17 a 23 de março de 2024 - Ano XXXI - nº 1.

363

‘Para uma teologia fundamental do sacerdócio’ é o tema de

conferência ministrada pelo Cardeal Marc Ouellet na PUC-Rio
PÁGINAS: 4 a 7
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA

Dom Joel Portella Amado, que foi bispo auxiliar do

Rio de Janeiro, tomou posse como bispo de Petrópolis
PÁGINAS: 8 a 11
 2 ARQUIDIOCESE 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ

ATOS DO GOVERNO
6 a 12 de março de 2024
• Concedendo ao Exmo. e Re-
vmo. Dom Jeremias Antônio
de Jesus, Bispo Emérito de
Guanhães, licença para con-
ferir a Sagrada Ordem do
Diaconato aos religiosos da
Congregação da Paixão de
Jesus Cristo Anderson Carlos
Ramos, CP, Francisco Maria
de Oliveira, CP, José Eduardo
Laureano Soares, CP e Valter
Cavalcanti de Albuquerque,
CP, no dia 16 de março de
2024, na Igreja Matriz São
José e Nossa Senhora das
Dores, no Andaraí, Vicariato
Episcopal Norte.
• Aceitando a renúncia do Re-
vdo. Pe. João Lucio Fernandes
dos Reais ao ofício de Vigário
Paroquial na Paróquia Santa
Edwiges, em Brás de Pina, Vi-
cariato Episcopal Leopoldina.
• Aceitando a renúncia do
Revdo. Pe. Marcelo Queiroz
Ramos Cruz ao ofício de
Vice-Reitor do Seminário
Propedêutico Rainha dos
Apóstolos.
• Nomeando o Revdo. Pe. Da-
mião José do Nascimento, MI
para o ofício de Vigário Paro-
quial na Paróquia São Camilo
de Lelis, na Usina, Vicariato
Episcopal Norte.
• Nomeando o Revdo. Pe. Da-
mião José do Nascimento, MI
para o ofício de Capelão do
Hospital do Câncer III (Inca),
situado no território da Pa-
róquia Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro, no Grajaú,
Vicariato Episcopal Norte.
• Concedendo ao Revdo. Pe.
Alexsandro Rodrigues de
Assis (Fr. Antônio), do clero
de Mogi das Cruzes e membro
da Associação de Fiéis Pobres
de Jesus Cristo, licença para
exercer o ministério sacerdo-
tal nesta Arquidiocese.
• Concedendo ao Revdo. Pe.
José Éder Ribeiro Lima, do
clero de Rondonópolis-Guia-
ratinga, licença para exercer
o ministério sacerdotal nesta
Arquidiocese.
• Concedendo ao Revdo. Pe.
Rogério Guimarães de Almei-
da Cunha, do clero de Cacho-
eiro de Itapemirim, licença
para exercer o ministério sa-
cerdotal nesta Arquidiocese.
• Transferindo o Revdo. Diác.
Venir Norat Pinheiro da Pa-
róquia Nossa Senhora da Con-
ceição Aparecida, em Paciên-
cia, Vicariato Episcopal Santa
Cruz, para exercer o ministério
diaconal na Paróquia São
Francisco de Assis, em Santa
Rosa, Campo Grande, Vicariato
Episcopal Campo Grande.
• Excardinando o Revdo. Diác.
Carlos Aury dos Santos e Sil-
va, em vista de futura incardi-
nação na Diocese de Setúbal.
Em datas anteriores:
• Nomeando o Revdo. Pe.
Wellington Gusmão Mendes
para o ofício de Ecônomo do
Seminário Arquidiocesano de
São José.
• Confirmando o Revdo. Pe.
Douglas Renato Oliveira Na-
varro para o ofício de Assis-
tente Eclesiástico do Setor
Universidade.

ANIVERSARIANTES O Jornal Testemunho de Fé congratula-se com todos os aniversariantes desta semana e suas comunidades

NATALÍCIO
DIA 17
• Mons. Helio Pacheco Filho
• Pe. Daniel da Silva
DIA 19
• Côn. José A. Pedroza da Silva
• Pe. Evandro José da Silva
• Pe. Jorge dos Santos Carreira
• Pe. José M. dos Reis, PODP
• Diác. José C. Oliveira Melo
• Diác. Leonardo J. F. Laurentino
• Diác. Vinicius Nelson G. Souza
DIA 20
• Pe. Mozart N. Andrade Santos Neto, SDV
DIA 21
• Pe. Frei Antônio B. B.Santos, OCarm
• Pe. Bento Oliveira de Almeida
• Pe. Frederico Rodrigues Farias
• Pe. Ronaldo E.Santos
• Diác. Ricardo de Souza
• Diác. Vanilton H. da Costa
DIA 22
• Pe. José María R. Sobrino, LC
• Pe. Sílvio de Barros Gomes
• Diác. Gilmar Barbosa Aparecido
DIA 23
• Pe. José Gilberto dos Santos
• Pe. Vanderlei Batista Papinha
• Diác. José Paulo da Silva
ORDENAÇÃO
DIA 18
• Pe. Ignácio Silva Fábregas
DIA 19
• Dom Assis Lopes (ordenação episcopal)
• Pe. João Navarro Reberte (1972)
• Pe. Herlandino Sampaio Paiva (2011)
• Pe. Celio Luis Casale, EP (2012)
DIA 20
• Pe. Antônio D. Rabelo Fleming
DIA 21
• Dom Justino de Almeida Bueno, OSB
DIA 22
• Dom Karl Josef Romer (ordenação pres-
biteral)

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TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 VOZ DO PASTOR 3

5º Domingo da Quaresma
‘Criai em mim um coração que seja puro’ (Sl 50,51)
C
elebramos neste domin- dessa semana e contemplar o da entrega de Jesus na Cruz.
go o quinto do tempo caminho de Jesus até o calvá- Com a sua morte na Cruz
quaresmal, e, na pró- rio. Como já sabemos, a Qua- muitos seriam atraídos a Ele
xima semana, celebraremos o resma significa a passagem da e anunciariam a Salvação que
Domingo de Ramos, iniciando escravidão para a liberdade, ou vem d’Ele.
a Semana Santa, a mais impor- da morte para a vida. Que ao O tempo quaresmal é um
tante para nós católicos, pois chegar a Páscoa iniciemos uma período que passa rápido e é
só existe uma Semana Santa vida nova, não sejamos mais marcado pela penitência, além
ao longo do ano. Estamos escravos do pecado e vivamos das três práticas espirituais
nos aproximando do final de a nossa liberdade em Deus. que são: oração, jejum e a cari-
tempo quaresmal, mas, ainda A exemplo do que acom- dade (esmola). Através daquilo
há tempo de nos prepararmos panhamos na liturgia deste que o tempo da Quaresma nos
para a Páscoa do Senhor por domingo, que possamos con- propõe, devemos caminhar
meio da confissão sacramental templar Jesus com o olhar da alegres até a Cruz do Senhor,
auricular. fé, e entender que era necessá- pois da Cruz nos veio a nossa
Ao longo desta semana, rio que Ele morresse na Cruz salvação. O tempo da Quares-
poderemos intensificar a nossa para nos salvar. A partir da ma em si não é para ser um
vida de oração e meditar no Cruz de Jesus fincada na terra tempo triste ou de luto, mas
amor de Deus, a ponto de en- brotaria muitos frutos, de vida pelo contrário, é um tempo
tregar o Seu Filho para morrer e salvação, e de tantos homens em que devemos nos alegrar
por nós na Cruz. Quem sabe e mulheres que anunciariam a por conta da entrega de Jesus
meditar a Via-Sacra ao longo Vida Nova, que surgiu a partir por nós.
A primeira leitura da missa
deste domingo é do livro do
profeta Jeremias (Jr 31,31-34):
Deus fala por meio do profeta
Jeremias que virão dias em que
concluirá com a casa de Israel
e a casa de Judá uma nova
aliança. Podemos entender
que essa nova e eterna aliança
se dará a partir da morte de
Jesus na Cruz. Todo o povo
passará a pertencer ao Senhor
definitivamente, e a partir
da entrega de Jesus na Cruz
todos os nossos pecados são
perdoados. Deus, ao se revelar
ao povo de Israel institui a lei,
para que todo o povo tivesse
uma direção, com a morte de
Jesus na Cruz e posterior res-
surreição, é instaurada a nova
Lei, que consiste em amar a
Deus e ao próximo.
O Salmo responsorial é o
50 (51), que diz em seu refrão:
“criai em mim um coração que
seja puro”, é o que Deus espera
de nós nessa Páscoa, que o nos-
so coração seja transformado e
purificado. É isso que acontece
quando nos aproximamos do
Sacramento da Reconciliação,
Cristo crucificado. Por Bartolomé Esteban Murillo, c.1617-1682. saímos com o nosso coração
Acervo do Museu do Prado, em Madri, na Espanha purificado. Por isso, quem
ainda não se confessou
procure o Sacramento da
Reconciliação antes da
Páscoa. A celebração da
Páscoa apaga os nossos
pecados, mas é necessá-
rio também estar com a
confissão em dia.
A segunda leitu-
ra deste domingo é da
carta aos Hebreus (Hb Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do
5,7-9): o autor da carta
aos Hebreus diz que, ao
longo de sua vida, Jesus diri-
giu preces e súplicas a Deus e
foi atendido, justamente por
causa de sua entrega total a
Deus. Jesus, desde quando
foi concebido, e ao longo de
sua vida pública, aprendeu o
que significa a obediência a
Deus. Ele foi obediente a Deus
até mesmo porque sabia que
através de sua entrega na Cruz
toda a Humanidade seria salva
e Deus selaria uma nova e eter-
na aliança com a Humanidade.
O evangelho deste domin-
go é de João (Jo 12,20-33): nes- por cultura e por busca de po-
se trecho do Evangelho alguns
gregos aproximaram-se de Fili-
pe, que era de Betsaida da Gali- ção pedindo a união de todos
leia, e disseram que gostariam
de ver Jesus. Os gregos não
eram bem-vistos pelos judeus,
não eram considerados uma
raça pura, pois vieram após o
exílio da Babilônia. Inclusive
os judeus acreditavam que
somente eles seriam salvos,
pois eram o povo escolhido, e
ainda consideravam os judeus
sem fé.
Porém, nesse evangelho, os
gregos que eram considerados
sem fé pelos judeus querem ver
e se aproximar de Jesus. Filipe a Deus que aumente a nossa fé
combinou com André e os dois
foram falar com Jesus. E Jesus
diz: “Chegou a hora em que o
filho do homem vai ser glorifi- que iremos concluir no próxi-
cado”. Ele profere uma longa
oração ao Pai, a conhecida
“oração da unidade”, ou seja,
o desejo de Jesus que todos
os povos fossem um só e não
Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist.
Rio de Janeiro (RJ)
houvesse mais divisão entre
os povos da terra. A salvação
é para todo aquele que tem fé
e acredita de coração aberto.
Jesus profere essa oração
neste momento tanto para os
judeus como para os gregos.
Primeiramente, para que os
gregos se sentissem parte de
todo o povo, e em segundo
lugar, para que os judeus mu-
dassem a mentalidade.
Infelizmente nos dias de
hoje ainda vemos muitas divi-
sões e brigas, seja por religião,
der. Com certeza, poderíamos
repetir muitas vezes essa ora-
os povos. Deus é um só que
intercede por todos nós e quer
o nosso bem. Devemos viver
aqui na terra a religião do amor
pregada por Jesus, com certeza
o mundo seria diferente.
Estamos caminhando para
o final do período quaresmal,
esse tempo propício nos indica
conversão e mudança de vida,
por isso, não excluamos e nem
condenemos ninguém, pra-
tiquemos a religião do amor
instaurada por Jesus. Peçamos
e a nossa capacidade de amar
e servir. Inspirados ainda pela
Campanha da Fraternidade
mo domingo com a coleta da
solidariedade, mas que nos
impulsiona para que a amizade
social nos leve a acolher todos
como irmãos e irmãs.

AGENDA DO ARCEBISPO
DIA 17 DIA 18 tos, no Centro no Centro Admissão às Ordens Sacras Vocações Sacerdotais (OVS),
9h - Missa na novena do 9h - Missa da União de 20h30 - Reunião online do 19h - Missa em ação de gra- no Seminário Missionário na Igreja de São Pedro, no
Juristas Católicos do Rio de encontro inter-religioso Di- ças pelos 90 anos de criação Redemptoris Mater Rio Comprido
padroeiro da Paróquia São
Janeiro, na capela do Edifício álogo e Paz da Paróquia São Benedito,
José, em Ramos 19h - Missa de posse do
São João Paulo II, na Glória em Pilares DIA 23
18h30 - Missa na novena do 12h - Missa na Igreja Nossa DIA 19 9h - Missa “O Rio Celebra” padre Cláudio de Aguiar da
padroeiro da Paróquia São Senhora do Rosário e São 15h - Missa na festa do DIA 22 com os novos sacerdotes Silva, na Paróquia Santo
José, em Inhoaíba Benedito dos Homens Pre- padroeiro da Igreja São José, 19h - Missa com rito de e benfeitores da Obra das Antonio, em Água Santa
 4 ARQUIDIOCESE
‘Para uma teologia fundamental do
sacerdócio’ é tema de conferência ministrada
pelo Cardeal Marc Ouellet na PUC-Rio
“Para uma teologia funda-
mental do sacerdócio” foi o
tema do simpósio realizado na
Pontifícia Universidade Católi-
ca do Rio de Janeiro (PUC-Rio),
na Gávea, na manhã do dia 15 de
março, apresentado pelo prefei-
to emérito do Dicastério para
os Bispos e presidente emérito
da Pontifícia Comissão para a
América Latina, Cardeal Marc
Ouellet, que também foi arce-
bispo metropolitano de Québec
e primaz do Canadá.
O tema faz parte de uma
obra em dois volumes que reúne
as atas de um simpósio interna-
cional realizado no Vaticano,
em fevereiro de 2022, promo-
vido pelo Centro de Pesquisa
e Antropologia das Vocações.
O Cardeal Marc Ouellet,
que também participou de
simpósios nas arquidioceses
de São Paulo, Brasília e Belo
Horizonte, foi acolhido no Rio
de Janeiro pelo arcebispo me-
tropolitano e grão-chanceler da
PUC-Rio, Cardeal Orani João
Tempesta.
Estavam presentes no sim-
pósio o presidente do Regional
Leste 1 da CNBB, Dom Gilson
Andrade da Silva, e represen-
tando a PUC-Rio o reitor, padre
Anderson Antônio Pedroso,
e o diretor do Departamento
de Teologia, padre Waldecir
Gonzaga. Também a presença
de bispos, sacerdotes, religio-
sos, seminaristas, professores
e fiéis leigos.
Ainda houve uma segunda
conferência, que teve como
tema sacerdócio e missiona-
riedade, proferida pelo vigário
geral da Arquidiocese de Flo-
rianópolis (SC) e professor de
Teologia da Faculdade Católica
de Santa Catarina, padre Vitor
Galdino Feller.
Após o simpósio, o cardeal
canadense presidiu missa na
Igreja do Sagrado Coração de
Jesus, ainda na PUC-Rio. No
mesmo dia, visitou a Paróquia
São Benedito, no Morro dos
Cabritos, em Copacabana. No
sábado, dia 16 de março, o Car-
deal Marc Ouellet participou da
ordenação de 18 sacerdotes na
Catedral de São Sebastião, no
Centro, e visitou pontos turís-
ticos da cidade. No domingo de
manhã, dia 17 de março, presi-
diu missa na capela do Palácio
São Joaquim, na Glória, e partiu
para compromisso no Chile.
MINISTÉRIO EFICIENTE E
FUNCIONAL
Na abertura, Dom Orani
enfatizou que o evento foi ide-
alizado pelo próprio Cardeal
Ouellet, que já apresentou a
temática “Para uma teologia
fundamental do sacerdócio” no
Vaticano e em outras dioceses,
inclusive no Brasil.
“É pertinente observarmos
que uma visão pretensamente
atualizada do sacerdócio acaba
por reduzi-lo ao exercício de um
ministério eficiente e funcional,
bem ao modo da mentalidade
produtivista que domina o nos-
so mundo e considera como fim
único a ‘produção máxima’ que
números e estatísticas podem
comprovar. Enfrentando esta
distorção, Cardeal Ouellet tem
a audácia de voltar às raízes
mais profundas do sacerdócio
17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA
quando aponta seu fundamen-
to, que é primordialmente do-
ação de si mesmo; uma doação
que tem seu modelo e origem
na doação mútua das pessoas
trinitárias, realiza-se na Igreja
e nos chama a participar des-
ta comunhão de amor. Esta é
justamente a vocação nupcial
que se expressa na relação com
Deus desde o Antigo Testa-
mento e se plenifica na entrega
que o próprio Deus, o próprio
Jesus Cristo faz de si mesmo,
totalmente por amor, como São
Paulo fala na Carta aos Efésios:
‘Progredi na caridade segundo
o exemplo de Cristo, que nos
amou e por nós se entregou a
Deus como oferenda e sacrifício
de agradável odor’ (Ef 5, 2)”,
ressaltou Dom Orani.
SACERDÓCIO, MISTÉRIO QUE É
DOM E TAREFA
Dom Gilson exaltou que o
Cardeal Ouellet “traz consigo
uma longa experiência pastoral
no contato direto com bispos,
padres, especialmente na mis-
são que desenvolveu durante
tantos anos no Dicastério para
os Bispos. As primeiras décadas
que se sucederam ao Concílio
Vaticano II, o tema da identida-
de presbiteral foi amplamente
debatido e aprofundado. A lite-
ratura sobre o assunto é vastíssi-
ma e muito rica, mas creio que a
tarefa existencial continua sen-
do aquela indicada pelo Papa
São João Paulo II numa de suas
visitas apostólicas à África: ‘a
maior tarefa do sacerdote é crer
no próprio mistério, um misté-
rio que é dom e tarefa, e que se
realiza no cotidiano na vida do
padre, no qual ele é chamado a
sempre mais identificar-se com
a sua identidade’”.
PUC, INSTRUMENTO
PRIVILEGIADO DA IGREJA
O padre Anderson Pedro-
so, reitor da PUC-Rio, na sua
mensagem de boas-vindas
recordou um trecho da carta
magna da Pontifícia Universi-
dade Católica do Rio de Janeiro:
“Como universidade católica,
a PUC-Rio assume claramente
sua missão evangelizadora e de
instrumento privilegiado da
Igreja na Pastoral da Cultura,
procurando ser fiel na doutrina
de Cristo transmitida pela Igre-
ja Católica”.
TEMÁTICA DO SIMPÓSIO
O Cardeal Ouellet iniciou
sua fala lembrando que no sim-
pósio de 2022 o Papa Francisco
discorreu sobre a espirituali-
dade sacerdotal, ressaltando
sobre as quatro proximidades
essenciais na vida dos sacerdo-
tes: a proximidade de Deus, a
proximidade do bispo, a proxi-
midade dos colegas sacerdotes e
a proximidade do povo de Deus.
“Os três dias intensos de con-
ferências e debates forneceram
elementos muito importantes
para a ref lexão sobre todas
as vocações. Uma verdadeira
atualização das orientações do
Concílio Vaticano II sobre a te-
ologia do sacerdócio, incluindo
o sacerdócio comum dos bati-
zados e o sacerdócio particular
dos ministros ordenados”.
Empenhado em divulgar
pelo mundo as atas resultantes
deste simpósio, Cardeal Ouellet
destacou que o principal objeti-
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
vo do Centro de Pesquisa
e Antropologia das Vo-
cações, fundado por sua
iniciativa, é “apoiar as
vocações, todas as voca-
ções, e lançar luz sobre
o sentido da vida como
vocação. Isto parece-
-me muito importante
no momento atual para
apoiar a procura de uma
Igreja mais sinodal, pois
a maior participação do
povo de Deus na comu-
nhão e na missão da Igreja
pressupõem uma maior
consciência vocacional;
um compromisso de cada
batizado com sua missão
no projeto de Deus. Sem o
compromisso pessoal dos
batizados como discípu-
los-missionários, na linha
do que foi estabelecido
na Conferência Geral do
Celam em Aparecida, em
2007, o desenvolvimento
de uma Igreja sinodal não
passaria de uma moda
passageira. Com a con-
tribuição dinâmica de
discípulos-missionários
bem motivados, a re-
novação sinodal sonha-
da pelo Papa Francisco
torna-se um novo modo
de ser Igreja, mais par-
ticipativa, mais fraterna,
mais consciente de que
a missão da Igreja não é
primariamente clerical,
mas batismal”.
Nas três etapas em
que dividiu sua conferên-
cia, Dom Marc procurou
enfatizar a primariedade
do sacerdócio comum de
todos os batizados como
aspiração para as demais
vocações ministeriais. Na
primeira etapa, tratou
das questões relativas ao
sacerdócio na América
Cardeal Marc Ouellet ministra conferência na PUC-Rio
Latina, na segunda, sobre
as novidades do Concí-
lio Ecumênico Vaticano
II quanto ao sacerdócio
ainda pouco exploradas,
e na terceira parte tratou
a teologia do sacerdócio
à luz da pneumatolo-
gia, ou seja, o sacerdó-
cio como mediação do
Espírito Santo. “Todos
os batizados, homens e
mulheres, tendo recebido
o selo da filiação divina,
participam, enquanto
filhos e filhas de Deus,
no Filho, na sua vida tri-
nitária-filial, que inclui a
participação no mistério
da sua coexpiração do
Espírito Santo com o Pai.
Esta participação de cada
batizado na relação entre
Cristo e o Espírito é, a
meu ver, o fundamento e
a essência do sacerdócio
comum dos fiéis”.
Cardeal Ouellet res-
saltou ainda os principais
aspectos da missão sa-
cerdotal dos fiéis leigos:
“adorar a Deus em espí-
rito e em verdade; con-
sagrar o mundo a Deus;
difundir e infundir o es-
pírito do Evangelho nas
estruturas, instituições
e empresas deste mundo
através do seu testemu-
nho de fé, esperança e
de caridade. Desta for-
ma, os leigos ajudam a
desenvolver um clima de
fraternidade em todas as
suas relações humanas,
como o Papa Francisco
nos convida vivamente
a fazer na ‘Fratelli Tutti’.
Eles participam assim na
ação santificadora do Es-
pírito Santo no mundo. É
o seu modo sacerdotal de
participar ativamente na
ARQUIDIOCESE 5
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA
vinda do Reino de Deus”.
Por fim, enfatizou que
“o Concílio Vaticano II
convida-nos a alargar
nossa visão do sacerdó-
cio, reenquadrando o
sacerdócio hierárquico
ao serviço do sacerdócio
filial e fraternal dos ba-
tizados”.
A MISSIONARIEDADE DO
SACERDÓCIO CRISTÃO
Na segunda confe-
rência, com o título “A
missionariedade do sa-
cerdócio cristão”, padre
Vitor Galdino Feller di-
vidiu sua fala em cinco
pontos: 1. A missionarie-
dade da divina trindade;
2. A missão de pastor,
semeador, pescador; 3.
A missionariedade do
sacerdócio de Cristo; 4.
A missionariedade do Cardeal Marc Ouellet
sacerdócio comum dos
fiéis; e 5. A missionarie-
dade do sacerdócio mi-
nisterial ordenado.
“A missionariedade do
sacerdócio de Cristo refle-
te-se na missionariedade
do sacerdócio batismal e
na missionariedade do sa-
cerdócio ministerial. Um
grande convite a sermos
não apenas pastores das
ovelhas que já são nos-
sas, mas também seme-
adores do Reino de Deus
no vasto campo que é o
mundo e também pesca-
dores nesses mundos tão
difíceis, tão conflitivos,
tão complicados, onde Padre Vitor, Cardeal Marc Ouellet e monsenhor André Sampaio
somos chamados hoje a
anunciar o Evangelho do
Senhor”, disse padre Vitor
Galdino Feller.
LUIZ CASEMIRO E VINÍCIUS
AROUCA
Padre Vitor Galdino Feller
 6 ARQUIDIOCESE
Simpósio Teológico Internacional PUC-Rio – 15 / 03 / 2024
Tema – “Por uma teologia fundamental do sacerdócio”
Caros irmãos e irmãs em Cristo,
É com grande alegria que hoje recebemos a todos, aqui
na PUC-Rio, para este Simpósio Teológico Internacional,
que vai tratar do tema do sacerdócio, tanto sob o enfoque
da teologia, como da missionariedade.
Desejo saudar cada um dos presentes e os membros
que compõem conosco esta mesa de abertura:
- Dom Gilson Andrade da Silva, bispo de Nova
Iguaçu e presidente do Regional Leste 1
- Padre Anderson Antonio Pedroso, reitor da PUC-Rio
- Padre Waldecir Gonzaga, diretor do Departamento
de Teologia da PUC-Rio.
Este evento foi originalmente idealizado pelo Cardeal
Marc Ouellet, atualmente prefeito emérito do Dicastério
para os Bispos, que já o apresentou no Vaticano e em outras
dioceses, inclusive no Brasil. Temos hoje o privilégio de
recebê-lo em nossa universidade católica, para proferir a
conferência que dá título a esse evento: “Por uma teologia
fundamental do sacerdócio”.
Seremos também agraciados pela participação do
padre Vitor Galdino Feller, vigário geral da Arquidiocese
de Florianópolis, que tem uma ampla atuação pastoral e
acadêmica no exercício do seu ministério sacerdotal. Ele
vai nos falar sobre “Sacerdócio e missionariedade”.
São muitos e diversificados os aspectos que as li-
nhas gerais deste simpósio nos oferecem, as quais serão
competente e profundamente explicitadas pelos nossos
conferencistas.
Desejo, entretanto, destacar brevemente aquele que
é o fundamento do sacerdócio, e que o Cardeal Ouellet
anuncia nas linhas gerais que propõe para este simpósio
– trata-se da abordagem sobre uma “eclesiologia trinitária
e nupcial”.
É pertinente observarmos que uma visão pretensa-
mente atualizada do sacerdócio acaba por reduzi-lo ao
exercício de um ministério eficiente e funcional, bem ao
modo da mentalidade produtivista que domina o nosso
mundo, e considera com fim único a produção máxima
que números e estatísticas podem comprovar.
Enfrentando essa distorção, o Cardeal Ouellet tem a
audácia de voltar às raízes mais profundas do sacerdócio,
quando aponta seu fundamento, que é, primordialmente,
doação de si mesmo – uma doação que tem seu modelo
e origem na doação mútua das pessoas trinitárias, se re-
aliza na Igreja e nos chama a participar dessa comunhão
de amor. Essa é justamente a vocação nupcial que se ex-
pressa na relação com Deus desde o Antigo Testamento,
e se plenifica na entrega que o próprio Jesus Cristo faz de
si mesmo, totalmente por amor, conforme São Paulo fala
na Carta aos Efésios:
“Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que
nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e
sacrifício de agradável odor.” (Ef 5,2)
Permitam-me citar, a seguir, as palavras do próprio
Cardeal Ouellet sobre o alcance da eclesiologia trinitária
e nupcial:
“Uma visão fundamental do sacerdócio, centrada na
articulação intrínseca entre o sacerdócio dos fiéis e o
sacerdócio hierárquico, pode desenvolver uma motivação
mais explícita com a ajuda de uma eclesiologia trinitária
e nupcial, que se baseia sobre o dinamismo da comunhão
eclesial, encorajando vivamente o empenho no estado de
vida próprio, matrimonial, sacerdotal ou consagrada”...
Chegamos aqui a um outro ponto fundamental do
tema deste simpósio: a articulação entre o sacerdócio dos
fiéis e o sacerdócio hierárquico, ainda hoje frequentemente
esquecida, apesar da ênfase recebida no Concílio Vaticano
17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
Abertura
GUSTAVO DE OLIVEIRA
II, que nos inspira através do documento Lumen Gentium,
do qual extraí este significativo trecho:
“O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministe-
rial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente
e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao
outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único
sacerdócio de Cristo.” (LG 10)
De fato, o sacerdócio comum dos fiéis tem sua fonte
no Batismo e alicerça o empenho por uma Igreja sinodal,
onde todos possam ouvir e dialogar como filhos de Deus,
conforme o desejo do Papa Francisco.
Voltando às linhas gerais do nosso simpósio, cito mais
um trecho contido no texto do Cardeal Ouellet. Trata-se
de mais um desdobramento da eclesiologia trinitária e
nupcial, anteriormente citada. Ele assim se expressa:
“Uma eclesiologia trinitária e nupcial [...] pode não só
harmonizar os dons hierárquicos e carismáticos na Igreja,
mas, sobretudo, fundamentar a missão diferenciada dos
membros do Corpo de Cristo”...
Chegamos assim à missionariedade, tema sobre o qual
o padre Vitor Galdino Feller certamente vai nos esclarecer
pontos fundamentais, que hoje nos provocam a assumir o
concreto posicionamento de uma “Igreja em saída”.
Gostaria de lembrar, ainda, que o nosso atual simpósio
teve um evento precursor, com a mesma temática. Foi o
simpósio “Por uma teologia fundamental do sacerdócio”,
promovido pela então Congregação para os Bispos, no
Vaticano, em fevereiro de 2022. Naquela ocasião, o Papa
Francisco proferiu um discurso, no qual nos legou profun-
dos ensinamentos sobre o sacerdócio, inclusive apontando
importantes caminhos para a missionariedade.
Destaco alguns pontos daquele discurso, que muitos
aqui devem conhecer, os quais considero marcantes para
introduzir o nosso evento.
O Papa Francisco enumera as quatro colunas constitu-
tivas da nossa vida sacerdotal, que dão solidez à pessoa do Os cardeais Tempesta e Marc Ouellet
sacerdote, as quais ele chama de quatro “proximidades”,
porque seguem o estilo de Deus, que é fundamentalmente isso, o amor entre os presbíteros tem a função de guardar,
um estilo de proximidade (cf. Dt 4,7): a proximidade a de se guardar mutuamente.
Deus, ao bispo, entre os presbíteros e ao povo.
Ele acredita que essas quatro colunas, essas quatro PROXIMIDADE COM O POVO
“proximidades”, podem ajudar de forma prática, concreta A missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente
e esperançosa a reavivar o dom e a fecundidade que um dia uma paixão pelo seu povo. Quando paramos diante de
nos foram prometidos, a manter vivo esse dom. Jesus crucificado, reconhecemos todo o seu amor que nos
dignifica e sustenta, mas lá também, se não formos cegos,
PROXIMIDADE COM DEUS começamos a perceber que este olhar de Jesus se alonga
O sacerdote é convidado, acima de tudo, a cultivar e dirige, cheio de afeto e ardor, a todo o seu povo. Lá des-
essa proximidade, a intimidade com Deus, e a partir dessa cobrimos novamente que Ele quer servir-Se de nós para
relação poderá obter todas as forças necessárias para o chegar cada vez mais perto do seu povo amado. Toma-nos
seu ministério. A relação com Deus é, por assim dizer, o do meio do povo e envia-nos ao povo, de tal modo que a
enxerto que nos mantém dentro de um vínculo de fecun- nossa identidade não se compreende sem essa pertença”
didade. Sem uma relação significativa com o Senhor, o (n. 268). A identidade sacerdotal não pode ser entendida
nosso ministério está destinado a se tornar estéril. sem a pertença ao Santo Povo fiel de Deus.
Ao finalizar esta minha breve fala, quero desejar a
PROXIMIDADE COM O BISPO todos que os fecundos temas propostos nesta manhã
A obediência não é um atributo disciplinar, mas a se prolonguem em futuras reflexões e ações concretas.
característica mais forte dos vínculos que nos unem em co- Possam elas enriquecer e renovar a vocação sacerdotal
munhão. Obedecer, neste caso ao bispo, significa aprender que um dia moveu nossos corações para respondermos
a escutar e lembrar que ninguém pode se dizer detentor da ao chamado de Cristo.
vontade de Deus, e que ela deve ser compreendida apenas Concluo com estas palavras também extraídas do
por meio do discernimento. discurso do Papa Francisco:
“Sinto que Jesus, neste momento histórico, nos convida
PROXIMIDADE ENTRE PRESBÍTEROS mais uma vez a ‘avançar para águas mais profundas’ (cf. Lc
O amor fraterno, para os presbíteros, não permanece 5,4) com a confiança de que Ele é o Senhor da história e que,
fechado em um pequeno grupo, mas se conjuga como cari- guiados por Ele, poderemos discernir o horizonte a percorrer.”
dade pastoral (cf. exortação apostólica pós-sinodal Pasto-
res dabo vobis, n. 23), que impele a vivê-lo concretamente ORANI JOÃO CARDEAL TEMPESTA, O.CIST.
ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO
na missão [...] E só quem procura amar está seguro. [...] Por
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 ARQUIDIOCESE 7

‘Eu não vim por mim mesmo:

mas o que me enviou é fidedigno’
Homilia da missa presidida pelo Cardeal Marc Ouellet, na Igreja Sagrado Coração de Jesus,
situada no campus da PUC-Rio, na Gávea, no 15 de março de 2024
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA

Jesus, mas ninguém pôs a mão
n’Ele, porque sua hora ainda
não havia chegado. Apesar da
oposição e das ameaças, Jesus
ensinou no templo: “Vós me
conheceis e sabeis de onde sou;
eu não vim por mim mesmo,
mas o que me enviou é fide-
digno”.
Caros amigos, toda a missão
de Jesus está contida nesse
testemunho. Já ouvimos sua
declaração diante de Pilatos:
“Eu vim ao mundo para dar
testemunho da verdade”. Essa
verdade é seu relacionamento
com o Pai, o relacionamento
com o Pai que O enviou e cujo
testemunho devemos aceitar se
quisermos estar em comunhão
com Deus.
Todos os nossos esforços de
evangelização e pastoral giram
em torno desse testemunho.
Quem é esse Jesus que deixou
uma marca tão grande na histó-
ria? Quem é Jesus e quem somos
nós que caminhamos juntos
seguindo seus passos? Nós tam-
bém estamos experimentando
um mundo que às vezes é duro
e hostil, e podemos ser tentados
a esconder nossa fé ou negli-
genciar nosso testemunho. As
festividades da Páscoa que se
aproximam nos lembram dos
“mirabilia Dei” da paixão e mor-
te de Jesus Cristo, que sustentam
nossa jornada e renovam nosso
próprio testemunho.
Estejamos conscientes de
que nosso testemunho está
em comunhão com todo um
povo que sofre e espera pela
vida eterna. Que o Espírito
Santo guie nossos passos até a
Páscoa do Senhor, renovando
em nossos corações a respos-
ta à pergunta de Jesus a seus
discípulos: “E para vós, quem
sou eu?”.

Cardeal Marc Ouellet

Caros amigos, desafios que deve enfrentar

Ao final de minha estada
no Brasil, sinto-me particular-
mente grato por presidir esta
Eucaristia entre vocês e por
suas intenções, para agradecer
a Deus pela acolhida que rece-
bi e pelo compartilhamento
da fé que pudemos vivenciar
juntos em torno da questão
do sacerdócio de Jesus Cristo
na Igreja.
Ta mbém lhes e x presso
minha gratidão pelo testemu-
nho de seu povo e pelo ser-
viço de todos os ministérios
que sustentam a vitalidade da
Igreja local. O Brasil continua
sendo um ponto de referência
na Igreja universal, tanto pela
cultura católica que encarna
no continente quanto pelos
para revitalizá-la.
Neste momento da Quares-
ma, a liturgia nos apresenta o
testemunho de Jesus, que está
enfrentando uma crescente
oposição a seu ministério e à sua
pessoa. Sentimos que o círculo
de oponentes está se fechando
sobre Ele para esmagá-Lo. A ló-
gica dessa oposição é aquela dos
ímpios, descrita pelo livro da
Sabedoria: “Armemos ciladas
ao justo, porque sua presença
nos incomoda: Ele repreende
em nós as transgressões da lei
de Deus. Vamos condená-Lo à
morte vergonhosa, porque, de
acordo com Suas palavras, virá
alguém em seu socorro”.
O Evangelho de hoje atesta
que eles tentaram prender
 8 ARQUIDIOCESE 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ

Dom Joel tomou posse como bispo de Petrópolis

No dia 9 de março, Dom Joel Portella Amado deu início ao seu
ministério pastoral como pastor da Diocese de Petrópolis

A
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA

Catedral de São Pedro de José Francisco destacou a

Alcântara, no coração da
Cidade Imperial, brilhou
em acolhimento a celebração
da posse canônica do sexto
bispo da Diocese de Petrópolis,
situada na região serrana
fluminense.
Autoridades civis,
militares, eclesiásticas e reais
se reuniram para testemunhar
este momento solene. Em suas
palavras, Dom Joel dirigiu-se ao
povo de Deus com humildade:
“Permitam-me que eu me
dirija a vocês apenas com esta
expressão, irmãos e irmãs. Peço
licença ao protocolo para fazer
uso apenas dessas duas palavras,
irmãos e irmãs. Que ao ver tão
bem expressam o que aqui nós
estamos celebrando. O altar nos
reúne, vivemos na mesma Casa
Comum, temos o mesmo Pai do
Céu, cuja bondade olha a todos
nós como seus filhos e filhas,
tornando-nos, portanto, irmãos
e irmãs”.
ESCREVENDO A HISTÓRIA DE
CRISTO
A celebração foi presidida,
inicialmente, pelo arcebispo
de Niterói e metropolita da
Província de Niterói, Dom
José Francisco Rezende Dias,
da qual faz parte a Diocese de
Petrópolis.
Em sua saudação, Dom
jornada de quase oito décadas
da diocese.
“Em nossa caminhada de
fé sabemos que Cristo vem ao
nosso encontro. Ele atua no
tempo e vai escrevendo a Sua
história em nossa história,
utilizando-se de instrumentos
humanos. Ele chamou e
escolheu, primeiramente,
Dom Manuel Pedro da Cunha
Cintra, seguido por Dom José
Fernandes Veloso, Dom José
Carlos de Lima Vaz, Dom
Filippo Santoro, ultimamente,
por Dom Gregório Paixão.
Iluminados por Cristo, eles
foram escrevendo a bela
história desta igreja particular,
juntamente com o clero, os
consagrados e os cristãos
leigos. Hoje, Dom Joel Portella
Amado, escolhido pelo Papa
Francisco, inicia uma nova Cardeal Tempesta cumprimentou Dom Joel Portella pela posse
etapa de sua missão episcopal,
ajudando a escrever a história para passar o báculo pastoral Petrópolis justo em um tempo mensagens em rostos,
de Cristo na Igreja diocesana a Dom Joel, simbolizando em que a querida Campanha corações e abraços!”
de Petrópolis”, disse Dom José. o início de seu ministério da Fraternidade nos recorda Dom Joel Portella concluiu
Após a leitura das letras pastoral e sua presidência na que nós somos todos irmãos sua homilia colocando-se
apostólicas e a nomeação celebração. e irmãs”. E com gratidão como irmão nessa caminhada
de Dom Joel Portella pelo no coração, o novo bispo diocesana para o anúncio do
chanceler do bispado, ‘ME AJUDEM A CONHECER fez um pedido à sua nova Evangelho: “Igreja diocesana
monsenhor Antônio VOCÊS!’ comunidade. de Petrópolis, minha casa,
Carlos Motta do Carmo, Na homilia, Dom Joel “Eu não ia perder a minha família, meus irmãos,
o metropolita Dom José refletiu sobre o significado oportunidade de pedir: minhas irmãs, se me é
Francisco convidou o da fraternidade: “É muito me ajudem! Me ajudem a permitido parafrasear Santo
arcebispo do Rio de Janeiro, significativo começarmos essa conhecer vocês. Me ajudem Agostinho, recordando uma
Cardeal Orani João Tempesta, nossa caminhada na Igreja de a transformar nomes e frase muito citada nesses

Dom Joel (no centro) na escadaria da Catedral de Petrópolis com os bispos que participaram de sua posse
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Apresentação do documento de nomeação
momentos, é verdade que,
a partir de hoje, para vocês
eu sou o bispo, porém com
vocês eu sou o irmão, no caso,
o irmão caçula, que precisa
de vocês para bem cumprir a
missão recebida”.
SEDE COMO AS CRIANÇAS
Ao final, Dom Joel
Missa presidida por Dom Joel após a posse canônica na Catedral de Petrópolis
Saudação do Cardeal Tempesta a Dom Joel Portella Amado
foi saudado por leigos e
autoridades e também
recebeu uma missão. Na
saudação dos irmãos Pedro
e Sofia, que prometeram
ao bispo rezar por ele, ele
recebeu um pedido de uma
menina.
“Que Deus abençoe a sua
caminhada aqui conosco;
Da esq. para a dir., Dom José Francisco, Cardeal Tempesta e Dom Joel no momento da posse
esperamos uma visita sua
em nossa paróquia”. Trata-se
da Paróquia São Pedro, em
ARQUIDIOCESE
Pedro do Rio. Em seguida, o
governador do Estado do Rio
de Janeiro, Cláudio Castro,
e o prefeito de Petrópolis,
Rubens Bontempo, também
dirigiram-se a Dom Joel.
GRATIDÃO E UNIDADE
Na sua mensagem, Dom
Orani manifestou sua alegria
por participar da solene
celebração, agradeceu a
Deus pelos dons e graças que
o Senhor sempre concede
à Diocese de Petrópolis,
e destacou sua gratidão e
unidade a Dom Joel em sua
nova missão.
“Agradeço a Dom Joel pela
sua amizade, unidade e sua
caminhada junto conosco,
seja como pároco nas várias
paróquias por onde passou,
e pelo trabalho que realizou
como bispo auxiliar do Rio
de Janeiro. Tudo isso fez
aumentar a comunhão que
sempre nos uniu nas grandes
preocupações da Igreja”, disse
o arcebispo.
Dom Orani destacou os
belos trabalhos de Dom Joel na
CNBB como secretário-geral e na
Jornada Mundial da Juventude
Rio2013, no Rio de Janeiro.
“Que o Senhor conduza
os seus dias em Petrópolis,
ilumine sua caminhada
e trabalho. Estaremos
próximos de sua missão, tanto
fisicamente como também
espiritualmente. Muito
obrigado e seja muito feliz”,
desejou o arcebispo do Rio de
Janeiro.
9
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA
SAUDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
REGIONAL
Dom Gilson Andrade,
bispo de Nova Iguaçu e
presidente do Regional
Leste 1 da Conferência
Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), dirigiu-se a
Dom Joel em nome de todos
os bispos.
“Caro irmão, expresso
nossa alegria com esta
celebração na qual Vossa
Excelência toma posse como
o 6º bispo da amada Diocese
de Petrópolis. Para mim,
que sou filho desta Igreja, o
júbilo se torna ainda maior.
Tenho a firme certeza de
que esta diocese será guiada
pelo báculo de um pastor
com rara inteligência e
capacidade de liderança,
além de seu jeito amigo
e sempre bem-humorado
de ver a vida e tratar com
zelo e dignidade as coisas
da Igreja. Qualidades e
atributos reconhecidos pela
Igreja no Brasil quando
o episcopado brasileiro o
elegeu como secretário-geral
da CNBB e, posteriormente,
como presidente da
Comissão Episcopal para
a Doutrina da Fé. Que
Nossa Senhora do Amor
Divino interceda para que o
ministério de Dom Joel seja
fecundo e fonte de alegrias
celestes para este amado
povo santo de Deus que lhe
é confiado”.
FONTE: REGIONAL LESTE 1 DA CNBB
 10
‘Me ajudem a conhecer como vocês
testemunham e anunciam o Evangelho’
Homilia de Dom Joel Portella Amado na celebração de posse como bispo diocesano de
Petrópolis, realizada na Catedral São Pedro de Alcântara, em 9 de março de 2024
Dom Joel Portella Amado
Prezados irmãos e irmãs,
permitam-me que eu me dirija
a todos com essa expressão.
Peço licença ao protocolo para
fazer uso apenas dessas duas
palavras – irmãos e irmãs – que,
a meu ver, tão bem expressam
o que aqui estamos celebrando.
O altar nos reúne, vivemos na
mesma Casa Comum, temos o
mesmo Pai do Céu, cuja bon-
dade olha todos nós como Seus
filhos e filhas, tornando-nos,
portanto, irmãos e irmãs.
É muito significativo o fato
de começarmos essa nossa ca-
minhada juntos em um tempo
em que a querida Campanha da
Fraternidade nos recorda que
somos todos irmãos e irmãs.
Minha palavra, nestes últi-
mos tempos, tem sido pratica-
mente uma só: gratidão. As pes-
soas que em algum momento
estiveram comigo, com certeza
ARQUIDIOCESE
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA
me ouviram falar em gratidão.
E eu não encontro outra palavra
a ser dita. Por isso, eu a repito
agora e, ao que tudo indica, vou
repeti-la ainda muitas outras
vezes.
Gratidão ao Papa Francisco
pela confiança e a nomeação.
Ele sabe que tem a minha, a
nossa oração por sua pessoa,
sua saúde e, acima de tudo, sua
missão como sucessor de Pedro.
Diocese de Petrópolis, agora
minha casa, minha família, sou
e serei profundamente grato
pela acolhida que tive desde
o dia em que a nomeação foi
anunciada.
Gratidão ao monsenhor José
Maria Pereira, administrador
diocesano, pelo carinho mani-
festado nos pequenos detalhes
e na presença sempre amiga.
Gratidão ao Colégio de Con-
sultores que, na breve vacância
da diocese, a conduziu com
uma dedicação que não se pode
deixar de reconhecer e bendizer
a Deus.
Agradecendo a acolhida que
tive desde o primeiro instante,
eu faço um pedido: me ajudem
a conhecer vocês, a transformar
nomes e mensagens em rostos,
corações e abraços. Me mos-
trem como vocês vivem a alegria
do Evangelho.
Na mensagem que enviei
a vocês, família diocesana de
Petrópolis, quando da publi-
cação de minha nomeação,
mencionei que iniciávamos ali
um caminho juntos, e é para
esse caminhar em comum que
eu peço a ajuda de vocês.
Padres, me mostrem – como,
aliás, já têm feito – a alegria que
significa responder ao chamado
vocacional e poder, como diz a
Escritura, servir às pessoas nas
coisas de Deus, ainda que seja-
mos frágeis, limitados. Afinal,
é naquele que nos chamou que
somos fortes. Só n’Ele!
Vida Consagrada, tão fecun-
da em meio à família diocesana
de Petrópolis; me mostrem
como vocês vivem, nas antigas
e novas formas de consagração,
o fascínio pelo encontro com
Jesus Cristo.
Leigas e leigos, nestes tem-
pos em que tanto se fala de
sinodalidade, me mostrem
como vocês vivem a correspon-
sabilidade pela missão evan-
gelizadora nessa família, que
é a Diocese de Petrópolis. Me
permitam conhecer e bendizer
a Deus pelos diversos dons que
esse mesmo Deus fez e faz flo-
rescer entre vocês.
Autoridades civis, senhor
governador do Estado, senhor
prefeito de Petrópolis, sede
da diocese, demais autori-
dades, me mostrem como se
faz aqui para construir a paz
e o bem comum. Saibam que
continuarão a ter na Igreja de
Petrópolis alguém que reza pela
difícil missão que os senhores
e as senhoras têm e alguém
que sempre terá as portas e o
coração abertos para que a paz
e o bem comum se fortaleçam
sempre mais.
17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
Paróquias, movimentos, as-
sociações, grupos pastorais, me
ajudem a conhecer como vocês
testemunham e anunciam o
Evangelho, como vocês vivem
e realizam a missão, o amor-
-serviço aos pobres, o carinho
cuidadoso com a Casa Comum,
a esperança e a perseverança,
em especial nos momentos
mais difíceis.
Jovens, me mostrem o vigor
do sonho. Me permitam estar
com vocês e aprender, em um
mundo que se transforma a
cada dia, o modo tão próprio
de viver a fraternidade.
Irmãs e irmãos que, não
sendo católicos, se voltam a
esse mistério que chamamos
de Deus, cada um, cada uma
de acordo com suas tradições,
me mostrem como podemos,
juntos, trabalhar pela paz, su-
perando, na prática, qualquer
tipo de pensamento de que as
religiões sejam fonte de vio-
lência e divisão. Religião, nós
sabemos, ou é fonte de paz ou
não merece ser chamada de
religião.
Seminaristas, me mostrem
quais os caminhos por onde
passa o chamado de Deus no
hoje de nossa diocese. Não te-
nham medo de seguir corajosa
e desapegadamente aqu’Ele que
um dia passou nas vidas de vo-
cês, desestabilizou seguranças,
despertou um amor que nunca
acaba e chamou a tudo largar
para segui-Lo. Me mostrem
como a Pastoral Vocacional é
feita, de modo que possamos
juntos ajudar tantos outros
corações a ouvirem o mesmo
chamado.
Doentes, abatidos, sofredo-
res, me mostrem como vocês
perseveram na fé em meio às
dores que se fizeram compa-
nheiras de vocês. Me ajudem
com o testemunho de vocês a
carregar as cruzes de cada dia.
Irmãos bispos da Província
eclesiástica de Niterói, irmãos
e amigos de longa data, grati-
dão por me acolherem para,
juntos, vivermos a alegria da
fé, o anúncio do Evangelho, o
serviço abnegado pela paz e a
fraternidade. Dom José Francis-
co, nosso metropolita, gratidão
pela amizade de longo tempo,
pela acolhida e pela presença
hoje entre nós.
Irmãos do Regional Leste
1, que no jeito de a Igreja no
Brasil se organizar abrange
todo o Estado do Rio de Janeiro,
nosso longo caminhar comum
permanece. Grato, Dom Gil-
son, presidente do Regional, e
grato a cada irmão bispo pela
presença, pela amizade e pelas
orações.
Minha gratidão vai carinho-
samente à Arquidiocese do Rio
de Janeiro, meu berço, minha
casa, minha família, hoje aqui
tão representada. Dom Orani,
o senhor já me ouviu dizer que
meu coração bate em ritmo
carioca. Não vai ser possível
deixar de ser carioca e nem é
necessário. Petrópolis e Rio de
Janeiro são dioceses geografi-
camente vizinhas, próximas,
interligadas. Por isso, junto
com minha gratidão, vai a
certeza de que sempre pode-
rei contar com a oração dos
cariocas, com seu carinho, e,
por que não dizer?, com sua
presença por aqui.
Irmãos bispos auxiliares
do Rio de Janeiro, padres,
religiosas e colaboradores do
que, seguindo a intuição de
Dom Helder, chamamos cari-
nhosamente de família do São
Joaquim, minha gratidão e mi-
nhas orações – vou repetir, na
certeza de sempre poder contar
com as orações de vocês.
Dom Gregório, obrigado
pela presença hoje e pelo pre-
sente que o senhor deixou para
mim. Obrigado pelos anos
dedicados que o senhor passou
nesta diocese e que agora, com
a mesma dedicação, já está
servindo em Fortaleza. Sua
presença entre nós ratifica em
mim a certeza de que eu venho
fazer parte de uma história
que não começa comigo, mas
que, tendo brotado no eterno
coração do Bom Deus, aqui se
concretizou no trabalho dedi-
cado e tão marcante de Dom
Cintra, Dom Veloso, Dom Vaz,
Dom Filippo e do senhor, Dom
Gregório.
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 ARQUIDIOCESE 11
FOTOS: GUSTAVO DE OLIVEIRA

Dom Joel: “A partir de hoje, para vocês eu sou o bispo, porém com vocês eu sou o irmão, no caso, o irmão caçula, que precisa de vocês para bem cumprir a missão recebida.”

Para mim, é muito signifi-
cativo que o báculo que recebi
das mãos de Dom José Fran-
cisco, junto com Dom Orani,
bem como o cálice usado na
missa de hoje, sejam os mes-
mos que Dom Cintra utilizou.
Restaurados pelo zelo dos
responsáveis pelo patrimônio
cultural e religioso desta dio-
cese, são hoje trazidos para nos
lembrar agradecidamente do
quanto cada um desses meus
predecessores fez.
Por isso, já agora informo
que, para fins do direito, estão
confirmados todos os cargos
que dependam de confirma-
ção, seja pelo prazo previsto
na legislação canônica, seja
enquanto não se mandar em
contrário.
Estou certo, enfim, de que
mencionando algumas pesso-
as e grupos, acabei deixando
de fora tantos outros. O bom
Deus a todos conhece e sabe
que este meu coração é um
coração agradecido a cada um,
a cada uma, a você que, vindo
de longe ou de perto, participa
presencialmente desta missa,
e a você que, pelos meios de
comunicação, se une a nós.
Obrigado, RedeVida, por
levar esta nossa celebração a
muitos e muitos lares.
E tanta gratidão assim só
pode ser concretizada no com-
promisso de me esforçar, ainda
que sejam grandes as minhas
limitações, para ser um pouco
do Bom Pastor mencionado
pelo profeta Ezequiel na pri-
meira leitura da missa de hoje.
Diocese de Petrópolis, você
agora é minha casa, minha famí-
lia. Me ajudem a ser um pouco
mais “tudo para todos por causa
do Evangelho” e, à semelhança
do Bom Pastor, sair em busca
da ovelha sofrida para cuidar,
resgatar, reunir, apascentar.
E, assim, em vivo e fecundo
espírito sinodal sejamos cada
vez mais uma Igreja de amigos e
amigas do Senhor, amizade que
se concretiza em uma fraterni-
dade que chega a ser mais forte
até mesmo que laços de sangue
e que fortalece na medida em
que vivenciamos a mensagem
do lava-pés, conforme o Evan-
gelho de nossa missa hoje.
Iniciamos este nosso cami-
nho comum no tempo quares-
mal, tempo em que afastamos
o que é secundário e deixamos
espaço para que o Senhor, na
força do seu Espírito, esteja
conosco e, como nos lembrou o
Santo Padre na bula de nomea-
ção, lida ao início desta missa,
faça de nós instrumentos do
seu amor, da Sua misericórdia
e da Sua Paz.
Neste dia em que, por in-
dicação do Papa Francisco,
somos convidados a dedicar 24
horas de Oração ao Senhor, pe-
çamos a Virgem Mãe, Senhora
do Amor Divino, e São Pedro de
Alcântara que intercedam por
nós para que a vida de oração
seja nosso sustento.
Igreja diocesana de Petrópo-
lis, minha casa, minha família,
meus irmãos, minhas irmãs,
se me é permitido parafrasear
Santo Agostinho, recordando
uma frase muito citada nesses
momentos, é verdade que, a
partir de hoje, para vocês eu sou
o bispo, porém com vocês eu
sou o irmão, no caso, o irmão
caçula, que precisa de vocês
para bem cumprir a missão
recebida.
Grato por tudo. E que assim
seja.

Dom Joel (no centro) com bispos concelebrantes da missa de posse na Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis
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TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Curso de Capacitação em Ecumenismo
e Diálogo Inter-religioso
“Abril Verde – Gestão Pú-
blica e Respeito à Liberdade
Religiosa” será o tema do 3º
Curso de Capacitação em
Ecumenismo e Diálogo Inter-
-religioso, que ocorrerá nos
dias 4, 11, e 18 de abril, das
20h às 21h45, na modalidade
remota (on-line).
Neste ano, o curso se dará
no âmbito do mês temático
‘”Abril Verde”, instituído em
2021, no Estado do Rio de
Janeiro. Durante este período
mensal, são previstas ações de
combate, prevenção e cons-
cientização sobre a intolerân-
cia religiosa.
Há dois anos, este evento
decorre da inquietação de
profissionais, ligados à edu-
cação, em todos os níveis, ao
mundo do Direito e àqueles
que trabalham em função da
unidade entre as religiões,
diante da sistemática vio-
lência perpetrada no Brasil
contra algumas tradições re-
ligiosas, em particular, as de
matrizes africana e indígena.
Só em 2023, no Estado
do Rio de Janeiro ocorreram
quase três mil crimes ligados
à intolerância religiosa, de
acordo com um levantamento
inédito do Instituo de Segu-
rança Pública do Rio (ISP).
Estes números e partes do
estudo deles decorrente foram
publicados pela Agência Bra-
sil de notícias, numa matéria
editada, em 22 de janeiro
deste ano em curso. Ainda que
sejam dados subnotificados,
conforme o mesmo levanta-
mento do ISP, é importante
perceber que eles ref letem
um contexto bem tóxico para
o saudável exercício da liber-
dade religiosa, tão cara para
a vivência digna das pessoas
deste estado. Sejam elas reli-
giosas ou não.
Assim, este 3º Curso tem
como objetivo contribuir para
a capacitação de profissionais
que trabalham em ambien-
tes nos quais a diversidade
religiosa esteja em risco, ou
melhor, em processo de con-
solidação. Toda organização
do evento foi elaborada pela
já firme parceria entre a Co-
missão Arquidiocesana do Rio
de Janeiro para o Ecumenismo
e o Diálogo Inter-religioso, a
Comissão de Igualdade Ra-
cial e Combate à Intolerância
Religiosa da 32ª Subseção
da Ordem dos Advogados
do Brasil – Rio de Janeiro, a
Assessoria Especial para o
Ensino Religioso da Secretaria
de Estado de Educação do Rio
de Janeiro e o Setor de Cultura
Religiosa (Departamento de
Teologia) da Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio).
As atividades constarão
de uma sessão de abertura,
presidida pelo arcebispo do
Rio de Janeiro, Cardeal Ora-
ni João Tempesta, e de três
conferências, ministradas por
autoridades religiosas e civis
que labutam, diuturnamente,
para a promoção da diversida-
de no Brasil, que, conforme a
Constituição Federal, define-
-se como Estado laico.
Neste sentido, este 3º Cur-
so busca, também, levar a
cabo a missão advinda da
chamada do Papa Francisco e
do Grão Imã Al-Tayyeb feita
no documento sobre “A Fra-
ternidade Humana em Prol da
Paz Mundial e da Convivência
Comum”.
Neste, tais líderes se di-
rigem “aos intelectuais, aos
filósofos, aos homens de re-
ligião, aos artistas, aos ope-
radores dos mass media e aos
homens de cultura em todo o
mundo”, a fim de que “redes-
cubram os valores da paz, da
justiça, do bem, da beleza,
da fraternidade humana e
da convivência comum” para
que todas as pessoas com-
preendam que “as religiões
nunca incitam à guerra e não
ARQUIDIOCESE 13
solicitam sentimentos de
ódio, hostilidade, extremismo
nem convidam à violência ou
ao derramamento de sangue.
Estas calamidades são fruto
de desvio dos ensinamentos
religiosos, do uso político
das religiões e também das
interpretações de grupos de
homens de religião que abu-
saram – nalgumas fases da
história – da inf luência do
sentimento religioso sobre os
corações dos homens para os
levar à realização daquilo que
não tem nada a ver com a ver-
dade da religião, para alcançar
fins políticos e econômicos
mundanos e míopes”. Isto para
que, definitivamente, cada
ser humano de fé entenda
que “Deus, o Todo-Poderoso,
não precisa de ser defendido
por ninguém e não quer que
o Seu nome seja usado para
aterrorizar as pessoas”.
O evento contará com a
seguinte programação:
DIA 4 DE ABRIL:
1) Sessão de abertura: Car-
deal Orani João Tempesta,
arcebispo da Arquidiocese
de São Sebastião do Rio de
Janeiro e Grão-chanceler da
PUC-Rio.
2) Conferência: Liberdade
Religiosa e Estado Laico.
Conferencista: Dom Teo-
doro Mendes de Tavares,
bispo de Ponta de Pedras,
no Pará, e presidente da
Comissão Episcopal para o
Ecumenismo e o Diálogo
Inter-Religioso da Confe-
rência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB).
DIA 11 DE ABRIL:
Conferência: Bases Jurídicas DIA 18 DE ABRIL: O evento pode ser
da Liberdade Religiosa no Conferência: Gestão Pública a c o m p a n h a d o p e l o Yo u -
Brasil. e Liberdade Religiosa Tu b e d o E COA / P U C- R i o
Conferencista: Dr. Jai- Conferencista: Yalorixá e p e l a p l a t a fo r m a Z o o m ,
me Mitropoulos, procurador Gilda de Oxum, coordena- com inscrição por meio
Regional dos Direitos do Ci- dora-geral de Promoção da do link: https://forms.
dadão – PRDC / Ministério Liberdade Religiosa do Minis- gle/8hUpqhYyNBqen8zx9.
Público Federal do Rio de tério dos Direitos Humanos e
Janeiro. Cidadania. DA REDAÇÃO
 14
A
o celebrarmos no
dia 22 de março
o Dia Mundial
da Água, todos somos
convidados a rememorar
a importância desse
elemento da natureza
na perspectiva da fé,
recordando os enormes
serviços ambientais que a
água presta ao planeta e a
todos os seres vivos. A água
é fonte de vida, é meio de
purificação e expressão
simbólica das diferentes
culturas e religiões da nossa
casa comum planetária.
Na dimensão da fé, são
inúmeras as alusões sobre
a água, tanto como sinal
de vida, restauração e
purificação, como também
símbolo de morte nos
dilúvios e enchentes que
seivam vidas humanas
e destroem a natureza.
Recordemos as diversas
citações bíblicas sobre a
água como o lugar onde
o Espírito de Deus paira
(Gn.1,2), abençoando e
purificando aquilo que
existe de impureza em
nós e em toda a criação; a
água como caminho onde
o Senhor nos conduz para
restaurar as nossas forças
(Sl.23); a água como fonte
de desejo que nos lava
e purifica (Sl.51); a água
como símbolo da fonte que
sacia e jorra para a vida
eterna (Jo.4,14); a água
ARQUIDIOCESE 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
Dia Mundial da Água
como lugar da passagem presta um serviço
da escravidão para a ambiental de grande
libertação (Ex.14); a água valor para a sociedade
como sinal sacramental e os ecossistemas. Na
do batismo, onde o dimensão teológica, a água
Senhor Jesus passa por ela é uma referência simbólica
para iniciar a sua missão de todas as expressões
(Mc.1,9-11) etc. As mais religiosas da Humanidade.
de 660 citações da água A água carrega a presença
nas Sagradas Escrituras é do Criador, seja para
uma demonstração que manifestar a calmaria, a
este elemento da natureza pureza e a transparência
é fundamental na visão do amor divino e humano,
sistêmica e integradora seja para simbolizar as
entre o divino, o humano e agitações e correntezas da
o ambiental. realidade socioambiental.
A celebração do Dia Nas espiritualidades
Mundial da Água é um franciscanas e inacianas,
momento de trazer à a água ora é tida como
memória os valores desse irmã e filha do mesmo Pai
patrimônio ecológico, ou como fonte que jorra
associados com alguns dons e bens que descem
contra valores no mau do alto. Nas culturas,
uso desse elemento da a água é referência de
natureza, contrários sobrevivência, saúde, lazer,
daquilo que o Criador energia, alimentação,
colocou em nossas mãos irrigação, pesca, indústria
para ser contemplado, da navegação e integração
cuidado e administrado entre os povos.
com sabedoria, grandeza e Dentre os contravalores
responsabilidade. Dentre relacionados com a
os valores se destacam o água, se destacam: O Batismo de Jesus. Almeida Júnior, c. 1850-1899. Acervo da Pinoteca do
biológico, o teológico e o tratamento antinatural Estado de São Paulo
cultural. É inquestionável desse patrimônio,
manejos hidrográficos; no reservatórios, procurando
o papel da água como expresso no desperdício,
substrato abiótico nas diversas formas aumento da escassez que dar um tratamento digno
imprescindível para gerar de poluição; na visão gera conflitos e processos e correto, evitando o
vida, evoluir processos utilitarista e mercantilista migratórios; nas más desperdício e poluição,
bióticos, manter biomas da água, transformando-a gestões dos recursos e esforçando-nos para
e ecossistemas e garantir em objeto de lucro e hídricos e nas ações melhorar e reeducar a
a saúde de todos os seres exploração; na falta de irresponsáveis que geram nossa relação com este
viventes. A água, como bem uma educação ambiental doenças e afetam a vida patrimônio vital de nossa
comum da casa planetária, nas bacias, nascentes e dos pobres e dos biomas e casa comum planetária.
ecossistemas.
CRÉDITO - PIXABAY.COM
Ao lembrar esta data, PADRE JOSAFÁ
CARLOS DE
que possamos tomar SIQUEIRA SJ
consciência da importância VIGÁRIO EPISCOPAL
PARA O MEIO
e grandeza das águas de AMBIENTE E
nossos mares, rios, lagos e SUSTENTABILIDADE
CRÉDITO - GETTY IMAGES_ISTOCKPHOTO
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Velar as imagens na Quaresma:
o dia correto e por quê fazê-lo
A Quaresma foi avançando e che-
gamos às vésperas do seu 5º domingo.
Com o intuito de ajudar, vamos abordar
um ponto muito peculiar e interessante
desse período: a “velatio” – ou seja, o
costume de velar as cruzes e as imagens
dos santos durante a Quaresma –, sua
origem, o dia correto de fazê-la e o seu
simbolismo.
Primeiramente, não é verdade que
se vele as imagens por toda a Quaresma.
Assim como o Advento – que divide o
tempo do 1º até o 3º domingo, tratan-
do da segunda vinda de Cristo, e o 4º
tratando da encarnação –, a Quaresma
também tem uma divisão interna: do
1º ao 4º domingo, tratando do tema da
conversão, e do 5º ao Domingo de Ramos
(e da Paixão do Senhor), tratando do
tema da paixão e morte. É precisamente
na véspera do 5º domingo da Quaresma
que o Missal Romano traz a seguinte
rubrica: “Pode-se conservar o costume
de cobrir as cruzes e as imagens da igre-
ja, a juízo das Conferências Episcopais.
As cruzes permanecerão veladas até o
fim da celebração da Paixão do Senhor,
na Sexta-feira Santa. As imagens, até o
início da Vigília Pascal”.
Trata-se, portanto, de um costume,
e não de uma norma, como antes da
reforma litúrgica. Mas não é pelo fato de
ser um costume que deva ser feito alea-
toriamente, na Quarta-Feira de Cinzas
ou ainda no Domingo de Ramos. Existe
um dia determinado para aqueles que
optarem pela “velatio”: o dia é a véspera
do 5º domingo da Quaresma, quando se
ARQUIDIOCESE
iniciava o antigo tempo da paixão.
Esta cerimônia parece ter origem na
Gália, no século VII, chegando à Itália no
século X, e no século XI se estendendo a
grande parte do ocidente.
Trata-se de, nessas duas últimas
semanas da Quaresma, fazermos uma
mortificação visual, anteciparmos o luto
da paixão e centrarmo-nos no essencial.
A Liturgia é pedagógica quando vai gra-
dativamente tirando seus elementos.
No início da Quaresma, vai tirar-nos o
aleluia e o glória, o órgão, as flores; no 5º
domingo da Quaresma, as cruzes e ima-
gens dos Santos. E ainda: vai tirar-nos
os ornamentos do altar após a missa da
Ceia do Senhor, vai tirar-nos, inclusive,
a celebração da Eucaristia na Sexta-Feira
Santa, e até mesmo a Reserva Eucarística
15
no Sábado Santo. Percebam que é algo
gradual, pedagógico para os sentidos.
Muitos autores ligam o fato da “vela-
tio” ser feita no 5º domingo da Quaresma
ao fato de que era nesse dia que se lia
o evangelho em que os judeus tentam
apedrejar o Senhor: “Jesus, porém, se
ocultou e saiu do templo” (Jo 8, 59b).
Esperamos que a fidelidade ao es-
pírito da liturgia nos faça crescer para
celebrarmos o Mistério Pascal de Cristo
com mais intensidade e profundidade
nesta Quaresma e nesta Páscoa.
PADRE FABIO DE SOUZA
BALBINO
DOUTOR EM LITURGIA PELO
PONTIFÍCIO INSTITUTO
LITÚRGICO SANT’ANSELMO DE
ROMA
REPRODUÇÃO
 16
Solenidade de São José
C
elebramos no próximo
dia 19 de março de 2024
a Solenidade de São José,
patrono universal da Igreja,
esposo da Virgem Maria e pai
adotivo de Jesus. Lembramos
de São José como o chefe de
família, e um pai cuidadoso,
zeloso e fiel cumpridor das leis
judaicas. No dia 1º de maio, lem-
braremos de São José como o
operário e trabalhador que sus-
tentava, através do suor de seu
trabalho, Maria e Jesus. Nesse
dia também agradeceremos os
11 anos que o Papa Francisco
deu início ao seu ministério
petrino. Que São José interceda
pela sua missão.
A Sagrada Escritura não
Sagrada Família, por Julius Frank, c. 1826-1908
ARQUIDIOCESE
traz muitos detalhes sobre a
vida de São José e nem como
era o convívio diário da Sa-
grada Família. Sabemos que
São José era justo e fiel aos
preceitos judaicos, tanto era
justo que resolve abandonar
Maria em segredo ao saber
que ela estava grávida, pois
ele não sabia ainda que era
por obra do Espírito Santo
e nem havia compreendido.
Se ele abandonasse Nossa
Senhora, corria o risco de ela
ser apedrejada, pois na época
as mulheres adúlteras sofriam
o apedrejamento. Depois, ele
compreende e acolhe Maria
consigo e, posteriormente,
Jesus.
Por isso, o que a Sagrada
Escritura traz sobre São José são
esses momentos antes de Jesus
nascer e após o seu nascimento,
e narra para nós o cuidado que
ele tinha com Maria e Jesus,
sobretudo quando procura um
lugar para que Jesus nascesse, e
depois a fuga para o Egito e após
a morte de Herodes, a volta para
Nazaré da Galileia.
Por mais que não esteja tão
presente na Sagrada Escritura,
sabemos que São José deve ter
ensinado a Jesus os preceitos
da religião judaica e ainda o
ofício de artesão. São José toma
Maria e o menino Jesus e os
apresenta no templo, e depois
quando participam da “festa
17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
das tendas”, e no retorno Jesus
fica no templo e debate com os
doutores da Lei.
São José tem tanta impor-
tância para a Igreja que a cele-
bração de seu dia tem grau de
solenidade e é celebrado na cor
branca. A data da solenidade,
como mencionei, cai no dia 19
de março. Este ano será numa
terça-feira, sempre ocorre em
meio ao tempo quaresmal, a
Igreja faz uma pausa no perío-
do quaresmal para com alegria
celebrar o padroeiro da Igreja
universal. Nessa missa da So-
lenidade de São José abre-se
uma exceção e entoa-se o hino
de louvor (Glória).
Se o Dia de São José tem
grau de solenidade, significa
que é uma oportunidade de
participar da Santa Missa, e to-
das as paróquias podem colocar
missa nesse dia antes ou após o
trabalho para dar oportunidade
aos fiéis de participar desta pe-
dindo a intercessão de São José.
É importante irmos à missa
e rezar por todas as famílias,
pelas vocações sacerdotais e
religiosas, pela paz no mundo
e pelas necessidades da Igreja.
São José foi declarado pa-
trono universal da Igreja em
1870, através do Papa Pio IX,
com o decreto “Quemadmodum
Deus”. Leão XIII, por meio da
Encíclica “Quanquam Pluries,
propôs que São José fosse o
advogado dos lares cristãos. Pio
XII o declarou como “exemplo
para todos os trabalhadores” e
fixou o dia 1º de maio como a
Festa de São José trabalhador.
Por isso, primeiro celebramos a
fé de São de José e protetor das
famílias, depois São José como
trabalhador e protetor de todos
os trabalhadores.
São José tem um papel fun-
damental na continuidade da
história da salvação, pois ele dá
continuidade à descendência
Davídica, e dessa forma a von-
tade de Deus se cumpriu. Jesus
entra em Jerusalém montado
num jumentinho e aclamado
como rei, da mesma forma que
Davi prevê que aconteceria no
Antigo Testamento. Quando
o anjo aparece a José, disse:
“Ela dará à luz um filho e tu o
chamarás com o nome de Jesus,
pois ele salvará o seu povo dos
seus pecados” (Mt 1,21).
A vida de São José deve ser
um exemplo para todos nós, e
todos os pais devem se inspirar
em São José, sendo bons ma-
ridos em casa e bons chefes de
famílias. Os pais hoje devem
conquistar os seus filhos, ser
companheiros de seus filhos, e
educá-los na fé e no amor. Não
existe família perfeita, mas as
famílias devem fazer de tudo
para viver bem.
Façamos o esforço de parti-
cipar da missa em louvor a São
José com a família reunida, pe-
dindo a intercessão de São José
para que a nossa família seja o
exemplo da Sagrada Família de
Nazaré. É claro que toda a famí-
lia tem seus problemas diários,
mas que esses problemas sejam
superados com amor. A família
é a Igreja doméstica, e a famí-
lia que reza unida permanece
unida. Por isso, tenhamos mo-
mentos de oração juntos como
família, pedindo a intercessão
de Deus.
Lembramos dos que têm o
nome José, sejam homens ou
mulheres (muitas mulheres
chamam-se Maria José), que
o santo padroeiro abençoe a
todos. Que essas pessoas se
espelhem no santo e façam das
suas vidas uma imitação do que
foi São José.
Peçamos a São José a in-
tercessão para que nossas
colheitas sejam produtivas e
tenhamos fartura de alimento
ao longo de todo o ano. Que
por intercessão de São José as
chuvas sejam fartas ao longo de
todo o ano e não enfrentemos
a falta d’água.
Aqui no Brasil, o Dia dos
Pais é celebrado somente no
segundo domingo de agosto,
mas em alguns países é cele-
brado no Dia de São José, que é
um exemplo de Pai para todos
nós. Peçamos a intercessão de
São José por todos os pais, reze
por aqueles que já faleceram e
se seu Pai ainda é vivo, faça uma
ligação ou visite-o nesse dia.
Celebremos com alegria esse
Dia de São José, peçamos que
ele interceda por nós junto a
Deus pai, e que todas as famílias
sigam o exemplo desse grande
santo. Sejamos fiéis à Palavra
de Deus e anunciemos com
alegria a mensagem de fé e de
esperança. Se possível parti-
cipe da celebração Eucarística
nesse dia, confiando todas as
famílias a paternal intercessão
de São José.
ORANI JOÃO, CARDEAL TEMPESTA, O. CIST.
ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO
SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO, RJ
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
A Semana das Dores
Igreja celebra a Se-
mana das Dores tanto
na quinta semana da
Quaresma como na Semana
Santa, que é a semana maior
para nós cristãos católicos. Ela
é chamada Semana das Dores
porque ao longo dessa semana
é possível meditar as dores de
Nossa Senhora. A Igreja re-
corda as dores e o sofrimento
de Maria ao ver o sofrimento
de seu Filho. Inclusive a partir
da 5ª Semana da Quaresma e,
sobretudo, nos três primeiros
dias da Semana Santa os textos
litúrgicos retratam sobre a pai-
xão e o sofrimento. O prefácio
proposto para a missa nesses
dias também é o da Paixão do
Senhor.
Em algumas igrejas a partir
da quinta semana da Qua-
resma cobrem-se as imagens
dos santos. Inclusive as cruzes
permanecem veladas até o fim
da celebração da Paixão do Se-
nhor na Sexta-Feira da Paixão
do Senhor, as demais imagens
até a celebração da Vigília
Pascal. Ao longo da Semana
Santa, medita-se sobre as sete
dores de Nossa Senhora. O Dia
de Nossa Senhora das Dores é
celebrado em 15 de setembro,
mas na Semana Santa, em es-
pecial, recorda-se as Dores de
Maria diante do sofrimento de
seu Filho.
Ao longo da Semana das
Dores, poderemos intensificar
as nossas práticas penitenciais
propostas para este tempo qua-
resmal, como por exemplo: nos
aproximarmos do Sacramento
da Reconciliação, se ainda
não o fizemos, intensificar os
momentos de oração, realizar
o jejum e a caridade. O tem-
po da Quaresma em si é um
grande retiro espiritual que
realizamos, podemos dizer que
a Semana das Dores é ponto
alto de nosso retiro, e a opor-
tunidade que temos de melhor
aproveitá-lo. É a oportunidade
que temos de meditar mais no
amor de Deus por nós, a pon-
to de entregar o seu filho por
nós. É necessário passar pelo
Calvário para chegar à glória
da ressurreição. Deixemos os
nossos pecados na Cruz do Se-
nhor e sejamos pessoas novas
na Páscoa da ressurreição.
Ao longo da Semana das
Dores, ou Semana Santa, as
paróquias costumam fazer
uma programação devocional
para que fiéis possam viver
com mais intensidade esse mo-
mento. Na segunda-feira, por
exemplo, costuma-se celebrar
o ofício de trevas, na terça-feira
acontece a famosa Procissão
do Encontro e quarta-feira
costuma-se meditar as sete
dores de Maria, ou em dias
diferentes. Em todos esses dias
também há abertura para que
os fiéis se confessem. A partir
da quinta-feira, como já sabe-
mos, inicia-se o Tríduo Pascal.
É preciso resgatar essas de-
voções da Semana Santa. In-
felizmente em muitos lugares
algumas paróquias celebram o
Domingo de Ramos e, depois,
só vão ter atividades na Igreja
na Quinta-Feira Santa. É preciso
abrir a Igreja todos os dias da
Semana Santa, promovendo aos
fiéis a oportunidade de se con-
fessarem, participarem da Santa
Missa e desses momentos litúr-
gicos que mencionamos acima.
A Igreja é rica de celebrações ao
longo da Semana Santa e, dessa
forma, alimenta a fé popular
de todo o povo. Além do que se
pode adequar as celebrações, ou
seja, se não for possível realizar
o ofício de trevas na Segunda-
-Feira, é possível substituir pela
meditação das sete palavras
de Cristo na Cruz, se não for
possível realizar a procissão do
encontro, pode substituir pela
celebração penitencial.
O importante é que a Igreja
esteja aberta ao longo de toda
a Semana Santa, é a semana
maior da Igreja, só temos uma
Semana Santa ao longo de
todo o ano, por isso, temos
que aproveitá-la, vivenciá-la
plenamente nos mistérios
celebrados. Participando ati-
vamente dos momentos litúr-
ARQUIDIOCESE
gicos propostos para a Semana
Santa e se aprofundando nos
textos sagrados para esses dias
poderemos celebrar a Páscoa
com a fé mais renovada.
Nossa Senhora acompanha
o seu Filho até o momento de
sua morte na Cruz, antes de
morrer, Jesus entrega sua Mãe
como Mãe de todos nós. Se ela
é Mãe do filho de Deus e todos
nós somos filhos de Deus por
meio do batismo, Ela é Mãe de
todos nós. Nossa Senhora sem-
pre ouve o nosso apelo e leva o
nosso pedido até Jesus. Mesmo
nos momentos mais difíceis
Nossa Senhora está conosco,
nos dá o colo, do mesmo modo
que Ela esteve no momento
mais difícil da vida de seu Filho.
Maria, a Mãe das Dores, con-
sola todas as mães que perderam
os seus filhos e intercede para
que essas mães se mantenham
firmes na fé do mesmo modo
que ela se manteve. Ela é a Mãe
da consolação e da esperança e
ajuda essas mães a encontrarem
na oração e contemplação a
força para continuarem viven-
do. Nossa Senhora ajuda essas
mães a confiarem em Deus e
terem a certeza da ressurreição
final, e que um dia todos nós nos
encontraremos na eternidade.
Maria ensina a todas as mães a
guardarem e cultivarem tudo em
17
seu coração, do mesmo modo
que Ela fez ao longo de toda a
sua vida.
Recomenda-se que as paró-
quias coloquem a imagem de
Nossa Senhora das Dores em
destaque a partir do 5º Domingo
da Quaresma, para que os fiéis
possam rezar diante da imagem,
introduzindo na espirituali-
dade da Semana Santa que se
aproxima. Que através do olhar
piedoso de Maria os fiéis pos-
sam celebrar piedosamente os
momentos que se aproximam.
Muitos católicos não parti-
cipam ativamente da Igreja, e
muito menos não participam
da Semana Santa. Ainda há
algumas pessoas que só vão na
Igreja para “sepultar” Jesus na
Sexta-Feira Santa e em raras
exceções voltam para “ressusci-
tar” com Jesus no Domingo de
Páscoa. Um cristão, católico de
verdade, participa ou da Sema-
na Santa toda, ou pelo menos
do Tríduo Pascal.
Portanto, procure em sua
paróquia a programação para a
Semana Santa e tente participar
o máximo possível para que
possa se manter viva dentro de
cada um a espiritualidade desse
tempo tão rico da Igreja. Que
ao longo desta Semana Santa
possamos passar das trevas para
a luz e ser irradiados pela luz de
Cristo.
ORANI JOÃO, CARDEAL TEMPESTA, O. CIST.
ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO
SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO, RJ
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA
 18
Paróquia São Benedito, em
Pilares, celebra 90 anos de criação
Igreja primitiva de São Benedito, no Largo de Pilares, em 1929. Foto de Augusto Malta
A
Paróquia São Be-
nedito, em Pilares,
está em festa com a
celebração do jubileu
de 90 anos de sua criação, que
aconteceu no dia 19 de março
de 1934, por decreto do terceiro
arcebispo do Rio de Janeiro,
Cardeal Sebastião Leme.
Situada na antiga Avenida
Suburbana, hoje Dom Helder
Câmara, a paróquia sempre
se destacou na evangelização,
formação e santificação do povo
de Deus. Até hoje, a paróquia já
teve dez párocos, o penúltimo,
que permaneceu por 23 anos,
foi monsenhor José Mazine
Rodrigues, que pelo trabalho
que realizou pelas vocações, é
conhecido como o Apóstolo das
Vocações.
Desde o dia 24 de abril de
2023, a paróquia é conduzida
pelo padre Rodrigo de Oliveira
Dias, que está na organização
da festa jubilar, e marca o inicio
das festividades pelos 500 anos
de nascimento do São Benedito,
padroeiro dos cozinheiros e um
dos santos mais populares e
queridos do Brasil.
“Convido todo o povo de
Deus para participar conosco
da grande alegria do aniversário
de 90 anos da nossa paróquia.
Conto com vocês para participar
ARQUIDIOCESE
conosco deste grande dia de
alegria e de festividade”, disse
o pároco.
A programação jubilar co-
meçou no dia 16 de março, sá-
bado, às 8h, com missa seguida
das Mil Ave-Marias. No do-
mingo, dia 17 de março, haverá
missas às 7h, 9h, 11h, 16h e 18h,
e na segunda-feira, dia 18 de
março, haverá missa às 8h e 19h
pelos paroquianos falecidos. No
dia do aniversário da criação
da paróquia, a programação é
especial.
“No dia 19 de março, Fes-
ta de São José, teremos uma
grande programação, inician-
do às 8h com missa e bênção
do Santíssimo e adoração até
12h. Às 15h, haverá o Terço da
Misericórdia, transmitido ao
vivo pela Rádio Catedral e, às
19h, missa solene presidida pelo
nosso arcebispo Dom Orani”,
convidou padre Rodrigo.
Para a celebração do jubi-
leu dos 90 anos foi escolhida
uma logo cujo símbolo é o
álamo, uma árvore de origem
europeia, de crescimento rá-
pido e com raízes bastante for-
tes, também conhecida como
choupo negro.
“O álamo é uma árvore na-
tiva da Europa, conhecida pela
sua resistência, força e raízes
17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
fortes mesmo a temperaturas
intensas. Por isso, representa
os 90 anos de uma caminhada. Fachada da Paróquia São Benedito, em Pilares
Neste sentido, assumimos este
tema, que representa muito
bem nossa caminhada paro-
quial e todos que desde sua
criação ouviram o chamado
de Deus e se colocaram à dis-
posição da Igreja”, explicou o
pároco.
PÁROCOS
1º - pároco, padre Manoel de Brito
Franco, de 1934 a 1935
2º - pároco, padre José Maria César
Correia, de 1935 a 1961
3º - pároco, padre Adolino Gesser,
de 1961 a 1966
4º - pároco, padre Antonio José da Interior da igreja paroquial
Costa Grillo, de 1966 a 1975
6º - pároco, Francisco Soares de
Souza, de 1980 a 1987
5º - pároco, padre Manuel Luiz
Barros da Motta, de 1975 a
1980
7º - pároco, padre Luiz Carlos Vital
de Oliveira
8º - pároco, padre Leonardo Silva
de Oliveira
9º - pároco, monsenhor José Mazi-
ne Rodrigues, de 1999 a 2023
10º - pároco, padre Rodrigo de
Oliveira Dias, a partir de 24
de abril de 2023
CARLOS MOIOLI Livreto com foto e dados da paróquia, em 1978
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Perfil da Paróquia São Benedito
PASCOM
construção. Em outubro do
mesmo ano, é vendido um lote
de terra para construir a casa
paroquial.
1944-1952: Criação da Liga
Católica Jesus Maria José.
1960: Aprovada a primeira
reforma do Estatuto da Ir-
mandade.
Padre Rodrigo e membros da 1964: Assinatura da escritura
Irmandade de São Benedito definitiva do terreno onde a
igreja estava instalada.
1971: Criação do primeiro
1876: Fundação da Irmandade de São Be- Conselho Paroquial.
nedito de Pilares, com a doação de terras 1972: Inauguração do Jardim de Infância
pela família Zieze para a construção de uma Raiozinho de Sol.
capela. 1982: Alvará de licença para o gabinete
1886: Surge a Irmandade de São Benedito dentário.
de Pilares, reunindo 31 integrantes no Con- 1983: Conclusão da obra da torre da igreja.
sistório de São Benedito, sob a orientação 2000: Urbanização do pátio lateral da igreja.
espiritual do vigário Yamorim José de Oliveira 2006: Preparação de um novo estatuto para
Rosa. adequação à Lei 10.406 do Código Civil.
1/04/1900: Início do registro de assuntos
relacionados ao bem comum da comunida- HISTÓRIA DE SÃO BENEDITO
de e ao crescimento religioso. Os terrenos Numa jornada que se estende ao longo
foram divididos e vendidos para investir na de cinco séculos, celebramos com reverência
remodelação da capela. e gratidão os 500 anos desde o nascimento
1917: A capela é reformada e recebe a ima- de São Benedito, uma figura notável que
gem do Sagrado Coração de Jesus e o retrato deixou uma marca indelével na história da
de Francisca Zieze. fé e da devoção.
1919: Início do catecismo e oferta do espaço Nascido em 1526, na Sicília, Itália, São
da capela para a criação de uma escola gra- Benedito foi uma bênção desde o seu início,
tuita para crianças. carregando consigo o significado profundo de
1929: Proibição do Consistório da Irmandade seu nome, que reflete a graça que ele trouxe
na capela, que ficou fechada. Posteriormen- para seus pais e para todos que cruzaram
te, é reaberta com um novo capelão, padre seu caminho.
Brito Franco. Desde a infância, sua vida foi entrelaçada
1931: Autorização da Cúria para a perma- com a fé cristã, educado por seus pais, ex-
nência do Santíssimo Sacramento na capela. -escravos que, inicialmente relutantes em
1934: Inauguração da Paróquia de São ter filhos, foram movidos por uma promessa
Benedito de Pilares, após cinco anos de de liberdade.
ARQUIDIOCESE
Cuidando das ovelhas na juventude,
Benedito encontrou na oração do Rosário
uma fonte constante de espiritualidade,
moldando seu caráter desde cedo.
Aos 20 anos, diante do insulto racial, São
Benedito respondeu com calma e paciência,
atraindo a atenção do líder dos eremitas
franciscanos, frei Jerônimo Lanza. Essa
conexão o levou a se tornar um eremita
franciscano, vendendo todas as suas posses
e dedicando cinco anos de sua vida a essa
vocação.
Escolhendo o mosteiro da Sicília, São
Benedito, mesmo desempenhando o papel
aparentemente modesto de cozinheiro,
transformou a cozinha em um santuário
de oração e fervor. Seu espírito alegre e sua
mansidão, aliados às suas habilidades culi-
nárias, conquistaram os corações de todos
no convento.
Após anos em diferentes conventos,
em 1578, São Benedito foi escolhido como
guardião do mosteiro. Apesar de sua falta
de educação formal, liderou com sucesso,
atraindo teólogos em busca de sua sabedo-
ria. Seus ensinamentos ecoaram além das
barreiras do analfabetismo.
Após o término de seu mandato como
superior, São Benedito, com alegria, voltou
à sua humilde função de cozinheiro. Sua
fama de santidade espalhou-se, atraindo
pessoas de todas as partes, especialmente
os escravos que viam nele um símbolo de
humildade e virtude.
Seus milagres, desde a ressurreição de
crianças até a multiplicação de alimentos,
contribuíram para sua reputação como san-
to. A profecia sobre seu enterro rápido para
evitar tumultos tornou-se realidade após
sua morte em 4 de abril de 1589, aos 65 anos.
Canonizado em 1807 pelo Papa Pio VII,
19
São Benedito é representado com o Menino
Jesus nos braços, refletindo a visão de pesso-
as que o viram em profunda oração com uma
criança. No Brasil, sua festa é celebrada em
5 de outubro, e ele é venerado como o santo
protetor da cozinha, dos cozinheiros, contra
a fome e a falta de alimentos.
Neste marco notável de 500 anos de seu
nascimento, lembramos com reverência a
vida extraordinária de São Benedito, cujo
legado perdura como uma luz guia na jor-
nada espiritual de tantos. Que sua influência
continue a abençoar e inspirar as gerações
vindouras.
ORAÇÃO A SÃO BENEDITO
Ó São Benedito, flor da Etiópia, lírio
transplantado para a terra da Sicília,
tu que amaste o Cristo Crucificado e a
sua Mãe Santíssima, de quem recebeste
nos braços o Divino Menino e obtiveste
numerosos milagres. Tu, seguidor de
Francisco de Assis, ofereceste um exem-
plo brilhante aos jovens. Tu que soubeste
interpretar as Sagradas Escrituras,
esquadrinhar o coração dos homens,
ouve a nossa oração, que o povo fiel te
dirige depois de quinhentos anos do teu
nascimento. Ao mundo ainda escravo
do pecado, aos homens divididos pela
cor da pele, às nações sem paz, obtém
o perdão, o bem e a paz de Jesus, da
Virgem Maria e de São Francisco, para
que os homens se amem como irmãos,
como filhos de Deus não se odeiem como
seguidores de Francisco de Assis cantem
o hino do amor universal. Dá saúde
aos doentes, conforto aos aflitos, apoio
aos pobres, numerosas vocações à vida
cristã, e à Igreja o triunfo da Verdade do
Evangelho. Amém.
Sábado, 16/03/2024 Domingo, 17/03/2024
08h | Santa Missa, seguida das 7h, 9h, 11h, 16h e 18h | Santa Missa
Mil Ave-Marias
16h | Santa Missa Segunda, 18/03/2024
8h e 19h | Santa Missa pelos
paroquianos falecidos
19 de Março de 2024 | Dia do Jubileu Paroquial
08h às 12h 9h
Santa Missa e Café da manhã e
exposição do Santíssimo exposição na Irmandade
15h Oração do Terço da Transmitido
Divina Misericórdia ao vivo

19h
Santa Missa Solene presidida pelo
Cardeal Orani João Tempesta,
Arcebispo da Arquidiocese
do Rio de Janeiro.
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Monsenhor Mazine e a comunidade de Pilares
Inauguração do monumento de Dom Hélder Câmara em frente à Paróquia São Benedito, em Pilares, em 13 de novembro de 2010
A Paróquia São Benedito,
localizada no bairro de Pi-
lares, completa 90 anos de
história, e ao olharmos para
a história de uma comuni-
dade paroquial é impossível
não examinar também a vida
daqueles que foram páro-
cos desta mesma comunida-
de, sobretudo aqueles que, a
Monsenhor Mazine com jovens da comunidade paroquial
Celebração da Primeira Eucaristia em 2018
exemplo de Cristo Bom Pastor,
transformaram inúmeras vi-
das, pois como diz Antoine de
Saint-Exupéry: “Aqueles que
passam por nós, não vão sós,
nos deixam um pouco de si e
levam um pouco de nós”
Durante vinte e três anos,
a comunidade de Pilares foi
conduzida pelo monsenhor
PASCOM
PASCOM
José Mazine Rodrigues, fa-
lecido em março de 2023.
Aqueles que conviveram com
o monsenhor certamente já o
ouviram dizer: “Em tudo amar
e servir”, esta frase é perten-
cente a Santo Inácio de Loyola
e foi tomada pelo monsenhor
Mazine como lema de vida.
A história entre a comuni-
dade de Pilares e monsenhor
Mazine começou em setembro
de 1999, quando o sacerdote
com já vinte e oitos anos de
vida sacerdotal, chega para ser
pároco da referida comunida-
de. Uma das grandes marcas
de seu apostolado é o zelo
pelas vocações sacerdotais,
que o impeliu a implementar
a Pastoral dos Coroinhas,
pois até então o serviço ao
altar era desempenhado pelos
ministros extraordinários da
Sagrada Comunhão, e no ano
de 2000 foi fundado o Grupo
Vocacional Suburbano, que
tinha como f unção acom-
panhar os jovens oriundos
do Vicariato Suburbano e
que desejavam ingressar no
Seminário Arquidiocesano
de São José. Este trabalho
do monsenhor Mazine gerou
muitos frutos, a Pastoral dos
Coroinhas vivia repleta de jo-
vens e muitos foram os padres
e seminaristas que passaram
pelo grupo vocacional.
Todavia, engana-se quem
pensa que monsenhor Mazine
se dedicou apenas às vocações
sacerdotais. O pároco tem
a missão, o ofício de guiar a
ARQUIDIOCESE 21
CARLOS MOIOLI
comu n idade tismos mensais com mais de
a ele confiada trinta crianças, sem contar
pelo bispo, de os celebrados de forma indi-
ser um verda- vidual, as diversas celebrações
deiro pastor e de Primeira Comunhão que
exercer a cura duravam cerca de um mês
das almas, e meio devido à quantidade
esta manifes- de turmas, e sempre eram
tada sobretu- celebradas com grande ardor
do na prega- e alegria. As inúmeras visitas
ção da Palavra aos doentes, seja em casas ou
de Deus, na hospitais, os inúmeros matri-
ad m i n i s t r a - mônios assistidos, dos quais
ç ão do s s a - muitos tiveram seus filhos
cramentos e batizados pelo monsenhor,
guia pastoral não importava a necessidade,
da comunida- o pároco de Pilares se fazia
de. Diferente presente, sempre com alegria
do que muitos e ímpeto de levar Deus para
pensam, pa- as pessoas.
roquianos não Além da cura das almas,
são apenas monsenhor Mazine possuía
aque le s que grande zelo pelas coisas de
f requenta m Deus. Inú mera s fora m a s
a missa e as contribuições que este grande
atividades da sacerdote realizou, como: o
comu n idade monumento de Dom Helder
paroquial, mas todos aqueles Câmara, inaugurado no dia 13
que residem no território da de novembro de 2010; refor-
mesma comunidade. Embora mas no templo, sacristia, Ca-
nem todos soubessem pro- pela do Santíssimo Sacramen-
nunciar corretamente o seu to, salas de catequese, criação
nome, monsenhor Mazine da Alameda São Benedito.
era conhecido por todos em Palavras não são capazes
Pilares, pois era um pastor de expressar tudo o que o
com cheiro de ovelhas, sem- monsenhor José Mazine Ro-
pre atento às necessidades drigues realizou. As ações
do seu rebanho. Aqueles que mencionadas não chegam a
desejavam se confessar sem- cinco por cento de tudo o que
pre encontravam o monse- ele realizou em 23 anos como
nhor Mazine disponível para pároco de Pilares, que dirá dos
atendê-los, seja antes ou após seus 52 anos de vida sacerdo-
a Santa Missa, como também tal, e como diz a música da
nas diversas horas do dia, e irmã Miria Kolling: “Tudo por
isso fez com que a demanda causa de um grande amor”.
de penitentes aumentasse
cada vez mais, pois sabiam ALAN GALVÃO DE
PAULA
que iriam encontrar um padre SEMINARISTA
disponível para perdoar os DO 4° ANO DE
TEOLOGIA
seus pecados.
Esse zelo pastoral se apli-
cava também em todos os
outros sacramentos, os ba-
PASCOM
Inauguração da Alameda São Benedito, em 5 de outubro de 2022
 22 LITURGIA 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ

“Foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo 12,27)

A
REPRODUÇÃO

proximando-se as festividades da
Páscoa, nesse domingo que ante-
cede a Semana Santa, pedimos ao
Senhor que nos dê a graça de caminhar
com alegria na mesma caridade que con-
duziu Jesus a entregar-se à morte como
sacrifício de amor pelo mundo1. Através
da carta aos Romanos, o apóstolo Paulo
exorta os fiéis daquela comunidade para
se oferecerem como “sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus” (Rm 12,1). Uma
das maneiras de nos oferecermos como
hóstia de louvor ao Pai é escutando a
sua Palavra. Ela, na celebração litúrgica,
por meio da dynamis do Espírito Santo,
recria o nosso coração e nos dá a alegria
de sermos salvos (cf. Sl 50,12.14).
Na primeira leitura, ouvimos um tex-
to do profeta Jeremias que foi convocado
por Deus e provocado pela sua palavra.
Exercendo seu ministério profético em
Jerusalém, Jeremias denuncia inúmeras
vezes as injustiças que estão acontecen-
do aos israelitas, resultado das infideli-
dades dos reis que deveriam conduzir o
povo de Deus na observância da Aliança
e no temor do Senhor e não o fizeram.
O texto que escutamos faz parte de
um pequeno conjunto chamado “Livro
da consolação de Jeremias” (cf. Jr 30-31).
Nele, encontra-se um aspecto muito im-
portante: A esperança de um novo tempo
em que o povo de Deus vai reconstruir a
sua vida. Se o exílio na Babilônia foi para
os israelitas uma experiência humilhan-
te, eles também experimentarão que o
Senhor fará com eles uma nova história.
Afinal, Deus jamais se esquece do seu
povo. Essa nova história será realizada
a partir de uma aliança que o Senhor
vai estabelecer com os israelitas. Essa
aliança, porém, não será como aquela
que foi feita no Sinai quando o povo foi
libertado do Egito.
A aliança do Sinai, sinal externo e
registrada em tábuas de pedra, nunca foi
interiorizada pelos hebreus Na verdade,
eles nunca deixaram que ela atingisse os
seus corações. Ainda que tivessem a Lei,
sinal da presença de Deus no meio do
seu povo, os hebreus continuaram per-
correndo os caminhos de infidelidade,
de injustiça e de egoísmo. Ora, uma vez
que o povo eleito não acolheu a aliança
do Senhor em seus corações, seria im-
possível, portanto, permanecer fiel a ela
com seus mandamentos.
Comprovada a fragilidade dos isra-
elitas, incapazes de olhar para a aliança
e traduzi-la como fonte de vida e de
comunhão, Deus vai estabelecer com
o seu povo uma nova aliança. Esta, por do Senhor como sinal do seu amor que Ele será reconhecido pelos israelitas, so- dentora realizada por Jesus. No Evange-
sua vez, não será gravada em tábuas de conduz à vida. A nova aliança, porém, bretudo, por causa do seu perdão, cujos lho que ouvimos, situado em Jerusalém,
pedra e não será apenas um sinal externo. será um sinal interno, capaz de gerar pecados jamais se recordará (cf. Jr 31,34). João narra o episódio em que o Filho de
Ao contrário, diz o Senhor: “imprimirei uma experiência de comunhão com A nova aliança, impressa no coração do Deus anuncia a sua glorificação através
minha lei em suas entranhas, e hei de Deus, com o próximo e consigo mesmo. povo de Deus, será uma experiência de da morte que Ele sofrerá.
inscrevê-la em seu coração” (Jr 31,33). Uma vez que a Lei estará inscrita no libertação que ultrapassará qualquer Inicialmente, o texto apresenta que
Essa nova aliança dispensará as me- coração dos israelitas, o Senhor que os libertação geográfica. Ela provocará, alguns “gregos”, isto é, pagãos prosélitos
diações externas que haviam: o sacerdó- libertou do Egito será o seu Deus e eles principalmente, uma libertação interior. ligados à religião judaica, “tinham subido
cio, o templo, os sacrifícios. Nenhuma serão o seu povo (cf. Jr 31,33). O Senhor não Tal libertação, sem dúvida, terá seu a Jerusalém, para adorar durante a festa”
delas foram capazes de traduzir a Lei será mais desconhecido, ao contrário, pleno cumprimento por meio da obra re- (Jo 12,20). Por não serem circuncidados,
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 LITURGIA 23

não lhes era permitido comer a páscoa.
Todavia, eles podiam ter acesso ao pátio
dos gentios e, dessa maneira, participa-
vam de alguns atos de culto. Recorrendo
a Filipe, natural de Betsaida na Galileia,
esses gregos revelam o desejo de seus co-
rações: Eles querem ver Jesus. Isso sugere
que o templo e o culto antigo deixaram
de ser observados como lugares onde os
homens têm o seu encontro com Deus.
Aqueles homens que procuram Jesus,
encontram Nele o caminho para terem
uma nova vida.
Após Filipe ter conversado com
André sobre o pedido que o “gregos” fi-
zeram, ambos vão até o Senhor que lhes
diz: “Chegou a hora em que o Filho do
Homem vai ser glorificado” (Jo 12,23). No
evangelho de João, encontramos diversas
vezes o elemento “hora”. Para o evan-
gelista a “hora” de Jesus é mais do que
um elemento cronológico. Na verdade,
ela tem uma densidade teológica muito
forte, pois aponta para a glorificação do
Filho de Deus que será manifestada com
a sua oferta pascal na cruz.
A glorificação de Jesus por meio da
sua morte é ilustrada com a imagem do
grão de trigo que, caído na terra, ao mor-
rer, produz muito fruto. Quando ele não
morre, permanece apenas um grão de
trigo (cf. Jo 12,24). São Cirilo de Alexandria
afirma que “Cristo foi a primícia deste
trigo. Ele é o único que não escapou da
maldição, precisamente quando desejou
tornar-se maldição por nós” 2.
Em seguida, Jesus diz aos seus dis-
cípulos que quem estiver apegado à sua
própria vida, vai perdê-la, mas aquele
que faz da sua vida uma plena doação
nesse mundo, vai tê-la conservada na
vida eterna (cf. Jo 12,25). Nessa mensa-
gem, Jesus mostra para os discípulos a
exigência radical de segui-lo até a morte.
“Como a morte de Jesus tem um significa-
do salvífico, assim, também, a morte do
discípulo não significa destruição e sim
realização de uma vida verdadeira” 3. Por
isso, o discípulo que segue igualmente os
passos de Jesus, especialmente, no gesto
de fazer da sua vida um serviço para o
outro, traz consigo a sua dupla promessa,
ou seja, onde Jesus estiver, seu discípulo
estará com Ele e será honrado pelo Pai
(cf. Jo 12,26).
Dialogando com André e Filipe, Jesus
diz: “Agora sinto-me angustiado. E que
direi? ‘Pai, livra-me desta hora?’” (Jo 12,27).
Aqui, o evangelista não omite a angústia
e o medo de Jesus em relação à morte,
tal como apresentam os evangelhos
sinóticos. No entanto, quando Jesus
afirma: “foi precisamente para esta hora
que eu vim”, João enfatiza, sobretudo, a
profunda obediência do Filho de Deus
ao projeto salvífico do Pai.
Tal como no batismo e na transfigu-
ração de Jesus, o Pai dá o testemunho
sobre o seu Filho e diz: “Eu o glorifiquei
e o glorificarei de novo!” (Jo 12,28). Diante
de algumas interpretações que fazem a
respeito da voz de Deus, Jesus revela que
a manifestação da voz do Pai não tem
outro objetivo senão conduzir os seus
ouvintes à fé no seu Filho: “Essa voz que
ouvistes não foi por causa de mim, mas
por causa de vós” (Jo 12,30).
Aproximando-se a “hora” de Jesus,
Ele manifesta com sua morte a vitória
sobre o mal que permeia no mundo.
Sua morte tem uma força de salvação
capaz de libertar todos os homens e
mulheres das suas experiências de dor,
transfigurando-os na sua imagem pascal.
Irmãos e irmãs, todos nós fazemos
a experiência de participar da “hora”
de Jesus. Nela, Cristo revela o projeto
salvífico do Pai. Tal como os “gregos”
desejavam ver o Senhor, inúmeras vezes
também desejamos vê-lo em razão de
termos conhecimento das obras que
Ele faz. Diante de inúmeras provações,
cresce ainda mais o nosso desejo de vê-lo,
particularmente, quando sentimos na
nossa carne a dor que o sofrimento nos
machuca. São dores que se manifestam
de variadas formas em nossas vidas e
nas quais, algumas delas, nos fazem até
pensar que o Senhor nos abandonou.
Feridos pelos nossos pecados, re-
conheçamos as nossas fraquezas e
angústias. Que nessa Eucaristia, assim
como o salmista expressou a Deus a dor
que sentia em seu coração, expressemos
igualmente, dizendo: “Tende piedade, ó
meu Deus, misericórdia! Na imensidão
de vosso amor, purificai-me! Lavai-me
todo inteiro do pecado, e apagai comple-
tamente a minha culpa! Criai em mim um
coração que seja puro, dai-me de novo um
espírito decidido. Ó Senhor, não me afas-
teis de vossa face, nem retireis de mim o
vosso Santo Espírito! Dai-me de novo a
alegria de ser salvo e confirmai-me com
espírito generoso!” (Sl 50,3-4.12-13).
Provocados pelo Espírito de Deus,
deixemos que o Cristo imprima em
nossos corações a sua obra redentora na
cruz, sinal da sua Nova Aliança. Atraídos
por tão grande amor (cf. Jo 12,32b), possa-
mos, como o Filho de Deus, dirigir nos-
sas preces e súplicas, com forte clamor
e lágrimas, Àquele que é capaz de nos
salvar das nossas experiências de dor e
de morte (cf. Hb 5,7).
PADRE EUFRÁZIO
MORAIS
DOUTORANDO
EM TEOLOGIA
SISTEMÁTICO-
PASTORAL
PELA PUC-RIO,
PROFESSOR
DE HOMILÉTICA DO ISTARJ, NO
SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E PÁROCO
DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA
CABEÇA, NA PENHA.
1
Oração Coleta - 5º Domingo da
Quaresma.
2
Lecionário Patrístico Dominical, p.
320.
3
BOUZON, E., ROMER, K. J. A Palavra
de Deus - No anúncio e na oração. Ano
B, p. 111.

Ano B - 5º Domingo da Quaresma 1ª Leitura - Jr 31,31-34 2ª Leitura - Hb 5,7-9

Liturgia Diária - Missa do Dia Salmo - 50,3-4.12-13.14-15 (R. Evangelho - Jo 12,20-33
17 de Março de 2024 12a)

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO

Dia 18 de março Dia 19 de março Dia 20 de março Dia 21 de março Dia 22 de março Dia 23 de março
1ª Leitura - Dn 13,1-9.15-17.19-30.33-62 1ª Leitura - 2Sm 7,4-5a.12-14a.16 1ª Leitura - Dn 3,14-20.24.49a.91-92.95 1ª Leitura - Gn 17,3-9 1ª Leitura - Jr 20,10-13 1ª Leitura - Ez 37,21-28
Salmo - 22(23) Salmo - 88(89) Salmo - Dn 3,52.53-54.55.56-57 (R. 52b) Salmo - 104(105) Salmo - 17(18) Salmo - Jr 31,10.11-12ab.13 (R. cf. 10d)
Evangelho - Jo 11,1-45 Evangelho - Rm 4,13.16-18.22 Evangelho - Jo 8,31-42 Evangelho - Jo 8,51-59 Evangelho - Jo 10,31-42 Evangelho - Jo 11,45-56

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 24
Tomás de Aquino: Jesus suplica
Neste mês em que se co-
memora mundialmente os
setecentos e cinquenta anos da
morte de Santo Tomás, reler
seus comentários bíblicos é
não somente uma homena-
gem ao grande Doutor, mas
também o reconhecimento de
sua elevação espiritual no que
tange à sua exegese espiritual,
figurativa, das Escrituras. Den-
tre os comentários bíblicos de
Tomás, destaca-se o comentário
a Hebreus.
Jesus suplica ao Pai. Este é o
ponto de partida do comentário
de Tomás que nos importa hoje.
Embora a Carta aos Hebreus 5,
7 use o termo ‘iketerías’, para
mostrar como Jesus se dirige
ao Pai, Tomás de Aquino lê a
tradução latina que oferece o
termo ‘supplicationes’. O termo
‘supplicatio’, súplica, conota
o ato de dobrar os joelhos (do
Latim, ‘plicare’, dobrar). Que é,
para nós, ver Jesus suplicar, ou
ainda, dobrar os joelhos diante
do Pai? É isto que Santo Tomás
nos explica sobre a passagem
de Hebreus 5, 7-9, tema deste
quarto domingo da Quaresma.
Para Tomás, Paulo é o autor
da Carta aos Hebreus, por isso
ele sempre se refere ao Apóstolo
quando comenta este texto do
Novo Testamento: “Quando o
Apóstolo São Paulo diz nova-
mente (v. 7): ‘Cristo, durante
os dias de sua carne...’, ele prova
que tudo o que pertence ao
ofício do pontífice se aplica a
Cristo. E primeiro ele explica
qual é a sua condição; depois,
sua ação: orações; finalmente,
sua eficácia: com grande cla-
mor” (TOMÁS DE AQUINO.
‘Commentaire de la lettre aux
Hébreux’. Par Charles Duyck.
Em: http://docteurangelique.
free.fr/bibliotheque/ecriture/
hebreux.htm, 11/03/2024, c. 5,
lição 1, tradução do autor).
Tomás está a explicar a perí-
cope bíblica seguindo um tema
fundamental: Jesus Cristo como
pontífice entre os homens e o
Pai. Para isto, a primeira coisa
que ele observa é que Jesus
vive entre os homens, por isso
ele explica a expressão usada
na Bíblia Latina de que Jesus é
‘carne’: “Sua condição é ser um
entre os homens, porque, como
foi dito em Hb 5, 1, todo pontífice
é tirado dentre os homens. Isto
é o que faz São Paulo dizer neste
versículo ‘durante os dias de sua
carne’. Esta expressão ‘carne’
é aqui tomada por natureza
humana, como nestas palavras
PATRÍSTICA
de São João 1,14: ‘E o Verbo se
fez carne’. Os dias que passam
agora não são mais os dias de
sua carne? Parece que sempre
o são, porque lemos no último
capítulo de São Lucas, versículo
39: ‘um espírito não tem carne
nem ossos, como vedes que eu
tenho’” c. 5, lição 1.
O tempo pascal como ‘os
dias da carne’ vem enfatizar o
mistério da Páscoa de Cristo,
possível em razão de sua encar-
nação: “Por que então chamar
o tempo que precedeu sua
paixão e ressurreição de tempo
ou dias ‘da sua carne’, em vez
de ‘tempo presente’? Devemos
responder que a palavra ‘carne’
às vezes é tomada como a fra-
gilidade da car-
ne, como nestas
palavras de 1Cor
15,50: ‘a carne e
o sangue não
podem herdar o
reino de Deus’.
Mas Cristo tem
neste momen-
to uma carne
frágil e corrup-
tível. É por isso
que o Apóstolo
diz ‘durante os
dias de sua car-
ne’. Foi durante
aqueles dias em
que ele vestiu a
carne como a
carne que pode
pecar, embora
não peque” (c.
5, lição 2).
O u t ro a s -
pecto do Cris-
to pontífice, de
‘ponte de carne’,
é justamente
seu ministério
sacerdotal: “A ação do seu sa-
cerdócio consistia em oferecer
orações e súplicas, ou seja, o
sacrifício espiritual oferecido
por Cristo. Chamamos de ora-
ções os pedidos: ‘a oração dos
justos pode fazer muito’, Tg 5, 16.
As súplicas são assim chamadas
a partir da humildade de quem
ora, por exemplo, dobrando o
joelho: (Mat., XXVI, 39: ‘Ele se
prostrou com o rosto em terra,
orando com estas palavras’, Mt
26,39. A quem então ele dirigiu
suas orações e suas súplicas?
A Deus, isto é, a Deus Pai, que
poderia salvá-lo da morte. Ele
orava assim por duas finalida-
des. Primeiramente, para não
morrer, como se lê: ‘Meu Pai,
foi possível...’, Mt 26,39. Segundo,
para que o Pai o ressuscitasse,
caso ele morresse: ‘não deixarás
a minha alma no inferno’, Sl 15,
10; e também: ‘Tu, portanto,
Senhor, tem compaixão de mim
e levanta-me’, Sl 40,10. É com
este sacrifício espiritual que se
relaciona o sacerdócio de Jesus
Cristo” (c. 5, lição 2).
Não é um sacerdócio qual-
quer, porque justamente ele é
eficaz pela forma pela qual ele
reza, isto é, por súplica. Não se
trata de mera petição, mas de
intimidade com o Pai e o Espí-
rito: “A eficácia do sacerdócio
de Cristo manifesta-se no seu
modo de rezar. Duas disposições
são necessárias para quem ora:
primeiro, carinho ardente, e
também dor e gemido. Destes
dois sentimentos é dito, no
Salmo, quanto ao primeiro:
‘Senhor, todo o meu anseio está
diante dos teus olhos’, Sl 37,10;
quanto ao segundo: ‘e o meu
gemido não te está oculto’, Sl
37,10. E Cristo tinha ambos. O
Apóstolo fala, portanto, no ver-
sículo 7 em relação ao primeiro
sentimento: ‘com forte clamor’,
isto é, com uma intenção cheia
de eficácia. ‘E tendo caído em
agonia, redobrou suas orações...,
Lc 22, 43; e, também quando Jesus
exclama em alta voz: ‘Pai, em
tuas mãos...’, Lc 23,46; Em relação
ao segundo sentimento, o mes-
mo versículo 7 exprime: ‘com
lágrimas’. Com esta expressão,
‘lágrimas’, o Apóstolo exprime
a intenção interior de Cristo,
durante a sua oração. Não lemos
17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
isso no Evangelho, no entanto, é ou seja, pelos tormentos e pela
provável que Cristo, que derra- morte: ‘Muitos serão justifica-
mou lágrimas na ressurreição de dos pela obediência de um’, Rm
Lázaro, também tenha chorado 5,19” (c. 5, lição 2).
durante a sua Paixão, porque Os frutos da Páscoa de Cris-
ele fez muitas coisas que não to para nós é a vida eterna, a
estão escritas. Contudo, ele não impassibilidade que Cristo
chorou por si mesmo, mas por atingiu na carne estende-se a
nós, a quem a sua Paixão foi todos: “Quando o apóstolo diz
proveitosa. No entanto, foi tam- a seguir: ‘Mas, na consumação
bém para si mesmo, no sentido de sua vida, tornou-se causa
de que meio dela ele mereceu a de salvação eterna para todos
sua exaltação: ‘Por isso Deus o os que lhe obedecem’ (v. 9),
exaltou...’, Fil 2,9. É também por ele explica qual foi o fruto dos
isso, ainda no versículo 7, que sofrimentos de Cristo. Este
Ele foi ouvido, por causa de seu fruto era de dois tipos: um no
humilde respeito, e por causa do próprio Cristo, o outro nos seus
respeito que mais do que todos membros. Em Cristo, esta foi
os outros ele tinha pelo Pai: ‘E o a sua glorificação. Portanto, o
Espírito o encherá do temor do Apóstolo diz: ‘na consumação
Senhor.’, Is 11,3” de sua vida’. Com efeito, desde
(c. 5, lição 2). o primeiro momento da sua
HTTPS://P3.STORAGE.CANALBLOG.COM/32/94/249840/22846792.JPG
Cristo obe- concepção, Cristo foi consu-
deceu ao Pai até mado na perfeição, no que diz
a morte. Esta respeito à bem-aventurança
obediência é da alma, enquanto se voltou
que lhe deu a inteiramente para Deus. Porém,
autoridade pe- ele tinha a passibilidade da
rante todos os natureza, mas após sua morte,
homens. Isto ele atingiu a impassibilidade.
não quer dizer É por isso que, estando neste
que Jesus não aspecto em completa perfeição,
tivesse auto - cabe a ele aperfeiçoar os outros.
r i d a d e a n te s Pois a natureza de tudo que é
de seus sofri- perfeito é produzir perfeição.
mentos, pois a É por isso que São Paulo diz
tinha junto ao que ele é perfeito. E porque é
Pai e ao Espírito pelo mérito de sua obediência
Santo. O que se que alcançou esta perfeição:
pretende mos- ‘Quem obedece será vitorioso:
trar aqui é que tornou-se, para todos os que lhe
Jesus Cristo obedecem, o autor da salvação’,
experimentou não temporal, ‘mas, eterna’, Pr
na carne os so- 21,28” (c. 5, lição 2).
frimentos que A relação entre a súplica e
os homens so- a carne humana assumida por
frem: “São Pau- Jesus é explicada por Tomás
lo mostra aqui sob dos aspectos: a fragilidade
quão difícil é o e a força. A fragilidade que per-
bem da obediência. Aqueles tence à carne humana permite
que, de fato, não experimenta- todos os sofrimentos provados
ram a obediência e não a apren- pelo homem e dos quais Jesus
deram em circunstâncias difí- participou em sua paixão; a
ceis, acreditam que é muito fácil força brota da súplica, isto é, a
obedecer. Mas para que você atitude obediente e reverente
saiba o que é essa virtude, é ne- que torna o Cristo o pontífice
cessário que aprenda a obedecer entre os homens e o Pai. A par-
nessas coisas difíceis; porque tir da vitória de Cristo sobre a
quem não aprende a submeter- carne e sobre a morte, Cristo es-
-se obedecendo nunca saberá tende seu pontificado a todos os
exercer bem a autoridade co- cristãos, que participam de sua
mandando. Portanto, embora Páscoa pelo batismo. É assim
Cristo soubesse, pelo simples que todos nós nos tornamos
conhecimento, desde toda a pontes para o próximo.
eternidade, o que é a
CARLOS FREDERICO CALVET DA
obediência, contudo SILVEIRA
aprendeu, pela expe- PROFESSOR DA UNIVERSIDADE
riência, a obediência CATÓLICA DE PETRÓPOLIS E DO
SEMINÁRIO SÃO JOSÉ,
por tudo o que sofreu,
NO RIO DE JANEIRO
isto é, por aquilo que
sofreu dolorosamente,
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 ARQUIDIOCESE 25

Grupo Jovem Hope visita Quiosque do Cristo Redentor,

na Praia do Guido, e participa da Santa Missa
“Senhor, endireitai a minha vida.” (Venerável Guido Schäffer)
FOTOS: PASCOM / PARÓQUIA SÃO MARCELINO

É com essa frase que o

jovem Guido Schäffer se dirige
ao Pai Celeste, na busca pela
santidade. Da mesma forma,
os jovens católicos precisam de
inspiração e de orientação para
manterem acesa a chama de
uma fé forte, “capaz de incen-
diar o mundo”, parafraseando
São João Paulo II, no encerra-
mento da Jornada Mundial da
Juventude, em 1995.
Em sua caminhada de for-
mação e de crescimento es-
piritual, o Grupo Jovem Hope
participou, a convite do padre
Alexandre Pinheiro, no sábado,
dia 9 de março, da missa cele-
brada no Quiosque do Cristo
Redentor, situado no trecho
da orla conhecido como Praia
do Guido, no Posto 12, Recreio
dos Bandeirantes. O grupo
pertence à Paróquia São Mar-
celino Champagnat, no Barra
Olímpica, cujo pároco é o padre
Nubio Montenegro. Em seus
encontros semanais, o grupo
tem procurado conhecer os
caminhos que Guido percorreu,
tentando aprender a olhar para
cada irmão ou irmã da mesma
forma como Cristo olhava para
cada um que se aproximava
d’Ele.
Na homilia da Santa Missa
sobre a Parábola do Fariseu
e do Publicano, (Lc 18, 9-14),
padre Alexandre lembrou do Grupo Jovem Hope no Quiosque do Cristo Redentor, após a Santa Missa presidida pelo padre Alexandre Pinheiro
significado da oração na vida
dos jovens e da necessidade de pregação a passagem de Tobias seu coração” (Venerável Guido a equipe. Gostaríamos de des- é perfeito em todas as coisas,
receberem o perdão de Deus, – “Dá esmola dos teus bens e Schäffer, 15/01/2004). tacar também os diálogos que e sou muito grata por Ele ter
por meio do arrependimento não te desvieis de nenhum po- Para os jovens do Grupo o padre realizou com a gente; criado um lugar tão lindo como
verdadeiro. Quando Jesus foi bre, pois, assim fazendo, Deus Hope conhecer a vida do Vene- a celebração foi muito bonita a praia”.
humilhado, neste momento, tampouco se desviará de ti.” (Tb rável Guido Schäffer tem sido e, na homilia, o padre retratou, Participar do grupo jovem
Ele foi exaltado, e essa pa- 4, 7) – entregou-se à missão de fundamental para o amadu- de uma forma linda, detalhista é uma e xp er iência mui t o
rábola convida a todos a se servir aos pobres. Atendeu, por recimento na fé. Para Beatriz e interativa, a história do Ve- importante para os jovens
humilharem diante de Deus e dez anos, aos pobres das Irmãs Parente, de 17 anos, integrante nerável Guido, o que nos faz cristãos, uma forma de ama-
a buscarem o perdão por meio da Caridade, no bairro da Lapa, do grupo, “Guido é um exemplo ter o desejo de estudar, cada dur e cer na f é e de e s t ar
do Sacramento da Confissão, já no Rio de Janeiro, curando os de perseverança e amor a Deus vez mais, sobre a sua vida e a em contato com outros jo-
que o Senhor perdoa sempre, males do corpo e evangelizan- sobre todas as coisas, além de sua missão aqui na Terra. Ele vens que colocam Deus e o
desde que estejamos verda- do seus pacientes. O principal um exemplo de como ser santo é exemplo de jovem em busca Evangelho em primeiro lugar
deiramente arrependidos e ensinamento que ele deixou nos dias atuais”. da santidade! Só temos a agra- nas suas vidas. Para Gabriel
decididos a não pecar mais. aos jovens é o de que suas Os coordenadores do grupo, decer por tudo e, com certeza, Barbosa, de 16 anos, estar
Padre Alexandre também fa- ações devem visar ao amor de Cauan Barbosa e Leticia Carva- iremos voltar novamente”. no grupo “é poder conhecer
lou aos jovens sobre a vida de Deus. Se vivemos a caridade, lho, deram seu testemunho ao Para Beatriz Parente, parti- novas pessoas e aprender
Guido, trazendo para o dia a dia estamos perto de Deus porque final da celebração: “Ficamos cipar da missa na praia foi uma que é na alegria que espalha-
deles a experiência de buscar a Deus é amor. muito felizes em participar da experiência inesquecível: “Foi mos o amor de Deus.” Jovem,
santidade. “Quando o Senhor encontra missa presidida pelo nosso uma experiência que eu nunca participe também do grupo
O Venerável Guido Schäffer um coração pequeno, simples, amigo padre Alexandre que, tinha tido antes; com certeza jovem da sua paróquia!
é inspiração para os jovens ca- despojado, Ele olha com alegria com o apoio do padre Nubio, irei lembrar sempre desse dia.
tólicos. Ele foi médico, surfista para esta alma e a adorna com possibilitou uma vivência dife- Muito bom estar em contato MÔNICA TAVARES ORSINI E NANCI REGIS
QUEIROZ AFONSO
e seminarista que fez sua Pás- joias preciosas. Feliz o humilde rente para os jovens da nossa com o Santíssimo e com o mar.
AMBAS DA PASCOM DA PARÓQUIA SÃO
coa ainda jovem, em 1º de maio que em tudo procura o Senhor, paróquia. Todos nós fomos Sempre que vou à praia fico MARCELINO CHAMPAGNAT, NO BARRA
de 2009. Após ouvir em uma pois o verá continuamente em muito bem acolhidos por toda muito reflexiva em como Ele OLÍMPICA
 26 ARQUIDIOCESE 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ

Tradição luso-carioca anima o Centro Histórico do

Rio de Janeiro no Domingo de Ramos FOTOS: @MARCIOROSAFOTOGRAFO

A reabertura da Igreja Nossa Senhora

da Lapa dos Mercadores, desde o mês de
março de 2023, tem se transformado no
epicentro de uma rica efervescência na
tradicional Rua do Ouvidor e nos seus
entornos, no Centro Histórico do Rio
de Janeiro.
As missas realizadas às 12h, aos sába-
dos e domingos, têm lotado a bela igreja
construída no século XVIII. Os devotos
vêm de diversas paróquias da cidade, a
fim de participar de uma litúrgia bem
cuidada e tradicional, inclusive con-
tando com a presença de turistas, que
igualmente se maravilham com as ce-
lebrações insensadas, estimuladas pelo
canto e pelas impecáveis ornamentações
decorativas e florais, de extremo bom
gosto, cuidadosamente realizadas deste
templo dedicado a Deus em honra da
Senhora da Lapa.
Consolidadas as ações estruturais
para a reabertura do templo, de planta
elíptica; já reativado o histórico relógio
da fachada – então parado há um século
–, e restaurados os sinos, cujas badaladas
já ressoam no ambiente central do Rio,
estando também ajustadas à iluminação
interna e externa; já polido o mármore
que reveste o assoalho do “átrio da fé”; e
tendo sido abertas a lojinha e outras ben-
feitorias que são dinâmicas e incessantes.
O comissário da Irmandade, Cláudio
André Padilha de Castro, no corrente ano
de 2024, se desvela em consolidar as mo-
bilizações que enraizem o sentimento de
fé e a tradição religiosa dos mercadores
contemporâneos à sua padroeira.
No Domingo de Ramos, dia 24 de
março, parte dessas mobilizações se
dará com o início de uma procissão, às
12h15, com cinco músicos e fanfarra, com
saída programada do prosaico Arco do
Teles, onde será instalado um oratório de
época, defronte à sede do jornal “Diário
do Rio”, o qual se dedica a veicular as
notícias genuinamente cariocas.
Dali, a procissão seguirá até a Igreja
de Nossa Senhora Lapa dos Mercadores,
onde suas portas estarão fechadas, para
que o sacerdote que presidirá a missa
proceda com um antiquíssimo ritual, de
legítimas raízes portuguesas e hispânicas
(ainda hoje é praticado na Sé de Braga,
em Portugal) e que consiste na troca de
respostas cantadas entre um coral nas
janelas da fachada, e o público que fica
fora, até que a procissão seja permitida
ingressar no orago.
A tradição da festa do Domingo de
Ramos está no coração dos cristãos há
quase dois milênios, e o formato de sua
comemoração, como hoje a fazemos
em todo o universo católico, e inclusive
brasileiro, à perspicácia de uma mulher.
Egéria, uma peregrina cristã de
origem hispano-romana, foi quem a
princípio relatou minuciosamente as Chegando à Igreja Nossa Senhora Lapa dos Mercadores, cantores recepcionarão os fiéis com repertório sacro nas janelas da fachada
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
festas executadas em Jerusalém, e o
modo como os cristãos hierosolomitas
festejavam o Domingo de Ramos.
Ela visitou a Terra Santa no final dos
anos 300, e lá, observando as tradições,
notou o modo especial e bastante dife-
renciado dos cristãos em Jerusalém de
recordarem a trajetória de Jesus Cristo.
Egéria registrou com detalhes as
rememorações cristãs da Jerusalém de
seu tempo, anotando com cuidado tudo
aquilo que viu, visitou e sentiu, para
então comunicar em casa, a parentes e
amigos, os aspectos mais notáveis de sua
peregrinação.
De suas experiências, resultou-nos
uma carta, que depois de seu retorno à
Europa, serviu de influência para que a
celebração de Ramos se espalhasse por
toda a cristandade, inclusive com com
primaz vigor, na região que se atribuiu
ser de sua origem.
Na velha Hispânia ficavam as ter-
ras que hoje compreendem Espanha e
Portugal; e de Portugal para o Brasil,
o catolicismo se transladou, fixando-
-se com grande força onde quer que a
comunidade portuguesa congregasse.
Na Lapa dos Mercadores – merca-
dores esses que em sua essência eram
negociantes portugueses –, a tradição
de Ramos, portanto, se fez intrínseca.
Histórico Arco do Telles, voltado para a Praça XV, onde iniciará a cerimônia
O altar será montado em frente a sede do
Jornal Diário do Rio e o cortejo percorrerá a
Travessa do Comércio
E com tantos lusitanos no Brasil, sobre-
tudo mercadores advindos do Portugal,
sediados na região central do Rio, é certo
que a tradição de Ramos, contendo a
interpelação às portas do templo, chegou
à Guanabara.
Hoje, em Braga, a procissão do Do-
mingo de Ramos segue praticando a
interpelação às portas do templo, como
há muitos e muitos séculos é realizada.
Esse diferencial bracarense representa
o diálogo entre Jesus e os guardiões de
Jerusalém, e a passagem pelas portas
do templo, uma vez abertas ao povo,
representa a acessão do homem à vida
eterna, e o ingresso de sua alma à Igreja.
Das esplendorosas procissões que
gente carioca viu, partindo de seu pas-
sado imemorial, a Procissão de Ramos
foi uma das que melhor foi difundida
sob a prática da manualística eclesiástica
tradicional. Não por menos, a Procissão
de Ramos fez-se numa das mais concor-
ridas pela parcela mais tradicional dos
homens e mulheres do Rio de Janeiro
antigo.
Leonard Goffiné, padre alemão nas-
cido em Colônia por volta de 1648, foi o
autor de o “Manual do Christão”, texto
que embasou, por muitas gerações, o
conhecimento e as celebrações eclesiais
do Rio. Entre o final do século XIX e o
A porta da Igreja será a protagonista no
tradicional momento da “batida na porta”
ARQUIDIOCESE
princípio do século XX, era corriqueiro
que textos inteiros de seu manual fossem
reproduzidos nos principais periódicos
da cidade, textos esses que, quando pró-
ximo da celebração de Ramos, também
a descreviam com explicações professo-
rais, para preparar os fiéis.
Não raro, as procissões de Ramos
eram ponto a ponto descritas em jornais
religiosos ou seculares, e a cerimônia
expressa pelos redatores cariocas mais
antigos, sem falta, era descrita ou ensi-
nada, prezando pelo hoje já esquecido
diálogo do sacerdote perante as portas
fechadas de um templo.
É real que mesmo em Portugal, na
Arquidiocese de Braga seja praticado
até hoje esse momento único do final da
procissão, com diálogo entre sacerdote
e coro e abertura de portas. No Brasil, a
tradição tem sido mantida na igreja do
“Pateo do Collegio”, marco originário do
povoamento da cidade de São Paulo. Mas
aqui, também, tivemos nós essa peculiar
prática, e que a Lapa dos Mercadores,
uma verdadeira embaixada dos costumes
luso-brasileiros no Rio, fará por resgatar,
não mais apenas como uma inspiração
em Braga, mas como uma verdadeira
tradição carioca, de origem portuguesa,
que já foi nortenha, e que se converterá
em festa, assim como a festa de Ramos
27
um dia saiu da terra de Cristo, para ga-
nhar o mundo, em cada parte com suas
tipicidades.
A revitalização do centro da cida-
de, assim, ocorre sobre um manto de
bênçãos com toda essa programação
prevista para a Semana Santa de 2024:
ela ocorre não somente como sinal de
fé e de esperança, mas também com o
estímulo do turismo religioso nesse pe-
rímetro de concentração das mais belas
e significativas igrejas construídas no
período de desenvolvimento da nossa
“Cidade Maravilhosa”, e que hoje vivem
esse renascimento, animando a reocupa-
ção do sítio histórico que deu origem a
evolução urbana do Rio, então a capital
do reino, e depois do Império do Brasil
e da República até 1960.
Esperamos que o povo de Deus ca-
rioca venha vivenciar essa tradição que
agora será realizada em nossa atualidade,
com todo o envolvimento e pompa da
paisagem histórica do centro, permi-
tindo àqueles que participarem, uma
vivência única da Semana Santa.
Participem, divulguem, tenham co-
ragem, experimentem!
ELMAIR NETO E MATHEUS CAMPELO
MEMBROS DA ADCE RIO – ASSOCIAÇÃO DE DIRIGENTES
CRISTÃOS DE EMPRESA
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Livros do Novo Testamento (208)
Neste artigo avançamos na análise
da estrutura literária da Carta aos Fili-
penses, na qual emergem os deveres da
comunidade, a expressão eclesiológica, a
identidade dos cristãos em Filipós.
DEVERES DA COMUNIDADE: 1,27-2,18.
Cumpre, somente, que vos mos-
treis em vosso proceder dignos do
Evangelho de Cristo. Quer eu vá ter
convosco, quer permaneça ausente,
desejo ouvir que estais firmes em
um só espírito, lutando unanime-
mente pela fé do Evangelho, sem
vos deixardes intimidar em
nada pelos vossos adversá-
rios. Isso para eles é motivo
de perdição; para vós outros,
de salvação. E é a vontade de
Deus, porque a vós vos é dado
não somente crer em Cristo,
mas ainda por ele sofrer. Sus-
tentais o mesmo combate que
me tendes visto travar e no
qual sabeis que eu continuo
agora. Se me é possível, pois,
alguma consolação em Cristo,
algum caridoso estímulo, al-
guma comunhão no Espírito,
alguma ternura e compaixão,
completai a minha alegria,
permanecendo unidos. Tende
um mesmo amor, uma só
alma e os mesmos pensamen-
tos. Nada façais por espírito
de partido ou vanglória, mas
que a humildade vos ensine a
considerar os outros superio-
res a vós mesmos. Cada qual Cristo Pantocratore, c. 1180-90. Mosaico absidale. Duomo di Monreale, em Palermo
tenha em vista não os seus
próprios interesses, e sim os dos
outros. Dedicai-vos mutuamente a
estima que se deve em Cristo Jesus.
Sendo ele de condição divina, não
se prevaleceu de sua igualdade com
Deus, mas aniquilou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo
e assemelhando-se aos homens. E,
sendo exteriormente reconhecido
como homem, humilhou-se ainda
mais, tornando-se obediente até a
morte, e morte de cruz. Por isso,
Deus o exaltou soberanamente e lhe
outorgou o nome que está acima de
todos os nomes, para que ao nome
de Jesus se dobre todo joelho no
céu, na terra e nos infernos. E toda
língua confesse, para a glória de
Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor.
Assim, meus caríssimos, vós que
sempre fostes obedientes, traba-
lhai na vossa salvação com temor
e tremor, não só como quando eu
estava entre vós, mas muito mais
agora na minha ausência. Porque
é Deus quem, segundo o seu bene-
plácito, realiza em vós o querer e o
executar. Fazei todas as coisas sem
murmurações nem críticas, a fim de
serdes irrepreensíveis e inocentes,
filhos de Deus íntegros no meio de
uma sociedade depravada e mali-
ciosa, onde brilhais como luzeiros
no mundo, a ostentar a palavra da
vida. Dessa forma, no dia de Cristo,
sentirei alegria em não ter corrido
em vão, em não ter trabalhado em
vão. Ainda que tenha de derramar
o meu sangue sobre o sacrifício
em homenagem à vossa fé, eu me
ESTUDO BÍBLICO
alegro e vos felicito. Vós outros,
também, alegrai-vos e regozijai-vos
comigo.
A grande unidade sobre os deveres
da comunidade será examinada em cada
uma de suas partes, em busca de encon-
trar os filões da Eclesiologia da Carta.
Cumpre, somente, que vos mos-
treis em vosso proceder dignos do
Evangelho de Cristo. Quer eu vá ter
convosco, quer permaneça ausente,
desejo ouvir que estais firmes em
um só espírito, lutando unanime-
mente pela fé do Evangelho, sem
vos deixardes intimidar em nada
pelos vossos adversários. Isso para
eles é motivo de perdição; para vós
outros, de salvação.
São Paulo indica aos Filipenses as
exigências da vocação da Igreja, em to-
das e quaisquer circunstâncias (que vos
mostreis em vosso proceder dignos do
Evangelho de Cristo).
Uma instrução ética e teológica que
sustentará o ‘testemunho’ dos cristãos
29
diante do mundo, que hostilizará sempre
o cristianismo, essa rejeição não deve ter
o sustento das más ações e escândalos
praticados pelos cristãos, ao contrário,
serão as virtudes os dardos contra a hi-
pocrisia do mundo. Uma Tradição que se
funda nas palavras mesmas de Jesus aos
seus Apóstolos:
Nem se acende uma luz para colo-
cá-la debaixo do alqueire, mas sim
para colocá-la sobre o candeeiro,
a fim de que brilhe a todos os que
estão em casa. Assim, brilhe vossa
luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glori-
fiquem vosso Pai que está nos céus
(Mt 5, 15-16).
Um outro elemento a ser des-
tacado nas instruções paulinas à
comunidade é o chamado à cons-
ciência. O modo cristão de agir não
se restringe ao agrado das autori-
dades, uma forma de ‘estar bem’,
quase um resgate. É a consciência
a fonte dos deveres realizados com
total diligência, mesmos quando
isso implicar em sofrimentos e
sacrifícios pessoais.
Quer eu vá ter convosco, quer per-
maneça ausente, desejo ouvir que
estais firmes em um só espírito.
Esta afirmação repercute em
todo o Novo Testamento. Através
das diversas tradições neotes-
tamentárias, como se lê em São
Pedro:
Tende uma consciência reta a fim de
que, mesmo naquilo em que dizem
mal de vós, sejam confundidos os
que desacreditam o vosso santo
procedimento em Cristo. Aliás, é
melhor padecer, se Deus assim o
quiser, por fazer o bem do que por
fazer o mal (1Pd 3, 16-17).
PADRE PEDRO PAULO A.
SANTOS
DOUTOR EM TEOLOGIA BÍBLICA
pedosantos@gmail.com
@pedro.pedropaulo
 30
Atos em defesa da vida no Rio de Janeiro
No dia 25 de março é
comemorado em vários pa-
íses o Dia Internacional do
Direito à Vida e Combate
ao Aborto. A data marca a
luta em defesa da vida des-
de a concepção até a morte
natural.
No calendário litúrgico
da Igreja Católica, no dia 25
de março, é celebrada a con-
cepção de Jesus no ventre
de sua mãe, Maria. Por isso,
neste dia, defensores da vida
de todo o mundo celebram
o início da vida humana no
momento da concepção.
Neste ano de 2024, a
Rede Nacional em Defesa
da Vida e Família promove
a data “Pela Vida” nos dias
23 e 24 de março. Essa data
comemorada internacio-
nalmente é chamada tam-
bém de “Dia do direito de
nascer”, “Dia da criança por
nascer”, “Dia da vida antes
de nascer”, “Dia da criança
concebida” e “Dia da criança
ainda não nascida”.
Unido à República Do-
minicana, Equador e Ar-
gentina, o Brasil mobilizará
milhares de pessoas em di-
versas cidades do país: Rio de
Janeiro (RJ), Campo Grande
(MS), Belo Horizonte (MG),
Uberlândia (MG), São José
dos Campos (SP), Maceió
(AL), Londrina (PR), Osasco
ARQUIDIOCESE 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
(SP), Vitória da Conquista
(BA), dentre outras.
Segundo informações da
fundadora e presidente na-
cional da Rede em Defesa da
Vida e da Família, Zezé Luz,
os atos em defesa da vida
na cidade do Rio de Janeiro
serão realizados no dia 23
de março em dois locais,
na Rua Moncorvo Filho, em
frente ao Hospital Maria
Amélia, no Centro, às 15h,
e no Aterro do Flamengo,
às 11h.
Como finalidade, sus-
citar nas consciências, nas
famílias e na sociedade o
reconhecimento do sentido
e valor da vida humana em
todos os seus momentos,
obter o apoio da população
para pressionar o Congresso
Nacional contra a legaliza-
ção do aborto, através de
processo judicial conhecido
como Arguição de Des-
cumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) de
número 442, a ser julgada
ainda este ano de 2023 pela
Comissão de Constituição e
Justiça do Senado Federal,
bem como lutar contra o
ativismo judicial.
Mais informações, acesse:
www.redeprovida.com, ou
pelo telefone 99557-0604.
DA REDAÇÃO
Literatura
Sapiencial
O Departamento de Teolgia
da PUC-Rio promove mais um
curso online sobre Literatura
Sapiencial.
Ministrado pelo professor
e doutor padre Fábio Siqueira,
o curso terá início no dia 16 de
abril.
Prediletos do
Senhor
A Pastoral de Rua da
Paróquia Nossa Senhora da
Conceição, em Santa Cruz,
promove mais uma edição do
banho e almoço aos irmãos
moradores em situação de rua.
Será no dia de março. Quem
desejar ajudar poderá entrar
em contato com a secretaria
paroquial.
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE MARÇO DE 2024
Mobilização contra obesidade
O Hospital São Francisco faz
ação para marcar o Dia Mun-
dial da Obesidade com aulão
de ginástica e a realização de
dez cirurgias, via SUS, em um
único dia.
Um domingo diferente: no
dia 3 de março, dezenas de
pacientes do Programa ESTAR,
voltado para a realização de
cirurgias bariátricas pelo SUS
no Hospital São Francisco na
Providência de Deus, na Tijuca
(HSF), acordaram cedinho e
vestiram roupas de ginástica
para participar da abertura
de um aulão com educadores
físicos e a equipe multidisci-
plinar do programa. O intuito
era reforçar a importância da
atividade física no combate à
obesidade e doenças associa-
das, além de valorizar a boa
qualidade de vida.
O dia começou com as boas-
-vindas do diretor geral do
HSF, frei Nicolau Castro, aos
participantes. “Em março, co-
memoramos o mês de combate
à obesidade, e nada mais justo
do que estarmos aqui reunidos
para mostrar ao mundo que é
possível superar essa doença e
conquistar uma boa qualida-
de de vida. À toda equipe do
serviço a nossa gratidão por
esta iniciativa, e que este seja o
primeiro de outros movimen-
tos criados com o intuito de
comprovar que a saúde deve
sempre estar em primeiro lugar
28 A 31 DE MARÇO
CAT ED R A L D E S ÃO
S EB A STI ÃO D O
R I O D E JA N E I RO
ENTRA DA GR ATU I TA
INFORMAÇÕES:
@ SH ALO M RI O
e que a mudança é possível para
aqueles que querem a transfor-
mação”, afirmou.
Em seguida, o idealizador da
ação e coordenador do Progra-
ma ESTAR, cirurgião Fernando
de Barros, professor adjunto
do Departamento de Cirurgia
da Universidade Federal Flu-
minense, saudou os presentes
e falou sobre a importância de
realizar este tipo de ação.
“Este evento de hoje é sim-
bólico e abre uma semana dedi-
cada a alertar não só os pacien-
tes portadores de obesidade
ou de diabetes, mas também
profissionais da área da saúde.
Hoje, a gente sabe que o que
mais mata no mundo são as
doenças cardiovasculares, e
as pessoas que têm obesidade
e doenças metabólicas são as
que têm maior risco de ter este
problema. A cirurgia é o me-
lhor tratamento, mas, sozinha,
ela não resolve. É preciso um
tratamento multidisciplinar,
e o exercício físico tem um
papel muito importante para
esta transformação”, frisou o
médico, que é responsável pelo
serviço de cirurgia bariátrica,
via SUS, no hospital.
O educador físico Alexandre
Gonzalez, que integra a equipe
multidisciplinar que acompa-
nha os pacientes encaminhados
pela Secretaria de Saúde do
Estado de Rio antes e após as
cirurgias, preparou uma sequ-
Comunidade Católica Shalom
promove Retiro de Semana
Santa, na Catedral
Durante a Semana Santa,
um período de profunda espi-
ritualidade para os cristãos, a
Comunidade Católica Shalom
convida a todos a participarem
do seu Retiro de Semana San-
ta, que acontecerá de quinta a
domingo, de 28 a 31 de março,
na Catedral de São Sebastião do
Rio de Janeiro, no Centro. Este
evento, marcado por momentos
de oração, adoração e louvor,
é uma oportunidade única de
vivenciar a fé cristã durante a
Semana Santa.
Durante os dias do retiro, os
presentes terão a oportunidade
de mergulhar profundamente
ência de exercícios de leves a
moderados e colocou pacientes
e até os membros do serviço em
movimento. “Estamos aqui reu-
nidos para confraternizar por
meio do movimento. E como
eu sempre digo para vocês, o
que importa é se movimentar!
E isso é o que nós vamos fazer
aqui hoje com o instrumento
mais poderoso que temos, que
são os nossos corpos”, disse.
No Dia Mundial da Obesi-
dade, 4 de março, e ao longo de
toda a semana, os cirurgiões do
Programa realizaram dezenas
de cirurgias, em consonância
com um movimento apoiado
ARQUIDIOCESE
no tema central do evento:
“Permanecei no meu amor”
(Jo 15,9). Além dos momentos
de oração e pregação, o evento
também incluirá momentos de
adoração e louvor.
A Semana Santa, considera-
da o período mais importante
do Ano Litúrgico, é reservada
para o mergulho na espirituali-
dade cristã, momento em que a
Igreja celebra a paixão, a morte
e a ressurreição de Cristo em
recolhimento, oração e fé.
O Retiro de Semana Santa
da Comunidade Católica Sha-
lom busca proporcionar aos
participantes uma vivência
pela Medtronic e que foi rea-
lizado simultaneamente em
outros quatro estados: Per-
nambuco, Bahia, São Paulo e
Paraná.
Sobre a cirurgia bariátrica e
metabólica
Barros explicou que para
estar habilitado a realizar a
cirurgia bariátrica, via SUS,
o paciente deve inicialmente
buscar uma unidade básica
de saúde ou um programa de
saúde da família, para que seja
avaliado por um médico.
“Caso seja confirmado o
diagnóstico de obesidade ou de
síndrome metabólica, o nome
31
autêntica deste mistério da fé,
convidando-os a deixarem-se
envolver pelo amor e pela mi-
sericórdia de Cristo.
Convidamos você a se jun-
tar a nós no Retiro de Semana
Santa e permitir-se mergulhar
na experiência do Ressuscitado
que passou pela cruz!
Horários do Retiro de Sema-
na Santa: dia 28/3, quinta-feira,
às 18h, dia 29/3, sexta-feira, às
9h, dia 30/3, sábado, às 15h e dia
31/3, domingo, às 10h. A entrada
é gratuita. Mais informações em
@shalomrio .
DA REDAÇÃO
PAULA BRENLLA
desse paciente é inserido no
Sistema Estadual de Regulação
(SER), que faz o encaminha-
mento para o Programa de
Cirurgia Bariátrica. É a Secre-
taria de Estado de Saúde quem
direciona os pacientes às dife-
rentes unidades credenciadas
a realizá-lo”, ensina.
O programa de cirurgia bari-
átrica ESTAR, do HSF, completa
dois anos de funcionamento em
julho e já transformou a vida de
quase mil pacientes portadores
de obesidade.
ALESSANDRA ECKSTEIN
JORNALISTA
 32
Santuário Cristo Redentor lançou o Comitê Cristo G20
No dia 8 de março, foi lançado
o Comitê Cristo G20 do Santuário
Arquidiocesano Cristo Redentor em
uma cerimônia no hotel Fairmont Rio
de Janeiro Copacabana, no bairro de
Copacabana.
O objetivo foi a interação com
os Grupos de Engajamento do G20
Brasil 2024, fórum de cooperação
econômica internacional, participando
das reuniões na qualidade de Comitê
Cristo G20.
O Santuário Arquidiocesano Cristo
Redentor tem como sua “alma mater”
os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Agenda 2030
da Organização das Nações Unidas
(ONU), e o mesmo pode-se dizer
a respeito do G20. Por isso, foram
identificadas várias ações, projetos
e coparticipações do santuário que
podem ser apresentadas aos grupos
de trabalho que interagem com a
sociedade civil, chamados Grupos de
Engajamento.
“Nós temos os 17 objetivos da
ODS que precisam ser implantados
na sociedade, no coração de todos
nós que somos católicos. Na Laudato
Si’, o Papa Francisco acentua, mais
do que nunca, o nosso sentimento
de pertença a essa Casa Comum.
Ao mesmo tempo, dilata o coração
da Humanidade e mostra que é
possível ter uma sociedade mais
justa, mais equilibrada, mais íntegra,
e comprometida com boas práticas”,
explicou o reitor do Santuário Cristo
Redentor, padre Omar Raposo.
Entre os 13 Grupos de Engajamento
do G20 Brasil, foram selecionados oito
que têm imediata identificação com
as atividades que o santuário realiza.
Cada um desses itens terá seu próprio
conselheiro.
Dom Orani: “O G20 é um evento mundial e agora, como acontece no Rio de Janeiro, a Igreja
quer acompanhar”
ARQUIDIOCESE 17 A 23 DE MARÇO DE 2024 | TESTEMUNHO DE FÉ
ARQUIVO: CRISTO REDENTOR
“Mobilizamos pessoas dos
mais diversos segmentos da nossa
sociedade, montamos um comitê
multidisciplinar capaz de interagir
com toda a realidade, com todo
o pensamento que a Igreja traz, a
partir do Papa Francisco, a partir da
sua doutrina social, que interliga
muito bem a sustentabilidade
ambiental, social e econômica
de forma convergente com tudo
aquilo que vivemos e passamos. A
pobreza continua aumentando, e nós
precisamos assumir um compromisso
um pouco mais sério”, destacou padre
Omar.
A intenção do Comitê Cristo G20
é participar com ideias e sugestões
do Santuário Arquidiocesano Cristo
Redentor no fórum, nas elaborações
dos documentos finais de cada um
desses Grupos de Engajamento.
“O G20 é um evento mundial e
agora acontece no Rio de Janeiro. E
como acontece em nossa cidade, a
Igreja do Rio quer acompanhar. Nós
temos várias pessoas especializadas Padre Omar Raposo e conselheiros dos Grupos de Engajamento do G20 Brasil
nas várias áreas que acompanharão e
oferecerão reflexões também, aquilo
que podemos ajudar para podermos,
ainda mais, pensar em um mundo mais
justo, mais humano, mais fraterno. E
esperamos que, aqui no Rio de Janeiro,
façamos a diferença nesse trabalho
do G20. O Papa Francisco tem falado
mundo sobre a questão das mudanças
climáticas, a Laudato Si’, a Laudate
Deum; tem se preocupado muito com
a fraternidade universal também,
como a Fratelli tutti. Enfim, ajudar o
mundo a ser melhor e a pensar em um
mundo mais justo faz parte de todas
as preocupações sociais da Igreja”,
destacou o arcebispo do Rio de Janeiro,
Cardeal Orani João Tempesta.
RENATO SARAIVA
Rodrigo Lovatti apresentou a logomarca do Comitê Cristo G20
CONSELHEIROS:
Arcebispo do Rio de Janeiro - Cardeal Orani João Tempesta;
Presidente do Comitê CRISTO G20 -padre Omar Raposo;
Chanceler - Rodrigo Lovatti;
Assessor Jurídico - Fábio Torres;
Business 2024 Brasil (B20) - Oskar Metsavaht;
Civil 2024 Brasil (C20) - Sérgio Besserman;
Urban 2024 Brasil (U20) - Miguel Pinto Guimarães;
Youth 2024 Brasil (Y20) - Henrique Marques;
Women 2024 Brasil (W20) - Nina Silva;
Think 2024 Brasil (T20) - Padre Anderson Pedroso;
Innovation, Entrepreneurship, Collaboration 2024 Brasil (Start Up 20) - Rafael de
Albuquerque;
Labour 2024 Brasil (L20) – Andréa Cruz.
TESTEMUNHO DE FÉ | 17 A 23 DE DE MARÇO DE 2024 ESPAÇO OUVINTE 33

ANIMADOR PAROQUIAL
17/03 - Vinicius da Costa Mello
AMIGOS
17 DE MARÇO
São Patrício, Bispo e Confesso
• André Vieira de Oliveira
• Ary Santos Almeida
• Benilde da Silva Paiva
• Brigida Pinheiro Capra
• Carmen Ferreira da Silva
• Celio Gomes Risso
• Celso Roberto de Freitas Goulart
• Ducineia Fernandes Araujo
• Eliana Maria de S. Oliveira Vieira
• Elizabeth Carvalho Dias Cayres
• Geilza de Lourdes Firino
• Gicele Henriques Lessa
• Gleisse Vieira Perez
• Inês Falqueto de Medeiros
• Jandira Pereira Marquezinho
• José Rodrigues
• Lucia Maria Leão Caldas
• Luiz de França Neto
• Manoela Reis
• Maria Clara Ferreira Azevedo
• Maria de Jesus Aguiar
• Maria Helena Cardoso
• Maria José da Silva Ferreira
• Maria José dos Reis Filha
• Maria Lenita da Silva
• Marilu José Ribeiro
• Marina Lourdes da Silva
• Regina Carvalho Machado
• Ricardo Augusto P. Carvalho
• Sonia Maria Tavares
• Walderer Mariano Grão
• Waldir Alves de Oliveira
• Zezilda Jeronimo Vieira
18 DE MARÇO
São Cirilo de Jerusalém, Bispo,
Confessor
• Adequiel da Veiga Porto
• Alaide Ferreira Balthar
• Ana Lucia Ramos Santiago
• Andrea Freitas da Silva
• Carmelita Ferreira Silva
• Christina Maria de Carvalho
• Corina Ribeiro de Souza
• Edilma Pereira de Oliveira
• Edna Maria de Souza Oliveira
• Elizabeth B. Paiva de Azevedo
• Eunice Pereira Cavalcante
• Francisca Florêncio Batista
• Geni de Oliveira Rodrigues
• Gisele Andreza Mattos da Costa
• Glaucio de Oliveira Brum
• Iraci Fernandes Noronha
• Isaura Martins de Barros
• Jonatan Simão de Oliveira
• Jorge da Silva
• José Eduardo de Oliveira
• José Roberto Rodrigues Veiga
• Josémar Soares Pinto
• Karla Manhães dos Santos
• Luiz Carlos dos Reis Freire
• Manoelina Alves N. Brito
• Maria Alice Carneiro Werneck
• Maria da Penha C. Bilouro
• Maria José de Barros Cavalcanti
• Maria José dos Santos
• Maria José Ivo Vieira Machado
• Maria José Miranda Feijão
• Maria José Ramos da Silva
• Maria José Vieira Pontes
• Mariane de Oliveira S. Gusmão
• Marlene de Albuquerque Burack
• Norma Lucia B. Senna Santos
• Regina Celia da F. Miranda
• Roberta de Lima
• Rodrigo Bernardo Marinho
• Rodrigo Gomes da Costa
• Rosa Maria Lima Carlos
• Rosangela Izabel
• Zeni dos Santos Barbosa
19 DE MARÇO
São José
• Adailton Andrade Dias
• Aline Maria da Costa Chagas
• Ana Lucia da Silva
• Carmen Maria C. Menezes
• Catharina Correa V. Machado
• Claudia de S. Dias de Carvalho
• Elizabete Martins M. dos Santos
• Elza de Souza Viana
• Izabel Soares Affonso
• José Francisco Paixão Barbosa
• José Oliveira da Silva
• José Paulo Piqué Farias
• Josénilda da Rocha Souza
• Lela Faraj de lmas
• Lucilia Gonçalves Pires
• Marcos Antonio Vargas
• Maria Antonia de gani Machado
• Maria de Lourdes Vieira
• Maria do S. da Silva Silverio
• Maria José Alves Soares
• Maria José da Silva
• Maria José de Sousa Gomes
• Maria José F. da Silva Xisto
• Maria José Guerson Deulefeu
• Maria José I. Magalhães Couto
• Maria José Paula A. Barreto
• Maria José Ramos da Silva
• Maria José Rego Teixeira
• Padre Jorge dos Santos Carreira
• Rita Maria dos S. Sacramento
• Rogeria Monteiro Rubim
• Rosemary Rodrigues
• Sandra Regina Ribeiro Pinheiro
• Sonia Regina Candido
21 DE MARÇO
São Nicolau de Flue, Confessor
• Alice Laurentino de Melo
• Amair de Souza Xavier
• Amâncio dos Santos Fonseca
• Armita dos Santos Gomes
• Carolina L. Saraiva Pêcego
• Cleia da Conceição
• Conceição Passos da Silva
• Elenir Maria dos Santos Silva
• Emmanuel Macedo Tavares
• Eny Ribeiro do Carmo
• Francisca Lourenço Rodrigues
• Iranilva L. Santos da Silva
• Joséfa Correia do Nascimento
• Luci de Ascenção Soares
• Maria Alice Benatto
• Maria da Glória Correa Cunha
• Martinha Monroe dos Santos
• Naldemir Pessanha das Dores
• Paula Fracinete de Araujo
• Paulo Roberto Dias de Oliveira
• Roberto Macedo de Oliveira
• Rosimira de Melo da Silva
• Selma Correa da Silva
• Suely Pereira da Silva
• Suzana Berta Ciarla
• Suzana Vergaças Rodrigues
• Therezinha M. T. Ribeiro
• Wanderney P. de Figueiredo
21 DE MARÇO
São Nicolau de Flue, Confessor
• Aldo Luiz da Cunha Gonzaga
• Alice Pires da Costa Correia
• Ana Maria dos Santos Oliveira
• Anderson dos Santos Ferreira
• Andrea dos S. Rangel Campos
• Celia de Fátima Monteiro
• Cleria Simonato Grillo
• Delza Rocha Marcos
• Deraldinha Nunes dos Santos
• Esmeralda Nazaré da Costa
• Eugenia S. Oliveira Santos
• Gilssara Leopoldina Gremião
• Helena da Silva Moraes
• Helena do N. Mozer Santiliano
• Idaly Paiva Sanches
• Ivanilda da Silva Araujo
• José Calixto Dias
• Karen Moreira H. Carvalho
• Laurinda F. Santos Silvestre
• Leonardo Soares de Oliveira
• Liege Martins Pereira Cordeiro
• Lucia Helena P. Aranha
• Luiza Maria Estácio Marques
• Manoel dos Santos
• Margareth Bezerra N. de Melo
• Maria Aparecida de O. Leite
• Maria Auxiliadora Batista
• Maria Carmelita de L. Antunes
• Maria da Natividade Silva Pogili
• Maria da Penha M. de Almeida
• Maria José da Silva Morgado
• Maria José Ribeiro da Silva
• Marisa Vianna Salomão
• Nelma Maria Mendonça Neto
• Onoilda Sebastiana Barros
• Orminda do C. Ferreira Barone
• Patrícia D’Ávila Freitas
• Paulo Sergio Siqueira Bastos
• Roberto Gomes da Silva
• Sueli Borges da Silva
• Tereza Maria Fidelis da Silva
• Victória Regia Serrano Nonato
• Vivian Coelho da Silva Coelho
22 DE MARÇO
Santa Léia, Viúva
• Ana Martha da Silva
• Bárbara Maria Gambardella
• Cristina Maria da Silva
• Cristina Maria N. Albuquerque
• Domenica Marcolino
• Esmeralda Bergami de Farias
• Francinete P. Mesquita Pinho
• Geisa Cristina C. M. Barbosa
• Geni de G. Rodrigues Pimenta
• Graça Elizabeth C. F. Romeiro
• Ivonise C. Santos de Jesus
• Jeanete da Silva Balbino
• João da Silva Sousa
• Katia Cristina Guedes da Silva
• Katia Maria Miguel Bittencourt
• Maria Aparecida Figueiredo
• Maria da C. Silva Farraia Reis
• Maria de Fátima Avila da Silva
• Maria de L. Silva de Carvalho
• Maria de Lourdes Pereira Alves
• Maria do Carmo Rodrigues
• Maria Elza da Silva Soares
• Maria José de Oliveira Barcelos
• Maria Lucia E. Santo Rodrigues
• Maria Regina Duarte Mapurunga
• Maria Regina Inocêncio da Silva
Veloso
• Maria Terezinha de Jesus Silva
• Marlene Vilarinho da Silva
• Marli Rodrigues Barbosa
• Marly Figueiredo Freitas
• Maurive de Souza e Silva
• Natanael Francisco das Chagas
• Olivia Fernandes de Almeida
• Paulo Geraldo da Silva
• Pedro Martins Machado
• Raimunda das Dores Almeida
• Rônie Gabriel Ferreira
• Rosangela Pinto Nogueira
• Sandra Maria da Silva
• Sueli de Souza Lessa
• Suely Pereira B. da Silva
• Sylvia Figueiredo Bessa
23 DE MARÇO
São Turíbio de Mogrovejo, Bispo e
Confessor
• Amélia Nicolina Candido Costa
• Aurora da Conceição Loureiro
• Eric Bruce Moreira
• Eunice de Paiva Fontes
• Fátima Azeredo Monteiro
• Gisele Posenatto
• Gizele Maria Marques Rabelo
• Guilherme José de Amarante
• Iara Sousa da Nunciação
• José Gomes Lourenço
• Kelly Cristina Gomes Carvalho
• Leandro Soares A. de Barcelos
• Lygia Rosa Peixoto Germano
• Maria Aparecida Prado Leitão
• Maria Céu da Costa
• Maria das Graças dos Santos
• Maria Iraci de Almeida Duarte
• Maria José dos Santos Silva
• Miguel Cardoso Souza da Silva
• Odalea Costa dos Santos
• Patrícia Silva Rodrigues
• Rebert Torres de Freitas
• Rosa Maria Pinto Soares
• Rosana Claudia da Silva Porto
• Severina Ramos do Carmo
• Sonia Maria Tohy Porto
• Vanisi de Oliveira Lopes
• Vivian Victoria N. Carvalho
• William Souza das Chagas
 Amigo,
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