Abrir

brir portas onde se erguem muros Director:

Di
Dirre
ecctto
orr: Ma
M
Manuel
nuel Car
Carvalho Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • Ano XXXII • n.º 11.380 • Edição Lisboa
boa • Assi
Assinaturas
ssiin
na
attu
urra
as 80
8
808
8 200 095 • 1,30
1,30€

E
Euro 2020 Fernando Santos
a
anuncia mudanças para
““atacar bem e defender bem”
n
no jogo contra a França
Kanté: da recolha de lixo em Paris a estrela
K
““São 11 contra 11”: crónica de Carmen Garcia
Destaque, 2 a 7
D
Acompanhe em publico.pt/euro2020

Um terço dos internados nas UCI de

Lisboa foi vacinado só com uma dose
Internados nos cuidados intensivos ultrapassam de novo a centena no país. Maioria tem menos de 55 anos
Cerca de um terço dos doentes com tinha iniciado o processo de vacina- aumento de casos nas UCI, que vol- leva os especialistas a recomendar a de infecção, duas a três semanas
covid-19 internados em unidades de ção, mas este estava incompleto: tou a superar a barreira dos 100 “aceleração do processo de vacina- após a segunda dose das vacinas”.
cuidados intensivos (UCI) na região tinham recebido apenas a primeira doentes em todo o país, dos quais ção”. Porque, referem, “apenas se Hospitais de LVT reforçam os meios
de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) já dose e alguns há pouco tempo. O cerca de 70% na região da capital, tem uma protecção robusta, a nível de contingência Sociedade, 14/15

NUNO FERREIRA SANTOS

Crise
Educação Turismo recebe
Melhores professores maior parte do
apoio à quebra
acabariam com de facturação
mais de metade das Dos 1042 milhões de euros do pro-
negativas dos alunos grama Apoiar, a maior fatia foi para
o turismo. Rendas receberam apenas
Sociedade, 18 63 milhões Economia, 26

Empresas
Os grandes
querem ajudar
as PME a ficar
maiores
iores
Líderes das
ores
42 maiores
empresasas lançam
ção para
associação
ver o
promover
mento
crescimento
mia, 28
Economia,

“Brexit”
Cinco anos
Lei que Rui Rio criticou por libertar presos depois, 82% dos
eleitores não
“em barda” foi aprovada com os votos do PSD mudariam voto
No domingo, o líder do PSD criticou covid-19 na prisões. Mas em Maio de Num texto conjunto com o PS, o PSD alterada, nem foi aprovado nenhum Estudo de opinião revela que 45%
a libertação de presos “em barda”, no 2020 o PSD aprovou uma alteração a propôs que a sua vigência terminasse diploma com a data do final de vigên- dos britânicos consideram a escolha
âmbito de uma lei de perdão de penas esse regime especial que permitiu “na data a fixar em lei própria”. Como cia do regime, a lei manteve-se em no “Brexit” “acertada” e 44% pen-
aprovada para mitigar os efeitos da prolongar a sua vigência até agora. esta formulação nunca chegou a ser vigor até agora Política, 12 sam o contrário Mundo, 24
ISNN-0872-1548
2 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Destaque Euro 2020
Mudanças
prometidas
para “atacar
bem
e defender
bem”
Portugal defronta esta noite a França, em
Budapeste, na última jornada do Grupo F.
Um ponto (ou até menos) é suÄciente
para que os portugueses se qualiÄquem
para os oitavos-de-Änal do Euro 2020
David Andrade, em Budapeste
A
o terceiro jogo, quando pare-
cia que o fado português
apontaria para uma reedi-
ção da Ænal do Euro 2016
com a qualiÆcação de Por-
tugal para os oitavos-de-Ænal
do Euro 2020 presa por arames, a
concorrência — e a robusta vitória por
3-0 na estreia do Grupo F contra a
Hungria — deu um precioso auxílio à
matemática nacional. No regresso ao
Puskas Arena, em Budapeste (20h,
RTP1), os jogadores portugueses
sabem que um ponto é suÆciente con-
tra a França, e Fernando Santos admi-
tiu que fará mudanças no “onze”.
Com que mentalidade? “Jogar para
ganhar, não querendo perder.”
Quatro dias depois do desastre de
Munique, jogo em que a passividade
portuguesa, reconhecida no Ænal por
Fernando Santos, permitiu que a Ale-
manha Æzesse o que habitualmente
faz contra Portugal — neste século, os
alemães já tinham derrotado os por-
tugueses no Mundial 2006 e 2014, e
no Euro 2008 e 2012 —, a selecção não
vai precisar de grandes equações
matemáticas quando regressar ao
relvado do Puskas Arena.
Com a certeza que um empate asse-
gura que ainda não será neste Euro-
peu que Portugal vai falhar na fase de
grupos da competição, Santos não
escondeu na antevisão do duelo com
a França que a última exibição fugiu
à “matriz” da selecção portuguesa.
Contra a Hungria, no jogo de estreia
e em que a pressão e a responsabili-
dade estavam todas do lado de Portu-
gal, Fernando Santos mostrou ter a
lição bem estudada, montando um
plano de jogo que permitiu aos por-
tugueses criarem uma mão-cheia de
oportunidades para marcarem, ao
mesmo tempo que anulava quase por
completo um rival que nos últimos
dois anos só foi batido por Portugal.
Na Alemanha, porém, com os a profundidade. São três avançados
Estádio Puskás Arena 20h00
Budapeste RTP1
papéis invertidos — Portugal passou móveis e com dois médios que ata-
de caçador a presa —, a aposta no mes- cam bem a profundidade, às vezes até
Portugal 4-2-3-1 mo “onze” que tinha defrontado a o Kanté.”
Hungria revelou-se um tiro ao lado. Sem esquecer que “Mbappé, Griez-
Rui Patricio Sendo a Æabilidade defensiva a ima- mann e Benzema são grandes joga-
Pepe R. Dias gem de marca das suas equipas, San- dores”, o treinador português alertou
Raphael G. N. Semedo tos admitiu que sofrer quatro golos que a França tem “médios intensos,
pela primeira vez como seleccionador que disputam todas as bolas no limi-
J. Moutinho Danilo português é um sinal de que “alguma te” e “uma linha defensiva muito rápi-
B. Fernandes coisa não está a correr bem”, transmi- da”, o que obrigará Portugal a estar
Renato S. Diogo J. tindo por mais do que uma vez a ideia “fortíssimo em todos os parâmetros”.
Ronaldo
de que contra a França Portugal tem “O que temos de fazer é, no mínimo,
de “atacar bem e defender bem”. igualar a França e, se possível, correr
Mbappé Benzema Griezmann Analisando os actuais campeões do mais e fazer mais.”
mundo, Fernando Santos disse que a Com que jogadores? Santos ontem
Tolisso Pogba reedição da Ænal do Euro 2016 pedirá apenas revelou que a utilização de
Kanté uma “abordagem diferente”. Nuno Mendes, que “não treina há
Hernández Pavard “A Alemanha jogava com três avan- vários dias”, “não é questão que se
Varane Koundé çados mais o avanço dos dois laterais. possa colocar”, mas com Budapeste
Lloris Nós jogámos numa linha a quatro e debaixo de uma onda de calor — as
sabemos que, no mínimo, temos de temperaturas na capital húngara hoje
França 4-3-3 garantir a igualdade numérica. O que vão ultrapassar os 35 graus —, o selec-
se coloca amanhã [hoje] é um ataque cionador disse que tem “dados” para
Árbitro: Ant. Mateu Lahoz Espanha diferente e com os médios a atacarem saber quem são os jogadores que

HUGO DELGADO/EPA
Último treino da selecção
nacional antes do jogo desta
noite contra a França, em
Budapeste
19
O número de derrotas sofridas
por Portugal frente à França
em 27 jogos disputados até hoje
entre as duas selecções.
Registaram-se ainda dois
empates
Portugal pode seguir
em prova se vencer,
empatar ou perder
A
matemática do Euro 2020
é, desta vez, favorável à
selecção nacional na
entrada para a terceira e
derradeira jornada no grupo F:
actualmente em terceiro lugar,
depois de uma vitória frente à
Hungria e uma derrota com a
Alemanha, a selecção nacional
tem uma panóplia de
resultados possíveis para
garantir o apuramento aos
oitavos-de-final do Europeu. É
verdade que o cenário mais
favorável, um triunfo frente à
França, resolve as contas do
apuramento, mas Fernando
Santos pode nem precisar de
ganhar. Caso não consiga a
vitória e termine em terceiro
lugar do grupo Portugal será
sempre melhor do que Suíça,
Finlândia e Ucrânia, terceiros
classificados com piores
registos. A equipa de
Fernando Santos poderá
mesmo passar se for derrotada
pela França mas apenas por
um máximo de dois golos. Isto
se, no outro jogo do grupo F, a
Hungria não conseguir uma
surpreendente vitória frente
aos germânicos. Nesse caso,
Portugal sai pela porta
pequena deste Euro 2020.
“estão em cima ou em baixo”. Assim,
é previsível que Portugal apresente
contra a França duas ou três altera-
ções no meio-campo e no ataque.
Para a França, que também não
saiu muito bem da fotograÆa do últi-
mo jogo — empate sofrido contra a
Hungria —, há já a certeza de que o
Euro 2020 não vai terminar em Buda-
peste, mas a garantia da qualiÆcação
não irá fazer Didier Deschamps revo-
lucionar a equipa.
A precisar de uma vitória para
garantir o primeiro lugar e uma via-
gem para Bucareste onde teria um
rival não muito complicado (Suíça ou
Ucrânia), o seleccionador francês
deve fazer três mudanças em relação
à última partida, dando de novo a
titularidade a Lucas Hernández na
defesa, onde pode também surgir
Jules Koundé, que ainda não jogou no
Euro 2020. A outra alteração deverá
acontecer no meio-campo, com a
entrada de Corentin Tolisso.
Internacional francês
Kanté, da recolha de lixo nas ruas
de Paris à Bola de Ouro?
David Andrade, em Budapeste
O número 7 da França teve
uma infância marcada
pela miséria, mas hoje é um
dos médios mais elogiados
no futebol mundial
H
á desportistas com percur-
sos de vida que alimenta-
ram boas histórias. Há, no
entanto, desportistas que
nunca procuraram qual-
quer tipo de protagonismo
e para quem é muito redutor reduzir-
se o seu talento e a sua qualidade à
simples narração do trajecto que
tiveram até alcançarem o sucesso.
N’Golo Kanté está nesta encruzilha-
da. Após uma infância marcada pela
miséria nas ruas de Paris e uma ado-
lescência repleta de rejeições pelo
seu porte físico, o “7” da França é
hoje o “motor” do último rival de
Portugal no Grupo F do Euro 2020
e, já com uma Liga dos Campeões no
currículo, surge na bolsa de apostas
como o favorito à vitória da Bola de
Ouro de 2021.
Para muitos portugueses, a reali-
dade que se vive nos arredores de
Paris é conhecida e reconhecida
como sendo difícil. Com altos níveis
de criminalidade e de pobreza, mui-
tos dos subúrbios da capital francesa
passam ao lado dos olhos dos turistas
que passeiam pela segunda cidade
do mundo mais visitada em 2019. Foi
nessa conjuntura que Kanté cresceu
e foi com a recolha do lixo que mui-
tos desses turistas espalharam pelas
ruas parisienses que o Ælho de emi-
grantes malianos ajudou os seus pais
a alimentarem os irmãos mais
novos.
A viver num bairro social de Rueil-
Malmaison, a uma dezena de quiló-
metros da Torre Eièel, Kanté tinha
sete anos quando a França derrotou
o Brasil por 3-0 e conquistou pela
primeira vez um Mundial de futebol.
Na altura, o papel que hoje é de Kan-
té estava entregue a Didier
Deschamps, numa equipa “tricolor
e multicolor” que quebrou muitos
estereótipos que existiam no futebol
francês.
Para o pequeno Kanté, no entanto,
pouco mudou com a vitória francesa
em 1998. Embora por essa altura
tenha começado a jogar no modesto
Jeunesse Sportive de Suresnes, equi-
pa de Rueil-Malmaison, o talento que
despontava era insuÆciente para
ultrapassar uma barreira: o seu cor-
po franzino e pequeno.
Com o estigma do seu porte físico,
que lhe ia fechando portas, Kanté
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 3
Æcou com mais um peso sobre os
ombros aos 11 anos, quando perdeu
o pai, forçando-o a trabalhar ainda
mais para ajudar a família — é o mais
velho de quatro irmãos.
O pequeno francês, todavia, já aí
mostrava a Æbra e tenacidade que
hoje coloca em campo: “Tive vários
períodos à experiência e fui rejeitado
muitas vezes, mas não encarei isso
como falhanços, antes como oportu-
nidades. Sabia que podia ter sucesso
mesmo não passando por uma aca-
demia, bastava que desse o meu
melhor.”
Recusou jogar pelo Mali
Em declarações ao site da UEFA,
Kanté contou que, quando jogava
pelas reservas do Boulogne e fez a
sua estreia proÆssional na Ligue 2,
tinha “uma grande fome de vencer
e grandes esperanças no futebol”:
“Não sabia até onde podia ir, apenas
queria ser proÆssional e dar o meu
melhor.” O pequeno médio jogou
Tive vários períodos
à experiência e fui
rejeitado muitas
vezes, mas não
encarei isso como
falhanços, antes
como oportunidades
N’Golo Kanté
Jogador francês
Kanté é um dos jogadores mais influentes na selecção francesa
PATROCÍNIO
apenas 11 minutos da última jornada
de 2011-12, mas a partir desse
momento não mais parou de subir.
Embora o Boulogne tivesse sido
despromovido, a época 2012-13 do
médio defensivo no terceiro escalão
gaulês despertou a atenção do Caen,
que o contratou. De regresso à Ligue
2, Kanté tornou-se indiscutível no
clube da Normandia e Steve Walsh,
“olheiro” que já tinha levado para
Leicester jogadores como Jamie
Vardy ou Mahrez, convenceu os
“foxes” a pagarem cerca de oito
milhões de euros pelo médio.
Até aí, com 25 anos, Kanté tinha
resistido aos convites do Mali para
jogar pela selecção africana, mas con-
tinuava a ser negligenciado por
Deschamps, que apenas o chamou à
selecção francesa a 17 de Março de
2016. Kanté acabou por ser convoca-
do para o Europeu em França, onde
foi sempre segunda opção —
Deschamps preferiu Matuidi —, mas
a forma como o parisiense se impôs
na Premier League — primeiro no Lei-
cester, depois no Chelsea — não dei-
xou dúvidas sobre a sua qualidade.
Hoje, com 30 anos, Kanté é, pro-
vavelmente, o médio defensivo mais
admirado no futebol mundial e o
prémio de “melhor em campo” que
recebeu na Ænal da Liga dos Cam-
peões, que o Chelsea venceu no Está-
dio do Dragão, deu ainda mais argu-
mentos aos muitos que defendem
que o francês deve ganhar a Bola de
Ouro 2021.
O que Kanté e a França consegui-
rem fazer neste Euro 2020 terá, cer-
tamente, um peso decisivo nessa
decisão. Para já, o “7” da França par-
te à frente da concorrência: na bolsa
de apostas, a cotação do pequeno
francês é de 5/1, contra 7/1 de Messi
e 10/1 de Cristiano Ronaldo.
TIBOR ILLYES / EPA
4 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Destaque Euro 2020
A Hungria acredita que pode ir à Alemanha surpreender os germânicos
O outro jogo do Grupo de Portugal
Alemanha reencontra Hungria
67 anos após o “milagre de Berna”
Paulo Curado
M
unique e Berna estão sepa-
radas por 430km, mas
para o futebol húngaro
existe um hiato de 67 anos
entre estas duas cidades.
Foi na cidade suíça que os
magiares alcançaram o maior feito do
seu futebol, ao disputarem a Ænal do
Mundial de 1954 com o estatuto de
grandes favoritos à conquista do tor-
neio. Acabaram derrotados no jogo
decisivo pela Alemanha (3-2) naquela
que foi a última partida oÆcial entre
as duas selecções antes do reencon-
tro de hoje à noite na capital da Bavie-
ra (20h, SPTV), que irá decidir as
contas do Grupo F do Euro 2020.
O jogo decisivo de Berna marcou
também um longo declínio compe-
titivo (e de talento) da Hungria que
dura até hoje. Longe vão os tempos
dos “magiares mágicos” orientados
pelo mítico Gusztáv Sebes e lidera-
dos em campo pelo eterno Ferenc
Puskás. Juntos conquistaram o ouro
olímpico em 1952, nos Jogos de Hel-
sínquia, na Finlândia. Inseparáveis,
foram a Wembley, no mesmo ano,
chocar 110 mil adeptos do país que
inventou o futebol com um expres-
sivo triunfo por 6-3 na oÆciosa “par-
tida do século”, que comemorava os
90 anos da federação inglesa. Seria
a primeira derrota da selecção britâ-
nica em casa frente a um adversário
da Europa continental.
Um recital de futebol ofensivo em
Londres que se repetiria com agravo
seis meses depois, já em 1953, quan-
do as duas selecções se reencontra-
ram para um tira-teimas em Buda-
peste. O marcador só parou aos 7-1.
Na ÆlosoÆa de Gusztáv Sebes,
todos os jogadores em campo teriam
de assumir responsabilidades iguais,
tanto a defender como a atacar.
Tinham de ter capacidade para ali-
nhar em qualquer posição, ajudarem
todos a marcar golos e a pressionar
colectivamente quando perdiam a
bola. Demonstraram que o sistema
poderia variar ao longo de uma par-
tida, algo banal na actualidade, mas
uma revolução a meio do século XX.
Chamaram-lhe “futebol socialista”,
que iria revolucionar a modalidade
e antecipar a era do “futebol total”
da Holanda de Johan Cruyè.
Foi assim que a inovadora Hungria
se apresentou no Mundial da Suíça,
em 1954. Na fase de grupos foram ful-
minantes. Esmagaram a Coreia do Sul
por 9-0 e humilharam a então Alema-
nha Ocidental por 8-3. Na fase a elimi-
nar, bateram o Brasil (quartos-de-Æ#
nal), vice-campeão mundial, e o Uru-
guai (meias-Ænais), detentor do título,
ambos por 4-2. No reencontro com os
Já que temos
hipóteses, vamos
lutar por elas
Marco Rossi
Seleccionador da Hungria
LUKAS BARTH-TUTTAS/EPA
germânicos na partida decisiva, esti-
veram a vencer por 2-0, mas acaba-
ram traídos por excesso de conÆança.
Para a Alemanha, a Ænal Æcaria conhe-
cida como “o milagre de Berna”.
Quase sete décadas depois, a Hun-
gria derivou do comunismo para a
extrema-direita e quem anseia por
um milagre em Munique são agora
os magiares. Frente a um dos mais
fortes candidatos ao título, as contas
da selecção orientada pelo italiano
Marco Rossi são simples: apenas um
triunfo lhe dará acesso aos oitavos-
de-Ænal da prova. Mas, do lado opos-
to, também ainda não está garantida
uma presença na fase seguinte, ain-
da que baste um empate para garan-
tir a passagem.
Ambas as formações chegam bas-
tante moralizadas a esta partida deci-
siva após os resultados da segunda
ronda do grupo. A Hungria porque
travou a campeã mundial França
(1-1), no Arena Puskas, de Budapeste;
a Alemanha porque vergou o cam-
peão europeu Portugal, também em
Munique (4-2).“Já que temos hipóte-
ses, vamos lutar por elas”, garantiu
Marco Rossi, na antecipação desta
partida: “Queremos realizar uma
boa exibição, mas é preciso ter os
pés assentes no chão, sem euforias.
Esperamos mostrar a nossa melhor
face em Munique.” “O jogo será mais
difícil se a Hungria defender com
muitos jogadores e sair para o con-
tra-ataque, aspecto em que é muito
perigosa”, alertou Joachim Low, que
se despede da selecção alemã no
Ænal deste torneio, após 15 anos no
comando técnico.
Breves
José Mourinho
Críticas a Portugal
e Bruno Fernandes no
jogo contra Alemanha Crónica
Actual comentador da rádio
talkSport durante o Euro 2020,
José Mourinho deixou críticas
à actuação da selecção
nacional na derrota frente à
Alemanha. “Acho que tivemos
sorte por perder apenas por
4-2. Estiveram muito melhor
do que nós”, começou por
dizer, acrescentando: “Há uma
discussão em Portugal sobre
como é que se pode jogar um
jogo destes e fazer apenas
cinco faltas, o que mostra
claramente que não houve
agressividade.” Mourinho
deixou reparos às actuações
de Bruno Fernandes:
“Precisamos de jogar com 11
jogadores, nestes dois jogos o
Bruno Fernandes esteve em
campo, mas não jogou.
Precisamos que os bons
jogadores rendam e não que
estejam em campo.”
Covid-19
OMS preocupada
com relaxamento
nas restrições
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) expressou
ontem a sua preocupação com
o afrouxamento das restrições
verificadas em alguns dos
países anfitriões do Euro 2020,
pedindo rápidas reacções
após verificar surtos de
covid-19 em torno de vários
estádios. Sem revelar nomes,
a crítica tem como
destinatário óbvio o Reino
Unido, país que anunciou
ontem que vai permitir mais
de 60 mil adeptos nas
meias-finais e final da
competição, a disputar no
estádio de Wembley, em
Londres, quando estava
previsto receber 40 mil
espectadores.
São 11
contra 11
Carmen Garcia
D
eixem-me começar por
informar que herdei da
minha família paterna
duas importantes
condições: a
hipercolesterolemia e o
sportinguismo. E se a primeira se
vai resolvendo com dieta, a
verdade é que não há solução para
a segunda. Caso se estejam a
perguntar porque é que estou a falar
sobre o meu clube num texto que
devia ser sobre a selecção de todos
nós, passo então a explicar: como
sportinguista vivi, anos e anos,
assombrada pela expressão
“jogaram como nunca, perderam
como sempre”. E foi por isso que,
quase sem querer, comecei a temer
todos os jogos em que a minha
equipa entrava a praticar aquele
futebol bonito, cheio de lances a
roçar a perfeição, mas que
acabavam quase sempre com uma
bola à trave ou com um qualquer
clamoroso falhanço à boca da baliza
(olá, Bryan Ruiz!). Dito isto, assumo
que jogar bonito é coisa que pouco
me interessa. Isto é futebol e elas
contam é lá dentro. Se me orgulho
da qualidade de jogo da nossa
selecção no último Europeu? Nem
um bocadinho. Mas quem é que
trouxe a taça, quem foi? E isto tudo
para dizer que não me interessa que
Portugal jogue feio desde que o
objectivo Ænal seja cumprido. Sendo
que aqui, obviamente, o objectivo
são os três pontos do lado da
selecção. Juro que sou mesmo
aquela pessoa que dispensa Æntas
fantásticas, tabelinhas, pontapés de
bicicleta e jogadas com mais magia
que o quidditch. Mas o que não
dispenso é que a minha equipa
marque mais golos que o
adversário. Sucede que, para que tal
aconteça, convém que não
entremos em campo com medo, a
jogar só para não perder e a
acreditar que somos um David em
caquexia sem hipóteses contra um
Golias “bombado”. É claro que é um
orgulho ver os nossos craques a
brilhar e que há qualquer coisa em
nós que se ilumina quando nos
elogiam o bom futebol. Mas, volto a
repetir, se me derem a escolher
preÆro uma vitória a jogar feio do
que uma derrota a jogar bonito.
Agora, jogar feio e sair perder? Isso
é que já não passa.
Enfermeira

Grupo D
Ingleses batem checos num candidato Croácia nos “oitavos”
a pior jogo do Europeu graças à segunda parte
Diogo Cardoso Oliveira
I A
nglaterra em primeiro lugar, Repú-
blica Checa em terceiro, com a
Croácia pelo meio e a Escócia a ir
para casa. É este o desfecho do
grupo D, depois do triunfo (1-0)
inglês frente aos checos na noite
de ontem.
Em Wembley, com arbitragem por-
tuguesa de Artur Soares Dias, o jogo
foi tudo aquilo que se esperava: lento,
pouco emocionante e desprovido de
vontade de vencer. O foco televisivo
em alguns adeptos, muitos com ar
enfadado, atestava precisamente esta
tese. A falta de futebol nos últimos
meses será, porventura, a única coisa
que alegrou os espectadores que gas-
taram dinheiro no bilhete para este
jogo. O futebol, esse, foi escasso.
Ingleses e checos estavam já apu-
rados para os oitavos-de-Ænal antes
de entrarem em campo, pelo que a
deÆnição dos lugares no grupo diÆcil-
mente seria sedutora ao ponto de
espicaçar as selecções para um jogo
intenso e ofensivo.
Na primeira parte, a equipa inglesa
controlou
trolou os acontecimentos com
a, mas sem forçar passes de ris-
bola,
co. Raheem Sterling, lançado por
Luke e Shaw, fez um “chapéu” ao
poste,
te, aos 2’, e John Stones isolou
Harryry Kane, aos 26’ (grande pas-
se vertical), com o avançado a
der o duelo com Thomas
perder
lik.
Vaclik.
De e resto, foi a música de Jack
alish. O jogador do Aston Villa,
Grealish.
lar pela primeira vez neste
titular
opeu, decidiu, no fundo,
Europeu,
em que momentos queria
que o jogo fosse rápido.
ando quis, fê-lo. E
Quando
fê-loo bem. Foi assim
aos 26’, para o 1-0,
quandondo uma jogada
individual
vidual deu cruza-
mento
nto largo para um
cabeceamento
eceamento vito-
rioso o de Sterling, ao
undo poste. E foi
segundo
tambémbém assim aos
37’, quando a joga-
erminou com
da terminou
um cruzamento
de Shaw defen-
dido o para can-
or Vaclik.
to por
Sterling foi o autor do único golo
da Inglaterra contra a Rep. Checa
República Checa
Inglaterra
Sterling 12’
Jogo no Estádio de Wembley, em
Londres, Inglaterra
R. Checa Vaclik, Coufal, Celutska,
Kalas, Boril a61’, Holes (Vydra 84’),
Soucek, Darida (Kral 64’), Masopust
(Hlozek 64’), Jankto (Sevcik 46’),
Schick (Pekhart 75’). Treinador J.
Silhavy
Inglaterra Pickford, Walker, Stones
(Mings 79’), Maguire, Shaw, Rice
(Henderson 46’), Phillips, Grealish
(Bellingham 68’), Sterling (Rashford
67’), Saka (Sancho 84’), Kane.
Treinador G. Southgate
Árbitro Artur Soares Dias (Portugal)
VAR João Pinheiro (Portugal)
Grupo D
0 Croácia assumiu o estatuto
Jornada 3
República Checa-Inglaterra
Croácia-Escócia
1 J V E D M-S
Inglaterra 3 2 1 0 2-0
Croácia 3 1 1 1 4-3
República Checa 3 1 1 1 3-2
Escócia 3 0 1 2 1-5
Mesmo a jogar quase a passo, no
seu estilo aparentemente desinteres-
sado, Grealish “pintou” momentos de
grande talento, sobretudo em recep-
ções de bola. Foi o melhor que o jogo
deu aos espectadores.
Se a primeira parte já tinha sido
globalmente lenta e pachorrenta, a
segunda foi mais ainda. E o que há
para contar após o intervalo resu-
mia-se numa palavra: nada. Nada se
passou em Wembley durante 41
minutos, com uns redondos zero
remates à baliza, zero remates para
fora e zero remates defendidos pelos
guarda-redes.
Aos 86’, num lance confuso,
Bellingham deixou Henderson na
cara do golo e o médio do Liverpool
não falhou. Mas este jogo, sobretu-
do na segunda parte, não estava
para remates, festejos e muito
menos golos.
Nesse sentido, Paulo Soares, árbi-
tro assistente de Artur Soares Dias
tratou de levantar — e bem — a sua
bandeirola para assinalar fora-de-
jogo. O VAR João Pinheiro con-
Ærmou a decisão e a retóri-
ca manteve-se: a segun-
da parte foi de
futebol nulo.
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 5
Grupo D
Paulo Curado
de vice-campeão mundial
0-1 em Glasgow, na Escócia,
3-1
bateu a equipa da casa por
P 3-1 e carimbou com categoria
7 a passagem aos oitavos-de-
4 Ænal do Euro 2020. Com Perisic e
4 Modric em grande plano, a selecção
1 balcânica alcançou também a segun-
da posição do Grupo D, face à derrota
da República Checa frente à Inglaterra
na outra partida. Vai agora a Copenha-
ga enfrentar o segundo classiÆcado do
Grupo E, que irá conhecer hoje.
Numa partida em que um empate
eliminava as duas equipas, os escoce-
ses procuraram inspirar-se no apoio
dos seus adeptos em Glasgow e poten-
ciar o bom resultado com a Inglaterra
(0-0) na jornada anterior para manter
viva a chama dos oitavos-de-Ænal. Mas
tinham poucos argumentos a apre-
sentar, para além do voluntarismo e
entrega dos seus jogadores, ainda a
sentirem a ressaca do esforço físico
do encontro de Londres.
O futebol mais directo da equipa da
casa, com bolas bombeadas para a
área adversária, contrastava com um
jogo mais rendilhado dos croatas,
suportado pela sua superior qualida-
de técnica. Apesar de tudo, à seme-
lhança do que ocorreu nas partidas
anteriores, os eslavos tiveram
momentos de apatia, principalmente
nos instantes iniciais do encontro,
não evitando alguns sobressaltos.
Aos 14’, a notícia do golo da Ingla-
terra teve efeitos contrários nas duas
equipas. Os croatas sentiram que
tinham hipóteses de retirar o segundo
lugar aos checos, aceleraram e, na
primeira oportunidade, aos 17’, che-
garam à vantagem. Um cruzamento
largo de Juranovic da direita serviu
para Perisic assistir de cabeça Vlasic
que, no coração da área, bateu David
Marshall. O conjunto balcânico passa-
va a ter quatro pontos e a passagem
aos oitavos-de-Ænal nas mãos, mesmo
como terceiros classiÆcados, já que
estavam ainda em desvantagem para
os checos na diferença entre golos
marcados e sofridos.
Já os escoceses desmoralizaram
momentaneamente, mas, como é
seu apanágio, nunca desistiram e
tinham uma surpresa reservada para
o adversário instantes antes do inter-
valo. Contra a corrente do jogo, e sem
fazer muito por isso, a equipa da casa
aproveitou uma série de maus alívios
da defesa adversária e alguns ressal-
tos caprichosos para empatar o
encontro. Um remate feliz de Callum
McGregor, que apontou o primeiro
(e único) golo escocês na competição
PATROCÍNIO
Modric, jogador da Croácia
Croácia 3
Vlasic 17’,
Modric 62’,
Perisic 77’
Escócia 1
McGregor 42’
Jogo em Glasgow, na Escócia.
Croácia Livakovic; Juranovic, Lovren
a27’, Vida e Gvardiol (Barisic, 71’);
Brozovic, Modric e Kovacic; Vlasic
(Ivanusec, 77’), Petkovic (Kramaric, 71’)
e Perisic (Rebic, 81’). Treinador Zlatko
Dalic.
Escócia Marshall; O’Donnel (Patterson,
84’), Mc Tominay, Hanley (McKenna,
34’ a34’), Tireney e Robertson;
Armstrong (Fraser, 70’), Mc Ginn e
McGregor; Adams (Nisbet, 84’)e
Dykes. Treinador Steve Clarke.
Árbitro Fernando Andres Rapallini
(Argentina)
VAR Alejandro Hernández (Espanha)
e se estreou a marcar pela sua selec-
ção após 34 internacionalizações.
Tudo voltava ao ponto de partida
no arranque da segunda metade. O
jogo tornou-se repartido, com lances
de perigo nas duas áreas, até que che-
gou o momento de uma das maiores
estrelas em campo brilhar. Luka
Modric recebeu uma bola à entrada
da área e, com um belo remate de
trivela, voltou a colocar a Croácia na
frente do marcador, aos 62’.
Novamente com bilhete para os
oitavos-de-Ænal nas mãos, o conjunto
dos Balcãs não quis hipotecar o seu
futuro e chegou ao terceiro, aos 77’,
após um grande cabeceamento de
Perisic, outra das Æguras da selecção.
Um golo que serviu também para os
croatas garantirem mesmo o segundo
lugar do grupo.
6 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Destaque Euro 2020
Grupo E
Espanha defronta Eslováquia
com “uma faca no pescoço”
Jorge Miguel Matias
T
rês vezes campeãs europeia
e com um leque de jogadores
de fazer inveja a muitas das
selecções presentes neste
Euro 2020, a Espanha tem
desiludido. Por isso, a “roja”
está obrigada a derrotar a Eslováquia
hoje no seu último jogo do Grupo E
se quiser assegurar o seu lugar nos
“oitavos” sem ter de contar com a
ajuda de terceiros.
Vaiados pelos seus adeptos quan-
do, no último sábado, abandona-
vam o relvado de Sevilha após aque-
le que foi o seu segundo empate na
prova (igualdade a um golo com a
Polónia, depois de dias antes não ter
saído do nulo com a Suécia), os joga-
dores espanhóis estão debaixo de
fogo. Ou, nas palavras do defesa
eslovaco Tomas Hubocan, “têm
uma faca no pescoço”.
Ninguém imaginava este desem-
penho da equipa orientada por Luis
Enrique (dois empates), o pior
arranque de uma
selecção espanho-
la desde o Euro
Eslováquia 1996. Os espanhóis
são terceiros à
partida da última
Espanha jornada de um
grupo em que as
20h00 SPTV1
quatro selecções
ainda têm hipóteses de se apurar
para os oitavos-de-Ænal. É como
caminhar sobre um arame muito
Æno…
“Os espanhóis têm uma faca no
pescoço e por isso vão ter de jogar
para ganhar, vão estar sob muita
pressão”, analisou Hubocan. Um
cenário que a Eslováquia, também
ela sem o apuramento para a próxi-
ma fase assegurado, vai tentar apro-
veitar a seu favor.
Luís Enrique está debaixo de fogo.
As perguntas a que foi sujeito na
conferência de imprensa antes do
jogo com os eslovacos são elucida-
tivas. “Demitir-me? Estás a gozar,
PUBLICIDADE
Luis Enrique, seleccionador de Espanha, está debaixo de fogo
Demitir-me? Estás
a gozar, certo?
Até estou a pensar
em renovar,
imagina
Luis Enrique
Seleccionador espanhol
certo? Até estou a pensar em reno-
var, imagina”, ripostou o seleccio-
nador espanhol, que dirige uma
selecção em relação à qual se diz
que tem muitos jogadores de quali-
dade mas que ou são suplentes nas
equipas em que jogam (Laporte,
Rodri, Ferran, Eric García, Morata,
Thiago Alcântara e Sarabia) ou que
são titulares em equipas que não
são do primeiro plano do futebol
europeu: Dani Olmo (Leipzig), Pau
MARCEL DEL POZO/EPA
Torres e Gerard Moreno (Villarreal),
Robert Sánchez (Brighton), Traoré
(Wolverhampton), Oyarzabal (Real
Soc iedad) e Die go Llorente
(Leeds).
Uma coisa é certa. A Espanha
deve apresentar alterações naquele
que tem sido o seu “onze” habitual
neste Euro 2020. Azpilicueta é dese-
jado na equipa, de forma a permitir
libertar Marcos Llorente no ataque.
Busquets, que esteve ausente nos
dois primeiros encontros dos espa-
nhóis por ter estado infectado com
o novo coronavírus, deve estar de
regresso à titularidade.
Já Stefan Tarkovic, seleccionador
eslovaco, prometeu uma equipa
fechada junta da sua área, à espera
de segurar um empate que pode ser
suÆciente para a sua equipa seguir
em frente — aliás os eslovacos con-
seguiram sempre chegar à fase a
eliminar nos dois anteriores Euro-
peus em que participaram.
“Com a qualidade que eles têm e
as ocasiões de golo que eles conse-
guem criar, vamos precisar de sorte
a defender e de neutralizar os seus
avançados”, confessou sem rodeios
Tarkovic.
Grupo E
Suécia tem “oitavos”
“no bolso”. Por vezes,
é bom ser o último
Diogo Cardoso Oliveira
E
m quase tudo na vida é mau ser
o último, especialmente em
competições desportivas. Mas
há excepções, sobretudo quan-
do se trata de ser o último… a
jogar. Que o diga a Suécia, que
entrará em campo hoje, frente à Poló-
nia, sabendo que já estará nos oita-
vos-de-Ænal do Euro 2020. Porquê?
Tão simplesmente porque o Grupo E
Æcou para o último dia desta terceira
jornada da fase de grupos.
Tendo visto os resultados dos gru-
pos A, B e C, a Suécia pôde celebrar a
vaga nos “oitavos” fruto, essencial-
mente, da “solidariedade nórdica”: a
Finlândia sofreu dois golos da Bélgica
e Æcou-se pelos três pontos. A Suécia,
com quatro, sabe que, na luta dos
melhores terceiros classiÆcados (e
passam quatro dos seis), Æcará sem-
pre à frente dos amigos nórdicos, bem
como da Ucrânia.
O Suécia-Polónia está, porém, bem
longe de ser uma formalidade. Por
um lado, porque a equipa de Estocol-
mo não quer desdenhar o primeiro
Aleksander Isak
lugar no grupo. Por outro, porque a
Polónia joga pela vida. Com apenas
um ponto somado nos dois primeiros
jogos, a selecção orientada pelo por-
tuguês Paulo Sousa não tem margem
para gerir resultados: ou ganha à Sué-
cia ou vai para casa.
Há, porém, duas boas notícias para
o português e os seus onze polacos: é
que uma vitória garante o apuramen-
to, sem mais contas, e que a Suécia
poderá estar em ritmo de descom-
pressão. Wojciech
Szczesny, guarda-
redes da Polónia e
Suécia da Juventus, argu-
mentou isto mes-
mo. “Precisamos
Polónia de marcar. Mental-
mente, é bastante
20h00 SPTV1
fácil quando sabes
que tens apenas de ganhar o jogo,
sem necessidade de especular”,
apontou, na antevisão da partida.
Do lado contrário, com o apura-
mento “no bolso”, é provável que
haja mudanças no habitual “onze”
sueco. Ainda assim, o capitão Sebas-
tian Larsson garante que não haverá
facilitismo. “É bom já estarmos apu-
rados após dois jogos. Mas queremos
mais, portanto é claro que vamos ten-
tar ganhar o grupo”, avançou.
Em matéria individual, é no centro
do ataque que estão as principais
armas. E ambas “acordaram” mais
tarde do que teria sido ideal. Alexan-
der Isak, sueco, e Robert Lewan-
dowski, polaco, tiveram desempe-
nhos modestos na primeira jornada
da fase de grupos, mas ambos foram
decisivos na segunda.
Isak “destruiu” a Eslováquia na
segunda parte do encontro por 1-0,
com inúmeros lances individuais, e
Lewandowski garantiu à Polónia, com
um golo, o surpreendente empate
(1-1) frente à Espanha — ponto que faz
toda a diferença nas possibilidades da
armada de Varsóvia.

Munique queria iluminar estádio com as cores representativas da comunidade LGBTI
Polémica
Alemanha ilumina-se com as cores
do arco-íris em protesto contra a UEFA,
ILGA pede posicionamento à FPF
Miguel Dantas
Organismo desportivo
impediu que Allianz Arena
ficasse iluminado com as
cores da bandeira LGBTI
por ser um gesto “político”
A
UEFA ganhou o braço-de-
ferro no Allianz Arena,
mas não conseguiu levar
de vencida a disputa em
Munique e na Alemanha.
No momento do apito ini-
cial para o jogo entre os germânicos
e a Hungria, vários estádios alemães
vão iluminar-se com as cores da
bandeira arco-íris, representativas
da comunidade LGBTI, num protes-
to contra a rejeição do organismo
que gere o futebol europeu. Ainda
em Munique, vários edifícios da
cidade vão envergar as bandeiras
arco-íris, num sinal claro de protes-
to contra a decisão da UEFA em ilu-
minar o estádio com estas cores.
“É com sentido de condenação
que recebemos esta notícia, princi-
palmente face à política de respeito
que a UEFA diz ter. O que nos pare-
ce é que está a enviar a mensagem
contrária, a de que o futebol pode
não ser — e não é, muitas vezes — um
espaço seguro para adeptos e prati-
cantes da modalidade que perten-
çam à comunidade LGBTI. Parece-
nos que este afastamento por parte
da UEFA tem um efeito adverso que
é perigoso”, reitera Ana Aresta, pre-
sidente da ILGA — Intervenção Lés-
bica, Gay, Bissexual e Transgénero,
em conversa com o PÚBLICO.
A polémica foi espoletada pelo
facto de a UEFA não ter permitido
que o Allianz Arena, palco do jogo
de hoje entre Alemanha e Hungria,
Æcasse iluminado com as cores da
bandeira arco-íris, representativas
da comunidade LGBTI (Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Transgénero e
Intersexo) durante o jogo. A partida
escolhida para este gesto não foi, de
todo, despropositada, não fosse a
Hungria um dos países mais repres-
sivos para esta comunidade, tendo
inclusivamente aprovado recente-
mente uma lei a proibir a “dissemi-
nação de conteúdos que promovem
a homossexualidade nas escolas”.
A proposta de iluminar o estádio
com estas cores partiu da autarquia
de Munique, presidida por Dieter
Reiter. O pedido foi endereçado for-
malmente à organizaç ão do
Euro2020, mas a UEFA rejeitou esta
iniciativa, escudando-se na neutra-
lidade que os estatutos de fundação
ditam. “Pelos seus estatutos, a UEFA
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 7
PATROCÍNIO
ANDREAS GEBERT/REUTERS
é uma organização política e religio-
samente neutra”, reiterou o orga-
nismo em comunicado.
“Nós, em Munique, certamente
não vamos ser desencorajados [pela
decisão da UEFA] de enviar um sinal
claro à Hungria e ao mundo”, garan-
tiu o autarca Dieter Reiter, depois
de ter classiÆcado a decisão da UEFA
como “vergonhosa”.
Numa publicação feita em Agosto
de 2019, na conta oÆcial de Twitter
da UEFA, a organização congratula-
va-se pelo facto de esta competição
ser “um torneio para todos”, usan-
do o símbolo do arco-íris e defen-
dendo a inclusão da comunidade
LGBT no mundo do futebol, reco-
nhecendo que muitas pessoas não
se sentem bem-vindas nos estádios
pela sua orientação sexual. Depois
desta decisão, muitos têm criticado
a UEFA, acusando o órgão federati-
vo de hipocrisia.
“A UEFA coloca os direitos huma-
nos sob um chapéu político. Esta-
mos a falar de direitos humanos,
extravasam qualquer posiciona-
mento político. A UEFA está a
empurrar para o armário aquilo que
são os direitos das pessoas LGBTI e
não está a cumprir a política de não
discriminação com que se compro-
mete, enviando uma mensagem de
desrespeito e facilitação de más prá-
ticas em torno da inclusão de adep-
tos e participantes da modalidade”,
aÆrma Ana Aresta.
Qatar permite bandeiras
Já em 2022, o Qatar será o anÆtrião
do Campeonato do Mundo, traba-
lhando em contra-relógio para Æna-
lizar todos os estádios da prova.
Desde que o ex-presidente da FIFA,
Joseph Blatter, comunicou que o
país árabe receberia a competição,
várias vozes se levantaram contra a
atribuição. Suspeitas de corrupção,
o clima árido e as condições dos
trabalhadores migrantes são as
principais preocupações, às quais
se juntam os receios sobre o trata-
mento que será dado aos adeptos
da comunidade LGBT que viagem
até ao Qatar.
O Qatar é um dos 69 países que
ainda criminalizam a homossexuali-
dade, de acordo com os dados pre-
sentes num relatório publicado pela
ILGA — Intervenção Lésbica, Gay,
Nós, em Munique, Bissexual e Transgénero no Ænal de
certamente não vamos 2020.
A FIFA deixou claro que faria esfor-
ser desencorajados
ços para criar um “torneio inclusivo”,
com os responsáv
responsáveis qataris a
[pela decisão UEFA]
cisão da UEFA
A] garantirem que a exibição de
de enviar
ar um sinal bandeiras com as cores do
arco-íris será respeitada.
res “No
claro à Hungria que toca às bande
bandeiras arco-íris,
e ao mundo
ndo a FIFA tem as suas su próprias
directivas, regras e regulamen-
Dieter Reiter
er tos. Sejam quais forem,
f vamos
Autarca de Munique respeitá-las”, assegu-
respeitá-l
rou Nasser
Nas Al-Khater,
um d dos responsá-
veiss pela
p organiza-
ção
çã
ão d do Mundial.
8 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021

Espaço público

Um abalo necessário no sistema educativo

O
reconhecimento de que um
Editorial bom professor faz a
diferença e determina o
percurso educativo dos
seus alunos não é nada que
cause surpresa ou espanto. Pelo
contrário, faz parte do conhecimento
Manuel Carvalho empírico e da experiência pessoal de
todos. Ainda assim, o estudo que hoje
será divulgado pela Edulog, da
Fundação Belmiro de Azevedo, e que o
PÚBLICO antecipa nas suas edições
online e impressa, convida a reÇectir
sobre essas verdades estabelecidas e
impõe uma discussão sobre a forma
como o sistema educativo forma,
recruta, motiva, gere e remunera os
seus professores. Uma coisa é cada um
Se a educação pública ter na memória a inÇuência de um ou
não for capaz de outro docente; outra, bem mais
estimular os professores, relevante e indiscutível, é um estudo
o que, na prática, se está cientíÆco validar essas percepções pela
análise de uma base de dados com 1,7
a assumir é uma milhões de observações relativas a
penalização dos seus alunos e ao desempenho de 42 mil
alunos professores.
A partir do momento em que Æca
assim tão evidente que um bom
professor promove o sucesso escolar e
um mau professor o trava, a ideia de
um sistema mastodôntico,
indiferenciado, burocrático e rotineiro
que os trata a todos por igual torna-se
difícil de sustentar. Não se trata de
produzir a esse propósito juízos
genéricos que levem a concluir que a
docência em Portugal está dividida
entre bons e maus, entre competentes
e incompetentes, entre empenhados e
negligentes. O que este estudo nos
conÆrma é a necessidade de olhar mais
de perto a realidade de cada escola e o
desempenho de cada professor. Só
assim se podem encontrar medidas de
encorajamento aos que produzem
menos valor acrescentado. E, mais
importante ainda, só assim se consegue
garantir condições de igualdade no
acesso à educação. Os desaÆos que o
estudo da Edulog lançam aos governos,
aos directores de escolas e aos
professores são, por isso, imensos.
Implicam determinação e coragem
para mudar um sistema conformista e
tolerante com o insucesso e a
mediania. Requerem conÇitos laborais
com interesses instalados. Exigem
compromissos políticos num tempo
em que as lideranças partidárias se
habituaram a deixar arrastar os
problemas. Estando, no entanto, em
causa questões tão cruciais para o
futuro como a da educação dos jovens,
a garantia da igualdade, a defesa da
escola pública enquanto motor da
mobilidade social e a luta contra as
iniquidades territoriais, esses desaÆos
são urgentes e incontornáveis. Se a
educação pública não for capaz de
estimular os professores com
resultados mais sofríveis, de os apoiar e
de lhes criar condições para melhorar
o seu desempenho, o que, na prática,
se está a assumir é uma penalização
dos seus alunos. Será inaceitável ver
essa penalização legitimada pela recusa
da realidade, pela inércia e pelo medo
de mudar.

CARTAS AO DIRECTOR
Futebol
Não, não vou falar de futebol
propriamente dito.
Aconteceu algo que pensava ter
Æcado já no nosso passado
colectivo longínquo. Os nossos
heróis, que são dos melhores do
mundo, perderam com a cor das
camisolas que tinham pela frente.
Nem sequer foram a jogo e,
embora tenham marcado primeiro
e marcado dois golos,
conseguiram, ainda assim, perder.
O treinador, observador
experiente, foi direito ao problema
e perguntou como é que se chega
ao intervalo só com duas faltas
cometidas. É que o respeitinho é
muito bonito e os nossos heróis
tiveram-no em grande quantidade.
Eu nasci a tempo de juntar as
minhas lágrimas às do
derrotadíssimo Eusébio de 66 e a
minha indignação ao indignado
Agostinho, que tinha a força de um
cavalo, mas nunca chegou à glória.
Triste fado. Insuportável fado, direi
eu, que o vi agora perÆlar-se
novamente. Temos mais umas
camisolas de respeito para
defrontar, mas, pelo amor de Deus,
se perderem novamente, mostrem
em campo que aconteceu porque
têm menos futebol e não porque
têm mais medo de ser felizes.
José Pombal, Vila Nova de Gaia
Cábulas
Tendo em consideração as leis que
regulam a sua prática, alguém, há
muito, concluiu que o futebol é
desporto de cavalheiros praticado
por arruaceiros, enquanto o
râguebi é desporto de arruaceiros
praticado por cavalheiros. Pese
embora o exagero da aÆrmação,
existe nela algum fundamento. A
virilidade a roçar a violência e o
confronto físico permitidos no
râguebi são penalizados pelas leis
que regem o futebol. No entanto, e
na prática, o respeito pela
integridade física do adversário e
pela verdade desportiva parecem
mais presentes na modalidade do
“melão”.
As regras do desporto-rei foram
concebidas para proporcionar um
jogo Çuido e onde possamos
admirar o talento individual dos
jogadores e a inteligência e
perspicácia dos treinadores. Sim, o
futebol também é arte! Ela está
presente no voo elegante do
guarda-redes que impede a bola de
entrar na sua baliza no canto mais
distante ou na sequência de
esquadrias desenhadas pelo
movimento da bola nas Æguras
geométricas imaginadas pelo
treinador na sua estratégia.
Deverá ter sido qualquer coisa
como esta que os pais do futebol
imaginaram criar. Para regalo de
quem o pratica e para gáudio de
quem assiste. O jogo perfeito seria
aquele com o menor número de
paragens e o maior tempo útil de
jogo praticado. Mas isso hoje já não
existe. Uma das razões avançadas
por Fernando Santos para a
derrota com a Alemanha foi o facto
de a equipa nacional apenas ter
cometido duas faltas sobre os
adversários na primeira parte do
jogo. Não foi a falta de arte, foi a
falta de manha! Quando o ouvi,
lembrei-me da história de um pai
pouco escrupuloso que, ao
censurar o Ælho por ter chumbado
o ano, lhe dizia:” É bem feito!
Chumbaste porque cabulaste
pouco! Tivesses cabulado mais!”.
Helder Pancadas, Sobreda
“Para que ninguém
fique para trás”
A expressão em epígrafe tem,
ultimamente, sido propalada nos
noticiários televisivos. É uma
expressão que eructam os políticos
(membros do Governo e
deputados), os sociólogos, ditos de
esquerda, e até pessoas altruístas e
bem-intencionadas,
verdadeiramente amigas do seu
semelhante. Mas a expressão
também é propalada por aqueles
que, no fundo, se estão
marimbando para a expressão,
pois o que lhes interessará é
estarem bem na vida e Ængirem
que se interessam pelo destino
lúgubre dos deserdados. Faz parte
da comédia humana no palco da
vida. Na verdade, a expressão “que
ninguém Æque para trás” faz parte
do linguajar de certos políticos
“que dividem a humanidade em
dois tipos: os instrumentos e os
inimigos (F. Nietzsche) e
daqueloutros que “prometem
construir uma ponte mesmo no
sítio onde não existe rio” (Nikita
Khrutchov. Há muito que os
portugueses “estão Æcando para
trás” e, então, Portugal “está
Æcando para trás” (cada vez mais)
na convergência do
desenvolvimento e bem-estar
relativamente aos países mais
avançados da União Europeia. E
este o fadário que carregamos. E
depois dizem-nos “que ninguém
Æca para trás”…
António Cândido Miguéis, Vila Real
O “Boçalnaro”
Do “boçal do pantanal”, que agora
está ao comando dos destinos do
Brasil, tudo dele se pode esperar.
Portanto, já ninguém pode Æcar
admirado com a sua continuada
indigna conduta, a qual não se
coaduna com o seu tão alto cargo,
no qual foi empossado, após o
povo o ter elegido. Por isso mesmo
nos interrogamos como foi possível
o povo brasileiro o ter colocado à
frente dos seus destinos.
José Amaral, Vila Nova de Gaia

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt

BARTOON LUÍS AFONSO
ESCRITO NA PEDRA
‘O homem não é nada em si mesmo. Não passa
de uma probabilidade infinita. Mas é o respon-
sável infinito dessa probabilidade’ Albert Camus
“É inaceitável termos situações de trabalho
temporário que duram décadas”
Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho e da
Segurança Social
O NÚMERO NESTE DIA 23 DE JUNHO
400
1828 D. Miguel, representante máximo das
forças absolutistas, é aclamado rei 1868 É
registada a patente da máquina de escrever
nos EUA 1940 É inaugurada, na zona de Belém,
em Lisboa, a Exposição do Mundo Português
1993 É resolvido o Teorema de Fermat, por
Andrew Wiles, professor inglês da Universi-
dade de Princeton. O teorema aguardava
solução há 350 anos 2016 Os eleitores britâni-
cos decidem a saída do Reino Unido da UE,
mil novos pobres em Portugal, depois de o “Brexit” ter conquistado 51,9% dos
com a pandemia, passaram a ter votos no referendo 2018 O presidente do
menos de 508 euros ao final do Sporting, Bruno de Carvalho, é destituído do
mês, segundo estudo da Católica cargo, por decisão da maioria dos sócios
Os mal-
concebidos
Ainda ontem
tem
T
Miguel Esteves Cardoso
inha dois iogurtes para
dois gatos. Só que
apareceu uma gata
preta chamada Pintas,
graças à pinta branca
que tem no peito. Ao
princípio, tudo bem. A Amora, que
é um bocadinho mandona, Æcou
com um iogurte só para ela e o
Chico e a Pintas partilharam o
outro.
É tão estranha a mania que
temos que o design é um devaneio
ou uma afectação estética. A toda a
hora somos confrontados com os
resultados práticos de decisões de
design, facilitando ou diÆcultando a
nossa vida (incluindo a do planeta)
e, mesmo assim, continuamos a
negar a existência do design com
uma cegueira e uma veemência
que até Deus nosso senhor não
conheceu.
Vejam-se os copos de iogurte.
Sendo mais largos na boca,
permitem que dois gatos, mesmo
não sendo amigos, possam
alambazar-se à vontade, sem que
as línguas se cruzem ou se toquem
embaraçosamente. Poderia ter
aparecido um quarto gato, para
comer ao lado da Amora, que ela
com certeza que não se importava.
Mas, à medida que o copo ia
estreitando, a posição do segundo
comedor de iogurte começou a
tornar-se insustentável. Passou-se
assim à fase de um focinho por
iogurte, obrigando um dos gatos a
ceder a vez aos outros dois.
Escusado será dizer que toda a
dinâmica da partilha se alterou. O
que vale é que os gatos são
civilizados e sabem resolver estas
questões com faça-favores
silenciosos.
Outro pormenor interessante foi
o facto de todos os gatos terem
Æcado com um bindi de iogurte nas
pontas dos narizes, tornando-os
todos Pintas. Neste aspecto,
porém, não sei se a
responsabilidade por esta
marcação cerrada é do designer
dos copos ou do designer dos
focinhos dos gatos.
Até quando teremos de esperar
por um iogurte baixo e quadrado
que não desperdice espaço e que
dispense os gatos de salamaleques?
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 9
A opinião publicada no jornal respeita
a norma ortográfica escolhida pelos autores
publico.pt
Lisboa Porto
Edifício Diogo Cão, Rua Júlio Dinis,
Doca de Alcântara Norte n.º 270 Bloco A 3.º
1350-352 Lisboa
Tel. 210 111 000
4050-318 Porto
Tel. 226 151 000
publico@publico.pt
DIRECTOR
Manuel Carvalho
Directores adjuntos
Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro
Directora de arte
Sónia Matos
Editoras executivas Andreia Sanches, Helena Pereira Editor de fecho José
J. Mateus Editor P2 Sérgio B. Gomes Online Mariana Adam, Patrícia Jesus,
Pedro Rios, Ivo Neto, Pedro Esteves (editores), Claudia Carvalho Silva, Filipa
Almeida Mendes, Inês Chaíça, Miguel Dantas; Aline Flor, Ruben Martins
(áudio); Carolina Pescada, Teresa Abecasis, Teresa Pacheco Miranda, Vera
Moutinho (vídeo); Ricardo Sampaio (responsável técnico); Pedro Guerreiro
(editor de redes sociais), Patrícia Campos, Lucas Freitas; Rui Barros
(jornalista de dados) Política Sónia Sapage, Álvaro Vieira (editores), São
José Almeida (redactora principal), Leonete Botelho, Luciano Alvarez
(grandes repórteres), Liliana Borges, Margarida Gomes, Maria João Lopes,
Maria Lopes, Marta Moitinho Oliveira, Nuno Ribeiro, Sofia Rodrigues Mundo
Ana Gomes Ferreira, António Rodrigues (editores), Bárbara Reis, Jorge
Almeida Fernandes, Teresa de Sousa (redactores principais), Rita Siza
(correspondente em Bruxelas), Alexandre Martins, António Saraiva Lima,
Clara Barata, João Ruela Ribeiro, Maria João Guimarães, Sofia Lorena
Sociedade Rita Ferreira, Pedro Sales Dias (editores), Clara Viana (grande
repórter), Alexandra Campos, Ana Cristina Pereira, Ana Dias Cordeiro, Ana
Henriques, Ana Maia, Joana Gorjão Henriques, Mariana Oliveira, Natália
Faria, Patrícia Carvalho, Samuel Silva, Sónia Trigueirão Local Ana Fernandes
(editora), Abel Coentrão, Cristiana Moreira, João Pedro Pincha, Mariana
Correia Pinto Economia Pedro Ferreira Esteves, Isabel Aveiro (editores),
Cristina Ferreira, Sérgio Aníbal (grandes repórteres), Ana Brito, Luís
Villalobos, Luísa Pinto, Pedro Crisóstomo, Raquel Martins, Rosa Soares,
Victor Ferreira Ciência Teresa Firmino (editora), Andrea Cunha Freitas,
Teresa Serafim Tecnologia Karla Pequenino Cultura/Ípsilon Paula
Barreiros, Inês Nadais (editoras), Vasco Câmara (editor Ípsilon), Isabel
Coutinho (subeditora), Nuno Pacheco (redactor principal), Isabel Salema,
Sérgio C. Andrade (grandes repórteres), Joana Amaral Cardoso, Lucinda
Canelas, Luís Miguel Queirós, Mário Lopes, Vítor Belanciano Desporto
Jorge Miguel Matias, Nuno Sousa (editores), Augusto Bernardino, David
Andrade, Diogo Oliveira, Marco Vaza, Paulo Curado Fugas Sandra Silva
Costa, Luís J. Santos (editores), Alexandra Prado Coelho (grande repórter),
Luís Octávio Costa, Mara Gonçalves Guia do Lazer Sílvia Pereira
(coordenadora), Cláudia Alpendre, Sílvia Gap de Sousa Ímpar Bárbara
Wong (editora), Carla B. Ribeiro P3 Amanda Ribeiro, Ana Maria Henriques,
Renata Monteiro, Mariana Durães Projectos Editoriais João Pedro Pereira
(editor), João Mestre Fotografia Miguel Manso, Manuel Roberto (editores),
Adriano Miranda, Daniel Rocha, Nelson Garrido, Nuno Ferreira Santos,
Paulo Pimenta, Rui Gaudêncio, Alexandra Domingos (digitalização), Isabel
Amorim (documentalista) Paginação José Souto (editor de fecho), Marco
Ferreira (subeditor), Ana Carvalho, Ana Fidalgo, Joana Lima, José Soares,
Nuno Costa, Sandra Silva, Sofia Espadinha Martins; Paulo Lopes, Valter
Oliveira (produção) Copy-desks Aurélio Moreira, Florbela Barreto, Manuela
Barreto, Rita Pimenta Design Digital Dinis Correia (coordenador), David
Mano, Filipe Ribeiro, Gabriel Sousa, Miguel Cabral Infografia Célia
Rodrigues (coordenadora), Cátia Mendonça, Francisco Lopes, José Alves
Marketing Editorial Joana Villas (coordenadora), João Mota, Ruben Matos
Secretariado Isabel Anselmo, Lucinda Vasconcelos Centro de
Documentação Leonor Sousa
Publicado por PÚBLICO, Comunicação Social, SA.
Presidente Ângelo Paupério
Vogais Cláudia Azevedo, Ana Cristina Soares e João Günther Amaral
Área Financeira e Circulação Nuno Garcia Recursos Humanos Maria José
Palmeirim Direcção Comercial Mafalda Campos Forte Direcção de
Assinaturas e Apoio ao Cliente Tiago Senna Análise de Dados Elisabeth
Fernandes Inovação Digital Guida Marques Pinto Área Marketing Produto
Alexandrina Carvalho Área de Novos Negócios Mário Jorge Maia
NIF 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410
Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA | Sede: Lugar do Espido,
Via Norte, Maia | Capital Social €5.050.000,00 | Detentor de 100% de
capital: Sonaecom, SGPS, S.A. | Publicidade comunique.publico.pt/
publicidade | comunique@publico.pt | Tel. 210 111 353 / 210 111 338 / 226 151
067 | Impressão Unipress, Tv. de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350
Arcozelo, Valadares; Empresa Gráfica Funchalense, SA, Rua da Capela de
Nossa Senhora da Conceição, 50, 2715-029 Pêro Pinheiro | Distribuição
VASP – Distribuidora de Publicações, Quinta do Grajal – Venda Seca,
2739-511, Agualva-Cacém | geral@vasp.pt
Membro da APCT Tiragem média total de Maio 22.571 exemplares
O PÚBLICO e o seu jornalismo estão sujeitos a um regime
de auto-regulação expresso no seu Estatuto Editorial
publico.pt/nos/estatuto-editorial
Reclamações, correcções e sugestões editoriais podem
ser enviadas para leitores@publico.pt
ASSINATURAS
Linha azul 808 200 095
(dias úteis das 9h às 18h)
publico.pt/assinaturas
assinaturas@publico.pt
10 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Espaço público
Dupond-D e Dupont-T
Mil anos
e um dia
S
Paula Teixeira da Cruz
em surpresa, António Costa voltou
a ganhar folgadamente a disputa
interna para secretário-geral do
Partido Socialista, com uma
maioria “albanesa”. Ao contrário
do que muitos pensam, António
Costa não é apenas esperto — que também o
é — mas muito inteligente. Uma inteligência
fria, destinada sobretudo à sua própria
sobrevivência política e à dos seus mais
próximos.
Só lamento que não dirija as suas reais
qualidades para um verdadeiro programa
para o país e nem acredito — do pouco que
sabemos — que o Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR) venha a ser útil para um
país inovador e sustentável, mas
tão-somente para a sobrevivência de um
Governo à deriva e atingido por clivagens
internas, onde quase todos os dias se
sucedem casos que deviam ter e não têm
consequências políticas.
António Costa tem ignorado
olimpicamente o que se passa na classe
A republiqueta
A
Santana Castilho
atmosfera política portuguesa
está mergulhada numa cultura
de incongruências,
oportunismos, servilismos e
mentiras, para proteger
responsáveis de tribos sem ética.
A verdade, a liberdade e a justiça vão
perdendo signiÆcado. Se seguirmos a sucessão
dos episódios dos últimos dias,
compreendemos o descrédito do Governo e a
pequenez das tômbolas partidárias. Os
cidadãos portugueses que ainda não
desistiram de votar deveriam inquietar-se com
os acontecimentos políticos mais recentes.
— A República está a virar republiqueta. Em
Março de 2020, António Costa era contra o
estado de emergência, mas Marcelo
decretou-o. Agora, com os papéis invertidos,
após uma troca de picardias entre ambos, que
a decência dispensava, depois da festança do
Sporting e do regabofe da Liga dos Campeões,
infantil do Governo, que guerreia já a sua
sucessão. Mas a sucessão de Costa será
aberta quando e como ele quiser, a menos
que algo imprevisível, muito imprevisível,
venha a suceder.
Quanto ao primeiro-ministro,
basta que, nós, pequenos cidadãos, nos
mantenhamos anestesiados (e algumas
estações televisivas têm para isto
contribuído eÆcazmente) e que vá
efetuando algumas cedências pontuais —
nunca estruturais — aos seus parceiros
parlamentares. A sua monumental máquina
mediática serve-lhe de uma espada digna de
Excalibur, das lendas arturianas, mesmo
que o país vá fenecendo na cauda da União
Europeia.
Rápido, não hesitou em aproveitar duas
frases menos felizes do Presidente da
República, a de que o próprio, em pleno
período de pandemia, não voltaria a
decretar o estado de emergência (todos nos
lembramos dos “jamais” dos políticos!) e
depois, na Hungria, que deveríamos estar
focados no futebol, neste período do
Campeonato da Europa.
Claro que António Costa disse o óbvio:
ninguém poderia prestar tal garantia como
irreversível. Obviamente que os
portugueses, por muito fartos que estejam,
reviram-se mais nas aÆrmações do chefe do
Governo do que nas do Presidente, que
tanto “amam” e que tanto gosta de ser
amado. Quanto ao focarmo-nos no futebol,
o desorientado António Costa, sem anuência
presidencial nem escrutínio da AR, conÆnou
três milhões de portugueses. Será que a
variante da terra dele só ataca de sexta à tarde
a segunda de madrugada? A Constituição
(artigos 19.º e 44.º) é papel molhado? Que
moral lhe sobra depois de tudo isto?
— É impossível eximir Fernando Medina da
responsabilidade política por um acto de
enorme gravidade, responsabilidade que
aumentou quando entrou num vórtice
manipulatório dos factos, para reduzir uma
delação hedionda a rotina burocrática. A CML
atentou contra direitos humanos protegidos
por tratados internacionais, contra a
Constituição e contra a nossa dignidade. O
responsável máximo pela CML é Fernando
Medina. Não chega terminar uma auditoria
nada independente com o despedimento de
um cabeça-de-turco. Não chega pedir
desculpa ou exonerar o porteiro, como se os
dados tivessem descido a escadaria central
dos paços do concelho sem ele os ver. Perante
a dimensão do desastre, o Ministério de
Administração Interna, o Ministério dos
Negócios Estrangeiros e a Comissão Nacional
de Protecção de Dados, alertados em Março,
devem também explicar porque não
actuaram, sob o risco de vermos todo o
Governo como um antro de incúria e
indiferença.
muitos têm outras preocupações, bem mais
graves, diariamente, senhor Presidente.
Como é evidente, o Presidente respondeu
subliminarmente que é ele que nomeia o
primeiro-ministro. Ora isso todos sabemos,
mesmo que a aÆrmação fosse sibilina e
mesmo que, não raro, o Presidente se
Com o Estado
capturado por
nepotismos,
promiscuidades
e amiguismos,
arriscamo-nos a
resvalar para um
mero simulacro de
um Estado de Direito.
Aposto que António
Costa e Marcelo
Rebelo de Sousa se vão
‘divertindo’, cada um
à sua maneira
— O anterior vai de passo síncrono com uma
lei aprovada pelo Parlamento e promulgada
pelo Presidente da República, que instituiu o
controlo da liberdade de expressão e a
censura a posteriori, num remake
inqualiÆcável da ditadura salazarista.
— A elite píÆa da Iniciativa Liberal usou a
liberdade de manifestação dos partidos
políticos para fazer aquilo que foi interditado
aos lisboetas. Mas o sórdido expediente teve
um mérito: quando políticos recorrem a
metáforas de ódio e se entregam à alarvidade
de furar com setas as imagens dos seus
adversários políticos, os eleitores podem
extrapolar o que deles se espera, se chegarem
ao poder.
— Dois pavões sociopatas, gestores de
recursos humanos da TAP, que sobrevive
sugando o erário público, pavonearam-se em
modo bacoco nas redes sociais, por estarem a
recrutar em Madrid, depois de terem
despedido em Lisboa. Reduzi-los a
espanadores resolveria o problema, não fora
a desumanização que personiÆcaram ser
transversal a tantas instituições que o Estado
protege.
— Perguntava-me eu por que razão toda a
selecção continua em funções, apesar de um
dos seus ter sido sinalizado como infectado,
quando na escola, logo que uma criança tem
resultado positivo em teste, toda a turma,
intrometa na ação governativa, em clara
violação da separação de poderes. Mas tal
não desagrada mesmo a António Costa,
pois serve-lhe de amparo.
E no meio de toda esta confusão até o
Parlamento entra constantemente no
perímetro de competências do Governo
(como nos tempos da Convenção, durante
certa fase da Revolução Francesa) como
se fora o mais natural no nosso regime
constitucional. Mas não o é.
Supostamente, o Governo governaria, o
Parlamento legislaria e o Presidente
velaria pelo regular funcionamento das
instituições. Agora todos parecem fazer
tudo sem o menor pudor.
António Costa também não tem
oposição. Custa ver a dignidade do maior
partido da oposição rastejando a suplicar
acordos que o primeiro-ministro ignora
olimpicamente.
Com o Estado capturado por
nepotismos, promiscuidades,
amiguismos e a Justiça a apontar cada vez
mais políticos ou candidatos a tal,
arriscamo-nos a resvalar para um mero
simulacro de um Estado de direito.
Aposto que António Costa e Marcelo
Rebelo de Sousa se vão “divertindo”, cada
um à sua maneira.
Os néscios somos nós.
Advogada. Escreve quinzenalmente
à quarta-feira
mesmo tendo resultado negativo, Æca em
quarentena. Marcelo esclareceu: a Educação
não é uma actividade essencial, o futebol é
uma actividade fundamental.
— No passado dia 11, PS, PSD, CDS e IL
uniram-se na AR para impedir a integração
nos quadros de todos os professores com
cinco ou mais anos de serviço até 2022. Estes
partidos não só se opuseram a um acto de
elementar justiça como atentaram contra a
resolução da recorrente falta de professores
em muitas escolas do país. Uns trocos agora
importaram mais do que a educação das
gerações vindouras. Se veriÆcarmos o
dinheiro efectivamente gasto, que não o
inicialmente orçamentado, no sector da
Educação, em percentagem do PIB,
constata-se que o seu peso diminuiu sempre,
desde 2014.
A enorme susceptibilidade da sociedade a
todo o tipo de manipulações, que o medo da
covid-19 ofereceu a políticos sem sensibilidade
e bom senso, torna talvez inútil referir tudo
isto. Mas, como na parábola do colibri, pelo
menos cumpro a minha parte. Porque não
podemos continuar numa vida que não é
vida, arruinando a saúde mental e psíquica
para combater uma doença do corpo.
Professor do ensino superior. Escreve
quinzenalmente à quarta-feira

A liberdade de circulação das mulheres é uma miragem
P
Maria João Marques
or esta altura já toda a gente terá
visto o vídeo de um motorista dos
Serviços Municipalizados de
Transportes Urbanos de Coimbra
(serviço público prestado por uma
empresa pública, note-se). Uma
conversa de engate nojenta do motorista para
uma jovem mulher, tratando-a por tu e
insistindo mesmo quando a dita jovem lhe
dizia para ir conduzir. Quando sozinhos num
autocarro, criando uma situação
potencialmente perigosa.
(Nem comento as reações que por aí
pulularam ao riso da mulher que se percebe
no vídeo. Por um lado, temos de parar de
exigir às mulheres que se portem como fica
bem em tribunal — seja da opinião pública,
seja dos tribunais reais — quando se sentem
em perigo e reagem em modo sobrevivência.
Ou, às vezes, de tão assustadas e atropeladas
pelo que acontece, nem reagem de todo. Por
outro lado, exatamente 100% das mulheres
do mundo já sorriram e foram
inexcedivelmente simpáticas para homens
que veem como perigosos, para não os
hostilizar e não piorar situações melindrosas.)
Há cerca de um ano foi divulgado outro
vídeo, desta feita por uma mulher que viajava
para Tomar num comboio regional, a quem o
revisor/cobrador entendeu fazer comentários
assustadores sobre a roupa da senhora, o
decote e as mamas. Sabemos destes casos
porque foram gravados pelas mulheres alvo
destes funcionários de empresas de
transportes públicos. Terão existido muitos
mais, em todas os meios de transporte, com
mulheres que não tiveram a sorte de ter o
telemóvel à mão nem a presença de espírito
de gravar imediatamente o que acontecia.
Estes episódios trazem questões que vão
muito além do sexismo de homens fazendo
comentários sexualizados a mulheres no
espaço público ou dos meros piropos. Desde
logo a primeira: temos empresas de
transportes onde a segurança de clientes do
sexo feminino é comprometida por
funcionários das ditas empresas. Tenho a
certeza que nas empresas privadas de
transportes se passa igual (quem nunca
encontrou taxistas ameaçadores na vida?, por
exemplo), mas os dois episódios divulgados
em vídeo passam-se com funcionários de
empresas públicas. Donde, temos empresas
públicas que atentam contra essa função
primordial do Estado que é manter a
segurança dos seus cidadãos. (Eu sei, eu sei.
Quando se fala em cidadãos, fala-se de
homens. Era o que faltava um Estado perder
tempo a garantir a segurança de mulheres,
não é?)
Andei pelos vários sites de empresas de
transporte à procura de códigos de conduta.
Dos que encontrei, todos muito gerais e
FOTÓGRAFO
repletos de princípios redondos. Nos que
referem a segurança dos passageiros
(incrivelmente nem todos fazem a referência),
é percetível que segurança é estritamente
entendida como condução segura ou evitar
Onde andam as acidentes rodoviários ou ferroviários. Os
alvarás às empresas e licenças de motorista
empresas públicas, as concedidos aos privados pelas entidades
tutelas dessas empresas públicas esgotam-se no pedido de registo
criminal e numa etérea “idoneidade”.
e os legisladores? Por Este desprezo pela segurança das mulheres
que diabo não tratam de que usam transportes públicos tem ainda
outra consequência: limita efetivamente às
fazer o que lhes compete mulheres a liberdade de circulação. Não
e assegurar a segurança adianta nada estar consagrada a liberdade de
circulação na Declaração Universal de
e liberdade de Direitos Humanos ou nos quadros legais se
circulação de metade da uma mulher, quando entra num veículo que a
pode transportar do lugar A para o lugar B, o
população? Ainda não faz com medo de ser agressivamente
perceberam que há um assediada, vítima de abuso ou violada. Se o
risco de fazermos algo é grande, então
problema? estamos limitadas na liberdade de fazer — por
muito que na teoria das disposições legais
conste lá esse direito.
E o assédio virulento no espaço público tem
como objetivo isso mesmo: tirar liberdade às
mulheres. Podemos ler Mona Eltahawy no seu
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 11
livro sobre misoginia no mundo árabe
(Headscarves and Hymens, Why the Middle
East Needs a Sexual Revolution) e ver como
apalpões e comentários corrosivos e
agressivos para as mulheres que andam na
rua pretendem obrigá-las a permanecer
dentro de casa. Mas estamos muito longe da
realidade egípcia descrita por Eltahawy,
dir-me-ão. Estamos. Porém, como se vê nos
vídeos mencionados lá em cima, o risco
continua excessivo.
Tudo isto escancara o modo como se
concebem as leis e o espaço público segundo
somente as necessidades masculinas. Nas
sociedades ocidentais ditas igualitárias, a
igualdade resume-se a isto: permitem, oh tão
generosamente, que as mulheres tenham
acesso àquilo que está disponível e desenhado
para os homens. Adaptar o mundo — as leis,
os regulamentos, o espaço público — para
abarcarem as necessidades de metade da
população? Nem pensar, porque as
pessoas-padrão são os homens, ninguém
manda às mulheres serem uma espécie de
seres desviados com necessidades esquisitas.
Sucede que não somos pessoas fora do
padrão. A diferença entre a força física média
de homens e mulheres torna-nos mais
vulneráveis a violência. Donde, assegurar a
segurança de mulheres no espaço público e a
sua liberdade de circulação exige processos
diferentes daqueles que asseguram a
segurança e liberdade de circulação de
homens. E, não, implementá-los não é favor
nenhum que nos fazem, é assegurar o
respeito pelos direitos humanos mais básicos
daquelas pessoas que calham ser do sexo
feminino.
Não falo, claro, de carruagens nos metros
ou comboios segregados para mulheres. Que
é a medida do costume: colocar o ónus da
segurança nas próprias mulheres, em vez de
nos potenciais agressores, dar a informação
de que somos umas tentadoras e não há que
criticar se um homem, vendo uma mulher
fora dos sítios das mulheres recatadas, a
abordar e importunar e, calhando, ver isso
como consentimento para sexo.
ReÆro-me a formação intensiva obrigatória
a todos os funcionários dos transportes
públicos, onde se veicule de forma clara que
não se tratam clientes por tu, forçando
familiaridade, nem se mantêm conversas que
saiam do contexto proÆssional. Que se
considere que a segurança passa por não pôr
mulheres (e crianças, já agora) em risco de
violência e importunação sexual. E câmaras
de vídeo abundantes, tanto nas ruas como
nos transportes públicos. São ótimos
dissuasores da prática de crimes. Não,
câmaras não diminuem a liberdade das
pessoas — só dos agressores. Às mulheres que
assim se movimentam e circulam com
segurança só aumentam a liberdade.
Dito isto, onde andam as empresas
públicas, as tutelas dessas empresas e os
legisladores? Por que diabo não tratam de
fazer o que lhes compete e assegurar a
segurança e liberdade de circulação de
metade da população? Ainda não perceberam
que há um problema?
Economista. Escreve à quarta-feira
12 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021

Política Diploma aprovado em Abril de 2020 foi sujeito a alterações

PSD aprovou
RUI GAUDÊNCIO

lei que mantém

libertação
de presos
CDS propõe a revogação do regime cuja
vigência foi alterada por PSD e PS num
processo legislativo urgente
Sofia Rodrigues
O PSD aprovou, em Maio de 2020,
uma alteração ao regime especial de
perdão de penas no âmbito da covid-
19 que permitiu prolongar a sua vigên-
cia até agora. Essa alteração choca
com as críticas públicas lançadas, no
passado domingo, por Rui Rio contra
a libertação de reclusos “em barda”.
Em Abril de 2020, o Governo pro-
pôs — e foi aprovado na Assembleia
da República — um regime especial
de perdão de penas, alegando razões
humanitárias no contexto da pande-
mia de covid-19. No seu artigo 10.º, a
lei previa estar em vigor até ao Æm das
medidas excepcionais da pandemia
decretadas pelo Governo em Março.
Só que, um mês depois, em Maio de
2020, o Governo avançou com uma
proposta de lei em que preparava o
desconÆnamento, nomeadamente a
reabertura dos tribunais, na qual foi
introduzida uma alteração ao regime
de perdão de penas.
A proposta de lei baixou à comissão
(com a abstenção do PSD) e a bancada
social-democrata sugeriu algumas
alterações ao diploma, num processo
que envolveu negociações com o PS.
Finalmente, num texto conjunto com
o PS, o PSD propôs que a vigência do
regime de perdão de penas terminas-
se “na data a Æxar em lei própria”.
Como esta formulação nunca chegou
a ser alterada nem foi aprovado
nenhum diploma com a data do Ænal
de vigência do regime, a lei manteve-
se em vigor até agora.
no DCIAP, aumentar fortemente os
salários dos magistrados, mentir
sobre as nossas propostas e soltar
prisioneiros em barda. É assim que
o Governo destrata a justiça”, escre-
veu o líder do PSD.
Mónica Quintela, coordenadora do
PSD na primeira comissão, esclarece
ao PÚBLICO que, na altura, “o objec-
tivo era que o Governo Æzesse cessar
a lei logo que entendesse que era pos-
sível”. A deputada sustenta que a
vigência do regime de perdão de
penas “não podia remeter para con-
ceitos abstractos” como estava no
diploma original. “Era o Governo que
devia cessar a vigência e não o fez”,
justiÆca, lembrando que o processo
legislativo decorreu com urgência e
dispensou redacção Ænal do texto.
Mónica Quintela recorda que o PSD
foi contra o regime de perdão de
penas aprovado no início da pande-
mia. Apesar de, nessa altura, mostrar
disponibilidade para colaborar com
o Governo no combate ao vírus, o
líder do PSD opôs-se fortemente à
libertação de reclusos proposta. Ain-
da sugeriu algumas alterações — só os
presos com mais de 60 anos ou per-
tencentes a grupos de risco poderiam
cumprir parte da pena em casa — mas
como não foram acolhidas, Rio foi
inÇexível e o PSD votou contra.
Rio acusou o Governo de “destratar a justiça” ao libertar presos “em barda”, mas ajudou a passar a lei
CDS quer revogar
O CDS também votou contra o perdão sidera que “a ministra da Justiça nun-
de penas e absteve-se na votação do
diploma que manteve a vigência
Telmo Correia: lei serviu para “libertar espaço” ca conseguiu fundamentar” a medi-
da, já que o “ambiente prisional é
daquele regime, acordada entre PS e conÆnado”. “O natural era que se

A proposta de lei foi aprovada, em
votação Ænal global, com os votos a
favor de PSD, PS, PAN, IL e da depu-
tada não inscrita Joacine Katar Morei-
ra. Os restantes abstiveram-se.
Entre Abril de 2020 e o passado
dia 15 de Junho, o regime permitiu a
libertação de 2851 reclusos, de acor-
do com dados revelados pelo PÚBLI-
CO, o que levou Rui Rio a reagir com
dureza no Twitter. “O Governo a
caminho do abismo. Nomear o pro-
curador nacional europeu com cri-
térios políticos, colocar gente amiga
PSD. Agora, a bancada avança com
uma proposta de revogação que, se
for aprovada, fará “cair” a lei.
No projecto de lei a que o PÚBLICO
teve acesso, o CDS faz uma proposta
de cessação da vigência da lei n.º
9/2020 e de revogação integral. “Nada
justiÆca a continuação desta norma.
Muito menos agora quando a vacina-
ção está a ser completada nos reclu-
sos e no pessoal”, aÆrma Telmo Cor-
reia, líder da bancada parlamentar.
Lembrando que o CDS foi contra o
diploma original, Telmo Correia con-
N
a exposição de motivos do
projecto de lei que revoga o
regime de perdão de penas,
os deputados centristas
referem que quando a lei foi
aprovada estimava-se que as
medidas “pudessem abranger
cerca de 2200 condenados”,
mas que já “foram libertados
2851 reclusos, apesar de ter
passado mais de um ano sobre o
fim do primeiro confinamento e
mais de dois meses sobre o
último estado de emergência”.
O líder da bancada do CDS
admite que “não apareceu
nenhum disparate em termos
criminais”, mas considera que “o
argumento da covid-19 serviu
para libertar espaço prisional,
como se vê na prisão de Caxias”,
numa referência à intenção do
ministro da Administração
Interna de instalar nesse
estabelecimento imigrantes que
esperam a deportação. S.R.
Æzessem espaços internos de trata-
mento como os hospitais de campa-
nha”, referiu.
O líder da bancada do CDS recorda
que o processo que originou o artigo
que permitiu prolongar a vigência da
lei foi “complexo”, questionando-se
se o PSD “terá tido consciência ao
estabelecer uma norma genérica”.
Francisco Rodrigues dos Santos tam-
bém se manifestou contra a libertação
de reclusos, acusando o Governo de
querer “descongestionar as cadeias à
boleia de um pretexto sanitário”.

Câmara de Lisboa tem 213 funcionários
no programa de protecção de dados
João Pedro Pincha
Autarquia confirma que a
equipa específica tem cinco
pessoas, mas há uma “rede
de elementos de ligação”
noutros departamentos
A equipa responsável pela protecção
de dados na Câmara de Lisboa tem
cinco pessoas, mas a autarquia diz
que “tem um total de 213 trabalhado-
res envolvidos directamente na
implementação do seu Programa de
Protecção de Dados Pessoais”.
Marcelo afasta
“crise política”
até 2023, para
proteger PRR
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu
ontem que cabe ao Presidente da
República garantir que até 2023 não
haja uma crise política ou institucio-
nal que prejudique a execução dos
fundos europeus que chegam a Por-
tugal através do Programa de Recu-
peração e Resiliência (PRR). O chefe
de Estado considera que nesse ano
— de legislativas — os portugueses
vão “a tempo” de decidir se querem
“continuar o mesmo caminho ou
fazer o caminho com alterações”.
“Cabe ao Presidente garantir que
nenhum percalço de percurso até
2023, isto é, nenhuma crise política
ou institucional, prejudique esta
oportunidade, afectando de forma
decisiva o seu aproveitamento”, dis-
se Marcelo. “Já basta o que resta de
pandemia, mais as crises económica
e social e a encruzilhada vivida na
Europa e no mundo”, acrescentou
no encerramento da conferência do
Tribunal de Contas sobre fundos
europeus, nomeadamente sobre o
PRR, que permitirá a Portugal rece-
ber 16,6 mil milhões de euros.
Marcelo defendeu ainda que os
fundos têm de ser “bem aproveita-
dos”, “geridos com responsabilida-
de” e tem de existir uma “responsa-
bilização evidente e rápida” em
relação aos que violarem as normas
legais e a ética e integridade que são
exigidas neste contexto. “No Ænal,
todos os envolvidos na decisão e exe-
cução dos fundos terão de apresen-
tar contas”, disse o chefe de Estado.
Marta Moitinho Oliveira
Como o PÚBLICO noticiou ontem,
o encarregado da protecção de dados
escreveu num relatório em Abril que
era “absolutamente necessário e
urgente o reforço de recursos huma-
nos da equipa”, composta por cinco
pessoas, apesar de poder ter um
máximo de 12 funcionários.
Em resposta a perguntas que o
PÚBLICO fez anteontem, a câmara
aÆrma que “desde o início” está pre-
vista “a constituição de uma rede de
elementos de ligação que se encarre-
ga das questões práticas e especíÆcas
em cada uma das 23 unidades orgâ-
nicas do município”, perfazendo o
PCP para Belém: “A estabilidade
depende da política apresentada”
Maria Lopes
No final das jornadas
parlamentares, os
comunistas desafiam
o PS a aprovar alterações
à lei laboral
O alvo do PCP continua a ser o PS e
é nos socialistas que os comunistas
colocam o ónus quando respondem
ao repto de Marcelo Rebelo de Sousa
que quer estabilidade política para
se conseguir fazer a reconstrução
económica e social com a ajuda do
Programa de Recuperação e Resiliên-
cia. “As questões relacionadas com
a estabilidade política e parlamentar
dependem efectivamente da política
que é executada”, aÆrmou o líder da
bancada do PCP no encerramento
das jornadas parlamentares.
João Oliveira vincou mesmo que
“a estabilidade só se alcança quando
há uma política correspondente com
as necessidades dos trabalhadores e
do povo”. Portanto, “quanto mais
correspondente” com os anseios dos
trabalhadores for essa política, “mais
estabilidade há”; “quanto mais a
política for executada contra os inte-
resses, os direitos, as condições de
vida dos trabalhadores e do povo,
mais instabilidade haverá porque
maiores diÆculdades são criadas”.
O deputado salientou que os qua-
tro diplomas sobre matérias laborais
que o PCP leva à discussão no dia 30
são “iniciativas para a estabilidade
política porque se destinam a solu-
cionar problemas”. Trata-se de pro-
postas sobre horário de trabalho
Fernando Medina
apresentou
resultados
preliminares
da auditoria que
continua
a decorrer
total de 213 funcionários. A câmara
não esclarece porque é que a equipa
se manteve com cinco pessoas e não
foi seguida a recomendação de Luís
Feliciano, o encarregado de protec-
ção de dados, que deverá ser exone-
rado do cargo na sequência do envio
de dados pessoais de manifestantes
semanal de 35 horas, direito a 25 dias
de férias anuais, conversão de víncu-
los precários em efectivos e o Æm dos
contratos de muito curta duração, e
alterações ao regime do despedi-
mento colectivo e por inadaptação.
Não houve negociações com o PS
sobre o assunto, mas João Oliveira
deixou no ar o desaÆo a quem leva
aos congressos partidários moções
com um discurso “preocupado” em
defender alterações às leis laborais
que vão no sentido das que o PCP
defende (uma clara referência à
moção estratégica de António Costa)
e depois no Parlamento vota contra
as propostas comunistas. “Mais do
que um sinal de boa vontade, o que
Forças Armadas, visibilidade e Constituição
C
om a pandemia, as Forças
Armadas (FA) passaram a
ocupar mais espaço
político e mediático — o
que é “correspondente com a
natureza e com a sua missão” —,
mas isso “não é uma alteração
do seu papel constitucional”,
considera o PCP.
Quem o disse foi o líder da
bancada, João Oliveira, no final
de uma visita ao Laboratório
Militar integrada nas jornadas
parlamentares do partido,
depois de questionado sobre a
participação cada vez maior das
FA no último ano e meio no
contexto da covid-19. O
Laboratório Militar de Produtos
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 13
russos para a embaixada da Rússia.
A autarquia tem desde Julho de
2019 um Programa de Protecção de
Dados Pessoais para o triénio 2018-
2021, que está agora a entrar na sua
fase Ænal. Uma vez que existe ainda
algum atraso na implementação de
medidas e que um dos últimos pontos
do programa é a gestão diária de pro-
cessos, o mandato da equipa e de Luís
Feliciano foi renovado há um mês.
“Nas várias unidades orgânicas da
autarquia realizam-se, de forma regu-
lar, 5800 operações distintas de tra-
tamento de dados”, diz ainda a câma-
ra, acrescentando que “foram até
queremos é saber se o discurso bate
com a prática”, disse o deputado
sobre um eventual apoio do PS. Na
discussão do Orçamento para 2021,
as questões laborais e salariais tam-
bém estiveram em cima da mesa e
permitiram a abstenção do PCP que
levou à aprovação do documento.
No Ænal das jornadas, os comunis-
tas anunciaram a apresentação de
diversos diplomas, cuja maioria só
será discutida após o Verão, incluin-
do uma nova extensão das morató-
rias bancárias a partir de Setembro,
um regime de margens máximas nos
combustíveis, gás e electricidade, e
um plano estratégico para a sobera-
nia alimentar nacional.
Químicos e Farmacêuticos está
a ser transformado no
Laboratório Nacional do
Medicamento por decisão do
Governo, decorrente de uma
norma do Orçamento do Estado.
“As FA têm dado a resposta que
lhes tem sido pedida”, defendeu
o deputado, sem dizer se acha
que estão a ser subaproveitadas.
Política
agora realizadas 6 mil horas de forma-
ção presencial sobre este tema, abran-
gendo 1009 formandos”.
Na apresentação dos resultados
preliminares da auditoria, Fernando
Medina anunciou que ia dissolver o
gabinete de apoio à presidência, res-
ponsável pelo envio indevido de
dados a 52 embaixadas, e entregar a
competência das manifestações à
Polícia Municipal. O autarca justiÆcou
a exoneração de Luís Feliciano com
a necessidade de transmitir “um sinal
claro” num momento em que existe
“um problema de conÆança que tem
de ser encarado de frente”.
Merkel critica
Portugal
pela gestão
dos turistas
A chanceler alemã, Angela Merkel,
criticou ontem Portugal por ter dei-
xado entrar, há cerca de um mês,
turistas britânicos, apesar dos riscos
associados à variante Delta.
“Temos uma situação em Portugal
que talvez pudesse ter sido evitada,
e é por isso que temos de trabalhar
ainda mais arduamente”, disse a
chanceler alemã, citada pelo Politi-
co, numa conferência de imprensa
com a presidente da Comissão Euro-
peia, Ursula von der Leyen, em Ber-
lim. “Fizemos um progresso muito
bom nos últimos meses, mas ainda
não estamos onde eu gostaria que a
União Europeia (UE) estivesse.”
A decisão de receber os turistas
britânicos para a Ænal da Liga dos
Campeões, no Estádio do Dragão,
entre o Chelsea e o Manchester City
foi tomada para estimular a econo-
mia e o turismo portugueses.
Na sua intervenção, Angela Merkel
reiterou a necessidade de haver uni-
formidade sobre a política de viagens
de e para países da UE. “O que
lamento é que ainda não tenhamos
conseguido um comportamento uni-
forme entre os Estados-membros em
termos de restrições a viagens. Isto
é um tiro que sai pela culatra.”
A variante Delta do novo corona-
vírus já é dominante em Lisboa e
Vale do Tejo (LVT), revelou o Institu-
to Nacional de Saúde Doutor Ricardo
Jorge no domingo.
O PÚBLICO pediu uma reacção ao
Ministério dos Negócios Estrangei-
ros, mas não chegou em tempo útil.
14 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Sociedade Internados na região de Lisboa
Um terço dos
doentes em UCI
só tinha a
primeira dose
da vacina
Número de internados em cuidados
intensivos voltou a ultrapassar uma
centena. PerÄl dos doentes mudou e mais
de metade têm menos de 55 anos
Alexandra Campos
Cerca de um terço dos doentes
com covid-19 internados em unida-
des de cuidados intensivos (UCI) na
região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT),
que actualmente concentra quase
70% do total de casos de pessoas em
estado crítico hospitalizadas no país,
já tinha iniciado o processo de vaci-
nação mas este estava incompleto,
porque tinham recebido apenas a
primeira dose e alguns há pouco tem-
po, revela o presidente da Comissão
de Acompanhamento da Resposta
Nacional em Medicina Intensiva, João
Gouveia, que se mostra preocupado
com a “sobrecarga” que já se faz sen-
tir nos hospitais desta região e pede
o reforço das medidas não farmaco-
lógicas e o acelerar do processo de
vacinação para evitar uma eventual
nova vaga de covid-19.
“Apesar de ser a melhor arma, a
vacinação não é a única arma e só por
si não chega. É preciso acelerar o
processo de vacinação e avançar com
medidas para reduzir francamente a
transmissão, sobretudo dentro de
Lisboa”, advoga o médico.
A virologista Maria João Amorim,
do Instituto Gulbenkian de Ciência,
frisou, a este propósito, durante um
debate organizado ontem pelo
PÚBLICO, que estudos recentes,
nomeadamente um estudo do Insti-
tuto Pasteur ainda não revisto por
pares, indicam que “apenas se tem
uma protecção robusta duas a três
semanas após a segunda dose das
vacinas”.
O último boletim da Direcção-Geral
da Saúde (DGS) indica que na segun-
da-feira o número de doentes inter-
nados em unidades de cuidados
intensivos voltou a ultrapassar a bar-
reira da centena — eram 101 em todo
o país — e mais de dois terços (69)
estavam na região de Lisboa e Vale do
Tejo (LVT), onde os hospitais já rece-
beram instruções para aumentarem
os níveis dos seus planos de contin-
gência e estão a reforçar as vagas em
UCI para doentes com covid-19.
É preciso recuar até 22 de Abril
para encontrar um número mais ele-
vado de doentes internados em cui-
dados intensivos (104 pacientes nesse
dia). “Este é um número redondo que
chama a atenção das pessoas para a
importância de terem consciência de
que não podemos ter um Rt [índice
de transmissibilidade] acima de um
com a incidência actual” e que impli-
ca já “uma sobrecarga nos hospitais
de Lisboa e Vale do Tejo, ainda que
não muito grande e que por enquan-
to não compromete a resposta habi-
tual”, diz João Gouveia.
“São agora mais jovens”
“O perÆl dos doentes mudou com
a vacinação”, sublinha o médico. Foi
um estudo levado a cabo em LVT na
semana passada que permitiu ter
uma ideia mais precisa desta altera-
ção do perÆl dos pacientes. A maior
parte dos internados, cerca de dois
terços, são homens, mais jovens do
que antes, sobretudo com problemas
de hipertensão, obesidade ou diabe-
tes, mas também há pessoas sem
doenças associadas a necessitar de
cuidados nestas unidades, descreve
João Gouveia.
“Mais de metade dos doentes
[internados nesta região] tinha menos
de 55 anos. São agora francamente
mais jovens e havia mesmo doentes
com 25 anos e sem comorbilidades
em risco de vida na semana passada”,
acrescenta o médico, repetindo que
as pessoas “não podem pensar que
[a covid-19] é uma gripezinha que
não causa doença grave”.
Com o aumento do número de
novos casos concentrado sobretudo
em LVT, os hospitais da região rece-
A região de Lisboa e Vale do Tejo concentra quase 70% dos casos de pessoas em estado crítico hospitalizadas
Região mais atrasada
na vacinação
O
país tem mais de
quatro milhões de
pessoas vacinadas com
uma dose de vacina,
segundo o relatório da
Direcção-Geral da Saúde
(DGS) divulgado ontem.
Este valor corresponde a
cerca de 46% da população
portuguesa, sendo que 29%
já tem a vacinação
completa (2.947.718). Lisboa
e Vale do Tejo continua a ser
a região do país com a
percentagem mais baixa de
população completamente
imunizada, com 24%. Foi, no
entanto, a região do país
com mais doses
administradas na última
semana (264.902). O
relatório denota uma ligeira
diminuição no número de
primeiras doses dadas
(338.623 esta semana em
comparação com 354.786
na semana anterior).
beram instruções da comissão e da reportados pelos hospitais à ARS de
Administração Regional de Saúde
(ARS) de Lisboa e Vale do Tejo para
LVT, estavam ontem 69 doentes em
UCI e 225 em enfermaria. “Os planos
aumentarem as vagas em cuidados de contingência são dinâmicos e ajus-
intensivos e já estão a activar mais táveis às necessidades resultantes da
camas. realidade epidemiológica”, sublinha
Segundo o jornal i, que teve aces- a ARS, que garante que a região “pos-
so à orientação enviada na semana sui capacidade instalada” e lembra
passada aos hospitais, foi proposto que “o SNS funciona em rede”,
que passassem de uma lotação de 71 podendo os doentes ser transferidos
camas de UCI dedicadas a covid- para outras regiões, como aconteceu
19 para 92, reduzindo as camas para no início deste ano.
doentes com outras patologias de João Gouveia nota, porém, que a
204 para 177. taxa de ocupação nos cuidados inten-
De acordo com os últimos dados sivos na região ronda os 77 a 78% e se
Situação em Portugal
Em 22 de Junho de 2021, às 14h30
Internados (total) Em UCI Mortes Recuperados Activos
450 101 17.074 821.374 28.378
+7 +4 +6 +1293 -279
NOVOS CASOS DIÁRIOS Total de casos
17000 866.826 +1020
12750
8500
4250
0
M A M J J A S O N D J F M A M J
Fonte: DGS PÚBLICO

RUI GAUDÊNCIO
no país
aproxima já do máximo estabelecido
para LVT no relatório das linhas ver-
melhas que traçou o número crítico
de camas ocupadas por doentes
com covid-19 (84 nesta região) a par-
tir do qual a resposta a outros doentes
começa a Æcar afectada.
A nível nacional, estamos ainda
longe do número crítico de 245 camas
que podem estar ocupadas por doen-
tes com covid-19 sem pôr em causa
a resposta habitual, mas João Gouveia
avisa que a situação actual é mais
complicada e que este número pode-
rá eventualmente ter que ser revisto
se os internamentos continuarem
a crescer. “Apesar de haver capaci-
dade em número de camas, temos
vários hospitais muito desfalcados
em termos de recursos humanos e o
pessoal está cansado, perto do bur-
nout [síndrome de exaustão proÆs-
sional], desmotivado”, justiÆca.
A agravar, diz ainda, com o Æm do
estado de emergência, saíram muitos
proÆssionais, sobretudo enfermeiros,
que tinham pedido transferên-
cia para unidades públicas noutras
regiões ou para hospitais privados e
há ainda hospitais que aproveitaram
para fazer obras de melhoramento e
que, por isso, não têm actualmente
disponíveis algumas das camas.
Entre funcionários e utentes há 8600 por vacinar
DGS antecipou vacinação de utentes de lares
de idosos que estiveram doentes com covid-19
Alexandra Campos
O reaparecimento de surtos de covid-
-19 em lares de idosos, onde nos últi-
mos dias morreram três residentes
que estavam vacinados, está a preo-
cupar os responsáveis destas institui-
ções e determinou já a antecipação
da vacinação dos utentes e funcioná-
rios que estiveram infectados pelo
novo coronavírus. Actualmente, há
seis surtos activos de covid-19 em
lares de idosos com 54 casos de infec-
ção quando, em Fevereiro passado,
chegaram a ocorrer em simultâneo
405 surtos em estabelecimentos des-
te tipo, contextualiza a Direcção-Ge-
ral da Saúde (DGS), enfatizando que
a diminuição foi “drástica”.
A informação foi avançada depois
de a RTP ter noticiado dois casos de
surtos em lares de idosos que resulta-
ram na infecção de uma parte subs-
tancial dos utentes, apesar de estes já
terem completado a vacinação. Três
idosos morreram entretanto e o pre-
sidente da Associação de Apoio Domi-
ciliário, de Lares e Casas de Repouso
de Idosos veio defender que se deve
Para a região Norte, especialista defende testes de 15 em 15 dias
Habitantes de Lisboa e Vale do Tejo devem
fazer um teste por semana, defende virologista
Mário Barros
“Na região de Lisboa e Vale do Tejo
uma testagem semanal [à covid-19]
não é de todo disparatada.” A medi-
da, com recurso aos testes rápidos ou
autotestes, é defendida por Maria
João Amorim, líder do grupo de inves-
tigação em Biologia Celular da Infec-
ção Viral do Instituto Gulbenkian de
Ciência. “A testagem é absolutamen-
te essencial e faz toda a diferença”,
disse a virologista, para quem este é
o método certo para avaliar a situação
individual, “como também o que se
passa em contexto familiar”. Já no
que diz respeito à região Norte, e dada
a menor incidência de casos em ter-
mos relativos, a investigadora defen-
de que essa testagem deve ser feita
“quinzenalmente”.
Maria João Amorim falava no deba-
te O Ritmo da Pandemia em Portugal:
a que Velocidade?, do Ao Vivo do
PÚBLICO moderado pela editora de
sociedade Rita Ferreira, que juntou
na mesma troca de argumentos João
Gouveia, presidente da Sociedade
equacionar, de novo, a restrição da
saída dos residentes das instituições,
hipótese que a ministra da Saúde
rejeitou.
O primeiro caso que fez soar o alar-
me aconteceu no Lar Torre de Natal,
no concelho de Faro, onde 21 pessoas
Æcaram infectadas na semana passa-
da, 15 delas residentes (de um total de
57 ) e seis proÆssionais. Uma idosa de
92 anos com doenças associadas aca-
bou por morrer no sábado.
Quatro dos seis funcionários do lar
não estavam vacinados “por opção
própria”, adiantou a delegada de saú-
de regional, Ana Cristina Guerreiro.
Na segunda-feira, foi noticiado mais
um surto, desta vez no lar Solar S.
Julião, em Mafra, onde 15 dos 19 resi-
dentes Æcaram infectados, segundo
a Administração Regional de Saúde
(ARS) de Lisboa e Vale do Tejo. Todos
os utentes estavam vacinados com as
duas doses das vacinas, a maior parte
tem sintomas ligeiros, mas dois aca-
baram por morrer. Já no conjunto dos
13 funcionários, apenas quatro
tinham o esquema vacinal completo,
um tinha recebido a primeira dose e
Em causa estão os testes
rápidos ou autotestes
Portuguesa de Cuidados Intensivos,
e Óscar Felgueiras, matemático e pro-
fessor da Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto (FCUP). A pro-
pósito da proposta de Maria João
Amorim, o docente da FCUP elogiou
a gratuitidade da testagem em Lisboa
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 15
Nos útimos dias morreram três
residentes em lares de idosos
os restantes não estavam vacinados,
Ontem, a task force responsável pelo
plano de vacinação revelou que deci-
diu em conjunto com a DGS vacinar
todos os utentes e funcionários de
lares infectados pelo novo coronaví-
rus há mais de três meses, antecipan-
do o intervalo previsto para o resto da
e deu o exemplo de Braga. “Vale a
pena fazer rastreios em contexto de
incidência elevada. Em Braga, houve
uma acção de rastreio massiÆcada e
detectou-se uma taxa de positividade
de 0,2% em 1000. A amostra pode ser
pouca, mas faz a diferença ao evitar
novos contágios.”
A iniciativa proposta por Maria João
Amorim está relacionada com o facto
de, para já, se saber que a variante
Delta do coronavírus tem “um grau
de transmissibilidade 60% mais ele-
vado do que a variante Alfa, que, por
sua vez, tem um grau de transmissi-
bilidade 60% mais alto do que a estir-
pe original”. Uma investigação do
Instituto Pasteur, “ainda não veriÆca-
da entre pares”, revela que as vacinas
da AstraZeneca e da PÆzer necessitam
de ser administradas em duas doses
para garantirem imunidade ao vírus.
“A vacinação continua a conferir pro-
tecção à variante Delta. A primeira
dose não confere protecção comple-
ta, que só se adquire duas a três sema-
nas após a segunda dose”, acrescenta
Maria João Amorim.
população (seis meses).
Nas estruturas residenciais para
idosos, especiÆcou, foi identiÆcado
pela Segurança Social um universo de
8600 pessoas por vacinar, entre fun-
cionários e utentes, sendo que 4500
já tinham estado infectados pelo novo
coronavírus. Deste total, acrescentou,
“em 15 de Junho, cerca de 2500 uten-
tes já se encontram vacinados com
pelo menos uma dose”.
“Adicionalmente, e em virtude do
risco acrescido da maioria deste uni-
verso, face à sua idade avançada, a
task force e a DGS avaliaram ser pru-
dente abrir-se uma excepção ao pre-
visto na norma 002/2021 e proceder
à vacinação de todos os funcionários
e utentes infectados há mais de três
meses (e não seis meses)”.
A antecipação da vacinação tinha
sido reclamada pelo presidente da
Confederação Nacional das Institui-
ções de Solidariedade, Lino Maia, e
pelo presidente da União das Miseri-
córdias, Manuel Lemos, que se con-
fessam preocupados com o reapare-
cimentos de surtos de covid-19 nos
lares de idosos.
Mas a investigadora do Instituto
Gulbenkian de Ciência coloca alguma
água na fervura, quando se refere à
necessidade do reforço com uma ter-
ceira dose da vacina da PÆzer. “Os
dados apontam para que 12 meses
após a segunda dose continue a exis-
tir uma imunidade robusta. O mesmo
não se passa se for uma nova estirpe.
Neste momento, não há sinais de
recuo na imunidade conferida” pela
segunda dosagem.
A testagem semanal dos habitantes
da região de Lisboa e Vale do Tejo
(LVT) poderia diminuir as preocupa-
ções de quem trabalha na primeira
linha do SNS. João Gouveia defende
ser necessário “repensar medidas”,
para evitar haver “um novo Janeiro e
Fevereiro”, altura em que os casos de
covid-19 dispararam.
Já quanto às assimetrias regionais,
podem explicar-se, entre outros fac-
tores, pelo facto de LVT ter um aero-
porto internacional, ao qual chegam
passageiros da Índia e do Nepal — paí-
ses na origem da variante Delta, aler-
tou Óscar Felgueiras.
16 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Sociedade
Documento do Observatório Português dos Sistemas de Saúde mostra preocupação com a falta de investimento na saúde pública
Observatório não compreende
ausência de aposta na saúde pública
Natália Faria
PRR não prevê verbas para
saúde pública. Observatório
critica a “municipalização”
dos cuidados de saúde
primários
As fragilidades da rede de saúde
pública “decorrem de décadas de
descuido e de desinvestimento e Æca-
ram chocantemente patentes ao
longo da pandemia”. Por isso, o
Observatório Português dos Sistemas
de Saúde (OPSS), que divulga hoje
um documento de reÇexão sobre a
resposta à pandemia da covid-19, diz
não compreender como é que no
Plano de Recuperação e Resiliência
(PRR), que vai fazer chegar a Portu-
gal 16,6 mil milhões de euros até
2026, nada se prevê quanto ao refor-
ço dos serviços de saúde pública.
“[É] uma das componentes mais
frágeis e mais depauperadas do SNS
e do sistema de saúde”, insistem os
autores do documento, que reivindi-
cam a criação de uma Estratégia de
Saúde Pública a médio prazo (dois
anos) e o Æm do “desinvestimento na
requaliÆcação técnica e tecnológica
dos serviços de saúde pública do
país”, tornando-os “mais atraentes
para os recursos humanos” de que
precisam.
Mas há outros perigos à espreita
por entre os investimentos previstos
no sector da saúde. No tocante aos
cuidados de saúde primários, que
deverão absorver 39% dos cerca de
1,2 mil milhões do PRR destinados à
saúde, o OPSS considera que a pre-
vista transferência para as autarquias
da gestão de todas as áreas que não
digam respeito à gestão clínica dos
centros de saúde poderá criar “ele-
vados graus de entropia organizacio-
nal e de relações de dependência
executiva indesejáveis”. “É, no Ænal
de contas, um ensaio para a munici-
palização fragmentária dos serviços
públicos de saúde, com agravamen-
to potencial de mais iniquidades”,
alerta o documento, cujos autores,
entre os quais Constantino Sakella-
rides, ex-director--geral da Saúde e
ex-presidente da ARS de Lisboa e
Vale do Tejo, não vêem com bons
olhos a transferência para os muni-
cípios das competências de manu-
tenção, conservação e equipamentos
das instalações de unidades de cui-
dados de saúde primários, bem
como dos serviços de apoio logístico
e da gestão dos assistentes operacio-
nais, aprovada em 2019. “É criada
[A saúde pública é]
uma das
componentes mais
frágeis e mais
depauperadas do
SNS e do sistema
de saúde
Observatório Português dos
Sistemas de Saúde
BENOIT TESSIER/REUTERS
uma Ægura gestionária em que pas-
sam a existir duas linhas de comando
numa única estrutura com todos os
riscos que isso acarreta, nomeada-
mente conÇito de poderes”, vin-
cam.
A valorização dos proÆssionais de
saúde é outra das omissões aponta-
das ao PRR pelo observatório que
todos os anos analisa a política de
saúde em Portugal. “Um programa
de apoio a doutoramentos com Æna-
lidades especíÆcas assumiria aqui
particular relevância”, sugere, rei-
vindicando o lançamento de bases
estruturais para a formação contí-
nua” e a revalorização multidimen-
sional das carreiras proÆssionais,
“visando uma maior capacidade de
atracção e de retenção no SNS”. O
OPSS diz , de resto, não vislumbrar
nas 131 páginas que o relatório do
PRR dedica à saúde qualquer Æo con-
dutor de coerência estratégica, criti-
cando a “dispersão, fragmentação e
desconexão de muitos dos investi-
mentos previstos”.
Ao olhar com sentido crítico para
a gestão da pandemia desde que os
primeiros casos de covid-19 foram
identiÆcados em Portugal, no dia 2
de Março de 2020, o OPSS considera
que o Sars-CoV-2 destapou limitações
crónicas na qualidade e desempenho
das instituições e nos modelos de
governação. E aponta vários exem-
plos: das “deÆcientes e insuÆcientes”
respostas aos desaÆos do envelheci-
mento ao “substancial atraso na inte-
gração dos cuidados”, passando
pelas “limitações” no planeamento
em saúde e pela “complacência com
que se tem actuado em relação à pro-
pagação e efeitos das infecções res-
piratórias transmissíveis no Outono-
-Inverno”.
As diÆculdades foram globais. E,
no caso português, houve passos em
falso que poderiam ter sido evitados.
Exemplos? Depois de contida a pri-
meira vaga, o Governo podia ter
aproveitado para “preparar o Inver-
no seguinte que já se adivinhava difí-
cil”. Mas deixou-se acomodar na
“conÆança excessiva” resultante do
propalado “milagre português”.
Resultado: em Novembro, as cadeias
de transmissão estavam de novo fora
de controlo.
Já nos lares de idosos “decidiram-
se medidas draconianas de autêntico
lockout e criou-se, por causa da
ausência de alternativas ao isolamen-
to, uma “mistura ideal para a explo-
são de todas as consequências, não
da doença, mas das medidas para a
evitar: isolamento, solidão, rápida
deterioração cognitiva e depressão”.
Mais recentemente, os festejos do
Sporting e da Champions eram pre-
visíveis. Logo, teria que ter havido
“um esforço para minimizar os seus
efeitos mais preocupantes”.
Alguns destes erros ter-se-iam evi-
tado se o Governo não tivesse “igno-
rado” os processos formais de pla-
neamento e aconselhamento, optan-
do por “formas de actuação mais
voluntaristas, susceptíveis de aco-
modar melhor as pressões”. O OPSS
critica assim o facto de o Governo ter
passado por cima do Conselho Nacio-
nal de Saúde Pública (CNSP), que é o
órgão consultivo em relação a riscos
e emergências de saúde pública. De
Março de 2020 até agora, o Governo
convocou o CNSP apenas cinco vezes
e optou, ao invés, pelas célebres
“reuniões do Infarmed” e com isso
“criou a ilusão de que a audição indi-
vidual de peritos, sem o benefício de
uma síntese cientíÆca qualiÆcada (…)
constituía uma forma real e idónea
de aconselhamento cientíÆco para as
decisões políticas”.
“O Governo preferiu fazer a sua
própria síntese, uma síntese política,
de contributos técnico-cientíÆcos
individuais ouvidos. Esta não é uma
originalidade positiva”, critica o
OPSS, aconselhando o Governo a
adoptar um processo adequado de
aconselhamento cientíÆco para as
decisões políticas”. E para isso, con-
clui, “é preciso rever o funcionamen-
to do Conselho Nacional de Saúde
Pública”.
 Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 17

Sociedade

Mais 400 mil novos pobres passaram a viver

com menos de 508 euros por mês
Ana Dias Cordeiro
Estudo da Universidade
Católica com valores de
2019 e estimativas para
2020 apresenta resultados
“preocupantes”
Com a crise pandémica do último
ano, cerca de 400 mil pessoas caí-
ram abaixo da linha da pobreza: pas-
saram a ter menos de 508 euros ao
final do mês. Este é o valor de refe-
rência do limiar da pobreza em Por-
tugal, representado por 60% do
rendimento mediano em Portugal,
e que serviu de referência para o
estudo O Impacto da Covid-19 na
Pobreza e na Desigualdade em Portu-
gal e o Efeito Mitigador das Políticas
de Protecção publicado ontem.
“Estas 400 mil pessoas são os
novos pobres da pandemia”, diz Joa-
na Silva, coordenadora do estudo e
professora associada da Universida-
de Católica de Lisboa .
“São aqueles que, neste último
ano de crise, cruzaram a linha da
pobreza abaixo da qual as pessoas
são pobres.” Ficaram com menos de
6100 euros ao fim de um ano de tra-
balho. A linha do rendimento abaixo
do qual uma pessoa vive em situação
de pobreza, designada por limiar da
pobreza, equivale a 60% do rendi-
mento mediano, e por isso varia de
país para país, em função dos rendi-
mentos; também varia dentro de
uma mesma economia quando esta
cresce ou se retrai, potenciando a
subida ou a descida do rendimento
mediano.
Para esta investigação do Center
of Economics for Prosperity (Pros-
per) da Católica, financiada pelo
Observatório Social da Fundação “la
Caixa”, interessava ver quantas pes-
soas tinham cruzado essa linha no
último ano. Para isso, o rendimento
Estudo permitiu retratar os
novos pobres da pandemia
mediano foi ancorado no valor regis-
tado em 2019 para se chegar a uma
estimativa próxima da realidade.
“Ficou toda a gente um bocadinho
mais pobre, mas 400 mil pessoas
que estavam na classe média-baixa
cruzaram esse limiar passando a ser
pobres”, diz Joana Silva que dirige o
Prosper.
A investigação demonstrou, por
outro lado, que sem os apoios
extraordinários aprovados em 2020
pelo Governo, “o confinamento ini-
cial de oito semanas teria produzido
aproximadamente o mesmo impac-
to sobre a pobreza do que o calcula-
do para um ano inteiro”.
Significa que o lay-off simplificado
para trabalhadores por conta de
outrem e os apoios extraordinários
para trabalhadores independentes
contribuíram para reduzir o número
de novos pobres; sem essas medidas,
o aumento da taxa de pobreza no
ano inteiro seria seis vezes superior
aos quase 25% verificados com os
apoios.
“Os apoios foram muito expressi-
vos, e mesmo assim temos um
aumento da taxa de pobreza em qua-
se 25%”, sublinha a investigadora.
Por outro lado, “os ricos foram quem
menos perdeu, e isso adensou o já
acentuado fosso entre ricos e
pobres”.
Joana Silva e a equipa de investiga-
dores e autores do estudo contavam
que as quebras nos rendimentos fos-
sem expressivas. Perante os resulta-
dos, é a dimensão dessas perdas que
preocupa.
Sobretudo quando a trajectória
era positiva antes da chegada da
covid-19. “Vínhamos de uma trajec-
tória de diminuição da pobreza des-
de 2015 e estes números sugerem
que muitos dos ganhos vão ser rever-
tidos”, alerta. Mas enquanto os tra-
balhadores mais qualificados reto-
mam o nível inicial em um ou dois
anos, os não-qualificados estão uma
década depois estão com um rendi-
mento significativamente abaixo. É
o chamado efeito de cicatriz, diz.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

INVESTIMENTOS
Investimentos virtuais, lucros reais Para mais informações,
visite o espaço de
informação da
Uma carteira virtual de investimentos é uma espécie de agregador e simulador, que não só Cofidis em
permite juntar todos os seus potenciais ativos e investimentos, como simular decisões - e www.contasconnosco.pt

aferir as consequências dessas decisões de forma virtual, antes de efetivamente essas

decisões terem consequências reais.

Num universo variado de investi-
mentos - que vão desde ações, fun-
dos de investimento ou certifica-
dos do Tesouro e de Aforro, entre
outros - a carteira virtual de investi-
mentos pode ser a ferramenta
ideal para gerir estas ‘várias fren-
tes’ da forma mais simples e cómo-
da. E para quem ainda não tem in-
vestimentos, uma carteira virtual
pode servir de treino, para quando
chegar o momento de tomar deci-
sões na vida real. Por norma, este
tipo de ferramentas permite
também:
> Pesquisar outros investimen-
tos (de ações a fundos) de forma
simples e rápida;
> Manter um registo de todos os
seus investimentos permanen-
temente atualizado e numa
mesma plataforma;
> Acompanhar a potencial ren-
tabilidade dos seus investimen-
tos, tendo assim noção de quan-
do é o momento de tomar
decisões;
> Simular o comportamento de
outros investimentos, para que
possa decidir de maneira mais
informada se determinado in-
vestimento é, ou não, acertado
para si.
Atualmente é possível encontrar
ferramentas de criação e gestão de
investimentos virtuais em várias
plataformas, como é o caso d’A Mi-
nha Carteira da Proteste Investe,
mas também das carteiras virtuais
associadas a várias entidades
bancárias.
As regras para um bom
investimento
Investir o seu dinheiro, por exem-
plo, em ativos, pode ser uma forma
eficaz de ter uma reforma mais
descansada e durante a qual pode
mesmo concretizar alguns sonhos
- como, por exemplo, adquirir uma
casa de férias. Mesmo com a ajuda
de uma carteira virtual, há algumas
regras que são fundamentais para
conseguir um bom investimento:
> Diversificar os investimentos -
esta é uma forma de garantir
que, mesmo que um dos seus in-
vestimentos seja menos bem
sucedido, não põe em risco to-
das as suas poupanças.
> Definir objetivos e estratégias
para o seu investimento - deve
ter bem claro do que pretende
com cada investimento e ter
uma estratégia definida para o
atingir.
> Identificar o seu perfil de inves-
tidor - nem todos os investido-
res são iguais - uns são mais
agressivos, outros mais
defensivos.
> Dê tempo ao tempo - os inves-
timentos nem sempre são rentá-
veis a curto prazo, mas isto não
quer dizer que fez um mau
investimento.
> Analise as suas poupanças e
veja se não chegou o momento
de investir de forma diferente o
seu dinheiro.
18 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Sociedade
Melhores professores fariam desaparecer até
dois terços das notas negativas dos alunos
Samuel Silva
Estudo da Edulog mediu
pela primeira vez o efeito
que um professor tem no
desempenho dos alunos
das escolas públicas
Caso os professores com um menor
impacto nas notas dos seus alunos
conseguissem ter um efeito seme-
lhante ao dos seus colegas com
melhor desempenho, as classiÆca-
ções dos estudantes podiam progre-
dir signiÆcativamente. É isso que
mostra um estudo que um grupo
de investigadores da Nova School of
Business and Economics (SBE) e do
University College London fez para
o think tank Edulog e que é apresen-
tado hoje. Este resultado positivo é
superior na Matemática, em que, no
ensino secundário, a percentagem
de “negativas” podia descer de 70%
para 23%.
Os professores foram divididos em
percentis de acordo com o resultado
que conseguem atingir no VAP —
Valor Acrescentado do Professor,
uma medida criada para este estudo
para avaliar o impacto de cada
docente no desempenho dos seus
alunos. Os investigadores concluem
que, se todos os docentes que estão
no percentil 10 — ou seja, entre os
10% com menos efeito nas notas —
passassem a ter o desempenho dos
colegas do percentil 90 — isto é, os
10% com mais impacto —, havia uma
melhoria substancial dos resultados
dos alunos.
Este efeito positivo é mais nítido na
Matemática, uma das duas disciplinas
analisadas — a outra é Português. O
impacto é mais elevado quanto mais
velhos são os alunos. No ensino secun-
dário, se todos os professores do per-
centil 10 tivessem o impacto dos
docentes do percentil 90, dois terços
dos alunos que agora têm negativa
passavam a ter positiva — a percenta-
gem de notas negativas caía de 70%
para 23%. No mesmo sentido, o núme-
ro de estudantes com classiÆcação
máxima passava de zero para 17%.
Já no 3.º ciclo, a melhoria do
desempenho dos professores levava
a uma descida do número de negati-
vas de 63% para 22%, ao passo que a
percentagem de notas 20 subia para
18%, partindo também de zero. O
efeito dos docentes também é posi-
tivo, embora com menos intensida-
de, no 2.º ciclo: uma melhoria no
VAP poderia fazer cair a percenta-
gem de alunos com nota inferior a 3
de 50% para 19%.
A VAP calcula-se medindo o
desempenho de um aluno numa pro-
va nacional antes de ter aulas com
um determinado professor e nova-
mente, numa outra prova nacional,
após ter trabalhado com esse docen-
te. A metodologia usada permite
isolar os efeitos de outros factores
que inÇuenciam as aprendizagens,
como a formação dos pais, o nível de
rendimento familiar ou factores liga-
dos à própria escola. Os resultados
“conÆrmam a importância” destas
variáveis no desempenho escolar,
mas mostram também um “impacto
relevante” dos próprios docentes
nos resultados dos estudantes, lê-se
no documento.
Manter o mesmo professor não tem impacto nos resultados dos alunos, conclui estudo
Professor mais determinante é o do ano do exame
O professor mais determinante para
os resultados dos estudantes é o que
estes têm no ano em que vão fazer
uma prova nacional, como os exa-
mes nacionais do secundário ou os
do 9.º ano. O efeito nas classiÆca-
ções é superior para quem está no
limite entre uma nota positiva ou
uma negativa, mostra também o
estudo da Edulog, apresentado
hoje. A investigação concluiu ainda
que manter o mesmo docente
durante todo o ciclo de ensino não
tem impacto nas notas.
Um grupo de investigadores da
“Existe, portanto, um potencial de
melhoria das aprendizagens em fun-
ção do professor”, apontam ainda os
investigadores no estudo, que é divul-
gado hoje pelo Edulog.
Os professores e as escolas “preci-
sam de instrumentos que lhes permi-
tam conhecer o efeito que o seu tra-
balho tem nos resultados dos alunos”,
acrescenta Isabel Alçada, antiga
ministra da Educação (2009-2011),
que integra o conselho consultivo
deste think tank da Fundação Belmi-
ro de Azevedo. “Vale a pena apoiar o
professor, para que possa ir mais lon-
ge”, sustenta.
O estudo “O impacto do professor
Nova School of Business and Econo-
mics (SBE) e do University College
de Londres calcularam, neste estu-
do, o VAP — Valor Acrescentado do
Professor, uma medida criada para
avaliar o impacto de cada docente
no desempenho dos seus alunos. E
concluíram que, para um aluno
obter uma nota positiva, é mais
importante o contributo do VAP no
Ænal de ciclo, ou seja, no ano mais
próximo da realização do exame ou
prova nacional.
Por exemplo, no 2.º ciclo em
Matemática, a probabilidade de um
RUI GAUDÊNCIO
O efeito positivo é mais nítido
na Matemática, uma das
disciplinas analisadas
— a outra é Português
Estudo não visa
as características
dos professores
mas o seu efeito
no desempenho
dos estudantes
aluno de um professor com VAP
mediano ter uma nota positiva
aumenta dez pontos percentuais se
esse docente for substituído por um
outro que tenha um impacto mais
determinante no caso de essa
mudança acontecer no 6.º ano, em
que há prova de aferição. O efeito
da substituição é de apenas cinco
pontos percentuais caso esta ocorra
no 5.º ano.
Em sentido contrário, o estudo
conclui que “a penalidade associada
a mudar de professor é consistente-
mente igual a zero”. O que signiÆca
nas aprendizagens dos alunos” foi
desenvolvido por cinco investigado-
res da Nova SBE, entre os quais, Car-
mo Seabra, que foi titular da pasta da
Educação entre 2004 e 2005, o cate-
drático Luís Catela Nunes e a investi-
gadora principal Ana Balcão Reis, aos
quais se juntou Pedro Carneiro, do
University College de Londres.
Os investigadores avaliaram os
resultados do 2.º e 3.º ciclos do ensi-
no básico e do ensino secundário ao
longo de uma década — 2007/2008 e
2017/2018. Os dados dizem respeito
apenas a escolas públicas, as únicas
que estão reÇectidas nas bases de
dados oÆciais que são usadas.
Além de Matemática, também são
analisados os desempenhos dos alu-
nos a Português e as conclusões são
semelhantes. Ao nível do ensino
secundário, se todos os professores
que estão no percentil 10 passassem
a ter um efeito na aprendizagem dos
seus alunos semelhante ao dos pro-
fessores do percentil 90, a percenta-
gem de estudantes com nota negativa
poderia passar de 63% para 18%. Já a
proporção de alunos com nota máxi-
ma passaria de zero para 4%.
No 3.º ciclo, a melhoria no desem-
penho dos professores permitiria
reduzir a percentagem de alunos com
notas negativas de 48% para 10%, ao
passo que o número de alunos com
nota máxima subiria para 9%.
Por último, se todos os professores
de Português do 2.º ciclo que estão
entre os 10% com menor impacto nas
notas dos alunos passassem a ter um
efeito semelhante aos dos seus cole-
gas do percentil mais elevado, as
notas negativas baixariam de 31%
para 6%. A percentagem de alunos
com 5 subia de zero para 10%.
que o princípio da “continuidade
pedagógica”, que permite manter um
professor com a mesma turma ao
longo de todo o ciclo de estudos — por
exemplo nos três anos do ensino
secundário — “não parece ter impac-
to nos resultados dos alunos”.
A continuidade pedagógica é mui-
tas vezes apresentada pelas escolas
como uma medida positiva e com
impacto nos bons resultados dos
estudantes, mas, para Isabel Alçada,
que pertence ao conselho consultivo
do Edulog, esta é uma “regra” que
merece ser “questionada”.
 No Público
estamos todos
convocados
Notícias e crónicas, reportagens e resultados, um quizz
que põe à prova a memória dos leitores. Mas também apostas
e lugares reservados em restaurantes de norte a sul do país
publico.pt/euro2020

CRÓNICAS
Todos os dias um olhar diferente. Textos de Teresa de Sousa,
Jorge Almeida Fernandes, João Ruela Ribeiro (Mundo),
Vítor Belanciano (Cultura), Luciano Alvarez (Política),
Rita Ferreira (Sociedade), Cristiana Moreira (Local)
e Sérgio Gomes (P2), entre outros

APOSTAS
Tente acertar no resultado dos jogos de
Portugal e ganhe prémios. Pode receber até
uma assinatura de um ano totalmente grátis

CLUBE
Assista com os seus amigos aos jogos de Portugal
na BancadaP, um lugar reservado em cada
restaurante parceiro com vista privilegiada
publico.pt/clubep PATROCÍNIO
20 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021

Local Objectivo é evitar que os 12 a 14 casais da região a abandonem

Há um projecto para proteger

as águias-de-bonelli da Grande Lisboa
Novo projecto pretende juntar comunidades locais, autoridades, empresas e municípios na protecção
das águias-de-bonelli na Área Metropolitana de Lisboa. Neste momento, há entre 12 e 14 casais na região
DR

Cristiana Faria Moreira

É a mais pequena e discreta das três
grandes águias que existem em Por-
tugal e, apesar de “esquiva”, encon-
tra-se “extraordinariamente perto
das pessoas”. Essa proximidade aca-
ba por colocar as águias-de-bonelli
(Aquila fasciata) no “limiar da sobre-
vivência”, dados os riscos de perda
do seu habitat. Agora, há um projec-
to metropolitano na região de Lis-
boa para proteger estas aves de
rapina também chamadas águias-
perdigueiras.
O LxAquila, assim se chama, foi
apresentado ontem e pretende juntar
as comunidades locais, autoridades
como o Instituto da Conservação da
Natureza e das Florestas, empresas
privadas e municípios para proteger
e conservar esta espécie na Grande
Lisboa. Que se tornem, no fundo,
guardiões desta ave numa região
onde existem 12 a 14 casais que vivem
junto a zonas urbanas, estando a
maioria fora de áreas protegidas e,
por isso, mais exposta a riscos.
As águias-de-bonelli vivem essen-
cialmente em plena natureza, como
na região do Douro Internacional ou
no Alentejo e serra algarvia. No
entanto, na Grande Lisboa convivem
com os humanos em territórios den-
samente povoados. “Estas águias
vivem extraordinariamente perto das
pessoas, o que é muito raro. Por um
lado, temos a oportunidade de ver e
conviver com esta ave incrível, mas,
por outro, signiÆca que as águias
estão no limite da sua tolerância: A águia-de-bonelli tem vindo a perder população nas últimas décadas, estando por isso classificada como espécie “em perigo de extinção”
qualquer perturbação extra pode
levá-las a abandonar o território”, dam das crias, que podem atingir 25 promover acções que visem “mini- notou Joaquim Teodósio, os proprie-
frisa Joaquim Teodósio, coordenador anos de idade. mizar alterações drásticas na vegeta- tários de terrenos privados terão
deste projecto e do Departamento de Por se encontrarem numa zona ção e a perturbação durante a época também um papel importante, por
Conservação Terrestre da Sociedade densamente povoada como a Área de reprodução, que se estende de exemplo, na manutenção de zonas
Portuguesa para o Estudo das Aves Metropolitana de Lisboa, onde vivem Dezembro a Junho”. verdes, de Çoresta, onde estas aves
(SPEA). Vivem muito perto mais de 2,8 milhões de pessoas, e por “Queremos demonstrar que é pos- possam nidiÆcar. Um dos objectivos
Em Portugal, a águia-de-bonelli
tem vindo a perder população nas
das pessoas, o que serem aves “muito territoriais”, esta
espécie é “particularmente sensível
sível manter as aves e as pessoas a
partilhar este território, que se pode
do projecto será fazer mais de 40
acordos de gestão para a protecção
últimas décadas, estando por isso é raro. Por um à degradação do habitat e à presença compatibilizar a conservação das de mais de 300 hectares para garan-
classiÆcada como espécie “em perigo
de extinção”, segundo o Livro Verme-
lado, podemos ver humana em redor dos ninhos” que
constroem nas árvores. Por isso, uma
águias com as actividades humanas”,
diz Joaquim Teodósio, citado em
tir que o ecossistema tem “saúde”.
No Ænal destes quatro anos, uma
lho dos Vertebrados de Portugal. Há, e conviver com esta das grandes áreas de intervenção do comunicado. Já na apresentação do das metas a atingir seria aumentar a
actualmente, cerca de 150 casais em
todo o país. Os adultos apresentam
ave incrível, mas, projecto será a prevenção e combate
ao crime ambiental e a correcção de
projecto, o biólogo lembrou que des-
portos radicais na Çoresta, obras ou
população para 18 casais. Até lá, a
SPEA quer trabalhar na protecção de
um corpo claro e asas escuras e uma por outro, qualquer linhas eléctricas perigosas, onde as mesmo o voo de drones podem pôr 29 ninhos actuais e históricos, mar-
singular mancha branca no dorso. As
crias têm uma plumagem em tons
perturbação pode águias podem morrer por serem elec-
trocutadas ao pousar nos postes.
em causa a nidiÆcação destas
águias.
car e seguir sete espécimes juvenis
com GPS, gerir 200 hectares para
ruivos e, como acontece com a maior levá-las a sair O LxAquila tem um orçamento de Este projecto contará com a cola- presas para que coelhos-bravos e per-
parte das aves de rapina, as fêmeas
são geralmente maiores do que os
do território quase dois milhões de euros, co-Æ#
nanciado em 75% pelo programa Life
boração de 13 parceiros, incluindo
seis câmaras municipais da região
dizes-vermelhas aumentem também
a sua população. Será uma medida
machos, segundo descreve a SPEA. Joaquim Teodósio da União Europeia e coordenado pela (Alenquer, Loures, Mafra, Sintra, Tor- importante para manter estas aves e
E tanto o macho como a fêmea cui- Coordenador do projecto/SPEA SPEA. Até Setembro de 2025, quer res Vedras, Vila Franca de Xira). Aqui, outros animais na região.
 Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 21

Local

Moradores dizem ter saído de reunião com a Câmara

de Loures com “uma mão cheia de nada”
Cristiana Faria Moreira
Município nega que as
casas estivessem ocupadas
quando os técnicos
fizeram um levantamento
para a demolição
Simoa Neves pagava uma renda de
550 euros por uma casa em Loures
que deixou de conseguir pagar. Sem
uma solução à vista, ela e os quatro
Ælhos ocuparam uma das 17 constru-
ções precárias do bairro em Monte-
mor que, na segunda-feira, foram
demolidas pela Câmara de Loures.
“Tive de desenrascar-me na barra-
ca”, conta ao PÚBLICO a são-tomense
de 45 anos, que está há 11 em Portu-
gal.
Quando ocupou a precária casa, no
início de 2020, foi reconstruindo-a
como pôde, conta. Com a pandemia,
a situação agravou-se porque perdeu
um dos dois empregos que tinha.
Hoje, ganha 170 euros por mês, pelo
trabalho diário de duas horas e meia
a fazer limpezas. O que lhe compõe o
rendimento é o subsídio de 350 euros
que recebe da Segurança Social, mas
que é insuÆciente para fazer face a
todas as despesas de uma casa.
Simoa sabia que aquela não pode-
ria ser uma solução permanente, mas
não esperava que o seu Æm fosse tão
repentino.
Segundo os moradores ouvidos
pelo PÚBLICO, a Câmara de Loures
notiÆcou-os da demolição na passada
sexta-feira. Também Wayvato Sacra-
mento, de 32 anos, vivia no bairro há
mais de uma década, onde construiu
a sua casa com a ajuda da comunida-
de que ali se foi criando. Também a
viu demolida na segunda-feira.
A noite foi passada numa igreja lá
do bairro e ontem alguns moradores,
entre os quais Wayvato, reuniram-se
com a Câmara de Loures à procura
de uma solução. “Saímos de lá com
uma mão cheia de nada”, diz ao
Bernardino Soares diz que
as casas são recentes
PÚBLICO. Segundo o morador, o
adjunto do presidente da Câmara de
Loures que os recebeu disse-lhes para
recorrerem aos apoios da Segurança
Social e garantiu que, para já, não
seriam feitas mais demolições. que já vivem no bairro e procuraram
Ontem, o presidente da câmara, transferir-se de outras habitações pre-
Bernardino Soares, disse à agência cárias para aquelas. Há outro grupo
Lusa que as 17 habitações precárias de pessoas que foi angariada e que
que foram demolidas não estavam veio por via do grupo de negócio que
habitadas e que foram construídas está instalado com a venda destas
por uma rede ilegal. “Estas casas habitações e que veio de vários pontos
foram construídas recentemente. Os da Área Metropolitana de Lisboa e de
serviços têm vindo a monitorizar esta outros pontos do país”, aÆrmou.
situação e veriÆcaram que as casas Ora, Maria João Costa, membro da
estavam vazias na sexta-feira. Elas Habita, contrapõe, dizendo que há
foram ocupadas durante o Æm-de-se- vários moradores que mantêm uma
mana porque se sabia que ia haver a morada antiga, pelo facto de no bair-
operação de demolição”, disse Ber- ro não haver distribuição de correio
nardino Soares, contrariando assim regular, o que os obriga a ter outras
o discurso destes moradores. moradas para que depois possam ir
A associação Habita, que tem acom- levantar a correspondência.
panhado os moradores, aÆrma que as À Lusa, Bernardino Soares disse
casas estavam habitadas e, entre os ainda que a autarquia não tem condi-
moradores, estavam uma idosa, uma ções de realojar todos os moradores
grávida e um cidadão em cadeira de do bairro. “Temos consciência de
rodas. Uma aÆrmação que é também como está a situação da habitação no
negada pelo autarca comunista, que nosso país, mas isso não se pode
assegura que todos os “supostos resolver permitindo o alargamento
moradores” daquelas habitações têm indeÆnido de um bairro que já é ile-
alternativa habitacional. “Há pessoas gal”, sublinhou.

PUBLICIDADE

Metro de Lisboa só começa

a funcionar amanhã a partir
das 10h15, devido a greve
O serviço de transporte da
Transtejo/Soflusa (TTSL)
também irá ter paralisações
hoje e amanhã, por causa
de plenários
À descoberta
e a prorrogação da vigência do acor-
do de empresa.
A valorização dos salários, as pro-
gressões nas carreiras e o preenchi-
da cidade-baía
mento imediato do quadro opera- PASSEIOS | BOA MESA | AR LIVRE
cional são outras exigências dos
trabalhadores, que denunciam uma REVISTA 60 PÁGINAS
situação de bloqueio da contratação Ponto focal

Os trabalhadores do Metropolitano colectiva, acrescentou Anabela Car- Uma revista para descobrir e viver o Seixal

de Lisboa realizam amanhã uma valheira. N.°1 · Junho 2021

greve parcial para exigirem valori- Estes foram também os motivos

zações salariais, estando previsto
que a circulação de comboios se
inicie apenas a partir das 10h15,
alertou ontem a empresa.
A greve da generalidade dos tra-
balhadores do Metropolitano decor-
de uma greve parcial realizada pelos
trabalhadores do Metropolitano em
25 de Maio.
O Metropolitano de Lisboa opera
com quatro linhas: Amarela (Rato - À descoberta da cidade-baía
e-ba
aía
a
Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Seixal · N.°1 · Junho 2021 · 22
Bom Gosto

23
GONZAGALEZ BISTRO

re até às 9h30, estando previsto que
O indiscutível
Sodré), Azul (Reboleir -Santa Apo- ěžĚƥŏűĪųƺžƭҦ 2ĢŏǴőěŏžƭ ĪűĚŨĪűÿƺŏěžƭ
ěžűž ž űžŏųŊž ĢĪ űþƥīҧ žƭ łžųƺþųÿӍ
ƥŏžƭĪžƭŏűƢÿƺŏěžŨþƥŃžĢþŏŃƥĪšþҦ²Īű
ƤǂĪ ƢþƭƭĪű ĢĪƭƢĪƥěĪĚŏĢþƭҧ þƭ žȌ ƥþƭ
ƭǂƥŃĪű ĚĪű ƥĪƢƥĪƭĪųƺþĢþƭҧ þž ŨþĢž
prazer da carne
Restaurante de gente feliz que serve carne de vacas felizes faz uma
combinação imbatível, sobretudo quando os gins de autor abrem
ĢžȋþűŏųŃžĪĢþŃþƥĞþӍƥĪþŨҧƤǂĪŊþĚŏӍ

o serviço de transporte seja iniciado
BEIRA-RIO
lónia) e Vermelha (Aeroporto-São
ƺþűžƭþƢþŨҦxžěþųƺžҧĐĢŏƥĪŏƺþҧĪȌėž
as hostes e os vinhos de excelência acompanham a refeição.
žƭƭĪŏǤžƭҧþƭƢĪĢƥþƭĢþĚþőþƤǂĪžƭƢĪƭӍ
ěþĢžƥĪƭ ǂƺŏŨŏǯþǞþű Ƣþƥþ łþǯĪƥ ž ŨþƭӍ ©ǂþųĢžþěþƥųĪīĚžþҧųėžǞþŨĪþƢĪųþ žƭ ěžűþųĢžƭ Ģž JžųǯþŃþŨĪǯ ĪƭӍ
À descoberta da cidade-baía ƺƥž Ģþƭ ĪűĚþƥěþĞƝĪƭҧ Ī ƤǂĪҧ ƭĪŃǂųĢž
ƭĪĢŏǯҧƺĪƥėžĚþƢƺŏǯþĢžþěŏĢþĢĪҦxþƢþӍ
űĪǤĪƥ űǂŏƺžҧ ī ěžűž ĪƤǂŏƢþ ƤǂĪ ŃþӍ
ųŊþҦxžJžųǯþŃþŨĪǯ ŏȌ ƥžҧųþěžƭŃǂӍ
ƺėžxǂųž!žȌþĪ²ĪŨűþ²žǴŏžҦ2ŨĪƺžűþ
ěžųƺþ Ģþ ěžǯŏųŊþҧ ĪŨþ Ģþ ƭþŨþҦ ƒƭ ǴŏӍ
ƥĪĢĪžƢžȌþҧþƭłžƺžŃƥþǴŏþƭƤǂĪĢþƺþű ŨžƭžƭƤǂĪǽ  ĪŃþűĐűĪƭþĪűƺÿĚǂþƭҧ ŨŊžƭ Ģėž ǂűþ þšǂĢþ ƤǂþųĢž ī ƢƥĪěŏƭžҦ
ǞÿƥŏþƭŃĪƥþĞƝĪƭƭĪŏǤþŨĪųƭĪƭƺƥþųƭƢžƥӍ þěžűƢþųŊþĢžƭþƢĪųþƭĢĪƺƥįƭǞþƥŏĪӍ 3ǂűƢƥžšĪǾžĢĪƺžĢþþłþűőŨŏþҧƢĪųƭþӍ

ROTEIRO
a partir das 10h15, segundo o Metro- Sebastião).
ƺþűӍųžƭ Ƣþƥþ ǂűþ ěŏĢþĢĪ ƤǂĪ ŃǂþƥӍ ĢþĢĪƭĢĪƭþŨҧƢþƥþƺĪűƢĪƥþƥþŃžȌžӏ ĢžěžűěǂŏĢþĢžĢǂƥþųƺĪƺƥįƭþųžƭҧűþƭ
ĢþŨĪųĢþƭҧűþƭƭžĚƥĪƺǂĢžŊÿĚŏƺžƭҧƤǂĪҧ ƺƥþĢŏěŏžųþŨҧĢĪǞŏųŊžĢžƢžƥƺžĪĢĪĪƭӍ ěžųěĪųƺƥþþƭĪǤƢĪƥŏįųěŏþƭĢĪƺžĢþǂűþ

Amora à primeira vista þŏųĢþ ƤǂĪ ĢŏŨǂőĢžƭҧ ƭėž þŏųĢþ ǞŏƭőǞĪŏƭ

ƭžĚ ǂű žŨŊþƥ þƺĪųƺžҧ ěžűž þ þƢþųŊþ
ƢĪěŏþƥŏþƭěþƭĪŏƥþƭҦ
xėž ƭĪ ƢžĢĪ Ǟŏƭŏƺþƥ ž JžųǯþŃþӍ
ǞŏĢþҦ xǂųž Ī ²ĪŨűþ ěžųŊĪěĪƥþűӍƭĪ
ĪűűŏǃĢžƭҧųþ¿žƥƥĪĢþvþƥŏųŊþҧĪųėž

O
ĢþŨþűĚǂšŏųŊþųþĚþőþҦ ŨĪǯ ƭĪű ƢƥžǞþƥ žƭ űĪǤŏŨŊƝĪƭ ěžű ž ěžųƭĪŃǂŏþű ŏűþŃŏųþƥ žǂƺƥþ ěŏĢþĢĪ
ųžűĪ Ģþ ěþƭþ šÿ þ þƢƥĪƭĪųӍ “Trouxe muitas coisas comigo, que ƒ ƥĪȌþǂƥþųƺĪ ЮЭЭ §ĪųĪŏƥþƭ Ǟŏǂ ŏųĪƭƢĪƥþĢž űžŨŊž ĢĪ þŏƢž ӏ Ī ž pai- ƢþƥþþĚƥŏƥƢžƥƺþƭƭĪųėžž²ĪŏǤþŨҦ
100 PENEIRAS ring com ginƺſųŏěžěþŏĚĪűűĪŨŊžƥĢž
SAPAL DE CORROIOS
ƺþҧűþƭƭĪĢǃǞŏĢþƭƥĪȌþƥĪű þǽ žƤǂĪīžűþŏƭŏűƢžƥƺþųƺĪҨþƺƥžěþ ųþƭěĪƥĢžŏƭĢžƭĢžěĪƭűþŏƭĪűĚŨĪűÿӍ ƒĪƭƢþĞžųėžīŃƥþųĢĪҧűþƭþĪƭӍ

O Seixal a ǽ  Īł Ģž ЮЭЭ §ĪųĪŏƥþƭ ĪƭӍ ĢĪƭþĚžƥĪƭĪþƥžűþƭƤǂĪěžųƭĪŃǂŏűžƭ ƺŏěžƭĢžěžųěĪŨŊžҧžƢþȌĪŨĢþǴŏĢþŨŃþĪ ƤǂĪ ƭĪ ƢžĢĪƥŏþ ŏűþŃŏųþƥҦ xĪȌþ ěþƭþ ƢŨþųþĢþ ī þěžŨŊĪĢžƥþ Ī ƢĪƥűŏƺĪ þ

politano de Lisboa. O serviço de transporte da Trans-

ěŨþƥĪěĪҧ ӛIþĞž ǂűþ ěžǯŏųŊþ ųžƭ ŨǂŃþƥĪƭ Ī ƢþőƭĪƭ ĢŏłĪƥĪųƺĪƭ Ƣžƥ žǞŏžŨŏųžҦƒƢƥŏűĪŏƥžƢƥĪűŏþĢžěžűþ ųėžƭſŊÿcocktailsžƥŏŃŏųþŏƭҧěžűžƭĪ xǂųž Ǟŏƭŏƺþƥ þƭ űĪƭþƭ Ī ěžųǞĪƥƭþƥ

Biodiversidade e banhos de sol à mesa, ƭĪű ƢĪųĪŏƥþƭҧ Īǂ ŃžȌž ĢĪ

ĪȌþƥĐűĪƭþҧĢĪłþŨþƥěžűžƭěŨŏĪųƺĪƭҦxþ
sem űŏųŊþ ěžǯŏųŊþҧ ƺĪųŊž ĢĪ ŃžȌþƥ ĢĪ ƺǂĢž
þƤǂŏŨžƤǂĪłþĞžĪžƭƢƥþƺžƭƺįűĢĪƭĪƥƭĪƥӍ
ǞŏĢžƭěžűžűĪƭűžþűžƥĪěþƥŏųŊžěžű
cerimónia ƤǂĪžƭƢƥĪƢþƥžҦӜ
žųĢĪƢþƭƭÿűžƭҦӜ
Sem medo
Ižŏ ĪƭƭĪ űĪƭűž ŃžȌž ĢĪ þƢƥĪųĢĪƥ Ī
ĢĪƭĪěžŨžěþƥƭĪűƢƥĪĐƢƥžǞþƤǂĪųėžþ
ĢĪŏǤžǂƢþƥþƥĢĪĪȌǂĢþƥҦgÿěžűƺƥįƭǴŏӍ
űĪĢþŨŊþĢĪžǂƥžųž!žųěǂƥƭžxþěŏžӍ
ųþŨ ĢĪ (žĞþƥŏþ ªŏěþ ¿ƥþĢŏěŏžųþŨ §žƥӍ
ƺǂŃǂĪƭþĪűЯЭЮжҦƒƭĪŃǂųĢžҧƢƥĪűŏþӍ
ĢžĪȌĪþųžěžűþűĪĢþŨŊþĢĪžǂƥžųž
!žųěǂƥƭž xþěŏžųþŨ ĢĪ (žĞþƥŏþ ²ŏűӍ
ƢŨĪƭҧ łžŏ ěƥŏþĢž ųž łžƥųž Ģþ (ŏųþ ƒŨŏӍ
ƢžĢĪþƢƥĪųĢĪƥþłþǯįӍŨžƭþžĚþŨěėžҦ
IþŨĪűžƭ ĢĪ ěþƥųĪҦ (Ī Ǟþǯŏþ ĢĪ
ěžű žƭ ěŨŏĪųƺĪƭҦ ƒ JžųǯþŃþŨĪǯ þĚƥŏǂ
Īű ƢŨĪųþ ƢþųĢĪűŏþ ӏ űĪƭűž þƭƭŏűҧ
wagyuҧƢžƥĪǤĪűƢŨžҧƢƥžǞĪųŏĪųƺĪĢþƭ
ӛǞþěþƭ űþŏƭ łĪŨŏǯĪƭ Ģž űǂųĢžӜҧ űþƭӍ
ƭþšþĢþƭ ĢŏþƥŏþűĪųƺĪҦ (ĪȌþěþűӍƭĪ
šÿĢĪŏǤžǂžƭƭĪŏǤþŨĪųƭĪƭƥĪųĢŏĢžƭӏҧųž
ěžƥþĞėžĢþǯžųþŊŏȌſƥŏěþҦ2űšĪŏƺžĢĪ
ĚƥŏųěþĢĪŏƥþ ƤǂĪ ĚĪű ƢžĢŏþ ƭĪƥ ƭīƥŏþҧ
þŏųĢþ ž tataki ĢĪ ųžǞŏŨŊž Ī ž űĪĢþӍ xǂųžĢŏǯƤǂĪƭžųŊþűžƥþƥųžųǃűĪƥž

Já o sector administrativo e técni- tejo/SoÇusa (TTSL), responsável

ƤǂŏþƭŊŏȌſƥŏþƭųǂųěþǴŏěþűĪƭƤǂĪӍ
Noutra vida foi uma taberna, ěŏĢþƭҦxėžƭĪĢĪƭěžųǴŏĪƤǂþųĢžƭĪĪųěžųӍ
hoje é uma casa que acompanha ƺƥþƥųþĪűĪųƺþþƭƭþųĢžǽþƭĐƺþĚĪƥųĪŏƥžҧ
ƥĪěžűĪųĢþӍƭĪþĢĪěþǽ  þĞžĢĪƢžƥěžƢƥĪӍ
as histórias do Seixal com as
criações da chef Dina Oliveira. to, ou o ŊžƺĢžŃĢĪƢžŨǞžĐŨþŃþƥĪŏƥžҧŏĢĪþŨӍ
űĪųƺĪ þěžűƢþųŊþĢþƭ ĢĪ ǂű ěžƢž ĢĪ ǞŏӍ
ųŊžĢþƥĪŃŏėžҦ©ǂĪűƢƥĪłĪƥŏƥǂűþƥĪłĪŏĞėž
ƢþƥƺŏŨŊþĢþ ƢžĢĪƥÿ ǴŏěþƥӍƭĪ ƢĪŨžƭ ӛĪųƺƥĪ Я
ŨŊžƭҧƢĪŃžǂĪűƺžĢþþłþűőŨŏþĪƥǂűžǂ
þIƥþųĞþҧƢþƥþþƢƥĪųĢĪƥěžűǂűþĢþƭ
ƭǂþƭ űþŏžƥĪƭ ƥĪłĪƥįųěŏþƭҧ ž ǽ  Īł §þǂŨ
žěǂƭĪҦxžƥĪŃƥĪƭƭžҧĪƢžƥƤǂĪӛĚžűǴŏӍ
ŨŊžþěþƭþƺžƥųþӜҧƭǂƥŃĪþŏĢĪŏþĢĪþĚƥŏƥ
ųþǯžųþŊŏȌſƥŏěþĢž²ĪŏǤþŨǂűƥĪȌþǂӍ
ƥþųƺĪƤǂĪűŏȌǂƥĪƺžĢžžƭĪǂƢĪƥěǂƥƭžҦ
!žųƺþųĢž ƭĪűƢƥĪ ěžű þƭ ƥþőǯĪƭ þŨĪųӍ
ǞĪŏƥþҧ ƭĪűþųþƭ þųƺĪƭ ĢĪ ƭĪƥ ŃþŨþƥӍ
ĢžþĢžҧ Ī ųþƭěĪ Ģþ ŊžűĪųþŃĪű þ ǂű
Ģžƭ łþűžƭžƭ ěŏųěž ǞŏžŨŏųžƭ Ģž ²ƢžƥӍ
ƺŏųŃҧŨĚþųžxþƥěŏƭž§ĪƥĪŏƥþҧųþƭěŏĢž
ĪěƥŏþĢžųž²ĪŏǤþŨҦ
!žűž (ŏųþ ųėž ī űǂŨŊĪƥ ĢĪ ǴŏӍ
ěþƥ ƢþƥþĢþҧ ƺĪű ƢƥĪǞŏȌþ Ƣþƥþ gǂŨŊž
þ þĚĪƥƺǂþƥ ĢĪ ǂű ƥĪȌþǂƥþųƺĪ ŏųƭƢŏӍ
ŨŊėžĢžŨžűĚžűþƺǂƥþĢžҦ§þƥþþěžűӍ аҧþƢžƥƺþĪűłƥĪųƺĪҧƢþƥþƢžĢĪƥþĚƥŏƥž
ƢþųŊþƥ ƺǂĢž ŏȌžҧ Ŋÿ ǂűþ ŃþƥƥþłĪŏӍ ƥĪȌþǂƥþųƺĪĢĪǽ  ŏųĪŨžƭĪƥžǂƢėžҦ
ƥþ ĢĪ űþƥěþƭ ųþěŏžųþŏƭ ƭŏųŃǂŨþƥĪƭ þ
ĢĪƭěžĚƥŏƥҦ xǂųž !žȌþ Ƣƥžěǂƥþ ӛƭĪƥӍ Praça Luís de Camões, 2, Seixal
Tel.: 939 104 151 | Preço médio: 25€
Ǟŏƥ ǞŏųŊžƭ ƤǂĪ łǂšþű ĢþƤǂŏŨž ƤǂĪ ƭĪ
Īųěžųƺƥþ ųž ƭǂƢĪƥűĪƥěþĢžӜҦ ӛ©ǂĪӍ
ƥĪűžƭ ƤǂĪ žƭ ěŨŏĪųƺĪƭ ƺĪųŊþű ĪǤƢĪӍ
ƥŏįųěŏþƭ ǃųŏěþƭҧ ĢŏłĪƥĪųƺĪƭ ĢþƤǂŏŨž

co fará greve entre as 9h30 e as pelas ligações Çuviais entre Lisboa

ĢĪĢžƭӜžǂƢĪŨžƭӛƢĪƺŏƭěžƭĢþƺþĚĪƥųþӜҦ(ŏųþ
ƒŨŏǞĪŏƥþěžűĪĞžǂþƺƥþĚþŨŊþƥþžƭЮгþųžƭĪ
þěǂƥŏžƭŏĢþĢĪŨĪǞžǂӍþþǞŏþšþƥƢĪŨžűǂųĢžҦ
ƺĪšþųþƭҧþžƭЯаþųžƭþĚƥŏǂžƭĪǂƢƥŏűĪŏӍ
ƥžƥĪȌþǂƥþųƺĪҧžĪųƺƥĪƺþųƺžĪųěĪƥƥþĢž
!þųƺŏųŊžŨĪųƺĪšþųžӏžųĢĪƺƥžěžǂŨþƥӍ
Ńþƭ ěžųǞĪƥƭþƭ ěžű ž űþƥŏĢž Ī ěžƢƥžӍ
ƢƥŏĪƺÿƥŏžĢžЮЭЭ§ĪųĪŏƥþƭҧlǂőƭƒŨŏǞĪŏƥþҧ
ƥþĢž ųþƭ ǞŏþŃĪųƭ Ģž ěþƭþŨ þž vīǤŏěž ƤǂĪƺįűĪűěþƭþҦӜ
ӏ ƤǂĪ žƭ ěþƺŏǞžǂ ƭžĚƥĪƺǂĢž ƢĪŨþ þƥƺĪ
ĢĪƭěžųƺƥþőĢþ ĢĪ ĚĪű ěžűĪƥ Ī ƢĪŨþ
łžƥűþ łĪȌ ŏǞþ ěžűž þƭ ŃĪųƺĪƭ ĢĪƭƭþ
ƺĪƥƥþŨĪǞþűþǞŏĢþҦ

GRÁT9 JISUNHO
ƤǂĪ þƭƭǂűĪ Đ Ěžěþ ǽ  Īŏþҧ ӛIþƭěŏųþǞþӍ ž łþŨþƥ Ģž űžĢž ěžűž Īųěþƥþ
ӍűĪǞĪƥǂűþƥþƢþƥŏŃþƺėžšžǞĪűҧšÿƺėž žƭĢĪƭþǴŏžƭҧþěþĚþƢžƥĢþƥǂűþĢĪǴŏӍ

12h30, sem impacto na circulação e Setúbal, também irá ter paralisa-

ĪűƢƥĪĪųĢĪĢžƥþĪěžűƺþųƺþěžųǴŏþųĞþ
ĢĪłþǯĪƥžƭƭĪǂƭƢƥžšĪƺžƭӜҦ
ƭ ƢþƥĪĢĪƭ Ģž ЮЭЭ §ĪųĪŏƥþƭ ěžųӍ
ƺþű ŊŏȌſƥŏþƭ Ƣþƥþ ƺžĢžƭ žƭ ŃžȌžƭҦ ƒ
űǂƥþŨƤǂĪĢĪěžƥþþƢþƥĪĢĪĐĪƭƤǂĪƥĢþ
īĢþþǂƺžƥŏþĢĪJžųĞþŨžvþƥĪěžűĚŏӍ
ųþ Ǟÿƥŏžƭ þƢžųƺþűĪųƺžƭ Ģž ěžųěĪŨŊžҦ
 ƥĪłĪƥįųěŏþ þž ǞŏųŊž ƭĪŏǤþŨĪųƭĪҧ łĪŏӍ
ųŏĞėžĢĪƤǂĪűīҨӛ²ĪŏƤǂĪųėžīłÿěŏŨ
ƢžƥƤǂĪƭžǂűǂŨŊĪƥҧƭžǂűėĪҧƭžǂĪƭӍ
ƢžƭþҧűþƭƤǂþųĢžłþǯĪűžƭþƤǂŏŨžĢĪ
ƤǂĪ ŃžȌ þűžƭҧ Ģþ űĪŨŊžƥ łžƥűþ ƤǂĪ
ƭþĚĪűžƭҧ ƺǂĢž ƭĪ ěžųšǂŃþ Ī ƺžƥųþӍ
ƭĪ űþŏƭ łÿěŏŨ ƭĪŃǂŏƥ ž ěþűŏųŊž ƤǂĪ
ųſƭĪƭěžŨŊĪűžƭӜҦ

do metropolitano, disse à Lusa Ana- ções hoje e amanhã, no âmbito de

ƺžĢžžǂƺƥžŨþĢžĢþĚþőþҧƤǂĪþĚþȌĪěĪǂ Rua Paiva Coelho, 127, Seixal
Tel.: 218 244 321 | Preço médio: 25€
žƭ Ěþƥěžƭ ƤǂĪ Ƣþƥƺŏƥþű Ƣþƥþ žƭ ĢĪƭӍ

Seixal · N.°1 · Junho 2021 · 42 43

bela Carvalheira, da Federação dos plenários de trabalhadores para

Sindicatos dos Transportes e Comu- fazer “o balanço das lutas até agora
nicações (Fectrans). desenvolvidas e como continuar a
SÁBADO, 1ÚBLICO Um projecto promovido

O pré-aviso de greve foi entregue
após uma reunião com o conselho
de administração da empresa, rea-
lizada em 2 de Junho, na qual não
foi possível chegar a um entendi-
mento sobre o estrito cumprimento
COM O P
mobilização pela revisão dos acor- pelo Município de Seixal
dos de empresa”, revelou a Fec- e produzido, editado e
distribuído pelo PÚBLICO
trans.
Os plenários decorrem, hoje, das
10h00 às 12h00 e, amanhã, das
14h30 às 17h30. Lusa
22 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Mundo Barack Obama classiƊcara a proposta como “essencial”
Republicanos bloqueiam proposta de lei
que facilita acesso ao voto nos EUA
Democratas forçaram proposta de debate face à recusa anunciada dos republicanos. Aumenta a pressão
dos progressistas para o Äm do filibuster — regra que exige 60 votos para avanço de propostas no Senado
Alexandre Martins
Os senadores do Partido Republica-
no dos EUA bloquearam, ontem, a
primeira tentativa do Partido Demo-
crata, desde as eleições de 2020,
para alargar o acesso ao voto em
todo o país através da maior reforma
das leis eleitorais dos últimos 50
anos. A proposta foi descrita pelo
ex-Presidente Barack Obama,
anteontem, como “essencial” para o
futuro da democracia nos EUA e foi
suavizada pelo senador mais conser-
vador do Partido Democrata, Joe
Manchin, para ir ao encontro de exi-
gências dos republicanos.
Mesmo assim, continua a ter a por-
ta fechada num Senado com 50 sena-
dores de cada lado e onde as propos-
tas mais importantes e que dividem
os dois partidos só podem chegar à
fase da votação Ænal com o apoio de
60 senadores.
“O verdadeiro impulso é o desejo
do Partido Democrata de manipular
as eleições para sempre a seu favor”,
disse o líder do Partido Republicano
no Senado, Mitch McConnell.
O líder democrata, Chuck Schu-
mer, tentou convencer os republica-
nos a aprovarem, pelo menos, a
abertura do debate — algo que daria
visibilidade à questão de fundo sobre
as restrições no acesso ao voto.
“Podemos não concordar sobre o
que deve ser feito para proteger o
direito ao voto e para salvar a nossa
democracia, mas não acham que
devíamos poder debater o assunto?”,
questionou Schumer.
“Em causa está a proposta For the
People Act, que foi aprovada na
Câmara dos Representantes, em
Março, e que tem de passar no Sena-
do para ser promulgada pelo Presi-
dente Joe Biden.
Em 2019, os republicanos bloquea-
ram no Senado uma primeira versão
do documento, mas a discussão
ganhou novo fôlego nos últimos
meses devido às queixas de fraude do
ex-Presidente Donald Trump na elei-
ção de Novembro de 2020 — aquilo a
que o Partido Democrata se refere
como “a grande mentira”.
Apesar de Trump não ter apresen-
tado provas de fraude, os republica-
nos começaram a aprovar propostas
que restringem o acesso ao voto nos
estados onde estão em maioria nos
governos e assembleias legislativas.
Propostas apresentadas como medi-
da de reforço da segurança eleitoral,
MICHAEL REYNOLDS/EPA
Mitch McConnell, líder apesar de a agência de supervisão
republicano no Senado, acusou considerar as eleições de 2020 as
os democratas de quererem mais seguras de sempre no país.
manipular as eleições e não se Em 14 estados, incluindo a Georgia
deixou convencer pela proposta — onde Biden teve mais votos do que
de Joe Manchin Trump em 2020 —, os republicanos
limitaram a votação antecipada; res-
Os democratas tringiram o voto por correspondên-
cia; e tiraram o poder de certiÆcação
queriam debater dos resultados aos governadores e a
para dar outros responsáveis do poder execu-
tivo de cada estado, passando-o para
visibilidade as assembleias legislativas — onde os
à questão da republicanos estão em maioria.
Se a lei que foi aprovada este ano
restrição de voto na Georgia estivesse em vigor em
EVELYN HOCKSTEIN/REUTERS
2020, o resultado da eleição entre
Trump e Biden teria de ser certiÆcado
pelos congressistas (a maioria repu-
blicanos), e não pelo secretário de
estado local, Brad Raèensperger — o
responsável do Partido Republicano
da Georgia que certiÆcou a vitória de
Biden mesmo depois de ter sido alvo
de uma forte pressão de Trump.
A proposta do Partido Democrata
é uma resposta às novas leis nos esta-
dos de maioria republicana e tem um
conjunto de regras que têm de ser
respeitadas por todos os estados.
Destacam-se um período de 15 dias
de votação antecipada; o recensea-
mento automático nas agências da
direcção-geral de viação; e o Æm do
redesenho político dos distritos elei-
torais após os censos (gerrymande-
ring), passando essa tarefa para
comissões independentes.
Perante a recusa dos republicanos,
o senador mais conservador na ban-
cada Democrata, Joe Manchin, pro-
pôs um compromisso que mantém o
reforço da identiÆcação dos eleitores
e eleva a eleição a feriado nacional,
entre outras iniciativas desenhadas
para agradar aos dois lados.
Foi com base neste compromisso
que Obama apelou à aprovação da
maior proposta de reforma do direi-
to ao voto nos EUA desde 1965 — o
ano em que o Congresso aprovou a
Lei dos Direitos Civis. “Temos visto,
em todo o mundo, democracias
outrora vibrantes a serem reverti-
das”, disse Obama numa entrevista
ao site Yahoo News. “Não estamos
imunes a que esses esforços enfra-
queçam a nossa democracia.”
Batalha do filibuster
Mas a aproximação entre progressis-
tas e conservadores no Partido Demo-
crata não é suÆciente para convencer
os republicanos. Ontem, o líder repu-
blicano no Senado, Mitch McConnell,
declarou que o seu partido não apoia-
rá nenhuma proposta.
E avisou que o impasse não deve
levar o Partido Democrata a pôr Æm
à regra do filibuster e a começar a
aprovar propostas com uma maioria
simples. É por causa do procedimen-
to conhecido como filibuster que o
partido maioritário só consegue
fazer avançar propostas se tiver pelo
menos 60 senadores do seu lado.
Só que o debate sobre o Æm do fili-
buster também está a ser bloqueado
— pelos republicanos e por Joe Man-
chin e outros democratas conserva-
dores, cuja oposição impede o Par-
tido Democrata de eliminar a regra.
Ao bloquear a discussão sobre a
reforma do acesso ao voto, o Partido
Republicano põe ainda mais pressão
sobre Manchin e o Partido Democra-
ta, com vista a uma batalha Ænal sobre
o filibuster. Muitos senadores demo-
cratas, principalmente os progressis-
tas, começam a desesperar por não
conseguirem aprovar propostas
importantes, mesmo estando em
maioria no Senado — e é essa desu-
nião que os líderes republicanos que-
rem deixar ainda mais evidente.
O eventual Æm do filibuster permi-
tiria a aprovação da lei sobre o acesso
ao voto — e de muitas outras que são
apoiadas pela Administração Biden
e que também estão bloqueadas —,
mas esse trunfo iria beneÆciar os
republicanos quando o seu partido
regressasse à maioria no Senado.
Num alerta contra essa tentação,
outra senadora democrata que defen-
de o filibuster, Kyrsten Sinema, do
Arizona, escreveu um artigo no
Washington Post, ontem, onde fez
algumas perguntas difíceis aos seus
colegas de bancada: “Seria bom para
o país eliminar o filibuster agora, se
dentro de alguns anos a lei fosse revo-
gada e substituída por uma proibição
total do voto por correspondência
contra a nossa vontade?”

Vacina cubana Abdala tem eƊcácia
de 92,28%, anuncia Havana
Clara Barata
A exportação está nos
planos da ilha comunista,
apesar das dificuldades
em abastecer o mercado
nacional de medicamentos
A vacina cubana contra a covid-19
Abdala tem uma eÆcácia de 92,28%,
comparável às mais eÆcazes do mer-
cado, depois de tomadas as três doses
que completam o tratamento, anun-
ciou o Centro de Engenharia Genética
e Biotecnologia de Cuba (CEGB). É
uma vitória para o país, que seguiu a
estratégia de desenvolver vacinas
próprias, em vez de comprar as dis-
poníveis no mercado internacional.
Os resultados foram anunciados
sem mais pormenores, mas com
grande pompa, apesar de na segun-
da-feira Cuba ter tido o aumento de
casos diário de covid-19 mais alto des-
de que se iniciou a pandemia: 1561
novos casos. Mas o Presidente cuba-
no, Miguel Díaz-Canel, visitou o CEGB
e, na sua conta de Twitter oÆcial, lou-
vou o esforço dos cientistas: “Ataca-
dos por duas pandemias (covid-19 e
bloqueio), os nossos cientistas do
[Instituto] Finlay e CEGB saltaram por
cima de todos os obstáculos e deram-
nos vacinas muito eÆcazes: Soberana
e Abdala.”
Soberana 02 é o nome de uma das
cinco vacinas contra a covid-19 que
Cuba desenvolveu. Está também a ser
testada, e foram divulgados resulta-
Independentistas catalães indultados
podem sair da prisão de imediato
Sofia Lorena
O líder da ERC (Esquerda Republica-
na da Catalunha), Oriol Junqueras,
Æca em liberdade já hoje, quando o
decreto de indulto, aprovado ontem
em Conselho de Ministros, e entre-
tanto assinado pelo rei, for publicado
no Boletim OÆcial do Estado espa-
nhol. Os indultos abrangem mais oito
dirigentes que ainda cumprem pena
por crimes de “sedição” e desobe-
diência na organização do referendo
sobre a independência de 1 de Outu-
bro de 2017 — de fora Æcam os que
nunca responderam às acusações,
incluindo o então presidente da
Generalitat, e actual eurodeputado,
Carles Puigdemont.
dos intermédios dos ensaios clínicos
no sábado: tem 62% de eÆcácia. Mas
esta avaliação foi feita quando os par-
ticipantes tinham tomado só duas das
três doses que têm de ser administra-
das (com 14 dias de intervalo), noti-
ciou o diário Granma, órgão oÆcial do
Partido Comunista cubano.
Há ensaios clínicos muito alargados
destas duas vacinas, denominados
“estudos de intervenção”, que envol-
vem cerca de dois milhões de pes-
soas, iniciados em Março. Até agora,
cerca de um milhão dos 11,2 milhões
de cubanos tem as três doses de uma
das vacinas experimentais, diz a Reu-
ters. Há vários tipos de ensaios e em
várias cidades da ilha — por exemplo,
com maiores de 60 anos em oito bair-
ros de Havana.
Soberana 02 e Abdala são as duas vacinas em ensaios clínicos
“Pretendemos abrir um novo tem-
po de diálogo”, aÆrmou o primeiro-
ministro no Ænal de uma reunião de
três horas. “Vamos encontrar diÆcul-
dades no caminho, mas vale a pena
tentar”, justiÆcou Pedro Sánchez,
numa intervenção sem perguntas
em que repetiu argumentos usados
na véspera no simbólico discurso no
Liceu, a sala de ópera de Barcelona.
“Queremos fechar de uma vez todas
as divisões e o confronto. A socieda-
de espanhola demonstra hoje a sua
grandeza. É o momento de voltar à
política.”
O “regresso à política” tem sido a
ideia mais repetida por Sánchez na
defesa de uma decisão arriscada —
impopular em várias regiões de
O Governo de Havana anunciou
que será iniciado o processo para a
autorização do uso de emergência da
Abdala — o nome de um poema escri-
to pelo ícone revolucionário cubano
José Martí. São vacinas de subunidade
proteica, ou seja, para desencadear
uma reacção imunitária usam apenas
uma parte da proteína da espícula do
vírus SARS-CoV-2 — que se liga aos
receptores ACE2 à superfície das nos-
sas células.
Cerca de um
milhão de cubanos
tem as três doses
de uma vacina
experimental
ALEXANDRE MENEGHINI/REUTERS
Espanha e diabolizada pela oposição
de direita. Só assim, acredita o chefe
do Governo de coligação (Partido
Socialista e Unidas Podemos), será
possível dar uma verdadeira oportu-
nidade ao diálogo entre Madrid e
Barcelona e tentar sarar as feridas
dos últimos anos.
Os indultos, que anulam o que res-
ta das penas sem eliminar as conde-
nações, são parciais e condicionados
O antigo
presidente
da Generalitat
Carles
Puigdemont
ficou de fora
dos indultos
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 23
Foram também anunciados planos
para pedir autorização de uso de
emergência à Organização Mundial
da Saúde desta vacina — com o objec-
tivo de vir a exportá-la, embora Cuba
não integre a iniciativa Covax, que
pretende fazer chegar vacinas aos
países mais pobres.
Cuba tem todo um ecossistema de
empresas estatais e institutos de
investigação em biotecnologia, e já
anteriormente desenvolveu vacinas
que foram exportadas — por exemplo,
para a meningite. Mas o embargo nor-
te-americano penaliza bastante este
sector. O país não consegue satisfazer
toda a procura nacional de antibióti-
cos e analgésicos simples, como rela-
tam vários media internacionais. Por
isso, há dúvidas sobre a sua capacida-
de para exportar vacinas — até porque
a pandemia fez grandes estragos na
economia da ilha, a começar pelo
sector do turismo.
No entanto, é possível que a vacina
seja fabricada noutros países. O Irão,
que também recusou comprar as
vacinas disponíveis no mercado inter-
nacional, acolheu ensaios clínicos da
Soberana O2, que foi produzida local-
mente, noticiou a Reuters.
E há a Venezuela: em Março, foi
feito o anúncio de que Cuba enviaria
30 mil doses das vacinas experimen-
tais Soberana 02 e Abdala para
aquele país aliado. Foi também
anunciado que cientistas cubanos e
chineses desenvolveriam outra vaci-
na, contra as novas variantes do
coronavírus.
a que os réus não cometam qualquer
delito durante um determinado
período de tempo.
Aprovados por “utilidade públi-
ca”, os indultos destinam-se aos líde-
res independentistas que “assumi-
ram as responsabilidades dos seus
actos”, nas palavras de Sánchez,
excluindo os cinco dirigentes sobe-
ranistas que saíram de Espanha logo
a seguir à consulta. Para além de
Puigdemont, são eurodeputados os
ex-conselheiros (equivalente a minis-
tros) Clara Ponsatí e Toni Comín. Na
Bélgica está ainda o ex-conselheiro
Lluís Puig, acusado de desvio de fun-
dos, enquanto a “número dois” da
ERC, Marta Rovira, acusada de “sedi-
ção”, continua na Suíça.
Mundo
Extrema-
-direita é o que
mais preocupa
alemães
Apoio a ideias extremistas
relacionadas com a
xenofobia, o racismo ou o
anti-semitismo é partilhado
por uma minoria
Cerca de 70% dos alemães acreditam
que a extrema-direita é uma “grande”
ameaça, de acordo com os resultados
de um estudo da Fundação Friedrich
Ebert publicado ontem.
O estudo, que questionou 1750 pes-
soas acerca das suas atitudes e per-
cepções políticas, mostra que, para
além da extrema-direita, as alterações
climáticas são entendidas com uma
das maiores ameaças na Alemanha
actualmente, embora em menor grau
do que o extremismo político.
Uma pequena minoria diz partilhar
as ideias da extrema-direita, embora
o seu número aumente quanto mais
baixo é o grau de escolaridade.
Enquanto 3,2% dos alemães com
menos estudos dizem aderir à extre-
ma-direita, apenas 0,8% dos inquiri-
dos com nível superior de escolarida-
de aÆrmam o mesmo.
O apoio a ideias de extrema-direita
está presente sobretudo nas regiões
onde o partido xenófobo e ultrana-
cionalista Alternativa para a Alema-
nha teve mais sucesso nas eleições
legislativas de 2017, e onde vivem
mais estrangeiros. Apesar de ser um
tema polémico, as migrações só são
entendidas como uma ameaça por
25% dos alemães inquiridos.
O apoio ao regime democrático
também é expressivo entre os ale-
mães (72,8%), e menos de um décimo
(9,5%) diz não se sentir democrata.
A violência inspirada pela extrema-
direita está a subir na Alemanha, de
acordo com dados do Governo que
mostram uma subida de 8,5% deste
tipo de criminalidade só no ano pas-
sado. Um dos casos mais graves foi
um ataque levado a cabo por um
homem que matou nove pessoas na
cidade de Hanau por motivações
racistas, em Fevereiro do ano passa-
do. As vítimas tinham emigrado para
a Alemanha ou eram familiares de
imigrantes.
O Governo alemão considera o
extremismo de direita como o maior
perigo para a segurança interna do
país. Recentemente, os serviços
secretos publicaram um relatório em
que se documentava o aumento das
actividades destes grupos políticos.
Estima-se que mais de 33 mil alemães
pertençam a organizações de extre-
ma-direita e que quase metade este-
ja disposta a participar em acções
violentas.
24 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Mundo
Cinco anos depois do referendo, poucos
se arrependeram do voto no “Brexit”
António Rodrigues
A maioria dos 33 milhões
de eleitores que votaram
no referendo mantém
a sua escolha. Pelo menos,
a julgar pelas sondagens
Uma votação renhida, com uma
taxa de participação superior a 72%,
deu a vitória à saída do Reino Unido
da União Europeia por 1,2 milhões
de votos de diferença no referendo
de 23 de Junho de 2016. Cinco anos
volvidos desse momento marcante
para os britânicos e para a constru-
ção europeia, uma sondagem do
iNews conclui que o país continua
quase tão dividido como os 51,89%
a 48,11% de então e apenas um em
nove eleitores votaria hoje de
maneira diferente.
Em relação à pergunta sobre se as
pessoas Æzeram a escolha correcta
em 2016, agora que o Reino Unido já
deixou a UE, onde estava desde 1 de
Janeiro de 1973, e se começam a sen-
tir os primeiros efeitos dessa separa-
ção, o estudo de opinião da RedÆeld
& Wilson Strategies mostra que, se
os britânicos estavam divididos, divi-
didos parecem continuar: 45% dos
1500 entrevistados acham que a
escolha do referendo foi a mais acer-
tada, enquanto 44% pensam exacta-
mente o contrário e 11% não sabem.
Dos inquiridos com idade para
votar em 2016, apenas 11% aÆrmaram
que, se fosse hoje, votariam de forma
diferente, enquanto 82% continuam
a manter a mesma opinião. A percen-
tagem de arrependidos é maior entre
os que votaram por sair da UE, 13%,
contra 9% nos que escolheram a per-
manência, mesmo assim, um resul-
tado suÆcientemente baixo para se
perceber que a maioria está conten-
te com Londres e Bruxelas seguindo
caminhos separados.
Nem mesmo quando confrontados
com a possibilidade de a Escócia se
separar do Reino Unido, tendo em
conta a vontade do Partido Nacional
Escocês em convocar novo referen-
do independentista, só 36% concor-
dam que o “Brexit” torna mais pro-
vável a separação, contra 37% que
consideram não ter qualquer impac-
to no futuro da união.
Aliás, em termos de resposta à pan-
demia, nomeadamente na questão da
vacinação, a maioria dos britânicos
inquiridos considera que o Reino Uni-
do só teve a ganhar por não ser um
Estado-membro da UE. Com 55% a
aÆrmar que o país avançou mais
depressa de que a maior parte dos
países vizinhos por causa do “Brexit”,
com apenas 11% a dizer o contrário.
Apesar da perspectiva de uma
guerra comercial com a UE que pode-
rá trazer consequências económicas
signiÆcativas, mais ainda do que os
cálculos negativos já feitos ao impac-
to no PIB do Reino Unido da saída da
UE, ainda há 38% de pessoas que
acreditam que não estar sob a alçada
de Bruxelas ajudou a economia britâ-
nica, com apenas 24% a achar que a
saída trouxe maus resultados.
Passados cinco anos e mesmo com
tantos desmentidos à grande inven-
ção da campanha do “Leave”, a his-
tória dos pagamentos feitos a Bruxe-
las, é considerado pelos inquiridos
como uma das coisas positivas que o
“Brexit” trouxe aos britânicos.
Um sucesso para Boris Johnson,
um dos principais rostos (junto com
Nigel Farage) da campanha do “Bre-
xit” em 2016, que conseguiu conven-
Irlanda do Norte
Um protocolo que os britânicos assinaram mas não querem
O Reino Unido e a União Europeia
estão a meio de um braço-de-ferro em
relação ao Protocolo da Irlanda e,
mesmo com a ameaça de uma guerra
comercial entre Londres e Bruxelas
no ar, o Governo britânico continua
a dizer que “é difícil ver” como é que
o estatuto de excepção norte-irlandês
poderá ser aplicado.
cer os eleitores britânicos de que o
Reino Unido pagava milhões para
alimentar a burocracia de Bruxelas
e de que esse dinheiro poderia ser
Segundo a Sky News, a expressão
foi usada por David Frost, ministro
para o “Brexit”, em conversa com
deputados, adiantando que o Gover-
no britânico nunca “fez segredo do
facto” de considerar que não vê como
é que “importantes elementos do
protocolo são sustentáveis”, tal como
estão a ser “operados actualmente”.
FRANK AUGSTEIN/REUTERS
YVES HERMAN/REUTERS
Boris Johnson e Nigel Farage
foram os principais rostos
da campanha do “Leave”
Criado para evitar uma fronteira
real entre a Irlanda do Norte e a Irlan-
da, de modo a não pôr em causa o
Acordo de Sexta-Feira Santa, em
1998, que pôs Æm ao conÇito entre
protestantes e católicos na parte bri-
tânica da ilha, o protocolo tem criado
muitos atritos na relação entre Lon-
dres e Bruxelas, principalmente por-
mais bem investido no país.
O mesmo não se poderá dizer em
relação ao acordo pós-“Brexit” nego-
ciado por Londres e que conseguiu
convencer apenas uma pequena per-
centagem do eleitorado, de acordo
com outro estudo, este do National
Centre for Social Research: somente
um em cada cinco dos inquiridos
deÆniu o acordo como “bom”.
O estudo feito para o grupo de
sondagens What UK Thinks permite
concluir que “o Reino Unido conti-
nua mais ou menos dividido em
relação ao assunto, tal como estava
há cinco anos”, referiu o cientista
político John Curtice, ontem, na
apresentação do estudo que chega
basicamente às mesmas conclusões
da sondagem do iNews. “Embora
poucos votantes do ‘Leave’ se arre-
pendam da sua decisão, também há
poucos votantes do ‘Remain’ que
tenham sido convencidos que o
‘Brexit’ é uma boa ideia aÆnal de
contas”, explicou Curtice, citado
pela Bloomberg.
Este estudo, baseado em 12 inqué-
ritos de opinião com uma amostra
aleatória de 2 mil adultos realizados
entre Setembro de 2016 e Janeiro de
2021, concluiu que se o referendo fos-
se feito hoje, o ‘Remain’ ganharia por
53% a 47%. No entanto, se a pergunta
fosse “gostaria que o Reino Unido vol-
tasse a ser membro da União Euro-
peia”, os que preferem manter-se fora
ganhariam por 52% a 48%.
“A conÆança dos votantes do ‘Lea-
ve’ no Governo do Reino Unido esta-
va muito abalada quando parecia
que o ‘Brexit’ não iria realmente
acontecer, mas está agora quase
totalmente restaurada”, conclui Jon
Curtice, citado pelo Financial Times.
E deverá assim continuar se Boris
Johnson conseguir diminuir a imigra-
ção ou melhorar a economia. Quem
escolheu a saída da UE importa-se
menos com a porta e mais com o
resultado.
que os norte-irlandeses não querem
estar sujeitos a controlos fronteiriços
das mercadorias provenientes do
resto do Reino Unido.
David Frost aÆrmou que o execu-
tivo britânico está agora a analisar
todas as hipóteses “para lidar com
uma situação que é difícil de ver
como sustentável”.
NEM NA TERRA DO NUNCA
SE VIU UMA SININHO ASSIM
COLECÇÃO DE BD PETER PAN, POR RÉGIS LOISEL,
UMA HISTÓRIA PARA ADULTOS QUE SE RECUSAM A CRESCER

0 4.
n te e e l
m 20
a lm e is Lo is
o r ig in p o r R é g
u b li c 2 0 1 2
O S. P lé n a t
ado
R VA D n s G
R ES E Éd it io
E ITO S t in s ©
S D IR D e s
OS O me 6:
– TO DPa n – To
r
P ete

VOL. 6 – DESTINOS
Peter Pan reencontra-se com os seus amigos na ilha para por fim partilharem alguns momentos de paz e boa
disposição. Mas a história de Loisel está longe de ser um conto de fadas. Entre um herói duvidoso, uma O EM CAPA
Sininho endiabrada e um crocodilo esfomeado, o mal espreita a cada esquina. Há um trágico destino à espera CÇÃ D
+10,90€
E

URA
COL

de cumprir-se, só resta saber de quem. Dia 24 de Junho, com o Público, não perca o último volume (inédito em
português) da magistral recriação de Peter Pan para adultos, do aclamado autor Régis Loisel.
QUINTA, 24 JUN
COM O PÚBLICO

Encomende também em: loja.publico.pt | coleccoes@publico.pt | 210 111 020

Colecção de 6 livros em capa dura. PVP unitário: 10,90 €. Preço total da colecção: 65,40 €. Periodicidade quinzenal à quinta-feira,
entre 15 de Abril e 24 de Junho de 2021. Stock limitado.
26 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Economia Restauração foi a actividade com o maior volume de auxílios
Dois terços do apoio à quebra
de facturação foram para o turismo
Apoio às rendas representou pouco mais de um quinto da dotação inicial de 300 milhões de euros
prometida pelo Governo. IAPMEI deu mais subsídios a norte e o Turismo de Portugal pagou mais a sul
Victor Ferreira
Dois terços dos apoios a fundo perdi-
do ao abrigo do programa Apoiar,
para compensar a quebra de factura-
ção por causa da pandemia, foram
para o sector do turismo. Dos 1042
milhões de euros que foram pagos,
segundo dados solicitados pelo
PÚBLICO, 64% foram processados
pelo Turismo de Portugal e os restan-
tes 36% foram saldados pela Agência
para a Competitividade e Inovação
(IAPMEI).
Os dados destas duas entidades
permitem concluir outra coisa: o
apoio pago até agora pelo Governo
em ajuda a rendas nos sectores mais
afectados pela pandemia continua
muito aquém da dotação prevista.
No Ænal do ano passado, o Governo
prometeu 300 milhões. Dois meses
depois, em Fevereiro de 2020, quan-
do saiu o aviso de candidatura, tinha
uma dotação de 150 milhões. Agora,
somando os auxílios aprovados até
Maio acompanhados pelo IAPMEI
(25,9 milhões), com os do Turismo de
Portugal até 22 de Junho (37,6
milhões), o valor do apoio às rendas
é de apenas 63,5 milhões de euros. Ou
seja, menos de metade (42%) da dota-
ção com que arrancou este programa
e pouco mais de um quinto (21%) da
dotação prometida inicialmente.
No primeiro universo (os 64% pro-
cessados pelo Turismo de Portugal)
avultam as empresas da restauração,
empreendimentos turísticos, aloja-
mento local, agências de viagens,
eventos e outras actividades ligadas
ao turismo; ao passo que no segundo
grupo (os 36% pagos pelo IAPMEI)
estão todos os restantes sectores eco-
nómicos que o Governo incluiu no
programa Apoiar, que auxiliou as
indústrias mais afectadas pela pande-
mia de covid-19.
IAPMEI e Turismo tinham proces-
sado 44.731 e 40.080 candidaturas,
respectivamente, no período a que
estes dados dizem respeito. São núme-
ros relativamente próximos (uma
diferença de apenas 10%), mas que se
traduziram em volumes de pagamen-
to muito distintos. Enquanto o IAPMEI
tinha saldado 376,5 milhões de euros,
o Turismo de Portugal pagou 665,7
milhões, até aquelas datas.
Tal diferença traduz, por um lado,
o impacto mais gravoso das medidas
de conÆnamento e demais restrições
sobre o turismo e restauração e,
numa medida mais pequena, a dife-
Medidas de confinamento e restrições nas viagens penalizaram turismo e restauração directamente
rença de horizonte temporal entre os
dois grupos de estatísticas.
É que os dados desagregados do
IAPMEI a que o PÚBLICO teve acesso
vão até ao Ænal de Maio, ao passo que
os do Turismo de Portugal são actua-
lizados diariamente, o que signiÆca
que se estendem até ao dia de ontem,
22 de Junho. Mas reduzindo estes
dados a uma base temporal compa-
rável, a conclusão não é muito dife-
rente, porque no Æm de Maio já
haviam sido pagos 615 milhões de
euros pelo Turismo de Portugal.
NUNO FERREIRA SANTOS
Estes dados excluem outros apoios
a fundo perdido que o Estado pagou
ou prometeu pagar para ajudar as
empresas a lidar com os impactos
económicos da covid-19. É o caso do
layoè simpliÆcado e do Apoio à Reto-
ma, que já custaram 337 milhões e 315
milhões de euros ao OE2021, respec-
tivamente, segundo contas recentes
da Unidade Técnica de Apoio Orça-
mental. E também o incentivo à nor-
malização da actividade empresarial
(157 milhões).
Portanto, nos 1042 milhões de
DANIEL ROCHA
Números
39%
Turismo de Portugal pagou
39% das ajudas em Lisboa
e Vale do Tejo e 18% no Norte
404,5
milhões de euros de apoios
às quebras de facturação
e às rendas para a restauração
euros aqui desagregados, estão os
subsídios dos programas Apoiar.pt (e
Apoiar Restauração), Apoiar + Sim-
ples e Apoiar Rendas, que arranca-
ram em diferentes momentos.
O Apoiar.pt e Apoiar Restauração
(bem como o Apoiar + Simples, espe-
cíÆco para empresários em nome
individual) tiveram o seu regulamen-
to publicado em Novembro de 2020,
e cobriam 20% da quebra de factu-
ração, com tectos máximos a varia-
rem em função da dimensão da
empresa. O apoio podia abranger
seis meses (último trimestre de 2020
e primeiro trimestre de 2021), obri-
gando a quebras mínimas de 25%
face aos três primeiros trimestres de
2020.
Já o Apoiar Rendas teve o seu regu-
lamento publicado em Fevereiro de
2021 e permitia pagar 30% a 50% da
renda devida em seis meses, em fun-
ção da quebra de facturação, que
teria de ser no mínimo de 25%. O
apoio mensal máximo estava indexa-
do ao intervalo da quebra de factura-
ção, podendo variar entre 1200 e
2000 euros.
Escalpelizando os dados por NUT
II, conclui-se que o IAPMEI pagou
mais apoios a norte (36%) do que em
Lisboa e Vale do Tejo (35%), mas com
uma diferença muito curta de apenas
cinco milhões. Já o Turismo de Por-
tugal pagou mais ajudas em Lisboa e
Vale do Tejo (39%) do que no Norte
(18%), sendo a diferença aqui de
136,5 milhões.
Restauração capta 61%
O IAPMEI não desagrega os dados por
sector de actividade, mas o Turismo
de Portugal sim, e isso permite con-
cluir que a restauração foi o sector
com o maior volume total de auxílios,
recebendo 61% dos 665,5 milhões.
Entre apoio às quebras de facturação
e às rendas, a restauração recebeu
404,5 milhões de euros, para 30.831
pagamentos. O que dá uma média de
13.119 euros de apoio por empresa.
Segundo o Banco de Portugal, 25%
das empresas do alojamento e restau-
ração correm o risco de chegar ao Æm
do ano com capitais próprios negati-
vos. O valor das moratórias destes
dois ramos de actividade ascende a
4161 milhões de euros.
Os empreendimentos turísticos
receberam 106 milhões (com 2374
pagamentos, o que dá uma média de
44.650 euros por empresa) e o aloja-
mento local 47,8 milhões (para 4741
pagamentos, perfazendo uma média
de 10.082 euros de ajuda por entida-
de). As agências de viagens foram
apoiadas em 39,7 milhões (2021 paga-
mentos feitos, dando uma média de
19.693 euros por auxílio).
Nos pagamentos do Apoio + Sim-
ples aos empresários em nome indi-
vidual, o Turismo ajudou quase o
dobro dos apoiados pelo IAPMEI,
reÇectindo a realidade de muitas
empresas do sector turístico e da res-
tauração estarem mais assentes em
projectos empresariais individuais.

Bruxelas atribui subsídio de 30
milhões para o hidrogénio em Sines
Ana Brito
Candidatura portuguesa ao
Horizonte 2020 vai testar
viabilidade de um
electrolisador de 100MW
na central a carvão
A Comissão Europeia vai atribuir um
subsídio de 30 milhões de euros a
uma candidatura portuguesa a um
projecto de investigação para testar
a produção de hidrogénio verde em
Sines, soube o PÚBLICO junto de fon-
te ligada ao processo.
Este foi o valor do apoio atribuído
pela Comissão (numa abertura de
candidaturas do Green Deal, o Pacto
Ecológico Europeu, a fundos do Hori-
zonte 2020, o programa-quadro de
investigação e inovação da União
Europeia) a uma proposta efectuada
por várias entidades portuguesas e
estrangeiras, incluindo a EDP e a
Galp, que há poucas semanas conÆr-
maram a sua saída do projecto H2Si-
nes, onde permaneceram outras
como a Engie, a Vestas e a Martifer.
Na realidade, a candidatura lide-
rada pela EDP Inovação tem alguns
dos integrantes do projecto H2Sines,
mas não só. Outro dos parceiros é o
Inesc-TEC, como noticiou o Jornal
Económico.
Trata-se de um projecto de investi-
gação, e não de um projecto de base
industrial, para testar a viabilidade de
um electrolisador de 100 megawatts
(MW) para produção em larga escala
Altice Portugal anuncia despedimento
colectivo de 300 trabalhadores
Ana Brito
O presidente da Altice Portugal já
tinha avisado que, depois de um pro-
grama de 1100 saídas por mútuo acor-
do, a próxima fase de reorganização
da empresa poderia passar por des-
pedimentos. Foi precisamente isso
que foi comunicado ontem aos traba-
lhadores, numa carta assinada por
Alexandre Fonseca.
A “decisão difícil, mas que se aÆgu-
ra como indispensável”, passará pelo
despedimento colectivo de “menos
de 300 colaboradores e será iniciada
a breve trecho pelos recursos huma-
nos”, explica o presidente da Altice
Portugal/Meo na carta a que o PÚBLI-
CO teve acesso.
deste gás renovável para aplicação
comercial e industrial.
De acordo com informação reco-
lhida pelo PÚBLICO, em causa está
um electrolisador da empresa fran-
cesa McPhy.
A Galp frisou ao PÚBLICO que o
apoio da União Europeia “foi atribuí-
do a um projecto especíÆco com
características e protagonistas que
se distinguem dos do projecto H2Si-
nes”. Segundo a petrolífera, a candi-
datura reuniu 13 entidades.
“Embora algumas destas integras-
sem o grupo original promotor do
projecto H2Sines, várias não faziam
parte desse agrupamento — sendo
que nem todas as empresas integran-
tes do projecto H2Sines se incluem
entre as empresas que se candidata-
Aos trabalhadores que foram incluí-
dos no grupo a ver os seus contratos
rescindidos “será dada a possibilida-
de de, querendo, aceitarem condi-
ções de saída muito vantajosas quan-
do comparadas às condições previs-
tas na lei”, alegou o gestor na
comunicação, sem concretizar.
Entretanto, numa reunião com os
sindicatos para comunicar a medida,
a empresa propôs-se ontem avançar
com aumentos salariais para o ano de
2022. Segundo informação recolhida
pelo PÚBLICO, a empresa quer ter
esta redução de pessoal concluída em
Julho e só deverá divulgar a listagem
dos trabalhadores seleccionados para
o despedimento colectivo na próxima
semana.
ram” aos fundos do Green Deal.
Bruxelas e os promotores têm de
discutir as condições Ænanceiras de
atribuição do subsídio e os resultados
formais deverão ser anunciados ape-
nas em Setembro.
“As empresas promotoras do pri-
meiro projecto de hidrogénio nacio-
nal reconhecido pela União Europeia
têm agora a missão de estruturar o
seu desenvolvimento até Setembro,
altura em que deverá ser assinado um
grant agreement”, detalhou a Galp.
À Galp, à EDP e ao Inesc-TEC vão
juntar-se entidades da academia e
A iniciativa reúne 13 entidades
portuguesas e estrangeiras,
entre indústria e academia,
incluindo Engie e Efacec
MIGUEL MANSO
Como tem sido usual nos últimos
tempos, sempre que o tema é a neces-
sidade de reorganização interna, o
presidente da Altice Portugal aponta
o dedo ao “contexto muito adverso”
do sector das telecomunicações, ao
“ambiente regulatório hostil” e “sem-
pre com a cobertura da tutela [gover-
nativa]”.
O atraso na implementação do 5G
— cujo leilão se arrasta há várias sema-
Em Maio saíram
1100 pessoas
com rescisões
acordadas.
Empresa diz que
despedimento é
“indispensável”
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 27
indústria: a Engie, Vestas, Martifer,
Bondalti, McPhy, ISQ, CEA, Efacec,
Axelera e GLR, apurou o PÚBLICO.
A EDP destacou o facto de o Green
Deal ter seleccionado “apenas três
projectos europeus para testar o
potencial e a viabilidade de produ-
ção do hidrogénio verde com elec-
trolisadores de 100MW” e de o pro-
jecto “coordenado pela EDP para
instalação na central de Sines” ser
um deles.
A eléctrica acrescenta estar a aguar-
dar “as indicações formais da coorde-
nação do programa europeu para
conÆrmar o desenvolvimento do pro-
jecto” e nota que a reconversão da
antiga central a carvão, em fase de
desactivação, é “uma referência do
processo de transição energética”.
A experiência deverá voltar a reu-
nir a EDP e a Galp em torno de um
projecto de hidrogénio em Sines,
embora não com a ambição do H2Si-
nes — que chegou a ser apontado
pelo Governo como o projecto-ân-
cora de Portugal para esta nova
indústria e instalar um gigawatt (GW)
de capacidade.
A EDP abandonou o acordo
depois de concluir que o projecto
não era viável, optando por analisar
outras localizações alternativas para
investir em hidrogénio. E a Galp
anunciou um grande investimento
na produção de hidrogénio a partir
de renováveis em Sines nos próxi-
mos anos (até 1GW), mas essencial-
mente para utilização na sua própria
reÆnaria.
nas, segundo o regulador, Anacom,
por estratégia das empresas, incluin-
do a Altice — é outro dos motivos invo-
cados por Alexandre Fonseca neste
quadro de diÆculdades.
O gestor diz que a escolha da Ægura
de despedimento colectivo se faz
porque “é o único meio” que pode
garantir aos trabalhadores “o acesso
a medidas de protecção social,
nomeadamente ao subsídio de
desemprego”.
Assegura ainda que foi “a estraté-
gia e a gestão implementada nos
últimos anos” em termos de “recur-
sos humanos, controlo de custos e
presença no mercado” que evitou
“uma reorganização de maior
dimensão e profundidade”.
Economia
Ministra alerta
para regulação
do trabalho
temporário
Raquel Martins
Ana Mendes Godinho
promete reforçar o
combate à segmentação
laboral que foi agravada
com a pandemia
A pandemia veio tornar ainda mais
evidente a existência de “dois mun-
dos paralelos” no mercado de traba-
lho, pondo “completamente a des-
coberto” a situação dos trabalhado-
res informais e precários, o que
requer mecanismos mais fortes de
combate à segmentação laboral. O
alerta foi deixado pela ministra do
Trabalho e da Segurança Social, Ana
Mendes Godinho, durante uma con-
ferência a propósito do Livro Verde
sobre o Futuro do Trabalho.
“É inaceitável termos situações de
trabalho temporário que duram
décadas e é evidente para todos que
temos de encontrar formas de garan-
tir que isso não aconteça”, destacou
ontem, dia em que termina a consul-
ta pública do Livro Verde. Para a
ministra, tem de haver “mecanismos
mais fortes para combater a segmen-
tação do mercado”, que passam pelo
reforço das competências da Autori-
dade para as Condições do Trabalho
e pelo combate “ao recurso abusivo
ao trabalho temporário”.
A governante sublinhou a necessi-
dade de reforçar a regulação do tra-
balho temporário, nomeadamente
através de uma maior responsabiliza-
ção da cadeia de contratação, como
forma de garantir uma maior trans-
parência e eÆcácia deste regime.
Durante a conferência, o respon-
sável da Uber em Portugal, Tomás
Belchior, defendeu que as platafor-
mas digitais são a porta de entrada
no mercado de trabalho de jovens,
imigrantes e desempregados de lon-
ga duração e considerou perigosas
as alterações aos indícios de labora-
lidade previstas no Livro Verde.
“Há uma questão que para nós é
clara, nem toda a gente precisa ou
quer a Çexibilidade que este tipo de
trabalho proporciona. No entanto,
há quem a procure e quem precise
dela. E por haver quem procure e
quem precise desta Çexibilidade,
esta possibilidade deve estar dispo-
nível e se possível valorizar-se”, des-
tacou. Tomás Belchior criticou um
dos pontos do Livro Verde que defen-
de a adaptação da “presunção de
laboralidade” ao trabalho nas plata-
formas digitais, para clariÆcar a dis-
tinção entre trabalhador por conta
de outrem e por conta própria.
28 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021

Economia

Nova associação quer ajudar CE investiga

Google devido
a que “as PME se tornem grandes” à publicidade
online
DANIEL ROCHA

Luísa Pinto
Líderes de 42 das maiores
empresas a actuar em
Portugal comprometem-se
a contribuir de forma
activa para o crescimento
Há uma nova associação de empre-
sários que não se quer substituir a
confederações e associações patro-
nais nem alterar a forma como se faz
e se discute na concertação social.
Mas quer “participar activamente”
no contributo para o crescimento
económico do país, e apresentar
medidas concretas, pragmáticas e
replicáveis, para que “as pequenas e
médias empresas se tornem grandes,
e as grandes empresas se tornem
globais”.
A Associação Business Roundtable
Portugal (BRP), ontem apresentada
em Lisboa, é composta por 42
empresas que em 2020 tiveram
receitas que, juntas, somariam 82
mil milhões de euros. E tem como
objectivo declarado colocar Portugal
no top 15 dos países com maior ren-
dimento per capita na Europa.
A associação é presidida por Vasco
de Mello, chairman do grupo José de
Mello, e tem Cláudia Azevedo, presi-
dente executiva da Sonae (holding
dona do PÚBLICO), e António Rios
Amorim, presidente executivo da
Corticeira Amorim, como vice-presi-
dentes. Estes três empresários, assim
como os restantes seis elementos que
integram a direcção, estiveram ontem
na conferência de imprensa em que
anunciaram a disponibilidade de ofe-
recer as suas estruturas empresariais
para testar as soluções que vão pro-
por. O objectivo desta associação é,
Vasco de Mello (presidente),
Cláudia Azevedo e António Rios
Amorim (vice-presidentes)
dirigem a associação BRP
Contamos com a
experiência de
quem lidera
empresas
competitivas para
Cláudia Azevedo, vice-presidente
da nova associação, lembrou que em
algumas matérias de diagnóstico não
há já qualquer discussão: “Em termos
de formação e de qualiÆcação,
nomeadamente em percentagem da
população com ensino secundário e
ensino superior, somos os piores da
Europa e pronto.”
O maior anúncio que a associação
BRP pode por agora fazer, defendeu
António Rios Amorim, é referir-se à
disponibilidade deste conjunto de
empresas para fazer o trabalho de
casa. “E isso não é coisa pouca”, sub-
linhou o presidente da corticeira.
A 1 de Julho começa o trabalho a
comunitário para ajudar Portugal a
resolver os problemas, deve ser uma
questão que preocupa a todos.
“Há pressão do tempo, e pressão
de executar. Mas é importante parar
para pensar, porque percebemos que
termos mais dinheiro para fazer o que
se fez sempre não vai resolver os pro-
blemas”, defendeu a CEO da Sonae.
A associação BRP quer fazer precisa-
mente isso, parar para pensar, “mas
não pode ser parar por muito tem-
po”, acrescentou, para apresentar
propostas que façam a diferença.
Cláudia Azevedo defendeu que na
área da formação e da requaliÆcação
de recursos humanos é mesmo pre-
A Comissão Europeia abriu ontem
uma investigação aprofundada com
“carácter prioritário” para veriÆcar
se o grupo tecnológico Google violou
as regras concorrenciais da União
Europeia (UE) nos anúncios online,
ao alegadamente favorecer os seus
serviços face aos concorrentes.
“A Comissão Europeia abriu uma
investigação formal na área da con-
corrência para avaliar se a Google
violou as regras de concorrência da
UE ao favorecer os seus próprios
serviços de tecnologia de publicida-
de display [com anúncios gráÆcos
animados] na Internet […] em detri-
mento dos fornecedores concorren-
tes de serviços de tecnologia de
publicidade, como anunciantes e
editores online”, anunciou o execu-
tivo comunitário em comunicado.
Bruxelas acrescentou que esta
“investigação formal de carácter
prioritário” visa “examinar se a Goo-
gle está a prejudicar a concorrência
ao restringir o acesso de terceiros aos
dados dos utilizadores para Æns publi-
citários em sítios da web e aplicações,
reservando simultaneamente esses
dados para seu próprio uso”.
As contas feitas pela Comissão
Europeia estimam que, em 2019, os
gastos em publicidade display na UE
ascenderam a cerca de 20 mil
milhões de euros.
A Google fornece vários serviços
de tecnologia de publicidade, fun-
Cumprimento da
legislação
europeia para
salvaguarda de
informações
pessoais também
sob análise

assegura Vasco de Mello, apresentar
“propostas a pensar em Portugal e
não no interesse dos associados”.
“Queremos contribuir para um
Portugal capaz de valorizar e qualiÆ#
car os portugueses, apoiar a criação,
o desenvolvimento e a escala das nos-
sas empresas e melhorar o desempe-
nho do Estado como facilitador da
actividade económica e de criação de
riqueza para toda a sociedade”, disse
Vasco de Mello.
O chairman do grupo Mello expli-
cou que o objectivo não é fazer dia-
gnósticos — até porque eles já existem
há muito tempo. “Queremos antes
pegar no que já está feito, para fazer
recomendações pragmáticas. Conta-
mos com a experiência de quem lide-
ra empresas competitivas para equi-
librar o rigor do trabalho académico
com o pragmatismo do mundo dos
negócios”, aÆrmou.
equilibrar o rigor tempo inteiro desta associação — que
terá um quadro da Vodafone, Pedro
do trabalho Gingeira do Nascimento, como secre-
académico com o tário-geral executivo — com a criação
de grupos de trabalho que se prepa-
pragmatismo do ram para analisar, e experimentar,
mundo dos propostas concretas.
“Essa será a diferença face a asso-
negócios ciações empresariais que já existem.
Vasco de Mello Avançar com propostas exequíveis,
Presidente da BRP que estamos dispostos a testar e a
implementar”, asseverou Vasco de
Mello. Sem se comprometer com os
prazos em que serão apresentadas as
Termos mais primeiras propostas, o gestor disse
dinheiro para fazer que gostaria de ter algo concreto a
apresentar até ao Ænal deste ano —
o que se fez sempre “para começar”.
não vai resolver os Cláudia Azevedo assumiu que o
actual momento que o país vive, a
problemas braços com as consequências sociais
Cláudia Azevedo e económicas de uma pandemia, e o
Vice-presidente da BRP anúncio de haver mais Ænanciamento
ciso fazer uma ruptura. “Sabemos
que até 2030 há 1,1 milhões de portu-
gueses que têm de ser requaliÆcados
porque terão os seus postos de traba-
lho em risco, porque serão substituí-
dos pela robotização e pela inteligên-
cia artiÆcial. E 2030 é já amanhã”.
Resistindo a referir de quem foi a
ideia de recriar em Portugal uma
associação como a que já existe na
Europa e nos EUA, Vasco de Mello
limitou-se a dizer que o conjunto de
42 empresas que compõem a associa-
ção faz uma representação diversiÆ#
cada do sector privado português.
“Juntámos associados com experiên-
cia expressiva em mercados interna-
cionais, e associados que estão em
ciclos de desenvolvimento muito dife-
rentes, alguns numa fase de maturi-
dade, outros numa fase de hipercres-
cimento”, aÆrmou. A associação pode
vir a integrar outras empresas.
cionando, nomeadamente, como
intermediária entre anunciantes e
editores, a Æm de exibir anúncios em
sites ou aplicações móveis.
Dado o seu poder no mercado, o
executivo comunitário quer veriÆcar
a inÇuência da Google nos anúncios
em display, avaliando inclusive o
cumprimento da legislação europeia
para salvaguarda de informações
pessoais, como o Regulamento Geral
de Protecção de Dados.
“A lei da concorrência e as leis de
protecção de dados devem trabalhar
lado a lado para garantir que os mer-
cados de publicidade expostos fun-
cionem em igualdade de condições,
em que todos os participantes no
mercado protejam a privacidade dos
utilizadores da mesma forma”,
salientou ontem a instituição, em
comunicado. Lusa
 Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 29

Contratação de Doutorado/a nas área de AVISO AVISO

Engenharia Electrotécnica e de Computadores, Nos termos do artigo 21.º da Lei n.º 2/2004, de 15/01, na
Engenharia Electrónica ou áreas científicas afins. sua atual redação faz-se público que, será publicitado, pelo
Informa-se todos os potenciais candidatos prazo de 10 dias úteis, na Bolsa de Emprego Público (BEP),
interessados que o Instituto de Telecomunicações procedimento concursal de seleção para recrutamento
de titular de cargo de direção intermédia de 2.º grau,
Abriu 1 procedimento concursal de seleção de Coordenador do Núcleo de Gestão, Planeamento
internacional para a contratação de doutorado(a) e Execução do Orçamento, da Direção do Orçamento,
ao abrigo de projectos aprovados no âmbito do integrada no Departamento de Orçamento e Conta do
concurso SAICT-45-2017-02, “WSN_EM” Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I.P..
Os requisitos e condições de admissão ao procedimento
Mais informações deverão ser consultadas em:
concursal, perfil exigido, composição do júri e métodos
http://www.eracareers.pt, ou em https://www.it.pt/positions de seleção constará da publicitação na Bolsa de
Emprego Público, em www.bep.gov.pt, e na página
eletrónica do Instituto de Gestão Financeira da Segurança
Social, I.P., em http://www.seg-social.pt/procedimentos-
concursais?bundleId=17552769
Lisboa, 23 de junho de 2021
INSPEÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA A Presidente do Conselho Diretivo
ESCOLAS EUROPEIAS – MOBILIDADE PARA Teresa Fernandes
O EXERCÍCIO DE FUNÇÕES DOCENTES
Nos termos do artigo 21.º da Lei n.º 2/2004, de 15/01,
na sua atual redação faz-se público que, será publicitado,
pelo prazo de 10 dias úteis, na Bolsa de Emprego
Público (BEP), procedimento concursal de seleção para
recrutamento de titular de cargo de direção intermédia
de 2.º grau, de Coordenador do Núcleo de Projeções e
Análise Financeira, da Direção do Orçamento, integrada
no Departamento de Orçamento e Conta do Instituto de
Gestão Financeira da Segurança Social, I.P..
Os requisitos e condições de admissão ao procedimento
concursal, perfil exigido, composição do júri e métodos
de seleção constará da publicitação na Bolsa de
Emprego Público, em www.bep.gov.pt, e na página
eletrónica do Instituto de Gestão Financeira da Segurança
Social, I.P., em http://www.seg-social.pt/procedimentos-
concursais?bundleId=17552769
Lisboa, 23 de junho de 2021
A Presidente do Conselho Diretivo
Teresa Fernandes

✝
Faz-se público que se encontra publicitado, na
página oficial da Inspeção-Geral da Educação
e Ciência, www.igec.mec.pt, aviso respeitante
à mobilidade para funções docentes no ensino Encontrando-se agendada para o próximo dia 28 de junho
secundário, lecionação de Português, na Escola de 2021 a Assembleia-geral de accionistas da Lisgarante –
Europeia de Munique. Sociedade de Garantia Mútua, S.A. informa-se, nos termos
do disposto no artigo 110.º do Regime Geral das Instituições
Lisboa, 21 de junho de 2021
de Crédito e Sociedades Financeiras, que os accionistas
O Inspetor-Geral detentores de participações sociais superiores a 2% do capital
Luis Capela social da sociedade são os seguintes:
Dr. AUGUSTO RAMOS LOPES
(Antigo Presidente do Clube de Futebol Nif Nome Acções %

“Os Belenenses”) 503271055 Banco Português de Fomento, S.A. 6 313 469 10,75%
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares
e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de
MISSA DE 7º DIA E AGRADECIMENTO 508666236 Turismo de Portugal I.P. 2 376 920 4,05%
Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente
constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e 501373357 IAPMEI - AGÊNCIA PARA A 1 897 050 3,23%
cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país. Sua esposa e restante família participam que será celebrada
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO I.P.
domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.
Missa de 7º Dia amanhã, dia 24, às 19:00 horas no Mostreiro
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento dos Jerónimos. Agradecem desde já a todos os que quiserem
mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais tomar parte nesta Eucaristia bem como aos que de qualquer Lisgarante - Sociedade Garantia Mútua, S.A.
recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas,
efeitos, profilaxia e tratamentos. outro modo lhes manifestaram o seu pesar.
Contactos: Agência Funerária de Algés
Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
Telefones: 213 610 460 - Fax : 21 361 04 69 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Serviço Funerário Permanente 24 Horas O Presidente do Conselho de Administração
Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa
Telefone: 213 609 300 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia
2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Horário de Atendimento: Quartas e sextas, entre as 9h e as 13h
Núcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31 «A, 2080-114 Almeirim CLUB INTERNACIONAL DE FOOT-BALL
- Telefone: 243 000 087 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org Fundado em 8 de Dezembro de 1902
Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal Membro Honorário da Ordem de Benemerência
- Telefone: 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org Medalha de Bons Serviços Desportivos
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha 3810 Aveiro, Telefone: 234 940 480 Medalha de Honra ao Mérito Desportivo
- E-mail: geral.aveiro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional Estádio Pinto Basto, Avenida dos Bombeiros, Caramão de Ajuda, 1400-036 Lisboa.
da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal, Telefone: 291 772 021 - Fax: 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org Tel.: 213014767 Site: www.cif.org.pt - NIF 500 065 500

TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL Comunicação

DA COMARCA
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE DE LISBOA OESTE aos Sócios
Juízo Local Cível de Cascais - Juiz 3 Juízo Local Cível de Cascais - Juiz 3 Juízo Local Cível de Mafra
Processo: 1900/21.0T8CSC Processo: 1933/21.6T8CSC Processo: 618/19.8T8MFR
Em virtude da Avaliação de Risco efectuada
ANÚNCIO ANÚNCIO ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior pela Delegação de Saúde do ACES de Lisboa
Acompanhamento de Maior Acompanhamento de Maior Requerente: Ministério Público
Requerente: Ministério Público Requerente: Ministério Público Beneficiário: Cristina Filomena Vaz dos Ocidental e Oeiras ter desaconselhado a
Acompanhada: Noemia Rodrigues Acompanhado: Alcione Roberto Reis Carrolino
Aleixo Dias Soares Marques Airosa Faz-se saber, que nos autos de realização da Assembleia Geral convocada
FAZ-SE SABER que foi Acompanhamento de Maior, acima
distribuído neste tribunal, o
FAZ-SE SABER que foi
identificados, por sentença já para 23 de junho, venho por este meio
distribuído neste tribunal, o
processo de Acompanhamento transitada em julgado e em que era desconvocar a referida Assembleia Geral e
processo de Acompanhamento beneficiária Cristina Filomena Vaz dos
de Maior, em que é requerida de Maior, em que é requerido
Noemia Rodrigues Aleixo Dias, Alcione Roberto Soares Marques
Reis Carrolino, com residência Asfe, o Acto Eleitoral agendado para 30 de junho.
Rua da Bela Vista N.º 30, Encarnação,
nascida em 27-05-1937, com 2640-224 Mafra, foi rejeitado o seu
Airosa, nascido em 24-06-1976,
domicílio: Casa de Repouso
com domicílio na Rua das Naus, acompanhamento, com o seguinte: Ficando estes Actos de se realizarem, em
Universal, Rua Sacadura Cabral, DISPOSITIVO:
N.º 222, 2765-551 S. Pedro
Lote 5, 1.º C, Torre, 2750-617
Pelo exposto, improcede a presente
data oportuna, logo que as condições de
do Estoril, com vista a serem Cascais, com vista a serem
com a consequente absolvição da Saúde Pública o permitirem.
definidas as medidas adequadas definidas as medidas adequadas beneficiária do pedido, não declarando
de acompanhamento. de acompanhamento. a necessidade de aplicação de
N/ Referência: 131470276 N/ Referência: 131469829 qualquer medida nos termos e para os Lisboa, 21 de junho de 2021
efeitos dos artigos 138.º e seguintes
Cascais, 17-06-2021. Cascais, 17-06-2021. do Cód. Civil.
O Juiz de Direito, O Juiz de Direito, N/ Referência: 131534850 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
Dr(a). Nuno Tomás Cardoso Dr(a). Nuno Tomás Cardoso Mafra, 21-06-2021
O Oficial de Justiça, O Oficial de Justiça, (em exercício)
A Juíza de Direito, Paula Ferreira Pinto
Maria José Ventura Maria José Ventura O Oficial de Justiça, Alberto Ribeiro António Almeida Oliveira
Público, 23/06/2021 Público, 23/06/2021 Público, 23/06/2021
30 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Ciência Literacia cientíƊca na Internet
Imune.pt, um site em português para
acabar com as dúvidas sobre as vacinas
Instituto de Higiene e Medicina Tropical lança plataforma com informação para o público dedicada
à imunização, sobre a covid-19, mas não só, com garantia de qualidade cientíÄca
Clara Barata
Apesar de se terem tornado um tema
central do dia-a-dia com a pandemia,
é fácil perdermo-nos no emaranhado
de informação sobre as vacinas. “As
pessoas perguntam: ‘Qual é a quali-
dade das vacinas?’, ‘que segurança
é que a vacina nos dá?’, ‘que eÆcácia
é que pode ter?’ Mas há bastante
desinformação, fake news, descon-
Æança em relação à própria ciência”,
analisa Filomeno Fortes, director do
Instituto de Higiene e Medicina Tro-
pical da Universidade Nova de Lisboa
(IHMT-Nova). A plataforma online
Imune.pt, lançada hoje pelo IHMT,
pretende dar respostas e contribuir
para dissipar a desinformação.
“O tema das vacinas marcou a
agenda mediática com grande volu-
me de informação, que confunde
com bastante frequência o consumi-
dor. Nós pensámos que era importan-
te melhorar a literacia cientíÆca, com-
batendo as fake news, contrariando a
informação transmitida por movi-
mentos negacionistas e antivacinas”,
explica Filomeno Fortes. E em portu-
guês, com garantia de supervisão
pelos cientistas do instituto ou de ins-
tituições cientíÆcas da sua rede, e
com uma especial atenção à realidade
dos países de língua portuguesa,
como é vocação do IHMT.
“O objectivo desta plataforma é
garantir a toda a comunidade que fala
português informação correcta, idó-
nea sobre vacinas, e não só sobre
covid-19”, explica o director desta
instituição criada em 1902. A covid-19
é prioritária, mas haverá informação
sobre todo o tipo de vacinas. “Por
exemplo, em Portugal, de vez em
quando, temos veriÆcado surtos de
sarampo. Os papás não estão infor-
mados, não sabem os riscos que
podem correr se não derem a vacina
do sarampo aos Ælhos, e se o papá
quiser ter informação sobre isso pode
recorrer à nossa plataforma digital,
até colocar questões.”
O site terá áreas onde é possível a
interactividade com os utilizadores.
“Temos seis áreas: uma é o ABC da
vacinação, relacionada com as vaci-
nas no geral; uma segunda é sobre
covid-19, em que interagimos com as
pessoas e passamos informação
actualizada sobre a evolução da pan-
demia; outra área é de respostas
directas, em que há interacção direc-
ta. Haverá uma área sobre o historial
de epidemias desde os séculos passa-
“É importante melhorar a literacia científica e combater as fake news”, diz Filomeno Fortes
A favor da transferência de tecnologia
A
Organização Mundial de
Saúde anunciou a criação
do primeiro centro de
transferência de tecnologia
para fazer vacinas de ARN
mensageiro para a covid-19 em
África — será na África do Sul.
Filomeno Fortes, director de
uma instituição com ligações
ao continente africano, diz que
é uma boa notícia. “A África do
Sul tem capacidade
tecnológica para o fazer.
Domina efectivamente a
técnica do fabrico de vacinas
de ARN mensageiro. Precisam é
de autorizações [de patentes]
para o poderem fazer].” A
transferência de tecnologia, diz,
“é uma possibilidade de saída
desta falta de disponibilidade
de vacinas nos países menos
desenvolvidos”. É preciso ter
consciência de que a pandemia
não é só dos países
desenvolvidos, sublinha o
director do IHMT.
Concorda com a suspensão
da propriedade intelectual para
que as vacinas da covid-19
possam ser produzidas por
outros fabricantes e ficar mais
baratas. “Estou perfeitamente
de acordo porque vivenciei há
muitos anos uma situação
muito similar, a pandemia do
VIH/sida. O tratamento de um
seropositivo chegou a custar 30
mil dólares. Finalmente
chegou-se a um consenso para
libertar as patentes dos
anti-retrovirais, porque os
países menos desenvolvidos
não tinham acesso a eles. A
África do Sul esteve envolvida,
o Brasil, a Índia.”
DR
40%
é o índice de analfabetismo nos
PALOP. Só isto é um problema
para a literacia científica e
facilita a disseminação da
desinformação
dos até à actualidade. E há outra sobre
descobertas, com notícias recentes
sobre investigação, conteúdos com
dados cientíÆcos que sejam Æáveis”,
explica Filomeno Fortes.
O Imune.pt pretende ter um papel
importante para disseminar infor-
mação nos PALOP. É grande a desin-
formação sobre vacinas nestes paí-
ses? “A minha experiência é que
temos nos PALOP índices de analfa-
betismo que podem ultrapassar os
40%. Isto, por si só, é um problema”,
considera o médico angolano, que é
o primeiro estrangeiro a ocupar a
direcção do IHMT. “O segundo pro-
blema é que as coberturas sanitárias
são baixas. O acesso à saúde não é
tão facilitado, as pessoas não têm
oportunidade de estar com um téc-
nico de saúde e, no mínimo, fazerem
algumas perguntas.”
Mas o factor com maior peso, diz,
é a pobreza. “Muitos dos países afri-
canos têm índices de pobreza acima
dos 50% e então a população, na
minha experiência, não está muito
preocupada se a vacina é boa ou não
é. Se tem oportunidade de levar uma
injecção, leva-a. É uma oportunida-
de para fazer qualquer coisa que, em
condições normais, não tem recur-
sos para fazer.”
Investigar variantes
O IHMT, fundado em 1902, nessa
altura vocacionado para o estudo,
ensino e clínica das doenças tropi-
cais, evoluiu hoje para uma aborda-
gem que vai desde o nível da biologia
molecular até à análise dos sistemas
globais de saúde. Com a covid-19, diz
Filomeno Fortes, “assumiu o papel
de interlocutor privilegiado no escla-
recimento e disseminação de conhe-
cimentos sobre a pandemia, sobre-
tudo ao nível dos países africanos de
língua oÆcial portuguesa [PALOP]”,
disse Filomeno Fortes.
O Imune.pt destina-se ao público
em geral, mas esse papel do IHMT
durante a pandemia tem-se traduzido
na formação de proÆssionais de saú-
de — através de webinars, por exem-
plo, em que se pode chegar a milha-
res de pessoas, que participam direc-
tamente ou assistem mais tarde, ou
na colaboração em projectos de
investigação sobre a covid-19 com os
PALOP. “Fizemos formação em Bio-
logia Molecular em técnicas de PCR
online com esses países, contribuí-
mos com equipamento. Por exemplo,
em Angola ajudámos a montar um
laboratório de biologia molecular
com PCR numa província; em
Moçambique, colaborámos com a
distribuição de meios de segurança”,
diz Filomeno Fortes.
Os projectos de investigação con-
juntos com PALOP passam por temas
como compreender a prevalência da
covid-19, ou a identiÆcação de grupos
vulneráveis, complicações associa-
das. “Estamos, neste momento, a
entrar numa fase de estudar as varian-
tes que possam estar a surgir nas
comunidades, mas isto é mais difícil,
porque as amostras a que temos aces-
so são de pouca monta, e não nos
permitem um grande juízo”, explica
o director do IHMT.

A delirante libertação de um hámster
quando pára a roda
Criação conjunta de Ricardo Neves-Neves e de Rui Paixão, Hamster Clown, de hoje a 4 de Julho
no Teatro São Luiz, é um espectáculo sem texto mas dominado por duas palavras: liberdade e fuga
Gonçalo Frota
No Verão passado, estava Ricardo
Neves-Neves em casa, “já depois de
uns tempos de frustração” trazidos
pela pandemia, quando começou a
pensar em pôr em marcha um novo
espectáculo que lhe ocupasse a cabe-
ça em época de reagendamentos e
programações viradas do avesso. E foi
alimentando uma ideia, que já vinha
de trás, de criar um espectáculo sem
texto — uma novidade para alguém
que tem construído o seu percurso
através do hábil manuseamento da
palavra e da sua relação com a músi-
ca. “Sem meter o espectáculo numa
gaveta de dança, de performance ou
do que quer que seja”, explica ao
PÚBLICO. Por isso, quando ligou ao
clown e actor Rui Paixão (conhecido
pelo seu trabalho com o Cirque du
Soleil) a propor-lhe uma criação con-
junta, falou-lhe da imagem que tinha
na cabeça e da qual pretendia partir:
um rato preso dentro de uma gaiola
— sendo que o espectáculo se iniciaria
no momento em que o rato decidisse
escapar. “Gostava que interpretasses
este rato”, disse a Paixão, em forma
de convite.
Foi assim que Hamster Clown, solo
que Rui Paixão interpretará no Teatro
São Luiz, Lisboa, de hoje a 4 de Julho,
teve início. Depois, ao longo de mui-
tas conversas e de visitas a museus e
a cinemas que permitiram que os dois
se conhecessem e encontrassem um
vocabulário comum, começaram a
aÆnar o universo muito próprio em
que a peça acontece. Porque se o tra-
balho inicial se desenvolveu no senti-
do de complexiÆcar esta ideia de rato
ou de hámster, Rui acabou por pro-
por que acabasse por encarnar antes
“uma pessoa que acha mesmo que é
um hámster”. A personagem foi, na
verdade, aquilo que primeiro apare-
ceu no espectáculo e acabou por se
cruzar com a vontade do clown de
interpretar uma Ægura feminina. Aos
poucos, à medida que todas as refe-
rências se iam juntando, Hamster
Clown foi ganhando uma peculiar
identidade.
Nomeadamente, e depois de Rui
Paixão se dedicar à observação de
vídeos de maquilhagem e a treinar-se
a caminhar sobre saltos altos, quando
o intérprete deu a conhecer a Neves-
Neves o trabalho da drag queen e
escultora britânica Juno Birch e da
drag RuPaul. “Percebi então que há
ali um ambiente muito divertido e
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 31
Solo interpretado por Rui Paixão Cultura
FOTOS: ESTELLE VALENTE
Actor Rui Paixão é conhecido pelo
seu trabalho com o Cirque du Soleil
O universo
doméstico
como prisão
corre em fundo
em Hamster Clown
que plasticamente é muito inspira-
dor”, conta o encenador. “Não só por
aquilo que colocam na cara e no cor-
po, mas em toda a manipulação e
utilização do espaço.” Essa inÇuência
juntar-se-ia à admiração partilhada
pela “zona entre a luz e uma certa
estilização do movimento de Bob Wil-
son e todo o universo fantasioso entre
o colorido e o terror dos Peeping
Tom”, com efeitos muito claros no
espectáculo. Quando primeiro vemos
Rui Paixão, de costas para o público,
assumindo uma Ægura feminina, per-
cebe-se de imediato essa transforma-
ção do corpo inspirada por Birch, mas
que se estenderá pouco depois para
todo um imaginário de “ironia a par-
tir do cliché feminino e que a Juno
leva ao extremo”.
Quer isto dizer que este ser estra-
nho, humano, roedor e andrógino
nos aparece a tratar da lida da casa,
aspirando o chão ou fazendo compras
no supermercado, a partir desse uni-
verso da “dona de casa americana dos
anos 50” que Birch desconstrói e pro-
voca. No caso de Hamster Clown,
explica Ricardo Neves-Neves, “ela
está a aspirar um relvado” e, quando
“vai ao supermercado, o grande
objectivo não é fazer as compras, mas
na zona dos frescos da peixaria
encontrar um polvo” que acabará por
estimulá-la sexualmente. A peça vai,
assim, acumulando ideias soltas e
diferentes referências atiradas para
dentro de uma misturadora delirante
— na cena do supermercado e da rela-
ção erótica com os tentáculos do pol-
vo, o curto-circuito acontece com
uma súbita inspiração da pornograÆa
japonesa genki genki. “E depois esse
lado carnal leva à carniÆcina”, acres-
centa Neves-Neves.
Libertação
Se o universo doméstico como prisão
corre em fundo em Hamster Clown,
a imagem do pequeno animal a cor-
rer numa roda que não lhe permite
sair do mesmo sítio está sempre pre-
sente no cenário — inspirado também
em labirintos barrocos. O que equi-
vale a dizer que em toda a sua carre-
gada fantasia há na peça um desejo
permanente de libertação de todo o
tipo de espartilhos. É numa sensação
inicial de impossibilidade de fuga que
o espectáculo se Æxa nos primeiros
minutos, mas, a partir daí, quase
tudo o que vemos, de forma mais ou
menos camuÇada, são pequenos
espasmos de uma pulsão pela liber-
dade. Mesmo que nada seja demasia-
do explicativo e os dois criadores
assumam que “o público tem de estar
acordado para ver isto” e entrar em
diálogo com um espectáculo que não
mastiga cada cena até as suas inten-
ções serem cristalinas.
Até mesmo porque a decisão de
trabalharem sem texto foi levada até
às últimas consequências — não hou-
ve qualquer texto de base a ser tradu-
zido depois em imagens. O processo,
dizem, foi inverso. Umas imagens
puxavam as outras, de Juno Birch ao
labirinto barroco, do imaginário da
dupla Pierre & Gilles à K-Pop, de
movimentos animalescos à utilização
de pinças de lagosta gigantes, do
mundo botox aos sistemas repressi-
vos que tolhem quaisquer movimen-
tos fora da tal rodinha do hámster.
Todo um desÆle desabrido de ima-
gens que não querem mais do que
parar a roda e fazer-nos perceber
que, às vezes, basta olhar em volta
para encontrar a saída.
32 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Cultura
Casa da Música nomeia nova administração
e volta a ter um administrador-delegado
Luís Miguel Queirós
Estrutura escolhida pelo
Conselho de Fundadores
retoma cargo executivo até
hoje apenas ocupado por
Nuno Azevedo
O Conselho de Fundadores da Casa
da Música (CdM) escolheu ontem
uma nova administração, à qual cabe-
rá agora eleger internamente o presi-
dente e o administrador-delegado,
cargo que os estatutos prevêem mas
que só vigorou de 2006 a 2011, quan-
do foi exercido por Nuno Azevedo.
Os quatro elementos da nova admi-
nistração escolhidos pelos privados
que integram o Conselho de Funda-
dores são António Filipe, da Syming-
ton (que já integrava a administração
cessante, presidida por José Pena do
Amaral), Graça Graça Moura, consul-
tora do BPI, a economista Maria Antó-
nia Portocarrero, que fez carreira no
sector dos centros comerciais da
Sonae e dirigiu a Bragaparques, e Rui
Amorim de Sousa, administrador-de-
legado do grupo Cerealis, que já fize-
ra um anterior mandato como admi-
nistrador da CdM entre 2008 e 2013.
Os dois representantes designados
pelo Estado, Fernando Freire de Sou-
sa e Leonor Cerqueira Sopas, são
também economistas. Até há pouco
presidente da Comissão de Coorde-
nação e Desenvolvimento da Região
Norte, Fernando Freire de Sousa foi
secretário de Estado para a Competi-
tividade e Internacionalização no
governo de António Guterres, e
O Porto quer ser filmado e tem uma comissão para o potenciar
Sérgio C. Andrade
A cidade do Porto transformada em
cenário londrino para acolher uma
história passada na segunda metade
do século XIX — a de um burlão de
origem portuguesa que inspirou
Arthur Conan Doyle, e ao qual o
inventor de Sherlock Holmes chamou
mesmo “o pior homem de Londres”.
Esta é uma possibilidade de trabalho
que, no próximo ano, poderá já pas-
sar pela plataforma Filmaporto — Film
Commission, apresentada ontem no
Cinema Trindade.
O projecto atrás citado, que assu-
miu o título O Pior Homem de Londres,
tem como realizador Rodrigo Areias,
com produção da Leopardo Filmes
de Paulo Branco, e argumento de
Novo presidente da Casa da Música será escolhido entre os novos administradores da instituição
desempenhou diversos cargos na
universidade e no sector empresarial
e bancário, tendo ainda integrado no
biénio 2010/2011 a administração da
Fundação de Arte Moderna e Con-
temporânea — Coleção Berardo. Leo-
nor Sopas, professora auxiliar na
Católica Porto Business School, da
Universidade Católica Portuguesa, e
foi recentemente nomeada para a
Comissão Nacional de Acompanha-
mento do Plano de Recuperação e
Resiliência.
São estes os dois nomes que a
ministra Graça Fonseca propôs para
substituir o maestro José Luis Borges
Eduardo Brito. A personagem em
causa é Charles Augustus Howell
(1840-1890), um mestre chantagista
e falsiÆcador de obras de arte nascido
no Porto, Ælho de pai inglês e mãe
portuguesa, e depois radicado em
Londres, onde desenvolveria as suas
artes… que Conan Doyle viria a Æccio-
nar em Sherlock Holmes e As Aventuras
de Charles Augustus Milverton.
O Ælme de Rodrigo Areias é apenas
um dos múltiplos “cenários” que a
nova Filmaporto tem no seu horizon-
te, ampliado com a criação desta pla-
taforma associada ao Departamento
de Cinema e Imagem em Movimento
da empresa municipal Ágora.
Numa apresentação que teve por
cenário um dos cinemas históricos da
Baixa, o presidente da câmara, Rui
Coelho — que anunciou a sua demis-
são já no Verão de 2020, explicando
que saía em “desacordo solitário”
com o modo vinha sendo conduzido
o processo dos trabalhadores precá-
rios —, e a economista Teresa Moura,
que antes de ter sido designada pelo
Estado já exercera as mesmas funções
em representação dos privados.
A estes nomes soma-se ainda o de
Luís Osório, representante da Câma-
ra do Porto, que transita da adminis-
tração anterior.
Além do presidente, José Pena do
Amaral, e de José Luís Borges Coelho
e Teresa Moura, cessam ainda fun-
Moreira, começou por lembrar que
“o Porto é a cidade do cinema e das
imagens em movimento”, património
que “precisa de ser cuidado constan-
temente”, o que passa pelo “apoio à
produção contemporânea”.
Frente a um ecrã que lembrava,
evocando o pioneiro Aurélio da Paz
Cena de Porto, de Gabe Klinger
PAULO PIMENTA
ções a vice-presidente Rita Domin-
gues e António Lobo Xavier.
Na reunião de ontem, que termi-
nou a tempo do concerto do pianista
russo Arcadi Volodos, Valente de Oli-
veira viu-se reconduzido como presi-
dente do Conselho de Fundadores,
para o qual o Estado nomeou António
Ponte, actual director do Museu
Nacional Soares dos Reis e até há pou-
co director regional de Cultura do
Norte.
Não se sabe ainda quando serão
anunciados o novo presidente, que
costuma ser um dos nomes escolhi-
dos pelos privados do Conselho de
dos Reis (1862-1931), que o cinema
tem vindo a “Ælmar o Porto desde
1896”, Guilherme Blanc, responsável
por aquele departamento da Ágora,
situou a criação da Filmaporto na
continuidade do trabalho da anterior
Film Commission da cidade, em liga-
ção estreita com a Portugal Film
Commission e o Turismo de Portugal,
sublinhando que o Porto usufrui de
“um tecido em renovação” na área
do cinema e do audiovisual, a que o
novo Cinema Batalha irá dar acolhi-
mento, a partir de 2022.
Em termos práticos, a Filmaporto
está a criar um site que abrigará um
directório destinado a centralizar
informação e a apoiar oportunidades
de produção cinematográÆca, apro-
veitando os décors e a massa crítica
Fundadores, e que agora poderá con-
tar com um elemento executivo na
sua equipa.
A administração cessante, que
tomou posse em Abril de 2018 e cujo
mandato terminara já a 31 de Dezem-
bro, deixa à sua sucessora uma situa-
ção complexa, marcada por conflitos
laborais que rebentaram quando
mais de 90 trabalhadores da institui-
ção tornaram público um abaixo-as-
sinado a acusar a CdM de os ter aban-
donado durante a pandemia. Um
processo que passou por audições no
Parlamento, uma inspecção da Auto-
ridade para as Condições do Trabalho
que identificou 37 falsos recibos ver-
des, e uma série de acções judiciais,
várias delas ainda em curso.
Num comunicado ontem enviado
pelo sindicato CENA-STE, os trabalha-
dores sindicalizados da CdM dizem
que o conselho de administração ces-
sante “não deixa saudades e sai pela
porta mais pequena”, e manifestam
a esperança de que a designação de
uma nova administração “não seja
apenas uma mudança de caras, mas
sim uma clara alteração de rumo,
especialmente no que respeita a polí-
ticas falhadas de recursos humanos,
que (...) se podem reflectir na missão
artística e cultural”.
Os signatários pretendem da nova
administração “abertura para o diá-
logo, de modo a encontrar (...) solu-
ções para as várias situações ilegais e
a extrema desorganização dos recur-
sos humanos”, na expectativa de que
o “silêncio” até agora votado ao
caderno reivindicativo dos trabalha-
dores “seja finalmente quebrado”.
da cidade. Outra medida imediata
será o lançamento de um concurso
para a atribuição das Bolsas Neves &
Pascaud — a histórica empresa de exi-
bição que esteve na origem de salas
como o Trindade e o Batalha —, de
apoio à produção. Anualmente, a Fil-
maporto — Film Commission irá atri-
buir cinco bolsas no valor de 20 mil
euros cada, que serão decididas por
um júri externo à comissão.
À frente da Filmaporto vai Æcar
Luís Araújo, produtor, argumentista
e realizador que prometeu agilizar os
processos e a burocracia. A diminui-
ção de 22 para sete dias do prazo de
licenciamento para fazer chegar os
lugares do Porto aos pequenos e gran-
des ecrãs de todo o mundo foi uma
das medidas que anunciou.
 Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 33

Cultura

Bruxelas nega intenção de restringir “Não haverá Vodafone Paredes

conteúdos britânicos na televisão
e nos serviços de streaming
Rita Siza, Bruxelas
Comissão não planeia
mexer na directiva dos
serviços audiovisuais, que
classifica como “europeia”
a produção do Reino Unido
A Comissão Europeia desmentiu
ontem que esteja a ser preparada
uma alteração legislativa para res-
tringir ou limitar a difusão de con-
teúdos audiovisuais produzidos no
Reino Unido na programação das
estações televisivas ou nas platafor-
mas de streaming dos países da
União Europeia (UE).
O executivo comunitário reagiu a
uma notícia avançada pelo diário
britânico The Guardian, segundo o
qual Bruxelas tencionaria alterar a
sua directiva sobre os Serviços de
Media e Audiovisuais de modo a
diminuir a quantidade de produ-
ções televisivas e Ælmes realizados
The Crown: metade dos conteúdos audiovisuais da UE é britânica
com o ponto de situação actual do
mercado audiovisual europeu e das
tendências para o futuro, mas escla-
receu que esse documento não foi
“encomendado” pelo Conselho da
DR
novo ponto de “situação do merca-
do” que o executivo vai preparar
“implica também dispor de infor-
mação actualizada sobre a presença
de conteúdos britânicos na sequên-
de Coura este ano”: mais um
festival de Verão cancelado
A edição 2021 do festival Vodafone
Paredes de Coura, que deveria
decorrer de 18 a 21 de Agosto, foi
adiada para 2022, estando agora
agendada para 17 a 20 de Agosto do
próximo ano.
Tal como a maioria dos festivais de
Verão (à excepção do Meo Sudoeste,
todos os eventos musicais de grande
público do calendário estival portu-
guês foram já riscados da agenda des-
te ano), também Paredes de Coura
não resistiu às incertezas que a evo-
lução da pandemia continua a colo-
car. Fica assim sem efeito o cartaz que
incluía bandas como Pixies, Jarvis
Cocker, IDLES, Mac DeMarco,
Slowthai ou BadBadNotGood.
“O nosso maior medo tornou-se
realidade. Pela segunda vez, somos
obrigados a parar (...). Com muito
peso no coração, somos obrigados a
admitir que ainda não é desta”, anun-
ciou ontem a organização do festival,
que já no ano passado se vira sem
efeito devido à pandemia. Para não
deixar passar totalmente em branco
a edição cancelada, foi então monta-
do na Praia Fluvial do Taboão um
palco por onde passaram memórias
de edições anteriores.
A organização atribui a decisão às
“incertezas e constantes alterações
nos procedimentos do regresso dos
espectáculos ao vivo” e informa que
os bilhetes adquiridos para as duas
edições canceladas são válidos para
2022. Os pedidos de reembolso deve-
rão por sua vez ser feitos entre 18 de
Agosto e 6 de Setembro num formu-
lário próprio que Æcará entretanto
disponível no site oÆcial do festival.
Há uma semana, em declarações
ao PÚBLICO sobre a norma da
Direcção-Geral da Saúde que prevê a
testagem em espectáculos ao ar livre
para mais de mil espectadores, o pro-
motor João Carvalho dizia-se exaspe-
rado perante a ausência de um enqua-
dramento claro para os festivais de
Verão: “É um impasse que leva qual-
quer um à exaustão.” PÚBLICO
PUBLICIDADE

no Reino Unido nas grelhas das esta-
ções de TV e serviços on demand da
UE.
Segundo o porta-voz da Comissão
Europeia, Johannes Bahrke, não
está prevista nenhuma mudança
legislativa ou revisão da directiva
que coordena o quadro jurídico
aplicado ao sector dos media e do
audiovisual nos 27 Estados-mem-
bros da UE, nem existe qualquer
intenção de cortar a quantidade de
conteúdos produzidos no Reino
Unido ou de estabelecer quotas dife-
renciadas para as produções britâ-
nicas.
Escusando-se a comentar a inter-
pretação feita pelo diário britânico
a partir de um documento interno
do Conselho da União Europeia, o
porta-voz da Comissão limitou-se a
recordar que a directiva dos servi-
ços audiovisuais aprovada em 2010
e revista em 2018 Æxa a deÆnição de
“obras europeias” como “sendo ori-
ginárias dos Estados-membros da
União Europeia ou dos países que
integram a Convenção Europeia de
Televisão Transfronteiras do Conse-
lho da Europa, nomeadamente o
Reino Unido”.
“Não houve nenhuma mudança
neste quadro, as obras produzidas
no Reino Unido são classiÆcadas
como obras europeias no âmbito
desta directiva”, repetiu Bahrke,
precisando que a deÆnição tanto
abrange produções como co-produ-
ções.
O mesmo porta-voz conÆrmou
que a Comissão Europeia apresen-
União Europeia, tendo sido uma
missão que a Comissão deu a si pró-
pria em Dezembro de 2020, quando
adoptou o seu Plano de Acção para
os Media, destinado a apoiar a recu-
peração e a transformação dos sec-
tores da comunicação social e do
audiovisual, muito impactados pela
crise pandémica.
O documento citado pelo The
Guardian está em circulação no
Conselho da União Europeia e cha-
ma a atenção para a ameaça à diver-
sidade cultural europeia colocada
pela preponderância dos conteúdos
britânicos no mercado audiovisual,
incumbindo a Comissão de elaborar
um estudo sobre essa matéria.
O PÚBLICO teve acesso a esse
documento interno, que foi discuti-
do numa reunião do grupo de tra-
balho do audiovisual do Conselho
da UE no início deste mês, no âmbi-
to do processo de acompanhamen-
to e de monitorização do Plano de
Acção para os Media apresentado
pela Comissão.
Como se lê nesse texto, os Esta-
dos-membros consideram que o
“Não houve
mudança, as obras
produzidas no
Reino Unido são
classiÄcadas como
obras europeias”,
clariÄcou
cia do ‘Brexit’”, e responder às
“preocupações” manifestadas pelo
sector sobre o possível impacto do
divórcio entre o Reino Unido e a UE
na produção europeia, uma vez
que, de acordo com os dados do
Observatório Europeu do Audiovi- EDITAL
sual, metade do conteúdo televisivo
e de streaming na Europa é prove- CANDIDATURAS AO CARGO DE
niente daquele país. REITOR DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
“É crucial conhecer e avaliar com
precisão o impacto desta situação”, 1. A Universidade de Lisboa, adiante designada Universidade, procede ao
anúncio público da abertura do processo de candidaturas ao cargo de Reitor.
diz o documento de trabalho, que
refere claramente que “embora o 2. O Reitor é eleito pelo Conselho Geral da Universidade, para um mandato de
Reino Unido seja agora um país ter- quatro anos, e é o órgão superior de governo e de representação institucional externa
ceiro para a UE, o seu conteúdo da Universidade, exercendo as suas funções em regime de dedicação exclusiva.
audiovisual ainda se qualiÆca como 3. Podem candidatar-se ao cargo de Reitor, professores e investigadores da
obra europeia, de acordo com a Universidade ou de outras instituições nacionais ou estrangeiras de ensino
directiva dos serviços de media e universitário ou de investigação, em exercício efetivo de funções.
audiovisuais”.
4. O Reitor deve ser uma personalidade de prestígio académico, devidamente
No Ænal desse documento, lança-
FRPSURYDGRÀXHQWHHPOtQJXDSRUWXJXHVDFRPH[SHULrQFLDQRH[HUFtFLRGH
se a pergunta aos Estados-membros
funções de direção em instituições de ensino universitário ou de investigação,
sobre se será pertinente pedir à dotado da visão estratégica adequada à constituição e desenvolvimento da
Comissão Europeia para incluir no Universidade de Lisboa, nos termos dos princípios e valores consagrados nos
seu relatório a sua avaliação do Estatutos da Universidade.
eventual impacto do “Brexit” sobre
a “presença, a circulação e a promo- 5. As candidaturas são dirigidas, em suporte digital, ao Presidente do Conselho
Geral, devendo a Declaração de Candidatura ser redigida em língua portuguesa
ção online dos conteúdos dos 27
e obrigatoriamente acompanhada pelo currículo do candidato, programa
Estados-membros, do ponto de vis- GH DomR H FRPSURPLVVR HVFULWR GH QmR H[LVWrQFLD GH TXDOTXHU VLWXDomR GH
ta da diversidade cultural”, cuja inelegibilidade ou incompatibilidade prevista na lei, nos estatutos e no
promoção é um dos objectivos do
Plano de Acção para os Media.
regulamento eleitoral, até às 17 horas do dia 23 de julho de 2021, podendo ser
entregues em mão ou enviadas por correio eletrónico.
Segundo apontam os Estados-
6. As funções de Reitor segundo o Regime Jurídico das Instituições de Ensino
membros, o facto de as produções
britânicas continuarem a beneÆciar
Superior e os Estatutos da Universidade, as condições de elegibilidade e o
regulamento que rege a sua eleição pelo Conselho Geral e demais informações
da qualiÆcação de obras europeias relevantes estão disponíveis para consulta em www.ulisboa.pt/eleicoes-reitor.
“pode resultar numa presença des-
proporcionada desses conteúdos Contactos: Presidente do Conselho Geral da Universidade de Lisboa
dentro da quota europeia e diÆcul- Reitoria, Alameda da Universidade, Cidade Universitária,
1649-004 Lisboa
tar uma maior variedade de obras
(incluindo de países mais pequenos
email: presidentecg@ulisboa.pt

tará no próximo ano um relatório Johannes Bahrke ou de línguas menos faladas).”

34 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Guia
motores
publico.pt/motores
Q4 e-tron, o trunfo eléctrico da Audi
A aposta da Audi no mundo dos eléctricos prepara-se para mexer com o mercado,
sobretudo pelos valores apresentados: com corpo de SUV, chega desde 44.852€
Carla B. Ribeiro
A Volkswagen mostrou que não entra-
va na competição da electriÆcação a
brincar, com os lançamentos do fami-
liar compacto ID.3 e do SUV ID.4 por
valores que os equiparavam aos seus
similares a gasóleo. No entanto, para
o fazer assumiu algum compromisso
nos materiais escolhidos: não sendo
de qualidade pobre, também não são
tão requintados como o costume na
marca.
Mas, agora, o grupo parece dar um
passo de gigante, ao propor a versão
de entrada do SUV da sua marca pre-
mium a partir de 44.852€. E, impor-
tante sublinhar, o Q4 e-tron (que ain-
da só conseguimos ver ao vivo, mas
não conduzir) não se mostra à primei-
ra vista menos luxuoso do que os seus
companheiros de marca movidos a
motores a combustão. Resultado: as
40 unidades disponíveis para pré-re-
serva esgotaram-se em dias.
O Q4 e-tron passa, então, a perso-
niÆcar a entrada de gama entre os
eléctricos (a Audi já tem no seu por-
tefólio o e-tron e o e-tron GT, ambos
de segmentos acima), chegando com
Na conectividade, o Q4 e-tron
promete ser inovador, ao propor
uma experiência totalmente
digital
À primeira vista, não se notam
quaiquer poupanças nem nos
materiais seleccionados nem na
construção
A presença em estrada do Audi
Q4 e-tron com a carroçaria SUV
transmite robustez; o Sportback
surgirá com linhas mais
esculpidas e elegantes
dois corpos e várias almas. Para já, a
marca lança a carroçaria SUV, indo
ao encontro das preferências dos
clientes, mas ainda este ano apresen-
tará a versão Sportback, de linhas
mais elegantes, ao deixar cair o teja-
dilho ao estilo de um coupé, mas tam-
bém mais eÆciente em termos aero-
dinâmicos, o que lhe permite reivin-
dicar maior autonomia.
Em termos de alcance, a Audi não
deixou créditos por mãos alheias,
mesmo tendo em conta estarmos
diante de um carro de quase duas
toneladas (ou mesmo mais, no caso
FOTOS DR
Cayenne conquista o “inferno verde”
Há um novo recorde do circuito de Nürburgring para os
veículos que se inserem nas categorias de SUV,
off-road ou pick-up. Um Porsche Cayenne, baseado
no Turbo Coupé e com o mesmo V8 biturbo, mas
apurado para a velocidade, com 640cv,
completou os 20,832km em apenas 7’38,925’’.
das versões quattro): entre 341 e 520
quilómetros, dependendo da moto-
rização e da bateria. Há quatro con-
jugações distintas, sendo duas de
tracção traseira: o Q4 e-tron 35 com
motor eléctrico de 125 kW e bateria
de 55 kWh, que na forma de SUV (des-
de 44.852€) reclama autonomia para
até 341 quilómetros, enquanto no
corpo de Sportback (a partir de
46.920€) atinge os 349 quilómetros;
e o Q4 e-tron 40 (SUV desde 51.784€
e Sportback desde 53.852€), com
motor capaz de debitar 150 kW, que
recorre a uma bateria de 82 kWh para
conseguir percorrer até 520 quilóme-
tros com uma só carga.
Por Æm, de tracção integral Quattro,
ambos com bateria de 82 kWh, há os
e-tron 45 e e-tron 50. O primeiro ofe-
rece uma potência de 195 kW e chega
entre 55.285 e 57.354€; o segundo,
com potência de 220 kW, apresenta-
se entre 57.383€ e 59.451€. Apesar de
a bateria disponível ser a mesma do
40, a autonomia é inferior, entre
outros factores, pelo aumento de
peso da viatura: 488 quilómetros para
o SUV e de 496 para o Sportback.
Assente na plataforma MEB, des-
envolvida especiÆcamente para aco-
lher soluções eléctricas, o Q4 e-tron
consegue revelar-se por dentro mais
desafogado que o gigante Q7, embora
por fora seja 47,5cm mais curto, o que
se reÇecte numa boa habitabilidade
e numa bagageira capaz de acomodar
até 520 litros no caso do SUV ou de
até 535 litros no Sportback.
Na conectividade, promete tam-
bém ser inovador, ao propor uma
experiência totalmente digital, que
pode incluir head-up display de reali-
dade aumentada ou os serviços onli-
ne Audi Connect com planeamento
inteligente de rotas.
Dia da Mulher Automobilista
24 de Junho, o dia em
que o direito a conduzir
passou a ser de todas
Há três anos, um país ainda não
tinha mulheres condutoras. Tudo
mudaria no dia seguinte, a 24 de
Junho de 2018, quando a Arábia
Saudita levantou a proibição de
as mulheres conduzirem. É essa a
efeméride que justifica a criação
de um Dia Internacional da
Mulher Automobilista, uma
iniciativa do Women’s World Car
of the Year, grupo de jornalistas
especializadas no sector, de
forma a sublinhar o valor da
conquista daquele direito. Não à
toa, o grupo decidiu distinguir
este ano a saudita Loujain Al
Hathloul, activista que fez
campanha para dar às mulheres
do seu país o direito de conduzir,
tendo sido detida por duas vezes
por desobedecer à lei que
determinava que uma pessoa do
sexo feminino não podia assumir
os comandos de um automóvel: a
1 de Dezembro de 2014, tendo
ficado 73 dias no cárcere, e em
Maio de 2018, pouco antes de o
reino suspender a proibição. No
final de 2020, Loujain Al Hathloul,
de 31 anos, foi condenada a cinco
anos e oito meses de prisão por
um tribunal do país especializado
em casos antiterrorismo.
Nomeada para o Prémio Nobel da
Paz em 2019 e 2020, acabou por
ser libertada a 10 de Fevereiro de
2021. Paralelamente, o WWCOTY
homenageou Sabine Schmitz, a
“rainha de Nürburgring”, que
morreu em Março, aos 51 anos.
A organização, que reúne 55
jornalistas de mais de 40 países,
considera ainda que está na
altura de devolver às mulheres o
papel predominante que tiveram
na história inicial do automóvel.
Afinal, lembra em comunicado,
os espelhos retrovisores não
existiriam sem Dorothy Levitt
(1882-1922); os pavimentos não
teriam traços se June McCarroll
(1867-1954) não fosse obcecada
com a redução das mortes na
estrada; e a taxa de sinistros seria
muito mais elevada se Florence
Lawrence (1886-1938) não
tivesse ctiado os indicadores de
direcção. Hoje, as mulheres são
responsáveis em alguns
mercados por mais de metade
das vendas, como nos EUA (62%,
segundo a Forbes), tendo estas
ainda um papel activo quando se
trata de comprar o primeiro carro
de família. C.B.R.

Cinema
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Prazer, Camaradas! M12. 17h25;
O Pecado M12. 15h25, 19h55; Nomadland -
Sobreviver na América 18h,
20h10; Minari M12. 17h50; Cruella M12.
15h20; Entre a Morte M14. 20h; O Espião
Inglês M12. 15h35, 20h15; A Candidata
Perfeita M12. 17h55; Os Flofos: Viagem no
Tempo M6. 15h40 (V.P./2D)
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Um Lugar Silencioso 2 M14. 20h30; Peter
Rabbit: Coelho à Solta M6. 11h25, 15h40 (V.
P./2D); Mais Uma
Rodada 20h25; Cruella M12. 15h10, 17h40,
20h; Raya e o Último Dragão M6. 11h15,
15h30, 17h45 (V.P./2D); Spirit Invencível M6.
11h20, 15h50 (V.P./2D); The Conjuring 3 - A
Obra do Diabo M16. 15h45, 20h20; Chaos
Walking - O Ruído M12. 17h20; O Espião
Inglês M12. 18h10, 20h05; Os Flofos:
Viagem no Tempo M6. 13h40, 15h20, 18h
(V.P./2D); Demon Slayer - Kimetsu No Yaiba
- O Filme: Comboio Infinito M14. 11h, 17h30,
19h50; O Guarda-Costas e a Mulher do
Assassino M16. 15h15, 17h55, 20h10
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
O Movimento das Coisas M12. 16h30,
20h30; As Andorinhas de
Cabul 14h45; Miss Marx M12. 18h30
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 20h20; Peter
Rabbit: Coelho à Solta M6. 13h40, 16h35 (V.
P./2D); O Amigo de Sempre M12. 13h15, 16h,
19h; O Pai M12. 20h20; Missão
Inesperada M14. 13h50, 17h20,
20h05; Godzilla vs. Kong M12. 13h55,
16h50; Cruella M12. 19h35; The Conjuring 3
- A Obra do Diabo M16. 13h45, 16h40,
19h30; Ao Ritmo de Washington
Heights M12. 13h20, 16h20, 19h40; Chaos
Walking - O Ruído M12. 14h10, 17h, 19h50;
O Espião Inglês M12. 14h, 16h55, 20h10; A
Candidata Perfeita M12. 14h30, 17h10,
19h55; Os Flofos: Viagem no Tempo M6.
13h10, 15h40, 18h10 (V.P./2D); Demon Slayer
- Kimetsu No Yaiba - O Filme: Comboio
Infinito M14. 13h35, 16h45, 19h45; O
Guarda-Costas e a Mulher do
Assassino M16. 13h30, 16h30, 19h25
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 16h40,
19h30; Peter Rabbit: Coelho à Solta M6.
13h, 15h10 (V.P./2D); O Pecado M12.
19h50; Nomadland - Sobreviver na
América 13h40; O Pai M12. 14h30, 17h30,
20h20; Cruella M12. 13h30, 16h30,
19h40; Um Homem Furioso M16. 17h20,
20h10; Ao Ritmo de Washington
Heights M12. 14h; O Espião Inglês M12.
14h10, 17h10, 20h; Supernova 17h,
20h30; Os Flofos: Viagem no Tempo M6.
13h20, 15h30, 17h40 (V.P./2D)
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h20, 15h50,
18h20, 20h45; Peter Rabbit: Coelho
à Solta M6. 13h10, 15h20
(V.P./2D); Cruella M12. 14h, 17h, 20h; Um
Homem Furioso M16. 17h40, 20h20 ; The
Conjuring 3 - A Obra do Diabo M16. 13h,
15h30, 18h, 20h25; Ao Ritmo de
Washington Heights M12. 13h30,
16h50; Chaos Walking - O Ruído M12.
20h35; O Espião Inglês M12. 20h05; Os
Flofos: Viagem no Tempo M6. 13h40, 16h,
18h10 (V.P./2D); Demon Slayer - Kimetsu No
Yaiba - O Filme: Comboio Infinito M14.
14h10, 17h30, 20h10; O Guarda-Costas e a
Mulher do Assassino M16. 13h50, 16h40,
19h50; Chaos Walking - O Ruído M12. Sala
IMAX - 12h50, 15h10, 17h50, 20h30
Estreias
A Candidata Perfeita
De Haifaa al-Mansour.
Com Mila Al Zahrani, Dae Al Hilali,
Nora Al Awad. Arábia Saudita/ALE.
2019. 104m. Drama. M12.
Maryam é uma jovem saudita que
todos os dias se vê a lutar contra o
preconceito. Farta de se sentir
diminuída por ser mulher, toma uma
resolução inesperada: concorrer a um
cargo político.
Ladrões de Bicicletas
De Vittorio De Sica.
Com Enzo Stajola, Lamberto
Maggiorani, Lianella Carell. ITA.
1947. 90m. Drama. M6.
O mais famoso Ælme do neo-realismo
italiano, da autoria de Vittorio De Sica.
O Amigo de Sempre
De Gabriela Cowperthwaite.
Com Jason Segel, Casey Affleck,
Dakota Johnson. EUA. 2019. 124m.
Drama. M12.
Nicole e Matthew são casados, felizes
e cheios de sonhos. Mas quando ela é
diagnosticada com um tipo agressivo
de cancro que lhe dá poucos meses de
vida, tudo parece ruir.
O Guarda-Costas
e a Mulher do Assassino
De Patrick Hughes.
Com Ryan Reynolds, Salma Hayek,
Morgan Freeman, Samuel L.
Jackson, Antonio Banderas, Tom
Hopper. EUA. 2021. 116m. Comédia,
Acção. M16.
Depois de anos sem férias,
um agente de protecção de
executivos muito conceituado está
claramente a ressentir-se do excesso
de trabalho. Por causa disso, a sua
terapeuta dá-lhe uma missão
de máxima importância:
descansar.
As estrelas
Blackbird — A Despedida
Entre a Morte
Higiene Social
Luca
O Mauritano
Miss Marx
O Movimento das Coisas
Missão Inesperada
Nocturno
Pecado
Raparigas
Ao Ritmo de Washington Heights
Supernova
a Mau mnnnn Medíocre mmnnn Razoável mmmnn Bom mmmmn Muito Bom mmmmm Excelente
Os Flofos: Viagem no Tempo
De David Silverman, Raymond S.
Persi. Com Adam Devine (Voz),
Rachel Bloom (Voz), Ken Jeong
(Voz). CAN/EUA/China. 2021. 84m.
Animação, Comédia. M6.
Os Çofos são criaturas adoráveis cujo
buraco nas barriguinhas os faz ser
muitas vezes confundidos com
donuts.
O Milagre de Milão
De Vittorio De Sica. Com Emma
Gramatica, Francesco Golisano,
Paolo Stoppa. ITA. 1951. 97m.
Comédia Dramática. M6.
Um Ælme que traz ao neo-realismo
uma mutação, misturando o realismo
social com a fantasia desenfreada.
O Movimento das Coisas
De Manuela Serra. POR. 1985.
85m. Documentário. M12.
Começado a desenvolver no interior
da Cooperativa VirVer, em cujos
projetos a realizadora trabalhou
durante vários anos.
O Pecado
De Andrei Konchalovsky. Com
Adriano Chiaramida, Yuliya
Vysotskaya. RUS/ITA. 2019. 134m.
Drama, Biografia. M12.
Um Ælme sobre o pintor, escultor e
poeta italiano Michelangelo.
Supernova
De Harry Macqueen.
Com Colin Firth, Stanley Tucci,
Pippa Haywood. GB. 2020. 95m.
Drama, Romance. M14.
Há mais de duas décadas que Sam e
Tusker partilham um amor e uma
cumplicidade profundos. Quando
Tusker é diagnosticado com
demência, sabem que entraram num
caminho sem retorno.
Jorge
Mourinha
Luís M.
Oliveira
Vasco
Câmara
mmmnn a mnnnn
mmmnn — mmmnn
mmmnn — —
mmnnn — —
mmnnn mnnnn mnnnn
mmmmn mmnnn mmmnn
mmmnn mmmmn mmmmn
— mmnnn — do Assassino M16. Sala 4DX -
mmmnn mmnnn mmmnn
mmnnn mmnnn
— Amadora
— mmmnn mmnnn
mmmnn — —
mmmmn — mmnnn
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 35
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h30, 16h,
18h20, 19h10, 20h40; Peter Rabbit: Coelho
à Solta M6. 13h10, 15h30 (V.
P./2D); Cruella M12. 13h40, 16h40,
19h40; Tom e Jerry M6. 15h, 17h40,
20h20; O Espião Inglês M12. 17h50,
20h15; Os Flofos: Viagem no Tempo M6.
13h20, 15h40, 18h (V.P./2D); Demon Slayer -
Kimetsu No Yaiba - O Filme: Comboio
Infinito M14. 20h10; O Guarda-Costas e a
Mulher do Assassino M16. 14h, 17h, 20h
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
O Tédio M12. 17h30; O Pecado M12.
13h; Orphea 11h; Nocturno M14. 20h30;
O Milagre de Milão M6. 15h30
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
Velocidade Furiosa
8 13h20; Marighella M14. 14h05; Um Lugar
Silencioso 2 M14. 14h35, 19h25; O
Pecado M12. 13h25; Nomadland -
Sobreviver na América 16h35, 19h30;
O Amigo de Sempre M12. 14h,
19h45; Minari M12. 13h30; O Pai M12. 13h50,
16h20, 20h20; Estados Unidos Vs Billie
Holliday M14. 16h55; Mais Uma
Rodada 16h15; Raparigas M12.
17h; Cruella M12. 14h45, 16h45, 19h40
(V.P./2D); Quo Vadis, Aida? M14. 13h40; The
Conjuring 3 - A Obra do Diabo M16. 14h55,
17h35, 20h15; Miss Marx M12. 17h20,
19h55; Ao Ritmo de Washington
Heights M12. 16h25, 19h35; Chaos Walking
- O Ruído M12. 16h10, 19h15; O
Mauritano M14. 14h20; O Espião
Inglês M12. 14h10, 16h50, 19h50; A
Candidata Perfeita M12.
20h05; Supernova 17h15, 20h; Os Flofos:
Viagem no Tempo M6. 13h35, 16h30
(V.P./2D); Demon Slayer - Kimetsu No Yaiba
- O Filme: Comboio Infinito M14. 19h20;
O Guarda-Costas e a Mulher do
Assassino M16. 15h10, 17h40, 20h10
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de
Mourelos. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 12h40, 15h15,
17h30, 19h40, 22h; Peter Rabbit: Coelho
à Solta M6. 13h20, 15h30 (V.P./2D); Spiral -
O Novo Capítulo de Saw M18. 21h55; O
Amigo de Sempre M12. 13h20, 18h55,
21h35; O Pai M12. 18h, 20h50; Missão
Inesperada M14. 19h45, 22h15; Godzilla vs.
Kong M12. 21h25; Cruella M12. 12h30,
15h20, 18h15, 21h10; Tom e Jerry M6. 14h30,
17h (V.P./2D); Raya e o Último Dragão M6.
13h40, 16h15 (V.P./2D); Um Homem
Furioso M16. 16h20, 19h, 21h45; The
Conjuring 3 - A Obra do Diabo M16. 13h30,
16h, 18h40, 21h40; Ao Ritmo de
Washington Heights M12. 13h15; Chaos
Walking - O Ruído M12. 19h30, 22h10;
O Espião Inglês M12. 12h50, 15h45, 18h10;
A Candidata Perfeita M12.
16h10; Supernova 13h05, 15h25, 17h40,
19h45, 22h10; Os Flofos: Viagem no
Tempo M6. 13h, 15h10, 17h15, 19h20 (V.
P./2D); Demon Slayer M14. 12h55, 15h50,
18h30, 21h15; O Guarda-Costas e a Mulher
do Assassino M16. 13h10, 15h40, 18h20,
21h20; O Guarda-Costas e a Mulher
14h10, 16h30, 19h10, 21h45
Cinema City Alegro Alfragide
de
C.C. Alegro. T. 214221030
Um Lugar Silencioso 2 M14.
22h10; Peter Rabbit: Coelho
o
à Solta M6. 18h20
(V.P./2D); Nomadland -
Guia
Sobreviver na América 21h45; Missão
Inesperada M14. 15h25, 19h55,
21h55; Cruella M12. 15h45; Cruella M12.
15h20, 18h40, 21h15; Tom e Jerry M6. 17h35
(V.P./2D); Raya e o Último Dragão M6. 15h15,
17h30 (V.P./2D); Um Homem Furioso M16.
21h50; Spirit Invencível M6. 15h50 (V.
P./2D); The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo M16. 17h30, 21h30; Ao Ritmo de
Washington Heights M12. 21h20; Chaos
Walking - O Ruído M12. 19h20; O Espião
Inglês M12. 15h35, 17h40,
19h40; Supernova 15h45, 17h45, 19h50,
21h45; Os Flofos: Viagem no Tempo M6.
15h20, 17h20 (V.P./2D); Demon Slayer -
Kimetsu No Yaiba - O Filme: Comboio
Infinito M14. 15h40, 17h55, 21h40; O
Guarda-Costas e a Mulher do
Assassino M16. 15h30, 18h30, 19h35, 21h25
UCI Ubbo
C.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1,
Venteira.
Velocidade Furiosa 8 18h20; Missão
Inesperada M14. 16h25, 19h05,
21h40; Cruella M12. 13h40, 15h30, 16h40,
19h40, 21h20, 21h45; Spirit Invencível M6.
14h (V.P./2D); The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo M16. 13h50, 16h30, 19h10, 21h50; Ao
Ritmo de Washington Heights M12. 15h10,
21h25; Chaos Walking - O Ruído M12. 13h30,
18h55; O Espião Inglês M12. 16h10,
21h35; Os Flofos: Viagem no Tempo M6.
14h10, 16h20, 18h45 (V.P./2D)
Barreiro
Castello Lopes - Fórum Barreiro
Campo das Cordoarias. T. 212069440
Cruella M12. 15h30, 18h20, 21h10 (V.
O./2D); The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo M16. 16h20, 18h50, 21h20; Os Flofos:
Viagem no Tempo M6. 14h50, 16h50 (V.
P./2D); Demon Slayer - Kimetsu No Yaiba -
O Filme: Comboio Infinito M14. 18h50,
21h25; O Guarda-Costas e a Mulher do
Assassino M16. 16h15, 18h50, 21h25
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
Alcabideche. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h50, 16h20,
18h50, 21h15; Peter Rabbit: Coelho à
Solta M6. 13h, 15h10 (V.P./2D); Cruella M12.
15h40, 18h40, 21h35; Um Homem
Furioso M16. 17h40, 20h30; The Conjuring
3 - A Obra do Diabo M16. 14h, 17h, 19h30,
22h; Ao Ritmo de Washington Heights M12.
12h35; Chaos Walking - O Ruído M12.
21h50; O Espião Inglês M12. 12h45, 15h20,
17h50; Os Flofos: Viagem no Tempo M6.
13h20, 16h, 18h, 19h55 (V.P./2D); Demon
Slayer M14. 20h45; O Guarda-Costas e a
Mulher do Assassino M16. 12h50, 15h30,
18h10, 21h; O Guarda-Costas e a Mulher
do Assassino M16. Sala IMAX - 13h30, 16h,
18h30, 21h30
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I. T. 215887311
Cruella M12. 16h20, 18h55; Miss Marx M12.
14h35, 17h15, 19h20; O Espião Inglês M12.
15h10, 17h20, 19h30; A Candidata
Perfeita M12. 15h15, 17h20,
19h25; Supernova 15h45, 17h40, 19h35
Carcavelos
Atlântida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga,
Arriag CC. Carcavelos.
214565653
T. 2145
OA Amigo de Sempre M12.
115h, 20h15;
O Espião Inglês M12.
15h, 20h15
O Amigo de Sempre
36 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
Jogos
Lazer
TEATRO
Hamster Clown
LISBOA Teatro São Luiz.
De 23/6 a 4/7. Quarta a sábado,
às 20h; domingo, às 17h30.
M/14. Duração: 55m. 12€ a 15€
Suspense, absurdo, comédia. Uma
criatura entre o rato e o ser
humano, numa rota desviante
pautada por uma certa
infantilidade trágica. Eis Hamster
Clown, a primeira colaboração
entre o encenador Ricardo
Neves-Neves e o actor-clown Rui
Paixão. Mesmo sem ter texto,
consegue falar “de sonhos e de
pesadelos, de conÆnamentos e de
libertações”, assegura a sinopse,
levando os espectadores a um
“universo retrofuturista, em tons
de verde-jardim, onde não faltam
estátuas renascentistas, mas
também polvos gigantes, enxames
de abelhas, corujas assustadoras e
aspiradores endiabrados”.
A Circularidade do Quadrado
LISBOA Teatro da Politécnica.
De 23/6 a 17/7. Terça a sábado,
às 19h. M/16. 10€
Escrita pelo autor grego Dimítris
Dimitriádis, a peça é levada a
palco pelos Artistas Unidos. É
apresentada como uma “equação
erótica de paixão e desespero”
sobre “pessoas de diferentes
géneros, gerações e preferências
sexuais que partilham uma
necessidade irresistível: ser
amadas”. Uma geometria das
emoções e relações que, sublinha
o encenador Jorge Silva Melo,
“empurra os seus heróis para o
limite” enquanto procuram o
amor.
MÚSICA
Anne Sofie von Otter
SINTRA Palácio Nacional de
Queluz. Dia 23/6 às 21h. 10€
A meio-soprano sueca Anne SoÆe
von Otter, uma das grandes vozes
líricas do nosso tempo, regressa a
Portugal para abrilhantar o 55.º
Festival de Sintra. Com provas
dadas num repertório amplo, que
tanto passa pela música erudita
como por Abba ou Elvis Costello, a
cantora convida para uma Viagem
pela Canção Europeia, em que
apresenta canções tradicionais
suecas lado a lado com obras de
Monteverdi, Poulenc, Schubert,
Moustaki, Mozart e Michel
Legrand, entre outros. A
acompanhá-la estão Bengt
Forsberg (piano) e Fabian
Fredriksson (guitarra).
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas, Euromilhões 6 24 26 27 41 3 8
bridge e sudoku em
1.º Prémio 40.000.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios
Cruzadas 11.380 Paulo Freixinho
freixinho@netcabo.pt
Horizontais: 1. Xavier (...), potencial adversário de Macron nas presidenciais do próximo ano. Ainda
está a afinar a receita para combater a desinformação. 2. Execução de encomendas. Preposição que
indica destino, fim. 3. Acreditar. Matemática (abrev.). 4. Ministério da Administração Interna. Da Ibéria
ou a ela relativo. 5. Greda branca. Helena (...), procuradora que ocupou durante os últimos anos o car-
go de secretária-geral de Segurança Interna. 6. Cidade da África do Sul onde viveu Fernando Pessoa
na sua juventude. Pequeno poema da Idade Média, narrativo ou lírico. 7. Sequência. Passado.
Neodímio (s. q.). 8. Explicar. 9. Escavação dissimulada. Ouro (s. q.). 10. Serve-se de. Escudeiro. Arte
que vai buscar inspiração às imagens vulgares da cultura de massas da sociedade de consumo. 11.
Variante do pronome “o”. Religiosa da ordem de Santa Úrsula.
Verticais: 1. Bário (s. q.). Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Ponto car-
deal. 2. Eternidade. Sensacional (fig.). 3. Relações Internacionais. Tem a única colónia de peneireiros-
das-torres a nidificar num casco urbano. 4. Lura. “Louvor em (...) própria é menosprezo”. 5. Sorteio por
meio de bilhetes numerados. Dar upas (a cavalgadura). 6. Ápice (regionalismo). Estão a sair do campo
rumo às cidades. 7. A parte dianteira do avião. Preposição que designa posse. Alternativa. 8. Doutor
(abrev.). Personificação da guerra. 9. Delicada. Tronco de línguas indígenas brasileiras. 10. Pessoa que
vende jornais pelas ruas. Ligado (inglês). 11. Canta. Fruto carnudo, de caroço duro.
Solução do problema anterior
Horizontais: 1. Fernando. Ta. 2. Tofu. Moeu. 3. Ag. Vi. Anual. 4. Sr. Analista. 5. An. Caupers. 6. Enora. Go.
7. Mi. Ersatz. 8. Azul. Emenda. 9. Lofven. Ab. 10. Aal. Etilo. 11. Rã. Sobrevir.
Verticais: 1. Fias. Emalar. 2. Granizo. 3. RT. No. Ufa. 4. Nova. Relvas. 5. Afincar. Elo. 6. Nu. Aa. Sen. 7.
Alugam. Er. 8. Omnipotente. 9. Ouse. Zn. IV. 10. Teatro. Dali. 11. Aulas. Labor.
João Fanha © Alastair Chisholm 2008
Bridge bridgepublico@gmail.com Sudoku www.indigopuzzles.com
Dador: Este quarta espada (eventualmente Problema 10.534 (Fácil)
Vul: Todos recortada pela defesa). Haverá
forma de o contornar?
NORTE A solução requere alguma
Ƅ AK7 habilidade. É necessário
Ɔ 875 transferir o corte da quarta
Ƈ Q6432
espada para os paus!
ƅ J8
Na terceira vaza do jogo encaixe
o Rei de espadas e jogue ainda
OESTE ESTE outra espada. A defesa fará a Solução 10.532
Ƅ Q1082 Ƅ J9 vaza e possivelmente irá jogar
Ɔ2 Ɔ K104 um pau. Faça o Ás e jogue a
Ƈ A985 Ƈ KJ7 quarta espada baldando o pau
ƅ Q1043 ƅ K9762 que sobra no morto. Assim,
poderá cortar um pau no morto e
SUL proceder novamente à passagem
Ƅ 6543 a copa.
Ɔ AQJ963 Nesta linha de jogo irá perder
Ƈ 10
ƅ A5
duas espadas e um ouro apenas.
Considere o seguinte leilão:
Oeste Norte Este Sul Problema10.535 (Médio)
Oeste Norte Este Sul 1Ƈ
passo 1Ɔ passo 1Ɔ 2ƅ ?
passo 1ST1 passo 2Ɔ
passo 3 Ɔ passo 4Ɔ O que marca com a seguinte
Todos passam mão?
Leilão: Qualquer forma de Ƅ AK4 Ɔ KJ75 Ƈ AK42 ƅ 32
Bridge. 1 - Forcing por uma volta
Resposta: Marque três paus. Solução 10.533
Carteio: Saída: 2 Ƅ. A primeira Para mostrar uma mão com pelo
vaza é feita com uma das figuras menos 16 pontos e apoio a
do morto e segue-se uma copa copas. Vamos deixar espaço para
para a Dama, que faz. Como se explorar um possível cheleme.
continuaria?
Solução: O perigo é vir a perder
uma vaza a espadas, uma a
ouros, uma a paus e ainda a

CINEMA
Vida Inteligente
AXN, 16h53
Thriller de Æcção cientíÆca
dirigido por Daniel Espinosa, com
actuações de Jake Gyllenhaal,
Rebecca Ferguson e Ryan
Reynolds. A tripulação da Estação
Espacial Internacional recolhe
uma sonda vinda de Marte com
uma amostra que prova a
existência de vida extraterrestre. A
criatura tem inteligência e
consciência. E também intenções
pouco amigáveis. Presos na nave
que se dirige para a Terra, os
astronautas têm de conseguir
destruí-la antes que ela entre em
contacto com a atmosfera
terrestre e aniquile todas as
formas de vida do planeta.
Preto ou Branco
Hollywood, 21h30
Com realização e argumento de
Mike Binder, um Ælme sobre
segundas oportunidades, com
Kevin Costner, Octavia Spencer e
Jillian Estell como protagonistas.
Ao mesmo tempo que se esforça
para superar a recente perda da
mulher, Elliot Anderson tenta dar o
melhor de si a Eloise, a neta que
vive aos seus cuidados desde a
trágica morte da sua Ælha. É então
que a avó paterna da criança
decide lutar pela custódia
partilhada.
O Cavalheiro com Arma
AXN Movies, 22h56
Criminoso desde novo, Forrest
Tucker fugiu da prisão de San
Quentin, na Califórnia, em 1979,
quando já estava na casa dos 70
anos, e iniciou uma série de
assaltos, na sua maioria a bancos.
Foi apenas uma de várias fugas na
prisão. Em 2003, um ano antes da
morte de Tucker, o jornalista David
Grann escreveu sobre o ladrão na
revista The New Yorker. É esse
artigo que é adaptado ao cinema
neste Ælme com argumento e
realização de David Lowery. Robert
Redford lidera um elenco que
inclui Sissy Spacek, Casey Aëeck,
Tom Waits, Danny Glover e John
David Washington.
Kon-Tiki: A Viagem Impossível
AMC, 00h03
Em 1947, Thor Heyerdahl
(interpretado por Pål Sverre
Hagen) iniciou uma viagem de 101
dias pelo PacíÆco, numa jangada.
Este Ælme dos noruegueses
Joachim Roenning e Espen
Sandberg, nomeado para o Óscar
de melhor Ælme internacional,
documenta o projecto
megalómano desse homem que,
acompanhado por um pequeno
grupo, cruzou o oceano numa
aventura que surpreendeu o
mundo.
Televisão
RTP1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Força
Portugal 12.59 Jornal da Tarde 14.23
Os Nossos Dias 15.04 Força Portugal
18.00 Pré-Match - Portugal x França
19.00 Telejornal
al
19.50 Futebol:
Euro 2020 -
Portugal x França
nça
22.00 Pós-Match
tch -
Portugal x França
nça
22.15 Joker
23.24 Euro 2020 - Os Dias do Euro
23.44 Cá por Casa com Herman José -
Especial Nelo e Idália 1.15 Noites do
Euro 2.12 Janela Indiscreta 3.06 Aqui
Europa
SIC
6.00 Edição da Manhã 8.35 Alô
Portugal 10.10 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.50 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho 16.10 Júlia
18.15 Viver a Vida 18.40 Orgulho e
Paixão 19.15 Quem Quer Namorar com
o Agricultor? - Edição da Tarde
19.57 Jornal da Noite
21.50 Amor Amor
22.30 A Serra
23.25 Quem Quer Namorar com a
Agricultora?
23.35 Tempo de Amar 0.20 Quem
Quer Namorar com o Agricultor? -
Edição da Noite
1.20 Golpe de Sorte - Edição Especial
2.20 Passadeira Vermelha 3.00 Linha
Aberta com Hernâni Carvalho
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 37
Guia
Os mais vistos da TV
Segunda-feira, 21
RTP1 12,9%
% DESPORTO
Amor, Amor
% Aud. Share
SIC 12,9 24,2
RTP2 1,4 Futebol: Euro 2020
Festa é Festa TVI 12,5 23,3 SIC 20,8 RTP1, 19h50
Directo. A selecção portuguesa
TVI
Bem Me Quer TVI 10,9 23,1
Jornal da Noite SIC 10,8 21,9 16,5 volta ao estádio Puskas, em
Budapeste (Hungria), para
Cabo
A Serra SIC 10,6 24,1
FONTE: CAEM
34,4 defrontar a equipa francesa, no
último jogo da fase de grupos,
antes do início dos oitavo-de-Ænal.
TVCINE TOP
RTP2 O apito está entregue ao árbitro
17.50 A Amizade 19.25 Knives Out - espanhol Antonio Mateu Lahoz.
6.32 Repórter África 7.00 Espaço Zig Todos São Suspeitos 21.30 O Jardim Antes de emitir o encontro, a RTP
Zag 10.11 Fora do Baralho 10.58 A Secreto 23.10 A Despedida 0.50 monta a operação Força, Portugal,
Madeira e a Viagem do Açucar 11.20 Matriarch com animação ao longo do dia, a
Europa 30 12.04 Chegou a Felicidade partir da Serra do Pilar, em Vila
12.59 Nada Será Como Dante 13.28 Nova de Gaia.
Manual de Instruções 13.53 Folha de FOX MOVIES
Sala 14.00 Sociedade Civil 15.03 A Fé 17.44 6 Dias 7 Noites 19.23 Metro 21.15
dos Homens 15.36 O Stradivarius
Português
Port 16.06 Água e Não Armas -
Perseguição Diabólica 22.55 Fogo
Rápido 0.27 Em Queda Livre
DOCUMENTÁRIOS
Pintar
Pint o Afeganistão de Verde 16.58 Alaska Animal Rescue
Espaço
Espa Zig Zag Nat Geo, 17h
HOLLYWOOD Começa a segunda temporada da
20.33
20.3 O Cavalo de Troia: 17.50 Exterminador Implacável 3 - série documental em que
No Rasto
R de Um Mito Ascensão das Máquinas 19.40 Agentes conservacionistas se dedicam a
de Reserva 21.30 Preto ou Branco 23.35 resgatar, tratar e devolver animais
Como Um Trovão 1.55 Shoot ‘em Up - selvagens aos seus habitats no
Atirar a Matar estado norte-americano do Alasca.
Uma águia careca, uma cria de foca
e um caribu órfão estão entre os
AXN protagonistas. Para seguir à
18.28 DOC 19.27 The Good Doctor quarta-feira.
21.07 Intuição Criminal 22.50 O
21.25 Folha de Sala Primeiro Encontro 0.51 Intuição O Cavalo de Tróia — No Rasto
Criminal 1.44 S.W.A.T.: Força de de Um Mito
21.30 Jornal 2 Intervenção RTP2, 20h33
É uma das histórias mais famosas
22.01 O Homem do Quarto 301 22.53 da História. Mas o episódio do
Impaciência do Coração 23.34 FOX cavalo de madeira graças ao qual
Irresponsável 23.56 No Ar 0.29 17.15 Investigação Criminal: Los Angeles soldados gregos conseguiram
Sociedade Civil 1.32 Euronews 18.51 Chicago P.D. 20.46 Hawai Força inÆltrar-se nas hostes troianas e
Especial 22.30 Assassin’s Creed 0.31 A conquistar a cidade terá
Lenda de Tarzan acontecido tal como tem sido
TVI narrado? Este documentário de
Roland May analisa-o ao pormenor,
6.05 Curious George 6.30 Diário da DISNEY CHANNEL à luz de novas descobertas.
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.15 Dois às 17.15 Lab Rats 18.25 Gravity Falls 19.15
10 13.00 Jornal da Uma 14.50 A Única Os Green na Cidade Grande 20.00 Casa
Mulher 16.15 Goucha 18.20 Ver p’ra
Crer 19.10 Cristina ComVida
da Coruja 20.25 Lab Rats 21.10
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
MAGAZINE
Impaciência do Coração
RTP2, 22h53
19.57 Jornal das 8 DISCOVERY O Desempenho Humano e a Sua
17.05 Os Últimos Habitantes do Alasca Potenciação dá o mote a esta sessão
19.05 Aventura à Flor da Pele 21.00 O do programa sobre saúde mental.
21.55 Festa É Festa
a Aeroporto: Varsóvia 22.55 Bombeiros A anÆtriã, a psicóloga clínica
em Acção 0.40 O Aeroporto: Varsóvia Gabriela Moita, recebe Miguel
Ricou, presidente do Conselho de
Especialidade — Psicologia Clínica e
HISTÓRIA da Saúde.
17.01 Patton 360 17.45 Os Nazis e as
Drogas 19.03 Na Linha da Frente 20.51
O Inexplicável 22.57 Oak Island: Mais
Além 1.09 Forjado no Fogo
MÚSICA
No Ar
RTP2, 23h56
22.30 Bem Me Quer
er ODISSEIA Estão No Ar os Dealema, veteranos
17.38 Wild Tube 18.24 Resgate na Praia do “hip-hop tuga” gerados há 25
19.10 A Ciência Contra o Terrorismo anos, entre Porto e Gaia. O
23.20 Amar Demais
is 20.02 Irão Desde o Ar 20.46 Espanha quinteto formado por DJ Guze,
Desde o Ar: A Sua História 21.39 A Expeão, Fuse, Maze e Mundo
História Secreta da Nossa Evolução protagoniza o 12.º episódio desta
0.00 Mulheres 1.10 Diário do Euro 1.30 22.30 Irão Desde o Ar 23.14 Espanha temporada do programa que vai a
Chicago P.D. 3.05 Circulatura do Desde o Ar: A Sua História 0.46 A estúdio escutar música feita em
Quadrado 4.00 Fascínios História Secreta da Nossa Evolução Portugal. É gravado no Porto e
timbrado pela Antena 3.
 38 • Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021

Guia

Meteorologia
PORTUGAL PRÓXIMOS DIAS LISBOA
Viana do Castelo Quinta-feira, 24 Sexta-feira, 25 Sábado, 26
Bragança
14 º
21º
23º
18º 32º 16º 29º 15º 28º
Braga 8º
23 º Índice UV Extremo Índice UV Extremo Índice UV Extremo
13 º Vila Real
Fraco Fraco Fraco
15º Porto Vento Vento Vento
23º Humidade 45% Humidade 50% Humidade 55%
1,5m 21 º 9º
14º

MEDIDOR DE CO2 QUALIDADE DO AR

Neste mês de Junho Aveiro
13 º
22º
Viseu

12º
23 º
Guarda

9º
22º Mauna Loa, Havai
Partes por milhão
Portugal

descubra o melhor Coimbra

25º
(ppm) na atmosfera
Valores por semana
Porto

Coimbra
Muito
Bom
Bom

e o pior sobre a 10º Semana de 13 Jun. 419,06

Castelo Branco
Semana de 6 Jun. 419,47 Lisboa Médio
Leiria 27 º Há um ano 416,50
12º

maternidade com a
Há dez anos 394,08 Évora Fraco
22º
12º
Nível de segurança 350
Faro Mau
Nível pré-industrial 280

Mãe Imperfeita
Santarém
Portalegre
28 º
13º 28º
12º SOL LUA
Lisboa 24 Jun. 18h40
NOVO EPISÓDIO 15º
26 º 01 Jul. 21h11
Évora
Setúbal 27º 10 Jul. 01h17
TODAS AS QUARTAS-FEIR AS 27º 15º Nascente Poente Nascente Poente
15º
06h12 21h05 17 Jul. 10h11 20h02 05h36*
*de amanhã

Sines Beja EUROPA

23º 29º Helsínquia
15º 15 º Oslo
Estocolmo
16º Talín

1,8m Riga
Copenhaga

Vílnius
Dublin Berlim
Amesterdão
Londres Varsóvia
Sagres 25º
20º Bruxelas
21º Faro Praga
18º Paris
Viena Budapeste
18º
LEIA AQUI Genebra
0,8m
Açores Milão

Corvo Roma
Istambul
Madrid
Flores Lisboa
Graciosa 21º
23º Atenas
20º 1m
São Jorge 21º
22º 18º
1m
Faial
Terceira TEMPERATURAS ºC
Pico
22º São Miguel
Min. Máx. Min. Máx.
21º 16º Amesterdão 10 18 Roma 20 32
1m Atenas 23 33 Viena 20 29
Ponta Delgada
Berlim 14 23 Bissau 24 32
Sta Maria Bruxelas 12 18 Buenos Aires 13 15
Madeira Bucareste 20 29 Cairo 24 36
Porto Santo Budapeste 20 34 Caracas 20 24
Copenhaga 13 21 Cid. do Cabo 8 16
Madeira
21º 21º 21º 21º Dublin 12 17 Cid. do México 15 22
17º 17º
1m 0,5m Estocolmo 14 23 Díli 23 31
Frankfurt 15 24 Hong Kong 26 28
Funchal Genebra 15 25 Jerusalém 20 27
Istambul 19 30 Los Angeles 19 28
MARÉS Preia-mar Baixa-mar *de amanhã Kiev 19 33 Luanda 21 27
Londres 10 20 Nova Deli 30 39
Leixões m Cascais m Faro m
Madrid 14 24 Nova Iorque 16 24
08h21 0,6 07h57 0,8 07h53 0,6 Milão 17 30 Pequim 22 32
14h36 3,5 14h12 3,5 14h18 3,4 Moscovo 21 34 Praia 22 28
Oslo 11 22 Rio de Janeiro 16 23
20h48 0,5 20h25 0,7 20h21 0,6 Paris 13 19 Riga 19 30
Durante o mês de Junho, estas crónicas
são de acesso livre graças ao apoio da 03h04* 3,4 02h40* 3,4 02h45* 3,5 Praga 16 23 Singapura 25 32
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL

Corrida mais curta do calendário olímpico gera expectativas Desporto
Trayvon Bromell, o pretendente
à coroa de Usain Bolt
O velocista norte-americano de 25 anos, que chegou a ser apontado como prodígio
e hoje é um exemplo de perseverança, já correu os 100m duas vezes este ano abaixo dos 9,81s
Jorge Miguel Matias
Este é um daqueles textos para guar-
dar e conferir mais tarde. Mais preci-
samente no dia 1 de Agosto, quando
o mundo parar para assistir à Ænal dos
100m dos Jogos Olímpicos de Tóquio
e descobrir quem irá suceder ao míti-
co Usain Bolt como campeão olímpi-
co. Neste momento, talvez seja
Trayvon Bromell aquele que está mais
perto de o conseguir. Contra todas as
probabilidades.
O velocista de 25 anos, natural da
Florida, nos EUA, venceu na segunda-
feira, de forma categórica, a Ænal do
hectómetro nas eliminatórias norte-
americanas de qualiÆcação para os
Jogos, assegurando o seu bilhete após
uma corrida de 9,80 segundos, à fren-
te de Ronnie Baker (9,85s) e Fred Ker-
ley (9,86s).
Bromell surge assim “renascido
das cinzas” depois de uma carreira
marcada por uma série de lesões
graves, que levaram a que poucos
acreditassem num regresso a este
nível. Previsões que se revelaram
demasiado precipitadas. Não só Bro-
mell está de volta ao seu melhor,
como o seu melhor é, simultanea-
mente, o melhor registo do ano na
distância mais curta do atletismo de
pista ao ar livre.
O fenómeno Bromell surgiu em
2015 — ainda não tinha sequer cele-
brado 20 anos —, quando ele Æxou o
seu recorde pessoal nos 100m em
9,84s. Tornou-se, simplesmente, o
adolescente mais rápido da história a
cumprir a distância, pouco antes de
conquistar a medalha de bronze no
Campeonato do Mundo de atletismo
de Pequim, Æcando apenas atrás de
Usain Bolt e Justin Gatlin.
No ano seguinte, nos Mundiais de
pista coberta, foi mais longe e Æcou
com a medalha de ouro na Ænal dos
60m. Até que, nos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro, os astros começa-
ram a “desalinhar”. Na Ænal dos
100m, ganha por Bolt, não foi além
do oitavo posto. Mas o pior estava
para vir. Na Ænal das estafetas de
4x100m, caiu, “rasgou” um tendão
de Aquiles, e saiu do estádio numa
cadeira de rodas.
Esteve dois anos fora das pistas a
recuperar de problemas físicos que,
ao longo dos seus 25 anos, têm mar-
cado a sua vida: Bromell partiu os
dois joelhos, fracturou um braço e
ainda a anca. Tudo lesões traumáticas
e especialmente graves para um velo-
cista e que poderiam muito bem ter
hipotecado a sua carreira.
Mas Bromell, crente fervoroso, não
desistiu, garantindo que foi Deus que
o ajudou em todos esses momentos.
“Cada médico com quem falei ao lon-
gos destes últimos anos dizia-me
‘Não, não voltarás à forma que tinhas.
Público • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021 • 39
Trayvon Bromell é um dos
grandes candidatos ao triunfo
nos 100m nos Jogos Olímpicos
de Tóquio
Para mim, é tudo uma
questão de ter uma meta.
Não estou a pensar em
medalhas. Não estou a
pensar em tempos
Trayvon Bromell
Atleta os EUA
LUCY NICHOLSON/REUTERS
Não serás capaz de correr como cor-
rias antes.’ E Deus disse ‘Não’.”
Bromell está agora de regresso e
disposto a recuperar o tempo perdi-
do. O ano 2021 tem sido um sinal dis-
so mesmo, com o velocista a registar,
a 5 de Junho, a melhor marca do ano
na distância ao correr os 100m em
9,77s (seu recorde pessoal).
Depois da hegemonia olímpica do
jamaicano Usain Bolt nos 100m e que
durou três Jogos, o mundo vai Ænal-
mente conhecer, em Tóquio, um
outro “homem-bala”, algo que já não
sucedia desde Atenas 2004. Trayvon
Bromell está na “câmara da arma”,
pronto a disparar, ainda que ele pró-
prio seja o primeiro a desvalorizar
esse feito: “Para mim, é tudo uma
questão de ter uma meta. Não estou
a pensar em medalhas. Não estou a
pensar em tempos, não estou a pen-
sar no que as pessoas vêem, nada
disso.”
Quarta-feira, 23 de Junho de 2021
O seu jornal
não acaba aqui.
Continue para
publico.pt
Ainda temos uma montanha para descer
Consoante
muda
A
Rui Tavares
cho que foi o Jorge
Valdano, mítico
número 11 da seleção
da Argentina, que
descreveu chegar a
uma Ænal de um
Mundial de Futebol como subir ao
topo de uma montanha. Quando se
pensa que se vai apreciar a vista,
impõe-se a realidade de que agora é
preciso descer a montanha pelo
outro lado. Descer a montanha é
mais rápido do que subi-la, mas
exige um grau idêntico de esforço e
disciplina. Uma desatenção tem um
custo elevado.
Apesar do momento do ano, esta
crónica não é sobre futebol — antes
fosse! — mas sobre a pandemia. Nós
subimos a montanha desde que a
covid-19 entrou nas nossas vidas.
Fizemos coisas que nunca
pensámos fazer — pôr a economia
em coma induzido, ficar em casa
semanas a fio — e vimos coisas que
nunca pensámos ver. Ao fim de um
ano e meio, estamos exaustos.
PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Todos os conteúdos do jornal estão
protegidos por Direitos de Autor ao abrigo da legislação portuguesa, da
União Europeia e dos Tratados Internacionais, não podendo ser utilizados
fora das condições de uso livre permitidas por lei sem o consentimento
expresso e escrito da PÚBLICO, Comunicação Social, S.A.
NOVIDADE
A partir de agora, poderá assinar o PÚBLICOX2
que dá acesso a dois utilizadores com direito
a leitura sem publicidade
ASSINE JÁ
Assinatura digital
anual PúblicoX2: 99€
O Público é seu Fique com ele,
Mas o que Æzemos até agora valeu
a pena. Basta olhar para as outras
pandemias comparáveis da história
da humanidade. Apenas há cem
anos, a gripe pneumónica levou
entre 60 milhões e 100 milhões de
vidas, numa altura em que a
população mundial andaria em
torno dos 1500 milhões de
humanos. Ninguém pode ter
dúvidas de que em termos globais
salvámos milhões de vidas com as
medidas que foram tomadas
quando se olha para a mortandade
nos países e nos momentos em que
as autoridades não estiveram à
altura da emergência.
Acima de tudo, a humanidade na
sua atividade mais cosmopolita, que
é a ciência, alcançou um feito
inédito ao criar várias vacinas
eÆcazes menos de um ano depois
do início da pandemia. Vocês talvez
ainda se lembrem quando havia
quem falasse em vários anos para
chegar a uma vacina. Dezoito meses
depois, metade da população
portuguesa será vacinada com ao
menos uma dose nesta mesma
semana.
E, no entanto, ainda temos de
descer a montanha. E cada
desatenção é fatal.
O principal risco que se corre é o
de uma variante que torne as
vacinas ineÆcazes. Ora, esse risco
não é incontrolável. Aparecem
Contacte-nos: publico.pt/assinaturas/desconfinamento
assinaturas@publico.pt š 808 200 095 (dias úteis das 9h às 18h)
partilhe-o
tantas mais variantes do vírus
quanto este se reproduzir, ou seja, o
risco de aparecerem novas
variantes aumenta com a
disseminação das infeções. O
número de infeções é a variável que
conseguimos apesar de tudo
controlar: quanto menos infeções,
menos probabilidades de variantes
perigosas. A partir daqui, a descida
nesta face da montanha bifurca-se.
Se controlarmos bem o número de
infeções e conseguirmos conter o
aparecimento de variantes
perigosas, isto pode acabar dentro
de pouco tempo e voltarmos a uma
aproximação à normalidade até ao
Æm do Verão. Digo aproximação à
normalidade porque enquanto uma
grande proporção da humanidade
não estiver vacinada a pandemia
não estará ainda derrotada.
Mas o aparecimento e a rápida
Mais um esforço,
por mais que
estejamos
saturados, e
podemos encerrar
isto bem
disseminação da variante Delta
sugere-nos uma realidade bastante
mais inquietante no outro ramal
desta bifurcação. A Delta já é uma
variante bastante mais rápida e um
pouco mais resistente às vacinas.
Uma variante Epsílon, que seria a
seguinte, ainda mais rápida e
resistente teria o potencial de
obrigar-nos a voltar para o
laboratório criar novas vacinas, o
que só não seria voltar à estaca zero
porque ao menos sabemos que
certas tecnologias, como a do
ARN-mensageiro, fornecem uma
base eÆcaz e muito versátil onde
dispor a informação de que o nosso
organismo necessitará para
produzir anticorpos. Ainda assim,
não é difícil supor que isso
signiÆcasse um atraso de meses.
Depois de recriar novas vacinas,
teríamos de novo de nos confrontar
com problemas de produção e
distribuição à escala global, que,
embora fossem agora mais fáceis de
enfrentar, acrescentariam ao atraso
mais atraso ainda. Enquanto isso
acontecesse, novas variantes
poderiam aparecer e voltar a
atrasar-nos. E por aí adiante, quem
sabe por quantos anos.
Não há mais ÆlosoÆa nesta
história do que entendermos que as
nossas escolhas são determinantes.
A agência humana conta. Sempre
contou, desde o início desta
pandemia. É verdade que estamos
fartos, que estamos cansados, que
todos desejamos — eu também —
fazer de conta que isto já acabou.
Mas isto ainda não acabou e nós só
lhe vemos o Æm porque estamos no
topo da montanha.
Mais um esforço, por mais que
estejamos saturados, e podemos
encerrar isto bem, ganhando tempo
para que uma grande maioria das
pessoas esteja vacinada com duas
doses (no nosso país, isso
acontecerá daqui a cerca de um
mês) e mantendo precauções
contra novas variantes. Baixar os
níveis de concentração agora e
podemos estar a garantir, no
mínimo, que não saímos disto tão
depressa — na pior das hipóteses,
que se perdem vidas que não teriam
de se perder, e que uma variante
mais perigosa possa aparecer.
Se o custo e o benefício são
óbvios, já menos óbvia é a força de
vontade nesta fase. Precisamos, do
lado dos decisores políticos e dos
participantes do debate público, de
clareza e capacidade de mobilizar
as pessoas. E explicar que ainda
temos uma montanha para descer:
há uma maneira mais segura e mais
rápida de o fazer — ou há uma
maneira mais descuidada, mais
perigosa e mais lenta.
Historiador