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Cea an ee en reese Ooo we eta Pate t ese eee gy sy ese yee uct cs ron) a) eee eee ee seer a ene ener oes pa e i Tear ia tue at Matte ere om a ect) roy a ine eae ae . a . ° Nees ua CONG} APROVA WITT FX Cole) eee Cr onary Paice emir Center Stes eee S er a Cea ec ‘espadeiro da Cw Tie MCL) ecu ATE! Parta 4 descoberta do Vinho Verde e dos lacais tinicos que Ihe dao origem. Descubraos Verdes leves e frescos e 0s Verdes estruturados eminerais, passeie por vinhas e adegas, montanhas e jardins, vilas e cidades historicas e desfrute dos petiscos regionais. Partanuma viagem que vai encantar os seus cinco sentidos. “1 | ! ; bb ROTA Dos VIN4OS VERDES Singular Setembro 2022 | N26 6 VILA DO CONDE EM 3 TEMPOS A tau elemento transversal rapida pes sitios favoritos do escritor Valter Hugo Mae na caace: ‘3 gue chama casa ha 40 anos. Um rotero tracado em jeito de “uma ceria part 8 VERDE ACTIVO A pé, de bicicleta, no cone: a dascoberta das terres de Basto, erritério para sentir, a partir das © dos vinhos Ga Quinta da ursos orgarizados Par Trihos, 10 PROVA (0s brancos com idade 520) ‘vinha Raza e dos pel crtice Edgardo Pacheco, que assina inequivoca: "E tempo de valo Vinhos Verdes com estagic de arrafa: 26 MESA fe contorto, ‘ino. Um roteire cor nassagem por Amarante, Celorica de Basto ® Baic0 jescricoes 12 de autor quatro de produtores de ROTEIRO Baliio fica no canto sudeste da regiao, numa zona de transicao conde a curva éum elemento ature: nas montanhas, nos ros, nas estradas, nas vinhas, Impotta ir predisposto a alguma sinuosidade. O melhor caminho entre dois pontes nem sempre é uma linha recta, ENOTURISMO Provas com produtos regions, ment, visitas que "nunca s30 ‘um passelo Relas vinhas d Lourosa, ern Lousaca © familia da Rogario de Castra Quinta 32 outRos verDes BSES | cate SUSE ey 22 HARMONIZACAO aca, cogumelas e autos tesouros chegam com o Outono e que thes do a. companh adequade. DESIGN E PROJECTO GRAFICO Vasco Nuno Martins NA CAPA Quinta Ge Santa Teresa, Baigo (fotografia de Anna Costa) IGULAR" € pat STA REVISTA E PARTE NTEGRANT S VINK 5 VENDIDA SED \0 DA CoMssA0 OF D BE 2022 BO PUBLICO E NAO PODS TG Ree eee eat ae See ee CONSULTORIG ~£” SVINHOS VERDES SAO SO PARA CONSUMIR JOVENS? g A resposta é répida: Claro que nao, e cada vez menos. O po- tencial de envelhecimento em garrafa dos vinhos brancos & uma questo transversal & generalidade dos vinhos nacionais, enrai- zada que esta nos consumidores a ideia de que os brancos sio para beber jovens. Nos Vinhos Verdes, no entanto, ganha ainda mais evi dencia, sendo até comum rejeitarem-se os vinhos que nao sejam da iiltima colheita, Uma asneira cada vez maior, E claro que s6 vale a pena envelhecer alguns vinhos e que nem to dos tém capacidade para uma boa evolucao em garrafa, Mas com o crescente conhecimento das castas, uma enologia e viticultura apura- das ¢ 0 apetrechamento tecnolégico nas adegas, essa & cada vee mais uma opgio da enologia, Em regra, os vinhos nada perdem com wn ou doisanosem garrafa, masa partir dai & uma questo de terem sido ‘ou nao feitos para evoluir, Hoje ¢ absolutamente comum encontrarmos Vinhos Vi cantadores com mais de cinco anos. Perfeitos na frescura e estrutura, requintadas nos aromas e sabores. Vinhos que aparecem jé nas cartas dos melhores restaurantes com indicagao do ano de calheita, sendo como tal mais valorizados, E até pelas castas e caracteristicas naturais da regio - acidez na- tural, grau moderado € maturagies lentas — tém a partida condigies ‘deais para boa evolugdo em garrafa. Produtores de referéncia como a Quinta de Sanjoanne sempre langaram vinhos com varios anos apds a colheita, sendo por isso uma reféréncia, Um exemplo que tem hoje | varios seguidores, sobretudo em Mongo e Melgaco com os alvari- nihos, mas também nos engarrafadores de loureiro, casta com especial aptidao para o enriquecimento em garrata, tal com a avesso ou aazal. E nem é uma questao de fermentagao ou estégio em barrica, sa0 mesmo as castas € as condigoes naturais. Os Vinhos Verdes esto a ganhar com o tempo, Experimente-se, por exemplo, com um coelho ou cabrito assados € ver-se-8 que ndo foi tempo perdido. Os Verdes ganham com a idade. E muito. sam Mai sore os Vins Ves om dade a prov sta eg. 10) EXPLORAR. JARDINS DO VINHO Na casa destes produtores, hé mais verde pare além da vinha. Sugerimes Que, por si 56, justificarn uma visita & eee Petar PARSAB lardins quinta onde ficam, Um jardim historico, outro ue abraga um monumento nacional e umn que é uma galeria de arte 30 ar livre. PALACIO DA BREJOEIRA MONCAO: CO bosque que rodeia o pakicio oitocentista ~ monumento nacional desde 1910 — foi ‘construido’ no século seguinte. O Progra- ‘ma Quinta passa nas vinhas, no frondoso bosque com tlias,carvalhos, magnlias e-espécies endticas como arauiciias e ce dros-do-atlantico -, na adega e no lago, conde hi uma ilha e grutas. A quinta tem 28 hectares dentro de muros, 18 plantados ‘com alvarinho. Foi Herminia d Oliveira Paes, iltima proprietéria, quem impul- sionou a produgdo de vinho e abriu ao enoturismo 0 palicio, em cujo exterior sia ainda motivos de interesseo Jardim das Camélias ea Avenida dos Platanos. Programa Quinta (sem prova): 5 euros QUINTA DA AVELEDA PENAFIEL, Esta classificado como Jardim Historica €€paleo de propostas a0 ar livre, como pPiqueniques, o jogo Escape Garden, visitas botinicas com um ex-director do Parque de Serralves e caminhadas em parceria ‘com a Rota dos Vinhos Verdes. Foi Ma noel Pedro Guedes quem impulsionoua construgio deste jardim com arvores raras ce centensrias, a partir de 1870, Para além de um ced japonés e da sequéia ameri «ana, nos seus 8 hectares cabem tum Lago, uma janela manuelina, a casa de cha, as fontes da Senhora da Vandoma e das Qua tro Bstagoes aicdnica torre das cabras. Visita Gardins, vinha e adega; sem pro: va): 10 euros SOLAR DAS BOUCAS AMARES. (0 Solar das Bougas, propriedade de40 hectares situada na margem direita do Cs vyado, & um sitio sui generis, espécie de ga- Jeria de arte com uma interessante secgao ao ar livre, onde temos oportunidade de descobrir um grande leque de artistas pis ticos, entre nomes consagrados ~ como Jodo Cutilero, Paulo Neves, Mario Rocha (1 Jilio Resende ~e ovens talentos ~ como Ovidiu Batista ~ a0 mesmo tempo que mergulhamos no universo do loureiro no vale do Cavado. A sua historia remonta a0 século XVIII €a majestosa casa senho rial alberga hoje unt hotel boutique com vista para um jardim romintico. tp Visita © prova: 15 euros © VINHO POR QUEM MELHOR O CONHECE As quintas- feiras, hs proves comentadas pelo produtor na Casa do Vinho Verde descoberta de vinhos pode assumir virios formatos, cada qual com as suas tagens, Porém, se é para conhecé-los mesmo, compreender “quem sio € ‘onde vém (e, agora, para onde vio), dficilmente haverd melhor cicerone do que quem os vé nascer e crescer. Com esse propésito, a Casa do Vinho Verde, no Porto, abre as portas ao publico para as Provas com o Produtor, que acontecem 8s 4quintas-feiras, no mimero 318 da Rua da Restaurago, Em cada sessio, que dura perto ‘de5 minutos, o produtor convidado di a conhecer e & provar tres vinhos do seu por tefolio, enquadrados pela explicago de processos, casas, solos e tudo aquilo que Thes mold a personalidade, Nas proxintas semanas, estarao em prova Quinta do Tamar (29/9), Vinhos Norte (6/10), Quinta de Monforte (13/10), Sem Igual (20/10), Quinta do Hospital (27/10), Marcio Lopes (3/11) e Soalheiro (10/11). As sessbes decorrem is 18h e ds 19h e custam 8 euros, mediante inscrigio prévia em virhoverde pt. Se eC ener ae eee Bo eee a eter ee ae ce ee eee eee eo > malay: iblico.r Vila do Conde, de olhos no ma e no rio Ave gua é um elemento transversal nesta ronda Pe ces Mae na cidade a que chama casa hi 40 anos. Um roteiro tragado em jeito de “uma certa Pe eee nee eee esc) eee ea ee eee ee recentemente de Vila do Conde para o concelho vizinho A Se eee Cea an etn eee Ronee ra da Guia, que precede a formagio de Portugal. ee ee ea ene cd de terra ja bastante dentro do mar ~ a Senhora da Gu ret eee Coe eer ts desde que fomos viver para Vila do Conde, porque ela ja Se ce es edificio, mas a situagao em que esta colocada sugere que ela embarea, Navega, de alguna forma, no imaginario, B Pee Ree eee Ree Ly Pour nn te eraecnc ney Stree Renee ce sory de Conde, € onde tudo se torna mais surreal | Pore Py to Mo OLN (am rer nner aon ey eee ee ee ete ea SMe Rec mn Peter ence rem Nee ens eee ecm a eet eee ec De ee ee ee ee eee tne art Ce eee etd Cee ee ene et ey experimentar. Ficaao lado do Centro de Canoagem. 4 A PRAIA MAIS BONITA é Na praia das Caxinas, naquele a que nés chama- ‘mos 0 Portinho das Gaxinas, um pequeno brago do terra e pedra onde antigamente aportavam algumas Peete ee etait ener tr ‘numa coluna, que fica quase invariavelmente na agua Em alguns dias, muito raramente, quando a maré fica vaza, é possivel ver 0 cruzeiro exposto completamente ey eg a a es a praia mais bonita de Vila do Conde - obviamente, ti- pet eecsenencrem 9 Pee eet) *Depoimenta recollide por Jodo Mestre Ce eee er Seer to in familia Candido da Silva, perita no negécio do vinho desce 1940, avancou para a abertura da Garra- {eira Tio Pepe em 1986. Ali, mais de 3500 referéncias de vinho esperam os clien tes, num espaco agradavel, bonito e bem estru turado, Para além das varias salas de exposigao de vinhos, a'Tio Pepe conta com umn folgado ar- ‘mazém devidamente climatizado e disponibil za um conveniente parque de estacionamento A daras boas-vindas esta uma lindissima sala com chao de calgada portuguesa polida e mobi: lidrio de madeira, num conjunto acolhedor e de ‘mito bom gosto. Merece também especial ds. taquea sala dedicada ao vinho do porto, onde se jguardam exemplares de preciosas colheitas des- deo inicio do século XX até datas bem recentes. A garrafeira comecou com uma sociedade entre Luis Cindido da Silva e a sua mae, pas- sando a empresa em 1995 para Luis ¢ 0 seu ir mao Joaquim. Mais tarde haveria de se juntar um outro sécio, Dirk Niepoort. Para além de Luis, a equipa conta com Ana Ferreira, Hlisabete Moreira, Helder Portela ¢ Joao Candido da Siva (flho de Luis). Ana e Eh sabete estadaram bioteenologia e tém formagio em prova ~ e gosto em colocar esse conheci- ‘mento A disposigio dos clientes, fae Sern eee ene Sey. tv ea m autorizagao expressa do Pi Um bom porto de ire) wcexe) Baa cand See et a eerie tet td Ree oe teat) formagio superior, bem preparadas [emo e itera emcee at Sees er Gatrafeira Tio Pepe, no Porto, Segundo Luis Candido da Silva, as vendas re parte seeqlbnadamente pelos téssegmen- JOU tos-aloja ica avenda online eo canal Ho- | DAK rea (restaurantes e imac), onde a Tio Pepe buidor,gerindo as crtas de vinhos de alguns restaurantes, Luis acrescena que acentdla se | peqyewog insere numa gama média-alta © que, curiosa- REBENTOS nen, muita das visitas alos fo motivadas | GAMINHO 2020 por uma anterior passagem pela montra onlin. (O principal alvo dos clientes sio os vinhos de Douro e Alentejo, seguindo-se Dio e Bairrada. Apesar de o consumo de vinhos brancos (e 0 de rosés) ter uma tendéncia de subida, 0 vinho ‘into ainda representa cerca de 80% das vendas. festa es nae Em relagdo a Vinhos Verdes, “E uma regito Tee em crescimento’ afianga Luis. “No ano passa ance do venclemos 10 500 garrafas de 98 referéncias, © camped, quer em vendas na loja, quer nas cartas dos restaurantes, é o Soalheiro Clissico, seguindo se por ordem de preferéncia os vinhos de Marcio Lopes e Quinta de Santiago, com urna preferéncia pelos vinos fetos com alvarinho” ‘Uma outra iniciativa motivadora da visita & 18,50 euros GARRAFEIRA TIO PEPE To Pepe slo as provas tematicas que tem lugara cada 15 dias, interrompidas em Agosto, por mo tivo de férias, e em Dezembro ~ com Natal & porta, os trbalhadores no tim miosamedin gg % 189 Encetra ao dominae e OL RU! OLIVEIRA ay a ead See Te) Racin Res centinu egago da Quinta da er Mees oho ule aacReote oats Tu UlatcoiLin Keele) Col coleloRe (= L vindima comecou e sao cerca de 50 os hectares de vinha que rodeiam @ Quinta da Raza, Sea forga dependesse da vista, nao seria trabalho duro, com 0 Monte Farinha a completar a paisagem. “Aqui, respira-se vinho’, Davide Vieira, an. fitrido na Raza, disse-o mas nao precisava de verbalizé-lo, Estamos em terras de Basto, “as pessoas sto muito acolhe doras, dao 0 seu melhor’, explica Diogo Teixeira Coelho, herdeiro de cineo geragdes de cultura da terra edo vinho. E uma caracteristica importante, que se nota no orgulho que transmitem ao receber como se recebe em casa. “Gosto imenso da palavra ‘terrtério’ porque tudo isto [pai sagem, vinhos] faz parte do nosso territério” Foi do avé que Diogo herdou, aos 18 anos, as rédeas da quinta. O amor pela vinha, pelo vinho, pela agricultura, por Basto, foi crescendo ao longo dos anos. Desde 2020, a Quinta da Raza comegou a oferecer outras experiéncias para além dos vinhos e das pro. ‘vas, para mostrara riqueza natural, t2o presente e tio influen- teno vinho e na prépria gastronomia, 8+ SINGULAR Tempo de sentir a natureza Carla Costa ¢ Fernando Portilho nasceram e eresceram em Mondim. Apesar de nunca terem perdido a ligaglo terra, durante anos viveram no corre-corre da cidade ~ sempre com vontade de volta is origens eabrandar. Acabou por acontecer em 2018. Voltaram a Mendim, recuperaram a casa do bisavo de Carla, comegaram a pensar no que fazer. A Por’Trilhos sur giu naturalmente, com a ideia de tro duptamente presente: nos percursos pedestres, mas também “como algo meta co’ admite Carla. A ideia ce explorar diferentes possibilida- des, de acardo com os interesses de cada tum, acaba por ser 0 cere das experincias que organizam, ‘Ainda antes da pandemia lancaram o trilho do Pastor e © da Maronesa, ambos pensados para dar a conhecer a cabra bravia ea vaca maronesa, racas autéctones e essenciais para a ‘manutengio do equilibrio do ecossistema, Fazer um percurso acompanhado por um pastor, aprender sobre as espécies, ter contacto com a natureza, sio a forma mais pura de transmitir a envolvente. A Por"Tilhos promete “momentos tinicos com guiaslocais” endo podia ter assinatura maisfiel ao que oferece. (eaeeeteccre ‘Mas é mais do que isso: “Tudo © que fazemos é em prol da, valorizagio dos locais, das racas, gastronomia e vinhos', explica Carla. “uma forma de valorizar a regio’ acreditam, “Senti-me de missio cumprida’,recorda, “quando os proprios natives comegaram a valorizar” um patriménio que, pouco antes, nao acreditavam merecer atengao de quem vem de fora. Conhecer os vinhos, conhecer a regiao “Quem procura experineias de enoturismo também procu- 1a conhecer a envolvente” Carla sabe-o e Diogo, da Quin- ta da Raza, também: “Os passos devem ser dados de maos dadas, devagarinho” O importante, acreditam, “é fazer bem “Estamos numa ‘concha, rodeada pelo Mario, pelo Alvao, pela Serra do Barroso, com 0 Tamega a correr aos pés’ des- reve Diogo. Tudo isso infhiencia os vinhos, tudo isso deve ser explicado e explorado, Pode chegar-se & Raza de bicicleta € voltar @ Mondim entre vinhas ea ecopista do Tamega. A. pausa contemplativa e degustativa com vista de 360 graus, no terraco da quinta, materializa os ideais de bem receber dos dois parceiros. No portefdlio de vinhos da Quinta da Raza, mantém-se a tradigg0, com o tinto pisado em lagar de granito, e nota-se ‘um especial cuidado com a azal, “casta-rainha” da sub-regiio, ‘bem comoa vontade de recuperar castas antigas. B impossivel, nao referir também os pét-nat, “vinhos de meméria’, naturais, que ficam na garrafa para segunda fermentagio. © préprio rotulo merece atengio, com ilustragdes de insectos que aju- dam a manter a saiide das vinhas. Acabam por expressar 0 posicionamento da Quinta da Raza, ao nao descurar as tradi- 6e5,olhando para o futuro com ambigao sustentada. Tempo de sentir a natureza Por trilhos de Basto (mas nao 36): Carla e Fernando desenham os percursos pedestres @ de bicicleta 4 medida dos interesses ¢ das proprias pessoas. Pelo menos uma vez por més, ha trilhos em familia, fazem percurses para seniores, organizam eventos de team building. Contam com bicicletas eléctricas para facilitar a exploracao a quem receie ndo ter pedalada para as subidas épicas da regio. A ecopista do Tamega, por outro lado, ¢ adequada a todos, independentemente da idade e da condicao fisica. Através de parceiros, é possivel conciliar outras experiéncias como parapente ou rafting. Por'Trithos. Tel: 927402243. Web: portrilhos.com Trios desde 10 euros/pessoa (min. 2 pessoas) QUINTA DA RAZA ALVARINHO TRAJADURA 2021 Eovinho da Guinta da Ra ppremiado ntemnscionalme Incorpora as caractersticas de um torroy diferente ca regiGes do Vino maionitariemente de grarito com mB xsto€ ara, conferem um toque mais mineraizado a0 vinho, Sabor persistente, equilredo, Feutade om uma acidez distints QUINTA DA RAZA Peneireiros, Veade (Celorico de Basto) GPS, 41.4259, -79727 Tel: 255368159 Web: quintadaraza.pt Visitas com prova desde 10,95 euros gor pessoa (2 vinhos + conserva bioldg) Nao beberas brancos com menos de cinco anos de vida (Vinhos Verdes incluido POR EDGARDO PACHECO éxgio Rebelo & professor de Finaneas Internacionais, na Kellogg School of Management (Chicago) ¢ tem tum curriculo que exige folego para o ler na totalidade. Fle ea mulher ~a Z~ passam muito tempo em testes, na cozinha, Quando estao na Lourinha, a casa deles, abre-se aos amigos que levam as coisas da comida a sério. Nada se prova na fabulosa sala daquela casa sem um devido ‘enguadramento histérico. Faz agora um ano que, num dos jantares entre amigos, cou- bea Manuel Malfeito Ferreira, professor no Instituto Superior de Agronomia, seleccionar e dissertar sobre os vinhos brancos que combinariam com as criagoes da Zé e do Sérgio. Como a mesa estavam convidados que também levam a sério estas coisas, decidin-se que os vinhos seriam todos provados as ce gas - o que um belfssimo principio. Nio temos espago para relatar em detalhe 0 que se passou no sero, mas, para resurmir, havia quem dissesse que certos vinhos eram da Borgonha, de Sancerre ou até da Alsécia, com tum pé no outro lado da fronteira alema. E verdade que uma ‘ou outra pessoa dizia que este vinho podia ser da Bairrada e aquele do Dao ou da Beira Interior, mas, grosso modo, s6 se pensava em coisas estrangeiras. No final do jantar, quan- do Manuel Malfeito Ferreira trouxe as garrafas para a mesa, toda a gente ficou de queixo caido porque, primeiro, todos ‘0 vinhos eram portugueses e, segundo, tinham idades que variavam entre os 10 ¢ 0s 20 anos. Sim, eram vinhos brancos . cheios de vida portugueses misteriosos, de diferentes regio ce desafiantes na ligacio com a comida, Para aqueles que provam vinhos de forma profissional, nada disso é novo, mas desde entao ficou no espirito a ideia de explorar titulo desteartigo, Sem querer ofender asconvicgo« religiosasdos catdlicos (nem podiamos, porqueo vinho € um elemento importante na eucaristia), Com estagio em garrafa, estes vinhos quase apetece dizer que a obrigatoriedade de ficam complexos nos aromas e sabores ——peber brancos sé a partir do quinto ano do (notas minerais, quimicas e de ervas seu nascimento devia ser 0 11° mandamento secas) e sdo um todo-o-terreno a mesa da lei de Deus. E nao estamos apenas a pensar nos brancos do Dao ou da Bairrada, de Colares, de Bucelas e dos Acores. Estamos, sim, a pensar nos vinhos ‘Verdes. E nao sio $6 nos alvarinhos. F fundamental que os enéfilos percebam que vinhos feitos com loureiro, avesso, pedernd/arinto, azaltrajadura ¢ outras so quase sempre mais 10 SINGULAR Aos poucos, os endfilos livram-se dos preconceitos. Quando se fala em Vinhos Verdes com potencial de guarda, s6 se pensa em alvarinho (por vezes em loureiro, va), mas a realidade é que um branco desta regido, bem feito e com um rol castas diferenciadas, pode viver bem em garrafa. Aqui 1 algumas sugestdes entre as colheitas de 2010 e 2019. ficai CASA DO CAPITAO-MOR QUINTA DE Pacos. 2010 MORGADO DO. CASA DE PAGOS ALVARINHO PERDIGAO 2013 SUPERIOR 2015 ALVARINHO E LOUREIRO AALVARINHO, LOURE'RO, ARNTO impressions @ complexidé- de que o tempo deve este ‘Notas quitmicas pronun- sia cam aire alven- vino com T2-enos. Ervas ciados, com reslee pore eo ea a becas, ervas aromaticas, fos aromas de pec a Site ourela geome bet ferva carl Na boca esta to 1a fosforo, Na boca, & pe thei hate envelvente quanto senherial urag mistura com Soules potas ay eras le refinada, So por sid mut serisacGes quimicas © 3 re sles ta prazer, Com algume coisa acide fazem gue 0 vinho Berean com especiarias, melhor Se prolongue bastanie. ee @.TAMARIZ LOUREIRO 2015 (LAST RELEASE 2022) StihTR DR TER SSE ‘ i EoRERG ALVARINHO Um caso de inteligéncia na Fealibosiibdlonern que como tempo, Reset te 9s Vinhos Verdes gestae de marca, visto que 0s responsaveis Sabern gue peval rade Nine eae bttante sentint8 uma ganham notas terciarias, ds cabea = mas imoinnos enced de fyitoa Monte coisa que os capacita fe desafiantes, Guo outros etter ea com elegancia para broctores lgem oconce: vpn euros pratos complexos F PORTAL Do FIDALGO aPa-ieauas 2016 plies sense 7 RESERVA COLLECTION ALVARINHO AWARINHO ane a Para um clssico da fegita ruta exctica bastanto Um avoeso mas inser fo- Goa Vordes, Gm vinho thea madre com acts do one See ren nna sou por, quo junta no seco e ché vertie. Envolver- naniz @ na boca), o que quar tas minerais com 0 perfume ra boca, glicerado, é um Heerchies: wes bacon, da laranja. Colncaco na vinho interessante nc final z be 10 ae averso agraderem sempreo | soca, sente-se ck | de refeicao para acompa: fstagio em garrafa, Todavia, alouma acide, ‘phar quaijos cam um toque vate dase vihha ipras tb) o fara ainda vie icant PVR: S euros Sona. PPR: 27 euros ‘g5rra¥a, PVPR: 20 euros interessantes com tempo de estigio em garrafa. Ficam complexos nos aromas e sabores (notas minerais, quimicas e de ervas secas), afastam: se daqueles perfumes primarios e, ‘mais importante, si0 um, todo-0- terreno A mesa Quando novos, os Vinhos Verdes sio perfumados e cheios de fruta riméria, S80 adequados a uma infi- nidade de pratos do universo mari rho e funcionam muito bem quando recebemos amigos em casa e esta- ‘mos de volta dos tachos a preparar ‘0 almogo ou o jantar. Com 0 tempo, esses mesmos vinhos ganham notas tercidrias, coisa que as capacita com elegincia para pratos bem comple- xos, da nossa gastronomia ou de gas- tronomias exéticas. Com aquelas no: tas que misturam quase sempre fruta citrica e fruta tropical (muita) com aromas de ervas secas, chia, funcho, borras do estigio em madeira ¢ mi- neralidade, dao imenso prazer. Ou seja, estes Vinhos Verdes com trés, cinco ou dez anos sio a compa- hia ideal para arrozes ou massadas de marisco, presunios, caris, tajines ‘e estufados que tenham tomate com fartura, visto que a acider. dos vinhos se equilibra coma forga do tomate. Por outro lado, na prova que agor publicamos nao deixou de surpreen- der 0 facto de quase nenhum dos vinhos enviados para prova estar, digamos assim, em fase decadente. Alguns até estao para durar. E nem uma 86 garrafa apresentou proble- ‘mas de rolha, E-obra Para acabar, por favor, tite 0 leitor do juizo essa ideia de que os vinhos de cooperativas so para passar 20 lado. E um preconceito que jé nio se ‘aceita nestes dias. Os vinhos da Ade- ga Cooperativa de Ponte da Barca, por exemplo, estao fantasticos Se mandéssemos qualquer coisi nha nalguma das instituigoes dos Vi- anhos Verdes colavamos cartazes na rua a dizer: “Guardem Vinhos Ver- des em casa que isso faz bem a vossa ‘educacio” (ou uma coisa mais bes trabalhada por um publicitétio). A verdade é esta: j4 é tempo de valori- zarmos Vinhos Verdes com estigio de garrafa e ja é tempo de darmos mais atengao a casta avesso. 12+ SINGULAR RESERVA DOs SOcIos LOUREIRO 2017 LOUREIRO rads, que nao comarome- te 08 aramas elementares da casta, Na boca temo: PORTAL DAS HORTAS 2018 Avesso fondle as bastante presentes, quer re para a componente {ropical. PVR: 349 ouros QUINTA DE AMARES VINESA 2018 LOUREIRO BARRICA Bor trabalho da barrice a misturar 0s aromas das bortas fines amante-gades da batonnage corn notas thneres eahronades Boce | Jats | Sas Furnas en che'a e gorda, ¢ acide: 5€ odie bater com um arroz, a Ge manisce, PVPR:14,98 wuros COLINAS DO AVESSO 2018 PRIVATE COLLECTION AVESSO ‘v@ss0 Que dé para muita = ar um escabeche dalica ‘QUINTA DO TAMARIZ 2017 GRANDE RESERVA ‘ARINTO, LOUREIRO, ALVARINHO Fruta em passi Fosiaro, Na bo« recto balanco er @ acidea, 0 que faz vinho a compan 66 Nao sdo sd 05 alvarinhos. Vinhos com loureiro, avesso, arinto, azal, trajadura, so quase sempre mais interessantes com estagio em garrafa QUINTA DE AMARES VINESA 2018 ALVARINHO BARRICA © natia recorda-nos 08 vi ‘Nhos alemaes com as notas florais @ apetroiadas mesmo regis, Um alvari- ho de peri internecional PVR: 14:98 ouros CASA DE VILACETINHO RESERVA 2018 108 da n ROLAN 2018 COLHEITA SELECCIONADA tensamente = comp: 2 ruta troo) lverinho, aqua cam desta no nariz, sendo que a boca a ores MI0GO 2018 ESCOLHA DE FAMILIA [ARINTO, LOUREIRO, ALVARINHO borras finas @ da fruta ra clura. Bastante seco na boca edesationte a mesa RESERVA DOS SOCIOS - ALVARINHO 2019 VER: 1795 euros ( QUINTA DE SAO GIAO - COLHEITA SELECCIONADA 2019 wy QUINTA DO MASCANHO. 2018 - GRANDE RESERVA ALVARINHO eles alvarinho rutas topical, ‘aba nariz, quer na boca, QUINTA DE CARAPECOS RESERVA 2019 LoureiRo Bom taba burt fe tad em bem no nariz, aqui com 26 vas bam madras @ 1 faa lembrar una pa: pila. de frutos tropicals Naboca, docura ¢ fr PPR: 1,60 ouror INSPIRAR - GRANDE ESCOLHA 2019 Aromas que misturam xotismo, Novas volume de b PARCELA DO ROSEIRAL 2019 Apresenta-se contido, mas aciu sentimos um Bore ‘Ompromisso entre @ com= onente os fruta ctrica © mineralidace, Boca como pi 13s com acidez quanto baste, Esta nara dar e Gurar TOJEIRA 2018 GRANDE RESERVA lum presunte RESERVA 2019 VILA NOVA I AvESSO Mais um belo exemplar da ‘asta que ganhou not iedade na eub-regiio de fer am quaiquer parte do 2 Que, alos vino imisteriosos que da, D1 PVPR: 29 euror Estes vinhos, com trés, cinco ou dez anos, sdo a companhia ideal para arrozes ou massadas de marisco, presuntos, caris, tajines e estufados PARCELA DO CONVENTO 2019) LOUREIRO jada, ue ext femos um louterro que val fbeos mais pola fruta exotica Na fee boCa. Te rive acide tal bem lon jcis didacticos de Baido fica no canto sudeste da regio numa zona de transicéo onde a cun T anisele- ok cog eco eee Cyl el dade. O melhor caminho entre dois lol comely “= * ARR TER ONTO 5 mapas podem ser engana- does. Avista desarmada, quem acha a localizagao de Baiao tende a deslizar 0 dedo para oeste € a concluir, “2 perto do Porto” E, de facto: em linha recta, as duas “esquinas” da antiga provincia do Douto Litoral ndo chegam a estar separadas por 50 quilémetros. De uma a outra, porém, leva-se uma hora de caminho, se se optar pelo conforto da auto-estrada A4. Mas quem apenas procura 0 conforto arrisca-se a per- der algumas das coisas belas da vida. ‘A Nacional 108 também arranca do Porto ¢ também leva a este territério entre o Douro € 0 Mario, po: xm mantém-se quase sempre colada ao rio, com todas as cur ‘yas que isso implica. Até Baido, so duas horas sem paragens. [Nem toda a gente tem tempo ou paciéncia para estes percur: s0s idilicos, ¢ certo, mas guardar um pedacito do seu tracado sinuoso para quando nao haja horasa cumprir pode ser muito recompensador, Nao sio s6 uma chatice: as curvas também podem ser belissimas cortinas para desvendar paisagens. Guardemos as do Douro, e da N108, para mais tarde. Curvas (e paisagens a deslindar) nao faltam em redor de Baido. Mesmo que se volte as costas a0 rio e se suba encosta cima, pelas serras da Aboboreira, do Castelo ou do Mario. As montanhas sao, também elas, um trago do cardcter do territério, Seguindo 0 suficiente para norte, ja pelos novelos do Mara, depois de passar Loivos do Monte Teixeira e tei- ‘mando um pouco mais, dé-se com Mafémedes, um pitores- eoest ESTRADA: -MIRADOURO Ao longo da NiOog (pag. oposta), To, nao falta onde encostar 0 carro para saborear aisagem. Na Tasca do Valado, regala-se 3 v maga ern co fim de estrada que tem, logo & entrada, lum gosto a recompensa. Chegar ld exige paciéncia e pé leve no acelerador,jé que a estrada, por entre tineis de verde, ¢ estreita e sinuosa, A Tasca do ‘Valado faz sentir que valeu a pena. Antes de a comida chegar & mesa, jé se encheu a barriga com a vista de primeiro balcao s0- bre 0 vale do rio Teixeira e as montanhas ‘que se levantam como uma muralha em re- dor do povoado. Nao hi muito tempo, en- cheram-se de fogo, estao bem marcadas as cicatrizes do incéndio que cercou Mafme- des. A aldeia, felizmente, ficou a salvo, es- pera-se agora que a natureza retome lentamente o seu curso. Foi o amor pela natureza, e pelo local, ¢ pela cozinha tradi- ional, que ditou a abertura da Tasca do Valado, em 2014. £0 dono, Ricardo Rocha, quem vem & mesa ditar a ementa, que tem na brasa o elemento-chave. A lista de suculéncias inclu vitela arouquesa, polvo e bacalhau, mas também o cabrito € o ano no forno, E:umas pataniscas de bacalhau tio leves que ra- pidamente voam do prato, Para ser romano em Roma, ha que juntar ao pedido o bazulaque, prato tipico de quadras festivas, feito com mitidos de anho, chourico, presunto, paoe vino. Ea sobremesa arranjat maneira de fazer caber o lete-creme, que é prometido como uma especialidade da casa ~e que, a0 contra~ rio do que & comum nesses promessas, cumpre com distingao, Da conversa com a mesa do lado, entre caras de satisfagao, sai apenas um lamento."O tinico defeito disto’, comenta o pa- triarca da familia, vieram de propdsito do Porto, 0 caminho A par das serras, Baldo ¢ também terra de rios. Para além do Douro e do Teixeira, das montanhas corre também © Ovil, que ganha cara de pintura romantica na passage Junto da vila, na Area de Lazer da Fraga do Rio. para ci chegar’: Por nés, mantém-se a tese da recompensa: € se estes sitios servi- rem para premiar quem teima em ir para 1; das linhas rectas e das bermas largas? Antes de retomar a estrada, pode-se atravessar a aldeia pitoresca, de casinhas de pedra, espigueitos ¢ courelas de mi Iho, e virar & esquerda pelo caminho de terra batida que sobe a montanha. O curto desvio serve para achar © parque de merendas de Mafdmedes ea pequena piscina fluvial que represa o rio Teixei ra, Também jd nio é 0 paraiso as foto- sgrafias numa pesquisa de Google podem ‘mostrar, mas néo deixa de ter 0 seu en- canto. F preciso agua para a vida voltar a fluir na montanha que o fogo castigou. AGUA E CARNES DE FUMEIRO A par das serras, Baio & também terra de rios. Para além do Douro e do Teixei- ra, das montanhas corre também 0 Ovil, aque ganha cara de pintura romantica na passagem junto da vila, na Area de La- 16 + SINGULAR zer da Fraga do Rio, rodeado de arvores de copas cerradas, com uma pontezinha pitoresca a completar 0 quadro. © bar com esplanada, a profusio de sombras uma praiinha com margens de aredo convidam a ficar, pelo menos até passa: remas horas de maior calor, © mergulho retemperador é sempre bem-vindo, mas a passagem pela vila de Baio tem um objectivo ainda mais pra- eroso: quem ali chega acabard, even- tualmente, por desaguar 1a Residenc Borges. Nao necessariamente pelo con forto dos quartos, que continuam a fazer parte do negécio, mas pelo restaurante que ocupa todo o piso térreo ~ e que em dias de enchente senta mais de 300 pes- s0a8, culpa, sobretudo, do anho assado com arroz de forno, servido aos domin- £05 feriados e dias de fra, A casa é jd um marco histérico, fun- dada em 1934, Quando Anténio Pinto Ihe tomou as rédeas em 1985, manteve tudo, até o nome, herdado da fandado- ra, Teresa Borges. A cozinha, que jd era de matriz tradicional, assim se mante- ve, sem ceder & tentacio de modemizar aquilo que é prova de tempo. “Nao mu- dou nada’, afianga Anténio. Alm dos pratos de forno e de brasa ~ onde entram também 0 polvo, 0 costeletio de vitela e, entre outros, um exemplar bacalhau que Jasca como um baralho de cartas -, 0 emblema da casa ¢ 0 fumeiro, produzido aliimesmo, com came de criagio prépria, Assim que pousam na mesa, a alheira, 0 presunto, a vinha de alhos (carne mari nada que é usada para o salpicao,fatiada fina) tomam conta dos sentidos, recor dando que um dia 0 fameiro ja foi todo assim. Pode-se vir ca s6 por conta disto. Nos vinhos, bem presentes na sala principal - mais reservada, com aura de sitio de especial: paredes de pedra, tectos, de madeira e salamandra a0 centro para dias frios -, é privilegiada a sub-regia de Baifo, que monopolizaa oferta de Vi- hos Verdes. Caso se saia com vontade de levar uns quantos na bagageira, é caso de entrar za porta ao lado, que é toda uma janela sobre o territério do Douro Verde. Nas estantes da loja da cooperativa Dolmen, indo faltam pontos de partida para des- cobrir Baiao ~ mas também Amarante, Cinflies, Marco de Canaveses, Penafiel e Resende ~ através daquilo que a terra produz. Habolachas,infusdes, mel azei te, licores, 0 célebre biscoito da Teixeira, ‘mas também livros e artesanato, como as bengalas de Gestagd. E 0s vinhos, cla ro, com particular énfase nos da casta avesso, emblema deste canto da regiio. ‘Atitulo de curiosidade, ha também uma cerveja artesanal grape ale ita com miostos dessas mesmas uvas, de produ: tores locais, Chama-se Do Aves. ENTRE CURVAS E VINHAS DO AVESSO ‘Com a mesa da Residencial Borges ¢ a ‘montra da Dolmen como antecamaras, seri, talvez, hora de descobrir a raiz a0s vinhos de Baio. E de tomar o pulso as curvas do Douro. A Quinta de Guimaries fica junto @ Santa Marinha do Zézere, a curta dis tncia do ponto onde o clima e 0 solo mudam, dando inicio a regio demarca- da do Douro, Para chegar & quinta, 0 ca- ‘minho mais répido leva meia hora, mas por um acréscimo de 15 minutos sai-se ‘muito mais bem servido de paisagem. A pretexto de ir apanhar a N108 a Gove, aproveita-se para descer um pouco mais, a sul e espreita-se 0 mosteiro de Santo André de Ancede, que além de jéia pa- trimonial ¢ também casa do Centro In- terpretativo da Vinha e do Vinho. Retomada a estrada, segue-se para nascente, e comeca 0 desfile. Gove é 0 ponto onde a N108 mais se afasta do Douro, quatro quilémetros em linha recta, Daf para a frente, estrada @ rio entram mum didlogo de aproximagies e afastamentos que marca 0 compasso do caminho - e da paisagem, Nos arredo res de Santa Cruz do Douro, juntam-se a vista as vinhas em socalcos, que nao sto um exclusivo da regido vinfcola vi- ainha, e dé caminho vao-se revelando pontos de visita recomendada, como a PARAGENS OBRIGATORIAS to André, em ‘Ancet fazer parte de qualquer roteiro tem de estar a Residencial Borges (em cima), de Anton Pinta ( direita), boa camida no centro da vila 18 SINGULAR TRATAMENTO FAMILIAR Ficar no solar setecentiste da Quinta de Guimardes trez 0 encanto acrescido: de "saber 3 casa" no 6 um hotel com "conceita de ‘casa de familia’, émesmoa casa dos Cunha Coutinho, aberta 3 hospedes com de um tratamento familiar Fundagio Ea de Queiroz (e 0 queiro- siano Restaurante de Tormes, assunto devidamente tratado na pagina 29) ou a ja célebre Quinta de Covela. E miradou- ros, como o de Nossa Senhora do Socor- 10 € 0 de Dizimos, a junto 4 saida para a Quinta de Guimaries. Em querendo molhar os pés no Douro, pode fazer-se 0 desvio para a estagao ferrovidria de Ermiida— do outro lado da linha, apés 0 pontio, hd um pequeno areal junto & foz da ribeira do Zézere A Quinta de Guimaraes fica num plano elevado, 200 metros acima de Ermida, ¢ de olhos no Douro, se nos aproximarmos do gazebo-miradoura que se levanta entre a vinha. Contudo, (© que marca a primeira impressio ¢ 0 solar barroco datado de 1722 a que a familia Cunha Coutinho chama casa Nio vivem ali em permanéncia, é certo, mas pelos corredores ¢ sales abundam as memeérias de quem esté ligado a esta propriedade ha varias geragoes — a quin- tafoi comprada hd 150 anos pela familia, que jé era detentora da Quinta das Cazas Novas desde o século XVIIL solar & hoje parte da oferta de tu- rismo rural da Quinta de Guimaries, com quatro quartos, que sio comple- mentados por trés casas independentes dispersas pela propriedade. Ficar no so- lar traz.0 encanto acrescido de “saber a casa’: nfo € um hotel com “conceito de casa de familia’, € mesmo uma casa de familia que esta aberta a héspedes. A re- cebé-los com uma simpatia desarmante esta Fernanda Pinto, que trabalha para a familia ha 26 anos e tanto toma conta da casa como dé uma ajuda na adega e vai deitando um olho as vinhas. Sé nao bebe 0 vinho, “Gosto do cheiro, mas nao de beber’, explica, contando que os tios que the davam vinho as escondidas, em crianga. “Nao gostava do sabor. E a professora dizia que, se bebéssemos, nao aprendiamos” Hoje ri-se com isso, mas 0 gosto nao mudot, Femanda € também cozinheira de ao cheia, Como casa que écasa, & beira da hora das refeigives os corredores da solar dos Cunha Coutinho sio invadi- dos pelo perfume da comida ao lume. (Os héspedes também se sentam & mesa Todos os dias ha mais de duas dezenas de pratos disponiveis, tudo coisas tradicionais que convém pedir com antevedéncia para ter mais por onde escolher. No dia da visita, calhou um guloso arroz de polvo com filetes, mas também sopa de abo. bora, frutas da quinta e gelado de café e palitos la rene caseiro. E otal tratamento familiar: “Querem repetira sobremesa?” Sobre a mesa, sio também postos os vinhos da casa, com 0 rétulo Cazas Novas ~ trés brancos, todos de avesso, prove: nientes daquela que 0 proprietario e gestor Carlos Coutinho aponta como “a maior mancha de avesso da sub-regiaa, 24 hectares compartidos entre quatro propriedades. “Queremos ser areferéncia no avesso’ atira, revelando 0 projecto de langar também um espumante. A localizagao numa zona de tran 40 entre regides, com a influéncia do Douro bem presente, resulta num clima mais continental do que nas outras sub-re- gides do Vinho Verde. As amplitudes térmicas sio mais leva das ~ e os Verdes quentes sio benéficos ao desenvolvimento dda casta, que precisa de calor para a sua maturagao tardia DAR TEMPO AO TEMPO “Queremos puxar pela regiao, puxar pelos brancos de quali dade, puxar pelo avesso', diz Dialina Azevedo, em jeito de ma- nifesto, enquanto guia. vista pelas vinhas da Quinta de San- ta Teresa. A propriedade fica na contracurva oposta & Quinta de Guimaries, ao longo da N108, ¢0s seus socalcos de avesso, expostos a poente, comecam a descortinar-se mal se contorna as vinbas dos Cunha Coutinho. “A quinta faz muitas curvas, ‘nunca conseguimos ve-la bem toda’, diz A. Quinta de Santa Teresa é 0 porta-estandarte da A&D Wi nes, projecto de dois engenheiros electrotécnicos apostados em trilhar o seu préprio caminho. Dialina eo marido, Alexan- dre Gomes, comegaram com uma quinta da farnlia dele, onde ‘CAZAS NOVAS COLHEITA 2020 GAZAS NOVAS. SD orn carpeenciatrh arroz ce palve, MONGLOGO AVESSO P67 2021 aD wi @. SANTA TERESA ESSENCIA AVESSO 2020 ASD WINES 1 jo e380. a ‘ance com letra acura, mas nd ae A Sar Um nh Aa asa. Alexandre G ‘entradas wis fortes COLHEITA TARDIA AVESSO FUNDACAO ECA DE QUEIRC gel, notas de maca assada que evoluem p romania eg ‘omplenidades de obremesas da Residencial Borges Para dar a descobrir a vasto portefdlio da A&D Wines, Dialine Azevedo ¢ Alexandre Gores (pag, anterior’ gua, na G ta de Santa Teresa, As curva sla de provas que parece pairar sobre @ Douroe da vinha enn socalcos preenchem a paisagem: plantaram 5 hectares em 1991. Além do alvarinho edo arinto, apostaram também, no avesso, numa altura em que, lembra Dialina, “ninguém queria nem. valori- aval a casta. A chegada & drea de vinha actual exige dois saltos no tempo: primei- ro até 2005, quando compram a Quinta de Espinhosos, com 7 hectares, ¢ depois 2015, quando juntam os 33 hectares de Santa Teresa. Tudo somado, 45 hectares, onde ha também malvasia, chardonnay, sauvignon blanc, para rosés, touriga na- cionale vinhio, O avesso, esse tornou-se presenga obrigatéria em todos os blends do portefili. Além das vinhas, ¢ das vistas, a quin- ta tem também uma casa com grande potencial para virar hotel. Questionada sobre essa possibilidade, Dialina apenas, responde, "Gostamos de dar tempo 20 tempo’ A pressa, diz-se, & inimiga da perfeigao. Veja-se esta ligao de conten- (Gio: Dialina e Alexandre sé puseram a primeira colheita no mercado em 2007. A. atise financeira complicou-thes as ‘voltas, mas nao se deixaram apanhar na 20+ SINGULAR curva, voltaram-se para 0 mercado de exportacao, Hoje corresponde a 809 ‘mas chegou a ser a totalidade~ em 2017, “por uma questao emocional’ decidiram. ter também distribuigdo em Portugal. Todos os vinhos da A&D sio produzi- dos em modo bioldgico, outro marco do tal caminho proprio que definiram desde © inicio, ‘por conviegdo pessoal’ afirma Dialina. “Queriamos criar um ponto de ‘contacto com a natureza, para os nosso filhos” Ao comprar a Quinta de Santa Teresa comegaram a comparar 03 vinhos com os que ja produziam em modo bio nas outras propriedades e perceberam a diferenca ~ ndo s6 avangaram para a converséo das vinhas recém-adquiridas como também para a certficagao, de toda a producio, “Tinhamos de poder comunicar isto nos rétulos’ recorda, Actualmente, andam a experimentar com leveduras indigenas ~ naturais da tuva, por oposigio as leveduras indus- triais ~ e, também ai, salientam a dife- renga do bioldgico: as uvas de vinhas que estao ha mais tempo em modo bio conseguem a estabitidade necesséria; as otras, ainda nao. “Aquilo que é produ vido em modo biol6gico nao fica logo establizado gragas a isso; observa Ale- xandre. °O ritmo da natureza € lento” A natureza, também ela, tem. as suas cur vase contracurvas, Para dar a descobrir o ja vasto porte- folio da A&D Wines, @ Quinta de Santa Teresa ganhou uma sala de prov gurada em vésperas da pandemia ~ mais uma curva/contracurva no percurso de Dialina e Alexandre. Mas a espera no foi em vao, afinal a beleza cénica nia passa de prazo, A estrutura envidracada parece pairar sobre uma piscina, com 0 vale do Douro em pano de fundo, Um daqueles sitios que nao destoaria numa qualquer campanha do Turismo de Por- ‘tugal. Quanto & piscina, nfo vale a pena ir com ideias: para jd, serve apenas de elemento temperadordo calor e decom- ponente cénica para a prova dos vinhos Mas, dando o tal “tempo ao tempo’, nun- ca se sabe 0 que pode estar ao virar da proxima curva. \valado (Mate 0) 4 Javali estuface GUIA DE VIAGEM Onde ficar, © que comer, o que visitar Atendendo a dura: Urr 10 do passeio proposto, eis uma lista de bons lugares a incluir no roteiro. lista por definicdo incampleta e reduzida, limitada pelo tempo ¢ pela escalha editorial, Encorajamos os nossos leitores a desviar-se da rota e a fazer as suas descobertas. ‘TASCA DO VALADO. MOSTEIRO DE SANTO ANDRE PISCINA FLUVIAL DE MAFOMEDES: AREA DE LAZER DA FRAGA DO RIO ro oe eee ure eC Ue ee eer ee eee nn ee ce ee a eee Yer viel bas Os vinhos que o Outono pede Peer eT Sue eke [ernie eel lolol omelet} COMMER Ait lee loc Uy ha Vinhos Verdes para casar Eee ——S.eaww a ae Perdiz Pp rato de caga por exceléncia, mas que privilegia a celegancia ea textura suave das carnes, em contraste como contexto ristico que & comum associar-se a0s ambientes de cagadas. Remete para uma cozinha mais elaborada e sfo muitas as receitas que se encontram pelo pais fora, sendo a mais famosa e rica a perdiz.a convento de Alentara, considerada mesmo como a tinica receita tradicional portuguesa de alta cozinha. Quanto mais nao seja, pela riqueza e requinte dos ingredientes que associa, como vinho do porto, foie gras e trufas. Basicamente, as aves sio recheadas e longamente ‘marinadas em vinho do porto antes de nele serem coridas até que as carnes fiquem macias ¢ 0 molho reduzido. S6 depois vao ao forno ~ em cagarola tapada -, onde Ientamente refinam os sabores, a elegincia e a textura macia. Galo de cabidela odendo a cabidela fazer-se com varias carnes e em Pp todas a regides, esta & no entanto, una teceita de que 0s minhotos se apropriaram. “Talvez porque mais ciosos e empenhados na ‘genuinidade dos ingredientes, talver porque mais bem apetrechados com os Vinhos Verdes para acompanhar ‘um cozinhado que, com sangue e vinagre, levanta sérias cexigéncias na hora da harmonizagao, Ou sefa, sem uma acidez, marcante nao ha vinho que aguente o embate, sendo que a intensidade de cor, a presenca frutada ou ainda uma boa estrutura sio também componentes do ‘vinho neste caso muito apreciadas. E ha apreciadores, ppara tudo, até aqueles que preferem alguns tintos ja avinagrados, desde que tenham cor. Quando o assunto é cabidela ~ 0 arroz de “pica no ‘chao’, como gostam de diferenciar ~, saber qual o melhor vvinho é mesmo terreno minado. O melhor é mesmo seguir a velha maxima de que bom mesmo aquele que nos souber melhor. (Mesmo que esteja avinagrado,) ‘QUINTA SANJOANNE ESCOLHA 2019 Vinh de grancte fre com acidez © compleniade, 0 fire fresco @ longo aixiara.a uma ervolve ‘sntzdtica com a riqueza do cozinnad, AVELEDA SOLOS DE XISTO 2018 O calor do xis roforca a estrutura © a complexidede. A frescura ea acidez mostrar sua forca quando a comda ‘a erwolventia de boca foca ZAFIRAH 2020 m vinho de alvarethao a lemibrar 0s Clarotes eves, frescos, com acidee vincodk Um tinta gracioso, de aciez bem vincaca rma na frescura frutaca, puma intensicad ‘capaz de aguentar 0 dosafo, AGUIAO VINHAO SUPERIOR 2020 Core arome sr, iocnentes fal com notes cca e domina © palate. ‘@., RABIANA RESERVA TINTO 2020 A expressvidade frutaca combina com dade, extraccéo, comolendade & acidez, Tudo ntenso, mas em harmonia com taning afirmative acide mercante TURRA 2019 equillbrado, mas com 2 capar de aguertar 0 toque rad da caida. Surpraende pela ra de boca tannos i = ‘SOALHEIRO TERRAMATTER 2020 > aroma chaio, carp0 aveludado sabor -omplexo enquadra vagos do atroz. A harmonizagso recula ortraste das co te MONTES DO PAIVA 2020 Qestio ristica preserva a sensa lume ds boca. € tember ‘oaveludado do arroz COLINAS DO AVESSO 2016 is frtado do que floral, macio, of Sea com cornplen Sborosa e gran nteneidade "rests que 24 SINGULAR Arroz de cogumelos epois de'os bosques terem absorvido as D primeiras chuvas, cria-se o ambiente para 0 desenvolvimento dos fungos. Em Portugal, a grande maioria das espécies de cogumelos é mais visivel a partir de Outubro, dai que sejam muitas veres referidos como a fruta do Outono, mas convém que se conjuguem todas as cautelas quando a ide’ é levi-los ao tacho. Para os nao-especialistas ~ e é preciso ser mesmo especialista -, 0 melhor é recorrer aos que sio criados em viveiros e de qualidade. Pela estrutura e suculéneia, quando conjugados com arroz carolino, os boletos so deliciosos ¢ envolventes, Comecando por um refogado com a adigao de um pouco de vinho branco e s6 depois acrescentando o arroz. O grao de carolino comega por se envolver ¢ absorver 0 sabor ea oleosidade dos cogumelos, s6 depois se vai acrescentando igua, cozinhando lentamente, Fica como um risoto, hiimido e oleoso, mas impregnado do sabor dos cogumelos, Pede vinhos igualmente cremosos, com sabor intenso e frescura distinta, Clarinhas de Fao assando ao lado das questoes da origem, Pp ingredientes e genuinidade dos pasteis de que sio varias as teorias e miltiplos os argumentos, convém assentar no principio de que sa0 pastéis de massa frita com recheio de chila e doce de ovos. Tratando-se de um doce, o mais consensual & que se harmonize com vinhos onde a docura se imponha no palato, se bem que igualmente marcados pela compo- nente dcida, B se ha muitos Vinhos Verdes com algum grau de dogura ~ ainda, diriamos -, 0 certo é que neste caso ¢ muito maior o grau exigido, que $6 se encontra nos vinhos feitos a partir de uvas passificadas ou de colheita tardia Menos dbvia, mas igualmente eficaz, se pode mos- trata harmonizagio por contraste, 0 que pode ser feito. com um espumante bruto, com boa estrutura ¢ acidez, . Prego médio: 25 euros as 723 domin vinho, 0 Monverde é 0 tinico que ndo tem a Historia por suporte. Nasceu em 2015 na Quinta de Sangui- nhedo — uma das seis propriedades do grupo Quinta da Lisa = integrado no hotel vinico Monverde. O hotel cresceu ra- pidamente ¢ em 2019 ganhou um novo corpo com 10 suites equipadas com piseina privativa, uma nova sala de provas € adega experimental, para permitir aos héspedes a sensacao de se poderem tornar “enélogos por um dia’ Na cozinha do restaurante Monverde pontifica 0 chef Car- los Silva, que tem a preocupagio de se manter focado com a cultura gastronémica da regiao, dando-Ihe um toque de ‘modernidade com assinatura de autor. E, importante, sempre tendo em mente a harmonizagao dos pratos que reinventa com os Vinhos Verdes que a quinta produz, Para além das su- gestdes da carta, os clientes pocem optar pelo menu sugest30 do chef ou por um bem recheado menu de degustacio. © apelo que 0 Monverde faz aos sentidos esta presente na paisagem, na diversidade dos tipos de alojamento, no restau: rante € nos vinhos. Neste caso, nao sé aqueles que sao produ zidos nos 22 hectares da quinta de Sanguinhedo, mas tam bem nos 120hectares do conjunto das propriedades do grupo Quinta da Lixa, que acabam por se elevar a mais de 300 hee- {ares se contarmos as vinhas de outros lavradores controladas pela familia Meireles, proprictaria da empresa, que permitem ‘uma producio superior a 6,5 milhoes de garrafas. D estes quatro restaurantes em quintas produtoras de Mt Tormes restaurante Tormes funciona na quinta do mesmo @) nome, cujo velho solar alberga a sede da Fundagio Bea de Queiroz, Quem jé leu 0 conto A Civiizacaa, ou oromance A Cidade e as Serras sentiré 0 mesmo deslun- bramento da paisagem, como hé 130 anos Ega, numa carta, contava & sua mulher: “Vales lindissimos, carvalheiras e sou- tos de castanheiros seculares, quedas de agua, pomares, flores, eee es tone Nessa visita & propriedade, 0 escritor abominou a casa, mas 0 velho solar foi recuperado e hoje, para além de se poder ver, Renee sce a untae aes cs te onde é dada primaziaas iguarias queas personagens, sobre- tudo Jacinto e José Fernandes, de A Cidade e as Serras, tanto Cree ee Rene seen) alourado com arroz de favas. Mas a ementa também revisita otras personagens, como ‘Tomas de Alencar (de Os Maias), Reena te vis) hi Pt Re ec a tS ene uence cee Cok oo zinha tradicional portuguesa, sobretudo & cozinha regional eee cre wena Pec nee eet M me eect oan erect een cece tm ‘Acerca do assunto vinico, citemos Jacinto, sobre o que lhe serviram com 0 frango: “O vinho caindo de alto, da grossa caneca verde, um vinho gostoso, penetrante, vivo, quente, que tinha em si mais alma que muito poema ou livro santo!” eet Eyre ees Piette ed Erna ey Tesouro de familia © homem sonha, 0 vinho faz-se. Mas nao se faz sozinho. A paixdo de Rogério de Castro pela quinta da familia, em Lousada, foi o ponto de partida para a profissionalizacao do projecto da Quinta de Lourosa. EXTO TERESA CASTRO VIANA FOTOGRA\ ogério de Castro, 0 mais novo de oito irmaos, sempre acompanhou o pai nas vistas quinta que a familia tinha a 40 quilometros do Porto, em Lousada, Desde cedo, “comesou a ter uma grande paixio por esta quinta’ conta Joana de Castro, 47 anos, filha, enéloga e responsivel pelo enoturismo na Lourosa. “Acho que o fazia lembrar os bons momentos que passava com o pai Rogério, natural de So Cosme, Gondomar, perdeu os pais cedo. Tinha apenas 19 anos e tinha ido estudar Agronomia para Lisboa. “A tinica coisa que queria de heranga era esta uinta, mas 0 pai nao o deixou ficar com campos. Disse que tinha de tirar um curso superior” A ligagio & universidade estencleu-se por virios anos, jé que, para nao combater no Ul tramar, acabon por se tornar professor catedratico, “Como os melhores alunos ndo iam guerra, ee estudava muito, mas 0 objectivo era mesmo nao ir & guerra’, conta Joana, entre risos. 30 SINGULAR \ MARIA JOAO GALA Mera nascida quando 0 sonho do pai se coneretizou, “Foi comprando a cada irmao’, lembra, “Morivamos em Lisboa e vinhamos ci com frequéncia, mas quando o meu pai adquiritu a quinta disse que tinhamos de viver mais perto’, recorda. “Foi melhor coisa que fizemos. Esta casa de peda estava em rui- nas’, diz, apontando para o edificio principal. Toda a familia se comegou a entusiasmar com a ideia da remodelagio e Joa- na introduziu o tema do turismo, “E um suporte importante que traz muitos novos clientes’ admite. “O meu pai via isto aoe eu acabei por convencé-lo que era preciso rentabilizar” O primado da matéria-prima “O meu av6 foi um dos sécios fundadores da Adega Coopera. tiva de Lousada’, recorda Joana. A época, “ja produziam va, ‘mas de forma diferente, com ramadas baixinhas’ Em 30 anos, a quinta passou de quatro para 27 hectares de vinha. E conti nua a erescer, “Durante a pandemia plantimos vinhas novas, O principal objectivo & a producao de boa uva. Nao compra- mos va, mas vendemos alguma, Produzimos boa matéria- -prima também trabalhanos muito a parte da investigag30.” (Um dos focos ¢ na mecanizagio de parte das vinhas: “Esta & cem por cento mecanizada’, explica Joana, acompanhada pelo pai, a0 percorrer uma vinha de loureiro, “Ea casta mais importante na regido, apesar de a referéncia ser a alvarinho. Ja a arinto 6a mais ecléctica, nio s6 da regio como também do pais’ elabora Rogério de Castro, um dos nomes mais relevan- tes na viticultura em Portugal, que ali implementou o sistema de condugio da vinha em Lys, O académico acredita ser cada vvez mais necessrio saber “um pouco” de ecofisiologia, Actuar deacordo com anatureza, conjugando a fisiologia, o ambiente a intervengio humana é, na sua opinido, fundamental. ‘As visitas vinhas “nunca so iguais’, vinea Joana. “Expl camos.o que éum Vinho Verde, falamos das antigas ramad: das formas de trabalhar, das castastipicas, mas ha sempre c sas diferentes para mostrar. Uma visita nunca é igual a outra.” No entanto, terminam sempre na sala de provas. A expe rigncia de prova inclui produtos regionais como 0 queijo, © salpicio, o pio com chourigo ¢ os beijinhos-de-amor. De for- ‘ma a promover a regido, as actividades de enoturismo podem estender-se também a visitas a lugares de relevo historico e cultural ea experiéncias gastronémicas singulares. do Pal eee NTNeL a Toler QUINTA DE LOUROSA ALVARINHO 2019 Distingue-te pelo a jtenso e complexo, conlugad come mineralidede dada pelo solo granitico 6 produzice £ um bom alae para carnes be eikes gordas © cozinha indiana, Eo que mares mais a dlfere sana Casts "Acompanha bem a gastr 30", como Lin gaborito assaco em forno @ lenha, € feito com tourige QUINTA DE LoUROSA ESPUMANTE TINTO 2018 QUINTA DE LOUROSA rade Santa Maria de Sousel. 412937, -8 30: y DBSBI5S12/268213855 uintadelourosa.com we Das O8h 3s 17h Visita e prove 4 Quarta cuplo 8 partir de 75 eurcs propriedade intelectual de todos os contetides do Pablico 7 OUTROS VERDES Espadeiro, um segredo muito mal guardado POR JOSE AUGUSTO MOREIRA Frescos, bonitos e saborosos, os rosacios de espadeiro tém tudo par seduzir os consumidores. Os vinhos de "espadal”, como sdo conhecidos na regio, séo por enquanto uma espécie de searedo da viticultura dos Vinhos Verdes - um segredo que comega a ter os dias contados, E, afinal, destes vinhos sedutores e grau moderado que o mundo anda a procura Pete sel isc) ear or een * ea Pore) ee ‘uma das castas mais populares dda regiao, mas ao mesmo das mais desconhecidas do resto do pais, uma espécie de tesou- +o que os minhotos teimam em escon- der, em guardar s6 para si. Tal como © vinhao, os vinhos de espadeiro tem ‘um consumo de caracteristicas étnicas Dificilmente se encontraré uma garra- fa de “espadal” ~ como & comum ser designado o vinho ~ fora da regido. E mesmo dentro de portas viaja pouco, privilegia-se o consumo de produtores vizinhos e conhecidos, de que se conlhe- ce aorigem. A casta espadeiro “produz um vinho muito apreciado na regio”, descreve a CA ec ery Brey ees eo) Fr Comissao de Viticultura Regional dos Vinhos Verdes, acrescentando que “os mostos acidulos e pouco ricos em adcares dao origem a vinhos de cor rubi, de aroma e sabor a casta, sendo em regra obtidos pelo método de “bica aberta’ Tao concentrada esti a casta no inte- rior minhoto que exclui mesmo os vales Jimitrofes da regio vitivinfcola, quer do Minho, a norte, quer do Douto, a sul, concentrando-se 0 cultivo nos vales do Lima, do Cavado, do Ave e do Fimega. De abrolhamento e maturagio tar- dia, dando cachos grandes e compri- dos, o que a torna muito produtiva, & no entanto, sensivel & podridao do CURT) eee arr Fo coe ieee cetcere cacho ¢ exige elevado nimero de horas, de calor para amadurecer, caracteris- ticas que a associam a uma irregulari- dade de produgio, que pode explicar 6 facto de sempre ter andado arredada do circuito comercial Mas essa era uma decorréncia do tempo das vinhas de bordadura ou de latadas. Hoje, alm de as horas de sol serem jé bem mais longas na regiao, a ‘moderna viticultura proporciona tam- ‘bém condigées de arejamento e matu- ragio dos cachos, que fazem que nio seja dificil adivinhar um rapido movi- mento de procura por estes vinhos. Frescos e sedutores por natureza, a0 grau moderado, secura e sabor in- ogee ued Deaeaaes et Oyo tee oe a ‘ ee eur OME Races tenso, juntam ainda a atracga0 da cor da moda. O mundo movimenta-se, e a grande velocidade, no sentido dos vinhos com estas caracteristicas. Em alguns paises como Japao, EUA ou Ca- nada, ha jé nichos de consumidores a descobrir 05 rosados de espadeiro. E esta é uma casta exclusiva da regiao (ha algum, pouco valorizado, na Galiza), onde tem historia e condigées ideais de cultivo, Bastaré que a generalidade dos produtores comece a olhar para 0 po- tencial da casta, ultrapassando a barrei ra étnica eo vicio do piquinho gasoso, € rapidamente este deixard de ser um segredo, Que, como ¢ ficil de ver, co- ‘mega a estar muito mal guardado, ‘TAPADA DOS MONGES 2021 Psi con 2 de ay a Enero De outro lado, Espanha ‘visita (nO, mais uma hora se se escolner a ‘prova Premium) termina com a prova, reara geral, Aa veranda do euiters {da madera adega, com PANTONE® = Vista para Espanhs, pata 7a7e. lo Minho e para a Baisagem de minituncio. Alvarinhe 2020 A proposta sempre foi trabalhar a casta nas diferentes exprossoes, Estee um “alvarinno de montana", mais seco, om fruta discreta Seidee vibrante: Muito ‘gastronémica. Soalheiro: territrio, tradi¢ao, inovagao a ultima década, @ Quinta de Soalheiro ampliou as instalagdes, abriu um alojamento local e quer agora abrir um pequeno hotel. Melhorou também a experiéncia de enoturismo. 4 visita comera no terreno soalheiro que dé CT ete) ome a marca, onde foi plantada, em 1974, a primeira vinha continua de alvarinho em Melgaco. Os visitantes atravessam depois a frequesia para chegar & adega, edificio parcialmente enterrado no solo que é per se motivo de inte- resse, Quem quiser completar a experiéncia pode pernoitar na Casa das InfusGes ou tomar uma refeicao “quilmetro zero”. A vinha plantada em 2019, a 1100 metros de altitude, as portas do Gerés, é 0 exempio ultimo de uma filosofia que liga territério, tradigSo e inovagdo e que hoje é evidente para quem visita ¢ quinta e a adega. am Cee ees OCR O perfil singular da terra, a forca do sol, a expresso das castas, 05 olhos de quem cuida, a espera, a minuicia, a dedicagéo, a certeza de uma experiéncia genuina. Tudo 0 que é unico tem uma origem e esta é Moncao e Melgaco. ts hs Guia cance & Melgaco ee ee ee rae ne net ey ect eee eee eee eset aeaos:t Hé.um Verde para cadamom.

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