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Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma
cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre
frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma
das marcas do estilo machadiano, a maneira como o autor trabalha as figuras de
linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas na obra não há, em nenhum
momento, a caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia e o eufemismo
para que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela
só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma
categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor e
interesse financeiro estão intimamente ligados.
Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas,
presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma
a resolução mais comum para as classes ricas da época: manda o filho para a
Europa estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra.
Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela não vai,
como combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre.
Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão
para o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária,
gozando dos privilégios dos bem-nascidos do país.
Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais duradouro
amor. Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado pelo
pai, que via no casamento com ela um futuro político. No entanto, ela acaba se
casando com Lobo Neves, que arrebata do protagonista não apenas a noiva como
também a candidatura a deputado que o pai preparava.
A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra a fortuna
com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no
mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira
de ascensão social, uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles.
Quincas Borba
“Quincas Borba” foi publicado em 1891, exatamente dez anos após a publicação de
“Memorias Póstumas de Brás Cubas”, que iniciou a mais famosa trilogia da
literatura brasileira e, também divisora de águas na carreira de Machado de Assis.
Em “Quincas Borba”, Machado retoma um famoso personagem, Quincas e sua
teoria do humanitismo. No livro, que diferentemente do primeiro, o narrador
assume a 3ª. pessoa, mas não deixa de levar o leitor por seus comentários
sarcásticos, pessimistas e repleto de ironia fina.
Com total aprovação da esposa, mesmo enciumado, Cristiano Palha arma um plano
que se assemelha mais a uma teia de arranha, para pegar simplista e ingênuo
Rubião, que, sem nada perceber, cairá direto na armadilha do casal ambicioso.
Cristiano, se fazendo de inocente, pede um empréstimo a Rubião e, sem que o ex-
professor note nada, propõe-lhe sociedade, já que não há dinheiro para pagar a
dívida. Rubião crê que Sofia tenha algum sentimento por ele. Mas aos poucos ele
acaba percebendo que não é verdade.
Era uma sexta-feira de novembro de 1869 quando a história se inicia. Rita e Camilo
conversam sobre cartomantes. Camilo diz não acreditar nesse tipo de coisa. Rita,
no entanto, acabar por revelar que chegou até mesmo a consultar uma dessas
mulheres, justamente por ter receios em perder o amante. Camilo ri dessa história
e diz à amada que, se tivesse dúvidas quanto amor que ele sentia por ela, Rita
deveria procurar a ele mesmo. Mas a jovem era insegura e acreditava na
cartomancia, embora seu amante não o fizesse.
Uma carta anônima, entretanto, viria a abalar o romance dos dois jovens. Na carta
endereçada a Camilo, uma pessoa informa o rapaz de que sabia da aventura dele
com a mulher do amigo. Por isso, ele deixa de ir com tanta frequência à casa de
Vilela e Rita. Esse é o motivo para que a jovem procure uma cartomante para lhe
restituir a confiança quanto ao amor de Camilo, já que ele andava meio arredio.
Nervoso e mesmo sem acreditar nessa história de previsão do futuro pelas cartas,
Camilo decide entrar. A cartomante o acalma e informa ao jovem de que as cartas
lhe revelavam um futuro feliz com a amada. Passado o susto, o rapaz fica aliviado e
passa a acreditar na mulher. Ele ainda se sentira maravilhado porque a cartomante
adivinhara que estava assustado.
Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão
trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu
oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando
Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar
dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar
ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja,
participar ativamente da vida burguesa.
Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão
a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes
a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o
casamento de Romão.
Casa de pensão
A narrativa contada no livro é de fato muito próxima do que aconteceu na vida real
e faz questão de analisar as influências que o meio tem sobre os indivíduos, o que
era uma premissa das bases do realismo, movimento literário ao qual pertenceu o
autor.
Amâncio então planeja sua fuga, e como Coqueiro suspeita, acaba denunciando o
rapaz à polícia por ter tirado a virgindade da jovem. Ele acaba sendo absolvido,
embora haja várias calúnias contra o rapaz.
O caso acaba se tornando muito famoso, e logo o rapaz consegue provar a sua
inocência em diversas acusações. Amâncio comemora a liberdade assim como
outros que atiravam flores e cantam para o estudante. Inconformado com a decisão
da justiça, João Coqueiro pega o revólver do pai para se matar, mas desiste e
acaba assassinando Amâncio no hotel em que estava, enquanto dormia de barriga
para cima, Após o crime, é preso por um policial. A mãe de Amâncio chega à cidade
no meio de todo aquele alvoroço e vê em uma vitrine o retrato do filho morto na
mesa do necrotério.