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Quincas Borba
Equipe:
Adiles Pinto
Eligidério Gadelha
Gerlania Medeiros
Patrícia Diógenes
“Fica claro o caráter crítico de um romance que traz a periferia para o centro,
como disse o crítico Roberto Schwarz. Disposto a subverter a moral nacionalista
burguesa – que relevava questões centrais de nossa realidade sociopolítica –,
Machado de Assis enfoca um universo carioca misto e incoerente, cujas ideias –
que estão “fora do lugar" – invertem a lógica dos valores humanos, fazendo da
mediocridade, o sucesso; do casamento, a corrupção; da loucura, um ideário.”
2. Personagens
Quem é Quincas Borba?
“Este Quincas Borba, se acaso me
fizeste o favor de ler as Memórias
Póstumas de Brás Cubas, é aquele
mesmo náufrago da existência, que
ali aparece, mendigo, herdeiro
inopinado, e inventor de uma
filosofia. Aqui o tens agora em
Barbacena.” (Cap. IV)
•Joaquim Borba dos Santos, Quincas Borba. O
filósofo e o cão:
Filósofo doido, esquisito, “com frequente alteração de humor”, “ímpetos
sem motivo”, “ternura sem proporção”, extravagante (cap. V), bom, alegre,
lutava contra o pessimismo (cap. V) e desejava a sua continuidade através
dos tempos, como comprova a sua filosofia “borbista”, de natureza
“humorística”, o Humanitismo. Depois que morreu, passou, por
metempsicose, ao corpo do seu cão, como sugerem as dúvidas de Rubião
ao longo da narrativa.
“Olhou para o cão, enquanto esperava que lhe abrissem a porte. O cão olhava para
ele, de tal jeito que parecia estar ali dentro o próprio e defunto Quincas Borba; era o
mesmo olhar meditativo do filósofo, quando examinava negócios humanos…” (Cap.
XLIX).
Pedro Rubião de Alvarenga, Rubião:
Se caracteriza assim no romance: tem medo da opinião
pública, é indeciso, volúvel, ambicioso (cap. I, X, XV),
megalomaníaco, obsessivo, desequilibrado, tímido (cap. XXV),
acomodado, ciumento, influenciável (cap. LXIX), conflituoso,
ocioso, ingênuo.
A sua megalomania, que o levará à sandice, tem
desenvolvimento sutil e velado ao longo da narrativa.
Casal Palha
•Sofia: extremamente vaidosa, bonita. orgulhosa,
dominadora, fria, cautelosa, ambiciosa, sedutora,
caráter ambivalente. Sofia não se mostra tão
interessada em aprender tarefas, senão as
necessárias para sua inserção social.
Estratégia de Palha.
“Não é segredo para a senhora que lhe quero bem. A senhora sabe disto, e não
me despede, nem me aceita, anima-me com os seus bonitos modos. Não me
esqueci ainda de Santa Teresa, nem da nossa viagem no trem de ferro, quando
vínhamos os dous com seu marido no meio. Lembra-se? Foi a minha desgraça
aquela viagem; desde aquele dia a senhora me prendeu. A senhora é má, tem
gênio de cobra; que mal lhe fiz eu? Vá que não goste de mim; mas, podia
desenganar-me logo…” (Capítulo CIII).
● Conflito do antigo “eu” com a nova vida:
“[...] Viu ruas esguias, outras em ladeira, casas apinhadas ao longe e no alto
dos morros, becos, muita casa antiga, algumas do tempo do reis comidas,
gretadas, estripadas, o cais encardido e a vida lá dentro. E tudo isso lhe dava
uma sensação de nostalgia...Nostalgia do farrapo, da vida escassa,
acalcanhada e sem vexame. Mas durou pouco; o feiticeiro que andava nele
transformou tudo. Era tão bom não ser pobre!” (Capítulo LXXXVI).
Obs - O feiticeiro seria a sua versão como capitalista; o dinheiro, a busca pelo
status transformaram seu modo de vida.
● Ideia fixa pela nobreza e a alternância de personalidade:
Fala de Jacobina:
“Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma
que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro [...] A alma
exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto,
uma operação. [...]. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida,
como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma
laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e
casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência
inteira” (Machado de Assis, 1882).
- Jacobina deixa de ser morador da periferia do Rio de Janeiro e passa a ser Alferes
(uma patente militar) da guarda nacional. O novo status muda seu jeito de ser,
recebendo um novo olhar dos amigos e familiares.
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. (1882). O espelho. In: Joaquim Maria. Obras Completas, Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 2004.
PERES, Sávio Passafaro e MASSIMI, Marina. O conceito de loucura no romance de Machado de Assis “Quincas
Borba”.Lat. Am. j. fundam. psychopathol. on line [online]. 2007, vol.4, n.2, p. 238-252. ISSN 1677-0358.