IDE A JOSÉ, DE GIUSEPPE ROLLINI.

ACERVO DA BASÍLICA DO SAGRADO CORAÇÃO, EM ROMA

19 a 25 de março de 2023 - Ano XXX - nº 1.311

São José
Homem justo, silencioso e
obediente ao plano de Deus
Páginas: 9 a 13
 2 ARQUIDIOCESE 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

ATOS DO GOVERNO
8 a 14 de março de 2023
•  Nomeando o Revdo. Pe. Benedito Doni-
zetti Vieira, NDS para o ofício de Vigário
Paroquial na Paróquia Nossa Senhora da
Consolata, em Benfica, Vicariato Episco-
pal Urbano.
•  Nomeando o Revdo. Pe. Eduardo Sales
de Lima, SSS para o ofício de Vigário Pa-
roquial na Paróquia Sant’Ana, no Centro,
Vicariato Episcopal Urbano.
•  Concedendo ao Revdo. Pe. José Rodri-
gues da Silva Filho licença para exercer
o ministério sacerdotal nesta Arquidio-
cese.
•  Concedendo ao Revdo. Mons. João de
Deus Góis, Pároco Emérito da Paróquia
Nossa Senhora do Rosário, em Del Cas-
tilho, Vicariato Episcopal Suburbano, a
faculdade de administrar o sacramento
da Confirmação a um grupo de fiéis, na
Igreja Paroquial, no dia 16 de abril de
2023.

O Jornal Testemunho de Fé congratula-se com

ANIVERSARIANTES todos os aniversariantes desta semana e suas
comunidades

NATALÍCIO
DIA 19
•  Pe. Evandro José da Silva
•  Pe. Jorge dos Santos Carreira
•  Pe. José Augusto P. da Silva
•  Pe. José M. dos Reis, PODP
•  Diác. José C. Oliveira Melo
•  Diác. Leonardo J. F. Laurentino
•  Diác. Vinicius N. G. de Souza
DIA 20
•  Pe. Mozart N. A. S. Neto, SDV
DIA 21
•  Pe. Frei Antônio B. B. Santos,
OCarm
•  Pe. Bento Oliveira de Almeida
•  Pe. Frederico R. Farias
•  Pe. Ronaldo E. dos Santos
•  Diác. Vanilton H. da Costa
DIA 22
•  Pe. José María R. Sobrino, LC
•  Pe. Sílvio de Barros Gomes
•  Diác. Gilmar B. Aparecido
DIA 23
•  Pe. José Gilberto dos Santos
•  Pe. Vanderlei B. Papinha
•  Diác. José Paulo da Silva
DIA 24
•  Pe. Bruno Vianna Citelli
•  Pe. Fernando H. C. Silva
•  Pe. Leonardo da S. Machado
•  Pe. Mauricio M. Ribeiro
•  Pe. Sandro da S. Souza, MIC
•  Diác. Gilvan F. da Silva
DIA 25
•  Pe. Caio de Oliveira
•  Pe. Edilson Roberto da Silva
ORDENAÇÃO
DIA 19
•  Dom Assis Lopes (ordenação
episcopal)
•  Pe. Herlandino Sampaio
•  Pe. João Navarro Reberte
DIA 20
•  Pe. Antônio D. R. Fleming
DIA 21
•  Dom Justino A. Bueno, OSB
DIA 22
•  Dom Karl Josef Romer
DIA 25
•  Pe. Marco A. Norberto Costa

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TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 VOZ DO PASTOR 3

Convertei-vos e crede
no Evangelho
Aprofundaremos agora um
tema pertinente em nosso
cotidiano, e como poderemos
vivenciar o espírito quaresmal
em nosso dia a dia. Uma das
formas de vivenciar o espírito
quaresmal é colocar em prática
o jejum, a esmola e a oração.
O tempo da Quaresma é vol-
tado para a penitência e oração,
sendo um período de silêncio e
meditação. Portanto, não é um
tempo triste ou de luto, mas
pelo contrário, é um tempo de
alegria, pois sabemos que Cristo
morreu e ressuscitou por nós.
É um período em que fazemos,
junto com a Igreja, um retiro de
40 dias. O tempo da Quaresma
recorda os 40 dias em que Jesus
sofreu as tentações no deserto e
os 40 anos que o povo de Deus
peregrinou no deserto até che-
gar à terra prometida.
dam em nossa conversão. Se
não puder ir nesse horário, com
certeza a sua paróquia tem ou-
tros horários de missa, procure
ir nesse outro horário. Durante
a Quaresma, somos chamados
a intensificar nossa oração, e
participar mais vezes da missa
é uma das formas de intensificar
nossa oração. Se você só vai à
missa aos domingos, procure
ir todos os dias, ou se não for
possível, vá a uma ou duas vezes
na semana.
Intensifique, também, a
Oração do Terço, procurando
rezá-lo diariamente, pois essa é
uma das formas de reestruturar
a vida de oração. Ao longo do
dia, pode-se também meditar a
Palavra de Deus ou rezar jacula-
tórias a Nosso Senhor. Devemos
iniciar na Quaresma o processo
de conversão e continuá-lo ao
longo de todo ano. Não rezemos
o terço, as jaculatórias ou par-
ticipemos das missas somente
na Quaresma, mas ao longo de
todo ano.
Durante o tempo da Qua-
resma, os fiéis são convidados a
realizar a confissão sacramental
auricular e a se reconciliar com
Deus. As paróquias podem pro-
mover celebrações penitenciais
e, após a celebração, abrir espa-
ço para confissão sacramental
auricular. Ao final da celebra-
ção, o padre deve dirigir-se ao
confessionário e atender as
confissões de maneira auricular
e individual.
Os padres devem incen-
tivar os fiéis a se confessar e
promover horários f lexíveis
de conf issão, para que to-
dos os fiéis possam se
confessar. Cabe aos sa-
cerdotes, ainda, ensinar
os paroquianos sobre a
importância da confissão
e de estar em dia com Deus.
A confissão é um momento
importante para que todos
os fiéis possam chegar de
maneira pura à celebração
da Páscoa e, também, que
nenhum fiel tenha queixa um
contra o outro.
Por fim, uma outra impor-
tante prática nesse período
quaresmal é o silêncio. Muitas
vezes é necessário silenciar-se
para não falar mal do outro,
não criticar e apontar os de-
feitos do próximo. É bom si-
lenciar para não falar besteira
ou palavra de baixo calão, é
necessário silenciar para dei-
Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist.
Arcebispo do Rio de Janeiro
xar Deus falar. Muitas vezes
até mesmo na oração queremos
falar muito, e não escutamos
Deus. A oração deve ser um
diálogo no qual falamos e dei-
xamos Deus falar.
Participemos ativamente do
tempo quaresmal, nos aproxi-
memos do Sacramento da Con-
fissão e tratemos bem o nosso
semelhante. Que a espiritua-
lidade desse tempo nos ajude
a chegar de maneira renovada
na Páscoa e que essa conversão
seja contínua e diária.
PASCOM

Durante o tempo da Qua-

resma, não se canta o Hino
do Glória e o Aleluia, ambos
cânticos retomam na grande
vigília Pascal. Recomenda-se,
ainda, tocar menos instrumen-
tos musicais. A Igreja também
não deve ser ornada com flores
e toalhas solenes, mas toalhas
simples.
Façamos, juntos com a Igre-
ja, esse período de retiro qua-
resmal, amando e servindo o
nosso próximo, realizando a
nossa confissão sacramental
auricular, e que possamos che-
gar com o coração purificado
à festa da Páscoa. Que de fato
possamos nos converter de todo
o coração e que abandonemos
todos os nossos pecados. Que
nesse período quaresmal, trate-
mos bem o nosso semelhante,
sobretudo, os nossos irmãos de
comunidade.
Normalmente, durante o
período quaresmal, as paró-
quias costumam promover
missa penitencial, todos os dias
ou às sextas-feiras, logo cedo,
por volta das 5h30 ou 6h. Faça
um esforço para participar. São
pequenos gestos que nos aju- Via-Sacra nas ruas próximas à Paróquia São João Batista, em Rio das Pedras

AGENDA DO ARCEBISPO
DIA 19 19h - Missa pela festa do padroeiro na Pa- Sepulcro de Jerusalém, na Paróquia Nossa Senhora, no Riachuelo
10h - Missa pela festa do padroeiro na Pa- róquia São José, na Taquara Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro 18h - Admissio dos seminaristas do Semi-
róquia São José, em Inhoaíba
DIA 24 DIA 25 nário São José, na Basílica Nossa Senhora
15h - Missa de encerramento do retiro do
Apostolado da Oração, no Sumaré 18h - Missa da Ordem Equestre do Santo 9h - Missa na Paróquia Anunciação a Nossa de Lourdes, em Vila Isabel
 4 EDITORIAL
N
o últ imo dia 2 3 de
março, completou-se
dez anos da eleição do
Papa Francisco para sucessor
de Pedro à frente do governo
da Igreja Católica. Neste mes-
mo dia, a imprensa interna-
cional replicou partes da longa
entrevista publicada no dia
anterior pelo portal argentino
Perfil. Uma destas partes mais
comentadas foi aquela em que
o Papa falou sobre o celiba-
to dos sacerdotes na Igreja
latina: “Ainda não me sinto
pronto para reconsiderar, mas
obviamente é uma questão de
disciplina, que não tem nada a
ver com dogma. Hoje é assim
e amanhã pode não ser mais”,
afirmou o Romano Pontífice.
De igual modo, em outra
entrevista publicada no últi-
mo dia 10 de março pelo site
Infobae, também argentino,
o Santo Padre disse não acre-
ditar que a possibilidade do
casamento para os sacerdotes
de rito latino provoque um au-
mento no número de vocações.
Aí novamente ele recordou
que o celibato é apenas uma
questão de disciplina e não
uma questão dogmática, ou
seja, “imexível”.
Isso foi suficiente para a
mídia laica internacional di-
vulgar os dizeres do Santo
Padre como se ele tivesse a
intenção de abolir o celibato
obrigatório entre os padres de
rito latino. Um padre amigo
meu, desavisado do que estava
acontecendo, chegou a fazer
contato perguntando-me se
eu sabia o que estava aconte-
cendo, pois uma paroquiana
o procurou dizendo-lhe que
agora o Papa vai autorizar os
padres a casarem-se. Depois
de brincar com ele dizendo que
esta mulher poderá ser uma
possível candidata a “mula sem
cabeça”, expliquei-lhe o porquê
de tanta celeuma.
A regra do celibato obriga-
tório para sacerdotes aplica-se
somente ao Ocidente, ou seja,
à Igreja latina, ao passo que
nas Igrejas católicas orientais o
celibato é facultativo, de modo
que os candidatos ao sacerdó-
cio podem escolher casar-se
ou não. Porém, caso optem por
casar-se, devem fazê-lo antes
da ordenação sacerdotal. Já os
bispos são sempre celibatários,
porque eleitos somente entre
os sacerdotes celibatários.
Contudo, a despeito do celi-
A culpa é da Elvira
bato obrigatório ser disciplina
sacerdotal antiquíssima no
Ocidente, nem sempre foi
assim.
Tudo começou no Sínodo
de Elvira. Lembro-me do meu
professor de Direito Canônico,
padre Barra, um verdadeiro
piadista que ensinava com
competência e muito humor.
Quando tratava dos aspectos
jurídicos do celibato, brincava
dizendo que “era tudo culpa
da Elvira”, pois foi a partir
do sínodo regional ocorrido
em Elvira entre os anos 295
e 302, que o celibato passou
a ser obrigatório para o clero
da região. Assim determinava
o Concílio no cânon 33: “Ficou
plenamente decidido impor
aos bispos, aos presbíteros e
aos diáconos, como a todos os
clérigos no exercício do minis-
tério, a seguinte proibição: que
se abstenham das suas esposas
e não gerem filhos; quem, po-
rém, o fizer deve ser afastado
do estado clerical”. Este foi um
sínodo regional, entretanto,
outras regiões seguiram a nor-
matizar no mesmo sentido, de
modo a haver boa aceitação no
Ocidente até séculos depois se
tornar norma obrigatória para
toda a Igreja latina.
O Papa Francisco já tinha
tratado do assunto em outras
ocasiões quando provocado por
jornalistas. Foi o que aconteceu,
por exemplo, em janeiro de
2019, quando o Santo Padre, em
entrevista coletiva no voo de re-
torno do Panamá a Roma, afir-
mou: “Uma frase de São Paulo
VI me vem à mente: ‘Prefiro dar
a minha vida a mudar a lei do
celibato’. É uma frase corajosa,
em um momento mais difícil do
que este. Pessoalmente, acredi-
to que o celibato é um presente
para a Igreja. Além disso, não
concordo que seja permitido o
celibato opcional, não”. E ainda
em fevereiro de 2022, em um
simpósio realizado no Vatica-
no sobre o sacerdócio, assim
declarou: “O celibato é um dom
que a Igreja latina preserva,
mas é um dom que, para ser vi-
vido como santificação, requer
relacionamentos saudáveis,
relacionamentos de verdadeira
estima que têm as suas raízes
em Cristo. Sem amigos e sem
oração, o celibato pode tornar-
-se um fardo insuportável e um
contratestemunho da própria
beleza do sacerdócio”.
Não obstante muitos seto-
res mais progressistas da Igreja
há décadas defenderem o celi-
bato facultativo para os padres
de rito latino, assim como
ocorre nas Igrejas orientais,
todos os últimos Papas têm
defendido ardorosamente sua
manutenção, frequentemente
expondo seus fundamentos
bíblicos e patrísticos, sua be-
leza profética, sua utilidade e
vitalidade nestes fins do século
XX e início do século XXI. Papa
Francisco segue o mesmo ca-
minho, mesmo deixando claro
aquilo que já é sabido: trata-se
de disciplina, não doutrina,
por isso pode ser repensada,
adaptada ou mesmo abolida.
Aqueles que não têm sensi-
bilidade pastoral alguma, que
não têm a experiência do senti-
re cum Ecclesiae defendem que
o fim do celibato obrigatório
diminuiria os casos de abusos
sexuais na Igreja e poderia
abrir espaço para o surgimento
de mais vocações sacerdotais.
Todavia, o próprio Papa Fran-
cisco, em entrevista à CNN
Portugal no dia 22 de setembro
do ano passado, recordou que
a maioria dos abusos sexuais
não ocorrem entre os padres.
Aí ele afirmou que somente
3% destes ocorrem em âmbito
eclesiástico, ao passo que 46%
são cometidos dentro das fa-
mílias, no ambiente esportivo
e nas escolas. Contudo, o Papa
reinante admitiu ainda que
fosse somente 1% já seria muito
e uma grande monstruosidade.
Mas, logo devemos reconhecer
que este tipo de relação causa e
efeito (celibato e abuso sexual)
é inadmissivelmente falacioso
e desonesto. De igual modo,
o problema das vocações não
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
está no celibato obrigatório.
Olhemos para o Oriente! As
Igrejas orientais também têm
seus problemas de falta de vo-
cações, e a estes somam-se ain-
da os problemas relacionados
aos matrimônios dos padres.
Definitivamente, o proble-
ma da Igreja não está no celi-
bato obrigatório, mas na crise
de fé dessa pós-modernidade,
que atinge tanto leigos quanto
clérigos. Neste atual ambiente
em que vivemos, de descons-
trução da cultura cristã oci-
dental, o celibato dos padres
possui forte caráter profético,
revolucionário e subversivo.
O caráter profético do celi-
bato subjaz na própria forma
especialíssima como o padre,
ou a pessoa consagrada, par-
ticipa do profetismo de Cristo,
ungido pelo Espírito Santo no
Jordão para ser profeta das na-
ções. De fato, a função profética
compõe a essência da vida con-
sagrada enquanto tal, devido ao
radicalismo do seguimento de
Cristo e da consequente dedica-
ção à missão que o caracteriza.
O próprio Concílio Vaticano
II atribui à vida consagrada a
função de ser sinal, que por sua
vez se exprime no testemunho
profético da primazia que Deus
e os valores do Evangelho têm
na vida do cristão (Lumen Gen-
tium, 44).
O caráter revolucionário
do celibato sacerdotal está no
fato de ele propor um estilo de
vida que não visa os bens deste
mundo, mas os bens futuros.
Num mundo em que os ves-
tígios de Deus desaparecem,
o vigoroso testemunho dos
padres como homens consa-
grados a Deus há de proclamar,
ALZA CUELLOS
antes de tudo, a primazia de
Deus e dos bens futuros, algo
inerente à imitação de Cristo
casto, obediente e pobre. A
própria dedicação integral ao
ministério pastoral, a qual são
chamados os sacerdotes, já é
em si uma atitude revolucioná-
ria em meio a uma sociedade
cada vez mais egocêntrica e
individualista em que as pesso-
as se isolam umas das outras,
talvez por medo ou por não
querer envolvimento e com-
prometimento com o outro.
Já o caráter subversivo se
encontra no estilo de vida
livre dos consagrados a Deus
perante os padrões impostos
por esta sociedade cada vez
mais hedonista, utilitarista
e avessa aos valores cristãos.
Tomar uma decisão perene de
comprometimento com o ser-
viço de Deus e dos homens em
vista do Reino dos Céus é não
somente subverter os valores
deste mundo, mas também re-
sistir à cultura do descartável e
do prazer mundano como bem
supremo da vida.
Ademais, a bem da verdade,
a grande maioria dos sacerdotes
no pleno exercício do minis-
tério sacerdotal não desejaria
casar-se, caso esta fosse uma
possibilidade. Pois sabem que
São Paulo tem razão quando
nos ensina que o casado deve
cuidar das coisas do seu cônju-
ge, ao passo que o não casado
deve cuidar das coisas de Deus
(1 Cor 7, 32-35). Neste sentido,
melhor mesmo é
não casar.
PADRE VALTEMARIO S.
FRAZÃO JR.
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
Madre Maria Helena celebra 60 anos de vida monástica
A missa em ação de graças
pelo jubileu de 60 anos de vida
monástica franciscana da ma-
dre Maria Helena da Santa Cruz,
da Ordem de Santa Clara, será
realizada na capela do Mosteiro
de Nossa Senhora dos Anjos
da Porciúncula, na Gávea, no
dia 19 de março, às 11h, e será
transmitida pelo Instagram: @
clarissasgavea.
Atual abadessa das Irmãs
Clarissas do Mosteiro de Nossa
Senhora dos Anjos da Porci-
úncula, na Gávea, madre Maria
Helena da Santa Cruz, cujo
nome civil é Martina Kobata,
nasceu no dia 27 de janeiro de
1945, no município de Arapon-
gas, no Estado do Paraná.
De pais japoneses, católi-
cos e praticantes, Harumitsu
Miguel e Ise Kimura Kobata, é
a segunda de 11 irmãos (seis
homens e cinco mulheres), que
cresceu em alegre ambiente fa-
miliar e cristão e frequentando
a igreja paroquial. Estudou no
Colégio das Irmãs de Caridade
de São Vicente de Paulo, rece-
bendo boa formação religiosa
e ingressando nas fileiras das
Filhas de Maria, ajudando tam-
bém na ornamentação e even-
tos da Paróquia Franciscana da
Colônia Esperança.
Nesse ambiente de piedade,
conheceu o piedoso terciário,
Luiz Urdiales, apreciador da
vida monástica, que desenvol-
via um belo apostolado voca-
cional entre os jovens, e pôde
realizar seu desejo de abraçar
a vida consagrada.
Orientada pelo padre fran-
ciscano frei Graciano, entrou em
contato com as irmãs Clarissas
do Rio de Janeiro, para onde já
haviam ingressado algumas
conterrâneas, inclusive as ir-
mãs Maria Lúcia e Maria Inês.
Após trocar correspondência
com as madres abadessa e
vigária, viajou, acompanhada
por seu irmão Inácio e alguns
amigos, rumo ao Mosteiro de
Nossa Senhora dos Anjos da
Porciúncula, na Gávea, passan-
do pelo Santuário da Mãe Apa-
recida, em Aparecida (SP), para
invocar sua especial proteção.
Sob a invocação do glorioso
Patriarca São José, aos 19 de
março de 1963, na idade de 18
anos, ingressou no Mosteiro da
Gávea, ficando sob os cuidados
da então jovem mestra, madre
Maria Pacífica de Jesus.
Terminado o postulantado
no ano seguinte, aos 19 de
abril de 1964, Domingo do Bom
Pastor, adornada de vestes
nupciais, conforme tradição da
Ordem de Santa Clara, fez sua
iniciação ao noviciado, rece-
ARQUIDIOCESE
bendo o burel franciscano de
Santa Clara e o nome de irmã
Maria Helena da Santa Cruz,
tendo como padroeira onomás-
tica a célebre Santa Imperatriz
Helena, que se empenhou na
descoberta das sagradas relí-
quias do Calvário, inclusive da
Cruz do Salvador.
A santa Missa da Vesti-
ção Monástica foi presidida
pelo padre frei Desidério Kal-
verkamp, OFM, então professor
de Direito Canônico. Aos 8 de
maio de 1965, emitiu a profis-
são temporária e trienal dos
santos votos, durante celebra-
ção eucarística presidida pelo
padre franciscano, frei Virgílio
Berri.
Três anos depois na mesma
data, 8 de maio de 1968, memó-
ria litúrgica de Nossa Senhora
Medianeira de Todas as Graças,
juntamente com a coirmã e
5
conterrânea irmã Maria Inês,
fez sua profissão solene dos
votos perpétuos, nas mãos da
madre abadessa Maria Juliana,
durante missa presidida pelo
padre provincial, frei Heliodoro
Müller, OFM.
Segundo a vocação humilde
e escondida de clarissa pobre,
madre Maria Helena exerceu
vários misteres e ofícios na co-
munidade monástica. Além dos
normais serviços domésticos,
exerceu o ofício de enfermei-
ra, trabalhando também na
costura e, especialmente, no
artesanato e na decoração de
velas. Por muitos anos, porteira
interna, membro do Conselho
Monástico e auxiliar do novicia-
do. Ocupou por vários triênios o
cargo de vigária conventual e de
mestra de noviças e junioristas.
Caracteriza-se pela permanen-
te alegria e é conhecida pelos
amigos como “Irmã Sorriso”.
Festejou seu jubileu de 25
anos de vida consagrada, aos
19 de abril de 1989, numa so-
lene concelebração eucarística
presidida pelo muito amigo,
Dom José Carlos de Lima Vaz,
jesuíta, então bispo auxiliar da
Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Foi um momento forte, quando
teve a alegria de reunir seus fa-
miliares, inclusive o progenitor,
que veio a falecer em 2000. Já
sua mãe morreu em 1987.
Aos 21 de abril de 2013,
celebrou seus 50 anos de vida
monástica, que foi presidido
pelo então reitor do Convento
de Santo Antônio, frei Gilmar
José da Silva. Na ocasião,
teve novamente a alegria de
encontrar seus familiares, que
vieram especialmente para a
celebração.
As Irmãs Clarissas, junta-
mente com familiares, amigos
e o povo de Deus agradecem a
Deus pelos 60 anos de vida mo-
nástica clariana da madre Ma-
ria Helena, rogam com a mãe
Santa Clara: “Ao Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, para que
pela intercessão dos méritos da
gloriosa Virgem Santa Maria, de
nosso Bem-aventurado Pai São
Francisco e de Todos os Santos,
o Senhor que deu o bom come-
ço, dê o crescimento e também
a perseverança até o fim”.
ENDEREÇO E CONTATOS:
O Mosteiro de Nossa Senhora
dos Anjos da Porciúncula (https://
www.irmasclarissas.org.br) fica
na Rua do Jequitibá, 41, bairro da
Gávea, no Rio de Janeiro. Contatos
pelo telefone 2274-3147 e o email:
irmasclarissas@gmail.com.
DA REDAÇÃO
 6 ARQUIDIOCESE
Cardeal Tempesta, bispos auxiliares, vigários episcopais e representantes dos vicariatos
Cardeal Tempesta anuncia a convocação de um
Sínodo Arquidiocesano para a Missão
“A
nuncio a
convocação
de um Sínodo
Arquidiocesano sobre
a Missão que terá
início oficialmente
na Solenidade de
Corpus Christi, no dia
8 de junho. Ele vem
dar impulso ao Ano
Vocacional Missionário
que estamos vivendo
em nossa arquidiocese.
A missão é permanente,
mas queremos que
Representantes dos vicariatos
Presença de sacerdotes
ela seja realizada com
renovado ardor”, disse
o arcebispo do Rio de
Janeiro, Cardeal Orani
João Tempesta, durante
a missa do “Encontro
missionário com as
lideranças paroquiais”
realizado na Catedral
de São Sebastião, no
Centro, no dia 11 de
março.
Durante a
celebração, nove
representantes
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
dos vicariatos celebração da bênção da especial a São Jorge, “reanimar a ação
da arquidiocese, casa e da família. protetor fiel e corajoso pastoral que deve ser
acompanhados dos Toda a programação do povo devoto do Rio permanente na vida
respectivos vigários do encontro de Janeiro. da Igreja”. Não se trata
episcopais, receberam missionário teve como As diretrizes apenas de um tempo, de
das mãos de Dom Orani base a Carta Pastoral da missão popular um determinado mês,
símbolos e objetos que que Dom Orani lançou recebidas pelos mas que “deve fazer
serão usados pelos na Festa da Unidade de missionários, que parte do cotidiano da
missionários nas visitas 2022 ao lançar o Ano aconteceu após a vida cristã, da vivência
de casa em casa durante Vocacional Missionário, celebração eucarística, da vida batismal, da
o Ano Vocacional tendo como título estiveram sob a missão de todo aquele
Missionário: crachá, “Vocacionados e orientação do padre que é chamado a ser
água benta, cruz enviados para a missão”. Marcelo da Silva discípulo missionário”.
missionária, estampa O ano de 2023 também Lessa, que fez parte da O arcebispo
de São Jorge e livreto da foi dedicado de forma equipe de coordenação observou que “a
do encontro, e do convocação do Sínodo
bispo auxiliar Dom nasceu do clamor
Antonio Luiz Catelan das respostas da
Ferreira, referencial da comunidade de fiéis
Dimensão Missionária que participaram da
e da Coordenação etapa arquidiocesana
Arquidiocesana de do Sínodo sobre
Pastoral. Também Sinodalidade”,
fez uso da palavra convocada pelo Papa
o coordenador Francisco, que agora
arquidiocesano da está na sua fase
dimensão missionária, continental. O tema da
padre Ludendorff missão, acrescentou,
Fiéis leigos e leigas (Licinho) Cohen Couto. também vendo sendo
aprofundado nas
MISSÃO PERMANENTE reuniões de governo, da
“Por que um coordenação de pastoral
Sínodo?”, perguntou e nas várias instâncias
Dom Orani durante da arquidiocese.
a missa, já que a “O tema da missão
arquidiocese está já estava contemplado
vivendo o Ano no nosso 13º Plano de
Vocacional Missionário. Pastoral, no pilar das
Ele esclareceu que Diretrizes da Ação
Dom Antonio Catelan se faz necessário Evangelizadora da
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 ARQUIDIOCESE 7

Igreja no Brasil da testemunho em quem

CNBB. A experiência nós cremos, e que Jesus
do Ano Vocacional Cristo é a nossa vida”,
Missionário servirá de disse.
base para organizar e Animando a todos
realizar o Sínodo. O para a missão, Dom
trabalho missionário Orani lembrou que
precisa ser fecundo e será a segunda vez que
permanente e realizado a arquidiocese realiza
com muito ardor. Não um Sínodo. O primeiro
sabemos por quanto foi convocado pelo seu
tempo será, mas o antecessor, Dom Jaime
importante que seja de Barros Câmara, em
feito, construindo as 1949, que tratou de Vicariato Urbano Vicariato Norte
bases para o futuro”, questões jurídicas e
disse o arcebispo. canônicas.
“A missão faz parte “Louvamos e
da nossa essência de bendizemos a Deus pela
discípulos missionários. nossa caminhada de
Há muitas pessoas Igreja. Agradeço a todos
necessitadas de ouvir que vieram aqui e que
uma boa notícia. Somos abraçaram de coração o
enviados para anunciar chamado que o Senhor
essa boa notícia, que nos inspira e concede.
é Jesus Cristo, assim Peço que levem
como testemunhá-Lo para suas paróquias
através da vida e de e comunidades o
nossa caminhada como mandato missionário
Igreja”, disse. que recebemos do
“Desejo que neste Senhor, e queremos Vicariato Suburbano Vicariato Leopoldina
Ano Vocacional renovar esse ardor
Missionário sejamos ainda mais para
protagonistas da missão, cumprir bem a nossa
de ser uma presença da missão que é vital para
Igreja em nossa grande as pessoas do nosso
cidade, em todos os tempo. Com renovado
aspectos, circunstâncias ardor, façamos a nossa
e ambientes, sempre no parte”, concluiu o
diálogo e no respeito arcebispo.
com todos. Devemos
nos empenhar em dar CARLOS MOIOLI

Louvamos e bendizemos Vicariato Jacarepaguá Vicariato Sul

a Deus pela nossa

caminhada de Igreja.
Agradeço a todos que
vieram aqui e que
abraçaram de coração o
chamado que o Senhor
nos inspira e concede.
Peço que levem para suas
paróquias e comunidades Vicariato Oeste Vicariato Santa Cruz
o mandato missionário
que recebemos do Senhor,
e queremos renovar esse
ardor ainda mais para
cumprir bem a nossa
missão que é vital para as
pessoas do nosso tempo.
Com renovado ardor,
façamos a nossa parte
Vicariato Campo Grande Símbolos e objetos da missão popular
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TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
C
elebramos no próximo dia
18 de março de 2023 – data
transferida do dia 19 – o Dia de
São José, patrono da Igreja Universal
e pai putativo de Jesus. Agora em
março, celebramos São José como
o pai adotivo de Jesus e esposo de
Maria, e, no mês de maio, recordamos
São José como trabalhador através
de seu ofício de carpinteiro. São José
tem uma importância muito grande
na história da salvação. Ele era justo
e fiel à fé judaica. Aceitou ser pai do
Filho de Deus e esposo de Maria.
De tão justo que era, havia resolvido
abandonar Maria em segredo ao invés
de denunciá-la. Após a visita do anjo,
acolheu Maria como sua esposa.
A Festa de São José é tão
importante que no dia dedicado a
ele, a Igreja faz uma “parada” na
Quaresma. Retira por um instante
a cor roxa e se reveste de branco.
Nesse ano, o dia 19 de março cai
num domingo. Por isso, a Festa
de São José será antecipada para
o sábado, dia 18, pois o domingo
é o Dia do Senhor. Dentre tantos
homens de seu tempo, Deus
escolheu José para ser o pai adotivo
de seu Filho.
O Evangelho não fala muito
sobre a vida de São José. Mas quando
fala, evidencia a sua fé. Através
do batismo, somos chamados a
testemunhar a nossa fé e a sermos
sal na terra e luz no mundo. Não
importa onde estivermos e em qual
circunstância, não podemos negar
a fé no Deus único e verdadeiro.
Podemos perder tudo nessa vida,
menos a fé. A fé nos torna mais fortes
para enfrentarmos as batalhas do dia
a dia e a nossa fé agrada a Deus.
São José foi declarado patrono
universal da Igreja em 1870, através
do Papa Pio IX, com o decreto
“Quemadmodum Deus”. Leão XIII,
por meio da Encíclica “Quanquan
Pluries”, propôs que São José fosse o
advogado dos lares cristãos. Pio XII o
declarou como “exemplo para todos os
trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio
como a Festa de São José trabalhador.
Por isso, primeiro celebramos a fé de
São de José, o protetor das famílias, e,
depois, São José como trabalhador e
protetor de todos os trabalhadores.
São José foi verdadeiramente o
pai de Jesus. Assumiu por missão
essa condição, protegeu o Menino
e sua mãe das mãos de Herodes.
Depois, ensinou Jesus o ofício
da carpintaria e, com certeza,
transmitiu a Jesus as tradições da fé
judaica. Jesus deve ter trabalhado na
carpintaria com o seu pai até iniciar
sua vida pública.
São José
Sagrada Família, por Julius Frank - 1826-1908
José está totalmente ligado
à história da salvação. Ele dá
continuidade à descendência davídica
e ao cumprimento às promessas
de Deus. Quando o anjo aparece a
José, diz: “Ela dará à luz um Filho e
tu o chamarás com o nome de Jesus,
pois Ele salvará o seu povo dos seus
pecados” (Mt 1,21). José apresenta-se
ao templo junto com Maria a fim de
circuncidar o Menino e dar-lhe o
nome de Jesus. Dessa forma cumpre-
se aquilo que o anjo havia dito e José
põe em prática aquilo que pede a
religião.
A vida de São José deve ser um
exemplo para todos nós, e todos os
pais devem se inspirar em São José,
sendo bons maridos em casa e bons
chefes de famílias. Os pais hoje
devem conquistar os seus filhos,
ser companheiros de seus filhos e
educá-los na fé e no amor. Os filhos
seguem o exemplo dos pais e são um
espelho deles fora de casa. Se dentro
ARQUIDIOCESE
WIKIMEDIA COMMONS
de casa reina a paz, o amor e perdão,
os filhos serão calmos fora de casa
e tratarão os outros bem. Mas se
dentro de casa só tem violência,
discórdia e não há espaço para o
perdão, os filhos serão violentos fora
de casa. Não existe família perfeita,
mas as famílias devem fazer de tudo
para viver bem.
Os pais têm uma grande
importância na vida dos filhos
e muitas vezes os filhos querem
seguir a profissão dos pais. Os
pais têm que dialogar com os
filhos, perguntar como foi o dia
de estudo, estudar junto e rezar
junto. É muito ruim quando os
pais não dão atenção aos filhos
e só se dedicam ao trabalho. Os
filhos ficam tristes e deprimidos.
É preciso ter dois pesos e duas
medidas. Ter o momento do
trabalho e o momento que deve ser
dedicado aos filhos. Com certeza,
São José dividia o tempo entre o
9
ofício de carpinteiro e o tempo que
se dedicava a Jesus.
Não podemos ter em nossa
sociedade de hoje os chamados
“filhos órfãos de pais vivos”, ou seja,
deixar os filhos largados sem dar a
atenção devida a eles. Se deixar os
filhos muito tempo sozinhos, eles
não conviverão com os pais e ainda
correm o risco de assistirem coisas
ruins na internet ou na televisão.
São João Paulo II disse, quando
esteve aqui no Brasil em 1997: “São
José é o modelo de pai presente e
atencioso, de esposo amoroso e fiel”.
A família é fundamental para a
sociedade e querida e abençoada por
Deus. A família é a Igreja doméstica,
é no lar que se transmite as primeiras
orações cristãs. E ainda, família
que reza unida permanece unida.
Uma família que reza terá o seu lar
abençoado e sob a proteção divina.
Com certeza a Sagrada Família de
Nazaré tinha os seus momentos de
oração, meditava a Torah, entoava
o cântico de Salmos e partilhava
as atividades do dia. Sigamos esse
exemplo nos dias de hoje.
Queremos lembrar nesse
momento de todos que trazem
no nome o “José”, sejam homens
ou mulheres – muitas mulheres
chamam-se Maria José. Que o Santo
Padroeiro abençoe a todos que
trazem o José no nome. Que essas
pessoas se espelhem na vida do santo
e façam da sua vida uma imitação do
que foi a vida de São José.
O Dia dos Pais no Brasil é
celebrado somente em agosto,
mas em alguns lugares do mundo
é celebrado no Dia de São José,
uma data bem significativa para
lembrarmos de todos os pais. Nesse
dia, faça uma ligação ao seu pai e
agradeça por ele fazer parte da sua
vida. Se já é falecido, eleve a Deus
uma prece especial por Ele. O ideal
mesmo seria que os filhos visitassem
os seus pais neste dia dedicado ao
justo José.
Celebremos, com alegria,
esse Dia de São José e peçamos
que ele interceda por nós junto a
Deus Pai, e que todas as famílias
sigam o exemplo desse grande
santo. Sejamos fiéis à Palavra de
Deus e anunciemos com alegria a
mensagem de fé e de esperança. Se
possível, participe da celebração
Eucarística nesse dia, confiando
a todas as famílias a paternal
intercessão de São José.
ORANI JOÃO, CARDEAL TEMPESTA, O. CIST.
ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO SEBASTIÃO DO
RIO DE JANEIRO, RJ
 10
A celebração de São José
Memória de um homem justo, silencioso e obediente ao plano de Deus
O Sonho de São José, c.1774, de Anton Raphael Mengs - 1728-1779. Acervo do Museu Kunsthistorisches, em
Viena, na Áustria
Desta forma, todo o povo cristão não só
recorrerá a São José com maior fervor e
invocará confiadamente o seu patrocínio,
mas também terá sempre diante dos olhos
o seu modo humilde e amadurecido de
servir e de «participar» na economia da
salvação. Tenho para mim, efetivamente,
que o fato de se considerar novamente
a participação do Esposo de Maria no
mistério divino permitirá à Igreja, na sua
caminhada para o futuro juntamente com
toda a Humanidade, reencontrar continu-
amente a própria identidade, no âmbito
deste desígnio redentor,  que tem o seu
fundamento no mistério da Encarnação
(REDEMPTORIS CUSTOS 1).
Como uma clareira neste tempo sóbrio da
Quaresma, a Festa de São José alegra toda a
ARQUIDIOCESE
Igreja na passagem da memória de seu Patro-
no. Destaca-se em sua figura breve e marcante
o comportamento ou a maneira de agir, que se
assemelha em parte àquela abraâmica: ‘modo
humilde e amadurecido de servir e de «participar»
na economia da salvação’; segundo palavras do
Papa São João Paulo II em “Redemptoris Custos”
(Exortação Apostólica – 1989).
Foi precisamente neste mistério que José de
Nazaré «participou» como nenhuma outra
pessoa humana, à exceção de Maria, a Mãe
do Verbo Encarnado. Ele participou em
tal mistério simultaneamente com Maria,
envolvido na realidade do mesmo evento
salvífico, e foi depositário do mesmo amor,
em virtude do qual o eterno Pai «nos pre-
destinou a sermos adotados como filhos,
por intermédio de Jesus Cristo» (Ef 1, 5).
(Exortação Apostólica 1).
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
São José é apresentado em uma janela modesta, como aquela da
Mãe, como um homem humilde e amadurecido. Não se descrevem,
mas se imaginam as crises causadas pelos significados intranspo-
níveis da gravidez de sua noiva.
Estes aspectos da biografia de São José, reportados nas primeiras
páginas dos Evangelhos de São Mateus e São Lucas, têm formado a
Igreja ao longo de sua existência, como participante da misteriosa
Missão de Jesus, junto a Virgem Maria.
O CONTEXTO EVANGÉLICO: O MATRIMÔNIO COM MARIA
«José, filho de David, não temas receber contigo Maria, tua
esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela
dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21).
‘Nestas palavras está contido o núcleo central da verdade bíblica
sobre São José; é o momento da sua existência ao qual se referem em
particular os Padres da Igreja,’ afirmava São João Paulo II.
Há um ‘núcleo central’ na brevíssima narração sobre São José,
uma ‘verdade bíblica’. Isso quer dizer, ao narrar as vicissitudes de São
José, a Igreja entender comunicar uma visão de Deus. O Mistério
da Vontade e da Ação Salvífica de Deus irrompe positivamente na
vida de São José. Como em outros contextos lê-se somente adesão
imediata e eficaz à Vontade Divina, que se expressa nos fatos da
vida da Virgem Maria.
José, bom judeu e ‘justo’. Suas ponderações e decisões passam
pelo temor de Deus, não são irrefletidas, diante do calor do dia, da
pressão externa ou de crise interna, há na vida de São José matu-
ridade de Fé.
Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava des-
posada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela
concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo,
que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu
rejeitá-la secretamente (Mt 1, 18-19).
Nas Escrituras Sagradas, mesmo após a contaminação do pecado
original, encontram-se ‘homens justos’. Impressiona nos relatos do
Dilúvio que Deus tenha visto em Noé, o homem justo, fiel a Deus,
bom Pai de Família:
Noé, entretanto, encontrou graça aos olhos do Senhor. Esta é
a história de Noé: Noé era um homem justo e perfeito no meio
dos homens de sua geração. Ele andava com Deus (Gn 6, 8-9).
São José é o último ‘homem justo’ sobre o qual Deus conta para
redimir a Humanidade, da linhagem dos varões justos e verdadei-
ros que encontramos elencados ao longo da narração da história
de Israel. Trata-se da configuração à Vontade Divina, a adequação
da vida ao modo que Deus revelou a Si Mesmo. Sabemos do justo,
porque nesta existência se lê nitidamente a Soberania da Vontade
Divina na terra.
Por isso, sem respostas humanas razoáveis, ele não hesitará em
abandoná-la, como um cavaleiro, carregando sobre si a infâmia
ao invés de imputá-la à sua jovem noiva: ‘não querendo difamá-la,
resolveu rejeitá-la secretamente’. Ele legalmente poderia (ou talvez,
deveria) denunciá-la à Assembleia para ser julgada e condenada
publicamente. Não passa pela sua cabeça obter justiça através da
condenação da sua jovem e inocente esposa prometida.
São José não ‘enxerga’ na inesperada gravidez da Virgem um
delito, mas um embaraçoso mistério. Nestes momentos se revelam
os grandes personagens, sua reação não foi banal e nem sólita. O
mecanismo de ‘saída’ do problema é um modelo estimulante para
a Igreja, que se confronta constantemente com situações ricas de
desafios e obscuridades, mas que expressam a Ação de Deus. Esta
é a envergadura dos verdadeiros eleitos de Deus.
Nos versículos seguintes residem as verdades fundamentais da
‘trama’ expostas pela gravidez de Maria: rejeição e fuga? Um anjo
intervém. Uma palavra decisiva soa forte e clara: ‘não temas’. A tese
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 ARQUIDIOCESE 11

de fundo é a recepção difícil do Mistério de Deus na vida. Saber

acolher a lógica de Deus quando as circunstâncias são contrárias e
indigestas, não resistir à maneira de agir de Deus.
Mas o centro da perícope é a aceitação da Virgem grávida como
esposa. Ele sabe que não tem um ‘papel natural’ na construção de
Sagrada Família, sua disposição putativa, no entanto, não é se-
cundária ou superficial. Este homem é o ‘custódio’ da Virgem e do
Menino. Assume integralmente a gravidade e as dificuldades desta
empresa como missão. Assume o ‘Filho da Virgem’ e assume uma
paternidade superior. São José exemplifica bem uma espiritualidade
masculina, paterna e responsável.
O mensageiro dirige-se a José como «esposo de Maria»;
dirige-se a quem, a seu tempo, deverá pôr tal nome ao Filho
que vai nascer da Virgem de Nazaré, desposada com ele.
Dirige-se a José, portanto, confiando-lhe os encargos de um
pai terreno em relação ao Filho de Maria. «Despertando do
sono, José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a
sua esposa» (Mt 1, 24). Ele recebeu-a com todo o mistério da
sua maternidade; recebeu-a com o Filho que havia de vir ao
mundo, por obra do Espírito Santo: demonstrou deste modo
uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade
de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia por meio do
seu mensageiro (REDEMPTORIS CUSTOS 1)

O DEPOSITÁRIO DO MISTÉRIO DE DEUS

Quando Maria, pouco tempo depois da Anunciação, se diri-
giu à casa de Zacarias para visitar Isabel sua parente, ouviu,
precisamente quando a saudava, as palavras pronunciadas
pela mesma Isabel, «cheia do Espírito Santo» (cf. Lc 1, 41).
Para além das palavras que se relacionavam com a saudação
do anjo na Anunciação, Isabel disse: «Feliz daquela que acre-
ditou que teriam cumprimento as coisas que Ihe foram ditas
da parte do Senhor» (Lc 1, 45). Estas palavras constituíram
o pensamento-guia da Encíclica ‘Redemptoris Mater’, com a
qual tive a intenção de aprofundar o ensinamento do Concílio
Vaticano II, quando afirma: «A Bem-aventurada Virgem Maria
avançou no caminho da fé e conservou fielmente a união com
seu Filho até à Cruz», «indo adiante» de todos aqueles que,
pela via da fé, seguem Cristo (REDEMPTORIS CUSTOS 4).
Se no epicentro da História da Salvação está a gravidez de uma
Virgem, o Mistério da Encarnação, de outra parte, também está
presente esta paternidade espiritual e efetiva que São José assume
de modo tão maduro e humilde.
José com a criança e a haste de flores, de Alonso Miguel de Tovar -
1678–1752. Acervo do Palácio dos Marqueses de Viana, na Espanha
A Fuga para o Egito, por Giotto di Bondone 1304–1306. Acrevo da Capela Scrovegni, em Pádua, na Itália
Como vimos anteriormente através da inter-
venção de um anjo, como em Maria e Zacarias,
São José é receptor de uma especial Revelação
que o situa diante dos insólitos eventos familiares.
Depois de sua partida, um anjo do Se-
nhor apareceu em sonhos a José e disse:
“Levanta-te, toma o menino e sua mãe e
foge para o Egito; fica lá até que eu te avi-
se, porque Herodes vai procurar o menino
para o matar”. José levantou-se durante a
noite, tomou o menino e sua mãe e partiu
para o Egito. Ali permaneceu até a morte
de Herodes para que se cumprisse o que
o Senhor dissera pelo profeta: Do Egito
chamei meu filho (Os 11,1). (Mt 2, 13-15).
Leia mais em: https://www.bibliacatolica.
com.br/biblia-ave-maria/sao-mateus/2/
São José agirá em conformidade perfeita com
as mensagens dos sonhos em relação aos momen-
tos dramáticos da vida de Jesus e da Virgem, fugir
e retornar do Egito!
Ele tornou-se, portanto, um deposi-
tário singular do mistério «escondido
desde todos os séculos em Deus» (cf.
Ef 3, 9), como se tornara Maria, naque-
le momento decisivo que é chamado
pelo Apóstolo «plenitude dos tempos»,
quando «Deus enviou o seu Filho, nas-
cido de mulher... para resgatar os que
se encontravam sob o jugo da lei e para
que recebêssemos a adopção de filhos»
(Gál 4, 4-5). «Aprouve a Deus – ensina o
Concílio – na sua bondade e sabedoria,
revelar-se a si mesmo e dar a conhecer
o mistério da sua vontade (cf. Ef 1, 9),
pelo qual os homens, através de Cristo,
Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no
Espírito Santo e se tornam participantes
da natureza divina (cf. Ef 2, 18; 2 Pdr 1,
4)». (REDEMPTORIS CUSTOS 4).
Mais que uma função, ser o pai putativo de
Jesus e o esposo da Virgem, Deus confia verdades
salvíficas à consciência de São José, diante das
quais ele reage e se posiciona positivamente. Se-
gundo S. João Paulo II, São José é ‘um depositário
singular do mistério’, aliás, um fiel depositário.
Em mundo sem pudor e pragmático, no qual
a função e os resultados podem descartar valores
imemoriais e tradições, São José age por guardar
consigo aquilo que Deus quer que ele seja e faça.
Sua vida anônima é colocada em contato com o
epicentro da história da Salvação.
Em uma contida narração se percebe a perso-
nalidade de São José como um homem de gran-
de escuta de Deus (Dei audio), um homem de
oração, diante do qual Deus se expõe. Ele, além
disso, é o justo, pois não só ouve, mas realiza,
cumpre o que lhe foi ordenado, não se interpõe,
não duvida, não hesita.
Na descrição narrativa de São Mateus bem
se resume um hábito dos justos em relação às
ordens de Deus: ouvir, abraçar e obedecer:
Despertando, José fez como o anjo do Se-
nhor lhe havia mandado e recebeu em sua
casa sua esposa (Mt 1, 24).
PADRE PEDRO PAULO A.
SANTOS
DOUTOR EM TEOLOGIA
BÍBLICA
pedosantos@gmail.com
@pedro.pedropaulo
 12
A figura de São José na arte e
na devoção popular
O mês de março nos brinda com fes-
tividades religiosas importantes, como
a Anunciação do Senhor, os dias de São
Domingos Sávio, Santa Rosa de Viterbo,
Santa Perpétua e Santa Felicidade. Pela
devoção popular a Festa de São José é
a mais aguardada, no dia 19 de março,
com festividades nas paróquias, igrejas,
capelas, seminários e cidades.
A devoção a São José está ligada aos
alimentos em duas ocasiões, na Sagrada
Escritura e no cotidiano popular.
São José remete à figura de José, o dé-
cimo filho de Jacó (Israel) e Raquel, que
vendido pelos irmãos foi parar no Egito,
mas este ajudou o faraó na gestão de
alimentos para que o povo não passasse
fome, inclusive a sua família. Também na
devoção popular, junto com Santo Antô-
nio, de colocar pães abençoados dentro
dos potes de mantimentos para que não
falte o pão de cada dia o ano inteiro. São
José é a figura do pai que protege a família
e garante a subsistência de todos, por isso
a sua figura paterna está relacionada ao
trabalho e a providência.
A Igreja celebra com júbilo o seu dia,
pois São José é o patrono das famílias e
da Igreja, tendo também o título de pa-
ARQUIDIOCESE
triarca entre todos os grandes patriarcas
do Antigo Testamento. Ele remete à des-
cendência de Davi e, junto com Maria,
sua esposa, recebem de Deus a missão
de cuidar do menino Jesus.
Um dos títulos de São José é o de ho-
mem justo, casto e esposo da Virgem Ma-
ria. Na iconografia, ele sempre carrega
um lírio em sua mão e na outra ele segura
o menino Jesus. Outra representação de
São José é a figura dos três corações, que
remete à devoção do Sagrado Coração de
Jesus, ao Imaculado Coração de Maria
e à devoção do Castíssimo Coração de
São José.
Nas várias iconografias, São José
aparece caminhando com Maria e o me-
nino Jesus, no qual temos a devoção, por
exemplo, da Sagrada Família e a Nossa
Senhora do Desterro, que sentada no
burro leva nos braços o menino Jesus.
Em outras iconografias, ele usa botas,
daí a devoção a São José de Botas.
Na pintura ele aparece carregando o
bastão com a flor, com os instrumentos
de trabalho de carpintaria e ele dormindo,
conforme a passagem que o anjo aparece
para ele em sonho para receber Maria
como esposa e proteger o menino Jesus.
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
O pintor espanhol Domingo Marti-
nez retratou São José dormindo encos-
tado na mesa e com alguns símbolos
que são características do santo patrono,
como a carpintaria, o formão, o martelo,
alguns pedaços de madeira e, além da
mesa, temos as cadeiras e o ambiente da
carpintaria. O chapéu e a trouxa de rou-
pa simbolizam a quase fuga de São José,
pois ele pensava em deixar Maria em
segredo, mas ao dormir, o anjo aparece
a ele em sonho e pede para que a futura
família fosse acolhida e protegida, por
isso o chapéu simboliza a peregrinação,
como temos em São Tiago de Compos-
tela e São Roque.
A pintura tem um aspecto de mistério
justamente para demonstrar o mistério
do sonho, da revelação, da apresentação
da notícia e da missão. Embora o artista
prefira destacar os objetos que acompa-
nham São José, como as ferramentas da
carpintaria e a profecia, na qual uma flor
brotará no cajado do homem justo, no
caso seria a flor de açucena e da profecia
de Isaías, que um ramo saía da raiz de
Jessé e do seu tronco brotaria uma flor.
A Escola Cuzco ou Cusquenha, como
é mais conhecida, teve a sua contribui-
ção para a propagação à devoção de
São José com as suas pinturas sempre
coloridas, com vestes suntuosas que
emolduram os quadros, e elas sempre
apresentam na sua composição temas
florais ou da fauna, além dos traços e
tipologias espanholas, devido à evan-
gelização dos indígenas ali na região do
Peru. Nas representações desta técnica
sempre se encontram Nossa Senhora,
São Miguel Arcanjo, entre outros, mas
a figura paternal de São José sempre
está em evidência, seja ela a pintura
dele sozinho com o cajado com a flor ou
dele, com botas e o bastão que simboliza
o caminhar, isto é, a peregrinação da
Sagrada Família para o Egito.
Em 2020, o Papa Francisco trouxe
a todos a sua devoção em evidência de
São José dormindo, na qual decretou,
em 2020, o Ano de São José, dentro
das comemorações dos 150 anos da
proclamação de São
José como patrono da
Igreja.
SEMINARISTA FERNANDES
ELIAS
REPRODUÇÃO
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
São José: modelo de pureza e de mansidão
O
nosso cenário atual
é caót ico: est a mos
cercados de ofertas
e produtos que incentivam e
convidam a uma mentalidade
cultural hedonista. A ascen-
ção do mercado pornográfico,
a constante exposição de jo-
vens e criancas à imoralidade
sexual, sugerem uma falsa
ideia de normalidade. Esta
realidade distorcida fica mais
clara quando nas formações,
sermões ou catequeses se
propõe o tema das virtudes da
pureza e da castidade: parece
papo de outro mundo!
Outro aspecto deste ce-
nário confuso é a constante
agitação e irritabilidade so-
cial. A corrida pelo sucesso
pessoa l tem sido u m dos
gatilhos para os estresses
diários. Parece que estamos
perdendo a capacidade de
nos ouvir! Só queremos falar,
falar e falar. Todos nós que-
remos ter um “lugar de fala”,
mas não suportamos o “lugar
de escuta”. Daí, vamos nos
afogando numa enxurrada de
entretenimentos, pois, já que
não alcançamos as metas que
traçamos na velocidade que
queremos; já que não desfru-
tamos da reciprocidade que
esperamos, vamos dissipando
nossa alma em divertimentos
sem sentido. Este é um cami-
nho muito doloroso: gerador
de ansiedade, frustração e
irritabilidade.
Entretanto, a Quaresma,
neste ano de 2023, nos sur-
preende com um convite ma-
ravilhoso e cheio de graças:
somos chamados à conversão
e a sermos alimento de es-
perança para os demais! 1 É o
tempo propício para nutrir-
mos um novo olhar para as
nossas vidas, ou melhor, é a
oportunidade de cultivarmos
a visão do Céu em nossas vi-
das. Mas como poderemos al-
cançar estas mudanças se não
temos forças para sairmos
deste “lodo cultural” em que
estamos inseridos? Bem, nes-
te caso, nada melhor do que
contarmos com os exemplos
de pureza e de mansidão de
São José, uma vez que a Qua-
resma é um tempo josefino.
Ainda que os evangelhos
tenham citações brevíssimas
acerca do Carpinteiro de Na-
zaré, podemos, com a ajuda
de grandes mestres e douto-
ARQUIDIOCESE
res espirituais, contemplar
os dons e glórias com que
a Santíssima Trindade quis
adornar a alma deste santís-
simo homem.
São José, por ser santo,
ou seja, modelo de Cristo,
é imitável. Porém, a nossa
intenção é expressar que ele,
por ser o mais santo depois
da Virgem Santíssima, sua
Esposa e Senhora Imaculada,
é o modelo mais perfeito de
imitação de Cristo. Sabendo
que Deus quis a sua Mãe Vir-
ginal unida em matrimônio
com um varão, e consideran-
do que o matrimônio cons-
titui uma perfeita sociedade
entre o homem e a mulher
no tocante a comunhão dos
bens temporais e espirituais,
fica fácil deduzirmos a altís-
sima grandeza, na ordem da
graça, da alma de São José,
uma vez que ele, por força
do sacramento, foi chamado
a ser cabeça de uma esposa
cheia da graça divina. 2 Aliás,
se Maria é modelo de santida-
de, por ser um perfeitíssimo
espelho de Jesus Cristo, po-
demos concluir que, pouco
abaixo da grandeza da Mãe de
Deus, está a de seu castíssimo
esposo.
Agora, vamos deixar que a
pureza de São José nos ilumi-
ne através de uma brevíssima
citação de São Francisco de
Sales:
“São José ultrapassou em
pureza os anjos e os arcan-
jos. Porque se o sol material
necessita de poucos dias para
da r ao lírio sua bra nc ura
deslumbrante, quem poderia
conceber o grau de candura
ao qual foi elevada a alma de
São José, exposto dia e noite
aos raios do Sol da justiça e
da Lua mística que dele toma
seu esplendor?” 3
Assim como São José, pre-
cisamos utilizar os nossos es-
forços diários para glorificar
os Santíssimos Nomes de Je-
sus e de Maria. O seu coração
castíssimo empenhou-se em
não ter outros amores dentro
de si. Eis aí o remédio contra
a luxúria: uma profunda pie-
dade eucarística e mariana!
Contra os males da ansie-
dade e da irritabilidade, eis o
exemplo de mansidão de São
José segundo Santa Brígida:
“E em tantos favores extra-
ordinários, sofreu a pobreza e
as privações com resignação
13
admirável: jamais lhe escapou
da boca uma palavra vã, de
murmúrio ou impaciência;
dedicava-se sem descanso
aos mais duros trabalhos e,
acima de tudo, mesmo pe-
rante aos que lhe ofendiam,
mostrava-se cheio de doçura
e mansidão”.4
São José nos ensina que
o segredo para a v ivência
da virtude da mansidão está
no exercício do santo aban-
dono à Santíssima Vontade
de Deus. Uma alma que se
deixa conduzir pelas mãos
do Senhor não vive agitada e
inquieta pela realização das
suas próprias expectativas
e metas, mas sim, ela sabe
descansar em Deus. Façamos
como este grande mestre da
vida interior e exercitemos
esta confiança na Divina Pro-
vidência. Deus cuida de nós!
Por fim, peçamos que São
José, guardião dos corações
infantis, interceda por nós
nesta caminhada quaresmal,
a fim de que, iluminados por
seus exemplos de virtude,
imitemos mais perfeitamente
a beatíssima alma de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Reze-
mos juntos: “Meu querido
São José, derramai em mim
e na Hu ma n idade i ntei ra
as graças necessárias para
alcançar o Céu. Sois digno
de todo louvor porque assim
Deus o quis. Bendigo vosso
nome três vezes como bendiz
a Santíssima Trindade. Coroo
vossa vida porque assim já o
fez vossa Diletíssima Esposa.
Recorro hoje aos anjos para
que vos adornem com sua pu-
reza. José, meu amigo, rogai
por nós”5. São José, valei-nos.
Amém.
PADRE JOSÉ RENAN
PÁROCO DA
PARÓQUIA NOSSA
SENHORA DE
GUADALUPE, NO
COMPLEXO DO
ALEMÃO
1
Cf. Lema da Campanha da
Fraternidade de 2023: “Dai-lhes
vós mesmos de comer.”(Mt14,16)
Cf. Carta Encíclica Quamquam
2
Pluries, do Papa Leão XIII.
3
Imitação de São José, p. 46
4
Santa Brígida, liv. 7, cap.29 apud.
Imitação de São José, p. 20
Do devocionário do Instituto
5
Nossa Senhora Menina.
14 ARQUIDIOCESE 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Seminaristas
serão
admitidos às
Ordens Sacras
O a rcebispo do R io de
Janeiro, Cardeal Orani João
Tempesta, irá presidir a cele-
bração eucarística, na qual 16
novos seminaristas do Semi-
nário Arquidiocesano de São
José serão admitidos entre os
candidatos às Ordens Sacras.
A celebração será na Basílica
Nossa Senhora de Lourdes,
em Vila Isabel, no dia 25 de
março, às 18h. Neste mesmo
dia, celebra-se o aniversário
de ordenação diaconal do
arcebispo metropolitano.
A turma de seminaristas
que adota ra m o lema: “O
mestre está aí e te chama”
(Jo 11, 28) é: Bruno Fernandes
Car valho, Carlos Eduardo
C a r nei ro Cost a Her meto,
Felipe Mesquita da Silva,
Gabriel de Jesus Nunes de
Almeida, Gabriel de Souza
Gomes, Gabriel dos Santos
Alves, Hygo do Nascimento,
Joanderson Henrique Macena
dos Santos, João Pedro Xavier
da Silva, Juan Bittencourt
de A ndrade Santos, Lucas
Carvalho Borges Manhães,
Luiz Gustavo Menezes do
Nascimento, Pedro Ivo Abreu
de Freitas, Rafael Clóvis Pe-
reira de Andrade, Vinícius
Rodrigues da Rocha Brum e
Willian Oliveira de Sá.
A ad m i ss ão à s Orden s
Sacras é um rito litúrgico
através do qual o seminaris-
ta manifesta publicamente,
diante do bispo e da comuni-
dade, sua vontade de se doar
totalmente a Deus. A Igreja
aceita esta doação e o chama
a se preparar para receber
a Sagrada Ordem e, assim,
passa a ser contado entre os
candidatos ao presbiterato. É
um passo muito importante
na preparação para o sacer-
dócio.
A Basílica Nossa Senhora
de Lourdes fica na Boulevard
28 de Setembro, 200, em Vila
Isabel.
DA REDAÇÃO

Dom Paulo Cezar abre ano

acadêmico da PUC-RioCLERUM PHOTOS
“A universidade católica em contexto de mu-
dança de época: identidade e missão” foi o tema
da aula magna de abertura do ano acadêmico de
2023 da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-Rio), proferida pelo arcebispo de
Brasília (DF), Cardeal Paulo Cezar Costa, no dia 15
de março.
Estavam presentes o arcebispo do Rio de Janei-
ro e grão-chanceler da PUC-Rio, Cardeal Dom Orani
Tempesta, o reitor da PUC-Rio, padre Anderson
Pedroso, sacerdotes, professores e seminaristas
dos seminários Arquidiocesano de São José e Re-
demptoris Mater.
Na ocasião, foi realizada a cerimônia de posse
da professora Marley Vellasco como vice-reitora
Acadêmica, a primeira mulher a ocupar o cargo.
Após a aula magna, Dom Paulo, que já foi
professor e diretor do Departamento de Teologia
da PUC-Rio, presidiu missa na Igreja do Sagrado
Coração de Jesus.
DA REDAÇÃO
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 ARQUIDIOCESE 17

Rio de Janeiro passa a ter Memorial dos Não Nascidos

Como fruto do Ano da Família
“Amoris Laetitia” (2021-2022),
convocado pelo Papa Francisco, a
cidade e a Arquidiocese do Rio de
Janeiro conta agora com o Memo-
rial dos Não Nascidos, símbolo do
Projeto Esperança, que tem a fi-
nalidade de acompanhar de forma
pastoral e aconselhar a pessoa que
sofre as consequências e sequelas
pós-aborto.
Uma realização da Rede Cola-
borativa Brasil, o memorial, que é
dedicado a Santa Gianna Beretta
Molla, mulher, esposa e mãe que
aceitou viver segundo a providência
de Deus, fica no jardim da Paróquia
São Francisco de Paula, na Barra da
Tijuca. O lançamento aconteceu na
manhã do dia 18 de março.
O Projeto Esperança procura
ainda facilitar o processo de acei-
tação, reconciliação e de encontro
com o filho não nascido. Essa
aceitação é alcançada com a ajuda
de profissionais formados, tanto
sacerdotes como leigos, e através
de uma pastoral de acolhimento,
compreensão e confidencialidade,
para facilitar o processo de reen-
contro com o filho.
O Documento de Aparecida
evidencia a ação pastoral do pro-
jeto: “Apoiar e acompanhar pasto-
ralmente e com especial ternura
e solidariedade as mulheres que
decidiram não abortar, e acolher
com misericórdia aquelas que
abortaram, para ajudá-las a curar
suas graves feridas e convidá-las
para serem defensoras da vida. O
aborto faz duas vítimas: por certo,
a criança, mas, também, a mãe”
(DAp 469).
A Rede Colaborativa Brasil
é uma organização sem fins lu-
crativos que acolhe gestantes
em situação de risco de aborto e
vulnerabilidade social. Entre as
atividades oferecidas pela Rede, Memorial para
está o Projeto Esperança. as Crianças Não
De acordo com a fundadora Nascidas, de
e presidente da Rede Nacional Martin Hudáček
em Defesa da Vida e da Família,
Zezé Luz, o Projeto Esperança se
identifica com esta escultura do
artista eslovaco Martin Hudáček,
que decidiu criar sua obra para
levar esperança e cura às mulhe- com sua família e com os outros”, na metodologia do Projeto A QUEM É DIRECIONADO: O
res que sofrem as consequências acrescentou Zezé Luz. Esperança, em uma atitude Projeto Esperança se preocupa
do aborto. PROJETO ESPERANÇA de acolhida, compreensão e com a segunda vítima do aborto,
“Diante do sofrimento da É um acompanhamento pasto- confidencialidade, que tem a mãe. O objetivo é ajudá-la a
mãe, a imagem do bebê ral à pessoa que sofre as consequ- como finalidade facilitar um lidar com sua dor, reconhecendo
abortado aproxima a mão ências e sequelas pós-aborto. Tem processo de reconciliação e a morte da criança, atitude
da cabeça como um gesto de como finalidade facilitar o processo de encontro com o filho não muitas vezes bloqueada pelo
terno perdão e cura. A escul- de aceitação, reconciliação e de nascido, restaurando o vínculo da mecanismo de defesa da
tura tocou muitos corações encontro com o filho não nascido. maternidade. negação, pois só a partir daí
ao redor do mundo”, disse É um acompanhamento no luto por CONSEQUÊNCIAS: Sem dúvida, poderá chegar a reconciliação e
Zezé Luz. um filho não nascido, em situação o aborto é uma das experiências paz.
“Hudáček disse que a es- de aborto espontâneo ou provoca- mais dramáticas que uma pessoa ABERTURA: Essa aceitação
tátua procura satisfazer a do, e ajuda a superar as sequelas pode sofrer. O aborto destrói é alcançada com a ajuda de
necessidade de misericórdia. pós-aborto.
Fala sobre a cura através de o ser recém-formado dentro profissionais formados, tanto
uma criança que chega a uma
OBJETIVO: Propor um caminho do ventre da mãe e deixa um sacerdotes como leigos, e através
mãe que realmente precisa de reconciliação e de perdão vazio profundo na mulher, que de uma pastoral de acolhimento,
de perdão. No Projeto Espe- que vai ao encontro do amor e manifesta, de forma dramática, compreensão e confidencialidade,
rança vemos nessa imagem a misericórdia de Deus. que a maternidade é um a fim de facilitar o processo de
síntese de perdão e cura que QUEM REALIZA: O trabalho processo irreversível que só é
reencontro com o filho.
permite restabelecer os laços deverá ser realizado por curado quando a mãe é reunida
consigo mesma, com seu filho, acompanhantes capacitados espiritualmente com seu filho. DA REDAÇÃO

Atos Nacionais em Defesa da Vida

No dia 25 de março é comemora-
do em vários países o Dia Interna-
cional do Direito à Vida e Combate
ao Aborto. A data marca a luta em
Defesa da Vida desde a concepção
até a morte natural.
No Calendário Litúrgico da Igreja
Católica, no dia 25 de março, é ce-
lebrada a Concepção de Jesus no
ventre de sua mãe Maria. Por isso,
neste dia, defensores da vida de todo
o mundo celebram o início da vida
humana no momento da concepção.
Essa data, comemorada inter-
nacionalmente, é chamada também
de Dia do direito de nascer, Dia da
criança por nascer, Dia da vida antes
de nascer, Dia da criança concebida
e Dia da criança ainda não nascida.
Unido à República Dominicana,
Equador e Argentina, o Brasil reunirá
e mobilizará milhares de pessoas em
diversas cidades do país: Fortaleza
(CE), Teresina (PI), Rio de Janeiro (RJ),
São João da Barra (RJ), Niterói (RJ),
Garanhuns (PE), Campo Grande
(MS), Belo Horizonte (MG), Uberlân-
dia (MG), São José dos Campos (SP),
Maceió (AL), Londrina (PR), Montes
Claros (MG), Manaus (AM) e Distrito
Federal, dentre outras.
Como finalidade, suscitar nas
consciências, nas famílias e na
sociedade, o reconhecimento do
sentido e valor da vida humana em
todos os seus momentos, obter o
apoio da população para pressionar
o Congresso Nacional contra a legali-
zação do aborto, através de processo
judicial conhecido como Arguição de
Descumprimento de Preceito Funda-
mental (ADPF) de número 442, a ser
julgado ainda este ano de 2023 pela
Comissão de Constituição e Justiça
do Senado Federal, bem como lutar
contra o ativismo judicial.
Para mais informações acesse:
www.redeprovida.com .
DA REDAÇÃO
 18 ARQUIDIOCESE 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Padre Mazine e a Pastoral dos Coroinhas

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” – Antoine de Saint-Exupéry
FOTOS: PASCOM/SÃO BENEDITO

Sua preocupação não era ape-
nas fomentar a vocação sacer-
dotal, e sim formar homens
maduros que se comprome-
tessem verdadeiramente com
a vida cristã. Enquanto mui-
tos olhavam para as crianças e
adolescentes como geradores
do caos, padre Mazine olhava
como joias que precisavam ser
lapidadas. Diego Silveira foi
um dos primeiros coroinhas
(2000 - 2006) da paróquia
de Pilares e pôde afirmar isto
com precisão:
“Além de ser meu padri-
nho, meu pastor, meu forma-
dor na fé e na vida, também
foi meu a m igo. Daque les
melhores amigos, um grande
pai. Foram anos de coroinha,
o convidei para ser meu pa-
drinho de crisma, sempre foi
meu conselheiro, confessor,
tinha com ele uma ligação
muito for te de respeito e
amizade. Cheguei a participar
do grupo vocacional para ser
padre. Não prossegui, mas
sigo minha vocação de cris-
tão e ele sempre perguntava
quando iria sair o casamento.
Combinamos que seria ele
quem celebraria, mas não deu
tempo”.
Monsenhor Mazine e Diego Ferreira Monsenhor Mazine não
se preocupava apenas com
como por exemplo a educa-
ção e a profissionalização de
cada um.
“Me ajudou muito, sem-
pre preocupado com nosso
crescimento, desde conseguir
vaga no colégio quando ado-
lescente, até quando fiquei de-
sempregado e ele me ajudou
a terminar de pagar a minha
faculdade. Tantas histórias,
tantos passeios, retiros, cafés
da manhã, almoços, jantares...
Escreveria um livro contando
tudo o que nos proporcionou.
Meu grande exemplo de cora-
gem. Como ele sempre dizia:
‘Coragem! Coragem!’ E assim
eu sigo caminhando com seus
exemplos e ensinamentos,
não desistindo, guardando
a minha fé, olhando para as
pessoas e em tudo amando e
servindo. Hoje, meu trabalho
tem influência direta do seu
exemplo de vida, dedicação e
amor por Jesus e pelas pesso-
as. Nos ensinou a ser maduros
na vida e na fé. Homem de
visão, à frente do seu tem-
po. Foi meu grande amigo e
sempre será lembrado. Todos
saberão do grande homem, o
meu padre, meu padrinho e
amigo. Obrigado por tudo”,
prosseguiu Diego.
Quem conheceu o padre
os meninos quando apron-
tavam, mas era o primeiro a
repreendê-los quando neces-
sário. Muitos pais e respon-
sáveis o procuravam dizendo:
“Padre, converse com meu fi-
lho, está muito desobediente”,
ou então, “Padre, as notas do
meu filho não estão boas, ele
não quer estudar, por favor o
repreenda”, e não tinha um
que não o obedecesse, e assim
faziam não por medo, mas por
respeito, amor e confiança,
o viam como pai e amigo,
em quem podiam conf iar.
A Pastoral dos Coroinhas,
conduzida pelo monsenhor,
era diferenciada. Se engana
quem pensa que os coroinhas
auxiliavam apenas na liturgia;
ia de limpar a imagem de Dom
Helder Câmara, que fica em
frente à paróquia, até coisas
mais burocráticas, tamanha
era a confiança do monsenhor
nestes jovens.
Para Leandro Lima, coroi-
nha entre os anos de 2002 e
2010, padre Mazine além de
um grande sacerdote, foi um
grande formador de caráter:
“Ser coroinha do padre
Mazine foi de suma importân-
cia para minha vida como um
todo, ele foi o maior formador
do meu caráter. Se hoje sou

“M
estre, onde mo-
r a s? V i nde e
vede, respondeu-
-lhes ele” (Jo 1, 38-39). Muitos
são os que questionam qual o
segredo do monsenhor José
Mazine Rodrigues para fazer
com que muitos jovens cor-
respondessem ao chamado da
vocação sacerdotal. Todavia,
isto nunca foi um segredo,
pois o próprio monsenhor já
contou publicamente, inú-
meras vezes, o método que
utilizava.
Inú mera s vocações sa-
cerdotais foram despertadas
pelo ministério sacerdotal do
monsenhor. Estes números
ficam ainda mais evidentes
na Paróquia São Benedito,
em Pilares, onde foi pároco
durante 23 anos. Ele chegou
à Paróquia São Benedito em
1999, mas nesta época ainda
não existia a Pastoral dos Co-
roinhas, os Ministros Extra-
ordinários da Sagrada Comu-
nhão eram os que auxiliavam
no serviço ao altar. Ao chegar,
monsenhor Mazine institui
a Pastoral dos Coroinhas e
assim começou seu trabalho as necessidades espirituais Mazine sabe do amor e zelo uma pessoa boa e firme na
vocacional em Pilares. de seus filhos, mas com tudo que ele tinha pela Pastoral dos fé, é muito pelos conselhos e
A metodologia do mon- aquilo que fosse necessário, Coroinhas. Sempre defendia exemplos do padre Mazine.
senhor Mazine é a mesma
que Jesus Cristo utilizou no
chamado dos primeiros discí-
pulos, o “vinde e vede”. Uma
pergunta comum é: “Como
vive um padre?” Ao iniciar a
Pastoral dos Coroinhas, padre
Mazine começou a responder
a esse tipo de pergunta, mas
não de forma objetiva e te-
órica, mas de forma prática,
através do testemunho. Sendo
assim, ele demonstrou a vi-
vência sacerdotal, seja através
do serviço ao altar, seja nas
conv ivências e em outras
diversas atividades que com
tanta dedicação realizou. To-
dos os seis padres de origem
da Paróquia São Benedito fo-
ram coroinhas e são frutos do
trabalho do monsenhor. Além
disso, quatro dos sete semi-
naristas que constam como
oriundos desta paróquia tam-
bém foram coroinhas e frutos
deste mesmo trabalho.
Ele possuía grande zelo
pela Pastoral dos Coroinhas. Monsenhor Mazine e Pedro Paulo durante batizado
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
Monsenhor Mazine e Peterson Figueiredo
Nós que tínhamos contatos
mais próximo com ele vimos
como ele era feliz servindo
ao Senhor; sempre solícito a
atender confissões, sempre
disposto a celebrar as missas.
Com uma disposição sem
igual, parecia um garoto cheio
de disposição nas procissões
e v ias-sacras ao redor do
bairro”.
OS TRADICIONAIS
ENCONTROS EM ITAIPAVA
MARCARAM GERAÇÕES E
SERVIRAM PARA PLANTAR
SEMENTES EM MUITOS
CORAÇÕES:
“Quando para muitos era
loucura fazer um encontro
de uma semana inteira com
os jovens vocacionados em
Itaipava, para ele era um
propósito de vida. Plantar a
semente da vida de oração,
de convivência e, claro, ar-
recadar mais operários para
a messe do Senhor. Não tem
um paroquiano, por mais
novo que seja, que não tenha
uma história para falar dele.
Por mais novo que fosse na
paróquia, ele fazia questão
Monsenhor Mazine recebe homenagem dos coroinhas pelos 45° aniversário sacerdotal
de saber o nome, endereço,
etc., e se fossem visitantes,
ele acolhia com todo carinho
ao final das missas. Incrível
como ele sabia o nome de
cada um, o lugar que cada um
sentava na igreja e se ele não
visse, na primeira oportuni-
dade iria questionar sobre não
estar na missa. Ele tinha um
carinho especial com as crian-
ças, pois falava que ali estava
o futuro da Igreja. Sempre
levava um pirulito para elas
nos encontros de catequese.
Fazendo valer uma frase do
livro “O pequeno príncipe”,
que ele gostava e sempre
indicava aos seus coroinhas:
“Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que
cativas”. Poderia ficar horas
e horas falando sobre esse
grande homem e contando
inúmeras histórias. Mas ter-
mino com algumas palavras
que eram sua marca e deixará
saudades: “ê...”, a introdução
do cidade marav ilhosa no
canto do parabéns, “coragem”,
“atitude”, “firrrrrme”, por tan-
tas vezes ele falava isso e eu
não entendia. Talvez agora,
Monsenhor Mazine, Diego Ferreira e Leandro Lima
faça sentido. Que tenhamos
coragem e atitude para con-
tinuar firmes na fé. Ao meu
padrinho, amigo e confessor
monsenhor Mazine, apenas
uma palavra: obrigado!”, disse
Leandro Lima.
A palavra ‘padre’ significa
‘pai’. O ministério sacerdotal
do monsenhor Mazine fez
valer este significado, pois
e xerceu verd ade i ra mente
para muitos a paternidade e,
assim, o fez com maestria e
excelência.
“Monsenhor Mazine de-
dicou especial apostolado às
vocações sacerdotais, acre-
ditando que o grupo de co-
roinhas seria um celeiro para
encontrá-las. Assim, nutriu
ARQUIDIOCESE
FOTOS: PASCOM/SÃO BENEDITO
Monsenhor Mazine, Leandro
Lima e coroinhas
relação paterna conosco. Du-
rante sete anos (2007-2014),
pude ter a honra de fazer par-
te desse grupo e dou testemu-
nho de que tive um verdadeiro
pai na fé, presente nas mais
diversas fases da minha vida
e cooperando efetivamente na
minha formação como cristão
e como ser humano”, afirmou
Peterson Figueiredo.
Este apostolado dos coroi-
nhas marcou diversas gera-
ções. A cada ano, a pastoral
era composta por cerca de 70
coroinhas. Pedro Paulo, co-
roinha entre os anos de 2010
e 2017, contou sobre a alegria
e a gratidão de ter pertencido
à “escola” do padre Mazine.
“Fui muito feliz em ser co-
roinha do padre Mazine. Estar
com ele foi uma escola com
aprendizado constante. Era
19
uma verdadeira família, era
ir à igreja e ajudá-lo no altar.
Foram inúmeros ensinamen-
tos. Algumas das lições foram
a atenção, a dedicação e o
cuidado com os coroinhas, era
um pastor de ovelhas. Sempre
atento, procurava ajudar os
coroi n ha s na s necessida-
des espirituais e nas demais
demandas que lhe fossem
apresentadas. Além disso, ele
gostava de estar próximo de
nós e buscava falar a “mesma
língua” para que nos sentís-
semos acolhidos. Agradeço a
Deus por ter feito parte dessa
família. Guardarei as muitas
histórias com muito carinho.
Agora, é seguir em frente e
imitar a sua dedicação em
servir ao próximo”, afirmou
Pedro Paulo.
Monsenhor Mazine se dedi-
cou com afinco a este apostola-
do, e embora seja um trabalho
lento e que precisa de muito
esforço para dar frutos, ele o
cultivou com muito amor. Em
uma entrevista concedida ao
jornal “O Testemunho de Fé”
em agosto de 2022, por ocasião
da festividade de São Tarcí-
sio, padroeiro dos coroinhas,
monsenhor Mazine afirmou:
“A Pastoral dos Coroinhas é
fundamental, pois através des-
te trabalho é possível orientar
os jovens na direção espiritual,
na confissão, cultiva-se a par-
ticipação nas missas domini-
cais, semanais e nos grupos
de perseverança. Deste grupo
também saem as vocações.
Todos os padres da paróquia e,
de modo geral, os seminaristas
são oriundos deste grupo, por
estarem ligados ao altar, ao
padre, à liturgia, assim nasce
o desejo de ser como o padre,
de amar a Jesus Cristo”.
Grandiosíssimo foi o lega-
do deixado pelo monsenhor
Mazine a todos aqueles que o
conheceram e aos que ouvi-
ram e ainda ouvirão falar dele.
De modo especial, cabe aos
seus filhos espirituais honrar
esse legado. Não poderia eu,
também filho deste grande
servo de Deus, deixar de agra-
decê-lo por todo o bem que
ele fez. É uma grande honra
ter sido formado pelo padre
Mazine. Ele participou de
toda a minha iniciação cris-
tã, me enviou ao seminário e
durante o tempo de formação,
me apoiou e incentivou.
Ao monsenhor Mazine (in
memoriam), o nosso muito
obrigado!
ALAN GALVÃO
SEMINARISTA - 3º ANO DE TEOLOGIA
 20 ARQUIDIOCESE 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro

Gab/0193/2023 Rio de Janeiro, 16 de março de 2023

Aos caríssimos irmãos padres

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

Recebi vários pedidos para que se dedicasse um momento de oração pelos nossos sacerdotes, a fim de que sejam fiéis no exercício do seu ministério, e também pela
perseverança dos que se preparam para o sacerdócio.

Em unidade com esse desejo, convoco a todos, juntamente com suas comunidades, para um Dia de Oração pelos Sacerdotes em nossa Arquidiocese, no próximo
sábado, dia 18 de março, Solenidade de São José (transferida do dia 19) e encerramento da 10ª edição das “24 horas para o Senhor”. Nas Missas celebradas nesse dia
proponho que sejam rezadas uma ou mais dentre as orações que lhes encaminho em anexo.

Nessa mesma data, celebraremos a Missa de Sétimo Dia do Mons. José Mazine Rodrigues, que foi um apóstolo das vocações em nossa Arquidiocese. Teremos tam-
bém na Catedral Metropolitana, pela manhã, a entrega da veste talar aos seminaristas provenientes do Seminário Propedêutico que ingressam no Seminário Maior e
aos que ingressam no Seminário Menor.

Agradeço a adesão de todos a esse Dia de Oração pelos Sacerdotes, lembrando que estamos no Ano Vocacional Missionário e a comemoração de São José é uma
ocasião significativa para rezarmos por aqueles que já assumiram ou que ainda se preparam para o ministério sacerdotal.

Dedico a cada um e à sua comunidade minha bênção fraterna.

Rua Benjamim Constant, 23 - Glória - Cep: 20241-150-Rio de Janeiro/RJ

Fone: (21) 2292-3132 / Fax: (21) 2221-8093
Site: www.arquidiocese.org.br - E-mail: gabinetearcebispo@arquidiocese.org.br

ORAÇÃO POR NOSSOS SACERDOTES

SÚPLICA A SÃO JOSÉ
(da oração de Santa Teresinha do Menino Jesus adaptada pelo
Pe. Fabio de Freitas Guimarães) (da oração de Santo Aníbal Maria)
Oh, meu Jesus! Eu vos agradeço por terdes colocado em nossa vida a presença de
um irmão sacerdote e apóstolo!
Ó Glorioso São José, acolhei as preces que até vós eleva a Santa Igreja para
Somos profundamente gratos por tão grande bênção e queremos dispor nosso obter bons e santos seminaristas e sacerdotes para a vinha do Senhor. Por amor
coração especialmente para a santificação daqueles que o Senhor chamou ao sa- de Jesus e de Maria, dignai-vos atender este ardente desejo que é o mesmo do
cerdócio. Com alegria, vos oferecemos, por eles, todas as orações e os sacrifícios que
possamos dedicar.
Santíssimo Coração de Jesus. Consolai a Santa Igreja concedendo numerosas
Primeiramente, vos pedimos, ó Bom Deus, que não olheis aquilo que somos, mas vocações sacerdotais e religiosas para todas as dioceses e congregações. Assisti
aquilo que deveríamos e queremos ser, isto é, homens e mulheres abrasados de vosso os seminaristas e os clérigos para que cresçam na piedade, no estudo, na humil-
Amor. Sabeis, Senhor, que nossa única ambição é fazer-vos conhecido e amado pelos ho-
mens; e agora, com a companhia de nosso irmão sacerdote, esse desejo será realizado. dade, na obediência, na pureza, no fervor, e para que sejam desligados das coisas
Ó Bom Jesus, na labuta cotidiana podemos ao menos rezar e sofrer, mas o nosso terrenas e cheios de amor por Jesus e pelo santo rebanho de Cristo. Amém.
amado sacerdote, ao qual vos dignais nos unir pelos doces vínculos da caridade, po-
derá combater nos campos da seara, escutando, confessando, orando, ensinando e

ORAÇÃO PELA PERSEVERANÇA

amando a muitos, a fim de ganhar os corações para vós, enquanto, no nosso dia a dia,
suplicaremos que lhe deis a vitória e o defendais de todos os perigos.
Divino Jesus, escutai a oração que agora vos dirigimos por vossos sacerdotes.
Guardai-os em meio aos perigos do mundo, ensinai-os a bem administrar os bens (da oração de Santo Aníbal Maria)
temporais como coisas passageiras, sabendo que a felicidade se encontra em vós. Que
desde agora, o sublime apostolado de cada um deles se exerça com amor sobre aque-
Ó São José, pai castíssimo do Filho de Deus e esposo da Virgem Maria, concedei
les que os rodeiam, que eles sejam apóstolos santos e se sintam sempre abraçados
pela Virgem Maria, dignos do vosso Sagrado Coração e sem jamais se esquecerem de aos sacerdotes e seminaristas o dom da perseverança. Jesus mesmo nos disse
vossa misericórdia. que aqueles que perseverarem serão salvos.
Ó Maria, nossa Mãe e Rainha, é a vós que confiamos a vida de nossos irmãos sacer- Nós vos pedimos que intercedais junto ao Santíssimo Coração de Jesus e o
dotes. Dignai-vos, Senhora, ensinar-lhes com que amor seguravas em vossos braços
o Menino Jesus e o envolvias em faixas, para que eles possam subir ao santo altar e Imaculado Coração de Maria, a fim de obterem a graça para perseverarem nas
levar em suas mãos o Rei dos Céus até o coração dos homens. Pedimos-vos, ainda, boas obras, no desejo pela santidade, no serviço aos mais necessitados. Ajudai-os
que sempre os guardeis à sombra de vosso manto virginal, defendendo-os dos perigos a combaterem as tentações, a superarem as paixões desordenadas, e assisti cada
e tentações, até o feliz momento em que, deixando este mundo, poderão contemplar
vosso esplendor e gozar por toda a eternidade dos frutos do glorioso apostolado que
um deles na hora da morte, para que recebendo a graça dos Santos Sacramentos,
em vida praticaram pela salvação dos homens. Amém. partam em paz para agradecer-vos no paraíso. Amém.

O padre dos jovens
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
FOTOS: PASCOM/SÃO BENEDITO
encontrava, sobretudo as crianças
e jovens, que por ele se encanta-
vam. Ele fazia questão de se fazer
presente nos encontros de cate-
quese para conhecer as crianças e
jovens e sempre entregava doces
para eles. Duas eram as formas
de saber que o padre Mazine es-
tava chegando: a primeira era o
seu alto tom de voz, que mesmo
sendo limitado devido a uma pe-
drada que recebeu na garganta nos
tempos de vigário episcopal, ainda
era possível escutá-lo de longe. A
segunda forma era o barulho das
muitas chaves que carregava em
seus bolsos. Mesmo assim, todos
eram pegos de surpresa com a en-
Monsenhor Mazine na feira bíblica com a catequese trada repentina nas salas, sempre
com grande entusiasmo e euforia.
Monsenhor seguia à risca o
mandato do Senhor Jesus: “Deixai
vir a mim as criancinhas, e não as
impeçais, porque o Reino dos Céus
é para aqueles que a elas se as-
semelham” (Mt 19, 14). Inúmeras
pessoas receberam os sacramen-
tos pelas mãos do monsenhor, um
ministério muito fecundo. Paula
Campos foi uma das pessoas que
ele viu crescer e avançar na cami-
nhada, hoje com 28 anos, afirma:
“O monsenhor Mazine era para
todos os jovens da paróquia um
exemplo a ser seguido, então nada
que eu fale aqui será exclusividade
Monsenhor Mazine, Paula Campos e os adolescentes da paróquia na minha. Eu não tenho dúvidas que
gincana de férias, em 2023 desde os padres que saíram de
nossa paróquia até os meninos que
estão no GVA, todos tiveram influ-
ência do monsenhor. Ele foi o pai de
muitos, o padrinho de tantos outros
e eu nunca ouvi uma pessoa dizer
que não gostasse dele. Sem dúvida,
sua missão aqui foi cumprida. Ele
já deixou muita saudade e já está
fazendo muita falta! ”, disse Paula.
A juventude da Paróquia São
Benedito sempre foi expressiva,
pois tinha como pastor monsenhor
Mazine. Era um pastor que incen-
tivava e confiava na juventude. Em
concordância, afirmou Marcelle
Ferreira: “O padre Mazine chegou
na Paróquia São Benedito em 1999,
no mesmo ano em que eu nasci,
Monsenhor Mazine, Rafaela Nascimento, Marcelle Ferreira e demais e me batizou em dezembro deste
jovens no Terço Jovem mesmo ano, me deu a Primeira Eu-
caristia e esteve presente na minha
“Se vierdes às quatro, desde às Deus e ao próximo. Padre Mazine
Crisma. Tive a honra de tê-lo parti-
três começarei a ser feliz”. Se enga- foi padre para todos, desde os mais
cipando de momentos importantes
na quem pensa que o monsenhor novos até as pessoas que possuíam na minha vida nesses 23 anos do
José Mazine Rodrigues se dedicou mais idade que ele, pois o padre é seu pastoreio na nossa paróquia.
apenas às vocações sacerdotais. A um ancião de muitos dias. O monsenhor sempre se mostrou
perícope supracitada pertence ao Algumas das características disponível na caminhada dos jo-
livro “O pequeno príncipe”, muito do monsenhor Mazine era a sua vens da paróquia, fazia questão de
amado pelo monsenhor. Ela foi jovialidade e a grande disposição saber como estava o andamento
utilizada como lema de sua orde- para servir e evangelizar, de modo do grupo jovem, das pastorais, se
nação sacerdotal, realizada, às 16h, que nem o peso da idade foi capaz estávamos precisando de algo,
no dia 12 de dezembro de 1970, na de pará-lo, até para os mais jovens como estávamos na escola e em
Paróquia Nossa Senhora da Con- era difícil acompanhá-lo. casa com nossos familiares... Além
ceição, na Tijuca. Esse lema é capaz A alegria e o grande vigor de um padre, nós tínhamos um pai.
de expor o ímpeto missionário do missionário do padre de Pilares Monsenhor Mazine era incansável
monsenhor, a pressa em servir a contagiavam quem com ele se para a juventude, apoiava nos-
ARQUIDIOCESE
sos projetos, nos encorajava, era
sempre muito atencioso e sempre
disposto a nos atender e participar
da nossa vivência na Igreja. A forma
como ele lidava com os jovens era o
que mais admirava no monsenhor,
um cuidado e uma sabedoria que
já está nos fazendo muita falta.
Hoje, ficamos com o legado que ele
nos deixou, nos esforçando para
encontrá-lo um dia no céu. E como
ele dizia: ‘Coragem, perseverança,
atitude!’”.
Monsenhor Mazine foi uma
referência para os jovens de Pilares
e de outras regiões. Muitos eram
aqueles que mesmo não sendo
paroquianos o procuravam para
confissões, direções espirituais,
aconselhamentos. O apostolado do
monsenhor com as crianças e jo-
vens se assemelha aos apostolados
de dois grandes santos: São Filipe
Néri e São João Bosco. Homens que
se dedicaram ao acompanhamento
e formação da juventude, etapa
da vida muito desvalorizada pelos
adultos, mas valorizada pelo mundo
que tenta conquistá-los e levá-los
para caminhos distantes de Deus.
Grande foi o número dos que foram
salvos da perdição por estes servos
de Deus. Rafaela Nascimento, uma
de suas afilhadas, testemunhou
com convicção: “É difícil falar bre-
vemente de alguém tão importante.
Padre Mazine sabia lidar com pes-
soas de todas as idades, sabia como
cativar e fazer única a relação com
cada um. Falando em particular
sobre a relação dele com os jovens,
nunca nos faltou um acolhimento,
conselho, broncas, tempo para
confissão e amor de pai.
Vamos fazer um tour religioso
pelo centro do Rio? E lá estava
ele dando dicas de tudo, de onde
poderíamos ir: ‘Vão ao Mosteiro
de São Bento. É muito bonito. Tem
o Convento de Santo Antônio...’
‘Padre, queremos montar um grupo
de jovens para rezar o santo terço e
conhecer mais sobre Nossa Senho-
ra, podemos?’. E daquele jeitinho
dele ouvimos o sim, e percebíamos
sua animação ao ver jovens par-
ticipando, rostinhos novos, igreja
movimentada, com vida. Era incan-
sável. Perder uma alma? Jamais!
Vamos confessar agora, conversar
agora, se não for agora, vamos co-
migo ver minha agenda. Se sumiu
por muito tempo, vamos fazer um
mutirão, escrever carta e levar nas
casas. Lembro uma vez que após
a JMJ Rio, ele montou o Grupo do
Papa. Ele mesmo criou, deu o nome,
montou o esquema todo e um dia
nos incumbiu de pegar umas cartas
que ele fez e ir entregar na casa de
adolescentes e jovens, coroinhas,
catequizandos etc. para trazer de
volta para casa. Pescador de ho-
mens! Olha, não é para qualquer
21
um. Que homem de fé, coragem e
como ele dizia: Atitude!
Estava sempre a serviço. Vi-
nham jovens de outras paróquias
para confessar, ter direção, pois
sabiam que na São Benedito sem-
pre teria confissão. E não tinha
tempo ruim. Uma vez lembro que
mandei mensagem e precisava
confessar, ele respondeu que sim,
que podia atender, mas deveria ser
breve, pois tinha que ir ao hospi-
tal visitar o irmão. Cheguei e fui
atendida da melhor forma. E era
sempre assim. Tinham dias que ele
estava mais agitado, mas jamais
negava atender. Um homem de
fé, que sabia como plantar uma
sementinha que fosse. Que em
tudo amou e serviu. Incansável,
alegre, forte, amoroso, carinhoso,
acolhedor, firme, verdadeiro, reto,
corajoso... Nossa! Se fez pequeno
para que Deus pudesse o usar em
suas obras, e Deus o fez um grande
homem. Fica uma saudade enor-
me, mas um legado ainda maior.
Padre Mazine não foi apóstolo só
das vocações sacerdotais, mas
também em sua vida salvou mui-
tos casamentos, formou muitos
homens e mulheres que buscam
viver hoje uma santidade matri-
monial, jovens missionários que
lutam para amar a Nosso Senhor
como ele amou. Amor e serviço!
Tenho a honra de tê-lo tido como
padrinho. A saudade vai apertar,
mas sua vida, seu legado, seguirão
firmes”, prosseguiu Rafaela.
Estes gestos do monsenhor
Mazine são gestos próprios de
quem ama. Ele foi um padre que
quis, além de entregar o Evange-
lho de Deus para as pessoas, doar
também a sua vida, se entregou
por inteiro, para que o amor de
Deus pudesse ser conhecido. A
sua vida foi um grande dom para
todos que o conheceram, homem
de fé e coragem, e disposto a en-
frentar todos os desafios em prol
da evangelização, estabeleceu com
suas ovelhas um vínculo de amor.
Um amor concretizado na sua
entrega diária, pois “ninguém tem
maior amor do que aquele que doa
a sua vida pelos amigos” (Jo 15, 13).
Quantos filhos foram gerados por
este sacerdote? Inúmeros. E além
de gerar, cuidava de cada um com
muita dedicação. Homem que ofer-
tou o seu cansaço, para que outros
pudessem descansar. Que o Bom
Deus lhe conceda o descanso e a
luz eterna e que na eternidade ele
possa contemplar a face daqu’Ele
a quem tanto amou e anunciou.
Diante de tamanha oferta de
vida, só nos resta dizer: gratidão!
ALAN GALVÃO
SEMINARISTA - 3º ANO DE TEOLOGIA
 22
Casa de Saúde São José, completa 100 anos
Centenário do hospital mais carioca do Rio traz histórias e lembranças íntimas à cidade
Fachada da Casa de Saúde São José na década de 1970
N
o mesmo mês em que a
cidade do Rio de Janeiro
completa 458 anos, uma ins-
tituição conhecida e querida
pelos cariocas chega ao seu centenário.
A Casa de Saúde São José, hospital da
Rede Santa Catarina, localizado no
Humaitá, coração da Zona Sul, tem a
sua história totalmente atrelada à da
Cidade Maravilhosa.
Esse é o mote da exposição Casa
de Saúde São José – 100 anos, na qual
o amor está sempre presente, se faz
o cuidado do amanhã, que o hospital
realizará no Shopping Rio Sul entre 18
de março e 18 de abril.
Como parte das comemorações,
também houve uma missa no dia 17
de março, na capela da instituição,
presidida pelo arcebispo do Rio de
Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta.
Entre os concelebrantes estava o reitor
do Santuário Cristo Redentor, padre
Missa em ação de graças presidida por Dom Orani na capela da instituição
ARQUIDIOCESE
Omar Raposo. A Casa de Saúde São
José foi representada pelos diretores
Marcos Anacleto (executivo), Maurício
Guimarães (Operações) e Cláudio Farias
(Comercial).
TRAJETÓRIA
A trajetória da instituição se ini-
ciou no ano de 1923, quando as irmãs
da Congregação de Santa Catarina
fundaram uma instituição para idosos
e doentes graves. Espaço que se trans-
formaria, ano a ano, em um hospital
referência e fortemente conectado à
população da cidade. Traçando uma
linha do tempo, é possível relembrar
momentos importantes da instituição
em perspectiva com a própria história
do Rio de Janeiro.
HISTÓRIAS CRUZADAS
A exposição no Shopping Rio Sul
vai mostrar, por exemplo, que no
MÁRCIO MERCANTE
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
Fachada atual
início da década de 1930, a Cidade
Maravilhosa ganhava uma novidade
que ficaria eternizada. A estátua do
Cristo Redentor, hoje uma das Sete
Maravilhas do Mundo, foi inaugurada
em comemoração aos 100 anos da In-
dependência do Brasil. Enquanto isso,
no mesmo período, a Casa de Saúde
São José também mudava. O médico
Leônidas Côrtes assumia a direção
técnica da casa, cargo que exerceria
por 78 anos.
A instituição cresceu em números
de quartos nessa fase. Na década de
1930, eram 40. Após obras importan-
tes, somavam 110 no final dos anos 50.
Na década de 1940, muitos partos já
eram realizados. Já na década de 1960,
enquanto os cariocas bailavam ao som
da música “Garota de Ipanema”, de
Tom Jobim, a Casa de Saúde São José
adquiria as tecnologias da época. Em
1967, o primeiro raio X foi instalado no
hospital, pesando três toneladas.
INSTITUIÇÃO QUERIDA PELOS
CARIOCAS
Em 1979, a pedido de Dom Eugenio
de Araujo Sales, a São José ficou aberta
aos peregrinos durante a passagem do
Papa João Paulo II no Brasil. Em 1983,
ampliou novamente o atendimento à
população, ganhando uma nova ala
com nove mil metros quadrados. Nessa
fase, o hospital já tinha 200 leitos, um
CTI moderno e Centro Obstétrico com
UTI Neonatal, entre outros serviços.
No f inal da década de 1990, a
instituição passou a ter lideranças
executivas, mas sem perder o foco na
espiritualidade, a cargo das religiosas
e da Pastoral da Saúde. Em 1999, foi
inaugurado o Serviço de Cardiologia,
além do Pronto Atendimento Cardio-
lógico e Ortopédico.
A partir dos anos 2000, período em
que a tecnologia e os meios de comuni-
FOTOS: ARQUIVO
cação começaram a avançar, o hospital
passou a ter perfil cirúrgico. Com a
chegada dessa nova fase, começaram
a ser conquistadas certificações inter-
nacionais, chancelas que o hospital
continua recebendo até hoje.
Outro salto na diversificação dos
serviços aconteceu entre 2016 e 2019.
O hospital passou a ter: Centro En-
doscópico, medicina esportiva, uma
emergência triplicada e com novas
especialidades, Centro Médico para
consultas agendadas em mais de 20
especialidades, medicina nuclear,
oncologia, além de salas Robótica e
Híbrida.
Como toda longa história é feita
de ciclos, a da São José não podia ser
diferente. Em 2020, as atividades da
Maternidade foram encerradas.
PANDEMIA
Com o hospital fortemente estru-
turado em unidades de internação e o
Serviço de Emergência cada vez mais
capacitado, a São José teve importante
papel no atendimento aos cariocas
durante a pandemia da Cov id-19.
Hoje, a instituição atua em mais de 30
especialidades e conta com 1.900 co-
laboradores e cerca de 4.800 médicos
cadastrados. A novidade mais recente
é a ampliação de 209 para 219 leitos,
em janeiro de 2023.
“Estamos muito felizes com esse
marco. Poucas instituições chegam
ao centenário como a São José chegou:
valorizando a memória, preservando a
espiritualidade e com foco no que há
de melhor e de mais moderno para o
paciente, que está no centro de tudo.
Que haja muita prosperidade pela
frente para essa instituição tão querida
e valiosa para os cariocas”, comentou
o diretor executivo Marcos Anacleto.
DA REDAÇÃO
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 ARQUIDIOCESE 23

Paróquia São João Batista recebe a 1ª visita pastoral PASCOM

Missa de acolhida a Dom Antonio Augusto na Paróquia São João Batista, em Corcundinha

A Paróquia São João Batis-
ta, localizada no bairro Cor-
cundinha, em Campo Grande,
recebeu no período de 3 a 5
de março de 2023 a primeira
visita pastoral, realizada pelo
bispo auxiliar do Rio de Janei-
ro, Dom Antônio Augusto Dias
do Nascimento. Foram três
dias de programação intensa
para toda comunidade.
No dia 3 de março, foi
celebrada a missa de acolhi-
da, na qual Dom A ntônio
afirmou que a visita pastoral
é um momento de grande
graça para toda comunidade
paroquial, renovando o amor
pela Eucaristia, fomentando o
aprofundamento da fé e cha-
mando os fiéis à renovação da
vida cristã e ao envolvimento
em atividades na comunidade.
Em seguida foi realizada uma
reunião com o Conselho Eco-
nômico e Administrativo da
paróquia.
No dia 4 de março, Dom
Antônio presidiu a Missa da
Catequese e se dirigiu às crian-
ças, adolescentes, suas famí-
lias e catequistas, ressaltando
a importância da catequese
como um primeiro passo na
fé, tão fundamental para uma
vida pautada no amor e nos
ensinamentos da Igreja.
Dom Antônio se reuniu
com os padres da Forania II, do
Vicariato de Campo Grande,
dando uma palavra de ânimo
para todo clero, e falou da
importância de trabalharem
em unidade em prol da evan-
gelização de toda região que
corresponde à forania.
O Caminho Neocatecume-
nal se alegrou imensamente
com um encontro realizado
pelo bispo. Foi um momento
edificante em que foi falado
sobre a importância dos diver-
sos carismas que fazem parte
da Igreja e possibilitam que, na
diversidade, as pessoas se apro-
ximem da Igreja e vivam sua fé
inseridas na comunidade.
Ao se reunir com os mem-
bros do Conselho Pastoral,
Dom Antônio ressaltou a im-
portância dos leigos para o
movimento da Igreja e a ne-
cessidade do trabalho em uni-
dade em prol do crescimento e
fortalecimento da comunidade
paroquial.
Os irmãos que pertencem
à Capela Divino Espírito Santo
também tiveram oportunida-
de de se encontrar com Dom
Antônio. Foi celebrada uma
Eucaristia e uma reunião com
as pessoas que levam à frente
os trabalhos na comunidade.
O bispo ficou muito contente
com a reforma realizada na
capela e com a participação das
pessoas na missa.
O último compromisso da
visita pastoral foi o encontro
com os jovens, que tiveram a
oportunidade de ouvir uma
importante palavra sobre a
amizade e foram conduzidos a
refletir sobre a importância de
estreitar e conservar a amizade
com Cristo, com a família e
com os amigos.
Foram dias edificantes para
Encontro de Dom Antonio
Augusto com os jovens da
comunidade paroquial
toda comunidade, que teve
oportunidade de ouvir e expe-
rimentar o amor transmitido
por Dom Antônio através de
suas palavras sábias, firmes
e amorosas. A visita pastoral
teve seu fim, mas na comuni-
dade da Paróquia São João Ba-
tista foi plantada a semente de
uma fé viva que revelará seus
frutos através da atuação nas
diversas pastorais, na evange-
lização, no amor crescente pela
Eucaristia e na efetiva vivência
em comunidade.
DA REDAÇÃO

Visita de Dom Antonio Augusto à Capela Divino Espírito Santo Celebração eucarística com as crianças da catequese
 24
Fraternidade e a fome
Monsenhor Manuel Manangão: “É preciso encontrar caminhos para ajudar os pobres a
perceberem que eles são capazes de construírem suas próprias vidas”.
A Campanha da
Fraternidade (CF) 2023
que tem como tema:
“Fraternidade e fome”, e o
lema: “Dai-lhes vós mesmo
de comer” (Mt 14,16) foi
lançada pela CNBB em
âmbito nacional na Quarta-
Feira de Cinzas, no início da
Quaresma, e culminará no
Domingo de Ramos, dia 2
de abril, quando acontece
a Coleta Nacional da
Solidariedade.
A CF tem como objetivos
ser um caminho de
conversão quaresmal e de
solidariedade e incentivar
as comunidades a assumir
suas responsabilidades
ante a situação do flagelo
da fome que vivem
milhares de irmãos por
todo o Brasil.
O anúncio da CF na
Arquidiocese do Rio de
Janeiro aconteceu no dia
11 de fevereiro, com missa
e encontro de formação na
Catedral de São Sebastião.
Na entrevista para o
jornal Testemunho de Fé
(TF), o vigário episcopal
para a Caridade Social,
monsenhor Manuel
Manangão, abordou sobre
os objetivos da CF e as
ações concretas realizadas
pela Arquidiocese do Rio de
Janeiro no enfrentamento
do flagelo da fome.
ARQUIDIOCESE
Monsenhor Manuel Manangão
TF – O que levou a Igreja no Brasil a
repetir o tema da fome na Campanha da
Fraternidade de 2023?
Monsenhor Manuel Manangão – Nós
estamos vivendo o convite feito pelos
bispos no Brasil a respeito da Campa-
nha da Fraternidade que iniciamos na
Quarta-Feira de Cinzas e perdura por
toda a Quaresma. Foi tomada como
ponto de partida a temática da fome,
que já acontece pela terceira vez. A
primeira coincidência interessante é
que todas elas surgiram em ambien-
tes onde se celebrava um Congresso
Eucarístico Nacional. A primeira foi
no Congresso de Manaus, em 1975, a
segunda foi no Congresso de Apare-
cida, em 1985, e, agora, no Congresso
Eucarístico de Recife, em 2022. A
campanha reaparece pela terceira vez
para mostrar como a sociedade não
consegue dar atenção aos problemas
mais prementes dentro da realidade
da vida das pessoas. O Brasil tem uma
porcentagem de cidadãos em situação
de miséria, passando fome. São quase
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
CARLOS MOIOLI
30 milhões de brasileiros. São pessoas
que estão ao nosso lado.
TF – Quais são as dificuldades em
acabar com a fome no Brasil?
Monsenhor Manuel Manangão – Quan-
do a Igreja se posiciona para dizer ‘olha o
problema de volta’, é porque a sabedoria
milenar da Igreja junta a realidade da
vida com a realidade da fé. E a fome
está cada vez mais insustentável. A cada
situação precária que aparece, como
a pandemia, as tragédias dos últimos
anos, a ganância humana, o problema da
fome volta com mais intensidade. Não é
a falta de alimento, é o que se faz com o
alimento produzido. O Brasil é um país
de grandes produções, porém não são
usadas para matar a fome. A Campanha
da Fraternidade deste ano deixa trans-
parecer que os alimentos estão sendo
usados como elemento de barganha,
como recurso econômico. Durante o
anúncio da campanha na Arquidioce-
se do Rio de Janeiro, lembramos uma
realidade concreta que foi a tragédia de
2011 na Região Serrana, onde, da noite
para o dia, a garrafinha de 50 ml de água
passou de cinquenta centavos para cinco
reais. Durante a pandemia, houve uma
concentração ainda maior da renda di-
recionada para uma parte das pessoas.
A Campanha da Fraternidade mostra
dados com porcentagens gigantes de
brasileiros passando fome. São os pobres
dos pobres.
TF – Como podemos, como Igreja,
acabar com a fome?
Monsenhor Manuel Manangão – Diante
do irmão que passa fome, vem responsa-
bilidade de quem é cristão, discípulo de
Jesus Cristo. No Evangelho, no episódio
da multiplicação dos pães, os discípulos
chamam a atenção para a multidão que
segue Jesus: “Eles não têm o que comer”.
A resposta de Jesus é muito simples:
“Dai-lhes vocês mesmos de comer”. A
responsabilidade é de todos, tanto dos
que passam fome quanto os outros que
estão ao nosso redor. Essa realidade vai
ao encontro de uma pergunta que Deus
fez a Caim: “Onde está o teu irmão?”. A
falta de comprometimento com a fra-
ternidade, a justiça e a caridade social
faz com que nossos irmãos não tenham
alimento, educação, saúde e por aí vai.
Vivemos experiências de fé e de Igreja
numa realidade aonde a precariedade da
vida vai se fazendo presente de muitas
maneiras. A Campanha da Fraternidade
reaparece pela terceira vez para mostrar
uma sociedade adversa aos problemas
reais. O Evangelho escolhido de inspi-
ração para este ano é significativo. O
capítulo 14 de São Mateus narra um
momento no qual Jesus tem uma série
de notícias muito pesadas, densas, mas
Ele dá prioridade para os valores do
Reino. A passagem do Evangelho, que é
o conhecido Sermão da Montanha, está
em sintonia com a Campanha da Frater-
nidade, e deve ser colocado em prática.
“Dai-lhe vós mesmos de comer”, é o que
nos ensina Jesus.
TF – O que se espera desta edição da
Campanha da Fraternidade sobre a fome?
Monsenhor Manuel Manangão – A
Campanha da Fraternidade na Arquidio-
cese do Rio de Janeiro traz um incentivo
de dar continuidade no trabalho que se
tem hoje, como a distribuição de cestas
básicas para uma média de dois milhões
de pessoas atendidas por ano. No dia do
anúncio, estava presente o coordenador
da Pastoral da Saúde, e ele deixou claro:
“Onde houver fome vai haver ausência de
saúde e de qualidade de vida”. E qual é o
caminho? Onde a precariedade é maior,
a fome estará presente. Onde a escola-
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 ARQUIDIOCESE 25

Banco da Providência
O foco de atuação do Banco da Providência é
a inclusão social de jovens, adultos e famílias que
vivem em situação de pobreza extrema na cidade
do Rio de Janeiro, por meio da capacitação para o
trabalho e geração de renda.

INCLUSÃO SOCIAL PRODUTIVA

Promoção da inclusão social de mulheres por
meio da geração de renda com o desenvolvimento
de habilidades socioemocionais, cursos profissionalizantes em áreas como beleza,
culinária e costura criativa e formação empreendedora.

PREPARAÇÃO DE JOVENS PARA O MERCADO DE TRABALHO

Preparação de jovens para entrada no mercado de trabalho com foco no desenvol-
vimento das habilidades e competências socioemocionais.

REPASSE DA NOSSA METODOLOGIA

Como forma de multiplicar o impacto de atuação, é realizado o repasse da Meto-
dologia das 3 Fases. São capacitadas outras organizações sociais e apoio a políticas
públicas para que possam implementar programas de geração de renda direcionados
para pessoas em pobreza extrema com resultados efetivos.

ridade é maior, não se tem emprego, a
fome estará presente. Enquanto Igreja,
temos muitas possibilidades de tomar
consciência da realidade à luz da Palavra
de Deus. Podemos ir além do aspecto
assistencial, que passa pela dimensão
do acolhimento. Paralelamente, traba-
lhamos a questão da empregabilidade
das pessoas, da geração de empregos e
de renda. O outro ponto importante é
começar a focar na redistribuição e na va-
lorização do alimento para as pessoas. O
alimento é mecanismo de riqueza, mas
que essas pessoas possam aprender a
gerar recursos. Não podemos parar só
no aspecto assistencial. É preciso en-
contrar caminhos para ajudar os pobres
a perceberem que eles são capazes de
construírem suas próprias vidas. Sem-
pre agir à luz da Palavra de Deus, como
no Antigo Testamento, que os profetas
incentivam o povo a olhar para a ponta
mais carente, os órfãos, as viúvas, os
estrangeiros. Os profetas ensinam a não
cairmos na realidade de exclusão. Como
exemplo concreto, podemos evidenciar
suas famílias. Além da Cáritas e do Banco dando-lhes a oportunidade de viverem
da Providência, temos outras frentes no com dignidade, como filhos de Deus.
âmbito da caridade social, cuja priorida-
de é socorrer e promover os mais pobres, CARLOS MOIOLI / RITA VASCONCELOS
Coleta da Solidariedade 2023 Fraternidade e Fome
Como gesto concreto da Campanha da Fraternidade (CF),
a Coleta da Solidariedade é realizada em âmbito nacional,
todos os anos, no Domingo de Ramos. Em 2023, acontecerá
no dia 2 de abril, e os fiéis poderão fazer nas celebrações
das missas que participarem suas doações, para aplicação Dai-lhes
vós mesmos
em projetos sociais. de comer!”
(Mt 14,16)

não pode ser um mecanismo econômico
de ambição.
que a Arquidiocese do Rio, por meio
da Cáritas Arquidiocesana, tem um
Os recursos arrecadados integram os Fundos Diocesa-
nos e Nacional de Solidariedade que têm contribuído para
a promoção da dignidade humana, o compromisso com os
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023
2 de abril - Domingo de Ramos:
Coleta Nacional da Solidariedade

trabalho de 45 anos no acolhimento ao pobres e a vida plena.

TF – Quais são os gestos concretos
realizados pela arquidiocese para mitigar
quem passa fome?
Monsenhor Manuel Manangão – Além
das campanhas de distribuições de
alimentos realizadas pelas paróquias,
comunidades e instituições católicas,
a Arquidiocese do Rio de Janeiro tem
um olhar atento às precariedades. Pri-
meiro alimentar quem tem fome. E o
segundo passo é criar condições para
estrangeiro que vem como refugiado por
perseguição política, ou econômica, ou
religiosa. Outro exemplo é o Banco da
Providência que trabalha com as famí-
lias e, diante das dificuldades, acolhe e
ensina a não se tornarem dependentes.
O Banco da Providência tem cursos de
capacitação para ensinar a pessoa a gerir
o seu dinheiro como trabalhadora inde-
pendente, MEI, que aprende a produzir
riquezas para levar qualidade de vida as
Neste ano, a Campanha da Fraternidade tem como tema: “Fraternidade e Fome”, e
como lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 25, 14,16).
Do total arrecadado na Coleta para a Solidariedade, 60% fica na própria diocese e
são geridos pelo Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), com o objetivo de apoiar
iniciativas e projetos locais. Os outros 40% compõem o Fundo Nacional de Solidarieda-
de (FNS), que é administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do
Conselho Gestor da CNBB.
A Igreja espera que todos participem oferecendo sua solidariedade em favor das
pessoas, grupos e comunidades, pois ao longo de uma história de solidariedade e
compromisso com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida,
a Igreja se reconhece servidora do Deus da vida.

Cáritas
Arquidiocesana
Apoiado pela Agência da
ONU Para Refugiados (ACNUR)
desde o primeiro momento, o
Programa de Atendimento a
Refugiados e Solicitantes de
Refúgio da Cáritas Rio de Janeiro hoje conta com a parceria de diversas
entidades, organizações, empresas, universidades, órgãos públicos,
ONGs e coletivos, atendendo refugiados de mais de 60 nacionalidades.
​​​Trata-se de pessoas que tiveram que deixar seus lares devido a per-
seguição motivada por raça, religião, nacionalidade, opinião política ou
pertencimento a um grupo social específico, ou ainda que enfrentavam
grave e generalizada violações de direitos humanos em seus países.
 26 ARQUIDIOCESE
Agostinho: o cego e o mistério
A literatura antiga já nos apresentava o cego como
alguém dotado de visão especial, a visão do mistério.
Muitas vezes representado como profeta, como em
‘Édipo Rei’, Tirésias torna-se o cego mais famoso do
teatro grego. Tirésias é capaz de ‘ver’ a vida de Édipo,
fazendo-o conhecer-se a si mesmo. O mistério aqui é o
que está oculto e é revelado pela profecia. O termo mis-
tério, contudo, não se reduz somente ao que está oculto,
ao enigma, mas também à experiência do indizível. No
contexto cristão, o mistério é a experiência do sagrado,
o sinal, o sacramento. Assim, Jesus é mistério da vida
cristã, suas ações são mistérios, isto é, sacramentos, e
o sacramentos fundam-se nas atos de Jesus. No Capí-
tulo 9 do Evangelho de João,
vemos que Jesus cura um cego
de nascença. O evangelista
dedica todo o capítulo a este
ato taumatúrgico do Salvador.
Agostinho, como tantos ou-
tros padres, comenta-o com o
olhar voltado para o mistério-
-sacramento.
Embora o termo ‘ilumina-
ção’ seja um conceito caro ao
pensamento de Agostinho, e
frequentemente ligado à ideia
de conhecimento intelectu-
al, em sua homilia relativa à
passagem citada, Agostinho
pretende mostrar o sentido
sacramental da cura do cego
por Jesus: “Apresento-vos, pois,
brevemente o mistério desse
cego iluminado. Aquilo que
nosso Senhor Jesus fez é, por
certo, estupendo e admirável
e consiste quer em obras, quer
em palavras: obras, porque se
trata de feitos; palavras, porque
são sinais. Se, portanto, nos
pusermos a pensar sobre o que significa isso que se fez,
veremos que o gênero humano é aquele cego. Essa ce-
gueira, pois, por causa do pecado, abateu-se sobre o pri-
meiro homem, do qual se derivou a origem, para todos
nós, não apenas da morte, mas também da iniquidade.
Ora, se a cegueira é a infidelidade, e a iluminação é a fé,
quando Cristo veio ao mundo, a quem encontrou fiel,
uma vez que o Apóstolo, nascido numa nação de profe-
tas, diz: ‘Fomos também nós, outrora, como os outros,
filhos da ira por natureza’? Ef 2, 3. Se nós fomos filhos
da ira, fomos filhos da vingança, filhos da pena, filhos
da geena. De que modo o fomos por natureza, senão
porque, ao pecar o primeiro homem, o vício inculcou-se
a título de natureza? Se o vício inculcou-se a título de
natureza, todo homem nasceu cego segundo o espírito.
Se ele vê, não tem necessidade de um condutor; se tem
necessidade de quem o conduza e ilumine, logo é cego
de nascença” (Agostinho. ‘Comentários a São João I:
Evangelho, Homilias 1-49’. Tradução de Nair Oliveira e
Luciano Bastos. São Paulo: Paulus, 2022, homilia 44, 1).
Ao explorar o conceito de cegueira como metáfora,
Agostinho, associa-o à outra imagem, a noite: “Que
noite é aquela que, quando vier, ninguém poderá traba-
lhar? Ouve o que é o dia e, então, entenderás que noite
é aquela. De quem é que havemos de ouvir que dia é
esse? Ele próprio o diga: ‘Enquanto estou no mundo,
sou a luz do mundo’, Jo 9, 5. Eis que Ele é o dia. Que o
cego lave os olhos no dia, para que veja o dia. ‘Enquanto
estou no mundo’, diz, ‘sou a luz do mundo’. Não sei,
então, que noite será essa, quando Cristo não Se fizer
presente e, por isso, ninguém poderá trabalhar. Resta
investigar, meus irmãos; tomai com paciência que
esteja eu a investigar. Procuro convosco, encontre-o
convosco por obra daqu’ele a quem procuro. Consta
nesta passagem, de modo explícito e claro, que o Senhor
recordou ser Ele próprio o dia, isto é, a luz do mundo.
‘Enquanto estou no mundo’, diz, ‘sou a luz do mundo’.
Logo, Ele trabalha. Mas até quando está neste mundo?
Pensamos, irmãos, que Ele esteve aqui naquele então,
e agora não esteja? Se, portanto, pensamos assim, quer
dizer que, depois da ascensão do Senhor, fez-se já, pois,
essa noite tremenda, em que ninguém pode trabalhar.
Se, depois da ascensão do Senhor, fez-se essa noite,
REPRODUÇÃO: HTTPS://TSE2.MM.BING.NET/TH?ID=OIP.3FMAAWXHB5BFVDBYI-OSEAHAE6&PID=API&P=0
como é que os apóstolos trabalharam tanto? Por aca-
so, tinha essa noite caído já quando, ao vir o Espírito
Santo e encher todos os que se achavam num só lugar,
deu-lhes falar nas línguas de todas as nações? At 2,
1-6. Era, porventura, noite, quando aquele paralítico, a
uma palavra de Pedro, ficou curado, ou melhor, a uma
palavra do Senhor que habita em Pedro? At 3, 6-8. Era
noite quando, à passagem dos discípulos, punhamse no
caminho os doentes com seus leitos para que ao menos
fossem tocados pela sombra dos que passavam? At 5,
15. Por outro lado, quando o Senhor estava por aqui, a
ninguém curou com Sua sombra, ao passar; no entanto,
disse Ele próprio aos discípulos: ‘Fareis obras maiores do
que estas’, Jo 14, 12. Dissera o Senhor, sem dúvida, que
fariam eles obras maiores do que as Suas; mas para que
não se ensoberbeçam a carne e o sangue, ouçam Aquele
que diz: ‘Sem mim, nada podeis fazer’, Jo 15, 5” (44, 5).
Por outro lado, o dia é a luz: “‘Jesus então disse:...’
– eis aquele Dia que distingue a luz das trevas – ‘Vim a
este mundo para fazer um juízo: para que os que não
veem, vejam, e os que veem se tornem cegos, Jo 9, 39.
O que é isso, Senhor? Uma grande questão apresentas
a quem já está cansado; sustenta, porém, as nossas
forças para podermos entender o que disseste! Vieste
para que os que não veem, vejam. É verdade, porque és
a Luz. É verdade, és o Dia e, de fato, libertas das trevas.
Toda alma aceita isso, toda alma o compreende. E o que
quer dizer o que vem depois? ‘E para que os que veem se
tornem cegos’? Por acaso significa que, porque vieste,
os que viam hão de tornar-se cegos?” (44, 16).
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
Quem é cego? São os que não estão abertos à expe-
riência do mistério: “Perturbados ficaram, pois, com
essas palavras, alguns dos fariseus ‘e perguntaram-
-Lhe: Também nós somos acaso cegos?’. Ouve já o que
os perturbava: ‘para que os que veem se tornem cegos.
Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis peca-
do...’. Sendo a cegueira em si um pecado, se fôsseis cegos,
isto é, se vos désseis conta de sê-lo, se o admitísseis,
procuraríeis o médico e, portanto, se fôsseis cegos neste
sentido, não teríeis pecado, pois eu vim para abolir o
pecado. ‘... mas como agora dizeis: nós vemos, o vosso
pecado permanece’. E por quê? Porque, dizendo: ‘nós
vemos’, não procurais o médico e permaneceis na vossa
cegueira. Eis o sentido daquilo
que, há pouco, não tínhamos
compreendido quando o Se-
nhor disse: ‘Vim... para que os
que não veem, vejam...’ – o que
quer dizer: ‘para que os que
não veem, vejam’? Para que os
que confessam que não veem e
procuram o médico, vejam – ‘...
e os que veem se tornem cegos’
– o que significa: ‘os que veem
se tornem cegos’? Para que os
que presumem que veem e, por
isso, não procuram o médico,
permaneçam em sua cegueira.
A essa discriminação, Ele cha-
mou, portanto, juízo, ao dizer:
‘Vim a este mundo para fazer
um juízo’, um juízo por meio do
qual distingue a causa dos que
creem e professam sua fé, da
causa dos soberbos, que pre-
tendem ver e, por isso mesmo,
estão mais gravemente cegos.
É como se quem se confessa
pecador e procura o médico
Lhe dissesse: ‘Julga-me, Deus,
e discerne a minha causa de gente não santa’, Sl 42, 1,
isto é, daqueles que dizem: ‘Nós vemos!’, e o pecado
deles permanece. O Senhor ainda não infligiu ao mundo
aquele juízo, no qual julgará os vivos e os mortos no fim
do mundo. A respeito disso, Ele dissera: ‘Eu não julgo
a ninguém’, Jo 8, 15, porque veio primeiro, ‘não para
julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por
Ele’, Jo 3, 17” (44, 17).
A experiência cristã do mistério não se reduz a um
enigma que deve ser devendado pela inteligência. O
mistério cristão é experiência da vida de Cristo. Assim
como aquele cego, nossa fé brota e se alimenta dessa
experiência que se nos é dada pela vida litúrgica, seus
sacramentos, salmos, ano litúrgico e tudo o mais, que
pela ação do Espírito Santo todos os cristãos podem
participar do mistério de Jesus. Por isso, todos os nossos
sentidos podem-se abrir ao mistério e não somente a
inteligência. Assim, Agostinho interpretou a passagem
da samaritana, comparando os cinco sentidos com os
cinco maridos da estrangeira. Assim, na passagem de
João 9, Ele nos mostra que a visão recuperada pelo cego,
graças à sua intervenção sacramental, é o efeito próprio
do rito cristão, isto é, a experiência do mistério.
CARLOS FREDERICO CALVET DA SILVEIRA
PROFESSOR DA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE PETRÓPOLIS E DO SEMINÁRIO SÃO
JOSÉ, NO RIO DE JANEIRO
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 ARQUIDIOCESE 27

Instituto Superior de Ciências Religiosas promove

formação para leigos no Vicariato Suburbano FOTOS: DIVULGAÇÃO

O Instituto Superior de Ciências Religiosas

(ISCR) da Arquidiocese do Rio de Janeiro pro-
moveu nos dias 3 e 4 de março, em parceria com
a Paróquia São Jorge, em Quintino, a primeira
edição da Imersão Teológica, que tem como
objetivo contribuir com a formação de leigos
que atuam nas diversas pastorais comunitárias.
A escolha dos temas Sagrada Escritura, Litur-
gia e Catequese, ministrados a nível introdutório
e na modalidade presencial, foi intencional,
por estarem totalmente alinhados ao chamado
da Igreja à missão. Serviram também como in-
centivo e despertar da consciência dos presentes
para a importância da formação permanente dos
leigos, especialmente na ação missionária e no
exercício do Ministério do Catequista, recém-
-promulgado pelo Papa Francisco.
O conhecimento bíblico, litúrgico-sacra-
mental, doutrinário e pedagógico atraiu o
interesse de 115 leigos de diversos vicariatos da
Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Segundo a paroquiana da Paróquia São
Jorge, Yasmin Cardoso, que tem interesse em
dar continuidade aos estudos, através dos cur-
sos promovidos pelo ISCR, “a iniciativa é de
extrema importância, pois muitas informações
não são debatidas com fundamentos teóricos e
esclarecer os pilares da fé católica desde o início
é primordial para termos maior segurança e
responsabilidade na transmissão dos ensina-
mentos da Igreja”.
A organização e realização da Imersão Teo-
lógica contou com a participação dos ex-alunos
do ISCR, Ariadini Cunha, Guilherme Pontes,
Luzia Nadia Mesquita, Michelle Neves e Vandeia
Ramos, que deram continuidade aos estudos
teológicos através de cursos de pós-graduação
(especialização e mestrado) e desenvolvem di-
versas atividades na promoção da fé cristã, com
ardor missionário.
Contudo, não seria possível a realização da
atividade sem a parceria da Paróquia São Jorge,
na pessoa de seu pároco, padre Dirceu Rigo, que
abriu as portas da comunidade para receber toda
a equipe de organizadores, professores e alunos.
Atenta a urgente e necessária formação dos
leigos para a promoção da autêntica fé cristã e
em consonância com os objetivos pastorais da
Arquidiocese do Rio de Janeiro, a direção do Ins-
tituto Superior de Ciências Religiosas (Dom Karl
Joseph Romer e irmã Maria de Lourdes Correia
Lima) busca oferecer, além do tradicional curso
de ciências religiosas, com duração de três anos
e reconhecido pela Santa Sé, encontros mensais
de formação bíblica, através do seu Centro Bíbli-
co Mater Misericordiae, e promover lives através
das redes sociais, abordando temas de interesse
dos fiéis católicos. A instituição se prepara para
oferecer em breve novas modalidades de forma-
ção, visando um alcance maior de seus objetivos.
As comunidades e vicariatos interessados na
realização da Imersão Teológica devem entrar
no site do Instituto Superior de Ciências Reli-
giosas da Arquidiocese do Rio de Janeiro (http://
iscrarqrio.com.br/fale-conosco) para solicitar
mais informações.

DA REDAÇÃO
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
‘Somos todos cristãos a serviço dos outros’
Na Audiência Geral do dia 15 de
março, realizada na Praça de São
Pedro, o Papa Francisco continuou sua
catequese sobre a paixão de evangelizar
e esclareceu o que significa ser apóstolo
hoje: sacerdotes, pessoas consagradas
e leigos têm tarefas diferentes, mas um
chamado comum à missão, mesmo
aqueles que ocupam os cargos mais
altos na Igreja são chamados para
servir.
Na escola do Concílio Vaticano
II buscamos entender melhor o que
significa “ser apóstolos” hoje em dia.
Ser apóstolo significa “ser enviado
para uma missão”. Assim, o Cristo
Ressuscitado envia os seus apóstolos ao
mundo, “transmitindo-lhes a força que
Ele mesmo recebeu do Pai e dando-
lhes o seu Espírito”.
O Papa falou sobre outro aspecto
fundamental do “ser apóstolo”: a
vocação, ou seja, o chamado. Foi
assim desde o início: “Jesus chamou
os que ele quis e eles foram até Ele”.
“Constituiu-os como um grupo,
dando-lhes o título de “apóstolos”,
para estarem com Ele e enviá-los
em missão”, sublinhou Francisco. O
mesmo aconteceu com São Paulo,
“chamado a ser apóstolo”.
Papa Francisco:
A VOCAÇÃO CRISTÃ É TAMBÉM
VOCAÇÃO AO APOSTOLADO
A experiência dos Doze
apóstolos e o testemunho de Paulo
nos interpelam também hoje.
Convidam-nos a verificar as nossas
atitudes, a verificar as nossas
escolhas, as nossas decisões, com
base nestes pontos fixos: tudo
depende de um chamado gratuito
de Deus; Deus também nos escolhe
para serviços que às vezes parecem
sobrecarregar nossas capacidades
ou não corresponder às nossas
expectativas. O chamado recebido
como um dom gratuito deve ser
respondido gratuitamente.
O Concílio ensina que “a vocação
cristã é também, por sua própria
natureza, vocação ao apostolado”.
Trata-se de um chamado comum
aos que receberam o Sacramento da
Ordem, às pessoas consagradas, e a
cada fiel leigo, homem ou mulher, “é
um chamado a todos. O tesouro que
você recebeu como vocação cristã,
você deve doá-lo. É a dinamicidade
da vocação, é a dinamicidade da
vida”, frisou o Papa. “É um chamado
que nos permite desempenhar a
nossa tarefa apostólica de maneira
ativa e criativa, dentro da Igreja em
PAPA FRANCISCO
que «há diversidade de ministério,
mas unidade de missão».
A VOCAÇÃO CRISTÃ NÃO É UMA
PROMOÇÃO PARA SUBIR
No âmbito da unidade da missão, a
diversidade de carismas e ministérios
não deve dar lugar, no seio do corpo
eclesial, a categorias privilegiadas.
Não há promoção aqui, e quando
você concebe a vida cristã como uma
promoção, que o de cima comanda
os outros porque conseguiu subir,
isso não é cristianismo. Isso é puro
paganismo. A vocação cristã não é uma
promoção para subir, não! Isso é outra
coisa.
Existe algo maior, porque, embora
«por vontade de Cristo alguns sejam
constituídos doutores, dispensadores
dos mistérios e pastores a favor dos
demais, reina, porém, a igualdade
entre todos quanto à dignidade e
quanto à atuação, comum a todos
os fiéis, em benefício da edificação
do corpo de Cristo». “Quem tem
mais dignidade na Igreja: o bispo, o
sacerdote? Não... Somos todos cristãos
a serviço dos outros. Quem é mais
importante na Igreja: a religiosa ou a
pessoa comum, batizada, não batizada,
a criança, o bispo...?
29
VATICAN NEWS
A VOCAÇÃO QUE JESUS DÁ É A DO
SERVIÇO
Todos são iguais, somos iguais e
quando uma das partes se considera
mais importante das outras e
levanta um pouco o nariz, então,
está errada. Essa não é a vocação
de Jesus. A vocação que Jesus dá
a todos, mas também a quantos
parecem estar em lugares mais
elevados, é a do serviço, o serviço
aos outros, a humilhação. Se você
encontrar uma pessoa que tem uma
vocação mais elevada na Igreja,
mas é vaidosa, então você vai dizer:
‘Coitada’! Reze por ela porque não
compreendeu qual é a vocação de
Deus. A vocação de Deus é a adoração
do Pai, o amor à comunidade e o
serviço. Isso é ser apóstolos, este é o
testemunho dos apóstolos.
“Queridos irmãos e irmãs,
essas palavras podem nos ajudar a
verificar o modo em que vivemos
a nossa vocação batismal, como
vivemos a nossa maneira de ser
apóstolos numa Igreja apostólica
que está a serviço dos outros”,
concluiu Papa Francisco.
MARIANGELA JAGURABA
VATICAN NEWS
28
Um pontífice que esteve entre nós
“O Papa nos surpreendeu”, disse
o arcebispo do Rio de Janeiro, Car-
deal Orani João Tempesta, ao des-
tacar os frutos dos 10 anos do Papa
Francisco. Foi no dia 13 de março
de 2013 que ao ser apresentado ao
mundo como sucessor de Pedro, o
“bispo de Roma”, pediu ao povo de
Deus: “Rezem por mim”.
“Há dez anos, era eleito como
pontífice o Papa Francisco, o então
cardeal de Buenos Aires, Jorge Má-
rio Bergoglio, que tinha uma vasta
experiência de América Latina e
também esteve no Brasil durante
a 5ª Conferência do Episcopado
Latino-Americano e Caribenho,
que depois fez acontecer o Docu-
mento de Aparecida, do qual ele
foi presidente da comissão central
da elaboração do texto final”, disse.
Dom Orani lembrou que o Papa
Francisco, após assumir a Cátedra de
Pedro, fez sua primeira viagem inter-
nacional apostólica ao Rio de Janeiro
para a Jornada Mundial da Juventude.
“Foi a primeira viagem apostó-
PAPA FRANCISCO
lica do novo Papa, e nós o aguar-
dávamos com muita ansiedade e
alegria. Entre nós, ele nos surpre-
endeu pela proximidade, conversa
franca e aberta, pela partilha e pre-
ocupações da Igreja. Tenho certeza
também que ele surpreendeu a
juventude presente no Rio de Ja-
neiro com a sua espontaneidade e
proximidade”, disse.
A proximidade e a fraternidade
social, observou o arcebispo do
Rio de Janeiro, foi a marca do Papa
Francisco nos seus 10 anos de pon-
tificado, evidenciando a terceira
encíclica do Papa, “Fratelli tutti”, que
é um convite a uma compreensão
mais profunda da amizade social, de
viver a fraternidade e de promover o
bem comum: “Somos todos irmãos”.
“Desde o início, nas suas viagens
apostólicas ou diante de várias
circunstâncias, o Papa faz a opção
de privilegiar os países que sofrem
com a fome, a guerra e as diversas
formas de intolerância. Sempre
manifestou sua proximidade com
todas as pessoas que passam por
dificuldades, como os pobres, en-
fermos, idosos, refugiados e os que
sofrem com a guerra”, disse.
“Um pontif icado de muitos
frutos”, destacou o arcebispo, afir-
mando que além da preocupação
do Papa com os pobres, a paz e a
fraternidade social, ele também
“chama atenção do mundo sobre a
questão da ecologia integral”, e quer
uma “Igreja sinodal”, onde todos
os cristãos possam ter o direito de
manifestar suas preocupações e,
com isso, servir cada vez melhor. É
a “dimensão constitutiva da Igreja”.
Dom Orani lembrou ainda que
nas últimas audiências gerais o
Papa tem abordado sobre a paixão
pela missão, que vem ao encontro
do Ano Vocacional Missionário que
a Arquidiocese do Rio de Janeiro
está vivendo na sua dimensão pas-
toral: “Somos convidados pelo Papa,
dentro desse mundo tão complexo
e cheio de dificuldades, a vivermos
a nossa missionariedade”.
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
SERVIÇO FOTOGRÁFICO VATICAN
Recordando da iniciativa lança-
da pelo Vaticano em oferecer ora-
ções pelo Santo Padre por ocasião
do aniversário de seu pontificado, o
arcebispo disse – conforme o docu-
mento – que o ministério petrino é
uma grande graça que Jesus con-
cedeu à sua Igreja e que devemos
ser sempre agradecidos por isso.
Portanto, a oração dos f iéis deve
ser o melhor dom, para que Deus
sustente no serviço aquele que
escolheu para o ministério, porque
sobre esta pedra constrói a sua Igre-
ja no tempo e na história.
“Rezamos pelo Santo Padre para
que Deus possa continuar, ainda por
muitos anos, servindo a Igreja na
sua missão de Pedro para nós hoje.
Que o Senhor o conserve, guarde
e o ilumine sempre mais. Louvado
seja o Senhor que nos deu, neste
tempo, o Papa Francisco”, concluiu
o arcebispo.
CARLOS MOIOLI
FONTE: VATICAN NEWS
 30
“Eu sou a luz do mundo”
Com alegria celebramos o
Domingo, dia em que o Cristo
venceu a morte e, de modo ad-
mirável, reconciliou o gênero
humano com o coração do Pai.
Nesse dia, encontramos a meta
de todo o tempo quaresmal
que é a celebração da ressur-
reição do Senhor. São muitos
os elementos que Deus dispõe
na celebração litúrgica para al-
cançarmos tal meta e um deles
é a Palavra de Deus. Conforme
afirma o salmista, ela é luz para
os nossos passos e uma lâmpada
luzente em nosso caminho (cf. Sl
LITURGIA
118,105). Cada vez que fazemos a
leitura e a meditação das Sagra-
das Escrituras, elas iluminam os
nossos corações nas decisões
que devemos tomar ao longo
dos nossos dias. A partir da es-
cuta atenta da Palavra de Deus,
o nosso interior é transfigurado
pelo Espírito e os nossos desejos
são purificados.
Ouvimos na primeira leitura
o texto no qual o autor sagrado
narra a eleição de Davi como rei
de Israel e mostra que a lógica
de Deus ultrapassa a lógica do
homem. Isso está evidenciado
quando o Senhor diz a Samuel:
“Enche o chifre de óleo e vem
para que eu te envie à casa de
Jessé de Belém, pois escolhi
um rei para mim entre os seus
filhos.  Assim que chegou, Sa-
muel viu a Eliab e disse consigo
‘Certamente é este o ungido do
Senhor!’” (1Sm 16,1b.6). Samuel ao
olhar para Eliab, fica admirado
pela sua força física e, “cego”,
deduz que o filho mais velho
de Jessé seja escolhido como rei
a fim de lutar a favor do povo
eleito que constantemente sofre
ameaças de invasões estrangei-
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
ras. O Senhor, porém, repre-
ende Samuel e diz: “Não olhes
para a sua aparência nem para a
sua grande estatura, porque eu
o rejeitei. Não julgo segundo os
critérios do homem: o homem
vê as aparências, mas o Senhor
olha o coração” (1Sm 16,7).
Samuel começa a entender
que os critérios do Senhor não
levam em consideração exte-
rioridade ref letida na força,
no mérito ou nas qualidades
que impressionam os homens.
Com a rejeição de todos os
filhos de Jessé que estavam na
casa, o profeta compreende a
lógica de Deus (cf. 1Sm 16,10).
Samuel, ao perguntar se todos
os filhos estão presentes e saber
que resta o filho mais novo que
está no campo apascentando as
ovelhas, manda chamá-lo e não
autoriza que todos se sentem à
mesa até que ele chegue em casa
(cf. 1Sm 16,11). “Jessé mandou bus-
cá-lo. Era Davi, ruivo, de belos
olhos e de formosa aparência.
E o Senhor disse: ‘Levanta-te,
unge-o: é este!’ Samuel tomou o
chifre com óleo e ungiu a Davi
na presença de seus irmãos. E
a partir daquele dia o espírito
do Senhor se apoderou de Davi”
(1Sm 16,12-13a).
A eleição de Davi mostra
que os critérios de Deus supera
os critérios humanos. Estes, por
sua vez, deixam-se influenciar
pelas aparências, revelando
a deficiência do nosso olhar
sobre as pessoas e tudo o que
está ao nosso redor. Deus, ao
contrário, frequentemente es-
colhe os pequenos, os fracos e
marginalizados a fim de agirem
no mundo como seus instru-
mentos de libertação. Afinal,
o Senhor escolhe aqueles que
os homens julgam ser fracos
para confundir os fortes (cf. 1Cor
1,27b). Davi, repleto do Espírito
de Deus, tem a grande missão
de conduzir o povo de Israel na
justiça e na santidade à luz da
Aliança.
O Espírito que se apoderou
de Davi é o mesmo Espírito que
está sobre Jesus iluminando
o coração de todas as pessoas
que cruzam o seu caminho,
desde a Galileia até Jerusalém.
No Evangelho dessa liturgia,
João quer destacar que Jesus é
a luz do mundo, cujo tema é
desenvolvido através do relato
da cura do cego. É importante
recordarmos que a períco-
pe evangélica desse domingo
(Jo 9,5)
pertence à uma obra chamada
“livro dos sinais”. Nela, João
tem como finalidade apresentar
Jesus como o Messias enviado
pelo Pai para criar o Homem
Novo. Por isso, o evangelista
recorre aos “sinais” da água (cf.
Jo 4,1 – 5,47); do pão (cf. Jo 6,1 – 7,53);
da luz (cf. Jo 8,12 – 9,41); do pastor
(cf. Jo 10,1-42); e da vida (cf. Jo 11,1-
56), a fim de apresentar uma
catequese sobre a ação criadora
do Filho de Deus.
O Evangelho que escutamos
pode ser delimitado em cinco
partes e cada uma delas mostra
um diálogo específico, a saber:
entre Jesus e o cego (cf. Jo 9,1-7);
o cego, agora, curado e os vizi-
nhos (cf. Jo 9,8-12); o curado e os
fariseus (cf. Jo 9,13-34); o curado
e Jesus (cf. Jo 9,35-39); por fim,
entre Jesus e os fariseus (cf. Jo
9,40-41).
Na primeira parte, depois
de um longo embate com os
judeus sobre o testemunho que
Jesus dava acerca de si mesmo, o
Filho de Deus é ameaçado com
pedras e, ocultando-se, sai do
Templo (cf. Jo 8,12-59). Em se-
guida, Jesus avista um homem
cego de nascença (cf. Jo 9,1) e é
questionado pelos discípulos:
“Mestre, quem pecou para que
nascesse cego: ele ou os seus
pais?” (Jo 9,2).
Tal questionamento corres-
ponde à mentalidade judaica
influenciada pela teologia da
retribuição na qual afirmava
que ao justo cabe a bênção; ao
ímpio, a maldição. Em outras
palavras, a doença e qualquer
outra desgraça eram considera-
das como resultados de algum
pecado cometido, seja pelo
que sofre determinado mal,
seja pelos seus pais. Segundo
a concepção daquele tempo,
Deus punia de acordo com a
gravidade da culpa.
A pergunta dos discípulos
coloca em destaque a cegueira
de um homem que, segundo
a mentalidade judaica, forte-
mente marcada pela teologia da
retribuição, era considerado um
amaldiçoado, pois a sua doença
impedia que ele tivesse contato
com a Lei, tanto para estudá-la
como para rezá-la. Privados da
luz natural, os cegos estavam
impedidos de servir como tes-
temunhas nos tribunais e de
participar do culto realizado
na sinagoga e no Templo. Com
isso, sofrem uma marginaliza-
ção seja na comunidade civil,
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023 LITURGIA 31

seja na comunidade religiosa.
Diante desse quadro, Jesus
responde a pergunta dos discí-
pulos, dizendo-lhes: “Nem ele
nem seus pais pecaram, mas
isso serve para que as obras
de Deus se manifestem nele. É
necessário que nós realizemos
as obras daquele que me en-
viou, enquanto é dia. Vem a
noite, em que ninguém pode
trabalhar. Enquanto estou no
mundo, eu sou a luz do mundo”
(Jo 9,3-5). Aqui, Jesus assemelha
a sua missão de realizar as obras
de Deus ao dia de trabalho, pois
no Oriente Antigo a jornada
de trabalho era concluída com
o pôr do sol. Assim, as obras
de Jesus revelam que Ele é o
Enviado do Pai que lhe confiou
a missão de ser luz do mundo
e preencher de luz aqueles que
vivem nas trevas.
Passando das palavras aos
gestos, Jesus cospe no chão,
faz lama com a saliva e unge os
olhos do cego (cf. Jo 9,6). Para
alguns, o gesto pode causar
repulsa quanto às práticas de
higiene, porém, é necessário
saber que, para o homem do
Oriente Antigo, a saliva possuía
propriedades medicinais e,
nela, tinha uma energia vital e
uma força curativa. O gesto de
Jesus evoca o segundo relato
da criação em relação ao sopro
de Deus que deu vida a Adão
(cf. Gn 2,7). Assim, realizando o
mesmo gesto criador, a missão
de Jesus revela que a sua missão
é criar em cada pessoa o Ho-
mem Novo, repleto do Espírito.
Contudo, o cego não é curado
imediatamente. O Senhor exige
a sua cooperação e lhe diz: “Vai
lavar-te na piscina de Siloé, que
quer dizer: Enviado. O cego foi,
lavou-se e voltou enxergando”
(Jo 9,7). A obediência do cego é
fundamental na sua cura, pois
ela destaca a sua fé em Cristo.
Agindo dessa maneira, ele é
“mergulhado” no Enviado de
Deus, na água viva do Pai, e ex-
perimenta o banho da regenera-
ção capaz de tornar os homens
atestar a sua identidade. Eles
comentavam entre si: “Não
é aquele que ficava pedindo
esmola?’ Uns diziam: ‘Sim, é
ele!’ Outros afirmavam: ‘Não
é ele, mas alguém parecido
com ele.’ Ele, porém, dizia:
‘Sou eu mesmo!’” (Jo 9,8b-9). No
texto grego, a resposta final
do homem curado é ego eimi,
expressão muita utilizada por
Jesus na revelação que Ele
faz de si mesmo quanto à sua
identidade divina. O homem
curado experimenta uma nova
identidade que tem origem no
próprio Deus. A partir dela, ele
vê as coisas ao seu redor não
apenas de forma natural, mas vê
tudo com o olhar sobrenatural,
isto é, com o mesmo olhar do
Criador, contemplando a beleza
da nova criação que irrompe em
sua própria vida. Ainda curiosos
como se deu o efeito curativo, os
vizinhos insistem perguntando:
“Como é que se abriram os teus
olhos?’ Ele respondeu: ‘Aquele
homem chamado Jesus fez
lama, colocou-a nos meus olhos
e disse-me: ‘Vai a Siloé e lava-te’.
Então fui, lavei-me e comecei
a ver’. Perguntaram-lhe: ‘Onde
está ele?’ Respondeu: ‘Não sei’”
(Jo 9,10-12).
Em seguida, inicia-se a ter-
ceira parte do Evangelho, de-
senvolvida em vários momen-
tos. O homem curado é levado
ao grupo dos fariseus a fim de
que procurem saber com deta-
lhes sobre o milagre realizado
por Jesus em dia de sábado (cf.
Jo 9,13-14). Dessa vez, perguntado
pelos fariseus como recuperou a
visão, o curado descreve confor-
me o Senhor fez: “Colocou lama
sobre meus olhos, fui lavar-me
e agora vejo!” (Jo 9,15). Nesse
momento surgem algumas
divergências sobre a pessoa de
Jesus, pois alguns acusavam-no
que Ele não vinha de Deus por
transgredir o sábado, outros
questionavam como Ele po-
deria ser pecador diante das
obras que fazia (cf. Jo 9,16). De
qualquer modo, mostrando-se
Mantendo-se presos às tre-
vas da incredulidade, os fa-
riseus (cf. Jo 9,18), chamam os
pais do homem que era cego e
perguntam-lhe: “Este é o vosso
filho, que dizeis ter nascido
cego? Como é que ele agora está
enxergando?” (Jo 9,19). Seus pais
confirmam que o homem cura-
do é, de fato, seu filho e atestam
que nasceu cego. Todavia, como
voltou a enxergar e quem reali-
zou tal obra, os pais não sabem
responder. Temendo ser expul-
sos da sinagoga, eles evitam dar
qualquer informação e sugerem
que os fariseus perguntem ao
seu filho que é maior de idade
e pode responder por si mesmo
(cf. Jo 9,20-23).
Os fariseus, irredutíveis
em sua arrogância religiosa,
chamam novamente o homem
curado e começa o segundo in-
terrogatório. Os fariseus dizem:
“Dá glória a Deus! Nós sabemos
que esse homem é um pecador”
(Jo 9,24). A expressão “dá glória a
Deus” era usada no AT e no rabi-
nismo para exigir obediência e,
sobretudo, para obter uma con-
fissão da verdade1. Nesse caso,
eles insistem que o homem
curado reconheça que Jesus é
pecador pela transgressão da
Lei do sábado. Recusando em
fazer tal confissão e sofrendo
um interrogatório intimidador
da parte dos fariseus, o homem
que era cego está resoluto em
não dar qualquer informação
sobre Jesus (cf. Jo 9,25-26). Em
tom irônico, o homem curado
afirma que já falou o que tinha
que ser dito e mostra que os
fariseus permanecem com os
ouvidos fechados. Além disso,
em virtude de tanta curiosidade
sobre quem o curou, o ex cego
pergunta aos fariseus se, por
acaso, eles desejam ser discí-
pulos de Jesus. Tal pergunta
provoca a ira do grupo religioso,
cujos membros julgam ser dis-
cípulos de Moisés. O homem
curado, convicto do benefício
que recebeu, dá seu testemu-
nho acerca de Jesus e não teme
recusam a escutá-lo. O diálogo
culmina com a sua expulsão
da comunidade sinagogal (cf.
Jo 9,27-34).
A quarta parte do texto
evangélico narra o encontro
de Jesus com o homem que Ele
curou recuperando a sua visão.
Tendo sido expulso da comu-
nidade e encontrando-o, Jesus
perguntou-lhe: “Acreditas no
Filho do Homem?” (Jo 9,35). Ao
receber de Jesus a confirmação
que Ele é o Filho do Homem,
aquele que era cego de nascença
professa: “Eu creio, Senhor!” (Jo
9,38) e se prostra diante de Jesus
que diz: “Eu vim a este mundo
para exercer um julgamento,
a fim de que os que não veem,
vejam, e os que veem se tornem
cegos” (Jo 9,39). Essa declaração
está marcada por um julgamen-
to de cunho escatológico, isto
é, “o cego de nascença, pobre e
ignorante, readquire a luz dos
olhos e a luz da fé. Os doutores
fariseus encontram-se com
a ‘luz do mundo’ e se tornam
cego”2.
A última parte do Evange-
lho, João acentua a distância
que cresce entre Jesus e os
fariseus desembocando em
uma forte inimizade entre eles,
resultando na condenação e
morte do Senhor. Isso está evi-
denciado no diálogo no qual
os fariseus, depois de ouvirem
o que Jesus disse a cerca do
seu julgamento nesse mundo,
eles questionam: “Porventura,
também nós somos cegos?
Respondeu-lhes Jesus: ‘Se fôs-
seis cegos, não teríeis culpa;
mas como dizeis: ‘Nós vemos’,
o vosso pecado permanece” (Jo
9,40). Os fariseus não são cegos,
inclusive, conhecem a vontade
de Deus descrita na Torá. Con-
tudo, mostrando-se resistentes
a Jesus a ponto de rejeitá-lo
como o Enviado de Deus, per-
manecem reféns de um grave
pecado, uma vida estacionada
nas trevas.
Caríssimos irmãos e irmãs,
nesse domingo, somos cha-
todos nós que vivemos a ex-
periência de grande escuridão
interior-exterior. Porém, aber-
tos à Palavra de Deus, somos
capazes de reconhecer o Cristo
como verdadeira luz da nossa
existência. Assim, iluminados
por Ele e ungidos pelo Espírito,
somos novas criaturas capazes
de ver todas as coisas e tudo o
que nos acontece com o olhar
do Criador.
Igualmente aconteceu com
o apóstolo Paulo. Antes, co-
nhecido como Saulo, perseguia
os cristãos; depois, em viagem
para Damasco, durante o cami-
nho, é “perseguido” pelo Cristo,
fica cego e experimenta uma
grande escuridão. No entanto,
ele fica repleto do Espírito San-
to ao ser batizado por Ananias
e torna-se, portanto, uma nova
criatura que possui um olhar
pascal. Paulo, iluminado por
Cristo, torna-se um arauto do
Crucificado-Ressuscitado (cf.
At 9,1-19). Cheio do Espírito, o
apóstolo dos gentios recorda
aos irmãos de Éfeso que, antes,
eles eram trevas, mas, agora,
acolhendo o Evangelho e o
batismo, tornaram-se luz no
Senhor (cf. Ef 5,8a).
Hoje, a Igreja ecoa a voz do
apóstolo e nos exorta dizendo:
“Vivei como filhos da luz.  E o
fruto da luz chama-se: bondade,
justiça, verdade. Discerni o que
agrada ao Senhor. (Ef 5,8b-
11). Por essa razão, peçamos a
Jesus, luz do mundo, o dom
discernimento, a fim de que,
iluminados pelo Espírito, pos-
samos ver todas as pessoas e as
circunstâncias do nosso tempo
segundo os critérios de Deus.
PADRE
EUFRÁZIO
MORAIS
MESTRE EM
TEOLOGIA
SISTEMÁTICO-
PASTORAL
PELA PUC-RIO,
PROFESSOR DE HOMILÉTICA DO ISTARJ,
NO SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E PÁROCO DA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA
DA CABEÇA, NA PENHA.
BOUZON, E., ROMER, K. J. A
1

e as mulheres novas criaturas,
cujas vidas são recuperadas das
trevas à luz de Deus.
Na segunda parte, o cego,
agora curado, diante da incre-
dulidade dos vizinhos, procura
insatisfeitos, os fariseus conti-
nuam interrogando o homem
curado e pedem que diga algo
acerca de Jesus. Sem hesitar,
ele responde que o Senhor é um
profeta (cf. Jo 9,17).
dialogar com os fariseus que,
julgando-se estar acima do bem
e do mal, se atribuem legítimos
portadores da salvação. Acusam
o homem que era cego ter nas-
cido totalmente em pecado e se
mados a renovar a nossa pro-
fissão de fé por meio de uma
vida iluminada pelo Cristo e,
consequentemente, testemu-
nhada em boas obras. O cego
de nascença é o símbolo de
Palavra de Deus - No anúncio
e na oração. Ano A, p.90.
BOUZON, E., ROMER, K. J. A
2
Palavra de Deus - No anúncio
e na oração. Ano A, p.90.

4º Domingo da Quaresma - Liturgia Diária - Ano A 1ª Leitura - 1Sm 16,1b.6-7.10-13a 2º Leitura - Ef 5,8-14
Missa do Dia - 19 de Março de 2023 Salmo - 22(23) Evangelho - Jo 9,1-41

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO

Dia 20 de março Dia 21 de março Dia 22 de março Dia 23 de março Dia 24 de março Dia 25 de março
1ª Leitura - Is 65,17-21 1ª Leitura - Ez 47,1-9.12 1ª Leitura - Is 49,8-15 1ª Leitura - Ex 32,7-14 1ª Leitura - Sb 2,1a.12-22 1ª Leitura - Is 7,10-14;8,10
Salmo - 29(30) Salmo - 45(46) Salmo - 144(145) Salmo - 105(106) Salmo - 33(34) Salmo - 39(40)
Evangelho - Jo 4,43-54 Evangelho - Jo 5,1-16 Evangelho - Jo 5,17-30 Evangelho - Jo 5,31-47 Evangelho - Jo 7,1-2.10.25-30 Evangelho - Lc 1,26-38
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TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
Livros do Novo Testamento (157)
Neste ar tigo iniciamos
um estudo sobre as grandes
temáticas teológicas da Carta
aos Romanos. Estes conteúdos
irão infuenciar o desenvol-
vimento do cristianismo e a
criação do protestantismo no
século XVI. A teologia dogmá-
tica explorará as inteligências
das afirmações contidas nesta
carta monumental.
CRIAÇÃO, MONOTEÍSMO E
MORAL
A ira de Deus se manifesta
do alto do céu contra toda
a impiedade e perversida-
de dos homens, que pela
injustiça aprisionam a
verdade. Porquanto o que
se pode conhecer de Deus
eles o leem em si mesmos,
pois Deus lhes revelou
com evidência. Desde a
criação do mundo, as per-
feições invisíveis de Deus,
o seu sempiterno poder
e divindade, se tornam
visíveis à inteligência, por
suas obras; de modo que
não se podem escusar.
Porque, conhecendo a
Deus, não o glorif ica-
ram como Deus, nem
lhe deram graças. Pelo
contrário, extraviaram-
-se em seus vãos pensa-
mentos, e se lhes obscure-
ceu o coração insensato.
Pretendendo-se sábios,
tornaram-se estultos.
Mudaram a majestade de
Deus incorruptível em
representações e figuras
de homem corruptível,
de aves, quadrúpedes e
répteis. Por isso, Deus
os entregou aos dese-
jos dos seus corações, à
imundície, de modo que
desonraram entre si os
próprios corpos. Troca-
ram a verdade de Deus
pela mentira, e adoraram
e ser viram à criatura
em vez do Criador, que
é bendito pelos séculos.
Amém! Por isso, Deus os
entregou a paixões vergo-
nhosas: as suas mulheres
mudaram as relações na-
turais em relações contra
a natureza (Rm 1, 18-16).
Logo no início da Carta,
S. Paulo expõe uma doutrina
judaico-cristã sobre temas
fundamentais que caracteri-
zam o pensamento cristão e o
diferencia dos pagãos. Trata-
-se de estabelecer relações
entre a teologia da Criação, o
monoteísmo e a sexualidade
humana.
O cristianismo de Paulo,
que tem origem na cultura
helenística, e portanto, pagã,
assume os verdadeiros va-
lores da Revelação, aqueles
do monoteísmo e da criação.
Em decorrência há uma ética
sexual que promana do ato
criador, que se refere aos seres
humanos criados por Deus à
sua Imagem e Semelhança.
A ira de Deus se ma-
nifesta do alto do céu
contra toda a impiedade
e perversidade dos ho-
mens, que pela injustiça
aprisionam a verdade.
Porquanto o que se pode
conhecer de Deus eles o
leem em si mesmos, pois
Deus lhes revelou com
evidência.
O aprisionamento da ver-
dade é a mais cruel injustiça
que amaldiçoa os homens e
libera a Ira Divina sobre a
Criação. Trata-se da noção
de pecado, como perversão
da vontade, que conhecendo
a Verdade, a nega e distorçe.
O termo ‘impiedade’ indica
A Criação de Adão, considerada uma das obras-primas do pintor italiano Michelangelo
ao menos dois elementos: de
um lado, a indiferença em re-
lação ao dever da Latria divina,
ignorar a Glória de Deus que
exige adoração e glorificação
da parte dos Homens. Do
outro, a idolatria, que oferece
latria às coisas criadas por
Deus. Esta temática será de-
senvolvida nesta unidade.
A teologia desde o início
percebeu aqui o Dogma da Re-
velação Natural, que norteia
toda inteligência a reconhecer
a Glória do Deus Único na
Criação:
Deus lhes revelou com
evidência. Desde a cria-
ção do mundo, as perfei-
ções invisíveis de Deus,
o seu sempiterno poder
e divindade, se tornam
visíveis à inteligência, por
suas obras; de modo que
não se podem escusar.
Deus evidenciou sua Auto-
Comunicação na Criação. Pela
beleza, pelas leis (naturais),
pela harmonia do Criado os
Homens têm diante da sua
razão o significado último
das coisas, que remete ao seu
Criador, e assim, gera o Conhe-
cimento inequívoco de Deus.
ESTUDO BÍBLICO
A Criação é o primeiro
cenário do verdadeiro co-
nhecimento de Deus, isto é,
da sua Revelação. Este tema
já se testemunha nos livros
sapienciais, em particular
no l iv ro da S abedor ia. O
Mundo exprime os ‘vestigia
Dei’, pela contemplação do
mundo, como Criação a razão
pode atingir a Existência de
Deus, seg ura e universal-
mente.
S. Paulo é enfático ao afir-
mar que a Glória de Deus era
plenamente ‘visível à inteli-
gência’, e por isso, os pagãos
não tinham como escusar-
-se em afirmar e verdadeira
Identidade Divina e adorar
somente ao Deus Único (Deus
de Israel).
Porque, conhecendo a
Deus, não o glorif ica-
ram como Deus, nem
lhe deram graças. Pelo
contrário, extraviaram-
-se em seus vãos pensa-
mentos, e se lhes obscure-
ceu o coração insensato.
Pretendendo-se sábios,
tornaram-se estultos.
Mudaram a majestade de
Deus incorruptível em
representações e figuras
33
WIKIPEDIA
de homem corruptível,
de aves, quadrúpedes e
répteis.
O paganismo e a decorren-
te idolatria que se segue ao
erro são incompatíveis com
a inteligência humana, apta
pelo Criador a reconhecer e a
adorar somente ao Deus Úni-
co e Verdadeiro, através das
coisas criadas.
O paganismo é definido
como ‘vãos pensamentos, e
se lhes obscureceu o coração
insensato.’ Trata-se de pensa-
mentos vazios. S. Paulo quer
demonstrar a inferioridade
da razão grega, filosófica, em
relação à Revelação Divina,
presente e eloquente na Cria-
ção e, portanto, exposta à
inteligência da universalidade
dos Homens. O paganismo é
insensatez humana e indica
a perda do sentido profundo
da razão humana: a adesão à
Verdade.
PADRE PEDRO PAULO
A. SANTOS
DOUTOR EM TEOLOGIA
BÍBLICA
pedosantos@gmail.
com
@pedro.pedropaulo
 34
‘Coração de Pai’ leva mais de 45 mil pessoas aos
cinemas do Brasil e segue em cartaz no mês de São José
Desde a estreia, no dia 4
de março, o filme “Coração de
Pai”, um documentário sobre a
vida de São José, foi exibido em
aproximadamente 180 salas em
todo país e continua em cartaz
em 90 cidades.
Seguindo para a terceira
semana de exibição, o filme
surpreendeu a bilheteria na-
cional. No primeiro dia, o filme
chegou ao top 12, no segundo,
ao top 3 e vem alcançando bons
resultados no Brasil.
Somente nos dias 11 e 12 de
março, quase seis mil pessoas
assistiram ao documentário. Ao
todo, desde o dia 2 de março,
mais de 45 mil já foram conhe-
cer as histórias de testemunho
contadas ao longo do filme.
Produzido pela Goya Pro-
ARQUIDIOCESE
ducciónes, “Coração de Pai”
é uma fotografia histórica do
patrono da Igreja Católica.
Filmado em diversos países, o
longa traz também testemu-
nhos de pessoas que foram
agraciadas com a intercessão
do santo, recebendo milagres
que vão da recomposição
de matrimônios desfeitos a
conversões radicais e curas
impossíveis.
Os exibidores têm aberto
novas sessões, conforme a de-
manda de pedidos. O número
alcançado até então se deve aos
pedidos de devotos que, no mês
em que São José é celebrado, fa-
zem questão de conhecer ainda
mais sobre ele.
A diretora da distribuidora
Kolbe Arte, Angela Morais,
19 A 25 DE MARÇO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
está otimista e diz que o filme
chegou num bom momento.
“A Kolbe Arte tem traba-
lhado constantemente para
que os filmes e documentá-
rios sejam também meios de
evangelização. Escolhemos
o mês de março para falar de
São José, principalmente como
uma forma de homenageá-lo
e presentear os devotos. E deu
certo! Aproveitem enquanto o
filme está em cartaz”.
Logo após as primeiras exibi-
ções, vários testemunhos chega-
ram às redes sociais. “Saí com um
amor ainda maior por São José,
meu pai espiritual”; “Minha ad-
miração por São José só cresceu”;
“Foi muito belo em todo filme portância de caminhar ao lado de na Itália, onde São José apare-
ver testemunhos de conversão”, São José, ele é admirável”. ceu no passado. Na Espanha
“Coração de Pai nos faz ver a im- Até o momento, a exibição comprovou-se a presença es-
de “Coração de Pai” está con- pecial de São José em Toledo,
firmada em 90 cidades, quan- em Ávila e em Barcelona, onde
tidade que deve aumentar nos as filmagens aconteceram tanto
próximos dias. no templo da Sagrada Família,
Para saber em quais cidades como no Santuário de São José
e cinemas continuam as exibi- da Montanha.
ções, basta acessar o site kolbe- O documentário destaca a
arteproducoes.com/catalogo/ especial ‘ação’ de São José em
coracaodepai. nossos dias, justificada pela
atual crise da figura paterna e
SINOPSE pela necessidade de reconstruir
O documentário “Coração a unidade familiar. A figura do
de Pai” é uma viagem em busca patriarca tem sido fortalecida
dos vestígios de São José. Em pelos últimos Papas, desde Pio
aproximadamente um ano de IX, que o nomeou Patrono da
pesquisa, foram selecionados Igreja, até Francisco, que decla-
depoimentos atuais e extraor- rou 2021 como o Ano Jubilar de
dinários de pessoas simples, São José. Francisco revelou que
marcadas pela ação do santo coloca aos pés de sua imagem
em suas vidas. pedacinhos de papel com as
O percurso levou a lugares intenções que lhe são confiadas.
pouco conhecidos, como Co-
tignac, na França, ou Tuscania DA REDAÇÃO
TESTEMUNHO DE FÉ | 19 A 25 DE MARÇO DE 2023
ANIMADORES PAROQUIAIS
19/03 - Hilda K. de Souza
24/03 - Carlindo F. do Nascimento
AMIGOS
19 DE MARÇO
São José
•  Abigail Ramos
•  Ana Lucia da Silva
•  Carmen Maria C. Menezes
•  Claudia de Senna D. Carvalho
•  Dario Pereira C. Cardoso Filho
•  Elizabete Martins M. dos Santos
•  Elza de Souza Viana
•  Fernanda Santos Aires Pereira
•  Izabel Soares Affonso
•  José Francisco Paixão Barbosa
•  José Oliveira da Silva
•  José Paulo Piqué Farias
•  José Quirino da Silva
•  José Rosemberg Rocha
•  Josélia Maria dos S. Cândido
•  Lela Faraj Delmas
•  Lucilia Gonçalves Pires
•  Marcos Antonio Vargas
•  Maria Antonia Degani Machado
•  Maria Corrêa França
•  Maria de Lourdes Vieira
•  Maria do Carmo F. de Souza
•  Maria do Socorro da Silva Silverio
•  Maria José Alves Soares
•  Maria José da Silva
•  Maria José de Sousa Gomes
•  Maria José Fernandes Vianna
•  Maria José Ferreira da Silva Xisto
•  Maria José Guerson Deulefeu
•  Maria José Izahias M. Couto
•  Maria José Paula A. Barreto
•  Maria José Ramos da Silva
•  Maria José Rego Teixeira
•  Maria José Rosa
•  Maria José Soares Rodrigues
•  Rita Maria dos S. Sacramento
•  Rogeria Monteiro Rubim
•  Rosemary Rodrigues
•  Sandra Regina Ribeiro Pinheiro
•  Severina Manoel da Silva
•  Sonia Regina Cândido
•  Tania Suely Silva Andrade
20 DE MARÇO
São Martinho de Braga, Bispo
•  Adelia Silverio
•  Alice Laurentino de Melo
•  Amair de Souza Xavier
•  Amancio dos Santos Fonseca
•  Armita dos Santos Gomes
•  Carlos Roberto de Carvalho
•  Carolina L. Saraiva Pêcego
•  Claudia Lucia Moraes
•  Cleia da Conceição
•  Conceição Passos da Silva
•  Danielle de Jesus M. S.Andrade
•  Elenir Maria dos Santos Silva
•  Emmanuel Macedo Tavares
•  Eny Ribeiro do Carmo
•  Fátima Cristina C. Silva Barros
•  Francisca Lourenço Rodrigues
•  Helio da Rocha Pinto
•  Iranilva Limeira dos S. Silva
•  Josefa Correia do Nascimento
•  Luci de Ascencao Soares
•  Maria Alice Benatto
•  Maria Aparecida Gomes da Silva
•  Maria da Glória Correa Cunha
•  Martinha Monroe dos Santos
•  Martinho da Silva
•  Naldemir Pessanha das Dores
•  Paula Fracinete de Araujo
•  Paulo Roberto de Oliveira
•  Roberto Macedo de Oliveira
•  Rosimira de Melo da Silva
•  Selma Correa da Silva
•  Sonia Maria de Oliveira Soares
•  Suely Pereira da Silva
•  Suzana Berta Ciarla
•  Suzana Vergaças Rodrigues
•  Tony José dos Santos Barros
•  Vera Lucia Monte
•  Wanderney P. Figueiredo
21 DE MARÇO
São Nicolau de Flue, Confessor
•  Alice Pires da Costa Correia
•  Ana Maria dos Santos Oliveira
•  Anderson dos Santos Ferreira
•  Anizia Maria Palmeira Santos
•  Aparecida Maria do Bonfim
•  Celia de Fátima Monteiro
•  Cleria Simonato Grillo
•  Delza Rocha Marcos
•  Deraldinha Nunes dos Santos
•  Esmeralda Nazaré da Costa
•  Eugenia S. Oliveira Santos
•  Eva Maria Rodrigues
•  Gilssara Leopoldina Gremião
•  Helena da Silva Moraes
•  Idaly Paiva Sanches
•  Ivanilda da Silva Araujo
•  José de Oliveira Natario
•  Jurema Sobral de Melo
•  Karen Moreira H. Carvalho
•  Laurinda F. Santos Silvestre
•  Leonardo Soares de Oliveira
•  Liege Martins Pereira Cordeiro
•  Lucia Helena Passidomo Aranha
•  Luiza Maria Estácio Marques
•  Manoel dos Santos
•  Margareth B. Nunes de Melo
•  Maria Aparecida de Oliveira Leite
•  Maria Auxiliadora Batista
•  Maria C. Lima Antunes
•  Maria da Natividade Silva Pogili
•  Maria da Penha M. Almeida
•  Maria José da Silva Morgado
•  Maria José de Almeida
•  Maria José Ribeiro da Silva
•  Marisa Vianna Salomão
•  Mauro Gomes de Andrade
•  Nelma Maria Mendonça Neto
•  Onoilda Sebastiana Barros
•  Orminda do C. Ferreira Barone
•  Patricia D’Avila Freitas
•  Paulo Sergio Siqueira Bastos
•  Roberto Gomes da Silva
•  Silvia Moreira Loterio
•  Sueli Borges da Silva
•  Thereza Cristina D. E. dos Santos
•  Victória Regia Serrano Nonato
•  Vivian Coelho da Silva Coelho
22 DE MARÇO
Santa Léia, Viúva
•  Ana Lucia da Silva
•  Ana Martha da Silva
•  Bárbara Maria Gambardella
•  Domenica Marcolino
•  Elaine Monteiro de Carvalho
•  Esmeralda Bergami de Farias
•  Francinete Pinto M. Pinho
•  Geisa Cristina C. M. Barbosa
•  Geni de Gouvea R. Pimenta
•  Graça Elizabeth C. F. Romeiro
•  Ivonise C. Santos de Jesus
•  João da Silva Sousa
•  Katia Cristina Guedes da Silva
•  Katia Maria Miguel Bittencourt
•  Maria Aparecida Figueiredo
•  Maria da C. Silva Farraia Reis
•  Maria da Graça Silva
•  Maria de Fátima Avila da Silva
•  Maria de L. Silva de Carvalho
•  Maria de Lourdes Pereira Alves
•  Maria do Carmo Rodrigues
•  Maria Elza da Silva Soares
•  Maria José de Oliveira Barcelos
•  Maria José Santos da Silva
•  Maria Lucia E. S. Rodrigues
•  Maria Regina Duarte Mapurunga
•  Maria Regina I. da Silva Veloso
•  Maria Terezinha de Jesus Silva
•  Mariano Chagas Correia
•  Marlene Vilarinho da Silva
•  Marli Rodrigues Barbosa
•  Marly Figueiredo Freitas
•  Natanael Francisco das Chagas
•  Olivia Fernandes de Almeida
•  Paulo Geraldo da Silva
•  Pedro Martins Machado
•  Raimunda das Dores Almeida
•  Rônie Gabriel Ferreira
•  Sandra Maria da Silva
•  Sueli de Souza Lessa
•  Suely Pereira B. da Silva
ESPAÇO OUVINTE
23 DE MARÇO
São Turíbio de Mogrovejo, Bispo e
Confessor
•  Alexander Rogusque
•  Amélia Nicolina Cândido Costa
•  Ana Claudia de A. Palermo
•  Aurora da Conceiçao Loureiro
•  Elza Rabello Terrão
•  Eric Bruce Moreira
•  Fátima Azeredo Monteiro
•  Gizele Maria Marques Rabelo
•  Glayr do Nascimento Bastos
•  Guilherme José de Amarante
•  Iara Sousa da Nunciação
•  João Almeida Ferreira
•  Joilma Soares Pereira
•  José Gomes Lourenço
•  Kelly Cristina Gomes Carvalho
•  Leandro Soares A. de Barcelos
•  Lucia Helena P. Martins Barroso
•  Lygia Rosa Peixoto Germano
•  Maria Aparecida Prado Leitão
•  Maria Céu da Costa
•  Maria das Graças dos Santos
•  Maria Iraci de Almeida Duarte
•  Maria José dos Santos Silva
•  Miguel Cardoso Souza da Silva
•  Odilea de Freitas Vieira
•  Patrícia Silva Rodrigues
•  Rosa Maria Pinto Soares
•  Rosana Claudia da Silva Porto
•  Severina Ramos do Carmo
•  Sonia Maria Tohy Porto
•  Therese Gebara
•  Vanisi de Oliveira Lopes
•  Vivian Victoria N. Carvalho
24 DE MARÇO
Santa Catarina da Suécia, Virgem
•  Adriana B. Santos Costa
•  Albertina de Jesus C. Morgado
•  Alcidea R. Dias Gonçalves
•  Amélia Cruz Moreira
•  Cintia Amara do Santos Costa
•  Claudio Gomes de Melo
•  Cledimar Maria Alves
•  Dalva Correa de Sousa
•  Edir Ferreira de Souza
•  Emília Moreira T.- Oliveira
•  Gerciete Pereira Losa
•  Ignez Mendonça Batista
•  Janice Pereira da Silva
•  Jorge de Souza Lima
•  Josefa Batista Carvalho
•  Leila da Paz Dias
•  Lucia Lopes Correa
•  Manoel Edvaldo da Silva
•  Maralucia da Silva Bello
•  Maria Aparecida da C. Paiva
•  Maria de Lourdes Vilela Amador
•  Maria Helena Hofmann
•  Maria Izabel B. de Carvalho
35
•  Maria José Monteiro de Souza
•  Maria Lucia Gomes da Cunha
•  Maria Madalena Silva Araujo
•  Maria Serratt de Souza
•  Nayson Pareira Gasparini
•  Noíza Menezes de Barros
•  Olga Lucia Peixoto da Rocha
•  Pedro Marcio de Souza Xavier
•  Rosimere Sampaio S. Santos
•  Sandra Lopes da Cruz Reis
•  Severino Alves de Oliveira
•  Vanilda Antonio Saturnino
•  Vera Lucia Q. Azevedo Feio
25 DE MARÇO
Anunciação do Senhor
•  Ana Cristina Fructuoso
•  Ana Pereira dos Santos
•  Antoninha Maria da Silva
•  Apparecida de Lourdes Nani
•  Camila Lopes Bezerra
•  Catarina de Almeida Moreira
•  Daniela Conceição S. Azevedo
•  Doris Mendes
•  Eliete Almeida de Andrade
•  Elizabeth Flores R. de Nader
•  Elza da Silva Nunes
•  Elza Maria Gheller
•  Florismar Parabel Souza
•  Francisca Marques de Morais
•  Geisimar de O. B. S. de Mello
•  Giseli Marie Rubiannes Lima
•  Ines Ferreira da Rocha
•  Jorge Alberto da Silva Reis
•  José Calixto da Silva
•  Lia Rocha de Souza
•  Luci dos Santos Silva
•  Luciana Cruz de Araujo
•  Marcos José de Sousa Mendes
•  Maria Adelia Tavares Correia
•  Maria Aurora Pimenta Boaretto
•  Maria Celeste Rodrigues Tavares
•  Maria da A. Amaral Dias
•  Maria da Conceiçao Vaz Martins
•  Maria de Lourdes Luciano Pinto
•  Maria dos P. Rodrigues Beirao
•  Maria Eugenia Leite
•  Maria Mendes
•  Maria Therezinha C. R. Gomes
•  Mario dos Santos
•  Marita da C. Arruda Batista
•  Mirian Cristina Ogawwa
•  Nilton Francisco dos Anjos
•  Paulo Roberto Dias
•  Rejane B. Almeida Rodrigues
•  Rosilda Oliveira Santos
•  Sandra Maria de Oliveira Lima
•  Silvia Regina dos Santos
•  Teresa Valladão Fernandes
•  Valeria dos Santos Verdial
•  Vera Lucia da Graça
•  Walquiria Botelho da Silva
•  Zélia Vieira Ribeiro
 Ser Amigo da Rádio é reconhecer que temos uma dívida de amor para com Deus,
que nunca se deixa vencer em generosidade (Malaquias – 3,10)

Ser Amigo da Rádio é também ser um evangelizador. É contribuir para que outras
pessoas tenham acesso às graças que você tem recebido por ouvir a Rádio Catedral.

Só doa quem ama; quem não quer guardar só para si as bênçãos de Deus.

Seja um fiel Amigo da Rádio Catedral e divulgue a nossa emissora entre os seus amigos,
colegas, familiares, conhecidos.

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