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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 374 | JANEIRO DE 2021

“A Esperança é uma
virtude obrigatória para
todo cristão”
[Papa João Paulo I]
expediente
Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO

Editor
DIÁCONO
JORGE AMÉRICO DE OLIVEIRA JUNIOR

Equipe de produção
ANTÔNIO CARLOS FERNANDES
DANIELA FREITAS DA SILVA
EVANDRO LÚCIO CORRÊA
JOSÉ EDUARDO DUARTE
LUCIANA OLIVEIRA MEZETTI SILVA
MARIA ELIETE CASSIANO MOREIRA
MARIVALDA CEZÁRIO SANTOS TOBIAS
MESSIAS DONIZETE FALEIROS
ROBERTO CAMILO ÓRFÃO MORAIS
SIMARA APARECIDA TOTI
VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA

Revisão
VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA

Telefone
35 3551.1013

E-mail
guaxupe.ascom@gmail.com

Os Artigos assinados não representam necessariamente a opi-


nião do Jornal.

Uma Publicação da Diocese de Guaxupé

www.guaxupe.org.br
editorial

O
ser humano, em geral, é movido por dois olhares: o do pas-
sado e o do futuro. Através desses dois olhares o ser huma-
no pauta a sua vida e as suas relações. O passado tem força
de determinar o futuro? E o futuro é consequência do passado?

Pois bem, o passado é um presente que ficou para trás


em questão de segundos. O presente sempre se renova. Já o
passado é imutável, escapa à compreensão possessiva do ser
humano achar-se sempre o dono da razão.

O passado para algumas pessoas está bem longe, outras


querem esquecê-lo, e ainda existem pessoas que se lembram
dele com nostalgia. O passado confronta, causa medo, entris-
tece, e ainda, para alguns é motivo de esperança. Peça a uma
pessoa idosa de sua família para descrever um episódio feliz
que teve com o seu pai na infância. Essa pessoa certamente
olhará para o passado com felicidade.

Assim também é o futuro: marcado por incertezas, dúvidas


e medo. Existem pessoas que possuem pavor do futuro devido
às marcas do passado. Essas pessoas precisam voltar a acre-
ditar que tudo tem jeito! Os melhores professores são as crian-
ças. Experimente perguntar a uma criança como ela enxerga o
futuro. É incrível! E o mais bonito é que ela associa o futuro ao
sonho. E ela sonha no tempo presente! Ela sabe disso.

Enfim, o passado é imutável. Ele servirá apenas de lembran-


ça. Ainda que as lembranças causem um pouco de incômodo. E
o futuro? Escapa às nossas mãos como a água por entre os de-
dos. O que nos resta é o presente! O passado será sempre uma
lembrança e o futuro um sonho de um presente bem dormido.

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Dom José Lanza Neto,
Bispo da Diocese de Guaxupé

voz do pastor
2021: O ANO DA ESPERANÇA

A
o começarmos este ano, é fundamental buscarmos nas
virtudes teologais as verdadeiras metas de fé para nos-
sa caminhada: Fé, Esperança e Caridade. A cada tempo,
deveríamos compreender e nos aprofundar nessas virtudes.

Denominamos o Ano Novo como Ano da Esperança, pois


buscamos superar a dureza do momento difícil que passamos
em 2020. Diante de incertezas e situações desafiadoras, somos
sempre abalados e isso nos leva a um profundo questionamen-
to do porquê das coisas acontecerem de um modo ou de outro.
O momento atual clama por um ano que nos traga mais alívio e
alegria, sobretudo, esperança.

Para tal, é preciso mergulhar nas profundezas do Espíri-


to Santo de Deus, que nos dá a inteligência e o entendimento,
para encontrarmos as respostas que buscamos nas Escrituras
Sagradas e no Magistério da Igreja.

Ao nos inspirarmos no Salmo (40, 2), por exemplo, senti-


mos brotar a confiança: “Esperando esperei no Senhor. E Ele se
inclinou para mim e ouviu o meu clamor”.

Assim, também, ocorre na carta encíclica Spe Salvi, do Papa


Emérito Bento XVI, onde há uma bela reflexão: “Primeiro e es-
sencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração. Quan-
do já ninguém me escuta, Deus ainda me ouve. Quando já não
posso falar com ninguém, nem invocar mais ninguém, a Deus
sempre posso falar. Se não há mais ninguém que me possa aju-
dar – por tratar-se de uma necessidade ou de uma expectativa
que supera a capacidade humana de esperar – Ele pode ajudar-
-me. Se me encontro confinado numa extrema solidão...o orante
jamais está totalmente só” (SS 32).

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O Papa traz num trecho a seguir o emocionante testemu-
nho do Cardeal Nguyên Van Thuân. “Dos seus 13 anos de prisão,
9 dos quais em isolamento, o inesquecível Cardeal Nguyên Van
Thuân deixou-nos um livrinho precioso: Orações de esperança.
Durante 13 anos de prisão, numa situação de desespero apa-
rentemente total, a escuta de Deus, o poder falar-Lhe, tornou-se
para ele uma força crescente de esperança, que, depois da sua
libertação, lhe permitiu ser para os homens em todo o mundo
uma testemunha da esperança, daquela grande esperança que
não declina, mesmo nas noites da solidão” (SS 32).

Uma imagem do cotidiano que nos exemplifica a verdadei-


ra esperança é a vida do agricultor, a cada ano, o trabalhador se
mostra esperançoso de novas colheitas e, consequentemente,
mais segurança e bem-estar para sua família. O agricultor conta
com várias expectativas, porque sua futura colheita dependerá
da qualidade do terreno, do desenvolvimento da boa semente,
das condições climáticas e, só assim, poderá ter uma projeção
de seus frutos, que ainda dependerão de bons negócios no mer-
cado.

Desejamos um ano de verdadeira esperança com dias me-


lhores, marcados pela paz e a justiça. Recordamos também de
uma homilia em que o Papa Francisco nos lembra: “A esperança
precisa de paciência, assim como precisa ter esperança para
ver crescer a semente de mostarda. É a paciência de saber que
nós semeamos, mas é Deus que faz crescer”.

A todos um feliz e abençoado Ano Novo!

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Simara Toti é psicóloga e leiga

os santos também riem


SÃO FELIPE NERI

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O
s santos são pessoas marcadas pelas virtudes, uma de-
las é a alegria. São Paulo em sua carta aos Filipenses
diz: “alegrai-vos sempre no senhor! Repito, alegrai-vos!”.

Em vista disso, temos a história de um menino que nasceu


em Florença, foi para Roma, tornou-se sacerdote e teve sua vida
marcada pelo bom humor. Esse sacerdote é São Felipe Neri, pa-
droeiro dos comediantes.

Certa vez, o santo percebeu que em todas as missas, após


a comunhão, um homem se levantava e ia embora sem fazer seu
momento de ação de graças, observando essa situação, padre
Felipe começou a pensar como poderia explicá-lo sobre pre-
sença real de Jesus na eucaristia. Um dia, ele deu uma missão
a dois coroinhas: acompanhar aquele homem com velas após a
sua comunhão.

E foi isso que fizeram, quando o senhor saiu da igreja, os


dois meninos começaram a andar ao seu lado com velas. Intriga-
do, o homem começou a questionar o porquê aquelas crianças
estavam ao seu lado, e ao voltar para a igreja o homem encon-
trou o padre Felipe rindo da situação. Sendo assim, o padre ex-
plicou o motivo, pois quis mostrar ao homem que após receber
a Eucaristia, Jesus se fazia presente nele, e por isso devia ter
mais respeito ao comungar.

Outro fato engraçado de São Felipe Neri é a história da


água benta: certo dia, o santo resolveu misturar tinta com água,
pois queria que as pessoas ao se benzerem, ficassem com o si-
nal marcado. Diante dessas histórias, é possível perceber que a
alegria rodeia pessoas de fé. Uma pessoa convicta naquilo que
acredita é sempre uma pessoa feliz.

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Evandro Lúcio Corrêa é graduado em Marketing e Administração e
pós-graduado em Gestão Pública

opinião
A TECNOLOGIA
A SERVIÇO DA FÉ

A
tualmente a tecnologia torna-se cada vez mais presente
na vida dos seres humanos, por meio das diversas finali-
dades, podendo ser utilizada para promover guerras, es-
palhar mentiras, capacitar pessoas, estabelecer a comunicação,
enfim, ela está presente em tudo.

Esta propagação da tecnologia traz consigo grandes preo-


cupações, pois qualquer criança tem acesso aos mais diversos
conteúdos, bons ou ruins, então direcionar a utilização para um
uso benéfico e saudável deve ser uma responsabilidade de to-
dos.

A Igreja já utilizava de diversos meios tecnológicos para


propagar os ensinamentos e a Palavra de Deus, porém durante
este período de pandemia constatou-se que estas ferramentas
atuais da humanidade podem sim, ser grandes aliadas das pa-
róquias de todo o mundo.

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Em tempos de isolamento social, foram as redes sociais e
aplicativos os principais responsáveis pelo não rompimento do
elo entre igrejas e fiéis, onde mesmo ocorrendo a ausência física
das pessoas na Igreja, a tecnologia permitiu que missas pudes-
sem chegar a todos, que reuniões acontecessem e os grupos
pudessem orar juntos.

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Equipe de Produção do Jornal Comunhão

igreja em ação
TRÊS NOVOS DIÁCONOS

N
a Festa de Santa Maria de Guadalupe, imperatriz das
Américas, a Diocese de Guaxupé ganha três novos diá-
conos: Filipe Zanetti, Gustavo Henrique e Jorge Américo.

A solene Eucaristia aconteceu em Guaxupé /MG, Sé do Bis-


pado, na Catedral Nossa Senhora das Dores, às 09h da manhã.

Devido à pandemia, a celebração contou com a presença


de um número reduzido de 150 pessoas, dentre elas, alguns pa-
dres, seminaristas, religiosos, representantes das diversas co-
munidades.

Em sua homilia, Dom José Lanza destacou a importância


da Virgem Maria em seus diversos títulos ressaltando com gran-
de ênfase a história de Nossa Senhora de Guadalupe.

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Pe. Rovilson Angelo da Silva é pároco da Paróquia Nossa Senhora da
Assunção em Cabo Verde /MG e Assessor Diocesano da Pascom

em pauta
A IGREJA E O MUNDO
CAMINHAM JUNTOS PELA VIA
DA ESPERANÇA

E
is que adentramos em um novo ano, com a firme certeza
de que Deus é o nosso guia, sua bondade resplandece no
coração dos seus filhos, para juntos iniciarmos essa nova
jornada com muita fé, e, sobretudo trazendo a ousadia de avan-
çarmos para águas mais profundas, conforme Jesus nos pede
(Lc 11, 4). Pois, como discípulos e missionários do Senhor, a Igre-
ja, conta com cada um de nós, para refletirmos a alegria do Rei-
no de Deus, presente no mundo.

Realmente a temática de nossa reflexão nos deixa claro,


que, a via para a realização dessa junção entre Igreja e o mun-
do, nasce justamente por acreditarmos que é possível fazer a

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diferença num mundo tão conturbado, marcado por incertezas,
insensibilidades e decepções. Os bispos reunidos na V Confe-
rência de Aparecida em 2007, afirmam que: “A Igreja, que, par-
ticipa dos gozos e esperanças, das tristezas e alegrias de seus
filhos, quer caminhar ao seu lado neste período de tantos desa-
fios, para infundir-lhes sempre esperança e consolo” (DAp, 16).
Ou Seja, não estamos sozinhos nessa jornada árdua.

Nesse sentido a Igreja, por meio do viés da esperança exer-


ce o papel de deixar resplandecer os valores do Reino de Deus,
através dos discípulos do tempo presente, que, na mesma pro-
porção dos discípulos escolhidos pelo próprio mestre (Lc 6, 13)
são chamados a anunciarem a todos os povos, na esperança
da presença perpétua do Ressuscitado (Mt 28, 19-20). A missão
da Igreja é justamente o advento do Reino de Deus e contribuir,
para que todos deem a ele sua adesão. A Igreja é realização do
Reino de Deus, mas ele vai além de suas fronteiras.

A Igreja e o mundo caminham juntos, certos de que todo


batizado membro ativo da Igreja de Cristo é chamado a não se
compactuar com aquilo que é contraditório ao Evangelho dei-
xado pelo Mestre. Pois, Jesus nos deixou claro, que, nós não
somos desse mundo, mas o mundo nos escolheu (Jo 15, 19),
para que possamos propagar a Boa Nova, semeando o amor, e,
sobretudo no esforço de resgatar as outras ovelhas que não são
desse redil, para que assim possam escutar a voz do Bom Pas-
tor (Jo 10, 16). Sendo assim, a Igreja pretende ecoar no coração
do mundo, as coisas boas que por vezes ficam abafadas. Bem
como dons e talentos espalhados pelo mundo.

O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen


Gentium, capítulo 1 sobre a Igreja diz: “Igreja, em Cristo, é como

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que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com
Deus e da unidade de todo o gênero humano (...). E as condições
do nosso tempo tornam ainda mais urgentes este dever da Igre-
ja, para que deste modo os homens todos, hoje mais estreita-
mente ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, téc-
nicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo”.
A Igreja como esse sacramento de salvação por meio dos fiéis
deve deixar transparecer a luz de Cristo. Ou seja, Ele é quem
deve aparecer, a fim de que tudo aquilo que esteja nas trevas
possa vir à luz e iluminar o mundo”.

Os cristãos inseridos no mundo não podem interpretá-lo


como aliado, pelo contrário os fiéis são chamados a rezarem
pela conversão do mundo e pela vinda do Reino de Deus, para
que o mundo seja salvo. É por isso, que não podemos esquecer
que o Autor e Criador do mundo é Aquele que também criou a
humanidade, mas também criou o mundo (Gn 1, 10). “No princí-
pio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por
ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1, 1-3). Que o Verbo Encarnado,
seja a nossa esperança para continuarmos nossa missão aqui
nessa terra, fazendo sempre a diferença.

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Maria Eliete C. Moreira é pedagoga e leiga da Paróquia Nossa Senhora
Aparecida, Alfenas/MG

os leigos
A INVIOLÁVEL
DIGNIDADE DA MULHER

A
s mulheres leigas formam a maioria expressiva do povo de
Deus, a Igreja sempre pôde contar com as mulheres ocu-
pando espaços importantes na coordenação das comuni-
dades, na liturgia, na elaboração teológica, no acompanhamento
espiritual, entre outros.

É importante reconhecer o valor e o esforço de cada mulher


para estar à frente de trabalhos tão necessários, porém é impres-
cindível o reconhecimento de sua dignidade.

Então, para reforçar este ideal, o Papa João Paulo II diz em


sua Carta Apostólica “Jesus de Nazaré confirma essa dignidade,
recorda-a, renova-a e faz dela um conteúdo do Evangelho e da
Redenção para a qual é enviado ao mundo. É preciso, pois, intro-
duzir na dimensão do mistério pascal toda palavra e todo gesto

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de Cristo que se referem à mulher” (MD).

Sendo assim, nós mulheres e leigas, somos convidadas a


participar de nossa comunidade paroquial colocando os nossos
dons e carismas a serviço do reino de Deus e dos irmãos de forma
expressiva e significativa.

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Simara Toti e Marivalda Tobias são graduadas em Psicologia

fé e saúde
ANSIEDADE
EM TEMPOS DE PANDEMIA

C
om o surgimento da pandemia, o cenário mundial se mos-
tra incontrolável e sem previsão futura, o que pode desen-
cadear episódios ansiosos na maioria da população, já que,
a ansiedade é um estado emocional de apreensão voltado para o
futuro em que a mente cria fantasias negativas.

Esse estado é, geralmente, acompanhado de alguns sinto-


mas como: pensamentos acelerados, irritabilidade, dificuldade de
concentração, fadiga, humor rebaixado, entre outros. Passa a ser
patológico, quando são exagerados, desproporcionais e constan-
tes. Nesse caso é necessário buscar ajuda de um profissional da
saúde (psiquiatra ou psicólogo).

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Como prevenção à ansiedade nesse tempo específico é re-
comendado manter o contato, mesmo que virtual, com pessoas
próximas; manter-se ocupado com coisas saudáveis; fazer ativida-
de física; cuidar da saúde do corpo e do espírito. Vale lembrar que
a espiritualidade tem papel importante nesse aspecto.

Em se tratando de espiritualidade, há uma riqueza imensa de


formas de manifestação. Segue abaixo um relato de como a espi-
ritualidade tem auxiliado pessoas a lidar com a ansiedade nesse
tempo de pandemia.

“Estar em meio ao processo de pandemia, tem me proporcio-


nado um “olhar para dentro”, algo que toda distração do cotidiano
não me era permitido realizar. E, esse “olhar para dentro” trouxe
questionamentos, mudança de foco e alteração de perspectivas,
que até então eram sólidas. Entretanto, diante de toda pressão
exterior e o interior sendo remexido, a ansiedade se fez presente,
por causa do novo que se estabelecia no exterior e também do
velho que queria dar lugar ao novo e estava e continua fazendo
ressignificações no interior.

Diante disso, como se organizar? Como não perder sua es-


sência? Digo, com toda certeza, apenas pela fé, pelo exercício di-
ário de pensar que não estou só, de que Deus se faz presente
nas pequenas e nas grandes coisas. Mesmo que as derrotas se
façam presentes ou até mesmo a incerteza por mudar o foco, o
caminho... mesmo assim há aprendizado, há um Deus que não se
cansa de me cuidar”.

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José Eduardo é graduado em Gestão Financeira

símbolos
A POMBA BRANCA DA PAZ

A
simbologia da pomba como mensageira da paz remonta
ao livro do Gênesis; “Então Noé enviou uma pomba, que
não encontrando nenhum lugar para pousar voltou para a
arca. Sete dias depois Noé enviou novamente a pomba que vol-
tou com um ramo de oliveira no bico, demonstrando assim que a
paz entre Deus e a humanidade estava reestabelecida”.

E hoje será que estamos em paz com Deus?

E nossas crianças sem perspectivas de um futuro melhor? E


nossos idosos, muitos vivendo no abandono? E em meio da pande-
mia defendemos a vida ou o capital? Fomos solidários com quem
teve fome? Ficamos na zona de conforto ou saímos em missão
como faria Cristo se estivesse aqui hoje em sua vida terrena?

A Campanha da Fraternidade 2009 dizia “A Paz é fruto da


Justiça”, sejamos nós justos e também mensageiros da paz.

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rezando pelas vocações
CONHEÇA A HISTÓRIA DO
SEMINARISTA JOÃO PAULO

S
ou João Paulo de Morais e nasci no dia 17/09/2001, em São
Sebastião do Paraíso-MG. Desde pequeno, junto à minha
família, frequento a comunidade paroquial, na qual cresci
e, pela graça de Deus, me apaixonei cada vez mais pela vida da
Igreja em comunidade. Ao aprofundar a vida de oração e estudos
sobre Jesus Cristo, frequentando assiduamente a Santa Missa e
chegando próximo do término do ensino médio, iniciou uma in-
quietação em meu coração sobre qual vocação seguir. E, em meio

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ao discernimento vocacional, o sacerdócio inquietava o meu co-
ração. O desejo pelo sacerdócio veio ao conhecer mais sobre a
Santa Igreja de Cristo e perceber o quanto o mundo se afastava
cada vez mais de Deus e dos verdadeiros ensinamentos de Cristo.
Ao estar mais presente na vida da paróquia e conhecendo melhor
a história dos santos padres da Igreja, percebi que o Sacerdote
pode mudar a vida da comunidade e que a ação de Deus, por
meio do presbítero, é capaz de salvar muitas almas.

Sendo assim, a vocação sacerdotal me cativou profundamen-


te, pois, assim como diz São Paulo, os presbíteros têm um coração
indiviso e inteiramente dedicado a Deus, cuidando “das coisas do
Senhor e do modo de agradar ao Senhor” (1Cor 7,32). Ao ouvir o
testemunho das pessoas mais simples e humildes da comunida-
de, a qual estima e anseia por pastores zelosos, meu coração ficou
tocado, confirmando que as almas estavam sedentas por Deus e
o quão o sacerdote católico pode mudar a vida das pessoas.

Ao longo da caminhada espiritual, dos encontros vocacio-


nais, do serviço na Igreja e dos estudos, a vocação foi (e continua)
florescendo cada vez mais. E, depois de uma caminhada de dis-
cernimento, aprofundamento vocacional e espiritual, em fevereiro
do ano que passou, eu e mais cinco jovens iniciamos a etapa pro-
pedêutica na Diocese de Guaxupé-MG.

#EuSouUmaVocação #RezePorMim

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Carmem Lúcia D’Andrea é professora bacharel
em Biblioteconomia

fé e política
UTOPIA OU ESPERANÇA?

“Quero a utopia, quero tudo e mais;


quero a felicidade dos olhos de um pai;
quero a alegria, muita gente feliz;
quero que a justiça reine em meu país.
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão;
quero ser a amizade, quero amor, prazer;
quero nossa cidade sempre ensolarada;
os meninos e o povo no poder. Eu quero ver”.
A canção de Milton Nascimento e Fernando Brant relata os
direitos humanos em sua forma autêntica. Usam a poesia para
expressar uma concepção utópica de relações de poder. O que
observamos e vemos em toda a história é um crescimento vi-
ciado, só cresce para os que estão em cima, a classe média se
achatando cada vez mais. Os governos se tornaram reféns do

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mercado, onde concentram riqueza, concentram também a ex-
clusão social, a luta é desigual.

A economia é soberana sobre a política, quem dita as re-


gras é o capital. A dinastia econômica permanece intocável e
reproduz a dinastia política, a democracia intervém na política,
mas respeita com a economia, essa é a tirania do mercado fi-
nanceiro.

Estamos num momento de crise, queda e dor, a maior crise


sanitária do século em meio à crise política e econômica. O que
dizer agora? Tenhamos fé, tenhamos coragem de denunciar as
injustiças, que possamos assumir nas práxis, o evangelho de
Jesus. Sigam o exemplo de Paulo que se opôs a Pedro “aberta-
mente porque ele se tornara digno de censura” (Gal 2, 11).

Pode ser legítimo fazer pressão sobre autoridades romanas,


em espírito de fraternidade cristã, quando elas não aderem ao
espírito do Evangelho e de sua missão (La Repúbblica – Diário
italiano, 2010). É na queda que o barro mostra sua resistência,
essa encruzilhada nos exige decisão, exige crescimento. Crise é
tempo de semear sem pensar na colheita, a fé nasce no terreno
da dúvida. A colheita de Jesus – três mulheres ao pé da cruz,
depois vem a ressurreição e o fruto começa a germinar.

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Pe. Matheus Júnior Pereira é Administrador Paroquial na Paróquia São Benedito
em Petúnia, distrito de Nova Resende/MG

doutrina
CREIO COM A IGREJA

T
alvez a fé para ser genuína, límpida e madura seja sempre
acompanhada do escândalo. Obviamente escândalo como
o próprio Verbo de Deus, causou aos seus contemporâneos.
Sendo pedra de tropeço a muitos. O aderir a fé, na sua essência
se faz junto aos irmãos; superando o individualismo, a massifica-
ção que despersonaliza, a descrença nas Instituições. Uma das
maiores contribuições da fé que foi transmitida pela Igreja, é fazer
a criatura humana se conscientizar de sua condição humana e fi-
liação divina. Resgatando o ser humano das ideologias.

A facilidade em ter meios tecnológicos, aparatos que des-


complicam a vida moderna; desnudaram a realidade de tal modo
que parece que todo o mistério e sacralidade que envolvia o cos-
mos e o ser humano se perdeu, se esvaiu; sobretudo o mistério
que cobre a face, a corporeidade e a vida humana. “A face de um
próximo para mim significa uma responsabilidade inexplicável,
precedente a qualquer consentimento livre, a qualquer pacto, a

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qualquer contrato. A face, com que a responsabilidade se confron-
ta, levanta exigências por sua insignificância, pela sua irrealização
de seu potencial de assumir e portar significados” (Bauman, 2013,
p. 124-125).

A modernidade deixou muitas heranças, algumas benéfi-


cas e outras espinhosas. É legítimo o anseio por uma liberdade,
por justiça e outros valores; porém o eu e sua liberdade voltados
apenas a si mesmos, se dissolvem na libertinagem de um narci-
sismo existencial. Logo, a fé se dissolve em sentimentos, vontade
e fantasias pessoais, desvinculados da escola da fé: Igreja. “A fé é
a resposta da Igreja a Cristo; ela é Igreja na medida em que é ato
de fé. Fé que não é um ato individual, solitário, uma reposta do
indivíduo, mas que significa crer juntos, com toda a Igreja” (Ratzin-
ger, 1985, p. 35).

Os tempos atuais e a cultura recente trazem a marca da


desconfiança nas tradições e Instituições, mormente em razão do
mito do progresso (doutrina que professa que o progresso e a
ciência podem responder todos os problemas da humanidade).
Assim, a fé fica relegada à comprovação científica, às opiniões e
pensamentos pessoais. “É preciso recriar um clima autenticamen-
te católico, reencontrar o sentido da Igreja como Igreja do Senhor,
como espaço real da presença de Deus no mundo. Aquele misté-
rio de que fala o Vaticano II quando escreve estas palavras terri-
velmente comprometedoras e que, no entanto, correspondem a
toda tradição católica: A Igreja, isto é, o reino de Deus já presente
em mistério” (Ratzinger, 1985, p. 31).

Em que medida e até que ponto a humanidade há de crer


em Deus com a Igreja? Esta questão é complexa para uma respos-
ta rápida. Todavia a Igreja não pode trair ao seu divino fundador,

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nem mesmo deixar de colocar a vida humana junto ao Cristocen-
trismo na evangelização. Mas neste difícil equilíbrio entre sua raiz
– doutrinas e práxis – pastoral, se a Esposa do Cordeiro fechar as
suas portas por medo ou covardia, os lobos tomam conta do reba-
nho. E que os sinais dos tempos, sejam de proveito para a tomada
de consciência.

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Gabriel Ribeiro de Oliveira é seminarista

ao redor do altar
O ATO DE ADORAÇÃO

É
o ato religioso fundamental de reconhecimento da divinda-
de de Deus. Para o cristão-católico somente Deus é digno
de adoração (Mt 4, 10).

Jesus Cristo, segunda Pessoa da Trindade, se fez carne e se


dignou fazer-se presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia,
por isso, as espécies consagradas do Pão e do Vinho são adora-
das com toda a dignidade.

Analisando etimologicamente a palavra “adorar” (do latim


Adorare): AD, “a, para”, mais ORARE, “rezar”, derivada de OS,
“boca”. Assim sendo, pode-se defini-la como “para a boca”, ou
seja, comer. Comungar o Pão e Vinho consagrados, com todo res-
peito e piedade, é também um ato de adoração ao Senhor.

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Roberto Camilo Orfão Morais é professor no IF-Campus Machado e
mestre em Educação

espiritualidade
CONTEMPLAÇÃO
NO TEMPO E NA HISTÓRIA

R
evisitar a obra de Thomas Merton, guiado pelo olhar aten-
to e refinado do prof. Sibélius Cefas Pereira em seu livro:
“Thomas Merton: Contemplação no Tempo e na História”, é
algo inspirador! O livro originou-se da tese de doutorado do autor,
como prefaciou o Prof. em Teologia, Faustino Teixeira (UFJF), “é
uma das melhores introduções ao pensamento de Thomas Mer-
ton publicadas no Brasil”.

Ao iniciar a leitura, vem à mente algumas questões: porque


refletir sobre a Contemplação, tendo como referência um monge
que viveu nos EUA, falecido em 1968? Porque pensar espiritua-
lidade em um mundo inundado de informações? Porque refletir

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sobre mística, diante do “crepúsculo e obscuridade” do momento
atual?

Partindo da afirmação de Merton que “O espírito do homem


é um vácuo natural que espera pelo Espírito de Deus”, o autor do
livro demonstra o amadurecimento operado na reflexão do mon-
ge Cisterciense ao longo de sua existência. Nos primeiros tempos
de vida monástica, com uma posição de “negação do mundo”
para uma visão de integração de todos os aspectos da vida, de
compreensão de que a mística só pode ser uma experiência coti-
diana, solidária e de aproximação.

Sibélius realiza um paralelo entre a reflexão de Lévinas, em


seu apelo ético à alteridade (olhar a face do outro), com a mística
de Merton, em ouvir o clamor, o sofrimento do outro, na solitude
da contemplação. Com afirmação de Merton que, “Obedecer a
Deus é corresponder a sua vontade, expressa na necessidade de
outro ser humano, ou é, ao menos, respeitar os direitos alheios”
não é necessário esforço para ver a pertinência dessa reflexão
em tempos atuais.

Apresenta através de citações o que Merton considera equí-


vocos e verdades sobre contemplação: “não pretende ser, e não
pode ser confundida com qualquer espécie de fuga da realidade
(...). Contemplação não é pietismo, não é espiritualismo, não é êx-
tase” mas é sim: “abandono à vontade de Deus. Um esvaziar-se e
um desapego.” Poética e profeticamente é: “viver, como o peixe
na água”, viver simplesmente. Como esclarece Sibélius: “o verda-
deiro poeta está sempre próximo do místico por causa da intui-
ção profética (...), expressando assim, as dores dos homens, bem
como o protesto contra os poderes mundanos”.

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Diante da intolerância, observa-se no pensamento do Monge
Cisterciense o ‘Diálogo’, com a sociedade e a cultura, utilizando a
literatura como ferramenta sapiencial. Na indiferença, encontra-se
a compaixão, onde desapego não se confunde com insensibilida-
de. Frente ao barulho tem-se o silêncio, aproximando os homens
que o ruído separa. No isolamento social, a oportunidade na ‘Soli-
dão’, em desmascarar mitos e, “se manter plenamente acordado.”
No meio ambiente em chamas, apresenta-se uma espiritualidade
que resgata a ‘Sacralidade da Natureza’, inspirada em São Fran-
cisco de Assis, e nas figuras de vanguarda, como Thoreau e Tei-
lhard Chardin – bem destacado pelo autor.

No decorrer da leitura percebe-se que Merton utiliza-se do


paradoxo para refletir: “A contemplação não é visão, pois vê sem
ver e conhece sem conhecer, onde é tocado por aquele que não
tem mão”. Como indica Sibélius, é na dialética que se vive a espi-
ritualidade: “(...) em Merton a oposição transcendência/imanência
é um falso dilema”. Pois que, Fernando Pessoa, escreve: “A reali-
dade é o gesto visível das mãos invisíveis de Deus”.

O livro apresenta, entre muitos ensinamentos de Thomas


Merton, o estar abertos ao mundo, sem cair no secularismo; pois,
faz-se necessária a mantença da “seriedade profética.” Eis o de-
safio que perpassa toda leitura, ou seja, o de “Captar o mistério
no coração da realidade”. O livro é um convite para alteridade e,
intima o rompimento com o “desgaste da compaixão” no tempo e
na história contemporânea!

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comunicações
aniversários janeiro
Natalício
02 Seminarista Samuel José de Almeida
05 Seminarista Luiz Paulo Reis Lopes
05 Padre Gledson Antônio Domingues
10 Padre Alessandro Oliveira Faria
11 Padre José Luiz Gonzaga do Prado
12 Padre Dione Romualdo Ferreira Piza
15 Padre Marcio Alves Pereira
20 Padre Donizete Antônio Garcia
20 Padre Luiz Henrique Sebastião da Silva
24 Diácono Jorge Américo de Oliveira Junior
27 Padre Robervam Martins de Oliveira
28 Seminarista Luiz Gustavo Fernandes Verola Alves
30 Padre Marcos Alexandre Justi

Ordenação
03 Padre Alexandre José Gonçalves
03 Padre Hiansen Vieira Franco
04 Padre Darci Donizetti da Silva
13 Padre Homero Hélio de Oliveira
30 Padre Edimar Mendes Xavier
31 Padre José Neres Lara

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