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A PEQUENA

APRENDIZ
DE REZADEIRA

Ciro Leandro
Ilustrações de

Pérola Thalia
Ilustrações de
Ciro Leandro Pérola Thalia

A PEQUENA
APRENDIZ
DE REZADEIRA

Fortaleza - CE
2021
Fortaleza-CE
Edições Acauã
Telefones: (85) 99175.8893/ (83) 99110. 9503
gilpoeta@yahoo.it

A PEQUENA APRENDIZ DE REZADEIRA


© 2021 Copyright by Ciro Leandro Costa da Fonsêca
Impresso no Brasil / Printed in Brazil

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Ilustradora
Pérola Thalia Nunes Bento

Diagramação eletrônica
Renan Rodrigues

Revisora
Solange Batista da Silva

Conselho Editorial
Carlos Gildemar Pontes (Editor)
Anchieta Pinheiro Pinto
R. Leontino Filho
Maria Edileuza Costa
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Maria Vanice Lacerda
Socorro Pinheiro
Renato Almeida

Ficha Catalográfica - Bibliotecária: Perpétua Socorro Tavares Guimarães - CRB 3/801-98

F 676 p Fonsêca, Ciro Leandro Costa da


A pequena aprendiz de rezadeira / Ciro Leandro Costa da Fonsêca; ilustrações
de Pérola Thalia Nunes Bento.- Fortaleza: Edições Acauã, 2021.
44 p. (Prêmio Carolina Vanderley de Literatura Infanto-juvenil)
ISBN: 978-65-5556-168-5
1. Literatura infanto-juvenil I. Bento, Pérola Thalia Nunes II. Título.
CDD: 028.5
Prêmio Carolina Vanderley de
Literatura Infanto-juvenil
Ciro Leandro

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A PEQUENA APRENDIZ DE REZADEIRA

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Numa comunidade chamada de Quati, localizada no alto de
uma serra, no município de Luís Gomes, conhecido antigamente por
de Serra do Senhor Bom Jesus no interior do Rio Grande do Norte,
nasceu à menina Ana. Descendente dos povos afro-brasileiros, a
criança veio ao mundo pelas mãos da parteira do sítio, a senhora
Maria do Rosário, como nascem milhares de crianças nos distantes
sertões do Brasil, onde a medicina não consegue chegar. As
parteiras são heroínas da sabedoria popular, que aprenderam de
suas ancestrais a arte de “pegar crianças” e, assim, fazem do seu
ofício a dedicação de toda uma vida. Na comunidade há o costume
de chamar as parteiras de “mãe”, pedir sua benção, seus conselhos
e de ouvir suas lições de vida, narrativas aprendidas em sua longa
experiência de convívio com a sua gente. Desde pequena, Ana
passou a chamar sua mãe de umbigo de Mãe Maria. A expressão
mãe de umbigo surgiu do corte do umbigo dos recém-nascidos ser
realizado pelas parteiras.
Ana era neta de uma senhora chamada Francisca, na comunidade
conhecida por Chica. Ela também possuía uma importante função
na comunidade: a de rezadeira. Como as parteiras, as rezadeiras
colocam a sabedoria aprendida dos antepassados a serviço das

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pessoas que precisam da sua ajuda. Essa sabedoria veio de muito


longe, da África dos seus antepassados negros, cruzaram o Atlântico
e fizeram a história no Brasil por ter se misturado também com os
saberes dos povos indígenas, aos conhecimentos das plantas nativas
dos pajés e aos seus rituais de cura.

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A PEQUENA APRENDIZ DE REZADEIRA

A rezadeira Chica aprendeu ainda criança o papel das rezadeiras


na comunidade. Sua avó Marta também era rezadeira e não tinha
hora para receber as pessoas em sua casa, principalmente as
crianças doentes, com “mau-olhado”, num tempo em que morriam
muitas crianças de desnutrição. Eram as rezadeiras e as parteiras
que receitavam chás e outros remédios caseiros à base de ervas
medicinais encontradas na região para salvar a vida das crianças.
Muitas morreram devido à fome causada pelas grandes secas
que assolam o Nordeste. A avó de Chica nunca cobrou pelos seus
serviços, assim como as parteiras, que são escolhidas no seio da
família e da comunidade para dar continuidade às tradições dos
mais velhos. Mesmo vivendo com dificuldades, Chica continuou a
servir ao seu povo sem nada lhes cobrar. Após um dia de trabalho
duro, no roçado, no pastoreio dos animais como bovinos e caprinos,
ela encontra forças para atender os doentes que chegam a sua
casa. As pessoas que recebiam suas bênçãos e rituais de cura e de
proteção lhes presenteavam com alimentos extraídos do roçado,
ou com uma boa galinha gorda criada no terreiro. Mas, não era
uma exigência da rezadeira. Esta trabalha pelo dom que considera
um presente divino, uma dádiva, e que foi reconhecido pelos mais
velhos que lhe transmitiram o ofício. Para as rezadeiras e parteiras
o mais importante é servir e receber de volta não presentes de
valores materiais, e sim a amizade e a consideração dos membros
da sua comunidade.

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A pequena Ana foi criada por sua avó Chica. Sua mãe faleceu
jovem devido à falta de cuidados médicos. A medicina popular
do lugar não foi o suficiente para a gravidade da doença, esta
agravada também pela falta de uma alimentação adequada durante
os anos de seca. Esse problema é uma chaga viva no sertão, onde as
pessoas das comunidades mais distantes dos grandes centros não
têm acesso às políticas públicas, que não chegam para solucionar ou
apenas amenizar os mais graves problemas sociais. Nesse universo
os agentes das culturas populares como as rezadeiras e as parteiras
salvam vidas quando a solução está ao alcance da sua sabedoria
popular. Apesar da morte da filha, a rezadeira Chica não perdeu
a fé e a esperança.
Ana foi amamentada por uma mãe da comunidade chamada
Maria das Dores que dividiu com a criança o leite do seu filho
Pedro. A menina cresceu com afeto pela sua ama de leite, e sempre
que a encontrava pronunciava a expressão de maior respeito entre
os membros da comunidade:
- A bênção Mãe Das Dores.
E ouvia com um tom todo especial de afeto maternal:

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- Deus te abençoe minha filha.


No triste passado do Brasil quantas crianças negras choraram de
fome, deixaram de ser amamentadas por suas mães que, escravas,
eram obrigadas a dar o seu leite para o filho branco da sinhazinha.
Nas comunidades populares como o Quati a solidariedade é uma
marca da convivência entre as pessoas que fazem do grupo. Por meio
dos ensinamentos das parteiras, das rezadeiras, dos contadores de
histórias, a partilha se estende do alimento ao afeto. Esse sentimento
foi muito importante para a resistência ao terror da escravidão, do
racismo e das dificuldades mesmo após a abolição. Sem esse espírito
que reuniu milhares de negros em quilombos na história do Brasil
os povos negros teriam perdido sua identidade, sua ligação com a
cultura ancestral trazida da África. As rezadeiras, assim o antigos
griots africanos, são as guardiãs e as transmissoras da memória,
da cultura e da história do seu povo negro. Sem a sua atuação a
religiosidade ancestral, as histórias das divindades africanas e como
elas se adaptaram a história dos afrodescendentes no Brasil não
chegariam jamais ao conhecimento das novas gerações.
Os griots atravessaram o Atlântico negro e revestiram de uma
atmosfera mágica as narrativas brasileiras. A escritora Lygia
Fagundes Telles narra em seu livro Invenção e Memória que, quando
criança, foi cuidada por uma pajem chamada de Maricota. Ela lhe
contava as histórias que inspiraram a formação da futura escritora,
assim como as histórias contadas pelas trabalhadoras negras dos

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engenhos de cana-de-açúcar inspiraram o escritor José Lins do


Rego a criar a personagem da Velha Totonha, uma contadora de
histórias que percorria os engenhos narrando de forma encantadora
as histórias, lendas e causos que aprendeu com a tradição oral
do seu povo, e que na obra Menino de Engenho encantou o
personagem Carlinhos, quando criança. Embora trazidos à tona
com certa doçura por esses escritores, a histórias dos narradores
negros carrega feridas históricas do trabalho escravo nos engenhos
e dos trabalhos domésticos nas casas grandes das fazendas, que
faziam com que pais e mães negros não cuidassem dos seus filhos
com dignidade.
As histórias, as manifestações culturais, as danças e as devoções
dos negros escravizados serviram para amenizar o seu sofrimento,
dar força a sua luta por libertação e manter viva a chama da
identidade. Essa é a função da cultura afro-brasileira na história. As
narrativas também foram ouvidas pelos brancos, embalaram o sono
dos filhos dos senhores, e contribuíram com a formação da literatura
e da cultura brasileira escrita por esses, mas, principalmente, da
narrada e escrita pelos afrodescendentes a partir das suas próprias
experiências de vida.
As rezadeiras são autênticas narradoras da vida do seu povo.
E a pequena Ana foi ninada pelas histórias contadas por sua avó
Chica, aprendendo desde cedo as lições de vida da sua gente, sua
luta e história de dor e de resistência.

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Como a rezadeira Chica precisava correr com os trabalhos do
roçado, da criação do gado, e dos afazeres domésticos, a pequena
Ana aprendeu desde cedo a importância de dividir as tarefas. Na
comunidade do Quati as famílias se ajudam no roçado trabalhando
em mutirão, uma união em que dividiam as tarefas e cada grupo
ajuda o outro. Um exemplo é a debulha do feijão. À noite o grupo
das famílias da comunidade escolhia uma casa, se reuniam e
debulhavam a colheita daquela família, contando histórias e
relembrando a cultura e as tradições do seu povo.
O contexto de vida das pessoas reveste de sentido as
narrativas. As histórias, os mitos repassados pelos antepassados
são reelaborados nas histórias de vida dos membros do Quati. As
histórias se tornam conselhos para o momento presente. Como
a lenda do rosário, símbolo usado no pescoço pelos membros da
comunidade. Contam os mais velhos, que quando José e Maria
fugiam para o Egito para salvar o menino Jesus da perseguição do
rei Herodes, as lágrimas derramadas por Nossa Senhora no caminho
fez brotar uma planta, e dela são feitas as contas que formam o
rosário. O objeto atual é formado por contas unidas por um cordão,
uma medalha com a imagem da Mãe de Jesus ou um crucifixo.

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Ao ser usado pelos povos negros no Brasil, o rosário se tornou


um símbolo da resistência, pois assim como a família de Nazaré
fugiu da sua terra para não matarem Jesus, cena historicamente
representada na imagem de Nossa Senhora do Desterro, com
José e Maria puxando um jumento que levava a mãe e o menino
recém-nascido, milhões de africanos foram arrancados de sua terra
natal e trazidos em condições desumanas para o Brasil, e outros
países da América, para serem escravizados.
Esta história foi narrada no Quati pela rezadeira Chica à sua
neta Ana quando a menina lhe perguntou:
- Vovó, por que a senhora usa esse cordão no pescoço? Como
ele é chamado?
E a rezadeira lhe contou essa longa história.
O rosário representa o símbolo do laço de identidade, que
irmanou os povos negros chegados ao Brasil na luta contra a
escravidão. Sua identificação segundo os mais velhos ocorreu com
os africanos islâmicos, que perceberam semelhanças entre o Tecebá,
o Rosário do Islamismo, com o rosário trazido nos dedos da imagem
de Nossa Senhora do Rosário. A sabedoria e a capacidade de se
reinventar diante das dificuldades fez do sincretismo uma forma
também de resistir e o rosário, apesar de ser um objeto de devoção
imposto pela religião católica, passou a ser o símbolo da luta
negra no Brasil. Os negros organizaram suas irmandades católicas

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chamadas de Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens


Pretos em todos os cantos do Brasil. Estas irmandades existentes
desde o século XVII coroavam os Reis de Congo, como acontecia
no Recife, realizavam a Festa do Rosário para fortalecer os laços
e a luta. Com o tempo, passaram também a dar maior assistência
aos negros, cuidavam dos doentes, compravam alforrias dos que
ainda eram escravos e enterravam os mortos.

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Dona Chica contou a Ana que no Quati não existiu a Irmandade


do Rosário enquanto assistência de alforria aos escravos porque a
comunidade surgiu de um grupo de escravos fugidos que se refugiou
na serra e se organizou, mas a devoção que foi repassada aos
mais novos e o rosário se tornaram presentes na vida dos negros
como objeto de devoção não apenas religiosa, mas como lembrança
da luta contra a escravidão e da união do seu povo dispersado
violentamente pelo comércio escravista, famílias e nações separadas
que encontraram nos elementos culturais um jeito de se reunir
novamente em torno da memória ancestral africana.
Um rosário de contos, de histórias e memórias era rezado pela
voz de dona Chica ao narrar a trajetória do seu povo desde a
travessia do Atlântico negro até a vida comunitária experienciada
no aconchego do Quati, onde apesar das dificuldades, a união do
grupo fortalece a capacidade de vencer os desafios.
As novenas em honra a Nossa Senhora do Rosário acontecem
em outubro, nas casas dos moradores, mas o Quati não possuiu
uma Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos,
devido ao seu percurso histórico diferente da história de outros
grupos negros, mas o símbolo do rosário atravessou gerações e até
hoje é signo de luta, união e resistência.

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Um tempo forte na vida dos moradores do Quati é a festa de
Nossa Senhora Aparecida, na pequena capela da Vila Aparecida
que fica nos limites dos estados do Rio Grande do Norte e da
Paraíba, entre os municípios de Luís Gomes, a Serra do Bom Jesus
e a cidade de Uiráuna antigamente chamada de Belém. Nesse
pequeno lugarejo um grupo de negros chegados de Alagoas no
final do século XIX, veio para trabalhar nas terras de um rico
fazendeiro, trazendo consigo uma imagem de Nossa Senhora
Aparecida, a Virgem Negra encontrada pelos pescadores nas
águas do Rio Paraíba do Sul, em São Paulo. A imagem encontrada
era de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Portugal,
cultuada pelos brancos colonizadores, que no rio adquiriu a cor
negra e passou a ser um símbolo da luta contra a escravidão,
originando assim uma nova devoção para os povos negros. Essa
família popularmente conhecida como os “Cupiras” cultuavam
a imagem às escondidas do seu patrão, pois mesmo após a
abolição, os negros continuaram sendo explorados, trabalhando
sem condições dignas, e a imagem representava a luta contra toda
forma de racismo e exploração que ainda fazia reviver o tempo da
escravidão. A família foi descoberta em oração à Virgem Negra e
o seu culto foi proibido. Mas, quando uma das filhas do dono das

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terras adoeceu, um membro da família Cupira chamada Marta


sugeriu que ela fizesse uma prece a Nossa Senhora Aparecida que
foi atendida com a cura.
A partir daí o culto não foi mais perseguido. Com o tempo o
padre Cirilo de Belém construiu uma pequena capela, uma das
mais antigas do Brasil, dedicada àquela mais tarde se tornaria
oficialmente a Padroeira do Brasil. Em outubro, Chica e Ana iam
juntamente com outras famílias do Quati a pé até a pequena vila
fortalecer a sua fé na nova protetora do povo negro, além da
Virgem do Rosário. A história se move e a cultura se reveste de
novos sentidos. Na Virgem Negra se refletiu a face de milhões de
mulheres negras marcadas pelo sofrimento, mas perseverantes
em sua luta. A festa de Aparecida passou a fazer parte do tempo
comunitário vivenciado ao longo do ano pelos moradores do
Quati. Mas a aceitação da devoção pelos primeiros moradores
da Vila Aparecida, nome mudado depois da construção da capela
e antes chamada de Feira do Pau, devido às brigas e mortes
ocorridas nos tempo do cangaço e do coronelismo no sertão,
não foi fácil.

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Muitas pessoas não aceitavam na capela uma imagem negra,


e não queriam rezar para esta nova denominação da Virgem.
A segunda imagem de Nossa Senhora Aparecida doada pela
proprietária das terras próximas da capela, mas devido a rejeição
a imagem teve a sua cor “clareada”. Esse triste fato foi contado
por dona Chica à pequena Ana, durante a caminhada até a Vila,

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para que a menina crescesse sabendo da necessidade de, apesar do


histórico preconceito contra o seu povo e a sua cultura, valorizar
a sua história coletiva. Rememorar a discriminação sofrida não é
somente recordar os sofrimentos, pôr o dedo nas feridas que tanto
doeram, mas não trabalhar pelo reconhecimento e afirmação da
contribuição dos povos negros, para a construção do Brasil, e do
seu valor na formação da cultura, da história e da literatura.

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A menina Ana costumava acompanhar a sua avó nas viagens


para a vizinha cidade de Pau dos Ferros, no mesmo estado do Rio
Grande do Norte. Nessas muitas idas a rezadeira se contou uma
história que se assemelha a da Vila Aparecida. Narrou que em Pau
dos Ferros havia a Igreja Matriz dedicada a Nossa Senhora da
Conceição, uma das principais devoções herdadas dos portugueses.
Mas, não era permitido aos negros assistirem as missas e festas
na matriz. Tanto os de Pau dos Ferros como os que vinham para a
feira vender parte da sua colheita, não podiam entrar nessa Igreja.
Daí eles construíram sua capela num bairro mais afastado do
centro, uma pequena igrejinha a qual escolheram como padroeiro
São Benedito. Este santo nasceu na Itália no século XVI e era filho
de escravos, que vieram da Etiópia para a Sicília. Seus pais não
queriam ter filhos, para que não as crianças não fossem também
escravizadas. Narra a sua biografia que, sabendo do temor dos
pais, o seu senhor prometeu liberdade às crianças geradas pelo
casal. O menino cresceu tendo como objeto de devoção e identidade
o rosário. Sofreu na juventude ofensas de discriminação racial,
mas isso não o impediu de se tornar um frade franciscano que,
apesar de analfabeto, era respeitado por sua sabedoria e ouvido
inclusive pelos estudiosos da teologia, a ciência que estuda Deus.
Em sua humildade e falta de instrução formal, era o responsável
pela cozinha do convento. Esse foi o santo escolhido pela população
negra de Pau dos Ferros, para ser o seu padroeiro como símbolo

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da resistência e da sua identidade ancestral africana. O bairro foi


crescendo e como na Vila Aparecida recebeu nome do santo, passou
a ser chamado de Bairro do Benedito pela forte identificação dos
seus moradores com a identidade afro-brasileira.

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A menina Ana, ao mesmo tempo em que se encantou com a


história contada por sua avó Chica, aprendeu a perceber as relações
de poder que, ao longo da história mundial, tanto massacraram os
povos negros. Ana perguntou à sua avó:
- Vovó Chica, se São Benedito tivesse estudado, ele continuaria
trabalhando na cozinha do convento por que era negro?
A rezadeira não pestanejou e respondeu-lhe:
- Minha filha para nós negros as coisas sempre foram
mais difíceis. Acho que mesmo estudado o santo continuaria a
trabalhar na cozinha por ser negro. Era um tempo muito difícil, o
da escravidão. São Benedito era chamado de mouro por causa de
sua cor negra e isso mostra o preconceito que ele enfrentou.
Ainda insistiu neste diálogo:
- E hoje vovó como seria a vida de Benedito?
A experiente rezadeira respondeu mais uma vez:
- Mesmo com a abolição da escravidão ainda temos muitos
direitos negados. Para quem é negro as oportunidades são mais
difíceis. Há muito preconceito e é preciso lutar para valorizar nossas
raízes e cobrarmos o devido respeito por nosso povo que tanto fez
para construir esse país.
A menina compreendeu o histórico sofrimento dos povos negros,
e como é preciso lutar contra toda forma de preconceito existente

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e de violência simbólica contra sua cultura e religiosidade, e que,


apesar das conquistas, ainda há muita injustiça a ser reparada
com um povo que tanto contribuição na história da humanidade.

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Na cidade de Luís Gomes, a antiga Serra do Bom Jesus, havia
uma rua chamada de Rua do Cachimbo Eterno. O lugar recebeu
este nome por ser um bairro pobre, onde viviam os moradores
negros da cidade, remanescentes dos antigos escravos, e
também das pessoas brancas que viviam na pobreza, e tinham
o costume de fumar em cachimbos. Daí essa denominação
preconceituosa, porque a elite branca, os moradores do centro
da cidade, queiram expressar que essa rua não teria evolução
e os povos negros continuariam eternamente excluídos. No
Cachimbo Eterno viviam as rezadeiras negras da cidade, muito
procuradas pelas mulheres de todas as classes para rezarem
em seus filhos, mas que mesmo servindo a todos não lhe era
permitido frequentar as ruas do centro, o quadrado da Matriz
da Padroeira Senhora Santana, a mãe de Nossa Senhora. Não
havia uma proibição oficial de frequentarem a matriz como
ocorreu na Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Pau
dos Ferros, mas não eram bem acolhidos, eram tratados com
ofensas preconceituosas.

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No Cachimbo também viviam as parteiras e as cozinheiras,


estas que trabalhavam na cozinha dos moradores do centro e
eram conhecidas por sua arte culinária de fazer comidas não só
do cotidiano, mas dos dias de festas como linguiças de porco,
galinhas caipiras, buchadas de bode e os mais gostosos doces,
como o tijolo de caju, fruta típica da serra. Mas só podiam trazer
para casa o que sobrava das festas e das refeições diárias dos
patrões. As parteiras, como uma senhora chamada de Mãe Regina,

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eram conhecidas por seus saberes da medicina popular e faziam


os partos de crianças também de todas as classes. Porém não
havia o reconhecimento da sua contribuição por parte das pessoas
preconceituosas que se sentiam melhores por sua cor ou condição
social ser considerada superior. Como aconteceu com o povo negro
no Brasil, sua contribuição histórica foi ao longo do tempo relegada,
apagada da chamada história oficial. Mas as culturas populares
têm o poder de subverter esse silêncio.
À noite no Cachimbo Eterno as pessoas se reuniam para o seu
folguedo. Dançavam o maracatu aprendido com os antepassados
negros. Nessa manifestação construíam versos de improviso que
satirizavam os moradores do centro de forma engraçada, numa
carnavalização que só acontece nas manifestações das culturas
populares, em que os grandes são destronados pela gozação, e
os pequenos e excluídos podem ser entronizados, como acontece
nas folias de reis, na coroação dos reis negros nas festas das
Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e no
carnaval em que os pobres são coroados. Os versos ecoavam pela
cidade e muitas vezes os ofendidos mandavam a polícia perseguir
os moradores e acabar com as rodas de maracatu.

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O Cachimbo ficava localizado na saída da cidade para o caminho


da Feira do Pau, que se chamou mais tarde de Vila Aparecida
devido a devoção dos negros a Virgem Negra de Aparecida. Suas
casas eram de taipa com o teto feito de palhas de coqueiro, o que
lhes dava uma atmosfera de segregação quando comparadas as
casas de alvenaria do centro, apartheid social, que também foi
narrado pela escritora negra Carolina de Jesus em seu livro Casa
de alvenaria: diário de uma ex-favelada, obra que narra sobre

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as diferenças entre viver numa moradia digna e num barraco de


favela construído de madeira, lata, papelão e qualquer material que
pudesse ser aproveitado. Suas famílias comiam sentadas em esteiras
porque eram muito pobres e não possuíam móveis. Foi um padre da
cidade chamado Raimundo Caramuru, que transformou o maracatu
numa diversão aberta a todos, trazendo pessoas do centro para se
divertirem junto com os moradores do Cachimbo, e lutando para que
estes também pudessem ir ao centro, sem restrições. Esta história
foi contada pela rezadeira Chica à pequena Ana, quando passando
pela Rua do Cachimbo a curiosa menina indagou:
- Vovó, por que essa rua tem o nome de Rua do Cachimbo Eterno?
E a rezadeira cumpriu sua função de narradora, de transmissora
memorial da história do povo negro. Apesar da rua ter mudado,
de estar mais urbanizada e dos seus moradores terem conseguido
melhorar suas condições de vida, a memória desse tempo de
exclusão traz às consciências dos mais jovens, a história da luta,
por afirmação e reconhecimento de um povo que, marcado por
traumas históricos, fez da cultura uma forma de resistir e não perder
sua alma.

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A professora da escola da comunidade, chamada de Antônia,
pediu aos alunos da turma de Ana que escrevessem sobre a pessoa
que mais admirava na vida, principalmente entre as pessoas mais
próximas no lugar onde viviam. A menina resolver escrever sobre a
sua avó Chica e o papel desta na vida da sua comunidade. Era um
trabalho da professora sobre as memórias da comunidade, sobre
as histórias de vida de quem dinamiza a sua vida social e cultural.
A pequena Ana escreveu a seguinte história:
“Numa comunidade rural chamada de Quati nasceu uma menina
chamada de Francisca. O seu nome foi escolhido porque todos os
anos seus pais iam ao santuário de São Francisco das Chagas na
cidade de Canindé, que fica no Ceará. Todos os anos milhares de
romeiros do Nordeste vão até o santuário pedi que Deus, por meio do
Santo dos Pobres, amenize os sofrimentos do povo sertanejo, as secas,
a fome e as doenças. São Francisco foi o padrinho de batismo da
pequena Francisca, como é de costume nas comunidades nordestinas,
representado pelo seu tio Pedro.

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Ciro Leandro

A menina Francisca era neta de uma senhora chamada Nila


e esta era uma rezadeira, Nila trabalhava durante o dia, mas ao
anoitecer se preparava para rezar nas crianças e nos adultos doentes.
Francisca cresceu observando e aprendendo as rezas e os segredos
das plantas medicinais com a avó, e desejou que quando crescesse
também se tornaria uma rezadeira para servir a sua comunidade.

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Francisca cresceu conhecida por Chica e quando sua avó estava


morrendo lhe transmitiu a função de rezadeira da comunidade, e lhe
ensinou as orações de cura e os rituais de proteção mais fortes para
as necessidades do seu povo. Chica prometeu que serviria a sua gente
e também escolheria no futuro uma pessoa para repassar a função.
Chica se casou e continuou a missão da sua avó como guardiã
e agente da cultura popular da comunidade de Quati”.
A professora gostou do texto e pediu para ser lido por todos
os alunos e professores da escola. Ana chegou em casa e mostrou
a narração à sua avó, que se emocionou em ser a pessoa mais
admirada pela menina dentre o grupo mais próximo e íntimo.
Ana foi crescendo e se tronou uma jovem. Com o tempo os
membros da comunidade do Quati sentiram a necessidade de lutar
por seus direitos e pelo seu reconhecimento como comunidade
remanescente de quilombo. A rezadeira Chica liderou a luta por
esse reconhecimento e juntamente com as parteiras e outros mestres
de culturas populares que transmitem saberes ancestrais, como os
mestres de engenho de cana-de-açúcar e de farinha, reuniram-se
e narraram às memórias da comunidade. A professora as escreveu
e mostrou a comunidade. A redação da menina Ana foi um
documento importante nesse processo e mostrou a ancestralidade
do ofício de rezadeira e os seu significado no convívio social de
uma comunidade negra.

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Ciro Leandro

A ancestralidade africana está presente no uso mágico das


plantas pelas rezadeiras e na sua reelaboração da função do griot
africano no grupo, pois essas mulheres reúnem também a função
de narradoras das memórias e de lendas ancestrais, conselheiras,
continuadoras e transmissoras das funções exercidas pelos seus

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A PEQUENA APRENDIZ DE REZADEIRA

antepassados. Com a concordância de todos, principalmente dos


mais velhos e mais sábios conhecedores da origem, do contexto
em que surgiu a comunidade e da atual história, os documentos
foram enviados para a Fundação Palmares. Após uma visita a
comunidade e um estudo sobre as memórias orais como também
sobre os documentos históricos do lugar, as pessoas da Fundação
Palmares certificaram a comunidade do Quati como Comunidade
Quilombola.
Uma festa para a comunidade que, embora não enfrentasse
problemas com relação a demarcação de terras, o reconhecimento
ajudou a fortalecer a sua identidade cultural, trazer à tona as
histórias de vida dos sujeitos históricos que construíram deram
origem à comunidade como também dos atuais agentes culturais
que reelaboram a cultura ancestral a partir da sua vivência
cotidiana. As pessoas ficaram mais conscientes dos seus direitos
e ocorreu um despertar para a luta pela ocupação do espaço
social que historicamente foi negado ao povo negro, apesar da
significativa contribuição desse povo para a construção do Brasil,
de sua riqueza, cultura, literatura, memória e identidade.

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Ciro Leandro

A rezadeira Chica, feliz com essa conquista, sentiu que chegava


o momento de escolher uma sucessora para a sua função na
comunidade. Ana acompanhou sua vida, partilhou das suas
experiências e depois de adulta tinha a consciência da importância
dos agentes das culturas populares para a transmissão das tradições
e a atualização das práticas culturais ao cotidiano do grupo. A
experiente rezadeira chamou sua neta e lhe perguntou:

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A PEQUENA APRENDIZ DE REZADEIRA

- Ana, você convive comigo desde pequena e sabe do meu


trabalho em favor do meu povo. Trabalho este que me foi confiado
pela minha avó Marta que me preparou ao longo da vida, mas
quando sentiu que estava partindo, me escolheu, dentre outras
meninas, para repassar sua função e me ensinou os ritos e orações
mais importantes para a cura e a proteção das pessoas. Você deseja
ser rezadeira?
Ana lhe respondeu:
- Desde criança sentia a vontade de aprender as práticas do ofício
de rezadeira e assim poder servir as pessoas da nossa comunidade.
Chica alegremente confirmou sua intuição:
- Então você será a nova rezadeira do nosso grupo. Você
conhece a minha história de vida, e sabe que quem possuiu um
dom, e este é reconhecido pelos mais velhos para ser desenvolvido e
colocado ao dispor e quem precisa, deve estar com o coração aberto
para a missão que lhe é confiada. Jamais cobre por seus serviços,
e nunca se negue a ajudar quem bater a sua porta. Agora posso
morrer em paz, pois a riqueza dos meus ancestrais será perpetuada
em nosso meio. Ainda hoje te ensinarei as últimas orações e darei
os últimos conselhos.
À noite a rezadeira cumpriu o prometido e fez as suas últimas
recomendações à neta. Como é de costume nas comunidades
sertanejas, sua cama se transformou no trono de onde o sábio

37
Ciro Leandro

emite o último conselho. Toda a comunidade estava reunida para


se despedir daquela que fez da sua vida um dom em serviço dos
que precisaram. Chica recomendou que todos passassem a procurar
Ana como a nova rezadeira do grupo. A solidariedade característica
das culturas populares se fazia presente, pois todas as pessoas
que foram atendidas pela rezadeira ali estavam. A senhora Chica
após abençoar a todos fez a sua passagem, como é chamada a
morte no Quati, com a vela na mão segurada por sua neta Ana
para iluminar o caminho do seu espírito, como foi ensinada pelas
antigas gerações.

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A PEQUENA APRENDIZ DE REZADEIRA

Após o sepultamento da avó, Ana guardou os sete dias de luto


e iniciou o seu ofício, agora era a rezadeira Ana, neta da respeitada
rezadeira Chica. Morava na mesma casa que herdou da avó e
lá preservou os objetos considerados sagrados por sua mestra, as
imagens dos santos na parede onde convivem santos católicos e
orixás africanos: Nossa Senhora Aparecida; Nossa Senhora do
Rosário; São Benedito; a primeira beata negra do Brasil, a filha
de escrava Nhá Chica, que também atendia as pessoas com suas
orações e exerceu uma função de agente cultural que pode ser
comparada a das rezadeiras; Iemanjá, para quem se pede que
mande o mal para as águas do mar ssgrado.
Ana prometeu que mesmo depois que casasse e tivesse filhos
continuaria sua dedicação a função de rezadeira, herdada da
sua avó e dos antepassados, que repassaram o ofício ao longo
da história. Sua casa se tornou um museu vivo da história do
seu povo, pois cada objeto guarda um pedacinho da memória
coletiva, uma experiência vivida em família ou em comunidade,
que atualiza a história do povo negro no Brasil e sua importância
para a identidade nacional. A voz de Ana agora era responsável
pelo exercício e pela transmissão do legado dos antepassados
negros. Lembrava que no futuro que terá a responsabilidade de
repassar aos descendentes e outros membros da comunidade a
missão praticada, os ensinamentos e as histórias que permitiram
ao seu povo acalentar os sofrimentos da diáspora, da escravidão,

39
Ciro Leandro

da exclusão social e do preconceito racial e cultural. A rezadeira


Ana em seu cotidiano manteve viva a chama da identidade do
povo negro, e sua história mostrou o protagonismo dos mestres de
culturas populares que em sua luta se tornaram agentes da história
do seu povo por serem agentes da sua própria história.

40
Fortaleza-CE
Edições Acauã
Telefones: (85) 99175.8893/ (83) 99110. 9503
gilpoeta@yahoo.it

Coleção Dois Dedos de Prosa


1. Da arte de fazer aeroplanos, Carlos Gildemar Pontes
2. A Pequena Aprendiz de Rezadeira, Ciro Leandro / Pérola Thalia (Ilustradora)

Coleção Verso ao Vento:


1. As impurezas do homem, Romero de Sá
2. Antologia Verso ao Vento, Org. Grupo Verso ao Vento
3. As armadilhas da vaidade, Antonio Antenor Angelim
4. Os gestos do amor: magia e ritual, Carlos Gildemar Pontes
5. Quando o amor acontece..., Carlos Gildemar Pontes
6. Melhor seria ser pardal, Carlos Gildemar Pontes
7. Amor, verbo de se fazer, Carlos Gildemar Pontes

Coleção Mãos à Arte:


1. Súditos da arte, Íris Tavares
2. As aventuras de Zé Severino, Carlos Gildemar Pontes
3. Da roça pro viaduto, 2ª ed. Carlos Gildemar Pontes
4. De Viçosa à Juazeiro: Caminhos da vida inteira, Íris Tavares
5. O linguajar cearense, 2ª ed., Josenir Lacerda
6. A queda de Zé Severino, Carlos Gildemar Pontes
7. Bush vai reinar no inferno, Carlos Gildemar Pontes
8. O delegado que roubava livros, Carlos Gildemar Pontes
9. A morte do rei do pop Michael Jackson, Carlos Gildemar Pontes
10. A casa de Josenir, Carlos Gildemar Pontes
11. Ao poeta Bráulio Bessa essa minha gratidão, Carlos Gildemar Pontes
12. I mostra de Teatro de Cajazeiras, Carlos Gildemar Pontes
Coleção Ensaio Tupiniquim:
1. Super Dicionário de Cearensês, Carlos Gildemar Pontes
2. Literatura (quase sempre) Marginal, Carlos Gildemar Pontes
3. Estudos de literatura praticada no Nordeste, Anchieta Pinto
4. Prosopopéia, Org. e estudos de Milton Marques Jr. et al.
5. Estudos de Literatura Brasileira, Milton Marques Júnior
6. Letras Cearenses, Hildeberto Barbosa Filho
7. Travessia de mundos paralelos. 2 ed., Carlos Gildemar Pontes
8. Elementos básicos da Geoeconomia global, Ésio Augusto Barros
9. Diálogo com a arte: vanguarda, história e imagens, Carlos Gildemar Pontes
10. O padre e a rua, Adalberto dos Santos Leite
11. A literatura e seus tentáculos, (Org.) Carlos Gildemar Pontes
12. Seres ordinários: o anão e outros pobres diabos na literatura, Carlos Gildemar Pontes
13. A essência filosófica do amor – fragmentos, Carlos Gildemar Pontes
14. Cultura popular meios formas e identidades, (Org.) Carlos Gildemar Pontes
15. Literatura e sociedade: modelos coloniais, visões decoloniais, (Org.) Carlos Gildemar Pontes.
16. Crítica da razão mestiça – hibridização e desordem no formação da
identidade brasileira, Carlos Gildemar Pontes
Ciro Leandro Costa da Fonsêca é Doutor em Estudos
do Discurso e do Texto pela Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte. Possui, ainda, Mestrado em Letras;
Especialização em Literatura e estudos Culturais e
Graduação em Letras Língua Portuguesa pela mesma IES.
É pesquisador nas áreas de Literatura Brasileira, Literaturas
e Culturas Afro-brasileiras e Populares, e Memórias
Literárias, bem como biógrafo e pesquisador das histórias
de vida dos agentes das culturas populares do município
de Luís Gomes. Ganhador em terceiro lugar, do Prêmio Literário Escritor Alceu
Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) de 2017 pelo Centro de Integração Empresa
Escola (CIEE) em parceria com a Academia Brasileira de Letras (ABL) e do
Prêmio e do terceiro lugar do prêmio O Cearense 2018: uma releitura da obra
clássica de Parsifal Barroso, no ano de 2018, promovido Instituto Myra Eliane.

Pérola Thalia Nunes Bento é estudante do terceiro


ano do Ensino Médio – Curso Técnico Integrado de
Apicultura - do Instituto Federal do Rio Grande do
Norte, Campus de Pau dos Ferros. É exímia desenhista,
ilustradora de obras infanto-juvenis, amante das artes e
da música, com conhecimentos nos instrumentos musicais
de violino e ukulelê.

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