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Fichamento do livro

Personagens Principais:
Quincas Borba: Filósofo e intelectual que vivia em Barbacena, muito amigo de Rubião
(que cuidou dele enquanto este enlouquecia). Acaba por morrer no Rio de Janeiro e deixar toda a
sua herança para Rubião, com a única condição que ele cuidasse de seu cachorro. É um
personagem que já aparece no romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e recebe maior
atenção neste livro. Idealizador do “Humanitismo”. A filosofia de Quincas Borba afirma que a
substância da qual emanam e para qual convergem todas as coisas é Humanitas, e que a inveja
não passa do "nobre sentimento" de contemplação, nos outros, das qualidades de Humanitas. O
"Humanitismo", enxerga a guerra como forma de seleção dos mais aptos. Humanitas se projeta
por meio de quatro fases: a estática, anterior à criação; a expansiva, início das coisas; a
dispersiva, surgimento do homem, e a contrativa, absorção do homem na substância original. A
filosofia exclui o sexo e o sofrimento, considerando o Cristianismo uma "moral de fracos" (clara
intertextualidade às teorias de Nietzsche), a mulher um ser inferior, e tudo no mundo como algo
bom, sendo a única coisa ruim o não nascer.
Pedro Rubião de Alvarenga Amigo e receptor da herança de Quincas Borba, acaba
mudando-se para o Rio de Janeiro quando fica rico, sendo enganado por seu amigo capitalista
Cristiano e sua esposa Sofia, paixão de Rubião, vive na pele todo o fundamento teórico do
Humanitismo, e quando percebe o interesse do casal e a falta de amor da moça acaba por
enlouquecer, morrendo em Barbacena.
Quincas Borba (cachorro): Cachorro que antes pertencia a Quincas Borba e depois de
sua morte, pertence a Rubião, sendo seu companheiro nas mais diversas situações. É descrito
como sendo um cachorro de porte médio, com pêlo cor de chumbo e malhado de preto. Acaba
morrendo depois que seu dono também morre.
Cristiano de Almeida e Palha: Capitalista interesseiro, casado com Sofia e que vê a
ingenuidade de Rubião como uma forma de conseguir dinheiro e crescer na vida.
Sofia Palha: Casada com Cristiano, também vê Rubião como uma forma de ganhar
dinheiro e melhorar a vida, se aproveitando da paixão de Rubião por ela. Uma personagem
machadiana típica por ser fria e calculista.
Carlos Maia: Homem que desperta o interesse de Sofia e que por fim casa-se com sua
prima. É um rapaz jovem que transpira prepotência.
Maria Benedita: prima de Sofia, moça casadoura, endeusa Carlos Maria de quem se
tornou esposa;
D. Tonica: Filha do Major Siqueira, solteirona, frustrada. Sempre à espera de um noivo,
que poderia ser Rubião, mas este está interessado em Sofia. Acabou arranjando um noivo, que
morreu dias antes do casamento;
Enredo
O protagonista do romance é Pedro Rubião de Alvarenga, professor primário que, na cidade de
Barbacena, se torna enfermeiro, discípulo e amigo do filósofo Quincas Borba, que lhe ensina o
Humanitismo, filosofia inventada por ele que pregava a que a razão do homem é sempre buscar
viver e que a sobrevivência depende muitas vezes de saber vencer os outros. Em meio a isso,
Quincas foi ficando cada vez mais agitado e foi enlouquecendo, enquanto Rubião cuidava dele.
Um dia, Quincas resolve ir para o Rio de Janeiro e lá falece na casa de Brás Cubas (aqui vemos
uma ponte entre este romance e o “Memórias”), deixando a sua herança milionária para Rubião,
com a única condição de que esse cuidasse de seu cachorro, que também se chamava Quincas
Borba. Cansado da calmaria de Barbacena, Rubião decide ir para o Rio de Janeiro, e no trem a
caminho conhece o capitalista Cristiano de Almeida e Palha e sua esposa, Sofia. O casal
aproveita-se da ingenuidade do outro, e Cristiano consegue arrancar algum dinheiro do recente
milionário. Assim, Rubião se estabelece no Rio, com uma grande casa em Botafogo, o cachorro
Quincas Borba como companhia e diversos criados para atenderem seus caprichos. Ele, Cristiano
e Sofia se tornam grandes amigos, sempre visitando a casa um do outro e saindo juntos. Em meio
a tudo isso, Rubião tem uma grande parceria de negócios com Cristiano, que acaba tirando muito
dinheiro do outro. Além disso, Rubião acaba se apaixonando por Sofia, cuja beleza ele admirava
desde que haviam se conhecido no trem para o Rio de Janeiro. Porém, depois de muito tempo
sendo ludibriado pelo casal, Rubião percebe que a proximidade de ambos era apenas de fachada,
que eles queriam apenas tirar proveito de seu dinheiro, e que Sofia nunca havia demonstrado um
real interesse nele. Com isso, Rubião começa a enlouquecer e logo fica sem dinheiro. O casal
Palha vê a situação do homem e se responsabilizam por cuidar dele, que piora cada vez mais e
chega a ser mandado para um hospício. Enlouquecendo cada vez mais, Rubião acredita que é o
imperador francês Napoleão, e consegue fugir do hospício junto com o seu cão, viajando para
Barbacena logo em seguida. Na cidade, não conseguem receber abrigo e passam a noite na rua.
Rubião morre poucos dias depois de voltar à Barbacena, e o cachorro Quincas Borba acaba
morrendo também.
Analise
Quincas Borba (1891) é visto, de certa forma, como uma continuação de Memórias
Póstumas de Brás Cubas (1881). Nos dois romances, Quincas Borba é personagem; há menção a
sua filosofia, o Humanitismo; e, num procedimento bastante original, o narrador de Memórias,
Brás Cubas, envia uma carta para um personagem de Quincas Borba, Rubião, participando-lhe
da morte do filósofo.
Quincas Borba apresenta um narrador em terceira pessoa, onisciente. É por intermédio
dele que os leitores pouco a pouco são envolvidos na loucura do protagonista. Em poucos
momentos, o autor-narrador faz menção a si mesmo (“Este Quincas Borba,se acaso me fizeste o
favor de ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas (cap. IV, p. 90). Nesse caso, o escritor se
identifica como autor e narrador de um romance inventado.
Em Quincas Borba, o narrador dialoga com seu leitor, estimulando-o a prosseguir a
leitura e a acompanhá-lo em suas ideias e suposições. Esse procedimento é recorrente no
romance. Exemplos:
“Vem comigo, leitor; vamos vê-lo, meses antes, à cabeceira do Quincas Borba (cap. III, p. 89); Queres o
avesso disso, leitor curioso? (...) (Cap. XXXI, p. 125).”
Quincas Borba trata fundamentalmente do mundo objetivo, do mundo das relações
sociais, do poder e do dinheiro. Quando o narrador retrata a interioridade das personagens, ele se
ocupa em representar como a psicologia das personagens está articulada com os valores sociais.
Trata-se de um romance exemplar de realismo psicológico.
O Humanitismo aparece pela primeira vez nas Memórias Póstumas de Brás Cubas
(1881). Em Quincas Borba, Rubião é o ouvinte do filósofo. A filosofia de Quincas Borba é vista
como uma paródia do positivismo, de Augusto Comte, e da teoria de Charles Darwin sobre a
seleção natural. A frase “Ao vencedor, as batatas!” remete a dos evolucionismos sociais,
baseados no de Darwin, uma maneira de desvelar de forma irônica o caráter cruel da “lei do mais
forte”.
Em Quincas Borba não há tanta divagação quanto em Memórias Póstumas de Brás
Cubas, no entanto, ela também ocorre nesse romance, como se pode observar pela leitura do
capítulo CXVII, quase que inteiramente digressivo. Nesse capítulo, o relato do casamento de
Maria Benedita é suspenso e o narrador discorre predominantemente sobre a utilidade das
catástrofes na vida das pessoas (como a epidemia de Alagoas que acabou unindo, indiretamente,
o casal Maria Benedita e Carlos Maria).
A visão de mundo presente no livro Quincas Borba é cética e pessimista, de um
pessimismo derivado de Schopenhauer, filósofo alemão para quem a vida do homem é marcada
pela dor e pela infelicidade. A esse pessimismo é acrescentado o trabalho perverso do dinheiro e
do poder.
Exercícios
Texto 1.
“O mais significativo, agora, é a possibilidade de passagem de uma classe para outra; a principal
escada utilizada com esse objetivo são os negócios, e Cristiano Palha, ex-seminarista, junto com
sua esposa Sofia, filha de um funcionário público, são mostrados com cuidadosos detalhes, em
sua suave e cínica ascensão através dos escalões sociais”.
1. Considerando esse fragmento crítico, o que motiva o casal Palha a se aproximar de Rubião?
R: A possibilidade de passagem de uma classe para outra, explorando a ingenuidade de
Rubião.
Texto 2
“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar
uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há
batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a
guerra é a conservação. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais efeitos das ações bélicas.”
2. Para explicar a filosofia do Humanitismo, Quincas Borba usa metáforas. O que elas
evidenciam?
R: A essência do humanitismo, filosofia idealizada por Quincas Borba, que é praticamente
a lei do mais forte, onde os fracos devem sucumbir para os fortes viverem.
3. No início do romance, Rubião pensa: “Deus escreve certo por linhas tortas”. A que
acontecimento trágico (“linhas tortas”) que resultou em algo favorável (“escreve certo”) ele se
refere?
R: A morte de Quincas Borba, o que faz com que Rubião herde as riquezas de Quincas.
Texto 4
“Rubião é o mais nítido exemplo do mecanismo de devoração do homem pelo homem,
instrumento da ambição econômica da sociedade urbana de Palhas e Sofias, Camachos e Freitas.
Tal qual os fracos e puros, é manipulado como uma coisa, exatamente por uma galeria de
personagens terríveis, todos homens de corte burguês impecável, perfeitamente entrosados nos
mores de sua classe e seu espaço experiencial."
4. Nesse texto, Rubião é apresentado como alvo fácil a ser explorado por homens inescrupulosos.
Em que consiste a fraqueza do protagonista?
R: Se levar pelas aparências e status social, se provando ingênuo.
5. As personagens do romance Quincas Borba seguem quais motivações internas para seus atos?
R: Motivações egoístas e ambiciosas em relação ao dinheiro e status social.

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