, epassamos ao alto da outrabanda no Caminho que vai dar na estrada daPitan- no rio Ja-
guaripe e
ga, que vai para a Cidade, e naborda delle pozemos hum marco depau deSupupira seco denove palmos, emeio, etem fora
do outro la-
20 daterra quatro palmos, emeio com hum letreiro aberto para abanda donde corre amediçaõ, com quatro letras que do esta o Ca
m(inh)o q(ue) vae
dizem Saõ Bento, e continuando fomos passar o Rio de Jaguaripe com pouco mais detres linhas, e dali pelo dito Ru-
dar na es-
mo com quatro linhas com que seprefizeraõ as dezasete linhas neste dia com que se encheo huma legoa de tres mil
trada de Pi-
1 legoa braças craveiras, e nofim della emhum pau sefes humaCruz com tres mossas ao pé, cujo nome senaõ soube; porem tanga, q(ue)
vai p(ar)a
junto aella em dois paus de arvores cada hum dehumabanda, com tres mossas em cadahuma chamadas imberigum, Cid(ad)e
m(ai)s 3 linhas
25 ese rossou o matto o redor destas ditas arvores, deque detudo eu Escrivaõ dos Feitos daFazenda, edestas mediçoens fiz passou o
Jaguaripe
este termo, que os ditos Piloto demarcador, eMedidor assinaraõ. Manoel Fernandes Lobo Escrivaõ, que o escrevi = completou
1 Legoa com
T(e)r(m)o Alvaro deAraujo = Domingos Páes = Aos vinte, e nove dias do mez deAbril demil, eseis centos,
m(ai)s 4 linhas
evinte, edous annos, nos ditos lemittes da Itapoan, termo da ditaCidade, depois defeitas as mediçoens atrás de-
29.IV.1622
claradas, nos ditos termos dehuma legoa aolongo do mar, eoutra para oSertaõ, que acabou naparte, e sitio do-
30 Termo atrás, pelo ReverendoPadre Frei Mauro, Procurador doMosteiroProcurador, digo doMosteiro
do PatriarchaSaõ Bento destaditaCidade, foi dito que para se encher asua Carta de mediçaõ, que anda nestes autos,
lhefaltava para medir outra legoa para oSertaõ, a qual por ora naõ tinha oportunidade para semedir, assim por ser
longe daCidade, e de carretos senaõ podiaõ prover, como pros Officiaes andarem canssados, eeu Escrivaõ ter necessidade
de accodir ao Officio; que prottestava naõ lhe projudicar o deixar agora de acabar demedir alegoa, que lheficava
35 por medir, epor tambem seacabar em duvidas, que as partes embargantes, eprotestantes tinhaõ as ditas mediçoens,
alegar deseus direitos, e aprezentarem os papeis, etitulos, que cada hum, qual delles tivessem, para effeito de clareza
epoderem
detudo, de que tudo me requeria fizesse este termo de protesto. Manoel Fernandes Lobo Escrivaõ, que sirvo
dos Feitos daFazenda, que o escreví, o qual termo assinei. Sobredito o escrevi = Manoel FernandesLobo = O qual tres-
39 lado de mediçoens, eautos dellas. Eu Antonio Cardozo daSilva fiz tresladar das proprias, que andaõ em huns autos de
222
223
90v de que sou Escrivaõ que ficaõ em meu poder, a que me reporto, que osobscrevi, easinei, com o official com migo abaixo
nado = Antonio Cardozo daSilva = Concertado por mim Tabaliaõ Antonio Cardozo daSilva = Segundo que
asig-
tudo isto assim, etaõ cumpridamente éra conteudo, e declarado nos ditos autos de mediçoens, dos quaes, edadita
ra adita Reé Anna
noteficaçaõ, pedi- Ferráz Vista eselhemandara dar por despacho do dito Provedor mór, para o que fizera na Cauza seu
5 Procurador, ao quál se déra vista dos autos, esendo-lhe dada viera em elles com hu(m)a excessaõ declinatoria fori, oucomo
Fim
dereito
melhor houvesselugar,
em- dizendo emnomedaditaReé no melhor modo dedireito, esecumprir === Provaria, que ella
Excepiente era Viuva, e honesta, e recolhida, ecomo tal tinha escolha deJuiz, pela qual rezaõ escolhia por seuJuiz
ao Juiz ordinario destaCidade, e para seu Juiz o declinava ella Excepiente, para o qual devia hir estes autos remetido. Era
competente
Famapublica, pedindo a ditaReé emfim, e Concluzaõ deSua Excepssaõ della Recebimento, eprovado o necessario, fosse es-
Excepssaõ
10 te Feito Remettido para o Juiz Ordinario, para onde declinava ella Excepiente no melhor modo de Direito com Custas, se-
gundo, que tudo isto assim, etaõ cumpridamente éra conteudo, edeclarado na dita excepssaõ daditaReé Excepiente, epeti-
torio della, com aqual os ditos autos sefizeraõ Concluzos, esendo aprezentados ao dito Provedor mór de minha Fazenda
Estado
deste doBrazil, evistos por elle, nelles por seudespacho pronunciara = Deferindo a Excepssaõ declinatoria fori,
Remeti aquelles autos as Justiças ordinarias a quem tocava. Bahia treze deJulho mil eseis centos cincoenta,ehum annos.
15 Esendo dados os autos com odito despacho, delles houvera vista oprocurador dos ditos Authores Appelantes os Padres
doConvento doPatriarchaSaõ Bento desta Cidade, esendo lhe dada, vieraõ nelles com huma Cotta por escripto, dizendo em-
Desp(ach)o
ella= Que vinhaõ Remetidos aquelles autos ao Juiz ordinario, no qual estavaõ aprezentados, epreparados, eficavaõ nos-
13.J(u)l(h)o.1651 termos daprimeira petiçaõ e noteficaçaõ afolhas trez, preparada já com os titulos dos Reverendos Padres, da qual aSup-
plicante AnnaFerrás Dona Viuva pedio Vista para sedar ao seu Advogado, e dizer o que lheparecesse desuajustiça,
20 esendo dado os autos com adita Cotta; delles houvera Vista oProcurador da ditaReé AnnaFerrás, esendo-lhe dada, vie-
ra nelles com hu(m)a Excepssaõ peremtoria, ou como melhor em direito hovesselugar, dizendo em elle, esecumprisse =
Provaria, que ella Excepiente estavadeposse daterra, de que setratava por si, eseus antecessores, de mais de dez, vinte,
trinta, quarenta, cincoenta, secenta, e mais annos aquella parte, sem contradiçaõ depessoa alguma, aos olhos, eface de todo
o mundo, e dos mesmo Exceptos logrando-a, edesfrutando-a, metendo nella Colomnos, fazendo della como decouza sua
25 pro- que era, pelo que tinha legitimamente ella Excepiente prescriptas as ditas terras, pelo que senaõ podia tratar dellas
pria,
nestaCauza, ese devia por perpetuo silencio nella. Era FamaPublica. Pedindo a dita Reé a dita Reé Excepiente, emfim, e
Conclusaõ desua excepssaõ della Recebimento, eprovado onecessario sepuzesse perpetuo silencio naditaCauza no
melhor modo de Direito com Custas. Segundo omais largamente éra conteudo, ede clarado nadita Excepssaõ da ditta
Reé E[x]sepiente, com a qual os autos sefizeraõ Concluzos, esendo aprezentados ao Juiz Ordinario desta Cidade, vistos
30 por elle, nelles pronunciara por seu despacho = Recebia a Excepsaõ peremtoria da Reé por Contrariedade vistasua
sua materia, e autos, e querendo-a accrescentar, lhetorne vista Bahia quinzedeMaio demil eseis centos, ecincoen-
ta, e dous annos, em comprimento, evigor do qual despacho, se déra Vista dos autos ao procurador da dita Reé, para
tar sua Contrariedade, esendo-lhe dada, viera nelles com huns artigos de attentado, dizendo nelles, esecumprisse
acressen-
Desp(ach)o
= Provaria que pendendo estaCauza, eestando dado vista para se acressentar aContrariedade, os Autores manda-
15 M(ar)ço 1652 35 raõ noteficar aellaReé Excepiente, que naõ Cortase, nem Rossasse, nem plantase nas terras, de que nestes autos se-
trata, naõ co(m)mettendo attentado, em quererem à ella Excepiente privada daposse em que estava demais de oitenta,
e cem annos a quella parte, pelo que senaõ podia proceder na quellaCauza, sem selevantar adita noteficaçaõ, edesfa-
Art(ig)os de atten
zer o attentado, e repor-se no estado, em que até agora estivera, segundo <o>/m\ais largamente éra conteudo, ede clara-
tado.
39 do no dito artigo deattentado, do qual por despacho fora mandado dar Vista as partes, esendo dada aseus procu-
224
225
91r procuradores com o que disseraõ, allegaraõ, apontaraõ; ea rezoaraõ, os autos se fizeraõ concluzos, esendo aprezentados ao
Desp(ach)o dito Ordinario vistos por elle, nelles por seu despacho pronunciara = Recebia os artigos de attentado por sua ma-
Juiz
5.V.1653
teria, aparte os contrariar selheparecesse Bahia cinco deMaio demil eseis centos ecincoenta, etrez, esendo assim
5.V.1653
dado, epublicado o dito despacho, semostrava = Aos cinco do mez deMaio demil eseis centos ecincoenta, etrez
5 annos, nestaCidade do Salvador, e Paço doConcelho della, empublica audiencia que afeitos, epartes fazia, o Juiz An-
tonio Coelho Pinheiro, paranteelle parecera Antonio Fernandes Roxo, epor ellefora dito, como Procurador dos Padres
deSaõ Bento, que elle dezistia com que ficavaõ os artigos de attentado provados, e que correse aCauza seus termos,
eo dito Juiz asim o mandara, eo dito Antonio Fernandes Roxo, fizera termo de dezistencia nos autos denote-
ficaçaõ por elle asinado, de que o Escrivaõ dos autos fizera termo nelles pelo dito Antonio Fernandes Roxo asinado,
Desp(ach)o 10 com o qual os autos sefizeraõ concluzos ao dito Juiz, evistos por elle, nelles pronunciara por seu despacho =
Que o termo de dezistencia sobre os artigos de attentado recebidos asinados por Antonio Fernandes Roxo, devia ser
asinados pelos mesmos Religiozos deSaõ Bento, ou por seu Procurador bastante, que tivesse para isso expecial po-
der, o qual naõ tinha naquelles autos Antonio Fernandes Roxo, visto ser termo prejudicial naforma da Ordenaçaõ, o-
que satisfizessem até aprimeira, alias contrariassem os artigos recebidos naformado despacho atráz Bahia sete
7.VIII.1653
15 deAgosto deseis centos e cincoenta etres esendo assim dado, epublicado o dito despacho, se appensara aos autos princi-
paes a requerimento dos ditos Autores outros da dita noteficaçaõ, esendo appensos foraõ outrosim levados ao dito Juiz or-
Desp(ach)o dinario, evistos por elle pronunciara por seu despacho = Visto como nofeito apenso estava poder bastante a Antonio
Fernandes Roxo para o termo dezistencia, onde taõbem estavafeito termo como nestes autos mandava, que aparte
24.IX.1653
acabase sua Contrariedade até aprimeira. Bahiahoje vinte quatro deSetembro deseis centos, ecincoentra, etrez,
20 esendo este despacho assim dado, epublicado, em seu cumprimento se déravista ao procurador dadita Reé Appellada
Anna Ferráz, para acabar sua Contrariedade, esendo-lhe dada, viera nella comseu a cabamento, dizendo em-
Continuação
daContaried(ad)e nome da ditaReé, ese cumprice = Provaria que naõ somentetinha ella Excepiente prescripto as terras, deque se-
tratava por estar deposse dellas, de mais dedez, vinte, trinta, quarenta, cincoenta, esecenta annos aquellaparte,
por si, e seus antecessores a olhos, eface detodo o mundo, e dos mesmos Autores Exceptos, sendo moradores no mes-
25 molugar = Provaria, que ao tempo que sefizera vestoria, e mediçaõ das terras, deque setratava, em rezaõ
dademanda, que ella Excepiente trouxera com Diogo Muniz Telles, secomessara alansar o rumo do marco,
que chamavaõ seSaõ Bento, estando prezentes alguns Religiozos do Convento, os quaes naõ encontraraõ adita me-
diçaõ, a qual sefizera taõ bem com os herdeiros deAntonio Machado,por serem Eréos, e naõ seachara, que as-
terras do dito Convento estivessem occupadas por ella Excepiente, eque naõ podia acabar aContrariedade, sem
30 que os Authores Exceptos ajuntassem aos autos procuraçaõ do cumentos para sefazer dezistencias, ejuntamente
Requeiro sefaça exame na Certidaõ deSimaõ Matheus folhas quatro, por que sevê claramente ser falsa,
por ser aletra doSinal muito diferente, eque éra necessario pagarem as custas, em que estavaõ condemnados,
esatisfeito acabaria suaContrariedade, esendo dado vista dos autos aoProcurador dos Autores Appellantes pa
ra responder ao apontado peloprocurador daReé, viera dizendo nelles por escripto = pelo ultimo despacho, que
35 andava na quelles autos sejulgara já a dezistencia do attentado por boa, efeita por legitimo procurador, com poder ex-
pecial para asinar, como constava dos autos appensos, etendo o dito despacho passado em couza julgada, havendo tan-
tos annos que se delatava aquella cauza, podera jâ nella cauzar o pejo de tanta dilaçaõ, o que naõ obrava o res-
peito, nem aprova a consciencia, o exame que se requeria naCertidaõ do Official morto, éra couza sem fundamen-
39 to, e nem tocava a Reé, por ser Citaçaõ feita a outras pessoas, que a naõ impugnaraõ: das Custas naõ havia condem-
226
227
91v condemnaçaõ alguma para sepagarem, equando ahouvera, tinha aReé Remedio em tirar mandado para as co-
brar, e naõ podia com isso dilatar a Cauza, saindo com cota depois de exgotar tudo o que tinha para articular, em
fim de meter mais tempo em meio, pelo que devia o dito Juiz haver por acab/a/do do accressentamento daContrariedade
com custas, esendo dados os autos com adita Reposta, sefizeraõ Concluzos, esendo aprezentados ao dito Juiz ordinario,
Desp(ach)o
5 Vistos por elle, nelles pronunciara por seu despacho = Sem embargo do que por parte daReé Excepiente se Re-
queria, mandava acabassesua Contrariedade, com Co(m)minação deselhe haver por acabada com o que vier Bahia
trez deMarço de mil eseis centos, esincoenta, e sinco; esendo dados os autos com o dito despacho, emcompri-
mento delle se deraVista delles aoprocurador daditaReé, esendo-lhe dada, viera nelles com seu acabamen-
to deContrariedades naforma do despacho retro proximo, com protesto denullidade atodo oprocessado naqueles
10 autos pelo defeito da falsa Certidõ deSimaõ Matheus folhas trezeverso, dizendo em nome da dita Reé Anna
Ferrás, que sendo necessario = Provaria, que aSismaria que andava na quelles autos defolhas vinte, etrez em-
diante, de que os Autores se queriaõ valer, e em vertude della pertendiaõ como poderozos uzupar-lhe as suas ter-
3-M(ar)ço 1655 ras, que a houvera por titulo decompra de, que as possuhio aolhos, eface detodos, e dos mesmos
Autores, sendo moradores no mesmolugar, enamesma posse as ficara ella Reé possuindo = Provaria,
15 que aditaSismaria, como della sevia fora dada a Garcia Davella no primeiro deMaio de mil equinhen-
tos e cincoenta, edois annos, sendo passados cento, etres annos, sem os Autores, nem o dito Garcia Davella, povoa-
rem, nem cultivar a ditaterra, naforma doRegimento por quanto = Provaria que conforme ao dito Re-
gimento incerto na ditaSismaria, que por parte dos Autores se aprezentava, eficava fazendo prova contra
elles, de clarava, que naõ podendo aproveitar as terras que já tinhaõ, setornariaõ adar, pelo que como os Autores
20 naõ povoaraõ a dita terra, ella Reé a estava povoando com taõ antiga posse aolhos, eface dos Autores,
sendo moradores no mesmolugar, tendo ella Reé legitimamente prescriptas as ditas terras = Provaria
que os Autores pediaõ individamente as duas legoas deterra para o Sertaõ, por quanto como sevia dapetiçaõ, que
fizera GarciaDavella ao Governador Thomé deSouza folhas vinte, etrez em diante, naõ pedira mais,
que duas legoas deterra nos Campos da Itapoan <a>/h\uma ao longo do mar, ehuma para oSertaõ = prova-
25 ria que como sevia do treslado do despacho do mesmo Governador, em que de clarava dava ao suplicante
Garcia Davella huma legoa aolongo do mar, aqual comessava adada, digo comessara aonde acabou adada
do Rio Vermelho doSenhor Conde da Castanheira, que éra huma legoa aolongo do Rio, e acabava adita ter-
ra aonde comessa adada deSismaria, que tenho dado nestaCidade doSalvador, eseu termo, para pastos de-
suas Creaçoens para oSertaõ, elhe dou duas legoas, com todas as agoas que houver nellas, as quaes legoas se-
30 mediraõ por modo, que sesaiba averdade do que deveser huma legoa, pelo que éra contra averdade bem
claramente vista, quererem os Autores sendo Religiozos, uzurpar as terras alheias, e interpetrár deram
duas legoas para oSertaõ, sendo que dapetiçaõ sevia, senaõ pedira mais que huma legoa aolongo do mar, eou-
tra para oSertaõ, e comesta rezaõ ficava bem claro, que naõ havia o Governador de dar mais terra deSisma-
ria da quella que selhe pedira napetiçaõ, era fama publica, pedindo aditaReé AnnaFerrás emfim, eConcluzaõ de-
35 sua Contrariedade della Recebimento, eprovado onecessario cumprimento dejustiça no melhor modo de direito com custas;
segundo o que tudo isto assim, etaõ cumpridamente éra conteudo, edeclarado naditaContrariedade daditaReé, epe-
titorio della, com a qual se ajuntara aos autos o treslado dehuma mediçaõ, eescriptura devenda, de que aditaReé
Mediçaõ
nasuaContrariedade fazia mensaõ, de que tudo o treslado deverbo adverbum hé oseguinte = Anno do Nascimento de
8 de {nove}(m)bro
1645
39 Nosso Senhor Јεѕνѕ Christo demil eseis centos equrenta,esinco annos, aos oito dias do mez deNovembro do dito
228
229
92r do dito anno nos Campos de Pirajá junto a Jaguaripe, termo daCidade do Salvador, onde estava prezente o Doutor Demarca-

çoẽs de
Manoel Pereira Franco do Dezembargo deSua Magestade, Ouvidor geral com Alçada neste Estado, para
Anna Fer-
effeito defazer as mediçoens, e Vestoria ao diante, elogo parante o dito Ouvidor pareceraõ prezentes Joaõ Botelho deMat- ráz
tos, procurador bastante deAnnaFerraz, e Diogo Muniz Telles Réo nesta cauza, elogo pelo dito Joaõ Botelho no no-
5 me Reprezenta, foi Requerido ao dito Ouvidor geral, que para efeito desefazer a Vestoria conteuda nestes au-
tos, mandase medir meia legoa deterra, comessando do marco dos Padres deSaõ Bento pelo meia legoa deterra
daditaSua Constituinte Anna Ferráz, e acabada demedir adita meia legoa deterra, veria elle dito Ouvidor se o Réo
Diogo Muniz Telles tinha feito o damno, ou naõ nas madeiras, eterras da ditaAnnaFerraz, epelo dito Diogo Muniz
Telles, foi dito ao dito Ouvidor geral, que elle naõ tinha duvida asefazer adita mediçaõ para adescizaõ da Cauza,
10 mas, que protestava delhe naõ prejudicar, e de naõ pagar gastos alguns da dita mediçaõ, o que visto pelo dito Ouvidor,
lhe mandou escrever oseu prottesto, e requerimento, ao que eu Tabeliaõ satisfiz, Francisco deCoutto Barreto Tabaliaõ
Rio Jaguaripe
o escrevi = elogo pareceo Matheus Cardozo Leitaõ, e requereo ao dito Ouvidor geral, que aterra do Rio Jaguaripe
paradentro lhe pertencia, pelo que mandasse que a mediçaõ naõ passasse o dito Rio, e que protestava naõ lheprojudi-
car, o que visto pelo dito Ouvidor geral, lhe mandou tomar seu Requerimento, eprottesto, e pelo dito Joaõ Botelho
15 foi requerido ao dito Ouvidor geral, que semembargo do dito Requerimento, mandase botar o Rumo direito nafor-
ma do etillo, paraboa descizaõ destaCauza, eo dito Ouvidor lhe mandou escrever seus Requerimentos, eprottestos de
que fez este termo, que todos assinaraõ com o dito Ouvidor, eeu Francisco do Coutto Tabaliaõ o escrevi =
Pereira = Joaõ Botelho deMattos = Matheus CardozoLeitaõ = Diogo Muniz Telles = Afonço doPorto =
elogo no dia, mez, eanno declarado, no auto da mediçaõ, eVestoria atráz, o dito Ouvidor se foi aonde es-
20 ta mediçaõ havia decomessar, para effeito dever o da(m)no, que o Réo havia feito nas terras, e madeiras daAutora
AnnaFerrás, e chegando a huma estrada, que vai da Caza da ditaAnnaFerráz para aCaza donde vive Antonio de
Lima, nas terras dos Padres deSaõ Bento, e junto adita estrada, se achou hum pau muito velho, e antigo, que disse-
raõ ser o marco, por onde se devediaõ as terras da ditaAutora com os Padres deSaõ Bento, e aonde estava o di-
to pau, mandou o Ouvidor se metesse hum marco depedra, o qual semettêo com trez testemunhas depedra, ao
25 qual marco veio DiogoMoniz comembargos de nullidade a naõ co(m)messar amediçaõ do dito marco, por senaõ pre-
zentar Escriptura, que declarase, que dali comessava, o dito Ouvidor lhemandou escrever seu prottesto, e infor-
mado de pessoas que ali se acharaõ, como dali comessava aterra daAutora, mandou, que a mediçaõ secomessasse
do dito marco, correndo pelo Rumo caminho de Nórte, elogo o PilotoSebastiaõ deMacedo, que o hé do Concelho,
pôz sua agulha no dito marco, eo Medidor Antonio Fernandes Negraxo, que o hé do Concelho, foi medindo pelo Ru-
30 mo do nórte, ese mediraõ vinte, etres linhas devinte, e cinco braças cadalinha, quefazem quinhentas, esetenta, e
cinco braças craveiras, epor ser tarde senaõ foi por diante, de que fiz este termo, que todos asinaraõ com-o dito Ou-
vidor, eAjudante daLinha Pedro daSilva. Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Sebas-
9.XI.1645
tiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço doPorto = Aos nove dias do mez de-
Novembro demil eseis centos quarenta, ecinco annos, sefoi medindo pelo dito Rumo caminho do nórte, e se medi-
35 raõ vinte, esetelinhas, digo, e semediraõ trinta, esetelinhas, que fazem nove centas, evinte, ecincobraças, on-
de se acabaraõ mil, e quinhentas braças, que hé meia legoa, conforme aescriptura daAutora AnnaFerrás, que
anda nestes autos, as quaes mil, equinhentas braças se acabaraõ no pé de huma arvore, que chamaõ supupira, com-
1 marco junto da
hum galho em cima no pé da qual se cavacou, esemeteu hum marco depedra com trez testemunhas depedra, que Cachoeira
do Jagua
39 ficou junto daCachoeira do Rio Jaguaripe para abanda doLéste, de que o dito Ouvidor geral mandou fazer ripe a L(este)
230
231
92v fazer este termo, que todos assinaraõ com elle, e eu Francisco do Coutto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Se-
10 {nove}(m)bro 1645 bastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto = Aos dez dias do mez de
Novembro de mil eseis centos e quarenta ecinco annos, setornou ao marco atráz de clarado, no qual o dito Piloto Sebasti-
aõ deMacedo pôs sua agulha, eo dito Ouvidor mandou, que pelo Rumo deLeste o Éste se medissem, emcomprimento do-
5 que o dito Medidor Antonio Fernandes Negraxo, com seu AjudantePedro daSilva foraõ medindo pelo dito Rumo, e
mediraõ vinte, e nove linhas, que fazer sete centos, evinte, ecinco braças, epor ser tarde senaõ foi por diante com-a me
diçaõ, de que fiz este termo, de que todos assinaraõ, eeu Francisco do CouttoBarreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira =
11-{nove}(m)bro 1645 Sebastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto. = Aos onze dias
do mez deNovembro de mil, eseis centos, equarenta, ecinco annos, sefoi medindo pelo dito Rumo deléste o éste,
estrada q(ue) 10 quatro centas, ecinco braças, onde se acabaraõ as mil, e duzentas braças decomprido, que se acabaraõ abaixo da es-
esemediram
vae p(ar)a Cotegi
estrada que vai para Cotigipe, passando pelo meio da Rossa deFrancisco Pitta, onde está huma pedra nativa, que ficou
pe = marco por marco, onde o dito Ouvidor ouve a mediçaõ por acabada pora Autora estar inteirada confórme sua escriptura
em pedra na decompra, de que fis este termo que asinaraõ, eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Se-
tiva bastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto = Elogo no dito dia
15 acima e atraz declarado, o dito Ouvidor geral <o>/m\andou meter hum marco depedra, o qual semeteo com tes-
temunhas depedra, e ficou junto de hum caminho, que vem deSanto Amaro Pirajá, elogo pareceo o Réo Diogo Mo-
niz Telles, epor ellefoi dito, que tinha embargos asemeter ali o dito, por quanto a mediçaõ se naõ comessara don-
de sehavia decomessar, etudo éra nullo, por quanto elle estava deposse daterra donde semetia o dito marco, sem em-
bargo de que o dito Ouvidor geral mandou, que o dito marco ficasse aonde estava mettido, epelo dito Ouvidor ge-
20 ral no dito marco foi por guntado as pessoas que ali estavaõ, e as partes convem asaber ao dito Diogo Moniz Telles,
eaJoaõ Botelho deMattos procurador daAutora, eaFrancisco Pitta, eaAntonio deLima ali moradores, don-
de éra aparagem donde elle Reo havia cortado as madeiras, elenhas, a qual paragem selhe mostrou, eahi se há
por vista delles ficar o dito da(m)no dentro daterra daAutora AnnaFerrás, com o que houve aVestoria por feita,
e acabada, de que fiz este termo, que asinaraõ, eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = E declaro, que o dito
25 Ouvidor geral mandou escrever todos os Requerimentos do dito Reo Diogo Moniz, elhemandou que viesse com seus
Embargos dentro no termo da Lei, eeu dito Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Pereira = Sebastiaõ de
Macedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço do Porto = Elogo no dito dia o dito Ou-
vidor geral mandou, que se metese mais outro marco no Rumo deLéste o Éste para amediçaõ ficar mais clara, esesa-
marco ber a todo o tempo averdade della, por bem do que se metteo hum marco de pedra com suas testemunhas depedra
em 1 ladei- 30 em huma ladeira dentro damatta acima de humbrejo, o qualficou defronte dehuma arvore por nome Copimba
ra a cima
de 1 brejo ao pé da qual sefez huma Cruz de que fiz este termo, que todos asinaraõ, eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ
o escrevi = Pereira = Sebastiaõ deMacedo = Antonio Fernandes Negraxo = Pedro daSilva = Afonço
doPorto = Estas mediçoens, evestoria pagaraõ as partes as partes depremio = Coutto = Elogo no dito dia atrazdeclarado
nas Cazas devivenda deFrancisco Pitta, onde estava o Ouvidor geral, parante ellepareceraõ CatherinadaSilva, Viuva
35 deAntonio deMiranda, e Gaspar Rodrigues Seichas, epor elles foi dito, que elles tinhaõ embargos amediçaõ atráz, por qu-
anto lheprojudicava, eque prottestava delhe naõ prodicar, por quanto elles possuhiaõ toda aterra que ficava para
baixo da estrada deMatoim, e o dito Ouvidor lhemandou escrever seus prottestos, e que viessem comseus embar-
Sentensa
gos no termo daLei, de que fiz este termo. Eu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escrevi = Vistos estes autos,
Libello doAutor, Contrariedade do Réo, mais artigos Recebidos, eprovas dadas depapeis, etestemunhas, mediçaõ, evestoria
40 feita por meu antecessor com as partes citadas, mostrase por parte daAutora, que estando deposse como está dehuma sorte
232
233
93r sorte deterra dabanda dePirajá, que tem mil, eduzentas braças decomprido, emeia legoadelargo, a qual houveseu marido
Manoel Cardozo Botelho por titulo decompra deFernam Vás Freire, o réo como poderoso, lhetem entradopela dita
terra, etirado della muitas madeiras, elenhas para oseu Engenho, esendo noteficado asim antes, como despois decorre es-
taCauza, por manadado de meus antecessoresnão tirasse as ditas madeiras, elenhas, nem as fizesse naditaterra, compen-
5 na de cincoenta Cruzados, applicados ao accuzador, eCaptivos, sem embargo das ditas noteficaçoens, fora continuando em-
tirar as ditas madeiras, elenhas, fazendo muito damno naditaterra daAutora, sem obedecer aos mandados daJus-
tiça, mostra-se pela mediçaõ, evestoria, que meo antecessor foi fazer na dita terra, sendo o Réo citado, eprezente constar,
que os da(m)nos das ditas madeiras; elenhas foi feito dentro daditaterra daAutora, sem por parte do Réo se allegarem
embargos, nem vir com elles adita mediçaõ, evestoria, por parte do Réo se allega, que as lenhas que fazia, emandava
10 fazer, emadeiras que tirava, eraõ deterra sua propria, esealgumas levava daAutora, éraõ com sualicensa, edeseu
maridojá defunto, o que tudo visto, eomais dos aautos, edeposiçaõ de dereito, como o Réo naõ prova bastantemente a li-
censa em que sefunda, nem couza que deconde(m)naçaõ o Releve, condemno ao Réo no valor das lenhas, e madeiras, que
tirado tem da terra daAutora, as quaes selequidaraõ na execuçaõ destaSentença, enos Cincoenta Cruzados da penna,
que lhefoi imposta, em que incorreo depois delheser noteficada, naõ obedecendo àella ametade para Autora, ea outra
15 a metade para as despezas da Justiça, edefirindo aos Embargos ultimos do Enbargante José Pinto, lhe rezervo seu
direito sobre amateria delles para o deduzir quando, ecomo lheparecer, visto naõ poderem pedir com elles adetermi-
naçaõ desta Cauza emfinal, entre aAutora, eo Reo, que naõ letogaõ com elle por se naõ fazerem confuzoens, e
pague o Réo os autos Bahia vinte de Abril deseis centos, equarenta, eoito = Joaõ Jacome doLago =
Escriptura. == Saibam quantos este Instrumento de Venda, quitaçaõ, eobrigaçaõ virem, que no Anno do Nascimento
20 deNosso Senhor Јεѕνѕ Christo de mil eseis centos evinte sete annos, aos vinte, eoitodias do mes deFevereiro,
NestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, epouzadas demim Tabaliaõ ao diante nomeado, pareceram
a estes prezentes, eoutorgantes partes, a saber da huma como vendedor Fernam Váz Freire, Escrivaõ daOuvedoria geral,
morador nesta dita Cidade, eda outra comprador Manoel Cardozo Botelho, morador naIlhadeMaré, termo desta di-
Fernaõ Vaz
ta Cidade, elogo pelo dito Fernam Váz Freire vendedor foi dito em minha prezença, edas testemunhas ao diante no-
Freire vendeo
25
meadas, que entre os mais bens, propriedades de raiz, que elle tinha, epossuhia, ededireito lhepertencia, bem assim éra como a M(ano)el Cardo-
zo Botelho
hé, humasórtedeterra sita no lemitte daPitangua, Freguezia deSanto Amaro, termo desta dita Cidade, que tem mil, e 1200 br(aça)s X
duzentas braças de comprido, e meia legua delargo, queparte dehumabandacom terras deAntonio Machado deVas- 12 legoa de largo,
q(ue) fôra das
concellos, edaoutra com os Padres deSaõ Bento, e comquaes quér outras conforntaçoens com que de direito devaõ, ehajaõ
Fogaças
departir, ede marcar saõ forras, eizentas, sem obrigaçaõ deforo, nem tributo algum, eelledito Fernaõ Váz Freire, a houvera
/compr(ada)s
por titulo de compra deBelchior deBarros, edesua maỹ Maria Fogassa, e deSalvador Correa, e desua mulher Mar- em*/
8-{sete}(m)bro-
30 garidaFogassa, como mais largamente severá da Escriptura de vendafeita por Sebastiaõ daSilva em os oito dias 1625
do mez deSeptembro do anno demil, eseis centos, evinte, esinco, que está as folhas do livro do ditoSebastiaõdaSilva,
Tabaliaõ oitenta, etrez, a qual dita sorte de terra acima nomeada, com todas as suas entradas, esahidas, serventias,
mattos, aguas, possessoens, elogradouros, como ella de direito lhepertense por seus titulos, emelhor semilhor podeser dice o-
dito Fernam Váz Freire, que ellevendia, como defeito logo vendêo deste dia para todosempre ao dito Manoel
35 Cardozo Botelho, que prezente estava empreço, equantia deduzentos, e dez mil reis em dinheiro de contado forros para
elle dito vendedor pagos na maneiraseguinte, asaber cem mil reis em dinheiro decontado, logo que o ditoVendedor Fer-
nam Vás Freire confessou ter já em si recebido em dinheiro decontado damaõ do dito comprador, epor assim ser, disse o dito
Vendedor, que delles lhe dava, como defeito logo deu geral quitaçaõem seus bens, eherdeiros aos ditos cento, edez mil reis
39 do preço desta venda, disse o dito Manoel Cardozo Botelho comprador, queelle se obrigava, e defeito seobrigou deos dar; epa-
234
235
93v epagar dentro desta dita Cidade em dinheiro decontado ao dito Vendedor Fernam Vás Freire dehoje feitura desta Escrip-
tura ahum annoprimeiro seguinte, sem ao tal tempo lhe vir com duvida, ou embargo algum, evindo com elles, quer, ehé
Contente denaõ ser ouvido, nem admettido com rezaõ alguma, quedenada sequér, nem ajudar, senão com effeito pa-
gar ao dito tempo devido, epelo dito vendedor Fernam Váz Freire foi dito, que aceitava adita obrigaçaõ, etirava como
5 defeitologo tirou desi, demittio, e renunciou todo o direito, acção, epertensaõ, senhorio, util dominio, posse propriedade,
opoder prezente, efuturo, sabido, enaõ sabido, que tinha, epodia ter naditasórte deterra, esuas pertenças, e Cazas devivenda,
etodo
edenegros, etudologo possedeu etrespassou no sobredito CompradorManoelCardozoBotelho, para que tudo hajaelo-
gre mansa, epacificamente, e faca como coiza suapropria que já hé por bem deste instrumento por vertude do qual lhedeu
logo lugar, epoder para que por ellesomente sem mais outra authoridade de Justiça, por si, ou por quem lheaprover pos-
10 sa tomar, etome posse dasobre dita sortedeterra, eFazenda, esuas pertenças, posse pessoal, real, actual, Civel, enatu-
ral em si a reter, econtinuar para sempre, quér a tome quér naõ, toda via lha houve logo por dada nelle, eseus herdeiros
eSuccessores por incorporada pela clauzula constituti, epara o dito comprador todupoder havêr, ter, epossuir, lhe cede,
passa
etres- todas as suas acçoens reaes, epessoaes prezentes, efuturas activa, epassiva, etodo o remedio dedireito, que lhe
epode competir, eofas seu procurador em cauza propria, eprometteo, eseobrigou de comprir ter, emanter o conteudo neste
compete,
15 Instrumento, edeo naõ revogar, nem contradizer, antes fazer adita sórte deterra boa, segura, ede pais livre,edezembar-
gada detoda, equal quér pessoa, que algumaduvida, demanda, ou Embargo queiram pôr, eatudosedar por Autor, ede
fenssor asua propria custa, edespeza athé lhatornar apôr, alias succedendo o contrario, tornar ao dito comprador
os ditos cem, mil reis jâ recebidos, eo que mais constar tem recebido daquantia dos ditos duzentos, e dez mil reis do preço
Venda, etodas as bem feitorias, emelhoramentos, que tiver feito, emelhoramento nos ditos bens, será crido por sua verdade,
desta
20 ramento,
eju- tudo em dinheiro decontado, epara tudo assim cumprirem hum, eoutro disseraõ que o obrigavaõ, como defeito lo
go obrigaraõ suas pessoas, ebens moveis, ede Raiz havidos, epor haver, eem expecial o melhor parado delles, que para elles
obrigaraõ cada huma naparte, que lhe toca, e em fê, etestemunho deverdade assim o outorgaraõ, epor detodo serem conten
tes, eestar no dito acordo, evontade mandaraõ ser feito este instrumento devenda, eobrigaçaõ nesta notta que assinaraõ, e
la dar, epassar os treslados, que forem pedidos, eposto, que esta Escriptura está continuada em vinte, eoito dias do mes
del-
1o III 1627 25 deFevereiro,
foi lida, eoutorgada pelas partes em oprimeiro dia do mez de Março do dito anno demil, eseis centos, evinte, esete, edis-
se o dito Manoel Cardozo Botelho, que chegado o dito anno, e naõ pagando, havia por bem, que odito Fernam Vás
Freire fizesse citar em nome delle comprador ao Extribuidor Joaõ deAndrade, ouquem seu cargoservir, epela
tal citaçaõ, o poderá proceder até final sentença, o que outorgaraõ sendo testemunhas Simaõ Francisco Madriz,
eFrancisco Barboza deBritto, e eu Tabaliaõ conheço as partes vendedor, ecomprador, serem os proprios conteudos
30 nestaEscriptura, os que prezentes estavaõ, etodos assinaraõ. Joaõ deFreitas Tabaliaõ o escrevý = Fernam
Vás Freire = Manoel Cardozo Botelho = Francisco BarbozadeBritto = Simaõ Francisco Ma-
driz = Segundo mais largamente éra conteudo, edeclarado nas ditas mediçoens, e Escriptura, que por parte da
ditaReé AnnaFerráz fora junta aos autos, dos quaes houvera vista o procurador dos Autores para Replicar,
com a qual Replica viera, eaReé com sua Treplica, que tudo outrosim na mesmaforma lhefora recebido, e
35 por naõ quererem mais articular se asinara na Cauza tempo, etermo de dilaçaõ, e lugar deprova para elles partes
adarem aseus artigos Recebidos, o que fizeraõ pelos mesmos autos, papeis, documentos, epor inquiriçoens detestemunhas;
o que tudofoi tirado comessado, eacabado em termo, etempo devido, elançado demais prova houvera odito Juiz ordinario
as Inquiriçoens por abertas, epublicadas, ejuntas ao feito mandara dar vista as ditas partes para Rezoarem em final,
39 esendo dadas aseus procuradores por elles, epor cada hum delles, fora tanto dito , allegado, apontado deseu direito, ejustiça
236
237
94r ejustiça que com as rezoens, com que vieraõ os aautos sefizeraõ concluzos, esendo aprezentados ao dito Juis, evistos por
S(e)n(te)nca por
elle,sua sentensa pronunciara ado theôr seguinte = Vistos estes autos, petiçaõ folhas trez, na qual os Religiozos
nelles
doPatriarcha Saõ Bento, inttentaõ continuar com a mediçaõ dehuma datadeterra que herdaram de Garcia Davilla,
que haviaõ comessando em o anno eseis centos evinte edois afolhas trinta, com aqual mediçaõ senão foi por diante
5 no dito tempo folhas trinta, eseis excepssaõ daReé AnnaFerrás, que lhefoi recebida por contrariedade, Replica, Tre-
plica, Escripturas, eSismarias, eSentensa, folhas cincoenta, eseis, e mais papeis juntos, mostra-se por parte dos Auto-
res pertencer-lhes humadatadeterra, que tem huma legua por costade mar, eduas legoas para oSertaõ,
nolemittes daItapoan, que houveraõ por titulo de heransa, que lhes deixou Garcia Davilla, o qual havia
tomado posse della judicialmente, e arrendado aPauloRibeiro no anno de mil, equinhentos, e noventa, esete, eoutros
10 Colónos, mostra-se mais, que no anno de mil, eseis centos, evinte, edois, requereraõ os Autores, queriaõ medir adi-
ta terra, ecom effeito me diraõ alegoa por costa de mar, ehu(m)a legoa para oSertaõ, e não foraõ pordiante por falta depor-
tunidade, ficando postos marcos, eprincipalmentehum, o deSaõ Bento, e que aReé tem as Cazas deVivenda do mar-
co dos Autores paradentro dasua terra; por parte daReé semostra, eprova, estar deposse por si, eseus antecessores
da terra, em que está epossue de mais de quarentaa annos aestaparte; que ahouve por titulo de compra seu marido Manoel
15 Cardozo Botelho de Fernam Váz Freire, e que Garcia Davilla, de quem as houveraõ os Autores, nuncaesteve
deposse da terra daReé , prova-se mais por parte daReé, que havendo entre ella, e Diogo Moniz Telles de manda, se
fez mediçaõ da data daReé, que saõ mil, e duzentas braças de comprido, e meia legoa de largo, assestindo aella o Dezembar
gador ManoelPereira Franco, alguns Religiozos doPatriarcaSaõ Bento, por serem vezinhos daReé, eforaõ as ditas
mediçoens julgadas por Sentença sem por parte dos Autores secontradizer; o que tudo visto com os mais dos autos, e naõ
20 ser verosimel, que os Autores sendo vezinho daReé, e achando-se prezentes alguns Religiozos a mediçaõ e de marcaçaõ,
publicamente
que fez o dito Dezembargador, naõ tivessem noticia della, julgo que os Autores prosigaõ sua medissaõ, que
saraõ,
comes- com declaração, que naõ prejudicaràõ a Reé, nemlhe entraràõ dos seos marcos para dentro, eparecendo aos Autores,
que tem algum direito para revendicarem aterra, que aReé pessue asombra doseu titulo, eposse taõ antiga, o requeiraõ
pela via, que lheparecer, epaguem os Autores as custas destes autos Bahiadezanove deAgosto demil eseis centos, e-
25 cincoenta, eseis annos = Balthazar deAraujo deAragaõ = A qual Sentença sendo assim publicada pelo dito Juiz
empublica audiencia, que elle aos feitos, epartes fazia no Paço doConcelho desta dita Cidade no dia, mez, eanno nella de
App(ellaç)am do, logopeloDoutor Joaõ de Góes deAraujo, procurador dos ditos Autores foradito, que Appellava da ditaSentensa pa-
clara-
ra estaRellaçaõ do Estado doBrazil, eo dito Juiz lhe mandara escrever sua Appellaçaõ, eos ditos Autores fizeraõ citar
aReé para seguimento, atempaçaõ, a valiaçaõ, etodo omais necessario da dita Appellaçaõ, efora portal havida emJuizo, e
30 as partes selouvaraõ em quem a valiasse aCauza, e com effeito foi avaliada, eAppellaçaõ recebida para esta minhaRel-
laçaõ, em cujo Juizofoi seguida, eàpprezentada em tempo, etermo devido, aonde as ditas partes houveraõ vista dos-
autos nesta segunda Instancia para arezoarem em final, esendo dada aseus Procuradores, por elles, epor cadahum delles
fora tanto dito, allegado, apontado, e arezoado deseu direito, ejustiça, que com as rezoens com que vieraõ, os autos
cluzos,
sefizeraõesendo
Con- vistos por mim em Rellaçaõ, com os do meu Dezembargo, Dezembargadores das Appellaçoens, eAggravos
S(e)n(te)nca
da
35 Civeis, dellafinalmente Acordei = Que bem julgado pelo Juiz ordinario destaCidade, em mandar, que os Appellantes,
R(ellaç)am o Padre Dom Abbade, e mais Religiozos do MosteirodeSaõ Bento procigam a mediçaõ que commessaraõ; porem em de-
clarar, que com adita mediçaõ naõ seprojudique aAppellada AnnaFerráz, nem selheentre deseus marcos para dentro,
naõ foi por elle bem julgado, Revogando nestaparte sua sentensa, cumpra-se oConfirmado por alguns deseus funda-
39 mentos, eo mais, que dos autos consta, os quaes visto, ecomo semostra que aterra emque a Appellada está, nuncafoi me di-
238
239
94v medida, nem de marcada, nem se possuhio por espaço detantos annos, que bastem para seprescrever, maiormente contra
teiro deSaõ Bento, para o que saõ necessarios secenta anno por Previlegio que lhe concedo oPapa Eugenio no anno demil,
hum Mos-
centos,
equatro etrinta, equatro: mando que adita mediçaõ seprosiga, eainda que projudique aAppellada, se messaõ, edemarquem as
as para
duas oSertaõ, que sederaõ deSismaria a Garcia Davilla, eem que os Appellantes succederaõ, epague aAppellada as
lego-
21 M(ar)ço 1658 5 autos
Custasdedestes
ambas as Instancias, em que a conde(m)no. Bahia vinte, ehum deMaio demilseis centos, ecincoenta, eoito annos =
deMendonça
Seco = Barradas = Soares = A qual minhaSentensa sendo assim publicada nos Paços de minha Rellaçaõ pelo meu
dor, que ao tal tempo era dos Aggravos, eAppelaçoens Civeis della, o Doutor Fernam daMayaFurtado, mandei que
Dezembarga-
mo nella secontinha,
secomprisse co etirando-se doprocesso aditaSentensa por parte dos ditos Autores, eReverendo Padre Dom Abbade, e
ligiozos
mais Re- doMosteiro do Patriarcha Saõ Bento destadita Cidade, indo-a passar pela minha Chacellaria por parte dadita Reé
Emb(ar)gos a Chan-
10 AnnaFerrás, ebem assim dos Capitaens Valentim deFaria, eFrancisco Pitta Ortigueira, foi em bargada com os Embargos:
cellaria.
copea
cuja hé aseguinte = Provará que aSentensa embargada, sefunda em que para prescrever contra oMosteiro deSaõ Ben-
to Embargado, hé necessario posse continua por espaço demais desecenta annos, conforme o Previlegio do Papa Eugenio
do aos Religiozos deSaõ Bento, e que a Embargante Anna Ferráz, naõ tem aditaposse de mais desecenta annos, eas-
concedi-
sim que naõ pode allegar prescripçaõ, sendo que = Provará que a terra em que aditaAnna Ferráz está, epossue, foi dada de
15 Sizmaria aDiogo daRoxa deSaá, Avô do Embargante Valentim deFaria, e hé parte dalegoa, que selhedeu deSismaria; a-
qual já se havia dado aoutro possuidor, antes daSismaria de Garcia Davilla, enessa forma sedeo ao dito Diogo
possuhio
daRoxadeSaá,alegôao que
quallhefoi dada, de que hé parte a terra daContenda, edepois delleseus successores athé oprezente por
tenta,
espaçoe demais
noventadeoi-
annos; eassim ficaõ legitimamente prescripta aterra da contenda, alem deque = Provará, que desde otempo
taconcessaõ até oprezente, nunca os Religiozos deSaõ Bento nem Garcia Davilla possuiraõ aterra que está daestrada Real
dadi-
20 raja, digo para abanda dePirajá, que hé aque possue aEmbargante AnnaFerrás, eaterra que Garcia Davilla possuhio, e em
para Pi-
ve Colo(n)no<o>/s\,
que te- foi napria daItapoan, aprte muito diversa daterra da Embargante, que fica da dita estrada para Pirajá,
nunca
eassim o Mosteiro Embargado, teve posse daterra da Embargante, alem de que = Provará, que estaterra, que os Embargados
tendem hé por dizerem serem herdeiros de Garcia Davilla, edos autos naõ consta, em como aos ditos Embargados pertense
per-
tes o contrario
suaherança, an-hé notorio, por ser Garcia Davilla seu Néto, seu herdeiro, por ser filho deFrancisco Dias Davilla, filho do
25 Garcia
dito Davilla, o velho, ecomo os Emabargados naõ provaraõ ofundamento desua acçaõ, ficou aSentensadada emseu favor,
denenhum
nulla, e effeito = Provará que nos bens adqueridos por titulos de herança, as Religioens basta aprescripsaõ ordinaria,
que quando oditoGarcia Davillafaleceo, já eraõ passados mais de quarenta annos, que odito Diogo daRoxadeSaá
maiormente
legoa deterra, que
estavadeposse da- lhefoi dada deSismaria, eque hé parte aterra da Embargante; e assim tinha legitimamenteprescripto
contra odito Garcia Davilla, em cujaCabeça, ecomoseus herdeiros, pedem os Embargados esta terra = Provará que as me-
30 diçoens em que os Embargados fundaõ suajustiça, esemandaõ proceguir com duas legoas para o Sertaõ, saõ de direito
de nenhum
nullas, e- effeito, por que nellas naõ assestio oProvedor mór, que entaõ éra Juis daCauza, enaõ vio meter marco algum, e
taõbem por queforaõ embargadas, e contraditadas; eassim naõ tem os Embargados por ella duvida alguma, nem acçaõ algu-
ma, alem de que acitaçaõ que sefez aos Officiaes daCamara, foi nulla por faltar Provizaaõ deSuaMagestade = Prova-
rá que as ditas mediçoens sefizeraõ no anno deseis centos, evinte e hum, no qual tempo já eraõ passados mais desecenta
35 alegua deterra em que a Embarganteestá, se havi<d>/a\o dado deSismaria a Diogo daRocha deSaá, enella tinhaCazas
annos, que
Domingo deVilla chaa(n) pai deBelchior deBarros, que avendeo aFernam Vas Freire, de quem ahouve por titulo de-
compraManoel Cardozo, marido della Embargante, quanto mais, que os Embargados naõ podem, nem nunca podiaõ
39 ter mais de huma legoa para oSertaõ, que foi o que pedio o dito GarciaDavilla, nem podia concederse-lhe mais do que pe-
240
241
95r pedia maiormente sendo emprejuizo deoutra Sismaria, que já estavadada aoutro morador = Provará que os Embarga-
dos fizeraõ hum contracto com Fernam Vás Freire, pelo quallhe largou sua fazenda, e sedeu todo seu direito, eentre
as couzas que sedeclaraõ, se relata no dito contracto como havia vendido adita terradacontenda ao marido da Em-
bargante, etendo os Embargados obrigação delhefazer boa aditavenda, como successores do dito Fernam Váz, injusta-
5 mentelhepede(m) a mesma terra, que tem obrigaçaõ delhefazer boa, esem mostrár otitulo por ondelhepertense aherança
de Garcia Davilla, eassim ficou aSentensa embargada nulla, por defeito deprova, havida pordollo dos Embargados ==
Provará que tanto hé assim ter a Embargantejustiça, que votou em favor, eem confirmaçaõ daSentensa do Juiz
O Senhor Dezembargador Christovaõ deBurgos, e em segundolugar oSenhor Dezembargador Luiz Salemo deCarva-
lho, por verem ajustiça della Embargante = Provará que oSenhor Dezembargador Francisco Barradas, que votou em-
10 quartolugar, seguindo aoSenhor Doutor JorgeSêco Chanceller daRellaçaõ, naõ podia votar, e ofez por esquecimento,
epelas muitas occupaçoens doseu Officio, por quanto setinha dado por suspeito aos Embargados, eassim ficou aSentença
bargada nulla pordefeito de hum voto, e naõ poder ser nella Juis o ditoSenhor Dezembargador Francisco Barradas, Fa-
Em-
mapublica // Pede Recebimento, eprovado onecessario, seja revogada aSentensa Embargada, ejulgada por nulla, e con-
firmada ado Juiz ordinario no melhor modo de direito, com custas = Offeró Britto = Como Procurador Gaspar de
15 Britto daSilva: Segundo mais largamente éra conteudo, e de clarado nos ditos Embargos, esendo juntos aos autos
comProcuraçoens das partes, por Acordam da minhaRellaçaõ, selhe mandara dar vista, esendo dada aseus Procuradores
com o que disseraõ, allegaraõ, eapontaraõ deseu direito, ejustiça, epapeis que porhuma parte, eoutra sejuntaraõ os autos
sefizeraõ concluzos, esendo vistos por mim em Rellaçaõ com os do meu Dezembargo, Dezembargadores das Appella-
Acordaõ çoens, eAggravos Civeis della = Acordei etc Que antes deoutro despacho, serradas às ttençoens, sefizesse Vestoria nas-
27 Ag(os)to
20 terras da contenda, e que para isso sefizesse deposito, esecitassem as partes. Bahia vinte, esete deAgosto demil seis centos
1658
cincoenta eoito = O qual Acordam, sendo assim publicado nos Paços de minha Rellaçaõ, pelo meu Dezembargador que
foi della o Doutor Luiz Salemo deCarvalho, em seu comprimento serradas as tençoens, e citadas as partes para adita
Auto
deVesto
Vestoria sefez, econtinuou naforma, e maneira seguinte = Anno do Nascimento deNosso Senhor
ria. Јεѕνѕ Christo de mil seis centos cincoenta e nove annos, aos oito dias domez deJaneiro do dito anno nos le 8-Jan(ei)ro 1659

25 mittes daItapoan, terras deFrancisco Ferreira de Olival, cazas da morada do Capitaõ Pedro daRoxa, em que
se agazalharaõ os Dezembargadores Juizes destaCauza, o Doutor JorgeSeco deMacedo, eo Doutor Francisco
Barradas deMendonça, eo Doutor Afonço Soares eAfonseca, sendo elles ahi prezentes com migo Es-
crivaõ, ebem assim Manoel Marques Piloto do Concelho, eAntonio Fernandes Negraxo Medidor do dito
Concelho, eoPadre Frei Gabriel, eoPadreFrei Antonio Religiozos doPatriarchaSaõ Bento, eem no-
30 medoPadre Dom Abbade, e mais Religiozos doConvento destaCidade por seu Procurador olecensiado
Joaõ de Goés deAraujo, ebem assim o Capitaõ Valentim deFaria, eFrancisco Pitta Ortigueira que taõ bem foraõ
Embargantes, edezistiraõ deseus Embargos, como constados termos atraz por elles assinados, eoutras pessoas, elhe pro
pozeraõ os ditos Dezembargadores, que parafazer esta Vestoria, haviaõ dehir comessar no Sitio adonde esteve antiga-
mente o Engenho da Sismaria dada a Diogo daRoxa, pondo-se todos aCavallo, fomo pela estrda publica dos Cam-
35 pos do Pitta até hum baixo aonde os sobreditos Valentim deFaria, Francisco Pitta, Joaõ Baptista morador em Santo
nasçença
Antonio, eManoel deLima mostrár oSitio doEngenho, e ainda vestigios deparedes della, tendo visto acima
do rio ver-
o tanque que dizem fora do dito Engenho, que hé a nassensa do Rio Vermelho, cuja corrente atravessa aestrada que melho
Aldeya do
vem daCidade, e naõ souberaõ dizer aonde estava antigamente aAldeya do Tubaraõ, mais disceraõ que entendi-
Tubaraõ
39 aõ que por a quella estrada, sedevia hir a ditaAldeya, elogo oDoutorJorgeSeco deMacedo, advertio ao Dou-
242
243
95v ao Doutor Afonso Soares deAfonseca, como Zelador daCauza, que mandse apregoar a Embargante Anna Ferráz , ou
que por ella requerese, ao que sem pregaõ, respondeo seu genroFrancisco d'Almeida, que ali estavaprezente em seu nome,
tar doente, esendo-lhe perguntado setrazia procuraçaõ sua, disse, que não, nem se achou nos autos, vendo-se aprocuraçaõ
algum,
quatro,
por ella substabelecimentofolhas
es- seis, pondo oPiloto ManoelMarques agulha, de mandou ao nórte dentro no qual mais
5
aparte
folhas de nórdeste em cimajunto daEstrada, por onde dicemos que corre entre ella, eotanque que foi do dito Engenho, emais
cima setinha visto apicada que o dito Piloto havia feito couza de duzentas braças pouco mais, ou menos afastado do dito
Engenho,
a que hé oque comessou napraia, Costa do mar brabo, entre aSismaria doConde daCatanheira, ea que foy
de Garcia Davilla, que hoje hé dos ditos Religiozos estadeque setracta, eacharaõ ser muito dificultozo, medindo-se o
Engenho para abarra do Rio Vermelho, pelos muitos oiteiros, e mattos, e brejos que há em meio, mas segundo parecer dos
10
seentederaõ poder haver por linha recta duas legoas emeia sobre que o ditolecenciado Joaõ deGoés fez requerimentos, alle-
gando
mais, que era taõ perto daCidade, que só lega, emeia poderia haver, com-o que ouveraõ os ditos Dezembargadores
por feita nestelugar, evoltamos todos pela mesma estrada a hir ver o marco depau, quedeziaõ se chamavadeSaõBento,
quesendo
aVestoria junto delle, mostrou oPiloto olugar do marco, contestando os ditos Capitaens Valentim deFaria, eFran-
cisco Pitta, queelle héra, edeclarando o medidor Antonio Fernandes Negraxo, que dali viera com-o Ouvidor geral Ma-
15
noelPereiraFranco comessar aVestoria sobre aduvida entre adita Embargante AnnaFerráz, e Diogo Moniz Telles, que
na quelle tempo vira ainda o tronco depau velho, que as testemunhas para isso chamadas, disseraõ ser aquelle, eoutro sim
seachou, evio o dito marco depedra que o dito Ouvidor geral mandou meter por o pau estar podre, eo Dezembargador
JorgeSeco deMacêdo, mandou sevice setinha as trez testemunhas depedra, de que nadita Vestoria sefaz mensaõ,
e dou fé queforaõ descubertas pelo Piloto, eas vi, eoutras pessoas, edeclarou o dito Piloto ManoelMarques, que a-
20
picada que fizera por ondeviera daCosta do mar, correndo otravessaõ entre os Frades, eJoaõ Alvares, ePaulo Antunes,
correndo ao rumo denoroéste a quarta donorte demorada muito ao nórte deste dito marco, a qual naõ seacomodarem em-
rumo, nem entravessaõ na medissaõ dos Frades deSaõ Bento, por que passava inda muito adiante,ainda aprimeira legôa,
que vem daCosta domar já foi de marcada, epor sepor oSol, se naõ obrou mais neste dia, edeclaro, que nelle senaõ achou
prezente o Doutor Francisco Barradas deMendonça por impedimento que teve, de que tudo mandaraõ fazer este
25
auto, que assinaraõ com os ditos Piloto<s>/e\,medidor, ecomo testemunhas odito Capitaõ Valentim deFaria, Francisco Pita,
Manoel deLima colo(n)no dadita Anna Ferráz, eeu Joaõ TeixeiradeMendonça, que sirvo de Escrivaõ das-
Appellaçoens, eAggravos, eosou destes autos o escrevý = Afonso Soares daFonceca = JorgeSêco deMacêdo = Antonio
Fernandes Negraxo = Manoel Marques = Francisco Pitta Ortigueira = Valentim deFaria Barreto =
9-Jan(ei)ro
= Aos nove dias do mez deJaneiro demil, eseis centos, ecincoenta, enove annos, foraõ os ditos trez Dezembar-
1659 30
gadores com o Piloto, eMedidor, eos ditos Religiozos deSaõ Bento, ede mais o PadreFrei Antonio daEsperança,
eolesenciado Joaõ de Góes deAraujo seu procurador, eoCapitaõ Valentim deFaria, eFrancisco Pitta Ortigueira, com-
migo Escrivaõ ao ditolugar do chamado marco depau deSaõ Bento, aonde ontem acabamos, que nelle semostrou
ao dito Dezembargador Francisco Barradas deMendonça o marco depedra, eselhepraticou o que vimos datarde de
ontem, ecomo dali para o nórte, correra amediçaõ deAnnaFerráz com DiogoMoniz Telles, eaonde alem demorada,
35
adita picada que fizera o dito Piloto, elogo caminhando pela estrada para aparte do mar brabo, acouza detiro de-
espingarda, viraõ junto daestrada aparte esquerda humas Cazas grandes novas, cobertas depalha, perguntando o que éra,
diceraõ morar ali Manoel deLima colo(n)no dadita Anna Ferráz, que doutras mais pequenas, evelhas que es-
tavaõ aparte direita da banda daestrada, sehavia mudado para ali ào norte das quáes, demoravaõ as Cazas,
39
em que habita adita Anna Ferrás, já na decida do Rio Jaguaripe, aqualAnna Ferráz, por estar ali prezente nas Cazas
244
245
96r nas Cazas do dito Manoel deLima, fui eu Escrivaõ de mandado dos Dezembargadores por ficarem como hiaõ
continuando aVestoria, setinha que requer nella, e que nomeasseprocurador, que em seu nome assestisse àella, epela
dita anna Ferráz mefoi respondido, que tinha por seu procurador aseu Cunhado Joaõ Botelho deMattos, eque naõ
tinha outrem, e logo pela dita AnnaFerrás mefoi dito que fazia procurador, digo fazia seu procurador ao Capitaõ
5
Valentim deFaria, como consta daprocuraçaõ, que ajuntei aestes autos, e caminhando pela dita estrada, e da banda do-
marco depedra dos ditos Frades deSaõ Bento, que sepos ademarcaçaõ daprimeira Legoa, como consta dos autos atrás,
folhas trinta, e cinco, efomos vendo sempre aparte esquerda da estrada da tapada da madeira, que diceraõ ser do ditto
Manoel deLima colo(m)no deAnnaFerraz, epouco adiente della da dita tapada, e na borda da estrada, que chamaõ
daCajá, couza de duas braças a banda esquerda, o dito rumo de noroéste, quarta do nórte, sevio o dito marco entre hu(m)
10
matto muito alto daterra, e com aface, eletreiro, que diz Saõ Bento para a parte da estrada, e rumo deSuéste, quarta de-
Sul, etambem sevio entre o dito Marco aestrada nova que hia correndo no vizo daestrada velha, entre a nova do dito
marco, com o que ouveraõ os ditos Dezembargadores a vestoria deste dia porfeita, por ser já oSol posto, de que
mandaraõ fazer este termo, que asignaraõ comos ditos Piloto, e Medidor, eoCapitaõ Valentim de Faria, eFran-
cisco Pita Ortigueira. Joaõ TeixeiradeMendonça o escreví = Afonso Soares deAfonceca = JorgeSeco de-
15
Macêdo = Francisco Barradas deMendonça = Valentim deFaria Barreto = Francisco Pitta Ortigueira =
ManoelMarques = Antonio Fernandes Negraxo = Elogo no mesmo dia, mez, eanno os ditos Dezembar-
gadores acima nomeados, eassinados, rezolveraõ que seria conveniente, que eu Escrivaõ, com oPiloto ManoelMar-
ques, eMedidor Antonio Fernandes Negraxo, que os saõ doConcelho, fossemos amanhaã pela manhaã, que se-
contaràõ dez deste dito mez deJaneiro, aolugar do marco velho depau, aonde se achou o marco depedra com-
20
as trez testemunhas, que na Vestoria, que anda nestes autos afolhas cincoenta, eoito, mandou meter o Ouvidor ge-
ral ManoelPereira Franco, emedisse-mos com distinçaõ quantas braças há do dito marco athé as Cazas deMano-
el deLima colo(m)no da dita Anna Ferráz, e da ditaCaza por quantas braças corre para Léste aserca, etapagem da-
dita AnnaFerrás, que vimos por junto da dita estrada, eaparte esquerda della athé ofim da Rossa dodito Ma-
noel deLima, e da li quantofica athé o marco depedra deSaõ Bento, que vimos junto da mesma estrada, que
25
hé a que vai para a Caza grande, e decomo assim o mandaraõ, fiz estetermo, que os ditos Dezembargadores asinaraõ.
Joaõ TeixeiradeMendonça oescreví = Francisco Barradas de Mendonça = JorgeSeco deMacedo =
10 Jan(ei)ro
Afonso Soares deAfonseca = Aos dez dias do mez deJaneiro demil seis centos cincoentaenove annos, nos di-
tos lemittes da Itapoan, nas ditas terras, em comprimento do mandado atráz, fui eu Escrivão, com oPiloto demarca- 1659

dor Manoel Marques, eo Medidor Antonio Fernandes Negraxo atráz nomeados, que são do Conce-
30
lho, aolongo do dito marco depau, em que hoje está o dito depedra; e nelle o dito Medidor Antonio Fernandes
Negraxo estendeo sua linha, e a medio por hu(m)a varademedir afilada, quepara isso trazia, diante de mim
Escrivão, e medio por ella cincoenta varas, quefazem so(m)ma, e quantia devinte, ecinco braças craveiras, elogo
comessou sua mediçaõ, pondo aponta dalinha no dito marco depedra aondeesteve o depau, eforaõ medindo pela
estrada com o rosto aléste athé o canto daserca, defronte daporta deManoel de Lima, e a chamos quatrolinhas,
35
que fazem sem braças, edo dito cantofomos continuando aolongo daserca, que correjunto daestrada, e achamos
ter tres linhas, que fazemsetenta, ecincobraças, efomos correndo por diante athé aprimeira porteira, e me-
dimos onzelinhas, que fazem duzentas, setenta, e cinco braças, efomos continuando, e medimos athé asegunda por-
teira, e achamos cinco linhas, que fazem cento, evinte, e cincobraças, efomos continuando athé oprincipio da
39
Rossa deManoel deLima, eachamos trez linhas, que fazem setenta, ecincobraças, e continuando com atapagem
246
247
96v com atapagem da dita Rossa deManoel de Lima até ofim della, eachamos quatrolinhas, quefazem sem braças,
edali onde acaba, enão haja maiz serca, outapagem, fomos continuando até o dito marco depedra, quetem porsi-
nalSaõ Bento, de que no dia atrás sefás mensaõ, eachamos novelinhas, que fazem duzentas, evinte, ecinco bra-
ças, eachamos que dolugar do dito marco de pau, donde comessamos até este depedra ao todo, há trinta, enove
5
linhas, quefazem nove centas, setenta, ecincobraças craveira dedes palmos cadahuma, eporquanto aditaes-
trada naõ corresempre direita aléste, mais vai fazendo algumas voltas pequenas, hora para a mão dereita, ho
41
ra para aesquerda, diceraõ os ditos Poloto , eMedidor, que dando deabatimento pelas voltas daestrada ascento, eseten-
ta, ecincobraças, entendem, que haverá de marco amarco, medindo-se por rumo direito, oito centas braças cravei-
ras antes mais, que menos, de que tudo dou minhafé passar naverdade, efiz este termo, que assinei comos ditos Pi-
10
loto de marcador, e Medidor. Joaõ TeixeiradeMendonça o escrevi = ManoelMarques = Antonio Fer-
nandes Negraxo = Joaõ TeixeiradeMendonça = Segundo mais largamente éra conteudo, e de clarado
nas ditas mediçoens, e devizoens, com as quáes os autos foraõ levados concluzos, esendo-me aprezentados, vistos
por mim em Rellaçaõ, com os demeu Dezembargo, Dezembargadores das Apellaçoens eAggravos della =
Acordaõ so-
Acordei, que sem embargo dos embargos, que naõ recebia, visto sua materia, eautos, aSentença Embargada se cum-
1º- {dez}(m)bro 1661 15
prisse, epassasse pela Chancellaria, econdemnava aos Embargantes nas Custas naformada Ordenação Bahia oprimeiro bre os

deDezembro de mil, eseis centos, esecenta, ehum = Esendo este Acordam assim publicado nos Paços deminha Rel- Emb(ar)gos
6-{sete}(m)bro T(e)r(m)o
laçaõ pelo meu Dezembargador, o Doutor Agostinho de Azevedo Monteiro, semostrava = Que sendo aos seis dias do
1661
mezdeSeptembro de mil eseis esecenta ehum annos, nestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, e deAggr(av)o

Paços daRellaçaõ deste Estado, empublica audiencia, que emfeitos, epartes fazia o Doutor Agostinho de-
20
Azevedo Monteiro do meu Dezembargo, Dezembargador dos Aggravos naditaRellaçaõ, parante elle
pareceo, o Doutor Pedro Vás Roxo, e por ellefoi dito, quecomo Procurador, que éra de Anna Ferráz, edesua fi-
lha menór Violante Cardoza, Francisco Pitta Ortigueira, Valetim deFaria Barreto, Bartholomeu de-
Vasconcellos, Antonio Barreto, Francisco daRochadeSaá, Amaro Homem deAlmeida, o Sargento mor-
Francisco Fernandes Fragoso, oPadre ManoelVáz, Leonor de Cazares, Guiomar deSouza, Victoria daSilva,
25
MariadeMiranda, o Capitaõ Antonio daFonceca, Gaspar Rodrigues Seichas, João Mendes de Vasconcellos,
Joaõ Baptistada Veiga, como constava das Procuraçoens, que aprezentava em seos nomes dos ditos seus Cons-
tituintes, disse, que Aggravava para a Caza daSupplicaçaõ da Cidade deLisboa daSentensa, que se déra afavor
dos Reverendos Padres deSaõ Bento, pela qual selhemandava medir, e encher duas legoas deterra na cauza,
que traziaõ com Anna Ferrás, nas quaes duas legoas deterra, seincluhiaõ, eestavaõ as fazendas, deque os Ag-
30
gravados eraõ Senhores, digo de que os Aggravantes eraõ Senhores, enaõ foraõ ouvidos, nem citados, ejuravaõ
se necessario héra, que lhes chegara anoticia, pedindo recebimento deseu Aggr avo, que preparariam, citando
as partes para avaliaçaõ da Cauza; e que outrosim Aggravava taõbem para aCazadaSupplicaçaõ decon-
de(m)narem as Custas ao Capitaõ Valentim deFaria Barreto, eFrancisco Pitta Ortigueira, que lhepedia lhe-
mandase escrever seu Aggravo naforma que requeria, evisto pelo dito Dezembargador seu Requerimento, lhe-
35
mandara escrever o dito Agravo, ao que fora satisfeito pelo Escrivaõ dos autos, que ao tal tempo éra Joaõ Teixeira
deMendonça, aos quaes tambem juntara Procuraçoens dos ditos Aggravantes, ebem asim Certidaõ doThezou-
reiro de minha Chancellaria, pel/a/s quaes constava terem todos os Aggravantes depozitado nella os nove centos
Reis cadahum deseu Aggravo, como mais largamente constava das ditas Certidoens, com as quaes os autos se-
39
fezeraõ concluzos, evistos por mim em Rellaçaõ, comos domeu Dezembargo, Dezembargadores dos Aggravos, eAppel-

41
Desta exata forma se registra no manuscrito.
248
249
97r Acordaõ ao
e Appelaçoens Civeis della = Acordei etc que naõ concedia o Aggravo a Aggravante AnnaFerráz, por caber a-
gr(a)v(o)
Ag- Cauza Alçada desta Rellaçaõ, conforme o Regimento della, ao tocante aos mais Aggravantes, que deziaõ ser proju-
dicados pelaSentença dada contra aditaAnnaFerráz, mandava queathé asegunda audiencia por si, ou seos bas-
tantes Procuradores, selouvassem juntamente com-os Autores em duas pessoas, que de clarassem por juramento nafor
5
macostumada, se eraõ todos, ou alguns delles projudicados peladitaSentensa, eo valor, e importancia, eoprejuizo de cada
25. {outu}bro
hum, ecomotermo assinado pelosLouvados, tornassem os autos parasedeferir ao Aggravo. Bahia Vinte, ecinco deOutu-
bro de mil eseis centos esecenta, ehum = Esendo este Acordam asim publicado nos Paços deminha Rella- 1661
3-{nove}(m)bro
çaõ pelo meu Dezembargador dos Aggravos o Doutor Joaõ Vamesem, semostrava = Que sendo aos trez dias
do mez deNovembro demil, eseis centos, esecenta, ehum annos, NestaCidade doSalvador Bahia detodos os Santos, 1661
10
ePaços daRellaçaõ deste Estado empublica audiencia, que affeitos, epartes fazia o Doutor Leandro de Castro da-
Silveira do meu Dezembargo, Dezembargador dos Aggravos daditaRellaçaõ paranteelle pareceu o Doutor Pe-
dro Vás Roxo, epor ellefoi dito quejurava aos Santos Evangelhos, em como agora viera anoticia aFrancisco de-
Almeida, genro daReé Appellante AnnaFerráz, que aSentensa que sahira contra aditaSuaSogra, lheprejudicava
Aggravo
pelaparte quetinha naterra daContenda, pelo que Aggravava para aCazadaSupplicaçaõ daCidade deLisboa da-
15
ditaSentença, que lhepedia lhemandase escrever seu Aggravo, o quevisto pelo dito Dezembargador, lhemandou dar ju-
ramento dos Santos Evangelhos, que elle recebeo, esobcargo delle, declarou, que agora lheviera anoticia aditaSen-
tensa aseuConstituinte, pelo que odito Dezembargador lhemandara escrever seu Aggravo, quefora satisfeito pelo
Escrivaõ dos autos, que ao tal tempo éra Joaõ TeixeiradeMendonça, e aelle se ajuntara huma
Certidaõ de Escrivaõ deminha Chancellaria ManoelTeixeirade Carvalho, pela qualconstava haver o dito
20
Aggravante Francisco d'Almeida, depozitado nella os nove centos reis do dito Aggravo, como mais largamen-
te constava da ditaCertidaõ junta aos autos, os quaes estando nestes termos, ouvera na Cauza entre os ditos Autores ag-
gravados, e Reos Aggravantes muitos, evarios Requerimentos, emrezaõ da avaliaçaõ, que semandafazer das Fazen-
das dos ditos Aggravantes, eprejuizo, que acadahum toca, elouvamentos que paar esse effeito sefizeraõ, ao que
tudo sedeferio como pareceo justiça, athé que em fim, eConcluzaõ os Autores Aggravados, ealguns dos Ag-
25 Conce/rto/
gravantes sevieraõ aConcertar, por via detranzaçaõ, eamigavel compoziçaõ, deque outorgaraõ entre si
Escriptura
aEscriptura do theôr seguinte = Saibam quantos estepublico Instrumento deConcerto, tranzaçaõ, eami-
Concerto.
de gavelcompoziçaõ, qual emdereito melhor n<†>/o\me, elugar hajavirem, que no Annodo Nascimento deNosso
Senhor Јεѕνѕ Christo demil eseis centos cecenta etrez annos, aos vinte, eseis dias do mez deAbril 1663-2<7>/6\
vejaAbr(il)
f(o)l(ha)s
do dito anno, naCidade doSalvador Bahia detodos osSantos, dentro no MosteirodoPatriarcha Saõ
30
Bento, estando ahi prezentes partes, asaber da hu(m)a oReverendoPadre Frei Diogo Rangel, hora Prezi- 76

dente no dito Mosteiro, eoReverendoPadre Frei Hieronimo deChristo, Prior, eo ReverendoPadre Frey
Antonio daTrindade Procurador, eos mais Padres Conventuaes do dito Mosteiro adiante assinados todos
junto em Capitulo sendo chamados àelle por som deCampa tangida, segundo oseu bom, elouvavel costume,
em Nome do ditoSeuConvento, emais Padres delle prezentes, efuturos; e da outra parte estavaõ prezentes,
35
o Reverendo PadreManoelVaz, e Amaro Homem deAlmeida, eGaspar Rodrigues Seichas, e Du-
arte de Vasconcellos, eJoaõ deMiranda emseu nome, edesuas Irmans Leonor deCazares, eGuiomar
deSouza, e Victoria daSilva, como seuProcurador bastante, que disseser, eo Reverendo PadreFrey
Antonio daPiedade, Procurador doMosteiro deNossaSenhora do Monte do Carmo destaCidade, em Nome
39
do dito seu Mosteiro, eo Capitaõ Valentim Duraõ deCarvalho, em nome, ecomoProcurador bastante que disse
250
251
97v disse ser deseu sogro Joaõ Cazado, todas pessoas que Reconheço pelos proprios nomeados, elogo por elles partes todos
nos nomes que Reprezentaõ foi dito em minha prezensa, edas testemunhas ao diante nomeadas, que entre os mais
que pertencia ao dito Mosteiro deSaõ Bento, bem assim éra humalegoa deterra por costademar na Itapoan, que
juntos
começa dabanda doSúl onde acaba oConde daCastanheira, e vai intestar com terra de Paulo Antunes Freire, e duas
benzdeRaiz,
5
legoas para oSertaõ, como conta daSismaria, que, foi concedida aGarcia Davilla, dequem o ditoMosteiro ahou-
ve por viadellegado, esobre adita data deterra, tras o dito Mosteiro amuitos annos demanda com AnnaFerráz, vezin-
ha, que hé das mais partes nomeadas, eultimamente alcançou o dito Mosteiro Sentença contra ella, para que semedissem
inteiramente as duas legoas para oSertaõ, que foi dada naRellação deste Estado, eporelle dito Padre Manoel
Vaz, Amaro Homem, Gaspar Rodrigues Seichas, eos mais nomeados, eoutros vezinhos Eréos intenderem que adita
10
mediçaõ lhe héra muito prejudicial nas terras, que estavaõ possuindo por si, eseus antecessores demuitos annos aesta
parte, por diversos titulos nos Campos, eterras dePirajá, incorporados aggravaraõ daditaSentensa daRellaçaõ deste Esta-
do, para aCaza daSupplicaçaõ, sobre o qual aggravo, estava pendendoletigio entre elles partes, eporque os fins das de-
mandas saõ incertos, e duvidozos, eos gastos excessivos, eordinariamente trazem odio, eescandalos, o que tudo queriaõ evi-
tar, econservar-se em boa pas, eamizade, pelo que sevieraõ aconsertar amigavelmente, asaber, que elles dito Padre Ma-
15
noelVaz, Amaro Homem Dalmeida, Gaspar Rodrigues Seichas, Duarte deVasconcellos, Joaõ deMiranda,
Valentim Duraõ deCarvalho, nos nomes que Reprezentaõ, eainda em nome dos mais Eréos Vezinhos dos ditos
Campos, eterras dePirajá, eo ditoPadre Frei Antonio daPiedade, em NomedoSeuConvento, epelo que lhepode
vir atocar, etodos os que devem sua outorga aesta Escriptura, dezistem, como defeito dezistiraõ do dito Aggravo, que
tem interposto, equerem, esão contentes, que o dito ReverendoPadre Prezidente, e mais Padres tirem com effeito
20
Sua Sentensa do processo, e adeem asua devida execuçaõ, fazendo-se amediçaõ das ditas duas legoas deterra
para o Sertaõ, principiando-se no marco de Paulo Antunes Freire, conforme seprincipiou no anno demil, eseis
Centos, evinte, edois, emedidas, que sejaõ as duas Legoas deterra, ficaraõ elles Padres sendo Verdadeiro Senhores,
epossuidores daprimeiralegoa, eassim mais detoda aterra, que se achar possuirem adita AnnaFerráz, Francisco
Dalmeida, Francisco Pitta Ortigueira, eo Capitaõ Valentim deFaria Barreto, sem duvida nem contradi-
25
çaõ alguma naforma que lhes está julgada, fazendo os ditos Reverendos Padres a medissaõ desta primeira aCus-
ta deSeu Convento, como tambem detoda aterra, que seachar possuem como dito hé, adita AnnaFerras, Fran-
cisco Dalmeida, Francisco Pitta, e Valentim deFaria, etoda amais terra que restar dasegundaegoa, será
medida acusta delles ditos PadreManoel Vaz, Amaro Homem, e dos mais nomeados, edos que mais quizerem
dar sua Outorga, e consentimento aesta Escriptura, equerem, esaõ contentes elles Padres, que todos fiquem
30
conservados napossessaõ, eterra que cada hum deprezentepessue para haverem delograr, epossuir todos os di-
as desuavida, eseus Sucessores sem huns poderem entender com os outros, nem com adita AnnaFerráz, Francisco
Dalmeida, Francisco Pitta Ortigueira, e Valentim deFaria, por que esse dereito, ficará somentepertencen-
do àelles Padres, eem cazo que elles Padres lancem o Rumo pelaparte do Conde daCastanheira para oSertaõ, nunca
este rumo, poderá projudicar aoutras partes, ainda que com odito rumo se chegue aterradequal quér delles, por que to
35
dos, ecada hum, ficaraõ taõ livres, esucegados, como ojá estaõ, sem por parte delles Padres sepoder nunca allegar
ignorancia, nem restetuiçaõ, porque tudo desde logo renunciaõ elles ditoPadre ManoelVaz, Amaro
Homem, Gaspar Rodrigues Seichas, eos mais nomeados, e que derem Outorga a esta Escriptura, alem da-
38
dezistencia, que fazem etem feito do dito Aggravo, promettem dar àelles Padres secenta mil reis emdireito,
252
253
98r em direito, digo em dinheiro decontado, tanto que a dita mediçaõ sefizer daprimeira legoa, eestes secenta mil reis,
Será obrigado apagar logo com effeito o dito Amaro Homem, que os dará a elles Padres sem contenda alguma, tanto que
acabar de medir a ditaprimeiralegoa, sem aisso allegar duvida alguma, e as mais partes seraõ asim mesmo obrigadas adar,
epagar
se- aelle Amaro Homem o que acada hum tocar, que será a rata por milha, confórme a terra, que possuir, comdeclara-
5
çaõ, que vindo-se elles Padres a consertar com o dito Francisco Pitta, eAnnaFerráz, Francisco Dalmeida, eValentim
será informa que naõ seja em prejuizo delles partes; por que cadahum ficará sempre naforma em que está, efazendo o em-
outraforma,
deFaria, esta Escriptura naõ valerá couza alguma, eficará cadahum com o seudireitosalvo como d'antes, eàSen-
tensa, que elles Padres tirarem, e qual quer obra que por ellas fizerem, sem effeito, enesta forma disseraõ todos elles partes,
que se haviaõ por compostos e concertados, ese obrigaõ ater, cumprir, e manter tudo aqui declado, sem em tempo algum o-
10
poderem contradizer: acujo cumprimento obrigaõ elles Padres bens, e rendas doseu Convento, eas mais partes todos seus
bens havidos, epor haver, eo melhor parado delles, ehuns, eoutros Respoderàõ pelo aqui declarado nestaCidade parante os-
Juizes ordinarios della, ou do Ouvidor geral do Civel da Rellaçaõ deste Estado, para o que Renunciaõ Juizes de seu fo-
ro, terra, elugardonde viver, e morar, ferias geraes, eespeciaes, etudo mais que em seu favor seja, que denada uzaràõ, eem
testemunho de verdade assim o outorgaraõ, emandaraõ fazer esta Escriptura nesta Notta, em que assinaraõ, pediraõ, e ac-
15
ceitaraõ, eeu Tabaliaõ acceito, por quem tocar auzemte, como pessoa publica estipulante, e acceitante, edela dar os tresla-
das necessarios, sendo testemunhas prezentes o Lecenciado ManoelCorrea Ximenes, eAntonio Nogueira Barreto, eo
Alferes André deSaõ Martinho Castilhon, que todos assinaraõ. Eeu Francisco do Coutto Barreto Tabaliaõ o escre-
5.V.1663
ví. Declaro, que esta se outorgou pelas partes, eassinou por ellas, etestemunhas em cinco do mezm deMaio deste prezen-
te, e em lugar de Andre deSaõ Martinho Castelhon, foi testemunha Simaõ Rodrigues Crespo, Eeu sobre dito Ta-
20
baliaõ, o escreví = Frei Diogo Rangel, = Frei Ignacio deSaõ Bento = Frei Antonio dos Reis = Frei Hieronimo
deChristo Prior = Frei Antonio daTrindade = Frei Paulo do EspiritoSanto = Frei Chonstantino = Frei Placido
doSacramento = Frei Joaõ deSaõ Jozé = o Irmaõ Frei Antonio = o Irmaõ Frei Paschoal = Frei Luiz deSaõ
Joaõ = oPadreManoelVaz = Frei Antonio daPiedade Procurador geral = Gaspar Rodrigues Seichas = Va-
lentim Duraõ = Amaro Homem Dalmeida = DuartedeVasconcellos = Joaõ deMiranda Henrique =
25
Manoel Correa Ximenes = Antonio Nogueira Barreto = Simaõ Rodrigues Crespo. E eu Francisco do Coutto,
Tabaliaõ publico do Judicial, eNottas, por Sua Magestade naCidade doSalvador Bahia detodos os Santos,
eseus Termos, eesta Escriptura em meu Livro deNottas tomei, e della a que me reporto, afiz pastar aos Padres de-
Saõ Bento concertei, sobscrevi, eàsinei de meu publico signal seguinte, em testemunho deverdade Francisco de Cout-
to Barreto. Segundo mais largamentese continha na dita Escriptura, eConserto detranzasaõ, e amigavel com po-
30
ziçaõ, a qual snedo junta aos autos concluzos em minha Rellaçaõ, esendo vistos por mim, com os de meu Dezembar-
Accordaõ. Confirm(aça)m
go, Dezembargadores dos Aggravos della, por minhaSentença = Acordei, que confirmava aEscripturade dezisten-
16<7>63 - 29
cia, ecompoziçaõ, e mandava que secumprisse naforma que nella secontinha, no tocante as pessoas nella conteudas. M(ar)co
BahiadeMaio vinte, e nove deseis centos, esecenta, etrez = Costa = Castro = Azevedo = Vannesem = Secco =
o Doutor Soares = Burgos = O qual Accordaõ sendo asim publicado nos Paços deminha Rellaçaõ, pelo
35
meu Dezembargador dos Aggravos o Doutor Thomé daCosta Homem, viera afalecer davida prezente a Reé origi-
naria AnnaFerráz, epara correrem com aCauza, foraõ citados seus herdeiros Manoel Caldeira, AnnadeSan-
ty-ago, Francisco deAlmeida, AngelaCardoza, e Violante Cardoza, epor táes foraõ ouvidos emJuizo, epara /fa/-
38
larem em huns artigos dehabelitaçaõ com que por parte dos Autores, os Religiosos doPatriarcha Saõ Bento, se queria vir
254
255
98v vir, para o que sedeu dos autos vista a seu procurador, que veio nelles dizendo por escrito = Provaria que pendendo Art(ig)o de
habelitaçaõ
com Anna Ferras, Reé originaria, falescera davidaprezente, eficaraõ porseus herdeiros, Manoel Caldeira, o qual estava
do com ArmadeSanty-ago, filha da dita AnnaFerrás, eFrancisco deAlmeida, cazado com AngelaCardoza, eViolante
estaCauza
eMaria
caza- deAbreu filhas, egenros dadefunta, eseus herdeiros etc Eque como táes, tinham acceitado sua herança, ecom elles
5
correr
Cardoza,esta Cauza, como mais largamente secontinha no dito artigo dehabelitação, o qual por Acordam deminhaRellaçaõ
fora
deviarecebido, e mandado que as partes o contrarias(s)em selhes parecece, esendo-lhes asinado termo para ofazerem, foraõ
taContrariedade,
lhe- por naõ fazerem deligencia algu(m)a, nem ajuntarem procuraçaõ, eseasinou na Cauza termo, etempo de
lugar deprova,
lançados dadi- dentro do qual, os ditos Autores aderaõ a seu artigo dehabelitaçaõ recebido portestemunhas, que
lheforaõ
dilaçaõ, eproguntadas comessadas, eacabadas em termo, etempo devido, eoSummario dellas junto aos autos sefizeraõ
10 Acordaõ.
do vistos por mim em Rellaçaõ com-os domeu Dezembargo, Dezembargadores dos Aggravos della = Acordei etc Que
judicialmente
oconcluzos,
artigo de esen-
habeliaçaõ por provado, e os filhos, e genros nelle nomeados por herdeiros deAnna Ferráz, com os quaes
21 Agosto 1663
corresse
julgava aCauza as custas afinal BahiadeAgosto vinte, ehum deseis centos, esecenta, etrez = Costa = Seco = Azevedo =
Esendo
mandavaesteAcordaõ assim publicado nos Paços deminha Rellaçaõ, pelo meu Dezembargador dos Aggravos, o Doutor
daCosta Homem, me foi Requerido por parte dos ditos Autores, os Religiosos doPatriarchaSaõ Bento, lhemandase dar sua
15
Sentensadoprocesso
Thomé para adarem asua execuçaõ, evisto por mim seu requerimento, lhemandei passar aprezente,
quesendo passada pela minha Chancellaria, mando secumpra, eguarde assim, eda maneira que nella secontem; e
como por mim, com-os do meu Dezembargo, hé mandado, julgado, Accordado, efinalmente Sentenciado tudo naforma, e
maneira da Escriptura deConcerto, tranzassaõ, e amigavel compoziçaõ feita em as pessoas nella declaradas, pagando os-
ditos Autores as custas dos autos, que com effeito destaCarta de Sentença, asinatura, Chancellaria, esello della,
20
fizeraõ so(m)ma, equantia dequatro mil, e quinhentos, evinte, eseis reis, segundo foraõ contados peloContador della,
que as contou, esomou naforma doseu Regimento, efizeraõ adita soma, equantia; o que huns, eoutros assim
cumprireis, e alnaõ façaes. Dada nestaCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, aos vinte, e hum dias do
21-Ag(os)to.1663
mez deAgosto, etirada doprocesso àos quinzedias do mez deOutubro, tudo do anno doNascimento deNossoSenhor Јε-
15.X.1663 ѕνѕ Christo demil eseis centos, esecenta etres annos etc EL Rêy NossoSenhor, o mandou pelos Doutores
25
Thomé daCosta Homem, eAgostinho deAzevedoMonteiro, ambos doseu Dezembargo, Dezembargadores dos
Aggravos, eAppellaçoens Civeis naRellaçaõ desteEstado do Brazil pelo ditoSenhor etc Manoel Marques
deSerqueira afez por Bento PereiradeAndrade Escrivaõ das ditas Appellaçoens, eAggravos daditaRel-
laçaõ, edos ditos autos, que esta subscreveo, pagou-se defeitio desta CartadeSentença trez mil, nove centos, e
Secenta, de que levei ametade, e de asinatura della quarenta Reis, quetudo vai metido, e carregado nasomma
30
das Custas atraz. Eeu Bento PereiradeAndrade Escrivaõ das Appellaçoens, eAggravos afiz escrever, esubs-
crevi = Agostinho deAzevedo Monteiro = Thomé daCosta Homem = JorgeSeco deMacedo =
21.XI.1663
Pagou naChancellaria quarenta reis Bahia vinte, ehum deNovembro deseis centos, esecenta, etrez = Tei-
xeira = E naõ se continha mais em o dito titulo supra e retro, o qual euJo-
aquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ do Publico Judicial eNottas nes-
35
taCidade de Saluador Bahia de todos os Santos, eseo termo por sua Alteza
Real que Deos Goarde em cumprimento do despacho proferido pelo Dou-
tor Juiz de Fora actual Domingos Jozé de Cardozo no Requerimento que fôy
asegunda folha deste Liuro, aqui bem, e fielmente sem couza que duuida
39
faça fis copear do proprio que me foi aprezentado pelo Reuerendo Procu-
256
257
99r Procurador Geral do Mosteiro deSam Bento destamesma Cidade Frei Ma-
noel do Sacramento, pelo achar uerdadeiro, eauthorizado judicialmente
como sedeixauer no proprio traslado, eo tornei entregar depois de lansado
ao dito Reuerendo Procurador Geral, que decomo o Recebeo aqui asinou ees-
5 te mesmo traslado juntamente como Tabeliaõ Companheiro Antonio
Barboza de Oliueira, conferi como Original concertei sobscreui, e asi-
nei na Bahia aos treze dias do mês deMarço demil eoito centos esinco 13.III.1805

annos. eEu Joaquim Tauares deMacedo Silua Tabeliaõ que o sobscre-


ui, easiney
10 C(omferido)por mim T(abeli)am
C(onferi)do p(o)r mim T(abeli)am
Antonio Barb(oz)a deOliueira
13 Joaq(ui)m Tauares deMac(e)do S(ilu)a
258
259

5.1.1 Análise diplomático-indiciária dos documentos

Entende-se análise diplomática como a que se volta para autenticidade do documento,


sua datação (tópica e cronológica), origem, transmissão textual, fixação do texto.
(BELLOTTO, 2008) Excetuando-se parcialmente a origem documental, já que o L2T registra
traslados, pode-se ter uma amostra dos tópicos de estudo.
Paralelamente, analisar-se-ão, sob o prisma do indiciarismo, tais documentos, trazendo
como complementar ao estudo diplomático. O indiciarismo é conjunto de princípios e
procedimentos que contém a proposta de um método heurístico centrado no detalhe, nos
dados marginais, nos resíduos tomados enquanto pistas, indícios, sinais, vestígios ou sintoma.
O Livro II do Tombo, como fonte secundária, portanto indiciária, pode revelar mais do
que o testemunho tomado apenas como um dado. Deve-se, dentro desta perspectiva, valorizar
as especificidades de cada documento, reconhecer o caráter indireto do conhecimento, inferir
as causas a partir dos efeitos, exercitando a conjectura e a imaginação criativa durante a
análise e a pesquisa. Esta microanálise não está relacionada às microdimensões de seus
objetos de estudo, mas a uma prática essencialmente baseada na redução de escala de
observação, portanto, na análise microscópica e no estudo intensivo do material documental.
Ao invés de funcionar como ponto de partida para um movimento mais amplo em direção à
generalização, microanálise não subordina o conhecimento dos elementos individuais a uma
generalização mais ampla, ao contrário, destaca as particularidades e acentua os detalhes
contingentes nas vidas e nosacontecimentos individuais. E, por fim, ela não rejeita a
abstração, pois os fatos aparentemente insignificantes podem servir para revelar um fenômeno
mais geral.
Em primeiro lugar, vai-se a uma qualificação do Fundo, em linhas gerais, valendo-se,
destacadamente, dos trabalhos de Bellotto (2008), Carucci (1994) e Petrucci (2003 [2002]);
em seguida, se apresentarão os crítérios de análise diplomático-indiciária; por fim, aplicar-se-
ão tais critérios aos cinco documentos integrantes do fundo.
Os documentos jurídicos podem ser classificados em verticais (ascendentes ou
descendentes) e horizontais. (BELLOTTO, 2008) No Fundo, verificam-se a verticalidade,
dado se registrarem documentos para instâncias superiores (daquém e dalém mar) ou
inferiores, e a horizontalidade, mais abundante do que a primeira, já que se trata de recorrer a
situações-sujeitos, em mesmo nível, que corroborem o que se intenta provar.
260

Com relação às categorias documentais (BELLOTTO, 2008), os textos jurídicos


podem ser dispositivos, testemunhais ou informativos. Os dipositivos são normativos e se
subdividem em a) de ajuste, que são regulamentos, pactos, e b) de correspondência, derivando
dos de ajuste para comunicar extamente o ajuste. Textos testemunhais registram ser
favoráveis ou contra um ajuste, enquanto que os informativos são os que esclarem pontos
(modificados, emendados ou obscuros) dos ajustes. Os documentos em análise pertencem às
três categorias, com maior produtividade dos dispositivos, dado o ―[...] caráter decisório que
simplifica sensívelmente o processo de redação. Na exposição já aparece a razão de ser da sua
origem, o fato/ato que provocou a sua criação.‖ (BELLOTTO, 2008, p. 13) Como ele deve ir
direto ao foco da demanda, cita outros documentos, os quais mutila em busca desta
objetividade, o que, para os estudos diplomáticos, é uma perda.
Para a análise per se, se considerará o caráter tripartite do texto em introdução
(protocolo), desenvolvimento (texto) e conclusão (escatocolo ou protocolo final). Estas três
partes maiores aparecerão decerto; as menores, no entanto, poderão ou não ocorrer, a
depender, inclusive, da categoria documental, apresentadas há pouco. Seguem, partes e
subpartes, esquematizadas:

Protocolo
Invocação divina
Titulação (nome e título de quem emana o ato)
Endereço (a quem o ato se dirige)
Saudação

Texto
Preâmbulo (razões morais para a criação do ato)
Notificação (―tenho a honra de comunicar a vós...‖)
Exposição (razões jurídicas para a criação do ato)
Dispositivo (assunto propriamente dito)
Sanção (penalidades para descumprimento)
Corroboração (cláusulas finais)

Escatocolo
Subscrição/assinatura
Datação (tópica e cronológica)
261

Precação (confirmação da validade)

Este esquema textual se refere à unidade textual, que pode ser simples (quando ela
mesma é bastante para o seu fim) ou composta (quando insere no texto, ou desenvolvimento,
outros documentos, que podem ter outros documentos encaixados ou não). No caso do fundo
em questão, as unidades documentais são, mormente, compostas, trazendo como argumento
dispositivo outros documentos que o avalizam. Indenpendemente de sua natureza,
Cada documento singular se considera em relação funcional com outros que formam
parte do fluxo burocrático de um determinado ato administrativo. Tem, portanto, a
ver com os objetivos, as funções e a estrutura interna da entidade produtora.
(CARUCCI, 1994, p. 31)

Em outras palavras e através de questões, Petrucci (2003 [2002]), retoma as bases do


método indiciário para investigação documental. Ei-las:

1 O que? Em que consiste o texto.


2 Quando? Época em que o texto foi escrito.
3 Onde? Lugar em que o texto foi escrito.
4 Como? Com que técnicas o texto foi escrito.
5 Quem o realizou? Ambiente sociocultural do autor.
6 Para que? Finalidade da escritura.

As perguntas 4 e 5 não poderiam ser aqui respondidas a contento por conta do caráter
de traslado que tem o corpus. As perguntas 2 e 3 já serão respondidas pela análise
diplomática. Buscam-se os indícios para as questões 1 e 6, que irão à primeira linha, logo
abaixo do título do documento, bem como de sua localização.
Apresentadas tais premissas, vai-se a uma breve aplicação das mesmas aos cinco
documentos que compõem o Fundo, resumida nos quadros a seguir.
262

LII_doc01:Codicilo de Garcia D'Ávila


(f. 70v-72v)

O que?
Trata-se de um codicilo, espécie de errata de um primeiro testamento feito por Garcia D‘Ávila, alterando algumas cláusulas. Foi redigido por
Francisco de Oliveira, tendo por testemunhas o desembargados Balthazar Ferraz, o licenciado Gonçalo Homem Dalmeida e o tabelião Antônio
Guedes.
Documento simples, ao qual se adjunge o instrumento de aprovação de testamento, bem como a publicação de abertura de testamento.

Para quê?
Foi escrito a fim de invalidar a primeira cédula de testamento em que o testador afirma ter sido coagido a deixar bens ao Mosteiro de São Bento
da Bahia e registrar a sua última e livre vontade.

ANÁLISE DIPLOMÁTICA

Parte Subparte Localização Ocorrência ou Súmula da informação

Protocolo Invocação divina 70v, L.1 Em nome de Deos. Amen.


Titulação ______ ______
(nome e título de quem emana o ato)
Endereço Saibam quantos esta Cedula detestamento, eultima vontade virem
70v, L.1
(a quem o ato se dirige)
Saudação ______ ______
263

Texto Preâmbulo no Anno do Nascimento deNosso Senhor JESVS christo de mil


(razões morais para a criação do ato)
eseis centos e nove annos, aos dezoito dias do mez deMayo do
dito anno, nesta Cidade do Salvador Bahia de todos os Santos,
eCazas da Os pedaria do Hospital da SantaMizericor-dia della,
70v, L. 2-6 estando eu Garcia deAvella morador na minha torre de tatupara,
mal disposto, mais em todo omeu cizo, een-tendimento perfeito,
que o Senhor Deos me dêo, etemendo a hora da morte, para que
todos fomos criados, ordenei esta Cedula detestamento na
maneira seguinte =
Notificação ______ ______
(―tenho a honra de comunicar a vós...‖)

Exposição ______ ______


(razões jurídicas para a criação do ato)

Dispositivo Recomendações de como será o enterro e as missas posteriores.


(assunto propriamente dito) 70v, L. 6 Indicação de quem são seus legítimos herdeiros.
a Indicação dos motivos que o levaram a fazer o codicilo.
72r, L. 16 Indicação do que realmente quer doar a empregados, parentes e
religiosos.
Sanção ______ ______
(penalidades para descumprimento)
Corroboração epor aqui hei este meu testamento, eultima Vontade por acabado,
equero que valha, e tenha força, evigor pelo melhor modo, via, e
(cláusulas finais)
maneira, que emdireito possa ser, e quando naõ se possa valer
72r, L. 16-28 como testamento, valha como Codicillo, ou qual quer outra
ultima Vontade, e hei por revogados, e re-vogo qual quér
testamento, Codicillo, ou qual quer outra dispoziçaõ, e quero,
eordeno, que naõ tenha força, nem vigor Seja necessario fazer-se
264

expresa, e especial, e de clarada mensaõ do tal testamento, ou


Codicillo, ou qual quér outra dispoziçaõ que
assim revogo, eposto que tenham clauzula, ou clauzulas
derrogatorias, sem que sedeclarem, que sempre para sepoderem
Re-vogar seja necessario fazer-se expecial mençaõ datal
clausula, ou clausulas derrogatorias, eque nellas secontenham
algumas palavras, verso, ou oraçaõ, ou psalmo, ou qual quér
outracouza, que seja necessario repetir, eque sem isso naõ
sejajusto revogalo,por que tudo hei por revogado, como sefizera
expecial mensaõ das ditas palavras, e clauzula, porquanto por
ditos Padres as-porem, e dellas uzarem nas ditas dispoziçoens,
que assim se acharem, menaõ posso lembrar daforma dellas,
nem que pala-vras sejaõ, pelo que as Revogo, e hei por
revogadas como dito tenho, eas hei por declaradas como
sedellas, edecadahuma del-las fizesse mensaõ, por que só este
quero se guarde, e cumpra naforma sobredita, e naõ faça duvida
os riscados, que de-
ziaõ dos ditos Padres

Escatocolo Subscrição/assinatura 72r, L. 34-35 Francisco de Oliveira deAmaral


Datação 70v, L. 3, 4 18 de maio de 1609
(tópica e cronológica)
Cidade do Salvador Bahia de todos os Santos, eCazas da Os
pedaria do Hospital da SantaMizericor-

ESTÃO NO INÍCIO, NÃO NO FINAL DO DOCUMENTO


Precação 72v, L. 24
(confirmação da validade) a ______
73r, L. 3
265

LII_doc02: Escritura de composição feita ao Padre Provincial sobre as terras de Saõ Francisco da Itapoã e Itapagipe
(f. 74v-75v)

O que?
Trata-se de uma escritura de concerto, transaçaõ e amigável composição feita ao Padre Provincial e demais Religiosos do Mosteiro de São
Bento da Bahia, o Provedor e Irmãos da Casa da Santa Misericórdia, sobre as terras de São Francisco da Itapoã e de Itapagipe, tendo por testemunhas
os licenciados Francisco Lopes Brandão, Jorge Lopes da Costa e Francisco Alvares, criado do licenciado Diogo Pereira, e por tabelião
Joaõ de Freitas.
Documento complexo, sendo a camada mais antiga a do conteúdo da escritura, em 1614, feita por Joaõ de Freitas, trasladada em 1650 pelo
tabelião Paschoal Teixeira Pinto.
Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre a Santa Casa e o Mosteiro, por conta de herança deixada por Garcia D‘Ávila,
em seu codicilo (1609), em Itapagipe e em Itapoã.

ANÁLISE DIPLOMÁTICA

Parte Subparte Localização Ocorrência ou Súmula da informação

Protocolo Invocação divina ______ ______


Titulação ______ ______
(nome e título de quem emana o ato)
Endereço Saibam quantos esteInstrumento de transaçaõ, e amigavel
74v, L. 13, 14 compoziçaõ, eobrigaçaõ virem
(a quem o ato se dirige)
Saudação ______ ______
266

Texto Preâmbulo foi dito pa-rante mim Taballiaõ, etestemunhas ao diante


(razões morais para a criação do ato)
nomeadas, queentre o dito Mosteiro, ea ditaCaza daSanta
Mizericordia, havia huma demanda, que deprezente pende
naRellaçaõ, sobre apaga, que o dito Mosteiro pertendia haver
das Cappelanias, e mais serviços, que oPadre Frei Domingos,
eoutros Religiozos fizeraõ a Mecia Rodrigues, eáseu marido
Garcia Davilla, no tempo, em que assestiraõ por Cappellaens
naIgreja de Tatû apará, em a qual estava dada Sentença
naprimeira Instancia em favor do dito Mosteiro; epor que ofim
della era incerto, e querem escuzar demandas, eo incertofim
dellas, disseraõ, que estavaõ havindos, ecompostos por esta
transaçaõ, e amigavel compoziçaõ na maneira seguinte. Que
elles Religiozos, em seo nome, edo dito seo Mosteiro, dezistem,
como defeitologo dezistiraõ detodo direito, acçaõ, epertençaõ,
74v, L. 21 que tem, epossaõ ter na dita cauza, edo que por-elle podiaõ
a pertender dadita Caza da Santa Mizericordia, com de claraçaõ,
eobrigaçaõ, que aditaSanta Caza da-SantaMizericordia, ficará
75r, L. 6 obrigada, como defeito logo seobrigaraõ, o dito Provedor, e mais
Irmaos em nome della adar, epagar ao dito Mosteiro, oitenta mil
reis em dinheiro de contado, por rezaõ do sobre dito, eoutro sim
dezis- tem de todo, equal quér direito, que aditaSanta Caza
daMizericordia podia ter contra o dito Convento na mês-
maCaoza, eassim mais foi por elles ditos partes, que as terras
deItapagipe, eas deSaõ Francisco, que ficaraõ do dito Garcia
Davilla, e deMecia Rodrigues sua mulher, ficaraõ por suas
mortes, pertencendo misticamente ao ditto Mosteiro, e a Caza
daSanta Mizericordia, e por que na devizaõ dellas havia em
commodidades, secom-puzeraõ outro sim, em que as terras
deItapagipe assim, edamaneira, que ficaraõ dos ditos defuntos,
ficassem insolidum a Caza daSanta Mizericordia; eas deSaõ
Francisco, ficassem outro sim insolitum assim, edama-eda
maneira, que pertenciaõ ao dito Garcia Davilla, esua mulher ao
267

dito Mosteiro, eReligiozos deSaõ Bento desta ditaCidade, ficando


a ditaCaza daMizericordia obrigada, como defeito seobrigaraõ o
dito Provedor, eIrmãos della a dar, epagar ao dito Mosteiro cem
mil reis por razaõ da mais valia, em que as terras deItapagipe
foraõ ava-liadas por louvados, que amigavelmente para isso
tomaraõ, os quaes ditos cem mil reis, com-os oitenta declarados
a-traz, fazem so(m)ma deCento, eoitenta mil reis, que aditaCaza
daSantaMizericordia fica devendo ao dito Mosteiro, por razaõ
desta transaçaõ, ecompoziçaõ:
Notificação ______ ______
(―tenho a honra de comunicar a vós...‖)

Exposição ______ ______


(razões jurídicas para a criação do ato)

Dispositivo Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
a Santa Casa e para o Mosteiro, estas duas instituições estavam
(assunto propriamente dito)
em contenda por posses em Itapagipe e em Itapoã, a qual foi
75r, L. 6-30 sanada por um conserto no qual o Mosteiro comprou aparte da
Santa Casa e cobrou por serviços de capelania feitos em
Tatuapara, o que possibilitou aos padres a posse total da parte
herdada.
Sanção ______ ______
(penalidades para descumprimento)
Corroboração 75r, L. 30-34 a qual cluzula depozitaria, terá outro sim lugar
nasegundaInstancia, e na execuçaõ, epara todo cumprir, sedes
(cláusulas finais)
aforaõ deJuiz de-seu foro, e detodas, e quáes quer Leys,
eLiberdades, que em seu favor sejaõ, eseobrigam a responder
pelo comprimento desta Escriptura parante o Ouvidor geral, ou
Juizes ordinarios, donde, eparante quem este Instrumento
foraprezentado, que todo huns, eoutros a ceitaraõ
268

Escatocolo Subscrição/assinatura f. 75r, L. 40 OProvedor Henrique Moniz Telles == Manoel daSáa daCunha
== Joaõ Garcêz == Diogo Ferreira == Francisco Pereira ==
a
Joaõ deAndrade == deSebastiaõ deMattos humaCrúz ==
f. 75v, L. 6 Francisco Lopes Barndaõ == Jorge Lopes daCosta ==
Francisco Alvares = Frei Roberto de Јεѕνѕ Dom
AbbadeProvincial = Frei Diogo daSilva Dom Abbade = Frei
Guilherme daPurificaçaõ = Frei Placido das Chagas = Frei
Roque Lôy = Frei Christovaõ daTrinda-de = Frei Pedro das
Chagas = Frei Antonio de Јεѕνѕ = Frei Placido de Јεѕνѕ = Frei
Balthazar dos Reis = Frei Luiz deSaõ Bento =

Datação 74v, L. 14-17 13 de março de 1614


(tópica e cronológica)
nestaCidade do Salvador Bahia de todos os Santos, dentro no
Mosteiro do Gloriozo Patriarcha Saõ Bento, na- Caza do
Capitulo delle

ESTÃO NO INÍCIO, NÃO NO FINAL DO DOCUMENTO


Precação 75r, L. 39, 40 e Eu Taballiaõ conheço as partes serem os proprios conteudos
neste Instrumento, os que prezentes estavaõ, etodos asinaraõ,
(confirmação da validade)
Joaõ deFreitas Taballiaõ o escreví
269

LII_doc03: Treslado de Escritura de composiçaõ entre o Frei Diogo Rangel e o Padre Manoel Vás, Manoel Homem de Almeida e outros
(f. 75v-77r)

O que?
Trata-se de uma escritura de concerto, transaçaõ e amigável composição feita entre os Religiosos do Mosteiro de São Bento da Bahia e os
herdeiros de Anna Ferráz, para quem Garcia D‘Ávila deixou herdades nos Campos de Pirajá, tendo por testemunhas olicenciado Manoel Correa
Ximenes, Antonio Nogueira Barreto, o Alferes André de Saõ Martinho e Bulhõens, e por tabelião Francisco do Coutto Barreto.
Documento complexo, sendo a camada mais antiga a do conteúdo da escritura, em 1663, feita por Francisco do Coutto Barreto, trasladada em
1715 pelo tabelião Sebastião Carneiro da Costa por despacho do Dr. Juiz de Fora, Roballo.
Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre herdeiros de Anna Ferraz e o Mosteiro, por conta de herança deixada por
Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), nos Campos de Pirajá.

ANÁLISE DIPLOMÁTICA

Parte Subparte Localização Ocorrência ou Súmula da informação

Protocolo Invocação divina ______ ______


Titulação Sebastiaõ Carneiro daCosta Tabaliaõ publico do Judicial,
76r, L. 2, 3 eNottas nestaCidade do Salvador Bahia de todos os Santos,
(nome e título de quem emana o ato)
eSeutermo etc.
Endereço Saibam quantos estepublico instrumento de- Conserto,
76r, L. 7, 8 etransaçaõ, e amigavel com pozição, ou qual em direito melhor
(a quem o ato se dirige)
nome, elugar hajavirem
Saudação ______ ______
270

Texto Preâmbulo Certefico, que em meu poder, eCartorio está hum Livro deNottas,
(razões morais para a criação do ato)
que comessou aservir com-oTabaliaõ Francisco do Coutto Bar-
retto, ecomesou o ditolivro aservir em trez de Dezembro de mil
eseis centos, esecenta, edous, eacabou emseis de- Setembro de
mil eseis centos, esecenta, etres annos, enelle afolhas cento,
evinte tres, está a Escriptura de que a petiçaõ trata: cujo theor
deverbo adverbum, hé o seguinte etc
Notificação ______ ______
(―tenho a honra de comunicar a vós...‖)

Exposição Diz o Muito Reverendo Padre Dom Abbade do Mosteiro deSaõ


(razões jurídicas para a criação do ato) Bento destaCidade, que para bem deSuajustiça lhe hé necessario
huma Escriptura decompoziçaõ, contrahida com oPadre Frei
Diogo Rangel Sen-do Rezidente do dito Mosteiro,
75v, L. 35 eoPadreManoelVás, Sacerdote do habito deSaõ Pedro, eManoel
Homem deAlmeida, eGaspar Rodrigues Seichas, eoutros, a qual
a foi feita em vinte sete deAbril de mil, eseis centos, esecen-
76r, L. 1 ta etres annos no cartorio de que eraproprietario Antonio
deBrittoCorrea, sendoTaballiaõ Francisco do Coutto
Barreto; cujo Officio serve deprezente Sebastiaõ Carneiro, pelo
que Pede a Vossa Mercê, lhe faça merce man-mandar que o dito
Tabaliaõ Sebastiaõ Carneiro lhe dê o treslado da dita Escriptura
em modo, que faça fé.
Dispositivo Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
76r, L. 21 Anna Ferráz, iniciou-se uma terrível contenda entre seus
(assunto propriamente dito)
a herdeiros e os Padres, que eram acusados de adentrar as posses,
que ficam nos Campos de Pirajá. Os religiosos decidem, então,
76v, L. 25 por um ressarcimento dos gastos com medições e processos em
troca do reconhecimento de posse das terras contendidas.
Sanção 76v, L. 26-28 e-fazendo-o em outraforma, esta Escriptura naõ valerá couza
(penalidades para descumprimento)
algu(m)a, eficará cada hum com seu dereito salvo como dantes,
eaSentença que elles Padres tirarem, equal quer obra, que por
271

ellafizerem sem effeito,


Corroboração 76v, L. 26-28 e nestaformadiceraõ to-dos elles partes, se haviaõ por
compostos, econcertados, ese obrigavaõ ater cumprir, e manter
(cláusulas finais)
tudo aqui declarado, sem em tem-po algum apoderem
contradizer, acujo cumprimento, obrigam elles Padres os bens, e
rendas deseuConvento, e as mais par-tes todas os seus bens
havidos, epor haver, eo melhor parado/s/ delles, e huns, eoutros
responderaõ pelo aqui declarado nestaCidade parante os Juizes
Ordinarios della, ou do Ouvidor geral doCivel daRellaçaõ, deste
Estado, para o que renun-ciaõ Juizes deseu foro, terra, elugar
ondeviverem, e morarem ferias geraes, eespeciaes, etudo mais,
que em seu favor se-ja, que de nada uzaraõ, eem testemunho
deverdade asim o outorgaraõ, e mandaraõ fazer esta Escriptura
nestaNo-ta, em que assinaraõ, pediraõ, e acceitaraõ.

Escatocolo Subscrição/assinatura f. 77r, L. 2-8 Frei Diogo Rangel = Frei Ignacio deSaõ Bento = Frei Antonio
dos Reys = Frei Hie-ronimo de Christo Prior = Frei Antonio
daTrindade = Frei Paulo do EspiritoSanto = Frei Chonstantino
= Frei Placido doSacramento = Frei Joaõ deSaõ José = o Irmaõ
Frei Antonio == o Irmão Frei Paschoal = Frei Luiz deSaõ Joaõ
= o Padre ManoelVás = Frei Antonio da- Piedade Procurador
Geral = Gaspar Rodrigues Seichas = Amaro Homem Dalmeida =
Joaõ deMiranda Henriques = Duarte de Vasconcellos =
Valentim Duraõ = Manoel Correa Ximenes = Simaõ Rodrigues
Crespo = Antonio NogueiraBarretto =

Datação 76r, L. 10-11 27 de abril de 1663


(tópica e cronológica)
nesta Cidade doSalvador Bahia detodos os Santos, dentro no
Mosteiro doPatriarcha Saõ Bento
272

ESTÃO NO INÍCIO, NÃO NO FINAL DO DOCUMENTO


Precação 76v, L. 35-39 Eeu Taballiaõ acceito, por quem tocar auzente comopessoa
publica, Estipulante, eacceitante, edella dar os treslados
(confirmação da validade)
necessarios, sendo testemunhas prezentes olecenciado Manoel
Correa Ximenes, eAntonio Nogueira Barreto, eo Alferes André
deSaõ Martinho, eBulhoenz; que to-dos asinaraõ. Eeu Francisco
do CouttoBarreto Taballiaõ o escreví, edeclaro que esta
seotorgou pelas partes, e asinou por ellas, etestemunhas
273

LII_doc04: Autos de Causa Civel entre o Dom Abade e Religiosos do Convento do Patriarca São Bento da Cidade do Salvador
contra Catharina Fogassa
(f. 77r-84r)

O que?
Trata-se de uma carta de sentença relativa a um processo utramar que Catharina Fogassa, viúva de Manoel Pereira Gago, criado e um dos
herdeiros de Garcia D‘Ávila, moveu contra os Padres, citando, em discurso indireto, os passos desde a denúncia de invasão, até a decisão favorável
aos religiosos, a expensas da ré. Esta carta fora solicitada pelos vencedores para comprovação de direitos, feita pelo tabelião Julio Fulco Pessanha, a
pedido do rei D. Felipe.
Documento complexo, sendo a camada mais antiga a de um auto de demarcação, em fevereiro de 1636, feita por Paschoal Teixeira, seguida de
dois desembargos de medição, um de maio de 1636 e outro de julho do mesmo ano.

Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre Catharina Fogassa e o Mosteiro, por conta de herança deixada por Garcia
D‘Ávila, em seu codicilo (1609), no Caminho Velho e em Itapoã, entestando com o rio Pituaçú.

ANÁLISE DIPLOMÁTICA

Parte Subparte Localização Ocorrência ou Súmula da informação

Protocolo Invocação divina ______ ______


Titulação Dom Felipe por Graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves daquem, e
77r, L. 36-38 dalem mar em Africa, Senhor de Guiné, eda Conquista, Navegaçaõ, Comerci
(nome e título de quem emana o ato)
da Ethiopia, Arabia, Percia, eda India etc
Endereço A todos os Corre-gedores, Provedores, Ouvidores, Julgadores,
77r, L. 38 Juizes, e Justiças, Officiaes, e Pessoas de meus Reinos, e
(a quem o ato se dirige)
274

a Senhorios, onde, e perante quem esta Minha Carta de Sentença


for aprezentada, eo conhecimento della com direito deva deva, e
77v, L. 1
haja depertencer, eseu effeito, e cumprimento se requerer.
Saudação ______ ______

Texto Preâmbulo ______ ______


(razões morais para a criação do ato)
Notificação 77v, L. 1, 2 Faço-vos a saber, que nesta MinhaCorte, e Caza daSupplicação
(―tenho a honra de comunicar a vós...‖) parante mim, eos meus Dezembargadores das Appellaçoens,
eAggravos Civeis, que nella andaõ
Exposição ______ ______
(razões jurídicas para a criação do ato)

Dispositivo 77v, L. 1, 2 Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
Manoel Pereira Gago, seu criado, a viúva Catharina Fogassa
(assunto propriamente dito) a
questionou posses, demarcações e embargou vários
83 v, L. 20 procedimentos de instrumentalização dos Padres, alegando terem
eles adentrado e, muitas vezes, usurpado partes de sua herança no
Caminho Velho e em Itapoã.
Não conformada de perder nas instâncias locais, Catharina
Fogassa apela à Côrte e novamente perde e é sobre a sentença
deste processo que se faz a presente carta.
Sanção ______ ______
(penalidades para descumprimento)
Corroboração ______ ______
(cláusulas finais)

Escatocolo Subscrição/assinatura f. 83v, L. 35 Estava o selo da chancelaria real


275

Datação 83v, L. 17-19 Dadanesta minhaCorte, e Cidade de Lisboa aos ditos dezoito
dias do mez de Agosto do Anno doNascimento de-
(tópica e cronológica)
NossoSenhor Јεѕνѕ Christo demil, eseis centos, etrinta, e
noveannos

Precação ______ ______


(confirmação da validade)
276

LII_doc05: Sentença dos Religiosos do Patriarca São Bento contra os herdeiros de Anna Ferraz
(f. 84r-99r)

O que?
Trata-se de uma carta de sentença relativa a um processo utramar que Anna Ferraz, viúva de Manoel Cardozo Botelho, um dos herdeiros de
Garcia D‘Ávila, moveu contra os Padres, citando, em discurso indireto, os passos desde a denúncia de invasão, medições, audiências, citações,
embargos e desembargos até a decisão favorável aos religiosos, a expensas da ré. Esta carta fora solicitada pelos vencedores para comprovação de
direitos, feita a pedido do rei D. Afonso, sem data.
Documento complexo, composto or mais de trinta camadas, o maior documento do L2T, dentre as quais se relacionam, na ordem que aparecem
na juntada:
- certidão de citaçãodas partes para audiência, na Bahia, 20 de novembro de 1621, pelo escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- certidão de citação para refazer medições, na Bahia, 19 de outubro de 1621, pelo escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- citação das partes envolvidas e dos medidores para refazer medições, na Bahia, 26 de novembro de 1621, pelo porteiro Simão Matheus e
escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- termo de medição, na Bahia, 04 de abril de 1622, pelo escrivão Manoel Fernandes Lobo;
- protesto do Mosteiro frente às novas medições e solicitação para que os padres acompanhem pessoalmente as medições, no Mosteiro, em 20
de abril 1622;
- citação das partes envolvidas e dos medidores para refazer medições, na Bahia, 18 de abril de 1622, pelo porteiro Simão Matheus;
- treslado de carta de sesmaria dada a Garcia D‘Ávila, na Bahia, 22 de Fevereiro 1603, copiada em 06 de fevereiro 1653, pelo escrivão Belchior
Dias Caramurú;
- publicação da sentença, na Bahia, em 21 de agosto de 1663;
- treslado desta carta de sentença, na Bahia, em 21 de novembro de 1663, pelo escrivão Bento Pereira de Andrade.

Para quê?
Foi escrito a fim de estabelecer decisão acerca de contendas entre Anna Ferraz e o Mosteiro, por conta de herança deixada por Garcia D‘Ávila, em seu
codicilo (1609), no Rio Vermelho, Itapoã e na estrada da Aldeia do Tubarão.

ANÁLISE DIPLOMÁTICA
277

Parte Subparte Localização Ocorrência ou Súmula da informação

Protocolo Invocação divina ______ ______


Titulação Dom Afonço por graça de Deos, Rêy de Portugal, edos Algarves,
(nome e título de quem emana o ato) 77r, L. 19-21 daquem,e dalem, Mar em Africa, Senhor de Guiné, e da
Conquista, Navegaçaõ, Comercio da Etiopia, Arabia, Percia, e
da India etc
Endereço Atodos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Jus
(a quem o ato se dirige)
tiças, Officiaes, epessoas de meus Reinos, eSenhorios, aque esta
84r, L. 21-24
minha Carta deSentença tira-da do processo emforma for
aprezentada, eo conhecimento della com direito deva,
ehajadepertencer, eseu cumprimento, e execuçaõ sepedir,
erequerer saude.
Saudação ______ ______

Texto Preâmbulo ______ ______


(razões morais para a criação do ato)
Notificação 84r, L. 25, 26 Faço-vos asaber como nesta minha Rellaçaõ do Estado do Brazil
(―tenho a honra de comunicar a vós...‖) foraõ trazidos, e aprezentados, epor mim com os domeu
Dezembargo,Dezembargadores das Appellaçoens, eAggravos
Civeis, finalmente Sentenciados huns autos de-Cauza Civel, que
aelle vieraõ por Appellaçaõ dante o Juizo ordinario
Exposição ______ ______
(razões jurídicas para a criação do ato)

Dispositivo 84r, L. 27 Tendo Garcia D‘Ávila, em seu codicilo (1609), deixado bens para
Manoel Cardozo Botelho, a viúva Anna Ferraz e seus herdeiros
278

(assunto propriamente dito) a questionaram posses, demarcações e embargaram vários


procedimentos de instrumentalização dos Padres, alegando terem
99r, L. 22
eles adentrado e, muitas vezes, usurpado partes de sua herança de
Itapoã até o Rio Vermelho e na estrada que ia para a Aldeya do
Tubarão, desde o Santo Antonio. Outros proprietários também se
juntaram à família Ferraz para indicar inexatidões em medições
em Cotigipe e em Pirajá. Não conformados em perder nas
instâncias locais, seus herdeiros apelam à Côrte e novamente
perdem e é sobre a sentença deste processo que se faz a presente
carta.
Sanção ______ ______
(penalidades para descumprimento)
Corroboração ______ ______
(cláusulas finais)

Escatocolo Subscrição/assinatura ______ ______

Datação ______ ______


(tópica e cronológica)

Precação ______ ______


(confirmação da validade)
279
280

5.2 RESULTADOS GERAIS DO LIVRO II DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO


DA BAHIA

Saindo-se de uma amostra menor, o Fundo Documental dos D‘Ávila, composto por 5
documentos, para proceder a algumas análises (vide seção 5.2.1), passa-se à visão maior do
L2T, esquematizando os 60 documentos que constituem o volume. O quadro esquema é
constituído por 4 colunas. A primeira, da esquerda para a direita, indica todos os documentos
primários, secundários, terciários, etc, que formam a juntada dos processos, através de
divisões na celula em cor cinza. A segunda indica os tipos de documentos e data de lavratura,
quando houver. A terceira coluna elenca os nomes e cargos dos agentes envolvidos e indica se
eles aparecem arrolados como autores ou apenas referidos. Por fim, na quarta coluna, indica-
se o local de lavratura. Veja-se, a seguir:
281

LIVRO II DO TOMBO

LIIT_001 (nota de abertura)

LIIT_002 (f. 3r-17r)


Petição Francisco Alvares Camello (Capitam), referido Vila
inicial Magdalena
João da Foncêca (Capitão-mor), referido
07.01.1679
Marcos Velho Gandim (Capitam), referido

Bernabé do Couto de Lemos (tabelião), referido

Ferreira (juiz), autor

Carta de Duarte de Albuquerque Coelho (Capitam e Lisboa


doação Governador da Capitania de Pernambuco), autor

08.10.1620 Francisco de Souza (escrivão), autor

Certidão da Duarte de Albuquerque Coelho (Capitam e Lisboa


Carta de Governador da Capitania de Pernambuco), autor
doação
Álvaro Teixeira da Fonseca (escrivão), autor
27.10.1623
Deferimento Não mencionado Recife

05.07.1660

Sumário de Feliciano de Araújo de Azevedo (Juiz dos Orfãos), Povoação


testemunhas referido de S(anto)
Antonio do
02.07.1662 Manoel Barbosa Aranha (Escrivam dos Orfãos), Recife,
autor termo da
Villa de
Olinda
Sentença de Feliciano de Araújo de Azevedo (Juiz dos Orfãos), Povoação
emancipação autor de S(anto)
Antonio do
12.07.1662 Manoel Barbosa Aranha (Escrivam dos Orfãos), Recife,
autor termo da
Villa de
Olinda,
Capitania
dePernambu
co
Escritura de Manoel deMedeiros Furtado (Tabelião publico do Villa deSão
venda Judicial, eNottas nesta Villa deSão Franscisco, Franscisco,
Capitania dePernambuco), autor Capitania
282

(sem data) dePernambu


co
Auto de Manoel de Medeiros Furtado (Tabelião publico do Ilha do
posse Judicial, eNottas nesta Villa deSão Franscisco, Cajueiro,
Capitania dePernambuco), autor termo da
30.12.1663 VilladeSão
Francisco,
Capitania
dePernambu
co
Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia
público do Judiciale Nottas nesta cidade do
12.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_003 (f. 17r-18v)


Escritura de Francisco Barretto (Governador, e Capitão Geral Capitania
venda da Cidade da Bahia), referido de
Pernambuco
08.08.1681 Miguel Carvalho (Tabelião), autor

Autenticação Miguel Carvalho (Tabelião dopublico, Judicial, e Cidade de


do traslado Notas daCidade de Olinda, eseus termos, Capitania Olinda
da escritura de Pernambuco), autor

(sem data)

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
12.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_004 (f.18v -19v)


Escritura de Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
venda Francisco,
Capitania
15.01.1683 de
Pernambuco
283

Traslado da Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão


escritura de Francisco,
venda Capitania
de
16.02.1683 Pernambuco

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
12.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia de
todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_005 (f.19v-20r)
Auto de Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
posse Francisco,
Capitania
20.01.1683 de
Pernambuco
Treslado do Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
auto de Francisco,
posse Capitania
de
17.02.1683 Pernambuco

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
12.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia de
todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_006 (f.20r-21v)
Escritura de Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão
venda de Francisco,
terras Capitania de
Pernambuco
23.10.1684

Treslado de Manoel Dantas Cerqueira (tabelião), autor Vila deSão


escritura de Francisco,
venda de Capitania de
284

terras Pernambuco

28.12.1684

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_007 (f.21v-23r)
Escritura da João Barbosa de Castro (tabelião), autor Vila do
venda de Penedo do
terras Rio de São
Francisco,
20.09.1730 Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco

Traslado da João Barbosa de Castro (tabelião), autor Vila do


escritura da Penedo do
venda de Pedro Leandro de Andrade (tabelião), autor Rio de São
terras Francisco,
Comarca das
04.10.1730 Alagoas,
Capitania de
Pernambuco

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_008 (f.23r-23v)
Auto de João Barbosa de Castro (tabelião), autor Vila do
posse Penedo do
Rio de São
20.09.1730 Francisco,
285

Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco

Treslado do João Barbosa de Castro (tabelião), autor Vila do


auto de Penedo do
posse Pedro Leandro de Andrade (tabelião), autor Rio de São
Francisco,
05.10.1730 Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia de
todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_009 (f.23v-25v)
Petição Gonçalo Martins Pereira (juiz ordinário), autor Vila do
inicial Penedo do
Rio de São
02.06.1715 Francisco,
Comarca das
Alagoas,
Capitania de
Pernambuco

Auto de Gonçalo Martins Pereira (juiz ordinário), referido Vila do


posse Penedo do
Antonio de Sá Maia (alcaide), referido Rio de São
14.06.1715 Francisco,
Martinho de Souza Pereira (escrivão do meirinho Comarca das
do campo), referido Alagoas,
Capitania de
Francisco Alvares Camello (tabelião publico Pernambuco
proprietario do Judicial e notas), autor

Traslado do Gonçalo Martins Pereira (juiz ordinário), referido Vila do


auto de Penedo do
posse Antonio de Sá Maia (alcaide), referido Rio de São
Francisco,
27.06.1715 Martinho de Souza Pereira (escrivão do meirinho Comarca das
286

do campo), referido Alagoas,


Capitania de
Francisco Alvares Camello (tabelião publico Pernambuco
proprietario do Judicial e notas), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia de
todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_010 (f.25v-27r)
Petição Manoel Mendes de Vasconcelos (escrivão da Capitania de
inicial fazenda), referido Pernambuco

(sem data) Almeida (juiz), autor

Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da


ouvidoria geral), referido

Carta de Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e Lisboa


doação governador da capitania de Pernambuco), autor

25.04.1614 João Pereira (escrivão), autor

Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da


ouvidoria geral), referido

Escritura de Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da Vila de


doação ouvidoria geral), referido Olinda

23.09.1614 Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e


governador da capitania de Pernambuco), referido

Luiz Marreiros (tabelião do publico e judicial e


notas na Vila de Olinda), autor

Treslado da Manoel Mendes de Vasconcelos (escrivão da Vila de


escritura de fazenda), autor Olinda
doação

(sem data)

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
287

15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),


autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_011 (f.27r-28r)
Petição Francisco de Andrade de Brito (ouvidor de Vila de
inicial Pernambuco), referido Olinda

16.02.1628 Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da


ouvidoria geral), referido

Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e


governador da capitania de Pernambuco), referido

Paulo de Souza (tabelião), referido

Albuquerque (juiz), autor

Certidão do Paulo de Souza (tabelião do publico judicial e Vila de


auto de notas e escrivão da ouvidoria em Olinda), autor olinda
posse
Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e
22.02.1628 governador da capitania de Pernambuco), referido

Brás Vicente (escrivão de demarcação), referido

Domingues Lopes (demarcador), referido

Antonio Correa Sevilha (piloto), referido

Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da


ouvidoria geral), referido

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_012 (f.28r-29r)
288

Petição Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da Olinda


inicial ouvidoria geral), referido

(sem data) Paulo de Souza (tabelião do publico judicial e


notas e escrivão da ouvidoria em Olinda), referido

Soares (juiz), autor

Auto de Francisco de Andrade de Brito (ouvidor de Capitania de


demarcação Pernambuco), referido Pernambuco

07.02.1615 Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e


governador da capitania de Pernambuco), referido

Domingues Lopes (demarcador), referido

Antonio Correa Sevilha (piloto), referido

Paulo de Souza (tabelião do publico judicial e


notas e escrivão da ouvidoria em Olinda), autor

Fólio sem autenticação do tabelião

LIIT_013 (f.29v-30r)
Instrumento Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da Cidade do
de doação ouvidoria geral), referido Salvador da
remunerator Bahia
ia João de Freitas (tabelião), autor

25.02.1642

Treslado de João de Freitas (tabelião), autor Cidade do


instrumento Salvador da
de doação Bahia
remunerator
ia

(sem data)

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido


289

LIIT_014 (30r-34r)
Carta Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da Cidade de
executória ouvidoria geral), referido Salvador

19.12.1803 Francisco de Andrade de Brito (ouvidor de


Pernambuco), referido

Luiz de Souza (governador), referido

João de Freitas (tabelião), autor

Auto de Antonio Gonsalves Vieira (juiz), referido Vila de São


posse Francisco,
Damião da Rocha (tabelião), autor Pernambuco
21.04.1656
Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da
ouvidoria geral), referido

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_015 (34r-35v)
Carta de data Mathias de Albuquerque (capitão e goverdor), Olinda
referido
06.05.1626
Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e
governador da capitania de Pernambuco), referido

Pedro Teixeira Franco (tabelião), autor

Escritura Duarte de Albuquerque Coelho (capitão e Vila de


governador da capitania de Pernambuco), referido Olinda
04.01.1630
Gaspar Pereira (tabelião), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
15.11.1803 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


290

Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia


de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_016 (35v-37v)
Escritura do João Carvalho da Costa (tabelião), autor São
dote Cristovão,
João Corrêa Arnão (tabelião), referido Capitania de
13.03.1651 Sergipe de El
Rey
Instrumento João Carvalho da Costa (tabelião e escrivão de São
de venda orfãos e defuntos e ausentes), autor Cristovão,
Capitania de
23.04.1655 Sergipe de El
Rey
Instrumento Gaspar Maciel Villas Boas (tabelião), referido Cidade de
de venda São
Felix da Costa (tabelião), referido Cristovão,
05.09.1672 Capitania de
Manoel de Souza Furtado (tabelião e escrivão Sergipe de
dos órfãos, defuntos e ausentes), autor ElRei

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_017 (37r-38v)
Escritura de Pedro Leandro (tabelião), referido Vila de
venda Penedo,
Filgueira (juiz), autor Pernambuco
06.03.1736
João Rodrigues Romeiro (alcaide mor), referido

Escritura de João Barboza de Castro (tabelião), autor Comarca de


desistência Alagoas,
Pernambuco
15.10.1729

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor
291

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_018 (38v-40r)
Escritura de Damião Soares da Novoa (juiz), autor Vila do
dote Penedo
João Barboza de Castro (escrivão da Câmara e
18.02.1723 orfãos e almoçatarias e do publico judicial e
notas), autor

Antonio Gonçalves Vieira (tabelião), referido

Manoel de Almeida de Matoso (ouvidor),


referido

João da Costa Santos (tabelião), referido

Escritura de Antonio Gonçalves Vieira (tabelião), autor Vila de São


dote e Francisco
casamento

02.09.1653

Treslado da Manoel Dantas Sirqueira (tabelião do público Vila de São


escritura de judicial e notas), autor Francisco,
dote e Pernambuco
casamento Damião Soares da Novoa (juiz), referido

19.10.1683

Treslado do João Barboza de Castro (tabelião), autor Vila de São


treslado da Francisco,
escritura de Pedro Leandro de Andrade (tabelião), autor Pernambuco
dote e
casamento

04.10.1728

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público do


Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador Bahia
de todos os Santos eseo termo), autor
292

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_019 (40r-41v)
Petição João Barboza de Castro (escrivão, alferes), Penedo de
inicial referido São
Francisco,
29.03.1728 Ferro (juiz), autor Comarca de
Alagoas,
Pernambuco
Escritura de Manoel Velho da Rocha (escrivão), autor Penedo
doação

04.06.1725

Treslado da João Barboza de Castro (escrivão, alferes), autor Penedo


escritura de
doação

30.03.1728

Escritura de Pedro Leandro de Andrade (tabelião), autor Penêdo


doação
recíproca

18.09.1730

Traslado da Pedro Leandro de Andrade (tabelião), autor Penedo


escritura de
doação
recíproca

23.09.1730

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_020 (42r-43v)
Escritura de Arcângela Brandão de Araújo (testador), autor Vila do
doação Penedo
recíproca
293

03.04.1732

Certificado Francisco Xavier da Silva (cirurgião, Vila do


da escritura testemunha), autor Penedo

03.04.1732

Certificado José Pereira Ignacio (boticário, testemunha), Penedo


da escritura autor

03.04.1732

Certificado José Pinto de Vasconcelos (Alferes, Penedo


da escritura testemunha), autor

03.04.1732

Certificado José Gomes Pacheco (sargento mor, Penedo


da escritura testemunha), autor

04.04.1732

Certificado Bernardo Vieira Cardozo (Alferes, testemunha), Penedo


da escritura autor

04.04.1732

Certificado Antonio Fernandes Moreira (Alferes, Penedo


da escritura testemunha), autor

04.04.1732

Certificado José Gomes Pinheiro (testemunha), autor Penedo


da escritura

04.04.1732

Certificado Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público Penedo


dos judicial e notas nesta Vila do Penedo do Rio São
certificados Francisco), autor
da escritura

25.04.1732

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


294

do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador


Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_021 (43v-49r)
Escritura de Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público Penedo
ratificação de judicial e notas nesta Vila do Penedo do Rio São
doação Francisco), autor

21.08.1732

Treslado da Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público Penedo


procuração do judicial e notas nesta Vila do Penedo do Rio São
Mosteiro Francisco), autor

21.08.1732

Inventário de Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público Penedo


bens doados judicial e notas nesta Vila do Penedo do Rio São
Francisco), autor
20.08.1732

Autenticação Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público Penedo


do traslado da judicial e notas nesta Vila do Penedo do Rio São
escritura de Francisco), autor
ratificação de
doação Amaro Bezerra (capitão, proprietário de ofício),
referido
30.08.1732

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_022 (49r-50r)
Codicilo Archangela de Santa Ana (testadora), autor Vila do
Penedo
20.08.1742 José Fernandes Cruz (vigário da Vila do
Penedo), autor

Aprovação do Simão de Araújo (tabelião), autor Vila do


Codicilo
295

Penedo
20.08.1742

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_023 (50r-53v)
Escritura de Domingos Dias Timbó (tabelião), autor Olinda
dote

(sem data)

Traslado da José Bezerra (tabelião), autor Vila de São


escritura de Francisco,
dote Lourenço de Almeida (juiz), referido Pernambuco

13.06.1700

Treslado dos Diogo Toledo da Silveira (tabelião), autor Vila de


documentos São
Lourenço Pimenta Pereira (juiz), referido Francisco,
05.04.1719 Pernambuc
o

Treslado do Simão de Araújo (tabelião), autor Vila de


treslado dos São
documentos Francisco,
Pernambuc
02.05.1747 o

Escritura de Felippe Rodrigues (tabelião), autor Vila do


venda Penedo,
Rio de São
11.09.1724 Francisco,
Alagoas,
Pernambuc
o

Procuração Fernando Fragoso de Albuquerque (sargento- Recife do


mor), autor Pernambuc
13.04.1723 o
296

Substabelecimen Manoel Velho da Rocha (tabelião), autor Pernambuc


to da escritura o

(sem data)

Treslado dos Simão de Araújo (tabelião), autor Vila de São


documentos Francisco,
Pernambuc
02.05.1747 o

Escritura de José Bezerra (tabelião), autor Vila de São


hipoteca Francisco,
Pernambuc
28.12.1700 o

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_024 (53v-54v)
Petição inicial João Ribeiro Tonouco (tabelião), referido Vila de São
Francisco
13.07.1704 Manuel Dantas Sirqueira (tabelião), referido

Domingos Fernandes Torres (juiz), autor

Escritura de Domingos Fernandes Torres (juiz), referido Vila de São


transação e Francisco
amigável Antonio Soares (tabelião), referido
composição
Manuel Dantas Sirqueira (tabelião), autor
08.09.1684

Treslado da João Ribeiro Tonouco (tabelião, escrivão da Vila de São


escritura de câmara e órfãos e almoçataria), autor Francisco
transação e
amigável Manuel Dantas Sirqueira (tabelião), referido
composição

24.07.1704

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
297

04.04.1804 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),


autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_025 (54v-61r)
Sentença de Cristovão Tavares de Moraes (cavaleiro da Cidade da
medição de terras Ordem de Aviz, desembargador na Relação do Bahia
Porto, juiz do tombo), autor
19.12.1718

Certidão de Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo), Freguesia


notificação autor de Nossa
Senhora da
(sem data) Cristovão Tavares de Moraes (cavaleiro da Victoria,
Ordem de Aviz, desembargador na Relação do distrito do
Porto, juiz do tombo), referido Rio
Vermelho,
Antonio Rodrigues (meirinho), referido Cidade da
Bahia
Antonio de Sá Costa (meirinho), referido

Francisco Machado da Silva (piloto), referido

José da Silva de Mello (medidor), referido

José Luiz Moitinho (ajudante da corda), referido

José da Costa Correa (desembargador), referido

Petição de Diogo Luiz de Oliveira (conselheiro de guerra, Bahia


sesmaria comendador, capitão geral e governador do
Brasil), autor
04.12.1628
Antonio Camello (escrivão), autor

Registro da Gonçalo Pinto de Freitas (escrivão da Bahia


petição Alfândega), autor

22.01.1629

Despacho do Diogo Luiz de Oliveira (conselheiro de guerra, Bahia


governador comendador, capitão geral e governador do
Brasil), autor
04.07.1628
298

Auto de posse Diogo Luiz de Oliveira (conselheiro de guerra, Bahia


comendador, capitão geral e governador do
08.03.1629 Brasil), referido

Antonio Rabello de Moraes (escrivão), autor

Alvará de João Borges de Barros (desembargador da Bahia


sesmaria relação eclesiastica do arcebispado do Brasil,
monge), referido
25.10.1695
Francisco Alvares Tavora (tabelião), referido

Domingos Monteiro de Sá (escrivão dos


agravos, apelações civeis e crimes), referido

Henrique de Valançoela da Silva (tabelião),


autor

Reconhecimento Maria de Barros (parte), referida Bahia


de procuração
para venda Francisco Alvares Tavora (tabelião), autor

24.10.1695

Treslado de Henrique de Valançoela da Silva (tabelião), Bahia


procuração do autor
Mosteiro
Francisco Alvares Tavora (tabelião), autor
05.10.1695

Treslado de Henrique de Valançoela da Silva (tabelião), Bahia


escritura autor

23.08.1696

Termo de Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo), Bahia


medição autor

19.12.1718 Diogo Luiz de Oliveira (conselheiro de guerra,


comendador, capitão geral e governador do
Brasil), referido
Auto de Cristovão Tavares de Moraes (cavaleiro da
demarcação Ordem de Aviz, desembargador na Relação do
Porto, juiz do tombo), referido
20.12.1718
Antonio Rodrigues da Costa (meirinho),
referido

Francisco Machado da Silva (piloto), referido


299

José da Silva Mello (medidor), referido

Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo),


autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_026 (61r-63r)
Testamento Paschoal Marques de Almeida (testemunha), Bahia
autor
20.01.1724
Agostinho Ribeiro (testador), autor
Aprovação de José Rodrigues Pinheiro (tabelião publico do Bahia
testamento judicial e notas), autor

21.01.1724

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_027 (63r-64r)
Petição inicial Ignacio Barboza Machado (juiz de fora), autor Bahia

(sem data)

Auto de posse José Teixeira Guedes (tabelião), autor Bahia

06.02.1724

Procuração Antonio da Trindade (abade), autor Bahia

06.02.1724
300

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_028 (64r-65v)
Escritura de Antonio de Souza Velho (tabelião), autor Bahia
venda e
quitação

23.11.1751

Procuração para João de Santa Maria (abade), autor Bahia


compra

22.11.1751

Treslado da Antonio de Souza Velho (tabelião), autor Bahia


escritura de
venda e
quitação

(sem data)

Auto de posse Antonio de Souza Velho (tabelião), autor Bahia

20.12.1751

Procuração para João de Santa Maria (abade), autor Bahia


posse

09.12.1751

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora),


referido
301

LIIT_029 (65v-68v)
Petição inicial Domingos de Abreu e Lima (escrivão das Bahia
execuções da Câmara e do tombo), referido
10.07.1761
Christovão Tavares de Moraes
(desembargador), referido

Termo de Antonio da Rocha Rocha (tabelião), autor Bahia


medição
Miguel Paiva Dias (meirinho), referido
12.09.1715
Francisco Machado (piloto), referido

José da Silva de Melo (medidor da corda),


referido

João Machado da Motta (ajudante da corda),


referido

Termo de Christovão Tavares de Moraes Bahia


medição (desembargador), referido

13.09.1715 Antonio da Rocha Rocha (tabelião), autor

Miguel Paiva Dias (meirinho), referido

Francisco Machado (piloto), referido

José da Silva de Melo (medidor da corda),


referido

João Machado da Motta (ajudante da corda),


referido

Termo de Christovão Tavares de Moraes Bahia


medição (desembargador), referido

14.09.1715 Antonio da Rocha Rocha (tabelião), autor

Miguel Paiva Dias (meirinho), referido

Francisco Machado (piloto), referido

José da Silva de Melo (medidor da corda),


referido

João Machado da Motta (ajudante da corda),


referido
302

Termo de Christovão Tavares de Moraes Bahia


medição (desembargador), referido

16.09.1715 Antonio da Rocha Rocha (tabelião), autor

Miguel Paiva Dias (meirinho), referido

Francisco Machado (piloto), referido

José da Silva de Melo (medidor da corda),


referido

João Machado da Motta (ajudante da corda),


referido

Treslado dos Domingos de Abreu e Lima (escrivão das


documentos execuções da Câmara e do tombo), autor

14.07.1761

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora),


referido

LIIT_030 (68v-70v)
Petição inicial Luiz de Sequeira da Gama (juiz), autor Bahia

(sem data)

Certidão de José Teixeira Guedes (tabelião), autor Bahia


carta de
sesmaria João Pereira do Lago (proprietário de ofício),
referido
19.05.1552

Petição de Enofre Pinheiro (escrivão das sesmarias), autor Bahia


sesmaria

01.05.1552

Regimento Gerônimo Corrêa (escrivão da côrte), autor Almeirim


(Portugal)
303

17.12.1548 Dom João III (rei de Portugal), autor

Treslado da Antonio do Rego (escrivão da provedoria), Bahia


certidão de autor
sesmaria

20.08.1552

Treslado do Belchior Dias Caramurú (escrivão da Bahia


treslado da alfândega), autor
certidão de
sesmaria Diogo Ribeiro (tabelião), autor

26.02.1553

Termo de Antonio Cardoso de Barros (provedor mor da Bahia


posse fazenda), referido

19.07.1553 Tomé de Souza (governador-geral), referido

Duarte de Lemos (capitao do Porto Seguro),


referido

Christovão de Aguiar Daltro (almoxarife do


armazens), referido

Francisco Bicudo (tabelião público do


judicial), autor

Treslado dos Luiz de Sequeira de Gama (ouvidor geral do Bahia


documentos civel), referido

01.09.1722 José Teixeira Guedes (tabelião), autor

João de Figueiredo Soares (inquiridor), autor

Certidão do Luiz de Sequeira de Gama (ouvidor geral do Bahia


treslado dos civel), autor
documentos
José Teixeira Guedes (tabelião), referido
02.09.1722
João de Figueiredo Soares (inquiridor),
referido

Belchior dos Reys (tabelião), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor
304

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora),


referido

LIIT_031 (70v-73r)
Codicilo Garcia de Avella (almoxarife), autor Bahia

18.05.1609 Antonio Guedes (tabelião), autor

Sebastião da Silva (proprietário de ofício),


referido

Francisco de Oliveira do Amaral (testamunha),


autor

Balthazar Ferraz (desembargador), referido

Aprovação de Balthazar Ferraz (desembargador), referido Bahia


testamento
Garcia de Avella (almoxarife), referido
18.05.1609
João de Freitas (tabelião), autor

Publicação do Ambrosio de Sequeira (juiz ouvidor geral), Bahia


testamento referido

22.05.1609 Amaro Serqueira (escrivão da alçada), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora),


referido

LIIT_032 (73r-74v)
Instrumento de João de Freitas (tabelião), autor Cidade do
transação e Salvador
amigável
composição
305

04.07.1612

Treslado do Manoel Luiz da Costa (tabelião), autor Cidade do


instrumento de Salvador
transação e
amigável
composição

12.10.1618

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora),


referido

LIIT_033 (74v-75v)
Instrumento de João de Freitas (tabelião), autor Cidade do
transação e Salvador
amigável
composição

13.03.1614

Treslado do Paschoal Teixeira Pinto (tabelião), autor Cidade do


instrumento de Salvador
transação e João de Freitas (tabelião e proprietário),
amigável referido
composição

04.06.1658

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora),


referido
306

LIIT_034 (75v-77r)
Petição inicial Antonio de Brito Correa (proprietário), referido Bahia

(sem data) Francisco do Couto Barreto (tabelião), referido

Sebastião Carneiro (tabelião), referido

Roballo (juiz), autor

Escritura de Sebastião Carneiro (tabelião), referido Bahia


composição
Francisco do Couto Barreto (tabelião), referido
27.04.1663

Treslado da Sebastião Carneiro (tabelião), autor Bahia


escritura de
composição

23.07.1715

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_035 (77r-84r)
Carta de Dom Felipe (rei de Portugal), autor Bahia
sentença
João do Coutto Barboza (desembargador de
23.08.1639 Porto e ouvidor geral no Brasil), referido

Jorge da Silva Mascarenhas (desembargador e


ouvidor geral), referido

Francisco da Costa (porteiro), referido

Sentença do Jorge da Silva Mascarenhas (desembargador e Bahia


ouvidor ouvidor geral), autor

26.02.1633

Acordão Dom Felipe (rei de Portugal), autor Lisboa


307

31.08.1634 João do Coutto Barboza (desembargador de


Porto e ouvidor geral no Brasil), referido

Manoel Correa Barba (tabelião), autor

Francisco Dalmeida Cabral (testemunha),


referido

Francisco de Carvalho (testemunha), referido

Antonio de Abreu Coelho (testemunha),


referido

Carta de Francisco da Fonseca (escrivão da vara do Lisboa


sentença meirinho), referido

23.08.1639 João do Coutto Barboza (desembargador de


Porto e ouvidor geral no Brasil), referido

Valentim da Costa Lemos (desembargador),


referido

Pero Vieira da Silva (desembargador), referido

Manoel dos Reys Fabio (tabelião), autor

Julio Fulco Passanha (proprietário), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_036 (84r-99r)
Carta de Dom Afonso (rei de Portugal), autor Lisboa
sentença
Simão Alvares de Lapenha (provedor mor),
(sem data) referido

Antonio de Andrade (juiz dos limites da


Pitanga), referido

Domingos Raenol de Brito (escrivão dos feitos


da corôa e fazenda real), referido
308

Petição Antonio de Andrade (juiz do limite da freguesia Bahia


de Santo Amaro)
(sem data)

Certidão Antonio Barreiros (provedor mor), referido Bahia

21.11.1621 Antonio Machado de Vasconcellos (meirinho),


referido

Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Citação Antonio Barreiros (provedor mor), referido Bahia

20.11.1621 Marcos da Costa (juiz), referido

Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador),


referido

Jorge de Magalhães (vereador), referido

Mandado Antonio Barreiros (provedor mor), autor Bahia

19.10.1621 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

1ª Citação do Simão Matheus (porteiro), autor Bahia


Mandado

26.11.1621

2ª Citação do Simão Matheus (porteiro), autor Bahia


Mandado

26.11.1621

Certidão Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da Bahia


fazenda), autor
20.11.1621
Antonio Machado de Vasconcellos (meirinho),
referido

Mandado Antonio Barreiros (provedor mor), autor Bahia

06.12.1621 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

1ª Citação do Simão Matheus (porteiro), autor Bahia


Mandado
309

10.12.1621

2ª Citação do Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da Bahia


Mandado fazenda), autor

10.12.1621

3ª Citação do Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da Bahia


Mandado fazenda), autor

17.12.1621 Gonçalo Homem Dalmeida (advogado), referido

Termo de Antonio Barreiros (provedor mor), referido Salvador


pública
audiência Francisco Feio (porteiro), referido

22.11.1621 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Procuração Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador e Salvador


advogado), referido
14.12.1621
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da
fazenda), autor
Termo de Antonio Barreiros (provedor mor), referido Bahia
pública
audiência Francisco Feio (porteiro), referido

23.12.1621 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Termo de Antonio Barreiros (provedor mor), referido Bahia


pública
audiência Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da
fazenda), autor
23.12.1621

Termo de Antonio Barreiros (provedor mor), referido Bahia


vista
Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador e
23.12.1621 advogado), referido

Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Petição de Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador e Bahia


vista advogado), referido

30.12.1621 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


310

fazenda), autor

Termo em Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador e Salvador


resposta à advogado), referido
vista
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da
08.03.1622 fazenda), autor

Termo de Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda), Salvador


vista referido

09.03.1622 Gonçalo Homem Dalmeida (advogado), referido

Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Termo de Gonçalo Homem Dalmeida (advogado), autor Salvador


vista

09.03.1622

Termo de Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da Salvador


conclusão fazenda), autor

18.03.1622

Despacho Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda), Bahia


autor
04.04.1622

Termo de Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda, Bahia


publicação juiz da alfandega), referido

02.04.1622 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Termo de Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda,


pública juiz da alfandega da Bahia), referido
audiência
Antonio Machado (meirinho da ouvidoria
06.04.1622 geral), referido

Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Notificação ao Antonio Machado (meirinho da ouvidoria Bahia


meirinho geral), referido

06.04.1622 Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor
311

Notificação ao Luiz da Costa (procurador do conselho e câmara Bahia


procurador do de Salvador), referido
conselho
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da
06.04.1622 fazenda), autor

Notificação à Pedro Viegas Giraldes (parte envolvida), Bahia


parte referido
envolvida
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da
19.04.1622 fazenda), autor

Procuração do Bernardino de Oliveira (abade), autor Bahia


Mosteiro

20.04.1622

Mandado Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda, Salvador


juiz da alfandega da Bahia), autor
16.04.1622
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da
fazenda), autor

1ª citação do Simão Matheus (porteiro), autor Bahia


mandado

18.04.1622

2ª citação do Simão Matheus (porteiro), autor Bahia


mandado

18.04.1622

Petição de Santos Martins (juiz), autor Bahia


treslado

22.02.1603

Carta de Thomé de Souza (governador), referido Bahia


Sesmaria

19.05.1552

Petição de Thomé de Souza (governador), referido Bahia


doação de
sesmaria Inofre Pinheiro Carvalho (escrivão das
sesmarias), autor
01.05.1552

Regimento Gerônimo Corrêa (escrivão da côrte), autor Almeirim


312

(Portugal)
17.12.1548 Dom João III (rei de Portugal), autor

Treslado Belchior Dias Cramurú (escrivão da alfândega e Bahia


provedoria), autor
26.02.1653
Diogo Ribeiro (tabelião), autor

Procuração Pedro Viegas Giraldes (parte), autor Bahia

23.04.1622

Auto de Francisco do Coutto (medidor do conselho), Bahia


medição referido

21.04.1622 Alvaro de Araújo (piloto e demarcador do


conselho), referido

Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


fazenda), autor

Termo de Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da


protesto e fazenda), autor
suspeição
Alvaro de Araújo (piloto e demarcador do
27.04.1622 conselho), referido

Domingos de Paes (medidor do conselho),


referido

Treslado dos Antonio Cardoso da Silva (escrivão) Bahia


autos das
medições

(sem data)

Escritura de Manoel Pereira Franco (desembargador, ouvidor Bahia


venda geral da Bahia), referido

08.11.1645 Francisco de Coutto Barreto (tabelião), autor

Termo de Sebastião de Macedo (piloto), referido Bahia


demarcação
Antonio Fernandes Negraxo (medidor), referido
10.11.1645
Pedro da Silva (ajudante da linha), referido

Francisco de Coutto Barreto (tabelião), autor


313

Instrumento Fernam Vaz Freire (escrivão da ouvidoria Salvador


de venda geral), referido

28.02.1627 João de Freitas (tabelião), autor

Sentença de Balthazar de Araújo de Aragão (juiz), autor Bahia


continuação de
medição

19.08.1656

Auto de Christovão de Burgos (desembargador), referido Bahia


medição
Luiz Salemo de Carvalho (desembargador),
09.01.1659 referido

Francisco Barradas de Mendonça


(desembargador), referido

Jorge Seco de Macedo (chanceler da Relação),


referido

Afonso Soares da Fonseca (desembargador)


referido

Manoel Marques (piloto)

Antonio Fernandes Negraxo (medidor), referido

Manoel Pereira Franco (ouvidor geral), referido

João Teixeira de Mendonça (escrivão das


apelações e agravos), autor

Acordão Agostinho de Azevedo Monteiro Bahia


(desembargador), referido
03.11.1661
Pedro Vás Roxo (advogado), referido

João Vannesem (desembargador), referido

Leandro de Castro da Silveira (desembargador),


referido

João Teixeira de Mendonça (escrivão), referido

Manoel Teixeira de Carvalho (escrivão de


chancelaria), referido

Escritura de Francisco do Couto Barreto (tabelião), autor Bahia


314

concerto

26.04.1663

Acordão Thomé da Costa Homem (desembargador), Bahia


autor
21.08.1663

Carta de Thomé da Costa Homem (desembargador), Salvador


sentença referido

21.08.1663 Bento Pereira de Andrade (escrivão das


apelações e agravos), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_037 (99r-104r)
Petição Alvares (juiz), autor Salvador

(sem data)

Carta de Sebastião Alvares da Fonseca (cavaleiro da Salvador


rematação ordem de cristo, juiz de fora dos orfãos, do geral
no crime e civel na Bahia), autor
(sem data)

Sentença de Sebastião Alvares da Fonseca (cavaleiro da Salvador


ação de libelo ordem de cristo, juiz de fora dos orfãos, do geral
no crime e civel na Bahia, mamposteiro da
(sem data) Fazenda real), referido

Certidão de João Francisco Lessa (meirinho dos orfãos), Salvador


citação autor

23.11.1767

Libelo João Alvares de Almeida Neves (porteiro do


concelho), referido
01.12.1762
Miguel Francisco Telles de Menezes (escrivão
dos orfãos), autor
315

Manoel de Vasconcellos (advogado), referido

Sentença Sebastião Alvares da Fonseca (cavaleiro da Bahia


ordem de cristo, juiz de fora dos orfãos, do geral
09.05.1768 no crime e civel na Bahia, mamposteiro da
Fazenda real), autor

Miguel Francisco Telles de Menezes (escrivão


dos orfãos), autor

Termo de Antonio José de Almeida (meirinho do campo), Salvador


medição autor

25.05.1768 Luis Correa de Mello (escrivão), autor

Certidão do João Alvares de Almeida Neves (porteiro do Bahia


porteiro concelho), autor

21.06.1768

Termo de Sebastião Alvares da Fonseca (cavaleiro da Bahia


arrematação ordem de cristo, juiz de fora dos orfãos, do geral
no crime e civel na Bahia, mamposteiro da
12.12.1768 Fazenda real), referido

Luiz Pereira de Jesus Barreto (escrivão dos


órfãos), autor

Carta de Sebastião Alvares da Fonseca (cavaleiro da Salvador


arrematação ordem de cristo, juiz de fora dos orfãos, do geral
no crime e civel na Bahia, mamposteiro da
22.12.1768 Fazenda real), autor

Luiz Pereira de Jesus Barreto (escrivão dos


órfãos), autor

Auto de posse José Caetano Charneca (escrivão), autor Salvador

31.01.1769

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
13.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor
316

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_038 (104r-105r)
Escritura de José Ferreira da Silva (tabelião ajudante do Bahia
venda público do judicial e notas em Salvador), autor

01.08.1772

Treslado de José Ferreira da Silva (tabelião ajudante do Bahia


escritura de público do judicial e notas em Salvador), autor
venda

01.08.1772

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_039 (105r-106v)
Escritura de Manoel Ribeiro de Carvalho (tabelião), autor Salvador
prazo fatuizim
Bernardino de Senna e Araújo (tabelião),
21.07.1796 referido

Treslado de Bernardino de Senna e Araújo (tabelião), autor Bahia


escritura de
prazo fatuizim Manoel Ribeiro de Carvalho (tabelião), autor

15.10.1796

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_040 (106v-108v)
Escritura de Antonio de Souza Velho (tabelião), autor Bahia
317

venda

25.05.1743

Auto de posse Manoel dos Santos Ramos (escrivão da Bahia


freguesia de nossa senhora do desterro), autor
07.05.1743

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_041 (108v-112r)
Despacho Simão Mendes Barreto (escrivão), referido Bahia

(sem data) Francisco Xavier Pereira Brandão (juiz), autor

Certidão com Simão Mendes Barreto (escrivão), autor Bahia


verba

17.12.1753

Treslado dos Francisco Xavier Pereira Brandão (juiz, Salvador


documentos provedor das capelas e resíduos da repartição),
referido
(sem data)
João da Costa Ferreira (tabelião), autor

Auto de posse José Luiz Moutinho (escrivão da vara dos Salvador


dízimos reais de Salvador), autor
29.12.1753

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido


318

LIIT_042 (112r-113r)
Certidão João Ferreira da Costa e São Payo (escrivão Bahia
interino da junta real da fazenda e contador),
13.10.1803 autor

Carta de Diogo Menezes (capitão e governador geral), Salvador


Sesmaria autor

11.09.1609 Diogo Baraxo (escrivão das sesmarias), autor

Reconhecime Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


nto da público do Judiciale Nottas nesta cidade do
certidão Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor
13.10.1803

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_043 (113r-114r)
Escritura de Antonio Guedes (tabelião), autor Salvador
venda

06.07.1615

Treslado de Antonio Guedes (tabelião), autor Salvador


escritura de
venda

(sem data)

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido


319

LIIT_044 (114r-117v)
Despacho Silva (juiz), autor Bahia

29.11.1630

Carta de Antonio da Castanheira (juiz ordinário), autor Salvador


sentença e
reformação Ventura de Frias Sallazar (juiz), referido

1628 Francisco Pinto (tabelião), referido

Bernabé Soares (escrivão dos rezidos), referido

João Borges (tabelião), autor

Testamento Manoel Nunes Paiva (testador), autor Bahia

25.01.1622

Termo de Sebastião de Araújo (escrivão), autor Bahia


publicação de
sentença João Borges de Escovar (tabelião), referido

05.05.1628 Sebastião da Silva (proprietário de ofício),


referido

Sentença André de Cavallo de Carvalho (juiz ordinario), Salvador


autor
12.01.1622
Lourenço Cavalgante e Albuquerque (juiz),
referido

João de Mattos (escrivão), referido

Manoel Gonsalves (porteiro), referido

Gaspar de Oliveira (tabelião), autor

Brás da Costa (tabelião), referido

Sentença Francisco da Cunha (juiz ordinario), autor Bahia

31.12.1621 Francisco Feio (porteiro), referido

Termo de Simão Francisco Madriz (escrivão), autor Salvador


publicação da
sentença Brás da Costa (tabelião), referido

10.12.1626
320

Termo de Antonio Machado de Vasconcelos (meirinho), Salvador


venda, referido
arrematação e
remissão de Francisco da Fonseca (escrivão), autor
açucar

09.08.1627

Instrumento Francisco Pinto (tabelião), autor Salvador


de venda e
obrigação

29.05.1622

Treslado de Francisco Pinto (tabelião), autor Salvador


instrumento
de venda e
obrigação

(sem data)

Treslado de Mathias Cardozo (tabelião), autor Bahia


documentos

03.01.1631

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_045 (117v-120v)
Escritura de João de Freitas (tabelião), autor Bahia
concerto

16.12.1634

Treslado da João de Freitas (tabelião), autor Bahia


escritura de
concerto

(sem data)

Procuração Clara Henriques (constituinte), autor Vila de


321

Idanha
23.09.1613 Antonio Calvo de Moraes (tabelião), autor Nova

Treslado da André de Madureira (tabelião), autor Vila de


procuração Idanha
Antonio Calvo de Moraes (tabelião), autor Nova
09.08.1626

Reconhecime André de Madureira (tabelião), referido Lisboa


nto do
treslado da Antonio Lopes Soares (tabelião), autor
procuração

16.08.1626

Certidão do João de Mesquita (desembargador), autor Lisboa


reconhecimen
to do treslado Antonio Lopes Soares (tabelião), referido
da procuração

17.08.1626

Treslado da João de Freitas (tabelião), autor Bahia


procuração,
reconhecimen Antonio de Britto Correa (tabelião), autor
to e certidão

16.12.1634

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_046 (120v-121v)
Despacho Almeida (juiz), autor Pernameiri
para treslado m, Sergipe
do Conde
03.09.1609

Carta de Alvaro Sanches (tabelião, escrivão da alfândega Salvador


Sesmaria de Salvador), autor

14.06.1609 Diogo de Menezes (governador geral), autor


322

Treslado de Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, Bahia


carta de escrivão da alfândega de Salvador), autor
sesmaria
Francisco Diniz da Costa (escrivão), autor
05.09.1716
Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia
público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_047 (121v-122v)
Despacho Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, Bahia
para treslado escrivão da alfândega de Salvador), referido

09.1616 Almeida (juiz), autor

Carta de Diogo de Menezes (governador geral), autor Bahia


Sesmaria
Brás da Costa (escrivão da alfândega de
24.08.1609 Salvador), autor

Treslado de Diogo Baracho (escrivão), autor


carta de
sesmaria

01.06.1611

Treslado do Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, Salvador


treslado de escrivão da alfândega de Salvador), autor
carta de
sesmaria Francisco Diniz da Costa (escrivão), autor

(sem data)

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor
323

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_048 (122v-140v)
Carta de Diogo Mendes Duro Exmeraldo (desembargador Bahia
sentença de dos agravos e apelações crimes e civeis, juiz do
medição e tombo), autor
demarcação
Christovão Tavares de Moraes (desembargador
(sem data) dos agravos e apelações crimes e civeis, juiz do
tombo), referido

José Valançoela da Silva (tabelião), referido

Carta de Alvaro Sanches (tabelião, escrivão da alfândega Bahia


sesmaria de Salvador), autor

13.06.1609 Diogo de Menezes (governador geral), autor

Regimento Gerônimo Corrêa (escrivão da côrte), autor Almeirim


(Portugal)
17.12.1548 Dom João III (rei de Portugal), autor

Treslado de Gonçalo Pinto de Freitas (escrivão da Bahia


carta de alfandega), autor
sesmaria
Mathias Cardozo (tabelião), autor
15.02.1631

Treslado do Gonçalo Pinto de Freitas (escrivão da Bahia


treslado de alfandega), referido
carta de
sesmaria Mathias Cardozo (tabelião), referido

(sem data) Paschoal Teixeira Pinto (tabelião), autor

Termo de Paschoal Teixeira Pinto (tabelião), referido Bahia


posse
Verissimo Manoel Roballo Freire (tabelião),
28.10.1718 referido

José Valançoela da Silva (tabelião), autor

Despacho Moraes (juiz), autor Bahia


para citação

06.10.1718

Termo de Christovão Tavares de Moraes (juiz), autor Salvador


conclusão
Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo),
324

27.01.1719 autor

Termo de Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo), Vila de S.


medição autor Francisco
03.02.1719 da Barra de
Sergipe do
Conde,
Freguesia
de S. Pedro

Termo de Christovão Tavares de Moraes (juiz), referido Vila de S.


medição Francisco
Antonio de Sá Costa (meirinho), referido da Barra de
17.03.1719 Sergipe do
Francisco Machado de Silva (piloto), referido Conde,
Freguesia
José da Silva Mello (medidor), referido de S. Pedro

José Luiz Moitinho (ajudante da corda), referido

Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo),


autor

Portaria Vasco Fernandes Cesar (VI rei do Brasil), autor Bahia

24.12.1722 Christovão Tavares de Moraes (juiz), referido

Diogo Mendes Duro Exmeraldo (desembargador


dos agravos e apelações crimes e civeis, juiz do
tombo), referido

Declaração Diogo Mendes Duro Exmeraldo (desembargador Termo da


dos agravos e apelações crimes e civeis, juiz do vila de s.
25.02.1723 tombo), referido francisco da
barra de
Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo), sergipe do
autor conde

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_049 (141r-141v)
325

Verba de Luiz Correa de Magalhães (escrivão dos agravos Bahia


testamento e apelações), autor

02.01.1717 Antonio Sanches Pereira (desembargador),


referido

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_050 (141v-144v)
Petição inicial Diogo Pereira de Barros (escrivão dos órfãos), Bahia
autor
28.08.1723
Ignacio Barboza Machado (juiz de fora e
orfãos), referido

Inventário Diogo Pereira de Barros (escrivão dos órfãos), Bahia


autor
04.09.1723
Ignacio Barboza Machado (juiz de fora e
orfãos), referido

José Rodrigues Pinheiro (tabelião), referido

Escritura de Antonio Cardozo da Silva (tabelião), referido Bahia


venda
Manoel da Costa (tabelião), autor
(sem data)
Treslado da José Rodrigues Pinheiro (tabelião público), Bahia
escritura de autor
venda
Manoel da Costa (tabelião), referido
22.09.1723

Escritura de Manoel da Costa (tabelião), referido Limite do


venda Gorogay,
Manoel Marques (piloto do concelho), referido Freguesia
14.02.1668 do Sergipe
Francisco de São Paio (medidor do concelho), do Conde,
referido Bahia

Domingos Dantas de Araújo (tabelião), autor


326

Treslado da José Rodrigues Pinheiro (tabelião público), Bahia


escritura de autor
venda
Domingos Dantas de Araújo (tabelião), referido
24.09.1723

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_051 (144v-147r)
Escritura de Manoel de Parches Freire (tabelião), referido Salvador
venda
Antonio Rodrigues Pinheiro (proprietário),
13.11.1699 referido

Domingos Netto de Araújo (proprietário),


referido

Henrique de Valançoela da Silva (tabelião),


referido

Francisco Alvares Tavora (tabelião), autor

Treslado de José Teixeira Guedes (tabelião), autor Bahia


escritura de
venda Francisco Alvares Tavora (tabelião), referido

23.07.1723 José Rodrigues Pinheiro (tabelião público),


autor

Escritura de Hanrique de Valençoela da Silva (tabelião), Salvador


venda, autor
quitação,
débito e
obrigação

19.05.1694

Treslado de José de Valençoela da Silva (tabelião), autor Bahia


escritura de
venda, Luiz de Siqueira da Gama (juiz ouvidor geral
327

quitação, do civel), referido


débito e
obrigação

29.07.1723

Inventário Diogo Pereira de Barros (escrivão dos órfãos), Salvador


autor
28.08.1723
Ignacio Barboza Machado (juiz de fora e
orfaos), referido

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_052 (147r-149r)
Testamento Gonçalo Antonio Rios (testador), autor Pojuca

16.02.1702

Treslado de Antonio da Silveira de Faria (tabelião do Bahia


testamento público), autor

16.06.1702 Manuel Rodrigues de Siqueira (tabelião), autor

Treslado de José Tavares da Costa (escrivão), referido Bahia


inventário
Antonio da Silveira de Faria (tabelião do
16.08.1723 público de S. Francisco da Barra de Sergipe),
autor

Manuel Rodrigues de Siqueira (tabelião), autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor
328

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_053 (149r-151v)
Sesmaria Francisco de Couto (escrivão das sesmarias), Salvador
autor
02.04.1598
Diogo Botelho (governador geral), autor

Treslado de Paschoal Teixeira (escrivão das sesmarias), Bahia


sesmaria autor

16.07.1640

Auto de posse João do Couto Barbosa (desembargador,


ouvidor geral), referido
18.04.1640
Francisco de Couto (escrivão das sesmarias),
autor

Miguel Telles Barreto (juiz ordinario), referido

Treslado dos Antonio da Silveira (escrivão), autor S. Francisco


documentos da Barra de
Francisco de Meireles Barboza (tabelião), autor Sergipe
16.06.1717

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_054 (151v-152v)
Sesmaria Diogo Botelho (governador geral), autor Bahia

06.10.1607 Francisco de Couto (escrivão das sesmarias),


autor

Treslado da Francisco da Rocha Barboza (escrivão das Salvador


carta de sesmarias), autor
sesmaria
Francisco de Couto (escrivão das sesmarias),
(sem data) referido

Treslado do Francisco Ferreira (tabelião), autor Salvador


329

treslado dos
documentos Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido

01.12.1693 Manoel da Costa Madureira (escrivão), autor

Treslado do Francisco de Souza de Menezes (escrivão dos Bahia


treslado do agravos), autor
treslado dos
documentos Manoel da Costa Bonicho (desembargador),
referido
13.08.1716
Luis Correa Magalhães (escrivão dos agravos),
autor

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_055 (153r-154r)
Sesmaria Diogo de Menezes (governador geral), autor Salvador

07.10.1611 Brás da Costa (escrivão das sesmarias), autor

Treslado dos Brás da Costa (escrivão das sesmarias), autor Salvador


documentos

(sem data)

Treslado do Diogo Baracho (escrivão da alfandega), autor Salvador


treslado dos
documentos

11.10.1611

Treslado de Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (escrivão Bahia


treslado de da alfandega), autor
treslado dos
documentos Rodrigo da Costa de Almeida (provedor da
alfândega, tenente general), referido
30.04.1717

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
330

22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),


autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_056 (154r-155r)
Carta de Luis de Sousa (governador), autor Salvador
sesmaria
Brás da Costa (escrivão), autor
15.11.1619
Treslado dos Manoel Afonso da Costa (tabelião), autor Bahia
documentos
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido
12.03.1718

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_057 (155r-155v)
Carta de Luis de Sousa (governador), autor Salvador
sesmaria
Brás da Costa (escrivão), autor
23.05.1620
Treslado dos Manoel Afonso da Costa (tabelião), autor Bahia
documentos
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido
25.02.1718
João Homem Freire (juiz), referido

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor
331

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_058 (156r-157r)
Carta de João Rodrigues de Vasconcelos de Souza Salvador
sesmaria (governador), autor

04.09.1652 Luis de Souza (governador), referido

Francisco Cardoso (escrivão), autor

Treslado dos Manoel Afonso da Costa (tabelião), autor Bahia


documentos
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário), referido
11.03.1718
João Homem Freire (juiz), referido

Autenticação dos traslados Joaquim Tauares de Macedo Silua (tabelião Bahia


público do Judiciale Nottas nesta cidade do
22.03.1805 Saluador Bahia de todos os Santos eseo termo),
autor

Antonio Barbosa de Oliueira (tabelião público


do Judicial e Nottas nesta cidade do Saluador
Bahia de todos os Santos eseo termo), autor

Domingos José Cardozo (Juiz de Fora), referido

LIIT_059 (157r-166r)
Petição com Francisco de Souza de Menezes (escrivão dos Salvador
despacho agravos), referido

1749 Manoel Afonso da Costa (tabelião), referido

Manoel da Costa Bonicho (desembargador),


referido

Diogo Botelho (governador), referido

Afonso Soares de Fonceca (desembargador),


referido

Carta de Diogo Botelho (governador), autor Salvador


sesmaria
Diogo Ribeiro (escrivão das sesmarias), autor
11.11.1605
Treslado dos Sebastião de Torres (escrivão), autor Salvador
documentos

17.08.1669
332

Treslado de Francisco de Souza de Menezes (escrivão dos Salvador


treslado dos agravos), referido
documentos

(sem data)

5.2.1 Os agentes e sua atuação ao longo dos anos

A já citada preocupação com a cultura escrita por parte dos monges beneditinos (vide
seção 2), aliada ao fator de necessidade de comprovação documental frente a demandas
jurídicas, foi motivadora à escritura e salvaguarda destes registros que ganharam historicidade
com o passar dos séculos.
Não é possível, através deste corpus, se verificar detalhes quanto à localização das
notas públicas e cartórios ou, ainda, quanto à procedência dos agentes. Deduz-se, no entanto,
que os primeiros vieram de Portugal e trouxeram de lá o modus scribendi que norteou o fazer
notarial até o século XVIII, uma vez que poucas mudanças, sobretudo de cunho formulaico,
se operaram. Daí, a sucessão no cargo de tabelião parecer ter sido direta (com a presença de
familiares) ou indireta (com a presença de criados), o que dá a entender a presença de
sobrenomes idênticos, em espaços de tempos intergeracionais. Os cartórios (através dos
nomes de seus proprietários) eram lembrados como referências espaciais e temporais, para
facilitar a localização dos originais os quais se intentava trasladar ou dos agentes envolvidos
em determinadas demandas.
Em se falando se envolvimento em demandas, foram elencadas, através do corpus, as
seguintes tarefas para escrivães e tabeliães: produzir documentos, fazer registros de
documentos em livros, constituir certidões de documentos, trasladar parcialmente (as
chamadas verbas) e integralmente documentos, acompanhar demandas (servindo-lhe de
secretário em todo o processo), secretariar novas medições (dentro ou fora do termo da
cidade), atos de posse, confirmação de velhas medições, testemunhar atos ou escritos, citar
partes envolvidas em processos, fora os servições específicos de cada instituição (caso não
fossem só tabeliães públicos). Como eram escolhidos para cada caso em que era exigida a
presença de um agente notarial? Via de regra, o solicitante da demanda era quem o escolhia.
Por diversas vezes, o abade do mosteiro redigia uma petição, solicitando que determinado
agente, em cujo cartório se depositavam os originais ou já ciente do caso em momento
333

anterior, fosse acionado pela figura legislativa local (juízes ordinários, ou de fora, ou
ouvidores).
Certamente, o tabelião conhecia bem o termo de sua circunscrição, minimamente o
raio urbano, tornando estes documentos de extrema minúncia para a descrição da distribuição
das terras entre vizinhos, de antigas e novas ruas, de aspectos da flora, detalhando nomes de
diversas plantas que serviam como marcos entre as possessões, sem deixar de lado os rios
(com seus nomes normalmente nativos), vitais para a ordenação do solo e sua distribuição.
Na tabela abaixo, se apresentam os nomes dos agentes e sua distribuição ao longo dos
anos, como autores ou citados em processos de outrem. A primeira coluna consta das
informações dos agentes, tais como nomes e cargos que acumulou ou desempenhou em
momentos distintos que se flagram na documentação. As demais colunas dizem respeito à
distribuição das ocorrências no volume Livro II (L2). As colunas estão divididas em duas para
especificar se a pessoa a que se refere a entrada era autor (A), imprescindível ao ato de
escritura/validação, ou referido (R), citado apenas para referenciar as circunstâncias da
demanda sem lhe conferir sua fé pública. Difere-se da tabela na subseção anterior por nela se
registrarem os anos em que cada agente aparece no documento. Os anos repetidos não foram
considerados e foram mantidas as situações em que a amplitude cronológica foi considerada
inviável, se tratando, possivelmente, de homonímia. Agentes que ocorrem somente em
documentos sem data não estão listados. Através desta tabulação, se verificam dados que
permitem verificar quais os agentes mais atuantes nas causas específicas dos LT e em quais
épocas eles atuaram.

LII
Agentes
A R

Afonso Garcia Tinoco (juiz, desembargador, corregedor)

1659
Afonso Soares da Fonseca (juiz, desembargador e ouvidor geral)
1749

Agostinho de Azevedo Monteiro (juiz, desembargador) 1661

Agostinho Gonçalves Pinheiro (meirinho do campo)


334

Albuquerque (juiz) 1628

Albuquerque (tabelião)

Aleixo Lucas (tabelião do público judicial)

1609
Almeida (juiz)
1616

Almeida (tabelião)

Álvaro de Araújo (piloto, demarcador) 1622

Álvaro Sanches (escrivão da chancelaria e da alfândega, tabelião) 1609

Álvaro Teixeira da Fonseca (escrivão), autor 1623

Amador Aranha (escrivão)

Amaro Bezerra (capitão, proprietário de cartório) 1732

Amaro Siqueira (escrivão da alçada) 1609

Ambrósio de Siqueira (desembargador, ouvidor geral) 1609

André Cavalo de Carvalho (juiz ordinário) 1622

André de Madureira (tabelião do público judicial e notas e escrivão da 1626


câmara)

André Fernandes do Basto (partidor)

André Leitão de Mello (juiz de fora)

André Machado (escrivão)

André Monteiro (juiz)

Antão Saraiva da Fonseca (partidor)

1803
Antonio Barbosa de Oliveira (tabelião público do judicial e notas) 1804
1805

Antonio Barrozo (tabelião)

Antonio Calvo de Moraes (tabelião do público judicial e notas) 1626

Antonio Camello (escrivão da ouvidoria geral, juiz dos órfãos) 1628

Antonio Cardoso de Barros (provedor mor da fazenda) 1553

Antonio Cardozo da Silva (tabelião)


335

Antonio Correa (tabelião)

1615
Antonio Correa Sevilha (piloto)
1628

Antonio Correa Velho (piloto)

Antonio da Castanheira (juiz ordinário) 1628

1715
1718
Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo, tabelião)
1719
1723

1702
Antonio da Silveira de Faria (escrivão, tabelião de Sergipe)
1723

Antonio de Andrade (juiz do limite da freguesia de Santo Amaro e da


Pitanga)

Antonio de Araújo (medidor do concelho)

Antonio de Azevedo Botelho (reverendo conservador protonotário


apostólico)

Antonio de Brito Correa (tabelião, proprietário de cartório) 1634

Antonio de Lima (assessor de juiz comissário apostólico)

Antonio de Oliveira (escrivão)

Antonio de Sá Costa (meirinho) 1719

Antonio de Sá Maia (alcaide) 1715

Antonio de Souza Velho (tabelião) 1751

Antonio Dias Cassão (tabelião do público judicial e notas)

Antonio do Rego (escrivão da provedoria) 1552

Antonio Fernandes Baixo (tabelião)

1645
Antonio Fernandes Negraxo (medidor)
1659

1693
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário de cartório)
1718
336

Antonio Freire (piloto)

Antonio Gonçallo Vieira (juiz)

1653 1656
Antonio Gonçalves Vieira (tabelião)
1723

1609
Antonio Guedes (tabelião do público judicial e notas)
1615

Antonio José de Almeida (meirinho do campo) 1768

Antonio Lopes Dornelles (partidor)

Antonio Lopes Soares (tabelião) 1626

1621

Antonio Machado de Vasconcelos (meirinho da ouvidoria geral) 1622


1627

Antonio Nogueira (escrivão)

Antonio Rabello de Moraes (escrivão) 1629

Antonio Rodrigues da Costa (meirinho) 1718

Antonio Rodrigues de Macedo (juiz de fora e orfãos)

Antonio Rodrigues Pinheiro (proprietário de cartório, tabelião) 1699

Antonio Sanches Pereira (desembargador) 1717

Aragão (juiz)

Araújo (juiz)

Ayres Tavares (tabelião)

Balthazar de Araújo de Aragão (juiz) 1656

1716 1616
Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, escrivão da alfândega)
1717

Balthazar Ferraz (desembargador) 1609

Balthazar Mendes Bernardes (desembargador, juiz)

Barros (tabelião)

Bartholomeu da Rocha (escrivão)


337

Belchior da Costa Ledesma (escrivão do eclesiástico)

Belchior de Araújo e Andrade (juiz)

1553
Belchior Dias Caramurú (escrivão da alfândega e provedoria)
1653

Belchior dos Reis (tabelião) 1722

Belchior Ramires de Carvalho (ouvidor geral)

Belchior Roiz (tabelião)

Belxor Dias Caramurú (escrivão)

Bento de Barros Bezerra (juiz, desembargador, ouvidor)

Bento Pereira de Andrade (escrivão das apelações e agravos) 1663

Bernabé do Couto de Lemos (tabelião), referido 1679

Bernabé Soares (escrivão dos resíduos) 1628

Bernardim Ribeiro (tabelião)

Bernardino de Senna e Araújo (tabelião)

1609 1622

Brás da Costa (escrivão das sesmarias, alfândega, tabelião, 1611 1626


proprietário de cartório) 1619
1620

Brás Vicente (escrivão de demarcação) 1628

Brochado (juiz)

Cadena (tabelião)

Cardozo (juiz)

Chaves (juiz)

Christóvão da Cunha de Sá (juiz ordinário)

Christóvão de Aguiar Daltro (almoxarife dos armazéns) 1553

Christóvão de Aragão e Vasconcellos (escrivão da chancelaria)

Christóvão de Burgos de Contreiras (juiz, desembargador) 1659

Christóvão de Guimarães (tabelião)


338

1715 1718

Christóvão Tavares de Moraes (desembargador, juiz do tombo) 1718 1722


1719 1761

Christóvão Vieira Ravasco (tabelião, escrivão dos órfãos e agravos)

Cosme Pau (escrivão da legacia)

Damião da Rocha (tabelião do público judicial e notas) 1656

Damião Soares da Novoa (juiz) 1723 1683

1609
Diogo Baracho (escrivão da alfândega)
1611

Diogo Bernardes Pimenta (desembargador, ouvidor geral)

1605 1749
Diogo Botelho (governador geral)
1607

1609
Diogo de Menezes (capitão, governador geral)
1611

Diogo de Souza Pereira (tabelião do público judicial e notas)

Diogo Luis de Oliveira (conselheiro de guerra, capitão, governador 1628 1629


geral) 1718

1722
Diogo Mendes Duro Esmeraldo (desembargador, juiz do tombo)
1723

Diogo Monis Teles (juiz ordinário)

Diogo Pereira de Barros (escrivão dos órfãos) 1723

1553
Diogo Ribeiro (escrivão das sesmarias, tabelião) 1605
1653

Diogo Toledo da Silveira (tabelião) 1719

1634
Dom Felipe (rei de Portugal)
1639

Dom João (rei de Portugal)


339

Domingos Dantas de Araújo (tabelião) 1668 1723

Domingos de Abreu e Lima (escrivão das execuções da Câmara e do 1761 1761


tombo)

Domingos de Andrade (tabelião, escrivão dos órfãos, defuntos e


ausentes)

Domingos de Oliveira (escrivão, tabelião do público judicial e notas)

Domingos de Paes (medidor do conselho) 1622

1803
Domingos José Cardozo (juiz de fora) 1804
1805

Domingos Mendes (desembargador)

Domingos Monteiro de Sá (escrivão dos agravos, apelações cíveis e 1695


crimes)

Domingos Netto de Araújo (proprietário de cartório) 1699

1615
Domingues Lopes (demarcador)
1628

1614 1615

Duarte de Albuquerque Coelho (capitão, governador da capitania de 1620 1626


Pernambuco) 1623 1628
1630

Duarte de Lemos (capitão do Porto Seguro) 1553

Duarte Teixeira (escrivão do meirinho)

Egas Monis Barreto (juiz, ouvidor)

1552
Enofre Pinheiro Carvalho (escrivão das sesmarias e tombo)
1553

Feliciano de Araújo de Azevedo (juiz dos órfaõs) 1662

Felício Rodrigues (tabelião)

Felippe Rodrigues (tabelião) 1724

Felix da Costa (tabelião) 1672

Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da ouvidoria geral) 1614


340

1627

1628
1642
1656

Fernando de Noronha (conde de Linhares)

Fernando Fragoso de Albuquerque (sargento mor) 1723

Fernão da Maya Furtado (juiz de órfãos, promotor de justiça,


desembargador)

Fernão Feijó (proprietário de cartório)

Fernão Jaquis (tabelião)

Fernão Vás Freire (escrivão da ouvidoria geral, proprietário de


cartório)

Ferreira (juiz) 1679

Filgueira (juiz) 1736

Francisco Álvares Camello (capitão, tabelião, proprietário de cartório) 1715 1679

1695 1695
Francisco Álvares Távora (tabelião do público judicial e notas)
1699 1723

Francisco Barboza (escrivão da ouvidoria em Lisboa)

Francisco Barbuda (juiz dos órfãos)

Francisco Barradas de Mendonça (desembargador) 1659

Francisco Barretto (governador, capitão) 1681

Francisco Bicudo (tabelião público do judicial) 1553

Francisco Brandão (desembargador, juiz)

Francisco Cardoso (escrivão) 1652

Francisco da Costa (porteiro da relação) 1639

Francisco da Cunha (juiz ordinário) 1621

Francisco da Fonseca (escrivão da vara do meirinho) 1627 1639

Francisco da Rocha Barbosa (tabelião, escrivão das sesmarias)

Francisco de Andrade de Brito (ouvidor de Pernambuco) 1615


341

1628

1803

Francisco de Barbuda (juiz dos órfãos)

Francisco de Castro (escrivão)

Francisco de Couto (escrivão das sesmarias) 1607

Francisco de Figueiredo (juiz, ouvidor geral)

Francisco de Moraes (escrivão da provedoria)

Francisco de Sá de Menezes (capitão dos Ilhéus)

Francisco de São Paio (medidor do concelho) 1668

Francisco de Siqueira (desembargador)

Francisco de Souza (escrivão) 1620

Francisco de Souza (governador geral)

Francisco de Souza de Menezes (escrivão dos agravos) 1716 1749

Francisco Diniz da Costa (escrivão) 1716

Francisco do Brito Sampaio (juiz ordinário)

1645 1622
Francisco do Couto Barreto (tabelião, medidor do conselho)
1663 1663

Francisco Feio (porteiro) 1621

Francisco Fernandes (medidor)

Francisco Ferreira (tabelião) 1693

Francisco Freire de Andrade (juiz ordinário)

Francisco Guilherme (tabelião)

Francisco Homem da Cunha (juiz ordinário)

Francisco Machado (escrivão)

1715 1719
Francisco Machado da Silva (piloto)
1718

Francisco Peixoto do Canto (tabelião)

Francisco Pereira Coutinho (capitão da Bahia)


342

Francisco Pinto (tabelião do público judicial e notas, escrivão das 1622 1628
apelações)

Gabriel Correa de Bulhões (juiz dos órfãos, provedor mor)

Garcia de Ávila (almoxarife) 1609 1609

Gaspar de Araújo de Góes (juiz)

Gaspar de Oliveira (tabelião) 1622

Gaspar Diogo Passanha (medidor)

Gaspar Fernandes (escrivão, tabelião)

Gaspar Maciel Villas Boas (tabelião) 1672

Gaspar Pereira (tabelião) 1630

Gaspar Ramos (piloto)

Gaspar Velho (escrivão)

Gonçalo Antonio Rios (testador) 1702

Gonçalo Martins Pereira (juiz ordinário) 1715 1715

1629
Gonçalo Pinto de Freitas (escrivão da alfândega)
1631

Gonçalo Ravasco Cavalcante e Albuquerque (secretário de Estado e


guerra)

Gonçalo Vaz (juiz do limite de Jaguaripe)

Guilherme Gomes da Cruz (tabelião)

1694 1699
Henrique de Valençoela da Silva (tabelião, proprietário de cartório) 1695
1696

Henrique Gonçalves de Almeida (tabelião do público judicial e notas)

Henriques Baibas (tabelião)

Hiacinto Barreto (tabelião)

1621
Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador, juiz dos órfãos)
1622

Hierônimo Pereira (proprietário de cartório)


343

Ignácio Barboza Machado (juiz de fora e de órfãos) 1723

Ignácio da Costa Rego (escrivão da ouvidoria geral)

Jacinto Carvalho (escrivão da ouvidoria geral)

Jerônimo Martins (porteiro do conselho)

João Álvares de Almeida Neves (porteiro do concelho) 1768 1762

João Baptista Carneiro (tabelião do público judicial e notas)

João Barboza Coutinho (escrivão)

1723 1728

João Barboza de Castro (escrivão da Câmara, dos órfãos e 1728


almoçatarias, tabelião) 1729

1730

João Borges (tabelião) 1628

João Borges de Barros (desembargador da relação eclesiástica do 1695


arcebispado)

João Borges de Escobar (tabelião do público e judicial e notas, 1628


escrivão)

João Carvalho da Costa (tabelião e escrivão de orfãos e defuntos e 1651


ausentes) 1655

João Corrêa Arnão (tabelião) 1651

João da Costa (escrivão da vara do meirinho da Relação)

João da Costa Santos (tabelião) 1723

João da Fonseca (capitão mor) 1679

João de Figueiredo Soares (inquiridor) 1722

1609 1658
1612

João de Freitas (tabelião do público judicial e notas, proprietário de 1614


ofício) 1634
1642
1803
344

João de Freitas Mdra (tabelião)

João de Gois de Araújo (juiz)

João de Matos (escrivão) 1622

João de Mesquita (juiz, desembargador) 1626

João de Useda (juiz ordinário)

1634
João do Couto Barbosa (desembargador, ouvidor geral)
1639

João Ferreira da Costa e São Payo (escrivão interino da junta real da 1803
fazenda)

João Francisco Lessa (meirinho dos orfãos) 1767

João Homem Freire (juiz) 1718

João Machado da Motta (ajudante da corda) 1715

João Mendes da Fonseca (juiz da Pitanga)

João Nogueira (criado do tabelião Sebastião da Silva)

João Pereira (escrivão) 1614

João Pereira Bacellos (escrivão da ouvidoria geral)

João Pereira do Lago (proprietário de cartório) 1552

João Rodrigues de Vasconcelos de Souza (governador) 1652

João Rodrigues Romeiro (alcaide mor) 1736

João Soares de Brito (ouvidor comissário)

João Teixeira de Mendonça (escrivão das apelações e agravos) 1659 1661

João Vannesem (desembargador) 1661

João Veloso de Brito (desembargador e ouvidor)

Joaquim Correa de Souza (tabelião do público judicial e notas)

1803
Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião público do judicial e
1804
notas)
1805

Jorge Coelho Castanho (meirinho da correição)

Jorge da Silva Mascarenhas (desembargador e ouvidor geral) 1633 1639


345

Jorge de Magalhães (vereador) 1621

Jorge Seco de Macedo (chanceler da Relação) 1659

José Álvares Quintão (tabelião)

José Bezerra (tabelião) 1700

José Caetano Charneca (escrivão) 1769

José Coelho Coutinho (escrivão dos órfãos)

1715
José da Silva de Melo (medidor da corda) 1718
1719

José Ferreira da Silva (tabelião ajudante do público do judicial e 1772


notas)

José Luiz Moitinho (escrivão da vara dos dízimos reais, ajudante da 1753 1719
corda)

1723 1723
José Rodrigues Pinheiro (tabelião público do judicial e notas)
1724

José Tavares da Costa (escrivão) 1723

1552 1722
1722
José Teixeira Guedes (tabelião)
1723
1724

1718
José Valançoela da Silva (tabelião)
1723

Joseph de Freitas Serrão (juiz)

Joseph de Sá Mendonça (ouvidor geral)

Joseph Pinheiro (juiz)

Joseph Simão de Oliveira (tabelião)

Joseph Teixeira Guedes (tabelião)

Julio Fulco Passanha (escrivão das apelações, proprietário de tabelião) 1639

Leandro de Campos (escrivão do meirinho)


346

Leandro de Castro da Silveira (desembargador) 1661

Lourenço Barboza (tabelião do público judicial e notas)

Lourenço Cavalcante e Albuquerque (juiz) 1622

Lourenço da Veiga (governador)

Lourenço de Almeida (juiz) 1700

Lourenço de Freitas (tabelião do público judicial e notas)

Lourenço Pimenta Pereira (juiz) 1719

Luis Alves (tabelião)

Luis Correa de Mello (escrivão) 1768

Luis Correa Magalhães (escrivão dos agravos, tabelião) 1716

1619 1652
Luis de Souza (governador geral)
1620

Luis Marreiros (tabelião do público judicial e notas em Olinda, 1614


Pernambuco)

Luis Pereira (juiz das justificações)

Luis Pinheiro (juiz)

Luis Salema de Carvalho (juiz, desembargador)

Luiz Correa de Magalhães (escrivão dos agravos e apelações) 1717

Luiz da Costa (procurador do conselho e câmara de Salvador) 1622

Luiz de Carvalho Pinho (escrivão)

1722 1722
Luiz de Siqueira da Gama (juiz, ouvidor geral do cível)
1723

Luiz de Souza (governador) 1803

Luiz Pereira de Jesus Barreto (escrivão dos órfãos) 1768

Luiz Salemo de Carvalho (desembargador) 1659

Manoel Afonso da Costa (tabelião do público judicial e notas) 1718 1749

Manoel Antunes Moreira (escrivão dos agravos)

Manoel Barbosa Aranha (escrivão dos órfaõs) 1662

Manoel Camello de Queiroga (escrivão da câmara)


347

1668

Manoel da Costa (tabelião) 1716


1723

Manoel da Costa Bonicho (desembargador) 1749

Manoel da Costa Madureira (escrivão) 1693

Manoel da Costa Rocha (meirinho)

Manoel da Silva (familiar do Santo Ofício da Inquisição, notário


apostólico)

1683
Manoel Dantas Cerqueira (tabelião do público judicial e notas)
1684

Manoel de Almeida de Matoso (ouvidor) 1723

Manoel de Araújo (escrivão do eclesiástico, juiz)

Manoel de Magalhães (capitão da Lagoa do Sul)

Manoel de Medeiros Furtado (tabelião na Vila de São Francisco, 1663


Pernambuco)

Manoel de Parches Freire (tabelião) 1699

Manoel de Paredes (tabelião)

Manoel de Souza Furtado (tabelião e escrivão de órfãos, defuntos e 1672


ausentes)

Manoel de Vargas Cirne (juiz)

Manoel dos Reis Fábio (tabelião) 1639

1621
Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da fazenda)
1622

Manoel Ferreira da Costa (tabelião em São Paulo de Luanda, Angola)

Manoel Ferreira de Figueredo (provedor mor da fazenda e da Santa


Casa)

Manoel Freitas (tabelião), autor

Manoel Gonçalves (porteiro), referido 1622

Manoel Gonçalves Camanho (medidor e avaliador das obras,


arruador)

Manoel Luiz da Costa (tabelião público do judicial e notas), autor 1618


348

1659
Manoel Marques (piloto do concelho), referido
1668

Manoel Mendes de Vasconcelos (escrivão da fazenda)

Manoel Nunes Paiva (testador) 1622

1645
Manoel Pereira Franco (desembargador, ouvidor geral)
1659

Manoel Ramos Parente (escrivão da provedoria mor)

Manoel Ribeiro de Carvalho (capitão, escrivão dos órfãos, tabelião)

Manoel Rodrigues (criado do tabelião Francisco Pinto)

Manoel Teixeira de Carvalho (escrivão da ouvidoria geral e 1661


chancelaria)

Manoel Teixeira de Mendonça (escrivão da ouvidoria)

Manoel Velho da Rocha (escrivão) 1725

Manuel da Costa (tabelião)

Manuel Ferreira de Figueiredo (provedor mor das fazendas)

Manuel Gonçalves (porteiro)

Manuel Luis da Costa (tabelião do público judicial e notas)

1702
Manuel Rodrigues de Siqueira (tabelião)
1723

Manuel Teixeira de Carvalho (escrivão da ouvidoria geral do crime)

Manuel Teixeira de Mendonça (escrivão da ouvidoria do cível)

Manuel Telles Barreto (governador geral)

Marcos Coelho (meirinho dos defuntos e órfãos)

Marcos da Costa (juiz) 1621

Marcos Velho Gandim (capitão) 1679

Martim Afonso Moreira (tabelião)

Martinho Correa de Souza (tabelião)

Martinho de Souza Pereira (escrivão do meirinho do campo) 1715

Matheus Ribeiro (escrivão dos órfãos)


349

Matheus Vas de Lessa (escrivão da vintena de Sergipe do Conde)

Mathias Cardozo (tabelião) 1631

Mathias de Albuquerque (capitão e governador) 1626

Mém de Sá (capitão, governador geral)

Miguel Carvalho (tabelião do público judicial e notas de Olinda) 1681

Miguel Francisco Telles de Menezes (escrivão dos orfãos) 1762

Miguel Paiva Dias (meirinho) 1715

Miguel Ribeiro (tabelião de notas em Lisboa)

Moraes (juiz) 1718

Pascoal Teixeira (tabelião) 1658 1718

Paulo Antunes (escrivão, tabelião público do judicial e notas)

Paulo Correa de Moura (escrivão do juízo de órfãos, tabelião)

1615 1628
Paulo de Souza (tabelião, escrivão da ouvidoria de Olinda)
1628

Paulo do Rego Borges (partidor)

Pedro Cardozo de Melo (tabelião do público judicial e notas)

Pedro Correia de Brito (escrivão dos órfãos, tabelião da capitania dos


Ilhéus)

Pedro de Campos Tourinho (capitão e governador)

Pedro de Cascais de Abreu (ouvidor geral)

Pedro de Gois (tabelião de notas em Lisboa)

Pedro de Gouvea de Mello (procurador mor da fazenda) 1619

Pedro Furtado (juiz ordinário)

1728 1736
Pedro Leandro de Andrade (tabelião do público judicial e notas na
1730
Vila do Penedo)
1732

Pedro Teixeira Franco (tabelião) 1626

Pedro Vas Roxo (juiz) 1661

Pero de Paiva (juiz)


350

Pero Vieira da Silva (desembargador) 1639

Phelipe de Almeida (ouvidor, provedor, juiz da capitania de Sergipe)

Queiroz (tabelião)

Rodrigo da Costa de Almeida (provedor da alfândega, tenente 1717


general)

Rodrigo Fernandes (tabelião)

Roque Fernandes Riba (porteiro da relação)

Rui Carvalho Pinheiro (escrivão da câmara e dos órfãos)

Sebastião Álvares da Fonseca (juiz de fora dos órfãos, do crime e 1768 1768
cível)

Sebastião Carneiro (tabelião) 1715 1663

1609
Sebastião da Silva (tabelião público do judicial e notas)
1628

Sebastião de Andrade (proprietário de cartório)

Sebastião de Araújo (escrivão, tabelião) 1628

Sebastião de Guimarães (tabelião)

Sebastião de Macedo (piloto) 1645

Sebastião de Macedo Pereira (tabelião)

Sebastião de Torres (escrivão) 1669

Sebastião Gonçalves Caminha (ajudante de medição)

Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda, juiz da alfândega) 1622 1622

Sebastião Pedrosa (juiz ordinário da Vila de N. Sra. do Rosário)

Silva (juiz) 1630

Simão de Araújo (escrivão do eclesiástico)

1742
Simão de Araújo (tabelião)
1747

Simão Francisco Madriz (tabelião, escrivão) 1626

1621
Simão Matheus (porteiro)
1622
351

Simão Mendes Barreto (escrivão) 1753

Soares (juiz)

Soares (tabelião)

Tavares (tabelião)

Thomé da Costa Homem (desembargador) 1663 1663

Thomé da Silva (porteiro da relação)

Thomé de Aguiar Daltro (tabelião)

1552
Thomé de Souza (capitão de Salvador, governador geral)
1553

Valentim da Costa Lemos (desembargador) 1639

Vasco Fernandes Cesar (VI rei do Brasil) 1722

Ventura de Frias Salazar (juiz) 1628

Veríssimo Manoel Roballo Freire (tabelião) 1718

5.2.2 As intitulações tabeliônicas

As formas escrivão e tabelião ocorrem com acepções distintas no L2T: enquanto o


primeiro era tido como secretário, redigindo os escritos, o segundo se valia do primeiro e
conferia-lhe fé pública ao final, conferindo o documento. O escrivão servia normalmente a
uma instituição ou a um tabelião, assemelhando-o ao antigo escriba. O acúmulo de cargos de
escrivães e tabeliães era recorrente, como se vê através do índice onomástico, sendo comum
se flagrar o mesmo indivíduo desempenhando papéis diferentes nas diversas demandas do
corpus. Neste aspecto, o tabelionado da Bahia colonial trará como diferenciais os termos
escrivão e tabelião, quando comparada à situação portuguesa do século XV em que escrivão,
tabelião e notário estão em relação sinonímica. Aproxima-se a prática brasileira da lusitana,
no entanto, quanto à alternância entre público tabelião, tabelião público e tabelião. Quando
descreve mais extensamente a intitulação, o que ocorre com grande frequência, engloba a
submissão ao rei e o local de atuação, como em tabelião público do judicial por El Rei na
Cidade da Bahia de Todos os Santos e seu termo.
352

5.2.3 Tipologias documentais dominantes e discurso diplomático

Retomando a seção 2, baliza-se que a pesquisa com documentação notarial implica


estar em contato com vários tipos documentais, com predominância de alguns mais
recorrentes por tratarem de matérias triviais, do cotidiano. No caso deste corpus, apresentam-
se os seguintes tipos de documentos, selecionados pelo critério de existência de três partes
diplomáticas características (protocolo, texto, escatocolo). Lembra-se que se está diante de
documentos dentro de outros documentos, que nem sempre são identificadas suas partes
constituintes, agravado pelo fato de serem traslados, o que homogeneíza a superfície textual,
sendo necessária real atenção, leituras e releituras, além de flexibilidade para compreender o
usus scribendi de todos os agentes envolvidos nas camadas textuais, compreendendo o tipo
maior que é o processo lato sensu. Isto significa que a linearidade e os recursos de divisão
documental, bem como a troca de letras e tintas, não estavam entre os fatores facilitadores que
estariam em outros documentos. Após este processo de escavação documental, chegou-se à
seguinte lista tipológica, incluindo-se aí o treslado e a autenticação (em relação de sinonímia)
por se entender que, diferentemente dos dias hodiernos, estes processos de cópia e atestação
de validade, por vezes, se fizeram textos com características diplomáticas peculiares,
diferenciando-os dos demais. Ei-los:

Abertura de testamento
Ação Sumária de exhibendo
Acordão e conclusão de sentença
Aprovação da certificação
Aprovação de testamento
Autenticação da escritura
Autenticação da procuração
Autenticação de traslado de procuração
Autenticação do traslado da escritura de transação
Autenticação do treslado do termo de outorga
Autenticação dos traslados
Auto de demarcação
Auto de posse
Carta de arrematação
Carta de data
Carta de doação
Carta de emancipação
Carta de sentença
Carta de sentença de composição
Carta de sentença de segunda via
Carta de sesmaria
Cédula de testamento
Certidão da arruação
353

Certidão da folha de partilha


Certidão de carta de sesmaria
Certidão de conservatória
Certidão de cumprimento de sentença
Certidão de escritura de doação
Certidão de folha de partilhas
Certidão de testamento
Certidão de verba de testamento
Certidão do auto de demarcação
Certificação da autenticação
Conclusão dos autos
Despacho
Despacho da petição inicial
Emenda
Escritura de aforamento
Escritura de aforamento em fatiote
Escritura de composição
Escritura de débito
Escritura de destrato
Escritura de doação
Escritura de obrigação
Escritura de posse
Escritura de transação
Escritura de venda
Escritura de venda e quitação
Escritura de venda e retificação
Escritura de venda, quitação e obrigação
Folha de partilha
Instrumento de aforamento
Instrumento de doação
Instrumento de doação entre vivos
Instrumento de dote
Instrumento de posse
Instrumento de transação
Instrumento de venda
Instrumento de venda, quitação e obrigação
Outorga de escritura
Petição
Petição com despacho
Petição do agravo e acordão
Petição inicial
Procuração
Reconhecimento
Regimento
Registo
Registo da carta de doação
Resposta à Petição
Sentença
Sentença da legacia
Sentença de emenda de partilhas
354

Sentença de folha de partilha


Sentença de habilitação de causa cível
Sentença de Licença para Venda
Sentença de reformação e publicação
Sentença do Ouvidor geral
Sesmaria
Termo de abertura
Termo de aforamento
Termo de amigável composição
Termo de arrematação e venda
Termo de arruação
Termo de demarcação
Termo de desistência e composição
Termo de dívida
Termo de doação
Termo de encerramento
Termo de medição
Termo de outorga e retificação
Termo de posse
Termo de publicação da sentença
Termo de quitação e arrematação
Treslado da carta de sesmaria
Treslado de escritura de débito
Treslado de escritura de venda
Treslado de escritura de venda e quitação
Treslado de instrumento de doação
Treslado de instrumento de transação amigável
Treslado de instrumento de venda
Treslado de termo de doação
Treslado de testamento
Treslado de treslado de carta de sesmaria
Treslado de treslado de escritura de débito
Treslado de verba de testamento
Treslado do auto de posse
Treslado do treslado da carta de sesmaria
Treslado do treslado do treslado de carta de sesmaria
Treslado dos documentos
Verba de testamento

As expressões de repetição, identificando as relações de intratexto foram mantidas, por


se verificar que cada uma dessas relações se manifesta de forma diferente. Os nomes
atribuídos aos tipos documentais foram motivados pelas próprias ocorrências e se apresentam
de forma autoindicativa em títulos, no próprio texto e sem títulos ou em outros textos que
estão no mesmo processo e a ele se referem. No Livro II apresenta-se indicação sem títulos
destacados, na sequência de escrita, antes da inserção textual, ou nem a apresentam. A par
desta disparidade na identificação dos tipos, os três volumes têm em comum a existência de
355

um modelo, um formulário adotado pela maioria dos tabeliães, em quase todas as situações,
constituído, como nas práticas portuguesas, basicamente, de invocação (e ou notificação),
intitulação, endereço, exposição, cláusulas finais, da data, das testemunhas, da subscrição do
tabelião ou notário e do sinal notarial. Pelo fato de serem traslados, nos LT, documentos não
apresentavam protocolo e texto, mas sempre o escatocolo, já que a cópia autenticada assume
as duas primeiras partes do texto fonte, de forma geral. Há, no entanto, alguns documentos
que apresentam protocolo e texto, informando acerca do próprio processo de trasladação,
além do indispensável escatocolo; nestes casos, o texto fonte acabam por se tornarem apenas
uma parte do texto trasladado.
Quanto à língua que se verifica nos documentos, há uso espaçado de latim,
diferentemente do que ocorreu no século XIV em Portugal, conforme Garcia (2011, p. 72),
que não verificou escritas em latim. No Livro II, se registram apenas expressões latinas,
restritas ao uso jurídico. Este resultado de registro em latim, ao contrário do que uma visão
determinística poderia prever, só corrobora a tese de que as práticas notariais na Bahia
Colônia tiveram seu próprio matiz, de conservadorismo pelo insulamento administrativo,
longe da força centrípeta de Portugal. São flagrados, também, diversos recortes sincrônicos
que ajudam a caracterizar variações, inovações e mudanças linguísticas, uma vez que há uma
média de 5 documentos dentro dos documentos motivos e cada um dele registra uma variante
situada em determinado tempo, espaço e sociocultura.
A invocação no L2T coincide com a ocorrência lusitana em nome de Deus amen,
sendo restrita a produtividade da correspondente latina in nomine Domini amen. Vem
normalmente acompanhada da notificação e, semelhantemente à prática portuguesa, foi se
tornando rara ao longo do período registrado (séc XVI a XIX), deixando espaço apenas à
notificação, Saibam quantos este instrumento (ou outro tipo de documento) virem.
No corpo do texto diplomático, verifica-se o descritivismo que caracteriza a maioria
dos documentos no L2T na parte dispositiva, dificultando, por um lado, a leitura e
compreensão do conteúdo, mas trazendo, por outro lado, riqueza de detalhes que extrapolam o
diplomático, conferindo à documentação alto teor de aspectos urbanísticos, históricos, sociais
e antropológicos, como os rituais de posse, presentes nas descrições dos autos de posse de
terras e escravos, bem como em firmas de contratos. O texto português tende a ser mais
específico, apresentando o conteúdo essencial que a cada tipo documental corresponde e
servindo melhor, portanto, aos quesitos pragmáticos.
356

A datação, a validação por testemunhas e a subscrição compõem o escatocolo.


Lembra-se que esta parte diplomática é a mais recorrente no corpus (quando se consideram os
traslados e não os intratextos), sem a qual os acta não existem.
A datação inclui a data tópica (local de escrita), o dia (que não ocorreu em alguns
documentos), o mês (que não ocorreu em alguns documentos) e o ano, como na amostra
portuguesa. A data tópica permite reconstituir os locais de trabalho dos agentes. A data
cronológica se registra por extenso na maioria absoluta dos documentos.
O nome das testemunhas é heterografado e, mesmo com o lugar reservado para as
assinaturas ao final, não podem ser confirmados por que quem as registram são os tabeliães
que copiam os documentos, de forma que só é possível recuperar informações mais
idiossincráticas através do original. Os não alfabetizados registravam seu testemunho com
uma cruz, também reproduzidas nos traslados.
A subscrição tabeliônica introduz-se, no L2T e em Portugal, pela fórmula do nome e
intitulação e eu Fulano de Tal publico tabeliam por nosso senhor el rey na dita cidade e seus
termos que esta nota (ou outro tipo documental) escrevy. Quando o sinal vinha aposto,
subscrevia com a intitulação, tipologia e anúncio do sinal, como em e eu Fulano de Tal
publico tabeliam por nosso senhor el rey na dita cidade e seus termos que esta nota (ou outro
tipo documental) escrevy e aqui vai meu sinal que o seguinte hê.
Assim, como em Portugal, em havendo necessidade de entrelinhar uma palavra, ou
fazer qualquer outra emenda, faz-se a ressalva no final, identificando com exatidão o local
(número da regra) e a intervenção feita, além de poder haver o motivo da correção (como
letras apagadas, ilegíveis, ou dificuldades no suporte).
De tudo o que se contrasta entre a produção notarial brasileira e a portuguesa, pode-se
considerar que o maior fator de diferenciação entre as duas documentações é o fato de a
primeira se constituir de traslados autênticos (mas, traslados) e a segunda se constituir de
originais. Mutatis mutandi, é possível fazer associações que aproximam e afastam as duas
práticas, sendo os fatores de uso de latim e descrição minuciosa de ritos e rituais os que mais
aproximam a prática brasileira do medievo, quando Portugal já as tinha abandonado, o que
demonstra que o afastamento da corte e falta de renovação no âmbito notarial e registral
insularam as práticas cartoriais na Bahia colonial, como se registra no L2T.
357

5.2.4 Índice onomástico: agentes jurídico-administrativos da Bahia Colônia em recorte

Na tabela abaixo, se apresentam os nomes de pessoas envolvidas diretamente com a


administração pública, nas demandas registradas no corpus.
A primeira coluna consta das informações dos agentes, tais como nomes e cargos que
acumulou ou desempenhou em momentos distintos que se flagram na documentação. Devido
à grande produtividade de variação grafematico-fonética que se apresentou, optou-se por se
utilizar como entrada a que ocorre com maior frequência. Estão excluídos desta seleção
religiosos e testemunhas que não são agentes notariais, autoridades régias ou funcionários
públicos.
As demais colunas dizem respeito à distribuição das ocorrências no Livro II (L2). As
colunas estão divididas em duas para especificar se a pessoa a que se refere a entrada era autor
(A), imprescindível ao ato de escritura/validação, ou referido (R), citado apenas para
referenciar as circunstâncias da demanda sem lhe conferir sua fé pública.

L2
Agentes
A R
Afonso Garcia Tinoco (juiz, desembargador, corregedor)
Afonso Soares da Fonseca (juiz, desembargador e ouvidor geral) 2
Agostinho de Azevedo Monteiro (juiz, desembargador) 1
Agostinho Gonçalves Pinheiro (meirinho do campo)
Albuquerque (juiz) 1
Albuquerque (tabelião)
Aleixo Lucas (tabelião do público judicial)
Almeida (juiz) 3
Almeida (tabelião)
Álvares (juiz) 1
Álvaro de Araújo (piloto, demarcador) 2
Álvaro Sanches (escrivão da chancelaria e da alfândega, tabelião) 2
Álvaro Teixeira da Fonseca (escrivão), autor 1
Amador Aranha (escrivão)
Amaro Bezerra (capitão, proprietário de cartório) 1
Amaro Siqueira (escrivão da alçada) 1
Ambrósio de Siqueira (desembargador, ouvidor geral)
358

André Cavalo de Carvalho (juiz ordinário) 1


André de Madureira (tabelião, escrivão da câmara) 1 1
André Fernandes do Basto (partidor)
André Leitão de Mello (juiz de fora)
André Machado (escrivão)
André Monteiro (juiz)
Antão Saraiva da Fonseca (partidor)
Antonio Barbosa de Oliveira (tabelião público do judicial e notas) 56
Antonio Barrozo (tabelião)
Antonio Calvo de Moraes (tabelião do público judicial e notas)
Antonio Camello (escrivão da ouvidoria geral, juiz dos órfãos)
Antonio Cardoso de Barros (provedor mor da fazenda) 3
Antonio Cardozo da Silva (tabelião)
Antonio Correa (tabelião) 1
Antonio Correa Sevilha (piloto) 1
Antonio Correa Velho (piloto)
Antonio da Castanheira (juiz ordinário)
Antonio da Rocha Rocha (escrivão do tombo, tabelião) 2
Antonio da Silveira de Faria (escrivão, tabelião de Sergipe) 3
Antonio de Andrade (juiz da freguesia de Santo Amaro e da Pitanga) 1
Antonio de Araújo (medidor do concelho) 2
Antonio de Azevedo Botelho (conservador protonotário apostólico)
Antonio de Brito Correa (tabelião, proprietário de cartório)
Antonio de Lima (assessor de juiz comissário apostólico)
Antonio de Oliveira (escrivão)
Antonio de Sá Costa (meirinho) 2
Antonio de Sá Maia (alcaide) 2
Antonio de Souza Velho (tabelião) 4
Antonio Dias Cassão (tabelião do público judicial e notas)
Antonio do Rego (escrivão da provedoria) 1
Antonio Fernandes Baixo (tabelião)
Antonio Fernandes Negraxo (medidor) 2
Antonio Ferreira Lisboa (proprietário de cartório)
Antonio Freire (piloto)
Antonio Gonçallo Vieira (juiz)
359

Antonio Gonçalves Vieira (tabelião) 1 2


Antonio Guedes (tabelião do público judicial e notas)
Antonio José de Almeida (meirinho do campo) 1
Antonio Lopes Dornelles (partidor)
Antonio Lopes Soares (tabelião)
Antonio Machado de Vasconcelos (meirinho da ouvidoria geral) 6
Antonio Nogueira (escrivão)
Antonio Rabello de Moraes (escrivão) 1
Antonio Rodrigues da Costa (meirinho) 2
Antonio Rodrigues de Macedo (juiz de fora e orfãos)
Antonio Rodrigues Pinheiro (proprietário de cartório, tabelião)
Antonio Sanches Pereira (desembargador) 1
Antonio Soares (tabelião) 1
Aragão (juiz)
Araújo (juiz)
Ayres Tavares (tabelião)
Balthazar de Araújo de Aragão (juiz) 1
Balthazar de Vasconcelos Cavalcante (tabelião, escrivão da alfândega) 3 1
Balthazar Ferraz (desembargador) 2
Balthazar Mendes Bernardes (desembargador, juiz)
Barboza (juiz de fora e orfãos)
Barros (tabelião)
Bartholomeu da Rocha (escrivão)
Belchior da Costa Ledesma (escrivão do eclesiástico)
Belchior de Araújo e Andrade (juiz)
Belchior Dias Caramurú (escrivão da alfândega e provedoria) 2
Belchior dos Reis (tabelião) 1
Belchior Ramires de Carvalho (ouvidor geral)
Belchior Roiz (tabelião)
Belxor Dias Caramarû (escrivão)
Bento de Barros Bezerra (juiz, desembargador, ouvidor)
Bento Pereira de Andrade (escrivão das apelações e agravos) 1
Bernabé do Couto de Lemos (tabelião), referido 2
Bernabé Soares (escrivão dos resíduos) 1
Bernardim Ribeiro (tabelião)
360

Bernardino de Senna e Araújo (tabelião) 1 1


Brás da Costa (escrivão das sesmarias, tabelião, proprietário de cartório) 5 2
Brás Vicente (escrivão de demarcação) 1
Brochado (juiz)
Cadena (tabelião)
Cardozo (juiz)
Chaves (juiz)
Christóvão da Cunha de Sá (juiz ordinário)
Christóvão de Aguiar Daltro (almoxarife dos armazéns) 1
Christóvão de Aragão e Vasconcellos (escrivão da chancelaria)
Christóvão de Burgos de Contreiras (juiz, desembargador) 1
Christóvão de Guimarães (tabelião)
Christóvão Tavares de Moraes (desembargador, juiz do tombo) 2 9
Christóvão Vieira Ravasco (tabelião, escrivão dos órfãos e agravos)
Cosme Pau (escrivão da legacia)
Damião da Rocha (tabelião do público judicial e notas) 1
Damião Soares da Novoa (juiz) 2
Diogo Baracho (escrivão da alfândega) 4
Diogo Bernardes Pimenta (desembargador, ouvidor geral)
Diogo Botelho (governador geral) 3 1
Diogo de Menezes (capitão, governador geral) 5
Diogo de Souza Pereira (tabelião do público judicial e notas)
Diogo Luiz de Oliveira (conselheiro de guerra, capitão, governador geral) 2 2
Diogo Mendes Duro Esmeraldo (desembargador, juiz do tombo) 1 2
Diogo Monis Teles (juiz ordinário)
Diogo Passanha (medidor)
Diogo Pereira de Barros (escrivão dos órfãos) 3
Diogo Ribeiro (escrivão das sesmarias, tabelião) 3
Diogo Toledo da Silveira (tabelião) 1
Dom Afonso (rei de Portugal) 1
Dom Felipe (rei de Portugal) 2
Dom João (rei de Portugal)
Dom Pedro (rei de Portugal)
Domingos Dantas de Araújo (tabelião) 1 1
Domingos de Abreu e Lima (escrivão das execuções da Câmara e do tombo) 1 1
361

Domingos de Andrade (tabelião, escrivão dos órfãos, defuntos e ausentes)


Domingos de Oliveira (escrivão, tabelião do público judicial e notas)
Domingos de Paes (medidor do conselho) 1
Domingos Dias Timbó (tabelião) 1
Domingos Fernandes Torres (juiz) 1 1
Domingos Ferraz de Souza (juiz dos órfãos)
Domingos José Cardozo (juiz de fora) 56
Domingos Mendes (desembargador)
Domingos Monteiro de Sá (escrivão dos agravos, apelações cíveis e crimes) 1
Domingos Netto de Araújo (proprietário de cartório) 1
Domingos Raenol de de Brito (escrivão dos feitos da corôa e fazenda real) 1
Domingues Lopes (demarcador) 2
Duarte de Albuquerque Coelho (capitão, governador de Pernambuco) 3 1
Duarte de Lemos (capitão do Porto Seguro) 1
Duarte Teixeira (escrivão do meirinho)
Egas Monis Barreto (juiz, ouvidor)
Enofre Pinheiro Carvalho (escrivão das sesmarias e tombo) 2
Feliciano de Araújo de Azevedo (juiz dos órfaõs) 1 1
Felício Rodrigues (tabelião)
Felippe Rodrigues (tabelião) 1
Felix da Costa (tabelião) 1
Fernam Váz Freire (chançarel e escrivão da ouvidoria geral) 9
Fernando de Noronha (conde de Linhares)
Fernando Fragoso de Albuquerque (sargento mor) 1
Fernão da Maya Furtado (juiz de órfãos, promotor, desembargador)
Fernão Feijó (proprietário de cartório)
Fernão Jaquis (tabelião)
Fernão Pereira do Lago (juiz ordinário)
Fernão Vás Freire (escrivão da ouvidoria geral, proprietário de cartório)
Ferreira (juiz) 2
Filgueira (juiz) 1
Francisco Álvares Camello (capitão, tabelião, proprietário de cartório) 2 1
Francisco Álvares Távora (tabelião do público judicial e notas) 3 2
Francisco Barboza (escrivão da ouvidoria em Lisboa)
Francisco Barbuda (juiz dos órfãos)
362

Francisco Barradas de Mendonça (desembargador) 1


Francisco Barretto (governador, capitão) 1
Francisco Bicudo (tabelião público do judicial) 1
Francisco Brandão (desembargador, juiz)
Francisco Cardoso (escrivão) 1
Francisco da Costa (porteiro da relação)
Francisco da Costa (porteiro) 1
Francisco da Cunha (juiz ordinario) 1
Francisco da Fonseca (escrivão da vara do meirinho) 2 1
Francisco da Rocha Barbosa (tabelião, escrivão das sesmarias) 1
Francisco de Andrade de Brito (ouvidor de Pernambuco) 3
Francisco de Barbuda (juiz dos órfãos)
Francisco de Castro (escrivão)
Francisco de Couto (escrivão das sesmarias) 6 2
Francisco de Figueiredo (juiz, ouvidor geral)
Francisco de Meireles Barboza (tabelião) 1
Francisco de Moraes (escrivão da provedoria)
Francisco de Sá de Menezes (capitão dos Ilhéus)
Francisco de São Paio (medidor do concelho) 1
Francisco de Siqueira (desembargador)
Francisco de Souza (escrivão) 1
Francisco de Souza (governador geral)
Francisco de Souza de Menezes (escrivão dos agravos) 1 2
Francisco Dinis da Costa (escrivão) 2
Francisco do Brito Sampaio (juiz ordinário)
Francisco do Couto Barreto (tabelião, medidor do conselho) 1 3
Francisco Feio (porteiro) 3
Francisco Fernandes (medidor)
Francisco Ferreira (tabelião) 1
Francisco Freire de Andrade (juiz ordinário)
Francisco Guilherme (tabelião)
Francisco Homem da Cunha (juiz ordinário)
Francisco Machado (escrivão)
Francisco Machado da Silva (piloto) 7
Francisco Peixoto do Canto (tabelião)
363

Francisco Pereira Coutinho (capitão da Bahia)


Francisco Pinto (tabelião, escrivão das apelações) 2 1
Francisco Xavier Pereira Brandão (juiz, provedor das capelas e dos resíduos) 1 1
Gabriel Correa de Bulhões (juiz dos órfãos, provedor mor)
Gabriel Soares de Souza (testador)
Garcia de Ávila (almoxarife) 1 1
Gaspar de Araújo de Góes (juiz)
Gaspar de Oliveira (tabelião) 1
Gaspar Diogo Passanha (medidor)
Gaspar Fernandes (escrivão, tabelião)
Gaspar Maciel Villas Boas (tabelião) 1
Gaspar Pereira (tabelião) 1
Gaspar Ramos (piloto)
Gaspar Velho (escrivão)
Gonçalo Antonio Rios (testador) 1
Gonçalo Martins Pereira (juiz ordinário) 1 2
Gonçalo Pinto de Freitas (escrivão da alfândega) 2 1
Gonçalo Ravasco Cavalcanti e Albuquerque (secretário de Estado e guerra)
Gonçalo Vaz (juiz do limite de Jaguaripe)
Guilherme Gomes da Cruz (tabelião)
Henrique de Valençoela da Silva (tabelião, proprietário de cartório) 4 1
Henrique Gonçalves de Almeida (tabelião do público judicial e notas)
Henriques Baibas (tabelião)
Hiacinto Barreto (tabelião)
Hierônimo de Burgos de Contreiras (vereador, juiz dos órfãos) 5
Hierônimo Pereira (proprietário de cartório)
Ignácio Barboza Machado (juiz de fora e de órfãos) 1 3
Ignacio da Costa Rego (escrivão da ouvidoria geral)
Jacinto Carvalho (escrivão da ouvidoria geral)
Jerônimo Martins (porteiro do conselho)
João Álvares de Almeida Neves (porteiro do concelho) 1 1
João Baptista Carneiro (tabelião do público judicial e notas)
João Barboza Coutinho (escrivão)
João Barboza de Castro (escrivão da Câmara, órfãos, almoçatarias, tabelião) 8 1
João Borges (tabelião) 1
364

João Borges de Barros (desembargador do eclesiástico do arcebispado) 1


João Borges de Escobar (tabelião do público e judicial e notas, escrivão) 1
João Carvalho da Costa (tabelião e escrivão de orfãos e defuntos e ausentes) 2
João Corrêa Arnão (tabelião) 1
João da Costa (escrivão da vara do meirinho da Relação)
João da Costa Ferreira (tabelião) 1
João da Costa Santos (tabelião) 1
Joaõ da Fonseca (capitão mor) 1
João de Figueiredo Soares (inquiridor) 1 1
João de Freitas (tabelião do público judicial e notas, proprietário de ofício) 13 1
João de Freitas Mdra (tabelião)
João de Gois de Araújo (juiz)
João de Matos (escrivão)
João de Mesquita (juiz, desembargador)
João de Useda (juiz ordinário)
João do Couto Barbosa (desembargador, ouvidor geral) 3
João Ferreira da Costa eSão Payo(escrivão interino da junta real da fazenda) 1
João Francisco Lessa (meirinho dos orfãos) 1
João Gois de Araújo (juiz)
João Homem Freire (juiz) 2
João Jacome do Lago (desembargador, ouvidor geral)
João Machado da Motta (ajudante da corda) 4
João Mendes da Fonseca (juiz da Pitanga)
João Nogueira (criado do tabelião Sebastião da Silva)
João Pereira (escrivão) 1
João Pereira Bacellos (escrivão da ouvidoria geral)
João Pereira do Lago (proprietário de cartório) 1
João Ribeiro Tinouco (tabelião, escrivão da câmara e órfãos e almoçataria) 1 1
João Rodrigues de Vasconcelos de Souza (governador) 1
João Rodrigues Romeiro (alcaide mor) 1
João Soares da Fonseca (desembargador, ouvidor geral)
João Soares de Brito (ouvidor comissário)
João Teixeira de Mendonça (escrivão das apelações e agravos) 1 1
João Vannesem (desembargador) 1
João Veloso de Brito (desembargador e ouvidor)
365

Joaquim Correa de Souza (tabelião do público judicial e notas)


Joaquim Tavares de Macedo Silva (tabelião público do judicial e notas) 48
Jorge Coelho Castanho (meirinho da correição)
Jorge da Silva Mascarenhas (desembargador e ouvidor geral)
Jorge de Magalhães (vereador) 1
Jorge Seco de Macedo (chanceler da Relação) 1
José Álvar Quintão (tabelião)
José Bezerra (tabelião) 2
José Caetano Charneca (escrivão) 1
José Coelho Coutinho (escrivão dos órfãos)
José da Costa Correa (desembargador) 1
José da Silva de Melo (medidor da corda) 7
José Ferreira da Silva (tabelião ajudante do público do judicial e notas) 2
José Luiz Moitinho (escrivão da vara dos dízimos reais, ajudante da corda) 1 2
José Rodrigues Pinheiro (tabelião público do judicial e notas) 4 1
José Tavares da Costa (escrivão) 1
José Teixeira Guedes (tabelião) 5
José Valançoela da Silva (tabelião) 2 1
Joseph de Freitas Serrão (juiz)
Joseph de Sá Mendonça (ouvidor geral)
Joseph Pinheiro (juiz)
Joseph Simão de Oliveira (tabelião)
Joseph Teixeira Guedes (tabelião)
Julio Fulco Passanha (escrivão das apelações, proprietário de tabelião) 1
Leandro de Campos (escrivão do meirinho)
Leandro de Castro da Silveira (desembargador) 1
Lourenço Barboza (tabelião do público judicial e notas)
Lourenço Cavalcante e Albuquerque (juiz) 1
Lourenço da Veiga (governador)
Lourenço de Almeida (juiz) 1
Lourenço de Freitas (tabelião do público judicial e notas)
Lourenço Pimenta Pereira (juiz) 1
Luis Alves (tabelião)
Luis Correa de Mello (escrivão) 1
Luis Correa Magalhães (escrivão dos agravos, tabelião) 1
366

Luis de Souza (governador geral) 2 1


Luis Marreiros (tabelião do público judicial e notas em Olinda)
Luis Pereira (juiz das justificações)
Luis Pinheiro (juiz)
Luis Salema de Carvalho (juiz, desembargador)
Luis Távora (tabelião público do judicial e notas)
Luiz Correa de Magalhães (escrivão dos agravos e apelações)
Luiz da Costa (procurador do conselho e câmara de Salvador) 1
Luiz de Carvalho Pinho (escrivão)
Luiz de Sequeira da Gama (juiz, ouvidor geral do cível) 2 2
Luiz de Souza (governador) 1
Luiz Marreiros (tabelião do publico e judicial e notas na Vila de Olinda) 1
Luiz Perreira de Jesus Barreto (escrivão dos órfãos) 2
Luiz Salemo de Carvalho (desembargador) 1
Manoel Afonso da Costa (tabelião do público judicial e notas) 3 1
Manoel Antunes Moreira (escrivão dos agravos)
Manoel Barbosa Aranha (escrivão dos órfaõs) 2
Manoel Camello de Queiroga (escrivão da câmara)
Manoel Correa Barba (tabelião) 1
Manoel da Costa (tabelião) 1 2
Manoel da Costa Bonicho (desembargador) 2
Manoel da Costa Madureira (escrivão) 1
Manoel da Costa Rocha (meirinho)
Manoel da Silva (famaliar do S.to Ofício da Inquisição, notário apostólico)
Manoel da Silva (tabelião do público judicial e notas)
Manoel Dantas Cerqueira (tabelião do público judicial e notas) 1
Manoel de Almeida da Matoso (ouvidor) 1
Manoel de Araújo (escrivão do eclesiástico, juiz)
Manoel de Magalhães (capitão da Lagoa do Sul)
Manoel de Medeiros Furtado (tabelião na Vila de São Francisco) 2
Manoel de Parches Freire (tabelião) 1
Manoel de Paredes (tabelião)
Manoel de Souza Furtado (tabelião e escrivão dos órfãos, defuntos) 1
Manoel de Vargas Cirne (juiz)
Manoel dos Reis Fábio (tabelião) 1
367

Manoel dos Santos Ramos (escrivão da freguesia de N. Sra. do Desterro) 1


Manoel Fernandes Lobo (escrivão dos feitos da fazenda) 1
Manoel Ferreira da Costa (tabelião em São Paulo de Luanda, Angola)
Manoel Ferreira de Figueredo (provedor mor da fazenda e da Santa Casa)
Manoel Freitas (tabelião), autor
Manoel Gonçalves (porteiro), referido 1
Manoel Gonçalves Camanho (medidor e avaliador das obras, arruador)
Manoel Luiz da Costa (tabelião público do judicial e notas), autor
Manoel Marques (piloto do concelho), referido
Manoel Mendes de Vasconcelos (escrivão da fazenda) 1 1
Manoel Nunes Paiva (testador) 1
Manoel Pereira (porteiro da audiência)
Manoel Pereira Franco (desembargador, ouvidor geral) 2
Manoel Ramos Parente (escrivão da provedoria mor)
Manoel Ribeiro de Carvalho (capitão, escrivão dos órfãos, tabelião) 2
Manoel Rodrigues (criado do tabelião Francisco Pinto)
Manoel Teixeira de Carvalho (escrivão da ouvidoria geral e chancelaria) 1
Manoel Teixeira de Mendonça (escrivão da ouvidoria)
Manoel Velho da Rocha (escrivão) 2
Manuel da Costa (tabelião)
Manuel Dantas Sirqueira (tabelião) 1 2
Manuel Ferreira de Figueiredo (provedor mor das fazendas)
Manuel Gonçalves (porteiro)
Manuel Luis da Costa (tabelião do público judicial e notas)
Manuel Ribeiro de Carvalho (escrivão dos órfãos)
Manuel Rodrigues de Siqueira (tabelião) 2
Manuel Teixeira de Carvalho (escrivão da ouvidoria geral do crime)
Manuel Teixeira de Mendonça (escrivão da ouvidoria do cível)
Manuel Telles Barreto (governador geral)
Marcos Coelho (meirinho dos defuntos e órfãos)
Marcos da Costa (juiz) 1
Marcos Velho Gandim (capitão) 1
Martim Afonso Moreira (tabelião)
Martinho Correa de Souza (tabelião)
Martinho de Souza Pereira (escrivão do meirinho do campo) 2
368

Matheus Ribeiro (escrivão dos órfãos)


Matheus Vas de Lessa (escrivão da vintena de Sergipe do Conde)
Mathias Cardozo (tabelião) 2 1
Mathias de Albuquerque (capitão e governador) 1
Mém de Sá (capitão, governador geral)
Miguel Carvalho (tabelião do público judicial e notas de Olinda) 1 1
Miguel Francisco Telles de Menezes (escrivão dos orfãos) 2
Miguel Paiva Dias (meirinho) 4
Miguel Ribeiro (tabelião de notas em Lisboa)
Miguel Telles Barreto (juiz ordinário) 1
Moraes (juiz) 1
Pascoal Teixeira (tabelião) 3 1
Paulo Antunes (escrivão, tabelião público do judicial e notas)
Paulo Correa de Moura (escrivão do juízo de órfãos, tabelião)
Paulo de Souza (tabelião, escrivão da ouvidoria de Olinda) 2 2
Paulo do Rego Borges (partidor)
Pedro Cardozo de Melo (tabelião do público judicial e notas)
Pedro Correia de Brito (escrivão dos órfãos, tabelião dos Ilhéus)
Pedro de Campos Tourinho (capitão e governador)
Pedro de Cascais de Abreu (ouvidor geral)
Pedro de Gois (tabelião de notas em Lisboa)
Pedro de Gouvea de Mello (procurador mor da fazenda)
Pedro Furtado (juiz ordinário)
Pedro Leandro de Andrade (tabelião na Vila do Penedo) 10
Pedro Teixeira Franco (tabelião) 1
Pedro Vas Roxo (juiz)
Pero de Paiva (juiz)
Pero Vieira da Silva (desembargador) 1
Phelipe de Almeida (ouvidor, provedor, juiz da capitania de Sergipe)
Queiroz (tabelião)
Roballo (juiz) 1
Rodrigo da Costa de Almeida (provedor da alfândega, tenente general) 1
Rodrigo Fernandes (tabelião)
Roque Fernandes Riba (porteiro da relação)
Rui Carvalho Pinheiro (escrivão da câmara e dos órfãos)
369

Sebastião Álvares da Fonseca (juiz de fora dos órfãos, do crime e cível) 3 2


Sebastião Carneiro (tabelião) 1 2
Sebastião da Silva (tabelião público do judicial e notas) 2
Sebastião de Andrade (proprietário de cartório)
Sebastião de Araújo (escrivão, tabelião) 1
Sebastião de Guimarães (tabelião)
Sebastião de Macedo (piloto) 1
Sebastião de Macedo Pereira (tabelião)
Sebastião de Torres (escrivão) 1
Sebastião Gonçalves Caminha (ajudante de medição)
Sebastião Parvi de Britto (provedor da fazenda, juiz da alfândega) 2 3
Sebastião Pedrosa (juiz ordinário da Vila de N. Sra. do Rosário)
Silva (juiz) 1
Simão Álvares de Lapenha (provedor mor) 1
Simão de Araújo (escrivão do eclesiástico)
Simão de Araújo (tabelião) 3
Simão Francisco Madris (tabelião)
Simão Francisco Madriz (escrivão) 1
Simão Matheus (porteiro) 5
Simão Mendes Barreto (escrivão) 1 1
Soares (juiz) 1
Soares (tabelião)
Tavares (tabelião)
Thomé da Costa Homem (desembargador) 1 1
Thomé da Silva (porteiro da relação)
Thomé de Aguiar Daltro (tabelião)
Thomé de Souza (capitão de Salvador, governador geral)
Thomé de Souza (governador geral) 3
Valentim da Costa Lemos (desembargador) 1
Vasco Fernandes Cesar (VI rei do Brasil) 1
Ventura de Frias Salazar (juiz) 1
Veríssimo Manoel Roballo Freire (tabelião) 1
370

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por tudo que fora feito e apresentado até então, fica patente que o estudioso da cultura,
via escrita, deve se aproximar do máximo possível de informações das mais variadas
naturezas: um dia elas ser-lhes-ão úteis. Por isso ele não pode deixar de dialogar com outras
disciplinas que analisam o texto e a língua através de diferentes perspectivas, pois,

A edição de textos, principalmente dos manuscritos antigos, caracteriza-se como


uma operação extremamente importante ao seu perfeito entendimento ou à sua
interpretação filológica, com a finalidade de estabelecer um texto autêntico,
facilitando a sua leitura ao leitor especializado e/ou comum. Editar é, dentre outros
aspectos, tornar acessível um texto, que servirá de canal para algum estudo ou
simplesmente para o conhecimento de determinado momento histórico (SOBRAL,
2006, p. 20).

O homem não conseguiria perenizar tudo o que viveu, nem seus antepassados o
fariam. A escrita é, então, um dos modos mais eficazes de auxílio à memória individual e
coletiva, permitindo-se contar e recontar a história sob diferentes perspectivas sociais, já que o
scriptor deixa em cada registro suas marcas subjetivas e enquanto membro de uma
comunidade. Daí, o L2T ser considerado monumento-documento (mesmo sendo cópias
autenticadas e, por isso, fragmentos), pois registram fatos diversos do Brasil Colônia,
sobretudo na Bahia, com um intuito documental (mais especificamente jurídico) e acabam por
constituir um monumento, uma vez que se vislumbra, também, a historicidade do processo.

Muitos desses fragmentos, utilizados entre os séculos XVI e XIX, como capas de
livros de contabilidade e de gestão por párocos, notários e outros amanuenses de
instituições administrativas públicas ou privadas, constituem, hoje em dia, um
relevante testemunho material de obras desaparecidas ou mesmo desconhecidas.
(GOMES; REBELLO, 2006, p. 66)

O presente estudo propicia mais uma possibilidade para que o pesquisador, em


especial o filólogo, atente para o uso de indicadores aparentes (suporte, escrita, língua, etc.)
como pontes para o seu objetivo: o referente textual. Filólogo seria, então, aquele que busca
conhecimentos vários a fim de conhecer o texto da forma mais ampla possível e foi isso que
se intentou fazer com a documentação ora analisada através das edições propostas.
A pesquisa, cujos resultados foram aqui apresentados, assim como todos os demais
trabalhos realizados pelo GPMSBB, teve como objetivo principal tirar do anonimato
documentos que trazem traços linguísticos, históricos, jurídicos, genealógicos, dentre outros,
oferecendo um fundo documental que conta com matéria textual resultante de lição
371

conservadora e que, portanto, serve a profissionais das mais diversas áreas. Isto mostra o quão
diverso um objeto pode se mostrar; escavação e edição estariam, então, em relação de
similitude.
Para além da edição, as análises feitas, ainda que possam ser consideradas como
introitos, apontam para o mesmo sentido: a adoção do sistema notarial português no Brasil,
refletido no fazer diplomático que documenta o nascente direito brasileiro no tocante a
autores, testemunhas, agentes e outras pessoas, lugares e coisas que compõem um cenário
setorizado da Colônia Portuguesa e, sobretudo, a língua (melhor dizendo, estados de língua)
flagrada em mais de uma centena de camadas textuais citadas que formam um mosaico. O
foco principal não está em se trazer o direito àquela época, propriamente, mas os recursos
linguísticos e diplomáticos utilizados pelos scriptores ao longo de quase quatro séculos,
reunindo transcrições, propondo edições, elaborando índice e glossário, a fim de tentar
minimizar o ruído do tempo que existe entre as fontes e o leitor, bem como se esforçar para
penetrar o epistema dos textos.
Assim, nesta seção não se apresentarão conclusões fechadas, mas recapitulações e
algumas pistas para possíveis estudos futuros. São elas:
a) Os dados para esta tese foram recolhidos em 1 volume dos livros de tombo do
Mosteiro de São Bento da Bahia, que perfaz 66 documentos e 156 fólios escritos. Soma-se ao
corpus o Regimento de 1548, com 9 fólios. O Regimento do Governador não foi encontrado
até o final do cronograma desta pesquisa, deixando-se esta informação para estudos futuros;
b) Esforçou-se por uma aproximação espacial e temporal do fazer notarial na Bahia
Colônia, entre os séculos XVI e XIX, tendo como documento-monumento, o Regimento de
1548;
c) Em relação aos locais onde se lavraram os atos, há predominância da Cidade de
Salvador, mas há número considerável de localidades (cidades, vilas e freguesias) de outras
capitanias, sobretudo, em Pernambuco;
d) No que diz respeito à tipologia diplomática, as autenticações de traslados, autos de
demarcação, autos de posse, cartas de sesmaria, cédulas de testamento, cartas de doação,
instrumentos de aforamento, petições, procurações e escrituras de venda são os mais
produtivos, alcançando, juntos, mais de 50% de ocorrências;
e) Verificaram-se mudanças de fórmulas diplomáticas no preâmbulo, sobretudo na
invocação e intitulação. Para o texto não há fórmula, mas as segmentações das citações
variam entre os tabeliães dos volumes trasladados, sendo, portanto, o modus scribendi o da
372

última mão e não necessariamente das anteriores. De todas as partes, a que menos variou foi o
protocolo final ou escatocolo;
f) No âmbito histórico-jurídico, pôde-se contemplar o início da jurisprudência
brasileira, com o auxílio do Regimento, que serviu como fonte de citação para doações
(apenas dois documentos atinentes à sesmaria, assunto em que se obrigava a citação, não a
citam), mas que não evitou que a burocracia e a morosidade fossem reincidentes na época
colonial brasileira, que remonta às práticas medievais portuguesas, insuladas num novo
mundo desprovido de estrutura semelhante à europeia. Tal descompensação pode se verificar
até mesmo nos dias atuais, mutatis mutandi.
Os aspectos que emergiram dos textos, os quais se resumiram nesta seção, são apenas
alguns poucos em face ao potencial que a documentação apresenta. A maior questão que foi
se repetindo ao longo do doutoramento foi a de como os originais dos documentos citados
enriqueceriam este levantamento com sinais rasos e públicos, assinaturas, marginálias, etc.,
uma vez que estes são traslados? Mesmo que autênticas, estas camadas textuais acabam por
ficar uniformizadas pelo tabelião mais emergente, o que apaga as idiossincrasias no âmbito
paleográfico e de validação diplomática. E ainda mais: é possível que estes originais existam?
Os arquivos brasileiros e portugueses (já que há documentos cujas demandas se passaram em
Portugal, sobretudo no Porto e em Lisboa) salvaguardam estas fontes?
Estas são algumas perguntas que podem dar fôlego a outras pesquisas, entendendo que
as mesmas ultrapassam os limites desta tese, que buscou apresentar documentação que seja
proveitosa a estudos de Diplomática, História e Direito no Brasil, correlacionando a prática
notarial colonial à ainda medievalizante prática portuguesa, que aqui se instalou e ficou
insulada, sem sólido movimento centrífugo ou centrípeto, após o Regimento de 1548.
Resultou-se disso que enquanto em Portugal se ventilava o tabelionado, em terras brasis estar
à moda do se havia prescrito desde a chegada de Thomé de Souza (1549) era o preconizado,
medievalizando, portanto, o fazer notarial, o que se verifica desde a forma (língua, formulae)
até o conteúdo veiculado pelo fundo documental que se dar a acessar com esta pesquisa.
373

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SANZ, Don Antonio Pérez. El notario y la sociedad. Revista Internacional del Notariado,
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380

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XIMENES. Expedito Eloísio. Autos de querella e denúncia...: edição de documentos judiciais


do século XIX no Ceará para estudos filológicos. Fortaleza: LCR, 2006.
381

APÊNDICE
Glossário de termos da esfera jurídico-administrativa da Bahia Colônia em recorte

Para este glossário, selecionaram-se 97 vocábulos ou locuções recorrentes nos


documentos dos livros aqui analisados, consultando dicionários da área jurídica e outros
trabalhos de cunho lexigográfico para construção dos verbetes, dentre os quais destacam-se
Bluteau (1719), Ximenes (2009), Paula (2007) e Nucci (2011). Cada entrada apresenta a
seguinte estrutura, resumidamente: termo (em negrito), classe gramatical e gênero
(abreviados), acepção. Após a acepção apresentada podem constar da etimologia e de
complementos, precedidos de til, aos quais a entrada se adjunge no corpus.

AA: abrev. Autores.

Abertura de testamento: s. f. Documento em que se registra a exposição de conteúdo de


testamento cerrado (com ciência restrita ao testador), apenas após o falecimento, em audiência
pública.

Ação sumária de exhibendo: s. f. Ação constituída rapidamente para que não se detivesse
(indevidamente) um homem livre, ação privilegiada denominada (interdictum de libero
homine exhibendo).

Acórdão: s. m. De acordam, ou seja, concordam (3a p. p. presente do indicativo de acordar);


decisão proferida em grau de recurso por tribunal coletivo e superior.

Aforamento: s. m. O mesmo que enfiteuse; contrato pelo qual o proprietário de imóvel


transfere seu domínio útil e perpétuo, mediante o pagamento de um foro anual, valor certo e
invariável.

Agravo: s. m. Recurso cabível das decisões proferidas no curso do processo, contra uma
presumida injustiça.

Ajudante de corda: s. m. Auxiliar do agrimensor oficial, cuja tarefa principal era esticar a
corda a fim de se procederem às medições.

Ajudante de medição: s. m. Integrante de comitiva agrimensória, auxiliar do medidor,


fincando estacas, marcos e balizas.

Alcaide: s. m. Autoridade que governa uma praça, um castelo, uma fortaleza ou uma
província.42

42
No período colonial os alcaides eram funcionários que guardavam as cidades de dia e de noite. O alcaide era
acompanhado por um tabelião ou escrivão de alcaidaria para registrar o que ele fizesse ou as coisas que
encontrasse. O alcaide poderia fazer prisões em flagrante delito ou flagrante malefício. Á fora o flagra, só
poderia prender com mandado por escrito do juiz. Na ausência do juiz na localidade, poderia efetuar prisões em
382

Almoxarife: s. m. Encarregado da organização do almoxarifado, recebendo, conferindo,


estocando, devolvendo, despachando requisições, disponibilizando relatórios para compras e
reposições, atuando para que os materiais necessários à produção estejam disponíveis para
uso.

Alvará: s. m. Documento que uma autoridade judicial ou administrativa passa a favor de um


interessado, seja de interesse público ou particular, certificando, autorizando ou aprovando
certos atos ou direitos. Do árabe al-barã, carta, cédula.

Aprovação de testamento: s. f. Registro da escritura de um testamento, lançado em livro


contendo a anotação do lugar, dia, mês e ano em que o testamento cerrado está sendo
aprovado e entregue.

Arruador: s. m. Pessoa que cuida do alinhamento das construções, mede terrenos.

Autenticação da escritura: s. f. Ato que consiste no reconhecimento, pelo tabelião, de um


documento como sendo autêntico ou verdadeiro. Em latim, publica fide confirmare. ~de
escritura, ~de procuração, ~de traslado de procuração, ~de traslado da escritura de transação,
~de traslado de termo de outorga.

Auto de partilha: s. m. Termo no qual se discriminam os bens da herança e seus respectivos


herdeiros, formalizando a partilha mediante homologação judicial.

Auto: s. m. Peça escrita por oficial público que contém a narração formal, circunstanciada e
autêntica de determinados atos judiciais ou de processos. Do latim actu. ~de demarcação, ~de
posse.

Bens de raiz: s. m. Propriedades territoriais de qualquer natureza, prédios rústicos ou


urbanos.

Cabedal: s. m. O conjunto dos bens livres e desobrigados que formam o capital de alguém.

Capitão mor: s. m. Autoridade que governa uma capitania subalterna, tendo alçada civil e
criminal.

Capitão: s. m. Militar escolhido pela Câmara para os serviços de El Rey, comandando


armadas, fazendo exercitar pessoas a cavalo e defendendo a terra.

Carta de arrematação: s. f. Documento pelo qual o próprio credor, ou um terceiro, adquire


bem penhorado, na execução.

algum conflito, mediante o requerimento por pessoa ou lhe era mostrada querela com sumário obrigatório. Após
o toque de recolher, poderiam prender pessoas que estivessem ou não com armas proibidas. Os homens
auxiliares do alcaide juntavam-se em casa deste ao toque da Ave-Maria, e também o escrivão, e combinavam os
meios de vigiar a cidade. Quando prendiam alguém eram obrigados a dizer ao carcereiro o motivo da prisão,
para que soubesse a quem podia requerer o livramento.
383

Carta de data: s. f. Documento dado por uma autoridade colonial (rei, governador ou
capitão) que garantia a cessão de determinada porção de terra a uma pessoa, chamada de
sesmeiro. Também chamada de data de sesmaria.

Carta de doação: s. f. Documento da Coroa Portuguesa pelo qual fazia a concessão de uma
capitania a um capitão donatário. Esse documento estabelecia os limites geográficos da
capitania e proibia o comércio das suas terras, aceitando a transferência territorial apenas por
hereditariedade, regulamentava os limites das capitanias e dava jurisdição civil e criminal
sobre a área da capitania.

Carta de emancipação: s. f. Documento que garante ao indivíduo menor de idade,


autonomia legal para decidir determinadas situações ou agir sem autorização prévia dos seus
representantes oficiais. 43

Carta de sentença: s. f. É um conjunto de documentos extraído dos autos de um processo, o


qual é usado na a execução da sentença. ~de composição, ~ segunda via.

Carta de sesmaria: s. f. Registro de posse dada por governador geral ou pelo próprio rei,
apresentando o requerimento do favorecido, informando seus limites e vizinhos e, sobretudo,
seus deveres.

Cartório: s. m. Local particular onde um serventuário da justiça exerce o seu ofício e no qual
são guardados livros, documentos, processos importantes, quer sejam particulares ou oficiais.

Certidão: s. f. Documento passado por funcionário que tem fé pública (escrivão, tabelião
etc.), no qual se reproduzem peças processuais, escritos constantes de suas notas, ou se
certificam atos e fatos que eles conheçam em razão do ofício. ~de arruação. ~ de folha de
partilha. ~de carta de sesmaria. ~de conservatória. ~de cumprimento de sentença. ~de
escritura de doação. ~de testamento. ~de verba de testamento. ~auto de demarcação. ~de
autenticação.

Chanceler: s. m. Funcionário que ocupava o segundo cargo em importância dentro da


organização administrativa e judicial brasileira, podendo, inclusive, substituir o governador
em sua ausência. Chançarel.

Citação: s. f. Intimação judicial, feita no início de qualquer causa, emanada de um juiz


competente, a alguém, em prazo fixado, para que compareça perante uma autoridade
judiciária com a finalidade de ser ouvida em negócio de seu interesse ou responder à ação que
lhe é imputada, ou de se pronunciar, positiva ou negativamente, acerca de tal intimação.

Cláusula derrogatória: s. f. Cláusula em que se revoga parcialmente uma lei por outra.

43
No Brasil Colônia, sob a vigência das Ordenações Filipinas, a imputabilidade penal iniciava-se aos
sete anos, eximindo-se o menor da pena de morte e concedendo-lhe redução da pena, esta sempre
proferida em público. Entre dezessete e vinte e um anos havia um sistema de "jovem adulto", o qual
poderia até mesmo ser condenado à morte, mas ainda com redução de pena em algumas situações. A
imputabilidade penal plena ficava para os maiores de vinte e um anos, a quem se cominava, inclusive,
a pena de morte para certos delitos. (SOARES, 2003, p. 2).
384

Codicilo: s. m. Declaração de última vontade, ditada à pessoa capaz de testar, geralmente um


tabelião, quanto a seu enterro, distribuição de pequenas esmolas, roupas, joias e móveis de sua
propriedade, nomeação de novos testamenteiros. Pequeno código.

Conclusão dos autos: s. f. Entrega ou remessa de um processo ao juiz, para que esse lavre
nele despacho ou sentença.

Conservador protonotário apostólico: s. m. Membro, de honra ou não, da Cúria Romana.


Na Roma antiga havia sete regiões notariais. Com o desenvolvimento da administração
pontifícia, essas sete se tornaram os palácios notários da chancelaria papal.

Corregedor: s. m. Magistrado administrativo e judicial que representava a Coroa,


competindo-lhe fiscalizar a aplicação da justiça e a administração dos diversos concelhos da
sua comarca. A sua ação era conhecida por correição, termo que, por extensão, também se
aplicava às próprias comarcas.

Correição: s. f. Função administrativa, na qual o corregedor de justiça visita e inspeciona as


comarcas e os cartórios de ofício público de sua jurisdição, corrigindo seus erros,
irregularidades, omissões, abusos, negligências por ventura encontrados, como também faltas
das autoridades judiciárias inferiores e seus auxiliares. Do latim correctione.

Criado de tabelião: s. m. Aprendiz de tabelião que se prepara para futura substituição.

Custas: s. f. pl. Despesas regulamentadas por normas, feitas com a promoção ou realização
de atos forenses, processuais. Diferem-se as que são atinentes aos registros públicos e as que
são contra a parte derrotada na ação judicial.

Dar fé a documentos: exp. Assegurar que a documentação processual seja verdadeira e que
seu conteúdo seja devidamente autenticado.

Dar posse: exp. Conceder o poder de dispor fisicamente de algo, com ânimo de considerá-la
sua e defendê-la contra a intervenção de outrem.

Demarcador: s. m. Funcionário integrante da comitiva agrimensória, auxiliando o piloto e o


meirinho nas confrontações demarcatórias.

Desembargador: s. m. Juiz que removia os embargos que impediam as petições de chegarem


ao rei, auxiliando na apreciação de tais petições ou súplicas. ~desembargador da relação
eclesiástica do arcebispado.

Despacho: s. m. Anotação lançada por uma autoridade, pedindo, requerendo, deferindo ou


indeferindo alguma coisa. ~de petição inicial.

Distrito: s. m. Área de uma determinada jurisdição, administrativa, judicial ou fiscal.

Doação inter vivos: s. f. Ato pelo qual uma pessoa, ainda em vida, renuncia, a partir de data
predeterminada, de uma coisa, seja ela qual for, em favor de outra, donatário.
385

Doação: s. f. Contrato pelo qual uma pessoa, por livre e espontânea vontade, transfere bens
de seu patrimônio a outrem.

Dote: s. m. Bens, que, no casamento, a mulher ou seus ascendentes transferem ao marido,


para que estes, com os frutos rentáveis que propiciarem, ajudem na manutenção do lar que
está sendo formado, sob a cláusula de restituição se houver dissolução da sociedade conjugal.

Escritura: s. f. Documento autêntico de um contrato, feito por um oficial público em cartório,


que estabelece o que ficou tratado entre duas ou mais pessoas. ~de aforamento. ~de
aforamento em fatiote. ~de composição. ~de débito. ~de destrato. ~de obrigação. ~de
transação. ~de doação. ~de posse. ~de transação. ~de venda. ~de venda e quitação. ~de venda
e retificação.

Escrivão: s. m. Oficial público que tem a função de registrar todos os atos de um processo ou
determinados pela autoridade a quem serve. 44 ~da câmara. ~da alçada. ~da alfândega. ~da
almotaceria. da chancelaria. ~da legacia. ~da ouvidoria geral. ~da provedoria. ~da provedoria
mor das fazendas dos defuntos e ausentes. ~da vara do meirinho. ~da vara dos dízimos reais.
~da vintena. ~das apelações. ~das conservatórias das religiões. ~das sesmarias. ~de
demarcação. ~do eclesiástico. ~do meirinho da correição. ~do tombo. ~dos agravos e
apelações. ~dos feitos da Coroa e da fazenda real. ~dos órfãos, defuntos e ausentes. ~dos
resíduos. ~interino da junta real da fazenda.

Ex officio: exp. Locução que autoriza o órgão competente a agir oficialmente, por
determinação legal, em razão do ofício, independentemente de aprovação de alguém.

Familiar do Santo Ofício da Inquisição: s. m. Integrantes e dependente do Santo Ofício. No


caso português, os Familiares aparecem antes do próprio estabelecimento da Inquisição
(1536), designados nas Ordenações Afonsinas (1446-1447) como meirinhos ou alcaides. As
principais funções dos Familiares eram ligadas à máquina policial do Santo Ofício, cabendo-
lhes executar as prisões de suspeitos de heresia, sequestrar os bens dos condenados, nos
crimes em que coubesse confisco, e efetuar diligências a mando dos inquisidores. Havia ainda
Familiares médicos, que examinavam os presos e avaliavam sua resistência à tortura.

Fé pública: s. f. Juízo fundado sobre indícios ou princípio de provas, que comprovem a


autenticidade, verdade ou legitimidade de ato proveniente de uma autoridade ou de
funcionário, que, no exercício de suas funções, tenha autorização para tal.

44
No período colonial havia vários tipos de escrivão que ocupavam todas as instância da administração pública,
como escrivão de ouvidoria, escrivão de correição, escrivão do alcaide etc. Graças a ação desses funcionários
podemos ter acesso aos textos, pois eram os pouco com domínio da escrita naquele momento histórico, já que a
maioria da população era analfabeta. Muitos deles eram portugueses ou descendentes próximos, como também
eram de famílias ilustres e protegidos pelos administradores, conforme o que podemos constatar.
386

Folha de partilha: s. f. Peça autêntica dos autos de inventário que estabelece direitos
atribuídos legalmente aos herdeiros, dando-lhes, formalmente, posse dos quinhões de
conformidade com a carta testamento.

Governador geral: s. m. Funcionário administrativo supremo da colônia, às vezes com


competências de um vice-rei.

Instrumento: s. m. Ver termo, escritura.

Inventário de bens: s. m. Procedimento destinado a relacionar, avaliar e partilhar os bens das


pessoas falecidas entre seus herdeiros ou legatários.

Juiz comissário apostólico: s. m. Juiz encarregado de processos, em princípio,


temporariamente, relativos a questões religiosas.

Juiz da alfândega: s. m. Juiz encarregado de processos relativos à importação e exportação,


além de fiscalização de mercadorias.

Juiz de fora: s. m. Juiz vindo de fora da localidade, nomeado pelo rei ou outra autoridade
executiva, e que servia como administrador da justiça e/ou presidente da câmara da vila.
Opunha-se ao juiz eleito ordinariamente.

Juiz de vintena: s. m. Juiz responsável pela administração das pequenas localidades mais
afastadas com população entre vinte e cinquenta habitantes e que não constituíam um
município.45

Juiz do tombo: s. m. Juiz encarregado de processos relativos às transações de bens móveis e


imóveis.

Juiz dos órfãos e ausentes: s. m. Juiz encarregado de processos relativos a demandas


envolvendo órfãos, falecidos e ausentes.

Juiz ordinário:s. m. Juiz eleito anualmente pelo povo e câmeras das vilas que exercia a
presidência dessas, domiciliado e estabelecido onde atuava.

Laudêmio: s. m. Prêmio ou compensação que o foreiro paga ao senhorio direto quando há


alienação do respectivo prédio enfiteuta.

Libelo: s. m. Acusação documentada contra alguém de ato criminoso e suas circunstâncias.

45
Vintena designa o lugar ou povoado de vinte vizinhos ou de vinte casais. O juiz vinteneiro ou de vintena era
provido na jurisdição de uma aldeia ou povoado que tem vinte casais.
387

Mandado de citação: s. m. Documento redigido por autoridade competente, judicial ou


administrativa, pelo qual o réu ou o interessado é chamado a juízo, através do oficial de
justiça, ou pessoa indicada pela autoridade, com a finalidade de sua defesa pessoal.

Meirinho: s. m. Autoridade do antigo direito judiciário que exercia o poder de oficial de


justiça, podia também citar, promover penhora, executar ou cumprir quaisquer mandados de
judiciais. ~da correição. ~do campo. ~dos órfãos. ~do concelho.

Notário: s. m. Tabelião de notas, que, observando as normas jurídicas e as do Direito


respectivo, lavra, nos seus livros de notas, os atos, contratos e instrumentos, quando isso é
solicitado pela pessoa interessada.

Notificação: s. f. Procedimento de caráter preventivo, para manifestar formalmente uma


vontade e prevenir responsabilidades, eliminar a possibilidade de alegação futura e
ignorância.

Ofício: s. m. Função pública exercida por serventuário exclusivo do judiciário; a obrigação, a


função. Cartório.

Outorga: s. f. Ato de atribuir ou conceder; dar bens, direitos, títulos, entre outros. Assumir ou
declarar em contrato privado ou em escritura pública. Do latim auctoricare.

Ouvidor comissário: s. m. Autoridade instituída para ouvir as demandas e encaminhá-las a


resoluções de um determinado caso, normalmente de repercussão.

Ouvidor geral: s. m. Autoridade instituída juntamente com o Governo Geral em 1548, para
auxiliar o governador na administração do Brasil, ouvindo as demandas.

Petição: s. f. É toda declaração de vontade fundamentada, pela qual alguém se dirige ao juiz
para entrega de determinada prestação jurisdicional, devendo, ou não, ser citada a outra parte.
Poderão as partes exigir recibo de petição, arrazoados, papéis e documentos que entregarem
em cartório. ~com despacho. ~do agravo e acordão.

Piloto: s. m. Funcionário encarregado de medir e demarcar terras, coordenar o arruamento da


povoação, levantar censos populacionais e denúncias de invasões territoriais.

Porteiro: s. m. Funcionário do âmbito jurídico responsável por informar às testemunhas de


abertura e encerramento de sessão e apregoar citações e reconhecer partes e testemunhas em
audiências. ~de audiência. ~do conselho.

Praça: s. f. Venda judicial de bens imóveis. Os trâmites eram inicialmente feitos em praças
públicas.
388

Procuração: s. f. Instrumento por meio do qual a pessoa física ou jurídica outorga poderes a
outra.

Provedor: s. m. Encarregado de matérias de finanças, tendo que verificar livros, cuidar de


arrendamentos reais, tomar contas de almoxarifes e recebedores. ~mor. ~mor das fazendas.
~das capelas e dos resíduos.

Público notário apostólico: s. m. Aquele que recebe e expede atos e instrumentos públicos
em matéria espiritual.

Quitação: s. f. Documento escrito por meio do qual o credor declara ter recebido o resgate
feito pelo devedor de sua dívida, desobrigando-o do compromisso assumido.

Reconhecimento: s. m. Documento que registra o ato (ou omissão) realizado por alguém.
Geralmente relaciona-se à identificação de letras e sinais de tabeliães e escrivães,
certificando-as como dos escreventes. ~do traslado da procuração.

Regimento: s. m. Conjunto de regras estabelecidas por um grupo para regulamentar o seu


funcionamento. Podendo ser usado em diversas atividades, nos mais variados campos, seja do
Poder Público, seja na iniciativa privada, tem uma importância bastante destacada nos
tribunais. O Regimento de 1548, trazido por Thomé de Souza para o Brasil previa medidas
legislativas, administrativas e fiscalizadoras, a fim de viabilizar a instituição e manutenção do
governo geral.

Registro: s. m. Assentamento, em livro próprio, de ato jurídico praticado ou de documento


passado.

Relação: s. f. Nome dado à formação nuclear jurídica da época colonial, constituída de três
desembargadores dos agravos e apelações, dois desembargadores extravagantes, um juiz dos
feitos da Coroa, da Fazenda e do Fisco, um provedor dos defuntos e resíduos, um ouvidor-
geral do cível e do crime e um chanceler. Finalmente, havia entre os magistrados um
procurador da Coroa, que acumulava também as funções de procurador da Fazenda e a
promotoria.

Sargento mor: s. m. Autoridade militar superior, escolhido pelo governador da capitania.

Sentença: s. f. Ditame, expressão, frase ou mesmo uma palavra que resume ou caracteriza um
pensamento moral ou um julgamento de profundo alcance. ~ da legacia. ~de emenda de
partilhas. ~de folha de partilha. ~de habilitação de causa cível. ~de licença para venda. ~de
reformação e publicação. ~do ouvidor geral
389

Tabelião: s. m. Serventuário de fé pública, cuja função é lavrar escrituras, contratos e


documentos jurídicos, registrando-os respectivamente em livros especiais, dos quais os
traslada, quando solicitado, autenticando-os e reconhecendo sinais e assinaturas respectivas.

Tabelião do público judicial e notas: s. m. tabelião encarregado de escrever em todos os


processos, lavrar autos, tirar inquirições, fazer inventários de ausentes, ou de pessoas que
falecessem sem herdeiros, ou de pessoas incapazes, onde não houvesse escrivão de órfãos,
escrever autos de execução, tomar posse de bens, penhores, arrematações.

Tenente general: s. m. Oficial general que exercia a função de segundo comandante de um


governador das armas de uma província ou de um general de um exército em operações.
Mestre de campo general.

Termo: s. m. Extremidade, limite, alcance máximo de algo. Declaração escrita nos autos. Ato
pelo qual o notário registra por escrito: uma convenção das partes, a confirmação categórica
de outrem, devendo esta produzir certos efeitos de direito. ~de abertura. ~de aforamento. ~de
amigável composição. ~de arrematação e venda. ~de arruação. ~de demarcação. ~de
desistência e composição. ~de dívida. ~de doação. ~de encerramento. ~de medição. ~de
outorga e retificação. ~de posse. ~de publicação da sentença. ~de quitação e arrematação.

Terras devolutas: s. f. pl. Terras vagas, não aproveitadas, que podem ser alienadas ou
concedidas a particulares.

Testamento: s. m. Ato revogável pelo qual alguém dispõe, no todo ou em parte, de seu
patrimônio, para depois de sua morte.

Traslado: s. m. Cópia de registro, fiel e exata quando comparada com o documento original.
É feita pelo escrivão ou o próprio tabelião, sendo que a matriz é trasladada nos autos do
processo ou no livro do tabelião. O primeiro traslado de um documento é designado escritura
autêntica e os seguintes são identificados como certidões. É também conhecido como
apógrafo. ~ de carta de sesmaria. ~de escritura de débito. ~de escritura de venda. ~de escritura
de venda e quitação. ~de instrumento de venda e aforamento. ~de instrumento de doação. ~de
instrumento de transação amigável. ~de testamento. ~de traslado de carta de sesmaria. ~de
traslado de escritura de débito. ~de verba de testamento. ~de auto de posse. ~do traslado do
traslado de carta de sesmaria. ~dos documentos.

Vara: s. f. Repartição judiciária e penal; jurisdição; cargo de juiz.

Verba: s. f. Cada uma das cláusulas ou dos artigos, condições ou disposições mencionadas
em um documento escritura; comentário, esclarecimento, ponderação. Transcrição de trecho
de documento. ~de testamento.

Vereador: s. m. ―Homem bom‖, grande proprietário de terra, com a incumbência de controlar


as rendas e gastos da administração pública do local, regulamentar as atividades comerciais
desenvolvidas nos arredores da cidade, cuidar da preservação e limpeza de todo o patrimônio
público e empreender a realização de obras públicas.
390

Vício: s. m. Qualquer falha que corrompe o ato jurídico, tornando-o nulo ou anulável. Pode
ser: sanável, quando, não afetando a validade do ato, pode ser modificado por ato posterior;
insanável, quando, por afetar a legalidade do ato, torna o mesmo nulo, não podendo ser
modificado por nenhum ato.

Vista dos autos: s. m. Recebimento dos autos de um processo em que lhe cabe falar ou tomar
ciência do que ele contém. Os autos têm de ser vistos no próprio tribunal.

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