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Análise da obra DOM CASMURRO

"Dom
Casmurro é o
romance mais
famoso de Machado
de Assis. O possível
triângulo amoroso
entre Bentinho,
Capitu e Escobar
fascina leitores e
leitoras há mais de
um século. Assim, a
dúvida acerca da
traição de Capitu
persiste e traz com
ela questionamentos
acerca do amor, da
família, da amizade e
do lugar da mulher na sociedade brasileira.
A história começa com o envolvimento romântico entre dois adolescentes que não
podem se amar porque D. Glória, mãe de Bentinho, fez uma promessa que obriga o filho
a ser padre. Porém, após vencer o obstáculo, Bentinho e Capitu se casam, e o realismo se
mostra em sua plenitude, pois o antirromantismo e a crítica à elite burguesa se tornam
evidentes."
Resumo da obra Dom Casmurro
Romance realista de 1899.
Autoria de Machado de Assis.
Apresenta caráter memorialístico.
Critica o romantismo e a burguesia.
Narrador-personagem: Bentinho.
Espaço da narrativa: Rio de Janeiro.
Tempo da narrativa: século XIX.
Temáticas: adultério; jogo de interesses; corrupção humana."
Análise da obra Dom Casmurro
Personagens da obra Dom Casmurro
Bentinho: narrador.
Capitu: esposa de Bentinho.
Capituzinha: filha de Escobar e Sancha.
D. Fortunata: mãe de Capitu.
D. Glória: mãe de Bentinho.
Escobar: amigo de Bentinho.
Ezequiel: filho de Bentinho e Capitu.
José Dias: agregado da família de Bentinho.
Pádua: pai de Capitu.
Prima Justina: prima de D. Glória.
Sancha: esposa de Escobar.
Tio Cosme: irmão de D. Glória.
Tempo da obra Dom Casmurro
A narrativa relata fatos ocorridos no século XIX, sem especificar as datas, com
exceção do ano de 1857, quando Bentinho tem 15 anos de idade; 1865, quando Bentinho
e Capitu se casam; e, por fim, 1871, ano da morte de Escobar. Porém, o relato prossegue,
de forma que é possível concluir que o tempo da narração, isto é, quando o narrador conta
a história, está situado na década de 1890.
Espaço da obra Dom Casmurro
A história se passa na cidade do Rio de Janeiro, em endereços específicos, como
a rua de Matacavalos, no centro da cidade, onde se localiza a casa de D. Glória; o
seminário de São José, no qual Bentinho inicia sua formação como padre; bairro da
Tijuca, lugar para o qual Capitu e Bentinho viajam depois do casamento; bairro da Glória,
onde fica a casa de Bentinho e Capitu; bairro de Andaraí, no qual vivem Escobar e sua
esposa; e, finalmente, o Engenho Novo, bairro onde o protagonista vive em sua velhice.
Enredo da obra Dom Casmurro
No início da obra, o narrador Bentinho explica como escolheu o título para o seu
livro. Assim, ele conta que conheceu um poeta em uma viagem de trem. O jovem recitou
alguns versos, mas Bentinho, já velho, fechou os olhos algumas vezes. O poeta, então,
achou que ele estava cochilando e, ofendido, lhe chamou de Dom Casmurro.
Em seguida, o narrador inicia a narrativa de suas memórias, que começa quando
ele tem 15 anos. Nessa época, Capitu, uma jovem de 14 anos, é sua vizinha. Os
adolescentes têm uma forte amizade, o que incomoda o agregado da família, o amante de
superlativos José Dias.
Desconfiado da relação entre os jovens, ele sugere à D. Glória, mãe de Bentinho,
que já é hora de enviar o rapaz para o seminário. Isso porque, quando o menino nasceu,
sua mãe fez uma promessa de que ele seria padre. Dessa forma, se apresenta um obstáculo
ao amor do jovem casal, o que, enganosamente, faz parecer que o livro é um romance
romântico.
Porém, José Dias está longe de ser um vilão folhetinesco, ele apenas não gosta da
família do vizinho Pádua, o pai de Capitu. Aliás, é do agregado a famosa percepção de
que a menina tem olhos “de cigana oblíqua e dissimulada”. Assim, ao notar o
envolvimento dos jovens, ele tenta evitar transtornos a D. Glória e a si mesmo.
Apesar de o casal tentar fugir da separação imposta pela promessa de D. Glória,
Bentinho acaba indo para o seminário de São José, onde conhece Ezequiel de Sousa
Escobar. Logo os dois rapazes iniciam uma forte amizade, e Bentinho fala de seu amor
por Capitu. Escobar, então, tem a ideia que permitirá que Bentinho abandone o seminário.
Para ocupar o lugar de Bentinho, D. Glória deve escolher um rapaz órfão e fazer
dele padre. Assim, ela não quebra a promessa feita e deixa o filho livre para, um dia, se
casar. Desse modo, o protagonista sai do seminário, estuda Direito e, com 22 anos, é um
bacharel. Em seguida, ele e Capitu se casam e podem ser felizes para sempre.
Poderiam, se Dom Casmurro fosse um livro romântico, mas como é uma obra
realista, a vida do jovem casal logo se mostra distante do ideal de felicidade. O primeiro
problema a perturbar a aparente alegria dos dois é a ausência de filhos. Bentinho quer ser
pai; porém, Capitu não consegue engravidar.
Eles são grandes amigos do casal Escobar e Sancha, que têm uma filha, cujo nome
também é Capitolina, em homenagem à esposa de Bentinho. Para diferenciar uma da
outra, a menina é chamada, carinhosamente, de Capituzinha. Quando, finalmente, Capitu
fica grávida e nasce o filho de Bentinho, eles retribuem a homenagem e batizam o menino
com o nome de Ezequiel.
Agora parece que Bentinho e Capitu vão ser felizes para sempre, mas, então,
Escobar morre afogado. Durante o velório do amigo, o sofrimento de Capitu faz com que
Bentinho, pela primeira vez, desconfie que a esposa tinha um caso com seu amigo
Escobar. A partir daí, a vida do casal se torna um inferno, pois a desconfiança de Bentinho
acaba com qualquer chance de felicidade.
O ciumento Bentinho logo começa a perceber que seu filho Ezequiel se parece
bastante com o falecido Escobar. Então, adquire a certeza de que o menino não é seu
filho, mas do defunto. E seu desespero é tão grande que, em uma ocasião, ele está prestes
a se matar com um café envenenado, quando o filho entra em seu gabinete:
Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não estivesse aqui escrevendo
este livro, porque o meu primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei a pegar na
xícara, mas o pequeno beijava-me a mão, como de costume, e a vista dele, como o gesto,
deu-me outro impulso que me custa dizer aqui; mas vá lá, diga-se tudo. Chamem-me
embora assassino; não serei eu que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso foi
criminoso. Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tomara café.
No entanto, o narrador acaba desistindo do suicídio e do assassinato. Por fim,
decide falar abertamente com a esposa. Diante das acusações, ela nega. Entretanto, não
há mais como salvar aquele casamento. Assim, Bentinho resolve mandar Capitu e
Ezequiel para a Europa, de forma a manter as aparências.

Leia também: O Ateneu — análise desse romance naturalista de Raul Pompeia

Características da obra Dom Casmurro


Dom Casmurro, obra publicada em 1899, é um romance monofônico e
psicológico, já que a narrativa está centrada na percepção íntima do narrador-personagem
Bentinho, que relata suas memórias a partir de um olhar analítico. Apesar disso, sobressai,
na história, o tempo cronológico, uma vez que o narrador, após se apresentar no início da
obra, conta os fatos de maneira gradual.
O livro, dividido em 148 capítulos, é uma das principais obras do Realismo no
Brasil. Portanto, apresenta um caráter antirromântico, recorre ao fluxo de consciência e
realiza a análise psicológica dos personagens. Além disso, apresenta crítica social,
quando, de forma irônica, desconstrói a falsa imagem heroica da classe burguesa.
Temas abordados em Dom Casmurro
A obra contempla as seguintes temáticas:
amor romântico;
amizade;
ciúme;
adultério;
hipocrisia;
corrupção humana;
jogo de interesses;
estilo de vida burguês.
Capitu “traiu” Bentinho?
Não é possível afirmar se Capitu traiu ou não traiu Bentinho. Isso porque o livro
foi construído de forma a manter, nas leitoras e nos leitores, a dúvida. É,
consequentemente, um romance aberto, pois o narrador não consegue provar que foi
traído, uma vez que Capitu nega o adultério.
Mas Bentinho tem certeza da traição da esposa. Aliás, é possível dizer que a obra
é uma tentativa desse marido de nos convencer de que sua esposa foi infiel. No entanto,
podemos confiar em um homem ciumento? Não seria Capitu vítima de uma sociedade
machista que nega o direito de defesa à mulher?"

Veja mais sobre "Dom Casmurro" em:


https://brasilescola.uol.com.br/literatura/dom-casmurro.htm

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