Você está na página 1de 17

Auto da Índia

Gil Vicente Inês Martins


Nº24 10ºD
▪ O Auto da Índia , de Gil Vicente, foi apresentado em Almada perante
a rainha D. Leonor em 1509, foi o primeiro texto teatral onde é
representada uma intriga.
Estrutura externa

Três atos, correspondentes a:


1. parte inicial, quando o marido da Ama parte para a Índia;
2. período de ausência do Marido em que a Ama tem relações
extraconjugais;
3. chegada do Marido. 
Espaço

Toda a ação decorre num único espaço - a casa da Ama.


Os elementos textuais, permitem subdividi-lo em três:
▪ a câmara da Ama, onde decorre a maior parte da ação;
▪ a cozinha, onde se esconde o Lemos;
▪ e o quintal, onde o Castelhano aguarda de noite até ter autorização para
entrar.
Tempo
• É a vida amorosa da Ama que, na ausência do marido que embarcara
para a Índia, mantém simultaneamente duas relações
extraconjugais. Na parte final do auto, com a chegada do marido, ao
fim de três anos, a mulher mostra uma alegria que não sente pelo
seu regresso e mente tranquilamente dizendo que sentiu muitas
saudades. A vida do casal retoma pacificamente o seu curso normal,
como se nada tivesse acontecido.
Personagens

▪ Todas as personagens são caracterizadas direta e indiretamente.


▪ O Lemos e o Castelhano são caracterizados diretamente, através do que a
Ama e a Moça dizem deles e as duas mulheres através do que uma diz da
outra.
Ama

• É a personagem principal, a única que permanece em cena do início ao fim da cena.

• A sua hipocrisia e falsidade são evidentes, procura por todos os meios preservar a
imagem pública de uma mulher honesta e virtuosa.

• A imagem que ela procura transmitir para o exterior, para o marido e para os
próprios amantes contrasta com o seu efetivo comportamento. Só nos monólogos
e nos diálogos com a Moça é que ela revela sem disfarce a sua verdadeira maneira
de ser.

• Representa todas as mulheres que, abandonadas pelos maridos empenhados na


aventura ultramarina, se mostravam incapazes de resistir ao assédio dos
pretendentes, caindo em adultério.
Moça

• Representa os trabalhadores domésticos, obrigados a


submeter-se aos caprichos e maus tratos dos patrões, mas
tendo um estatuto especial.

• Assume o papel de confidente e amiga, a sua presença permite


à Ama revelar o seu verdadeiro carácter, que ela esconde, quer
do marido, quer dos amantes.

• É a única personagem que mostra ser capaz de distinguir


claramente o certo do errado. 
Castelhano

• É uma personagem de origem social humilde, oportunista, procura


imediatamente seduzir a Ama, assim que se apercebe da ausência
do marido.
• Ao mesmo tempo revela-se um arrogante. A imagem de homem
culto, civilizado, que procura transmitir com a sua grandiosa
declaração, é desfeita ao reagir com grande violência verbal, quando
se sente rejeitado pela Ama.
Lemos

• Trata-se de um escudeiro pobre, que procura esconder a decadência,


com modos delicados e um discurso galanteador.

• Também ele procura aproveitar-se da ausência do Marido para obter


os favores sexuais da Ama.
Marido

• O Marido está fisicamente ausente, ao longo da maior parte da cena,


só entra no final, encerrando desse modo o conflito dramático.

• De fato, a sua ausência é condição essencial para que a intriga se


desenvolva no sentido pretendido pelo autor, é ele que cria as
condições necessárias para que a leviandade da Ama se transforme
em adultério.
Linguagem

• A Moça e a Ama usam, com frequência, um registo popular.

• O Castelhano e o Lemo usam um registo cuidado à maneira dos poetas de


corte da época.
Forma poética

• Estrofes de nove versos (nonas);

• Versos em redondilha maior (7 sílabas);

• Esquema rimático predominante: abbaccddc (rima emparelhada e


interpolada).
“Mas que graça que seria,
se este negro meu marido,
tornasse a Lisboa vivo
pera minha companhia!
Mas isto não pode ser;
que ele havia de morrer
Somente de ver o mar.
Quero fiar e cantar,”
Cómico

▪ Sendo Auto da Índia uma farsa, um dos objetivos do autor era divertir


o seu público, recorrendo por isso ao cómico.

• O cómico de linguagem resulta da exploração de certas virtualidades


da língua, aquilo que se diz e o modo como se diz suscita o riso no
espectador.

• No Auto da Índia está presente ao longo de todo o texto, algumas


expressões insultuosas dirigidas pela Ama à Moça.
Cómico

• O cómico de caráter resulta da própria maneira de ser e de se


comportar de determinadas personagens.

• O Castelhano, pelo seu exagero.

• Também o Marido, pelo modo ingênuo como aceita todas as


declarações da Ama,
• .
• O Lemos quando apresenta-se com um chapéu excessivamente
grande.

• A própria Ama, pela hipocrisia com que fala ao Marido e finge


ciúmes.
Cómico

• O cómico de situação surge quando o Castelhano, obrigado a


aguardar no quintal, ao frio, durante a noite, pela autorização da
Ama para entrar em sua casa.

• O mesmo acontece, quando o Lemos é obrigado a esconder-se na


cozinha para que a Ama possa tranquilamente falar com o
Castelhano.
Crítica social

Com esta farsa Gil Vicente procura criticar situações e comportamentos


sociais.
• Degradação moral da família, traduzida no adultério, facilitado pela
ausência prolongada dos maridos envolvidos na aventura colonial.

• Materialismo da sociedade, traduzido na busca de um


enriquecimento rápido.

• Culto das aparências, com as pessoas a procurarem ostentar uma


posição e uma riqueza que, de facto, não possuem.

Você também pode gostar