Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

803 • 1,30€ • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

MICHEL MORANGE

Custos com
pessoal na TAP
dispararam
250 milhões
Aumento de passageiros
e de rotas acompanhado
de subida de 72% nos custos
de pessoal em três anos p27

Governo instala
três secretarias
de Estado
fora de Lisboa
Florestas Äcam em Castelo
Branco, Valorização do
Interior em Bragança e
Acção Social na Guarda p16

PSuperior
leva jornalismo
a estudantes
universitários
Projecto que junta PÚBLICO
e empresas para promover a
leitura de jornais vai ser hoje
apresentado em Lisboa p22/23

JOSÉ Monteiro em
MÁRIO luta pela vitória
do “pensamento

BRANCO conservador”
Ex-líder do CDS defende em
entrevista que o partido não

1942-2019
pode ter “medo” de redeÄnir
o seu ideário p14/15

Cantor, arranjador, HOJE A Grande Arte

produtor, marcou mais no Cinema
de uma geração com a Michelangelo — Infinito
sua arte. Morreu ontem (8.º DVD)
aos 77 anos
Por +
Destaque, 2 a 7
9,50€
ISNN-0872-1548

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2 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
DESTAQUE
JOSÉ MÁRIO BRANCO
1942-2019
Um gigante
que se
foi da lei
da morte
libertando
Cantor, compositor, arranjador, produtor,
José Mário Branco marcou mais do que
uma geração com a sua imensa
capacidade de elevar a música aos
patamares mais altos da arte. Morreu
subitamente aos 77 anos, quando ainda
teria muito para dar às causas que tanto
amou. O velório realiza-se a partir das
17h de hoje no salão nobre d’A Voz do
Operário, em Lisboa, e o funeral segue
amanhã, às 17h30, para o cemitério
do Alto de São João
Obituário
Nuno Pacheco
N
uma das muitas canções
que escreveu, Amor gigante,
José Mário Branco
descobriu certo dia um
novo sentido, ao gravá-la.
Escrita para a peça Gulliver,
do grupo de teatro A Barraca, ele
viu na paixoneta de Gulliver por
uma menina do país dos gigantes,
retratada em Amor gigante, a
relação dele próprio com a música e
também com a utopia, “essa
revolução a que todos aspiramos e
que não se sabe bem o que é”. Era
ele o “pequenito amante” e a
menina gigante era a música. Só que
as muitas vozes que agora se ouvem
a lembrá-lo, a sua vida, a sua obra,
indicam algo diferente: o
“pequenito amante” na verdade
agigantou-se, namorou a música e
fez-nos a todos mais felizes.
Até que, sem que ninguém o
esperasse, o homem que de uma
sigla de três letras (FMI) fez um dia
um manifesto ímpar, acabou por
ser apanhado a meio da noite por
outra sigla de três letras (AVC) que
traiçoeiramente o levou. José
Mário Branco morreu na noite de
18 para 19 de Novembro,
privando-nos da sua companhia,
mas deixando uma herança de
valor incalculável: a sua música.
De uma “viola meio partida”
Filho de professores primários,
nascido José Mário Monteiro
Guedes Branco, no Porto, em 25 de
Maio de 1942, o seu percurso de
vida foi já retratado (além das
inúmeras entrevistas que deu) no
livro O Canto da Inquietação, de
Octávio Fonseca Silva (MC, 2000), e
no documentário Mudar de Vida, já
editado em DVD (Alambique, 2014).
Estudou música desde criança
(piano e violino), frequentou a
escola Parnaso (onde também
estudou orquestração e
etnomusicologia) e integrou grupos
corais amadores, enquanto passava
pelo catolicismo, pelos movimentos
associativos, pelo PCP (foi dele
Em Mudar de Vida (2007);
e com Manuela de Freitas,
Manuel Monteiro e Mário
Brochado Coelho (1994)
militante e esteve preso, em 1962). A
caminho dos 21 anos e do serviço
militar obrigatório, preparou e deu
o “salto” para França — recusava-se
a participar na guerra colonial.
Chegou a Paris a 10 de Junho de
1963, e em Outubro desse mesmo
ano casou-se com Isabel Alves Costa,
com quem tinha namorado no liceu
(o casamento durou quase 14 anos e
deu origem à canção 13 anos, 9
meses). É em Paris que nascerão os
seus Ælhos Pedro e João. Mas só
voltou à música mais tarde, após ter
sido empregado de escritório,
primeiro numa fábrica e por último
num banco. Inquieto, um dia
deparou com uma viola “meio
partida e enferrujada” que um
primo da mulher lá tinha deixado
em casa, e isso foi o rastilho para o
resto. Em Paris, conheceu ainda
Luís Cília e Sérgio Godinho (também

exilados), e é com eles que grava, em
1967, uma maqueta que vem a dar
origem ao seu primeiro disco, Seis
Cantigas de Amigo, editado em 1969
pelos Arquivos Sonoros
Portugueses. Pelo meio, mete-se o
Maio de 1968, que os leva às ruas.
E não tardam outros discos:
Ronda do soldadinho (1970), que é
um single militante contra a guerra
colonial, Mudam-se os Tempos,
JORGE MIGUEL GONCALVES / NFACTOS
DR
Mudam-se as Vontades (1971,
lançado em Portugal a par de uma
grande entrevista que lhe fez
Adelino Gomes) e Margem de Carta
Maneira (1972). Sérgio Godinho
recorda agora, ao PÚBLICO, esses
tempos, depois de se terem
conhecido em Paris e terem
começado a relacionar-se:
“Tivemos uma cumplicidade muito
rápida e começámos a interagir
É enorme. É um dos artistas
mais importantes da
música portuguesa do
século XX e do século XXI
Camané
Fadista
musicalmente. Eu estava a começar
a compor, embora de uma maneira
ainda mais precária do que ele, que
aliás tinha canções feitas em
francês. Depois acabámos por fazer
canções juntos, ele as músicas e eu
as letras. No primeiro disco do Zé
Mário há quatro letras que são
minhas e no meu primeiro há o
Charlatão, que é o ícone das nossas
colaborações.”
Ainda em Paris, já com alguma
experiência em recitais (França,
Holanda, Itália, Bélgica, Suíça) e
com actividade na cooperativa
cultural Organon, fundada em 1969,
na qual se empenha como músico,
compositor e até actor, José Mário
Branco produz dois discos de José
Afonso (Cantigas do Maio, 1971; e
Venham Mais Cinco, 1973), um de
José Jorge Letria (Até Ao Pescoço,
1972) e segue de perto o álbum
Sobreviventes, estreia de Sérgio
Godinho (lançado em 1972): “Ele foi
também um produtor informal. Não
fez os arranjos formais, mas esteve
lá e deu muitas dicas.”
Em “cada perda uma raiz”
O 25 de Abril fá-lo regressar a
Portugal, a 30 de Abril, no mesmo
avião em que viajava Álvaro Cunhal.
Reúne-se com outros músicos e
amigos e fundam o Colectivo de
Acção Cultural, que publica a 1 de
Maio um manifesto de “um grupo
de trabalhadores culturais”, onde se
anuncia a criação de um Colectivo
de Acção Cultural (CAC), disposto a
lutar, no “campo da música e da
canção populares”, pelo pão, pela
paz, pela terra, pela independência
nacional e pela liberdade.
Divergências políticas rapidamente
transformarão esse grupo em
GAC-Vozes da Luta, onde José Mário
Branco participará activamente até
1977 (vêm desse tempo canções
como Alerta ou A cantiga é uma
arma). Milita, nessa altura, na UDP e
no PCP(R) (ele sempre disse que era
“um músico que estava na política,
não um político que estava na
música”), mas acaba por ser
afastado deste, ao mesmo tempo
que o seu casamento estava a
chegar ao Æm e que era informado
da doença que já minava José
Afonso e que viria a vitimá-lo em
1987. Salvou-o um convite do grupo
de teatro Comuna, pela voz de
Manuela de Freitas, para musicar A
Mãe, de Brecht/Gorki. c
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 3
José Mário Branco em dez canções
Cantor e compositor ímpar, era
capaz de absorver ambientes
socioculturais e estados
emocionais, projectando-os
para grandes canções. Eis dez.
Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades (1971)
O primeiro álbum a solo,
gravado em 1971, em Paris, onde
estava exilado. Começa com os
sons do tema Gare de Austerlitz,
e acaba com a adaptação das
palavras de Camões na canção
que acaba por dar título ao
álbum, uma das mais belas do
património português.
Queixa das almas jovens
censuradas (1971)
Poema de Natália Correia, para o
dramatismo da interpretação,
entre a exaltação do presente
difícil e a esperança do que iria
acontecer anos mais tarde,
numa sonoridade enxuta, mas
de grande impacto emocional.
Casa comigo Marta (1971)
Tal como Branco, também
Sérgio Godinho estava exilado
em Paris na alvorada dos anos
1970. É dele a letra desta canção
de afirmação da palavra, de
arranjos imaginativos, de
criação melódica e
interpretação vocal justa.
Aqui dentro de casa (1972)
Continuação do álbum de
estreia, Margem de Certa
Maneira, de 1972, de onde é
retirada esta canção. Há
intervenção social e análise, mas
também ternura, poesia, várias
histórias na mesma história.
A cantiga é uma arma (1975)
Tornou-se uma espécie de hino
do período revolucionário,
recuperada sempre que as lutas
sociais emergem na rua,
naquela que acaba por ser a
mais conhecida das gravações
feitas pelo colectivo GAC (Grupo
de Acção Cultural).
Fado da tristeza (1981)
Na juventude rejeitava o fado
por questões culturais e
políticas. Terá sido a mulher,
Manuela de Freitas, que lhe
incutiu o gosto pelo género.
Este foi o primeiro fado que fez.
Na sua visão, o fado tinha um
lado teatral, que era até mais
importante do que o lado
musical. O fadista é um
contador de histórias, é alguém
que exprime emoções, como o
actor, dizia.
FMI (1982)
Foi apresentada pela primeira
vez depois da exibição da peça
de teatro A Secreta Família, em
1979. Mais tarde, em 1982, seria
editada numa versão extensa de
20 minutos, reveladora do
estado de espírito do seu autor
perante a situação política e
socioeconómica do país.
Eu vim de longe (1982)
Em 1982 editou o álbum Ser
Solidário, obra dupla e ecléctica,
que ia do fado ao jazz, da
canção francesa à portuguesa
popular. Uma das canções que
se destacavam era esta,
testemunho vital de esperança e
desilusão pelo curso dos
acontecimentos entre Abril de
1974 e Novembro de 1975.
Inquietação (1982)
Há em muitas das suas canções
um tom magoado, mas também
resistente. Nesta canção é isso
que se pressente, com
influencias jazzísticas, por entre
palavras que convocam as mais
diversas interpretações, que nos
levam a interrogar que coisa é
essa que é linda?
Do que um homem é capaz
(2004)
O último álbum de estúdio foi
Resistir É Vencer, do qual é
retirada esta canção, súmula da
riqueza musical, da dimensão
política, da sensibilidade poética
e do cruzamento de linhas
sonoras diversas que acabaram
por determinar todo o seu
percurso ao longo de várias
décadas.
4 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
DESTAQUE
JOSÉ MÁRIO BRANCO
1942-2019
Também aí não parou. Novas
divergências, uma cisão no grupo, e
ele e Manuela (que viriam a Æcar
juntos por toda a sua vida) fundam o
Teatro do Mundo. E avança para um
espectáculo que viria a marcar
fortemente a sua música e o seu
futuro: Ser Solidário, levado à cena
várias noites e tardes no Teatro
Aberto, com pré-venda (por cupão)
de um disco com o mesmo nome
que as editoras não se mostraram
interessadas em editar. E ele, que no
primeiro LP já inovara com a
introdução de guitarras eléctricas e
outros instrumentos afastados da
balada que em Portugal se fazia,
aborda aqui vários géneros
musicais, da chula ao jazz, da
marcha ao rock. E estreia-se no fado
(que ele antes detestava, por
inÇuência das teses de Lopes-Graça),
graças à persistência de Manuela de
Freitas, em Fado da tristeza e Fado
Penélope. Voltaria a ele mais vezes,
trabalhando depois com Carlos do
Carmo (Um Homem no País, 1983),
Camané (que acompanhou desde o
primeiro disco, com resultados
notáveis) e ultimamente Katia
Guerreiro (Sempre, 2018).
Inquietação, um dos seus temas
mais marcantes, surge aí, marcado
pela ânsia de futuro inerente à sua
obra: “Há sempre qualquer coisa
que eu tenho que fazer/ Qualquer
coisa que eu devia resolver/ Porquê,
não sei/ Mas sei/ Que essa coisa é
que é linda.” E há FMI, esse grito
geracional vindo das entranhas, que
ele justiÆcou, mais tarde, com a
“necessidade de encontrar um
sentido para a vida fora dos clichés
ideológicos”. Ser Solidário deixava,
contudo, uma mensagem que agora
se lhe aplica por inteiro: “Fazer de
cada perda uma raiz/ E
improvavelmente ser feliz.”
“Extremamente inquieto”
Inquieto, como sempre, não parou.
Após edição de Ser Solidário em 1982
(em LP duplo, com o FMI como
bónus) fundou a cooperativa UPAV
(em 1983), escreveu para teatro e
cinema, gravou novos discos: um
single com as marchas Qual é a tua ó
meu e S. João do Porto (1982), A Noite
(1985), Correspondências (1990), Ao
Vivo em 1997 (1997) e Resistir É
Vencer (2004). Feito o balanço, além
de muitas composições suas (letra e
música), José Mário Branco
musicara também muitos poetas,
desde logo os ancestrais (nas
Cantigas de Amigo), como D. Dinis,
Martim Codax, Nuno Fernandes
Torneol, Airas Nunes, Pedro Eanes
Solaz, cantando depois Luís de
Camões, Natália Correia, Alexandre
O’Neill, Sophia de Mello Breyner,
Antero de Quental, Ruy Belo, mas
também Sérgio Godinho, José
Afonso, Bertolt Brecht, Manuela de
Freitas ou o poeta popular António
Joaquim Lança, pastor analfabeto de
Peroguarda, de quem gravou A
morte nunca existiu. Gil Vicente e Sá
de Miranda estiveram também nos
seus planos, para um disco que iria
chamar-se Crónicas, de parceria
com Álvaro Guerra, mas que acabou
por ser Margem de Certa Maneira.
O Zé Mário faz tudo isto e, ao mesmo tempo,
continua a querer mudar o mundo, sempre.
É talvez estranho dizer isto, mas não me faz
qualquer sentido que ele tenha morrido
David Ferreira
Ex-director da EMI-Valentim de Carvalho
PEDRO ELIAS
Nos palcos, seguem-se A Noite
(1985), Fim de Noite (1987),
Correspondências (1991/92), Maio
Maduro Maio (1994, com Amélia
Muge, João Afonso, António José
Martins e Rui Júnior), As Margens da
Alegria (1999) e Mudar de Vida
(2007-08). Volta a José Afonso (nos
discos Como Se Fora Seu Filho e
Galinhas do Mato), produz vários
músicos (Amélia Muge, Gaiteiros de
Lisboa, Camané, José Peixoto,
Janita Salomé, Canto Nono) e
junta-se a Fausto Bordalo Dias e
Sérgio Godinho para esgotar salas
com Três Cantos (2009, editado em
CD e DVD). E é Sérgio que assim o
recorda ao PÚBLICO: “O Zé Mário
tem um papel charneira na história
RAQUEL ESPERANÇA
No espectáculo Três Cantos
(2009) com Sérgio Godinho
e Fausto Bordalo Dias; e com
Camané, em Lisboa (2008)
da música portuguesa. Era
extremamente inquieto, no sentido
mais nobre do termo. A nossa
amizade vem de Ænal de 1967,
quando nos conhecemos em Paris,
e Æcará sempre como parte da
minha vida.”
“Já estou a ser eterno”
Em 2006, ele que na juventude
passara da Faculdade de Economia
do Porto para estudar História em
Coimbra, iniciou uma licenciatura
em Linguística na Faculdade de
Letras da Universidade Clássica de
Lisboa, onde foi considerado o
melhor aluno do seu curso. Sempre
a sede de ir mais longe, do
conhecimento. O contraste de preto
e branco que marcou os seus discos
(são os olhos dele, um na claridade
outro na penumbra, que nos Ætam
em Mudam-se os Tempos)
justiÆcou-o ele desta forma: a noite
(e tanto aludiu a esta imagem) seria
“a ignorância, o não-conhecimento.”
Contra ela, trava-se “a luta mais
antiga que existe: a do homem para
deixar de ser um bicho”.
Nesse processo de conhecimento
inseriram-se também a edição do
CD duplo Inéditos 1967-1999, que
integrou muitas das suas gravações
consideradas perdidas, e a entrega
(por ele próprio) dos seus arquivos
para estudo, catalogação e
disponibilização, ao Centro de
Estudos de Sociologia e Estética
Musical (CESEM). Além disso, ele
próprio organizou uma colectânea
das suas canções (Canções
Escolhidas, 2018), que veio juntar-se
à reedição integral da sua obra e a
um CD de tributo de músicos das
novas gerações, Um Disco para José
Mário Branco, editado em 2019.
A morte, tema de que falou em
vários momentos, tocou-o desde há
muito e com particular violência
num só ano: em 1979, num curto
espaço de tempo, assistiu à morte
da sua sogra, do seu pai e da sua
mãe. Lembrando essa dor, e as
constantes idas ao cemitério, disse
ele ao Expresso, em 1985: “A morte,
além de ser a paragem das coisas, é
a coisa mais estúpida e sem sentido
que existe. A morte, realmente, não
faz sentido nenhum.” Porém, com
o tempo, veio a relativizar essa
ideia. Numa das canções do disco
Correspondências, a que deu o
título de Emigrantes da Quarta
Dimensão (Carta a J.C.), escreveu:
“Não Æco à espera que venhas/ Eu
já sou o que virá.”
E este tópico desenvolveu-o mais
tarde, numa entrevista ao jornalista
e crítico musical Viriato Teles, para
o livro Contas à Vida (Ed. Sete
Caminhos, 2005): “Fui percebendo
que quanto mais sou os outros,
quanto mais nós formos sendo nos
outros, quanto mais nós formos já
sendo os outros, menos a questão da
morte tem importância.” Juntava, a
isto, uma explicação familiar: “Já
estou a continuar, já estou a ser
eterno. Deve ser um bocado o que,
enquanto bichos, nós sentimos
quando temos Ælhos, e depois netos,
e depois bisnetos.” Mas tinha outra,
mais ampla: “Esta vida já não é bem
a minha vida: já está integrada no
Universo, na humanidade toda, já
sou muito maior que eu próprio.”
A par da obra, que deixa o seu
nome gravado a ouro na história da
música portuguesa, a passagem de
testemunho que ele foi fazendo com
os Ælhos, os netos, os músicos mais
novos, deu-lhe essa tal “outra vida”.
E assim se foi da lei da morte
libertando.
nuno.pacheco@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 5

Resistir, em Portugal, Tem um papel charneira na história da música

terá sempre um disco [seu] portuguesa. Era extremamente inquieto, no sentido
como banda sonora mais nobre do termo. A nossa amizade vem de final
Graça Fonseca
Ministra da Cultura
de 1967 e ficará sempre como parte da minha vida
Sérgio Godinho
Cantor e compositor

O homem para quem a cantiga

foi mesmo uma arma
José Mário Branco não era apenas um cantor e compositor com ideais de esquerda. Foi um militante
político, que esteve sempre disponível para as lutas genuinamente populares e nunca caiu no sectarismo
CORTESIA WARNER MUSIC PORTUGAL
Amílcar Ribeiro, entre muitos outros,
Luís Miguel Queirós frequentavam esse grupo, bem como
a depois jornalista Luísa Cerveira Pin-

O
s anos de formação e José to, mulher de Ricardo Lima, que já
Mário Branco coincidem conhecia o cantor dos tempos de
com um período em que a Leça. No regresso de José Mário Bran-
juventude portuguesa mais co a Portugal, após o 25 de Abril, será
inconformada com o regime em casa de Ricardo e Luísa que este
se politizava depressa. José irá compor a célebre canção A Luta
Mário Branco tinha 16 anos quando dos Bairros Camarários, que se torna-
Humberto Delgado desaÆou Salazar ria uma espécie de hino das associa-
e a campanha eleitoral de 1958 terá ções de moradores durante o
sido o cenário do seu primeiro envol- PREC.
vimento político, quando era ainda Mas voltando a esse início dos anos
um católico convicto. Em 1961 já era 60, é com a participação na pró-asso-
militante clandestino do PC, em Abril ciação dos liceus que José Mário Bran-
do ano seguinte é preso — tem então co se envolve mais activamente na
19 anos —, e em 1963 recusa participar política. E é no contexto da criação
na guerra colonial e exila-se em Fran- desse movimento associativo dos
ça, de onde só regressará após o 25 de liceus que aparece no Porto um gru-
Abril de 1974. po de Lisboa, que incluía Ruben de
Nascido circunstancialmente no Carvalho, Carlos Miredores e Ruy
Porto, na Ordem da Trindade, passa d’Espinay, e ao qual provavelmente
a infância em Leça e só se muda para se Æcou a dever a entrada de José
o Porto, com a família, quando vai Mário Branco no PCP, onde assumiria
frequentar o primeiro ano do liceu no — conta Helena Pato numa biograÆa
então D. Manuel II, hoje Escola Secun- do cantor escrita para o site Antifas-
dária Rodrigues de Freitas. É aí que cistas da Resistência — o pseudónimo
Ricardo Sousa Lima o conhece. de Bento.
“Fomos colegas até ele ter de mudar Após uma brevíssima frequência
de liceu, porque queria ir para Eco- de Economia, no Porto, inscreve-se
nomia, mas depois voltámos a encon- na Universidade de Coimbra, já como
trar-nos na Escola de Música Parna- militante do PCP, e vem a ser preso
so”, conta, lembrando as muitas pela PIDE em Abril de 1962, passando
vezes que foi estudar para casa dos cinco meses encarcerado, até Setem-
pais do amigo, na Rua dos Bragas. bro desse ano. Quando sai, ainda
Por esses Ænais dos anos cinquen- chega a frequentar o curso de História
ta, ambos integravam um grupo de no Porto, mas em 1963, chamado para
jovens portuenses de esquerda que a tropa, decide fugir para França.
publicava poesia nos suplementos Conta Helena Pato que, para lá de
literários dos jornais da época e orga- uma muda de roupa e de algum
nizava recitais de música e outras dinheiro, levava apenas um livro: a
actividades culturais. O arquitecto Poesia III, de José Gomes Ferreira.
Alexandre Alves Costa — cuja irmã, Isabel Alves Costa juntar-se-lhe-ia
Isabel, seria a primeira mulher de mais tarde.
José Mário Branco, de quem teve dois Ricardo Lima pensa que José Mário
Ælhos —, Margarida Losa, Ælha da Branco já então abandonara o PCP,
romancista Ilse Losa, Sérgio Lopes, mas admite que o possa ter feito só
Ælho de Óscar Lopes, e o médico em França. “Quando eu o c
6 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
DESTAQUE
JOSÉ MÁRIO BRANCO
1942-2019
conheci, já ambos tínhamos deixado
o partido”, conta Arthur Oliveira,
outro portuense que se exilará em
França poucos anos depois. Helena
Pato diz que a saída ocorre em 1964,
já no âmbito da cisão protagonizada
por Francisco Martins Rodrigues, que
dará origem ao CMLP.
“Ele dava-se com a gente da extre-
ma-esquerda, mas estava disponível
para colaborar com as várias corren-
tes”, diz Arthur Oliveira, que colabo-
rou com José Mário Branco em vários
espectáculos — “nós chamávamos-
lhes politização” — promovidos junto
dos círculos operários da emigração
portuguesa em Paris. A sua relação
com o cantor e com Isabel Alves Cos-
ta estreitar-se-ia no período em que,
para ganhar algum dinheiro extra,
Arthur fazia os Æns-de-semana no
Hotel du Ponant, em Montparnasse,
José Mário Branco
continuou sempre a
entregar-se a novas
militâncias, ainda
que depois “se
chateasse com as
coisas autoritárias
e dogmáticas”
onde se criou uma tertúlia que o casal
frequentava regularmente.
Já pouco antes do 25 de Abril, em
1973, recorda a intervenção de José
Mário Branco na iniciativa Jogos Flo-
rais, organizada por um jornal ligado
ao PCP-ML. “Foi nessa altura que ele
lançou A Cantiga É Uma Arma, e tive
uma discussão com o dirigente do
movimento que promoveu aquilo, o
Eduíno Vilar, porque ele achava que
a canção não era suÆcientemente
revolucionária”. Impedido por um
momento de prosseguir a conversa
ao telefone pela comoção que estas
memórias lhe trouxeram, Arthur Oli-
veira explica: “Há tanta coisa que se
podia dizer, mas quando as pessoas
se conhecem no exílio é tudo muito
forte, e nestas alturas só se consegue
pensar na amizade”. E conclui: “Era
uma pessoa de uma grande generosi-
dade e disponibilidade”.
O encenador Helder Costa, cuja
amizade com José Mário Branco tam-
bém remonta ao exílio parisiense,
conÆrma que o cantor não militava
então em nenhuma das várias orga-
nizações marxistas-leninistas, incluin-
do o grupo O Comunista, que ele
próprio lançara. “Participava nas fes-
tas que organizávamos para a comu-
nidade portuguesa, mas não estava
organizado. Depois do 25 de Abril é
que entra naquele processo que aca-
bará por dar origem à UDP, de que
depois saiu, e mais tarde foi para o
Bloco de Esquerda”, diz o encenador
da Barraca, acrescentando a rir: “Quis
que eu fosse para a UDP e depois tam-
bém dizia que eu tinha de entrar no
Bloco”. O que quer realçar é o entu-
siasmo com que José Mário Branco,
que foi “um artista excepcional”, con-
tinuou sempre a entregar-se a novas
militâncias, ainda que depois “se cha-
teasse com as coisas autoritárias e
dogmáticas”.
Quando o amigo um dia lhe contou
que chegara a “ir para um seminário
por causa de um tio e pensara ser
padre”, Helder Costa não Æcou exces-
sivamente surpreendido. “Sempre o
achei muito romântico”.
Durante o chamado Processo Revo-
lucionário em Curso (PREC), a seguir
ao 25 de Abril, não lhe faltaram oca-
siões para exercitar esse romantismo,
correndo de um lado para o outro a
acorrer a todas as solicitações. “Sem-
pre que lhe pediam, vinha ao bairro
[de S. João de Deus], para sessões de
esclarecimento, como então dizía-
mos, conta o histórico presidente da
Junta de Freguesia de Campanhã, no
Porto, Ernesto Santos.
Ainda antes de se Æxar em Lisboa,
onde depois militaria na UDP, José
Mário Branco, sem nunca ter integra-
do formalmente a organização, cola-
borou com o grupo 1.º de Maio, mui-
to activo nos bairros camarários,
onde militavam então os seus amigos
de adolescência Ricardo Lima e Luísa
Cerveira Pinto. A canção A Luta dos
Bairros Camarários foi composta para
uma sessão no Bairro S. João de Deus,
lembra o segundo.
“A evolução que houve no bairro
também se deve a ele”, diz Ernesto
Santos, ele próprio nascido no Bairro
S. João de Deus, um dos mais pobres
da cidade. “As coisas simples são as
que têm menos que contar, e ele era
de uma simplicidade extrema”, diz.
“Só queria salvaguardar isso: era uma
pessoa de uma grande compreensão
humana com os mais necessitados”.
lmqueiros@publico.pt
Com Francisco Fanhais e José Afonso no Castelo d’Hérouville, 1971
Grândola, vila morena: como um erro tecnológico
determinou o futuro histórico de uma canção
Na primeira pessoa
José Mário Branco
A
lentejo, José Afonso,
Fraternidade Operária,
Cantigas do Maio, 25 de
Abril. Deve ser muito raro
na história longa e profusa
das canções haver uma
que, sozinha, reúna tantas e tão
importantes relações genéticas!
Além disso, convém saber que o
acaso de um erro tecnológico pode
ter determinado o papel histórico
desta canção. Passo a explicar.
Quando, em 1971, José Afonso
chegou a Paris para gravarmos o
que viria a ser o seu álbum Cantigas
do Maio, uma das canções que ele
propunha para esse álbum
chamava-se Grândola vila morena.
Era uma canção simples com três
quadras — aparentemente simples
como tantas canções desse
cantautor genial — que, no dizer
dele, só fora cantada uma vez na
colectividade a quem a dedicava, a
Sociedade Musical Fraternidade
Operária Grandolense.
Então eu que, embora nascido e
crescido no Porto, fora desde
muito jovem marcado por várias
estadias na aldeia de Peroguarda
(Baixo Alentejo), propus ao Zeca
que déssemos a essa canção a
estrutura tradicional do cante
alentejano: a sequência do ponto
(solista inicial), do alto (introdutor
de uma segunda voz mais aguda) e
do coro masculino grave. Além
disso convinha alterar a estrutura
da letra acrescentando a inversão
PATRICK ULLMANN /CORTESIA OBSERVATÓRIO CANÇÃO DE PROTESTO
das quadras tão típica desta forma
coral.
Assim foi. Foi decidido
apresentá-la com essa forma, sem
acrescentar quaisquer
instrumentos para além das vozes.
Porém, inÇuenciado por uma
das imagens mais fortes que eu
guardo de Peroguarda — a imagem
dos homens abraçados,
regressando da monda ao Æm da
tarde, cantando no regresso a casa
—, também propus que se ouvissem
os passos deles, no macadame da
estrada, ao ritmo da canção. Passos
lentos, porque a monda cansa. E
então ensinei ao Zeca, ao Fanhais e
ao guitarrista Bóris (Carlos Correia)
como é que os camponeses faziam
esses passos: alternadamente, num
claro compasso quaternário, um
pé arrasta-se e, no tempo seguinte,
pousa no chão — o movimento
seguinte do outro pé completa o
quaternário.
Aceite a proposta, pedi ao técnico
que, numa dessas noites — bem
tarde, para evitar ruídos parasitas
na estrada e nos campos vizinhos —
colocasse quatro microfones em
redondo no saibro do jardim do
estúdio, que era no sótão de um
palacete acastelado de uma
pequena aldeia 60km ao norte de
Paris. Foi preciso encontrar quatro
longos cabos para ligar os
microfones ao estúdio, e outros
quatro cabos, de igual
comprimento, para nós termos, ao
gravar, uma referência rítmica nos
auscultadores. Gravado um
metrónomo com o andamento
numa das pistas, às três da manhã
de uma dessas noites gravámos os
passos no saibro. Nos dias seguintes
foram gravadas as vozes — o Zeca
cantando o ponto e o alto, e o
Fanhais, o Bóris e eu cantando o
coro.
A canção foi assim incluída no
álbum Cantigas do Maio, e fez o seu
caminho na comunidade, de ouvido
em ouvido, como todas as canções
editadas em disco que são como
Ælhos que crescem e vão à sua vida.
Até que, menos de três anos
depois, soou a hora da libertação. E
o som que soou nessa hora foi a
Grândola vila morena.
Um dia, mais tarde, perguntei ao
Otelo Saraiva de Carvalho: “Porque
é que vocês escolheram essa canção
para dar o sinal do 25 de Abril?” E
ele respondeu: “Porque é uma
canção de forma tradicional que
levantava menos suspeitas, porque
é do José Afonso e, sobretudo, por
causa daquele som dos passos em ar
de marcha militar…”
Ou seja, na mistura da canção
nós tínhamos cometido algum erro
pois o que para nós eram passos
lentos e arrastados soou às pessoas
com o dobro do andamento, como
se o momento de arrastar o pé
fosse mais um passo! Ou seja, o
som do arrastar do pé não se
distingue do som do pousar do pé.
De como um erro tecnológico
determinou o futuro histórico de
uma canção.
in Grândola, vila morena –
Para sempre, José Afonso,
CD-livro / Observatório da
Canção de Protesto

Era inconfundível, inconfundível na
sua voz, na sua independência, na sua
rebeldia, na sua não-acomodação.
Nunca aceitou honrarias em vida,
e sempre insatisfeito
Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República
Uma inÅuência transgeracional
Seja pela música ou atitude, marcou
sucessivas gerações de músicos
portugueses dos mais diversos géneros
Vítor Belanciano
É
quase sempre assim com Ægu-
ras que, em determinado
momento, por causa do seu
percurso global, se tornam
alvo de uma inÇuência trans-
versal. Uns revêem-se nas pala-
vras. Na força interpretativa. Na
expressão dramática. Outros na músi-
ca e na composição. Outros na pro-
dução. Outros no exemplo, na ética,
na atitude, na Ærmeza ou nas ideias.
Na última vintena de anos tornou-se
uma personalidade admirada por
todos, até daqueles que politicamen-
te se situavam nos antípodas.
No caso das novas linhagens da
música, José Mário Branco é, sem
margem para dúvida, uma das refe-
rências tutelares. E isso sentiu-se par-
ticularmente nas duas últimas déca-
das quando se descortinou uma paci-
Æcação com a memória da música
portuguesa. Antes já havia tido um
papel relevante no percurso inicial de
José Afonso ou de Sérgio Godinho, tal
como indirectamente haveria de vir
a ter no de Jorge Palma mais tarde.
Parte da geração que cresceu no
pós-25 de Abril, em especial dos uni-
versos pop-rock, ainda sentiu neces-
sidade de se demarcar dos cantores-
compositores de intervenção vindos
dos anos 1960 ( José Afonso, Fausto,
Godinho ou Mário Branco), mas foi
uma resistência ténue. Hoje olhando
para trás, é inegável que se tornou
uma inÇuência transversal a várias
gerações, embora talvez de forma
mais nítida nas últimas décadas quan-
do essa reconciliação com o passado
foi mais visível e quando a palavra
cantada em português voltou a
ganhar centralidade.
Cantores-compositores como JP
Simões, B Fachada, Luís Severo ou
Benjamim, Æguras do hip-hop como
Chullage, Halloween, Capícua ou
Valete, fadistas como Aldina Duarte,
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 7
É um grandíssimo artista, um grandíssimo
intelectual e um homem da revolução... um
dos homens que ajudaram, na sua maneira,
a que a revolução do 25 de Abril acontecesse,
a que as coisas mudassem em Portugal
José Fanha Poeta e escritor
ADRIANO MIRANDA
Camané e Katia Guerreiro, com quem
colaborou como produtor, grupos
rock como os Mão Morta ou Linda
Martini, ou do jazz, como Rodrigo
Amado, além de várias camadas da
música popular portuguesa, de Amé-
lia Muge a João Afonso, passando por
Pedro Abrunhosa, ou até das músicas
mais instrumentais, dos Dead Combo
a Filho da Mãe, todos eles acabaram,
de formas diferentes, directa ou indi-
rectamente, por retirar algo da sua
obra, da vertigem existencial de gran-
des canções como FMI ou da sua pos-
tura íntegra.
Talvez não seja por acaso que os
últimos anos do seu percurso foram
dedicados essencialmente à produ-
ção. A intemporalidade já tinha advin-
do antes com um punhado de can-
ções e de álbuns que Æcarão para a
história, por exporem uma poesia tão
dura quanto terna e emotiva, sem
nunca ceder à facilidade ou vacuida-
de. Agora Æcava não só o cantor, o
músico, o produtor, o mestre genero-
so capaz de amparar em estúdio, mas
também uma voz pública inconfor-
mada e solidária, que parecia pairar,
projectando algo que se foi dissipan-
do — uma consciência colectiva.
Durante todo este tempo foi capaz
de moldar elementos de vários géne-
ros musicais (do cancioneiro popular
ao jazz, da música francesa ao fado)
acabando por dar à música portugue-
sa uma nova atmosfera. Mas não era
apenas o autor que era admirado
pelas vagas de autores que lhe foram
sucedendo. Era também a humani-
dade, inscrita na música e por todo
o corpo. Havia qualquer coisa nele,
simultaneamente, de granítico e afec-
tuoso. Parecia fora de tempo. Tinha
o seu próprio tempo. Não representa
apenas uma certa época, mas tam-
bém este presente. Certamente que
a sua música e legado vão continuar
a fazer-se sentir.
vbelanciano@publico.pt
 INOVAÇÃO
© Gonçalo Almeida para Rebobina

E COMPAIXÃO
EM DEBATE
NO II LUSÍADAS
CLINICAL SUMMIT
No dia 16 de Novembro,
discutiu-se em torno
daquilo que levou muitos
profissionais a escolher o
caminho da saúde: cuidar
dos outros. Da evolução da
preservação da fertilidade,
passando pelas mais-valias
da tecnologia, e tocando
Preservar a vida,
sempre no tema da cimentar a felicidade
compaixão, neste summit
falou-se, sobretudo, do ciclo A vida, na sua acepção mais biológica, co- veementemente com o que estes médicos #ʫʪ5ʪʫ)ʙ
 e Enfermeira Directora
da vida. meça na geração de um batimento cardía- ťʠťť@Eťŧ 
ť‡Ĥ     ť
"ťŧťC?(ťťŦ
) y
co, no nascimento de um bebé, um acon- avanço da idade e o aumento do risco de so, (especialista em Medicina Interna do
tecimento na natureza humana capaz de infertilidade. Será assim tão seguro adiar  ť
"ťŧťťť Eť
proporcionar uma felicidade sem medi- ťť‡Ĥ ťťoťʡĤ  Eʠŧ E Médica da Viatura Médica de Emergência

“
Não sei o que nos espera, mas sei o das. Falar em “Preservação da Fertilida- no ar até ao tema seguinte: a tecnologia. *ťť‡Ĥ y+,*C,E
(EťB
ĩy
que me preocupa: é que a medicina,
empolgada pela ciência, seduzida pela
tecnologia e atordoada pela burocracia,
apague a sua face humana e ignore a in-
E
dividualidade única de cada pessoa que
de” foi, por isso, sinónimo de começar    ť‡Ĥ   ť ť‡Ĥ  "  y
por falar em preservar a felicidade. Foi rativa da NOS) partilham visões distintas
precisamente essa a ideia que lançou o de- acerca do impacto das novas tecnologias
bate que inaugurou as sessões deste dia, Inovação e medicina: uma ť ,ŧť> w7;?;Ø ť ŧťťť
ť  ť ŧťŦ  
  ʠ ť   "y questão de (des)humanização? são feitas para o INEM são não urgentes”
sofre, pois embora se inventem cada vez tro de Procriação Medicamente Assistida começa por explicar Filipa Barros, para
mais modos de tratar, não se descobriu do Hospital Lusíadas Lisboa: Luís Ferreira Um estudo sobre literacia digital em saú- apresentar o projecto ITEAMS, um pro-
ainda a forma de aliviar o sofrimento Vicente, médico que lidera a secção de En- de concluiu que perto de 90% das pessoas grama informático que pretende facilitar
sem empatia”. Esta frase, da autoria de doscopia Ginecológica da Sociedade Portu- diz utilizar com frequência a internet a vida ao INEM e ao paciente através de
João Lobo Antunes [em Ouvir com Outros guesa de Ginecologia, a embriologista Só- para procurar informação sobre saúde, Eť ŧť
ť  wv ŧ
ťʠŧťť 

#
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ťEťʠ
ť?ťMŧť,ťy nia Bally Jorge Valente e a médica Daniela mas apenas 20% considera credível essa  ʠ ť

Eŧťť 
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ʠŧť
garida Lobo Antunes, numa emotiva ses- Sobral, como moderadora. A infertilidade, informação. Foi com a revelação destes ť EUŧť> w.
E   ťť 
Ĥ ťŦEťEĩťť"
ŧť
 como começou por ser dito, afecta 15% da dados que a médica e membro da secção ŧ  Eť Ÿ
Eť Eťť  BʢC
Summit, em muito diz sobre esta segunda população em idade reprodutiva, e pode de Tecnologias de Informação da Ordem pois nenhuma máquina capta impressões
‡Ĥ >&ŧ   " "   ser potenciada por factores como a ida-  ,Mŧ ?. ʠť" E ť* ŧť?ťEy que podem ser subjectivas” salientou Ale-
  
? Ŧ ťw"ŧ
 v?  de, o consumo de álcool, o tabagismo, ou gura uma das conferências mais dinâ- xandre Lourenço, defendendo a ideia de
encontro clínico organizado pela Lusíadas o excesso de peso. De uma perspectiva tão ŧťťťĤ@ w&ŧ
īŧ ť que a tecnologia deve ser posta ao servi-
Saúde reuniu, ao longo do dia, médicos, ŧĩʠŧť ŧ   Eťť?  Mŧ  ťĢv> &ťʠť  ť ťť  E ço da redução do tempo para que o mé-
enfermeiros, jornalistas, convidados, e avançaram para uma exposição acerca da comentários sobre o tema em apenas dico se possa dedicar ao doente> w!Eŧť
E   ʠ ť
ť  ŵ y 
E‡Ĥ     ŧ  ť ʠŧťy dois minutos, Jaime Melancia (Presiden- podemos perder o veículo comum, que é
tes áreas da saúde. Vasco Antunes Pereira, ção e da criopreservação intrinsecamente te da Associação Portuguesa de Psoría- o doente. A tecnologia faz parte, a questão
"#ťEĩťť.ťĢ? 
 "Eť ligados à preservação da vida humana. se), Filipa Barros (médica e membro do prende-se na forma como é usada para ser
,ť ?) " 
 " E
 ? Um dos conceitos abordados foi o de social Departamento de Emergência Médica do o suporte e não o foco quando se está com
ʠť ť  ť ť ŧťť Eť Ĥ  freezing, uma tendência social que consis- !,C? (ť *ťť
ť )ť  B Ÿ
 o doente” concluiu Dulce Gonçalves.
inaugural que antecipou um dia repleto te em recorrer à criopreservação por parte Mŧť 
ť  ťť‡Ĥ  "
ĩŧť  
 ʙĭ  ť  Ŧ Ŧ   ŦEŤ, da mulher como forma de adiar a mater- Grupo Lusíadas, Chief Clinical Informa-
 ť 
Mŧ  
Eť

E  ʠĤ  nidade para evoluir na carreira, por exem- 5ʪʫ)ʙ
), Alexandre Lourenço (médico
médica, e sempre abordado em torno da 
>"ťťťŧ 
ťŧ  w presidente da secção Sul da Ordem dos
individualidade de cada pessoa. your eggs, freeze your career” contrastam Médicos), Dulce Gonçalves (Chief Nursing
 CONTEÚDO
COMERCIAL

Gestos
que importam
Durante o evento, os presentes
foram brindados com alguns mo-
mentos surpresa, como o coro
Notas de Alta, do Hospital de
Dona Estefânia e a performance,
que encerrou o summit, do coro
da Oeiras International School,
composto por mais de 70 crian-
ças. Como revelou Vasco Antunes
Pereira durante a sessão de encer-
ramento, o valor total das receitas
do II Lusíadas Clinical Summit,
que contou com 650 presenças,
foi duplicado e doado na íntegra
à Escolinha de Rugby da Galiza,
que esteve representada por um
grupo de jovens jogadores.
Valued-Based Care:
uma rede de benefícios sem fim

A manhã de conferências deste summit w“ ť

   o !Ĥ > ,ť     Eťy que se pretendia com esta sessão. Susana res foram Tânia Delgado, na categoria de
ŧ E ŧ  ť ŧ Uŧť wValue-Ba- mos a fórmula como modelo para algo Magalhães, investigadora no Instituto de ī?  "ť
 . E
ť (
 #?
sed Care”, apresentada pela convidada que todos queremos alcançar – doentes, ' Mŧť ť ť "ťī
ŧť ) Ey  ʠ ť
   ť
 % E 'ťy
especial Margaret-Mary Wilson, Chief médicos, hospitais, pagadores [segurado- guesa e oradora neste painel, focou ainda zil, recebeu o prémio atribuído ao seu co-
'
5  )ʙ

 -
ʫ5ʪ 05
 *
5
ʫ da ras], Governos, responsáveis por políticas a importância de ser e estar, contrastante lega Pedro Barros e Silva na categoria de
UnitedHealthcare Global, o gigante mun- sociais – que é levar o valor à pessoa, redu- com o fazer e pensar, muitas vezes ensi- artigos.
dial à qual pertence a Lusíadas Saúde. zimos as hipóteses dessa equação falhar. nado como primordial.
Margaret-Mary Wilson explicou a impor- Na UnitedHealthcare Global baseamo-nos
tância do conceito de Valued-Based Care em valores como integridade, compaixão,
pensado para reestruturar os sistemas relacionamento, inovação e desempenho O melhor ainda está para vir:
de saúde em todo o mundo com o objec- – o nosso modelo clínico é construído so- Premiar a excelência Lusíadas Clinical Summit 2020
tivo de acrescentar valor para o doente. bre isto” conclui.
Em Portugal, ainda é relativamente novo ! ʠť
ŧ  ? E  Ey w# ťʠ 
E
ť‡Ÿ  ť ī ī 
e está por implementar na sua plenitude. ť  ť  ťŦť
  ŧĩʠŧ  foi o de criar um encontro onde todos os
w#ť
MEť   BʢC enviados a concurso na categoria de ar-  ʠ ť
ť  ŵ ťĢ E
valor implica uma congregação de interes- Compaixão   ŦĩʘŦ     ŦĩʘŦ , uma ť
ť Uŧť BʢC ťť
E  y
ses de diferentes parceiros que se têm de como alma da Medicina iniciativa transversal a todo o summit samos todos ter um entendimento maior
alinhar numa estratégia que, por sua vez, que nesta edição contou com mais de sobre saúde” esclarece Vasco Antunes Pe-
permita garantir que – em termos de sus- Durante a tarde, houve oportunidade para 5<4 ťŧť‡ĭ> w# ŧ ŧE  M ťŦ  ť reira a propósito do objectivo a que este
tentabilidade futura dos sistemas de saú- dar voz a quem esteve, e está, do lado da qualquer instituição de saúde. A particu- summit   Eť> wAquilo que ouvi-
de – se consigam conciliar as expectativas e doença, durante a conferência “Medicina laridade aqui é a multidisciplinaridade.     Ť Ť ĭ M Ť  y
as necessidades das pessoas em saúde com e compaixão: pensar o futuro”, media- Ou seja, foi um concurso aberto a várias tância de não perder esta visão global do
os recursos que temos disponíveis” come- da por Margarida Lobo Antunes, pediatra áreas médicas: desde médicos, enfermei- doente (…) esta visão holística consistiu
‡ E    
 'ť ? &ŧ  "
ĩŧ   &ŧ ť "
ĩŧť    ť
 Eĩťť ros, nutricionistas e técnicos” explicou em pensar na pessoa ao longo de todo o
do Hospital Lusíadas Porto e Chief Medical Ŧ ť> (ť *ť +ť )ť? ť António Fiarresga, médico cardiologista e seu percurso, sabendo que ela vai pas-
)ʙ
 do Grupo Lusíadas, médico convi- agrónoma, deu a sua perspectiva como )ť" Ĥ "ĩʠŧť Ey sar entre várias mãos.” Para 2020, há já
ť ťťťťť>w.y mãe de dois gémeos com problemas de de- ĩťť"
ŧť
.E>w#  ŧMy temas lançados sobre a mesa e em pro-
mos bem presentes os modelos que cons-
truímos quando falamos em Valued-Based
Care  ʠ  
E  ť     vivência hospitalar pela qual passou quan-
alcance para que as nossas acções este-
jam a levar bons resultados à pessoa, ao
mesmo tempo estamos a reduzir os custos
* E!E "Ĭy*ť
?ť partilha. Na verdade, já estamos muito
do sistema no seu todo” esclareceu Marga-
senvolvimento, seguidos por esta pediatra; rios são vários, desde a originalidade, à  > w+ť  E  ŧ  ťť ť
enquanto José Luís Morais testemunhou a metodologia, à qualidade e à relevância abrangente. Para o ano queremos ter dis-
clínica que depois o trabalho pode tra- cussões abertas, queremos falar com todo
do foi internado de urgência, com diag- zer” referiu, sobre os critérios de eleição. o ecossistema da saúde, vamos querer re-
nóstico do Síndrome Guillain-Barré, há As menções honrosas foram entregues a ceber feedback, e ser uma plataforma de
três anos. Ambos os testemunhos levaram *ť+ť
ťEťʡĤ  ŦťĤ Eťť categoria de artigos, e a Alina Fernandes entusiasmados com o próximo ano”, con-
ret-Mary Wilson à margem do encontro.   ʠ ťťĢ?ťŧť   *ť " ť ť  ī> # ŧ y clui Vasco Antunes Pereira.
10 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
O primeiro-ministro subiu a parada e
aumentou de um para três o número de
secretarias de Estado que vão ficar sediadas
fora de Lisboa. É uma boa notícia, se correr bem.
Recorde-se que, em 2004, Pedro Santana Lopes
também quis ter seis gabinetes governamentais
descentralizados em Braga, Aveiro, Coimbra,
Golegã, Évora e Faro. Mas foi uma experiência fugaz.
Desta vez, as cidades escolhidas são Castelo Branco,
António Costa Bragança e Guarda. (Pág. 16) S.S.
Depois da Itália na segunda-feira, há mais
uma selecção a fazer uma campanha perfeita
na fase de qualificação para o Europeu 2020:
a Bélgica. Em dez jogos, a selecção treinada por
Roberto Martinez apenas sofreu três golos e marcou
40, o que é revelador da qualidade desta selecção,
que vai ser mais uma a ter em conta no Europeu de
futebol. A Bélgica tem um conjunto muito
interessante e pode ser uma das surpresas do
Roberto Martinez torneio. (Pág. 46) J.J.M.

Os jovens e a ausência dos debates nacionais

desta natureza sobre o alegado
desconhecimento que os mais jovens
têm dos principais debates públicos. É
corrente escutarem-se protestos
contra a sua alegada falta de cidadania.
Manuel Carvalho Não se pode dizer que eles não estejam
Editorial mobilizados por causas, que não sejam
atitudes racistas ou sexistas ajudaram
a sociedade a corrigir vícios até agora
considerados “normais”. De resto,
também é verdade que a política ou a
cultura expressa nos media revela
vezes de mais a narrativa dos que têm
emprego ou reconhecimento, e ignora
estudantes universitários, tem esse
propósito (ver págs. 22 e 23). Ao
mesmo tempo que contribui para a
sustentabilidade da imprensa, o
PSuperior destina-se a criar hábitos de
leitura de jornais junto dos mais jovens
e, por causalidade, a propiciar-lhes

“O
s jovens portugueses não
lêem jornais”; “os estudantes
estão desligados dos grandes
debates que mobilizam a
sociedade portuguesa”; “os
mais novos têm pouca participação
política, habituaram-se a centrar as
suas atenções em causas particulares e
afastaram-se dos problemas que
tradicionalmente são veiculados pelos
jornais ou pelas televisões — sejam a
pobreza, a educação ou a relação de
Portugal com a Europa”. É frequente
ouvirem-se observações ou queixas
generosos com os problemas da
comunidade, mas pode-se constatar
que a sua agenda de preocupações
nem sempre coincide com a agenda
que a maior fatia da comunidade
nacional debate.
Haverá quem diga que esses
interesses particulares são valiosos. E
explicáveis. A pressão dos mais jovens
pela causa do ambiente, contra o
desperdício e em favor de uma cultura
de consumo responsável, é
importante. As suas motivações em
defesa da igualdade de género ou no
combate a trejeitos que denunciam
por excesso os seus problemas e as
suas ambições. Mas se tudo isto nos
ajuda a perceber a relação distante dos
jovens com as grandes questões
nacionais, deve haver a preocupação
em envolvê-los nas causas cívicas. Até
para poderem impor os seus pontos de
vista. Para o fazerem, precisam de
informação. Precisam de ler jornais
ou, numa versão mais lata, de
consumir jornalismo.
O projecto PSuperior, uma parceria
do PÚBLICO com nove empresas que
tem como objectivo oferecer
assinaturas digitais deste jornal a
ferramentas para o exercício de uma
cidadania plena e exigente. O
jornalismo independente e cumpridor
da deontologia e dos preceitos
constitucionais que o protegem é uma
peça crucial contra o populismo e a
demagogia. É um alicerce fundamental
das sociedades livres e democráticas.
Instigar o bom hábito de leitura de
jornais nos jovens que se preparam
para entrar na vida activa é uma boa
forma de garantir o futuro desses
valores imprescindíveis.
manuel.carvalho@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
José Mário Branco I
A música popular portuguesa e
de intervenção social perdeu um
dos seus últimos baluartes.
Desapareceu Æsicamente o
enorme e brilhante cantautor,
poeta e arranjador José Mário
Branco. Adriano Correia de
Oliveira e José Afonso, já
desaparecidos, também ajudaram
a semear o glorioso 25 de Abril!
Felizmente, entre nós estão
Fausto Bordalo Dias, Francisco
Fanhais e Fernando Tordo entre
poucos. As pessoas só são
quando fazem e José Mário
Branco foi ao longo da sua vida
um profícuo obreiro. As suas
canções populares têm uma forte
mensagem de inquietação, de
apelo à luta para que os povos
tenham uma vida afastada da
precisão e da insuÆciência.
“Somos a maioria e quando
dermos conta de tal, outro galo
cantará em Portugal!”, disse-me
o meu querido e já saudoso
amigo e companheiro, Zé Mário.
Vítor Colaço Santos, Areias
José Mário Branco II
José Mário Monteiro Guedes
Branco é um nome luminoso
do movimento revolucionário
português. Em Resistir É Vencer
cantou a solidariedade, a
amizade e a procura de
melhores condições de vida
para o povo português. O autor
de Ser solidário aproximou a
música popular portuguesa à
música de intervenção. Cada
vez é mais necessária a
intervenção cívica pela
democracia e a liberdade.
Quando a extrema-direita
cresce na Europa, honremos
José Mário Branco, cantando:
“Ser solidário, sim, por sobre a
morte/Que depois dela só o
tempo é forte/E a morte nunca
o tempo a redime/Mas sim o
amor dos homens que se
exprime”
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
José Mário Branco III
Acabamos de saber da triste
notícia de que José Mário Branco
(1942-2019) partiu para lá da
dimensão que todos nós
conhecemos. Partiu
inopinadamente, mas
avisando-nos de Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades,
deixando-nos já com eternas
saudades.
Durante a sua carreira de
músico, compositor e cantor/
trovador de intervenção foi com
grande Inquietação que absorveu
a Canção da Paciência e, num
Agora, mergulhou em Canto dos
Torna-Viagem, para nos brindar
com Eu Vim de Longe, Eu Vou Pra
Longe, em A Nau de António Faria,
nos tempos da Moda do Entrudo. E
indo para A Proa, fez-nos Queixas
das almas jovens censuradas,
dizendo-nos que O país vai de
carrinho, enquanto pedia Casa
comigo, Marta, para de seguida
entrar na Década de Salomé.
Então, O Canarinho cantou Que
força é essa, enquanto com as
Galinhas do Mato, assim
desabafou: Qual é a tua, ó meu?,
para depois dizer Eu Dizia e cantar
Eu vi este povo a lutar, e, de
seguida, trautear a Canção do
medo.
E, saltando de tema em tema do
seu longo repertório,
quedemo-nos Ænalmente em
Nevoeiro, no qual, sem
sebastianismos salvadores, só nos
resta as saudades, que já são
muitas, deste nosso cantautor da
Liberdade.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 11

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

Na guerra entre os gigantes da aviação civil,
um negócio no Dubai destronou a Boeing e o
seu 737 na lista de preferências a favor da
Airbus e do A320. Os problemas com o 737 Max
deram uma ajuda ao construtor europeu, que pode
rejubilar com a notícia, mas tem de conter-se porque
os europeus estão a ser alvo da Administração
norte-americana, que culpa os governos de darem
ajudas ilegais à Airbus. Mas é sem dúvida uma
Guillaume Faury notícia com impacto na aviação. (Págs. 28/29) J.J.M.
Numa decisão controversa, o Presidente dos
EUA considerou legais os colonatos israelitas
construídos na Cisjordânia, rompendo com
uma posição de décadas partilhada pelos aliados e
pela lei internacional e dando uma ajuda a
Netanyahu quando continua a indefinição quanto à
formação de um Governo em Israel. Para os EUA,
como a posição anterior não levou a avanços no
processo de paz, muda-se de posição. Assim, sem
Donald Trump olhar a consequências. (Pág. 30) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA
José Mário
A canção, expressão da melancolia, do amor, do
entusiasmo, só morrerá se estes sentimentos morrerem; Branco
ela é, como o suspiro, como o grito, um dos movimentos
naturais da alma Eça de Queiroz (1845-1900), escritor
SEM COMENTÁRIOS UCRÂNIA
ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS

EM PUBLICO.PT
Especial José Mário Branco
O PÚBLICO reuniu todas as notícias,
opiniões, fotogalerias e vídeos sobre a
morte de José Mário Branco, nome maior
da música portuguesa.
publico.pt/jose-mario-branco
A Amazon tornou-se a “feira
da ladra” das falsificações
Malas Louis Vuitton por menos de 50 euros,
pulseiras Hermès por pouco mais de 20
euros ou um cinto da Gucci por 27 euros
publico.pt/culto
“Nas mãos só temos bandeiras,
mas continuam a bater-nos”
Os protestos no Iraque começaram a 1 de
Outubro e já fizeram mais de 300 mortos.
A Reuters fotografou os jovens que se
mantêm firmes em protesto publico.pt/p3
A
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
morte de José Mário Branco
encheu-me de tristeza. Não
estava à espera — e ainda tinha a
esperança de um dia o conhecer
e poder abraçá-lo por toda a
música e alegria que me trouxe.
Ele transcendia as espécies
musicais. Era como John
Coltrane: capaz de tudo mas com
vontade de mais ainda.
Se tivesse de escolher duas palavras para
José Mário Branco, lembrando-me das vezes
em que a música dele se cruzou com as vidas
que acompanhei, seriam génio (claro) e
generosidade (muita).
Nas alturas mais divisivas ele soube sempre
fazer da música e da arte uma união. Nunca
foi mesquinho ou faccioso ou falso. Às vezes
as pessoas que estão muito convencidas da
bondade e da urgência do que fazem
tornam-se intolerantes com as bondades e
urgências alheias.
José Mário Branco não. Era essa a incrível
generosidade dele: reconhecer a
humanidade e o talento dos outros, mesmo
quando não eram (nem podiam ser) tão
exigentes como ele era com ele próprio.
Ele era solidário ao ponto de não se poder
ser mais. Vai ser difícil explicar às pessoas
que vivem ensismesmadas, protectoras da
Çor de estufa que é o talento com que foram
prendadas, que talvez lhes faça bem sair um
bocadinho e conhecer algumas das pessoas e
alguns dos mundos dos quais tanto fazem
questão de fugir.
A música de José Mário Branco — muita da
qual nem tem o nome dele — é imensa e faz
mais falta com cada dia que passa. É uma
música colectiva no bom sentido, de ser
necessariamente feita com outros, para bem
da música — e para bem de todos.
É uma música antiga.
É uma música por vir.
12 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
ESPAÇO PÚBLICO
A escola pública precisa de mais classes
Luís Aguiar-Conraria
Esta é, talvez, a mais grave
consequência da fuga das
classes altas e médias-altas
para o ensino privado:
A
grande parte da “clientela”
exigente vai-se embora
costela açoriana da minha
família faz parte da diáspora lusa
nos Estados Unidos. Os meus
avós paternos e dois tios para lá
emigraram há muitas décadas.
Na verdade, da família minha
paterna, só o meu pai não
emigrou. As minhas primas lá
nasceram e são americanas. O
percurso escolar das minhas
primas foi assim feito em Rhode Island,
Estados Unidos, numa cidadezinha com
forte presença portuguesa.
Quando perguntei ao meu tio Artur o
motivo de a sua Ælha ter feito quase todo o
seu percurso académico em escolas
privadas, a resposta foi simples. Estava a
miúda no 4.º ou 5.º ano quando o meu tio
participou numa reunião de pais com a
direcção da escola em que foi discutido, e
aprovado, dispensar professores de
Matemática. O argumento era o de que
Cálculo Avançado não interessava aos
alunos. Como a miúda ainda era nova, esta
decisão não a afectava imediatamente, mas
serviu de alerta. Se o meu tio queria uma
escola que puxasse pela Ælha, em vez de uma
que fosse arrastada pelo ambiente
socioeconómico que ali se vivia, tinha de a
tirar dali. Todos os rendimentos familiares
passaram a ser poupados para investir na
educação da minha prima e para pagar as
propinas das escolas para onde ia. Esta foi a
reacção do meu tio, emigrante e blue-collar
worker (soldador, para ser mais preciso) e,
como imaginam, as classes altas e
médias-altas da região faziam o mesmo. As
escolas públicas Æcaram sem massa crítica.
Em Portugal, com a expansão do ensino
privado, passa-se o mesmo. Se olharmos
para o comentariado nacional, composto,
essencialmente, por classes médias-altas e
altas, percebemos que a enorme maioria não
tem os Ælhos no ensino público. O mesmo
com a classe política. Há poucas excepções.
João Miguel Tavares, que também por aqui
escreve, é uma. É até engraçado ver a
dinâmica que se gera no Governo Sombra
sempre que discutem estes assuntos. João
Miguel Tavares, direitolas, tem os Ælhos na
pública, e Ricardo Araújo Pereira,
esquerdalho, tem a descendência numa
DANIEL ROCHA
noção de como os professores já estão até
aos cabelos com a falta de protecção, de
autoridade e de instrumentos para lidar com
alunos difíceis e saturados com os planos
individualizados que têm de fazer para os
alunos com mais diÆculdades. Por isso,
deixem-se de conversa Æada, ou há dinheiro
para investir em mais recursos ou mais vale
estar quieto. E falar no que se poupa quando
não se chumba um aluno é léria. Não se
poupa praticamente nada. Se o aluno não
chumbasse, ia continuar na escola na mesma
(até a abandonar aos 18 anos). O que há é,
essencialmente, uma redistribuição de
alunos com impacto mínimo nos custos.
Portanto, caro Rui Rio, pare de perguntar se
passam ou não passam. Isso é tão primitivo
que já nem é senso comum. Pergunte antes:
há ou não há dinheiro? E repita a pergunta
quantas vezes forem necessárias.
O segundo efeito importante é o da falta de
massa crítica entre os “clientes” da escola.
Como já escrevi em crónica anterior, quando
andei na escola, estava na turma dos Ælhos
dos doutores e engenheiros. A segregação
social era notória e era horrível. Mas, apesar
de tudo, os miúdos que estavam nas outras
turmas tinham as mesmas condições que os
privilegiados. Os mesmos professores, as
mesmas instalações, os mesmos livros e,
quando jogávamos futebol, as equipas eram
interclassistas. Isso quer dizer que se um
manual fosse mal escolhido, por ter erros
escola privada. Pode-se achar que, como são tirou uma foto de uma lagarta a passear no cientíÆcos, por exemplo, haveria pais com
escolhas individuais, ninguém tem nada com seu prato e o assunto foi tratado como um capacidade para o detectar e queixarem-se.
isso. Mas o problema é que, mais do que uma fait-divers noticioso. Vemos reportagens com Ao Æm de algumas semanas sem aulas a
escolha individual, trata-se de um padrão. professores a serem agredidos à entrada das Português, os pais começavam a mexer-se
Por exemplo, entre os meus colegas da escolas e pouco impacto têm nos colunistas para apurar responsabilidades e exigir
universidade, só eu tenho uma Ælha na de opinião. Se tivessem os Ælhos nessas solução rápida. Esta é, talvez, a mais grave
escola pública. escolas, seriam muito mais activos a consequência da fuga das classes altas e
Tratando-se de um denunciar a falta de condições nas escolas. médias-altas para o ensino privado: grande
padrão, tem, pelo Há milhares de alunos que não têm todos os parte da “clientela” exigente vai-se embora e
menos, duas professores. Há alunos que não têm ainda os a que Æca não é inÇuente, pelo que a pressão
consequências, que professores a disciplinas essenciais para para resolver os problemas não é a mesma.
Uma coisa é estão relacionadas. A entrarem nos cursos que pretendem e, Ou o Governo tem um plano para atrair as
primeira é a forma apesar de os jornalistas fazerem notícias com classes altas e médias-altas para o sistema
irem alguns como se discute o isto, o comentariado não dedica a sua público ou a segregação social
das classes ensino no espaço atenção ao assunto. Estivessem os seus aprofundar-se-á. E se é verdade que sempre
mais altas para público. A segunda é
a falta de massa
Ælhos, que querem entrar no curso de
Engenharia Espacial ou similar, sem aulas de
haverá quem fuja à mistura de classes,
também é verdade que uma coisa é irem
o privado e crítica que faça Matemática a um mês do Æm do primeiro alguns das classes mais altas para o privado
outra é só ficar pressão interna para
as escolas
período e, obviamente, que seria assunto.
Mas não estão.
e outra é só Æcar no público quem não tem
possibilidade de escolha. A escola pública
no público melhorarem. Também se viu essa falta de vivência em tornar-se-á assistencialista e o
quem não tem O efeito no espaço muitos dos que comentaram o “plano de não cheque-ensino a única solução aceitável.
público é a ausência retenção no ensino básico”. De um lado, uns Quando acabar esta legislatura, teremos 21
possibilidade de uma série de falavam como se a escola pública fosse de um anos de governação socialista, intercalada
de escolha assuntos que deviam facilitismo absurdo, com um grau de com sete anos de governação de direita.
ocupar o exigência cada vez mais baixo. Do outro lado, Estará na altura de deixarem de culpar os
comentariado outros falavam como se os professores governos de direita por tudo o que de mal
nacional. A comida fossem contra este plano por lhes ir dar mais acontece.
nas cantinas é uma trabalho e exigir mais deles. Uns não têm a
vergonha e ninguém mínima noção de como o ensino actual é Professor da Escola de Economia e
fala nisso. Há uns bem melhor e mais exigente do que o ensino Gestão da Universidade do Minho.
anos, uma aluna que tiveram. Os outros não têm a mínima Escreve à quarta-feira

A rebelião das massas
N
Nuno Severiano Teixeira
O Mundo às Avessas
ão, não estou a falar do clássico de
Ortega y Gasset. Estou a falar do
protesto de massas que atravessa,
hoje, o mundo inteiro. Tudo
começou há um ano, em Paris, com
o movimento dos coletes amarelos.
De então para cá, a revolta popular
não parou mais. Nos últimos nove
meses, o protesto tomou conta da
rua e a rua tomou conta do mundo.
São gigantescas manifestações de massas que
saíram à rua nas mais diversas capitais e que se
tornaram um actor central na política global.
Em Hong Kong, o protesto contra uma lei da
extradição transformou-se numa luta pela
liberdade e pela democracia. Na Catalunha, o
protesto contra a prisão dos líderes
independentistas transforma-se na luta pela
própria independência. No Chile, um protesto
contra o aumento do preço dos bilhetes do
metro transformou-se numa luta contra as
desigualdades. No Líbano, um protesto contra
um imposto sobre a utilização do WhatsApp
transformou-se numa luta contra a corrupção.
No Iraque, a demissão de um militar tido por
combater a corrupção transformou-se numa
luta contra a falência dos serviços públicos. No
Irão, o protesto foi contra a subida do preço
dos combustíveis, na Índia contra o preço das
cebolas e na Arábia Saudita contra um imposto
sobre o uso dos cachimbos de água nos
restaurantes.
As causas próximas são várias e, muitas
delas, secundárias. As causas profundas, pelo
contrário, são sérias e quase sempre as
mesmas: desigualdades económicas, ameaça
às liberdades políticas, corrupção,
separatismo. Mas haverá um denominador
comum a todos estes protestos? Sim. A
frustração, o ressentimento e a revolta contra
o sistema estabelecido. A incerteza sobre o
futuro e a luta pela dignidade de que os
manifestantes se sentem excluídos. Excluídos
porque não se sentem representados pelas
instituições tradicionais — partidos ou
sindicatos — e excluídos porque sentem que os
governos não respondem às suas
necessidades, aos seus anseios e, sobretudo,
aos seus receios. São pequenas coisas que se
transformam em grandes causas.
Na mobilização das massas são os jovens os
actores principais, estudantes universitários
ou do secundário, a que se juntam os
desempregados e depois a massa dos cidadãos
que se identiÆcam com o protesto. A
organização é horizontal e em rede, sem
hierarquias nem lideranças visíveis. Os
protestos tendem a radicalizar-se e a violência
entra em cena. Do lado da repressão policial e
também dos manifestantes. Os mortos
contam-se já pelas centenas. E mesmo quando
os governos cedem e os líderes caem, os
protestos continuam na rua. Quer isto dizer
que as coisas estão a mudar e os protestos
estão a vencer? Não. O que um estudo
sistemático sobre o protesto político realizado
por Erica Chenoweth, da Universidade de
Harvard, nos diz é precisamente o contrário.
Nos últimos 20 anos, a taxa de sucesso dos
protestos que reivindicavam a mudança
política sistémica era de 70%, uma tendência
que crescia sustentadamente desde a década
de 1950. Desde 2000, porém, a tendência
inverteu-se e, hoje, a taxa de sucesso destes
movimentos é de apenas 30%. Isto é, a
banalização do protesto limita a sua relevância
e reduz a sua eÆcácia. Ao banalizar-se perde o
seu poder transformador e torna-se o “novo
normal”. Mas o que é que explica essa queda
da eÆcácia do protesto como instrumento de
mudança política? Primeiro, a mudança do
ambiente político internacional e a recente
vaga de autocratização. Pela primeira vez
desde a Segunda Guerra Mundial, o número
dos países que evoluem para a autocracia é
maior do que os que evoluem para a
democracia.
Segundo, a resposta
cada vez mais
soÆsticada dos
poderes, não só na
Haverá um repressão dos
denominador
manifestantes mas
também no uso das
comum a estes novas tecnologias e
protestos? Sim.
redes sociais. O
instrumento de
A frustração, o mobilização passa a
ressentimento ser usado também
e a revolta
como instrumento de
desmobilização. E,
contra o Ænalmente, a própria
sistema
duração e a
radicalização do
estabelecido protesto. Pode a
causa ser a mais
nobre, pode o
objectivo ser o mais
justo, mas se o
método for o da
violência, o protesto
tende a isolar-se,
alienando o apoio da maioria da população.
Ou seja, os meios podem comprometer os Æns.
O protesto é um poderoso instrumento de
mudança política. Mas o segredo do seu
sucesso está na capacidade de atrair para a sua
causa a maioria dos cidadãos. Isto é, de
transformar a revolta das margens no interesse
comum. É isso o que está em jogo, de Hong
Kong a Barcelona, de Beirute a Santiago.
Professor catedrático da Universidade
Nova de Lisboa. Visiting professor na
Georgetown University. Escreve
quinzenalmente à quarta-feira
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 13
ESPAÇO PÚBLICO
Onde está a
discriminação?
Q
social class relationship among female athlete of
Manuel Soares Pakistan, 2016, Abida Naser).
Se Fatima Habib estivesse no Paquistão,
uando o meu Ælho jogava futebol podia jogar basquetebol com mangas
no Cova da Piedade, numa compridas, mas há muitas coisas que lhe
daquelas manhãs geladas de estariam vedadas. Basta lembrar o exemplo de
inverno em que custa ver os Maria Toorpakai Wazir, que praticou
miúdos a tremerem de frio, halteroÆlismo e jogou squash disfarçada de
encolhidos à espera do primeiro rapaz, com nome falso, até ser descoberta e ter
apito do árbitro, descobri que não recebido ameaças de morte, obrigando-a a
podia usar a camisola térmica de Æcar três anos a treinar em casa contra uma
manga comprida que lhe tínhamos parede até escapar para o Canadá e cumprir o
comprado na véspera. O sonho de ser uma das melhores do mundo no
regulamento proibia. Era estúpido mas tive de seu desporto favorito. Ou, então, o exemplo de
aceitar. Malala Yousafzai, prémio Nobel da Paz, que
Lembrei-me disto a propósito da menina em 2017 foi duramente criticada pela imprensa
paquistanesa, Fatima Habib, impedida de do Paquistão e comparada com uma estrela
jogar basquetebol em Tavira por se ter porno, só por se ter apresentado na
recusado a arregaçar as mangas da camisola Universidade de Oxford vestida com jeans
que vestia por baixo do equipamento e a apertados, apesar de ter a cabeça coberta por
mostrar os braços, contra a tradição religiosa um lenço.
da família. Os alarmes da intolerância religiosa, No Paquistão, uma menina europeia cristã
bastante sensíveis, soaram de imediato, que quisesse jogar basquetebol teria
indiferentes ao facto de a proibição decorrer provavelmente muito
dos regulamentos oÆciais da Federação de mais diÆculdade para
Basquetebol e nada ter que ver com questões o fazer de braços
religiosas. Uma regra que se aplica a todos por descobertos do que
igual, feita sem qualquer intenção Fátima Habib teve
discriminatória, que pode até ser discutível ou
no limite estúpida, foi logo transformada num
Se Fatima Habib para jogar em
Portugal com mangas
instrumento retórico daqueles para quem estivesse no compridas. É que,
tudo pode ser exclusão cultural e religiosa.
Discriminação é outra coisa e espero que o
Paquistão, entretanto, a
Federação de
pai de Fatima Habib, que disse que ela só podia jogar Basquetebol já lhe
voltava a jogar quando se pudesse equipar à basquetebol assegurou as
sua maneira, também lhe fale disto. Em 2008, condições necessárias
apenas 2% das mulheres que participaram nos com mangas para jogar,
jogos olímpicos de Pequim eram islâmicas, compridas, oferecendo-lhe os
apesar de esses países representarem 20% da
população mundial. Só em 1984 é que a
mas há muitas “acessórios
necessários”. Este
primeira mulher islâmica ganhou uma coisas que lhe exemplo faz-me
medalha olímpica (Women and Sport in Islamic
Countries, Gertrud PÆster). O maior obstáculo
estariam regressar à memória
do caso do meu Ælho
à participação das mulheres desses países no vedadas com uma certa
desporto tem que ver precisamente com os perplexidade. Se ele
equipamentos desportivos e com a forte fosse de uma família
repressão da sexualidade feminina, associada muçulmana e tivesse
à exibição pública do corpo. A mulher deve argumentado que se
evitar aparecer em público e se o Æzer deve sentia excluído, em
usar roupa “decente”, que cubra o máximo vez de se queixar do
possível do corpo. Isso torna virtualmente frio e da estupidez de
impossível, por exemplo, que mulheres ser obrigado a jogar de manga curta e calções,
pratiquem desportos como natação ou teria tido mais sorte. O nosso modelo de
voleibol de praia. Ou então, coloca-as numa sociedade assenta num princípio de respeito
evidente posição de desvantagem, como pela diferença, mas com equilíbrio e
aconteceu com Rogaia Al-Gassra, do Bahrein, harmonização de direitos conÇituantes. À luz
que teve de correr os 100 e 200 metros nas deste princípio, torna-se difícil perceber se em
olimpíadas de Atenas de calças, manga certos casos o que está em causa é o respeito
comprida e lenço na cabeça. O dress code pela singularidade das minorias ou, ao
muito mais restritivo no desporto feminino contrário, a imposição transformadora dessa
tem, portanto, nos países islâmicos um singularidade às maiorias.
impacto discriminatório no número de
mulheres que praticam desportos e nos Presidente da Direcção da Associação
resultados desportivos que alcançam em Sindical dos Juízes Portugueses.
competições (The sports participation and Escreve quinzenalmente à quarta-feira
14 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
POLÍTICA
Monteiro quer que “pensamento
conservador triunfe”
Manuel Monteiro Considera estarem reunidas as “condições”
para regressar ao partido que deixou em 2003. Ex-líder do CDS
diz que “o portismo não sobrevive sem Portas”
Entrevista
São José Almeida
e Sofia Rodrigues
Aos 57 anos, o professor
universitário Manuel Monteiro
quer contribuir para o triunfo do
pensamento conservador em
Portugal. Defende que o CDS não
pode ter “medo” de redeÆnir o seu
ideário. Propõe bandeiras como a
revisão constitucional, para criar
um Parlamento bicameral com
representação das regiões, e
mudanças de fundo na
organização dos serviços públicos.
Está disponível para colaborar com
o futuro presidente do CDS — o
congresso electivo realiza-se a 25 e
26 de Janeiro de 2020 — e admite
vir a apoiar Francisco Rodrigues
dos Santos, se ele lho pedir.
Insiste em manter a vontade de
se refiliar no CDS?
O mais possível.
Porquê?
Corresponde a uma vontade
minha, que é sempre o aspecto
mais importante para quem quer
intervir politicamente. Estão hoje
reunidas condições para que eu
possa regressar ao CDS. Fiz, há mais
de um ano, uma reaproximação,
testemunhada pelo meu apoio e
participação na campanha
autárquica de Assunção Cristas e
depois por um conjunto de
deslocações pelo país. Tenho
consciência de que essa
reaproximação é desejada também
pelos militantes e pelas estruturas
do partido que me convidaram.
Por que razão saiu do CDS em
2003? Tem consciência de que a
sua saída ainda é vista por
alguns dirigentes como uma
traição, ao fundar um partido
concorrente?
Tenho consciência. Respeito e
admito que existe essa visão por
parte ainda de algumas pessoas,
creio que não são a maioria. Saí do
CDS, em primeiro lugar, para
defender as ideias que tinha,
nomeadamente sobre a questão
europeia. Em determinado
momento, Paulo Portas, com toda a
legitimidade, entendeu alterar o
rumo político do partido nessa
matéria que tinha construído
comigo, ele mudou de opinião.
Entendi que não tinha condições
para continuar a defender os meus
pontos de vista dentro do CDS. O
congresso do CDS a seguir às
autárquicas de 2001, no qual fui
aÆrmar os meus pontos de vista,
sabendo que ia perder, foi muito
traumatizante. Fui insultado. Para
mim, a política é razão, mas
também é emoção, e a emoção,
naquele momento, pesou mais.
Qual a real razão da sua ruptura
com Paulo Portas, ele que fez
parte do seu núcleo duro?
Ele aproximou-se de nós, aquando
do Congresso do Altis [eleição de
Manuel Monteiro como presidente
em 1992]. É inquestionável o apoio
dele a todos os títulos. Quanto à
ruptura, é uma pergunta difícil,
tenho de reconhecer. Aquilo que
posso dizer é que em determinado
momento tínhamos leituras
distintas do exercício da actividade
política e do posicionamento do
CDS no Parlamento,
nomeadamente na viabilização de
Orçamentos do Estado (OE).
Entendemos que o CDS devia,
sempre que isso correspondesse às
nossas posições, viabilizar o OE. Às
vezes o prof. Marcelo Rebelo de
Sousa, que tem uma memória
Temos um sistema
que combateu o
regime
corporativo de
Salazar, mas que,
em nome da
democracia, é
claramente
corporativo
muito selectiva, lembra-se sempre
que foi graças ao PSD que os OE de
António Guterres foram
viabilizados. Mas esquece-se
sempre que no primeiro OE, ainda
era presidente do PSD Fernando
Nogueira, nós abstivemo-nos e
sozinhos viabilizámos o OE.
Portas queria e fez negociações
mais amplas. Teve a ver com
conversações entre Portas e um
membro do Governo para que
pessoas do CDS fossem para
cargos públicos?
Constava isso na altura.
Confirma ou desmente?
(Silêncio)
Não quer dizer mais nada?
Não.
Ainda há influência de Portas no
CDS?
Admito que já não seja tanta
quanto, por vezes, se faz crer. É
inquestionável e normal que a
inÇuência de alguém que liderou
durante tanto tempo um partido,
de forma marcante, e conduziu o
partido ao poder não desapareça de
um momento para o outro. Penso
que a prova mais evidente foi a
indicação de Assunção Cristas para
líder. Mas creio que hoje ele está
numa vida pessoal totalmente
distante do CDS.
O portismo sobrevive sem
Portas?
Penso que não, tal como o
monteirismo não sobreviveu sem
Monteiro, o cavaquismo não
sobreviveu sem Cavaco e, portanto, gostaria de dar o meu contributo Não sou congressista, não sou
o portismo não sobrevive sem nessa aÆrmação. Tenho condições militante, não me queria envolver
Portas. para o fazer, apoiando quem se nessa disputa.
Quer voltar a liderar o CDS? candidate a presidente do CDS. Mas simpatiza com o líder da
Não tenho o objectivo de voltar a Estamos a assistir progressivamente Juventude Popular ( JP)?
ser o que já fui. Mas há uma coisa a um esvaziar da vida política. Aliás, foi o primeiro que me
que é certa, o facto de não ter essa Nunca como agora as democracias convidou para ir a uma coisa do
ambição não me leva a poder estiveram tão em perigo — está a CDS, o 40.º aniversário da JP. Foi o
aÆrmar que jamais essa questão se dizê-lo uma pessoa da direita primeiro a dar um passo de
me poderá colocar. Não é algo que democrática e conservadora. Penso aproximação a mim, isso não
hoje me mova. Mas há uma coisa que um discurso conservador, esqueço. Quanto a disputas
que para mim é clara: gosto de dentro das regras democráticas, internas, não me queria envolver.
intervir politicamente, penso na defensor dos valores humanistas, Conheço Filipe Lobo d’Ávila
vida e na intervenção política e tem todo o caminho para progredir. também. IdentiÆco-me com muito
creio que estão hoje reunidas todas Apoia Francisco Rodrigues dos do que é dito por Francisco
as condições para que o Santos? Rodrigues dos Santos, é
pensamento conservador triunfe Se ele me pedir. inquestionável.
em Portugal, cresça e se aÆrme. E E João Almeida? Que papel pode o CDS ter numa

reorganização da direita e do
centro-direita?
O CDS tem de ter a coragem de
quebrar tabus, o que pressupõe,
acima de tudo, ter a ousadia de dizer
que, tantos anos passados sobre o 25
de Abril, sem pôr em causa — nunca
— o regime, devemos saber pôr em
causa todos os alicerces do sistema.
Como?
O CDS deve ter como principal
bandeira uma clara reforma do
sistema político. Devia avançar com
uma proposta de revisão
constitucional, que altere o quadro
de representatividade. Não estou a
falar do sistema eleitoral, mas da
defesa a nível nacional das regiões,
NUNO FERREIRA SANTOS
sem a regionalização. Deveríamos
avançar para um sistema bicameral,
mantendo os 230 deputados. Se
tivéssemos uma câmara das regiões
com cem deputados, cinco por
cada distrito ou regiões autónomas,
e os outros 130 mandatos
distribuídos, esses sim, numa
câmara de representantes em
função do número de eleitores, isto
integraria e aproximaria o interior
do litoral e faria com que as regiões
passassem a ter uma voz activa na
legislação do país.
E que outras propostas o CDS
deveria ter?
O CDS deveria batalhar para libertar
o Estado, porque o Estado está
Gostaria de dar o meu
contributo nessa aÄrmação
[o pensamento conservador].
Tenho condições para o fazer,
apoiando quem se candidate
a presidente do CDS
sequestrado por lobbies,
corporações e interesses que não
dizem nada ao país. Veja-se o
Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Este modelo de SNS está gasto. Uma
das razões é porque o Estado,
dentro da sua burocracia, não tem
capacidade para fazer determinado
tipo de contratos com médicos e
enfermeiros. Está a fazer uma coisa
lamentável, que é contratar
médicos através de empresas para
prestar serviço nas urgências,
estamos a dar dinheiro a empresas.
São interesses privados...
Mas que é um privado falso, que
vive à custa do público. O CDS deve
saber travar a batalha da separação
clara entre o que é público e
privado. Sempre defendi a iniciativa
privada, mas não confundo a
iniciativa privada do risco com a
daqueles que, sem risco, vivem à
custa do OE.
Sempre defendeu um Estado
forte...
Claro. Mas esse Estado forte não
signiÆca este Estado fraco que está
capturado por interesses que não
dizem respeito aos cidadãos. Não
podemos pensar que se muda o
SNS sem uma clara identiÆcação
entre quem quer trabalhar no
público ou no privado. As pessoas
têm a liberdade de escolha em
relação à sua actividade
proÆssional, não podem é andar
com um pé num lado e um pé no
outro. Isso tem permitido que o
Estado esteja efectivamente
capturado. Temos, hoje, um
sistema que combateu o regime
corporativo de Salazar, mas que,
em nome da democracia, é
claramente corporativo. Isso não
Substituímos os
Älósofos e os
ideólogos pelos
especialistas. E,
quando o fazemos,
derrotamos a
política e a
democracia
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 15
pode ser. E a maioria dos cidadãos
começou a perceber que há alguma
coisa que não corre bem, porque o
Estado está capturado, com o
conluio e a comparticipação de
partidos políticos que estão mais
preocupados com a sobrevivência
do seu pessoal político do que com
a revitalização da própria sociedade
e a defesa do país.
É esse o caminho de redefinição
da direita em Portugal?
Da direita democrática, fresca,
conservadora. Ser conservador não
é ser reaccionário, não é ter
agendas direccionadas para
determinado tipo de grupos sociais
ou para determinados grupos
étnicos. Não. Ser conservador é
defender valores em que se acredita
no plano do humanismo cristão,
mas é ter essa coragem de libertar o
Estado dos lobbies que o dominam.
Que outras bandeiras o CDS
deve defender?
Seria fundamental protagonizar um
novo contrato de cidadania. Se eu
falar de contrato social, podem
pensar que aderi às teorias de
Rousseau, mas não tenho problema
com o rótulo. O que signiÆca um
novo contrato de cidadania?
SigniÆca eu perceber por que e para
que pago impostos, e em que é que
o meu dinheiro é gasto. Quando um
cidadão vai ao um hospital, mesmo
que apenas pague uma taxa
moderadora, deveria receber um
recibo dizendo: “Não pagou, mas se
tivesse de pagar, pagaria xis”. O
cidadão deveria saber o que
desconta, permanentemente, e
aquilo que efectivamente já recebeu
do Estado, nomeadamente em
matéria de Educação e de Saúde.
Essa transparência implicaria uma
mudança total do funcionamento
dos próprios serviços.
A ideologia faz falta?
Sou um defensor das ideias
políticas, de um modelo de
sociedade e não apenas de uma
lógica tecnocrática, como tinha
Cavaco Silva. Esvaziar as ideologias
é péssimo para a democracia.
Substituímos os Ælósofos e os
ideólogos pelos especialistas. E
quando o fazemos, derrotamos a
política e a democracia. Quando
secamos a política em termos do
seu ideário e profundidade, apenas
nos transformamos nuns fazedores
de política.
Esse renascer à direita pode ser
feito pelo CDS sozinho ou com o
PSD?
Primeiro, tem de ser feito pelo CDS
sozinho. É um erro total que o CDS
sobrevalorize o que não deve sê-lo.
Por exemplo, os novos partidos que
surgiram à direita, embora não
possa ignorar essa realidade. O
Chega e a Iniciativa Liberal tiveram
60 mil votos cada, o CDS perdeu
437 mil, os votos claramente foram
para a abstenção. Depois não
podemos cair na tentação de que
vamos tentar fazer coligações com
o PSD para aumentar o número de
eleitos nas autarquias, para
distribuirmos mais uns lugares
pelos amigos. Um partido que quer
dar o exemplo não pode criticar o
PS porque nomeia os amigos para
os lugares do Estado e, quando está
no poder, fazer exactamente o
mesmo. Tem de dizer que o
exercício da democracia não é um
emprego. A vida política é uma vida
de serviço, não é uma vida de me
servir. Se a direita portuguesa não
der esse exemplo, então o que a
diferencia? É o hino? É o rótulo? É a
bandeira? Não.
Não será uma renovação da
direita com o centro-direita?
A direita perdeu a batalha da
cultura e tem de ter a capacidade
de recuperar o combate cultural.
Sem medo. Há hoje uma realidade
extraordinária na vida política, não
apenas portuguesa, que é uma
aliança tácita entre a nova
esquerda e o neoliberalismo, entre
o individualismo e o consumismo.
Uma sociedade que está cada vez
mais vazia. Temos hoje a era do
vazio, como escreveu Gilles
Lipovetsky. A nova esquerda e o
novo liberalismo são hoje aliados,
mesmo dizendo que não são. A
direita conservadora não pode
bater palmas ao capitalismo
selvagem. Mas em nome dos
valores de família, de projecto de
sociedade, de nação, também não
pode ir ao encontro da nova
esquerda. Penso que há um
caminho extraordinário de
crescimento se o CDS pegar na sua
juventude, juntar os mais novos a
pessoas mais antigas e com outro
capital de experiência e preparar
esse caminho de aÆrmação a
pensar nas próximas legislativas.
sao.jose.almeida@publico.pt
srodrigues@publico.pt
16 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
POLÍTICA
Bloco de Esquerda
reforça combate
ao amianto e propõe
alterar lei
Educação
Liliana Borges
Os bloquistas entregam
hoje um projecto de lei a
pedir a actualização da lista
de edifícios com amianto
até ao final de 2020
A lista de edifícios não é conhecida e
o ministro da Educação, recentemen-
te, recusou-se a divulgar números
sobre as escolas públicas identiÆca-
das. Apesar de a utilização de amian-
to ter sido proibida pela Comissão
Europeia em 1999 (com efeito a partir
de 2005), o número de edifícios com
este material está longe do zero e Por-
tugal continua a receber toneladas
dele. Os perigos que representa para
a saúde pública há muito que foram
identiÆcados e reconhecidos. No
entanto, e apesar de em 2011 a Assem-
bleia da República ter aprovado a
listagem e remoção deste material
dos edifícios públicos, a sua elimina-
ção tem sido “empurrada com a bar-
riga”, criticam ambientalistas. Por
isso, o Bloco de Esquerda quer que o
Governo actualize a lista de edifícios
públicos com amianto até ao Ænal de
2020.
Num projecto de lei a que o PÚBLI-
CO teve acesso e que é entregue hoje
na Assembleia da República, os blo-
quistas exigem ainda o calendário de
monitorização e remoção deste mate-
rial de construção seja publicitado
por uma questão de transparência e
escrutínio.
Para o Bloco de Esquerda, existem
dois problemas. Por um lado, “a lis-
tagem dos edifícios que contêm
amianto está desactualizada porque
foi feita há muito tempo e em muitos
sítios foi apenas avaliado se existia
fibrocimento, excluindo outros com-
postos que têm amianto”, critica o
deputado bloquista Nelson Peralta
em conversa com o PÚBLICO. No
documento, o Bloco propõe a actua-
lização dessa lista — com critérios
rígidos — até ao Ænal do próximo ano,
enumerando, “segundo graus de
prioridade, as intervenções a efectuar
e encontrar soluções para o seu Ænan-
ciamento” e rápida execução, lê-se no
projecto de lei.
Por outro lado, a lei aprovada em
2011 prevê que exista um calendário
com os trabalhos de remoção, mas
não obriga a que esse planeamento
seja do conhecimento público. O Blo-
co de Esquerda também quer alterar
isso, propondo que seja tornado
público “através do portal do Gover-
no” e que seja “actualizado anual-
mente”. “Trata-se de uma questão de
transparência e democracia, para
colocar o combate ao amianto como
uma prioridade em Portugal”, justiÆ#
ca Nelson Peralta.
PAN e PEV têm propostas
Esta não é a primeira proposta a dar
entrada na Assembleia da República
desde que os deputados foram
empossados. O primeiro partido a
fazê-lo nesta sessão legislativa foi o
PEV, que no Ænal de Outubro apre-
sentou um diploma a exigir que o
calendário seja tornado públi-
co anualmente pelo Governo à
Assembleia da República até ao dia 31
de Março. A 8 de Novembro, o PAN
entregou um projecto de resolução
que recomendava ao Governo a
actualização da lista de edifícios com
amianto. O projecto do Bloco junta as
duas propostas.
Para o BE, estas duas alterações
“não só melhoram a lei como a tor-
nam mais eÆcaz”. O objectivo é “reco-
locar a remoção de amianto como
prioridade nacional”. “A partir do
momento em que há uma calendari-
zação, é possível pressionar para que
se possam antecipar algumas remo-
ções consideradas mais prioritárias,
uma vez que o amianto é especial-
mente danoso para a saúde pública
quando as instalações estão mais
daniÆcadas”, nota Nelson Peralta.
liliana.borges@publico.pt
Número de escolas com
amianto deve ser público
Isabel Ferreira vive em Bragança e é lá que vai exercer o cargo
Três secretarias
de Estado ficam
fora de Lisboa
Governo
São José Almeida
Bragança, Castelo Branco
e Guarda vão receber
gabinetes da Acção Social,
Valorização do Interior e
Conservação da Natureza
Três das 50 secretarias de Estado do
Governo vão funcionar de forma des-
centralizada e terão sede fora de Lis-
boa. A decisão só agora foi tomada,
apesar de ser um assunto em discus-
são desde a tomada de posse do exe-
cutivo, no Ænal de Outubro.
A Secretaria de Estado da Conser-
vação da Natureza, das Florestas e do
Ordenamento do Território, ocupada
por João Catarino, Æcará em Castelo
Branco. O governante já estava nesta
capital de distrito, onde tutelava a
Valorização do Interior. Agora, esta
pasta muda de mãos e passa a ser
gerida a partir de Bragança. Aliás,
Isabel Ferreira, secretária de Estado
da Valorização do Interior, já está des-
de segunda-feira instalada em Bra-
gança (onde vive). Finalmente,
a Secretaria de Estado da Acção
Social, de que é titular Rita da Cunha
Mendes, terá sede na Guarda, a partir
de 9 de Dezembro.
Todas estas estruturas governa-
mentais manterão gabinetes em Lis-
boa, nos respectivos ministérios.
Tal como vinha acontecendo até
aqui, João Catarino continuará a ocu-
par o edifício do antigo Governo Civil
em Castelo Branco. O mesmo que no
anterior Governo albergou a Secreta-
RUI GAUDÊNCIO
ria de Estado da Valorização do Inte-
rior. Aí trabalharão cinco membros
da equipa do secretário de Estado e
serão feitas audiências. O mesmo edi-
fício servirá para outros membros do
Governo, sobretudo do Ministério do
Ambiente e Acção Climática, faze-
rem as suas reuniões.
Em Bragança, a Secretaria de Esta-
do Æca sediada no Brigantia EcoPark,
onde vão trabalhar em permanência
três funcionários. ReÆra-se que a
secretária de Estado Isabel Ferreira é
investigadora do Instituto Politécnico
de Bragança e vive na cidade, pelo
que esta deslocalização não signiÆca
grandes mudanças na sua vida.
A sede da Secretaria de Estado da
Acção Social Æcará instalada no Cen-
tro Distrital da Guarda do Instituto da
Segurança Social e, temporariamen-
te, na delegação distrital da Guarda
do Instituto da Mobilidade e dos
Transportes. A região não é estranha
para Rita da Cunha Mendes, que foi
vice-presidente da Câmara Municipal
de Aguiar da Beira.
A deslocalização de secretarias de
Estado para estas três cidades do inte-
rior só agora foi conÆrmada oÆcial-
mente, mas já vinha sendo referida
ao ponto de vários agentes locais
terem comentado as opções do pri-
meiro-ministro e dos seus ministros.
Um deles foi o social-democrata que
preside à Câmara da Guarda. “Eu não
tinha nenhuma informação oÆcial de
que tal pudesse vir a acontecer, mas
é com muita satisfação que a Guarda
acolhe esta secretaria de Estado”,
disse Carlos Chaves Monteiro.
sao.jose.almeida@publico.pt
Breves
Efeméride
CDS propõe assinalar
25 Novembro
no Parlamento
O CDS propõe que o
Presidente da República
atribua a Ordem da Liberdade
às “personalidades que
contribuíram decisivamente
para o triunfo da democracia e
da liberdade a 25 de
Novembro de 1975”, segundo
um projecto de resolução já
entregue. O partido avançou
também com uma proposta
para realizar uma sessão
evocativa anual do dia 25 de
Novembro no Parlamento.
Livre
Honras de Panteão
para Aristides
de Sousa Mendes
Quatro dias depois do aceso
debate no Parlamento em
torno das propostas de votos
de condenação dos crimes
praticados pelos regimes
nazista e comunista, o Livre
entregou ontem um projecto
de resolução que poderá ser
mais consensual: conceder
honras de Panteão Nacional a
Aristides de Sousa Mendes,
para homenagear a memória
do diplomata que “desafiou a
ideologia fascista”.
Programa Regressar
481 emigrantes
concorreram a apoios
para voltar ao país
Até ao mês de Novembro, o
Programa Regressar recebeu
481 candidaturas, 70% das
quais de pessoas que saíram
de Portugal entre 2011 e 2015 e
83% com idades entre os .25 e
os 44 anos. O programa abriu
candidaturas em Julho com o
objectivo de apoiar
financeiramente o regresso de
emigrantes e
lusodescendentes a Portugal.
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 17

POLÍTICA

Presidente da nova Comissão da Transparência

quer fechar as reuniões quando se justificar,
PAN defende que sejam todas públicas
Parlamento
Maria Lopes
Jorge Lacão propôs que boa
parte das reuniões possa
ser à porta fechada porque
vai tratar de questões sobre
o estatuto dos deputados
A comissão chama-se da Transparên-
cia e Estatuto dos Deputados, foi cria-
da por proposta do PS nos trabalhos
de outra comissão, a do “reforço da
transparência”, na passada legislatu-
ra. Agora, é presidida por um socia-
lista, o ex-vice-presidente da Assem-
bleia da República (AR) Jorge Lacão,
que quer que as reuniões da Comis-
são da Transparência para a “discus-
são de qualquer assunto” possam ser
à porta fechada.
Foi isso mesmo que inscreveu na
proposta de regulamento da comis-
são que apresentou na passada sexta-
feira aos parlamentares. Na altura,
argumentou com a necessidade de
protecção de dados pessoais dos
deputados. Contactado pelo PÚBLI-
CO, Jorge Lacão recusou comentar o
assunto, remetendo-o para a reunião
de hoje da comissão, na qual o regu-
lamento será discutido, e que decor-
re, em princípio, à porta aberta.
O assunto levantou dúvidas em
alguns partidos, que temem a má
imagem que isso possa dar sobre a
forma de funcionar da AR. E o PAN já
fez uma proposta de alteração ao
Jorge Lacão (PS) preside à nova
Comissão da Transparência
regulamento para que não haja excep-
ções às reuniões à porta aberta.
No texto, Jorge Lacão inscreveu que
as reuniões são de “natureza públi-
ca”, mas a comissão pode decidir o
“carácter reservado da discussão de
qualquer assunto, antes ou durante a
apreciação do mesmo”. E estipula
que a apreciação de autorizações rela-
tivas ao “levantamento de imunida-
des e impedimentos e matérias cone-
xas” decorrem de “forma reservada”.
A deliberação sobre estas questões e
os seus fundamentos podem depois
ser divulgados ou, se a comissão
assim decidir, pode “manter sob
reserva quaisquer documentos, infor-
mações ou pareceres”.
O PAN já propôs formalmente a
alteração ao regulamento, anulando
a possibilidade de haver discussões
com carácter reservado, incluindo as
que sejam sobre imunidades e impe-
dimentos. “É manifestamente incoe-
rente” que na anterior legislatura se
tenha “querido digniÆcar o papel da
Comissão da Transparência e aproxi-
má-la dos cidadãos, e que agora se
recue, a pretexto da protecção de
dados pessoais”, argumenta André
Silva. “A regra deve ser sempre a do
carácter público das reuniões, pois só
assim se credibiliza a política e dá aos
cidadãos as condições mínimas
necessárias para nela conÆarem”,
acrescenta. “Questões sensíveis”
podem ser tratadas nas reuniões de
coordenadores, que são fechadas.
maria.lopes@publico.pt

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3 DE
DEZEMBRO
9H30 - CULTURGEST

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enfrentam no futuro? Como o comportamento dos consumidores está a ditar
tendências? Estas e outras questões vão ser debatidas na conferência A
(R)evolução do E-Commerce, com a partilha de conhecimento e cases de
sucesso, através da presença de especialistas de diferentes segmentos.

Conheça o programa em: parcerias.publico.pt/revolucao-ecommerce.

Garanta já a sua presença.

(Lugares limitados à capacidade do auditório)

ORGANIZAÇÃO:
18 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
SOCIEDADE
Erros em documentos travam
transferência de docentes doentes
Precisam de estar mais perto dos locais de tratamento das doenças comprovadas. Basta uma palavra mal
escrita nos documentos exigidos para mobilidade para que seja indeferida pelo ministério, acusa Fenprof
Educação
Clara Viana
O Ministério da Educação (ME) con-
tinua a recusar, por “motivos for-
mais”, pedidos de mudança de esco-
la por parte de professores que estão
doentes e que precisam de estar mais
perto dos seus locais de tratamento,
porque muitos são colocados longe.
Para este ano lectivo foram apresen-
tados 7786 pedidos de transferência
de escola, dos quais 373 acabaram
por ser indeferidos.
A chamada mobilidade por doença
autoriza os professores do quadro a
pedirem transferência de escola no
caso de doença incapacitante do pró-
prio ou se tiverem a seu cargo fami-
Ministério da Educação continua a recusar estes pedidos dos professores por “motivos formais”
liares nesta situação, de modo a Æca-
rem mais próximos dos locais de
tratamento ou da sua residência.
“Os processos indeferidos assenta-
ram essencialmente na extempora-
neidade da entrega do pedido e/ou
em erros materiais na apresentação
da documentação pelos docentes”,
indicou o ME ao PÚBLICO, acrescen-
tando que ainda “existem pedidos de
reapreciação [desta decisão] que
estão a ser analisados”.
A Federação Nacional de Professo-
res (Fenprof ) exige que o ME vá mais
longe e proceda agora à reapreciação
de “todas as situações de indeferi-
mento” registadas. E que esta análise,
“em respeito pelo espírito do legisla-
dor, coloque no centro a situação de
doença, desde que esta esteja devida-
mente comprovada”, em vez de valo-
rizar outros aspectos que não estão
relacionados com as patologias com-
provadas. O ME não indicou se o fará
ou não. A tomada de posição da
Fenprof segue-se a várias denúncias
apresentadas por professores que, no
Ænal de Outubro, souberam pela
Direcção-Geral da Administração
Escolar (DGAE), responsável pela ges-
tão dos recursos humanos, que os
seus pedidos de reapreciação tinham
sido indeferidos.
Estes pedidos destinavam-se a
reverter a situação de invalidade
declarada pela DGAE em Junho. A
resposta que veio foi esta: foram
recusados por “se ter veriÆcado que
o indeferimento inicial decorreu de
lapso processual imputável ao
Neste ano lectivo,
foram feitos 7786
pedidos de
transferência de
escola, dos quais
373 foram
indeferidos pela
Direcção-Geral da
Administração
Escolar
MARIA JOÃO GALA
docente”. A este respeito, a Fenprof
relata que durante o mês de Julho
os serviços dos sindicatos de profes-
sores ajudaram aqueles docentes a
preencher pedidos de reapreciação,
uma vez que os motivos de indefe-
rimento tinham apenas como fun-
damento motivos “de natureza for-
mal, como falta de assinaturas ou
incorrecção de algum documento”,
não tendo sido posta em causa a
situação de doença. Apenas um de
vários exemplos recolhidos pela
Fenprof de situações que levaram
a um primeiro indeferimento e cujo
pedido de reapreciação foi também
depois recusado.
Quando o pedido de transferência
é justiÆcado por doença de familiares,
entre outros documentos tem de ser
apresentado “documento comprova-
tivo emitido pela junta de freguesia
que ateste a relação familiar ou união
de facto, bem como a relação de
dependência exclusiva do parente ou
aÆm que coabite com o docente e o
local da residência familiar”.
Esta declaração foi entregue ates-
tando a situação de dependência de
um familiar, mas a DGAE deu-a como
incorrecta, apesar de “o único lapso
identiÆcado ter sido uma palavra
estar incorrectamente grafada”. Este
é aliás um dos motivos mais frequen-
tes da recusa pela DGAE da mobili-
dade por doença, mais concreta-
mente o atestarem que os documen-
tos das juntas de freguesia não se
encontram “em conformidade”.
“Invocar razões deste tipo revela
falta de respeito e de consideração
pelos docentes e pelos graves proble-
mas de saúde que eles ou os seus
familiares enfrentam, reÇectindo
uma completa falta de humanidade
dos responsáveis do Ministério da
Educação”, conclui a Fenprof.
No processo relativo ao presente
ano lectivo, a maior parte dos pedi-
dos de mobilidade tinha na base
doença do próprio (68%), sendo
seguidos de longe pelos justiÆcados
com enfermidade de um ascendente.
No ano lectivo passado, cerca de
6800 recorrem à mobilidade por
doença, tendo também sido aprova-
dos 95% dos pedidos.
cviana@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 19

SOCIEDADE
NELSON GARRIDO

Rosa Grilo acusa PJ

de “agarrar dois idiotas”
para os incriminar
pela morte do marido
Justiça
A arguida Rosa Grilo, acusada de ter
matado o marido, o atleta Luís Grilo,
acusou ontem em tribunal a PJ de
“agarrar em dois idiotas que estavam
a jeito”, em alusão a si e a António
Joaquim, para os incriminar da mor-
te do marido, reiterando que é ino-
cente.
Na 11.ª sessão de julgamento, que
decorre no Tribunal de Loures, na
qual se concluiu a produção de prova,
a arguida, que está a ser julgada pelo
homicídio do marido, Luís Grilo, em
co-autoria com o arguido António
Joaquim, pediu ao colectivo de juízes,
presidido por Ana Clara Baptista, para
prestar novamente declarações, o que
aconteceu durante mais de três horas.
Hermínio Loureiro foi detido pela PJ em Junho de 2017
Rosa Grilo criticou os inspectores da
PJ, acusando-os de a “perseguir” e de
“agarrar em dois idiotas que estavam
a jeito” e de não seguirem outras
linhas de investigação, perguntando,
por exemplo, porque é que a PJ não
questionou “a pessoa com quem” o
marido “mantinha uma relação ínti-
ma”, facto que, segundo a própria,
era do conhecimento da PJ, através de
mensagens no telemóvel do marido.
A juíza presidente alertou, contu-
do, que estas acusações da arguida
não eram justas, pois, como consta
do processo, a PJ investigou outros
cenários, os quais foram sendo des-
cartados. Uma das linhas de investi-
gação descartada pela PJ foi a versão
da arguida de que o marido foi morto
por “três indivíduos” devido aos
negócios de diamantes. Lusa
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Operação Ajuste Secreto: Colóquio

Imprensa Nacional: 250 anos de História

quatro clubes de futebol O Livro, os Saberes e o Estado

e dez autarcas acusados

28 e 29 de novembro, 2019
Universidade Autónoma de Lisboa, Auditório 1

Justiça
Entre os 68 acusados está
Hermínio Loureiro.
Autarquias de Matosinhos,
Gondomar, Estarreja e
Albergaria-a-Velha em causa
O Ministério Público acusou 68 argui-
dos, entre eles dez autarcas e ex-au-
tarcas e quatro clubes desportivos,
por crimes de corrupção. Estes alega-
dos actos ilícitos terão ocorrido em
cinco municípios: Oliveira de Aze-
méis, Matosinhos, Gondomar, Estar-
reja e Albergaria-a-Velha, diz o comu-
nicado da Procuradoria-Geral Distrital
do Porto. Aos autarcas e clubes des-
portivos juntam-se 20 empresários, 12
sociedades comerciais e nove quadros
de municípios.
O PÚBLICO apurou que Hermínio
Loureiro, ex-presidente da Câmara de
Oliveira de Azeméis e da Liga de clu-
bes é um dos acusados no âmbito da
Operação Ajuste Secreto, que investi-
gou eventuais ilegalidades cometidas
directos de obras municipais. O Minis-
tério Público alega que alguns argui-
dos deste município terão utilizado
“fundos de maneio” para “Ænancia-
rem os seus almoços e jantares e
outros gastos pessoais”, entre Janeiro
de 2016 e Junho de 2017, período que
coincide com o último mandato do
ex-autarca, interrompido pelo pró-
prio em Dezembro de 2016.
O PÚBLICO noticiou, em Junho de
2017, que o ex-autarca de Oliveira de
Azeméis tinha sido um dos detidos
pela PJ do Porto por suspeita de cri-
mes de corrupção, prevaricação,
peculato e tráÆco de inÇuência. Após
ter renunciado ao mandato, Isidro
Figueiredo assumiu o controlo da
autarquia, tendo sido igualmente deti-
do pela PJ no âmbito desta operação.
Para além dos dois autarcas, também
o antigo presidente do Conselho de
Administração da Assembleia da
República, João Moura de Sá, Æcou
sob a custódia das autoridades.
O Ministério Público (MP) acusa
Hermínio Loureiro de ter usado da
sua inÇuência enquanto autarca para
conseguir beneÆciar quem lhe era
que esta táctica terá sido usada num
projecto de Ænanciamento no IAPMEI
em que era interessada a empresa do
pai de um “secretário do gabinete de
apoio à presidência”. Para este efeito,
Hermínio Loureiro terá usado “de
persuasão junto de pessoas capazes
de inÇuenciar a decisão”.
Também terá ocorrido no Municí-
pio de Oliveira de Azeméis a viciação
de contratos públicos, entre 2010 e
2015, por ajuste directo, com a inten-
ção de favorecer um único beneÆciá-
rio. De acordo com o MP, a autarquia
terá, ainda, engendrado “um esque-
ma” que permitiu a colocação de
relvados sintéticos em dois campos
de futebol. Este caso em concreto
envolverá crimes de peculato, preva-
ricação, corrupção activa, corrupção
passiva e falsiÆcação de documentos,
detalha o comunicado.
No âmbito da Operação Ajuste
Secreto, as autoridades realizaram 31
buscas nestas cinco câmaras muni-
cipais e ainda em cinco clubes de
futebol, entre eles a União Desporti-
va Oliveirense, o Atlético Clube de Departamento de História, Artes e Humanidades
Cucujães e o Futebol Clube Maciei- AUTONOMA.PT

em concursos públicos e nos ajustes próximo. No comunicado é detalhado rense. PÚBLICO

20 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
SOCIEDADE
Mãe a quem tiraram crianças exige 50
euros por cada dia que esteve sem elas
Tribunal da Relação enviou para julgamento técnicas da Segurança Social pelos crimes de denegação
de justiça e falsidade de depoimento num processo de retirada urgente que começou há quatro anos
Justiça
Ana Dias Cordeiro
Depois de os juízes do Tribunal da
Relação de Lisboa (TRL) terem deci-
dido levar a julgamento duas técnicas
da Segurança Social pela forma como
conduziram o processo para a retira-
da urgente de três crianças da casa da
mãe, o advogado desta enviou ontem
para o Departamento de Investigação
e Acção Penal (DIAP) de Cascais um
pedido de indemnização contra as
técnicas e contra o Instituto da Segu-
rança Social. A mãe exige 50 euros
por cada dia — e por criança — em que
esteve afastada delas.
Uma das menores, de uma relação
anterior, foi entregue à mãe em Feve-
reiro deste ano. As outras duas, mais
novas, continuam à guarda do pai
com a supervisão dos avós paternos.
No total, até hoje, são mais de 409 mil
euros que estão a ser exigidos pela
mãe.
A lei prevê a retirada de urgência
apenas em situações de “perigo imi-
nente” de vida ou para a integridade
física ou psicológica das crianças. O
TRL considerou que a retirada, con-
Ærmada pelo Ministério Público e a
juíza do Tribunal de Família e Meno-
res de Cascais, com base no ofício
enviado com urgência pelas assisten-
tes sociais em Dezembro de 2015, se
baseou em “factos falsos” que “visa-
ram fazer crer ao tribunal que as
crianças corriam perigo sério”, ten-
tando “obter essa retirada por meca-
nismos legais que sabiam desajusta-
dos”, causando “com essa actuação
(…) sofrimento à mãe”.
No acórdão com data de 30 de
Outubro deste ano, os juízes desem-
bargadores deixam claro que não se
pronunciam sobre as decisões do Tri-
bunal de Família e de Menores destes
últimos quatro anos e das quais resul-
ta que as duas crianças mais novas
(de dois e três anos na altura) conti-
nuam, sob a supervisão dos avós
paternos, à guarda do pai condenado
por violência doméstica na forma
agravada, por a agressão ter ocorrido
na presença das Ælhas.
O advogado explica que a mãe e a
família paterna chegaram a um acor-
do de promoção e protecção, para as
Lei prevê retirada de urgência só em situações de “perigo iminente”
crianças continuarem com a família
O advogado paterna e em troca passarem dois
de Ana Vilma Æns-de-semana por mês com a mãe,
alterando uma situação que restringia
enviou ontem as visitas a umas horas por semana
para o DIAP numa instituição, como aconteceu
até Dezembro de 2018, e a partir do
de Cascais dia em que a situação se alterou por
um pedido de completo: 7 de Dezembro de 2015.
Até essa altura, e depois da separa-
indemnização ção do casal e da acusação por violên-
contra as técnicas cia doméstica, as crianças estavam à
guarda da mãe, que diz nunca ter
e contra o Instituto aceitado o acordo para as Ælhas come-
da Segurança çarem a pernoitar em casa do pai a
partir desse dia, como alegam as téc-
Social. Até hoje, nicas da Segurança Social que, em
são mais de 409 vários relatórios, evocam as diÆcul-
dades criadas pela mãe em deixar as
mil euros que Ælhas contactar o pai, impedido de se
estão a ser exigidos aproximar da mãe no âmbito do pro-
cesso de violência doméstica.
pela mãe
Recurso “à força”
Nessa data, as técnicas acusadas refe-
riam no ofício ao tribunal que as
crianças estavam em perigo iminen-
te, depois de a mãe ter “abandona-
do” a criança mais pequena no café,
DANIEL ROCHA
o que veio a revelar-se falso, porque
a criança Æcara aos cuidados de uma
sua amiga. O outro motivo seria que
esta teria ameaçado “desaparecer
com as crianças”, quando o que Ana
Vilma disse, de acordo com a decla-
ração do agente da PSP que presen-
ciou a situação, era que não preten-
dia que o pai levasse as crianças, pois
este “iria fugir” com elas.
A retirada imediata foi nesse 7 de
Dezembro, dia em que teria Æcado
estabelecido que o pai poderia ter as
Ælhas, pela primeira vez, a dormir em
sua casa, num plano que Ana Vilma
diz nunca ter assinado. Neste contex-
to, e nesse dia, as técnicas solicitam
ao tribunal mandados de entrega das
três crianças aos respectivos pais e
relativamente à mais pequena, por
não estar na escola, esse mandado é
acompanhado da “possibilidade de
entrada em qualquer residência onde
a criança venha a ser localizada e com
recurso ao arrombamento se neces-
sário”. A juíza do Tribunal de Família
de Cascais aprova os mandados com
possibilidade de recurso “à força”
pelas “autoridades policiais”.
Seguiu-se então a queixa de Ana
Vilma Maximiano contra as técni-
cas, inicialmente arquivada pelo
Ministério Público; também o pedi-
do de abertura de instrução foi inde-
ferido pelo Tribunal de Instrução
Criminal de Cascais. Desse indeferi-
mento, o advogado Gameiro Fer-
nandes recorreu para o Tribunal da
Relação, que deu razão a Ana Vilma
Maximiano no sentido de aprovar a
abertura da instrução — fase duran-
te a qual o juiz de instrução decide
se o processo é arquivado ou segue
para julgamento.
Foi aberta a instrução, mas arqui-
vado o processo. Dessa decisão recor-
reu mais uma vez o advogado de Ana
Vilma, que viu de novo, neste mês, o
Tribunal da Relação dar razão à quei-
xosa, ao decidir que duas das três
técnicas — que eram alvo da queixa
— iam a julgamento, por terem assi-
nado o ofício para a retirada de urgên-
cia. A terceira funcionária não foi
pronunciada porque, embora envol-
vida no processo, não tinha assinado
o ofício. “Finalmente o sistema acor-
dou para a enormidade do poder
discricionário das técnicas do ISS que
colocam nos relatórios aquilo que
pretendem, sem qualquer supervi-
são”, diz Gameiro Fernandes.
O PÚBLICO contactou o Instituto
da Segurança Social para saber se
esta era a primeira vez que funcioná-
rias suas eram julgadas por falsidade
de depoimentos, denegação de jus-
tiça e prevaricação, como o serão as
duas acusadas. O gabinete de
imprensa apenas respondeu que,
“tratando-se de um caso do foro judi-
cial, o Instituto da Segurança Social,
IP não se pronuncia sobre o processo
em concreto”.
Em paralelo, uma destas técnicas
apresentou queixa contra Ana Vil-
ma, por ter gravado o diálogo quan-
do, fechada numa sala, lhe é expli-
cado o motivo para a retirada das
crianças. Esta gravação foi transmi-
tida por uma estação de televisão,
o que motivou uma queixa por
exposição, apresentada pela técnica
cuja voz se ouve na gravação e cujo
processo prossegue hoje no Tribu-
nal de Oeiras.
acordeiro@publico.pt

Breves
Justiça
Arquivado processo
disciplinar ao juiz
Carlos Alexandre
O Conselho Superior da
Magistratura (CSM) decidiu
ontem arquivar o processo
disciplinar relativo ao juiz do
Tribunal de Instrução Criminal
Carlos Alexandre por
declarações sobre o sorteio da
fase de instrução do processo
Operação Marquês. "O
plenário do Conselho Superior
da Magistratura decidiu, por
maioria, pelo arquivamento do
processo disciplinar relativo
ao juiz Carlos Alexandre no
que respeita às suas
declarações em entrevista à
RTP", disse fonte oficial do
CSM. O CSM abriu, em
Outubro do ano passado, um
inquérito ao juiz por
declarações sobre o sorteio da
fase de instrução do processo
em entrevista à RTP.
Administração Interna
Este ano 238 polícias
foram agredidos
na região de Lisboa
O superintendente-chefe do
Comando Metropolitano de
Lisboa da PSP, Jorge Maurício,
chamou ontem a atenção para
os casos de polícias agredidos,
revelando que foram
registadas 238 situações entre
Janeiro e Setembro deste ano.
“Não podemos esquecer que
os polícias são a face visível da
autoridade do Estado”, disse
defendendo que as
instituições, nomeadamente a
magistratura, devem intervir
na situação de agressões a
forças de segurança.
No âmbito da cerimónia
comemorativa do 152.º
aniversário do Comando de
Lisboa da PSP, que decorreu na
Amadora, distrito de Lisboa, o
superintendente-chefe disse
que a atribuição de câmaras de
vídeo pessoais aos polícias é
“crucial”.
Trinta anos depois, ainda falta
fazer “cumprir” a Convenção
dos Direitos da Criança
Direitos
Inês Chaíça
O PÚBLICO falou com
especialistas em direitos
das crianças para perceber
qual é a prioridade na
reformulação do diploma
Assinala-se hoje o 30.º aniversá-
rio da Convenção dos Direitos da
Criança. Os direitos fundamentais
das criança Æcaram, desde 1989,
assentes em 54 artigos e quatro pila-
res fundamentais: direitos à sobre-
vivência, direitos relativos ao des-
envolvimento, direitos relativos à
protecção e direitos de participa-
ção. Portugal ratiÆcou a Convenção
em 1990. Mas o que é que ainda fal-
ta cumprir? O PÚBLICO falou com
quatro especialistas em direitos das
crianças para perceber o que colo-
cariam como prioridade num con-
texto de reformulação do actual
diploma. Porque, tal como quase
todos identiÆcam, ainda falta fazer
“cumprir” alguns pontos da Con-
venção.
Dulce Rocha
A magistrada e presidente do Insti-
tuto de Apoio à Criança (IAC) diz
que ainda “não conseguimos cum-
prir o que está na convenção”. Para
“uma eventual revisão, acho que
era necessário densiÆcar melhor o
sentido do direito à participação, no
sentido de reforçar o direito à par-
ticipação das crianças de maneira a
que não nos contentemos com uma
mera audição. A Convenção dos
Direitos das Crianças aponta no sen-
tido de que a criança deve ser parte
do seu próprio destino, e eu penso
que essa é uma matéria na qual é
necessário investir. Talvez explicar
melhor que não basta o direito à
palavra meramente formal, mas que
a vontade da criança, principalmen-
te quando falamos de adolescentes,
é muito importante.”
Álvaro Laborinho Lúcio
O Juiz-conselheiro jubilado do Supre-
mo Tribunal tem como um dos seus
maiores centros de interesse os direi-
tos da criança e a “deÆnição daquilo
que é a criança”, disse, numa entre-
vista ao PÚBLICO em 2018. “Relativa-
A Convenção dos Direitos
das Crianças data de 1989
Nos 30 anos da Convenção,
o que mudou em Portugal
Taxa de mortalidade infantil
Por 1000 nados-vivos
1989
2018
3,28
Taxa bruta de natalidade
Por 1000 habitantes
1989
2018
8,5
Taxa de abandono precoce
de educação e formação
Em %
50%
1992* 2018
*A data mais antiga para este valor
Fonte: INE e Pordata
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 21
mente ao texto da convenção da ONU
sobre os direitos das crianças, diria
que falta, em primeiro lugar, levá-lo
concretamente à prática. O texto
comporta valores que é fundamental
que sejam integrados no dia-a-dia
para que a convenção faça efectiva-
mente sentido. Dou um exemplo: da
convenção resulta claramente que a
criança passa a ser um sujeito de
direito. Isto obriga necessariamente
12,1 que nós criemos e interiorizemos
uma cultura da criança como o outro,
dando-lhe reconhecimento como
sujeito, estabelecendo uma relação
dialogada com ela e dando sobretudo
— e esse é um dos valores fundamen-
tais — o direito à participação. O direi-
to a ser ouvida, a ter voz.”
12,2
Maria Barbosa-Ducharne
A professora auxiliar da Faculdade
de Psicologia e Ciências da Educa-
ção da Universidade do Porto, res-
ponsável também pelo Grupo de
Investigação e Intervenção em Aco-
lhimento e Adoção (GIIAA) na mes-
11,8% ma faculdade, sublinha a questão
familiar. “Eu acho que há um direito
que está prescrito na convenção que
é o direito de toda a criança crescer
em família que, em Portugal, é pou-
co respeitado. As crianças que não
podem crescer na sua família de
origem são na sua esmagadora
PÚBLICO maioria colocadas em instituições e
SOCIEDADE
PAULO PIMENTA
o arranque de um programa de
famílias de acolhimento está a tar-
dar em arrancar em Portugal. Falo
do direito a ter uma família que seja
atenta e que responda adequada-
mente às suas necessidades .”
Margarida Gaspar de Matos
A psicóloga e investigadora da
Faculdade de Motricidade Humana
da Universidade de Lisboa sublinha
as novas questões. “O cumprimento
da Convenção é uma direcção. Há
coisas que não eram reconhecidas
em 1989 e que por isso agora pare-
cem faltar, e isso vai acontecer sem-
pre. Estou a lembrar-me do direito
a um planeta, a um ecossistema sau-
dável. Falamos agora muito de jus-
tiça intergeracional para falar do
direito das novas gerações a ‘herda-
rem’ situações socioecológicas sus-
tentáveis… Falamos de saúde plane-
tária para falar da sustentabilidade
do planeta em condições de habita-
bilidade saudável. Falamos de polui-
ção digital e das questões ecológicas
e éticas associadas a este incremen-
to exponencial (e tão civilizacional
e tão positivo) da utilização de tec-
nologias digitais de informação e
comunicação. Falamos dos objecti-
vos do desenvolvimento sustentável
e da globalização. ”
ines.chaica@publico.pt
22 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
SOCIEDADE
Ler notícias? Só se surgirem no feed.
Para os jovens, são “desinteressantes”
Lêem o que aparece nas redes sociais, não
gostam dos temas e nem sempre sabem
distinguir a verdade da mentira. Projecto
PSuperior quer contrariar isso, com oferta
de assinaturas digitais a universitários
Media
Mariana Durães
Ana SoÆa Mendes e os amigos Æzeram
uma experiência: ver quantos deles
tinham a aplicação de um órgão de
comunicação social instalada no tele-
móvel. Resultado? “Quase ninguém
tinha.” O cenário não surpreendeu a
jovem de 21 anos, estudante da Facul-
dade de Direito da Universidade Nova
de Lisboa, que diz ter uma perspecti-
va “crua” no que toca ao consumo de
notícias por jovens: “Não lêem, não
vêem jornais e nem sequer vêem tele-
visão. Ficam só pelas letras garrafais
que lhes vão aparecendo.”
Precisamente por saber que, por
vezes, são só “as letras gordas” que
contam, o PÚBLICO associou-se a
nove empresas para oferecer assina-
turas digitais a alunos finalistas ou de
mestrado integrado de determinados
cursos de universidades públicas e
privadas de todo o país, ao abrigo do
projecto PSuperior, que é lançado
hoje, 20 de Novembro (ver texto ao
lado). A ideia é alertar os jovens para
a desinformação e para as fake news,
num momento em que o que “lhes
vai aparecendo” são as notícias que
caem no feed das redes sociais que
utilizam — e que nem sempre são de
fonte Ædedigna. E incentivar hábitos
de leitura de jornais junto dos jovens
universitários.
Para Inês Amaral, professora da
Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra, a principal alteração no
que toca ao consumo de notícias feito
por jovens é na questão do acesso:
“Até diria que os jovens consomem
mais informação do que consumiam
antes, mas o acesso passou a ser feito
através do digital, das redes sociais.
Agora não vem da procura por infor-
mação, mas de um acesso espontâ-
neo”, explica a investigadora, que se
tem dedicado a estudar a literacia
mediática em Portugal, em entrevista
telefónica ao PÚBLICO.
Sara Pereira, investigadora do Cen-
tro de Estudos de Comunicação e
Sociedade da Universidade do Minho,
corrobora: “Há uma tendência gran-
de para, hoje em dia, o contacto que
os jovens têm com as notícias ser feito
através das redes sociais. É aí que
encontram a informação.” E se, por
um lado, as redes sociais podem fazer
notícias saltar à vista de quem não as
procura, por outro são também ter-
reno fértil para a disseminação de
fake news. Ou para a criação de
“bolhas” intelectuais: o algoritmo
calcula os interesses de cada um de
nós, oferecendo constantemente
informações coincidentes com os
nossos tópicos de eleição, excluindo
todos os conteúdos que sabe que, à
partida, não nos vão agradar. O que
é, para Inês Amaral, “redutor”.
Depois do primeiro contacto com
as notícias, feito através das redes
sociais, “há aqueles que querem ler
na íntegra e os que se Æcam apenas
pelo título”: as tais “letras garrafais
que vão aparecendo” que Ana SoÆa
acredita ser o único contacto que os
jovens têm com as notícias. A estudan-
te de Direito, também presidente da
associação de estudantes do mesmo
curso, diz que “já nem fala” em com-
prar um jornal:“As pessoas nem têm
interesse em ver notícias online.”
As notícias são “repetitivas”
Mas, aÆnal, porque é que os jovens
não lêem notícias? “Estão altamente
desinteressados pelas hard news e
pelas questões da actualidade”, atira tos de consumo” de cada um. não entender. É preciso uma adapta- numa lógica de on demand” e que “o
Inês Amaral. Salvo excepções, como Ao desinteresse acresce a incapaci- ção da linguagem.” Mais ainda, o jornalismo precisa de cobrir aquilo
o tema das alterações climáticas, os dade de compreender certos tópicos: “consumo imediato”, típico do que é que é a actualidade.”
assuntos que são tratados pelos media “Há assuntos que até interessam aos feito nas redes sociais, leva a que os Sara Pereira vai mais além: “Acre-
tradicionais “são considerados repe- jovens e que lhes podem ser mais pró- jovens descartem rapidamente as dito que tem de haver mais visibilida-
titivos e desinteressantes” para o ximos — como as questões de econo- notícias: “Ou está no título e no lead, de e representação dos jovens, mas
público mais jovem. mia ou política —, mas que eles dizem ou não está.” se não é na fase de jovens adultos que
Ana SoÆa acredita que também A solução para reverter o panora- se interessam pela actualidade, quan-
contam questões como o hábito e o
incentivo à leitura e a procura de
Projecto do ma pode passar “pela ideia de dar voz
a assuntos cívicos, que parecem ser
do é que estamos a formar adultos?”
A investigadora acredita também que
informação: “Eu sempre fui instruída PSuperior os que despertam mais atenção”, não é necessário “transformar uma
a ler notícias. E se formos habituados
a isso desde os 14 ou 15 anos, aos 19 e
pretende alertar defende Inês. A professora refere que
“tópicos sensacionalistas, como cri-
linguagem que já é aceitável desde o
ensino secundário.”
20 vamos continuar a fazê-lo.” Uma os jovens para a me, violência, catástrofes e conÇitos, Mas o que diz uma jovem sobre o
realidade que também é defendida
por Sara Pereira, que relembra que a
desinformação e são normalmente referidos como de
interesse”. Mas salvaguarda a ideia de
assunto? “Pode, de facto, haver um
desinteresse pelas temáticas aborda-
leitura de notícias depende dos “hábi- para as fake news que “a informação não pode existir das pelos media, mas o que acho que

acontece é que a própria sociedade
não dá a devida importância à comu-
nicação social”, atira Ana SoÆa.
“A questão da literacia mediática é
uma urgência há muito tempo, mas,
com os consumos em grande veloci-
dade, assumiu uma relevância
maior”, refere Inês. “Sobretudo quan-
do temos sites como os Bombeiros 24
a venderem coisas em que as pessoas
acreditam e não questionam”, diz a
investigadora de Coimbra, referindo-
-se a um dos sites portugueses mais
vezes associados a fake news.
Mas se seria de esperar que, como
nativos digitais, os jovens estivessem
mais sensíveis às notícias falsas, a ver-
Jovens consomem
informação na Net e
acham que as notícias
são repetitivas
DANIEL ROCHA
dade é que “são altamente vulnerá-
veis nesse campo”. Até porque o
facto de terem “nascido com o digi-
tal” faz com que haja uma enorme
“credibilidade pelos pares, mesmo
que não os conheçam pessoalmente”:
“Se alguém partilha algum conteúdo
através de uma conta no Twitter que
eles já seguem há muito tempo e a
quem atribuem credibilidade, não
questionam”, explica Inês.
Ana SoÆa resume numa frase: “Nós
sempre procuramos tudo na Inter-
net.” Por isso, tudo o que lá está é
“certamente verdade”.
mariana.duraes@publico.pt
PÚBLICO e nove empresas associam-se
para levar o jornalismo às universidades
O nome: PSuperior. Os promotores:
o PÚBLICO, Volkswagen, Fidelidade,
Mota-Engil, Morais Leitão, Galvão
Teles, Soares da Silva e Associados,
Google, Porto Editora, Fuel, IPG
Mediabrands e Unilever. O objectivo:
desenvolver hábitos de leitura de
jornais junto de alunos de vários cur-
sos de universidades públicas e pri-
vadas de todo o país. O projecto,
inédito em Portugal, complementa
o PÚBLICO na Escola (para alunos
até o 12.º ano) e vai ser apresentado
hoje, 20 de Novembro, ao Ænal da
tarde, no Pavilhão do Conhecimen-
to, em Lisboa, numa cerimónia pre-
sidida pelo Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, e que con-
tará com a presença do ministro da
Ciência e Ensino Superior, Manuel
Heitor, do presidente do Conselho
de Reitores das Universidades Por-
tuguesas, Fontainhas Fernandes, de
vários reitores de universidades do
país e da presidente do Conselho
Nacional de Juventude, Alexandra
Ruivo Coelho.
A mecânica do projecto é simples:
cada empresa escolheu um leque de
cursos universitários e, em conjunto
com o PÚBLICO, oferece aos alunos
assinaturas digitais durante um ano.
Os alunos desses cursos têm apenas
de se registar numa plataforma da
edição digital do jornal e solicitar
essa assinatura. Para reforçar a pre-
sença da agenda das principais ques-
tões do debate público, o PSuperior
organizará seminários e conferên-
cias um pouco por todo o país. Seja
através das assinaturas, seja através
destas acções, o propósito deste pro-
jecto é propiciar aos jovens informa-
ção que os ajude no exercício de uma
cidadania mais esclarecida e mais
interventiva. O que está em causa,
nota a administração da Mota-Engil
“é o reforço do conhecimento da
sociedade em que nos integramos,
assegurando aos jovens no ensino
superior o acesso a informação cre-
dível para que sejam conhecedores
do mundo que os envolve de uma
forma Æável e verdadeira”.
O lançamento do PSuperior surge
num contexto em que se conjugam
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 23
duas necessidades: por um lado, a
necessidade de as empresas de comu-
nicação social encontrarem novos
leitores para, dessa forma, garantirem
a sua sustentabilidade a prazo — uma
questão actual que levou o Presidente
da República a pedir “meios de emer-
gência” para a crise do sector; por
outro lado, o propósito de fornecer
aos jovens meios para o exercício de
uma participação cívica mais consis-
tente e permanente.
“Só há opinião com factos”
Como nota a sociedade de advoga-
dos Morais Leitão, “só há opinião
com factos”, pelo que para se “ter
opinião é também preciso informar-
se antes de falar”. Um entendimen-
to partilhado pela Porto Editora.
“Sabemos qual é o mal e sabemos
qual é a cura: ler, ler muito. Mas ler
informação de qualidade, criterio-
sa, que acrescenta valor, que pro-
move cidadãos activos e ajuda a
construir uma verdadeira sociedade
do conhecimento”, nota a adminis-
tração.
As empresas que se mobilizaram
neste projecto enquadram o seu
investimento na esfera da responsa-
bilidade social. “Sendo o PSuperior
um projecto inovador, que permite
aos jovens universitários preparem-
se da melhor forma possível para o
O objectivo é desenvolver hábitos de leitura de jornais
SOCIEDADE
Empresas escolheram um leque
de cursos universitários e, em
conjunto com o PÚBLICO,
oferecem aos alunos
assinaturas digitais por um ano.
Projecto PSuperior é
apresentadohoje, em Lisboa,
numa cerimónia presidida por
Marcelo Rebelo de Sousa
mundo do trabalho, a Unilever FIMA
não podia deixar de se associar”, diz
a administração desta empresa. A
mesma motivação é partilhada pela
Fidelidade, dizendo que o PSuperior
se enquadra na sua “obrigação de
apoiar o desenvolvimento de uma
sociedade mais sustentável e das
comunidades onde estamos inseri-
dos”. No mesmo registo, a Volkswa-
gen considera que em causa está
uma preocupação com a “valoriza-
ção pessoal” dos jovens. Para a Goo-
gle, a participação no projecto aco-
lhe “o objectivo de fomentar o pen-
samento crítico dos jovens e ajudá-los
a tomar decisões informadas”, mas
justiÆca-se também com o contribu-
to para “valorizar o jornalismo de
qualidade”.
A mesma ambição mobilizou o
interesse da multinacional de marke-
ting e comunicação IPG Media-
brands, para a qual “o futuro da
nossa democracia, da riqueza cultu-
ral e identidade do nosso país preci-
sa do contributo de informação e
conteúdos de qualidade”. Operando
no mesmo segmento, a Fuel consi-
dera, por seu lado, que o PSuperior
é “um projecto que tem o potencial
de transformar e fazer evoluir a nos-
sa sociedade no momento tão sério
e crítico de descrença global em que
vivemos”. PÚBLICO
DANIEL ROCHA
24 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
LOCAL
Autarcas receiam ter cada vez
mais plástico na zona do Mira
Autarcas dizem que a deÄnição de estufa usada por uma resolução do Governo faz com que a área
formalmente coberta por estas seja muito inferior à realidade, podendo assim crescer muito mais
Agricultura
Carlos Dias
O aumento da área de estufas e aÆns
no Sudoeste Alentejano e Costa
Vicentina está a deixar os autarcas
preocupados. José Gonçalves (PS),
presidente da Câmara de Aljezur,
juntou-se recentemente a José Alber-
to Guerreiro (PS), de Odemira, para
sublinhar a sua preocupação “com
os efeitos práticos decorrentes da
Resolução do Conselho de Ministros
(RCM) n.º 179/2019”, aprovada no
último Conselho de Ministros do
anterior Governo. E apontam o dedo
à deÆnição dada pelo Governo a
estufas, que exclui deste conceito
toda a área coberta com estuÆns ou
túneis, dando azo a que a área tapa-
da por plásticos cresça efectivamen-
te muito mais.
Os autarcas apontam que a RCM
estabelece um regime especial apli-
cável ao Perímetro de Rega do Mira
(PRM) que “permite a continuada
densiÆcação de culturas protegidas
e consequente pressão social” na
área do Parque Natural do Sudoeste
Alentejano e Costa Vicentina
(PNSACV). Um dos factores que pode-
rão vir a contribuir para o continua-
do recurso às culturas cobertas resi-
de na deÆnição de estufa.
O regulamento do Plano de Orde-
namento do PNSACV onde se integra
o PRM não prevê a deÆnição do con-
ceito de estufa, estuÆm, túneis eleva-
dos ou abrigos para culturas protegi-
das. No entanto, a RCM n.º 179/2019
acentua que estuÆns, túneis e túneis
elevados “não são estufas”, porme-
nor que leva os autarcas a concluir
que se trata de “um caso único no
país”. O conceito de estufa, assinala
o comunicado conjunto dos autarcas,
“deve ter como base a informação
produzida pela Direcção-Geral de
Agricultura e Desenvolvimento Rural
(DGADR) em 2016 que diz: Estufas
são todas as produções cobertas”. É
nesta contradição que poderá estar
o instrumento para se “continuar a
densiÆcar as áreas cobertas nas
explorações agrícolas” instaladas no
PRM. Ao assumir-se o conceito de
estufa, excluindo estuÆns, túneis e
túneis elevados, “na prática signiÆca
O aumento das estufas e do afluxo de migrantes preocupa os autarcas
que não existem estufas na área de
PNSACV, situação surrealista face ao
cenário actualmente existente”, con-
testam os autarcas.
No relatório do Grupo de Trabalho
do Mira (GTMira), homologado em 5
de Julho de 2018, lê-se que a área ocu-
pada por estufas no PRM é de apenas
159 hectares, “um valor que se encon-
tra ainda muito longe de atingir o
limite imposto pelo Plano de Orde-
namento do PNSACV (30% de 12.000
hectares)”, assinala o comunicado.
Este dado dá a verdadeira dimen-
são do problema. A que acresce o
alojamento dos trabalhadores
migrantes necessários ao desempe-
nho de tarefas das culturas cober-
FOTOS: MIGUEL MANSO
tas. Os autarcas assumem a sua
apreensão com a instalação de alo-
jamento nas quintas agrícolas cujos
limites máximos previstos pode
chegar aos 400 trabalhadores para
explorações com mais de 50 hecta-
res. Lembram que o relatório do
GTMira propôs que o seu número
“não excedesse os 150 trabalhado-
res por quinta, com um limite global
de 3000 trabalhadores até à reava-
liação da situação.”
A situação criada pela RCM e
perante a necessidade de mão-de-
obra na ordem dos dez trabalhadores
por hectare de produção, virá “agra-
var com consequências imprevisí-
veis” os riscos sociais de “um aÇuxo
migratório sem precedentes na
região”, que já tomou conta “do alo-
jamento disponível em venda ou
arrendamento.”
Os autarcas consideram um “impe-
rativo” Æxar os limites globais ao alo-
jamento temporário nas explorações.
A população em Aljezur e Odemira
podem vir a duplicar com a chegada
dos contingentes de imigrantes que
são necessários (cerca de 36.000)
para trabalhar nas culturas cobertas
previstas. Para assegurar esta garan-
tia, os presidentes das Câmaras de
Aljezur e Odemira dizem que “não
abdicam das suas competências pró-
prias e delegadas” que continuarão
a exercer na gestão do ordenamento
do território.”
A posição da Associação de Horti-
cultores do Sudoeste Alentejano
(AHSA) difere da que é assumida
pelos autarcas. Numa nota divulgada
na sequência da aprovação do RCM,
a organização acentua que a decisão
do anterior Governo vem permitir a
instalação de “alojamentos que
garantem melhores condições de
vida aos trabalhadores no Sudoeste
alentejano, assegurando, consequen-
temente, a disponibilidade da mão-
de-obra necessária ao sector agrícola
da região.
Esta resolução, acrescenta a AHSA,
“vem dar resposta imediata a uma
situação que carece de uma actuação
mais estruturada a médio e longo
prazo”, garantindo que o principal
objectivo da AHSA é o de “apoiar o
trabalhador numa fase inicial de inte-
gração, dando-lhe condições de habi-
tação condignas e cómodas por um
valor justo, muito inferior ao que é
pago nos centros das localidades
(muitas vezes com condições precá-
rias e em que predomina a especula-
ção imobiliária)”.
Manuel Amaro Figueira, dirigente
da Associação de BeneÆciários do
Mira (ABM), deu conta, durante as
reuniões do GTMira, de um primeiro
levantamento das “áreas susceptíveis
de serem irrigadas, tendo apenas em
conta a localização das infra-estrutu-
ras do Aproveitamento Hidroagríco-
la do Mira. O resultado deste levan-
tamento revela que existem no PRM
e áreas circundantes cerca de 17.000
hectares, 12.000 hectares no conce-
lho de Odemira e 5000 hectares no
concelho de Aljezur”, em condições
de serem irrigados a partir da Barra-
gem de Santa Clara. No entanto, os
volumes de água disponíveis” são
apenas suÆcientes para irrigar 12.000
hectares (10.700 hectares em Odemi-
ra e 1300 em Aljezur)”, conclui o
dirigente da ABM.

Governo defende
reformulação do
Comando Metropolitano
de Lisboa da PSP
Segurança
A unidade policial tem 16
divisões e perto de cerca de
120 esquadras legalmente
criadas e mais de 100
instalações físicas
O ministro da Administração Interna,
Eduardo Cabrita, defendeu ontem a
reformulação do número de estrutu-
ras do Comando Metropolitano de
Lisboa da Polícia de Segurança Públi-
ca (PSP), após o superintendente-
chefe desta unidade ter considerado
“incompreensível e impensável” a
organização do dispositivo policial.
“Comparando aquilo que é a
dimensão de resposta operacional
com o que se passa noutras grandes
cidades europeias, julgo que é esta a
altura, num início de mandato gover-
nativo, num início de legislatura, com
transparência, em parceria com os
municípios da Área Metropolitana de
Lisboa, de encontrarmos as respostas
operacionais mais adequadas e que
passam por uma reformulação do
número de estruturas”, aÆrmou
Eduardo Cabrita.
No âmbito da cerimónia comemo-
rativa do 152.º aniversário do Coman-
do Metropolitano de Lisboa da PSP,
que decorreu no concelho da Ama-
dora, o titular da pasta da Adminis-
tração Interna manifestou-se conÆan-
te quanto à disponibilidade de todos
os municípios da Área Metropolitana
de Lisboa para discutir a questão.
“Em parceria, no quadro daquilo
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP comemorou 152 anos
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 25
LOCAL
FRANCISCO ROMÃO PEREIRA
que é uma função nacional, mas em
que o novo estatuto dos concelhos
municipais de segurança vieram dar
responsabilidades e poderes acres-
cidos aos municípios”, adiantou o
ministro, explicando que o objecti-
vo é deÆnir qual o modelo de res-
posta que garanta a efectiva opera-
cionalidade e projecção de meios no
Comando Metropolitano de Lisboa
da PSP.
Na perspectiva de Eduardo Cabri-
ta, a densidade populacional da Área
Metropolitana de Lisboa “exige res-
postas rápidas em espaços de proxi-
midade reduzida e signiÆcativa”.
De acordo com o superintendente-
chefe do Comando Metropolitano de
Lisboa da PSP, Jorge Maurício, a ques- A Câmara de Cascais condicionou o trânsito devido a buracos no muro lateral
tão da organização do dispositivo é
“um dos calcanhares de Aquiles”
desta unidade policial, considerado
a dimensão e complexidade da ope-
Infra-estruturas de Portugal
ração, “com 16 divisões e perto de
cerca de 120 esquadras legalmente
criadas e mais de 100 instalações físi-
reconhece “situações pontuais
cas que não terão paralelo em qual-
quer outra a nível nacional”.
“São, aliás, estes números de ins-
de degradação” na marginal
talações que carecem de urgente
deÆnição e decisões, pois é incom-
preensível e impensável a continui- estes pontos de degradação “têm euros”, explicou. No entanto, o anda-
dade, na conjuntura actual e nos Cascais vindo a ser objecto de monitorização mento das obras estará dependente
dias de hoje, de tal modelo, em que
a projecção de policiamento na via
Cristiana Faria Moreira periódica pela IP na medida em que
a evolução da erosão desta muralha
das condições climatéricas e do esta-
do do mar.
pública é crucial e é esse que é essen- Circulação está poderia a prazo impactar no muro A autarquia identiÆcou cerca de dez
cial à segurança”, defendeu Jorge de protecção da EN6” — este, sim, da buracos no muro da estrada marginal,
Maurício.
condicionada devido à responsabilidade da IP. junto ao mar. Alguns, precisou fonte
Reconhecendo que a tutela está degradação do muro. IP diz A empresa diz que já se reuniu da autarquia ao PÚBLICO, têm cinco
“empenhada” na reformulação, Jorge que muralha “não suporta anteriormente com a Agência Portu- metros de largura e quatro de profun-
Maurício reforçou que a questão tem directamente” a estrada guesa do Ambiente e com a Câmara didade. Daí a decisão de encerrar a via
que ser resolvida “urgentemente”. Municipal de Cascais sobre este direita da Estrada Marginal para quem
BRUNO LISITA
A Infra-estruturas de Portugal (IP), assunto, “tendo sido acordadas as circula em direcção a Lisboa.
entidade responsável pela gestão das propostas de intervenção”. Desta for- A via só reabrirá quando todos os
estradas, reconheceu ontem que ma, escreve a empresa, a intervenção trabalhos estiverem concluídos. Nes-
foram detectadas “situações pontuais na muralha da orla costeira será assu- se período, a circulação estará condi-
de degradação” da muralha junto ao mida pela autarquia, enquanto a obra cionada e apenas se fará pela via do
troço da Estrada Marginal (EN6) que de maior monta, no muro de protec- lado esquerdo.
liga Cascais a Lisboa. O trânsito está ção da N6, será da responsabilidade Quanto à obra de maior dimen-
condicionado, desde a noite de segun- da IP e deverá avançar no próximo são, o autarca conÆrmou que essa
da-feira, entre São Pedro do Estoril e ano. intervenção estava já a ser “planea-
Parede, no sentido Cascais-Lisboa. Na manhã de ontem, o presidente da e trabalhada” entre o município,
Em resposta a questões do PÚBLICO, da Câmara de Cascais disse à Lusa a Infra-estruturas de Portugal e a
a IP explica que a degradação da que a obra de contenção de risco do Agência Portuguesa do Ambiente.
muralha da orla costeira decorre da muro, entre a Rotunda de São Pedro “É uma obra estrutural estimada em
abrasão marítima, “eventualmente do Estoril e o cruzamento da Parede, dois milhões de euros, mas ainda
agravada pelas marés das últimas começará hoje, durando entre quatro precisa de um conjunto de procedi-
semanas”. e cinco dias. “A obra que se irá reali- mentos. Já tem projecto, vai ser lan-
Segundo explica a empresa, a zar de imediato, que começa amanhã çado concurso público, depois tem
muralha “não suporta directamente [hoje], é uma obra de emergência, de de ter o visto do Tribunal de Contas.
a Estrada Marginal, cuja plataforma contenção de riscos. Mas é uma obra É uma obra que demorará mais
rodoviária assenta num maciço que durará quatro a cinco dias, com algum tempo.”
rochoso calcário que mantém a sua um valor que estimamos, neste
integridade”, referindo ainda que momento, em cerca de 150 mil cristiana.moreira@publico.pt
26 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

ECONOMIA
Fundos de garantia de depósitos
pesam 80 milhões no déƊce
Parte do Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo vai ser devolvido ao Banco de Portugal,
uma operação com um impacto imediato nas contas públicas negativo
DANIEL ROCHA
a regra que prevê que, em caso de objectivo de chegar a um déÆce de
Finanças públicas simples alteração da classiÆcação 0,2% do PIB. Se for apenas a 1 de
Sérgio Aníbal sectorial do fundo, não há lugar a Janeiro, este impacto negativo passa
um impacto no saldo orçamental. para 2020, ano para o qual o execu-
O Governo poderá ter de contar com Por Æm, no que diz respeito à tivo projecta um excedente orça-
um impacto negativo no saldo orça- devolução de cerca de 80 milhões mental.
mental de cerca de 80 milhões de de euros ao Banco de Portugal, exis- Outra dúvida está relacionada
euros durante este ano ou no próxi- te um impacto orçamental negativo com a possibilidade de o Banco de
mo, em resultado da decisão de no momento da transferência, já Portugal, depois de receber o dinhei-
reestruturação do Fundo de Garan- que as contas do banco central não ro, acabar por devolver este ganho
tia do Crédito Agrícola Mútuo estão no perímetro das Administra- ao Estado sob a forma de dividen-
(FGCAM), uma operação que pode ções Públicas. dos. Se a transferência for registada
ainda inÇuenciar o valor dos divi- Há, no entanto, algumas dúvidas já este ano nas contas do banco, o
dendos a distribuir ao Estado pelo ainda por esclarecer, que dependem eventual reforço dos dividendos
Banco de Portugal. das decisões a tomar pelo Instituto ocorreria no decorrer de 2020. Mas
Em causa está a decisão, tomada Nacional de Estatística relativamen- se passar apenas para as contas do
em Julho pelo Conselho de Ministros te à contabilização da operação. A próximo ano, o dividendo só chega-
e publicada em Diário da República mais importante é a de saber qual ria ao Estado em 2021.
no passado dia 12 de Agosto, de con- será a data considerada. Não é certo, contudo, que um
centrar no Fundo de Garantia de O decreto-lei que procedeu à dividendo relativo a esta transferên-
Depósitos a função de garantia de transferência foi publicado este ano, cia Ænanceira possa contribuir para
depósitos de todo o sistema bancá- no dia 12 de Agosto, mas a data pre- a redução do déÆce, uma vez que as
rio português. Até agora, os depósi- vista para a sua entrada em vigor é regras do sistema europeu de contas
tos realizados nas caixas de crédito o dia 1 de Janeiro de 2020. Será pre- determinam que um efeito positivo
agrícola eram garantidos por um ciso decidir em qual destas datas se no saldo orçamental apenas se faz
fundo diferente, o FGCAM. irá contabilizar esta operação nas sentir relativamente a dividendos
Para concretizar esta mudança contas públicas. Se for este ano, o que resultem dos resultados opera-
serão realizadas três transferências Governo terá de contar com um cionais da entidade que está a distri-
Ænanceiras. De acordo com os dados impacto orçamental negativo de buir os seus lucros.
apurados pelo PÚBLICO, a transfe- cerca de 80 milhões de euros no seu Questionada sobre este assunto,
rência da vertente de garantia de fonte oÆcial do Banco de Portugal
depósitos do FGCAM para o Fundo limitou-se a aÆrmar que “os valores
de Garantia de Depósitos será de
cerca de 120 milhões de euros.
Se [a operação] for Ænais estão a ser apurados, sendo
comunicados ao mercado assim que
Depois, cerca de 140 milhões de [contabilizada nas ocorram as transferências previstas
euros relativos à vertente assisten-
cialista do fundo Æcarão num fundo
contas públicas] na lei”.
Esta é a única grande incerteza
a cargo do Crédito Agrícola. E, por este ano, o que resta para deÆnir qual o mon-
Æm, o FGCAM transfere para o Ban-
co de Portugal cerca de 80 milhões
Governo terá de tante de dividendos que será entre-
gue pelo Banco de Portugal ao Esta-
de euros, o montante relativo às contar com um do português em 2020. Tal como foi
contribuições feitas pelo Banco de
Portugal para o FGCAM ao longo dos
impacto adiantados pelo Expresso e conÆr-
mado pelo PÚBLICO, as contas
anos. orçamental públicas poderão contar, sem
Para o Estado, o impacto orça-
mental varia consoante a transferên-
negativo de cerca incluir os 80 milhões de euros rela-
tivos ao FGCAM, com um dividendo
cia. No caso dos cerca de 120 milhões de 80 milhões de de cerca de 550 milhões de euros do
recebidos pelo Fundo de Garantia
de Depósitos (FGD), o efeito no sal-
euros no seu Banco de Portugal em 2020, um
valor que Æca abaixo dos 645
do orçamental é neutro, uma vez objectivo de milhões de euros registados este
que tanto o FGCAM (de onde sai o
dinheiro) como o FGD (onde entra
chegar a um déÄce ano.
Em compensação, os dividendos
o dinheiro) estão dentro do períme- de 0,2% do PIB. Se a distribuir pela Caixa Geral de
tro das Administrações Públicas.
Depois, em relação aos 140
for apenas a 1 de Depósitos ao Estado podem subir
cerca de 100 milhões de euros, para
milhões que Æcam a cargo do Crédi- Janeiro, este um valor próximo de 300 milhões
to Agrícola, apesar de haver uma
saída do dinheiro do perímetro das
impacto negativo de euros.

Administrações Públicas, aplica-se Governo concentrou no FGD a garantia de depósitos de toda a banca passa para 2020 sergio.anibal@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 27

ECONOMIA
NUNO FERREIRA SANTOS

ANA avança
com obras nocturnas
no aeroporto
de Lisboa
Aviação
Gestora de aeroportos
revela que vai arrancar
em Janeiro com obras “para
a criação de duas saídas
rápidas de pista na Portela
A ANA — Aeroportos de Portugal
começa em Janeiro obras para a
criação de duas saídas rápidas de
pista no Aeroporto Humberto Del-
gado, em Lisboa, que implica o
encerramento da infra-estrutura
entre as 23h30 e as 5h30 até
David Neeleman entrou no capital da TAP em Junho de 2015 Junho.
Em comunicado, a gestora dos
a ANA comunicado esta informação,
às companhias aéreas, nos prazos
deÆnidos a nível internacional para
o processo de alocação de ‘slots’
[autorizações de descolagem e ater-
ragem]”.
Em 11 de Outubro, a Vinci, dona
da ANA, revelou que o aeroporto de
Lisboa serviu, pela primeira vez,
mais de 30 milhões de passageiros
em 12 meses.
“Pela primeira vez, o aeroporto
da capital portuguesa serviu mais
de 30 milhões de passageiros num
período de 12 meses consecutivos”,
pode ler-se num comunicado divul-
gado nesse dia pela empresa.
De acordo com os dados da
empresa, 72,072 milhões de pessoas

Custos da TAP com pessoal aeroportos portugueses adianta que

“vai iniciar, em Janeiro, as obras
para a criação de duas saídas rápi-
passaram pelos aeroportos da Vinci,
em todo o mundo, no terceiro tri-
mestre, um aumento de 6,9% face

crescem 250 milhões em 3 anos das de pista no Aeroporto Humber-

Aviação
Pedro Ferreira Esteves
Companhia aérea emite
dívida no valor de 300
milhões, pouco mais do que
o aumento do custo com
curto prazo. “Os nossos resultados de
2018 foram signiÆcativamente afecta-
dos pela instabilidade laboral que
resultou em acordos com os sindica-
tos para pagar um valor não recorren-
te de 20,1 milhões de euros e um com-
promisso para aumentar salários nos
próximos cinco anos”, contextualiza
a companhia.
às contas dos primeiros nove meses
deste ano, que se traduziram num
prejuízo de 111 milhões de euros.
Entre as rubricas que mais pesaram
neste resultado negativo destacam-se
quatro: as imparidades relacionadas
com equipamentos (aeronaves), os
custos com juros da dívida (que a
emissão obrigacionista em curso pro-
to Delgado, com vista à melhoria da
eÆciência da operação, obtendo
maior Çuidez na circulação dos
aviões, redução dos percursos e das
emissões de CO2”.
De acordo com a ANA, as inter-
venções, durante o período noctur-
no, implicam “o encerramento da
pista para o horário previsto entre
as 23h30 e as 5h30, a partir de 6 de
Janeiro e até ao Ænal de Junho, tendo
ao período homólogo, pertencendo
a maior “fatia” aos aeroportos da
ANA, em Portugal, com 18,425
milhões de passageiros.
Esta decisão surge numa altura
em que está a arrancar o processo
de construção de uma nova infra-
estrutura aeroportuária no Montijo
pela ANA, um projecto que aguarda
ainda a luz verde ambiental no
âmbito da Agência Portuguesa de
Ambiente. Lusa
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trabalhadores, de 72% Mais à frente no relatório é explica- cura atenuar), os efeitos cambiais

Os trabalhadores da TAP custam,
anualmente, 593,8 milhões de euros,
de acordo com os dados até Setembro
de 2019 (referentes a um período de
12 meses). Um valor que representa
um aumento de 72% ou 248,1 milhões
face ao exercício de 2016, quando
tinham um custo de 345,7 milhões de
euros. Desde então, a empresa lide-
rada por David Neeleman (que entrou
do que “o aumento nas despesas com
pessoal [até Setembro de 2019] se
deve à variação do número de traba-
lhadores (e às respectivas despesas de
formação), ao aumento do salário
médio e ao aumento da remuneração
variável, em resultado do crescimen-
to da operação e dos acordos estabe-
lecidos com os trabalhadores e com
os seus representantes”.
No que diz respeito ao crescimento
LEILÃO
(relacionados com as depreciações da
moeda, por exemplo, em mercados
como Brasil e Angola) e o referido
agravamento dos custos com pessoal.
Despesas que mais do que consumi-
ram a redução generalizada de outros
custos operacionais e, sobretudo,
IMOBILIÁRIO
Oportunidades únicas em exclusividade
contrabalançaram o ligeiro cresci-
LEILOEIRA
AMI: 1827
mento registado nos proveitos ope-
racionais de todas as actividades AUTO RIZADA
ETO-LEI 155/2015
DECR
(passageiros, manutenção e carga/ DE 10 AGOSTO

na TAP em Junho de 2015) contratou da operação, a TAP está a transportar correio).

mais 2700 trabalhadores para um
total de quase 9000 proÆssionais,
entre pilotos, tripulantes e pessoal de
apoio técnico e comercial. Em 2018,
a gestão teve de lidar com uma crise
laboral que só foi resolvida com um
acordo de paz com impacto signiÆca-
tivo na despesa da companhia.
Isso mesmo é explicado pela TAP
mais passageiros (a curva ascendente
vai dos 11.754 transportados em 2016
para os 15.763 de 2018, sendo que nos
primeiros nove meses de 2019 o
número já está perto dos 13.000).
Todos os indicadores de operação
mostram este crescimento, desde os
milhões de quilómetros de lugares
disponíveis (de 36.625 em 2016 para
A TAP está neste momento a tentar
convencer investidores a reÆnancia-
rem a dívida em 300 milhões, para
liquidar empréstimos de curto prazo
e para fazer face ao custo do leasing
dos aviões que têm suportado o cres-
cimento da actividade. Arranca para
esta operação com um rating de
“lixo” da S&P, depois desta agência
PORTO 30 NOV Hotel Novotel Porto Gaia
15 H Rua Martir São Sebastião - Vila Nova de Gaia
52
Lotes

no relatório que acompanha a emis-

são obrigacionista de 300 milhões de
euros, que está neste momento a
decorrer junto de investidores insti-
tucionais e que servirá para reÆnan-
ciar a dívida bancária que expira a
39.221 em Setembro de 2019) até ao
número de aeronaves que a TAP tem
ao seu dispor (das 80 em 2016 às 108
em Setembro de 2019).
O aumento do custo com o pessoal
ganha maior destaque numa análise
de classiÆcação de dívida a ter colo-
cado em nível de não-investimento,
longe de companhias europeias como
a EasyJet, Lufhtansa e IAG.
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28 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

ECONOMIA

Na batalha
Airbus
vs.
Boeing
o A320 pôs fim
ao reinado do 737
O campeão de vendas da aviação civil perdeu o primeiro lugar
na lista de preferências. Os problemas com o 737 Max dão uma
ajuda aos europeus, que rejubilam sem fazerem grandes ondas
pra de 120 aparelhos A320neo por autorizado precisamente porque os A320neo, com o qual renovou uma aviões num total de 1090). Pelo con-
Victor Ferreira parte da maior low cost do Médio governos europeus deram ajudas família de aparelhos que se estreou trário, desde Janeiro de 2019 até ao
Oriente, a Air Arabia, o modelo mais ilegais à Airbus. na aviação comercial em 1984, já a início desta semana, segundo o site

D
urante 55 anos, o
modelo 737 da norte-
americana Boeing foi
rei e senhor na avia-
ção. Mas o modelo
mais encomendado
do mundo acaba de
ser destronado por um
concorrente 20 anos
mais novo, o A320 da
europeia Airbus.
Com o número de passageiros sem-
pre a crescer, as companhias não
param de encomendar novos apare-
lhos. E muitos dos negócios são anun-
ciados nos grandes eventos mundiais
da aviação. Esta semana foi tempo do
Dubai Airshow e foi lá que a Airbus
selou o contrato que é o ponto Ænal
no reinado do Boeing 737. Com a com-
popular das últimas cinco décadas foi
ultrapassado pela família A320.
No Æm de Outubro, a Boeing con-
tabilizava 15.136 encomendas do 737.
Graças às mais recentes encomendas,
a família A320 regista agora 15.193
encomendas. São 57 aviões de dife-
rença, que fazem toda a diferença na
história da aviação que continua a ser
controlada por um duopólio reparti-
do por europeus e norte-americanos.
Porque esta batalha Airbus vs. Boeing
não é apenas uma luta comercial.
Os interesses extravasam larga-
mente um sector industrial que
mudou a nossa forma de viajar. A pro-
va disso é a guerra de taxas de impor-
tação que os EUA estão a mover con-
tra a Europa — tendo o último agrava-
mento por parte de Washington sido
Não há notícias de que as rolhas
tenham saltado das garrafas de cham-
panhe na sede da Airbus, situado em
Leiden, na Holanda, ou no quartel-
general operacional, em Toulouse,
França. Muitos analistas que acom-
panham a aviação garantem agora
que esta reviravolta era previsível.
Apontam à Boeing erros antigos —
quando na década de 1980 não sou-
beram responder à chegada do A320
(cuja família inclui os A318, os A319,
os A320 e os A321) ao mercado — e
erros mais recentes, como o desastre
em torno da mais recente geração
737, baptizada como Max .
Um Max cheio de problemas
Se a Airbus não tem mãos a medir
para satisfazer a procura pelo
Boeing tem um problema em mãos
com o sucessor do campeão de ven-
das que se estreou em 1967 com as
cores da alemã Lufthansa.
Os 737 Max 8 e Max 9 estão proibi-
dos de voar depois de dois acidentes
fatais, com 346 mortos em menos de
cinco meses, entre Outubro de 2018
e Março de 2019. A Boeing tinha mais
de 5000 encomendas em carteira.
Alguns clientes cancelaram, alegan-
do que não podiam esperar ou decla-
rando perda de conÆança. A Flya-
deal, da Arábia Saudita, queria 30
aparelhos 737 Max e voltou atrás. Não
foi a única.
Dados oÆciais do fabricante dos
EUA mostram uma quebra signiÆca-
tiva. Em 2018, a família 737 assegurou
76,7% das encomendas à Boeing (837
da Boeing, havia apenas 38 aviões
encomendados, num total de 180.
Uma quebra drástica — sem contar
com os 109 aparelhos cancelados —
para um campeão de vendas que só
voltará a voar lá para Janeiro ou Feve-
reiro de 2020, se se cumprirem os
planos da Boeing, que teve de procu-
rar resolver problemas estruturais na
geração Max.
Uma solução para os erros de cons-
trução é o problema mais premente
mas a empresa actualmente liderada
por Dennis Muilenburg está a braços
com outros problemas. Além de
enfrentar o Congresso norte-ameri-
cano, que abriu uma investigação aos
acidentes mortais na Indonésia (189
mortos) e na Etiópia (157 mortos), a
Boeing tem diversos processos judi-

ciais em tribunal. O mais recente é de
um accionista da própria Boeing.
A Kirby Family Partnership acusa
a equipa de gestão de não ter agido
como devia para evitar “o maior erro
que pode ser apontado a um constru-
tor de aviões”. O Congresso dos EUA
também não tem poupado a gestão
de Muilenburg, acusando-o de
“esconder deliberadamente” os pro-
blemas que afectavam o 737 Max.
Para um dos senadores, Roger Wicker,
os erros de concepção eram tais que
o 737 Max não era um avião; era um
“caixão voador”, disse numa audiên-
cia a 29 de Outubro.
E tudo começou na Europa
A Europa foi a primeira a proibir os
voos do 737, mas foi também a Euro-
pa a estrear este modelo. O primeiro
737-100 (como se designava o modelo
original) em serviço comercial levan-
tou voo em 1967. Tinha as cores da
alemã Lufthansa, que conta com
diversos modelos Boeing na frota
actual, mas não conta com o 737 (tal
como a TAP, que não tem sequer
modelos da Boeing a voar). E era
signiÆcativamente diferente das ver-
sões seguintes.
Concebido para viagens curtas até
2000km de distância, o 737 era de
fuselagem estreita, suportada por
dois motores, que nasceu como
sucessor dos 707 (que já ligavam Lon-
dres a Paris ou Roma) e dos 727, que
já ligavam grandes cidades america-
nas próximas. “O 737 iria voar para
Syracuse e Buèalo. Não era lá muito
romântico, mas desde o início senti
que tínhamos ali um grande produ-
to”, recordaria Bob Bogash, engenhei-
ro e membro da equipa criadora do
737, actualmente reformado, numa
entrevista à rádio NPR, dos EUA.
REGIS DUVIGNAU/REUTERS
76,7
Em 2018, a família de aeronaves
737 assegurou 76,7%
das encomendas à Boeing
(um total de 837 aviões num
universo global de 1090)
40.000
A Airbus estima que nas
próximas duas décadas
o mercado necessitará
de quase 40 mil novos aviões
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 29
Na conÆguração original, o 737
tinha um corredor central (três ban-
cos de cada lado) e transportava 85
pessoas. Ao longo das décadas, foi
sendo actualizado. A segunda gera-
ção (série -300, -400 e -500), baptiza-
da Classic, estreou-se em 1984, ano
em que “nasceu” o principal concor-
rente, o A320, que agora lhe retirou a
liderança comercial. A produção ter-
minaria em 1999, dando lugar à Next
Generation. Do 737NG foram desen-
volvidas quatro versões (do 737-600
ao 737-900), que consolidariam o
domínio da Boeing neste segmento
de aparelhos. Até Janeiro de 2019,
mais de 7000 aparelhos 737 são desta
terceira geração. O número de passa-
geiros hoje transportados em cada
um destes aparelhos mais do que
duplicou face aos 85 lugares da versão
original. Um 737 hoje pode levar até
215 passageiros.
Apesar da concorrência cada vez
mais forte dos Airbus A320 (que mui-
tos reconhecerão por ser o modelo
do voo 1549 da US Airways, que aca-
bou a boiar no rio Hudson, em Nova
Iorque, em Janeiro de 2009, sem víti-
mas), o 737 nunca perdera a liderança
mundial. A 13 de Março de 2018, saía
da fábrica de Renton, no estado de
Washington, o 737 número dez mil.
Se fossem empilhados uns em cima
dos outros, formariam uma torre que
se elevaria a 124 quilómetros de alti-
tude (o equivalente a 149 torres Burj
Khalifa do Dubai ou 382 torres Eièel
de Paris). Se todos os dez mil aviões
737 produzidos até hoje levantassem
voo ao mesmo tempo, transporta-
riam um milhão e quinhentos mil
passageiros. Outras curiosidades esta-
tísticas: cerca de 2000 aparelhos des-
te modelo estão no ar a cada momen-
to, dado que há mais de 300 compa-
nhias, de mais de 110 países a operar
aviões 737; pintar um 737NG exigia
cerca de 189 litros de tinta que, depois
de seca, pesava 113 quilogramas.
A crise do concorrente norte-ame-
ricano foi sempre tratada com pinças
pela Airbus. Num mercado dominado
por duas empresas, era importante
manter a conÆança do mundo. E por
isso nunca houve uma entrada de
leão por parte dos europeus, na ten-
tativa de explorar as misérias da
Boeing. “Isto não é bom para a avia-
ção”, dizia em Abril o recém-empos-
sado presidente executivo do fabri-
cante europeu, Guillaume Faury,
depois de o 737 Max ter sido proibido
de voar.
O valor de mercado que estas duas
empresas disputam tem nove zeros:
3158 biliões de euros, segundo contas
da Airbus, que produz um concorren-
te mais leve e com mais alcance, a
preços médios (preços de tabela) mais
baixos do que a Boeing. O A320neo
permite poupanças de 15%-20% nos
custos operacionais, porque a redu-
ção do consumo de combustível che-
ga aos 16% face ao antecessor. A
ECONOMIA
Boieng promete 14% menos consumo
na geração Max face à precedente.
Greta e o flight shaming
Para onde vai pender o prato da
balança no futuro? A maior capacida-
de produtiva da Airbus dá vantagem
ao construtor europeu. Mas tudo vai
depender da evolução do próprio
mercado. A IATA, que representa 290
companhias, prevê um crescimento
anual de 3,5% no número de passa-
geiros, que deverá duplicar dos 4400
milhões para 8200 milhões de passa-
geiros nos próximos 20 anos. A pró-
pria Airbus estima que nestas duas
décadas o mercado necessitará de
quase 40 mil novos aparelhos, para
transporte de pessoas e de carga.
Porém, há factores cujo impacto
ainda é uma incógnita. O movimento
flight shaming, que nasceu na Suécia
(onde se chama Flygskam) e exige
menos viagens de avião e alternativas
menos poluentes, está a ganhar força.
A aviação mundial fez 39 milhões de
voos em 2018. Emite mais CO2 do que
a Alemanha. Se fosse um país, seria o
sexto mais poluente, diz o Conselho
Internacional para o Transporte Lim-
po. Representa 2% do CO2 emitido
por actividade humana, segundo
números da própria indústria, e 12%
do CO2 proveniente do transporte (a
rodovia representa 74%).
Por agora, não há passageiros a
fugir de aviões, mas os executivos da
aviação mostram que já sentem a
pressão. A EasyJet, por exemplo,
anunciou uma parceria com a Airbus
para desenvolver aviões híbridos e
eléctricos. Neste contexto, há estudos
de opinião que sugerem haver um
“efeito Greta Thunberg”, a jovem acti-
vista sueca que está a dar relevância
ao flight shaming. Greta viajou em
Agosto de barco até aos EUA. Mas não
é a única a travar o crescimento da
aviação.
O banco suíço UBS inquiriu 6000
europeus e norte-americanos no
Verão. E concluiu que 20% já corta-
ram nas viagens de avião devido ao
impacto ambiental da aviação. O pre-
sidente da IATA contesta o flight sha-
ming. “ConÆnar o horizonte das pes-
soas às distâncias de comboios e
velocidades de barcos é tentar anular
um século de progresso”, protestou
o presidente da IATA, em Abril.
Mas o debate já chegou aos gover-
nos. Bruxelas quer taxar emissões de
CO2 na aviação. Um novo imposto
encarecerá bilhetes e pode diminuir
a procura, mas reduziria as emissões.
“Seria como tirar oito milhões de car-
ros das estradas europeias”, diz um
estudo de Maio.
Quem olha para a carteira de enco-
mendas da aviação mundial é levado
a concluir que o risco sobre o negócio
dos fabricantes de aviões ainda não
descolou.
voferreira@publico.pt
30 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

MUNDO
Colonatos não são ilegais: o novo
presente de Trump a Netanyahu
Estados Unidos mudaram de política precisamente quando se aproxima o Äm do prazo para o rival
de Netanyahu, Benny Gantz, formar uma coligação para governo, voltando a dar uma hipótese a “Bibi”
MENAHEM KAHANA/REUTERS

Israel
Maria João Guimarães
Com o prazo para um acordo para um
governo de coligação a terminar à
meia-noite de hoje, e negociações de
última hora a decorrer entre o encar-
regado de formar governo, Benny
Gantz, e Benjamin Netanyahu, uma
mudança na política dos EUA trouxe
uma vantagem ao ainda primeiro-mi-
nistro israelita.
Na segunda-feira, a Administração
Trump deu um presente a Benjamin
Netanyahu: a reversão de uma posi-
ção de décadas, partilhada pela esma-
gadora maioria dos aliados e pela lei
internacional, em relação à ilegalida-
de dos colonatos judaicos na Cisjor-
dânia ocupada.
Os colonatos judaicos — alguns
pequenos, outros verdadeiras cida-
des, como Ariel, que até tem uma
universidade — em território que os
palestinianos querem para um futuro
Estado são um ponto sensível: a con-
tinuada construção signiÆca que um
dia o território palestiniano estará
demasiado partido para permitir um
Estado que seja mais do que um con-
junto de “ilhas” cortadas pelos colo-
natos e pelas suas infra-estruturas,
como estradas próprias.
Várias resoluções da ONU citam as
Convenções de Genebra, segundo as
quais um Estado não pode deslocar Benjamin Netanyahu visitou um colonato de Gush Etzion após a mudança de posição dos EUA
população civil para um território
que ocupe, para dizer que os colona- à Síria na Guerra dos Seis Dias (1967) te à primeira, e nem o seu bloco nem têm de identiÆcar os produtos com Jordão. Esta foi uma promessa de
tos são ilegais. e anexou em 1981: mais uma quebra o de Gantz têm uma maioria. origem em colonatos israelitas na eti- campanha de Netanyahu vista como
A argumentação dos EUA é sim- no consenso internacional, que era Em vésperas desta segunda vota- quetagem, porque os consumidores um meio para ganhar votos.
ples: segundo o secretário de Estado, de que Israel devolveria o planalto ção, especulava-se qual seria a ajuda têm o direito de distinguir entre “fei- “Já não podemos expressar o cho-
Mike Pompeo, “dizer que o estabele- quando assinasse um acordo de paz de Donald Trump ao seu aliado to em Israel” ou nos seus colonatos, que e o horror porque este é um
cimento de colonatos civis não é con- com a Síria. Netanyahu, mas ela não chegou. A que “dão expressão concreta a uma padrão, mas isto não o torna menos
sistente com a lei internacional não Após as eleições, Netanyahu não explicação era que Trump, desiludido política de transferência de popula- terrível”, reagiu a veterana negocia-
funcionou”, e não levou a avanços do conseguiu uma maioria para gover- com Netanyahu, estava ainda a per- ção conduzida pelo Estado fora do dora palestiniana Hanan Ashrawi.
processo de paz. Daí a decisão de nar por não conseguir juntar no mes- der a oportunidade para o seu muito seu território, em violação das regras O timing foi bom para Netanyahu,
mudar a posição. mo executivo a direita secular de antecipado — e também ridiculariza- da lei internacional humanitária”. cujo partido, Likud, estava em con-
Os EUA têm vindo a alterar políticas Avigdor Lieberman e os partidos do — deal of the century (acordo do versações, até ontem secretas, com o
de décadas no centro do conÇito ultra-ortodoxos: o primeiro exige o século com tom de negócio) para “Um padrão, mas terrível” partido Azul e Branco de Gantz para
entre israelitas e palestinianos: a Æm da excepção ao serviço militar israelitas e palestinianos. E com os O grupo de pressão israelita Peace a formação de um governo de unida-
mudança da embaixada de Telavive para os estudantes religiosos, os EUA a entrar em pré-campanha para Now classiÆcou a decisão americana de nacional. “Penso que ele sabe que
para Jerusalém e o reconhecimento segundos a sua manutenção. 2020, já não é, entretanto, expectável como “um ataque directo à solução alguma coisa chegou à sua mesa
que a cidade é a capital de Israel. que o plano seja apresentado antes de dois Estados e uma escolha delibe- embrulhado como um enorme pre-
Depois, na véspera das legislativas Plano de paz adiado das eleições. rada para abrir o caminho a acções sente”, disse ao Guardian Oded Revi-
de Maio em Israel, Trump anunciou Perante o impasse saído da votação A declaração dos EUA sobre os mais agressivas pelo governo interi- vi, que tinha acabado de se reunir
que os EUA reconheciam a soberania de Maio, Netanyahu forçou uma nova colonatos surge numa altura em que no” — e pouco depois, Netanyahu com o primeiro-ministro.
israelita sobre os montes Golã, terri- votação, que se realizou em Setem- o mais alto tribunal da União Euro- anunciava o seu apoio a uma lei pre-
tório que o Estado judaico conquistou bro. Esta deu um resultado semelhan- peia decidiu que os Estados-membros vendo a anexação de todo o vale do mguimaraes@publico.pt

Breves
Suécia
Justiça arquiva
investigação por
violação a Assange
A Justiça sueca arquivou a
investigação à suspeita de
abuso sexual contra Julian
Assange, considerando que as
provas não sustentam uma
acusação. Em 2010, duas
mulheres acusaram o
fundador do site de denúncias
WikiLeaks de violação. As
vítimas podem recorrer.
Assange, que está detido em
Londres, vê desaparecer uma
possível extradição, mas
enfrenta outra, dos EUA.
Líbano
Manifestantes
impedem abertura
do Parlamento
Manifestantes bloquearam
ontem os acessos ao
Parlamento do Líbano,
obrigando a adiar a sessão em
que ia ser analisada uma lei a
amnistiar quem tem impostos
em dívida, o que implica o
perdão das dívidas e a
libertação de suspeitos e
condenados por corrupção.
Desde 17 de Outubro que os
libaneses estão nas ruas para
exigir a renovação de toda a
classe política.
Paraguai
Lava-Jato dá ordem
de prisão contra
ex-Presidente Cartes
Um juiz brasileiro emitiu uma
ordem de prisão contra o
ex-Presidente do Paraguai
Horacio Cartes, acusado pela
Operação Lava-Jato de estar
envolvido no
desaparecimento de dinheiro
da Petrobras. Cartes ajudou na
fuga de Darío Messer (já
detido), que chefiava uma
rede transnacional de
branqueamento de capitais.
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 31
MUNDO
Dezenas de estudantes ainda
resistiam dentro da Universidade
Politécnica de Hong Kong
THOMAS PETER/REUTERS
China
António Saraiva Lima
Após três dias de cerco,
as condições estavam mais
dramáticas. Já se renderam
600 pessoas e foram
detidas mais de mil
O cerco da polícia de Hong Kong à
Universidade Politécnica viveu o seu
terceiro dia e estava, ontem, num
impasse. Dentro do campus resistiam
cerca de cem estudantes e manifes-
tantes anti-Governo, que recusavam
render-se às autoridades, mas que se
deparavam com condições cada vez
mais dramáticas — faltam alimentos,
medicamentos e agasalhos.
Segundo a chefe do governo de
Hong Kong, Carrie Lam, entregaram-
-se à polícia cerca de 600 manifestan-
tes. Desses, 400 foram imediatamen-
te detidos e podem enfrentar penas
de prisão até dez anos, pelo delito de
participação num motim.
Os restantes 200, menores, foram
identiÆcados e autorizados a ir para Os que ainda estão no Politécnico receiam as pesadas penas de prisão que lhes podem cair em cima
casa. No total, foram feitas mais de
mil detenções nos últimos três dias. está cercado pela polícia desde se limita à Universidade Politécnica. posta de lei, entretanto suspensa, que
“Vamos continuar a utilizar todos domingo à noite. “Não vejo outra Milhares de pessoas aproximaram-se permitiria extradições de detidos
os meios para persuadirmos os res- solução viável para além da rendi- do cerco, na segunda-feira à noite, para a China continental — o que poria
tantes manifestantes a abandonarem ção”, proclamou na segunda-feira o pedindo liberdade para os encurrala- em causa a independência judicial e
o campus, para que toda esta opera- comandante Cheuk Hau-yip. dos e criticando a postura repressiva facilitaria julgamentos “políticos” de
ção possa terminar de forma pacíÆca, Os ataques com Çechas, tijolos, da polícia. opositores e activistas, segundo os
estabelecendo as bases para a polícia cocktails-molotov e outras armas A polícia rejeita, no entanto, as acu- manifestantes —, mas evoluiu para
pôr Æm à violência em Hong Kong”, improvisadas, por parte dos manifes- sações de excessos na resposta à um protesto generalizado, que exige
disse ontem Carrie Lam, citada pelo tantes, levaram a polícia a montar um desobediência civil. Chris Tang, que a democratização das instituições
South China Morning Post. perímetro em volta da universidade, ontem se tornou o novo chefe da polí- políticas do território.
Entre os que abandonaram o recin- a exigir a rendição de todos os barri- cia, substituindo o agastado Stephen A China não parece disposta a
to universitário, escrevia o jornal de cados e a responder a fugas com gás Lo, disse que a reputação das forças mudar a sua posição sobre Hong
Hong Kong, contam-se dezenas de lacrimogéneo, canhões de água e de segurança está a ser posta em cau- Kong. E numa declaração que não foi
casos de hipotermia e de ferimentos balas de borracha. sa à conta de “notícias falsas”. bem recebida junto do movimento
vários, resultantes dos confrontos Muitos conseguiram escapar, quer em Hong Kong, Zang Tiewei, porta-
com a polícia. O deputado pró-demo-
cracia Ted Hui, que estava dentro da
utilizando cordas para descer até uma
auto-estrada que passa perto, quer
Eleições em causa
Os protestos em Hong Kong — antigo
voz do comité legislativo do Partido
Comunista Chinês, disse que a recen-
Politécnica, confessou que os mani- por outros pontos entretanto blo- território britânico, administrado te decisão de um tribunal de Hong
festantes não têm mantimentos “para
resistir durante mais um dia”.
queados pela polícia. Segundo a Reu-
ters, houve até casos de fuga através
desde 1997 pela República Popular
da China, de acordo com o princípio
Kong, decretando como inconstitu-
cional a proibição do uso de máscaras
“Estou encurralado na Politécnica da rede de esgotos. “um país, dois sistemas” — já duram a cobrir os rostos, não é da sua com-
há dois dias e já quase não há comida À Reuters, uma estudante de 16 há cinco meses, tendo entrado nos petência, mas do poder legislativo de
e água”, relatou à BBC um manifes- anos que optou por se entregar, con- últimos dias na sua etapa mais vio- Pequim.
tante no campus. “A maioria das pes- Ærmou que existe um enorme receio lenta e a poucos dias de eleições para “Só o Comité Permanente da
soas quis fugir deste inferno, muitos junto dos que ainda se encontram os conselhos dos vários distritos em Assembleia Popular pode julgar e
tentaram escapar e falharam. Foram dentro da universidade, devido às que o território está dividido, agen- decidir se as leis de Hong Kong são
detidos ou Æcaram feridos”. penas pesadas que lhes podem cair dadas para domingo. A sua realiza- consistentes com a sua Lei Básica”,
Deram entrada nos hospitais da em cima. ção está, no entanto, em dúvida, disse Tiewei, citado pelo SCMP.
cidade 235 pessoas, com idades entre O cenário de destruição e de caos depois de o governo ter admitido o “Nenhuma outra autoridade tem o
os 15 e os 66 anos. Uma está em esta- em Hong Kong, fotografado, Ælmado adiamento devido ao conÇito na direito de fazer julgamentos ou tomar
do crítico e 12 em estado grave. e repetidamente publicado e partilha- Politécnica. decisões”.
Transformado num autêntico cam- do nas redes sociais e nos principais A contestação começou como um
po de batalha, o campus universitário sites de notícias internacionais, não movimento de oposição a uma pro- antonio.lima@publico.pt
32 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

MUNDO
“Parte da elite branca não aceitou
que Evo mudou a Bolívia”
Oliver Stuenkel Diz que o “regresso
rápido a um regime democrático parece
menos provável” na Bolívia porque o país
está dividido, em termos étnicos, mas
também de rendimento, religião, idioma
Entrevista
António Rodrigues
Professor de Relações
Internacionais da Fundação Getúlio
Vargas, no Brasil, um dos mais
importantes think tanks do mundo,
Oliver Stuenkel, autor dos livros
BRICS e o Futuro da Ordem Global e,
mais recentemente, O Mundo
Pós-Ocidental, é um observador
atento do que se passa na Bolívia.
Reconhecendo os erros do
ex-Presidente Evo Morales, que se
tornou “um autocrata”, partilha da
ideia que este Governo de transição
carece de legitimidade democrática:
é “uma situação altamente
questionável do ponto de vista
Constitucional”, que “tende a piorar
as divisões que existem já no país”.
O Governo boliviano anunciou
que vai criar uma estrutura
especial no Ministério Público
para prender senadores do
partido de Morales por
“subversão e sedição”...
O Governo interino tinha a tarefa de
organizar novas eleições, mas está
empenhado em profundas
mudanças políticas. Aumenta as
tensões e reduz as chances de um
pleito transparente, estável e
legítimo. É uma má notícia e é mais
um sinal de que um regresso rápido
a um regime democrático parece
menos provável.
Estamos perto de uma guerra
civil na Bolívia?
infra-estruturas em larga escala, mas
não uma guerra civil. Para isso
acontecer, partes das Forças
Armadas ou da polícia tinham de
mudar de lado, e é improvável.
O facto de Evo Morales se ter
exilado no México rapidamente
retirou de cena o inimigo a esta
oposição que ficou com o poder...
Por um lado, sim, por outro, a
maneira como esse Governo fala
sugere que a ausência de Morales
não ajuda a estabilizar a situação. O
Governo continua a utilizar uma
linguagem radical que gera
preocupações de que uma futura
eleição possa estar comprometida.
Este executivo tem uma linguagem
de confronto — e há grupos mais
radicais, a que aqui no Brasil
chamamos “franja lunática”, que
têm inÇuência sobre o Governo. O
[Eliodoro] Camacho e esses grupos
não eleitos têm a capacidade de
alterar a “agenda” e a Presidente
não tem sido capaz de absorver essa
retórica mais radical. A situação
altamente questionável do ponto de
vista constitucional, de falta de
legitimidade para tomar as decisões
importantes que este Governo está
a tomar sem ter ganhado uma
eleição, tende a piorar as divisões.
Este Governo carece de
legitimidade democrática?
Estamos numa situação muito
crítica porque houve violações da
democracia durante o Governo
Morales, mas a forma como as
Governo interino da Bolívia anuncia perseguição a senadores do partido
Forças Armadas se posicionaram

A queda do Morales destapou uma
tensão que estava presente, mas as
instituições conseguiram absorver
sem que se traduzisse na violência
que estamos vendo hoje. Porém,
para uma guerra civil seriam
precisos dois lados com capacidade
de uso da força parecido e neste
caso não temos. O mais provável é
ter um aumento da repressão. Pode
haver uma situação de caos e de
instabilidade, saques dos comércios,
destruição da capacidade produtiva
de gás, destruição de
violou um princípio básico da
democracia. O correcto deveria ter
sido negociar um acordo de novas
eleições e o Evo não pudesse
participar. Além disso, a tomada de
posse aconteceu sem o quórum
mínimo no Parlamento. Para as
decisões que está tomando, este
Governo carece de legitimidade
democrática, sem dúvida.
Tardar as eleições fragiliza ainda
mais este Governo?
A espera acabou por piorar a
situação e por mobilizar aqueles
O
ministro do Interior interino
da Bolívia, Arturo Murillo,
anunciou que vai criar uma
“estrutura especial do
Ministério Público” para
prender senadores do
Movimento ao Socialismo
(MAS), do ex-Presidente Evo
Morales, por “subversão e
sedição”.
Murillo já tinha exprimido a
intenção do executivo, apesar
de ser de transição e de estar
incumbido apenas de convocar
novas eleições e garantir a
gestão pública até à tomada de
posse de um Governo
legitimamente eleito, que a sua
intenção era perseguir
funcionários e legisladores
ligados ao MAS.
“Que comecem a correr,
vamos apanhá-los. Não vamos
permitir que haja mais alguma
coisa que continue a fazer
sedição no país”, garantiu
Murillo ao tomar posse
interinamente do cargo.
Desde então, o Ministério do
Interior já eximiu de
responsabilidades qualquer
militar ou polícia que mate
manifestantes e o resultado foi
o massacre na cidade de
Sacaba, que resultou na morte
de nove apoiantes de Morales e
pelo menos 115 feridos. De
acordo com o Ministério
Público de Cochabamba, as

o de Evo Morales
mortes não foram causadas por
confrontos, mas por ataques
premeditados de polícias e
militares.
A partir do exílio no México,
Evo Morales reagiu à afirmação
do ministro interino para criticar
aquilo que considera ser mais
um reflexo da ditadura
instalada: “Em vez de
pacificação, ordenam
difamação e repressão contra
irmãos do campo que
MARCO BELLO/REUTERS
denunciam o golpe de Estado”,
escreveu o Presidente deposto
no Twitter.
“Depois de massacrar 24
indígenas [número total de
mortos desde que tomou posse
o Governo interino], agora
preparam um estado de sítio.
Seria a confirmação de que
pedindo democracia instalaram
uma ditadura”, acrescentou o
ex-chefe de Estado. António
Rodrigues
que consideram que este Governo
não tem nenhuma legitimidade,
nem sequer para organizar eleições.
Só com eleições é que se pode
voltar a pacificar a Bolívia?
Uma eleição tem a capacidade de
paciÆcar, mas também de aumentar
as divisões. A eleição é, em si, um
conÇito. Há pessoas que dizem,
especialmente em países com
grandes divisões pós-conÇito, que o
melhor é esperar porque uma
eleição pode reactivar essas
situações de conÇito, sobretudo se
os partidos se organizam segundo
divisões étnicas. Se houve uma
guerra étnica e a seguir há uma
etnocracia, por meio da eleição
podemos acabar por fomentar novo
conÇito. É fundamental realizar
eleições, mas estas podem dar
muito errado numa situação de
grande polarização, de tensões
étnicas e de falta de uma autoridade
que assegure que a luta eleitoral não
se torne numa luta entre as etnias.
A Presidente Jeanine Áñez não
esconde a sua aversão aos
indígenas. Estamos perante uma
reacção das elites brancas às
conquistas indígenas?
Sim, sem dúvida. Sabia-se que essas
opiniões existiam, mas não se
falavam abertamente. Parte da elite
branca não aceitou o facto de que o
Evo mudou a Bolívia para sempre,
fortaleceu a população indígena
que não tinha voz política, que não
estava organizada, e já não tem
volta atrás. Isso é uma coisa que me
preocupa quando falo com pessoas
da oposição venezuelana, o
chavismo fez muita coisa errada,
mas também mudou a política
venezuelana para sempre, ao
“engajar” parte da população que
antes não participava no processo.
É uma ilusão querer voltar ao
pré-Chávez. Não existe mais essa
Venezuela, tal como não existe mais
a Bolívia pré-Morales. Por exemplo,
Æquei muito decepcionado quando
vi que a oposição boliviana não
conseguiu seleccionar um
candidato indígena nas eleições.
Apesar das tendências autoritárias
do Evo, que no Ænal se tornou um
autocrata, ele democratizou a
sociedade boliviana e essa reacção
que vemos hoje mostra que parte da
elite boliviana, a elite branca, não se
adaptou a essa nova realidade.
Mesmo que Evo Morales tenha
terminado este seu mandato
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 33
A minha esperança
é que UE ou ONU
ajudem a
organizar uma
eleição que não
gere dúvidas
como autocrata, como refere, o
resultado das eleições e a sua
perda de influência mostra que
havia democracia na Bolívia?
A Bolívia era uma democracia,
mesmo havendo uma interferência
do Evo Morales no judicial. A meu
ver, o seu grande erro foi ter
deixado de construir novas
lideranças, fazendo com que o
partido estivesse muito centrado na
pessoa dele. Mas havia espaço para
a oposição participar no pleito e Evo
chamou a OEA para avaliar a
situação e estava disposto a repetir a
eleição. Ele ainda tem muito apoio,
mas errou ao se candidatar porque
no referendo de 2016 a maioria da
população mostrou que não queria
essa recandidatura.
Esta reacção da elite branca tem
semelhanças com o que se
passou no Brasil ou nos nos EUA?
O caso boliviano é diferente porque
na Bolívia a divisão chegou a ser
tão profunda que levou a um
movimento separatista em Santa
Cruz. Existe não só uma divisão
étnica como geográÆca e é uma
divisão em todos os sentidos:
territorial, de distribuição de
rendimento, de riqueza, religiosa,
de idioma. Evo até criou uma outra
bandeira, uma bandeira dos povos
O caso boliviano é
mais complexo e o
país precisa passar
por um processo
de introspecção e
de se perguntar
que tipo de país
quer ser e como
superar as divisões
indígenas que muitos brancos
sustentavam que promovia a
divisão. O caso boliviano é muito
mais complexo e a Bolívia precisa
passar por um processo de
introspecção e de se perguntar que
tipo de país quer ser e como
superar essas divisões que levaram
uma parte da população a querer
se separar do resto. E isso é
diferente da situação brasileira ou
americana. Por isso, os riscos que a
Bolívia corre são maiores.
A próxima eleição será livre?
Para assegurar que a eleição é
transparente são precisos
observadores externos. Idealmente
seriam todos os países da América
Latina a falar a uma voz só e a dizer
que “a oposição e todos os actores
políticos precisam de se sentar e
resolver a situação, senão vamos
isolar o país diplomaticamente”.
Isso não está acontecendo porque
a região inteira está dividida. A
minha esperança é que a UE ou a
ONU tenham um papel de
mediador e ajudem a organizar
uma eleição que não gere dúvidas
sobre a legitimidade do ganhador.
Evo Morales deu duas
entrevistas: à BBC, disse que
podia ser candidato à
Presidência, à Al Jazira, referiu
que queria terminar o seu
mandato. Acha que há hipótese
disso ou a era Evo Morales
terminou?
Acho pouco provável que a elite
que tomou o poder permita a
participação dele como candidato.
Também não seria positivo para o
seu partido, porque precisa de se
renovar. A presença eterna do Evo
acaba inviabilizando a criação de
novas heranças mais jovens.
Agora, o próximo Governo muito
provavelmente não será um
Governo popular, porque a
situação económica está pior, e
lidar com as divisões vai ser muito
difícil. Isso irá fazer com que as
pessoas se lembrem dos tempos
bons de Evo e exista uma chance
de, num momento posterior, o
Evo voltar a ser Presidente. Como
o Carlos Andrés Pérez na
Venezuela, como, se calhar, o Lula
no Brasil, o Rafael Correa que está
querendo voltar no Equador.
Portanto, não descartaria a volta
do Evo no futuro.
antonio.rodrigues@publico.pt
34 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

CULTURA
Cabrita Reis regressa a Serralves
com a instalação total
Pedro Cabrita Reis volta ao museu, 20 anos depois, com a exposição-instalação Um Olhar Inquieto,
que faz a história da sua vida, sem heroísmos — é um monumento ao quotidiano
NELSON GARRIDO

Artes
Sérgio C. Andrade
No mesmo 19 de Novembro em que,
em 1999, inaugurou a exposição Da
Luz e do Espaço, no então recém-
-inaugurado Museu de Arte Contem-
porânea de Serralves (MACS), Pedro
Cabrita Reis (n. Lisboa, 1956) apre-
sentou ontem à comunicação social
a sua nova exposição no museu por-
tuense, agora intitulada Cabrita — Um
Olhar Inquieto (A Roving Gaze, para
os visitantes estrangeiros). Só que, 20
anos depois, o artista simpliÆcou o
nome, assina só “Cabrita”, e isso é
sinal de amadurecimento, de depu-
ração, de reconhecimento.
“Ao longo da sua trajectória, um
artista deseja crescer, do ponto de
vista material e espiritual, e deseja
que o seu trabalho atinja a depura-
ção: deita fora as coisas que vai per-
cebendo que não são primordiais
para fazer apenas o que quer fazer”,
explicou Cabrita na visita por entre
os cem painéis que compõem a nova
exposição em Serralves — e que abre
hoje ao público.
Cabrita — Um Olhar Inquieto é uma
extensa instalação, não apenas no
espaço que ocupa em dois pisos do
MACS, mas principalmente na miría-
de de peças que ela convoca para
oferecer um contacto mais íntimo Cabrita — Um Olhar Inquieto é uma instalação construída com os objectos mais triviais da vida quotidiana do artista
com a sua vida e a sua obra.
Depois de um retrato a preto e dessa altura também faziam parte do querido mostrar vários momentos da manifestações, cromos do BenÆca e tor do MACS, na apresentação de Um
branco do artista com o “olhar seu programa. “Satisfez-me, como sua vida, os lugares por onde andou, a referência a Amália — a “Voz”; e Olhar Inquieto. “Agrada-me também
inquieto”, à entrada da primeira sempre, que as minhas exposições as coisas que foi fazendo, os sonhos ainda textos e narrativas de situa- o seu humor, e a sua capacidade de
sala da exposição o visitante é rece- tenham essa capacidade de questio- que foi sonhando, o país em que foi ções e episódios mais pessoais. respeitar os pequenos detalhes da
bido por uma estrutura de tijolos, nar; é isso que se espera de uma obra vivendo… Cada pequena peça conta uma his- vida quotidiana, que à partida não
muitos deles partidos e o pó derra- de arte”, disse, notando que Da Luz “Nenhuma obra de arte nasce de tória, uma parte da história da vida têm um valor intrínseco, mas às quais
mado no chão. Pode muito bem ser e do Espaço cumpriu esse desígnio e algo que não seja a experiência de de Pedro Cabrita Reis. Como a escada ele atribui um valor escultural”, acres-
lido como uma rima com a exposi- lhe permitiu crescer e dar um passo vida do artista”, reforçou, salientan- com que as azeitonas das suas olivei- centa o curador, que vê ainda nas
ção de 1999, que na altura motivou adiante na sua obra. do a importância do olhar que ele ras eram apanhadas, uma a uma, instalações do escultor uma forma de
polémica até pela apropriação que sempre lança sobre o mundo. E que “para não ferir a oliveira”, ou o painel “encontrar poesia nessas pequenas
fazia do espaço arquitectónico dese- A história de uma vida aqui passa pela ironia, pelo humor, com a inscrição sobre fundo negro coisas e assim elevar a vida do cida-
nhado por Álvaro Siza — cuja obra, Cabrita — Um Olhar Inquieto apresen- mas também por um pensamento “Politicamente correcto?”, a forma dão comum, dedicando-lhe uma peça
curiosamente, pode actualmente ta-a agora como uma história de vida. crítico sobre o estado do mundo. irónica que encontrou para “manifes- monumental, mas que não é heróica;
ser também vista em retrospectiva Na aparente simplicidade e banalida- Vêem-se, na sucessão de painéis, tar o tédio com que hoje há pessoas é um monumento ao quotidiano”.
noutra secção do museu. de dos materiais utilizados (madeira, os objectos mais inesperados e tri- que se arrogam o direito de nos impor Cabrita — Um Olhar Inquieto tem
“Em Serralves, nessa altura, eu Æz gesso, vidro, acrílico, plástico, borra- viais: garrafas vazias, pastas de os seus pensamentos”, explicou. conceito do próprio Pedro Cabrita
o que me apeteceu, interferi no espa- cha, tela, linho, feltro…), e no dispo- arquivo, destroços de um automó- “O que me agrada na obra de Cabri- Reis e de Marta Moreira de Almeida,
ço do museu, construí a obra que sitivo de exposição (painéis sobre vel, um saco-cama, uma bacia, uma ta é a grande liberdade que ele tem directora adjunta do MACS, e vai
tinha imaginado fazer e que aqui uma estrutura de metal), o artista janela, uma gaiola; mas também perante os modelos clássicos, seja a Æcar patente até 22 de Março de
encontrou o seu território natural”, conta a sua história. “Isto sou eu na retratos de Salazar ao lado dos pintura, a escultura e até a instalação, 2020.
recordou agora o artista, acrescen- sua totalidade, mesmo se isto não é nomes das prisões do Estado Novo, que, hoje em dia, é já um modelo clás-
tando que a controvérsia e o debate um absoluto”, disse, explicando ter de Hitler e Mussolini; cartazes de sico”, disse Philippe Vergne, o direc- sandrade@publico.pt

O Purgatório é aqui
Crítica de teatro
Purgatório — A Divina Comédia
mmmmm
Teatro O Bando
Teatro Nacional D. Maria II — Sala
Garrett
Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019,
21h
Sala Cheia
Até 24 de Novembro
Há uma multidão que passa, em Æla,
ordenada, submissa, caminhando
para cá e para lá, porém sem ir a
lado nenhum e aparentemente sem
sequer se perguntar quem é ou para
onde vai. Andam por ali, como um
rebanho. Para Dante, que está de
olhar perdido no inÆnito celeste
interrogando-se e reÇectindo sobre
as coisas do Cosmos e da Terra que
sente sem compreender, são como
sombras, seguindo talvez uma ideia,
ou uma ordem, ou um senhor, ou
um deus que dê sentido aquela vida,
isto é, aquela existência mil vezes
repetida sabe-se lá para quê. Confu-
sos? Pois bem-vindos ao Purgatório,
segundo João Brites.
A Divina Comédia, como Dante
Alighieri (1265-1321) a escreveu, um
ano antes da sua morte, é uma longa
obra em verso em que o poeta, na
primeira estação da sua viagem,
começa por ser resgatado de uma
Çoresta povoada por fúrias e divin-
dades — metaforicamente represen-
tando os seus pecados — por outro
poeta, Vergílio. Ambos iniciam
então uma jornada pelo mundo sub-
terrâneo, através do Inferno, onde
os pecadores são confrontados com
a natureza dos seus pecados antes
de terem uma oportunidade de
redenção — incerta, aliás, pois ali-
mentada apenas pela esperança.
Depois das cenas do último capí-
tulo, Dante e Vergílio, na segunda
parte do projecto do Teatro O Ban-
do (iniciado com Inferno, em 2017,
e com chegada prevista a Paraíso lá
para 2021), estacionam no Purgató-
rio. Acontece que, na primeira esta-
ção desta trilogia, a encenação, sem
ignorar a substância do original,
transfere-o para uma realidade mais
simbolicamente terrena. Uma exis-
tência em que tudo parte de nós,
como indivíduos ou como grupos
projectando nos outros males pró-
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 35
Purgatório, segundo João Brites
prios, procurando uma causa exter-
na — divina, na falta de algo mais
material — para justiÆcar interesse
próprio e egoísmo simples, neste
tempo traduzido em autoritarismo
e moralismo e xenofobia e racismo
e misoginia e... Agora, ao longo de
três manhãs, três tardes e três noi-
tes, a viagem de Dante (Nélson Mon-
forte) e de Vergílio (Fernando Luís),
assessorados pelas abstracções de
Beatriz (Sara Belo), os sarcasmos de
Matilde (Rita Brito) e as vozes e a
constante movimentação dos 44
cantores do Coro Setúbal Voz, é uma
marcha que não parece ir dar a lugar
algum. Mas, ainda assim, uma
Depois das cenas
do último capítulo,
Dante e Vergílio,
na segunda
parte do projecto
do Teatro
O Bando
(iniciado com
Inferno,
em 2017, e com
chegada prevista
a Paraíso lá para
2021), estacionam
no Purgatório
CULTURA
RITA SANTANA
A
Ano: 2017
Região: Douro
R
C
Castas: Touriga
N
Nacional e
7,50€€ T
Touriga Franca
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Álcool: 13,50%
SÁBADOO S
Servir a: 16˚C
A
Acompanha
23 NOVV b
bem com:
COM O T
Todo o tipo de
p
pratos regionais,
c
caça e pratos bem
deambulação, digamos, produtiva,
c
condimentados
por mundos ainda mais interiores e
simbólicos, onde convivem o átomo
de carbono e a mais esmagadora
Vinha dos Santos,
dimensão do Universo, mas também
sentimentos chãos e desejos ingé-
nuos, dominados por uma ÆlosoÆa
lírica e uma poesia crua que o teatro
de O Bando não cessa de insuÇar no
um vinho que
seu trabalho como quem procura
sempre, estética, plástica e politica-
harmoniza consigo
mente, uma nova fronteira. Uma Proveniente de algumas vinhas velhas da Quinta dos Frades,
aventura, portanto. de Folgosa do Douro, este é um vinho que resulta de uvas
Aventura cénica impossível de desengaçadas e pisadas a pé em lagares de granito.
concretizar sem a contribuição do Com um aroma a frutos silvestres e toques
emaranhado simbolista do cenário
de especiarias e balsâmicos, na boca
de Rui Francisco, a precisão dramá-
revela-se macio e encorpado com
tica da música de Jorge Salgueiro,
frutado intenso
ou a serena, uma vezes, outras des-
cabelada violência desenhada em
luz por Nicolas Manfredini. Assim
servido, o espectáculo torna exal-
tante o que, noutras mãos que não Encomende
também em:
as da inquietação dominante no tra-
balho de João Brites, decerto torna- loja.publico.pt
coleccoes@publico.pt
riam os tumultos interiores de Dan- 808 200 095
te um aborrecido exercício de deci-
fração semiótica, e não o dinâmico
cacharolete de interrogações e veri-
Æcações traduzidas na fala em que
Vergílio, esclarecendo as dúvidas de
Dante, explica o sentido da peça e,
de certa maneira, o mundo, quando
diz: “Estás no caminho certo. O Pur-
gatório é aqui, é este monte. É viver-
EM
PARCERIA
mos uns com os outros. É estarmos COM: Painel Nacional de Avaliação de Vinhos
vivos dum viver que é corrida para
a morte.” Uma corrida em que liber- Colecção de 7 vinhos. PVP unit.: variável. Preço total da colecção: 71€.
Periodicidade semanal ao sábado. De 23 de Novembro de 2019 a
dade e livre-arbítrio parecem uma
contradição.
4 de Janeiro de 2020. Limitado ao stock existente. É proibida a venda
Rui Monteiro
de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação
36 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
CIÊNCIA
A lua Titã tem agora um mapa
completo sobre o seu relevo
A maior parte da superfície do segundo maior satélite natural do nosso sistema solar é ocupada
por planícies. Nas regiões polares, concentram-se mais de 650 lagos
Sistema solar
André M. Nóbrega
Uma equipa liderada pela astrónoma
brasileira Rosaly Lopes criou o pri-
meiro mapa geológico global da maior
lua de Saturno. Os cientistas identiÆ#
caram seis formas de relevo em
Titã: dunas, planícies, monta-
nhas, lagos, terrenos labirínti-
cos e crateras, revelaram na
revista Nature Astronomy.
Rosaly Lopes, do Labora-
tório de Propulsão a Jacto
da NASA e do Instituto de
Tecnologia da Califórnia,
diz-nos que este mapa reve-
la “a distribuição global dos
diferentes tipos de terreno e
as suas idades relativas”. As
planícies cobrem a maior parte
da superfície de Titã (65%) e as
dunas e os lagos são as formações
geológicas mais recentes. As mais
antigas são as montanhas.
O relevo de Titã varia consoante a
latitude. A zona do equador é maiori-
tariamente ocupada por dunas. Nas
latitudes intermédias dominam as
planícies e nos pólos os terrenos labi-
rínticos (planaltos e vales) e lagos.
Tanto os terrenos labirínticos como
os lagos ocupam, cada um, apenas
1,5% da superfície de Titã. As crateras
ocupam uma área ainda menor
(0,4%). Já as dunas constituem 17% da
superfície e as montanhas 14%.
A observação de Titã é diÆcultada
pela bruma que paira na atmosfera
desta lua. Por essa razão, os cientistas
ainda não sabem muito sobre a com-
posição geológica da superfície desta
lua. Ainda assim, sabe-se que Titã tem
uma espessa crosta de gelo e que a
maior parte da superfície está cober-
ta por uma camada de material orgâ-
nico com dezenas de centímetros.
Estes materiais formam-se na atmos-
fera através de processos fotoquími-
cos. Quando chegam ao solo, sofrem
erosão e são transportados e deposi-
tados ao longo da superfície.
Para desenhar o mapa geológico de
Titã, a equipa usou imagens de radar
e de infravermelhos da superfície de
Titã obtidas pela sonda Cassini. A mis-
são Cassini-Huygens — lançada a 15 de
Outubro de 1997 da base espacial de
cabo Canaveral, na
Florida — foi um projec-
to conjunto da NASA, da Agência
Espacial Europeia (ESA) e da Agência
Espacial Italiana. A sonda Cassini
transportava o módulo de aterragem
Huygens. Entraram em órbita de
Saturno a 1 de Julho de 2004. Nesse
ano, a sonda e o módulo separaram-
se. Em 2005, o módulo Huygens ater-
rou em Titã e terminou aí a sua parte
da missão, enquanto a Cassini conti-
nuou a recolher dados até 15 de
Setembro de 2017.
Semelhanças com a Terra
A maior mancha de montanhas situa-
se numa região equatorial conhecida
por Xanadu e é do tamanho da Aus-
trália. No resto da superfície, este
tipo de formação geológica corres-
A superfície de Titã
tem sido moldada
por processos
geológicos como
erosão, impacto
de corpos celestes
e vulcanismo
NASA/JPL/CALTECH/UNIVERSIDADE
NIVERSIDADE ESTADUAL
EST
ponde a picos isolados ou cordilhei-
ras com menos de 30 quilómetros
quadrados. As montanhas de Titã em
geral surgem alinhadas de este para
oeste e podem atingir dois mil metros
de altitude. Este tipo de formação
geológica mostra a crosta de gelo de
Titã, já que é visível uma grande
quantidade de água congelada na
superfície das montanhas.
“A superfície de Titã tem sido mol-
dada por grandes processos geológi-
cos que também ocorrem na Terra:
erosão e deposição de sedimentos
pelo vento e por líquidos, o impacto
de outros corpos celestes, forças tec-
tónicas e o vulcanismo”, explica
Rosaly Lopes. A astrónoma detalha
que a erosão e a deposição de sedi-
mentos originaram as dunas, as pla-
nícies, e os lagos, enquanto as monta-
nhas resultaram da actividade tectó-
nica. Os criovulcões — que expelem
substâncias voláteis como água, amo-
níaco ou metano em vez de lava —
também podem ter contribuído para
a formação geológica de Titã.
Os lagos, mares e os terrenos labi-
DO ARIZONA
rínticos situam-se maioritariamente
nas regiões polares. Aí, encontram-se
mais de 650 lagos. Tanto os lagos
como os mares estão secos ou preen-
chidos por hidrocarbonetos — como
o metano e o etano — no estado líqui-
do. A maioria dos lagos e mares cheios
está no Pólo Norte. Por sua vez, os
terrenos labirínticos são áreas de pla-
naltos largos e estreitos — que formam
vales entre si — com vestígios de água
congelada no topo.
“O ciclo do metano em Titã [seme-
lhante ao ciclo hidrológico na Terra]
indica que há vento e chuva e estes
processos ajudam a deÆnir a geologia
de Titã”, esclarece Rosaly Lopes.
Além da Terra, Titã é o único corpo
celeste no nosso sistema solar conhe-
cido por ter um ciclo “hidrológico”.
A atmosfera de Titã — tal como a da
Terra — é composta sobretudo por
azoto e nela também se formam
nuvens e chuva, mas de metano e
etano. Por isso, “as dunas são molda-
das pelo vento e os lagos acumulam
líquidos”.
As dunas de Titã são como linhas
Geologia de Titã: planícies
(azul-claro), dunas (magenta),
montanhas (amarelo), terrenos
labirínticos (rosa), lagos
(azul-escuro)
( e
crateras
(vermelho)
(
na superfície com um a
dois quilómetros de largura e
80 a 130 metros de altitude. O espaço
entre elas varia entre um e quatro
quilómetros. Embora chova em todas
as latitudes de Titã, na região equa-
torial o clima é árido durante perío-
dos longos o suÆciente para que a
erosão eólica e a deposição de sedi-
mentos dominem sobre os outros
tipos de erosão.
Quanto às crateras, as mais antigas
encontram-se perto do equador e as
mais recentes estão próximas dos
pólos, onde são escassas. A equipa
conseguiu ainda identiÆcar 23 crate-
ras com mais de 20 quilómetros de
diâmetro. Na sua superfície, há vestí-
gios de água congelada misturados
com materiais orgânicos. “Titã, como
a Terra, é um mundo muito dinâmico,
com vários processos geológicos a
ocorrer e uma superfície jovem e sua-
ve geologicamente”, diz Anezina
Solomonidou, da ESA e outra das
autoras do estudo. “Mesmo após 13
anos a estudar Titã com os dados da
Cassini, ainda não sabemos especiÆ#
camente quais os componentes que
compõem a sua superfície, o que tor-
na necessário uma nova missão a este
mundo semelhante à Terra.” Texto
editado por Teresa Firmino

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível de Lisboa - Juiz 23
Processo: 3965/18.2T8LSB
ANÚNCIO
Interdição / Inabilitação
Requerente: Ministério Público
Acompanhada: Cristina Alexandra Basto
Gonçalves
Faz-se saber que, nos autos de Acompa-
nhamento de Maior, acima identificados,
por sentença já transitada em julgado,
foram decretadas as medidas de acom-
panhamento de Cristina Alexandra Basto
Gonçalves, com residência em domicílio:
Quinta da Cabrinha, Lote 1 - 3.º Dt.º, 1300-
906 Lisboa, ficando designada para o cargo
de Acompanhante da requerida Maria de
Fátima Antunes Basto e Dália Rosa Basto
Gonçalves e João Paulo Lourenço, seu Pa-
drinho, para compor o Conselho de Família.
Da sentença conta que se encontram res-
tringidos os seguintes direitos pessoais:
Testar: De se deslocar no país ou estrangei-
ro; Direito de fixar domicílio ou residência;
Direito de fixar domicílio e residência e o
direito de celebração de negócios.
N/ Referência: 391782965
Lisboa, 12-11-2019.
A Juíza de Direito
Dr. Frederico Augusto Ramires Bernardo
A Oficial de Justiça
Helena Silva
Público, 20/11/2019
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE
Juízo Local Cível de Mafra
Processo: 693/19.5T8MFR
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ermelinda Coelho
Santos Camarão
Requerido: Carlos Alberto Coelho
dos Santos
A Juíza de Direito, Paula Ferreira
Pinto, faz saber que foi distribuí-
do neste tribunal, o processo de
Acompanhamento de Maior, em
que é requerido Carlos Alberto
Coelho dos Santos, filho de An-
tónio Gregório dos Santos e de
Mariana Ricardo Coelho, natural
da freguesia de Casais da Areia,
Encarnação, concelho de Mafra,
nascido a 10/11/1942, com domi-
cílio na Rua Casal do Piolho, n.º
21, 2655-373 Ericeira, com vista à
determinação de medidas adequa-
das ao seu acompanhamento e re-
presentação geral da sua pessoa.
N/ Referência: 122246426
Mafra, 13-11-2019.
A Juíza de Direito
Paula Ferreira Pinto
O Oficial de Justiça
Alberto Ribeiro
Público, 20/11/2019
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Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 37
CLASSIFICADOS
INESC ID
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES
AVISO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTOS
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOSÉ ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
AFONSO, LOURES
CONCURSAIS DE SELEÇÃO INTERNACIONAL
Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais,
AVISO PARA A CONTRATAÇÃO DE DOUTORADOS(AS) Direitos, Liberdades e Garantias
AO ABRIGO DO DECRETO-LEI N.º 57/2016, DE
Torna-se público que se encontra aberto o procedimento
concursal, pelo prazo de 10 dias úteis a contar da data de ÀS COMISSÕES DE TRABALHADORES OU ÀS RESPECTIVAS
publicação do aviso em Diário da República, para provi- 29 DE AGOSTO, COM AS ALTERAÇÕES INTRO- COMISSÕES COORDENADORAS, ASSOCIAÇÕES SINDICAIS E
mento de quatro postos de trabalho em regime de contrato
a termo resolutivo certo a tempo parcial, da carreira e cate- DUZIDAS PELA LEI 57/2017, DE 19 DE JULHO E ASSOCIAÇÕES DE EMPREGADORES
goria de Assistente Operacional, com remuneração ilíquida Nos termos e para os efeitos dos artigos 54.º, n.º 5, alínea d), e 56.º, n.º 2,
de €4,19/hora, acrescido de subsídio de refeição (€4,77/ LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR alínea a), da Constituição, do artigo 134.º do Regimento da Assembleia da
dia) de acordo com o estipulado no aviso de abertura n.º
18439/2019, publicado na 2.ª Série do Diário da República, República e dos artigos 469.º a 475.º da Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro
de 19 de novembro de 2019.
Para mais informação consulte o(s) link(s) abaixo:
(Aprova a revisão do Código do Trabalho), avisam-se estas entidades de que
As candidaturas que não apresentem os documentos referi-
dos no aviso de abertura do D.R., serão objeto de exclusão. http://www.eracareers.pt/opportunities/index. se encontram para apreciação, de 20 de novembro a 20 de dezembro de
Este concurso é válido para eventuais contratações que 2019, os diplomas seguintes:
ocorram durante o ano escolar 2019/2020. aspx?task=global&jobId=120070
Projetos de Lei n.os 8/XIV/1.ª (PCP) — Aprova o estatuto da condição poli-
Mais se informa que o aviso está disponível para consulta
no atrium da escola. http://www.eracareers.pt/opportunities/index. cial e 15/XIV/1.ª (PCP) — Condições de Saúde e Segurança no Trabalho nas
Loures, 19 de novembro de 2019,
A Diretora, Maria Irene Tomé Louro
aspx?task=global&jobId=120555 Forças e Serviços de Segurança.
As sugestões e pareceres deverão ser enviados, até à data limite acima in-
TRIBUNAL JUDICIAL dicada, por correio eletrónico dirigido a: 1CACDLG@ar.parlamento.pt; ou
em carta, dirigida à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direi-
DA COMARCA
DE LISBOA
Universidade de Aveiro tos, Liberdades e Garantias, Assembleia da República, Palácio de São Bento,
Juízo Local Cível de Lisboa - Juiz 23 Processo de Seleção e Recrutamento (M/F) 1249-068 Lisboa.
Processo: 15034/17.8T8LSB
ANÚNCIO Publicita-se a abertura do seguinte processo de seleção e recrutamento no sítio da Área de Recur- Dentro do mesmo prazo, as comissões de trabalhadores ou as comissões
Interdição / Inabilitação
Requerente: Ministério Público sos Humanos da Universidade de Aveiro (www.ua.pt/sgrhf/): coordenadoras, as associações sindicais e associações de empregadores
Beneficiária: Maria Madalena Galo Theriaga poderão solicitar audiências à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitu-
Faz-se saber que, nos autos de Acompa- Nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 23.º dos Estatutos da Universidade de Aveiro, na versão
nhamento de Maior, acima identificados, cionais, Direitos, Liberdades e Garantias, devendo fazê-lo por escrito, com
por sentença já transitada em julgado, homologada pelo Despacho Normativo n.º 1-C/2017, publicados na 2.ª Série do Diário da Repúbli-
foram decretaddas as medidas de acom- indicação do assunto e fundamento do pedido.
panhamento de Maria Madalena Galo The- ca, de 24 de abril de 2017, e do Regulamento Interno de Carreiras, Retribuições e Contratação de
riaga, com residência em domicílio: Centro
de Apoio Social de Runa Isfa, Rua Princesa Pessoal não Docente e não Investigador em Regime de Contrato de Trabalho, publicado na 2.ª Série Os textos dos citados diplomas encontram-se publicados na Separata n.º
Maria Francisca Benedita, 2565-752 Runa, do Diário da República n.º 223, de 17 de novembro de 2009, pretende-se contratar em regime de 2/XIV do Diário da Assembleia da República, de 20 de novembro de 2019, e
ficando designada Acompanhante da
requerida Maria José de Jesus Amoedo contrato de trabalho sem termo, ao abrigo do Código do Trabalho, aprovado e publicado em anexo podem ser consultados na “Página” Internet da Assembleia da República,
Sobral Ribeiro Neto, e Susana Maria Jacinta
Ribeiro, e Vitorino Humberto Pisco Martins, pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro na morada: http://www.parlamento.pt/DAR/Paginas/Separatas.aspx
para compor o Conselho de Família.
Da sentença conta que se encontram res- Ref.ª CND-CTST-191-ARH/2019 – 1 trabalhador contratualmente equiparado ao correspondente à
tringidos os seguintes direitos pessoais:
Testar: De se deslocar no país ou estrangei- carreira de Técnico Superior, na 2.ª posição remuneratória (€ 1201,48), acrescido do direito a sub-
ro; Direito de fixar domicílio ou residência;
Direito de fixar domicílio e residência. sídios de refeição, de férias e de Natal, para ocupar o posto de trabalho de Técnico de Segurança, Município de Constância
N/ Referência: 391781528 nos Serviços de Gestão Técnica da Universidade de Aveiro, com as seguintes atribuições:
Lisboa, 12-11-2019.
• Elaboração, revisão e atualização dos Planos de Segurança Interno (PSI) para as Unidades Orgâ- Assembleia Municipal
O Juiz de Direito
Dr. Frederico Augusto Ramires Bernardo nicas;
A Oficial de Justiça
Helena Silva • Desenvolvimento e implementação das Medidas de Autoproteção;
• Organização, formação e gestão de Equipas de Segurança Internas;
Público, 20/11/2019
• Elaboração de projetos e planos no âmbito da Segurança Contra Incêndios em Edifícios, SCIE, para
EDITAL
TRIBUNAL JUDICIAL instalações classificadas como de segundas, terceiras e quartas categorias de risco de incêndio;
DA COMARCA N.º de Registo: 156 Data: 06/11/2019 Processo: 2019/150.10.700/19
• Elaboração de procedimentos, instruções de trabalho, registos e outros documentos necessários;
DE LISBOA OESTE
• Preparação e acompanhamento das Inspeções Regulares da ANEPC; CONVOCATÓRIA DA SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA
Juízo Local Cível de Mafra
Processo: 689/19.7T8MFR • Definição e preparação de especificações técnicas a incluir em processos de contratação pública;
• Gestão de contratos de prestação de serviço. MUNICIPAL DE CONSTÂNCIA - 22.11.2019
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE António Luís Fernandes Mendes, Presidente da Assembleia Mu-
Requerente: Ministério Público
Requerido: Fábio Miguel Cardoso
Baltazar
HABILITAÇÕES: nicipal de Constância, em cumprimento do estipulado no n.º 1 do
artigo 27.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na sua redação
- Licenciatura ou grau académico de nível superior nas áreas de Engenharia.
A Juíza de Direito, Paula Ferreira
Pinto, faz saber que foi distribuí-
do neste tribunal, o processo de OUTROS REQUISITOS:
atual, torna público, que a Assembleia Municipal do Concelho de
Acompanhamento de Maior, em
que é requerido Fábio Miguel Car-
- Curso de Técnico Superior Segurança no Trabalho (TSST);
Constância irá reunir, no próximo dia 22 de novembro de 2019, pe-
las 20h30, no Salão Nobre dos Paços do Município.
doso Baltazar, nascido em 19-09- - Curso de Técnico de 3.ª e 4.ª categoria de Risco de SCIE, aprovados pela ANEPC; Mais se informa que serão analisados os seguintes assuntos na or-
1989, natural de Mina, concelho de
Amadora, filho de Horácio Manuel - Membro da Ordem dos Engenheiros ou Ordem dos Engenheiros Técnicos; dem de trabalhos:
Cardoso Baltazar e de Rossana
Abide Chabana, com domicílio - Certificado de Competências Pedagógicas (CCP), antigo Certificado Aptidão Pedagógica (CAP);
na Obra Social do Pousal - Scml,
- Experiência comprovada no projeto/conceção e implementação de Medidas de Autoproteção (MAP); 1. Período reservado à intervenção do público;
Casal Moinho, 2665-000 Malveira,
com vista à determinação de me- - Experiência comprovada na organização, formação e gestão de Equipas de Segurança Interna; 2. Eleição de um autarca de freguesia para o Conselho Cinegético
didas adequadas ao seu acompa- Municipal;
nhamento, gestão e representação - Conhecimentos em primeiros socorros no âmbito das medidas gerais da Segurança e Saúde no
geral de sua pessoa. 3. Junta de Freguesia de Montalvo – Visita da População Sénior ao
N/ Referência: 122245732
Trabalho (SST);
Mafra, 13-11-2019. - Competências de comunicação, oral e escrita, em língua portuguesa e Nível C1/C2, na língua Borboletário – Isenção de pagamento de preços – Para deliberação;
A Juíza de Direito Inglesa, compreensão oral, escrita e leitura (classificação Quadro Europeu comum de referência 4. Junta de Freguesia de Constância – Utilização do espaço Zêzere
Paula Ferreira Pinto
O Oficial de Justiça para as línguas). – Isenção do pagamento de preços – Para deliberação;
Alberto Ribeiro
Público, 20/11/2019 VALIDADE DO PROCEDIMENTO: 5. Proposta de documentos previsionais para o ano de 2020 e se-
O procedimento concursal é válido para ocupação de idênticos postos de trabalho, a ocorrer no guintes – Para deliberação;
prazo máximo de 12 meses contados da data de homologação da lista de ordenação final do pre- 6. Proposta de mapa de pessoal e respetivo anexo para o ano de
EMPREGO sente procedimento. 2020 – Para deliberação;
INSCREVA-SE EM O prazo de candidatura é de 10 dias úteis, contados a partir da data da publicitação do anúncio no 7. Informação sobre a situação económica e financeira do 1.º se-
mestre de 2019 do Município de Constância – Para conhecimento;
EMPREGO.PUBLICO.PT jornal.
EM PARCERIA COM Universidade de Aveiro, em 07 de novembro de 2019 8. Apreciação de informação escrita apresentada pelo Presidente da
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira Câmara Municipal, nos termos da alínea c) do n.º 2 do art.º 25.º da
Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro – Para conhecimento;
9. Outros assuntos de interesse.
Para constar se publica o presente edital e outros de igual teor, que
vão ser afixados nos lugares públicos e do costume.
Paços do Município de Constância.
O Presidente da Assembleia Municipal,
António Luís Fernandes Mendes
38 • Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

EDITAL N.º 13/2019

V SESSÃO ORDINÁRIA, DO CORRENTE ANO, DA ASSEMBLEIA REPÚBLICA
Apoio Co-edição MUNICIPAL DE BENAVENTE, A TER LUGAR NO PRÓXIMO FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Faro
DIA 22 DE NOVEMBRO DE 2019 – Mandato 2017/2021
EDITAL DE CASAMENTO
- Irina Noel Matias Batista, Presidente da Assembleia Municipal de Benavente, torna Antonio Fernando Ribeiro Camelo, Vi-
ce-Cônsul do Brasil em Faro, usando
público, de acordo com as disposições legais e regimentais aplicáveis, que no próxi- das atribuições que lhe confere o art.
mo dia 22 DE NOVEMBRO DE 2019, 6.ª FEIRA, PELAS 20.30 HORAS, na sala de 18 da Lei de Introdução ao Código Civil
faz saber que pretendem casar PEDRO
reuniões do edifício dos Paços do Município de Benavente, terá lugar a V SESSÃO OR- AMARAL natural de Rio de Janeiro, Rio
DINÁRIA, do corrente ano, deste órgão deliberativo, com a seguinte ORDEM DO DIA: de Janeiro, Brasil nascido a 06/09/1982,
residente e domiciliado na Rua Padre
PONTO 1 - AUTORIZAÇÃO PRÉVIA PARA COMPROMISSO PLURIANUAL /RE- Sena Neto, 68, Lt. 2, 2.º Dt.º, S. Brás de
Alportel, Portugal, Código Postal: 8150-
PROGRAMAÇÃO – REQUALIFICAÇÃO DO JARDIM DOS ÁLAMOS-RUY LUÍS GO- 176, nesta jurisdição consular, filho de
MES, EM SAMORA CORREIA – Apreciação e eventual aprovação da autorização, nos Jair Amaral e de Mariangela Conceição
termos da alínea c) do número um do artigo sexto da Lei número oito barra dois mil e da Silva e NATASSIA BACCO MANNINA,
natural de São Paulo, São Paulo, Brasil
doze, de vinte e um de fevereiro, na redação vigente; nascida a 14/07/1985, residente e domi-
PONTO 2 - AUTORIZAÇÃO PRÉVIA PARA COMPROMISSO PLURIANUAL/REPRO- ciliada na Rua Padre Sena Neto, 68, Lt.
2, 2.º Dt.º, S. Brás de Alportel, Portugal,
GRAMAÇÃO – RELVADO SINTÉTICO DO CAMPO DE FUTEBOL DE SANTO ESTÊ-
Código Postal: 8150-176, nesta jurisdi-
VÃO – Apreciação e eventual aprovação da autorização, nos termos da alínea c) do ção consular, filha de Francisco Mannina
e de Nubia Susana Bacco Mannina.
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTO
Doralice Lincoln, Vice-Cônsul do Brasil
em Lisboa, usando das atribuições que
lhe confere o art.º 18 da Lei de Introdu-
ção ao Código Civil, faz saber que pre-
tendem casar Márcio José Fernandes de
Barros natural de Recife, Pernambuco,
Brasil nascido a 02/09/1982, residente e
domiciliado na Rua Doutora Sara Beno-
liel, n.º 8 - Cave Frente, Lisboa, Portugal,
nesta jurisdição consular, filho de Paulo
Raimundo Ferreira de Barros e de Teresa
Cristina Fernandes e Karla de Carvalho
natural de Açu, Rio Grande do Norte,
Brasil nascida a 10/12/1986, residente
e domiciliada na Rua Doutora Sara Be-
noliel, n.º 8 - Cave Frente, Lisboa, Por-
tugal, nesta jurisdição consular, filha de
Walfredo Freire de Carvalho e de Maria
Dalva de Moura.
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTO
Doralice Lincoln, Cônsul-Adjunto do
Brasil em Lisboa, usando das atribui-
ções que lhe confere o art.º 18 da Lei
de Introdução ao Código Civil, faz sa-
ber que pretendem casar Misael Rodri-
gues Martins, natural de Vitória, Espíri-
to Santo Brasil, nascido a 23/01/1999,
residente e domiciliado na Praceta do
Zimbro, n.º 87-A, Alcabideche, Portu-
gal, nesta jurisdição consular, filho de
Ualas Pereira Martins e de Erika Fer-
nandes de Oliveira Rodrigues Martins
e Ana Carolina Machado, natural de
Betim, Minas Gerais, Brasil, nascida a
01/03/1998, residente e domiciliada na
Praceta do Zimbro, n.º 87-A, Alcabide-
che, Portugal, filha de Fabiana Alves
Machado.
Apresentaram os documentos exigidos

O ANO EM QUE número um do artigo sexto da Lei número oito barra dois mil e doze, de vinte e um de Apresentaram os documentos exigidos pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Apresentaram os documentos exigidos
pelo Art.º 1.525 do Código Civil. Se alguém souber de algum impe-
fevereiro, na redação vigente; pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Se alguém souber de algum impedimen- dimento, oponha-o na forma da Lei.
Se alguém souber de algum impedimen-
PONTO 3 - 4.ª REVISÃO ÀS GRANDES OPÇÕES DO PLANO (PPI+AMR) PARA to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o Lavrado o presente para ser afixado
presente para ser afixado em lugar visível em lugar visível da Chancelaria deste

A HISTÓRIA 2019 – PROPOSTA DA CÂMARA MUNICIPAL – Apreciação e eventual aprovação, presente para ser afixado em lugar visível
da Chancelaria deste Consulado-Geral. da Chancelaria deste Consulado-Geral. Consulado-Geral.
nos termos da alínea a) do número um do artigo vigésimo quinto do anexo I à Lei nú- Isabel Scafura Mônica Sodré da Hora Mônica Sodré da Hora
Oficial de Registro Civil “ad-hoc” Oficial de Registro Civil “ad-hoc”
mero setenta e cinco barra dois mil e treze, de doze de setembro, na redação vigente; Oficial de Registro Civil “ad-hoc”

COMEÇA A PONTO 4 – PROPOSTA DE LANÇAMENTO DE DERRAMA PARA 2020 – Apreciação

e eventual autorização, nos termos da alínea d) do número um do artigo vigésimo quin-
to do anexo I à Lei número setenta e cinco barra dois mil e treze, de doze de setembro;

Dra. MARIANA ROSA

PONTO 5 – PROPOSTA DE PARTICIPAÇÃO VARIÁVEL DO IRS – RENDIMENTOS

SER ESCRITA DE 2020 – RECEITA MUNICIPAL EM 2021 – Apreciação e eventual aprovação, nos
termos da alínea c) do número um do artigo vigésimo quinto do anexo I à Lei número

REIS BARRADAS
VOL. 25 setenta e cinco barra dois mil e treze, de doze de setembro;
PONTO 6 – PROPOSTA DE TAXA DE IMI PARA O ANO DE 2019 – RECEITA MU-
NICIPAL EM 2020 – Apreciação e eventual aprovação, nos termos conjugados do
número cinco do artigo centésimo décimo segundo do Código do Imposto Municipal
sobre Imóveis (CIMI) e da alínea d) do número um do artigo vigésimo quinto do anexo
I à Lei número setenta e cinco barra dois mil e treze, de doze de setembro;
PONTO 7 – PROPOSTAS DE ORÇAMENTO E GRANDES OPÇÕES DO PLANO
(NITA)
PARA O ANO FINANCEIRO DE 2020 – Discussão conjunta e votações separadas
das propostas – Apreciação e eventual aprovação, nos termos da alínea a) do número Sua irmã, afilhado e sobrinhos par-
um do artigo vigésimo quinto do anexo I à Lei número setenta e cinco barra dois mil e
treze, de doze de setembro;
PONTO 8 – PROPOSTA DE MAPA DE PESSOAL PARA O ANO DE 2020 – Aprecia-
ticipam que será celebrada Missa
ção e eventual aprovação, nos termos da alínea o) do número um do artigo vigésimo
quinto do anexo I à Lei número setenta e cinco barra dois mil e treze, de doze de
de 30.º dia, sábado pelas 18.30

+7,50€
setembro;
PONTO 9 – PROPOSTA DE AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL horas na Igreja de São Mamede,
PARA A ASSUNÇÃO DE COMPROMISSOS PLURIANUAIS – Apreciação e eventual
aprovação, nos termos da alínea c) do número um do artigo sexto da Lei número oito agradecendo desde já a todas as
SEXTA, 22 NOV barra dois mil e doze, de vinte e um de fevereiro, conjugado com o artigo décimo
segundo do Decreto-Lei número cento e vinte e sete barra dois mil e doze, de vinte pessoas que se dignarem assistir
COM O PÚBLICO e um de junho;
PONTO 10 - INFORMAÇÃO A PRESTAR NO ÂMBITO DA AUTORIZAÇÃO GENÉRI-
CA CONCEDIDA PELA ASSEMBLEIA MUNICIPAL PARA A ASSUNÇÃO DE COM-
a este acto, assim como a todos
PROMISSOS PLURIANUAIS E DA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NO PRESI-
DENTE DA CÂMARA MUNICIPAL PARA O MESMO EFEITO – A conhecimento;
aqueles que de alguma forma lhe
PONTO 11 - ACOMPANHAMENTO DA ATIVIDADE DA CÂMARA MUNICIPAL –
Apreciação de uma informação escrita do Sr. Presidente da Câmara Municipal acerca manifestaram o seu pesar.
da atividade desta e da situação financeira do Município, nos termos da alínea c) do
número dois do artigo vigésimo quinto do anexo I à Lei número setenta e cinco barra
dois mil e treze, de doze de setembro, na redação vigente.
Para conhecimento geral se publica este Edital e outros de igual teor, que irão ser
afixados nos lugares de estilo da área do Município e publicado num jornal de âmbito
local ou regional.
Assembleia Municipal de Benavente, aos 11 de novembro de 2019. CONHEÇA AS NOSSAS COLECÇÕES
A Presidente da Assembleia Municipal DE HISTÓRIA EM LOJA.PUBLICO.PT
Irina Noel Matias Batista MAIS INFO: 210 111 010

COLECÇÃO”PORTUGAL, UMA RETROSPECTIVA”

Direcção de Rui Tavares Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de
Chegados ao fim do nosso percurso de 2.500 anos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única
história, o que há? Cerca de uma trintena de estelas organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente constituída para promover a qualidade de vida
gravadas em ponta de pedra com palavras numa língua das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
até agora indecifrada, que fascina os historiadores e Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio
espicaça o engenho de linguistas. Na verdade, o que
Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.
ignoramos é bem mais do que o que sabemos. Mas, por
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e
entre os vestígios possíveis, os autores apresentam-nos
a aventura desta “escrita do sudoeste” e o nascimento europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de
da vida urbana no final da Idade do Bronze, no território Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
hoje português. Contactos
Não perca, todas as sextas com o Público, uma colecção Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
que vai fazer História. Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Colecção de 25 títulos. PVP unitário: 7,50 €. Preço total da colecção: 187,50 €. Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Periodicidade semanal às sextas-feiras, entre 7 de Junho e 22 de Novembro. Limitado ao stock existente. Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Apesar de os editores desta colecção optarem pela norma ortográfica anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
respeitou-se, em cada volume, a opção ortográfica dos respectivos autores.
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 39
40 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Cinzas e Brasas M12. 19h30; Dor e Glória
M16. 13h35; Joker M14. 15h50, 18h40,
21h10; Parasitas M14. 21h40; Um Dia de
Chuva em Nova Iorque M12. 13h25, 15h30,
17h30; A Família Addams M6. 13h30 (V.
P./2D); Technoboss M12. 13h30; Bostofrio
M12. 19h30; Le Mans ‘66: O Duelo M12.
15h20, 18h20, 21h20; Os Órfãos de
Brooklyn M16. 15h40, 18h35, 21h30
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
As Filhas do Sol M14. 13h30, 19h45;
Technoboss M12. 17h45; Vitalina Varela
M12. 15h30, 21h45
CinemaCity Campo Pequeno
Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 13h35, 15h30, 17h25 (V.P./2D);
Variações M12. 19h; Downton Abbey M12.
21h45; Downton Abbey M12. 21h50;
Joker M14. 13h20, 17h30, 18h50, 21h30,
00h05; Abominável M6. 15h40 (V.
P./2D); Maléfica II: Mestre do Mal M12.
16h20, 19h20 (V.O./2D); Um Dia de Chuva
em Nova Iorque M12. 13h40, 15h35,
21h55; Zombieland: Tiro Duplo M14.
00h20; A Família Addams M6. 13h15,
15h50, 17h50 (V.P./2D), 13h50, 19h50 (V.
O./2D); Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h10; A Biblioteca dos
Livros Rejeitados M12. 13h10; Raparigas
Rebeldes de Paradise Hills M12. 20h,
00h15; Midway M12. 15h40, 18h30, 21h20,
00h10; Le Mans ‘66: O Duelo M12. 13h10,
15h30, 17h45, 21h, 24h; Os Órfãos de
Brooklyn M16. 13h10, 16h05, 18h40, 21h40,
23h50
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 14h10, 16h30, 18h55 (V.P./2D);
Joker M14. 13h15, 16h05, 18h50, 21h35;
Doutor Sono M16. 20h35; Projecto Gemini
M12. 20h50; Maléfica II: Mestre do Mal M12.
13h20, 16h (V.P./2D), 18h40, 21h20 (V.O./2D);
Zombieland: Tiro Duplo M14. 13h55, 16h20,
19h, 21h50; A Família Addams M6. 13h40,
16h, 18h15 (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 13h10,
15h55, 18h40, 21h30; Bráulio e o Mundo dos
Gatos M6. 13h25, 15h45, 18h10 (V.P./2D);
Countdown M14. 14h05, 16h25, 18h45,
21h10; Luz da Minha Vida M14. 21h05;
Quem Brinca Com o Fogo... M12. 13h45,
16h15, 19h10, 21h40; Raparigas Rebeldes
de Paradise Hills M12. 19h05; Midway M12.
14h, 17h10, 21h; Le Mans ‘66: O Duelo M12.
13h50, 17h, 20h45; O Imperador de
Paris 13h30, 16h10, 21h25
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
As Filhas do Sol M14. 18h50; A Herdade
M12. 20h30, 23h55; Joker M14. 12h40,
15h20, 18h40, 21h30, 00h10; Maléfica II:
Mestre do Mal M12. 12h30, 15h10, 17h50 (V.
O./2D); Um Dia de Chuva em Nova
Iorque M12. 13h20, 15h40, 18h20, 20h50,
23h30; Luz da Minha Vida M14. 13h10,
15h50, 18h30, 21h20, 00h15; Os Camarões
Brilhantes M14. 21h40, 24h; Technoboss
M12. 13h30, 16h10; Le Mans ‘66: O Duelo
M12. 14h, 17h20, 21h10, 00h20; Os Órfãos
de Brooklyn M16. 14h10, 17h30, 21h, 00h05
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Joker M14. 12h40, 15h40, 18h30, 21h20,
00h10; Maléfica II: Mestre do Mal M12.
13h10, 16h05 (V.P./2D), 18h45, 21h40, 00h20
(V.O./2D); A Família Addams M6. 13h20,
15h50, 18h15 (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 21h,
24h; Countdown M14. 15h20, 17h35, 19h50,
22h, 00h15; Raparigas Rebeldes de
Paradise Hills M12. 13h; Midway M12.
13h50, 17h40, 20h50, 00h05; Le Mans ‘66:
O Duelo M12. 13h30, 17h20, 20h30,
23h50; O Imperador de Paris 12h50, 15h50,
21h10, 23h55; Os Órfãos de Brooklyn M16.
13h40, 17h30, 20h40, 23h40; Que Mal Fiz
Eu a Deus Agora? M12. 18h40; Le Mans ‘66:
O Duelo M12. Sala IMAX 12h30, 15h30,
18h25, 21h30, 00h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Joker M14. 13h, 15h50, 18h40, 21h30,
00h30; A Família Addams M6. 13h40,
16h10, 18h30 (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 12h50,
16h, 21h10, 24h; Countdown M14. 21h40,
23h50; Quem Brinca Com o Fogo... M12.
18h50; Midway M12. 13h20, 16h30, 21h20,
00h20; Le Mans ‘66: O Duelo M12. 13h30,
16h50, 21h, 00h10; Os Órfãos de
Brooklyn M16. 13h10, 17h, 20h50, 23h55
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
Leffest - Lisbon e Sintra Film Festival
Vários horários
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
As Filhas do Sol M14. 14h10, 19h05; A
Herdade M12. 13h45, 17h15, 21h05;
Downton Abbey M12. 13h25, 16h, 21h25; Um
Passado Em Segredo M12. 16h50, 21h50;
Joker M14. 13h20, 16h10, 18h50, 21h40,
00h20; Doutor Sono M16. 23h40;
Parasitas M14. 16h05, 18h50, 21h35;
Maléfica II: Mestre do Mal M12. 16h35,
21h30, 24h (V.O./2D); Um Dia de Chuva em
Nova Iorque M12. 14h, 16h40, 19h25, 21h55,
00h15; A Família Addams M6. 13h55, 16h15
(V.P./2D); Exterminador Implacável:
Destino Sombrio M14. 16h30, 21h45,
00h25; O Traidor M14. 18h30, 21h25,
00h20; Os Camarões Brilhantes M14.
18h45, 00h30; Quem Brinca Com o
Fogo... M12. 13h50, 16h20, 18h55, 21h35,
00h05; Technoboss M12. 14h05; Raparigas
Rebeldes de Paradise Hills M12. 13h35,
00h25; Midway M12. 13h50, 16h05, 18h55,
21h45, 23h55; Le Mans ‘66: O Duelo M12.
14h25, 18h, 21h30, 00h05; É Só Querer M16.
14h20, 16h45, 19h, 21h20, 00h25; O
Imperador de Paris 14h, 19h10; Os Órfãos
de Brooklyn M16. 14h10, 17h30, 21h15,
00h15
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 -
Vale de Mourelos. T. 16996
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 12h50, 15h15, 17h25, 19h40
(V.P./2D); Joker M14. 12h25, 15h30, 18h20,
21h10, 24h; Doutor Sono M16. 20h40,
23h55; Projecto Gemini M12. 21h, 00h30;
Maléfica II: Mestre do Mal M12. 13h10, 16h
(V.P./2D), 18h50, 21h40, 00h25 (V.O./2D); Um
Dia de Chuva em Nova Iorque M12. 21h50,
00h10; A Família Addams M6. 13h50,
16h20, 18h40 (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 12h25,
15h25, 18h15, 21h15, 00h10; Bráulio e o
Mundo dos Gatos M6. 13h30, 15h45, 18h
(V.P./2D); Countdown M14. 12h40, 15h10,
17h25, 19h40, 21h55, 00h20; Luz da Minha
Vida M14. 13h20, 16h10, 21h25, 00h15;
Quem Brinca Com o Fogo... M12. 13h40,
16h15, 18h35, 21h20, 23h50; Technoboss
M12. 18h45; Raparigas Rebeldes de
Paradise Hills M12. 19h; Midway M12. 12h20,
15h20, 18h25, 21h30, 00h05; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 13h45, 17h, 20h50, 23h40; O
Imperador de Paris 13h, 15h55, 21h35,
00h20; Os Órfãos de Brooklyn M16. 14h,
17h10, 20h45, 24h; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. Sala 4DX - 12h30, 15h30, 18h30,
21h30, 00h25
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 13h25, 15h30, 17h25 (V.P./2D);
Em estreia
lazer@publico.pt
Alpha: Nos Bastidores
da Corrupção
De Brillante Mendoza. Com Allen
Dizon, Elijah Filamor, Angela
Cortez. Filipinas. 2018. 94m.
Drama, Thriller. M14.
Uma força policial irrompe num
bairro de Manila (Filipinas) para
capturar um criminoso. Quando os
agentes responsáveis chegam ao
local, deparam-se unicamente com
uma mochila cheia de dinheiro e
metanfetaminas. Naquele
momento, surge-lhes a dúvida
sobre o que fazer.
As Filhas do Sol
De Eva Husson. Com Golshifteh
Farahani, Emmanuelle Bercot,
Zübeyde Bulut. FRA/BEL/
Geórgia/SUI. 2018. 115m. Drama,
Guerra. M14.
A comandante do batalhão das
Filhas do Sol prepara-se para
atacar a sua cidade natal, na
província de Sirnak, no sudeste da
Turquia. O objectivo é libertar a
população das mãos dos
extremistas e salvar o seu próprio
Ælho, que ela acredita ter sido feito
prisioneiro.
É Só Querer
De Carlos Therón. Com David
Verdaguer, Ernesto Sevilla,
Carlos Santos. ESP. 2019. 98m.
Comédia. M16.
Pedro, Arturo e Eligio são amigos
desde a juventude. Os anos foram
passando e hoje deparam-se com o
fracasso que a falta de dinheiro
inevitavelmente provoca. Mas
quando um deles descobre um
complexo vitamínico que
estimula o intelecto sem
m Nova Iorque, 195
aparentes efeitos
secundários, encontram m
ali uma oportunidade de
mudar de vida.
Le Mans ‘66: O Duelo
De James Mangold.
Com Christian Bale,
Matt Damon,
Caitriona Balfe, Jon
Bernthal. EUA/FRA.
2019. 152m. Drama,
Acção, Biografia. M12.2.
EUA, década de 1960. Com a
Ferrari a ganhar
protagonismo no ramo o
automobilístico pelo
“glamour“ dos seus veículos
ículos e
pelas excelentes prestações
ações
em corridas, a Ford percebe
rcebe
que tem de recriar a imagem da
marca. Para isso, contrata uma
equipa disposta a entrar em
competição.
Missão Yeti - Em busca
do Homem das Neves
De Nancy Florence Savard, Pierre
Greco. Com Sylvie Moreau (Voz),
Guillaume Lemay-Thivierge
(Voz), Rachid Badouri (Voz). CAN.
2017. 85m. Animação, Comédia.
M6.
Quebeque (Canadá), 1956. Uma
jovem detective torna-se amiga de
um assistente de Antropologia, que
está convicto da existência do
célebre yeti. Quando encontram
um diário com registos de vários
incidentes com monstros das neves
no Nepal, decidem investigar.
O Imperador de Paris
De Jean-François Richet. Com
Vincent Cassel, Patrick Chesnais,
August Diehl, Olga Kurylenko,
Fabrice Luchini. FRA. 2018.
120m. Drama, Histórico.
Um Ælme histórico sobre a vida de
Eugène François Vidocq
(1775-1857), ladrão, soldado,
desertor, prisioneiro e mestre na
arte da evasão, cuja existência,
repleta de aventura, serviu de
inspiração a grandes escritores -
entre eles, Edgar Allan Poe, Balzac,
Victor Hugo ou Alexandre Dumas.
Os Órfãos de Brooklyn
De Edward Norton. Com Bruce
Willis, Edward Norton, Gugu
Mbatha-Raw, Willem Dafoe, Alec
Baldwin, Leslie Mann. EUA. 2019.
144m. Drama, Crime.
Cr M16.
1957. O detective
Lionel Essrog é um
u homem
solitário que sofre
sof de
síndrome de Tourette.
T
Depois
Depoi do estranho
assassinato
assa de
Frank
Fra Minna, seu
grande
gr amigo e
mentor,
m Lionel
decide
dedicar-se
exclusivamente
exc à Quinta da Beloura II, Linhó.
investigação
inv da
sua
su morte.
A
Alpha: Nos
B
Bastidores da
Corrupção
C Iorque M12. 17h50, 19h45, 21h45;
Dor e Glória M16. 19h40; Joker M14. 13h30,
16h, 18h45, 19h20, 21h35, 00h15;
Doutor Sono M16. 21h45, 23h45; Projecto
Gemini M12. 21h55, 00h25; Abominável
M6. 13h20, 15h25, 17h35 (V.P./2D); Maléfica
II: Mestre do Mal M12. 13h40, 17h15 (V.
P./2D), 16h10, 19h, 21h30 (V.O./2D); Um Dia
de Chuva em Nova Iorque M12. 13h15,
19h45, 21h40; A Família Addams M6. 13h50,
16h, 17h55, 19h50 (V.P./2D), 13h35 (V.
O./2D); Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 13h15, 15h55, 18h40, 21h25,
00h05; Quem Brinca Com o Fogo... M12.
15h10, 22h, 00h30; Midway M12. 12h50,
15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 13h10, 15h50, 18h50, 21h50,
00h05; Os Órfãos de Brooklyn M16. 15h20,
18h15, 21h10, 24h
UCI Ubbo
C.C. Amadora, Estr Nacional 249/1, Venteira.
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 14h, 16h30 (V.P./2D); Joker M14.
13h30, 16h15, 18h55, 21h30; Doutor Sono
M16. 18h20, 21h25; Abominável M6. 14h10,
16h40 (V.P./2D); Maléfica II: Mestre do
Mal M12. 13h35 (V.P./2D), 16h20, 18h55,
21h25 (V.O./2D); Zombieland: Tiro Duplo
M14. 18h50, 21h20; A Família Addams M6.
13h50, 16h15 (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 13h40,
16h20, 19h, 21h50; Countdown M14. 13h50,
16h35, 19h05, 21h30; Quem Brinca Com o
Fogo... M12. 13h55, 16h35, 19h05,
21h35; Raparigas Rebeldes de Paradise
Hills M12. 19h10, 21h20; Midway M12. 13h20,
16h05, 18h55, 21h45; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 13h50, 17h30, 21h20; Os Órfãos
de Brooklyn M16. 14h20, 18h, 21h35
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996
Joker M14. 12h30, 15h15, 18h, 21h, 24h; A
Família Addams M6. 13h20, 16h10, 18h30 (V.
P./2D); Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 20h40, 23h40; Countdown
M14. 13h30, 15h40, 17h50, 21h10, 23h15;
Quem Brinca Com o Fogo... M12. 12h50,
15h05, 17h20, 19h30, 21h40, 23h50;
Midway M12. 13h, 16h, 20h20, 23h20; Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 13h10, 16h40,
20h50, 24h; Os Órfãos de Brooklyn M16.
13h40, 17h, 20h30, 23h30; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. Sala IMAX 12h30, 15h30, 18h25,
21h20, 00h15
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
Adeus, Lenine! M12. 14h, 16h30, 21h20;
Joker M14. 19h10; Judy M12. 16h40; Um Dia
de Chuva em Nova Iorque M12. 13h30,
19h20, 21h40; A Biblioteca dos Livros
Rejeitados M12. 14h30; Midway M12. 13h10,
15h50, 18h30, 21h15; O Imperador de
Paris 14h15, 16h40, 19h05, 21h30; Os Órfãos
de Brooklyn M16. 15h30, 18h20, 21h10
Carcavelos
Atlântida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga, Centro Comercial
Carcavelos. T. 214565653
Um Dia de Chuva em Nova Iorque M12. 15h,
21h30; Os Órfãos de Brooklyn M16. 15h,
21h30
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
T. 219247643
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 15h30, 17h25 (V.P./2D); Downton
Abbey M12. 16h, 19h20; Joker M14. 18h40,
21h30; Doutor Sono M16. 21h40;
Abominável M6. 15h35, 17h45 (V.P./2D);
Maléfica II: Mestre do Mal M12. 15h20,
21h55 (V.O./2D); Um Dia de Chuva em Nova
Zombieland: Tiro Duplo M14. 19h55; A

Família Addams M6. 15h40, 17h35 (V.P./2D),
19h30 (V.O./2D); Exterminador Implacável:
Destino Sombrio M14. 21h20; Midway M12.
15h25, 18h20, 21h10; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 15h30, 18h15, 21h25; Os Órfãos
de Brooklyn M16. 15h20, 18h30, 21h15
Castello Lopes - Alegro Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte.
T. 219184352
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 13h10, 15h15, 17h20, 19h30 (V.
P./2D); Joker M14. 13h30, 16h10, 18h50,
21h30; Abominável M6. 13h05 (V.P./2D);
Abominável M6. 16h40 (V.P./2D); Maléfica
II: Mestre do Mal M12. 13h40, 16h20, 19h,
21h40 (V.P./2D), 00h20 (V.O./2D); A Família
Addams M6. 15h20, 17h25, 19h30 (V.P./2D);
Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h35; Countdown M14.
21h30; Midway M12. 14h, 17h30, 21h; Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 14h10, 17h40, 21h;
Alpha: Nos Bastidores da Corrupção
M14. 14h20, 19h, 21h15
Leiria
Cinema City Leiria
Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das
Mestras. T. 244845071
Cinzas e Brasas M12. 19h30; Missão Yeti -
Em busca do Homem das Neves M6. 15h40,
17h35 (V.P./2D); Joker M14. 16h, 17h30,
21h35, 22h; Doutor Sono M16. 21h;
Abominável M6. 15h35 (V.P./2D); Maléfica
II: Mestre do Mal M12. 15h20, 17h50 (V.
P./2D), 19h, 21h30 (V.O./2D); Zombieland:
Tiro Duplo M14. 19h40; A Família Addams
M6. 15h30, 17h45, 20h (V.P./2D);
Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h40; Midway M12. 15h10,
18h10, 21h10; Bostofrio M12. 19h30; Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 15h20, 18h20, 21h20
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 15h30, 17h30 (V.P./2D); Joker
M14. 16h30, 19h, 21h30; Abominável M6.
16h20 (V.P./2D); Maléfica II: Mestre do
Mal M12. 16h50 (V.P./2D), 19h20 (V.O./2D); A
Família Addams M6. 14h50, 16h45 (V.
P./2D); Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 18h40, 21h20; Countdown
M14. 21h50; Quem Brinca Com o Fogo...
M12. 19h30, 21h40; Midway M12. 18h30,
21h20; Le Mans ‘66: O Duelo M12. 15h30,
18h30, 21h30; Os Órfãos de Brooklyn M16.
16h, 21h10; Alpha: Nos Bastidores da
Corrupção M14. 19h
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 16h10 (V.P./2D); Joker M14.
19h10, 21h40; Doutor Sono M16. 21h;
Abominável M6. 15h, 17h05 (V.P./2D);
Maléfica II: Mestre do Mal M12. 16h50 (V.
P./2D), 19h20 (V.O./2D); A Família Addams
M6. 15h, 17h, 19h (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 18h20,
21h10; Countdown M14. 21h50; Quem
Brinca Com o Fogo... M12. 16h10;
Midway M12. 15h40, 18h30, 21h20; Le Mans
‘66: O Duelo M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os
Órfãos de Brooklyn M16. 18h10, 21h10
Oeiras
Cinemas Nos Oeiras Parque
C. C. Oeirashopping. T. 16996
Joker M14. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30,
00h15; Maléfica II: Mestre do Mal M12.
13h20, 16h10 (V.P./2D), 18h50, 21h40, 00h25
(V.O./2D); Exterminador Implacável:
Destino Sombrio M14. 21h, 23h50; Bráulio e
o Mundo dos Gatos M6. 13h, 16h, 18h40 (V.
P./2D); Midway M12. 12h30, 15h20, 18h20,
21h20, 00h20; Le Mans ‘66: O Duelo M12.
13h30, 17h, 20h45, 24h; Os Órfãos de
Brooklyn M16. 12h15, 15h10, 18h10,
21h10, 00h10
Miraflores
Cinemas Nos Dolce Vita Miraflores
C. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMA
Joker M14. 15h10, 18h10, 21h10; Um Dia de
Chuva em Nova Iorque M12. 15h20, 17h30,
19h40, 21h50; A Família Addams M6. 14h50,
17h10, 19h30 (V.P./2D); Midway M12. 21h50;
Le Mans ‘66: O Duelo M12. 15h, 18h30, 22h
Torres Novas
Castello Lopes - TorreShopping
Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752
Joker M14. 21h; Maléfica II: Mestre do
Mal M12. 18h20 (V.P./2D); A Família
Addams M6. 14h10, 16h15 (V.P./2D);
Midway M12. 15h10, 18h05, 21h; Le Mans
‘66: O Duelo M12. 14h, 17h30, 21h; Alpha:
Nos Bastidores da Corrupção M14. 13h
Torres Vedras
Cinemas Nos Torres Vedras
C.C. Arena Shopping. T. 16996
Joker M14. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20; A
Família Addams M6. 13h20, 16h, 18h30 (V.
P./2D); Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h10; Quem Brinca Com o
Fogo... M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30;
Midway M12. 13h15, 17h, 20h50; Le Mans
‘66: O Duelo M12. 13h30, 17h30, 21h
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 13h55 (V.P./2D); Joker M14.
18h20, 21h05; Abominável M6. 16h (V.
P./2D); Maléfica II: Mestre do Mal M12.
13h40, 16h20, 19h (V.P./2D), 21h40 (V.
O./2D); A Família Addams M6. 14h30,
16h40, 18h50 (V.P./2D); Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14.
21h10; Midway M12. 14h10, 17h50, 21h15; Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 14h, 17h40, 21h;
Alpha: Nos Bastidores da Corrupção M14.
13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446
Os Órfãos de Brooklyn M16. 21h30
Cinema City Alegro Setúbal
C. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 13h50, 17h50 (V.P./2D); Joker
M14. 13h30, 16h, 17h30, 18h40, 19h10, 21h35,
00h15; Doutor Sono M16. 21h40, 24h;
Projecto Gemini M12. 21h55; Abominável
M6. 13h20 (V.P./2D); Maléfica II: Mestre do
Mal M12. 13h50, 16h20 (V.P./2D), 19h, 21h30,
00h10 (V.O./2D); Zombieland: Tiro Duplo
M14. 22h; A Família Addams M6. 13h40,
15h40, 17h40, 19h40 (V.P./2D);
Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 15h50, 18h30, 21h25,
00h05; Countdown M14. 13h35, 15h45,
19h50, 21h45, 00h20; Quem Brinca Com o
Fogo... M12. 13h25, 20h, 00h30; Raparigas
Rebeldes de Paradise Hills M12. 13h55;
Midway M12. 15h20, 18h10, 21h10, 24h; Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 13h10, 16h10, 18h20,
21h20, 23h45
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 15h03, 17h30 (V.P./2D); Joker
M14. 16h30, 19h, 21h30; Abominável M6.
16h10 (V.P./2D); Maléfica II: Mestre do
Mal M12. 16h50 (V.P./2D), 19h20 (V.O./2D); A
Família Addams M6. 15h20, 17h20, 19h20 (V.
P./2D); Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h20; Countdown M14.
21h50; Quem Brinca Com o Fogo... M12.
19h; Midway M12. 18h10, 21h10; Le Mans
‘66: O Duelo M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os
Órfãos de Brooklyn M16. 16h, 21h10 (V.
P./2D); Alpha: Nos Bastidores da
Corrupção M14. 19h30, 21h40
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Joker M14. 13h15, 15h55, 18h35, 21h15,
24h; Maléfica II: Mestre do Mal M12. 12h50,
15h25 (V.P./2D); Countdown M14. 13h05,
15h20, 17h25, 19h30, 21h40, 00h30;
Midway M12. 18h, 21h; Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 12h35, 15h40, 18h50, 21h55,
23h45; Os Órfãos de Brooklyn M16. 12h30,
15h30, 18h30, 21h30, 23h55
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Missão Yeti - Em busca do Homem das
Neves M6. 15h40, 17h40 (V.P./2D); Joker
M14. 16h30, 19h, 21h30; Doutor Sono M16.
21h10; Maléfica II: Mestre do Mal M12.
16h10 (V.P./2D), 18h40, 21h10 (V.O./2D); A
Família Addams M6. 15h10, 17h10 (V.P./2D),
19h10 (V.O./2D); Exterminador Implacável:
Destino Sombrio M14. 16h, 18h40, 21h20;
Countdown M14. 19h30, 21h40; Quem
Brinca Com o Fogo... M12. 15h10, 17h20;
Midway M12. 15h40, 18h30, 21h20; Le Mans
‘66: O Duelo M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os
Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 41
Órfãos de Brooklyn M16. 15h10, 18h10,
21h10; Alpha: Nos Bastidores da
Corrupção M14. 19h40, 21h50
TEATRO
Lisboa
A Barraca
Largo de Santos, 2. T. 213965360
Uma Réstia de Temor (Variação Sobre
Édipo) A Barraca. Enc. Rita Lello. A partir de
14/11. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h.
Teatro Aberto
Praça de Espanha. T. 213880089
Doença da Juventude Enc. Marta Dias. De
26/10 a 29/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.
Teatro da Comuna
Praça de Espanha. T. 217221770
Afogada na Tua Vergonha Oficinas Teatro
Lisboa. Enc. João Rosa. De 15/11 a 1/12. 4ª a
Sáb às 20h. Dom às 15h. M/16.
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Vemo-nos ao Nascer do Dia Enc. Jorge
Silva Melo. De 6/11 a 14/12. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e
6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
Chicago Enc. Diogo Infante. Até 29/12. 4ª,
5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h30 e 21h. Dom às
16h30.
Teatro Meridional
R. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245
A Felicidade Projecto Ruínas. De 20/11 a
24/11. 4ª a Dom às 21h30.
Teatro Nacional D. Maria II
Praça Dom Pedro IV. T. 800213250
A Divina Comédia - Purgatório Teatro O
Bando. Enc. João Brites. De 14/11 a 24/11. 4ª e
Sáb às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Dom às 16h. M/12.
Karoshi Comp.: Teatro da Cidade. De 14/11 a
24/11. 4ª e Sáb às 19h30. 5ª e 6ª às 21h30.
Dom às 16h30 (Sala Estúdio).
Amadora
Espaço Cultural Recreios da Amadora
Avenida Santos Mattos, 2. T. 214369055
A Morada Comp.: Teatro dos Aloés. Enc.
Elsa Valentim. De 20/11 a 1/12. 4ª a Sáb às
21h30. Dom às 18h30.
MÚSICA
Lisboa
Altice Arena
Parque das Nações. T. 218918409
André Rieu e a sua Orquestra Johann
Strauss De 20/11 a 28/11. 3ª a 6ª às 20h30
(dias 20, 21, 22, 26, 27 e 28). M/6.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
La Voix Humaine Enc. Jean Paul Bucchieri.
De 20/11 a 24/11. 4ª, 5ª, Sáb e Dom às 19h.
Teatro Tivoli BBVA
Avenida da Liberdade, 182. T. 213572025
David Fonseca Dia 20/11 às 21h30.
Beja
Teatro Municipal Pax Júlia
Largo de São João. T. 284315090
Adriana Calcanhotto Dia 20/11 às 21h30
(Festival das Marias 2019).
DANÇA
Estoril
Casino Estoril
Avenida Dr. Stanley Ho. T. 214667700
As Danças dos Povos do Mundo Ballet Igor
Moiseyev. De 20/11 a 21/11. 4ª e 5ª às 21h30
(Salão Preto e Prata). M/6.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço Permanente
Barral (Baixa) - Rua Augusta, 225 - Tel. 213461534
Boa-Hora (Boa-Hora-Ajuda) - Rua dos Quartéis,
25 - Tel. 213617130 Fátima (Avenidas Novas) -
Avenida 5 de Outubro, 147 - A - Tel. 217963107
Nova dos Olivais (Santa Maria dos Olivais) - Rua
de Manhiça, Lote 469-A - Tel. 218516402
Outras Localidades/ Serviço Permanente
Abrantes - Sousa Trincão (S.Miguel do Rio Torto)
Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense
Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal -
Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça -
Campeão Alcochete - Cavaquinha, Póvoas
(Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer - Nobre
Rito Aljustrel - Pereira Almada - Moderna
(Laranjeiro) Almeirim - Mendonça Almodôvar -
Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter,
Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama,
Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira
(Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito -
Nobre Sobrinho Amadora - São Jorge, Tavares
Matos Ansião - Medeiros (Avelar), Pires (Santiago
da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches -
Batista, Esperança (Esperança/Arronches)
Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova
de Aviz Azambuja - Nova, Peralta (Alcoentre),
Ferreira Camilo (Manique do Intendente)
Barrancos - Barranquense Batalha - Ferraz, Silva
Fernandes (Golpilheira) Beja - Palma Belmonte -
Costa, Central (Caria) Benavente - Batista
Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes
Cadaval - Central Caldas da Rainha - Perdigão
Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio
Guerra Cascais - Manique (Alcabideche), de São
Gonçalo (Carcavelos) Castelo Branco - Grave
Castelo de Vide - Roque Castro Verde -
Alentejana Chamusca - Santa Catarina
(Carregueira), Joaquim Maria Cabeça
Constância - Vila Farma Constância,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene
Covilhã - São Cosme Cuba - Da Misericórdia
Elvas - Europa Entroncamento - Terra Estremoz -
Godinho Évora - Teixeira Faro - Almeida, Da
Penha Ferreira do Alentejo - Salgado Ferreira do
Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/
Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos -
Campos (Aguda), Vidigal Fronteira - Vaz (Cabeço
de Vide) Fundão - Diamantino Gavião - Mendes
(Belver), Gavião Golegã - Salgado Grândola -
Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova)
Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - A
Lacobrigense Loulé - Pinto Loures - Nova de
Loures, Matos (Prior Velho) Lourinhã - Correia
Mendes (Moita dos Ferreiros), Leal (Rio Tinto)
Mação - Catarino Mafra - Ericeirense (Ericeira),
Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande -
Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola -
Pancada Monchique - Higya Monforte - Jardim
Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo -
Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção),
Falcão, Central (Pavia) Moura - Ferreira da Costa
Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda
(Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos -
Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda
(Gaeiras), Oliveira Odivelas - Gonçalves,
Universo (Caneças) Oeiras - Véritas (Paço de
Arcos) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito -
Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes
(Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Leitão
Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Pedrógão
Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo
Peniche - Central Pombal - Barros Ponte de Sor -
Matos Fernandes Portalegre - Nova Portel -
Fialho Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós -
Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha
Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior -
Central Salvaterra de Magos - Costa (Foros de
Salvaterra/Salvaterra de Magos) Santarém - São
Nicolau Santiago do Cacém - Corte Real Sardoal
- Passarinho Seixal - Alves Velho (Arrentela)
Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva,
Farinha (Cernache do Bonjardim) Sesimbra - da
Cotovia Setúbal - Santiago, Brasil Silves - Dias
Neves, Guerreiro Sines - Atlântico, Monteiro
Telhada (Porto Covo) Sintra - Vasconcelos, Silva
Duarte (Cacém), Tereza Garcia Sobral Monte
Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano),
Andrade Tavira - Central Tomar - Nova Torres
Novas - Palmeira Torres Vedras - Torres Vedras
Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova
Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva
Domingos Vila Franca de Xira - Madragoa,
Simões Dias (Bom Sucesso), César Vila Nova da
Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do
Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António -
Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa -
Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira
Redondo - Alentejo
42 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
FICAR
CINEMA
Eraser
Fox Movies, 21h15
Diversão Schwarzenegger, com
este a assumir a identidade de um
justiceiro dos anos 80, em
embalagem musculada à defesa de
todos os oprimidos. Ele é John
Kruger, superpolícia do programa
de protecção de testemunhas e um
“apagador” de pessoas. No centro
da história, a bela Lee Cullen
(Vanessa Williams), executiva de
uma empresa de armamento que
descobre um negócio de tráÆco
ilegal de armas. De Chuck Russell.
Wall Street: O Dinheiro Nunca
Dorme
Hollywood, 21h30
Mais de 20 anos depois do sucesso
de Wall Street, centrado na
frenética vida na bolsa de valores
de Nova Iorque, Oliver Stone
realiza uma espécie de
continuação, onde Michael
Douglas retorna com o icónico
Gordon Gekko, que marcou várias
gerações em todo o mundo. Em
2008, com a crise Ænanceira como
pano de fundo, Gekko é procurado
por Jake Moore (Shia LaBeouf ), um
jovem brilhante e muito ambicioso,
cuja carreira acaba prejudicada
por rumores que ditam o fracasso
da empresa do seu mentor e amigo
Louis Zabel (Frank Langella). E
Moore só quer que Gordon Gekko
lhe passe informações que
permitam destruir quem acabou
com a reputação do seu mentor...
História de Uma Rapariga
TVC3, 22h30
Depois de um vídeo
comprometedor consigo ser
divulgado nas redes sociais, a vida
da adolescente Deanna Lambert
nunca mais será a mesma. Três
anos depois, Deanna ainda lida
com as consequências daquele
vídeo, sendo alvo de insultos
vários pelos colegas de escola e da
ira e da desilusão do pai. Até que a
jovem, pronta para seguir em
frente, decide não deixar que a sua
vida seja determinada pelos erros
do passado. Um teleÆlme de Kyra
Sedgwick (2017), nomeada para os
prémios que avaliam os
realizadores norte-americanos
(Directors Guild of America). Com
Ryann Shane, Kevin Bacon, Tyler
Johnston e Sosie Bacon.
DOCUMENTÁRIOS
A Volta Ao Mundo Quando
Tinhas 30 Anos
TVC2, 18h
Um diário de uma viagem à volta
do mundo nos anos 1970. Pai e
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.10
Bem-vindos a Beirais 15.00 A Nossa
Tarde 17.30 Portugal em Directo 19.06
O Preço Certo 19.54 Direito de Antena
19.59 Telejornal 21.00 Mar, a Última
Fronteira - Best Of 21.59 Joker 22.55 Cá
Por Casa com Herman José 0.31
Desliga a Televisão 1.22 Anatomia de
Grey 2.02 Janela Indiscreta 2.52
Magazine RTP Arena 3.15 O Sábio
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.00
Espaço Zig Zag 10.54 Degrassi: A
Turma Seguinte 11.19 Portugal Culto e
Oculto: A Teosofia 11.50 Não
Esquecerás 12.07 Foi o Fio 12.16 O
Regresso de Lucas 13.04 CJ a DJ 13.31
Casa 13.53 Folha de Sala 14.00
Sociedade Civil: Direitos das Crianças
15.03 A Fé dos Homens 15.37 Nada
Será como Dante 16.05 O Fôlego da
Chita 16.59 Espaço Zig Zag 21.02
Degrassi: A Turma Seguinte 21.30
Jornal 2 22.04 Folha de Sala 22.14 A
Trégua 23.14 Os Zoos Humanos 0.06
Lisboa Azul 0.30 Sociedade Civil 1.35
Chatear-me-ia Morrer Tão
Joveeeeem... 1.52 Tanto Para
Conversar 2.34 Euronews
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.55 Amor
Maior 16.15 Júlia 18.15 Amor à Vida
19.20 Casados à Primeira Vista - Diário
19.57 Jornal da Noite 21.35 Nazaré
22.20 Terra Brava 23.35 Casados à
Primeira Vista - Extra 0.00 A Dona do
Pedaço 0.30 Passadeira Vermelha
2.40 Investigação Criminal
TVI
6.00 1.ª hora 7.00 Diário da Manhã
10.14 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma
14.47 Belmonte 16.15 A Tarde é Sua
19.13 Ver P’ra Crer 19.57 Jornal das 8
21.50 Na Corda Bamba 22.57
Prisioneira 23.55 Mar de Paixão 1.03
1000 à hora 2.38 Meu Amor 3.04
Remédio Santo 3.55 Saber Amar
TVC1
10.25 A Forma da Água 12.30 Alpha
(2018) 14.10 Hotel Império 15.40 Green
Os mais vistos da TV
Segunda-feira, 18
Nazaré
% Aud. Share
SIC 16,1 31,2
Terra Brava SIC 13,3 31,9
Jornal da Noite SIC 12,9 24,7
O Preço Certo RTP1 10,7 23,8
Telejornal RTP1 10,2 19,8
FONTE: CAEM
Book - Um Guia Para a Vida 17.50 A
Rapariga Apanhada na Teia de Aranha
19.50 A Cada Dia 21.30 Astérix: O
Segredo da Poção Mágica (VO) 23.00
Bumblebee 0.55 O Fantasma da Sicília
3.05 Regresso a Christmas Creek 4.30
The Strangers - Predadores da Noite
FOX MOVIES
10.06 O Feitiço da Lua 11.41 O
Regresso do Ninja Americano 13.09
Fogo Rápido 14.36 Presa Fácil 15.58
Polícias em Grandes Apuros 17.34 A
Melhor Despedida de Solteira 19.32
Porquê Ele? 21.15 Eraser 23.00 Romeo
Deve Morrer 0.45 Pronto a Matar 2.12
Marcado Para Matar 3.37 Golpe de
Vingança
CANAL HOLLYWOOD
10.10 Annapolis - Paixão e Glória 11.55
Nunca Desistas 13.55 O Candidato da
Verdade 16.00 Num Outro Tom 17.50
Vulcão 19.35 Elysium 21.30 Wall Street:
O Dinheiro Nunca Dorme 23.45 Mad
Max: Estrada da Fúria 1.40 The
November Man 3.25 Annie Hall
AXN
13.45 Mentes Criminosas 15.19
Bem-Vindos à Selva 17.05 Chicago Fire
18.45 Castle 20.25 Investigação
Criminal 22.05 The Rookie 22.57
Nascer para Morrer 0.48 2012 3.23 The
Rookie 4.08 Candice Renoir
AXN BLACK
13.46 RoboCop 2 15.39 London 17.12 O
Caminho das Estrelas 19.22 Star Trek II:
A Ira de Khan 21.14 Star Trek III: A
Aventura Continua 22.59 Star Trek IV:
Regresso à Terra 0.58 Entrega
Armadilhada 2.22 Assalto de Risco
3.57 Heat - Cidade Sob Pressão
AXN WHITE
13.04 O Mentalista 14.34 O Ditador
15.55 Os Estagiários 17.54 O Mentalista
19.24 A Teoria do Big Bang 21.24
Sobrenatural 22.09 Homenzinhos
23.34 Eddie 1.14 Sobrenatural 2.45
Crossing Lines 5.00 Sobrenatural
FOX
9.31 Hawai Força Especial 11.00 C.S.I.
14.05 Investigação Criminal: Los
RTP1 14,0%
% memórias das antigas imagens e
RTP2 1,1
SIC 22,3
TVI
14,2
Cabo
35,6
Angeles 15.38 Hawai Força Especial
17.11 C.S.I. Miami 18.46 Investigação
Criminal: Los Angeles 20.26 Hawai
Força Especial 22.15 FBI 23.05
Millennium 1: Os Homens que Odeiam
as Mulheres 2.05 C.S.I. Miami
FOX LIFE
9.45 Like Cats and Dogs 11.12 Anatomia
de Grey 12.43 The Resident 13.30
Chicago Med 14.25 Backstabbed 15.58
Vizinhança (In)Segura 17.27 Favores
Arriscados 19.03 Anatomia de Grey
19.52 Lei & Ordem: Unidade Especial
20.43 The Resident 21.32 Chicago
Med 22.20 Anatomia de Grey 23.10 Ela
é Mesmo... o Máximo! 0.56 Aurora
Teagarden Mysteries: An Inheritance to
Die For 2.26 Anatomia de Grey 3.52
The Resident 4.35 Chicago Med
DISNEY
15.05 A Irmã do Meio 15.55 A Raven
Voltou 16.45 Mickey Mouse 16.50 A Lei
de Milo Murphy 17.15 Star Contra
Forças do Mal 18.00 Phineas e Ferb
18.25 Os Green na Cidade Grande
19.15 Gravity Falls 20.05 Miraculous -
As Aventuras de Ladybug 20.55 Bia
DISCOVERY
17.30 Alasca: A Última Fronteira 19.15
NASA, Ficheiros Secretos 21.00
Controlo de Fronteiras 2.20
Curiosidades da Terra 3.05 Os
Caçadores de Mitos 4.35 Negócio
Fechado 5.00 Guerra de Propriedades
HISTÓRIA
17.11 O Preço da História 20.41 A
Construção de Um Império 22.15 Os
Líderes do Nazismo 23.45 A Maldição
do Ouro dos Confederados 1.47 O
Ouro Perdido da II Guerra Mundial 3.08
A Construção de Um Império 4.40 Os
Líderes do Nazismo
ODISSEIA
17.45 Estranhas Criaturas 18.33 Os
Últimos Gigantes: as Grandes Bestas
19.22 O Tigre Milagroso 20.07
Engenharia Letal 20.53 Voos Perigosos
21.40 Power 22.30 Voos Perigosos
23.14 Mega Barcos 0.06 Power 0.56
Voos Perigosos 1.41 Mega Barcos 2.32
Engenharia Letal 3.18 Vr 101 4.05 Os
Nossos Sentidos a Descoberto
Ælha cruzam olhares sobre as
palavras, partilhando o desejo de
as trazer para o presente,
enquanto folheiam um antigo
álbum de fotograÆas.
Witness to Disaster: Pedrógão
Grande
National Geographic, 22h30
Estreia. Apoiada em imagens
amadoras, de videovigilância e
retiradas de notícias, uma série
que entrevista testemunhas e
mostra alguns dos momentos mais
emocionantes de desastres que
mudaram o mundo. Hoje, conta-se
a história do maior incêndio na
história de Portugal e de como este
devastou uma comunidade rural.
Em Junho de 2017, um incêndio de
enormes proporções, iniciado no
concelho de Pedrógão Grande,
resultou na morte de 66 pessoas.
Os Zoos Humanos
RTP2, 23h14
A impressionante, e pouco
explorada, história de seres
humanos exibidos como animais
exóticos — em feiras
internacionais, exposições
universais ou coloniais, jardins
zoológicos, espectáculos de
horrores, circos ou reconstituições
de aldeias indígenas. Um
fenómeno que pôde ser
testemunhado na Europa, na
América e no Japão, a partir da
segunda metade do século XIX até
à Segunda Guerra Mundial, e que
originou histórias emblemáticas,
como a de Ota Benga, pigmeu
congolês; de Abraham Ulrikab,
inuk do Canadá, de Billy, aborígene
australiano, de William Henry
Johnson, “monstro”
afro-americano, ou de Marius
Kaloie, uma canaca da Nova
Caledónia.
INFANTIL
Asterix: O Segredo da Poção
Mágica (V. Orig.)
TVC1, 21h30
Mais uma aventura de Astérix, o
gaulês. Depois de sofrer uma
aparatosa queda que poderia ter
sido fatal, Panoramix, o grande
druida da aldeia dos mais
corajosos gauleses, percebe que é
chegado o momento de encontrar
um sucessor mais jovem a quem
seja possível revelar o segredo da
poção mágica. Porém, para
assegurar que a receita não caia
nas mãos erradas, a escolha não
pode ser feita de ânimo leve. Por
causa disso, o grande sábio decide
fazer uma longa viagem por toda a
Gália na companhia de Astérix e
Obélix, dois dos mais Æéis e
íntimos amigos.
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 43

JOGOS

CRUZADAS 10.803 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS: 1. Agita repetidas vezes. VERTICAIS: 1. Cordões preciosos, para
Espécie de padiola para transporte de adorno (ant.). Dividir ao meio. 2.
doentes. 2. Gosto muito. Limpar do pó Agastamento. Caldo apurado que se dá
com o espanador. 3. Nocivo. Capital do ao doente. 3. Qualquer indivíduo. Canta. Viana do Bragança
Sudão. 4. Tosquiador. Agência Espacial 4. Conjunto dos navios e marinheiros de Castelo 5º 8º
Europeia. 5. Verbal. Criar ovos. 6. Los um país. 5. Preposição que designa pos- 8º 13º
Braga
Angeles (abrev.). Oração que os se. Redução das formas linguísticas “de”
8º 13º Vila Real
Muçulmanos fazem a Alá, antes de nas- e “a” numa só. Abandonar. 6. Opções.
cer o Sol. 7. Filósofo. 8. Que me perten- Elas. 7. Casal. Abreviatura de Anno 6º 10º
13º Porto
cem (fem.). Parlamento Europeu. 9. Cada Domini. Designativo da pedra constituída 9º 13º
um dos cabos fixos na proa, que aguen- por sulfato de alumínio e potássio hidra-
Viseu
tam a mastreação do navio para vante. tado. 8. Grande massa de água salgada.
5º 8º Guarda
Dar urros. 10. Aperto com nó. Meretriz. 11. Acontecer. 9. Prever. Curso natural de 3-4m Aveiro
Cetáceo afim do golfinho. Fazer serão. água. 10. Originar. Preposição que indica 3º 4º
9º 14º Penhas
destino, fim. 11. Montar. Conceber.
Douradas
Coimbra 0º 4º
Depois do problema resolvido encon-
tre o título de uma obra de Helena 8º 14º
Sacadura Cabral (3 palavras). Castelo
Branco
Leiria 6º 9º
7º 15º

Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 8º 16º
HORIZONTAIS: 1. Mi. Vocativo. 2. UNS. Uniu. Ar. 3. ENTEADOS. 4. Temer. Revoo. 5. AM. 6º 10º
Toa. Lá. 6. Fossa. Ril. 7. Lis. Subida. 8. Rol. Pisco. 9. Hiante. SA. 10. Adornar. Pã. 11. Lasso. Lisboa
Ouros. 11º 16º
VERTICAIS: 1. Multar. Real. 2. In. Em. Lo. Da. 3. Sem. FILHOS. 4. Netos. IRS. 5. OUTROS.
Pano. 6. CNE. Assina. 7. Aiar. Austro. 8. Tudel. BCE. 9. Ovário. PR. 10. Vaso. Id. SÃO. 11. Setúbal
Or. Oblata. 9º 16º Évora
PROVÉRBIO: Uns são filhos, outros enteados. 7º 15º
AMANHÃ

14º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 11º 16º
9º 14º

Dador: Norte 2-3,5m

ros. Concorda com Norte? Problema
Vul: Todos Tem de concordar, pois a resposta para 9380 Sagres
este jogo está na primeira vaza, basta Faro
deixar correr o 4 de espadas! A presen- Dificuldade: 12º 18º
11º 18º
NORTE ça do 6 de espadas em Sul é crucial para Fácil 15º
Ƅ A2 este jogo, Este tem de fazer a primeira
Ɔ K8 vaza e agora nada impedirá o declaran- 0,5-1,5m
Ƈ A10876
ƅ KQJ3
te de baldar um ouro no Ás de espadas
e consequentemente apurar o naipe de
Açores
Corvo
ouros, para baldar uma (ou duas se não Graciosa
fizerem o Ás de copas) copa perdente Terceira
OESTE ESTE da mão. Mais uma vez, vemos que é Flores
Solução do S. Jorge 15º 19º
Ƅ Q943 Ƅ KJ10875 muito importante reflectir antes de jo- problema 9378 16º 22º
Ɔ Q10763 Ɔ AJ54 gar a primeira carta! 20º Pico
19º
Ƈ QJ4 Ƈ 32
ƅ7 ƅ4 Considere o seguinte leilão: Faial
3-5m
Oeste Norte Este Sul 16º 20º
1Ƈ passo passo ? 2-2,5m S. Miguel
16º 20º
SUL Como reabrir o leilão, após uma aber- Ponta
Ƅ6 tura em naipe pobre? 20º Delgada
Ɔ 92 ƄQ10654 ƆKJ986 Ƈ4 ƅK2 1-1,5m
Ƈ K95 Madeira Sta Maria

ƅ A1098652 Resposta: Marque dois ouros. Mostre

de uma vez só comprimento nos dois Porto Santo
naipes ricos. Tacticamente, é mau pas- Problema
16º 21º
Oeste Norte Este Sul sar a um ouro, sobretudo em torneio de 9381 22º
1Ƈ 1Ƅ 2ƅ pares.
3Ƅ 3ST 4Ƅ passo Dificuldade:
passo 5ƅ Todos passam Média Funchal
0,5-1m
1m 17º 23º
22º
Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: 4Ƅ. Sabendo que o Ás Sol Lua Nova

de copas está em Este, como consegui- Nascente 7h24
rá evitar a perda de duas copas e um Poente 17h20 26 Nov. 15h06
ouro? Solução do
problema 9379
Solução: A linha seguida pelo declaran-
te original foi a seguinte: Ás de espadas,
Marés
espada cortada, Ás de paus, pau para o Leixões Cascais Faro
Rei, ouro para o Rei e ouro para o Valete
de Oeste, Ás de Norte e outro ouro, para Preia-mar 08h47 2,9 08h24 2,9 08h30 2,8
a Dama de Oeste que virou copas, para
21h42 2,7 21h18 2,8 21h19 2,7
um cabide. Sul afirmou que tinha jogado
pela melhor linha e que bastava que Este Baixa-mar 15h20 1,1 14h58 1,2 14h47 1,2
tivesse uma das figuras de ouros, para
poder ganhar o jogo. Norte, furioso, dis- 03h44* 1,3 03h21* 1,4 03h13* 1,3
se que o jogo estava sobre a mesa, indi- João Fanha/Pedro Morbey
Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
ferente à colocação das figuras de ou- (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
44 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019
DESPORTO
Ex-advogado de Rui Pinto acusa
Doyen de querer contratar hacker
Defesa de Aníbal Pinto alega que Nélio Lucas, então administrador do fundo de investimento, terá
demonstrado vontade de que Rui Pinto entrasse nos servidores da Federação Portuguesa de Futebol
Football Leaks
Miguel Dantas
A Doyen queria contratar Rui Pinto
para aceder ilegalmente aos servido-
res da Federação Portuguesa de Fute-
bol (FPF): esta alegação consta do
requerimento de abertura de instru-
ção de Aníbal Pinto, a que o PÚBLICO
teve acesso. O advogado e comenta-
dor televisivo é acusado pelo Ministé-
rio Público (MP) de um crime de
extorsão sob a forma tentada contra
a Doyen Investment Sports, fundo de
investimento sediado em Malta.
De acordo com a defesa de Aníbal
Pinto, o então administrador do fun-
do, Nélio Lucas, terá sugerido utilizar
as valências técnicas do hacker para
cometer um acesso ilegítimo aos ser-
vidores do organismo federativo. Esta
intenção terá sido exposta durante o
encontro realizado numa estação de
serviço da A5, em Oeiras, entre Aníbal
Pinto, Nélio Lucas e o advogado da
Doyen, Pedro Henriques. Aníbal Pin-
to representava Rui Pinto, que, na
altura, mantinha o anonimato.
“Igualmente no ensejo, o Nélio
Lucas questionou o arguido Aníbal
Pinto sobre se o Rui Pinto conseguia
entrar nos servidores da Federação
Portuguesa de Futebol e que, na aÆr-
mativa, o pretendia contratar. O
arguido Aníbal Pinto pretextou,
então, ignorar se Rui Pinto tinha habi-
lidade ou aptidão técnica para o efei-
to, avançando, porém, que, quando
o conheceu, ele estava indiciado de
um pretenso ataque a uma entidade
bancária das Ilhas Caimão”, pode ler-
se no requerimento.
Aníbal Pinto aponta ainda que esta
intenção da Doyen Æcou posterior-
mente “ratiÆcada numa conversação,
escutada pela PJ e mantida entre o
arguido Aníbal Pinto e o dr. Pedro
Henriques”. Os servidores da FPF
foram, de acordo com a acusação do
MP, um dos alvos do hacker, que terá
extraído informações relativas a clas-
siÆcações de arbitragem e jogadores
das camadas jovens.
O advogado explica que este poten-
cial acesso informático indevido pro-
posto pela Doyen foi o factor que o
levou a afastar-se de um eventual
acordo, garantindo que apenas tinha
RODRIGO ANTUNES/EPA
sido incumbido de intermediar a cele-
bração de um contrato de trabalho
entre o hacker e o fundo de investi-
mento. De igual modo, adianta que
“não aceitou colaborar em aborda-
gens que viessem a ser feitas ao Nélio
Lucas, tendentes a obter uma quantia
entre meio milhão e um milhão de
euros, para não serem tornados públi-
cos certos documentos”.
O PÚBLICO contactou a defesa da
Doyen, que se recusou a prestar escla-
recimentos.
“Um milhão a um miúdo?”
Aníbal Pinto representou o hacker
durante as negociações que o mentor
do Football Leaks encetou com Nélio
Lucas, responsável máximo da Doyen
Sports. Tudo teve início em Outubro
de 2015. Rui Pinto — identiÆcando-se
como Artem Lobuzov — terá enviado
um email a Nélio Lucas, aÆrmando
que tinha na sua posse documentos
conÆdenciais do fundo de investi-
mento. Dias antes, tinham sido publi-
cados Æcheiros da Doyen na platafor-
ma Football Leaks.
Rui Pinto terá mostrado disponibi-
lidade para destruir a restante infor-
mação, mediante uma “doação gene-
rosa”. Após alguns emails, entrou em
contacto com Aníbal Pinto para ser
seu representante. O hacker preten-
deria uma quantia entre os 500 mil
euros e um milhão de euros. No
encontro que teve lugar na estação de
serviço, Aníbal Pinto terá achado pia-
da à preocupação de Nélio Lucas e
Pedro Henriques, quando estes lhe
falaram do valor em causa.
“Vocês estão a brincar? O meu
cliente é um miúdo! Alguém dá um
milhão a um miúdo? Isso é uma estu-
pidez”, terá dito. Atitude que prova,
segundo a defesa, que o advogado
nunca teve o objectivo de extorquir
alguém. Se tal fosse verdade, Aníbal
Pinto “destacaria logo que o seu clien-
te era uma pessoa perigosa” e “solici-
taria, inclusive, a entrega de uma
verba superior a um milhão de
euros”, lê-se no requerimento.
Aníbal Pinto alega que apenas ten-
tou ajudar as duas partes na celebra-
ção de um contrato de trabalho. Nes-
se encontro, Æcou combinado que Rui
Pinto receberia 25 mil euros por ano
Rui Pinto está acusado de 147 crimes durante cinco anos. Caso o hacker
viesse a violar a conÆdencialidade das
informações a que tivesse acesso, não
receberia cem mil euros de uma cláu-
sula desenhada para este efeito.
Porém, dias após a reunião presen-
cial, o negócio acabou por se desmo-
ronar. Quando percebeu que a Doyen
não estava efectivamente interessada
na negociação, Aníbal Pinto terá
enviado um email a Pedro Henriques,
pondo um ponto Ænal às conversas.
“(…) Sinto que o seu cliente não quer
contratar o meu cliente nem os meus
serviços. Assim, e como lhe transmiti
desde o início, não me sinto confor-
tável com esta situação que pode
conÆgurar um crime. Com o qual, em
consciência, nunca compactuaria”,
terá escrito.
Ao contrário do que Æcou implícito
no despacho de acusação do MP, o
advogado nega que tenha recuado
nas negociações por ter tido conheci-
mento de que a PJ estaria a investigar
o caso. “A desistência da tentativa [de
negociação] não surge aqui subverti-
da por nenhum condicionalismo
extrínseco coactivo, foi plenamente
voluntária e espontânea”, explica.
Quer provas invalidadas
Por último, Aníbal Pinto questiona a
validade das provas que Pedro Hen-
riques, advogado da Doyen, terá
encaminhado para a Polícia Judiciária
(PJ). De acordo com a defesa, o advo-
gado do fundo de investimento terá
enviado para a PJ a correspondência
trocada entre ambos, permitindo
também que o encontro na estação
de serviço, em Oeiras, fosse gravado
pelas autoridades.
No entendimento da defesa, esta
conduta viola os códigos de sigilo pro-
Æssional da advocacia, visto que
ambos estavam a dialogar no papel
de advogados. ClassiÆcando Pedro
Henriques como “agente provoca-
dor”, Aníbal Pinto pede que todas as
provas facultadas pelo representante
da Doyen sejam consideradas nulas.
Tal como Aníbal Pinto, também Rui
Pinto requereu a abertura da instru-
ção. A defesa do hacker tenta invalidar
a maioria dos 147 crimes de que está
acusado. Esta fase só deverá ter uma
sessão no dia 12 de Dezembro.
miguel.dantas@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 45

DESPORTO

Benfica lança OPA

para controlar SAD
com prémio superior a 80%
Bolsa
Rosa Soares
Em causa está uma oferta
de cinco euros por acção,
o que representa um
prémio acima de 80% face
à cotação de segunda-feira
A Sport Lisboa e BenÆca SGPS, que
directa e indirectamente já controla
66,9% do capital da SAD, lançou uma
oferta pública de aquisição (OPA)
sobre 28,06% do capital disperso em
bolsa, o que lhe permitirá o controlo
quase total da sociedade. Para isso
oferece cinco euros por acção, bem
acima da última cotação, que foi de
2,76 euros, ou seja, um prémio supe-
rior a 80%.
Depois de quase hora e meia sus-
pensas, as acções da SAD retomaram
a negociação em forte valorização, de
mais 70%, aproximando-se da con-
trapartida oferecida, isto é, os cinco
euros por acção. A valorização surgiu
numa altura em que o anúncio da
OPA tem carácter preliminar, estando
sujeita “à obtenção do respectivo
registo prévio junto da Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários”.
A OPA, anunciada na segunda-feira
à noite, tem carácter voluntário e inci-
de sobre as acções da categoria B, que
em 2001 foram vendidas a mil escu-
dos (4,99 euros) cada, corresponden-
do a uma recompra pelo valor nomi-
nal das acções. A oferta representará
um investimento até 32,7 milhões de
euros.
O capital da Sport Lisboa e BenÆca
SAD é de 115 milhões de euros, repre-
sentado por 23 milhões de acções,
das quais 9,2 milhões da categoria A
(com privilégios previstos nos estatu-
tos), integralmente detidas pelo Ben-
Æca, e 13,8 milhões de categoria B,
dispersas por outros investidores.
A Sport Lisboa e BenÆca SGPS tam-
bém detém acções da categoria B,
pelo que a oferta incide sobre cerca
de 6,5 milhões de acções desta cate-
goria. A sociedade avança ainda que,
independentemente do nível de acei-
tação da oferta, não se aplique a aqui-
sição ou alienação potestativa das
restantes acções, o que signiÆca que
não Æca obrigada a lançar uma oferta
Luís Filipe
Vieira detém
753.615 acções,
que
correspondem
a cerca de 3,3%
do capital
pública de aquisição e que “não irá
requerer a perda da qualidade de
sociedade aberta (…), mantendo-se
assim as acções admitidas à negocia-
ção em mercado regulamentado
(Euronext Lisbon)”.
O presidente do clube da Luz, Luís
Filipe Vieira, detém 753.615 acções,
representativas de cerca de 3,3% do
capital, mas os direitos de voto destas
acções estão imputados à Sport Lisboa
e BenÆca SGPS. O mesmo se passa,
embora com participações mais redu-
zidas, com outros membros dos órgãos
sociais do clube. Estas e todas as acções
imputadas à SGPS não podem ser ven-
didas na presente OPA.
No prospecto da operação não é
avançada qualquer explicação para a
OPA, apenas é garantido que a SAD
continuará a ser dominada pela Sport
Lisboa e BenÆca SGPS, não resultan-
do qualquer alteração de domínio.
Mas um eventual reforço da partici-
pação directa na sociedade que
detém a equipa de futebol deixa a
sociedade liderada por Luís Filipe
Vieira em melhor posição para
enfrentar uma hipotética OPA hostil
ou mesmo uma oferta amigável.
rsoares@publico.pt

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46 • Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

DESPORTO

Alemanha cilindra depois do susto,

País de Gales garante última vaga
“Mannschaft” esteve a perder com a Irlanda do Norte, mas segurou lugar entre os cabeças de série com
um hat-trick de Gnabry. Holanda não deu hipóteses à Estónia nem a Portugal, com Wijnaldum em alta
RALPH ORLOWSKI/REUTERS

Euro 2020 CLASSIFICAÇÕES

Augusto Bernardino GRUPO C
Jornada 8
A última jornada da fase de qualiÆ# Alemanha-Irlanda do Norte 6-1
cação para o Euro 2020 revelou, Holanda-Estónia 5-0
ontem, o último dos 20 Ænalistas, J V E D G P
com o País de Gales a vencer (2-0) 1. Alemanha 8 7 0 1 30-7 21
2. Holanda 8 6 1 1 24-7 19
na recepção à Hungria (com bis de 3. Irlanda do Norte 8 4 1 3 9-13 13
Ramsey) e a garantir o segundo 4. Bielorrússia 8 1 1 6 4-16 4
lugar do Grupo E, acompanhando 5. Estónia 8 0 1 7 2-26 1
a vice-campeã mundial, a Croácia.
A noite das últimas decisões — ape- GRUPO E
Jornada 8
sar de faltarem ainda quatro selec- Eslováquia-Azerbaijão 2-0
ções, que sairão dos play-oè, para País de Gales-Hungria 2-0
completar o lote de 24 candidatos à
1. Croácia 8 5 2 1 17-7 17
sucessão de Portugal, actual cam-
2. País de Gales 8 4 2 2 10-6 14
peão da Europa — não trouxe surpre- 3. Eslováquia 8 4 1 3 13-11 13
sas substanciais, apesar da tentativa, 4. Hungria 8 4 0 4 8-11 12
frustrada, da Irlanda do Norte bara- 5. Azerbaijão 8 0 1 7 5-18 1
lhar as contas do Grupo C, anteci-
pando-se à principal candidata a GRUPO G
Jornada 10
preencher a sexta vaga destinada aos Macedónia do Norte-Israel 1-0
cabeças de série, no pote 1. Letónia-Áustria 1-0
Pressionada pela Holanda (que Polónia-Eslovénia 3-2

não deu hipóteses à Estónia, ven- J V E D G P

1. Polónia 10 8 1 1 18-5 25
cendo por 5-0), a Alemanha foi sur- 2. Áustria 10 6 1 3 19-9 19
preendida pelos norte-irlandeses, 3. Macedónia do Norte 10 4 2 4 12-13 14
que se colocaram em vantagem logo 4. Eslovénia 10 4 2 4 16-11 14
ao sétimo minuto, com um golo de 5. Israel 10 3 2 5 16-18 11
6. Letónia 10 1 0 9 3-28 3
Michael Smith, a aproveitar alívio
incompleto de Toni Kroos, que GRUPO I
gelou a Arena de Frankfurt. Até por- Jornada 10
que nesse momento a Holanda já Bélgica-Chipre 6-1
São Marino-Rússia 0-5
vencia, em Amesterdão, com um Escócia-Cazaquistão 3-1
golo de Wijnaldum (6’), vantagem
J V E D G P
rapidamente reforçada por Aké (19’) 1. Bélgica 10 10 0 0 40-3 30
— o médio do Liverpool assinaria o 2. Rússia 10 8 0 2 33-8 24
segundo hat-trick da noite, deixan- 3. Escócia 10 5 0 5 15-19 15
4. Chipre 10 3 1 6 15-20 10
do Boadu (87’) fechar as contas. Serge Gnabry foi a grande os cipriotas (6-1), havendo ainda a com os “diabos vermelhos”. 5. Cazaquistão 10 3 1 6 13-16 10
ConÆrmava-se, assim, quão remo- figura da goleada obtida pela registar um golo de Carrasco (44’) e Sem alterações possíveis, o Grupo 6. São Marino 10 0 0 10 1-51 0
ta era a possibilidade de Portugal Alemanha, ao apontar três um autogolo de Kypros (51’). Uma G conÆrmou a hegemonia da Poló-
poder subir um degrau e passar a golos à Irlanda do Norte avalanche que permitiu aos belgas nia, ao receber e vencer a Eslovénia
equipa de Ronald Koeman no estabelecerem o máximo de 40 (3-2), que viu a Macedónia do Norte
ranking dos melhores segundos tivamente ao dono do lugar no pri- golos marcado e apenas três sofri- bater Israel (1-0), terminando com
classiÆcados, pelo que a selecção meiro pote, com Goretzka a bisar dos, superando a marca da Itália a mesma pontuação, enquanto a
nacional estará, em deÆnitivo, no (73’) e Brandt a selar o 6-1, aos 91’. (37-4) e dividindo apenas o estatuto Letónia surpreendia a “vice” Áustria
pote 3. Também em ritmo de goleada — de defesa menos batida com a Tur- (1-0), alcançando a primeira vitória OS POTES DO SORTEIO
Nesse instante, a Alemanha caía igualmente consumada depois de quia. da qualiÆcação.
momentaneamente para o segundo uma entrada em falso —, a inatacável Os belgas tiveram um “vice” à altu- Mera curiosidade numa jornada Pote 1 Pote 3
pote, destino contrariado por Serge Bélgica, já com a situação comple- ra, já que a Rússia massacrou (0-5) crucial para o País de Gales, que Bélgica Alemanha Portugal Turquia
Gnabry, a grande Ægura da “Man- tamente deÆnida no Grupo I, teve a em São Marino, com a particularida- com o tal bis de Ramsey conquistou Inglaterra Itália Dinamarca Áustria
Espanha Ucrânia Suécia Rep. Checa
nschaft”, ao repor a igualdade (19’), tranquilidade necessária para dar a de de ter havido cinco marcadores o direito a disputar o Euro 2020,
desfeita por Goretzka (43’) ainda volta completa a um Chipre atrevi- diferentes: Kuzyaev (3’), Petrov (19’), deixando a Hungria resignada e
antes do intervalo. Os germânicos do, que ainda silenciou o Estádio Miranchuk (49’), Ionov (56’) e Komli- ultrapassada pela Eslováquia, que Pote 2 Pote 4
resolveram a questão nos primeiros Rei Balduíno, em Bruxelas, com um chenko (78’). Os russos já haviam em Trnava se impôs (2-0) ao Azer- Croácia Suíça Finlândia País Gales
15 minutos da segunda metade, com golo de Ioannou (14’). Benteke (16’ assegurado um lugar no pote 2, ten- baijão. Rússia Holanda + quatro selecções
França Polónia apuradas via play-off
Gnabry a completar o hat-trick (47’ e 68’) e Kevin De Bruyne (35’ e 41’) do terminado esta fase com 24 pon-
e 60’), encerrando aí a questão rela- bisaram e arrasaram por completo tos — perderam apenas os dois jogos augusto.bernardino@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019 • 47

DESPORTO
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Herbert e Mahut
também ganham
na Taça Davis

No Grupo E, o cazaque Mikhail

Ténis
Pedro Keul
Argentina bateu o Chile
por 3-0, em Madrid. Nuno
Borges brilha no Maia Open,
ao vencer pela primeira
vez num challenger
A França teve de recorrer aos “mes-
tres” Pierre-Hugues Herbert e Nicolas
Mahut para se estrear nas Davis Cup
Finals, em Madrid, com uma vitória
Julgamento decorre no Tribunal de Monsanto no Grupo A. A dupla francesa, cam-
peã nas ATP Finals, venceu os japo-
Kukushkin venceu Botic Van de
Zandschulp, mas o compatriota Ale-
xander Bublik perdeu com Robin
Haase. Juntos, deram a vitória ao
Cazaquistão sobre a Holanda, ao der-
rotarem Haase e Jean-Julien Rojer, por
6-4, 7-6 (7/2).
Na sessão da tarde, decorriam os
duelos Espanha-Rússia, Austrália-Co-
lômbia e EUA-Canadá.
No Complexo de Ténis da Maia,
decorre o terceiro torneio do Challen-
ger Tour disputado em solo portu-
guês. Ontem, Nuno Borges (616.º)
assinalou o regresso a casa, derrotan-
do Roberto Ortega-Olmedo (232.º),

Engano e incidente neses Ben McLachlan e Yasutaka

Uchiyama, por 6-7 (4/7), 6-4 e 7-5, mas
viu interrompida a série de 18 sets
por 6-1, 7-6 (11/9). “Estava muito ansio-
so, especialmente na parte final. Este
court, este clube, dizem-me muito”,

processual no julgamento ganhos, iniciada no Masters 1000 de

Paris e continuada em Londres.
Antes, Jo-Wilfried Tsonga (29.º)
afirmou o tenista maiato de 22 anos,
após a sua primeira vitória num qua-
dro principal de um challenger.

do ataque a Alcochete dominou Uchiyama (81.º), por 6-2,

nada com a incoerência foi a juíza
Sporting Sílvia Pires, que várias vezes desva-
Diogo Cardoso Oliveira lorizou o engano e pareceu sensível
ao argumento de Márcio Alves,
Advogado de um dos sobretudo quando o GNR lembrou
que, no dia do ataque — o mesmo da
arguidos apontou uma
elaboração do auto —, não dormiu.
inconformidade relativa “Nem dormi nessa noite e estive a
ao auto de notícia trabalhar no auto até dia 16 de
tudo, “redondo”. O militar foi ques-
tionado várias vezes acerca dos mes-
mos assuntos, facto que levou, até,
à intervenção da juíza, pouco agra-
dada com a insistência dos advoga-
dos nas mesmas questões.
Após a paragem para almoço, a
segunda testemunha, o militar da
GNR André Medinas, trouxe ao tri-
6-1, mas Gael Monfils (10.º) foi sur-
preendido por Yoshihito Nishioka
(73.º), que assumiu o estatuto de líder
da selecção devido à lesão de Kei
Nishikori e derrotou o número um
francês, por 7-5, 6-2.
No Grupo C, a Argentina bateu o
Chile (3-0), graças às vitórias de Gui-
do Pella, Diego Schwartzman — sobre
Nicolas Jarry e Cristian Garin — e do
par Max González/Leonardo Mayer.
Borges, que veio do circuito univer-
sitário dos EUA, defronta hoje o hún-
garo Attila Balazs (137.º), isento da
ronda inicial por ser um dos 16 cabe-
ças de série do Maia Open, o mesmo
acontecendo a Pedro Sousa (146.º) e
a João Domingues (192.º). O número
três luso, Frederico Silva (191.º), desis-
tiu de participar por lesão e no seu
lugar entrou Fábio Coelho (1423.º).
pkeul@publico.pt
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das detenções
A segunda sessão do julgamento do
ataque à Academia de Alcochete
ficou marcada por um incidente pro-
cessual que ameaça criar entraves à
análise da prova. Ontem, já o dia ia
longo, com várias horas de sessão no
Tribunal de Monsanto, em Lisboa,
quando os advogados de defesa dos
arguidos encontraram incongruên-
manhã. Se calhar pareceu-me que
ainda era dia 15.”
Menos sensível à justificação foi
Miguel Matias, advogado do arguido
Afonso Ferreira, que, seguido por
outros dois advogados, avançou com
um requerimento para a impugna-
ção do auto de notícia que relata os
factos do dia 15 de Maio de 2018 e
que justifica e atesta as detenções
efectuadas nesse dia.
LEILÃO
bunal alguns dados sobre o ataque.
“Quando chegámos à Academia, dis-
semos aos jogadores para aguarda-
rem para serem ouvidos, porque
estavam a queixar-se de agressões”,
afirmou, adiantando que se recorda
de ter falado com Rui Patrício, um
IMOBILIÁRIO
Oportunidades únicas em exclusividade
dos jogadores que “estava a acalmar
LEILOEIRA
AMI: 1827
mais os ânimos”. “Não me recordo
de que algum tivesse marca de agres- AUTO RIZADA
ETO-LEI 155/2015
DECR
são. Não digo, com certeza, que não DE 10 AGOSTO

cias no depoimento da última teste-
munha.
Márcio Alves, comandante da GNR
de Alcochete, assumiu ter assinado o
auto de notícia das detenções do dia
15 de Maio de 2018 sem ter, no entan-
to, conhecimento directo de toda a
informação nele constante — elabo-
rou-o em conjunto com outros ele-
mentos. Além disso, o militar afirmou
A resposta ao requerimento deve
chegar, segundo o advogado, ama-
nhã — próxima sessão do julgamento
—, mas, para Miguel Matias, que falou
aos jornalistas à saída do tribunal,
estes factos são, pelo menos, um cla-
ro enfraquecimento da acusação
elaborada pelo Ministério Público.
Houve, ainda, uma acusação do mes-
mo jurista, que disse terem existido
estava ninguém magoado, mas não
me recordo disso. O Patrício e o
Mathieu estavam calmos, mas outros
estavam mais inquietos e a quererem
ir embora e para o hospital.”
Questionado por Miguel Fonseca,
advogado de Bruno de Carvalho —
que pediu dispensa desta sessão do
julgamento —, o militar falou ainda
sobre as pessoas que encontrou na
PORTO 30 NOV Hotel Novotel Porto Gaia
15 H Rua Martir São Sebastião - Vila Nova de Gaia
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também ter assinado este documen-

to “no dia 16 ou 17”. Miguel Matias,
um dos advogados, “apanhou” o GNR
numa inconformidade, já que a assi-
natura do auto data de… dia 15.
Quem pareceu pouco impressio-
detenções ilegais a alguns arguidos.
Antes disto, já duas outras teste-
munhas tinham falado em tribunal.
A primeira, Tiago Mateus, também
GNR, foi alvo de um interrogatório
longo (mais de duas horas) e, sobre-
Academia, adiantando, a esse respei-
to, que crê ter visto Jaime Marta Soa-
res e Bruno de Carvalho nas instala-
ções, ainda que sem certezas.
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Quarta-feira, 20 de Novembro de 2019

BARTOON LUÍS AFONSO

CONSOANTE MUDA

Mudar de tempo: política e arte de José Mário Branco

escolhido atacar a direita e o acordeão, havia debaixo um “t” queriam que o rei tivesse esse veto, tem que ser cantada? E porque não
capitalismo em defesa do escrito mais discreto, que quando porque sempre assim tinha sido, falada, sussurrada, gritada? Tem de
individualismo, e não contra ele, lido transformava o “ser solidário” tornaram-se a direita. Os que ser uma coisa deste tempo? Porque
quando há tanta esquerda mais em “ser solitário”. Como quem queriam que o rei não tivesse esse não um poema de Camões, como
conhecida pela defesa do diz, quando tiver que ser, assim veto, porque por que raio não Mudam-se os Tempos, Mudam-se as
coletivismo. Na visão de José Mário será. É a sina da esquerda com poderia ser de outra maneira, Vontades (lá está a mudança de
Rui Tavares

E
ra o outono de 1991, naquela
época em que muda a hora,
um ano antes de Cavaco Silva
ter decidido mudar o fuso
horário do país. Estávamos
n’A Voz do Operário. José
Mário Branco sobe ao palco, não
para fazer um concerto, mas um
discurso de campanha eleitoral
num comício, o discurso mais
memorável que ouvi nessa noite.
Lembro, acima de tudo, uma
frase, um ex abrupto sobre a direita
e o capitalismo: “E eles ainda
dizem que são individualistas!”,
gritou José Mário Branco
exasperado, para depois gritar
duas vezes: “Os individualistas
somos nós, ouviram? Os
individualistas somos nós!”. Via-se
que aquilo que tinha acabado de
dizer era importante para José
Mário Branco porque o tom com
que o tinha dito foi quase de quem
nos diz: “Nunca se esqueçam
disto!”. E eu nunca me esqueci.
Pode estranhar a muita gente
que José Mário Branco tenha
Branco, o capitalismo era o
indivíduo tornado mercadoria,
forçado à rotina, à obediência, a
ser uma roda na engrenagem; a
direita era a tirania da tradição, da
hierarquia e da coerção pesando
sobre cada um de nós. Mas se não é
o indivíduo e o coletivo que
distinguem esquerda de direita,
então o que é? Creio que a resposta
pode ser cabalmente dada com
recurso a dois títulos de
obras-canções de José Mário
Branco: Ser Solidário, de 1999, e
Mudar de Vida, de 2007.
“Ser solidário” parece simples de
explicar porquê, se é este o
fundamento ético da esquerda,
embora muitas vezes esquecido — a
“fraternidade”, no lema liberdade,
igualdade, fraternidade, é sempre
o elemento mais importante e o
mais injustamente esquecido. Mas
ser solidário é mais difícil do que
parece, porque contém sempre em
si o germe de um desentendimento
entre o gesto e o jeito de o exprimir.
Por isso na capa de Ser Solidário,
escrita em negrito sob um retrato
de José Mário Branco tocando
paixão individualista: “Quem não
é capaz de dar a vida pela vida de
um amigo, está sozinho com os
outros e está sozinho consigo”.
E Mudar de Vida (onde estão as
palavras que citei no Æm do último
parágrafo)? Esse é, quanto a mim,
o critério decisivo. Em agosto de
1789, quando nasceram a esquerda
e a direita no início da Revolução
Francesa, o pomo da discórdia era
se o rei poderia ter um veto sobre
as leis feitas pelo povo. Os que
PEDRO CUNHA/ARQUIVO
foram a esquerda. No fundo, se há tempos e não é por acaso)? Tem de
uma visão do mundo que separam ser uma coisa ligeira? Porque não
a esquerda e a direita, há muito Queixa das Almas Jovens
mais uma visão do tempo que as Censuradas, de Natália Correia? Tal
divide. A direita tende a achar que como os poemas dos outros,
o tempo que passou deve ter um também as músicas dos outros
qualquer peso sobre o que vier a podem mudar de vida pelas mãos
passar, porque sempre assim foi, dele. A primeira vez que ouvi um
porque é natural que assim seja, então jovem fadista Camané, na
porque sempre há-de haver ricos e vila de Lajes do Pico, nos Açores, o
pobres. E a esquerda tende a apresentador disse: “Está aqui
insistir que atrás dos tempos porque o José Mário Branco
venham tempos, outros tempos aconselhou”. E alguma vez alguém
despertados por uma ideia de que ouviu pela primeira vez com
seja possível fazer as coisas de atenção os passos no saibro que
outra maneira. Ambas ideias José Mário Branco pôs em
plenamente justiÆcadas por éticas Grândola, Vila Morena e terá
e atitudes diferentes ou, se pensado “aqui está uma música
quisermos, por facetas diferentes com que começar uma revolução”.
da ética e da atitude de cada um. E assim José Mário Branco,
Ambas ideias que podem tornar-se compositor e produtor, que tantas
caricaturas ou até crimes de si vezes terá mudado o tempo às
mesmas, ou de nós mesmos. Mas músicas, acabou fazendo música
ideias inescapáveis na nossa que mudou os tempos ao país e a
modernidade. nós todos. Cumpriu com o seu
E na arte também. Uma música destino coletivo. Ele que era
popular é uma coisa com três individualista, nunca se esqueçam
minutos e um refrão? E porque não disso.
um monólogo de trinta minutos,
como FMI, de 1982? Uma canção Historiador

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