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Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

Definição da palavra barroco

A palavra “barroco” tem sua origem controvertida. Enquanto alguns


afirmam que está ligada a um processo relativo à memória que indicava um
silogismo aristotélico de conclusão falsa, outros defendem que designaria um tipo
de pérola de forma irregular, ou mesmo um terreno desigual, assimétrico.

Padre Antônio Vieira

Ninguém angariou tantas críticas e inimizades quanto o "impiedoso" Padre Antônio


Vieira, detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes para os padrões da
época.

Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cristã (por defender o capitalismo
judaico e os cristãos-novos); os pequenos comerciantes (por defender o monopólio
comercial) e os administradores e colonos (por defender os índios). Essas posições,
principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma condenação da
Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do Padre Antônio Vieira pode ser
dividida em três tipos de trabalhos: Profecias, Cartas e Sermões.

As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e


Clavis Prophetarum. Nelas se notam o sebastianismo e as esperanças de que Portugal se
tornaria o "quinto império do Mundo". Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. Aqui
ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíblica (uma característica quase
que constante de religiosos brasileiros íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de
revelar um nacionalismo megalomaníaco e servidão incomum.

O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas cerca de 500 cartas.
Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os
cristãos novos e sobre a situação da colônia, transformando-se em importantes documentos
históricos.

O melhor de sua obra, no entanto, está nos 200 sermões. De estilo barroco
conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo, o pregador português joga com as
idéias e os conceitos, segundo os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos
seus principais trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de
Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como "A palavra de Deus".
Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira procurou atingir
seus adversários católicos, os gongóricos dominicanos, analisando no sermão
"Porque não frutificava a Palavra de Deus na terra", atribuindo-lhes culpa.
Gregório de Matos Guerra

Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório de Matos Guerra,


poeta baiano que cultivou com a mesma beleza tanto o estilo cultista quanto o conceptista .
Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro certo idealismo
renascentista, colocado ao lado do conflito (como de hábito na época) entre o pecado e o
perdão, buscando a pureza da fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida
mundana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca do Brasil. É patente
do movimento nativista quando ele separa o que é brasileiro do que é exploração lusitana.

Carpe Diem

O tema central do Barroco se encontra na antítese entre a vida e a morte. Daí


decorre o sentimento da brevidade da vida, da angústia da passagem do tempo, que tudo
destrói. Diante disso, o homem barroco oscila entre a renuncia e o gozo dos prazeres da
vida. Quando pensa no julgamento de Deus, foge dos prazeres e procura
apoio na fé. Quando a fé é insuficiente, a atração dos prazeres o envolve e cresce o desejo
de desfrutar da vida. Por isso, o Carpe Diem, expressão latina que significa “aproveita o
dia (presente)”, é um dos temas freqüentes da arte barroca. A mocidade ou a juventude é
freqüentemente comparada à flor que é bonita por pouco tempo e logo morre. Daí o apelo
dos poetas barrocos.

O Carpe Diem é um tema que vinha já da Antiguidade, mas no Barroco foi


desenvolvido de forma angustiada, pois era uma tentativa de fundir os opostos,
de conciliar o que, no fundo, é inconciliável: a razão e a fé, a matéria e o espírito, a
vida carnal e a vida espiritual.

Barroco X Renascimento

O homem do período renascentista acreditava que a cultura mais perfeita


era a cultura desenvolvida em meio ao paganismo. Acreditava que a arte, a ciência
e a erudição tinham florescido durante o período clássico, Grécia e Roma, e na
capacidade de ação do homem, na sua atuação como ser dono do Universo e capaz
de modificar tudo à sua volta. Na literatura eram imitados os textos da
antiguidade Clássica. Já o homem do período barroco estava dividido entre a
religião e o paganismo, entre a verdade e a mentira, o amor e a solidão, o pecado e
o perdão. As poesias são rebuscadas e utilizam o jogo de idéias, são assimétricas e
apresentam antíteses, reflexo do conflito em que o homem barroco vivia

Literatura Barroca

Literatura barroca é uma área da literatura ocidental, produzida sobretudo no séc


XVII, teve a sua compreensão e interpretação crítica extraordinariamente aprofundada e
esclarecida graças à introdução no uso crítico e historiográfico do conceito de barroco
literário. O termo veio das artes plásticas e visuais, com um sentido pejorativo, designando
a arte do período subseqüente ao Renascimento, que era interpretada como uma forma
degenerada dessa arte, pela perda da clareza, pureza, equilíbrio, em troca do exagero
ornamental e das distorções. Originalmente tal como era corrente nos séculos X.VI e XVII
barroco significava arte bizarra, artificial. A etimologia do termo é controvertida.
Designando pérola de superfície irregular, teria sido usada por espanhóis e portugueses
(barrueco e barroco). Por outro lado, a palavra fora usada pela escolástica medieval, como
termo mnemônico do silogismo e assim aparece em Montaigne com intenção irônica, pois
então queria dizer raciocínio estranho, vicioso, confundindo o falso e o verdadeiro. Até o
século XIX, permaneceu este o significado: argumentação barroco; imagem barroca;
figura barroca.

A revisão da questão se deve a Jacob Burckhardt, no Cicerone (1855). Mas a sua


reformulação definitiva para a história da arte, e depois para a crítica literária, foi
empreendida por Heinrich Wolffin (1864-1945) desde 1879 ao reabilitar a arte barroca,
mostrando-a como uma forma peculiar, com valor estético e significado próprios.
Estabeleceu Wolfflin a teoria da análise formal das artes, pela qual a passagem de um tipo
de arte para outro se processaria segundo princípios internos. Assim, à arte renascentista
sucedeu a barroca, não como um declínio, porém como o desenvolvimento natural para
um estilo posterior, que já não é táctil, porém visual, não é linear, porém pictórico, não é
composto em plano mas em profundidade, nem em partes coordenadas mas subordinadas a
um conjunto, não é fechado mas aberto, não tem claridade absoluta mas relativa. Tal teoria
da definição dos estilos artísticos, à luz dessas categorias, foi aplicada à análise da
literatura, nas obras que exprimiram a oposição entre o Renascimento e o barroco, como o
Orlando Furioso de Ariosto e a Jerusalém Libertada do Tasso. De 19l4 em diante o termo
foi absorvido pela crítica literária, e se ampliaram os estudos interpretativos da literatura
seiscentista. As velhas denominações , “seiscentismo” , “gongorismo” “eufuísmo”,
“marinismo”, “conceptismo”, “culteranismo”, “cultismo”, “preciosismo”, de sentido
pejorativo, passaram a ser compreendidas como referindo-se a formas imperfeitas ou não
desenvolvidas do barroco e são hoje melhor englobadas sob o rótulo de barroco.

Assim, o barroco é o estilo artístico e literário, e mesmo o estilo de vida, que


encheu o período entre o final do século XVI e o século XVIII, em todos os povos do
Ocidente, com variantes locais de tempo e fisionomia artística, embora com unidade de
características estéticas e estilísticas. Mas, ao lado do elemento formal peculiar, o barroco é
ligado a uma ideologia, que lhe empresta unidade espiritual, e essa ideologia foi fornecida
pela Contra-Reforma.O barroco foi o estilo, a arte de atributos morfológicos adequados á
expressão do conceito da vida dinamizado pela Contra-Reforma em reação ao
Renascimento, e de modo a traduzir--se em todas as manifestações artísticas, a16m ao
vestuário, da jardinagem, das festas.A ideologia tridentina comunicou à época e à arte uma
fisionomia trágica , dilacerada entre os pólos celeste e terrestre, entre a carne e o espírito,
procurando incutir no homem o horror do mundo, o medo da morte, o pavor do inferno,
conquistando-o para o céu pela captação de imaginação e seus sentidos, para o que usa o
ornamental e o espetacular. O homem barroco é contraditório, em estado de conflito,
saudoso do paraíso e ao mesmo tempo seduzido pelo mundo e pela carne. A literatura
barroca, destarte, apresenta caracteres típicos:o fusionismo (união dos detalhes num todo
orgânico), o claro-escuro, o eco, a união do racional e do irracional (expressa nas figuras
estilísticas paradoxo), a ambigüidade, o caráter grandioso e ornamental (expresso no
exagero de figuras estilísticas), figuras de estilo que traduzem o estado de conflito e tensão
espiritual (antíteses, paradoxos, contorções, hipérboles, etc) ; o uso dos concetti, wit,
agudeza, do tipo de estilo conhecido como genus humile, de forma; epigramática,
sentenciosa, breve. É um estilo chamado filosófico, de pensamento, mais para ser lido do
que ouvido, oposto ao estilo ciceroniano, redondo, oratório. A literatura barroca inclui
grandes nomes do seiscentismo: Góngora, Quevedo, Cervantes, Calderón, Lope de Vega,
Gracián, Tasso, Marino, Donne, Crashaw, Shakespeare, Montaigne, Pascal, Antônio
Vieira, Rodrigues Lobo, Gregório de Matos, Soror Juana de la Cruz e muitos outros.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

Barroco Brasileiro e suas


influências

1
Sumário

1 – Introdução
2 – Contexto Histórico
2.1 – Características
2.2 - Principais autores, principais obras
3 - Conclusão

2
1-Introdução

Barroco, período que sucedeu o Renascimento, do final do século XVI ao final do século
XVII, estendendo-se a todas as manifestações culturais e artísticas européias e latino-
americanas. O barroco foi anunciado pelo maneirismo e se extinguiu no rococó, um barroco
exagerado e exuberante, considerado por muitos críticos a decadência do movimento.

Sob o ponto de vista estético, o barroco revela a busca da novidade e da


surpresa; o gosto pela dificuldade, vinculado com a idéia de que se nada é estável tudo
deve ser decifrado; a tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado
reside o ideal supremo de uma obra artística. A literatura barroca se caracteriza pelo uso
da linguagem dramática expressa no exagero de hipérboles, metáforas, anacolutos e
antíteses (ver Figuras de linguagem).1

2-Contexto Histórico

3
O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partindo das artes plásticas, teve seu
apogeu literário no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII.
Devido a razões essencialmente didáticas, costuma-se delimitar este movimento, no Brasil, entre
1601 e 1768:
· 1601:publicação de Prosopopéia, de Bento Teixeira pinto;
· 1768:publicação das Obras poéticas, de Cáudio Manuel da Costa, que assinala o início do
Arcadismo no Brasil.

· A Reforma
Da Idade Média até o Renascimento, a igreja exerceu destacada ação política, social e
econômica.
Isto fez com que alguns dos seus elementos – ou que nela se infiltraram não por motivos
puramente religiosos, mas pelo desejo de participar do status alcançado através da atuação
clerical – vivessem como senhores nobres ou como pecadores contumazes, contrariando os ideais
de humildade e simplicidade de doutrina cristã.
Esta situação propiciou uma cisão no seio da Igreja, concretizada pela Reforma
Protestante de Martinho Lutero, iniciada em 1517, seguida da adesão de João Calvino, em
1532.
Os reformadores, Lutero na Alemanha e Calvino na França, reivindicaram a reaproximação
da igreja do espírito cristianismo primitivo. Calvino difunde a idéia de que todos os fiéis podem ter
acesso ao sacerdócio, inclusive as mulheres. Abole a hierarquia e institui os pastores como
ministros das igrejas, aos quais é permitido o casamento.
Calvino prega a teoria da predestinação, afirmando que Deus concede a salvação a poucos
eleitos e que o homem deve buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada, identificando a
ética protestante com incipiente capitalismo e tornando-a atraente.

· A Contra Reforma
Com o objetivo de eliminar os abusos que haviam afastado tantos fiéis e permitindo o êxito
dos reformistas em alguns países, a Igreja organizou a Contra Reforma.Para tanto, foi
convocado o Concílio de Trento(1545-1563), que deveria objetivar o estabelecimento da
disciplina do clero e a reafirmação dos dogmas e crenças católicos.
A partir do Concílio de Trento, cria-se a Congregação do Índex, para censurar livros
contrários à doutrina católica (Index Librorum Prohibitorum), e a Inquisição é reorganizada para o
julgamento de cristãos, hereges e de judeus acusados de não seguirem a doutrina da igreja,
estabelecendo-se a tortura e a pena de morte.
A tentativa de conciliar o espiritualismo medieval e o humanismo renascentista resultou
numa tensão entre forças opostas:o teocentrismo e o antropocentrismo. A procura da conciliação
ou do equilíbrio entre ambas equivale à procura de uma síntese que, em resumo, é o próprio
estilo Barroco.

2.1-Características

1. Culto do contraste: o dualismo barroco coloca em contraste a matéria e o espírito, o bem


e o mal, Deus e o diabo, o céu e a terra, a pureza e o pecado, a alegria e a tristeza, ávida e a
morte, a juventude e a velhice, a claridade e a escuridão etc.

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O alegre do dia entristecido,
O silêncio da noite perturbando,
O resplendor do sol todo eclipsado,
O luzente da lua desmentindo!
(Gregório de Mattos)

Observe nos versos as antíteses (dia/noite, resplendor/eclipsado) e os paradoxos


(alegre/entristecido, silêncio/perturbando).

2. Consciência da transitoriedade da vida:a idéia de que o tempo tudo consome, tudo


leva consigo, conduzindo irrevogavelmente à morte, reafirma os ideais de humildade e
desvalorização dos bens matérias.

3. Gosto pela grandiosidade: característica comumente expressa com o auxílio de


hipérboles, figura que consiste em engrandecer exageradamente algo a que estamos nos
referindo:

Suspende o curso, ó Rio (...)


Pois já meu pranto inunda teus escolhos
(Gregório de Mattos)

4. Frases Interrogativas, que refletem dúvidas e incertezas:

Que amor sigo? Que busco? Que desejo?


Que enleio é este vão da fantasia?
(Francisco Rodrigues Lobo)

5. Cultismo: è o jogo de palavras, o estilo trabalhado. Predominam hipérboles,


hipérbatos(isto é, alteração da ordem natural das palavras na oração ou das orações no
período) e metáforas, como: diamantes significando dentes ou olhos; cristal significando
água, orvalho, rio; cravo significando boca etc.

Ofendi-vos, meu deus, é bem verdade,


É verdade, Senhor, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
(Gregório de Mattos)

6. Conceptismo: é jogo de idéias ou conceitos, de conformidade com a técnica de


argumentação. É comum o uso de antíteses, paradoxos ou juízos contrários ao senso comum.
Enquanto os cultistas dirigiam-se aos sentidos, os conceptistas dirigiam-se á inteligência.

2.2-Principais autores, principais obras

· Gregório de Mattos

5
Com exceção de Gregório de Mattos, nenhum outro escritor se destacou no Barroco
brasileiro. O padre Antônio Vieira, embora tenha escrito boa parte de sua obra no Brasil, pertence
mais à literatura portuguesa do que à nossa.
Refletindo o dualismo barroco, ora demonstrava a versão que sentia pelo clero, ora
relevava em seus poemas uma profunda devoção ás coisas sagradas, ora escrevia versos
pornográficos e sensuais.
Cursou leis em Coimbra, época de suas leituras de Gôngora e Quevedo, poetas espanhóis
dos quais revela nítidas influências, além de Camões.
Graças à linguagem maliciosa e ferina com que criticava pessoas e instituições da época
(não dispensando palavras de baixo calão), recebeu o apelido de Boca do Inferno, tendo de exilar-
se por algum tempo em Angola, perseguido pelo filho do governador Antônio da Câmara Coutinho
(vítima de suas sátiras).
Sua obra costuma ser dividida em:

Poesia lírico-amorosa:

Ontem quando te vi, meu doce emprego,


Tão perdido fiquei por ti, meu bem,
Que parece este amor nasce, de quem
Por amar-te já vive sem sossego.

Poesia religiosa:

Estou. Senhor, da vossa mão tocado,


E este toque em flagelo desmentido
Era à vossa justiça tão devido,
Quão merecido foi o meu pecado.

Poesia satírica:

Ilustre, e reverendo Frei Lourenço,


Quem vos disse que um burro tão imenso,
Siso em agraz, miolos de pateta
Pode meter-se em réstia de poeta?

A poesia lírico-amorosa de Gregório de Mattos ora celebra o sensualismo africano, ora o


erotismo nativista, ora vincula-se à tração do homem diante da divindade e a consciência da
fragilidade e da pequenez dos mortais.
Não publicou em vida nenhuma edição de sua obra, o que deixa dúvidas sobre a
autencidade de muitos textos a ele atribuídos.
Gregório de Mattos e Guerra nasceu em Salvador (Bahia) em 1633 e morreu em Recife
(Pernambuco) em 1695.

· Padre Antônio Vieira


Foi o maior pregador do seu tempo, defensor dos negros e dos índios – sobretudo dos
índios – e dos cristãos-novos (judeus convertidos). A defesa dos cristãos-novos e sua fidelidade ao
rei d.João IV valeram-lhe o ódio da Iquisição. Após a morte do seu protetor, d.João IV, a
Inquisição processou-o por opiniões heréticas. Durante algum tempo foi imposto a ele o
internamento em uma casa jesuítica e o impedimento de pregar. Anistiado por d.Pedro, regressou
ao Brasil em 1681.

6
Sua obra compreende:
· Obras de profecia:Histórias do futuro; Esperanças de Portugal
· Sermões, entre os quais se destacam: Sermão da sexagésima (sobre a arte de pregar);
Sermão pelo Bom sucesso das armas (por ocasião da invasão holandesa, em 1640);
Sermão de Santo Antônio( ou Sermão dos peixes, em defesa do índio escravisado.
O Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa (Portugal) em 1608 e morreu em Salvador (Bahia)
em 1697.

3-Conclusão

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O Período Barroco foi marcado pela força da Igreja exercendo um poder político, social e
econômico tornando os elementos da sociedade enfraquecidos, estendeu-se a todas as
manifestações culturais e artísticas européias e latino-americanas. O termo Barroco é usado
para designar o estilo que, partindo as artes plásticas, teve seu apogeu literário no
século XVII, prolongando-se ate meados do século XVIII.
Devido a razoes essencialmente didáticas, costuma se delimitar este movimento, no
Brasil, entre 1601 e 1768.

4-Referências Bibliográficas

Português, editora Ática, Maia; João Domingues, 2000.

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Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
DADAÍSMO

ARTÍSTA

Movimento artístico que se desenvolveu em seguida do


Cubismo, e que se caracterizou pela negação dos valores
tradicionais, pregando o fim da cultura e a reconstrução do mundo
(niilismo). Criaram-no o poeta Tristan Tzara, os escritores Hugo Ball
e Richard Hülsenbeck e o pintor Hans Arp, os quias fundariam em
Zurique o Carbaret Voltaire, clube destinado à manifestções
artísticas de vanguarda. Arp ficaria sendo o representante mais
típico do movimento , nessa sua fase suiça.

O NASCIMENTO DO DAÍSMO

Como já citado acima, Hugo Ball fundou em Zurich o Cabaret


Voltare em 1916, sede do primeiro grupo dadaísta.
Em princípio Ball tinha a colaboração de sua companheira
Emmy Hennings, mas por pouco tempo se reuniram a um poeta e
pintor Hans Arp, o artísta romano Marcel Janco e seu poeta também
romano, Tristan Tzara. Juntos desenvolveram uma série de
atividades em o Carbaret que rapidamente divulgou-se devido ao
seu profundo caráter de provocação.
Em Zurich surgi o grupo Dadá e na Suiça por se tratar de um
país neutro a atividade dadaísta se aflora. o resultado se dá no
fechamento de o Carbaret, por pedido dos burgueses.
Dadá se define como um ataque niilista e violento contra a arte
de seus agente, e como um jogo.
Hugo Ball escreve em seu diário “Lo que ilhamos Dadá es una
arlequinada compueste de nada, em la que estãn involuciadas todas
las grandes cuestiones, un gesto de glatiador, un juego con ruinas
viles, una ejecución de la moralidal y la plenitud como postura”.
O dadaísmo mostra-se uma preferência pelo irracional e
matém a frente de qualquer coisa uma postura profundamente
“nihilista” ( realtivo a nada, aniquilamento, descrença absoluta, na
sociedade e nos valores éticos).
Os valores pré estabelecidos se verificam nos primeiros
momentos do Carbaret e de um modo aparentemente ingênuo.
Há poucas obras em que aparece representado o célebre
Carbaret Voltaire, realizado por Marcel Janco, recuperando um estilo
bastante peculiar e que assimilaram elementos próprios futurísticos.
Em um manifesto Dadá de 1918, Tzara especifica: “Dadá não
significa nada”, (...) “Dadá é uma necessidade de independência, de
desconfiança para a comunidade...”. Proclama a liberdade como
elemento essencial para toda a atividade dadaísta e afirma que
“Dadá é insignificância e abstração”.
Variando a intensidade de seus caracters, como seus
tamnhos, os dadístas foram captar a atenção dos lietores. Em uma
página de Dadá - Almanch em 1920 - Berlin.
As palavras, as frase inconeas e sem sentido formam
elementos utilizados pelos dadístas a fim de provocar os leitores.
Em suas publicações, e juntamente com realizações plásticas,
criando uma linguagem pessoal e de grande efeito visual.
Na Primeira Feira Internacional Dadá de Berlin, o ponto
culminante de uma linha de atuação e que culminou notadamente de
posição radical de seus dadaístas alemães, que não derivaram das
posturas, ams das personalidades e dos Dadás parisienses, que
culminaram em um Surrealismo.
Em Nova York 19915, chega Marcel Duchamp o qual integra-
se no espírito crítico e negativista do dadaísmo, levado a Barcelona
no ano seguinte por Picabia.
O artísta Marcel Duchamp, leva de presente para seu amigo
Arensberg um vidro com o ar de Paris. Isto sucedia em anos mais
tarde em a primeira inclusão de artísta francês no mundo dos
objetos descontextualizados.
Sua maior obra foi “Fontaine” de 1917, premiada pelo comitê
de seleção de obras. “Independientes” em Nova York Duchamp
preferiu não assinar a obra a qual recebeu o psiodônimo de R. Mutt,
este objeto, um urinário. Sua conversão de objetos em uso comum.
O dadaísmo procura a destruição da cultura. Como por
exemplo: Duchamp coloca bigode na obra de Gioconda, querendo
com isso provocar e escandalizar o espectador, L.H.O.O.Q..(1919).
As distintas etapas de sua vida e obra Duchamp mesclou a
realidade com a fantasia, fato este que foi assimilado pelo
Surrealismo, como uma titude própria do Surreal, mais por
paralelismo do que por influêncais recíprocas.

DADÁ NA ALEMANHA
Richard Hülsembeck, autor de Cabeça Mecânica (1919-1920) -
Berlin - Coleção Hannah Hóch; organizou em 1918 a primeira Feira
Dadaísta.
Seu espírito revolucionário, divulga em um panfleto contra a
concepção da vida de Weimar, em 20 de abril de 1919, onde dizia
“Yo anuncio el mundo dadaísta! Me rio de la ciencia y la cultura,
estas seguridades miserables de una sociedad condenada a murte”.
O Club Dadá representava uma guerra de internacionalismo do
mundo, é um movimento internacional antiburguês.
Com o caos político e com a terrível situação econômica que
atravessava a Alemanha, sem dúvida, foi apropriado para o
surgimento do dadaísmo alemão que desde o início teve um
significado muito mais popular e violento do que poderia ter havido
em Zurich.
Dadá reune em Berlin artístas como Raoul Hausmann, Hannah
Höch, Johamnes Baader, Wieland Herzfelde, John Heartfied e
George Grosz.
Kurt Schurithers deixa escrito em uma carta datada de 1924,
que nuncahavia sido um dadaísta, sendo que havia inventado uma
fórmula política.
Raoul Hausmann, homenagia a nova arte revolucionária russa,
atacando o militarísmo alemão.
O artísta situa sobre sua cabeça de madeira, toda uma série
de apartos e sistemas, como se trata-se de controlar a capacidade
de pensamento do indivíduo.
De certo modo coincide plenamente com os pensamentos de
Duchamp, o Picabia e seus “antemecanismos”.
A obra de Schwitters se caracterizou sempre pelo sentido
eminentemente construtivo, de modo que, o reverso de toda a
trajetória destrutiva dadaísta.
A linha ideológica dos dadaístas alemães era a ruptura com o
sistema artístico burguês e a opção política revolucionária.

DADÁ EM PARIS

Muito antes de Tristan Tzara em Paris 1920, tinha-se notícia


que na capital francesa já existia atividades dadaístas. Um poeta
romano mantinha correspondência com Guillaune Apollinaire e era
colaborador da revista Nord-Sud, dirigida por Pierre Deverdy e Sic,
cujo o diretor era P.A. Birot. Esta revista que fundirá em Paris a
ideologia dadaísta.
Francis Picabia teve grande importâncianos movimentos
dadaístas. Suas pinturas de máquinas, publicadas na revista 391,
iniciada em Barcelona.
Pode-se afirmar que em 1920 é o ano do triunfo do movimento
em Paris.
Foram várias as realizações neste ano, que fica absolutamente
impossível mencionar todas. Especialmente significativa foi a
adesão da Revista “Litterature al Dadaísmo”.

A EXPANSÃO DO DADAÍSMO

O dadaísmo foi uma corrente difundida simultaneamente e em


diversos lugares da Europa, tanto ideológicamente como também
em caráter prático.
As publicações dadaístas favoreceram a medida que a
comunicação se estabelece com outros grupos de artístas, dentre
eles se destacam principalmente os construtivistas russos, os
neoplacistas holandeses e os representantes de Bauhaus.
Outras atividades importantes, desde esse ponto de vista, foi o
Congresso Internacional de Artístas Progressistas que aconteceu
em maio de 1922 em Berlin. Durante o mesmo ano, a primeira
Exposição de Arte Russa.
Um ponto importante entre os dadaístas e construtivistas e a
frente a pintura, a escultura e a arquitetura, consideradas
tradicionalmente “Artes Nobles”.

O FIM DO MOVIMENTO DADÁ

Com as profundas desavenças entre Tristan Tzara e André


Breton, tiveram como consequência o desaparecimento do
movimento dadaísta com o tal nascimento do Surrealismo.
O fim do movimento dadaísta, em 1923 deu-se após um
escândalo. A partir desse momento Tzara se dedica a rezar o
“Oracion Fúnebre por Dadá” em diversas reuniões celebradas em
distintas cidades da Alemanha.
O dadaísmo foi mais um estado de espírito, oriundo das
convulsões geradas pela I Guerra Mundial, que propriamente um
movimento com leis e estruturas próprias; sob seus escombros
ergue-se-ia porém o Surrealismo, e algumas de suas inteções foram
retomadas recentemente pelos adeptos da Pop Art.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
Dadaísmo, movimento que abrange todos os gêneros artísticos e expressa uma
proposta niilista contra a cultura ocidental, especialmente contra o militarismo
desencadeado pela I Guerra Mundial. Criado, em 1916, por Tristan Tzara, o escritor
alemão Hugo Ball, o artista alsaciano Jean Arp e outros intelectuais residentes em
Zurique (Suíça), o movimento Dadá foi influenciado pela revolução contra a arte
convencional liderada por Man Ray, Marcel Duchamp e Francis Picabia. Mais tarde, o
dadaísmo inspiraria os surrealistas franceses.

Os dadaístas utilizaram técnicas revolucionárias. Suas idéias, derivadas da tradição


romântica, baseavam-se no apelo ao subconsciente e na crença da bondade
intrínseca do homem quando não corrompido pela sociedade.

Surrealismo, movimento artístico e literário fundado pelo poeta e crítico francês


André Breton. Em 1924, Breton publicou o Manifesto surrealista em Paris, tornando-
se líder do grupo que tomou este nome. O surrealismo surgiu do movimento Dadá
que refletia, tanto na arte quanto na literatura, o protesto niilista contra a cultura
ocidental. Continuando o dadaísmo, o surrealismo enfatizava o papel do inconsciente
na atividade criadora.

Os surrealistas portugueses marcaram o movimento com duas exposições: junho de


49 e junho de 50, nas quais se comprometeram com uma criatividade exaltante,
tornando-se um dos grupos mais empenhados em revolucionar o imaginário da vida
cultural portuguesa.

Ver também Arte em Portugal

Arte em Portugal, a peculiar posição geográfica na Península Ibérica, o clima


marítimo unificando montanhas e planícies em micro-regiões, o papel dos rios, a
presença dominante do oceano — uma encruzilhada entre o Mediterrâneo, o
Atlântico, a Europa e a África — fizeram surgir focos de características próprias com
as tribos celtas (Lusos) e sua "cultura castreja" ao Norte e colonos greco-púnicos a
Sul. A província da Lusitânia (sécs. II a.C. - V d.C.) unificou estes centros sob a
sofisticada civilização romana, ao mesmo tempo em que assimilava as invasões
bárbaras e a difusão cristã. Em vilas rurais (Alentejo) e portos de mar (Algarve,
Tróia) têm-se encontrado pinturas, mosaicos e estatuária tardios de bom nível,
provando que a continuidade prevaleceu sobre as convulsões da Baixa Antigüidade.

Só com a constituição do reino portucalense independente, na primeira metade do


século XII, podemos falar em uma "arte portuguesa" autônoma, diferenciada da
galega. Esta arte é encontrada, sobretudo, nas torres senhoriais em pedra (Vila da
Feira), nos castelos templários e nas centenas de matrizes e capelas rurais em estilo
românico, de planta simples, cobertas de madeira, que enchem os campos
repovoados do Norte (sécs. XII-XIII). O seu avanço acompanha o da Reconquista,
impondo o ritual latino contra o moçárabe e proporcionando a ligação lusa ao mundo
ocidental através das Sés de Lisboa, 1147, e de Coimbra, 1160, construidas pela
mesma equipe de mestres franceses. Assim é a estética cisterciense: despojada, em
formas geométricas puras, será uma constante na sensibilidade nacional, servindo de
ponte ao pleno gótico — do qual um bom exemplo é o claustro da Sé de Coimbra,
construído em 1218 — que acaba por se estender a todo o território, mantendo a
hegemonia durante 3 séculos.

Pela centralização régia, o gótico ganha terreno na escultura — onde reintroduz a


figura humana, desaparecida desde os romanos — com a estatuária devocional
(Escola de Coimbra, séc. XIV) e tumulária (Alcobaça). Renova a arquitetura com
plantas mais complexas, abobadadas em ogiva, claustros elegantes e cabeceiras
luminosas (S. Domingos de Elvas, 1270). Não é, porém, o gótico das grandes
catedrais européias. Em Portugal há preferência pelas linhas horizontais, muros e
alçados singelos, sem atingir o verticalismo europeu (novas Sés de Évora e Silves). É
um "gótico mediterrânico", de estrutura simples e volumes lisos, que adquire cunho
nacional no gótico mendicante dos Franciscanos e Dominicanos (Santarém), também
presente na arquitetura civil e militar (torres de solares minhotos, muros de Óbidos,
castelo de S. Jorge, em Lisboa).

O séc. XV, com a prosperidade dos descobrimentos, ensaia formas mais ricas, das
fontes catalã e inglesa. O Gótico Final se reflete nas artes suntuárias. Pela primeira
vez, surge na pintura (Nuno Gonçalves) um sentido novo de luxo e modernidade em
que o país se afirma como grande potência. A esta variedade de influências e paixão
pelo real faltou, porém, unidade estilística. O primeiro esforço sincrético dá-se sob o
reinado de D. Manuel l, o Venturoso (1495-1521), com o estilo manuelino, amálgama
de elementos de raiz diversa: da alemã e mourisca até a oriental, unidos pela
ideologia imperial e tom eufórico de uma época que se julgava predestinada a
conquistar o mundo.

Variante do gosto gótico tardio europeu — muito individualizado no tratamento das


formas, nas cores contrastantes e estridentes, na simbologia heráldica ou religiosa
(mas não marítima, como se tem pensado) — o manuelino cria efeitos hiperrealistas
de alarde, prosperidade e exaltação da monarquia triunfante em obras únicas,
autênticos manifestos (Mosteiro e Torre de Belém, 1501-14 e Janela de Tomar,
1510). Iguais temas ocorrem na literatura, pintura e escultura da época e, entre seus
artistas, destaca-se o dramaturgo Gil Vicente, também ourives e desenhista. O estilo
manuelino foi o primeiro a ter uma difusão mundial, do México a Moçambique, da
Índia à Málaga (estreito de Cingapura) — dos marfins da Guiné à porcelana da China.
Coube a essa arte cortesã o mérito de unificar e propor um ideal estético nacional em
tomo da figura do rei-messias, na passagem da Idade Média à Moderna.

Extrovertida e de um otimismo quase naif, a época seguinte reagiu contra a carga


excessiva de vitalidade e extravagância, refugiando-se na linguagem racional do
Renascimento. Do dinamismo passou-se à estabilidade protagonizada por João III
(1521-1557), do modelo flamengo à paixão pela Itália. Em 1525, o bispo Miguel da
Silva — a quem Castiglione dedicou o Il Cortegiano — trazia de Roma um arquiteto
particular, Francesco da Cremona, que faz a primeira obra clássica no claustro de
Viseu, logo imitada por fidalgos cosmopolitas e reforçada pelos escultores franceses
de Coimbra, entre eles, Chanterene e João de Ruão.
Mas foi pela mão de João de Castilho que a encomenda régia aderiu ao novo estilo
humanista (Conceição de Tomar, 1547), em obras ímpares fora da ltália. É o
momento em que o teórico Francisco de Holanda regressa de Roma (1538-1540),
onde conviveu com Michelangelo, trazendo a pintura maneirista, o neoplatonismo e o
serlianismo que atingem o ponto alto com Diogo de Torralva (claustro de Tomar,
1558). O impacto do Concílio de Trento, e o maior número de artistas estagiando na
Itália com bolsas dadas pela Coroa, propiciam o avanço do Classicismo amadurecido,
no dilema entre aderir às formas cultas trazidos pelos Habsburgos (Filipe Terzi,
Baltasar Álvares, os pintores Venegas e Fernão Gomes) e os fiéis do gosto nacional,
o "estilo chão" (Afonso Álvares, os últimos pintores maneiristas). Em um sentido de
simples: estabeleceu-se o dilema entre a Europa e o Império. É curioso que este
predomine no século XVII — em que a questão colonial foi avassaladora — e aquele
retornasse, sob a forma do Barroco, mas já desfasado no tempo, no final do século e
no seguinte.

Se no Norte ainda foi possível o brilhante episódio de Nicolau Nasoni no Porto (torre
dos Clérigos, 1737-1752), seguido de André Soares na talha arquitetônica minhota,
em Lisboa, o tardo-barroco diluiu-se rapidamente entre um Rococó de influência
franco-germânica (Queluz) e a tradição castiça nacional que, após o terremoto de
1755, renasce sob a forma do estilo pombalino, tendendo à rigidez do Neoclássico
(Ajuda). Após o Romantismo (Sintra), o século XIX caraceteriza-se pelo ecletismo
sem unidade de gosto ou estilo, numa situação que faz lembrar o séc. XV e o neo-
manuelino, o "estilo nacional" por excelência.

A fase contemporânea, reagindo contra esse nacionalismo, segue evolução paralela à


europeia, mas com forte pendor para um Realismo que perdura além do Modernismo
(1905). Assiste-se, após 1950, a uma inesperada renovação artística, com a projeção
de arquitetos e pintores de renome internacional.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

Expressionismo, corrente artística que, pela deformação ou exagero das figuras,


buscava a expressão dos sentimentos e emoções do autor. Este movimento surgiu
como reação aos modelos dominantes nas artes européias desde o Renascimento,
particularmente nas ultrapassadas academias de Belas-Artes. O artista
expressionista buscava a experiência emocional, preocupando-se mais com as
emoções do observador do que com a realidade externa. Para aumentar a
dramaticidade da comunicação artística, exageravam e, mesmo, distorciam os temas
trabalhados.

Embora o termo expressionismo não se aplicasse à pintura antes de 1911, suas


características se encontram nas criações de quase todos os países e períodos. Parte
da arte chinesa e japonesa dá mais importância à essência do que à aparência física.
Os grandes nomes da Europa medieval exageraram suas figuras nas igrejas
românicas e góticas, objetivando aumentar a carga espiritual de suas criações. A
intensidade expressiva, criada pela distorção, aparece também no século XVI nas
obras de artistas maneiristas, como o pintor espanhol El Greco e o alemão Matthias
Grünewald. Os autênticos precursores do expressionismo vanguardista apareceram
no final do século XIX e começo do XX. Entre eles destacam-se o pintor holandês
Vincent van Gogh, o francês Paul Gauguin e o norueguês Edvard Munch, que
utilizavam cores violentas e linhas fortes para aumentar a intensidade de seus
trabalhos.

O grupo expressionista mais importante do século XX surgiu na Alemanha. Entre


suas figuras de proa estão os pintores Ernst Ludwig Kirchner, Erich Heckel e Karl
Schmidt-Rottluff, que fundaram em Dresde (1905) o grupo denominado Die Brücke
(A ponte). Em 1906, Emil Nolde e Max Pechstein aderiram ao movimento e, em
1910, Otto Müller. Em 1912, fizeram uma exposição coletiva aliados a um grupo de
Munique denominado Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul), do qual faziam parte os
pintores alemães Franz Marc, August Macke e Heinrich Campendonk, o suíço Paul
Klee e o russo Wassily Kandinsky. Esta primeira fase do Expressionismo Alemão foi
marcada por uma visão satírica da burguesia e forte desejo de representar emoções
subjetivas. Die Brücke dissolveu-se em 1913, um ano antes do início da I Guerra
Mundial (1914-1918). Os Fauvistas — particularmente o pintor francês Georges
Braque e o espanhol Pablo Picasso — influenciaram e foram influenciados pelo
Expressionismo Alemão.

A fase seguinte do Expressionismo se chamou Die neue Sachlichkeit (Nova


Objetividade) e surgiu junto com a desilusão reinante após a I Guerra Mundial.
Fundada por Otto Dix e George Grosz, foi marcada pelo pessimismo existencial e por
uma atitude irônica e cínica diante da sociedade. Este período do Expressionismo
transformou-se em movimento internacional, podendo-se perceber a influência dos
alemães no trabalho de artistas de várias partes do mundo, entre eles, os austríacos
Oskar Kokoschka e Egon Schiele, os franceses Georges Rouault, Chaïm Soutine, o
búlgaro nacionalizado francês Jules Pascin e o norte-americano Max Weber.
Na América Latina, o principal nome do Expressionismo é o equatoriano Oswaldo
Guayasamín que, influenciado pelos muralistas mexicanos, utilizou esta estética para
retratar a realidade dos indígenas do seu país. Na Espanha, o Expressionismo teve
forte cunho social e seus nomes mais importantes são José Gutierrez Solana,
Benjamín Palencia, Pancho Cossío, Francisco Mateos, Rafael Zabaleta e Eduardo
Vicente.

No Brasil destacam-se Antonio Garcia Bento, Benedito Calixto de Jesus, Lasar Segal,
pintor da dor e sofrimento humanos, e Anita Malfatti, que modernizou a pintura
brasileira com temas nacionalistas, entre eles O Tropical, de 1916.

O grito
O grito (1893), de Edward Munch, é considerado o primeiro quadro expressionista.
Embora o pintor norueguês não militasse nas campanhas desse movimento,
tornou-se seu principal precursor pela capacidade de retratar os conflitos internos
de seus personagens.

© 1998 The Munch Museum / Munch-Ellingsen Group / Artists Rights Society


(ARS), New York./Bridgeman Art

Picasso, Pablo Ruiz (1881-1973), pintor e escultor espanhol, considerado um dos


artistas mais importantes do século XX. Artista multifacetado, foi único e genial em
todas as atividades que exerceu: inventor de formas, criador de técnicas e de estilos,
artista gráfico e escultor.
Período de formação
O gênio de Picasso manifestou-se desde muito cedo: aos 10 anos de idade, fez suas
primeiras pinturas e, aos 15, passou com brilhantismo nos exames para a Escola de
Belas Artes de Barcelona, com a grande tela Ciência e Caridade (1897), ainda em
moldes acadêmicos.
Período azul
Entre 1900 e 1902 fez três viagens a Paris, onde se estabeleceu finalmente, em
1904. Os temas das obras de Edgar Degas e de Henri Marie de Toulouse-Lautrec,
bem como o estilo deste último, exerceram grande influência em Picasso. A casa azul
(1901) demonstra sua evolução para o período azul, assim chamado pelo predomínio
dos tons dessa cor nas obras realizadas nessa época.
Período rosa
Pouco depois de se estabelecer em Paris, nos anos de 1904 e 1905, iniciou o
chamado período rosa, concentrando sua temática no mundo do circo e criando
obras como Família de arlequins (1905).
Protocubismo
No verão de 1906, durante uma estada em Gosol, Andorra, sua obra entrou em uma
nova fase, marcada pela influência das artes gregas, ibérica e africana. O célebre
retrato de Gertrude Stein (1905-1906) revela um tratamento do rosto em forma de
máscara. A obra chave desse período é As senhoritas de Avignon (1907), em que
rompe a profundidade espacial e a forma de representação ideal do nu feminino,
restruturando-o por meio de linhas e planos cortantes e angulosos.
Cubismo analítico e sintético
Entre 1908 e 1911, Picasso e Georges Braque, inspirados no tratamento volumétrico
das formas pictóricas de Paul Cézanne, trabalharam em estreita colaboração,
desenvolvendo juntos a primeira fase do cubismo, hoje conhecida como cubismo
analítico. Nela se destaca Daniel Henry Kahnweiler (1910).

Em 1912, Picasso realizou sua primeira colagem, Natureza morta com cadeira de
palha. Esta técnica assinala a transição para o cubismo sintético.
Escultura cubista
O busto em bronze de Fernande Olivier (também conhecido como Cabeça de mulher,
1909) mostra a consumada habilidade técnica de Picasso no tratamento das formas
tridimensionais. Compôs ainda grupos como Bandolim e clarinete (1914),
constituídos por fragmentos de madeira, metal, papel e outros materiais.
Realismo
Em estilo realista figurativo são: Pablo vestido de arlequim (1924), Três mulheres na
fonte (1921), As flautas de Pã (1923), Mulher dormindo na poltrona (1927) e
Banhista sentada (1930).
Pinturas: 1930-1935
Vários quadros cubistas do início da década de 1930, em que predominam a
harmonia das linhas, o traço curvilíneo e um certo erotismo subjacente, refletem o
prazer e a paixão de Picasso por seu novo amor, Marie Thérèse Walter, como se
observa em Moça diante do espelho (1932).
Guernica
Em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil espanhola, a aviação alemã, por
ordem de Francisco Franco, bombardeou o povoado basco de Guernica. Poucas
semanas depois Picasso começou a pintar o enorme mural conhecido como Guernica,
em que conseguiu um esmagador impacto como retrato-denúncia dos horrores da
guerra.
A II Guerra Mundial e os anos do pós-guerra
A deflagração e o posterior desenvolvimento da II Guerra Mundial contribuíram para
que a paleta de Picasso se obscurecesse e a morte se tornasse o tema mais
freqüente da maior parte de suas obras. É o que se vê em Restaurante com caveira
de boi e em O ossário (1945).
Últimos trabalhos
Em 1964, realizou a maquete de Cabeça de mulher, monumental escultura em aço
soldado, erigida em 1966, no Centro Cívico de Chicago.

Pablo Picasso
A imensa obra do pintor e escultor espanhol Pablo Picasso exerceu uma grande
influência na arte contemporânea. Estabelecendo-se em Paris, em 1904, Picasso
adotou de início um estilo próximo ao do pós-impressionismo. Mais tarde, em suas
mais de 20 mil obras, desenvolveu outras tendências artísticas. É considerado o
artista mais importante do século XX.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
Brasileira, Literatura, obras elaboradas no Brasil desde os textos de informação,
informações que os viajantes e missionários europeus colhiam sobre a natureza e o
homem do Brasil colônia, até nossos dias. Do ponto de vista literário interessa
destacar a evolução das formas estéticas que correspondem aos estilos artísticos que
tiveram representação no Brasil. A primeira etapa corresponde ao barroco literário. A
segunda, às transformações do barroco, às tentativas de renovação arcádica e
neoclássicas e ao romantismo e seus prolongamentos. A terceira, às tendências do
fim do século: modernismo e pós-modernismo.

Segundo Antônio Cândido, a literatura brasileira pode ser dividida em três períodos:
1º: a era das manifestações literárias que vai do século XVI à metade do século
XVIII. 2º: a era da configuração do sistema literário que tem início na primeira
metade do século XVIII à segunda metade do XIX. 3º: a era do sistema literário
consolidado, da segunda metade do século XIX até nossos dias.
Barroco
Os ciclos de ocupação da terra sucederam-se em consonância com as possibilidades
demográficas e os interesses econômicos. Do litoral para o interior foram se
definindo manchas de povoamento que originaram ilhas culturais. Estas, segundo
Viana Moog, foram sementes da literatura regionalista que se faz presente ao longo
de toda a história literária do país.

Nesta primeira fase é sensível a presença da Europa: ibéria, no barroco; Itália, no


arcadismo; francesa, no iluminismo (ver Século das Luzes). Define-se, ainda, a
mediação da metrópole na transposição de valores estéticos do arcadismo e
iluminismo. As manifestações literárias dos três primeiros séculos brasileiros
respondem, antes de mais nada, ao problema da expansão ultramarina. A Carta de
Pero Vaz de Caminha, oficializando para Portugal a posse das terras brasileiras, e o
Diário de Navegação de Pero Lopes e Martim Afonso de Souza (1530) podem ser
incluídos na Literatura de Viagens, gênero definido ao longo do século XV, em
Portugal.

O processo expansionista desdobra-se na colonização. Vencido o mar, começa a


preocupação com a terra desconhecida que significava um desafio pois,
aparentemente, era indomesticável. Logo surgiram propostas para a possível
resistência, agressividade e inconquistabilidade do índio. Esta preocupação
manifesta-se na necessidade de registrar informações, organizar elencos e catálogos.
Por estes motivos são importantes os Textos de Informação, entre os quais se
inserem Tratado da terra do Brasil (1570) e História da província de Santa Cruz
(1576), de Pero de Magalhães Gandavo; Narrativa epistolar e o tratado da terra e
gente do Brasil (1587), de Gabriel Soares; Diálogo das grandezas do Brasil (1618),
de Ambrósio Fernandes Brandão; Diálogo sobre a conversão do gentio, do padre
Manuel da Nóbrega; História do Brasil (1627), de frei Vicente de Salvador e os três
primeiros séculos das Cartas jesuíticas.

Estes textos descrevem a terra, os costumes silvícolas e revelam a expectativa do


colonizador em encontrar ouro e prata. Já os textos jesuíticos, mesmo os literários,
de poesia ou teatro, têm como pano de fundo a preocupação missionária, alimentada
pelo clima proporcionado pelas resoluções do Concílio de Trento. Esta realidade é
facilmente identificada na obra do padre, poeta e dramaturgo José de Anchieta
(1534-1597), autor de autos pastorís, entre eles, o Auto representativo da festa de
São Lourenço (1583), e de poemas em metros breves, de tradição medieval
espanhola e portuguesa, entre os quais se destacam Santíssimo Sacramento e A
Santa Inês.

O teatro liga-se aos vilancicos ibéricos, centrando-se no antagonismo entre anjos e


demônios, bem e mal, vício e virtude. Nos poemas épicos, Anchieta mostra a
influência de Virgílio. O polilingüismo de muitas poesias e autos expressa uma
atitude adaptativa ao meio. A palavra escrita ajustava-se à nova realidade, tentando
inculcar valores portugueses e cristãos na população autóctone e mestiça que
começava a se constituir. Estes primeiros escritos, feitos no Brasil e sobre o Brasil,
de acordo com critérios estéticos vigentes no ocidente, desvendam relações com
estilos de vida e arte. São importantes por conterem uma literatura de imaginação,
possível raíz do mito ufanista que se projeta através do tempo até a
contemporaneidade.

Esteticamente, as criações literárias dos três primeiros séculos são barrocas,


neoclássicas e arcádicas. A organização da prosa identifica-se com o barroco no
processo de identificação ilusória e sensorial, expresso nos jogos de palavras,
trocadilhos e enigmas. Conceitualismo e cultismo, na melhor tradição cultural ibérica,
misturam o mitológico ao descritivo, a alegoria ao realismo, o patético ao satírico, o
idílico ao dramático. A literatura brasileira nasceu com o barroco, pelas mãos
jesuíticas. Neste trabalho merecem destaque o padre Antônio Vieira, Bento Teixeira,
Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, secundados por frei Manuel de Santa
Maria Itaparica, padre Simão de Vasconcelos, frei Manuel Calado, Francisco de Brito
Freire. Quando não integrantes da Companhia de Jesus, muitos destes autores foram
educados pelos jesuítas, nos colégios ao lado das igrejas, em aulas de letras e
humanidades, focos de transmissão da cultura metropolitana. Nelas, escoava-se a
tradição portuguesa da retórica, base da formação intelectual e literária, preocupada
em ensinar a falar e escrever com persuasão e beleza. Projetava-se, também, a
postura intelectual da imitação de modelos, realizada nos escritos destes primeiros
autores, em variados graus que vão da inspiração à glosa e tradução.

Nesta primeira fase, a literatura brasileira segue o ritmo lusitano do tempo. A obra
do jesuíta, catequista e orador sacro Antônio Vieira (1608-1697) sincretiza marcas
européias, portuguesas e brasileiras. Os 15 volumes de Sermões são de particular
interesse para nossa literatura, principalmente o Sermão da primeiro domingo da
Quaresma (1653) que versava sobre a extinção do escravismo índio e o Sermão XIV
do rosário (1633), sobre os escravos negros. Na História do futuro, Antônio Vieira
escreve um tratado sobre o profetismo onde defende a mística do 5º Império do
Mundo, que seria português, com sede no Brasil. Beirando a heterodoxia, este texto
obrigou seu autor a explicar-se ante o Tribunal do Santo Ofício. Maior orador sacro
do Brasil, o padre Antônio Vieira era um barroco. Sua oratória é prolixa, cheia de
alegorias nas quais revela a argúcia de seu raciocínio.
Bento Teixeira (1561-1600), cristão-novo português, nascido no Porto e morador em
Pernambuco, escreveu a Prosopopéia, exaltando o terceiro donatário da Capitania de
Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Obra barroca, calcada em Os Lusíadas,
exalta o herói estóico cristão, realcando valores como o heroísmo, a estirpe, o poder,
a glória, a honra, a riqueza, o saber e as virtudes. Inspira-se na terra e tem um
caráter eminentemente social e individual. Criação diretamente estruturada pela
realidade, permite a realização, num plano imaginário, de uma coerência jamais
atingida pelo autor, cripto-judeu, no plano real.

Gregório de Matos (1838-1696), natural da Bahia, cria uma poética composta de


poemas líricos, religiosos e satíricos, nos quais retrata o Brasil com pessimismo
realista, mesclado de obscenidades. Pela temática e técnica estilística, é a mais forte
expressão individual do barroco na colônia. Manifestação da mestiçagem cultural,
Gregório de Matos coloca em seus escritos antíteses, equívocos e jogos de palavras,
transpostos dos modelos de Góngora e Quevedo. Sua obra é marcada pelos
dualismos: religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e
aspirações espirituais.

Manoel Botelho de Oliveira (1838-1711) publicou Musica do Parnaso (1705), dividido


em quatro coros de rimas portuguesas, castelhanas, italianas e latinas, com seu
descante cômico reduzido em duas comédias: Hay amigo para amigos e Amor,
Engaños y Celos. Poeta-literato, segue os modelos de Marino Góngora e, em seu
processo estilístico, destacam-se a analogia e a acentuação dos contrastes.

Frei Manoel de Santa Maria Itaparica, nascido na Bahia em 1704, escreveu uma
epopéia sacra, Eustáquidos (1769), imitação dos épicos, e um poema, Descrição da
cidade da Ilha de Itaparica. Simão de Vasconcelos produziu uma obra de edificação
religiosa em que se distingue a Vida do venerável padre José de Anchieta (1672).

Frei Manuel Calado inspira-se na defesa da terra contra invasores estrangeiros para
criar Valeroso Lucideno (1648). De autoria de Francisco Brito Freire é A Nova
Lusitânia (1675). Nesta primeira fase não se deve estranhar o teor das
manifestações literárias. Primeiro, pela fragilidade da vida intelectual na colônia, fato
compreensível uma vez que a colonização foi um fenômeno burguês, com caráter
empresarial, visando a produção e o lucro no comércio do açúcar. Não havia público
para a produção literária, nem interesse nela, em um meio acrítico e desinteressado
da vida cultural. No entanto, não houve deseuropeização: as estruturas do mundo
que se erigia eram genuinamente portuguesas, embora passíveis de adoçamentos.
As manifestações literárias foram, pois, desdobramentos da literatura portuguesa
que, por sua vez, ainda não tinha desenvolvido, perfeitamente, os gêneros literários.
Salvo raras exceções, a literatura barroca produzida na colônia acabou sendo de
qualidade inferior. A própria obra de Anchieta, a mais alta expressão do barroco no
seu tempo, não teve valor estético de primeira grandeza.
Neoclassicismo e Romantismo
Abrange as transformações do barroco, as tentativas de renovação arcádica e
neoclássica e o romantismo. O início do século XVIII deixa entrever o declínio do
barroco e as aberturas para o iluminismo, este ligado às transformações estéticas
das Academias. No Brasil é coetâneo ao deslocamento do eixo político da Bahia para
o Rio de Janeiro (1760) e a descoberta do ouro em Minas Gerais. Não é estranho
que, nestas áreas, tenha surgido um movimento cultural ligado à crise do
colonialismo e às aspirações de independência política. José de Santa Rita Durão
(1722-1784) escreveu o poema épico Caramuru (1781) onde faz um balanço da
colonização em meio a uma descrição hiperbólica da natureza. Neste poema são
retratados os costumes dos índios, exaltadas a fé e a defesa da terra contra os
invasores. José Basílio da Gama (1741-1795), com mentalidade iluminista e anti-
jesuítica, escreveu o poema Uruguai (1769) em que descreve o choque da cultura
branca com a indígena e, liricamente, adota uma atitude complacente com os
selvagens.

Com o arcadismo, corrente de origem italiana, instalou-se a forma neoclássica que


busca na natureza sua maior constante, identificando-a com a pureza e a bondade.
No Brasil, este movimento nasce com os poetas da Escola mineira, Cláudio Manoel da
Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga. Seu início é
marcado pelas Obras poéticas (1768) de Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Em
seus sonetos, églogas e no poema épico Vila Rica (1773), Cláudio Manuel da Costa
deixa entrever influências de Petrarca e Camões, além de marcas de sua terra natal.
Recorre ao procedimento temático da metamorfose, traduzindo a realidade brasileira
em termos de tradição clássica. Incorporando o individualismo e o sentimento da
natureza, o arcadismo mineiro inicia o lirismo pessoal.

Nesta linha, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) escreveu uma coleção de poemas
de amor dedicados à Marília que contêm reflexões sobre o destino, externando uma
visão horaciana do mundo. Autor também de Cartas chilenas (1789), poema satírico
contra a sociedade e o governador de Minas.

Silva Alvarenga (1749-1814) escreveu o poema heróico-cômico O desertor (1774),


apoiando as reformas pombalinas da instrução. Em Glaura (1799), abriga uma série
de madrigais e pequenos poemas. Souza Caldas (1762-1814), um liberal influenciado
por Rousseau, deixou o poema didático As aves, uma epístola em verso e prosa onde
se rebelava contra os modelos greco-latinos, além de um livro de cartas que reponta
as idéias de emancipação.

Com a fuga da família real portuguesa, em 1808, e o estabelecimento da corte no


Rio de Janeiro, houve sucessivos progressos na vida intelectual, facilmente
identificável na criação da imprensa e publicação de periódicos. Após a
independência (1822) despontam a prosa patriótica, o ensaio político, o sermão
nacionalista que se, literariamente, não foram significativos, foram-no para a
definição da consciência nacional. Neste momento, o dado mais importante é a
definição de que existe, ou deveria existir, uma literatura portuguesa e outra,
brasileira.

Literariamente, este momento coincide com o romantismo, ruptura estilística com o


arcadismo. Neste predominaram as influências literárias européias às quais foram
incorporadas as produções da colônia. No romantismo prevalece a dimensão
localista, associada ao esforço de ser diferente, uma veia aberta às reivindicações de
autonomia nacional. Também caracterizam o espírito romântico, o individualismo, o
subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistério, o escapismo, o reformismo, o sonho, a
fé, o culto à natureza, o retorno ao passado, o pitoresco, o exagero (Hibbard). Há,
ainda, traços formais e estruturais: ausência de regras e formas prescritas,
preferência pela metáfora. O romantismo, configurado nas três primeiras décadas do
século XIX, plenamente instalado na segunda metade do mesmo século, processou-
se através de ondas sucessivas, definindo uma estética e um estilo composto de
elementos formais e espirituais. A nova estética abrange a poesia, a ficção e o
drama, além de teorias críticas e literárias. Objetivava a criação do caráter nacional
da literatura.

O nacionalismo romântico expressou-se no indianismo. O índio transmutou-se em


símbolo nacional. Gonçalves de Magalhães, Visconde de Araguaia, (1811-1822),
escreveu a Confederação dos Tamoios (1856); Gonçalves Dias (1823-1864), em seu
poema I-Iuca Pirama, narra a história de um índio sacrificado por uma tribo inimiga.
Primeiros cantos (1846) foi referência para a poesia nacional do período. No
romance, a valorização do índio foi feita por José de Alencar (1829-1877) no Guaraní
(1857) e em Iracema (1863), trabalhos cuja popularidade chegou aos dias atuais. O
indianismo transfigura não mais a terra, mas o "homem natural", antes apenas
objeto da descrição ou da sátira, dando ao brasileiro a ilusão de gloriosos
antepassados. O indianismo mascara a origem africana, considerada menos digna
(Roger Bastide).

Ainda no Romantismo surge a restauração do mito da infância e do retorno à


inocência que encontra nos poemas Idéias íntimas de Álvares de Azevedo (1831-
1851). Estados mórbidos de dúvidas evolam de Junqueira Freire e Casimiro de
Abreu. Castro Alves (1847-1871) é autor de Espumas flutuantes (1867) e A
cachoeira de Paulo Afonso (1876), poesia social e humanitária que teve peso nas
campanhas pela abolição da escravidão negra. O movimento abolicionista inspiraram,
ainda, A escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães e As vítimas algozes (1869)
de Joaquim Manuel de Macedo. Joaquim Nabuco (1849-1910) deixou O Abolicionismo
(1883), ensaio político de relevo.

Fagundes Varela (1841-1875) foi considerado o último poeta romântico. Escreveu


um poema sobre a catequese, Anchieta ou o evangelho das selvas (1875), além de
versos decassilábicos rimados em Cantos e fantasias (1865). Neles opõe campo à
cidade, demonstra solidariedade com os escravos e dilata seu patriotismo por todo o
continente americano.

Em meados do século aparecem o romance e a comédia de Martins Pena (1815-


1848), considerado o maior comediógrafo brasileiro. No romance, José de Alencar
impôs-se com obra extensa e desigual, mas que o coloca como expoente da
consciência literária brasileira. De sua autoria destacam-se Lucíola (1862), Diva
(1864), A pata da gazela (1870), Sonhos d'Ouro (1872), Senhora (1873), livros que
inovam ao analisar os personagens em confronto com as condições sociais e
descrevendo situações simbólicas com linguagem adequada.
Também em meados do século, o romance passa a descrever lugares e modos de
vida. Em A Moreninha (1844), Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) narra amores
convencionais da classe média. Em seus vinte romances, peças de teatro e poemas
surge, pela primeira vez no Brasil, a figura profissional do escritor. Manuel Antônio
de Almeida (1831-1861) escreveu Memórias de um sargento de milícias (1854),
exemplo de simplicidade realista com que descreve a vida da pequena burguesia.

A invasão da poesia pela música leva às modinhas, poesia musicada, inspirada nas
áreas de ópera. Com elas, a poesia penetra mais e diminui a distância entre cultos e
incultos. Figuras representativas do último grupo dos românticos foram Franklin
Távora, Bernardo Guimarães e Alfredo d'Escragnolle Taunay. Franklin Távora (1842-
1888), teórico e romancista, escreveu sobre Pernambuco do século XVIII, adotando
restrições à tendência da literatura de se relacionar com a cultura européia.
Estabelece-se o conflito entre a tendência de vinculação à Europa e aquela que busca
estabelecer uma tradição local, extremos entre os quais se debateria a consciência
literária. Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899) compõe Inocência (1872) com
cenário e costumes sertanejos, além de diálogos naturais pelo tom e vocabulário.
Taunay voltou-se, depois, para o romance urbano, onde se destaca O declínio (1899)
que trata do descompasso entre a paixão e o envelhecimento.

Em torno dos trabalhos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em


1838, e das revistas Minerva Brasiliense (1843-1845) e Guanabara (1851-1855)
forma-se uma teoria nacionalista da literatura e se organiza o estudo sistemático da
produção literária.

Nos anos 70 do século XIX, o país conheceu grande desenvolvimento e o progresso


se fez sentir nas cidades maiores. A imprensa se desenvolveu e novas revistas
surgiram, como a Revista Brasileira (2ª fase, 1878-1881). A erudição e a pesquisa
documental aparecem na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1839)
e nos Anais da Biblioteca Nacional (1878). Na mesma época tem início um
movimento de idéias filosóficas e literárias, inspirado no positivismo de Comte e no
evolucionismo de Spencer, que se estendeu até o início do século XX. Este
movimento ressoou na literatura, principalmente em Pernambuco, Ceará e Rio de
Janeiro.

Há um retorno crítico contra o idealismo romântico, a cosmovisão religiosa e a


legitimidade das oligarquias, com o apoio no cientificismo e no relativismo. Surge o
naturalismo. Os gêneros literários tinham ganho autonomia e consistência quanto
aos temas e estrutura. O sistema de idéias e normas estéticas, implantado na década
de 1870, constituiu o complexo estilístico do realismo, naturalismo e parnasianismo.
Estava configurado o sistema literário no Brasil. A literatura já era, então, a atividade
regular dos intelectuais, há veículos de difusão da produção escrita e a tradição local
é ponto de referência.
Realismo e Modernismo
Depois de 1870 há sensíveis modificações na posição mental dos intelectuais do
Brasil que oscilavam entre o abolicionismo e a república, ou juntavam as duas
motivações, unidas pela noção de liberdade e democracia. A passagem do estilo
romântico para o realista é dada pela poesia científica e libertária de Silvio Romero,
Fontoura Xavier e Valentim Magalhães. Instalava-se o realismo com sua vertente
naturalista, tentando corrigir a espiritualização excessiva. O realismo procura a
verdade retratando, fielmente, os personagens e a vida que interpreta
objetivamente, analisando-a em todos os detalhes. Busca expressar-se numa
linguagem simples, natural, próxima da realidade.

O realismo envereda pelo naturalismo no romance e no conto. O fatalismo pessimista


emerge como pano de fundo da prosa de Aluízio de Azevedo (1857-1913), tanto em
Mulato (1881), um estudo sobre o preconceito racial, como em Casa de pensão
(1884) que versa sobre a conduta e a morte de um estudante. Em O cortiço (1890),
Aluízio de Azevedo revela influência de Èmile Zola na inclusão do simbolismo
significativo. O cortiço seria o Brasil, dependente e explorado pelas nações
desenvolvidas.

Nesta fase a grande figura é Machado de Assis (1839-1908), jornalista, romancista,


comediógrafo e primeiro escritor com noção exata do processo literário brasileiro.
Como ficcionista escreveu uma centena de contos, entre os quais Papéis avulsos
(1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896). Entre os romances de
sua autoria estão Memórias póstumas de Braz Cubas (1881), Quincas Borba (1891),
Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908). Machado de
Assis afasta-se dos modismos literários, transforma emoções em ambigüidades,
demonstra interesse pela realidade social e se transforma no mais importante
escritor brasileiro.

Raul Pompéia (1863-1895), em O ateneu (1888), guarda estreitas relações com


experiências próprias ao descrever a vida colegial. Ataca o processo educativo por
sua formalidade, considera-o uma expressão carcomida das instituições do império,
entre as quais a escola seria um microcosmo.

O naturalismo voltou-se para o regional. Em Fortaleza, Ceará, surgem vários grêmios


políticos e literários e alguns romances como Luzia-Homem (1903), de Domingos
Olímpio Braga Cavalcanti (1850-1906), perfil da mulher excelente no pecado e na
virtude.

Entre o crepúsculo do naturalismo e a Semana de Arte Moderna de 1922 instala-se a


figura de Coelho Neto (1864-1934). No seu primeiro romance, A Capital Federal
(1893), Coelho Neto fez uma crônica romanceada da vida carioca. Miragem (1895)
tem narrativas sobre a vida doméstica onde, com realismo, retratam-se imagens
burguesas. Em Inverno em flor (1897), a hereditariedade doentia gera a loucura e
um amor incestuoso. Tormenta (1901) retoma a abordagem de patologias com o
tema da morte e dos ciúmes.

Valdomiro Silveira (1873-1941) inicia a prosa regional patética em Os caboclos


(1920), Nas serras e nas furnas (1931), Mixuango (1937), Leréias. Histórias
contadas por eles mesmos (1945).

Monteiro Lobato (1882-1948) militou a favor do progresso. Urupês (1918), Cidades


mortas (1919), Negrinha (1920) dão início à sua obra narrativa crítica em relação às
oligarquias e à primeira República. Sua obra é permeada por costumes do interior e
sátiras expressas em palavras pitorescas. O realismo - incorporando à literatura
aspectos regionais, profissionais e populares -, concorreu para o desenvolvimento de
um estilo e para a nacionalização da língua.

Simultaneamente, a poesia expressa-se no parnasianismo. O primeiro livro foi o de


Teófilo Dias, Fanfarra (1882). Seguiram-no Alberto de Oliveira, Raimundo Correia,
Olavo Bilac, e depois os neoparnasianos Martins Fontes e Amadeu Amaral.
Caracterizam-se pela atenuação do sentimentalismo, desinteresse pela política,
pedantismo gramatical e rebuscamento da linguagem. Os parnasianos resgatam o
soneto, apegam-se ao rigor gramatical e ao casticismo vernacular, inspirado nos
clássicos. De sua temática emergem descrições de salas de mármores, vasos de
porcelana, metais preciosos, um quadro, uma cena, um retrato, corpos femininos.

Alberto de Oliveira (1857-1937) publica Canções românticas meridionais (1884),


Sonetos e poemas (1885), Versos e rimas (1895). Olavo Bilac (1865-1918) recorre a
motivos diversos: o índio, a guerra e a temática greco-romana em Poesias (1888),
Crítica e fantasia (1906), Poesias infantis (1904). Raimundo Correa (1859-1911)
estreou com uma coleção de versos intitulada Os primeiros sonhos (1879), vindo
depois Sinfonia (1883), Versos e versões (1887), Aleluias (1891) e Poesias (1898).

Depois de 1890, o realismo naturalista começa a ser questionado pela introspecção


do simbolismo, iniciado, no Brasil, por um grupo de escritores do Rio de Janeiro que
se autodenominava "decadentistas". Este grupo recorria ao hieratismo gramatical
com truncamentos de sintaxe, em busca de efeitos lingüísticos. Alinham-se, entre os
"decadentistas", Cruz e Souza, B. Lopes e Oscar Rosas. Em Fortaleza, Ceará, autores
se reúnem e fundam a "Padaria espiritual" (1892), passando a cultivar
excentricidades. No simbolismo pode-se, ainda, inserir Aphonsus Guimarães (1870-
1921), autor cristão que expressa a fé católica em poemas devotos e litúrgicos como
Septenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902),
Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923).

Depois de 1870, a consciência literária e crítica emerge, na História, com Capistrano


de Abreu, Sílvio Romero na teoria da cultura e folclore, Araripe Jr. e José Veríssimo
na crítica, Pedro Lessa no Direito, Miguel Lemos e Teixeira de Freitas nas idéias,
Joaquim Nabuco e Rui Barbosa na política. Capistrano de Abreu (1853-1927)
esboçou, sob influência de Taine, uma teoria da literatura nacional a partir de uma
consideração de fatores que envolvia o clima, o solo e a mestiçagem, em sua
opinião, os definidores do caráter do povo. Além de sua obra histórica, editou e
comentou textos coloniais como a História do Brasil de frei Vicente de Salvador, os
documentos da Visitação do Santo Ofício à Bahia e Pernambuco.

Silvio Romero (1851-1914) defende a ligação da literatura e demais artes com os


fatores naturais e sociais. Publica Literatura Brasileira e a Crítica Moderna (1880) e
História da Literatura Brasileira (1881). Demonstra o sentido do progresso da
humanidade em O evolucionismo e o positivismo na república do Brasil (1894). Dá
início à crítica sociológica propondo a abordagem da obra literária em função das
realidades antropológicas e sociais.
José Veríssimo (1857-1916), preocupado com a gramática, produziu a obra crítica
Estudos de literatura brasileira (6 séries, 1901-1907). A história da literatura
brasileira (1916) é norteada pelas qualidades estéticas e significado histórico. A
poesia parnasiana e simbolista e a literatura realista naturalista dominaram o gosto
do país e foram fatores de resistência às mudanças estéticas. À esta situação, reagiu
o modernismo.

O modernismo foi um movimento cultural que reviu o Brasil. Resultou de modelos


importados da Europa (vanguardas francesa e italiana) aos quais foram associadas
tendências nacionais. A obra inicial do modernismo foi Paulicéia desvairada (1922),
de Mário de Andrade, que tem como personagem a cidade de São Paulo em ritmo de
desenvolvimento. O outro centro do movimento foi o Rio de Janeiro.

A Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, precedida dos trabalhos de


Menotti del Picchia e Oswald de Andrade que prepararam os espíritos para uma
renovação literária aconteceu em São Paulo. Alguns autores de vanguarda uniram-se
para combater o que consideravam "passadismo". A idéia inicial foi do pintor Di
Cavalcanti que sugeriu a Paulo Prado organizar uma semana de escândalos em São
Paulo. Esta "semana" — despida de qualquer conteúdo político, social ou popular —
foi uma reunião de intelectuais. O modernismo teve linhas diversas, mas foi um
importante fator de transformações e referencial da atividade artística e literária
brasileira. Defendeu, basicamente, a liberdade da criação e experimentação. Investiu
contra a estética acadêmica, valorizou os temas do cotidiano, pregou o uso da língua
respeitando as diferenças geográficas do país.

Em São Paulo, surgiu o grupo Verde-amarelo, patriótico e sentimental, procurando se


embasar no indianismo. A figura central deste movimento foi Mário de Andrade,
(1893-1945), poeta, narrador, ensaísta, musicólogo, folclorista e líder cultural.
Escreveu A Escrava que não é Isaura (1925), plataforma da nova poética, Amar,
verbo intransitivo (1927) e um romance inovador, Macunaíma (1928), considerada
sua obra prima.

Oswald de Andrade (1890-1954) escreveu Os condenados (1922) e Estrela do


absinto (1927), prosa fragmentária, cheia de elementos contraditórios. Sua
contribuição cresce nos romances Memórias sentimentais de João Miramar (1924) e
Serafim Ponte Grande (1933) e nos poemas Pau Brasil (1925) e Primeiro caderno de
poesia (1927). Interpreta a cultura brasileira como um processo de assimilação e
recriação das idéias européias que resume no Manifesto antropofágico (1928) (ver
Antropofagia cultural). Depois de 1930, aderindo ao comunismo, escreveu peças de
teatro como O homem e o cavalo (1934). Mario e Oswald de Andrade lideram a ala
inovadora do modernismo em São Paulo. No Rio de Janeiro a chefia do movimento
foi de Graça Aranha (1868-1931) com seu romance Canaan (1902).

Importante, ainda, é citar o grupo da revista Festa (1928) onde aparece Cecília
Meireles (1901-1964), e da revista Estética (1924-1925), dirigida por Sérgio Buarque
de Holanda (1902-1982) e Prudente de Morais Neto (1905-1927). Aos modernistas
de São Paulo, ligou-se um dos maiores poetas brasileiros: Manuel Bandeira. A parte
mais importante de sua poesia está reunida em Libertinagem (1930).
A partir dos núcleos de São Paulo e Rio de Janeiro, a renovação literária se expandiu
pelo Brasil através de manifestos, grupos e intercâmbio, frutificando, principalmente,
em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Os anos de 1930 e 1940 aceitaram,
plenamente, o modernismo ao lado do qual floresceu o regionalismo crítico do
Nordeste.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) aderiu ao movimento modernista com


seus livros Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934) onde procura
desenvolver uma poesia não-poética. Nos livros seguintes funde componentes
tradicionais (o passado da família) a componentes utópicos (desejos de redenção
social). Nesta fase surgem Sentimento do mundo (1940), José (1942) e Rosa do
povo (1949).

Murilo Mendes (1901-1975) inicia sua produção com poesia humorística, sofre
influências do surrealismo refletida na obra O anjo (1934), e desagua no mistério e
na transcendência após sua conversão ao catolicismo refletida em A invenção de
Orfeu (1952).

Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) é um neo-romântico que reage ao


modernismo restaurando o mistério no tratamento de temas como o amor e a morte.
Vinicius de Morais (1913-1980) inicia sua obra com um poema transcendente para se
tornar, depois, um cantor da paixão e da simplicidade do cotidiano. A obra de
Drummond e de Murilo enquadra-se na opção ideológica de volta ao cristianismo que
marcou a cultura sob a liderança de Alceu Amoroso Lima, prolongando-se pela Ação
Católica e pelo Integralismo.

No integralismo, a figura-central é Plínio Salgado (1895-1975), membro do grupo


Verde-amarelo. Otávio de Faria (1908-1980) escreveu 13 volumes de romances
visando temas como a adolescência face ao pecado e o comportamento entre a
vocação e as convenções. Entre eles, merece destaque Tragédia burguesa.

Maior impacto teve o romance nordestino regionalista. Nele o homem pobre do


campo e da cidade é focado na plenitude de sua condição humana. Graciliano Ramos
(1892-1953) é o autor mais representativo com o romance Vidas Secas (1938) que
narra a vida de uma família de retirantes. São Bernardo (1934) conta a história de
um trabalhador rural que se torna proprietário e transpõe suas atitudes violentas
para a vida afetiva. Angústia (1936) centra-se no drama do desajuste de um homem
medíocre que se compensa com o crime. Graciliano Ramos, que sob a ótica regional
tratava de problemas universais, não fez concessões à qualidade da escrita: é
moderno pelo tratamento dispensado à tradição.
Tendências Contemporâneas
O experimentalismo estético da Semana de 22 gera uma ideologia com a qual foram
reexaminados os problemas da cultura, como qualidade e tradição. O interesse pela
vida contemporânea norteou Josué de Castro, Caio Prado Júnior, Jorge Amado e
Jorge de Lima. O Estado Novo (1937-1945) e a Segunda Guerra Mundial aguçaram
as tensões no plano das idéias e novas configurações históricas geraram novas
experiências nas artes, principalmente na literatura. A produção dos autores da
primeira metade do nosso século deixa transparecer angústias e projetos inéditos
nos trabalhos de poetas, narradores e ensaistas. Na poesia, a geração de 45 isolou
os cuidados métricos, procurando se contrapor à literatura de 22, menosprezando as
conquistas do modernismo.

No panorama da nova poesia brasileira, Fernando Ferreira de Loanda insiste na


afirmação da diferença e na busca de novos caminhos. É a posição de Alphonsus
Guimarães Filho, Péricles Eugenio da Silva Ramos, João Cabral de Melo Neto, Paulo
Mendes Campos, Hélio Pellegrino e Lêdo Ivo, entre outros. Todos defendem um
gênero intimista onde imagens são correlatas ao sentimento que os símbolos ocultam
e sugerem. Submetem-se às exigências técnicas e formalizantes. Depois de 1950, a
obsessão pelo desenvolvimento domina a literatura. O nacionalismo desloca-se da
direita para as ideologias de esquerda. Renova-se o gosto pelo regional na obra de
Ariano Suassuna, Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Dias Gomes. Na ficção,
destaca-se João Guimarães Rosa em cuja obra o natural, o infantil e o místico são
recuperados nas fontes da linguagem iletrada.

Ainda na ficção, o realismo cientificista do século XIX é substituído pela visão crítica
das relações sociais, principalmente em Érico Veríssimo e José Américo de Almeida.
No romance psicológico caminha-se pela introspecção da psicanálise. Socialismo,
freudismo, catolicismo são usados para a compreensão do homem social. Na poesia,
o concretismo - ou poesia concreta - impôs-se depois de 1956 como expressão da
vanguarda estética. O grupo inicial é o da Antologia Noigrandes. Nomes de proa são
os de Haroldo de Campos, Auto do possesso (1950), Augusto de Campos, O rei
menos o reino (1951) e Décio Pignatari, O carnaval (1950). O grupo abandona o
verso e busca uma linha de sintaxe espacial. O ponto de partida da estética é a
estrutura verbo-visual. Inova no campo semântico (ideogramas), sintático
(redistribuição de elementos do discurso), léxico (neologismos, estrangeirismos,
tecnicismos), morfológico (desintegração dos sintagmas nos seus fonemas), fonético
(aliterações, assonâncias), topográfico (abolição do verso, uso construtivo de
espaços em branco).

São desdobramentos da vanguarda concretista os trabalhos de autores mineiros


reunidos nas revistas Tendências (1957), Ptyx (1963) e Vereda (1964), publicadas
em Belo Horizonte. Hoje, o poema é marcado pela objetividade, isto é, pela procura
de imagens que tornem o texto instrumento de crítica da realidade social, além da
procura de códigos que o insiram na comunicação de massas. Poesia participante e
poemas tecnicistas estão em Ferreira Gullar com A luta corporal (1954), Dentro da
noite veloz (1975) e Antologia poética (1976) e na obra de João Cabral de Melo Neto,
entre elas a Pedra do sono (1942) e Educação pela pedra (1960).

Caminha, Pero Vaz de (c. 1450-1500), escrivão da expedição comandada por


Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil, em 22 de abril de 1500. Nascido,
provavelmente, no norte de Portugal, faleceu na Índia, num conflito com
muçulmanos.
Como seu pai o fizera, destacou-se como importante cidadão da cidade do Porto.
Pertencente à classe dos letrados, muito próxima aos reis, foi cavaleiro de Afonso V,
João II e Manuel I.

Sua importância para a história do Brasil e dos descobrimentos portugueses reside


na Carta ao Rei D. Manuel o Venturoso escrita, em dias sucessivos, após a chegada
da expedição de Cabral à Bahia, na qual narra o desenrolar dos acontecimentos.

No documento foi relatada a viagem, a descoberta da terra, os contatos com os


indígenas, as características exuberantes da paisagem, as duas missas rezadas pelo
franciscano frei Henrique Soares de Coimbra e a posse da nova terra em nome do rei
de Portugal.

A descrição é rica, mais preocupada com os habitantes do que com a natureza.


Revela interesse pela catequese dos indígenas e com a possibilidade de existência de
ouro no interior.

Quanto aos indígenas, há certa ambigüidade, pois, embora a primeira parte do texto,
relativa aos primeiros dias na terra, faça referências à beleza e inocência de homens
e mulheres, sublinhando sua humanidade, na segunda parte eles aparecem como
“seres bestiais”.

De qualquer modo, apesar da visão etnocêntrica a permear o texto, o autor faz, sem
dúvida, uma imagem paradisíaca do homem primitivo.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
Mitologia
Pode-se definir Mitologia como o estudo e a interpretação do
mito e do conjunto dos mitos de uma determinada cultura.
O mito é um fenômeno cultural complexo que pode ser
encarado de vários pontos de vista. Em geral é uma narração que
descreve e retrata em linguagem simbólica a origem dos elementos
e postulados básicos de uma cultura.
A narração mítica conta, por exemplo, como começou o
mundo, como foram criados os seres humanos e os animais e a
origem de certos costumes e formas das atividades humanas.
Quase todas as culturas possuem ou possuíram mitos algum
dia e viveram de acordo com eles.
Os mitos diferenciam-se dos contos de fadas por referirem-se a
um tempo diferente do tempo comum (contos tradicionais). A
seqüência do mito é extraordinária, desenvolvida num tempo
anterior ao nascimento do mundo convencional.
Como os mitos se referem a um tempo e um lugar
extraordinário, bem como a deuses e processos sobrenaturais, têm
sido considerados aspectos da religião.
Porém, como sua natureza é integradora, o mito pode iluminar
muitos aspectos da vida individual e cultural.
Desde os primórdios da cultura ocidental, o mito apresenta um
problema de significado e interpretação que tem gerado discussões
sobre o valor e a importância da mitologia.

-2-
O que é Mito?
Mitos são histórias tradicionais, quase sempre sobre deuses,
heróis ou criaturas do mundo animal, que explicam por que o
mundo é do jeito que é.
Pessoas de todos os tempos e de todos os tipos de cultura
constataram que a vida está repleta de mistérios. Por exemplo: qual
é a origem do mundo, por que o sol se movimenta atravessando o
firmamento, o que faz as coisas crescerem, por que as plantas
morrem no inverno e renascem na primavera, de que modo ocorrem
as marés, por que há terremotos, para onde vão as pessoas
quando morrem, se é que vão para algum lugar?
Na tentativa de responder a perguntas como essas, o homem
criou narrativas que transcendem a existência comum e cotidiana e
que se enraizaram em diferentes culturas.
Dessa maneira, as respostas para as mais complicadas
indagações da vida foram transmitidas de geração para geração, na
forma de mitos. Em geral havia semelhanças entres as histórias
contadas em sociedade marcadamente distintas, como nas
Mitologias da Grécia Antiga e dos Nórdicos, nas quais aparecem
temas universais como a vida após a morte e a origem do mundo.
Os mitos eram bem mais do que o simples contar história.
Cada cultura possuía cerimônias e rituais próprios associados aos
mitos. Essa associação implicava representar histórias exemplares
ou oferecer sacrifícios aos deuses, na esperança de receber
alguma benção em troca, como uma boa safra ou a vitória em uma
batalha.
Explicações mitológicas do mundo diferem das explicações
apresentadas pela filosofia, que se baseiam na experiência e na
razão. Os filósofos gregos buscavam explicações naturais, não
explicações sobrenaturais.
Esses filósofos diziam que os mitos não combinavam com um
entendimento adequado da realidade. Criticavam as histórias de
Homero porque nelas os deuses tem exatamente as mesmas
imperfeições dos seres humanos.
O pensamento mítico teve início na Grécia, do séc. XXI ao VI
a.C. e nasceu do desejo de dominação do mundo, para afugentar o
medo e a insegurança. A verdade do Mito não obedece à lógica
nem da verdade baseada na experiência, nem da verdade
científica.

-3-
É verdade compreendida, que não necessita de provas para
ser aceita. É portanto uma percepção compreensiva da realidade, é
uma forma espontânea do homem situar-se no mundo.
Normalmente, associa-se, erroneamente, o conceito de mito à
mentira, ilusão,ídolo, lenda ou ficção.
O mito não é uma mentira, pois é verdadeiro para quem o vive.
A narração de determinada história mítica é uma primeira atribuição
de sentido ao mundo, sobre o qual a afetividade e a imaginação
exercem grande papel.
Não podemos afirmar também que o mito é uma ilusão, pois
sua história tem uma racionalidade, mesmo que não tenha uma
lógica, por trabalhar com a fantasia.
Devemos diferenciar mito e ídolo, pois mesmo existindo uma
relação entre eles, o mito é muito "maior" que o ídolo (objeto de
paixão, veneração).
O mito é muito confundido com o conceito de lenda, porém esta
não tem compromisso nenhum com a realidade, são meras histórias
sobrenaturais.
O mito não é exclusividade de povos primitivos, nem de
civilizações nascentes, mas existe em todos os tempos e culturas
como componente inseparável da maneira humana de compreender
a realidade. O mito é, na realidade, uma maneira de entender o
passado.
Um historiador de religiões, certa vez afirmou: "Os mitos
contam apenas aquilo que realmente aconteceu". Isto não quer
dizer que os mitos explicam os fatos corretamente. Eles sugerem,
entretanto, que por trás da explicação existe uma realidade que não
pode ser conhecida e/ou examinada.

-4-
Tipos de mitos
Mitos cosmogônicos.
Dentre as grandes interrogações que o homem permanece
incapaz de responder, apesar de todo o conhecimento experimental
e analítico está à origem da humanidade e do mundo que habita.
É como resposta a essa interrogação que surgem os mitos
cosmogônicos. As explicações oferecidas por esses mitos podem
ser reduzidas a alguns poucos modelos, elaborados por diferentes
povos.
É comum encontrar nas várias mitologias a figura de um criador
que, por ato próprio e autônomo, estabeleceu ou fundou o mundo
em sua forma atual.
Os mitos desse tipo costumam mencionar uma matéria já
existente a toda a criação: o oceano, o caos ou a terra.
A criação a partir do nada, unicamente pela palavra de Deus,
aparece claramente no livro bíblico do Gênesis.

Mitos escatológicos
Ao lado da preocupação com o enigma da origem, figura para o
homem, como grande mistério, a morte individual, associada ao
temor da extinção de todo o povo e mesmo do desaparecimento do
universo inteiro.
Para a mitologia, a morte não aparece como fato natural, mas
como elemento estranho à criação original, algo que necessita de
uma justificativa, de uma solução em outro plano de realidade.
Algumas explicações predominam nas diversas mitologias. Há
mitos que falam de um primeiro período em que a morte não existia
e contam como ela sobreveio por efeito de um erro, de um castigo
ou para evitar a superpopulação.
Outros mitos, geralmente presentes em tradições culturais mais
elaboradas, fazem referência à condição original do homem como
ser imortal e habitante de um paraíso terreno, e apresentam a perda
dessa condição e a expulsão do paraíso como tragédia
especificamente humana.

-5-
Natureza do mito

Um dos livros mitológicos mais conhecidos é a "Ilíada", de


Homero, que conta sobre a Guerra de Tróia. Nenhum leitor, hoje em
dia, aceita a obra de Homero como um relato histórico. Porém, não
existe quase nenhuma dúvida de que, em algum tempo, muitos
séculos antes de Homero, realmente houve uma guerra entre
cidades-estado gregas e habitantes do noroeste da Ásia Menor.
Outro dos grandes mitos dos povos antigos é o Dilúvio. A
versão mais conhecida é o relato, encontrado no Gênesis o primeiro
livro da Bíblia, de Noé e sua arca.
Nenhum cientista hoje admitiria que uma enchente pudesse ter
coberto toda Terra, com a água atingindo as mais altas montanhas,
mas a antiga Mesopotâmia sofreu muitas inundações.
É provável que uma excepcional enchente tenha se tornado um
tema para a futura criação de um mito. Talvez, as ocorrências de
muitas inundações foram agrupadas para, juntas, tornar-se uma
única estória.

-6-
A função dos Mitos

Os mitos tentam responder muitas questões.


Como o mundo surgiu? Como são os deuses, e de onde
vieram? Como surgiu a humanidade? Por quê existe o mal no
mundo? O que acontece após a morte? Os mitos também tentam
explicar costumes e rituais de uma determinada sociedade. Eles
explicam as origens da agricultura e a fundação de várias cidades.
Além de fornecer tais explicações, os mitos são usados para
justificar o modo de vida de uma sociedade. Várias famílias em
muitas civilizações antigas, justificavam os seus poderes através de
lendas que descreviam suas origens como sendo divinas.
A narração mitológica envolve basicamente acontecimentos
supostos, relativos a épocas primordiais, ocorridos antes do
surgimento dos homens (história dos deuses) ou com os "primeiros"
homens (história ancestral).
O verdadeiro objeto do mito, contudo, não são os deuses nem
os ancestrais, mas a apresentação de um conjunto de ocorrências
fabulosas com que se procura dar sentido ao mundo.
O mito aparece e funciona como intervenção simbólica entre o
sagrado e o seu oposto (o profano), condição necessária à ordem
do mundo e às relações entre os seres.
As semelhanças com a religião mostram que o mito se refere -
ao menos em seus níveis mais profundos - a temas e interesses
que ultrapassam a experiência imediata, o senso comum e a razão:
Deus, a origem, o bem e o mal, o comportamento ético e a
escatologia (destino último do mundo e da humanidade).

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Mito e religião

Alguns especialistas, atribuem importância especial ao


argumento religioso do mito. Com efeito, são muito freqüentes os
mitos que tratam sobre a origem dos deuses e do mundo, dos
homens, de determinados ritos religiosos, de preceitos morais,
tabus, pecados e redenção.
Em certas religiões, os mitos formam um corpo doutrinal e
estão estreitamente relacionados com os rituais religiosos, o que
levou alguns autores a considerar que a origem e a função dos
mitos é explicar os rituais religiosos.
Mas tal hipótese não foi universalmente aceita, por não
esclarecer a formação dos rituais e porque existem mitos que não
correspondem a um ritual.
O mito, portanto, é uma linguagem apropriada para a religião.
Isso não significa que a religião, tampouco o mito, conte uma
história falsa, mas que ambos traduzem numa linguagem de
descrições e narrações uma realidade que ultrapassa o senso
comum e a racionalidade humana e que, portanto, não cabe em
meros conceitos analíticos.
Religião e mito discordam, não quanto à verdade ou falsidade
daquilo que narram, mas quanto ao tipo de mensagem que
transmitem.

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Mito e sociedade

Como forma de comunicação humana, o mito está obviamente


relacionado com questões de linguagem e também da vida social
do homem, uma vez que a narração dos mitos é própria de uma
comunidade e de uma tradição comum.
Não se conseguiu definir, no entanto, a natureza precisa
dessas relações. O estudo da sociedade e da linguagem pode
começar apenas com os elementos fornecidos pela fala e pelas
relações sociais humanas, mas em cada caso esse estudo se
confronta com uma coerência de tradições que não está
diretamente aberta à pesquisa. Essa é a área em que atua a
mitologia.
Algumas concepções mitológicas podem exemplificar a
complexidade e a variedade das relações entre mito e sociedade.

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Mito e psicologia

Freud deu nova orientação à interpretação dos mitos e às


explicações sobre sua origem e função. Mais que uma recordação
antiga de situações históricas e culturais, ou uma elaboração
fantasiosa sobre fatos reais, os mitos seriam, segundo a nova
perspectiva proposta, uma expressão simbólica dos sentimentos e
atitudes inconscientes de um povo, de forma perfeitamente
comparável ao que são os sonhos na vida do indivíduo.
Não foi por outra razão que Freud recorreu ao mito grego para
dar nome ao complexo de Édipo.
Para ele, o mito do rei que mata o pai e casa com a própria
mãe simboliza e manifesta a atração de caráter sexual que o filho,
na primeira infância, sente pela mãe e o desejo de superar o pai.

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Mito e arte

Pelo caráter simbólico que reveste, o mito pode ser


considerado como uma forte manifestação artística e geradora de
arte.
Em cada povo e civilização, os mitos são fonte de inspiração
para as mais diversas obras de arte como esculturas, pinturas,
inscrições, monumentos, construções de templos e até mesmo a
disposição dos túmulos em cemitérios.
Hoje em vários museus do mundo existem quadros e
esculturas representando os antigos personagens que fizeram parte
da mitologia.

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Mito e razão

Alguns autores reduzem os mitos a narrativas referentes há


tempos antiquados e elaborados em épocas pré-críticas, isto é,
antes do uso de métodos racionais de estudo e análise.
Entendem que o mito tornou-se, com o tempo, mera literatura,
embora encontrem dificuldades para estabelecer com precisão
quando teria cessado a criatividade mítica.
Outros estudiosos, ao contrário, consideram o pensamento
mítico um constante estudo sobre o estudo e a classificação dos
caracteres físicos dos grupos humanos, complementares ao
pensamento racional e não um estágio "menos evoluído" deste.
Apontam, para demonstrá-lo, sinais de que o pensamento
mítico está em operação em muitas das manifestações culturais
contemporâneas como a arte.
O pensamento racional e científico não seria, portanto, um
decifrador de mitos e substituto do pensamento mítico, mas pode
ser capaz de reconhecer sua atualidade.
Enquanto a astronomia, com suas descobertas, esvaziou os
céus, antes povoados de deuses, a sociologia e a psicologia
descobriram forças que se impõem ao pensamento e à vontade
humana, e portanto, atuam e se manifestam de modo
independente.

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Mitos sobre o tempo e a eternidade

Os corpos celestes sempre atraíram a curiosidade e o interesse


humano, em todas as culturas.
A regularidade e precisão inalteráveis do movimento dos astros
foram com certeza uma imagem poderosa na formação de uma
idéia de "tempo transcendente", concebido como eternidade, em
contraste com o mundo de incessantes alterações e os
acontecimentos inesperados vividos no tempo terreno.
O retorno periódico dos fenômenos siderais e de processos
naturais terrestres projetou-se, em algumas culturas, na concepção
repetitiva do tempo.

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Mitos de transformação e de transição

Numerosos mitos narram mudanças cósmicas, produzida ao


término de um tempo primordial anterior à existência humana e
graças às quais teriam surgido condições favoráveis à formação de
um mundo habitável.
Outras grandes transformações e inovações, como a
descoberta do fogo e da agricultura, estão associadas aos mitos
dos grandes fundadores culturais.
Nos mitos, são freqüentes as transformações temporárias ou
definitivas dos personagens, seja em outras figuras humanas ou em
animais, plantas, astros, rochas e outros elementos da natureza.
As mudanças e transformações que se dão nos momentos
críticos da vida individual e social são objetos de particular interesse
mitológicos e rituais: nascimento, ingresso na vida adulta,
casamento, morte - acontecimentos marcantes para a pessoa e sua
comunidade - são interpretados como atualizações de processos
cósmicos ou de realidades míticas.

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Deuses e heróis

Em muitas mitologias, descrevem-se hierarquias de deuses,


cada uma com um ou mais deuses supremos. A supremacia pode
ser partilhada pelos membros de um casal, ou ser atribuída
simultaneamente a dois ou três deuses distintos.
Pode também variar com o tempo, segundo circunstâncias
históricas, como por exemplo o domínio de um povo sobre outro ou
o predomínio de determinados interesses e atividades (de tipo
agrícola, guerreiro etc.).
São freqüentes os relatos de deuses supremos, por vezes
identificados como criadores originais do mundo, que a seguir ficam
inativos e deixam o governo a cargo de outro deus ou deuses.

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O Mito hoje

Mas, e quanto aos nossos dias, os mitos são diferentes?


Tradicionalmente, a criação de mitos e lendas, olha para o
passado para tentar fazer com que o presente tenha sentido. Ao
invés disso, alguns mitos modernos olham para o futuro. Os
contadores de estórias fazem uso de muitas invenções dos últimos
séculos para tentar dar pistas de como a Terra será daqui há
centenas de anos, ou para imaginar a vida daqui há bilhões de
anos-luz no espaço ou no futuro distante.
A criação de mitos, assim como a superstição, não é apenas
propriedade de pessoas que viveram há milhares de anos atrás.
Isto persiste através da história.
O Oeste Americano do século 19 foi o assunto favorito para a
criação de muitos mitos. O Oeste era uma realidade. Havia
cowboys, índios, foras-da-lei e xerifes. Já as estórias de "Faroeste",
apresentadas no cinema e na televisão, são versões bastante
românticas de uma realidade nada feliz e de riquezas.
O homem moderno, tanto quanto o antigo, não é só razão, mas
também afetividade e emoção. Hoje em dia, os meios de
comunicação de massa trabalham em cima dos desejos e anseios
que existem na nossa natureza inconsciente e primitiva.
O mito recuperado do cotidiano do homem contemporâneo,
não se apresenta com o alcance que se fazia sentir no homem
primitivo. Os mitos modernos não envolvem mais a totalidade do
real como ocorria nos mitos gregos, romanos ou indígenas.
Podemos escolher um mito da sensualidade, outro da
maternidade,sem que tenham de ser coerentes entre si.
Os super-heróis dos desenhos animados e dos quadrinhos,
bem como os personagens de filmes, passam a encarnar o Bem e a
Justiça, assumindo a nossa proteção imaginária.
Por que mitos? Por que nos importarmos com eles? O que eles
têm a ver com nossas vidas?
Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos
familiarizados com a literatura do espírito. Estamos interessados
nas notícias do dia e nos problemas práticos do momento.
As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte
da educação de toda gente. Tendo sido suprimidas, em prol de uma
educação concorde com uma sociedade industrial, onde toda uma
tradição de informação mitológica do ocidente se perdeu.
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Muitas histórias se conservavam na mente das pessoas, dando
uma certa perspectiva naquilo que aconteciam em suas vidas. Com
a perda disso, por causa dos valores práticos de nossa sociedade
industrial, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos
nada para por no lugar.
Essas informações, provenientes de tempos antigos, têm a ver
com os temas que sempre deram sustentação à vida humana,
construíram civilizações e formaram religiões através dos séculos, e
têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos
mistérios, com os profundos limites de nossa travessia pela vida, e
se você não souber o que dizem os sinais deixados por outros ao
longo do caminho, terá de produzi-los por conta própria.

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A mitologia grega

Antes de a primeira filosofia evoluir na Grécia antiga, o retrato


predominante do mundo era mitológico. Esse retrato ganhou corpo
ao longo de séculos. a mitologia grega se desenvolveu plenamente
por volta de 700 a.C., quando Homero e Hesíodo registraram
compilações de mitos. As mais célebres são os poemas Ilíada e
Odisséia, de Homero.
Há pelo menos duas explicações possíveis para o surgimento
da mitologia grega: os deuses representam fenômenos naturais,
como o sol e a lua, ou eram heróis de um passado remoto, que
foram glorificados ao longo do tempo.
Os Deuses gregos se assemelharam fisicamente aos humanos
e revelava sentimentos humanos, com freqüência se comportando
de uma maneira tão egoísta quanto qualquer mortal.
As histórias desses deuses falam de uma época heróica, de
homens e mulheres com poderes extraordinários e a exemplo do
que ocorreu em outras culturas, há também mitos que narram a
criação do mundo e da humanidade.
Os mitos são crenças e observações dos antigos rituais gregos,
o primeiro povo ocidental, surgindo por volta de 2000 a.C.. Consiste
principalmente de um grupo de relatos e lendas diversos sobre uma
variedade de deuses.
A mitologia grega tem várias características particulares. Os
deuses gregos eram retratados como semelhantes aos humanos
em forma e sentimentos. Ao contrário de antigas religiões, como o
Hinduísmo ou o Judaísmo, a mitologia grega não envolvia
revelações especiais ou ensinamentos espirituais.
Também variava largamente na sua prática e crença, com
nenhuma estrutura formal, tal como um governo religioso, a
exemplo da igreja de nossos dias, e nenhum código escrito, como
um livro sagrado.
Séculos antes do nascimento de Cristo e do advento do
cristianismo, os gregos adoravam um certo número de deuses e
deusas que, segundo eles acreditavam, viviam no Monte Olimpo, no
sul da Macedônia, na Grécia.
As antigas histórias desses deuses inspiraram poetas, pintores
e escultores durante vários séculos. Algumas das pinturas e
esculturas mais conhecidas e preciosas do mundo representam os
deuses do Olimpo e suas aventuras.

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Os gregos antigos acreditavam que a terra era de forma
achatada e circular, seu ponto central o Monte Olimpo ou Delfos. A
terra era dividida em duas partes iguais pelo Mar, como era
chamado então o Mediterrâneo (medi = meio, terrâneo = terra). Ao
redor da terra corria o Rio Oceano, cujo curso regular alimentava o
Mar e os rios.
Naqueles tempos remotos, os gregos pouco sabiam sobre a
existência de outros povos além deles mesmos, a não ser dos
povos vizinhos as suas terras. Imaginavam que ao norte vivia uma
raça de povo feliz, os Hiperbórios, que viviam numa eterna
felicidade.
Seu território não podia ser alcançado nem por terra nem por
mar. Eles nunca envelheciam nem adoeciam, não trabalhavam,
nem guerreavam. Ao sul vivia um outro povo feliz que se chamava
Aethiopios.
Eram amados pelos deuses que costumavam visitá-los e
compartilhar seus banquetes. Ao oeste encontrava-se o lugar o
mais feliz de todos, os Campos Elíseos, onde as pessoas que
tinham o favor dos deuses eram levadas para viver para sempre
sem nunca morrer.
A mitologia grega é uma das mais geniais concepções que a
humanidade produziu. Os gregos, com sua fantasia, povoaram o
céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de Divindades
Principais e Secundárias. Amantes da ordem, instauraram uma
precisa categoria intermediária para os Semideuses e Heróis.
A mitologia grega apresenta-se como uma transposição da vida
em zonas ideais. Superando o tempo, ela ainda se conserva com
toda a sua serenidade, equilíbrio e alegria. A religião grega teve
uma influência tão duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pré-
história ao século IV e muitos dos seus elementos sobreviveram
nos Cultos Cristãos e nas tradições locais.
A civilização grega era constituída de pequenas cidades-
estados. Os gregos amavam a vida e a viviam com entusiasmo.
Eles tinham pouco interesse na vida após a morte, a qual, mesmo
para os grandes homens daquele tempo, era acreditada como
sendo incômoda.
Na Odisséia, a morte de Aquiles retrata que ele preferia ser um
escravo em vida à um rei morto. O melhor que um homem podia
esperar seria procurar realizar grandes façanhas que seriam
relembradas depois de sua morte.

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Os gregos acreditavam no individualismo e apreciavam as
diferentes personalidades e caráters. Eles eram fascinados pela
contradição que muitas virtudes podem levar um homem exemplar
à ruína ou à felicidade. Tinham uma forma de pensamento muito
sutil.
Seus mitos e religião refletiam estas características. Seus
deuses eram personalizados com poder e imperfeições individuais,
deuses que cometiam erros e eram flagrados enganando seus
cônjuges. Mas também eram deuses heróicos, hábeis, amáveis e
desenvolviam artes e habilidades essenciais de diversas maneiras,
como música, tecelagem, ferragem etc.
Os heróis mortais também tinham um papel importante na
mitologia. Houve tempos em que os deuses precisavam de um
herói mortal para vencer batalhas por eles. Mas muito raramente
faziam com que um herói viesse a se tornar um deus.
Muitos dos mais famosos contos heróicos apresentam, vez ou
outra, relatos de alguém sendo trazido de volta do mundo
subterrâneo. Esta característica apresenta um forte contraste às
religiões que consagram que a ida ao mundo além da vida é o
caminho correto para objetivo principal da existência.

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Deuses Gregos
Anteros
Símbolo do amor desgraçado, da resistência ao amor, da
vingança ao amor não correspondido ou ao desamor.
Apolo
Na lenda de Homero ele era considerado, principalmente, como
o deus da profecia. Apolo era músico e encantava os deuses com
seu desempenho com a lira. Era também um arqueiro-mestre e
excelente corredor, sendo creditada a ele a primeira vitória nos
Jogos Olímpicos. Era também o deus da agricultura, do gado, da
luz e da verdade. Ensinou aos humanos a arte da cura. Talvez por
causa de sua beleza, Apolo era representado com mais freqüência
na arte antiga que qualquer outra divindade
Ares
Deus da guerra, sanguinário e agressivo, personificava a
natureza brutal da guerra. Embora Ares fosse guerreiro e feroz, não
era invencível, mesmo contra os mortais.
Aristeu
Era adorado como o protetor dos caçadores, pastores e
rebanhos, e como o inventor da apicultura e da arte de cultivar
azeitonas. Era largamente venerado como um deus beneficente e
freqüentemente era representado como um pastor juvenil
carregando um cordeiro.
Asclépio
Deus greco-romano da medicina, com o poder de curar os
enfermos. Era também patrono dos médicos e era representado
como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito
descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu,
em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se
transformou no símbolo da medicina.
Dionísio
Deus do vinho e da vegetação, que mostrou aos mortais como
cultivar as videiras e fazer vinho.
Eros
Eros é descrito como o mais belo dos imortais, capaz de
subjugar corações e triunfar sobre o bom senso. Deus do amor e do
desejo.
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Hades
Deus dos mortos. Em algum lugar na escuridão do mundo
subterrâneo estava localizado o palácio de Hades. Era
representado como um lugar fúnebre, escuro e repleto de portões,
repleto de convidados do deus e colocado no meio de campos
sombrios, uma paisagem assombrosa. Em lendas posteriores o
mundo inferior é descrito como o lugar onde os bons são
recompensados e os maus são punidos.
Hefesto
Deus do fogo, tornou-se o ferreiro divino e instalou suas forjas
no centro dos vulcões. Patrono dos ferreiros e dos artesãos em
geral, é responsável, segundo a lenda, pela difusão da arte de usar
o fogo e da metalurgia
Hélio
Era a representação divina do Sol. Na Grécia clássica, Hélio foi
cultuado em Corinto e sobretudo em Rodes, ilha que lhe pertencia e
onde era considerado o deus principal, honrado anualmente com
uma grande festa.
Hermes
Mensageiro dos deuses, tinha sandálias com asas, um chapéu
alado e um caduceu dourado, ou vara mágica, entrelaçado por
cobras e coroado com asas. Hermes era também o deus do
comércio e o protetor dos comerciantes e dos rebanhos. Como a
divindade dos atletas, ele protegia os ginásios e estádios e atribuía-
se a ele a responsabilidade pela fortuna e a riqueza.
Himeneu
Deus do casamento. Personificação dos cantos nupciais.
Hipnos
Deus do sono.
Morfeu
Deus dos sonhos. Morfeu formava os sonhos que vinham para
aqueles que adormeciam. Ele também representava seres humanos
em sonhos.
Nereu
Deus do mar.

- 22 -
Orfeu
Poeta e músico. Recebeu a lira de Apolo e tornou-se um
músico tão perfeito que não havia nenhum mortal capaz de ser
melhor do que ele. Quando tocava e cantava, movia todos os seres
animados e inanimados. Sua música encantava árvores e pedras,
domesticava animais selvagens, e até mesmo os rios mudavam o
seu curso na direção da música do jovem.
Pan
Pan ou Pã, cujo nome em grego significa "tudo", assumiu de
certa forma o caráter de símbolo do mundo pagão e nele era
adorada toda a natureza. Na mitologia grega, Pã era o deus dos
caçadores, dos pastores e dos rebanhos. Representado por uma
figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode, trazia
sempre uma flauta, a "flauta de Pã", que ele mesmo fizera.
Poseidon
Deus do mar. Na arte, Poseidon é representado como uma
figura majestosa e barbada segurando um tridente, e
freqüentemente acompanhado por um golfinho.
Príapo
Deus da fertilidade, protetor dos jardins e dos rebanhos.
Urano
Personificação do céu, é o deus do firmamento. clássica não
havia culto a Urano.
Zeus
O deus supremo do mundo, o deus por excelência. Presidia
aos fenômenos atmosféricos, recolhia e dispersava as nuvens,
comandava as tempestades, criava os relâmpagos e o trovão e
lançava a chuva com sua poderosa mão direita, à sua vontade, o
raio destruidor; por outro lado mandava chuva benéfica para
fecundar a terra e amadurecer os frutos. Chamado de o pai dos
deuses, por que tinha autoridade sobre todos os deuses, dos quais
era o chefe reconhecido por todos. Tinha o supremo governo do
mundo e zelava pela ordem e da harmonia que reinava nas coisas.

- 23 -
Deusas Gregas
Afrodite
Deusa do amor e da beleza
Anfitrite
Deusa do mar.
Ártemis
Tida como virgem e defensora da pureza, era também
protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade;
embora fosse em essência uma deusa caçadora, encarnava as
forças da natureza e tutelava as ninfas, os animais selvagens e o
mundo vegetal.
Atena
Era o símbolo da inteligência, da guerra justa, da casta
mocidade e das artes domésticas e uma das divindades mais
veneradas.
Deméter
Deusa da colheita
Destinos
As três deusas que determinavam a vida humana e suas
ligações, também conhecidas como "Moiras". As Moiras repartiam
para cada pessoa, no momento de seu nascimento, uma parcela do
bem e do mau, embora uma pessoa pudesse acrescer o mau em
sua vida por si própria.
Retratadas na arte e na poesia tanto como mulheres velhas e
severas quanto virgens sombrias, as deusas eram freqüentemente
vistas como fiadeiras.
Cloto, a fiadeira principal, tecia o fio da vida;
Láquesis, a distribuidora de quinhões, decidia a quantidade e
designava o destino de cada pessoa; e
Átropos, a implacável, carregava o poder de cortar o fio da vida
no tempo designado. As decisões das Moiras não podiam ser
alteradas, nem mesmo pelos deuses.

- 24 -
Eumênides
Antigos espíritos da terra ou deusas associados à fertilidade,
mas também tendo certas funções sociais e morais. Protetoras dos
suplicantes.
Erínias
Também conhecidas como Fúrias, eram as três divindades que
administravam a vingança divina, sendo elas:
Tisífona (a vingança contra os assassinos);
Megera (o ciúme) e
Alecto (a raiva contínua).
Eram justas, mas sem piedade e jamais analisavam as
circunstâncias que levaram a pessoa a cometer o erro.
Géia
O nome Géia, Gaia ou Gê, é utilizado como prefixo para
designar as diversas ciências relacionadas com o estudo do
planeta.
A deusa foi também a propiciadora dos sonhos e a protetora da
fecundidade. Gaia é a personificação da Terra.
Graças
Graças (ou Cárites), as três deusas da alegria, charme e
beleza. Chamavam-se:
Aglaia (o Esplendor);
Eufrosina (a Alegria) e
Tália (a Floração).
As Graças presidiam sobre os banquetes, danças e todos os
outros eventos sociais agradáveis, trazendo alegria e boa vontade
tanto para os deuses quanto para os mortais.
Hebe
Deusa da juventude. Durante muito tempo Hebe foi a copeira
dos deuses.

- 25 -
Hécate
Deusa da escuridão, representava seus terrores. Em noites
sem luar, acreditava-se que ela vagava pela terra com uma matilha
de uivantes lobos fantasmas.
Era a deusa da feitiçaria e era especialmente adorada por
mágicos e feiticeiras, que sacrificavam cães e cordeiros negros a
ela.
Como deusa da encruzilhada, acreditava-se que Hécate e seu
bando de cães assombravam lugares fúnebres que pareciam
sinistros aos viajantes.
Hera
Rainha dos deuses, protegia o casamento e era a protetora de
mulheres casadas.
Íris
Como mensageira de Zeus e de sua esposa Hera, Íris deixava
o Olimpo apenas para transmitir os ordenamentos divinos à raça
humana, por quem ela era considerada como uma conselheira e
guia.
Viajava com a velocidade do vento, podia ir de um canto do
mundo ao outro, ao fundo do mar ou às profundezas do mundo
subterrâneo.
Era representada como uma linda virgem com asas e mantos
de cores brilhantes e um aro de luz em sua cabeça, deixando no
céu o arco-íris como seu rastro. Para os gregos, a ligação entre os
homens e os deuses é simbolizada pelo arco-íris.
Musas
Nove deusas e filhas de Zeus e de Mnemósina, a deusa da
memória. As Musas presidiam as artes e as ciências e acreditava-
se que inspiravam todos os artistas, especialmente poetas, filósofos
e músicos.
Calíope era a musa da poesia épica, Clio da história, Euterpe
da poesia lírica, Melpômene da tragédia, Terpsícore das canções
de coral e da dança, Erato da poesia romântica, Polímnia da poesia
sagrada, Urânia da astronomia e Tália da comédia.

- 26 -
Nêmesis
Entre os antigos gregos, Nêmesis foi a deusa da equanimidade
e, mais tarde, a personificação da desaprovação dos deuses à
arrogância. Seu nome se inspira no grego némein, "repartir segundo
o costume ou a conveniência".
A missão de Nêmesis era punir os faltosos e impor a execução
de normas que restabelecessem o equilíbrio entre os homens.
Nikê
Deusa da vitória. É representada carregando uma grinalda ou
palma da vitória.
Perséfone
Deusa da terra e da agricultura. Era uma personificação do
renascimento da natureza na primavera.
Selene
Deusa da Lua. Era uma linda deusa, de braços brancos, com
longas asas, que percorria o céu sobre um carro para levar aos
homens a sua plácida luz.

- 27 -
Titãs

Quem eram os Titãs?


Freqüentemente, chamados de deuses mais velhos, eles foram
por muitas eras os regentes supremos do universo, tendo um
tamanho enorme e sendo incrivelmente fortes.
Atlas
Filho do Titã Japeto e da ninfa Climene, e irmão de Prometeu.
Atlas lutou com os Titãs na guerra contra as divindades do Monte
Olimpo. Como castigo, ele foi condenado a suportar eternamente a
terra e os céus em suas costas e o grande pilar que os separa
sobre os ombros. Justamente porque a figura de Atlas sustenta a
terra, freqüentemente ela é utilizada nas páginas de coleções de
mapas (atlas), cujo nome denota um conjunto de mapas.
Ceos
O Titã da Inteligência.
Crio
Representava o tremendo poder do mar.
Cronos
Cronos era um deus ao qual se atribuíam funções relacionadas
com a agricultura. Segundo a tradição clássica, depois Cronos
tornou-se o regente do universo e simbolizava o tempo.
Japeto
Considerado como antepassado da raça grega e também de
todos os homens.
Métis
Presidia a sabedoria e o conhecimento.
Mnemósina
Deusa da memória.
Oceano
Governou o Oceano, um grande rio que, segundo a Mitologia
Grega, cercava a Terra e que se acredita ser um círculo plano.

- 28 -
Prometeu
Conhecido como amigo e benfeitor da humanidade. Prometeu
e seu irmão foi concebido para criar a humanidade e prover o
homem e todos os animais da terra com aquilo que necessitassem
para sobreviver.
Réia
Mãe dos deuses e que por muitas eras dominou o Universo
junto com Cronos.
Têmis
Deusa da justiça divina e das leis. Na arte antiga ela é
representada segurando para cima um par de balanças em que ela
pesa as reivindicações das partes contrárias.

- 29 -
Heróis

Aquiles
Hércules
Jasão
Perseu
Teseu
Ulisses

Animais e Monstros Mitológicos

Centauro
Ciclopes
Harpias
Medusa
Minotauro
Pégaso
Quimera

Lendas Mitológicas

Agamenon
Ariadne
Medéia
Narciso
Sísifo

- 30 -
Histórias Mitológicas

Hesíodo
Homéro
Ilíada
Odisséia
Tróia

- 31 -
Relação entre a Mitologia Grega e a Romana

NOME GREGO NOME PAPEL NA MITOLOGIA


ROMANO
Afrodite Vênus Deusa da beleza e do desejo
sexual (na mitologia romana,
deusa dos campos e jardins)
Apolo Febo Deus da profecia, da medicina e
da arte do arco e flecha
(mitologia greco romana
posterior: deus do Sol)
Ares Marte Deus da guerra
Ártemis Diana Deusa da caça (mitologia greco
romana posterior: deusa da
Lua)
Asclépio Esculápio Deus da medicina
Atena Minerva Deusa das artes e ofícios, e da
guerra; auxiliadora dos heróis
(mitologia greco romana
posterior: deusa da razão e da
sabedoria)
Crono Saturno Deus do céu; soberano dos
Titãs (mitologia romana: deus
da agricultura)
Démeter Ceres Deusa dos cereais
Dionísio Baco Deus do vinho e da vegetação
Eros Cupido Deus do amor
Géia Terra Mãe Terra
Hefesto Vulcano Deus do fogo; ferreiro dos
deuses
Hera Juno Deusa do matrimônio e da
fertilidade; protetora das
mulheres casadas; rainha dos
deuses

- 32 -
NOME GREGO NOME PAPEL NA MITOLOGIA
ROMANO
Hermes Mercúrio Mensageiro dos deuses;
protetor dos viajantes, ladrões e
mercadores
Héstia Vesta Guardiã do lar
Hipnos Sonho Deus do sonho
Hades Plutão Deus dos mundos
subterrâneos; senhor dos
mortos
Posêidon Netuno Deus dos mares e dos
terremotos
Réia Cibele Esposa de Crono/Saturno;
Deusa mãe
Urano Urano Deus dos céus; pai dos Titãs
Zeus Júpiter Soberano dos deuses olímpicos

- 33 -
Conclusão:
Depois de termos pesquisado sobre o assunto referente à
mitologia, concluímos que ela é muito diferente do que pensamos,
devido a quantidade de deuses, heróis, monstros e de como era o
mundo na opinião dos gregos.
Descobrimos também que devemos diferenciar mito de
mentira, ilusão, ídolo, lenda ou ficção, porque o mito é verdadeiro
para quem o vive.
Ficamos surpresos ao saber que muitos deuses gregos têm na
civilização romana nomes diferentes e usados até hoje para originar
nomes de conceitos usados em Psicologia, dar nomes a planetas
ou até relacionar problemas e situações atuais com o que
aconteceu na antiguidade.
Descobrimos que até hoje construímos nossos mitos mudando
apenas a maneira de representar o Bem, o Mal e a Justiça, com a
crença em heróis de estórias em quadrinhos, filmes, desenhos
animados de seres de outros planetas ou mesmo daqui que viajam
através do espaço para levar a outras civilizações os ensinamentos
e características de sua origem.
E por último concluímos que se no passado a mitologia era
essencial para a vida humana, porque era através dela que se
explicava a origem de certas coisas é importante que aprendamos a
usar esses ensinamentos, sinais e mensagens deixadas pelas
gerações passadas para que nos ajudem a ter uma compreensão
melhor da nossa vida atual e o que queremos e desejamos para o
nosso futuro.

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Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

Platão

Platão nasceu em Atenas, em 428/7 a.C. Portanto, seu nascimento ocorreu logo
após a morte de Péricles, com quem Atenas chegara ao apogeu de sua democracia,
e o falecimento cerca de dez anos antes da batalha de Queronéia, que efetivou o
domínio de Filipe da Macedônia sobre a Grécia. Platão viveu entre a fase áurea da
democracia ateniense e o final do período helênico. Esse contexto histórico
determinaria o caráter essencialmente político de sua filosofia como estabelecimento
das condições para um estado político perfeito, o filósofo como o dirigente político
ideal.
O interesse pela política estava ainda mais intimamente ligado a Platão por ele
pertencer a uma família aristocrata que tinha participação efetiva nos destinos
políticos da Grécia. Contudo, o acontecimento que mais marcou foi seu encontro com
Sócrates, mestre que, sem escola e sem livros, usando apenas o diálogo, levava seus
discípulos ao conhecimento de si mesmos, do bem e das virtudes, ao mesmo tempo
em que demolia preconceitos e abalava falsos valores e reputações. Já restaurada a
democracia, Sócrates, acusado de corromper os jovens, foi condenado à morte.
Esse acontecimento revelou a Platão as profundas falhas de um sistema político
que fazia desaparecer “o mais sábio e o mais justo de todos os homens”. Tornava-se
evidente que a democracia grega deveria passar por profundas reformulações, sendo
necessário para isso buscar novas bases educacionais para os homens que
exerceriam as funções governamentais. Depois da morte de Sócrates, Platão viajou:
foi a Megara, em seguida para o Egito, à Itália meridional e Siracusa, na Sícila. Nesta
faculdade conheceu Dion, cunhado de Dionísio I, tirano da cidade. A inteligência de
Dion e seu interesse pela filosofia encantaram Platão, que via agora uma
possibilidade de colocar em prática, através do grande amigo, suas concepções
políticas. ao voltar para Atenas, Platão já havia concluído os primeiros Diálogos:
Críton, Lísis, Cármides, Eutifron, além da Apologia de Sócrates. A personagem
central desses diálogos é Sócrates.
Visando a concretizar seu projeto de educar os cidadãos para a vida política, em
387 a.C. Platão fundou sua escola, a Academia. Para implantar seu pensamento e
seu método de ensino, voltado para a busca da verdade, opôs-se aos sofistas,
mestres de eloqüência e de retórica que, em geral, preocupavam-se mais que com a
habilidade verbal em si do que com seu objetivo. Fundamentavam a retórica em uma
concepção da linguagem como nomos (“convenção”) e não como expressão da
natureza das coisas: para Platão, ao contrário, a linguagem só tinha valor por poder
exprimir a verdade, traduzir a essência do real. Durante os vinte anos que se
seguiram, ele dedicou-se ao ensino na Academia e à elaboração de novos diálogos.
Datam desse período: Mênon, Fédon, Banquete, República, Fedro, Eutídemo e
Crátilo. Essas obras vão superando progressivamente as posições da filosofia
socrática e formulando uma concepção propriamente platônica, cuja base é a
doutrina de idéias.
Em 367 a.C., Platão fez uma segunda viagem a Siracusa, a convite de Dion
(que via grandes possibilidades de influenciar a política da cidade, dirigida agora por
Dionísio II). Relatos antigos afirmam que o novo governante, temendo perder o poder,
expulsou Dion e prendeu o filósofo, que teve grandes dificuldades para voltar a
Atenas. Nos seis anos seguintes, passados na Academia, Platão escreveu outras
obras que revelam sua plena maturidade intelectual: Parmênides, Teeteto, Sofista e
Político.
Em 361 a.C, Platão recebeu um convite de Dionísio II para visitar Siracusa.
Dion, apesar de exilado, aconselhou-o a aceitar, com a esperança de poder retornar à
sua cidade. Assim o filósofo decidiu-se a embarcar. Mas nada do que se esperava
aconteceu. Ao voltar para Atenas, Platão encontrou Dion a caminho de Siracusa,
chefiando uma expedição armada que derrubaria Dionísio II. Mas o amigo do filósofo
não conseguiu governar com tranqüilidade e acabou assassinado pelos próprios
amigos. essa nova decepção minou todo o desejo de Platão de participar da política.
Ele passou o resto da vida a exercer o magistério filosófico na Academia e a escrever
novas obras: Timeu, Filebo, Críticas e Leis.
Tendo sua vida limitada à Academia, Platão pôde dedicar-se à elaboração de
seu sistema filosófico, cujo fundo e originalidade são constituídos pela sua teoria das
idéias. No Fédon, essa teoria surge como uma hipótese: o mundo sensível teria sua
causa explicativa situado num plano de realidade transcendente e constituído pelas
idéias (essências existentes em si, independentes das coisas e do intelecto humano).
Essa hipótese resulta da utilização generalizada do chamado “método dos
geômetras”: uma hipótese é levantada e dela se extraem as conseqüências lógicas.
Assim, através de um jogo de hipóteses, vai se construindo o sistema filosófico de
Platão.
As explicações propostas pelos filósofos anteriores, como os da escola de
Mileto, fundavam-se na descoberta de um elemento primordial que, ao desdobrar-se
e modificar-se criaria o universo na forma pela qual o homem o percebe. Platão
substitui esse caráter retrospectivo e unitário atribuído à origem do mundo físico por
um caráter ascendente e unitário: para cada classe de objetos do mundo sensível
existiria uma idéia da qual ela derivaria. Assim, as mesas seriam mesas porque
“participariam” da mesa em si (idéia de mesa).
Nos Diálogos, as idéias são caracterizadas como incorpóreas e invisíveis,
eternas e idênticas a si mesmas, não sofrendo nunca a ação do tempo. Perfeitas e
imutáveis, seriam os paradigmas dos quais as coisas materiais seriam as cópias
imperfeitas e transitórias. Mas isso cria o problema da possibilidade de se conhecer o
mundo das idéias: sendo o homem um ser corpóreo, mutável, imerso no tempo, como
poderia conhecer as idéias incorpóreas e eternas? No Mênon, Platão expõe a teoria
de que apenas o homem pode chegar ao conhecimento das idéias, pois só ele é
dotado de intelecto, e o intelecto como as idéias é incorpóreo. A alma humana teria
contemplado as idéias antes de juntar-se ao corpo; mas , depois que essa
encarnação se consuma, ela perde a possibilidade de manter um contato direto com
as idéias, sendo restringida a relacionar-se apenas com suas cópias (podendo,
contudo, recuperar gradativamente o conhecimento das idéias originais). Assim, a
hipótese das da existência do mundo das idéias apóia-se na hipótese da
reminiscência; e o ato de conhecer se configuraria como lembrar, reconhecer. A
concepção do ato de conhecer como reminiscência coloca outro dado importante do
sistema filosófico de Platão: o da preexistência e imortalidade da alma.
No Parmênides, Platão explica o relacionamento entre as idéias e os objetos
físicos de duas noções: a de participação e imitação. A noção de participação
reaparece na cosmogonia descrita no Timeu: o demiurgo, o divino artesão, dando
forma a uma matéria-prima tentou reproduzir as idéias, fazendo aparecer os objetos
sensíveis. Estes seriam, portanto, uma imitação das idéias, constituindo um grau
inferior de perfeição. Nessa medida, o que é produzido pelo artesanato humano,
apresenta-se como duplamente imperfeito, por ser uma cópia de outra cópia: a
realidade.
Ao elaborar a teoria das idéias, Platão ao mesmo tempo reformula a dialética
socrática, transformando-a numa construção teorética. Para Sócrates, o diálogo
constituía um confronto de opiniões que era, na verdade, a ocasião para o dramático
embate entre consciências e oportunidade para produzir-se o conhecimento de si
mesmo: em Platão, a dialética vai perdendo progressivamente seu caráter pessoal e
dramático para tornar-se um método impessoal e teórico que visa os próprios
problemas, e não apenas à sondagem da consciência dos interlocutores. A nova
dialética articula-se, de início, em uma forma ascendente: do mundo das idéias. No
plano sensível, a constatação de existência dos seres, dá-se através dos sentidos, o
conhecimento não ultrapassando a esfera da opinião (doxa). A superação da doxa
tem início com a passagem ao plano inteligível, através do conhecimento discursivo e
mediatizador (diânoia): esse primeiro nível de conhecimento inteligível estabelece
ligações racionais (como ocorre na matemática), mas o conhecimento inteligível só
chega à plenitude ao conseguir a evidência puramente intelectual (noêsis) das idéias.
As várias etapas do conhecimento estão metaforizadas na República através da
alegoria da caverna : o homem saindo da caverna onde estivera prisioneiro por
diversos graus de sombra e luz, que simbolizam os diversos graus de conhecimento ,
até olhar diretamente o sol , fonte de toda luz, símbolo do último da ascensão e
dialética.
Fundamentado na Teoria das Idéias e nas possibilidades apresentadas pelos
indivíduos para realizar a ascensão dialética. Platão cria um sistema político
apresentado primeiramente na República e posteriormente reformulado nas Leis . A
base fundamental postulada para o Estado é a justiça, virtude que seria conseguida
na medida em que cada parte da alma (a razão, a coragem, e o instinto) estivesse
preenchendo suas funções. Assim,o governo da cidade seria composto por três
classes, formando um todo harmonioso: os magistrados – filósofos , representando a
razão; os guerreiros, a coragem; e os trabalhadores, encarregados da satisfação das
necessidades materiais. A realização de tal modelo de sociedade resultaria da
adoção de determinado sistema educacional: os cidadãos, homens e mulheres, em
igualdade de condições, seriam encaminhados desde pequenos para as funções que
poderiam desempenhar com mais aptidão. Visando a prevenir as divisões políticas,
Platão propõe a participação comum dos cidadãos nos bens materiais e também a
supressão da família.
As Leis introduzem modificações no modelo político de Platão: suprime-se a
comunidade de bens, mulheres e crianças, havendo uma espécie de conciliação
entre a monarquia constitucional e a democracia.
Consciente da complexidade de seu sistema político assentado na teoria das
idéias , Platão previa as dificuldades que grande parte da população da polis teria
para entende-lo. Assim o Estado concebido por ele seria governado por magistrados-
filósofos, pois só estes seriam capazes de compreender e por em prática a virtude da
justiça.
Platão defende no homem uma alma imortal, racional, livre, espiritual. Admite a
metempsicose. Em ética: toda felicidade consiste na contemplação das idéias e,
sobretudo, da idéia suprema do bem. Seu conceito político (Estado totalitário,
igualdade social dos sexos, supressão da família, educação nacional da juventude)
ele próprio rejeitou mais tarde, desde que os governados são seres humanos, não
deuses. Sua doutrina, em geral, é tão elevada que informou até a mística católica.
Assim como há um rigoroso paralelismo entre a psicologia platônica e sua
ética,há também uma perfeita correspondência entre sua ética e a sua política. A
morte de Sócrates e suas experiências políticas na Sicília levaram Platão a verificar
que não é possível ser justo na cidade injusta, e que a realização da filosofia implica
não só a educação do homem, mas a reforma da sociedade e do Estado.
A pedagogia platônica, que incluía não só a formação intelectual, mas também
os exercícios físicos, a disciplina do corpo,revelam-se, assim, uma propedêutica da
política, pois sua razão de ser é a formação do homem de acordo com a Paidéia
(modelo ou ideal de cultura) e sua preparação para a vida na cidade.
Assim, como o amor é um demônio, um intermediário entre os deuses e os
homens, assim também o filósofo é um mediador entre o sábio e o ignorante. O sábio
não precisa filosofar porque já tem a sabedoria, e o ignorante porque não a tem e não
experimenta a necessidade de tê-la. Só pode filosofar aquele que, não sabendo, tem
consciência de que não sabe e, por isso mesmo, quer saber. Amor da sabedoria, e
não sabedoria propriamente, a filosofia é o caminho que nos deve conduzir do mundo
das aparências ao mundo da realidade, da contemplação das sombras à visão das
idéias, imutáveis e eternas, iluminadas pela idéia suprema do Bem.

Aristóteles

Aristóteles viveu no período da história grega em que a hegemonia da


Macedônia se estendia sobre toda a Grécia. Nasceu em 384 a.C. , em Estagira,
cidade da Calcídica. Embora estivesse situada distante de Atenas e em território
pertencente à Macedônia, era na verdade uma cidade grega, onde se falava o grego.
Aristóteles, desde o nascimento, estava estreitamente vinculado à corte macedônica:
seu pai, Nicômaco, era médico do Rei Amintas II, pai de Filipe.
Cerca de 366 a.C., Aristóteles , então com 16 anos, vai para Atenas – na
época, o centro político e intelectual da Grécia. Ali, duas correntes de pensamento se
contrapunham, traduzindo-se em duas linhas pedagógicas opostas: de um lado,
Isócrates pretendia ser a retórica a melhor preparação para a vida política, bastando
que se aprendesse a “emitir opiniões prováveis a respeito de coisas úteis”; já Platão,
em sua academia, mostrava que a preparação para a vida pública exigia mais do que
opiniões e recursos retóricos – deveria ter fundamentos científicos. Aristóteles preferiu
o caminho apontado por Platão e, durante 20 anos, freqüentou a Academia. Em 347
a.C., morrendo Platão, Aristóteles deixa Atenas e vai para Assos (na Ásia Menor),
onde Hérmias, antigo escravo e ex-integrante da Academia, era agora o Tirano.
Hérmias foi contudo assassinado três anos depois, e Aristóteles abandonou Assos,
levando consigo Pítias, sobrinha do tirano, que se tornará sua primeira esposa. Em
343 a.C., Filipe da Macedônia chama-o à sua corte, confiando-lhe a educação de seu
filho, futuro “Alexandre O Grande”. Morto Filipe, Alexandre sobe ao trono e prepara
uma expedição ao Oriente. É o momento de Aristóteles voltar à Atenas.
Lá, próximo ao templo dedicado a Apolo Liceano, abre uma escola, o Liceu,
que passou a rivalizar com a Academia, então dirigida por Xenócrates. Do hábito –
aliás comum em muitas escolas da época – que tinhas os alunos de realizar seus
debates enquanto passeavam, surgiu o termo de peripatéticos (que significa “os que
passeiam”) para designar os discípulos de Aristóteles. Ao contrário da Academia
platônica, voltada fundamentalmente para investigações matemáticas, o Liceu se
transformou num centro de estudos mais dedicados às ciências naturais. Aí,
Aristóteles trabalhou, escreveu e ensinou durante 12 anos.
A partir de declarações do próprio Aristóteles, sabe-se que ele realizou dois
tipos de composição: as endereçadas ao público, redigidas em forma mais dialética
do eu demonstrativa, e os escritos ditos filosóficos ou científicos, que eram lições
destinadas aos alunos do Liceu. Estas foram as únicas obras que chegaram até nós,
embora constituam pequena parcela do que lhe é atribuído. Tratando de vários
assuntos no campo da filosofia e da ciência, as principais obras de Aristóteles são:
Categorias; Sobre a Interpretação; Analíticos; Tópicos; Metafísica; Física; Sobre
a Geração e a Corrupção; Sobre a Alma; História dos Animais; Ética à
Nicômaco; Política; Retórica; e Poética.
Nos últimos anos de sua vida, as relações com seu fiel discípulo perturbaram
em conseqüência da desavença entre Alexandre e um parente do filósofo que se
encontrava corte, Calístenes, e que se opunha à equiparação dos bárbaros com os
helênicos, equiparação zelosamente defendida pelo rei. Calístenes foi chamado de
conspirados. Isto, no entanto, não teve diretamente conseqüências diretamente
desvantajosas para Aristóteles. Contudo, a prematura morte do rei, em 323 a.C., foi
um rude golpe para ele, pois o acontecimento trouxe consigo, na Grécia e
especialmente em Atenas, um movimento político com o fim de conseguir a libertação
da supremacia macedônica. Suas relações pessoais com Alexandre e a amizade que
até então teve com o governante macedônico Antipáter, fizeram-no aparecer como
um dos apoios fundamentais do partido estrangeiro. Como meio para conseguir sua
eliminação, teve de se utilizar o que até então se empregou com êxito em Atenas
contra os pensadores indesejáveis (Anaxágoras, Protágoras, Sócrates), isto é: a
acusação judicial de “ateísmo”. Para livrar-se do processo, Aristóteles se instalou, no
ano de 322, em Cálcis (na Eusébia), onde no ano seguinte, morreu aos sessenta e
dois anos de idade.
A personalidade e o caráter de Aristóteles correspondiam com seus escritos.
Com uma personalidade distinta, de tipo acentuadamente aristocrático, agudo no
julgamento e às vezes irônico, escolhendo escrupulosamente suas relações e
companhias; homem predominantemente intelectual, mas também bondoso, grato e
sempre inteiramente aberto àquelas expressões internas do espírito que se
desenvolvem na vida de família e na amizade com os que pensam e sentem de um
modo semelhante, Depois da morte de sua esposa Pítias, filha adotiva de Herméias,
casou-se com Herpylis de Estagira. De seu primeiro casamento teve uma filha; do
segundo, um filho, chamado Nicômaco, que morreu muito jovem, depois de haver
editado a Ética de seu pai.
A matemática foi a única ciência, conhecida pelos antigos, que Aristóteles não
tratou especialmente; suas obras foram uma verdadeira enciclopédia do
conhecimento humano do século IV antes de Cristo.
Os tratados de Aristóteles sobre as causas primeiras foram reunidos em um só
volume por seus comentadores e postos por eles em seguida e acima dos tratados de
física; daí o nome de metafísica dado mais tarde ao estudo das causas supra-
sensíveis.
A lógica de Aristóteles e a teoria do silogismo, cujo inventor foi ele, encontram-
se reunidas nos tratados que trazem o nome de Organon ou “Método”. (Tratado das
Categorias, da Proposição, primeiros e segundos Analíticos, Tópicos e Tratados
dos Sofismas). A moral e a política de Aristóteles estão contidas na Ética a
Nicômaco, na Ética a Eudemo, na Ética Magna e na Política. A psicologia é tratada
no livro Da Alma; depois vem a Retórica e a Poética. Quanto às ciências físicas e
naturais, nas quais sobressaía-se Aristóteles, fala-se delas nas obras intituladas:
Física, História natural dos animais; das Partes dos animais; da Geração dos
animais; Meteorologia; Tratado do céu, etc. Aristóteles é o fundador da anatomia e
da fisiologia comparadas. Seus conceitos sobre a natureza são os contidos nos
seguintes pontos:
Natureza da Existência – O objeto da filosofia é o ser, dizia Platão; Aristóteles
chama também a “filosofia primeira” (ou metafísica) a ciência do ser. Porém o que se
deve entender por verdadeiro ser? Não devemos distinguir primeiramente o ser que
existe em si mesmo, por exemplo, das formas de ser que não existem senão em outra
coisa é a substância ou o ser verdadeiro; o que não existe senão em outra coisa são
os modos ou maneiras de ser.
Estas se reduzem a três grupos principais: qualidades (como a beleza ou
fealdade), quantidades (como a extensão ou duração) e relações (como a igualdade
ou desigualdade, superioridade ou inferioridade). Substância, qualidade, quantidade,
relação, são os quatro grupos principais em que se classificam todas as nossas
noções; são os quatro princípios ou categorias do pensamento. Aristóteles eleva
algumas vezes, até dez o número de categorias, mas tudo termina por reduzir-se às
quatro primeiras.
Onde há pluralidade, há vários seres e uma relação entre eles. Toda
substância verdadeira é uma e indivisível. “Tudo o que existe – diz Aristóteles – é um,
e tudo o que é um, existe”. Sobre este primeiro ponto, Aristóteles está de acordo com
Platão. O que se deve entender por esta unidade que constitui o ser ou a
substância? É aí que começa a discordância.
Segundo Platão, é o universal o que constitui o ser. Assim, nossa idéia
universal da humanidade é a essência dos diferentes homens. Contudo, segundo
Aristóteles, o verdadeiro ser não é algo universal. Sócrates, por exemplo, é Sócrates,
não pelo que tem de comum com todos os homens, mas pelo que tem de particular.
Existe nele alguma simples e indivisível pelo que se opõe a todo o resto e se
distingue dele. Somente os indivíduos são verdadeira e propriamente seres,
substâncias, unidades, pois somente eles existem em si.
No indivíduo mesmo, o que constitui a existência real é a atividade. Ser é agir e
agir é existir. Com que direito diríamos que um ser existe, se não se nos revelasse
por alguma ação que não seja própria? Como poderia revelar-se a si mesmo, senão
pela consciência de sua ação? É, pois, a atividade o que constitui o fundamento da
existência. Aristóteles restabelece esta noção como fundamento de toda a sua
filosofia.
Princípios da Existência: Matéria, Forma, causa eficiente e causa final. A
atividade em nós e em torno de nós não é perfeita; isto se prova pela constante
mudança, ou no sentido antigo da palavra, ou pelo movimento. O ser que muda e se
move realiza em si mesmo qualidades que anteriormente eram apenas possíveis; por
exemplo, quando passo da ignorância à ciência, converto em reais ou atuais por esta
mudança os conhecimentos que existiam em mim anteriormente apenas como
possíveis ou virtuais. Assim, sucede com toda mudança; todo movimento é o trânsito
da possibilidade à realidade, isto é, da potência ao ato.
Por isso mesmo há de se reconhecer, em toda a existência sujeita a
mudanças, dois princípios internos: as possibilidades que a envolve em si mesma,
isto é, suas potências, e a realização destas possibilidades, ou seja, o ato, A estátua ,
por exemplo, existe no mármore bruto em potência, ou virtualmente; o escultor a
realiza, a faz passar ao ato. E este trânsito é a mudança , o movimento. Toda
mudança, todo movimento explica-se apenas ao ato a que tende. Por exemplo,
quando raciocino e meu pensamento se move com esforço através das idéias
diversas, não encontra seu complemento e sua realidade senão no ato final, pelo qual
se chega ao verdadeiro; e esse ato já não é um movimento, mas o término a que
chega e onde expira o movimento. Da mesma maneira, enquanto desejo um objeto
ausente e me movo para ele o prazer ainda não é em mim atual ou real; será quando
eu me encontro na posse do objeto desejado; também cessa o movimento e meu
prazer vira um ato imóvel, estático. Por esta imobilidade do ato não se deve entender
a inércia ou a inação; deve-se entender, ao contrário, a plenitude e o complemento da
ação, possuindo-se por si mesma e possuindo o objeto, não tendo já necessidade de
esforço nem de movimento para alcança-lo. Nisso, segundo Aristóteles, está a
realidade, a atividade, a existência verdadeira. O ser imperfeito é aquele que está
ainda incompletamente em ato, e que encerra em si potências ainda não realizadas; o
ser perfeito é aquele que está plenamente em ato, que é ato puro. O ato é
verdadeiramente o que constitui o ser.
A potência, considerada com relação ao ato, é o que não tem atualmente forma,
mas que pode tomar tal ou qual forma; assim, o bronze ou o bloco de mármore
contém a estátua e ainda não tem esta ou aquela forma determinada, como a forma
de Apolo ou de Minerva; esta potência informe, que pode tomar todas as formas,
Aristóteles chama de matéria. A matéria e a forma são mais dois nomes da potência e
do ato.
Além disso, o que é uma matéria com relação a tal ou qual forma – como o
mármore com relação a estátua de Minerva – pode ter, entretanto, já certa forma, e
qualidades próprias. Deste modo, o mármore já tem sua forma e suas qualidades.
III. Formas da Existência: Movimento e progresso da natureza. A Natureza não
pode satisfazer-se com nenhuma forma imperfeita. Um desejo infinito a inquieta e a
faz remontar sem cessar até o melhor. O mineral aspira ao vegetal; o vegetal à vida
humana e o homem aspira a Deus.
Todos os termos deste progresso estão subordinados uns aos outros de
maneira tal que o termo superior resume, superando-o, o inferior. O vegetal, por
exemplo, se parece ao mineral porque resume suas qualidades; mas ao mesmo
tempo difere porque o supera, aperfeiçoa e completa. E da mesma maneira, o animal
resume e supera o vegetal; o homem resume e supera o animal e, por conseguinte,
resume a natureza inteira que nele se amplia e completa. Esta semelhança e esta
diferença universais se conciliam na lei da continuidade, que faz com que cada termo
da série de coisas superando aos precedentes, fique unido a eles sem deixar vazio
algum.
Posto que o superior explica o inferior, será o ato mais perfeito o que deve se
explicar os atos menos perfeitos. Assim, temos que o ato mais perfeito que
conhecemos é o do pensamento contemplando seu objeto e aproveitando sua
imediata presença. O desejo mesmo, segundo Aristóteles, é um pensamento
imperfeitamente unido ao seu objeto, porém aspirando uma união mais completa; o
movimento por sua vez , é um desejo e tudo é movimento na natureza. Por
conseguinte, o que constitui o fundamento de todas as coisas é o pensamento, mais
ou menos desenvolvido, mais ou menos chegado ao ato. Desta maneira, temos o
verdadeiro nome do ser, sabemos em que consiste a verdadeira substância e a
verdadeira individualidade: o ser é o pensamento. A potência intelectiva é a que
infunde primazia ao homem.
Quanto maior seja o progresso da natureza, mais se aproximará ao
pensamento, mais inteligível e inteligente será. Cada passo que dá, cada degrau que
sobe, faz-se compreender melhor, mostra o sentido de seu ser e se compreende
melhor. “Em sua origem esteve como que submersa na torpeza do sonho, sem vida
aparente, sem pensamento aparente; pouco a pouco se transformou em si, se deu
conta de si, despertou e teve conhecimento de si mesma” - Aristóteles.

Conclusão
Platão é um dos filósofos mais influentes de todos os tempos: seu pensamento
domina a filosofia cristã antiga e medieval até a recepção do aristotelismo. O filósofo
reconhece que o "estado sem lei" seria inexeqüível naquela época, pois não havia
magistrados habilitados em número suficiente e entendeu que a lei deveria ter seus
textos acompanhados de exposição relativa à finalidade do ato normativo e justificou
a existência do Estado como o processo de adaptação criado pelo homem para suprir
as deficiências, pois surgiria como decorrência das impossibilidades de cada pessoa,
diretamente, prover as suas mais variadas necessidades.
O predomínio tardio do estoicismo e a evidente ambiência platônica em torno da
concepção do poder imperial acabaram por elidir a influência da filosofia peripatética,
mas o fato de ela ter ocorrido nos primórdios do processo histórico de sistematização
da ordem jurídica dos romanos e ter presidido a afirmação do direito romano como
sistema científico fizeram com que a caracterização geral do pensamento filosófico-
jurídico ficasse eivada dos princípios da filosofia de Aristóteles.
O caráter eclético de pensamento romanista favoreceu a expansão do
peripatetismo; e a concepção ciceroniana do Estado é uma renovação da doutrina
aristotélica, pois para o jurisconsulto romano, o homem está naturalmente impelido,
por instinto natural, para a convivência política.
A formação da jurisprudência com sistema científico absorveu as noções
aristotélicas da justiça e da eqüidade, concebendo-as inicialmente o direito como
dinamado do justo e não da norma.
A influência mais importante, entretanto, na filosofia de Aristóteles se manifestou
na caracterização geral da jurisprudência romana como sistema científico; isso
ocorreu em dois momentos, os quais correspondem aos dois sentidos que tomou a
evolução da lógica peripatética, após a morte do mestre, e também à concepção do
direito em dois planos, o do justo e do normativo.
No segundo momento a lógica estóica passou a preponderar, e a mentalidade jurídica
romana substituiu aos poucos a dialética que lhe vinha do Estagirita, pela
metodologia analítica, também aristotélica, mas já com um novo alcance que lhe
haviam dado os estóicos; nesse novo contexto, a fonte do direito não seria mais a
natureza, mas a alei e o Direito Positivo deixaria de ser concebida de maneira
pragmática como obra de júris prudência – a busca do justo conforme natureza – e
passaria a constituir um sistema formal, onde as soluções jurídicas seriam resultado
do trabalho racional, dedutivo, a partir dos princípios expressados nas regras.
É deveras sintomático que no momento em que se pretende restaurar a autenticidade
do pensamento aristotélico, se descobre na Tópica e na teoria da argumentação
dialética, a gênese do modo de pensar característico da jurisprudência.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
REALISMO / NATURALISMO

I.) A Época é

Na Segunda metade do século XIX, a concepção espiritualista de


mundo, que tinha caracterizado o período romântico, vai cedendo lugar a uma
concepção científica e materialista. Tal visão de mundo decorre do enorme valor
que se atribuiu à ciência, vista na época como o único instrumento seguro para
explicar a realidade e também gerar riquezas. O espírito científico era considerado
como critério supremo na compreensão e análise da realidade. A ciência vai
determinar as novas maneiras de pensar e viver.

Para ter uma idéia da atmosfera dominante, atente para as palavras do


filósofo francês Taine: "Pouco importa que os fatos sejam físicos ou morais; eles
sempre têm as suas causas. Tanto causas para a ambição, a coragem, a
veracidade, como para a digestão, o movimento muscular e o calor animal. O vício
e a virtude são produtos químicos como o açúcar e o vitríolo ".

Em 1859 Darwin publica A origem das espécies. Nessa obra, a


evolução das espécies é considerada como resultado do mecanismo de seleção
natural. A idéia básica de tal mecanismo é a de que o meio ambiente condiciona
todos os seres, deixando sobreviver os mais fortes e eliminando os mais fracos. A
natureza de todos os seres, o homem inclusive, seria determinada por
circunstâncias externas. O meio ambiente passa a ter enorme importância, pois
condiciona matéria e espírito. Essa concepção biológica de vida, chamada
darwinismo, seria responsável por grandes mudanças no campo científico,
repercutindo na economia, na filosofia e na política.

O positivismo, corrente filosófica baseada no método das ciências


naturais, traduziu essa visão de mundo, pois concentrava-se nos fatos, rejeitando
qualquer explicação metafísica para a atuação do homem no mundo, além de
propagar a idéia de que somente o progresso material já seria suficiente para
neutralizar os desequilíbrios sociais.

Segundo os positivistas, todos os fenômenos podem ser explicados


pela ciência, o que os reduz, portanto, ao aspecto simplesmente material.

A psicologia também apresenta mudanças, subordinando os


fenômenos psíquicos aos fisiológicos, estes sim considerados de grande
importância, por serem observáveis e analisáveis.

No plano econômico, nota-se acentuado interesse pelo liberalismo da


época anterior.

Politicamente, defendem-se idéias republicanas e socialistas. É bom


lembrar que o Manifesto do Partido Comunista, data de 1848.
Em resumo: a ciência, que tinha conseguido revelar as leis naturais,
extremamente objetivas, suplanta o idealismo do período romântico, formulando
uma concepção predominantemente materialista da vida.

No Brasil assinalam-se fatos importantes nesse período:

- a abolição do tráfico de negros coloca em disponibilidade grandes


capitais, que passam a ser empregados em atividades urbanas, levando as
cidades ao crescimento

- a lavoura cafeeira prospera, possibilitando a expansão de novas áreas


de povoamento, assim como o aquecimento das atividades produtora e
consumidora; surge o telégrafo;inaugura-se, em 1874, o cabo telegráfico
submarino entre o Brasil e Europa;

- aparecem os primeiros jornais publicados regularmente

A burguesia volta-se para a ciência, enxergando nela respostas e


soluções para os problemas do momento histórico que o país vivia. O pensamento
europeu, principalmente o positivista, encontra, por isso, grande ressonância entre
nós. Por volta de 1870, a Faculdade de Direito de Recife está em plena atividade.
A partir dela formam-se grupos que consideram a atividade científica como base
para um renovação do pensamento, utilizando revistas e jornais como veículo de
divulgação de suas idéias.

II.) O ESTILO é

Num sentido amplo, realismo aplica-se a toda obra em que o artista


procura representar a realidade de maneira objetiva, quase fotográfica.

Como estilo de época, Realismo designa o conjunto de características


que marcam a literatura e as outras artes na Segunda metade do século XIX.

A seguir, alguns dos princípios aceitos pelos realistas e naturalistas, no


que diz respeito à criação literária.

1.Posição do artista diante da realidade é

O artista procura nivelar sua atitude à do cientista. Daí decorre a


objetividade que o escritor procura manter durante a narrativa, não idealizando a
realidade, mas limitando-se a registrá-la, o que nem sempre consegue. Por isso, o
artista não emite julgamentos a respeito de fatos ou personagens.

O escritor naturalista francês Émile Zola, por exemplo, afirmou, a


respeito de duas personagens de um de seus romances: "Limitei-me a fazer em
dois corpos vivos aquilo que os cirurgiões fazem em cadáveres".

2.Posição do artista diante da obra de arte é


O romance é encarado como um instrumento de denúncia e combate,
uma vez que focaliza os desequilíbrios sociais. É o que se chama de "arte
engajada". Observe no fragmento seguinte como o narrador analisa e denuncia o
problema da escravidão e do preconceito racial,

A disciplina militar, com todos os seus excessos, não se comparava ao


penoso trabalho da fazenda, ao regímen terrível do tronco e do chicote. Havia
muita diferença. (...) Ali ao menos, na fortaleza, ele tinha sua maca, seu
travesseiro, sua roupa limpa, e comia bem, a fartar, como qualquer pessoa. (...)
Depois, a liberdade, minha gente, só a liberdade valia por tudo! Ali não se olhava
a cor ou a raça do marinheiro: todos eram iguais, tinham as mesmas regalias – o
mesmo serviço, a mesma folga.

(Adolfo Caminha. Bom-Crioulo)

3.Concepção de homem é

Para o romântico, o homem é a medida de todas as coisas. Para o


escritor realista/naturalista, o homem é apenas uma peça na engrenagem do
mundo, com funções semelhantes às das demais peças pertencentes ao reino
animal ou vegetal. Decorre daí que, principalmente nos escritores de tendência
naturalista, o narrador enfatiza comportamentos instintivos das personagens e as
compara com animais.

Ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, doida, que


esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os
desejos...

(Aluísio Azevedo. O cortiço)

4.Personagens é

As personagens deveriam ser moldadas de acordo com a realidade


observada de fora pelo narrador, sem idealizações. Obedecendo a esse princípio,
o escritor toma duas direções: retrato do corpo e dos comportamentos exteriores
da personagem (tendência naturalista, principalmente) e retrato do espírito e da
vidas interior da personagem (predominante na tendência realista).

O comportamento das personagens decorre de causas biológicas e


sociais que o determinam. Suas ações nunca são gratuitas.

Nos escritores de tendência naturalista, é comum aparecerem


personagens que representam casos patológicos. Não porque o escritor as
considere excepcionais, mas porque elas podem funcionar como índices dos
males que corrompiam a sociedade.

Para os naturalistas, a personagem está condicionada ao meio


ambiente em que vive, nada podendo fazer contra o peso das influências
externas, tornando-se vítima da fatalidade das cegas leis naturais. Por isso, é
comum que tais personagens se vejam reduzidas a meros joguetes de forças
biológicas ou sociais. Cada uma é um caso a ser analisado com os recursos da
ciência, para comprovar uma tese aceita pelo escritor.

Eis um exemplo:

O cavouqueiro, pelo seu lado, cedendo às imposições mesológicas,


enfarava a sua esposa, sua congênere, e queria a mulata, porque a mulata era o
prazer, a volúpia, era o fruto dourado e acre destes sertões americanos, onde a
alma de Jerônimo aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o
cheiro sensual dos bodes.

(Aluísio Azevedo. O Cortiço)

5.Concepção de amor e casamento é

Se os românticos geralmente se detinham na análise dos antecedentes


do casamento, o realista/naturalista está preocupado, principalmente, em focalizar
o adultério, que é encarado como causa da destruição da família e,
consequentemente, da sociedade.

O amor, sobretudo para os naturalistas, é visto como um ato fisiológico.

Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível


conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos (...) mas
desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranqüila
serenidade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou seus direitos de
apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.

(Aluísio Azevedo. O Cortiço)

6.Espaço focalizado é

Existe uma preferência nítida pelo espaço urbano, pois a burguesia


fixou-se sobretudo nas cidades.

Os bondes passavam. Senhoras vinham à janela, compondo os


cabelos numa ânsia de novidade. Latiam cães. Um movimento cheio de rumores,
uma balbúrdia... Chegavam soldados, marinheiros, policiais. Fechavam-se portas
com estrondo.

(Adolfo Caminha. Bom-Crioulo)

7.Tempo histórico focalizado é


O escritor realista/naturalista preocupa-se sobretudo com personagens
que retratem pessoas de sua época, diferindo assim de alguns procedimentos
românticos de volta ao passado ou de projeção para o futuro.

Encarando o seu presente histórico, o autor capta os conflitos do


homem da época, os seus problemas concretos, dando preferência aos dramas
cotidianos de gente simples.

Falava-se da chamada dos conservadores ao poder, e da dissolução


da Câmara. Rubião assistira à reunião em que o Ministério Itaboraí pediu os
orçamentos. Tremia ainda ao contar suas impressões, descrevia a Câmara,
tribunas, galerias cheias que não cabia um alfinete, o discurso de José Bonifácio,
a moção, a votação...

(Machado de Assis. Quincas Borba, publicado pela primeira vez


em 1891.)

8.Narrativa é

O romancista propõe-se criar enredos em que os conflitos se resolvam


com determinadas forças que estejam em ação. O processo narrativo,
obedecendo à lógica, elimina os acasos e milagres, comuns nos romances
românticos. Por vezes, o desenlace de uma trama é previsível e raramente
ocorrem sobressaltos ou surpresas para o leitor.

9.Linguagem é

A linguagem utilizada pelos realistas/naturalistas é mais simples que a


linguagem dos românticos. O detalhismo é uma das características desta
linguagem, pois o narrador pretende conseguir o retrato fiel da realidade
focalizada.

Nos escritores que tendem para o naturalismo, ocorrem muitas


expressões tomadas às ciências físicas e biológicas. Desses princípios resultam
as características fundamentais do texto realista/naturalista:

a.)Objetividade por parte do narrador;

b.)Nivelamento do homem aos demais seres do universo;

c.) Não idealização das personagens;

d.)Condicionamento das personagens ao meio físico e social;

e.)Concepção de amor como um fato predominantemente fisiológico;

f.) Predominância do espaço urbano;

g.) Preocupação do escritor em focalizar seu tempo histórico;


h.)Linguagem mais simples que a dos românticos;

Torna-se agora necessário estabelecer a diferença entre Realismo e


Naturalismo.

Essa diferença nem sempre é fácil de se verificar nas obras. Grosso


modo, pode-se afirmar que todo naturalista é realista, mas nem todo realista é
naturalista. Assim, o Naturalismo surge como um segmento do Realismo, uma vez
que ambos fundamentam-se nos mesmos princípios científicos, filosóficos e
artísticos.

O Naturalismo apresenta uma visão de mundo mais mecanicista, mais


determinista, pois aceita o princípio segundo o qual somente as leis de ciência são
válidas. Qualquer tipo de visão espiritualizada do mundo não tem, para o
naturalista, grande valor.

Como decorrência disso, o homem é um animal condicionado por


forças que determinam seu comportamento. Por isso, as personagens dos
romances naturalistas têm um comportamento que resulta da liberação dos
instintos, sob determinadas condições do meio ambiente. A hereditariedade física
e psicológica das personagens conduz sua ação. A vida interior é reduzida a
quase nada, uma vez que o escritor tenta utilizar métodos científicos de
observação e análise.

Enquanto o drama das personagens realistas tem origem moral ou


decorre de algum desequilíbrio social, as personagens naturalistas têm a origem
dos seus dramas em heranças de ordem biológica ou psicológica que, num
determinado momento, em determinado ambiente, acabam por vir à tona. Por
isso, uma personagem naturalista é muito parecida com outra personagem
naturalista, uma vez que todas estão submetidas à mesmas leis.

Para os naturalistas, a ação no romance é importante, pois o drama


vivido pelas personagens se exterioriza através dessa ação. Para o realista, a
ação é secundária, já que ele se preocupa mais em sugerir o mundo interior das
personagens.

Quanto à temática, observa-se nos naturalistas uma tendência a


retratar temas de patologia sexual ou social. Nota-se ainda que o escritor
naturalista não vacila em trazer para a literatura os aspectos mais repulsivos da
vida, além de tender a focalizar as camadas mais baizas da sociedade.

III. ) AUTORES E OBRAS é

No Brasil, o Realismo/Naturalismo teve início oficialmente em 1881,


com a publicação de O mulato (Aluísio Azevedo) e Memórias Póstumas de Brás
Cubas (Machado de Assis). O primeiro representa a tendência naturalista, e o
segundo, a tendência realista.
É importante assinalar ainda, neste período (1881 – 1893), o
surgimento de algumas obras que dão seqüência ao regionalismo. O romance
regionalista de fins dos século XIX vai utilizar os princípios realistas/naturalistas,
diferenciando-se, portanto, pela sua objetividade, dos romances do regionalismo
romântico.

São obras importantes da tendência regionalista: Luzia-Homem, de


Domingos Olímpio, e Dona Guidinha do poço, de Manuel Oliveira Paiva.

A poesia do período está reunida sob o nome geral de Parnasianismo,


sendo que a produção em prosa permite a seguinte esquematização didática:

Tendência realista:

1. Machado de Assis

2. Raul Pompéia

Tendência naturalista

1. Aluísio Azevedo

2. Inglês de Sousa

3. Adolfo Caminha
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

R E N A S C I M E N T O
INTRODUÇÃO à CARACTERÍSTICAS GERAIS
à FATORES DO RENASCIMENTO

à PRINCIPAIS RENASCENTISTAS

à CONCLUSÃO
RENASCIMENTO

CARACTERÍSTICAS GERAIS
Dá-se o nome de Renascimento (ou Renascença) ao movimento de renovação
intelectual ocorrido na Europa dentro da transição do feudalismo para o capitalismo.
Na realidade, não se pode entender o Renascimento como limitado às Artes e às
Ciências, mas sim como uma mudança nas formas de sentir, pensar e agir em relação aos
padrões de pensa mento e comportamento vigentes na Idade Média. O Renascimento
exprime sobretudo os novos valores e ideais da burguesia, classe ascendente na transição
para o capitalismo.
Uma das principais características do Renascimento é o Humanismo, interpretado
comumente como sinônimo de antropocentrismo ou valorização do ser humano. O
verdadeiro sentido do humanismo renascentista, porém, era o estudo de Humanidades, isto
é, da língua e literatura antigas. Humanistas foram Erasmo de Rotterdam (o :”Príncipe dos
Humanistas”, autor do “Elogio da Loucura”), Thomas More (autor de “Utopia”) e o
português Damião de Góis.
FATORES DO RENASCIMENTO

o Renascimento Comercial e Urbano da Baixa Idade Média, que alterou os valores da


época feudal e favoreceu um maior intercâmbio intelectual.
o mecenato , isto é, a proteção aos escritores e artistas, que muito estimulou o
movimento renascentista. Os primeiros mecenas pertenciam à burguesia, mas houve
também papas, reis e príncipes que praticaram o mecenato. A burguesia fazia-o como
forma de investimento financeiro ou para adquirir status; os governantes, porém,
tornavam-se mecenas com o objetivo de aumentar seu prestígio e, conseqüentemente,
legitimar o novo poder que estavam implantando: o absolutismo.
a influência das civilizações bizantina e sarracena (árabe), que contribuíram para
intensificar na Europa Ocidental o interesse pela cultura clássica.
a invenção da imprensa , que permitiu uma maior divulgação das novas idéias.
a própria transição do feudalismo para o capitalismo, da qual decorrem o
Renascimento e as mudanças culturais.
Há uma estreita relação entre Renascimento Cultural e prosperidade econômica.
Portanto, o berço do movimento renascentista somente poderia ser a Itália, onde se
localizavam os principais centros mercantis e financeiros da Baixa Idade Média,
conseqüentemente, lá haveria melhores condições para o mecenato. Quando, porém, a
Expansão Marítima deslocou o eixo econômico europeu para o Atlântico, o
Renascimento Italiano entrou em decadência, ao mesmo tempo em que florescia em
Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Além do maior desenvolvimento
econômico, outros fatores contribuíram para que a Renascença se iniciasse na Itália:

· interesse dos príncipes italianos em legitimar seu poder político, geralmente


obtido através de usurpação.
· maior tradição clássica, representada pelos monumentos romanos e gregos (este
últimos na antiga Magna Grécia, isto é, no Sul da Itália).
· maior influência bizantina, devido ao contato comercial direto com
Constantinopla, cujos intelectuais emigraram em grande número para a Itália
quando os turcos tomaram aquela cidade, em 1453.

São considerados pré-renascentistas os italianos


· Dante Alighieri (1265 - 1321), autor da “Divina Comédia”,
· Giovanni Baccaccio (1313 - 1375), autor do “Decameron”,
· Francesco Petrarca (1304 - 1374), precursor dos humanistas do Renascimento e
autor de “Sonetos”

Há uma estreita relação entre Renascimento Cultural e prosperidade econômica.


Portanto, o berço do movimento renascentista somente poderia ser a Itália, onde se
localizavam os principais centros mercantis e financeiros da Baixa Idade Média,
conseqüentemente, lá haveria melhores condições para o mecenato. Quando, porém, a
Expansão Marítima deslocou o eixo econômico europeu para o Atlântico, o
Renascimento Italiano entrou em decadência, ao mesmo tempo em que florescia em
Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Além do maior desenvolvimento
econômico, outros fatores contribuíram para que a Renascença se iniciasse na Itália:

· interesse dos príncipes italianos em legitimar seu poder político, geralmente


obtido através de usurpação.
· maior tradição clássica, representada pelos monumentos romanos e gregos (este
últimos na antiga Magna Grécia, isto é, no Sul da Itália).
· maior influência bizantina, devido ao contato comercial direto com
Constantinopla, cujos intelectuais emigraram em grande número para a Itália
quando os turcos tomaram aquela cidade, em 1453.

São considerados pré-renascentistas os italianos


· Dante Alighieri (1265 - 1321), autor da “Divina Comédia”,
· Giovanni Baccaccio (1313 - 1375), autor do “Decameron”,
· Francesco Petrarca (1304 - 1374), precursor dos humanistas do Renascimento e
autor de “Sonetos”

PRINCIPAIS RENASCENTISTAS
É muito grande o número de artistas, escritores e cientistas que se celebrizaram durante
o Renascimento. Os mais importantes foram:
· na Pintura: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e Ticiano, na Itália; El Greco,
na Espanha.
· na Escultura: Michelangelo e Donatello, na Itália.
· na Arquitetura: Bramante, na Itália.
· na Literatura: Camões, em Portugal; Cervantes, na Espanha; Rabelais e Montaigne,
na França; Shakespeare, na Inglaterra.
· na Astronomia: Copérnico, na Polônia; Kepler, na Alemanha; Galileu, na Itália.
· na Medicina: Vesálio, em Flandres; Paré, na França; Servet, na Espanha
CONCLUSÃO

O Renascimento traz como principais características o florescimento das artes,


e um vigoroso despertar de todas as formas de pensamento. A redescoberta da
antiga filosofia, da literatura, das ciências e a evolução dos métodos empíricos
de conhecimento caracterizam todo este período que inicia-se no século XV e
prolonga-se até o séc. XVII. Em oposição ao espírito escolástico e ao conceito
metafísico da vida, busca-se uma nova maneira de olhar e estudar o mundo
natural. Esse naturalismo vincula-se estreitamente à ciência empírica e utiliza
suas descobertas para aplicá-las nas obras de arte. Os novos conhecimentos da
anatomia, da fisiologia e da geometria são prontamente incorporados,
possibilitando, por exemplo, a representação do volume pelo uso da
perpectiva, dos efeitos de luzes e cores. Do ponto de vista filosófico, surge
uma nova concepção do mundo e do destino do homem, uma visão mais
realista e humana dos problemas morais.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

Índice
· Introdução -------------------------------------------------- 2
· Desenvolvimento ------------------------------------------ 3
· Alguns de seus Poemas ----------------------------------- 5
· Conclusão --------------------------------------------------- 9
· Obras Completa do Autor -------------------------------- 9

1
Introdução
Romantismo
A poesia lírica (sobre sentimentos individuais) é a principal expressão do romantismo.
Também são freqüentes os romances. Frases diretas, sonoridade das palavras, vocábulos
estrangeiros, metáforas, personificação e comparação são características marcantes. Mas a forma é
menos importante do que o conteúdo, em geral exposto com exagero e ligado a situações extremas.
Amores irrealizados, morte e fatos históricos são temas constantes.
No Brasil, as tendências românticas ganham caráter de movimento em 1836 com um
manifesto publicado na revista Niterói, que defende a consolidação de uma arte brasileira. O
patriotismo leva à valorização da natureza e do índio. No mesmo ano é publicado Suspiros Poéticos
e Saudades, do poeta Gonçalves de Magalhães (1811-1882), marco inicial do romantismo brasileiro.
A produção passa por quatro fases. A primeira (1836-1840) privilegia o misticismo, a
religiosidade, o nacionalismo e a natureza. Seus expoentes são Araújo Porto Alegre (1806-1879) e
Gonçalves de Magalhães.
Na segunda (1840-1850), predominam a descrição da natureza, a idealização do índio e o
romance de costumes. Os destaques são Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), autor do romance
A Moreninha, Gonçalves Dias (1823-1864), poeta de Canção dos Tamoios e Marabá, e José de
Alencar (1829-1877), autor do romance indianista O Guarani. Na terceira fase (1850-1860),
prevalecem o individualismo, a subjetividade e a desilusão. O nacionalismo intensifica-se. Na
poesia sobressaem-se Álvares de Azevedo (1831-1852), autor de Lira dos Vinte Anos, Casimiro de
Abreu (1837-1860), de As Primaveras, e Fagundes Varela (1841-1875), de Cantos e Fantasias. Na
prosa, consolidam-se os trabalhos de José de Alencar, com Senhora, e Bernardo Guimarães (1825-
1884), autor de A Escrava Isaura. Destaca-se ainda Manuel Antônio de Almeida (1831-1861), com
Memórias de um Sargento de Milícias.
Na quarta e última fase (1860-1880), prevalece o caráter social e liberal ligado às lutas
abolicionistas. A prosa está voltada para a vida urbana, a análise dos costumes e as culturas
regionais. Na poesia lírica, além do intimismo, há um lirismo de metáforas ousadas chamado de
poesia condoreira. É uma época de transição para o realismo e o parnasianismo. O grande
representante na poesia é Castro Alves (1847-1871), autor do poema Navio Negreiro. É ele quem
rompe com o amor irrealizado e torna a mulher personagem de uma relação real. Outro poeta
importante é Sousândrade (1832-1902), autor de Guesa. Na prosa, destacam-se Franklin Távora
(1842-1888), autor de O Cabeleira, e Machado de Assis (1839-1908), em suas primeiras obras,
como Helena.
Com o romantismo surgem as primeiras produções de caráter regionalista, que retratam de
forma idealizada tipos e cenários de regiões do país, como O Sertanejo, de José de Alencar, e
Inocência, de Visconde de Taunay (1843-1899).
Vamos falar sobre Manuel Antônio Álvares de Azevedo, autor
de Liras dos Vintes Anos.
2
Desenvolvimento:
Manuel Antônio Álvares de Azevedo (maneco, apelido de família), poeta pródigo mas importante
entre os poetas da segunda fase do nosso Romantismo – fase também chamada byroniana, satanista
ou ultra-romântica. Nasceu em São Paulo, em setembro de 1931. Filho do Doutor Inácio Manuel
Alvares de Azevedo e Dona Luísa Azevedo, foi um filho dedicado a sua mãe e a sua irmã
configurando um possível complexo de édipo.
Cursou o colégio Pedro II e, aos 16 anos ingressava na Faculdade de Direito de São Paulo, porém
tenha morrido aos vinte anos antes de concluir o curso, morte essa decorrida de um tumor na fossa
ilíaca proveniente de uma queda do cavalo.

Produziu uma obra poética de alto nível, deixando registrada a sua incapacidade de adaptação ao
mundo real e sua capacidade de elevar-se a outras esferas através do sonho e da fantasia para, por fim,
refugiar-se na morte, certo de aí encontrar a paz tão almejada. Grande leitor, Álvares de Azevedo
parace ter "devorado" tantos os clássicos como os românticos, por quem se viu irremediavelmente
influenciado. Embebedendo-se na dúvida dos poetas da geração do mal du siècle (mal-do-século),
espécie de tédio existencial que assaltava os poetas, desiludidos da vida. Herdou deles o pendor do
desregramento, para a vida boêmia e para o tédio. Lord Byron com certeza foi o grande inspirador dos
poemas de Álvares de Azevedo; poemas estes que estão voltados para o cenário europeu empregnados
de imagens Byronianas e Shaksperianas.
Lira dos Vinte Anos, única obra preparada pelo autor, é composta de três partes. Na primeira,
através de poesias como "Sonhando", "O poeta", "A T..." surge o poeta sonhador em busca do amor e
prenunciando a morte. Nas poesias citadas, desfila uma série de virgens sonhadoras que ajudam a
criar um clima fantástico e suavemente sensual. Por outro lado, em poemas como "Lembranças de
morrer", ou "Saudades" surge o poeta que percebe estar próximo da morte, confessa-se deslocado e
errante, deixando "a vida como deixa o tédio/ Do deserto, o poento caminheiro". A terceira parte de A
Lira, praticamente é uma extensão da primeira e, portanto, segue a mesma linha poética. É na segunda
parte que se encontra a outra face do poeta, o poeta revoltado, irônico, realista, concreto que soube
utilizar o humor estudantil e descompromissado. Essa passagem brusca da subjetividade para o
deboche, que ele, no prefácio, dizia ser o fruto de sua alma dividida, é na verdade o sinal de um
grande talento crítico, que poderia ter dado muito mais à poesia se o poeta tivesse vivido mais tempo.
Esta segunda parte abre-se com um prefácio de Álvares de Azevedo que adverte "Cuidado leitor, ao
voltar esta página!", pois o poeta já não é o mesmo: "Aqui dissipa-se o mundo visionário e platônico."
Algumas produções maiores do poeta aí estão como "Idéias íntimas" e "Spleen e charutos", poesias
que perfeitamente bom-humor, graciosidade e uma certa alegria. Deixa-se levar pelo deboche em "É
ela!, É ela!, É ela!, É ela!" , em que revela sua paixão pela lavadeira; em "Namoro a cavalo",
registrando as interpéries por que passa o namorado para encontrar sua amada que mora distante.
Resta lembrar que a obra de Álvares de Azevedo apresenta linguagem inconfundível, em cujo
vocabulário são constantes as palavras que expressam seus estados de espírito, a fuga do poeta da
realidade, sua busca incessante pelo amor, a procura pela vida boêmia, o vício, a morte, a palidez, a
noite, a mulher... Em "Lembrança de morrer", está o melhor retrato dos sentimentos que envolvem
sua vida, tão próxima de sua obra poética: "Descansem o meu leito solitário/ Na floresta dos homens
esquecida,/ À sombra de uma cruz e escrevam nela:/ - Foi poeta, sonhou e amou na vida."
3
Em seus poemas, Álvares de Azevedo inova utilizando a ironia como uma de suas técnicas
poéticas. Era costume do poeta também a descrição de objetos do seu cotidiano. Temos como exemplo
um de seus poemas chamado "A Lagartixa". Mais uma de suas características era o patriotismo, o
saudosismo e o satanismo.
(...)

"Macário - Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui...


A voz - O burro ?
Macário - A mala, burro!
A voz - A mala com o burro?"

(...)

Trecho da peça O Macário.


O elemento mais constante dentro de suas poesias é a mulher, ora virgem, bondosa, amada, ora
prostituta ordinária vadia.
Podemos ressaltar também sua constante lembrança da morte. Esta se acentuou após a morte de
sua mãe, de sua irmã e também após o agravamento de sua doença, parecendo um prenúncio do final
trágico de sua vida. Daí então, desenvolveu uma gostosa veia irônica, sarcástica enunciando o que
viria a ser uma constante no modernismo.
Todas as suas obras são póstumas.

4
Alguns de seus poemas
Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espirito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lagrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura


A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio


Do deserto, o poente caminheiro
-Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh'alma errante,


Onde fogo insensato a consumia;
Só levo uma saudade-é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade-é dessas sombras


Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai...de meus únicos amigos,


Poucos - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,


Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei...que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu foi por til e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

5
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário


Na floresta dos homens esquecida.
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
-Foi poeta -sonhou- e amou na vida

Sombras do vale, noites da montanha,


Que minh'alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silencio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d'aurora


E quando à meia-noite o céu repousa...
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa!

Álvares de Azevedo

Idéias Íntimas
Oh! ter vinte anos sem gozar de leve
A ventura de uma alma de donzela
E sem na vida ter sentido nunca
Na suave atração de um róseo corpo
Meus olhos turvos se fechar de gozo!
Oh! nos meu sonhos, pelas noites minhas
Passam tantas visões sobre meu peito!
Palor de febre meu semblante cobre,
Bate meu coração com tanto fogo!
Um doce nome os lábios me suspiram
Um nome de mulher... e vejo lânguida
No véu suave de amorosas sombras
Seminua, abatida, a mão no seio
Perfumada visão romper a nuvem,
Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras
O alento fresco e leve como a vida
Passar delicioso...Que delírios!
Acordo palpitante...inda a procuro;
Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas
Banham meus olhos e suspiro e gemo...
Imploro uma ilusão... tudo é silêncio!
6
Só o leito deserto, a sala muda!
Amorosa visão, mulher dos sonhos,
Estou tão infeliz eu sofro tanto!
Nunca virás iluminar meu peito
Com um raio de luz desses teus olhos?

Álvares de Azevedo

C...
Sim - coroemos as noites
Com as rosas do himeneu;
Entre flres de laranja
Serás minha e serei teu!

Sim - quero em leito de flores


Tuas mãos dentro das minhas...
Mas os círios dos amores
Sejam só as estrelinhas.

Por incenso os teus perfumes,


Suspiros por oração,
E por lágrimas somente
As lágrimas da paixão!

Dos véus da noiva só tenhas


Dos cílios o negro véu;
Basta do colo o cetim
Para as Madonas do céu!

Eu soltarei-te os cabelos...
Quero em teu colo sonhar!
Hei de embalar-te...do leito
Seja lâmpada o luar!

Sim - coroemos as noites


Da laranjeira co'a flor;
Adormeçamos num templo,
Mas seja o templo do amor.

É doce amar como os anjos


Da ventura no himeneu;
Minha noiva, ou minh'amante,
Vem dormir no peito meu!

Dá-me um beijo - abre teus olhos


7
Por entre esse úmido véu:
Se na terra és minha amante,
És minha alma no céu!

Adeus, Meus Sonhos!


Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Missérrimo! votei meus pobres dias


À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus? morra comigo


A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Se Eu Morresse Amanhã!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanto glória pressinto em meu futuro!


Que aurora de povir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! Que céu azul! que doce n'alva


Acoeda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no meu peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora


A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
8
Conclusão:
É impossível falar do Romantismo sem citarmos Álvares de Azevedo, o que talvez tenha sido o
maior poeta deste novo estilo poético. Pois com certeza teve a audácia de quebrar o esteriótipo de sua
época. Álvares de Azevedo não era nem Deus nem Diabo mais simplesmente um homem que possuía uma
sensibilidade a flor da pele, o que lhe permitia descrever com tamanha facilidade e clareza sentimentos
que todos nós passamos, ou um dia passaremos.

Obra Completa do Autor:


· Lira do Vinte Anos (poesia)

· Poesias Diversas.

· O Poema do Frade.

· Macário (peça teatral) – um jovem estudante embriagado encontra-se com satã e passa em sua
companhia uma noite na cidade São Paulo.

· Noite na Taverna (livro de contos) – um grupo de rapazes reune-se numa taverna, onde todos se
embriagavam-se e então cada um conta uma história de assassinato, amores pós-Túmulo, casos de
antropofagia, paixões necrófilas, etc.

· Livro de Fra Gonticário

· Discursos.

· Cartas.

9
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB

O Romantismo
Origens do Romantismo
O termo romantismo pode apresentar uma série de significações: romant ou romaunt;
língua românica ou neo-latina; narrativas escritas nesta língua; narrativas em geral;
oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico); movimento cultural e estético da
primeira metade do século XIX; atualmente, sentimentalismo.
O Romantismo, apesar de estar relacionado aos sentimentos, refere-se à arte. As
significações mais adequadas, das citadas acima, seriam "oposição ao termo Classicismo
(romântico x clássico)" e "movimento cultural e estético da primeira metade do século
XIX".
Provavelmente tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, países europeus mais
desenvolvidos, mas é na França, a partir do fim do século XVIII, mais precisamente a partir
da Revolução Francesa de 1789, que o novo movimento ganha proporções revolucionárias.
O Romantismo é um amplo movimento, que surgiu no século passado, e representa, na
literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa, que, na época, estava em
ascensão. A literatura, portanto, abandona a aristocracia para caminhar ao lado do povo, da
cultura leiga. Por esse motivo, acaba por ser também uma oposição ao Classicismo.

Características da linguagem romântica


Além das características já observadas, há outras que merecem destaque ou ser vistas com
maior aprofundamento:
· subjetivismo: o romântico quer retratar em sua obra uma realidade interior e
parcial. Trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente,
aproximando-se da fantasia.
· idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a
idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser
segundo uma ótica pessoal. Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como
virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, quase sempre, é espiritual e
inalcançável; o índio, ainda que moldado segundo modelos europeus, é o herói
nacional.
· sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é
permitido. Certos sentimentos, como a saudade (saudosismo), a tristeza, a nostalgia
e a desilusão, são constantes na obra romântica.
· egocentrismo: cultua-se o "eu" interior, atitude narcisista, em que o individualismo
prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).
· liberdade de criação: todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido. O
escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se
dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da
linguagem coloquial.
· medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país, de
seu povo. Na Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus valores, por ser uma
época obscura. Tanto é assim que o mundo medieval é considerado a "noite da
humanidade"; o que não é muito claro, aguça a imaginação, a fantasia. No Brasil, o
índio representa o papel de nosso passado medieval e vivo.
· pessimismo: conhecido como o "mal-do-século". O artista se vê diante da
impossibilidade de realizar o sonho do "eu" e, desse modo, cai em profunda tristeza,
angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao
suicídio, solução definitiva para o mal-do-século.
· escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a realidade,
volta ao passado, individual (fatos ligados ao seu próprio passado, a sua infância) ou
histórico (época medieval).
· condoreirismo: corrente de poesia político-social, com grande repercussão entre os
poetas da terceira geração romântica. Os poetas condoreiros, influenciados pelo
escritor Victor Hugo, defendem a justiça social e a liberdade.
· byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração
romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um
estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia,
noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma
de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes,
satânica.
· religiosidade: como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos, a vida
espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de
escape diante das frustrações do mundo real.
· culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho,
a imaginação; frutos da pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica, do
uso da razão.
· nativismo: fascinação pela natureza. O artista se vê totalmente envolvido por
paisagens exóticas, como se ele fosse uma continuação da natureza. Muitas vezes, o
nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da força da paisagem.
· nacionalismo ou patriotismo: exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que
somente as qualidades são enaltecidas.
· luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia.
Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente,
adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens históricos, que foram de
algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
O Romantismo no Brasil
O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa independência política.
Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas românicos estão empenhados em definir
um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o passado
histórico, as diferenças regionais, a religião, etc. Pode-se dizer que o nacionalismo é o traço
essencial que caracteriza a produção de nossos primeiros escritores românticos, como é o
caso de Gonçalves Dias.
A história do Romantismo no Brasil confunde-se com a própria história política
brasileira da primeira metade do século passado. Com a invasão de Portugal por Napoleão,
a Coroa portuguesa muda-se para o Brasil em 1808 e eleva a colônia à categoria de Reino
Unido, ao lado de Portugal e Algarves.
As conseqüências desse fato são inúmeras. A vida brasileira altera-se
profundamente, o que de certa forma contribui para o processo de independência política da
nação. Dentre essas conseqüências, "a proteção ao comércio, à indústria, à agricultura; as
reformas do ensino, criações de escolas de nível superior e até o plano, que se realizou, de
criação de uma universidade; as missões culturais estrangeiras, convidadas e aceitas pela
hospitalidade oficial, no setor das artes e das ciências; as possibilidades para o comércio do
livro; a criação de tipografias, princípios de atividade editorial e da imprensa periódica; a
instalação de biblioteca pública, museus, arquivos; o cultivo da pela oratória religiosa e das
representações cênicas".
A dinamização da vida cultural da colônia e a criação de um público leitor (mesmo
que, inicialmente, de jornais) criam algumas das condições necessárias para o florescimento
de uma literatura mais consistente e orgânica do que eram as manifestações literárias dos
séculos XVII e XVIII.
A Independência política, de 1822, desperta na consciência de intelectuais e artistas
nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira identificada com suas próprias raízes
históricas, lingüísticas e culturais.
O Romantismo, além de seu significado primeiro — o de ser uma reação à tradição
clássica —, assume e. nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e
antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do
apego dessa produção aos modelos culturais portugueses.
Portanto, um dos traços essenciais de nosso Romantismo é o nacionalismo, que
orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades a serem exploradas.
Dentre elas se destacam: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e
lingüística, além da crítica aos problemas nacionais — todas elas posturas comprometidas
com o projeto de construção de uma identidade nacional.
Tradicionalmente se tem apontado a publicação da obra Suspiros poéticos e
saudades (l836), de Gonçalves de Magalhães, como o marco inicial do Romantismo no
Brasil. A importância dessa obra reside muito mais nas novidades teóricas de seu prólogo,
em que Magalhães anuncia a revolução literária romântica, do que propriamente na
execução dessas teorias.

As gerações do Romantismo
Tradicionalmente se têm apontado três gerações de escritores românticos. Essa
divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas não se
enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços de
mais de uma geração.
Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:
· primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa. Destacam-se os poetas
Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. A geração nacionalista é
impulsionada pelos valores nacionais, introduz e solidifica o Romantismo no Brasil.
· segunda geração: marcada pelo "mal do século", apresenta egocentrismo
exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Destacam-se os poetas
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
Essa geração é conhecida também por Ultra-Romantismo, devido à forte influência
byroniana. Além das mencionadas acima, há ainda o determinismo, vítimas de
destino, melancolia, desejo de evasão, recordação de um passado longínquo, que
não tiveram, cansaço da vida antes de tê-la vivido.
· terceira geração: formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho
político e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves. Essa última
geração — condoreira — vive um clima de intensa agitação interna: Guerra do
Paraguai, lutas abolicionistas, propaganda republicana. O poeta torna-se o porta-voz
das aspirações sociais e seus versos são armas usadas nas lutas liberais.
O Romantismo brasileiro contou com um grande número de escritores, com uma
vasta produção, que, em resumo, pode ser assim apresentada:
· na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Cardoso
de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e Sousândrade, dentre
outros.
· na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves.
· no romance: José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim. Manuel de
Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora e outros.
· no conto: Álvares de Azevedo.
no teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias,
Álvares de Azevedo e outro.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
Romantismo
ROMANTISMO NO BRASIL – O romantismo surge em 1830, influenciado pela Independência,
em 1822. Desenvolve uma linguagem própria e aborda temas ligados à natureza e às questões
político-sociais. Nas Artes Plásticas , influencia as obras dos pintores Araújo Porto Alegre (1806-
1879), Victor Meirelles (1832-1903) e Rodolfo Amoedo (1857-1941) (ver Artes Plásticas no
Brasil).
Na Literatura , o marco inicial é a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades (1836), de Gonçalves
de Magalhães (1811-1882). A produção literária passa por quatro fases. A primeira (1836-1840)
privilegia o misticismo, a religiosidade, o nacionalismo e a natureza. Seus expoentes são Araújo
Porto Alegre (1806-1879) e Gonçalves de Magalhães.
Na segunda fase (1840-1850), predominam a descrição da natureza, a idealização do índio e o
romance de costumes. Os destaques são Gonçalves Dias (1823-1864), poeta de Canção dos
Tamoios e Marabá, José de Alencar (1829-1877), autor de O Guarani, e Joaquim Manuel de
Macedo (1820-1882), de A Moreninha. Na terceira fase (1850-1860), o nacionalismo intensifica-se
e prevalecem o individualismo, a subjetividade e a desilusão. Na poesia sobressaem-se Álvares de
Azevedo (1831-1852), autor de Lira dos Vinte Anos , Casimiro de Abreu (1837-1860), de As
Primaveras, e Fagundes Varela (1841-1875), de Cantos e Fantasias. Na prosa, consolidam-se os
trabalhos de José de Alencar, com Senhora, e Bernardo Guimarães (1825-1884), autor de A Escrava
Isaura. Destaca-se ainda Manuel Antônio de Almeida (1831-1861), com Memórias de um Sargento
de Milícias.
Na quarta e última fase (1860-1880), prevalece o caráter social e liberal ligado às lutas
abolicionistas. É uma época de transição para o realismo e o parnasianismo. O grande representante
na poesia é Castro Alves (1847-1871), autor do poema Navio Negreiro . Outro poeta importante é
Sousândrade (1832-1902), autor de Guesa. Na prosa, destacam-se Franklin Távora (1842-1888),
autor de O Cabeleira, e Machado de Assis (1839-1908), em suas primeiras obras, como Helena.
Com o romantismo surgem as primeiras produções do regionalismo, que retrata de forma idealizada
tipos e cenários de regiões do país.
Na música, o principal compositor é Carlos Gomes (1836-1896), autor de O Guarani. Uma segunda
fase do movimento é marcada pelo folclorismo. Destacam-se Alberto Nepomuceno (1864-1920) e
Luciano Gallet (1893-1931).
O Teatro desenvolve-se a partir da chegada da Corte portuguesa, em 1808. A primeira peça
brasileira é a tragédia romântica Antônio José ou O Poeta e a Inquisição (1838), de Gonçalves de
Magalhães, encenada por João Caetano (1808-1863). Mas é Martins Pena, autor de O Noviço , que
é considerado o primeiro dramaturgo brasileiro importante (1815-1848).

Iluminismo
Corrente de pensamento dominante no século XVIII que estabelece o primado da razão como
critério da verdade e do progresso da vida humana. Representa uma visão de mundo da burguesia
intelectual da época. Seus principais idealizadores são: John Locke (1632-1704), Voltaire (1694-
1778) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). As primeiras manifestações ocorrem na Inglaterra e
na Holanda, porém alcança especial repercussão na França, onde se opõe às injustiças, à
intolerância religiosa e aos privilégios do absolutismo em decadência. Prepara o caminho para a
Revolução Francesa (1789), fornecendo-lhe, inclusive, o lema “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade”.
O movimento tem suas origens no Renascimento (século XV), o primeiro grande momento de
construção de uma cultura burguesa, na qual a razão é tida como a chave para o entendimento do
mundo. Para o iluminismo, Deus está na natureza e no homem, que pode descobri-lo por meio da
razão, dispensando a Igreja. Afirma que as leis naturais regulam as relações sociais, assim como os
fenômenos da natureza. Considera os homens naturalmente bons e iguais entre si – quem os
corrompe é a sociedade. Cabe, portanto, transformá-la e, orientados pela busca da felicidade,
garantir a todos liberdade de expressão e culto, igualdade perante a lei e defesa contra o arbítrio e a
prepotência. Quanto à forma de governo para a almejada sociedade justa, uns defendem a
monarquia constitucional, outros a república.
Símbolo de liberdade – Os precursores do iluminismo são o filósofo francês René Descartes (1596-
1650) e o cientista inglês Isaac Newton (1642-1727). Na Filosofia, o inglês John Locke representa o
individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. No seu Ensaio sobre o Entendimento
Humano (1690), trata a experiência como fonte do conhecimento, processado depois pela razão.
Montesquieu, como é conhecido o escritor francês Charles Louis de Secondat (1689-1755), propõe
em sua obra Do Espírito das Leis (1748) a independência dos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário como garantia da liberdade. Voltaire é o mais importante pensador iluminista, símbolo da
liberdade de pensamento. Critica violentamente a Igreja e defende a monarquia comandada por um
soberano esclarecido. Exilado na Inglaterra por ter ofendido um duque, publica Cartas Inglesas ou
Filosóficas (1734), com elogios à liberdade reinante naquele país.
O suíço Rousseau torna-se o iluminista mais radical, precursor do socialismo e do romantismo. Na
obra O Contrato Social (1762), defende o Estado democrático, voltado para o bem comum e a
vontade geral, que inspira os ideais da Revolução Francesa. É dele a noção do “bom selvagem”, que
representa o homem nascido bom e sem vícios, mas depois pervertido pelo meio social. Denis
Diderot (1713-1784) organiza a Enciclopédia, 17 volumes de texto e 11 pranchas de ilustração
publicados entre 1751 e 1772. Conta com a ajuda do matemático Jean D’Alembert (1717-1783) e de
vários iluministas, como Voltaire, Montesquieu, Rousseau. Proibida pelo governo por divulgar as
novas idéias, a obra passa a circular clandestinamente.
Na economia, o iluminismo é representado pela fisiocracia, contrária à intervenção do Estado na
vida econômica, que tem em François Quesnay (1694-1774) seu principal expoente, e pelo
liberalismo econômico, inspirado nas idéias do escocês Adam Smith (1723-1790), considerado “o
pai da economia política”. No livro Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das
Nações (1776), Smith defende o trabalho livre como fonte de riqueza e a economia dirigida pelas
leis de oferta e procura, o laissez-faire.
As idéias iluministas influenciam alguns governantes, que procuram agir segundo a razão e o
interesse do povo, sem contudo abrir mão do poder absoluto – o que dá origem ao despotismo
esclarecido, no século XVIII. Ocorrem melhorias na economia, no ensino e na administração.
Liberdade de culto e igualdade civil são garantidas. Mas permanecem incólumes tanto a servidão
como a autocracia, com o aguçamento inevitável das contradições sociais e políticas.

Arcadismo
Movimento literário que se desenvolve na poesia no século XVIII, de acordo com os princípios
neoclássicos. Numa época marcada pelo racionalismo e pela visão científica do mundo inaugurada
pelo iluminismo, o arcadismo defende uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e
espontânea, que se opõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do barroco, considerado confuso e
rebuscado. A idéia de que toda beleza está na natureza e a idealização da vida no campo e do
homem simples fazem do arcadismo um movimento nostálgico diante da revolução industrial e da
urbanização que começam a acontecer em parte da Europa.
O nome do movimento deve-se a um grupo que em 1690 funda em Roma uma sociedade literária
batizada de Arcádia e chama seus integrantes de pastores. Na mitologia grega, Arcádia é uma região
onde poetas e pastores vivem de amor e poesia. Em 1756 surge a Arcádia Lusitana, em Portugal,
inspirada na de Roma.O autor de maior destaque é Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805).
Os poemas árcades exibem linguagem clara e seguem métricas definidas. São comuns estruturas
populares como os rondós, os madrigais e as redondilhas maior e menor. Na temática predominam
os temas bucólicos e amorosos.
ARCADISMO NO BRASIL – Com o arcadismo desenvolve-se no país a primeira produção
literária adaptada à realidade brasileira. A literatura começa a afastar-se dos modelos portugueses,
ao descrever as paisagens locais e criticar a situação política do país. Surgem vários autores em Vila
Rica, Minas Gerais, capital cultural e centro de riqueza na época. Grande parte dos escritores está
ligada à Inconfidência Mineira. Embora não cheguem a criar um grupo nos moldes das Arcádias,
constituem a primeira geração literária brasileira.
A transição do barroco para o arcadismo no país se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras
Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789). Entre os árcades destacam-se, ainda, o
português que vive no Brasil Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e
Cartas Chilenas; Basílio da Gama (1741-1795), autor de O Uraguai; e Silva Alvarenga (1749-1814),
autor de Glaura. Apesar do engajamento pessoal, a produção literária desses autores não está a
serviço da política. O gênero predomina até o início do século XIX, quando surge o romantismo.

Renascimento
Explosão de criações artísticas, literárias e científicas inspiradas na Antiguidade Clássica greco-
romana, por isso chamada Renascimento. Marca a Europa de 1330 a 1530 e tem como centro
irradiador a Itália. O homem renascentista acredita que tudo se explica pela razão e pela ciência.
Traço marcante do Renascimento, o humanismo tem por base o neoplatonismo, que exalta os
valores humanos e dá nova dimensão ao homem. Choca-se, assim, com os dogmas e proibições da
Igreja Católica, critica o mundo medieval e enfrenta a Inquisição . A concentração de riqueza nas
mãos de comerciantes e banqueiros faz com que burgueses, como os Medici de Florença, se tornem
grandes mecenas. O movimento expande-se a partir de 1460, com a fundação de academias,
bibliotecas e teatros em Roma, Florença, Nápoles, Paris e Londres.
O racionalismo e a preocupação com o homem e a natureza estimulam a pesquisa científica. O
polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) fundamenta a tese do Sol como centro do Universo.
Paracelso (1493-1541), da Suíça, estuda as drogas medicinais . O médico inglês William Harvey
(1578-1657) revela o mecanismo completo da circulação sanguínea. O alemão Johannes Kepler
(1571-1630) aperfeiçoa o telescópio. O italiano Galileu Galilei (1564-1642) desenvolve métodos
científicos de análise e comprovação experimental. A pólvora começa a ser usada como arma de
guerra. A imprensa de letras metálicas móveis é inventada em 1448 pelo alemão Johann Gutenberg
(1400-1468).

Literatura no Brasil
As primeiras manifestações das letras no Brasil colonial são textos informativos, que visam a
conquista do território e a expansão da fé católica. Dependente de Portugal, esse tipo de literatura
inicia-se em 1500, com a Carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) sobre a terra recém-
descoberta. Seguem-se os tratados dos cronistas portugueses, como Pero de Magalhães Gandavo,
autor de Tratado da Terra do Brasil, e Gabriel Soares de Sousa (1540?-1591), de Tratado Descritivo
do Brasil. Entre os poemas, sermões e peças religiosas escritos pelos jesuítas para a catequese dos
índios, a partir de 1549, destacam-se os textos dos padres José de Anchieta (1534-1597), autor de
“Poema à Virgem”, e Manuel da Nóbrega (1517-1570), que escreve Diálogo sobre a Conversão do
Gentio.
Barroco – O marco inicial do barroco no Brasil é a publicação, em 1601, de Prosopopéia, poema
épico de Bento Teixeira (1561-1600) sobre a conquista de Pernambuco. Destacam-se também os
sermões, como os do padre Antônio Vieira (1608-1697). Poemas de Manuel Botelho de Oliveira
(1636-1711) e do frei Manuel de Santa Maria Itaparica (1704-1768) celebram as belezas e os
recursos naturais da colônia. A obra do poeta baiano Gregório de Matos (1636?-1696), que vai do
religioso ao satírico e ao erótico, é a mais importante produzida no Brasil no período.
No início do século XVIII, as academias difundem o gosto pelas letras e realizam trabalhos de
pesquisa histórica. As mais importantes são a dos Esquecidos, em Salvador (1724/25), e as dos
Felizes (1736-1740) e dos Seletos (1752-1754), no Rio de Janeiro.
Arcadismo – Em 1768, a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-
1789), é considerada o marco inicial do arcadismo. O movimento tenta adequar as propostas do
neoclassicismo europeu às condições de vida brasileira e produz uma poesia lírica e bucólica. Um
dos principais nomes é Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas
Chilenas.
Romantismo – O marco inicial do romantismo brasileiro é a publicação de Suspiros Poéticos e
Saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães (1811-1882). O movimento, de caráter nacionalista,
valoriza a natureza, a história e a língua brasileiras. O ideal da pureza amorosa é contraposto às
convenções sociais. O primeiro grande romântico brasileiro é Gonçalves Dias (1823-1864). No
poema I-Juca Pirama, inova ao substituir o ancestral português pelo índio. Álvares de Azevedo
(1831-1852), autor de Lira dos Vinte Anos, é um dos representantes do ultra-romantismo,
caracterizado pela poesia egocêntrica, sentimental e pessimista. Na prosa, destacam-se Joaquim
Manuel de Macedo (1820-1882), autor de A Moreninha, e José de Alencar (1829-1877). Em sua
obra trata da temática indianista (O Guarani e Iracema ), urbana (Lucíola) e regionalista (O
Gaúcho). A poesia social é praticada por Castro Alves (1847-1871), autor de O Navio Negreiro e
Espumas Flutuantes, de inspiração abolicionista, e por Sousândrade (1833-1902), autor do Guesa. O
anti-sentimentalismo e o estilo irônico aparecem em Manuel Antônio de Almeida (1831-1861), que
escreve Memórias de um Sargento de Milícias. Bernardo Guimarães (1825-1884), autor de A
Escrava Isaura, e Alfredo de Taunay (1843-1899), de Inocência, orientam-se para o regionalismo,
que enfoca costumes e tradições do interior brasileiro.
Realismo – As transformações político-sociais do
2º Reinado, o desenvolvimento das cidades e o crescimento da população urbana impulsionam a
crise do romantismo. Considerado o marco inicial do realismo brasileiro, Memórias Póstumas de
Brás Cubas (1881), de Machado de Assis (1839-1908), faz uma análise crítica da sociedade da
época. Na linha de indagação psicológica está O Ateneu (1888), de Raul Pompéia (1863-1895), que
trata do relacionamento entre alunos e professores num repressivo colégio interno. Sob a influência
do naturalismo, que considera o comportamento humano o resultado da influência da
hereditariedade e do meio ambiente, Aluísio Azevedo (1857-1913) escreve O Cortiço (1890).
Parnasianismo – Ao rejeitar o sentimentalismo romântico e as preocupações sociais, o
parnasianismo propõe uma poesia de preocupação formal. Alberto de Oliveira (1857-1937), autor
de Meridionais, e Raimundo Correa (1859-1911), de Sinfonias, buscam correção métrica,
vocabulário raro e rimas exóticas. A obra de Olavo Bilac (1865-1918), autor de Via Láctea, é a
mais representativa do movimento.
Simbolismo – A publicação de Broquéis e Missal (1893), de Cruz e Sousa (1861-1898), inaugura
o simbolismo, que se caracteriza por uma poesia mística, espiritual, e pela preferência por ritmos
musicais. Destacam-se os poetas Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), autor de Câmara
Ardente, e Augusto dos Anjos (1884-1914), que trabalha a temática da morte e da decomposição da
matéria.
Pré-modernismo – No início do século XX, fase de consolidação da república e de expansão
cultural, alguns escritores passam a expressar uma visão crítica dos problemas socioeconômicos
brasileiros e antecipam uma das tendências mais marcantes do modernismo. Por essa razão, são
considerados pré-modernos. Lima Barreto (1881-1922) faz uma caricatura do nacionalismo e da
pobreza dos subúrbios cariocas. Euclides da Cunha (1866-1909), em Os Sertões , revela a situação
miserável do sertanejo nordestino. Monteiro Lobato (1882-1948), além de ficção (Urupês) e
ensaios, escreve o ciclo do Sítio do Pica-Pau Amarelo , o maior conjunto de literatura infantil já
escrito no Brasil.
Modernismo – No Brasil, o termo identifica o movimento desencadeado pela Semana de Arte
Moderna de 1922. Em 13, 15 e 17 de fevereiro daquele ano, conferências, recitais de música,
coreografias, declamações de poesia e exposição de quadros, realizados no Teatro Municipal de São
Paulo, apresentam ao público as novas tendências da arte e da literatura do país. Os idealizadores da
Semana rejeitam a arte do século XIX e as influências estrangeiras do passado. Defendem a
absorção de algumas tendências estéticas internacionais para que elas se mesclem com a cultura
nacional, originando uma arte vinculada à realidade brasileira. O evento escandaliza público e
críticos.
A partir da Semana de Arte Moderna surgem vários grupos e movimentos, radicalizando ou
opondo-se a seus princípios básicos. O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) e a artista plástica
Tarsila do Amaral (1886-1973) lançam em 1924 o Manifesto Pau-Brasil, que enfatiza a necessidade
de criar uma arte baseada nas características do povo brasileiro, com absorção crítica da
modernidade européia. Em 1928, eles levam ao extremo essas idéias com o Manifesto
Antropofágico, que propõe “devorar” influências e valores estrangeiros para impor o caráter
brasileiro à arte e à Literatura. No mesmo ano, como efeito das idéias modernistas, o sociólogo e
escritor Gilberto Freyre (1900-1987) lança o Manifesto Regionalista. Por outro caminho,
politicamente mais conservador, segue o grupo da Anta, liderado pelo escritor Menotti del Picchia
(1892-1988) e pelo poeta Cassiano Ricardo (1895-1974). Num movimento chamado de verde-
amarelismo, fecham-se às vanguardas européias e aderem a idéias políticas que prenunciam o
integralismo , versão brasileira do fascismo.
A divulgação das teorias vanguardistas européias é feita, em 1922, pela Semana de Arte Moderna,
marco inicial do modernismo brasileiro. Esta fase representa uma ruptura com o passado literário
parnasiano e um resgate de tradições tipicamente brasileiras.
Com a chamada Geração de 22, instalam-se, na literatura brasileira, o verso livre, a prosa
experimental e uma exploração criativa do folclore, da tradição oral e da linguagem coloquial. Os
principais autores são Mário de Andrade (1893-1945) , que escreve Paulicéia Desvairada e
Macunaíma , Oswald de Andrade (1890-1954), autor de Memórias Sentimentais de João Miramar,
e Manuel Bandeira (1886-1968), de Ritmo Dissoluto. A esse núcleo juntam-se, a partir de 1930,
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) , autor de Alguma Poesia , Mário Quintana (1906-) , de
A Rua do Catavento , e Jorge de Lima (1895-1953), de Poemas Negros, entre outros.
Posteriormente, com a geração que surge em 30, há uma fase de grande tensão ideológica e de
abordagem da Literatura como instrumento de conhecimento e modificação da realidade. O
regionalismo amplia sua temática. Paisagens e personagens são regionais, mas são usados para
abordar assuntos de interesse universal. Surgem novos nomes, como José Américo de Almeida ,
(1887-1980) autor de A Bagaceira , Érico Verissimo (1905-1975), da trilogia O Tempo e o Vento,
Jorge Amado (1912-), de Capitães da Areia , Rachel de Queiroz (1910-) , autora de O Quinze, José
Lins do Rego (1901-1957), de Menino de Engenho, e Graciliano Ramos (1892-1953), que escreve
São Bernardo e Vidas Secas. Numa linha mais intimista estão poetas como Cecília Meireles (1901-
1964), autora de Vaga Música, Vinícius de Moraes (1913-1980) , de Poemas, Sonetos e Baladas ,
Augusto Frederico Schmidt (1906-1995), de Desaparição da Amada, e Henriqueta Lisboa (1904-
1985), que escreve A Face Lívida.
Em reação à politização da fase anterior, os poetas da geração de 45 recuperam o parnasianismo,
como Lêdo Ivo (1924-), autor de Acontecimento do Soneto. João Cabral de Melo Neto (1920-) , de
Morte e Vida Severina, destaca-se pela inventividade verbal e pelo engajamento político. Na prosa,
os nomes mais importantes são Guimarães Rosa (1908-1967) , autor de Sagarana e Grande Sertão:
Veredas , e Clarice Lispector (1920-1977), de Perto do Coração Selvagem.
de Barros (1916-).
ARTES PLÁSTICAS – O romantismo chega à pintura no início do século XIX. Na Espanha, o
principal expoente é Francisco de Goya (1746-1828). Na França, destaca-se Eugène Delacroix
(1798-1863), com sua obra Dante e Virgílio. Na Inglaterra, o interesse pelos fenômenos da natureza
em reação à urbanização e à Revolução Industrial é visto como um traço romântico de naturalistas
como John Constable (1776-1837). O romantismo na Alemanha produz obras de apelo místico,
como as paisagens de Caspar David Friedrich (1774-1840).

LITERATURA – A poesia lírica é a principal expressão. Também são freqüentes os romances.


Frases diretas, vocábulos estrangeiros, metáforas, personificação e comparação são características
marcantes. Amores irrealizados, morte e fatos históricos são os principais temas. O marco inicial da
literatura romântica é Cantos e Inocência (1789), do poeta inglês William Blake (1757-1827). O
livro de poemas Baladas Líricas, do inglês William Wordsworth (1770-1850), é uma espécie de
manifesto do movimento. Poeta fundamental do romantismo inglês é Lord Byron (1788-1824). Na
linha do romance histórico, o principal nome é o escocês Walter Scott (1771-1832). Na Alemanha,
o expoente é Goethe (1749-1832), autor de Fausto .
O romantismo impõe-se na França no fim da década de 1820 com Victor Hugo (1802-1885), autor
de Os Miseráveis . Outro dramaturgo e escritor francês importante é Alexandre Dumas (1802-
1870), autor de Os Três Mosqueteiros.

MÚSICA – Os compositores buscam liberdade de expressão. Para isso, flexibilizam a forma e


valorizam a emoção. Exploram as potencialidades da orquestra e também cultivam a interpretação-
solo. Resgatam temas populares e folclóricos, que dão ao romantismo caráter nacionalista.
A transição do classicismo musical, que acontece já no século XVIII, para o romantismo é
representada pela última fase da obra do compositor alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827).
Nas sonatas e em seus últimos quartetos de cordas, começa a se fortalecer o virtuosismo. De suas
nove sinfonias, a mais conhecida e mais típica do romantismo é a nona. As tendências românticas
consolidam-se depois com Carl Maria von Weber (1786-1826) e Franz Schubert (1797-1828).
O apogeu, em meados do século XIX, é atingido principalmente com Felix Mendelssohn (1809-
1847), autor de Sonho de uma Noite de Verão, Hector Berlioz (1803-1869), Robert Schumann
(1810-1856), Frederic Chopin (1810-1849) e Franz Liszt (1811-1886). No fim do século XIX, o
grande romântico é Richard Wagner (1813-1883), autor das óperas românticas O Navio Fantasma e
Tristão e Isolda.

TEATRO – A renovação do teatro começa na Alemanha. Individualismo, subjetividade,


religiosidade, valorização da obra de Shakespeare (1564-1616) e situações próximas do cotidiano
são as principais características. O drama romântico em geral opõe num conflito o herói e o vilão.
Os dois grandes expoentes são os poetas e dramaturgos alemães Goethe e Friedrich von Schiller
(1759-1805). Victor Hugo é o grande responsável pela formulação teórica que leva os ideais
românticos ao teatro. Os franceses influenciam os espanhóis, como José Zorrilla (1817-1893), autor
de Don Juan Tenório; os portugueses, como Almeida Garrett (1799-1854), de Frei Luís de Sousa;
os italianos, como Vittorio Alfieri (1749-1803), de Saul; e os ingleses, como Lord Byron (1788-
1824), de Marino Faliero.
Pedro Ricardo Dias Batista PRDB
O SIMBOLISMO NA EUROPA E NO BRASIL

No Brasil, o simbolismo começa em 1893 com a publicação de dois


livros: "Missal" e "Broquéis"

(poesia) ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano de 1922, data


da semana de Arte

Moderna. O início do simbolismo não pode,no entanto, ser identificado


com o término da escola antecedente, o Realismo. Na realidade, no final do
século XIX e início do século XX, três tendências caminhavam paralelas: o
Realismo e suas manifestações; o Simbolismo, à margem da literatura acadêmica
da época; e o pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores como
Euclides da Cunha e Lima Barreto. Só um movimento com a amplitude da
Semana da Arte Moderna poderia neutralizar todas essas estéticas e traçar novos
e definiti- vos rumos para a nossa literatura.

Na Europa, o poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867) é


considerado precursor do simbolismo por ter publicado, em 1857, As Flores do
Mal, livro que já exibe traços do movimento. Mas é só em 1881 que a nova
manifestação é rotulada. O escritor francês Paul Bourget (1852-1935) chama-a de
decadentismo. O nome é substituído por simbolismo em manifesto publicado em
1886 no suplemento Figaro Littéraire.

O simbolismo manifesta-se na poesia. As obras buscam sugerir os


objetos com símbolos, como ao usar a cruz para falar de sofrimento. Os versos
exploram a sonoridade e a visualidade. Também rejeita as formas rígidas do
parnasianismo, movimento de que é contemporâneo. Apesar de várias de suas
bases coincidirem com as do romantismo, difere dele pela expressão da
subjetividade sem sentimentalismo. Considera que só é real aquilo que está na
consciência individual do poeta. A partir da noção de que a vida é misteriosa e
inexplicável, os simbolistas a representam de modo vago, obscuro e até
ininteligível.

Os principais expoentes na França são Paul Verlaine (1844-1896),


autor de Outrora e Agora, Rimbaud (1854-1891), que escreve Iluminations, e
Stéphane Mallarmé (1842-1898), autor de A Tarde de um Fauno, musicada por
Claude Debussy (1862-1918). Em Portugal, o marco do simbolismo é a publicação
em 1890 de Oaristos, de Eugênio de Castro (1869-1944), cujo prefácio apresenta
os ideais do movimento. Outros representantes são Antônio Nobre (1867-1900),
que escreve Só, e Camilo Pessanha (1867-1926), autor de Clepsidra.

O Momento Histórico

Durante o século XIX a Europa era, em quase sua totalidade,


Imperialista. A Europa estava em pleno expansionismo em direção aos países da
África, Ásia e América Latina. E em pouco tempo, 3/5 das terras do globo
passaram para o domínio europeu. E, nesta mesma época, havia a política das
alianças, liderada pela Inglaterra de um lado e pela Alemanha do outro. E em
função disto, a Europa começou a investir no crescimento bélico de suas nações,
estando eles às vésperas da primeira guerra mundial. Para essa crescente
militarização, os historiadores dão o nome de "Paz Armada".

Esse era o contexto histórico onde nasceu o Simbolismo.

Características das Escola

- subjetividade

- religiosidade

- busca da essência humana : a alma

- ambigüidade, conotação, sentido figurado

- poesia hermética, de difícil entendimento

- busca da musicalidade - exploração da sonoridade das palavras

- "É preciso sentir, e não raciocinar"

- Sinestesias: cruzamento entre impressões sensoriais

- Aliterações: repetição de fonemas

- temática: sonho, mistério, morte

- a poesia atinge o leitor por inteiro: todos os sentidos são aguçados

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