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Literatura Clássica

séc. XVI a XVIII


Barroco
 COMO CONCILIAR FÉ E RAZÃO; CÉU E TERRA; PUREZA E PECADO; DEUS E
O DIABO; ESPÍRITO E MATÉRIA; LUZ E TREVAS? O BARROCO É, PORTANTO,
ARTE DOS OPOSTOS, DO DUALISMO, DOS CONTRASTES. PROCURA
CONCILIAR A CONCEPÇÃO TEOCÊNTRICA MEDIEVAL COM O
ANTROPOCENTRISMO E O RACIONALISMO PROPOSTOS PELO
RENASCIMENTO.

Barroco
O BA R R O C O E M P O RT U G AL T EV E INÍC IO
E M 1 5 8 0 , A N O D A M O RTE D E LU ÍS D E
C A M Õ E S, U M D O S MA I O RE S E SCR ITO RE S
C L Á SSI C O S D E LÍ N G U A P O RT UG UE SA
 O BARROCO EM PORTUGAL

 ESSE PERÍODO VIGOROU EM PORTUGAL ATÉ 1756, COM A FUNDAÇÃO DA ARCÁDIA


LUSITÂNIA E O SURGIMENTO DE UM NOVO ESTILO.

 O BARROCO LITERÁRIO EM PORTUGAL TEVE COMO MAIOR REPRESENTANTE O PADRE


ANTÔNIO VIEIRA E SUAS OBRAS “SERMÕES”, ESCRITAS EM ESTILO CONCEPTISTA.

 O BARROCO (OU SEISCENTISMO) É UMA ESCOLA LITERÁRIA ANTERIOR AO


CLASSICISMO E POSTERIOR AO ARCADISMO (SETECENTISMO).
  Contexto Histórico O Barroco em Portugal inicia-se
durante o período de colonização do Brasil e de
diversos conflitos com os holandeses que tentavam
conquistar parte do território além-mar.

O
CONTEXTO  ALÉM DISSO, O SURGIMENTO DA UNIÃO IBÉRICA,
DIVERSAS CONTENDAS COM A ESPANHA E A GUERRA DE
RESTAURAÇÃO, ENFRAQUECIAM AINDA MAIS O PAÍS,
DESPONTANDO UMA GRANDE CRISE ECONÔMICA,
POLÍTICA E SOCIAL.
HISTÓRICO
 NO GERAL, A EUROPA ENFRENTAVA MOMENTOS DE CRISE
ENTRE O HUMANISMO RENASCENTISTA E O MEDIEVALISMO
RELIGIOSO.

 PODEMOS DIZER QUE O BARROCO FOI UM MOMENTO DE TRANSIÇÃO, DONDE


DIVERSAS DESCOBERTAS CIENTÍFICAS INCITARAM MUITAS DÚVIDAS,
SOBRETUDO NO CAMPO RELIGIOSO.
 EXAGERO E MINÚCIA NOS DETALHES

 TEMÁTICA RELIGIOSA E PROFANA


DUALIDADE

AS  COMPLEXIDADE USO DE FIGURAS DE


LINGUAGEM

 CONTRASTES E CONFLITOS
TEOCENTRISMO VERSUS
ANTROPOCENTRISMO
CARACTERÍSTICA
S
 CULTISMO E CONCEPTISMO
CULTISMO
INFLUENCIADO PELO POETA ESPANHOL GÔNGORA, É MARCADO PELA
LINGUAGEM REBUSCADA, ORNAMENTAL E CULTA, VALORIZANDO A
FORMA TEXTUAL

AS
CARACTE
RÍSTICAS

CONCEPTISMO
OU (QUEVEDISMO), O JOGO DE IDEIAS E CONCEITOS, BASEADO NA POESIA DO ESPANHOL QUEVEDO,
CARACTERIZA O RACIONALISMO E O PENSAMENTO LÓGICO QUE TEM COMO PRINCIPAL OBJETIVO
CONVENCER O LEITOR.
Correntes do Barroco:

1.Cultismo (Gongorismo) – predomínio na poesia

• Intenção moralizante por meio dos sentidos;


• Teor descritivo;
• Valorização da forma de expressão;
• Estilo opulento e suntuoso;
• Rebuscamento vocabular - neologismos, figuras de
sintaxe (hipérbatos, anacolutos), figuras de
linguagem (metáforas, antíteses, sinestesias)
DOM LUÍS DE
GONGORA
2.Conceptismo (Quevedismo) – predomínio na
prosa
• Intenção educativa pelo convencimento e
raciocínio lógico;
• Teor argumentativo, conceptual;
• Valorização do conteúdo; relações lógicas das
ideias;
• Estilo conciso e ordenado;
• Aproveitamento das nuances semânticas: duplo
sentido, associações inesperadas e engenhosas,
paradoxos, comparações inusitadas.
Exemplo:
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias
três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é Francisco de Quevedo
cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem
espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por
falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho
e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira)
ANTROPO
CENTRISMO

TEOCENTRISM
O

O rebuscamento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do


seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito e
matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. Tudo isso gerava a preocupação
com a brevidade da vida (carpe diem).
O POETA BARROCO SE SENTE
DIVIDIDO, CONFUSO.

A OBRA É MARCADA PELO DUALISMO:

CULTO CARNE X ESPÍRITO


DO VIDA X MORTE
CONTRASTE
LUZ X SOMBRA

RACIONAL X MÍSTICO

OBS - POR ISSO, O EMPREGO DE ANTÍTESES.


ESSA CONSCIÊNCIA DA TRANSITORIEDADE DA VIDA CONDUZ
FREQUENTEMENTE À IDEIA DE MORTE, TIDA COMO A
EXPRESSÃO MÁXIMA DA FUGACIDADE DA VIDA. A
INCERTEZA DA VIDA E O MEDO DA MORTE FAZEM DA ARTE
BARROCA UMA ARTE PESSIMISTA, MARCADA POR UM
DESENCANTAMENTO COM O PRÓPRIO HOMEM E COM O
MUNDO.

PESSIMISMO

A religiosidade acentuada pelas disputas entre protestantes e católicos emprestou um


caráter mais dramático à vida no século XVII. Dividido entre razão e religião, o ser humano
prefere a religião na esperança de compartilhar a glória divina. Essa opção enfraquece a
postura humanista, que desde o fim da Idade Média havia tirado o controle da felicidade
humana das mãos de Deus para entregá-lo ao ser humano.
Dentro dessa característica, pode-se dizer que o equilíbrio clássico
foi rompido, e ao mesmo tempo se opondo à simetria, harmonia,

FEISMO elegância dos clássicos. O barroco tem preferência pelos aspectos


sangrentos, dolorosos e cruéis, ou seja, ocorre uma atração pelo
BELO HORRENDO, ou seja, pelo espetáculo clássico, acabando
com as imagens por causa do exagero.
Todo o rebuscamento que
aflora na arte barroca é reflexo
do dilema, do CONFLITO entre
o terreno e o celestial, o homem
R E B U S C A M E N TO e Deus (antropocentrismo e
teocentrismo), o pecado e o
LINGUÍSTIC
O
perdão, a religiosidade
medieval e o paganismo
renascentista, o material e o
espiritual, que tanto atormenta
o homem do século XVII.
No fusionismo, todos os
artistas barrocos expõem os
contrários, querendo assim
incluí-los no meio de analogias
sensoriais, de imagens, de
FUSIONISMO
metáforas, que mostram a
unidade, a identidade, se
valendo do jogo do jogo de
oposições e contrastes.
 PADRE ANTÔNIO VIEIRA

 PADRE MANUEL BERNARDES


OS
 FRANCISCO MANUEL DE MELO
P R I N C I PA I S
 FRANCISCO RODRIGUES LOBO
A U TO R E S

D O B A R R O C O  SOROR MARIANA ALCOFORADO

 ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA


Padre Antônio Vieira
Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete
anos de IDADE, VEIO PARA O BRASIL E ENTROU PARA A COMPANHIA DE JESUS. POR
DEFENDER POSIÇÕES FAVORÁVEIS AOS ÍNDIOS E AOS JUDEUS, FOI CONDENADO À
PRISÃO PELA INQUISIÇÃO, ONDE FICOU POR DOIS ANOS. 
RESPONSÁVEL PELO DESENVOLVIMENTO DA PROSA NO PERÍODO DO BARROCO,

PADRE ANTÔNIO VIEIRA É CONHECIDO POR SEUS SERMÕES POLÊMICOS EM


QUE CRITICA, ENTRE OUTRAS COISAS, O DESPOTISMO DOS COLONOS PORTUGUESES, A
INFLUÊNCIA NEGATIVA QUE O PROTESTANTISMO EXERCERIA NA COLÔNIA, OS
PREGADORES QUE NÃO CUMPRIAM COM SEU OFÍCIO DE CATEQUIZAR E EVANGELIZAR
(SEUS ADVERSÁRIOS CATÓLICOS) E A PRÓPRIA INQUISIÇÃO.
ALÉM DISSO, DEFENDIA OS ÍNDIOS E SUA EVANGELIZAÇÃO, CONDENANDO OS
HORRORES VIVENCIADOS POR ELES NAS MÃOS DE COLONOS E OS CRISTÃOS-NOVOS
(JUDEUS CONVERTIDOS AO CATOLICISMO) QUE AQUI SE INSTALARAM. FAMOSO POR
SEUS SERMÕES, PADRE ANTÔNIO VIEIRA TAMBÉM SE DEDICOU A ESCREVER CARTAS E
PROFECIAS.

O AMOR E O TEMPO
SERMÃO AOS PEIXES
O AMOR E O TEMPO

Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer,


tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se
o tempo a colunas de mármore, quanto mais a
corações de cera! !
São as afeições como as vidas, que não
há mais certo sinal de haverem de durar pouco,
que terem durado muito. São como as linhas,
que partem do centro para a circunferência,
que quanto mais continuadas, tanto menos
unidas.
MARIANA ALCOFORADO

 MARIANA ALCOFORADO NASCEU EM BEJA EM 1640. COM


ONZE ANOS, É OBRIGADA A ENTRAR PARA UM CONVENTO,
A FIM DE FICAR A SALVO DO BRUTAL CONFLITO
PROVOCADO PELA GUERRA COM ESPANHA E PARA
HONRAR O TESTAMENTO MATERNO QUE A NOMEAVA
FREIRA DO CONVENTO DA CONCEIÇÃO. 

  O PAÍS CONTRA ESPANHA NA GUERRA DA
RESTAURAÇÃO (1640-1668).

NOEL BOUTON DE CHAMILLY

AS CARTAS PORTUGUESAS
As Cartas Portuguesas consistem em cinco curtas
cartas de amor. Nelas transparece um amor
incondicional e exacerbado da jovem Mariana, que diz
sofrer horrores com a distância do amado. Aos poucos
as cartas vão perdendo o tom de esperança numa
reunião, que já era mínimo, e vão se tornando pedidos
incessantes de notícias e correspondência
equivalente. A solidão de Mariana, seu sentimento de
repressão, e sua vontade de reter o amado ao seu lado
são constantes. Ao que parece o oficial, chamado Noël
Bouton de Chamilly, não correspondia igualmente:
Mariana pede respostas maiores, mais afetuosas. Este
amor total de Mariana Alcoforado é impregnado de
todos os sentimentos que a transformariam numa
autora romântica, mas sua pequena obra encontra-se,
geralmente, classificada entre os autores barrocos
meramente por esse ser o estilo da época em que
vivia.

As Cartas Portuguesas foi revisitada, em 1972, por três escritoras portuguesas, sob o título de Novas Cartas
Portuguesas (1972). A obra, que manifestava uma aberta oposição aos valores femininos tradicionais e ao
fascismo do regime salazarista, levou as suas três autoras - as denominadas 3 Marias: Maria Velho da
Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno - a severas sanções que seria interrompidas pela mudança
de regime a partir da Revolução de 25 de Abril de 1974
ESTE SERMÃO FOI PREGADO EM SÃO LUÍS, MARANHÃO, EM 13 DE JUNHO DE 1654, NO
ÂMBITO DAS LUTAS QUE DIVIDIAM OS JESUÍTAS E OS COLONOS EM RAZÃO DOS ÍNDIOS.
TRÊS DIAS DEPOIS, VIEIRA VIAJARIA SIGILOSAMENTE PARA PORTUGAL, BUSCANDO
NEGOCIAR COM A COROA UMA LEI QUE REGULAMENTASSE A LIBERDADE DO INDÍGENA
NA COLÔNIA.
O sermão parte de um conceito presente na Bíblia (em
Mateus, 5:13): “Vós sois o sal da terra”. Assim Vieira
interpreta a sentença:
 “Vós” – os pregadores jesuítas;
 “Sal” – a mensagem cristã;
“Terra” – o lugar e os moradores, no caso, a colônia.
ANCORADA NA REDE DE SIGNIFICAÇÕES DO IMAGINÁRIO, QUE LHE SERVE DE MATÉRIA-PRIMA, A
LITERATURA EXPRESSA ASPECTOS POLÍTICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS DE UM POVO. NESSA
ORDEM, É POSSÍVEL IDENTIFICAR NA LITERATURA PORTUGUESA MOMENTOS DA HISTÓRIA DO PAÍS EM SEUS
PROCESSOS FORMATIVOS E, POR CONSEGUINTE, ATORES QUE MATERIALIZAM LITERARIAMENTE TRAÇOS DE
SUA SOCIEDADE, O QUE EVIDENCIA AS NUANCES PERFORMATIVAS DA IDENTIDADE NACIONAL.

DENTRE OS GRANDES NOMES DA LITERATURA PORTUGUESA, PADRE VIEIRA OCUPA UM LUGAR


SIGINIFICATIVO POR SEU TRABALHO E POR SUA VASTA PRODUÇÃO, QUE TOTALIZA 207 SEERMÕES,
TEXTOS EXEGÉTICOS, PROFECIANAS, CARTAS E RELATÓRIOS POLÍTICOS.
ALFREDO BOSI DEFINE A PLURIDENTIDADE DE VIEIRA, AO
OBSERVAR QUE NO PAPEL DE “JESUÍTA, CONSELHEIRO DE REIS,
CONFESSOR DE RAINHAS, PRECEPTOR DE PRÍNCIPES, DIPLOMATA
EM CORTES EUROPEIAS, DEFENSOR DE CRISTÃOS NOVOS E COM
IGUAL ZELO MISSIONÁRIO NO MARANHÃO E NO PARÁ, VIEIRA
TRAZ EM SI UMA ESTATURA E UM HORIZONTE INTERNACIONAL”

A OBRA É CONSIDERADA UMA ALEGORIA, POIS OS


HOMENS SÃO PERSONIFICADOS PELOS PEIXES.

VIEIRA TAMBÉM INVOCA OS PEIXES, DEVIDO À INDIFERENÇA DOS FIÉIS,


PARA ESTABELECER CONSIDERAÇÕES SOBRE VIRTUDES E VÍCIOS
HUMANOS. AO FAZÊ-LO, REFERE-SE A ALGUNS PEIXES CONHECIDOS NA
REGIÃO DO MARANHÃO, COMO O RONCADOR, O PEGADOR, O VOADOR
E O POLVO, INSTALANDO UMA RELAÇÃO METAFÓRICA COM OS
COLONIZADORES, A FIM DE PROVOCAR UM EFEITO DE SENTIDO MAIS
CONTUNDENTE ENTRE OS OUVINTES
Ah moradores do Maranhão, quanto
eu vos pudera agora dizer neste
caso! Abri, abri estas entranhas;
vede, vede este coração. Mas ah
sim, que me não lembrava! Eu não
vos prego a vós, prego aos peixes.
Literatura Clássica
séc. XVI a XVIII

Padre António Vieira


(1608-1697)
Literatura Clássica
séc. XVI a XVIII

Neoclassicismo
Literatura
Clássica séc.
XVI
Vai a XVIII
para a Academia Real da Marinha aos 14 anos e
embarca em serviço para a Índia em 1786.
Vive dois anos em Goa, regressando a Lisboa com 25
anos de idade. Aí dedica-se a uma vida
desregrada entre os botequins e as tertúlias literárias.
Pertenceu à Nova Arcádia onde era conhecido pelo
Manuel Maria Barbosa pseudónimo de Elmano Sadino.
du Bocage
(1765-1805) O seu pendor satírico levou-o à prisão do Limoeiro,
Literatura
Clássica séc.
XVI a XVIII
Lusos heróis, cadáveres cediços,
Erguei-vos dentre o pó, sombras honradas,
Surgi, vinde exercer as mãos mirradas Nestes
vis, nestes cães, nestes mestiços.

Vinde salvar destes pardais castiços As


searas de arroz, por vós ganhadas; Mas
ah! Poupai-lhe as filhas delicadas,
Que. Elas culpa não têm, têm mil feitiços.

De pavor ante vós no chão se deite


Tanto fusco rajá, tanto nababo,
Manuel Maria Barbosa E as vossas ordens, trémulo, respeite.
du Bocage
(1765-1805) Vão para as várzeas, leve-os o Diabo;
Andem como os avós, sem mais enfeite
Que o langotim, diámetro do rabo.
Literatura Moderna
séc. XIX

Romantismo
Literatura Moderna
séc. XIX
Obras publicadas
Poesia – A Voz do Profeta (1836); A Harpa do
Crente (1838); Poesias (1850).
Teatro – O Fronteiro de África ou três noites
aziagas
Ficção: O Bobo (romance, 1843);Eurico, o
Presbítero (romance, 1844); O Monge de Cister
(2 vols., 1848); Lendas e narrativas (2
Alexandre Herculano vols., 1851)
(1810-1877)
Literatura Moderna
séc. XIX
A Voz

É tão suave ess'hora,


Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,

Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado, O
Alexandre Herculano trovador medita
(1810-1877) Em sonhos enteado! (…)
Literatura Moderna
séc. XIX
Teatro – Catão (tragédia, Coimbra, 1822)
Um Auto de Gil Vicente (Lisboa, 1842);
Frei Luís de Sousa (drama, 1843); Falar Verdade a Mentir (comédia,
Lisboa 1846);
Ficção – O Arco de Santana (romance, 1845); Viagens na
Minha Terra (romance, 1846);
Poesia – Retrato de Vénus (Coimbra, 1821); Camões (Paris, 1825); Dona
Branca ou a Conquista do Algarve (Paris, 1826; pseudónimo de F. E.);
Adosinda (Londres, 1828); Lírica de João Mínimo (Londres, 1829); Flores
sem Fruto (1845); Folhas Caídas(1853).
Cancioneiros – Romanceiro e Cancioneiro Geral, vol. I. (Lisboa,
Almeida Garrett
1843); Romanceiro e Cancioneiro Geral, vols. II e III (Lisboa 1851).
(1799-1854)
Literatura Moderna
séc. XIX
Pescador da barca bela, Não se enrede a rede nela,
Onde vais pescar com ela, Que perdido é remo e vela
Que é tão bela, Só de vê-la,
Ó pescador? Ó pescador!
Não vês que a última estrela Pescador da barca bela,
No céu nublado se vela? Inda é tempo, foge dela,
Colhe a vela, Foge dela,
Ó pescador! Ó pescador!
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Almeida Garrett Ó pescador!
(1799-1854)
Literatura Moderna
séc. XIX

Realismo
Literatura Moderna
séc. XIX
Algumas obras
O Mistério da Estrada de Sintra (em colaboração com Ramalho Ortigão,
1870);
O Crime do Padre Amaro (romance, 1875);
A Tragédia da Rua das Flores (romance, 1877-78);
O Primo Basílio(romance, 1878);
O Mandarim (novela, 1880);
A Relíquia (romance, 1887);
Os Maias (romance, 1888);
Correspondência de Fradique Mendes (1900);
A Ilustre Casa de Ramires (romance, 1900);
Eça de Queirós A Cidade e as Serras (romance, 1901);
(1845-1900) Contos (1902);
Prosas Bárbaras (1903);
Literatura Moderna
séc. XIX
Algumas obras
Sonetos de Antero (1861);
Beatrice e Fiat Lux (1863);
Odes Modernas (1865; 2.ª ed. em 1875);
Bom Senso e Bom Gosto (opúsculos, Sonetos
1865);
A Filosofia (1886);
Completos da Natureza dos Naturistas (1886);
Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade
do
Antero de Quental Século XIX (1890);
(1842-1891) Raios de Extinta Luz (1892).
Literatura Moderna
séc. XIX
Sim! que é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruços
Olhar apenas uma luz distante!

É preciso passar sobre ruínas,


Como quem vai pisando um chão de flores!
Ouvir as maldições, ais e clamores,
Como quem ouve músicas divinas!

Beber, em taça túrbida, o veneno,


Sem contrair o lábio palpitante!
Antero de Quental Atravessar os círculos do Dante,
(1842-1891) E trazer desse inferno o olhar sereno! (…)
Literatura Moderna
séc. XIX

Modernismo
(movimento
Orpheu)
Literatura Moderna
séc. XIX
Devido à sua capacidade de «outrar-se», cria vários
heterónimos (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis,
Bernardo Soares, etc.), assinando as suas obras de acordo com a
personalidade de cada heterónimo.
É considerado um dos maiores poetas portugueses.

Fernando Pessoa
(1888-1935)
Literatura Moderna
séc. XIX
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do
mundo.
(…)
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse
nada.
Fernando Pessoa A aprendizagem que me deram,
(1888-1935) Desci dela pela janela das traseiras da casa.

Álvaro de campos
Literatura Moderna
séc. XIX

Modernismo
(movimento Presença)
Literatura Moderna
séc. XIX
Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha
Esteve de início literariamente próximo do grupo da
Presença, sediado em Coimbra
Começou a ser conhecido como poeta, tendo mais tarde
ganho notoriedade com os seus contos ruralistas e os seus
dezasseis volumes de Diário, estes publicados entre 1941- 1995.

Miguel Torga
(1907-1995)
Literatura Moderna
séc. XIX
REGRESSO
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
Cantava cada fonte à sua porta: O
poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
Depois o céu abriu-se num sorriso, E
Miguel Torga
eu deitei-me no colo dos penedos A
(1907-1995)
contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
ALMA A SANGRAR
Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha, E
perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?


Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma a sangrar? Quem me criou a mim?
(…)
Florbela Espanca
(1894-1930)
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o
que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
Eugénio de Andrade gastámos o relógio e as pedras das esquinas em
(1923-2005) esperas inúteis. (…)
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem E
os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
Andresen (…)
(1919-2004)
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
LIBERDADE
Sobre esta página escrevo
teu nome que no peito trago escrito
laranja verde limão amargo
e doce o teu nome.
Sobre esta página escrevo
o teu nome de muitos nomes
feito água e fogo lenha vento
Manuel Alegre primavera pátria exílio.
(1936 - ) (…)
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
Há palavras que nos beijam Como
se tivessem boca, Palavras de
amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas


Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Alexandre O’Neill Aos muros do teu desgosto.
(1924 - 1986 ) (…)
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
Glorifiquei-te no eterno.
Eterno dentro de mim
fora de mim perecível.
Para que desses um sentido a
uma sede indefinível.
Para que desses um nome à
exactidão do instante do
fruto que cai na terra
sempre perpendicular
à humidade onde fica.
E o que acontece durante
Natália Correia na rapidez da descida
(1923 - 1993 ) é a explicação da vida.
LiteraturaContemporânea
séc. XX e XXI
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem Da
mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda A


força de maré que me enche o peito, Este
estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,


Deste modo de amar e destruir:
José Saramago
Quando a noite é de mais é que amanhece A
(1922 - 2010 )
cor de primavera que há-de vir.
Literatura Contemporânea
séc. XX e XXI
Impossível é não Viver.
Se te quiserem convencer de que é impossível, diz-lhes que
impossível é ficares calado, impossível é não teres voz.
Temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas
as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças
da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo.
Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de
José Luís Peixoto um único passo do seu/nossocaminho. (…)
(1974 - )

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