~

LIGA DOS DEFENSORES ARQUIVOS SECRETOS SUPER-HEROÍNAS MARVEL PEQUENAS AVENTURAS CONTO
Fãs Arcanautas Confusos (FAC) Perseguições de todos os tipos Mulheres que acabam com qualquer vilão O Diabo tem vários nomes Espadas de Aluguel de Davide Di Benedetto

DRAGAO
BRASIL

ANO 19 • EDIÇÃO 197

TOOLBOX
VENCENDO PELA CONVERSA

DICAS DE MESTRE Uma misteriosa base

AVANÇANDO CAMPANHAS E PERSONAGENS sobre rodas para Ordem
Paranormal RPG
RESENHAS
FIVE NIGHTS AT FREDDY'S • CIRCLE • A QUEDA DA CASA DE USHER

O BAR REDPURPLE
 ~
LIGA DOS DEFENSORES ARQUIVOS SECRETOS BAR REDPURPLE PEQUENAS AVENTURAS CONTO
Fãs Arcanautas Confusos (FAC) Perseguições de todos os tipos Um novo mistério para Ordem Paranormal RPG O Diabo tem vários nomes Espadas de Aluguel de Davide Di Benedetto

DRAGAO
Poderosas combatentes
do crime para M&M e
BRASIL

3DeT Victory

ANO 19 • EDIÇÃO 197

TOOLBOX
VENCENDO PELA CONVERSA

DICAS DE MESTRE
AVANÇANDO CAMPANHAS E PERSONAGENS

RESENHAS
FIVE NIGHTS AT FREDDY'S • CIRCLE • A QUEDA DA CASA DE USHER

SUPER-HEROÍNAS MARVEL
 E D I T O R I A L S Ú M A R I O

4 46 Gazeta do Reinado
ROUBO
Notícias do Bardo
Segredos serão revelados (na CCXP!) A revanche do Campeão

6 Resenhas 48 Caverna do Saber

Five Nights at Freddy's, Circle
Mais teriantropos para aterrorizar seu RPG

S e tem algo que amo na vida é tecnologia. Editora-Chefe e A Queda da Casa de Usher

Poucas coisas me empolgam mais. E não falo

Karen Soarele
Editor-Executivo 9 Sir Holand 58 Conto
de grandes descobertas da NASA ou pesquisas J.M. Trevisan Caça ao tesouro com as meninas Espadas de Aluguel, de Davide Di Benedetto
incríveis em artigos científicos (que têm seu pró-
prio grau de empolgação reservado): falo de
Colunistas
10 Supremo Tribunal Regreiro 68 Breves Jornadas
Leonel Caldela Ajude nobres a caçar em Banquete em Fuga
Todos de pé! Confira a súmula de novembro de 2023
coisas palpáveis, utilizáveis aqui e agora.
74
Rafael Dei Svaldi
Se estou para comprar algo e descubro que há outra versão
Thiago Rosa
13 Calabouço Tranquilo Bar Redpurple
Colaboradores Um misterioso ambiente sobre rodas
do mesmo produto com funcionalidades mais avançadas, é difícil Terceirizando problemas para Ordem Paranormal RPG
Texto: Ana Carolina Gonçalves, Bruno

14
que eu mantenha minha opção de compra original. Acompanhar o
84
Schlatter, Daniel Duran, Davide Di
desenvolvimento do que se costumava chamar de “modernidade” é Benedetto, J.M. Trevisan, João Paulo Dicas de Mestre Pequenas Aventuras
uma das coisas que me impedem de me achar velho, ultrapassado. “Moreau do Bode” Pereira, Marlon Teske, Avançando personagens e campanhas Desvende os mistérios da Língua Morta
Matheus Tiamat, Miguel “Beholder” Souza
Lógico, um dia as pernas do mundo irão correr mais velozes que
as minhas, mas espero que demore.
e Vinicius Mendes 20 Arquivos Secretos 86 Gloriosos Diários
Arte: Janio Garcia, Leonel Domingos, Como tornar cenas de perseguição intensas Descubra o que rolou em Fim dos Tempos
E aí chegamos ao grande assunto do momento, as inteligências
26 Super-Heroínas Marvel
Enrico Tomasetti Rafael Françoi e
artificiais. Antes que você me ache retrógrado, deixo claro: sou a Sandro Zambi
Mulheres que acabam com qualquer vilão!
90 Chefe de Fase
favor. Aliás, não faz diferença se eu sou a favor ou contra. Certas Diagramação: Cássia Bellmann Kraven, o Caçador de heróis

38 94
coisas, quando chegam, não se importam com a opinião que a Revisão: Elisa Guimarães,
gente tem. Max Verstappen, campeão da Fórmula 1 em 2023, Rafael Dei Svaldi e Thiago Rosa Toolbox Liga dos Defensores
em entrevista coletiva, disse que gostaria que as redes sociais jamais Vencendo pelo diálogo Kits Introdutórios para 3DeT Victory
Extras
tivessem existido. Acho que não adiantou muito. Fundo de tela: Janio Garcia.
O que a gente pode é tentar ao máximo entender o que acon- Mapa de batalha: Filipe Borin
tece e lutar para adequar a tecnologia ao mínimo de civilidade.
As inteligências artificiais que hoje afetam os ilustradores (mas
não vão parar por aí) operam através de roubo. Se alimentam de

A CAPA
artes alheias para cuspir de volta uma colagem às vezes muito bem
feita, mas ainda assim composta de material que não foi cedido
voluntariamente ou remunerado.
“Ah, Trevisan, mas o ser humano não faz o mesmo ao buscar
referência”. Não. Como bem disse a querida Petra Leão no Melhor que uma base pronta
Twitter, artistas colocam algo de si e misturam com o que viram. A para ajudar quando você está
máquina não tem como fazer isso. precisando depois de combater
Apoie a Dragão Brasil ameaças do Outro Lado, só uma
Mesmo assim, quando disse lá atrás que sou a favor, não menti.
Sou a favor de um processo controlado. Sou a favor que empresas base capaz de aparecer nos luga-
paguem artistas de qualquer mídia para abastecerem seus bancos res mais isolados. O Redpurple é
de dados, que negociem contratos e deixem todos a par do que Siga a Jambô Editora
assim, um bar sobre rodas com
irá acontecer a partir do momento que a assinatura for colocada alguns segredos a mais. Um deles
no que nem mais é papel. é a arte fantástica de Jânio
Garcia.
Esse tipo de evolução só vale a pena se todo mundo tem alguma
chance de ganhar. Se não for assim, é só exploração pura mesmo.
Dragão Brasil é © 2016-23 Jambô Editora.
J.M. TREVISAN
Segredos serão revelados!
N O T Í C I A S D A B A R D A
Segredos serão revelados!
V em aí o novo quadrinho de Ordem Paranormal! Criado por Rafael "Cellbit"
Lange, O Segredo na Floresta - Parte 1 é baseado na história que consagrou
Ordem Paranormal como um fenômeno do RPG em todo o país. Adaptada por
Fábio Yabu e Akila, a versão em quadrinhos apresenta cenas novas e revelações
sobre o passado, o presente e o futuro dos personagens.
Liz Weber e Thiago Fritz, ainda
marcados pelas cicatrizes f ísicas e emo-
cionais de sua primeira missão, precisam
se envolver em outro caso paranormal:
o desaparecimento da Equipe Kelvin.
Auxiliados pelo experiente Christopher
Cohen e pelos novatos César Oliveira e
Joui Jouki, os investigadores rumam até
a cidade de Carpazinha, de onde sairão
transformados para sempre.
O Segredo na Floresta - Parte 1 será
lançado com brindes exclusivos: um
pin dos Gaudérios Abutres e quatro
marca-páginas. Itens exclusivos que não
estarão à venda depois! Você pode garan-
tir o seu no pré-lançamento, na CCXP
(entre 29/11 e 3/12), ou no site da Jambô,
a partir de 5/12.
4 5
N O T Í C I A S D A B A R D A
O Crânio e o Corvo ganha nova edição
Vocês pediram e finalmente entregamos: chegou a nova
edição de O Crânio e o Corvo, segundo volume da Trilogia
da Tormenta de Leonel Caldela. O livro recebeu uma
nova capa e um box comemorativo, que pode ser adquirido
junto do volume, em um kit com a coleção completa, ou
individualmente.
A caçada do Esquadrão do Inferno pelo Albino através
do Reinado. O embate entre o cavaleiro Orion Drake e
o algoz Crânio Negro. A guerra capaz de estremecer o
mundo e despertar até mesmo o Terceiro, cujo nome foi
banido à inexistência. Quando o céu se tingir de vermelho
e a Tormenta chover sangue e demônios, ninguém escapará
ao pior dos horrores. Entre na tempestade vermelha hoje,
no site da Jambô!
A Anomalia é revelada
A saga de Kisel continua em Era das Arcas: Anomalia - vol. 2! Esta light
novel, de Marcelo Cassaro e Marlon Teske, conclui uma nova saga fechada em
Era das Arcas, o novo universo de 3DeT Victory. Se você já curtiu a duologia
Era das Arcas (ou se ainda não curtiu e quer começar uma nova leitura), aqui
tem o fino da ficção (mais ou menos) científica: robôs-vivos excêntricos, cientistas
estressadas, games online, heróis sentai, ninjas de boné…
Após descobrir sua real natureza, Kisel acaba a bordo da Nau-capitânia
Aristóteles, nave estelar principal da humanidade. Em meio à severa crise
de energia, o jovem recruta e seus companheiros lutam para impedir que a
Coalizão Traktoriana se apodere do misterioso Código, tesouro supremo dos
quase indestrutíveis Metalianos. Embarque nessa arca!
Nos vemos na CCXP!
É lógico que estaremos na CCXP mais uma vez! Venha nos visitar entre
29/11 e 3/12 para conhecer seus autores preferidos, garantir os lançamentos,
completar a coleção e fazer parte desse evento incrível! Além do melhor em
RPGs, livros-jogos, literatura fantástica, quadrinhos, board games e card games,
ainda teremos algumas surpresas exclusivas do evento. Não perca!
 R E S E N H A
FIVE NIGHTS AT FREDDY’S
E m 2014, um game desig-
ner chamado Scott Cawthon
lançou o que poderia ser um
de seus últimos jogos. Nele,
um segurança toma conta de
uma pizzaria abandonada,
e deve observar as câmeras
pois os robôs no interior
andam à noite, e podem ser
agressivos. Sua única defesa
contra um ataque é fechar as
portas de sua sala, mas isso
consome bateria, assim como
as câmeras. Se falhar, um dos
bonecos animatrônicos pula
em sua direção gritando.
Com essa premissa simples, Five
Nights at Freddy’s tomou a internet
de assalto. Em um ciclo de entreteni-
mento, as pessoas assistiam youtubers
jogando até que, repentinamente, um
novo jogo saísse. Uma das comuni-
dades mais ativas é a de pessoas que
tentam compreender a verdadeira
história dos jogos. Desde o primeiro
lançamento, diversos mistérios sur-
giram, como a misteriosa figura de um
quinto animatrônico, uma versão dourada
do urso que dá nome a franquia.
Como não podia deixar de ser, um
filme vinha sendo anunciado desde
meados de 2016, adaptando a história,
mas os roteiros não agradaram o autor
e a produtora. Quando o elenco e trailer
foram finalmente revelados, os fãs pude-
ram ter um momento de paz, sabendo
que finalmente o projeto sairia do papel.
Na narrativa, Mike Schmidt (interpre-
tado por Josh Hutcherson, dos filmes
6 7
PESADELO SEM FIM
Jogos Vorazes) é um segurança traumati-
zado, que tem pesadelos constantes com o
sequestro de seu irmão, Garrett, por uma
figura misteriosa. Hoje, ele vive com sua
irmãzinha Abby (Piper Rubio), tentando
manter sua guarda e dar uma vida boa a
ela. Porém, ao ver um pai levando o filho
de forma brusca, Mike agride o homem e
perde seu trabalho atual.
Para continuar cuidando de Abby,
Mike procura a ajuda de um conselheiro
ocupacional, Steve Raglan (interpretado
por Matthew Lillard, o eterno Salsicha
dos dois primeiros filmes live-action de
Scooby-Doo), que conta sobre uma vaga
noturna em uma pizzaria abandonada.
Com as peças em seu lugar, começam
a surgir cenas e situações que lembram
bastante o jogo.
O filme, como não podia deixar
de ser, é feito para fãs da franquia,
cheio de referências a elementos clás-
sicos. Os bonecos animatrônicos são
representações incríveis de seus visuais
originais. Seria impossível fazer um
filme abarcando todos os conceitos e
mistérios da história, mas como uma
versão resumida e palatável do game
é uma boa experiência. Além disso,
Piper Rubio rouba quase todas as
cenas em que está, dando um show
de fofura em suas interações com os
robôs assombrados.
Claro, não é uma obra perfeita. Em
alguns momentos os personagens acei-
tam atividades sobrenaturais com uma
enorme facilidade. No meio da história,
há um momento de interação pacífica
com os robôs e a tensão criada por eles
some. Talvez fosse melhor usar a lição do
velho Tubarão de Steven Spielberg e
evitar mostrar tanto as criaturas. Além disso,
a personagem Vanessa (Elizabeth Lail da
série Você) é bastante inconsistente, mesmo
quando seu papel é explicado.
Mesmo com tudo isso, Five Nights at
Freddy’s é um filme divertido dentro de sua
medida de classificação etária (14 anos) e
principalmente para aqueles que viveram
toda agitação provocada pela franquia.
DANIEL DURAN
Q uanto antes você enten-
der o funcionamento do
jogo, maior a sua chance de
sobreviver. Você conseguirá
votar sem hesitar no pró-
ximo que deve morrer?
Se tem um tipo de obra que sem-
pre me fisga é aquele de jogos letais.
Sendo sincero, não acho que exista
um gênero para isso, mas são aquelas
histórias em que os personagens se
veem obrigados a participar de algum
tipo estranho de reality show, cujas
provas envolvem risco de morte. O
fenômeno Round Six é um exemplo,
Alice in Borderland, outro. Agora des-
cobri um filme com proposta parecida.
Achei Circle no catálogo da Netflix
no bom e velho estilo “seja o que Deus
quiser”. Ok, estava no gênero ficção
científica, mas ainda assim foi um
tanto quanto aleatório. De qualquer
maneira, fui fisgado já nos primeiros
minutos. O filme conta a história de
cinquenta pessoas que despertam em
uma sala escura e vão, aos poucos,
descobrindo que um deles é morto a cada
dois minutos ou quando alguém deixa as
posições fixas em que estão.
Escrito e dirigido por Aaron Hann
e Mario Miscione, o filme é um ótimo
thriller psicológico que consegue criar
tensão e reviravoltas mesmo se passando
99% do tempo no mesmo lugar, a sala
circular onde pessoas estão de pé sobre
círculos. Na verdade, faz exatamente o
contrário, deixando de lado qualquer
impressão de que se passa em uma
locação única para driblar restrições da
CIRCLE
QUEM DEVE MORRER?
produção, como acontece na maioria dos
bottle episodes de séries. O roteiro bem
construído e as boas atuações fazem a
história ir avançando intensamente.
Cada personagem da sala é um alvo
em potencial de uma morte que ocorre
a cada dois minutos. Com o passar do
tempo, todos no local vão buscando pistas
que indiquem o motivo de estarem ali. Um
experimento social estranho? Uma invasão
alienígena? As respostas e conjecturas vão
se revezando com as mortes, uma após
a outra. Toda informação possível de ser
coletada deve vir das mesmas pessoas
R E S E N H A
que estão presas na sala, de pé sobre
círculos luminosos que não podem ser
ultrapassados. Logo, essa coleta de fatos
por meio da conversa entre todos deixa
claro que as mortes não são aleatórias.
Pior ainda, é a votação de todos ali que
define o próximo a morrer.
Com o passar da história, os diálo-
gos criam uma tensão crescente. Cada
indivíduo vai se desenvolvendo, permi-
tindo ao espectador notar as estratégias
escolhidas. Afinal, não demora a surgir
uma conclusão coletiva de que apenas
um irá sobreviver e, podendo contar
apenas com o que falam, surgem intri-
gas, tentativas de alianças, acusações,
farpas e todo o tipo de reviravolta na
busca por prosseguirem no jogo que
sequer sabem porque existe.
Quanto mais o jogo afunila, mais a
ideia de vale tudo prospera, já que há
menos opções. Preconceitos se tornam
latentes, justificativas são atiradas para
tentar convencer outros sobre quem deve
ser votado. Quem deve morrer.
Diferente dos citados Round 6 e
Alice in Borderland, Circle entrega
um jogo de estranha letalidade mais
focado no diálogo e na dinâmica dos
personagens. Os escrúpulos deixados
de lado em busca da sobrevivência são
suficientemente dramáticos quando o que
o espectador tem é o pouco que se sabe
sobre os personagens.
Ali, no círculo, o passado pouco
importa. Só interessa o que pode ser dito
e usado para convencer os outros que
você não deve morrer.
MATHEUS TIAMAT
 R E S E N H A
A QUEDA DA CASA DE USHER
UM MINI MCU PARA EDGAR ALLAN POE
E m uma casa decrépita,
um promotor de justiça
e um magnata da indústria
farmacêutica se encontram.
O empresário promete con-
fessar crimes horríveis que
cometeu no passado, pelos
quais nunca foi pego. Mas
para isso, quer antes expli-
car como e por que seus seis
filhos morreram de formas
trágicas nas últimas duas
semanas.
A Queda da Casa de Usher é
a nova série de Mike Flanagan,
celebrado diretor de A Maldição
da Residência Hill, A Maldição da
Mansão Bly e Missa da Meia-Noite.
Assim como em Hill e Bly, aqui ele
volta para sua obsessão por clássicos
do horror gótico, dessa vez partindo
de uma miscelânea de obras de
Edgar Allan Poe, com o conto que
dá nome à série servindo como fio
condutor da narrativa.
A primeira coisa que chama a atenção
em Usher é a mudança de tom em relação
às obras anteriores. Como esperado de
um apaixonado pela literatura gótica,
Flanagan gosta de construir suas obras
a partir do tom melancólico, criando
histórias que causam mais incômodo e
desolação do que medo. Mas o clima
aqui é outro: ao retratar os excessos de
uma família com bem mais dinheiro do
que conseguiria gastar, conquistado a
partir de práticas bem questionáveis, a
narrativa assume elementos mais ácidos
8
e se aproxima diversas vezes da sátira.
E nisso, acompanhamos Roderick Usher
(interpretado por Bruce Greenwood e
Zach Gilford) contando à C. Auguste
Dupin (Carl Lumbly e Malcolm
Goodwin) como ele e sua irmã gêmea
Madeline (Mary McDonnell e Willa
Fitzgerald) se tornaram bilionários na
juventude, assim como a morte de cada
um de seus filhos, todos em situações
envolvendo uma mulher misteriosa (Carla
Gugino, simplesmente incrível no papel).
Cada episódio retrata uma morte, e quem
conhece a obra de Poe vai logo fazer a
ligação entre os acontecimentos e
grandes clássicos do autor.
Como a série tem muitos perso-
nagens (nesse texto já foram mencio-
nados 10, e ainda faltam alguns) e
apenas oito episódios, não espere
grandes desenvolvimentos. Essa é a
história de Roderick Usher, o resto
de sua família está ali apenas para
ajudar a contá-la. Se por um lado
isso nos impede um pouco de sentir a
mesma empatia que as outras obras
do diretor nos causam, por outro,
cumpre perfeitamente a função de
a narrar a vida de alguém que, por
mais que esteja sofrendo, é uma pes-
soa horrível, algo que a série nunca
nos deixa esquecer.
A cinematografia e a trilha sonora
têm a beleza esperada da obra de
Flanagan, e fica já a dica para quem
gosta de simbolismos e conjecturas
prestar atenção na iluminação
durante as cenas de morte. A série
também tem mais jumpscares do que as
séries anteriores do diretor (com exceção
de Clube da Meia-Noite, que talvez seja
melhor fingir que não aconteceu), mas
ainda assim, o uso desse recurso nunca
parece gratuito ou preguiçoso.
Se você gosta do estilo de Mike
Flanagan, ou se quer assistir a uma obra
de terror que vai além dos clichês óbvios,
mas sem abandoná-los, A Queda da
Casa de Usher é uma ótima pedida.
VINICIUS MENDES
 bardo. Por outro lado, uma magia arcana ••• aberto não pode ser aplicado no mesmo
aprendida por um clérigo através de Tenho duas dúvidas sobre atributo. São dois atributos, afinal. Então
Teurgista Místico não pode receber os acúmulos de bônus. não é possível fazer um moreau da coruja
benefícios de Magia Sagrada/Profana com Sabedoria +3 ou uma minaura com
— apesar de ser uma magia de clérigo, 1) Em Tormenta20 está claro Força +3.
não é uma magia divina. que os bônus fornecidos por
modificações acumulam com os •••
••• fornecidos pelos encantamentos. Excelentíssimos juízes, trago
Um mago com o poder Escriba O que não está claro é se esse uma dúvida relacionada à trans-
Arcano pode aprender magias bônus é cumulativo com o bônus mutação de criaturas artificiais e
divinas através de pergaminhos? base do item. Por exemplo, um não-vivas em geral. Quando, por
O poder fala que é possível apren- cajado arcano acumularia com a exemplo, um golem utiliza a magia
der através de pergaminhos e modificação poderoso (gerando Controlar Madeira com o primeiro
+2 na CD de magias arcanas)? aprimoramento para se transfor-
grimórios de outros magos, mas
Uma adaga discreta teria +10 ou mar em uma árvore, sua condição
SÚMULA DE NOVEMBRO / 2023 não especifica qual tipo de magia.
+5 para ser ocultada com ladina- de descanso continua sujeita à
— Cons. Wesley Albuquerque gem ?
Todos em pé! Os Exmos. Ministros do STR avaliaram as petições enviadas pelos conselheiros da Dragão habilidade racial Criatura Artificial?
Maranhão 2) Sobre duas novas raças
Brasil e estão prontos para dar seus pareceres. apresentadas em Ameaças de — Cons. César Henrique
Saudações pedagógicas, conse-
Esta súmula contém respostas debatidas, deliberadas e formuladas por todos os participantes do Supremo lheiro! Escriba Arcano altera a forma Arton, moreau e minauro. Ambos Saudações construtivas, conselheiro!
como o personagem pode aprender recebem +1 em um atributo espe- Exceto quando um efeito indica o contrá-
Tribunal Regreiro, redigidas aqui pelos Exmos. Ministros Thiago Rosa Moreira, presidente do Sindicato rio, todas as habilidades de personagem
magias, mas não modifica a lista de cífico e "+1 em dois atributos".
Furtivo, e Rafael Dei Svaldi, fundador e presidente do Magistério Monstrográfico. magias que ele pode aprender. Assim, Diferente do meio-orc, humanos continuam funcionando normalmente
Caso você seja um conselheiro da revista, procure pelo post fixo no grupo fechado dos conselheiros no a menos que outra habilidade permita e lefous o texto aqui não informa quando sua forma é alterada. Portanto,
isso (veja a seguir), ele só continuará "atributos diferentes", então quer um golem transformado em árvore
Facebook para redigir sua petição. Caso não seja, considere tornar-se um, mudando seu nível de apoio para podendo aprender apenas magias dizer que posso adicionar este +1 através de Controlar Madeira continua
ter suas súplicas atendidas neste tribunal. arcanas. no mesmo atributo? Por exemplo, sujeito à habilidade Criatura Artificial.
uma minaura com +2 em Força e
É possível que o mago encontre um •••
+1 em qualquer outro ou +3 de
Posso usar o poder de clérigo “Enquanto você estiver sob efeito de sua A situação é diferente para os grimório de um outro mago com algumas Hoje trago algumas questões
Força?
Magia Sagrada/Profana com Inspiração, a CD para resistir a suas poderes Carícia Sombria (“Você pode magias divinas (através, por exemplo, que surgiram recentemente nas
magias arcanas aprendidas atra- habilidades de bardo aumenta em +2.” aprender Toque Vampírico como uma do poder Teurgista Místico). Porém, para — Cons. Thiago Borges minhas leituras e nas minhas
vés de poderes concedidos, como magia divina.”) e Teurgista Místico (“Até conseguir copiar essas magias, o mago Saudações bonificadas, conselheiro! mesas:
Arte Mágica funciona explicitamente
por exemplo Centelha Mágica, uma magia de cada círculo que você precisa ter a mesma habilidade. Vamos às suas respostas:
com habilidades de bardo, incluindo suas 1) Na versão 1.2 de Tormenta
Teurgista Místico ou Carícia de aprender poderá ser escolhida entre
magias. Magias podem ser aprendidas ••• 1) Bônus se acumulam com outras fon- 20 - Edição Jogo do Ano, eu não
Tenebra? magias divinas (se você for um conjura-
de formas alheias à classe, como o poder tes, mas não entre si. Os bônus base e as consigo mais encontrar a pas-
dor arcano) ou entre magias arcanas (se Existe alguma interação entre
— Cons. Marcio Uemura concedido Centelha Mágica, cujo texto for um conjurador divino).”). Perceba que o Estilo Desarmado e a habilidade melhorias são da mesma categoria, itens, sagem do livro que diz que os
Saudações consagradas, conse- afirma: “Escolha uma magia arcana ou nenhum desses poderes concede novas Briga do lutador? e por isso não se acumulam. Quando há bônus de melhorias não acumu-
lheiro! O supracitado poder apresenta divina de 1º círculo. Você aprende e magias conhecidas — apenas flexibiliza intenção de haver acúmulo, a melhoria lam entre si. Vocês conseguem me
o seguinte texto: “Quando lança uma pode lançar essa magia.” Uma magia condições para seu aprendizado. Dessa — Cons. Francisco Duque não concede um bônus, em vez disso dizer se essa passagem não está
magia divina que causa dano, você aprendida com esse poder não seria forma, mesmo que um bardo use Carícia Saudações pugilísticas, conselheiro! aumentando o bônus base, como é o caso mais no livro? Se ela não estiver,
pode gastar +1 PM. Se fizer isso, muda afetada por esse poder. Porém, no caso Sombria e uma magia conhecida de Não existe nenhuma interação entre das melhorias Aprimorado e Reforçada. os bônus de melhorias passam a
o tipo de dano da magia para luz (se de Magia Sagrada/Profana, não há a bardo para aprender Toque Vampírico estes dois poderes. De fato, Briga é 2) Sim, o texto diferente significa acumular entre si e, por exemplo,
sua divindade canaliza energia positiva) mesma limitação de Arte Mágica. Dessa como uma magia divina, continuará uma versão por assim dizer mais forte que você pode aplicar bônus no mesmo um item cruel e atroz fornece +3
ou trevas (se canaliza energia nega- forma, caso a magia selecionada com podendo usar Arte Mágica com essa de Estilo Desarmado, representando atributo. Um moreau da coruja pode ter em dano, em vez de apenas +2?
tiva).” Comparemos esse texto com o Centelha Mágica seja divina, ela pode magia. Independente de ser arcana ou a especialização e o foco do lutador Sabedoria +2 e uma minaura pode ter 2) As melhorias Aprimorado, do
de outro poder, Arte Mágica, de bardo: ser usada com Magia Sagrada/Profana. divina, continua sendo uma magia de nesta forma de combate. Força +2. Porém, perceba que o bônus manual básico, e Multifuncional,

10 11
de Ameaças de Arton, são direcio-
nadas para itens que modificam
perícias, como ferramentas e itens
de vestuário, mas elas poderiam
ser aplicadas em armaduras que
afetem testes, tais como a arma-
dura acolchoada e a veste de teia
de aranha?
3) Os encantos Abascanto, que
fornece resistência a magia +5, e
Protetor, que fornece +2 em testes
de resistência, são cumulativos
entre si? Uma armadura contendo
ambos os encantos forneceria +7
ou +5 de bônus em um teste para
resistir a uma magia?
4) Atualmente, efeitos que
reduzem o custo de PMs de uma
magia, tais como a modificação
Harmonizada, permitem que
um conjurador ultrapasse o teto
máximo de PMs que ele pode
usar? Por exemplo, um conjurador
que pode gastar até 6 PMs em uma
magia e que tenha um esotérico
harmonizado para a magia Bola de
Fogo poderia lançar a magia com
duas aplicações do aprimoramento
que aumenta o dano em +2d6
(totalizando um valor total de 7
PMs)? Se as respostas para as per-
guntas anteriores forem positivas,
o efeito da melhoria Harmonizado
seria cumulativo com o efeito da
melhoria Canalizador? O mesmo
conjurador citado anteriormente
poderia lançar uma Bola de Fogo
com um valor total de 8 PMs se
tivesse um esotérico harmonizado
e canalizador?
5) Saindo um pouco das regras
mais diretas e indo para uma
parte de regra de lore: embora
saibamos que, no momento atual
do cenário, a associação de uma
coloração de um dragão com um
12
tipo específico de sopro já não é
mais tão exata, é dito nos mitos
da criação que Kallyadranoch
possuía 6 tranças coloridas que,
após cortadas, se tornaram os pri-
meiros dragões, cada um com um
sopro especial (fogo, frio, relâm-
pago, ácido, veneno e trevas). De
posse desses dados, eu gostaria
de saber qual desses primeiros
dragões tinha o sopro de veneno
e qual a cor dele.
— Cons. Gilmar Burato
Saudações prolíficas, conselheiros!
Vamos às suas respostas:
1) Bônus de melhorias são bônus da
mesma fonte e, como tal, não acumulam
exceto quando afirmado o contrário. Por
isso existe uma regra específica para
que bônus de melhorias e encantamen-
tos se acumulem entre si.
2) Não. Aprimorado pode ser apli-
cado apenas a ferramentas e vestuário.
Caso considere uma combinação única
interessante, o mestre pode permitir a
aplicação de aprimorado em armadu-
ras, mas essa seria uma regra da casa.
3) Não, encantamentos não se acu-
mulam entre si.
4) Os efeitos de redutores de custo são
aplicados primeiro, antes de verificar o
limite de PM. Então, sim, redutores de custo
efetivamente aumentam o limite de PM. No
caso das melhorias, elas não se acumulam
entre si. Além disso, redutores de custo
ainda têm uma regra especificamente
determinando que não são cumulativos,
exceto quando mencionado o contrário.
5) Essas são lendas antigas, cobertas
de mistério, especialmente com o desapa-
recimento e subsequente retorno do Deus
dos Dragões. Perceba, inclusive, que o
símbolo sagrado de Kallyadranoch é com-
posto de cinco (não seis) escamas multico-
loridas sobrepostas. Como afirmado em
Ameaças de Arton, a cor de um dragão
não está associada à sua energia dracô-
nica. Quando se trata dos Dragões-Reais e
da lenda de Kallyadranoch, precisar qual
deles está associado a uma energia pode
ser mais difícil do que parece. Embora
alguns gerem paralelos óbvios com seus
títulos — como Sckhar, Dragão-Rei do
Fogo — o mesmo não pode ser dito para
todos. Rumores apontam que Mzzileyn
possui dois tipos de sopro, veneno e tre-
vas. Seria isso verdade ou apenas mais
uma tramóia do mais traiçoeiro entre os
Dragões-Reais?
•••
Na minha mesa, um jogador é
um arcanista elfo com Inteligência
6, origem Recruta Arcano e poder
Arcano de Batalha. Quando ele faz
um ataque com as Setas Infalíveis
de Talude, como o dano é aplicado?
— Cons. Raphael Levy Lima
Saudações arcanas, conselheiro! No
caso, esse arcanista elfo tem um bônus
de +7 em dano de magias; somando
sua Inteligência pelo poder Arcano
de Batalha e +1 pela origem Recruta
Arcano. Como consta da descrição da
magia, porém, quaisquer bônus de dano
aplicado às Setas Infalíveis se aplica a
apenas uma seta.
•••
Nas regras de domínio de
A Lenda de Ghanor RPG, um
upgrade de uma construção
(por exemplo, de paliçada para
muralha) consome um espaço de
construção?
— Cons. Joaquim Gonçalves
Guimarães Junior
Saudações construtivas, conselheiro!
Sim, uma construção que altere os
efeitos de outra construção continua
consumindo um espaço.
O item caveira maldita deixa
uma magia Profanar sempre
ligada. Se eu entrar em uma área
onde há um símbolo visível dedi-
cado a uma divindade que não
a minha o efeito do item acaba?
— Cons. Rodrigo Gimenez
Saudações sombrias, conselheiro!
Vamos conferir os textos em questão.
A caveira maldita informa: "Esta pedra
esculpida em formato de crânio gera o
efeito da magia Profanar, com o crâ-
nio como ponto de origem." Enquanto
o texto relevante de Profanar é: “Esta
magia não pode ser lançada em uma
área contendo um símbolo visível dedi-
cado a uma divindade que não a sua.”
Perceba que a caveira maldita não
lança efetivamente a magia em momento
nenhum; o efeito já está ativo. Portanto,
a presença de símbolos divinos não
afeta esse item mágico.
•••
A condição ofuscado causa -2 em
jogadas de ataque, enquanto outras
condições (como abalado) causam
-2 em testes de perícia. Ofuscado
acumula com outras penalidades
fornecidas por condição?
— Cons. Bruno Cesar Aff Mendes
Saudações cumulativas, conselheiro!
Efeitos iguais aos de condição não se
acumulam, mas esses não são efeitos
iguais. Um -2 em testes de perícia acaba,
necessariamente, se tornando também -2
em jogadas de ataque, mas são efeitos
distintos em termos de regra. Dessa forma,
um personagem ofuscado e abalado que
tente atacar com uma adaga sofre -2 em
testes de perícia (incluindo Luta e Pontaria)
e -2 em testes de ataque, para um total de
-4 no seu ataque com adaga.
•••
1) Em relação à magia
Despedaçar, se é utilizada contra
um objeto que um personagem
esteja empunhando, este persona-
gem faz um teste de Fortitude para
reduzir o dano ao objeto à metade?
2) É possível curar um monstro
conjurado pela magia Conjurar
Monstro?
— Cons. Daniel Weiss
Saudações diretas, conselheiro!
Vamos às suas respostas:
1) Sim. Como mencionado na página
227, itens mundanos soltos falham auto-
maticamente em testes de resistência e
itens mundanos carregados fazem testes
de resistência com o bônus do portador.
Itens mágicos sempre podem fazer teste
de resistência, usando seu próprio bônus
ou de seu portador.
2) Não, ele não é uma criatura.
•••
Caríssimos juízes,
O uso da perícia Guerra para
plano de ação pode ser usado mais
de uma vez no mesmo aliado?
— Cons. Matheus Machado
Saudações, caríssimo conselheiro!
Plano de ação não pode ser usado mais
de uma vez no mesmo aliado. Bônus da
mesma fonte não se acumulam.
JUÍZES DO STR
13
 D I C A S D E M E S T R E
DESBRAVANDO T ormenta20 trouxe diversas novas mecâ-
nicas para as regras de RPG de Tormenta.
Entre elas, estão os patamares de jogo,
uma classificação de poder dos persona-
PATAMARES
gens e da própria campanha. Criado como
uma ferramenta para guiar o mestre no
planejamento de suas aventuras, o sistema
de patamares se tornou gradualmente mais
importante, influenciando várias outras
regras e mecânicas do jogo.
Avançando campanhas Uma das principais mudanças conceituais de
Tormenta20 em relação às versões anteriores das
e personagens regras foi a introdução de mecânicas voltadas para
os aspectos narrativos do jogo. Presentes também
em A Lenda de Ghanor RPG, esses elementos têm
como função auxiliar a construção da história e da
simulação do gênero narrativo, e não representam
exatamente aspectos “reais” do universo de jogo. Em
outras palavras, são elementos que o mestre usa para
criar a história e definir o clima da aventura, mas que
não simulam conceitos visíveis para os personagens e
demais habitantes do mundo. Um destes elementos é
justamente o conceito de patamares.
Mas o que são exatamente esses patamares? Em
Tormenta20/A Lenda de Ghanor, patamares de jogo
são definidos como “uma classificação que fornece
uma noção da escala de poder dos personagens e que
afeta certas habilidades”. Para essa classificação, são
usados intervalos de níveis de personagem, divididos
da seguinte forma: iniciante (1º ao 4º nível), veterano
(5º ao 10º), campeão (11º ao 16º) e lenda (17º ao
20º). Entretanto, embora fale em “escala de poder dos
personagens”, os patamares representam mais que isso.
Eles indicam o nível de poder da própria campanha e
das aventuras e desafios que seus protagonistas estão
preparados para enfrentar.
Uma campanha, vários estilos
Um dos desafios de longas campanhas de fantasia,
God of War em que os personagens possuem uma progressão de
Uma lenda e um iniciante,
o que pode dar errado?
D I C A S D E M E S T R E
poder dilatada, é estabelecer uma conexão e coerência
narrativa entre as histórias. Aventureiros iniciantes têm
como primeiras missões limpar porões de tavernas infes-
tados de ratos gigantes ou derrotar um pequeno grupo
de kobolds saqueadores, após vários níveis poderão
enfrentar gigantes, dragões e, em algum ponto de suas
carreiras, até mesmo deuses.
Como criar uma sequência de histórias do mesmo
estilo que inclua uma variação tão grande de inimigos,
desafios e poder? A resposta é justamente não fazer
isso. Uma campanha típica de Tormenta/Ghanor não
é uma sequência de aventuras do mesmo gênero.
Conforme os personagens progridem de nível e
ganham importância e influência no mundo de jogo,
as aventuras que eles viverão, e o estilo narrativo usado
para contá-las, irá mudar. E representar essa mudança,
tanto em termos de regras quanto de narrativa, é uma
das funções do sistema de patamares.
Cada aventura em seu patamar
Além de classificar os personagens, cada patamar
representa também um estilo específico de aventuras,
adequado ao nível de poder dos personagens. De
certa forma, o patamar serve como um guia para
o mestre; sabendo o patamar dos personagens, ele
pode planejar histórias e desafios adequados, tanto
em termos narrativos quanto de dificuldade.
Os parágrafos a seguir apresentam uma descrição
do estilo de aventuras e histórias adequados a cada
patamar. Esta é uma descrição geral, e é perfeitamente
normal que uma campanha inclua aventuras em um
patamar que seja mais próximo do estilo de outro
(sobretudo quando os personagens estão prestes a
mudar de patamar). Tenha em mente que estas descri-
ções representam linhas gerais e não uma regra rígida;
o mestre tem a liberdade para alterar o estilo de suas
aventuras conforme adequado a campanha, mesmo
que isso signifique desviar do estilo geral indicado.
15
 D I C A S D E M E S T R E
Patamar Iniciante (1º ao 4º nível)
“Aventureiro novato, envolvido em missões locais,
como proteger vilas do ataque de bandidos e escoltar
caravanas.”
O primeiro patamar representa as histórias e aven-
turas mais “pé no chão”, por assim dizer. Aqui, os per-
sonagens ainda são aventureiros em início de carreira,
com poucas conexões no mundo e pouca capacidade
de influenciar o curso dos eventos da história. Neste
patamar os desafios serão praticamente mundanos;
magias e outros elementos sobrenaturais poderão estar
presentes, mas serão limitados em quantidade e/ou
poder. Em termos narrativos, os personagens ainda não
possuem nenhum destaque no cenário; aos olhos de
outros NPCs, eles são mais uns entre vários aventureiros
tentando a sorte pelo mundo.
É importante que o mestre tenha em mente que neste
patamar os personagens têm pouca autonomia e inicia-
tiva. Nesse estágio da campanha eles não acumularam
poder, não conquistaram prestígio nem desenvolveram
conexões profundas o suficiente para iniciar missões
pessoais. Assim, tendem a ser menos pró-ativos, depen-
Stranger Things
Crianças cheias de
disposição para
salvar o dia
16
dendo mais de aventuras e missões que apareçam
em seu caminho. Além disso, personagens iniciantes
têm recursos muito limitados; as aventuras que são
capazes de enfrentar geralmente devem ser simples,
com poucos perigos, caso contrário seus recursos se
esgotarão muito rápido.
Exemplos de aventuras de patamar iniciante
incluem missões locais, como proteger uma pequena
vila de saqueadores, escoltar uma caravana para
uma localidade próxima, capturar um bandido que
atua na região, desvendar um crime menor e explo-
rar masmorras pequenas, habitadas por animais ou
outras criaturas menos perigosas. Por outro lado,
evite histórias que poderão resultar em recompensas
muito elevadas (tanto em termos financeiros quanto
de prestígio/influência). É esperado que ao fim do
patamar iniciante os personagens tenham estabelecido
algumas alianças com personagens relevantes, como
um mercador local influente (capaz de fornecer certos
equipamentos), um caçador que conhece bem a região
ou mesmo o prefeito ou burgomestre da vila. Nesse
ponto, entretanto, figuras mais poderosas, como nobres
e conjuradores de renome, ainda não terão notado a
existência dos aventureiros.
Exemplos de patamar iniciante: Conta Comigo,
Goonies, Mulan (a animação, não o filme; embora
Mulan salve o Imperador, sua trajetória é bem adequada
a um iniciante), Stranger Things (1ª temporada), Willow.
Veterano (5º ao 10º nível)
“Neste patamar, o herói presta serviços importantes
a nobres e líderes de guildas.”
Tendo perseverado em resolver problemas locais, os
aventureiros acumularam alguma experiência e esta-
beleceram relações com NPCs de menor poder, mas
que podem indicá-los ou encaminhá-los para missões
mais importantes.
Neste patamar, os personagens já possuem recursos
para enfrentar ameaças sobrenaturais, lidar com magias
que fogem do básico e encarar pequenos grupos de
criaturas mais fracas, como uma tropa de mercenários
ou um bando de saqueadores. Com este poder, com-
binado com a pequena fama acumulada no patamar
anterior, eles agora podem atrair a atenção de nobres
menores e figuras influentes de uma grande cidade ou
de uma região maior. Isso significa que o estilo de suas
aventuras começa a mudar. Agora, os personagens já
possuem alguma reserva de recursos, e podem enfrentar
pequenas sequências de desafios sem se exaurir. Além
disso, em termos narrativos, os NPCs mais propensos a
apresentar missões aos personagens serão justamente
aqueles que terão problemas mais complexos e difíceis.
Assim, seus desafios, embora ainda em uma escala
próxima do realista, serão mais perigosos.
O patamar veterano também marca o ponto em
que os personagens começam a buscar suas próprias
aventuras, explorando contatos e ganchos iniciados no
patamar anterior. Assim, é importante que, ao planejar
suas aventuras, o mestre abra espaços para que os
personagens busquem esses objetivos pessoais.
Histórias em patamar veterano:
A Lenda, A Princesa Prometida, D’Artagnan
e os Três Mosqueteiros, Krull, Mandalorian,
O Hobbit, O Último dos Moicanos.
D I C A S D E M E S T R E
Campeão (11º ao 16º nível)
“Já famoso por suas façanhas, o aventureiro traba-
lha para monarcas e enfrenta grandes vilões e monstros
terríveis.”
Dando início à segunda metade da jornada do
personagem, este patamar também marca o ponto em
que as ações dos aventureiros começam a impactar o
cenário de forma mais ampla. Graças ao resultado de
suas aventuras anteriores, agora os heróis atraem a
atenção de aliados e oponentes realmente poderosos.
É aqui que reis, rainhas e líderes de grandes orga-
nizações se voltarão para eles em busca de auxílio.
Aqui, elementos sobrenaturais e fantásticos são desafios
comuns, e quaisquer oponentes “mundanos” serão indi-
víduos únicos, igualmente reconhecidos por seus atos de
vilania. Em vez de enfrentar combatentes mercenários e
o ocasional sargento ou capitão, aqui os heróis enfren-
tarão um mercenário famoso, ou mesmo o condotiero
de uma grande companhia. Da mesma forma, por trás
de monstros perigosos os aventureiros encontrarão um
chefe do mal de grande poder, como um necromante
ou um sacerdote de uma divindade sombria.
Personagens campeões já terão reunido uma grande
quantidade de recursos, tanto na forma das habilidades
obtidas naturalmente com a evolução dos níveis, quanto
recompensas conquistadas como parte da história. Isso
inclui itens superiores ou mágicos, aliados e parceiros,
favores de NPCs importantes e diversos outros recur-
sos. Exatamente por isso, este é o patamar em que a
evolução de poder das ameaças se torna ainda mais
aguda. Para o mestre, isso significa que as aventuras
e os desafios que elas apresentam devem ser mais
elaborados e complexos; não tenha receio de criar
situações que limitam a recuperação de recursos dos
personagens. Neste patamar, eles serão mais resilientes
e capazes de enfrentar grandes complicações.
17
 D I C A S D E M E S T R E
Aventuras de patamar campeão geralmente estarão relacionadas a uma trama
mais ampla e única. Elas descreverão desafios e situações específicas e não o
tipo de problema corriqueiro que acontece no dia a dia do mundo. A qualquer
momento, há inúmeros grupos de aventureiros iniciantes salvando centenas de
vilarejos pelo mundo. Por outro lado, o tipo de problema que requer a atenção
de heróis campeões será mais único e raro.
Além do nível de poder, o patamar campeão é marcado
por incluir ainda mais elementos da história dos próprios per-
sonagens. Inimigos e aliados feitos nas aventuras anteriores
estarão mais presentes, e os principais arcos dos personagens
deverão estar perto de sua conclusão (idealmente, é aqui que
essas histórias são resolvidas, para que o personagem possa
desfrutar de sua conclusão no patamar seguinte). Assim,
além de dar espaço para que os jogadores possam perseguir
seus próprios objetivos, é importante que o mestre traga vilões
não derrotados e problemas não resolvidos das aventuras
anteriores. Isso serve não apenas para fazer a conexão
dessa nova fase com os patamares anteriores, como
também permite que os personagens tenham novas
oportunidades de resolver essas questões.
Histórias em patamar campeão:
Ahsoka, Dragon Age Inquisition, God of
War (o primeiro), John Wick (todos os
filmes), Missão Impossível, Vingadores,
Vingadores: A Era de Ultron.
Os Vingadores
Ultron, a IA
revoltada
18
Lenda (17º ao 20º nível)
“Entre os mais poderosos de Arton, o herói lida
com perigos que ameaçam todo o mundo... Ou mesmo
toda a realidade!”
Este patamar marca a transição de aventuras heróicas
para histórias verdadeiramente épicas. Neste ponto, os
personagens terão se tornado praticamente super-heróis,
tanto em termos de poder absoluto quanto influência e
reconhecimento no mundo de jogo. Agora, em vez de
atender ao chamado de reis e rainhas, eles são seus
aliados e iguais, dividindo as mesmas preocupações e
responsabilidades sobre a segurança do mundo.
Em termos de poder e narrativa, o patamar lenda
representa o espaço que no antigo Tormenta RPG era
ocupado por aventuras acima do 20º nível. Assim, os
heróis irão se deparar contra alguns dos maiores peri-
gos do cenário, incluindo NPCs únicos e desafios que
nunca foram resolvidos por nenhum outro personagem.
Pelo nível de poder envolvido, e pelo potencial
de impacto no cenário como um todo, a maioria
das aventuras de patamar lenda serão relacionadas
a eventos verdadeiramente históricos. Coisas como
derrotar o líder do maior culto maligno do mundo, ou
libertar um reino do jugo do maior tirano que já existiu.
Missões lendárias são eventos que poderão redefinir
a realidade da campanha.
As consequências de aventuras deste patamar
também terão um impacto profundo sobre os próprios
personagens. Conforme se destacam entre os mais
poderosos seres do mundo, os heróis também acu-
mulam mais e mais responsabilidades. É aqui que
começa a “aposentadoria” do personagem, muitas
vezes marcada pela transição para se tornar um NPC.
D I C A S D E M E S T R E
Mass Effect
Salvar o universo parece
impossível, até não ser
Neste caso, o papel que cada personagem irá assumir
dependerá de seus objetivos e do que ele conquis-
tou ao longo da campanha, mas também pode ser
consequência de sua aventura final (tendo destruído
o demônio que estava prestes a invadir a realidade,
talvez o destino do mago seja guardar o portal por
toda a eternidade, garantindo que ele nunca mais seja
aberto novamente).
Histórias em patamar lenda: God of War (todos
os demais jogos), Mass Effect 3, Vingadores: Ultimato,
O Terceiro Deus.
Heróis e Campanhas que Evoluem
Um dos aspectos divertidos de uma longa campanha
é acompanhar a evolução dos personagens, geralmente
de aventureiros novatos a grandes campeões capazes
de influenciar o destino do mundo. Essa evolução,
entretanto, não se limita aos números e poderes listados
na ficha do personagem; ela se manifesta no tipo de
problemas e na dificuldade dos desafios que os heróis
enfrentarão. Em outras palavras, para que a evolução
dos personagens seja concreta, a própria campanha
precisa evoluir com eles.
O sistema de patamares funciona também como
uma medida do “nível” das aventuras e ajuda a esta-
belecer o clima geral de cada parte da campanha.
E, assim como os níveis dos próprios personagens, os
patamares funcionam como uma recompensa para os
heróis: alcançar um novo patamar significa acesso a
novas habilidades e, principalmente, a novos e desafios
mais heroicos.
RAFAEL DEI SVALDI
19
 O rdem Paranormal RPG não é só sobre
investigar. Os agentes precisam
ser capazes de encontrar, perseguir e
combater o sobrenatural. Além disso,
também têm que escapar das garras
das criaturas que os perseguem!
Em Ordem Paranormal: Quarentena, nos
agarramos às pontas das cadeiras em diversas
cenas de perseguição onde o Cabeludo coloca
Nidere (Ordem Paranormal RPG, página 222)
à caça dos protagonistas.
Para que você não resolva cenas tão tensas
com simples testes de Atletismo ou Furtivi-
dade, vamos experimentar uma nova regra de
perseguição, baseada nas mesmas mecânicas
do seu “jogo irmão”: Tormenta20.
Assim como existem cenas de combate,
investigação e interlúdio em Ordem Para-
normal, vamos inserir uma nova opção: a cena
de perseguição.
POSIÇÕES E DISTÂNCIAS
Uma cena de perseguição dá início quando
dois ou mais seres se colocam na posição de
perseguido e perseguidor — um vai começar
uma fuga e o outro vai tentar alcançá-lo,
respectivamente, seja para feri-lo, roubá-lo,
capturá-lo ou o que a história propor.
Antes da perseguição de fato começar, o
ARQUIVOS
narrador deve determinar onde cada ser envol-
vido com a perseguição está — podendo inclu-
sive ser uma perseguição envolvendo veículos.
SECRETOS
Atenção!
O conteúdo desta coluna é consider
ado
opcional e pode ser substituído em supl
ementos
e materiais oficiais futuros.
CENAS DE PERSEGUIÇÃO
Se os seres envolvidos estiverem cientes uns
dos outros, passe a informação da posição de
cada um para seus jogadores. Caso contrário, se
a ameaça perseguindo os agentes estiver furtiva,
por exemplo, mantenha sua posição em segredo.
Em seguida, determine as distâncias. Se
estiver jogando com um mapa, basta usar
os quadrados para isso. Contudo, a maioria
das perseguições, principalmente as furtivas,
costumam acontecer com centenas de metros
de distância. Nesse caso, use o “teatro da
mente” (também conhecido como “sua imagi-
nação") para determinar um valor em metros
aproximados da distância dos perseguidores
e dos perseguidos.
DETERMINE O
FIM DA PERSEGUIÇÃO
Os jogadores não precisam saber, mas
o narrador deve estar ciente das possíveis
conclusões da cena.
A conclusão mais fácil de deduzir é os
perseguidores alcançando os perseguidos.
Nessa situação, o perseguido pode se render
ou uma cena de combate pode começar.
Contudo, deve haver a possibilidade do
perseguido escapar. Para isso, o narrador deve
determinar o que é necessário. Veja alguns
exemplos:
V Chegar em um determinado ponto do cenário,
como um esconderijo seguro;
V Sobreviver a perseguição por um número de
rodadas até a ajuda chegar;
V Se distanciar de seu perseguidor até alcançar
um número fixo de metros de distância. Quan-
do houver mais de cem metros de distância en-
tre os seres, o perseguidor desiste, por exemplo.
21
 V Ação de movimento. Todos os seres envolvi-
INICIATIVAS
Agora que já sabemos onde cada ser está
e como a cena de perseguição acaba, todos
devem fazer testes de Iniciativa, da mesma
forma apresentada em cenas de combate, expli-
cado em Ordem Paranormal RPG, página 83.
AÇÕES DISPONÍVEIS
Posições determinadas, distâncias medidas
e ordem de iniciativa feita. Hora de agir!
Em uma cena de perseguição, os seres não
são totalmente livres para fazer o que quiser,
estando limitados as ações disponíveis listadas
a seguir:
22
dos em uma perseguição devem realizar esta
ação no início ou no final de seus turnos, seja
correndo ou pilotando. Além de poderem usar
sua ação padrão para fazer uma segunda ação
de movimento. Para determinar quantos me-
tros (quadrados) o ser se move, use a regra de
Corrida (Ordem Paranormal RPG, página 42),
ignorando a parte sobre não poder correr em
terreno difícil (ainda aplica-se a perda de me-
tade do deslocamento), lembrando que o ser só
pode correr por um número de rodadas igual
ao seu Vigor. Após isso, deve fazer um teste de
Fortitude por rodada (DT 5 + 5 por teste ante-
rior). Se falhar, fica fatigado. Se a perseguição
envolver veículos, use a mesma regra, mas com
Pilotagem ao invés de Atletismo e usando as
estatísticas dos veículos (eles não se cansam,
por exemplo).
V Ações completas. Qualquer ação que impeça o perseguidor de usar seu movimento não pode ser
feita em uma cena de perseguição. Parar de se mover é abandonar a caçada, encerrando a cena de
imediato, (mas não impede que ela possa ser retomada futuramente). Perseguidos ainda podem
deixar de se mover para fazer uma ação completa, por exemplo, mas fica o alerta de que isso pode
ser muito perigoso.
V Atacar. Qualquer ser pode usar sua ação padrão para atacar, seja usando armas de ataque à dis-
tância ou ataques naturais de grande alcance. Contudo, por estar se esforçando na perseguição (ou
quicando de um lado para o outro em um veículo), todos os ataques sofrem penalidade de -1d20.
V Conjurar ritual. Tentar se concentrar na conjuração de um ritual enquanto está em perseguição,
mesmo sem usar gestos ou componentes, ainda é difícil. O conjurador precisa passar em um teste
de Vontade (DT 15 + custo em PE do ritual). Se falhar, o ritual não funciona e os PE são perdidos.
V Interagir. O ser também pode usar sua ação padrão para interagir com o cenário ao seu redor
durante a perseguição. Explodir um posto de combustível, derrubar um obstáculo ou pegar um
objeto no caminho são todos exemplos que já testemunhamos em mesas de Ordem Paranormal.
Todas as ações que pedirem um teste para serem concluídas sofrem penalidade de -1d20 pela pres-
são da perseguição.
CONTROLANDO AS DISTÂNCIAS
Para controlar a distância que cada um OBSTÁCULOS
percorreu, pegue uma folha de papel e sepa-
re-a em colunas, atribuindo uma coluna para Uma perseguição em um campo aberto sem
cada ser na cena. nada ao redor pode ficar entediante. Persegui-
ções são cenas de adrenalina e tensão. Pessoas
Na coluna de cada perseguidor, anote o no caminho, postes caindo, carros batendo e
número 0. Na coluna de cada perseguido,
anote a distância inicial da perseguição. No criaturas surgindo tornam tudo muito mais
fim de cada rodada, some a distância que interessante.
cada participante percorreu com o número ATALHOS
diretamente acima na sua coluna e anote este
número logo abaixo. Assim, você saberá a Atalhos são caminhos alternativos que
qualquer momento a distância que cada ser podem salvar a vida dos perseguidos.
envolvido percorreu em relação ao ponto de Sempre que houver a possibilidade de
partida dos perseguidores. tomar um atalho, o narrador pode oferecer aos
Se, no fim de uma rodada, a distância de jogadores a oportunidade de notá-lo. Pode-se
um perseguidor for maior do que a distância fazer isso usando testes de Percepção (DT
de um perseguido, o perseguidor terá alcan- 20), além de alternativas mais criativas como
çado seu alvo, encerrando a perseguição. O Crime para vielas, Sobrevivência para florestas
perseguido pode se render ou uma cena de ou Profissão (engenheiro) para um campo de
combate pode começar. obras. Todos os testes são feitos como reação.
23
 Uma vez que o ser note o atalho,
pode escolher seguir por ele. Um perse-
guidor que esteja vendo o perseguido
pode segui-lo sem precisar de testes para
notar o atalho.
Contudo, atalhos carregam a fama
de serem caminhos mais imprevisíveis.
Cada tipo de atalho pede um teste espe-
cífico para lidar com ele. Se for bem-su-
cedido, o ser avança o dobro da distância
no próximo movimento que fizer; se
falhar, avança apenas metade.
24
SUGESTÕES DE OBSTÁCULOS:
Lodo ou sangue. O chão fica escorregadio. O
ser precisa gastar uma ação padrão para reali-
zar um teste de Acrobacia (DT 20) e evitar cair
no chão. Se não quiser gastar a ação padrão se
atirando no chão ou se falhar no teste, sofre
2d6 pontos de dano de impacto e fica caído.
Pessoas no caminho. Uma multidão de civis ocu-
pando uma via ou fugindo em pânico atrapalham a
passagem. O ser precisa gastar uma ação padrão
para realizar um teste de Diplomacia ou Inti-
midação (DT 20). Se não quiser gastar a ação
padrão se atirando na multidão ou se falhar no
teste, em sua próxima ação de movimento percor-
rerá metade da distância que poderia se deslocar.
Pilha de caixotes. O ser precisa gastar uma
ação padrão para realizar um teste de Atletis-
mo (DT 20) e tirar os caixotes do caminho. Se
não quiser gastar a ação padrão abrindo o ca-
minho à força ou se falhar no teste, remove os
caixotes mesmo assim, mas sofre 2d6 pontos de
dano de impacto e sua próxima ação de movimento
percorrerá metade da distância que poderia se
deslocar (arredonde para baixo para o incremento
de 1,5m mais próximo).
Tonéis de combustível. Barris de combustível
saem rolando pelas ruas. O ser precisa gastar
uma ação padrão para realizar um teste de Refle-
xos (DT 20) e desviar dos tonéis. Se não quiser
gastar a ação padrão indo de encontro com eles
ou se falhar no teste, sofre 2d6 pontos de dano
de impacto e fica caído.
Veículo desgovernado. Um veículo se envolve
acidentalmente na perseguição. Todos no trajeto
do veículo devem fazer um teste de Reflexos (DT
20) para desviar. Se falhar, sofre 4d6 pontos
de dano de impacto, fica atordoado por uma ro-
dada e caído.
SUGESTÕES DE ATALHOS OUTROS PERIGOS
Área natural. Florestas ou fazendas com ani-
Em Ordem Paranormal RPG, página
mais diversos. Teste de Adestramento ou So-
290, temos vários Perigos diferentes
brevivência (DT 20). Se falhar, além da
sugeridos para ambientar o cenário.
penalidade no deslocamento, é atacado por
Esses Perigos são perfeitos para cenas de
algum animal ou inseto peçonhento, ficando
perseguição. Em Quarentena, tivemos
enjoado por uma rodada.
ambientes gélidos que seriam ideais para
Campo de obras. Estruturas incompletas e ma- as regras de Frio, Precipitações e Vento,
quinários escaláveis. Teste de Acrobacia ou por exemplo.
Atletismo (DT 20). Se falhar, além da pena- Armadilhas no caminho, ambientes
lidade no deslocamento, fica caído e sofre que espalham Doenças, cercas com
4d6 pontos de dano de impacto. cargas de Eletricidade, prédios pegando
Carona. Um veículo no qual é possível se Fogo, emitindo Fumaça e causando Sufo-
agarrar ou subir. Teste de Acrobacia ou camento (não estranhe as várias letras
Atletismo (DT 20). Se falhar, além da pena- maiúsculas usadas nessas palavras, pois
lidade no deslocamento, fica caído e sofre elas estão referenciado regras presentes
2d6 pontos de dano de impacto. na parte de Perigos do livro básico).
E se você prefere jogar a narrar, saiba
Correnteza. Rios ou quedas d’água. Teste de
que todas essas regras, incluindo Obstá-
Atletismo ou Sobrevivência (DT 20). Se fa-
culos, Atalhos e tudo mais, são armas
lhar, além da penalidade no deslocamento,
muito criativas na hora de deixar para
fica caído e a DT do seu próximo teste de
trás aquela ameaça que insiste em não
Fortitude para determinar se fica fatigado
sair do seu pé!
aumenta em +5.
Ruela. Vias apertadas e labirínticas que po- MIGUEL “BEHOLDER” SOUZA
dem dar em qualquer lugar. Teste de Crime ou
Percepção (DT 20). Se falhar, além da pena-
lidade no deslocamento, fica perdido, tendo
que lidar com o atalho na rodada seguinte,
até passar por ele.
25
 POR THIAGO ROSA

SUPER-HEROÍNAS MARVEL
MULHERES QUE ACABAM COM QUALQUER VILÃO, PARA M&M E 3DET VICTORY!
VICTORY!
 A D A P TA Ç Ã O
O novo filme As Marvels traz ao MCU
o retorno de três personagens já
estabelecidas: Carol Danvers, de Capitã
Marvel e Vingadores: Ultimato; Monica
Rambeau de Wandavision e Kamala
Khan de Ms. Marvel. São três heroínas
interagindo entre si e desbravando
fronteiras, indo das ruas de Jersey
City até os confins do espaço. Mas não
poderia ser mais?
Em comemoração ao lançamento de As Marvels,
decidimos trazer as fichas das protagonistas (incluindo
uma atualização de Carol, publicada no Chefe de
Fase da distante DB 141) para Mutantes & Malfeitores
e 3DeT Victory. Além disso, trouxemos uma seleção
de outras super-heroínas dos quadrinhos, no intuito de
dá-las ainda mais destaque. Elas podem ser usadas em
suas aventuras, seja como aliadas, rivais ou inimigas
dos personagens dos jogadores. De um jeito ou de
outro, tem super-heroína para todo mundo!
Enquanto Capitã Marvel, Ms. Marvel e Espectro são
apresentadas baseadas em suas contrapartes do MCU
— com apenas menções rápidas sobre quais são as
diferenças em sua caracterização nos quadrinhos — as
outras heroínas aqui retratadas ainda não apareceram
na tela grande nem nas séries de streaming (com a
exceção de uma versão não-canônica de Cristalys).
Talvez alguma delas esteja nos planos futuros, surgindo
em alguma formação dos X-Men ou dos Vingadores.
Mas para que esperar até lá?
Esse conteúdo pode ser usado em conjunto com
nossas outras adaptações do universo cinematográ-
fico Marvel, incluindo quase todos os personagens
em Vingadores: Guerra Infinita (DB 131), a galera de
Wakanda em Pantera Negra (DB 129), a advogada
super-forte de Mulher-Hulk (DB 184), o personagem-
-título de Shang Chi (DB 171), o príncipe submarino
Namor de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (DB
186), o instável herói de Cavaleiro da Lua (DB 179)
28
e os vilões Kang (DB 188), Gorr (DB
182), Quinteto Sinistro (DB 175),
Sylvie (DB 169), Mysterio (DB 145)
e, é claro, Thanos (DB 131).
FORÇA-V
Muitas dessas heroínas têm mais
uma coisa em comum nos quadrinhos:
sua participação no grupo de super-
-heroínas Força-V. A equipe chegou
a receber uma breve homenagem nas
telas em Vingadores: Ultimato. Quando o
Homem-Aranha não consegue atravessar
o campo de batalha carregando a nova
Manopla do Infinito criada pelo Homem de
Ferro, Capitão América pede que a Capitã
Marvel interceda para ajudar o amigão da
vizinhança. Outras heroínas se juntam para
garantir sua passagem, incluindo Feiticeira
Escarlate, Gamora, Mantis, Nebulosa, Okoye,
Resgate (Pepper Potts), Shuri, Valquíria e Vespa.
Nos quadrinhos, a primeira aparição da
Força-V ocorreu durante o evento Guerras
Secretas, de 2015. Nele, o Doutor Destino havia
impedido o colapso da realidade ao reunir em
um só Mundo Bélico os pedaços de universos
destruídos, graças aos poderes roubados dos
Beyonders e do Homem Molecular. Outrora ditador
da Latvéria, Von Doom passa a ser ditador e deus
desse novo mundo de Latverion. Um desses domí-
nios era Arcádia, uma ilha isolada dos perigosos
mundos proibidos. Governado pela Mulher-Hulk,
esse lugar era protegido por um grupo de elite de
super-heroínas. Após o evento, a equipe acaba se
reunindo na cronologia normal quando Singularidade,
uma integrante nativa do Mundo Bélico, surge miste-
riosamente na estação espacial da Tropa Alfa. Essa
formação inclui Capitã Marvel, Mulher-Hulk, Cristal,
Nico Minoru, Medusa e Singularidade.
A D A P TA Ç Ã O
CAPITÃ MARVEL
Ás da Força Aérea Americana, veterana da Starforce Kree, a mais poderosa entre
os Vingadores. Carol Danvers é muitas coisas, mas a mais importante delas é o título
de Capitã Marvel. Durona e eficiente, Carol aprendeu muito cedo que precisava se
reerguer diante de todas as rasteiras que a vida lhe aplicava. Aceitou estoicamente
até mesmo como a vida na Terra progrediu durante seus anos no espaço, tornando-a
quase uma estranha no próprio planeta natal.
Carol é uma heroína em patamar cósmico. Ela é capaz de voar, disparar raios
de energia, se envolver em campos de força, erguer grandes quantidades de peso e
atravessar distâncias entre galáxias. Patrulha o espaço em busca das mais terríveis
ameaças, sendo capaz de destruir até mesmo espaçonaves de guerra por conta
própria. Em termos de poder bruto, ela está muito acima de todas as demais
heroínas apresentadas aqui.
Já vimos Danvers nas páginas da Dragão Brasil, na saudosa DB 141.
Porém, ela não podia ficar de fora sendo protagonista do filme! Além disso,
aqui temos sua ficha para 3DeT Victory em vez de 3D&T Alpha.
Mutantes & Malfeitores NP 15
For 15, Vig 10, Agi 3, Des 2, Lut 10, Int 2, Pro 3, Pre 3
Poderes
Traje Espacial Kree: Vantagem: Ferramentas Aprimoradas, Compreender 3 (idiomas), Imunidade 10
(suporte vital).
Poderes Fotônicos: Dano à Distância 15, Resistência Impenetrável 10, Voo 15.
Ataque: Iniciativa +7, desarmado +15 corpo a corpo, dano 15, raio de fótons +15 à distância, dano 15
Defesa: Esquiva +8, Fortitude +15, Aparar +12, Resistência +17, Vontade +15.
Total: Habilidades 96 + Vantagens 16 + Perícias 44 + Defesas 26 + Poderes 87 = 269
Perícias
Acrobacia +5 (3), Combate à Distância (raio fotônico) +15 (5), Combate Corpo-a-Corpo (desarmada) +15
(5), Enganação +11 (8), Especialidade (hierarquia militar) +10 (8), Intuição +10 (7), Intimidação +12
(9), Percepção +10 (7), Persuasão +10 (7), Tecnologia +5 (2), Tratamento +5 (3), Veículos +25 (23).
Vantagens
Ação em Movimento, Ambiente Favorito (aéreo), Ataque Dominó, Ataque Imprudente, Ataque Poderoso,
Esforço Extraordinário, Esforço Supremo (Veículos), Iniciativa Aprimorada, Maestria em Perícia
(Veículos), Rolamento Defensivo 7, Tolerância Maior
3DeT Victory 25S
P5, H3, R5; 5 PA, 35 PMs, 25 PVs
Luta, Pilotagem (especialização de Máquinas).
Aceleração, Ataque Especial (distante, potente), Arena (céu), Defesa Especial (titânica), Foco,
Maestria (Pilotagem), +Mana III, Voo.
Código (Heróis).
29
MS. MARVEL
Nascida em uma família paquistanesa em Jersey
City, Kamala Khan se sentia dividida entre dois mundos.
Por um lado, seu interesse nos super-heróis americanos
— especialmente Carol Danvers, a Capitã Marvel — a
aproximava da cultura do país onde nasceu. Por outro
lado, as lições de vida da fé muçulmana dos pais a
ancoravam firmemente em Karachi, a cidade natal dos
Khan. Como muitos adolescentes, ela tinha dificuldade
de manter sua vida social de adolescente sob a vigilân-
cia de seus pais rigorosos.
A origem de Kamala é diferente nos quadrinhos
e no MCU, mas em linhas gerais, ela foge de casa,
descobre seus poderes, tenta mantê-los escondidos e
acaba lidando com uma ameaça local. A partir daí,
a menina se torna uma verdadeira super-heroína,
autodeclarada defensora de Jersey City.
Ms. Marvel é capaz de criar construtos de luz
sólida, semelhantes a cristais. Ela frequentemente usa
esses construtos para criar plataformas e saltar mais
longe, além de aumentar o alcance dos próprios pas-
sos e até assumir uma forma gigante. Nos quadrinhos,
seus poderes são diferentes — ela é uma polimorfa,
capaz de mudar a estrutura do próprio corpo, em
vez de criar construtos. Os efeitos finais, porém, são
muito parecidos.
Kamala é uma adolescente inteligente e um tanto
quanto excêntrica, sempre se destacando entre adultos
por seu bom humor e espírito bondoso. Nos quadri-
nhos, quando se reúne com outros heróis adolescentes,
costuma assumir posições de liderança e se torna muito
mais responsável.
Enquanto nos filmes Ms. Marvel parece ser uma
das primeiras mutantes, nos quadrinhos ela começou
como uma das mais relevantes de uma nova geração
de inumanos. Recentemente, depois de um sacrifício
heroico para salvar Mary Jane Watson da morte certa,
Kamala descobriu também ser mutante e se tornou parte
dos X-Men.
Mutantes & Malfeitores NP 10
For 0/12, Vig 0/12, Agi 2, Des 2,
Lut 2, Int 3, Pro 3, Pre 3
Poderes
Criar Construtos de Luz 12 (Amarrar, Contínuo, Estacionário,
Impenetrável 6), Efeitos Alternativos: Crescimento 12,
Dano 12 (Acurado 3). Proteção 6 (Impenetrável), Salto
4, Velocidade 4.
Ataque: Iniciativa +6, desarmado +4 corpo a corpo, dano 0;
punho de cristal +8 corpo a corpo, dano 12; corpo gigante
+2 corpo a corpo, dano 12.
Defesa: Esquiva +8/+2, Fortitude +0/+12, Aparar +8/+2,
Resistência +6/+18, Vontade +12.
Total: Habilidades 26 + Vantagens 9 + Perícias 15 + Defesas
23 + Poderes 65 = 138.
Os números depois da barra indicam Kamala em sua forma
gigante.
Perícias
Acrobacia +4 (2), Atletismo +4/+16 (2), Especialidade:
cultura pop +11 (8), Furtividade +2/-10 (0), Persuasão
+15 (12), Tecnologia +9 (6).
Vantagens
Ação em Movimento, Idiomas 1 (paquistanês), Iniciativa
Aprimorada, Sorte 5, Sorte de Principiante.
3DeT Victory 14N
Forma normal
P3, H2, R3; 6 PA, 10 PMs, 15 PVs.
Cultura pop (especialização de Arte).
Alcance I, +Ação III, Carismática, Paralisia, Transformação
I.
Código (Heróis).
Forma gigante
P5, H2, R5; 5 PA, 25 PVs, 10 PMs
Cultura pop (especialização de Arte).
Carismática, Transformação I, Código (Heróis).
ESPECTRO
Monica Rambeau é filha de uma das amigas mais próximas
de Carol Danvers. Foi responsável por ajustar as cores de
seu traje e, anos mais tarde, investigou os estranhos eventos
causados pela Feiticeira Escarlate em Westview. O contato
com o campo alterador de realidades do local despertou nela
uma série de poderes relacionados à luz.
Espectro é capaz de assumir uma forma de luz, enxergar
várias frequências de energia e também absorvê-la. Nos
quadrinhos, também consegue voar e disparar rajadas de
luz. Seus níveis de poder são bastante inconsistentes; em
seu período inicial com os Vingadores era uma das mais
poderosas da equipe, mas houve fases em que era pouco
mais que uma coadjuvante de luxo.
Nos quadrinhos, Monica assumiu o nome Capitã Marvel
antes mesmo de Carol. Ela foi membro dos Vingadores
nos anos 1980, chegando a liderar a equipe por um curto
período de tempo. Em certa época, perdeu os poderes,
os recuperou, passou por vários codinomes e finalmente
passou a ser chamada de Espectro. Integrou outras forma-
ções dos Vingadores mas sua passagem mais marcante
por uma equipe foi em Nextwave, um quadrinho satírico
sobre um grupo de super-heróis de pouca visibilidade
enfrentando uma enorme corporação maligna.
Perícias
Mutantes & Malfeitores NP 10
Atletismo +9 (6), Combate à Distância: pistola pesada
For 3, Vig 3, Agi 3, Des 3, +10 (4), Combate Corpo a Corpo: desarmada +10 (4),
Enganação +8 (6), Furtividade +9 (6), Intuição +16 (8),
Lut 6, Int 2, Pro 8, Pre 2
Investigação +10 (8), Percepção +16 (8).
Poderes Vantagens
Dano à Distância 10 (Acurado 2), Intangibilidade 3, Proteção 5, Bem Informada, Benefício 3 (agente secreta), Iniciativa
Sentidos 10 (infravisão, ultravisão, visão estendida, visão na Aprimorada 3, Mira Aprimorada.
penumbra, visão no escuro, visão penetra camuflagem), Voo 5.
Ataque: Iniciativa +15, desarmado +10 corpo a corpo, dano 4; 3DeT Victory 15N
pistola pesada +10 à distância, dano 4; raio fotônico +10 a
distância, dano 10.
P2, H3, R3; 2 PA, 15 PMs, 15 PVs
Luta, Percepção.
Defesa: Esquiva +12, Fortitude +8, Aparar +12, Resistência +8,
Ataque Especial (distante), Incorpóreo, Resoluta,
Vontade +12.
Sentidos (visão aguçada), Voo.
Total: Habilidades 60 + Vantagens 8 + Perícias 25 + Defesas 29 +
Poderes 65 = 187.
 ARMADURA MULHER INVISÍVEL
Quando a jovem Hisako Ichiki descobriu os pró- Os irmãos Storm acabaram envolvi-
prios poderes mutantes, quis se tornar uma X-Men. O dos ainda cedo com os experimentos
destino sorriu para ela: na mesma época, a verdadeira científicos do visionário Reed Richards.
natureza do Instituto Xavier para Jovens Superdotados Ao acompanhá-lo em um voo espacial
foi aberta ao público e ela recebeu permissão do pai experimental, acabaram afetados por
radiação cósmica que lhes concedeu
Mutantes &
para se matricular.
poderes fantásticos. Os laços entre Malfeitores NP 13
O poder mutante de Hisako é criar um exoesqueleto Reed e Sue se estreitaram e eles se
sólido de energia psiônica semitransparente. Essa arma- For 1, Vig 3, Agi 3, Des 3,
casaram, tendo dois filhos — Franklin Lut 4, Int 3, Pro 2, Pre 3
dura aumenta imensamente sua força e resistência, tor- e Valeria. São parte da família mais
nando-a praticamente invulnerável. De alguma forma, importante do universo Marvel, o Poderes
a composição do exoesqueleto parece relacionado aos Quarteto Fantástico. Criar Campo de Força 13 (Sutil 2,
espíritos da família Ichiki — quando parentes de Hisako Contínuo, Estacionário, Impe-
Embora no começo da carreira
morrem, parece ficar mais poderoso. Em situações netrável), Ligado a Imunidade 10
Sue pudesse apenas ficar invisível,
extremas, ela pode remodelar o exoesqueleto para (suporte vital; Afeta Outros, Sutil 2);
com o tempo seus poderes se
tarefas específicas, como criar tentáculos ou garras. Camuflagem 4 (visão; Afeta Outros,
desenvolveram e ela se provou
Como membro dos X-Men, assumiu o codinome Sutil 2); Dano a Distância 15 (Sutil 2;
um dos membros mais podero- Efeitos Alternativos: Dano em Área
Armadura e se juntou à longa tradição de protegidas sos do grupo. Ela é capaz de (Cone, Cilindro, Linha ou Explosão) 15,
adolescentes de Wolverine. Enfrentou uma série de criar campos de força invisíveis, todos Sutil 2).
desafios com a equipe, incluindo a Sala de Perigo praticamente inquebráveis, e Ataque: Iniciativa +2, desarmado +8
adquirindo consciência, passando a ser consi- moldá-los ao seu bel-prazer. corpo a corpo, dano 1; rajada invisível
derada uma combatente completa pelo líder na A Mulher Invisível é fre- +10 a distância, dano 15.
época, Ciclope. Defesa: Esquiva +10, Fortitude +10, Aparar
Mutantes & Malfeitores NP 10 Em termos de personalidade, Hisako é cora-
quentemente considerada a
alma do Quarteto Fantástico. +10, Resistência +16, Vontade +16.
josa e sarcástica, o tipo de adolescente com Sua vontade inabalável e bom Total: Habilidades 44 + Vantagens 8 +
For 10, Vig 2, Agi 2, Des 2, Lut 6, Int 1, Pro 1, Pre 2
Perícias 16 + Defesas 34 + Poderes 93 = 195.
mais entusiasmo do que juízo. No entanto, senso servem como âncoras
Poderes
diferente do costumeiro nesse arquétipo, ela emocionais para toda a Perícias
Proteção Impenetrável 10. demonstra respeito por seus companheiros equipe. Se quando jovem Ataque a Distância: rajada invisível +10 (6),
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +10 corpo a corpo, dano 10. mais experientes e aprende rápido. Sue era tímida e insegura, Ataque Corpo a Corpo: desarmado +8 (4),
Defesa: Esquiva +8, Fortitude +12, Aparar +8, Resistência +12, Vontade +12. agora é uma mulher pode- Percepção +10 (8), Persuasão +13 (10),
Nos quadrinhos, foi anunciado
Total: Habilidades 52 + Vantagens 5 + Perícias 8 + Defesas 29 + Poderes 20 = 114. rosa e autoconfiante, com Tecnologia +5 (2), Veículos +5 (2).
recentemente que Armadura será a pro-
Perícias tagonista da nova versão de Ultimate habilidades de liderança Vantagens
reconhecidas e respeitada
Ataque Corpo a Corpo: desarmado +10 (4), Percepção +8 (6), Persuasão +7 (6). X-Men, da autora Peach Momoko Atraente, Benefício 4 (rica e famosa), Contatos,
pela comunidade de
(Demon Days). Liderança, Trabalho em Equipe.
Vantagens super-heróis.
Ataque Dominó 2, Idiomas (japonês), Interpor-se, Trabalho em Equipe. Apesar de ter uma atra-
ção duradoura por Namor,
3DeT Victory 13N
3DeT Victory 13N o Príncipe Submarino, Sue P2, H2, R5; 2 PA, 20 PMs, 25 PVs
permanece completamente Luta, Furtividade (especialização de Crime).
P3, H2, R4; 3 PA, 20 PMs, 20 PVs leal a seu marido e sua Alcance I, Base, Defesa Especial (blindada, prote-
Luta. família. ção, robusta, titânica), Famosa, Invisível, +Mana,
Defesa Especial (titânica), +Mana. Paralisia, Riqueza S.
Código (Heróis), Protegido Indefeso (seus filhos).

32 33
GAROTA ESQUILO TEIA DE SEDA
Aos dez anos, Doreen Green descobriu ser uma mutante com a capacidade inata de se comunicar Um adolescente novaiorquino é mordido por uma aranha radioativa, recebe
com esquilos. Junto de seus companheiros roedores inseparáveis, decidiu se tornar uma super-he- poderes extraordinários e se torna um super-herói. Para Peter Parker, a história
roína — a Imbatível Garota Esquilo. Em suas primeiras aventuras, com apenas catorze anos, tentou começa assim e já sabemos como continua, em inúmeros quadrinhos, filmes e
impressionar o Homem de Ferro e acabou derrotando ninguém menos que o Doutor Destino com a desenhos animados. Mas a mesma aranha que picou a mão de Peter acabou
ajuda de esquilos. Esse foi apenas o começo na lista de vitórias impossíveis contra inimigos muito picando o tornozelo de Cindy Moon. Quando seus poderes começaram a
poderosos, incluindo o Abominável e até mesmo Thanos. se manifestar, ela foi visitada por Ezequiel Sims — o homem que, anos no
futuro, contaria ao Homem-Aranha sobre a teia mística na qual estava envolvido.
Por mais que possua habilidades similares as de um esquilo, o maior poder da Garota Esquilo é
Temendo o vilão Morlun, notório devorador de seres com poderes aracnídeos,
seu otimismo. Ela nunca desiste e parece incapaz de ser negativa. Essa positividade parece irradiar
Ezequiel escondeu Cindy em um bunker.
de Doreen, fazendo com que consiga obter aliados improváveis por onde quer que vá.
A jovem passou treze anos isolada até que Peter Parker descobrisse seu
A Garota Esquilo começou como uma piada e já foi babá da filha de Luke Cage e Jessica segredo e a libertasse. Reencontrando seu lugar no mundo depois de tanto tempo
Jones enquanto eles eram membros dos Vingadores. Nesse período, ajudou a defender a mansão perdido, Cindy se tornou a super-heroína Teia de Seda. Ela costuma se envolver
de ataques de robôs, protegendo a bebê de perigos, aliada ao Demolidor. Além disso, em uma em aventuras com os outros heróis aparentados com aranhas, especialmente por
sessão de treinamento, conseguiu dar uma bela surra em Wolverine. sua posição como A Noiva na Teia da Vida e do Destino. Também já foi membro
dos Agentes de Atlas, com outros heróis de ascendência asiática.
Teia de Seda tem os mesmos poderes do Homem-Aranha — força, velocidade e
resistência proporcionais as de uma aranha, a capacidade de andar pelas paredes e um
sexto sentido que a alerta do perigo. Além disso, mais próxima de sua natureza totêmica,
ela gera teias organicamente pelos dedos, sem precisar de lançadores mecânicos.
Devido ao longo período que passou isolada, Cindy desenvolveu transtorno de
Mutantes & Malfeitores NP 10 ansiedade social, um obstáculo para sua interação e vida em sociedade. No entanto,
ela se recusa a viver em solidão e se obriga a fazer novos amigos onde quer que
For 6, Vig 6, Agi 8, Des 8, esteja. Também faz terapia para conseguir lidar com sua condição. Ela é naturalmente
Lut 8, Int 0, Pro 3, Pre 3
heróica e mais inteligente que a média, contando inclusive com memória perfeita.
Poderes
Dano Penetrante 2, Compreender 2 (animais, limitado a esqui-
los), Movimento 2 (escalar paredes 2), Regeneração 5, Salto 5, Mutantes & Malfeitores NP 10 Perícias
Sentidos (audição aguçada, audição estendida, faro acurado, 3DeT Victory 18N For 8, Vig 7, Agi 10, Des 2,
faro aguçado, faro estendido) 6, Velocidade 3. Acrobacia +20 (10), Especialidade: Patinação +9 (6), Percepção
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +8 corpo-a-corpo, dano 6; garras P2, H4, R2; 2 PA, 20 PMs, 10 PVs. Lut 7, Int 3, Pro 4, Pre 3 +20 (6), Persuasão +14 (10), Tecnologia +9 (6).
+12 corpo a corpo, dano 8 (penetrante 2, 15-20). Esquilos (especialização de Animais), Luta, Percepção. Poderes Vantagens
Defesa: Esquiva +12, Fortitude +8, Aparar +12, Resistência +8, Ágil, Ajudante (lutador), Carismática, Cópia (esquilos), Ação em Movimento, Esquiva Fabulosa, Evasão 2,
Vontade +8. Armadilha 8 (Acurado, Amarrar, Dividido; Efeitos Alternativos:
Inofensiva, Sentidos (audição aguçada, olfato aguçado). Ferramentas Aprimoradas, Finta Ágil, Inventor, Memória
Criar Objetos de Teia 11 (Amarrar), Pasmar Visual 8),
Total: Habilidades 84 + Vantagens 12 + Perícias 12 + Defesas 15 Código (Heróis). Eidética.
Movimento 5 (Balançar-se, Escalar Paredes 2, Estabilidade
+ Poderes 27 = 150.
3, Queda Segura), Salto 3, Sentidos 1 (Sentido de Perigo),
Perícias Velocidade 2. 3DeT Victory 14N
Acrobacia +12 (4), Combate Corpo a Corpo (garras) +12 (4), Percepção Ataque: Iniciativa +10, Desarmado +7 corpo a corpo, dano 8;
Prender com Teias +12 à distância (Armadilha 8); Teia nos P2, H5, R2; 2 PA, 25 PMs, 10 PVs
+9 (6), Persuasão +13 (10).
Olhos +8 (Pasmar Visual 8).
Vantagens Poderes
Defesa: Esquiva +15, Resistência +7, Aparar +15, Fortitude +7,
Crítico Aprimorado (garras) 5, Rolamento Defensivo 2, Sorte 5. Vontade +7. Luta, Percepção.
Total: Habilidades 88 + Poderes 40 + Vantagens 8 + Perícias 19 + Aceleração, Ágil, Defesa Especial (esquiva), Paralisia.
Defesa 16 = 171. Código (Heróis).
 A D A P TA Ç Ã O A D A P TA Ç Ã O

CRISTALYS
Embora pouco conhecida do grande público, a princesa inu-
mana Cristalys tem uma longa história nos quadrinhos.
Crystalia Amaquelin é irmã da rainha inumana, Medusa. Viveu
Mutantes &
fora da cidade de Attilan, lar do povo inumano, na juventude. Já
tendo despertado seus poderes, foi membro substituto do Quarteto
Malfeitores NP 13
Fantástico durante a primeira gravidez de Sue Storm. Conheceu For 5, Vig 5, Agi 5, Des 5,
o velocista Mercúrio, acabaram se apaixonando e se casando. Lut 7, Int 3, Pro 3, Pre 8
Tiveram uma filha, Luna Maximoff, mas depois se divorciaram.
Poderes
Também já foi membro dos Vingadores, tendo um relaciona- Aflição à Distância 13 (Resistido por Esquiva,
mento com seu colega de equipe Dane Whitman, o Cavaleiro Sobrepujado por Dano; Impedido e Vulnerável,
Negro. Quando os inumanos receberam grande destaque Sem Defesa e Imobilizado; Condição Extra, Grau
nos quadrinhos, Cristalys foi uma das personagens de maior Limitado; Efeitos Alternativos: Aflição em Área 13
proeminência, graças às suas conexões com a comunidade (Nuvem; Resistido e Sobrepujado pela Fortitude;
de super-heróis. Fatigado, Exausto, Incapacitado), Deflexão 13), Criar
Objetos 13 (Descritor Variável: quatro elementos),
Como membro da família real inumana, Cristalys tem Dano a Distância 13 (Acurado 4, Descritor Variável:
habilidades físicas naturalmente superiores a uma pessoa quatro elementos, Efeitos Alternativos: Dano em Área
normal, no nível de um atleta em boa forma. Além disso, tem 13 (Explosão), Dano Penetrante 13), Imunidade 10
uma conexão psiônica com os quatro elementos clássicos, (efeitos climáticos), Voo 5
sendo capaz de manipular água, ar, fogo e terra com Ataque: Iniciativa +5, desarmado +15 corpo a corpo, dano
grande poder e precisão. 5; ataque elemental +13 a distância, dano 13.
Cristalys é uma pessoa amigável, razoável e respon- Defesa: Esquiva +13, Resistência +13, Aparar +13, Fortitude
sável. Foi treinada como embaixadora do seu povo e +13, Vontade +13.
sabe como se portar em praticamente qualquer tipo de Total: Habilidades 84 + Poderes 80 + Vantagens 13 + Perícias
27 + Defesa 32 = 236.
ambiente. Apesar de seu imenso poder de combate, sua
ajuda costuma ser convocada por sua perícia social e Perícias
capacidade de mediar conflitos. Acrobacia +10 (5), Atletismo +10 (5), Combate Corpo a Corpo:
No original, Cristalys se chama Crystal. Como o codi- desarmado +15 (8), Enganação +12 (4), Intimidação +12
nome Cristal já havia sido usado no Brasil para a X-Men (4), Intuição +11 (8), Persuasão +20 (12), Tecnologia +8 (4),
Dazzler, ela acabou sendo chamada de Cristalys. Veículos +9 (4).
Vantagens
Armação, Avaliação, Benefício 5 (família real inumana), Defesa
Aprimorada, Fascinar (Persuasão), Inspirar, Liderança,
Maestria em Perícia (Persuasão), Rolamento Defensivo 8,
Trabalho em Equipe.

3DeT Victory 17N

P4, H3, R3; 4 PA, 15 PMs, 15 PVs.
Influência, Luta.
Adaptador, Alcance II, Carismática, Riqueza S.
Código (Heróis).

36 37
 T O O L B O X
A Chegada
Comunicação
por sinais
U m estranho numa terra estranha, tentando
entender os costumes e a cultura de um
povo que não conhece. Um diplomata enviado
a um reino distante, para propor uma aliança
contra um mal que ameaça a todos. Uma
cientista fazendo os primeiros contatos com
visitantes de outro planeta. Uma arqueóloga
tentando decifrar os escritos proféticos de uma
civilização do passado. Todos esses arquétipos
de histórias têm algo em comum: dependem
de comunicação.
Embora em RPG e cenários de fantasia a comunicação
entre personagens seja muitas vezes deixada de lado em
nome de combate e elementos mágicos, é algo fundamen-
tal em vários tipos de histórias. Na verdade, dificuldades
de comunicação formam a base de muitas tramas —
entender as motivações e intenções de outras pessoas é
COMUNICAÇÃO
um objetivo comum para inúmeros protagonistas.
Então rolem Diplomacia antes de Iniciativa e lem-
brem que a pena é mais forte que a espada, leitores!
Hoje vamos falar sobre mal-entendidos, idiomas,
escritos misteriosos e todos os tipos de comunicação.
Compreendendo NPCs e Parla!
Vamos começar a coluna como sempre: pergun-
tando o que é esse elemento que estamos chamando
vencendo pela conversa
de “comunicação” e para que serve. Os clássicos
sempre funcionam!
Mas questionar algo tão básico parece estranho.
Como assim “para que serve comunicação”? Para os
personagens... se comunicarem? Como se responde isso?
Vamos lembrar do que consideramos o objetivo
de todas as histórias (e todos os elementos dentro das
histórias): criar uma conexão emocional com o público.
Não queremos, por exemplo, apenas informar o público
daquilo que aconteceu em um cenário ficcional — como
é o caso de textos descritivos, vídeos sobre lore etc.
Queremos que o público forme um vínculo com esses
acontecimentos, personagens, lugares e conceitos.
T O O L B O X
Vamos também lembrar da estrutura mais básica de
história que conseguimos resumir: um personagem quer
algo (seja por vontade própria, seja por imposição),
tenta conseguir esse algo (fisicamente ou através de
reflexão etc.) e chega a um resultado (sucesso, fracasso
ou qualquer intermediário).
Usando essas duas premissas, podemos notar que
comunicação em histórias é um meio para o persona-
gem conseguir aquilo que deseja, quando isso depende
de outros personagens ou está de posse deles. E,
para conseguir esse objetivo, nosso protagonista não
pode simplesmente “anular” os demais personagens
(matando-os, escondendo-se deles, enganando-os...)
— ele precisa conhecê-los e entendê-los. Assim, este
elemento usa o protagonista como avatar do público
na história, fazendo com que nosso leitor/jogador
também conheça os coadjuvantes e, dessa maneira,
crie uma conexão emocional com eles.
Tudo isso é uma maneira complicada de dizer que,
em histórias, comunicação é aquilo que traz para
perto do público as ideias, sentimentos, opiniões e
personalidade de diferentes personagens, como meio
principal de resolução da trama.
E, se a compreensão do que está no âmago dos per-
sonagens é a “recompensa” da história, as dificuldades
que o protagonista enfrenta pelo caminho são barrei-
ras de comunicação: idiomas, paradigmas culturais,
maneiras de pensar, até mesmo gírias ou jargões. Assim
como em qualquer narrativa, aquilo que é conquistado
com muito esforço é mais valorizado pelo público. Ou
seja, uma história baseada em comunicação (na qual
barreiras de comunicação representam os desafios e
dificuldades) tende a aumentar o investimento emocio-
nal do público na recompensa — fazê-los se importar
ainda mais com os personagens. Cada pequena nuance
descoberta será uma conquista, cada troca entre os dois
lados será o equivalente a um embate épico.
Mas até agora tudo isso está muito genérico. Vamos
nos aprofundar em facetas específicas e, como sempre,
estudar alguns exemplos.
39
 T O O L B O X
Isso pra mim é grego
Talvez a trama mais básica que podemos criar
usando comunicação é a barreira de idiomas: nosso
protagonista está em um ambiente onde todos falam
uma língua que ele não domina. Para obter algo
(aceitação, aliança, até mesmo sobrevivência) ele
precisa aprender o idioma local. Essa narrativa parece
simples e proporciona uma maneira fácil de represen-
tar progresso: o personagem gradualmente entende
algumas palavras, depois pronuncia ou escreve um
punhado, por fim tem um grande salto, conseguindo
fazer um discurso, entender um conceito fundamental
ou discernir o que está sendo dito sobre ele. O filme O
13° Guerreiro (alguém lembra?) apresenta uma cena
clássica desse tipo. O protagonista (o diplomata árabe
Ahmed) passa muito tempo em meio aos “homens do
norte”, sem entender bulhufas do que eles dizem. Em
determinado momento, consegue compreender que um
de seus companheiros o está insultando e responde
à altura. Em A Flecha de Fogo, Corben tem alguns
“pequenos saltos”, descobrindo que Maryx o considera
mais e mais duyshidakk através de comentários que
ela faz para outros goblinoides, falando a língua que
ele ainda não entende.
Contudo, essa trama apre-
senta um grande problema:
como representar o aprendi-
zado de forma interessante?
Tanto em O 13° Guerreiro
quanto em A Flecha de Fogo,
o aprendizado do idioma
é uma pequena parte numa
jornada maior — Ahmed
firmando laços de amizade
e irmandade, Corben perce-
bendo a beleza da cultura de
Lamnor. Assim, não é necessá-
rio se preocupar tanto com o
interesse do público. Afinal, o
filme é em grande parte sobre
o combate ao inimigo desco-
nhecido que está atacando um
40
pequeno reino e o livro é sobre a ascensão de Thwor.
Mas mesmo assim é útil notar um truque: os primeiros
elementos que os protagonistas entendem por completo
são frases de grande importância. Em termos pura-
mente realistas, isso não faz muito sentido. Seria muito
mais lógico que eles compreendessem perfeitamente
primeiro frases simples e utilitárias, como “bom dia”,
“meu nome é Fulano” ou “o banheiro é ali”. Não é à
toa que, ao estudar um idioma, em geral decoramos
algumas frases feitas antes de realmente entender toda
a estrutura por trás delas. Contudo, ao permitir que
essas frases marcantes sejam as primeiras a serem com-
preendidas, nós deixamos clara ao público a função do
aprendizado. Ao entender o insulto, Ahmed deixa de
ser passivo e revida. Ao entender que Maryx o vê como
um duyshidakk em potencial, Corben compreende todo
um outro lado da guerreira.
O realismo também é jogado pela janela quando
descrevemos o processo de aprendizado em si. É
claro, existem no mundo real pessoas autodidatas
que conseguem dominar um idioma apenas através
de imersão. Contudo, quase todos os protagonistas
desse tipo de trama são assim! É muito raro vermos
um personagem nesse tipo de situação tendo aulas
O 13º Guerreiro
formais ou mesmo usando um dicionário. Esse tipo de
trama, como já dissemos, costuma ser parte de uma
narrativa maior. Assim, ela acontece no pano de fundo.
Os personagens aprendem enquanto estão fazendo
alguma outra coisa. Os momentos de transcendência
(quando eles entendem frases relevantes para a história
como um todo) acontecem como pontuação de cenas
não relacionadas.
Por fim, a falta de realismo suprema acontece
quando, por razões de praticidade, permitimos que
o domínio do idioma seja “binário”: ou o personagem
sabe ou não sabe. Após ter seu grande momento
de transcendência, o protagonista não comete erros
de gramática, consegue absorver com facilidade
conceitos complexos e transmite informações cheias
de nuances com facilidade. Muitas vezes histórias
retratam erros de gramática e construções de fala
divergentes do padrão como características de perso-
nagens “primitivos” ou pouco inteligentes — quando
na vida real é o oposto! Alguém que está se comuni-
cando dessa forma necessariamente está falando em
um idioma secundário. E, como sabemos, isso exige
grande esforço mental e concentração.
Curiosamente, um dos únicos arquétipos quase
realistas desse tipo de trama que consigo lembrar
é também um dos poucos que a usa como elemento
principal, não pano de fundo. Nesse arquétipo, os
protagonistas estão sendo atacados, ameaçados ou
tendo contato hostil com outro grupo, que usa um
idioma radicalmente diferente. Os “inimigos” falam
ou gritam repetidamente uma mesma palavra que nin-
guém entende. Naturalmente, nossos heróis presumem
que seja um grito de guerra, o nome de um deus ou
outra coisa típica de “conquistadores sanguinários”.
Mas, quanto mais notam que o inimigo é obstinado
e nunca para de atacar, mais se indagam sobre o
significado dessa palavra que tanto repetem. No
final, forçando-se a resolver um conflito sem violência,
conseguem aprender o que ela quer dizer: é algo
que todos (dos dois lados) valorizam e que coloca
em um novo contexto os “ataques selvagens”. O
exemplo mais clássico que conheço é que a palavra
T O O L B O X
significa “água” — o outro povo está morrendo de
sede e precisa das fontes que estão no território dos
protagonistas. Também pode ser o nome do filho
perdido de alguém, o nome de um deus que todos
cultuam ou algo igualmente universal. A resolução da
história é invariável: ao aprender a palavra, os heróis
veem que não precisam ser inimigos do outro grupo
e ajudam-nos a obter o que tanto desejam.
(Em tempo: o primeiro exemplo desse tipo de his-
tória que conheço é um episódio de Xena, mas tenho
certeza de que o arquétipo é mais antigo...)
Tradutor universal
Também é melhor abandonar o realismo quando a
comunicação não é um foco de sua história. Atualmente
Tormenta usa a “abordagem Star Trek”: a menos que
haja uma razão específica para o contrário, todos
os povos e reinos falam um mesmo idioma (ou todos
contam com máquinas que traduzem tudo automatica-
mente) e se entendem de forma perfeita.
O motivo para isso é simples: em nosso eterno
objetivo de criar conexão emocional com o público,
devemos nos focar em cenas e elementos que cum-
pram essa função. Quanto mais elementos “extras”
inserimos numa história, mais diluídos se tornam os
elementos que jogam a nosso favor, tornando mais
difícil para o público desenvolver essa conexão. É por
isso que raramente vemos protagonistas comendo,
indo ao banheiro, parados no trânsito ou envolvidos
em outras tarefas cotidianas — a menos que isso sirva
para enfatizar o que o público deve tirar da cena. Se
soterrarmos o leitor/jogador com momentos banais,
os picos de conexão se perdem.
Mas o que isso tem a ver com comunicação?
Pouca coisa enfraquece mais uma cena ou elemento
de narrativa do que repetição. O termo “repeated
beat” (“momento repetido” ou “elemento repetido”
em tradução livre) designa algo que acontece mais de
uma vez sem variação de significado, intensidade ou
função — e é um dos maiores pecados em narrativa.
41
 T O O L B O X
Se um personagem perguntar algo a outro e não
é entendido, então pergunta a mesma coisa de novo
a um terceiro e a um quarto, até achar alguém que
compreenda seu idioma e possa responder, a impor-
tância da pergunta se dilui. A importância do idioma é
aumentada, claro... Mas, se a parte importante da cena
for a pergunta e não o idioma, estaremos bagunçando
tudo na cabeça do público. Da mesma forma, se um
personagem traduz tudo que outro diz, cada frase será
repetida — e, assim, cada uma será diluída.
No início de O 13° Guerreiro há um exemplo per-
feito disso. Assim que Ahmed encontra os “homens do
norte”, temos uma cena muito interessante em que ele
se vê isolado por não entender nada do que é dito.
Contudo, logo depois o público precisa entender a
trama. Assim, um viking poliglota e solícito traduz cada
frase dita para seu líder, explicando a missão que todos
vão empreender. Eu gosto do filme, mas essa é uma
das cenas de “chamado à aventura” mais truncadas
que já vi. A emoção do momento se perde quando um
intérprete tem que explicar ao protagonista o que está
acontecendo. Em alguns momentos, parece que temos
alguém do nosso lado sussurrando “Quem é aquele?
O que eles estão dizendo?” o tempo todo.
Assim, a menos que sua história seja ao menos
parcialmente sobre comunicação, o melhor é arranjar
uma desculpa para que todos se entendam.
Isso pode levar a cenas engraçadas e até mesmo
ressaltar a personalidade e o histórico de alguns
personagens. No Nerdcast RPG Cthulhu, os persona-
gens se encontravam na Inglaterra e logo iam para a
Alemanha. Isso provocou a piada recorrente de que
Búfalo (um boxeador e galã cafajeste) achava que
sabia falar alemão, mas não falava de verdade. Porque
o jogador o criou pensando em regras de RPG básicas
(em que ele seria capaz de falar um número X de
línguas, independente de seu histórico) e os demais
viam a história como mais focada na realidade (em
que alemão é um idioma extremamente difícil para
alguém que não se dedique o tempo todo).
42
Contudo, algo ainda mais interessante aconteceu
com Don Azaghal. Usando a “abordagem Star Trek”,
todos usavam uma língua franca — o inglês. Isso me
levou a imaginar por que um padre espanhol já idoso
teria aprendido inglês a ponto de falar sem grandes
dificuldades (mais uma vez contrapondo a conveniência
com o realismo). Esse questionamento, por sua vez,
me levou a imaginar Don Azaghal nos Estados Unidos
em sua juventude... o que significava Velho Oeste.
O resultado está no livro A Roda de Deus e informou
imensamente o personagem.
Incompreensível
Mas até agora estamos falando de humanos e
humanoides — criaturas que se comunicam de formas
que nós conseguimos pelo menos conceber. As coisas
ficam mais divertidas (e complicadas) quando lidamos
com espécies totalmente diferentes.
Recentemente, em Fim dos Tempos, os personagens
encontraram dois visitantes que haviam sido tragados/
aprisionados em uma masmorra. Visitantes bem dife-
rentes de tudo que eles conheciam: metalianos.
Para quem não sabe, os metalianos são uma raça
alienígena criada por Marcelo Cassaro original-
mente sem ligação com Tormenta, que aparecem no
romance Espada da Galáxia. No entanto, ao longo
dos anos eles foram citados aqui e ali — por exem-
plo, como “fantasmas de aço” no livro Mundos dos
Deuses. Sendo extremamente poderosos, radicalmente
diferentes dos artonianos e sem nenhuma origem em
comum, eles pareciam bons desafios num ambiente em
que o grande objetivo não é matar tudo que aparece
pela frente, mas sobreviver. Como previsto, os joga-
dores tentaram se comunicar com os metalianos em
vez de atacá-los. Fugindo das minhas mais ousadas
expectativas, Arius (interpretado por Guilherme Dei
Svaldi) tomou como objetivo conquistar pacificamente
uma Espada da Galáxia, o artefato metaliano que é
equivalente a um lightsaber ou Vingadora Sagrada.
Isso só poderia ser feito com comunicação.
T O O L B O X
Só havia um problema: metalianos não têm órgãos Quanto menos pontos em comum temos com um
para detectar sons. Eles se comunicam por ondas de interlocutor, mais difícil será a comunicação. E, assim,
rádio. Artonianos nem sequer têm concepção do que mais ela se presta para uma história. Tivemos basica-
seria rádio. O que fazer? mente duas sessões dedicadas a essa interação com
os metalianos. É mais do que suficiente para um conto,
Achando pontos em comum, primeiro o grupo tentou
talvez seja material para uma pequena novela. Porque
mímica. É claro, isso tem suas limitações, mas foi o
cada parte da comunicação (forma de se comunicar,
suficiente para estabelecer um primeiro contato pací- pontos em comum etc.) precisou ser descoberta e
fico. Em seguida, Arius tentou comunicação mental. Foi estabelecida. No final, mesmo os jogadores e espec-
possível, mas ainda assim a mentalidade dos visitantes tadores que não conheciam nada dos metalianos já
era, bem, alienígena demais. Aos poucos, apegando-se os compreendiam bem e tinham uma boa conexão
a conceitos que iam descobrindo gradualmente (como emocional com eles.
a falta que os metalianos sentiam de seu lar ou sua Isso não precisa ser tão radical quanto
devoção à sua mãe e imperatriz), os jogadores criaram “criaturas de ficção científica basea-
mais e mais conexões com os desconhecidos.
Para conseguir a maldita Espada da Galáxia, Arius
precisou passar em três testes de perícias sociais, todos
com dificuldade 50, além de ter uma boa ideia
para uma troca. Contudo, isso não era sufi-
ciente. Porque, por mais que os heróis fossem
bons em se comunicar, a comunicação é
uma via de mão dupla. Não adianta falar
perfeitamente um idioma que o interlocutor
não entende. Assim, a derradeira rolagem
estava totalmente fora das mãos do grupo.
O metaliano precisava compreender o
que eles estavam comunicando. Pedi uma
rolagem ao público que nos acompanhava
via Twitch — assim, uma rolagem que os
jogadores não poderiam influenciar.
Feliz ou infelizmente, nosso amigo,
espectador, e mestre élfico nas horas vagas,
Victor Lucky rolou um 18 e o metaliano
compreendeu tudo perfeitamente. Guilherme
conseguiu a arma que causa 4d12 de dano!
Mas, além de uma boa história de obten-
ção de um item poderoso, o que isso tem Metaliano
a ver com nosso assunto? Mais uma quinta-feira
normal em Arton
43
 T O O L B O X T O O L B O X

das em silício encontram aventureiros medievais”. Por e precisos para direções que, na superfície, são com- ao ser treinado. Contudo, é literalmente impossível não podem ser explicados por meio de meras palavras.
exemplo, digamos que você queira escrever uma história plexas — diferentes graus de inclinação, por exemplo. para ele entender que você precisa que ele pare de Assim, o deus pode se comunicar com visões, metáforas
baseada em Doherimm, o Reino dos Anões. Digamos Afinal, seu mundo é inteiramente tridimensional. Uma correr porque está prestes a atravessar a rua, o sinal ou acontecimentos estranhos de cunho profético. Os
que sua história envolve alguns anões que nunca saíram inclinação de 30° é muito diferente de outra de 45°, para os carros está aberto e ele pode ser atropelado. fiéis, assim como um cachorro que só pode latir, têm
de seu reino, nunca viram o mundo da superfície. tanto quanto “esquerda” e “direita” para um habitante Pense na enormidade de conceitos contidos nisso. limitações para serem entendidos por uma criatura tão
Agora digamos que seu protagonista precise explicar da superfície! Desde a existência dessas máquinas até áreas em que superior. Assim, precisam deixar claras suas intenções
a um desses anões que viu uma estrela se apagar no céu. elas não transitam e o protocolo social de um sinal com atos, rituais, imitações das metáforas enviadas
pelo deus. Talvez eventos como terremotos, erupções
“Estrelas” podem até ser um conceito compreen- Senta! Deita! capaz de barrá-las.
vulcânicas e furacões não sejam demonstrações da
dido abstratamente por alguém que nunca viu o céu, Mas mesmo anões e metalianos têm inteligência Você pode ensinar “Solta!” e um cachorro bem-edu- “fúria divina” — talvez sejam um simples “Não! Vocês
mas dificilmente o interlocutor vai entender a enormi- comparável à nossa. O que significa comunicação cado vai imediatamente abrir a boca e soltar o que quer entenderam errado!” dito de uma forma que os mortais
dade desse acontecimento. No entanto, digamos que com entidades como celestiais, Lordes da Tormenta ou que estivesse mordendo. Mas como explicar que talvez o possam compreender.
entenda. Ele então pergunta por que o protagonista mesmo deuses? que quer que seja estivesse envenenado, porque pessoas
demorou tanto a notar o ocorrido. A resposta é: “Eu propositalmente tentam matar animais de rua? Como Talvez o momento final de compreensão seja
É comum, tanto como conceito de narrativa quanto transcendência no sentido mais estrito. Entendendo
só notei quando anoiteceu”. “Espere um momento! explicar o que é veneno? Isso é uma ameaça existencial
como desculpa preguiçosa, dizer que “os deuses têm os deuses, os mortais se tornam mais próximos deles.
“Anoiteceu”? Como assim?” que o cão é totalmente incapaz de compreender!
motivos misteriosos”. Devotos E isso sim é tema para um livro inteiro!
A incompreensão poderia Por mais que os deuses artonianos sejam presentes,
muitas vezes seguem tabus
continuar, até o anão sugerir próximos de seus fiéis e protagonistas em histórias,
“porque a divindade ordena”
uma solução simples: vamos
ou cumprem missões que,
é ingenuidade achar que um artoniano médio seria Legenda
até lá em cima para ver o que capaz de conhecer seus motivos. Na verdade, seria Comunicação é um elemento muitas vezes igno-
segundo seu raciocínio,
está acontecendo. É muito absurdo se eu desse exemplos de quais poderiam ser rado — mas é fundamental para uma trama que se
poderiam ser muito mais facil-
longe, diz o protagonista. O esses motivos! Afinal, as razões para um deus maior baseia em entendimento mútuo em vez de violência.
mente desempenhadas pelos
anão então sugere que entrem exigir de um devoto uma peregrinação sagrada devem Comunicação não significa paz, não significa amizade
próprios deuses.
num balão. É realmente longe! ser tão insondáveis quanto as razões de um dono exigir ou mesmo boas intenções...
Certo, então uma magia de Mas e se tudo isso for um de seu cachorro que pare de correr.
problema de comunicação? Mas, ao se comunicar com um estranho, um perso-
teleporte resolve! Essa é uma boa premissa para histórias sobre devo- nagem pelo menos vai saber em quem está batendo.
Interessante, não? E se for um problema inso- ção, principalmente aquelas que envolvem fé cega,
lúvel de comunicação? mas não ajuda a desenvolver comunicação. Vamos
Mesmo que, segundo a LEONEL CALDELA
premissa básica de Tormenta, Pense em como nos comu- conseguir isso se, por uma razão ou por outra, os
os anões falem o exato nicamos com cachorros, personagens precisam realmente entender os motivos
mesmo idioma dos artonianos mesmo (e principalmente) das exigências de sua divindade.
da superfície, conceitos como aqueles muito bem treina- Uma trama desse tipo envolveria conceitos meta-
“céu”, “noite” e a distância dos. Você pode ensinar seu físicos que não devem fazer sentido imediato para o
das estrelas seriam absurdos cachorro a parar imediata- público. O deus ou entidade deve ter preocupações
para alguém que nunca saiu mente de correr quando ouve tão intrincadas para nós quanto um sinal vermelho é
do subterrâneo. Da mesma “Fica!”. O cão consegue para um cachorro. No entanto, cada etapa da história
forma, seria lógico que os associar o som com o ato e pode dizer respeito a um aspecto da comunicação que
anões tenham nomes simples Dragon Age Origins
as recompensas que recebeu é estabelecido. Com certeza elementos tão complexos
Onde os anões temem
ser engolidos pelo céu

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 Golens descontrolados Golpe anunciado em Ahlen
nas Uivantes
Notícias do Mundo de Arton • Edição 127 • Escrita e editada pelos Goblins de Valkaria
A inda que nunca tenha sido confirmado, é
amplamente conhecido que um dos dog-
C
A REVANCHE DO CAMPEÃO
riaturas congeladas estão realizando ataques
mas de Hyninn, o deus da trapaça, é que seus
inusitados na região do Grande Lago, verda-
devotos se envolvam em trambiques de toda
deiro mar glacial ocupando parte do coração das espécie como parte da manutenção dos poderes
intensos que a alma não Montanhas Uivantes. Mas em vez de caravanas divinos. No entanto, não existe definição clara

A o longo do tempo,
inúmeros combaten-
tes fizeram história, tor-
seguiu o caminho dos deu-
ses. Ela permaneceu presa
neste plano, transfor-
nando-se lendas por suas
mando-o em morto-vivo.
proezas. Seja por capaci-
Amargurado, monstruoso
dades físicas excepcionais,
e incontrolável. Nenhum
heroísmo abnegado ou
clérigo foi capaz de escon-
desafios impossíveis por
eles enfrentados, esses jurá-lo. Sem escolha, Sida-
guerreiros se destacaram rid o sepultou nas profun-
dezas de uma masmorra,
pela coragem inabalável,
tornando-se Campeões. onde deveria permanecer
para todo o sempre.
O título de Campeão do
Reino foi uma tradição Mas o sempre é tempo
ancestral do continente de demais. Séculos se passa-
Lamnor, simbolizando a ram. Sidarid já não existe.
força e o poder da nação. A pedra se desfez. O aço
Disputas que poderiam le- enferrujou. E Fenko es-
var a conflitos sangrentos capou de sua prisão para
e à morte de milhares eram cavalgar outra vez à luz da
resolvidas em duelos entre lua, perseguindo vingança
os Campeões de cada lado. contra o algoz que há mui-
to não existe. Desconfiado e violento, ataca
Um destes foi Lorde Fenko, Campeão de Si-
qualquer um que ouse enfrentá-lo.
darid. Cavaleiro de extrema habilidade, ver-
dadeiro gigante em combate. Ganhou fama e
A Guilda dos Aventureiros de Gorendill faz
seguidores, enfrentando inimigos cujos nomes o alerta a todos os membros e também aos
ecoaram na história. No entanto, sua invenci- leitores da Gazeta do Reinado, principalmen-
bilidade também chegou ao fim, num fatídico te os que atuam na região sul do continente.
duelo singular. Lorde Fenko, um Campeão de outra era, con-
Fenko foi morto, mas sua ânsia de vitória e tinua uma ameaça formidável, e a morte não
inconformismo diante da derrota eram tão o tornou menos poderoso.
mercantes ou grupos de viajantes, o alvo destes
monstros descontrolados é o próprio gelo!
Sabe-se se tratarem de Golens de Nor, constru-
tos feitos de Gelo Eterno. Tornaram-se comuns
nos últimos anos. Encontrados quase sempre
protegendo algum ponto de interesse ou cami-
nho proibido. Obedecendo às ordens recebidas
sem hesitar, permanecendo imóveis por anos se
preciso. O que torna seu comportamento ainda
mais aberrante.
O Grande Lago se mantém permanentemente
congelado devido às baixas temperaturas da
cordilheira. Um raro caminho plano entre as
montanhas. Por isso, é muito utilizado como
rota mais curta por viajantes que sabem identi-
ficar as diferenças na espessura do gelo e, não
raro, abrigam grandes acampamentos de grupos
migratórios. São os pontos onde o gelo é mais
fino e quebradiço que estão sob ataque.
Pelo menos cinco destes golens foram avistados,
desprendendo largas plataformas congeladas.
Tais blocos são instáveis, podendo adernar ou
quebrar sem aviso. Como uma queda nas águas
gélidas certamente significa a morte, é possível
que vítimas desavisadas surjam. Suspeita-se
de que os golens estejam procurando algo es-
condido sob o gelo, mas não há indícios do que
possa ser.
do que exatamente deve ser feito.
Por isso, os golpes variam. Desde o roubo de
uma bolsa de tibares até a elaboração de planos
intrincados para enganar príncipes mercantes de
Sambúrdia. São ações consideradas igualmente
válidas dentro do dogma. Tamanha liberdade
torna os clérigos mais ousados bastante criati-
vos. Tanto que, recentemente, uma nova prática
foi descoberta em Ahlen.
Nobres do reino relataram ser vítimas de de-
votos de Hyninn. Porém, em vez de agir se-
cretamente, os alvos foram avisados com dias
de antecedência! O anúncio é feito através de
cartas, especificando inclusive qual será o obje-
to furtado. E mesmo previamente informados,
com segurança reforçada e cuidados adicionais,
nenhum deles conseguiu evitar o ardil.
De acordo com as investigações conduzidas
pelos guardas, tais golpes são perpetrados por
indivíduos distintos, como parte de uma aparen-
te "competição". Até o momento, não se sabe se
estas ações foram estabelecidas por superiores
dentro do clero, ou se tratam de algum tipo de
iniciativa individual.
Os golpes têm adquirido complexidade e audácia
crescentes. As autoridades locais dispõem de
listas de futuros alvos, enviadas pelos próprios
trapaceiros. E estão buscando a ajuda de aven-
tureiros para impedir que os golpes anunciados
continuem se alastrando.

46 47
 C AV E R N A D O S A B E R C AV E R N A D O S A B E R

UIVE
PARA
B oas-vindas à Caverna do Saber, o
templo do conhecimento onde teoriza-
mos sobre o futuro de Tormenta20. Essa
coluna apresenta material de jogo em
fase de teste, que está sendo trabalhado

A LUA
pela equipe de game design e pode (ou
não) ser inserido em futuros suplementos
da franquia. Todas as regras mostradas
aqui são opcionais e podem apresentar
mudanças caso publicadas oficialmente.
Nosso principal objetivo é dividir esse
conhecimento prévio com os ávidos
jogadores que têm grande apreço pelas

PARTE 2
regras e suas muitas possibilidades!
Na coluna anterior, abordamos as lendas sobre a
licantropia, a forma mais comum de teriantropia, junta-
mente de regras para permitir que os personagens dos
jogadores transformassem sua maldição em bênção.
Porém, não só temos outros tipos de teriantropos além
daqueles que se transformam em lobos como também
precisamos de monstros para infectar humanoides com
essa terrível doença e maldição!
Apresentamos aqui quatro variedades de terian-
tropos como ameaças. É claro que não podia faltar o
clássico lobo, mas trazemos também o velho conhecido
rato em uma nova roupagem e novidades na forma
dos guepardos e selakos. Os próprios nomes são um
experimento, então nos contem o que acharam deles

Os mestres também querem

através do nosso grupo dos Conselheiros!

brincar com teriantropos! Arte por Janio Garcia

49
 C AV E R N A D O S A B E R
A maldição da teriantropia
Embora lobisomens sejam os teriantropos mais
numerosos por uma margem considerável, a licantropia
consiste de uma forma especializada da teriantropia.
Gatatropia, pontikitropia e karchariatropia seriam
nomes especializados para a mesma maldição apli-
cados a, respectivamente, guepardos, ratos e selakos.
Acredita-se que a origem desses nomes reside no reino
ancestral dos gigantes, Ked’Roch. Porém, atualmente os
lobisomens são tão mais comuns que os outros muitas
vezes acabam sendo chamados de licantropos também!
Um personagem que contrai teriantropia por mor-
dida de um teriantropo não apresenta nenhum sintoma
até a primeira noite de lua cheia. Então se transforma
e parte em uma caçada selvagem, matando tantas
vítimas quanto puder, com preferência por seres inte-
ligentes. Depois volta à forma normal ao amanhecer,
sem lembrança do que fez.
Uma vítima de licantropia que esteja ciente de sua
condição pode realizar um teste de Vontade (CD 30).
Isso não evita a transformação, nem concede qualquer
forma de controle, mas permite se lembrar de suas
ações no dia seguinte. Um devoto de Tenebra recebe
+5 nesse teste.
Da mesma forma que a licantropia, a teriantropia
pode ser curada com a magia Purificação (+7 PM,
requer 3º círculo).
Lobisomem
Diante da grave acusação, o conde ape-
nas sorri calmamente, afastando uma aba do
casaco para revelar um símbolo sagrado de
Tenebra. Então, antes que vocês consigam fazer
qualquer coisa, seu corpo torna-se enorme e
coberto de pelagem cinzenta. Agora com a
face de um lobo, ele arreganha a boca cheia
de presas enquanto exibe garras afiadas.
Para muitos, ser transformado em uma criatura
bestial das trevas seria uma maldição terrível. Para
devotos de Tenebra, contudo, é uma dádiva preciosa
e reservada apenas aos favoritos da deusa.
50
Lobisomens são humanoides que podem se trans-
formar em feras animalescas. Alguns são realmente
amaldiçoados, não têm nenhum controle sobre suas
mudanças, nem lembrança dos crimes que comete-
ram nesse período. São muitas vezes culpados por
assassinatos inexplicáveis, sem suspeitos, ou ataques
de monstros onde eles não deveriam existir. Existem
outros, no entanto, plenamente capazes de controlar
sua transformação — e também muito cientes de seus
atos na forma de homem-fera.
Lobisomens têm três formas: humanoide, animal
e híbrida, sendo esta última a mais perigosa. Na
forma híbrida, um licantropo ainda pode falar e usar
instrumentos, mas agora é coberto de pelos e tem
garras e presas.
Embora existam outros tipos de homens-feras (conhe-
cidos coletivamente como “teriantropos”), lobisomens
são aqueles mais intimamente relacionados a Tenebra,
existindo até mesmo alguns capazes de dominar sua
transformação. Muitos cultistas dedicam-se a Tenebra
na esperança de um dia merecer essa “honra”. De
fato, vários lobisomens acabam se tornando guardas
e soldados de elite no culto, ou mesmo líderes.
Há também bandos de lobisomens que vivem em
alcateias errantes, caçando nos ermos como bandos de
selvagens; ou em sociedades secretas que levam vidas
normais durante o dia, reunindo-se à noite para cultuar
Tenebra ou caçar (ou ambos).
Lobisomem Bárbaro ND 4
Humanoide (Humano) Médio
Iniciativa +6, Percepção +10, faro, visão no escuro
Defesa 23, Fort +16, Ref +10, Von +4, cura acelerada 20/prata,
imunidade a surpreendido
Pontos de Vida 150
Deslocamento 12m (8q)
Corpo a Corpo Duas garras +16 (1d6+4) e mordida +16 (1d8+4).
Líder da Matilha A categoria de atitude inicial de cães e lobos
com o lobisomem bárbaro é melhorada em um passo e ele
pode usar Adestra­mento para mudar atitude e persuasão
com essas criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
C AV E R N A
Lobo em Pele de Cordeiro Quando a lua cheia não está visível, o
lobisomem assume a forma de um humano comum. Nessa
forma, não pode usar seus ataques de garra e mordida,
perde sua cura acelerada e também as memórias do que
fez enquanto estava na forma de lobisomem. Identificar
que alguém porta essa maldição sem vê-lo se transformar
requer um teste de Religião (CD 30).
Maldição da Licantropia Um humanoide atingido pela mor-
dida do lobisomem sofre a maldição licantropia (Fort
CD 18 evita).
Me Dê! (Livre) Se o lobisomem acerta os dois ataques de garra
em uma mesma criatura na mesma rodada, faz a manobra
desarmar (teste +16), se vencer, empunha o item ao invés de
derrubá-lo. O lobisomem jamais empunha itens de prata.
For 6, Des 2, Con 3, Int –1, Sab 1, Car –1
Perícias Adestramento +8, Atletismo +10, Intimidação +5,
Sobrevivência +7.
Tesouro Metade.
Lobo Lunar ND 10
Humanoide (humano) Médio
Iniciativa +11, Percepção +19, faro, visão no escuro
Defesa 34, Fort +22, Ref +10, Von +16, cura acelerada 20/prata,
imunidade a surpreendido
Pontos de Vida 280
Deslocamento 12m (8q)
Pontos de Mana 55
Corpo a Corpo Duas garras +24 (1d6+19) e
mordida +24 (1d8+19).
Líder da Matilha A categoria de atitude
inicial de cães e lobos com o lobiso-
mem bárbaro é melhorada em um
passo e ele pode usar Adestra­
mento para mudar atitude e
persuasão com essas criaturas
(veja Tormenta20, p. 118).
D O S A B E R
Lobo em Pele de… Lobo (Completa) O lobisomem muda entre
suas formas humanoide, animal ou híbrida. Na forma huma-
noide, não pode usar seus ataques de garra e mordida e
perde sua cura acelerada. Na forma animal suas estatísticas
mudam para de um lobo das cavernas (veja Tormenta20,
p. 292), não pode falar ou lançar magias mas não muda
os PV, Defesa e resistências. Identificar que alguém porta
essa maldição sem vê-lo se transformar requer um teste
de Religião (CD 30).
Maldição da Licantropia Um humanoide atingido pela mordida
do lobisomem sofre a maldição licantropia (Fort CD 32
evita).
Magias Como um clérigo de 10º nível (CD 32).
• Anular a Luz (Padrão, 6 PM) Magias de até 3º círculo numa
área de 6m de raio são dissipadas se o lobisomem passar
num teste de Religião contra a CD de cada uma. Aliados na
área são protegidos por uma aura sombria e recebem +4 na
Defesa até o fim da cena. Inimigos na área ficam enjoados
por 1d4 rodadas (apenas uma vez por cena).
• Escuridão (Padrão, 3 PM) Um objeto em alcance curto emana
sombras em uma área com 6m de raio. Criaturas na área
recebem camuflagem total por escuridão total. As sombras
bloqueiam a visão na área e através dela. O lobisomem
pode enxergar normalmente nessa área.
• Potência Divina (Padrão, 6 PM, sustentada) O lobisomem se
transforma em uma criatura Grande. Ele recebe Força +4,
redução de dano 10 e o dano de seus ataques aumenta
em um passo, mas ele não pode lançar magias.
• Toque Vampírico (Padrão, 9 PM) O lobisomem faz
um ataque com sua garra. Se acertar, além do
dano da arma ele causa 10d6 pontos de dano
de trevas e recupera pontos de vida iguais à
metade desse dano de trevas.
For 6, Des 2, Con 3, Int 1, Sab 5, Car 1
Perícias Adestramento +15, Enganação
+10, Furtividade +11, Intimidação +10,
Religião +14, Sobrevivência +14.
Equipamento Adaga certeira de mitral,
símbolo sagrado de Tenebra. Tesouro
Padrão.
51
 C AV E R N A D O S A B E R
Guepardomem
Um vulto surge da mata baixa, saltando na garganta
do cavalo mais adiante. É uma criatura humanoide,
esguia, com a cabeça pequena e aerodinâmica esti-
cada em um focinho felino. Um par de linhas pretas
desce pelo seu rosto, de cada lado do focinho, indo
até a boca e criando a impressão de uma tatuagem
de lágrimas. Tem pernas longas, tórax prodigioso,
abdômen retraído e está inclinado em uma posição que
evidencia a flexibilidade de sua coluna. Uma cauda
longa serpenteia inquieta, ajudando no equilíbrio. Todo
o corpo é coberto por pêlo amarelado, salpicado de
pontos negros arredondados, tornando-se um padrão
intrincado de círculos na cauda. Traja um gibão de
peles e emite um silvo agudo por entre os dentes ensan-
guentados e afiados, prestes a atacar.
Guepardos são felinos de grande porte, considerados
uma das criações mais rápidas de Alihanna. São feitos
para a velocidade, desde a cabeça aerodinâmica e a
concentração de fibras musculares temporais até a longa
cauda e coluna flexível — capazes de ultrapassar cem
quilômetros por hora em suas disparadas. Suas garras são
semi-retráteis, servindo para se defender e aumentando a
tração e velocidade durante a corrida. Têm patas estreitas
se comparado a outros felinos, com quatro dedos e um
ergot nas dianteiras e quatro dedos nas traseiras.
Com exceção talvez dos leões, guepardos são os mais
sociáveis entre os felinos. Embora não criem bandos,
como seus primos com jubas, costumam caçar em gru-
pos de irmãos ou casais. Os pais costumam cuidar dos
filhotes por pelo menos seis meses. Durante esse período,
o pequeno guepardo tem uma pelagem diferente, seme-
lhante a de um ratel, fazendo com que seja ignorado
por aves de rapina ou carniceiros. Habitam regiões de
savana, sendo especialmente comuns em Ubani.
A cultura ubaneri tem grande apreço pelos guepar-
dos. Eles são retratados em histórias como brincalhões
e um pouco covardes, tendendo a causar problemas
e desaparecer. Diz-se às crianças ubaneri que, caso
sejam muito travessas, serão visitadas pela Prima Noite
e transformadas em guepardomens. Esse ser, parte
52
humano e parte guepardo, passa do limite em todas
as travessuras e sente muita inveja, roubando itens de
valor (quanto mais brilhantes, melhor) e devorando
galinhas pintadas por achar absurdo seres tão frágeis
terem pintas parecidas com as suas.
Embora o guepardomem independente seja um
transtorno considerável, o verdadeiro problema acon-
tece quando irmãos machos se transformam juntos,
formando bandos. Competitivos entre si, esses gue-
pardomens aterrorizam a savana, atacando viajantes
e roubando suas riquezas. Histórias sobre suas atroci-
dades são muito comuns entre os velocis, vistos como
rivais de velocidade por esses teriantropos.
Não se conhece relatos de guepardomens que
tenham conquistado a bênção de Tenebra e controlado
sua transformação. Os bandos de guepardomens se
reconhecem apenas nas formas monstruosas, muitas
vezes desconhecendo as identidades de seus pares
quando a lua não está nos céus.
Guepardo ND 2
Animal Médio
Iniciativa +10, Percepção +4, faro, visão na penumbra
Defesa 16, Fort +5, Ref +11, Von +0
Pontos de Vida 55
Deslocamento 18m (12q)
Corpo a Corpo Mordida +12 (1d6+3) e duas garras +12 (1d4+5)
Arrancada (Livre) Até o final do turno, o deslocamento do gue-
pardomen para corrida e investida se torna 36m. Recarga
(1h de descanso).
Bote (Completa) O guepardo faz uma investida e ataca com
sua mordida e suas duas garras. Os três ataques rece­bem
o bônus de +2 da investida, mas devem ser feitos contra o
mesmo alvo.
Sangramento Uma criatura que sofra dano do ataque de mor-
dida do guepardo fica sangrando.
For 3, Des 7, Con 3, Int –3, Sab 1, Car –2
Perícias Atletismo +12, Furtividade +12.
Tesouro Nenhum.
Parceiro O guepardo é um parceiro especial (assassino) que
fornece os benefícios a seguir. Iniciante: +5 em Iniciativa
e vítimas dos seus acertos críticos corpo a corpo ficam
C AV E R N A
sangrando. Veterano: uma vez por rodada, você recebe
+1d8 em uma rolagem de dano corpo a corpo. Mestre: como
acima, mas esse bônus em rolagem de dano é dobrado
contra criaturas que você esteja flanqueando.
Guepardomem Bandoleiro ND 4
Humanoide Médio
Iniciativa +10, Percepção +4, faro, visão na penumbra
Defesa 23, Fort +10, Ref +16, Von +4, cura acelerada 20/prata
Pontos de Vida 140
Deslocamento 18m (12q)
Corpo a Corpo Mordida +16 (1d8+2, 19) e duas garras +16
(1d6+4)
Arrancada (Livre) Até o final do turno, o deslocamento do
guepardomen bandoleiro para corrida e investida se torna
36m. Recarga (1h de descanso).
Bênção da Teriantropia Quando a lua cheia não está visível, o
guepardomem assume a forma de um humano comum.
Nessa forma, não pode usar seus ataques de garra e mor-
dida, perde sua cura acelerada e também as memórias
do que fez enquanto estava na forma de guepardomem.
Identificar que alguém porta essa maldição sem vê-lo se
transformar requer um teste de Religião (CD 30).
Bote (Completa) O guepardomen faz uma investida e ataca com
sua mordida e suas duas garras. Os três ataques rece­bem
o bônus de +2 da investida, mas devem ser feitos contra o
mesmo alvo.
Líder do Bando A categoria de atitude inicial de felinos com o
guepardomen é melhorada em um passo e ele pode usar
Adestra­mento para mudar atitude e persuasão com essas
criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
Maldição da Teriantropia Um humanoide atingido pela mordida
do guepardomem sofre a maldição teriantropia (Fort CD
18 evita).
Sangramento Uma criatura que sofra dano do ataque de mor-
dida do guepardomen fica sangrando.
Só na Maldade (Livre) O guepardomem recebe +5 em testes de
manobra e, quando tem sucesso com uma manobra, pode
fazer um ataque de mordida imediatamente.
For 2, Des 6, Con 2, Int –1, Sab 1, Car –1
Perícias Adestramento +8, Atletismo +12, Furtividade +12,
Sobrevivência +6.
Tesouro Metade.
D O S A B E R
Guepardomem
Irmão Mais Velho ND 8
Humanoide Médio
Iniciativa +10, Percepção +4, faro, visão na penumbra
Defesa 31, Fort +14, Ref +20, Von +7, cura acelerada 20/prata
Pontos de Vida 280
Deslocamento 18m (12q)
Corpo a Corpo Mordida +27 (3d8+8, 19) e duas garras +27
(2d6+8)
Arrancada (Livre) Até o final do turno, o deslocamento do
guepardomen irmão mais velho para corrida e investida
se torna 36m. Recarga (1h de descanso).
Ataque Furtivo +6d6.
Bênção da Teriantropia Quando a lua cheia não está visível, o
guepardomem irmão mais velho assume a forma de um
humano comum. Nessa forma, não pode usar seus ataques
de garra e mordida, perde sua arrancada e cura acelerada
e também as memórias do que fez enquanto estava na
forma de guepardomem. Identificar que alguém porta
essa maldição sem vê-lo se transformar requer um teste
de Religião (CD 30).
Bote (Completa) O guepardomen faz uma investida e ataca com
sua mordida e suas duas garras. Os três ataques rece­bem
o bônus de +2 da investida, mas devem ser feitos contra o
mesmo alvo. Além disso, a vítima fica surpreendida contra
esses ataques (Von CD 28 evita).
Líder do Bando A categoria de atitude inicial de felinos com o
guepardomen é melhorada em um passo e ele pode usar
Adestra­mento para mudar atitude e persuasão com essas
criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
Maldição da Teriantropia Um humanoide atingido pela mordida
do irmão mais velho sofre a maldição teriantropia (Fortitude
CD 28 evita).
Sangramento Uma criatura que sofra dano do ataque de mor-
dida do guepardomen fica sangrando.
For 2, Des 8, Con 2, Int –1, Sab 1, Car –1
Perícias Adestramento +8, Atletismo +12, Furtividade +12,
Sobrevivência +6.
Tesouro Padrão.
53
 C AV E R N A D O S A B E R
Ratosomem
Virando a esquina nos esgotos, vocês se deparam
com um grupo vestido em farrapos. São humanoides
pequenos e curvados, com um par de dentes despro-
porcionais brotando da bocarra abaixo do focinho.
Ratos são extremamente comuns em grandes cidades
como Valkaria e Ghallistryx, entre outras. São atraí-
dos pela sujeira e pela miséria, se escondendo pelos
cantos e rastejando pelas sombras. É difícil encontrar
quem goste das criaturas, tratando-as como pragas
a serem eliminadas, tanto por roubar comida quanto
por transmitir doenças. Mas existe um lado ainda mais
soturno nos ratos das metrópoles. Alguns deles são
mais do que ratos.
O ratosomem é um humanoide acometido por terian-
tropia depois de ser mordido por um rato. Diferente dos
demais teriantropos, porém, o ratosomem mantém seu
raciocínio e continua em sua forma híbrida enquanto
estiver fora do sol direto. Vivem nos subterrâneos,
principalmente nos esgotos, formando comunidades
próprias e muitas vezes trabalhando como informantes
e espiões para guildas de ladrões.
Nada é mais aterrorizante para um ratosomem que
o sol. O toque de Azgher os reverteria para a forma
humana, apagando suas memórias e desejos, toda uma
identidade construída sob o jugo da maldição. Alguns
têm alguma curiosidade sobre a vida
antes da transformação, sobre a
qual têm apenas lem-
branças fugidias. Para
sanar essa curiosidade,
raptam pessoas de quem
se lembram e tentam trans-
formá-las em ratosomens
também.
54
Ratosomem Espião ND 1
Humanoide Médio
Iniciativa +6, Percepção +5, faro, visão na penumbra
Defesa 14, Fort +5, Ref +11, Von +0, cura acelerada 10/prata,
imunidade a doenças
Pontos de Vida 25
Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo Mordida +7 (1d6+3) e adaga +7 (1d4+3, 19)
Ataque Furtivo +1d6.
Bênção da Teriantropia Quando é tocado pela luz do sol, o
ratosomem assume a forma de um humano comum. Nessa
forma, não pode usar seus ataques de garra nem seu ataque
furtivo, perde sua cura acelerada e também as memórias do
que fez enquanto estava na forma de ratosomem. Identificar
que alguém porta essa maldição sem vê-lo se transformar
requer um teste de Religião (CD 30).
Líder da Rataria A categoria de atitude inicial de ratos com
o ratosomem é melhorada em um passo e ele pode usar
Adestra­mento para mudar atitude e persuasão com essas
criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
Maldição da Teriantropia Um humanoide atingido pela mor-
dida do ratosomem sofre a maldição teriantropia (Fort
CD 16 evita).
For 1, Des 3, Con 1, Int 1, Sab 2, Car –2
Perícias Adestramento +1, Furtividade +6, Sobrevivência +6.
Equipamento Adaga. Tesouro Padrão.
C AV E R N A
Rei dos Ratos ND 5
Humanoide Médio
Iniciativa +9, Percepção +7, faro, visão na penumbra
Defesa 22, Fort +11, Ref +17, Von +5, cura acelerada 20/prata,
imunidade a doenças
Pontos de Vida 140
Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo Mordida +15 (1d6+5) e florete+15 (1d6+5, 18)
Ataque Furtivo +8d6.
Bênção da Teriantropia Quando é tocado pela luz do sol, o
ratosomem assume a forma de um humano comum. Nessa
forma, não pode usar seus ataques de garra nem seu ataque
furtivo, perde sua cura acelerada e também as memórias do
que fez enquanto estava na forma de ratosomem. Identificar
que alguém porta essa maldição sem vê-lo se transformar
requer um teste de Religião (CD 30).
Líder da Rataria A categoria de atitude inicial de ratos com
o ratosomen é melhorada em um passo e ele pode usar
Adestra­mento para mudar atitude e persuasão com essas
criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
Maldição da Teriantropia Um humanoide atingido pela mordida
do ratosomem sofre a maldição teriantropia — (Fortitude
CD 22 evita).
Mudança Teriantrópica (Completa) O ratosomem se transforma
em um rato gigante. Nessa forma suas estatísticas mudam
para as de um rato gigante (veja Tormenta20, p. 286). Ele
mantem seus PV, Defesa e resistências, mas não pode falar.
For 1, Des 5, Con 1, Int 3, Sab 3, Car 0
Perícias Adestramento +4, Enganação +4, Furtividade +9,
Sobrevivência +7.
Equipamento florete. Tesouro Padrão.
Selakomem
Da água surge o vislumbre de uma barbatana e,
instantes depois, um corpanzil humanoide pousando
sobre o convés. Sua pele é cinzenta, escura, apesar
de mais clara na parte de frente. A cabeça é acha-
tada, com olhos pequenos e mais de uma fileira de
dentes afiados preenchendo sua bocarra. Os mem-
bros musculosos terminam em mãos e pés palmados,
adaptados para nadar.
Muitos anos atrás, os selakomens aterrorizavam
D O S A B E R
os mares e seus habitantes. Seus ataques eram impre-
visíveis, sua sede de sangue insaciável. Navegantes
tremiam ante a mera visão de uma barbatana, temendo
os selakos normais pela associação com suas versões
teriantropas. Esse temor começou a resvalar nos elfos-
-do-mar, por usarem frequentemente selakos como
parceiros de caça. Assim, em um ato coordenado
de carnificina, os elfos-do-mar se uniram para matar
todos os selakomens. Foram muito bem-sucedidos — os
selakomens são os mais raros entre os teriantropos.
O arquipélago de Khubar é onde a maior parte
dos selakomens residem. A crença local é de que um
guerreiro que perca o equilíbrio entre bem e mal, se
entregando à selvageria e sede de sangue, pode se
transformar em um desses monstros. Diferente de outros
teriantropos, é muito fácil identificar um aparentado
aos selakos, pelo menos se for khubariano. As tatua-
gens místicas comuns ao reino arquipélago continuam
visíveis depois da transformação, tornando muito difícil
esconder quaisquer crimes caso restem testemunhas.
A transformação em selakomem, por si só, não é
considerada um crime. Uma vez que o teriantropo seja
identificado, caso os meios mágicos para livrá-lo não
estejam disponíveis, a comunidade costuma encontrar
formas de mantê-lo seguro antes do anoitecer. Isso
normalmente quer dizer deixá-lo acorrentado em um
quarto fechado, o mais distante possível do mar.
Por sua raridade, não há organizações de selako-
mens nem muita variação entre eles. Mas há rumores
sobre um jovem pescador que, atacado por um tamalu
inescrupuloso, perdeu a família em um naufrágio e se
vingou executando um por um todos os membros da
família de seu nêmesis. Depois de forçar o tamalu a
presenciar o massacre, o pescador jogou seu corpo
no vulcão amaldiçoado, Traklin Klee. Esse sacrifício
teria atraído a atenção de Tenebra, que transformou o
pescador vingativo em um selakomen especial, capaz
de atrair cinzas por onde vai e de nadar pelos céus.
55
 C AV E R N A D O S A B E R
Selakomem Incontrolável ND 6
Humanoide Médio
Iniciativa +7, Percepção +12, faro, percepção às cegas
Defesa 27, Fort +18, Ref +12, Von +6, cura acelerada 20/prata
Pontos de Vida 240
Deslocamento 9m (6q), natação 12m (8q)
Corpo a Corpo Mordida +20 (6d12+7, x3)
Bênção da Teriantropia Quando a lua cheia não está visível, o
selakomem assume a forma de um humano comum. Nessa
forma, não pode usar seus ataques mordida, perde seus
dentes afiados e cura acelerada e também as memórias do
que fez enquanto estava na forma de selakomem. Identificar
que alguém porta essa maldição sem vê-lo se transformar
requer um teste de Religião (CD 30).
Bote de Mandíbula (Completa) O selakomem faz uma investida
contra uma criatura. Se acertar esse ataque, ele causa +3d6
pontos de dano e a vítima fica sangrando.
Dentes Afiados Os ataques do selakomem ignoram 5 pontos
de redução de dano de seus alvos.
Faro do Caçador O selakomem não fica desprevenido contra
inimigos que estejam sangrando.
Líder do Cardume A categoria de atitude inicial de selakos com
o selakomem é melhorada em um passo e ele pode usar
Adestra­mento para mudar atitude e persuasão com essas
criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
Maldição da Teriantropia Um humanoide atingido pela mor-
dida do selakomem sofre a maldição teriantropia (Fort
CD 22 evita).
For 6, Des 2, Con 6, Int –2, Sab 2, Car –2
Perícias Adestramento +4, Intimidação +10, Sobrevivência +7.
Tesouro Metade.
Selakomem das Cinzas ND 11
Humanoide Grande
Iniciativa +12, Percepção +7, faro, percepção às cegas
Defesa 41, Fort +24, Ref +18, Von +11, cura acelerada 40/prata
Pontos de Vida 550
Deslocamento 9m (6q), natação 12m (8q)
Corpo a Corpo Mordida +34 (10d12+25, x3)
Bênção da Teriantropia Quando a lua cheia não está visível, o
56
C AV E R N A D O S A B E R
selakomem assume a forma de um humano comum. Nessa
forma, não pode usar seus ataques mordida, perde seus
dentes afiados e cura acelerada e também as memórias do
que fez enquanto estava na forma de selakomem. Identificar
que alguém porta essa maldição sem vê-lo se transformar
requer um teste de Religião (CD 30).
Bote de Mandíbula (Completa) O selakomem faz uma investida
contra uma criatura. Se acertar esse ataque, ele causa +12d6
pontos de dano e a vítima fica sangrando.
Dentes Afiados Os ataques do selakomem ignoram 10 pontos
de redução de dano de seus alvos.
Faro do Caçador O selakomem não fica desprevenido contra
inimigos que estejam sangrando.
Forma de Cinzas (Padrão) O selakomem pode se transformar
em uma nuvem de cinzas. Nessa forma, pode ocupar o
espaço de criaturas inimigas, tornando-se imune a mano-
bras de combate, e sofre apenas metade do dano de armas.
Entretanto, não pode fazer nenhuma ação que exija coor-
denação e concentração (como usar a perícia Furtividade
ou lançar magias). Criaturas dentro do espaço ocupado
pelo selakomem são consideradas em condição ruim para
lançar magias e sofrem 20d12 pontos de dano de trevas no
começo do turno do selakomem (Ref CD 31 reduz à metade).
Líder do Cardume A categoria de atitude inicial de selakos com
o selakomem é melhorada em um passo e ele pode usar
Adestra­mento para mudar atitude e persuasão com essas
criaturas (veja Tormenta20, p. 118).
Maldição da Teriantropia Um humanoide atingido pela mor-
dida do selakomem sofre a maldição teriantropia (Fort
CD 31 evita).
Mudança Teriantrópica (Completa) O selakomem se transforma
em um selako. Nessa forma suas estatísticas mudam para
as de um selako (Ameaças de Arton), não pode falar ou
lançar magias mas não muda os PV, Defesa e resistências.
For 8, Des 2, Con 6, Int 2, Sab 2, Car –1
Perícias Adestramento +10, Intimidação +15.
Tesouro Metade.
THIAGO ROSA
LUCAS FELIPETTO
57
 Acenderam a primeira vela.
No centro da câmara, dentro de um círculo de runas semifosfore-
centes desenhado no chão, o homenzarrão e a moça esguia permane-
ciam sentados, apoiados de costas um para o outro.
Haviam escolhido a candeia mais longa, menos carcomida, entre
as três que ainda restavam no fundo de uma mochila e ateado fogo ao
pavio, usando a sua tocha já moribunda. Com cuidado, abrigaram o
cotoco de cera dentro do lampião de ferro que carregavam consigo. A
chama mal clareou a sala onde estavam embarreirados nas profundezas
do labirinto; lugar poeirento, úmido, repleto de destroços.
O perímetro místico que os protegia fora traçado horas antes, por
uma cúmplice. Estava meio apagado àquela altura. Quando ainda eram
uma verdadeira quadrilha, haviam acampado e dormido ali, sem saber
que na noite seguinte — pois era sempre breu lá embaixo — acabariam

Espadas
forçosamente reduzidos à dupla.
Ambos haviam recuado até o aposento em desespero, para não ter
almas e corpos devorados pelas assombrações nos túneis. Criaturas que,
agora, cavavam madeira e rocha com as garras, para abrir a passagem
bloqueada levando àquele último bastião de defesa, produzindo sons
de deixar nervos em frangalhos.
Como se para os contrapor, a mulher no círculo sussurrou algo

de Alugel
em meio à penumbra.
— Será que os outros sobreviveram?
— Vi Irmão Coltrann ser destroçado bem na minha frente — o
homenzarrão respondeu, e pensou em mencionar para a colega o fato
de que o sangue seco que cobria o seu braço esquerdo pertencia ao
druida renegado, mas calou-se a tempo.

por Davide Di Benedetto Isto não se deu por cautela, pois se existia alguma coisa que faltava
a Kaldar Dois Relâmpagos era tato. E sim por causa da percepção

59
 tardia, dolorida, como uma facada, de que a pergunta não fora dirigida a ele, mesmo que
fosse a única outra pessoa ali. A dama havia murmurado para si mesma.
Desde o primeiro dia em que haviam sido contratados para o trabalho, Kaldar não conseguia
parar de pensar nos olhos verdes-água de Serafina, claros como uma lagoa, emoldurados pela
cachoeira desgrenhada de madeixas cor de palha que fluía de baixo do seu chapéu pontudo.
Mas os olhos da caçadora — hábeis em encontrar rastros de animais no chão, decifradores
de hieróglifos em muros, capazes de ler presságios nas poucas estrelas visíveis no céu de
crepúsculo eterno — continuavam a tratá-lo como um forasteiro, um invisível.
Um bárbaro.
Para sua surpresa, houve resposta, afinal.
Falhou em compreender as palavras dela e, talvez, nem a própria as entendesse daquela
maneira, mas era como se nelas Serafina tivesse igualado a si com as míticas Parcas, a tríade
de mulheres que, segundo as lendas contadas por todo o Reino de Solmorto, eram as
responsáveis por urdir o triste fadário dos mortais.
— Não era isto que o destino reservava para ele.
***
Acenderam a segunda vela.
E ao fazer isso, por um momento fugaz, seus dedos se tocaram. A sensação do toque de
outra pessoa, ainda que breve, trouxe um conforto efêmero aos dois. Kaldar, ignorou a cera
quente pingando sobre a mão enorme e calejada. Foi surpreendido novamente quando, ao
voltarem a escorar suas costas um sobre o outro, sentiu a mão dela procurar e descansar
outra vez sobre a sua.
Não disseram nada. Ficaram assim, enquanto ouviam o coro de sons guturais lá fora,
uma viga de madeira que se partia ao meio, outra ondulação ameaçando em falso fazer o
teto desabar.
— Não teríamos durado tanto tempo sem você, Kaldar. Fiz o melhor que pude.
— Você foi treinada para caçar os vivos, não os mortos.
60
Ela retirou sua mão e apanhou a sua lança, como se a própria arma agora pudesse lhe
oferecer alguma defesa ou conforto.
— Sinto muito pelo que aconteceu com a sua irmã, mas sei que Morcanta está viva. Tem
que estar. Vai nos tirar daqui — ela disse e ele assentiu, com um grunhido e menear de
cabeça — Eu não devia ter trazido vocês até este inferno.
— Bobagem, fez um trabalho exemplar como guia. Quem nos contratou para a missão
foi a porcaria do druida, não você. Todo espada-de-aluguel já ouviu falar das histórias que
cercam o Ergástulo da Estrela Cadente. E se alguém ainda está vivo. e continua no ramo
depois de um bom par de anos, aprendeu, ou já deveria ter aprendido, pelo menos, que
qualquer história ouvida em tavernas, por mais absurda que seja, sempre, sempre tem um
fundo de verdade.E eis onde chegamos: ao fundo. Não se engane, sabíamos muito bem o
merdalheiro no qual estávamos nos metendo. Você também, caçadora!
Serafina não conseguiu deixar de dar uma gargalhada, enquanto descansava a cabeça
junto aos próprios joelhos dobrados. O silêncio se instalou novamente, mas Kaldar ansiava
novamente por ouvir a voz dela, ouvir qualquer coisa que não o grotesco coral murmurado
pelas aberrações.
— O que acha que são estas coisas? A minha espada já ceifou ossos que se mexem.
Decapitou cadáveres que andam. Sangrou estátuas vivas e mesmo sombras, não me pergunte
como. Em todo meu tempo de rato de masmorra, nunca vi nada semelhante.
— Também não sei te dizer o que são, mas sei de algo: não são deste mundo. E não acho
que possam ser feridas por nada vindo dele. Nem pela tua espada. Nem pela minha lança.
Se houvesse mais tempo, talvez…
Deixou a frase sem terminar, mudou de assunto.
— De onde você é, Kaldar?
— Eu e Morcanta viemos do oeste. De Anoitecer. É um vilarejo murado. Bem pequeno,
você não ouviu falar. Ninguém destas terras ouviu falar.
— Sente falta de lá? Digo, do Deserto Frio?
— Acho que eu sinto falta de comer abricós. Da visão das dunas sendo cobertas pela
neve. Não de todo o resto. E você, de onde é?
61
 — Do leste. — Dê voz aos teus pensamentos, bárbaro!
— Mas no leste não há nada, só quem habita… — Não tenho nada a lhe dizer… caçadora. — mudou a palavra que ia dizer no último instante.
A cidadela de Olho do Furacão. — Você, não entende.
Ela hesitou, mas ele continuou o que logo se tornou uma verdadeira inquisição. — Nem ao menos teve a decência de negar.
— Então você certamente já tinha ouvido falar do Irmão Coltrann. — Você não me perguntou nada.
Ainda hesitou. — Ia nos trair?
— Você é apenas um pouco mais nova do que eu, com certeza tem idade para ter — Não entendem, vocês nunca entendem.
presenciado os expurgos.
— Vocês? Estou curioso, quem são estes tais vocês? E, vamos, diga-me ó, dama, o que
— Eu vi. não compreendo, exatamente?
— Sua família? — Coltrann inflamou o ódio entre meu povo. Tudo por causa daquela querela estúpida
contra os deuses que cultuava. Minha família foi expulsa de suas antigas terras. Meu pai
— Pereceram.
pouco tinha, mas mesmo assim perdeu tudo. Meu pai se matou. O desgraçado se matou na
— Mas aceitou o chamado ainda assim, mesmo sabendo quem Coltrann era. minha frente!
A dama caçadora respirou fundo. Lágrimas, mas o outro continuou impassível.
— Sim. — Acha que a única aqui que perdeu alguém? Acha que só você sabe o que é ter alguém
tirado de você? A minha irmã…
— Você queria se vingar.
— Ainda está viva
— Sim.
— Morcanta está morta! E nós também estamos, se quer saber. Quanto mais rápido aceitar
— Você ia nos trair.
isso, menos sofrerá.
Silêncio.
— Você é um mentiroso.
***
— É a verdade, estamos mortos.
Acenderam a terceira vela.
— Não, você que é a mentira. Uma farsa ambulante.
Kaldar havia se afastado, para fora do círculo de runas, agora jazia encostado à uma
— Eu nunca menti, diferente de você.
parede de pedra nua e musgo.
— Mente o tempo todo, se não para os outros, para si mesmo. Fica aí encenando esta
— Pare de ser tolo, volte já para o perímetro.
pose de baluarte inabalável, de veterano. “Era só um trabalho”. Mesmo? De tantos trabalhos
Ele não disse nada. você escolheu logo este? Por quê?

62 63
 — O pagamento era bom. — Consigo farejar uma fera a léguas de distância. Acredita mesmo que não consigo notar
uma montanha andante como você?
— Você também sabia quem era Coltrann.
— Bobagem.
— Sua causa era justa.
— É mesmo? Pensa que não te flagrei aquela tarde, me observando na lagoa?
— Matou milhares.
— Isso foi por apenas um momento. Fiquei surpreso, só isso. Logo desviei o olhar.
— A causa dele era justa.
— Por que, mercenário? — ela riu com escárnio — Te enoja a visão do corpo de uma
— Colocou pais contra filhos. Irmão contra irmão. mulher? Sou magra demais para você?
— Mas a causa era justa. — Agora, está falando asneiras!
— E quando tudo falhou, para expiar a sua culpa, ele resolveu perseguir as histórias do — Saiba que eu poderia ter tirado a tua vida. Se eu quisesse.
amaldiçoado Caldeirão. A fábula delirante do ferro-estrela.
— E quem teria tirado você da frente das lâminas do pêndulo? Ido à sua frente neste
— As histórias são reais, sempre têm algo de real, já disse. Você viu o artefato bem na sua antro de armadilhas?
frente. Vai negar isto também? — Aquilo? Por favor, eu falhei de propósito!
— Não sabemos se funciona. — Diga você a verdade, a mera existência dos meus te incomoda.
— Sempre são reais. — Como podes dizer isso, por acaso não estávamos, ainda há pouco, ombro a ombro?
— Coltrann era um monstro. — Um escudo de carne conveniente. Nada mais do que…
— Os monstros de verdade estarão aqui logo, caçadora! Pois eu lhe digo, o Irmão Coltrann — Você jamais iria…
era só um homem e sua causa tinha valor.
A vela apagou.
— Pelo menos agora você fala a verdade. ***
— O que? Escuridão total.
— Parou de fingir que não se importa com nada, que não teme nada. Admitiu que acredita Até mesmo o círculo no chão havia quase desaparecido por completo. De tempos em
em algo. Esta tua máscara de cinismo nunca me convenceu. Enxergava atrás dela como se tempos, gritos abafados e quase humanos se juntavam aos uivos fantasmagóricos dos mortos
fosse um riacho límpido de montanha. d'outro mundo. O bárbaro e a caçadora estavam novamente juntos no centro do perímetro
— Até este momento, dama, sequer havia se dignado a me olhar nos olhos! místico, não mais de costas, mas frente a frente e mesmo que não pudessem mais ver um
ao outro, ainda podiam tocá-lo.
— E acha que não o flagrei me encarando com os teus?
Não sabiam mais quem deu o primeiro passo, mas suas mãos estavam unidas agora,
— O que disse?! como se jamais tivessem se soltado. Por favor, me perdoe. Está tudo bem, sou eu quem deve

64 65
 pedir desculpas. Ela aninhou a cabeça sobre o peito largo. Ele sentiu a respiração quente lado a lado, como num ritual iniciático. Então, ouviram um grito quase humano, em meio
sobre si e cobriu a ambos com sua capa pesada de peles. A dama o puxou para mais perto, aos uivos e, desta vez, podiam jurar que era mesmo humano.
ele se inclinou, então ela atirou o rosto rapidamente a frente. Sua boca tocou rapidamente
Foi quando a mulher adentrou a fresta: ela trajava os robes púrpuras de uma necromante,
seus lábios quase como uma travessura, que repetiu novamente e mais outra, até ele reagir, um cetro com um crânio no topo, e cingindo a sua própria cabeça trazia não um elmo, e sim
respondendo com uma mordida leve, que logo era um beijo. um estranho artefato. Um pequeno caldeirão em miniatura, feito de ferro-estrela.
E continuaram se beijando, enquanto os desmortos uivavam, sabe-se lá por quantos — IRMÃO!
instantes sem fim, inebriados de pulsão e vontade de sentir algo. As suas mãos se acariciaram
por debaixo das vestes e por fim ele a tomou em seu braços e aninhou em seu colo, onde Exclamou Morcanta Das Mortes (a Que Não Morreu).
consumaram uma primeira paixão, tão rápida e violenta quanto o ato de estar vivo. Foram — Não vais acreditar, f inalmente consegui conversar com estes seres. Eu estava tentando
ao chão, e continuaram o entreato de carícias, sussurros e gemidos que cada vez mais se falar com os mortos, mas eles estavam se comunicando na língua dos vivos, pois é isto o que são!
mesclava a cacofonia lá fora. Então, inverteram seu papel, sendo ela quem escalou o guerreiro
e seus corpos se fundiram por uma terceira vez, eterna, mas mesmo a eternidade acaba. Fiquei um pouco confusa, é verdade, mas, no fim das contas, acho que entendi! São peregrinos,
Permaneceram atirados, depois. Exaustos e suarentos, sem fôlego, sobre o chão gélido da vieram dos reinos celestiais viajando numa estrela cadente, ou melhor, os seus esporos vieram, e
aterrissaram — bem aqui, neste antigo cárcere!
gruta, apertando-se um contra o outro cada vez mais forte à medida que o barulho externo
crescia. As suas cabeças cobertas pelo manto, enquanto apreciavam os últimos instantes de Eles se apossaram dos cadáveres dos guardiões, mas os cativos, estes acreditaram que eram
descanso, calor e reconforto, antes de terem seus corpos profanados por mandíbulas podres deuses que vieram libertá-los, entendes? Então, tropecei neste recipiente e o irmão — não você,
e dedos de puro osso com unhas retorcidas. o irmão, aquele outro lá, o clérigo que se foi! — dizia a verdade. Trata-se de uma geringonça,
uma maravilhosa traquitana alquímica, que pode simplesmente metamorfosear qualquer sólido e
Adormeceram.
absolutamente qualquer líquido em… mas, porque vocês estão nus?
Pela manhã que não veio, perceberam que ainda estavam vivos lá embaixo, nas entranhas
da terra. Embora, pelo que os tremores indicavam, não seria por muito. A súbita percepção
da morte iminente rompeu a inércia.
Num ímpeto só, rolaram cada um para o lado, tateando as suas armas no escuro e, com
a ajuda delas, escorando-se um no outro, se colocaram de pé, cambaleantes, prontos para
encarar a sua última batalha.
***
Então, fez-se a luz.
Não de uma tocha, mas de várias, e os mortos começaram a entrar pela fresta que haviam
cavado carregando-as, a quase encenação de um culto macabro.
O primeiro foi recebido por uma espadada certeira de Kaldar, o segundo e o terceiro
empalados pela lança de Serafina, mas os demais foram cercando os dois, e se posicionando

66 67

Breves
Jornadas
A Resumo da Aventura
coluna Breves Jornadas oferece aventu-
ras simples, rápidas e completas para
Tormenta20, com tudo que será necessário
para jogar. Fichas especiais serão fornecidas
aqui, enquanto àquelas presentes no livro
básico terão indicadas as páginas em que se
encontram.
O objetivo é fornecer ao mestre um ponto de partida
eficiente para que todos se divirtam por uma tarde, ou
comecem uma nova campanha. Se precisar de fichas
de personagens prontas, é possível encontrá-las na
coluna Heróis de Bolso, no Blog da Jambô.
Esta aventura chama-se Banquete em Fuga.
Introdução
A nobreza ahleniense é conhecida por sua decadência.
Os grandes banquetes, repletos de comida suficiente para
alimentar diversas famílias famintas, são consumidos por
meia dúzia de nobres, enquanto fazem seus jogos polí-
ticos. Aqui, uma língua ferina é mais perigosa que uma
espada. Entretanto, uma adaga envenenada nas costas
possui seu valor.
Os animais destes banquetes costumam ser caçados por
aventureiros hábeis. Alguns buscam tornar-se protegidos
de algum mecenas que os pague por suas futuras missões.
Porém, até onde estão dispostos a ir para conquistar o
favor de um destes? Arriscariam a vida de um ser inocente
para conquistar patrocínio daqueles que festejam enquanto
o povo sofre?
68
Banquete em Fuga é uma breve jornada, uma aventura
curta pensada para uma sessão única, mas que pode ser
inserida em uma campanha maior. É ideal para um grupo
de quatro personagens de 2º nível em Tormenta20.
Um nobre se aproxima do grupo, desejando contra-
tá-los para adquirir uma iguaria para um banquete que
fora convidado: um gorlogg. Após caçarem a fera, eles
a transportam para o local do evento, também servindo
como guarda-costas. Tensões escalam durante um jogo
de intrigas para aumentar o prestígio de seu contratante.
Porém, uma confusão começa. O prato principal do
banquete, um canceronte, escapou, deixando uma trilha
de destruição no caminho. Rastreando o animal, encontram
um druida, o verdadeiro responsável pela fuga. O nobre
exige que derrotem o servo de Allihanna, e caso não
concordem com a tarefa, os guardas do evento atacam.
Cena 1 – Tragam sua comida
Em Ahlen, influência é o verdadeiro poder.
Pessoas se acotovelam para servir os nobres
em busca de vantagens sobre outros. Enquanto
a aristocracia, recusando-se a sujar as mãos
com métodos brutos como armas, deleita-se em
observar seus peões fazerem o trabalho sujo.
O grupo é contatado por um dos servos de um lorde
Viellmont. Um teste de Nobreza (CD 20) revela que
Viellmont é um nobre menor, pouco influente, mas ambi-
cioso. Levados a residência Viellmont, os personagens
percebem uma opulência desnecessária, como se a extrava-
gância fosse um instrumento para provar algo. Vestido nas
melhores sedas, o lorde se apresenta, descendo um lance
de escadas para aumentar a dramaticidade do momento.
“Aventureiros, bem-vindos, bem-vindos.” Ele
espera que o grupo faça uma reverência antes de continuar,
e se mostra incomodado caso não o façam. “Por favor,
não precisamos de tanta formalidade. Possuo um
grande interesse em vocês, e desejo que reali-
zem uma pequena missão para mim. Fui muito
apropriadamente convidado para um banquete
na mansão, e graciosamente decidi levar um qui-
tute interessante, que ouvi ser a última moda em
Yuvalin: um gorlogg.”
Viellmont explica que terão de caçar uma das feras,
que vem atacando fazendas na área. Então, na compa-
nhia dele, transportarão o “monstro” para ser preparado,
enquanto fazem a segurança do nobre. Afinal, nunca se
sabe o que pode acontecer em um evento como este.
Se perguntado sobre pagamento, Viellmont resmunga:
“É claro que pessoas simples como vocês ques-
tionariam isso. Como se a graça de me servir
não fosse o suficiente. Muito bem, 100 tibares de
ouro, para cada. Não pouparei despesas para
ter meu desejo.”
O valor equivale a T$ 1000, para cada, uma pequena
fortuna por um trabalho aparentemente simples. Testes de
Intuição revelam não ser malícia do nobre, é apenas real-
mente falta de noção do valor oferecido. Viellmont ficará
ofendidíssimo se tentarem barganhar por mais dinheiro,
dizendo ser isso coisa de pessoas de baixo calão. Ao
fim da reunião, pede que retornem no dia seguinte pela
manhã para partir. Caso alguém sugira que passem a
noite na residência, o nobre gargalha, achando tratar-se
de algum tipo de piada, porém, caso insistam, dá 5 tibares
de ouro (T$ 50) para pagarem uma estalagem.
Cena 2 – Refeição: Impossível
Na manhã seguinte, os aventureiros chegam
à frente do casarão onde houve a reunião no
dia anterior. Os servos do nobre surgem, ofere-
cendo café ou chá, assim como pão e bolo. Eles
explicam que seu chefe está se “arrumando”,
B R E V E S J O R N A D A S
porém qualquer um treinado em Intuição ou
Investigação sabe que na verdade Viellmont
deve estar acordando.
Passados alguns momentos, Viellmont chega, usando
óculos de lentes escuras e um traje de couro tingido de
verde, no que parece uma tentativa de imitar o que ele
acredita ser um “caçador”.
“Bom dia, senhores aventureiros! Espero
que tenham descansado bem, pois será um dia
muito divertido.” E então monta, de forma um tanto
desajeitada, em um cavalo. Outras montarias são trazidas
para os personagens, e uma carroça conduzida por um
servo segue o grupo alguns metros atrás.
Vocês passam pela cidade, as pessoas acenam
enquanto Viellmont acena de volta comedida-
mente. Pouco tempo depois estão nos limites da
cidade, onde fazendas espaçadas se estendem ao
horizonte. Logo vocês chegam a uma dessas pro-
priedades, os trabalhadores tensos na entrada.
Quando perguntados, os fazendeiros explicam que
uma fera imensa surgiu há dois dias. O monstro teria
atacado dois trobos e uma vaca e estaria escondido na
mata. Apesar de assustados, apontam na direção para
onde viram a criatura correr. O trecho por onde os aven-
tureiros precisam caminhar é fechado demais para seguir
com os cavalos, e Viellmont parece ultrajado por ter que
colocar suas botas na lama.
A trilha está enlameada, facilitando o rastreamento do
animal. É necessário fazer três testes de Sobrevivência
(CD 15), e o número de resultados afeta o encontro contra
a criatura. Caso os personagens consigam três sucessos,
encontram o gorlogg sem que ele os veja, e ele surpreen-
dido na primeira rodada do combate. Entre um e dois
sucessos, acham a fera, porém são percebidos ao se
aproximarem, começando o combate com todos cientes
de seus oponentes. Finalmente, se tiverem três falhas, os
aventureiros são na verdade emboscados pelo gorlogg, e
ficam surpreendidos na primeira rodada. Viellmont solta
um berro de medo ao ver a criatura.
Criatura. Gorlogg (veja Tormenta20, página 291).
Caso veja os aventureiros fazendo algo como utilizar
veneno, lorde Viellmont grita pedindo que não o façam
pois pode estragar a carne. Assim que derrotarem a
69
 B R E V E S J O R N A D A S
criatura, o nobre abre um imenso sorriso e pede para
os personagens e seus servos a colocarem na carroça.
Os fazendeiros parecem muito agradecidos, mas o lorde
quer chegar logo à sua casa para se trocar. Enquanto
muda para roupas luxuosas, os trabalhadores trazem
túnicas e tabardos com o brasão dos Viellmont, e os
entregam aos heróis.
Cena 3 – Quem está vindo jantar
Viellmont está pronto para partir em uma
carruagem enfeitada, com detalhes dourados.
Paga agora cinquenta tibares de ouro a cada
um e fica bastante contente em vê-los com seu
brasão nas roupas. Os aventureiros são instruí-
dos a seguir em suas próprias montarias, ou
irem sentados juntos ao cocheiro.
Caso haja um nobre (classe) ou aristocrata (origem)
no grupo, o lorde permite que este o acompanhe den-
tro da cabine. Um bardo ou cavaleiro pode convencer
Viellmont para ir junto no interior também, com um teste
de Diplomacia ou Nobreza (CD 20).
A mansão onde haverá o banquete é fora da cidade,
em uma região de belas colinas. Os jardins na frente do
palacete são cuidados à perfeição, e as pessoas que
o frequentam estão vestidas do modo mais elegante e
opulento já visto pelos aventureiros. Guardas circulam na
orla da festa, vigiando o perímetro para que não haja
intrusos ou pessoas indesejadas.
Quando a carruagem para, um arauto anuncia a che-
gada de lorde Viellmont e sua comitiva (apenas se houverem
outros na cabine com o nobre). O patrono dos personagens
informa aos trabalhadores da festa para levarem o gorlogg
caçado ao cozinheiro. Algumas das pessoas parecem
surpresas, enquanto outras demonstram despeito.
Viellmont, escoltado pelos aventureiros, se dirige ao
centro do banquete para saudar os anfitriões. Enquanto
passam, os personagens veem uma chama aberta e o cor-
panzil do gorglogg que trouxeram sobre o fogo, girando
e assando lentamente. Além disso, outros exageros de
comida também são visíveis, como uma montanha de
risoto, ou imensos cortes de carne de animais exóticos.
70
Os anfitriões são um casal tomando vinho em taças de
ouro branco simples e elegantes. Viellmont se ajoelha, e diz
para todos o acompanharem, agradecendo o convite para
um evento tão animado. Um deles observa o convidado de
cima a baixo, com um olhar que parece confuso.
“Seja bem-vindo... quem é você mesmo?
Creio que não tenhamos sido familiarizados.
Sabe como são servos, quando dizemos para
convidarem todos, às vezes temos oportunidades
de conhecer novas pessoas.”
“S-sou barão Viellmont, vossa senhoria.
E-espero que os v-veja mais vezes. Trouxe uma
fera exótica para servir em v-vosso banquete.”
E gesticula na direção da criatura morta.
“Ah, gorlogg. Uma escolha interessante,
embora eu não aprecie muito carne de caça.
Por favor, sinta-se à vontade no evento.” Os
anfitriões então gesticulam para Viellmont partir.
É nítido que esta interação deixou o nobre aturdido,
colocado de volta a sua posição na hierarquia social.
Após usar alguns momentos para se recompor, ele sugere
que os personagens andem pela festa, o auxiliando a
aumentar sua influência através de conversas, uma tarefa
representada pelo perigo complexo abaixo.
Solidificar Reputação ND 2
Objetivo Aumentar a influência de Viellmont com os
convidados do banquete.
Efeito Os personagens terão três rodadas, representando
as primeiras horas do evento, para solidificar a posição do
lorde Viellmont. Para isso, devem acumular cinco sucessos
nas ações Estabelecer Presença, Performance, Politicagem
e Preparar Prato. Se falharem em acumular cinco sucessos,
os personagens não sofrem nenhuma consequência adi-
cional, exceto perder a oportunidade de ajudar Viellmont.
Os personagens agem de acordo com seu Carisma.
Aqueles de maior valor agem primeiro, e em caso de
empate, devem decidir entre si.
Conduzir a Conversa (Enganação CD 15) O perso-
nagem se intromete na conversa de um colega de grupo,
fazendo com que o rumo dela o favoreça. Se passar,
fornece +5 no próximo teste desse colega.
Estabelecer Presença (Intimidação CD 25) O persona-
gem atrai os nobres com sua presença altiva e orgulhosa.
Performance (Atuação CD 25) O personagem entretém
os convidados do jantar.
Politicagem (Diplomacia CD 22) O personagem atrai
os nobres através de conversa hábil.
Preparar Prato (Ofício [cozinheiro] CD 25) O
personagem utiliza suas habilidades culinárias para
impressionar os convidados.
Seguir Protocolos (Nobreza CD 15) O personagem
conhece e segue à risca a etiqueta ahleniense. Se passar,
recebe um bônus de +5 em seu próximo teste, ou fornece
um bônus de +5 no próximo teste de um colega.
Se conseguirem conquistar os cinco sucessos necessá-
rios, lorde Viellmont é chamado para o círculo onde estão
os anfitriões da festa. Em sua alegria quase infantil, o
nobre entrega o resto do dinheiro aos aventureiros, e diz
que os premiará ainda mais quando estiverem de volta a
sua residência. Entretanto, caso não consigam os sucessos,
o barão começa a ser evitado nas rodas de conversa,
sendo considerado patético por ter asseclas tão rudes.
Além disso, cada sucesso além dos cinco necessários
rende T$ 200 tibares em presentes dados aos personagens
pelos convidados.
Repentinamente, há o barulho de confusão, madeira
quebrando e gritos vindo da lateral da mansão.
Cena 4 – Passo do Caranguejo
A cozinha da mansão teve suas paredes des-
truídas, como se uma figura imensa tivesse pas-
sado pelo buraco agora presente. Se aproximando
mais, é possível ver uma panela imensa, quase
uma piscina, caída de lado e com sua lateral ras-
gada pelo que parecem garras. Um cozinheiro alto
vestindo um uniforme claro está com um ferimento
na cabeça de uma pancada que sofreu.
Se alguém interrogar o cozinheiro, ele diz que estava
para cozinhar um canceronte inconsciente. Porém, do
nada, a criatura começou a se mover e causar caos. Em
seguida, o animal fugiu.
B R E V E S J O R N A D A S
Os nobres parecem consternados, e os anfitriões viram
para Viellmont: “Resolva isso, por favor.” O nobre
então pede aos personagens que capturem a criatura, ou o
derrotem para que o banquete continue. Nesse momento,
ele está disposto a barganhar (uso de Diplomacia) para
aumentar o pagamento.
Se tiverem falhado no perigo complexo acima, Viellmont
levanta a voz: “Traremos o prato principal de volta,
ou meu nome não é Bernard Viellmont!”. Então
se volta aos aventureiros e diz que só receberão sua
recompensa completa se capturarem o animal.
O canceronte deixou um rastro de destruição fácil de
ser seguido, com plantas e terra revirada. Correndo no
encalço, os personagens logo encontram o animal, que,
agitado, os ataca em seguida.
Criaturas. Canceronte (NPCs & Criaturas).
Quando o canceronte chega à metade da vida, ou
caso consigam acalmá-lo através de Adestramento,
uma voz vem do meio do mato:
“Esperem aí! Ele só está querendo viver!”
Cena 5 – Momento da Decisão
Ofegante, uma pessoa sai da mata. Seus
cabelos têm a cor de pérolas negras, sua pele
é de um azul brilhante e ela possui um olho
laranja e o outro verde. À primeira vista, a
pessoa lembra um elfo, mas suas orelhas são
diferentes, lembrando barbatanas de peixe.
O homem se aproxima, ambas as mãos para o alto, uma
delas segurando um tridente aparentemente feito de coral, e
uma concha enfeitando as roupas. Aqueles que conhecem
mais do mundo sabem que ele é um elfo-do-mar, e a concha
é um símbolo de devoção a Oceano, o Deus dos Mares.
“Me chamo Ponthus, e esse aqui...” , ele faz um
carinho no canceronte, “É Kankri, meu amigo. Peço
perdão pela confusão, mas não podia deixar
que o devorassem.”
Ponthus explica que Kankri foi capturado na costa do
reino, e trazido até aqui. O elfo-do-mar disse sentir seu
amigo sendo levado, e esperou para reanimá-lo com as
bênçãos de seu deus. Pede que os deixem partir, e em
troca, presenteará o grupo com seu tridente, o Pinça do
Canceronte (um tridente atroz).
71
 B R E V E S J O R N A D A S
Caso se recusem, Ponthus fica visualmente decepcionado:
“Por um momento, achei que fossem heróis.”
Criaturas. Ponthus, druida do Oceano.
Se atenderem ao apelo de Ponthus, o elfo-do-mar fica
muito feliz, abraçando a todos e entregando seu tridente.
Mas, antes que possam partir, um grupo de guardas
chega, acompanhados de lorde Viellmont.
“O que estão fazendo? Prendam o animal,
e esse outro também. Por que ainda não o
fizeram?”
O nobre não compreende o que está acontecendo, mas
os guardas avançam contra os personagens. Se quiserem
defender o canceronte e o elfo-do-mar, terão de lutar!
Criaturas. Sargento da Guarda e Guarda de Cidade
x2 (Tormenta20, página 289).
Ponthus serve como um parceiro médico iniciante,
enquanto Kankri (o canceronte) é um parceiro guardião
iniciante.
Epílogo – Divergentes
Se tiverem enfrentado o elfo-do-mar assim
que ele aparece, logo Viellmont chega com os
guardas, a tempo de observar a vitória dos
aventureiros. Impressionado, o nobre retorna
ao banquete com o grupo, elevando-os a heróis
por terem salvado a refeição principal. Todos
os convidados ficam impressionados, batendo
palmas. O elfo-do-mar é preso. Talvez a refeição
não caia tão bem no estômago dos personagens.
Caso se aliem à Ponthus, elfo e canceronte fogem,
muito agradecidos pela recuperada liberdade. Viellmont
corre para avisar àqueles na festa sobre o ocorrido. Mas
o nobre é rechaçado, visto como culpado por ter trazido
consigo os aventureiros que estragaram tudo. As cabeças
dos personagens dos jogadores são colocadas a prêmio
pelos nobres. Talvez o melhor caminho seja manterem-se
escondidos até a poeira baixar.
Independente das escolhas que façam, os personagens
avançam para o 3º nível.
72
NPCs & Criaturas
Canceronte ND 3
Para mais informações sobre o canceronte, veja Ameaças
de Arton.
Animal Grande
Iniciativa +8, Percepção +4, visão na penumbra
Defesa 21, Fort +15, Ref +9, Von +3, fortificação 25%
Pontos de Vida 110
Deslocamento 6m (4q), natação 12m (9q)
Corpo a Corpo Duas garras +14 (1d8+6).
Autotomia (Livre) O canceronte pode sacrificar uma de
suas garras para se livrar de um perigo maior. Quando faz
isso, ele automaticamente passa em um teste para evitar
uma condição de movimento (como um teste de ataque
para se libertar de um agarramento), mas perde um de
seus ataques de garra. Uma garra sacrificada desta forma
se regenera em 1 mês.
Quebrar Tudo! O canceronte recebe +2 em testes de ataque
para quebrar (teste total +18) e causa +1d8 pontos de dano
contra objetos.
For 4, Des 2, Con 5, Int –4, Sab 0, Car –2
Tesouro Nenhum.
Ponthus, druida do Oceano ND 2
Criado em uma comunidade submarina no Mar Negro,
Ponthus sentiu o chamado do Deus dos Mares bastante jovem.
Sempre metido em confusões na companhia de seu compa-
nheiro animal, o elfo-do-mar está pronto para ajudar aqueles
em necessidade.
Humanoide (elfo-do-mar) Médio
Iniciativa +8, Percepção +7, percepção às cegas embaixo
d’água, visão na penumbra
Defesa 17, Fort +3, Ref +8, Von +11
Ponto de Vida 50
Deslocamento 9m (6q), natação 9m (6q)
Pontos de Mana 24
Corpo a Corpo Pinça do canceronte +10 (1d8+13, x3).
Dependência de Água Se ficar um dia sem contato com água,
B R E V E S J O R N A D A S
Ponthus não recupera PM até voltar para a água.
Magias Como um druida de Oceano de 4º nível
(CD 18, limite de PM 4).
• Curar Ferimentos (Padrão, 4 PM) Uma criatura
em alcance curto cura 5d8+5 pontos de vida.
• Despedaçar (Padrão, 3 PM) Um alvo em alcance
curto sofre 2d8+4 pontos de dano de impacto,
ou o dobro sem aplicar RD se for um construto
ou um objeto mundano Pequeno, e fica ator-
doado (Fort reduz à metade e evita a condi-
ção). Uma criatura só pode ser atordoada
por esta magia uma vez por cena.
• Escudo da Fé (Reação, 3 PM) Quando uma
criatura em alcance curto sofre um ataque,
ela recebe +3 na Defesa por 1 turno.
• Suporte Ambiental (Padrão, 1 PM) Uma criatura
adjacente fica imune por um dia aos efeitos de
calor e frio extremos, pode respirar na água e não
sufoca em fumaça densa.
For 2, Des 3, Con 2, Int –1, Sab 4, Car 2
Perícias Adestramento +5, Cura +7, Religião +7,
Sobrevivência +7 (+9 embaixo d’água).
Equipamento Essência de mana x2, gibão
de peles, Pinça do Canceronte (tridente
atroz), símbolo sagrado do Oceano. Tesouro
Padrão.
DANIEL DURAN
73
Bar
BarRedPurple:
RedPurple:
uma basesobre
uma base sobrerodas
rodas POR
DONOS DE BARES SABEM DAS COISAS, MATHEUS TIAMAT E
MESMO DAS PARANORMAIS! MIGUEL BEHOLDER
 R edpurple é um bar móvel, mas é muito mais do que isso! Criado por um casal de ex-agentes
da Ordo Realitas traumatizado e amaldiçoado, o local serve de fachada para uma base de
apoio a investigadores do paranormal. Casos paranormais também surgem em cidades remotas,
A vida passou, mas os dois ainda acordavam
com pesadelos terríveis ou perdiam dias falando
sobre outros agentes e conhecidos que seguiam
fachada um “bar sobre rodas” que persegue
lendas urbanas e histórias sobrenaturais com
o potencial de se tornarem casos paranormais.
longínquas o bastante para, muitas vezes, o auxílio da Ordem demorar a surgir. Esses locais na guerra paranormal. Se, por um lado, pensar Eles não atuam na investigação de campo, não
são o destino do Redpurple. na Ordo Realitas despertava raiva, por outro, só por estarem “aposentados”, mas por já ter
saber tudo o que outros humanos enfrentavam um casal de filhos para cuidar, Kurai e Keira.
Ordem Paranormal RPG traz um modelo de base de Ordem para utilizarmos em nossos enquanto os dois descansavam, tirava o sono
casos paranormais. Porém, bases estacionárias sofrem do óbvio problema de estarem limi- Entretanto, eles garantem um ambiente
e despertava empatia. seguro, recursos e contatos que podem auxi-
tadas ao local onde se encontram, além da distância até outros estabelecimentos usados como Quando finalmente decidiram voltar à liar a vida dos agentes de campo, sejam eles
esconderijos para agentes. ativa, a ideia era outra. Usaram seus contatos da Ordo Realitas, aliados ou investigadores
Apesar de não possuir as mesmas proporções de uma estrutura fixa, uma base móvel é mais para levantar uma base móvel. Usando como independentes.
acessível e adaptável. Enquanto ferramenta de jogo, facilita a vida dos agentes e do mestre,
que pode encaixá-la em qualquer lugar da Terra, conforme a necessidade de sua narrativa.
Se a missão ocorrerá em São Paulo, Carpazinha, São José dos Ausentes ou Serra da Saudade, REDPURPLE NOS SEUS CASOS
não importa, qualquer uma destas localidades pode ser o atual destino do exótico Redpurple.

ple
Um local seguro onde os personagens podem descansar (sobretudo nos interlúdios), buscar

r
Redpurple, nome inspirado na combinação das cores de cabelo

pu
recursos, dividir seus traumas e buscar contatos.

d
do casal, é um bar itinerante que se adapta à necessidade

re
da situação. Kuro e Sara acumularam muito dinheiro
durante suas ações como agentes da Ordo Realitas, já
que a organização arcava com a maioria dos custos
UM PASSADO DOLOROSO de suas vidas. Todo esse dinheiro e as amizades que
fizeram foram direcionadas para tornar o Redpurple

l e
a ferramenta ideal de apoio aos agentes.

rp
Kuro cresceu em uma família desestrutu- da América do Sul e, ocasionalmente, outros

u
Quando há casos com potencial paranormal O BAR PODE SER

p
rada e, ao alcançar a maioridade, foi humi-

d
locais do mundo, acreditando que algum dia a em locais remotos, Kuro e Sara decidem

e
lhado por seu pai a ponto de viver nas ruas, USADO PARA:

r
buscando soluções para o seu estresse no
fundo de garrafas e em punhos calejados do
cenário de lutas ilegais.
Sara carregava em seu interior uma tradição
ritualística de maldição de Conhecimento,
concedida por sua mãe desde seu nascimento.
Nos anos seguintes de vida, perdeu sua mãe e
seu pai e foi sequestrada por cultistas, quando
quase foi sacrificada.
jornada contra o paranormal levaria a libertação
de Sara da maldição que a afligia desde o berço.
Contudo, isso não aconteceu. Nenhum dos
dois era dotado de paciência e, vivendo expe-
riências traumáticas consecutivas a cada novo
enfrentamento com o sobrenatural, alcan-
çaram seu limite quando, não apenas eles,
mas Zoey e outros companheiros quase foram
destruídos de corpo e alma.
Kuro e Sara encontraram apoio um no
instalar-se. Sabendo que a Ordo Realitas
não consegue estar em todos os lugares e
pode demorar a fornecer auxílio a agentes
que sejam enviados a locais distantes, o
Redpurple busca ser um porto seguro para
aqueles que lidam com o paranormal.
Em cidades do interior, o Redpurple
aparece como um caminhão de alguma
marca de cerveja interiorana. Em
grandes capitais, se instala na forma
V Realizar cenas de interlúdio (Ordem
Paranormal RPG, página 92) com
acesso a todas as ações disponíveis
no livro de regras;
V Consultar NPCs (descritos a seguir
ou criados pelo mestre) para conse-
guir sugestões ou debater ideias do
caso paranormal que os agentes estão
investigando;

le
Zoey, irmã mais nova de Sara, foi quem de um motorhome cheio de neon. Em

p
outro, e como um casal se cansaram das V Ser ponto de partida para alguma

ur
conheceu e convenceu Kuro a ajudá-la na busca
por Sara, resultando na união dos três contra os
cultistas. Quase mortos, foram salvos por agentes
da Ordo Realitas e, ao lado deles, venceram e
sobreviveram para sofrer mais um dia.
Dali para frente, Kuro e Sara lutaram juntos
incontáveis vezes, missão após missão, caso
após caso, ano após ano, em todos os cantos
frequentes exigências da Ordo Realitas,
que usava sempre a desculpa de que uma
resposta para a maldição de Sara surgiria —
o que nunca aconteceu. Exaustos de lutar e
de perder tantos companheiros para o Outro
Lado, abandonaram a organização e se afas-
taram das batalhas desgraçadas que costumam
cercar a rotina dos agentes.
casos paranormais em cidades isoladas, missão com os próprios donos do bar
o bar surge como um ônibus que para na entrando em contato com a Ordo
beira da estrada. Até mesmo em outros Realitas ou os agentes para reportar
países, assumindo identidades locais, o um caso paranormal.
Redpurple ainda pode ser encontrado
por aqueles com boa intuição para o
paranormal ou que conheçam o signifi-
cado desse nome.

78 79
 EFEITOS ADICIONAIS:
V Proteção. Sem as defesas que uma base esta-
cionária pode proporcionar, o Redpurple conta
com proteções paranormais aprendidas com as
dezenas de missões que os proprietários cum-
priram. Sempre que se instalam, Sara cerca a
área com símbolos ritualísticos que ficam sob
seu controle. Ela gasta uma ação padrão para
ativar um ritual que afeta todos os seres que ela
quiser em um raio de 90m ao redor do bar. Os
rituais disponíveis são: Alterar Memória, Com-
preensão Paranormal, Detecção de Ameaças,
Enfeitiçar, Esconder os Olhos (podendo afetar
todo o bar e inquilinos), Localização (apenas
em alcance longo ao redor do bar), Mergulho
Mental, Perturbação, Tecer Ilusão e Terceiro
Olho. A DT dos testes de resistência é 30.
V Armamento. Além dos rituais de Sara, Kuro
escamoteia diversos equipamentos bélicos para
o combate contra o paranormal, podendo for-
necer aos agentes itens até o equivalente a 100
Pontos de Prestígio (patente: oficial de opera-
ções; limite de crédito: alto; limite de itens por
categoria: I-3, II-3, III-2, IV-1).
V Alimentar-se. Ao usar essa ação de inter-
lúdio no Redpurple, o agente recebe +1 nos
valores de recuperação ou +2 em seus testes
de perícia, dependendo de qual prato comeu.
V Dormir. Dependendo do veículo, o Redpur-
ple não pode oferecer muitas camas, mas as
poucas que oferece garantem a categoria de
descanso confortável.
80
V Exercitar-se. Kuro entende muito desse as-
sunto. Usar essa ação de interlúdio no Redpurple
aumenta o número máximo de bônus em +1.
V Ler. Sara entende muito desse assunto. Usar
essa ação de interlúdio no Redpurple aumenta
o número máximo de bônus em +1.
V Manutenção. Sempre tem um NPC disposto
a ajudar. Usar essa ação de interlúdio no Redpur-
ple concede +1d20 nos testes de manutenção.
V Relaxar. O ambiente oferecido pelo Redpurple
é muito agradável, parecendo isolar os agentes
da árdua realidade. Os agentes podem relaxar
duas vezes por interlúdio no bar.
V Revisar o caso. Sempre tem um NPC dis-
posto a ajudar. Usar essa ação de interlúdio
no Redpurple concede +1d20 nos testes de
revisão do caso.
V Ouvir os veteranos. Esta é uma nova ação
de interlúdio em que o agente pode dar atenção
para um agente mais experiente e aprender com
suas histórias. O agente recebe 10 PV tempo-
rários ou 5 PE temporários à sua escolha.
V Receber ritual. Esta é uma nova ação de
interlúdio em que o agente pode pedir por aju-
da, recebendo os efeitos de um ritual. O ritual
precisa ser de 1º círculo, benéfico e ter como
duração uma cena (não podendo receber efei-
tos de Discente e Verdadeiro). O agente ficará
sob efeito do ritual até o início da sua próxima
cena de interlúdio. Essa ação só pode ser usada
uma vez por interlúdio.
NPCS IMPORTANTES KURAI E KEIRA
Além dos proprietários, o Redpurple conta Casal de filhos de Kuro e Sara. Apesar de
com clientes fiéis. serem duas criancinhas, suas aptidões para-
normais superaram o esperado pelos seus
pais. Além de manifestações inesperadas, as
KURO GARNER duas crianças expressam opiniões e informa-
Kuro é filho adotivo da família Garner, ções sobre o Outro Lado que apenas poucos
responsável pelo conglomerado Farmacêu-
veteranos conhecem.
ticas Garner. Deixou sua casa para trás ao ver
que seu pai não daria espaço para atuar dentro Kurai e Keira não são agentes, mas podem
da empresa por achá-lo inútil. Abandonou a ser usados como aliados acólitos.
família e fez sua vida com lutas clandestinas até
Zoey levá-lo ao resgate de Sara. Desde então, ZOEY COLERIDGE
se apaixonou por Sara e passou a se envolver Zoey é a irmã mais nova de Sara e sempre
carregou a culpa infundada pela morte de
com o paranormal, atuando como um agente
da Ordo Realitas por anos, até se aposentar. sua mãe em seu parto. Mesmo assim, sempre
foi mais agitada, desbocada e ousada do que
Kuro é um ex-agente combatente guerreiro
Sara, sendo a responsável por conseguir ajuda
de NEX 80% que pode ser usado como aliado quando sua irmã foi sequestrada, mesmo colo-
guerrilheiro (+2d20 em testes de ataque e +2d8
cando a vida em risco. Diferente de Sara,
pontos de dano). Zoey sabe que a Ordem ainda pode ajudar
muito na busca pela cura da maldição, por
SARA COLERIDGE isso ainda faz parte da organização.
Sara nasceu dotada da maldição de Conhe-
cimento de sua mãe que lhe dá acesso a Zoey é uma agente ocultista conduíte
respostas impossíveis de serem conseguidas de NEX 70% que pode ser usada como
de outra maneira. Contudo, no nascimento aliado acólito (+2d20 em testes de Ocul-
de sua irmã, sua mãe faleceu. tismo e DT+5).
No seu sequestro alguns anos depois, seu
pai foi assassinado e ela passou três anos sob
cárcere privado de cultistas interessados em
sua maldição. Mesmo após ser resgatada por
Zoey e começar seu relacionamento com Kuro,
Sara nunca teve paz de verdade, uma vez que
cultistas sempre ambicionam controlar sua
maldição. Cansada das desculpas da Ordo
Realitas, se aposentou da Ordem e, anos
depois, fundou o Redpurple.
Sara é uma ex-agente ocultista lâmina
paranormal de NEX 80% que pode ser usada
como aliado acólito (+2d20 em testes de Ocul-
tismo e DT+5).
81
 ALCAMENES
Alcamenes é um ocultista misterioso que
nunca se associou a uma organização, tendo
como única motivação para combater o para-
normal a busca para a cura de sua doença
degenerativa. Por causa dela, sua pele é
cinzenta, além de parecer sempre sonolento
e cansado. É aliado de Kuro e Sara há anos,
talvez porque o casal no fundo espere que a
mesma solução para a doença de Alcamenes
ajude com a maldição de Sara.
Alcamenes é um ocultista graduado de NEX
70% que pode ser usado como aliado acólito
(+2d20 em testes de Ocultismo e DT+5).
INTERVENÇÃO
Intervenção é o apelido de uma figura
“exótica”, para dizer o mínimo. Apesar de ainda
ser humano, Intervenção se veste com robes
e túnicas antigas, douradas e amarelas, está
sempre de pés descalços, além de sempre estar
folheando um livro místico. Intervenção foi
salvo por Sara e Kuro, que o trataram como um
amigo, o que o surpreende. Desde então, ele
aparece com alguma frequência no Redpurple,
aberto para oferecer conselhos e informações
através de seus rituais de Conhecimento, além
de ajudar na procura por uma cura para Sara.
Intervenção é um ocultista intuitivo de NEX
90% que pode ser usado como aliado acólito
(+2d20 em testes de Ocultismo e DT+5).
BOATOS E HISTÓRIAS
V Em um dos armários do bar, embaixo do balcão, há
uma pilha de quadros com fotos de Kuro e Sara
com diversas pessoas. Na maioria, são amigos
próximos e clientes antigos do bar. Antiga-
mente esses quadros ficavam expostos, mas o
casal tirou-os todos. O motivo de não deixarem
mais os retratos à mostra, dizem, é algo trágico.
Estranhas figuras fantasmagóricas passaram a
surgir em alguns retratos, entre elas um ex-a-
gente que os traiu, segundo alguns.
V O Sr. Veríssimo já foi visto nesse bar. Utilizan-
do o Redpurple como local de encontro para
passar o briefing de missões a agentes, supos-
tamente, teria escolhido o bar para vigiar de
perto os ex-agentes cujas intenções lhe causam
desconfiança.
V As rotas escolhidas por Sara e Kuro não con-
sideram apenas potenciais casos paranormais.
Um dos critérios usados é a direção que devem
seguir para o trajeto formar um grande sím-
bolo para um ritual. Assim, se esse boato for
verdadeiro, o deslocamento do Redpurple de
uma estrada para outra, de cidade em cidade
serve para desenhar nas estradas os traços de
um sigilo de proporções imensas!
V Toda a documentação do bar (IPVA do veícu-
lo, alvará de funcionamento do bar, etc) está
registrado em nome de Isaias Kurtz e Lucélia
Luntz. Seria um nome de fachada de Kuro e
Sara ou há outras pessoas envolvidas?
V Ao chegar no bar, os personagens notam em
cima da mesa uma câmera de aura paranormal
(Ordem Paranormal RPG, página 66). Junto
dela há algumas fotos impressas, que mostram

P O N
Acessórios
T
PONTOS DE INTERESSE
O S D E IN T E R E S S E
Debaixo do balcão, Kuro e Sara conseguem
acessar algumas das armas que ali ficam guar-
dadas. Contudo, não são apenas armas de fogo
que podem ser úteis em uma missão.
Próximo da caixa registradora, há um rádio
de polícia. O casal usa-o para acompanhar
os avisos e chamadas, sendo uma fonte útil
para se manterem atualizados de aconteci-
mentos da localidade em que estão. Além
disso, personagens em busca de informações
podem conseguir maiores detalhes de investi-
gações policiais ou acontecimentos na cidade
usando o aparelho.
Enfermaria
Nos fundos do bar há uma pequena sala
que serve como enfermaria. Ao se instalarem
em uma cidade, Sara e Kuro equipam a sala
com um desfibrilador, gaze, soro e equipa-
mentos para cirurgias básicas (para estancar
sangramentos, retirar balas alojadas, suturar
e dar pontos em ferimentos).
Obviamente, o espaço é clandestino, utili-
zado para quando agentes precisam de cuidados
82
médicos emergenciais e não querem chamar a
atenção recorrendo a hospitais ou algum pron-
to-socorro.
Repositório de itens
Parte do depósito do Redpurple, o grande
porta malas do veículo é utilizado para guardar
itens incomuns. Ao longo das estadias em
variadas cidades e contato com diversos investiga-
dores e agentes, os donos do Redpurple recebem
pagamentos inusitados ou mesmo presentes de
agradecimento. Alguns desses itens são mantidos
reservadamente por sua importância.
Nesse repositório (protegido com uma
tranca com leitor de digitais), ficam alguns itens
paranormais (quaisquer que o mestre queira
incluir daqueles descritos em Ordem Para-
normal, pág 66). Além disso, o mestre pode
incluir outros objetos que sejam úteis para a
missão que o grupo está lidando, como grimó-
rios com rituais, livros e documentos antigos
descrevendo grupos cultistas, lista de criaturas
e entidades paranormais, além de inventar
novos itens paranormais ou acessórios.
V Uma das estratégias do grupo cultista Rede
Onírica é escolher cidadezinhas em que a Ordo
Realistas demorará a notar suas atividades. Po-
os próprios personagens! Eles estão em situa-
ções e locais onde estiveram há pouco, como na
missão anterior, e cercados de algumas auras
rém, mais de uma vez o grupo já teve algumas paranormais. Quem tirou essas fotos?
de suas células operantes desmanteladas por
agentes apoiados pelo Redpurple. Dispostos a
resolver isso de vez, a Rede Onírica prepara
um ataque definitivo ao bar móvel.
V Ao chegar ao bar e se sentar, os personagens
notam um celular em cima da mesa que esco-
lheram. Assim que o pegam ele toca. Se tiverem
coragem de atender, uma voz grave e arrastada
diz: “Dio DeLaurentis está morto”. E desliga.
Mas o que isso quer dizer?
V Agentes novatos recebem da Ordo Realitas uma
curiosa missão: ir até o Redpurple instalar se-
cretamente escutas e um GPS. A Ordem quer
saber mais detalhes sobre o local que, segundo
contam no briefing, é secretamente parte de
um grupo de cultistas!
83
 P E Q U E N A S AV E N T U R A S
LÍNGUA MORTA
E sta mini-aventura foi criada para RPGs
de fantasia medieval como A Lenda de
Ghanor, Tormenta20 e quaisquer outros sis-
temas compatíveis. É uma história flexível,
sem regras, adaptável às necessidades do
seu grupo. Pode ser jogada como aventura
avulsa ou o início de uma campanha.
É O DIABO!
Claro, não é "o" diabo, já que a maioria dos jogos
sequer segue a mitologia cristã e sim suas próprias mito-
logias. Na verdade, o primeiro inimigo que os heróis
enfrentam nesta história sequer precisa ser um demônio
típico da fantasia medieval. A ficha de qualquer tipo
de monstro, seja uma entidade cósmica ou mesmo um
feroz espírito elemental, pode servir como desafio.
Porém, para tornar tudo mais impactante, vamos
imaginar a figura clássica do diabão: um ser parecido
com um gigante vermelho de rosto horrendo, dois chifres
enormes, asas de morcego e longa cauda. Sua língua é
84
bifurcada, ele cospe fogo e cheira a enxofre. Visualizou?
É isto que os personagens dos jogadores enxergam,
enquanto estão viajando por uma estrada de fazenda
e veem camponeses apavorados correndo na direção
oposta, gritando: “Estamos sendo atacados! O diabo…
O DIABO TOMOU NOSSA ALDEIA!”. Logo à frente
veem a terrível criatura empunhando uma enorme
maça, matando e destruindo tudo ao seu redor.
Pois é. Hora de rolar a iniciativa (e fazer testes para
resistir ao medo natural que a criatura causa). Não
é possível se comunicar com o demônio, pois o ser
maligno não tem o mínimo interesse nisso. No entanto,
se houver um clérigo no grupo, ele pode realizar testes
ligados a conhecimento religioso por 1d4 rodadas. Se
passar em todos, além de reconhecer que a criatura
foi invocada por um ritual, poderá exorcizá-la de volta
ao seu mundo de origem.
Depois de salvar a vila, ao conversar com os habi-
tantes, todos apontam um único suspeito pela invoca-
ção. O terrível bruxo conhecido como Língua Morta.
Um homem mudo que veio de uma terra distante e foi
P E Q U E N A S
o responsável por um ataque semelhante, dez anos
atrás. Desde então, este cultista fugiu para um bosque
próximo e, supostamente, tem vivido lá desde então.
Toda a aldeia oferece aos aventureiros uma gorda
recompensa por sua cabeça.
A ORIGEM “DO MAL”
Na realidade, o forasteiro mudo não é bruxo nem
mudo. Seu nome de nascença é Lorem, embora, como o
afirma se lhe perguntarem, ele gosta do apelido Língua
Morta. De todo modo, não pode mais usar seu nome,
por motivos que logo todos entenderão.
É um dos últimos sobreviventes dos Uterques, um povo
antigo e soberbo que vivia blasfemando contra os deu-
ses. Um século atrás, cansando-se daquilo que via como
uma insolência imperdoável, uma divindade maligna
amaldiçoou seu idioma. A partir daquele momento,
1001 termos escolhidos aleatoriamente, palavras que
iam das mais comuns e corriqueiras às mais obscuras,
passariam a invocar poderosos demônios destrutivos. De
um dia para o outro, o Império Uterque caiu vítima da
enorme devastação causada por hordas demoníacas.
Embora os diabos tenham sido vencidos por paladinos,
esta civilização nunca mais se recuperou. Os poucos
sobreviventes pararam de falar ou simplesmente adota-
ram outras línguas.
Hoje, Língua Morta vive pacificamente como caçador e
pescador em meio ao bosque com a camponesa Fringilla,
sua amada esposa, que lhe ensinou o próprio idioma, e
teve com o mateiro um lindo casal de filhos, os gêmeos
Mauris e Alliqua. A devastação de uma década atrás foi
causada quando lutava contra um demônio que o perseguia
por todo lugar, mas o ataque mais recente foi acidental.
Estava consertando o teto de sua cabana quando, ao
martelar o dedo, exclamou um velho xingamento em sua
língua mãe que, infelizmente, estava na lista das palavras
amaldiçoadas ainda não testadas!
Se o grupo for receptivo à história, o homem apa-
nha um pesado livro com capa de couro e páginas
amareladas de cima de uma escrivaninha e explica que
se trata do “Índice das Palavras Proibidas” o fruto de
AV E N T U R A S
uma vida inteira de trabalho. Nele catalogou todas as
palavras em uterqui que invocam demônios. Isto é, quase
todas… há quatro palavras que ainda não testou, as
últimas. Língua já se aposentou da sua vida de caçador
de demônios, é pai de família, e já não pode mais se
arriscar a proferi-las.
Mas os heróis podem! Caso aceitem a tarefa de bom
grado e desistam da recompensa dada pelos aldeões, ele
promete guiar o grupo até a antiga sala do tesouro do
Rei dos Uterques, que conhece como a palma da mão,
pois era o tesoureiro. Língua Morta entrega ao grupo
algumas moedas antigas de ouro como prova disso.
Se o grupo aceitar a oferta — quando quiser e se
sentir preparado — pode proferir as tais palavras. Elas
são: donec (obrigado), hendrerit (de nada), ligula (com
licença) e o’modo (por favor).
O jogador cujo personagem realizou tal ação,
ao fazê-la, deverá atirar uma moeda ao ar (ou rolar
1d6). Se ela cair com a face voltada para cima (ou
se o resultado for ímpar no d6), uma nova criatura é
invocada e imediatamente ataca o grupo. Ao conseguir
verificar todas as palavras, informando quais invocam
demônios ou não, o caçador agradece emocionado e
as risca do livro, com uma pena mágica confeccionada
especificamente para este fim, apagando-as para sempre
das memórias de todos.
É quando Língua Morta confessará ter mentido sobre
conhecer a localização de tesouros. Ele tem, entretanto,
uma oferta igualmente valiosa: explica que o grupo pode
escoltá-lo até a capital do reino onde existe uma grande
biblioteca. O alto sacerdote do lugar, que também per-
tence a seu seu povo, pediu há muito tempo que ele
compilasse um dicionário uterque apenas com palavras
seguras. Agora que a obra está completa, ele oferecerá
valiosos objetos encantados em troca de uma cópia
do índice. Mais do que isso, outros uterques poderão
novamente ensinar o idioma a seus filhos, preservando
assim uma cultura milenar.
Desta vez, Língua Morta fala a verdade, mas será que
os aventureiros confiarão em sua palavra mais uma vez?
DAVIDE DI BENEDETTO
85
 gloriosos
DiárioS
E sta coluna resume os episódios de Fim dos Tempos, uma campanha oficial de
Tormenta20, com o mestre Leonel Caldela e os jogadores Tácio Schaeppi, Katiucha
Barcelos, Guilherme Dei Svaldi, Karen Soarele e Rex. As aventuras são jogadas às
quintas-feiras, às 20h, na Twitch da Jambô Editora.
A Gloriosos Diários volta em 2024!
O Labirinto liberto
(Continuação)
“Finalmente, a saída.
Avançamos para a imensa porta de cofre que nos
levaria para fora da masmorra do deus trapaceiro.
Nossas companheiras — a fada Ayla e a medusa Kiki
— se aproximaram do mecanismo abridor da comporta
metálica maciça. Enquanto escutavam atentamente o
girar de engrenagens, manipuladas por elas de um lado
e para outro, veio o clique satisfatório, anunciando que
haviam conseguido.
Vimos, com o escancarar súbito da porta, um rebrilhar
de ouro, um jorro infinito de moedas, que nos atingiu e
jogou para trás. Ameaçava nos cobrir e esmagar, antes
mesmo de alguns de nós conseguirem se pôr de pé.
Recuamos prontamente, mas não havia sinal do fim da
avalanche áurea.
Hynnin, o Deus dos Ladrões, conseguira nos enganar,
de novo. Tudo indicava que aquela era uma saída real,
mas era impossível sair do outro lado. O vil metal, como
logo deduzimos, era apenas um ouro de tolo, destinado
misticamente a virar pó, assim que deixássemos o cala-
bouço divino.
Kiki entoou algumas palavras e conjurou uma barreira
de gelo para impedir mais dinheiro de invadir a câmera.
Conseguimos tirar o golem paladino Ignis debaixo do
86
butim que fora soterrado — estaria morto, se não fosse
uma armadura ambulante.
Entretanto, a magia da medusa barda logo iria se
desfazer.
Com esforço, me atirei a frente e, usando toda a força
prodigiosa natural dos minotauros, comecei a empurrar
a porta do cofre para que fechasse. Meus músculos
tencionaram pelo esforço, ardendo como fogo invisível.
Suor espumoso começou a empapar meus pêlos, todavia,
a parede de ferro não recuava uma só polegada. Não
apenas eu não avançava, como ficava cada vez mais difícil
manter a posição. Começava a ser arrastado, meus cascos
deslizando na pilha sempre crescente, debaixo deles.
Foi quando o lutador Rexthor surgiu ao meu lado.
Com nossas forças somadas, a porta finalmente se moveu
dessa vez, e ainda outra, se fechando com um baque.
Salvos, seguros, enfim; pensei enquanto desabava
em um monte reluzente e chorava de alívio.
Mas ainda éramos prisioneiros do labirinto.”
***
“…reunimos os carregadores de archote e seguimos
cortando as trevas, desbravando as áreas ainda não
exploradas deste nível do complexo.
Se antes havíamos nos deparado com uma possibili-
dade de escape, que nos ludibriara, agora, ao navegar por
alguns corredores, chegamos a um literal beco sem saída.
Alguma criatura havia feito dele sua morada.
O início da passagem estava ladeado por estacas
afiadas, onde jaziam empalados crânios putrefatos de
aventureiros — chamando-me particular atenção as fei-
ções de um kliren extra-artoniano — mas também havia
coisas piores. Todo tipo de monstros que já havíamos
enfrentado nesta masmorras, desde imensos soldados-
-inseto mirminoides a aurumvorax lembrando cachorros
mortos. E também borrões.
Um par de distorções na luz que, ao analisarmos mais
de perto, descobrimos serem os crânios de duas feras
mágicas, ápices da cadeia alimentar nesse ambiente
fechado, mas aqui decapitadas como todas as outras. Se
tivéssemos prestado mais atenção, como depois fizemos,
teríamos notado um corte cirúrgico, cruel, feito por uma
lâmina perfeita na base de seus pescoços.
Eram dois Tigres de Hyninn primordiais.
A fada Ayla estremeceu por um momento ao acabar
de anunciar sua análise dos restos cadavéricos das
bestas poderosas. Rexthor aguçou seus sentidos, se pôs
de prontidão para um ataque súbito. Ignis redobrou
a guarda e, com sabedoria evidente, aconselhou que
saíssemos o quanto antes. Kiki apertou a mão de sua
mãe recém reencontrada, como se fosse novamente uma
criança com medo do escuro. Senti-o, também, por certo.
O instinto primordial de me afastar dali o quanto antes,
mas eu estava curioso.
Não era uma armadilha. Apenas mais uma das mui-
tas charadas e quebra-cabeças que encontramos neste
lugar e descrevi em meus pergaminhos. Não havia ali
mero enigma, e sim um verdadeiro mistério.
E pela minha devoção a Tanna-Toh, a Deusa do
Conhecimento, precisava desvendá-lo.
Sem ouvir os apelos do resto do grupo, quase hip-
notizado pela descoberta, avancei sozinho para dentro
do covil do predador. Por todo lugar havia fragmentos
de coisas retiradas de outros cantos do labirinto.
A minha primeira hipótese foi que aquilo se tratava
de uma espécie de altar religioso, objetos dispostos
em um padrão ritualístico. Também, me veio à mente
a sala de troféus de um orgulhoso caçador. Porém,
logo percebi, estas suposições não explicavam de
maneira satisfatória a realidade observada. Prêmios,
sim. Mas também espadas, adagas e joias dispostas
como adornos. Uma imensa roda de pedra apanhada
de outra câmara, utilizada aqui como uma mesinha em
uma sala de estar.
O beco não era um santuário interno, ou uma mostra
sádica, mas a imitação de um lar em meio ao inferno. E
tesouros. Pilhas de espólios fáceis, capazes de maravilhar
saqueadores.
Mas sua função era outra.
— Não é a caverna de um monstro. Este é o lar de
um náufrago.
Quando compartilhei minha conclusão, pensando em
voz alta, esperei ceticismo, resistência de meu compa-
nheiros. Em vez disso, a arcanista féerica Ayla acolheu
prontamente minha lógica gnômica, espelhando meu
raciocínio intuitivo, absoluto, com o dela, igualmente
sinuoso.
Retirou de uma bolsa a diminuta chave de sua morada.
E a posicionou na orla da penumbra. Apostando, talvez,
que uma criatura dotada de inteligência reconhecesse
este simbolismo singelo, para além do objeto.
Ela havia apostado corretamente.
Do fundo da reentrância do beco sem saída, com
graça felina, o ser que nos espreitava incógnito se
revelou. Um gigante de pele prateada, escurecida em
diversos pontos pelo contato com o ar, olhos insetóides, o
crânio lembrando uma canoa invertida. Ele apanhou as
chaves minúsculas deixadas no pavimento com os dedos
grossos, poderosos, mas surpreendentemente delicados
de suas mãos de estátua.
A visão nos tirou o fôlego, apesar de não nos sur-
preender. Havíamos encontrado uma destas criaturas
anteriormente, em um pavilhão diferente, nas entranhas
deste local que, no fundo, nada mais é que uma vas-
tíssima prisão.
Nós estávamos na presença de um Fantasma de Aço.
A criatura olhou para nós, enquanto empunhava sua
espada impossivelmente forjada e imensa, de fio invisível.
E nos saudou. Pois havíamos respeitado o único resquício
de sua sanidade.
Trêmula, Kiki, a barda medusa, aproximou-se da cria-
tura, empregando a linguagem de sinais improvisada,
rudimentarmente desenvolvida no encontro anterior com
a mesma espécie de criatura.
87
87
 O náufrago nos contou sua história — que apenas por
um imenso acúmulo de nossas experiências, técnicas arca-
nas e habilidades singulares, conseguimos compreender
— e sinto ser meu dever traduzir e registrar tal relato.
Ele era um explorador.
Toda a grande maioria dos fantasmas de aço que
vive fora de seu mundo originário é composta de via-
jantes e desbravadores celestiais. Têm uma mesma mãe.
A Imperatriz Primária. O foco da vida de todas estas
criaturas, como já havíamos entendido, é alvo de seu
mais primordial instinto. Protegê-la.
Com este fim, eles vagam entre as estrelas, em busca de
ameaças. Pois para os espectros metálicos é melhor extermi-
nar uma ameaça em potencial, do que a mera possibilidade
que ela cause qualquer dano à sua mãe-soberana.
Singram o éter em naves-vivas, como os famigerados
gog’magagues, mas que são criaturas completamente
distintas. Um único fantasma é capaz de tripular uma
destas maravilhas sozinho. E ela é perfeitamente equi-
pada para monitorar, como sentinela quase onisciente,
um mundo inteiro.
Vieram de muito, muito longe. Apesar da sua apa-
rência de ermo infinito, há mais coisas para além do
éter e dos mundos dos deuses conhecidos. Apenas por
uma probabilidade irrisória, por puro acaso, o fantasma
adentrou o quadrante dos céus onde também se localiza
o mundo Arton. Decidiu explorar esta região, mas seu
veículo senciente não estava adaptado para navegar
as particularidades místicas da iliosfera e da teosfera
— termos sofisticados que nem eu mesmo sei se com-
preendo bem, apenas puxo de memória, das aulas que
tive com meu antigo mestre, o elfo Luriel, ele mesmo um
improvável peregrino estelar.
Ao se aproximar deste segundo fenômeno, a nave
do fantasma de aço se viu tragada. Logo ele também
era prisioneiro e, quando deu por si, vagava por esta
mesma masmorra. Dos céus ao claustro.
Ao fim do longo relato, Kiki apontou para o fantasma,
para fora, para ela mesma, para sua mãe; e com gestos,
mágicos e mundanos, comunicou que sabíamos da exis-
tência de um indivíduo semelhante ao espectro, preso em
outro setor do complexo de calabouços. Da busca deste
por voltar para sua casa na imensidão celeste e, para, o
que deduzimos, era alguma espécie de primogênitora.
88
O fantasma do aço se empertigou. Com um sinal,
que também foi uma súplica, pediu que guiássemos
o seu caminho até esta nobre alma. Talvez, a única
coisa capaz de tornar este confinamento um pouco mais
suportável. Atendendo seus desígnios nos embrenhamos
novamente pela rede de perigosos corredores, mas com
a companhia do fantasma de aço em nossos meio, foi
fácil navegá-los — pois permaneciam desertos…”
***
“…as duas criaturas quedaram diante de si mesmas.
Era como se estivessem paralisadas, mas pude intuir
que por meios incognoscíveis a nós mesmos, se comuni-
cavam. Foi um instante curto, mas eterno.
Após sua conversa muda, os dois fantasmas de aço
se voltaram para nós.
Talvez, estivessem tentando pensar em uma forma de
expressar sua gratidão. Havíamos ofertado a eles uma
dádiva sem preço: a companhia de um semelhante. Mas
imagino que nós também fomos agraciados por eles
com um privilégio sem igual. O fato de continuarmos
respirando, é uma presunção de inocência diante do
crime premonitório de existir, colocando em risco sua
toda-poderosa matriarca.
Na contramão disso, acreditei ter ainda mais uma
coisa com que eu poderia ajudá-los.
Lembrei de meu tempo nas Colinas Centrais. De
uma de minhas primeiras aventuras junto a meus com-
panheiros e companheiras. Nas plantações de achbuld
da distante Fazenda Gallobalt, quando fomos investigar
a ocorrência de estranhas luzes. Durante aquela oca-
sião, nos deparamos com monstros e ladrões da pérfida
Tripulação da Roca, nossos inimigos, que tinham como
objetivo assustar e fazer fugir os moradores locais.
Entretanto, o veículo que os bandidos utilizavam
também estava vivo. Era uma gog’magagoue cega,
nascida em cativeiro, que conseguimos libertar de suas
amarras. Ignis, nosso paladino, santo um construto for-
jado a ferro e fogo, havia mesmo dado a ela um novo
nome, majestoso, digno de tal criatura, renascida para
habitar livre o éter.
Fênix.
Dei um passo à frente e lancei, por meio de meus
estudos arcanos, um feitiço de comunicação, para que
os fantasmas de aço compreendessem o que eu dizia.
— Vocês são exploradores, caíram em nosso mundo,
estão presos aqui, mas não precisa ser assim. Não sei
qual tipo de navio voador vocês usam, mas sei como
podem sair de Arton, singrar as estrelas, voltar para a
sua imperatriz.
Os dois espectros metálicos olharam para mim. Senti
que estavam me questionando.
Como?
Respondi.
— Existe uma criatura. Uma espécie, na verdade.
Deslumbrante. Capaz de nadar pelo éter divino assim
como os peixes nadam nas águas de nosso rios e mares.
Nós conhecemos uma destas criaturas. Nós a salvamos
de vilões. Ela partiu daqui, mas graças a minha fé em
Tanna-Toh, posso contatá-la.
Entreolharam-se.
Como uma saudação quase marcial, assentiram.
Por favor, faça isso.
Ao que apenas acrescentei.
— Vai demorar só um pouquinho…
Erguemos acampamento, mais uma vez e, enquanto
parte de nosso grupo se afastou para cumprir uma das
buscas paralelas de nossa jornada pelo labirinto, me
debrucei na contemplativa e longa tarefa de escrever
um pergaminho místico.
O alcance do sortilégio que decidi empregar, normal-
mente, não permitiria alcançar mais do que cinquenta
braças mas, junto a tinta, misturei toda minha energia,
minha vitalidade e memórias, para reforçar um feitiço
que, quando lido, permitiria abarcar almas distantes
quase vinte léguas. Sentado sobre um dos sárcofagos,
de uma sala anteriormente explorada por nós, li sob o
breu, a luz de uma vela, o que pode ter sido um dos
meus melhores trabalhos, até agora.
Quando meus companheiros voltaram da busca, Ignis
se ajoelhou diante de mim, tão logo declarei a intenção
de ler o encantamento que havia escrito. Ele começou
a orar, pedindo por um bom augúrio. Alcançava seu
deus Thaytis, para que este, por sua vez, o ajudasse
a alcançar a criatura que fora nomeada em honra a
ave flamejante que é a sua forma. Triangulou com seus
poderes em qual hemisfério celeste ela se encontrava.
Com as diretrizes dadas a mim pelo paladino, res-
pirei fundo e li o manuscrito mágico. Expandi minha
consciência, transcendendo a iliosfera. Com o campeão
sagrado ao meu flanco, e Ayla e Kiki do outro, iniciei
uma jornada etérea junto às mentes dos meus amigos.
E fiz contato.
Senti a minha mente tocar aquela alma, gentil, soli-
tária, orbitando em volta do centro de nossa criação.
Disse à Fênix:
— Preciso de sua ajuda. Sei que este lugar é como
uma prisão. Mas há outras criaturas que, semelhantes a
você, também habitam as estrelas. A única chance delas
é que venha salvá-las!
O que senti respondendo do outro lado foi uma alma
aliviada, mas ainda perdida. De início relutante, mas a
criatura sentiu uma paz enorme quando nós oferecemos
aquilo que vinha procurando na baixa órbita todo este
tempo.
Navegadores que pudessem orientá-la em sua
jornada.”
***
“Eu comuniquei aos dois espectros metálicos que
Fênix iniciara sua longa descida até este mundo, mas
agora, enquanto isto acontecia — era vital que nos
uníssemos — e, mais do que nunca, encontrassemos
aquilo que todos desejávamos, uma saída para fora do
cárecere maldito.
Não sei se ambos compreenderam, mas, quando
nos organizavamos para partir rumo a um dos níveis do
labirinto — que pode conter a resposta de nossos pro-
blemas — o fantasma de aço, com quem nos havíamos
no deparado primeiro, se aproximou de mim.
Apontou para o meu gládio iridescente, feito do
sangue solidificado de um deus morto, o tomou para
si e analisou. Por fim, sem que lhe pedisse novamente,
aceitou o pacto proposto por mim antes. Uma troca de
artefatos únicos. Um laço entre nós, sábios guerreiros.
Ele resolveu me brindar com a maior de todas as honras.
Concedeu a mim sua espada.”!
DAVIDE DI BENEDETTO
89
 C H E F E D E F A S E
KRAVEN, O CAÇADOR
U m herói com tanto tempo de publi-
cação como o Homem-Aranha
acaba acumulando uma variedade de
inimigos icônicos. Alguns conquistam
esse espaço entre as lendas com visuais
impactantes, como Venom. Outros pela
persistência e constância, como Doutor
Octopus. Mas poucos são os vilões mar-
cados por terem derrotado de forma
definitiva o herói, causando efeitos
que reverberam em várias cronologias.
Há o Duende Verde, que matou Gwen
Stacy… e há Kraven, o Caçador, que
enterrou nosso querido Miranha.
Mais de um personagem já assumiu a alcunha de
Kraven, o Caçador, mas o primeiro e mais reconhecido
é Sergei Dimitri Symostivych Kravinoff. Sua primeira
aparição ocorreu na décima quinta edição de Amazing
Spider-Man, ainda nos anos 60, para caçar a mais
perigosa das presas — o espetacular Homem-Aranha.
O personagem e essa história original são inspirados
no conto O Jogo Mais Perigoso, publicado em 1924
e considerado um dos melhores da língua inglesa.
Nele, um pretenso caçador americano ruma ao Rio
de Janeiro para caçar onças, mas cai de seu iate no
meio do caminho e acaba em uma ilha isolada no
Caribe, sendo caçado por um aristocrata russo. Na
época, americanos ricos frequentavam safáris de caça
na África e aqui na América do Sul. Kraven está longe
de ser o único personagem inspirado nessa história —
até o esporte paintball traça suas origens ao conto!
Um inimigo recorrente do Teioso, o caçador russo
frequentemente é retratado como perigoso e impla-
cável. Já cruzou o caminho de outros heróis, como o
Pantera Negra, e chegou a se aliar a outros, como
a Garota Esquilo. A maior parte de suas versões em
outras mídias enfatiza sua perícia e letalidade, com
uma exceção notável para a versão no antigo universo
Ultimate. Nessa versão da Marvel pensada para o
século 21, Kraven tem um programa de TV e é muito
mais papo do que ação. É tratado como uma piada
pelo Homem-Aranha, mesmo depois de passar por
modificações genéticas para tentar enfrentá-lo.
Canções da Experiência
Destinado a se tornar Kraven, Sergei Nikolaievich
Kravinoff nasceu e cresceu em Volgogrado, na Rússia,
no começo do século vinte, vivenciando a revolução
que conduziu os bolcheviques ao poder. Filho da aris-
tocracia deposta, Kravinoff tornou-se um dos maiores
caçadores do mundo para satisfazer seu senso de
nobreza perdida.
Sua carreira começou no Quênia, usando armas
e armadilhas de caça comuns, mas como o tempo
desenvolveu sua característica preferência por derrubar
grandes animais com as próprias mãos. Mais tarde, atra-
vés do contato com um guru místico, obteve uma poção
feita de ervas especiais que aprimorou o potencial de
seu corpo, concedendo-lhe força, velocidade e sentidos
equiparados aos de um felino selvagem. Foi também
essa poção que lhe concedeu extensa longevidade, pre-
servando sua saúde e vitalidade ao longo das décadas
e facilitando o trabalho de roteiristas que precisam lidar
com a convoluta relação entre a passagem de tempo
no mundo real e no universo Marvel.
No final dos anos 1950, Kraven chegou a ser
recrutado por Nick Fury para uma versão não-oficial
dos Vingadores. Nesse período, havia se envolvido
romanticamente com Namora, prima do Príncipe
Submarino e exemplo vivo de pouca variação nos
nomes de super-heróis. Também estabeleceu uma riva-
lidade com outro recruta, Victor Creed, futuramente
C H E F E D E F A S E
conhecido como Dentes de Sabre. O grupo enfrentou
vilões como o Caveira Vermelha, mas as aventuras
parecem ter sido tão intensas que nenhum deles se
lembra delas no século seguinte! O que acontece nos
anos cinquenta fica nos anos cinquenta, aparentemente.
Influenciado pelo Camaleão, que seria futuramente
revelado como seu meio-irmão, Kraven escolheu o
Homem-Aranha como alvo. Isso iniciou uma série de
conflitos, com o caçador determinado a superar o
escalador de paredes de qualquer forma. Guiado
por um estranho senso de honra, Kraven enfraque-
cia o herói com armadilhas, venenos e toda sorte
de artimanha… mas queria o prazer de derrotá-lo
fisicamente, com as próprias mãos, como fez com
tantos grandes animais africanos. Isso garantiu sua
derrota em muitas ocasiões e o fez se tornar parte do
Sexteto Sinistro, o grupo de vilões dedicado a derrotar
o amigão da vizinhança. O passar dos anos, o efeito
da sua poção e as derrotas constantes cobraram um
preço na sanidade do nobre russo.
A Última Caçada
Contemplando a própria mortalidade e totalmente
determinado a superar a única presa que o havia
superado, Kraven abandonou seus limites morais e se
aproveitou do quão confortável o Aranha estava com
seus confrontos anteriores. Pegando o herói despre-
venido, atingiu-o com um tiro, o enterrou e vestiu seu
traje, assumindo seu lugar.
Não bastava a Kraven apenas derrotar sua presa,
depois de tantos anos de derrotas. Precisava provar,
para si mesmo e para os outros, como era superior
àquele homem debaixo da terra. Trajado no uniforme
preto, usado pelo Aranha na época, Kraven espancou
violentamente vários criminosos, chegando a matar
pelo menos um deles. Voltou seu olhar para Rattus,
uma criatura que o Aranha foi incapaz de derrotar
sozinho, precisando do auxílio do Capitão América.
Kraven capturou o vilão menor facilmente... enquanto
o Homem-Aranha saia de seu túmulo.
91
 C H E F E D E F A S E
Na verdade, Kraven o havia atingido com um
poderoso tranquilizante. O caçador fez com que o
herói perseguisse Rattus, mesmo completamente deses-
tabilizado. Enquanto Peter, casado com Mary Jane
havia pouco tempo, enfrentava a própria mortalidade
na busca pelo vilão, Kraven colocava um fim à própria
vida, considerando sua honra restaurada, deixando
uma carta confessando seus crimes.
92
A Última Caçada de Kraven é uma das histórias
mais icônicas do Homem-Aranha, considerada por
muitos fãs a melhor história do herói. É curioso, por-
tanto, que não tenha sido escrita originalmente para
ele. J.M. de Matteis havia idealizado uma minissé-
rie do Magnum, herói menor relacionado ao Visão,
envolvendo o vilão Ceifador. Magnum seria enterrado
vivo e lutaria para escapar da sepultura, mas a ideia
foi rejeitada. A ideia foi levada para a DC duas
vezes, como uma história do Batman enfrentando o
Coringa ou Hugo Strange, mas também não foi aceita,
possivelmente pela proximidade com A Piada Mortal.
Determinado a fazer algum super-herói ser enterrado
de qualquer jeito, de Matteis apresentou a ideia à
Marvel novamente, agora com o Homem-Aranha e
um novo vilão. Dessa vez aceitaram!
Com o casamento recente do Homem-Aranha adicio-
nando uma camada maior de drama, o vilão foi trocado
para o já estabelecido Kraven. Na época, haviam três
revistas mensais do amigão da vizinhança: a história
correu em duas edições de cada uma delas, estabe-
lecendo um forte impacto, como se todo o mundo do
Teioso houvesse parado durante o ataque do caçador. O
propósito da história se tornou mostrar como, apesar de
tentar tomar o lugar do herói, Kraven nunca conseguiu
realmente compreendê-lo — e assim, apesar da vitória
física, sofreu uma derrota moral, mesmo em morte.
Houve outras histórias de Kraven depois da Última
Caçada. Seu manto foi assumido por seu filho e o
próprio Sergei retornou durante um ritual que também
resultou no retorno do clone Kaine para as histórias de
Peter Parker como um novo Aranha Escarlate. Kraven
perseguiu Kaine, querendo voltar ao esquecimento
da morte, amaldiçoado pelos próprios atos. Não
conseguindo convencer Kaine a matá-lo, se envolveu
com o Alto Evolucionário para criar filhos artificiais,
iniciando uma nova caçada entre eles e o Homem-
Aranha. Durante essa empreitada, Kraven entendeu
como havia se afastado da própria honra e se entregou
em combate com o último de seus filhos, morrendo e
finalmente quebrando sua maldição. É claro, o filho
remanescente assumiu seu nome como um novo Kraven.
Kraven, o Caçador
Sergei é um homem alto e forte. Seus cabelos são
brancos, devido à idade avançada, mas ele os tinge
de preto para esconder a passagem do tempo. Graças
à poção e a um regime brutal de exercício físico, seu
corpo é talhado nos limites da perfeição humana, com
músculos poderosos explodindo por baixo de suas rou-
pas. Costuma vestir trajes ritualísticos feitos com partes
de animais ou com estampas baseadas nos mesmos,
como seu icônico colete de leão.
Além do poderio físico adquirido com a poção,
Kraven tem uma mente afiada. Sabe se esconder e
usar todo tipo de ferramenta para prejudicar sua
presa até o momento de engajar em combate corpo
a corpo. Se tem alguma desvantagem, reside em
seu estranho senso de honra e no diletantismo que
comanda suas ações. Filho da ruína dos nobres rus-
sos, Sergei apenas se mantém ocupado com caçadas
e artimanhas para deixar de contemplar a verdade
— seu tempo já passou.
Usando Kraven
Um vilão como o Caçador pode ser colocado facil-
mente contra qualquer herói em Mutantes & Malfeitores.
Ele está sempre em busca de novas presas e o papel
do Homem-Aranha pode ser realizado por qualquer
outro personagem fisicamente impressionante. Talvez,
dentro do universo Marvel, ele decida que um único
herói é um desafio pequeno e tente caçar uma equipe
inteira — a equipe dos jogadores!
Em 3DeT Victory, a história não é muito diferente.
Não faltam presas perigosas vindas de arcas, das mais
variadas formas e tamanhos, para servir de chamariz
para Sergei. Inclusive, Kraven pode ser um arcanauta
famoso, integrando grupos de aventureiros, mas dei-
xando-os para trás ao adentrar nas arcas. O grupo
pode se encontrar na terrível situação de entrar em uma
arca com ele e acabar se tornando sua caça!
Em ambos os casos, não esqueça uma das maiores
armas de Kraven: a fortuna da família Kravinoff. Ele
C H E F E D E F A S E
tem vastos recursos para empregar em suas caçadas,
incluindo ferramentas especializadas e mercenários
contratados com diversos fins.
Mutantes & Malfeitores NP 10
For 6, Vig 6, Agi 6, Des 6, Lut 10, Int 3, Pro 8, Pre 3
Poderes: Característica 1 (longevidade), Salto 1, Sentidos
4 (Audição Estendida, Olfato Estendido e Aguçado, Visão
Estendida), Regeneração 1, Velocidade 2.
Vantagens: Agarrar Aprimorado, Ataque Defensivo,
Ataque Dominó, Avaliação, Benefício 3 (riqueza),
Defesa Aprimorada, Derrubar Aprimorado, Desarmar
Aprimorado, Empatia com Animais, Iniciativa
Aprimorada, Imobilizar Aprimorado, Rastrear, Rolamento
Defensivo 2, Saque Rápido.
Perícias: Acrobacia +10 (4), Atletismo +10 (4), Combate
Corpo a Corpo (desarmado) +14 (4), Furtividade +20
(14), Intimidação +11 (8), Intuição +20 (12), Percepção
+20 (12), Tratamento +9 (6), Veículos +10 (4).
Ataque: Iniciativa +10, desarmado +14 (corpo a corpo,
Dano 6) ou arma +10 (dano pela arma).
Defesa: Esquiva +12, Resistência +8, Aparar +12, Fortitude
+8, Vontade +8.
Habilidades 96 + Poderes 9 + Vantagens 17
+ Perícias 34 + Defesa 10 = 166 pp.
3DeT Victory 19 pontos
P3, H4, R3. 3 PA, 20 PM, 15 PV.
Animais, Luta, Percepção, Sustento.
Acumulador, Ágil, Maestria (Percepção), Riqueza (sugoi),
Sentidos (audição, faro e visão aguçados).
Código (do Caçador), Infame.
THIAGO ROSA
93
 L I G A D O S D E F E N S O R E S L I G A D O S D E F E N S O R E S

O resultado da campa-
nha de financiamento

FAC!
coletivo de 3DeT Victory foi
muito positivo. Recebemos
inúmeras propostas e cola-
borações durante o período
de playtest. Nossos alia-
dos defensores enviaram
muitas páginas de dicas e
sugestões para melhorias e
alterações.
À medida que analisamos estas
contribuições, notamos que, em

(Fãs Arcanautas Confusos) certos casos, algumas regras não

foram bem compreendidas por
alguns leitores. Por isso, vimos
que seria importante comentar as
situações que surgiram com mais
frequência para esclarecer algum

Tirando dúvidas
eventual apoiador que esteja com
as mesmas dúvidas.
Bora lá?

do feedback de
3DeT Victory
95
 L I G A D O S D E F E N S O R E S
Testes sem perícia
adequada dão Ganho?
Os testes em 3DeT Victory mudaram em relação
a versão Alpha. Agora, você precisa buscar um
resultado mais alto que a meta definida pelo mestre
ou pela ficha do adversário. Basta somar o atributo
com o resultado de 1, 2 ou 3 dados e comparar.
A dúvida surgiu no dado ganho pela perícia. Os
doze grupos que constam no livro são bem abran-
gentes, garantindo muita liberdade interpretativa.
Porém, se a situação for tão diferente que nenhuma
delas pareça fazer sentido, decidimos que o teste
pode ser feito usando 2D+Atributo.
Esta informação estava no tópico “Testes sem
perícia”. Mas, alguns jogadores entenderam que
bastava não ter a perícia necessária para receber
o bônus. É uma interpretação incorreta. Não ter
nenhuma perícia adequada é diferente de o jogador
não ter uma perícia adequada para aquela situação.
Se existir uma perícia, mas o jogador não a tiver,
ele não joga nenhum dado extra. Você irá jogar 2D
apenas se a situação não for coberta por nenhuma
das perícias de 3DeT. Neste caso, o dado será
concedido gratuitamente.
Como interpreto
atributos na ficha?
Em outras versões do sistema, há uma série de
comparações entre os valores de características e
elementos reais, para dar ao jogador uma noção do
que eles significavam. Uma Força 3 para levantar
um carro pequeno, por exemplo.
Em 3DeT Victory, o valor do atributo não fun-
ciona assim. O que lhe permite (ou não) levantar um
carro ou correr mais rápido que o som é alcançar
a meta estipulada. E isso é definido pelo cenário
ou teor da campanha.
96
Feitos desse tipo são fáceis para os lutadores
alienígenas de Dragon Ball, ninjas coloridos de
Naruto ou piratas que esticam em One Piece. Mas
são muito difíceis para os pilotos de Overtake, os
jogadores de vôlei de Haikyuu ou os alunos detetives
adolescentes com cadernos mágicos de Death Note.
Ainda, 3DeT Victory não tem atributos negativos.
Você nunca vai ter um valor menor do que zero em
Poder, Habilidade ou Resistência. Será alguém
que está abaixo da média, mas não completamente
nulo. Por isso, personagens com valor zero têm
recursos mínimos (no caso, apenas 1PA/PM/PV
de acordo com o atributo).
Existem casos especiais em que um atributo é
nulo realmente (—). Isso é diferente de um atributo
0. Neste caso, aí sim, não haverá recursos a dispo-
sição. A habilidade nula não gera PM, assim como
uma resistência nula não garante PV.
Cadê meus Pontos de Ação?
Por que ele ganhou?
Pontos de Ação são fortes. Eles permitem aos joga-
dores editarem certas situações, garantindo bônus em
jogadas importantes. São uma mecânica divertida,
mas que precisa ser bem dosada. Por isso, em vez de
multiplicado por 5 como os demais atributos, cada
ponto de Poder garante apenas um PA.
Alguns jogadores questionaram como persona-
gens que investiram mais em Poder têm vantagens
sobre outros que optaram por criar defensores
ágeis ou resistentes, já que naturalmente gastaram
mais pontos nos outros atributos. Essa diferença é
compensada pelo todo da ficha. Mais PM permite
usar mais vezes suas vantagens. Mais PV o manterá
vivo por mais tempo.
Da mesma forma, personagens com Poder 0 têm
direito a um único PA, assim como quem investiu pelo
menos um ponto no atributo. Isolado, o recurso grátis
L I G A
pode parecer injusto. Por outro, lembre-se de que
estes personagens não têm acesso a todas as regras
envolvendo acertos críticos de Poder (já que não
podem somar o atributo mais vezes ao resultado).
Os arquétipos
ficaram mais caros?
Tanto as Vantagens Únicas de 3D&T Alpha
quanto os arquétipos de 3DeT Victory têm o mesmo
papel: ajudar os jogadores e mestres a criarem
personagens condizentes com um estereótipo. Eles
oferecem um conjunto de vantagens e desvanta-
gens e juntam tudo em um clichê para o jogador
personalizar.
No Alpha, o custo total era calculado somando
todas as vantagens e bônus, diminuindo o valor de
alguma eventual desvantagem e acrescendo um
ponto ao final. Como se fosse um desconto por
adquirir um pacote completo. Por isso, naquela
versão, era vantajoso escolher um tipo na lista.
D O S D E F E N S O R E S
Em 3DeT Victory optamos por não penalizar
jogadores que queiram criar algo realmente dife-
rente com a perda desse ponto adicional. Assim,
ele foi removido do cálculo total dos arquétipos.
Quando dispõe de algum poder único, ele será algo
menor, que afeta ligeiramente o funcionamento de
alguma vantagem que possua.
Como calculo os críticos?
Uma das coisas mais legais que podem acon-
tecer numa jogada de dados em 3DeT Victory
são os acertos e falhas críticas. Falhas Críticas, o
famigerado 1 no teste, geram situações mais cons-
trangedoras do que prejudiciais. Elas substituem a
falha automática que o ‘6’ causava em 3D&T Alpha.
Note que é preciso ocorrer em todos os dados. Por
isso, quanto mais dados jogar, menor será a chance
de errar feio (e rude).
Acertos críticos são o perfeito oposto: garantidos
por conseguir o valor máximo nas jogadas de D6.
E aumentam o valor total da jogada. Sempre que
tirar um 6, você soma outra vez o próprio atributo
no resultado total. Se conseguir um 6 nos três dados
jogados (o máximo possível) você irá somar o atri-
buto quatro vezes!
Vários poderes e vantagens garantem críticos
automáticos. Isso não significa que você ganhou
um dado adicional, mas sim que considera outra
soma do atributo testado. Da mesma forma fazem
vantagens que consideram crítico com 5 e 6, por
exemplo. O valor do dado continua variando
pela jogada, mas, se acertar estes valores, pode
somar o atributo outra vez.
Num exemplo prático: um personagem com
R3 tentando não congelar de frio. O mestre pede
um teste de Resistência. Ele tem Sobrevivência,
garantindo um segundo dado. E também a van-
tagem Vigoroso, que além de um bônus de +2 no
atributo, permite crítico com 5 e 6.
97
 L I G A D O S D E F E N S O R E S L I G A D O S D E F E N S O R E S

Na jogada, consegue um 3 e 5, conseguindo logo no início. Em um campeonato de basquete,

8 nos dados. A soma final será: o atributo base Esportes é muito mais importante que Mística. Numa
R5 (3+2 por Vigoroso), + R5 pelo crítico + 8 pelos aventura envolvendo magos e magia, esta última irá
dados. Um absurdo 18 no teste. Pode até tirar o sobressair (exceto por Mash Burnedead de Mashle,
casaco se quiser! que faz magia na base da força…).

A caneta é mais Por fim: um agradecimento!

poderosa que a espada? A esta altura, estamos próximos da conclusão
do arquivo final do livro. Foi muito divertido ler o
Em uma cena de batalha é mais comum que que nos foi sugerido por vocês, e estamos ansiosos
ambos os lados utilizem Luta nos testes. Assim para mostrar mais do que estamos produzindo.
como é esperado usar Medicina em uma cirurgia
que Esportes. Porém, isso não precisa ser verdade Enquanto esperam, continuem testando o jogo, se
sempre. Usos diferentes e interessantes de perícias divirtam bastante e usem o grupo dos Conselheiros
são muito bem-vindos em 3DeT Victory. para nos contar como estão indo suas aventuras em
3DeT Victory! Vamos juntos tornar esta a melhor
Ficando dentro deste mesmo exemplo, um joga- versão do sistema de todos os tempos!
dor poderia argumentar que sua perícia Medicina é
útil em combate, pois ele conhece pontos delicados MARLON TESKE
da anatomia, onde correm artérias ou estão os
nervos do adversário. Esta era inclusive uma das
habilidades de Minoru Kamiya, o vilão Doctor de
YuYu Hakusho.
Eijun Sawamura, de Diamond no Ace,
pode usar suas habilidades de arremes-
sador em jogos de baseball para acer-
tar alguém usando Esportes e Alcance.
Isso é divertido e funciona. Mas vale
lembrar: estes casos são exceções
em uma cena, nunca a regra.
Winry Rockbell, em Fullmetal
Alchemist, até usa a chave de
boca para bater nos outros de
vez em quando, mas não é essa a
função de Máquinas em sua ficha.
Cabe ao bom senso do mestre decidir quando
uma ideia se aplica ou não. Para evitar frustrações
para todos, é melhor definir o teor da aventura

98 99
SEJA UM APOIADOR DA DRAGÃO BRASIL EM NÍVEL CONSELHEIRO OU AVENTUREIRO PARA TER O SEU NOME AQUI!
Altair Jorge Fernandes
Alysson Carneiro
Ana Rosa Leme Camargo
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Anderson Brambilla Chaves
Anderson Costa Soares
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Anderson Rosa Cecilio De
Oliveira
Anderson Thelles
André Bessa
André Centeno De Oliveira
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André Duarte De Ávila Ribeiro
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CONSELHEIROS Andre Moshiba
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Passos
Angelo Castelan
Angelo Daniel Dagnoni
Fernandes
Abelardo Dantas Álvares
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Adalberto Neto Antonio Mourão Da Silva
Adelmo Felipe Bento Oliveira
Adolfo Toshiro Cotarelli Antonio Pedro Costa Oliveira
Sasaki Pretti Espindula
Adriano Silva Antonio Victor Melo Trindade
Álan Duvale Gomes Ariel Alves Dutra
Alan Santana Ariel Leonardo Alencar Leitão
Alcyr Neto Arival Curi Da Cruz
Aleksander Sanandres Augusto César Duarte
Rodrigues
Alex Farias De Lima
Augusto Da Silveira
Alex Frey
Augusto De Moraes Nobre
Alex Pereira
Augusto Netto Felix
Alex Pongitori
Bárbara Iara Hugo
Alex Rodrigo R. Oliveira
Bernardo Rocha Batista De
Alexandre Ferreira Soares Paiva
Alexandre Murayama De Breno Portella
Lima Brunno Madruga Fidalgo
Alexandre Uhren Mazia Brígido
Alexandro De Sousa Bruno Brinca De Jesus
Rodrigues Limeira
Álisson Morais Bruno Cesar Aff Mendes
Alkemarra De Paula Leite Bruno Doyle
Bruno Emerson Furtado
Bruno Filipe De Oliveira
Ribeiro
Bruno Henrique Da Cunha De
Lucca
Bruno Leão Pereira
Bruno Vieira
Bruno Wesley Lino
Bryan Luiz Silveira Sipião
Caio Alvares
Camila Gamino Da Costa
Camilo Rodrigues
Carlos Eduardo Pereira
Santana
Carlos F. Dos Santos
Carlos Frederico Veiga
Carlos G C Cruz
Carlos Giovane Haefliger
Cassio Pereira
Cassio Segantin
Cavaleiro Morto
Celso Giordano Tonetti
Chrysthowam A. Santos
Cj Saguini
Claudio Quessada Cabello
Cleison Ferreira
Cristian Drovas
Cristiano "Leishmaniose"
Cavalcante
Cristiano Lopes Lima
Dan Cruz
Daniel Bezerra De Castro
Daniel Braga
Daniel Braga Coimbra
Daniel Carlos
Daniel Corrêa Pereira
Daniel De Freitas Gonçalves
Daniel Duran Galembeck Da
Silva
Daniel Folador Rossi
Daniel Luis Portela Da Silva
Daniel Macedo
Daniel Maprelian
Daniel Martins Bezerra
Daniel Paes Cuter
Daniel Regis Alló Weiss
Daniel Romero Da Escóssia
Pinheiro
Daniel Saraiva De Souza
Daniel Souza
Daniel Ximenes
Danielle Fredini Amaral
Danilo Machado
Danilo Martins
Dannilo Silva
Darlan Fabricio Silva Santos
Davi Freitas
Davi Mascote Domingues
David De Andrade Nunes
David De Andrade Nunes
David Torres Offrede
Deivide Argolo Brito
Deivis Pereira
Denis Carvalho
Denis Kenji Nakano
Denis Oliveira
Diego Barba
Diego Bernardo Chumah
Diego Boaro
Diego Cavalcante Carlos De
Carvalho
Diego Matos Moura
Diego Moreira
Diego Tavares Da Silva
Trindade
Diego Toniolo Do Prado
Diego Torralbo
Diogo De Almeida Camelo
Diosh Smith
Djalma Frehse Neto
Dmitri Gadelha
Douglas Ramos Da Silva
Douglas Santos De Abreu
Douglas Vieira Dias
Douglas Zanotta
Duda Vila Nova
Eddie Junior
Éder "Dzr13" Fialho
Eder Lage
Edgar Cutar Junior
Edson Carlos Da Silva Ghiotto
Junior
Eduardo Batista Dos Santos
Saigh
Eduardo Diniz Dallacort
Eduardo Jacinto Moreira
Eduardo Maciel Ribeiro
Eduardo Milani
Eduardo Nunes
Eduardo Wohlers
Edvalter Thayrone Da Silva
Neves
Elimar Andrade Moraes
Elismar De Freitas Venancio
Elliot Macedo Haddad
Elvys Da Silva Benayon
Emanoela Amancio Da Cunha
Emerson Luiz Xavier
Emmanuel Antunes
Enio Mielly Morais Maximo
Enzo Kapps De Oliveira
Enzo Venturieri
Eric "Yuki Hiro"
Estevão Costa
Everton Vieira Martins
Fábia Marques
Fabiano Raiser Dias Bexiga
Fábio
Fábio Abrão Luca
Fabio Bompet Machado
Fabio Carvalho
Fabio Casanova
Fabio Grile
Fabio Luiz Pinto Lemos
Fabricio Silva De Amorim
Fagner Ferreira Rodrigues Da
Silva
Felipe Alves
Felipe Amalfi
Felipe De Souza Ramos
Felipe Gante
Felipe Intasqui
Felipe Leal Campos De Freitas
Felipe Massao T. Masutani
Felipe Queiroz
Felipe Rizardi Tomas
Felipe Schimidt Tomazini
Felipe Tenorio
Felipe Vilarinho
Felipe Wellington
Fernando Abdala Tavares
Fernando Augusto Iwata
Yamamoto
Fernando Brauner
Fernando Camilo Moura
Ribeiro
Fernando Douglas Tavares
Fernando Guarino Soutelino
Fernando Modesto Dutra
Fernando Schwenson
Filipe W Santos
Flaviana Cristina Malagodi
Takei
Flavio Emanoel Do Espirito
Santo Terceiro
Flavio Hiasa
Flávio Martins De Araújo
Flávio Notargiacomo Ramos
Flávio Rodrigues
Francisco Duque
Francisco José Marques
Francisco Ribeiro
Francisco Santana De
Azeredo
Franz Pietz
Gabriel Almeida Braga
Fernandes
Gabriel Alves Brandão
Machado
Gabriel Alves Rêgo
Gabriel Amaral Abreu
Gabriel Bomfim
Gabriel Cassa
Gabriel Cholodovskis
Machado
Gabriel Custodio Da Silva
Avelino
Gabriel Da Silva Cavalcante
Gabriel Dos Santos Barbosa
Gabriel Elias
Gabriel Felipe
Gabriel Hirata
Gabriel Madeira Pessoa
Gabriel Mascarenhas De
Souza
Gabriel Miranda
Gabriel Moreira
Gabriel Novaes
Gabriel Nunes Da Silva Sobral
Gabriel Paiva Rega
Gabriel Rodrigues De Moraes
Gabriel Scantamburlo Ribeiro
Gabriel Soares Machado
Gian Carlos Sobral De Mello
Gilmar Burato
Gilmar Farias Freitas
Gilvan Gouvêa
Gio Mota
Giovanni Ernesto
Giovanni Grosso
Giuliano Tamarozi
Gleison Alves Santos Neves
Gounford Thiago
Gregório De Almeida Fonseca
Guilherme Aurélio Da Silva
Arantes
Guilherme Britz Fontoura
Guilherme Correa Virtuoso
Guilherme De Paula Genofre
Silva
Guilherme Feitosa
Guilherme Inojosa Cavalcanti
Guilherme Lacombe Oliva Da
Fonseca
Guilherme Luiz De Oliveira
Aleixo
Guilherme Martins Alves
Guilherme Massimo
Fernandes Cortez
Guilherme Tolotti
Guilherme Trintinalha Corrêa
Guilherme Tsuguio Tanaka
Gustavo Almeida Agibert
Gustavo Amâncio Costa
Gustavo Freire Schafhauser
Gustavo Gaiato Monte
Gustavo Martins Ferreira
Gustavo Ramos Machado
Gustavo Samuel
Heitor Alencar Moraes
Helton Garcia Cordeiro
Henrique Carvalho Gomes
Henrique Oliveira
Henrique Santana
Henrique Santos
Herbert Aragão
Herick Vinnycius Sales De
Andrade
Hugo Genuino
Hugo Pitanga
Humberto Gs Junior
Humberto Meale
Ian Diniz Carreiro
Icaro Dos Santos Da Silva
Icaro Issa
Ícaro Silva Payrouz
Igor Silva
Igor Thiago
Ismael Marinho
Israel Silva Da Silva
Iuri Luis Da Silva Paes
Iury Goncalves Nunes
Ivan Ivanoff De Oliveira
Ivan Zanutto Bastos
Ivens Bruno Sampaio Dos
Santos
Ivo Iso
Jackson Callado
Jamerson Da Silva
Jayme Calixto
Jean Carlo
Jean Michel Macêdo Dos
Santos
Jef Ferraz
Jeferson Dantas
Jefferson Anderson Ferreira
Jessé Adriano Dias
Jessica Niohanne Parente
Cipriano
Jessy Michaelis
Jhyeferson Aryel Pereira Dias
Joan Emilio Deitos
João Carlos De Lucena Lira
João Carlos Rodrigues
João Felipe
João Marcos Vasconcelos
João Mokdeci
Joao Paulo Melatto Fogo
Joao Paulo Naldi
João Pedro De Oliveira
João Pedro Dos Santos
Joao Pereira
Joao Ricardo Ramos
João Roberto Borges De
Azevedo
João Victor Rodrigues
João Vitor Carvalho
Joaquim Gonçalves
Guimarães Junior
Joaquim Silva
Jonas De Moraes Custódio
Jonatas Monteiro Fernandes
Jonathan Da Silva Bandeira
Jonathan Pinheiro Dos
Santos
Jordan Antunes De Sa Assis
Jorge Alberto Carvalho Sena
Jorge Botelho
Jorgino Fabiano Pereira Filho
José Alexandre Buso Weiller
José Alipio Taveira Junior
José Felipe Ayres Pereira
Filho
José Manoel Cleiton
Rebouças De Oliveira
José Ricardo Gonçalves
Barretto
José Roberto Froes Da Costa
José Roberto Matos De
Oliveira
José Rodrigues Villa Real
Neto
Judson Jeferson Pereira
Moraes
Juliano Azzi Dellamea
Julio Cesar Berbeth
Julio Cezar Silva Carvalho De
Toledo
Julio Porto
Kalleo Elias Vidal Pereira
Alves
Kalleu Vinicius Natividade
Pereira
Kayser Martins Feitosa
Kevin Santos
Keyler Queiroz Cardoso
Kleber Santana
Kyan Derick
Lariandilass Lanathor
Leandro De Souza Cordeiro
Leandro Ferraro
Leandro Franco Miranda
Leandro Lima Dos Santos
Leandro Santiago Lima
Leonardo Afonso
Leonardo Batagin
Leonardo Buratto De Assis
Leonardo Cibulski
Leonardo Costa
Leonardo Fiamoncini De
Souza
Leonardo Garcia Da Silva
Domingues
Leonardo Rafael De Bairos
Rezende
Leonardo Renner Koppe
Leonardo Thoms Neves
Liano Batista
Lorenzzo Areias
Lucas Batista Da Silva
Lucas Bernardo Monteiro
Lucas Correa
Lucas Custodio Albino
Lucas De Souza Figueiredo
Lucas Henrique Muniz
Lucas Martinelli Tabajara
Lucas Sá Teles Dos Anjos
Lucas Toscano
Lucas Waterkemper Alberton
Luciano Dias
Luciano Viana
Luis Augusto Patrick Cordeiro
Tavares
Luiz Calmon Neto
Luiz Frederico Jr.
Luiz Guilherme Da Fonseca
Dias
Luiz Junior Nakahara
Luiz Otávio Gouvêa
Luiz Otavio Silva Santos
Luiz Ramiro
Luiz Roberto Dias
Lukas Wyllis Louza De
Oliveira
Makihara Akio
Marcel Godoy
Marcel Ribeiro Dantas
Marcella Rossetti
Marcello Bicalho
Marcelo Antonio Pereira
Marcolino
Marcelo Augusto Reis Silva
Marcelo Ferreira
Marcelo Henrique Da Silva
Marcelo Junior
Marcelo Roger Dos Santos
Reis
Marcelo Victor Holanda
Moura
Marcelo Werner
Márcio Do Prado Uemura
Marcio Fernandes Alves Leite
Márcio Kubiach
Marcio Lomiranda
Marco Antônio Sobolwsky
Marco Menezes
Marco Túlio Braga
Marcos Barbalho Moreira
Marcos Junqueira Braga
Marcos Mineiro
Marcos Neiva
Marcos Pincelli
Marcus Andrade
Marcus Lins
Marcus Rocher
Marcus Vinicius De Oliveira
Marcus Vinicius Genico
Prendes
Marcus Vinicius Rodrigues De
Oliveira
Mário Ferrari Neto
Mário Tatsuo Makita
Marlon Marques
Maryana F Gomes
Mateus Fernandes Geremias
Matheus Araujo De Carvalho
Matheus Augusto Simão
Cezar
Matheus Back Almeida
Matheus Barbosa Santiago
Matheus Borges Ziderich
Matheus C. Medvedeff
Matheus Henrique
Matheus Machado
Matheus Modro
Matheus Pivatto
Matheus Rodrigues
Matheus Smoking Do Eirado
Maurício De Moura Almada
Mauricio Foster Rodrigues
Mauricio Pacces Vicente
Mauro Juliani Junior
Mauro Rodrigues Borges
Michael Boni
Michel Medeiros De Souza
Miguel Peters
Mikael Santana Mota
Miquéias Barros Rosa Da
Silva
Mirian Marinho De Santana
Murilo Catelani Ferraz
Murilo D. Andrade
Natalia Rousu
Neimar Alves
Nicole Mezzasalma
Nicollas Baltar
Nikolas Carneiro
Nycolas Cardoso Beck
Odilon Duarte
Odilon Vieira De Queiroz Neto
Otávio Teixeira Pinto
Pablo Pochmann
Pablo Raphael
Pablo Urpia
Patricia De Fatima Lopes
Patrício Correa
Paulo Crestani
Paulo Eduardo De Lima
Pacheco
Paulo Emilio
Paulo Rafael Guariglia
Escanhoela
Paulo Silles
Paulo Vinicius
Paulo Vitor
Pedro Almeida
Pedro Augusto Pereira De
Freitas
Pedro Denner Santos Silva
Pedro Fortini
Pedro Frare Zem
Pedro Grandchamp Neto
Pedro Henrique Dos Santos
Gonçalves
Pedro Henrique Kaidraivos
Pedro Henrique Martins
Pedro Henrique Matos
Pedro Henrique Seligmann
Soares
Pedro Luan Valente Tomihero
Pedro Luiz De Nazaré De
Souza Martins
Pedro Machado
Pedro Morhy Borges Leal
Pedro Nieves
Pedro Pacheco
Pedro Victor Duarte
Pedro Vieira Junior
Péricles Vianna Migliorini
Peter Bidel Schwambach
Pietro Vicari
Rafael Baquini Bueno
Rafael Duarte Collaço
Rafael Ferreira Lobo
Rafael Freitas De Souza
Rafael Galdino Marinho
Rafael Garcia Morais
Rafael Gonçalves
Rafael Ishikawa Dos Santos
Rafael Machado Saldanha
Rafael Mudesto
Rafael Oliveira De Faria
Rafael Pelluso
Rafael Ribeiro
Rafael Santiago Luiz
Peleteiro
Rafael Sirotheau
Ramon Rebelo
Raphael Coelho Silveira
Raphael De Simoni Marquiori
Raphael Espesse
Raphael Estevao Borges De
Oliveira
Raphael Levy Lima
Raphael Montero
Raul Calixto Goncalves
Renan Billi
Renan Costa Viana
Renan Rodrigues Cação
Renato Da Cunha Silva
Renato Farias
Renato Potz
Ricardo César Ribeiro Dos
Santos
Ricardo D. Sá
Ricardo Dantas De Oliveira
Ricardo Ferreira Gerlin
Ricardo Filinto
Ricardo Mauricio Dutra
Ribeiro
Ricardo Okabe
Richard Cardoso
Rinaig Yanniz Mendes De
Carvalho
Robert Silva
Roberto De Medeiros Farias
Roberto Freires Batista
Robson F. Vilela
Rodolfo Benedicto
Rodolfo Xavier
Rodolpho Contini
Rodrigo André Da Costa
Graça
Rodrigo Cassiano
Rodrigo Da Silva Santos
Rodrigo Darouche Gimenez
Rodrigo Denicol
Rodrigo Fernando Comin
Rodrigo Fogagnolo Mauricio
Rodrigo Keiji
Rodrigo Mendonça
Rodrigo Nunes Dos Santos
Rodrigo Quaresma De
Andrade
Rodrigo Shibuya
Rodrigo Tadeu Delboni
Barbosa
Rogers Ribeiro Gonçalves
Romullo Assis Dos Santos
Romulo Bartalini
Ronaldo Filho
Ronaldo Mendes
Ronnie Von Carvalho De
Souza Junior
Ruan Carlos De Lima Santana
Rubens Dos Santos
Ruy Vasconcelos
Sammy Junior
Samuel Caled Blaas Wachholz
Samuel Hamilton Belem Cruz
Sascha Borges Lucas
Sebastião Proença De
Oliveira Neto
Sergio Chagas
Sérgio Dalbon
Sergio Lúcio Lopes Duarte
Shane Morgan Baraboskin
Standen
Silvino Pereira De Amorim
Neto Vinicius Kremer Santos
Tácio Barreto Nascimento Vinícius Lemos
Tácio Schaeppi Vinicius Mattos
Tárik Raydan Vinícius Nery Cordeiro
Tawan Ferraz Trindade Vinícius Roviello
Thadeu Silva Vinícius Savi Silva
Thalles Rezende Vinicius Soares Lima
Thauan Therock Vitor Alves Patriarcha
Thaynah Silva Vitor Faccio
Thiago Barbosa Ferreira Vitor Francisco Da Silveira
Thiago Bernardi Ribeiro Ribeiro
Thiago Carvalho Dias Vitor Giavarina Delgallo
Thiago De Sousa Costa Vítor Lucena
Thiago Fernandes Borges Vitor Mendes Demarchi
Vitor S. Dieter
Thiago Freitas
Vitor Santos Ferreira
Thiago Lorena
Washington Alencar
Thiago Morani
Welington Simoes Junior
Thiago Trot
Wellington Barros Moraes
Thomaz Oliveira
Wellington Morais
Tiago Martins De Souza
Wellington Silva
Tiago Monnerat De F. Lopes
Wellington Wanderley Barros
Tiago Santa Maria Rodrigues
Marto Junior
Tiago Soares Welton Beck Guadagnin
Tião Luna Welton Sousa
Tomás Gomes Cardoso Wesley Albuquerque
Maranhão
Trakoll
Willian Diego Alves Dos
Tubaranguejo
Santos
Ubiratan Augusto Lima
Willian Jeferson Nunes
Uziel Parada
Wither Favalessa Dos Santos
Valdemar De Carvalho Cunha
Wolf Fivousix
Valdir Camargo Junior
Yan Adriano Dos Santos
Vauderag Junior
Yan Constantino
Vegetal Triste
Yan De Oliveira Barbosa
Victor Bine Meira
Yuri Jardilino
Victor Castro De Sa Zeca Machado
Victor Hermano
Victor Hugo Antunes
Victor Hugo De Paiva
Victor Otani
Victor Pinheiro
Victor T Melo
Vinícius Barroco Milhomem
Basile
Vinicius Cipolotti
Vinicius De Aquino Calheiros
Vinicius De Paiva Costa
Vinícius G. O. Miiller
Vinicius Gomes De Oliveira
Vinicius Guedes Da Silva
 Alexandre Straube
Alexsandro Alves
Alice Olivan
Alisson Henrique Tavares
Alisson Luiz Lima De Menezes
Allan Adann Caires Marcelino
Da Silva
Allan Collier
Allan Cristhian
Allan Vitor Rodrigues Da Silva
Allec Ribeiro
Allisson Oliveira
Álvaro Ferreira
Alysson Martins
Amanda Rodrigues Velloso
Santana
AVENTUREIROS
Ana Lucia Lieuthier
Anderson De Mello Ogliari
Anderson Guerra
Andre Augusto Nogueira
Alves
André Fernando Peres
André Macedo Matos
André P. Bogéa
Anthony Eduardo Maciel
Mendes
Adam Shin Koga
Adiel Faria Fidelis Filho Antônio Henrique Botticelli
Adolfo Correa Antonio Pereira
Adriano De Oliveira Santos Antônio Ricart
Ayub Antonio Vicente Maia Neto
Adriano Figueiroa Santos Arlin Vinicius Borges Monteiro
Affonso Miguel Heinen Neto Aroni Da Luz
Agamenon Nogueira Lapa Aroni Da Luz De Oliveira
Arthur Almeida
Alan De França Santana
Arthur Carvalho Laurindo
Alan Felipe Ferreira
Alan Machado De Almeida Arthur Emílio Do Nascimento
Gonçalves
Albano Francisco Schmidt
Arthur Endlein Correia
Alberto Calil Elias Junior
Arthur Galdino
Alcebiades Alves Da Silva
Arthur Navarro
Junior
Arthur Santos Miguel
Aldrin Cristhiam Manzano
Arthur Takao Correia
Alessandro Serpa Costa
Takehara
Alex Aguilar Dos Santos
Artino Filho
Alex H. Santos
Artur Augusto Bracher Capute
Alex Sandro Serafim
Artur De Oliveira Da Rocha
Alexandre Akira Yamamoto Franco
Alexandre Leite At Matos
Alexandre Machado Átilla Oliveira Barros
Alexandre Mainenti Leal Augusto Ruckert
Lopes
Alexandre Mantovani Negro
Benaduce Guilherme
Bernardo Cortizo De Aguiar
Bernardo Nassau De Souza
Braian Thomaz Takahira
Brenno Ottoni
Breno Melo
Breno Muinhos
Breno Nunes De Sena Keller
Brnvsantos
Bruna Emi Okyama
Brunão Crash
Bruno Baère Pederassi
Lomba De Araujo
Bruno Bitencourt Oliveira
Bruno Cugola Coelho
Bruno Da Silva Assis
Bruno Dahlem Pereira
Bruno De Jesus Farias Silva
Bruno Eduardo Augusto De
Oliveira E Silva
Bruno Eron
Bruno Felipe Teixeira
Bruno Fernandes Alves Junior
Bruno Godoi
Bruno H M Silva
Bruno Meneghetti
Bruno Normande Lins
Bruno Veck Milão
Bruno Vinicius Sanchez De
Souza
Bryan Barros Pires
Bryan Sousa De Oliveira
Caio Alexandre Consorti
Paixão
Caio Assis Souza Santos
Caio Castro Vaz Bezerra
Caio César
Caio Cosme
Caio Cruz
Caio Palhares
Caio Santiago
Caio Vinicius Steinbach Da
Silva
Caleo Pires Bittencourt
Camila Mariscal
Camille Nunes
Camillo Ferreira Franco
Carlos "Grande Castor"
Gonçalves
Carlos Alberto De Carvalho
Netto
Carlos Augusto Bezerra
Gomes
Carlos Eduardo Areia
Carlos Henrique Araújo
Bezerra
Carlos Henrique Mesquita Do
Prado
Carlos Ogawa Colontonio
Caroline Voss
Cássio Augusto
Cassius Nunes
Cauã Oliveira Silva
Cayo Albuquerque Prohaska
Moscatelli
Celso Guedes De Jesus
Cesar Monteiro Junior
Chris Azeredo
Christian Meinecke Gross
Clarissa Sant´Anna Da Rosa
Cláudio Andrade Neto
Claudio Vinicius
Clayton Dos Santos
Kirchleitner
Clécio Júnior
Cléo Fernando Martins
Machado
Colemar F. Cunha
Cristian Dos Santos
Cristiane Weber
Daniel Alvarenga
Daniel Benoni De Sales
Duarte
Daniel Bonaldo
Daniel Diego Lacerda Cirilo
Daniel Doria
Daniel Felipe Meireles De
Souza
Daniel Gomes
Daniel Gomes Lacerda
Daniel Nogueira
Daniel Poleti
Daniel Ramos
Daniel Sacramento
Daniel Silveira De Lemos
Daniel Sugui
Daniel Toledo Menezes De
Oliveira
Daniella Carlos De Abreu
Danilo Carlos Martins
Danilo Da Silva Bueno
Danilo De Souza Oliveira
Danilo Franco Penteado
Danilo Martins
Danilo Steigenberger
Danúbio Viana Nogueira
Danyel Pablo Batista Muniz
Dartagnan Quadros
Davi Andrade Morais Guedes
Davi Francisco Santos
Davi Roberto Limeira
David Córdova Loures
David Lessa
David Tabosa
Davidson Guilherme
Goncalves Dos Santos
Borba
Dayane Aparecida Baraldi
Ferreira
Ddrion
Dean Rusk Andrade Sobrinho
Débora De Oliveira Borges
Deiverson Lucas
Delaserna - Resistência De
Ionia
Diego Adão Fanti Silva
Diego Barboza
Diego De Niro
Diego Henrique Marinho
Diego Henrique Negretto
Diego José Busarello
Diego Mello
Diego Noura
Diego Rodrigues Sala
Diego Silveira Martins
Marques
Diego Vitoriano Da Silva
Diogo Campos
Diogo Fontes
Diogo Schmitz Langwinski
Dion Roger Crisanto
Djoplin Obelar
Douglas Drumond
Douglas Figueiredo
Douglas Henrique Silva
Romualdo
Douglas Nascimento
Douglas Toseto Marçal De
Oliveira
Dylan Torres
Edgard Amaral
Ednardo Oliveira Pena Araújo
Eduardo Assis Das Chagas
Eduardo De Souza
Mascarenhas
Eduardo Gabriel Sebastiany
Eduardo Lucas
Eduardo Mendes Marcucci
Eduardo Neves Junior
Eduardo Tavares Machado
Elias S. Silva
Elias Simões De Souza Van Do
Rosário Ferreira
Elis Rodrigues Oliveira
Elivaldo Sapucaia
Elton Rigotto Genari
Elton Rodriguez
Elvis Sãngelis Dias
Marinheiro
Emanuel Mineda Carneiro
Emanuel Senna Rocha
Barbalho
Endi Ganem
Enzo Scarpatti
Eric Ellison
Eric Machado
Erik Andrade Oliveira
Erivelto Gregório Junior
Estêvão Rendeiro
Eugênio Luiz
Evandir De Souza
Everton Assis Correia
Everton Lauton
Fabiano Fernandes Dos
Santos
Fabiano Martins Caetano
Fabiano Silveira
Fabio Caetano De Souza
Fabio Cristiano Faria Melo
Fábio Cunha Braga
Fábio Luiz Cortez Ribeiro
Fábio Marques
Fábio Paixão
Fabio Queiroz
Fabio Ramalho Almeida
Fábio Reginaldo Batista
Guidinele Junior
Fábio Rodrigues Dos Santos
Fabio Vaz
Fátima Alves Mendes
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Felipe Barros Dantas
Felipe De Almeida Penteado
Felipe Eleuterio Hoffman
Felipe Horas
Felipe Lira Fernandes
Felipe Maia Ribeiro Da Silva
Felipe Manhoni De Paula
Alves
Felipe Melo
Felipe Venezian Dos Santos
Félix Gomes Da Silva Junior
Fellipe De Paula Campos
Fernanda Pederiva
Fernanda Sereno
Fernando Barros Monteiro
Fernando Da Silva Trevisan
Fernando De Souza Alves
Fernando Do Nascimento
Fernando Henrique
Fernando Henrique Filgueira
Martins
Fernando Lins Fagundes
Fernando Mateus Ferreira
Vale Dos Santos
Fernando Mendonça De
Almeida
Fernando Wecker
Filipe Barbosa
Filipe Itagiba
Fillipe Cesar Oliveira Da Silva
Flavio Zimermann Silva
Francisco Eduardo Rocha
Júnior
Francisco Jose Felisbino De
Oliveira
Francisco Kefferson Vieira
Pereira
Francisco Márcio Barbosa
Teixeira
Francisco Silva
Frederico Carneiro
Frederico Detofano
Gabriel Almeida
Gabriel Áquila
Gabriel Berwanger Silveira
Gabriel Bittencourt
Gabriel Da Silva Pessine
Gabriel De Assis Fernandes
Gabriel De Oliveira Cosmos
Gabriel Do Prado Perpetua
Gabriel Eccher
Gabriel Engelmann Maltez
Gabriel Fernandes Sarmento
Gabriel Giani Reis
Gabriel Góes Ferreira
Gabriel Kolbe Teixeira
Gabriel Luiz Da Silva
Gabriel Maia
Gabriel Melo Santos
Gabriel Menino
Gabriel Minossi
Gabriel Oliveira
Gabriel Portugal G. Santos
Gabriel Santos
Gabriel Torrens
Gabriel Vandarte Casadei
Gabriel Vieira Soriano
Aderaldo
George Carlos Gonçalves Da
Silva
Geraldo Abílio
Gibran Meira Lustosa Junior
Gilmar Oliveira
Giovane Rossi Rojas
Giovane Santos Araújo Pinto
Giovani
Giovanni Fadiga Nogueira De
Souza
Giuliano Bortolassi
Glauber Rocha
Gláucio José Magalhães
Guilherme Amato Marinho
Guilherme Azevedo Couto
Guilherme Cavalheiro
Guilherme Cossu
Guilherme Da Silva Alves
Guilherme Ferreira De
Siqueira
Guilherme Gambera
Guilherme Morais
Guilherme Morato De Moura E
Silva
Guilherme Muniz Bernardino
Guilherme Pinto Reis
Guilherme Pizzatto
Guilherme Tamamoto
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Santos
Gustavo Araujo Fonseca
Gustavo Campos
Gustavo De Oliveira Ceragioli
Gustavo De Oliveira Pereira
Gustavo Felix Cardoso
Gustavo Maiorini
Gustavo Martinez
Gustavo Massami Nishimura
Gustavo Nobre Wotikoski
Gustavo Reis
Gustavo Vicente Justino
Guto Jardim
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Harley Lucas Gonçalves
Heber Agnelo Antonel Fabbri
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Helder Aparecido Pereira
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Helio Câmara Abreu
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Henrique Da Costa Gallo Neto
Henrique Emanoel Nigre
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Henrique Lopes Nicoletti
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Higor Pinheiro
Hiromi Honda
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Igor Tancredo Dutra Jacinto
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Iran Eduardo
Íris Firmino Cardoso
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Isabelle Gonçalves Arcanjo
Dos Santos
Isla Santos
Italo Machado Piva
Jacqson Reis Santos
Jadson W N Soares
Janilson Aragão
Jardel Rocha Florencio
Jean Alexsandro Silva
Jean De Oliveira Santos
Jean Lima
Jeferson Cardoso
Jeferson Da Rosa
Jefferson Frias
Jefferson Luís Bernardo
Jeovany Nascimento
Jhonatan Cassante
Jhonny Campos De Britto
João Alberto Boconcello
Junior
João Breder
João Brito De Oliveira Neto
Joao Carlos Freitas Lucena
João Érick Silva Ramos
João Gabriel Gomes
João Jordan Costa Reis
Joao Lobo
Joao Maximiliano Seixas Da
Costa
João Paulo Mallet
João Pedro Areco Jorge
João Pedro Moreira Veloso
Dos Santos
João Victor De Souza Lima
João Victor Gonçalves Lima
Silva
João Victor Nizer
João Vitor Da Silva Lima
Joel Piccoli Da Rosa
Joel Spinelli
Johnny Carlos De Almeida
Júnior
Jonathan Aparecido De Souza
Jonathan Fried
Jonathan Henrique Do
Espírito Santo
Jonathan Luis Da Silva
Jonathan Nicolas Correa
Jonathan R S Santos
Jones Dos Santos Vieira
Jorge Henrique Thimóteo
Ramos
Jorge Janaite Neto
Jorge Theodoro Eduardo
Brock
José Antônio Teodoro Borsato
José Carlos Madureira
Pinheiro Junior
José Gabriel Ribeiro Luz
José Luiz Lopes
Jose Maria Cardoso Da Silva
Neto
José Moacir De Carvalho
Araújo Júnior
José Romildo Vicentini Junior
José Vagner Ferreira Dos
Santos Júnior
Josevan Silva
Jp
Juan Campos Barezzi
Juan Carlo Santos Maia
Jucenir Da Silva Serafim
Juliano Cataldo
Juliano Domingues
Juliano Meira Santos
Juliano Zachias Soares Da
Silva
Julio Cesar Da Silva Barcellos
Julio Cesar Nascimento
Rodrigues
Julio César Sagás
Júlio César Viana Da Silva
Júlio N. S. Filho
Julio Vedovatto
Kaede Kisaragi
Karina Burini Correia
Kássio José Lara De Rezende
Kellisson Felipe Silva Freire
Kelly Cristina Trindade
Kevin De França Calixto
Kevin Rafael Da Silva Martins
Kevin William Guimaraes
Kpistrano
Larissa Guilger
Leandro Andrade
Leandro Murano Sartori
Leandro Ygor
Lenon Rodrigues Martins
Leonardo Cardoso Fazan Dos
Santos
Leonardo Coutinho
Leonardo Dias Pesqueira
Leonardo Marengoni
Leonardo Pereira Da Silva
Leonardo Souza De Moura
Leonardo Vieira
Leonardo Yan Corrêa
Cordeiro
Lex Bastos
Lorenzo Dombrovski Dos
Santos
Luan Diego Alano
Luan Leal Oliveira
Luan Manavello
Luan Rodrigues Pereira Leal
Luanac
Lucas Amaral Santana
Lucas Anderson
Lucas Bernardes Rigo
Lucas C. Alves Bittencourt
Lucas Conrado Savieto
Lucas Coquenão
Lucas Evangelista
Lucas Francisco Da Costa Helt
Lucas Gomes
Lucas Magno
Lucas Melo
Lucas Porto Lopes
Lucas Prudencio Eiterer
Lucas Silva Borne
Luciano Portella Rodovalho
Lucio Pedro Limonta
Luis Augusto Monteiro Coelho
Luis Felipe Antonio Machado
Morcillo
Luís Felipe Hussin Bento
Luis Guilherme B G Ruas
Luis Paulo Koppe
Luiz Augusto Monteiro
Santiago
Luiz Carlos Tomaz
Luiz Dias
Luiz Felipe Lemes Barbosa
Luiz Felipe Martins Silva
Luiz Fernando Reis
Luiz Paulo De Lima
Luiz Paulo Lindroth
Luiz Paulo Vieira
Luiz Ramon Magalhães
Luiz Santos
Luiz Tiago Balbi Finkel
Luiz Wanderley Santos Gomes
Lungas Neto
Lutero Cardoso Strege
Luykarlo Ramos De Sena
Magias & Dragões
Maicon Grazianne De Oliveira
Maia
Manoel Firmino Da Silva Neto
Marcel Pinheiro
Marcelo Jose Dos Anjos
Marcelo Lima Souza
Marcelo Massahiko Miyoshi
Marcelo Monteiro De Aquino
Bertazzo
Marcelo Oho
Marcelo Pereira Leite Da Silva
Marcelo Siqueira De Souza
Marcio Dias
Marcio Hiroyuki Miyamoto
Marcos Alberto Prietsch
Loureiro
Marcos Barreto
Marcos Cordeiro
Marcos José Mariano Teixeira
Marcos Lima
Marcos Santos
Marcos Vinicius Troll
Marcus Antônio Santana
Santos
Marcus Vinicius Lima Sousa
Marielle Zum Bach
Mário Brandes Silva
Marlon Ricardo
Marlon Vinícius Machado
Marluce Da Costa
Mateus Carmona Maciel
Mateus Cypriano
Mateus De Souza Rocha
Mateus Do Nascimento Rocha
Mateus Freitas Dantas
Mateus Porto Calson
Mateus Sales
Matheus Arthur Massieu
Matheus Augusto Matias
Santos
Matheus Canova Faria
Matheus Da Silva Oliveira
Bonfim
Matheus De Alcântara Mota
Matheus De Souza De Lucena
Matheus Dias
Matheus Dias De Oliveira
Matheus Eccel
Matheus Farencena Righi
Matheus Felipe Pires Mendes
Matheus Hobit
Matheus Kilp
Matheus Marcelo De Castro
Matheus Nascimento
Matheus Paes Maciel
Matheus Rocha Vasconcellos
Matheus Santos
Matheus Vrechi
Mauricio Bomfim
Mauro Araújo Gontijo
Mauro Vinícius Dutra Tercino
Max Pattacini
Mayck Szezech
Messyo Sousa Brito
Michael Kenion
Miguel "Beholder" De Souza
Silva
Miguel Costa Rodrigues
Miguel Vieira Dos Santos
Mikael Queiroz
Mitae Do Mato
Moises Roberto De Araújo
Mota
Murillo Campos
Murilo Koiti Martinez Shoji
Murilo Reimann Ardenghi
Murilo Vieira Guidoni
Mushi-Chan
Nataly Kuplich
Natan Edmundo Canassa
Natan Siqueira Dos Santos
Nataniel Lopes
Nathan Bisoto Varago
Nathan Borges Gonçalves
Neilton Carlos De Oliveira
Guedes Neto
Neves D. Hiago
Nicolas De Almeida Martins
Nicolas Pereira
Nikolas Martins Brandão
Oliveira
Nill Chesther Nunes De
Azevedo
Ogro900
Orlando Luiz
Osvanildo Domingos De
Souza Filho
Othon Gilson
Otto Menegasso Pires
Paula Sousa Ribeiro
Paulo Cesar Nunes Mindicello
Paulo Cunha
Paulo Fernando Gomes
Velloso
Paulo Henrique
Paulo Henrique Martins De
Souza
Paulo Junior
Paulo Nadal Pupo
Paulo Ramon Nogueira De
Freitas
Pedro Aurélio Pinheiro Da
Silva
Pedro Baldansa
Pedro Cesar Bento Mendes
Pedro Curcio
Pedro Daniel Corrêa Ferreira
Pedro De Almeida Lima
Pedro Henrique De Mattos
Draeger
Pedro Henrique Estumano
Gomes
Pedro Henrique Lima
Carvalho
Pedro Henrique Mendes
Barbosa
Pedro Henrique Palma Ramos
Pedro Henrique Thuler
Pedro Lamkowski Dos Santos
Pedro Lucas Gomes Rodrigues
Pedro Luperini Piza
Pedro Marques Telles De
Souza
Pedro Monreal Rosado
Cadamuro
Pedro Oliveira Torres De
Andrade
Péricles Da Cunha Lopes
Peter Pantoja
Philipe Salvador Loredo
Philippe Pittigliani Magnus
Pietro Atore
Piterson Nunes Martins
Rafael Almeida
Rafael Alves De Oliveira
Rafael Augusto Albuquerque
Miquelini
Rafael Augusto Rocha Maia
Rafael Balbi
Rafael Cmb
Rafael Da Silveira Melo
Devera
Rafael Guarnieri
Rafael Lange
Rafael Lichy
Rafael Noleto
Rafael Oliveira Bezerra
Rafael Prandi Guedes Moreira
Rafael Rodrigues Michetti
Rafael Sangoi
Raissa Wanderley
Ramiro Alba Alba Filho
Ramom De Almeida De Barros
Rangerfantasma
Raphael Ribeiro
Raul "Seuraul" Lucena E
Silva
Raul Flavio D'Elia Barbosa
Raul Galli Alves
Raul Guimarães Sampaio
Raul Morôni Calheira Almeida
Peixoto
Raul Natale Júnior
Régis Fernando Bender
Puppo
Renan Antonio De Lima
Renan Cordeiro Costa
Renan Espíndola Arrais
Ribeiro
Renan Irabi
Renata Gilaberte Campos Dos
Santos
Renato Junior
Renato Lima Alves
Rennan Mendes Da Costa
Barreto
Renner Castro
Rhenan Pereira Santos
Rian Rosendo Martins
Ricardo A Ritter M Barroso
Ricardo Albuquerque Pereira
Ricardo Barbosa Da Silva
Ricardo Batista
Ricardo Dos Santos
Domingues
Ricardo Rodrigues Pereira
Ricardo Silva Rodrigues De
Sousa
Richard Aguiar Bueno
Richard Sassoon
Roberto Levita
Roberto Rodriques
Roberto Tadashi Wakita
Soares
Robertson Schitcoski
Robson C Oliveira
Robson De Braga Castelo
Branco Junior
Rodolfo Caravana
Rodrigo Aparecido De Toledo
Rodrigo Araujo Ribeiro Vieira
Rodrigo Augusto Spiess
Rodrigo Correa Marques
Rodrigo Freitas
Rodrigo Montecchio
Rodrigo Moreira Clares De
Souza
Rodrigo Palomo Monteiro
Rodrigo Santiago De Arruda
 Loiola
Rodrigo Zeymer Auad
Rogério Fabiano Dos Passos
Rogers Jhonatan Mendonça
Costa
Romulo Antonio Pinto Do Vale
Ronald Monteiro Lobato De
Melo
Ronaldo Hasselman
Nascimento
Roque Luiz Gobbo
Rubens Mateus Padoveze
Samuel Alencar
Samuel Batista De Carvalho
Samuel Cardoso Santiago
Junior
Samuel Marcelino
Samuel Silva
Sander Yan Maciel Dias
Sandro Azevedo
Sasukerdg Mendes
Saulo Soares
Saymon Dos Santos Madruga
Da Silva
Sergio Migueis
Sidnei Gomes De Oliveira
Filho
Silvio Rodrigues
Simonarde Lima
Solano Pereira Doliveira
Soren Francis
Suelson Alves Dos Santos
Junior
Suely M Marchesi
Tafarel Camargo
Tales Zuliani
Tarso Halk
Tayguara Ferreira
Teophanes Barbosa Moraes
Neto
Thales Barreto
Thales Campelo
Thaynara Americano
Theodoro Padua
Theógenes Rocha
Thiago "T8" Silva
Thiago Allison Lima Silva
Thiago Almeida
Thiago Alves Da Silva Costa
Thiago Assaf Reis Halabi
Thiago Augusto Zanellato Dos
Santos
Thiago Bussola
Thiago Curvelo
Thiago Destri Cabral
Thiago Donadel
Thiago Ferreira
Thiago Lima
Thiago Loriggio
Thiago Monteiro
Thiago Neri
Thiago Ozório
Thiago Pinheiro
Thiago Rodrigues De Souza
Thiago Russo Nantes
Thiago Sos
Thiago Tavares Corrêa
Thiago Thomaz Rolim
Thomas Bueno Schmitt
Thomaz Jedson Lima
Thyago Oliveira Pereira
Tiago Alexandrino
Tiago Alves Araujo
Tiago César Oliveira
Tiago Lindomar Siqueira
Tiago Misael De Jesus Martins
Tiago Moura
Tiago Tachard
Uelerson Canto
Vanilo Alexandre
Victor Augusto Martins
Ribeiro
Victor Da Silva Costa Cortizo
Victor Florêncio
Victor Guimo
Victor Hugo Simões Santos
Victor Milani
Victor Sapateiro
Vinicius Bervian
Vinicius Bogossian
Vinícius Cesar
Vinícius Corrêa Ramos
Vinícius De Jesus Gonçalves
Vinícius Lima Silva
Vinícius Macuco
Vinicius Rodrigues De Sales
Vinicius Segantine
Vitor Carvalho
Vitor Davis
Vitor Gabriel Etcheverry
Vitor Godoi Mendes
Vitor Hugo Soares Alves
Vítor Nascimento Da Silva
Andrades
Vitor Nishimura
Vitor Paz De Melo
Vittor Gabriel Rodrigues De
Oliveira
Wagner Armani
Wagner Azambuja
Wagner Larsen
Wagner Rodero Junior
Wallace Dias
Wallace F Lopes
Wallison Viana De Carvalho
Walter Andrade Neto
Walter Soprani Júnior
Wanderson De Oliveira
Barros
Wandson Ferreira Da Silva
Wefferson David De Souza
Silva
Welington Haas Hein
Wellington Botelho
Wellington Souza Branco
Wesley Francisco Da Silva
Wilkson Belem Monteiro
William Alves
William Ferreira
William Marques
William Moraes
Willian Marques Da Silva
Willian Ramos
Wilson A S Faria
Yago Ribeiro De Sousa
Pereira
Yalace De Souza
Yan Oliveira Prado
Yan Thiago Dos Santos
Pereira
Yasser Arafat Belem De
Figueiredo
Ygor Vieira
Yuri Araujo
Yuri Bitencourt
Yuri Nóbrega
Yuri Travalim