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Análise Quincas Borba – Machado de Assis

"Quincas Borba é um romance realista de Machado de Assis. Conta a história de


Rubião, um professor de Barbacena que herda os bens de seu amigo Quincas Borba,
com a condição de cuidar do cão do falecido, que possui o mesmo nome do dono, ou
seja, Quincas Borba.

O novo rico, então, se muda para o Rio de Janeiro e passa a ser explorado por
“amigos”, como o casal Sofia e Cristiano Palha. Assim, em meio a ironias, o narrador
relata o gradual processo de enlouquecimento de Rubião, que, no final da história,
acredita ser o imperador francês Luís Napoleão (1808-1873).

Tópicos deste artigo


1 - Resumo da obra Quincas Borba
2 - Videoaula com a análise literária de Quincas Borba
3 - Análise da obra Quincas Borba
→ Personagens da obra Quincas Borba
→ Tempo da obra Quincas Borba
→ Espaço da obra Quincas Borba
→ Enredo da obra Quincas Borba
→ Narrador da obra Quincas Borba
→ Características da obra Quincas Borba
4 - Filme da obra Quincas Borba
5 - Machado de Assis
Videoaula sobre Machado de Assis
6 - Contexto histórico de Quincas Borba
Resumo da obra Quincas Borba
Romance realista de 1891.
Autoria de Machado de Assis.

Critica à burguesia.

Apresenta narrador onisciente.

Espaço da narrativa: Rio de Janeiro.

Tempo da narrativa: século XIX.

Temática principal: jogo de interesses.

Análise da obra Quincas Borba


→ Personagens da obra Quincas Borba
Angélica: comadre de Rubião.

Carlos Maria: amigo de Rubião.

Deolindo: menino salvo por Rubião.

D. Fernanda: prima de Carlos Maria.

D. Maria Augusta: tia de Sofia.

Dr. Camacho: amigo de Rubião.

D. Tonica: filha do major.


Freitas: amigo de Rubião.

Maria Benedita: prima de Sofia.

Maria da Piedade: irmã de Rubião.

Palha: marido de Sofia.

Quincas Borba: cão.

Quincas Borba: filósofo.

Rubião: protagonista.

Siqueira: o major.

Sofia: esposa de Cristiano Palha.

Teófilo: marido de D. Fernanda.

→ Tempo da obra Quincas Borba


A narrativa se passa na segunda metade do século XIX, mas o narrador especifica
apenas estes anos:

1844: Camacho se forma em Direito.


1864: Cristiano Palha “adivinhou as falências bancárias”.

1867: período da enfermidade de Quincas Borba, o filósofo.

1870: Rubião recebe, em casa, um barbeiro que lhe deita abaixo as barbas “para lhe
deixar somente a pera e os bigodes de Napoleão III”.

→ Espaço da obra Quincas Borba


A ação acontece em Barbacena, no estado de Minas Gerais, e, principalmente, no
bairro de Botafogo e do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro.

→ Enredo da obra Quincas Borba


O livro começa quando Rubião já é um homem rico. Então, o narrador nos convida a
voltar no tempo para entender como o protagonista chegou até ali: “Deixemos Rubião
na sala de Botafogo, batendo com as borlas do chambre nos joelhos, e cuidando na
bela Sofia. Vem comigo, leitor; vamos vê-lo, meses antes, à cabeceira do Quincas
Borba”.

Assim, descobrimos que, em Barbacena, Rubião tentou casar sua irmã com o amigo
Quincas Borba, mas ela acabou morrendo. O professor, como único amigo de Quincas
Borba, cuidou do enfermo durante quase seis meses. Porém, Rubião tinha um rival, o
cão Quincas Borba, que também ocupava o coração do filósofo.

Com a morte do filósofo Quincas Borba, Rubião foi nomeado seu herdeiro universal.
Nesse ponto, a leitora e o leitor sagazes desconfiam da generosidade de Rubião ao
cuidar do amigo doente e rico. Porém, o testamento indicava uma condição para que
Rubião recebesse a herança, isto é, cuidar do cachorro Quincas Borba.

Rico, o protagonista se mudou para o Rio de Janeiro. No trem, ele conheceu um


desonesto casal: Sofia e Cristiano Palha. Durante a viagem, o ex-professor acabou
revelando ser um herdeiro. A partir de então, o casal iniciou uma forte amizade com
Rubião, e Sofia, com o aval de Palha, passou a seduzir o novo rico, com o intuito de
receber benefícios financeiros para o marido.

Assim, o narrador chega ao início do livro — quando Rubião está na sala de Botafogo
— e passa a narrar a partir do “mesmo lugar em que o deixamos sentado, a olhar para
longe, muito longe”. Então, apresenta os dois novos amigos do protagonista: o vaidoso
Carlos Maria e o bajulador Freitas. Além deles, Rubião faz amizade também com o
interesseiro Camacho.

No caminho do escritório de Camacho, Rubião, num impulso, salva a vida do menino


Deolindo. Seu ato de heroísmo acaba parando nas páginas de um jornal, o Atalaia. Isso
desperta a vaidade do protagonista, que se entrega à falsa modéstia, pouco depois de
conhecer Maria Benedita, a prima de Sofia.

Na sequência, percebemos um envolvimento amoroso entre Carlos Maria e Sofia, além


de ficarmos sabendo da intenção de Palha em casar seu agora sócio Rubião com
Maria Benedita. Nesse ponto da história, a loucura do protagonista começa a se
manifestar. E quando alguns amigos, que têm o costume de jantar em sua casa, vão
apertar sua mão, “Rubião teve aqui um impulso inexplicável, — dar-lhes a mão a
beijar”.

No decorrer da narrativa, Maria Benedita, auxiliada por D. Fernanda, acaba se casando


com Carlos Maria. Daí em diante, a loucura de Rubião se acentua, e ele passa a
acreditar que é o imperador francês Luís Napoleão. Então, quando é zombado na rua
por algumas crianças, Rubião vivencia uma ironia do destino:

Um deles, muito menor que todos, apegava-se às calças de outro, taludo. Era já na
Rua da Ajuda. Rubião continuava a não ouvir nada; mas, de uma vez que ouviu, supôs
que eram aclamações, e fez uma cortesia de agradecimento. A surriada aumentava. No
meio do rumor, distinguiu-se a voz de uma mulher à porta de uma colchoaria:

— Deolindo! vem para casa, Deolindo!


Deolindo, a criança que se agarrava às calças da outra mais velha, não obedeceu;
pode ser que nem ouvisse, tamanha era a grita, e tal a alegria do pequerrucho,
clamando com a vozinha miúda:

— Ó gira! ó gira!

A morte do protagonista também apresenta ironia, agora do narrador, que a relata


desta maneira:

Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a coroa na cabeça, — uma coroa que
não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem
a ilusão. Não, senhor, ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a
insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O
esforço que fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o
rosto conservou porventura uma expressão gloriosa.

— Guardem a minha coroa, murmurou. Ao vencedor...

A cara ficou séria, porque a morte é séria; dois minutos de agonia, um trejeito horrível,
e estava assinada a abdicação.

Dessa forma, o narrador menciona a abdicação do imperador francês como metáfora


para a morte de Rubião, membro da elite burguesa, com mania de grandeza e a
certeza de ser merecedor de sua fortuna. Tal atitude está de acordo com a filosofia de
Quincas Borba — o Humanitismo —, exemplificada por meio de uma história fictícia
sobre duas tribos que disputam um campo de batatas, o que dá origem à memorável
frase: “Ao vencedor, as batatas”.

→ Narrador da obra Quincas Borba


O narrador do romance Quincas Borba é um narrador onisciente, isto é, tem total
conhecimento dos fatos e dos personagens. No entanto, é irônico e gosta de manipular
leitoras e leitores, com quem, às vezes, dialoga.
→ Características da obra Quincas Borba
Quincas Borba, obra publicada em 1891, é um romance monofônico e psicológico, já
que a narrativa está centrada no protagonista Rubião. A obra mostra, de forma
analítica, o gradual enlouquecimento desse personagem. Assim, o narrador entra em
sua mente, como se fosse um cientista que busca compreender a loucura.

No livro, dividido em 201 capítulos, sobressai o tempo cronológico, já que o narrador,


apesar de iniciar a narrativa no momento em que Rubião está em seu auge, conta a
história do protagonista, de forma gradual, desde a sua vida em Barbacena até a sua
morte. Além disso, essa obra realista apresenta caráter antirromântico, análise
psicológica, crítica social e ironia.

Filme da obra Quincas Borba


Título: Quincas Borba.

Ano de lançamento: 1987.

Direção: Roberto Santos (1928-1987).

Roteiro: Roberto Santos.

Fotografia: Roberto Santos Filho.

Montagem: Carlos Álvaro Vera.

Música: Manoel Paiva e Luiz Chagas.

Elenco principal:
- Helber Rangel (1944-2002) — Rubião.

- Fúlvio Stefanini — Cristiano Palha.

- Brigitte Broder — Sofia.

- Paulo Villaça (1933-1992) — Quincas Borba.

Machado de Assis
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) nasceu em 21 de junho de 1839,
no Rio de Janeiro. Era filho do brasileiro Francisco José de Assis (1806-1864) e da
açoriana Maria Leopoldina Machado da Câmara (1812-1849), que viviam como
agregados na chácara de Maria José de Mendonça Barroso, viúva de um senador.

O escritor, que foi tipógrafo, revisor, tradutor e funcionário público, publicou Hoje
avental, amanhã luva, sua primeira peça teatral, em 1860; Crisálidas, seu primeiro livro
de poesias, em 1864; Contos fluminenses, seu primeiro livro de contos, em 1870; e
Ressurreição, seu primeiro romance, em 1872.

Mas foram os romances da fase realista que deram fama a Machado de Assis, um
autor que iniciou sua carreira literária com obras românticas. Assim, são de sua
segunda fase livros como Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba
(1891) e o famoso Dom Casmurro (1899).

Um dos raros homens negros a serem reconhecidos e consagrados como grande autor
e intelectual no século XIX, Machado de Assis entrou para a história como um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1896, e foi o primeiro presidente
dessa instituição, antes de falecer em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.

Os principais fatos históricos que levaram ao surgimento do Realismo no Brasil são:


a lei Eusébio de Queirós, de 1850, que proibia o tráfico de escravos e, portanto, abria
caminho para a abolição da escravatura, ocorrida em 1888;

a Guerra do Paraguai, conflito armado que durou de 1864 a 1870 e provocou grande
endividamento do Brasil;

o movimento republicano, que levaria à Proclamação da República em 1889.

Esses acontecimentos propiciaram o fim da decadente monarquia brasileira e do


conservadorismo que ela representava. Com ela, também chegou ao fim o
Romantismo, que cedia espaço a uma nova estética, mais comprometida com a
realidade e disposta a fazer uma contundente crítica social."

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