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Brás Cubas sabia que seu pai jamais aceitaria que ele se casasse
com uma moça pobre e filha de mãe solteira. Entretanto, continuou
o cortejo, chegando até a roubar um beijo de Eugênia. O flerte
terminou quando descobriu que a moça era “coxa” de nascença,
fugindo horrorizado com a ideia de ser ridicularizado por estar
envolvido com uma menina com um problema nas pernas.
“O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma
compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a
natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que
coxa, se bonita? Tal era a pergunta que eu vinha fazendo a mim mesmo ao
voltar para casa, de noite, sem atinar com a solução do enigma. O melhor
que há, quando se não resolve um enigma, é sacudi-lo pela janela fora; foi
o que eu fiz; lancei mão de uma toalha e enxotei essa outra borboleta
preta, que me adejava no cérebro. Fiquei aliviado e fui dormir. Mas o
sonho, que é uma fresta do espírito, deixou novamente entrar o bichinho, e
aí fiquei eu a noite toda a cavar o mistério, sem explicá-lo.”
Com a intenção de torná-lo ministro, o pai de Brás Cubas arranjou para
ele um casamento com Virgília, filha de um político da alta sociedade.
Entretanto, o pretendente, com sua falta de vontade, antipatia e
incompetência, deixou a moça escapar, perdendo-a para um homem
chamado Lobo Neves.
Depois de um tempo, os antigos noivos se encontraram novamente e
passaram a viver como amantes. Virgília não queria abrir mão do
prestígio social e de todos os benefícios vindos do casamento com
Neves, agora na carreira política. Por isso, o relacionamento adúltero
dos dois ocorreu durante anos, sendo interrompido apenas
quando Lobo Neves foi nomeado governador de uma província e partiu
do Rio de Janeiro com a família.
Conforme os anos foram passando, Brás Cubas envelheceu sem ter feito
nada de relevante na vida, sobrevivendo das riquezas de seu finado pai.
Ele ainda tentou mais uma vez se casar e constituir uma família. Com a
ajuda e insistência da irmã, Brás Cubas ficou noivo de Eulália, uma
moça pobre, sobrinha de seu cunhado. No entanto, antes mesmo de se
casarem, ela ficou doente e acabou falecendo.
Brás Cubas chegou ao fim de sua vida sem ter constituído uma família,
sem ter se casado, sem ter sido pai, sem ter alcançado cargo algum de
prestígio e sem ter conseguido deixar seu nome na história. No final do
livro, ele ironiza tanto sua trajetória quanto os costumes sociais,
afirmando que a vida é uma miséria, cujo legado não deve ser
perpetuado por meio de filhos.