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O novo rico, então, se muda para o Rio de Janeiro e passa a ser explorado por
“amigos”, como o casal Sofia e Cristiano Palha. Assim, em meio a ironias, o narrador
relata o gradual processo de enlouquecimento de Rubião, que, no final da história,
acredita ser o imperador francês Luís Napoleão (1808-1873).
Critica à burguesia.
Rubião: protagonista.
Siqueira: o major.
1870: Rubião recebe, em casa, um barbeiro que lhe deita abaixo as barbas “para lhe
deixar somente a pera e os bigodes de Napoleão III”.
Assim, descobrimos que, em Barbacena, Rubião tentou casar sua irmã com o amigo
Quincas Borba, mas ela acabou morrendo. O professor, como único amigo de Quincas
Borba, cuidou do enfermo durante quase seis meses. Porém, Rubião tinha um rival, o
cão Quincas Borba, que também ocupava o coração do filósofo.
Com a morte do filósofo Quincas Borba, Rubião foi nomeado seu herdeiro universal.
Nesse ponto, a leitora e o leitor sagazes desconfiam da generosidade de Rubião ao
cuidar do amigo doente e rico. Porém, o testamento indicava uma condição para que
Rubião recebesse a herança, isto é, cuidar do cachorro Quincas Borba.
Assim, o narrador chega ao início do livro — quando Rubião está na sala de Botafogo
— e passa a narrar a partir do “mesmo lugar em que o deixamos sentado, a olhar para
longe, muito longe”. Então, apresenta os dois novos amigos do protagonista: o vaidoso
Carlos Maria e o bajulador Freitas. Além deles, Rubião faz amizade também com o
interesseiro Camacho.
Um deles, muito menor que todos, apegava-se às calças de outro, taludo. Era já na
Rua da Ajuda. Rubião continuava a não ouvir nada; mas, de uma vez que ouviu, supôs
que eram aclamações, e fez uma cortesia de agradecimento. A surriada aumentava. No
meio do rumor, distinguiu-se a voz de uma mulher à porta de uma colchoaria:
— Ó gira! ó gira!
Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a coroa na cabeça, — uma coroa que
não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem
a ilusão. Não, senhor, ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a
insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O
esforço que fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o
rosto conservou porventura uma expressão gloriosa.
A cara ficou séria, porque a morte é séria; dois minutos de agonia, um trejeito horrível,
e estava assinada a abdicação.
Elenco principal:
- Helber Rangel (1944-2002) — Rubião.
Machado de Assis
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) nasceu em 21 de junho de 1839,
no Rio de Janeiro. Era filho do brasileiro Francisco José de Assis (1806-1864) e da
açoriana Maria Leopoldina Machado da Câmara (1812-1849), que viviam como
agregados na chácara de Maria José de Mendonça Barroso, viúva de um senador.
O escritor, que foi tipógrafo, revisor, tradutor e funcionário público, publicou Hoje
avental, amanhã luva, sua primeira peça teatral, em 1860; Crisálidas, seu primeiro livro
de poesias, em 1864; Contos fluminenses, seu primeiro livro de contos, em 1870; e
Ressurreição, seu primeiro romance, em 1872.
Mas foram os romances da fase realista que deram fama a Machado de Assis, um
autor que iniciou sua carreira literária com obras românticas. Assim, são de sua
segunda fase livros como Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba
(1891) e o famoso Dom Casmurro (1899).
Um dos raros homens negros a serem reconhecidos e consagrados como grande autor
e intelectual no século XIX, Machado de Assis entrou para a história como um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1896, e foi o primeiro presidente
dessa instituição, antes de falecer em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.
a Guerra do Paraguai, conflito armado que durou de 1864 a 1870 e provocou grande
endividamento do Brasil;