Edição Porto • Ano XXXI • n.º 11.

030 • 1,30€ • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Linguagem Prevenção
No Alto Tâmega, estas vacas
gestual estão na linha da frente
do combate aos incêndios
Como é Local, 18/19
que se diz Investigação
“coronavírus”? Inesc celebra 40 anos
Sociedade, 14/15 e continua a querer ser
uma “fábrica do futuro”
Ciência, 28/29

Empresas espanholas com 70%

das obras públicas em Portugal
A reduzida dimensão das empresas nacionais e uma política feroz de esmagamento de preços tem levado
as construtoras do país vizinho a vencerem a maioria dos concursos públicos Economia, 21

Exames nacionais Notas de acesso devem subir. A responsabilidade é da covid p2 a 4 Governo sem
dinheiro para
pagar combate

RUI GAUDÊNCIO
a fogos rurais
.

Protecção Civil informou

que Ministério das Finanças
não disponibilizou reforço
para despesas de Junho p17

Adjudicação da
obra do Metro
do Porto sob
forte polémica
Preço pesou 80% na
avaliação. Venceu proposta
mais barata mas com pior
apreciação técnica p20/21

“O PSD tem feito

cerimónia em
fazer críticas
ao Governo”
Entrevista ao deputado
Pedro Rodrigues que se
demitiu da coordenação
Escola Secundária Du Bocage, em Setúbal, com o ginásio preparado para receber 54 estudantes para os exames da bancada do PSD p10/11
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ISNN-0872-1556
2 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
DESTAQUE
EXAMES NACIONAIS
Notas de acesso
devem subir por
causa da pandemia
Os exames nacionais tendem a baixar as notas Änais do
secundário, o que não vai acontecer com as provas deste ano,
que começam hoje, bem diferentes devido à pandemia
Samuel Silva
A
s regras que vão ser imple-
mentadas nos exames
nacionais deste ano, em
resultado dos constrangi-
mentos que a pandemia
provocou no dia-a-dia das
escolas, devem fazer com que as
notas subam. O seu peso nas médias
dos alunos também diminui, o que
resultará em médias de ingresso no
superior mais elevadas, antecipam
os especialistas. As provas Ænais do
ensino secundário começam hoje e
prolongam-se por duas semanas.
As provas deste ano são atípicas a
vários níveis. Desde logo, porque os
alunos apenas têm de fazer os exames
das disciplinas que vão usar como
provas especíÆcas no acesso ao ensi-
no superior, o que “pode ter alguma
inÇuência positiva nas médias”, ante-
cipa o presidente do Instituto de Ava-
liação Educativa (Iave), Luís Pereira
dos Santos. Este ano serão realizados
quase 90 mil exames menos. Cada
aluno fará, em média, 1,7 provas. No
ano passado eram 2,2. Esse facto per-
mitiu que os alunos se pudessem
concentrar num número menor de
disciplinas que tiveram de estudar
nas últimas semanas.
Desde 1998 que as provas Ænais do
ensino secundário têm uma dupla
função: servem para a conclusão de
ciclo de estudos e para o acesso ao
ensino superior. Num ano normal, os
exames contam 30% da nota das dis-
ciplinas, pesado assim na classiÆca-
ção Ænal do secundário. Este ano, não
é assim. As provas contam novamen-
te — entre 35% e 50% — na média de
ingresso nas universidades e politéc-
nicos enquanto prova especíÆca.
Como este ano os exames nacio-
nais servem apenas como prova de
ingresso no ensino superior, perdem
uma parte do seu impacto nas
médias dos alunos. Em regra, os alu-
nos têm nas provas nacionais notas
inferiores às que lhes foram dadas
pelos seus professores, o que muitas
vezes implica uma descida na classi-
Æcação Ænal das disciplinas. “A
expectativa é que as notas subam e
subam mais para os alunos com clas-
siÆcações mais baixas”, avalia Gil
Nata do Centro de Investigação e
Intervenção Educativas.
Nos estudos que tem publicado —
com Tiago Neves e Maria João Pereira
— acerca do fenómeno de inÇação de
notas no ensino secundário, o inves-
tigador notou que a diferença entre a
nota interna e dos exames nacionais
é tanto maior quanto mais baixa for
a classiÆcação original do aluno. Há
uma proporcionalidade directa entre
.
más notas e maiores descidas de
notas nos exames. Portanto, “só para
os muito bons alunos é expectável
que não haja notas mais elevadas” no
acesso ao ensino superior este ano do
que o que seria habitual em anos
anteriores.
A organização das próprias provas
deste ano lectivo também será distin-
ta e poderá beneÆciar os resultados
dos alunos. Em cada exame, há um
conjunto, mais restrito, de perguntas
de resposta obrigatória e um grupo,
mais alargado, de questões opcionais.
Os alunos vão poder optar por não
responder às matérias que não
tenham trabalhado em sala de aula
por causa da suspensão das activida-
des presenciais entre o Ænal do 2.º
período e as primeiras semanas do
3.º período.
Há uma outra mexida nos exames:
os estudantes podem responder a
todas as questões, mesmo as opcio-
nais, mas depois apenas serão conta-
bilizadas aquelas em que tiverem
melhor classiÆcação (ver entrevista).
“Tendo em conta estas medidas, é
provável que as médias sejam um
pouco mais elevadas”, reforça Luís
Pereira dos Santos.
Caso as notas da maioria dos alu-
nos subam, pode mesmo haver mais
estudantes em condições de concor-
rer ao ensino superior, porque terão
Pergunta & Resposta O que muda nos exames nacio
O
ano é, a todos os títulos,
extraordinário. Os exames
nacionais do ensino
secundário, que começam
hoje, não são este ano
obrigatórios. Os alunos só têm
de ir fazer provas às disciplinas
que servem para ingresso no
ensino superior. Há outras
regras adaptadas a um contexto
em que parte das matérias
foram ensinadas à distância por
causa da pandemia. Nos
enunciados estarão, lado a lado,
perguntas de resposta
obrigatória e outras de resposta
opcional e a pontuação das
questões também será diferente
do habitual. Haverá ainda
menos alunos por sala de aula e
a máscara será de uso
obrigatório durante as mais de
duas horas de cada prova.
A matéria ensinada à distância
sai no exame?
Os exames nacionais já estavam
prontos no momento em que a
pandemia obrigou à suspensão
das aulas presenciais. O
Governo anunciou depois que
os estudantes iam poder
escolher não responder a
questões sobre matérias que
não tivessem abordado em sala.
Os enunciados não foram
alterados e, por isso, as provas
cobrirão todas as matérias – dos
dois primeiros anos do
secundário para as provas feitas
no 11.º ou os conteúdos
trianuais nos exames feitos no
12.º. Há, porém, mudanças na
forma como são dadas as
respostas. As provas deste ano
terão um conjunto de questões
que vão contar
obrigatoriamente para a nota
final, referentes a conteúdos
transversais e matérias de anos
anteriores, e outras de resposta
facultativa. Os alunos podem, se
quiserem, fazer o exame
completo e nos grupos
opcionais só serão
contabilizadas as respostas com
melhor pontuação.
Quantos alunos vão estar em
cada sala?
Poucas escolas vão necessitar
de recorrer a espaços menos

nais deste ano?
convencionais, como pavilhões
desportivos ou refeitórios, para a
realização dos exames nacionais
com o necessário
distanciamento físico entre os
estudantes, mas as regras que a
pandemia impôs obrigaram a
reduzir o número de alunos por
sala de aula. Para facilitar a tarefa
de organização das escolas, os
envelopes com os enunciados
dos exames nacionais estão
menos recheados. Terão apenas
16 provas, em vez das habituais
20. Em alguns estabelecimentos
de ensino não estarão mais de 12
alunos em cada espaço. A DGS
não emitiu recomendações
específicas para os exames
nacionais. As regras são as
mesmas que orientaram o
regresso do ensino presencial:
na sala de aula tem de existir um
distanciamento físico de 1,5 a 2
metros entre os alunos.
É obrigatório usar máscara?
Tal como aconteceu no regresso
do ensino presencial, o uso de
máscara dentro da escola é
obrigatório, para alunos e
RUI GAUDÊNCIO
professores. Durante as provas
nacionais só haverá excepções
para os estudantes com
problemas de saúde
comprovados, o que já estava
previsto durante o tempo de
aulas. As instruções do júri
nacional de exames são claras:
“Não é permitido retirar a
máscara durante a realização
das provas e exames”. A
duração dos exames é de 120
minutos, a que acrescem mais
30 de tolerância. No caso de
Matemática A são 150 minutos,
mais o tempo suplementar. À
entrada da sala de prova, os
professores-vigilantes devem
pedir aos alunos que
desinfectem as mãos e retirem
luvas, caso se apresentem com
as mesmas.
Quando acontece a 2.ª fase?
A 2.ª fase, ao contrário do que é
habitual, será realizada depois
das férias de Verão, entre 1 e 7 de
Setembro, com Física e Química
(11.º ano) no arranque e as
línguas estrangeiras a fechar.
Samuel Silva
O contexto da
pandemia
obrigou os
agrupamentos
a mudarem
a forma como
se preparam
para os
exames
melhores médias, entende o presi-
dente do Iave: “Não vejo nenhum
factor que possa inÇuenciar negativa-
mente o número de candidatos ao
ensino superior.”
Para já, o que se sabe é que o núme-
ro de estudantes que se inscreveram
nos exames nacionais declarando ter
intenção de candidatar-se ao ensino
superior diminuiu quase 9% face ao
ano passado. Mas é preciso levar em
consideração que muitos jovens que
vão candidatar-se ao ensino superior
“já Æzeram as provas de ingresso no
11.º ano”, casos de Física e Química e
Biologia e Geologia, por exemplo, e
que “optaram por já não se inscrever
em nenhum dos exames do 12.º ano”,
aÆrma o presidente da Comissão
Nacional de Acesso ao Ensino Supe-
rior (CNAES), João Guerreiro.
Aquele responsável espera, por
.
isso, que haja “pelo menos uma manu-
tenção do número de candidatos” às
universidades e politécnicos. As can-
didaturas serão durante Agosto.
Além disso, lembra Guerreiro, este
ano abre-se uma nova via de acesso
ao ensino superior, para os alunos
que terminam cursos proÆssionais ou
artísticos — e cujos exames de acesso
serão realizados no Ænal do mês. Os
indicadores do número de inscritos
nesse concurso especial são, para já,
“promissores”, revela o presidente da
CNAES, o que poderá resultar num
ano de crescimento efectivo do núme-
ro de inscritos no ensino superior.
O contexto de pandemia também
obrigou os agrupamentos a mudarem
a forma como se preparam para os
exames. As regras que a pandemia
impôs obrigaram a reduzir o número
de alunos por sala de aula. Em alguns
estabelecimentos de ensino não esta-
rão mais de 12 alunos em cada espaço.
No entanto, poucas escolas vão neces-
sitar de recorrer a espaços menos
convencionais, como pavilhões des-
portivos ou refeitórios.
A Escola Secundária du Bocage, em
Setúbal, é uma das excepções. Os alu-
nos vão fazer exame no ginásio, onde
cabem 54 estudantes, e no refeitório,
onde estão 30 lugares à espera. A
solução visa “reduzir o número de
professores-vigilantes necessários”,
tendo em conta o envelhecimento do
corpo docente, explica o director,
Pedro Tildes, mas também para faci-
litar o distanciamento físico entre os
estudantes, antes e depois da prova.
samuel.silva@publico.pt
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 3
3 PERGUNTAS A LUÍS PEREIRA DOS SANTOS, PRES. DO IAVE
“Os alunos vão poder fazer
a prova como se fosse um ano normal”
Como é que o Iave respondeu
ao desafio que representam os
exames nacionais deste ano?
A proposta [do Governo] foi a de
apresentar itens que pudessem
ser respondidos em alternativa,
o que considerámos ser viável.
O problema foi que já tínhamos
as provas feitas, por isso tivemos
de fazer alguns ajustamentos
técnicos. Optámos por definir
alguns itens obrigatórios e uma
pool de itens dos quais os alunos
só têm de responder a um certo
número, consoante as
disciplinas. A ideia inicial era de
que todos os itens pudessem ser
opcionais, mas era problemático
porque podíamos perder
alguma representatividade de
currículo. Por exemplo, no
exame de Português os alunos
podiam não escolher fazer a
Gramática. O que tentámos foi
que os itens obrigatórios fossem
o mais possível ligados a
competências desenvolvidas ao
longo de todo o percurso
académico. Por exemplo, no
Português é óbvio que o item
“Escrita” mede uma
competência que não está
dependente só da leccionação
do 3.º período deste ano. Esses
itens estão assinalados e os
alunos até já sabem quais são.
Levantou-se alguma dúvida
sobre as perguntas de resposta
obrigatória não chegarem p para
ter positiva. Era uma solução
incontornável?
Não vemos qual era a
necessidade de as
perguntas obrigatóriass
corresponderem a 95
pontos [a escala dos
exames nacionais é
de 200 pontos]. Nem
sequer foi esse o
nosso objectivo. Os
itens obrigatórios são
aqueles que
pensámos que os
alunos podem
responder,
independentemente do que
fizeram neste 3.º período.
Dentro dos itens de resposta
alternativa, decidimos escolher
os de melhor classificação. Os
alunos podem fazer a prova
toda, porque ela foi calibrada
para ser feita no tempo habitual
[duas horas, mais meia de
tolerância, na maioria das
disciplinas]. Os professores
classificadores vão classificar a
prova como sempre fizeram.
Quando preenchem as grelhas é
que, automaticamente, o
sistema informático vai fazer a
escolha dos itens de melhor
classificação.
O que justifica esta solução?
Esses itens têm todos a mesma
cotação. Caso contrário, um
aluno podia estar perante uma
escolha entre um item que vale
15 pontos, outro que vale 10 e
outro que vale 20. Não é uma
escolha que um aluno possa
estar a fazer no meio de um
exame, tendo em conta o
momento de tensão e a
importância que este tem na sua
vida académica. Essa foi uma
escolha que retirámos da frente
do aluno. O aluno pode fazer a
prova toda, calmamente, e
depois logo se vê quais são os
itens que podem entrar para a
classificação final. Optámos por
escolher apenas os melhores
p
itens para a classificação final
porque a maioria dos alunos
te alguma
pode ter
dificuld
dificuldade em fazer
escolh a meio do exame.
escolhas
Muita vezes, só
Muitas
co
conseguem perceber
is resolvendo os
isso
it
itens. Pensámos
m
muito nisto e
o
optámos por retirar
e
esta pressão de cima
d alunos. No fundo,
dos
os alunos vão poder
faz a prova como se
fazer
fos um ano normal.
fosse
Sam
Samuel Silva
4 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020

DESTAQUE
EXAMES NACIONAIS
Resultados da 1.ª
STO
AGO
fase do secundário
SE
TEM
Afixação de resultados BR
7 O
23
Dias de exame 3
1
Candidaturas 2.ª fase
Candidaturas à 1.ª fase 1
do concurso nacional 2
3
23 de acesso ao superior 4
22
21
20 7
FQ P
D
17 GD G M Resultados da
16 H
15 GD 2.ª fase do
14 secundário
13
D
B Que regras B

10
M cumprir ? 16

9 G
1.ª fase 8
7 Não pode faltar Proibido
6 FQ H
HO

Calculadora só é permitida nas provas

P ##* de Física e Química A (gráficas em
JUL

modo exame), Economia (só científicas)

e Matemática (gráficas). Estes aparelhos
devem ser silenciosos e não necessitar

OUT
28
de alimentação exterior localizada. Suportes O uso de tinta
Exames Resultados
Também não podem ter capacidade de
.

escritos correctora

UBR
11.º ano da 1.ª fase
comunicação à distância, fitas, rolos de do concurso 1
papel ou outro meio de impressão

O
Exames nacional de
12.º ano acesso
Esferográfica
Aa azul ou preta Candidaturas à 2.ª
Cartão de Cidadão,
mais concorridos

e lápis (em fase do concurso

Bilhete de Identidade Computadores, Relógios com Aparelhos de
algumas nacional de acesso
ou outro documento
Calendário

provas) telemóveis, sistemas de vídeo ou áudio

9
dos exames

de identificação que Dicionário (em smartphones, comunicação

o substitua algumas provas) tablets remota

Resultados
Antes do início das provas da 2.ª fase
Procedam à remoção das luvas, caso se Procedam à desinfecção das do concurso 15
Durante o período de chamada apresentem com as mesmas. Nas situações mãos através da aplicação de nacional
e imediatamente antes da sua devidamente comprovadas, em que o aluno solução antisséptica de base de acesso
entrada na sala de prova, não pode utilizar a solução antisséptica de base alcoólica à entrada de todas
os professores-vigilantes alcoólica, é admitida a utilização de luvas, as as salas onde se realizam as
devem solicitar aos alunos que: quais devem ser disponibilizadas pela escola e provas e exames
colocadas na presença do professor-vigilante

Não esquecer:
Os alunos devem apresentar-se As mochilas, carteiras e estojos são Os alunos terão de assinar Os exames têm a duração
na escola, junto à sala ou local da recolhidos e depositados junto dos um documento a garantir de 120 min. (+ 30 min de tolerância).
prova, 30 minutos antes da hora professores-vigilantes. Os alunos podem que não têm consigo nenhum O de Matemática tem 150 min.
marcada para o seu início e com ter uma garrafa de água na secretária dos objectos proibidos (+ 30 min de tolerância)
máscara devidamente colocada

Quem vai a exame?* Os dados fornecidos pelo Ministério da Educação permitem fazer um breve
perfil dos alunos que este ano prestam provas no ensino secundário Exames mais concorridos no secundário em 24 provas (top 5)
Apenas para a 1.ª fase de exames
Inscritos nos exames Média de idades dos Alunos do secundário que prestam
do secundário alunos do secundário provas e pretendem candidatar-se Raparigas Rapazes
ao ensino superior
87.808 87.579 83.739 95.000 44.047 42.269 41.887
72.261 38.669 38.669
71.842 67.791 17,29 89.106
28.384 20.239 25.321 17.633
85.000 31.437
15.663 22.030 16.566 21.036
2018 2019 2020 7232
*Este ano por causa da pandemia há menos exames:
75.000 79.570 Biologia e Física e Português Matemática A Geografia A
são apenas 16 dos habituais 20 e não há exames do 9.º ano 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Geologia Química
Fonte: Ministério da Educação, JNE, Rankings do PÚBLICO PÚBLICO
.
6 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020

ESPAÇO PÚBLICO
A corrida inaugural do Mundial de Fórmula 1
de 2020 foi bastante atribulada, mas teve
dois pilotos em destaque: Lando Norris
(Ferrari), que ascendeu ao terceiro lugar arredando
Lewis Hamilton do pódio, e Valtteri Bottas, que
ganhou o primeiro Grande Prémio da época, em
Spielberg, na Áustria. O finlandês confirmou o bom
momento que atravessa a Mercedes, já revelado nas
sessões de treino e na qualificação, somando a
Valtteri Bottas oitava vitória da carreira. (Pág. 38). N.S.
Sofia Figueiredo e Luís Oriola
Os seus rostos e o seu trabalho entram pela
casa dos portugueses quase diariamente há
meses. Para a generalidade, eles fazem parte
de um dos pontos fulcrais do combate à pandemia:
a necessidade de informar. Mas falam também para
uma outra causa, a dos falantes de Linguagem
Gestual Portuguesa, os surdos que muitas vezes se
acham “estrangeiros no seu próprio país”. Um país
que com eles foi mais inclusivo mas onde falta ainda
fazer muito. (Pág. 14/15) D.P.

China já é “um país, um sistema”

Æm de uma história que os chineses
querem abreviar com o horizonte
em Taiwan.
Não foram necessários tanques
nas ruas da antiga colónia britânica
Amílcar Correia para travar as liberdades e direitos
Editorial cívicos dos seus cidadãos, que até
índex com o que pode e o que não
pode ser lido em Hong Kong.
A ambiguidade da nova legislação
é tão ampla, que permite às
autoridades deter e prender
qualquer cidadão — mais de 300
pessoas foram detidas no dia
anos antes da plena transferência
de soberania?
A democracia da ex-colónia tem
vindo a desaÆar cada vez mais o
autoritarismo de Pequim, a
importância Ænanceira da praça de
Hong Kong tem perdido peso interno

C
om os Estados Unidos
concentrados na sua crise
económica, política e
sanitária, sem qualquer
veleidade multipolar, a China
aqui combatiam as medidas
favoráveis à extradição de Hong
Kong e agora se confrontam com
uma “anexação” rápida e asÆxiante.
Simbolicamente, um dos primeiros
actos administrativos consistiu em
.
seguinte à sua entrada em vigor —
com o argumento de promoção da
“secessão, subversão, terrorismo e
conluio com forças estrangeiras” e a
ameaça de prisão perpétua. A
desobediência civil não será
com a ascensão de Xangai. Acresce
que esta conjuntura pandémica
fecha fronteiras, ensimesma
indivíduos e nações e não é nada
favorável à democracia. O que se
passa em Hong Kong é um sinal para

bem pode fazer o que quiser. Assim
como a Rússia ou a Turquia. A
vontade expansionista de Pequim é
impossível de satisfazer.
A entrada em vigor da Lei de
Segurança Nacional aprovada pela
China para Hong Kong, à revelia dos
órgãos democráticos daquela região
administrativa, é a antecipação do
censurar livros assinados por
activistas do território, entre os quais
Joshua Wong ou Tanya Chan, que
foram apagados dos catálogos das
bibliotecas do território. As obras em
questão foram colocadas “sob
revisão”, prevendo-se que as
bibliotecas públicas suspendam o seu
empréstimo e, quiçá, elaborem um
tolerada de todo e a liberdade de
expressão está por um Æo, quando
estamos a poucos meses das eleições
legislativas em Hong Kong.
Mas por que é que a China decidiu
apressar os seus passos em direcção
ao princípio de “um país, um
sistema”, acabando abruptamente
com a autonomia do território 27
o Tibete, mas particularmente para
Taiwan. O Presidente chinês quer
que a pequena ilha que lhe escapa
faça parte do Império do Meio em
2049. Num futuro pós-covid-19, a
China terá poucos entraves. Xi
Jinping bem sabe disso.
acorreia@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
O corredor aéreo
britânico
AÆnal, a mais antiga aliança
diplomática em vigor da Europa
não teve rendilhar suÆciente da
parte lusa. Portugal continental
foi excluído do corredor aéreo
britânico como destino seguro
para férias. O Governo espanhol
deu melhor as cartas do que o
Governo português. De resto, que
força tem Portugal para impor
quarentena a cidadãos da União
Europeia? No entanto, não
devemos tapar o sol com uma
peneira. Urge responsabilizar a
Direcção-Geral da Saúde,
contribuinte para esta decisão do
Governo britânico. Quando
ouvimos António Costa falar em
castelhano na cerimónia de
abertura das fronteiras entre
Portugal e Espanha, pouco mais
há a dizer.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Haja consciência
A imagem de segurança e
conÆança que o nosso país
conseguiu transmitir para o
exterior, face ao combate à
pandemia que vivemos, deu
indícios que estava a ser
percepcionada como uma
alternativa possível para
investimentos. Porém, quando
facilitamos e desrespeitamos as
medidas recomendadas,
colocamos em risco a nossa saúde,
a dos que nos rodeiam e a
sanidade da própria economia.
Procedimentos que levam ao adiar
da segurança e da conÆança
necessários para permitir o
regresso do turismo, seja ele
externo ou interno, e põem em
causa inúmeros postos de trabalho
que dele dependem. Por tudo
isto, haja consciência, enquanto
cidadãos. Um contexto onde
jamais poderá haver cedências
(…) para bem de todos.
Manuel Vargas, Aljustrel
“Buenos dias”...
Com pompa e circunstância, Pedro
Sánchez e António Costa
oÆcializaram a livre circulação nas
fronteiras entre o nosso país e a
Espanha. Vi o nosso
primeiro-ministro, no seu discurso,
a certa altura, deixar a língua de
Camões para o castelhano, ao
contrário do seu homólogo, Pedro
Sánchez, que nem uma palavra
proferiu em português, e bem. Não
sabia que o nosso
primeiro-ministro falava
castelhano de forma altamente
irrepreensível, mas salvo o devido
respeito, numa cerimónia como
esta não deveria trocar a nossa
língua pela de Cervantes — Pedro
Sánchez, aquando do seu discurso,
falou a nossa língua? Claro que não.
Tomaz Albuquerque, Lisboa
A TAP
A sigla TAP poderá simbolizar a
concretização a muitíssimo curto
prazo da maior tragédia aérea
portuguesa que há memória ao
longo da nossa longeva história
pátria. De facto, durante a sua vida
de quase oito décadas, os ventos
nunca lhe foram bonançosos. De
companhia de bandeira, que
muito pouco ou nada isso tem
honrado, por culpa dos falcões
que a têm desgraçadamente mal
gerido, passando pelas directrizes
erradas de políticos sem senso
algum para tão altos voos, não se
lhe vislumbra nada de bom,
qualquer que seja o futuro que
ainda lhe esteja predestinado, pois
o seu presente, seja o que se venha
a tomar, é um descomunal
presente envenenado, tóxico de
mais para todos nós, no que toca
ao seu salvamento.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
 Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 7

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

Se calhar o retrato aqui ao lado poderia ser o
do novo ministro das Finanças, João Leão,
nem de propósito conhecido como “artífice
das cativações”. Mas o facto do dinheiro vir a
conta-gotas é problema transversal a um executivo
que um dia disse “somos todos Centeno”. Cabe a
cada ministério vigiar para que as Finanças abram o
saco e é isso que não está a acontecer para os lados
da Administração Interna com atrasos de
Eduardo Cabrita pagamentos a bombeiros. (Pág. 17) D.P.
A maior obra pública do momento, o
prolongamento do Metro do Porto, está
envolta em polémica. Todos os concorrentes
apresentaram contestação às decisões do júri e a
proposta ganhadora é a que tem pior qualidade
técnica. O presidente da Metro pode escudar-se no
facto da comissão de análise ser independente. Mas
não foram eles que determinaram que o preço
valesse 80% no julgamento, quando o mais regular é
Tiago Braga 60%. (Pág. 20/21) D.P.

ESCRITO NA PEDRA
Finalização
Quem não quer pensar, é fanático; quem não pode pensar,
idiota; quem não ousa pensar, um cobarde sem fim
Francis Bacon (1561-1626), filósofo e ensaísta inglês

SEM COMENTÁRIOS CHERTSEY , PERTO DE LONDRES, GRÃ-BRETANHA

TOBY MELVILLE/REUTERS

C
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
omeço agora a Ænalizar esta
.

crónica. Aliás, folgo em dizer

EM PUBLICO.PT
Críticas à Vogue portuguesa
incendeiam redes sociais
Número dedicado à loucura é de “muito mau
gosto”, diz Sara Sampaio. “Estão a julgar o
livro pela capa”, responde a directora
publico.pt/impar
John Gallo quer fotografar as
famílias que têm Viseu por lar
De regresso ao trabalho de autor, o fotógrafo
propõe um ensaio sobre pessoas que, tal
como ele, fizeram de Viseu o seu novo lar
publico.pt/p3
A Luta Livre de Luís Varatojo
aponta o punho à gentrificação
No novo single, o cantor recorda um tempo
(a década de 80) em que a descaracterização
da cidade era ainda longínqua e inimaginável
publico.pt/musica
que já estou a ultimar a fase Ænal
da crónica, ao ponto de poder
garantir aos meus leitores que já
não falta muito.
Um parágrafo, pelo menos,
já está. É o que nos vale
enquanto escribas: só dizer
que estamos a escrever
qualquer coisa já ocupa uns bons
caracteres. Mesmo quando ainda não
estamos a dizer nada — apenas que estamos
a Ænalizar o texto em epígrafe.
Em criança tive pesadelos depois de ver
uma reprodução de página inteira do Grito
de Munch. Depois, quando cheguei aos
trinta anos, deixei de ter medo e passei a
sentir-me representado: aquilo sou eu, está
muito bem apanhado, sim senhor.
Hoje encolho os ombros. Para os tempos
que correm (e não há nada mais aÇitivo do
que ver os tempos a correr, em debandada,
aterrorizados) o grito de Munch parece-me
píÆo, um gritinho de salão, adequado como
reacção a uma cantiga mal cantada ou a um
discurso que não diz nada mas
completamente desajustado da angústia
existencial contemporânea.
Desato aos gritos quando ouço falar em
Ænalizar. Trata-se de um apuramento
pretensioso da mania restauranteira de dizer
que um prato pedido está “quase”.
Quando dizem que “estão a Ænalizar”, o
que querem dizer, em bom português, é
“ainda não está pronto”.
Por amor à sanidade mental, confessem
que uma coisa não está pronta. A
humanidade aguenta, acreditem.
Pois é. Ainda agora comecei esta crónica e,
de tanto Ænalizá-la, está Ænalmente a chegar
ao Æm. Apesar de, a bem dizer, ainda não
estar pronta. Mas pronto.
8 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020

ESPAÇO PÚBLICO

O país “furioso”
com o Reino Unido?
DUARTE DRAGO

Número de novas infecções covid-19 por 100.000 habitantes

Ricardo Cabral
Últimos 7 dias
ISLÂNDIA SUÉCIA
Errar é humano, mas não 0
apontem o erro aos > 0-5
especialistas portugueses, >5-10 FINLÂNDIA

nem ao Governo britânico. >10-25 NORUEGA

M
R. UNIDO
>25-50 ESTÓNIA
Assumam responsabilidades
>50 DINAMARCA LETÓNIA
uito foi feito, o país reagiu e PAÍSES
BAIXOS LITUÂNIA
procurou adaptar-se ao IRLANDA
SARS-CoV-2 e à covid-19, e ALEMANHA POLÓNIA
muitas medidas adoptadas REP. CHECA
pelo Governo foram BÉLGICA
ESLOVÁQUIA
positivas. LUXEMBURGO
ÁUSTRIA HUNGRIA
Porém, o levantamento SUÍÇA
das medidas de FRANÇA ROMÉNIA
conÆnamento parecia
precoce, como argumentei BULGÁRIA
ESPANHA
nesta coluna a 20 de Abril. E o número de
.

novos casos persistentemente elevado em PORTUGAL ITÁLIA GRÉCIA

surtos que a ministra da Saúde reconhece ESLOVÉNIA
diÆculdade em controlar em 19 freguesias
CROÁCIA
da Grande Lisboa aponta para erros nessa
estratégia do Governo.
Os nossos governantes acusam o toque. Fonte: Instituto Robert Koch, à data de 5 de Julho de 2020 PÚBLICO

No Ænal de Junho, o primeiro-ministro e o

Presidente da República revelaram alguma
insatisfação com os pareceres técnicos em que
basearam a decisão em levantar as medidas
de desconÆnamento social, apontando o
dedo aos especialistas em saúde pública.
Contudo, para a economia, aÆgura-se que
é melhor a certeza de muito baixos números
de (novas) infecções do que um caminho
feito aos ziguezagues. A prioridade deve
continuar a ser baixar o número de novos
casos para próximo de zero. Seguir os passos
da China e de outros países do Extremo
Oriente que parecem, com os dados
actualmente disponíveis, ter tido mais
sucesso no combate à pandemia. No caso da
China, com um número muito baixo de
novos casos de infecção (8 novas infecções
no domingo, 5 de Julho).
Pequim, uma cidade de mais de 20
milhões de habitantes tomou medidas duras
de contenção em resposta a 106 novos casos
de infecções entre 11 e 16 de Junho. A grande
Lisboa continua a ter um número superior
de novos casos de infecção em cada dia.
Os timoneiros da Nação e os seus dilemas
Uma das peculiaridades da vida é que os
nossos governantes nos entram casa adentro,
às vezes reÇectindo a nossa vontade (expressa
no voto democrático que fazemos), às vezes
contra a nossa vontade (e voto), às vezes
perante a nossa indiferença (e abstenção). Se
minimamente atentos à realidade política,
passamos a conhecê-los demasiado
intimamente. Todos eles são humanos,
imperfeitos, com os seus pontos fortes e do Reino Unido” (“Portugal fumes at exclusion incompleta e imperfeita, optaram pelo
pontos fracos. António Costa e Marcelo from UK safe travel list”). E o título do Financial caminho mais fácil no curto prazo. Que
Rebelo de Sousa têm muitos pontos fortes. Times também é revelador: “Portugal critica dois meses depois tem custos. Errar é
Estarão até, em minha opinião, no grupo dos violentamente medidas de quarentena humano, mas não apontem o erro aos
melhores governantes da era democrática ‘absurdas’ da Inglaterra” (“Portugal blasts especialistas portugueses, nem ao Governo
pós-74 do país. Dito isto, parecem impulsivos ‘absurd’ England quarantine measures”). A britânico. Assumam as respectivas
e demasiado orientados para os interesses (e emoção não é boa conselheira. responsabilidades.
resultados) de (muito) curto-prazo. Haverá certamente interesses económicos Não é possível alterar o passado. Os
Isto vem a propósito das inenarráveis nessa decisão do Reino Unido de excluir o portugueses esperam agora que tomem
reacções do ministro dos Negócios país dos destinos de baixo risco de infecção melhores decisões.
Estrangeiros, do primeiro-ministro e do pela covid-19. Mas essa decisão baseia-se e E a decisão que se segue não é nada fácil.
Presidente da utiliza um indicador quantiÆcável, também
República à decisão adoptado por outros governos, embora se Agosto e o Algarve
do Reino Unido de possa legitimamente discordar que esse seja Agosto aproxima-se. As classes média e
nos colocar na lista o indicador mais adequado. média-alta dos lisboetas, dos portuenses e
dos países de risco Portugal está, no presente, entre os piores dos portugueses das principais cidades e
covid-19, que obriga países da União Europeia em termos de vilas de Portugal continental preparam-se
O que vão fazer visitantes britânicos novas infecções de covid-19, entre 10 e 25 para, em massa, se deslocar para o Algarve
as autoridades a, no retorno, casos por 100 mil habitantes nos últimos sete para as merecidas férias de Agosto.
portuguesas observar uma
quarentena de duas
dias, como revela a Ægura acima, do Instituto
Robert Koch, da Alemanha. Essa estatística é
O que vão fazer as autoridades
portuguesas perante esse movimento
perante o semanas. consequência das decisões recentes do migratório interno e perante o risco de os
movimento Essa reacção das
autoridades
Governo, que beneÆciaram do apoio e
concordância do Presidente da República.
surtos localizados de covid-19, através do
convívio de Agosto no Algarve, se
migratório portuguesas deu Compreende-se a reacção algo emotiva espalharem pelo país inteiro?
interno em direito a parangonas desses responsáveis políticos. É como se, É fácil prever que nada farão para
muito desagradáveis intimamente, sentissem e tivessem a noção restringir ou condicionar tais movimentos.
Agosto? sobre Portugal nos de que erraram na decisão de levantar as Compreende-se, a pressão de curto prazo
meios de medidas de isolamento social, que dos interesses da economia do Algarve (e do
comunicação anunciaram em Abril e implementaram em resto do país) é imensa. Mas depois não se
internacional. A Maio e Junho. queixem nem dos especialistas nem dos
Reuters diz: indicadores utilizados pelos nossos parceiros
“Portugal furioso As decisões têm consequências internacionais.
com exclusão da lista Os nossos governantes, em circunstâncias
de destinos seguros difíceis, baseados em informação Economista. Escreve à segunda-feira

Quatro décadas
de aceleração permanente
Arlindo Oliveira
A maturidade do sistema
científico nacional foi bem
O
visível na resposta dada aos
desafios da pandemia
ano era 1980. A empresa que
viria a chamar-se Sinclair
Research lançou no Reino
Unido o ZX80, o primeiro
computador disponível no
mercado por menos de 100
libras. Ligava-se por cabo a uma
televisão, tinha 1K de memória
RAM e 4K de memória ROM,
usada para guardar um sistema
operativo rudimentar, um editor de texto e
um interpretador de uma linguagem de
programação, BASIC.
Pelos padrões actuais, o ZX80 era um
brinquedo inútil. Não tinha ligação à
Internet, que, de qualquer forma, ainda não
existia. A memória era um centésimo de um
milionésimo da memória que vem instalada
em qualquer telefone móvel ou computador
dos dias de hoje. Não tendo disco, mas
apenas um falível sistema de registo que
usava um gravador de cassetes, não servia
para guardar documentos, muito menos
fotograÆas ou vídeos que, na altura, também
não podiam ser obtidos, armazenados ou
reproduzidos em formato digital.
Apesar destas limitações imensas, que na
altura não eram assim tão óbvias, o ZX80 fez
feliz uma primeira geração de apaixonados
por computadores, entre os quais uma
versão muito jovem do autor deste texto, que
adquiriu um destes computadores mal teve
essa possibilidade. Foi nele que escreveu os
primeiros programas, desenvolvendo uma
paixão pela computação que dura até aos
dias de hoje. Dois anos depois, entraria no
Instituto Superior Técnico, onde teve
contacto com outros computadores, maiores
e mais complexos, que eram programados
usando pilhas de cartões perfurados,
deixados numa prateleira e recolhidos daí a
uma hora, junto com a listagem dos erros ou
— quando tudo corria bem— o resultado da
execução do programa.
Foi também em 1980 que três jovens
professores do Instituto Superior Técnico
deram os primeiros passos para concretizar
uma visão que tinham vindo a discutir há
algum tempo, a de criar em Portugal
condições para o desenvolvimento de
tecnologias de electrónica e comunicações.
José Tribolet, João Lourenço Fernandes e
Luís Vidigal ambicionavam criar em
Portugal as condições para o
desenvolvimento de tecnologia electrónica
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 9
ESPAÇO PÚBLICO
ADRIANO MIRANDA
o protocolo TCP/IP começou a ser usado em
grande escala, dando origem ao que viria a
ser a Internet. Em 1990, apareceram os
primeiros fornecedores de Internet para
utilizadores domiciliários (em 1995, foi
criada em Portugal a IP Global, incubada no
Inesc, e precursora da actual NOS). Em 1990,
foi também proposto, no CERN, o centro
Europeu de física de partículas, o protocolo
que viria a tornar-se a World Wide Web
(WWW), e, em 1991, deram à luz as primeiras
páginas Web. Em 1993, apareceu o primeiro
navegador Web para uso do público, o
Mosaic, que depois deu origem ao Netscape,
que ainda hoje existe. Em 1998, aparece a
Google, que se tornou rapidamente o motor
de busca mais popular do planeta,
resolvendo um problema que se estava a
tornar cada vez mais difícil, como encontrar
informação na Web. Em 2004, aparece o que
veio a ser conhecida como a Web 2.0,
incluindo a rede social Facebook, que tornou
possível a utilizadores comuns criarem e
.
disponibilizarem conteúdos na Web. Em
de ponta, comparáveis às que tinham criadas centenas de tecnologias que vieram a 2005, apareceu o YouTube, em 2006, o
encontrado nas universidades onde tinham ser integradas nos produtos de muitas outras Twitter e, em 2007, o primeiro iPhone, que
estudado, MIT, Southampton e Carnegie empresas. O modelo de parceria entre criou a possibilidade, que até aí não existia,
Mellon, respectivamente. Portugal estava entidades públicas e privadas, do qual o de acedermos à Internet em qualquer local.
na altura profundamente atrasado, em Inesc foi pioneiro, é provavelmente um dos Tudo isto foi tornado possível pelas 20
termos cientíÆcos, em praticamente todas modelos mais eÆcazes para o duplicações previstas pela Lei de Moore
as áreas do conhecimento, e as tecnologias desenvolvimento de tecnologias num nestas quatro décadas, que Æzeram com que
de informação e comunicação não eram ambiente académico, mas ciente dos os sistemas sejam hoje cerca de um milhão
excepção. desaÆos reais e concretos das empresas que de vezes mais complexos do que eram em
Foi assim que foi criado, em 1980, o estão no terreno. 1980. Estes exponenciais avanços
Instituto de Engenharia de Sistemas e Este modelo de instituição privada sem tecnológicos tornaram indispensáveis
Computadores, o Inesc, uma associação Æns lucrativos, independente das avanços paralelos na capacitação dos
privada sem Æns lucrativos que teve como universidades, mas a elas ligado, fez escola, e estudantes, cientistas e proÆssionais, algo
primeiros associados o Instituto Superior foi adoptado por dezenas de instituições, em que felizmente tem acontecido, muito como
Técnico, a Universidade Técnica de Lisboa, todas as áreas da ciência. O sistema cientíÆco consequência do trabalho desenvolvido
os CTT e os TLP (Telefones de Lisboa e Português não seria o que é sem esta rede de pelas instituições que foram criadas em
Porto). A missão do Inesc era a de criar instituições que têm uma autonomia e Portugal nestas décadas.
capital humano altamente qualiÆcado, capacidade de iniciativa que são difíceis de A maturidade do sistema cientíÆco
desenvolver conseguir em instituições públicas. Neste nacional foi bem visível na resposta que foi
propriedade período, as universidades também se dada aos desaÆos causados pela pandemia.
intelectual e desenvolveram e Æzeram grandes avanços Centenas de organizações do sistema
executar projectos na sua capacidade para investigar e cientíÆco e tecnológico nacional
de investigação e desenvolver tecnologia. Mas, sendo o ensino responderam a estes desaÆos,
Parte desta desenvolvimento,
para instituições
superior de qualidade e a investigação
assegurados em Portugal quase unicamente
desenvolvendo tecnologias de teste,
tratamento e monitorização da doença,
mudança públicas e privadas. pelas universidades públicas, muito assim como aplicações que permitem
deve-se, sem Nestas quatro limitadas na sua agilidade (e pela única manter a economia a funcionar limitando o
décadas, o Inesc universidade concordatária, a Católica), contacto físico. Esta pandemia teria tido
dúvida, à visão expandiu-se a nível continuam a ser essenciais as instituições consequências muito mais dramáticas se
daqueles nacional, e tornou-se privadas sem Æns lucrativos dedicadas à Portugal não tivesse mudado, para melhor,
que, em 1980, uma rede de
instituições
investigação e desenvolvimento, o modelo
que foi introduzido pela visão dos
nas últimas quatro décadas. Parte desta
mudança deve-se, sem dúvida, à visão
criaram o Inesc centradas nos três fundadores do Inesc em 1980. daqueles que, em 1980, criaram o Inesc,
grandes centros Nas quatro décadas que passaram, as uma instituição que foi criada com o Æm
universitários do tecnologias de informação e comunicação único de tornar Portugal um melhor local
país, Lisboa, Porto e desenvolveram-se de uma forma para viver e trabalhar, e cujo 40.º
Coimbra. No seio da exponencial, sob a pressão constante da Lei aniversário é assinalado com sessões no
instituição, de Moore, uma observação feita em 1965 por Porto (hoje, 6 de Julho), Lisboa (8 de
desenvolveram-se Gordon Moore, que o número de elementos Outubro) e Coimbra (23 de Outubro).
dezenas de novas activos que é possível colocar num circuito
empresas, e foram integrado duplica a cada dois anos. Em 1983, Professor do IST e director do INESC
10 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
POLÍTICA
“O PSD tem feito cerimónia
em fazer críticas ao Governo”
Pedro Rodrigues Entrevista
Sofia Rodrigues
O deputado, que se
Ex-líder da JSD, advogado e
demitiu de deputado, Pedro Rodrigues liderou
coordenador da a comissão de reforma do sistema
político e do partido, indicado por
bancada em Rui Rio, e defende que o PSD não
pode decidir de forma centralizada.
ruptura com Rui Foi apoiante de Rui Rio e
demitiu-se de coordenador da
Rio, assume estar comissão de Trabalho e
desencantado com Segurança Social. Está
desencantado com o líder?
a postura “passiva” Na actividade política não há espaço
para estados de alma dessa
do PSD perante a natureza. Agora, é evidente que dá a
necessidade de se ideia de que nos últimos tempos o
PSD tem feito muita cerimónia em
avançar com apresentar uma alternativa séria ao
PS para Portugal, tem mostrado
reformas. E pede alguma cerimónia em fazer críticas
ao Governo e apresentar o espaço
um congresso natural do PSD, que é o de liderar
estatutário reformas fundamentais para o
país. E isso, de certa forma,
.
desencanta-me. Em 2018, Rui Rio
fez três acordos de regime com o
então e actual primeiro-ministro,
António Costa, sobre três áreas, deu
todas as condições ao PS e ao
Governo de impor as reformas
sobre a descentralização
administrativa e fundos
comunitários. E o PS, o que mostrou
ao longo destes anos, é que é o
partido do statu quo, imobilista. O
PSD estar na postura de aguardar
que o PS lidere reformas em
Portugal é um bocadinho como
acreditar no Pai Natal.
Esta atitude colaborante que o
líder do PSD teve durante a crise
sanitária não o convenceu?
O PSD tem o interesse nacional
como bússola da sua intervenção
política desde a sua fundação, está
no seu ADN.
O PSD deveria avançar para
reformas estruturais como tem
defendido o seu líder?
O PSD não podia ter iniciado a
sessão legislativa sem apresentar
NUNO FERREIRA SANTOS
uma profunda reforma do sistema
político e do sistema eleitoral na
linha do que foi o seu compromisso
eleitoral. E deveria ter apresentado
uma reforma da justiça consoante
aquilo que têm sido as intervenções
do presidente do PSD e que, de
resto, vinha na linha de um
conjunto de propostas que fez na
sessão legislativa anterior.
Uma das suas queixas é a falta de
envolvimento em decisões da
bancada? O que aconteceu?
A decisão que tomei foi muitíssimo
reÇectida, maturada, ponderada e
discutida com dirigentes e
militantes do partido. Não foi de
ânimo leve. Não tenho mais nada a
acrescentar ao que foi tornado
público, mas não posso deixar de
sublinhar uma tremenda
preocupação com o facto de me
parecer que o grupo parlamentar
não está a aproveitar a capacidade
de todos os deputados, a sua
iniciativa, energia e criatividade.
Depois da sua demissão já existiu
outra na coordenação, a de
Álvaro Almeida. É sinal de
mal-estar na bancada?
Não vou fazer comentários sobre o
modo como funciona o grupo
parlamentar do PSD mas não posso
deixar de lamentar a demissão de
Álvaro Almeida porque se o PSD
quer ser o partido que é capaz de
trazer para o combate político
académicos, empresários, não pode
convocá-los para esse combate,
pedir-lhe desaÆos difíceis e depois
não aproveitar devidamente a sua
criatividade, a sua experiência ou
mesmo desconsiderá-los ao ponto
de os levar a demitirem-se das
funções no grupo parlamentar. Não
é certamente assim que vamos
construir uma nova maioria.
Teme que o PSD seja visto como
igual ao PS?
Não, o que eu temo é que a ideia
que os portugueses têm do PSD se
vá descaracterizando. Os
portugueses habituaram-se a olhar
para o PSD como um partido
reformista, com iniciativa, plural,
com muita capacidade de
interpretar os anseios dos
portugueses e tenho receio de que
esta postura algo passiva que o PSD
tem vindo a adoptar nos últimos
tempos — que não tem a ver apenas
com a questão da covid — possa
descaracterizar o partido. O PSD
tem duas alternativas: ou se
conforma com uma certa falta de
ambição, transformando derrotas
em vitórias eleitorais, e esperando
que o PS apresente reformas ou as
lidera. O PSD também não pode
deixar de ser plural, de aceitar a
diferença, de a discutir com toda a
tranquilidade porque a grande
riqueza do PSD sempre foi isso.
O Chega é uma ameaça para o
PSD? Pode contribuir para essa
descaracterização?
Não, a caracterização ou
descaracterização do PSD é algo
que é da inteira responsabilidade do
partido. Não tem a ver com forças
externas. Para se encontrar consigo
próprio, o PSD tem de fazer algo
que está na sua agenda há muito
tempo: a sua reforma interna.
Temos de ser um partido atractivo,
que não decida de forma
centralizada, que não continue a
funcionar numa lógica
hierarquizada vertical.
Mas o Chega é uma ameaça?
Não, de todo. Não creio que o eleitor

típico do Chega seja eleitor do PSD.
No congresso de 2018 fez
propostas de alteração aos
estatutos mas a discussão foi
sendo adiada. Perdeu-se uma
oportunidade?
O PSD tem de fazer estas alterações,
tem de se mobilizar rapidamente
para um congresso estatutário que
permita a modernização do partido.
Espero que Rui Rio tenha a ocasião
de concretizar essa ambição que
sinto que o partido tem e que esse
congresso possa ser possível no
início do próximo ano.
Propôs o fim da obrigatoriedade
de pagamento de quotas.
Poderia eliminar um dos vícios
mais perniciosos dos maiores
partidos?
Esta reforma interna tem vindo a
ser adiada há mais de 15 anos no
PSD. O partido está organizado nos
mesmos termos de 1974 e isso
causa-me alguma perplexidade, o
mundo de hoje não é o mesmo.
Resolvia vários problemas. O
presidente do PSD, que é candidato
a primeiro-ministro, não pode ser
eleito por 20 mil ou 30 mil
militantes. É preciso abrir os
partidos aos cidadãos e o momento
crítico é a escolha dos protagonistas
políticos para submeter a actos
eleitorais. Quando se começa a
discutir as regras do pagamento de
quotas é algo absolutamente
kafkiano. Resolvia-se
deÆnitivamente o espectáculo que o
PSD teima em dar desde 2006,
O presidente do PSD, que
é candidato a
primeiro-ministro, não
pode ser eleito por 20
mil eu 30 mil militantes
desde que foram criadas as directas,
que é divertir-se durante dois meses
sobre quem paga quotas, quem não
pode pagar, como é que se pode
pagar, as referências multibanco...
que é algo que não interessa aos
portugueses nem aos militantes.
Sinto uma enorme resistência
dentro do partido a alterações que
são de senso comum. A única
justiÆcação que eu encontro é que
há uma geração com
responsabilidades no partido que
viveu sempre com este sistema que
lhe é confortável.
Em Fevereiro, propôs um
referendo à eutanásia à revelia
da direcção do PSD. Porquê?
A minha posição foi a de que o PSD
não podia deixar de liderar este
.
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 11
tema por referendo popular.
Acresce que o congresso tinha
votado, três semanas antes, por
esmagadora maioria, uma proposta
que vincula a direcção do partido a
defender o referendo. Não fazia
qualquer sentido que o PSD
adoptasse outra postura que não a
do referendo à eutanásia.
Tendo em conta a actual
maioria, a sua iniciativa não será
inconsequente?
Não, de todo. Esse é um argumento
que já ouvi muito no PSD: não vale a
pena apresentar a reforma da lei
eleitoral porque o PS chumba.
Então, que chumbe, mas que Æque
claro aos portugueses que o PSD
defende o referendo à eutanásia.
Como é que que se pode sair
Leia a entrevista na íntegra em
www.publico.pt
desta crise? E o que devia fazer o
PSD?
O PSD não pode deixar de liderar
este debate, de ouvir os agentes no
terreno, os empresários, os
sindicatos, as forças vivas da
sociedade, os sectores mais
dinâmicos. Tem de reunir com esses
actores e apresentar propostas
claras. E não devemos deixar de
trazer essa discussão para o
Parlamento. Não nos podemos
conformar com a ideia de que quem
vai transformar o país é alguém que
o país nomeou, que não é eleito,
que não está legitimado pelo voto,
que não exerce nenhuma função no
Governo.
srodrigues@publico.pt
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12 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
POLÍTICA
Concelhia do
PSD-Lisboa vai
a votos com
autárquicas na mira
Partidos
Sofia Rodrigues
Paulo Ribeiro e Luís
Newton são os dois
candidatos que prometem
unir o partido na capital
As eleições da concelhia de Lisboa do
PSD, a maior do partido, vão ser dis-
putadas no sábado, dia 11, entre Pau-
lo Ribeiro, que se demitiu há um ano
da comissão política da estrutura, e o
líder do grupo social-democrata na
Assembleia Municipal, Luís Newton.
Ambos disputam passistas e rioistas
entre os seus apoiantes e assumem
dois objectivos: unir e mobilizar o
partido para as autárquicas.
Com o lema “Lisboa merece
melhor”, a candidatura de Paulo
Ribeiro agrega dois nomes que têm
estado em lados opostos: Nuno
Morais Sarmento, vice-presidente de
Rui Rio, é o mandatário, e Miguel
Morgado, um passista crítico do líder
do PSD, é o primeiro nome da lista.
Um ano depois de se ter demitido
por causa de divergências em torno
das escolhas de candidatos a depu-
tados, Paulo Ribeiro volta a candida-
tar-se à comissão política concelhia,
destacando no seu trabalho a agenda
contra o metro circular em Lisboa, o
desencadear do processo que levou
à demissão do vereador bloquista
Ricardo Robles, e a proposta de
transladação de Sá Carneiro para o
Panteão Nacional.
O candidato assume que “há a
necessidade de mudar os rostos e os
protagonistas” e de acabar com
“casos, golpes, facções e grupos” para
que a estrutura se mobilize em torno
do processo autárquico. “Em dois
anos, temos de ser capazes de olhar
com ambição de ganhar a Câmara de
Lisboa”, aÆrmou ao PÚBLICO, alar-
gando esse objectivo às juntas de fre-
guesia. Das 24, o PSD lidera quatro.
Esta meta é também a de Luís
Newton, presidente da Junta de Fre-
guesia da Estrela, e visado no pro-
cesso judicial Tutti-Frutti, que inves-
tiga casos de corrupção autárquica
no PSD e PS, no qual não foi ainda
ouvido.
Reconhecendo que é o líder do PSD
que vai assumir a escolha do candida-
to à Câmara de Lisboa, Luís Newton
defende que a próxima concelhia
“tem de ajudar a criar condições”
para essa candidatura. O líder da ban-
cada municipal do PSD assume que o
partido “tem de aprender a lição de
2017”, quando a candidata Teresa
Leal Coelho teve 11,2%, atrás do CDS,
e não pode voltar a não criar condi-
ções para a campanha autárquica.
Ao seu lado, Newton tem a antiga
ministra da Justiça de Passos Coelho,
Paula Teixeira da Cruz, e José Luís
Arnaut, que foi ministro no Governo
de Durão Barroso. Questionado sobre
se tem o apoio de Rodrigo Gonçalves,
que é visto como tendo inÇuência no
voto dos militantes em Lisboa e que
se afastou de Rui Rio, Luís Newton
deu uma resposta abrangente. “Espe-
ro poder contar com o Rodrigo Gon-
çalves como com todos. Se não contar
no dia das eleições, espero contar no
dia seguinte”, aÆrmou ao PÚBLICO.
Luís Newton apresenta-se, por
isso, com o lema “Unir Lisboa”, e
entre os seus apoiantes tem os res-
tantes três presidentes de junta de
freguesia de cor laranja: Fernando
Ribeiro Rosa, Vasco Morgado e Fer-
nando Braamcamp.
Na mira dos candidatos, está a
governação socialista de 14 anos da
Câmara Municipal de Lisboa, um
ciclo que se iniciou com o actual pri-
meiro-ministro, António Costa. Na
última semana, Luís Newton desta-
cou-se por sugerir a demissão de
Fernando Medina, depois de ter cri-
ticado publicamente as cheÆas de
saúde em Lisboa.
No próximo sábado, poderão votar
quase 1900 militantes.
srodrigues@publico.pt
Paulo Ribeiro, um dos candidatos
às eleições de 11 de Julho
Breves
Visita presidencial
Marcelo realça “ideia”
económica e social
que existe na Madeira
O Presidente da República
disse ontem ter constatado
que há uma “ideia”
económica, financeira e social
na Madeira, além da gestão da
pandemia de covid-19,
sublinhando o sucesso das
medidas de contenção da
doença. “Parto com o estado
de espírito de que eu pude ver
no terreno que a forma como
foi enfrentado o processo
pandémico justifica os
resultados obtidos”, afirmou o
chefe de Estado, em Câmara
.
de Lobos, onde se deslocou no
âmbito de uma visita de
menos de 24 horas à região
autónoma. O Presidente do
Governo Regional da Madeira
aproveitou a ocasião para
acusar o Governo de
discriminar a região.
PCP
Jerónimo acusa
Marcelo de ajudar
“novo bloco central”
O secretário-geral do PCP
acusou ontem, no Porto, o
Presidente da República de
estar a “contribuir” para pôr
em marcha uma nova vida
para um “novo bloco central
de interesses políticos e
económicos”, e para
“branquear o PSD”.
“Estão a pensar dar uma nova
vida ao chamado Bloco
Central, que pode ser formal
ou informal, mas que será
sempre como o foi no
passado, o bloco central de
interesses políticos e
económicos. É isso que está
em marcha com o contributo
do Presidente da República,
que se tem empenhado para
branquear o PSD, a política de
direita e as suas
responsabilidades.” As
declarações foram feitas num
comício na Praça D. João I.
Ir às compras,
apanhar sol,
andar de metro
Visto daqui
Sónia Sapage
Antes da pandemia, ia quase
sempre de transportes públicos
(comboio) para o trabalho.
Uma ou outra vez, quando o
tempo estava mais favorável,
atrevia-me a ir de bicicleta,
perfazendo não mais de 15
quilómetros para um lado e 15
quilómetros para o outro, quase
sempre em linha recta e com o rio
Tejo por companhia. Era um
privilégio e uma excepção, que na
verdade posso retomar a qualquer
momento.
Nos dias mais normais, durante
os 17 minutos da viagem de
comboio, aproveitava para ler os
jornais enquanto ouvia as notícias
na rádio (quem não faz duas coisas
ao mesmo tempo hoje em dia?), o
que me permitia chegar à redacção
actualizada. Era também um
privilégio, não só porque o preço
do passe compensava, mas
também porque a viagem era
curta, raramente apinhada e sem
peripécias.
Desde o dia 18 de Março, nunca
mais andei de transportes públicos.
Quando vou para o trabalho, vou
de carro, a ouvir rádio, sozinha e
socialmente muito distante do ser
humano mais próximo. À sua
maneira, é outro tipo de privilégio
que milhares de portugueses não
têm, seja porque não têm carta,
seja porque não têm carro, seja
ainda porque não têm a hipótese
de suportar a despesa de ter um
carro na estrada diariamente.
Sobra-lhes a (má) sorte de andar
em autocarros cheios ou
carruagens apertadas à hora de
ponta. Com máscara, sim, mas sem
qualquer distanciamento social.
Não adianta negá-lo. Há
reportagens, vídeos caseiros e
fotograÆas nas redes sociais que o
comprovam. É por isso estranho
que a ministra da Saúde tenha dito
que não se pode associar os
transportes públicos à existência
de novos casos. Na sexta-feira,
explicou-se melhor e clariÆcou que
nas “identiÆcações de infecção,
não há nenhuma associada a
contágio em transportes”. Apesar
disso, reconheceu, há “uma
probabilidade elevada” de
transmissão. Marta Temido queria
dizer que os transportes públicos
não merecem ser olhados com
desconÆança e preconceito porque
são essenciais às populações. Mas
isso não signiÆca que o vírus não
apanha o metro.
Também António Costa garantia,
no Ænal de Maio, que o risco de
contaminação nos transportes
públicos estava controlado e que
“as taxas de lotação” eram
“genericamente cumpridas, com a
excepção de um comboio das 6h36
da manhã da Linha de Sintra”.
Visto daqui, como
No dia 18 de Março,
deixei a minha
rotina ferroviária
e nunca mais andei
de transportes
públicos
carinhosamente chamo a esta
rubrica, eu gostava era de ver a
dupla Temido & Costa, com as suas
máscaras descartáveis (ou não),
entrar no tal comboio que é a
excepção. Não seria assim tão
estranho para um
primeiro-ministro que foi ao
Chiado dizer aos portugueses que é
tranquilo fazerem compras para
ajudarem à reanimação da
economia. Também já o vimos na
praia a roer uma maçã e a explicar
a nova sinalética.
Para quando uma viagem de
metro ou de autocarro, feita por
uma qualquer autoridade do
Estado, para incutir essa mesma
conÆança? Ainda me lembro de
quando vários responsáveis
políticos foram da Ericeira a
Setúbal para mostrar o impacto da
redução dos passes sociais. Talvez
seja esse o empurrão de que
preciso para voltar à minha rotina
ferroviária. O planeta agradece.
Jornalista. Escreve à segunda
sonia.sapage@publico.pt

Equipa Europa:
juntos fazemos melhor
Opinião
Jutta Urpilainen
e Teresa Ribeiro
Todos nós sentimos, em todo
mundo, o impacto da pandemia da
covid-19. O coronavírus continua a
ser uma ameaça à saúde pública
global e a crise socioeconómica,
resultado de semanas de
conÆnamento, criou um rasto de
devastação, deixando muitos sem
rendimento, com diÆculdade em
alimentar as respetivas famílias e
sentindo-se inseguros nas suas
próprias casas.
A crise revelou com clareza que
algumas pessoas estão
particularmente expostas ao
sofrimento. O fosso entre ricos e
pobres nunca foi tão notório e a
desigualdade, que já grassava nas
nossas sociedades, reforçou-se
tragicamente. Para muitos dos
nossos países parceiros em África,
na América Latina e na Ásia, a
covid-19 exacerbou os problemas
estruturais existentes. Os sistemas
de saúde, tal como os de água e
saneamento, encontram-se agora
sob pressão acrescida, e o aumento
do desemprego, especialmente
entre as camadas mais jovens, veio
expor ainda mais a fragilidade dos
sistemas de segurança social.
No caminho que teremos de
traçar para a recuperação desta
crise global, haverá que encontrar
respostas através da solidariedade,
nas parcerias internacionais e na
cooperação. Apoiar os nossos
parceiros a lidar com as
consequências da pandemia não é
apenas a coisa certa a fazer, é
também do interesse da Europa,
tendo presente que a
interdependência entre todos é hoje
mais evidente do que nunca.
É por esta razão que a União
Europeia e os seus
Estados-membros, atuando como
Equipa Europa (“Team Europe”),
investiram quase 36 mil milhões de
euros para responder às
necessidades dos mais vulneráveis a
nível global. Pouco depois de a
covid-19 ter sido declarada como
pandemia, a Equipa Europa reagiu
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 13
de forma rápida e concertada para
ajudar os nossos parceiros a fazer
face às necessidades imediatas da
crise sanitária e das consequências
por ela desencadeadas. Desde
então, os meios alocados a esta
resposta global continuam a
crescer. Estes recursos destinam-se
a Ænanciar ações no curto, médio e
longo prazo, adaptadas às
diferentes necessidades dos nossos
parceiros. A ajuda europeia está a
prestar apoio a comunidades em
todo o mundo na luta contra a
pandemia — desde o transporte de
mais de 20 toneladas de material
médico para São Tomé e Príncipe,
até ao apoio dado ao setor da saúde
em Cabo Verde, ou o
disponibilizado às Pequenas e
Médias Empresas em Moçambique,
através de bancos locais, para
Apoiar os
nossos parceiros
a lidar com as
consequências da
pandemia não
é apenas a coisa
certa a fazer,
é também
do interesse
da Europa
Um programa de Marco António
e Lucy Pepper em parceria PODCASTS
POLÍTICA com o Público
fazerem face a situações de falta de
liquidez. A nossa missão é lutar
contra a pandemia, em todo o lado.
Precisamos de parceiros fortes para
termos uma Europa forte.
A nossa prioridade imediata é,
naturalmente, desenvolver, no mais
breve prazo, uma vacina, que esteja
disponível e seja acessível a todos. A
presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, organizou
uma conferência de Ænanciamento
no passado mês de maio, que
juntou governos, organizações da
sociedade civil e doadores de todo o
mundo, que no total angariou 9,8
mil milhões de euros para o
desenvolvimento de diagnósticos
rápidos, tratamentos e vacinas.
Também a este esforço se associou
Portugal, tendo o primeiro-ministro
António Costa mobilizado uma
.
contribuição signiÆcativa, entre
verbas públicas e privadas. Este é
mais um exemplo daquilo que
conseguimos alcançar em conjunto
como Equipa Europa e com os
nossos parceiros internacionais.
Histórias sobre o
No entanto, teremos de ser que faz de Portugal
realistas quanto à recuperação
mundial num cenário
pós-pandemia. Não poderemos
um país único
voltar a um mundo pré-covid-19 Tão único como a
como o conhecíamos. Nem nós,
nem os nossos parceiros, que estão palavra saudade
entre os países mais afetados pela
emergência climática, pelas
desigualdades crescentes, pelos
atrasos no desenvolvimento
humano e pela exclusão digital.
À medida que damos início à
difícil tarefa de reconstruir as
nossas economias e as nossas
sociedades, teremos oportunidade
— nas palavras do secretário-geral
das Nações Unidas, António
Guterres — de “reconstruir melhor
do que antes”. Quando as
próximas gerações olharem para
este momento, queremos que Como ouvir e subscrever os podcasts do Público:
reconheçam que os seus pais
investiram na criação de um 1 | Abra a sua app de podcasts
futuro melhor e de um mundo IOS: App pré-instalada com o nome Podcasts;
mais sustentável, justo e inclusivo Android: Descarregue uma app na Playstore;
para todos, para isso tirando pleno Computador: No site em publico.pt/podcasts
partido das oportunidades 2 | Procure por “Público” ou pelo programa que quer ouvir (ex.: P24)
associadas à transição verde e
digital. 3 | Subscreva para ouvir em primeira mão os novos episódios
Comissária Europeia para as
Parcerias Internacionais; Disponível no
secretária de Estado dos
Negócios Estrangeiros e da
Cooperação
14 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
SOCIEDADE
Como se diz “coronavírus” em
Língua Gestual Portuguesa?
Desde que a pandemia começou que
Luís Oriola e SoÄa Figueiredo se
tornaram caras conhecidas. Mesmo
assim, dizem, os surdos ainda se sentem
“estrangeiros no seu próprio país”
Covid-19
Hugo Moreira
Os seus rostos são reconhecidos pelo
público em geral. Desde 12 de Março,
que os gestos e as expressões de Luís
Oriola e SoÆa Figueiredo entram dia-
riamente na casa dos portugueses
por causa das conferências de
imprensa da Direcção-Geral da Saú-
de e do Ministério da Saúde. Apesar
disso, o seu público-alvo, a comuni-
dade surda, já os reconhece “há
imenso tempo”, explica, entre risos,
Luís Oriola ao PÚBLICO. Como a
“comunidade é pequena” e muito
comunicativa entre si, sobretudo nas
redes sociais, “um surdo em qual-
quer parte do país, desde que seja
falante de Língua Gestual Portugue-
sa (LGP), conhece todos os intérpre-
tes que estão a trabalhar em televi-
são, inclusive os seus nomes ges-
tuais”, acrescenta SoÆa Figueiredo.
Se, por um lado, Luís Oriola tem
familiares surdos e a LGP sempre
esteve presente na sua vida, o mes-
mo não aconteceu com SoÆa Figuei-
redo, que seguiu esse percurso pro-
Æssional já em adulta depois de
várias formações. Antes do mundo
proÆssional, foi no Instituto Politéc-
nico de Setúbal que ambos se for-
maram no que é hoje a licenciatura
de Tradução e Interpretação de Lín-
gua Gestual Portuguesa.
Os dois intérpretes conhecem-se
muito antes de a pandemia os ter
juntado no ecrã, desde o tempo em
que eram proÆssionais liberais e
“faziam um pouco de tudo”, entre
traduções em reuniões de condomí-
nio, idas a consultas médicas ou aos
bancos com pessoas surdas, exem-
pliÆca SoÆa Figueiredo. Agora,
enquanto técnicos superiores no
Instituto Nacional para a Reabilita-
ção, o trabalho de ambos passa não
só pela vertente de LGP, através de
traduções de vídeos ou reuniões,
mas também pela emissão de pare-
ceres, por exemplo. A introdução
das conferências de imprensa diárias
no dia-a-dia não veio trazer um
aumento na carga laboral, revela Luís
Oriola. “O que as pessoas vêem con-
secutivamente são repetições daque-
le momento, o trabalho não aumen-
tou propriamente”, justiÆca.
Da mesma forma que palavras
como “coronavírus” ou “covid-19”
não eram conhecidas pelo público
ouvinte, também os proÆssionais de
LGP tiveram de encontrar formas de
as expressar. SoÆa Figueiredo aÆrma
.
que o processo foi “natural” e que os
gestos “acabam por surgir”. Enquan-
to há gestos mais icónicos que têm
que ver com a parte visual do signi-
Æcado, há ainda a possibilidade de as
palavras serem soletradas, mas “das
primeiras vezes que o fazemos, nin-
guém entende”, admite Luís.
Com o passar do tempo, à medida
que a comunidade surda “adopta
mais um ou outro gesto”, a expres-
são da palavra estabiliza. Para esse
efeito, contribuem as redes sociais,
que “ajudam à divulgação do que
signiÆcam determinados gestos”,
plataformas às quais “os intérpretes
prestam muita atenção”, aÆrma
SoÆa Figueiredo. “Os surdos costu-
mam dizer que são estrangeiros no
seu próprio país”, acrescenta. Isto
devido à diÆculdade em aceder à
comunicação oral e, por isso,
“viram-se muito para as redes
sociais onde contactam com surdos
de todo o mundo”.
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
As conferências de imprensa que
“Uma gota no oceano”
vieram trazer mais mediatismo aos
Embora não haja uma Língua Ges- dois técnicos trouxeram também
tual internacional, acontece o mes- “visibilidade” para a causa. De certa
mo que na língua oral e “os gestos da forma, “já se progrediu muito”,
Língua Gestual Americana são os admite Luís Oriola, que se considera
mais utilizados para a comunicação um “optimista q.b.”. Contudo, “isto
entre pessoas de países diferentes”. é uma gota no oceano”, reÇecte SoÆa
Por cá, o grupo “Língua Gestual Por- Figueiredo, que diz temer que “tudo
tuguesa (LGP)” no Facebook conta Æque na mesma, a não ser que haja
com mais de cinco mil membros, regulamentação séria e que o Estado
que esclarecem dúvidas relativamen- Æque vinculado a ela”.
te aos gestos, enquanto no grupo Embora Portugal tenha ratiÆcado
“Covid-19 Portugal Língua Gestual a Convenção sobre os Direitos das
Portuguesa”, o tema é exclusivamen- Pessoas com DeÆciência da ONU,
te a pandemia. que prevê tornar toda a comunica-

Luís Oriola
e Sofia
Figueiredo
trabalham há
anos com a
comunidade
surda
ção e serviços públicos acessíveis.
“A questão é que isso não se cum-
pre”, lamenta a intérprete. A título
de exemplo, SoÆa Figueiredo relem-
bra a recente reunião de António
Costa com os presidentes de câmara
da Área Metropolitana de Lisboa.
“No Ænal, o senhor primeiro-minis-
tro fez uma intervenção que não foi
assegurada por nenhum intérpre-
te”, aÆrma. Da comunicação oÆcial,
surgiu o anúncio de regras a que
“todo o país teve acesso, menos as
pessoas surdas”.
Mas não basta haver técnicos no
local. Ambos os proÆssionais lem-
Situação em Portugal
Em 5 de Julho às 15h00
Casos
confirmados
Novos casos diários
1614 29.017 1000
500
Mortes Recuperados 0
Fonte: DGS 2 Mar.
DANIEL ROCHA
bram que, muitas vezes, os próprios
canais de televisão não cumprem as
recomendações estabelecidas nas
transmissões. “Há claramente con-
dições que não estão a ser respeita-
das”, começa por aÆrmar Luís Orio-
la, suportado pela existência de
uma deliberação da ERC que regu-
lamenta a questão da acessibilidade
na comunicação social, em vigor
desde 2016.
“Embora esse plano até preveja
sanções, a verdade é que as estações
de televisão se preocupam em cum-
prir o número de horas com inter-
pretação e legendagem, mas a qua-
lidade dos conteúdos acessíveis Æca
aquém”, expõe. O intérprete escla-
rece que, em termos práticos, isso
signiÆca, por exemplo, que há legen-
das que não são síncronas e têm
erros e sublinha que o tamanho das
.
“janelas” para os tradutores nunca
é o recomendado. O espaço que teo-
ricamente deveria ocupar um sexto
do ecrã, na realidade “é uma coisa
minúscula que quase apetece usar
uma lupa”.
Para os proÆssionais, os proble-
mas à volta da acessibilidade relacio-
nam-se com “falta de sensibilidade”.
Isto porque, adianta a técnica, “até
se podia pensar que era por questões
Ænanceiras”, mas rapidamente escla-
rece que “a partir do momento que
se percebe o valor que é pago aos
intérpretes, vê-se que não tem a ver
com dinheiro”.
“Um filme de terror”
no registo civil
Desde uma ida a uma loja até aos
serviços públicos, “o dia-a-dia das
pessoas surdas é cheio de barreiras”,
admite SoÆa Figueiredo. Entre vários
exemplos, a intérprete recorda um
caso recente “digno de um Ælme de
Há legendas que terror”, o de uma pessoa surda que,
ao tentar levantar o cartão de cida-
não são síncronas dão num balcão do registo civil, foi
e têm erros, e o colocada numa sala de espera,
depois de ter sido chamado um segu-
tamanho das rança, porque ninguém a conseguia
“janelas” para os compreender. O surdo profundo
terá pedido que os pedidos fossem
tradutores nunca escritos, mas “a pessoa no balcão de
é o recomendado: atendimento não queria tocar no
papel e caneta” devido à pandemia
deviam ocupar de covid-19.
um sexto do écrã Também Luís reconta o caso de
um surdo que não terá conseguido
comunicar com os proÆssionais de
saúde num dos postos de despiste
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 15
43.897 Novos
casos 328
Abr. Mai. Jun. 5 Jul.
Casos activos a
subir há seis dias
S
egundo o relatório de
ontem da Direcção-Geral
da Saúde (DGS), morreram
nove pessoas por covid-19
em Portugal, um aumento de
0,6% em relação a sábado. No
total, a doença já fez 1614
vítimas mortais. Os números
dão conta de mais 328 pessoas
infectadas, uma taxa de
crescimento de 0,8% e que
eleva para 43.897 o número
total de casos identificados
desde 2 de Março.
Das novas infecções de
ontem, 77% foram registados
em Lisboa e Vale do Tejo,
sendo que os dados são um
agregado dos registos dos
Agrupamentos de Centros de
Saúde da região. Isto acontece
porque “a não-notificação
laboratorial no SINAVE LAB por
um parceiro privado em 3 dias
da semana em curso originou
cerca de 200 notificações cuja
distribuição ainda carece de
análise”, nota o relatório de
situação diário mais recente.
Dos 328 novos casos, 9,8%
foram registados no Centro e
7,6% na região Norte. Existem
505 pessoas internadas (mais
15) — 73 nos cuidados
intensivos (as mesmas que no
dia anterior). Sabe-se também
que recuperaram da infecção
mais 245 pessoas e que o
número total de recuperados é
agora de 29.017. Há 13.266
casos activos de infecção, mais
74 do que neste sábado — há
seis dias, desde 30 de Junho,
que os casos activos estão em
crescimento. Nessa terça-feira,
existiam 13.060 casos activos,
valor que tem vindo a
aumentar até atingir este
domingo o valor mais alto em
quase uma semana. Em
Portugal, a taxa de letalidade
global da doença é de 3,7%.
Das nove mortes registadas
nas últimas 24 horas, oito são
referentes a cidadãos acima
dos 80 anos e uma a uma
mulher entre os 70 e os 79
anos. Sofia Neves
para covid-19 em que os testes são
feitos dentro do carro e viu-se obri-
gado a levar um amigo para servir
de intérprete para fazer o teste,
“sujeitando essa pessoa a um possí-
vel contágio”. SoÆa acrescenta:
“Quando lhe perguntei se tinha dei-
xado uma reclamação, a pessoa res-
pondeu: ‘Agora, tenho de passar a
vida a reclamar?’”
Queixas formais são ainda
muito poucas
Mas é a comunidade surda reivindi-
cativa? “De uma forma geral, as pes-
soas reivindicam e protestam muito
no Facebook e no café da esquina,
mas, formalmente, há pouco esse
hábito”, responde Luís Oriola,
embora considere que “felizmen-
te”, a legislação garante quase toda
a protecção que as pessoas com
deÆciência precisam.
“Sempre que ocorre uma situa-
ção com algum problema de aces-
sibilidade, há uma enxurrada de
comentários e fotograÆas no Face-
book. Se formos ver as queixas fei-
tas em papel, só há meia dúzia”,
conclui. Além disso, “são raras as
plataformas que existem dedicadas
a queixas e reclamações que estão
pensadas para pessoas surdas”,
sublinha.
“Nós sabemos que as pessoas sur-
das existem. Temos é de fazer cum-
prir os normativos da acessibilida-
de” aÆrma SoÆa Figueiredo. A intér-
prete lembra que as próprias
conferências de imprensa dedicadas
à covid-19 que hoje traduz só come-
çaram a ser acessíveis à comunidade
surda depois de uma onda de recla-
mações que chegou à Entidade
Reguladora para a Comunicação
Social (ERC).
“Durante estes tempos de pande-
mia, e esperemos que continue, o
serviço SNS 24 passou a ser acessível
através de videochamada”, informa
a intérprete. Contudo, além de mui-
tos surdos não conhecerem estas
soluções, os próprios serviços e pro-
Æssionais de saúde muitas vezes
também não conhecem, lamenta
Luís Oriola. “Eu percebo que possa
parecer estranho uma pessoa entrar
num consultório ou gabinete com o
telemóvel em videochamada, há a
questão da privacidade e dos dados
pessoais, mas é preciso sensibilizar
os serviços e proÆssionais para estas
soluções”, conclui.
16 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
SOCIEDADE
Quase cem praias lotadas.
“As pessoas têm acatado as regras”
Ana Cristina Pereira
Segundo as informações da
aplicação Info Praia,
ontem, pelas 17h00, cerca
de cem praias exibiam a
nova bandeira vermelha
Com as temperaturas a atingirem
ontem valores elevados em todo o
território continental, Æcaram com
lotação esgotada areais de Norte a
Sul do país. A Autoridade Marítima
lembra que faz parte dos deveres
gerais dos banhistas evitar praias
com ocupação elevada ou plena.
No site do Instituto Português do
Mar e da Atmosfera, o mapa de Por-
tugal continental só tinha duas cores:
laranja (muito quente) e amarelo
(quente). Para esta segunda-feira,
prevê-se igual padrão. E intensiÆca-
ção das temperaturas nas ilhas, que
este domingo apareciam todas pin-
tadas a verde — o Sul da Madeira pas-
sará a amarelo.
A aplicação móvel Info Praia, de-
senvolvida pela Agência Portuguesa
do Ambiente para disponibilizar
informação actualizada sobre a
aÇuência às praias, ia dando uma
ideia do cenário. À medida que o sol
subia, mais saíam do verde (ocupa-
ção baixa, que corresponde a uma
utilização até um terço), passavam
pelo amarelo (ocupação elevada,
que corresponde a uma utilização
entre um terço e dois terços) e alcan-
çavam o vermelho (ocupação plena).
Pelos 17h, eram quase cem.
“Estamos em plena época bal-
near”, lembra a comandante Nádia
Rijo, do Gabinete de Imagem e Rela-
ções Públicas da Autoridade Maríti-
ma. Faz parte dos deveres gerais dos
banhistas evitar praias com aÇuência
elevada ou plena. Todavia, ninguém
os impede de entrar nas praias com
bandeira vermelha. As autoridades
“procuram apenas sensibilizar” para
a importância de cumprir as medi-
das de prevenção e controlo da
transmissão da covid-19. “As pessoas
As temperaturas vão continuar altas esta segunda-feira
têm acatado as recomendações”,
aÆança. “Não temos registo de ocor-
rências de desrespeito.”
Recorde-se que a Direcção-Geral
da Saúde recomenda que se mante-
nha uma distância física de seguran-
ça de um metro e meio a dois metros
entre tolhas de pessoas que não per-
tençam ao mesmo grupo. No caso de
chapéus-de-sol ou outros sistemas de
sombra, incluindo colmos e barra-
cas, a distância mínima deverá ser
de três metros.
Gerir com bom senso
Passeando por algumas das praias
que atingiram o vermelho percebia-
se como as situações podiam ser
diversas. Pegue-se no exemplo do
Porto. Tinha uma bandeira vermelha
hasteada na Praia dos Ingleses e
outra na Praia de Gondarém (entre
ambas, a Praia da Luz, a verde).
Diogo Santos, nadador-salvador na
Praia dos Ingleses, hasteou a bandei-
ra logo de manhã: “Isto já estava a
Æcar com muita gente. Hoje é domin-
go. Ia vir mais gente.” Embora não
impedisse ninguém de entrar, avisa-
va-as. No pico do calor das 15h, acha-
va que tinha conseguido manter a
lotação máxima de 200 pessoas.
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
.
Muito abaixo do que já vira por ali em
anos anteriores. “No ano passado, a
praia Æcava completamente cheia.
Nalgumas zonas, não se podia pas-
sar.” João Menezes, nadador-salva-
dor na Praia de Gondarém, também
agiu logo. “Por volta das 11h começou
a vir mais gente. Com a maré a subir
até às 16h20, 50/60 pessoas é verme-
lho.” Apesar do calor, também não
comparava a aÇuência com anos
anteriores. “As pessoas têm um certo
receio.” E isso, de certo modo, é um
alívio. “Não temos autoridade. A úni-
ca coisa que podemos fazer é apelar
ao bom senso das pessoas para cum-
prirem as distâncias.”
Em caso de necessidade, podem
recorrer à Autoridade Marítima. O
dispositivo foi reforçado, como lem-
bra Nádia Rijo. Na madrugada de
sábado, a Polícia Marítima teve de
intervir na Arrábida. Havia vários
grupos de jovens à volta de foguei-
ras. Além de excederem o número
recomendado, estavam a consumir
bebidas alcoólicas na via pública
debaixo de uma arriba. Também
esses acataram as recomendações
das autoridades e dispersaram.
acpereira@publico.pt
Uma parte dos
contágios terá
ocorrido em ‘festas
covid’
Comunicado do Instituto
Politécnico da Guarda
Politécnico da Guarda
suspende exames presenciais
por causa de alunos infectados
O Instituto Politécnico da Guarda
(IPG) decidiu suspender os exames
presenciais nas suas instalações,
transferindo-os para as plataformas
digitais, após ter conhecimento da
existência de estudantes infectados
com covid-19. “A decisão deve-se às
informações transmitidas, no sábado
à noite, pela Unidade Local de Saúde
(ULS) da Guarda de que há estudan-
tes do IPG que testaram positivo à
covid-19, tendo oito Æcado interna-
dos no hospital por não terem nos
respectivos alojamentos condições
para estarem em isolamento duran-
te o período de quarentena”, refere
o IPG, em comunicado enviado à
agência Lusa.
De acordo com a nota, os estudan-
tes foram infectados fora das insta-
lações: “Segundo as informações
transmitidas ao IPG, uma parte dos
contágios terá ocorrido em ‘festas
covid’ realizadas na Guarda, à seme-
lhança do que terá ocorrido noutras
cidades com estabelecimentos de
ensino superior. Nessas festas, o con-
vívio dos jovens terá decorrido sem
cumprir as recomendações das auto-
ridades de saúde.”
“Apesar de não termos nenhuma
evidência de qualquer contágio
ocorrido dentro das instalações do
IPG, o súbito aparecimento de estu-
dantes que testaram positivo obriga-
-nos a mudar os planos feitos de
Não há evidência de contágio
dentro das instalações
acordo com as directivas do Ministé-
rio do Ensino Superior, suspenden-
do os exames presenciais e passan-
do-os a online”, aÆrma Joaquim
Brigas, presidente do IPG.
O responsável, citado no comuni-
cado, acrescenta que, “embora o
protocolo de detecção, higiene e
segurança” que está em prática nos
edifícios das diferentes escolas do IPG
“seja muito rigoroso”, a instituição
não pode “correr riscos que colo-
quem em causa a saúde de outros
estudantes, de professores ou de fun-
cionários”. “É uma pena que os estu-
dantes não sejam avaliados nas con-
dições ideais, mas o valor da saúde
tem de prevalecer”, aÆrma Joaquim
Brigas. O presidente do IPG apela
“com veemência a todos os alunos”
para que “mantenham fora do IPG os
mesmos cuidados e as mesmas regras
que observam dentro dele”.
“Peço-lhes que não coloquem em
causa a sua saúde, nem a saúde de
quem lhes é próximo. E apelo a que
não desperdicem, com comporta-
mentos que desrespeitam os cuida-
dos sanitários, a expectativa e o esfor-
ço que as suas famílias estão a fazer
para que possam frequentar o ensino
superior”, aÆrma.
Para o caso de alguns estudantes
terem problemas com os seus equi-
pamentos informáticos durante o
período dos exames online, o IPG
adianta que irá disponibilizar salas de
informática para que possam realizar
as provas nas plataformas digitais.
“Nestas salas, as condições de higiene
e de segurança serão tão ou mais rigo-
rosas do que aquelas que já estavam
a ser adoptadas nos outros espaços”,
refere Joaquim Brigas.
O IPG lembra, ainda, que “todos
os exames presenciais feitos até ago-
ra tiveram um protocolo rigoroso de
regras de higiene e segurança”, com
medição de temperatura à entrada,
separação de circuitos, distância de
segurança e higienização dos espa-
ços antes e depois das actividades
lectivas. Aos alunos, era disponibili-
zado álcool para desinfecção das
mãos e dos objectos utilizados.

A Liga dos Bombeiros Portugueses pede um reforço de 35 milhões de euros no orçamento de referência
Governo sem dinheiro para
pagar despesas a bombeiros
no combate aos fogos rurais
Incêndios
Luciano Alvarez
Protecção Civil informou
comandos que Ministério
das Finanças não
disponibilizou reforço para
as despesas de Junho
A Autoridade Nacional de Emergên-
cia e Protecção Civil (ANEPC) está
sem dinheiro para cumprir as suas
obrigações, nomeadamente paga-
mento de salários, para com os bom-
beiros que integram o Dispositivo
Especial de Combates aos Incêndios
Rurais (DECIR). O facto foi revelado
por uma carta enviada no sábado aos
comandantes distritais das operações
de socorro a pedido de Ana Cristina
Andrade, directora nacional da admi-
nistração de recursos da ANEPC a que
o PÚBLICO teve acesso.
A missiva, assinada por Carlos Mar-
ta, Comandante Operacional Distrital
de Lisboa, começa por revelar que a
falta de recursos para o pagamento
de encargos aos bombeiros que fazem
parte dos DECIR não é propriamente
uma novidade. “Como vem suceden-
do ao longo dos anos, o orçamento
atribuído a esta autoridade nacional
é sempre, acentuadamente, inferior
às necessidades apresentadas, o que
conduz, desde logo, à existência de
elevados deficits.”
Como já aconteceu noutros anos,
para ultrapassar essas situações, a
ANEPC pediu ao Governo, em Junho,
um reforço “orçamental perfeitamen-
te consignado ao tipo de despesa que
se pretende pagar”. Este ano, face à
pandemia, “houve necessidade de
elaborar um orçamento suplemen-
tar”. Esse orçamento adicional foi
aprovado na Assembleia da Repúbli-
ca na sexta-feira passada.
“Desta situação, resultaram diver-
sos constrangimentos de natureza
administrativo-Ænanceira, não impu-
táveis a esta autoridade nacional, que
impossibilitaram a transferência para
a ANEPC do reforço orçamental opor-
tunamente solicitado, impedindo
assim o processamento em tempo útil
dos pagamentos devidos relativamen-
te ao DECIR operacionalizado no
referido mês”, é ainda dito na carta
enviada aos comandantes distritais.
A ANEPC solicita assim que “sejam
informadas as entidades detentoras
de Corpos de Bombeiros que integra-
ram o dispositivo em causa, desse
facto”, lamentando a situação, “por-
quanto conscientes do impacto que
o mesmo terá nas referidas entidades
PAULO PIMENTA
.
e em todos os operacionais que inte-
graram aquele dispositivo”. A autori-
dade nacional refere ainda que “se
encontra a trabalhar em coordenação
com a tutela para que esta situação
possa ser ultrapassada com a máxima
brevidade possível”. Descarta,
porém, a responsabilidade do Minis-
tério da Administração Interna pela
falta de verbas, apontando o dedo ao
Ministério das Finanças, aÆrmando
ser dele “a competência” para a atri-
buição “do reforço em causa”.
As associações humanitárias e os
corpos de bombeiros já foram infor-
mados desta situação pelos coman-
dantes distritais. No dia 2, a Liga dos
Bombeiros Portugueses (LBP) pediu
à Assembleia da República para que
aprovasse, em sede do orçamento
rectiÆcativo, medidas de apoio para
as associações humanitárias para
garantir a sua “sustentabilidade e
sobrevivência” devido aos problemas
Ænanceiros que enfrentam, fazendo
um “reforço imediato” do orçamento
de referência para 35 milhões de
euros. A falta de verbas para os paga-
mentos relativos às despesas do mês
de Junho vem agravar ainda mais as
diÆculdades Ænanceiras que os bom-
beiros dizem estar a passar.
luciano.alvarez@publico.pt
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 17
Levar o automóvel
sujo à inspecção
pode dar direito
a chumbo
Segurança Rodoviária
Karla Pequenino
As novas regras devem
entrar em vigor a 1 de
Novembro. Também há
alterações no transporte
de crianças
A partir do dia 1 de Novembro, os
carros que cheguem à inspecção
com “condições de limpeza que pre-
judiquem as observações” devem ser
chumbados, segundo um documen-
to do Instituto da Mobilidade e Trans-
portes Terrestres (IMT) publicado na
passada sexta-feira em Diário da
República.
“Sempre que as condições de lim-
peza prejudiquem as observações
durante a inspecção, o veículo deve
ser reprovado e o inspector deve
descrever na Æcha de inspecção a
não realização dos ensaios e veriÆca-
ções correspondentes à inspecção
por não existirem condições de lim-
peza”, lê-se no texto. Assim, a “falta
de asseio ou conservação de elemen-
tos no interior ou exterior” é consi-
derada uma possível deÆciência do
veículo, suÆcientemente grave para
que ele seja chumbado.
O objectivo do documento do IMT
é actualizar os métodos e procedi-
mentos de inspecção aplicáveis face
às inovações tecnológicas desenvol-
vidas pela indústria automóvel e
harmonizar a deÆnição, a classiÆca-
ção e deÆciências de veículos para
todos os Estados-membros. “Esta
nova deÆnição e classiÆcação de deÆ#
ciências resulta da transposição da
Há novidades em relação aos carros híbridos e eléctricos
SOCIEDADE
Directiva 2014/45/UE”, explica o IMT
em comunicado, notando que a
actualização permitirá “um reconhe-
cimento mútuo das inspecções rea-
lizadas nos vários países”.
Com as mudanças, alterações
detectadas no conta-quilómetros de
veículos usados entre inspecções
passam a ter de ser registadas. O con-
trolo serve para “precaver eventuais
fraudes de manipulação dos conta-
quilómetros nos actos de transacções
de veículos usados”, explica o IMT
em comunicado.
“Sempre que numa inspecção é
observada a alteração do número de
quilómetros constante do odómetro
(conta-quilómetros), traduzida na
sua diminuição relativamente a uma
inspecção anterior, tal facto deve ser
anotado na Æcha de inspecção”, lê-se
no texto do IMT.
O novo documento também intro-
duz deÆciências especíÆcas de veí-
culos híbridos e eléctricos, de equi-
pamentos electrónicos de segurança
(como o sistema de travagem elec-
trónico) e de veículos de transporte
de crianças e deÆcientes. Por exem-
plo, janelas com abertura a mais de
1/3 ou portas com possibilidade de
abertura pelo interior são conside-
radas deÆciências no transporte
colectivo de crianças.
Passa ainda a ser necessário con-
trolar as chamadas “operações de
recall” — em que os veículos são cha-
mados à oÆcina para corrigir anoma-
lias detectadas pelos fabricantes —
quando estão envolvidas questões
de segurança e aspectos relativos à
protecção do ambiente.
karla.pequenino@publico.pt
ENRIC VIVES RUBIO
18 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
LOCAL
Estas vacas estão na primeira
linha do combate aos incêndios
O projecto Rebanhos + Clima Positivo
nasceu no Alto Tâmega mas pode ser
replicado noutras regiões. O foco é chegar
a uma paisagem de montanha com menos
fogos, mais produtiva e mais heterogénea
Prevenção
André Borges Vieira (texto)
Teresa Pacheco Miranda
(fotografia)
No início da década de 1990, António
Moutinho Ferreira, hoje com 62 anos,
foi condenado pelo tribunal por estar
a pastar cabras numa das montanhas
do concelho de Vila Pouca de Aguiar.
Quando isso aconteceu não era proi-
bido deixar o gado à solta no monte,
mas não podiam circular em qual-
quer sítio — em zonas de Çoresta o
acesso estava vedado. Azar do pastor,
no sítio onde deixava os animais livre-
mente havia um pinheiro, que confe-
ria àquela área a designação de zona
Çorestal. Perante o juiz não houve
argumento que servisse para demo-
ver o tribunal de dar ordem de exe-
cução de multa. Pagou-a, mas conti-
nuou a deixar os rebanhos seguir
atrás de alimento fora das cercas.
Foram muitas as vezes, desde que
iniciou a actividade de pastor em
1986, que às montanhas onde se ali-
mentavam os seus animais chegava o
fumo dos incêndios que lavravam nas
imediações. Mas o fogo nunca lá che-
gava e, desde que se lembra, “nunca
lá chegou” — “não havia forma de lá
chegar”. Embora nos terrenos exis-
tisse vegetação, ela era heterogénea
e a área estava limpa de espécies que,
à primeira aproximação de uma cha-
ma, se transformassem em verdadei-
ras acendalhas de novos focos de
incêndio. O responsável por essa lim-
peza era o gado, que se alimentava
das plantas que ali cresciam.
Quase 30 anos depois já pode dei-
xar o gado seguir livremente monta-
nha acima sem receio de represálias.
Continua a não ter memória de algu-
ma zona de pastoreio ter sido alvo de
ignição. Além da ausência de fogos,
ainda que nas imediações continuem
a lavrar, ao Æm destes anos todos foi
assistindo também à renovação do
ecossistema ao nível da Çora. Desde
2003, António Moutinho Ferreira
dedicou-se à produção de gado maro-
nês, uma das espécies autóctones, e
tornou-se peça fundamental na linha
da frente da prevenção de incêndios
e da renovação da Çoresta. Quais
bombeiras de quatro patas, as vacas
do produtor alimentam-se de espé-
cies com potencial combustível de
incêndio e não deixam passar o fogo.
Ao mesmo tempo ajudam a replantar
a montanha.
Apoiado no conhecimento de pro-
dutores como este e no conhecimen-
.
to cientíÆco, nasceu o projecto Reba-
nhos + Clima Positivo, co-Ænanciado
pelo BPI e Fundação La Caixa em 150
mil euros, no âmbito da 2.ª edição
do programa Promove, que disponi-
bilizou para este ano cerca de um
milhão de euros a oito projectos-pi-
loto inovadores e com potencial de
replicabilidade, com o objectivo de
contribuir para o desenvolvimento
das regiões do interior de Portugal
— este ano foram ainda apoiadas
mais sete ideias com potencial para
se converterem em projectos-piloto
inovadores.
A liderar o consórcio deste projec-
to em particular, que junta várias
entidades, incluindo associações de
produtores de raças autóctones, está
a Aguiar Floresta — Associação Flo-
restal e Ambiental de Vila Pouca de
Aguiar. Explica o presidente da asso-
ciação, Duarte Marques, em visita do
PÚBLICO ao Alto Tâmega, que o
Rebanhos + tem como foco “a moni- deste programa é de 150 mil euros, O responsável explica que este pro-
torização de incêndios, a renovação
Quais bombeiras mas o orçamento total desta fase jecto já está em marcha há mais anos.
da Çora, a melhoria do processo pro- de quatro patas, as que começou em Janeiro de 2020 e Não nasceu apenas na sequência do
dutivo dos criadores, o reforço da sua termina no Ænal de 2021 ascende aos apoio, nem vai desaparecer no Ænal
rede de conhecimento e a valorização
vacas alimentam-se 230 mil euros. Este dinheiro é para de 2021. Na sua base estão conheci-
do produto”. Tudo isto, tendo em de espécies com ser aplicado em “práticas de resolu- mentos já “há muitos anos” aplicados
conta a adaptação ao contexto das ções de pequenos problemas”, por alguns produtores, que partilha-
alterações climáticas.
potencial como a compra de cercas, bebedou- dos com a área cientíÆca adquirem
A área de actuação está circunscri- combustível de ros e outros equipamentos e colei- outro tipo de mais-valias.
ta a seis municípios transmontanos: ras para os animais de levantamen- “É um trabalho de partilha feito em
Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena,
incêndio e não to de recolha de informação contro- parceria”, diz Carlos Aguiar, da Esco-
Valpaços, Chaves, Boticas e Montale- deixam passar ladas por um dispositivo SIG la Agrária de Bragança, um dos esta-
gre. Mas a ideia é “tornar o projecto (sistemas de informação georrefe- belecimentos de ensino superior
replicável” noutras áreas do país. “O
o fogo. Ao mesmo renciados), de forma a perceber os envolvidos no projecto que também
que aqui já está em marcha pode ser tempo ajudam movimentos do gado. Esses dados conta com a ajuda de outras entida-
feito noutras regiões com vacas ou serão partilhados num site que está des, como a Universidade de Trás-
com cabras”, aÆrma.
a replantar a ser construído e são fulcrais na os-Montes e Alto Douro ou a Univer-
O apoio Ænanceiro que chegou a montanha prevenção de incêndios. sidade do Porto.

Gado livre igual
a paisagem heterogénea
O investigador faz um pequeno
enquadramento do que era esta
região há mais de 60 anos. “Na déca-
da de 1960-1970 este era um territó-
rio com poucos animais”, recorda.
“Como era pouco pastado e tinha
Çoresta que entretanto ardeu, tínha-
mos um território homogéneo, sub-
metido a fogos de elevada intensida-
de e severidade. Tínhamos lameiros
abandonados, tínhamos giestal e
urzal que cobriam de ponta a ponta
a serra e que ardiam em ciclos muito
curtos”, sumariza.
Entretanto, nas últimas décadas os
animais voltaram a pastar livremente
na montanha e há algo que muda: “Se
antes tínhamos um território empo-
brecido e disfuncional do ponto de
vista ecológico, numa altura em que
o modelo seguido era o da semiesta-
bulação, quando passam a tempo
inteiro para a montanha o território
passa a estar mais produtivo, com
mais biomassa, mais heterogéneo,
com mais tipos de ecossistemas e
sujeito a um regime de perturbação
de menor intensidade”. Passa-se
assim a ter “um mosaico Çutuante de
comunidades de vegetais e de ecos-
sistemas, sendo que as plantas co-e-
voluíram com os animais”.
Com uma menor “continuidade de
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 19
Desde que aqui
pasto nunca houve
um único incêndio
António Moutinho Ferreira
Pastor
que atingiu Monteiros “há uns anos”.
O que aconteceu nessa aldeia da
região nunca aconteceu nas zonas
onde pasta o seu gado. O pastoreio,
acredita, é a melhor forma de contro-
lar os incêndios. “Nós já percebemos
isso há muito tempo, mas do lado de
lá ainda não tinham percebido. Mas
começa a haver uma mudança”, aÆr-
ma, remetendo para “quem decide”
quais os passos a dar no combate aos
incêndios.
Do seu lado tem outros produtores,
que seguem o mesmo método de pas-
toreio em liberdade. Um deles é Ave-
lino Rego, do Lugar de Lamas, fregue-
sia de Alvadia, concelho de Ribeira de
Pena. Há poucos anos, o engenheiro
informático, trocou o Porto e o traba-
lho na sua área de formação para
voltar à terra onde nasceu. Toda a
vida ouviu os pais dizerem-lhe para
.
estudar para não acabar “a pastar
cabras”. Acabou a pastar vacas e por
opção, quando se cansou de se quei-
O projecto xar que “ninguém fazia nada pelo
Rebanhos + interior”. “Acabei por chegar à con-
Clima Positivo clusão que eu próprio não estava a
junta o fazer nada e decidi voltar”, diz.
conhecimento Agora, aos 36 anos, tem 35 vacas,
de anos de que muitas vezes se cruzam no mon-
experiência te com as de António Moutinho Fer-
no terreno reira. Caracteriza o projecto Reba-
com nhos + como uma “simbiose positiva
investigação e fulcral” entre as partes envolvidas
científica. e de extrema importância para a
Em cima, valorização do interior e para o com-
Carlos Aguiar bate aos incêndios e preservação e
e, ao lado, renovação dos ecossistemas. Sem
António problemas em ouvir as recomenda-
Moutinho ções da comunidade cientíÆca que
Ferreira tem trabalhado em conjunto com os
produtores diz que ainda há um
caminho a percorrer para convencer
alguns criadores mais “resistentes”.
Outro passo que acredita ainda estar
“Mais e melhor matos” e com “agricultores mais aten-
tos” o resultado “são incêndios menos
por dar é trabalhar para mandar
abaixo preconceitos ligados à activi-
pastoreio
virulentos”. Passou-se também a dade para que uma nova geração
reÅecte-se numa adoptar o método do “fogo controla-
do”, de forma a limpar o combustível
queira entrar no sector.
Com o projecto em andamento há
montanha mais em locais onde o gado não chega. uns meses e com métodos já imple-
funcional, com Um dos produtores “de referên-
cia”, que tem servido de exemplo
mentados há vários anos pelos cria-
dores da região, Carlos Aguiar refor-
menos fogos, mais para a comunidade cientíÆca é Antó- ça a importância deste modelo de
produtiva e nio Moutinho Ferreira. Enquanto fala
connosco, uma manada de vacas
pastoreio: “Mais e melhor pastoreio
reÇecte-se numa montanha muito
diversa, com mais maronesas pasta livremente numa mais funcional, com menos fogos,
lobos, vacas, das montanhas da freguesia de
Telões. Ali, a vegetação é heterogénea
mais produtiva, mais diversa, com
mais lobos, com mais vacas, com
cabras e pessoas a e menos permeável a incêndios. mais cabras, com mais pessoas aqui
viverem aqui com “Desde que aqui pasto nunca houve
um único incêndio”, atira. Mas recor-
a viverem e com mais rendimento.
Esta é uma enorme experiência eco-
mais rendimento” da-se de um de grandes dimensões lógica.”
20 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
ECONOMIA
Adjudicação da obra no Metro
do Porto sob forte contestação
Empreitada tem de estar concluída em 2023. O critério preço
pesa 80% nos resultados, o que permitiu à Ferrovial ganhar as
duas obras, num total de 288 milhões. Em termos técnicos, júri
encontrou fragilidades no plano de trabalhos e equipamentos
Transportes
Luísa Pinto
A decisão de atribuir ao consórcio
Ferrovial/ACA a construção das duas
linhas que vão fazer a expansão do
Metro do Porto está a gerar uma for-
te polémica entre os concorrentes
que apresentaram todos, sem excep-
ção, contestações às decisões do júri.
O resultado do concurso foi conhe-
cido no passado dia 25 de Junho,
altura em que a empresa anunciou a
decisão do júri que fez a avaliação
das propostas — oito concorrentes no
caso da Linha Circular, nove concor-
rentes no caso da Linha Amarela.
Na passada quinta-feira terminou
o período de audiência prévia, pre-
visto pela lei para que todos os parti-
cipantes possam analisar as propos-
tas apresentadas. E o PÚBLICO con-
Ærmou junto de fonte da Metro do
Porto a entrada de todas estas recla-
mações, e a possibilidade de, em teo-
ria, após a análise das reclamações,
o júri decidir alterar a classiÆcação.
Mas, a não ser que o concorrente seja
excluído por alguma razão não detec-
tada anteriormente, e num concurso
em que o factor preço pesa 80% nos
critérios de avaliação, é difícil que
essa alteração surja.
Por agora, a Metro do Porto man-
tém a informação que tornou pública
no Ænal da semana passada: a de que
o júri do concurso apresentou ao
conselho de administração a propos-
ta de que as empreitadas deveriam
ser adjudicadas ao consórcio lidera-
do pela Ferrovial, por ter sido ele o
melhor classiÆcado em ambos os
concursos. O somatório das duas
totaliza os 288 milhões de euros, o
que signiÆca que a Ferrovial ganhou
a maior obra pública que está actual-
mente a ser lançada.
O lote da Linha Circular (entre a
Praça da Liberdade e a Casa da Músi-
ca) foi a concurso com um preço-
base de 235 milhões de euros. Das
oito propostas a concurso, ganhou a
da Ferrovial apresentando um preço
de 189 milhões de euros, uma dife-
rença para menos de sensivelmente
20% face ao preço de referência.
A Teixeira Duarte foi desclassiÆca-
da (propôs fazer a obra por 239
milhões, ultrapassando o preço-
base). A segunda classiÆcada foi a
Acciona, com 196,9 milhões de euros.
A Mota-Engil Æcou com o terceiro
lugar na classiÆcação, apresentando
um preço de 199,8 milhões.
No outro lote, a Linha Amarela,
que vai fazer a ligação da Estação de
Santo Ovídeo à Vila D’Este, em Vila
Nova de Gaia, o preço de referência
que foi a concurso era de 135 milhões
de euros. A Ferrovial ganhou com
uma proposta de 98,9 milhões (ou
seja, cerca de 27% abaixo do preço-
base do concurso).
Lido o relatório,
percebe-se que
o consórcio
vencedor foi
sempre o pior
classiÄcado nos
critérios técnicos
Todas as nove propostas foram
admitidas. O segundo classiÆcado é o
consórcio Gabriel Couto/Aldesa, com
uma proposta de 102,8 milhões de
euros, e o terceiro é classiÆcado é o
consórcio Ramalho Rosa Cobetar/FCC,
com uma proposta de 104 milhões.
Entre as empresas preteridas há
quem fale de “dumping comercial”, e
da intenção de recuperar o investimen-
to que vai ser necessário com litigância,
e obras a mais. Responsáveis de pelo
menos duas das empresas ouvidas
pelo PÚBLICO sublinham também a
fragilidade em que se coloca a Metro
do Porto, em termos de capacidade
negocial futura, num projecto que tem
de acabar impreterivelmente no pra-
zo, isto é, até 2023, sob pena de perder
os fundos de Bruxelas atribuídos.
Esta expansão tem Ænanciamento
assegurado pelo Fundo Ambiental e
no âmbito do Programa Operacional
de Sustentabilidade e Uso de Recur-
sos, mas tem de estar tudo facturado
até Dezembro de 2023.
Os receios adensam-se, ainda, pelo
facto de serem obras em pleno tecido
urbano, e alguma complexidade téc-
nica, não pela sua extensão (cada
uma das linhas terá cerca de três qui-
lómetros de via), mas por implicarem
obras subterrâneas e a construção de
várias estações (quatro na Linha Cir-
cular, três na Linha amarela) com o
que isso implica em termos de impac-
.
to no quotidiano da cidade.
Sem estudo da obra
O PÚBLICO consultou o relatório
preliminar feito pela Comissão de
Análise das Propostas nos dois lotes
a concurso, e percebe-se que o con-
sórcio vencedor foi sempre o pior
classiÆcado nos critérios técnicos.
A qualidade técnica da proposta é
analisada em quatro subfactores,
mas não pesa mais de 20% na pon-
tuação Ænal. E mesmo que o júri
escreva, por exemplo, que o progra-
ma de trabalhos apresentado para a
Linha Circular “não evidencie análi-
se à obra, estratégia ou metodologia
de construção”. Ou seja, o concor-
rente não estudou a obra e teve, por
isso, a pior nota neste subfactor. Mas
mesmo assim ganhou o concurso.
Mas há mais pontos do relatório da
comissão de análise a apontar as fra-
gilidades técnicas da proposta. Por
exemplo, e ainda na Linha Circular,
o júri diz que a proposta de meios
humanos e equipamentos apresen-
tada para o necessário desvio do Rio
de Vila “são insuÆcientes para a exe-
cução deste trabalho”, ou que o con-
corrente “não descreve o método
construtivo das paredes moldadas”
para a construção da Estação Liber-
dade/São Bento.
Na Linha Amarela, há igualmente
reparos graves. Na análise ao subfac-
tor “Meios Humanos e Equipamen-
tos”, lê-se que a proposta apresenta-
da pela Ferrovial “não apresenta
evidências de que os equipamentos
e meios humanos constantes do Pla-
no de Equipamentos e do Plano de Atribuição ao consórcio Ferrovial/ACA das duas novas linhas do Metro do

PAULO PIMENTA
Porto está a gerar forte polémica
Obra, respectivamente, são os ade-
quados ao cumprimento das tarefas
descritas na memória descritiva”.
Fonte de uma das empresas prete-
ridas dá ao PÚBLICO um exemplo
concreto: a Ferrovial indica um equi-
pamento para a execução, em simul-
tâneo no plano de trabalhos, do túnel
Santo Ovídio — Manuel Leão — Hos-
pital Santos Silva, uma impossibili-
dade de concretizar na forma como
foi apresentada.
Metro conÄa nos resultados
Contactada pelo PÚBLICO, e confron-
tada com todas estas preocupações,
fonte oÆcial da Metro do Porto limitou-
se a aÆrmar que tem “total conÆança
no rigor, na transparência, na solidez
técnica e na legalidade de todos pro-
cedimentos concursais que promo-
ve”, mas não quis ainda falar de resul-
tados. “A Metro do Porto apenas se
pronuncia sobre concursos públicos
após a conclusão dos mesmos.”
Recorde-se que quando foi lança-
do o concurso, a Metro do Porto esti-
pulou como preço de referência para
as duas empreitadas o valor de 270
milhões de euros. Os resultados
foram conhecidos no início do mês
de Março, e o concurso acabou
“deserto”. Não por falta de compa-
rência, mas porque as sete propostas
apresentadas pelas empresas que se
haviam pré-qualiÆcado foram excluí-
das por estarem “substancialmente
acima do preço-base”.
O Governo reconheceu que os
valores autorizados eram insuÆcien-
tes, enquadrando-os “no crescimen-
to económico do país e na alteração
do mercado da construção e obras
públicas, com um recrudescido dina-
mismo”, lê-se na resolução do Con-
selho de Ministros aprovada a 12 de
Março e que autorizou a Metro do
Porto a reforçar a despesa em mais
95 milhões de euros e a lançar um
novo concurso para os dois lotes.
Somados os preços de referência
dos dois concursos, o investimento
previsto atingia os 370 milhões de
euros. Com a proposta aprovada da
Ferrovial, a despesa Æca-se pelos 288
milhões de euros, o que signiÆca
“uma poupança substancial”, como
refere a Metro do Porto no comunica-
do que tornou pública a intenção de
adjudicação. A poupança só será efec-
tiva se as obras decorrerem dentro
dos prazos e orçamentos previstos.
luisa.pinto@publico.pt
Empresas espanholas estão a assegurar 70%
do mercado das obras públicas em Portugal
Luísa Pinto
A tendência começou na época da
troika, mas tem também sido valida-
da pelo Tribunal de Contas: na altu-
ra de avaliar uma proposta de obra
pública, as entidades adjudicantes
devem dar predominância aos cri-
térios objectivos, e impedir que os
aspectos subjectivos tenham grande
valor, de forma a aumentar a trans-
parência e a evitar a corrupção.
O critério preço será sempre um
.
dos mais objectivos, pelo que a for-
ma como ele é determinado é muito
relevante. Amanhã (terça-feira) a
Assembleia da República volta a dis-
cutir as alterações ao código dos con-
tratos públicos por proposta do
Governo. O objectivo é eliminar os
preços anormalmente baixos que
surgem em algumas propostas, assim
como evitar que outros concursos
Æquem desertos, porque os preços
de referência com que são lançados
estão desajustados da realidade.
A forma como o critério preço está
a pesar nos concursos (no caso do
último lançado pela Metro do Porto,
o factor preço pesa 80% na análise
das propostas) e aquilo que conside-
ram ser uma estratégia das empresas
estrangeiras em ganhar o mercado
português regressa agora ao topo
das preocupações das empresas por-
tuguesas, que estão a ter diÆculda-
des em ganhar os concursos.
Em Maio de 2018, António Mota,
presidente da maior construtora
nacional Mota-Engil, vaticinava,
numa entrevista ao PÚBLICO, que
o mercado português ia ser invadi-
do pela construção espanhola. Dois
anos depois, uma análise ao Portal
Base, e uma pesquisa aos contratos
adjudicados para obras públicas
acima de sete milhões de euros,
mostra que António Mota tinha
razão: no último ano e meio as
empresas portuguesas asseguraram
pouco mais de 30% das obras públi-
cas lançadas. Dos 1431 milhões de
euros adjudicados, só 444,8 milhões
foram assegurados por empresas
portuguesas.
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 21
António Mota, da Mota-Engil,
já vaticinava em 2018 que o
mercado português seria
invadido pela construção
espanhola
As empresas estrangeiras — sobre-
tudo a, como é chamada no sector,
“armada espanhola”, constituída
pelas cinco maiores empresas com
actuação em Portugal (FCC, Ferro-
vial, Dragados, Sacyr e Acciona) — já
ganharam contratos de mil milhões
de euros em Portugal.
António Mota sabia do que estava
a falar, referindo-se à fragilidade em
que se encontra o sector em termos
de engenharia, exaurido que Æcou
depois da crise de obras públicas —
em menos de dez anos, o sector
Æcou reduzido a um terço. Mas sabe-
ria, também, como funciona o mer-
cado, e como a estratégia de apostar
em preços baixos, e suportar perdas
Ænanceiras se for preciso, permite
dominar o mercado a médio prazo.
A preocupação não vai apenas
para o número de obras ganhas: vai
também para os preços apresenta-
dos, mesmo quando as propostas
não são vencedoras. O PÚBLICO con-
sultou os resultados da abertura de
propostas de vários concursos de
obras públicas, e encontrou muitas
propostas cuja diferença em relação
à base de licitação supera os 30%. E
estes indicadores vão contar para
Æxar o preço no concurso seguinte.
Alguns exemplos. Na empreitada
Portugueses só asseguraram
30% das obras públicas
da linha ferroviária de Évora entre
o Alandroal e a Linha do Leste, lan-
çada em Novembro de 2018, a obra
tinha como preço-base 195 milhões
de euros. Apareceram 12 propostas
a concurso. A mais alta, de 179
milhões de euros, foi apresentada
pela Conduril, e a mais baixa, de
129,4 milhões, foi entregue pelo
consórcio CMSA/Fergrupo/SanJose,
que apareceu como primeiro clas-
siÆcado. Mas a obra acabou adjudi-
cada ao segundo classiÆcado, neste
caso o consórcio Sacyr/Somague
com uma proposta de 130,4 milhões
de euros. Estes dois concorrentes
foram os únicos que apresentaram
propostas com um diferencial em
relação à base de licitação superior
a 30% — mais concretamente, 33%
ambos.
É curioso reparar que nos concur-
sos mais recentes, lançados este
ano, também os consórcios de
empresas portuguesas apresenta-
ram propostas com diferenciais
acima dos 30%.
No caso da empreitada de moder-
nização da Linha da Beira Alta, no
troço Mangualde-Celorico da Beira,
a base de licitação Æxada pela Infra-
Estruturas de Portugal foi de 103
milhões de euros. A obra acabou
adjudicada a um consórcio liderado
pela portuguesa DST, que apresen-
tou uma proposta 38% abaixo da
base — e a obra foi adjudicada por
63,5 milhões de euros. Mas chegou
a entrar uma proposta, da Ramalho
Rosa Cobetar/FCC/Contratas y Ven-
tas SA, que estava 48% abaixo do
valor Æxado na base. A proposta
acabou excluída, mas apenas por-
que foi entregue dez minutos depois
da hora de fecho da recepção.
Mas esta estratégia de esmagar
preços não pode ter um bom resul-
tado: “As empresas portuguesas
estão em risco. Porque ou não con-
seguem ganhar as obras, ou se ten-
tam e acompanham o preço sobre-
tudo das espanholas, acabam a
cometer um suicídio”, resumiu
ao PÚBLICO um empresário portu-
guês que pediu para não ser identi-
Æcado.
22 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
ECONOMIA
BARÓMETRO FISCAL
Economistas antecipam aumento futuro de impostos
como consequência da pandemia
Análise
Ordem dos Economistas
O segundo barómetro de 2020 da
Ordem dos Economistas avalia a
situação da Æscalidade em Portugal,
fazendo uma análise da atratividade
relativa ao investimento e às
empresas, tendo em consideração
as principais consequências geradas
pela covid-19 em matéria Æscal.
Estes resultados têm como base
a opinião de 432 membros e
comparam com o barómetro
homólogo de 2019 no qual, na
generalidade, foram colocadas as
mesmas questões.
A paragem forçada de vários
setores e as medidas necessárias de
controlo da pandemia levaram a
uma forte contração da economia,
com repercussões históricas a uma
escala global. Segundo o INE,
registou-se no primeiro trimestre
uma quebra homóloga do PIB de
2,3%, sendo esperado que o maior
impacto se veriÆque no segundo
trimestre. As mais recentes
previsões inscritas no Orçamento
Suplementar apontam para uma
quebra do PIB de 6,9%, em 2020.
Apesar da magnitude dos valores,
2.º Barómetro de Fiscalidade de 2020
Como avalia a resposta
portuguesa de apoio
à economia?
47 27,3
Adequada Positiva
1,4
Muito
Positiva
% %
4,4
19,9 Muito
Negativa negativa
Fonte: Ordem dos Economistas
44% dos membros consideram que
Portugal poderá ter diÆculdades em
cumprir estas novas metas, ainda
que sem grandes desvios.
Adicionalmente, 49% aÆrmam que
os efeitos mais severos já terão
ocorrido, de entre os quais 36%
antecipam uma recuperação lenta
(em “U”) e os restantes 13% uma
recuperação mais rápida (em “V”).
Por Æm, apenas 6% se mostram
mais pessimistas, esperando uma
depressão mais prolongada.
Relativamente à avaliação das
medidas de resposta de apoio à
economia, numa escala nacional,
47% dos membros consideram que
as mesmas foram adequadas, 27,3%
positivas, 19,9% negativas e 4,4%
muito negativas. No
enquadramento europeu, a
avaliação da proposta do pacote de
estímulos do Fundo de
Recuperação foi considerada
tendencialmente positiva, com
destaque para o indicador referente
à dimensão e ao impacto, o qual
registou o valor mais elevado de
todos os parâmetros em análise.
Atendendo à inevitabilidade da
depreciação dos indicadores
económicos, nomeadamente o
déÆce e a dívida pública, 81% dos
Face à inevitabilidade da
depreciação dos indicadores
económicos (défice e a dívida
pública), qual a expectativa
relativamente à carga
fiscal futura?
Aumenta
81,3%
Matém-se
18,3%
Diminui
0,5%
economistas antecipam um
aumento da carga Æscal futura. Esta
opinião tem como base as
consequências geradas pelo
abrandamento da economia e pela
depreciação do déÆce, por via do
impacto dos estabilizadores
automáticos e pelo conjunto
alargado de medidas que têm sido
adoptadas: subsídios (como o layoè
simpliÆcado), aumento do consumo
intermédio (despesas relacionadas
com a saúde), outra despesa
.
corrente (aumento das
contribuições para a UE) e outras
despesas de capital (nomeadamente
no que se refere à TAP).
Relativamente à avaliação anual
da carga Æscal, a percepção geral
mantém-se constante face ao ano
anterior. Dos inquiridos 93,3%
consideram-na como alta ou muito
alta. Para 60,6% dos membros, o
nível de impostos pagos traduz-se
num retorno pessoal negativo ou
muito negativo, sendo neutro para
31,5% e positivo para os restantes
7,8%.
Numa comparação com os
restantes países da UE, 82,4%
consideram a carga Æscal mais alta
ou muito mais alta, tendo a
perceção média subido de 4,07
Como caracteriza a carga
fiscal em Portugal?
55,3 6,7
Muito alta Moderada
0 0
Baixa
38 0 49,1
Alta Muito baixa
(numa escala até 5) em 2019 para
4,15. No caso de uma descida de
impostos, 41% dos membros
inquiridos elegeria o IRS (52% em
2019) como o alvo principal,
seguindo-se o IRC com 27% (18% em
2019) e o IVA com 26,4% (22% em
2019). Com menor expressão,
seguem-se os impostos do
património (4%) e o ISP (1%), que
viram reduzidas as suas
percentagens.
O impacto do sistema Æscal na
atividade económica das empresas
recolheu opiniões entre o pouco
negativo e o neutro, cujo valor
médio das respostas aponta
novamente para os 2,39 (numa
escala de 1 a 5).
A maioria considera o tempo
concedido para as obrigações Æscais
adequado (3,27). Contudo a
celeridade dos processos junto da
AT apresenta tempos de resolução
bastante prolongados, centrando-se
a média de avaliação em 1,62.
Adicionalmente, a perceção sobre a
relação Contribuinte — Autoridade
Tributária permanece negativa,
com uma média de 2,33.
A estabilidade voltou a ser
considerada o fator mais relevante
para um bom sistema Æscal,
Como caracteriza a carga fiscal
em Portugal quando comparada
com os restantes países
da União Europeia?
33,3 0,9
Muito Mais baixa
mais alta
% %
Baixa
16,7
Mais alta Semelhante
Ficha técnica:
O segundo barómetro fiscal de
2020 pretende fazer a habitual
avaliação sobre o sistema fiscal e
sobre atratividade relativamente
ao investimento e às empresas
em Portugal. Esta edição conta
com a opinião e a participação de
432 membros da Ordem dos
Economistas.
seguindo-se uma carga Æscal baixa
e uma rápida resolução de
problemas. O indicador de
avaliação da estabilidade registou
melhorias, face ao ano anterior,
tendo evidenciado uma redução
das respostas “instável” ou “muito
instável”, Æxando-se nos 65,1% (71%
em 2019) e contando com 25,7% das
opiniões para equilibrado, face a
apenas 9,2% que o consideram
estável ou muito estável.
Apesar das estimativas do
Orçamento Suplementar
apontarem para uma diminuição da
carga Æscal em 2020, a mesma
deve-se a uma diminuição da
contribuição da receita com
impostos a um ritmo superior à
queda do PIB. Assim, ainda que um
aumento de impostos no futuro,
antecipado pela maioria dos
inquiridos, não se concretize no
imediato, num horizonte sem
reformas estruturais ou
restruturação de despesa, dadas as
circunstâncias do momento, tal será
inevitável.
Como avalia o seu retorno
pessoal relativamente ao
nível dos impostos pagos?
31,5 6,9
Neutro Positivo
0,9
Muito
posit.
19,4
41,2 Muito
Negativo negativo
PÚBLICO

Renascer das cinzas
Opinião
Miguel Coelho
No seu livro Capitalism, Socialism
and Democracy, Joseph A.
Schumpeter (3.ª edição, 1950)
refere que o “processo de
Destruição Criativa é o elemento
central do capitalismo”,
descrevendo a entrada de
empreendedores inovadores no
mercado como força essencial
para suportar o crescimento
económico de longo prazo,
mesmo que o mesmo “destrua” o
valor de algumas das empresas
estabelecidas e que beneÆciam de
algum grau de poder
monopolista.
Recentemente, no discurso de
10 de junho, o Presidente da
República, reinterpretando
eventualmente as palavras de
Schumpeter, referiu que a
pandemia poderá ser entendida
como uma “oportunidade
singular” para refazer um
“Portugal com futuro”, tendo
apelado a que não se desperdice
este momento ao referir que
“Portugal não pode Ængir que não
existiu e existe pandemia, como
não pode Ængir que não existiu e
existe uma brutal crise económica
e Ænanceira. E este 10 de Junho de
2020 é o exato momento para
acordarmos todos para essa
realidade”.
Partilhando as inquietações do
Presidente da República quanto
ao atual momento económico,
Ænanceiro e social, será, no
entanto, que poderemos partilhar
do seu otimismo quando refere
que “somos os melhores entre os
melhores”?
Condições de partida para
“refazer Portugal”
A ambição de “refazer Portugal”
está, obviamente, sujeita às
condições de partida, as quais nos
dão, de igual forma, uma
indicação clara da dimensão da
“tarefa”.
Por questões de economia de
espaço, identiÆcam-se dez
condições de partida, que estão
associadas a quatro áreas centrais
no funcionamento de qualquer
economia moderna: Estado,
Empresas, Mercado de Trabalho e
Sistema Bancário.
Em primeiro lugar, Portugal
apresenta um elevado peso do
endividamento público no PIB,
agravado por (i) uma curta
maturidade da dívida e (ii) uma
forte dependência dos não
residentes para a sua colocação.
De acordo com o Eurostat, em
Ænal de 2019, Portugal apresentava
um rácio de dívida pública sobre o
PIB de 117,7%, apenas atrás da
Itália (134,8%) e da Grécia
(176,6%), sendo que 51,7% dessa
dívida era detida por não
residentes (11.º país mais exposto
aos investidores estrangeiros). Por
outro lado, Portugal era o segundo
país da UE27 com a maior
proporção de dívida de curto
prazo (17,8% do total da dívida era
de curto prazo — maturidade até 1
ano).
Em segundo lugar, as empresas
portuguesas apresentam uma
fraca capitalização e uma reduzida
rendibilidade quando comparadas
com as congéneres europeias.
Na realidade, as empresas
portuguesas apresentam níveis de
capitalização, medidos pela
autonomia Ænanceira, abaixo da
generalidade dos países europeus
(valor médio mais baixo no
horizonte temporal 2012-2017 para
o conjunto de dez países
analisados). De igual forma, a
rendibilidade dos capitais
próprios é muito modesta (9.º
lugar nos dez países analisados).
Em terceiro lugar, Portugal
apresenta uma estrutura
empresarial de dimensão reduzida
(medida pelo número de
empregados por empresa),
situando-se em último lugar, a par
da Eslováquia, no universo de 22
países da União Europeia (para os
quais existiam dados em 2017).
A forte dependência económica
face ao setor do turismo
apresenta-se igualmente como
fator de preocupação. Na
realidade, o setor do turismo é a
maior atividade económica
exportadora do país, tendo sido,
em 2019, responsável por 52,3%
das exportações de serviços e por
19,7% das exportações totais. As
receitas turísticas registaram um
Autonomia financeira e rendibilidade dos capitais
próprios das empresas portuguesas
Autonomia financeira
(média 2012-2017)
46
43
32,9
30,7 31,2
10,8
5,9
4 3,2
Portugal Áustria Bélgica Croácia Rep. França Alemanha Itália
Checa
Fonte: BdP e cálculos próprios
contributo de 8,7% para o PIB
nacional, sendo que Portugal se
.
apresenta, segundo o BCE, como
um dos países da Zona Euro mais
expostos à redução das
exportações no setor do turismo
devido à covid-19 ( juntamente
com Chipre, Malta e Grécia).
Em quinto lugar, e apesar de ter
registado em 2020 uma ligeira
melhoria do seu nível de
competitividade (IMD World
Competiveness Ranking),
situando-se na 37.ª posição num
universo de 65 países, Portugal
continua a ser um dos países
menos competitivos da Europa
(18.º lugar no conjunto dos 27).
Por outro lado, e de acordo com
a Comissão Europeia, Portugal
estava em 2019 no 19.º lugar no
contexto da UE28 (17.º lugar em
2017) no que respeita ao nível da
digitalização da sociedade,
posicionamento que nos coloca
em desvantagem num contexto
em que as tecnologias digitais
terão importância crescente no
processo produtivo.
Em sétimo lugar, Portugal
apresenta uma estrutura etária
bastante envelhecida, com um
índice de envelhecimento
(número de pessoas com 65 e mais
anos por cada 100 pessoas
menores de 15 anos) de 157,4
(2018), apenas suplantado, no
quadro da UE27, pela Alemanha
(158,5) e Itália (171).
Em oitavo lugar, Portugal é um
dos países europeus em que a
precariedade nas relações laborais
é mais elevada. Com efeito, se
para o conjunto dos países da
Rendibilidade capitais próprios
(média 2012-2017)
50,3
32,3 34
31,5
12,2
9,2 9,1 8,8
4,4
Polónia Espanha
UE27 o peso dos trabalhadores
(entre os 15 a 64 anos) com
contratos de trabalho temporário
(no total dos empregados) era de
15% em 2019, em Portugal esse
valor situava-se nos 20,8%,
ultrapassado apenas pela Polónia
(21,7%) e pela Espanha (26,3%).
Associado aos dois fatores
anteriores, Portugal apresenta
uma crónica debilidade ao nível
da produtividade do trabalho por
hora trabalhada (em paridade do
poder de compra). Neste campo,
Portugal registava em 2018 uma
produtividade de 26,1€ por hora
trabalhada, valor abaixo da média
da UE27 (40,1€) e apenas acima da
Polónia, Roménia, Letónia e
Bulgária.
Por Æm, e apesar da evolução
favorável observada ao longo dos
últimos anos nos níveis de
capitalização do sistema bancário
Rácios de capital (Banca
Portuguesa versus média
da UE)
Em % UE (Média)
16,6
14,8 15,1 14,6
13,5 13,8
Fully CET1 TIER1
Loaded
Fonte: EBA
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 23
ECONOMIA
português, o certo é que os
mesmos permanecem em níveis
claramente abaixo da média
europeia, o que permite
perspetivar uma menor
capacidade de resposta à crise
emergente (por exemplo, o rácio
43,2 de capital total médio em Portugal
situa-se nos 16,3%, valor que
compara com uma média de 19,3%
para o conjunto das instituições
bancárias europeias).
Saliente-se que, de acordo com
um estudo publicado pelo BdP
4,8 (incluído no seu Relatório de
Estabilidade Financeira de junho),
o peso, no total dos empréstimos a
Sociedades Não Financeiras (SNF),
PÚBLICO dos empréstimos a SNF
pertencentes aos CAE mais
afetados pela crise da covid-19 (de
acordo com a deÆnição do BCE),
situava-se, em Portugal, nos 47%,
valor este que compara,
desfavoravelmente, com os 38%
da França, 31% da Alemanha ou
27% da Finlândia.
Ainda vamos a tempo! (?)
As fragilidades da economia
portuguesa são alicerces instáveis
para um movimento de
“destruição criadora”.
Isso não signiÆca, no entanto,
que nos desmobilizemos.
Contudo, para nos
mobilizarmos precisamos de mais
do que simples “aclamações”
sobre o alegado sucesso da
singularidade portuguesa, como
as ilustradas na soberana
celebração pelo “acolhimento” de
uma qualquer Ænal da Champions
League em tempos de pandemia.
Na realidade, e tendo em fundo
as reÇexões do meu Ælho Afonso
que, do “alto” dos seus 15 anos,
me alertava para a importância de
termos um “projeto de vida” (que
Portugal respondesse a duas questões: (i) o
que queremos ser? e (ii) como
19,3 vamos conseguir?), constato que,
16,3 depois da aditiva exuberância
vivida nestes últimos anos,
Portugal arrisca-se a cair,
abruptamente, na dura realidade
de quem nem sabe o que quer,
nem como o conseguir.
Num tempo em que a ambição é
“renascer das cinzas”, às
lideranças exige-se muito mais.
Total
Professor auxiliar
PÚBLICO
na Universidade Lusíada
24 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
MUNDO
“Não podemos importar
covid-19 de países terceiros”
Fabrice Leggeri O director da Frontex
diz que a covid-19 alertou para a
necessidade de garantir a segurança
sanitária nas fronteiras externas, que
é também trabalho do organismo
Entrevista
Patrícia Carvalho
A Frontex, a Agência Europeia de
Fronteiras e Guarda Costeira está
em processo de mudança e
prepara-se para se tornar a
primeira força uniformizada da
União Europeia. Entre os novos
elementos, há 30 portugueses já
em formação. O director executivo
da agência, Fabrice Leggeri, diz que
a pandemia da covid-19 trouxe
novos desaÆos e defende que o
controlo das fronteiras externas da
UE terá de ser cada vez mais
eÆciente. Entre as medidas
previstas para os próximos anos,
está a introdução de uma
autorização electrónica de entrada
no território para 61 países que não
necessitam de visto e que deverá
entrar em vigor em 2022.
A Frontex vai crescer — prevê-se
que tenha dez mil elementos até
2027 — e tornar-se a primeira
força uniformizada da União
Europeia (UE). Por que houve a
necessidade deste crescimento
nesta altura, quando os vossos
próprios dados indicam que o
número de migrantes a tentar
entrar na UE, de forma
irregular, no ano passado, foi o
mais baixo desde 2013?
Ter uma gestão sustentada das
fronteiras externas da UE foi uma
decisão estratégica de longo prazo.
Queremos ter um espaço Schengen
a funcionar bem, com segurança,
liberdade e justiça, e para termos
isto, precisamos de ter as fronteiras
externas a funcionar
correctamente. Isto signiÆca que se
conseguem resolver problemas
relacionados com a imigração
irregular, mas a gestão das
fronteiras é muito mais do que isso.
Também é sobre segurança, o que
signiÆca que devemos garantir que
podemos detectar criminosos e
potenciais terroristas, porque o
papel da Frontex é também apoiar
as polícias nacionais e cooperar
com a Europol. Com a covid-19,
vimos ainda como a fronteira pode
ter um papel muito importante em
questões sanitárias. E fronteiras
externas a funcionar bem são
também um activo económico.
Antes da covid-19, havia um
número crescente de viajantes
internacionais. Em 2019, havia
cerca de 600 milhões de
atravessamentos legais das
.
fronteiras externas. Muitos deles
são de cidadãos da UE, mas
também temos cidadãos de outros
países que vêm para a UE por
diferentes razões e a maior parte
delas tem um impacto positivo na
nossa economia. Temos de garantir
que os pontos de entrada podem
processar de forma eÆciente os
viajantes legais. Para isto, temos de
garantir que temos o equipamento
e o número suÆciente de guardas
de fronteira a nível europeu. Por
exemplo, a partir de 2022 deve ser
implementada a obrigatoriedade
para 61 países que não precisam de
visto para entrar na Europa de uma
pré-autorização electrónica para
atravessar as fronteiras da UE. Um
cidadão dos Estados Unidos ou do errada? Há um perigo real? Deverá portugueses que vêm trabalhar experiência no serviço
Japão precisará dessa haver até 40 milhões de pedidos de connosco. Mas os funcionários da uniformizado. Os nossos
pré-autorização. entrada por ano. Esta é mais uma Frontex não têm poderes funcionários irão usar um
Qual será o papel da Frontex missão e um bom exemplo do executivos. Só os guardas nacionais uniforme, que está a ser preparado.
nessas autorizações? investimento estratégico que não é de fronteira podem usar a força e Até 2027, a Frontex deverá ter até
Nós temos a missão de acolher a só sobre migração irregular, mas têm esses poderes. A partir de 1 de dez mil agentes. Continuaremos
unidade central europeia deste sobre segurança, crime e Janeiro de 2021, começará a também a ter, tal como hoje,
sistema. Se um norte-americano terrorismo, sem esquecer a funcionar o novo corpo da agência, elementos cedidos pelos
viajar para Lisboa, esta pessoa dimensão sanitária. A minha com diferentes categorias de Estados-membros, mas a diferença
pede esta autorização a Portugal e, opinião, depois da covid-19, é que pessoal. Parte deste corpo, e isto é é que serão disponibilizados
com ela, pode atravessar todas as temos de consolidar mais e mais a uma grande revolução, será durante mais tempo. Em vez de
fronteiras externas da UE. Mas, às cooperação entre a inspecção funcionário da UE, com um virem trabalhar connosco por
vezes, há alertas na base de dados sanitária e a gestão de fronteiras. A contrato de trabalho com a umas semanas ou poucos meses,
de segurança. Imaginemos que nível nacional e europeu. Frontex. Oferecemos já trabalho a virão pelo período mínimo de dois
uma pessoa tem o mesmo nome de Tem dito que a nova 283 pessoas e 265 aceitaram, e anos e o máximo de quatro anos.
um terrorista ou de um criminoso organização permitirá que começaram a formação a 16 de Com o novo regulamento, será
conhecido em algum sejam uma força mais proactiva Junho. É um treino de seis meses, possível intervir de forma mais
Estado-membro e que este emite em vez de reactiva. Como pelo que estarão prontos para eÆcaz, por exemplo, nos casos
um alerta, pedindo que a conseguirão isto? entrar ao serviço em Janeiro. Entre de push-backs? Há vários relatos
autorização não seja concedida. Neste momento, entre outras eles, temos 30 cidadãos de situações destas, sobretudo
Será a Frontex a identiÆcar qual é o missões, temos um mandato para portugueses. Privilegiamos antigos na fronteira da Grécia com a
problema com esta pessoa. O alerta implementar operações conjuntas. ou actuais agentes da lei, guardas Turquia.
tem por base informação certa ou Por exemplo, temos muitos de fronteira ou militares, que têm Está a assumir como garantido que

FRANCOIS LENOIR/REUTERS
houve push-backs nas fronteiras
entre a Gércia e a Turquia e, de
momento, as declarações do
Governo grego são de que não
houve push-hacks.
Há relatos de vários casos,
reportados por diferentes
organizações.
Sim, mas o que digo é que não
podemos apenas recolher a
perspectiva dos que apresentam
uma queixa. Também temos de
ouvir os outros. E se há situações
que deixam dúvidas, elas são
investigadas. Mas, neste momento,
só conheço um caso em que houve
um mal-entendido. Uma
embarcação dinamarquesa da
operação da Frontex foi instruída a
fazer algo que não era correcto e a
Frontex interveio imediatamente e
disse que aquilo não estava
alinhado com a operação. É um
caso. Sei que há relatos, sobretudo
de ONG, que dizem que há
actividades consideradas
push-backs, mas, de momento,
temos de aguardar pelo resultado
das investigações que estão a ser
desenvolvidas pelas autoridades
gregas. Há uma situação geopolítica
muito especíÆca entre a Turquia e a
Grécia e temos de ter isso em conta.
O trabalho que a UE tem feito
com a Guarda Costeira da Líbia
para tentar impedir os
migrantes de chegarem à
Europa é um dos aspectos mais
criticados da política migratória
europeia. Como é que o avalia?
Primeiro, é preciso clariÆcar que a
Frontex não tem qualquer acordo
de trabalho com a Guarda Costeira
da Líbia. Não temos qualquer
cooperação formalizada com eles.
A política da UE é promover o
desenvolvimento de um Estado na
Líbia. É claro que o contexto
político e de segurança na Líbia não
está estabilizado e é muito difícil. E
essa é a razão pela qual a Frontex
nunca assinou qualquer acordo
com qualquer interlocutor líbio,
porque não temos interlocutores
oÆciais no país. O que Æzemos foi
sempre canalizado através da UE.
Apoiamos acções de treino, mas
que foram organizadas e lideradas
por outras organizações da UE. Isto
em termos de capacitação. Agora,
há algumas situações de
cooperação em que temos de
partilhar informação, como os
casos de busca e salvamento, que
requerem uma acção imediata.
Acontece o nosso avião detectar
uma situação que exige uma
intervenção de busca e salvamento
no Mediterrâneo central, na área
entre a Sicília, Malta, Tunísia e
Líbia. Quando isto acontece,
informamos sempre os italianos e
os malteses, mas quando vemos
que o caso é mais perto da costa
africana, também informamos os
centros de coordenação marítima
de Tunes e Trípoli. Estamos a falar
de casos em que há uma
emergência e em que uma
intervenção líbia é a única
possibilidade de salvar as pessoas.
De acordo com a lei internacional,
há zonas declaradas de busca e
salvamento — a Itália tem uma,
Malta outra e a Líbia, há três anos,
declarou uma. Isto foi declarado à
organização marítima
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 25
internacional e ela nunca objectou,
Com a covid-19, o que signiÆca que estamos
vimos como a obrigados pela lei internacional. É
claro que há preocupações
fronteira pode ter relacionadas com os direitos
um papel muito humanos na Líbia. Ou, eu diria,
com a dignidade humana. Isto é
importante em algo que já disse publicamente e
questões repeti no Parlamento Europeu. As
circunstâncias e condições para
sanitárias. acolher migrantes, recolhidos pela
E fronteiras Líbia, devem ser decentes, de
acordo com a dignidade humana e
externas a padrões humanitários. E isto é algo
funcionar bem são em que a Frontex não tem poder
para agir, mas a comunidade
também um activo internacional pode fazer algo e
económico deve fazê-lo.
Quais foram os principais
efeitos da pandemia no
Os funcionários da movimento migratório para a
UE?
Frontex não têm
.
Desde o início de Março,
poderes observámos uma redução drástica
nas tentativas de entrada
executivos. Só os irregulares. Pela primeira vez na
guardas nacionais história da Frontex, registámos
cerca de 900 entradas irregulares
de fronteira. A num mês em toda a UE, em Abril.
partir de 1 de Isto foi uma consequência directa
do conÆnamento em todo o lado e
Janeiro de 2021, das restrições não só na UE mas nos
começará a países de trânsito e de origem dos
migrantes. Mas também já vimos
funcionar o novo que, assim que houve algum
corpo da agência, relaxamento do conÆnamento em
alguns países, assim que começou
parte deste corpo, algum movimento aéreo, houve
e isto é uma grande um aumento desses movimentos. O
que podemos predizer com certeza
revolução, será é que nas próximas semanas, se o
funcionário da UE tráfego aéreo for retomado, se
houver ainda um maior
relaxamento das medidas de
Desde Março, conÆnamento, provavelmente, os
migrantes chamemos-lhe “em
observámos uma atraso”, que Æcaram retidos
redução drástica algures, nestes meses, tentarão
chegar à UE. Isto associado ao
nas tentativas de fenómeno sazonal, já que podemos
entrada irregular. observar anualmente que no Verão
há mais migrantes irregulares.
Pela primeira vez, Temos de estar preparar para eles.
registámos cerca Sem esquecer a pandemia.
No âmbito da discussão sobre se as
de 900 entradas fronteiras da UE deveriam ser
irregulares num abertas ou não ao tráfego externo,
há que garantir que os controlos
mês em toda a UE, sanitários são feitos aí. Não
em Abril podemos correr o risco de
importarmos covid-19 de países
terceiros. Vimos qual foi o preço na
UE para conseguir controlar mais
ou menos a covid-19 e isto ainda
não acabou. Os especialistas
temem uma segunda vaga, depois
do Verão, o que signiÆca que a
situação é volátil dentro da UE. Se
no topo disto tivermos um risco
acrescido vindo de países de fora
da UE, temos de estar preparados
nas fronteiras externas. Isto
signiÆca que temos de estar
preparados para lidar com os
viajantes legais, mitigando o risco
sanitário; mas é claro que os
migrantes irregulares são também
uma população que pode
representar um risco e temos de
estar preparados nos hotspots,
como a Grécia, Itália e Espanha,
para responder à dimensão
sanitária. Temos de reforçar o
distanciamento social, ter
acomodações que forneçam tanto
quanto possível segurança sanitária
e isto é um grande desaÆo e algo
com que teremos de lidar durante
muitos meses, porque a pandemia
vai continuar activa em alguns
continentes provavelmente
durante o próximo ano.
Quais são os principais desaÆos
para a UE no futuro, no que
concerne às suas fronteiras?
O primeiro desaÆo que vejo é a
necessidade de investir na sua
capacidade de gestão. O que temos
na mesa é a redução do orçamento
para a Frontex que estava
estabelecido, na ordem dos 40% a
50%. [Passou-se de uma proposta
inicial da Comissão Europeia, em
2018, de 11 mil milhões entre 2021 e
2027, para seis mil milhões para o
mesmo período.] Isto é um desaÆo
porque não estamos em tempo de
reduzir esta capacidade. Temos de
lutar com a imigração ilegal, com
questões de segurança, como o
terrorismo, e, a juntar a isto, ainda
temos o risco de pandemias. Hoje é
a covid-19, mas a longo termo,
temos de pensar noutras, como o
ébola, que continua a ser um risco
em África. O que vamos fazer se
tivermos este tipo de doença a
chegar às nossas fronteiras
externas? O desaÆo agora é que os
decisores políticos percebam que
investir na capacidade de gestão
das fronteiras externas da UE é
bom para a economia, para o
negócio. Não podemos suportar
fronteiras fechadas por mais dois,
três, quatro meses.
patricia.carvalho@publico.pt
26 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
MUNDO
No Líbano, deixou de ser possível
comprar carne e o pão não é garantido
Preço da carne vermelha e do frango triplicou e muitas famílias nem sequer têm dinheiro para comprar
pão ou vegetais. Desespero sente-se nas ruas do Líbano, com a classe política a ser posta em causa
Médio Oriente
Pedro Bastos Reis
Na gastronomia libanesa, a carne
vermelha assume um lugar privile-
giado, desde o tradicional kibbeh
(pastéis de bulgur recheados com
carne) aos pratos de cordeiro assa-
do, assim como a carne de frango,
utilizada em pratos como o jawaneh
(asas marinadas em alho) ou o far-
rouj (frango grelhado com sumo de
limão). No entanto, para milhões de
libaneses, a proteína é, hoje, um
luxo acessível a poucos.
“Já não conseguimos comprar
carne vermelha ou frango. O mais
perto que Æcamos dessas comidas é
o que vemos nas revistas e nos jor-
nais”, lamentou à Reuters Amer al
Dahn, 55 anos, residente em Trípoli,
e que Æcou sem dinheiro para com-
prar comida e precisa de recorrer ao
crédito de uma loja para alimentar
a mulher e os quatros Ælhos.
Amer al Dahn é um dos milhões
de libaneses que lutam diariamente
para conseguir ter acesso a alimen-
tação básica, num país onde o pão
não está garantido.
Para sobreviveram, muitos libane-
ses têm vendido as suas posses,
sobretudo mobília, o que nem sem-
pre é suÆciente — muitos dependem
da ajuda de vizinhos para comer.
“Se não fossem os vizinhos a
darem comida, as pessoas estariam
a morrer à fome”, aÆrmou à Reuters
Omar al-Hakim, que vive num apar-
tamento de uma divisão em Trípoli
com a mulher e os seis Ælhos.
Em Novembro do ano passado, o
Banco Mundial alertou que o núme-
ro de libaneses a viverem na pobre-
za podia aumentar 50% caso a eco-
nomia do país não conseguisse recu-
perar. Meses depois, a covid-19
espalhou-se pelo mundo e obrigou
o Líbano a impor medidas de qua-
rentena, agravando ainda mais a
debilidade económica do país.
O Líbano atravessa uma crise sem
precedentes, considerada a mais
grave desde o Ænal da guerra civil em
1990, que devastou o país durante 15
anos. Desde Outubro do ano passa-
do, a libra libanesa caiu mais de 80%,
uma tendência que se tem agravado
.
Manifestante em Beirute com cartaz a dizer que “as mãos dos políticos estão cheias de sangue”
Hassan Diab, nas últimas semanas — segundo o
Guardian, são precisas dez mil libras
primeiro-ministro para perfazer um dólar.
libanês, pediu Com esta desvalorização da moe-
da, o preço dos bens essenciais dis-
ajuda parou, destruindo completamente
internacional para a frágil economia de um país que
importa 80% da sua comida.
enfrentar a crise
económica no Desastre
Perante este cenário catastróÆco, o
Líbano, mas as preço da carne vermelha e do frango
negociações com o triplicou. As restrições chegaram ao
Exército, onde a carne vermelha
FMI estão saiu da ementa, enquanto muitos
suspensas restaurantes decidiram retirar os
pratos de carne vermelha dos
menus, substituindo-a por vegetais
ou frango, quando há dinheiro para
isso. Mesmo o grão-de-bico, o feijão
e as lentilhas, utilizados abundan-
temente na gastronomia do país,
estão fora do alcance de muitas
famílias.
O desespero é tão grande que,
WAEL HAMZEH/EPA
na passada sexta-feira, um homem
de 61 anos suicidou-se em Hamra,
um bairro da capital, segundo os
media locais devido à crise económi-
ca e Ænanceira. Junto ao seu corpo
estava uma bandeira do Líbano, com
uma carta que dizia “não sou here-
ge, mas a fome é heresia”.
“Ele matou-se por causa da fome”,
aÆrmou o primo, citado pelo Le
Monde. Horas depois, segundo o
mesmo jornal francês, um motoris-
ta suicidou-se no Sul da capital, devi-
do a problemas Ænanceiros.
Estas duas mortes deixaram o país
em choque e geraram grande indig-
nação, levando a uma subida de tom
nos protestos contra o Governo e a
classe política.
“As pessoas estão a passar a fome,
estão falidas, na miséria”, disse à
Reuters Lina Boubes, residente do
bairro de Hamra, em Beirute. “Eles
[políticos] roubaram os nossos
sonhos, o nosso dinheiro, o nosso
pão, e estão sentados nos seus cas-
telos enquanto nos oprimem.”
O Governo de Hassan Diab tomou
posse no início deste ano, depois da
queda de Saad Hariri, que não resis-
tiu aos protestos contra o aumento
do custo de vida e do desemprego,
no Ænal do ano passado.
Apesar da tomada de posse de um
novo Executivo, que contou com o
apoio dos xiitas do Hezbollah, a
situação Ænanceira do país não
melhorou e os protestos voltaram
rapidamente, na chamada “revolta
do pão”, pausada temporariamente
devido à covid-19. Em Junho, as
manifestações voltaram em força à
capital, com manifestantes a quei-
marem pneus e a cortarem estradas,
envolvendo-se em confrontos com
a polícia. No Ænal da semana passa-
da, depois das mortes na capital, os
manifestantes voltaram a sair às ruas
de Beirute, onde se viram cartazes
a acusar o Governo de ter “sangue
dos cidadãos” nas mãos.
Negociações falhadas
No Ænal do passado mês de Maio,
depois de Hassan Diab ter lançado
um alerta internacional para a crise
alimentar que o país está a atraves-
sar, o Parlamento aprovou um paco-
te de ajuda Ænanceira no valor equi-
valente a 272 milhões de euros para
as famílias com baixos rendimentos
e para os sectores vitais na econo-
mia, medidas que não chegam.
Em paralelo, o Governo de Diab
começou as negociações com o Fun-
do Monetário Internacional (FMI)
para um pacote de resgate Ænancei-
ro. No entanto, as conversas estão
suspensas, com o FMI a exigir refor-
mas com que o Governo não concor-
da, e a persistirem dúvidas quanto
ao valor real da dívida de um país
marcado pela corrupção.
“Nós temos implorado para que
se comportem como um Estado nor-
mal, mas eles estão a agir como se
estivessem a vender um tapete”,
disse ao Guardian, sob anonimato,
um diplomata europeu envolvido
nas negociações. “O Líbano parece
um Estado falhado”, acrescentou
outra fonte ao jornal britânico.
pedro.reis@publico.pt

Além de “medidas punitivas” a nova lei “impõe um regime de censura”, acusou Joshua Wong
Livros de activistas
pró-democracia retirados
das bibliotecas de Hong Kong
China
Pedro Bastos Reis
Lei de Segurança Nacional
entrou em vigor terça-feira.
“Hong Kong vive numa
sociedade orwelliana”, diz
Joshua Wong
Vários livros publicados por activistas
pró-democracia de Hong Kong, como
Joshua Wong ou Tanya Chan, foram
retirados dos catálogos das bibliote-
cas de Hong Kong, poucos dias depois
de entrar em vigor a Lei de Segurança
Nacional aprovada por Pequim para
a região administrativa.
Numa pesquisa na base de dados
da rede de bibliotecas públicas de
Hong Kong, vários livros aparecem
“sob revisão”. Foi o próprio Joshua
Wong, uma das figuras do movimen-
to de desobediência civil em 2014 e
um dos mais conhecidos activistas
pró-democracia, que denunciou o
desaparecimento dos seus livros.
“Menos de uma semana após a
implementação da Lei de Segurança
Nacional, as bibliotecas públicas de
Hong Kong começaram a colocar os
livros em revisão e a suspender os
empréstimos”, escreveu Wong no
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 27
Twitter, mostrando uma imagem da
pesquisa no site da rede de bibliote-
cas da região.
O Departamento de Lazer e Servi-
ços Culturais de Hong Kong, respon-
sável pela gestão da rede de bibliote-
cas, conÆrmou que vários livros
foram retirados do catálogo enquan-
to é feita uma análise para apurar se
as obras violam ou não a nova lei
imposta por Pequim.
“Entrou em vigor uma nova lei,
portanto, as autoridades de Hong
Kong estão a rever esses livros para
determinar se estão ou não de acordo
com ela”, disse uma funcionária des-
te departamento ao South China Mor-
ning Post. “Depois da nossa revisão,
vamos determinar se podem ou não
ser emprestados”, acrescentou.
A China justiÆcou a nova legisla-
ção com a necessidade de combater
os crimes de “secessão, subversão,
terrorismo e conluio com forças
estrangeiras”. A nova lei prevê pri-
são perpétua para os condenados
por estes quatro crimes e abre a
porta a que vários casos sejam jul-
gados na China.
Com a introdução da nova lei, a
China garantiu que não iria interferir
na liberdade de expressão da região
autónoma. No entanto, todos os indí-
cios apontam para o contrário e, nas
Um programa
do Público PODCASTS
MUNDO com o apoio:
p
TYRONE SIU/REUTERS
Uma viagem
sonora às
memórias
.
da cidade
universidades de Hong Kong, espaços
onde sempre temas tabu em Pequim
são discutidos abertamente, teme-se
que a censura a livros e a imposição
de uma educação “mais patriótica”
exigida por Pequim seja a machadada
Ænal na liberdade de expressão.
Grupos de defesa dos direitos
humanos e países como os Estados
Unidos, o Reino Unido e os Estados-
membro da União Europeia fazem
eco das preocupações da oposição
pró-democracia, que considera a lei
uma forma de silenciar as vozes críti-
cas ao regime de Pequim, a poucos
meses de eleições legislativas na
região autónoma, em que se previa
uma vitória da oposição. Os críticos
consideram ainda que a legislação
põe Æm ao princípio “um país, dois Como ouvir e subscrever os podcasts do Público:
sistemas” e que vai acabar com a
autonomia do território. 1 | Abra a sua app de podcasts
No dia seguinte à nova lei entrar em IOS: App pré-instalada com o nome Podcasts;
vigor (terça-feira), mais de 300 pes- Android: Descarregue uma app na Playstore;
soas foram detidas em Hong Kong e a Computador: No site em publico.pt/podcasts
polícia utilizou balas de borracha, 2 | Procure por “Público” ou pelo programa que quer ouvir (ex.: P24)
canhões de água e gás pimenta para
3 | Subscreva para ouvir em primeira mão os novos episódios
dispersar manifestantes.
“Mais do que medidas punitivas, a
Lei de Segurança Nacional também
impõe um regime de censura — aÆr- Disponível no
mou Joshua Wong —, Hong Kong vive,
agora, numa sociedade orwelliana do
século XXI.”
28 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
CIÊNCIA
O Inesc continua a querer
ser uma “fábrica do futuro”
Começa hoje uma série de conferências
para assinalar os 40 anos do Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computadores
(Inesc). Espreitamos também o trabalho
do instituto através de cinco projectos
Inovação
Teresa Sofia Serafim
Este ano, o Instituto de Engenharia
de Sistemas e Computadores (Inesc)
sopra 40 velas. Para assinalar este
aniversário, há três conferências.
Com o tema “Capacitar as empresas
para os novos desaÆos”, hoje decorre
a primeira dessas conferências na
Faculdade de Engenharia da Univer-
sidade do Porto. Os oradores estarão
em palco e os participantes podem
assistir online através do Zoom, bem
como no site do PÚBLICO, que é par-
ceiro mediático destas conferências.
A principal oradora da conferên-
cia de hoje será Elisa Ferreira, comis-
sária europeia para a Coesão e Refor-
mas. Depois de um painel de empre-
sários, haverá a participação de José
Tribolet (presidente do Inesc) e de
Manuel Heitor (ministro da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior). A 8
de Outubro realizar-se-á uma sessão
na Fundação Calouste Gulbenkian,
em Lisboa, com o tema “A capacida-
de de criação de novas empresas de
base tecnológica”. Carlos Moedas, da
Fundação Calouste Gulbenkian, será
o principal orador. A 23 de Outubro
a conferência decorrerá em Coimbra
com o tema “A relação com o mundo
académico” e como oradora princi-
pal a eurodeputada Maria Manuel
Leitão Marques.
Agora, façamos uma pequena via-
gem pelos 40 anos do Inesc. Em
1980, em Lisboa, nascia o Inesc —
detido 50% pelo Instituto Superior
Técnico e a Universidade Técnica de
Lisboa e 50% pelas operadoras CTT
e Telefones de Lisboa e Porto. Cinco
anos depois, a Universidade do Por-
to junta-se à componente académica
e é criado o primeiro pólo fora de
Lisboa. Por isso, este ano comemo-
ram-se também os 35 anos do Inesc
no Porto. Em 1998, autonomiza-se
como instituição própria e muda a
sua designação para Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computa-
dores, Tecnologia e Ciência (Inesc
Tec). As universidades do Minho e
de Trás-os-Montes e Alto Douro jun-
tam-se como associadas.
Voltando aos anos 80, criaram-se
pólos do Inesc em Aveiro, em Coim-
bra e Braga (na Universidade do
Minho, que mais tarde veio a aban-
donar o Inesc). As universidades de
Aveiro e Coimbra associam-se ao
Inesc. Nos anos 90, a Universidade
de Aveiro sai do Inesc, mas é criado
o Inesc Coimbra, bem como três uni-
.
dades em Lisboa: o Instituto de Enge-
nharia de Sistemas e Computadores,
Investigação e Desenvolvimento em
Lisboa (Inesc ID), o Inov Inesc Inova-
ção e o Inesc Microssistemas e Nano-
tecnologias.
“O Inesc nasceu em 1980, em Lis-
boa, e constituiu-se desde logo como
um modelo de referência na relação
universidade-indústria, tendo
inÇuenciado signiÆcativamente a
estrutura cientíÆca e tecnológica do
país”, aÆrma José Tribolet. “[Hoje]
vamos discutir esta experiência de
décadas, o impacto do Inesc no mun-
do empresarial e também os desaÆos
que as empresas, a sociedade e o país
que vão encontrar no futuro.”
A propósito do futuro, José Manuel formas de robotização mais Çexíveis Veiga reÇecte: “Haverá uma aproxi-
Mendonça, presidente do Inesc Tec,
Nascido em 1980, o que permitissem a quem sofre de mação muito rápida das capacidades
reÇecte: “A forma como a tecnologia, Inesc constituiu-se subautomação instalar robôs rentá- do robô industrial face às capacida-
a sociedade e a economia têm evo- veis, e a quem tivesse uma sobreau- des que um operador [humano] tem,
luído tem sido vertiginosa. Imaginar
como um modelo tomação não tivesse só linhas de mas acho que o caminho será o da
40 anos daqui para a frente leva-nos de referência na montagem automatizadas, mas tam- complementaridade entre um ope-
a apostar na Æcção cientíÆca”, nota. bém com operadores humanos e rador e um robô.” No fundo, no
“Podemos olhar para o futuro já ago-
relação entre a ajustasse o nível de automação à pro- Inesc Tec estão a preparar-se as fábri-
ra, o desaÆo que vem depois de ama- universidade e a cura. Ao todo, teve um Ænanciamen- cas do futuro.
nhã.” Olhemos, pois, para projectos to do programa europeu Horizonte
do Inesc e como as suas áreas pode-
indústria, diz José 2020 de quatro milhões de euros. Sistemas que falam a
rão ser no futuro. Tribolet O projecto terminou a 30 de
mesma linguagem
Junho, mas as empresas envolvidas
Fusão entre robôs de subautomação, porque tinha uma pretendem passar para a fase de Há quase um ano iniciou-se o maior
grande diversidade de produtos e industrialização o que foi desenvol- projecto colaborativo europeu coor-
e humanos
não era rentável investir na robotiza- vido — tanto do robô como das ferra- denado por uma instituição portu-
O objectivo do projecto Scalable 4.0 ção tradicional. Já a Peugeot-Citroën mentas de software para integração guesa, o Interconnect. Liderado pelo
era desenvolver sistemas de automa- sofria de sobreautomação, pois mui- do robô, informa Germano Veiga, Inesc Tec, tem um Ænanciamento de
ção escaláveis (Çexíveis) — daí o seu tas vezes a robotização nas linhas de investigador do Inesc Tec e coorde- 36 milhões de euros (30 milhões do
nome. Para isso, teve dois casos de montagem era maior do que a neces- nador do projecto, que teve a parti- Horizonte 2020 e seis milhões de
estudo: a empresa portuguesa Simol- sária em períodos de menor procura cipação de outras empresas portu- entidades empresariais) e envolve 50
des Plásticos e a fábrica da Peugeot- — como na actual pandemia. guesas e instituições cientíÆcas da instituições de 11 países.
Citroën, do grupo PSA, em Trémery Ao longo de 42 meses, o projecto Dinamarca, Suécia e da Alemanha. O grande objectivo é desenvolver
(França). A Simoldes Plásticos sofria coordenado pelo Inesc Tec explorou Ao olhar para o futuro, Germano um conjunto de metodologias cen-

INESC
tradas nos dados que serão aplicadas
em plataformas digitais para que se
assegure a troca de dados de forma
interoperável, isto é, que os diferen-
tes sistemas comuniquem entre si de
forma transparente. Este projecto de
quatro anos está focado nos sistemas
digitais dos edifícios residenciais e
de serviços (como hotéis e supermer-
cados), assim como das redes eléc-
tricas. No fundo, pretende-se que os
sistemas interajam entre si de forma
inteligente, segura e, caso a pessoa
precise de mudar algum aparelho
(por exemplo, uma máquina de
lavar) não tenha problemas.
Vejamos um exemplo a nível dos
edifícios: um supermercado tem
várias plataformas digitais, como um
sistema de ventilação e um de refri-
geração. O projecto quer melhorar a
forma como todo esse ecossistema
se une, tornando-o mais inteligente,
seguro e fazendo com que seja mais
fácil quando se quer juntar outro
sistema, como um de mobilidade
eléctrica no parque de estaciona-
mento do supermercado.
Nesta primeira fase do Intercon-
nect estão a criar-se cenários, como
em parques de estacionamento de
supermercados. Espera-se que até
ao Ænal do ano já estejam deÆnidos
os formatos como são trocados
dados entre dispositivos e sistemas,
por exemplo entre uma máquina de
lavar e um sistema de controlo.
David Rua, coordenador do pro-
jecto, diz que é difícil de prever o que
acontecerá no futuro nesta área, mas
que a interoperabilidade “será cada
vez mais um desígnio para que não
se criem ecossistemas fechados e se
tenham soluções protegidas”. “Os
próximos anos vão-nos mostrar solu-
ções mais ágeis na parte digital que
tenham outras capacidades e com-
petência e que vão ser facilitadas
através da interoperabilidade.”
Uma aplicação para
detectar fogos
O grande objectivo do projecto Fire-
Loc é criar um sistema que permita
aos cidadãos reportar incêndios assim
que os vejam para, desta forma, se
detectarem focos de incêndio o mais
rápido possível. Para isso, está a criar-
se uma aplicação para smartphones.
A localização do foco de incêndio é
conseguida através de informação
recolhida por várias pessoas.
O projecto começou há mais de
um ano e teve quase 200 mil euros
da Fundação para a Ciência e a Tec-
nologia. Neste momento, está a ter-
minar-se o desenvolvimento da
segunda versão da aplicação, que
será brevemente testada através de
voluntários. Quem quiser volunta-
riar-se pode inscrever-se no site do
FireLoc. Espera-se que esteja dispo-
nível para toda a população no Verão
de 2021.
Cidália Fonte, responsável pelo
projecto e investigadora do Inesc
Coimbra, diz que expansão da
informação geoespacial (informa-
ção que tem uma componente de
localização associada) tem sido
tão rápida que não é fácil acom-
panhar as exigências da socieda-
de. “Prevejo que no futuro a maio-
ria da informação seja geoespacial
e prevejo um desenvolvimento de
todas as suas componentes, como
imagens recolhidas por satélites.”
Ao lado, robô que está a ser
desenvolvido para flexibilizar
sistemas de produção; em cima,
.
torre para detectar incêndios;
em baixo, ilustração do vírus
SARS-CoV-2 que está a ser
seguido por um dos projectos;
e representação de uma app
para detecção de fogos
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 29
36
milhões de euros é o valor do
financiamento do projecto
Interconnect, o maior projecto
colaborativo europeu liderado
por uma instituição portuguesa
Câmaras de vigilância
para incêndios
O sistema Ciclope começou a ser
criado nos anos 90 e em 2003 foi
instalado pela primeira vez no Par-
que Natural da Arrábida. Depois, em
2004, começou a ser expandido para
a generalidade do território para
protecção contra os incêndios Çores-
tais e rurais.
O Ciclope é composto por duas
componentes: o apoio à decisão e a
detecção automática. Para a primei-
ra componente, há um conjunto de
câmaras com um alcance entre os 20
e os 25 quilómetros que podem ser
controladas manual ou automatica-
mente por um centro de controlo.
Assim, os operadores conseguem
visionar uma ocorrência logo a partir
do momento em que é detectada.
“Esse visionamento permite que se
tenha a capacidade de se tomar uma
decisão e reagir em função do que
está a acontecer”, indica Luís Silva,
coordenador do projecto e engenhei-
ro no Inesc Inovação.
Para a segunda componente,
poderá haver câmaras de espectro
visível para detecção de colunas de
fumo ou câmaras térmicas para
detecção dos pontos de calor.
O Ciclope já chegou aos distritos
de Bragança, Porto, Guarda, Castelo
Branco, Leiria, Santarém e Lisboa. A
cobertura não é igual em todos: Cas-
telo Branco será o que estará mais
coberto; e Lisboa e o Porto têm em
curso projectos de expansão. Quanto
ao impacto, Luís Silva diz que até
2017 (o ano dos grandes incêndios
em Pedrógão Grande) os projectos
para instalação do sistema eram
pequenos. A partir daí, passaram a
ser de maior dimensão. “Não consigo
dizer qual o impacto numérico, mas
que tenhamos conhecimento não
houve nenhum incêndio que tenha
nascido pela área coberta pelo siste-
ma Ciclope que se tenha tornado
um grande incêndio.”
Quanto ao futuro, o enge-
nheiro refere que, por um
lado, se está em permanente
investigação de tecnologias
para esta área. Por outro lado,
como a procura tem aumen-
tado nos últimos anos,
pretende-se continuar a
ser sempre competi-
tivo para respon-
der a concur-
sos para a
expansão do sistema. E daqui a 40
anos? “Daqui a 40 anos os incêndios
não deixarão de ser um problema,
devido ao aquecimento global, mas
gostaria de imaginar que deixariam
de ser um problema com a dimensão
actual que têm na sociedade. As tec-
nologias permitiriam minimizar o
impacto desse risco que continuará
a crescer”, diz Luís Silva.
Aperfeiçoar a vigilância
epidemiológica
Melhorar as ferramentas actuais de
vigilância epidemiológica através da
integração de diferentes fontes de
dados. Este é o grande objectivo do
projecto europeu Mood, que é coor-
denado pelo Centro de Cooperação
Internacional de Investigação Agro-
nómica para o Desenvolvimento, em
França. O Inesc ID integra este pro-
jecto que teve quase 14 milhões de
euros do Horizonte 2020.
Este trabalho na área da epidemio-
logia terá o recurso de técnicas de
ciências dos dados e de análises a
grandes volumes de informação. A
recolha da informação pode até ser
feita nas redes sociais ou nos media.
O projecto arrancou em Janeiro e
tem a duração de quatro anos. Devi-
do ao surgimento da actual pande-
mia, certas actividades foram redi-
reccionadas e a covid-19 foi integrada
no Mood, como a recolha de dados
ligados à mobilidade das pessoas.
Bruno Martins, investigador no Inesc
ID e coordenador do projecto em
Portugal, refere que os avanços téc-
nicos serão integrados em várias
ferramentas de vigilância epidemio-
lógica já em funcionamento através
de diferentes entidades, como o Cen-
tro Europeu de Prevenção e Contro-
lo das Doenças, e que não se deverá
criar um sistema de vigilância com-
pletamente novo. “A visão é mais de
melhorar as ferramentas existentes
e não tanto contribuir para mais uma
nova ferramenta de vigilância epide-
miológica.”
Bruno Martins diz que é pratica-
mente impossível prever o que vai
acontecer nos próximos 40 anos.
Mas há algo que consegue perspec-
tivar: “Imagino que muitas das téc-
nicas que estão a ser desenvolvidas
neste projecto terão aplicações nou-
tras áreas relacionadas com o que é
o core da actividade do Inesc.”
teresa.serafim@publico.pt
30 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020

CULTURA
“Vidas em suspenso”: o protesto
dos educadores de artes à porta
Os educadores da Fundação de Serralves organizaram ontem uma concentração solidária, criticando a
instituição pela estratégia na crise pandémica e denunciando o “clima de medo” com que se confrontam
DR

Serralves
Daniel Dias
Durante a manhã de ontem, 5 de
Julho, o grande evento de Serralves
aconteceu à porta da fundação. Antes
da hora marcada, já se viam os carta-
zes de papel espalhados pelo passeio
da Avenida Marechal Gomes da Costa.
Alguns pediam-nos para imaginar-
mos “um país sem recibos verdes”.
Outros, para sonharmos com “uma
instituição cultural responsável”. Na
concentração solidária organizada
pelos educadores de artes da Funda-
ção de Serralves, alguns dos quais
.

estarão com os seus rendimentos

“praticamente reduzidos a zero” des-
de o início da pandemia, os trabalha-
dores acusaram a instituição de ali-
mentar um “ciclo vicioso de precarie-
dade” e de cultivar um “clima de
represálias e silenciamento”.
Inês Soares, educadora presen-
te na manifestação, foi uma das tra-
balhadoras que, durante o confina-
mento, acusaram publicamente,
através de cartas abertas e comunica-
dos, a fundação de “descartar” os
seus trabalhadores a recibos verdes e
de manter sem qualquer tipo de ven-
cimento a sua equipa de 25 educado-
res. Garantindo ao PÚBLICO que
“têm decorrido entrevistas” para o
recrutamento de novos proÆssionais “A única certeza que há neste momento é a de que não vamos ficar por aqui”
e a dispensa daqueles que criticaram
a posição de Serralves, a educadora início de Março”. “Todo o diálogo da sequência de um e-mail enviado para sido encontrados na inspecção reali- de a esta luta”, conclui. “A única cer-
frisa que o grupo chamado para con- fundação tem sido forçado pela nossa “rever o vínculo laboral” dos 25 edu- zada pela Autoridade para as Condi- teza que há neste momento é a de que
ceber as visitas guiadas da exposição insistência”, clariÆca Inês Soares. cadores de Serralves, três represen- ções do Trabalho (ACT) “indícios” de não vamos Æcar por aqui.”
de Yoko Ono — que, inaugurada a 30 Posição reforçada por Inês Lopes, tantes foram, “em meados de Maio”, irregularidades laborais e casos de Em resposta à concentração, a
de Maio, se mantém até 15 de Novem- educadora em Serralves há um ano e chamados para uma reunião com o falsos recibos verdes na Fundação de Fundação de Serralves aÆrmou que
bro — terá sido “substancialmente guia na Casa da Música há três. “A conselho de administração. Nela, diz, Serralves. “Qual é a inspecção que “a manifestação não estava suporta-
reduzido” a três elementos. instituição só nos chama quando cha- a direcção terá sublinhado que estava não ouve os dois lados?”, salientou, da em pressupostos verdadeiros”,
Ouvida pela Lusa em Junho, a Fun- mamos a imprensa. É puramente a “rever estratégias sobre a estrutura frisando que os educadores nunca acusando os organizadores de que-
dação de Serralves avançou que havia uma questão de imagem”, acusa. do serviço educativo”, “admitindo foram contactados pela ACT. “Como rerem “lesar a reputação e o bom
contactado os signatários das cartas inclusivamente que os educadores, é que a ministra da Cultura pode estar nome de Serralves”, e desmentiu
para que estes pudessem regressar à Demasiado tempo num limbo porque assinaram a carta de denúncia esclarecida se a nossa verdade não é também as acusações de “retalia-
realização de actividades, sugerindo “Na minha entrevista de emprego, a e manifestaram o seu direito à liber- ouvida? Não valemos todos o mesmo ção”. “À medida que fomos retoman-
que terão sido os próprios trabalha- administração disse que eu tinha de dade de expressão, provavelmente enquanto cidadãos?” do as actividades relacionadas com
dores a manifestar “a sua indisponi- lhes dar três dias de disponibilidade não iam voltar a ser chamados” para “É importante que se perceba que, os serviços educativos, ainda em
bilidade para o efeito”, mantendo-se, semanal em regime de exclusividade colaborar com a fundação. “Estamos enquanto precários e falsos recibos número muito reduzido, convidá-
assim, em casa e sem rendimentos. para poder trabalhar aqui”, lembra há demasiado tempo num limbo.” verdes que somos, pouco temos a per- mos, como é habitual, prestadores
Inês Soares diz que esta versão dos Inês Lopes. “Todas as sextas-feiras, Inês Lopes fala do “clima de medo” der neste momento”, partilha com o de serviços a colaborarem connosco
factos corresponde a uma “mentira”, que é quando recebemos a calendari- em que os trabalhadores de Serralves PÚBLICO a educadora Raquel Samba- nesse âmbito. Alguns aceitaram as
sustentando que “há educadores que zação da semana seguinte, estou em “constantemente vivem” e critica a do. “Uma vez que a instituição conti- nossas propostas, outros não as acei-
trabalham há mais de 20 anos na fun- stress. Se não marcarem trabalhos, falta de “humanidade” de Graça Fon- nua a manter esta atitude de ‘não taram, como também é normal. Não
dação e que não ouvem uma única Æco em casa e não recebo nada.” seca, que, a 30 de Junho, na Assem- devemos nada’, sentimos que não há encontramos motivos para as acusa-
palavra da administração desde o Inês Soares diz ao PÚBLICO que, na bleia da República, disse não terem alternativa senão darmos continuida- ções”, escudou-se a instituição.

Como quem desnuda uma perplexidade humanista aparentemente esquecida
A busca do Eldorado
Crítica de Teatro
Antes do Mar
mmmmm
De Hélia Correia. Encenação de
Miguel Jesus. Teatro O Bando (Vale
dos Barris, Palmela). 28.06.
Até 19 de Julho.
Eles vêm de longe. Vêm de onde já
não podem viver à procura do lugar
onde pensam poder ter uma vida. Às
tantas, há-de ouvir-se a palavra “Euro-
pa”. Antes, ainda antes de compreen-
derem que aÆnal não é o Eldorado,
há um caminho. Um caminho maior
que a colina por onde descem, que os
aproxima da estrada aonde não vão
chegar. A estrada de onde são vistos
como um espectáculo.
À beira da estrada, sentados de
frente para o monte que se estende
como um deserto, talvez percurso
para o mar de permeio, os especta-
dores observam. De certo modo, é
como se estivessem, como muitos
europeus, à beira de uma praia na
Grécia, ou de uma fronteira ainda
mais distante e hostil esperando que
eles cheguem, entretidos com as
suas atribulações, as suas razões, as
suas motivações, as suas sensações,
os seus desejos. Mais conscientes de
como o caminho é longo, atribulado,
perigoso, fatal para alguns; mais
conscientes do que aqueles homens
e mulheres que estão a caminho sem
nunca se aproximarem o suÆciente,
frustrados cada vez que vislumbram
um carreiro, uma possibilidade de
futuro que se esvai entre os sonhos
de cada um.
Ao princípio era Um Bailarino na
Batalha, o romance de Hélia Correia,
em 2018 vencedor do Grande Prémio
de Romance e Novela da Associação
Portuguesa de Escritores. Agora, pas-
sado pela dramaturgia e a encenação
de Miguel Jesus, a nova criação de O
Bando surge como uma provocação.
Como uma maneira de criar — ou pelo
menos sugerir — a necessidade de um
outro olhar. Esse olhar que a indife-
rença perante as rotineiras notícias
de jornal ou as imagens da televisão
A nova criação de
O Bando surge
como provocação,
uma maneira de
criar outro olhar
anestesiou no espírito ocidental,
antes de cristalizar como uma reali-
dade sem solução em vez de criar
uma nova forma — uma forma estra-
nha ao cânone — e rever a maneira
como lidamos com o outro e as suas
maneiras de viver e de pensar e de ter
fé. E de como os aceitamos, quando
não simplesmente os repudiamos, ou
abandonamos no limbo dos campos
de migrantes e de refugiados.
RITA SANTANA
.
Migrantes e refugiados não são
uma novidade. Êxodos sempre os
houve. Sempre circularam pessoas
entre um lugar e o outro: às vezes,
levadas por boas razões, outras por
más, a maioria delas por necessida-
de, correspondendo ao desejo pri-
mal de sobrevivência que esta ence-
nação apresenta de maneira crua-
mente poética, particularmente
através da paisagem de cena de Rui
Francisco e Clara Bento, a música de
Jorge Salgueiro, e os desenhos de
som e de luz imaginados por Miguel
Lima e Nicolas Manfredini, mas prin-
cipalmente pela emocionante inter-
pretação de Dora Sales, João Neca,
Laurinda Chiungue, Maria Do Ó,
Nicolas Brites, Nylon Princeso, Pau-
la Só, Raul Atalaia, Rita Brito, André
Mexia e Fabian Bravo.
São estes elementos, alinhados e
cosidos com esmero, os criadores de
um mecanismo cénico e plástico que
a imaginação de Miguel Jesus tornou
encenação como quem desnuda uma
perplexidade humanista aparente-
mente esquecida pelos criadores do
humanismo no seu medo do outro,
no seu temor de outras socializações
demasiadas vezes sinal de uma reli-
giosidade estranha, como se não
tivessem nada a ver com a desgraça
dos que procuram realizar o desejo
chão de viver dignamente. Entre nós
e eles, continua a distância do mar e
o obstáculo das fronteiras. E prova-
velmente assim continuará a ser.
Entretanto sobra o desejo de mudan-
ça, infelizmente, só de alguns mais
dados ao lirismo. Rui Monteiro
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 31
Morreu Alfredo
Tropa, o realizador
que pôs o povo
a cantar na RTP
1939-2020
Isabel Salema
Foi sobretudo um
realizador de televisão,
onde assinou a série de
programas Povo que Canta,
com Michel Giacometti
O realizador Alfredo Tropa, que teve
uma carreira intensa na televisão
nos anos 70 e 80, morreu aos 81
anos, anunciou ontem a RTP.
“Foi sempre um homem da RTP”,
lembrou uma peça do Jornal da Tar-
de da televisão pública, recordando
que dirigiu também Ælmes como
Pedro Só (1972), a sua primeira lon-
ga-metragem e a sua obra mais acla-
mada no cinema, inserida no movi-
mento do Cinema Novo português.
O Ælme, que adaptava o livro Pedro,
Romance de um Vagabundo, de
Manuel Mendes, tinha muitas cenas
exteriores realizadas em Trás-os-
-Montes como muitos outros Ælmes
do movimento. Na sua obra cinema-
tográÆca, destaca-se ainda Bárbara
(1980), assinando na mesma década
para a televisão a série de Æcção Luí-
sa e os Outros (1988).
Mas a obra pela qual será, prova-
velmente, recordado é a série de
programas Povo que Canta, que rea-
lizou com o etnomusicólogo Michel
Giacometti no início dos anos 70.
São 37 programas de 25 minutos
cada, uma recolha histórica sobre a
música popular, que a RTP conside-
rava hoje no seu obituário sobre o
Tropa foi também director dos
arquivos da televisão pública
CULTURA
realizador da casa como “um dos
mais importantes programas da
televisão portuguesa”, “que imor-
talizou as imagens e as vozes de um
país rural”.
“Deixou-nos o Alfredo Tropa.
Realizador de inúmeros documen-
tários e programas de televisão,
especialmente para a RTP onde tra-
balhou durante muitos anos, con-
tribuiu também para o cinema por-
tuguês com a realização de várias
curtas-metragens, e algumas longas,
de que se destacam Pedro Só e Bár-
bara”, escreveu a Academia Portu-
guesa de Cinema na sua página no
Facebook. Tropa, acrescentava o
post, vai ser um dos homenageados
com o Prémio Sophia de Carreira
2020, celebrando os 50 anos do nas-
cimento do Centro Português de
Cinema, de que foi um dos funda-
dores.
Alfredo Ricardo Rezende Tropa
nasceu no Porto em 1939, diz uma
biograÆa publicada pela Lusa; estu-
dou na Faculdade de Ciências da
Universidade de Coimbra, onde se
iniciou no movimento cineclubista
e realizou a sua primeira curta,
Inundações, em 1960.
Foi em 1961 que partiu para Paris
com uma bolsa do Fundo do Cine-
ma Nacional, tendo obtido o diplo-
ma de realização no Institut des
Hautes Études Cinématographi-
ques. Fez o estágio na televisão fran-
cesa, como recorda o Dicionário do
Cinema Português, de Jorge Leitão
Ramos. Em Portugal, iniciou a car-
reira como assistente de realização
nos Ælmes fundadores do Cinema
Novo português, como Mudar de
Vida (1967), de Paulo Rocha, e Uma
Abelha na Chuva (1972), de Fernan-
do Lopes, na mesma altura em que
Ælma Pedro Só.
Alfredo Tropa, que entrou para os
quadros da RTP em 1968, foi o res-
ponsável pela realização da sessão
especial feita no dia 25 de Abril de
1974 a partir dos estúdios do Lumiar,
controlados pelo Movimento das
Forças Armadas, lembrava também
este domingo a RTP. Tropa, que assi-
nou em 1976 a realização da primei-
ra experiência a cores na televisão
pública, foi igualmente director dos
arquivos da televisão pública, o que
lhe valeu em 2000 ser agraciado
com o grau de comendador da
Ordem do Infante D. Henrique.
isabel.salema@publico.pt
32 • Público ClassiÄcados • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020

Edital n.º 36-CP-2020 Edital n.º 37-CP-2020

1 – A APL – Administração do Porto de Lisboa, S.A., com sede na Gare
Marítima de Alcântara, 1350-355 Lisboa, telefone 21 361 10 00, fax 21 361 10 05 e
correio eletrónico geral@portodelisboa.pt, representada pela Senhora Presidente
do Conselho de Administração ao abrigo das competências que lhe são
conferidas nos termos da al. a) do n.º 2, do artigo 3.º, do Decreto-Lei n.º
336/98, de 3 de novembro, da al. m) do artigo 10.º, dos estatutos anexos
ao Decreto-Lei n.º 336/98, de 3 de novembro, do artigo 38.º, do Decreto-
Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio, na última redação conferida pela Lei n.º
44/2012, de 29 de agosto, faz público que, nos termos da alínea a) do n.º 4,
do artigo 21.º, do Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio, foi, nesta data,
enviado para publicação no Diário da República um Anúncio de Abertura
de Procedimento Concursal para a atribuição de uma licença de utilização
privativa referente à ocupação de uma parcela do domínio público hídrico,
com uma área coberta total de 519m2 (265m2 no piso 0 e 254m2 no piso 1)
e de esplanada coberta total de 114m2 (62m2 de esplanada coberta em área
confinante com o edifício e 52m2 de área de esplanada coberta em deck),
localizada no Edifício n.º 388, para a utilização de escritórios.
2 – Os interessados têm até às 23h59 do 30.º dia, contado a partir da
publicação de anúncio em Diário da República, para entregarem proposta,
devendo consultar o Anúncio e os Termos do Procedimento, que contêm
os critérios de adjudicação.
3 – As principais características da utilização em causa encontram-se
disponíveis na plataforma eletrónica https://login.saphety.com/pt/gov/ e
para consulta no Centro de Documentação e Informação da APL, S.A. sito
no Edifício Infante D. Henrique, Doca de Alcântara (Norte) 1399-012 Lisboa,
com o telefone 213 922 282, endereço eletrónico: geral@portodelisboa.pt,
durante as horas de expediente (das 9h30 às 12h00 e das 14h30 às 17h00),
desde o dia da afixação do presente edital até à data da entrega das
propostas.
03 de julho de 2020
A Presidente do Conselho de Administração
Lídia Sequeira
1 – A APL – Administração do Porto de Lisboa, S.A., com sede na Gare
Marítima de Alcântara, 1350-355 Lisboa, telefone 21 361 10 00, fax 21 361 10
05 e correio eletrónico geral@portodelisboa.pt, representada pela Senhora
Presidente do Conselho de Administração ao abrigo das competências que
lhe são conferidas nos termos da al. a) do n.º 2, do artigo 3.º, do Decreto-
Lei n.º 336/98, de 3 de novembro, da al. m) do artigo 10.º, dos estatutos
anexos ao Decreto-Lei n.º 336/98, de 3 de novembro, do artigo 38.º, do
Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio, na última redação conferida pela
Lei n.º 44/2012, de 29 de agosto, faz público que, nos termos da alínea a)
do n.º 4, do artigo 21.º, do Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio, foi,
nesta data, enviado para publicação no Diário da República um Anúncio de
Abertura de Procedimento Concursal de um parcela do domínio público
hídrico, através da celebração de contrato de concessão, com 308m2 de
área de implantação coberta e com 81m2 de área descoberta (esplanada),
sita no Edifício 226, Armazém H, Nave C, sita em Alcântara, na sua área
de jurisdição, na freguesia da Estrela, em Lisboa, destinada à atividade de
restaurante/bar/discoteca.
2 – Os interessados têm até às 23h59 do 30.º dia, contado a partir da
publicação de anúncio em Diário da República, para entregarem proposta,
devendo consultar o Anúncio e os Termos do Procedimento, que contêm
os critérios de adjudicação.
3 – As principais características da utilização em causa encontram-se
disponíveis na plataforma eletrónica https://login.saphety.com/pt/gov/ e
para consulta no Centro de Documentação e Informação da APL, S.A. sito
no Edifício Infante D. Henrique, Doca de Alcântara (Norte) 1399-012 Lisboa,
com o telefone 213 922 282, endereço eletrónico: geral@portodelisboa.pt,
durante as horas de expediente (das 9h30 às 12h00 e das 14h30 às 17h00),
desde o dia da afixação do presente edital até à data da entrega das
propostas.
03 de julho de 2020
A Presidente do Conselho de Administração
Lídia Sequeira
Concelho de Cascais
AVISO
Procedimento concursal comum para constituição de relação jurídica de em-
prego público por tempo resolutivo certo — pessoal para as AEC (atividades de
enriquecimento curricular do 1.º ciclo), AAAF (atividade de animação de apoio
à família — pré-escolar), Ludobiblioteca, CAF (componente de apoio à família),
interrupções letivas e Escola de Música Michel Giacometti.
(Extracto)
Publicado em Diário da República, 2.ª Série — N.º 128 — 03 de julho de 2020
Aviso n.º 10047/2020
Avisam-se todos os interessados e para efeitos do disposto no artigo 33.º da Lei n.º
35/2014 de 20 de junho, que aprovou a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas
conjugado com a alínea a) do n.º 1 do artigo 11.º da Portaria n.º 125 -A/2019 de 30 de
abril, Decreto -Lei n.º 209/2009, de 3 de setembro, com última redação dada pela Lei n.º
80/2013, de 28/11 aplicável às Autarquias Locais e Decreto -Lei n.º 169/2015 de 24 de
agosto, torna -se público que por deliberação do Executivo da Junta de Freguesia de
Alcabideche em 18/06/2020, encontra -se aberto procedimento concursal comum para
126 postos de trabalho, de acordo com a Portaria n.º 644 -A/2015, de 24 de agosto, sen-
do de preenchimento imediato 81 vagas para: 53 Técnicos Superiores: Licenciaturas na
área de Desporto e Dança, na área de Animação Sócio Cultural, Animação e Produção
Artística, Artes Plásticas e Artes Visuais e Tecnológicas, na área das Ciências Musicais,
na área das Ciências Sociais e Humanas e Educação Básica, para animação / dinamiza-
ção das Atividades Enriquecimento Curriculares (AEC) do 1.º Ciclo do Ensino Básico, de
11 Assistentes Técnicos: Animadores / dinamizadores, para o programa de Atividades de
Animação e Apoio à Família dos alunos pré -escolar (AAAF), 16 Assistentes Operacionais
e 1 coordenador técnico, todos previstos e não ocupados no mapa de pessoal da Junta
de Freguesia de Alcabideche, ficando as restantes 45 vagas por preencher em aberto,
durante o período de um ano, na modalidade de contrato em funções públicas por tempo
determinado — termo resolutivo certo a tempo parcial, pelo prazo de 10 dias úteis, a
contar da data da publicação do presente aviso, no Diário da República, nos termos do
artigo 11.º da Portaria 125 -A/2019, de 30 de abril.
Mais informações sobre o referido procedimento concursal podem ser encontradas no Diá-
rio da República e na Bolsa de Emprego Público - www.bep.gov.pt, o formulário de candi-
datura na página eletrónica da Junta de Freguesia de Alcabideche www.jf-alcabideche.pt
O Presidente, José Filipe Marques Ribeiro

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Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular
de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus
familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos
mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos:
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Telefones: 213 610 460 - Fax : 21 361 04 69 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Telefone: 213 609 300 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia
2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org - Horário de Atendimento: Quartas e sextas, entre as 9h e as 13h
Núcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31 «A, 2080-114 Almeirim - Telefone: 243 000 087 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Telefone: 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha 3810 Aveiro, Telefone: 234 940 480 - E-mail: geral.aveiro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional
da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal, Telefone: 291 772 021 - Fax: 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org

CINEMA
Steve Jobs
Cinemundo, 13h25
Danny Boyle dirige este biopic
sobre Steve Jobs, co-fundador e
presidente executivo da Apple. Da
forma como ele se via a si mesmo,
ao modo como o viam todos os
que consigo se relacionavam, é
revelado o carácter de um homem
visionário, até ao dia da sua
morte, a 5 de Outubro de 2011.
Michael Fassbender e Kate
Winslet (nomeados para os
Óscares de Melhor Actor Principal
e Melhor Actriz Secundária,
respectivamente) entram no
elenco, ao lado de Seth Rogen, Jeè
Daniels e John Steen.
No Limite do Amanhã
Hollywood, 17h45
Um thriller de Æcção cientíÆca
realizado por Doug Liman e
inspirado na novela gráÆca
japonesa All You Need Is Kill, de
Hiroshi Sakurazaka e Yoshitoshi
ABe. Tom Cruise, Emily Blunt, Bill
Paxton e Lara Pulver ocupam os
papéis principais. Numa terrível
época de guerra e terror, o
planeta Terra foi invadido por
uma raça alienígena e parece que
nenhuma força militar é capaz de
lhe fazer frente. Bill Cage é
enviado em missão mas, sem o
devido treino, depressa acaba
morto. Contudo, no momento da
sua morte, leva consigo um ser
extraterrestre. Esse contacto
transporta-o para uma misteriosa
dimensão temporal que o faz
morrer e ressuscitar vezes sem
conta, criando assim a
possibilidade de encontrar a
forma de destruição do inimigo.
Memento
Cinemundo, 15h30
Leonard (Guy Pearce) vive
obcecado por encontrar o
responsável pela morte da
mulher, que também lhe causou
uma forma de amnésia selectiva.
Essa falha de memória, que não
lhe permite reter os
acontecimentos recentes, obriga-o
a criar estratégias para Æxar as
informações importantes do
dia-a-dia: polaróides anotadas,
notas dispersas, um volumoso
arquivo e informações tatuadas no
próprio corpo. Mas, ao mesmo
tempo que a investigação avança,
questões mais complexas vão
surgindo... Filme de culto
underground, com utilização
constante de Çashbacks, Memento
é um thriller psicológico sobre a
identidade e as armadilhas da
memória. Lançou a carreira de
Christopher Nolan e foi nomeado
para dois Óscares.
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.00 Manchetes 3 6.30 Bom Dia
Portugal 10.00 7 Maravilhas da Cultura
Popular - Monchique 13.00 Jornal da
Tarde 14.15 À Roda da Alimentação
14.30 7 Maravilhas da Cultura Popular
17.30 Portugal em Directo 19.00 O
Preço Certo 19.59 Telejornal 21.30
Joker 22.00 Prós e Contras 0.45
Crimes Graves 1.15 Longmire 2.15 O
Sábio
RTP 2
7.00 Espaço Zig Zag 13.55 Folha de
Sala 14.00 Super Diva - Ópera para
Todos 15.00 A Fé dos Homens 15.30 E2
- Escola Superior de Comunicação
Social 16.00 Os Barcos e os Homens
17.00 Espaço Zig Zag 20.40 Herdeiros
da Noite 21.15 Quaranteens 21.25 Hora
da Sorte - Lotaria Nacional 21.30 Jornal
2 22.06 Folha de Sala 22.12 Wild Bill -
Um Polícia Americano em Inglaterra
23.10 A Vida Interior de Martin Frost
0.40 Esec-Tv 1.10 Clube da Europa
1.40 Turma das Ciências 2.10
Euronews 5.45 Os Nossos Dias
SIC
6.00 Malucos do Riso 6.30 Edição da
Manhã 9.00 Alô Portugal 10.00 O
Programa da Cristina 13.00 Primeiro
Jornal 14.30 Linha Aberta 15.15 Amor
Maior 15.50 Júlia 18.00 Amor à Vida
20.00 Jornal da Noite 21.40 Nazaré
22.15 Terra Brava 23.10 Quem Quer
Namorar com a Agricultora? 23.30
Amor de Mãe 0.15 Quem Quer
Namorar com o Agricultor? 1.15
Passadeira Vermelha
TVI
6.00 Os Batanetes 6.30 Diário da
Manhã 10.15 Você na TV! 13.00 Jornal
da Uma 14.45 Destinos Cruzados 16.15
A Tarde É Sua 18.15 Big Brother 19.57
Jornal das 8 21.55 Quer o Destino
22.55 Espírito Indomável 0.00 Big
Brother 2.00 1000 à Hora 3.15 Mar de
Paixão
TVCINE TOP
9.40 A Arte da Autodefesa 11.20 A Teia
da Aranha 13.10 Her Smell - A Música
nas Veias 15.25 A Vigilante 16.55 O
Falcão Manteiga de Amendoim 18.30
Solum 20.05 Sai de Baixo: O Filme
21.30 Quem Brinca Com o Fogo...
Os mais vistos da TV
Sábado, 4
Quer o Destino
% Aud. Share
TVI 11,4 22,9
Terra Nossa SIC 11,4 23,2
Jornal da Noite SIC 9,9 22,5
Primeiro Jornal SIC 9,4 26,2
Quer o Destino TVI 9,2 18,9
FONTE: CAEM
23.10 White Boy Rick 1.00 Vingadores:
Endgame 3.55 Reborn 5.15 Menina
FOX MOVIES
10.22 A Branca de Neve e o Caçador
12.17 O Caçador e a Rainha do Gelo
13.59 A Rapariga do Capuz Vermelho
15.35 Crepúsculo 17.37 A Saga
Twilight: Lua Nova 19.34 Agentes
Secundários 21.15 Green Lantern -
Lanterna Verde 23.08 Procurado 0.46
Espécie Mortal 2.23 Underworld - O
Submundo 4.22 Underworld: Evolução
CANAL HOLLYWOOD
9.00 Chefes Intragáveis 2 10.50 Grand
Budapest Hotel 12.30 Larry Crowne
14.10 Red: Perigosos 16.00 Fantasmas
na Cidade 17.45 No Limite do Amanhã
.
19.35 Sem Identidade 21.30 Nico - À
Margem da Lei 23.10 A Colónia 0.40 O
Gringo 2.20 Vida de Crime 4.00 Viver
à Margem
AXN MOVIES
13.43 Distrito 9 15.28 Hancock 16.59 O
Poder e o Impossível 18.41 A Cor
Púrpura 21.15 O Fantástico
Homem-Aranha 23.29 Desejos Finais
1.35 Greystoke - A Lenda de Tarzan o
Rei da Selva 3.51 Snatch - Porcos e
Diamantes 5.31 Cães Danados
AXN
13.00 Chicago Fire 14.30 Nascer para
Morrer 16.18 Traffic - Ninguém Sai Ileso
18.45 Castle 20.25 Chicago Fire 22.05
Harrow 23.49 Confronto de Titãs 1.36
Mentes Criminosas 3.06 Absentia 4.26
Chicago Fire
AXN WHITE
13.10 O Mentalista 13.55 Inesquecível
15.25 Palco Principal 16.55 Ace
Ventura - Detetive Animal Jr. 18.25
Homicídio no Presídio 19.55
Injustiçada - A História de Sandra
Chase 21.25 Outlander 22.15 Darrow &
Darrow: No Tom do Assassinato 23.45
O Crime de Lizzie Borden 1.15
Outlander 2.10 A Teoria do Big Bang
3.22 Inesquecível 4.07 O Mentalista
FOX
11.05 Chicago P.D. 14.15 Investigação
Criminal: Los Angeles 15.45 Hawai
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 33
RTP1 11,5%
% SÉRIES
RTP2 0,9
SIC 19,2
TVI
13,7
Cabo
39,4
Força Especial 17.25 C.S.I. Miami 19.00
Investigação Criminal: Los Angeles
20.35 Hawai Força Especial 22.15
Agents of S.H.I.E.L.D. 0.00 Robin Hood
1.55 C.S.I. Miami
FOX LIFE
11.20 Lei & Ordem: Unidade Especial
13.00 New Amsterdam 13.45
Anatomia de Grey 14.30 A Wish Come
True 16.00 One Winter Proposal 17.30
Nora Roberts: Lua de Sangue 19.00 Lei
& Ordem: Unidade Especial 20.40
Anatomia de Grey 21.30 New
Amsterdam 22.20 Station 19 0.00
Love’s Complicated 1.40 Elementar
3.05 Anatomia de Grey 3.50 New
Amsterdam 4.40 No Limite
DISNEY
15.47 Lab Rats 16.32 Gravity Falls 17.19
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
18.05 Os Green na Cidade Grande
18.30 Gravity Falls 19.15 Coop & Cami
19.38 Clube Houdini 20.06 Lab Rats
20.55 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug 21.45 Gabby Duran Alien
Total 22.10 Acampamento Kikiwaka
DISCOVERY
17.20 Os Últimos Habitantes do Alasca
19.10 O Tesouro de Cooper 21.00
Aventura à Flor da Pele: Sozinhos 22.55
Aventura à Flor da Pele 0.40 Aventura à
Flor da Pele: Sozinhos 2.15 Como
Funciona a Terra 3.00 Caçadores de
Mitos: A Nova Geração 4.30 Guerra de
Propriedades 5.00 Negócio Fechado
HISTÓRIA
17.44 Forjado no Fogo: Faca ou Morte
20.31 A II Guerra Mundial do Princípio
ao Fim 22.15 À Caça de Hitler 23.41 A II
Guerra Mundial Vista do Espaço 1.11 O
Inexplicável 2.35 A Maldição de Oak
Island 5.19 Alienígenas
ODISSEIA
17.54 Mundos Inexplorados com Steve
Backshall 18.45 Resgate na Praia 19.31
Verdadeiro, Falso ou Desconhecido?
20.19 Aviões de Combate 22.30 Mega
Barcos 0.12 Aviões de Combate 0.55
Mega Barcos 2.37 Verdadeiro, Falso ou
Desconhecido? 3.24 Jungletown 4.09
Resgate na Praia 4.56 Aviões de
Combate 5.39 Diário Animal
FICAR
Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D.
Fox, 22h15
Estreia da sétima e última
temporada, com episódio duplo.
Depois de muitas aventuras e
personagens fantásticas, a equipa
liderada pelo agente Phil Coulson
(Clark Gregg) embarca num novo
salto no tempo: viaja até à Nova
Iorque de 1931, em busca de
respostas e tentando não
inÇuenciar o Çuxo temporal.
Superstore
Fox Comedy, 23h
Estreia da quinta temporada da
sitcom que bisbilhota os
bastidores das prateleiras
arrumadas de um supermercado,
enquanto vai expondo as
peripécias, dores e motivações
dos empregados sorridentes, com
a resoluta Amy Dubanowski
(America Ferrera) à frente do
batalhão. O primeiro episódio
envolve a detenção de um colega,
por não estar legalizado, e a
adição de um robô à equipa.
DOCUMENTÁRIO
Super Diva — Ópera para Todos
RTP2, 14h
Reposição da terceira temporada
do programa de e com Catarina
Molder. A soprano propõe viagens
originais e descomplexadas ao
universo da ópera, navegando
pela história, apontando
curiosidades e contando com
grandes vultos do género (e não
só). O primeiro episódio aborda A
Flauta Mágica (1791), uma das
mais famosas e interpretadas
óperas de Mozart. Inclui imagens
de uma produção dirigida por
Wolfgang Sawallisch e encenada
por August Everding, uma
conversa com o tenor Rolando
Villázon, um dueto de Molder
com Rui Baeta, respostas a
perguntas no Consultório
Operático, uma Twitter Ópera
com música de Luís Solnado e
libreto de Rui Zink, e ainda a
versão psicadélica de uma ária
pela dupla Memória de Peixe.
INFANTIL
Vera e o Reino do Arco-Íris
Panda, 17h
Estreia. A nova série de animação
pré-escolar acompanha Vera e o
inseparável gato Bartolomeu. A
menina é a guardiã da árvore dos
desejos de um reino colorido,
cujos poderes activa quando é
preciso ajudar a resolver o
problema de algum habitante.
34 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
SAIR
CINEMA
Porto
Cinemas Nos Alameda Shop e Spot
R. dos Campeões Europeus,
28-198. T. 16996
Dunkirk 20h30; Os Melhores Anos da
Nossa Vida M12. 15h25, 18h15;
Bloodshot 20h55; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 17h05, 21h50;
Retrato de Uma Rapariga Em
Chamas M12. 17h30, 20h20; Bora Lá M6.
15h10, 18h (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 16h20, 19h45; A Verdade M12.
15h40, 18h35, 21h30; Martin Eden 16h05,
19h05, 22h05
Medeia Teatro Municipal Campo Alegre
R. das Estrelas. T. 226063000
Martin Eden 18h30, 21h30
Trindade
R. Dr. Ricardo Jorge.
T. 223162425
Querido Diário M12. 16h15; Benzinho M12.
14h30, 20h10; Family Romance, LLC. M12.
18h10; A Verdade M12. 14h20, 16h30,
21h45; O Paraíso, Provavelmente 19h30,
22h
Braga
Cinemas Nos Braga Parque
R. dos Congregados, S. Victor. T. 16996
Freaks 13h40, 16h30, 19h20, 22h; À
Espreita do Mal M14. 21h45;
Bloodshot 13h20, 16h15, 20h; Sonic: O
Filme M6. 14h20, 17h20 (V.Port./2D);
Quem É Que Manda Aqui? M14. 20h15;
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
14h30, 17h30, 20h30; Bora Lá M6. 14h10,
17h10 (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30;
Faz-me Companhia 13h30, 16h, 18h30,
21h; Agente Super Secreto 14h, 17h,
20h45; O Recepcionista 13h10, 15h40,
18h20, 21h15
Cineplace - Braga
C. C. Nova Arcada, Av. De Lamas nº 100.
O Meu Espião M12. 16h10, 18h30, 21h40;
Os Tradutores 16h, 18h20, 21h20; Snow:
Os Domínios do Espelho M6. 16h, 18h30
(V.Port./2D); Mulherzinhas M12. 15h30,
18h20, 21h10; Festa de Família M12.
16h30, 19h, 21h30; Bacurau 15h20, 18h10,
21h; Bloodshot 15h20, 18h, 21h10; The
Gentlemen - Senhores do Crime M16. 21h;
The Boy - A Maldição de Brahms 21h50;
Benjamin: O Elefante M6. 15h50, 18h10 (V.
Port./2D); Retrato de Uma Rapariga Em
Chamas M12. 15h40, 18h40, 21h20;
Ramen Shop - Negócio de Família M12.
16h20, 19h10, 21h40; O
Recepcionista 16h30, 19h, 21h30
Coimbra
Cinemas Nos Alma Shopping Coimbra
C. C. Dolce Vita, R. General Humberto
Delgado, 207. T. 16996
Dunkirk 21h30; Os Melhores Anos da
Nossa Vida M12. 14h10, 18h10, 21h;
1917 14h50, 17h50, 20h40;
Mulherzinhas M12. 15h10, 18h20; The
Gentlemen - Senhores do Crime M16.
14h30, 17h20, 20h10; Retrato de Uma
Rapariga Em Chamas M12. 14h40, 17h40,
20h50; Bora Lá M6. 13h30, 16h40, 19h25
(V.Port./2D); O Caminho de Volta M12.
13h40, 16h20, 19h, 22h20; A Verdade M12.
13h50, 18h, 21h20; O Paraíso,
Provavelmente 13h20, 16h05, 18h50,
21h40; Martin Eden 14h20, 17h30, 20h30
Cinemas Nos Fórum Coimbra
Fórum Coimbra. T. 16996
Freaks 13h20, 16h, 18h40, 21h20; À
Espreita do Mal M14. 22h;
Bloodshot 14h35, 17h25, 20h10; Birds of
Prey (e a Fantabulástica Emancipação De
Uma Harley Quinn) M16. 20h40; Sonic: O
Filme M6. 14h10, 16h50, 19h30 (V.
Port./2D); Bora Lá M6. 15h, 17h40 (V.
Port./2D); Agente Super Secreto 14h,
16h30, 19h, 21h30; O
Recepcionista 13h40, 16h10, 18h35, 21h10
Teatro Académico de Gil Vicente
Univ. de Coimbra, Av. Sá da Bandeira.
T. 239855630
Querido Diário M12. 21h30
Figueira da Foz
Cinemas Nos Foz Plaza
C. C. Foz Plaza, R. Condados. T. 16996
Freaks 15h15, 18h05, 20h45;
Bloodshot 15h30, 18h20, 21h; Quem É
Que Manda Aqui? M14. 16h, 18h50, 21h30;
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
20h30; Bora Lá M6. 15h, 17h50 (V.
Port./2D); O Caminho de Volta M12.
15h45, 18h35, 21h15
Gondomar
Cinemas Nos Parque Nascente
Praceta Parque Nascente, nº 35.
T. 16996
Freaks 13h30, 17h, 21h30; Jumanji: O
Nível Seguinte M12. 15h15, 18h30; À
Espreita do Mal M14. 14h15, 17h15, 22h15;
Bad Boys Para Sempre M14. 14h45, 17h45,
20h45; Bloodshot 13h15, 16h, 21h45;
Sonic: O Filme M6. 15h, 18h (V.Port./2D)
21h (V.Orig./2D); Quem É Que Manda
Aqui? M14. 18h45, 21h15; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 14h30, 17h30,
20h30; Bora Lá M6. 13h45, 16h15 (V.
Port./2D); O Caminho de Volta M12. 15h30,
20h15; Faz-me Companhia 15h45, 19h,
22h45; Agente Super Secreto 16h30, 20h,
22h30; O Recepcionista 14h, 16h45, 22h
Guarda
Cineplace - Guarda
C.C. Vivaci, Av. dos Bombeiros Voluntários
Egitanienses, nº 5.
T. 271212140
O Meu Espião M12. 16h, 18h40, 21h20; O
Meu Espião M12. 16h10, 18h50, 21h40;
Snow: Os Domínios do Espelho M6.
15h40, 18h20 (V.Port./2D); Snow: Os
Domínios do Espelho M6. 16h, 18h30 (V.
Port./2D); Festa de Família M12. 16h40,
19h10, 21h40; Bloodshot 18h30, 21h20;
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
21h10; The Boy - A Maldição de
Brahms 21h10; Benjamin: O Elefante M6.
15h50 (V.Port./2D); O
Recepcionista 16h30, 19h, 21h30
Guimarães
Castello Lopes - Guimarães Shopping
Lugar das Lameiras - GuimarãesShopping.
T. 253520170
007 Spectre M12. 14h, 17h30, 21h;
Dunkirk 14h, 16h30, 19h, 21h30;
Freaks 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; À
Espreita do Mal M14. 19h10, 21h30; Bora
Lá M6. 13h30, 16h (V.Port./2D); Agente
Super Secreto 13h, 15h05, 17h15, 19h20,
21h25; O Recepcionista 13h30, 15h30,
17h30, 19h30, 21h30
Maia
Cinemas Nos MaiaShopping
MaiaShopping, Lugar de Ardegaes.
T. 16996
Freaks 16h, 21h50; Bloodshot 17h10,
21h10; The Gentlemen - Senhores do
Crime M16. 20h10; Bora Lá M6. 15h30,
18h20 (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 16h30, 20h40; O
Recepcionista 15h10, 18h30, 21h30
Orient Cineplace - Mira Maia Shopping
Mira Maia Shopping, Estrada Real nº 95 -
Lugar das Guardeiras.
T. 229419241
O Meu Espião M12. 16h10, 18h50, 21h40;
Academia Cranston - Cenas
Monstruosas! M6. 15h50, 18h30 (V.
Em estreia
lazer@publico.pt
A Verdade
De Hirokazu Koreeda. Com
Catherine Deneuve, Juliette
Binoche, Ethan Hawke. JAP/
FRA. 2019. 106m. Drama. M12.
Prestes a encerrar a sua
carreira, a célebre actriz
Fabienne Dangeville decide
editar um livro de memórias. A
Ælha, que há anos vive nos EUA,
regressa a Paris para assistir ao
lançamento da obra. Mas o
reencontro não será fácil.
Agente Super Secreto
De Ludovic Colbeau-Justin.
Com Dany Boon, Philippe
Katerine, Anne Serra. FRA/
BEL. 2020. 95m. Comédia.
Tudo corre bem a Romain,
médico num hospital
.
psiquiátrico, até conhecer Léo,
um paciente que aÆrma ser
agente secreto. Romain não dá
grande valor a essa Æxação, mas
começa a mudar de ideias
quando a sua mulher é raptada.
É nessa altura que comete a
maior imprudência da sua vida:
pedir ajuda ao suposto agente.
Faz-me Companhia
De Gonçalo Almeida. POR.
2020. 82m. Terror.
Apesar de casada e grávida de
Rui, Sílvia não conseguiu evitar
apaixonar-se por Clara.
Desejosa de dar largas àquele
amor, Sílvia vai de
Æm-de-semana com a amante.
Mas aqueles dias vão revelar-se
um pesadelo.
Freaks
De Zach Lipovsky, Adam B.
O Recepcionista
Stein. Com Emile Hirsch,
Bruce Dern, Lexy Kolker. CAN/
EUA. 2018. 104m. Drama,
Thriller.
Chloe, de sete anos, vive com o
pai numa casa decrépita. O que
mais deseja é sair e conhecer o
mundo lá fora. Quando
Ænalmente consegue escapar à
supervisão obsessiva do
progenitor, a menina vai
conhecer um lugar cheio de
mistérios.
Martin Eden
De Pietro Marcello. Com Luca
Marinelli, Jessica Cressy,
Vincenzo Nemolato. FRA/ALE/
ITA. 2019. 129m. Drama.
Martin Eden toda a vida sonhou
ser escritor. Oriundo de uma
família de pescadores, ele está
ciente de que só muito a custo
conseguirá atingir os seus
objectivos. Certo dia, salva
Arturo, um jovem de uma
família abastada. Reconhecido,
Arturo convida-o para sua casa,
onde Martin vem a conhecer
Elena, por quem se apaixona.
O Paraíso, Provavelmente
De Elia Suleiman. Com Elia
Suleiman, Tarik Kopty, Kareem
Ghneim. ALE/FRA/Turquia/
CAN/Palestina/Qatar. 2019.
102m. Comédia.
Elia Suleiman, realizador e
protagonista desta história,
deixa a Palestina e aventura-se
pelo mundo, certo da
necessidade de uma mudança.
Mas, por mais distante que
esteja da sua terra natal, tudo o
remete para lá.
Port./2D); Snow: Os Domínios do
Espelho M6. 16h (V.Port./2D);
Bloodshot 18h30, 21h20; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 21h10; O
Recepcionista 16h30, 19h, 21h30
Matosinhos
Cinemas Nos Marshopping
IKEA Matosinhos, Av. Óscar Lopes.
T. 16996
Freaks 13h05, 15h55, 18h55, 21h45; À
Espreita do Mal M14. 21h15;
Bloodshot 20h45 (2D) 14h30, 17h50,
21h30 (IMAX 2D); Sonic: O Filme M6.
13h35, 15h40, 18h10 (V.Port./2D); The
Gentlemen - Senhores do Crime M16. 14h,
17h15, 21h; Bora Lá M6. 14h50, 17h35 (V.
Port./2D); O Caminho de Volta M12. 13h45,
16h30, 19h20, 22h15; Le Lion 13h30,
16h10, 19h05, 22h; O Recepcionista 14h15,
17h, 19h35, 22h30
Cinemas Nos NorteShopping
NorteShopping, R. Sara Afonso.
T. 16996
Dunkirk 20h50; Bohemian
Rhapsody M12. 18h; Annabelle 3 - O
Regresso a Casa M16. 14h20; Freaks 13h,
15h30, 18h10, 21h; Bad Boys Para
Sempre M14. 21h50; Bloodshot 14h10,
16h40, 21h10 (NOSXVISION); Birds of Prey
(e a Fantabulástica Emancipação De Uma
Harley Quinn) M16. 21h30; The
Gentlemen - Senhores do Crime M16.
13h30, 16h30, 21h40; Bora Lá M6. 13h10,
16h, 18h30 (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 13h50, 16h50; Faz-me
Companhia 14h, 16h20, 19h, 22h; Agente
Super Secreto 13h20, 15h50, 18h20,
21h20; O Recepcionista 13h40, 16h10,
18h40, 21h40
Ovar
Cinema Dolce Vita Ovar
Centro Comercial Dolce Vita.
T. 960254838
Matthias e Maxime M12. 16h, 18h15
Paços de Ferreira
Cinemas Nos Ferrara Plaza
Ferrara Plaza.
T. 16996
Freaks 15h10, 18h10, 21h30; À Espreita do
Mal M14. 20h50; Bloodshot 16h10, 21h10;
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
16h30, 20h30; Bora Lá M6. 15h30, 17h50;
O Caminho de Volta M12. 15h50, 18h30,
21h50
Penafiel
Cinemax - Penafiel
Ed. Parque do Sameiro.
T. 255214900
Dunkirk 21h30; O Meu Espião M12. 17h,
23h40; Freaks 15h, 21h40; À Espreita do
Mal M14. 23h50; Mosley e a Cidade
Secreta M6. 15h, 19h10 (V.Port./2D); Bora
Lá M6. 17h15, 19h20 (V.Port./2D); Le
Lion 17h, 23h40; Faz-me
Companhia 19h20; O
Recepcionista 14h40, 21h40
São João da Madeira
Cineplace - São João da Madeira
São João da Madeira.
O Meu Espião M12. 16h10, 18h50, 21h40;
Snow: Os Domínios do Espelho M6. 15h50
(V.Port./2D); Bloodshot 18h30, 21h20; The
Gentlemen - Senhores do Crime M16.
21h10; Benjamin: O Elefante M6. 15h40,
18h20 (V.Port./2D); O
Recepcionista 16h30, 19h, 21h30
Viana do Castelo
Cineplace - Viana do Castelo
Avª General Humberto Delgado, Orient
Cineplace . T. 258100260

O Meu Espião M12. 16h10, 18h50, 21h40;
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
21h20; Benjamin: O Elefante M6. 15h50,
18h30 (V.Port./2D); O
Recepcionista 16h30, 19h, 21h30
Vila Nova de Gaia
Cinemas Nos GaiaShopping
Av. Descobrimentos, 549. T. 16996
Freaks 17h20, 20h30; À Espreita do
Mal M14. 16h50, 19h20; Bloodshot 16h10,
19h, 21h40 (2D) 15h10, 18h, 21h (2D 4DX);
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
20h50; Bora Lá M6. 17h (V.Port./2D); O
Caminho de Volta M12. 15h50, 18h40,
21h20; Le Lion 17h40, 20h10; Faz-me
Companhia 16h30, 19h40, 22h; O
Recepcionista 15h30, 18h20
UCI Arrábida
Arrábida Shopping.
007 Spectre M12. 18h45, 21h30;
Dunkirk 18h30, 21h15; O Meu Espião M12.
16h45; À Espreita do Mal M14. 20h30; Bad
Boys Para Sempre M14. 17h15; 1917 19h45,
20h15; Mulherzinhas M12. 19h30;
Bloodshot 20h45; Sonic: O Filme M6. 11h,
17h (V.Port./2D); Sonic: O Filme M6. 11h (V.
Port./2D); The Gentlemen - Senhores do
Crime M16. 19h, 21h45; Bora Lá M6. 11h,
16h30, 17h45 (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 17h30; O Caminho de Volta M12.
20h15; Ramen Shop - Negócio de
Família M12. 11h; O Recepcionista 11h, 18h,
21h; O Paraíso, Provavelmente 18h15, 22h
Vila Real
Cinemas Nos Nosso Shopping
C. C. Dolce Vita Douro, Lj. 244 - Alameda
Grasse. T. 16996
Freaks 13h15, 15h50, 18h30, 21h20; À
Espreita do Mal M14. 22h; Bloodshot 14h15,
17h10, 20h; The Gentlemen - Senhores do
Crime M16. 15h, 17h50, 20h40; Bora Lá M6.
13h45, 16h30, 19h10 (V.Port./2D); O
Caminho de Volta M12. 14h40, 17h30,
20h20 ; Agente Super Secreto 13h30,
16h10, 18h50, 21h40; O Recepcionista 13h,
15h30, 18h10, 21h
Viseu
Cinemas Nos Fórum Viseu
Fórum Viseu. T. 16996
Freaks 16h45, 21h30; Bad Boys Para
Sempre M14. 16h, 21h; 1917 17h , 20h30;
Bloodshot 17h20, 20h45; Birds of Prey (e
a Fantabulástica Emancipação De Uma
Harley Quinn) M16. 22h; Bora Lá M6.
16h30, 19h15 (V.Port./2D); Agente Super
Secreto 15h10, 18h, 21h45
Cinemas Nos Palácio do Gelo
Est. Nelas, Qt. Alagoa. T. 16996
À Espreita do Mal M14. 21h45; Quem É
Que Manda Aqui? M14. 16h, 18h20, 22h15;
The Gentlemen - Senhores do Crime M16.
17h30, 21h15; Bora Lá M6. 15h, 17h50 (V.
Port./2D); O Caminho de Volta M12. 17h15,
21h; Faz-me Companhia 15h45, 19h, 22h;
O Recepcionista 16h15, 18h40, 21h30
ARTE
Porto
Casa das Artes do Porto
Rua Ruben A, 175. T. 226006153
Exposição de Obra Plástica de António
Melo De António Melo. De 27/6 a 31/7. 2ª
das 14h30 às 18h30. 3ª a 6ª das 09h às
18h30. Sáb das 09h às 20h45.
Galeria Adorna Corações
R.Miguel Bombarda, 10.
Pequenos Fins do Mundo De Nelson
Miranda. De 4/7 a 4/9. 2ª a Sáb das 14h30
às 19h30.
Galeria Quadrado Azul
R. Miguel Bombarda, 553. T. 226097313
AS ESTRELAS
DO PÚBLICO
Antiporno
Benzinho
Espero a (tua)revolta
Martin Eden
O Paraíso, Provavelmente
A Verdade
Vísceras de Anjo: Red Porno
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Bassline De João Marçal. De 4/6 a 31/7. 2ª
a Sáb das 15h às 19h.
Museu de Serralves
Rua Dom João de Castro, 210.
T. 226156500
A Floresta - Muito Mais do Que Madeira
De 8/12 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h (de
Abril a Setembro, até às 19h). Sáb, Dom e
feriados das 10h às 19h (de Abril a
Setembro, até às 20h). Encerra nos dias 25
Dezembro e 1 Janeiro; 24 e 31 Dezembro,
até às 16h. Documental. A Vida Como Ela É
- Lourdes Castro na Colecção de Serralves
De Lourdes Castro. De 21/3 a 18/10. 2ª a 6ª
das 10h às 19h (a partir de Outubro, até às
18h). Sáb, Dom e feriados das 10h às 20h (a
partir de Outubro, até às 19h). Arthur Jafa
De Arthur Jafa. De 21/2 a 6/9. 2ª a 6ª das
10h às 18h (a partir de Abril, até às 19h).
Sáb, Dom e feriados das 10h às 19h (a partir
de Abril, até às 20h). Na Casa do Cinema.
Fotografia, escultura. Estás Aqui: 20 Anos
de Artes Performativas em Serralves De
18/12 a 12/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h (na
Biblioteca). Documental. Orient Express:
Viagem de Retorno De 31/1 a 19/7. 2ª a 6ª
das 10h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 10h
às 20h (Foyer do Auditório). Yoko Ono: O
Jardim da Aprendizagem da Liberdade
De 30/5 a 15/11. 2ª a 6ª das 10h às 19h (a
partir de Outubro, até às 18h). Sáb, Dom e
feriados das 10h às 20h (a partir de
Outubro, até às 19h).
Museu Nacional da Imprensa
Estrada Nacional 108, 206. T. 225304966
Memórias Vivas da Imprensa
A partir de 1/1. 2ª a 6ª das 10h30 às 12h30
e das 14h30 às 18h30. Sáb, Dom e feriados
das 14h30 às 18h30. Documental.
Exposição permanente. Sala Rodrigo
Álvares. Miniaturas Tipográficas
A partir de 15/11. 2ª a 6ª das 10h30 às
12h30 e das 14h30 às 18h30. Sáb, Dom e
feriados das 14h30 às 18h30. Objectos.
Exposição permanente.
PortoCartoon: O Riso do Mundo A partir
de 1/1. 2ª a 6ª das 10h30 às 12h30 e das
14h30 às 18h30. Sáb, Dom e feriados das
Museu de Serralves Yoko Ono: O Jardim da Aprendizagem da Liberdade
Jorge
Mourinha
Luís M.
Oliveira
Vasco
Câmara
mmmmm — —
mmmmm mmmmm mmmmm
— mmmmm — Av. João de Deus, 41. T. 227326258
mmqmm mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm — mmmmm
mmmmm — —
14h30 às 18h30. Cartoon. Exposição
permanente. Galeria Internacional do
Cartoon.
Palácio das Artes - Fábrica de Talentos
Largo S. Domingos. T. 222023876
Anuário 19 De 2/6 a 19/7. 2ª a 6ª das
09h30 às 19h.
Porto
Porto. Poético ou Político? De António
Caramelo, António Olaio, Carla Castiajo,
Carolina Grilo Santos, Carmo Azeredo &
André Covas, Cristina Regadas, Diana
Carvalho, Fabrizio Matos, Horácio
Frutuoso, Isaque Pinheiro, Israel Pimenta,
João Fonte Santa, João Gigante,, José
Maçãs de Carvalho, Luísa Abreu, Maria
Trabulo, Max Fernandes, MaisMenos, Paulo
Mendes, Pedro Magalhães, Pedro Tudela,
Reis Valdrez, Sara & André e Susana
.
Chiocca. De 25/6 a 25/7. Todos os dias.
Reitoria da Universidade do Porto
Praça Gomes Teixeira (Praça dos Leões).
T. 220408000
PortoCartoon 2020 - Prémio Especial de
Caricatura Einstein De 23/6 a 18/9. 2ª a 6ª
das 10h às 13h e das 15h às 18h. Sáb das
15h às 18h (Galeria II - Casa Comum).
Anadia
Aliança Underground Museum
R. do Comércio, 444 - Aliança Vinhos de
Portugal S.A. T. 234732045
Aliança Underground Museum A partir
de 24/4. Todos os dias às 10h , 11h30,
14h30 e 16h (excepto 1 Janeiro e 25
Dezembro). Arqueologia, Azulejo,
Cerâmica, Outros.
Braga
Altice Forum Braga
Av. Dr. Francisco Pires Gonçalves. T.
253208230
Mesa dos Sonhos: Duas Colecções de
Arte Contemporânea De 20/5 a 31/7. 2ª a
6ª das 10h às 18h (e ao fim-de-semana,
mediante abertura do Forum). Outros.
NELSON GARRIDO
Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 35
Coimbra
Casa das Caldeiras
R. Padre António Vieira. T. 239853322
Leonardo da Vinci - Tornar o
Conhecimento Visível De 2/3 a 31/8.
Todos os dias das 09h às 17h.
Espinho
Museu Municipal de Espinho
Corpo, Abstracção e Linguagem na Arte
Portuguesa De Colecção de Serralves. De
17/6 a 18/7. 2ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb das
10h às 13h e das 14h30 às 18h. Outros.
Gondomar
Lugar do Desenho - Fundação Júlio
Resende
R. Pintor Júlio Resende, 346. T. 224649061
Júlio Resende - Completa Serenidade
Novo horário De Júlio Resende. De 16/11 a
10/10. 2ª a 6ª das 14h30 às 18h30. Pintura.
Leça da Palmeira
Museu da Quinta de Santiago - Centro de
Arte de Matosinhos
R. Vila Franca, 134 . T. 229390900
O Tempo das Mulheres De Alfredo
Cunha, Maria Antónia Palla. De 23/6 a 17/7.
2ª a 6ª das 10h às 13h e das 15h às 18h.
Fotografia.
Matosinhos
Casa do Design
Rua Alfredo Cunha. T. 0
Tempos Modernos - Cerâmica Industrial
Portuguesa Entre Guerras | Colecção
AM-JMV Encerrado temporariamente De
14/3 a 6/9. 2ª a 6ª das 09h às 12h30 e das
14h às 17h30. Sáb, Dom e feriados das 15h
às 18h. Cerâmica, Design.
Peso da Régua
Museu do Douro
Rua Marquês de Pombal. T. 254310190
Douro, Matéria e Espírito A partir de 14/3.
Todos os dias das 10h às 17h30 (de 1 Março
a 31 Outubro, até às 18h). Encerra dias 25
Dezembro, 1 Janeiro e 1 Maio. Documental,
Vídeo. Exposição permanente. Memória
da Terra do Vinho A partir de 18/3. Todos
os dias das 10h às 17h30 (de 1 Março a 31
Outubro, até às 18h). Encerra dias 25
Dezembro, 1 Janeiro e 1 Maio.
Vila do Conde
CMIA - Centro de Monitorização e
Interpretação Ambiental de Vila do
Conde
Av. Marquês Sá da Bandeira, 320. T.
252637002
Um Mergulho nos Recifes Costeiros da
Paraíba De Christinne Eloy. De 8/6 a 20/11.
2ª a 6ª das 09h às 13h e das 14h às 16h30.
Vila Nova de Gaia
Casa Museu Teixeira Lopes
Rua Teixeira Lopes, 32. T. 223751224
Vieira da Silva. Um Olhar Singular De
Maria Helena Vieira da Silva. De 8/3 a 26/7.
Todos os dias das 09h às 12h30 e das 14h
às 17h30 (Galerias Diogo de Macedo).
Pintura, documental.
Vila Real
Museu de Arqueologia e Numismática
de Vila Real
Avenida 1º de Maio. T. 259308180
Arqueologia A partir de 24/9. Todos os
dias das 09h30 às 12h30 e das 14h às 17h.
Objectos, Outros. Numismática A partir
de 27/5. Todos os dias das 09h30 às 12h30
e das 14h às 17h. Numismática
SAIR
FARMÁCIAS
Porto - Serviço Permanente
Nacional - R. da Senhora da Luz, 156 - Tel.
226189592 Antiga Porta do Olival - Campo dos
Mártires da Pátria, 122 - Tel. 222004262
Vila Nova de Gaia - Serviço Permanente
Avenida - Av. da República, 294 - Tel. 223754761
Confiança (SERZEDO) - R. de S. Mamede, 994
(Serzedo) - Tel. 227620316
Matosinhos - Serviço Permanente
Ferreira da Silva (Senhora da Hora) - Rua Sara
Afonso, 105/117, NorteShopping, Loja 140
Coimbra - Serviço Permanente
Baptista - Pç. da República, 9/10 - Tel. 239823747
De Celas
Braga - Serviço Permanente
Misericórdia (São João do Souto) - Lg. de Carlos
Amarante - Tel. 253201680
Outras Localidades - Serviço Permanente
Águeda - Ala Aguiar da Beira - Dornelas , Portugal
Albergaria-a-Velha - Ferreira Janeiro Alfandega da
Fé - Trigo Alijó - de Favaios (Favaios) , Espirito Santo
Ldª (Sanfins do Douro), Nova Vilar de Maçada (Vilar
de Maçada) Almeida - Cunha , Moderna (Vilar
Formoso) Amarante - Da Ponte Amares - Marques
Rego (Ferreiros) Anadia - Júlio Maia Arcos de
Valdevez - Torres Arganil - Galvão Armamar -
Batista Ramalho , Lúcio Arouca - Santo António (Stª
Eulália - Arouca) Aveiro - Nova Baião - Queirós
Cunha (Campelo) , Rocha Barros (Eiriz) Barcelos -
Lamela Boticas - Galaico, Lda. Bragança - Central
(Izeda) Cabeceiras de Basto - Azevedo Carvalho
Caminha - Torres , Moderna (Vila Praia de Âncora)
Cantanhede - Central Carrazeda de Ansiães -
Rainha Carregal do Sal - Ramos (Cabanas de
Viriato) Castelo de Paiva - Adriano Moreira , Pinho
Lopes (Oliveira do Arda), Marques Lopes (Santa
Maria de Sardoura) Castro Daire - Gastão Fonseca
Celorico da Beira - Duarte Dias Celorico de Basto -
Alves Dias Chaves - Paula Files Condeixa-a-Nova -
S. Tomé Espinho - De Anta (Anta) Esposende -
Gomes Estarreja - Leite Fafe - Moura Felgueiras -
J. Reis Figueira da Foz - Soares Figueira de Castelo
Rodrigo - Bordalo Fornos de Algodres -
Castanheira Freixo de Espada à Cinta - Guerra
Góis - Coroa , Santiago, Frota Carvalho (Vila Nova
do Ceira) Gondomar - Giesta (Rio Tinto) Gouveia -
Feliz , Central (Melo - Gouveia), Albuquerque
(Moimenta da Serra), Martins (Vila Nova de Tazem)
Guarda - Misericórdia Guimarães - Barbosa (São
Paio) Ílhavo - Senos Lamego - Senhora dos
Remédios Lousã - Torres Padilha (Serpins)
Lousada - Lopes Caçola Macedo de Cavaleiros -
Moderna Maia - Gramaxo (Moreira da Maia)
Mangualde - Albuquerque , Beirão (Chãs de
Tavares) Manteigas - Bráulio Monteiro Marco de
Canavezes - Positiva (Fornos) Mealhada - Brandão
Meda - Pereira Melgaço - Durães Mesão Frio -
Ferreira Mira - Matilde Soares Miranda do Corvo -
Lima Natário , Borges (Semide - Miranda do Corvo)
Miranda do Douro - Miranda (Mirando do Douro)
Mirandela - Da Ponte Mogadouro - Central
Moimenta da Beira - Ferreira , César (Leomil)
Monção - São Pedro Mondim de Basto - Oliveira
Montalegre - Canedo Montemor-o-Velho - Natário
(Verride) Mortágua - Abreu Murça - Saúde
Murtosa - Santos Leite Nelas - Faure Oliveira de
Azemeis - Falcão Oliveira de Frades - Oliveirense
Oliveira do Bairro - Sanal Oliveira do Hospital -
Santos (Seixo da Beira) Ovar - Instituto Pereira
Zagalo Paços de Ferreira - Moderna Pampilhosa
da Serra - do Zêzere (Dornelas do Zêzere) , Central
Paredes - Ferreira de Vales (Rebordosa) Paredes
de Coura - Da Calçada Penacova - Alves Coimbra
Penafiel - Oliveira Penalva do Castelo - Silveira
Penedono - Rua Penela - Penela Peso da Régua -
Ponte Pinhel - Central , Da Misericórdia (Alverca da
Beira), Moderna (Pínzio) Ponte da Barca - Popular
Ponte de Lima - De São João Póvoa de Lanhoso -
Milénio Póvoa de Varzim - A Ver o Mar Resende -
Avenida Ribeira de Pena - De Cerva (Cerva) ,
Borges de Figueiredo Sabrosa - Macedo Morais ,
Vieira Barata Sabugal - Aldeia Velha (Aldeia Velha) ,
De S.Miguel (Cerdeira do Coa), Higiene (Souto)
Santa Comba Dão - Carrilho , Sales Mano (S.João
de Areias) Santa Maria da Feira - Lima (Lourosa)
Santa Marta de Penaguião - Santa Eulália
(Cumieira) , Douro (Santa Marta Penaguião) Santo
Tirso - Faria São João da Madeira - Central São
João da Pesqueira - Tavares São Pedro do Sul -
Dias Sátão - Carvalho (Avelal) , Santo André
(Lamas) Seia - Melo , Popular (Loriga), Paranhense
(Paranhos da Beira), Neves Rodrigues (Pinhanços),
do Alva (Sandomil), De São Romão (São Romão)
Sernancelhe - Confiança , Mota (Vila da Ponte)
Sever do Vouga - Terra (Couto de Esteves) Soure -
Soure Tábua - Quaresma (Mouronho) Tabuaço -
D’Ouro Tarouca - Augusta (Salzedas) , Moderna
Terras de Bouro - Alvim Barroso (Covas) Tondela -
Molelos (Pedra da Vista) Torre de Moncorvo - Leite
Trancoso - Paixão , Pereira (Vila Franca das Naves)
Trofa - Maia , Pereira da Costa, Sanches, São
Romão (São Romão Coronado) Vagos - Tavares
Vale de Cambra - Oliveira da Silva Valença - Jardim
Valongo - Vilardell (Campo) Valpaços - Paula
Viana do Castelo - Nelsina Vieira do Minho - Freitas
Vila do Conde - Central (Caxinas) Vila Flor - Do
Hospital Vila Nova de Cerveira - Cerqueira, Suc. ,
Nova de Cerveira Vila Nova de Famalicão - Barbosa
Vila Nova de Foz Côa - Moderna Vila Nova de Paiva
- Galénica Vila Nova de Poiares - Martins Pedro (S.
Miguel de Poiares) , Santo André Vila Pouca de
Aguiar - Figueiredo Vila Real - Galeno Vila Verde -
Fátima Marques Vimioso - Barreira , Ferreira
(Argozelo) Vinhais - Albuquerque , de Rebordelo
(Rebordelo) Viseu - Viriato Vizela - Alves (Caldas de
Vizela) Vouzela - da Torre (Alcofra) , Ana Rodrigues
Castro (Campia), Teixeira Cinfães - Nova de Cinfães
Vagos - Viva Vouzela - Vieira
36 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020

JOGOS

CRUZADAS 11.030 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS: 1. Miguel (...), presidente VERTICAIS: 1. Fundo Monetário
do conselho de administração da TAP. 2. Internacional. Fortemente unido. 2. (...)
«Grande (...), grande tormenta». Cordeiro, coordenador da região de
Viana do Bragança
Restabelece. 3. Anos de vida. Suspiro. Lisboa e Vale do Tejo para a gestão da
Castelo 19º 35º
Antes de Cristo (abrev.). 4. Interjeição covid-19. Símbolo de miliampere. 3.
19º 33º
designativa de dor. Ofício. 5. Jean (...), Narração de sucessos, organizada ano a Braga
novo primeiro-ministro de França. ano. Montar. 4. Sociedade Anónima 19º 38º Vila Real
Respeitante à uva. 6. Sufixo (agente). Desportiva. Transportes Aéreos
14º Porto 20º 36º
Apego obstinado. 7. Jornada. Caminhava Portugueses. Prefixo (montanha). 5. O
para lá. Atmosfera. 8. Ente. Numeração qual. Empresa que foi nacionalizada. 6. 17º 29º
romana (101). Torna são. 9. Valor cambial. Pequeno ferimento. Igualmente. 7. Irritar. Viseu
Neodímio (s.q.). 10. Alfredo (...), autor da Graceja. Espaço de 12 meses. 8. Novo site 2m Guarda
20º 35º
música do fado Estranha Forma de Vida, sobre livros, do Público. Interjeição utili- Aveiro
19º 33º
com letra de Amália Rodrigues. 11. zada para chamar a atenção ou para cum- 16º 26º Penhas
Perspicácia (fig.). Foi incumbido por Deus primentar. 9. Hectare (símbolo). Douradas
de conduzir o povo israelita até à Terra Eternidade. Erva-doce. 10. Base aérea Coimbra 20º 30º
Prometida (a Palestina), libertando-o do portuguesa. Príncipe (...), filho da rainha 17º 33º
cativeiro no Egipto. Isabel II que mantinha uma amizade com Castelo
Jeffrey Epstein. 11. Aumenta a velocidade. Branco
Eles. Leiria 23º 39º
15º 29º

Santarém
Portalegre
18º 36º
Solução do problema anterior: 25º 38º
HORIZONTAIS: 1. Dolly. Clave. 2. In. Obviar. 3. SA. Alcofa. 4. BCE. Alia. AM. 5. Or. Lisboa
Enredo. 6. Iate. Mor. 7. Taciturna. 8. Atar. Nau. Cr. 9. NE. Alfredo. 10. Oco. IP. Leme. 11.
19º 35º
Ah. Usado. Ou.
VERTICAIS: 1. Diabo. Tanoa. 2. On. Criatech. 3. Se. Aca. 4. Loa. Atira. 5. Yb. ET. Lis. 6. Setúbal
Vale. UNFPA. 7. Cilindrar. 8. Lacar. Nuelo. 9. Aro. Ema. De. 10. Fado. Como. 11. Enamorar. 17º 38º Évora
Eu.
19º 42º
AMANHÃ

17º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 15º 26º
17º 41º
.

Dador: Norte 1,5-2m

nos outros naipes do que o seu parceiro. Problema
Vul: Ninguém Em função deste princípio, haverá mais
probabilidades de encontrar cartas pre- 9834 Sagres
Faro
cisas — neste caso, a Dama de copas e o Dificuldade: 17º 27º
NORTE Rei de ouros — na mão que tem 13 cartas 21º 33º
Ƅ K763 desconhecidas (para além das espadas)
Fácil
20º
Ɔ A52 do que na que tem apenas 9.
Ƈ AQ 0,5-1m
Apesar de tudo, é possível acumular
ƅ KQ73 mais algumas hipóteses. Quando esta-
Açores
mos perante duas passagens possíveis, Corvo
é de bom-tom bater as figuras do naipe Graciosa
Terceira
OESTE ESTE mais comprido primeiro, na tentativa de Solução do Flores
S. Jorge 19º 25º
Ƅ J1098 Ƅ- capturar a figura que falta antes de deci- problema 9832 18º 24º
Ɔ Q108 Ɔ 974 dir fazer a passagem no outro naipe. No
20º
Ƈ K107 Ƈ J965432 caso presente, isso consistirá em tirar o 22º Pico
ƅ 962 ƅ 1084 Ás e o Rei de copas e, se a Dama não cair 1m
Faial
seca ou à segunda, virarmo-nos para a
passagem ao Rei de ouros. 19º 24º
1m S. Miguel
SUL Mas é possível fazer um pouco me-
19º 24º
Ƅ AQ542 lhor. E a manobra é bonita de se ver. Após
Ponta
Ɔ KJ63 termos encaixado três voltas de trunfo, 21º Delgada
Ƈ8 tiramos os paus na esperança de que
1-1,5m
ƅ AJ5 Oeste tenha pelo menos três. Se for esse
o caso, sobre o quarto pau, podemos
Madeira Sta Maria

baldar o… 8 de ouros! Se cortar, Oeste

Porto Santo
fica em mão (se ele baldar, jogamos trun- Problema
fo para o mesmo efeito). A partir daqui, 20º 25º
Oeste Norte Este Sul 9835 22º
1ƅ passo 1Ƅ as nossas hipóteses melhoraram consi-
passo 4Ƅ passo 4ST deravelmente, porque: Dificuldade:
— Se Oeste jogar copas, é para a nos-
passo 5ƅ1 passo 6Ƅ
sa forquilha e o jogo termina aqui;
Média Funchal
0,5m
Todos passam 1m 20º 28º
— Se joga ouros, passamos a Dama 23º

Leilão: Qualquer forma de Bridge. 1. Zero sem qualquer risco. E se Este tiver o Rei,
ou três cartas chaves de cinco possíveis nada está perdido porque a possibilida- Sol Lua Quarto Minguante
(quatro ases e o Rei de espadas) de da passagem a copas permanece in-
Nascente 6h18
tacta.
Poente 21h04 13 Jul. 00h29
Carteio: Saída: JƄ. O jogador em Este Solução do
não assiste a espadas. Qual a melhor for- Considere o seguinte leilão: problema 9833
Oeste Norte Este Sul
ma de ganhar este cheleme?
Solução: Para além da perdente inevi- 1ƅ 1Ɔ 1ST ?
Marés
tável a trunfo, existem mais duas a copas Leixões Cascais Faro
e uma balda apenas disponível no naipe O que marcaria, com a mão seguinte?
de paus. Há que optar por uma passa- ƄQ1086 ƆA6 ƇKJ98 ƅQ103
Preia-mar 16h46 3,5 16h21 3,5 16h30 3,4
gem, a ouros ou a copas. Qual a melhor?
Resposta: Dobre. Punitivo, tal como 05h13* 3,2 04h49* 3,2 04h52* 3,1
Incontestavelmente, a passagem a co-
pas e por duas razões: ela pode ser feita qualquer dobre após uma voz sem trun-
fo por parte dos adversários. Baixa-mar 10h30 0,7 10h02 0,9 09h59 0,8
após se bater uma figura a copas, o que
não é o caso do naipe de ouros. 23h02 0,6 22h36 0,8 22h31 0,7
O adversário em Este, que tem uma João Fanha (bridgepublico@gmail.com
Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
chicana a trunfo, estará mais comprido e fanhabridge.pt) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
 Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 37

DESPORTO
FC Porto goleia e pode ser
campeão na próxima jornada
Os “dragões” identificaram e exploraram de forma sagaz as fragilidades do Belenenses SAD e deram um
passo firme rumo ao título. No pior dos cenários, estão a seis pontos de se sagrarem campeões nacionais
MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

FC Porto 5
Soares 31’, Marega 58’, Alex Telles 75’
CLASSIFICAÇÃO
g.p., Fábio Vieira 82’, Luis Díaz 90+2’ I LIGA
Jornada 30
Belenenses SAD 0 Santa Clara-Marítimo 0-1
V. Setúbal-Paços de Ferreira 2-3
Portimonense-V. Guimarães 0-1
Benfica-Boavista 3-1
Sp. Braga-Desp. Aves 4-0
Estádio do Dragão, no Porto
Gil Vicente-Rio Ave 1-0
Tondela-Famalicão 0-1
FC Porto Marchesín, Manafá, Pepe,
FC Porto-Belenenses SAD 5-0
Mbemba, Telles, S. Oliveira a70’
Moreirense-Sporting 21h, SPTV1
(Danilo, 72’), Uribe (Vítor Ferreira, 77’),
Otávio a28’ (Fábio Vieira, 63’), Corona J V E D M-S P
(Luis Díaz, 72’), Marega, Soares (Fábio
Silva, 77’). Treinador Sérgio Conceição 1. FC Porto 30 23 4 3 62-18 73
2. Benfica 30 21 4 5 62-24 67
Belenenses SAD Koźi, Calila (Tiago 3. Sporting 29 17 4 8 47-30 55
Esgaio, 69’), R. Ferreira (Cafú Phete, 4. Sp. Braga 30 16 5 9 53-36 53
.

64’), Danny a49’, R. Lima, N. Coelho, 5. Famalicão 30 13 9 8 45-44 48

Pina, A. Santos (Show, 55’), M. Matias 6. Rio Ave 30 13 8 9 42-33 47
(Cassierra, 64’), Keita a41’, Semedo
7. V. Guimarães 30 12 10 8 49-32 46
(Dieguinho, 64’a69’). Treinador Petit
8. Moreirense 29 9 11 9 38-35 38
Árbitro Rui Oliveira (AF Porto) 9. Santa Clara 30 10 8 12 29-36 38
10. Boavista 30 10 8 12 25-32 38
11. Gil Vicente 30 9 9 12 32-37 36
12. Marítimo 30 8 10 12 30-38 34
13. Paços de Ferreira 30 10 4 16 29-42 34
Positivo/Negativo 14. Belenenses SAD 30 8 7 15 25-50 31
15. Tondela 30 7 9 14 24-37 30
Sérgio Oliveira 16. V. Setúbal 30 6 12 12 24-40 30
Recupera bolas, pressiona, 17. Portimonense 30 5 12 13 24-40 27
faz circular, remata, surge 18. Desp. Aves 30 4 2 24 23-59 14

na área e chega até a
assumir papel de líder. E
Danilo continua na
penumbra.
Soares
Não fez um jogo de encher
o olho, mas voltou aos
golos. E este golo pode ser
um “desbloqueio” mental
para Soares.
Pina
O adormecimento no golo
de Soares roçou o absurdo.
Pina estava claramente a
marcar Uribe, mas desistiu
da tarefa.
Belenenses SAD
É difícil condenar uma
equipa que tem esta
audácia e coragem no
Dragão, mas o facto é que a
estratégia correu mal e foi
por estar tão exposto que o
Belenenses SAD sofreu os
dois primeiros golos.
Soares e Marega fizeram um golo cada no triunfo sobre o Belenenses SAD
Crónica de jogo
Diogo Cardoso Oliveira
Duas vitórias, independentemente
do que fizer o Benfica, ou um triun-
fo, caso os “encarnados” dêem uma
ajuda. É isto que falta ao FC Porto
para ser campeão nacional, algo que
até pode acontecer já na próxima
quinta-feira, caso os portistas ven-
çam em Tondela e os lisboetas per-
cam em Famalicão. Tudo isto só será
possível porque, ontem, o FC Porto
superou o Belenenses SAD, por 5-0,
recolocando nos seis pontos a dife-
rença para o Benfica. O FC Porto
esteve longe de impressionar e nem
sempre foi competente na criação de
jogo ofensivo, mas soube identificar
de forma sagaz aquilo que a equipa
de Petit lhe ofereceu.
Na primeira parte, o futebol foi
lento, os lances de qualidade não
preencheram sequer os dedos de
uma mão e, como é habitual neste
tipo de contexto, quem aproveita é
a equipa teoricamente menos capaz.
O Belenenses SAD, que não teve
guarda-redes suplente nesta partida,
montou um bloco compacto e, na
primeira fase de construção portista,
subiu bastante as linhas, conseguin-
do um par de recuperações de bola
em zonas adiantadas. E entrou mais
perigoso. Rúben Lima cruzou para
Semedo não finalizar, aos 13’, André
Santos rematou de fora da área aos
16’, e, aos 19’, Nuno Coelho não
encostou o cruzamento de Pina.
Mas esta audácia trouxe valências
e limitações, explicadas pela célebre
metáfora da “manta curta”: por um
lado, o bloco subido e compacto do
Belenenses SAD tirou os criativos
portistas do jogo e permitiu recupe-
rar bolas em zona adiantada. Por
outro, convidou a equipa de Concei-
ção a explorar a profundidade — algo
de que tanto gosta — e deixou os lis-
boetas expostos a transições.
E, a partir dos 20’, momento até
ao qual o FC Porto só rematava de
fora da área, a equipa portista
mudou a estratégia, trocando o “ren-
dilhado” sem progressão pela explo-
ração das costas da defesa lisboeta.
Aos 21’ (Manafá para Marega), aos 24’
(Corona para Soares), aos 28’ (Olivei-
ra para Marega) e aos 30’ (Corona
para Marega), o FC Porto expôs o
Belenenses SAD em lances deste
tipo, com a jogada de Soares, num
remate cruzado, a criar perigo.
Aos 31’, o bloco subido do Bele-
nenses SAD ficou exposto a uma
perda de bola. A transição defensiva
foi lenta e o FC Porto, mesmo deva-
gar, chegou à área. Otávio, do lado
direito, pôde “parar, olhar e escu-
tar”, antes de fazer um cruzamento.
Na área, o avançado pôde “parar,
olhar e escutar”, antes de cabecear
para o golo. Um golo demasiado fácil,
que permitiu a Soares marcar 12
jogos depois.
Depois do descanso — um descan-
so longo, de bem mais de 15 minutos
—, o FC Porto adormeceu a partida,
mas, aos, aos 58’, voltou a expor as
costas da defesa contrária. A receita
foi sempre a mesma e, desta feita, os
“cozinheiros” foram Corona, que
assistiu e continua a ser decisivo, e
Marega, que finalizou e fez o 12.º golo
na temporada.
A partir daqui, houve meia hora
de um futebol pobre. Mais pobre
ainda do que o visto até então, algo
que parecia ser improvável. O FC
Porto não viu razões para “puxar”
mais pelo jogo e o Belenenses SAD
não viu, na sua equipa, argumentos
para contrariar o que fosse.
Ainda assim, sem grande esforço,
houve tempo para um penálti clarís-
simo sobre Luís Diaz, convertido por
Alex Telles, um golo de livre directo
do jovem Fábio Vieira, que pediu a
Telles para o deixar bater, e um golo
tremendo de Luís Diaz, que pegou
na bola no meio-campo portista,
correu, correu e rematou forte, de
fora da área. Foram três pequenos
pedaços de formalidade em algo já
mais do que decidido.
diogo.oliveira@publico.pt
38 • Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
DESPORTO
Outros jogos
Gil Vicente
Rodrigo 39’
Rio Ave
Estádio Cidade de Barcelos
Gil Vicente Denis, Alex Pinto, Rodrigo,
Rúben Fernandes a28’aa54’, Edwin
Vente a2’, Claude Gonçalves (Vítor
Carvalho, 70’), Soares, Lourency
(Samuel Lino, 70’), Rúben Ribeiro
(Isaiah, 80’), Baraye (João Afonso, 56’),
Sandro Lima a80’ (Kraev, 80’).
Treinador Vítor Oliveira
Rio Ave Kieszek, Carlos Mané,
Borevkovic, Nélson Monte (Messias,
46’), Matheus Reis, Tarantini (Leandro
Silva, , Al Musrati (Filipe Augusto, 22’
a83’), Gelson Dala, Diego Lopes
(Bruno Moreira, 46’), Pedro Amaral
a38’ (Nuno Santos, 46’), Taremi.
Treinador Carlos Carvalhal
Árbitro Iancu Vasilica (AF Vila Real)
Tondela
Famalicão
Fábio Martins 55’
Estádio João Cardoso, em Tondela.
Tondela Niasse, Moufi, P. Sampaio,
Yohan Tavares, Filipe Ferreira (Xavier,
64’), Pepelu, João Pedro (João Reis,
87’), Pité, Richard a30’ (P. Augusto,
78’), Jonathan Toro (Strkalj, 78’), Ronan
a35’. Treinador Natxo González
Famalicão Vaná, Ivo Pinto (Patrick
William, 64’), Nehuen Pérez, Riccieli,
Coly a42’ (Centelles, 64’), Gustavo
Assunção, Pedro Gonçalves
(Anderson, 74’), Uros Racic (Guga, 74’),
Diogo Gonçalves, Fábio Martins a45’
(Walterson, 81’ a86’), Toni Martínez
a24’aa71’. Treinador João P. Sousa
Árbitro Artur Soares Dias (AF Porto)
O Gil Vicente venceu o Rio Ave
e ficou praticamente a salvo
de surpresas graças a um golo
de Rodrigo. O Rio Ave tentou
defender o quinto lugar, mas
nem em superioridade
numérica marcou, acabando
superado pelo Famalicão, na
tabela. Os minhotos
recuperaram a posição
europeia ao vencerem, em
Tondela, o 15.º classificado.
Valeu o golo de Fábio Martins
e a capacidade de sofrimento
no final, já reduzidos a dez.
1 Fórmula 1
0
Rúben Amorim: “Temos noção do que temos”
Sporting tem
a sua melhor série
para defender
Futebol
Marco Vaza
0 ao mesmo tempo que vai fazendo a
“Leões” ainda não
perderam com Rúben
1 Amorim e procuram, frente
ao Moreirense, chegar à
quinta vitória consecutiva
Até Rúben Amorim chegar, o Sporting
ainda não tinha conseguido ganhar
mais do que três jogos seguidos, mas,
desde que o jovem treinador aterrou
em Alvalade, os “leões” não só ainda
não perderam, como estão na sua
melhor série vitoriosa da época. Já
são quatro triunfos consecutivos e,
nesta noite (21h, SPTV1), vão tentar o
quinto em Moreira de Cónegos, fren-
te a um Moreirense já bastante tran-
quilo na época, com o seu lugar exac-
tamente a meio da tabela (nono).
Aliás, a invencibilidade de Rúben
Amorim na I Liga já vem desde o Sp.
Braga. Depois de ter sido promovido
da equipa B dos minhotos, Amorim
conseguiu oito vitórias e um empate
no campeonato (só perdeu na Liga
Europa), e, em Alvalade, são quatro
vitórias e um empate (V. Guimarães).
O jovem técnico sabe que isto não vai
durar para sempre, mas quanto mais
tarde acabar, melhor. “Preparo-me
para um dia perder, mas não será esta
semana, é sempre assim que penso.
Perder faz parte do jogo, quando per-
dermos, logo se vê”, frisou o técnico
“leonino”, reconhecendo que é “nor-
mal” ser considerado o “treinador da
moda” no futebol português: “As vitó-
rias trazem isso. Duas derrotas
MARIO CRUZ/EPA
mudam o cenário, temos de ter noção
.
de que tudo muda de um momento
para o outro.”
Amorim quer continuar a ganhar,
sua avaliação do plantel a pensar na
próxima época. O Sporting, diz o téc-
nico, irá ao mercado, mas ainda é
cedo para falar de prioridades.
“Temos uma noção do que temos,
mas não sabemos como irá ser o mer-
cado. O principal é vermos que temos
jogadores em casa para sermos com-
petitivos na próxima época”, disse o
técnico.
Para o confronto com os minhotos,
o Sporting já poderá contar com Jova-
ne Cabral e Marcos Acuña, dois
regressos bem-vindos para Rúben
Amorim, que passa a ter mais opções
para as alas. “É sempre um bom sinal
ter os jogadores à disposição. O Jova-
ne estava numa boa fase, o Marcos dá
coisas diferentes do Nuno Mendes,
mas todos têm de lutar por um lugar
durante a semana”, referiu o técnico,
assinalando que Vietto, que parecia
descartado para o que resta da época,
está a recuperar mais depressa do
que o previsto.
Do lado do Moreirense, Ricardo
Soares, que pegou na equipa a meio
da época, espera quebrar este ciclo
vitorioso dos “leões”. “Espero um
grande jogo de futebol, com muita
qualidade, com duas equipas que
atravessam um bom momento. O
Sporting é um adversário que tem
vindo a melhorar de jogo para jogo,
mas algum dia vai ter de perder”,
referiu.
mvaza@publico.pt
Valtteri Bottas vence
um GP da Áustria
baralhado pela
dança dos safety car
Em dia de penalizações,
Lewis Hamilton acabou
fora do pódio. Red Bull teve
dia negro, enquanto Ferrari
de Leclerc aproveitou onda
Valtteri Bottas (Mercedes) venceu o
primeiro Grande Prémio da tempo-
rada de Fórmula 1 — o oitavo da car-
reira —, liderando desde o início, em
Spielberg, na Áustria, uma corrida
marcada pelos castigos impostos a
Lewis Hamilton, pelo infortúnio dos
Red Bull e, sobretudo, pelo Ænal
mirabolante, ao ritmo de mais pena-
lizações e da interferência determi-
nante do safety car, que tramou CLASSIFICAÇÕES
Hamilton e reinventou a Ferrari.
De uma corrida salpicada de
GP da Áustria
momentos dramáticos, emergiu o
primeiro britânico a suplantar Lewis 1.º V. Bottas (Mercedes) 1h30m55,739s
Hamilton desde 2013. Lando Norris
2.º C. Leclerc (Ferrari) a 2,700s
(McLaren) saiu do terceiro lugar — 3.º Lando Norris (McLaren) a 5,491s
beneÆciando da penalização de últi- 4.º L. Hamilton (Mercedes) a 5,689s
ma hora de Hamilton, que caiu três 5.º Carlos Sainz (McLaren) a 8,903s
posições na grelha de partida — e 6.º S. Pérez (Racing Point) a 15,092s
aproveitou nova penalização (5 7.º P. Gasly (Alpha Tauri) a 16,682s
segundos) do compatriota e cam- 8.º Esteban Ocon (Renault) a 17,456s
peão em título para forçar o ritmo, 9.º A. Giovinazzi (Alfa Romeo) a 21,146s
passar Sergio Pérez (também pena- 10.º S. Vettel (Ferrari) a 24,545s
11.º Nicholas Latifi (Williams) a 31,650s
lizado em 5 segundos), estabelecer
a melhor volta da corrida e destro- 12.º Daniil Kvyat (Alpha Tauri) -
13.º A. Albon (Red Bull) -
nar Hamilton, relegando-o para o
quarto posto, apesar de o “44” ter Mundial de pilotos
terminado em segundo, apenas 1.º V. Bottas (Mercedes) 25 pts
atrás de Bottas e à frente do Ferrari 2.º C. Leclerc (Ferrari) 18
de Charles Leclerc. 3.º Lando Norris (McLaren) 16
Destaque para o instinto de sobre-
Mundial de construtores
vivência do monegasco, que “lenta-
1.º Mercedes 37 pts
mente” chegou ao segundo lugar,
2.º McLaren 26
sem que se desse por ele, depois de
3.º Ferrari 19
ter largado em sétimo. A diferença
de andamento entre os Mercedes e Próxima corrida:
GP da Áustria, 12 de Julho
os restantes nove pilotos que con-
cluíram a corrida (11 abandonos)
teria sido suÆciente para compensar há um ano e acabou fora da pista,
todo o género de penalizações, não desistindo a duas voltas do Ænal.
fosse a interferência do safety car, A manobra custou cinco segun-
accionado por três vezes, as duas dos cruciais a Hamilton, que come-
últimas de forma consecutiva, jun- ça a temporada do “hepta” com
tando os pilotos e esmagando a mar- motivos redobrados para se empe-
gem de manobra de Hamilton. nhar no combate às injustiças, luta
Tal como no Brasil, em 2019, que levou grande parte dos pilotos
Lewis voltou a barrar o tailandês a ajoelharem-se na recta da meta,
Alex Albon. Com a desistência de antes do iníco da corrida, numa
Verstappen, Albon aproveitou o manifestação contra o racismo. O
último safety car para trocar de hexacampeão mundial, ilibado na
pneus, tornando-se uma ameaça véspera, foi avisado a 1h25m da par-
real para os Mercedes. Mas o jovem tida que seria relegado para a quin-
da Red Bull não aprendeu a lição de ta posição. Augusto Bernardino
 Público • Segunda-feira, 6 de Julho de 2020 • 39

DESPORTO

Real Madrid aproxima-se Frederico

Silva e Inês
de título, um penálti Murta vencem
de cada vez em Lisboa
FOTÓGRAFO

Futebol internacional Ténis

Marco Vaza Pedro Keul
Segundo jogo consecutivo Favoritos João Sousa e
com uma grande Francisca Jorge acabaram
penalidade marcada por por ser surpreendidos
Sergio Ramos. Barcelona nas finais disputadas no
triunfa em Villarreal Lisboa Racket Centre
Sergio Ramos sempre foi um defesa Treinos intensos com João Sousa
goleador, mas enquanto coabitou nos dias que antecederam o Circuito
com Cristiano Ronaldo no Real Sénior da Federação Portuguesa de
Madrid, nunca era ele a marcar os Ténis (FPT) deram confiança a Frede-
penáltis. Isso mudou desde que CR7 rico Silva para poder vencer o melhor
se transferiu para Turim e agora é tenista português de sempre. Na final
o central andaluz que assume todos da segunda etapa que terminou no
os pontapés da marca dos 11 metros Lisboa Racket Centre, Silva foi supe-
marcados a favor dos “merengues”. rior a Sousa nos dois sets.
Tem sido por isso que esta tempo- “Foi o melhor jogo que fiz desde
rada está a ser a mais goleadora de que voltámos à competição depois
.

sempre na carreira de Ramos e tem desta paragem prolongada e estou

sido assim que o Real tem alimen- muito satisfeito”, resumiu Frederico
tado a sua liderança na Liga espa- Silva (193.º), após derrotar Sousa
nhola. Pelo segundo jogo consecu- (66.º), por 6-3, 6-4.
tivo, os “merengues” triunfaram Sergio Ramos mantém uma eficácia fabulosa da marca dos 11 metros Com uma atitude muito positiva ao
com um penálti convertido por longo de todo o encontro, o esquer-
Ramos, desta vez por 0-1 no San por 1-4, com o fantástico trio de ata- pa catalã numa altura em que muito co golo do jogo. A descida pode Æcar dino nascido há 25 anos nas Caldas da
Mamés, frente ao Athletic Bilbau, que composto por Lionel Messi, se fala de crise e da possível saída consumada na próxima jornada, no Rainha confirmou a qualidade que o
na 34.ª jornada. Luis Suárez e Antoine Griezmann de Messi, em 2021. “derby” com o Barcelona, em Camp levou já a derrotar três tenistas do top
Este triunfo no País Basco valeu à (de regresso ao “onze”) a proporcio- Sendo a crise real, ou não, a ver- Nou. 100 no circuito internacional e, desde
equipa de Zidane Æcar a salvo de nar momentos de grande espectá- dade é que o Barcelona terá feito o break no quarto jogo, tomou o
qualquer aproximação do Barcelo- culo. Foi a melhor resposta da equi- uma das suas melhores exibições Roma volta a perder ascendente no encontro. “Tinha de
na, que disfarçou a crise que atra- dos últimos tempos. Logo aos 3’, O desconÆnamento não está a cor- entrar bem, porque o João é um joga-
vessa com um triunfo por 1-4, sobre Messi levou a bola até à área, deixou rer nada bem à Roma de Paulo Fon- dor de nível top 100, top 50 até, que
o Villarreal. A quatro jornadas do CLASSIFICAÇÃO para Alba, que fez o cruzamento na seca. A formação romana sofreu está há muitos anos nesta classifica-
Æm, são quatro os pontos que sepa- direcção de Griezmann. O francês ontem a sua terceira derrota conse- ção. Talvez hoje ele não tenha conse-
ram os dois primeiros, sendo que já ESPANHA tentou o remate de calcanhar, mas cutiva na Serie A italiana, perdendo guido fazer o seu melhor jogo, mas eu
não há qualquer embate entre os Jornada 34 quem marcou foi Torres, na própria por 2-1 no San Paolo, frente ao Nápo- soube aproveitar isso”, frisou.
Atlético Madrid-Maiorca 3-0
dois até ao Æm da temporada, com Celta Vigo-Betis 1-1 baliza. A resposta do “submarino les. Com mais este desaire, o tercei- Já Sousa foi mais sucinto: “Faltou
a vantagem no confronto directo a Valladolid-Alavés 1-0 amarelo” veio pouco depois, com ro em quatro jogos desde a retoma, nível, faltou intensidade, faltou atitu-
Granada-Valência 2-2
pertencer ao Real Madrid. Athletic Bilbau-Real Madrid 0-1 Moreno a concretizar uma excelen- a Roma Æcou ainda mais longe da de. O Frederico esteve muito bem e
Naquele que, em teoria, era o seu Espanyol-Leganés 0-1 te jogada de contra-ataque. Atalanta, que ganhou (0-1) ao Caglia- com muito boa atitude. Tudo aquilo
Osasuna-Getafe 0-0
teste mais difícil até ao Æm do cam- Villarreal-Barcelona 1-4 Até ao intervalo, a equipa de Qui- ri — já são 15 pontos de vantagem da que eu não tive, ele teve.”
peonato, o Real sofreu bastante com Levante-Real Sociedad 18h30, Eleven1 que Setién, que teve Nelson Semedo equipa de Bérgamo sobre os roma- Na final feminina do torneio dotado
Sevilha-Eibar 21h, Eleven1
o adversário basco e só conseguiu de início, ainda marcou mais dois nos, que se deixaram apanhar pelo com 15 mil euros em prémios mone-
J V E D M-S P
chegar ao golo na segunda parte. 1. Real Madrid 34 23 8 3 62-21 77
golos, ambos espectaculares e com Nápoles na tabela. tários, Inês Murta (645.ª no ranking
Aos 72’, Marcelo caiu na área e o 2. Barcelona 34 22 7 5 78-36 73 um elo em comum, Messi, autor de Na Premier League, já com as mundial) viu premiada a maior agres-
árbitro deixou seguir a jogada. 3. Atlético Madrid 34 16 14 4 46-25 62 duas assistências. Primeiro, aos 20’, contas do título fechadas, o Liver- sividade para vencer a favorita Fran-
Depois de alertado pelo VAR, o juiz 4. Sevilha 33 15 12 6 48-33 57 levou a bola até à área contrária, pool voltou às vitórias, triunfando cisca Jorge (579.ª), por 6-1, 6-3, e vin-
5. Villarreal 34 16 6 12 54-44 54
apitou para penálti e Sergio Ramos 6. Getafe 34 14 11 9 42-31 53
deixou em Suárez, que, bem longe por 2-0 sobre o Aston Villa. Mané e gar a derrota, uma semana antes, em
fez o que tem feito com mestria: 7. Real Sociedad 33 15 5 13 50-42 50 da baliza, fez o 1-2. Depois, aos 45’, Curtis Jones marcaram os golos dos Vale do Lobo. “Tacticamente, joguei
converter pontapés dos 11 metros. 8. Athletic Bilbau 34 12 12 10 38-29 48 voltou a fazer o mesmo, desta vez “reds”. Já o Manchester City, depois bastante melhor do que na final do
Foi o 16.º penálti consecutivo con- 9. Valência 34 12 11 11 43-50 47 deixando de calcanhar para um do triunfo sobre o Liverpool, sofreu Algarve. As vitórias dão sempre con-
10. Granada 34 13 8 13 42-40 47
vertido pelo central, que chegou aos espectacular remate certeiro de uma inesperada derrota em fiança”, afirmou Murta.
11. Osasuna 34 11 12 11 40-47 45
12 golos na temporada e voltou a 12. Levante 33 12 6 15 41-46 42 Griezmann. Ansu Fati fechou as Southampton, por 1-0. Foi a nona A terceira e última etapa do Circui-
decidir uma partida para o Real, à 13. Valladolid 34 8 15 11 28-37 39 contas do jogo, aos 86’. derrota da temporada no campeo- to Sénior FPT decorre esta semana no
semelhança do que tinha feito na 14. Betis 34 9 11 14 44-55 38 No fundo da tabela, o Espanyol nato para a formação orientada por Tennis Club da Figueira da Foz, antes
15. Alavés 34 9 8 17 32-51 35
ronda anterior, frente ao Getafe. Æcou praticamente condenado à Pep Guardiola, num jogo em que os da realização do Campeonato Nacio-
16. Eibar 33 9 8 16 34-50 35
Depois do que tinha feito o Real 17. Celta Vigo 34 7 14 13 33-43 35
despromoção, depois do desaire em portugueses Bernardo Silva e João nal Absoluto, no Complexo Despor-
em Bilbau, o Barcelona tinha de res- 18. Maiorca 34 8 5 21 35-59 29 casa frente ao Leganés, penúltimo Cancelo foram titulares. tivo do Monte Aventino, no Porto.
ponder na mesma moeda e foi o que 19. Leganés 34 6 10 18 25-49 28 classiÆcado, por 0-1 — o ex-sportin-
fez frente ao Villarreal, um triunfo 20. Espanyol 34 5 9 20 27-54 24 guista Jonathan Silva marcou o úni- mvaza@publico.pt pkeul@publico.pt
Segunda-feira, 6 de Julho de 2020
BARTOON LUÍS AFONSO
CONSOANTE MUDA
Na lista negra dos britânicos é que se está bem
Rui Tavares
Q
uem diria: aÆnal a cura não
era pior do que a doença. À
saída do estado de
emergência Portugal tinha
duas opções: ou prosseguir
uma estratégia de supressão
do vírus durante mais algumas
semanas, ou aproveitar o bom
desempenho na primeira fase da
pandemia para antecipar o
regresso à normalidade
económica. Foi a segunda
estratégia a ser escolhida.
Deliberadamente, e com apoio de
grande parte da opinião
publicada.
É bom que estejamos
conscientes: tal como não houve
um “milagre” em março e abril,
mas apenas o resultado de uma
ação metódica e disciplinada,
tanto por parte das autoridades
públicas como por parte da
sociedade civil, o que estamos a
viver agora não é efeito do
desmazelo ou da incúria
nacionais. Numa sociedade
complexa, não há uma coisa nem
outra: há opções políticas e há
debates bem ou mal feitos,
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Entregamos o jornal
em sua casa
estratégias levadas até ao Æm muitos mais casos ativos do que o das necessidades de consumo do
quando estão a correr bem, ou histórico reino dos Algarves (agora turista britânico do que na
abandonadas a meio com os riscos aparentemente reinstituído para necessidade de segurança
inevitáveis. efeitos de propaganda), e sanitária do residente em Portugal.
Justiça seja feita, a estratégia verberando o governo de Sua A segunda é que não adianta de
escolhida a partir de maio não foi Majestade por não ter reciprocado absolutamente nada dar
calamitosa do ponto de vista da a amizade com que Portugal o tratamento de favor ao Governo
saúde pública: estamos apenas tratou ao nunca ter fechado as britânico (como quarenta anos de
pior do que poderíamos estar, mas fronteiras lusas aos seus súbditos. exceções britânicas na UE nos
ainda assim muito melhor do que Tudo bem; pode ser que a deveriam ter ensinado). Não
estivemos, e a nossa baixa taxa de estratégia comunicacional surta interessa se Portugal prometeu
fatalidades acomoda o resto. efeito, mas não nos iludamos. A abrir corredores especiais para os
Paradoxalmente, a estratégia única opinião que o Governo de britânicos pós-“Brexit”,
.
escolhida falhou no seu principal Boris Johnson quer ouvir é a do reconfortando os setores mais
objetivo, que era o económico: se proprietário de algum dos eurofóbicos da política daquele
tivéssemos prosseguido uma poderosos tablóides britânicos. país, ou se um dos enfermeiros
estratégia de supressão, ainda que Fora disso, aplique-se cegamente o que salvou Boris Johnson era
por mais um par de semanas, critério dos números das novas português, ou se o Tratado de
teríamos chegado ao início do infeções por cem mil habitantes, Windsor tem 634 anos. Os gregos
Verão com os melhores sem cuidar de se estamos a falar mantiveram o seu bloqueio aos
indicadores estatísticos da nossa dos “mais velhos aliados do voos britânicos e não estão na lista
região europeia e com a imagem mundo”. negra britânica.
internacional intocada. Só há duas coisas que a esta Quanto a nós, deveríamos tomar
Não tendo assim sido, estamos altura do campeonato já este incidente como uma
agora a lamentar-nos dos efeitos deveríamos ter aprendido. oportunidade. Da maneira como a
catastróÆcos para o turismo
nacional da decisão do Reino
Da maneira como a A primeira é que se o Reino
Unido tem a situação mais
situação pandémica está a evoluir,
pode ser que importar menos
Unido de manter Portugal na “lista situação pandémica descontrolada do que Portugal — e, casos de covid-19 nos venha a ser
negra” dos países a partir dos
quais os veraneantes britânicos
está a evoluir, pode pelo andar da carruagem, daqui a
quinze dias ela estará ainda mais
benéÆco antes de uma segunda
vaga da doença. E sobretudo,
serão forçados a fazer quarentena ser que importar descontrolada — porque raio pode ser que Ænalmente se
no regresso a casa. O menos casos de andamos a pedir que venham comece a pensar em sair de um
primeiro-ministro e o ministro dos turistas de uma situação certo modelo de turismo
Negócios Estrangeiros lançam covid-19 nos venha pandémica pior do que a nossa massiÆcado de que pelos vistos
tweets e dão entrevistas em que a ser benéfico antes para cá? O tweet do nosso ainda estamos dependentes em
protestam contra o “absurdo” da
decisão britânica, apontando a
de uma segunda primeiro-ministro deixou mesmo
no ar a dúvida se a sua prioridade
excesso.
contradição de o Reino Unido ter vaga da doença política estava mais na satisfação Historiador
de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: Cláudia Azevedo, Ana Cristina Soares e João Günther Amaral
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