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Memórias póstumas de Brás Cubas

A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal


brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais.
O garoto tinha como “brinquedo” de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia
de montaria e para maus-tratos em geral. Na escola, Brás era amigo de
traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá no futuro defendendo o
humanitismo, misto da teoria darwinista com o borbismo: “Aos vencedores, as
batatas”, ou seja: só os mais fortes e aptos devem sobreviver.

Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma
cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre
frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma
das marcas do estilo machadiano, a maneira como o autor trabalha as figuras de
linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas na obra não há, em nenhum
momento, a caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia e o eufemismo
para que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela
só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma
categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor e
interesse financeiro estão intimamente ligados.

Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas,
presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma
a resolução mais comum para as classes ricas da época: manda o filho para a
Europa estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra.

Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela não vai,
como combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre.

Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão
para o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária,
gozando dos privilégios dos bem-nascidos do país.

Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais duradouro
amor. Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado pelo
pai, que via no casamento com ela um futuro político. No entanto, ela acaba se
casando com Lobo Neves, que arrebata do protagonista não apenas a noiva como
também a candidatura a deputado que o pai preparava.

A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra a fortuna
com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no
mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira
de ascensão social, uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles.
Quincas Borba

“Quincas Borba” foi publicado em 1891, exatamente dez anos após a publicação de
“Memorias Póstumas de Brás Cubas”, que iniciou a mais famosa trilogia da
literatura brasileira e, também divisora de águas na carreira de Machado de Assis.
Em “Quincas Borba”, Machado retoma um famoso personagem, Quincas e sua
teoria do humanitismo. No livro, que diferentemente do primeiro, o narrador
assume a 3ª. pessoa, mas não deixa de levar o leitor por seus comentários
sarcásticos, pessimistas e repleto de ironia fina.

A narrativa tem ambientação inicial na cidade de Barbacena, em Minas Gerais e


gira em torno da história – Rubião – um professor primário, para quem Quincas
Borba deixa toda a sua fortuna, com a condição de que este cuide eternamente de
seu cachorro, também batizado Quincas Borba. No passado, Quincas Borba quase
havia se tornado cunhado de Rubião, que o bajulava sem nenhum pudor, pois tinha
total interesse nos bens do filósofo solteirão e desprovido de familiares. Este, que
já enlouquecido por sua filosofia humanitista, morre no Rio de Janeiro.

Já de posse da fortuna de Quincas Borba, e relembrando alguns dos aprendizados


que tivera com o filósofo, Rubião passa a desejar o que quer a maioria dos
humanos: fama e reconhecimento. Para conseguir atingir seus objetivos, muda-se
para o Rio de Janeiro, e lá conhece o casal Sofia e Cristiano Palha. Rubião encanta-
se com a beleza de Sofia, e o marido desta, percebendo a situação, decide armar
um plano para roubar do recém-novo-rico toda a sua fortuna.

Com total aprovação da esposa, mesmo enciumado, Cristiano Palha arma um plano
que se assemelha mais a uma teia de arranha, para pegar simplista e ingênuo
Rubião, que, sem nada perceber, cairá direto na armadilha do casal ambicioso.
Cristiano, se fazendo de inocente, pede um empréstimo a Rubião e, sem que o ex-
professor note nada, propõe-lhe sociedade, já que não há dinheiro para pagar a
dívida. Rubião crê que Sofia tenha algum sentimento por ele. Mas aos poucos ele
acaba percebendo que não é verdade.

Depois de roubarem toda a fortuna de Rubião, desfazem a sociedade. Porém, já é


bem tarde. O protagonista, neste ponto da narrativa já está à beira da loucura e
acaba sendo internado em um hospício. De lá, Rubião escapa e volta para
Barbacena, sempre em companhia de seu fiel cão Quincas Borba. Ambos tomam
uma forte chuva, ficam doentes e morrem, três dias d
A cartomante

O enredo do conto gira em torno de um triângulo amoroso. No livro, há quatro


personagens principais: Um homem de 29 anos, Vilela, que é marido de Rita, de 30
anos. Há ainda um rapaz de 26 anos, Camilo, funcionário público, solteiro e amigo
de longos anos de Vilela. Por último, temos a mulher de 40 anos responsável pelo
título do conto, uma cartomante magra e morena. No entanto, mesmo que não
apareçam diretamente, ainda há outros personagens que são fundamentais para o
enredo da história.

Resumo do Livro ‘A Cartomante’: Rita, embora casada com Vilela, mantinha um


romance secreto com Camilo. O casal de amantes começou a se aproximar quando
a mãe de Camilo morreu. Como o rapaz já era amigo de Vilela, este e a esposa Rita
demonstraram grande carinho para com o moço órfão.

Ficou a encargo de Rita tratar o coração de Camilo. Mesmo depois do enterro a


mulher de Vilela passou a se encontrar com Camilo. Entre uma conversa e outra, os
dois acabam se envolvendo. Camilo conhecia Vilela há um bom tempo, porém, isso
não foi um motivo suficiente para que o jovem não se rendesse aos gracejos de
Rita, tida como uma dama sonhadora.

Era uma sexta-feira de novembro de 1869 quando a história se inicia. Rita e Camilo
conversam sobre cartomantes. Camilo diz não acreditar nesse tipo de coisa. Rita,
no entanto, acabar por revelar que chegou até mesmo a consultar uma dessas
mulheres, justamente por ter receios em perder o amante. Camilo ri dessa história
e diz à amada que, se tivesse dúvidas quanto amor que ele sentia por ela, Rita
deveria procurar a ele mesmo. Mas a jovem era insegura e acreditava na
cartomancia, embora seu amante não o fizesse.

Uma carta anônima, entretanto, viria a abalar o romance dos dois jovens. Na carta
endereçada a Camilo, uma pessoa informa o rapaz de que sabia da aventura dele
com a mulher do amigo. Por isso, ele deixa de ir com tanta frequência à casa de
Vilela e Rita. Esse é o motivo para que a jovem procure uma cartomante para lhe
restituir a confiança quanto ao amor de Camilo, já que ele andava meio arredio.

Depois de alguns meses distante da casa do amigo, o funcionário público recebe


um bilhete de Vilela para que comparecesse urgentemente à casa dele. O jovem se
desespera ao imaginar que o amigo descobriu a traição. Quando está a caminho da
residência de Rita e Vilela, uma carroça faz com que o rapaz pare em frente à casa
onde vivia a cartomante que Rita visitara. Isso lhe parecia coisa do destino.

Nervoso e mesmo sem acreditar nessa história de previsão do futuro pelas cartas,
Camilo decide entrar. A cartomante o acalma e informa ao jovem de que as cartas
lhe revelavam um futuro feliz com a amada. Passado o susto, o rapaz fica aliviado e
passa a acreditar na mulher. Ele ainda se sentira maravilhado porque a cartomante
adivinhara que estava assustado.

Após se sentir melhor, o jovem recupera a calma e, com uma sensação de


tranquilidade, encaminha-se para a casa do amigo. Uma vez ali, entra, sobe as
escadas e dá de encontro com Vilela. Camilo pergunta ao amigo o que desejava,
mas Vilela nada responde. Em seguida, pede ao jovem que o acompanhe até a sala
superior. Ao entrar, a cena é estarrecedora. Rita estava toda ensanguentada e
Camilo solta um grito. Nesse momento, Vilela o agarra pelo colarinho e o mata com
dois tiros.
O cortiço

O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para


acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir
atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira.
Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem


estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de
terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o
rompimento provisório de relações entre os dois.

Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão
trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu
oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando
Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar
dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar
ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja,
participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira.


Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de
como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o
caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da
mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que
muda todos os seus hábitos.

A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o


título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar
as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que
agora ostenta ares aristocráticos.

O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para


se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do


comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por
Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige
usufruir os bens acumulados a seu lado.

Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão
a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes
a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o
casamento de Romão.
Casa de pensão

“Casa de Pensão”, do autor brasileiro Aluísio de Azevedo, foi originalmente


publicado em 1877, teria sido um romance inspirado em um caso policial que
aconteceu no Rio de Janeiro, e que ficou conhecido como “Questão Capistrano”. O
caso envolveu dois jovens os quais eram estudantes da Escola Politécnica, e que
antes da tragédia, eram grandes e inseparáveis amigos: João Capistrano da Cunha
e Antônio Alexandre Pereira.

A narrativa contada no livro é de fato muito próxima do que aconteceu na vida real
e faz questão de analisar as influências que o meio tem sobre os indivíduos, o que
era uma premissa das bases do realismo, movimento literário ao qual pertenceu o
autor.

A história começa contando sobre Amâncio da Silva Bastos e Vasconcelos que é um


rapaz rico da província do Maranhão que parte para a corte do Rio para estudar e
se encaminhar na vida. Logo que chega à cidade, ele vai morar na casa do senhor
Campos, amigo de seu pai, no entanto, o rapaz logo recebe um convite de João
Coqueiro para morar em sua pensão. Coqueiro e sua esposa, Madame Brizard,
estavam de olho no dinheiro de Amâncio e, por isso, o tratavam com total devoção
e planejavam casá-lo com Amélia, irmão de Coqueiro.

Acontece que na pensão havia uma série de problemas: muitos hóspedes e a


promiscuidade generalizada. Além disso, havia a falsa moralidade imposta pelos
proprietários. Naquele ambiente de horrores e excessos, Amélia se torna amante de
Amâncio e, quando este anuncia que precisa regressar para casa, uma vez que seu
pai havia morrido, ele é ameaçado por Coqueiro que ordena que antes ele se case
com Amélia.

Amâncio então planeja sua fuga, e como Coqueiro suspeita, acaba denunciando o
rapaz à polícia por ter tirado a virgindade da jovem. Ele acaba sendo absolvido,
embora haja várias calúnias contra o rapaz.

O caso acaba se tornando muito famoso, e logo o rapaz consegue provar a sua
inocência em diversas acusações. Amâncio comemora a liberdade assim como
outros que atiravam flores e cantam para o estudante. Inconformado com a decisão
da justiça, João Coqueiro pega o revólver do pai para se matar, mas desiste e
acaba assassinando Amâncio no hotel em que estava, enquanto dormia de barriga
para cima, Após o crime, é preso por um policial. A mãe de Amâncio chega à cidade
no meio de todo aquele alvoroço e vê em uma vitrine o retrato do filho morto na
mesa do necrotério.

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