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Órgão da Província Redentorista de São Paulo • Edição N.

280 • Abril a Novembro de 2023

Província de São Paulo:


DEO GRATIAS!
Entrevista: Frei traz reflexão sobre Reconfigurando: Confira os trabalhos
suicídio na vida religiosa de mais três comissões
p. 8 p. 23
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3

Sumário
PALAVRA DO PROVINCIAL

4 ESPAÇO DO LEITOR

5 REFLEXÃO
Como modular nossa personalidade
e nossa consagração ao longo da vida

8 ENTREVISTA
O suicídio na vida religiosa: realidade e prevenção

11 HISTÓRIA DA PROVÍNCIA
Província de São Paulo:
da criação da vice-província à reconfiguração

21 PASTORAL
Basílica de São Geraldo

23 RECONFIGURANDO
Administração, Pastoral e Missionários Leigos

30 SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


Pe. Jonathan Antônio e Ir. Marcos Vilanova

32 PARTILHA MISSIONÁRIA
Unidos em Cristo, com Maria, viver e crescer em comunidade

34 CURIOSIDADES
Jubileu dos 50 anos da comunidade redentorista
Alfonsianum I – Ipiranga

37 RESENHA REDENTORISTA
São Geraldo Majela – Redescobrindo um santo

39 ESPAÇO DIÁLOGO
Eucaristia e Igreja: Formamos em Cristo um só corpo
Divulgação

EXPEDIENTE

INFORMATIVO DA PROVÍNCIA
Abril a Novembro de 2023
Superior Provincial
Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R.

Editores
Pe. Jonas de Pádua, C.Ss.R.
Fr. Fabrício Oliveira, C.Ss.R.
Mário Pereira

Revisão
Ana Lúcia de Castro Leite
Sofia Machado

Design e Diagramação
Mauricio Pereira e Maicon Santos

Foto de capa
Thiago Leon

Email:
secretariasp@cssr.com.br

Tiragem:
700 exemplares
Reprodução

2 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


PALAVRA DO PROVINCIAL

Caros confrades, formandos, oblatos, ex-seminaristas


e demais leigos, religiosos(as), familiares:

C
hegamos novamente até vocês para, por Ademais, o dinamismo do carisma redentoris-
meio destas páginas, partilhar um pou- ta continua se manifestando nos diversos tipos de
co de nossa vida e missão redentoristas. apostolado que realizamos, seja na Basílica de São
É sempre algo importante e revitalizador, pois Geraldo Majela, em Curvelo (MG); seja na Paróquia
nos faz perceber que estamos vivos e interco- da Glória, em Juiz de Fora (MG); bem como no ár-
nectados! Somente à medida que nos apoiamos duo e importante trabalho das comissões em vista
e nos solidarizamos, tem sentido nos conside- do processo de reconfiguração. Nisso tudo se ma-
rarmos família redentorista, ou seja, pessoas nifesta nossa adesão real ao projeto da Redenção
que compartilham da mesma fé, espiritualidade abundante!
e ideal missionário! Pois, mesmo que cada um Por fim, em sintonia e comunhão com o Ano
esteja em sua lida diária, empenhado para rea- Vocacional da Igreja do Brasil, destacamos as his-
lizar suas tarefas ou vivendo em uma vida mais tórias vocacionais de nossos confrades Ir. Marcos
contemplativa, depois de muito ter trabalhado, Vilanova e do Pe. Jonathan Antônio. São respostas
porém, sentimo-nos muito unidos e igualmente concretas ao Senhor, que continua chamando e
marcados pela vocação redentorista! contando conosco para sua seara evangelizadora.
Neste número de nossa revista, entre tantos Nesse sentido, a celebração de jubileu áureo da
conteúdos interessantes, seremos enriquecidos casa do nosso Alfonsianum I, Casa do Juniorato do
com os testemunhos de confrades que fazem a Ipiranga, é um marco referencial significativo tam-
memória agradecida pela bonita história de nossa bém, pois revela o cuidado e a valorização pelas
querida Província Redentorista de São Paulo. Sem vocações que nossa Província sempre teve, e conti-
dúvida, essa entidade religiosa é muito mais que nua tendo. Não basta querer vocacionados, é pre-
uma instituição eclesiástica; de fato, é o resultado ciso cuidar e formar bem os que chegam para se
de vidas e experiências que teceram, no emaranho somarem a nós, em vista da missão!
existencial, essa forma de encarnar o espírito re- Portanto só nos resta desejar uma frutuosa
dentorista, neste espaço geográfico de São Paulo. leitura a todos(as). E que este Informativo traga e
São incontáveis as bênçãos e alegrias alcançadas confirme a certeza de estarmos continuando, sino-
ao longo deste tempo. Em tudo isso, bendito seja dalmente, os passos do Redentor e sendo missio-
Deus! Daí ser imprescindível conhecer, em grandes nários da Esperança!
traços, essa história, feita de garra e doação, para
que ela continue acontecendo, ainda que, a partir
Foto: Thiago Leon

de agora, em outra modalidade.


De maneira muito original e perspicaz, so-
mos agraciados com a reflexão do Pe. Dalton
Barros sobre a saúde e inteligência emocional,
a partir das Constituições Redentoristas, ou seja,
do livro que serve de orientação e inspiração
para nossa vida missionária. E, em tempos como
os nossos, infelizmente, temos de abordar tam-
bém, para entender mais e melhor, sobre o sui- Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R.
cídio na vida da Igreja e dos religiosos. Superior Provincial

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 3


ESPAÇO DO LEITOR
Reprodução

Reverendíssimos padres, irmãos e toda a família redentorista da Província de São Paulo, que ale-
gria escrever este agradecimento a todos vocês! Sou leigo redentorista da cidade de Tietê (SP) e
sou muito grato por fazer parte desta província, na Igreja do Seminário Santa Teresinha. Nesse
lugar me tornei amigo de muitos missionários, o que me possibilitou participar de profissões
religiosas e ordenações. A Província de São Paulo nos entregou, com suas formações, grandes
Órgão da Província Redentorista de São Paulo • Edição N. 279 • Janeiro, Fevereiro e Março de 2023

missionários. Exímios mestres passaram por Tietê, preparando os jovens para ser irmãos ou
padres. A cidade de Tietê foi berço de muitos redentoristas. Fico feliz em dizer que minhas
orações contribuíram para a edificação das vocações. Deus abençoe o Provincial, Pe. Marlos, e
preparem-se para a nova Província. Forte abraço a todos.

Luis Eduardo Bacili – Leigo redentorista


Tietê-SP

Na vida Religiosa Redentorista, na Província de São Paulo, fui sempre bem acolhido e bem tra-
As origens tado. Tenho um excelente acompanhamento na saúde, já frágil pelos anos. Nos primeiros anos
dos Redentoristas
alemães no Brasil de vida consagrada, as coisas eram diferentes, não tínhamos, como hoje, a formação que se
Entrevista: Bispo destaca Reconfigurando: Confira os trabalhos
desenvolve. Para muitos, naquela época, os irmãos não precisavam estudar, e foi assim que vivi.
Eu escrevi uma cartinha, com cinco linhas, e fui acolhido, há quase 60 anos. Não pude estudar,
o Ano Vocacional da Igreja das comissões de Vida Apostólica
do Brasil, p. 8 e Vocacional, p. 18

segui na profissão que já tinha, de alfaiate, por muitos anos, quase 80. Fui hortelão já mais velho.
Janeiro, fevereiro e março de 2023 07/03/2023 14:03:24
Com 50 anos de vida religiosa, pela primeira vez pude falar para o povo. Nem sabia o que falava,
Edição N. 279 mas falei muitas coisas boas. Agradeço muito a graça de ser Redentorista. Eu começaria tudo de
novo! Mensagem aos irmãos mais novos: Não desanimem! A doença também é graça de Deus.
Recordo, com gratidão, o primeiro Na bondade de Deus, a doença ensina a viver melhor a vida religiosa.
contato que tive com o Secreta-
riado Vocacional Redentorista e, a Ir. Clemente (Waldemar Úrsula de Jesus), C.Ss.R.
partir disso, tantos outros momen-
tos de encontro e fraternidade com Finda-se uma era. A Província de São Paulo alarga seus Em fins de maio de 1956, com 10 anos de ida-
tantos Missionários Redentoristas. limites geográficos, funde-se a outras, em uma nova de, ainda menino de calças curtas, como era

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Pediram-me que escrevesse uma empreitada de fé, no poder de Deus, que sempre opera o costume da época, ingressei no Seminário
memória agradecida à Província de maravilhas. Como oblata redentorista, coube-me a gra- Santo Afonso, em Aparecida. Eu era mais um
São Paulo, mas é certo que, para ta satisfação de dizer-lhe umas palavras pela riqueza “peixinho” alcançado pelas redes dos missio-
além da estrutura, a comunidade que nos foi concedida, por meio da Revista Província, nários em suas andanças, sempre preocupa-
provincial é formada por muitos de seus caminhos, testemunhos eloquentes de reden- dos em mandar para o Seminário crianças e
rostos e diferentes pessoas. E é toristas que nos precederam, ensinamentos em profu- jovens, para continuar o trabalho em favor
por esses valorosos confrades que são da doutrina, incentivo à vivência na fé, sob o impul- da Redenção e do Reino de Deus. O lema da
rezo meu canto de ação de graças e so da esperança e o caminhar, norteados pela caridade Congregação “Copiosa apud Eum redemptio”,
louvor, tantos destes que gastaram fraterna, tudo isso, em uma síntese limitada, foi o que e do Seminário Santo Afonso “Dies impen-
suas vidas pela copiosa redenção, recebemos e expressamos com gratidão.Fazemos hoje dere pro redemptis”, que contemplávamos
tantos daqueles que quando crian- uma retrospectiva no tempo que nos foi dado assim vi- todos os dias no altar-mor da capela, emba-
ça tive a oportunidade de escutar ver. Apresentamos uma memória agradecida em tudo laram minha adolescência e juventude, mar-
pelas ondas da rádio, e tantos ou- e por tudo. Auguramos em crescimento, progresso e cada pela convivência alegre com nossos for-
tros com os quais convivi e conheci. expansão do espírito missionário, de novas inspirações madores, professores e colegas, pela intensa
É extensa a lista daqueles que mar- na evangelização. vida de oração e sério empenho nos estudos,
caram minha história e vocação, aliviados por momentos de esportes, brinca-
que incentivaram e marcaram pre- À nova província trago nome de Aparecida, deiras e passeios, que fazíamos com frequên-
sença nos diversos momentos de É um bom augúrio, Maria nos abraça, cia na majestosa serra da Mantiqueira. Hoje,
minha vida. Pela vida doada desses Esse amplexo maternal nos fortalece e nos irmana. olhando o que ficou para trás, com 57 anos de
valorosos confrades ao anúncio da Vai Redentorista, mais uma vez, profissão religiosa e 48 de ministério sacerdo-
Copiosa redenção, quero fazer che- Alargando fronteiras, empunhando com vigor, tal, faço uma memória agradecida a Deus e à
gar ao Pai minha prece de louvor e A bandeira da Evangelização com o lema: Província de São Paulo por tudo aquilo que
gratidão. “Copiosa redenção”, O Espírito Santo os ilumine. moldou e proporcionou em minha vida.

Fr. Mathias José Pereira, C.Ss.R. Neuza de Pontes Fabri Bussamra Pe. Antonio Carlos Vanin Barreiro, C.Ss.R.

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4 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023
REFLEXÃO

.C.Ss.R.

COMO MODULAR NOSSA PERSONALIDADE E

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NOSSA CONSAGRAÇÃO AO LONGO DA VIDA

H
á uma temática em pauta: a importância de Somos sujeitos e nossas circunstâncias (em casa
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cultivar-nos, conjugando inteligência e saúde e na Pastoral), em gradativas transmutações para


emocional na vida religiosa e presbiteral. Ela me melhor. Ou não?! Cansaço psicoespiritual por vezes
foi proposta. E aceita. Penso em nós, Redentoristas, ca- nos acontece. Aborrecidos. Repetitivos. Acomoda-
minhando para a Província Nossa Senhora Aparecida. dos. Sendo assim, estamos enredados em nossas
Percebo uma chance rara de autoavaliação para cada teias maléficas: as inverdades, os autoenganos. As
um oferecer o melhor de si mesmo. Divido a temática muitas desculpas que pouco desculpam. Tudo so-
em três unidades. A primeira delas é a que abordamos mado, nós nos tornamos como somos. Construto-
agora: o que pode estar trafegando no mundo interior res de nós mesmos, em meio a apoios e reconheci-
de quem, talvez involuntariamente, perturba o coti- mento, de face para desencontros e desencantos.
diano saudável da Comunidade. Psicopatias?! Afinal de contas, somos também mistério.
O danoso é viver misteriosamente
O lado subjetivo do ser-e-convi- aos olhos dos outros, confrades e
ver como consagrados povo de Deus. A possível perda,
Somos humanos e, como tal, em parte, de uma boa “saúde
pessoas. Vidas em relação. Rela- mental” é (e será) sempre uma
tivos a teias de relacionamentos. história personalizada. Bem ao
Sujeitos de metamorfoses (ou feitio de cada qual, em sua ori-
estacionados?), mediante perti- ginalidade maltratada. Esta si-
nentes redefinições que, na au- tuação é bio-psíquica-espiritual.
tenticidade da Fé e da Consagra- “A possível perda, Tudo a ver com a
ção, significam também conversões em parte, de uma estrutura indivi-
boa ‘saúde mental’
contínuas (se estacionados, mediocri- é sempre uma história dual e suas gra-
dade adaptada ao subjetivismo). personalizada” máticas orienta-
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Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 5


REFLEXÃO

doras de escolhas, preferências.

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O que pode decretar a existência
de CRISE. Carecemos, então, de
critérios. Eles serão apanhados
onde e como? Esse quadro da
vida pode receber muitos nomes.
É uma realidade compósita.
Algumas atitudes e certos
comportamentos denunciam um
desencaixe da pessoa em relação
a... (completa você, por favor!). Ah,
os traços emocionais, as insatisfa-
ções queixosas, a repetitividade de
desencaixes. Todos apontam para
a dificuldade de bem-viver. Algo se “O chamado vocacional nos potencia”
rompeu. Alguma fratura sobreveio. Vida fragmentada, do: o segredo de quem sou” (Sartre). Não pode ser
raízes não purificadas, talvez porque nunca percebidas. que os outros sejam o inferno. Como me posiciono
Ou sempre recusadas. Cicatrizes não curadas até ago- face aos problemas, reagindo saudavelmente aos de-
ra? Supuram. Pessoa fazendo-se de vítima? Onde está a safios? Eu preciso do olhar do outro para me conhe-
bendita autoestima? Onde a certeza fiducial de “Deus cer, identificar-me. Companheiros são indispensáveis.
me ama”, “sou precioso a seus olhos”? Parece que um Parcerias são a regra da vida. Amigos? Ah, que pre-
véu de tristeza recobre a realidade. Cobre a visão. Vale ciosidade. Qual o valor da fraternidade em uma vida
relembrar: quando o inconsciente (ele existe) perturba em Comunidade?
pelo lado sombrio, chamemos o lado criativo, a cora- Eu e a convivência com meus confrades: em que
gem de ser: levanta-te e anda. É preciso reescutar esta tonalidade está esta canção? Eu e meu entorno social
voz. Nós temos pulsões, tantas. Instintos, não. Que pul- no pastoreio. Não facilita em nada a saúde mental, a
são está no comando? Somos cultura, e a falta de cultiva, predominância do eu-indivíduo com raras teias rela-
cria condições equivocadas. Abertas as comportas para cionais dentro e fora de casa. Meu caminho: minha
as compulsões. Em crise de dificuldades ou desatino, a competência e minha adaptabilidade psicossocial.
sabedoria leva-nos a verificar: o que não cultivei? Cul- Habilidades relacionais, outras tantas faces da Cari-
tivo é obra de persistência, vigilância, paciência. Ah, que dade, amor-ágape: inteligência emocional, autocon-
dificultoso é ser inconsciente de si mesmo e dos desa- trole, empatia e cia.
justes na convivência. Somos ou não vinculados ao ideal Como nos ajudam “figuras de referência”? A
de um carisma e de uma Missão? Inspiradores da alegria vocação não é vínculo de pertença? Falam de resi-
de ser. Existir. Partilhar a redenção da vida. O chamado liência. Os romanos falavam latim: Agredi et sustine.
vocacional nos potencia. O testemunho de que aquele Ousa (enfrenta) e aguenta firme. “Aquele que não me
que segue a Cristo, homem perfeito, torna-se ele mes- mata, me fortalece” (Nietzsche). Concorda? O rosário
mo mais homem. Que bênção! da vida de Jesus. Crises? Crie. Convivência renovada,
longe do isolamento e da indiferença.
Sujeitos de nós mesmos e nossas habilidades Convivência: afetos em turbulência. A repetição
relacionais dos mesmos comportamentos inadequados desa-
Sujeitos somos. Jamais donos do viver. O desafio: grega. Afeta a saudabilidade. Pulsões não elabora-
sair do egocentrismo ao “outro que guarda um segre- das podem reverter-se em compulsões deletérias,

6 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


REFLEXÃO

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incontroláveis. Perdas de “saúde mental” sobrevêm Conclusão
em uma cultura de excessos. Qualquer desmedida Esse tom de conversa sobre algumas fontes envene-
coloca em derrapagem o trem da vida. O que há em nadas, que intoxicam pessoas e a vida em Comunidade
nós, algo não identificado e assumido, como é dele- (psicopatias do cotidiano), sugerem ao leitor uma singela
tério, intoxica o ambiente. Por que tanta recusa de revisão. Não há cura quando não há prevenção. Bendita
logo buscar ajuda? As intoxicações avançam rápido. possibilidade nossa, a resiliência. Há, sim, alguns fatores
Atenção ao quarteto de plantão em nossas vidas: de prevenção que são apontados nos livros especializa-
Saúde-Sanidade-Sabedoria-Santificação. dos, frutos da observação clínica e de pesquisas. Eis al-
Faz parte do projeto de vida. Evita, muitíssimas guns: Autoconfiança. Alegria e otimismo aprendidos na
vezes, os adoecimentos. Cultivo! Prevenção. escola da vida. A boa medida em tudo. Temperança ver-
sus destemperos. Flexibilidade mental, sabendo lidar com
“Os traços emocionais apontam
para a dificuldade de bem-viver” as ambiguidades. Capacidade de suportar tensões.
Para nós, a esperança da salvação em comum. O
saber recomeçar. Cito, o que me parece, uma síntese:
– As pessoas mais bonitas que conhecemos são
aquelas que conheceram o sofrimento, conhece-
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ram a derrota, conheceram o esforço, conheceram


a perda e encontraram seu caminho para fora das
profundezas. Essas pessoas têm uma apreciação,
uma sensibilidade e uma compreensão da vida que
as enchem de compaixão, gentileza e uma profun-
da preocupação amorosa. PESSOAS BONITAS NÃO
ACONTECEM POR ACASO (Elisabet Kübler-Ross). Se
poesia, parece, também é ciência da prevenção.

Pe. Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R.

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 7


ENTREVISTA

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Arquivo pessoal

O SUICÍDIO NA VIDA RELIGIOSA:


Realidade e prevenção

O
número de suicídios no Brasil avança ano

Mário Pereira /A12


após ano. O levantamento mais recente do
Anuário Brasileiro de Segurança Pública
revelou um aumento de 11,8% no número de suicí-
dios, em relação ao ano de 2021. Foram 16.262 re-
gistros, que representam uma média de 44 por dia.
Esse tema, tão delicado e ainda pouco divulgado,
ganha espaço também entre os religiosos. Uma pes-
quisa de 2008, apresentada no Congresso do ISMA
Brasil, apontou que a vida sacerdotal é uma das profis-
sões mais estressantes da atualidade, à frente de poli-
ciais, executivos e motoristas de ônibus.
Doutor em Teologia e pesquisador em Mariologia,
Frei Jonas participou do Capítulo Eletivo da futura Província
o Frei Jonas Nogueira da Costa, da Ordem dos Frades Nossa Senhora Aparecida, em setembro de 2023
Menores (OFM), foi convidado para ser orientador do
Retiro Espiritual do Capítulo Eletivo da futura Província A explicação do Frei Jonas foi ampliada para a atual
Nossa Senhora Aparecida. Na oportunidade, ele falou edição do Informativo da Província, na qual ele ainda
sobre como o projeto de vida não recebe a devida destaca a importância de tornar os ambientes das co-
atenção no dia a dia de ordens e congregações, ele- munidades cada vez mais humanos e leves, de modo a
vando o número de religiosos e religiosas com adoe- valorizar a qualidade de vida dentro de ordens e con-
cimento psíquico. gregações. Confira:

8 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


ENTREVISTA

1 – Quarenta pessoas se matam no Brasil por dia deveriam ser um projeto de vida.
e, segundo uma pesquisa, de agosto de 2016 a Um projeto de vida deveria ter uma “pergunta
junho de 2023, 40 padres se mataram no Brasil. secreta”, pois é da ordem da afetividade de cada
Trata-se de uma média de 5 a 6 padres que se sui- pessoa, que nasce do eros em cada um de nós. Essa
cidaram por ano nestes últimos 7 anos. Quais são pergunta é: onde está minha paixão? Ou: para onde
os fatores de risco para o fenômeno do suicídio minha energia vital me impulsiona? Descobrir isso
na Vida Religiosa e Presbiteral? é uma missão imprescindível para qualquer pessoa.
Primeiramente, precisamos nos lembrar Se na experiência ambulatorial a expressão
que o suicídio não tem apenas um fa- “pulso fraco ou pulso ausente” é sinal
tor desencadeante. Ele se ancora de alerta máximo, também na vida
em elementos subjetivos, in- religiosa o é. Isso porque a au-
trapsíquicos e sociais, que se sência de pulso/pulsão leva
articulam na vida de dife- ao adoecimento psíquico.
rentes modos. O aspecto Não ter paixão, ausência
que configura um fator de energia vital pulsando
de risco para todas as em direção a seu objeto
pessoas é aquilo que po- de afeto é a circunstância
demos denominar como em que se deve procurar
“tristeza profunda”. Des- auxílio. Cada caso é um
se primeiro fator de risco, caso, mas a pessoa pre-
é que outras mudanças de cisa dizer desse estado de
comportamento vão se dan- apatia para outra, quer seja
do. Nem todas as pessoas que o superior, um psicólogo, um
experimentam uma “tristeza pro- amigo.
funda” pensam no autoextermínio,
contudo, algumas acabam adquirindo uma Shutterstock 3 – De que forma a espiritualidade e a co-
compreensão que, diante de sua dor e seu sofrimen- munidade religiosa podem contribuir nesse pro-
to, não existe mais sentido para todas as coisas ou cesso de prevenção e cuidado?
não existe solução para um problema que se impõe, Toda a vida religiosa consagrada deve viver na
logo, sente a necessidade de minimizar os efeitos do contemplação, independentemente se é um insti-
desespero. tuto monástico ou de vida apostólica. Hoje, somos
convidados a uma mística de olhos abertos. Logo,
2 – Como tratar o suicídio na Vida Religiosa e olhamos nossos confrades como quem busca os si-
Presbiteral, e quando procurar uma rede de
Mário Pereira /A12
apoio ou ajuda profissional?
Uma das formas de prevenção de suicídio na
Vida Religiosa e Presbiteral começa quando toma-
mos um tema que tem sido muito mal trabalhado
em nossos ambientes, que é o do projeto de vida.
Muitas vezes ele se torna óbvio demais (repetição de
horários e estatutos canônicos), romantizado (uma
ideia de espiritualidade que não passa pela huma-
nidade), inalcançável (a pessoa espera o irrealizável Frei da Ordem dos Frades Menores lembra que “nem todas
as pessoas que experimentam uma tristeza profunda pen-
para si mesma) e outras possibilidades que nunca sam no autoextermínio”

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 9


ENTREVISTA

nais de Cristo. Não é um olhar intrometido, mas um

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PasCom Perpétuo Socorro Educandos
olhar de afeto, de companheirismo. Sabemos que
nem sempre alcançamos isso, por isso é que nun-
ca deixamos de perguntar sobre o que existe em
nós para que fiquemos tão irritados quando vemos
o outro. Ou entender que existem situações de au-
sência de caráter que torna uma convivência terrível.
Mas se esquivar da responsabilidade de tornar nos-
sas comunidades ambientes mais humanos, leves,
capazes de deixar os religiosos mais predispostos a
partilhar a vida e seus sentimentos já é um grande
fator de cuidado com a qualidade de vida.

4 – Qual conversão pessoal e estrutural precisamos


ter para proporcionar mais ambientes saudáveis 5 – Quais hábitos o religioso consagrado pode pra-
para a convivência fraterna? ticar para cultivar sua saúde emocional?
Nessa circunstância, a conversão pessoal e a es- Autorrespeito e atenção consigo mesmo. Os dois
trutural/institucional são dois lados de uma mesma hábitos caminham juntos, mas, pedagogicamente, va-
moeda. Partindo da conversão estrutural/institucio- mos diferenciar.
nal, precisamos entender que nem todo religioso Autorrespeito como um dos mais nobres resulta-
está apto para todo e qualquer tipo de trabalho, não dos do processo de formação para a maturidade. En-
levando em consideração talentos ou limites pes- tender que você não abandona as coisas que gosta
soais. Ou ainda, diante de tantos limites pessoais, de fazer, mas as adequa de acordo com o momento
tomar cuidado para não sobrecarregar alguns pou- da vida e o lugar onde está. Que o descanso e o lazer
cos que, honesta e corajosamente, se colocam a ser- são fundamentais. Que não se acumula férias vencidas,
viço. A instituição precisa se perguntar pelo modo para nunca gozar dessa pausa restauradora. Não ser-
como colaborar com o equilíbrio bio-físico-psíquico mos nosso próprio carrasco.
de cada religioso, para que ele possa dar o melhor Logo, é necessária a atenção. Querer perseguir um
de si mesmo. fim que é inacessível e irrealizável é lançar-se em um
Tomando agora a conversão pessoal, o outro perpétuo estado de descontentamento, que nos deixa
lado da mesma moeda, faz-se necessário que o re- propensos à Síndrome de Burnout e a tantas coisas e a
ligioso não queira ser “pau pra toda obra e capaz tantas outras patologias. Também devemos estar aten-
de tomar paulada em toda obra”. Precisa reconhecer tos para algo que podemos chamar de “suicídio disfar-
que ninguém tem a obrigação de ser excelente em çado”, como o abuso de álcool, direção irresponsável,
tudo o que faz e que deve adequar a demanda de pornografia, abuso de medicamentos sem acompanha-
trabalho de acordo com suas capacidades. Contudo, mento médico e tantos outros. Sabemos que isso não
isso implica que todos se empenhem em colaborar acaba bem.
da melhor forma com a vida/missão da Congrega- Enfim, precisamos nos amar, entender-nos, aceitar-
ção. Às vezes, uma pessoa tem uma carga maior de -nos para sermos homens consagrados ao amor a Deus
trabalho porque outros se dão ao luxo de contribuir e ao próximo.
com o mínimo do mínimo. O que levanta a questão
do porquê tão pouco em um modo de vida que nos Fr. Fabrício Oliveira, C.Ss.R, Mário Pereira
pede oblatividade. e Pe. Jonas Luiz de Pádua, C.Ss.R.

10 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

PROVÍNCIA DE SÃO PAULO:


da criação da vice-província à reconfiguração

A
história da Província Redentorista de São Criação e consolidação da Vice-Província de São
Paulo é revisitada desde a última edição da Paulo
revista “Informativo da Província”, pelo Pe. Já em 1894 a Missão Redentorista, vinda da Ba-
Victor Hugo Lapenta, C.Ss.R, psicólogo e estudioso viera para o Brasil, instalou comunidades, uma em
da Congregação do Santíssimo Redentor, que viveu Aparecida, no Santuário Diocesano, e outra em
boa parte das transformações da unidade paulista. Campinas de Goiás, sede da Missão, logo transferida
Depois de apresentar as origens dos redentoris- para Aparecida.
tas alemães para o Brasil, Pe. Victor Hugo compar- Contexto ambiente – No Brasil, os bávaros en-
tilha, nesta edição, os passos seguintes da Província contraram uma população católica, devotos, porém
de São Paulo. Os textos passam pela criação e con- ignorantes e pouco sacramentados. Eram os tempos
solidação da então Vice-Província, os primeiros anos de oligarquia agrária da República Velha até a revo-
já como Província, e terminam com as transforma- lução getulista de 1930, e aí se davam a urbanização
ções vividas após o Concílio Vaticano II. e nascente indústria. Em âmbito internacional, duas
Os processos de reestruturação e reconfigura- guerras mundiais (1914-18 e 1939-45) iriam compli-
ção nos confirmam o fim iminente desta rica história car a vida dos religiosos alemães no Brasil.
centenária, relembrada nestas páginas por um Re- Nos começos havia um distanciar-se das auto-
dentorista, que estudou e viveu grande parte dos ridades civis frente à religião. Mas o Cardeal Sebas-
acontecimentos da Unidade paulista. São linhas de tião Leme levou a entendimentos, realizando, em 31
inspiração, que reforçam o compromisso do contí- de maio de 1931, a proclamação de Nossa Senhora
nuo e eterno anúncio da Copiosa Redenção, na vin- Aparecida como Padroeira do Brasil, em solenidade
doura Província Nossa Senhora Aparecida. na Capital Federal, com 1 milhão de fiéis, episcopado,

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 11


HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

Pelo menos dois nomes a não perder: o Pe. Vi-


Reprodução/Santuário Cristo Redentor

cente Grilhisl, um Irmão da primeira turma a vir para


o Brasil, que obteve um dinâmico sacerdócio missio-
nário, e o Pe. Pelágio Sauter, o apóstolo de Trindade,
futuro santo canonizado de Goiás.

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Implantação do Cristo Redentor no alto do Corcovado foi uma
das ações que marcou o potencial católico, na década de 1930

Presidência da República, Corpo Diplomático, intelec-


tuais, políticos e militares. O Cardeal levou o Presidente
Vargas a beijar a imagem da Senhora Aparecida. Foi
implantado o Cristo Redentor no alto do Corcovado. Comunidade do Convento de Aparecida, em 1912
Diante do potencial católico, o Governo permitiu o ca-
tecismo nas escolas e as capelanias militares. Em Aparecida, só em 1912 foi inaugurado o Con-
Título canônico e territórios – A Missão passou a vento da Comunidade, que abrigou o Vice-Provin-
ser Vice-Província até 1944, quando foi elevada à Pro- cialado até 1936, quando ele foi instalado na Penha.
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víncia. A Unidade abrangia São Paulo e Goiás, tinha A moradia servia também de hospedagem para o
futuro nos Estados sulinos e atendia o Sul de Minas clero peregrino. O Seminário Santo Afonso até 1939
Gerais. Ela cedeu o Paraná aos redentoristas do Mato foi parte da comunidade do Santuário, alojado em
um chalé acanhado para uns poucos jovens. Isso le-
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vou, em 1902, à compra do Hotel Arlindo, na Praça,


com espaço para até 30 alunos. Foi adquirida uma
propriedade no bairro da Pedrinha, para férias dos
seminaristas. Em 1917, inauguraram um prédio para
o Seminário. Este, em 1929, para ceder a casa aos
participantes do Congresso Mariano, foi levado para
o Colegião, uma construção grandiosa, porém não
acabada. Aos cem anos, o Seminário iria orgulhar-se
de uma história de 3.486 matriculados. Hoje, temos
Dom Masella, Núncio Apostólico, elevou a Missão entre eles 16 bispos, uns 400 padres e dois Superio-
em São Paulo a Província, em 1944 res Gerais da Congregação.
Grosso, reservando-se os direitos de passagem e de
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pregação de missões.
Moradias – Em Campinas de Goiás, tudo a fazer:
construção de moradia e da matriz, plena produção
agrária para sustento da comunidade, desenvolvi-
mento de pastoral para uma região rural com paró-
quias sem padre, realização de desobrigas e festas
do Santuário de Trindade. Há um bonito paralelo
entre os beneditinos a civilizar a Europa e os reden-
toristas a evangelizar o sul goiano. Colégio Santo Afonso, no início do séc. XX

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zeladores e capítulos de
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culpas, exercícios peni-
tenciais, silêncio, leituras
durante as refeições, re-
creios comuns, feriados
às quintas-feiras, tudo
suporte para o carisma
apostólico.
Noviciado em Pindamonhangaba, em 1935 Lideranças – Centra-
lizada, a Congregação
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tinha Reitor-Mor vitalício Pe. Geraldo Pires de Souza,


1º Provincial de São Paulo
em Roma. Os Superiores
todos eram nomeados

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por ele. Pe. Geraldo Pires
de Souza foi, em 1939, o
primeiro brasileiro a ocu-
par o cargo de Vice-Pro-
vincial.
Os Irmãos – Eram in-
feriores aos clérigos, com
direito a duas comunhões
eucarísticas na semana.
Padres Redentoristas, na inauguração
da comunidade de Tietê, em 1936 Suas vestes eram sem
o colarinho, no refeitó- Ir. Bento, pintor e escultor
Consolidação – 1904 foi o ano de estabilização. que fez o Cristo Crucificado
rio, deviam ocupar mesa para a entrada do século XX
Aparecida hospedou os bispos da Província Ecle-
separada, proibidos de
siástica Meridional para uma Assembleia Nacional.
entrar na biblioteca e

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Esta terminou em 8 de setembro, com a Coroação
de ler jornais e revistas.
de Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil. E
Vida piedosa, submissa,
brotaram fundações: Penha (1905-67), Bom Jesus
de trabalhos domésticos.
dos Perdões (1913-20), Araraquara (1920), Pindamo-
Foram uma força deci-
nhangaba (1928-66), Tietê (1935), São João da Boa
siva na implantação da
Vista (1940). Em terras gaúchas, Pelotas (1920-21),
Vice-Província. Não po-
Cachoeira do Sul (1921-95), Carazinho (1935-37), Pi-
dem ser esquecidos o Ir.
nheiro Marcado (1937-59) e Ijuí (1941-49). Buscavam
Simão, da turma inicial,
vocações germanas e italianas e um refúgio para os
autor de altares e de mó-
religiosos da Alemanha, ameaçados pelo nazismo.
veis; o Ir. Bento, pintor e
Vida conventual – Os congregados viviam as
escultor, que fez o Cristo
normas rígidas dos velhos tempos, separados do Crucificado para a entra- Pe. Gebardo Wiggerman
mundo em clausura severa, em obediência passiva, da do século XX, hoje, nas
cultivo da espiritualidade redentorista, uso o tempo paredes da Basílica Histórica, e talhou o primeiro
todo do hábito religioso, bênçãos do Superior para presépio do Santuário, crucifixos e santos para as
água e coisas menores e para as saídas de casa, em casas; o Ir. Lucas, o porteiro, gentil e atuante junto
meditações, orações, estudos, reuniões semanais, aos romeiros, e tantos outros!

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Formação – O Visitador Gebardo Wiggerman

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foi um hábil organizador de forças. Conseguiu
que viessem da Baviera outras turmas, elementos
maduros e entusiasmados formandos. Ele se deu
conta de que vocações brasileiras completariam os
quadros. Confiou ao Pe. Valentim von Riedl a di-
reção do seminário. Imagina-se a alegria dos dois
quando os primeiros formandos foram ordenados
presbíteros, na Baviera, em 1912 – Pes. Oscar Cha-
gas Azeredo, José Lopes Ferreira, Orlando Lino de
Morais e José Benedicto da Silva.
Juvenistas-1º ano 1943
O Noviciado havia sido na Penha e em Apare-
cida. A Vice-Província passou essa etapa da forma-

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ção para Perdões e Aparecida, até fundar a casa
de Pindamonhangaba. Desde os anos 30, alemães
e holandeses, brasileiros e argentinos, falavam de
um Estudantado latino-americano. E ele surgiu na
Argentina, indo os clérigos brasileiros para lá, em
1932, apesar do desgosto de muitos na Baviera e
no Brasil. Padres Redentoristas em Missão,
na cidade de Batatais (SP), em abril de 1940
Decidiu-se o Vice-Provincial, Pe. Leonardo Eckl,
por um estudantado e o instalou em Tietê, na Chá-

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cara Santa Teresinha, começando a construção.
Eram os anos de 1935-36. Com isso, estavam os clé-
rigos e professores longe da guerra e do nazismo.
Melhor ainda, a Unidade brasileira estava completa
para autonomia.
Atuação Pastoral – Os redentoristas, zelosos,
desenvolveram uma pastoral extraordinária coe-
rente com o carisma da Congregação. Assinalem-
-se:
1. O empenho pastoral junto aos romeiros abriu A realização da Santas Missões sempre foi uma marca da
caminhos para a Senhora Aparecida ser elevada à Província Redentorista de São Paulo

Rainha e Padroeira do Brasil. Com intenção de di- Patrimônio Histórico CSSR

namizar tal devoção, Dom Joaquim Arcoverde co-


locara os Redentoristas no Santuário Diocesano.
A igreja do Santuário foi sagrada em 1909 como
primeira Basílica Menor do Brasil. Em 1929, com
apoio de Dom Duarte, Arcebispo de São Paulo, e
de Dom Leme, do Rio de Janeiro, o Pe. Antão Jorge,
C.Ss.R, pároco e reitor do Santuário, fez realizar-
-se em Aparecida um Congresso Mariano Nacional,
decisivo para a declaração por Pio XI do padroado
nacional da Senhora Aparecida. Bênção dos carros, em Missão realizada em 1967

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Riqueza partilhada pelos Redentoristas, a de-

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voção caracterizou os Padres Gebardo, João Batista
Kiermaier, Antônio Andrade e todos, enfim.
2. As Santas Missões. Trazer missionários para o
Brasil era parte do projeto do episcopado nacional.
As comunidades da Vice-Província se sabiam mis-
sionárias. Cada Superior de Comunidade decidia
com autonomia suas missões, pois equipes serão
iniciativas de mais tarde. Araraquara, progressista,
no centro do Estado e núcleo ferroviário, foi esco-
lhida para o mister, liderando pregações no oeste
paulista. A Vice-Província, em 1941, realizou gran-
diosa preparação missionária da cidade de São
Paulo, para o Congresso Eucarístico Nacional no
ano seguinte.
Entre os missionários da Unidade estão os Pa-
dres Vitor Coelho, Oscar Chagas, Orlando Lino de
Moraes, Miguel Poce, Henrique Barros, Daniel Mar-
ti, Sílvio Copetti. Lembremos sobretudo o Pe. Ge-
raldo Pires, o grande mestre formador de 108 mis- Pe. Valentim Mooser
foi o pioneiro da Comunicação Social em Aparecida
sionários, ele mesmo brilhante e gracioso orador.
3. Da impressora manual e do semanário de

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1900 nasceram as Oficinas Gráficas de Arte Sacra,
hoje Editora Santuário, e todo o complexo das Co-
municações Sociais. Nome a lembrar: Pe. Valentim
Mooser.
Brasileiros! Levantemos nosso cântico jucundo!
Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera em todo o mun-
do! (Hino do Congresso Eucarístico Nacional de 1942)

Inícios Provinciais (1944-1962)


Para os Redentoristas de São Paulo, não foi sim- Construção do atual prédio do Seminário Santo Afonso, em 1951
ples e fácil a aquisição da autonomia de Província.
E esta os levou para um sólido desenvolvimento e Aparecida de sua primeira comunidade. Ela estava
uma longa e trabalhosa colheita dos frutos apos- tranquilamente consolidada, com a completa orga-
tólicos. nização de uma Unidade, zelosa no desempenho
Em 1944, a Vice-Província estendia-se pelos no Santuário da Padroeira do Brasil, nas missões
calorosos solos goianos, abrigava-se nos gélidos paroquiais e nas copiosas atuações redentoras.
invernos dos pampas gaúchos, estando ao centro Festa Jubilar – Eram 10 as comunidades da Vice-
nos temperados planaltos paulistas. Em 1953, La- -Província. Em termos de pessoal, tinham 64 padres,
ges, em Santa Catarina, ampliaria o quadro terri- 37 irmãos, cerca de 50 clérigos, 19 noviços e 200 se-
torial. O governo da Unidade residia na Penha, um minaristas menores. Em acordo tácito, o missioná-
bairro paulistano. A entidade, em outubro daque- rio Pe. Vítor Coelho, e com ele alguns outros, colhia
le ano, celebrava o jubileu áureo da fundação em abundância de vocacionados. Pe. Pedro Henrique os

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recebia no Seminário e Pe. Valentim Mooser garantia passou por cartas, visitas canônicas, Capítulo Geral
os gastos com as rendas da gráfica a produzir artes da Congregação, visitas de Conselheiro Geral e do
sacras. Tal acordo se contrapunha aos que preten- novo Pe. Geral Leonardo Buys. O tempo e a história
diam transferir o seminário para o Rio Grande do Sul, tudo transformaram em guerra passada e acabada.
alegando as vocações de italianos e alemães, dese- Os germanos desistiram da pérola brasileira, e a Ba-
josos de um lugar para acolher os confrades fugiti- viera criou uma Vice-Província no Japão.
vos do nazismo e de uma Alemanha derrotada na Generosidade e Justiça – Em contraposição às
Segunda Guerra Mundial (1939-45). turbulências, Pe. Pires enviou e levou as comunida-
Desde 1939, a liderança da Vice-Província es- des a enviarem para a Baviera caixas e caixas de ali-
tava em mãos de um brasileiro, o Pe. Geraldo Pires mentos, roupas e tecidos, botões e linhas, calçados,
de Souza. Em complexo e muito sigiloso conjunto remédios, tudo além do dinheiro e espórtulas de
de iniciativas, ele lutou e conseguiu a elevação da missas. No Capítulo Geral de 1947, Pe. Pires foi um
Unidade brasileira à Província autônoma. Para tan- dos homens do dinheiro, doando sem medidas aos
to, serviu-se do apoio do Núncio Apostólico Dom carentes. Pe. Antônio Macedo, em 1948, substituiu
Bento Aloísio Mazzela, de capelães militares das tro- Pe. Pires como Provincial e também como generoso
pas brasileiras em combate na Itália, do Provincial da doador. Ele foi além e pagou velha dívida alegada
Argentina, de gente da Espanha e outros mais. Isso pelos bávaros.
em meio à guerra, que desde 1942 o Brasil, unido Toda a complexidade interna dos eventos iniciais
aos Aliados (americanos, ingleses, russos e outros), de sua Província e as atuações nas paróquias e igrejas
sustentava contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), a
guerra que impedia qualquer contato vice-provincial

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com a materna Unidade Redentorista de Munique.
Proclamada a Província – Pe. Pires organizou a
celebração do jubileu de ouro da vinda dos Reden-
toristas bávaros, em 1894. Convocou para Apare-
cida a presença dos Superiores das Comunidades,
recebeu o Núncio Apostólico, o Cabido Metropoli-
tano de São Paulo, e mais gente ilustre, e em 30 de
outubro houve, na Basílica solene, a Missa Pontifi-
cal e, à noite, foi cantado um vibrante Te Deum. Em
Pe. Vítor Coelho de Almeida entrevistando romeiros em
seguida, a surpresa. Foi lido o telegrama do Supe- Aparecida
rior Geral da Congregação com a elevação da Uni-

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dade Paulista como Província autônoma e Pe. Pires
como Superior Provincial. Este, em fala brilhante,
deu graças e declarou Nossa Senhora Aparecida
como Madre Provincial.
Turbulências – Na Província nascente, uma qua-
se totalidade de confrades ficou muito feliz. Mas um
grupelho, entre os 36 confrades alemães da Unida-
de brasileira, uniu-se para uma reação. Propuseram
transformar o Rio Grande do Sul em Vice-Província
da Baviera. A contenda envolveu paulistas, mesmo
um novo Governo Provincial, gaúchos, bávaros e o Pe. Galvão e o seu programa “Marreta na Bigorna” também
Governo Geral, arrastando-se até 1953. O conflito marcaram as transmissões da Rádio Aparecida

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Início da construção da Igreja do Jardim Paulistano, na capital paulista

próprias não foram obstáculo para os Redentoristas

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se dedicarem a uma consistente atuação apostólica
extraordinária em todos os setores – Santas Missões,
retiros, Meios de Comunicação Social, santuários, gi-
ros pelas dioceses, Cursilhos de Cristandade, Legião
de Maria, e tudo o mais que fosse para a redenção
dos mais abandonados e excluídos.

Do Vaticano II à Reconfiguração
A segunda metade do Século XX caracterizou-
-se na Província Redentorista de São Paulo por ro- Seminário São Geraldo,
para a formação de Irmãos, foi fundado em 1956
bustos passos de atualização. Deram-se eles por
inspiração do Concílio Vaticano II. Dentro da figu- veis eclesiásticos mais elevados. Seu sucessor, São
ração do próprio Papa São João XXIII, seu convo- Paulo VI, dele herdou a continuidade conciliar até
cador, foi o Concílio uma abertura das janelas ecle- o final em 1964.
siais para os tempos modernos. A Província Redentorista de São Paulo vinha se
São João XXIII estava inspirado por Deus para remodelando. Ela se repartiu: criou, em 1956, a Vi-
a convocação do Sínodo Universal e para os inícios ce-Província do Rio Grande do Sul, elevada à Pro-
de sua realização, em 1962. Daí sua tranquila co- víncia, em 1964, ano em que Goiás viu nascer sua
ragem de enfrentar oposições nos tradicionais ní- Vice-Província, declarada Província, em 1994. Isso

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HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

estabilizou o território da Unidade Paulista – o Es- Humberto Pieroni, olarias para os tijolos e ladrilhos,
tado de São Paulo e mais o Triângulo Mineiro. e o comando das obras até as decorações piedosas
da Capela do Seminário pelo Pe. Isidro de Oliveira.
Eventos e impactos prévios e atuais Inaugurava-se com solenidade o Seminário em 1953.
– O Pe. Antônio Macedo, Superior Provincial, em – Em 1948, a Província enviou para Roma três jo-
1948, conduziu os gloriosos festejos dos 50 anos vens padres para obterem formação especializada
do Seminário Santo Afonso, reunindo em Apareci- para o magistério no Estudantado de Tietê. Pe. Ju-
da os Superiores de todas as Comunidades, os Clé- venal Roriz foi o primeiro doutor em Filosofia da
rigos, noviços, seminaristas e ex-alunos. Estavam Província, Pe. Ariovaldo Amaral obteve o doutorado
presentes Dom João Muniz, ex-aluno do Seminá- em Direito Canônico e Civil, e o Pe. Leone Ceva es-
rio, os Monsenhores do Cabido da Arquidiocese pecializou-se em Teologia Dogmática. O Colégio
de São Paulo, padrinhos de vocações, benfeitores Maior, de Roma, daí por diante foi frequência suces-
e amigos da Congregação. Foi uma densa progra- siva de membros da Província. Depois do Vaticano
mação: pontificais, ordenações sacerdotais, peças II, a Unidade Paulista investiu abundantemente nos
de teatro, concertos musicais, jantares festivos, jo- estudos renovadores. Além da Capital Pontifícia,
gos e fotos. Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Espanha, Por-
– Contudo, logo depois, o Cardeal Motta decidiu que tugal, Estados Unidos, Canadá, Colômbia e, quem
os Redentoristas lhe devolvessem o Colegião, que sabe, outros lugares ainda foram países onde os
abrigava o Seminário. A Província, de 1950 a 1953, nossos estudaram.
lançou-se à construção de seu prédio. Fez tudo e de – Superando restrições eclesiásticas e concorrên-
tudo, desde os projetos de Pes. Inocêncio Pereira e cias políticas de aparecidenses, a Província conse-

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Vista do prédio do ITESP

18 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

Mário Pereira/ A12


Redentoristas em celebração no Santuário Nacional de Aparecida, em 2023

guiu a concessão de uma minúscula onda de rádio. conjunto episcopal, gerado na Província (12 entre
Em 9 de julho de 1951 nascia a Rádio Aparecida, arcebispos e bispos). E são dois os confrades da
uma dimensão nova a complementar o Santuário Província eleitos Superiores Gerais da Congrega-
Nacional da Padroeira do Brasil – uma ampliação ção Redentorista: Pe. Tarcísio Ariovaldo Amaral e
das forças missionárias da Congregação. A soma o atual, Pe. Rogério Gomes.
de outras ondas foi construindo a maior emissora – Iniciadas no Jardim Paulistano, as construções da
católica das Américas. Lá estava o Pe. Vítor Coe- Igreja paroquial e do convento, muda-se do bairro
lho com Os Ponteiros Apontam para o Infinito, a da Penha para lá a Sede Provincial. Era o ano de
Consagração a Nossa Senhora, programas bíblicos 1953. Pouco depois, o Pe. José Ribolla, Superior
e catequéticos, educação familiar e higiene. Lá tam- Provincial, em gesto que julgava coerente com o
bém estariam Pe. Rubem Galvão com a Marreta na Vaticano II, entrega para a Arquidiocese de São
Bigorna e dezenas de sucessores. Paulo a Paróquia da Penha.
– A Rádio Aparecida somou-se à Editora Santuário, – Mudanças e mais mudanças: em 1956, fundou-
dando início ao complexo dos Meios de Comuni- -se, na fazenda de Potim (SP), o Seminário São
cação Social, integrados da Congregação Reden- Geraldo, para a formação de Irmãos. Em 1957,
torista e do Santuário Nacional. Editoras, Rádio surgiu a comunidade de Garça (SP), para a pa-
Aparecida, TV Aparecida, A12.com, em seus ra- róquia e projeto de pré-seminário. Porém é um
mos complementares, são responsabilidades fun- grupo de seminaristas filósofos, que por um tem-
cionais missionárias redentoristas, que ampliam po lá ficou. Em 1995, ela se mudou para o conjun-
mundialmente a devoção a Nossa Senhora Apare- to paroquial-missionário de Panorama, às beiras
cida, enquanto evangelizam os mais pobres. do Rio Grande, e lá permaneceu até ser extinta.
– Em 1955, Pe. Antônio Macedo é elevado a Bis- 1959 foi o ano dos começos de Pré-Seminário de
po Auxiliar de São Paulo. Foi o primeiro de um Sacramento, no Triângulo Mineiro. Lá, a paró-

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HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

quia foi assumida em 1971, sendo pouco depois


inaugurada nessa casa a formação propedêutica.
Hoje, Sacramento abriga um Centro de Assistên-
cia Social (CAS). O noviciado de Pindamonhan-
gaba mudou-se para Tietê, utilizando a casa que
se esvaziara com a ida do Teologado, no mesmo
ano, para a Rodovia Raposo Tavares, no km 20, na
periferia de São Paulo. Um acordo com os Verbi-
tas e Carlistas criou o ITESP, situado no bairro do
Ipiranga, na capital paulista. Transferiu-se para o
bairro a comunidade dos clérigos, construiu-se a
Casa dos Professores e a Biblioteca Provincial. No
Instituto, por alguns anos, funcionou um Curso
Superior de Teologia Moral.
– Em uma descentralização congregacional, pela
primeira vez, a Província elegeu seu Superior Pro-
vincial, o Pe. Amador Leardini, em 1971. Este pre-
sidiu o Capítulo Provincial de 1971-72, que fez os
novos Estatutos Provinciais, coerentes com o Vati-
cano II e o Capítulo Geral da Congregação. Passou
os estudos filosóficos dos formandos para antes do
Noviciado, realizou anualmente cursos de integra-
ção teológica para toda a Província e, em seu Go-
verno, foram criados os Secretariados da Província
e três equipes missionárias provinciais. Dom Vicente Ferreira
– Os formandos iniciaram estudos filosóficos e de
História com os Salesianos de Lorena (SP). Depois,
O futuro se desenhará
a Filosofia mudou-se para a fundação de Campi- pela nossa capacidade
nas (SP). resiliente de conversão:
– Em 1996 a Vice-Província de Recife uniu-se a eclesial, ecológica e
São Paulo. E a Província partiu para casas de pe- cultural.
riferia em Mauá (SP), Cidade Tiradentes, Jardim
Oratório e Diadema (SP), colocando comunidades
de clérigos.
Entre tantos fazeres e desmanchares, veja o
leitor, que outros muitos não foram aqui recorda-
dos. A Província, em momento nenhum, deixou de
pregar Missões Paroquiais, tocou a construção da
Nova Basílica, viu os romeiros chegarem aos mi-
lhões, formou novas gerações, enfim, viveu!
E somos MISSIONÁRIOS DA ESPERANÇA,
CONTINUANDO OS PASSOS DO REDENTOR.
Adquira pelo QRCODE
Pe. Victor Hugo Lapenta, C.Ss.R.

20 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


PASTORAL

João Éder/TV Aparecida


BASÍLICA DE SÃO GERALDO
CENTRO DE IRRADIAÇÃO DO EVANGELHO NO SERTÃO MINEIRO

E
m Curvelo, portal do sertão e do cerrado mineiro, certo sentimento de encontro ou reencontro com Deus,
encontra-se a Basílica de São Geraldo, reconheci- ou uma mensagem de fé e espiritualidade”.
da internacionalmente por ser a única no mundo A cidade de Curvelo, conhecida como a “terra de
dedicada exclusivamente a São Geraldo, o padroeiro São Geraldo” no Brasil, tornou-se patrimônio cultural e
das mamães e de seus bebês. Sua construção iniciou-se religioso de Minas Gerais. Todos os anos, milhares de
em 22 de março de 1912 e terminou em março de 1918. romeiros dirigem-se para esta terra abençoada, para
É uma Basílica de rara beleza e de inestimável valor ar- visitar seu santo de devoção. O saudoso Pe. Celso, pro-
tístico, com pinturas que evocam fatos da vida de nosso fessor, historiador e poeta, afirmou: “Se Curvelo se apraz
querido São Geraldo, obra dos italianos Victorio Giulio e do apelido de princesa gentil do sertão, mais se orgulha
Gino Gorretti, primos de Santa Maria Goretti. por ter acolhido São Geraldo em seu coração”.
No decorrer desses 105 anos, aos cuidados de ze-
Basílica de São Geraldo

losos padres e irmãos redentoristas, com a colaboração


do povo de Curvelo e dos romeiros, o Santuário Basílica
firmou-se como centro de evangelização e espaço que
favorece um encontro profundo com Deus e com os ir-
mãos. Recebeu reformas, ampliações e, internamente,
foi todo restaurado. É como se diz: “Ninguém deixa o
Santuário, é uma constante, sem momentos de reflexão
e oração mais aprofundada, sem levar consigo para casa Pe. Américo de Oliveira é reitor da Basílica de São Geraldo

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 21


PASTORAL

João Éder/TV Aparecida


Oitava de São Geraldo
Basílica de São Geraldo

é realizada do último sábado de agosto


ao primeiro domingo de setembro

Basílica realiza o Terço das Crianças

A Basílica de São Geraldo consolidou-se como dividuais de manhã, à tarde e à noite. Os doentes
um espaço privilegiado de evangelização. Procura, de acamados, ou impossibilitados de se locomo-
forma sempre criativa, acolher bem os romeiros e os verem, são visitados em suas residências, para
devotos para que possam fazer uma experiência pro- confissão e comunhão. Várias instituições e mo-
funda de fé, por meio da escuta da Palavra de Deus vimentos são envolvidos na Oitava, como, por
exemplo: as paróquias da cidade, colégios, hos-
proclamada, da celebração dos Sacramentos, em par-
pitais, associações etc. Após a celebração da noi-
ticular da Eucaristia e da Reconciliação. Ao chegar à
te, funcionam as “barraquinhas de São Geraldo”,
Basílica, o fiel sempre encontrará um missionário re-
com comidas típicas e shows com artistas da re-
dentorista disponível para lhe acolher e ajudar. gião. Encerra-se com a missa solene, seguida da
É referência, também, para a cidade de Curve- grande procissão com a Imagem de São Geraldo.
lo e para toda a região. Além da atividade pasto- Muitos devotos se “vestem de São Geraldo”, em
ral e missionária, como, por exemplo, Celebrações agradecimento às graças alcançadas. Calcula-se
Eucarísticas, atendimento das confissões, direção e que aproximadamente 30 mil pessoas participam
formação espiritual, novenas e assistência às famílias desse momento.
mais necessitadas, há duas grandes festas em honra
a São Geraldo, que atraem milhares de romeiros vin- Festa Litúrgica de São Geraldo
dos das diversas partes do Brasil. São elas a Oitava e Em outubro, realizam-se o tríduo e a festa de
a Festa Litúrgica. São Geraldo no domingo mais próximo do dia 16,
dia de São Geraldo Majela. A programação é prati-
Oitava de São Geraldo camente a mesma da Oitava, mudando apenas na
A primeira Oitava de São Geraldo aconteceu em duração dos dias. Conta, também, com a presença
1917, realizada em outubro, por ocasião da festa de de romeiros, porém, desta vez, a participação mais
São Geraldo. A partir de 1953, inicia-se no último sá- expressiva é dos curvelanos e dos devotos das cida-
bado de agosto, encerrando-se no primeiro domin- des vizinhas.
go de setembro. Além desses grandes eventos de fé, os devotos
Cada ano escolhe-se uma temática especial. Du- honram São Geraldo nas pequenas romarias dos do-
rante a Oitava, reza-se o terço, às 6h30, e são cele- mingos ao longo do ano, bem como nas visitas du-
bradas missas na Basílica, às 7h, 12h e 15h. A missa rante a semana. Percebe-se, no dia a dia da Basílica,
solene é sempre na Praça da Basílica. uma dinâmica missionária.
Há celebrações comunitárias do Sacramento
da Penitência e o atendimento de confissões in- Pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R.

22 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


RECONFIGURANDO

Alessandro Cardoso
REESTRUTURAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

O
processo de reestruturação e reconfiguração A subcomissão para a administração, composta
da Congregação, iniciado há mais de trin- pelos padres Flávio Leonardo (Província do Rio), que
ta anos, ganha ares de proximidade de nos- após seu falecimento foi substituído pelo Pe. Carlos
sa realidade com os diversos encaminhamentos e, no Viol, Pe. Adam Rapala (Vice-Província da Bahia) e o Pe.
nosso caso, mais recentemente com a realização da Luiz Cláudio A. de Macedo (Província de São Paulo),
grande assembleia em vista da nova província, que iniciou seus trabalhos considerando a realidade admi-
ganhou o nome de “Província Nossa Senhora Apare- nistrativa e financeira de cada unidade.
cida”. Brevemente veremos o novo governo provincial A experiência e o conhecimento de cada con-
assumindo antigos e novos desafios, em vista de uma frade membro da subcomissão, na gestão econô-
missão renovada. mica e financeira de sua província, foram ilumi-
Muitos se envolveram nesse processo, nos mais nados, inicialmente, com assessoria do Dr. Hugo
variados fóruns e nas mais variadas instâncias, pois a Sarubbi Cysneiros de Oliveira e, posteriormente,
colaboração para uma congregação reconfigurada e pela TÁFER, ambos com longo histórico de asses-
reestruturada é obrigação de cada confrade. soria de entidades religiosas. A cada passo dado,
Nas Províncias de São Paulo, Rio de Janeiro e a trajetória era exposta aos superiores provinciais,
Bahia, foi muito perceptível a contribuição das diver- ouvindo suas ponderações, esclarecendo dúvidas
sas subcomissões, que subsidiaram os governos na e, principalmente, levantando hipóteses do melhor
percepção de direção a seguir, em uma perspectiva caminho, visto que cada unidade redentorista pos-
de comunhão e participação, uma vez que os resul- sui um cenário bem distinto, seja no formato admi-
tados nascem sempre a quatro mãos. nistrativo ou na constituição legal, além de realida-

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 23


RECONFIGURANDO

Arquivo pessoal
Encontro das comissões em vista da reconfiguração das (Vice) Províncias em 2021

des econômico-financeiras e patrimoniais diversas, A Nova Província seguirá com os procedimen-


número de confrades associados etc. tos canônicos regulares (de forma unificada), como
Não era uma questão de encontrar o melhor de- a eleição de um só Governo Provincial, estabelecen-
creto que determinasse a unificação, até porque isso do-se as diretorias de cada Mantenedora, e o esta-
seria desastroso, oneroso e traria em seu bojo riscos tuto canônico deverá prever os poderes do Superior
legais, visto que estamos falando de uma entidade Provincial e Ecônomo Provincial, bem como dos Ecô-
(São Paulo) certificada, uma entidade (Rio de Janeiro) nomos Regionais (se houver) para a representação
parcialmente certificada e parcialmente entidade reli- nas mantenedoras fora da residência do Ecônomo
giosa, e uma totalmente religiosa (Bahia). Provincial. Os poderes previstos para o Ecônomo Re-
A comissão, em suas diversas conjecturas, pas- gional serão base para as procurações outorgadas
sou a considerar a opção que oferecesse menos ris- civilmente nas Mantenedoras (associações civis).
cos jurídicos e, de comum acordo com a assessoria, O Superior Provincial e o Ecônomo Provincial as-
sugeriu aos Governos Provinciais o modelo de uma sumem, respectivamente, como Diretor Presidente e
Nova Unidade Canônica (nova Província), preservan- Diretor Financeiro das Mantenedoras. Também será
do-se temporariamente três modelos administrati- necessário realizar uma revisão do Estatuto Social de
vos regionais. Em outras palavras: cada Mantenedora para padronização das prerroga-
As três Províncias (São Paulo, Rio e Bahia) serão tivas/competências das Diretorias, sobretudo as do
unificadas canonicamente, mantendo-se as Mante-
Diretor Presidente e do Diretor Financeiro. Haverá,
nedoras (associações civis) no formato atual na es-
ainda, uma Assembleia Geral em cada Mantenedora,
fera civil (ainda separadas e independentes), tempo-
para “eleição” civil da Diretoria em consonância com
rariamente, enquanto se realizará um estudo mais
o Estatuto Social (para cumprir o formato civil), salva-
aprofundado de como efetivar a unificação jurídica/
guardando a eleição do Superior Provincial e do Ecô-
financeira civil das associações.
nomo Provincial e, para isso, será necessário:
O estudo deverá acontecer durante o processo de
implementação da nova província, a partir das diretrizes
* Atualizar o quadro associativo em cada
do Superior Provincial, que será o representante canô-
Mantenedora;
nico e civil das entidades Redentoristas. Haverá um Ecô-
* Todos os confrades serão associados em to-
nomo Provincial para toda a Província unificada, respon-
das as unidades;
sável pela consolidação das informações das realidades
* Revisar o prazo de mandato das Diretorias
administrativa e financeira para os Governos Provincial
de cada Mantenedora, de forma a estabele-
e Geral. Considerando a realidade geográfica da nova
província, Ecônomos Regionais poderão ser indicados cer um alinhamento de mandato com o novo
ou eleitos (a definir) para a gestão de mantenedoras Governo Provincial unificado.
fora do domicílio do Ecônomo Provincial, em São Paulo.

24 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


RECONFIGURANDO

A Comissão e a assessoria recomendaram que Dentre as primeiras tarefas do novo gover-


mandados civis devem iniciar 60 dias após as elei- no provincial estão: a definição sobre atuação do
ções provinciais. Se houver Ecônomos Regionais, Governo Provincial e suas prerrogativas junto às
eles atuarão como procuradores do Ecônomo Pro- mantenedoras, com elaboração de estatuto regi-
vincial, com os poderes que lhe forem outorgados mental; estudo sobre a manutenção da vida re-
e pré-estabelecidos no estatuto canônico. Todos os ligiosa na província unificada e a forma de seu
confrades, que então passarão a pertencer a uma só custeio para posterior unificação jurídica/civil das
Província, devem ser associados em todas as Mante- entidades e estudo sobre formato e procedimen-
nedoras civis, mediante Assembleia Geral conforme tos para a unificação jurídica civil das mantene-
cada Estatuto Social. doras e sua implementação.
Algo importante que a administração deverá ter Esses passos serão os primeiros de muitos,
em mente é que, embora todos os confrades pas- em um longo percurso que exigirá discussões,
sem a ser associados em todas as Mantenedoras, as lucidez e habilidade técnica para que os bens e
despesas/custos com a vida religiosa não devem ser a administração da nova província continuem a
custeadas por São Paulo, para não prejudicar a ma- serviço da missão. Não nos faltam empenho, lu-
nutenção de seu Certificado de Filantropia (CEBAS). zes e sabedoria. Que a Virgem Aparecida, “que
Para isso, é preciso encontrar os meios jurídicos per- sempre andou conosco em toda parte”, interceda
mitidos para se transferir recursos financeiros para por nós!
as unidades que custearão as despesas da vida re-
ligiosa. Pe. Luiz Cláudio Alves de Macedo, C.Ss.R.

Alessandro Cardoso

Pe. Nelson Linhares (à esq.) e Pe. Marlos Aurélio (à dir.), durante a realização da Assembleia da Nova Província em setembro de 2023

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 25


RECONFIGURANDO

Arquivo pessoal
PASTORAL:
PASSOS CONCRETOS
PARA A REVITALIZAÇÃO
DA MISSÃO

S
abendo que a Reestruturação não pode ser pauta- damento da pandemia, encontros foram realizados para
da apenas pela busca da eficácia e que comunida- efetivar nosso trabalho.
des reestruturadas não se formam como em um Encontros, como aquele que aconteceu em abril
passe de mágica; que a Igreja peregrina é chamada por de 2021, na Casa de Retiro São José, em Belo Horizonte
Cristo a uma perene reforma perene, por ser uma insti- (MG), com representantes de todas as comissões, foram
tuição humana e terrena, no dia 2 de outubro de 2019, balizando o andamento dos trabalhos e sempre tínha-
aconteceu em Aparecida, no Seminário Santo Afonso, mos em mente as parcerias que já estavam sendo reali-
a primeira reunião da Comissão de Reconfiguração das zadas entre as três unidades e o contentamento gerado
três unidades (São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia). Nessa a partir dessas iniciativas.
reunião, foram criadas várias subcomissões e, entre elas, A proposta de trabalho da comissão contou com um
a Subcomissão de Pastoral, integrada pelos padres Iná- bom envolvimento dos confrades e das comunidades e,
cio, Stanislau, João Batista e José Cláudio, reforçada de- na grande assembleia realizada em maio deste ano, em
pois com a chegada do Pe. Antonio Niemec. Aparecida, foi apresentado o projeto do Plano Apostólico.
Poucos dias depois, a comissão encontrou-se em Nossa ressalva é de que a Reestruturação é um
São Paulo e, em uma reunião, além de definir as com- processo que deve ir adiante, impelindo-nos, a partir
petências da comissão, definiu-se os passos que seriam da integração das Unidades, a dar passos concretos no
dados em nosso trabalho para envolver confrades, co- fortalecimento da missão, com a nova estruturação mis-
munidades e Frentes Apostólicas, no grande trabalho de sionária. O Plano Apostólico redigido pela comissão se
elaboração de um Projeto de Plano Apostólico. apresenta como um subsídio para que sejamos “Missio-
nários da esperança, continuando os passos do Reden-
Arquivo pessoal

tor” (XXVI Capítulo Geral – 2022).


A exemplo da Igreja, queremos ser também uma
congregação em saída, em uma maior proximidade
com nossos interlocutores, na busca da fidelidade ao
nosso carisma fundacional.
Desejamos que nos anos que temos pela frente
Equipe da subcomissão de Pastoral reunida
em Belo Horizonte (MG), em 2022
aprendamos a “olhar por cima dos muros” que nos se-
param, superando barreiras de mentalidade e de cos-
Assim como aconteceu com outros setores, o ad- tumes, com a coragem necessária de abandonar as
vento da pandemia da Covid-19 complicou bastante o comodidades, saindo da zona de conforto onde nos
andamento dos trabalhos da Comissão de Pastoral, que instalamos, para que a real missionariedade aconteça
depois teve seu nome trocado para Comissão de Ani- na Província Nossa Senhora Aparecida.
mação Missionária. Mesmo assim, de forma virtual ou
presencial, várias reuniões aconteceram e, com o abran- Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

26 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


RECONFIGURANDO

Arquivo pessoal
MISSIONÁRIOS LEIGOS REDENTORISTAS

A
o falar dos Missionários Redentoristas, gos- vivemos, mais do que nunca, precisamos de homens
taria, primeiramente, de demostrar, bem e mulheres que se sintam chamados ao trabalho Mis-
resumidamente, o porquê dos Missionários sionário, conosco, para levar a Boa-Nova da Reden-
Leigos, quem são e sua Missão na Congregação e ção aos mais necessitados de nosso mundo hodierno.
na Igreja Povo de Deus. Por isso, busquei expor aqui Com isso, nossa Congregação, após o Capítulo
parte de nosso Diretório, para que o amigo(a) leitor geral de 1991, em seu Documento final, preocupada
possa conhecer um pouquinho de nossos Missioná- com a realidade vindoura, pediu para as comunida-
rios Leigos Redentoristas. des e Províncias, espalhadas pelo mundo, para in-
Nossa Congregação do Santíssimo Redentor centivarem o trabalho com os Leigos.
está passando por um momento histórico, muito A Congregação viu que a missão compartilhada
significativo, que é nossa Reestruturação. E, dentro com leigos, homens e mulheres, é essencial para a
desse contexto, também está o Missionário Leigo missão e planejamento apostólico de nossa missão,
Redentorista. Quando falamos em Missionários, vêm tornando-se fundamental. Quem são esses leigos?
em nossa mente as palavras de Jesus que dizia: “A São os fiéis que, incorporados à Igreja pelo batis-
Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” mo, mantendo presença e participação efetivas na
(Lc 10,2b). Leigo, não no sentido pejorativo, são ho- Comunidade Cristã, optam, livre e conscientemente,
mens e mulheres comprometidos com a pregação por viver essa consagração batismal nas condições
do Evangelho, no mundo, na sociedade e em nos- comuns da vida e da sociedade, juntamente com os
sa Igreja. Redentorista é o nome de nossa Congre- Missionários Redentoristas consagrados.
gação, fundada por Santo Afonso Maria de Ligório,
Arquivo pessoal

no intuito de levar a Palavra de Deus, por meio das


Missões, levar o Cristo Redentor aos mais pobres e
abandonados, na periferia de Nápoles, na Itália.
Em nosso Diretório dos Missionários Leigos Re-
dentoristas, como podemos ver no texto a seguir,
procuramos especificar quem é e sua missão dentro
Pe. Chicão (com o livro na mão) é um dos representantes da
da Congregação. Hoje, diante da realidade em que subcomissão dos Leigos

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 27


RECONFIGURANDO

A parceria com os Missionários Essa categoria do Missionário Leigo


Leigos Redentoristas na ação Redentorista é um reconhecimento
missionária da Congrega- do Governo Geral da Congre-
ção, visa partilhar a es- gação Redentorista, como
piritualidade redento- uma forma de colabora-
rista e realizar suas ção e participação (isto
prioridades apostó- é, associação), na vida
licas, favorecendo a apostólica dos Missio-
melhor compreen- nários Redentoristas,
são da realidade sem o vínculo da con-
sócio-humano- sagração religiosa dos
-religiosa-políti- votos; não fazendo
ca-econômica e parte, juridicamente, da
ambiental (cf. Doc. comunidade redentoris-
de Puebla n. 786), ta em sentido estrito. Po-
por parte dos congre- rém, par-
“A missão
gados, permitindo-lhes compartilhada com
ticipando
aprimorar o testemunho leigos, homens ativamen-
e mulheres, é essencial
profético e o compromisso para a missão te da vida
histórico, exigidos pela profissão e planejamento apostólico” apostólica
religiosa. Arquivo pessoal com os Re-
O Missionário Leigo Redentorista é uma pes- dentoristas consagrados (padres e irmãos), forman-
soa de formação cristã e católica que, consciente do uma família missionária. Considerando o estado
de sua consagração batismal, quer viver e experi- eclesial próprio dos leigos, a instituição, Missionário
mentar a vida cristã de forma missionária, na pre- Leigo Redentorista, busca aprofundar a vocação ca-
racterística do leigo, na Igreja e no mundo, a partir do
gação da Palavra de Deus. Como membro de um
incremento da espiritualidade e missão redentoristas,
grupo de associados leigos, vinculado à Congre-
respeitando a especificidade de sua missão e de seu
gação do Santíssimo Redentor, compromete-se
carisma.
voluntariamente a participar na obra de evange-
lização dos mais pobres e abandonados e na vida Pe. Francisco de Assis Miguel, C.Ss.R.
da comunidade redentorista.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

Celebração na Casa de Retiros São José, em Belo Horizonte, Documento do Capítulo Geral de 1991 se preocupou em
reúne Redentoristas e Missionários Leigos incentivar o trabalho dos Redentoristas com os Leigos

28 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


RECONFIGURANDO

EXPECTATIVAS DAS UNIDADES


SOBRE A RECONFIGURAÇÃO
PROVÍNCIA DE SÃO PAULO

“A Vice-Província da Bahia e as Províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo, às


vias de se tornarem uma só Província! Horizontes carregados de esperança!
Somos todos já membros de uma única Família: a de Afonso de Ligório. Temos
buscado plantar a Copiosa Redenção no território que tem cabido a nossas
distintas Unidades. Em breve, esses três distintos territórios também se torna-
rão um só, e entregue a todos nós. Novos e maiores desafios sim, mas para
uma Família também maior, somando experiências vividas e expectativas de
maior zelo na vida e missão!”

Pe. Domingos Sávio, C.Ss.R.

PROVÍNCIA DO RIO

“Vejo a nova Província Redentorista de Nossa Senhora Aparecida como uma


possante aeronave prestes a decolar, com um auspicioso plano de voo, ver-
balizado nos Sete Princípios da Reestruturação, sobretudo o de n. 2: ‘A Rees-
truturação para a Missão deve estimular novo despertar de nossa Vida Apos-
tólica’. E nesse momento histórico parece-me ouvir São Clemente a nos dizer
uma de suas frases preferidas, que está gravada junto a seu túmulo em Viena:
‘Coragem, irmãos, Deus dirige tudo para sua glória e para nosso bem’.”

Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.

VICE-PROVÍNCIA DA BAHIA

“O caminho para a reestruturação é em vista da missão e de uma maior fidelidade


ao carisma Redentorista. Seguimos alargando horizontes, indo além dos territó-
rios para anunciar o Evangelho. Muito trabalho já foi realizado até aqui. Um pro-
cesso que envolveu muitos confrades e leigos em etapas de escutas, elaboração
de sínteses, comissões e projetos. Tendo participado deste caminho, pertencen-
do a algumas subcomissões e também como representante da Vice-Província da
Bahia nas reuniões da Reestruturação, percebo o quanto o sentimento vem sendo
transformado e somos a cada dia encantados pelo novo que se aproxima. O ‘sim’
dado a esse desafio de ressignificações geográficas, culturais e de mentalidade
demonstra o quanto nossa consagração de fato rege nossa vida.”

Pe. Marcos da Silva, C.Ss.R.


Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 29
SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA

Luiz Oliveira/A12
PE. JONATHAN ANTÔNIO DA SILVA, C.Ss.R.

S
ou Jonathan Antônio da Silva, nascido em For- coração. Aos dezessete anos, já com o desejo de ser pa-
miga (MG), terra das “areias brancas”. Vivi minha dre, aconteceu na Paróquia Sagrado Coração de Jesus,
infância e adolescência, até antes de ingressar minha paróquia de origem, as Santas Missões Redento-
no seminário, no distrito de Pontevila, que fica na Zona ristas. Nesse ínterim, fui convidado para cozinhar para os
Rural, às margens do lago de Furnas. Sou filho de José missionários, que ficariam em minha comunidade. Nesse
Alaor e Marlene. Tenho um irmão, Maike, que é seis vaivém de cozinhar, dez dias para os que, futuramente,
anos mais novo do que eu. Se fosse me descrever, ar- seriam meus confrades, percebi que ser “só padre” era
riscaria dizer que sou, com todas as minhas limitações, pouco para mim. A Vida Religiosa e a missionariedade
um ser bondoso, humano e devoto. Sim, desde minha falavam mais forte em meu interior. Foi então que decidi
infância, na capelinha dedicada a Nossa Senhora Apa- que queria ser um Redentorista.
recida, em Pontevila, aprendi a amar Maria. Ela me faz Meu processo vocacional iniciou-se no ano de 2012.
chegar a Jesus. Em 2013, participei da convivência vocacional e fui apro-
Em minha amada Pontevila, desde pequeno, com o vado. No dia 27 de janeiro, daquele mesmo ano, passei a
incentivo de minha família, fui inserido na vida pastoral da residir no Seminário Propedêutico Santíssimo Redentor,
comunidade eclesial. Meus pais sempre trabalharam nas em Santa Bárbara d’Oeste-SP
pastorais, comissões e nos órgãos representantes dos Enfim, em minha história de vida e vocação, desde a
conselhos da comunidade local. Minha mãe foi minha infância, percebo a presença fiel de Nossa Senhora com
catequista. Já confirmado em meu batismo, fui membro título de Aparecida. A nós, que a veneramos na pequena
da pastoral da criança e catequista. Ajudava na liturgia imagem marcada pela riqueza do encontro das diver-
e participava das novenas nos setores. Enfim, enquanto sas raças e povos, peço-a: “Dá-me a serenidade de amar
comunidade eclesial, se perguntarem pelo “Dioninho”, sempre mais meus irmãos e minhas irmãs. Ajuda-me
lá em Pontevila, muitos na hora saberão dizer quem é. a encher as vidas vazias e reavivar nossas forças como
Meu interesse pela vida religiosa surgiu de uma for- frescor do Evangelho. E obrigado, Mãe, por me fazeres
ma muito simples, e quando eu percebi, roubou-me o ser tão feliz, pertencendo à família Redentorista”.

30 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA

IR. MARCOS

Luiz Oliveira/A12
VILANOVA, C.Ss.R.

D
esde muito jovem fui inserido por minha naquela comunidade, meu processo de noviciado
família em minha paróquia de origem, na cidade de Tietê (SP). Foi um momento de gran-
São Sebastião, em Cruzília-MG. Junto de de crescimento em minha vida pastoral, espiritual
meus pais, meus avós e meus irmãos, sempre e no convívio com o povo de Deus.
pude presenciar a ação de Deus em nosso lar, e Já no ano de 2015, fui acolhido pela Congre-
ali começou a brotar em meu coração o verda- gação e professei meus primeiros votos de Po-
deiro desejo de servir a Jesus mais de perto. breza, Castidade e Obediência. Foi um momento
Com a ideia mais amadurecida em meu cora- sublime em minha vida.
ção, na fase adulta, ingressei no antigo Seminário Entre 2015 e 2023, tive a oportunidade de
São Geraldo, no Potim (SP). Ali, vivenciando a vida trabalhar como Irmão Redentorista em diversas
religiosa, comunitária e desenvolvendo meus tra- frentes missionárias, como Santas Missões Re-
balhos pastorais no Santuário Nacional, eu pude, dentoristas, Santuário Nacional de Nossa Senho-
cada dia mais, responder ao chamado de Deus, ra Aparecida, Santuário da Imaculada Conceição
que ardia em meu coração. No ano de 2012, o Se- no Recife, Paróquia Santa Cruz em Araraquara e,
minário São Geraldo foi transferido para a cidade desde outubro de 2020, trabalho no Santuário e
de Sorocaba (SP), onde vivi também e tive a opor- Paróquia do Senhor Bom Jesus de Pirapora.
tunidade de trabalhar nas pastorais da Paróquia Após professar meus votos perpétuos na
São Geraldo Majela, tendo uma formação dentro Congregação do Santíssimo Redentor, em abril
do seminário e alimentando cada vez mais a vida de 2023, continuo agradecendo a Deus essa tão
espiritual e vocacional. linda vocação, que é ser Irmão Religioso na Con-
No ano de 2013, fui acolhido como pré-novi- gregação do Santíssimo Redentor, e com muita fé
ço e, no ano de 2014, iniciei, ao lado de vários no- em seu filho, o Bom Jesus, continuo respondendo
viços, de vários estados e confrades que residiam diariamente a esse chamado.

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 31


PARTILHA MISSIONÁRIA

Arquivo pessoal
“UNIDOS EM CRISTO, COM MARIA,
PARA VIVER E CRESCER EM COMUNIDADE”

A
vida missionária movida pelo Espírito de por 7 confrades, que atuam nos desafios de uma das
Deus é dinâmica e fecunda. É feita de mo- mais antigas igrejas da cidade, a tradicional “Igreja
vimentos surpreendentes: em cada estação, da Glória”:
uma nova estrada se abre para novas experiências. A vida paroquial é dinamizada dentro de três di-
Exigentes, mas fortalecedoras. Após 20 anos de ati- mensões: a acolhida (Caridade), a oração (Liturgia)
vidades missionárias, no campo da Formação, da e a missão (Palavra). Todas as atividades pastorais,
Promoção Vocacional e da administração, fui envia- movimentos e ações sociais são regidas por equipes
do para as Minas Gerais, para auxiliar nas atividades coordenadoras, tendo um confrade como diretor
pastorais da primeira Comunidade Redentorista do espiritual. Coube a mim acompanhar o Ambulatório
Brasil, em Juiz de Fora. Era 14 de fevereiro de 2022, Nossa Senhora da Glória, a Pastoral da Música e do
quando aqui cheguei. Canto Litúrgico, Pastoral dos Coroinhas e Acólitos,
Como Vigário Paroquial, tenho degustado das Pastoral da Catequese infantil, a Pastoral da Cate-
riquezas da vida missionária, ao assumir novas fun- quese do Crisma e a Pastoral do Batismo.
ções. Pela primeira vez, minhas forças estão direcio- Mas minhas atividades mais frequentes estão vol-
nadas para o campo das atividades paroquiais. Aqui, tadas para a área da Música e do Canto Litúrgico. Te-
há 31 grupos de pastorais e movimentos que dão mos 4 grupos de canto-coral. Com a marca “Musicare”,
vivacidade à vida comunitária. É uma seara nova e os grupos se preparam para as missas solenes e outras
instigante, espaço fecundo de crescimento pessoal e apresentações. O primeiro a ser criado foi o Coro Misto,
espiritual. Nossa Comunidade religiosa é composta que se reúne semanalmente para o exercício do can-

32 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


PARTILHA MISSIONÁRIA
Arquivo pessoal

Arquivo pessoal
Pe. Torres com uma equipe
Paróquia em Juiz de Fora (MG) conta com 31 grupos pastorais de coral da Paróquia

to litúrgico; hoje, conta com 45 integrantes. O segundo Outra dimensão muitíssimo importante para
foi o Coro Infantil, com 14 crianças; frequentemente se vida pastoral de uma paróquia é o Sacramento da
apresentam em momentos especiais das atividades pa- Reconciliação. A Comunidade Redentorista mantém
roquiais. O Coro Masculino São José foi criado em 19 a tradição do atendimento de confissões. Há tam-
de março, quando cantaram a Missa de seu patrono. O bém muitos pedidos para o acompanhamento es-
piritual ou atendimentos extra. A presença nos hos-
desafio lançado aos homens foi aceito por 15 senho-
pitais também faz parte de nosso apostolado, seja
res corajosos, que continuam animados para o serviço a
para a Unção dos Enfermos ou para a Confissão. A
que foram chamados. Formado por jovens da Paróquia,
visita aos enfermos em suas residências e o auxílio
o “Quarteto Musicare” foi o último grupo a ser criado, na celebração de missas, em paróquias das redon-
no intuito de enveredar por outras “paisagens musicais”. dezas, também são frequentes.
Além de colaborar nas celebrações solenes, os

Arquivo pessoal
grupos de canto e música têm realizado ativida-
des extra: Coroação da imagem de Nossa Senhora,
no mês de maio; coroação da imagem do Sagrado
Coração de Jesus, representação do encontro da
imagem de Nossa Senhora Aparecida; concerto na-
talino, envolvendo as forças musicais da paróquia;
Saraus etc. Destaque para a “Cantata da Paixão”, ou Atividades mais frequentes do Pe. Torres estão voltadas
para a área da Música e do Canto
“Dueto entre a Alma e Jesus Cristo”, de Santo Afonso
de Ligório, apresentado pela primeira vez na Igreja A vida pastoral na Paróquia de Nossa Senhora
da Glória, na Quarta-feira Santa deste ano. A Paró- da Glória é muito animada. O povo mineiro, cheio de
quia da Glória conta com 8 grupos de canto, que se gentilezas e vivacidade nas relações, motiva nossa
distribuem nas 18 missas semanais. ação apostólica. É uma realidade muito abençoada
para a vida eclesial. Isso por causa da ação fecunda
dos sábios e destemidos confrades que nos antece-
Arquivo pessoal

deram, desde os primeiros que aqui chegaram, em


1894. Rendo graças a Deus pela fineza com que Ele
me conduziu enviando-me à Comunidade Redento-
rista da Glória, para, “unidos em Cristo, com Maria,
viver e crescer em Comunidade”, com essa porção
do povo de Deus, na Arquidiocese de Juiz de Fora.

Pe. Torres e a equipe do Ambulatório Nossa Senhora da Glória Pe. José de Lima Torres, C.Ss.R.

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 33


CURIOSIDADES

Patrimônio Histórico C.Ss.R


JUBILEU DOS 50 ANOS
DA COMUNIDADE REDENTORISTA ALFONSIANUM I – IPIRANGA

A
Comunidade Redentorista – Alfonsianum I: diversos confrades oriundos das cinco regiões do
São José alegra-se por celebrar os 50 anos de Brasil e também vindos da América Latina e da África.
história. Pode-se dizer que esta é uma casa Por isso, iniciamos em março a abertura do ano
fundamental e especial para a formação dos Missio- jubilar com a celebração eucarística, presidida pelo
nários Redentoristas. A histórica casa, situada na Rua diretor e formador Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R.
Oliveira Alves, 230, no bairro do Ipiranga, São Paulo, Ao longo do semestre, a comunidade recebeu as
iniciou-se no ano de 1973, com sua compra ainda no visitas de ex-diretores e superiores da casa, dentre
governo do Padre José Ribolla, C.Ss.R. Nessa época, eles, o Pe. Domingo Sávio, C.Ss.R., que relatou o
começou a abrigar os estudantes de teologia. início de sua caminhada na comunidade: “Antiga-
Anteriormente, o antigo Alfonsianum era locali- Arquivo pessoal

zado ao lado da Rodovia Raposo Tavares. Foi-se per-


cebendo a necessidade de uma mudança para uma
casa menor e que favorecesse a vivência comunitária.
Sendo assim, foi a partir de julho que os primeiros mo-
radores começaram a chegar à nova comunidade, mas
somente no dia 2 de agosto de 1973 que oficialmente
ocorreu a mudança de toda a turma de teólogos.
Com meio século de história, essa comunidade
religiosa vai se renovando a cada ano, pois abrigou Comunidade do Alfonsianum em 2023

34 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


CURIOSIDADES

Patrimônio Histórico C.Ss.R


Estudantes de Teologia em celebração do Dia de São Francisco, em outubro de 1994

mente, os formandos moravam em um prédio que ficava na Ro-


Patrimônio Histórico C.Ss.R

dovia Raposo Tavares e haviam cerca de 200 quartos, com quase


110 formandos, entre estes estavam incluídos os Salvatorianos, isto
em 1968. Por causa do Concílio, houve muitas saídas dos forman-
dos, tanto nos redentoristas como em outras congregações. Desta
forma, o prédio foi ficando vazio e, mais à frente, no ano 1971/72,
esse lugar foi vendido para o Governo do Estado de São Paulo, e a
Província comprou a casa do Ipiranga, que pertencia à família do
Maluf”.
Também participou dos festejos jubilares da comunidade o arce-
bispo de Pouso Alegre, Dom José Luiz Majella, C.Ss.R. Ele recordou
o tempo em que era estudante e formador, quando viveu durante
dez anos nessa casa. Como estudante, relatou que todos os junio-
ristas assumiam cargos para a boa convivência e distribuição de ta-
refas na casa. O arcebispo redentorista relembrou os momentos de
Pe. Dal Bó, Dom Majella, Pe. Mauro J. Matiazzi
e Pe. Sebastião Reis, em foto de 1980 boas partilhas de vida, como a rotina estudantil e os fatos que ocor-
Patrimônio Histórico C.Ss.R

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4º Ano de Teologia do ITESP em foto na Alfonsianum, em 1976 Comunidade Alfonsianum, em 1976

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 35


CURIOSIDADES

Patrimônio Histórico C.Ss.R


riam na pastoral. Sendo formador,
acrescentou que foi um tempo óti-
mo em sua vida, mas passou por
algumas situações, dentre elas, o
fechamento ou até a própria ven-
da da casa religiosa para que os
junioristas vivessem nas periferias
da cidade, algo que não ocorreu.
Os redentoristas assumiram ou-
tras áreas pastorais, como Mauá,
Sapopemba, Diadema e Cidade
Tiradentes, mas não saíram do Ipi-
ranga.
Em junho, no dia 30, houve a
celebração jubilar, que fora presi-
Padres Olivo C. Zolin, João Barbosa, Gervásio e Elpídio
dida pelo Superior Provincial, Pe. Tabarro, em 1975
Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R,

Patrimônio Histórico C.Ss.R


contando com a presença de ex-
-diretores e antigos formandos,
que por aqui passaram. O Supe-
rior Provincial contou a história
de fundação do Alfonsianum,
como também sua importância
para a província, e que ele mes-
mo morou na casa, quando era
juniorista. Ao final da celebração,
foi feita a inauguração da pla-
ca comemorativa na entrada da Torneio de Basquete em 1972,
na Comunidade Alfonsianum da Rod. Raposo Tavares
casa e, em seguida, houve a con-

Patrimônio Histórico C.Ss.R


fraternização.
São cinquenta anos de mo-
mentos, fatos e histórias recorda-
das na memória e no coração de
cada confrade, que viveu nessa
comunidade. Com as bênçãos de
Deus e a intercessão de São José,
padroeiro da comunidade, conti-
nuemos firmes nos estudos teoló-
gicos e prosseguindo no anúncio
da Copiosa Redenção, com o co-
ração aberto para os desafios da
sociedade.
2º ano de Teologia, na época que a Alfonsianum
Fr. Gustavo da Silva Santos, C.Ss.R. era localizada na Rodovia Raposo Tavares, em 1972

36 • Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023


RESENHA REDENTORISTA

Shutterstock
SÃO GERALDO MAJELA
REDESCOBRINDO UM SANTO

P
oder falar alguma coisa a mais sobre a vida e a de todos aqueles que se esforçam e buscam a san-
missão de um Irmão Redentorista, do quilate tidade. Daí, surgiu a ideia e, com ela, a necessidade
de São Geraldo Majela, seja em que época for, de traduzir o texto do padre McConvery; e assim foi
é sempre muito gratificante. Certa vez, chegou a mi- feito. A obra do padre Brendan McConvery, C.Ss.R,
nhas mãos a belíssima obra literária do padre Bren- edição brasileira, conta com uma apresentação
dan McConvery, C.Ss.R, intitulada São Geraldo Majela feita por mim, o tradutor da obra original para o
– Redescobrindo um Santo. Durante a leitura dessa português. Em seguida, temos uma introdução fei-
obra, eu fui reentrando no mundo do jovem Geraldo ta pelo padre Brendan McConvery, C.Ss.R. Depois,
Majela: “O Irmão Redentorista que fugiu pela janela por meio de nove capítulos, temos a oportunida-
de seu quarto, que tinha sido transformado em um de de aprofundarmo-nos na vida e na missão do
cárcere privado, para tornar-se Santo” (McConvery, Irmão Geraldo Majela: o Missionário Redentorista,
2023, p. 25). que fugiu de casa para se tornar Santo. Cada um
Após a leitura da obra do padre McConvery, desses capítulos é um caminho que nos leva para o
obriguei-me a fazer com que seu conteúdo chegas- interior da vida, da missão e da espiritualidade re-
se não somente ao conhecimento dos devotos de dentoristas, que tanto marcaram os feitos do Irmão
São Geraldo Majela, mas também ao conhecimento Geraldo Majela.

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 37


RESENHA REDENTORISTA

A obra citada tem um Apêndice que, de forma

João Éder/ TV Aparecida


magistral, nos toma pela mão e nos introduz no
mundo orante de nosso querido e santo Irmão Ma-
jela. Por fim, mas não menos importante, o livro está
ilustrado com belíssimas fotografias, que foram ce-
didas pelo Pe. McNamara, C.Ss.R. As fotografias, por
sua vez, visualizam a vida e a missão do Irmão Geral-
do Majela, em sua incansável busca pela santidade,
e fazem parte de sua história. Devota na Basílica de São Geraldo, em Curvelo (MG)

O nome Geraldo Majela é um nome bastante co- não estar familiarizados com esse santo de devoção.
nhecido por nós católicos. Muitos são os que recor- A obra é também um convite para orarmos com ele,
rem a sua intercessão. Principalmente, as mulheres que que nasceu e foi criado em uma família pobre do Sul
estão tentando engravidar ou as mães que estão em da Itália (Muro).
trabalho de parto. Elas invocam o nome de São Ge- São Geraldo Majela foi um Irmão leigo redentoris-
raldo Majela, para que tudo transcorra bem com elas ta. Ele não foi teólogo, escritor ou pregador famoso.
e com seus bebês. Muitas crianças carregam consigo Foi um Irmão redentorista obediente a Deus e apai-
o nome de Geraldo Majela. A obra do padre Brendan xonado pela Congregação do Santíssimo Redentor.
McConvery não é mais um livro sobre a vida e a missão Entrou para a Congregação Redentorista e nela tor-
de São Geraldo Majela. Sua obra é mais um caminho nou-se santo, amando e respeitando sempre os mais
ou uma oportunidade para conhecermos que São Ge- pobres e abandonados. São Geraldo Majela morreu
raldo Majela é muito mais do que tudo o que conse- antes de completar trinta anos de idade. Seu amor
guimos perceber, por meio de suas imagens sagradas, pelas pessoas, de todas as idades, era notável. Esse
que se encontram nos santuários, nas igrejas e capelas. amor, por sua vez, transformou-o em um santo, não
São Geraldo Majela não é um santo de aparência apenas de seu tempo, evidentemente, mas também de
pálida, doentia, sofrida, com os olhos virados para o nosso tempo fluido e fortemente marcado por muitas
alto. Ele é o “redentorista que foi para o céu através feridas. Adquira o livro São Geraldo Majela – Redesco-
da janela de seu quarto”. O amigo dos pobres. Fazer brindo um santo, do padre Brendan McConvery, e seja
a vontade de Deus era seu único querer. E assim ele você também um santo à luz da vida, da missão e da
o fez. Enquanto ele viveu, viveu fazendo a vontade espiritualidade de nosso querido Irmão Redentorista e
de Deus. A obra citada tem exatamente o objetivo Santo: São Geraldo Majela.
de nos reapresentar a vida e a missão de São Geral-
do Majela, principalmente para aqueles que podem Padre Vinícius Ponciano, C.Ss.R.

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ESPAÇO DIÁLOGO

EUCARISTIA E IGREJA:
FORMAMOS EM CRISTO UM SÓ CORPO

N
este ano, completam-se 20 anos da encícli- Como reforça o Magistério sempre vivo da Igreja,
ca Ecclesia de Eucharistia, que foi escrita pelo a Eucaristia é memorial da morte e da ressurreição
Papa São João Paulo II, em 2003, para expres- do Senhor. Usualmente, a palavra memorial (do gre-
sar a íntima relação entre Eucaristia e Igreja. Com efei- go anámnesis) exprime o ato de recordar-se de algo
to, a Eucaristia é o maior e mais excelso bem da Igreja, que já passou. Contudo, do ponto de vista litúrgico
fonte e ápice da vida cristã e eclesial (cf. LG, n. 11), sa- e teológico, fazer memória não é meramente girar
cramento da unidade (cf. EE, n. 23), vínculo da caridade em torno de um pregresso e que está cada vez mais
(cf. At 2,42-47). Toda a vida sacramental da Igreja se distante, mas é trazer o evento memorado para bem
une à Eucaristia e a ela se ordena, porque neste augus- perto de quem o celebra, atualizando-o e reconhe-
to mistério se encontra o próprio Cristo, nossa Páscoa. cendo que a ação de Deus permanece no presente.
É na Eucaristia e pela Eucaristia que o Senhor se dá a Dizer, portanto, que a Eucaristia é memorial da morte
nós como alimento para a vida eterna (cf. Jo 6,44-51). e da ressurreição do Senhor significa que ela se torna
Santo Afonso a define como “fornalha de amor”, uma presente e atualiza o evento pascal de Cristo morto
vez que neste sacramento admirável experimentamos e ressuscitado. O Espírito Santo, que, durante sécu-
o amor de Deus que a todos quer alcançar. los, ficou no olvido, presentifica e atualiza o memorial

Informativo da Província • Abril a Novembro de 2023 • 39


ESPAÇO DIÁLOGO

eucarístico. É por isso que, em toda celebração euca- “com Cristo. A celebração eucarística é, e sempre
rística, unida à anamnese está a epiclese. Aquela que será, comunitária, porque a Eucaristia faz-nos des-
recorda o evento salvífico ocorrido no passado, que cobrir que Cristo morto e ressuscitado se manifesta
sempre incluiu esta, ou seja, a invocação do Espírito como nosso contemporâneo no mistério da Igreja,
Santo, para que atualize, no aqui e agora da celebra- seu Corpo. Assim, a celebração eucarística deverá
ção, a salvação trazida por Jesus Cristo. ser compreendida como celebração da Igreja – Ca-
A Sacrosanctum Concilium, primeiro documento beça e membros. Na verdade, quando participamos
votado e aprovado pelos Padres conciliares, trouxe da celebração eucarística, a cruz e a ressurreição de
o termo Mistério pascal para o centro da liturgia Jesus estão presentes.
cristã. Realmente, o Mistério pascal nos conduz ao Destarte, a celebração eucarística é o momento
coração da História da Salvação e, por esse motivo, no qual, por meio do memorial e da invocação do
constituiu o objeto principal da celebração eucarís- Espírito Santo, recorda-se e presentifica o Mistério
tica, posto que este Mistério envolve toda a vida de pascal, centro da liturgia cristã. Os fiéis batizados,
Cristo, assim como a vida de todos os fiéis que o em virtude de sua participação ativa, plena, cons-
celebram com fé. Assim, a Igreja, fiel ao mandato de ciente e frutuosa na ação sagrada, experimentam,
Jesus na Última Ceia – “Fazei isto em memória de concreta e profundamente, o Mistério central da fé
mim” (1Cor 11,24) –, celebra, com súplicas e preces, cristã, saboreando, assim, o “fruto da nossa Reden-
a Eucaristia, memorial da morte pascal do Senhor. O ção” (SC, n. 2). É, realmente, lapidar o ensinamen-
Mistério Pascal é, portanto, o núcleo de toda ação to do Papa São João Paulo II: “A Eucaristia edifica a
litúrgica da Igreja. Todo o agir cristão consiste em Igreja e a Igreja faz a Eucaristia” (EE, n. 26). Somos
realizar na vida o Mistério pascal que se celebra nos chamados, pois, a renovar nossa fé em tão sublime
sacramentos. Desse modo, a celebração litúrgica, de mistério e a fazermos de nossa vida missionária uma
modo especial a Eucaristia, sintetiza a vida cotidiana vida mais eucarística.
do cristão, tornando-a extensão de toda a vida de
Cristo; de sua morte e ressurreição. Fr. Pablo Vinícius Reis Moreira, C.Ss.R.
O Mistério pascal
encontra sua força

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quando vivido e cele-
brado de modo dinâ-
mico e participativo.
O envolvimento dos
fiéis em torno do Mis-
tério, que é o próprio
Cristo, fundamenta
a actuosa partici-
patio (participação
ativa) desejada pelo
Concílio Vaticano II.
O alcance da cons-
ciência em torno do
Mistério celebrado
se revela na ecclesia;
local, por excelência,
do encontro pessoal “Ecclesia de Eucharistia” foi escrita pelo Papa João Paulo II, em 2003

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