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Olá.

O livro que eu escolhi apresentar-vos hoje é Maria Moisés, uma novela de Camilo
Castelo Branco. Camilo Castelo Branco foi um escritor, romancista e poeta português.
Nasceu a 16 de março de 1825 em Lisboa e suicidou-se a 1 de junho de 1900.
Conhecido pelos seus romances a sua obra de maior destaque é Amor de Perdição.
Temas como a orfandade, amores contrariados e emigração portuguesa para o Brasil
são frequentes nas suas obras e estão presentes na obra que vou apresentar. Eu
escolhi este livro porque me foi oferecido no Natal e a sinopse chamou-me bastante à
atenção.
A 1 ª parte da obra conta-nos a história de Josefa da Lage e António de Queirós que
vivem um amor intenso porém proibido. Josefa cresceu com a mãe, Maria, que lhe
dava uma educação rígida para que a flha não fosse como todas as outras e cumprisse
o suposto papel da mulher na sociedade. Vivia amargurada por nunca ter amado e o
pai, João da Lage, estava constantemente embriagado. Um certo dia António Queirós
vê a filha do lavrador de Santo Aleixo e os dois apaixonam-se apenas pelo olhar e ao
longo dos dias esse amor só foi crescendo e crecendo e Josefa acaba por engravidar.
Esse amor era, porém, impedido pelo pai de António Queirós, Cristovão, que tinha
escolhido uma esposa para seu filho. Critovão, um homem poderoso e influente, não
compactuava com a ideia do herdeiro de toda a sua fortuna se casar com uma mulher
pobre e simples como Josefa e por isso faz de tudo para os separar prendendo-o e
recusando o próprio filho. Josefa que já não recebia notícias de António há algum
tempo adoece até que uma senhora que estabelecia contacto com o amado da
protagonista avisa-a de que ele está preso. Josefa prepara um plano de fuga que corre
mal porque a mãe percebe a gravidez e a saída de casa tornou-se ainda mais
repentina. Entre as serras e florestas carregando um bebé ao colo, Josefa acaba por
cair e a filha é levada pelo rio Tâmega. Fraca, Josefa acaba por morrer, e o lindo amor
entre dois jovens transforma-se numa tragédia. 2ªparte. A pequena enjeitada é
encontrada por Francisco Bragadas que a leva a uma nobre família que assume a
criação da bebé e batiza-a de Maria em homenagem às irmãs da família e Moisés em
tributo à história religiosa. Anos se passam e Maria Moisés, criada num convento,
dedica-se a cuidar daqueles que eram abandonados pelos pais. António tem 60 anos,
em tempos mudara-se para o Brasil mas está destinado a voltar a Portugal e entre
coincidências da vida vê-se mais perto da filha do que imagina.
Eu gostei muito da novela: uma narrativa simples, de curta extensão, enredo cativante
e personagens paralelos à trama principal fundamentalmente cómicos o que equilibra
o peso deixado pela morte de um persongem central. Uma obra que resulta do
contraste que é feito entre o amor de perdição (Hitória passional de António Queirós
e Josefa da Lage qualificada pela mentalidade popular como perdida e amaldiçoada) e
o amor de salvação (História hagiográfica que mostra a vida em prol dos outros que
Maria Moisés assume passando a ser considerada santa). Podemos a partir da obra
caracterizar a sociedade da época que vincava as desigualdades sociais e económicas,
machista (não só pela impusição do papel da mulher na sociedade mas também pelo
julgamento intitulando Josefa de desviada/desonrada) e extremamente religiosa.
Camilo Castelo Branco mostra conhecer muito bem os locais reais onde a cena decorre
(Santo Aleixo, São Salvador) não só pelas belas descrições mas também por fazer
menção às nobres famílias da localidade (Meneses e Teles) e saber os costumes e
pensamentos populares (ideia de que os corpos poderiam ser invadidos por criaturas
diábolicas). O autor catacteriza os personagens através de acontecimentos da época
como a Revuloção Francesa, Luís era acusado de anti-patriotismo (“nem constava que
tivesse matado algum francês”), e de não acreditar em preceitos religiosos
(“asseverando que a a avantesma não era alma”). Utiliza também partidos políticos
para atribuir características aos personagens dando a sua opinião pessoal ao fazer
críticas.
Em suma eu gostei muito do livro, surpreendeu-me, e recomendo vivamente a que o
leiam.

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