3 a 9 dezembro de 2023 - Ano XXX - nº 1.

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 2 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

ATOS DO GOVERNO
22 a 28 de novembro de 2023
• Nomeando o Revdo. Pe. Elisan-
dro Iserhard da Silva, SdC para o
ofício de Vigário Forâneo da 1a
Forania do Vicariato Episcopal
Anchieta.
• Nomeando o Revdo. Pe. Sebas-
tião Natal de Rezende para o
ofício de Vigário Forâneo da 1a
Forania do Vicariato Episcopal
Cascadura.
• Nomeando o Revmo. Côn. Mar-
celo Renato Barreto Figueiredo
para o ofício de Vigário Forâneo
da 2a Forania do Vicariato Epis-
copal Cascadura.
• Nomeando o Revdo. Pe. Ale-
xander Prata de Oliveira para o
ofício de Vigário Forâneo da 3a
Forania do Vicariato Episcopal
Cascadura.
• Transferindo o Revdo. Pe. José
Fernando Monsalve Marín
do ofício de Administrador
Paroquial da Paróquia Jesus
de Nazaré, na Maré, Vicariato
Episcopal Leopoldina, para o
ofício de Pároco da referida
Paróquia.
• Transferindo o Revdo. Pe. Pa-
blo Walter Dawabe Broschek
do ofício de Administrador
Paroquial da Paróquia Santo
André, no bairro São Cristóvão,
Vicariato Episcopal Urbano,
para o ofício de Pároco da re-
ferida Paróquia.
• Nomeando o Revdo. Pe. Fr.
Reinaldo Ávila de Moura, OFM-
Cap para o ofício de Vigário
Paroquial na Paróquia São
Sebastião, na Tijuca, Vicariato
Episcopal Norte.
• Concedendo ao Revdo. Pe.
Francisco Reinaldo Gonçalves
Oliveira, Pároco da Paróquia
São Tarcísio, no Recreio dos
Bandeirantes, o mandato para
administrar os sacramentos
da iniciação cristã a seis ca-
tecúmenos e a faculdade de
administrar o sacramento da
Confirmação a dois fiéis, na
Igreja Matriz, no dia 26 de no-
vembro de 2023, Solenidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei
do Universo.
• Concedendo ao Revdo. Pe.
Iago Deodato Abreu, Pároco
da Paróquia São José, em
Barros Filho, a faculdade para
administrar o sacramento da
Confirmação a uma fiel, na
Igreja Paroquial, no dia 26 de
novembro de 2023, Solenidade
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Rei do Universo.
• Concedendo ao Revmo. Pe.
José Brito Terceiro, Pároco da
Paróquia Santa Teresinha do
Menino Jesus, em Botafogo,
o mandato para administrar
os sacramentos da iniciação
cristã a um catecúmeno, na
Igreja Paroquial, no dia 30 de
novembro de 2023.
• Transferindo o Revdo. Diác.
Jacinto Daniel de Moura Brasil
da Paróquia Nossa Senhora da
Apresentação, em Irajá, Vica-
riato Episcopal Madureira, para
exercer o ministério diaconal
na Paróquia Ressurreição, em
Copacabana, Vicariato Episco-
pal Sul.

ANIVERSARIANTES O Jornal Testemunho de Fé congratula-se com todos os aniversariantes desta semana e suas comunidades

NATALÍCIO
DIA 3
• Pe. Renan Pereira da Silva
DIA 4
• Pe. João V. Donadussi Pádua
• Pe. José Laercio de Lima, SJ
• Pe. Placide Okalema Pashi
• Diác. Elias Pereira dos Santos
DIA 5
• Pe. Agnaldo A. de Paula, CM
• Pe. Crisônio Vieira de Souza
• Pe. Daniel N. de Paula
• Pe. Jorge Luiz Sanz Afonso
• Diác. Amaro Roberto Morais
• Diác. Manoel Luiz
DIA 6
• Diác. Gabriel da Cunha Stilpen
DIA 7
• Côn. Jerônimo P. de Almeida
• Pe. Sérgio Luiz Mafra Santos
DIA 8
• Pe. Felipe Xavier de Moraes
• Diác. Carlos Alberto C. Azevedo
• Diác. Cicero Jorge Costa
DIA 9
• Pe. Cristiano Holtz Peixoto
ORDENAÇÃO
DIA 3
• Mons. Carlos A. Nascimento
• Côn. Marcos William Bernardo
• Pe. Alexsandro A. Medeiros
• Pe. Carlos Henrique Müller, SJ
• Pe. David Campos Sevillano
• Pe. Enio José Barbosa
• Pe. Fortunato F. de Araújo
• Pe. Marcioni Cardoso Scheffer
• Pe. Omar Huerta Ramírez
• Pe. Pedro Henrique R.Ribeiro
DIA 4
• Pe. Antônio C. Bezerra Vieira
DIA 5
• Pe. Frei N. M. M. Milanez, OSM
• Pe. Pablo Walter D. Broschek
• Diác. Alexandre da Silva Pereira
• Diác. Anderson de Oliveira Silva
• Diác. Antonio N. Fernandes
• Diác. Charles E. da Silva
• Diác. Elcio Wilson N. Silva
• Diác. Etienne Hubert Vreuls
• Diác. Frederico Morato Nery
• Diác. Gerson Lauro Pinto
• Diác. José H. Gonçalves Correia
• Diác. José Sérgio dos Santos
• Diác. Juvenal Nazário
• Diác. Luiz E. Lina de Almeida
• Diác. Manoel A. Lopes Tavares
• Diác. Nilton Dantas e Silva
• Diác. Ricardo Teixeira Ferreira
DIA 6
• Pe. Jorge Luiz Sanz Afonso
• Pe. Liseu Spohr, MSF
• Pe. Luiz Cláudio Casarim, SCJ
• Diác. Alcides Martins
• Diác. Bernardo Rangel Tura
• Diác. Carlos A. Santos e Silva
• Diác. Cláudio Pereira Nunes
• Diác. Custódio de M. G. Junior
• Diác. Ernani José Antunes
• Diác. Henrique João Gonçalves
• Diác. João Paulo S. de Carvalho
• Diác. Jorge Alex C. da Cruz
• Diác. José Benvindo Correia Vaz
• Diác. Leonardo J. F. Laurentino
• Diác. Leonardo S. de Souza
• Diác. Luiz Gama Neto
• Diác. Marcelo Pulcherio Lima
• Diác. Mário Okamoto Higashi
• Diác. Paulo César Pereira Cravo
DIA 7
• Cardeal Orani João Tempesta,
O.Cist. (ordenação presbiteral)
• Pe. Adeilto Custódio de Lima
• Pe. Adriano Marques da Costa
• Pe. Alex Fonseca Chagas
• Pe. Angelo Donizeti Marques
• Pe. Bruno D. C. Espírito Santo
• Pe. Cleyton da Silva de Oliveira
• Pe. Douglas R. Oliveira Navarro
• Pe. Eli Everson M. Carvalho
• Pe. Fábio Apolinario Escobar
• Pe. Fábio Gonçalves Rodrigues
• Pe. Fernando Freire da Silva
• Pe. Fernando H. C. da Silva
• Pe. Iago Deodato Abreu
• Pe. Jackson T. de Figueiredo
• Pe. Jardel Lima da Silva
• Pe. João Lucio F. dos Reis
• Pe. José G. Carvalho de Souza
• Pe. José M. C. Gomes Cardoso
• Pe. Manoel P. Freitas Neto
• Pe. Frei M. P. dos Santos, O. de M.
• Pe. Marcos Vinicius Alves Cirino
• Pe. Matheus Muniz de Aquino
• Pe. Nilton Ferreira de Oliveira
• Pe. Olavo Luiz Bremm, MSF
• Pe. Rafael M. O. M. Gomes
• Pe. Renan Pereira da Silva
• Diác. João Alberto Bittencourt
DIA 8
• Mons. Aníbal Gil Lopes
• Pe. Anselmo S. Nascimento, SDB
• Pe. Celso Lima Ferreira Junior
• Pe. Frei Guido Scottini, OFM
• Pe. Júlio César M. Miranda, CMF
• Pe. Jacson V. Santos Maia
• Pe. Jadilson Ferreira da Silva
• Pe. Jones Campos dos Santos
• Pe. José Alixandre da Silva
• Pe. Marcelo Q. Ramos Cruz
• Pe. Pedro Israel G. Thinnes
• Pe. Renato Lima da Silva
• Pe. Roberto de Castro Martins
• Pe. Rodrigo Silva Carneiro
• Pe. Walace E. do Prado
• Diác. Sérgio Benente
DIA 9
• Dom Basílio Silva, OSB
• Pe. Raúl Escudero González
• Diác. Alexandre F. Gonçalves
• Diác. Antonio de Carvalho Faria
• Diác. Carlos Alberto C. Azevedo
• Diác. Claudio Natal M. Barbosa
• Diác. Flávio B. Vasconcelos
• Diác. Francisco A. R. Fernandes
• Diác. Francisco C. B. Guanabara
• Diác. Genival G. Rezende
• Diác. Iran de Carvalho
• Diác. Jairo de Araujo Paivão
• Diác. João Pedro Itama Filho
• Diác. Jorge Ferreira de Paiva
• Diác. José Amâncio de Souza
• Diác. José Carlos S. Rodrigues
• Diác. José O. Souza Bezerra
• Diác. José Paulo Bessa da Costa
• Diác. José Paulo da Silva
• Diác. Josilmar A. S. Andrade
• Diác. Lélio José Gomes Senna
• Diác. Luis Carlos Neves Veloso
• Diác. Luiz Claudio D. Santos
• Diác. Luiz G. Toledo da Silva
• Diác. Marcio Andrade Lopes
• Diác. Marcos Rodrigues Nunes
• Diác. Marcos Silva G. Fonseca
• Diác. Mário M. Santos Junior
• Diác. Melquisedec F. da Rocha
• Diác. Ozino Freixo da Silveira
• Diác. Paulo Cezar Tonácio
• Diác. Roberto dos Santos Alves
• Diác. Sandro de C. Gonçalves
• Diác. Sidney Santos Virginio
• Diác. Theóphilo Chayin Filho
• Diác. Valdir Bernardino Bastos
• Diác. Venir Norat Pinheiro
• Diác. Waldemir Alves de Barros
• Diác. Walter Sotero Andrade

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TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Evangelho de Marcos – Ano B
São Marcos Evangelista, de Tzanes Emmanuel, c. 1657. Acervo do Benaki Museum, em
Atenas, Grécia
A Igreja divide os anos litúrgicos em
três etapas: A, B e C, e para cada ano
litúrgico tem um evangelista diferente:
no ano A, o evangelista escolhido é Ma-
teus, no ano B, é Marcos, e no ano C, é
Lucas. São João é lido durante o tempo
de páscoa e outras ocasiões especiais.
Ao longo da semana, é dividido em par
e ímpar, de acordo com o final do último
algarismo do ano, por exemplo, este
ano de 2023, foi ano ímpar, e no ano
de 2024, será ano par. A Igreja faz isso
sabiamente para que não se repitam as
leituras a cada ano, e, também, é uma
oportunidade para que todos os fiéis
dentro de três anos possam ter contato
com toda a Palavra de Deus.
AGENDA DO ARCEBISPO
DIA 3
10h - Missa na festa do padroeiro
na Paróquia São Francisco Xavier, na
Tijuca
18h - Missa na novena da padroeira, e
pelas comemorações de 150 anos da
Paróquia Nossa Senhora da Conceição,
no Engenho Novo
DIA 4
9h30 - Bênção na festa de Natal Irmãos
Por isso, ao longo deste novo ano
litúrgico “B” que se inicia no primeiro
Domingo do Advento e vai até a festa
de Cristo Rei do próximo ano, acom-
panharemos, sobretudo, aos domingos
o Evangelho de Marcos. Ao longo da
semana, pode variar, e em algumas
solenidades e festas acompanharemos
o Evangelho de João.
Cada evangelista sinótico tem uma
característica em específico. A caracte-
rística de Marcos é apresentar aos seus
leitores quem é Jesus. Existe também
entre os evangelhos sinóticos muitas
coisas semelhantes, ou seja, o que está
escrito em um evangelho pode estar
escrito no outro. Por isso, eles recebem
do Bem, na Casa Maternal Melo Matos, no
Jardim Botânico
19h30 - Missa de encerramento da festa
da padroeira na Paróquia Santa Bárbara
e Santa Cecília, em Vigário Geral
DIA 5
19h - Missa na novena da padroeira na
Paróquia Nossa Senhora da Conceição e
Santo Antônio, em Campo Grande
VOZ DO PASTOR
esse título de sinóticos, por terem algo
em comum entre eles.
Cada um dos evangelistas teve um
certo contato com Jesus, sobretudo Ma-
teus, Marcos e João, que foram discípu-
los de Jesus. Lucas também foi discípulo
de Jesus, mas perto da paixão de Jesus
e, posteriormente, Lucas acompanhava
Paulo na missão, além de ter cuidado
dele na prisão. Os evangelhos começa-
ram a ser escritos justamente a partir do
evento, paixão, morte e ressurreição de
Jesus, a fim de deixar escritos todos os
ensinamentos de Jesus, como se fosse
um testamento.
Os evangelhos começaram a ser
escritos a partir do ano 60 d.C, com o
Evangelho de Mateus. O Evangelho de
Marcos foi escrito por volta do 70 d.C,
e Lucas por volta do ano 80 e 90, pois
Lucas, além do evangelho, escreveu o
livro de Atos dos apóstolos. João es-
creveu o quarto evangelho e o livro do
Apocalipse, a partir dos anos 90 d.C,
em diante.
Conforme dissemos acima, o evan-
gelho que permeia esse ano litúrgico B
é o de Marcos. Convido a todos a medi-
tarem sobre o Evangelho de Marcos não
somente nas missas aos domingos, mas
ao longo do ano, em casa com a família
ou sozinho, para que quando chegar à
missa aos domingos a Palavra já esteja
aprofundada. Temos muitos subsídios
para esse estudo tanto em livros como
pela internet.
Diferentemente do que alguns di-
zem que católico não medita a Palavra
de Deus, não é verdade. Como dissemos
acima, se um católico durante três anos
for à missa dominical, terá contato com
toda a Palavra de Deus, e ainda, como foi
dito anteriormente, meditar a Palavra
de Deus em casa, sobretudo o evangelho
vigente no ano.
São Marcos com o seu evangelho
quer apresentar aos seus leitores a
pessoa de Jesus, por isso, tem como
finalidade responder a pergunta, quem
é Jesus? Ele não responde diretamente
a essa pergunta, nem usa doutrinas
teóricas para responder, ou discursos
de Jesus. Marcos, porém, relata a vida
pública de Jesus, seus ensinamentos
e milagres, deixando com que o leitor
por si só, chegue à conclusão de que
DIA 6
19h - Missa na novena da padroeira na
Paróquia Nossa da Conceição e São Jus-
tino, em Parada de Lucas
DIA 7
10h30 - Missa na Igreja São Pedro, no Rio
Comprido
DIA 8
12h - Missa na festa da padroeira na
3
Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São
Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Jesus é o Messias, o Filho de Deus vivo.
Portanto, ao ler o Evangelho de Marcos
é importante perceber tudo aquilo que
Jesus faz e o significado por trás de cada
ação que Ele realiza, ou seja, estar aten-
to ao quadro completo de sua atividade.
Através de sua vida pública, Jesus
põe em prática a vontade do Pai, e en-
sina aos seguidores a fazer o mesmo.
Muitas vezes Jesus encontra resistência
de uma parte dos judeus, como por
exemplo, os fariseus e doutores da lei,
pois eles esperavam outro tipo de Mes-
sias, por exemplo, um Messias justicei-
ro, guerreiro ou político. Jesus revela
a intimidade de Deus e mostra-se um
Messias humilde, misericordioso e que
acolhe a todos. É esse Jesus que Marcos
quer mostrar aos seus leitores.
Jesus realiza as curas e milagres qual-
quer dia da semana, esse muitas vezes
era o embate com os fariseus e doutores
da lei, que diziam que era proibido rea-
lizar tais feitos aos sábados. Mas, Jesus
não está preso à lei, ou seja, o amor vem
primeiro, se amamos o nosso próximo
devemos ajudá-lo em qualquer dia da
semana. Marcos ao relatar a vida pública
de Jesus, mostra aos seus leitores esse
rosto misericordioso de Jesus e ainda,
que devemos amar o nosso próximo do
mesmo modo que amamos a Deus. Esse
é o Messias apresentado por Marcos e
que vamos acompanhar ao longo desse
ano litúrgico.
Acompanhemos ao longo deste ano
litúrgico os textos apresentados por
Marcos e entremos nesse mistério de
Salvação. Que a cada celebração possa-
mos tirar uma mensagem apresentada
pelo evangelista, e, ao final do ano,
possamos chegar à resposta da pergunta
apresentada por Marcos: “quem é Jesus
para nós”?
Paróquia Nossa Senhora da Conceição,
na Gávea
20h - Missa na festa da padroeira na
Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no
Monteiro, em Campo Grande
DIA 9
9h - Missa “O Rio Celebra” de ordenação
de diáconos permanentes, na Catedral de
São Sebastião, no Centro
 4 ARQUIDIOCESE
O tempo do Advento inicia-
-se nas primeiras vésperas do
próximo dia 02 de dezembro,
são quatro semanas em que
nos preparamos para o Natal
de Nosso Senhor. Um tempo
de reflexão e de espera na vinda
do Senhor. Dentro desse tempo
podemos preparar a nossa casa
e a nossa vida interior para a
chegada do Messias.
O tempo do Advento, além
de nos preparar para o Natal
de Nosso Senhor (17 a 24 de
dezembro com a semana de
preparação próxima do Natal),
gera em nós a feliz expectativa
na segunda vinda de Cristo (do
início até o dia 17 de dezembro),
pois Ele já nasceu uma vez (Ele
já veio), agora, como repetimos
em toda Eucaristia, aguardamos
a sua segunda vinda (Ele virá). O
sacerdote reza assim após o Pai
Nosso: “Livrai-nos de todos os
males, Pai, e dai-nos hoje a vossa
paz, ajudados por vossa mise-
ricórdia, sejamos sempre livres
do pecado e protegidos de todos
os perigos, enquanto vivendo a
esperança, aguardamos a vinda
de Nosso Senhor Jesus Cristo!”.
Quanto a esse dia, não sabe-
mos quando será e nem a hora
exata, somente o Pai do céu
sabe, mas a cada Natal renova-
mos essa expectativa. E ainda, o
Senhor não nascerá novamente
na manjedoura em Belém, mas
deverá nascer em nosso coração.
Uma das formas de nos pre-
pararmos para o Natal do Se-
nhor nesse Advento é através
da confissão sacramental, pois
através da confissão limpamos
o coração e nos purificamos
para celebrar melhor o Natal do
Senhor (“preparai os caminhos
do Senhor”). Outra forma é
realizarmos a novena de Natal,
ou individualmente, em grupo
ou em família, preparando com
alegria a vinda do Senhor. A no-
vena de Natal pode ser rezada a
partir do primeiro domingo do
Advento, ou entre os dias 16 e
24 de dezembro. O importante
é rezar em comunidade e em
família a Novena de Natal 2023.
Ao longo do tempo do Ad-
vento, a cada domingo acende-
-se uma vela da coroa do Adven-
to. A coroa do Advento tem uma
forma circular, significando que
a nossa vida também é um ciclo,
em que nascemos, crescemos,
amadurecemos e morremos, e
após a morte, enxergaremos a
luz e nos encontraremos com
o Senhor. Acender uma vela da
3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
Tempo do Advento REPRODUÇÃO: CATALOG.OBITEL-MINSK
coroa do Advento a cada domin-
go significa que estamos nos
aproximando da luz e deixando
as trevas para trás. O Senhor
vem iluminar a nossa vida e nos
tirar das trevas do pecado. Por
isso, no último Domingo do
Advento quando todas as velas
estão acesas, significa que a Luz
de Cristo está muito perto de
nós, iluminado as nossas trevas.
Durante o tempo do Adven-
to, temos que ser como João
Batista, preparando a chegada
do Senhor. E como poderemos
ser João Batista nos dias de hoje?
Anunciando a Palavra de Deus
aos irmãos, formando grupos
para rezar a Novena de Natal
(aumentar a capilaridade de
nossa presença), aproximando-
-nos da confissão sacramental e
nos reconciliando com Deus e
com aqueles que de certo modo
magoamos ao longo deste ano.
Do mesmo modo que João
Batista, podemos anunciar às
pessoas que o Reino de Deus está
próximo de nós, e exortá-las a
mudarem de atitude. O Reino de
Deus é paz, justiça, perdão, amor
e misericórdia. Temos que viver
o Reino de Deus aqui na terra,
para contemplá-lo de maneira
definitiva no céu. É justamente
o que precisamos no mundo
hoje, mais justiça, amor, perdão
e misericórdia. Peçamos ao Pai
do céu essa graça, que tenhamos
mais paz e menos guerra.
A cor litúrgica predominante
ao longo do tempo do Advento
é o roxo, mas a cor roxa não sig-
nifica tristeza ou luto, mas tem
um sentido penitencial que deve
nos levar à reflexão em busca
de uma mudança de vida. Do
mesmo modo que limpamos a tualidade desse tempo. Dentre Natal, ou seja, primeira vinda Francisco criou, será uma boa
nossa casa, enfeitamos, monta- eles podemos mencionar João de Jesus. Esses personagens são ocasião de montarmos o nosso
mos árvore de Natal e presépio, Batista, o precursor, ou seja, João a Virgem Maria e São José, até presépio em nossas casas, além
devemos limpar o nosso coração é aquele que prepara o povo para então pessoas simples, do povo, de o termos nas igrejas, e, se pos-
e nos preparar bem para cele- a chegada do Messias, pregava que viviam a espiritualidade sível, também nas ruas e praças,
brarmos o Natal. um batismo para a conversão judaica, mas foram escolhidas retomando assim o verdadeiro
Ao longo do tempo do Ad- dos pecados. Chama aqueles por Deus, para formar a Sagrada sentido do Natal.
vento, não entoamos o cântico que estavam nas trevas para que Família, e gerarem o Salvador. Celebremos com esperança
do Glória, que volta na grande se aproximassem da luz. Outro Nós como cristãos católicos o tempo do Advento e nos pre-
noite de Natal. Outra caracte- personagem que acompanha- devemos preparar o Natal para paremos para acolher o Senhor
rística desse tempo do Advento é remos ao longo desse tempo do o que de fato ele significa, ou que virá. Realize a Novena de
que nas duas primeiras semanas, Advento é o profeta Isaías, que seja, o nascimento de Jesus. Natal ao longo desse tempo do
ou até o dia 17 de dezembro, a profetizou muitas vezes sobre a Temos que ensinar aos nossos Advento, para que a sua família
liturgia foca para nós na segunda vinda do Messias, e muitas das filhos, netos e afilhados o ver- entenda melhor o sentido do
vinda de Cristo, já a partir do dia coisas que Isaías disse há cerca dadeiro sentido do Natal, que Natal. Que o mesmo Espírito
17 de dezembro até ao dia 24 de de 400 anos a.C, se cumpriu não é Papai Noel ou somente Santo, que encheu Maria com
dezembro a liturgia foca pro- em Jesus. presentes, mas que o nosso o seu amor para que ela desse a
priamente no natal, ou seja, na Outros dois personagens maior presente é Jesus Cristo. Luz ao seu filho, nos encha do
primeira vinda de Nosso Senhor. marcantes desse tempo do Ad- Por isso, a importância de rezar a mesmo amor e da mesma fé.
Durante o tempo do Adven- vento, já a partir da segunda Novena de Natal em família, em
to, acompanharemos alguns semana de dezembro, entre os preparação ao Natal. Neste ano ORANI JOÃO, CARDEAL TEMPESTA, O. CIST.
personagens que nos ajudarão dias 17 e 24, quando o tempo que comemoramos 800 anos ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO
SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO, RJ
a rezar e a mergulhar na espiri- do Advento trata mais sobre o do presépio de Greccio que São
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Campanha
para a
Evangelização
2023
A
Arquidiocese do
Rio de Janeiro, em
unidade com todas
as dioceses do Brasil, deu
início à Campanha para a
Evangelização 2023, sendo
que um dos pontos altos
da iniciativa é a coleta re-
alizada nas comunidades
paroquiais, no 3º domingo
do Advento, este ano no dia
17 de dezembro.
A Campanha para a
Evangelização foi criada
pela Conferência Nacio-
nal dos Bispos do Brasil
(CNBB), em 1998, e busca
mobilizar os católicos para
assumir a corresponsabi-
lidade da sustentação das
atividades evangelizadoras
da Igreja.
A Campanha para a
Evangelização deste ano
quer ser uma ponte a con-
duzir da Campanha da
Fraternidade 2023, sobre
a fome, à Campanha da
Fraternidade 2024, sobre
“Fraternidade e amizade
social”, passando pelo mis-
tério da Encarnação. Por
isso, o tema escolhido é:
“Em Belém, casa do pão,
Deus nos faz irmãos”.
TRADIÇÃO DOS
PRESÉPIOS: 800 ANOS
O tema escolhido tem a
proposta de celebrar os 800
anos da criação do presépio,
admirável sinal de São Fran-
cisco de Assis. Além disso,
também ser uma forma de
incentivo para as comuni-
dades e famílias montarem
seus próprios presépios.
Diz o Papa Francisco:
“quero apoiar a tradição
bonita das nossas famílias
prepararem o presépio
nos dias que antecedem
o Natal, e também o cos-
tume de o armarem nos
lugares de trabalho, nas
escolas, nos hospitais, nos
estabelecimentos prisio-
nais, nas praças… Trata-se
verdadeiramente de um
exercício de imaginação
criativa, que recorre aos
mais variados materiais
ARQUIDIOCESE 5
CAMPANHA PARA A
“Em Belém, casa do pão,
para produzir, em mi-
niatura, obras-primas de Deus nos faz irmãos”.
beleza. Aprende-se em
criança, quando o pai e a
mãe, juntamente com os
avós, transmitem este gra-
cioso costume, que encer-
ra uma rica espiritualidade
popular. Almejo que esta
prática nunca desapareça;
mais, espero que a mesma,
onde porventura tenha
caído em desuso, se possa
redescobrir e revitalizar”
(Papa Francisco, Admira-
bile Signum, n. 1).
PARTILHA DOS
RESULTADOS
Os recursos arrecadados
com a Campanha da Evan-
gelização 2023 na Coleta
do 3º Domingo do Advento
serão utilizados para ga-
rantir o sustento das obras
de evangelização em nosso
país. A utilização deles é da
seguinte forma:
• 45% ficam na própria
diocese, para subsidiar a Coleta Nacional dias 16 e 17 de
ação missionária, evan- dezembro, nas missas do
gelizadora e pastoral da 3º Domingo do Advento
própria Igreja local;
• 20% vão para o respec-
tivo regional da CNBB
para a sua sustentação
e de suas estruturas de
evangelização e forma- O cartaz motivacional da campanha recorda os 800 anos do presépio e convida a caminhar rumo a Belém, que é
ção; caminhar no seguimento de Jesus, que ali nasce. Ele é o Verbo que se fez carne, saciando a fome mais profunda do
ser humano e fazendo-nos todos irmãos e irmãs
• 35% são enviados à sede VATICAN NEWS
nacional da CNBB, em
Brasília, de forma a ga- Papa Francisco
assinou e apresentou
rantir iniciativas e estru-
a Carta Apostólica
turas evangelizadoras “Admirabile Signum”,
em todo o Brasil, espe- “Sinal Admirável”,
cialmente nas regiões sobre o significado e
mais carentes. A CNBB valor do presépio, no 1º
conta com o apoio, em- Domingo do Advento,
penho e mobilização de dia 1º de dezembro. A
todos os católicos, afinal assinatura foi realizada
toda a Igreja precisa em Greccio, na região
do Lazio, na Província
do gesto de generosa
de Rieti, a cerca de 100
partilha para realizar quilômetros de Roma,
sua ação evangelizadora no local onde, segundo a
nas paróquias, dioceses tradição, São Francisco
e regionais, em âmbito animou a representação
nacional. da natividade a 25 de
dezembro de 1223.
DA REDAÇÃO
 6 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Grupo de Psicólogos da arquidiocese

reflete sobre o papel da logoterapia FOTOS: DIVULGAÇÃO

Dom Antonio Augusto, padre Rosinaldo e psicólogos e estudantes do Grupo Plural de Psicólogos

A reunião do Grupo Plural de
Psicólogos da Arquidiocese do
Rio de Janeiro foi conduzida, no
dia 28 de novembro, pelo pároco
da Paróquia São João Evangelista,
em Oswaldo Cruz, padre Rosinal-
do Paulino de Brito, psicólogo e
especialista em logoterapia e aná-
lise existencial, que apresentou o
tema: “Como ser um psicólogo
das alturas?”.
O religioso iniciou sua apre-
sentação com um histórico do
surgimento da psicanálise, dentro
do contexto da cultura vitoriana
da época, explicando como o mo-
vimento renascentista questiona-
va o posicionamento do teocen-
trismo vigente. Neste contexto,
surge a figura de Viktor Frankl,
o psiquiatra vienense criador da
logoterapia, a abordagem voltada
para a busca do sentido da vida.
“A psicologia, assim como a
filosofia, também se preocupa
com o sentido da vida”, afirmou
o padre Rosinaldo, que também
possui formação em filosofia e
teologia. Ele citou, como referên-
cia da interseção entre psicologia
e teologia, o livro “O símbolo da
transformação na Missa”, de Carl
Gustav Jung.
Padre Rosinaldo explicou que
as duas Grandes Guerras Mun-
diais foram divisores de águas na
formas das pessoas pensarem e
agirem, pelas profundas trans-
formações sociais decorrentes
delas. A logoterapia, proposta
por Viktor Frankl e considerada
como a terceira escola vienense
de psicoterapia – ao lado da psi-
canálise de Freud e da psicologia
individual de Adler –, ganhou for-
ma durante o período em que seu
criador esteve como prisioneiro
nos campos de concentração
nazistas.
Viktor Frankl propõe uma
“Psicologia das Alturas”, em con-
traposição ao que chamou de
“Psicologia Profunda”, numa refe-
rência à psicanálise. Como pilares
fundamentais dessa abordagem,
o psiquiatra apresenta três con-
ceitos principais: a liberdade da
vontade, a vontade de sentido e
o sentido da vida.
Segundo o sacerdote, a lo-
goterapia apresenta o “Sentido
Espiritual” como um sétimo
sentido, antropologicamente
falando, conforme se pode
inferir no conteúdo do livro “A
presença ignorada de Deus”,
do próprio Viktor Emil Frankl.
Assim, a logoterapia apresenta
o homem como um ser inte- Dom Antonio Augusto e padre Rosinaldo Paulino de Brito

gral, formado pelo aspectos Ao final do encontro, reali-

biológico, psicológico, social e
espiritual (a dimensão noética).
Padre Rosinaldo acentuou
que a ausência de sentido da
vida leva ao que Frankl chamou
de Vácuo Existencial (ou Vazio
Existencial), razão e causa do
adoecimento humano. Acres-
centa o sacerdote que a busca
infrutífera do prazer ou do
poder leva ao que denominou
de “Looping Existencial”, que
tem se tornado frequente nos
dias de hoje.
Concluindo sua apresenta-
ção, padre Rosinaldo reforça a
visão da logoterapia como um
estilo de vida a ser vivenciado
Comemoração dos aniversariantes do mês de novembro em seus conceitos no cotidiano.
zado na sede da Mitra, psicólo-
gos e estudantes de psicologia
aproveitaram o momento para
comemorar o aniversário de
Dom Antonio Augusto, bispo
auxiliar da Arquidiocese do
Rio de Janeiro e coordenador
do Grupo Plural de Psicólogos,
e também das psicólogas Ana
Maria Carvalho e Ivaneide
Cruz, todos nascidos no mês
de novembro.
Se você é psicólogo ou gradu-
ando e deseja saber mais sobre o
Grupo Plural de Psicólogos, siga-
-nos no Instagram: @psicologo-
sarqrio e também no Facebook.
LUÍS PAULO DIAS, PSICÓLOGO
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 ARQUIDIOCESE 7

Fraternidade sacerdotal
O que celebramos no altar do sacrifício deve nos unir no altar do coração.

A
GUSTAVO DE OLIVEIRA

Santa Igreja, na re-

cordação dos mistérios
celebrados, nos impele a
não somente professarmos a fé
com palavras, mas também com
a vida (cf. Tg 2,17), pois é no
transcurso de nossa existência
que Cristo nos chama à conver-
são (cf. Mc 1,15) e à comunhão,
haja vista que nós comungamos
para nos tornar comunhão.
No Capítulo 17 do Evangelho
de São João podemos observar
nitidamente que Cristo, Sumo
e Eterno Sacerdote, clama pela
comunhão, isto é, roga ao Pai a
fim de que “Todos seja um” (cf.
Jo 17,21), porque é n´Ele – pedra
angular – que toda construção,
harmonicamente disposta,
torna-se templo santo no Se-
nhor (cf. Ef 2,21).
Toda vocação encontra sua
gênese no encontro com Jesus
Cristo, que confere à nossa
vida um novo sentido e uma
nova forma de viver. Em outras
palavras, o encontro com Cristo
revela-nos a nos próprios e, em
nossa intimidade, escutamos a
doce voz do que Santo Agosti-
nho chama de “Mestre interior”,
ou seja, é a voz do próprio Cristo Precisamos ser sinais da comunhão entre Deus e os homens, quais pontes que conduzem ao caminho da verdadeira vida
que nos chama a uma nova vida
e precisamos ter o cuidado de
se a vida de Cristo é sacrifício, a cisamos acalmar nossos cora- Muitas pessoas não entendem experimentam o processo do
não perdermos este horizonte:
vida de cada sacerdote também ções, buscar a comunhão com o sacrifício escondido de cada desânimo. Como dito anterior-
Deus que nos ama, nos conquis-
é sacrifício. Deus e permitir que Ele nos sacerdote, as atribuições do mente, nossa vocação começa
ta e nos chama. O tempo em que vivemos no veja. Sim, que Ele nos veja! ofício realizadas por amor, no olhar: Cristo nos vê e nos
Deus se fez homem na his-
aqui e agora quer a todo custo É salutar quando buscamos para salvar e para amar. Ben- chama. Depois, precisamos
tória e conviveu com os ho-
declinar a dimensão do sacri- encontrar a Deus, mas, por dito seja Deus por tão nobre aprender a olhar para dentro,
mens. A própria Igreja anual-
fício. Vivemos rodeados pela vezes, nos esquecemos de que vocação, pois o que somos e entender que precisamos, en-
mente atualiza este mistério da
perspectiva de que uma vida precisamos deixar que Ele nos fazemos é para a maior glória quanto sacerdotes, dar-nos aos
encarnação na liturgia. Ainda
nobre é uma vida sem sacrifí- encontre, que Ele nos veja! É de Deus, vivendo na espera outros, mas também dar-nos a
hoje Cristo se faz presente na
cios; buscamos a todo tempo os sobre este olhar que nasce, da feliz recompensa por cada nós próprios, pois o descanso
história dos homens, particu-
“atalhos” da vida, fugir da dor, assim, a vocação sacerdotal: eucaristia celebrada, por cada é precioso dom e, para cuidar
larmente na pessoa de cada
do cansaço e de nós próprios. Cristo nos olha, nos ama e nos confissão ouvida, por cada ba- dos outros, precisamos cuidar
sacerdote que, participando
Inúmeros corações projetam chama (cf. Mc 10,21). Precisa- tizado, por cada alma na qual de nós próprios. Por fim, surge
do sacerdócio de Cristo, age
seus anseios em um espelho mos ser sinais da comunhão Cristo entra através de nossa o momento de olhar para fora
na pessoa do próprio Cristo.
fragmentado, ou seja, muitos entre Deus e os homens, quais vocação. e volver o nosso olhar para o
É o Cristo no mundo e para o
homens, mulheres e jovens, na pontes que conduzem ao cami- Neste sentido, é de suma lado, onde nosso irmão está. Ir
mundo. Viver tal vocação acar-
busca desesperada pelas coisas nho da verdadeira vida. Contu- importância que cada sacerdo- ao seu encontro, “concelebrar”
reta múltiplos sacrifícios. Ora,
exteriores, pelo enriquecimen- do, frequentemente – não nos te não queira viver um sacerdó- com ele suas alegrias, mas
to, reconhecimento e enganemos – nos confronta- cio enquanto um “funcionário também suas lutas e fadigas,
pelos aplausos, frag- mos com olhares exigentes, do sagrado”, contribuindo isto é, ser suporte, ser Cristo!

“
Ser padre é ser
comunhão, e esta
comunhão precisa,
sempre mais, arraigar-
se em nosso coração.
Somos parte de um só
presbitério, que nosso
mentam a si mesmos olhares julgadores, olhares para a salvação dos outros, É tempo de cuidar de quem
interiormente, pois atentos ao menor indício de mas perdendo a si próprio. Ser cuida, de estender a mão, de
é somente em Deus fraqueza ou deslize, tal como padre é ser comunhão, e esta viver numa só comunhão, de
que a alma de todo fizeram com o próprio Cristo comunhão precisa, sempre nos unir ao irmão, pois o que
ser humano encontra (cf. Mc 3,2). Oxalá as pessoas mais, arraigar-se em nosso celebramos no altar do sacri-
repouso (Cf. Sl 61,2); pudessem compreender que coração. Somos parte de um só fício deve nos unir no altar do
unicamente n´Ele no sacerdote que chora está o presbitério, que nosso coração coração!
é que podemos nos Cristo que chora; no sacerdote também seja um! Atrás de cada
enxergar verdadeira- cansado devido à doação está o altar, existe um homem que CÔNEGO WILLIAM
BERNARDO DA SILVA
mente. Cristo que se doa; no sacerdote também carrega suas lutas e
PÁROCO DA PARÓQUIA

coração também seja um
”
Diante de toda que sofre pela dor da perda suas angústias. Atrás de cada SÃO MIGUEL ARCANJO,
agitação que o mun- está também o Cristo que la- altar há corações que tam- EM MAGALHÃES
BASTOS
do nos impõe, pre- menta a perda de um amigo. bém se cansam, que também
 8 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Nomeado o comissário administrativo da Venerável

Confraria de Nossa Senhora da Lampadosa DIVULGAÇÃO

O Cardeal Orani João Tempesta no- Lampadosa remonta a uma supos-

meou o irmão Maurício Barros da Cruz
como comissário administrativo da
Venerável Confraria de Nossa Senhora
da Lampadosa. A nomeação foi feita
atendendo a um pedido da confraria.
Maurício Barros da Cruz foi nome-
ado no dia 20 de outubro, e exercerá o
cargo por um período de três anos. Ele
representará a confraria em todos os
seus atos civis e eclesiásticos.
No dia 4 de novembro, o vigário
episcopal par a a s A sso ciaçõ es de
Fiéis ditas Irmandades, Confrarias,
Ordens Terceiras e Devoções, mon-
senhor André Sampaio de Oliveira,
presidiu a missa de ação de graças
p ela nome aç ão do novo comiss á-
rio administrativo, na Igreja Nossa
Senhora da Lampadosa, na Avenida
Passos, 13, no Centro, próximo à Praça
Tiradentes.
A devoção a Nossa Senhora da
ta aparição da Virgem Maria a um
italiano escravizado pelos turcos na
ilha de Lampedusa, no final do sécu-
lo XVI. O culto se espalhou entre os
escravos do Rio de Janeiro. Antes de
1740, uma irmandade acabou sendo
fundada pelo grupo de escravos de-
votos, sediada na Igreja do Rosário e
São Benedito.
As origens do templo remontam a
1748, a um terreno doado à Irmandade
Negra de Lampadosa. Só em fins da
década de 1740, a irmandade iniciou a
construção de um templo para abrigar
a imagem da padroeira.
Em 1930, a antiga construção foi
demolida e um novo prédio, em estilo
neocolonial, foi erguido, pelo projeto dos
arquitetos Paulo Candiota e Eduardo de
Sá, sendo inaugurado em 1934.
DA REDAÇÃO
Irmão Maurício Barros da Cruz e monsenhor André Sampaio de Oliveira
CARLOS MOIOLI

Igreja Nossa Senhora da Lampadosa, no Centro

TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Museu Cristo Redentor será o mais
visitado do Brasil
O Cristo Redentor comemo-
ra 100 anos em 2031 e a primeira
iniciativa rumo ao centenário
é a construção do museu, com
previsão de inauguração no
início de 2026.
Segundo o padre Omar Ra-
poso, reitor do Santuário Cristo
Redentor, os visitantes terão a
experiência “de entrar no mo-
numento do Cristo Redentor, ir
lá no braço do Cristo, na cabeça
do Cristo. Certamente será o
museu mais visitado do Brasil”.
Outra ação anunciada: em 29
de dezembro, o Cristo Redentor
vai vestir a camisa de Pelé, um
ano após o seu falecimento.
O Museu Cristo Redentor,
que será instalado no quarto
andar do Centro de Visitantes
Paineiras, será uma oportuni-
dade para o visitante conhecer o
monumento a partir da “narra-
tiva da Igreja”, explicou o padre
Omar Raposo, que também é
pároco da Paróquia São José
da Lagoa.
Padre Omar observou que “o
Cristo Redentor, ao longo da sua
história, foi reduzido a um pon-
to turístico quando, na verdade,
desde a sua origem, foi pensado
e erigido naquele lugar para ser
um lugar sagrado, de encontro
com a natureza, de encontro
entre os irmãos, de encontro
com o Redentor. E hoje a gente
ressignifica aquele espaço, reto-
ma esse principal tema original
e coloca ali um museu, como
um importante equipamento
de cultura profundamente
integrado àquele Complexo
Turístico do Corcovado”.
RUMO AO CENTENÁRIO
O lançamento da pedra fun-
damental do museu aconteceu
em julho de 2022 e a previsão
de inauguração é para o início
de 2026. O espaço vai contar os
92 anos de história de um dos
maiores patrimônios culturais
do mundo e símbolo do Bra-
sil, através de material digital
produzido a partir do Acervo
Digital Colaborativo, que conta
com imagens e documentos
compartilhados por centenas
de pessoas através da internet.
A organização está a cargo do
Núcleo de Acervo e Memória
do Santuário Cristo Redentor.
Pedro Trengrouse, assessor
jurídico da Confederação Brasi-
leira de Futebol (CBF), afirmou
que através da CBF tem ajudado
a viabilizar patrocinadores e
equipes para poder subsidiar essa
construção. Um exemplo é a em-
presa que vai trabalhar na gestão
do museu com tecnologias ino-
vadoras que interligam a história
à arte, numa intensa imersão,
como as utilizadas recentemente
no Museu do Flamengo.
“O Cristo comemora 100
anos em 2031 e, nesses 100
anos, ele foi testemunha da
história do Brasil, de empresas
brasileiras, da cultura brasileira.
Esse museu tem vocação para
contar essa história pela pers-
pectiva do Cristo Redentor. Não
somente a história do Cristo
Redentor, mas tudo que ele viu
nesse tempo inteiro acontecen-
do no Brasil e no mundo. É um
museu que realmente promete
muita coisa!”, afirmou Pedro
Trengrouse.
Padre Omar acrescentou:
“vamos ter a experiência, por
exemplo, vou dar um spoiler
aqui: de entrar dentro do mo-
numento do Cristo Redentor,
ir lá no braço do Cristo, na
cabeça do Cristo. Isso tudo vai
acontecer dentro desse lugar de
experiência. Certamente será o
museu mais visitado do Brasil”.
ARQUIDIOCESE
CRISTO REDENTOR VESTE
A CAMISA DE PELÉ EM
DEZEMBRO
Em vista do centenário do
maior santuário a céu aberto,
padre Omar conta que, além
do museu, estão sendo inten-
sificados os estudos sobre o
direito patrimonial, o direito
de imagem e da proteção de
dados do Cristo Redentor.
Também já está sendo esta-
belecido um calendário com
shows em diversas capitais do
Brasil, assim como iniciativas
locais:
“No dia 29 de dezembro,
acontecerá no Cr i sto Re -
dentor uma homenagem a
Pelé, marcando um ano do
seu falecimento. O Cristo
Redentor vai vestir a camisa
do Pelé! E que vem numa hora
muito importante depois das
declarações do Papa Fran-
cisco em que ele disse que
conheceu Pelé e que ficou im-
pressionado com a natureza
humana que Pelé demonstrou
na conversa que tiveram e
que sempre foi marca da sua
atuação profissional”, disse
padre Omar.
O Cristo, assim, comentou
9
DIVULGAÇÃO
padre Omar, “se posiciona
em nome do amor, abrindo
espaço para que todos possam
ser incluídos na sua dinâmica
salvadora”.
É um lugar de culto e de
cultura, de peregrinação e
dinâmica social: “O Cristo
não é um salão de festas, o
Cristo não é um espaço de
eventos descontextualizados
da nossa realidade cultual.
Ao contrário, as realidades
têm igual valor e a dinâmica
e a importância sagrada do
monumento estão sempre
mantidas em todas as nossas
ações. Só que é um Cristo
aberto, realmente encarna-
do. A gente não fica apenas
ali olhando para o céu, é um
Cristo que olha para a cidade.
Então, nada passa desaper-
cebido do seu olhar”, disse
padre Omar.
“Nada passa desaperce-
bido do olhar do Redentor.
Tudo que acontece no Rio de
Janeiro e no Brasil todo acaba
tendo uma importante con-
vergência”, concluiu o reitor.
ANDRESSA COLLET
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 12 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Rádio
Catedral
no Spotify
Segundo dados da retrospecti-
va de 2023 da plataforma Spotify,
houve aumento de 999% no nú-
mero de ouvintes e seguidores no
canal da Rádio Catedral.
A Rádio Catedral está no Spo-
tify desde julho/2023, inicialmen-
te, com o programa “Oração da
Noite”, apresentado pelo padre
Navarro. Hoje, depois de cinco
meses, com a atualização diária
do canal, já estamos com 270
seguidores, e nossas produções
já foram ouvidas em mais de oito
países, além do Brasil.
Neste período, já foram ar- pesta; “Viver Bem”, com a psicóloga apresentado por Dom Roque Costa Saúde”, conduzido por Antônio estão no aplicativo, como: “10 anos
mazenadas 3.197 produções dos Sônia Nascimento; “Ritmo da Fé”, Souza, Dom Tiago Stanislaw, Dom Babo; e “Alma Feminina”, apresen- da JMJ 2013” e “Os patronos JMJ
seguintes programas: “Ângelus”, com a cantora Claudia Bastos; Joel Portella Amado, Dom Assis tado por Silvia Helena. 2023”.
apresentado pelo arcebispo do Rio “Oração da Noite”, com padre Na- Lopes, Dom Juarez Delorto Secco, Além desses programas, algu-
de Janeiro, Cardeal Orani João Tem- varro; “Encontros com os bispos”, Dom Célio Calixto); “No Radar da mas produções especiais também FÁTIMA LIMA

Ação de graças com os MESCs do Vicariato Norte

PASCOM

Uma missa em ação de gra-

ças na Paróquia Nossa Senhora
da Conceição, no Engenho Velho,
marcou o processo formativo de
2003 dos ministros extraordinários
da Sagrada Comunhão (MESCs)
do Vicariato Norte, no dia 19 de
novembro.
A missa foi presidida pelo pá-
roco local, cônego Aldo de Souto
Santos, que também é o vigá-
rio episcopal do Vicariato Norte.
Após a missa, houve momento
de confraternização com lanche
partilhado na paróquia, como parte
da celebração de seu jubileu de 150
anos de criação.
“Essa celebração acontece para
fortalecer o vínculo de comunhão
que deve acontecer sempre entre
os membros de cada pastoral.
Especificamente, os ministros
extraordinários da Sagrada Comu-
nhão precisam despertar sobre a
importância do estar juntos, em
comunhão, de caminhar, trilhando
o caminho do Senhor através da
unidade”, disse o cônego Aldo dos
Santos.

ANUNCIE AQUI: SÃO 292 PARÓQUIAS VENDO

O SEU ANÚNCIO
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 ARQUIDIOCESE 13

Grupo de irmãos em situação de rua participa em

Cachoeira Paulista do encontro ‘Com Deus tem jeito’

Grupo do Rio de Janeiro de consagrados e leigos da Toca de Assis, que acompanharam irmãos em situação de rua no encontro “Com Deus tem jeito”, em Cachoeira Paulista (SP)

Um grupo de irmãos em situação
de rua, atendido pela Comunidade
Toca de Assis, em Benfica, no Rio de
Janeiro, participa da décima edição
do encontro “Com Deus tem jeito”,
realizado na sede da Canção Nova, em
Cachoeira Paulista (SP), nos dias 25 e
26 de novembro.
O organizador do grupo foi o irmão
Romero, que tem a função de cuidar
do apostolado e é responsável pela
Casa Bom Samaritano, da Toca de
Assis, situada em Benfica. Também
participaram do grupo os irmãos Jus-
tino, Salatiel e Bernardo, e os leigos
de Aliança Magnólia Bilro Sá Barroso
e Paulo Cezar Salles, e os leigos José
Railton do Nascimento, Sandra Maria
do Nascimento e Maria Fátima Pereira.
“O evento teve a participação de
centenas de irmãos em situação de rua.
estados do Brasil, através da comunhão
de mais de 400 carismas, comunida-
des, pastorais e movimentos.
Desde o primeiro encontro até o
momento, mais de seis mil homens,
mulheres e mães com crianças em
situação de rua foram resgatados e
acolhidos.
“Todos os irmãos em situação de
rua foram acolhidos no encontro. Após
a celebração eucarística, 315 irmãos
aceitaram ser acolhidos para uma
mudança de vida em diversas casas
terapêuticas e comunidades, entre
elas, Fazenda da Esperança, Aliança
de Misericórdia e Casa do Menor”,
observou Magnólia Barroso.
A décima edição chegou a ganhar
a bênção do Papa Francisco no dia
25 de outubro, ao
final da Audiência
cisco enviou uma carta ao bispo
diocesano de Lorena, Dom Joaquim
Wladimir Lopes Dias, datada de 22 de
outubro, na qual manifesta “unir-me
espiritualmente a todos que partici-
pam desta experiência de encontro
com Deus e com o próximo”.
O Pontífice lembrou na sua carta
que “nada é impossível para Deus, ou
seja, com a Sua presença em nossas
vidas tudo tem jeito! Para Ele não Encontro realizado na sede da Canção Nova
existem ‘casos perdidos’, pois ama a
todos e a cada um de nós com um
amor infinito e incondicional, e nin-
guém se encontra tão distante que
não possa ser alcançado pela Sua
misericórdia”.
CARLOS MOIOLI
FOTOS: DIVULGAÇÃO

Foi um dia especial e precioso, com Geral, quando uma

palestras, testemunhos, dinâmicas e delegação brasileira Momento de adoração
animação com os religiosos da Toca entregou o material
de Assis”, explicou Magnólia Barroso. do evento ao Pontífi-
Promovido pela Obra Lumen (@ ce. A Obra Lumen foi
obralumen), o encontro “Com Deus representada pelos
tem jeito” nasceu, em 2016, Ano da jovens Edwin e Ra-
Misericórdia, como uma resposta ao quel Costa, e da Casa
apelo do Papa Francisco, que pedia do Menor, estavam o
a comunhão para obras concretas de padre Renato Chiera
misericórdia. e Lúcia Inês Cardoso
O evento já aconteceu em diversas da Silva.
regiões do Brasil, alcançando, de algu- Por ocasião do
ma forma, mais de 120 cidades de 18 evento, o Papa Fran- Consagrados e leigos da Toca de Assis Luís Jorge, irmão Salatiel e Júlio César
 14
Diocese de Petrolina:
100 anos semeando a alegria do Evangelho
Cardeal Tempesta presidiu a missa conclusiva das comemorações do centenário da
Diocese de Petrolina e do 2º Congresso Eucarístico Diocesano
“O tempo de preparação e o ano ju-
bilar do centenário nos convida a viver a
nossa fé praticando o bem, assim como
fez a Igreja desde o início e, ainda faz,
nestas terras banhadas pelo Rio São
Francisco”, disse o arcebispo do Rio de
Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta,
ao presidir, no início da noite do dia 26
de novembro, missa solene de conclusão
do 2º Congresso Eucarístico Diocesano,
Fiéis acolhem Cardeal Tempesta e Dom Francisco na Concha Acústica, ao lado da Catedral
Padre Givanildo José, Dom Francisco, Cardeal Tempesta, Dom Dom Paulo Cardoso e monsenhor Milton dos Santos
ARQUIDIOCESE
realizado dentro das comemorações do
centenário da Diocese de Petrolina, em
Pernambuco.
“Agradecemos a Deus por essa his-
tória centenária iniciada por Dom An-
tônio Maria Malan com a sua profecia
de que ao redor da matriz a cidade iria
se desenvolver. Hoje, podemos ver com
clareza as maravilhas da ação da Igreja
que, sempre próxima ao povo de Deus,
3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
ajudou a construir e a progredir com
as sementes do Evangelho esta região
do sertão pernambucano”, acrescentou
Dom Orani, na celebração realizada na
Concha Acústica, ao lado da Catedral.
A Diocese de Petrolina foi erigida no
dia 30 de novembro de 1923 pelo Papa
Pio XI, desmembrada da Diocese de
Pesqueira, e já teve oito bispos diocesa-
nos. A diocese possui 32 padres e quatro
FOTOS: DIOCESE DE PETROLINA
diáconos transitórios, que exercem a
missão em 28 paróquias, sendo duas
quase paróquias e duas áreas pastorais,
presentes em oito municípios. A padro-
eira da Igreja Matriz (antiga Catedral) e
da cidade de Petrolina é Nossa Senhora
Rainha dos Anjos, já o padroeiro da dio-
cese e da Catedral é o Sagrado Coração
de Jesus Cristo Rei.
CHÃO FECUNDO DE FÉ, AMOR E
DEVOÇÃO
No início da Santa Missa, no mo-
mento da acolhida, o bispo diocesano
de Petrolina, Dom Francisco Canindé
Palhano, disse: “há cem anos, Petrolina
recebia a notícia que seu pequeno ter-
ritório estava sendo elevado à categoria
de bispado, de diocese. Hoje, nos reu-
nimos e nos encontramos com a Igreja
de Cristo, povo de Deus, para cantarmos
as maravilhas do Bom Pastor deste chão
tão fecundo de fé, de amor e de devoção.
De onde brotam sementes lançadas ao
chão, que são a alegria da semeadura do
Evangelho”.
Dom Francisco acrescentou: “acolho
a todos e a cada um nesta ‘Terra dos
Impossíveis’, que é a gentil Petrolina.
De forma especial, a sua eminência
reverendíssima, Dom Orani, Cardeal
Tempesta, arcebispo metropolitano de
São Sebastião do Rio de Janeiro, que hoje
nos brinda com a sua púrpura presença,
confirmando-nos na fé, na fidelidade
e obediência ao Santo Padre, o Papa
Francisco. Para bendizer a Deus por estes
dias felizes que aconteceram na semana
jubilar e no 2º Congresso Eucarístico
Diocesano, que foram muito significa-
tivos para a nossa história”.
CELEBRAR JUNTOS
Por sua vez, Dom Orani agradeceu
a Dom Francisco Canindé Palhano pelo
convite e a oportunidade de celebrar com
toda a Diocese de Petrolina o centenário
de sua criação e instalação, na conclusão
do 2º Congresso Eucarístico Diocesano,
que teve como tema: Diocese de Petro-
lina: 100 anos semeando a alegria do
Evangelho.
“É uma alegria celebrar juntos com
os irmãos bispos, clero, religiosos, reli-
giosas, seminaristas, autoridades civis
e militares, entre eles, o prefeito Simão
Durando, e todo o povo de Deus”, eviden-
ciou o arcebispo da arquidiocese carioca.
Os 26 irmãos bispos presentes na
celebração foram cumprimentados por
Dom Orani em nome do presidente do
Regional Nordeste 2 da CNBB, Dom
Francisco de Sales Alencar Batista, O.
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Arcebispos e bispos concelebrantes do Regional Nordeste 2
Carm., bispo eleito de Mossoró (RN),
e do arcebispo metropolita de Olinda e
Recife (PE), Dom Paulo Jackson Nóbrega
de Sousa.
Durante a celebração, dezenas de
crianças e adolescentes fizeram a Pri-
meira Comunhão. Dom Orani recebeu
das mãos de Dom Francisco a Medalha
Comemorativa do Centenário da Diocese
de Petrolina. Após a celebração, houve
procissão eucarística pelas ruas do cen-
tro da cidade, concluindo com a solene
bênção do Santíssimo Sacramento.
CONSTRUIR O FUTURO COM
ESPERANÇA E CONFIANÇA
Na homilia, Dom Orani observou
que o povo de Deus presente na Dio-
cese de Petrolina teve a oportunidade
de fazer memória da história e de seus
personagens, de ter um tempo de oração,
indulgência e reflexão, das quais devem
servir para impulsionar a viver ainda
mais e melhor a vida cristã.
“A influência que a Igreja teve nos iní-
cios para o desenvolvimento da cidade é
uma tradição na qual somos chamados a
dar continuidade. De ver como podemos
iluminar e conduzir as pessoas em suas
necessidades. De ajudar as pessoas e o
mundo a ser melhor nos seus relaciona-
mentos, nos valores cristãos, no próprio
desenvolvimento humano e social. Uma
proximidade que, por causa de Jesus
Cristo, as pessoas possam viver, de fato,
a vida cristã, a ter vida em abundância”,
acrescentou o arcebispo.
Fiéis prestam homenagem a Dom Francisco, bispo de Petrolina
Dom Orani acrescentou: “ao mesmo
tempo em que agradecemos pelo passado
com nossa ação de graças do ano jubilar,
somos chamados a olhar com confiança
para frente, o futuro. O passado já é algo
realizado, mas precisamos construir o
futuro, com todos os seus desafios. Somos
o elo entre o passado e o futuro. A questão
não é mais o aumento da população ou do
desenvolvimento. Vivemos num tempo
de mudança de época, de mentalidade.
Somos convidados a construir as bases
para o futuro, contagiando o mundo com
a alegria do Evangelho”.
FRUTOS DE UM NOVO TEMPO
Ao refletir a liturgia do dia, na Sole-
nidade de Cristo Rei do Universo, Dom
Orani evidenciou que a realização do
Congresso Eucarístico deve produzir
frutos de um novo tempo. “Que à seme-
lhança de Maria, que se colocou a serviço,
de fazer a vontade de Deus, cada um deve
fazer a sua parte para que Cristo possa
reinar no mundo.
“Eis o horizonte à nossa frente. Somos
chamados a contagiar o mundo para que
Cristo reine nas casas, nos corações, nas
famílias, na sociedade. O reinado de Cristo
é justiça, paz, fraternidade, sem esquecer
de servir os mais vulneráveis. A Palavra
de Deus já nos mostra o caminho. Nun-
ca percamos de vista o anúncio de Jesus
Cristo, porque Ele é o centro de nossa vida.
Temos um fim último que é o Senhor. Hoje,
temos visão de fé, um dia teremos a visão
beatífica, a certeza da vida eterna”, disse.
ARQUIDIOCESE
Dom Orani preside a Santa Missa do Centenário da Diocese de Petrolina
Dom Orani destacou ainda, como
fruto do Congresso Eucarístico, que “a
Eucaristia é a certeza da ressureição de
Cristo e de sua presença no meio de nós”,
e motivou todos a fazerem a experiência
eucarística de comunhão e de unidade.
“Que cada um de nós possa cami-
nhar unido à Igreja, sentir com a Igreja,
caminhar como povo de Deus, unido ao
Santo Padre, para que, juntos, possamos
ser um sinal neste mundo em época de
mudança. Caminhar com esperança e
confiança no Senhor, fazer com que a
Igreja, assim como fez Jesus, passe pelo
mundo fazendo o bem”.
SEMANA JUBILAR
Com o tema: “Semeando a alegria
do Evangelho”, a semana jubilar, em
comemoração ao centenário da Diocese
de Petrolina, foi realizada de 20 a 26 de
novembro. Entre todos os sacerdotes que
se mobilizaram para o êxito das festivida-
des destacam-se o coordenador do Ano
Jubilar do Centenário, padre Givanildo
José de Souza, e o vigário geral e reitor
da Catedral, monsenhor Milton Porfírio
dos Santos.
Em três polos descentralizados na
cidade houve celebrações eucarísticas,
ação social, catequese e encontros com o
clero, religiosas, seminaristas, famílias,
comunidade educacional católica, novas
comunidades, Renovação Carismática
Católica e Apostolado da Oração.
Para fortalecer a espiritualidade dos fi-
éis na dimensão da fé, arte e cultura, houve
Dom Orani encerra o Congresso Eucarístico com bênção do Santíssimo Sacramento
15
shows com os cantores católicos Ana Clara
e Ítalo Poeta, irmã Kelly Patrícia, Geraldi-
nho e a Comunidade Missão Resgate.
O administrador da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vian-
ney, de Campos (RJ), Dom Fernando
Arêas Rifan, conduziu uma catequese
sobre a “Hermenêutica da continuidade
a partir da Eucaristia”, e presidiu missa
na forma extraordinária do Rito Romano.
O bispo da Diocese de Itumbiara
(GO), Dom José Aparecido Gonçalves
de Almeida, teve um encontro com a
sociedade civil e militar, e o secretário-
-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers,
conduziu o Congresso Eucarístico Jovem.
Também presidiram missas o arcebispo
de Belém (PA), Dom Alberto Taveira, e o
arcebispo de Brasília (DF), Cardeal Paulo
Cezar Costa.
Dentro da semana jubilar, houve o
Congresso Eucarístico Diocesano, com
missas, adoração ao Santíssimo Sacra-
mento confissões e shows.
Na manhã de domingo, dia 26 de
novembro, houve Missa Solene na Igreja
Matriz (antiga Catedral da diocese),
seguida de procissão eucarística até a
nova Catedral e, logo depois, adoração
ao Santíssimo. No início da noite, houve
o encerramento das comemorações e
do Congresso Eucarístico, presidido por
Dom Orani, seguido de procissão euca-
rística pelas ruas principais do centro da
cidade de Petrolina.
CARLOS MOIOLI
 16 RADAR 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Rio de Esperança
Venha participar de um show incrível com padre Gleuson Gomes, Joaquim, Ministério Atos
de Louvor e banda Azarias.
Será uma noite de muita música e louvor, na qual você poderá se conectar com Deus e
se emocionar com belas canções numa noite de muita adoração.
O evento acontecerá na sede do Sport Club Mackenzie, que fica na Rua Dias da Cruz, 561,
no Méier, em 7 de dezembro, a partir das 19h30. Ingresso pelo Sympla (sympla.com.br). A
classificação é livre para todas as idades.
Venha fazer parte dessa noite especial, repleta de música e espiritualidade. Garanta seu
ingresso agora mesmo e não perca a oportunidade de vivenciar momentos únicos ao lado
de grandes artistas da música católica.

Pastoral do Surdo
No dia 9 de dezembro, sábado, das 8h
às 13h, conforme a programação, as comu-
nidades de surdos da Arquidiocese do Rio
de Janeiro se reunirão para a preparação às
celebrações do Natal, na Paróquia Bom Jesus
da Penha, na Penha, administrada pelos
Padres Dehonianos.
Além do atendimento ao Sacramento da
Reconciliação, haverá adoração ao Santíssi-
mo e momentos de reflexão pessoal. O assis-
tente espiritual da Pastoral da Pessoa com
Deficiência (Pasped), padre Robson Atallah,
será o responsável pelas celebrações.
O evento contará com a participação de
surdos e intérpretes das nove comunidades
da arquidiocese: Méier, Campo Grande, La-
goa, Tijuca, Pavuna, Copacabana, Jacarepa-
guá, Riachuelo e Bom Jesus da Penha. Após
o serviço religioso, os surdos participarão das
comemorações dos 24 anos de fundação da
comunidade local, com um lanche reforçado
e muita alegria e amizade.

DA REDAÇÃO
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 EM COMUNIDADE 17

Diploma de Mérito
Universitário
O padre Dionel Lopes
Amaral, S.J., da Companhia
de Jesus, foi agraciado com
o Diploma de Mérito Univer-
sitário, concedido pela Pon-
tifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
O diploma é um reco-
nhecimento pelos 50 anos
de dedicação, fidelidade e
estima a instituição de en-
sino, atualmente tendo com
reitor o padre Anderson
Antonio Pedroso, S.J.
Padre Dionel Lopes
Amaral nasceu em Belém do Pará, no dia 5 de setembro de
1933, e foi ordenado sacerdote no dia 18 de dezembro de
1965, por Dom Cândido Padin, OSB, em São Paulo (SP).
Retiro do clero do Rio de Janeiro, no Centro
de Estudos do Sumaré, no Rio
Homem, que é do clero do Rio de
Janeiro. A missa de encerramento
Em 1972, tornou-se doutor em comunicação pela Univer- De 27 de novembro a 1º de Comprido. O retiro foi pregado foi presidida pelo arcebispo
sidade Internacional de Estudos Sociais Pró-Deo, em Roma, e dezembro, foi realizado mais um pelo bispo emérito da Diocese de metropolitano, Cardeal Orani João
no dia 2 de fevereiro de 1975, professou os votos perpétuos retiro do clero da Arquidiocese Iguatu (CE), Dom Edson de Castro Tempesta.
na Companhia de Jesus, onde está incardinado.
Na Arquidiocese do Rio de Janeiro, padre Dionel Amaral
exerceu os ofícios de professor de ética profissional na PUC-
-Rio, assessor de imprensa e diretor do programa “Palavras Retiro da Guarda de Honra do Santíssimo
de Vida”, a partir de 1975, e do programa “Santa Missa”, a
partir de 1989.

Venerável Odetinha
No dia 25 de novembro, o vigário episcopal para a Vida
Consagrada e também delegado arquidiocesano para a Causa
dos Santos, Dom Roberto Lopes, presidiu missa pelos 84 anos
de falecimento de Odette Vidal Cardoso, conhecida também
como ‘Odetinha’ ou ‘a Menina Odetinha’.
A missa foi realizada na Basílica Imaculada Conceição,
em Botafogo, onde estão os restos mortais da Venerável
Odetinha, título concedido pelo Papa Francisco, no dia 25 de
novembro de 2021. Nascida no dia 18 de fevereiro de 1931,
Odetinha morreu aos 8 anos.
O processo de beatificação da candidata carioca aos
altares iniciou-se no dia 18 de janeiro de 2013.
No dia 19 de novembro, aconteceu
o Retiro da Guarda de Honra do San-
tíssimo Sacramento, que faz parte da
Obra da Adoração Perpétua, realizado
na Igreja de Sant’Ana e Santuário de
Adoração Perpétua, no Centro, com a
presença de 56 novos adoradores e
adoradoras.
Sob a direção do pároco e reitor,
padre José Laudares de Ávila, o retiro
contou com a presença de cerca de
200 pessoas, entre novos e antigos
adoradores e convidados. O retiro con-
tou também com a presença do padre
Cristiano Holtz.
“Em 2024, a Obra da Adoração
Perpétua fará 99 anos, e temos o
desafio de que 99 apaixonados por
Jesus Eucarístico atendam o chamado
do Espírito Santo e digam ‘sim’, como
Maria”, explicou a presidente do grupo
da Guarda de Honra, Maria das Graças
Palhares.
Quem desejar juntar-se na missão
de adorar e fazer adorar o Santíssimo
Sacramento, entrar em contato pelo
email: adoracaoperpetuarj@gmail.com .

Dia de Ação de Graças

Na quinta-feira, dia 23 de novembro, o Dia Nacional
de Ação de Graças foi celebrado na Igreja de Nossa
Senhora da Candelária, no Centro.
O Te Deum, conduzido pelo bispo auxiliar Dom Paulo
Romão, foi organizado pelo Vicariato da Educação.
O significado do termo ação de graças em inglês
significa agradecer, ou seja, tudo aquilo que já falamos
aqui, que ação de graças significa justamente pedir e
agradecer.
A data foi instituída no Brasil através da lei Nº 781,
em 1949. A comemoração foi sugerida por Joaquim
Nabuco, quando ele era embaixador do Brasil nos Es-
tados Unidos.
O Papa Francisco em 30 de dezembro de 2020, em
plena pandemia disse: “para nós, cristãos, a ação de
graças deu o nome ao Sacramento mais essencial que
existe: a Eucaristia. Com efeito, a palavra grega significa
exatamente isto: agradecimento”.
 18
Agostinho: Ó, prestai ouvidos!
O Salmo 79, que se proclama no pri-
meiro domingo do Advento, é pleno de
exortações para a preparação da chegada do
Messias. Podemos lê-lo como retomada da
vida plena na vida litúrgica da Igreja. Todo o
salmo está marcado por uma noção de con-
versão e, por conseguinte, de renascimento.
Do ponto de vista do mistério, é a reabertura
de nossa participação nos mistérios de
Cristo, que aglutinam todos os mistérios
antigos, de que os patriarcas e os profetas
participaram.
Agostinho inicia seu comentário ao
primeiro versículo desse salmo com a ob-
servação de que ele é um testemunho da
mudança de rumo da história, isto é, da
chegada de Cristo: “Cantam-se aqui a vinda
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e
sua vinha. Mas canta aquele Asaf que está,
parece, iluminado e emendado; seu nome,
como sabeis, significa assembleia. Enfim,
no título do salmo é: ‘Para o fim. Por aqueles
que serão mudados’. Trata-se, de fato, em
mudança para melhor, porque Cristo, fim
da Lei (cf Rm 10,4) veio, para transformar
tudo em melhor. E acrescenta o salmista:
‘Testemunho de Asaf’, bom testemunho à
verdade. Este testemunho confessa Cristo e
sua vinha, a saber, a Cabeça e o corpo, o rei e o
povo, o pastor e o rebanho, e o mistério total
de Cristo nas Escrituras e a Igreja. O título do
salmo conclui-se deste modo: ‘Em favor dos
assírios’. A tradução de assírios é: ndirigen-
tes. Por conseguinte, não seja uma geração
que não tem o coração reto (cf Sl 77,8), mas
geração já bem orientada. Agora, ouçamos
como reza este testemunho” (Agostinho.
‘Comentário aos Salmos’, Salmos 51-100. São
Paulo: Paulus, 1998).
‘Pastor de Israel, prrestai ouvidos’, diz
o versículo 2. E Agostinho se pergunta
como interpretar este apelo: “Conduzes a
José como um rebanho?’ É invocado para
que venha, é esperado para que venha, é
desejado para que venha. Por conseguinte,
ele encontre dirigentes: ‘Conduzes José,
como um rebanho’. O próprio José é como
ovelhas. José é um rebanho, José é uma
ovelha. Ao ouvires falar em José, embora a
interpretação de seu nome muito ajude, pois
significa aumento, e na verdade, ele surgiu
para que o grão que morrera brotasse multi-
plicado (cf Jo 12,25), isto é, crescesse o povo
de Deus, no entanto, por aquilo que sabeis
que tinha acontecido a José — recordai que
foi vendido pelos irmãos, foi injuriado, foi
exaltado entre os estrangeiros (cf Gn 37,28;
41,40) — entendereis a qual rebanho deve-
mos pertencer, juntamente com aqueles que
têm o coração reto, a fim de que a pedra que
os construtores rejeitaram se torne a pedra
angular (cf Mt 21,42; Sl 117,22), que sustenta
as duas paredes, vindas de direções opostas,
mas unidas no ângulo”.
Qual é o poder de Deus? Provamo-lo
pela manifestação de seus mistérios, isto é,
de seus sacramentos, que vem do alto, mas
oferecem-se aqui a nós, no tempo sagrado da
liturgia: “‘Tens o trono sobre os querubins.
Manifesta-te’. Nós errávamos porque não
te manifestavas. ‘Ante Efraim, Benjamim e
PATRÍSTICA
Manassés’. Manifesta-te diante dos judeus,
diante do povo de Israel: ali se encontra
Efraim, Manassés e Benjamim. Mas veja-
mos a interpretação desses nomes. Efraim
quer dizer frutificação; Benjamim, filho da
direita; Manassés, esquecido. Aparece, pois,
diante do fruto, diante do filho da direita,
aparece diante do que foi esquecido a fim
de que não seja mais esquecido; mas que se
lembre aquele que livraste”.
Outra grande questão nos propõe Agos-
tinho ao comentar este salmo: “Mas, qual o
fruto de tudo isso? ‘Converte-nos, ó Deus dos
exércitos’. Apesar de tudo isso, ‘converte-nos’
efetivamente. ‘Olha do céu, e vê, e visita esta
vinha. Reforça a vinha que a tua destra plan-
tou’. Não planta outra, mas melhora esta. Ela
é descendência de Abraão, a descendência
na qual serão abençoadas todas as nações
(cf Gn 22,18). Aí está a raiz, que sustenta
a oliveira silvestre enxertada. ‘Reforça a
vinha que a tua destra plantou’. Mas como?
‘E sobre o filho do homem que para ti con-
firmaste’. Que há de mais evidente? O que
esperais ainda que vos exponhamos nessa
dissertação? Por que não exclamaremos de
admiração juntamente convosco: ‘Reforça
a vinha que a tua destra plantou, e sobre o
filho do homem’ hás de aperfeiçoá la? Qual
filho do homem? ‘Que para ti confirmaste’.
Grande fundamento! Edifica quanto pude-
res. ‘Quanto ao fundamento, ninguém pode
colocar outro diverso do que foi posto: Cristo
Jesus’ (1Cor 3,11)”.
Muitas vezes, o temor e a cupidez
afastaram-nos de Deus no ano que findou,
mas eis que surge um novo ano. Prestemos
ouvidos a Ele, pois o temor concupiscente
se transformará em temor respeitoso e a
cupidez, em amor: “‘Abrasadas pelo fogo,
destruídas, perecerão ante a ameaça de teu
rosto’. Quais as coisas que foram abrasadas
pelo fogo, destruídas e que haverão de pere-
3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
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cer diante da ameaça de seu rosto? Vejamos
e compreendamos o que foi abrasado pelo
fogo e destruído. Que repreendeu Cristo? Os
pecados. Diante das ameaças de seu rosto
os pecados desapareceram. Por que, então
se diz que os pecados foram abrasados pelo
fogo e destruídos? Duas são as origens de
todos os pecados humanos: a cupidez e o te-
mor. Refleti, considerai, interrogai vossos co-
rações, examinai vossas consciências. Vede
se existem pecados que não se originem na
cupidez ou no temor. Se te é proposta uma
recompensa para pecares, isto é, um objeto
de prazer para ti; tu o cometes porque o
desejas. Talvez não te deixes seduzir pelos
dons, contudo as ameaças te aterrorizam;
cometes o pecado porque temes”.
O temor de Deus humilha, isto é, faz-nos
reconhecer a misericóridia e o amor infinitos
de Deus; e o amor abrasa: “Enquanto o temor
bom também humilha, o amor bom infla-
ma, mas de maneira diversa. O agricultor
que intercedia em favor da árvore que não
produzia frutos, para que não fosse arranca-
da, disse: ‘Deixa-a para que eu cave ao redor e
coloque adubo’ (Lc 13,8). A fossa representa
a piedosa humildade do homem que teme a
Deus e o cesto de adubo o pano de saco, útil a
quem faz penitência. O Senhor alude ao fogo
do amor correto, ao dizer: ‘Eu vim trazer fogo
à terra’ (Lc 12,49). Inflamem-se neste fogo os
fervorosos de espírito, ardentes na caridade
ao próximo. É assim que toda obra justa é
praticada por meio do temor justo e do amor
correto, e ao invés, devido a um amor e um
temor perversos é que se cometem todos
os pecados. Portanto: Abrasados pelo fogo
e destruídos’ todos os pecados, ‘perecerão
ante a ameaça de teu rosto’”.
Agostinho pergunta ainda: Deus nos
mostrará a sua face? Se o fizer, ele nos resti-
tuirá a vida. E eis que Deus nos mostra sua
face, Jesus Cristo. Eis que recobramos a vida,
começa um novo ano: “‘Estende tua mão so-
bre o homem de tua direita e sobre o filho do
homem que fortaleceste para ti. E de ti não
nos apartaremos’. Até quando haverá uma
geração perversa e rebelde, que não tem o
coração reto? (Sl 77,8.9). (...) ‘Restituir-nos-
-ás a vida’, uma vez que estávamos mortos,
quando aderíamos aos bens terrenos; está-
vamos mortos, quando trazíamos a imagem
do homem terreno. ‘Restituir-nos-ás a vida’,
renovar-nos-ás, darnos-ás a vida do homem
interior. ‘E invocaremos teu nome’, isto é,
amar-te-emos. Serás para nós suave, perdo-
ando nossos pecados; serás todo ó prêmio
dos que foram justificados. ‘Converte-nos,
o Senhor Deus dos exércitos. Mostra-nos a
luz de tua face e seremos salvos’”.
Como Agostinho notou, este salmo de la-
mento é um convite ao arrependimento, por
isso ‘prestai ouvidos’, isto é, arrependemo-
-nos. Assim como o povo de Israel confessou,
depois de se arrepender de sua deslealdade:
‘Nunca mais nos afastaremos de ti’, nós com
maior razão, por um ano mais, que o tempo
litúrgico nos oferece, podemos dizer ‘não
mais nos afastaremos de ti’, v. 19, pois é a gra-
ça que promana do tempo do Advento que
agora se derrama sobre a nossa deslealdade.
O salmo não será proclamado inteiro
nas celebrações eucarísticas deste domingo
de Advento, mas é recomendável retomá-lo,
proclamá-lo por inteiro em outro momento,
estendendo assim o mistério da proclama-
ção eclesial de um dia para todo o ano que se
inicia, é o modo cristão de ‘prestar ouvidos’.
CARLOS FREDERICO CALVET DA
SILVEIRA
PROFESSOR DA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE PETRÓPOLIS E DO
SEMINÁRIO SÃO JOSÉ,
NO RIO DE JANEIRO
 20 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Vicariato Sul realiza Assembleia Sinodal FOTOS: PASCOM

Os sacerdotes, diáconos, consagrados e lideranças paroquiais foram divididos em grupos de discussão, de acordo com os quatro temas propostos

Na manhã do dia 23 de no-
vembro, o Vicariato Sul se reu-
niu em assembleia na Paróquia
Nossa Senhora de Copacabana e
Santa Rosa de Lima, em Copaca-
bana, para apreciar a síntese dos
relatórios enviados pelas paró-
quias, com vistas à aprovação do
relatório final.
Compareceram 92 pessoas:
sacerdotes, diáconos, religiosas
e leigos e leigas eleitos nas res-
pectivas assembleias paroquiais.
A Santa Missa deu início às
atividades, sendo presidida pelo
bispo referencial do Vicariato
Sul, Dom Dom Antonio Augus-
to Dias Duarte, e concelebrada
pelos sacerdotes presentes.
Após a celebração eucarísti-
ca, já no auditório, Dom Antonio
Augusto presidiu a assembléia,
e comentou sobre a síntese que
lhe foi apresentada. O vigário
episcopal, cônego Marcio Quei-
roz, informou a todos sobre a di-
nâmica da apreciação dos textos.
Os presentes foram divididos em
grupos de discussão, de acordo
com os quatro temas propostos.
Por fim, foram apresentadas
algumas sugestões e aprovado o
texto final que será apresentado
à arquidiocese. Os trabalhos
foram concluídos com a Oração
do Ângelus.
MISSÃO DE EVANGELIZAR
Na homilia, ao ref letir a
liturgia do dia, Dom Antonio
Augusto explicou que o evan-
gelista São Lucas registrou uma
reação emocional de Jesus,
quando divisou Jerusalém desde
longe: o choro. “Jesus derramou
lágrimas e o motivo foi a falta de
discernimento de quem visitava
a Cidade Santa, o próprio Deus
na sua humanidade, Jesus per-
feito Deus e perfeito homem”.
Outro registro feito por São
Lucas surpreendeu bastante, a
reação enérgica, jamais dura e
grosseira, de Jesus quando viu o
Templo de Jerusalém – Símbolo
de Deus presente no meio do
povo eleito – transformado “em
mercadão”.
“A identidade de Jesus e a
identidade da Igreja quando
desvirtuadas, ou não insuficien-
temente reconhecidas, são cau-
sas das lágrimas e das reações
firmes de Cristo”, continuou o
bispo auxiliar.
Dom Antonio Augusto des-
tacou que a finalidade do II
Sínodo Arquidiocesano na Igreja
Particular do Rio de Janeiro
tem essa função de “tornar
Jesus Cristo mais conhecido e
reconhecido como Redentor da
Humanidade, e sua Igreja, fun-
dada sobre a rocha de Pedro, do
Papa e dos bispos em comunhão
com Ele, como família dos filhos
de Deus a serviço da grande
família, que é a sociedade atual,
infectada por culturas e ideolo-
gias destruidoras da dignidade
humana e das famílias cariocas”.
O bispo referencial do Vi-
cariato Sul explicou que depois
que expulsou os vendedores do
Templo, Jesus foi considerado
um perigo pelos sumos sacer-
dotes, mestres da Lei e notáveis
do povo, daí o veredito: conde-
nação à morte, e só lhes restava
encontrar um modo de matá-lo.
Porém, o povo todo estava fasci-
nado quando ouvia Jesus falar.
“O sínodo arquidiocesano no
nível vicarial tem a necessidade
urgente de pessoas sinodais
fascinadas, com seus corações
ardentes e seus pés a caminho.
Todas pessoas sinodais, vivendo
a unidade na diversidade cultu-
ral, social, espiritual e eclesial,
que mantenham acesa a fasci-
nação por Cristo e pela Igreja,
e levem adiante, todas juntas,
a missão de evangelizar essa
parcela da Igreja em solo carioca,
o Vicariato Sul”, observou Dom
Antonio Augusto.
“Fascinadas, admiradas, ani-
madas, serão causa do sorriso de
Deus e da sua principal reação e
ação: abençoar a Arquidiocese de
São Sebastião do Rio de Janeiro!”,
concluiu Dom Antonio Augusto.
MARIA HELENA GONÇALVES

A Santa Missa foi presidida por Dom Antonio Augusto A assembleia contou com a presença de 92 representantes paroquiais
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Seminário diocesano de Petrópolis
celebrará 75 anos de fundação
O arcebispo do Rio de Ja-
neiro, Cardeal Orani João Tem-
pesta, presidiu missa em ação
de graças no Seminário Nossa
Senhora do Amor Divino, em
Petrópolis, dentro das come-
morações dos 75 anos de fun-
dação do seminário diocesano,
erigido no dia 6 de janeiro de
1949. Durante todo o ano de
2023, sempre no dia 25 de cada
mês, um bispo do Regional Les-
te 1, formado pelas dioceses do
Estado do Rio, celebrou missa
em comemoração ao jubileu do
seminário diocesano.
“Seja bem-vindo. A sua pre-
sença nos enriquece e nos ajuda
a continuar a caminhada de
construção deste seminário,
coração da diocese, que se
prepara para celebrar 75 anos
de fundação. Ele já formou
mais de cem sacerdotes e cinco
bispos, entre eles, um cardeal
para a Igreja de Cristo. Que suas
preces alcancem numerosas vo-
cações e a graça da perseverança
dos que são chamados para
o sacerdócio”, disse o vigário
geral da Diocese de Petrópolis,
monsenhor José Maria Pereira,
no início da celebração.
Na acolhida, Dom Orani
agradeceu a oportunidade de
presidir a Eucaristia pelo ju-
bileu do seminário diocesano,
a convite do reitor, padre Luiz
Henrique Veridiano. Pediu
para transmitir sua saudação a
Dom Gregório Paixão, ausente
por causa de compromissos
pastorais, que ainda responde
pela diocese como administra-
dor, já que foi eleito arcebispo
metropolitano de Fortaleza, no
Prédio do Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Petrópolis
ARQUIDIOCESE 21
ROGÉRIO TOSTA
Ceará, cuja posse acontecerá no
dia 15 de dezembro. Também
agradeceu ao maestro Marco
Aurélio Lischt pela animação da
missa com a presença do Coral
dos Canarinhos de Petrópolis.
Na homilia, Dom Orani
refletiu as leituras do dia, lem-
brando que o fim do ano li-
túrgico, que se encerra com a
Solenidade de Cristo Rei, é um
convite para “viver cada dia de
acordo com a vontade do Se-
nhor”, e que a Palavra de Deus
ajuda a “nunca perder de vista
a dimensão do fim último, que
é a vida eterna”.
Ao lembrar que estava sendo
concluído no Brasil o 3º Ano
Vocacional, com o lema: “Co-
rações ardentes, pés a caminho”
(cf. Lc 24, 32-33), que recorda
o entusiasmo dos discípulos de Dom Orani, sacerdotes, diáconos e seminaristas na capela do Seminário Nossa Senhora do Amor Divino
Emaús após a experiência que
tiveram com o Senhor, o arce- reitor, padre Luiz Henrique, dezembro, convidou os fiéis a “recanto de Corrêas, próximo
bispo destacou a necessidade agradeceu a presença de Dom rezar pelas vocações e também à capelinha do povoado, onde
de olhar a história e agradecer Orani, se comprometeu a “rezar a colaborar na manutenção do se encontra a Virgem do Amor
a Deus o dom da vocação. pelo seu ministério e pelo ser- seminário. “O Papa São João Divino”, foi construído em estilo
“Faz parte da missão do bis- viço que presta junto ao Santo Paulo II ensinou que a vocação colonial espanhol e inaugurado
po a preocupação com a forma- Padre”, e fez o convite para é fruto de uma comunidade em 1953, com capacidade para
ção de seus padres. A iniciativa participar da solene celebração que reza e que sobrevive pela 130 internos.
do primeiro bispo de Petrópolis, de aniversário jubilar do Semi- colaboração dos fiéis”. No dia 6 de janeiro de 1949,
Dom Manoel Pedro da Cunha nário Nossa Senhora do Amor Dom Manoel Pedro da Cunha
Cintra, fundador do seminário, Divino, no dia 8 de abril. HISTÓRIA Cintra escreveu uma carta aber-
foi seguida pelos demais bispos Padre Luiz Henrique lem- A consagração do Seminário ta a todos os seus diocesanos,
diocesanos. Cada um deu sua brou que o seminário diocesano Diocesano a Nossa Senhora do comunicando a abertura do
contribuição na formação de “tem uma rica tradição desde Amor Divino surgiu da devoção seminário em março. “Nada na
padres que possam ser homens 1949, formando homens, cris- do primeiro bispo de Petrópolis, Igreja se faz sem o sacerdote.
de Deus e, assim, ajudar as pes- tãos e padres para a Igreja”, já que Dom Manoel Pedro da Cunha Nossa diocese vai ter o seu se-
soas a viverem cada vez melhor a instituição, além da formação Cintra. minário. Sua abertura será no
a vocação cristã. Que possamos para o sacerdócio, oferece, por O terreno foi doado para a dia 3 de março próximo, com a
animar, rezar e trabalhar pela meio do educandário, o ensino diocese em 1948 pela embai- matrícula dos 23 primeiros alu-
dimensão vocacional em nossa médio para alunos externos. xatriz Lavínia Luiz Guimarães, nos, e sua inauguração solene
vida de Igreja”, evidenciou o O reitor anunciou a orde- e as atividades do seminário será no dia 25 do mesmo mês.”
arcebispo. nação dos diáconos Marcelo e foram iniciadas em 1949. O
No final da celebração, o Alison que serão ordenados em prédio principal, situado no CARLOS MOIOLI
DIOCESE DE PETRÓPOLIS
DIOCESE DE PETRÓPOLIS
Cardeal Jaime de Barros Câmara (ao centro) e Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra (à dir.),
na inauguração do seminário diocesano
 22
“Cuidado! Ficai atentos! Vigiai!”(Mc 13,33.37)
Nesse domingo iniciamos
um novo tempo litúrgico: o
tempo do advento. Através
dele somos orientados pela
virtude da esperança a es-
tarmos alegres para celebrar
a memória da primeira vinda
de Cristo que, no mistério
da sua encarnação, nasce
na mais completa pobreza
e, assumindo a nossa natu-
reza mortal, nos enriquece
de sua imortalidade. Com
tempo do advento somos
exortados, à luz da Palavra
de Deus, para a vigilância
de nossas atitudes, a fim de
que preparemos os nossos
corações para a sua segunda
vinda. Esta, por sua vez,
exige de nós muita atenção
sobre como vivemos nesse
mundo, afinal, “o Filho do
Homem virá numa hora em
que não pensais” (Mt 24,44).
Escutamos na primeira
leitura um texto onde o
profeta eleva a Deus uma
prece na qual está evidente
o seu caráter de súplica. Em
Is 63,7-14 o autor sagrado
faz memória das ações sal-
víficas do Senhor revelando
a sua imensa bondade na
história do seu povo. Diante
de tamanha bondade e com-
paixão que Deus teve com
Israel, parece-nos, segundo
o profeta, que Deus está em
silêncio, ou seja, que Ele não
responde mais aos apelos
dos israelitas. Passando por
inúmeras dificuldades, o
profeta experimenta com
todos os seus irmãos uma
grande solidão. Deus parece
estar mudo. Diante dessa
ausência de resposta da par-
te do Senhor, o profeta não
desiste, e com a força inte-
rior que lhe sobrou, invoca-
-o dizendo: “Senhor, tu és
nosso Pai, nosso redentor;
eterno é o teu nome. Como
nos deixaste andar longe de
teus caminhos e endureceste
nossos corações para não
termos o teu temor? Por
amor de teus servos, das
tribos de tua herança, volta
atrás” (Is 63,16b-17). Invocado
pelas expressões “Pai” e “re-
dentor”, estas revelam quem
é Deus para o profeta.
A primeira expressão
resulta do reconhecimento
da presença protetora do
Senhor ao longo da história
do seu povo eleito; na segun-
da, go’el, em hebraico, vemos
LITURGIA 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
uma expressão utilizada
no antigo direito israelita,
reservada ao membro do clã
que era encarregado para
defender os seus familiares e
o patrimônio familiar (cf. Lv
25,23-24); libertar um mem-
bro da família que se tornou
escravo (cf. Lv 25,26-49); pro-
teger uma viúva (cf. Rt 4,5) ou
vingar o sangue derramado
de um parente que foi morto
(cf. Nm 25,19-20).
À luz dessas expressões,
podemos ref letir quem é
Deus para o profeta: Deus é
aquele que protege, liberta
e salva o seu povo das situ-
ações mais duras e difíceis
de suas vidas. Portanto, esse
reconhecimento de quem
é o Senhor para os judeus
revela que no coração do
profeta a esperança em Deus
permanece viva. Ainda que
o silêncio de Deus seja apa-
rente, Ele não está alheio às
provações que o seu povo
sofre. A esperança que o pro-
feta tem no Senhor mostra-
-se evidente quando ele diz:
“Ah! Se rompesses os céus e
descesses! As montanhas se
desmanchariam diante de
ti. Desceste, pois, e as mon-
tanhas se derreteram diante
de ti. Nunca se ouviu dizer
nem chegou aos ouvidos de
ninguém, jamais olhos viram
que um Deus, exceto tu, te-
nha feito tanto pelos que nele
esperam” (Is 63,19b. 64,2b-3).
Da mesma forma que
o profeta reconhece quem
é Deus para ele, também
assume a sua identidade
reconhecendo-se como al-
guém que foi infiel à Aliança
junto com seus irmãos. Por
isso, assumindo as suas fra-
quezas, faz uma confissão
coletiva dos pecados: “Todos
nós nos tornamos imundície,
e todas as nossas boas obras
são como um pano sujo;
murchamos todos como
folhas, e nossas maldades
empurram-nos como o ven-
to. Não há quem invoque
teu nome, quem se levante
para encontrar-se contigo;
escondeste de nós tua face
e nos entregaste à mercê da
nossa maldade” (Is 64,5-6). O
silêncio de Deus é apenas
aparente. Muitas vezes, o
silêncio que vivemos diante
das provações é atribuído
frequentemente ao Senhor
achando que Ele virou o seu
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 LITURGIA 23

rosto contra nós. Contudo, o
silêncio de Deus é rompido
através do rosto do seu Filho.
Cristo é o rosto misericordioso
do Pai.
No Evangelho desse domin-
go, estamos tendo contato com
uma perícope que faz parte do
discurso escatológico de Jesus,
narrado por Marcos. Nele, ob-
servamos que o Divino Mestre
instrui os seus discípulos para
que estejam preparados para a
manifestação gloriosa do Filho
do Homem (cf. Mc 13,24-27). Tudo
isso acontece quando Jesus está
no Templo de Jerusalém com
seus discípulos. Estes, por sua
vez, ficam admirados com as
grandes construções daquele
local e escutam o Senhor que
diz: “Vês essas grandes constru-
ções? Não ficará pedra sobre pe-
dra que seja demolida” (Mc 13,2).
Diante do que Jesus acaba
de revelar, Pedro, Tiago, João
e André perguntaram em par-
ticular: “Dize-nos quando será
isso e qual será o sinal de que
todas essas coisas estarão para
acontecer?” (Mc 13,4). A partir
desse cenário, Jesus os exorta
à vigilância dizendo: “Cuidado!
Ficai atentos, porque não sabeis
quando chegará o momento”
(Mc 13,33). Para designar a ex-
pressão “o momento”, no texto
grego encontramos o termo
kairós1. Esse momento é des-
conhecido de todos os homens,
a fim de que cada um possa,
de modo vigilante, se prepa-
rar para a manifestação desse
tempo kairótico onde Deus será
tudo em todos (cf. 1Cor 15,28).
Em seguida, uma breve
parábola é narrada mostrando
a necessidade da vigilância.
Jesus diz que “o momento”, o
tempo kairótico em que o Filho
do Homem se manifestará será
como “um homem que, ao partir
para o estrangeiro, deixou sua
casa sob a responsabilidade de
seus empregados, distribuindo a
cada um sua tarefa. E mandou
o porteiro ficar vigiando” (Mc
13,34). Em outras palavras, Cris-
to, ao voltar para o seio do Pai,
confiou a cada homem e mulher
a missão de ser a sua imagem e
semelhança realizando o mes-
mo bem que Ele fez.
Dessa forma, esperar vigi-
lante o seu retorno significa
que, enquanto estamos presen-
tes nesse mundo, precisamos
ser testemunhas do seu amor
por meio de ações concretas,
tal como viveu o Filho de Deus
que, por onde passava, só fazia o
bem às pessoas que encontrava.
Agindo assim, não precisamos
temer quando o Senhor nos
chamar para o seu encontro
definitivo, pois quem faz o bem
à luz dos gestos de Cristo, revela
que vive em constante vigilân-
cia aguardando a sua nova vin-
da. Afinal, “toda vigilância só
tem o seu pleno sentido a partir
da espera por Aquele que há de
vir (...) sem esta espera cairemos
ou no moralismo ou nos “liber-
taremos” do jugo da lei para
nos entregarmos à servidão
dos insaciáveis imperativos do
egoísmo e da auto-satisfação”2.
Estimados irmãos e irmãs,
tendo iniciado o tempo do ad-
vento, supliquemos ao Espírito
de Deus que nos conceda o dom
de permanecermos acordados
e atentos ao bem que o Cristo
nos confiou, testemunhando
com gestos e palavras o rosto
misericordioso do Pai ao nos-
so próximo. Por isso, “vigiai
porque não sabeis quando o
dono da casa vem. O que vos
digo, digo a todos: Vigiai!” (Mc
13,35.37). Evitemos o “sono” da
indiferença para que ele não
nos permita negligenciarmos à
missão que nos foi dada nesse
mundo. Conforme diz o apósto-
lo dos gentios: “Desperta tu que
dormes, levanta-te dos mortos
e Cristo te iluminará” (Ef 5,14).
Com efeito, o Tempo do
Advento, pedagogicamente, nos
educa a esperarmos o Cristo de
modo vigilantes e alegres, afinal,
“revestido da nossa fragilidade,
ele veio a primeira vez para rea-
lizar seu eterno plano de amor e
abrir-nos o caminho da salvação.
Revestido de sua glória, ele virá
uma segunda vez para conce-
der-nos em plenitude os dons
prometidos que hoje vigilantes
esperamos” 3. Por essa razão,
orando e trabalhando, não nos
cansemos de fazer o bem.
Embora tenhamos vivido
tempos difíceis, seja em nível
pessoal, seja em nível coletivo,
a ponto de acharmos que o
Senhor virou o seu rosto con-
tra nós, Ele, misteriosamente,
está lançando em nós as suas
sementes. O luto gerado por
inúmeras perdas de pessoas
queridas, as enfermidades que
tocam o nosso corpo ou de al-
guém que amamos, a ansiedade
que se multiplica em angústia e
depressão, o desemprego pro-
vocando incertezas do futuro;
enfim, ainda que não tenhamos
resposta a esses sofrimentos
que vivemos, no qual somos
tentados a pensar que o silêncio
de Deus é a certeza de que Ele
nos abandonou, ao contrário,
somos socorrido pelo seu amor
e testemunhamos que Ele é
o nosso Pai e que nós somos
apenas barro. Ele é o nosso
divino oleiro que utiliza as nos-
sas lágrimas provocadas pelas
dores que experimentamos e,
por meio do seu amor miseri-
cordioso, nos torna a obra de
suas mãos (cf. Is 64,7), um vaso
de honra para o seu louvor, re-
velando para nós que Ele é fiel
(cf. 1Cor 1,9).
Portanto, nesse novo tem-
po proporcionado pela Igreja,
cheios de esperança e procla-
mando com fé, façamos da voz
do salmista a nossa voz, dizen-
do: “Iluminai a vossa face sobre
nós, convertei-nos, para que
sejamos salvos! E nunca mais
vos deixaremos, Senhor Deus!
Dai-nos vida, e louvaremos
vosso nome! (Sl 79,4.19).
PADRE EUFRÁZIO
MORAIS
MESTRE EM
TEOLOGIA
SISTEMÁTICO-
PASTORAL PELA
PUC-RIO, PROFESSOR
DE HOMILÉTICA DO ISTARJ, NO SEMINÁRIO
SÃO JOSÉ E PÁROCO DA PARÓQUIA NOSSA
SENHORA DA CABEÇA, NA PENHA.
1
Kairós: “Tempo oportuno”,
“momento presente”, “momento
propício”. O sentido teológico aponta
o termo como tempo de salvação,
manifestação da graça de Deus.
RUSCONI, C. Dicionário do Grego do
Novo Testamento, p.245.
2
BOUZON, E., ROMER, K. J. A Palavra
de Deus - No anúncio e na oração. Ano
B, p.13.
3
Prefácio do Advento I - As duas
vindas de Cristo.

1º Domingo do Advento - Ano B 1ª Leitura - Is

63,16b-17.19b;64,2b-7
2ac.3b.15-16.18-19 (R.4)
2ª Leitura - 1Cor 1,3-9
Liturgia Diária - Missa do Dia - 3 de dezembro de 2023 Salmo - 79, Evangelho - Mc 13,33-37

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO

Dia 4 de dezembro
1ª Leitura - Is 2,1-5
Salmo - 121
Evangelho - Mt 8,5-11
Dia 5 de dezembro
1ª Leitura - Is 11,1-10
Salmo - 71
Evangelho - Lc 10,21-24
Dia 6 de dezembro
1ª Leitura - Is 25,6-10a
Salmo - 22
Evangelho - Mt 15,29-37
Dia 7 de dezembro Dia 8 de dezembro
1ª Leitura - Is 26,1-6 1ª Leitura - Gn 3,9-15.20
Salmo - 97
Salmo - 117 2ª Leitura - Ef 1,3-6.11-12
Evangelho - Mt 7,21.24-27 Evangelho - Lc 1,26-38
Dia 9 de dezembro
1ª Leitura - Is 30,19-21.23-26
Salmo - 146
Evangelho - Mt 9,35-10,1.6-8

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 24 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Igreja no Rio de Janeiro ganhará mais

12 diáconos permanentes vocacionados para
o serviço do Altar, da Palavra e da Caridade DIVULGAÇÃO

Atrás, da esq. para a dir., Carlos Alexandre, Thiago, Eugênio e Fernando; no centro, Ricardo, Marcus, Márcio e Celso; à frente, Maurício, Dimas, Paulo e Cassios

“Não fostes vós que me es-
colhestes, mas eu vos escolhi”
(Jo 15,16) é o lema dos 12 novos
diáconos permanentes que
escolheram Santa Clara como
padroeira da turma. Vocacio-
nados para o serviço do Altar,
da Palavra e da Caridade, eles
irão receber o primeiro grau do
Sacramento da Ordem pelas
mãos do arcebispo do Rio de
Janeiro, Cardeal Orani João
Tempesta, durante Santa Missa
a ser realizada na Catedral de
São Sebastião, no Centro, no
dia 9 de dezembro - véspera do
segundo domingo do Advento,
com início às 8h30.
A ordenação acontecerá de-
pois de cinco anos de formação,
um de propedêutico e quatro
de estudos teológicos, na Es-
cola Diaconal Santo Efrém, que
tem como diretor o padre Jorge
André Pimentel. Durante um
período da pandemia, os estu-
dos foram realizados de forma
on-line.
Em preparação à ordenação
como diáconos permanentes, a
Turma Santa Clara irá participar
de um retiro espiritual, no Mos-
teiro de São Bento, no Centro,
de 4 a 9 de dezembro, sob a
orientação do bispo emérito
da Diocese de Guanhães (MG),
Dom Jeremias Antônio de Jesus.
TURMA SANTA CLARA
A Turma Santa Clara é
integrada pelos candidatos
e suas respectivas paróquias
de origem: Carlos Alexandre
Souza de Aguiar, da Paróquia
Bom Pastor e Nossa Senhora
de Fátima, em Campo Gran-
de, Cassios Cleiton Nery de
Mesquita, da Paróquia São
Geraldo, em Olaria, Celso das
Chagas Costa, do Santuário
Nossa Senhora de Loreto,
na Freguesia, Dimas Ramos
Cardoso, da Paróquia Santo
Antônio de Pádua e Nossa
Senhora da Boa Vista, no
Cachambi, Eugênio Lopes
Pereira Júnior, da Paróquia
São Cosme e São Damião,
no Andaraí, Fernando Farias
Ferreira, da Paróquia de São
Januário e Santo Agostinho,
em São Cristóvão, Márcio Luis
Curty Fernandes da Cunha,
da Paróquia de Sant’Ana,
em Campo Grande, Marcus
Vinícius Coelho Chiavegatto,
da Paróquia São Marcos, na
Barra da Tijuca, Maurício
Ferreira Lopes, da Paróquia
Apóstolo São Pedro, em Caval-
cante, Paulo Cesar de Andrade
Santos, da Paróquia Sagrada
Família, em Campo Grande,
Ricardo Antonio Sabino de
Figueiredo, da Paróquia Nos-
sa Senhora da Conceição, em
Santa Cruz, e Thiago Mariz
Esteves de Souza, da Catedral
de São Sebastião, no Centro.
LEMA
Após os estudos, a Turma
Santa Clara de Assis compre-
endeu que abraçar ao diaconato
permanente não se trata de uma
conquista pessoal, é antes de
tudo, a resposta a um sublime
chamado vindo do coração de
Deus, afinal, “Não fostes vós
que me escolhestes, mas Eu vos
escolhi e vos constituí para que
vades e produzais fruto, e o vos-
so fruto permaneça” (Jo 15,16).
VOCAÇÃO DO DIÁCONO
Para apascentar e fazer cres-
cer cada vez mais o povo de
Deus, Cristo Senhor instituiu
na Igreja diversos ministérios
destinados ao bem de todo o
seu povo. O diácono é, junto
com padres e bispos, parte do
ministério ordenado da Igreja,
que se configura a Cristo através
da consagração de toda sua vida
para servir e santificar o povo
de Deus.
Pela imposição das mãos
do bispo, o candidato ao dia-
conato recebe, através da graça
sacramental, os dons do Espí-
rito Santo para servir a Deus
e ao seu povo na Liturgia, na
Palavra e na Caridade, sem-
pre em verdadeiro espírito de
obediência e comunhão com
o bispo e de colaboração com
todo o clero.
Assim, cabe ao diácono
tomar parte na celebração dos
divinos mistérios, em especial,
na Sagrada Eucaristia, bem
como em todos os outros sacra-
mentos. Torna-se responsável
pela proclamação e pregação
do Evangelho; por presidir as
orações junto aos fiéis; batizar
aqueles que querem fazer parte
da família cristã; assistir aos
matrimônios, concedendo-lhes
a bênção em nome da Igreja;
presidir funerais; orientar a
catequese e, em especial, consa-
grar-se aos serviços da caridade.
Dentre todos os ofícios
desempenhados pelo diáco-
no, destaca-se a missão que
lhe é conferida de distribuir a
bênção de Deus a todo povo,
tornando-se um sinal do amor
e da misericórdia do Senhor.
Assim, como parte do clero,
os diáconos contam com uma
graça especial para que suas
vidas possam ser expressão
das virtudes a eles concedidas
por Deus, sendo sempre fiéis a
Cristo e à sua Igreja.
CARLOS MOIOLI
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 ARQUIDIOCESE 25

‘Deus nos escolheu para sermos ordenados no

ministério que tem como principal função o serviço’ DIVULGAÇÃO

Cassios Cleiton, a esposa Elizangela e os filhos Amanda, Pedro Lucas e João Matheus

“Tenho 51 anos e estou casa-
do há 28 anos com a minha dig-
níssima esposa Elizangela Lima
de Oliveira de Mesquita. Sou
professor, tenho quatro filhos;
um no céu, com aproximada-
mente um mês de gestação, mas
não conseguiu prosseguir, pois
houve um aborto espontâneo,
e os outros três: uma menina
linda de 19 anos, Amanda e dois
meninos, gêmeos, de 24 anos,
Pedro Lucas e João Matheus.
Venho de uma família cató-
lica praticante, na qual meus
pais, José Sitonho Mesquita e
Zuleide Nery de Mesquita, nos
encaminharam na fé católica.
Fui batizado na Igreja Nossa
Senhora de Bonsucesso, fiz a
Primeira Comunhão na Paró-
quia Nossa Senhora de Fátima,
onde também fui crismado. Co-
nheci minha esposa no Crisma,
e entre namoro e noivado, até o
casamento levamos cinco anos
e meio. Casamos na Paróquia
Nossa Senhora de Bonsucesso
e quem celebrou, na época diá-
cono, foi padre Walter Peixoto.
Fui coroinha, trabalhei no
Crisma e no grupo jovem JEF
(Juventude Esperança do Futu-
ro), e servia tocando e cantando
nas missas junto com minha
esposa e demais irmãos, na
Paróquia Nossa Senhora de
Fátima. Há aproximadamente
10 anos, fomos para a Matriz
São Geraldo como paroquianos,
e aqui fui membro da Pastoral
da Família e coordenador, e
trabalhei como MESC.
A primeira vez em que me
senti atraído ao diaconato não
tinha muita clareza do que era.
Via um homem com a roupa
parecida com a do padre, aju-
dando no altar. Procurei saber
os critérios para ser um diáco-
no, e obtive como resposta que
não tinha tempo de casado e
idade para ingressar naquele
momento. Após uns 20 anos,
não pensava mais nisso.
Observando na missa o
diácono Tarcísio, em minha
paróquia, no seu serviço, fui
cativado e Deus começou a me
incomodar com o jeito, simpli-
cidade através do serviço do di-
ácono Tarcísio, despertando em
mim a resposta do que estava
adormecido, assim aumentan-
do a cada dia o desejo de fazer o
discernimento vocacional.
Um dia, sendo atendidos
eu e minha esposa por nosso
orientador espiritual na época,
falei que me sentia novamente
atraído ao diaconato, incomo-
dado, seduzido. Então, minha
esposa ao lado falou: “Não falei,
pois não queria influenciá-lo,
mas há algum tempo, Deus
tem falado em meu coração que
incendiaria novamente o seu
chamado diaconal”. A partir daí,
tive a certeza que deveria fazer
o discernimento junto com a
Escola Diaconal.
Fui até ao cônego Júlio Cé-
sar, expressando minha von-
tade de seguir esta vocação.
Ele prontamente, no tempo
da matrícula, me encaminhou
e, hoje, completam cinco anos
aproximadamente responden-
do a esse chamado pela miseri-
córdia e graça de Deus.
Foram anos de muitos de-
safios, pandemia, problemas
de saúde importantes, mas
seguindo firmes confiando na
misericórdia e nas promessas
de Deus.
Agora, aproxima-se o mo-
mento em que apesar de nós,
Deus nos escolheu para sermos
ordenados no ministério, que
tem como principal função o
serviço. Serviço aos bispos, aos
padres, a toda comunidade e
nos diversos contextos que nos
serão confiados.
Agradeço a Deus por essa
eleição, pelo apoio de minha
esposa e meus filhos que foram
fundamentais para eu con-
seguir vencer os obstáculos e
chegar até aqui. Ao meu pároco,
cônego Júlio Cesar, ao vigário
Raphael Talarico, ao diácono
Tarcísio por todo zelo, carinho
e compreensão neste tempo de
formação, e a toda Comunida-
de São Geraldo, que rezou por
mim.
Agradeço também ao cô-
nego Aldo, pároco de minha
paróquia de estágio, Nossa
Senhora da Conceição, ao pa-
dre Leandro, diácono Renato
e diácono Elber, por tudo que
aprendi neste tempo, e a toda
comunidade da Paróquia Con-
ceição.
Agradeço a Escola Diaconal
Santo Efrém, aos coordena-
dores, cônego Jorge André e
padre Guilherme, a todos os
professores que nos ajudaram
nesta formação e a todos os
funcionários.
É com grande alegria que es-
pero o momento da ordenação,
e peço a Deus, com a intercessão
de São Geraldo Magela e da
Imaculada Conceição, que eu
possa colaborar com a Santa
Igreja na missão que me será
confiado.
Deus seja louvado!”
CASSIOS CLEITON NERY DE MESQUITA
 26
‘O diaconato vem abençoar aquilo que já faço na
Igreja, que é colocar-me a serviço da comunidade’
“Tenho 57 anos. Sou casado
há 33 anos com a minha esposa
Waine e somos pais de João
Vitor, de 31 anos. Sou aposen-
tado do Corpo de Bombeiros
há 6 anos como técnico em
enfermagem e instrumentador
cirúrgico. Servi à corporação há
quase 28 anos. Sou professor de
Língua Portuguesa e literatura
brasileira há 18 anos e trabalho
em uma escola da rede privada
com o ensino fundamental e
médio. Pertencemos à Paró-
quia Santo Antônio de Pádua
e Nossa Senhora da Boa Vista,
no bairro do Cachambi, cujo
pároco é o padre Flávio Vieira.
Temos 29 anos de caminhada
na fé católica.
Desde menino, recebi os
sacramentos da Iniciação Cris-
tã, todavia, desde os 3 anos de
idade, minha mãe e familiares
mais próximos se enveredaram
pelos caminhos da umbanda,
e alguns anos mais a frente
fomos para o candomblé. Fui
criado nessa doutrina e sempre
me aprofundei em seus ritos. Já
adolescente, junto à minha mãe
que era a mãe de santo, partici-
pava de cerimônias afros. Aos
18 anos, já fazia as “obrigações”
por conta própria; frequentava
diversos terreiros, além de
acompanhar minha mãe, mi-
nha madrinha, que era a irmã
de minha mãe, e meu padrasto.
Fiquei nessa doutrina por 25
Dimas e Waine
ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
FOTOS: DIVULGAÇÃO
anos junto a minha esposa.
Em meados de 1987, fui
acometido por uma Síndrome
do Pânico severa e também
Transtorno Obsessivo Compul-
sivo (TOC). Sofri por 7 anos sem
ter alívio. O espiritismo não
conseguiu me ajudar em nada.
Percebi que eu ia morrer, pois só
piorava meu estado psicológico.
Em 1994, minha esposa come-
çou a frequentar um grupo de
oração e a implorar a Deus pela
nossa libertação. Nosso filho
tinha menos de dois anos. Foi
no dia 2 de julho de 1994 que
eu implorei a Jesus a minha
libertação e a minha cura. Eu
estava na cozinha de minha
casa com uma pequena imagem
do Sagrado Coração de Jesus à
frente, e Deus, em sua infinita
bondade, teve misericórdia de
mim. E ao abrir aleatoriamente
a Bíblia, que havia ganho por
ocasião de um Amigo Oculto, li
o Salmo 120. Era nove e pouco
da manhã, e Jesus falou ao meu
coração através deste salmo, e
ali mesmo eu fui curado e li-
berto. Fui batizado no Espírito
Santo na cozinha da minha
casa, e eu nem tinha noção do
que havia acontecido comigo
naquele sublime momento.
A partir dali, eu e minha casa
passamos a ter paz e vida e co- Dimas, Waine e João Vitor
meçamos a servir ao Senhor. Em
minha vida há dois momentos de Jesus, que foi o meu divisor convidou para a Escola Dia- momentos, mas em muitas
importantes: Antes e depois de águas. Eu tinha 28 anos de conal no final de 2018. Nunca circunstâncias sofremos juntos
idade. pedi nada na Igreja, deixava e choramos. Um é o apoio do
Procuramos os sacramen- Jesus me convidar. Na época, outro. Uma turma especial:
tos e também muita formação o cônego Aldo era o pároco da Santa Clara de Assis. O diaco-
católica. Por muitos anos ser- Santo Antônio. Disse ‘sim’ ao nato vem abençoar aquilo que
vimos ao Senhor na Paróquia chamado e iniciei os estudos em já faço na Igreja, que é colocar-
de São Luiz Gonzaga, em Ma- fevereiro de 2019. Foram cinco -me ao serviço da comunidade
dureira, ficamos 15 anos, eu anos marcantes em nossa vida. em todas as suas áreas. Almejo,
como evangelizador na Escola Estudávamos todos os sábados como diácono, poder fazer
de Evangelização 2000, minha das 7h às 17h15. Muito aprendi mais pelo povo de Deus e, prin-
esposa como catequista, e am- na escola diaconal. Desde o cipalmente, por minha família,
bos na Pastoral Familiar. início, sempre dizia que estava pois somos pessoas de oração
Logo depois, fui para a entrando ali como que come- e de ação. Eu, minha esposa e
Paróquia de São Roque, em çando do zero. Despi-me de meu filho servimos ao Senhor,
Vila Valqueire, onde trabalhei todas as minhas experiências cada qual com o seu carisma. À
no Catecumenato. Ficamos e coloquei-me como discípulo semelhança de Santa Teresinha
na São Roque por sete anos. disposto a acolher tudo o que a desejo despetalar-me como
Eu também já atuava no Mi- escola nos ensinava. uma rosa aos pés da Cruz do
nistério da Consolação e da O convívio com os meus Senhor pela Santa Igreja, pois
Esperança. Hoje, já tenho 17 irmãos foi significativo; nos- no Corpo da Igreja descobri
anos de ministério, com muita sa turma não era a melhor, o meu lugar. Não obstante às
alegria. Por ter tido uma vasta até porque não estávamos ali tribulações do dia a dia, sou
experiência nas seitas, comecei para competição alguma, mas muito feliz, pois sei em quem
a trabalhar no Ministério de era uma turma diferenciada. coloco minha esperança. Em
Cura e Libertação, onde até Todos os homens abertos de 2013, mudamos para o Ca-
hoje atuo ajudando as famílias alma e forjados na humildade. chambi e começamos na Santo
que desejam deixar as seitas e A perseverança e a unidade da Antônio.”
retornar à Igreja. turma foi a nossa marca inde-
Foi o cônego Aldo que me lével. Alegramo-nos em muitos DIMAS RAMOS CARDOSO
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
‘Seremos configurados ao Cristo, que veio
para servir e não para ser servido’
“Sou da Paróquia Nossa
Senhora da Conceição, situada
na Praça Dom Romualdo, 11, em
Santa Cruz, onde recebi os sa-
cramentos: Batismo, Eucaristia
e Matrimônio. Na Paróquia São
João Batista de Niterói, recebi
o Sacramento da Confirmação.
Tenho 55 anos e sou militar da
reserva do Exército Brasileiro.
Casado com Mônica Cris-
tina Pires de Figueiredo há 31
anos. No dia 20 de dezembro
de 2023, com a graça de Deus,
completaremos 32 anos de
matrimônio. Temos três filhos:
Pedro Arthur Pires de Figuei-
redo, de 27 anos, que é casado
com Tatiana Cândida Rosa de
Figueiredo, dos quais nasceu
minha primeira neta, Maria
Teresa; Elaine Cristina Pires de
Figueiredo, de 25 anos, que está
noiva de Jorge Patrick Nunes de
Oliveira e Susana Cristina Pires
de Figueiredo, de 16 anos.
Assim como muitos cató-
licos, durante muito tempo,
fiquei afastado da Igreja e andei
por lugares que não convinham
aos cristãos. Após o nascimento
da minha filha, Susana Cristina
Pires de Figueiredo, durante a
reunião de preparação para o
batismo, conforme o diácono
Elmo falava, eu ia entendendo
qual o verdadeiro sentido do
batismo e com isso fui voltan-
do a me apaixonar pela Igreja
Católica e observando que por
onde andava e o que fazia não
se coadunava com a conduta
de um cristão católico. Vinha
durante alguns anos lutando
contra o vício da bebida, não
que fosse um alcoólatra, mas
sempre que bebia não sabia o
momento de parar e passava
da medida.
Após o batismo de minha
filha, percebi que o mais impor-
tante na minha vida era a minha
família e, então, aos poucos, fui
voltando a frequentar a Igreja.
Através das homilias do padre
Jorge Pereira Bispo que diziam
mais ou menos assim: “não
podemos ser católicos de IBGE,
devemos nos engajar em uma
pastoral e servir a Deus para
que possamos fazer a diferença
neste mundo”. Todas as suas ho-
milias pareciam como flechas
que entravam em meu peito e
rasgavam o meu coração. Nas
festas da paróquia não há ven-
da de bebidas alcoólicas e isso
ARQUIDIOCESE 27
DIVULGAÇÃO
me deixou maravilhado, pois
queria me libertar do consumo
deste produto. Hoje, posso
dizer que não tenho vontade
nenhuma de consumir tal pro-
duto. Fazem aproximadamente
16 anos que não bebo sequer um
gole de bebida alcoólica, graças
a Deus.
Nossa família passou a fre-
quentar a Pastoral Familiar da
Paróquia Nossa Senhora da
Conceição, onde fomos solidifi-
cando a nossa vontade de servir
ao Senhor.
No ano de 2011, devido a
minha profissão, fui transfe-
rido para Marabá, no Estado
do Pará, onde participava das
missas e eventos na Capelania
Militar Santo Inácio de Loyola,
cujo capelão era o padre José
Ribamar Garcia, que em certa
ocasião me perguntou se eu
gostaria de ser diácono. Foi
quando perguntei a ele o que
seria isso e ele suscintamente
me explicou, mas isso ficou só
na conversa. Quando retornei
ao Rio de Janeiro, em 2013,
a arquidiocese se encontrava
preparando-se para a Jornada
Mundial da Juventude (JMJ) e
foi uma alegria muito grande
participar acolhendo os pere-
grinos.
Aos poucos, fui me aproxi-
mando dos diáconos da paró-
quia e observando como eles Da esq. para a dir., Susana Cristina (filha), Mônica Cristina (esposa), Tatiana (nora), Maria Teresa (neta), Ricardo
faziam as coisas e com que amor Figueiredo (candidato ao diaconato), Pedro Arthur (filho), Elaine Cristina (filha) e Jorge Patrick (genro)
e carinho tratavam as coisas de
Deus. Quando faziam as prega- é: Fabiano, esposo da Adriana. desdobrou para aprender os na maioria dos casos, os bispos
ções, falavam sempre com amor Passei a buscar a maneira de conteúdos necessários à nossa e padres não têm acesso, como
e muita devoção, esses exem- entrar para a Escola Diaconal formação. seus ambientes de trabalho, lo-
plos me chamavam a atenção. Santo Efrém. Através do diáco- O diaconato na vida da Igre- cal em que suas atitudes devem
Um certo dia, o padre Sa- no William, fui conversar com ja é um ministério necessário evidenciar o Cristo Servo.
muel, então vigário da Paró- o padre Jorge Pereira Bispo, para que o povo de Deus seja Fazer parte do clero para
quia Nossa Senhora da Con- pároco de nossa igreja, que me melhor assistido, a fim de que mim é uma honra e uma res-
ceição, durante a exposição do aconselhou que verificasse os os bispos e padres possam se ponsabilidade muito grande,
Santíssimo Sacramento sob a requisitos com o saudoso diá- dedicar mais as orações, assim pois a partir de então passare-
moção do Espírito Santo, pe- cono Marco Antonio Rodrigues como nos mostra a Sagrada mos a ser o rosto da Igreja em
diu que aqueles que sentissem Pereira, que naquele momento Escritura no livro dos Atos dos todos os ambientes em que esti-
o chamado ao sacerdócio se era candidato ao diaconato Apóstolos, Capítulo 6. Os diá- vermos, e devemos ter em men-
aproximassem do Santíssimo permanente. Assim o fiz e, em conos permanentes são quase te que seremos configurados ao
e fez oração por eles. Em se- 2019, ingressei na Escola Dia- que em sua totalidade homens Cristo, que veio para servir e não
guida, pediu para aqueles que conal como propedeuta. casados, se bem que há alguns para ser servido. Devemos ter
sentissem o chamado ao dia- Durante esses cinco anos de celibatários, portanto, possuem isso sempre em nossas mentes,
conato permanente também se formação, aconteceram várias experiência de chefe de família servindo aos irmãos com cari-
aproximassem, mas eu não me dificuldades, dentre elas a pan- e podem orientar melhor aos dade, e visitarmos, sempre que
aproximei, então, apareceu um demia de Covid-19, durante a casais em crise. Os diáconos possível, os que mais necessi-
irmão que nem tinha me visto qual todos nós precisamos ficar auxiliam os bispos e padres tam: os doentes, os presos, os
ainda, me pegou pela mão e em casa e o nosso aprendizado na liturgia, na caridade, na famintos e todos aqueles que
levou-me até o Santíssimo Sa- ficou um pouco prejudicado, administração da Igreja, tendo se aproximarem de nós pedindo
cramento. Foi quando entendi porém, as aulas foram condu- em vista que muitos em suas orações e conselhos.”
que era o Senhor que me cha- zidas de forma brilhante por atribuições profissionais já
mava a uma missão mais pró- nossos formadores de forma possuem expertise no assunto. RICARDO ANTONIO SABINO DE
FIGUEIREDO
ximo a Ele, o nome desse irmão não presencial. Cada um se Ainda podem ir a lugares que,
 28
‘Os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis’
“Sou casado há 20 anos com
Sílvia Cunha e tenho um filho
de 17 anos, Matheus Cunha.
Eu gostaria de partilhar um
pouco da minha história com
vocês, minha história de vida,
minha história de conversão e
minha trajetória de como eu
cheguei até a escola Diaconal
Santo Efrém. Eu sou fruto de
um relacionamento de duas
pessoas que deixaram suas
casas, suas famílias e vieram
para o Rio de Janeiro. Minha
mãe morava em Cantagalo,
no interior do Rio de Janeiro,
meu pai morava na Paraíba e
por lá foi criado na casa dos
seus tios. Quando eles não o
quiseram mais, ele foi enviado
para um lar de jovens.
Essa realidade aconteceu
porque meus avós deixaram
ele na Paraíba e vieram para o
Rio de Janeiro para trabalhar,
para tentarem de alguma for-
ma conquistar algo melhor,
para que pudessem dar um
futuro melhor para ele. Quan-
do ele atingiu a maior idade,
ele veio para o Rio de Janeiro
e aqui começou a trabalhar
como porteiro. Minha mãe
ao chegar ao Rio de Janeiro,
começou a trabalhar como
empregada doméstica. Os dois
se conheceram e aí nasceu o
início da minha família e mi-
nha existência.
Até os 12 anos, eu fui criado
na zona sul do Rio de Janeiro,
em Copacabana. Minha mãe
trabalhava nessa casa de fa-
mília, da tia Helô e do papai
Sérgio, (já falecido), como eu o
chamava; as suas filhas, Kátia,
minha madrinha, Cyntia e Lu-
cila, pessoas que eu amo e sou
eternamente grato e as admiro
demais. Lá eu fui criado por
eles como um membro dessa
família, recebi amor, carinho,
educação e muita atenção.
Meus pais moravam de
aluguel em uma pequena casa
no centro do Rio de Janeiro.
Nesta ocasião, fomos agra-
ciados por essa família com
um presente de um valor para
darmos entrada na compra de
um imóvel e, assim, meus pais
o fizeram. Meus pais compra-
ram um apartamento na zona
oeste do Rio de Janeiro, em
Padre Miguel. Nessa ocasião,
eu tinha uns 13 ou 14 anos e
fiquei muito revoltado, pois
eu havia saído da Zona Sul,
onde eu me acostumei a viver
e fui para uma realidade com-
pletamente diferente da que
ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
DIVULGAÇÃO
eu estava acostumado a viver.
Fiquei muito revoltado com
meus pais.
Meus pais não tinham
vivência de Igreja, mas se
diziam católicos, disseram
que eu estava muito revoltado
que precisava fazer a primeira
Eucaristia para me acalmar. E
assim, eu fiz com 15 anos mi-
nha primeira Eucaristia, entrei
em uma turma de adultos na
Paróquia Sagrado Coração de
Jesus, em Padre Miguel, turma
de catequese do professor Jor-
ge. E assim aconteceu minha
primeira Eucaristia com 15
anos, lembro-me que foi em
um sábado, e já no domingo
eu não fui à missa, mas para
os meus pais, estava tudo bem,
pois eu já havia “conquistado”
o tão sonhado troféu da pri-
meira Eucaristia, eu tinha até
diploma.
Nesse período, meu pai
ficou desempregado e ele que
já bebia, passou a beber muito
mais, e as coisas em casa foram
ficando difíceis e, então, com
16 anos, eu passei a estudar
à noite e fui trabalhar de dia
para ajudar financeiramente
em casa. Num período de dois
anos, eu não mais frequentava
a Igreja, para nada mesmo, ao
contrário, achava ela até muito
chata.
Quanto estava cursando Márcio Cunha, Matheus e Sílvia
o 3º ano do antigo Segundo
Grau, eu comecei a me apro- da música e o povo batendo mãos sobre a minha cabeça e por lá passei quase quatro
ximar mais de uma menina, e palmas... Nessa hora, eu dis- e invocou o Espírito Santo. anos, fiz grandes amizades,
um dia, a convidei para tomar- se para mim mesmo: ‘agora Após o final da celebração, o tive a oportunidade de me
mos um sorvete à noite. Ela está explicado o motivo dela bispo me pegou pelos braços aprofundar sobre a fé e fazer
aceitou, porém disse que só não vir, pois nós marcamos e me entregou à coordenadora inúmeros amigos. Estando
poderia ser no domingo após na Igreja católica e não na do grupo de oração, senhora no Seminário São José, pude
a missa das 18 horas. Eu disse evangélica’. Na minha cabeça Conceição, que hoje já se entender que ali é um lugar
‘OK., tudo bem’, afinal de con- estava tudo explicado, porém, encontra na morada eterna, e de discernimento vocacional
tas (rs...) eu já tinha o meu di- realmente era uma Igreja Ca- com ela eu tive a oportunidade a todo tempo e não um local
ploma de católico e poderia ir tólica. de me aprofundar ainda mais de pessoas que já tinham
à missa tranquilamente, mes- Naquele dia, seria celebra- nos mistérios de Deus. 100 % de decisão vocacio-
mo que naquele momento eu da a Crisma de um grupo de A partir desse momento, nal. Estando no seminário,
não estivesse praticando. Fui jovens, na homilia. O bispo minha vida em Deus teve uma pude viver uma das minhas
para a igreja na hora marcada, Dom Vaz começou a falar coi- nova página, tudo parecia ser maiores aventuras na fé, em
cheguei até muito adiantado, sas que, de uma certa forma, diferente dentro de meu peito, 1997. Quando São João Paulo
porém ela não aparecia, eu es- pareciam ser direcionadas a pois ardia um desejo de estar o II esteve no Brasil, eu tive a
tava sentado no último banco mim, pois falava sobre minha todo tempo com o Senhor, de alegria de como seminarista
da igreja e estava guardando vida pessoal, e eu até achei ser todo do Senhor. E assim servir água para Sua Santidade
o lugar dessa minha amiga que minha mãe estivesse lá e aconteceu, após um período e ainda ganhar tapinhas no
que eu havia convidado para tivesse contado tudo isso para de discernimento e acompa- rosto. Aliado a isso, também
tomar um sorvete, porém ela ele. Ele foi falando e falando e nhamento com o sacerdote tive a oportunidade de estudar
não chegava e a Igreja enchia chegou a um ponto que eu já da paróquia, padre Ricardo, as verdades da fé.
cada vez mais, a ponto de não não conseguia mais segurar o um polonês e o meu grande Enquanto seminarista, era
conseguir mais guardar o lugar choro, e foi quando ele disse amigo já falecido monsenhor algo normal termos escalas de
para ela. assim: ‘Quem daqui quer Mazine, eu entendi que só se- liturgia nos finais de semana e,
De repente, a música co- receber o Espírito Santo?’. Eu ria feliz se desse toda a minha por vezes, os formadores me
meçou a tocar e entrou um que estava no último banco, vida para o Senhor e na minha convidavam para auxiliá-los
padre, que na verdade era um dei um grito dizendo eu, eu cabeça isso só poderia aconte- em celebrações matrimoniais.
bispo baixinho e muito ani- quero, eu preciso... e o bispo cer se eu fosse padre. Sempre nessas celebrações,
mado, cantando e levantando saiu lá da frente e veio até o úl- Assim se deu e eu fui para ao olhar para um casal bem
uma das mãos, no movimento timo banco, colocou as duas o Seminário São José em 1996, estruturado e feliz, eu me
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
questionava se eu também
não seria feliz como eles se
me casasse. Eu chorava muito
nas celebrações matrimoniais.
Isso começou a me incomodar
e comecei a levar para a mi-
nha direção espiritual e nas
minhas orações pessoais. A
minha maior dificuldade em
aceitar sair do seminário era
que na minha cabeça eu esta-
ria traindo a Deus que havia
me resgatado e me amado
profundamente.
Por estar no seminário, eu
tinha capelas com o Santíssimo
à disposição o tempo inteiro, e
por hábito sempre tive o cos-
tume de rezar diante de Jesus
Eucarístico e também rezar
de madrugada. Nessas muitas
idas e vindas para o Santíssimo
em uma madrugada olhando
para o crucifixo que tínhamos
na capela de um Cristo muito
desconfigurado, o Senhor,
o Próprio Senhor, falou ao
meu coração que se Ele fosse
verdadeiramente o Senhor da
minha vida, aonde quer que eu
estivesse eu seria feliz e produ-
ziria frutos. Naquele dia, pela
primeira vez eu senti paz em
meu coração ao falar e pensar
sobre sair do seminário, e assim
tomei a maior e a mais acertada
decisão da minha vida voca-
cional, a de sair do seminário,
pois se lá ainda estivesse, seria
uma pessoa talvez até correta,
integra, mas infeliz.
Estávamos no final do ano
letivo e na ocasião meu reitor,
o atual bispo Dom Assis Lopes,
que foi um amigo, um pai para
mim, me disse que via vocação
em mim, mas que me deixaria
sair com algumas condições:
primeiro, que eu terminasse os
estudos. Ele mesmo me colo-
cou para fazer teologia fora do
seminário. Depois, que eu fi-
casse em uma paróquia durante
um tempo vivendo para poder
discernir melhor se realmente
era isso que eu queria. E por
último, que eu mantivesse mi-
nha direção espiritual, pois ela
seria fundamental para minha
saúde mental. Eu assim o fiz,
continuei a estudar teologia,
fiquei o primeiro ano fora na
paróquia servindo e, ao final do
primeiro ano, voltei lá e disse
que realmente eu não queria
voltar para o seminário. Ele
me disse: ‘muito bem, então
para termos certeza (rs...) fi-
que mais um ano’. Eu obedeci
e continuei a estudar teologia.
Após o segundo ano, voltei lá e
novamente reafirmei que não
manifestava o desejo de voltar e
sim de casar. Ele me perguntou
se eu estava namorando, eu
disse que não, que já havia seis
anos que, desde o tempo que
voltei para Deus, que não me
relacionava com ninguém. Ele
então rezou por mim pedindo
a São José que providenciasse a
minha Maria.
Ao final dessa conversa, ele
ligou para Dom Rafael Cifuen-
tes, que era o bispo animador da
Juventude, e pediu que ele me
acolhesse como seu discípulo,
que entregava a ele a minha
vida e vocação. Nasceu ali uma
amizade linda com esse homem
que passou pela minha vida,
deixando um bom perfume.
Naquele mesmo final de
semana, eu voltei para a pa-
róquia, iria começar uma
nova turma de Crisma e eu
era um dos coordenadores.
Lembro-me que estava em pé
ao lado de um amigo também
chamado Márcio e ao olhar
para a portão da igreja, eu vi
uma linda jovem entrando e
falei para esse meu amigo: ‘vou
casar com aquela menina!’ Ele
riu e respondeu assim: ‘você é
louco, não sabe nem quem é,
nem o nome dela (rs...). Você
não sabe nada!’. E respondi a
ele: ‘eu senti em meu coração
que vou casar com ela’.
Primeiro, criamos uma
relação de amizade, depois fo-
mos nos conhecendo cada vez
mais e, por fim, começamos
um relacionamento. Com seis
meses tínhamos tanta certeza
de que éramos um do outro,
que ficamos noivos. É claro
que até a data do matrimô-
nio, demorou ainda um ano e
meio para prepararmos tudo
aquilo que era necessário, e
assim aconteceu. Depois de
dois anos, marcamos a data de
nosso casamento.
Dom Assis iria assistir,
presidir o nosso casamento,
juntamente com os meus
irmãos de turma, que na oca-
sião, em 2003, eram diáconos.
Aconteceu que na semana do
matrimônio, Dom Assis teve
que ir para Roma às pressas,
e quem assistiu, presidiu o
nosso matrimônio, foram
meus irmãos de turma. Foi
um momento lindo. Acredito
que vale a pena dizer que amor
à primeira vista existe, e nós
somos testemunhas fiéis disso.
Após o meu matrimônio,
continuei a estar próximo a
Dom Rafael. Em 2004, ele foi
transferido para a Diocese de
Nova Friburgo. Por lá esteve até
2010, quando ficou emérito, e
numa dessas vindas ao Rio de
Janeiro, eu me encontrei com
ele. Ao conversarmos com
uma carta nas mãos, disse que
queria me indicar para a Escola
Diaconal Santo Efrém, pois
Deus havia me forjado duran-
te todos esses anos para esse
momento. Eu fiquei muito feliz
e muito honrado, mas meu
filho era muito pequeno, tinha
apenas 10 anos e nessa ocasião,
por algumas necessidades par-
ticulares era eu quem cuidava
dele durante o dia enquanto
minha esposa trabalhava. E eu
agradeci e disse que me sentia
muito honrado e feliz, porém,
naquele momento eu não po-
dia dizer ‘sim’, pois eu havia
dito ‘sim’ para minha esposa e
família. Ele me respeitou e me
abraçou, e como de costume
me deu um soquinho no peito e
disse: ‘força jovem, coragem...’.
Minha vida em Deus con-
tinuou, vivi lindos momentos
servindo e amando a Santa
Igreja, usando aquilo que dela
eu recebi, a minha formação
para aproximar o povo de Deus
do coração amoroso do Pai.
Passado alguns anos, Dom
Rafael ficou doente e ao estar
hospitalizado, bem no final
de sua vida, eu fui visitá-lo no
hospital. Ele não falou nada
durante todos os minutos que
ali estive na visita. No final,
ele simplesmente segurou em
minhas mãos e disse baixinho:
‘Romanos 11,29’. E não falou
mais nada. Minha visita a ele
foi no dia 27 de novembro de
2017, e logo no dia seguinte,
ele foi chamado à presença
de Deus. Nada é coincidência
em Deus, pois hoje, dia 28 de
novembro da 2023, fazem seis
anos da morte desse homem
sensacional, que tinha como
lema de ordenação o desejo de
atrair tudo e todos à presença
de Deus “Omnia traham ad
meipsum” (“Tudo atrairei a
mim”).
Após a morte de Dom Ra-
fael, ainda muito abalado fui
ver o a passagem que ele havia
dito, Romanos 11,29 (pois os
dons e o chamado de Deus são
irrevogáveis).
A partir desse exato mo-
mento, reacendeu em meu
coração o chamado da vocação
e passei novamente a orar
nessa intenção. Nesse perío-
do, só quem sabia das minhas
lutas interiores nessa intenção
eram a minha esposa e meu
diretor espiritual, eu não havia
contado mais para ninguém.
Deus tem os seus cuidados
e carinhos, uma senhora da
minha comunidade, dona
Graça, ministra da Eucaristia,
sempre me dizia que estava
rezando por mim e pela minha
vocação, eu nunca havia dito
ARQUIDIOCESE
uma só palavra a ela e assim
eram todas as vezes que nos
encontrávamos.
Ao final de uma missa,
o padre da minha paróquia,
Sant’Ana, padre João Paulo,
me chamou na sacristia e disse
que queria conversar comigo,
e ali me fez um primeiro con-
vite. Marcamos de conversar e
nessa conversa eu pude abrir o
meu coração e partilhar tudo
isso que escrevi, pois ele não
sabia, ninguém sabia que eu
havia vivido uma experiência
vocacional.
Ele ali então, ele pôde ates-
tar o meu chamado e me
enviou para Escola Diaconal
Santo Efrém. Após dois meses
em que eu estava na escola,
veio a grande notícia do pa-
dre: ‘Márcio, estou saindo da
Paróquia Sant’Ana, vou para
a França estudar, quem está
vindo para cá é o padre Rafael
José’. Eu confesso que na hora
fiquei sem saber o que falar e
muito menos o que fazer, pois
eu nunca havia ouvido falar no
padre Rafael José. Foram dias
de angústia, pois eu sabia que
por normas da arquidiocese
e da escola diaconal o meu
processo de aprovação deveria
ser feito todo novamente, esse
processo acontece por várias
mãos. A primeira mão é a do
padre quem convida e do con-
selho paroquial que aprova.
A segunda mão é a da esposa
que tem que fazer uma carta
dizendo ‘sim’. A terceira mão
é a do filho que precisa dizer
‘sim’ também. A quarta mão
é a do vigário episcopal que
precisa também dizer ‘sim’ e
assinar para minha escolha.
E com a saída do padre, todo
esse processo teria que ser
refeito, mas tudo ia depender
se o novo padre ia dizer ‘sim’
para minha permanência ou
não na Escola Diaconal.
Após a chegada do padre,
logo no primeiro dia, eu fui me
apresentar a ele, contei minha
vida e vocação, expliquei os
motivos que me faziam estar
ali, pedindo a autorização e a
bênção dele como Igreja. Lem-
bro-me que disse a ele assim:
‘O senhor não me conhece,
eu também não lhe conheço,
se o senhor quiser eu saio da
Escola Diaconal, caminho ao
seu lado, e se o senhor por
ventura achar proveniente um
dia me indicar, eu voltarei’. Ele
me abraçou e disse: ‘não filho,
fique, vamos caminhar juntos’.
E com a graça de Deus até hoje
estamos caminhando juntos.
Esses cinco anos de forma-
ção humana e acadêmica não
29
foram fáceis, particularmente
foram dias de lutas, dias de
olhar para frente e acreditar na
promessa de Deus que os seus
dons e seu chamamento eram
irrevogáveis. Dias em que tive
vontade de desistir, dias em
que tive vontade de não ir por
cansaço físico, dias em que só
queria ficar com minha famí-
lia, dias em que minha esposa
ou meu filho estavam doentes
e eu não tinha vontade de ir.
Dias de luto, quando meu pai
faleceu, e como o meu coração
ferido nessa ocasião não que-
ria ir, mas aquela voz de Deus
pelos lábios de Dom Rafael
baixinho no meu ouvido soava
forte, Romanos 11,29.
Hoje, pela misericórdia de
Deus, pela graça do Divino Es-
pírito Santo, me encontro aqui
faltando 11 dias para receber o
primeiro grau da Ordem que
é o Diaconato, no meu caso
como homem casado no esta-
do permanente.
Rogo a Deus que Ele me per-
mita ser os seus braços na vida
de muitos que sofrem aban-
donados, rogo a Deus que Ele
me permita levar a alegria do
Evangelho a muitos corações,
rogo a Deus que ele me permita
pela força da água do Batismo
gerar muitos filhos para Deus,
rogo a Deus que Ele me permita
pela força da bênção santificar
muitos matrimônios e assim
poder gerar filhos e filhas de
Deus para serem a continuidade
da Igreja no mundo.
Por fim, agradeço a Deus por
tudo que ele me permitiu viver
até hoje, agradeço a minha es-
posa pelo total apoio, carinho,
compreensão e dedicação a
mim, agradeço ao meu filho por
dividir o pai dele com muitos,
agradeço aos meus pais, minha
mãe, Abigail, e meu pai, Luiz,
que foi chamado por Deus há
nove meses. Agradeço a todos
os meus amigos e benfeitores
que com seus joelhos dobrados
sustentam a minha vocação.
Agradeço ao meu padrinho,
padre Rafael José, por tanto
me ensinar e zelar por minha
vocação. Agradeço a minha
amada paróquia de Sant’Ana.
Agradeço a todo povo de Deus
e peço humildemente que
continuem a rezar por mim,
para que eu seja os braços de
Deus no coração dos que mais
sofrem, os esquecidos, os nos-
sos pobres.
Rogai por nós Santa Mãe
de Deus para que sejamos dig-
nos das promessas de Cristo.
Amém!”
MÁRCIO CUNHA
 30
‘Nas minhas orações peço discernimento a
Deus para fazer a Sua vontade’
“Tenho 55 anos, minha pa-
róquia de origem é o Santuário
de Nossa Senhora de Loreto, na
Freguesia, sou casado com Lu-
dmila, de 47 anos, e temos dois
filhos, Carolina e Celso, com
25 e 18 anos respectivamente.
Sou analista de sistemas
por formação, e trabalho como
desenvolvedor de software e
gestor de tecnologia da infor-
mação.
Cheguei na paróquia em
2006. Fui acolhido pelas ir-
mãs de Belém, e dei início às
minhas atividades de apoio à
catequese infantil e da perseve-
rança, apoiando retiros e a ca-
tequese com música e aulas de
violão, de 2010 a 2011. A partir
de 2010, tive a oportunidade de
estudar e me aprofundar na fé e
na doutrina teológica de nossa
Santa Mãe Igreja, cursando e
finalizando extensão universi-
tária em iniciação teológica à
distância, da PUC-Rio, no Nú-
cleo de Monitoria Loreto, bem
como cursei por dois anos a
escola de Fé e Catequese Mater
Ecclesiae, no Núcleo Loreto.
Em 2012, me engajei no
ICJA como catequista, onde
atuei até 2023. Participo do
Terço dos Homens como mem-
bro e apoio na música desde
2018; na ASAB – Associação
Solidários Amigos de Betânia
– faço trabalho voluntário de
apoio aos irmãos acolhidos
em nossa comunidade, desde
2018, apoiando na condu-
ção do terço e celebração da
palavra aos acolhidos. Apoio
como intercessor alguns re-
tiros de nossa paróquia. No
ECC – Encontro de Casais
com Cristo – participei com
minha esposa no 68º ECC em
nossa paróquia, em 2014, bem
como membros da equipe de
secretaria no primeiro ECC da
Paróquia São João Batista em
Rio das Pedras – Jacarepaguá
– em 2018, como palestrantes
no 28º ECC na Basílica de Santa
Terezinha (Tijuca), em 2018,
com o tema: “Diálogo com os
Filhos”, e também no 77º de
nossa paróquia em 2018 com o
tema: “Nossa Senhora na vida
Faça parte da família Catedral.
Seja um Amigo da Rádio
ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
da família”, e como membros
da equipe de canto. Junto com
minha esposa, ficamos respon-
sáveis pela cantina paroquial
de 2021 a 2022. Atuei também
como ministro extraordinário
da eucaristia, de 2020 a 2022.
Minha vocação diaconal
surgiu em minha juventude
como um desejo de ser sacer-
dote, mas ao mesmo tempo
casar, porém ainda jovem e
sem entender corretamente
os graus do Sacramento da
Ordem, segui minha vida ca-
sado, com família constituída,
até que, em 2018, o diácono
Domingos José fez um convite
para sete homens de nossa
paróquia a fim de realizarmos
um discernimento vocacional
de um ano.
Após este período de dis-
cernimento, o diácono Domin-
gos José me encaminhou ao
pároco, padre Sebastião, o qual
me indicou à escola diaconal,
onde vim a ingressar em 2019.
Agora em 2023, finalizamos
o período formativo. Foram
cinco anos de aprendizado e
luta para conseguir equilibrar
a balança de convívio familiar,
trabalho (não sou aposentado),
serviço na igreja e escola diaco-
nal: pois, muitas vezes, entrar
noite adentro estudando ou
fazendo algum trabalho para
a escola era a forma que eu en-
contrava para cumprir a agenda
exigida pela escola.
Durante o estágio pastoral,
tive a oportunidade de ficar
mais familiarizado com a roti-
na prática do ministério diaco-
nal, porém, aqui se evidenciou
para mim o desafio de colocar
em prática toda uma teoria Celso das Chagas Costa e sua esposa Ludmila
aprendida e que logo chegaria
o momento da ordenação. Nas minhas orações peço O sentimento de ser orde- prisões, na catequese instruin-
O diaconato deve ser vivido discernimento a Deus para fa- nado é de gratidão e pertença do a Palavra de Deus a seu povo,
na espiritualidade do amor- zer a Sua vontade, servir à Sua à Igreja; ser ordenado é uma bem como sendo exemplo de
-serviço, tal como foi para Cris- Igreja, servir aos nossos pasto- graça de Deus e um privilégio vida para a comunidade, de-
to. O diácono será um servidor res no que precisarem e nos so- para poder servir, ministrando, monstrando harmonia na dupla
fiel de Deus para os homens, licitarem, sendo fiel no serviço, principalmente, os sacramen- sacramentalidade do matrimô-
com predileção a servir aos na oração e na obediência. tos do Batismo e do Matrimônio nio e ordem, equilíbrio na vida
irmãos mais pobres e sofredo- A vida de Nosso Senhor (sempre que solicitados), atuar matrimonial e com um sincero
res, servindo de exemplo com Jesus Cristo foi uma diaconia no serviço da caridade ao povo testemunho de vida familiar e
suas virtudes, modo de vida, de serviço e amor ao próximo, e de Deus, no consolo às famílias cristão.”
oração e serviço à igreja e aos este modo de viver foi ensinado enlutadas, nos cemitérios, nas
seus membros. aos seus discípulos. visitas aos doentes, hospitais e CELSO DAS CHAGAS COSTA
(21)3231-3560
radiocatedral.com.br
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
‘Hoje sei do que se trata!’
Carlos Alexandre e Kelly Georgia
“Sou da Paróquia Bom Pas-
tor e Nossa Senhora de Fátima,
em Campo Grande, tenho 51
anos, militar aposentado, porém
continuo trabalhando. Minha
esposa chama-se Kelly Georgia
Correa de Aguiar, sou pai de Ale-
xandre Henrique de Aguiar, de
30 anos, casado com Jaqueline
de Aguiar e pai de Guadalupe,
minha neta mais velha de 10
meses. E sou pai também de
Ana Carolina de Aguiar França,
de 27 anos, casada com Leandro
França, pais de minha neta mais
nova Ester, de 10 dias de nascida.
Quando eu tinha 14 anos de
idade, meus pais se mudaram
do bairro da Tijuca para o bairro
de Campo Grande. Na época, eu
precisava de uma vaga na escola
em Campo Grande, pois eu es-
tudava no Instituto de Educação
do Rio de Janeiro, na Rua Mariz
e Barros, e aguardava uma vaga
no Instituto de Educação Sarah
Kubitschek, em Campo Grande.
Pois bem, a vaga surgiu no meio
do ano, afinal um aluno tinha
saído da escola, fazendo com
que eu pudesse ser transferido.
Algum tempo depois em
uma festa junina de bairro, pró-
ximo a minha casa, eu conheci
uma jovem chamada Kelly, que
tinha ido passar o final de sema-
na na casa de seu pai. Ela tinha
perdido sua mãe e foi morar com
seus tios maternos no bairro do
Grajaú. Kelly tinha estudado
no colégio estadual Sarah Ku-
bitschek, e quando começamos
a conversar, nos descobrimos
amigos em comum. Ali e naque-
le dia nossa história começou.
Passadas algumas semanas,
começamos a namorar. Com o
passar de alguns meses, eu fui
visitar Kelly no colégio e lá nós
descobrimos que a vaga dela foi
a minha e a minha foi a dela, na
Tijuca. Não tínhamos dimensão
dos fatos, mas entendemos que
era algo diferente.
Os anos se passaram e nós
continuávamos namorando. Eu
me formei em mecânico pelo
Senai e Kelly como professora.
Começavam os planos para nos
casarmos, porém, não tínhamos
condições ainda.
Foi quando em 1991, eu, com
19 anos, ingressei nas Forças Ar-
madas. Kelly fazia faculdade de
Letras no Fundão e trabalhava
como professora em um colégio
no Grajaú. Algum tempo depois,
Kelly engravidou, e então nossa
vida mudou. Fizemos curso
de noivos e nos casamos na
Paróquia Sagrados Corações,
na Tijuca.
Fomos morar na casa de
meus pais. Minha mãe e meu
pai, espíritas, embora ele se
dissesse católico. Ambos não
frequentavam a igreja.
Eu era batizado e tinha feito
a primeira comunhão quando
tinha 11 para 12 anos, porém,
depois disso, nunca mais tinha
frequentado a igreja.
O nosso filho nasceu. Como
morávamos na casa de meus
pais, me sentia à vontade para
chegar mais tarde em casa após
o trabalho, pois tinha a certeza
de que Kelly e meu filho não
estavam sós.
Isso com o tempo foi come-
çando a criar um desgaste no
matrimônio, pois eu ficava na
rua bebendo com os amigos e
não fazia bem à nossa relação. O
tempo passou e, em 1996, nas-
ceu minha filha Ana Carolina.
Kelly, sempre uma excelente
esposa e mãe, não perdia uma
missa, e sempre me convidando
para participar com ela.
Na igreja existia um retiro
de casais chamado ECC. Kelly
era louca para fazer, mas eu,
nem a missa eu ia. A cada ano,
eu estava ficando mais distante
da igreja e as coisas iam ficando
mais difíceis.
Mas, a insistência de minha
esposa e suas orações foram
dando resultados.
Recebemos em nossa casa
um casal da igreja que nos convi-
dou para fazer o Encontro de Ca-
sais com Cristo. Fiquei surpreso
e feliz, ao mesmo tempo, fiquei
sem graça de recusar, pois foram
muito carinhosos. Fizemos o re-
tiro e Deus já fazia ali a sua obra.
Eu ainda bebia, e aquilo inco-
modava ainda muito a minha
esposa. Um dia, Kelly resolveu
buscar ajuda em uma comu-
nidade que oferecia um retiro,
lá ela foi convidada a fazê-lo.
De início, ela negou, pois o seu
objetivo era que eu fosse. Mas,
kelly fez, e para minha surpresa,
a minha esposa que eu achava
maravilhosa, voltou muitíssimo
melhor. Aquilo me deixou per-
turbado, a ponto de eu parar de
beber imediatamente, pois não
entendi o comportamento de
Kelly. A minha primeira atitude
foi querer ir fazer aquele retiro
para entender o que aconteceu
com ela, pois a princípio havia
algo de errado para mim.
Passaram-se três meses, e
lá estava eu fazendo o retiro do
Maranathá, foi uma bênção na
minha vida. Ali, eu pude per-
ceber a porta do meu coração
aberto para acolher o chamado
de Deus para minha vida. Tudo
mudou. Eu comecei a querer es-
tudar essas coisas da Igreja. Fui
buscar fazer a Crisma, aliás. Fiz a
Crisma com meu filho, fomos da
mesma turma, Deus começou a
fazer a sua obra de restauração
na nossa vida. O bispo que nos
crismou foi ser meu professor no
último ano de escola diaconal.
Meu padrinho de crisma
me convidou para ser adorador
noturno, lá eu cheguei na noite
do dia 4 e, logo em seguida, fui
convidado a adorar na noite de
26, mal sabia eu que era a noite
do clero. Logo na primeira noite
de adoração do dia 26, conheci o
Cardeal Eugenio Sales, que junto
ARQUIDIOCESE
com outros bispos e padres,
adorava conosco. Ali, eu vi um
sinal mais claro do chamado,
porém, ainda não discerni bem.
Uma vez fazendo uma leitura
no ambão, Deus falou ao meu
coração que se fosse fiel ao seu
chamado, eu iria ficar ali com
Ele, no momento eu achei que
fosse a própria adoração. ‘Hoje
sei do que se trata!’.
Começou uma sede de apren-
dizado na igreja, eu queria es-
tudar. Um dia ouvindo a Rádio
Catedral, um programa antes
da missa das 7h, acho que com
Nazaré Barreto, eu ouvi anunciar
um curso da Escola Luz e Vida,
que começaria em Copacabana.
Logo que fui me escrever, desco-
bri que haveria um em Guaratiba,
aqui próximo. Era na Paróquia
Santa Clara, e eu o comecei, lá
conheci o professor diácono Mar-
cos, que me incentivou a fazer
o curso de teologia a distância,
ministrado pela PUC-Rio.
Ao concluir o curso da Escola
Luz e Vida, eu conheci o profes-
sor Daniel Rios, que além de ser
o tutor de minha turma na esco-
la diaconal, foi meu orientador
e, hoje, somos amigos. Agora,
os sinais de Deus sempre mais
claros ao meu chamado, a minha
turma é a Santa Clara de Assis,
justamente a paróquia onde eu
fui acolhido para começar meus
estudos.
O tempo foi passando, e eu
e minha esposa estávamos cada
vez mais envolvidos com os
movimentos de casais, não só o
ECC, mas a Pastoral Familiar, os
retiros de jovens, o EAC e o TLC.
A cada dia mais envolvidos. Eu
procurava, dentro das minhas
possibilidades, aprender sobre
os documentos da Igreja. No
período da JMJ, fizemos um gru-
po de estudo em casa e muitos
ali já me perguntavam sobre o
diaconato.
Kelly um dia foi conversar
com meu pároco sobre o assunto
e ele disse a ela que ela teria que
me dividir com a Igreja. Ela disse
que rezou 14 anos pela minha
conversão e não iria me dividir
com ninguém. Nos tornamos o
casal diocesano do ECC no Vica-
riato Santa Cruz, e nessa altura,
o chamado era mais claro, só que
Kelly já tinha tomado uma deci-
são, e eu não iria questioná-la.
Foi quando dentro da Capela
do Santíssimo do Colégio Nossa
Senhora do Rosário, em Campo
Grande, nós estávamos rezando
para dar uma palestra para ca-
sais. Ela me disse que iria assinar
a minha carta. Eu, a princípio,
não sabia do que se tratava.
Após a palestra, ele disse que eu
iria para a escola diaconal, Deus
31
tinha falado com ele. Eu disse
que só se fosse Ele mesmo.
Foi uma revolução dentro de
mim, nesse período eu comecei
a ligar alguns fatos acontecidos
na minha vida passada, os cha-
mados... eu comecei a lembrar.
Um fato que me chamou aten-
ção foi eu ter sido convidado a
adorar na Igreja em Sant’Ana
na noite do clero. Depois antes
de eu ir para escola, nós conhe-
cemos Dom Adair José, e Kelly
e eu falamos com ele, ele tinha
assumido o ECC em âmbito na-
cional, estávamos no Santuário
da Divina Providência, e ele
disse que estava muito feliz e
animado com o nosso testemu-
nho e me deu uma bênção para
ir para a escola diaconal.
Agora, por último, eu lem-
brei que no último aniversário
de Dom Eugenio Sales, eu e mais
dois irmãos fomos convidados
a levar um presente para ele na
Catedral e eu nunca tinha entra-
do lá. Ao ver a igreja, eu chorava,
lembrava do quartel, parecia
na minha cabeça um exército
marchando com o hino da igreja.
Esses dias, têm duas sema-
nas, eu estava no mesmo lugar,
ensaiando a minha ordenação,
será com o mesmo canto de
entrada... Deus nos chama e
confirma.
Kelly resolveu assinar meus
documentos, conversamos com
nosso pároco, ele que já havia
dito a mim sobre um dia extra
em oração, e Deus falar com ele
sobre esse convite a mim. As coi-
sas foram se encaminhando. Fui
para entrevista, fomos aprova-
dos no propedêutico. Eu achei,
sinceramente, que iria ser muito
mais fácil que foi. Porém, me
enganei, foram muitos desafios
co os estudos e compromissos
pastorais. E as esposas, com sua
generosidade, nos acolhendo e
nos doando para a Igreja. Real-
mente, é desafiador. É uma visão
linda, Cristo nos ama e nós, de
forma ainda que imperfeita, O
amamos também. Só sei que
não é fácil nem será. Mas Deus
há de cumprir em nós a obra
por Ele começada. Espero poder
contribuir com a Igreja, com as
famílias e com todos aqueles que
precisarem de um diácono da
Igreja dentro das suas atribui-
ções, seja na diaconia da Litur-
gia, da Palavra e ou da Caridade,
espero poder humildemente
contribuir de alguma maneira,
junto com a minha querida e
amada esposa, com a graça de
Deus e a intercessão da Virgem
Santíssima, Santa Clara Assis e
São Padre Pio.”
CARLOS ALEXANDRE SOUZA DE AGUIAR
 32
‘O diaconato permanente é um dom que deve ser
acolhido e partilhado com os mais necessitados’
“Tenho 46 anos, sou gestor de segu-
rança privada, casado com Joelma Silva
Oliveira, e temos uma filha de 17 anos
que se chama Evelyn Oliveira Lopes
Pereira.
Pertenço à Paróquia de São Cosme
e São Damião desde a minha infância,
por onde participei e participo de al-
gumas pastorais e movimentos, como:
Catequese, Perseverança, Coroinha,
EAC, EJC, RCC, ECC ICJA, Pastoral da
Solidariedade, entre outros.
Também por falta de perseverança de
minha parte fiquei afastado da caminha-
da por um longo período, e após minha
esposa sofrer com uma enfermidade
(câncer de mama), e com as graças de
Deus hoje está curada, voltei para a casa
do Pai, a Santa Igreja, de onde nunca
deveria ter me afastado.
Eu e minha família participamos de
forma engajada nos serviços pastorais.
Minha esposa foi coordenadora da ICJA
por nove anos e hoje é catequista da
perseverança, faz parte da Pastoral do
Batismo e participamos do ECC. Minha
filha fez parte da coordenação da Perse-
verança, juntamente com minha esposa,
e hoje faz parte da direção do EAC de
nossa paróquia.
O chamado ao diaconato vinha sendo
florado em meu coração e a cada tempo
que passava ia se consolidando, porém,
eu achava que ainda não era o momento,
devido à minha idade e compromissos
profissionais onde trabalhava em dois
empregos, dia e noite, além dos compro-
missos pastorais. Logo em seguida como
resposta de Deus, recebi o convite para
ingressar na Escola Diaconal, que veio
por parte do meu pároco, padre Walter
Peixoto. Então, pude perceber que era
ação do Espírito Santo através do meu
pároco e que o tempo não era o meu e sim
o d’Ele. E pude perceber que vocação e
Eugênio Lopes Pereira Junior
ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
FOTOS: DIVULGAÇÃO
chamado é antes de tudo, dom de Deus.
O chamado foi acolhido por minha
esposa e minha filha com bastante
alegria ao serem também comunicadas
pelo meu pároco se concordavam com
meu ingresso na escola diaconal. Juntos
demos o ‘sim’ pelo convite mesmo nós
sabendo, cada qual com sua história, li-
mitações e qualidades. Por conseguinte,
o discernimento vocacional deve levar
em consideração não só critérios obje-
tivos, mas também requisitos pessoais,
espirituais, familiares e comunitários.
Embora a vocação surja de um cha-
mado de Deus, Ele o faz, normalmente,
por meio de caminhos ligados à reali-
dade em que vivemos. E ao ingressar na
Escola Diaconal Santo Efrém, optei por
abrir mão de um dos meus empregos
devido às aulas que ocorrem todos os
sábados, das 7h às 17h15.
Ao ingressar na Escola Diaconal
Santo Efrém, em 2019, no propedêutico,
período de um ano de muito discerni-
mento por parte do candidato e avalia-
ção vocacional do candidato por parte
do corpo de diretores da escola onde
devem ser levadas em consideração
as aptidões objetivas do candidato, a
livre determinação da vontade e a con-
firmação do chamado pela Igreja. Tal
avaliação feita em estreita união com a
família do candidato para ciência e par-
tilha. Após essa avaliação, o candidato
oficialmente torna-se aluno da escola,
tendo que cumprir mais quatro anos de
estudos acadêmicos, como provas, tra-
balhos, apresentações e não deixando
de fora a parte espiritual que deve andar
lado a lado de um vocacionado. Durante
esse período de cinco anos, recebemos
dois ministérios: o de leitor e acólito,
onde podemos colocar em prática em
nossas paróquias, visitas a hospitais,
cemitérios e na paróquia de estágio
Sangue de Cristo, onde fui direcionado
pela direção e tive o prazer de participar
e aprender muito em um período de seis
meses onde fui acolhido pelo padre Luis
Maurício, pároco.
O diaconato permanente, além de
ser um dom, e como dom que é dado
por Deus deve ser acolhido e partilhado
à disposição dos mais necessitados, se Eugênio Lopes, Joelma Silva Oliveira, e sua filha Evelyn
tornando servidor na obra de evange-
lização, anunciando ao Senhor através leigos, nem para desempenhar funções pobreza, com a certeza de que o Deus,
de suas ações sendo homens da Palavra, diferentes dos presbíteros e dos bispos, que me chamou pessoalmente a este
ocupando-se do cuidado aos pobres, mas para a missão de exercer o ministério ministério, ajuda-me, a cada dia, com
excluídos e marginalizados. pelo testemunho de vida, incorporados a o auxílio de Sua graça, e com o apoio de
O diácono tem como serviço em Jesus Cristo, servo e servidor, por meio do meus amigos, de minha comunidade e a
apoio a Igreja para acompanhar a forma- Sacramento da Ordem em primeiro grau. compreensão de minha família, uma vez
ção de novas comunidades eclesiais em Finalizo pedindo a Deus discerni- que devereis desempenhar a dupla sacra-
comunidades e diversas culturas, princi- mento para que eu possa retribuir o mentalidade, pai e esposo(matrimônio),
palmente onde se encontra dificuldade chamado, sendo mais um servidor para não deixando de exercer minha profissão
de chegar com a ação evangelizadora da a obra da salvação e não deixar em se- civil e sendo consagrado à Igreja e conci-
Igreja. Isto quer dizer que os diáconos gundo plano a prática diária da oração, liando ao Sacramento da Ordem.”
não são ordenados para eles mesmos, meditação e Eucaristia que é a força que
nem para se colocar acima dos demais move este ministério. Espero na minha EUGÊNIO LOPES PEREIRA JUNIOR
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 ARQUIDIOCESE 33

‘Feliz por estar na caminhada que Deus

chamou-me a servir’ FOTOS: DIVULGAÇÃO

quanto à vocação ao diaconato ver o ardor missionário com a

permanente. Após um bom
tempo discernindo, o cha-
mado realizou-se no coração
e ingressei no propedêutico,
em 2019. Neste tempo de
formação, veio a pandemia,
um período muito difícil para
toda a Igreja, mas seguimos
firmes no nosso estudo e os
meios que eram possíveis de
realização de nosso trabalho
pastoral pelos veículos de
comunicação.
Neste mesmo período da
pandemia, minha mãe acabou
sendo uma das vítimas, e mais
um chamado surgiu em levar
a Palavra de conforto e espe-
rança aos irmãos que sofreram
da mesma dor.
Continuei firme na cami-
nhada formativa e na missão
de levar Cristo às famílias e
aos irmãos enlutados. Promo-
juventude e feliz por estar na
caminhada que Deus chamou-
-me a servir, enfrentando os
desafios deste mundo onde em
muitos lares e famílias a Igreja
é colocada em segundo plano
ou nem mesmo lembrada.
Tudo valeu muito até hoje.
As alegrias, dificuldades, vitó-
rias, experiências, conciliar o
emprego, casa e os trabalhos
ao longo destes quatro anos
como candidato ao diaconato
permanente.
Não tendo mais os pais e
nem irmãos, mas a família
paroquial que é uma parcela
do povo de Deus e compõe
uma família de fé na qual irei
vencendo os novos desafios no
ministério diaconal ordenado,
se assim Deus permitir.”
FERNANDO FARIAS FERREIRA

Fernando Farias Ferreira

“Tenho 47 anos, celibatá- Com o desejo de aumen- crismada e, depois, entrou no

rio, contador e participo da
Paróquia São Januário e Santo
Agostinho, em São Cristóvão.
Crescendo em uma família
de predominância católica, fui
ao longo dos anos recebendo
os sacramentos na Igreja, e
após o Crisma na Paróquia
de Santo André, despertava
no coração o desejo de fazer
um trabalho pastoral com a
juventude.
Uma prima participava da
Pastoral da Juventude na Pa-
róquia de São Januário e Santo
Agostinho, que me fez o con-
vite, e comecei a participar da
Santa Missa nesta paróquia.
Na Páscoa de 1993, comecei
a frequentar a Pastoral da Juven-
tude e, em menos de um ano, já
estava como coordenador.
tar os conhecimentos, f ui
conhecendo outras pastorais
e movimentos e o despertar
de uma vocação em servir a
Igreja, mas não busquei um
acompanhamento de algum
seminário.
Na fase da juventude, na-
morei, o que é próprio da ida-
de, e com o passar do tempo,
o chamado de servir a Igreja
sempre foi maior.
Já na fase adulta, comecei
a trabalhar para o sustento da
casa e não deixando de manter
fielmente a participação nas
atividades de minha comuni-
dade paroquial nestes 30 anos.
Filho único, e com pai já
falecido, levei minha mãe
para participar também das
atividades na paróquia, sendo
MESC, ministério a qual eu já
fazia parte.
Vendo as famílias cresce-
rem e novas gerações se for-
marem, percebi a necessidade
de acompanhar tanto os que
foram da minha época de PJ
bem como as novas forma-
ções. Por um bom período fui
coordenador da Pascom no
Vicariato Urbano.
Com as experiências pas-
tora is f ui conv idado pelo
pároco a ser o coordenador
de pastoral da comunidade,
função que exerci até antes do
ingresso na Escola Diaconal
Santo Efrém.
Em uma determinada reu-
nião pastoral, o pároco apre-
sentou-me a Escola Diaconal Fernando, da Paróquia Sao Januário e Santo Agostinho, em São
e pediu para que discernisse Cristóvão
 34
‘Uma vocação de natureza pastoral, chamado a ser
sinal de Cristo-Servo e imagem da Igreja servidora’
Marcus Vinícius, Fatima Maria, Maria Clara e Marcus Paulo
“Advogado, tenho 47 anos,
casado há 22 anos com Fati-
ma Maria Henriques de Sousa
Chiavegatto, e desse casa-
mento vieram dois preciosos
presentes de Deus, nossos
filhos: Maria Clara Henriques
de Sousa Chiavegatto, de 21
anos, e Marcus Paulo Henri-
ques de Sousa Chiavegatto,
de 15 anos.
Sou paroquiano da São
Marcos (Barra Sul), desde
2007. Fui nascido e criado
dentro da Igreja Católica e,
desde muito novo, acompa-
ARQUIDIOCESE
nhava meus pais nos eventos,
movimentos e pastorais que
participavam na Paróquia
Sagrado Coração de Jesus, do
Méier, onde me batizei, fiz
minha primeira comunhão e
recebi minha Crisma. Minha
experiência mais profunda
e pessoal com Cristo se deu
em julho de 1997, aos 21 anos,
quando participei do Movi-
mento de Mensagem Cristã
(MMC), que foi um divisor
de águas, quando percebi o
chamado para servir a Deus
e à Igreja. Passei a servir em
DIVULGAÇÃO
pastorais e no próprio MMC.
Quando estava noivo da
Fátima, em 2001, fomos con-
vidados a participar de uma
experiência comunitária para
casais, uma espécie de em-
brião para a formação de uma
equipe de base para o Movi-
mento das Equipes de Nossa
Senhora (ENS), e já no ano
em que nos casamos, 2002,
passamos a viver a experiên-
cia de caminhar em casal nas
ENSs, buscando a santidade
através da vivência plena do
Sacramento do Matrimônio
3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
através das propostas pamos juntos: já pensou em
de formação contínua ser diácono?
em casal e equipe, e Então, tudo começou a
dos exercícios espiri- fazer sentido. Essa pergunta
tuais propostos pelo já ecoava em meu coração e
movimento (Pontos senti que era o momento de
Concretos e Esforço dar a resposta. Percebi que
– PCE’s), ferramentas estava diante de uma decisão
para o crescimento muito importante e precisava
espiritual individu- refletir sobre esse chamado,
al e do casal, além sobretudo, junto com a minha
do aprofundamento esposa que também teria que
do amor conjugal, do dar o seu ‘sim’.
qual fazemos parte Naquele a no, não che -
até hoje. ga mos a ent ra r na escola
Passei a me dedi- diaconal para fazermos esse
car mais ao serviço na discernimento individual-
Igreja, seja no MMC e mente e em casal, quando
EAC, e, como casal, então demos nosso ‘sim’ ao
servindo na Pastoral convite feito pelo diácono
Familiar, ECC, antigo Roberto, conf irmado pelo
curso de novos (atual padre Alan, que me enviou à
EPVM) e nos eventos escola em 2019, ingressando
do mov i me nto d a s no propedêutico.
Equipes de Nossa Se- O tempo de formação foi
nhora. marcado por muitos desafios
Nessa fase, eu já pessoais e da própria forma-
havia adotado a prá- ção. Pegamos boa parte do
t ic a de me d it a ç ão tempo dentro da pandemia, o
da Palavra de Deus que levou a todos, candidatos
at ravés d a l it u rg ia e formadores, a nos adaptar-
diá r ia, oração pes- mos às necessidades do tem-
soal e conjugal e da po, o que reputo fundamental
leitura espiritual. Foi para o amadurecimento de
ent ão que comecei nosso chamado e, acima de
a sentir o chamado tudo, da nossa resposta a
pa ra “ava nça r pa ra Deus e à Igreja.
águas mais profun- A formação humana, pas-
das”. Algumas vezes toral e teológica que a escola
me perguntavam se nos proporcionou trouxe a
pensava em ser diáco- dimensão daquilo que vive-
no permanente, o que remos após a ordenação. O
começou a pla nt a r diácono, como parte do cle-
no meu coração a se- ro, é aquele que pode levar a
mente dessa vocação. Igreja a lugares onde ela não
Em 2015, eu e Fátima conseguiria chegar: nossas
fomos chamados pelo famílias, rodas de amigos,
nosso pároco, padre nossos trabalhos, escritórios,
Alan, para participar empresas, transporte público,
do curso de formação periferias etc. Uma vocação
para Ministros Extra- de natureza pastoral, chama-
ordinários da Sagrada do a ser sinal de Cristo-Servo
Comunhão e, pouco a pouco, e imagem da Igreja servidora.
a vivência mais próxima da Hoje, cinco anos depois e
S a nt a Euca r ist ia, a v isit a às portas da ordenação, sinto
aos hospitais e nas casas de que o discernimento vivido
doentes, idosos e aqueles intensamente durante todo
que não podiam participar o tempo na Escola Diaconal
da Santa Missa para levar a Santo Ef rém foi essencial
Santa Eucaristia, regavam para a sedimentação desse
essa semente em meu coração ‘sim’ ao compromisso que
e me impulsionavam para será abraçado e o coração ani-
algo maior. No final de 2017, mado, vibrante e esperançoso
mais uma vez, foi feita a mim para viver e corresponder a
a pergunta, dessa vez pelo do esse chamado com a graça
diácono Roberto, diante do de Deus.
Santíssimo no sacrário e após
uma celebração que partici- MARCUS VINÍCIUS COELHO CHIAVEGATTO
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
‘A vocação para um serviço além das rodovias’
Thiago, Lílian, Maria Clara e Maria Rita
“Tenho 41 anos e sou casado com Lílian,
há 11 anos, e temos como fruto de nosso amor
Maria Clara, de 8 anos, e Maria Rita, de 3 anos.
Nesse texto discorrerei, brevemente, de como
o meu chamado ao diaconato permanente teve
raízes profundas, tanto no calor do lar quanto
nas experiências diárias do meu trabalho na
Polícia Rodoviária Federal.
Em casa, a oração em família e a partici-
pação constante nos sacramentos abriram
nossos corações para o suave chamado do
Senhor. Indo além, foi no serviço à comuni-
dade, patrulhando as estradas, orientando
nossas filhas e construindo um casamento
sólido com minha esposa Lílian que essa
FOTOS: DIVULGAÇÃO
chama espiritual se tornou uma ardente
necessidade por mais.
Num cenário de responsabilidades cons-
tantes, a vida como PRF me fez perceber a
urgência de um Cristo servo entre nós. Nesse
contexto, senti um chamado mais profundo,
uma vocação para um serviço além das rodo-
vias. Comecei a explorar a possibilidade de me
tornar diácono permanente, uma decisão que
não veio sem desafios.
Esse processo foi uma jornada repleta de
reflexões, discernimento e conversas honestas
com minha esposa Lílian. Apesar das incerte-
zas, sua fé inabalável percebeu a sinceridade do
meu chamado, oferecendo-me apoio incondi-
ARQUIDIOCESE
cional, mesmo ciente de que essa
escolha mudaria significativamen-
te nossas vidas.
Minha paróquia de origem,
localizada no bairro de Itaipu,
era um pilar essencial na vida de
nossa família. Ao participarmos
ativamente da vida paroquial, meu
pároco, observando nossa dedi-
cação, sugeriu que eu iniciasse
o processo de formação para me
tornar diácono permanente na
Arquidiocese do Rio de Janeiro,
visto que havia ajudado na criação
da Capelania Policial na PRF e o
meu trabalho pastoral seria todo
desenvolvido na cidade.
Assim, em 2019, iniciei o pro-
pedêutico na Escola Diaconal
Santo Efrém, juntamente com
outros 20 irmãos. Ao longo des-
ses cinco anos de formação para
o Diaconato Permanente pela
Arquidiocese de São Sebastião
do Rio de Janeiro, concentrei-me
em ser uma presença constante,
disponível para ouvir e servir os
policiais rodoviários federais de
nossa cidade, sem julgamentos
prévios. Além disso, destaquei a
importância de oferecer auxílio
aos que trabalham comigo, pro-
porcionando uma capelania aces-
Thiago e Dom Orani durante celebração na Catedral
35
sível para aqueles que buscavam
enriquecer sua experiência de fé
no ambiente profissional.
Um fator crucial na minha
formação humana e espiritual foi a
recepção calorosa do cônego Cláu-
dio dos Santos, pároco da Catedral
Metropolitana de São Sebastião
do Rio de Janeiro. Sua abertura e
trabalho social em nossa cidade
foram decisivos para minha inte-
gração e crescimento nas pastorais
da Catedral, onde aprofundei meu
serviço, caridade e participação na
liturgia, vivenciando as complexas
realidades da nossa cidade de for-
ma mais profunda.
Essa história ref lete minha
jornada espiritual como policial
rodoviário federal, esposo e pai. O
chamado ao diaconato permanen-
te não apenas transformou minha
vida, mas também inf luenciou
positivamente a trajetória de mi-
nha família e comunidade. Assim,
testemunhamos como a resposta
a um chamado profundo poder
enriquecer não só a vida espiritual
da pessoa, mas também impactar
de maneira positiva todos ao nosso
redor.”
THIAGO MARIZ ESTEVES DE SOUZA
 36 ARQUIDIOCESE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

‘O diaconato tem início dentro de casa,

onde se vive toda experiência de família’ DIVULGAÇÃO

“Tenho 62 anos e participo da

Paróquia Sagrada Família, no Men-
danha, cujo pároco é o padre Fábio
Escobar. Minha esposa se chama
Valdiléa (Léa), tenho duas filhas,
Keli Caroline e Karen Cristina (in
memoriam) e sou funcionário
público.
A partir de 1998, aconteceu
meu retorno definitivo para a
Igreja, pois recebi meu Sacramento
do Crisma e fiz Encontro de Casais
com Cristo, o Cursilho de Cristan-
dade e a Escola de Mater Ecclesiae.
Participei de pastorais, da Liturgia,
Pastoral Familiar, Pastoral de Rua,
MESC e movimentos.
A vocação surgiu pelo convite
no ano de 2018 pelo pároco na
época, padre Bruno Borba (hoje na
Paróquia São Brás, em Madureira).
Nunca foi desejo meu ser diácono,
procurei evitar tal conversa, pois
não era algo que pensava.
Foi feita uma reunião com os
coordenadores de pastorais para
escolher uma pessoa para ser indi-
cada para a escola diaconal, e vim
saber que o escolhido fui eu. Mes-
mo assim disse que não era isso que
eu queria, e para finalizar disse que
minha esposa não aceitaria, pois
também dependia dela, e para meu
espanto o padre Bruno não levou
dois minutos para convencê-la. E
assim ingressei na escola diaconal.
O primeiro ano foi o prope-
dêutico (2019), o ano seguinte
iniciamos com as aulas presenciais
e tão logo entrou a pandemia e
ficamos 2020 e 2021 em aulas on-
-line. Foi um período difícil, mas,
superamos. Em 2022, retornamos
às aulas presenciais e estamos
chegando a um novo começo. De
todos os desafios e dificuldades
que passei, o pior ainda estou
vivendo, que é a perda de minha
filha mais nova, Karen Cristina
(35 anos), depois de cinco meses
de luta contra uma doença, no dia
11 de outubro de 2023, ela faleceu,
há dois meses da ordenação.
Ser diácono é ser amigo de
seu pároco, levar sua experiência
de homem casado que procura
viver uma vida de amor ao Cristo
diante de tantas realidades que são
apresentadas, é principalmente
lembrar da sua responsabilidade
como chefe de família, que é seu
primeiro chamado (vocação). O
diaconato tem início dentro de
casa, onde se vive toda experiência
de família.”

PAULO CESAR DE ANDRADE SANTOS Paulo Cesar e familiares

 Ser Amigo da Rádio é reconhecer que temos uma dívida de amor para com Deus,
que nunca se deixa vencer em generosidade (Malaquias – 3,10)

Ser Amigo da Rádio é também ser um evangelizador. É contribuir para que outras
pessoas tenham acesso às graças que você tem recebido por ouvir a Rádio Catedral.

Só doa quem ama; quem não quer guardar só para si as bênçãos de Deus.

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 38 EM COMUNIDADE 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ

Festa de Santa Cecília

No dia 22 de novembro, os fiéis da Paróquia São Sebastião e Santa Cecília, em Bangu,
celebraram a memória da padroeira paroquial e dos músicos com festividade.
Organizada pelo pároco, padre Felipe Lima Pires, a festa teve, à tarde, a recitação do Terço
da Misericórdia, transmitida pela Rádio Catedral, e à noite, após a Santa Missa, houve louvores
conduzidos por Aline Venturi e músicos convidados.

Paróquia Nossa Senhora da

Apresentação
Dom Orani presidiu a Santa Missa de encerramento da festa da padroeira da Paróquia
Nossa Senhora da Apresentação, em Irajá, no dia 21 de novembro.
Organizada pelo pároco, padre Bruno Citelli, a festa teve como tema: “Ela é a Mãe do meu
Senhor” (Lc 1,43). No final, houve oração e a coroação da imagem da padroeira.
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Uma das formas de nos prepararmos
bem para o Natal de Nosso Senhor é por
meio da confissão sacramental. O tempo do
Advento é marcado pela oração e vigilância,
pois não sabemos qual será o dia ou a hora
que o Senhor virá. A espiritualidade do tempo
do Advento nos aponta duas vertentes: a
RADAR 39
espera da segunda vinda de Cristo, pois para
nós cristãos Ele já veio uma vez e, também,
fazemos memória o seu nascimento que
aconteceu há mais de 2000 anos.
No tempo do Advento temos que estar
em constante oração e vigilância, e isso inclui
a confissão sacramental.
 40
ANIMADORAS PAROQUIAIS
06/12 - Elisabeth de J. C. Gomes
06/12 - Maria Cristina V. Oliveira
AMIGOS
3 DE DEZEMBRO
São Francisco Xavier
• Alcidélia Correa da Silva
• Claudia Maria de Lima
• Daniela de Oliveira Souza
• Eduardo Luiz Lima Alves
• Francisca B. Andrade Fernandes
• Francisca X. Castro Carvalho
• Inês Maria Carvalho Gonçalves
• Inez Barbosa da Silva
• Josefa Marinho Gomes
• Laura Ferreira dos Santos
• Lindalva Peregrino Gomes
• Lourdes Rodrigues V. Gonçalves
• Luis dos Reis Rocha
• Maria Amélia Flor
• Maria Clara Visconti Luz
• Maria José Lima da Silva
• Maria Lucia Guerra Campos
• Marilene Carvalho da Costa
• Monica Vianna Arouca
• Ondina Santos de Avellar
• Regina Celi Gusmão dos Santos
• Rita Maria Cinelli Pinto
• Rubens Reis Bessa
• Saionara Cristina S. Silva Cruz
• Sebastiana de Souza Rodrigues
• Selma Passos Autonomo
• Terezinha Silva da Costa
• Vanessa Pereira dos Santos
• Vera Maria Carvalho Peyerl
4 DE DEZEMBRO
Santa Bárbara
• Alfredo Neto Caldas Bastos
• Bárbara Alves Amorim
• Bárbara Cristina de Souza Garcia
• Bárbara de Souza Cruz
• Bárbara Sanuto Santos
• Cleonice Maria C. de Oliveira
• Edyr Conceição Martins
• Fernanda A. Ferrão Ribeiro
• Heliotropia Magno da Rosa
ANUNCIE AQUI: SÃO 292 PARÓQUIAS VENDO O SEU ANÚNCIO
ESPAÇO DO OUVINTE
• Janete dos Santos Macedo
• Josefa Barbosa Gabriel Souza
• Joselita Alves Benjamin
• Juracy da C. Mello Moraes
• Margarida Lopes Magarino
• Maria B. Silva dos Santos
• Maria Lusinete Pereira
• Maria Silvania C. Senna Franca
• Maria Socorro Rocha Silva
• Marina Silva Santos
• Miquelina Imaculada de Candia
• Nivalda Torquado Alves da Costa
• Priscila Machado Salles
• Ronaldo da Cunha Abreu
• Sandra Ines Marques Furtado
• Sonia Maria Cerqueira
• Teresinha Rodrigues Chaves
• Wilma Menezes dos Reis
5 DE DEZEMBRO
São Sabas
• Adriana de Sá Mesquita
• Alberes dos Santos
• Ana Cristina Gomes Serra
• Anna Baeta de Mello
• Bárbara Maria Ferreira
• Helena Maria Maia Agrizzi
• Ivone Gildi dos Santos
• José Luiz Ribeiro Neto
• Leni de Souza
• Lucas Gabriel G. Silva Mongin
• Mara Lucia de Oliveira Amorim
• Maria das Dores Alves Pereira
• Maria de F. Carvalho Furtado
• Maria de Lourdes R. da Silva
• Maria Rizete de Souza Viana
• Maria Rosa F. de Andrade
• Marisa Machado de Castro
• Marli X. D’Alincourt de Oliveira
• Naciolina Paranhos dos Santos
• Neide Batista Ferreira
• Nelson dos Santos
• Rodrigo Camilo dos Santos Tome
• Ronaldo Vinhosa Nunes
• Rosiclea Moreira Nunes
• Sara Cristina S. Telles Figueredo
• Tharsila Yses Neri Gomes
• Zaira de Sant Anna Gomes
6 DE DEZEMBRO
São Nicolau
• Bárbara Reis de A. Machado
• Catia Madureira Neves
• Cesar Tamoio Costa
• Debora Oliveira L. Março
• Elizangela da Silva de Araujo
• Fabio Araujo Melo
• Gercina Soares de Souza
• Henrique Gomes da Rosa
• Inez de Oliveira Pontes
• Júlia Maria da Luz
• Leda da Glória Salles
• Leda Leite Roscoe Bicalho
• Leonice Tania Pereira
• Madalena das Graças Minto
• Manuel Gomes
• Marcelo da Rocha Gonçalves
• Maria Auxiliadora da S. Machado
• Maria de Fátima C. Fonseca
• Maria de Fátima da Conceição
• Neide dos Santos Silva
• Neuza Motta de Jesus
• Nilza Aparecida da Silva Teixeira
• Pedro Modesto dos Anjos
• Roberto dos Santos
• Sandra da Conceição Freire
• Solange Aparecida R. Silva
• Teresa Cristina Vieira Prior
• Zenaide Albuquerque de Lima
7 DE DEZEMBRO
Santo Ambrósio
• Adenita Moreira da Conceição
• Amália Miriam Pires Pereira
• Ana Amélia Santos F. Lemos
• Antonio Roberto de Almeida
• Dejanira Ambrosia Rodrigues
• Denise da Silva C. de Oliveira
• Elizabeth Braz Falcão da Costa
• Emiltom Pereira dos Santos
• Ernandes Lopes Carvalho
• Hecilia Lara Lourenço
• Iradilma Gomes Duarte
• Jose Geraldo de Almeida
• Jose Henrique Ewers Pires
• Josefa de Melo Vieira
• Lucia Helena Caruncho Couto
• Maria A. Mesquita Martins
• Maria da Conceição M. Silva
3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023 | TESTEMUNHO DE FÉ
• Maria da C. Pereira Gomes
• Maria Elisa Martins P. Frota
• Maria Ines Fraga Abel
• Marli Maria Silva
• Marly dos Santos
• Patrícia Raquel de Mattos
• Roberto Cariello
• Sandro Leonardo F. Maravilha
• Severino Celestino Nunes
• Valeria Pinto de Freitas
• Victoria Jorge Nicolau Doher
• Wilma Ribeiro de Barros
8 DE DEZEMBRO
Solenidade da Imaculada
Conceição de Nossa Senhora
• Alice Gonçalves Tavares
• Antonia Marinho Braz
• Aracy da Costa Correa
• Aurélio Baptista Rainho
• Caio Douglas da Silva
• Cícero Lourenço Dias
• Conceição Correa da Rosa
• Dulcinea de Campos Cabral
• Edivaldo Aquino da Silva
• Eloisa Silva de Farias
• Elvira da Conceição P. Jesus
• Enyr Monteiro Nobrega
• Eunice Rodrigues
• Eva Maria da Conceição Soares
• Gilvone dos Santos Carlos
• Giovanni Borges da Silva
• Gleyson de Abreu Calvão
• Grasiele Baquiao
• Iara da Silva Duarte da Silva
• Josefa Paulino Nobrega
• Leila da Conceição Amaral
• Lucimar Borges Ribeiro Silva
• Marcelo Boa Morte Niesi
• Marcia Cristina Lima Conceição
• Maria Conceição da Costa
• Maria Conceição de Araujo Reis
• Maria da Conceição A. de Araujo
• Maria da Conceição A. O. Paulo
• Maria da C. Antunes Figalo
• Maria da C. A. Ferreira Rodrigues
• Maria da C. B. Avellar Neto
• Maria da Conceição Bruno
• Maria da Conceição de Oliveira
• Maria da C. Siqueira Nogueira
• Maria da Conceição dos Santos
• Maria da Conceição L. Santos
• Maria Imaculada de Oliveira
• Maria Massena da Silva
• Maria Nilce B. Nascimento
• Nadia Maria Gonçalves Bastos
• Paulo Cezar Arruda
• Regina C. S. Martins Nogueira
• Rozenita Vicente Machado
• Suely de Souza Fernandes
• Suely Maria Machado Barradas
• Vilza Conceição Napoleão
9 DE DEZEMBRO
São João Diego
• Adauto Pereira da Silva
• Ana Lucia Queiroz Alvares
• Angelica Araujo da Silva
• Antonio Marcus F. Santos
• Bertha Rosália do Nascimento
• Conceição das Mercês Ambrosio
• Cristina D. Oliveira Torres
• Elizabeth G. Oliveira Lopes
• Fátima Cristina da Silva Pacheco
• Iara Moraes de Aguiar
• Joilse Tavares de Oliveira
• Jorge Dias Lima
• Jose Inaldo da Silva Santos
• Josefa Maria da Costa
• Josefa Monteiro da Silva
• Leocadia Luiza de Souza
• Lucia Helena de Abreu Alexandre
• Marcos Antonio Veloso Ferreira
• Maria da Conceição Muniz de Sá
• Maria da Penha Rodrigues Mota
• Maria Erenilza de Suliano
• Maria Helena F. Santos
• Maria Helena Guilhon Chung
• Maria Ines de Almeida Oliva
• Maria Regina de P. Santos
• Marinalva de A. Nascimento
• Natercia Reges da Silva
• Neuza Maria F. C. Miranda
• Renilda Matos dos Santos
• Rosa Rodrigues do Nascimento
• Rupila Rami da Silva Goda
• Talita Almeida Nativo Cabral
• Teresinha Monteiro Tavares
• Valdir Luiz Sampaio
• Vera Regina Pacheco de Oliveira
TESTEMUNHO DE FÉ | 3 A 9 DE DEZEMBRO DE 2023
Livros do Novo Testamento (194)
Neste artigo retomamos as questões
de fundo acerca da estrutura, do contex-
to e da Mensagem da Carta aos Gálatas.
De que maneira se pode compreender
complexivamente esta missiva paulina?
INTRODUÇÃO
O argumento da carta é exposto em
1,6: ‘Estou admirado de que tão depressa
passeis daquele que vos chamou à graça
de Cristo para um evangelho diferente’, no
qual chama a atenção a expressão ‘aliud
Evangelium’.
O verbo ‘Θαυμάζω’ (‘espantar’) indica
admiração indignada. Houve forma de
transferência ou mutação da ‘Graça de
Cristo’ para um ‘evangelho estranho’.
Paulo avalia ‘energicamente’ esta
transposição. Parece que os Gálatas
estariam deslocando-se do âmago do
Kérygma salvífico de Cristo para outra
realidade.
A espantada acusação de Paulo é que
as comunidades da Galácia se afastaram
da genuína fonte da identidade eclesial,
a “pregação apostólica’ (de Paulo), para
uma aventura danosa que envolveria a
opção ‘judaizante’ da prioridade da Lei
sobre o Evangelho (da Graça).
Não se pode ‘abandonar’ a pregação
apostólica (de Paulo) sem perder a ‘iden-
tidade cristã e eclesial’. Mesmo que essa
hipótese fosse sugerida por um ser celeste,
seria considerada ‘anátema’. Paulo reage
com veemência sobre a ‘indiferença’ dos
Gálatas diante da verdade (A Graça de
Cristo anunciada), que igualaria todos
os conceitos (um outro evangelho), como
uma forma aparente de respeito alheio (os
judaizantes e a lei mosaica).
No artigo em questão, embora de
escopo limitado, buscar-se-á examinar
as questões mais pertinentes no debate
acadêmico no que diz respeito a esta seção
da carta de Paulo às igrejas da Galácia.
Serão pontuadas algumas questões
gerais introdutórias, como a forma ou o
gênero literário epistolar e a estruturação
da unidade para determinar onde a perí-
cope se encaixa na lógica do argumento
de Paulo na carta, como um todo.
O GÊNERO LITERÁRIO DA CARTA AOS
GÁLATAS
O pressuposto de uma boa interpreta-
ção literária não se alcança somente a par-
tir da configuração ou estruturação de um
texto, ou da exegese de vocábulos-chave,
mesmo sendo a abordagem diacrônica
indispensável, em particular, em textos
antigos. É necessário também um bom
enquadramento do seu ‘gênero literário’
e, portanto, da ‘forma’ que se escolheu
para a transmissão de um determinado
conteúdo (mensagem).
A Carta aos Gálatas, dadas as suas ca-
racterísticas literárias (emissor e destina-
tários nomeados, saudação…), pertence
ESTUDO BÍBLICO
HTTPS://WWW.COSTUMESBIBLICOS.COM/2018/03/GALATAS.HTML
ao gênero epistolar, que se pode detectar
na antiguidade tardia.
Porém, a abrangência deste conhecido
gênero gerou certa discussão, dado que a
forma epistolar ‘per se’ não determina o
conteúdo de uma epístola. Este conteúdo
pode pertencer a (sub)gêneros diversos,
pois em uma carta podemos encontrar
dados confidenciais, demonstrações
filosóficas, informações administrativas,
etc… A qual tipo de ‘discurso’ pertenceria
a Carta aos Gálatas? A exegese contem-
porânea tem buscado nos métodos retó-
ricos, nos antigos tratados, respostas a
esta questão.
Para Vanhoye, trata-se de um discurso
‘apostólico’, da pregação cristã, de fundo
doutrinal, um discurso original em re-
lação às tipologias clássicas da retórica.
Esta carta constitui um discurso de in-
tervenção apostólica em um momento
de crise da Fé.
Na concepção de Vanhoye, as três
partes da carta possuem uma relação livre
com os três gêneros da retórica clássica.
A primeira parte (1,1–2,21) traz ele-
mentos analógicos com o gênero judiciá-
rio, pois Paulo defende a si mesmo contra
algumas insinuações maliciosas,
A segunda parte (3,1–5,12) identifica-
-se com o gênero deliberativo, porque
Paulo se esforça em reconduzir os Gálatas
a uma firme adesão à liberdade cristã;
A terceira parte (5,13–6,10) assemelha-
41
-se ao gênero demonstrativo, pois Paulo
fala-lhes de vícios e virtudes. Contudo,
estas relações analógicas com aspectos
dos antigos gêneros retóricos não invali-
dam a intuição de se estar diante de um
gênero ‘original’.
2. A ESTRUTURA LITERÁRIA (PLANO) DA
CARTA
Na perspectiva de Vanhoye, três ele-
mentos se destacam na estrutura discur-
siva da carta.
Primeiro, a ‘autobiografia’ paulina
(1,11–2,21), uma operação ‘historiográfica’
de Paulo vista por muitos autores como
estratégia narrativo-argumentativa, bem
difusa no âmbito do cristianismo antigo.
Segundo, a exposição doutrinal sobre
a ‘Justificação exclusiva pela fé em Cristo’,
como se lê também em Romanos,
E terceiro, o teor psicológico da nar-
ração diante do contexto da ‘crise’ de fé e
dos oponentes. A narrativa parece des-
tacar o ‘caráter’ de Paulo como um fator
de pressão argumentativa em relação aos
fiéis da Galácia.
A discussão sobre a organização literá-
ria da Carta aos Gálatas é extensa.
Muitas hipóteses se debatem neste
cenário. Segue-se neste artigo aquela dis-
posição escolhida por Vanhoye. Para ele,
a disposição literária é uma escolha em
se que adota tanto aspectos de conteúdo
e mudança de temática, como também
estratégias retórico-discursivas, que su-
geririam uma tríplice divisão:
1ª PARTE (1,11–2,21)
Nesta seção observa-se o uso estraté-
gico da ‘autobiografia’. De fato, no prólogo
da carta (1,6-10) Paulo apresenta-se como
‘Παῦλος ἀπόστολος’ não por designação
humana, mas da parte de Jesus Cristo e de
Deus Pai, que O ressuscitou dos mortos.
A autoridade apostólica que outorga
a sua mensagem (εὐαγγέλιος) radica-se
na origem divina de sua própria vocação.
É o mesmo ‘Evangelho de Cristo’, aquele
anunciado pelo Apóstolo. Ele ensina o
que aprendeu diretamente de Cristo e esta
‘Revelação de Cristo’ é fonte absoluta da
autenticação da verdade e da autoridade
do anúncio de Paulo.
PADRE PEDRO PAULO A. SANTOS
DOUTOR EM TEOLOGIA BÍBLICA
pedosantos@gmail.com
@pedro.pedropaulo