20 setembro

Finanças para não financeiros 9h30-18h00

Informações: Ana Bessa | Email: anabessa@grupovidaeconomica.pt | 223 399 427/00 | www.vebs.pt

Nº 1942 / 29 de julho 2022 / Semanal / Portugal FUNDADOR: João Peixoto de Sousa DIRETOR: João Luís Peixoto de Sousa

www.vidaeconomica.pt

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Litígios judiciais tendem a aumentar

Tribunal Constitucional obriga lojistas

a repor rendas nos centros comerciais
Pág. 16

Análise comparativa entre Lisboa, Porto, Faro e principais cidades europeias revela

Hotéis portugueses NESTA EDIÇÃO

SUPLEMENTOS
•
•
IMOBILIÁRIO
METAL

estão com preços acima ATUALIDADE

António Silva Tiago, presidente
da Câmara da Maia, afirma

da média europeia
Reforma do Estado passa
pela descentralização
de competências
Pag. 4

PRR reforçado
em 1600 milhões de euros
Pág. 3

• Faro e Porto têm preços Próxima edição

mais altos que Lisboa a 12 de Agosto e será
100% digital
À semelhança dos anos anteriores,
a Vida Económica irá publicar duas
edições durante o mês de agosto.
Este ano, as edições de agosto e de
2 de setembro serão 100% digitais,
contando com uma edição alargada.
Desta forma, assumimos o compro-
misso com os leitores de aumentar o
acesso aos canais digitais, facilitando
o acesso à informação.
A partir de 9 de setembro retomamos
as edições físicas em papel salmão
e digitais para consulta e leitura on-
Págs. 8 e 9 -line e off-line.
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JOÃO LOUREIRO CONSIDERA

Aumento das taxas de juro

era inevitável Pág. 5

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ADVOCACIA &
CONTABILIDADE
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2 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

ABERTURA

CONSULTÓRIO DE FUNDOS COMUNITÁRIOS FRANCISCO JAIME

QUESADO
Economista e Gestor
INVESTIR COM O PORTUGAL 2030 jaime.quesado@gmail.com

Recebi newsletters a anunciar a abertura do “Balcão dos Fundos”. Notei que já se mencionam apoios do Portugal 2030. Como
me candidato? A abordagem das relações estratégicas entre a Europa e
África passa cada vez mais pela identificação de desa-
Foi assinado no passado dia 15 de Produtiva, terá que o fazer ao pela empresa que o registou, fios e oportunidades em áreas centrais – nesse sentido,
julho o Acordo de Parceria entre o aviso imediatamente subsequente. respeitando a configuração e o a edição do prestigiado Fórum EurAfrican, que volta
Governo Português e a Comissão De ressalvar que o Registo de calendário apresentados, sem a reunir na SBE alguns dos principais protagonistas
Europeia, oficializando-se o início Pedido de Auxílio não dá lugar a prejuízo de alterações aceites da área institucional e política é um contributo de
do Portugal 2030. qualquer decisão, compromisso em sede de decisão sobre a excelência para esta agenda. Um momento alto antes
De momento encontra-se aberto de financiamento ou análise. Se a candidatura. de férias que mantém a rota da diplomacia inteligen-
o Registo de Pedido de Auxílio no empresa não submeter candidatura Aquando do Registo de Pedido de te – que o chairman do evento José Manuel Durão
âmbito do SI Inovação Produtiva e na sequência do registo do pedido Auxílio, será necessário prestar a Barroso sempre soube protagonizar – como uma prio-
não as candidaturas aos avisos no de auxílio, este fica sem efeito, seguinte informação: ridade central para o futuro.
âmbito do Portugal 2030. Espera- sem quaisquer outras obrigações. 1. Identificação e dimensão da
se que a sua abertura esteja para O atual Registo de Pedido de empresa;
breve, mas tal não significa que as Auxílio é válido para qualquer 2. Descrição dos objetivos do
empresas tenham de congelar os umas das tipologias do SI projeto; ECONOMIA MAIS 
seus investimentos. Inovação Produtiva: 3. Localização dos investimentos,
O pedido de auxílio é um 1. Criação de um novo com sinalização específica
MOBILIDADE XXI - Numa recente conferência
processo de pré-candidatura e estabelecimento. de localização nos territórios
internacional sobre os desafios da mobilidade, vá-
foi implementado para que as 2. Aumento da capacidade de um de baixa densidade, para
rios gestores defenderam uma posição clara sobre
empresas possam dar início aos estabelecimento já existente. identificação de futuras
a importância que a aposta numa mobilidade in-
seus investimentos sem esperar 3. Diversificação da produção dotações a alocar neste
teligente terá cada vez mais no futuro. Seja na área
pela abertura dos concursos. de um estabelecimento âmbito;
automóvel, seja na aviação, cada qual no seu con-
Desta maneira, as empresas para produtos não 4. Calendarização do
texto, será mais do que nunca importante reforçar
podem aproveitar oportunidades e produzidos anteriormente no investimento (com data de
o papel da inovação na procura de novas soluções
necessidades de investimento e, estabelecimento. início e de fim dos trabalhos);
que vão de encontro às expectativas das diferentes
ao mesmo tempo, assegurar que 4. Alteração fundamental do 5. Quadro de investimentos.
comunidades.
esses investimentos não são postos processo global de produção O Registo de Pedido de Auxílio no
de parte como possivelmente de um estabelecimento âmbito do SI Inovação Produtiva “CLUSTERS” MAIS - A Comissão Europeia
inovadores e elegíveis no âmbito existente. pode ser solicitado até à abertura tem vindo a destacar o papel crescente que os clus-
dos Quadros Comunitários. De momento o Registo de Pedido do concurso ao SI Inovação ters nacionais começam a ter na qualificação de
O projeto de investimento só pode de Auxílio está apenas disponível Produtiva (já ao abrigo do Portugal uma agenda competitiva centrada no valor e fo-
ser iniciado após a apresentação para as PME, de qualquer 2030). cada nos mercados globais. Uma nota muito po-
do pedido de auxílio. natureza e sob qualquer forma sitiva, mesmo a propósito da implementação da
Posteriormente, caso a empresa jurídica, localizadas em Portugal nova estratégia industrial europeia, que pretende
WWW.SIBEC.PT
decida candidatar esse Continental. SIBEC@SIBEC.PT dar passos importantes para a dinamização da tran-
investimento ao SI Inovação O pedido só pode ser utilizado 228 348 500
sição digital e da agenda da sustentabilidade como
fatores de mobilização empresarial. 

euros, em dois anos, que INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - A recente

Nesta edição Imprensa resulta do novo imposto realização de vários eventos de referência na área
EM REVISTA sobre os setores bancário digital é a demonstração de que com uma apos-
e energético. É muito ta certa ao nível da inovação tecnológica se con-
possível que acabe por ser seguirão manter competitivos os vários “clusters”
transposto para o cliente da nossa economia. As plataformas tecnológicas 
e, portanto, será o cidadão assumem-se como uma verdadeira área estratégica
Economia alemã cresce a acarretar com a nova
tributação.
de encontro entre todos os atores que respondem
menos do que o esperado
O Ministério das Finanças a  um contexto de perceção inteligente das tendên-
A economia alemã deverá cias dinâmicas de mercados globais cada vez mais
crescer a um ritmo mais remete para a legislação que
acompanhará a nova figura, competitivos e exigentes.
lento no terceiro trimestre
do que o previsto, de acordo em que é proibido por lei
com as mais recentes que se repercuta o imposto
previsões do Bundesbank. sobre os clientes.
E deverá defrontar-se com
um novo agravamento da ECONOMIA MENOS

05 10 14
Atualidade Atualidade Mercados inflação em setembro. Estados Unidos procuram
Aumento O meu Atividade A Alemanha, como todos os dar resposta à procura de RECURSOS HUMANOS - Um recente estudo
das taxas de juro decálogo internacional impulsiona países europeus, defronta-se gás liquefeito duma conhecida consultora põe a tónica em alguns
era inevitável de felicidade contact centers em com o aumento dos preços fatores críticos para a retoma da nossa economia. 
Os cortes nos fornecimentos
para jovens Portugal da energia, em resultado Entre os vários fatores analisados, de destacar os
de gás russo à Europa
dos fornecimentos de gás recursos humanos, críticos para a competitivida-
Atualidade.....................Pág, 03 Fiscalidade.................... Pág. 13 estão a impulsionar uma
da Rússia. Para o trimestre de das sociedades e economias – no caso do nosso
corrida global dos aliados
PRR reforçado em 1600 IRC e encargos em curso, o crescimento
dos Estados Unidos para país, a trajetória mantida a este nível tem sido mui-
milhões para financiar agendas não dedutíveis
do PIB previsto é mais
assegurar as exportações de to lenta e insuficiente para diminuir o “gap” exis-
lento, comparativamente
mobilizadoras gás americanas. É um teste tente face aos países mais desenvolvidos da União
Mercados...................... Pág. 16 às estimativas do banco
ao país para dar resposta Europeia.
de junho. A estimativa de
Opinião......................... Pág. 06 Estados Unidos: recessão no ao rápido crescimento da
crescimento para o terceiro
O inverno está a chegar horizonte? procura. O PAPEL DA LOGÍSTICA - A logística é hoje,
trimestre não é pública, mas
Tudo aponta para a
para este ano é esperada cada vez mais um dos fatores mais relevantes ao
Internacional.................Pág. 07 Mercados....................... Pág. 17 possibilidade de os
uma taxa de 1,9%. nível da atividade económica, sendo determinante
fornecimentos de gás russo
Estados Unidos cada vez mais Versatilidade tecnológica para a não voltarem aos níveis em sede de ação ao nível da gestão das expectativas
perto da recessão construção civil anteriores ao conflito. A das exportações e do investimento. Apesar dos es-
Europa tem procurado forços realizados nos últimos anos, continuamos a
Internacional................ Pág. 07 Automóvel.....................Pág. 20 Governo espanhol admite alternativas e os Estados ter manifestas insuficiências ao nível da articulação
dificuldades no imposto Unidos estão na linha da
Inflação vai aumentar mais do que Volvo Cars mantém estabilidade entre algumas das plataformas logísticas do nosso
sobre a banca frente. As importações
o esperado nas receitas país – com particular destaque para os portos –,
O Governo espanhol admite de gás natural liquefeito o que provoca em muitos casos respostas menos
PME................................ Pág. 11 Suplemento Imobiliário .Pág. IV que será muito complicado dos Estados Unidos, entre qualificadas ao nível das expectativas económicas.
que a banca acabe por março e junho, mais do
A nossa realidade Reabilitação do Bolhão custou reservar para si o encargo que duplicaram, face a igual
agrícola 50 milhões de euros de três mil milhões de período do ano passado. ENSINO SUPERIOR - A distribuição, ao nível
do país, das universidades e institutos politécnicos
continua a pautar-se por uma falta de racionalida-
de e eficiência operacional, continuando a existir
EDITOR E PROPRIETÁRIO Vida Económica Editorial, SA Rua Gonçalo Cristóvão, 14 RC * 4000-263 Porto: • NIF: 507258487 • DETENTORES DE MEMBRO DA TIRAGEM A PRESENTE EDIÇÃO TEVE várias situações de redundância ao nível da oferta
5% OU MAIS DO CAPITAL DA EMPRESA: João Carlos Peixoto de Sousa - 57,14%; Jornal Fiscal, Lda. - 20,00%; João Luís Marinho Peixoto EUROPEAN
de Sousa - 5,71%; Miguel Gil Marinho Peixoto de Sousa - 5,71%; Paulo Alexandre Marinho Peixoto de Sousa - 5,71% • ADMINISTRAÇÃO: BUSINESS PRESS
CONTROLADA
PELA:
UMA DISTRIBUIÇÃO TOTAL de cursos e da competição pela captação de alunos
João Luís Peixoto de Sousa • DIRETOR: João Luís Peixoto de Sousa • REDAÇÃO Virgílio Ferreira (Chefe de Redação), Adérito Bandeira, Guilherme DE 104.180 EXEMPLARES,
Osswald, Rute Barreira e Teresa Silveira; E-mail agenda@grupovidaeconomica.pt; PAGINAÇÃO Célia César, Flávia Dias e Mário Almeida; • SEDE INCLUINDO A CIRCULAÇÃO em diferentes mercados. Trata-se duma situação
DA REDAÇÃO: Rua de Gonçalo Cristóvão, 14 RC, 4000-263 Porto. - Tel. 223 399 400. Fax. 222 058 098 • ESTATUTO EDITORIAL: EM PAPEL E DIGITAL que exige medidas de intervenção, de forma a po-
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RC 4000-263 Porto - Tel 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail: comercial@grupovidaeconomica.pt; • ASSINATURAS Tel 223 399 400 TAXA PAGA der estruturar plataformas de atuação competitiva
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Apartado 1121, 4471-909 Maia. - Telf: 229 411 085 Fax: 229 485 631 DISTRIBUIÇÃO VASP, SA - Cacém • E-mail geral@vasp.pt • Tel
Registo na D G C S nº 109 477
• Depósito Legal nº 33 445/89 • ao nível das áreas estratégicas de aposta para o fu-
ISSN 0871-4320 • Registo do ICS
214 337 000 - Fax 214 326 009 nº 109 477 turo da nossa economia.
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 3
ATUALIDADE
PRR reforçado em 1600 milhões
para financiar agendas
mobilizadoras
Os primeiros 13 contratos
das Agendas Mobilizadoras
para a Inovação Empresarial,
que têm na sua base projetos
em consórcio de empresas
e entidades científicas e
tecnológicas nos setores
agroalimentar, de biotecnologia
e de mobilidade elétrica,
lançados no âmbito do Plano
de Recuperação e Resiliência
(PRR), foram assinados em
Lisboa.
Foram selecionados 51 consórcios (dos
64 que avançaram para a fase de nego-
ciação), compostos por 1226 entidades,
incluindo 933 empresas, 60% das quais
PME, e 111 entidades do ensino superior
e do sistema científico ou tecnológico.
As agendas mobilizadoras tinham um
orçamento inicial de 930 milhões de
euros, a que acresciam 2300 milhões de
euros de empréstimos. Mas como nos
64 consórcios apresentados a concurso o
máximo de elegibilidade atingia os três
mil milhões de euros (três vezes mais do
que a versão conservadora inicialmente
tinha previsto), o Governo reforçou o
programa com 1600 milhões de euros,
entretanto, acrescentados ao PRR, de
forma a não agravar o endividamento do
país.
Segundo afirmou o ministro da Econo-
mia e do Mar, António Costa Silva, du-
rante a assinatura dos contratos, as agendas
Mobilizadoras são o “elemento mais em-
blemático do PRR, que pode conduzir à
transformação do perfil da economia por-
tuguesa, criando setores exportadores de
alta tecnologia”.
Na perspetiva do Primeiro-Ministro
António Costa, será importante realizar
encontros com caráter anual, para fazer o
Agenda Jurídica 2023
-20%
DESCONTO
Brevemente disponível em várias cores
Portugal antecipa prazo dado pela União Europeia em seis meses.
Máximo de elegibilidade
nos consórcios era três vezes
superior ao previsto
ponto da situação destes projetos, que de-
vem ser, por imposição do PRR, concreti-
zados até ao fim do ano 2026.
“Este exercício é muito importante não
só para reforçar a responsabilidade dos
próprios mas também para reforçar a con-
fiança daqueles que, como eu, temos de
responder pela utilização das verbas que a
União Europeia nos disponibilizou, e para
reforçar a confiança que a União Europeia
tem na capacidade do país e do seu tecido
Campanha Pré-venda
até 31 agosto
Governo cria comissão para a sustentabilidade
da Segurança Social
Foi publicado em Diário da República o despacho referente à criação da comissão para a sus-
tentabilidade da Segurança Social. Refere o diploma: “O objetivo da comissão consiste na rea-
lização de um livro verde para a sustentabilidade do sistema previdencial, em concreto no que
respeita à vertente das pensões.” O relatório final da comissão deverá ser apresentado ao Go-
verno até ao final de junho do próximo ano.
empresarial e do seu tecido científico exe-
cutarem este projeto tão transformador”,
disse António Costa durante a cerimónia,
em que participaram também as ministras
da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
Elvira Fortunato, da Saúde, Marta Temi-
do, e da Coesão Territorial, Ana Abrunho-
sa.
Costa Silva sublinhou que a assinatura
dos primeiros contratos das Agendas Mo-
bilizadoras para a Inovação Empresarial foi
realizada “com seis meses de antecedência”
em relação ao prazo estabelecido entre o
Governo e a Comissão Europeia.
Até 2030, as agendas mobilizadoras de-
verão contribuir para o aumento das ex-
portações de bens e serviços, bem como do
investimento em I&D e para a redução das
emissões de CO2.
Encomende
já a sua
Mercado de trabalho
e receios da inflação
aumentam salários
Os empregadores portugueses estão a
planear aumentar em média 3,2% os seus
orçamentos para aumentos salariais em
2023, à medida que se debatem com um
mercado de trabalho desafiante e com as
expectativas dos colaboradores em torno
da inflação, de acordo com uma pesquisa
da WTW, empresa de consultoria,
corretagem e soluções.
O mais recente Relatório “Salary Budget
Planning” da WTW revela que o aumen-
to salarial está acima dos 2,4% de inflação
previstos para 2023 e é superior ao aumen-
to médio de 3% dos orçamentos salariais
apresentados em 2022.
As empresas portuguesas
estão sob pressão
para fazer mais em termos
salariais
A pesquisa revela, também, que as em-
presas portuguesas estão sob pressão para
fazer mais em termos salariais. Mais de um
terço (36%) das organizações constatou
que o seu orçamento salarial é, atualmente,
mais elevado do que o previsto. E a mesma
percentagem (36%) também afirmou que
tem de ou que irá aumentar a frequência
com que reveem os salários. Entre estes,
98% têm de ou irão rever os salários duas
vezes por ano.
Existem três razões fundamentais para
o aumento dos orçamentos: 57% dos em-
pregadores citaram preocupações sobre
um mercado de trabalho mais restrito,
56% referiram receios sobre a inflação e
43% disseram que os seus colaboradores
tinham expectativas e preocupações a que
precisavam de responder.
“O clima económico desafiante e o
avanço de novas formas de trabalho estão a
forçar as organizações a manterem-se aten-
tas aos orçamentos salariais. As que não o
fizerem não vão ser competitivas, perderão
os seus colaboradores e terão de lutar mais
para os substituir”, afirma Sandra Bento,
Associate Director – Rewards Data Intelli-
gence, WTW Portugal.
PUB
Líder do
mercado
Desde 1996
4 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

ATUALIDADE

ANTÓNIO SILVA TIAGO

Presidente da Câmara
Municipal da Maia

O poder descentralizado

S “
ou, com sólida convicção cívica e
política, um institucionalista e, em
coerência com esse princípio, procuro
gerir com toda aa parcimónia as minhas
intervenções no espaço público, por
forma a respeitar o estatuto e a missão das
instituições que sirvo e com as quais, no
exercício das minhas funções autárquicas,
me relaciono. É em obediência a essa
minha convicção que tenho tratado dos
assuntos da descentralização/transferência
de competências focando-me no estudo
dos diversos dossiers que tenho em cima da
minha mesa, chamando para esse trabalho
de casa as pessoas certas que podem ajudar
afundamento que o empurra para a cauda
da Europa se a reforma do Estado significar
uma distribuição multinível do poder,
alicerçada numa claríssima definição de
funções e competências que cabem a cada
nível, quais os seus territórios de atuação e a
forma de legitimação democrática dos seus
órgãos.
É, para mim, também muito claro que os
recursos das finanças públicas têm que ser
afetados aos diferentes níveis de poder, de
forma adequada e justa, aplicando critérios
exigentes e rigorosos que permitam avaliar
com transparência a eficiência e eficácia na
gestão responsável desses recursos.
vantagens e inconvenientes, que carecem
de uma ponderação e temperança na hora
de fechar a negociação e de a comunicar
publicamente.
A transferência de competências nas áreas
da educação, saúde e desenvolvimento social
A transferência de
é, efetivamente, um enorme desafio para o competências nas áreas
poder local. Um desafio que será vencido da educação, saúde
com a ajuda do conhecimento mais sólido
da realidade e da relação de proximidade e desenvolvimento
com as comunidades, sem embargo de social, é efetivamente
enfrentar dificuldades que, manifestamente,
não se reduzem ao financiamento, posto que um enorme desafio
a questão dos recursos humanos representa para o poder local
igualmente um desafio imenso.

a delinear as melhores estratégias e a
equacionar as melhores soluções, mas que
também têm ajudado a construir uma visão
integrada sobre todas as implicações políticas
que a acomodação das competências
transferidas traz ao Município da Maia.
Entendo a descentralização de competências
como a primeira fase da tão necessária,
reforma do Estado. E esta é uma fase
em que, inevitavelmente, o poder local
vai ser posto à prova, tendo agora uma
oportunidade de demonstrar a sua
competência política para, mais tarde
ou mais cedo, abraçar o desafio da
regionalização. Portanto, não pode falhar.
Considero que Portugal só poderá fugir ao
Creio que o processo em curso tem virtudes
e defeitos, sendo imperioso manter o diálogo
institucional entre o poder central e o poder
local, no sentido de garantir não apenas a
equidade e subsidiariedade necessárias à
promoção da coesão territorial do país, mas
sobretudo a mitigação dos naturais impactos
organizacionais, económicos e financeiros
que podem abalar estruturalmente os
alicerces do poder autárquico nalguns
municípios.
O diálogo, ou, se quisermos, a negociação
feita em público não permite a melhor
gestão das tensões e expetativas, posto
que nesse diálogo negocial é preciso
trazer ao debate, de forma crua e objetiva,
Como qualquer processo político,
a descentralização/transferência de
competências não está, nem pode, ser dada
por concluída, sendo necessário ainda
expurgar algumas ambiguidades, clarificar
aspetos que carecem de melhor definição
e, não tenho dúvidas sobre isso, ajustar o
modelo, no que for possível, às caraterísticas
territoriais, demográficas, económicas e
sociais de cada autarquia, e estabelecer
canais dedicados que facilitem o diálogo e
a cooperação institucional entre os diversos
níveis de poder e de administração da coisa
pública.
Numa sociedade livre e democrática, o
papel da opinião pública assume uma
”
relevância crítica, razão pela qual deve ter
acesso a uma informação de qualidade,
simples, verdadeira e esclarecedora, sendo
responsabilidade dos eleitos evitar o ruído e
uma utilização do espaço público que não
seja para prestar contas do trabalho que se
faz em sede própria e dos avanços que se vão
conquistando pela via do diálogo negocial.
Por fim, deixo para os historiadores a
explicação de que este processo representa,
de algum modo, a devolução aos municípios
portugueses de funções e competências que
outrora já lhe estiveram confiadas.

20 setembro
14h30-17h30

O compliance officer é uma

figura que tem vindo a ganhar
cada vez mais relevância dentro
O Papel do Compliance Officer
do tecido empresarial português.

Compreender a importância PROGRAMA

e o papel do Compliance
Officer dentro da estrutura 1 - Governança corporativa 4 - O dia-a-dia do compliance officer
organizacional. - Um Círculo virtuoso - Planeamento
- O papel dos órgãos sociais, comités, gestão de topo e - Enquadramento regulatório interno (Códigos, Políticas,
funções de controlo Procedimentos, Regulamentos, Comunicação Interna)
- As três linhas de defesa - Controlo
FORMADORA - Identificação, gestão e mitigação de riscos
- Reporting - Formação
Lara Reis 2 - Os vários “chapéus” do compliance
Chief Compliance Officer | DPO
officer
5 - Impacto da evolução digital na função
de compliance
3 - O que se espera do compliance officer
- Conhecimento do negócio
- Navegar entre interesses conflituantes de stakeholders
- Conhecimento técnico / regulatório
- Antecipação de desenvolvimentos e eventos futuros

PREÇOS
Público Geral: €75*
Assinantes: €65* Informações/Inscrições Ana Bessa (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.
* Acresce IVA a taxa em vigor Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | 223 399 427/00 | Email: anabessa@grupovidaeconomica.pt | www.vebs.pt
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 5

ATUALIDADE

Concursos de obras públicas promovidos caem 19%
O volume de concursos de concursos de empreitadas de obras públicas promovidos atingiu os
1,775 mil milhões de euros, no primeiro semestre, menos 19% do que em igual período do
ano passado, refere a AICCOPN. Por sua vez, foram celebrados contratos de pouco mais de mil
milhões de euros, o que se traduziu numa quebra homóloga de 51%. Os concursos públicos
ascenderam a 799 milhões, enquanto os ajustes diretos se ficaram pelos 194 milhões.
Acesso ao ensino superior público aumenta vagas
O Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior Público disponibiliza um total de 54 361
vagas, o que se traduz num aumento de 2,6% face ao número de vagas inicialmente disponi-
bilizadas no ano anterior. O prazo de candidatura à 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao
ensino superior público decorre até 8 de agosto, informa o Ministério da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior.

JOÃO LOUREIRO CONSIDERA

Aumento das taxas de juro era inevitável

A subida da inflação tornou
inevitável o aumento das taxas
de juro por parte do BCE.
Esta é a convicção de João
Loureiro, professor associado
da Faculdade de Economia
do Porto e docente da Porto
Business School.
Segundo o mesmo responsável,
o BCE “esperou demasiado
tempo” até tomar aquela
decisão. “O facto de reagir um
pouco tarde pode fazer com
que a inflação persista durante
mais tempo”, acrescenta.
Admitindo existir um risco de
estagflação da economia, João
Loureiro entende também que
a recessão poderá vir a ser um
mal necessário.
VIRGÍLIO FERREIRA
virgilioferreira@grupovidaeconomica.pt

Vida Económica – Em Portugal, que

“Se houvesse um problema de confiança relativamente à dívida pública portuguesa, tal contagiaria o sistema bancário e, por essa via, toda a econo-
fatores explicam a subida da inflação?
mia”, afirma João Loureiro.
João Loureiro - O que explica o com-
portamento da inflação em Portugal são os
mesmos fatores que explicam a tendência VE – Considera que a subida das taxas Impacto nos mercados Economia corre o risco
ascendente da inflação a uma escala glo- de juro é mesmo inevitável? da dívida pública atrasou de estagflação
bal. São eles o agravamento dos custos de JL - Sim, face à evolução da taxa de in- decisão do BCE
produção, nomeadamente da energia e de flação, é inevitável. VE – Numa entrevista recente ao nos-
outras matérias-primas, como é o caso dos VE – Por que tardou o BCE a alterar a so jornal, Teixeira dos Santos alertou
cereais. Também alguns estrangulamentos VE - Nesse cenário, de aumento das sua política monetária? para o risco de estagflação. Acredita
nalgumas cadeias de produção estão a ter taxas de juro, a recessão poderá vir a ser JL - Outros bancos centrais reagiram nesse risco?
impacto nalguns preços de bens de consu- um mal necessário? mais cedo e com mais intensidade. Foi o JL - Esse risco existe. O aumento da taxa de
mo. Acresce ainda o dinamismo de alguns JL - Sim, o inevitável aumento das taxas caso da Reserva Fe- inflação faz com que
tipos de procura que estiveram fortemente de juro pode ter um impacto negativo so- deral dos Estados o poder aquisitivo
condicionados durante a fase mais crítica bre a atividade económica. Unidos. No caso das famílias diminua,
da pandemia, como é o caso das atividades do BCE, ou terá isto é, com o mesmo
ligadas ao turismo. Finalmente, a depre- VE – Que riscos se correria se o BCE havido um erro de “BCE demorou algum dinheiro, as famílias
ciação cambial do euro face ao dólar faz adotasse uma estratégia “wait and see”? avaliação ou receios tempo a reagir ao aumento passam a comprar
com que algumas importações dos países JL - O BCE demorou algum tempo a rea- acerca do impacto uma menor quanti-
da Área do Euro, quando convertidas para gir ao aumento da taxa de inflação, o qual que a alteração da da taxa de inflação” dade de bens e servi-
moeda nacional, tenham visto o seu preço passou a ser notório no segundo semestre política monetária ços. Em cima disso,
agravado. de 2021 e se acentuou poderia ter sobre os o aumento das taxas
bastante nos meses de- mercados de dívida de juro é também
VE – O BCE optou corridos de 2022, em pública de alguns países bastantes endivi- penalizador. Imagine-se uma família que paga
por subir as taxas de particular a partir de dados. uma mensalidade a um banco por via de um
juro. Existem outros “O risco de estagflação fevereiro, com a invasão empréstimo que fez no passado para comprar
mecanismos para con- existe” da Ucrânia. Penso, pois, VE - Os juros da dívida pública estão casa. A mensalidade que paga irá aumentar e,
ter a inflação? que esperou demasiado a subir em todos os prazos. Que conse- por conseguinte, irá sobrar menos dinheiro
JL - O Tratado da tempo a ver como evo- quência trará esta situação para Portu- para comprar bens e serviços.
União Europeia atribui luía o comportamento gal e para a economia portuguesa?
ao BCE a responsabili- dos preços, sempre com JL - No imediato, o impacto sobre a des- VE – É impossível consultar a bola de
dade de garantir a estabilidade dos preços o desejo secreto de que se tratasse de uma pesa pública em juros será limitado, pois cristal para ver o futuro, mas o que seria
da Área do Euro. Para o BCE, a gestão das situação temporária/transitória. Infeliz- as novas emissões nos próximos meses não desejável que viesse a acontecer?
taxas de juro diretoras do euro é o principal mente, não é o caso, pelo que teve mesmo são de tal forma expressivas que alterem JL - Que terminasse a guerra na Ucrânia, e
instrumento de que dispõe para ancorar a que começar a atuar. O facto de reagir um significativamente a taxa de juro média da que tal levasse à normalização de alguns mer-
taxa de inflação. Claro que tem instrumen- pouco tarde pode fazer com a inflação per- dívida que está colocada. No entanto, se cados de matérias-primas. O desaparecimento
tos adicionais, como seja a quantidade de sista durante mais tempo, já que é muito houvesse um problema de confiança rela- da pandemia do Covid e o fim das restrições
euros que coloca em circulação, através provável que o fenómeno que observamos tivamente à dívida pública portuguesa, tal dela decorrente (nesta altura, em particular, na
dos vários mecanismos de que dispõe para venha a ser alimentado pelo aumento dos contagiaria o sistema bancário e, por essa China) contribuiria também para a normali-
o efeito. salários nominais. via, toda a economia. zação de algumas cadeias de produção.
6 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022
ATUALIDADE/Opinião
Comissão derroga regras de política agrícola
A Comissão Europeia propôs uma derrogação temporária a curto prazo das regras sobre rota-
ção de culturas e manutenção de características não produtivas em terras aráveis. O impacto
desta medida dependerá da escolha dos Estados-Membros e dos agricultores, mas maximizará
a capacidade de produção da União Europeia de cereais destinados a produtos alimentares.
Bruxelas estima recuperar 1,5 milhões de hectares de produção.
A
saga da “Guerra dos Tronos”,
que popularizou a obra de
George R.R. Martin, celebrizou
uma frase que vai muito para lá do
seu significado mais imediato: “o
inverno está a chegar”, que não é
apenas sobre a sucessão das estações
do ano, mas possuía outras leituras,
para quem seguia o enredo da obra,
e que significava que tempos bem
mais difíceis, senão mesmo extremos,
estavam prestes a vir, capazes de
mudanças dramáticas, talvez até
definitivas.
Este nível de leitura pode também ser
transposto para a realidade que todos
hoje vivenciamos, apesar de a maioria
estar alheada, por simples inconsciência
ou deliberadamente, da conjuntura
que nos cerca, preferindo o calor do
Verão que vivemos e os “fait divers”
que fazem a “silly season”, em que as
férias nos mergulham, tornando-nos
em indefetíveis “cigarras”, em constante
negação face a um entorno que se
vai ensombrando, preferindo evitar
pensar no futuro, que, unanimemente,
tememos vir a ser bem pior.
O “inverno” não tardará aí e já deu
mostra dos seus primeiros sinais. A
inflação está descontrolada, as taxas
de juro já começaram a subir e vão
subir mais ainda, o que significa mais
empobrecimento, mais dificuldade em
pagar os empréstimos para a casa ou
O metaverso e como o vamos construir juntos!
A
o longo da história, a tecnologia
tem vindo a invadir as nossas vidas,
proporcionando-nos o poder de nos
expressarmos e experimentarmos o mundo
com uma riqueza cada vez maior. Quem
não se lembra do famoso mIRCi criado em
meados da década de 90, onde era possível
conversar com milhões de pessoas em
todo o mundo? E que sensação de prazer
nos dava a possibilidade de conversar
através de mensagens de texto com o
desconhecido! Sentíamos que podíamos
conquistar o mundo apenas com o nosso
teclado! Alguns spoilers podem achar
que, mesmo à data, esta expressão seria
um pouco exagerada. Então o que dirão
atualmente com as novas tecnologias
de que dispomos?! Desde essa época
temos vindo a vivenciar uma evolução
tecnológica vertiginosa. O surgimento e a
proliferação das redes sociais, a utilização
de telemóveis cada vez mais sofisticados e
a possibilidade de aceder à internet para
partilha de conteúdo tornou tudo muito
PAULO VAZ
Jurista e Gestor
O inverno está a chegar
para o consumo, a guerra irá prolongar-
se por longos meses e quando o
primeiro frio do outono meteorológico
fizer lembrar que, possivelmente, haverá
cortes reais de gás no abastecimento,
obstando ao conforto das famílias e à
produção nas empresas fabris, haverá
certamente movimentos de recuo nas
opiniões públicas, que questionarão as
sanções à Rússia e deixarão os infelizes
dos ucranianos sem suporte, sem
simpatia e sem misericórdia.
Não deixa de ser significativo que o
“inverno russo”, o “general inverno”,
como lhe chamava Napoleão e que o
fez retirar às portas de Moscovo, com
pesadas baixas e uma indisfarçável
derrota, que repetiu a mesma façanha
contra as tropas nazis, desbaratando a
frente leste e precipitando a “débacle”
de Hitler, se apresente agora com outra
roupagem, agora não defendendo o
território invadido da Rússia, mas
projetando-se no condicionamento da
resistência da Ucrânia e de quem os
apoia, pois a Europa não conseguiu
encontrar ainda alternativas à
dependência energética russa, sendo
a próxima estação fria um verdadeiro
desafio às lideranças que vão restando
na União Europeia.
Embora Portugal não se encontre
na primeira linha para enfrentar as
provações do inverno sem gás para o
conforto doméstico, a sua indústria
BRUNO MIGUEL VIEIRA
Coordenador da Pós-Graduação em Digital
Marketing Strategy
Coordenador do Curso Técnico Superior
Profissional Gestão de Marketing Digital
mais visual. Recentemente, à medida
que as ligações à internet ficaram mais
rápidas, o vídeo tornou-se a principal
forma de partilhar e aceder ao conteúdo
online. Passámos do desktop para a web
e para os smartphones, do texto para as
fotos e para o vídeo, mas este não é o
fim da linha, naturalmente. A tecnologia
que se segue será ainda mais imersiva
onde não estaremos apenas observar a
experiência, mas sim a vivê-la de forma
mais intensa e integrada. Acredita-se
que esta tecnologia será o sucessor da
internet móvel. Seremos capazes de nos
sentir presentes, como se estivéssemos
ali com as pessoas, não importa o quão
distantes estejamos. Seremos capazes de
nos expressar de maneiras novas, alegres
e completamente imersivas. E isso vai
desbloquear muitas novas experiências
incríveis. Certamente já leu ou ouviu a
sua designação: metaverso. Vivemos um
momento em que toda a sociedade fala do
metaverso em todo o lado e enquadrado
IGCP autorizada a emitir dívida pública
Foi publicado em Diário da República o diploma que autoriza o IGCP a emitir dívida pú-
blica, de acordo com os limites definidos no Orçamento do Estado, sendo delegada no mi-
nistro das Finanças a competência para “anular ou reduzir os montantes autorizados, mas
não colocados, de alguma ou algumas das formas de representação de empréstimos públicos
e aumentar, no mesmo valor, os montantes autorizados para outra ou outras dessas formas”.
não escapará à pressão da escassez
e do preço, não se vendo como
poderão muitas empresas continuar
a aguentar a fatura, correndo
mesmo o risco de encerrar. Com a
indústria transformadora em “stress”
insuportável, serão vários os “clusters”
económicos nacionais que poderão ficar
desintegrados, incapazes de competir, de
exportar e de sobreviver, lançando para
o desemprego enormes contingentes
de desempregados. Tudo isto parece
ficção científica quando escutamos a
retórica do Governo, em que sublinha,
com delírio demagogo, que vamos ter o
maior crescimento económico da União
Europeia em 2022 e que o desemprego
atingiu a taxa mais baixa deste século.
É o regresso da habitual narrativa do
“oásis”, que convence os incautos – e
ainda há muitos! –, que o país tem a
sorte de ser gerido por líderes superiores,
que conseguem que Portugal não se
contamine com o mal alheio. Tudo isso
sucede até que levamos com a realidade
como um camião sem freios contra um
muro, como já aconteceu tantas vezes
no passado, inclusivamente recente.
O “inverno está a chegar” e não haverá
“cigarra” que nos consiga contar uma
história sobre o “calor e o conforto”
verossímil que nos faça esquecer o gelo
da tangibilidade crua da vida, feita
de contas para pagar, de preços que
sobem, de salários que compensam cada
em todas as vertentes sociais. Desde um
“mero” jogo com realidade aumentada,
passando pela educação até ao mundo dos
negócios com utilização de “hologramas”,
todas estas experiências serão efetivamente
mais imersivas e consequentemente mais
realistas. Expressões como “O metaverso
é que vai dar!” ou “Temos que estar no
metaverso” são atualmente “top of the
mind” do comum cidadão em todo
o mundo e, consequentemente, terão
que o ser para os gestores na perspetiva
do negócio. Proliferam notícias de
que o metaverso está a chegar e irá
mudar categoricamente a forma de nos
relacionarmos, não só, mas também,
no mundo dos negócios e começamos a
constatar que não são apenas “faits divers”,
mas estamos efetivamente perante algo
em crescimento e que será radicalmente
inovador. Apesar de toda a popularidade
evidente já conquistada, trata-se de
uma tecnologia que não está ainda, no
seu todo, preparada para nós, tal como
vez menos e que não chegam para as
despesas, da permanente incompetência
de quem nos governa, que acrescenta,
com a sua inaptidão e as suas hesitações
para tomar medidas e realizar reformas,
ainda mais trapalhada à enorme
confusão, se não mesmo sufoco em que
a nossa existência se vai transformar.
A perigosa ladainha da “cigarra”, que
seduz os que esperam sempre as palavras
que querem ouvir e que gostam de ser
enganados, irá esfumar-se em breve,
além de que ninguém acredite que as
“cigarras” se transformem em diligentes
e lúcidas “formigas”, para simplesmente
fazerem o que tem de ser feito, com o
custo que isso tiver.
Os tempos que vivemos são os mais
perigosos desde o fim da II Grande
Guerra, com a agravante de termos
uma sociedade impreparada para os
enfrentar, acomodada no conforto
económico e na segurança irrealista do
Estado-Previdência, alienada pelas redes
sociais e pelo excesso de informação,
além de que é muitas vezes manipulada
e falsa, tornando as sociedades ainda
mais divididas, mais extremadas e mais
radicais.
O “Inverno está a chegar” é bem mais
que uma metáfora literária, pode ser
o desafio mais extremo das gerações
contemporâneas e cujo resultado é tão
incerto como o tempo que estamos a
viver.
a sociedade ainda não está preparada
para a receber. Num vídeo publicado
em 2021 intitulado “O metaverso e
como o vamos construir juntos”ii, Mark
Zuckerberg inicia com a seguinte
afirmação: “quero compartilhar o que
imaginamos ser possível, as experiências
que você terá, a economia criativa que
todos construiremos, e a tecnologia que
precisa de ser inventada, e como vamos
fazer isso juntos”. Efetivamente, trata-se
de uma tecnologia em construção que,
dada a sua complexidade, não pode ser
criada por uma entidade apenas, mas
sim por toda a sociedade em estreita
colaboração. Citando Alexander Graham
Bell, “Grandes descobertas e progressos,
invariavelmente, envolvem a cooperação
de várias mentes.” Prontos para o desafio?
i - O mIRC continua ativo aqui: https://www.mirc.
com/
ii - The metaverse and how we’ll build it together:
https://www.youtube.com/watch?v=Uvufun6xer8
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 7

ATUALIDADE

Setor privado da Zona Euro entra em contração
A atividade do setor privado da região da moeda única contraiu de forma inesperada em julho,
com a inflação a levar os consumidores a reduzirem as suas despesas. O índice PMI da S&P
Global, que combina os serviços e a indústria, baixou para 49,4 pontos, depois dos 52 do mês
anterior. Tudo aponta para que a Zona Euro registe agora uma contração no terceiro trimestre,
face aos atuais indicadores. É esperada uma degradação da conjuntura nos próximos meses.
Governo espanhol prepara novos impostos
O Governo espanhol admite a possibilidade de lançar novos impostos, acompanhando a situação
do país e da economia. Considera o Executivo do país vizinho que têm sido tomadas medidas
fiscais de forma inteligente e progressiva. Caso não seja muito em breve, poderão ser adotadas
medidas adicionais nos próximos meses em matéria tributária. Acredita que as grandes empresas
estão dispostas a contribuir com mais e ajudar numa maior repartição dos rendimentos.

Inflação Estados Unidos cada vez mais perto da recessão

vai aumentar A situação económica dos Esta-
mais do que dos Unidos levanta sérias preocu-
pações. Os índices de gestores de
o esperado compras (PMI), um importante
indicador da situação económica,
dão conta de um cenário negro
para a maior potência mundial.
O PMI composto de julho desceu
para 47,5, contra os 52,3 do mês
anterior. O setor dos serviços foi
o mais penalizado, tendo atingido
mínimos de 26 meses. Não tão
acentuado foi o recuo da indús-
tria.
Perante este contexto, conclui-
-se por uma preocupante degrada-
ção da economia norte-americana.
A produção está a cair a um ritmo
a que não se assistia desde 2009
(altura da crise financeira global)
e o PIB está a descer a uma taxa
anualizada de cerca de um ponto
percentual. A indústria estagnou e
a recuperação dos serviços recuou,
em resultado do encarecimento
do custo de vida, da subida das ta-
xas de juro e do pessimismo cada
vez maior relativamente às perspe-
O único dado positivo
prende-se com a
inflação
tivas económicas. Mas outros pro-
blemas se colocam. A forte quebra
na carteira de encomendas reflete
um excesso de capacidade, relati-
vamente à procura. O que leva a
pensar que a produção nos setores
industrial e dos serviços vai baixar
ainda mais nos próximos meses.
Apenas existe um dado positivo
em toda esta conjuntura e prende-
-se com a inflação. De facto, as
pressões inflacionistas foram sua-
vizadas pelo enfraquecimento da
procura. Os preços médios dos
bens e dos serviços cresceram a
um ritmo reduzido em julho. Ain-
da que a inflação esteja em níveis
históricos, verifica-se um certo alí-
vio, o que faz com que o custo de
vida esteja mais controlado.

Líder do

Agenda
Christine Lagarde, presidente do
Banco Central Europeu. mercado
Desde 1996
A inflação da Zona Euro deverá

Jurídica
aumentar mais do que o previsto
há apenas três meses, na perspe-
tiva do Banco Central Europeu.
Para este ano é esperada uma taxa
de 7,3%, o que compara com a
estimativa de 6% de há três me-
ses, enquanto no ano que vem se
deverá fixar nos 3,6%, contra os
2,4% estimados. Cai assim por
terra a ideia de que a inflação
elevada seria transitória, ainda
2023
que as taxas de juro estejam a ser
agravadas.
Neste contexto, a presidente do
Banco Central Europeu, Christi-

Juros subirão tanto

quanto o necessário

ne Lagarde, declarou que as taxas

de juro subirão tanto quanto seja
necessário para que a inflação vol-
te à taxa dos dois pontos percen- R. Gonçalo Cristóvão, 14, r/c • 4000-263 PORTO

-20%
tuais. Lagarde quis enviar uma
mensagem clara às empresas, aos encomendas@grupovidaeconomica.pt 223 399 400
trabalhadores e aos investidores http://livraria.vidaeconomica.pt
de que a inflação tem de descer
para aquele objetivo no médio Nome
prazo. As medidas adotadas estão Morada
a ter impacto nas taxas de juro
de toda a região da moeda única.
Caberá ao banco central decidir
qual o ritmo adequado para se-
DESCONTO C. Postal
E-mail
Versão / Preço / Cor
Classique = 22,40 €
-

Preto Azul
Tel.
Nº Contribuinte
Bordeaux Vermelho* Turquesa* Bege* Castanho*

rem determinados quais os passos Tradicional = 20,80 €

adequados a dar, de acordo com
os novos dados disponíveis.
Os preços sobem, em grande
medida, devido a fatores que es-
tão fora do controlo dos bancos
centrais. Lagarde defende que as
medidas do BCE estão destinadas
a assegurar que a inflação não se
mantenha elevada de forma per-
manente, o que poderá acontecer
se se materializar uma espiral de
salários e preços. Considera ainda
que a nova ferramenta para con-
ter as turbulências nos mercados
manterá a coerência da política
monetária, ajudando a manter os
Campanha Pré-venda Tradicional (Capa Croco) = 20,80 €
Bolso (Capa lisa) = 15,80 €
até 31 agosto Bolso (Capa croco) = 15,80 €
Agenda Tradicional + Capa Prestigio = 32,20 €
GAMA TRENDY Cinza Rosa Gama Trendy apenas disponível em versão bolso
DESCONTOS E OUTRAS CONDIÇÕES * Disponível na versão tradicional e bolso
Pago por transferência bancária para o IBAN PT50 0033 0000 4531 3889 1130 5
Valores com IVA incluído. Descontos de quantidade não
(é necessário enviar comprovativo)
acumuláveis com outras campanhas ou promoções em vigor.
Encomendas de 3 a 10 Agendas – 10%. Encomendas superiores Solicito envio de referência de multibanco para o email
a 10 Agendas – 15%.
Em encomendas físicas de valor inferior a €20 acrescem Solicito o envio à cobrança (acrescem 5 € para despesas de expedição e cobrança)
despesas de envio de €3. Para o efeito envio cheque/vale nº , s/ o , no valor de
ASSINATURA
Autorizo que a Vida Económica Editorial S.A. trate e utilize os meus dados pessoais, constantes deste formulário, para efeito de ações de
marketing e promoção de produtos, serviços, campanhas e eventos da Vida Económica Editorial S.A.. Mais declaro ter sido informado que a qualquer
momento poderei requerer o apagamento ou retificação dos meus dados pessoais, bem como opor-me a qualquer outra forma de tratamento
desses dados, de acordo com a Política de Privacidade disponível em: http://www.vidaeconomica.pt/politica-de-privacidade

preços estáveis no médio prazo.

8 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

ATUALIDADE

Países europeus passam a importadores Empresários alemães mais pessimistas

As tensões nos mercados energéticos e nas matérias-primas, bem como os elevados custos da
inflação estão a penalizar o setor externo dos países europeus. A balança de pagamentos por
conta corrente baixou em 32 mil milhões de euros, entre janeiro e maio. Em dezembro do
ano passado verificava-se um excedente de quase 22,8 mil milhões, tendo passado para um
défice de quase 10 mil milhões de euros, no mês de maio, de acordo com dados do Eurostat.
A confiança dos empresários alemães registou uma forte quebra em julho, para mínimos desde
junho de 2020. A descida foi de 92,2 pontos, em junho, para 88,6, em julho, devido ao facto
de o país estar perto de uma recessão económica, em resultado dos preços da energia e da
provável falta de gás, segundo a agência de estatística Ifo. As empresas esperam dificuldades
acrescidas nos próximos meses. O pessimismo abrange praticamente todas as indústrias.

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LISBOA, PORTO, FARO E PRINCIPAIS CIDADES EUROPEIAS REVELA

Hotéis portugueses estão com preços a

Os hotéis portugueses estão
a praticar preços acima da
média das principais capitais
europeias. De acordo com
uma análise efetuada pelo
jornal “Vida Económica”,
tendo por base o portal
Booking,com, os preços de
quarto duplo nos hotéis de
quatro estrelas em cidades
como Lisboa, Porto e Faro
já são superiores aos preços
na maioria das cidades
europeias.
JOÃO LUÍS DE SOUSA
joaoluisdesousa@grupovidaeconomica.pt

Na análise efetuada pela Vida Económi-

ca no portal Booking.com – que agrega a
oferta de mais de seis milhões de hotéis e
unidades de alojamento em todo o mundo,
incluindo mais de 900 hotéis em Portugal
– na data selecionada de 12 de agosto de
2022 existe disponibilidade para quartos
em hotéis de quatro estrelas a partir de
Faro e Porto têm preços mais
altos que Lisboa
J101 no Porto, J79 em Lisboa e J193 em
Faro, respetivamente.
Na mesma data, os preços mais baixos
por quarto num hotel de quatro estrelas
e nas mesmas condições de reserva são de
J52 em Madrid, J69 em Roma, J79 em
Berlim, J92, em Bruxelas, J105 em Paris, aceitar alojamento e passagens mais caras baixos em Lisboa do que no Porto e em
J123 em Barcelona e J139 em Londres face a outros destinos europeus. Faro parecem-se justificar-se pela lei da
(ver quadro). oferta e da procura, em que a oferta face à
Além de os primeiros preços dos hotéis Oferta e procura determinam procura será superior em Lisboa do que no
portugueses já estarem acima dos preços evolução dos preços Porto ou em Faro.
de várias capitais e cidades europeias, os Para o antigo ministro da Indústria e Ener-
preços médios dos bilhetes de avião para Para Luís Mira Amaral, a oferta e a pro- gia, a subida de preços é um fator positivo.
as cidades portugueses cura são decisivas na “Tem-se muitas vezes afirmado que Por-
também são habitual- evolução dos preços dos tugal compete no turismo de baixa qualida-
mente mais elevados em Preços das passagens hotéis. de e baixo preço. Ao contrário, estes preços
comparação com outros Segundo referiu à parecem felizmente indiciar que Portugal
destinos europeus. aéreas entre as cidades “Vida Económica”, já é competitivo num segmento de maior
Tendo em conta que europeias e Portugal considerando o pais qualidade e de maiores rendimentos, estan-
o preço das passagens como homogéneo para do os turistas dispostos a pagar no preço um
aéreas e do alojamento está a aumentar a atratividade turística, prémio de qualidade em Portugal em relação
tem um peso significa- hipótese talvez simpli- aos preços praticados nesses mercados com
tivo nas viagens parece ficadora da diferença os quais competimos na oferta turística. Se
haver uma tendência clara de subida. Nes- entre Lisboa e Faro (cidade versus região não forem fatores conjunturais mas sim esse
ta perspetiva, os visitantes estrangeiros que turística) mas não da diferença entre Lis- prémio de qualidade a justificar isso, os resul-
viajam para Portugal parecem dispostos a boa e Porto (ambas cidades), preços mais tados serão sustentáveis” - conclui.

Hotéis em Portugal Barcelona Madrid

Cidade Preço (1)

Lisboa J79
Porto J101
Faro J193
(1)Preço mínimo para quarto duplo em hotel de
4 estrelas a 12.08.2022 no portal Booking.com

Hotéis em cidades
europeias
Cidade Preço (1)

Barcelona J123
Londres J139
Paris J105
Bruxelas J92
Berlim J79
Roma J69
Lyon J69
Madrid J62
(1)Preço mínimo para quarto duplo em hotel
de 4 estrelas a 12.08.2022 no portal Book-
ing.com
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 9

ATUALIDADE

Governo reforça residências para estudantes
O Governo homologou os resultados finais das candidaturas ao financiamento do Plano
Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), que prevê a atribuição de 375
milhões de euros para construção, aquisição, adequação e renovação de residências para estu-
dantes de ensino superior. Foram selecionadas 134 candidaturas, totalizando 18 239 camas.
Será assim possível aumentar a oferta pública a custos acessíveis, refere o Executivo.
Brunswick cria 100 postos de trabalho em Cerveira
A ampliação das instalações da unidade fabril da multinacional norte-americana Brunswi-
ck, em Vila Nova de Cerveira, criou mais 100 novos postos de trabalho. O montante foi
aplicado na aquisição da nova nave industrial da Brunswick e na construção do edifício.
A produtora mundial de barcos de lazer e recreio aumentou a sua capacidade produtiva
e logística.

Faro

cima da média europeia

LUÍS ARAÚJO, PRESIDENTE DO TURISMO DE PORTUGAL, AFIRMA
Preços médios de Lisboa e Porto estão a convergir
com os principais destinos europeus
Lisboa e Porto têm vindo a convergir nos últimos anos
com os principais destinos europeus em termos de
preço médio, já superando em 2019 cidades como
Berlim ou Praga, mas abaixo de Genebra, Paris,
Zurique, Londres ou Amesterdão – disse Luis Araújo à
“Vida Económica”.
O presidente do Turismo de Portugal salienta que, Lisboa
de acordo com dados do Observatório do Turismo de
Lisboa, o preço médio de um hotel de 4* na cidade de
Lisboa foi, no primeiro trimestre de 2022, de 74,39J
(-1,4% quanto comparado com 2019), recuperando
quase totalmente da quebra registada durante a
pandemia.
“O caso de Faro será um caso claramente distinto das
cidades indicadas, na medida em que é um destino
balnear, muito procurado nesta altura do ano e com
tipologias de alojamento muito distintas de cidades do
centro da Europa” – afirmou.
Segundo referiu, com base nos dados da STR Global, “A procura turística para Portugal já está acima dos va-
os preços da hotelaria na Europa em termos gerais lores de 2019” – garante Luis Araújo, presidente do Tur-
têm vindo a subir nos últimos meses, sobretudo nos ismo de Portugal.
países do Sul da Europa, onde a retoma tem sido mais
acentuada e onde o mercado reage de acordo com internacionalmente e onde reconhecidamente têm sido
as leis da oferta e da procura, para além de os preços realizados investimentos significativos na qualidade
repercutirem os efeitos da inflação e, em especial, o da oferta turística (incluindo a hotelaria), atraindo
aumento dos custos da energia. novos mercados, segmentos mais elevados e marcas
Porto
internacionais e grupos hoteleiros globais.
Procura turística ultrapassa valores anteriores “Este facto tem permitido um aumento do gasto médio
à pandemia por turista, o que está alinhado com a estratégia que o
“A procura turística para Portugal já está acima dos setor defende no sentido de progredir cada vez mais em
valores de 2019 e estimamos terminar o ano 2022 valor” - explicou.
com um valor de receitas turísticas 4,2% acima das Sobre a tendência atual de subida de preços, Luis
registadas em 2019” – salientou Luis Araújo. Araújo é prudente: “Não temos dados que confirmem
Para o presidente do ITP, a tendência é positiva: que os preços médios em Lisboa ou Porto sejam ou não
“A sustentabilidade do modelo de desenvolvimento superiores aos de outras cidades europeias, até porque
turístico em Portugal é um dos objetivos da política se trata de um exercício que requereria uma análise
de turismo e está consensualizada com todo o setor, fina ao tipo de destino, tipo de alojamento (hotel ou
apontando para um crescimento em valor, alicerçado outro tipo de alojamento), à sua localização, o que varia
numa oferta turística de qualidade, respeitadora do muito de cidade para cidade, em função da sua oferta
ambiente e dos recursos e que crie valor e qualidade e da própria configuração urbana” – considera. “Na
de vida para os residentes” - acrescentou. verdade, nesta altura do ano, as cidades portuguesas
Em sua opinião, Portugal tem vindo a consolidar- têm um perfil mais turístico do que muitas cidades do
-se como um dos destinos mais competitivos Norte da Europa” – acrescenta.

PUB
10 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022
NEGÓCIOS E EMPRESAS
Investimento em Vistos Gold sobre 33%
O investimento obtido por via dos Vistos Gold aumentou 33% no primeiro semestre, rela-
tivamente a igual período do ano passado, para 316,2 milhões de euros. Em junho, o inves-
timento ascendeu a quase 78 milhões de euros, mais 44% do que em maio, e duplicou em
termos homólogos. Os pedidos foram provenientes sobretudo da China, dos Estados Unidos
e da Turquia.
O meu decálogo de felicidade para jovens (e não tão jovens também)
D “
esde que me retirei da vida
corporativa ativa, e já lá vão uns
bons 4 anos, tenho-me mantido
intelectualmente ativo (“pro bono”…)
com uma série de atividades que me
continuam a enriquecer-me como ser
humano, porque só deixamos de aprender
(ou de querer de o fazer) no dia em que
penduramos as botas para encetar a
“Grande Viagem Sem Regresso”.
Foram muitos (e ainda hoje caem do céu
alguns bem interessantes, que há 20 anos
atrás não hesitaria em aceitar) os convites
para eu regressar à vida corporativa ativa,
mas acho que devemos ter a humildade
de saber o exato momento em que
devemos parar, sobretudo porque a idade,
a experiência que traz, e a independência
financeira que todos deveríamos ter
na fase final da nossa vida, por via de
regra (exceções confirmam a regra),
nos impedem de alinhar com práticas
corporativas que, anos antes, teríamos
aceite, desde que não fossem eticamente e
moralmente erradas (no meu caso). Nessa
altura, quando isso acontece, ou se vende
a alma ao diabo, e ficamos marcados a
ferro e fogo para sempre, ou se muda de
patrão.
Foi o que eu fiz um par de vezes em 42
anos de carreira. Para dar um exemplo.
Quando iniciei a minha carreira
em Madrid, em 1978, os escritórios
responsáveis pelo mercado ibérico da
multinacional em que eu trabalhava
estavam num processo de reestruturação.
O responsável não tinha visto os sinais
de degradação do mercado, não tomou
medidas atempadas, e os resultados da
multinacional no mercado espanhol
eram nefastos. Assisti a casos lancinantes
de despedimento de colegas em final
de carreira que ficaram em situação
financeira familiar muito complexa, num
tempo (há 44 anos) em que o Estado
Social era embrionário em Espanha.
Jurei que numa empresa que eu viesse a
dirigir nunca deixaria de ter o radar de
vigilância bem apurado, para nunca me
ver em situação similar. Quando, umas
décadas mais tarde, sou confrontado
com planos da matriz para despedir
maciçamente pessoas, sem qualquer
necessidade racional (na minha ótica de
“
“O medo é o caldo de
cultivo de injustiças
e infelicidade”
”
JOSÉ ANTÓNIO DE SOUSA
Economista, Gestor e Investidor
gestor), porque a companhia estava bem
estabelecida no mercado, e tinha uma
rentabilidade superior à do mercado, a
decisão de sair e não liderar esse processo
foi bem simples de tomar.
É penoso ver, sobretudo no setor
financeiro, como alguns gestores
se agarram como lapas aos cargos,
hipotecando muitas vezes carreiras
brilhantes, que lhes granjearam uma
enorme credibilidade e reputação, com as
ações nefastas que praticam em final de
carreira. As nossas instituições bancárias,
e algumas seguradoras (muito menos),
estão cheias de bons exemplos públicos de
“vendilhões do templo”.
Uma das atividades que mais prazer me
têm dado, além de escrever para alguns
OCS, e a consultoria empresarial, em que
partilho conhecimentos e experiências
de vida, e em que dou recomendações
que contribuam para ajudar empresas de
variadíssimos setores a sair do vermelho,
e a singrar, é a atividade de “mentoring”
para jovens em início de carreira, seja a
de profissional por conta de outrem (vida
corporativa), seja a de jovem empresário.
A esmagadora maioria deles chega
à minha presença com uma enorme
confusão de pensamentos, expectativas e
valores. Arrogância, ambição desmedida
e ignorância patética da vida, porque
viveram numa redoma de proteção
paterna excessiva, são os 3 principais
“Cavaleiros do Apocalipse” que costumo
defrontar na maioria das minhas
conversas.
A maior dificuldade que tenho nessas
conversas é conseguir convencê-los, sem
os desmotivar (antes pelo contrário,
uma injeção de realismo motivadora é
absolutamente fundamental nesta fase da
vida para os encarreirar e salvar muitas
vezes), que eles não chegarão a Presidente
da Goldman Sachs ou da Nestlé aos 25
/ 30 anos (há os que achem que têm
esse direito divino…). Se pretendem
enveredar pela carreira empresarial,
tenho de os convencer que dificilmente
conseguirão, na maioria dos casos, receber
o financiamento de milhões de euros que
Capitais europeias querem agência contra o branqueamento
A concorrência é forte. Com o pano de fundo da ameaça da criminalidade financeira face às
sanções, La Haye, Frankfurt e Paris disputam a futura agência europeia contra o branquea-
mento. Para além deste trio de favoritos, a Itália, a Áustria e a Lituânia também estão na
corrida. A entidade terá um orçamento de cerca de 45 milhões de euros, com competências
sobre a banca ou os criptoativos.
almejam receber de “business angels” para
chegar a ter um “Unicórnio” em 3 anos, e
poder aterrar de helicóptero num iate de
100 milhões de euros cheio de modelos
de cinema em bikini nas Caraíbas antes
dos 30….
Pelas reações que tenho tido, e pelo
seguimento de longe das atividades desses
jovens, creio que não me tenho dado mal
como mentor. E é isso que me move hoje
a partilhar o meu muito pessoal “decálogo
para uma vida saudável, satisfatória e
enriquecedora”, ou seja, para se acabar a
vida feliz.
Se servir a um jovem que seja, ou a um
não tão jovem, já me dou por satisfeito,
e considero ter cumprido a missão. A
minha lista pessoal era bem maior do que
esta, mas tive, como tantas vezes na vida,
que tomar opções difíceis. Não podia
chamar decálogo a uma lista que já ia em
mais de 20 pontos… Aí vai, do coração!
1. A humildade é mesmo a maior das
virtudes: nunca sejas arrogante, nunca
te recuses a aprender, pede desculpa
pelos teus erros, dá-te bem com toda a
gente, e sê carinhoso e compreensivo
em particular com os indefesos e os
mais desfavorecidos.
2. Nasceste com uma boca e dois
ouvidos. Aprende a ouvir. “Alguém”
quis que nos dedicássemos mais a ouvir
do que a falar. Pratica-o!
3. Vive harmoniosamente: equilibra
a tua vida nas três vertentes que a
compõem: trabalho, família, lazer. Só
assim chegarás à hora do balanço final e
sentirás que foste verdadeiramente feliz.
4. Sê ambicioso. A ambição é saudável
e desejável quando o que pretendemos
alcançar se consegue por meios éticos,
lícitos e à custa do teu suor pessoal, não
do dos outros.
5. Estabelece metas sucessivas na vida…
e cumpre-as à risca.
6. Desenvolve uma forte e saudável
autoestima. Quando acordares de
manhã, olha o “man in the glass”, como
recomenda um potente poema de um
ilustre anónimo chamado Peter Dale
Wimbrow Sr (googlar “man in the
“É penoso ver,
sobretudo no setor
financeiro, como
alguns gestores se
agarram como lapas
aos cargos”
”
glass”), e aprecia o que vês. Isso só é
possível se pautares a tua vida pessoal
e profissional pela ética e por valores e
princípios sólidos. A famosa canção do
Michael Jackson “man in the mirror”,
que se pode apreciar no Youtube (brutal
o vídeo, altamente recomendável),
segue o mesmo fio condutor.
7. Afasta a inveja, o desporto favorito
em Portugal. A inveja mata, corrói-nos
por dentro. Não invejes o que os outros
têm. Faz como os americanos, que, em
vez de sentir inveja do que os outros
têm, trabalham denodadamente para
conseguir aquilo que querem.
8. Espanta o medo. O medo é o caldo
de cultivo de injustiças e infelicidade.
Luta sempre pelo que a tua bússola
ética pessoal te indica que é o correto e
o justo.
9. Pratica o bem. Adere ao movimento
“Pay it forward”, trata os outros
como te trataram a ti, e pratica
desinteressadamente o bem. Vais ser
incomparavelmente mais feliz.
10. Conhece-te a ti próprio. Como
humanos, somos seres imperfeitos,
apesar de encontrarmos tanta gente
nas nossas vidas que acham que
depois de Deus no Céu estão eles com
estatuto igual na Terra… Trabalha
com perseverança e honestidade para
melhorar os aspectos de caráter e
atitude que te prejudicam na vida, ou
seja, os teus limites e defeitos. Sim,
também os tens…
Se esta modesta lista pessoal, com a
qual me dei tão bem, servir a algum
jovem, ou a um não tão jovem, já me
dou por satisfeito. Devo o decálogo ao
principal mentor da minha vida, o meu
saudoso e adorado pai. Cumpri a minha
missão como parte do movimento “pay
it forward” ao transmitir com êxito este
decálogo às minhas filhas (são excecionais
discípulas do mesmo), a quem o dedico, e
ao divulgá-lo publicamente.
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 11

NEGÓCIOS E EMPRESAS/PME

Coviran Portugal com vendas de 1999 milhões
A cooperativa Coviran, que dá resposta aos retalhistas independentes, obteve vendas brutas
da insígnia de 1,6 mil milhões de euros, no ano passado, dos quais 1,4 mil milhões corres-
ponderam a Espanha e 199 milhões a Portugal. A Coviran Portugal assume-se como uma
referência no setor alimentar, com um crescimento sustentado do número de sócios e de
supermercados.
Galp adquire totalidade da Titan
A Galp adquiriu os 24,99% das ações que ainda não detinha na Titan, a joint-venture criada
com o grupo ACS. A participação foi adquirida por 140 milhões de euros à Cobra, que tinha
tomado a posição detida pela ACS. A carteira da Titan inclui 1,15 GW de centrais solares
fotovoltaicas já em funcionamento, esperando-se cerca de 1,6 GW adicionais em operação até
2024. Todos os projetos são localizados em Espanha.

JOSÉ MARTINO
Cidadão, Lutador pelo
Desenvolvimento de Portugal

A nossa realidade agrícola (2)

O
contexto social é desfavorável à
agricultura porque a sociedade
portuguesa no passado definia-a
como “a arte de empobrecer alegremente”
e hoje tem uma visão urbana desfasada
da realidade do terreno, fraturante. Por
exemplo, algumas franjas da sociedade não
aceitam as explorações pecuárias, outras
confundem desordenamento cultural e
monocultura com agricultura intensiva
e, por isso, assacam a esta última as
responsabilidades dos males gerados pelas
anteriores, apesar de ser o sistema que tem
menor impacto ambiental por unidade de
produto, desde que se respeitem as melhores
regras ambientais de instalação e produção.
Há um desenvolvimento altamente
assimétrico entre regiões geográficas do
país, com maior desenvolvimento na área
urbana de Lisboa, Algarve e Madeira; há
forte atração populacional para habitar
e viver entre Braga e Setúbal, litoral do
Algarve e cidades nas Regiões Autónomas,
assente em maior oferta de oportunidades
de trabalho e melhor remuneração, junto
com maior número e diversidade de
infraestruturas de qualidade ao nível da
saúde, educação lazer e cultura. Como
reverso da medalha, as restantes regiões,
com maior acuidade do Interior ao longo
da fronteira com Espanha, possuem
baixo nível de desenvolvimento, estão
deprimidas económica e socialmente,
sofrendo a agudização destes problemas
à medida que o tempo passa, são
espaços rurais com perda acentuada de
população, cujo desenvolvimento só pode
passar pela agricultura, agroalimentar e
turismo em espaço rural. Têm grandes
dificuldades em captar novos habitantes
e investimento, quer por falta de massa
crítica e mão de obra, quer por falta de
votantes. Este último fator explica as
razões da “realpolitik” entre as promessas
dos programas de investimento e
desenvolvimento para o Interior, tendo
como contrapartida muito negativa a fraca
alocação de recursos financeiros públicos
para serem investidos nestas geografias. A
cereja no topo do bolo desta “hipocrisia
política” passa por colocar em pé de
igualdade o Litoral e o Interior no acesso
aos fundos agrícolas, e nas respetivas tabelas
de elegibilidade dos investimentos há os
mesmos valores elegíveis sobre os quais
incidem as percentagens de apoio, quando
os investimentos são mais caros nas zonas
montanhosas do Interior.
Não existem políticas públicas nacionais
complementares à Política Agrícola Comum
(PAC) de ajudas financeiras às explorações
agrícolas e, como tal, não há combate
aos estrangulamentos estruturais das
agriculturas de Portugal, nomeadamente:
não há políticas robustas de incremento
da dimensão da parcela e da exploração,
aproximando-as da economia de escala das
atividades mais adaptadas a cada região
plano NUT II; não há política eficaz que
promova o aumento significativo das
competências de gestão dos agricultores
e da componente técnica na sua mão
de obra; não há política de apoios à
existência de redes de comunicações e
dados disponíveis no campo, por todo o
lado; não há medidas de política para os
seguros agrícolas que se traduzam na adesão
massiva dos agricultores e que sejam, ao
mesmo tempo, eficazes na minimização
do risco climático, e que tenham prémios
compatíveis com os resultados gerados
pelas respetivas atividades; não há políticas
eficientes de combate ao défice hídrico
através de regadios públicos com agricultura
sustentável que tire partido da água em
toda a extensão irrigável, amortize a
infraestrutura através de produções, etc. (há
regadios desaproveitados, infraestruturas
obsoletas, planos com 700 MJ de
orçamento para 2000 MJ de investimento
necessário em melhoramentos e novos
regadios).

21 setembro
15h00-18h00

As reestruturações corporativas são

operações comuns no mundo das Reestruturação de Empresas
fusões, cisões, realizações parciais de ativos
empresas.

Importa escolher a operação de

reestruturação mais adequada à
situação da empresa (fusões, cisões
ou amortizações de capital) e adotar a
melhor estratégia. É necessário seguir
o formalismo preciso do direito das
PROGRAMA
sociedades e conduzir as operações de
maneira adequada. A ação de formação 1. Panorama e desafios estratégicos das operações de reestruturação
“Reestruturação de empresas: fusões,
cisões, realizações parciais de ativos”
faz uma abordagem rigorosa e permite
que a reestruturação de empresas seja
2. Preparar uma fusão ou cisão passo a passo Estabelecer um
realizada com maior segurança. cronograma adequado
FORMADOR

Rita Montalvão (Sócia RSA-LP)

3. Realizar uma fusão ou cisão: respeitar o processo legal
João Corte Real (Sócio RSA- LP)
4. Realizações parciais de ativos: os aspetos essenciais
PREÇOS
Público Geral: €80*
Assinantes: €60*
* Acresce IVA a taxa em vigor
Informações/Inscrições Ana Bessa (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.
Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | 223 399 427/00 | Email: anabessa@grupovidaeconomica.pt | www.vebs.pt
12 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022
FISCALIDADE
ESTADOS UNIDOS E UNIÃO EUROPEIA TENTAM CHEGAR A CONSENSO
Tributação mínima
das grandes empresas
vai gerar aumento de 4%
na receita fiscal
Na fiscalidade internacional terá de
passar por profundas alterações, visan-
do dar resposta aos desafios da globa-
lização e da digitalização. A avançar a
tributação mínima para as grandes em-
presas, haverá um aumento de cerca de
4% na receita fiscal global. No entan-
to, Estados Unidos e União Europeia
ainda não chegaram a um consenso.
Os dois pilares em que assenta a refor-
ma fiscal estão no centro do debate, foi
referido na aula aberta promovida pelo
Instituto Superior de Gestão (ISG),
sob o tema “Que destino para os dois
pilares da reforma da tributação inter-
nacional dos lucros das empresas?”, no
âmbito da pós-graduação em Fiscali-
dade Avançada. A aula foi ministrada
pelos docentes Nuno Santos Vieira,
Daniel Marques Pinto e Maria dos
Prazeres Lousa.
Os países da OCDE chegaram a
acordo sobre a tributação, o qual assen-
ta nos pilares I e II. Estes pilares deve-
rão produzir efeitos já no próximo ano.
Nuno Santos Vieira prevê que haja um
aumento global em receita tributária de
4%. O Pilar I será alocado às jurisdi-
ções de mercado onde são realizadas as
operações, aplicar-se-á às multinacio-
nais com uma rentabilidade superior a
10% e um volume de negócios global
superior a 20 mil milhões de euros. A
realocação corresponderá a 25% do lu-
cro acima de 10% dos resultados antes
de impostos. Já o Pilar II prevê o siste-
ma de tributação mínima por jurisdição
que garanta uma taxa efetiva de imposto
de 15%, ficando abrangidas as empre-
sas com um volume de negócios global
acima de 750 milhões de euros, poden-
do também aplicar-se a empresas com
volumes de negócios inferiores. Visa
assegurar que as grandes multinacionais
ficam sujeitas a uma tributação mínima
não inferior a 15%. Numa perspetiva
da União Europeia, espera-se que estas
medidas sejam implementadas numa
lógica transnacional, mediante a apro-
vação de uma diretiva.
“As medidas vão-se traduzir num
agravamento da complexidade da tribu-
tação internacional, mas estão a dar-se
os primeiros passos, há datas previstas e
o paradigma da localização das socieda-
des poderá vir a mudar.” Ainda assim,
persistem algumas indefinições quanto
à sua entrada em vigor, tendo em conta
a atual situação. Tudo leva a crer que
Medidas traduzir-se-ão
num agravamento da
complexidade tributária
ainda haverá lugar a um intenso debate
nos próximos tempos.
Diretiva com dificuldades de
aprovação
Findo o projeto BEPS, foi necessário
pensar na implementação das suas ações
e como organizar a revisão do acompa-
nhamento da implementação dos stan-
dards alcançados. Foi um trabalho que
decorreu de 2016 a 2019. Entretanto,
as jurisdições foram seguindo o seu ca-
minho. Chegou-se a uma situação em
que se coloca a questão de saber qual o
destino para os dois pilares da reforma
da tributação internacional dos lucros
das empresas. A partir de 2021 partiu-
-se com datas fixas, muito pouco tempo
passou, algum caminho foi trilhado,
mas neste momento é claro que a União
Europeia tem dificuldade em aprovar a
diretiva que faz a transposição das no-
vas regras para o espaço comunitário, a
par dos Estados Unidos em se adapta-
rem ao Pilar II, ao mesmo tempo que,
ao nível do Pilar I, vamos tendo alguns
desenvolvimentos, mas será difícil estar
pronto em meados do próximo ano. O
grau de complexidade é bastante eleva-
do, pelo que haverá que avançar com o
que se tem”, defendeu Daniel Marques
Pinto.
O grau de complexidade obriga a
pensar em soluções cada vez mais pro-
fundas, tendo em conta que vão sur-
gindo problemas quando se reflete nas
medidas. Também se começa a questio-
nar se o apetite pelo Pilar I ainda tem
o mesmo vigor. Coloca-se a questão de
saber se os Estados Unidos vão ratificar
o acordo e quando o vão fazer. A União
Europeia conta com as receitas que
possam advir do Pilar I para financiar o
NextGeneration, o que coloca pressão
para a entrada em vigor do acordo num
curto espaço de tempo. Por outro lado,
a Diretiva comunitária esbarra agora
no veto húngaro. “Não é certo como a
União Europeia vai sair deste impasse.
Crescimento dos impostos indiretos atinge o previsto para o ano
O crescimento dos impostos indiretos atingiu, em maio, o previsto no Orçamento do Estado para
a totalidade do ano. O crescimento nominal homólogo, no fim de maio (2156 milhões de euros),
alcançou 98% do aumento previsto para todo o ano. “Não obstante o contexto de incerteza geopo-
lítica atual, esta evolução indicia uma previsão demasiado conservadora do Ministério das Finanças
para a receita fiscal indireta e para o IVA no cenário orçamental subjacente ao OE/2022, apresentado
em abril último”, refere a UTAO.
Fala-se na possibilidade de apresentar
uma outra diretiva, mas sob a forma de
uma cooperação reforçada. Mas então
não haveria uma harmonização ao nível
de todos os Estados-Membros”, alerta
o docente universitário. Este assunto
tornou-se bem mais sério do que era
há três meses atrás, já que arrasta toda
uma série de outras questões, que não
só de âmbito fiscal. Os Estados Unidos
afirmam que estão à espera do que se
passará na UE. Num cenário mais oti-
mista, acredita que os dois pilares aca-
barão por entrar em vigor, sendo difícil
estabelecer datas concretas.
Solução de equilíbrio
O Pilar I é aquele que mais interessa
à generalidade dos países, com exceção
daqueles que são sedes de grandes mul-
tinacionais. Maria dos Prazeres Lousa
acredita que vai fazer com que estes re-
nunciem a direitos de tributação sobre
a totalidade dos lucros, imputando às
jurisdições e aos estados onde se conso-
mem os serviços. “Precisa de um instru-
mento de direito internacional, de uma
convenção, não pode resultar apenas
da lei interna dos países e daí estar em
preparação um modelo. Na perspeti-
va de Portugal, este é o pilar que terá
mais interesse, sendo preferencialmente
um país de consumo, podendo resultar
numa fração de receita fiscal.”
O Pilar II introduz uma solução de
equilíbrio com o Pilar I e favorece es-
sencialmente os países investidores. Este
pilar está a levantar alguma discussão
por parte dos países menos desenvol-
vidos, que concedem benefícios fiscais
para atrair investimento estrangeiro. “A
receita a que renunciam vai ser canali-
zada para outros, o que dá que pensar.
De notar que nem todos vão aumentar
as taxas e alguns até poderão optar pela
sua redução”, refere a docente universi-
tária. Isto vai levar a alguns ajustamen-
tos no plano internacional. As normas
são muito complexas e vai ser muito di-
fícil a transposição para a lei nacional.
“Tem de se fazer uma análise cuidada
para saber o que vai acontecer ao nível
de Portugal, em termos de receita fiscal.
O debate sobre esta matéria é essencial.
Este é um caminho que ainda vai de-
morar várias décadas a ser trilhado. O
caminho vai ser no sentido do aperfei-
çoamento constante.”
AGENDA FISCAL
AGOSTO
Até ao dia 31
• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas sin-
gulares
- Declaração Mensal de Remunerações - Entrega pelas
entidades devedoras de rendimentos do trabalho de-
pendente sujeitos a IRS, ainda que dele isentos, bem
como os que se encontrem excluídos de tributação,
para comunicação daqueles rendimentos e respetivas
retenções de imposto, das deduções efetuadas rela-
tivamente a contribuições obrigatórias para regimes
de proteção social e subsistemas legais de saúde e a
quotizações sindicais, relativas ao mês anterior.
- Declaração Modelo 31 – Envio, pelas entidades de-
vedoras dos rendimentos sujeitos a retenção na fonte
a taxas liberatórias cujos titulares beneficiem de isen-
ção, dispensa de retenção ou redução de taxa e sejam
residentes em território português.
• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas co-
letivas
- 1º pagamento por conta do IRC devido por entidades
residentes que exercem, a título principal, atividade
de natureza comercial, industrial ou agrícola e por
não residentes com estabelecimento estável;
- Pagamento adicional por conta da derrama estadual
devido por entidades residentes que exercem, a título
principal, atividade de natureza comercial, industrial
ou agrícola e por não residentes com estabelecimen-
to estável que tenham no exercício anterior um lucro
tributável superior a 1 500 000 J.
• IRS – IRC
- Entrega das importâncias retidas no mês anterior.
• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado
- Regime mensal – Entrega da declaração periódica
relativa às operações realizadas no mês de Junho e
pagamento do respetivo imposto pelos sujeitos passi-
vos abrangidos pela periodicidade mensal do regime
normal.
- Periodicidade trimestral - Entrega da Declaração Pe-
riódica pelos contribuintes do regime normal trimes-
tral, relativa às operações efetuadas no 2º trimestre
de 2021 e pagamento do respetivo imposto pelos su-
jeitos passivos abrangidos pela periodicidade mensal
do regime normal.
- Pequenos Retalhistas - Entrega da Guia Modelo P2
ou da Declaração Modelo 1074, pelos retalhistas,
consoante haja ou não imposto a pagar, relativa ao
2.º trimestre, com pagamento do imposto devido.
- Declaração recapitulativa – Entrega pelos sujeitos
passivos do regime normal mensal que tenham efe-
tuado transmissões intracomunitárias de bens e/ou
prestações de serviços noutros Estados Membros, no
mês anterior, e para os sujeitos passivos do regime
normal trimestral quando o total das transmissões
intracomunitárias de bens a incluir na declaração te-
nha no trimestre em curso excedido o montante de J
50.000.
- Entrega dos pedidos de restituição do IVA suportado
pelos sujeitos passivos no ano civil anterior ou no pró-
prio ano, noutro Estado Membro ou país terceiro, nos
termos do Decreto-Lei nº 186/2009, de 12 de agosto.
• IVA – IRS - IRC
Comunicação das faturas - Comunicação dos ele-
mentos das faturas emitidas no mês anterior pelas
pessoas singulares ou coletivas que tenham sede, es-
tabelecimento estável ou domicílio fiscal em território
português e que aqui pratiquem operações sujeitas
a IVA.
• IRS – IMT - SELO
- Declaração Modelo 11 - Entrega pelos Notários e
outros funcionários ou entidades que desempenhem
funções notariais, bem como as entidades ou profis-
sionais com competência para autenticar documen-
tos particulares que titulem atos ou contratos sujeitos
a registo predial, das relações dos atos praticados no
mês anterior, suscetíveis de produzir rendimentos.
• IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis
-Pagamento da 2.ª prestação do IMI, referente ao
ano anterior, quando o seu montante seja superior a
J 500,00.
• IUC - Imposto Único de Circulação
Liquidação e pagamento do IUC relativo aos veículos
cujo aniversário da matrícula ocorra no presente mês.
• Imposto de Selo
- Entrega do imposto retido no mês anterior.
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 13
CIP reitera redução da carga fiscal
O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, considera
que o Estado português tem arrecadado muito mais dinheiro por via do IVA, tendo em conta
o aumento da inflação. O empresário e dirigente associativo voltou a apelar a uma descida
dos impostos. A redução da carga fiscal iria apoiar as famílias e empresas que estão a ser mais
penalizadas com os agravamentos dos custos de produção. Apela ao Executivo para que sejam
tomadas medidas concretas nesse sentido.
IRC – encargos não dedutíveis
A
norma geral de aceitação dos gastos
fiscais estabelece que são dedutíveis
todos os gastos e perdas incorridos
ou suportados pelo sujeito passivo para
obter ou garantir os rendimentos sujeitos ao
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Coletivas (IRC). Tais gastos deverão estar
devidamente comprovados.
Por outro lado, o legislador entendeu
tipificar no CIRC os encargos que não são
dedutíveis para efeitos fiscais.
Assim, e apesar de contabilisticamente
todas as despesas deverem ser reconhecidas,
na respetiva conta de gastos, no período
em que são incorridas, terão que ser
desconsideradas para efeitos de apuramento
do resultado fiscal das entidades.
A Lei do Orçamento do Estado para 2022
introduziu novas alterações na validação dos
documentos emitidos, comprovativos dos
gastos.
À não aceitação fiscal de encargos
evidenciados em documentos emitidos
por sujeitos passivos, com número
de identificação fiscal inexistente ou
inválido e por sujeitos passivos cuja
cessação de atividade tenha sido declarada
oficiosamente, acrescenta-se agora a de
documentos emitidos por sujeitos passivos
que não tenham entregado a declaração de
início de atividade.
Tal implica que as empresas passem
a ter que confirmar o cumprimento
desta formalidade por parte dos seus
fornecedores. A validação destes elementos
pode ser efetuada no portal da Autoridade
Tributária e Aduaneira, na opção
“Identificação Clientes\Fornecedores
- Consultar”, ou mesmo através do
e-fatura, pela verificação da inexistência
de comunicação das respetivas faturas,
admitindo que o sistema da Autoridade
Tributária não irá aceitar a comunicação dos
documentos desses sujeitos passivos.
Admite-se assim que deixa de existir a
possibilidade de o adquirente de bens
ou serviços deduzir regularmente o IVA
e considerar os encargos fiscalmente,
relativamente às aquisições de bens e
serviços, a sujeitos passivos que tinham
atividade encerrada ou que nunca tinham
entregado a declaração de início de
atividade, mesmo nas situações em que se
denuncie que tais entidades se encontravam
a praticar essas operações, e a Autoridade
Fiscal e Aduaneira promova a inscrição ou
reinscrição oficiosa.
Deverão, pois, os contribuintes garantir que
todas as formalidades de enquadramento
fiscal dos contribuintes se encontram
válidos para efeitos da aceitação do gasto
em termos fiscais, bem como assegurar
que os documentos comprovativos das
aquisições de bens ou serviços contêm
todos os elementos designados pelo CIRC,
nomeadamente: i) Nome ou denominação
social do fornecedor dos bens ou prestador
dos serviços e do adquirente ou destinatário;
ii) Números de identificação fiscal do
JÚLIO WILSON
Consultor da Ordem dos Contabilistas Certificados
comunicacao@occ.pt
fornecedor dos bens ou prestador dos
serviços e do adquirente ou destinatário,
sempre que se trate de entidades com
residência ou estabelecimento estável
no território nacional; iii) Quantidade e
denominação usual dos bens adquiridos
ou dos serviços prestados; iv) Valor da
contraprestação, designadamente o preço;
v) Data em que os bens foram adquiridos
ou em que os serviços foram realizados.
Quando o fornecedor dos bens ou
prestador dos serviços esteja obrigado à
emissão de fatura ou documento legalmente
equiparado nos termos do Código do
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA),
o documento comprovativo das aquisições
de bens ou serviços deve obrigatoriamente
assumir essa forma.
Se os gastos não estiverem
documentalmente comprovados, no
pressuposto de se conhecer a natureza
dos gastos, assim como quais foram os
destinatários dos mesmos, significa que
estamos perante gastos não devidamente
documentados, e se assim for serão gastos
não aceites fiscalmente.
Outro cenário é se não se conseguir
provar quais foram os destinatários que
incorreram nos gastos, aqui já serão gastos
não documentados, situação que também
se encontra tipificada no CIRS como não
aceite para efeitos fiscais.
Neste contexto e para melhor compreensão
expomos o enquadramento da seguinte
dualidade: gastos não documentados e
gastos não devidamente documentados.
• Gastos não documentados – não têm
qualquer suporte documental
Por gastos não documentados entendem-
-se todas as despesas incorridas em que
não existe documento como prova da
operação, nem se sabe o destino desses
gastos e, portanto, não se consegue provar a
natureza, finalidade e origem dos gastos. Por
conseguinte, as despesas não documentadas
não cumprem com a norma de aceitação de
gastos não sendo dedutíveis. Além disso, são
tributadas autonomamente.
• Gastos não devidamente documentados
– têm um documento emitido por
entidade externa, mas não reúne todas as
condições legais exigidas
Ao contrário da situação anterior (gastos
não documentados), os gastos não
devidamente documentados admitem
que haja documentação apesar de a
mesma apresentar insuficiências em alguns
elementos, nomeadamente na comprovação
da natureza da despesa.
O critério decisivo para diferenciar ambas as
despesas é o fator “destino” do pagamento
dos bens ou das prestações de serviços
adquiridos, pois, normalmente, apenas
nas situações de gastos não devidamente
documentados é que se conhece o
destinatário, apesar destas operações
carecerem da devida documentação. Por
conseguinte, os gastos não devidamente
documentados não cumprem com a norma
INFORMAÇÃO ELABORADA PELA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
RFF rejeita alterações de prazos legais
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais decidiu pelo reajustamento do calendário das
obrigações fiscais a cumprir este ano em matéria de IVA e de preços de transferência, sem
acréscimos ou penalidades para os contribuintes. Quanto às questões de forma, a RFF, em-
bora reconheça e compreenda os motivos que justificam este tipo de prorrogações, “o certo
é que não é adequado continuar a proceder a alterações de prazos legais ou a perdoar outros
acréscimos ou penalidades por via de mera instrução administrativa.
de aceitação de gastos, pelo que não serão
aceites fiscalmente, no entanto, sobre estes
não incide tributação autónoma, exceto se
a natureza da operação incidir sobre uma
despesa tipificada para esse efeito.
Ou seja, ainda que sejam despesas não
devidamente documentadas, as mesmas
podem estar sujeitas a tributação autónoma,
nomeadamente, se relativamente ao
pagamento suportado pela sociedade (e que
consta no extrato bancário), se conseguir
provar a natureza da despesa e quem foi
o destinatário (por exemplo, através do
e-fatura), e pressupondo que os gastos
se referem por exemplo a despesas de
representação, significa que tais gastos não
devidamente documentados para além de
não serem aceites fiscalmente são também
sujeitos a tributação autónoma.
Quanto a despesas incorridas no
estrangeiro, será sempre adequado a
existência de um documento que atenda
aos requisitos enumerados anteriormente,
pelo menos a identificação da entidade
adquirente e a natureza dos bens ou serviços
adquiridos.
Não pode a Autoridade Tributária e
Aduaneira impor condições a esses sujeitos
passivos de outros países, acerca das
formalidades e elementos dos documentos
que emitem.
Assim, devem ser aceites os documentos
emitidos, em conjunto com a restante
informação que justifique a despesa, no
pressuposto de que estes cumprem o
disposto na legislação vigente no país de
residência do sujeito passivo emitente do
documento. Mas note-se que, relativamente
às faturas emitidas por fornecedores não
estabelecidos no território nacional, haverá
que diferenciá-los entre fornecedores
comunitários e fornecedores de países
terceiros.
As faturas comunitárias devem ser emitidas
de acordo com a legislação aplicável no
país de origem, contudo, essa legislação
está harmonizada de acordo com a citada
Diretiva 2001/115/CE, pelo que somos do
entendimento que tal fatura comunitária
deverá apresentar os requisitos previstos no
CIVA, com as devidas adaptações do país
de origem.
Os documentos comprovativos de despesas
devem ainda ser arquivados pelo período
de 10 anos, se não for fixado outro prazo
em disposição especial, e servirão de base
aos registos contabilísticos. De referir que,
caso a empresa opte pelo arquivo digital dos
mesmos, num formato que cumpre com
as disposições legais, é possível a destruição
do papel após o registo desses documentos
na contabilidade e a respetiva dedução do
IVA suportado em declarações periódicas já
submetidas.
É, por isso, fundamental que os utilizadores
desses documentos garantam que todas
as formalidades estão observadas para
evitar eventuais correções fiscais à matéria
coletável pela não aceitação dos gastos.
FISCALIDADE
CONTAS & IMPOSTOS
Alienação de ações
está sujeita a tributação
em sede de IRS
Os rendimentos qualificados
como mais-valias resultantes da
venda de participações sociais são
tributados, independentemente
do local onde a sociedade cujas
participações sociais são alienadas
se localize.
Determinado sujeito passivo comprou e
vendeu ações nos Estados Unidos. Tendo
optado por não englobar estas operações, qual
a taxa de tributação aplicada nestes casos?
A questão colocada refere-se ao tratamento
fiscal relativo à alienação, por parte de um
sujeito passivo de IRS, de participações
sociais de uma sociedade localizada nos
Estados Unidos.
Resulta do n.º 1 do artigo 15.º do Código
do IRS que “... sendo as pessoas residentes
em território português, o IRS incide sobre a
totalidade dos seus rendimentos, incluindo os
obtidos fora desse território...”.
Assim, os ganhos provenientes da alienação
de ações, tratando-se de rendimentos que
se qualificam como tal (estão previstos nas
categorias de rendimento existentes no Código
do IRS), são sujeitos a tributação.
De facto, para que qualquer rendimento
seja sujeito a tributação, este terá que
se enquadrar numa das categorias de
rendimentos existentes no Código do IRS.
Resulta da alínea b) do n.º 1 do artigo 10.º do
Código do IRS, norma que se refere às mais-
valias enquanto incrementos patrimoniais
(categoria G):
“... 1 - Constituem mais-valias os ganhos
obtidos que, não sendo considerados
rendimentos empresariais e profissionais, de
capitais ou prediais, resultem de:
(...)
b) Alienação onerosa de partes sociais e de
outros valores mobiliários, incluindo:
1) A remição e amortização com redução de
capital de partes sociais;
2) A extinção ou entrega de partes sociais das
sociedades fundidas, cindidas ou adquiridas
no âmbito de operações de fusão, cisão ou
permuta de partes sociais;
3) O valor atribuído em resultado da partilha,
bem como em resultado da liquidação,
revogação ou extinção de estruturas fiduciárias
aos sujeitos passivos que as constituíram, nos
termos dos artigos 81.º e 82.º do Código do
IRC;
4) O reembolso de obrigações e outros títulos
de dívida;
5) O resgate de unidades de participação em
fundos de investimento e a liquidação destes
fundos.”
Face ao exposto, os rendimentos qualificados
como mais-valias resultantes da venda
de participações sociais são tributados,
independentemente do local onde a sociedade
cujas participações sociais são alienadas se
localize.
Tais rendimentos são tributados à taxa
autónoma de 28%, conforme alínea c) do
n.º 1 do artigo 72.º do Código do IRS, sem
prejuízo da opção de englobamento prevista
no n.º 8 da mesma norma.
14 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

Dow Jones 27/jul......... 31908,83 DAX 27/jul....................13166,38

PSI-20 (27.07) 6116,72
Var Sem.................................0,09% Var Sem................................-0,87%
2,97% Var. Semana Var 2021..............................-12,20% Var 2021............................... -17,11%
6150

Nasdaq 27/jul............... 11855,87 CAC40 27/jul.................. 6257,94

MERCADOS
6100

6050

6000 Var Sem................................-0,39% Var Sem.................................1,18%

Var 2021..............................-24,25% Var 2021..............................-12,51%
5950

Pontos
5900

IBEX 35 27/jul.................8131,00
5850

5800

5750
21/jul 22/jul 23/jul 24/jul 25/jul 26/jul 27/jul Var Sem.................................1,27%
9,83% Var. 2021 Var 2021................................-6,69% COLABORAÇÃO: BANCO SANTANDER

PEDRO MIRANDA, PRESIDENTE DA APCC, AFIRMA

Atividade internacional impulsiona

contact centers em Portugal
 O segmento de atividade
de contact centers que tem
crescido mais em Portugal é
o internacional, de serviços
prestados a nearshore ou offshore,
que hoje já representa mais de
50% do setor, em pessoas, receita
e valor acrescentado, afirma Pedro
Miranda, presidente da APCC -
Associação Portuguesa de Contact
Centers.
Os maiores utilizadores dos
serviços de contact centers são
multinacionais ou grandes
organizações, mas Pedro Miranda
entende que se deve dar mais
atenção às PME, porque muitas
vezes “é o nível de atenção
ao cliente que as distingue de
empresas de maior dimensão”.
Vida Económica - Como tem evoluído a
atividade dos Contact Centers em Portu-
gal?
Pedro Miranda - A evolução dos Contact
Centers está na categoria do “espetacular”,
sem falsas modéstias. Hoje os Contact Cen-
ters em Portugal não conseguem restringir-se
a uma definição simples, de modo algum. São
diversos e diferentes segmentos de atividade,
sendo que o segmento que tem crescido mais
é o internacional, que hoje já representa mais
de 50% do setor, em pessoas, receita e valor
acrescentado. São serviços prestados em Por-
tugal que têm como destino outros países, que
designamos por vezes nearshore ou offshore.
O setor, hoje, no seu todo e na sua essên-
cia de prestação de serviços, envolve 104 mil
profissionais, e fatura algo como três mil mi-
lhões de euros, sendo mais de metade  para o
mercado internacional, e com taxas de forte
crescimento. O mercado com destino ao seg-
mento português, embora sendo um segmen-
to aparentemente “nacional”, também já pos-
sui fortes influências da crescente imigração e
do forte crescimento do turismo. Os turistas
consomem produtos e serviços que precisam
de um Contact Center de apoio, ou os imi-
grantes, por exemplo, abrem e utilizam contas
bancárias, pelo que recorrem a Contact Cen-
ters onde o Inglês é cada vez mais necessário.
Adicionalmente, se a digitalização acelerada
das relações é uma realidade, como é exem-
plo o e-commerce, também é verdade que
na retaguarda têm crescido soluções de apoio
aos clientes ou potenciais clientes que, embo-
ra com apoio tecnológico, nunca deixam de
envolver equipas humanas que são imprescin-
díveis e com dimensões de que a maioria das
pessoas não tem noção.
“A evolução dos Contact Centers está na categoria do ‘espetacular’, sem falsas modéstias”, afirma
Pedro Miranda.
Outra dimensão do setor é a tecnologia, que
é um segmento com forte tradição portugue-
sa, com empresas de referência internacional
que começaram a sua atividade em Portugal.
Também neste segmento, importa destacar
que o mais avançado a nível mundial está
disponível e ao serviço do próprio setor, no-
meadamente soluções completas de Contact
Center e BPO na cloud, soluções de voz na-
tural para os canais de voz, assistentes virtuais,
soluções de gestão de relacionamento, bases
de conhecimento de suporte, formação, além
de soluções de workforce management. Tam-
bém é verdade que, para crescerem de forma
internacional, essas soluções têm incorporado
capital estrangeiro, mas envolvem muitos pro-
fissionais portugueses e também trabalham o
mercado nacional, como escala mundial.
 
 VE - Quais são os fatores que tornam
o nosso país atrativo para esta atividade?
PM - A maioria das pessoas que trabalham
no segmento internacional, pela pequena di-
mensão do mercado nacional disponível, são
pessoas estrangeiras e de diversos países. Sobre
os fatores que tornam possível esta imigração
já todos estamos conscientes e continuam
atuais, mas também têm limites que ainda não
se sabe bem quais, nomeadamente o ambiente
mais organizado e simpático nas nossas gran-
des cidades, a crescente oferta de serviços do
turismo que também serve bem o segmento
das pessoas que vêm de fora para trabalhar em
Portugal, como é o caso da oferta de restaura-
ção e diversão, o clima e as praias. A habitação
é uma limitação geral, como é sabido, mas
tem havido capacidade de absorção porque as
empresas do setor têm investido para que as
pessoas que são atraídas para Portugal tenham
incluído um pacote de alojamento e serviços
associados. Geralmente são pessoas qualifica-
das e, não podemos esquecer, fazem consumo
e pagam impostos, diretos e indiretos, em Por-
tugal. Algumas dessas pessoas vão fazer a sua
vida cá, o que é ótimo para melhorar o perfil
laboral português.
A escassez de profissionais, que atravessa to-
dos os setores, também atinge o nosso, tanto
de trabalhadores portugueses como estrangei-
ros. E Portugal enfrenta a concorrência de ou-
tros países mais a Sul, como é o caso da Gré-
cia. A guerra na Ucrânia e a desestabilização
consequente a Leste da Europa favorece outras
regiões, como é natural, embora se espera que
temporariamente.
 
VE - A dificuldade em contratar pessoas
está a condicionar o crescimento da ati-
vidade?
PM - A dificuldade de contratar é evidente,
e o crescimento dos salários e custos para reter
os profissionais são também evidentes, o que
também condiciona o crescimento da ativida-
de, sem dúvida.  ainda mais a sua prestação de serviços, porque
 
VE - O trabalho continua a ser realizado
Setor envolve 104 mil
profissionais e fatura três mil
milhões de euros
em escritórios ou também é feito em tele-
trabalho?
PM - Em ambos, sendo que a tendência é
a existência de segmentos distintos, com pe-
sos distintos, nomeadamente nas instalações
especializadas, em regime híbrido e a 100%
remoto.
O regime híbrido é o que tem mais peso e
penso que é o regime que melhor funcionará
nos próximos tempos.
 VE - O leque de serviços disponibiliza-
das pelos Contact Centers está a ser alar-
gado?
PM - Sem dúvida, os serviços de Contact
Center são realmente muito abrangentes, para
começar, cada vez mais multicanal, embora
o canal voz continue com peso significativo.
Há um novo leque de serviços. Quanto aos
serviços mais tradicionais, não desapareceram,
claro, nomeadamente o apoio ao cliente ou
vendas, mas são cada vez mais integrados em
jornadas de um nível de “customer experien-
ce” que se pretendem cada vez mais fáceis, in-
tuitivas e menos consumidoras de fricções que
necessitem de intervenção humana.
 
VE -  Qual é a importância da formação
nos contact centers?
PM - Este setor envolve formação, inicial
e contínua, de forma muito relevante. É uma
parte principal da atividade. Não só formação
técnica no âmbito principal do serviço que as
pessoas estão envolvidas, naturalmente, mas
também competências de comunicação e ges-
tão de relacionamento. Ao nível de chefes de
equipas, é fundamental acrescentar a forma-
ção nas competências de liderança.
 
 VE - Os utilizadores dia Contact Cen-
ter são grandes organizações ou também
PME?
PM - O segmento internacional tende a
ser suportado em grandes organizações, sejam
próprios a instalar em centros em Portugal
para seu consumo interno, sejam empresas
profissionais na prestação de serviços. Os
centros para o mercado doméstico estão mais
segmentados, desde os grandes até aos mais
pequenos ou de nicho. As PME também são,
mas com pouca expressão quanto tanto sabe-
mos. Penso mesmo que se deverá ser dar mais
atenção às PME, que são o tecido empresarial
dominante em Portugal e que podem evoluir
muitas vezes é o nível de atenção ao cliente que
as distingue de empresas de maior dimensão.  
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 15

MERCADOS

EURODÓLAR (27.07) 1,0122 Euro/Libra 27/jul........0,8409 EURIBOR 3M (27.07) 0,238 Euribor 6M 27/jul.......0,2380 PETRÓLEO BRENT (27.07) 106,52 Ouro 27/jul...............1718,91
Var Sem..........................1,05% 90,40% Var. Semana Var Abs Sem..................-0,63% -0,12% Var. Semana Var Sem..........................1,34%
-0,50% Var. Semana Var 2021......................... -6,01%
Var 2021..........................0,02% 0.72
Var 2021...................... 215,57% 107

6150
0.7 106
6100

6050 0.68 105

6000 Euro/Iene 27/jul.... 138,9300 0.66

Euribor 1Y 27/jul........1,0130 104
Prata 27/jul...................18,65
5950

Var Sem.......................... 1,19% Var Sem......................... -0,13%

0.64
5900
0.62
Var Abs Sem................ -12,97% 103

Var 2021.........................-5,82% Var 2021....................... -19,97%

5850

5800
0.6

0.58
Var 2021......................302,20% 102

5750 21/jul 22/jul 23/jul 24/jul 25/jul 26/jul 27/jul 101

21/jul 22/jul 23/jul 24/jul 25/jul 26/jul 27/jul 21/jul 22/jul 23/jul 24/jul 25/jul 26/jul 27/jul

-10,91% Var. 2021 141,61% Var. 2021 37,30% Var. 2021 COLABORAÇÃO: BANCO SANTANDER

TPS assinala 25 anos com edição

de livro comemorativo
A Teixeira, Pinto & Soares, SA (TPS), o poeta do saudosismo, a TPS também tura económica, social ou setorial, a TPS
empresa de engenharia e construção, que constrói verdadeiros poemas, sobretudo pretende aumentar a presença no Grande
está a celebrar 25 anos de atividade, rea- no domínio da reabilitação! Muitos dos Porto, na Grande Lisboa e Alentejo, cons-
lizou um evento comemorativo, no Hotel seus projetos são versos que recuperam o truir alicerces no Algarve e atingir um vo-
The Yeatman, onde apresentou um livro espírito do edificado de diversas eras da lume de negócios anual de 100 milhões
histórico a clientes e parceiros. A sessão nossa história”, referenciou Nélson Soares de euros até 2025.
de apresentação contou com a presença durante a apresentação do livro. Desde 2017, a TPS integra a esfera da
de representantes das autarquias, admi- “Este livro conta a história de uma em- Latitude Capital SGPS, SA, constituída
nistração central, promotores e fundos presa de espírito familiar, mas cujo capi- para agregar um portfólio de empresas
imobiliários, bancos, associações do setor, tal humano, organizacional e financeiro no domínio da engenharia e da constru-
universidades, arquitetos, engenheiros, transbordam essa esfera, colocando-a no ção civil ou em áreas confinantes. Para
projetistas e gestores de projetos e obras. centro das sinergias de um grupo empre- além da TPS, esta holding gere diversas
O livro “25 anos TPS – a arte de (re) sarial. É um relato com pormenores que participações sociais em várias empresas:
construir a memória”, editado pela By the procuram pôr em equação as forças que, a Década, fundada em 2015, a Debates
Book, e da autoria de Nélson Soares, foi desde 1997, concorrem quer para a for- Cruzados, constituída em 2017, a Terraço
apresentado por Felisbela Lopes, profes- mação da identidade da TPS quer para o Sazonal, criada em 2018, e a Globaltér- técnicas especiais, tais como Sistemas de
sora e investigadora da Universidade do desenvolvimento da sua atividade”, refe- mica – Instalações Mecânicas, SA, forma- Aquecimento, Ventilação e Ar Condicio-
Minho e comentadora da RTP. riu Bruno Soares, presidente do conselho da em 2018. nado (AVAC), sistemas de desenfuma-
“Este livro é um duplo tributo, à TPS de administração da TPS. As três primeiras são sociedades de pro- gem, sistemas solares térmicos e fotovol-
e ao poeta Teixeira de Pascoaes, ambos Com um percurso em que revela capa- moção imobiliária. A Globaltérmica, por taicos, instalações hidráulicas e Sistemas
de Amarante. Se Teixeira de Pascoes é cidade para se reinventar a cada conjun- sua vez, é uma empresa de instalações de Gestão Técnica Centralizada (GTC).

RUI CASTRO PACHECO

Head of Investments
Banco Best

Inflação, taxas de juro e algumas consequências

A subida das taxas de juro pelos bancos a ser suavizados pelo tal crescimento de alguma deterioração, deixando iniciar um movimento de alguma subida
centrais costuma acontecer em períodos económico e dos salários, no atual muitas famílias sem grandes recursos e podem ser uma alternativa de curto
de forte aceleração económica em que enquadramento, não temos fatores para reforçarem as suas poupanças para prazo.
os salários estão a subir, a puxar pelos positivos a compensar os tais efeitos situações de emergência e mesmo para a Em todo o caso, no médio e longo
preços dos bens e a levar à aceleração da nefastos. sua reforma. prazos, os depósitos dificilmente
inflação. Nestas condições, o aumento Para famílias que estejam atualmente Adicionalmente, os acontecimentos nos conseguem gerar um retorno que
das taxas de juro serve para “arrefecer mais endividadas, estas vão ter que mercados nesta primeira metade do ano compense a inflação. Assim, ainda que
a economia” e abrandar as pressões contar com prestações mais caras, num não têm inspirado grandes investimentos. nominalmente proporcionem um retorno
inflacionistas, pois quem se endivida momento em que, por via da inflação, Num ambiente de subida de taxas, positivo, o retorno real pode estar a ser
para consumir ou para criar negócios já estão a gastar mais nas suas compras existe uma fase em que “não há onde se até mesmo negativo se descontarmos
e riqueza (sejam as famílias, sejam as mensais. Assim, é de esperar que estas esconder”, a não ser eventualmente nos a taxa de inflação. No médio e longo
empresas) vai ter juros mais altos e isso famílias acabem por diminuir a sua depósitos a prazo. Algum arrefecimento prazos, recorrendo a dados históricos, o
leva a que alguns agentes abrandem o capacidade de poupança. As famílias no otimismo e eventuais fragilidades melhor ativo para superar a inflação são as
consumo e o investimento com recurso a menos dependentes de crédito, ainda que de algumas empresas mais dependentes ações. É certo que é um ativo com maior
crédito. algo afetadas pela inflação mas ao mesmo de dívida levam os mercados acionistas risco… mas o maior risco está por norma
A questão é que, especialmente na tempo com alguma menor propensão a a alguma instabilidade. Também nos associado a maior retorno potencial e as
Europa, a inflação está a crescer sem consumir, é possível que possam manter mercados obrigacionistas, o efeito é quase correções que tivemos este ano podem
haver grandes subidas salariais nem uma a sua capacidade para poupar. Assim, matemático… maiores taxas de juro, ter chegado a um ponto em que estamos
economia em forte crescimento. a poupança das famílias que tinha preço das obrigações a cair. Nesta fase, em valores interessantes para entrar no
Se, por norma, os “efeitos nefastos” recuperado um pouco no período da os depósitos a prazo, atualmente ainda mercado de ações, numa ótica de médio e
da subida das taxas de juro tendem pandemia deve continuar o seu caminho com taxas de juro muito baixas, podem longo prazos.
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16 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

MERCADOS

SUSANA AMARAL RAMOS

Advogada de Alcides Martins,
Bandeira, Simões & Associados
– Sociedade de Advogados, SP, RL

Pagamento de rendas nos centros comerciais – a legislação do Tribunal Constitucional

Foi publicado o Acórdão do Tribunal
Constitucional n.º 468/2022, de 22 de
julho, que declara inconstitucional, com
força obrigatória geral, a norma do n.º 5
do artigo 168.º-A da Lei 2/2020, de 31 de
março.
Tentando traduzir de juridiquês para
português.
A referida Lei é a que aprovou o Orçamento
de Estado para 2020, tendo a norma em
concreto analisada sido aditada em 24
de julho de 2020, pela Lei 27-A/2020 (o
chamado Orçamento Suplementar).
O n.º 5 do artigo 168.º-A previa que, nos
contratos de exploração de loja em centros
comerciais, não seriam devidos quaisquer
valores a título de renda fixa até 31 de
dezembro de 2020.
Como a alteração legislativa apenas entrou
em vigor em julho de 2020, estava em causa
a dispensa do pagamento da parte fixa das
rendas devidas por estes lojistas nos meses de
julho a dezembro de 2020: 6 meses.
Durantes esses 6 meses os centros comerciais
foram abrindo e encerrando, com horários
mais ou menos reduzidos, com mais ou
menos limitações quanto ao acesso do
público.
Nessa fase, de resto, o público não queria
ainda frequentar centros comerciais, o medo
da pandemia não se tinha ainda dissipado
e, convém lembrar, o pior período da
pandemia viria ainda a ocorrer, entre o fim
de dezembro de 2020 e o mês de janeiro de
2021. Não tanto por causa do número de
contágios (no início de 2022, registaram-se
4 vezes mais casos), mas porque o pânico se
gerou, sem vacinas disponíveis ainda, com
as ambulâncias paradas em filas à porta dos
hospitais, com pessoas a morrer às centenas
por dia. Não era um ambiente propício a
passeios pelos centros comerciais.
Desde a publicação da Lei 4-C/2020, logo
em 6 de abril, e na sequência da imposição
de encerramento de todos os serviços
não essenciais, os inquilinos tinham à sua
disposição a possibilidade de pedir uma
moratória, ou seja, poderiam diferir o
pagamento das rendas que se vencessem
durante os meses em que vigorasse o
estado de emergência (e o seguinte) para
os 12 meses posteriores ao término desse
período, altura em que teriam que retomar
os pagamentos normais, acrescidos dos
duodécimos do que estavam em atraso.
Cada centro comercial, entretanto,
apresentava esta ou outras propostas
alternativas aos lojistas, umas mais
vantajosas, outras menos: nenhuma com o
alcance que a lei viria a ter.
É neste cenário que a Assembleia da
República aprovou a referida norma: durante
6 meses, a parte fixa a pagar pelos lojistas dos
centros comerciais não seria devida (apenas
a variável, que é fixada numa percentagem
sobre as vendas que são feitas na loja, e
a contribuição para as despesas comuns,
relativas à manutenção do respetivo centro).
A intenção do legislador era a de reequilibrar
os contratos: as duas partes receberiam em
função do negócio que efetivamente fosse
feito.
A norma viria a ser sujeita a fiscalização
abstrata sucessiva da sua constitucionalidade,
ou seja, da sua conformidade com a
Constituição da República Portuguesa. A
Provedoria de Justiça considerou (de forma
muito simplificada e resumida) que tal
disposição constituía um limite inaceitável
(inconstitucional) ao direito de propriedade
dos donos dos centros comerciais, que
inclui também o direito a receber as rendas
acordadas com os inquilinos.
Ainda que se reconheça no aresto que a
pandemia deixou os (estes) lojistas numa
situação gravosa e que é também um
princípio constitucional o da solidariedade,
não aceita o Tribunal Constitucional que
a sua situação seja mais merecedora de
proteção do que os donos dos centros
comerciais. Na verdade, o argumento
utilizado pelo Julgador é exatamente o
oposto: seria a suspensão do pagamento da
retribuição fixa a desequilibrar os contratos,
em prejuízo (injustificado) dos proprietários.
A apreciação do Tribunal começa
por enveredar por um caminho de
aconselhamento ao legislador: as medidas
para apoiar os lojistas poderiam e deveriam
ter sido de outra índole, desde linhas de
crédito a financiamentos, de moratórias a
medidas fiscais.
Finalmente, desemboca numa verdadeira
correção pelo poder judicial do que foi a
vontade expressa pelo poder legislativo: a
norma não é simplesmente considerada
inconstitucional, é corrigida.
Há, em direito e na aplicação das leis, o
princípio de que o legislador expressou o que
realmente quis e que o fez devidamente: cabe
ao intérprete (designadamente, aos tribunais)
apreender esse conteúdo e aplicá-lo.
No caso, o Tribunal considerou que estaria
em melhor posição que o legislador para
determinar o conteúdo da norma (explica
no Acórdão as suas razões), de modo que,
com a eficácia retroativa que é atribuída à
decisão do Tribunal, aplicar-se-á, no período
entre julho e dezembro de 2020, uma nova
norma, conhecida agora, em julho de 2022,
introduzida no sistema legislativo pelo
Tribunal.
A solução encontrada pelo Acórdão é a de
substituir a disposição que a Assembleia
da República aprovou para aquele período
pelo teor da norma que foi aprovada para o
momento seguinte (e é um dos argumentos
para a decisão ser como foi), ou seja, a partir
de 1 de janeiro de 2021.
O que se aplicará, portanto, é a redução
proporcional do montante da renda fixa a
pagar, por referência ao volume de vendas
do lojista, com o limite máximo de uma
diminuição de 50% nessa parcela da renda.
Bom, esta decisão final não será o termo do
litígio; na verdade, é provavelmente apenas
o início.
Haverá outras formas de defesa dos
lojistas, aliás, argumentos que tinham sido
usados nas negociações com os centros
comerciais, ainda antes da publicação da
lei que agora é alterada, e a que o próprio
Tribunal Constitucional também alude:
impossibilidade da prestação, alteração das
circunstâncias, o dever de renegociar os
contratos.
Sem aquela disposição legal expressa,
cujo teor é agora alterado pelo Tribunal
Constitucional, terá que se recorrer ao
conjunto do ordenamento jurídico, que
já existia e continuará a existir, e que tem
instrumentos para responder a situações
excecionais como foi (é?) a pandemia e os
desequilíbrios contratuais que se geram nas
relações entre partes.
O impulso legislativo do Tribunal
Constitucional acaba de criar as condições
para longos e fartos litígios.
Este Tribunal não terá feito justiça, mas
outros irão fazendo, caso a caso.

MARCELO SILVA
gestor de clientes no BiG
- Banco de Investimento Global

Estados Unidos: recessão no horizonte?

Esta semana é de importância maior para
os próximos meses da economia norte-
-americana e, consequentemente, para
a economia mundial. Na quarta-feira, o
Banco Federal Norte-Americano (FED)
anuncia as taxas de juro diretórias para
os próximos meses. As expectativas do
mercado apontam para uma subida na
casa dos 75-100 pontos base(pb), sendo
que o mais provável seja um aumento de
75 pb.
Para já, o discurso da FED é ainda
bastante agressivo no tema do combate à
inflação, sobretudo quando comparado
com o Banco Central Europeu (BCE).
Os números encontram-se ainda muito
elevados (9,1% em junho) quando
comparados com o objetivo dos 2%.
Para além de os números estarem bastante
elevados, estão também a tornar-se
bastante persistentes. O cabaz da FED de
Atlanta que mede os preços de bens cujo
preço é mais sticky, isto é, que não flutua
tanto, já aumentou 8,1% este ano.
Na quinta-feira, saem os dados referentes
ao PIB do segundo trimestre e, segundo
algumas estimativas, este valor pode
ser negativo. Caso aconteça, os Estados
Unidos entram em terreno de recessão
técnica – dois trimestres consecutivos de
PIB negativo.
Alguns membros de agências
governamentais desdramatizam o número
e põem de lado uma eventual recessão,
alegando que o mercado de trabalho está
ainda bastante sólido. O que é facto é que
têm vindo a ser anunciadas sucessivas vagas
de despedimentos no setor tecnológico,
precisamente por uma expectativa da
degradação das condições económicas num
futuro próximo.
O aperto das condições financeiras com
o intuito de mitigar a inflação tem a
consequência de estrangular a procura,
levando a um abrandamento económico.
A questão sempre difícil de gerir é qual
o nível de abrandamento económico
idealizado e qual é aquele que na
realidade acontece. O ideal será abrandar
a procura sem que exista uma grande
supressão da atividade económica. No
entanto, o “soft landing” nem sempre é
possível, ainda que seja sempre desejável.
E é precisamente isto que o mercado espera
que a FED faça. As expectativas do mercado
apontam para que o Fed Funds Rate se fique
pelo nível dos 3,25% - 3,5% no final deste
ano. No entanto, o mercado de futuros
desconta os primeiros cortes de taxas de juro
no verão de 2023.
Na prática, o mercado espera que a FED
seja muito agressiva na subida de taxas para
combater a inflação, mas, simultaneamente,
espera que exista um corte de taxas logo
de seguida, uma vez que o abrandamento
económico será bastante elevado e
demorado com custos de financiamento na
economia tão elevados.
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Assessoria especializada B2B

Cambial * Taxas de Juro * Commodi?es * Economia

Vale a pena falar connosco!

R. Júlio Dinis, 247 – 6º - Sala E9 – 4050-324 PORTO www.imf.pt Av. Duque de Loulé, 123 – Sala 54 – 1050-089 LISBOA
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 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 17

MERCADOS

TESTEMUNHO DE SUCESSO – METEORIC VICTORY

Versatilidade tecnológica
para a construção civil
Quer organizar os seus
ativos corpóreos e saber,
no imediato, onde estes se
encontram?
Estes eram desafios que Leonel Costa,
gestor da Meteoric Victory, pretendia ver
resolvidos.
A otimização de processos, a sustentabi-
lidade e a gestão otimizada são objetivos
comuns nas empresas do setor da constru-
ção civil. Neste sentido, o gestor imple-
mentou um software que responde a estas
exigências e demais soluções que possam
vir a surgir.
Fique a saber como foram respondidas
estas e outras questões colocadas pela ges- Leonel Costa, gestor da Meteoric Victory
tão da Meteoric Victory.

O cerne da questão: como organizar

veículos pesados, maquinaria e material
de escritório num software e saber onde
estes se encontram?
A Meteoric Victory procurava um soft-
ware para agilizar e facilitar a gestão e a or-
ganização dos seus ativos corpóreos. Ape-
sar de sermos uma empresa relativamente
recente, começámos a sentir a necessidade
de nos (re)organizarmos e de deixar as fo-
lhas de Excel.
Tínhamos imenso material dentro e

fora de portas e precisávamos de saber, ao
momento, o local onde se encontravam, a
quem estava alugado ou se estava nos nos-
sos armazéns, quando e a quem faturar e
de criar históricos de manutenção de de-
terminados equipamentos.
Como utilizávamos um software que já
não conseguia acompanhar o crescimento
da Meteoric Victory, decidimos consultar
a Winsig no sentido de nos apresentarem
uma solução para agilizar estes processos,
ajudar a nossa empresa a tornar-se mais
sustentável, diminuir drasticamente o uso
de papel e os demais materiais associados.
cluímos que, na prática, necessitávamos de
uma solução mais detalhada do que aquela
que adjudicámos. A Winsig e os seus con-
sultores responderam com proatividade,
ao adicionar um módulo desenvolvido
internamente, integrado no PHC, para
responder às necessidades de gestão dos
processos da empresa.
A solução apresentada veio, efetiva-
mente, otimizar os processos?
Era esse o objetivo e foi concretizado. O
nosso material é alugado pelas empresas de
construção civil para satisfazer a procura
“
No geral, qual é a sua opinião em rela-
ção ao trabalho da Winsig?
A Winsig foi quem tornou esta imple-
mentação e desenvolvimento possíveis e
a presença do consultor responsável pela
“A adaptabilidade implementação nas nossas instalações foi
fundamental para a adaptabilidade e auto-
do PHC e o nomia que temos neste momento.
O facto de o consultor, Ricardo Barbosa,
desenvolvimento trabalhar diretamente com a equipa inter-
na fez com que percebesse melhor as nos-
da Winsig são uma sas metodologias e necessidades. Ele foi a
simbiose perfeita” peça-chave na implementação do software
PHC e da solução customizada que foi de-

Detalhe o processo de adjudicação e
implementação apresentado.
Apresentámos o que prendíamos que
o ERP fizesse/respondesse de uma forma
geral. Arrancámos com o projeto e con-
”
nas variadas fases da obra. senvolvida para a Meteoric Victory.
O PHC, em conjunto com o módulo Outra vantagem desta proximidade é o
incorporado e desenvolvido pela Winsig, facto de compreender rapidamente o que
faz com que a gestão diária desses equi- pretendemos e conseguir antever a solução
pamentos esteja praticamente otimizada, para o que pedimos. Há condicionantes
mas ainda há espaço para crescer e criar externas que não conseguimos controlar,
novas funcionalidades que acompanhem o mas, como o PHC é flexível, podemos

“
crescimento da Meteoric Victory.
A adaptabilidade do PHC e o desen-
volvimento da Winsig são uma simbiose
perfeita, pois, ultrapassados os primeiros
ajustes e os acertos da implementação, co-
meçámos a trabalhar de forma mais inde-
“Apresentámos o pendente e automatizada.
que prendíamos Refira um exemplo de um processo
moroso que se tornou simples de con-
que o ERP fizesse/ cretizar.
Neste momento, os nossos motoristas
respondesse de uma podem criar guias de transporte, com co-
forma geral” municação à AT, sem terem de se deslocar
ao escritório ou entrar em contacto com o
criar novos campos, itens e artigos.
decidimos passar essa tarefa para o colabo-
rador que vai buscar/entregar o material.
Eles acedem ao sistema, através de um
tablet, criam a guia de transporte e con-
tinuam o seu trabalho normalmente. O
PHC declara às Finanças que o material
está em movimento para determinado des-
tino.
Um processo que era demorado e que
envolvia várias pessoas, agora, é realizado
por um colaborador em ambiente web.

”
departamento administrativo e sem neces-
sidade de as imprimir. Uma parte do trabalho está concluída
Foi um desenvolvimento da Winsig e e há mais desenvolvimentos para fazer. www.winsig.pt |218 299 150 | info@winsig.pt
18 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

MERCADOS

PSI-20 - ANÁLISE DE LONGO PRAZO DAX 30 - ANÁLISE DE LONGO PRAZO

O PSI vinha a apresentar uma clara tendência de queda O Dax apresenta uma clara tendência desde o início do século,
desde meados de 2007. Contudo, no início deste ano à medida que acompanha a linha de tendência ascendente. Nos
acabou por inverter esta tendência, ao quebrar em alta a últimos meses, o índice tem vindo a renovar máximos históricos,
linha de tendência descendente (vermelho). Desde então na zona dos 16 mil pontos. De momento, ainda não o conseguiu
tem vindo a acumular ganho, formando uma nova tendência, superar de forma significativa, acabando por corrigir em baixa.
neste caso de alta, para o médio prazo. Recentemente o Para o curto prazo, poderá continuar a observar-se uma descida.
índice tem vindo a testar a zona dos 6 mil pontos, sendo Contudo, tendo em conta a já referida linha de tendência, as
que uma quebra em alta a esta abriria terreno para uma perdas deverão ser apenas temporárias, sendo que para o médio
subida até aos 7900 pontos – máximos de 8 anos. e longo prazo as perspetivas permanecem altistas.

RUI COSTA ruicosta@imf.pt

MERCADO MONETÁRIO
INTERBANCÁRIO
BCE subiu taxas, 11 anos depois
Tem-se registado uma forte agitação
nos mercados europeus de taxas de
juro. Onze anos depois, o BCE subiu
as suas taxas de juro de referência. No
entanto, surpreendeu o mercado
pela decisão de subir 50 pontos base
(pb), em vez de 25 pb. A perceção
de que o BCE poderá não ter espaço
para subir as taxas de juro muito
mais vezes, devido à debilidade da
economia, provocou uma queda muito
significativa nos prazos mais longos, da
qual resultou um forte alisamento da
curva de rendimentos. Efetivamente,
Christine Lagarde referiu que “subir
mais depressa não significa subir mais”,
dando a entender que as taxas de juro
poderão não chegar, no final deste ciclo
de aperto monetário, aos níveis que se
esperavam até há poucos dias.
Assim, tivemos as Euribor a subirem
entre 15 pb e 20 pb, sendo que nesta
altura apenas a referência a 1 mês
permanece abaixo dos 0%. Mas, ao
mesmo tempo, as taxas fixas em swap
entre os 2 e 10 anos baixaram entre
os 35 pb e os 40 pb desde o dia da
reunião do BCE, num sinal claro de
que as expetativas de mais subidas
de taxas de juro no futuro são nesta
altura bem mais baixas. Olhando para
a projeção da Euribor a 6 meses que
resulta da decomposição das taxas
fixas em swap, verificamos que até
FILIPE GARCIA
Economista da IMF – Informação
de Mercados Financeiros
filipegarcia@imf.pt
2025 não se espera que passem os
1,5%. Deste modo, continuamos num
clima de forte incerteza e agitação,
em que não há sinais de uma resposta
positiva da inflação à subida de
taxas, mas começam a surgir sinais
preocupantes de desaceleração da
economia.
Na Europa, a S&P Global reportou
índices de atividade de indústria e
serviços a apontar para recessão. A JP
Morgan afirmou, na quarta-feira que
cortou as previsões para a economia da
zona euro, esperando uma contração
do PIB no 4º trimestre deste ano e no
1º de 2023. O problema está longe
de se centrar apenas no continente
europeu, com a mesma S&P Global
a rever em baixa a sua expetativa de
crescimento do PIB mundial para
2,7% em 2022, apontando uma nova
desaceleração para 2,6% em 2023,
enquanto acredita que a probabilidade
de recessão para as maiores economias
mundiais se situa nesta altura entre
os 40% e 50%. Também o FMI
cortou novamente as projeções de
crescimento, alertando que os riscos
negativos da inflação e da guerra
na Ucrânia estão a materializar-se
e poderão “empurrar” a economia
mundial para uma recessão. A
instituição prevê, no cenário base, que
o PIB mundial crescerá 3,2% este ano,
Eur/Usd segue próximo
da paridade
abaixo dos 3,6% projetados em abril. EUR/USD
Para 2023, a projeção foi revista em
baixa de 3,6% para 2,9%. Para a Zona
Euro, o crescimento do PIB este ano
foi cortado de 2,8% para 2,6% e, na
Alemanha, de 2,1% para 1,2%.
O BCE tem uma difícil decisão em
setembro, sendo que a sua presidente
afirmou que há comprometimento
em trazer a inflação do consumidor
de volta a valores próximos de 2%.
Entretanto, os rendimentos da dívida
pública alemã a 10 anos atingiram os
0,91% (bem abaixo de 1%), algo não
visto há dois meses. Nos títulos a 2
anos registou-se na sexta-feira a maior
queda diária de yields desde 2005.
Os spreads da dívida de países do Sul
da Europa beneficiaram do anúncio do
BCE do novo Instrumento de Proteção
de Transmissão, que em teoria protege
os seus mercados obrigacionistas
desde que a origem da discrepância
não seja política. Esta é a razão pela
qual o spread entre Alemanha e Itália
continua elevado, com a incerteza
do resultado das eleições italianas
marcadas para 25 de setembro. A S&P
reviu a perspetiva da notação crédito
Itália de “positivo” para “estável”,
mantendo o rating inalterado em BBB.
ANÁLISE PRODUZIDA A 27 DE JULHO DE
2022

EVOLUÇÃO EURIBOR (EM BASIS POINTS) Eur/Usd Eur/Jpy

26.julho.2022 3.janeiro 2022 24.janeiro 2022
O Eur/Usd acabou por ressal- O Eur/Jpy falhou o teste aos
1M -0,089% -0,576% 0,487 -0,563% 0,474 tar, após ter atingido mínimos 144 ienes, acabando por corrigir
3M 0,212% -0,570% 0,782 -0,543% 0,755
de 20 anos nos $0,9953. Desde em baixa. Ainda assim, a correção
então tem transacionado acima do par não deverá ser muito ex-
6M 0,623% -0,539% 1,162 -0,522% 1,145 da paridade, mas apenas ligei- pressiva, sendo que o suporte dos
1Y 1,033% -0,499% 1,532 -0,463% 1,496 ramente. Como tal, as perspe- 140 e 133 ienes têm provados ser
tivas permanecem amplamente bastante robustos.
TAXAS EURIBOR E REFI BCE FUTUROS EURIBOR negativas para o par.
Data 3 Meses Implícita
agosto 22 0,740% O facto de não ter (pelo me- Eur/Gbp
outubro 22 1,045% nos até ao momento) atingido O Eur/Gbp deu seguimento à
março 23 1,285% o nível dos $1,0340 no seu correção que tem vindo a reali-
dezembro 23 1,370%
junho 24 1,375%
ressalto acaba por corroborar a zar nas últimas semanas, estando
dezembro 24 1,365% fraqueza da moeda única neste de momento a testar o nível das
CONDIÇÕES DOS BANCOS CENTRAIS
momento. £0,84. No entanto, este não deve-
Euro Refinancing Rate 0,00% Assim, este terá sido apenas rá oferecer grande suporte ao par,
BCE Euro Marginal Lending Facility 0,25% um ressalto técnico, sendo es- sendo provável que seja quebrado,
Euro Deposit Facility -0,50% perado que o par dê seguimen- tendo como próximo suporte (e
*desde 10 de março 2016
EUA FED Funds 1,00% to às perdas. desta vez mais robusto) os £0,83.
R.Unido Prime Rate 1,00%
Brasil Taxa Selic 12,75%
Japão Repo BoJ -0,10% Var. Semanal Var. a 30 dias Var. desde
27/julho/2022
EURO FRA’S (%) (%) 1 jan (%)
Forward Rate Agreements
Tipo* Bid Ask
EUR/USD 1,0152 -0,46% -3,87% -17,44%
1X4 0,536 0,546
3X6 0,961 0,971
EUR/JPY 138,89 -1,44% -3,33% 9,69%
YIELD 10 ANOS PORTUGAL 1X7 0,858 0,878
3X9 1,159 1,179
6X12 1,377 1,397
EUR/GBP 0,8414 -1,22% -2,56% -6,68%
12X24 1,487 1,497
*1x4 – Período termina a 4 meses, com início a 1M EUR/CHF 0,9768 -1,29% -3,30% -9,65%
EURO IRS
EUR/NOK 9,9558 -1,74% -3,69% -4,67%
InterestSwapsvs Euribor 6M
Prazo Bid Ask
2Y 1,228 1,234
EUR/SEK 10,4545 -0,06% -1,88% 3,62%
3Y 1,278 1,308
5Y 1,420 1,450 EUR/DKK 7,4446 -0,01% 0,07% 0,09%
8Y 1,609 1,639
10Y 1,720 1,750 EUR/PLN 4,7978 0,33% 2,29% 5,50%

Obrigações 5Y 10Y
EUR/AUD 1,4620 -1,00% -3,88% -8,21%
1,26 2,06
1,30 2,12 EUR/NZD 1,6306 -0,01% -3,07% -4,45%
0,89 1,52
0,67 0,93 EUR/CAD 1,3049 -0,63% -3,80% -16,47%
2,58 3,40
1,71 1,95 EUR/ZAR 17,1347 -1,48% 1,35% -4,39%
2,85 2,76
0,00 0,21 EUR/BRL 5,4039 -2,50% -2,29% -14,55%
Fontes: Reuters e IMF
 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 19

MERCADOS

PRG Retail Group compra Toys´R´Us Ibéria Turismo sem trabalhadores

O grupo italiano PRG Retail, detentor da Prénatal, adquiriu a cadeia de jogos e brinquedos
Toys´R´Us na Península Ibérica. Com esta operação reforça a sua presença nos dois mercados
e mantém a sua estratégia de crescimento na Europa. Em causa estão 45 lojas, Espanha com
35 e Portugal com as restantes., as webs de comércio eletrónico, o centro logístico e as sedes
em Madrid e Lisboa. Conta com uma força de trabalho de cerca de 800 pessoas.
A recuperação do setor do turismo europeu está em causa. As viagens correm o sério risco de
não aumentarem, caso a falta de trabalhadores persista na indústria. O aviso chega do Con-
selho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) e da Comissão Europeia do Turismo (ETC).
As duas entidades calculam em cerca de 1,2 milhões a falta de profissionais no setor, apenas
na Europa.

TÍTULOS EURONEXT LISBOA PAINEL BANCO SANTANDER PAULO ROSA

Economista Sénior
do Banco Carregosa
Última Variação Máximo Mínimo EPS EPS Est PER Est PER Est Div. Yield Div. Yield
Título Data Act Hora Act
Cotação Semanal 52 Sem 52 Sem Est Act Fut Act Fut Ind Est
Relógios, farmácia e químicos suportam franco suíço
ALTRI SGPS SA 6,430 5,15% 6,675 3,582 0,990 0,737 6,495 8,725 3,73% 6,33% 27/07/2022 16:35:13
Estamos em 2022. Toda a Europa foi equivale a mais de 15 GW. A barragem
IBERSOL SGPS SA 5,860 -1,35% 6,600 4,590 0,150 0,170 39,067 34,471 2,30% 2,05% 26/07/2022 26/07/2022
ocupada pela inflação… Toda? Não! Um suíça Grande Dixence, uma das maiores
BANCO COMERCIAL
0,151 2,52% 0,203 0,119 0,018 0,031 8,372 4,861 0,60% 0,00% 27/07/2022 16:35:27
país povoado por irredutíveis suíços resiste da Europa, dispõe de uma capacidade
PORTUGUES-R ainda ao invasor. Os sucessivos excedentes instalada de 2070 MW, quase o dobro dos
F. RAMADA INVESTIMENTOS comerciais suíços e a inflação relativamente 1158 MW da ‘giga bateria’ recentemente
SGPS SA
6,920 1,76% 7,600 5,740 0,550 0,420 12,582 16,476 8,67% 5,49% 27/07/2022 15:17:35 baixa no atual contexto mundial, de 3,6% inaugurada na Zona do Tâmega e quatro
em junho, suportam a moeda helvética, vezes superior aos 520 MW do Alqueva.
CORTICEIRA AMORIM SA 10,240 1,59% 12,601 9,180 0,612 0,705 16,732 14,525 1,95% 2,76% 27/07/2022 16:35:28 fortalecida também pela resposta atempada Alguma autonomia energética e a relativa
CTT-CORREIOS DE do Banco Nacional da Suíça (SNB). No robustez do franco suíço (CHF), atenuando
3,225 0,62% 5,160 2,965 0,235 0,283 13,723 11,396 3,72% 3,72% 27/07/2022 16:35:03
PORTUGAL passado dia 16 de junho, o SNB aumentou os preços das importações, travam o
os juros em 50 pontos base, de -0,75% aparecimento de inflação mais elevada. A
EDP-ENERGIAS DE
4,868 3,93% 5,028 3,652 0,212 0,266 22,962 18,301 3,90% 3,94% 27/07/2022 16:35:08 para -0,25%, a primeira subida desde economia suíça é uma das mais abertas
PORTUGAL SA
setembro de 2007, numa tentativa de do mundo, e em 2021 as exportações
EDP RENOVAVEIS SA 24,090 0,75% 25,370 16,600 0,703 0,743 34,267 32,423 0,37% 0,42% 27/07/2022 16:35:19 travar as pressões inflacionistas. A inflação totalizaram CHF 259,5 mil milhões e as
GALP ENERGIA SGPS SA 10,100 2,14% 13,060 8,060 1,338 1,327 7,549 7,611 4,95% 5,12% 27/07/2022 16:35:28 alastrou a toda a Europa, impulsionada importações quedaram-se pelos CHF 200,8
pela crise energética, e os maiores encargos mil milhões, culminando num excedente
JERONIMO MARTINS 22,560 7,12% 22,780 16,405 0,898 1,000 25,122 22,560 3,48% 2,27% 27/07/2022 16:36:39 com a importação de combustíveis fósseis comercial de CHF 58,7 mil milhões.
MOTA ENGIL SGPS SA 1,220 -0,33% 1,443 1,108 0,115 0,150 10,609 8,133 4,24% 1,39% 27/07/2022 16:35:27 têm penalizado as contas externas das Pedras e metais preciosos, nomeadamente
NAVIGATOR CO SA/THE 4,140 3,14% 4,240 2,804 0,446 0,320 9,283 12,938 6,79% 5,70% 27/07/2022 16:35:05
economias europeias. Mesmo a Noruega, ouro, representaram cerca de CHF 110 mil
que apresenta crescentes superávites na milhões das exportações e das importações.
NOS SGPS 3,710 -0,27% 4,120 3,110 0,272 0,263 13,640 14,106 7,49% 7,76% 27/07/2022 16:35:17 balança comercial, beneficiando da alta Mas as contribuições líquidas vieram dos
PHAROL SGPS SA 0,077 0,26% 0,102 0,072 - - - - - - 27/07/2022 16:23:56 do preço do petróleo, divulgou uma produtos químicos e farmacêuticos, cerca
inflação homóloga em junho de 6,3%. A de CHF 75 mil milhões em 2021, bem
REDES ENERGETICAS
2,760 2,22% 3,060 2,330 0,160 0,168 17,250 16,429 5,58% 5,94% 27/07/2022 16:35:07 Holanda, a Irlanda e a Dinamarca mostram como das exportações de relógios, que
NACIONAIS
relevantes excedentes comerciais, mas a ascenderam a CHF 22,3 mil milhões, com
SEMAPA-SOCIEDADE DE elevada dependência dos combustíveis os principais mercados a permanecerem
14,000 1,89% 16,300 10,660 3,025 2,140 4,628 6,542 3,66% 5,21% 27/07/2022 16:35:26
INVESTIM fósseis, respetivamente 87%, 84% e 60%, nos EUA, China e Hong-Kong (a título de
SONAE 1,139 0,98% 1,180 0,794 0,123 0,096 9,260 11,865 4,49% 4,48% 27/07/2022 16:35:12
tem impulsionado os preços nestes países, comparação de valor, as 382,6 toneladas
cuja inflação homóloga foi em junho de de ouro detidas pelo Banco de Portugal
NOVABASE SGPS SA 4,680 -7,14% 5,100 4,049 0,215 0,285 21,767 16,421 - 9,19% 27/07/2022 16:09:12 9,6%, 8,6% e 8,2%, respetivamente. As valem 20 mil milhões de euros). No
GREENVOLT-ENERGIAS restantes economias europeias revelam primeiro semestre deste ano, o superávite
8,830 14,53% 8,830 4,499 0,236 0,484 37,415 18,244 - - 27/07/2022 16:35:15 uma crescente deterioração das suas comercial diminuiu para CHF 16 mil
RENOVAVEI
contas externas, a par de um gradual milhões (em junho o excedente comercial
agravamento da inflação. A Alemanha foi de CHF 2,6 mil milhões). Baixa
TÍTULOS MERCADOS EUROPEUS PAINEL BANCO SANTANDER divulgou em maio o seu primeiro défice inflação e excedentes comerciais conferem
comercial desde 1991 e a inflação fixou-se à Confederação Helvética a designação
Última Variação Máximo Mínimo EPS Est EPS PER Est PER Div. Yield Div. Yield nos 7,6% em junho. Todavia, a inflação de ‘aldeia irredutível’ no velho continente
Título
Cotação Semanal 52 Sem 52 Sem Act Est Fut Act Est Fut Ind Est
Data Act Hora Act em França, de 5,8% em junho, é, a europeu. O ordoliberalismo, modelo
seguir à da Suíça, a mais baixa da Europa, económico que domina o país desde a 2ª
BANCO SANTANDER SA 2,489 1,12% 3,482 2,324 0,509 0,526 4,889 4,731 4,02% 5,67% 27/07/2022 16:38:00 atenuada pela produção doméstica de guerra mundial, tem alicerçado a economia
INDUSTRIA DE DISENO energia nuclear que representa 36% da suíça e promovido a sua competitividade
23,730 -4,12% 32,410 18,545 1,237 1,327 19,184 17,882 2,65% 4,70% 27/07/2022 16:38:00 matriz de consumo energético primário e atratividade. A robustez da banca suíça
TEXTIL
francês, sendo a principal fonte de confere o músculo financeiro necessário
REPSOL SA 12,525 3,60% 16,230 9,166 3,595 2,874 3,484 4,358 5,03% 5,17% 27/07/2022 16:38:00 energia gaulesa. De regresso à Suíça, os a todos os investimentos helvéticos que
TELEFONICA SA 4,407 -3,52% 5,064 3,614 0,351 0,374 12,556 11,783 6,81% 6,81% 27/07/2022 16:38:00 combustíveis fósseis representam 47% da sejam viáveis. Desde a invasão da Ucrânia
matriz energética primária helvética (35% pela Rússia, no passado dia 24 de fevereiro,
SIEMENS AG-REG 104,520 -2,19% 157,960 93,670 6,980 8,561 15,000 12,230 3,83% 3,83% 27/07/2022 16:35:20 petróleo e 12% gás natural), o nuclear o CHF valoriza 6% em relação ao euro,
CARREFOUR SA 17,190 0,50% 21,370 14,515 1,658 1,904 10,368 9,028 3,03% 3,51% 27/07/2022 16:35:28
16% e as hidroelétricas 32%. Apesar de mas perde 3,5% relativamente ao dólar
um referendo em 2017, sobre a Estratégia americano. Excetuando o rublo, a moeda
BAYER AG-REG 57,020 -3,09% 67,990 43,905 7,631 8,122 7,473 7,022 3,51% 3,87% 27/07/2022 16:36:41 Energética 2050, ter determinado a dos EUA ganha, desde o início do ano, a
DEUTSCHE BANK AG-
eliminação gradual do nuclear, a Suíça todas as moedas mundiais, beneficiando da
REGISTERED
8,055 -4,10% 14,636 7,525 1,519 1,724 5,305 4,675 2,48% 3,72% 27/07/2022 16:35:13 tem atualmente em funcionamento três postura cada vez mais ‘agressiva’ da Reserva
centrais nucleares e quatro reatores, o que Federal dos EUA (Fed) e da ligeira melhoria
RWE AG 39,160 2,35% 43,970 29,610 2,561 1,808 15,295 21,665 2,30% 2,30% 27/07/2022 16:35:10 lhe permite, a par da energia hídrica, uma das contas externas americanas nos últimos
VOLKSWAGEN AG 180,450 -6,86% 313,000 162,400 32,676 33,500 5,509 5,373 4,16% 4,92% 27/07/2022 16:36:32
relativa independência energética. Ademais, três meses. O aumento dos juros pela Fed
desde o início do conflito na Ucrânia, os em 25 pontos, 50 pontos e 75 pontos, nas
ING GROEP NV-CVA 9,208 0,36% 13,625 7,693 1,040 1,332 8,854 6,913 9,67% 7,32% 27/07/2022 16:35:05 inquéritos realizados mostram que os suíços três últimas reuniões, para travar a inflação
estão novamente mais recetivos ao nuclear, mais elevada desde 1981, impulsiona a
Este relatório foi elaborado pela tesouraria do Banco Santander em Portugal, telf. 21 381 65 80, email: cashequi- justificado pelas crescentes preocupações atratividade do dólar, reforçada também
ties@santander.pt, com base em informação disponível ao público e considerada fidedigna, no entanto, a sua exac- com a segurança energética. A abundância pela sua particularidade de principal moeda
tidão não é totalmente garantida. Este relatório é apenas para informação, não constituindo qualquer proposta de de lagos aumenta a soberania energética, de refúgio global em períodos de maior
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 20 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022

Toyota no TOP 3 das vendas em Portugal

AUTOMÓVEL
Toyota em Portugal é a terceira marca em vendas de janeiro a
junho de 2022, com uma quota no mercado total de 7,4%. Este
resultado corresponde a um aumento de 1,6 pontos percentuais
quando comparado com os primeiros seis meses de 2021.

Volvo Cars mantém estabilidade nas receitas

Apesar das incertezas em volta da madamente 439 milhões de euros) e
difícil situação internacional, com 6,5%.
oaumento dos preços das matérias- Se considerarmos as joint ventures e
-primas e dos constrangimentos as empresas associadas, então o lucro
causados pelos recentes “lockdowns” operacional ascende a 10,8 biliões de
provocados pela pandemia na Ásia, a coroas suecas (aproximadamente 1,03
empresa apresentou resultados finan- mil milhões de euros), com a margem
ceiros sólidos no segundo semestre de operacional a registar 15,1%, mais do
2022. dobro do valor registado em 2021.
Quando comparado com o perío- Estes valores foram positivamente
do homólogo, o volume de unidades afetados pela entrada da Polestar na
vendidas baixou 27%. No entanto, as bolsa de valores de Nova York da qual
receitas mantiveram-se estáveis ,atin- a Volvo Cars é o seu maior acionista.
gindo 71,3 biliões de coroas suecas “Ao olharmos para o desempenho
(aproximadamente 6,81 mil milhões da Volvo Cars durante um trimestre
de euros), apenas 2% abaixo de 2021, tão turbulento, ficamos satisfeitos por
devido a um ajuste no pricing e um apresentar esta estabilidade nos nú-
mix favorável de vendas. Esta estabi- meros financeiros. Os desafios comer-
lidade verifica-se também em relação ciais a curto prazo irão acelerar ainda
ao lucro e à margem de lucro opera- mais o ritmo da nossa mudança”, afir-
cionais que foram respetivamente de ma Jim Rowan, presidente e CEO da
4,6 biliões de coroas suecas (aproxi- Volvo Cars.1 12/05/2022 14:16:29
AF_HP_CAMPANHA_JULHO_2022_VIDA_ECONOMICA_257x194.pdf Jim Rowan, presidente e CEO da Volvo Cars.

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 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 21

Candidaturas ao Prémio Bial

de Medicina Clínica terminam no final de agosto

EMPRESAS O prazo para entrega das candidaturas à 20ª edição do Prémio BIAL de Medicina Clínica ter-
mina no último dia de agosto. Promovido pela Fundação BIAL, o prémio tem um valor de
100 mil euros e o trabalho vencedor será também publicado em livro.

PAULO RAMALHO
Deputado do PSD
à Assembleia da República

O agricultor é claramente o elo mais fraco….

F “
ruto do terrível aumento dos
preços dos fatores de produção,
designadamente dos combustíveis,
fertilizantes, alimentos para animais
e energia elétrica, muito superiores
aos valores da média da inflação, os
agricultores e produtores pecuários vivem
hoje momentos muito difíceis, que estão
a colocar em causa a sustentabilidade das
suas explorações e a própria permanência
na atividade.
Este cenário inflacionista, que foi fazendo
caminho durante todo o ano de 2021,
e que o Governo foi ignorando, atingiu
dos custos de produção.
Não é por caso que existe uma
“Plataforma de Acompanhamento
das Relações na Cadeia Alimentar
(PARCA)”, que tem por missão a
promoção da transparência do mercado
e o equilíbrio na distribuição de valor
entre os diferentes setores da produção,
da transformação e da distribuição dos
produtos agrícolas e agroalimentares,
mas que, em bom rigor, sejamos claros,
não funciona.
Acresce que cerca de 98% do território
nacional está, desde há algum tempo,
como produtores, quer como cuidadores
da paisagem rural e do meio ambiente.
Ora, o momento que vivemos nesta
altura é, como todos já percebemos,
de forte crise no setor agrícola e
agropecuário, estando em causa não
só a sustentabilidade das explorações
O preço do ‘gasóleo
agrícolas e pecuárias nacionais, mas agrícola’ é hoje quase
também a nossa soberania e segurança
alimentar, ou seja, a garantia de que o dobro daquele que
os cidadãos portugueses continuarão a
ter acesso a bens alimentares saudáveis era praticado em
e de qualidade, e a preços que possam
efetivamente pagar. janeiro de 2021

números impensáveis a partir da invasão
da Ucrânia pela Federação Russa.
De tal forma que, em Portugal, o preço
do gasóleo colorido, também conhecido
por “gasóleo agrícola”, é hoje quase
o dobro daquele que era praticado
em janeiro de 2021. Os fertilizantes
aumentaram nos últimos 18 meses cerca
de 150%. As rações para alimentação
animal ou mesmo as garrafas para o
vinho sofreram um aumento superior a
50%.
Para que se tenha uma pequena ideia do
que estamos a falar, o custo total para
produzir um litro de leite sofreu um
aumento na ordem dos 53%.
Sendo que os agricultores, que em
média recebem menos de 25% do
valor final pago pelos consumidores,
são cada vez mais o elo mais fraco da
cadeia de valor, estando completamente
impossibilitados de repercutir no preço
de venda dos seus produtos o aumento
em seca severa e extrema. O recente mês
de maio, em termos meteorológicos,
foi o mais quente dos últimos 92
anos. E quanto à chuva registada, não
ultrapassou os 13% do valor normal
para esta altura do ano.
O ano hidrológico 2021/2022 foi
mesmo o segundo menos chuvoso desde
1931.
A escassa precipitação na primavera
condicionou o desenvolvimento
vegetativo das pastagens e forragens. As
reduzidas disponibilidades alimentares
verificadas no pastoreio direto e nos
alimentos compostos provocaram
um impacto negativo nas explorações
agropecuárias, o que tudo se vai agravar
durante o Verão.
Daí que a seca que o país está nesta
altura a sofrer seja também mais um
fator a agravar a vida de grande parte
dos agricultores, e designadamente das
suas espectativas de rendimento. E não
estamos a falar apenas no aumento dos
custos no acesso à água e da necessidade
de mais rações para alimentação dos
animais…
É que, fruto das elevadas temperaturas,
muitos dos agricultores viram as suas
produções fortemente afetadas, quer
em termos de quantidade, quer de
qualidade. São inúmeras as notícias de
produções que se perderam, de prejuízos
elevados e de riscos de insolvência.
Hoje, a atividade agrícola e a produção
Recorde-se que, segundo o Eurostat, o
preço dos produtos alimentares registou
em Portugal um crescimento de 7,6%
desde o início do ano.
Apesar do Governo português
estar vinculado às regras da PAC e
ter a obrigação de a implementar
no território nacional, a verdade
é que esta realidade não o exime
da responsabilidade de promover
políticas públicas complementares
das comunitárias que promovam o
desenvolvimento do setor agrícola e
agroalimentar português, bem como
da nossa segurança alimentar, e,
obviamente, de encontrar soluções
para os desafios e problemas que o
setor enfrenta. O Governo português
não pode, nem deve comportar-se
como um simples gestor de “fundos
comunitários”.
Em matéria de agricultura e
desenvolvimento rural, os tratados que
regem a União Europeia instituem o
princípio da “competência partilhada”.
Ou seja, os Estados-membros
podem legislar e estabelecer medidas
complementares às da PAC.
Ora, tempos excecionais, como os de
hoje, exigem soluções excecionais.
E, com todo o respeito, o Governo
português não tem estado à altura
das suas responsabilidades. Os apoios
disponibilizados aos agricultores e
produtores pecuários são claramente
”
Não é compreensível que as
cooperativas agrícolas, que diariamente
têm necessidade de fazer transporte de
matérias-primas e produtos de e para
as explorações agrícolas, não possam
sequer beneficiar do denominado
“gasóleo rodoviário”.
A nível do apoio aos custos com a
eletricidade, o PSD propôs, em sede de
discussão do Orçamento do Estado, a
duplicação do apoio previsto na Lei nº
37/2021 para os produtores agrícolas
e pecuários, tendo a sua proposta sido
rejeitada pela maioria socialista!
E não se diga que é por falta de recursos
que o Governo não é mais ambicioso na
ajuda ao setor agrícola. Ainda há dias,
todos tomámos conhecimento que no
primeiro semestre deste ano a receita
fiscal do Estado aumentou 29% face ao
mesmo período do ano passado. Sendo
certo que, no final do ano, vamos ter
um claro excedente na receita fiscal
face ao previsto pelo Governo, pois o

“
de alimentos não têm a atenção
mediática de outros tempos. Os
agricultores, nos momentos de crise e
desespero, já não cortam estradas nem
promovem grandes manifestações para
O momento que fazerem ouvir a sua voz. Aprenderam
a sofrer de forma solitária, junto da
vivemos nesta altura família, a esperar pela benevolência
das entidades bancárias e por alguma
é, como todos já “ajuda” do Estado e da União Europeia.
percebemos, de forte A “Política Agrícola Comum”, que
Portugal, enquanto Estado-membro
crise no setor agrícola da União Europeia, tem a obrigação
de implementar, procura garantir que
e agropecuário os cidadãos europeus beneficiem de
produtos alimentares seguros e a preços
insuficientes e têm chegado de forma
tardia.
Sem uma política pública nacional
robusta, complementar da PAC, estou
certo de que não será mesmo possível
salvar da ruína muito dos nossos
agricultores, ou seja, salvar o nosso
potencial agroalimentar.
Pelo menos, no que respeita aos apoios
aos custos com os combustíveis e com
a energia elétrica, o nosso Governo
tinha a obrigação de ter ido muito
mais longe, como o fez, por exemplo,
o Governo espanhol, que está a
conceder um desconto automático de
20 cêntimos por litro sobre o preço do
Orçamento do Estado que fez aprovar
no passado mês de maio está assente
numa inflação de 4%, quando todos
sabemos que, no final de 2022, a mesma
inflação atingirá no mínimo os 8%.
Ainda sobre o período de seca que
estamos a viver, claramente inserido
no fenómeno das alterações climáticas,
é bom que o Governo comece a tratar
desde já do nosso futuro coletivo,
implementando uma estratégia
de aproveitamento e retenção dos
nossos recursos hídricos e que seja
capaz de fazer chegar a água onde faz
verdadeiramente falta. Como alguém

”
acessíveis, e, ao mesmo tempo, que
os agricultores sejam remunerados de
forma justa pela sua atividade, quer
dizia recentemente, a “agricultura não
“gasóleo colorido” desde o passado mês gasta água, utiliza água”. De facto, sem
de abril e que já decidiu manter até ao água, não é possível produzir alimentos
final deste ano. saudáveis…
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Nº 1942 / 29 de julho 2022 Semanal 2,40 J Portugal Continental

Setor da hotelaria e restauração NOTA DE FECHO

JORGE A. VASCONCELLOS E SÁ

quer inclusão nas medidas Mestre Drucker School / PhD Columbia University
Professor Catedrático
E-mail: associates@vasconcellosesa.com

de apoio Website: www.vasconcellosesa.com

A AHRESP manifestou a
sua satisfação relativamente
à notícia de que em setem-
bro haverá novas medidas de
apoio para as empresas e famí-
lias. No entanto, espera que o
setor do turismo seja incluído
nessas medidas de apoio, já
que a associação espera tem-
pos difíceis, depois da atual
trajetória ascendente.
“O fim da época alta trará
fortes desafios às empresas
do alojamento e restauração,
que vão ser as primeiras a so-
EDP Renováveis aumenta
ganhos em 87%
A EDP Renováveis obteve
um resultado líquido de 265
milhões de euros, no primei-
ro semestre, o que refletiu um
crescimento de 87%, face a
igual período do ano passado.
A empresa, em comunicado
à CMVM, atribui o bom re-
sultado ao aumento dos pre-
ços de venda e à produção de
energia.
As receitas da energética as-
cenderam a 1237 milhões de
frer com a perda do poder de
compra dos consumidores.  muitas estão fortemente en-
Esperamos que as medidas de
apoio a serem lançadas em se-
tembro atendam aos enormes
desafios que se anteveem para
os nossos setores, que ainda
não recuperaram da pandemia
(nem se espera que tal venha
a suceder ainda em 2022) e
que as nossas empresas sejam
contempladas nas medidas
que venham a ser disponibi-
lizadas”, alerta a AHRESP. A
pandemia esgotou as reservas
euros, num acréscimo homó-
logo de 45%. O preço médio
de venda cresceu 27%, sobre-
tudo devido “aos preços de
mercado na Europa e à atua-
lização do quadro regulatório
em Espanha”. Já o EBITDA
fixou-se em 976 milhões de
euros, num aumento de 49%,
relativamente aos seis primei-
ros meses do ano passado,
tendo em conta o bom desem-
penho em termos de receitas.
financeiras das empresas e
dividadas. “Neste momento,
as empresas já se encontram
a pagar os créditos aos quais
tiveram de recorrer em 2020
e 2021, sendo esse encargo
financeiro muito difícil de
suportar para os negócios que
ainda não alcançaram os ní-
veis de 2019 e que enfrentam
agora a redução das margens
de lucro, como resultado do
aumento dos custos de opera-
ção”, conclui a associação.
A EDPR destaca a maior pro-
dução de energia, em resul-
tado da capacidade instalada
adicional e do melhor recur-
so renovável. Entretanto, a
empresa garante que o agra-
vamento da dívida líquida de
2,3 mil milhões para 5,2 mil
milhões de euros reflete “o
forte crescimento dos inves-
timentos, a caixa gerada por
ativos e a estratégia de rotação
de ativos”.
LinkedIn: http://www.linkedin.com/in/vasconcellosesa
http://www.linkedin.com/company/vasconcellos-e-sa-associates/
Twitter: https://twitter.com/VasconcelloseSa
Instagram: @jorge.v.sa
A janela de Shavit
The Clash of Civilizations,
1993, de Samuel Huntington (pro-
fessor de Columbia e Harvard):
após a queda do bolchevismo, as
guerras serão entre civilizações e não
estados.
Civilizações são definidas pela
língua, tradição, cultura, história e
mais importante de tudo, a religião.
Entre as várias civilizações, con-
fucionista, japonesa, hindu, africa-
na, sul-americana, eslava-ortodoxa,
etc., a maior hostilidade será (esta-
mos em 1993) entre a ocidental e
a islâmica.
A ocidental é epitomizada pela
americana e definida por três liber-
dades. O cidadão espera um míni-
mo de intervenção do “soberano” na
sua esfera privada. Um retorno ade-
quado de serviço pelos impostos que
paga. E na esfera económica que a
concorrência (entre empresas), faça
dele o soberano (no mercado).
E como o preço da liberdade é a
responsabilidade (quem é inimpu-
tável não pode ser livre), subjacente
a toda a liberdade ocidental está a
responsabilidade face aos dez man-
damentos: honrar pai e mãe, não
cobiçar, não mentir, etc.
The Adventures of Hajji Baba of
Ispahan de James Morier (origem
de um filme de sucesso), descre-
ve o arquétipo da civilização persa
influenciada pelo xiismo e conse-
quentemente a Taqiya: o dever da
prudência.
Minoria entre os muçulmanos é
permitido aos xiitas ao abrigo da Ta-
qiya, desviarem-se da verdade para
sobreviver, epitomizada na arte de
negociar do bazaar: o vendedor exal-
tará as virtudes do produto, o bom
gosto do comprador, a simpatia que
este lhe merece, a necessidade de
alimentar os filhos, a consequente
necessidade de vender com prejuí-
zo, a catadupa de sucessivos des-
contos, tudo resultando… no final
num preço exorbitante. Chave para
a vitória?: a paciência.
No xiismo, continua Shavit, o lí-
der espiritual transmite a palavra de
Allah sendo infalível na prossecução
da Jihad contra os infiéis no objecti-
vo último do califado.
Tudo, tudo, é considerado uma
vitória desde que, não sendo a der-
rota absoluta, permita sobreviver,
até à vitória em última instância.
As quatro perguntas de Shavit:
primeiro, não deve a questão por-
que não gostam de nós ser substituí-
da por como podem gostar de nós?
Segundo, na posse de armas não
convencionais, o pêndulo inclinar-
-se-á para o pragmatismo ou o mes-
sianismo? Terceiro, seja qual for a
resposta, o risco, mínimo que seja, é
aceitável? E finalmente, em negocia-
ções, quem tende a ganhar?
Eis, como Shabtai Shavit, ex-líder
da Mossad vê o mundo através da
sua janela (Head of the Mossad; in
pursuit of a safe and secure Israel).
De interessante leitura, com vo-
tos, caro leitor, de excelentes férias.

Estado com excedente

de mais de 1,1 mil milhões
A execução orçamental das admi-
nistrações públicas, em contabilidade
pública, apresentou um excedente de
1113 milhões de euros, no primei-
ro semestre, o que se traduziu numa
melhoria de 8429 milhões, relativa-
mente a igual período do ano passa-
do, de acordo com o Ministério das
Finanças. A receita fiscal e a redução
da despesa contribuíram para este de-
sempenho.
Comparativamente ao primeiro se-
mestre de 2019, verificou-se uma me-
lhoria de 1767 milhões de euros, re-
sultante do “dinamismo da atividade
económica e do mercado de trabalho
e do efeito base do lado da despesa”.
A receita fiscal e contributiva au-
mentou 21,6%, em termos homólo-
gos. Assim, a receita fiscal aumentou
28,1%, face ao primeiro semestre do
ano passado, tendo em conta sobre-
tudo a recuperação do IVA e a receita
contributiva. Por sua vez, a despesa
desceu 1,7%, relativamente a período
homólogo, adiantou o ministério de
Fernando Medina em comunicado,
com destaque para o menor impacto
das medidas associadas à pandemia, a
despesa com juros e outros encargos
e as transferências de capital para o
Novo Banco.
No primeiro semestre verificou-se
ainda um acréscimo de 6,9%, face a
igual período do ano passado, na des-
pesa com o Serviço Nacional de Saúde
(SNS) e de 24% comparando com os
mesmos meses de 2019. Por sua vez,
as despesas com salários nas adminis-
trações públicas aumentaram 2,9%,
face à evolução dos salários no SNS
(mais 6,4%) e do pessoal docente dos
estabelecimentos de ensino não supe-
rior (2,8%).
Imobiliário sexta-feira, 29 de julho 2022

Investimento total de 50 milhões de euros

Reabilitação do Bolhão
está concluída e mantém-se
como mercado de frescos
e alimentação
Pág. IV

Créditos: Miguel Nogueira/CMP

Alterações no IMT: Consultora foi criada há 13 anos Rui Torgal, CEO da ERA Imobiliária,
o que está previsto Structure Value tem como destaca
no Orçamento do foco prestar um serviço “ERA teve o melhor semestre
Estado de qualidade na avaliação de sempre com vendas
imobiliária de 47,3 milhões de euros”
Pág. II Pág. V Pág. VI
II | Imobiliário | sexta-feira, 29 de julho 2022
Notícia
Alterações no IMT: o que está previsto
no Orçamento do Estado
N
o seguimento das alterações
implementadas pelo últi-
mo Orçamento do Estado
ao IMT (Imposto Municipal sobre
as Transmissões Onerosas de Imo-
veis), o Doutor Finanças, consultora
especialista em finanças pessoais e
familiares, mostra o que muda nos
valores deste imposto.  contram-se relacionadas com os
“Pela primeira vez desde 2011,
o Governo decidiu alterar o IMT. O
valor mínimo de um imóvel alvo de
tributação aumentou, assim como
as parcelas a abater, o que signifi-
ca que, na maior parte dos casos,
há uma redução do valor a pagar,
representando um benefício direto
para quem está a pensar comprar
casa”, adianta Rui Bairrada, CEO do
Doutor Finanças.  estas alterações ao IMT, vai pagar menos 56,4 euros
O Governo atualizou os valores
do IMT, que é o imposto pago ao
Estado sempre que existe a trans-
missão financeira de compra e ven-
da de um imóvel no território por-
tuguês. Este imposto tem um papel
significativo para quem vai comprar
casa, uma vez que representa entre
1% e 8% do valor patrimonial ou da
escritura (prevalece o mais alto).  A título de exemplo e utilizando o
Tendo presente o peso deste im-
posto, e a consequente necessi-
dade de preparação financeira, é
essencial sabermos com maior exa-
tidão possível o valor que temos de
pagar.
Consultório Jurídico
Promessa de compra e venda
– registar ou atribuir eficácia real?
E
scolhido o imóvel e
celebrado o contrato
promessa de compra e
venda (“CPCV”), fica a posição
do promitente comprador
suficientemente garantida? A
lei prevê duas possibilidades de
aumentar a proteção desta parte,
(i) proceder ao registo provisório
de aquisição do CPCV ou (ii)
atribuir (e registar) eficácia real ao
CPCV.
O promitente comprador de
uma promessa com eficácia
real goza do direito com maior
proteção, podendo fazer
valer o seu direito potestativo
de aquisição em relação a
qualquer terceiro e em qualquer
contexto. No fundo, o seu direito
prevalece, independentemente
das vicissitudes (por exemplo
posteriores transmissões ou ónus)
que o imóvel possa sofrer. Por
seu lado, o registo provisório de
aquisição é oponível a terceiros e
permite ao seu beneficiário gozar
de uma prioridade registal, mas
que não chega a ser um direito
A título de exemplo, percebemos que uma casa que
custe 150 mil euros em Portugal Continental, com
do que pagava antes desta alteração.
As alterações implementadas re-
sultam na redução dos encargos na
maior parte dos casos, uma vez que
os valores dos imóveis subiram por
patamares, bem como as parcelas a
abater.  300 mil euros a redução do impos-
simulador de IMT do Doutor Finan-
ças, percebemos que uma casa que
custe 150 mil euros em Portugal
Continental, com estas alterações
ao IMT, vai pagar menos 56,4 euros
do que pagava antes desta altera-
real e que, por isso mesmo, não
comporta a faculdade de sequela.
Na prática, se o CPCV tiver
eficácia real (o qual constitui um
registo definitivo que não está
sujeito a prazos de caducidade)
e, por exemplo, o promitente
vendedor, em data posterior à
celebração do CPCV (e ao seu
registo junto da conservatória),
alienar o imóvel a um terceiro, o
promitente comprador poderá
exigir diretamente do proprietário
o cumprimento da promessa de
transmissão e, se for o caso, a
execução específica do CPCV e,
simultaneamente, a restituição
do imóvel. Por seu lado, no
CPCV com registo provisório
de aquisição, o promitente
comprador poderá exigir (contra
o proprietário e o terceiro
adquirente) a anulação desta
venda e apenas depois requerer
a execução específica do CPCV,
no entanto, apenas poderá fazer-
se valer do seu registo provisório
enquanto este se mantiver válido
(em regra é válido apenas durante
ção. Para um imóvel exatamente do
mesmo valor, mas comprado nas
regiões autónomas, a poupança já
será de cerca de 23J.  bém a taxa a aplicar. Nos imóveis
Para imóveis com um valor de
to será de quase 120 euros, no caso
da aquisição de um imóvel no Con-
tinente. Já se a compra for feita nas
Regiões Autónomas o imposto fica
113 euros mais baixo.
Antes de comprar casa é determi-
nante termos consciência dos cus-
6 meses, renovável por períodos
iguais e até um ano após o termo
do prazo fixado para a celebração
do contrato prometido) –
verificada a caducidade desse
registo provisório, o beneficiário
não poderá fazê-lo valer contra
outrem e a alienação a terceiros
será incontestável em termos de
registo.
Por outro lado, atribuindo-
se eficácia real ao CPCV,
quaisquer ónus registados em
data posterior ao registo do
CPCV não serão oponíveis ao
promitente comprador. Situação
diferente sucede com o mero
registo provisório de aquisição,
na medida em que, apesar de,
com a celebração do contrato
definitivo de compra e venda, os
efeitos da aquisição retroagirem
à data do registo provisório,
os ónus posteriormente
registados serão oponíveis ao
promitente comprador – não
ficando, no entanto, o mesmo
completamente desprotegido
desde que no CPCV se preveja
tos, documentos e impostos que
vai ter com a aquisição da sua casa,
sendo o IMT apenas um dos encar-
gos iniciais.
O que mudou?
As alterações implementadas
pelo Orçamento do Estado en-
valores dos imóveis. Se até agora
o valor mínimo a partir do qual se
pagava IMT situava-se nos 92.407
euros, a partir deste ano o valor
mínimo passa a ser de 93.331 eu-
ros, isto para as primeiras habita-
ções, no Continente. No caso das
Regiões Autónomas os valores dos
imóveis a considerar são mais ele-
vados (116.664 euros).
Assim, os imóveis em Portugal
Continental para habitação própria
e permanente cujo valor seja de até
93.331 euros estão isentos de IMT.
A partir desse valor pagam 2% de
imposto. À medida que os valores
dos imóveis aumentam, sobe tam-
com um valor superior a 290.085
euros a taxa a aplicar é de 8%.
As taxas de IMT chegam aos 8%,
sendo que este valor máximo é apli-
cado aos imóveis até 580.066 eu-
ros, em Portugal Continental, e até
725.083 euros nas Regiões Autóno-
mas, se estivermos a falar de habi-
tações próprias e permanentes.
Raquel Sofia Lemos
associada sénior de Imobiliário
da PRA – Raposo, Sá Miranda
e Associados
a obrigação do promitente
vendedor de vender o imóvel
livre de ónus e encargos, caso
em que incumbirá ao mesmo
a regularização desta situação
em data prévia à celebração da
escritura, sob pena de incumprir
o CPCV e ser forçado a restituir o
sinal em dobro.
Deixamos uma última e
importante nota no que respeita
às formalidades. Enquanto a
eficácia real depende de acordo
expresso das partes, nesse
sentido, mais se exigindo que
o CPCV seja celebrado com
termo de autenticação, qualquer
CPCV, independentemente de
qualquer autorização ou acordo
da parte contrária, poderá ser
objeto de um registo provisório
de aquisição, desde que as
assinaturas se encontrem
devidamente reconhecidas.
Fica a sugestão: se a lei nos
concede mecanismos que
conferem maior proteção ao
promitente comprador, por que
não fazer uso deles?

Opinião
O ESG e os novos paradigmas
D
esde há já algum tempo que
se tem vindo a falar e a ler
sobre a sigla ESG.
O que significa ESG?
ESG é uma sigla cujas letras,
em inglês, representam os termos
“Environmental, Social and
Governance”, o que, traduzido
para português, significa:
E- ambiental; S- social; G-
governança.
Estes termos correspondem a
critérios que, recentemente, se
tornaram medidas pelas quais
os investidores institucionais e
particulares começaram a aferir
os seus investimentos. Trata-se
de critérios não financeiros, ao
contrário do que, no passado,
era considerado como a
medida essencial na análise de
empresas.
Mas, afinal, que termos fora do
usual representam o ESG e que
componentes engloba esta sigla?
Assim, os termos representados
nesta sigla englobam: E
mudanças climáticas, uso dos
recursos da natureza, energia
e gestão da água, inovação
e ecodesign, e emissões
de carbono, ou seja, tudo o
que tem a ver com o meio
ambiente e a interação do
ser humano com o mesmo,
e respetivas consequências;
Notícia
Transações de casas aceleram 20% em 2021 e tocam novo máximo
O
número de casas transacio-
nadas atingiu um novo má-
ximo em 2021, de 165.682
habitações, um crescimento de
20,5% face a 2020, segundo as
estatísticas da construção e habi-
tação, divulgadas recentemente
pelo Instituto Nacional de Estatís-
tica (INE).
No ano passado, “foram tran-
sacionadas 165.682 habitações, o
que constitui um novo máximo da
série disponível e um crescimento
de 20,5% relativamente a 2020”,
deu conta o INE.
O valor das habitações tran-
sacionadas em 2021 ascendeu
a 28.100 milhões de euros, mais
31,1% que em 2020, enquanto
o preço mediano de alojamentos
familiares transacionados foi 1297
euros por metro quadrado (m2), o
que corresponde a um aumento
de 9% relativamente ao ano an-
terior.
O preço mediano da habitação
manteve-se acima do valor nacio-
nal nas sub-regiões do Algarve
(2000 euros/m2), na Área Metro-
politana de Lisboa (1.813 euros/
m2), na Madeira (1.436 euros/m2)
S- segurança e saúde do
trabalhador, responsabilidade
perante o cliente e o produto,
relacionamento com a
comunidade e atividades de cariz
social, interagindo, assim, duma
forma responsável e fazendo
parte ativa da comunidade;
G- relação com a gestão da
empresa através de uma conduta
responsável e de uma atuação
conscienciosa.
Resumindo, trata-se do
enquadramento em que uma
empresa pretende atuar, em
meios diversos e de uma forma
responsável, utilizando as práticas
adequadas para tal.
Mas que fatores originaram
esta mudança de paradigma?
Quais foram os fatores-chave que
despoletaram esta mudança?
Gostaria de referir os que
me parecem mais relevantes:
1- A mudança de valores
na sociedade, em que é de
salientar a transferência de
riqueza e património dos
“babyboomers” para a geração
dos “millennials”. Esta geração
prefere investimentos mais
sustentáveis do que a geração
anterior. Por outro lado, é de
recordar as diversas catástrofes
ambientais que houve nessa
altura de mudança de valores,
No ano passado, “foram transacionadas 165.682
habitações, o que constitui um novo máximo da série
disponível e um crescimento de 20,5% relativamente a
2020”, deu conta o INE.
e na Área Metropolitana do Porto
(1370 euros/m2).
Já a renda mediana dos novos
contratos de arrendamento de alo-
jamentos familiares em Portugal
atingiu 6,04 euros/m2, o que cor-
responde a um aumento de 7,7%
face a 2020 (5,5% no ano anterior).
Verificou-se ainda um aumento
sexta-feira, 29 de julho 2022
e que tiveram grande impacto
mediático; 2 - A regulamentação
mais apertada que decorreu da
crise financeira; 3 - A consciência
do investimento em regimes
autoritários pode significar
que futuramente as gerações
não possam satisfazer as suas
necessidades, dado não existir
um equilíbrio na distribuição
da riqueza nestes países.
Atualmente, certos países já
são considerados como de
“não investimento”. Nestes, a
interferência estatal tornou-se
mais relevante, tendo tido como
consequência a redução do
investimento.
Contudo, que novos
paradigmas estão a surgir com o
ESG?
A situação de guerra na
Ucrânia, com as consequências
a nível energético e a nível do
abastecimento alimentar, está, na
minha opinião, a subverter ou a
afrouxar os critérios ESG.
Um exemplo desta afirmação
reside no setor energético.
A tendência era, claramente,
no sentido de uma aposta
nas energias renováveis. De
repente, vemo-nos confrontados
com o facto de que esta não é
suficiente, e a sociedade volta-se
de novo para as energias fósseis,
de 9,4% no número de novos con-
tratos celebrados.
Também a construção registou
um crescimento significativo em
2021, período em que foram licen-
ciados 25.409 edifícios, um cresci-
mento de 8,2% face a 2020 e de
4,3% face a 2019.
No ano passado, foram licen-
| Imobiliário | III
JORGE FELÍCIO
Sócio-gerente Endless
Numbers, Lda., grupo Omega
considerando a energia nuclear e
o gás como energias verdes.
Também há pouco tempo
tínhamos critérios mais claros e
transparentes para as empresas
ESG, e começámos a distorcer
este conceito. Um exemplo desta
constatação é considerar as
empresas de armamento como
quase ESG, enquanto outras
empresas inovadoras têm vindo
a perder estes critérios. Pegando
num exemplo recente, vemos
como o ranking do índice ESG
das empresas ligadas ao petróleo
e ao gás é superior ao da Tesla.
Interessantemente, na
construção civil assistimos a
uma tendência clara de apostar
em materiais sustentáveis e
ecológicos, novos materiais,
energias renováveis e na
informatização de processos.
Claro que tal tem sucedido
também por força da competição
e da pressão dos consumidores.
Constatamos, assim, que,
embora a construção civil, que
tem um peso importante na
economia dos países, tenha vindo
a estar debaixo de crítica por uma
suposta falta de inovação e de
sensibilidade para fatores como
a sustentabilidade ambiental, vai,
afinal, à frente, na aplicação dos
critérios ESG.
ciados 36.731 fogos no país, cor-
respondendo a um acréscimo de
8,7% em relação ao ano anterior
(33.806 fogos em 2020).
O INE estima que, em 2021, te-
nham sido concluídos 15.262 edi-
fícios, correspondendo a uma su-
bida de 3,6% face ao ano anterior,
e 22.384 fogos, representando um
acréscimo de 10,2%.
Já as subidas das taxas Euribor
estão a chegar ao conjunto dos
contratos à habitação, sendo mais
visíveis nos empréstimos mais re-
centes. Os dados do Instituto Na-
cional de Estatística (INE), divulga-
dos na última semana, mostram
que a taxa dos créditos contrata-
dos entre março e maio subiu 18,8
pontos base para 1,158%, um má-
ximo desde novembro de 2020.
A taxa de juro implícita no con-
junto dos contratos de crédito à
habitação foi de 0,858% em junho,
mais 3,2 pontos base que o mês
anterior (0,826%).
As subidas dos próximos meses
serão seguramente mais acentua-
das, tendo em conta os valores
atingidos pelas Euribor em junho
e em julho.
IV | Imobiliário | sexta-feira, 29 de julho 2022
Notícia
Investimento total de 50 milhões de euros
Reabilitação do Bolhão está concluída
e mantém-se como mercado
de frescos e alimentação
Elisabete Soares
elisabetesoares@vidaeconomica.pt
A obra de reabilitação do Bolhão
está concluída e a data da abertura
foi marcada para 15 de setembro,
sendo que o investimento total as-
cende a mais de 50 milhões de eu-
ros.
Na apresentação da obra aos
jornalistas ficou a saber-se que a
construção do túnel de acesso à
cave logística, o desvio do curso
de água e a indemnizações aos co-
merciantes levaram à duplicação
do investimento previsto inicial-
mente.
Contudo, quando reabrir em se-
tembro – depois de mais de qua-
tro anos que duraram as obras –,
o Bolhão vai continuar a ser um
mercado de frescos e alimentação,
visível nas 81 bancas que ocupam
o miolo central do mercado e nos
10 restaurantes, sendo que parte
dos comerciantes regressa depois
de terem permanecido no merca-
do temporário, instalado no shop-
ping La Vie, a poucos metros.  Nas
38 lojas do exterior do mercado, a
maioria mantém as atividades di-
versificadas, sendo que as restan-
tes foram destinadas a restauran-
tes.
De referir que a obra de reno-
vação e restauro do mercado do
Bolhão, que permitiu a moderni-
zação de um edifício icónico para
a cidade – cujo revestimento exte-
rior voltou à cor original do projeto
de 1914 – permitiu dotar o equipa-
mento de todas características, em
termos logísticos, de acessos e am-
bientais, que cumprem as exigên-
cias de qualidade exigidas atual-
mente.
 
Mercado moderno
A construção do túnel para car-
gas e descargas e a criação da
cave logística são duas das razões
Créditos: Miguel Nogueira/CMP
O Bolhão vai continuar a ser um mercado de frescos
e alimentação, visível nas 81 bancas que ocupam o
miolo central do mercado e nos 10 restaurantes, sendo
que parte dos comerciantes regressa depois de terem
permanecido no mercado temporário
que elevaram o valor final do inves- venções que foram necessárias fa-
timento, mas necessárias para do- zer para concretizar a empreitada.
tar o equipamento dos elementos “Primeiro foi a obra do desvio da
de modernidade e funcionalidade linha de água, depois a aquisição
necessários. de duas caves de dois prédios para
Assim, para além dos 26 milhões a construção do túnel de acesso à
de euros da empreitada de restau- cave da logística, através da Rua
ro e modernização do mercado – do Ateneu Comercial, e as indem-
mais 15% do que o valor por que nizações e compensações que fo-
foi adjudicada ao agrupamento Al- ram e ainda estão a ser atribuídas
berto Couto Alves S.A e Lúcio da aos comerciantes”, referiu justifi-
Silva Azevedo & Filhos S.A –, “foi cando o investimento feito.
investido o dobro, nomeadamen- A obra de modernização do mer-
te em outras obras necessárias ao cado contou com o apoio financei-
funcionamento deste emblemático ro público nacional/regional no va-
espaço comercial da cidade”, refe- lor de 16,6 milhões de euros e com
riu Rui Moreira, presidente da Câ- um montante de 11,7 milhões dos
mara do Porto, que é a promotora fundos comunitários do FEDER. O
da obra e que vai continuar a fazer restante do valor deverá ser assu-
a sua gestão. mido pelos cofres da autarquia.
Já Cátia Meirinhos, vice-presi-  
dente da empresa municipal GO Acessos melhorados
Porto – Gestão e Obras do Porto Dotar o mercado de melhores
– que a par com o arquiteto Nuno acessos e novas aberturas ao exte-
Valentim foram responsáveis pela rior foram objetivos que estiveram
obra no terreno e junto dos comer- presentes na modernização do es-
ciantes – destaca as várias inter- paço, de acordo com Nuno Valen-
tim, arquiteto autor do projeto de
reconversão do Bolhão.
Destaca as novas condições des-
te espaço que vão desde a criação
das três praças de acolhimento dos
visitantes – com destaque para a
praça criada na entrada principal
da Rua Formosa –, e para os 12 ele-
Créditos: Miguel Nogueira/CMP
vadores que vão permitir a acessi-
bilidade a pessoas com mobilida-
de reduzida. Mas também uma
nova passagem intermédia, que
atravessa e liga as ruas Alexandre
Braga e Sá da Bandeira, bem como
o acesso direto ao mercado a par-
tir da estação do metro do Bolhão.
Nuno Valentim refere, ain-
da, alguns detalhes arquitetóni-
cos presentes na reconstrução do
mercado centenário, “como a ma-
nutenção do criptopórtico do via-
duto de Sá da Bandeira, visível
num dos cantos do mercado, no
facto de em vários pontos ter sido
possível recuperar e manter os azu-
lejos originais e onde isso não foi
possível terem procurado a maior
aproximação ao processo produti-
vo da altura”.
De referir que as bancas do mer-
cado se distribuem por cinco ruas
que “sempre estruturaram a venda
no Bolhão”, organizadas por ‘ilhas’
– ocupadas por um a quatro co-
merciantes –, com a novidade de
terem sido batizadas com nomes
de ruas características do Porto.
Já na entrada da rua Formosa es-
tão instaladas duas bancas histó-
ricas do Bolhão, como garante da
memória do que existia no espaço,
antes da intervenção.
A organização do espaço é ou-
tro ponto que merece destaque.
A partir de agora “o mercado de
frescos é no piso térreo, os res-
taurantes são no andar superior e
as lojas ficam voltadas para o ex-
terior”, refere a autarquia na apre-
sentação do mercado. 
 
Melhores condições
para comerciantes
Cátia Meirinhos, que foi a res-
ponsável pelo acompanhamento
dos comerciantes, destaca a im-
portância da cave logística “tanto
na organização das cargas e des-
cargas” como no armazenamen-
to, com uma oferta de câmaras fri-
goríficas, com máquinas de gelo,
que podem ser adquiridas pelos
comerciantes”. Bem como a ques-
tão da “gestão de resíduos”, exis-
tindo agora “uma série de novas
condições que não existiam ante-
riormente, nem no mercado tem-
porário”.
Um dos aspetos importante é o
facto de a cave logística colocar um
ponto final nos antigos constrangi-
mentos ao trânsito nas artérias en-
volventes ao mercado. “A cave foi
escavada para cargas e descargas,
para entrarem até camiões de 18
toneladas para abastecer o merca-
do”, acrescenta Nuno Valentim.
Recentemente, foi também lan-
çada a marca Bolhão, da autoria
do Studio Eduardo Aires, com o lo-
gótipo a incorporar o ADN do Bo-
lhão e os seus elementos arquite-
tónicos.
 sexta-feira, 29 de julho 2022 | Imobiliário | V

Notícia
Consultora foi criada há 13 anos

Structure Value tem como foco prestar

um serviço de qualidade na avaliação imobiliária
A
Structure Value, sedeada no
Porto, foi criada em 2009
com o objetivo de prestar
serviços de avaliação imobiliária,
área que se mantém como priori-
tária para a empresa, destaca Vítor
Osório Costa, diretor da consultora.
A empresa, que este ano celebra
o 13º aniversário, presta outros ti-
pos de serviços, como avaliação de
máquinas/equipamentos, avaliação
de empresas/marcas, consultoria
imobiliária, peritagens e certifica-
ção energética. “Mas o nosso foco
é prestar um serviço de excelência
no âmbito da avaliação imobiliária,
no qual nos consideramos especia-
listas”, destaca o responsável.
Caracterizando este percurso por
períodos altos e baixos, tal como
acontece em todos os tipos de or-
ganizações, Vítor Costa destaca,
contudo, que o balanço é positivo.
“Temos conseguido cumprir os ob-
jetivos estipulados em cada ano, te-
mos vindo a construir um excelen-
te grupo de trabalho e um grande
espírito e filosofia de grupo. Neste
momento trabalhamos com todos
os tipos de clientes, desde empre-
sas e particulares a entidades de
todo o tipo do sistema financeiro”.
Desde a constituição que a em-
presa obteve uma carteira de clien-
tes que ainda se mantém, estando
habilitada para realizar vários tipos
de trabalhos nestas áreas.
Neste percurso da Structure Va-
lue, o responsável destaca vários
momentos: em 2011, a mudança
para novas instalações, o que pro-
porcionou melhores condições de
trabalho e a contratação de técni-
cos internos.
Mas também “o ano das privati-
zações em que tivemos um grande
volume de trabalho, o que nos le-
vou a criar novos e mais eficientes
métodos de trabalho, a consolida-
ção dos nossos clientes na banca e
No percurso da Structure Value destaca-se, em 2011,
a mudança para novas instalações, que proporcionou
melhores condições de trabalho e a contratação de
técnicos internos.
fundos; as redefinições da imagem
corporativa também foram bastan-
te importantes para nos mantermos
atualizados ao longo dos anos”, re-
fere.
Outro período que destaca é de
2015 a 2018, em que realizaram
uma parceria com uma empresa es-
panhola que “foi importante para
termos uma perspetiva mais de-
talhada de como se trabalha fora
de Portugal”. Alerta, ainda, para o
ano do 10º aniversário da empresa,
considerando que “também foi um
marco importante para nós”.
 
Fase exige prudência
Segundo Vítor Costa, o mercado
imobiliário está a atravessar uma
fase em que é exigido dos peritos
avaliadores mais competências, co-
nhecimentos e alguma prudência.
“A diversidade de aspetos e fenó-
menos que acontecem em cada
zona ou região e, por outro lado,
a volatilidade e o contexto econó-
mico/financeiro atual são aspetos a
refletir”.
Acrescenta que “o domínio des-
tes temas e o incremento dos mes-
mos no âmbito da avaliação é fun-
damental para a diferenciação da
qualidade do serviço e dos valores
emitidos em cada relatório de ava-
liação. Esse é o grande desafio nes-
te setor para os próximos tempos”.
O responsável da Structure Value
refere, ainda, que a avaliação imo-
biliária tem um papel muito impor-
tante na sociedade e no dia a dia
de muitas instituições financeiras,
a que muitas vezes não é dado o
devido valor. “Há muitas pessoas
que nem sequer têm noção do al-
cance e impacto que uma avaliação
pode ter num processo de crédito
à habitação, por exemplo. Apesar
do avanço das novas tecnologias e
do crescimento das AVMs (Automa-
ted Valuation Models), nada irá ser
como uma avaliação dita ‘tradicio-
nal’, ou seja, sujeita a uma visita ao
imóvel por um perito técnico espe-
cializado e elaboração de um rela-
tório para determinar o seu valor de
acordo com as metodologias mais
adequadas e o seu conhecimento/
know-how do mercado imobiliário
da zona onde se insere um deter-
minado imóvel, revisto ainda por
técnicos internos igualmente qua-
lificados”, alerta o responsável da
Structure Value.
Um dos desafios, refere, é que
“muitas vezes as instituições/pessoas
não se apercebem disso e preten-
dem tudo com prazos cada vez mais
reduzidos, o que torna mais exigente
manter a qualidade do trabalho”.
Outro dos desafios tem a ver
com a questão dos honorários, um
tema que está novamente em cima
da mesa “devido sobretudo ao au-
mento dos preços dos bens e dos
combustíveis o que leva a muitos
peritos avaliadores locais reduzi-
rem as suas zonas de atuação e, por
conseguinte, exigirem mais honorá-
rios e ajudas de custo para efetua-
rem trabalhos fora da sua área de
residência”, alerta o responsável.
“Ora, como as instituições man-
tém as tabelas de honorários e os
valores a ser pagos por avaliação,
as empresas ficam numa situação
bastante desconfortável, pois em
muitos casos o valor a ser pago não
é suficiente e leva as mesmas a re-
pensar as suas dinâmicas internas e
torná-las cada vez mais eficientes”,
alerta Vítor Costa.
De acordo com o responsável da
Structure Value, para o próximo ano
os objetivos são, de forma direta e
objetiva, os “de aumentar a quota
de clientes e o volume de trabalho
e de qualificar os peritos internos
com certificações profissionais no
âmbito do Tegova e Rics”.

Breve
PortoBay promove villa junto ao The Cliff Bay
D
epois da abertura
da unidade Les Sui-
tes, é a vez de Por-
toBay Hotels & Resorts
apresentar La Villa at The
Cliff Bay, uma villa locali-
zada no lado poente do
hotel do grupo hoteleiro
na ilha da Madeira, o cin-
co estrelas The Cliff Bay.
Recebe os seus primeiros
hóspedes a 22 de agosto.
 Com uma localização
única no topo de um pro-
montório natural, sobre o
mar, La Villa at The Cliff
Bay oferece vistas sobre o
Oceano Atlântico. Implan-
tada num terreno com cer-
ca de 1100 m2, em plena
Estrada Monumental, na
cidade do Funchal, a La Vi-
lla conta com quatro quar-
tos de dormir, seis casas
de banho, sala de jantar
e de estar, cozinha total-
mente equipada, jardim,
piscina privada e solário.
 A La Villa at The Cliff Bay
garante a exclusividade
de uma casa privada, po-
dendo os seus hóspedes
desfrutar das facilidades
do The Cliff Bay, nomea-
damente acesso direto ao
mar, às piscinas exteriores
e interior, ao ginásio, ao
spa e wellness area, espa-
ços comuns e aos vários
restaurantes e bares.
 O grupo PortoBay é res-
ponsável por 15 unidades
hoteleiras: 12 em Portu-
gal (7 na ilha da Madeira,
1 no Algarve, 2 em Lisboa
e 2 no Porto) e 3 unidades
no Brasil (Rio de Janeiro,
Búzios e São Paulo). Tem
cerca de 3350 camas nos
segmentos de 4 e 5 estre-
las em ambiente urbano
e de resort. Com sede na
ilha da Madeira, PortoBay
Hotels & Resorts é o grupo
português mais premiado
internacionalmente e com
uma elevada taxa de fide-
lização e reconhecimento
por parte dos hóspedes.
VI | Imobiliário | sexta-feira, 29 de julho 2022
Entrevista
Rui Torgal, CEO da ERA Imobiliária, destaca
“ERA teve o melhor semestre de sempre
com vendas de 47,3 milhões de euros”
Estes números fazem com
que o primeiro semestre
de 2022 seja o melhor de
sempre da ERA Imobiliária,
refere em entrevista Rui
Torgal.
Como se caracterizaram os re-
sultados da ERA no 1º semestre
de 2022?
A ERA Imobiliária faturou 47,3
milhões de euros nos primeiros
seis meses deste ano, um aumento
de 24% face ao período homólogo
de 2021. Durante este período, as
nossas mais de 200 agências em
território nacional venderam mais
de 6250 imóveis, um crescimen-
to de 13% em comparação com o
mesmo período no ano passado.
Estes números fazem com que o
primeiro semestre de 2022 seja o
melhor de sempre da ERA Imobi-
liária.
Quais as repercussões que a
pandemia e a guerra na Ucrânia
tiveram nos resultados?
Apesar de todos os fatores ex-
ternos adversos que estão a in-
fluenciar os diferentes setores
económicos, incluindo o imobiliá-
rio, nomeadamente a guerra na
Ucrânia, o aumento da inflação, a
subida das taxas de juro ou a es-
cassez e aumento do custo das
matérias-primas, a ERA Imobiliá-
ria mostrou-se resiliente e desen-
volveu uma estratégia que lhe per-
mitiu vender mais de 6250 imóveis
com um valor total de 1000 mi-
lhões de euros no primeiro semes-
tre de 2022. O desempenho histó-
rico atingido pela ERA Imobiliária
torna-se ainda mais evidente se se
alargar o período de análise e se
recuar ao período pré-pandemia.
Assim, verifica-se que a faturação
atingida no primeiro semestre de
2022 representa um aumento de
12% face ao período homólogo
em 2019 e inclusive supera em 3%
o valor atingido em 2018, conside-
rado o melhor ano da história da
ERA Imobiliária até agora.
É visível uma maior procura por
parte de clientes estrangeiros?
Embora a maioria dos clientes
da ERA Imobiliária sejam portu-
gueses, registamos, sem dúvida
alguma, uma maior procura por
parte de clientes estrangeiros de-
vido às características únicas do
nosso país que já todos conhe-
cemos. Estes clientes estrangei-
ros são maioritariamente do Brasil,
Reino Unido, Alemanha, França,
Angola, Países Baixos, Bélgica e
Estados Unidos. O tipo de imóveis
A ERA Imobiliária mostrou-se resiliente e desenvolveu
uma estratégia que lhe permitiu vender mais de 6 250
imóveis com um valor total de 1000 milhões de euros.
mais procurado são os apartamen-
tos de tipologia T2 e T3 e as mora-
dias de V3 e V4.
 
Outro facto que poderá ter im-
pacto nas vendas de imobiliário
é o aumento das taxas de juro.
De que forma é já visível e em
que segmentos de mercado está
a ter mais impacto?
O histórico que temos até ao
momento, apesar de algumas no-
tícias mais alarmistas, é que esta
situação não teve até agora gran-
de impacto no nosso negócio. Pro-
va disso mesmo é o facto de ter-
mos tido o melhor semestre da
história na ERA Portugal. Apesar
de poder vir a existir alguma con-
tenção, acreditamos que as famí-
lias portuguesas vão conseguin-
do ajustar-se adaptando o valor
de compra do imóvel ao valor da
prestação que conseguem pagar.
De salientar que esta foi a primeira
vez na história que tivemos taxas
de juro negativas e esta situação
é que foi anómala. Na verdade,
ao que assistimos atualmente é,
um acréscimo moderado das ta-
xas de juro para conter a inflação e
acreditamos que este efeito se vai
sentir também no mercado imobi-
liário, normalizando-o e ajudando
à estabilização dos preços da ha-
bitação. Interessa referir que, por
outro lado, acreditamos que este
aumento não interfere no investi-
mento estrangeiro, uma vez que
é um tipo de cliente que não ne-
cessita tanto de recorrer ao crédito
à habitação. De reforçar também
que nos últimos dois anos sentiu-
-se um acréscimo de poupança
dos portugueses, fruto da pande-
mia, e que esta situação pode ser
favorável para fazer face às taxas
de juro.
Esta situação está a levar a que
os clientes escolham taxas de
crédito fixas?
Neste momento os dados dis-
poníveis não permitem verificar
de uma forma concreta a existên-
cia de algum movimento de alte-
ração ou de ajuste na opção dos
clientes no que concerne a taxas
de crédito. O que é possível dizer,
de acordo com a experiência e co-
nhecimento do mercado, é que o
contexto marcado por um ajusta-
mento das taxas de juro pode re-
presentar um período de incerteza
ou possível incerteza para algumas
famílias portuguesas, o que pode-
rá aumentar a apetência para re-
correr ao crédito à habitação com
taxa fixa. Esta modalidade é en-
carada como uma segurança para
quem recorre ao crédito, mas tam-
bém comporta vantagens para a
banca. Se, para os clientes, é uma
forma de balizar o risco, para a
banca é uma oportunidade para
praticar spreads ligeiramente mais
altos, aumentando assim a rentabi-
lidade, ao mesmo tempo que tam-
bém diminui o risco de incumpri-
mento dos clientes pelo facto de
estarem a fixar um valor mensal,
independente da Euribor.
A falta de oferta de habitação
continua a ser um dos grandes
obstáculos para que o mercado
funcione normalmente. Qual é a
situação atual e as expectativas
para curto prazo?
De facto, em linha com o esta-
do atual do setor imobiliário, este
semestre voltámos a registar um
maior número de clientes com-
pradores face aos clientes ven-
dedores. Neste sentido, face ao
período homólogo de 2021, o
número de clientes compradores
registados aumentou em 7% e o
número de clientes vendedores
cresceu cerca de 4%. Apesar dis-
to, e num quadro geral claramen-
te marcado por uma maior pro-
cura de imóveis e uma escassez
na oferta, a ERA Imobiliária deu
o seu contributo para a inversão
desta realidade através do lança-
mento no mercado de 154 novos
empreendimentos residenciais
nos primeiros seis meses do ano,
ao abrigo do programa de par-
ceria Obra Nova ERA. A curto
prazo, acreditamos que os atuais
obstáculos à construção – nomea-
damente a burocracia e morosida-
de nos processos de licenciamen-
to, constrangimentos nas cadeias
de produção e distribuição, au-
mento dos custos dos materiais
de construção e falta de mão-de-
-obra – podem acentuar-se um
pouco mais antes de assistirmos
a uma regularização da ativida-
de. Por este motivo, o Programa
Obra Nova assume cada vez mais
importância na medida em que,
sendo destinado a promotores
e investidores imobiliários, tem
como objetivo oferecer condições
para um investimento mais eficaz
– desde a compra do lote à venda
da última fração – e que corres-
ponde às reais necessidades dos
compradores, aumentando assim
a rentabilidade dos seus projetos.
Retificação:
N
o artigo de opinião,
“Mercados em cresci-
mento: o caso do pa-
raíso imobiliário dos Açores”,
publicado no dia 15 de julho,
pág. 6, do caderno “Imobiliá-
rio”, foi referido erradamente
que a ERA está presente nos
Açores desde 2022, o que não
está correto, já que a imobi-
liária está presente na região
desde 2002. Pelo lapso, pe-
dimos desculpa aos visados e
aos nossos leitores.
 sexta-feira, 29 de julho 2022 | Imobiliário | VII

Opinião Breves
Projeto da BERD
MARTA ALMEIDA

Consultor imobiliário diretora coordenadora nacional

da DS Imobiliária

no Peru
será uma profissão foi distinguido
com futuro?  N
o âmbito do projeto Por-
tugal Steel, a CMM lançou
o concurso Portugal Steel

D
urante o período de
confinamento, em que
muitas pessoas se viram
em situações de lay-off ou
teletrabalho, houve quem
se questionasse sobre o seu
emprego atual e colocasse em
prioridade a ambição de mudar,
ter um negócio próprio ou ter
outra profissão como uma fonte
de rendimento extra.  Portugal à venda por bitcoins.
A consultoria imobiliária foi
a solução para muitos que
quiseram dar um novo rumo à
sua carreira. Para além de ser
uma profissão com bastante
dinamismo, a flexibilidade de
gerir o próprio horário, assim
como as comissões atrativas são
pontos bastante apelativos na
hora de enveredar neste setor. 
De um modo geral, a profissão
de consultor imobiliário
apresenta níveis de rendimento
acima da média e excelentes
oportunidades de crescimento
pessoal e profissional. Esta
é uma área que terá sempre
empregabilidade, uma vez
que a procura por um lar é
uma necessidade que não vai
desaparecer. Até porque o
mercado imobiliário apresenta
também boas perspetivas para
os próximos tempos. Aliás,
apesar do aumento de 12,9%
no preço das habitações, nos
primeiros três meses deste
ano, já foram vendidas mais de
43.544 casas, 25,8% a mais do
que no mesmo período de 2021.
Contudo, os avanços
tecnológicos, principalmente no
que diz respeito à aliança entre
máquinas e Inteligência Artificial
(IA) tem colocado uma dúvida no
ar: vai a tecnologia substituir por
completo a função do consultor?
Na minha opinião, não. O
contacto humano continuará a
ser o fator determinante. Olhar
olhos nos olhos, sentir o que o
outro sente será sempre o que
nos distingue das máquinas
(IA).  Cada vez mais o consultor valorizam a empatia, a emoção Bridges Awards 2022, que se reali-
imobiliário é a peça chave deste e a confiança com quem estão za bianualmente, com o intuito de
negócio. a tratar de todo o processo. Em
Ao longo dos últimos anos paralelo, é importante não ter
temos assistido a várias medo de apostar em tecnologia
mudanças, especialmente no e ver nas mudanças futuras uma
mercado imobiliário, e a um oportunidade de se diferenciar
desenvolvimento tecnológico na área e também para oferecer
cada vez mais acelerado, já ao cliente um processo ainda
existindo, inclusive, edifícios em mais personalizado, mais célere,
mais transparente e, com isso,
O setor tem-se adaptado a mais vantajoso para ambas as
estas alterações e penso que partes. 
podemos tirar mais vantagens A evolução tecnológica deve
que desvantagens destas ser vista como aliada para
alterações.  quem está a iniciar-se neste
Nos dias de hoje a profissão segmento de mercado, por isso
de consultor imobiliário um consultor imobiliário do
incorpora já uma parte futuro deve estar em constante
significativa de tecnologia, adaptação, tanto no que diz
Quem pretende ser consultor, e quem já o é, tem de
entender que o seu papel é o mais relevante neste
setor porque trabalhamos para pessoas, que valorizam
a empatia, a emoção e a confiança com quem estão a
promover e dar visibilidade ao uso
tratar de todo o processo. criativo do aço na construção de
pontes. Destinado a projetos ou
construções realizadas por empre-
que facilita grande parte do respeito à inovação como à sas associadas tornam-se elegíveis
trabalho, como o agendamento evolução do próprio mercado e projetos de estruturas metálicas,
de visitas, sites mais interativos, da sociedade.  projetadas ou construídas por em-
vídeos ou apresentações 3D, Portanto, prepare-se para presas nacionais. 
fichas do imóvel mais completas ter as visitas 100% virtuais, O projeto Metallic Modular
e a utilização de assinaturas mas sempre guiadas por um Bridges for Peruvian Government,
digitais para facilitar o processo. consultor que o acompanha e vencedor do concurso Portugal
No futuro irá ser cada vez que está munido de tecnologia Steel Bridges Awards 2022,
mais incorporada, até porque, para tornar esta experiência mais foi submetido ao concurso
na verdade, estamos todos dirigida, intuitiva e assertiva.  internacional European Steel
ansiosos pelas experiências de Em suma, costumo dizer que Bridge Awards 2022, tendo sido
visitar imóveis a partir de casa, esta é uma profissão que cumpre distinguido, de entre 23 projetos
num formato 100% virtual. o propósito da rentabilidade recebidos de toda a Europa,
Mas engane-se ao achar que com a realização profissional, na categoria Special Award:
o aconselhamento já não vai pois um consultor imobiliário Pontes Modulares, por um júri
existir. Nesta área, a relação não é apenas um especialista a profissional. 
humana é muito importante e vender casas. É um especialista A cerimónia de entrega dos
jamais será substituída.  a satisfazer necessidades e, para prémios irá realizar-se no dia
Quem pretende ser consultor, mim, não há nada que me traga 21 de setembro de 2022, na
e quem já o é, tem de entender mais realização do que sentir a 10ª edição do International
que o seu papel é o mais felicidade dos clientes ao verem Symposium for Steel Bridges for
relevante neste setor porque o seu sonho de comprar casa a Green Planet, que terá lugar em
trabalhamos para pessoas, que realizado.  Istambul.

Portugal Smart Cities Summit regressa em outubro à FIL

A
Fundação AIP organi-
za anualmente o Portugal
Smart Cities Summit e a
próxima edição terá lugar de 11 a
13 de outubro na FIL, “registando-
-se uma adesão muito representa-
tiva do mercado”, destaca em co-
municado.  objetivo a melhoria da qualidade
O Portugal Smart Cities Sum-
mit é um evento com uma alar-
gada representação empresarial
proveniente de diversas geogra-
fias, que promove sinergias entre
o território, a indústria e o meio
académico-científico, visando a
melhoria da qualidade de vida
dos cidadãos. Ou seja, participam
cidades inclusivas, que tem como
de vida dos cidadãos, dar a co-
nhecer as suas valências e as suas
boas práticas, numa perspetiva
de atração de investimento. Os
municípios encontram também na
iniciativa as soluções tecnológicas
mais avançadas para um desen-
volvimento sustentável das suas
cidades.
A organização destaca a Cimei-
ra dos Autarcas, no dia 11, com
vários painéis que abordarão di-
ferentes soluções e inovações no
domínio das Smart Cities que se-
rão implementadas nos territórios.
Refere, ainda, a parceria estraté-
gica com a NOS, que apresentará
durante o evento as últimas novi-
dades tecnológicas para as cida-
des inteligentes. 
O evento conta igualmente, na
presente edição, com uma parce-
ria estabelecida como a BaN Busi-
ness as Nature e Casa Comum da
Humanidade.
VIII | Imobiliário | sexta-feira, 29 de julho 2022
Notícia
Localizado em Olhão
Delmar Waterfront oferece 118 apartamentos
na primeira linha de mar em Olhão
L
ocalizado na primeira linha de
mar, de frente para a ria Formo-
sa, e lado a lado com a marina,
em Olhão, está a surgir o Delmar
Waterfront, um condomínio priva-
do com 118 apartamentos.
O empreendimento tem disponí-
veis para venda 8 apartamentos T3,
58 apartamentos T2 e outros 52 na
tipologia T1, cuja comercialização
está a cargo do departamento re-
sidencial da JLL, que detém o ex-
clusivo.
O Delmar Waterfront desenvolve-
-se em quatro blocos, com um for-
mato em U, com cinco pisos acima
do solo, e uma grande área exterior
central, com jardim, de acesso pelo
condomínio. Conta, ainda, com um
ginásio, uma piscina interior aque-
cida e quatro piscinas exteriores –
uma das quais na área central do
empreendimento, com uma piscina
destinada a crianças.
As piscinas de cobertura ofere-
cem uma experiência diferente,
com borda infinita, e vistas pano-
râmicas de 180º para o mar. Com
áreas entre os 72 e os 163,5 m2, to-
das frações contam com estaciona-
mento privado e amplas varandas
com vista mar.
Jardins Altear promove estilo de vida
sustentável na Alta de Lisboa
A
Solyd Property Developers
apresentou o seu mais re-
cente projeto residencial na
Alta de Lisboa, o Jardins Altear.
De acordo com o promotor, o
empreendimento foi pensado e
desenvolvido para contribuir para
um mundo mais sustentável e para
proporcionar qualidade de vida aos
seus residentes, sendo este o oita-
vo lançamento do projeto residen-
cial da Solyd na Alta de Lisboa.
A comercialização do primeiro de
dois edifícios do Jardins Altear e Jar-
dins Altear I já arrancou, oferecendo
ao mercado mais 58 novos aparta-
mentos de tipologias T2 a T4 e 4 es-
paços comerciais. “Os apartamentos
contam com áreas amplas, agradá-
veis varandas, acabamentos e ca-
racterísticas técnicas que cumprem
critérios ambientais rigorosos, refor-
çando a aposta na promoção de um
estilo de vida equilibrado e sustentá-
vel no novo centro de Lisboa”, refere
o comunicado do promotor.
Assim como os outros empreen-
dimentos, o projeto oferece mate-
riais de qualidade, criteriosamente
selecionados, como, por exemplo,
pavimento de alta durabilidade –
Ficha Técnica: Edição e coordenação: Elisabete Soares | Paginação: Flávia Dias | Periodicidade: Quinzenal
O Delmar Waterfront desenvolve-se em quatro blocos, com um formato em U, com cin-
co pisos acima do solo, e uma grande área exterior central, com jardim.
Além da proximidade ao mar, a
sua localização exclusiva garante-
-lhe também o acesso direto a uma
vasta rede de serviços e de comér-
cio, garantindo aos seus habitantes
toda a conveniência, conforto e ex-
periência de vida autêntica com sa-
bor local.
Sobre o empreendimento, Patrí-
cia Barão, Head of Residential da
JLL, destaca que “Olhão é uma ci-
dade autêntica e cuja traça não foi
desvirtuada pelo desenvolvimento
urbano das últimas décadas do sé-
resistente à água e antialérgico, ar
condicionado com alta eficiência
energética e roupeiros embutidos
com espaço para a organização e a
arrumação. As cozinhas são equipa-
das com eletrodomésticos de topo
e móveis de grande capacidade e
as casas de banho incluem louças e
torneiras de marcas de referência.
O empreendimento foi pensa-
do com foco na eficiência e possui
uma estrutura antissísmica de be-
tão armado, acompanhada de um
elevado conforto térmico e acústi-
co, fruto do excelente nível de iso-
lamento em fachadas, cobertura e
áreas comuns e da caixilharia e vi-
culo XX. Projetos como o Delmar
honram este legado, ao mesmo
tempo que projetam Olhão no fu-
turo”.
Acrescenta que este é um condo-
mínio plenamente integrado na sua
envolvente e que capitaliza o me-
lhor de uma localização a dois pas-
sos do mar, com excelentes apar-
tamentos e um leque de valências
muito amplo. Tem as melhores con-
dições para atrair muitas famílias
portuguesas e estrangeiras para o
Sotavento”.
Os apartamentos
contam com áreas
amplas, agradáveis
varandas,
acabamentos e
características
técnicas que
cumprem critérios
ambientais
rigorosos.
dros com características técnicas
com elevados padrões de qualida-
de. Os sistemas de arrefecimento e
aquecimento, de aquecimento de
águas com apoio de painéis sola-
res e de ventilação individualizada
contribuem igualmente para a cer-
tificação energética A de todos os
apartamentos.
O empreendimento está localiza-
do entre o Parque Oeste e o Parque
da Quinta das Conchas e apresenta
bons acessos e transportes, proxi-
midade a diversos serviços, comér-
cio e lazer, junto de infraestruturas
e espaços verdes que promovem o
exercício e o bem-estar.
Breve
ARTsolutions
assina iluminação
do Casal
Ribeiro 37
A
ARTsolutions group, empre-
sa especializada em design
de iluminação, foi convida-
da pelo grupo Stakecorp para a
conceção do lighting design e oti-
mização de custos do projeto Casal
Ribeiro 37, em Lisboa, um investi-
mento na ordem dos 30 milhões
de euros e que conta com a assi-
natura do gabinete de arquitetura
Saraiva + Associados. Neste proje-
to da ARTsolutions o destaque vai,
sem dúvida, para a iluminação dos
exteriores – que faz realçar a tra-
ça arquitetónica destes quatro em-
blemáticos edifícios dos finais do
século XIX/início do século XX.
“Dado o enquadramento do
Casal Ribeiro 37, a sua escala e,
por conseguinte, o seu impacto
no perfil da rua, a ARTsolutions
group desenvolveu um conceito
de iluminação que destacasse o
ritmo de vãos do imponente ga-
veto e proporcionasse um reforço
de luz ao nível dos pisos térreos.
Com a solução preconizada redu-
zimos significativamente custos e
conseguiu-se reforçar a identida-
de do empreendimento. Procura-
mos sempre a melhor conjugação
dos vários tipos de iluminação,
técnica / decorativa de interior e
de exterior, acompanhado sempre
as orientações da arquitetura e a
componente financeira dos clien-
tes. O objetivo é gerar emoções
com a iluminação, melhorar o con-
forto no espaço e ajudar a dinâmi-
ca de vendas, da manutenção e o
controlo de custos do investimen-
to”, explica o CEO Tiago G. da
Costa.
A Stakecorp – Fundo Capital de
Risco – que até agora atuava ape-
nas na área da hotelaria –, decidiu
investir neste empreendimento de
luxo, com 77 apartamentos, com
tipologias T0 a T4, usufruindo de
piscina comum, ginásio e de várias
comodidades, como segurança 24
horas e serviço de conciérge, com
preços que variam entre os J500
mil para as tipologias mais peque-
nas e o J1,5 milhões para as tipo-
logias maiores.
 Nº 07/08 • julho/agosto 2022 | Boletim Informativo da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica

DESTAQUE P. 2 DESTAQUE P. 2

Celoplás: inovação António Ferreira Rito &

continua a ser sinónimo Filhos, Lda. completa 75
de diferenciação anos ao serviço da indústria

ASSOCIADOS P. 3 ASSUNTOS ATUAIS P. 4 NOTA DE FECHO P. 8

• AIMMAP e Secretário de Estado da Internacionalização “testemunham” • António Costa participou em jantar • Uma economia saudável precisa de crescer
presença notável da Schmitt + Sohn Elevadores em Portugal comemorativo da participação
portuguesa em Hannover COMÉRCIO EXTERNO P. 8
INOVAÇÃO P. 3
INTERNACIONALIZAÇÃO P. 7 • Em maio de 2022, pela 1ª vez na história,
• Fernando Sousa e José Manuel Fernandes entre as individualidades as exportações do METAL PORTUGAL
que passam a integrar o Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e • AIMMAP investe na Coreia do Sul ultrapassam os 2 mil milhões euros mensais
Inovação

EDITORIAL

Rigidez e burocracia Vítor Neves

Presidente da Direção
da AIMMAP

A
s economias europeias em geral
têm sido afetadas de forma
muito severa, nos últimos 3
anos, por vicissitudes absolutamente
imprevistas.
Ao verdadeiro caos gerado pela
pandemia seguiu-se uma guerra
absurda na Europa cuja dimensão e
efeitos estão ainda por determinar.
Presentemente, em consequência
daqueles dois acontecimentos, há
desequilíbrios no balanceamento
da oferta e da procura,
constrangimentos nas cadeias de
abastecimento, dificuldades na
contratação de recursos humanos,
subidas exponenciais dos custos de
energia, pressões inflacionistas e
ameaças sérias de crescimento das
taxas de juro.
As empresas encontram-se assim
altamente vulneráveis e expostas a
riscos que não conseguem controlar,
bem como a uma situação de grande
imprevisibilidade.
Num quadro como o descrito,
precisam de ser apoiadas de forma
criteriosa e sensata. Entre outras
medidas, é inequívoco que, para
poderem responder de forma ágil
e fluida aos sucessivos imprevistos
que as constrangem, precisam
essencialmente de flexibilidade e de
desburocratização.
Ora, conforme é sabido, foi
recentemente iniciada na Assembleia
da República a discussão na
especialidade da Proposta de Lei 15/
XV/1, a qual pretende implementar
a chamada “Agenda do Trabalho
Digno e da Valorização dos Jovens
no Mercado de Trabalho”.
Esta matéria foi previamente
objeto de discussão na concertação
social, ainda no âmbito da legislatura
anterior, tendo sido lamentável a
forma impositiva com que o governo
quis fazer prevalecer os seus
entendimentos sobre a matéria.
Nesta nova fase, em que se corre
o risco de que os pontos de vista
unilaterais do governo venham a
transformar-se num diploma legal,
é legítimo que a inquietação das
empresas se acentue.
O futuro diploma, caso nada
seja feito no sentido de o impedir,
irá agravar a rigidez e a carga
burocrática da legislação laboral.
Quanto à rigidez, para além
de outras medidas inibidoras da
liberdade contratual, o mérito
deixa de ser o principal requisito
do pagamento de prémios de
assiduidade e produtividade,
elimina-se o período experimental
em alguns contratos de trabalho,
perturba-se a marcação das
férias por parte das entidades
empregadoras, dificulta-se
a celebração de contratos a
termo, limita-se a utilização de
trabalho temporário, constrange-
se a atividade de profissionais
independentes e impede-se
inclusivamente a contratação de
serviços a terceiros.
No que se refere à
burocracia, amplia-se de forma
desproporcionada o leque
de informações a transmitir
obrigatoriamente aos trabalhadores,
criam-se novas comunicações
obrigatórias à ACT e reduz-
se o período de validade das
autorizações de laboração contínua
e de laboração com amplitude
superior, o que obriga obviamente a
um aumento de carga administrativa
e de instabilidade.
É absolutamente lamentável que
precisamente num momento em que
as empresas precisariam de mais
flexibilidade e menos burocracia,
sejam penalizadas com maior rigidez
e carga burocrática.
Para além das medidas
penalizadoras das empresas acima
descritas e, consequentemente,
das suas consequências nefastas,
a longo prazo, também para os
trabalhadores, é curioso que o
mesmo diploma, quando a favor
destes - e até mesmo dos sindicatos
-, fará questão de reforçar ainda mais
os seus direitos e aligeirar as suas
obrigações.
A esse respeito, veja-se por
exemplo que os trabalhadores
passarão a poder trocar,
unilateralmente, dias de faltas por
dias de férias, independentemente
das necessidades de produção e
até mesmo sem se ter em conta
os períodos de encerramento das
empresas.
E, de igual modo, atente-se
no facto de a antecedência com
que os sindicatos são obrigados a
comunicar as ações nas empresas ser
reduzida para 24 horas.
Sinceramente, a ideia com que se
fica quando analisamos um projeto
de diploma como este é a de que
o governo não está a perceber
minimamente a realidade e insiste
numa trajetória oposta àquela que
seria indispensável.
Espero que a discussão da
proposta na especialidade surta
efeitos positivos. Que a voz dos
parceiros sociais seja escutada. E
que o governo tenha o bom senso
de recuar em muitas das medidas
com que pretende penalizar as
empresas.
Sem empresas, não haverá jamais
criação efetiva de valor e de riqueza.
E sem criação de riqueza nunca será
possível manter o bem-estar dos
cidadãos sem os onerar durante
gerações. De uma vez por todas,
teremos de perceber que não se
pode distribuir sem antes se criar.
2 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA
ASSOCIADOS
Grupo fundado em 1989 integra igualmente a CLL, a Celoprint e a Centi-Support
Celoplás: inovação continua a ser sinónimo de diferenciação
O
compromisso com os clientes e
colaboradores e a sua valoriza-
ção é um ponto prioritário do
grupo Celoplás, fundado em Barcelos
em 1989 e que hoje integra também a
CLL, a Celoprint e a Centi-Support.
A CCL está vocacionada para servir os
seus clientes na área da injeção de peças
técnicas em materiais termoplásticos ou
silicones líquidos, enquanto a Celoprint,
uma empresa certificada segundo a NP
EN ISO 9001:2015, atua nas áreas de
acabamentos superficiais e montagem.
Fundada em 2002, a Centi Support, que
tem como missão a construção de má-
quinas especiais, está localizada no Par-
que Industrial de Jesufrei, Vila Nova de
Famalicão, e ocupa uma área de 800
m2, dos quais 625 m2 se destinam à
produção e armazém. Estrategicamente,
dispõe de um conjunto de equipamen-
tos de produção que garantem maior
autonomia e flexibilidade.
Quanto à Celoplás, Plásticos para a
Indústria S.A., projeta, desenvolve e fa-
brica, através do processo de moldação
por injeção e microinjeção, mais de 200
milhões de componentes de engenharia
técnicos de precisão por ano, utilizando
mais de 200 tipos diferentes de materiais
ASSOCIADOS
António Ferreira Rito & Filhos, Lda. completa 75 anos ao serviço da indústria
C
onstituída em 1947 por António
Ferreira Rito, a designada ‘Fá-
brica Rito’ desenvolveu um ex-
traordinário legado durante décadas,
através dos filhos do fundador, Antó-
nio, Jorge, Fernando e Carlos.
A empresa, situada na cidade de
Braga, cujo edifício ocupa uma área
coberta de 2400 m2, é uma empresa
familiar que inicialmente teve como
atividade o reacondicionamento de
motores. Essa é aliás uma área que
a empresa mantém, apesar de atual-
mente serem desenvolvidas outras ati-
vidades com maior peso no respetivo
volume de negócios.
Em 1951, um dos primeiros grandes
momentos da empresa foi o projeto
e conceção de um motor a 2 tempos,
de 50 c.c. de cilindrada e bicilíndrico.
Este motor participou em muitas pro-
vas de motociclismo, tendo ganho
bastantes prémios, sendo de salientar
a vitória no I Grande Prémio do Norte
de Portugal, disputado em Braga, no
dia 15 de Junho de 1952.
Em 1960, com a aquisição de equi-
pamentos, deu-se o início ao fabrico
de pistões, camisas e engrenagens
para veículos motorizados diversos e,
em 1966, inaugurado um novo cen-
tro de produção equipado com má-
quinas automáticas, permitindo iniciar
um novo ciclo de vida da empresa: o
fabrico em série. A construção de má-
quinas-ferramentas especiais para seu
próprio consumo e para comercializa-
ção foi igualmente, sem dúvida, um
marco importante na afirmação da tec-
nologia da empresa.
Já em 1980, foi adquirida a primeira
máquina CNC com o objetivo de au-
termoplásticos, termoendurecíveis e sili-
cones, para as indústrias automóvel, ele-
trónica, elétrica, ótica, construção, médi-
ca e outras.
A par da atividade de desenvolvimen-
to e fabrico dos respetivos moldes de in-
jeção, esta associada da AIMMAP, que
recentemente recebeu uma comitiva li-
derada por Rafael Campos Pereira, Ma-
falda Gramaxo e Pedro Azevedo, desen-
volve e produz componentes à escala
micro, utilizando as mais recentes tecno-
logias de micromaquinação e micromol-
dação.
Na visita, o administrador João Cor-
mentar a produtividade e a qualidade.
Uma década depois, a empresa come-
çou a afirmar-se no exigente mercado
europeu com produtos de elevado va-
lor acrescentado.
Em 1998, a montagem de um novo
gabinete de metrologia, equipado
com instrumentos diversos de preci-
são, assim como um ambiente climati-
zado, permitiu a esta empresa associa-
da da AIMMAP dar um passo enorme
na qualidade dos seus produtos.
Em 2002, pensando no futuro, a
Rito deu início à implementação de
um sistema da Qualidade, atingindo a
certificação em Agosto 2002 (Norma
da Qualidade NP EN ISO 9001).
Cinco anos mais tarde, em 2007, ad-
quiriram-se máquinas CNC, equipadas
com ferramentas motorizadas de últi-
ma geração, assim como um sistema
de informação, para a gestão da pro-
dução (MULTI Indústria), contribuindo
para um novo aumento da produção
e qualidade.
Em 2018, concluiu-se a transição
para a Norma da Qualidade NP EN
9001:2015 e realizou-se um novo inves-
tez avançou que o grupo fatura 15 mi-
lhões de euros por ano, exportando
hoje, direta e indiretamente, mais de
95% da sua produção. Dispõe atual-
mente de uma área total de 41 000 m2
e 12 700 m2 de área coberta, um par-
que com mais de 70 máquinas de inje-
ção e uma equipa de 160 trabalhado-
res, laborando 24 horas por dia, 7 dias
por semana.
Mais do que tudo, a empresa aposta
continuamente na formação avançada
dos seus Recursos Humanos, na quali-
dade dos seus produtos, na inovação de
processos e produtos e na forte ligação
timento em novas máquinas CNC para
melhorar a produtividade e qualidade.
Entretanto, a terceira geração da fa-
mília assumiu a gestão e liderança da
empresa, através dos novos sócios-ge-
rentes: Jorge Rito, Carlos Rito, João
Rito e Fernando Rito, que de resto
acolheram no passado dia 15 de julho
uma comitiva da AIMMAP composta
por Rafael Campos Pereira, Mafalda
Gramaxo e Pedro Azevedo, no âmbito
de uma nova visita realizada pela as-
sociação
No portfólio de produtos constam
peças para Motociclismo (cambotas
completas, bielas, conjuntos de trans-
missão, conjuntos de embraiagem),
Pistões, Camisas de cilindro, Caixas de
velocidades e engrenagens.
A ‘Fábrica Rito’ presta ainda os ser-
viços de desenvolvimento de produto
e subcontratação de peças técnicas de
elevado valor acrescentado.
A experiência e know-how no de-
senvolvimento e fabrico de peças de
competição contribuiu para o sucesso
de muitas equipas e pilotos na área do
desporto motorizado (motociclismo e
às instituições do sistema científico e tec-
nológico, reforçando a sua posição com-
petitiva. “Vemos a Formação Profissional
como uma ferramenta de excelência no
alavancar do conhecimento que permite
à Celoplás ser mais competitiva e valo-
rizar os seus Recursos Humanos”, lê-se
no site da empresa. A política de recru-
tamento que aposta na captação de jo-
vens com elevado potencial e formação
académica adequada, para posterior
formação especializada promovida pela
Celoplás.
Neste contexto, é hoje reconhecida
como uma referência internacional em
vários clusters tecnológicos pelo desen-
volvimento e produção de componen-
tes técnicos utilizando materiais poli-
méricos. A Celoplás é certificada pelos
referenciais normativos ISO 9001, IATF
16949, ISO 14001 e NP 4457.
No fundo, a Celoplás é uma referência
na área da inovação e Investigação e De-
senvolvimento, não só em termos nacio-
nais, mas igualmente à escala europeia.
Com forte ligação ao CENFIM e ao CA-
TIM, a empresa integrou recentemente
o stand coletivo da AIMMAP na Hanno-
ver Messe 2022, edição da qual Portugal
foi o país-parceiro.
automobilismo) em Portugal e no es-
trangeiro.
Exemplo disso é o facto de o piloto
português de MotoGP Miguel Oliveira
ter vencido em 2005 o V World Fes-
tival METRAKIT Cup aos comandos
de uma moto espanhola METRAKIT
cujo motor era equipado com cam-
bota e biela (19.000 rpm) fabricados
na Rito. Neste evento, que se realizou
em Espanha, participaram 300 pilotos
jovens de todo o mundo com motas
METRAKIT, todas iguais.
Da mesma forma, as caixas reduto-
ras Rito, devido à sua fiabilidade e de-
sempenho, constituem componentes
de veículos que alcançaram títulos na-
cionais e internacionais nas provas de
montanha. As caixas de velocidades e
autoblocantes da marca, por sua vez,
contribuíram para títulos nacionais e
internacionais nos Ralis, Todo-o-Terre-
no, Ralicross e Velocidade.
Por tudo isto, e provavelmente mui-
to mais, o Jornal Motor em 2007 escre-
via que António Ferreira Rito & Filhos,
Lda. era a Empresa dos Campeões.
“A gerência está empenhada em
dar continuidade ao trabalho de su-
cesso dos seus familiares e fundadores
na defesa do bom nome da marca Rito
e em enaltecer o nome de Portugal no
mercado interno e externo”.
O sucesso da empresa é fruto do
trabalho de equipa de todos os co-
laboradores, fornecedores e clientes,
sem os quais não seria possível alcan-
çar os 75 anos de existência. Hoje, o
projeto conta com cerca de 40 cola-
boradores, tendo em 2021 exportado
mais de 60% do respetivo volume de
negócios.
 BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 3

ASSOCIADOS

Empresa é constituída em Portugal por 515 colaboradores

AIMMAP e Secretário de Estado da Internacionalização

“testemunham” presença notável da Schmitt + Sohn
Elevadores em Portugal
A
Schmitt + Sohn reúne a fiabili-
dade e o know-how técnico de
mais de 150 anos com a paixão
por design moderno e tecnologias efi-
cientes. É assim que esta empresa eu-
ropeia de capital alemão, criada em
1861, se apresenta ao mercado. Com
sede em Nuremberga, na Alemanha, e
fábricas igualmente em Portugal, Áus-
tria e República Checa, o grupo dispo-
nibiliza serviços de forma abrangente
com parceiros de contacto no local.
Em Portugal, a operação do grupo é
desenvolvida pela Schmitt + Sohn Ele-
vadores, empresa associada da AIM-
MAP e liderada pelo CEO Miguel Lei-
chsenring-Franco.
Nas suas unidades de produção lo-
calizadas em Leça do Balio, no Grande
Porto, certificadas em qualidade, am- ideal que vai além das tendências de óbvio, do CEO Miguel Leichsenring- pela sede, pelas duas unidades de pro-
biente e segurança, pelas normas ISO curta duração. Uma cultura da respon- -Franco e de outros representantes da dução em Matosinhos e pelas delega-
9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, a sabilidade, a base da criação de valor empresa. ções do Porto, Lisboa, Coimbra, Bra-
empresa portuguesa – que tem como empresarial”. A Schmitt+Sohn Elevadores é a única ga, Castelo Branco e Faro, bem como
filosofia empresarial “Aprendizagem No passado dia 8 de julho, a Schmitt empresa na sua área de atividade em pelos seus centros de atendimento em
diária - Qualidade - Seriedade empre- + Sohn Elevadores recebeu nas suas Portugal a desenvolver, produzir, mon- Vila Real, Moura e Leiria.
sarial” – concebe, desenvolve e produz magníficas instalações a visita de Ber- tar, fazer a manutenção e a exportar A esse respeito, deve sublinhar-se
sistemas de elevadores altamente mo- nardo Ivo Cruz, Secretário de Estado elevadores completos, destacando-se que, considerando o investimento que
dernos e componentes como cabinas, da Internacionalização, o qual liderou pela integração da tecnologia alemã a empresa faz em inovação e investiga-
portas e comandos. uma comitiva que contou ainda com de excelência e pelo design de pon- ção e desenvolvimento, aquela equipa
“Através de parcerias de longos as presenças, entre outros, da Admi- ta. Parte do centenário grupo alemão de recursos humanos conta com um
anos com fornecedores selecionados nistradora da AICEP, Francisca Guedes Schmitt+Sohn, opera em Portugal des- grande número de trabalhadores muito
e um controlo de qualidade rigoroso de Oliveira, e da Adjunta do Secretário de 1955, assumindo-se como um dos qualificados, entre os quais largas de-
garantimos elevados níveis de quali- de Estado, Maria João Veiga Gomes. A principais centros de produção da mul- zenas de profissionais de engenharia e
dade, fiabilidade e operacionalidade AIMMAP fez-se igualmente representar tinacional para todos os países em que outros licenciados.
no seu elevador”, esclarece a empre- no encontro pelo Presidente da Dire- a marca está presente. Com uma presença cada vez mais
sa no seu espaço virtual. “A estratégia ção, Vítor Neves, pelo Vice-Presiden- Basicamente, a empresa desenvolve significativa no mercado português, a
empresarial concentra todos os esfor- te Executivo, Rafael Campos Pereira, e a sua atividade em três áreas vitais, que Schmitt + Sohn Elevadores é igualmen-
ços em três competências principais: pela Diretora-Geral, Mafalda Gramaxo. passam pela consultoria, engenharia e te uma empresa fortemente exporta-
colaboradores, produtos e processos O encontro contemplou uma visi- produção de elevadores e serviço pós- dora, contribuindo ativamente, com o
inteligentes”. Valores que, vividos dia- ta às unidades industriais de Leça do -venda a equipamentos multimarca. seu esforço e a sua qualidade, para a
riamente pelos colaboradores e geren- Balio e também uma reunião de escla- A equipa de recursos humanos em extraordinária performance do METAL
tes, refletem a cultura de uma empre- recimentos e partilha de experiências, Portugal é constituída por 515 colabo- PORTUGAL ao longo da última déca-
sa familiar de longa tradição, “a base com as presenças igualmente, como é radores que se encontram distribuídos da.

INOVAÇÃO

José Manuel Mendonça mantém-se na Presidência

Fernando Sousa e José Manuel Fernandes entre

as individualidades que passam a integrar o Conselho
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
C
riado em fevereiro de 2021, o
Conselho Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação é um ór-
gão consultivo do Governo para as
áreas da ciência, tecnologia e inova-
ção e funciona em estreita colabora-
ção com os membros do governo res-
ponsáveis pelas áreas da economia e
da ciência e tecnologia, asseguran-
do o aconselhamento científico e fo-
mentando o diálogo transversal e in-
terministerial das políticas de ciência,
tecnologia e inovação. Além disso, e
sempre que seja solicitado pela As-
sembleia da República, este conselho
deverá colaborar em debates parla-
mentares sobre as suas áreas de ação.
O referido conselho é presidido
desde a sua criação por José Manuel
Mendonça, Presidente do INESC-Tec,
e tem como objetivo desenvolver, re-
forçar e sustentar o Sistema Científico
e Tecnológico Nacional.
O conselho funciona em plenário e
comissões autónomas, e o plenário in-
tegra os presidentes da FCT, da ANI e
do IAPMEI, além de 20 individualida-
des de reconhecido mérito em diver-
sas áreas do conhecimento e da eco-
nomia, incluindo líderes académicos,
científicos e empresariais.
Até ao momento, integrava o con-
selho, desde a sua fundação, o atual
Presidente da Direção da AIMMAP e
Chairman da empresa associada CO-
LEP, Vítor Neves.
No passado dia 11 de julho, através
do despacho n.º 8427/2022, o Primei-
ro-Ministro procedeu a uma alteração
parcial da composição do Conselho.
Nomeadamente, Vítor Neves tinha pe-
dido a sua substituição no conselho,
considerando o facto de, entretanto,
ter assumido a presidência da Direção
da AIMMAP.
Apesar da saída de Vítor Neves, o
referido órgão continuará a contar
com uma importante participação do
METAL PORTUGAL. Concretamente,
foram agora nomeados pelo Primeiro-
-Ministro dois nomes grandes do se-
tor: Fernando Sousa, 1º Vice-Presiden-
te da Direção da AIMMAP e Gerente
da CEI, e José Manuel Fernandes, an-
tigo Presidente da Direção e da As-
sembleia Geral da AIMMAP e Chair-
man da FREZITE.
A AIMMAP congratula-se com a
nomeação de Fernando Sousa e
José Manuel Fernandes para este
Conselho, a qual traduz não só o re-
conhecimento das qualidades dos
nomeados como também a reafir-
mação da grande importância do
papel que o METAL PORTUGAL
ocupa hoje na economia e também
no Sistema Científico e Tecnológico
Nacional.
4 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA
INOVAÇÃO
5,25 milhões de euros ao longo de três anos
PRODUTECH Digital Innovation Hub ganha
acesso a incentivo para apoiar a transformação digital
O
PRODUTECH Digital Innova-
tion Hub, cuja principal misssão
é promover a digitalização da
indústria transformadora, vai integrar
a rede Europeia de Digital Innovation,
anunciou a plataforma em comunica-
do de imprensa. Este consórcio de 19
organizações vai, assim, ter o acesso a
cerca de 1,75 milhões de euros de fi-
nanciamento, por ano, ao longo de
três anos, para suportar diretamente a
transformação digital das empresas na-
cionais.
Segundo a organização, este financi-
mento da União Europeia “permitirá às
empresas nacionais recorrer a serviços
de valor acrescentado, nos domínios
da formação, do teste e experimenta-
ção das tecnologias digitais — de for-
ma a melhor suportar as suas decisões
de investimento —, assim como outros,
por exemplo ao nível da consultoria em
inovação e acesso a fontes de investi-
mento e financiamento”.
Coordenado pela entidade gestora
do Cluster das Tecnologias de Produ-
ASSUNTOS ATUAIS
A maior ação de promoção da indústria portuguesa realizada nos últimos dez anos
António Costa participou em jantar comemorativo
da participação portuguesa em Hannover
O
Conselho Diretor da Câmara
de Comércio e Indústria Luso-
-Alemã promoveu a realização
de um jantar comemorativo da partici-
pação portuguesa na Hannover Mes-
se 2022, no Ritz Four Seasons Lisboa,
que teve como convidado de honra o
Primeiro-Ministro, António Costa.
A AIMMAP esteve igualmente pre-
sente no evento, representada pelo
Presidente da Direção, Vítor Neves, e
pela Diretora-Geral, Mafalda Grama-
xo.
De salientar que a participação por-
tuguesa na Hannover Messe 2022 re-
presentou a maior ação de promoção
da indústria portuguesa realizada nos
últimos dez anos, com mais de 100 em-
presas e instituições nacionais a esta-
rem presentes naquela que é a maior
feira industrial mundial, apresentando a
qualidade da produção e a capacidade
inovativa de Portugal ao mundo.
No jantar foram apresentados alguns
dos highlights desta participação, para
além ter sido feito um balanço por al-
guns dos seus intervenientes.
O Primeiro Ministro, no discurso que
proferiu, deu a devida relevância à im-
portância do setor metalúrgico e meta-
lomecânico em Portugal e do impac-
to que as empresas do mesmo tinham
tido na feira em causa, agradecendo à
AIMMAP a organização da participação
empresarial no certame.
O evento pretendeu, assim, destacar
a participação portuguesa na Hannover
ção, a PRODUTECH, a aprovação pela
Comissão Europeia do projeto apre-
sentado traduz “o reconhecimento do
excelente trabalho desenvolvido pelas
entidades constituintes do PRODUTE-
CH DIH, em prol da modernização da
indústria”. No mesmo documento, o
consórcio diz ainda que vem também
permitir a diversificação das fontes de
financiamento para as empresas na-
cionais para o acesso a estes serviços,
complementando o investimento priva-
do das empresas e outros fundos dire-
tamente geridos por Portugal.
Esta plataforma, que tem dimensão
nacional, reúne uma massa crítica “de
capacidades únicas”, infra-estruturas e
competências para a prestação de ser-
viços em essencialmente quatro gran-
des domínios: testar antes de investir,
formação e qualificação, acesso a fi-
nanciamento e investimento e dinami-
zação do ecossistema de inovação e
trabalho em rede.
Entre as 19 organizações que formam
o consórcio, a plataforma reune o clus-
O Primeiro Ministro no discurso que proferiu deu a devida
relevância à importância do setor metalúrgico e metalomecânico
em Portugal e do impacto que as empresas do mesmo tinham
tido na feira em causa, agradecendo à AIMMAP a organização
da participação empresarial no certame
Messe 2022, realizada na cidade alemã
de Hannover entre 30 de maio e 2 de
junho, que, de resto, se revelou um ex-
traordinário sucesso aos mais variados
níveis, tendo inclusivamente ultrapas-
sado as melhores expectativas da AIM-
MAP.
Para esta edição, na qual Portugal foi
ter português de tecnologias de pro-
dução (a já referida PRODUTECH), um
parque de ciência e tecnologia/incuba-
dora, centros tecnológicos nacionais,
outros centros de interface tecnológi-
co e organizações de ensino superior e
formação profissional. “Estas entidades
têm múltiplas localizações em Portugal,
as quais funcionam como pontos de
acesso aos serviços do Polo de Inova-
ção Digital [Digital Innovation Hub] ac-
tuando como multiplicadores da trans-
formação verde e digital”.
Dotado de competências comple-
mentares e multidisciplinares, o consór-
cio permite responder às necessidades
das empresas e indústrias, tanto a ní-
vel do desenvolvimento do I&D+i, ao
nível da validação e demonstração de
novos produtos-serviços-processos-sis-
temas das empresas fornecedoras de
tecnologias de produção, bem como
no acesso, pelas empresas da indús-
tria transformadora, ao aconselhamen-
to, experimentação e avaliação das
tecnologias digitais, essenciais para a
país-parceiro, esta Associação compro-
meteu-se em promover e organizar os
stands coletivos das empresas nacio-
nais nos segmentos específicos em que
Portugal esteve presente, um compro-
misso atingido com grande sucesso,
tendo participado no referido certame
com 109 empresas, mostrando o que
sua transição competitiva, verde e digi-
tal. Inteligência artificial, computação e
alto desempenho, cibersegurança, ca-
pacidades digitais avançadas, soluções
digitais e interoperabilidade, manufac-
tura aditiva ou robótica, são apenas al-
guns dos domínios de interveção do
PRODUTECH Digital Innovation Hub.
Recorda-se que a criação da PRODU-
TECH foi fortemente dinamizada pela
AIMMAP, em parceria com o INESC-
-Tec, o CATIM e mais de uma centena
de empresas e instituições de grande
relevância nos domínios da economia e
da ciência em Portugal.
Atualmente, a AIMMAP continua a
ter um papel de enorme importância
na condução dos destinos da PRODU-
TECH, estando representada pelo seu
Vice-Presidente Executivo, Rafael Cam-
pos Pereira, no respetivo Conselho de
Administração, o qual é liderado por
Fernando Sousa, Gerente da CEI e Ad-
ministrador da ZIPOR, que é também,
entre outros cargos, o 1º Vice-Presiden-
te da Direção da AIMMAP.
de melhor se faz em Portugal. Aliás, a
experiência da AIMMAP na organiza-
ção de stands coletivos em certames
internacionais foi determinante para o
sucesso deste grande desafio para Por-
tugal e para o setor.
Nesta edição, de entre os 2543 expo-
sitores que marcaram presença nesta
edição do certame, 109 eram empre-
sas portuguesas, um número que per-
mitiu à delegação nacional ser a segun-
da maior comitiva estrangeira da feira.
A notoriedade da presença portu-
guesa na feira foi verdadeiramente as-
sinalável, com particular destaque nas
áreas de Engineered Parts & Solutions,
Energy Solutions, Digital Ecosystems
e Automation & Robotics, nas quais a
AIMMAP, com o apoio da AICEP e da
CCILA, organizou quatro stands cole-
tivos que agregaram empresas desses
segmentos de atividade.
Este jantar aqui em apreço, para além
da comemoração do sucesso de Portu-
gal em Hannover, teve ainda um espe-
cial momento de despedida a Hans-
-Joachim Böhmer, diretor-executivo
da Câmara Luso-Alemã nos últimos 24
anos, e que este ano se irá reformar.
Convém relembrar, por outro lado,
que, representado pela AIMMAP, o
setor metalúrgico e metalomecânico,
com mais de 15 mil empresas e 250 mil
trabalhadores, exportou, em 2021, 19
885 milhões de euros, sendo assim um
setor altamente exportador e crucial
para a economia portuguesa.
 BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 5

FORMAÇÃO

Programa de Formação-Ação Academia PME

Encerramento da 11ª edição revela novamente

indicadores fortemente positivos
E
m mais uma jornada de gran-
de sucesso, terminou no passa-
do dia 12 de julho, com o semi-
nário de Avaliação Final, a 11ª edição
do Programa de Formação-Ação Aca-
demia PME, promovida pela AIMMAP
como Entidade Promotora em estreita
parceria com o CENFIM, que é a En-
tidade Formadora, e o IAPMEI, que é
o organismo intermédio responsável
pela sua gestão.
Com o encerramento desta edição,
foi alcançado o número total de 175
empresas que, nas onze edições que
este Programa já leva, tiveram opor-
tunidade de beneficiar quer de um
conjunto de seminários subordinados
aos mais importantes temas de gestão
quer das intervenções de excelentes
consultores que empenharam o seu
esforço por forma a que as empresas
pudessem beneficiar de todas as fer-
ramentas que lhes foram disponibiliza-
das, iniciando deste modo uma nova
etapa de sucesso na sua atividade.
Mais uma vez a Avaliação Final efe-
tuada demonstrou o enorme impacto
que este projeto obteve junto daque-
les que tomaram a iniciativa de nele
participar.
Com efeito, foi unânime o reconhe-
cimento das vantagens decorrentes da
inclusão neste Programa, dos fortes
efeitos que causou no desempenho
das organizações e da forma como as
empresas alavancaram os seus negó-
cios a partir das intervenções efetua-
das.
E os principais indicadores confir-
mam que de facto se esteve aqui uma
vez mais perante empresários e qua-
dros dirigentes capazes de tirarem
o maior proveito da sua participação
neste tipo de ações.
Na verdade, 11 das 15 empresas
participantes verificaram um cresci-
mento da sua faturação.
E os resultados são igualmente no-
táveis quanto ao crescimento dos
postos de trabalho, porquanto a tota-
lidade das empresas obtiveram cres-
cimento de postos de trabalho ou
encontram-se com necessidades ime-
diatas de contratação de novos cola-
boradores. Em conjunto, este valor
Uma palavra especial para a meto-
dologia do Programa que foi desen-
volvido ao longo dos anos pela Aca-
demia de PME do IAPMEI e que é,
sem sombra de dúvidas, a melhor me-
todologia de que as empresas pode-
rão beneficiar.
Na verdade, o Programa da Acade-
mia PME permite em primeiro lugar
uma riquíssima partilha de experiên-
cias entre os participantes (empresá-
rios e quadros dirigentes) que de ou-
tro modo dificilmente teriam ocasião
de se encontrar de forma tão regular
ao longo de um ano.
Em segundo lugar, permite um mui-
to maior acompanhamento e controlo
corresponde a um incremento poten- rios e quadros dirigentes que partici- na aplicação do Programa, sendo por
cial de postos de trabalho de, tendo pam nestas ações. isso garante de qualidade.
em conta as necessidades de curto Como é do conhecimento público, Em terceiro lugar, pela globalidade
prazo, cerca de 8%. o CENFIM, como Entidade Formadora e pela diversidade dos temas aborda-
Esta é, aliás, uma constante nas onze do Programa, tem constituído uma no- dos nomeadamente nos diferentes se-
edições que este Programa já leva rea- tável parceria com a AIMMAP. Neste minários, constitui um verdadeiro Pro-
lizadas. evento houve também oportunidade grama de Alta Direção à disposição
Em termos comparativos, o número para realçar uma vez mais o papel cru- das empresas
correspondente a esta taxa de cresci- cial que o maior e melhor centro pro- Neste contexto, não é de mais real-
mento equivale à criação de uma em- tocolar de formação profissional tem çar o espírito gerado ao longo do Pro-
presa composta por 37 colaboradores! tido ao longo dos anos no desenvolvi- grama entre os empresários partici-
A sexta maior em dimensão se porven- mento deste projeto. pantes, as sinergias criadas e o espírito
tura participasse nesta edição do Pro- Esta contribuição é visível tanto na de cooperação, que são afinal expres-
grama. sua organização e componente admi- são de um verdadeiro associativismo
Estes resultados são expressão da nistrativa, através do superior trabalho orientado à criação de valor e que
pujança do setor, da capacidade de desenvolvido pela equipa do Departa- nesta edição se consubstanciaram em
crescimento das empresas, bem como mento de Gestão de Projetos, como parcerias de negócio entre vários dos
do notável espírito de combatividade através da excelência dos seus consul- empresários envolvidos neste projeto.
e de criação de riqueza dos empresá- tores e formadores. O Programa de Formação-Ação da
Academia de PME decorre da can-
didatura apresentada no âmbito do
Empresas participantes: Programa Operacional Competitivi-
FAREMI- Técnica de Montagens Industriais do Norte, Lda. dade e Internacionalização, financia-
Fluidotrónica - Equipamentos Industriais, Lda. do pelo FSE através da Tipologia de
J. António da Silva, Lda. (JASIL) Investimento Qualificação e Interna-
Maquiave - Metalomecânica de Precisão, Lda. cionalização das PME, no seu Eixo III
Metalomil - Serralharia Mecânica, Lda. - Promoção da sustentabilidade e da
Metalotrofa-Serralharia Mecânica da Trofa, Lda. qualidade do emprego, Prioridade de
Metalúrgica Falcão & Filhos, Lda Investimento 8.5, em que a AIMMAP
Normais - Máquinas Especiais, Lda. é a entidade promotora, o CENFIM
Novazê - Sistemas e Equipamentos p/ Embalagem, Lda. a Entidade Formadora e o IAPMEI o
OPTIMA - Fabrico de Máquina p/ Corte e Gravação, Lda. Organismo Intermédio. O projeto tem
PAM - Serviços Técnicos Industriais, Lda. como objetivo o incremento da com-
Tankpor - Reservatórios, Lda. petitividade, qualificação e inovação
Tormáximos - Tornearia e Fresagem, Lda. e o valor previsto de investimento to-
Trofinox - Indústria Metalomecânica, Lda. tal elegível de 329.629,75 G dos quais
Vimétrica - Soluções de Visão Artificial Unipessoal, Lda. 296.666,77 G, serão financiados pelo
Fundo Social Europeu.

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

AIMMAP e ACT assinam protoloco de partilha de informação

no âmbito da segurança, saúde e bem-estar no trabalho
A
AIMMAP e a Autoridade para
as Condições de Trabalho assi-
naram muito recentemente um
protocolo com o objetivo de definir e
estabelecer um quadro de cooperação
técnica entre as duas organizações nos
domínios da partilha de informação no
âmbito da segurança, da saúde e do
bem-estar no trabalho.
O protocolo, que vigora por um pe-
ríodo de três anos, renovando-se por
iguais e sucessivos períodos, propõe
desenvolver várias ações, nomeada-
mente ações de informação e de sen-
sibilização no âmbito da segurança e
saúde do trabalho, assim como ações
de informação e sensibilização na área
laboral.
Para a AIMMAP, esta iniciativa reves-
te-se da maior importância para a di-
namização de condições que não só
potenciem a melhoria dos postos de
trabalho como também continuem a
promover a redução da sinistralidade
laboral. Conforme sublinhou a este res-
peito o Vice-Presidente Executivo da
AIMMAP, Rafael Campos Pereira, “as
empresas do setor metalúrgico e me-
talomecânico têm trilhado um percur-
so notável ao longo dos últimos anos,
também nestes domínios da seguran-
ça, saúde e bem-estar no trabalho”.
Não obstante, acrescentou que esse
percurso de melhoria tem de ser incre-
mentado diariamente, fazendo, pois,
todo o sentido que sejam implemen-
tadas iniciativas que acrescentem va-
lor nesse âmbito. Segundo o dirigente
da AIMMAP, este protocolo com a ACT
consubstancia, sem quaisquer dúvidas,
um excelente instrumento para a con-
cretização desse esforço de melhoria
permanente e contínua nos domínios
em apreço no documento em causa.
6 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA
REGULAÇÃO
Webinar sobre o Regime Geral de Prevenção da Corrupção
N
o dia 12 de julho a AIMMAP rea-
lizou um webinar subordinado
ao tema “Regime Geral de Pre-
venção da Corrupção”, com o objetivo
de informar e sensibilizar as empresas
para esta matéria.
Com efeito, a mesma reveste grande
importância, já que as empresas pas-
sam a estar obrigadas a cumprir uma
série de obrigações, impostas pelos di-
plomas legais que regulam a matéria
em causa, concretamente o Decreto-
-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de dezembro,
e a Lei n.º 93/2021, de 20 de dezem-
bro.
A abertura do seminário foi feita por
Rafael Campos Pereira, Vice-Presidente
Executivo da AIMMAP, que, tendo cha-
mado a atenção dos presentes para a
relevância do assunto e o seu impac-
to na vida das empresas, não deixou,
todavia, de lamentar que este tipo de
iniciativas legislativas imponha sistema-
ticamente mais obrigações burocráti-
cas e custos financeiros para as empre-
sas. Não obstante, referiu ainda que,
naquela ocasião, o objetivo essencial
INTERNACIONALIZAÇÃO
Protocolo assinado a 20 de maio
AICEP e PRODUTECH unidas na internacionalização
da economia portuguesa
A
AICEP - Agência para o Investi-
mento e Comércio Externo de
Portugal e a PRODUTECH - As-
sociação para as Tecnologias de Produ-
ção Sustentável assinaram recentemente
um Protocolo de Cooperação destinado
a promover a colaboração conjunta em
domínios de interesse mútuo entre as
duas instituições no desenvolvimento de
atividades com relevância para a interna-
cionalização da economia portuguesa e
a capacitação das empresas e seus exe-
cutivos.
Sem prejuízo de outras ações que pos-
teriormente venham a ser estabelecidas,
o protocolo prevê o estabelecimento de
uma rede de intercâmbio recíproco e
contínuo de informação, tendo em vista
o desenvolvimento de sinergias e identi-
ficação de convergências estratégicas de
interesse mútuo no âmbito da formação
e capacitação das empresas do setor.
Estão ainda descritos o desenho e a
implementação conjunta de ações de
formação e capacitação avançada de
quadros e executivos das empresas as-
seria o de informar as empresas sobre
as obrigações a que passam a estar su-
jeitas e não tanto fazer observações de
natureza mais política.
O webinar contou igualmente com a
participação de Luís Henrique, do De-
sociadas da PRODUTECH, no âmbito
dos produtos de formação e capacitação
criados pela AICEP.
O documento explora ainda a organi-
zação conjunta de fóruns, workshops ou
visitas aos estabelecimentos e infraes-
truturas das partes, tendo em vista um
maior conhecimento das respetivas áreas
de atuação e dos principais desafios com
que se deparam, para o efeito a identi-
ficação de potenciais ações conjuntas a
desenvolver.
Para a materialização deste acordo
está prevista a criação do designado
“Comité de Coordenação” para apoiar
a implementação do protocolo e gerir as
atividades decorrentes do mesmo que
venham a ser acordadas entre o PRO-
DUTECH e a AICEP. O Comité será com-
posto por Pedro Rocha, Diretor Executi-
vo da PRODUTECH, e Isabel Marques,
Diretora da Direção de Produto da AI-
CEP.
Não implicando a assunção de qual-
quer tipo de compromissos financeiros
entre as partes, as despesas decorren-
A atualidade do setor
metalúrgico
e metalomecânico
Youtube: https://www.youtube.com/channel/
UC7QIw463J6tlOlgbxjtYDcQ
Facebook: https://www.facebook.com/Metal-
Portugal-723867021055712
Linkedin: https://www.linkedin.com/company/aimmap
www.twitter.com/aimmap
partamento de Assuntos Jurídicos e So-
ciolaborais da CIP, o qual descreveu as
iniciativas e as diligências promovidas
pela referida confederação no sentido
de defender os legítimos interesses das
empresas no domínio em apreço.
tes “serão custeadas com recursos pró-
prios de cada entidade, de acordo com
os seus interesses, sem existência de in-
demnização entre ambas ou a transfe-
rência de recursos financeiros, incluindo
as decorrentes de condições especiais
ou de eventuais descontos de inscrição
ou participação concedidos a cada em-
presa associada nas ações desenvolvi-
das no âmbito do presente Protocolo”,
lê-se no documento.
O protocolo, que foi assinado em re-
presentação da PRODUTECH pelos seus
administradores Fernando Sousa e Ra-
fael Campos Pereira – ambos igualmente
Vice-Presidentes da AIMMAP –, em vigor
deste o passado dia 20 de maio, terá a
duração de 12 meses, considerando-se
tacitamente prorrogado por períodos
anuais.
Em representação da AICEP, outorgou
o protocolo o seu Presidente Luís Cas-
tro Henriques, numa sessão que contou
com a presença do Secretário de Esta-
do da Internacionalização Bernardo Ivo
Cruz.
Em seguida, o evento prosseguiu
com as esclarecedoras intervenções
de Susana da Palma Pereira, Margarida
Sampaio e Sara Alves, todas do Depar-
tamento Jurídico da AIMMAP, que aler-
taram de forma detalhada as empresas
para os deveres que estão obrigadas a
acatar e as consequências da sua even-
tual inobservância.
Durante a sessão foram abordadas
nomeadamente as obrigações impos-
tas às empresas pelos referidos diplo-
mas legais, que estabeleceram o Regi-
me Geral de Prevenção da Corrupção e
o Regime Geral de Proteção de Denun-
ciantes, nomeadamente as obrigações
de adotar um programa de cumpri-
mento normativo que inclua um Plano
de Prevenção de Riscos, um Código de
Conduta, um Plano de Formação e um
Canal de Denúncias.
Estiveram presentes na sessão cerca
de 50 associados da AIMMAP, muitos
dos quais tiveram já oportunidade de
reportar um feedback altamente posi-
tivo relativamente à qualidade das in-
tervenções.
BREVE
AIMMAP esteve
presente no QSP
SUMMIT 2022
N
o âmbito do projeto PORTU-
GAL METAL – Cooperar na Era
Digital, a AIMMAP marcou pre-
sença ativa no QSP SUMMIT 2022 rea-
lizado nos passados dias 28 a 30 de
junho, na Exponor.
Aproveitando o evento que se afigu-
ra como uma das mais relevantes con-
ferências de Management e Marketing
da Europa, a AIMMAP promoveu a
Plataforma de Engineering e Open In-
novation que está a ser desenvolvida,
com especial incidência na atividade
de subcontratação de peças técnicas
de alto valor acrescentado, tendo ob-
tido junto dos inúmeros participantes
um feedback extremamente positivo.

INTERNACIONALIZAÇÃO
Edição da “ELMIA Subcontractor” em 2022
irá contar uma vez mais com uma relevante participação
do METAL PORTUGAL
A
edição de 2022 da “ELMIA
Subcontractor”, que terá lugar
na cidade sueca de Jönköping
entre os dias 15 e 17 do próximo mês
de novembro, irá contar novamente
com uma muito relevante participação
coletiva do METAL PORTUGAL.
Essa participação nacional será pro-
movida pela AIMMAP, a qual irá orga-
nizar um stand coletivo que se situará,
uma vez mais, no pavilhão principal da
feira.
Conforme é sabido, a AIMMAP
tem vindo a organizar, há mais de
dez anos, presenças muito consisten-
tes das empresas do setor metalúr-
gico e metalomecânico nacional nas
sucessivas edições da “ELMIA Sub-
contractor”, o que tem contribuído
fortemente para o significativo cres-
cimento das exportações do METAL
PORTUGAL para os mercados da Es-
candinávia em geral e para a Suécia
muito em particular.
Inclusivamente, tal como pode ser
lido num outro trabalho também pu-
blicado nesta edição do “Metal”, nos
primeiros 5 meses de 2022 as expor-
tações do setor metalúrgico e meta-
INTERNACIONALIZAÇÃO
Um mercado com enormes oportunidades
AIMMAP investe na Coreia do Sul
A
Coreia do Sul é a quarta maior
economia asiática e a déci-
ma primeira maior do mundo,
acrescendo que, dentro daquele gru-
po das 4 maiores economias da Ásia
(China, Japão, Índia e a própria Coreia
do Sul), tem atualmente o segundo
maior PIB per capita, apenas ligeira-
mente suplantado pelo Japão.
Esta performance é verdadeiramen-
te notável, ainda por cima quando é
sabido que a Coreia do Sul era nas dé-
cadas de 50 e 60 do século passado
um dos mais pobres países do mundo.
O extraordinário enriquecimento do
país em apenas uma geração ficou
conhecido nos manuais de economia
como o “Milagre do Rio Han”. E na
verdade gera total estupefação que
uma nação tão fragilizada por circuns-
tâncias várias se tenha tornado tão
subitamente num dos polos tecnoló-
gicos e industriais mais avançados, de-
senvolvidos e sofisticados do planeta.
Naturalmente, nestas questões os
milagres não existem: o crescimento
da Coreia do Sul deveu-se a apostas
muito claras na educação, formação e
qualificação dos recursos humanos, no
investimento em inovação, investiga-
ção e desenvolvimento e numa econo-
mia aberta e produtiva com uma legis-
lação laboral flexível e uma fiscalidade
amiga do investimento e da produção
de riqueza.
Em simultâneo, a Coreia do Sul tem
uma política de finanças públicas de
grande rigor e equilíbrio, sendo certo
BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 7
consistente e sempre visível na fei-
ra em questão, muitas empresas que
integram de forma reiterada o stand
conjunto organizado pela AIMMAP
passaram a ter o mercado sueco como
o principal ou um dos principais desti-
nos das respetivas exportações.
Naturalmente, a AIMMAP continua-
rá muito atenta a todas as oportunida-
des que possam beneficiar o METAL
PORTUGAL e muito em especial as
A “Elmia Subcontractor” é efetivamente a feira mais empresas suas associadas a continua-
relevante do todo o norte da Europa no domínio da rem a fazer crescer as suas vendas para
subcontratação industrial de peças técnicas de elevado mercados de maior valor acrescentado
valor acrescentado, abrindo oportunidades de e mais densidade tecnológica, como é
o caso do sueco.
negócio muito credíveis para os respetivos expositores Esta nova presença coletiva na “EL-
MIA Subcontractor” enquadra-se evi-
dentemente nessa ambiciosa estraté-
gia.
lomecânico nacional para a Suécia A “ELMIA Subcontractor” é efetiva- Recorda-se finalmente que esta ini-
cresceram 36,2% face ao período ho- mente a feira mais relevante de todo o ciativa da AIMMAP na “ELMIA Sub-
mólogo no ano anterior. Norte da Europa no domínio da sub- contractor” está inserida no plano de
Para além disso, prevê-se que, face contratação industrial de peças téc- internacionalização da AIMMAP para
ao ano em que a AIMMAP começou a nicas de elevado valor acrescentado, 2022/2023, já aprovado, pelo que as
realizar ações dirigidas ao mercado em abrindo oportunidades de negócio empresas poderão beneficiar de uma
causa, em 2022 os números das expor- muito credíveis para os respetivos ex- comparticipação de até 50% dos cus-
tações do METAL PORTUGAL para a positores. tos elegíveis, a definir após o respetivo
Suécia sejam três vezes maiores. Em consequência da sua presença encerramento.
que a sua dívida pública é apenas de ferido, a AIMMAP tem vindo a estu- mas empresas associadas, a AIMMAP
35% do PIB. dar o mercado sul-coreano no sentido está a tentar identificar feiras indus-
Para além disso, ainda, a Coreia do de poder explorar as suas potenciali- triais realizadas na Coreia do Sul com
Sul tem acordos de comércio livre com dades e, concomitantemente, as suas interesse potencial para empresas da-
inúmeros blocos e países, nomeada- oportunidades para as empresas que a queles dois subsetores.
mente com a União Europeia. associação representa. Finalmente, é intenção da AIMMAP
Atualmente a Coreia do Sul é o prin- É convicção da AIMMAP que as aprofundar laços de cooperação com
cipal produtor mundial de smartpho- oportunidades neste mercado tão associações e agências sul-coreanas
nes e semicondutores, sendo também evoluído podem efetivamente vir a ser que se dedicam à promoção das im-
um forte fabricante de automóveis, muito significativas. portações.
eletrodomésticos, computadores, Nesse sentido, a associação está Para os efeitos acima referidos, con-
equipamentos para telecomunica- neste momento à procura de um par- forme já atrás mencionado, a AIMMAP
ções, eletrónica e construção naval, ceiro local que a possa auxiliar a cum- está neste momento a proceder à se-
leção de uma empresa especializada
da Coreia do Sul.
Em simultâneo, a AIMMAP está em
O crescimento da Coreia do Sul deveu-se a apostas muito claras contacto com a delegação da AICEP
na educação, formação e qualificação dos recursos humanos, no em Seul, tendo já reunido com a sua
investimento em inovação, investigação e desenvolvimento e Diretora Joana Bustamante Barros, a
numa economia aberta e produtiva com uma legislação laboral qual evidencia um profundo conheci-
flexível e uma fiscalidade amiga do investimento e da produção mento da realidade sul-coreana e está
a realizar um excelente trabalho em
de riqueza
prol dos interesses portugueses. Em
todo o caso, não pode deixar de se
referir que, tendo em conta a enorme
entre outros domínios. Nesse âmbi- prir 4 objetivos iniciais. importância do mercado sul-corea-
to é a pátria de um enorme conjunto Em primeiro lugar, ainda em 2022, no, será absolutamente fundamental
de marcas conhecidas à escala global, pretende a AIMMAP realizar um es- que a AICEP aumente de forma subs-
como são os casos da Samsung, da tudo de mercado nos segmentos dos tancial os seus recursos humanos em
Hyundai, da LG, da Kia, da Daewoo produtos metálicos de consumo e Seul.
ou da Ssangyong, entre várias outras. da subcontratação de elevado valor Muito em breve, serão transmitidas
Finalmente, é importante sublinhar acrescentado. em futuras edições deste jornal infor-
que os consumidores sul-coreanos Subsequentemente, a associação mações atualizadas a propósito deste
têm rendimentos médios muito ele- irá organizar uma missão empresarial assunto. Entretanto, as empresas inte-
vados e hábitos de consumo sofistica- à Coreia do Sul, com empresas igual- ressadas em conhecer mais detalhes a
dos, procurando nomeadamente pro- mente daqueles dois segmentos de respeito das iniciativas aqui em causa
dutos de origem europeia. atividade. deverão contactar o Departamento de
Considerando o contexto acima re- Num outro plano, a pedido de algu- Internacionalização da AIMMAP.
8 SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO 2022 BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA

NOTA DE FECHO

Miguel Gil Mata

Vice-Presidente da Direção

Uma economia saudável precisa de crescer

da AIMMAP, CEO da
SONAE Capital, SGPS e
Presidente do Conselho da
Administração da ADIRA,
S.A.

A
realização e bem-estar humanos
alimentam-se da diferença
percebida entre o que somos
e temos hoje, e o que éramos e
tínhamos em período homólogo.
Por isso a variação do PIB de um
país é tão ou mais importante do que
o seu valor absoluto – mesmo o do PIB
per capita.
Mas, nas últimas duas décadas, o
crescimento da economia portuguesa
tem sido pouco mais que inexistente.
Convém diagnosticar as causas deste
desempenho, para o tentar melhorar.
Uma delas, estou em crer, é a (falta
de) evolução da nossa produtividade.
A produtividade é um rácio de
outputs por inputs da economia.
Tradicionalmente, a razão entre o PIB
e os fatores de produção empregues
para o obter (mão-de-obra e capital).
A criação de riqueza de uma
economia pode, por consequência,
expressar-se como o produto destas
três grandezas: mão-de-obra, capital e evolução da produtividade: variações concluir que a solução para a
produtividade. de 2% a 3% ao ano são consideradas economia portuguesa não é aumentar
Em Portugal, a demografia inibe como valores de referência. o investimento ou os recursos! (não
o crescimento do fator humano, e o Ao contrário, a produtividade da que isso não fosse desejável e não
endividamento excessivo (que ainda economia nacional está teimosamente fizesse crescer o PIB, simplesmente
subsiste) condiciona o investimento estagnada. não é sustentável ou exequível).
(a chamada Formação Bruta de O problema do crescimento do As constatações anteriores
informam (ou deviam informar) as
opções estratégicas do país e os
seus instrumentos de política macro-
Nas últimas duas décadas, o crescimento da economia
económica.
portuguesa tem sido pouco mais do que inexistente. Para fazer crescer a produtividade,
Convém diagnosticar as causas deste desempenho, identifico duas linhas de ação
para o tentar melhorar. preferenciais:
• Educação, formação, qualificação
dos nossos recursos, no sentido
Capital Fixo). A alavanca que resta é a nosso país pode, portanto, ser mais lato destes termos;
produtividade. enunciado como: “a maioria das • Inovação – de produto, de
De resto, a generalidade das economias desenvolvidas extrai cada processo, de canal, de modelo de
economias desenvolvidas (mesmo as vez mais riqueza de uma quantidade negócio, de tecnologia.
de melhor desempenho) apresenta de fatores aproximadamente Dir-me-ão que são linhas de ação
tendência de estagnação nos dois constante, mas a economia que operam apenas a muito longo
fatores de produção referidos, portuguesa não é disso capaz.” prazo. Bem o sei. Talvez por isso
baseando o crescimento do seu PIB na Porventura mais pertinente é mesmo, o melhor seja começar já.

COMÉRCIO EXTERNO

Resultado acumulado dos primeiros 5 meses de 2022 regista crescimento homólogo de 9,4%

Em maio de 2022, pela primeira vez na história, as exportações do

METAL PORTUGAL ultrapassaram os 2 mil milhões de euros mensais

O
s valores das exportações do
METAL PORTUGAL conti-
nuam a superar todas as pre-
visões e expectativas, tendo atingido
em maio de 2022 a extraordinária ci-
fra de 2.135 milhões de euros.
Este montante é, a larga distância
do recorde anterior, o melhor regis-
to mensal de todos os tempos. Inclu-
sivamente foi a primeira ocasião em
que as vendas ao exterior das empre-
sas metalúrgicas e metalomecânicas
ultrapassaram num só mês a barreira
dos 2 mil milhões de euros.
Este notável número traduziu um
crescimento de 25% face ao mês de
maio de 2021, no qual as exportações
tinham ascendido ao valor de 1.781
milhões de euros.
Para que se tenha uma ideia da di-
mensão destes números, recorda-se
que no mês de maio de 2021 havia
sido o alcançado o terceiro melhor re-
gisto mensal do ano em causa.
Este impressionante crescimento
verificado em maio de 2022 foi espe-
cialmente alavancado pelo desempe-
nho dos subsetores da metalurgia de
base, dos produtos metálicos e das
máquinas e equipamentos, os quais
registaram aumentos homólogos de,
respetivamente, 54%, 35% e 19%.
No que se refere aos números glo-
bais acumulados nos primeiros cinco
meses de 2022, constata-se ter havi-
do um crescimento de 9,4% em com-
paração com o mesmo período do
ano anterior. exportações do METAL PORTUGAL de crescimento foi mais significativa,
Conforme tinha sido tendência nos para aqueles dois países do Norte de tendo sido o de maior subida em ter-
4 meses anteriores de 2022, fazendo Europa, podendo dizer-se que esse mos percentuais. Na verdade, nos EUA
agora as contas aos 5 meses já conta- esforço continua a evidenciar frutos, as exportações do METAL PORTU-
bilizados, o crescimento manteve-se com crescimentos muito significativos GAL passaram de G193.465.169,00,
especialmente forte nas vendas para das vendas em segmentos abrangi- nos primeiros cinco meses de 2021,
os países da União Europeia, onde se dos pelas ações promovidas pela as- para G341.720.803,00 no mesmo pe-
registou um crescimento homólogo sociação. ríodo em 2022, o que consubstanciou
de 13,5%. No que se refere às exportações um crescimento homólogo de 76,6%.
Nesse âmbito, merecem destaque para fora da União Europeia, o re- Ainda fora da Europa, tal como su-
os números dos mercados de Alema- sultado acumulado dos primeiros 5 cedeu nos meses anteriores, o merca-
nha, França e Espanha, onde os cres- meses de 2022 evidencia ainda uma do angolano continuou a dar mostras
cimentos percentuais face ao período ligeira quebra face ao período homó- de um crescimento sólido, com uma
subida de 46,7% nos primeiros 5 me-
ses do ano, em comparação com o
mesmo período no exercício transato.
Este impressionante crescimento verificado em maio O Vice-Presidente Executivo da
de 2022 foi especialmente alavancado pelo desempenho AIMMAP, Rafael Campos Pereira, ex-
dos subsetores da metalurgia de base, dos produtos pressou em comunicado uma grande
metálicos e das máquinas e equipamentos, os quais satisfação pelo facto “de as vendas
do METAL PORTUGAL continuarem
registaram aumentos homólogos de, respetivamente, 54%, a resistir a todas as contrariedades e
35% e 19% constrangimentos, como o aumento
dos preços da energia e das maté-
rias-primas, a falta de recursos huma-
homólogo foram de, respetivamente, logo de 2021. Ainda assim, no mês de nos ou as interrupções nas cadeias de
21,6%, 7,8% e 8,4%. maio, as notícias foram também posi- abastecimento”.
Num nível obviamente diferente, tivas nesse âmbito, verificando-se ter Não obstante, Rafael Campos Pe-
atendendo aos números absolutos havido, igualmente nesses mercados, reira manifestou inquietação pela si-
das vendas, justificam igualmente um forte crescimento face ao mesmo tuação de grande incerteza e im-
atenção os casos muito positivos dos mês do ano transato. Veja-se a esse previsibilidade que as empresas são
Países Baixos e da Suécia, nos quais o respeito que a quebra era, em abril, atualmente obrigadas a enfrentar. De
crescimento homólogo foi de, respe- de 8,3% e agora, em maio, passou a igual modo, o Vice-Presidente Execu-
tivamente, 29,3% e 36,2%. ser de 3,2%. tivo da AIMMAP sublinhou o facto de
Recorda-se que a AIMMAP tem di- No exterior da Europa, o mercado o mercado doméstico estar a contrair-
namizado sucessivas iniciativas no dos Estados Unidos da América conti- -se, o que afeta especialmente as em-
sentido de ajudar a incrementar as nuou a ser aquele em que a trajetória presas menos exportadoras.

FICHA TÉCNICA: PROPRIEDADE AIMMAP: Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal • Rua dos Plátanos, 197 • 4100-414 PORTO • Tel. 351-226 166 860 • Fax: 351-226 107
473 • Diretor: Vítor Neves • Subdiretor: Rafael Campos Pereira • Coordenação Gráfica: Cristina Veiga • Paginação: Flávia Dias
• Periodicidade: Mensal • Propriedade, Edição, Produção e Administração: AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos,
Metalomecânicos e Afins de Portugal, em colaboração com o Jornal Vida Económica • Distribuição gratuita aos associados da
AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal

Não nos discriminem ainda mais. Sff!
P
or norma leio na imprensa diária/
semanal o que me interessa.
Por “necessidade”, também,
acompanho inúmeros assuntos que
classifico como relevantes. Raramente
me manifesto – na “qualidade” de pessoa
com deficiência – sobre certas coisas que
vou lendo e vendo... Mas, desta vez, não
consigo deixar de ter opinião. E de a
escrever.
E neste caso tenho opinião sobre um
artigo de opinião – devidamente assinado
e publicado na edição de 22 de julho do
jornal “Vida Económica”.
Faço três pontos prévios para “matar”
logo o assunto:
1. Tenho paralisia cerebral. Podem-me
considerar, como atualmente é “aceite”,
uma pessoa com deficiência.
2. Tenho emprego, responsabilidades
e objetivos a cumprir. E de tal sou
constantemente avaliado, num sistema de
quotas, com todos os meus colegas, como
não podia deixar de ser. Ao fim do dia, só
queremos ter os mesmos direitos, e, claro,
os mesmos deveres.
3. Julgo que a minha carreira
profissional se deverá às minhas
capacidades – mas não é a mim que
compete avaliar tal. Ser “deficiente” e ao
mesmo tempo “consultor” de cliente em
cliente, mas áreas das telecomunicações,
serviços financeiros e banca, não é fácil.
E sou ainda um dos maiores especialistas
(ideia minha) sobre a real implementação
do artigo 10.º da nossa Constituição, que
não é respeitado em cada ato eleitoral, e
que nenhum jurista resolve.
Tendo estes pontos prévios em
consideração, foi com imensa inquietação
que li o «Casos da Vida Judiciária» na
página 18 da vossa última edição, porque
“… há sempre qualquer coisa que está
Prevenção e Mediação de Conflitos
Férias: ganhar energia e coragem para resolver
o tal conflito de vez
Q
uando falamos sobre mediação,
muitas vezes as pessoas
perguntam-me qual seria
a melhor altura do ano para a sua
realização. A seguir às férias! A atitude
positiva, o equilíbrio mental, o bom
nível de energia e de criatividade
e a vontade para a ação são fatores
propícios para uma mediação, ou,
dito de forma mais simples: pessoas
relaxadas e bem-dispostas conseguem
ver mais facilmente as vantagens de um
conflito resolvido. Durante a mediação
conseguem focar-se no que vão ganhar:
paz, tempo, segurança, liberdade … há
tantos benefícios que uma mediação
bem-sucedida pode trazer. O que é
certo é que se ganha sempre e isto é
único na mediação: de uma mediação
todas as partes saem a ganhar porque
encontraram, elas próprias, com a ajuda
Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1942, de 29 de julho 2022
Rui Coimbras
presidente da Federação das Associações
Portuguesas de Paralisia Cerebral e arquiteto de
soluções IT (no setor privado)
para acontecer, qualquer coisa que eu
devia perceber, porquê, não sei ainda...”
Senti-me menosprezado por parte
do texto – aquela que, pelo menos,
não se centrava nas questões legais,
artigos, parágrafos e especificidades
da empregabilidade das pessoas com
deficiência. Mas se esquecermos toda essa
parte “legal”, quase todo o restante texto
mais não faz que dar voz a uma profusão
de erros, “paternalismos” e evidentes
discriminações – casuais ou assumidas,
mas que estão lá.
A autora deste artigo de opinião
consegue em alguns parágrafos defender
ideias “démodé”, que desconsideram as
pessoas com deficiência e, principalmente,
menosprezar o seu [pessoas com
deficiência] papel na sociedade e no
mercado de trabalho.
Torna-se cansativo ler um artigo
que por cinco vezes se refere às pessoas
“portadoras de”... Em tempos – anos 80,
90... – quando se começou a aplicar uma
linguagem mais inclusiva em relação aos
“deficientes”, esta coisa do “portador de”
tornou-se moda. Sempre seria preferível
ao “deficiente”, mas mesmo assim era
redutor. E já há algumas décadas que a
nomenclatura destes assuntos tem vindo
a mudar. Ou seja, há já umas décadas que
eu não sou “portador de” nada!... Aliás,
desde que nasci (com paralisia cerebral)
que nunca fui “portador de” nada!
Quando muito, sou portador da “minha
loucura”, como no cântico negro do José
Régio.
Mas a cereja no topo do bolo vem
logo a seguir. A autora do artigo assume
que as pessoas com deficiência “só”
conseguirão emprego porque tal decisão
(de as empregar) trará uma boa “imagem
pública” à entidade que as contrata.
do mediador ou da mediadora, uma boa
solução para todos.
Como funciona a mediação?
A mediação reativa a capacidade
de interpretação realista e de fazer
perspetiva: permite uma nova visão da
situação de conflito, uma visão ampliada
com clareza sobre as necessidades de
todas as pessoas envolvidas no conflito.
Como? Com as diferentes técnicas
de questionamento e de coaching do
mediador ou da mediadora, que assim
conduz pelas cinco fases da mediação.
A nova visão adquirida e a emoção
neutralizada, até ao fim da terceira
fase, permite às pessoas em conflito
encontrarem novas soluções – soluções
de consenso para um futuro em paz.
Este fenómeno de que todas as pessoas
Ou, ainda, porque proporcionando tal
“benesse” a uma pessoa com deficiência
as empresas/organismos podem ser
consideradas e usar a designação de
“entidade empregadora inclusiva”...
Ora bolas!
Se uma qualquer empresa contrata um
trabalhador com deficiência apenas para
ter um benefício fiscal, ou então para ter
umas quaisquer fotos para as redes sociais,
dizendo que é inclusiva por causa disso,
então posso assegurar que tem tudo – mas
mesmo tudo! – para vir a correr muito
mal.
A participação das pessoas com
deficiência numa determinada empresa,
tem de ser encarada de uma forma
natural, de um processo que pode ser até
um pouco mais complexo, mas que no
final do dia seja um ato “win-2-win” para
ambas as partes. E todos são chamados
neste processo de participação, que é
muito mais do que apenas inclusão.
Inclusão sem participação tende para zero.
Sempre quis acreditar – até no meu
caso pessoal – que a empregabilidade das
pessoas com deficiência, ou de qualquer
outra, se deveria à sua competência, à
sua formação, ao seu desempenho ou
adequação às funções a realizar...
Mas não. Pelos vistos, alguém poderá
ter-me “dado” emprego porque ficava com
“boa imagem”. Ou porque iria colar um
selo “não-sei-quê-de-inclusivo” na porta da
entrada.
Naquilo que é a minha experiência
de 26 anos de carreira – sim, é possível
conjugar a palavra carreira com
deficiência! – nunca foram estes os
“drivers” ou objetivos (primeiros ou
últimos, como queira analisar). E, por
opção, já trabalhei em várias empresas
públicas (âmbito nacional) e privadas
envolvidas saem do conflito a ganhar
torna este método de resolução de
conflitos único e o mais sustentável.
Por exemplo, em tribunal uma parte
interessada ganha e a outra perde – e o
conflito continua. Por isso, a mediação
é ideal para todas as situações em que as
pessoas em conflito querem ou têm de
continuar a conviver, em privado ou no
trabalho.
A mediação é confidencial, ou seja,
tudo o que é falado está sob sigilo. A
participação é voluntária. Até pode
ser terminada a qualquer altura e
sem justificação. Estes e os outros
princípios da mediação, bem como
o seu procedimento, constam da lei
nacional de mediação e são explicados
pelo mediador ou pela mediadora no
início. A mediação não é um passeio.
Como qualquer processamento
(multinacionais).E passei, portanto, por
diversos processos de recrutamento.
Todos nós “vemos, ouvimos e
lemos” (como escreveu Sophia) sobre o
flagelo que tem sido nos últimos anos
a contratação de estagiários para as
empresas. As empresas fazem-no por
razões financeiras, na maior parte das
vezes (ora lá está o mesmo argumento...),
mas cada um desses estagiários quer
acreditar que foi contratado pelas suas
competências e por aquilo que acredita
ser capaz de dar à empresa e à sociedade.
E, enquanto trabalhador, espera (e
deve) merecer por parte da sua chefia e
restantes colaboradores o mesmo respeito
e tratamento, sabendo que tem também
deveres para com os seus pares.
Se isto é assim para os estagiários, tem
de ser assim para todos os colaboradores
das empresas! E não podemos segregar
ou classificar em grupos ou “classes” de
trabalhadores, sejam elas quais forem.
Certamente que não acredita que uma
qualquer contratação foi apenas para a
empresa ser classificada como “boa” na
opinião pública, ou para virem a receber
o prémio “XPTO” sobre integração de
estagiários...
O facto de classificar à partida um
conjunto de trabalhadores está, desde logo,
a fazer alguma forma de discriminação. E
é isso que não pode/deve acontecer. Daí a
minha inquietação...
A empregabilidade das pessoas com
deficiência não pode ser uma “esmola”.
Não pode ser “caridade”. Caridadezinha,
já a tivemos, em excelente música do José
Barata Moura. Mas estava-se em 1973...
Termino, assim, com as palavras sábias
do meu reitor, da minha universidade:
“Não, ... não vamos brincar à
caridadezinha...!”
Silke Buss
Mediadora de Conflitos,
Especialista
em Comunicação
emocional, dá mesmo trabalho resolver
um conflito. No entanto, é um trabalho
enriquecedor em que as pessoas
envolvidas crescem e evoluem. Com os
conhecimentos adquiridos sobre a causa
e o desenvolvimento de conflitos, ficam
até preparadas para os evitar no futuro.
Parecem-lhe muitos ganhos? São. O
retorno pelo tempo e dinheiro investidos
é enorme.
Se tiver um conflito, não o arraste.
Quanto mais cedo realizar uma
mediação, mais fácil e rápida é a
resolução. Aproveite a melhor altura
daqui a algumas semanas, quando
regressar.
Boas férias!
Silke Buss 938223762 | sbuss@buss.pt
www.mediacao.buss.pt | BUSS Comunicação
II sexta-feira, 29 de <julho 2022
Regime excecional e temporário no âmbito do aumento dos preços com impacto
nas empreitadas de obras públicas - Decreto-Lei n.º 36/2022 de 20 de maio de 2022
Entrou em vigor, no passado dia 21 de maio
de 2022, um regime excecional e temporário
de revisão de preços, com enfoque especial
nos contratos de empreitada de obras públicas,
constituindo uma resposta ao aumento expo-
nencial e excecional dos custos com as matérias-
-primas, os materiais, a mão de obra e os equi-
pamentos de apoio.
Efetivamente, as dificuldades nas cadeias de
abastecimento e as circunstâncias resultantes da
pandemia da doença COVID-19, da crise glo-
bal na energia, assim como, os efeitos da guerra
na Ucrânia provocaram um aumento abrupto
dos preços das matérias-primas, dos materiais e
da mão de obra, com especial relevo no setor da
construção, o que tem gerado graves impactos
na economia. No setor da construção durante
o período pandémico, gerou-se uma dupla dis-
rupção, ao nível da oferta e ao nível da procura,
da quase totalidade da cadeia produtiva, com
repercussões a uma escala sem precedentes nos
últimos vinte anos.
A título ilustrativo, pode ler-se no preâm-
bulo do presente Decreto-Lei que o aumentos
do preço dos materiais de construção -« através
da comparação homóloga dos índices de pre-
ços de materiais e de custos da mão de obra,
referentes a dezembro de 2021 face ao mesmo
mês de 2020, índices estes calculados pela Co-
missão de Índices e Fórmulas de Empreitadas,
e aprovados pelo conselho diretivo do Institu-
to dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da
Construção, I. P.» – ascendeu a níveis tais como
«o aço em varão e perfilados aumentarem 41,7
%; a chapa de aço macio, 44,0 %; o fio de co-
bre revestido, 38,5 %; betumes a granel, 61,2
%; derivados de madeira, 65,2 %; vidro, 28,1
%; e tubo de PVC, 71,3 %. Quanto à mão de
obra, considerando as treze principais profis-
sões elencadas para efeitos de revisão de preços,
constata-se igualmente, no mesmo período, um
aumento médio de 6,7 %».
Assim, com o intuito de aproximar a forma
de revisão de preços prevista no contrato ao cus-
to real da empreitada, o quadro legal da revisão
extraordinária de preços cria, assim, um meca-
Legal &
Imobiliário Regime excecional provisório decretado em 2020
INCONSTITUCIONALIDADE DA ISENÇÃO TOTAL DA REMUNERAÇÃO FIXA
Tenho uma loja num centro comercial,
relativamente à qual, durante o período
COVID, fui pagando, como podia, pelo
menos a percentagem sobre a faturação
mensal e as despesas inerentes à minha
loja.
Em função do que fui lendo nesta colu-
na e do que foi negociado com a adminis-
tração do centro comercial, o pagamento
da renda mínima mensal, de Março a De-
zembro de 2020, ficaria dependente do
que fosse judicialmente decidido sobre o
assunto.
Contudo, a Administração do Centro,
acabou de me enviar a faturação de uma
parte das rendas mínimas de 2020, pelo
que imagino que o Tribunal já decidiu a
questão.
Mas, afinal, o que é que foi decidido?
A cedência de espaços em estruturas
designadas como centros comerciais,
vulgarmente designados como “shoppings”,
é feita através da celebração de contratos
atípicos ou mistos, que, embora englobem
uma componente designada como renda,
Casos da Vida Judiciária
nismo de revisão para acompanhar as oscilações
dos preços dos materiais, da mão de obra e dos
equipamentos de apoio.
Este regime excecional e temporário de revi-
são de preços foi concebido em particular para
os contratos de empreitada de obras públicas
cuja revisão ordinária de preços é obrigatória,
por força do disposto no artigo 382.º do Códi-
go dos Contratos Públicos. Porém, o Decreto-
-Lei 36/2022 de 20 de maio de 2022 aplica-se,
com as necessárias adaptações, aos contratos
públicos de aquisição de bens e de serviços.
Contudo, no que concerne aos contratos de
aquisição de serviços, a sua aplicação está
ainda dependente da definição das categorias
abrangidas a serem determinadas por portaria
conjunta pelos membros do Governo respon-
sáveis pela área das finanças e pela área das
infraestruturas e habitação.
O presente regime não é de aplicação auto-
mática e depende da iniciativa do empreitei-
ro, que deverá apresentar, ao contraente pú-
blico, um pedido de revisão extraordinária de
preços. Como condições de admissibilidade,
terá a empreitada de ter pelo menos um ma-
terial, um tipo de mão de obra ou um equi-
pamento de apoio que represente, ou venha
a representar durante a execução do contrato,
pelo menos, 3 % do preço contratual e a taxa
de variação homóloga do custo seja igual, ou
superior, a 20 %. Caso a empreitada não te-
nha nenhum material, tipo de mão de obra
ou equipamento de apoio que represente ou
venha a representar pelo menos 3% do valor
global da obra e com taxa de variação homo-
loga do custo igual ou superior a 20% nos 12
meses anteriores, não cumprirá com as con-
dições elegíveis para a revisão extraordinária
de preços.
Concretizando, basta que a empreitada in-
clua, pelo menos, um material, um tipo de
mão de obra ou um equipamento de apoio
que tenha sofrido um aumento de preço nas
condições referidas, para ser possível proceder-
-se à forma de revisão extraordinária de preços,
abrangendo todos os materiais, tipos de mão de
CONTRATO DE UTILIZAÇÃO DE LOJA EM CENTRO COMERCIAL
que é fixa, ou mínima, normalmente,
implica o pagamento de percentagens sobre
a faturação da loja e de despesas inerentes à
prestação de serviços de terceiros nas zonas
comuns da estrutura, tais como segurança,
limpeza e electricidade, pelo que este tipo de
contratos são, normalmente, designados como
“contratos de utilização de loja em centro
comercial”.
Dado que o referido tipo de contratos
não é subsumível à categoria de simples
arrendamentos, os regimes excecionais e
transitórios para pagamento de rendas e
respetivas moras, criados no âmbito da
pandemia SARS COV-II, não lhes deveria
ser aplicado, quando em 24 de julho de
2020, foi legalmente determinado que, até
31 de dezembro de 2020, nos contratos
de exploração de imóveis para comércio e
serviços em centros comerciais, não seriam
devidos quaisquer valores a título de rendas
fixas ou mínimas, sendo apenas devido,
aos proprietários dos centros comerciais, o
pagamento da componente variável da renda,
calculada sobre as vendas realizadas pelo lojista
e, ainda, o pagamento de todas as despesas
ANA MARGARIDA COSTA
Advogada Associada RSA-LP
obra ou equipamentos de apoio mais significa-
tivos da empreitada.
O pedido de revisão de preços, a apresentar
pelo empreiteiro, deverá identificar, de forma
devidamente fundamentada, de entre os méto-
dos previstos no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º
6/2004, de 6 de janeiro, o método de revisão de
preços que melhor se adeque à empreitada em
execução. Uma vez recebida a proposta, caso o
contraente público aceite o pedido do emprei-
teiro, passarão os termos desse pedido a ser os
critérios da revisão de preços da empreitada. Já
na hipótese do contraente público não se pro-
nunciar, a proposta considerar-se-á tacitamente
aceite, desde que a mesma respeite os critérios
de elegibilidade e seja formulada até à receção
provisória da obra. Contudo, no caso de o
contraente público considerar que a proposta
apresentada não se adequa aos custos da obra,
poderá aquele, no prazo de 20 dias, a contar
da data de receção do pedido, apresentar uma
contraproposta, passando essa a ser a revisão de
preços da empreitada.
Concretizando, uma vez apresentada uma
proposta de revisão extraordinária de preços, o
contraente público tem 20 dias para se pronun-
ciar, sob pena de aceitação tácita da proposta do
empreiteiro (partindo do pressuposto, como já
se referiu que, que os critérios de elegibilidade
se encontram preenchidos). Assim, neste pra-
zo, poderá o contraente público tomar uma das
seguintes decisões: i) Aceitar expressamente a
proposta apresentada, por a considerar devida-
mente fundamentada e adequada à estrutura de
custos da obra; ii) Discordar da proposta, apre-
sentando uma contraposta com uma fórmula
que entenda ser a mais adequada à estrutura
de custos da obra; iii) Discordar da propos-
ta e considerar que se passa a aplicar a revisão
por fórmula estabelecida no contrato, sendo
os coeficientes Ct multiplicados pelo fator de
compensação de 1,1. Ou; iv) Discordar da
proposta e identificando os materiais ou mão
de obra que sejam revistos pelo método de ga-
rantia de custos, sendo aplicada aos restantes a
fórmula constante do contrato sem qualquer
contratualmente acordadas, designadamente
as relativas a despesas e encargos comuns.
De acordo com lei interpretativa posterior,
tal normativo foi retroativamente aplicável a
partir de 13.03.2020.
Posteriormente, o Orçamento de Estado
para 2021 veio determinar que a referida
remuneração fixa passaria, a partir de 2021,
a ser reduzida proporcionalmente à redução
da faturação mensal, até ao limite de 50% do
valor daquela, quando tais estabelecimentos
tivessem uma quebra de volume de vendas
mensal, face ao volume de vendas do mês
homólogo do ano de 2019, ou, na sua falta,
ao volume médio de vendas dos últimos seis
meses que precederam 18 de Março de 2020,
ou de período inferior, se aplicável. Esta
disposição legal, que, desde logo, determinou a
sua aplicação no 1.º trimestre de 2021, acabou
por ser prorrogada até 30 de Junho de 2021.
Como, desde logo em 2020, se advertiu
nesta coluna, todo o regime excecional
transitório supra exposto implicava a violação
dos direitos de propriedade privada dos
proprietários e gestores dos centros comerciais,
a Provedoria de Justiça submeteu a sua
Coimbra
majoração.
Sublinhamos que o mecanismo de
revisão extraordinária de preços não pode, con-
tudo, ser cumulado com a revisão ordinária de
preços prevista no já referido artigo 382.º do
Código dos Contratos Públicos e concretizada
no Decreto-Lei n.º 6/2004, de 06 de janeiro, na
sua redação atual. O seu método de cálculo po-
derá ser feito através dos métodos de Fórmula,
de Garantia de Custos ou ambos. Ou seja, con-
fere-se a possibilidade de escolha pelo método
que mais se adeque aos custos da obra em cau-
sa, visto que o regime extraordinário substituirá
o modelo de revisão ordinária e o seu objetivo
será, precisamente, conseguir uma aproximação
aos reais custos da obra.
Atente-se que o presente regime estará em
vigor até 31 de dezembro de 2022 e aplica-se
aos contratos que já se encontram em execução,
aos contratos que venham a ser celebrados (mas
cujo procedimento já se encontrava a decor-
rer antes da entrada em vigor do diploma)
e ainda aos contratos cujos procedimentos
venham a ser lançados na vigência deste di-
ploma. Deverá a revisão de preços ocorrer em
qualquer fase da execução do contrato, ainda
que a receção provisória da obra só ocorra de-
pois da vigência do presente diploma. O que
significa que, os pedidos, a formular ao abri-
go do regime instituído pelo Decreto-Lei n.º
36/2022, deverão ser todos obrigatoriamente
submetidos até 31 de dezembro de 2022, po-
dendo ainda ser apresentados, até àquela data,
pedidos relativos a empreitadas, cuja receção
provisória da obra só ocorra depois de 31 de
dezembro de 2022.
Por fim, de referir ainda que o presente di-
ploma prevê também a possibilidade de serem
prorrogados os prazos de execução da emprei-
tada, quando o empreiteiro demonstre que não
consegue obter, em tempo útil, os materiais
necessários para a execução da obra. A pror-
rogação do prazo é efetuada pelo tempo estri-
tamente necessário, sem qualquer penalização
para o empreiteiro e sem qualquer pagamento
adicional, por parte do contraente público.
MARIA DOS ANJOS GUERRA
marianjosguerra-3012p@adv.oa.pt
fiscalização ao Tribunal Constitucional que
acabou de se pronunciar, no Acórdão n.º
468/2022, que, considerando excessiva a
exoneração de pagamento da totalidade da
renda fixa convencionada contratualmente,
declarou, com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade parcial do regime
excecional provisório fixado, em 2020, para
este tipo de contratos.
Pelo exposto e se, relativamente ao período
que mediou entre março e dezembro de 2020,
o Leitor não pagou a remuneração fixa em
questão, caso o seu estabelecimento tenha
a«tido uma quebra de volume de vendas
mensal face ao volume de vendas do mês
homólogo do ano de 2019 ou, na sua falta,
ao volume médio de vendas dos seis meses
antecedentes a 18 de março de 2020, ou de
período inferior, se aplicável, de acordo com
o ora decidido judicialmente, deverá proceder
ao pagamento da
mesma com a redução
proporcional à redução
da faturação mensal, até
ao limite de 50% do
valor da mesma.