~

TOOLBOX ARQUIVOS SECRETOS A POESIA DO MEDO PEQUENAS AVENTURAS CONTO

13 dicas para um RPG de Halloween Investigando com imersão Os monstros de Alan Wake invadem a Realidade Que tal umas férias? Nada vai dar errado Filha da Filha de Kali de los Santos

DRAGAO
BRASIL

ANO 19 • EDIÇÃO 196

CAVERNA DO SABER
OS LOBISOMENS DE SOMBRIA PARA T20

LIGA DOS DEFENSORES

KITS INTRODUTÓRIOS PARA 3DET VICTORY

RESENHAS Itens amaldiçoados

para sua mesa de
SEA OF STARS • ASHOKA • VEM BRINCAR Tormenta20

TESOUROS TRAIÇOEIROS
 ~
TOOLBOX ARQUIVOS SECRETOS TESOUROS TRAIÇOEIROS PEQUENAS AVENTURAS CONTO
13 dicas para um RPG de Halloween Investigando com imersão Itens amaldiçoados para Tormenta20 Que tal umas férias? Nada vai dar errado Filha da Filha de Kali de los Santos

DRAGAO
O universo sombrio
de Alan Wake para
BRASIL

Ordem Paranormal RPG

ANO 19 • EDIÇÃO 196

CAVERNA DO SABER
OS LOBISOMENS DE SOMBRIA PARA T20

LIGA DOS DEFENSORES

KITS INTRODUTÓRIOS PARA 3DET VICTORY

RESENHAS
SEA OF STARS • ASHOKA • VEM BRINCAR

A POESIA DO MEDO
 E D I T O R I A L S Ú M A R I O

4 44
GHANOR!
Notícias do Bardo Caverna do Saber
Tesouros de Ghanor e novidades na Jambô! Uive para a lua com os lobisomens de Sombria

6 Resenhas 48 Conto
Sea of Stars, Ahsoka e Vem Brincar

O
Filha da Filha, de Kali de los Santos
bviamente, como qualquer um sabe, comecei Editora-Chefe
a escrever muito antes das redes sociais e,
Karen Soarele 9 Sir Holand 60 Breves Jornadas
Editor-Executivo Como derrotar um dragão
por sua vez, muito antes da institucionalização J.M. Trevisan
Resolva o conflito dos mortos-vivos em Fuga para
da fanfic como gênero propriamente dito.
Colunistas 10 Supremo Tribunal Regreiro Aslothia
E, como já confessei mais de uma vez, tenho opiniões fortes
a respeito, que, aliás, já foram muito piores: acho que se alguém
Leonel Caldela Todos de pé! Confira a súmula de outubro de 2023
66 Monster Chefe
14
Rafael Dei Svaldi
é muito bom produzindo com o material de uma outra franquia, Thiago Rosa Dicas de Mestre A receita de hoje traz uma criatura que se torna
menos perigosa conforme envelhece
devia procurar remuneração por isso e se transformar em pro- Colaboradores Encerrando ciclos no RPG
fissional — e talvez usar esse potencial para criar seu próprio
material. É um raciocínio falho, reconheço, porque há quem só
Texto: Ana Carolina Gonçalves, Bruno
Schlatter, Daniel Duran, Davide Di 20 Arquivos Secretos 72 Tesouros Traiçoeiros
Benedetto, Elisa Guimarães, J.M. Trevisan, Adequando a mecânica de investigação ao roleplay Itens amaldiçoados para ajudar aventureiros (ou não)
queira se divertir um pouco com personagens que dificilmente vai João Paulo “Moreau do Bode” Pereira,
ter a permissão de brincar.
Hoje, acho os dois pontos válidos. No fim, vale o de sempre:
Hita Aisaka, Marlon Teske, Matheus Tiamat
e Miguel “Beholder” Souza 26 A Poesia do Medo 84 Pequenas Aventuras
Os horrores sobrenaturais de Alan Wake para a sua Tire férias em Sereníssima, uma cidade em que nada
Arte: Dan Ramos, Janio Garcia,
faça o que te faz feliz e azar de quem não gostar. Leonel Domingos, Enrico Tomasetti mesa de Ordem Paranormal RPG pode dar errado
Meu pensamento provavelmente se deve a dois fatores: come-
36 90
Rafael Françoi e Sandro Zambi
cei Tormenta muito cedo na minha vida — 23 anos — e nunca Diagramação: Cássia Bellmann Toolbox Chefe de Fase
13 dicas assustadoramente divertidas
tive muita vontade de brincar com os personagens dos outros (isso Revisão: Elisa Guimarães, para o Halloween
Freddy Fazbear, o animatrônico macabro dos games,
se a gente descontar todo o material da primeira encarnação Rafael Dei Svaldi e Thiago Rosa agora para Ordem Paranormal RPG
da Dragão Brasil. Escrever adaptação não é criar uma fanfic
jogável?) Pelo menos até agora.
Extras
Fundo de tela: Janio Garcia.
42 Gazeta do Reinado 94 Liga dos Defensores
Estudioso prepara jornada Kits Introdutórios para 3DeT Victory
Com o lançamento de Tesouros de Ghanor surgiu o con- Mapa de batalha: Filipe Borin
vite para produzir uma história em quadrinhos em um universo
extremamente bem-sucedido que não me pertence, embora seja
de vizinhos muito próximos — Alexandre Otoni, Deive
Pazos, Leonel Caldela — e tenha tido participação direta
de pessoas também queridas — Guilherme Svaldi, Karen
Soarele, Fábio Yabu. É provável que você tenha ouvido
falar de todos eles.
A CAPA
Para quem por um acaso não sabe, Ghanor é um rolo com- Nem todo item mágico é total-
pressor. Criado despretensiosamente em edições do Nerdcast mente bom, embora a incrível
RPG, ampliado brilhantemente nos romances escritos pelo Leonel, arte do nosso estreante, Janio
transformado em RPG pela Jambô, já é um dos universos nacionais Apoie a Dragão Brasil Garcia, nos faça pensar exata-
de maior sucesso no Brasil, junto com Tormenta. mente o contrário. Claro, Janio é
Tesouros de Ghanor representa essa aceleração irrefreável, estreante na Dragão Brasil; você já
trazendo ainda mais itens, como miniaturas, novos romances, Siga a Jambô Editora
deve ter visto seu talento exposto
antologias de conto, livro-jogo legacy e muito mais. Depende, nas prévias do Atlas de Arton!
como sempre, do apoio de vocês. Basta visitar o site de Ghanor
e fazer seu apoio.
De minha parte, prometo não quebrar os brinquedos que me
forem emprestados. Pelo menos não muito. Dragão Brasil é © 2016-23 Jambô Editora.
J.M. TREVISAN
 N O T Í C I A S D A B A R D A N O T Í C I A S D A B A R D A

Descubra os Tesouros de Ghanor Solitário, sim. Com frio, também

É hora de empunhar espadas e partir em uma jornada épica! Tesouros de Ghanor é a
nova campanha de financiamento coletivo do Jovem Nerd em parceria com a Jambô.
Ghanor é um mundo de fantasia medieval clássica, com bárbaros, cavaleiros, magos, dragões e tudo que gostamos
A saga do último dos Kai continua em Lobo Solitário vol. 3 — As
Cavernas de Kalte! Se antes você sofria, agora está numa fria no
reino glacial de Kalte, buscando por Vonotar, o Traidor, que lá reúne
nesse tipo de história — além de elementos únicos, como os devoradores de mundo enviados pelos próprios deuses! um novo poder. Agora, cabe a você desafiar os bárbaros do gelo e
Ele é o lar das duas séries do Nerdcast RPG: Ghanor — a primeira, lançada em 2011, e a segunda, ainda em enfrentar criaturas frias como a morte, capturar o feiticeiro maligno
andamento. Agora, com os Tesouros de Ghanor, chegou a oportunidade de expandir ainda mais esse universo! e fazê-lo pagar por ter se aliado aos Lordes Sombrios.
Através da campanha, os apoiadores terão a oportunidade de adquirir dois volumes de graphic novels que
Como em todos os livros da série, você pode continuar a ficha
adaptam as duas séries do Nerdcast RPG: Ghanor; o romance As Máscaras do Metamorfo, que conta a história
de Ruprest, um metamorfo capaz de se transformar em qualquer pessoa; a antologia de contos As Aventuras de de personagem que fez no volume anterior ou começar uma nova
Feldon e Alma; uma coleção de miniaturas dos personagens, para levar para sua mesa de RPG; e uma estátua aventura. Vai encarar? Já disponível no site da Jambô.
exclusiva de Zamir, o último dos Dragões Vermelhos. Além disso, várias metas estendidas já foram batidas, incluindo
um livro-jogo legacy como agradecimento pelo valor alcançado até aqui.
Corra: o financiamento vai até 10 de novembro e você pode apoiar e garantir suas recompensas em
ghanor.com.br.

Descontos ou travessuras?
Vem chegando o Halloween e, com ele, a vontade
de botar o terror! Para ajudar nas suas travessuras,
estamos com uma promoção de 15% off em diversos
títulos horripilantes no nosso site.
Entre as obras selecionadas especialmente para
aquele frio na espinha sazonal, estão Ordem
Paranormal RPG e a HQ Iniciação, o box Nerdcast
RPG: Coleção Cthulhu, livros-jogos variados, títulos
da curadoria selecionados especialmente pela equipe
da Jambô e muitos outros.
É só escolher quais monstros você deseja enfrentar
e utilizar o cupom TERRORNAJAMBO. A promoção
vai até o dia 31 de outubro.

4 5
 R E S E N H A
SEA OF STARS
CENÁRIOS COLORIDOS, COMBATE ENVOLVENTE E MUITA NOSTALGIA
O game Sea of Stars che-
gou no fim de agosto
e causou bastante alvoroço
na comunidade. Produzido
pelo mesmo criador do
jogo de plataformas The
Messenger, com quem com-
partilha ainda o universo e
algumas referências, traz
também uma pixel art belís-
sima, e uma referência de
jogo diferente ao atualizar
os tropos e elementos dos
RPGs clássicos japoneses.
A primeira coisa que você vai
reparar é o quão bonito é. Talvez o
jogo com os cenários em pixel art
mais bonitos que já joguei; cada
nova tela é uma explosão de cores e
detalhes, e você pode perder vários
minutos apenas o observando antes
de seguir adiante.
Quanto à jogabilidade, a inspira-
ção óbvia, que o autor não faz ques-
tão de esconder em entrevistas e press
releases, é o clássico Chrono Trigger.
Fãs antigos devem ter uma sensação de
familiaridade do início ao fim, embora
o jogo não se resuma apenas a emular
o passado.
Os combates são ponto de destaque.
Sem abrir mão dos fundamentos de um
RPG por turnos tradicional, há toda uma
sorte de ferramentas novas para ter mais
agência sobre o jogo. Você pode mudar
a ordem em que os personagens agem,
interferir nos turnos dos inimigos, além
de recarregar recursos gastos com ata-
6 7
ques simples. Os chefes sempre trazem
um elemento inesperado, próximo o bas-
tante da mecânica básica para que você
não fique confuso, mas ainda diferente
o suficiente para que os combates não
sejam apenas uma repetição sem fim dos
mesmos comandos.
A mesma lógica se aplica à explo-
ração. O uso de ferramentas como um
arpéu e um bracelete de vento para mover
objetos, por exemplo, dá bastante dina-
mismo às dungeons. Leva algum tempo
para se acostumar com todos os recursos e
movimentos disponíveis aos persona-
gens, que não são comuns em RPGs
(como subir em muretas, caminhar
por cordas, pular entre plataformas),
mas, uma vez que os internalize, há
sempre um caminho escondido a
descobrir, levando a recompensas
secretas. E fora destes ambientes,
no mapa-múndi, a mecânica de
acampamento, cozinha e pescaria
também adiciona muito ao jogo,
criando um vínculo entre os perso-
nagens e a sua jornada pelo mundo.
Mesmo com tudo isso, o jogo
leva tempo até cativá-lo com algo
mais profundo. Não é que a história
ou os personagens sejam ruins; não
são, e, por mais que haja um tom
leve de desenho animado na maior
parte do tempo, há também espaço
para reviravoltas bastante sombrias.
Mas a sua história de heróis esco-
lhidos tem suas idiossincrasias, e é
difícil se importar com os dramas
de alguns protagonistas até pontos
bem posteriores da trama.
Isso não é um problema que neces-
sariamente estrague o jogo, mas pode
decepcionar alguém que espere um certo
tipo de experiência. Ainda é um jogo
envolvente e incrível nos seus próprios
termos, que não deve ter dificuldade em
cativar a maior parte do público.
Além de ser bonito, é claro. Nossa,
como ele é bonito.
BRUNO SCHLATTER
AHSOKA ELA NÃO É JEDI
H á muito tempo, numa
galáxia muito longínqua,
séries de animação começa-
vam a esmiuçar detalhes do
vasto universo de Star Wars
no traço único de Genndy
Tartakovsky. Ainda criança,
lembro de me empolgar
muito. Era o começo de uma
nova era.
Mas meus pais viam Star Wars (ou,
para eles, Guerra nas Estrelas) como
uma obra monolítica, fechada e minha
geração aprendeu assim também.
Nada tinha o mesmo peso dos filmes.
E, durante muito tempo, isso também
valeu para as animações que eu gos-
tava, ainda que ali descobrissemos
fatos importantes, como o fato de que
Anakin Skywalker teve uma padawan,
a espevitada Ahsoka Tano.
Ahsoka apareceu em carne
e osso pela primeira vez em O
Mandaloriano, interpretada pela
ótima Rosario Dawson (Demolidor,
O Balconista 2). Aqui a personagem apa-
rece completamente amadurecida após
sua longa jornada, dando ao público
uma raríssima chance de acompanhar
todo o seu desenvolvimento. Se de início
Ahsoka era impaciente, imprudente e
até arrogante, aos poucos, desenvolveu
uma serenidade sábia, sabendo quando
ficar calada, quando agir e quando dar
conselhos. Mesmo tendo se afastado da
ordem, mesmo tendo perdido seu mestre,
Ahsoka se tornou um exemplo de Jedi.
É esse exemplo que vemos na série
homônima. Ahsoka tem uma pada-
wan, enfrenta toda sorte de inimigos
com seu sabre de luz, realiza feitos
gigantescos com a Força, mas brilha
realmente quando conduz os mais
jovens em direção a versões melhores
deles mesmos. Não é perfeita: comete
erros, falha consigo mesma e com os
outros, mas segue em frente apesar
de tudo isso, acreditando em ideais
acima de instituições, sendo flexível
o bastante para perdoar e mudar de
R E S E N H A
opinião. A exploração do persona-
gem de Ahsoka é o ponto forte da
série, especialmente para fãs que
a acompanham desde a juventude.
O grande ponto fraco é pra-
ticamente a mesma coisa. É uma
obra construída em cima de um
universo compartilhado, repleta
de referências, tirando impacto
emocional exatamente desses
momentos. Eu pulei da cadeira
nas primeiras menções dos nomes
Thrawn, Sabine, Ezra e Hera, mas
são palavras que não significam
nada para as várias pessoas que
não assistiram setenta e cinco epi-
sódios de Rebels. E isso pode ser
uma barreira difícil de transpor.
A série opta por não fazer
grandes recapitulações para não
perder seu ritmo, numa escolha
muito funcional. Caso a audiência
tenha interesse em saber mais sobre
a história desses personagens, sem-
pre podem assistir as animações.
O final também sofre com as desvan-
tagens dos universos compartilhados.
Embora chegue a uma conclusão defini-
tiva, o maior conflito da série não fecha.
Sabemos que isso acontece por conta
dos planos a longo prazo da Disney,
mas isso diminui um pouco o grande
brilho de Ahsoka quando vista como
uma obra individual. Continua sendo,
porém, uma das melhores obras feitas
nesse universo.
THIAGO ROSA
 R E S E N H A
VEM BRINCAR
NEM SEMPRE A GALINHA PINTADINHA AJUDA
M inha filha é entusiasta
de filmes de terror, ape-
sar da pouca idade. Desde
muito pequena, ela gosta
dessa temática, mesmo em
desenhos (Coraline é um
dos favoritos dela), e agora
que cresceu um pouco mais
é um desafio achar filmes
do gênero que agradem a
nós duas ao mesmo tempo.
E, nessa busca de sem-
pre, fomos muito felizes
ao encontrar Vem Brincar
(Come to Play), na Netflix.
O filme conta a história de um
menino autista solitário (Azhy
Robertson) que passa muito tempo
sozinho assistindo desenhos em seu
celular, enquanto sua isolada mãe
(Gillian Jacobs — se você gosta de
Community é ela mesma) tenta acei-
tar a singularidade do filho, Oliver,
e fazer com que ele socialize. Uma
premissa teoricamente simples, que
caberia em qualquer dramalhão em
uma reprise na TV aberta.
Mas, como todo bom filme de terror,
nada é como aparenta de início. Logo
temos vislumbres de Larry, outro solitário
que só quer um amigo para brincar, e
cisma que Oliver é ideal para ser seu
melhor amigo.
Um dos pontos fortes deste filme é a
falta de pressa na construção de tensão.
A direção consegue entregar cenas tensas
sem descambar para o jumpscare (aquele
susto safado feito a base de som alto) um
atrás do outro, como certos filmes fazem
8
por aí (Meme do Mal, estou olhando pra
você). Outra grande vantagem é que o
filme não pende para a galhofa ou o
ridículo (por mais que eu ame esse tipo
de filme), mesmo tento uma baixa classifi-
cação etária (12 anos). Então, é ótimo pra
ver com pessoas mais novas (ou medrosas)
porque não tem nada muito pesado, tanto
no quesito terror quanto erótico — mesmo
sabendo que os dois andem de mãos
dadas com frequência nesse gênero.
Um ponto muito bom de reflexão que
o filme traz é a respeito do excesso de
uso de telas no dia a dia, principalmente
pelas crianças. Olha, não me levem
a mal, eu sou uma mãe moderna que
sabe o quanto aquele tablet é aben-
çoado, te ajuda a fazer coisas como
comer e tomar banho, mas a gente
precisa pensar sobre o uso abusivo
de equipamentos eletrônicos. No
filme, a criança pertence ao espectro
autista e a mãe dele se isola em seu
mundo de rotina com o filho, usando
as telas como um intermediário social.
Inclusive a criança não se expressa
usando sua voz, mas usando a voz
sintética de um app de celular.
O uso de computação gráfica é
inteligente e bem dosado, criando
cenas de impacto nos momentos certos.
E isso é muito mais do que muitos dos
filmes de terror encontrados por aí hoje
em dia fazem, então considero mais
um ponto positivo. Vem Brincar é um
filme ideal pra assitir com a família
despois do almoço de domingo, junto
com sua avó e seus sobrinhos sem que
você se amaldiçoe por ter que aguentar
a tortura até o fim.
E o que falta nesse para ser um
EXCELENTE filme de terror? Falta impacto,
o desconforto, aquela sensação ancestral
de desconforto na boca do estômago,
mesmo sendo para uma faixa etária
menor. Ou seja, falta terror de fato.
Em um mundo recheado de filmes
toscos de vampiros vegetarianos e boba-
jadas afins, ver algo com um pouco mais
de criatividade é um alento para os pais
cansados, e para os jovens tiktokers.
ELISA GUIMARÃES
 3) Centauros se beneficiam de usar um alforje? — Cons. Lukas "Bafo Selvagem" Wyllis.
Nesse caso, quantos espaços de carga extra eles Saudações, juridiquíssimo conselheiro Bafo Selvagem! É
recebem? Dez? com o coração pesado que precisamos negar sua moção.
Tais itens não se aplicam a centauros por não se aplicar a
— Cons. Felipe Queiroz
personagens jogadores. Mais do que isso, embora parti-
Saudações, atualizadíssimo conselheiro Felipe! De fato, lhem de elementos anatômicos de cavalos, centauros não
a inclusão dos centauros em Ameaças de Arton foi muito se consideram seres dessa raça. Por mais que os benefícios
celebrada por jogadores e pela própria equipe. Vamos, sem fossem atraentes, um centauro não se sentiria confortável
mais delongas, às suas equinas respostas. Os vereditos abaixo usando itens destinados a estes seres.
seguem a mais fria letra da regra; mestres podem fazer alte-
•••
rações para seus jogos caseiros conforme lhes aprouver.
Bom dia, queridos juízes do STR. Tenho uma
1) Como criaturas Grandes, os centauros usam armas
dúvida sobre apoio a movimento de aliados. Cito
aumentadas. Observe que, embora seu torso seja equiva-
o caso de Ignis, personagem de Fim dos Tempos;
SÚMULA DE OUTUBRO / 2023 lente ao de um humano, eles são maiores e mais pesados,
em sua ação de movimento, ele pede para mover
e possuem condições de usar essas armas.
Todos em pé! Os Exmos. Ministros do STR avaliaram as petições enviadas pelos conselheiros da Dragão a Ayla para trás. Como isso ocorre em termos de
2) O centauro usa as mesmas regras de carga de outros regra? Quantos quadrados ele pode movê-la?
Brasil e estão prontos para dar seus pareceres.
personagens. Uma criatura Média ocuparia dez espaços
Exemplos como esse acontecem muito em
Esta súmula contém respostas debatidas, deliberadas e formuladas por todos os participantes do Supremo para um centauro (além da carga que a própria criatura
minha mesa e quero ajuda para lidar da melhor
Tribunal Regreiro, redigidas aqui pelos Exmos. Ministros Thiago Rosa Moreira, presidente do Sindicato estaria carregando), da mesma forma que o faz para qual-
(e mais justa) maneira; no momento usamos a
Furtivo, e Rafael Dei Svaldi, fundador e presidente do Magistério Monstrográfico. quer outro personagem.
seguinte regra caseira para movimento de aliados
3) Alforjes são apropriados para parceiros do tipo mon- adjacentes:
Caso você seja um conselheiro da revista, procure pelo post fixo no grupo fechado dos conselheiros no taria, não para personagens jogadores. Um centauro não
Facebook para redigir sua petição. Caso não seja, considere tornar-se um, mudando seu nível de apoio para Condição: o aliado a ser movido deve estar
pode obter benefício deste item. Mais do que uma questão
adjacente ao PJ.
ter suas súplicas atendidas neste tribunal. puramente de regras, centauros não são cavalos, e não se
consideram como tal. 1) O aliado resiste?
••• ••• 1.1) Caso resista, o PJ gasta uma ação padrão,
Venho por meio desta missiva trazer à vista faz um teste oposto e trata como uma manobra
de um caso recente nesse tribunal. Bom dia, nobres juízes! Com o advento das raças MOÇÃO Nº 04 DE TRÊS DE OUTUBRO DE DOIS
agarrar.
mais legais do mundo de Arton na prévia bônus de MIL E VINTE TRÊS
Na DB 195, do mês de setembro, o STR afirmou 1.2) Caso não resista, o PJ gasta sua ação de
ser impossível aplicar melhorias em itens mágicos Ameaças de Arton, acabaram surgindo algumas Senhores Ministros,
movimento e desloca o aliado para qualquer
específicos, mas isso contradiz o manual básico atual. dúvidas em relação aos centauros. Vamos à elas: Apresento a V. Exas., nos termos do Regimento quadrado adjacente do jogador.
Então é possível ou não fazer melhorias? 1) Centauros são de tamanho Grande. Mas con- Interno do Conselho da Dragão Brasil, a presente
1.3) Como alternativa, o PJ pode gastar uma ação
siderando o torso humanoide, eles usam armas moção para dar autorização aos queridos cen-
Desde já agradeço o trabalho dos ilustríssimos padrão e fazer um teste de Luta para empurrar o
tauros de utilizarem o item mágico Ferraduras
senhores. adequadas a personagens Médios ou Grandes? aliado voluntário um número de quadrados. Para
da Velocidade (Tormenta20, p. 344). Haja vista cada 5 pontos no teste empurra o aliado 1 quadrado.
— Cons. Fagner Ferreira Imagino que conceitualmente deveria ser médio,
que possuem cascos como os equinos tradicio-
Saudações, nobre conselheiro Fagner! Como meros servos mas nada indica isso no texto. nais, nada mais justo que também possam fazer Peço ajuda para clarificar estas regras.
dos deuses, os juízes deste tribunal são tão propensos a falhas usufruto deste benefício.
2) O fato do centauro ser quadrúpede inter- — Cons. Everton Vieira Martins
quanto qualquer mortal. Foi o que ocorreu, parcialmente, na
fere em algo na sua capacidade de carga ou as Estendo a moção também para que o item Saudações, nobilíssimo conselheiro Everton! Esses casos
resposta supracitada. Itens mágicos específicos não podem
receber encantos (na prática, é como se seus poderes mágicos regras permanecem normais? Nesse caso, se ele alforje (Tormenta20, p. 162) possa ser utilizado específicos cabem muito ao mestre, podendo depender da
já representassem todos os encantos que eles podem possuir). carregar um cavaleiro, este sendo Médio, ocupa pelos supracitados centauros como um item vestido. dinâmica da mesa, dos desejos dos personagens e inclusive
Entretanto, eles podem receber melhorias. dez espaços mesmo? Legistrim, 03 de outubro de 2023. da frequência com que esses eventos ocorrem. Isto posto,

10 11
sua regra parece muito adequada. Uma possibilidade é
restringir a opção de mover um aliado com uma ação de
movimento a aliados pelo menos uma categoria de tamanho
menor que a do PJ responsável pelo movimento, especial-
mente no caso de personagens com Força baixa.
•••
Ex.mos juízes, minha dúvida está relacionada aos
poderes limitados pelos patamares dos heróis. Um
personagem de nível 11 que não tenha escolhido o
poder "Aumento de Atributo" nenhuma vez, poderia
pegar esse poder nos três níveis seguintes para um
mesmo atributo e compensar não tê-los pego nos
patamares anteriores?
— Cons. Cesar Henrique
Saudações, atributadíssimo conselheiro Cesar! O texto
de Aumento de Atributo informa: “Você recebe +1 em um
atributo. Você pode escolher este poder várias vezes, mas
apenas uma vez por patamar para um mesmo atributo.”
Isso limita a quantidade de vezes que um personagem pode
escolher esse poder, não quando ele pode escolher esse
poder. Dessa forma, um personagem no 11º nível — no
terceiro patamar — poderia, sim, escolher Aumento de
Atributo para o mesmo atributo três vezes seguidas.
•••
Grandiosos arautos da sabedoria e das soluções
dos conflitos de mesa. Minha dúvida é referente a
algumas magias.
1) Em uma edição anterior ficou claro que a
magia Possessão, quando usada destruindo o pró-
prio corpo, considera o novo corpo como o original.
E que dissipar não teria efeito sobre ela. Mas como
seria a interação com a magia Campo Antimagia?
E como fica a regra sobre duração referente a dis-
sipar no manual?
2) A magia Roubar a Alma pede um objeto no
valor equivalente ao ND ou nível da criatura. Para
ameaças com ND S ou S+, qual é o valor do objeto?
E esse objeto pode ser um item mágico como um
Manto Élfico, Anel do Sustento, etc?
3) A magia Engenho de Mana afirma no seu texto
que "...faz uma contramágica automática contra
qualquer magia lançada...". Esse "uma" significa
uma única contramágica? Ou significa que qualquer
12
magia (independente de quantas) lançada dentro da
área do engenho sofre uma contramágica?
— Cons. Nopos Erendir
Saudações, arcaníssimo conselheiro Nopos! Vamos às
suas respostas:
1) Como a duração é permanente nesse caso, a
Possessão não é afetada nem por Dissipar Magia nem por
Campo Antimagia.
2) De forma geral, um item mágico de valor apropriado
pode ser usado para a magia Roubar a Alma. Criaturas
de nível S e S+, entretanto, são consideradas criaturas com
ND maior que 20 para efeitos de outras criaturas sendo,
portanto, imunes a efeitos que dependem de ND. Em outras
palavras, a alma de tais criaturas está protegida por dispo-
sitivos legais que nem Nimb ousaria desrespeitar.
3) Qualquer magia lançada dentro da área sofre uma
contramágica.
•••
Um personagem que está inconsciente ainda pode
fazer testes de Fortitude?
E que tipo de ação é um teste de resistência?
Reação?
— Cons. Daniel Weiss
Saudações, concisíssimo conselheiro Daniel! Testes de
resistência são reações e podem ser realizados por criaturas
inconscientes.
•••
Excelentíssimos juízes do STR, sou um fanático
pela classe nobre e há muito, mesmo antes da edição
Jogo do Ano e da DB 195, já vinha fazendo pequenas
adaptações para cobrir alguns pontos que acreditava
necessários na classe. Através desta humilde petição,
lhes pergunto:
1) Por que o Cavaleiro possui um Pajem, mas os
majestosos Nobres não possuem acesso a um fiel
servo para lhes arrumar a cama e cozinhar? Me
parece que deveria ser algo acessível desde cedo
para a nobreza a possibilidade de um criado que
cuide das roupas, comida e aposentos.
2) Existe alguma previsão para um suplemento — Cons. João Portilho
oficial ou nova edição do manual básico que insira Saudações, portabilíssimo conselheiro Portilho! Vamos às
o material da DB, como poderes novos de classes? suas respostas:
Com todos os cumprimentos de praxe, 1) Não é possível. A magia Runa de Proteção exige
uma superfície fixa. Uma Mochila de Carga não é uma
— Lorde Sam Cromwell da Casa de Hécate, Primeiro de
superfície, nem é fixa!
Seu Nome
2) Exatamente. O dano causado pelo efeito básico de
Saudações, Lorde Cromwell! Vamos às suas nobilíssimas
Runa de Proteção é afetado pelo aço-rubi. Já o efeito de
respostas:
Arma Mágica, ou mesmo do aprimoramento de Runa que
1) O cavaleiro possui poderes para obter parceiros por
permite lançar uma segunda magia, não.
ter o conceito de ajudantes fiéis mais firmemente relacionado
3) Os efeitos do item são suprimidos e o personagem
ao seu arquétipo. O nobre, por outro lado, tem alto Carisma sai dele, aparecendo em um espaço adjacente.
e recursos, conseguindo recrutar parceiros da forma mais
tradicional, através de ações em jogo. O recém-apresentado 4) Caso um pedaço da superfície fixa seja removido,
poder Comitiva reforça esse conceito. deixa de ser fixo e a magia deixa de fazer efeito.
5) Sim, o sucesso com uma manobra tem o mesmo efeito
2) Novos poderes apresentados na DB não serão incluí-
dos no manual básico. Depois de testados, porém, poderão de um acerto.
se publicados em suplementos vindouros. Esta corte não tem
JUÍZES DO STR
autorização para revelar segredos futuros, mas podemos
dizer que um destes suplementos já está sendo planejado...
•••
Saudações, caros juízes! Hoje trago algumas dúvi-
das que meu grupo acabou adquirindo ao longo de
nossa campanha (e das minhas tentativas mirabolan-
tes de jogar inimigos dentro de Mochilas de Carga).
1) É possível colocar Runas de Proteção dentro
da Mochila de Carga (a versão básica)? Tenho esta
dúvida, por ser uma outra dimensão, então não vejo
nada capaz de impedir isso.
2) Ao utilizar um esotérico de aço-rubi em Runa de
Proteção ou Arma Mágica, estes danos “indiretos”
irão atravessar RD quando utilizados? Acredito que
runa de proteção seria possível e Arma Mágica não.
3) O que acontece se um personagem utilizar
Campo Antimagia enquanto está dentro de uma
Mochila de Carga?
4) O que acontece se eu colocar uma runa no chão
e arrancar o chão, por exemplo, tirando uma placa
de azulejo? Ela se dissipa? Se torna portátil?
5) Por fim e não menos importante, vencer uma
manobra conta como acertar um ataque? Por exem-
plo, para poderes como Ataque Pesado?
13
 D I C A S D E M E S T R E D I C A S D E M E S T R E

ENCERRANDO
CICLOS
F inal de ano chegando e com
ele surgem aqueles curiosos
momentos de repensar a vida.
Não me refiro a nada tão pro-
fundo como o moderno problema
do “eu pago a academia, preciso
ir mais vezes”. Apenas um ou
outro instante de se analisar o
que ocorreu no ano ou estabele-
cer objetivos para o ano vindouro.
Mas se, ao invés de traçarmos
Resolução para novos objetivos, aproveitássemos
esses últimos meses para incluir

o ano novo: jogar mais RPG nessas resoluções de final de ano

encerrar alguns ciclos, principal-
mente no nosso querido RPG?
Nessa edição da Dicas de Mestre, alguns
pensamentos e conselhos sobre as vantagens
de aproveitarmos o fim de ano vindouro para
encerrarmos alguns ciclos no RPG.
E começarmos algo novo.

15
 D I C A S D E M E S T R E
Campanhas
Um dos aspectos divertidos do RPG é manter um
mesmo jogo rolando por muito tempo. Passar por várias
sessões, aventuras e momentos com o mesmo grupo
durante anos cria memórias únicas, guardadas para
sempre com muito carinho e às vezes até passadas de
geração para geração.
Porém, por muitas vezes, associamos essa diversão
quase que unicamente à história sendo contada, como
se a trama fosse o único fator importante, e as horas e
horas divididas com os amigos. O resultado disso são
campanhas duradouras, mas que muitas vezes acabam
se arrastando e se tornando enfadonhas. Sabe aquela
série que você pensa “Eu adoro, mas isso já devia ter
acabado duas temporadas atrás”? Pois é.
Se você tem uma campanha de longa data rolando,
aproveite para repensar se vale a pena prosseguir. Os
pontos positivos dessa experiência legal podem ser
mantidos, claro. Encerrar um ciclo não é jogar tudo
fora. Pelo contrário, é você e seu grupo garantirem uma
melhora naquilo que, de fato, poderia ser ainda melhor.
Tenho minha própria experiência no assunto. Mestrei
uma mesma campanha por 7 anos. O grupo começou
enfrentando kobolds em Valkaria e tempos (e muitos
níveis) depois estavam entrando em uma área de
Tormenta para enfrentar o próprio Gatzvalith. As várias
aventuras, combates, mistérios, decisões e reviravoltas
conquistaram um lugar especial na lembrança de cada
membro do grupo. Nos últimos 2 anos, entretanto,
havia um ar de “já deu”. Mas o apego aos persona-
gens e à história nos impedia de encerrar.
O resultado era cada vez menos sessões (mesmo
em uma época em que tínhamos tempo para jogar),
cada vez mais tempo falando sobre o cenário e não
sobre a campanha, e cada vez mais conversas sobre
assuntos aleatórios ao invés de jogar. Sim, o grupo
estava reunido, mas parecia mais interessante debater
sobre um novo filme em cartaz ou sobre a nova contra-
tação do time de alguém para a temporada. Se você
tem dúvida se deveria repensar sua campanha, esse
costuma ser um sinal bastante claro.
16
Obviamente é preciso cuidado ao fazer essa aná-
lise. Uma coisa é botar o papo em dia, outra é o
grupo estar debatendo outros aspectos relacionados ao
RPG. Talvez metade das horas da sessão estejam sendo
gastas com uma conversa saudável sobre detalhes de
algum reino do Atlas, ou sobre um monstro novo de
Ameaças de Arton. O que isso quer dizer? O grupo
quer jogar Tormenta, um universo que ainda fascina
a todos, mas, mesmo que inconscientemente, anseiam
por explorar coisas diferentes nesse mundo.
Encerrar o ciclo da campanha pode permitir dar
um fim interessante para uma história que segue
para um destino doloroso. Sabe a campanha de 7
anos que comentei? Nunca teve um “gran finale”, e,
hoje, isso parece muito pior do que tê-la prolongado
indevidamente.
Mesmo que você não seja um daqueles críticos
ferrenhos à trilogia nova de Star Wars, concordará
que estes filmes em particular corroboram essa impres-
são. Histórias envolvendo os Skywalker já deram o
que tinham que dar. Ao invés de encerrar esse ciclo,
contando novas sagas com algumas das tantas possibi-
lidades que esse universo tem a oferecer (Mandalorian
e Rogue One são bons exemplos), há plots reciclados,
os mesmos núcleos abordados e por aí vai.
Se fosse um grupo de RPG, faltaria alguém dizendo
"Vamos trocar de personagem e começar uma nova
história do zero?"
Grupos
Quem sabe o ciclo a se encerrar seja outro: o do
grupo, não da campanha.
Esse é um caso mais dramático, admito, porque
jogar RPG é muito sobre amizade. Diferente da grande
maioria dos hobbies, criamos laços muito profundos com
nossos parceiros de aventura ao redor da mesa (mesmo
que virtual). É difícil chegar à decisão de encerrar esse
laço. Mas talvez o corte não precise ser tão profundo.
Encerrar o ciclo de um grupo significa experimentar
jogar com outras pessoas, sem afastar totalmente seu
grupo de sempre. E nada de bloquear o pessoal (se
você sente vontade de fazer isso, então a questão é
pessoal e bem mais complicado que o assunto deste
texto). Pode continuar jogando de vez em quando com
o pessoal, fique aberto a mais oportunidades. Novos
jogadores, novas pessoas mestrando, tudo isso pode
dar uma renovada e tanto!
Se você está jogando uma campanha de T20 mais
tradicional, com o grupo explorando locais ermos,
usando seus poderes para enfrentar monstros e ini-
migos, de repente seria interessante aceitar o convite
daquele grupo focado em pirataria na costa de Khubar
ou aquele outro mergulhado nas intrigas palacianas
de Ahlen. O sistema continua o mesmo, mas ganha-se
a variedade de amigos e estilos.
Outra opção é você tomar a iniciativa e convidar
pessoas diferentes para formar um novo grupo. Você
pode entrar em uma das guildas de parceiros da
Jambô, ou convidar jogadores de grupos diferentes
que você já conhece para formar um novo.
Mestrar e jogar com pessoas que já conhecemos os
gostos e o estilo é benéfico e confortável. Porém, nos
mantém em uma zona de conforto. Sair desse lugar é
se permitir ter novas experiências. Logo você também
conhecerá o estilo de cada um nesse novo grupo e,
com isso, estará unindo o melhor de dois mundos.
D I C A S D E M E S T R E
A hora de pendurar o escudo
Dentro daqueles planos etéreos de “uma hora eu
faço”, costumamos postergar novas experimentações das
funções no RPG. Se você joga, talvez nunca tenha mes-
trado ou, ao menos, não tanto quanto gostaria. Que tal
pensar em encerrar sua participação no seu jogo atual
como jogador, mas prosseguir a campanha mestrando?
Sugira isso ao grupo (cuidando para perguntar a quem
mestra atualmente se concorda em trocar de lugar).
Se você vai mestrar um spin-off da campanha atual
ou uma aventura do zero, não importa tanto. Também
não se apegue à necessidade de preparar algo, afi-
nal existem aventuras prontas para isso. O ponto é:
se há interesse em mestrar, comece logo essa nova
experiência.
Da mesma forma, se você mestra há anos e quer
participar mais como jogador, pode estar chegando a
hora de pendurar o escudo do mestre e criar o back-
ground do seu novo personagem. Isso pode ser uma
decisão mais concreta, ou algo temporário para testar
o desejo antigo de ser a vítima em potencial de um
TPK, não o causador.
Sabe qual o momento ideal para uma troca impac-
tante como essa? O final da temporada.
Supernatural
Vários momentos de
"agora já deu, né?"
17
 D I C A S D E M E S T R E D I C A S D E M E S T R E

Nada melhor que uma luta épica

para encerrar uma temporada

Pense por temporadas

Existem diversas vantagens na organização de
campanhas por temporadas. Entre elas a facilidade
extra para lidar com ciclos.
Também é interessante para fins de história. Como
as séries que todos nós assistimos, cada arco de his-
tória pode ser montado como uma temporada. Isso
auxilia o mestre em seus preparativos e facilita o foco
do grupo em suas minúcias, oponentes e objetivos.
O próprio clima do jogo pode ser diferente em cada
arco de história. Fim dos Tempos, por exemplo,
teve uma primeira temporada perfeita para introduzir
o típico jogo em Arton (e ainda virou essa aventura
publicada, para que outros grupos possam jogar
também). Já a segunda temporada, mais atual,
tem um estilo de fantasia urbana, com os problemas
e perigos dos aventureiros que exploram Valkaria, a
maior metrópole do Reinado.
Finais de temporada são encerramentos de ciclos Imagine esse grupo de longa amizade e apurada
automáticos, e podem servir até para fechar a cam- sintonia colocando a experiência em prática para
panha de uma vez. Trazer essa ideia de uma hora criar novos personagens com backgrounds ousados?
para outra pode parecer abrupto, mas com a história Imagine que ideias criativas e divertidas de campanha
se fechando naturalmente, um season finale pode ser você pode sugerir usando todo o conhecimento do lore
o gancho perfeito para buscar novos ares. de Tormenta que possui?
Experimente ler o Atlas de Arton e chegar para o
Preciso mesmo encerrar ciclos? grupo com a ideia de uma nova campanha: dentre
Evidentemente não. Mesmo que você esteja jogando as várias pessoas arcanistas caçadas pelo regime
uma campanha longa, se todos estiverem se diver- de Ferren Asloth, o Velho Abutre, estão os pais dos
tindo e o estilo agradar, continue. Porém, lembre-se personagens dos jogadores. O grupo é formado por
que por comodismo, praticidade ou falta de tempo, aventureiros que se unirão para destruir o infame
temos tendência de manter o status quo. Com isso, regente de Aslothia.
mais do que não ter novas experiências, acabamos por Sim, é só um exemplo, mas já não deu uma empol-
prosseguir com algo que, no fim, já nem é tão legal gação? Imagine outras ideias de campanhas, aventuras
assim. Novamente, não há problema, mas e se esse e histórias que você mesmo pode inventar e propor!
"nem tão legal assim" puder se tornar incrível, apenas
encerrando um ciclo? MATHEUS TIAMAT
18
SOLUCIONANDO
MISTÉRIOS COM
IMERSÃO
O rdem Paranormal RPG tem suas regras e mecânicas, mas nada impe-
de que novas jogabilidades sejam inseridas na sua mesa de RPG!
Em Ordem Paranormal: Calamidade, episódio 6, testemunhamos os Jogos
do Anfitrião, onde o Cabeludo usa várias mecânicas malucas para desafiar os
jogadores e seus agentes.
Entre elas, estão algumas brincadeiras adaptadas de jogos analógicos, como
o famoso “Polícia e Ladrão”. Contudo, podemos levar essa ideia mais além e
adaptar inserir outros jogos do tipo, ampliando ainda mais seu repertório na
hora de mestrar!

TRAZENDO IMERSÃO
Antes de você pensar que devemos colocar os agentes da Ordem para jogar quebra-
-cabeça ou jogo da memória, é importante destacar que esse é um meio acessível de
apresentar um desafio para os jogadores representando o verdadeiro enfrentado pelos
agentes dentro da história.
Eu, como jogador, não sou um investigador com habilidades paranormais da Ordo
Realitas, então não vou saber lidar com um ritual macabro que está mantendo uma porta
sobrenaturalmente trancada. Mas eu sei jogar o jogo da memória! Então, assim como a
minha “atuação” simula que eu sei ser um agente da Ordo Realitas, um jogo da memória
vai simular o enigma macabro na porta com o qual meu personagem está tentando lidar.
Usar esses jogos analógicos quebra a repetição constante de apenas “rolar o dado” para
resolver problemas e traz um respiro para a mesa, além de gerar cenas muito divertidas quando
os jogos podem ser resolvidos em grupo.
Com tudo esclarecido, vamos a alguns exemplos e como usá-los dentro da interpre-
tação de Ordem Paranormal.

ARQUIVOS
SECRETOS JOGOS ANALÓGICOS
21
 QUEBRA-CABEÇA MECÂNICAS DE JOGO JOGO DA MEMÓRIA MECÂNICAS DE JOGO
Agora que já escolhemos o quebra-cabeça Assim como fizemos com o quebra-cabeça,
Um quebra-cabeça é perfeito para simular para simular o enigma ou o ritual com o qual Um jogo da memória é perfeito para vamos adicionar mecânicas de Ordem Para-
enigmas e rituais relacionados a Entidades de os agentes vão ter que lidar, vamos adicionar simular enigmas e rituais relacionados à normal ao jogo.
Sangue. algumas mecânicas de Ordem Paranormal para Entidades de Morte.
Diferente do desafio anterior, o jogo da
Sangue é sobre fome, dor, amor, ódio, que a imersão e o desafio fiquem ainda maiores. A Morte é a entidade da espiral do tempo. memória é sobre usar sua ação para revelar
paixão, obsessão. O Sangue busca a intensi- Não podemos permitir que os jogadores Ela busca os momentos vivenciados, distor- duas cartas por turno até encontrar os pares
dade e tudo que envolve sentir uma emoção fiquem tentando montar o quebra-cabeça para cendo a percepção egóica da existência de e removê-los da mesa. Quando for usar o
extrema agrada essa entidade. Qualquer sempre. O jogo precisa andar e você não quer cada indivíduo para seu agrado. É sobre esque- jogo da memória, cada ação para revelar duas
pessoa que já montou um quebra-cabeça ninguém bocejando ou entediado. Para isso, cimento, abandono, perda. cartas pede um teste.
sabe que, dependendo de seu tamanho, será determine um limite de tempo na vida real: Pouca coisa nos faz sentir mais velhos e
tomada por todas essas emoções, enquanto A perícia usada no teste deve ser condi-
próximos da morte do que notar que nossas zente com o desafio está sendo simulado (para
gasta horas e horas debruçada sobre um infi- • FÁCIL. Para 48 peças, dê 10 minutos. capacidades cognitivas estão lentamente defi-
nito mar de peças. • MÉDIO. Para 108 peças, dê 20 minutos. um enigma, use Investigação; para um ritual,
nhando. Objetos sendo guardados nos lugares use Ocultismo etc.). A dificuldade do teste
A cada peça conectada, uma onda de alegria. • DIFÍCIL. Para 192 peças ou mais, errados. Afirmar coisas que fez, quando não
dê 40 minutos. Recomendado apenas varia conforme NEX:
Quando as últimas peças se tornam óbvias, se o seu grupo gosta muito mesmo de fez. Lutar por coisas que gosta até descobrir
somos tomados pela ansiedade de encaixá-las quebra-cabeça. que não gosta mais. A perda da memória é
logo — a solução está logo ali! — e finalmente, Para cada personagem treinado em Investi- conflituosa e dolorosa.
a catarse de terminar e formar uma imagem • NEX 0% a 25%. DT 20. Se falhar, sofre
gação (ou em outra perícia apropriada ao tema Mais uma vez, não é preciso contar com 2d6 pontos de dano mental.
que àquela altura está clara e óbvia. Para nosso do enigma), aumente o tempo de montagem versões muito grandes. Um jogo fácil de 24
cérebro é extremamente satisfatório. em 3 minutos. Quando o tempo acabar, o cartas é mais do que suficiente. • NEX 30% a 50%. DT 25. Se falhar, sofre
Para uso em Ordem Paranormal, não preci- desafio não termina. Zere o cronômetro e 4d6 pontos de dano mental.
samos contar com versões muito complexas. cause dano mental em todos os agentes envol- • NEX 55% a 80%. DT 30. Se falhar, sofre
A tentação pode ser grande, mas enfiar uma vidos no enigma, conforme NEX: 6d6 pontos de dano mental.
versão enorme vai mais atrasar a sessão do que • NEX 0% a 25%. 2d6 pontos de dano • NEX 85% a 99%. DT 35. Se falhar, sofre
ajudar (a não ser em casos específicos, como mental (Vontade DT 20) reduz à metade. 8d6 pontos de dano mental.
explicado mais a frente). Um simples quebra-
-cabeça de 48 peças deve ser o suficiente. • NEX 30% a 50%. 4d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 25) reduz à metade.
• NEX 55% a 80%. 6d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 30) reduz à metade.
• NEX 85% a 99%. 8d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 35) reduz à metade.
CONVERSANDO
CONVERSANDOCOM
COM A NARRATIVA
A NARRATIVA
Para cada teste falho, lembre-se de descrever como a entidade
CONVERSANDO COM A NARRATIVA de Morte consome a sanidade do alvo, degradando suas memórias,
ferindo suas lembranças e tirando o valor de tudo o que importa, pois
Lembre-se de que todo quebra-cabeça forma uma imagem. Procure usar imagens que se rela- ele não se lembra mais.
cionem de alguma forma ao tema da investigação, mesmo que não representem exatamente o que
os agentes estão vendo (lembre-se que quem estará visualizando a imagem serão os jogadores).
Por exemplo, se eu estivesse narrando algo relacionado com a famosa missão pronta Os
Espinhos da Aurora Escarlate, na qual os agentes lidam com sementes e plantas, eu escolheria
um quebra-cabeça no qual a imagem formada seria uma flor importante na minha história.
Isso vai incentivar os jogadores a lutarem ainda mais para desvendar o enigma.

22 23
 CAÇA-PALAVRAS
Um caça-palavras é perfeito para simular
enigmas e rituais relacionados à Entidades de
Conhecimento.
O Conhecimento é a entidade da consci-
ência. Descobrir, decifrar, entender, aprender.
Ter a própria percepção do Outro Lado e
suas entidades agrada o elemento de Conhe-
cimento. A relação entre o Conhecimento e
um jogo onde você deve encontrar ordem no
caos, decifrando as palavras certas em meio
a uma loucura de letras embaralhadas parece
bem óbvia.
Trazer um caça-plavras para Ordem Para-
normal (neste caso uma versão fácil com 12
palavras) gera um entretenimento interessante
e rápido.
MECÂNICAS DE JOGO
Quando o assunto é Conhecimento, a perda
de sanidade não está no fracasso, mas no
sucesso. Quanto mais se sabe, mais próximo
da loucura está.
Independente do tamanho do caça-pala-
vras, os agentes perdem sanidade para cada
palavra que descobrem. Parece cruel e isso é
intencional. É o preço a se pagar para avançar
em sua jornada maldita e salvar o mundo do
paranormal.
O dano varia conforme NEX:
• NEX 0% a 25%. 2d6 pontos de dano mental (Vontade DT 20 reduz à metade).
• NEX 30% a 50%. 4d6 pontos de dano mental (Vontade DT 25 reduz à metade).
• NEX 55% a 80%. 6d6 pontos de dano mental (Vontade DT 30 reduz à me• tade).
• NEX 85% a 99%. 8d6 pontos de dano mental (Vontade DT 35 reduz à metade).
24
CONVERSANDO COM A NARRATIVA
Escolha um caça-palavra que, de prefe-
rência, inclua palavras relacionadas com a
missão ou com a vida pessoal dos agentes.
Nem sempre isso será possível, mas um pouco
de improviso e boa vontade dos jogadores
devem funcionar.
Sempre que os agentes descobrir uma
palavra, narre como ela perturba suas mentes.
Isso pede um pouco de improviso, mas vai
ajudar muito com a imersão.
Por exemplo, ao descobrirem a palavra
“caminhão”, descreva como um veículo pare-
cido tirou a vida de algum parente de um
agente ou sobre como um caminhão de lixo
pode levá-los na direção certa. Jogue com as
palavras e use-as como motivação ou fonte
de medo.
SUDOKU
Um sudoku é perfeito para simular enigmas
e rituais relacionados a Entidades de Energia.
Energia é a entidade do caos. Tudo que não
pode ser controlado, o intangível, a anarquia.
A mudança constante, o frio e o calor. Tudo
que envolve o inesperado e a transformação
agrada a entidade de Energia.
Se você já montou um sudoku, sabe que
apesar de toda a matemática e lógica por
trás, por várias vezes nos perdemos naquele
amontoado de números e acertamos linhas e
colunas sem nem sabermos como. Em outras
tentativas, temos certeza de que estamos indo
bem, até que um número não encaixa e tudo
desanda, obrigando-nos a voltar à estaca zero.
É caótico e perturbador, como se estivesse
fora do nosso controle e proveniente de forças
muito maiores.
Trazendo sudoku para Ordem Paranormal,
eu diria que é o enigma mais dif ícil e com o
qual devemos pegar mais leve. Um sudoku
considerado “muito fácil” é suficiente para
fazer os jogadores arrancarem os cabelos.
CONVERSANDO
COM A NARRATIVA
Sudoku é um jogo que exige
muita concentração e pode ser
muito frustrante. Evite desestabi-
lizar os jogadores, provocando-os
com o tempo apertado ou com
descrições perturbadoras.
Contudo, sempre que o tempo
resetar, faça alguma piada inespe-
rada, conte alguma história engra-
çada ou descreva sobre como um
deles ri de forma caótica ao sofrer
dano mental.
MECÂNICAS DE JOGO
Assim como o quebra-cabeça, a melhor
opção para o sudoku é determinar um limite
de tempo na vida real:
Muito Fácil. Dê 15 minutos.
Fácil. Dê 25 minutos.
Médio. Dê 40 minutos.
Difícil. Dê 1 hora. Difícil só é
recomendado se o seu grupo gosta
muito de Sudoku.
Para cada personagem treinado em Investi-
gação (ou em outra perícia apropriada ao tema
do enigma), aumente o tempo de montagem
em 5 minutos. Quando o tempo acabar, o
desafio não termina. Zere o cronômetro e
cause dano mental em todos os agentes envol-
vidos no enigma, conforme NEX:
• NEX 0% a 25%. 2d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 20) reduz à metade.
• NEX 30% a 50%. 4d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 25) reduz à metade.
• NEX 55% a 80%. 6d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 30) reduz à metade.
• NEX 85% a 99%. 8d6 pontos de dano
mental (Vontade DT 35) reduz à metade.
JOGOS DE TABULEIRO
Além de todos esses enigmas clássicos, você
também pode aproveitar mecânicas de jogos
de tabuleiro usando as mesmas adaptações.
Recomendo dar uma olhada nos enigmas de
Mansions of Madness, pois além de serem
fáceis de adaptar, combinam muito com o
misterioso elemento de Medo.
Finalmente, uma dica: seus pais, avós ou
responsáveis de maior idade podem não saber
o que é RPG, mas garanto que devem conhecer
pelo menos um dos jogos que citei neste artigo.
Conte com eles para ajudar a resolver os desa-
fios! Você pode se surpreender e eles podem se
interessar por Ordem Paranormal!
MIGUEL “BEHOLDER” SOUZA
25
A POESIA DO MEDO

CAMINHE DA LUZ ATÉ A NOITE ETERNA COM ALAN WAKE

EM ORDEM PARANORMAL
POR THIAGO ROSA
COM AGRADECIMENTOS A GLAUCO LESSA
 A D A P TA Ç Ã O
O bem-sucedido escritor Alan Wake viaja para a pacata cidade
de Bright Falls com sua esposa Alice, tentando pôr um fim
a dois anos de bloqueio criativo. Quando Alice desaparece, a
subsequente busca mergulha Alan em um mistério paranormal
envolvendo uma presença cósmica e páginas de um romance
supostamente escrito por ele mesmo… mas do qual o próprio
escritor não tem memória.
Alan Wake é um game de ação e aventura desenvolvido pela Remedy
Entertainment (a mesma do clássico Max Payne e de Control), e publicado
pela Microsoft Game Studios, lançado para Xbox 360 em 2010 e para
Windows em 2012. A trama gira em torno do personagem título, um escritor
de bestsellers de horror psicológico, tentando descobrir a verdade sobre os
estranhos acontecimentos que pairam sobre uma cidade pequena enquanto
procura a esposa desaparecida — e faz o possível para salvar a própria
vida — ao longo de seis episódios e dois DLCs. Uma versão remasterizada
foi lançada em 2021.
Com a chegada de uma continuação em outubro de 2023, depois
de anos de espera dos fãs, o escritor atormentado está mais na pauta
do que nunca. A seguir apresentaremos dicas e elementos para
inserir o universo de Alan Wake, principalmente a cidade de Bright
Falls, em sua campanha de Ordem Paranormal.
Nos concentraremos no primeiro jogo, incluindo suas conexões
com Control, posicionando-o em um universo compartilhado.
Tentamos manter as grandes revelações do jogo ocultas,
sem spoilers, mas por se tratar de um mistério com tantas
camadas é impossível deixar de revelar alguma coisa. Caso
não tenha jogado Alan Wake ainda (o que você fez nos
últimos treze anos?), prossiga com cautela!
28
ESCRITA PARANORMAL
Existem muitos paralelos entre Alan Wake e
Ordem Paranormal. O mais direto, uma forte
semelhança temática, acontece entre Alan e Daniel
Hartmann, um dos protagonistas da campanha A
Ordem Paranormal, adaptada para os quadrinhos
em Ordem Paranormal: Iniciação, criado e interpre-
tado por Luba.
Outrora um autor renomado, Hartmann descobriu
que seus contos de terror, entremeados por elemen-
tos sobrenaturais, causavam um enfraquecimento da
Membrana, a barreira que separa a realidade do
Outro Lado. Ao se envolver em uma investigação da
Ordem e se deparar com o agente Tristan Monteiro,
ele percebeu o impacto causado por suas obras,
mesmo involuntariamente, decidindo então combater
o paranormal e suas criaturas.
O personagem-título de Alan Wake, por sua vez,
também tem sua obra relacionada aos perigos que
enfrenta, mas com um posicionamento ficcional dife-
rente. Cauldron Lake, o lugar onde Wake se isolou,
tem o poder de tornar obras ficcionais reais. Dessa
forma, ao escrever um de seus romances, ele faz com
que os eventos se desenrolem de verdade. Ao entender
esse mecanismo, o próprio Wake altera o curso da
história para lhe conceder vantagens e tentar escapar
da entidade cósmica por trás desse poder.
A D A P TA Ç Ã O
Daniel e Alan adotam posturas diferentes, quase
opostas, diante da relação de suas obras com o
paranormal — enquanto um praticamente rejeita
seu trabalho, o outro redobra seus esforços sobre
o mesmo, usando-o como ferramenta.
O DEPARTAMENTO
Outro paralelo interessante a ser traçado entre os
universos de Alan Wake e o de Ordem Paranormal
fica entre o Departamento Central de Controle e a
Ordo Veritas. Ambos são organizações relaciona-
das ao combate da ameaça paranormal, mas seu
escopo e abordagem são muito diferentes. De fato,
não é difícil imaginar um conflito entre as duas orga-
nizações quanto a um evento paranormal específico.
O Departamento é uma organização secreta
do governo dos Estados Unidos, responsável pela
investigação de fenômenos paranormais — ou
"paranaturais", como costumam chamar, definidos
por violações das leis naturais da física. Sua origem
é nebulosa, mergulhada em segredos e burocracia;
talvez exista há séculos. Em 1964, o Departamento
descobriu a Antiga Casa, um arranha-céu para-
normal no meio da cidade de Nova Iorque, então
convertido em sede da instituição. Passou a fazer
experimentos com itens amaldiçoados, ou “itens de
poder” como são listados em seus relatórios. Seu
lema é invenio, investigatio, imperium (descoberta,
pesquisa, controle).
29
 A D A P TA Ç Ã O
O Departamento foi influenciado pelos eventos
em Bright Falls e pela Presença Sombria, tentando
aprender mais sobre o caso. Porém, sua postura de
estudar e realizar experimentos aumenta cada vez
mais o conhecimento sobre o paranormal, tornando
a Membrana cada vez mais fina. Se há relações
entre a Ordo Realitas e o Departamento, elas difi-
cilmente serão amistosas. Como o Departamento
possui uma quantidade enorme de recursos a seu
favor, sendo um braço paranormal do governo
estadunidense, um ataque frontal contra o mesmo
certamente resultaria em desastre. Qualquer coo-
peração, porém, será temporária e com muitas
reservas — com forte possibilidade de conflito em
uma escala pontual.
Os agentes do Departamento são, em sua maio-
ria, funcionários públicos já anestesiados quanto à
esquisitice daquilo que enfrentam. Não costumam
ser céticos, mas consideram com cuidado situações
antes de as declararem como efeitos paranaturais.
Use as estatísticas de policiais para os agentes,
mas adicione treinamento em Ocultismo e itens
amaldiçoados conforme sobem de patente — um
para policiais de elite e dois para chefes de polícia.
30
BRIGHT FALLS
À primeira vista, Bright Falls é apenas mais uma
cidade no noroeste americano. Há um ar urbano
típico do estado de Washington, somado às florestas
ao redor, paisagens montanhosas e um sereno lago
nas proximidades.
Tribos nativo-americanas habitam há milhares de
anos a região onde foi fundada a cidade. Acredita-se
que o estabelecimento de um ponto comercial foi o
fator que começou a atrair os imigrantes para a área,
mas sua expansão começou de verdade quando a
mina de carvão local foi inaugurada, em 1878. Os
mineiros, subsidiados pela própria empresa admi-
nistradora da mina, acabaram construindo uma
cidade para ter um lugar onde viver e descansar.
Dois pioneiros de Tacoma, Hubert Biltmore e Amos
Gunderson, terminaram de construir a infraestrutura
da cidade com um correio, um bar e um hotel. São
lembrados até hoje com um monumento em frente
ao parque da cidade.
Cauldron Lake, o lago vizinho, é o quarto mais
profundo do planeta, localizado em uma caldeira
vulcânica. Sem que os locais sequer suspeitem, no
fundo do lago a Membrana é fina, levando ao Outro
Lado, onde reside a entidade mística conhecida
como Presença Sombria.
A PRESENÇA SOMBRIA
A verdadeira antagonista de Alan Wake é essa
entidade misteriosa. Trata-se de uma força sobre-
natural tão malévola quanto inteligente, habitando
as profundezas de Cauldron Lake, em Bright Falls,
capaz de alterar a realidade, tomando objetos inani-
mados e seres vivos, transformando-os nas criaturas
das trevas conhecidas como Possuídos.
O método da Presença Sombria consiste em
se aproveitar das obras de arte criadas em Lake
Cauldron para expandir seu domínio sobre a região
e, pouco a pouco, obter espaço para se manifestar
fisicamente no mundo. Para tanto, causa pesadelos
nos locais e atormenta os artistas para que desen-
volvam as obras das quais precisa.
Antes de Alan, nos anos 1970, os músicos Tor
e Odin Anderson (a banda Old Gods of Asgard,
presente nas trilhas sonoras de Alan Wake e Control)
também foram vítimas da Presença, mas consegui-
ram bani-la. Eles não foram os únicos; apenas o
caso mais famoso. Vários outros artistas tiveram suas
mentes estilhaçadas enquanto a entidade segue em
busca de seu objetivo final: tornar real o pesadelo
da própria existência.
A Presença é uma força extremamente pode-
rosa e incompreensível. Especialmente nos níveis
de NEX baixos relacionados a Alan Wake, não
pode ser confrontada diretamente. Caso agentes
veteranos consigam localizá-la e desejem tentar
enfrentá-la, considere-a uma manifestação alter-
nativa do Deus da Morte.
A D A P TA Ç Ã O
ENFRENTANDO A
PRESENÇA
Cada um desses elementos pode ser incluído na
sua mesa de Ordem de forma independente. Talvez
ocorra uma manifestação parecida com a de Alan
Wake em uma cidade brasileira, com a Ordem
enviando agentes para contê-la. É o tipo de caso
perfeito para agentes iniciantes, envolvendo muito
contato com a realidade e investigação calcada em
métodos tradicionais. Os inimigos são humanoides,
possuem um ponto fraco que pode ser explorado e
são assustadores de sua forma particular.
Outra opção é fazer com que os agentes vão até
Bright Falls para investigar o caso de Alan Wake.
Eles podem inclusive encontrar o escritor —não
sua versão real, mas uma cópia criada por ele
mesmo através dos poderes de Cauldron Lake para
tentar se libertar. Ao longo do processo, conforme
desvendam os mistérios da cidade e enfrentam a
Presença Sombria, os agentes podem questionar a
própria sanidade e a própria existência. Se Alan
está escrevendo e se inseriu como protagonista,
quem são os agentes? Já existiam como pessoas
antes de serem inseridos nessa história pelo escritor?
Ainda possuem livre arbítrio?
Não há resposta certa para nenhuma dessas
perguntas, mas só o fato das questões serem levan-
tadas já é garantia de bons momentos nas mesas de
jogo, com discussões filosóficas e uma leve paranoia
ascendente. A própria Presença pode se aproveitar
disso, usando cópias dos agentes ou de seus entes
queridos para desestabilizá-los.
Por fim, uma opção dentro de qualquer uma das
abordagens é incluir o Departamento Federal de
Controle como um elemento adicional dentro da his-
tória. Eles podem servir como aliados ocasionais ou
rivais, com ambos os grupos enfrentando a Presença
Sombria mas com objetivos diferentes — enquanto
os agentes da Ordo Realitas querem destruí-la, os
funcionários do Departamento querem entendê-la.
31
 A D A P TA Ç Ã O A D A P TA Ç Ã O

Fala
O DADO DE ESCURIDÃO 1d10
Já passou seu
prazo!
tar.
1
o c ê v a i se a tr asar para o jan
V .
2 garrafada hoje
CAÇADORES
to d a e n
A influência da Presença Sombria sobre Bright O dado de escuridão pode ser reduzido apenas 3 A estrad a e st á
chover.
Falls aumenta conforme os personagens confrontam passando uma cena inteira em um lugar completa- Parece que vai as.
4
p re c is a r de botas nov
seus horrores, ficando cada vez mais imersos em mente iluminado, sem a presença do paranormal nem 5 V a m o s
a l pro estômago
! A maior parte dos integrantes das fileiras amaldi-
e m a is fa z m
seu ambiente, dominados pelo medo. Porém, da da violência. Ao final de uma cena assim, seu tamanho Lactose d to… çoadas da Presença Sombria, os caçadores também
6
a go ra p o ss o dar um descon
Se pagar são perigosos à distância, arremessando facas e
mesma forma que o personagem-título, os agentes diminui em um, mas nunca fica menor que um d4. 7
MADEEEEEEEIR
A!
podem se aproveitar da escuridão para alcançar 8
Cinema amanh
ã? machadinhas antes de se aproximarem para ataques
Caso o dado de escuridão obtenha um resultado 9 u cachorro!
seus próprios objetivos. Isso deve ser feito com muito lo n ge d o m e corpo a corpo.
20, a Presença Sombria se libertará. Boa sorte. 10 Fique
cuidado, já que pode aumentar o poder da mesma.
A influência da Presença Sombria é medida
pelo dado de escuridão. Essa é uma regra
CRIATURAS DA CAÇADOR
MORTE
VD 20
opcional, que serve para representar os altos e
baixos de tensão tão característicos de Alan Wake
ESCURIDÃO FLANQUEADORES CRIATURA  MÉDIO

PRESENÇA PERTURBADORA
nos videogames. No começo da aventura, trata-se A Presença Sombria é uma manifestação do Possuídos ágeis e rápidos. Empunham implemen- DT 14  2d4 mental  NEX 25%+ é imune
de um d4. Sempre que os personagens enfrentam Deus da Morte. Dessa forma, quaisquer criaturas tos de colheita cortantes ou facas e normalmente SENTIDOS PERCEPÇÃO O Visão no escuro
criaturas da escuridão, estão em um ambiente com- da Morte podem ser utilizadas como seus fantoches atacam em grandes números — aproveitando todas INICIATIVA 2O+5
pletamente escuro ou dormem, jogue o dado de ou criadas pelas suas manifestações. Porém, os as oportunidades para flanquear suas vítimas.
DEFESA 14FORTITUDE O
escuridão. Com um resultado máximo, ele aumenta mais icônicos inimigos de Alan Wake são seres REFLEXOS 2O+5
de tamanho em um passo — de d4 para d6, de tocados pela Presença, drenados de sua essência FLANQUEADOR VD 10 VONTADE O
d6 para d8, de d8 para d10, de d10 para d12 e e transformados em seus fantoches — os Possuídos. MORTE
PONTOS DE VIDA 16 | 8 machucado
finalmente de d12 para d20. Durante um encontro CRIATURA  MÉDIO RESISTÊNCIAS Balístico, corte, impacto e perfuração 10,

POSSUÍDOS
Morte 20
com criaturas da escuridão, o mestre pode invocar PRESENÇA PERTURBADORA VULNERABILIDADES Energia
o poder do dado uma vez por cena. Ele pode DT 14  2d4 mental  NEX 25%+ é imune
ser rolado junto com qualquer teste ou jogada, Os Possuídos são os principais inimigos da fran- ATRIBUTOS
SENTIDOS PERCEPÇÃO Visão no escuro
somando seu valor ao resultado final. quia Alan Wake; indivíduos que foram afetados pela INICIATIVA
O+5
O+5
AGI 2 FOR 2 INT 1 PRE 1 VIG 1
Presença Sombria, perdendo seu livre arbítrio e tornan-
Cada jogador pode usar o dado da escuridão 15 FORTITUDE O 9m | 6
do-se ferramentas de vigilância e violência a serviço DEFESA DESLOCAMENTO
uma vez por cena. Seu funcionamento é o mesmo REFLEXOS 2O+5
da entidade. Não estão mais vivos, são apenas cascas VONTADE O
das criaturas da escuridão; é rolado junto de outros VULNERABILIDADE A LUZ
vazias. Não podem ser salvos — devem ser evitados PONTOS DE VIDA 8 | 4 machucado
dados e o valor obtido é somado ao resultado final. Caso exposto à luz direta de uma lanterna ou lampião
Porém, sempre que um jogador decidir se arriscar ou mortos. São retratados como pessoas ou animais RESISTÊNCIAS Corte, impacto e perfuração 10, Morte 20 (uma ação padrão do portador do objeto) o caçador
com a escuridão, existe uma chance de que ela normais, mas uma sombra borrada fica ao seu redor, VULNERABILIDADES Energia perde suas resistências até o final da cena.

cresça. Caso o resultado obtido no dado seja maior obscurecendo suas características mais individuais. ATRIBUTOS AÇÕES
que o tamanho do dado anterior, seu tamanho O Departamento Federal de Controle os denomina AGI 2 FOR 2 INT 1 PRE 1 VIG 1
PADRÃO  AGREDIR
aumenta em um passo. Um d4 sempre crescerá para oficialmente como “indivíduos sombreados”. MACHADINHA Corpo a corpo ou à Distância x2
9m | 6
d6 quando rolado, um d6 cresce para d8 com um Possuídos costumam repetir frases cotidianas de DESLOCAMENTO TESTE 2O+5 | DANO 1d6+2 corte

resultado 4 ou mais, um d8 cresce para d10 com
um resultado 6 ou mais, um d10 cresce para d12
com um resultado 8 ou mais, um d12 cresce para
d20 com um resultado 12 ou mais e um d20 não
cresce mais.
suas vidas antes de serem tomados pela Presença, AÇÕES
levando a uma dissonância entre suas ações e suas
PADRÃO  AGREDIR
falas que os torna ainda mais assustadores. Se qui- FACA Corpo a corpo
ser aproveitar esse elemento, invente falas banais TESTE 2O+5 | DANO 1d4+2 corte
para os seus Possuídos ou jogue 1d10 na tabela.

32 33
 BRUTAMONTES REVOADA DE CORVOS ALAN WAKE Como muitos artistas, Alan é uma pessoa com-
plicada. Tem rompantes de agressividade, às vezes
As tropas de choque a serviço da Presença, Entre os animais tomados pela Presença, os mais contra jornalistas ou até mesmo pessoas próximas.
O renomado escritor Alan Wake nasceu em
esses Possuídos eram pessoas grandes em vida presentes são os corvos. Embora não sejam muito É teimoso, cínico, arrogante e suas tendências auto-
1978 e teve uma infância conturbada. Sofria com
— operários de construção, madeireiros. Portam perigosos individualmente, são mortíferos em grandes destrutivas o mantém em uma batalha constante
uma rara fotossensibilidade e medo do escuro,
grandes ferramentas, como machados, marretas números, podendo até mesmo destruir helicópteros contra o alcoolismo. Essas características abrasivas
aliviadas somente com um interruptor de luz que
ou até mesmo serras elétricas quando perseguem ao voarem contra seus rotores. Os corvos são ainda parecem ser um escudo para proteger Alan da
recebeu de presente da mãe. Quando adolescente,
seus inimigos. mais sensíveis a luz do que os outros possuídos. própria insegurança.
foi influenciado pelas obras de Stephen King e dese-
jou se tornar um escritor. Antes de se estabelecer Apesar de todos esses defeitos, é uma pessoa
BRUTAMONTES VD 40 ná área, Alan assumiu vários bicos, inclusive como caridosa e de certa forma altruísta, tentando ajudar
MORTE
vigia noturno, o que mais tarde serviu como fonte de aqueles ao seu redor mesmo sem relação direta com
CRIATURA  MÉDIO REVOADA DE CORVOS VD 10 inspiração para sua escrita. Nessa época conheceu seus objetivos.
MORTE
PRESENÇA PERTURBADORA Alice, que se tornaria sua esposa. Alan Wake é, no final das contas, uma pessoa
DT 14  2d4 mental  NEX 25%+ é imune CRIATURA  MÉDIO
A carreira de escritor de Alan realmente decolou normal em uma situação desesperadora. Sua única
SENTIDOS PERCEPÇÃO Visão no escuro
INICIATIVA
O
2O+5
PRESENÇA PERTURBADORA quando se tornou um dos roteiristas da série de chance de encontrar a esposa desaparecida é
DT 14  2d4 mental  NEX 25%+ é imune televisão Night Springs. Esse trabalho serviu como usar os poderes da Presença Sombria contra ela
14FORTITUDE 4O+5
DEFESA SENTIDOS PERCEPÇÃO O Visão no escuro ponte para o reconhecimento internacional advindo mesma… ou obter ajuda dos agentes.
REFLEXOS 2O+5
VONTADE O
INICIATIVA O+5 dos seus romances de suspense policial com o
PONTOS DE VIDA 26 | 13 machucado DEFESA 14 FORTITUDE O personagem Alex Casey. Os sete livros da série
ALAN WAKE VD 40
RESISTÊNCIAS Balístico, corte, impacto e perfuração 20,
REFLEXOS O+5 Alex Casey foram grandes sucessos de venda. No
Morte 40 VONTADE O
entanto, após completá-la, Alan se deparou com um PESSOA  MÉDIO
VULNERABILIDADES Energia PONTOS DE VIDA 10 | 5 machucado
bloqueio criativo incapacitante. Preocupada com seu SENTIDOS PERCEPÇÃO 3O+5
RESISTÊNCIAS Corte, impacto e perfuração 10,
ATRIBUTOS
Morte 20 bem-estar, Alice decidiu trazê-lo para a pitoresca INICIATIVA O+5
AGI 2 FOR 3 INT 1 PRE 1 VIG 4 VULNERABILIDADES Energia cidade de Bright Falls, Washington, na esperança de DEFESA 18 FORTITUDE O
ATRIBUTOS que a mudança de cenário e a terapia o ajudassem REFLEXOS O+5
9m | 6
DESLOCAMENTO
AGI 1 FOR 0 INT 0 PRE 1 VIG 0
a destravar a própria criatividade. VONTADE 3O+10
PONTOS DE VIDA 40 | 20 machucado
VULNERABILIDADE A LUZ
DESLOCAMENTO 9m | 6 ATRIBUTOS
Caso exposto à luz direta de uma lanterna ou lampião
(uma ação padrão do portador do objeto) o caçador
perde suas resistências até o final da cena. VULNERABILIDADE A LUZ FERRAMENTAS DA LUZ AGI 1 FOR 1 INT 3 PRE 3 VIG 1

Caso exposto à luz direta de uma lanterna ou lampião Os Possuídos são vuln PERÍCIAS ARTES 3O+20
AÇÕES (uma ação padrão do portador do objeto) o caçador são encontrados em poeráveis à luz. Não
de luz direta e evit ntos com incidência
INTIMIDAÇÃO 3O+5
PADRÃO  AGREDIR perde suas resistências até o final da cena. am ficar nesses luga
res. Podem, porém, se - INVESTIGAÇÃO 3O+10
ARMA PESADA Corpo a corpo ou à Distância x2
ENXAME luz artificial, como r enfr aq ue cidos por
TESTE 3O+10, crítico 19 | DANO 2d8+6 corte
de uma granada de at a de uma la nterna ou DESLOCAMENTO 9m | 6
Um enxame é uma aglomeração de criaturas que agem ordoamento.
em conjunto. Em termos de regras, pode entrar no O facho de uma lanter
para afetar um Possuína precisa ser forte
AÇÕES
espaço ocupado por um ser. No fim do seu turno, o
enxame causa 2d6 pontos de dano de perfuração a qual- luz de tela de celulado. Não basta ser uma PADRÃO  AGREDIR
quer ser em seu espaço, automaticamente. Um enxame iluminação com pelo r, é necessário uma LANTERNA Corpo a corpo
tão intensa quanto ummenos alcance curto,
é imune a manobras de combate e efeitos que afetam TESTE O+5
apenas uma criatura e não causam dano e sofre apenas caso de lanternas co a lâmpada acesa. No DANO 1d6+1 impacto
ça Sombria tenta enfrm baterias, a Presen
metade do dano de ataques com armas. Porém, sofre 50% -
rodada com uso de um en tar a lu z — a cada PISTOLA À Distância
a mais de dano por efeitos de área. a la nt erna contra um TESTE O+15, crítico 19/x3
Possuído, role 1d6.
bateria se esgota. Com um re sultado 6, a DANO 2d6+1 balístico

34 35
 T O O L B O X
E se o assassino fosse
seu melhor amigo? É outubro, o famoso mês das bruxas, quando
acontece o Halloween, a festa importada
mais legal que o nosso colonialismo moderno
já trouxe (sério, eu morria de inveja quando
era criança e via a molecada pedindo doce
nos filmes. Infelizmente a coisa toda chegou
tarde demais para mim).
Todo esse climão de caldeirões borbulhantes, vas-
souras, dentaduras falsas, vampiros brilhantes e outras
coisas nos fez pensar que talvez, apenas talvez, você
tenha vontade de mestrar — ou jogar — uma bela
aventura de terror com um clima pesado de suspense,
seja em Tormenta, Ghanor ou Ordem Paranormal.
Assim, como não podia deixar de ser, resolvemos trazer
13 dicas de mestre especiais para a sua mesa.
É possível que você já tenha me visto comentar
sobre algumas delas em algum editorial ou podcast,
mas não custa relembrar, certo? E como já dizia meu
pai: “Para quem não leu, jornal de ontem é novidade”.
1 - Converse primeiro!
13
A primeira dica, a mais importante de todas, a
primordial: converse com os seus jogadores. Sim, a
gente tem dito isso um bocado e, surpresa, vamos
DICAS
continuar dizendo.
O tempo fez com que mestres e jogadores assumis-
sem uma nova consciência sobre como uma experiência
como o RPG pode mexer com as pessoas, então não
custa perguntar se as pessoas estão REALMENTE a
fim de encarar uma aventura nesses moldes. Jogar é
MACABRAS
diferente da experiência passiva de ler ou assistir algo.
Quanto antes a gente entender isso, melhor.
2 - Alguém me tire daqui!
Uma vez que todos estejam de acordo, crie mecanis-
Ajudamos você a montar sua
mos para que qualquer jogador que se sinta realmente
incomodado possa alertar o mestre os jogadores.
aventura de suspense!
E quando eu digo incomodado, é incomodado
mesmo: eu não gosto de animal de estimação mor-
36
T O O L B O X
rendo, porque perdi um gato. Também não gosto de
histórias que lidem com relação pai e filho envolvendo
morte, porque passei por isso há cinco anos.
Uma mão levantada já resolve. Às vezes a pessoa
só precisa de uma parada no jogo para respirar fundo
e continuar. Eu sou contra destrinchar todas as situações
planejadas antes que elas aconteçam, e esse é o meio
mais fácil de evitar que seja preciso chegar a tanto.
3 - Sim, divide o grupo!
Todos os cuidados tomados, vamos à minha dica
preferida (essa eu sei que escrevi em um editorial):
separe o grupo!
Sim, é mais trabalho para o mestre! Sim, jogado-
res ficarão um tempo parados comendo salgadinho e
olhando as redes sociais! Mas quem se importa? Eu não
me importo! Dividir o grupo — e quando eu digo dividir
é levar um ou dois para uma outra sala para que uma
outra ação aconteça — cria tensão, desconfiança, e uma
série de sentimentos que a gente pode não querer numa
mesa normal, mas adora numa mesa de terror e suspense.
Lógico, ninguém aqui está falando de fazer cenas
de meia-hora com uma única pessoa. Tenha bom senso.
4 - O tempo passa!
Limite o tempo de ação dos jogadores em situações
tensas! Sabe os quick time events que a gente vê em
games? Quando um cara vem na sua direção para dar
um soco e um ícone (responda rápido: você chama o
botão do Playstation de círculo ou bola?) aparece na
tua cara para apertar na hora certa? Então. É isso, só
que em RPG.
Jogadores adoram confabular para tomar uma
decisão em que todo mundo precisa estar de acordo,
mas e se essa decisão precisa ser tomada com uma
maldita ampulheta na cara de todo mundo? E se for
um timer de celular ligado a uma caixa de som JBL do
tamanho do mundo, berrando quando o tempo acabar?
Será que vai dar tempo de pensar tanto assim?
37
 T O O L B O X
E não precisa ser nem naquelas situações clássicas
tipo paredes se fechando: pode ser na solução de um
enigma, na resposta a um oponente desconfiado, na
hora de decidir qual dos dois drinks não está envene-
nado. Sério, dá para fazer muita coisa.
5 - As paredes têm ouvidos
Segredos, minha amiga. Os seus jogadores preci-
sam de segredos. Do tipo mais sórdido.
Na criação de personagem, ainda que a Sessão
Zero seja utilizada (e a gente, junto com toda a indús-
tria RPGística moderna, aconselha que sim), peça que
todos pensem em uma parte da história que ficará
oculta dos outros personagens. Talvez seu paladino ou
policial tenha matado alguém sem querer. Ou por que-
rer. Talvez sua médica tenha passado por problemas
muito sérios no passado e precisado de internação.
Talvez um fantasma esteja perseguindo seu anão desde
criança. Talvez a empresária de sucesso tenha um
amigo imaginário que se recusa a ir embora.
O importante aqui é que o mestre NUNCA revela o
segredo do personagem aos outros. Ele pode usar isso
tudo como ferramenta, mas cabe APENAS ao dono
38
do segredo abrir o jogo. É inclusive algo que pode ser
usado para marcar o momento em que um personagem
passa a confiar no outro. Que fofo!
6 - Mentiroso? Eu?
Na mesma esteira, permita que seus jogadores
mintam em seus backgrounds. Ao contrário do segredo,
não faz sentido obrigar todo mundo a mentir, porque
se não, qual a graça, não é mesmo?
A médica do exemplo anterior talvez seja uma
paciente fugitiva. Seu anão talvez conte a história
de uma família que nunca existiu. A fronteira entre o
segredo e a mentira é muito tênue, mas existe.
7 - Estão falando de mim?
Completando a trinca da desonestidade RPGística,
semeie a paranoia. Era muito comum quando comecei
a jogar que o mestre passasse recados escritos em
papel para os jogadores. Ou que os jogadores fizes-
sem o mesmo com outros jogadores.
A ideia é que possa existir uma comunicação entre
os integrantes da mesa que não seja totalmente aberta,
escancarada para que todos saibam. Qual a graça
nisso? Hoje em dia, pode-se fazer
isso com WhatsApp ou Telegram.
Ninguém vai saber se você está
respondendo uma mensagem do seu
namorado ou tramando alguma coisa
com a diretora de cinema caçadora
de vampiros do outro lado da mesa.
A única regra é que os recados
não podem ser mostrados a ninguém
como prova: vale apenas o que é
dito, assim ninguém nunca vai ter
cem por cento de certeza de nada.
Alien Isolation
As paredes têm ouvidos,
dentes e garras
8 - O silêncio antes da tempestade
Nirvana (a banda que poderia ter unido todas as
tribos) usava em várias de suas músicas uma estrutura
que o falecido Kurt Cobain dizia ter roubado de
outra banda, os Pixies, chamada quiet/loud. Não
é nada muito complicado de entender: primeiro os
instrumentos entram tranquilos, baixinhos às vezes, e
depois o negócio explode em barulho e distorção. Ou
seja: quieto e depois barulhento.
Dois exemplos ótimos do próprio Nirvana são
Frances Farmer Will Have Her Revenge On
Seattle (que é um dos melhores títulos do mundo)
e a versão elétrica de Pennyroyal Tea, ambas de
In Utero, o melhor álbum do grunge. Where Is My
Mind, dos Pixies, famosa por abrilhantar o final de
Clube da Luta, é outro exemplo bom. A essa altura
você deve achar que eu estou enrolando só para falar
de música, mas não. A real é que você pode usar a
mesma técnica narrando ou interpretando.
Jogando Fiasco com os amigos aqui em casa um
tempo atrás eu fiz uma ponta como um mafioso ame-
ricano que amava a Rússia (não queira saber mais
que isso). E aí, em dado momento comecei a contar
uma história completamente absurda sobre esquilos
(não me pergunte) em um tom de voz bem calmo, e
ai, do nada — BLAM! — dei um tapão na mesa de
madeira e subi o tom de repente. Funcionou que foi
uma maravilha.
Dá para usar sempre? Não, mas pelo menos você
tem uma dica nova e aprendeu mais sobre minha
banda favorita.
9 - O som do terror
Falando em música, a dica mais clássica: use música
ambiente. Pode, inclusive ser música clássica.
O mais comum é procurar trilhas sonoras de filme,
principalmente as consagradas, como Drácula de
Bram Stoker, até por já seguirem uma estrutura
que casa muito bem com narrativas. Mas na real não
precisa ser só isso. Serviços como o Spotify e YouTube
T O O L B O X
facilitam muito a vida de quem quer montar uma playlist
já tendo em vista o que deve acontecer na aventura.
Há, inclusive, playlists prontas e públicas: dando uma
procurada rápida aqui no Spotify, por exemplo, achei
uma chamada TikTok Horror Songs que provavel-
mente vai me dar pesadelos.
Outra coisa a se ter em mente é que não é preciso
se ater aos estilos mais convencionais. Nothing is
Safe, do Clipping (que da para enquadrar como rap/
hip hop) tem uma letra que daria uma aventura por si só
e Bucephalus Bouncing Ball e Come to Daddy
do Aphex Twin (música eletrônica) são perturbadoras.
Por último, se você for um mestre ágil e tiver um
repertório mental legal, pode procurar na hora uma
música que faça sentido tal qual um DJ profissional.
10 - Episódio avulso
Não é preciso uma campanha toda para experi-
mentar as maravilhas do horror, mas também não é
preciso se limitar a aventuras únicas estilo one-shot.
Você pode enfiar uma aventura do tipo no meio de
uma campanha já existente. Se os animes fazem isso
com o famoso episódio da praia, você também pode
fazer com a sua aventura de RPG.
Alguns RPGs, como Tormenta20, facilitam o serviço:
o grupo pode passar um tempo em Aslothia ou ser
transportado contra a sua vontade para Sombria, o
reino de Tenebra. De um modo mais sutil, um inimigo
que o grupo julgava ser um mero líder de guilda pode
ser, na verdade, um vampiro. Ou a casa da nobre que
lhes prometeu pagamento pela missão bem-sucedida
pode guardar mais segredos do que se esperava.
11 - Clima trevoso
Outra dica clássica: prepare seu ambiente. Se vai
jogar de dia, feche as cortinas. Decore a casa com
velas… de led! Estamos em 2023 e ninguém precisa
correr o risco de tacar fogo nos móveis só porque quer
se divertir um pouco. Outra opção é colocar abajures
espalhados estrategicamente pela sala.
39
 T O O L B O X

Uma caixa de som ou a TV ligada no YouTube

com sons de tempestade (esse do link tem quatro horas!)
podem funcionar muito bem se não estiver rolando um
temporal de verdade. E se você tiver gatos, solte-os
pela casa. Nada apavora mais alguém do que gato
fazendo barulho em algum cômodo distante!
12 - Traição!
OK, vamos deixar bem claro: essa técnica é bem
perigosa e exige um nível de maturidade que nem todo
grupo de RPG tem — ou precisa ter. Sabe quando em
um filme os personagens estão atrás de um assassino,
procuram pistas, não acham nada e de repente alguém
diz: “O assassino só pode ser um de nós!”. É isso. O
assassino é mesmo um dos membros do grupo!
Eu disse que é uma ideia perigosa porque exige que
um dos jogadores seja mais NPC do que jogador. Ele
está com seus amigos, mas tem uma missão CONTRÁRIA
a do grupo, e quando isso é finalmente descoberto, nem
sempre é bem aceito. Talvez nunca mais eles confiem
uns nos outros, o que pode ser bem ruim.
O melhor jeito de fazer com que funcione é a)
proibir o jogador infiltrado de atacar os amigos e b)
inserir aos poucos a ideia de que o assassino pode
estar mais próximo do que eles imaginam, de modo
que os próprios jogadores cheguem a essa conclusão.
Você pode, claro, determinar que o infiltrado não está
ali para vencer, está ali para atrapalhar. Ou seja: seu
objetivo não é acabar com todo mundo, é interpretar
um vilão a ser vencido. A princípio.
Tudo isso funciona ainda melhor se acontecer em
uma campanha em andamento, porque nesse contexto
ninguém vai imaginar que Jonas, o ex-escoteiro que
salvou Ana da morte certa duas sessões atrás, possa ser
um assassino sanguinário. O trauma pode ser aliviado
se no fim das contas Jonas na verdade não for Jonas, e
sim um metamorfo que tomou seu lugar ou um demônio
que possuiu seu corpo.
Claro, isso se o jogador quiser. Talvez ele prefira
que Jonas tenha mesmo se transformado em um ser
desprezível. É um ótimo meio de se despedir de um
personagem e começar outro do zero. Se o pessoal
ainda jogar com você, claro.
40
13 - O desconhecido indescritível!
O criador das histórias de Cthulhu adorava descre-
ver o quão indescritíveis eram seus monstros, por mais
paradoxal que isso possa soar. E embora sua vida tenha
equívocos imperdoáveis, nesse ponto ele até que estava
certo. Pelo menos se a gente olhar pelo ponto de vista
do RPG, que é o que nos interessa no momento.
Não há nada mais destruidor de suspense do que o
jogador ouvir metade da descrição de uma criatura e
automaticamente apontar qual é. E às vezes meio que
não dá para evitar o metagame. Afinal, a gente passa
anos jogando os mesmos sistemas. Ou será que dá?
Podemos tentar, usando a velha tática de Alien, o
primeiro filme: você mostra uma PARTE do bicho, você
ouve descrições, vê do que ele é capaz de fazer, ouve
os relatos apavorados, mas só tem uma noção do todo
quando o pavor já tomou conta. E aí talvez seja tarde
demais. Também podemos fazer como em Tubarão:
todo mundo sabe que é um tubarão o responsável
pelos ataques, mas o tamanho do estrago feito é capaz
de botar uma minhoca na sua cabeça que pode ser
crucial para manter o suspense. Afinal, que tipo de
tubarão seria capaz de tamanha destruição? O mesmo
vale para criaturas de RPG. Sim, parece nítido que um
gigante foi o responsável pela destruição daquela vila
perdida em Sambúrdia, mas nenhum gigante conhecido
seria capaz DAQUILO!
Para confundir ainda mais, vale misturar poderes
de criaturas e descrições. Sim, era um gigante, mas
as vítimas foram corroídas por ácido e o velho estala-
jadeiro jura que viu pelo menos um chifre na cabeça
dele. É o suficiente para o jogador regreiro dentro de
cada um entrar em pânico e desistir de racionalizar as
estatísticas, que é exatamente o que a gente precisa
para uma aventura de suspense.
J.M. TREVISAN

Notícias do Mundo de Arton • Edição 127 • Escrita e editada pelos Goblins de Valkaria
ESTUDIOSO PREPARA JORNADA
D entre os estudiosos atuais, o renomado mago Teik
Nik'khari emergiu como um dos grandes entusias-
tas do Éter Divino: espaço interdimensional místico
entre os mundos dos deuses e Arton. Após anos de
preparação, Nik'khari crê estar pronto para o próximo
passo nas pesquisas.
O teólogo e mago acredita ter desenvolvido um veículo
capaz de realizar a estranha viagem para além da iliosfera,
o suposto limite entre a realidade e o espaço místico do
Éter. Com este conhecimento, promete abrir as portas da
exploração dos caminhos do além-mundo. No entanto,
concretizar tal objetivo não será fácil. Ele precisará de
aventureiros com coragem e disposição para correr riscos.
Embora tenha acesso aos recursos financeiros necessários
para executar o projeto, a empreitada demanda ainda uma
extensa coleta de itens essenciais. A construção do veículo
de transporte é complexa. Mas graças ao apoio conquista-
do junto a Academia Arcana, Nik’khari sabe o quê e onde
procurar. Porém, reconhece a impossibilidade de fazê-lo
sozinho e sempre há chance de dar tudo errado.
Aos interessados em participar e, quem sabe, integrar a
tripulação da própria jornada, a oportunidade se apresen-
ta por meio do contato direto com Nik'Khari. O estudioso
atenderá interessados na própria Academia Arcana, ou
em seu laboratório em Vectora.
Além de acompanhar cada fase subsequente desse projeto
inovador, a Gazeta se compromete a fornecer atualiza-
ções regulares sobre o desenvolvimento e a evolução do
empreendimento pioneiro.
42
A marcha dos condenados Fugitivo causa problemas
A condução de um grupo de pessoas das cercanias
dos Feudos de Trebuck em direção à Sckharshantallas
vem causando consternação em qualquer um que tes-
temunhe a comitiva. Tratam-se de oito prisioneiros,
acorrentados pelo pescoço e pelos pulsos, condenados
à morte por contrabando de treckod. E o motivo da
comoção não podia ser outro: todos alegam inocência.
O grupo formado por aventureiros foi contratado
pelo barão Iago Áridossol, herói veterano e senhor
de um feudo próximo à fronteira. A missão se res-
tringia a escoltar a carga através do caminho sabi-
damente perigoso entre os reinos. Segundo os que
acompanhavam a comitiva, os mesmos aceitaram
sem questionar a natureza do carregamento. E fo-
ram apanhados assim que deixaram a região.
O treckod é uma fruta de coloração vermelha, amar-
ga e polpuda, bastante comum no Reino do Dragão.
Por ser muito nutritiva e resistir sem estragar por
vários meses após colhida, se tornou a base da ali-
mentação de boa parte da população. Sua raridade
em terras distantes a tornou valiosa, atraindo con-
trabandistas. E a pena para estes é a execução.
Houveram apelos para que o barão interviesse
pelos condenados. Poderia fazer isso em tratativa
com Khirollandra, governadora de Khershandallas,
cidade onde os frutos se originam. Porém, o barão
não apenas se nega a ter qualquer contato com os
nobres do norte como também negou qualquer en-
volvimento com o ocorrido.
Os pedidos de socorro dos oito condenados conti-
nuam sem resposta. Eles em breve cruzarão a fron-
teira, tornando qualquer tentativa de negociação e
resgate remota.
Nova Malpetrim ainda está abalada com a morte
de um dos bardos mais queridos da nova geração
e que atuava nas tavernas e estalagens da cidade
portuária. Tratava-se de Parikc Pena Púrpura,
lirista talentoso, responsável por inúmeras apre-
sentações emocionantes.
O intérprete de canções épicas sobre a Guerra Arto-
niana foi morto há algumas semanas. O crime ocor-
reu após uma confusão generalizada na Estalagem
da Águia Dourada, e aproveitando-se da baderna, o
assassino desconhecido escapou. Ou ao menos era
nisso que se acreditava, pois desde o acontecido,
uma série de infortúnios e pequenos desastres inex-
plicáveis passaram a ocorrer em locais movimenta-
dos como praças e templos.
Tais ocorrências desastrosas quase sempre são mais
incômodas que perigosas de fato. Quedas de obje-
tos sem explicação, tropeços ou objetos quebrando
de uma hora para outra. Mas tanto a quantidade
quanto o risco de causar ferimentos mais sérios
vêm aumentando com o passar dos dias. O que vem
alimentando os boatos sobre uma maldição de azar.
Acredita-se que a deusa Tanna-Toh abençoa e pro-
tege todos os bardos. Por isso, a lenda diz que matar
um deles pode trazer consequências ao assassino:
uma espécie de maré de azar. As tentativas de trazer
o bardo de volta à vida fracassaram, o que reforçou
a teoria de tratar-se de maldição divina.
Temendo maiores prejuízos, os proprietários da
Águia Dourada procuraram a Gazeta em busca de
ajuda. Para impedir a crescente maré de azar, pro-
metem uma recompensa àqueles que descobrirem a
identidade do assassino e o levarem até às autorida-
des para que possa cumprir pena, aplacando assim
a ira da deusa do conhecimento.
43
 C AV E R N A D O S A B E R
Underworld
Imagem conceitual
de William Corvinus
B oas-vindas à Caverna do Saber, o templo
do conhecimento onde teorizamos sobre o
futuro de Tormenta20. Essa coluna apresenta
material de jogo em fase de teste, que está
sendo trabalhado pela equipe de game design e
pode (ou não) ser inserido em futuros suplemen-
tos da franquia. Todas as regras mostradas aqui
são opcionais e podem apresentar mudanças
caso publicadas oficialmente. Nosso principal
objetivo é dividir esse conhecimento prévio com
os ávidos jogadores que têm grande apreço
pelas regras e suas muitas possibilidades!
Os mitos sobre lobisomens aparecem em diferentes
povos, apresentando ao mesmo tempo medo da natureza
e um fascínio pela força e selvageria dos animais. Temos
um histórico de licantropos em Tormenta, como o vilanesco
Volken, mas ainda não temos regras para licantropos em
Tormenta20.
Nesta coluna, falaremos um pouco sobre essas criatu-
ras, discutiremos se são amaldiçoadas ou abençoadas e
UIVE PARA
forneceremos ferramentas não para você enfrentá-las, mas
sim para se tornar uma delas.
Então uive para a lua, venere a Mãe Noite e se prepare
para libertar um dos lobos que existem dentro de você!
Teriantropia
A LUA
Entre as divindades maiores, há as que se relacionam
mais com o mundo dos mortais e aquelas que, por um
motivo ou outro, se mantêm mais distantes.
A influência divina de Azgher e Tenebra figura entre
as mais flagrantes. Todo artoniano pode ver o sol ardente
nos céus e sentir a escuridão quando ele se vai. Azgher,
severo, concede dádivas maiores apenas a fiéis fervorosos
e leais, exigindo um tributo de acordo. Os fiéis enxergam
isso como generosidade — afinal, luz e calor já estão
disponíveis a todos, mesmo aqueles que não prestam as
devidas homenagens à sua divindade. Tenebra escolhe
Os lobisomens de Sombria uma abordagem diferente.
A escuridão de Tenebra por si só acolhe contra o calor e
permite esconder segredos, mas a Mãe Noite não cessa em
chegam à sua mesa! distribuir presentes para seus fiéis. Sedutores, esses presentes
podem fazer com que até um devoto do inimigo se converta à
fé de Tenebra. Enquanto os demônios da pólvora de Sombria
oferecem o poder da destruição, existe outra dádiva de
C AV E R N A D O S A B E R
Tenebra mais antiga e até mais temida em Arton. Trata-se da
teriantropia, a maldição que faz humanoides se transformarem
em animais sob o olhar da deusa — a lua cheia.
Durante esse estado, o teriantropo é acometido por
fúria e fome incontroláveis, avançando sobre aqueles que
encontra em seu caminho. Alguns sofrem ataques e crueldade
indizíveis, enquanto outros acabam sendo devorados. Os
sobreviventes sequer podem se considerar afortunados, já
que a mordida de um desses seres amaldiçoados dissemina
sua condição. Muitas vezes, ataques de monstros em locais
improváveis e assassinatos inexplicáveis são resultado da
ação dessas criaturas. Como nem o próprio teriantropo tem
noção completa de seus atos durante a transformação, muitas
vezes é difícil encontrar o verdadeiro culpado.
Todos os teriantropos são humanoides, se transformando
sob certas condições. Em geral, Tenebra os abençoa (ou
amaldiçoa) com três formas: humanoide, animal e híbrida. A
forma híbrida é a mais poderosa, combinando as melhores
características físicas das outras duas e amplificando-as.
Nessa forma, o teriantropo é capaz de falar e manipular
objetos, mas torna-se coberto de pelos ou escamas, com
um focinho animalesco e garras afiadas.
Em Khubar, há histórias assustadoras de homens-selako
sanguinários, muitas resultantes de conflitos com elfos do
mar. Na Grande Savana, contos arrepiantes surgem a
beira dos eijotós sobre homens-guepardo atacando viajantes
incautos. Até mesmo em grandes cidades como Valkaria
podem ser encontrados bandos de homens-rato ardilosos.
Porém, os teriantropos mais comuns, os mais queridos por
Tenebra, são os que se transformam em lobos: os licantropos.
Lobos e a lua
Há uma crença geral em Arton de que os lobos possuem
uma relação íntima com Tenebra, comprovada na visão
frequente de lobos uivando para a lua.
Os devotos da Deusa da Natureza, Alihanna, rejeitam
essa hipótese veementemente. Embora concordem sobre o
impacto fascinante do uivo de um lobo durante uma noite
enluarada: afirmam se tratar apenas de uma forma de comuni-
cação, comum a muitos outros animais. A imagem clássica do
lobo com o pescoço erguido para o alto e um uivo explodindo
da garganta representaria uma forma de expandir o alcance
dessa vocalização, transmitindo informação para membros
distantes da alcateia. Animais inteligentes e sociais, os lobos
reproduzem os sons uns dos outros, aumentando o alcance
45
 C AV E R N A D O S A B E R
dessa comunicação ou apenas demonstrando solidariedade.
Os lobos solitários uivam mais alto e com mais frequência,
visando reencontrar os seus.
O culto de Tenebra, por sua vez, tem uma história para
explicar essa conexão. Quando o mundo era jovem, a deusa
foi acometida por um capricho. Desceu do céu estrelado em
um corpo mortal, rodopiando lentamente pelos céus enquanto
seus véus escuros se misturavam com o firmamento noturno.
Viu a maravilha da vida acostumada à escuridão na forma de
morcegos se orientando por sons, aranhas tecendo teias para
aprisionar suas presas e predadores caminhando suavemente
entre as sombras para espreitar sua caça.
Perdida em sua própria admiração, Tenebra deixou seus
véus se enroscarem nos ramos de uma árvore e ficou presa.
Antes da Deusa das Trevas perder a paciência e invocar
seu poder divino para se libertar, um lobo se aproximou,
mastigou os ramos e libertou a Mãe Noite. Surpresa com
esse ato vindo de um predador, Tenebra se aproximou do
lobo e o tomou como guia, perguntando sobre o mundo dos
mortais. O animal era incapaz de falar, mas isso configu-
rava um obstáculo pequeno para a deusa — e a dedicação
do lobo garantiu à divindade um entendimento maior da
criação e dos mortais. Desde então, a Deusa da Noite se
afeiçoou aos lobos, criando a licantropia para compartilhar
essa forma com os humanos.
Licantropia
Ainda que seja considerada uma dádiva entre certos
devotos de Tenebra, a licantropia é uma doença e também
uma maldição.
Um personagem que contrai licantropia por mordida de
lobisomem (ou porque Tenebra simplesmente desejou assim)
não apresenta nenhum sintoma até a primeira noite de lua
cheia. Nessa ocasião, ele então se transforma e parte em
uma caçada selvagem, matando tantas vítimas quanto puder,
dando preferência a seres inteligentes. Ao amanhecer, retorna
à forma normal, sem lembrança do que fez.
Uma vítima de licantropia que esteja ciente de sua
condição pode realizar um teste de Vontade (CD 30). Isso
não evita a transformação, nem concede qualquer forma
de controle, mas permite se lembrar de suas ações no dia
seguinte. Um devoto de Tenebra recebe +5 nesse teste.
46
A licantropia pode ser curada com a magia Purificação
(+7 PM, requer 3º círculo).
Lobo Lunar
Licantropos são vítimas de uma maldição, perdendo
completamente seu controle e se entregando à sede de
sangue. São muito amados por Tenebra, mas poucos entre
eles conseguem exercer a própria vontade. Alguns devotos
conseguiram desenvolver uma forma de controlar essa
transformação, transformando a maldição em bênção. São
os lobos lunares; enquanto Tenebra ama os licantropos
acima dos teriantropos, ama os lobos lunares acima dos
demais licantropos.
Devotos fervorosos de Tenebra, os lobos lunares adqui-
rem poderes acima e além daqueles possuídos por outros
licantropos, embora precisem se dedicar para provar sua
devoção à Mãe Noite. São poucos, solitários e competi-
tivos entre si, por vezes clamando florestas ou cavernas
escuras como seu território, sendo especialmente avessos
a invasões por outros lobos lunares. Quanto aos lobos e
lobisomens, porém, são encarados pelos lobos lunares
como servos em potencial, com alcateias inteiras sendo
sobrepujadas e tomadas como parte do séquito de lunares
mais ambiciosos.
Admissão
Um lobo lunar deve ser um licantropo e provar sua devo-
ção à Deusa das Trevas acima de qualquer suspeita, dentro
de seus rigorosos ditames. Embora existam várias formas a
partir do qual isso pode acontecer, um ritual em específico foi
imortalizado em canção pelo bardo Hars Yammet.
O candidato deve se entregar à selvageria de sua trans-
formação por uma noite, permitindo que a escuridão de
Tenebra o consuma. Depois disso, precisa se manter em um
lugar intocado por qualquer forma de luz, incluindo a da
lua, do fogo ou das estrelas, por cinco noites — uma para
cada ponta da estrela da Mãe Noite. Ao completar esse
ritual e emergir de seu esconderijo para o luar, o candidato
será abordado por um lobisomem enviado pela Deusa
das Trevas para testar sua convicção. Na maior parte dos
casos, o lobisomem ataca o candidato. Qualquer que seja
a resolução, caso sobreviva ao encontro, o candidato será
visitado por Tenebra em sonho e se tornará um lobo lunar.
C AV E R N A
PODERES DE LOBO LUNAR
CAÇADOR NOTURNO
Quando um lobo lunar começa sua caçada, nada pode
detê-lo.
Quando faz testes de ataque ou testes de Percepção
contra alvos de sua Marca da Presa, você pode gastar 1 PM
para rolar novamente um teste recém realizado (apenas uma
vez por teste). Para cada dois outros poderes de lobo lunar
que você possuir, você recebe +1 em rolagens de dano com
suas armas naturais contra alvos de sua Marca da Presa.
Pré-requisitos: Marca da Presa, Licantropo Verdadeiro.
GARRAS LUNARES
As garras de um lobo lunar deixam uma trilha de escu-
ridão por onde passam, sugando a luz do luar.
Você recebe uma arma natural de garras (1d6) na forma
de lobisomem. Além disso, uma vez por rodada, quando
usa a ação agredir para atacar com suas garras, pode
gastar 1 PM para fazer um ataque corpo a corpo extra
com mordida. Finalmente,pode gastar 1 PM para fazer suas
garras causarem +1d6 de dano de trevas até o fim da cena.
Seu dado de dano de trevas aumenta em um passo para
cada dois outros poderes de lobo lunar que você possuir.
Pré-requisitos: Carícia Sombria, Licantropo Verdadeiro. e
LICANTROPO VERDADEIRO
Os lobos lunares dominam com maestria a bênção de
Tenebra. Podem se transformar a qualquer momento, liber-
tando os horrores da noite contra seus inimigos. Ambas as
formas são ferozes e sua arma natural é uma mordida.
Você pode se transformar em lobo ou em lobisomem.
Isso é equivalente ao poder Forma Selvagem do druida.
Ambas as formas são ferozes e concedem uma arma natural
de mordida.
Na forma de lobisomem você pode falar, usar magias e
empunhar itens, diferente do normal para Forma Selvagem.
Além disso, você recebe +2 nos testes de ataque, na Defesa
e em Percepção. Esse bônus aumenta em +1 para cada
dois outros poderes de lobo lunar que você possuir. Pré-
requisito: devoto de Tenebra, Sentidos Aguçados, treinado
em Percepção e Sobrevivência. e
D O S A B E R
NOITE IMORTAL
Não importa quantas vezes o sol surja extinguindo a
noite, ela sempre retornará. O mesmo vale para os maiores
entre os lobos lunares.
Uma vez por rodada, você pode gastar 1 PM para
curar 10 PV. Para cada dois outros poderes de lobo lunar,
você pode gastar +1 PM para aumentar essa cura em 5
PV. Pré-requisito: outro poder de lobo lunar. e
SENTIDOS DO PREDADOR
Nem o mais suave ruído ou o mais fugaz vislumbre
escapa dos sentidos aguçados de um lobo lunar.
Você pode gastar 2 PM para receber percepção às cegas
(alcance curto) até o fim da cena. Para cada dois outros pode-
res de lobo lunar, você pode gastar +1 PM para aumentar o
alcance em uma categoria (de curto para médio, e de médio
para longo). Pré-requisito: outro poder de lobo lunar. e
TOQUE LUNAR
A noite é traiçoeira. Quando uma presa acha que já
sentiu o pior que um lobo lunar tem a oferecer, um golpe
cruel abre espaço para o poder mágico sombrio.
Você aprende e pode lançar Toque Vampírico. Quando
obtém um acerto crítico com suas garras, você pode lançar
Toque Vampírico como uma ação livre, sem nenhum aprimo-
ramento. As vítimas sofrem um redutor de –1 nos testes de
resistência contra essa magia para cada dois outros poderes de
lobo lunar que você possuir. Pré-requisitos: Garras Lunares. e
UIVO ASSUSTADOR
Quando um lobo lunar joga a cabeça para trás e uiva
para a lua, mesmo o mais corajoso dos mortais sente um
arrepio de medo percorrer sua espinha.
Você aprende e pode lançar Amedrontar (atributo-chave
Sabedoria). Você pode aplicar aprimoramentos a essa
magia como se fosse um druida do seu nível de perso-
nagem. As vítimas sofrem um redutor de –1 nos testes de
resistência contra essa magia para cada dois outros poderes
de lobo lunar que você possuir. Pré-requisitos: Licantropo
Verdadeiro.e]
THIAGO ROSA
47
filha
da filha
A
porta pesada de madeira do sótão não era suficiente para conter os gritos
de vovó. Eles acordavam a casa inteira — seus habitantes, as tábuas de
madeira da escada que rangiam sob os passos irritados de minha mãe,
as dobradiças que reclamavam agudo ao serem escancaradas. Desde que me
lembro, lembro dos gritos, do cheiro forte de incenso, dos sons que ecoavam
sem formar palavras. Desde que me lembro, me lembro de temê-los.
Meus irmãos diziam que a velha louca do sótão só dava medo em bebezinhos chorões como
eu, mas os ouvi perguntando aos adultos se ela puxaria seus pés de noite; ouvi a voz calma de
minha mãe os acalmando, explicando que ela era só descompensada, uma maluca, mas que
nada, nem ninguém, encostaria um dedo neles. Ainda assim, se divertiam me assustando, falando
que um dia eu acordaria em um caldeirão no sótão.
— Eu vi o caldeirão quando segui mamãe — dizia um.
— E eu vi um livro de receitas que pedia uma garotinha burra e chorona — completava o outro.
Por Kali de los Santos Às vezes conseguia me convencer de que era tudo mentira. Eu ajudava na limpeza da casa
enquanto eles brincavam a tarde toda no pátio; via nossa mãe subindo até o sótão com um
prato de comida e um copo de leite todos os dias depois do café-da-manhã e da janta e sabia
que eles nunca a haviam seguido. Mas às vezes eu chorava. Nunca tinha visto o sótão. E se
fosse verdade? E se lá a bruxa tivesse, mesmo, um caldeirão pronto, a espera de uma garotinha
chorona? E se minha mãe e suas olheiras, seus cabelos espessos desarrumados e seus suspiros
cansados fossem a única coisa que impedia a velha de me cozinhar viva?

Não sei quantos anos eu tinha quando meu pai passou a lidar com vovó e seus surtos, como
minha mãe os chamava. Lembro das brigas que isso causou, pois ela queria evitar o contato
entre sua mãe e o marido; lembro de meu irmão chorando com a discussão, seus grandes olhos
cor-de-mel cheios de lágrimas.
— Não briguem pela velha do sótão. Mandem ela. Ela não faz nada de útil, mesmo.
Seu dedo apontava para mim. O outro irmão concordava. A ideia de ter qualquer contato
com a velha acelerou meu coração, trouxe lágrimas aos meus olhos negros. Mas minha mãe
apenas suspirou e aceitou a proposta de meu pai.
De início, a intervenção pareceu surtir efeito. As crises acabavam mais rápido e, logo, meses
passaram sem que se ouvisse os berros. O preço disso eram as horas que ele passava no sótão
quase todos os dias.

49
 — Estou aprendendo, Jamila. Não há mal em aprender. Ela quer ensinar — ouvi meu pai
dizer certa noite.
Eu estava acordada, pois achava mais fácil me concentrar nas lições de casa sem as interrup-
ções de meus irmãos. Quando as vozes sussurrantes de meus pais soaram no corredor, desliguei
a lanterna que usava para não chamar atenção, saí de baixo da cama e me aproximei da porta
fechada para ouvir melhor.
— Eu vejo a influência dela sobre você, Luiz. Tem ficado horas e horas com ela. Os meninos
perguntam o que você está fazendo, sentem sua falta no jantar, na hora de ver a novela.
— Não quer sair daqui? Ter uma casa maior, botar os meninos num colégio melhor? Ela sabe
como. Se não quiser mexer com isso, eu respeito, Jamila. Mas estou fazendo isso pela nossa família.
— Não precisamos de uma casa maior. Precisamos de você. Olha a hora que você sai lá de
cima. Tá cada vez mais difícil de te acordar de manhã pro trabalho. Se te demitirem...
— Se me demitirem o quê? Daqui a pouco não vou precisar trabalhar. Ela está me mostrando,
Jamila, e estou entendendo tudo.
— Você devia ficar longe dessas mandingas. Longe dela. — Minha mãe falava entre os
dentes. Parecia segurar o choro. — Você não sabe do que ela é capaz. Só está entendendo o
que ela quer que entenda. Você não fala aquela língua.
— A mãe é sua. Você trouxe ela pra nossa casa. Mais uma boca pra eu sustentar. Mas sempre
te falei que gente como ela sabe de coisas que a gente não sabe. Eu que trago o dinheiro dessa
casa e vou trazer do jeito que eu achar melhor. Se ela é tão ruim, leve ela embora. Mas vá junto
e não volte. E os garotos ficam comigo.
Precisei encostar o ouvido na porta para ouvir os soluços de minha mãe. Logo meu pai se desculpou
e os passos de ambos se afastaram. Não voltei a fazer a lição de casa. Demorei a dormir pensando
no que a bruxa poderia estar ensinando ao meu pai. Não entendia bem seu trabalho — sabia que
tinha a ver com números e contas e que, de acordo com minha mãe, o salário seria ótimo para uma
família com apenas dois filhos. O que ele poderia aprender com vovó que desse tanto dinheiro me
intrigava. Hoje, sei que minha mãe estava certa: ele compreendia apenas o que vovó quisesse.
Conforme os meses se passaram, meu pai ficou mais magro, olheiras profundas marcaram
seu rosto e seus cabelos louros caíram em tufos pela casa. Minha mãe tentou brigar, ameaçar
levar vovó embora, fazer meus irmãos suplicarem, chorosos, para que ele parasse de ver a bruxa.
Até eu precisei pedir, ainda que o cheiro de incenso impregnado em suas roupas revoltasse meu
estômago e me enchesse de medo. Que ficassem longe, ele e a bruxa, pensava; mas minha mãe
insistiu que deveríamos pedir juntos, como uma família. Talvez assim ele não desse as costas em
direção ao sótão sem nem ouvir. De certa forma, isso aconteceu. Com uma mão segurando meu
queixo, me fazendo encará-lo, disse:
50
— Seus olhos são iguais aos de sua mãe e de sua avó. Nunca tinha reparado.
A respiração exasperada de minha mãe quebrava o silêncio que perdurou por alguns segundos
enquanto ele examinava meu rosto sem falar mais nada. Quando me soltou, olhei para baixo.
Meus irmãos se aproximaram enquanto meu pai ia para as escadas que levavam ao sótão.
— É só um olho preto, não tem nada demais — reclamou um deles.
— Mas é o olho da bruxa. Você é feia e nariguda que nem ela — complementou o outro.
Rindo, os dois foram para o pátio. Minha mãe me empurrou ao chão antes de sair pedindo
que tomassem cuidado com as janelas enquanto jogavam.
*
Meu pai morreu na mesma noite em que minha menarca chegou. Eu estava no banheiro,
tentando me lavar sem fazer barulho e tentando usar papel higiênico para conter o sangue quando
o som surdo de algo pesado caindo das escadas me assustou. Os berros de vovó inundaram a
casa. Minha mãe correu, meus irmãos reclamaram. Logo, o choro dos três se juntou aos lamentos
da bruxa. Saí do banheiro com receio do que minha mãe diria se soubesse que eu havia sujado
minhas roupas de sangue, mas ninguém prestou atenção em mim.
O corpo pálido que minha mãe segurava estava coberto de hematomas e veias estouradas. A
pele esticada cobria pouco mais que ossos; as juntas dos ombros, cotovelos e joelhos se sobres-
saíam dos membros finos. Fiquei parada em pé enquanto o resto da família se amontoava em
torno do cadáver. Eles soluçavam. Lágrimas escorriam de meus olhos. Os gritos de vovó seguiram
noite adentro. Quando o sol começou a entrar na casa pelas frestas das persianas, meus irmãos
haviam adormecido, cada um segurando uma das mãos do morto. Minha mãe rezava baixinho
com a cabeça sem vida em seu colo. Eu seguia em pé, encarando o cadáver, sentindo o sangue
escorrer entre minhas pernas. Os gritos de vovó haviam cessado.
*
O velório foi pequeno. Meu pai tinha poucos familiares e não era próximo de nenhum deles.
Uma tia-avó pediu que minha mãe nos levasse em reuniões familiares, outra notou minhas idas ao
banheiro e me ensinou a usar absorventes; depois, a vi conversando com minha mãe. Na hora
de dar adeus ao cadáver, vi que a maquiagem havia escondido os hematomas, mas o relevo
das veias arrebentadas ainda era visível. O morto sorria sutilmente. Odiei-o por isso.
A primeira coisa que minha mãe fez quando chegamos em casa foi me mandar tomar banho
e lavar as roupas sujas. Meus irmãos ficaram confusos com a menção a sangue, mas ela não
deu bola. Me pegou pelos cabelos e disse por entre os dentes:
51
 — Você vai lavar tudo que sujou e se tiver uma gota de sangue nessa casa você vai ver.
Entendeu?
Tentei balançar a cabeça afirmativamente, mas ela segurava minha nuca com firmeza.
— Entendeu? — repetiu.
— Sim, senhora.
Ela me soltou no chão. Meus irmãos não reagiram. Era a primeira vez que a viam fazer isso.
Sem falar mais nada, levantei e fui buscar o que precisava para o banho.
* — Anda, não quero me repetir — insistiu.
A água morna caía em gotas finas e esparsas e o barulho do chuveiro elétrico abafava a vida
lá fora. Não demorei; não queria ser interrompida por minha mãe batendo na porta, avisando
que cinco minutos já haviam passado. Não sabia como teríamos dinheiro agora que meu pai
estava morto, mas, se antes as contas já eram apertadas, tinha certeza de que seria pior. Quando
desliguei o chuveiro, pude ouvir a voz lamuriosa de vovó. Os pelos do meu corpo se arrepiaram.
Saí do banheiro e percebi que ela não gritava, mas, sim, cantava.
Com passos pesados, minha mãe subiu a escada que levava ao sótão e escancarou a porta,
mas não entrou. Ali, parada, gritou e chorou. Chamou vovó de bruxa, de desgraçada, de assassina.
Ameaçou matá-la. Na cozinha, meus irmãos encaravam pratos de comida montados com arroz,
feijão, frango, farofa, tomates. Uma cumbuca com feijão e farofa me esperava no balcão. Comi em
pé. Eles não comeram até nossa mãe desistir de gritar com vovó e, irritada, pedir que se alimen-
tassem. Lavei a louça antes de ir para o tanque esfregar as manchas de sangue de minhas roupas
e lençóis. Quando terminei, a casa estava em silêncio. Uma luz amarelada vazava por baixo da
porta do sótão. Pensei ouvir uma voz melodiosa cantando baixinho lá dentro e me aproximei da
escada. O som de madeira sendo arrastada me assustou. Corri para meu quarto. A cantiga que
ouvira me acompanhou em sonhos nos quais o cadáver de meu pai dançava sorridente.
Na manhã seguinte ao velório, minha mãe não levantou no horário de costume. Era dia de
semana, mas estávamos liberados de ir às aulas. Preparei o desjejum; apenas quando comecei
a derramar café preto em uma xícara me dei conta de que meu pai não estaria conosco. Servi
café com leite para minha mãe e para mim, e achocolatado para meus irmãos. Fiz sanduíches
para os garotos, uma torrada para minha mãe e um pão com margarina para a bruxa. O cheiro
de café acentuou a sensação de vazio em meu estômago. Sentei-me à mesa e esperei.
Meus irmãos acordaram sozinhos. Pareciam perturbados com os acontecimentos recentes.
Suas bochechas rosadas estavam pálidas e seus olhos, avermelhados e cercados por profundas
olheiras. Eles comeram os sanduíches falando de vez em quando entre si e voltaram para o quarto
para ver televisão. Minha mãe levantou não muito depois. Sem me olhar, comeu e bebeu seu café.
52
— Estava tudo frio — reclamou.
— Desculpe.
— Pegue o pão e um copo de leite pra velha. Leve até o sótão. Deixe lá dentro, na mesa.
Pegue o que tiver sujo pra lavar.
Não me movi. Por alguns segundos, não entendi que ela estava falando comigo; não quis
entender. Não queria lidar com a bruxa. Se ela havia matado meu pai, por que ainda estava
conosco? Por que não denunciá-la para a polícia? Se a alimentávamos todos os dias, por que
não envenená-la? Por que me fazer levar comida para uma velha assassina?
— Mas ela... ela matou...
— Cala essa boca. Você vai subir lá e vai entregar a comida daquela velha desgraçada e
vai ficar bem longe dela. Eu avisei seu pai. Tô te avisando agora. Vá, deixe a comida, pegue o
que tem pra lavar e desça. Se ela falar, não escute. Se não, vai acabar que nem seu pai.
Encarei minha mãe, confusa.
— Essa é a última vez que eu falo sobre isso. Agora anda, antes que eu perca a paciência.
— Ela suspirou fundo.
Com as mãos trêmulas, coloquei a comida da velha em uma bandeja. O caminho até a
escada pareceu se estender para além do tamanho da casa. Meus passos curtos denunciavam
o medo que acelerava meu coração. O primeiro degrau da escada foi o mais fácil de subir. O
cheiro de incenso me deu um arrepio. O copo de leite deslizou um pouco na bandeja; uma gota
branca desceu pela parte de fora do vidro. O ar saiu de meus pulmões. O cheiro de incenso
entrou novamente. Meus olhos estavam fixos na bandeja que tremia com minhas mãos. Mais
leite escorreu pelo copo. Minha respiração estava ofegante. Senti sangue sair de mim quando
contraí todos os músculos de meu corpo, tentando estabilizar a bandeja. A porta de madeira se
abriu sozinha.
— Filha da filha.
A voz da velha era grave, mas não era rouca. Sempre imaginara sua voz arranhada, escassa,
marcada pelos berros descontrolados. Mas era baixa e estável.
— Filha da filha — repetiu. — Entre.
Não olhei em seu rosto. O chão do sótão rangia sob meus passos. Encarei as tábuas cruas e
procurei os pés da mesa onde deveria deixar a comida. A cama da velha ficava em um canto, com
um baú aos seus pés. Vi de relance a parte inferior de um armário e de uma prateleira de livros. A
53
 mesa ficava à direita. Ao seu lado, a velha estava sentada em uma cadeira, descalça. O cheiro de
incenso me enjoava. O leite havia respingado no pão, se espalhado pela bandeja metálica. Restava
pouco menos de meio copo. Comecei a chorar. O chão, os pés, a bandeja e o pouco sol que entrava
no sótão viraram um borrão entre minhas lágrimas. Minha respiração ficou rasa. O retumbar grave
de meu coração marcava um ritmo; o tilintar do copo contra a bandeja soava desconjuntado.
A velha sussurrou algo que parecia uma canção de ninar em uma língua que eu não entendia.
O cheiro doce de incenso invadiu minhas narinas e se enterrou em meus pulmões. Dei os passos
que faltavam para chegar na mesa e deixei a bandeja cair sobre a superfície azul de fórmica.
Levei as mãos ao peito e fechei os olhos com força por um instante. A voz baixa da velha seguia
entoando a melodia infantil. Quando olhei para a mesa, a bandeja estava limpa e o copo de
leite, cheio. Havia outra bandeja com um prato e um copo vazios. Os dedos longos da velha a
empurraram em minha direção. Peguei-a e dei as costas.
— Precisa respirar — ela disse enquanto eu atravessava a porta.
Corri escada abaixo sem me preocupar com o equilíbrio da bandeja, mas o prato e o copo
permaneceram inabalados em seus lugares. Minha mãe não estava na sala, nem na cozinha.
O barulho de televisão soava alto do quarto dos meus irmãos. Lavei a louça do café-da-manhã
sentindo a água gelada envolver minhas mãos. Quando terminei, fui para o meu quarto e me
cobri, encolhida na cama. Acordei com minha mãe mandando fazer comida. Ela havia perdido
o marido; eu não poderia esperar que ela trabalhasse para mim.
Quando levei a janta naquele mesmo dia, a velha estava sentada e descalça no mesmo lugar
que estivera de manhã. Não a encarei. Deixei a nova bandeja sobre a mesa e levei a outra para
lavar. Vovó não falou nada naquela noite, nem nas próximas. Às vezes, cantarolava. A porta se
abria para me receber e se fechava atrás de mim, e as bandejas subiam com comida escassa
e voltavam vazias. Antes de dormir, eu gostava de pensar que não tinha mais medo. Então, me
perguntava por que ainda não havia conseguido encará-la nos olhos. Preferia não pensar nisso.
Adormecia cantando baixinho a melodia de ninar, agora já familiar.
* — Agora você entra sozinha — ela afirmou.
Certa noite, quando cheguei para entregar a comida, ela não estava em sua cadeira, como
de costume. O barulho de água corrente saía da porta discreta de madeira que dava para seu
banheiro. Deixei a bandeja sobre a mesa de fórmica e olhei os pertences espalhados sobre
ela. Ao lado de alguns lápis já pequenos, havia um bule de porcelana empoeirado que fazia
as vezes de peso de papel sobre anotações em traços fluidos e alguns pontilhados. Na janela,
um incensário cheio de cinzas. Olhei para o chão. A disposição das tábuas estava gravada em
minha memória, pois era só o que eu via quando entrava no sótão. Meus olhos foram até o baú
do outro lado do cômodo, então até a estante de livros. Dei um passo naquela direção antes de
perceber a sombra sobre a cama.
54
A menina estava sentada com os pés no chão. Um véu negro cobria sua cabeça, seu rosto,
seu dorso. De sobressalto, recuei. Olhei de soslaio para a porta do sótão. Estava fechada. Na
cama, a menina desaparecera. Em seu lugar, havia uma mulher em pé, esguia e lânguida; um
véu dourado cobria seus cabelos e emoldurava seus grandes olhos negros. Encarei-a como se
hipnotizada. Um grito chamou minha atenção para o chão, onde uma velha convulsionava. Sua
pele ressecada cobria ossos frágeis e sua nudez me enojava. O ar pesado não reverberou meus
gritos. A porta do banheiro se abriu. Caí de joelhos no chão.
— Desculpe, neta. Achei que o quarto seria mais gentil.
Vovó saiu do banheiro com um vestido largo e simples e, como sempre, descalça. Seus olhos
eram os mesmos da mulher que aparecera na visão, mas ela não era nem tão jovem, nem tão
velha quanto aquelas versões. Seu nariz era adunco, como o meu, e sua boca era larga; a pele,
apesar de pálida pela falta de sol, era do mesmo tom acobreado que minha mãe me ensinara
a odiar no espelho. Não soube o que dizer. Senti-me pequena e frágil, exposta ao me ver no
sorriso triste daquela mulher enrugada.
— Viu eu como outros veem. Simples.
Seu sotaque era forte, mas nem de longe ininteligível como eu sempre imaginara. A voz grave
e estável me acalmava; parecia impossível que fosse a mesma pessoa que berrava. Ela seguiu
até a mesa e começou a comer o purê de abóbora que eu trouxera. O cheiro doce de incenso
se intensificou com sua presença. Respirando fundo, peguei a bandeja vazia.
— Até amanhã — ela disse, logo antes da porta se fechar atrás de mim.
A porta do sótão não se abriu sozinha na manhã seguinte. Equilibrei a bandeja em uma mão e,
com a outra, girei a maçaneta e empurrei a madeira pesada. O copo sacolejou, derramando leite,
mas não caiu. Quando deixei a comida sobre a mesa, o copo estava cheio e limpo novamente.
Não havia dúvidas: minha avó era uma bruxa. O que eu começava a me perguntar era se isso
era algo realmente terrível.
Encarei-a e sorri. Me surpreendi. Não achava que sabia sorrir tão largamente.
*
Minha mãe gritava, já não mais só comigo, mas com meus irmãos. A pensão que meu pai
deixara deveria ser suficiente para nos manter, mas as latas de cerveja ocupavam a geladeira
e o orçamento cada vez mais. Quando me demorava no sótão, ela esperava no pé da escada,
às vezes já adormecida, para me punir. Meus irmãos, constantemente metidos em confusões no
colégio, decidiram não comprar mais brigas com colegas quando tinham uma irmã indefesa em
casa para descontar frustrações. O tempo não foi gentil com eles.
55
 A bebida logo fazia parte da vida dos três, ainda que às vezes ela chorasse, pedindo que eles
não jogassem a vida fora, falando que eram preciosos, que ela pararia de beber para ser uma
mãe melhor. Quando as promessas não duravam, eu me escondia tanto quanto podia no sótão.
Levei tudo que era meu para lá. Na casa desarrumada, eu cozinhava, lavava louças e roupas,
pensando em quantos anos faltavam para que eu pudesse encontrar um lugar para levar vovó.
O sótão se tornou aconchegante para mim. O sol que conseguia entrar pela janela parecia
insuficiente para aquecê-lo e, ainda assim, ali nunca estava frio. Vovó era serena e gentil. Às
vezes, cantava suas cantigas. Aprendi a imitar os sons, sem saber o que significavam. Quando
meus irmãos ou minha mãe conseguiam me pegar, eu poderia jurar que adormecer cantarolando
as melodias apaziguava a dor. Havia certa promessa nos olhos negros de vovó, uma promessa
de dias melhores, de uma vida melhor. Quando meus irmãos, irados com a comida escassa da
casa, marcaram novamente meu corpo com sua violência, vovó manteve a voz calma, mas trouxe,
pela primeira vez, essa promessa à tona.
— Tem conhecimentos. Tem coisas além do que sabemos. Tem forças maiores que nós — ela
disse, sombria.
Eu estava sentada na cama, lendo. Levei meus olhos aos dela, confusa.
— Tem coisas melhores na vida pra quem sabe. Pra quem acredita.
Eram as promessas que ela havia feito a meu pai. As promessas que o mataram.
— Eu não... — Meu coração queria bater acelerado, mas o incenso me mantinha calma. —
Meu pai — consegui dizer.
— Seu pai queria saber, mas não podia saber. Você pode saber. Você já sabe um tanto. Já
canta comigo.
— Não, não. — Eu sentia que precisava estar nervosa, mas meu corpo não respondia. Minhas
mãos não tremiam. Meu estômago não se revirava. — Por favor.
Vovó levantou de sua cadeira e foi até o baú. Eu nunca o vira aberto. De dentro dele, tirou
um único livro, pequeno e antigo. Me mostrou a capa de couro marrom.
— Está aqui. Quando precisar saber, está aqui.
Me arrependo de minha ingenuidade. Me arrependo de não ter pegado o livro e aprendido
em tempo de evitar o que viria. Me arrependo de ter me deixado levar pelos medos infantis de
minha mãe, pela morte merecida de meu pai. Mas não me arrependo do que fiz quando finalmente
tomei para mim aquele conhecimento.
* estavam arregalados com a visão da sala revirada e das paredes com inscrições em sangue.
56
Minha avó morreu no mesmo dia em que minha mãe se matou. Chegamos em casa do colégio,
meu irmão mais velho reclamando, como sempre, de precisar repetir de ano. Ele foi o último a
ver o corpo de nossa mãe pendurado no meio da sala. Ficamos, os três, parados, encarando o
pêndulo cadavérico, seu pescoço quebrado, a escada jogada no chão à sua frente. Meus irmãos
choraram, gritaram. Em sua fúria, decidiram: a culpada por tudo era vovó.
— Essa velha desgraçada vai pagar — disse um.
— Essa bruxa maldita matou nossos pais e agora vai morrer — completou o outro.
Corri atrás deles, mas fui arremessada ao chão por um soco. Seguiram para a escada. Gritei
para avisar vovó, corri tanto quanto conseguia. Não era difícil me empurrar escada abaixo. Não
era difícil me sufocar até que eu perdesse a consciência.
Quando a recobrei, apenas cadáveres me faziam companhia. O de minha mãe, ainda
pendurado na sala, e o de minha avó, que encontrei no sótão gelado. Não encostei no corpo.
Chorei em pé, encarando a morte. Não sei quanto tempo passou até que algo despertasse em
mim: aquela morte era evitável. Vovó comandava a porta, o quarto, e tantas coisas que eu não
compreendia. Aquela morte precisava ser evitável. Ela deveria ter evitado. Odiei-a por um instante.
Então voltei a odiar meus irmãos.
*
O livro de couro marrom era escrito em diversas línguas e alfabetos. Não senti que conseguiria
fazer qualquer coisa com ele. Ela poderia ter me ensinado, mas eu havia negado. Deitada no
chão, segurando o livro contra o peito, murmurei uma de suas canções para sentir algum conforto.
Senti mais do que isso. Senti poder.
Eles agem de maneiras estranhas. Me deram o conhecimento necessário para o ritual como se
fosse uma memória vívida. O livro se revelava para mim, língua por língua, palavra por palavra.
Eles não me chamavam, pois não precisavam. Eu trilhava esse caminho sem questioná-lo. Nisso,
diferi de vovó: não queria entender, precisava apenas saber o quanto estava disposta a sacrificar.
Não tinha muito. Sacrificaria tudo.
Usei o sangue já coagulado de minha mãe para marcar o local. Quando não foi suficiente,
usei o meu próprio. Vovó fora gentil; não revidara ao ser machucada pelos próprios netos. Eu não
sentia que devia gentileza, nem aos algozes, nem a mim mesma. Minha mãe me ensinara isso.
Meus irmãos chegaram antes que o ritual estivesse pronto — ou tão pronto quanto poderia
ficar, visto que eu mal era iniciada naquele tipo de magia.
— O que você fez? — perguntou um deles com a voz arrastada. Seus olhos avermelhados
57
 — Ela também é bruxa! — constatou o outro, caindo de joelhos ao lado do corpo aberto de
nossa mãe.
As páginas amareladas do livro me guiavam, mas ignorei os trechos de proteção, de cura,
de calmaria. A morte já me cercava e era, naquele momento, meu único interesse. Mesmo com
as inscrições incompletas na parede, cantei. A melodia me era estranha: vovó nunca a havia
entoado em minha presença. Ainda assim, eu a conhecia. Eles a sussurravam para mim.
Meus irmãos levaram um instante para decidir se fugiriam ou se me dariam o mesmo destino
que haviam dado a vovó. A segunda opção venceu. O mais velho avançou, mas tropeçou
na escada que ainda jazia no chão. O outro correu até mim. Fui atirada para o lado por um
empurrão, mas não parei de cantar. A cada novo som que saía de minha boca, me sentia mais
completa, mais poderosa. O sangue nas paredes começou a sugar a luz para si. Os sussurros se
intensificaram. Meus irmãos tentaram me calar, mas afastaram as mãos, gritando de dor. Pústulas
roxas apareceram em suas palmas e se espalharam por seus braços.
— Pare, por favor! — implorou um.
As pústulas haviam alcançado a garganta do outro, que não conseguiu suplicar.
Senti-me, ao mesmo tempo, cheia e vazia. Flutuei como se suspensa em água; senti a presença
deles, cruel como minha mãe, indiferente como meu pai. Amei vovó uma última vez. Que alma
bonita, a que consegue proteger e amar uma família que a odeia, quando poderia destruí-la.
Um véu sombrio se colocou entre mim e meus irmãos, que agonizavam. Seus olhos cor-de-mel
enebriados de álcool e medo foi a última coisa que vi antes da escuridão total.

58

Breves
Jornadas
A coluna Breves Jornadas oferece aventu-
ras simples, rápidas e completas para
Tormenta20, com tudo que será necessário
para jogar. Fichas especiais serão fornecidas
aqui, enquanto àquelas presentes no livro
básico terão indicadas as páginas em que se
encontram.
O objetivo é fornecer ao mestre um ponto de partida
eficiente para que todos se divirtam por uma tarde, ou
comecem uma nova campanha. Se precisar de fichas
de personagens prontas, é possível encontrá-las na
coluna Heróis de Bolso, no Blog da Jambô.
Esta aventura chama-se Fuga para Aslothia.
Introdução
Tenebra pode ser considerada por alguns uma deusa
com intuitos sombrios. Pessoas atormentadas pelo surgi-
mento de mortos-vivos costumam vê-la como uma vilã.
Entretanto, para os seres da noite, é sua mãe e protetora.
E mesmo os desencarnados possuem coração.
Infelizmente, existem aqueles que desejam destruir
o que não entendem. Caçadores de recompensa e
zelotes em cruzadas pessoais pouco se importam com
os motivos, só desejam a captura ou destruição de seus
alvos. Mesmo se causarem o sofrimento de inocentes.
60
Resumo da Aventura
Fuga para Aslothia é uma breve jornada, uma aven-
tura curta pensada para uma sessão única, mas que pode
ser inserida em uma campanha maior. É ideal para um
grupo de quatro personagens de 4º nível em Tormenta20.
Os aventureiros são contratados para escoltar
uma mulher até a fronteira do assombrado reino de
Aslothia. Quando partem, na primeira noite o comboio
é atacado por criminosos, e enquanto os personagens
lidam com eles, a contratante salta sobre um dragão
selvagem, sugando o sangue dele e se revelando uma
vampira. Além disso, no interior da carruagem, há uma
outra mulher. Elas estão apaixonadas e querem ir para
um lugar onde possam viver em paz.
Conforme a viagem segue, o grupo é atacado
durante o dia por caçadores de vampiros. Quando
se aproximam da fronteira de Aslothia, são atacados
por um devoto fundamentalista de Azgher, que deseja
destruir a vampira a qualquer custo.
Cena 1 – Contrato da noite
Após terem se tornado heróis de algum
renome, vocês recebem um convite para jan-
tar com uma nobre na mansão de um mer-
cador sambur. Na porta, vocês são recebidos
por um mordomo, vestindo trajes formais.
Ele explica que seu senhor, e a dama que
deseja contratá-los, aguardam no salão de
jantar. A casa é ampla, cheia de obras de
arte. Porém, ao se aproximar da sala, eles
ouvem uma risada trovejante seguida por
uma voz feminina.
“E foi só então que percebi que não era
um trog!”
No salão de jantar estão o mercador, um anão de
barbas e cabelo trançados, e uma mulher de vestes
negras elegantes e porte altivo. Ao verem os aventurei-
ros entrando, ambos se levantam para cumprimentá-los.
O anão diz:
“Boa noite, meus caros! Vocês estão ficando
bastante famosos! Sou Hardulf Thodorin, e
esta dama ao meu lado é Lady Amandine,
uma amiga muito querida. Infelizmente, ela
precisa ir a um lugar terrível, e precisa de
escolta. Onde? Pois, ela precisa ir até Aslothia,
reaver uma propriedade de família!”
Caso já conheça os personagens, o anão dispensa
sua própria apresentação. Hardulf é um engabelador
hábil, e na verdade não teria chegado à posição
em que está sem o ser. Ainda assim, está falando a
verdade, mesmo que esteja escondendo um pequeno
detalhe: Amandine na verdade é uma vampira (para
mais detalhes, veja a Cena 3), e não será a única
pessoa em sua carruagem. Caso apontem que há algo
de estranho, os personagens podem fazer um teste de
Intuição oposto à Enganação do anão (+10), porém
ele desconversa se questionado.
“Prazer em conhecê-los!” ela então faz uma
mesura. “Infelizmente, como devota de Tenebra,
não posso ser tocada pelo sol. Imaginem, ser
punidos pela Deusa da Noite, enquanto vou
para Aslothia. É o tipo de perigo que não
desejo correr. Além do mais, só preciso que
me levem até a fronteira. Farei o pagamento
então e poderão retornar, sem preocupações
logo em seguida. O que me dizem?”
B R E V E S J O R N A D A S
A proposta na mesa é de T$ 2.000, para o grupo.
Além disso, Hardulf oferece também uma arma com duas
melhorias ou uma armadura com uma melhoria, porém
sem materiais especiais. Opcionalmente, caso estejam
buscando algo, o anão possui pistas para o objetivo.
Caso aceitem a missão, todos jantam e são con-
vidados a passar uma noite na mansão (considere
um descanso luxuoso). Durante a refeição, é possível
notar, com um teste de Investigação ou Percepção
(CD 20) que Lady Amandine não os acompanha,
apesar do prato à sua frente.
No entardecer do dia seguinte, partem todos em
direção ao reino dos mortos.
Cena 2 – Quebrando a máscara
No momento da partida, o grupo vê a
carruagem onde Lady Amandine estará.
Todos os vidros são pintados de preto, para
não permitir que a luz entre. No banco do
cocheiro está um osteon, chamado Thassul. Ele
não gosta de conversa, e apenas resmunga
quando tentam interagir com ele.
Quando partem, Lady Amandine está vestindo
mantos pesados, se protegendo de qualquer forma de
contato com as últimas luzes do dia. No momento em
que entra na carruagem, um personagem que deseje
observar o interior, pode fazer um teste de Investigação
ou Percepção (CD 30). Caso passe, nota que há mais
uma pessoa no interior do veículo, mas antes que pos-
sam questionar, a porta se fecha e Thassul começa a
guiar os cavalos.
O caminho é uma rota comercial que atravessa em
um trecho a Floresta das Escamas Verdes. Apesar disso,
deveria ser uma via segura o suficiente. Na primeira
noite, acampam em um espaço dedicado a viajantes,
com uma pequena estátua de Valkaria marcando a
localização. Felizmente, os dias seguem tranquilos,
mesmo Amandine quase não saindo de sua carruagem,
exceto para pegar comida.
61
 B R E V E S J O R N A D A S
Contudo, toda essa paz é logo interrompida. Em uma
das noites da viagem, Thassul para repentinamente, e
quando todos olham para frente, veem uma série de
tochas acesas. Uma turba de criminosos resolveu fazer
desse lugar seu ponto de ataque, assaltando caravanas e
carruagens elegantes. Um dos homens, se coloca a frente:
“Muito boa noite! Meus associados e eu
estamos aqui fazendo um serviço de segu-
rança particular aos viajantes dessa bela
estrada, mantendo tipos perigosos fora dela.
Claro, um serviço tão bem feito como o nosso
requer um pagamento. Então, que tal se afas-
tarem dessa belezura de carruagem para a
gente decidir o preço de nosso trabalho?”
Os homens portam armas, porém, o que chama mais
a atenção é a besta que trazem acorrentada. De esca-
mas verdes, e um rugido terrível, a fera que presa é um
dragão! Aqueles treinados em Misticismo sabem ser
impossível que aqueles criminosos tenham um dragão
verdadeiro, e este parece mais uma fera selvagem do
que um dos poderosos filhos de Kallyadranoch (para mais
informações, veja o Dragão Feral em Ameaças de Arton).
Lady Amandine sai para ver o que está aconte-
cendo, e se vê surpreendida pela situação. Ela então
respira fundo, se volta aos aventureiros e diz:
“Protejam a carruagem dos bandidos. Eu
cuido do dragão.”
Nesse momento, ela remove os mantos, e se lança
em um salto inacreditável por cima dos criminosos.
Suas mãos transformam-se em garras afiadas, e presas
ficam claramente visíveis em sua boca. Infelizmente,
não há tempo de pensar nisso agora, pois a turba
avança sobre vocês!
Criaturas. Turba de Assaltantes (NPCs & Criaturas).
Quando o combate acaba, é possível ver Amandine
sugando o sangue do dragão bestial, em um momento
aterrorizante. Porém, antes que os personagens possam
reagir, uma outra mulher abre a porta da carruagem,
aparentemente desesperada.
62
“Por favor, não a machuquem! Ela não fará
mal nenhum a vocês! Amandine, meu amor,
se acalme!”
Cena 3 – Amor e monstros
Thassul faz um muxoxo devido ao incô-
modo, e começa a armar o acampamento,
percebendo que dificilmente seguirão viagem
hoje. Lady Amandine se aproxima lenta-
mente. Suas mãos agora estão normais. Seu
semblante também voltou a ser como antes,
apenas menos pálido. Ela tenta se aproximar
da outra mulher.
Se tentarem impedi-la, ou mantiverem postura de
combate, Amandine diz compreender a preocupação.
“Peço perdão pelo ardil que usei. Sei que
deveria tê-los informado desde o começo,
não apenas da minha… condição, como da
presença de Charlote. Infelizmente, muitas
pessoas não entenderiam, e celeridade era
um fator de suma importância no nosso caso.”
Lady Amandine, agora claramente revelada como
uma vampira, e Charlote, a mulher escondida na car-
ruagem, são um casal. Elas se apaixonaram quando
a nobre ainda era viva. Infelizmente, por sua saúde
extremamente frágil, Amandine a qualquer momento
poderia morrer. Desesperados, os pais dela concorda-
ram com o inaceitável: um vampiro a transformou em
uma criatura de Tenebra.
Amandine diz que não é a pior forma de viver,
exceto por ser constantemente caçada por aqueles que
a consideram um monstro.
“Eu compreendo, sou perigosa. Mas vocês
precisam entender, meu amor por Charlote me
permite controlar esse lado. Nós só desejamos
viver juntas, e o único local onde isso será
possível, infelizmente, é Aslothia.”
Se questionada, Charlote confirma.
“Nós já nos amávamos antes, e isso não
mudou. Ainda é a mulher por quem me
apaixonei. Porém, sou de uma família de
mercadores, e eles desejavam me casar, por
conveniência, com o herdeiro de uma outra
família. Logo, nós fugimos.”
Elas explicam que a família de Charlote contratou
um grupo de caçadores especializados em mortos-vivos,
desejam matar Amandine e devolver Charlote para o
casamento arranjado. A sinceridade de ambas deve
ser o suficiente para convencer os heróis a seguirem
a jornada. Entretanto, se o grupo resistir, a nobre
aumenta a recompensa para T$ 4.000 e oferece algo
raro: uma bainha mágica!
Com tudo agora esclarecido, Amandine e Charlote
agradecem de coração. A partir desse ponto, ambas
serão mais ativas, conversando com os personagens
e não se escondendo mais. Antes do amanhecer, a
viagem segue.
Cena 4 – Cilada
O resto da viagem segue com uma tranquili-
dade tensa. As noites têm conversas, e os dias
são lentos e tensos. Quando a floresta está
chegando ao final, subitamente, uma explosão
de chamas irrompe na frente do caminho, e
outra atrás, travando a passagem. O sol está
em seu ápice, mas Charlote abre a porta per-
guntando o que aconteceu. Da mata, surgem
três pessoas. Um humano, um goblin e uma
elfa, todos vestindo roupas escuras. O humano,
portando um chicote e uma lâmina curva, se
posiciona a frente.
“Afastem-se da carruagem. Viemos buscar
a jovem e eliminar a vampira. Caso se opo-
nham, também damos conta de vocês.”
B R E V E S J O R N A D A S
Criaturas. Carter Timont, Lellian Timont e Grakko
Timont (NPCs & Criaturas).
Os inimigos, contratados pela família de Charlote,
são impiedosos, prontos a matar qualquer um em seu
caminho. Caso um dos personagens seja levado a 0
PV ou menos, Amandine sai da carruagem, mesmo
sofrendo dano da luz solar, e elimina um dos atacantes
(o que estiver mais perto da carruagem).
Se Carter e Grakko forem derrotados, Lellian foge,
podendo atacar os aventureiros no futuro. Amandine,
se tiver participado do combate, estará muito ferida,
desmaiada e tentando se recuperar.
Cena 5 – Intolerância
A fronteira de Aslothia se apresenta no
horizonte. Apenas mais alguns quilômetros e
estarão finalmente em segurança. Mas aque-
les que não aceitam o que é diferente sempre
se levantam para impedir a paz alheia.
Com o sol a pino, no início da manhã, um homem
vestindo véus brancos se posiciona à frente no caminho.
“Servos do mal! Sua derrota será o tri-
buto ao Deus-Sol nessa manhã abençoada!
Arrependam-se de seus pecados agora!”
Sem falar mais nada, ele se cobre de uma aura
de chamas, e avança primeiro contra Thassul, que
será destruído se for atingido por um ataque do
recém-chegado.
Criaturas. Subhi de Azgher (NPCs & Criaturas).
Subhi é um fundamentalista, em uma cruzada pes-
soal para matar qualquer morto-vivo em seu caminho.
O zelote, quando ouviu a história de Amandine e
Charlote, passou a se concentrar no objetivo de destruir
aquelas que vê como transgressoras, uma viva e a
outra morta.
63
 B R E V E S J O R N A D A S
Epílogo – Felizes afinal
Depois de derrotarem Subhi, falta pouco
para chegar a Aslothia. Caso Thassul tenha
sido destruído, será necessário que alguém ao
menos guie a carruagem no resto do caminho.
Atravessar a fronteira deixa todos arrepiados,
porém, Amandine finalmente pode sair.
A propriedade onde a nobre vai se estabelecer é
próxima à fronteira, e bem simples. O casal, entre-
tanto, diz que não precisa de muito para ser feliz, e
estando juntas, darão um jeito. Porém, talvez outros
tiranos da região não deixem que as coisas fiquem
tranquilas por muito tempo. Aventureiros corajosos
podem contar com o apoio de Lady Amandine daqui
para frente.
Os personagens avançam para o 5º nível!
NPCs & Criaturas
Turba de Assaltantes ND 4
Humanoide (humano) Grande
Iniciativa +5, Percepção +4
Defesa 23, Fort +13, Ref +11, Von +6
Pontos de Vida 35
Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo [Bando] Lança x2 +17 (1d6+5).
À Distância [Bando] Azagaia +17 (1d6+5).
Arremesso de Emboscada (Livre) A turba de assaltantes
saca azagaias e faz um ataque à distância com ela. Essa
habilidade só pode ser usada uma vez no primeiro turno
do combate.
For 3, Des 1, Con 1, Int 0, Sab 0, Car –1
Perícias Furtividade +7, Sobrevivência +4.
Equipamento Azagaia x20, escudo leve x8, lança x10. Tesouro
Padrão.
64
Carter Timont ND 2
Líder do bando de caçadores Timont, Carter é
um especialista em agarrar e imobilizar os inimigos.
Crescido em uma família de caçadores, infelizmente ele
não se importa se mata seres bondosos ou malignos,
justamente por ter sido doutrinado dessa forma.
Humanoide (humano) Médio
Iniciativa +7, Percepção +6
Defesa 19, Fort +4, Ref +11, Von +7, evasão aprimorada
Pontos de Vida 70
Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo Chicote +12 (1d3+7) e cimitarra +12 (1d6+7, 18).
Chicotada Astuta (Livre) Se Carter acerta um ataque de chi-
cote, pode fazer a manobra desarmar ou derrubar (teste +21).
Mestre de Manobras Carter recebe +5 em testes de mano-
bras (já contabilizado).
Ódio pelos Mortos Sempre que faz um teste contra ou
relacionado a mortos-vivos (incluindo testes de ataque),
Carter rola dois dados e usa o melhor resultado.
For 1, Des 4, Con 1, Int 1, Sab 3, Car –1
Perícias Atletismo +4, Acrobacia +7, Investigação +4,
Sobrevivência +6.
Equipamento Água benta x4, chicote equilibrado, cimitarra,
couro batido reforçado, tocha x3. Tesouro Padrão.
Leillian Timont ND 2
Elfa sobrevivente, escapou de seus grilhões no
Império quando um misterioso poder se manifestou
em seu sangue. Hoje, aceita serviços daqueles que
pagarem melhor, usando seus feitiços altamente des-
trutivos para eliminar os alvos, independente de quem
estiver no caminho.
Humanoide (elfa) Médio
Iniciativa +5, Percepção +6, visão na penumbra
Defesa 12, Fort +2, Ref +9, Von +11
Pontos de Vida 40
Deslocamento 12m (8q)
Pontos de Mana 28
Corpo a Corpo bordão +7 (1d6).
Magias Leillian lança magias como uma feiticeira de 4º nível
(CD 21).
• Explosão de Chamas (Padrão, 3 PM) Criaturas em um cone de
6m sofrem 3d6 pontos de dano de fogo e ficam em chamas
(Reflexos reduz à metade e evita a condição).
• Imagem Espelhada (Padrão, 1 PM) Três cópias ilusórias de
Leillian surgem, concedendo a ela +6 na Defesa até o fim da
cena. Cada vez que um ataque errar a elfa, uma das cópias
desaparece e o bônus na Defesa diminui em 2.
• Luz (Padrão, 1 PM) Uma criatura em alcance curto fica
ofuscada.
• Toque Chocante (Padrão, 3 PM) Uma criatura adjacente sofre
4d8+4 pontos de dano de eletricidade (Fortitude reduz à
metade).
For 0, Des 2, Con –1, Int 2, Sab 1, Car 4
Perícias Enganação +7, Misticismo +5.
Equipamento Cajado arcano, essência de mana x3. Tesouro
Metade.
Grakko Timont ND 2
Goblin criado nas ruas de Valkaria, Grakko sempre
gostou de explosões e granadas. Quando foi preso,
Carter o resgatou, sabendo que suas habilidades seriam
úteis em combates futuros. Grakko não se importa com
mortos-vivos, mas é extremamente leal a Carter, no
nível de arriscar a própria vida.
Humanoide (goblin) Pequeno
Iniciativa +7, Percepção +4, visão no escuro
Defesa 18, Fort +13, Ref +7, Von +2, redução de ácido e
fogo 5
Pontos de Vida 49
Deslocamento 9m (6q), escalada 9m (6q)
Granadas à Granel (Padrão) Grakko arremessa uma
granada em alcance médio. Grakko pensa pouco antes de
arremessar uma de suas granadas, exceto quando ordenado
por Carter. Se não tiver recebido uma ordem, quando acer-
tar uma granada em um alvo, role 1d4 e use um dos efeitos
abaixo. A CD para resistir as granadas de Grakko é 18.
B R E V E S J O R N A D A S
1) Granada de Chamas O alvo e criaturas adjacentes sofrem
3d6+8 pontos de dano de fogo e ficam em chamas (Ref
reduz o dano à metade e evita a condição).
2) Bomba Grudenta Cria um cubo de terreno difícil de 6m de
lado em alcance curto. Criaturas na área, ou que comecem
seu turno em seu interior, ficam enredadas e imóveis (Ref
evita). Uma criatura pode se libertar com uma ação padrão
e um teste de Acrobacia ou Atletismo (CD 18)..
3) Granada Corrosiva O alvo e criaturas adjacentes sofrem
2d4+10 pontos de dano de ácido, mais 2d4 na rodada
seguinte (Ref reduz o dano à metade e evita o dano
secundário).
4) Bomba de Cura O alvo cura 4d8+4 pontos de vida.
For 0, Des 4, Con 2, Int 3, Sab –1, Car 0
Perícias Ofício (alquimista) +6.
Equipamento Bandoleira de poções, couro batido, instrumen-
tos de Ofício (alquimista). Tesouro Metade mais insumos
(valem T$ 50 para fabricar itens alquímicos).
Subhi de Azgher ND 5
Espírito (Aggelus) Médio
Iniciativa +7, Percepção +5
Defesa 24, Fort +5, Ref +11, Von +17, redução de fogo 10
Pontos de Vida 200
Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo Alfange +17 (1d10+13, 18, mais 1d6 fogo
contra mortos-vivos).
À Distância Azagaia +16 (1d6+8, mais 1d6 fogo contra
mortos-vivos).
Aura de Calor (Movimento) Subhi emana uma aura
flamejante até o fim da cena. Criaturas que comecem seu
turno em alcance curto de Subhi sofrem 4d8 pontos de
dano de fogo.
Fulgor Solar (Reação) Quando é alvo de um ataque corpo
a corpo, Subhi produz um clarão que deixa o atacante
ofuscado por uma rodada.
For 4, Des 3, Con 2, Int –1, Sab 1, Car 2
Equipamento Água benta x6, alfange certeiro, azagaia x5,
couraça banhada a ouro. Tesouro Metade.
DANIEL DURAN
65
Arte por Enrico Tomasetti
Danim
Os danins (singular danim) são um povo humanoide
de três olhos nativo das Montanhas Sanguinárias.
Pequenos e com mentes inquisitivas, conseguiram esca-
par dos grandes predadores que povoam a área e esta-
belecer uma cidade única nas Montanhas Sanguinárias.
Nesse refúgio da civilização no meio da selvageria,
desenvolveram artes arcanas e alquímicas, vivendo uma
existência confortável e reclusa.
Essa paz durou séculos, com ardis mágicos ajudando
os danins a evitar os monstros ao redor. Entretanto, um
certo dia, o olhar tene­broso de Megalokk, o Deus dos
Monstros, caiu sobre a cidade deste povo. Descobrindo
essa chaga chamada civilização em seu solo sagrado,
no berço das suas cria­ções mais queridas, o deus bestial
vomitou uma maldição sobre os danins.
Uma praga vegetal assolou a cidade, com vinhas
grossas e mortíferas surgindo por entre os prédios, raízes
espinhentas brotando no meio de ruas pavimentadas,
plantas carnívoras devorando os incautos. Essa maldição
verde destruiu completamente sua sociedade, pulverizando
o trabalho de séculos em uma questão de dias. Mas a mera
ruína não era castigo suficiente para aquele atrevimento,
não aos olhos de Megalokk. Os danins foram transforma-
O Monster Chefe agora faz parte da Guilda do RPG, programa semanal da Jambô que
dos, cada um deles, sem nenhuma exceção, em monstros.
acontece toda segunda-feira! A cada mês em que a meta for batida, uma nova ameaça
A mesma massa vegetal que destruiu sua cidade passou a
surgirá para dificultar a vida dos seus jogadores!
A receita de hoje traz uma criatura que se torna menos perigosa enquanto envelhece, revelando um
histórico de tragédia e maldições!
cobrir seus corpos, tornando-os criaturas muito maiores e
mais assustadoras. Essa substância amaldiçoada carrega
consigo o toque monstruoso de Megalokk, tornando-os
violentos e brutos, quase desprovidos de consciência. E
seu destino seria vagar pelas Sanguinárias, matando e
morrendo, como tantos outros habitantes desse local brutal.
Porém, por algum motivo, os danins receberam uma
segunda chance. Talvez seja apenas descaso de Megalokk,
talvez algum outro deus tenha se afeiçoado pelos peque-
ninos. Mas a maldição enfraquece conforme um danim
envelhece. A matéria vegetal começa a apodrecer e
morrer, dando lugar ao povo original, o povo pacífico
e recluso que ousou desafiar o Deus dos Monstros. Esse
processo leva quase um século, terminando com apenas
alguns resquícios de matéria vegetal no corpo — raízes,
vinhas e folhas, por cima e por baixo da pele.
Os danins que escapam da maldição pela idade preci-
sam fugir dos mais jovens, que os odeiam instintivamente.
Tentam fazer sua marca no mundo, especialmente através
das artes arcanas, para sentir algum propósito em uma
vida tão trágica, em décadas perdidas na mais insossa
violência sem sentido. Poucos sequer imaginam, porém, que
ao morrer seu ciclo se reinicia. Poucos dias após a morte
de um danim ancião, ele renasce como um danim jovem e
pleno, colocando toda uma região em perigo e frequente-
mente eliminando tudo aquilo que o danim ancião conseguiu
construir nos poucos anos de vida que lhe restavam.
67
 Danim Ancião ND 1 Danim Venerável
Humanoide (danim) Pequeno
Iniciativa +2, Percepção +20
Defesa 17, Fort +11, Ref +0, Von +5, resistência a efeitos
mentais e de metabolismo +2
Pontos de Vida 30
Deslocamento 9m (6q), escalada 6m
Corpo a Corpo Espada curta x2 +9 (1d6, 19, mais 1d6 trevas).
À Distância Arco curto x2 +9 (1d6, x3, mais 1d6 trevas).
Visão Tripla O danim tem visão no escuro com alcance
longo e pode enxergar auras mágicas e criaturas invisí-
veis, como se estivesse sob efeito permanente da magia
Visão Mística com todos os aprimoramentos.
For 0, Des 0, Con 0, Int 1, Sab 1, Car 1
Equipamento Arco curto, espada curta, flechas x20. Tesouro
Nenhum.
Danim: Habilidades de Raça
Sabedoria +2, +1 em outro atributo
(exceto Força).
Natureza Mística. Você recebe resis-
tência a efeitos mentais e de metabolismo
+2 e +1 PM por nível.
Pequeno e Apressado. Seu tamanho é
Pequeno e seu deslocamento é 6m. Você
recebe +2 em Iniciativa, mas sofre –2 em
Diplomacia, por falar muito rápido.
Visão Tripla. Você recebe visão no
escuro e +2 em Percepção. Além disso,
pode lançar Visão Mística. Caso aprenda
novamente essa magia, seu custo diminui
em –1 PM.
Longevidade. Normal.
Devotos. Tanna-Toh, Thyatis, Wynna.
68
ND 5
Humanoide (danim) Médio
Iniciativa +4, Percepção +20
Defesa 24, Fort +17, Ref +5, Von +11, resistência a efeitos
mentais e de metabolismo +5
Pontos de Vida 200
Deslocamento 6m (4q)
Corpo a Corpo Pancada x2 +17 (1d8+5 mais 1d10 trevas).
Pólen Sereno O danim venerável emite constantemente
uma aura de pólen com alcance curto. Qualquer criatura
que termine seu turno dentro dessa aura tem sentimen-
tos de serenidade, sofrendo –2 nos testes de ataque até
o fim da cena (Fort CD 20 evita). Se passar, a criatura se
torna imune ao pólen até o fim da cena. Veneno.
Pragas da Civilização (Completa) O danim invoca 2d4+1
pragas urbanas (como corvos, insetos e morcegos) em
espaços desocupados em alcance curto. Elas agem a
partir da próxima rodada do danim, têm deslocamento
de voo 9m e podem gastar uma ação padrão para cau-
sar 2d10 pontos de dano de trevas em uma criatura
adjacente. As pragas têm For 0, Des 2, Defesa 20 e 1 PV,
falham automaticamente em qualquer teste oposto ou
de resistência e desaparecem quando mortas ou ao fim
da cena. e
Visão Tripla O danim tem visão no escuro com alcance
longo e pode enxergar auras mágicas e criaturas invisí-
veis, como se estivesse sob efeito permanente da magia
Visão Mística com todos os aprimoramentos.
For 5, Des 0, Con 5, Int –1, Sab 0, Car –1
Tesouro Metade.
Danim Adulto ND 11
Humanoide (danim) Grande)
Iniciativa +6, Percepção +30
Defesa 42, Fort +24, Ref +11, Von +18, imunidade a efeitos
mentais e de metabolismo
Pontos de Vida 550
Deslocamento 6m (4q)
Corpo a Corpo Pancada x2 +34 (2d8+8 mais 3d10 trevas) e
vinhas x2 +34 (2d8+8 impacto, alcance 3m).
Pólen Sereno O danim adulto emite constantemente uma
aura de pólen com alcance curto. Qualquer criatura que
termine seu turno dentro dessa aura tem sentimentos
de serenidade, sofrendo –5 nos testes de ataque até o
fim da cena (Fort CD 31 evita). Se passar, a criatura se
torna imune ao pólen até o fim da cena. Veneno.
Pragas da Civilização (Completa) O danim invoca 2d6+1
pragas urbanas (como corvos, insetos e morcegos) em
espaços desocupados em alcance curto. Elas agem a
partir da próxima rodada do danim, têm deslocamento
de voo 9m e podem gastar uma ação padrão para cau-
sar 3d10 pontos de dano de trevas em uma criatura
adjacente. As pragas têm For 0, Des 2, Defesa 33 e 1 PV,
falham automaticamente em qualquer teste oposto ou
de resistência e desaparecem quando mortas ou ao fim
da cena.e
Visão Tripla O danim tem visão no escuro com alcance
longo e pode enxergar auras mágicas e criaturas invisí-
veis, como se estivesse sob efeito permanente da magia
Visão Mística com todos os aprimoramentos.
For 8, Des 0, Con 8, Int –2, Sab 0, Car –2
Tesouro Metade.
Danim Jovem ND 17
Humanoide (danim) Enorme
Iniciativa +8, Percepção +40
Defesa 52, Fort +30, Ref +17, Von +24, imunidade a efeitos
mentais e de metabolismo
Pontos de Vida 1.030
Deslocamento 6m (4q)
Corpo a Corpo Pancada x2 +48 (5d10+12 mais 5d12 trevas)
e vinhas x2 +38 (5d10+12 impacto, alcance curto).
Pólen Sereno O danim jovem emite constantemente uma
aura de pólen com alcance curto. Qualquer criatura que
termine seu turno dentro dessa aura tem sentimentos
intensos de serenidade, sofrendo –5 em testes de ataque
e rolagens de dano até o fim da cena (Fort CD 44 evita).
Se passar, a criatura se torna imune ao pólen até o fim
da cena. Veneno.
Pragas da Civilização (Completa) O danim invoca 2d6+3
pragas urbanas (como corvos, insetos e morcegos) em
espaços desocupados em alcance curto. Elas agem a
partir da próxima rodada do danim, têm deslocamento
de voo 9m e podem gastar uma ação padrão para cau-
sar 4d12 pontos de dano de trevas em uma criatura
adjacente. As pragas têm For 0, Des 2, Defesa 49 e 1 PV,
falham automaticamente em qualquer teste oposto ou
de resistência e desaparecem quando mortas ou ao fim
da cena. e
Visão Tripla O danim tem visão no escuro com alcance
longo e pode enxergar auras mágicas e criaturas invisí-
veis, como se estivesse sob efeito permanente da magia
Visão Mística com todos os aprimoramentos.
For 12, Des 0, Con 12, Int –3 , Sab –1, Car –3
Tesouro Nenhum.
GLAUCO LESSA
HITA AISAKA
RAFAEL DEI SVALDI
THIAGO ROSA
Tesouros
Traiçoeiros
Itens amaldiçoados para
ajudar (ou atrapalhar)
seus jogadores

Por Matheus Tiamat

Rafael Dei Svaldi
e J.M. Trevisan
 A rton é um mundo de heróis. Também
é um mundo de mistérios, de mor-
tos-vivos e perigos. Essa amplitude
de temas e sabores permite que campa-
nhas longas sejam renovadas ao utilizar,
de vez em quando, aventuras, cenas
e tramas com temas diferentes. Uma
maneira interessante de misturar o lado
heroico e aventureiro com um clima de
terror são itens mágicos amaldiçoados.
São armas, e outros equipamentos com efeitos
mágicos úteis e poderosos mas que, no entanto, car-
regam efeitos nocivos advindos da história sinistra
que os originou. Esses efeitos que podem, inclusive,
servir de ferramenta para mestre e jogadores cria-
rem cenas e histórias interessantes. Além do mais,
são itens úteis o bastante para que um personagem,
ao encontrá-los, queira realmente utilizá-los.
A FORÇA
DE UMA MALDIÇÃO
Itens amaldiçoados são perigosos e traiçoei-
ros. Embora possuam uma aura mágica, eles não
emitem nenhum traço específico de sua natureza
amaldiçoada e, muitas vezes, podem ser confun-
didos com itens mágicos inofensivos. A CD para
identificar um item amaldiçoado aumenta em +10.
Além disso, se falhar por 10 ou menos, você iden-
tifica os poderes do item, mas não sua identidade
e natureza amaldiçoada.
Tornar-se o alvo da maldição destes itens é
perigosamente simples. Para isso, basta que o
personagem empunhe ou vista o item. A partir deste
momento, eles estarão magicamente ligados, e
apenas a remoção permanente da maldição poderá
separá-los. Mesmo que o personagem abandone
ou destrua o item, ele irá aparecer magicamente
entre seus pertences no dia seguinte.
74
Cada maldição possui uma forma específica
de ser removida, detalhada na descrição do item.
Além disso, o mestre pode criar maneiras alterna-
tivas ou específicas para remover uma maldição,
mais adequadas à trama de sua aventura.
Cetro da Permuta Funesta
Acessório Maior, T$ 95.000.
Este cetro simples de marfim amarelado possui
diversos entalhes representando rostos humanoides
em expressões variadas de agonia. Sua extremi-
dade é esculpida na forma de um punho esquelético
semi-cerrado, formando um pequeno espaço dentro
do qual é possível ver a representação de uma
alma. Sua origem é creditada a um poderoso lich
de Aslothia, que teria propositalmente criado um
objeto amaldiçoado como um “presente” para
um rival na corte de Ferren Asloth. Após cumprir
seu propósito sinistro, o Cetro da Permuta Funesta
desapareceu, reaparecendo de tempos em tempos
nas mãos de aventureiros azarados o suficiente
para tê-lo encontrado.
Poderes. Esta maça formidável profana tumular
conta como uma costela de lich. Além dos bene-
fícios deste esotérico, você pode lançar a magia
Roubar a Alma (CD Int ou Car, à sua escolha),
sem gastar PM, e usando o próprio Cetro como
objeto para armazenar a alma. Ao contrário de
outros objetos, o Cetro pode armazenar qualquer
quantidade de almas.
Maldição. Quando é encontrado, e no início de
cada aventura, o Cetro absorve parte de sua energia
vital: você perde 1 ponto de Constituição permanente
(esta perda é revertida caso a maldição seja remo-
vida). Além disso, embora não precise gastar PM
para lançar Roubar a Alma, quando usar o Cetro
para lançar esta magia, você precisa pagar um preço
maior. Quando usar este poder, um de seus aliados
em alcance curto (determinado aleatoriamente) é
morto. O poder do Cetro ignora criaturas imortais
ou devotos de Thyatis (também não funciona dentro
das fronteiras de Triunphus), escolhendo criaturas
que possam morrer e permanecer desta forma. Para
remover a maldição, você precisa usar lançar Roubar
a Alma através do Cetro para aprisionar a alma
Poderes. Enquanto usa a Coroa de Milghazan,
você pode lançar as magias Enfeitiçar, Mente
Divina (apenas em você mesmo) e Sussurros Insanos
(CD Int ou Car, à sua escolha). Caso já conheça
essas magias, em vez disso o custo para lançá-las
de um lich de Aslothia. Se fizer isso, a maldição é diminui em –1 PM.
removida, libertando todas as almas aprisionadas no
Cetro e trazendo de volta à vida quaisquer criaturas
Maldição. O poder da Coroa de Milghazan
é alimentado pela sanidade alheia. Para acessar
mortas para alimentar seu poder. seus poderes, você precisa gastar uma ação de
movimento para fazer com que um aliado (especi-
Coroa de Milghazan ficamente, outro personagem jogador) em alcance
curto fique confuso. Caso essa condição seja remo-
Acessório médio, T$ 21.000 vida ou se encerre, os poderes da coroa (incluindo
quaisquer magias ativas) são desativados, e ela
Como muitos itens amaldiçoados, a história
deve ser energizada novamente para que possa ser
desta coroa é envolta em mistério e desinformação.
utilizada. Para remover a maldição, você precisa
Sua origem mais aceita diz que foi encomendada
usar a coroa em si mesmo enquanto enfrenta um
por um nobre em Ahlen, que queria uma forma
grande perigo (uma ameaça de ND maior que seu
mágica de controlar aqueles ao seu redor. Por
nível). Você deve permanecer confuso durante todo
motivos perdidos na teia de intrigas que recobre
esta nação, o inventor ao qual a coroa foi comis- o encontro, ou a maldição não será desfeita.
sionada foi aprisionado pelo nobre após entregar
a encomenda. Condenado à morte, em seu último
suspiro amaldiçoou sua criação, fazendo com que
sua função fosse corrompida.
A Coroa de Milghazan é elegante e feita de
um metal dourado, com cinco pontas, cada
uma adornada com um cristal de
cor e formato diferente. Os cristais
possuem um brilho particular, que se
torna mais intenso quando a coroa
está energizada.
75
 Lâmina do Sono Eterno
Arma específica maior, T$ 80.000
Essa adaga possui uma lâmina escura e transpa-
rente e um cabo espiralado cravejado de minúsculos
cristais, que lembram um céu noturno estrelado.
Além da beleza é uma arma muito eficaz na mão
de assassinos. Contudo, sua origem está ligada a um
crime contra Allihanna; o criador da Lâmina do Sono
Eterno, um assassino de grande habilidade, matou
um unicórnio e usou seu chifre para fabricar o cabo
da arma. Por este ato hediondo, ele foi marcado
pela Deusa da Natureza. Um dia, enquanto viajava
pelos ermos, o assassino foi atacado e morto por
animais selvagens e sua arma foi amaldiçoada por
Allihanna, como um lembrete para todos aqueles
que ousarem atentar contra seus filhos.
Poderes. A Lâmina do Sono Eterno é uma adaga
precisa assassina formidável sanguinária. Você
pode gastar uma ação padrão e 2 PM para con-
versar com um cadáver em alcance curto, como o
efeito da magia Voz Divina com o aprimoramento
de conceder um pouco de vida a um cadáver. Caso
já conheça a magia, em vez disso o custo para
lançá-la diminui em –1 PM.
Maldição. Sempre você usa a Lâmina para
matar um animal, um devoto de Allihanna ou uma
criatura que, a critério do mestre, seja relacionada
à Deusa da Natureza, seu sono é perturbado por
pesadelos pelas próximas 1d6 noites (cumulativo
para cada morte). Durante estas noites, você é
considerado em condição ruim para recu-
76
peração de PV e PM, independente de quaisquer
outros efeitos que afetem seu descanso, e passa os
dias fatigado. A maldição da Lâmina só poderá ser
removida se você realizar três serviços de grande
importância para Allihanna. Exemplos destes servi-
ços incluem resgatar um unicórnio aprisionado ou
impedir cultistas prestes a destruir um bosque para
erguer um templo secreto. O mestre tem a palavra
final sobre que constitui cada um desses serviços.
A Lâmina conserva seus poderes mesmo após o
fim da maldição.
Maça de Geltor
Arma específica maior, T$ 60.000
Esta maça de aparência imponente foi forjada
em uma única peça de adamante, com uma empu-
nhadura áspera e uma extremidade esculpida na
forma de uma cabeça coberta por um elmo pesado.
Seu primeiro dono foi Geltor, um hábil combatente
e clérigo de Keen, o antigo Deus da Guerra. Geltor
era um guerreiro poderoso, cuja habilidade em
combate se mostrava ainda mais evidente em
duelos, que venceu às dezenas. A cada inimigo
derrotado, Geltor marcava sua vitória com um talho
no cabo da maça.
Contudo, em uma reviravolta improvável para
uma carreira bélica tão impressionante, certa vez
Geltor fugiu de uma luta. Os detalhes desse episódio
variam muito. Alguns dizem que ele teria sido desa-
fiado por Mestre Arsenal quando esse ainda era o
sumo-sacerdote de Keenn e, percebendo que não
faria frente a ele, recuou. Outros espalham que este
episódio teria ocorrido, na verdade, contra Destrukto.
Por fim, outra versão garante que não foi um inimigo
de armas que deu fim à invencibilidade de Geltor,
mas um perigo maior: a Tormenta. Vendo-se diante
da Tempestade Rubra, o clérigo enlouqueceu e aban-
donou o combate. Qualquer que seja a verdade, a
maça empunhada por Geltor se tornou um objeto
cobiçado, sobretudo por outros devotos de Keen. O
Deus da Guerra, entretanto, não aprovou a busca
por uma arma marcada por um ato de covardia e
impôs sobre ela uma pesada maldição.
Poderes. Esta maça de adamante maciça mag-
nífica é mais pesada do que armas similares. Você
pode lançar a magia Soco de Arsenal (CD For ou
Sab a sua escolha). Caso já conheça a magia, o
custo para lançá-la diminui em –1 PM.
Maldição. Enquanto estiver de posse da Maça
de Geltor, você deve cumprir as Obrigações
e Restrições do Deus da Guerra (atualmente,
Arsenal). Se não cumprí-las, sofre os mes-
mos efeitos que um devoto sofreria (veja
Tormenta20, p. 96). Se já for devoto
de Arsenal, sempre que se recusar a
participar de um duelo (um combate
direto, um contra um), você
sofre o efeito debilidade da
magia Rogar Maldição (Tormenta20,
p. 204). Em ambos os casos,
cada vez que você derrota um
adversário em combate direto e
de forma justa, surge um novo
entalhe no cabo da maça, acom-
panhado de uma cicatriz em um
de seus braços ou no rosto. A cada
10 destas cicatrizes, você sofre uma
penalidade cumulativa de –1 em testes
de perícias baseadas em Carisma. A única
forma de remover a maldição é através de um
rito (veja a perícia Religião em Tormenta20,
p. 122) executado por um clérigo de Arsenal
de nível superior ao seu. Quando o rito é
concluído, a Maça de Geltor perde todas
as suas marcas de vitórias e desaparece,
ressurgindo em uma masmorra ou ruína
qualquer, à espera de um novo guerreiro.
Medalhão dos Povos
Acessório maior, T$ 40.000
Criado por Ferdinz von Kreuer, um oficial dos
Cavaleiros do Leopardo Sangrento, o Medalhão
dos Povos participou de inúmeras vitórias puristas,
e acompanhou seu criador em diversos crimes de
guerra perpetrados contra outros povos. Formado
por uma pedra azul translúcida enrolada em uma
corrente fina e cinza, este amuleto se tornou quase
tão famigerado quanto seu portador. A história do
Medalhão, entretanto, tomou outro
rumo quando von Kreuer atacou
um conclave de druidas centauros;
pegos de surpresa e em menor
número, os druidas foram der-
rotados, mas não antes que sua
líder amaldiçoasse von Kreuer e
seu medalhão, condenando-o a
sofrer de uma fraqueza diferente
a cada manhã e tornando-o um
pária entre os demais puristas,
que julgavam-se arautos da
perfeição. Incapaz de superar
o castigo que lhe foi imposto,
von Kreuer se exilou, desapare-
cendo em um destino incerto. Seu
Medalhão dos Povos, entretanto,
ressurgiu tempos depois, carre-
gando consigo sua maldição.
Poderes. Você recebe +2 em testes de
ataque e rolagens de dano (cumulativo com
outros itens) e pode lançar a magia Campo
de Força. Caso já conheça a magia, em vez
disso o custo para lançá-la diminui em –1 PM.
77
 Maldição. A cada amanhecer, você acorda com
uma fraqueza diferente, determinada aleatoria-
mente. Enquanto estiver sob efeito dessa alteração,
você sofre uma penalidade de –2 em um atributo
específico (essa penalidade afeta pontos de vida
e pontos de mana). O mestre rola 1d6 para deter-
minar o efeito.
1d6 Efeito
1 Força
2 Destreza
3 Constituição
4 Inteligência
5 Sabedoria
6 Carisma
Para remover a maldição do Medalhão dos
Povos, você precisa cumprir uma missão para
seis indivíduos não-humanos diferentes (como
resgatar alguém, impedir um grande perigo etc.).
Cada missão deve ser realizada enquanto você
estiver sob efeito de uma fraqueza diferente. O
mestre tem a palavra final sobre o que conta
como uma missão.
78
O Incrível Mapa de Alastar
Acessório médio, T$ 15.000.
Localizada em Bielefeld e marcando a fronteira
desse reino com Aslothia, a Floresta de Jeyfar é
conhecida por ser uma mata escura e labiríntica
que já fez diversos aventureiros e viajantes se
perderem. Mesmo rastreadores experientes e
caçadores hábeis já passaram por problemas
nesse local, o que ajuda a alimentar a lenda de
que a floresta é muito maior por dentro do que por
fora, e poderes estranhos afetam quem adentra
sua densa mata.
Há algumas décadas, um mago de nome
Alastar explorou a Floresta de Jeyfar, disposto a
mapeá-la em detalhes. Combinando seus conhe-
cimentos de cartografia com suas habilidades
místicas, Alastar criou um mapa mágico que,
além de descrever Jeyfar em detalhes, é capaz
de exibir informações sobre qualquer lugar onde
esteja sendo usado. Entretanto, sem que Alastar
soubesse, os poderes mágicos que tornam a
Floresta de Jeyfar tão traiçoeira impregnaram o
próprio mapa, fazendo com que ele tivesse uma
predisposição a trair seu usuário.
Poderes. Você pode lançar a magia Mapear,
tendo como alvo o próprio Incrível Mapa de
Alastar (caso já conheça a magia, o custo
para lançá-la diminui em –1 PM). Além
disso, enquanto a magia estiver em
efeito, você recebe +5 em testes
de Percepção e Sobrevivência
feitos na área mapeada.
Maldição. Apesar de ser capaz de revelar
detalhes de qualquer lugar, o Incrível Mapa pos-
sui a inclinação para iludir e enganar seu usuário.
Sempre que você usa o mapa, o mestre rola
1d8 em segredo. Se o resultado desta rola-
gem for 1, o mapa revela informações falsas,
que podem levá-lo a cair em armadilhas ou
ser surpreendido por outras ameaças. Em vez
dos bônus em perícias fornecidos normalmente,
o mapa impõe uma penalidade de –10 em testes
de Percepção, Reflexos e Sobrevivências feitos
na área mapeada, pela duração da magia (o
mestre aplica estas penalidades em segredo). Além
disso, a critério do mestre, o mapa pode indicar
outras informações falsas que atrapalhem a sua
navegação. Esta maldição só pode ser remo-
vida na própria Floresta de Jeyfar. Você precisa
levar o mapa até lá, e usá-lo com sucesso para
explorar a região. Isso é um teste estendido de
Sobrevivência (CD 20 + metade do seu nível), onde
são necessários 7 sucessos antes de três falhas).
Cada teste representa um dia de exploração e, em
caso de falha total, seu total de PM é reduzido em
–1 PM por nível até que a maldição do mapa
seja removida.
O Incrível Mapa
de Alastar e o Roll20
Ter um personagem usando esse mapa
amaldiçoado em um grupo que utiliza
mapas no Roll20 pode trazer cenas
interessantes e muito desafiadoras.
Ao contrário da verossimilhança
que mestres normalmente buscam ao
elaborar masmorras e encontros, O
Incrível Mapa de Alastar pode servir
para deixar isso de lado.
Para representar os perigos induzidos
pelo mapa quando sua maldição é
acionada, o mestre pode colocar perigos
aleatórios em cena. Uma sala tem um
grupo de monstros e na seguinte há
outra criatura poderosa. Como não se
digladiam? Bom, talvez os corredores
que os separam (e explicam a lógica do
lugar) tenham sido ignorados pelo usuário
porque o mapa não os mostrou.
De maneira prática, o mestre pode
preparar um mapa básico, com
um “esqueleto” de algumas salas e
corredores. Esses locais terão encontros
e perigos diretos. Depois, o mestre cria
salas secundárias, que derivam dessas
principais, como corredores de difícil
acesso ou com entradas secretas. Se
o d8 rolar 1, somente o mapa com o
“esqueleto” é colocado em mesa,
salvo algum teste muito
bom de Percepção
ou magias que
revelem as salas
secundárias.
79
 P E Q U E N A S AV E N T U R A S
SERENÍSSIMA
E sta mini-aventura foi feita para RPGs de terror
e investigativos — como Ordem Paranormal,
Rastro de Cthulhu e qualquer outro compatível
com o gênero. É uma trama sem regras, para
ser adaptada conforme necessário. Pode ser
jogada como aventura avulsa, ou início de uma
campanha.
Férias
Uma equipe de detetives do oculto aproveita seu mere-
cido descanso, fazendo turismo em outro país após sua
mais recente missão.
Caso este seja o primeiro jogo, você pode combinar
com o grupo — talvez personagens nesta história comecem
mesmo sendo apenas turistas comuns, cada qual com suas
próprias motivações para estar longe: um casal passando
sua lua de mel, alguém lidando com o término de um
relacionamento, uma influenciadora digital aproveitando
a viagem para gravar alguns vídeos.
80
A ação transcorre em Sereníssima, local 100% ficcional
levemente inspirado na cidade italiana de Veneza, mas você
pode adaptar qualquer outro canto do mundo que achar
conveniente. O fato importante é que, no passado, este foi
um entreposto mercantil fundado por navegadores. É um local
repleto de prédios históricos, atraindo inúmeros visitantes.
Os personagens chegaram domingo à noite no Grão
Albergue, antigo hotel de luxo que conta com águas ter-
mais, mas já decadente e — como mais tarde descobrirão
— dotado de uma cobertura de internet péssima e sem tevê!
É onde conseguiram acomodações por uma pechincha na
baixa temporada. Não há carros no centro histórico da
cidade e todo o movimento é realizado por gôndolas. Os
pacotes de visitação contratados pelos personagens incluem
café e jantar, além de excursões diárias, que partem todo
dia de manhã. A estadia corre tranquilamente no decorrer
de uma semana… até o próximo domingo.
No início de cada dia, é preciso fazer um teste de
resistência para vencer o infame jetlag, e não receber
redutores em rolagens de dados. Passar no teste uma vez
P E Q U E N A S
cancela a penalidade em definitivo. Em seguida, é preciso
definir se o personagem junta-se a excursão do dia ou fará
turismo por conta própria.
As excursões são uma atividade conjunta que ocupa a
manhã e a tarde. Um dos locais listados abaixo deve ser
escolhido aleatoriamente, sem repetir. Para definir qual
o nome da atração visitada naquele dia, jogue um 1d6:
1 Basílica de São Valentim,
2 Ilhas de Bassânio e Graciano,
3 Jardim das Estátuas,
4 O Canal de Marte,
5 Teatro do Carnaval Eterno,
6 Vila dos Velhos.
Cada jogador, alternando entre si, terá em seu turno
a chance de estabelecer uma história de origem para
o lugar, ou, se isso já foi feito por outra pessoas, fazer
descrições ligadas a um dos cinco sentidos, sem repeti-los:
falar como é a paisagem, os cheiros, sons e músicas que
são ouvidos, de que materiais os prédios são feitos, qual
o prato típico que degustaram naquele dia etc. O mestre
e os outros jogadores podem colaborar com sugestões, se
divertindo e criando conjuntamente. Além da descrição,
quem quiser também pode descrever uma rápida cena
do seu personagem, ou interagir com alguém do grupo.
Turismo por conta própria permite dividir sua manhã
e tarde em uma série de atividades que envolvem, mas
não se limitam a almoçar num lugar caro, comprar lem-
brancinhas, ficar na cama até mais tarde, ir à praia, jogar
tênis, ler no saguão, posar para um retrato, se banhar
nas termas, visitar a feirinha local… tudo conforme as
possibilidade financeiras!
Isso significa que, em seu turno, o personagem pode
descrever até duas cenas curtas sobre o que fez de manhã
e à tarde. Caso personagens tenham escolhido uma mesma
atividade, poderão fazer uma cena interagindo entre si. A
menos que alguém tenha outros planos, toda noite termina
com um jantar no hotel, onde o grupo se reúne.
Perigo oculto...
O mestre deve introduzir pequenos elementos de tensão
na semana dos personagens que culminarão no sétimo dia.
À medida em que participam das excursões nas praças
AV E N T U R A S
locais, percebem que aos poucos as filas das atrações
diminuem, conseguir lugar em restaurantes sem reservar
antes fica mais fácil…
Já personagens fazendo turismo por conta própria come-
çam a notar casas abandonadas trancadas com cordões de
isolamento, têm dificuldade em encontrar moradores locais
e se deparam com ruas cada vez mais desertas. Nos últimos
dias, notam pequenas infestações de ratos e sacos com
lonas pretas sendo carregados em balsas ou empilhados
debaixo de pontes (que contêm… cadáveres!).
Durante a semana, cada membro do grupo tem peque-
nas visões relacionadas ao seu passado, — vê alguém de
costas que lembra seu ex-marido, vislumbra em um espelho
d'água a mãe que morreu afogada — aparições que
ocorrem sempre em momentos que a pessoa fica sozinha.
O grupo descobrirá da pior forma que enfrentam simulta-
neamente duas ameaças. Uma natural e outra sobrenatural.
A primeira é a epidemia de uma doença desconhecida. As
autoridades e a mídia local têm tentado encobri-la para não
afetar a economia. A doença não tem uma letalidade tão
grande, mas a mortandade tem sido alta, principalmente
entre a população mais pobre. Com tanto sofrimento, uma
entidade do além se materializou no mundo físico e tem
matado pessoas (as notícias falam em assassinatos, que a
polícia ainda investiga se estão conectados ou não)
Esta ameaça pode ser representada pela ficha de prati-
camente qualquer criatura paranormal que se encaixe neste
conceito, mas com uma adição especial: ela pode assumir a
forma de lembranças e dos maiores medos de suas vítimas.
A partir do domingo, e a cada dia subsequente, os
personagens precisam fazer testes de resistência para
não ficarem fisicamente debilitados até o fim da aventura.
Mesmo que resistam ao contágio da doença, já é tarde
demais: aeroportos, estações de trem e estradas foram
fechados pelas autoridades, sem previsão de reabrir.
Após 1d3 dias, todos são legalmente intimados a ficar
confinados no Grão Albergue.
Um lugar onde serão presas fáceis para a entidade.
DAVIDE DI BENEDETTO
81
 gloriosos
DiárioS
E sta coluna resume os episódios de Fim dos Tempos, uma campanha oficial de
Tormenta20, com o mestre Leonel Caldela e os jogadores Tácio Schaeppi, Katiucha
Barcelos, Guilherme Dei Svaldi, Karen Soarele e Rex. As aventuras são jogadas às
quintas-feiras, às 20h, na Twitch da Jambô Editora.
“... atravessamos o portal, experimentando mais uma
vez a sensação — à esta altura tão familiar — de ter
nossos corpos rematerializados e, como eu já disse em meu
pergaminho anterior, chegamos à masmorra de Azgher,
o Deus Sol.
Estávamos em uma sala retangular…”
O Labirinto liberto
(Continuação)
“... enquanto a masmorra de Hyninn era um verda-
deiro amontoado de ruínas úmidas e a de Tanna-Toh
constituída por corredores com ângulos retos e um ar
extremamente seco; aqui a sensação era de calor. Um
aposento bastante decorado, que não se assemelhava a
um calabouço ou mesmo a um labirinto, continha muitas
imagens sagradas.
No meio dele, havia três sarcófagos. Tumbas de pes-
soas que pareciam ter sido enterradas com honrarias. Seus
locais de descanso, ornados com relevos representando
ábacos, compassos, réguas, números. Encontramos neles
inscrições que pareciam um variante de valkar e, após
um pouco de triangulação linguística de minha parte e
de meus companheiros, chegamos a seguinte tradução:
Três matemáticos criaram este lugar. Para conhecer
o que apenas eles conhecem, provem que suas mentes
são dignas.
82
E, então, ao problema proposto:
Um mercador abriu sua tenda para vender ovos.
Para seu primeiro freguês ele vendeu metade de seus
ovos, e meio ovo a mais. Para seu segundo freguês
ele vendeu metade dos ovos que restavam, e meio ovo
a mais. Para seu terceiro freguês ele vendeu metade
dos ovos que restavam, e meio ovo a mais. Ele então
fechou a tenda e voltou para casa, pois não tinha mais
ovos para vender.
Quantos ovos ele tinha quando abriu a tenda?
Não estragarei a sua incrível diversão tentando
solucionar este quebra-cabeça, mas anotei a resposta
no canto deste pergaminho, para que você possa saber
se também acertou!”
***
"... quando, enfim, demos a resposta, recebemos
mais diversão na forma de outro enigma, mas este não
vem ao caso! Se eu fosse listar todo desafio intelectual
que surge em nossas viagens, ficaria rapidamente sem
pergaminhos, pois é algo que faz parte de minhas pai-
xões mais caras, sobre o qual adoro discorrer!
Mais importante, mas igualmente não entrarei em
detalhes, pois estes seriam doloridos demais, foi uma
horripilante visão que a fada arcanista Ayla encontrou
de si mesma mumificada, ao abrir um dos sárcofagos.
Olhando a situação de maneira mais distanciada
e ponderada concluí que o quadro maior por trás de
tudo é este: a sala original era muito maior, mas possuía
armadilhas poderosíssimas, inclusive um símbolo capaz
de causar loucura permanente, criaturas poderosas e
outros horrores mortíferos…
Um desafortunado grupo de aventureiros anterior,
provavelmente, foi o responsável por criar um desaba-
mento que partiu a câmara mortuária ao meio, dando
a futuros exploradores do labirinto, se não uma chance
de triunfar sobre seus desafios, ao menos de sobreviver.
Nada, porém, nos preparou para algo que encon-
traríamos aprisionado no nível desta masmorra. Um ser
vindo de além das vastidões celestiais do éter divino.”
***
“... era uma criatura de pele prateada e cabeça alon-
gada, semelhante a um espectro, verdadeiro fantasma
de aço que apareceu diante de nós. Suas feições eram
apenas vagamente humanoides e tinha íris metálicas
que cintilavam à luz de nossas tochas.
Em sua mão, ela empunhava uma espada de forja
tão sofisticada, que tenho dúvidas que mesmo um ferreiro
anão trabalhando dentro do coração de uma estrela,
poderia reproduzir arma com tamanha qualidade.
Ficamos momentaneamente embasbacados, sem saber
como reagir à presença ameaçadora. Ele nos encarou
com seus olhos sem pálpebras, como se estivesse ava-
liando nosso intuito.
Tentamos, com coragem, iniciar um diálogo com
o ente misterioso, mas ele permaneceu em silêncio,
olhando-nos fixamente. Estava claro que a comunica-
ção verbal não era uma opção, pois nem sabíamos se
tal criatura era capaz de respirar ou emitir sons. Foi
necessário um esforço conjunto de todos para que com
gestos e magias, pudéssemos finalmente travar algum
contato inteligível com ele.
Acho que compreendo, agora, a tentativa do outro
grupo de prevenir novos viajantes de uma morte imi-
nente. Com sua pele fria, tão impenetrável como uma
armadura, com a força de um gigante, a agilidade
de uma pantera, armado de maneira tão formidável,
tenho dúvidas se teríamos alguma chance de vencer este
guerreiro prodigioso. Como logo entendemos, porém,
ele também era apenas um prisioneiro neste local. Já
mencionei que ainda precisamos encontrar um saída do
complexo de masmorras?
Era originalmente um explorador. Uma espécie de
capitão.
Não desprovido de emoções, pois aquilo que parece
ter mais ressoado junto ao fantasma de aço foi quando
tentamos fazer com que entendesse o nosso objetivo
neste lugar: encontrar a mãe de Kiki, a medusa, a amada
barda de nosso grupo.
O conceito de “mãe” é algo que o fantasma de aço
parecia entender bem, talvez, mais do que todos nós.
Pois, se o que eu compreendi está certo, o respeito e
admiração que tem pela progenitora de sua raça matriar-
cal, vai além de mero amor filial, ou mesmo da devoção
que um clérigo tem por um deus. Pela sua criadora, esta
criatura, seria capaz de declarar guerra à Arton, matar
todos os seres vivos que nela habitam e atear fogo à
própria realidade.
Por sorte, o que fez foi nos avisar sobre múmias pode-
rosas num aposento vizinho e nos indicar à presença
da mãe de Kiki, com quem devia ter interagido, afinal!
Anotamos estas valiosas pistas.
O fantasma de aço também ignorou o meu apelo
para que trocássemos nossas armas — a dele um arte-
fato ímpar, a minha feita com o sangue sólido de uma
divindade destituída — como uma espécie de ritual de
camaradagem entre guerreiros. As minhas motivações,
tanto as sinceramente diplomáticas quanto as mais
egoístas, pois eu desejava me apossar do artefato, não
foram alcançadas…
Quem, entretanto, pode me culpar por tentar?!”
***
“Em mais um vai e volta, tão típico à exploração de
labirintos, visitamos a masmorra de Hynnin novamente,
onde localizamos uma espécie de subnível. Kiki desco-
briu a existência deste lugar desafiando um misterioso
enxadrista pertencente — pelo menos em aparência! —
ao povo hynne. Ao ser derrotado em seu jogo favorito,
repetidas vezes, forneceu dicas como recompensa que,
até aqui, se provaram verdadeiras.
Uma falava justamente de uma escadaria onde era pos-
sível acampar de maneira segura. Nós seguimos para lá,
83
83
 com o intuito de descansar e recuperar forças e acabamos
nos deparando com a subseção oculta da masmorra…”
“O subnível possui três portas que acreditamos estar
relacionadas a outros níveis do labirinto, mas nada disso
importa, pois quero contar a você do emocionante reen-
contro que registrei…
“... enquanto explorávamos o subnível cavernoso,
iluminando nosso caminho com tochas e cautelosamente
avançando para evitar armadilhas, nossos sentidos foram
aguçados por um rosnado gutural e inumano.
Kiki ficou imediatamente alerta. Ela virou a cabeça
para a fonte do som e lá, em um canto sombrio, suando
de uma tenda viu algo que fez seu coração parar por
um momento.
Sua mãe, Kizadrinni Odello, uma sábia que pesqui-
sava labirintos e que havia desaparecido quando a barda
era apenas uma criança, estava reduzida a um monstro
bestial. Os olhos dela eram pupilas fendidas de uma
serpente, sua pele tinha uma coloração pálida e doentia.
Rosnava e avançava em nossa direção, empunhando uma
espada curta, resquício pálido de seu intelecto.
Vi nossa companheira continuar paralisada de
emoção e desespero: a mulher que procurara em meio
a tantas buscas e jornadas estava bem à sua frente.
Qualquer postura marcial ou mesmo as máscaras de
drama e teatralidade que tantos bardos ostentam na
linguagem de seu corpos, desapareceram. Em seu lugar,
trejeitos infantis, lágrimas, palavras angustiadas. Isto
não fez a sábia convertida em fera deter seu ataque e
foi preciso intervir.
Felizmente, Kizadrinni não é a única família que resta
a Kiki.
Porque nós, os Cães das Colinas estávamos lá, junto
com ela. Rexthor, o lutador, tomou a dianteira da batalha.
Ayla com seus poderes de sílfide arcanista conjurou um
feitiço poderoso e lançou uma ordem mágica para que
Kizadrinni detivesse seus golpes. Ignis, o golem paladino
do deus Thyatis, avançou como um escudo vivo, de voz
firme e serena, tentando alcançar a parte lúcida que
ainda residia na sábia. E eu… registro com minha pena
este acontecimento!
Lentamente, a raiva nos olhos da quase górgona
começou a se dissipar.
84
Kiki falou sobre a última vez em que se viram, de como
após ter sido sequestrada, em agonia gritou e gritou e
procurou por sua mãe, mas ela não voltou para buscá-la.
Sua progenitora explicou que a mantinham prisioneira
nesta masmorra, e que todo carcereiro que habita o
"espaço de masmorra" é como o próprio nome infere,
exatamente isso: ou carcereiro ou prisioneiro. Kizadrinni
também estivera aprisionada no Templo do Vácuo, mas
a deixaram sair, apenas porque queriam testar os efeitos
e limites do fenômeno.
De pesquisadora, fora reduzida a cobaia.
Seu intento com suas buscas incansáveis sempre foi
nobre, porque tudo o que ela desejava era descobrir
uma maneira de impedir a filha de se transformar em um
monstro. No fim, em uma ironia digna das divindades
imortais que brincam com nossos destinos, concluiu, em
um abraço que demorou tempo demais para acontecer,
que foi a própria Kiki — e disse isso tomada do mais
puro orgulho — quem a salvou…
(O resto do pergaminho encontra-se borrado e ilegível
pelo que parecem ser lágrimas do escriba.)
Resolução do problema
Azgher não é um deus de meias-palavras ou significa-
dos ocultos. Depreende-se que esse problema matemático
tem uma natureza lógica. E tal fato dita que ninguém
compra meio ovo, portanto os valores vendidos serão
sempre um valor inteiro.
De tal maneira que, seja por meio de equações, dedu-
ção, ou por simples tentativa e erro, chega-se facilmente
à conclusão que o vendedor abriu a tenda tendo 7 ovos
ao total para vender.
Vendeu 3,5 mais meio ao primeiro cliente, ou seja,
4, e lhe restaram três.
Então, vendeu 1,5 mais meio ao segundo, ou seja,
2 e lhe restou apenas um.
Por fim, vendeu meio ovo mais meio — o único ovo
que tinha restante — e tendo encerrado seu expediente,
desmontou a tenda e foi para casa, agora com umas
moedas a mais!
DAVIDE DI BENEDETTO
85
85
 C H E F E D E F A S E
FREDDY FAZBEAR
V ocê é um guarda noturno em uma velha
pizzaria abandonada. O trabalho é
simples, ficar em sua sala vigiando o local.
Entretanto, a certa altura da noite, os bonecos
animatrônicos que se apresentam durante o
dia começam a perambular pelos comodos.
Tudo o que você pode fazer é fechar as portas do
seu escritório, e rezar para a bateria que move tudo se
manter até as seis da manhã, quando acaba seu turno.
Porém, por algum motivo inexplicável, no dia seguinte
você está aqui novamente.
Com uma proposta e jogabilidade simples, o pri-
meiro Five Nights At Freddy’s (Cinco Noites no Freddy,
em uma tradução livre) tomou de assalto a atenção de
todos em 2014. Não havia forma de fugir ou como se
86
defender, exceto fechando portas e entendendo a lógica
da movimentação dos robôs no interior. Com esse jogo,
Scott Cawthon, que desenvolveu tudo sozinho, saiu do
anonimato para se tornar um dos maiores fenômenos dos
jogos — impulsionado, é claro, pelos youtubers jogando
e se assustando.
Porém, havia algo a mais na obra original. Conforme
as noites passavam, pôsteres nas paredes se transforma-
vam em notícias de jornal sobre o desaparecimento de
um grupo de crianças, enquanto as gravações ouvidas
começavam a falar de uma estranha “mordida” em
1987. Por vezes, a figura de um estranho urso dourado
surgia no canto da tela, seguida das palavras “It’s me”.
Tudo isso levou a uma geração inteira de pessoas teori-
zando sobre os mistérios da trama.
A série já teve diversos jogos, até os recentes Five Nights
At Freddy’s: Security Breach, o primeiro em que você pode
andar livremente pelo ambiente, e não por acaso o que
contou com o maior orçamento até o momento. O fenô-
meno gerou também diversos livros, cuja canonicidade é
fervorosamente debatida pelos fãs. Há também um filme
com estreia marcada para o dia 26 de outubro de 2023.
Com sua temática de horror e mistério, a franquia é
um prato cheio para amantes de Ordem Paranormal.
Bem-vindo ao Freddy’s
O mistério começa em uma pizzaria fechada, cheia
de marcas de abandono. Uma chamada de telefone,
ou talvez uma gravação antiga, começa a falar sobre
suas tarefas como o novo guarda noturno. Os bonecos
animatrônicos então começam a explorar o ambiente.
Entre eles Bonny, o coelho, Chica, a galinha, e o líder
da banda, e símbolo da franquia, o urso Freddy.
Conforme as noites passam, não apenas os robôs
ficam mais agitados, como uma nova ameaça, Foxy,
a raposa, começa a surgir de um palco separado,
exigindo que se olhe nas câmeras. Além de um outro
Freddy, de coloração dourada, que pode surgir ao avan-
çar das noites. Nunca se movendo, sempre surgindo
sobrenaturalmente.
A mecânica do jogo é simples: você acompanha os
os movimentos dos robôs pelas câmeras, e assim que se
aproximam, fecha as portas, lembrando de economizar
a bateria, pois, se ela acabar, ficará exposto. Quando
os animatrônicos atacam, pulam na direção da câmera,
representando o ponto de vista do jogador, gritando. A
tela de fim do jogo mostra o destino do personagem: seu
corpo esmagado dentro de um animatrônico desativado.
Mas o mistério realmente se intensifica quando pôs-
teres na parede se transformam, falando dos desapare-
cimentos. Cinco crianças foram levadas para uma sala
nos fundos, e um terrível crime aconteceu. O assassino
nunca foi preso, afinal não haviam corpos ou provas.
Entretanto, os espíritos raivosos das crianças passaram a
possuir os corpos dos bonecos em que foram escondidas.
Talvez por ódio, talvez buscando vingança, os robôs
atacam especialmente adultos que veem.
C H E F E D E F A S E
Cada jogo se passa em um ambiente diferente. Os dois
primeiros em restaurantes fechados, o terceiro em uma
atração de horror, o seguinte em um quarto de criança, e
por aí segue. A variedade de ambientes permite histórias
diversas, com temáticas também bastante diferentes.
Sobrevivendo à noite
Em uma campanha de Ordem Paranormal, os ani-
matrônicos são criaturas do Outro Lado, influenciadas
pelos assassinatos, alterando a fisicalidade dos objetos.
O primeiro passo é decidir qual será o estilo da história.
Para se manter mais próximo do conceito do jogo,
e aproveitando o clima de terror ao qual o cenário se
presa, considere um grupo de investigadores de Nível
de Exposição bem abaixo das criaturas. O importante,
nesse caso, é sobreviver, não um combate direto, pois
mesmo uma única criatura já seria perigosa contra NEX
menores. Além disso, como não podem ser completa-
mente destruídas sem resolver seu Enigma do Medo,
as criaturas continuarão perseguindo os personagens,
mesmo que derrotados.
Nesse tipo de caso, os agentes devem encontrar
formas de evitar o confronto direto, enquanto procuram
por pistas na localidade. Os corredores da pizzaria
são apenas uma possibilidade. Talvez um deles tenha
escapado do local, atacando um adulto durante a noite,
e isso atraiu a atenção da Ordo Realitas.
Outro cenário possível seria um enfrentamento
direto contra agentes de maior NEX. Mas o que
motivaria Freddy a fazer isso? Talvez seu assassino
esteja entre os investigadores, fingindo-se de aliado.
É possível até mesmo que esse vilão, na verdade,
esteja usando dos agentes da Ordem para se livrar
dos monstros que o perseguem.
Um ângulo interessante é serem enviados para
investigar estranhos desaparecimentos em uma região,
para então encontrar a pizzaria abandonada, e os
animatrônicos desativados, ao menos até a noite. As
criaturas então aparecem, possivelmente atacando os
agentes, e revelando o perigo representado, mas sem
lutarem até uma derrota. Nesse ponto será necessário
buscar informações sobre os assassinatos do passado.
87
 C H E F E D E F A S E C H E F E D E F A S E

Também é possível usar a ficha de Freddy para representar algo diferente. No jogo Five Nights at Freddy’s: AÇÕES
Sister Location, a lógica do jogo muda, e o personagem está sendo manipulado pelas criaturas. Uma possibilidade
PADRÃO  AGREDIR LIVRE  ESMAGAR
seria se aproveitar do tema dos robôs possuídos, porém, em vez de serem os personagens icônicos da franquia,
PANCADA Corpo a corpo x2 No início de cada um de seus turnos, Freddy
entidades de energia se manifestam no local de um crime. É um jeito de surpreender seus jogadores encarregados TESTE 5O+20 | DANO 4d10+15 Impacto causa 4d10+20 pontos de dano de perfuração
de investigar o lugar e colocá-los numa situação similar à dos jogos. em qualquer criatura que esteja agarrando
Apesar da ficha abaixo representar Freddy, ela pode ser normalmente usada para os outros membros do grupo. PADRÃO  AGREDIR com sua mordida.

MORDIDA Corpo a corpo MOVIMENTO  SOU EU

Uma vez por cena, a entidade no interior de
200
TESTE 5O+20 | DANO 4d10+20 Perfuração

FREDDY
ENERGIA
VD
LIVRE  AGARRÃO
Se Freddy acertar um ataque com sua
Freddy pode se manifestar, transmitindo uma
imagem de memória e sofrimento. Todos os
seres em alcance curto sofrem 5d6 de dano
mental, ficam apavorados por uma rodada,
mordida em um ser médio ou menor, pode e abalados pelo resto da cena (Vontade DT
tentar agarrar o alvo (teste 5O+20 ). 29 reduz o dano para a metade e muda a
ENERGIA   CRIATURA  MÉDIO MANDÍBULA MECÂNICA condição para abalado por uma rodada).
Os poderosos mecanismos sobrenaturais da mandíbula
PRESENÇA PERTURBADORA
de Freddy são capazes de destroçar até as barreiras mais
DT 25  5d6 mental  NEX 60% + é imune poderosas, ignorando qualquer resistência e imunidade a
SENTIDOS PERCEPÇÃO 3O+20
INICIATIVA 3O+20
dano do alvo.

PRAZER DA CRIAÇÃO
ENIGMA DE MEDO
Independente de quantas vezes seja destruído,
Mesmo que seja destruído completamente, Freddy retorna Freddy sempre retorna, mesmo que sua aparência
DEFESA 38 FORTITUDE 4O+15 em 1d6 dias, com todos os pontos de vida restaurados. seja mais desgastada. Sua motivação não cessa
REFLEXOS 3O+15 até que o culpado de sua morte seja levado à
VONTADE 3O+25
SUSTO
justiça, ou punido de forma apropriada. Caso isso
aconteça, todos os animatrônicos se desativam,
PONTOS DE VIDA 400 | 200 machucado Freddy pode permanecer completamente imóvel. Se deixando apenas uma pilha de partes mecânicas.
RESISTÊNCIAS Balístico, corte, impacto e estiver assim, um personagem deve passar num teste de
Percepção (DT 34) para perceber que ele é uma criatura
Porém, existe um outro meio de acalmar os
perfuração 10, Energia 20
e não um boneco. Qualquer outra forma de detecção ou
espíritos. Pessoas que durmam na pizzaria,
VULNERABILIDADES Conhecimento
localização, como rituais e habilidades não ajudam nesse
sobrevivendo uma noite no mesmo ambiente dos
teste. Enquanto não for descoberto como uma criatura,
crimes, começam a ter sonhos enigmáticos. A cada
ATRIBUTOS
ou caso não esteja sendo observado através de câmeras,
noite que passarem ali, os investigadores têm a
Freddy poderá se deslocar o triplo de seu deslocamento
chance, através da interpretação ou testes
AGI 3 FOR 5 INT 0 PRE 3 VIG 4 normal, e personagens ficam desprevenidos contra seus
de perícias apropriadas (com DT 29), de
ataques.
obter uma pista sobre como apaziguar
o ódio que move os animatrônicos.
Entretanto, a cada noite, Freddy
PERÍCIAS Furtividade 3O+20 VISÃO DE MOVIMENTO
fica mais violento em seus ataques.
Freddy tem dificuldade de diferenciar seres vivos de Caso consigam cinco pistas, é
DESLOCAMENTO 12m | 8 objetos inanimados, por isso sofre –2Ona percepção possível libertar as almas
contra seres que não tenham realizado uma ação aprisionadas.
nessa rodada. Além disso, é possível usar partes de
animatrônicos desativados como disfarce, causando
uma penalidade de –O, cumulativa com a de não realizar
ações.
DANIEL DURAN
com apoio de
Miguel “Beholder” Souza

88 89
 L I G A D O S D E F E N S O R E S L I G A D O S D E F E N S O R E S

Q uando desenvolvemos o Manual

do Aventureiro de 3D&T Alpha,
duas escolhas guiaram a produção
na época. Todos seriam jogáveis.
E os poderes de cada kit teriam
alguma variação. Uns mais fortes,
outros menos.
O primeiro objetivo foi concluído com
sucesso. Até mesmo a Noiva Sacrifício, kit de
personagem criado para o excelente DBride,
a Noiva do Dragão, encontrou lugar na
mesa. O livro ajudava a organizar as ideias
dos jogadores sobre qual personagem gos-
tariam de criar, testando tipos diferentes e
trazendo variação para as histórias.
O segundo, porém, foi de encontro a
força combeira dos RPGistas. Ter poderes
com níveis diferentes em um mesmo kit criava
heróis distintos, tanto com habilidades comuns

ARCANAUTAS!
quanto algumas capazes de fazer toda a
diferença em batalha. Mas a mecânica de
escolher poderes desde que cumpridas as
exigências acabou gerando uma espécie de
caça ao combo perfeito.
Misturando vários poderes fortes apenas
pelo benefício, deixando toda a parte da
construção do personagem de lado, surgiram
verdadeiras pérolas. Combinações malucas
como Domadores das Ondas de Chapéu

Kits de personagem
Preto para usar Bala nas Costas Vorpal no
primeiro turno. Maravilhosamente caótico.
Mas exige uma mesa igualmente disposta a
esse tipo de situação.

em 3DeT Victory
91
 L I G A D O S D E F E N S O R E S
Qual é a desses kits?
Explicando para quem está chegando agora. Para
jogar 3DeT Victory, você não precisa de nada além do
básico. Usando só os atributos e perícias, é possível
criar qualquer conceito. E quanto menos regras você
escolher usar, mais livre será para inventar o que quiser.
Porém, tanta liberdade pode deixar alguns jogado-
res perdidos. Por isso existem arquétipos, por exemplo.
Eles são um guia de como um elfo, goblin ou hynne
se parecem em regras. Os kits funcionam de um jeito
semelhante. Enquanto um arquétipo diz como seu
personagem surgiu, o kit é aquilo que ele se tornou.
O que ele faz.
Como são divertidos e criam muitas possibilidades, é
possível criar kits de quase qualquer coisa. Desde os clás-
sicos guerreiros, magos, clérigos e ladinos até profissões
muito específicas do seu cenário; como os menestreamers
de Era das Arcas, os piratas de One Piece, ninjas colo-
ridos de Naruto, espiões de Spy x Family…
Vitória da comunidade!
Surgindo como uma meta extra da campanha de
financiamento, o Manual do Arcanauta irá trazer
um primeiro conjunto com 60 kits de personagem para
vocês começarem a se divertir assim que receberem
o livro básico. As regras mudaram um pouco também
em relação à versão anterior.
Desta vez, até seu primeiro kit irá custar 1 ponto.
Mas você poderá adotar outros deles, com um custo
cumulativo de +1 para cada novo kit escolhido. Além
disso, todas as exigências devem ser atendidas. Quase
sempre, alguma perícia, vantagem ou desvantagem
específica. Se perder acesso a ela por qualquer motivo,
também perderá os poderes do kit temporariamente.
Outra novidade: ao adotar um kit, o personagem
irá receber todos os três poderes relacionados a ele,
não sendo mais possível comprar apenas um ou outro
da lista. Você ganha o pacote completo. E caso um
destes poderes afete o funcionamento normal de
determinada vantagem, ele sempre será um benefício
apenas daquele kit.
92
Ainda que exista a indicação de a qual núcleo
determinado kit pertence, nada impede o jogador de
misturar tudo em sua mesa. São apenas recomendações
para auxiliar o grupo a manter as coisas dentro de um
mesmo clima. Se quiserem aloprar e colocar astronau-
tas nas Arcas ou jogadores de Tormenta ALPHA em
combates do Torneio do Martelo, tudo bem.
Deixa eu ver logo isso!
Estamos trabalhando agora mesmo na produção
dos kits do Manual do Arcanauta, desenvolvendo des-
crições e poderes. Mas, como os leitores da Dragão
Brasil estão conosco desde o começo, é justo que
também recebam alguns deles em primeira mão.
Lembrando que por ser um material em desenvolvi-
mento, os poderes podem sofrer alterações (mas não
significa que não possamos brincar com eles desde já!).
CARD Gamer
Núcleos. Era das Arcas, Tormenta ALPHA.
Exigências. Magia, Mística, Utensílio.
Poucos conhecem tanto o coração das cartas quanto
Card Gamers. Invocadores místicos que fazem uso de
cartas, baralhos, figurinhas e até certos pergaminhos
antigos para realizar efeitos mágicos diversos ou mate-
rializar criaturas para lutarem em seu lugar.
Estes seres, quase sempre fantásticos, já estão aprisio-
nados no artefato de alguma maneira, surgindo no mesmo
turno em que são invocados. Entidades mais poderosas,
de cartas raras e únicas, podem demorar mais tempo
para chegar. Dependendo de sua força, sequer ficarão
completamente sob o controle do invocador.
Em Vallindra, baralhos deste tipo são formados por
Cartões de Ampliação da Realidade Dimensional, uma
espécie de pergaminho moderno. Surgiram há pouco
nas lojas especializadas, mas se espalharam por todo
o mundo, extrapolando inclusive a função inicial de
entretenimento. Mesmo considerado prática criminosa,
desbloquear CARDs permite que o brinquedo seja
utilizado em batalhas reais…
L I G A
• Carta na manga. Você pode gastar 1PM
adicional para que no seu próximo turno o efeito
conjurado tenha 50% de chance (4,5 ou 6 em 1D) de
ocorrer outra vez sem qualquer custo adicional.
• Escolha uma carta. Você invoca uma criatura
qualquer. Gaste 1PM e receba um Ajudante até o fim
da cena. Um teste Médio de Mística permite escolher
o tipo; se falhar, quem decide será o mestre. Ainda é
preciso pagar PM por cada utilização do Ajudante.
• Caiu na minha armadilha! Uma vez por
cena, após um oponente realizar qualquer ação, você
pode fazer um teste de Mística (6 + Habilidade do
inimigo). Se tiver sucesso, pode usar Magia ou uma
técnica mágica que conheça como reação.
Estudante
Núcleos. UniPotência, Guerra da Galáxia.
Exigências. Alguma perícia, Mentor.
Você busca conhecimento. Estudantes são frequenta-
dores de escolas, universidades, cursos preparatórios
ou qualquer outra instituição que tenha o objetivo
de ensinar algo. Seja novas competências
e habilidades, seja informações
importantes ou interes-
santes para sua área
de estudo.
D O S D E F E N S O R E S
Se engana quem pensa que a vida de um estudante
é isenta de desafios. Mesmo nas escolas comuns, todos
enfrentam uma série de dificuldades em seu cotidiano:
gestão de tempo, o cumprimento de tarefas, trabalhos
diversos e até o convívio com os demais colegas e
professores.
E isso é ainda mais visível em instituições como a
própria UniPotência. Como se matemática, idiomas,
história e demais ciências já não fossem complicadas
o suficiente, as escolas preparatórias de magos, heróis,
ninjas, pilotos mecha e mordomos exigem muito mais
de seus alunos, sempre de olho na taça do campeonato
interno entre os cursos.
• Hora do Recreio. Após um conflito, você tem
direito a uma Refeição Básica que concede Ganho em
um único teste à sua escolha, até o fim da cena. Você
não pode acessar esse poder outra vez enquanto não
entrar em conflito novamente.
• Prova real. Você pode pagar 2PM para rolar
1D adicional em um teste de perícia que possua e
descartar o resultado mais baixo.
• Quem não cola... Você pode acessar
os benefícios da vantagem Mentor uma
segunda vez por combate ou
cena.
93
 L I G A D O S D E F E N S O R E S
Herói Sentai
Núcleos. Era das Arcas, Guerra da Galáxia,
UniPotência.
Exigências. Esportes, Elo Mental, Patrono.
Heróis Sentai são a essência do que é ser um
Defensor: um sujeito em uma roupa colante e colorida,
integrante de um grupo de cinco. São eles que dão
o sangue (litros deles) todos os dias para servir aos
interesses da Terra. Devido a origem nipônica, estes
esquadrões de heróis são conhecidos e tratados como
Sentai.
Cada Herói Sentai adota uma cor que não pode
ser usada por mais ninguém da mesma equipe. Há
certa liberdade, exceto pela cor Vermelha, que sempre
pertence ao líder. As cores mais comuns são verde,
azul, preto, branco, rosa e amarelo. Mas nada impede
um Herói Sentai de vestir qualquer combinação que
desejar, desde que não tenha par na equipe.
94
L I G A D O S D E F E N S O R E S
Cada esquadrão Sentai é único. Por isso, todas as
convenções certamente têm exceções. Quase sempre
escolhem um tema: bandas de black metal, constelações
do zodíaco, carros populares, frutas, insetos, anfíbios,
times de futebol… não importa. Esta identidade define
parte da personalidade da equipe e é usada como sím-
bolo por ela. Tudo o que for criado para uso daqueles
Defensores irá respeitar esse visual.
• Hora de Sincronizar. Você tem colegas de
batalha que lutam em sincronia. Quando se juntam,
agem apenas uma vez por rodada, mas somam atri-
butos, como se fossem um só. Perícias, vantagens e
desvantagens também são compartilhadas. O dano
sofrido e o gasto de PM são divididos de qualquer
forma entre vocês. Cada ação combinada custa +1
PM por integrante, até o máximo de cinco.
• Soltar Faísca. Quando um Herói Sentai sofrer
dano, pode escolher pagar o custo equivalente de 1PM
para cada 3PV perdido. Este poder não funciona caso
Hora de Sincronizar esteja ativo.
• Robô Gigante. Caso estejam sincronizados e
Perto da Derrota, o Herói Sentai é capaz de gastar
um turno para invocar um robô gigante
para realizar um único ataque em
uma escala acima.
MARLON TESKE
95
SEJA UM APOIADOR DA DRAGÃO BRASIL EM NÍVEL CONSELHEIRO OU AVENTUREIRO PARA TER O SEU NOME AQUI!
Altair Jorge Fernandes
Alysson Carneiro
Ana Rosa Leme Camargo
Anael Narciso Nagib Murr
Anderson Brambilla Chaves
Anderson Costa Soares
Anderson Guerke
Anderson Rodrigues
Anderson Rosa Cecilio De
Oliveira
Anderson Thelles
André Bessa
André Centeno De Oliveira
André Dorte Dos Santos
André Duarte De Ávila Ribeiro
André Moraes
CONSELHEIROS Andre Moshiba
Andre Tosta
Andrews Da Cunha Silva Dos
Passos
Angelo Castelan
Angelo Daniel Dagnoni
Fernandes
Abelardo Dantas Álvares
Antonio Mombrini
Adalberto Neto Antonio Mourão Da Silva
Adelmo Felipe Bento Oliveira
Adolfo Toshiro Cotarelli Antonio Pedro Costa Oliveira
Sasaki Pretti Espindula
Adriano Silva Antonio Victor Melo Trindade
Álan Duvale Gomes Ariel Alves Dutra
Alan Santana Ariel Leonardo Alencar Leitão
Alcyr Neto Arival Curi Da Cruz
Aleksander Sanandres Augusto César Duarte
Rodrigues
Alex Farias De Lima
Augusto Da Silveira
Alex Frey
Augusto De Moraes Nobre
Alex Pereira
Augusto Netto Felix
Alex Pongitori
Bárbara Iara Hugo
Alex Rodrigo R. Oliveira
Bernardo Rocha Batista De
Alexandre Ferreira Soares Paiva
Alexandre Murayama De Breno Portella
Lima Brunno Madruga Fidalgo
Alexandre Uhren Mazia Brígido
Alexandro De Sousa Bruno Brinca De Jesus
Rodrigues Limeira
Álisson Morais Bruno Cesar Aff Mendes
Alkemarra De Paula Leite Bruno Doyle
Bruno Emerson Furtado
Bruno Filipe De Oliveira
Ribeiro
Bruno Henrique Da Cunha De
Lucca
Bruno Leão Pereira
Bruno Vieira
Bruno Wesley Lino
Bryan Luiz Silveira Sipião
Caio Alvares
Camila Gamino Da Costa
Camilo Rodrigues
Carlos Eduardo Pereira
Santana
Carlos F. Dos Santos
Carlos Frederico Veiga
Carlos G C Cruz
Carlos Giovane Haefliger
Cassio Pereira
Cassio Segantin
Cavaleiro Morto
Celso Giordano Tonetti
Chrysthowam A. Santos
Cj Saguini
Claudio Quessada Cabello
Cleison Ferreira
Cristian Drovas
Cristiano "Leishmaniose"
Cavalcante
Cristiano Lopes Lima
Dan Cruz
Daniel Bezerra De Castro
Daniel Braga
Daniel Braga Coimbra
Daniel Carlos
Daniel Corrêa Pereira
Daniel De Freitas Gonçalves
Daniel Duran Galembeck Da
Silva
Daniel Folador Rossi
Daniel Luis Portela Da Silva
Daniel Macedo
Daniel Maprelian
Daniel Martins Bezerra
Daniel Paes Cuter
Daniel Regis Alló Weiss
Daniel Romero Da Escóssia
Pinheiro
Daniel Saraiva De Souza
Daniel Souza
Daniel Ximenes
Danielle Fredini Amaral
Danilo Machado
Danilo Martins
Dannilo Silva
Darlan Fabricio Silva Santos
Davi Freitas
Davi Mascote Domingues
David De Andrade Nunes
David De Andrade Nunes
David Torres Offrede
Deivide Argolo Brito
Deivis Pereira
Denis Carvalho
Denis Kenji Nakano
Denis Oliveira
Diego Barba
Diego Bernardo Chumah
Diego Boaro
Diego Cavalcante Carlos De
Carvalho
Diego Matos Moura
Diego Moreira
Diego Tavares Da Silva
Trindade
Diego Toniolo Do Prado
Diego Torralbo
Diogo De Almeida Camelo
Diosh Smith
Djalma Frehse Neto
Dmitri Gadelha
Douglas Ramos Da Silva
Douglas Santos De Abreu
Douglas Vieira Dias
Douglas Zanotta
Duda Vila Nova
Eddie Junior
Éder "Dzr13" Fialho
Eder Lage
Edgar Cutar Junior
Edson Carlos Da Silva Ghiotto
Junior
Eduardo Batista Dos Santos
Saigh
Eduardo Diniz Dallacort
Eduardo Jacinto Moreira
Eduardo Maciel Ribeiro
Eduardo Milani
Eduardo Nunes
Eduardo Wohlers
Edvalter Thayrone Da Silva
Neves
Elimar Andrade Moraes
Elismar De Freitas Venancio
Elliot Macedo Haddad
Elvys Da Silva Benayon
Emanoela Amancio Da Cunha
Emerson Luiz Xavier
Emmanuel Antunes
Enio Mielly Morais Maximo
Enzo Kapps De Oliveira
Enzo Venturieri
Eric "Yuki Hiro"
Estevão Costa
Everton Vieira Martins
Fábia Marques
Fabiano Raiser Dias Bexiga
Fábio
Fábio Abrão Luca
Fabio Bompet Machado
Fabio Carvalho
Fabio Casanova
Fabio Grile
Fabio Luiz Pinto Lemos
Fabricio Silva De Amorim
Fagner Ferreira Rodrigues Da
Silva
Felipe Alves
Felipe Amalfi
Felipe De Souza Ramos
Felipe Gante
Felipe Intasqui
Felipe Leal Campos De Freitas
Felipe Massao T. Masutani
Felipe Queiroz
Felipe Rizardi Tomas
Felipe Schimidt Tomazini
Felipe Tenorio
Felipe Vilarinho
Felipe Wellington
Fernando Abdala Tavares
Fernando Augusto Iwata
Yamamoto
Fernando Brauner
Fernando Camilo Moura
Ribeiro
Fernando Douglas Tavares
Fernando Guarino Soutelino
Fernando Modesto Dutra
Fernando Schwenson
Filipe W Santos
Flaviana Cristina Malagodi
Takei
Flavio Emanoel Do Espirito
Santo Terceiro
Flavio Hiasa
Flávio Martins De Araújo
Flávio Notargiacomo Ramos
Flávio Rodrigues
Francisco Duque
Francisco José Marques
Francisco Ribeiro
Francisco Santana De
Azeredo
Franz Pietz
Gabriel Almeida Braga
Fernandes
Gabriel Alves Brandão
Machado
Gabriel Alves Rêgo
Gabriel Amaral Abreu
Gabriel Bomfim
Gabriel Cassa
Gabriel Cholodovskis
Machado
Gabriel Custodio Da Silva
Avelino
Gabriel Da Silva Cavalcante
Gabriel Dos Santos Barbosa
Gabriel Elias
Gabriel Felipe
Gabriel Hirata
Gabriel Madeira Pessoa
Gabriel Mascarenhas De
Souza
Gabriel Miranda
Gabriel Moreira
Gabriel Novaes
Gabriel Nunes Da Silva Sobral
Gabriel Paiva Rega
Gabriel Rodrigues De Moraes
Gabriel Scantamburlo Ribeiro
Gabriel Soares Machado
Gian Carlos Sobral De Mello
Gilmar Burato
Gilmar Farias Freitas
Gilvan Gouvêa
Gio Mota
Giovanni Ernesto
Giovanni Grosso
Giuliano Tamarozi
Gleison Alves Santos Neves
Gounford Thiago
Gregório De Almeida Fonseca
Guilherme Aurélio Da Silva
Arantes
Guilherme Britz Fontoura
Guilherme Correa Virtuoso
Guilherme De Paula Genofre
Silva
Guilherme Feitosa
Guilherme Inojosa Cavalcanti
Guilherme Lacombe Oliva Da
Fonseca
Guilherme Luiz De Oliveira
Aleixo
Guilherme Martins Alves
Guilherme Massimo
Fernandes Cortez
Guilherme Tolotti
Guilherme Trintinalha Corrêa
Guilherme Tsuguio Tanaka
Gustavo Almeida Agibert
Gustavo Amâncio Costa
Gustavo Freire Schafhauser
Gustavo Gaiato Monte
Gustavo Martins Ferreira
Gustavo Ramos Machado
Gustavo Samuel
Heitor Alencar Moraes
Helton Garcia Cordeiro
Henrique Carvalho Gomes
Henrique Oliveira
Henrique Santana
Henrique Santos
Herbert Aragão
Herick Vinnycius Sales De
Andrade
Hugo Genuino
Hugo Pitanga
Humberto Gs Junior
Humberto Meale
Ian Diniz Carreiro
Icaro Dos Santos Da Silva
Icaro Issa
Ícaro Silva Payrouz
Igor Silva
Igor Thiago
Ismael Marinho
Israel Silva Da Silva
Iuri Luis Da Silva Paes
Iury Goncalves Nunes
Ivan Ivanoff De Oliveira
Ivan Zanutto Bastos
Ivens Bruno Sampaio Dos
Santos
Ivo Iso
Jackson Callado
Jamerson Da Silva
Jayme Calixto
Jean Carlo
Jean Michel Macêdo Dos
Santos
Jef Ferraz
Jeferson Dantas
Jefferson Anderson Ferreira
Jessé Adriano Dias
Jessica Niohanne Parente
Cipriano
Jessy Michaelis
Jhyeferson Aryel Pereira Dias
Joan Emilio Deitos
João Carlos De Lucena Lira
João Carlos Rodrigues
João Felipe
João Marcos Vasconcelos
João Mokdeci
Joao Paulo Melatto Fogo
Joao Paulo Naldi
João Pedro De Oliveira
João Pedro Dos Santos
Joao Pereira
Joao Ricardo Ramos
João Roberto Borges De
Azevedo
João Victor Rodrigues
João Vitor Carvalho
Joaquim Gonçalves
Guimarães Junior
Joaquim Silva
Jonas De Moraes Custódio
Jonatas Monteiro Fernandes
Jonathan Da Silva Bandeira
Jonathan Pinheiro Dos
Santos
Jordan Antunes De Sa Assis
Jorge Alberto Carvalho Sena
Jorge Botelho
Jorgino Fabiano Pereira Filho
José Alexandre Buso Weiller
José Alipio Taveira Junior
José Felipe Ayres Pereira
Filho
José Manoel Cleiton
Rebouças De Oliveira
José Ricardo Gonçalves
Barretto
José Roberto Froes Da Costa
José Roberto Matos De
Oliveira
José Rodrigues Villa Real
Neto
Judson Jeferson Pereira
Moraes
Juliano Azzi Dellamea
Julio Cesar Berbeth
Julio Cezar Silva Carvalho De
Toledo
Julio Porto
Kalleo Elias Vidal Pereira
Alves
Kalleu Vinicius Natividade
Pereira
Kayser Martins Feitosa
Kevin Santos
Keyler Queiroz Cardoso
Kleber Santana
Kyan Derick
Lariandilass Lanathor
Leandro De Souza Cordeiro
Leandro Ferraro
Leandro Franco Miranda
Leandro Lima Dos Santos
Leandro Santiago Lima
Leonardo Afonso
Leonardo Batagin
Leonardo Buratto De Assis
Leonardo Cibulski
Leonardo Costa
Leonardo Fiamoncini De
Souza
Leonardo Garcia Da Silva
Domingues
Leonardo Rafael De Bairos
Rezende
Leonardo Renner Koppe
Leonardo Thoms Neves
Liano Batista
Lorenzzo Areias
Lucas Batista Da Silva
Lucas Bernardo Monteiro
Lucas Correa
Lucas Custodio Albino
Lucas De Souza Figueiredo
Lucas Henrique Muniz
Lucas Martinelli Tabajara
Lucas Sá Teles Dos Anjos
Lucas Toscano
Lucas Waterkemper Alberton
Luciano Dias
Luciano Viana
Luis Augusto Patrick Cordeiro
Tavares
Luiz Calmon Neto
Luiz Frederico Jr.
Luiz Guilherme Da Fonseca
Dias
Luiz Junior Nakahara
Luiz Otávio Gouvêa
Luiz Otavio Silva Santos
Luiz Ramiro
Luiz Roberto Dias
Lukas Wyllis Louza De
Oliveira
Makihara Akio
Marcel Godoy
Marcel Ribeiro Dantas
Marcella Rossetti
Marcello Bicalho
Marcelo Antonio Pereira
Marcolino
Marcelo Augusto Reis Silva
Marcelo Ferreira
Marcelo Henrique Da Silva
Marcelo Junior
Marcelo Roger Dos Santos
Reis
Marcelo Victor Holanda
Moura
Marcelo Werner
Márcio Do Prado Uemura
Marcio Fernandes Alves Leite
Márcio Kubiach
Marcio Lomiranda
Marco Antônio Sobolwsky
Marco Menezes
Marco Túlio Braga
Marcos Barbalho Moreira
Marcos Junqueira Braga
Marcos Mineiro
Marcos Neiva
Marcos Pincelli
Marcus Andrade
Marcus Lins
Marcus Rocher
Marcus Vinicius De Oliveira
Marcus Vinicius Genico
Prendes
Marcus Vinicius Rodrigues De
Oliveira
Mário Ferrari Neto
Mário Tatsuo Makita
Marlon Marques
Maryana F Gomes
Mateus Fernandes Geremias
Matheus Araujo De Carvalho
Matheus Augusto Simão
Cezar
Matheus Back Almeida
Matheus Barbosa Santiago
Matheus Borges Ziderich
Matheus C. Medvedeff
Matheus Henrique
Matheus Machado
Matheus Modro
Matheus Pivatto
Matheus Rodrigues
Matheus Smoking Do Eirado
Maurício De Moura Almada
Mauricio Foster Rodrigues
Mauricio Pacces Vicente
Mauro Juliani Junior
Mauro Rodrigues Borges
Michael Boni
Michel Medeiros De Souza
Miguel Peters
Mikael Santana Mota
Miquéias Barros Rosa Da
Silva
Mirian Marinho De Santana
Murilo Catelani Ferraz
Murilo D. Andrade
Natalia Rousu
Neimar Alves
Nicole Mezzasalma
Nicollas Baltar
Nikolas Carneiro
Nycolas Cardoso Beck
Odilon Duarte
Odilon Vieira De Queiroz Neto
Otávio Teixeira Pinto
Pablo Pochmann
Pablo Raphael
Pablo Urpia
Patricia De Fatima Lopes
Patrício Correa
Paulo Crestani
Paulo Eduardo De Lima
Pacheco
Paulo Emilio
Paulo Rafael Guariglia
Escanhoela
Paulo Silles
Paulo Vinicius
Paulo Vitor
Pedro Almeida
Pedro Augusto Pereira De
Freitas
Pedro Denner Santos Silva
Pedro Fortini
Pedro Frare Zem
Pedro Grandchamp Neto
Pedro Henrique Dos Santos
Gonçalves
Pedro Henrique Kaidraivos
Pedro Henrique Martins
Pedro Henrique Matos
Pedro Henrique Seligmann
Soares
Pedro Luan Valente Tomihero
Pedro Luiz De Nazaré De
Souza Martins
Pedro Machado
Pedro Morhy Borges Leal
Pedro Nieves
Pedro Pacheco
Pedro Victor Duarte
Pedro Vieira Junior
Péricles Vianna Migliorini
Peter Bidel Schwambach
Pietro Vicari
Rafael Baquini Bueno
Rafael Duarte Collaço
Rafael Ferreira Lobo
Rafael Freitas De Souza
Rafael Galdino Marinho
Rafael Garcia Morais
Rafael Gonçalves
Rafael Ishikawa Dos Santos
Rafael Machado Saldanha
Rafael Mudesto
Rafael Oliveira De Faria
Rafael Pelluso
Rafael Ribeiro
Rafael Santiago Luiz
Peleteiro
Rafael Sirotheau
Ramon Rebelo
Raphael Coelho Silveira
Raphael De Simoni Marquiori
Raphael Espesse
Raphael Estevao Borges De
Oliveira
Raphael Levy Lima
Raphael Montero
Raul Calixto Goncalves
Renan Billi
Renan Costa Viana
Renan Rodrigues Cação
Renato Da Cunha Silva
Renato Farias
Renato Potz
Ricardo César Ribeiro Dos
Santos
Ricardo D. Sá
Ricardo Dantas De Oliveira
Ricardo Ferreira Gerlin
Ricardo Filinto
Ricardo Mauricio Dutra
Ribeiro
Ricardo Okabe
Richard Cardoso
Rinaig Yanniz Mendes De
Carvalho
Robert Silva
Roberto De Medeiros Farias
Roberto Freires Batista
Robson F. Vilela
Rodolfo Benedicto
Rodolfo Xavier
Rodolpho Contini
Rodrigo André Da Costa
Graça
Rodrigo Cassiano
Rodrigo Da Silva Santos
Rodrigo Darouche Gimenez
Rodrigo Denicol
Rodrigo Fernando Comin
Rodrigo Fogagnolo Mauricio
Rodrigo Keiji
Rodrigo Mendonça
Rodrigo Nunes Dos Santos
Rodrigo Quaresma De
Andrade
Rodrigo Shibuya
Rodrigo Tadeu Delboni
Barbosa
Rogers Ribeiro Gonçalves
Romullo Assis Dos Santos
Romulo Bartalini
Ronaldo Filho
Ronaldo Mendes
Ronnie Von Carvalho De
Souza Junior
Ruan Carlos De Lima Santana
Rubens Dos Santos
Ruy Vasconcelos
Sammy Junior
Samuel Caled Blaas Wachholz
Samuel Hamilton Belem Cruz
Sascha Borges Lucas
Sebastião Proença De
Oliveira Neto
Sergio Chagas
Sérgio Dalbon
Sergio Lúcio Lopes Duarte
Shane Morgan Baraboskin
Standen
Silvino Pereira De Amorim
Neto Vinicius Kremer Santos
Tácio Barreto Nascimento Vinícius Lemos
Tácio Schaeppi Vinicius Mattos
Tárik Raydan Vinícius Nery Cordeiro
Tawan Ferraz Trindade Vinícius Roviello
Thadeu Silva Vinícius Savi Silva
Thalles Rezende Vinicius Soares Lima
Thauan Therock Vitor Alves Patriarcha
Thaynah Silva Vitor Faccio
Thiago Barbosa Ferreira Vitor Francisco Da Silveira
Thiago Bernardi Ribeiro Ribeiro
Thiago Carvalho Dias Vitor Giavarina Delgallo
Thiago De Sousa Costa Vítor Lucena
Thiago Fernandes Borges Vitor Mendes Demarchi
Vitor S. Dieter
Thiago Freitas
Vitor Santos Ferreira
Thiago Lorena
Washington Alencar
Thiago Morani
Welington Simoes Junior
Thiago Trot
Wellington Barros Moraes
Thomaz Oliveira
Wellington Morais
Tiago Martins De Souza
Wellington Silva
Tiago Monnerat De F. Lopes
Wellington Wanderley Barros
Tiago Santa Maria Rodrigues
Marto Junior
Tiago Soares Welton Beck Guadagnin
Tião Luna Welton Sousa
Tomás Gomes Cardoso Wesley Albuquerque
Maranhão
Trakoll
Willian Diego Alves Dos
Tubaranguejo
Santos
Ubiratan Augusto Lima
Willian Jeferson Nunes
Uziel Parada
Wither Favalessa Dos Santos
Valdemar De Carvalho Cunha
Wolf Fivousix
Valdir Camargo Junior Yan Adriano Dos Santos
Vauderag Junior Yan Constantino
Vegetal Triste Yan De Oliveira Barbosa
Victor Bine Meira
Yuri Jardilino
Victor Castro De Sa Zeca Machado
Victor Hermano
Victor Hugo Antunes
Victor Hugo De Paiva
Victor Otani
Victor Pinheiro
Victor T Melo
Vinícius Barroco Milhomem
Basile
Vinicius Cipolotti
Vinicius De Aquino Calheiros
Vinicius De Paiva Costa
Vinícius G. O. Miiller
Vinicius Gomes De Oliveira
Vinicius Guedes Da Silva
 Alexandre Straube
Alexsandro Alves
Alice Olivan
Alisson Henrique Tavares
Alisson Luiz Lima De Menezes
Allan Adann Caires Marcelino
Da Silva
Allan Collier
Allan Cristhian
Allan Vitor Rodrigues Da Silva
Allec Ribeiro
Allisson Oliveira
Álvaro Ferreira
Alysson Martins
Amanda Rodrigues Velloso
Santana
AVENTUREIROS
Ana Lucia Lieuthier
Anderson De Mello Ogliari
Anderson Guerra
Andre Augusto Nogueira
Alves
André Fernando Peres
André Macedo Matos
André P. Bogéa
Anthony Eduardo Maciel
Mendes
Adam Shin Koga
Adiel Faria Fidelis Filho Antônio Henrique Botticelli
Adolfo Correa Antonio Pereira
Adriano De Oliveira Santos Antônio Ricart
Ayub Antonio Vicente Maia Neto
Adriano Figueiroa Santos Arlin Vinicius Borges Monteiro
Affonso Miguel Heinen Neto Aroni Da Luz
Agamenon Nogueira Lapa Aroni Da Luz De Oliveira
Arthur Almeida
Alan De França Santana
Arthur Carvalho Laurindo
Alan Felipe Ferreira
Alan Machado De Almeida Arthur Emílio Do Nascimento
Gonçalves
Albano Francisco Schmidt
Arthur Endlein Correia
Alberto Calil Elias Junior
Arthur Galdino
Alcebiades Alves Da Silva
Arthur Navarro
Junior
Arthur Santos Miguel
Aldrin Cristhiam Manzano
Arthur Takao Correia
Alessandro Serpa Costa
Takehara
Alex Aguilar Dos Santos
Artino Filho
Alex H. Santos
Artur Augusto Bracher Capute
Alex Sandro Serafim
Artur De Oliveira Da Rocha
Alexandre Akira Yamamoto Franco
Alexandre Leite At Matos
Alexandre Machado Átilla Oliveira Barros
Alexandre Mainenti Leal Augusto Ruckert
Lopes
Alexandre Mantovani Negro
Benaduce Guilherme
Bernardo Cortizo De Aguiar
Bernardo Nassau De Souza
Braian Thomaz Takahira
Brenno Ottoni
Breno Melo
Breno Muinhos
Breno Nunes De Sena Keller
Brnvsantos
Bruna Emi Okyama
Brunão Crash
Bruno Baère Pederassi
Lomba De Araujo
Bruno Bitencourt Oliveira
Bruno Cugola Coelho
Bruno Da Silva Assis
Bruno Dahlem Pereira
Bruno De Jesus Farias Silva
Bruno Eduardo Augusto De
Oliveira E Silva
Bruno Eron
Bruno Felipe Teixeira
Bruno Fernandes Alves Junior
Bruno Godoi
Bruno H M Silva
Bruno Meneghetti
Bruno Normande Lins
Bruno Veck Milão
Bruno Vinicius Sanchez De
Souza
Bryan Barros Pires
Bryan Sousa De Oliveira
Caio Alexandre Consorti
Paixão
Caio Assis Souza Santos
Caio Castro Vaz Bezerra
Caio César
Caio Cosme
Caio Cruz
Caio Palhares
Caio Santiago
Caio Vinicius Steinbach Da
Silva
Caleo Pires Bittencourt
Camila Mariscal
Camille Nunes
Camillo Ferreira Franco
Carlos "Grande Castor"
Gonçalves
Carlos Alberto De Carvalho
Netto
Carlos Augusto Bezerra
Gomes
Carlos Eduardo Areia
Carlos Henrique Araújo
Bezerra
Carlos Henrique Mesquita Do
Prado
Carlos Ogawa Colontonio
Caroline Voss
Cássio Augusto
Cassius Nunes
Cauã Oliveira Silva
Cayo Albuquerque Prohaska
Moscatelli
Celso Guedes De Jesus
Cesar Monteiro Junior
Chris Azeredo
Christian Meinecke Gross
Clarissa Sant´Anna Da Rosa
Cláudio Andrade Neto
Claudio Vinicius
Clayton Dos Santos
Kirchleitner
Clécio Júnior
Cléo Fernando Martins
Machado
Colemar F. Cunha
Cristian Dos Santos
Cristiane Weber
Daniel Alvarenga
Daniel Benoni De Sales
Duarte
Daniel Bonaldo
Daniel Diego Lacerda Cirilo
Daniel Doria
Daniel Felipe Meireles De
Souza
Daniel Gomes
Daniel Gomes Lacerda
Daniel Nogueira
Daniel Poleti
Daniel Ramos
Daniel Sacramento
Daniel Silveira De Lemos
Daniel Sugui
Daniel Toledo Menezes De
Oliveira
Daniella Carlos De Abreu
Danilo Carlos Martins
Danilo Da Silva Bueno
Danilo De Souza Oliveira
Danilo Franco Penteado
Danilo Martins
Danilo Steigenberger
Danúbio Viana Nogueira
Danyel Pablo Batista Muniz
Dartagnan Quadros
Davi Andrade Morais Guedes
Davi Francisco Santos
Davi Roberto Limeira
David Córdova Loures
David Lessa
David Tabosa
Davidson Guilherme
Goncalves Dos Santos
Borba
Dayane Aparecida Baraldi
Ferreira
Ddrion
Dean Rusk Andrade Sobrinho
Débora De Oliveira Borges
Deiverson Lucas
Delaserna - Resistência De
Ionia
Diego Adão Fanti Silva
Diego Barboza
Diego De Niro
Diego Henrique Marinho
Diego Henrique Negretto
Diego José Busarello
Diego Mello
Diego Noura
Diego Rodrigues Sala
Diego Silveira Martins
Marques
Diego Vitoriano Da Silva
Diogo Campos
Diogo Fontes
Diogo Schmitz Langwinski
Dion Roger Crisanto
Djoplin Obelar
Douglas Drumond
Douglas Figueiredo
Douglas Henrique Silva
Romualdo
Douglas Nascimento
Douglas Toseto Marçal De
Oliveira
Dylan Torres
Edgard Amaral
Ednardo Oliveira Pena Araújo
Eduardo Assis Das Chagas
Eduardo De Souza
Mascarenhas
Eduardo Gabriel Sebastiany
Eduardo Lucas
Eduardo Mendes Marcucci
Eduardo Neves Junior
Eduardo Tavares Machado
Elias S. Silva
Elias Simões De Souza Van Do
Rosário Ferreira
Elis Rodrigues Oliveira
Elivaldo Sapucaia
Elton Rigotto Genari
Elton Rodriguez
Elvis Sãngelis Dias
Marinheiro
Emanuel Mineda Carneiro
Emanuel Senna Rocha
Barbalho
Endi Ganem
Enzo Scarpatti
Eric Ellison
Eric Machado
Erik Andrade Oliveira
Erivelto Gregório Junior
Estêvão Rendeiro
Eugênio Luiz
Evandir De Souza
Everton Assis Correia
Everton Lauton
Fabiano Fernandes Dos
Santos
Fabiano Martins Caetano
Fabiano Silveira
Fabio Caetano De Souza
Fabio Cristiano Faria Melo
Fábio Cunha Braga
Fábio Luiz Cortez Ribeiro
Fábio Marques
Fábio Paixão
Fabio Queiroz
Fabio Ramalho Almeida
Fábio Reginaldo Batista
Guidinele Junior
Fábio Rodrigues Dos Santos
Fabio Vaz
Fátima Alves Mendes
Fausto Reis
Felipe Barros Dantas
Felipe De Almeida Penteado
Felipe Eleuterio Hoffman
Felipe Horas
Felipe Lira Fernandes
Felipe Maia Ribeiro Da Silva
Felipe Manhoni De Paula
Alves
Felipe Melo
Felipe Venezian Dos Santos
Félix Gomes Da Silva Junior
Fellipe De Paula Campos
Fernanda Pederiva
Fernanda Sereno
Fernando Barros Monteiro
Fernando Da Silva Trevisan
Fernando De Souza Alves
Fernando Do Nascimento
Fernando Henrique
Fernando Henrique Filgueira
Martins
Fernando Lins Fagundes
Fernando Mateus Ferreira
Vale Dos Santos
Fernando Mendonça De
Almeida
Fernando Wecker
Filipe Barbosa
Filipe Itagiba
Fillipe Cesar Oliveira Da Silva
Flavio Zimermann Silva
Francisco Eduardo Rocha
Júnior
Francisco Jose Felisbino De
Oliveira
Francisco Kefferson Vieira
Pereira
Francisco Márcio Barbosa
Teixeira
Francisco Silva
Frederico Carneiro
Frederico Detofano
Gabriel Almeida
Gabriel Áquila
Gabriel Berwanger Silveira
Gabriel Bittencourt
Gabriel Da Silva Pessine
Gabriel De Assis Fernandes
Gabriel De Oliveira Cosmos
Gabriel Do Prado Perpetua
Gabriel Eccher
Gabriel Engelmann Maltez
Gabriel Fernandes Sarmento
Gabriel Giani Reis
Gabriel Góes Ferreira
Gabriel Kolbe Teixeira
Gabriel Luiz Da Silva
Gabriel Maia
Gabriel Melo Santos
Gabriel Menino
Gabriel Minossi
Gabriel Oliveira
Gabriel Portugal G. Santos
Gabriel Santos
Gabriel Torrens
Gabriel Vandarte Casadei
Gabriel Vieira Soriano
Aderaldo
George Carlos Gonçalves Da
Silva
Geraldo Abílio
Gibran Meira Lustosa Junior
Gilmar Oliveira
Giovane Rossi Rojas
Giovane Santos Araújo Pinto
Giovani
Giovanni Fadiga Nogueira De
Souza
Giuliano Bortolassi
Glauber Rocha
Gláucio José Magalhães
Guilherme Amato Marinho
Guilherme Azevedo Couto
Guilherme Cavalheiro
Guilherme Cossu
Guilherme Da Silva Alves
Guilherme Ferreira De
Siqueira
Guilherme Gambera
Guilherme Morais
Guilherme Morato De Moura E
Silva
Guilherme Muniz Bernardino
Guilherme Pinto Reis
Guilherme Pizzatto
Guilherme Tamamoto
Gustam_Vr
Gustavo Araújo Biângulo Dos
Santos
Gustavo Araujo Fonseca
Gustavo Campos
Gustavo De Oliveira Ceragioli
Gustavo De Oliveira Pereira
Gustavo Felix Cardoso
Gustavo Maiorini
Gustavo Martinez
Gustavo Massami Nishimura
Gustavo Nobre Wotikoski
Gustavo Reis
Gustavo Vicente Justino
Guto Jardim
Haniel Ferreira
Harley Lucas Gonçalves
Heber Agnelo Antonel Fabbri
Hebert J
Helder Aparecido Pereira
Helder Poubel
Helio Câmara Abreu
Henrique Costa
Henrique Da Costa Gallo Neto
Henrique Emanoel Nigre
Coelho De Souza
Henrique Gavioli
Henrique Lopes Nicoletti
Henrique Martins
Hess Grigorowitschs
Hewerton Joao Barrichello
Higor Pinheiro
Hiromi Honda
Homero Olivetto
Hudson Moreira Dos Santos
Hugo Gonçalves
Hugo Oredes Agapito
Hugo Ribeiro Da Silva
Ian Garcia Ribeiro
Ian Ruviaro
Ignaltus Necro
Igor Tancredo Dutra Jacinto
Iman Griebeler
Iran Eduardo
Íris Firmino Cardoso
Isaac Batista
Isabelle Gonçalves Arcanjo
Dos Santos
Isla Santos
Italo Machado Piva
Jacqson Reis Santos
Jadson W N Soares
Janilson Aragão
Jardel Rocha Florencio
Jean Alexsandro Silva
Jean De Oliveira Santos
Jean Lima
Jeferson Cardoso
Jeferson Da Rosa
Jefferson Frias
Jefferson Luís Bernardo
Jeovany Nascimento
Jhonatan Cassante
Jhonny Campos De Britto
João Alberto Boconcello
Junior
João Breder
João Brito De Oliveira Neto
Joao Carlos Freitas Lucena
João Érick Silva Ramos
João Gabriel Gomes
João Jordan Costa Reis
Joao Lobo
Joao Maximiliano Seixas Da
Costa
João Paulo Mallet
João Pedro Areco Jorge
João Pedro Moreira Veloso
Dos Santos
João Victor De Souza Lima
João Victor Gonçalves Lima
Silva
João Victor Nizer
João Vitor Da Silva Lima
Joel Piccoli Da Rosa
Joel Spinelli
Johnny Carlos De Almeida
Júnior
Jonathan Aparecido De Souza
Jonathan Fried
Jonathan Henrique Do
Espírito Santo
Jonathan Luis Da Silva
Jonathan Nicolas Correa
Jonathan R S Santos
Jones Dos Santos Vieira
Jorge Henrique Thimóteo
Ramos
Jorge Janaite Neto
Jorge Theodoro Eduardo
Brock
José Antônio Teodoro Borsato
José Carlos Madureira
Pinheiro Junior
José Gabriel Ribeiro Luz
José Luiz Lopes
Jose Maria Cardoso Da Silva
Neto
José Moacir De Carvalho
Araújo Júnior
José Romildo Vicentini Junior
José Vagner Ferreira Dos
Santos Júnior
Josevan Silva
Jp
Juan Campos Barezzi
Juan Carlo Santos Maia
Jucenir Da Silva Serafim
Juliano Cataldo
Juliano Domingues
Juliano Meira Santos
Juliano Zachias Soares Da
Silva
Julio Cesar Da Silva Barcellos
Julio Cesar Nascimento
Rodrigues
Julio César Sagás
Júlio César Viana Da Silva
Júlio N. S. Filho
Julio Vedovatto
Kaede Kisaragi
Karina Burini Correia
Kássio José Lara De Rezende
Kellisson Felipe Silva Freire
Kelly Cristina Trindade
Kevin De França Calixto
Kevin Rafael Da Silva Martins
Kevin William Guimaraes
Kpistrano
Larissa Guilger
Leandro Andrade
Leandro Murano Sartori
Leandro Ygor
Lenon Rodrigues Martins
Leonardo Cardoso Fazan Dos
Santos
Leonardo Coutinho
Leonardo Dias Pesqueira
Leonardo Marengoni
Leonardo Pereira Da Silva
Leonardo Souza De Moura
Leonardo Vieira
Leonardo Yan Corrêa
Cordeiro
Lex Bastos
Lorenzo Dombrovski Dos
Santos
Luan Diego Alano
Luan Leal Oliveira
Luan Manavello
Luan Rodrigues Pereira Leal
Luanac
Lucas Amaral Santana
Lucas Anderson
Lucas Bernardes Rigo
Lucas C. Alves Bittencourt
Lucas Conrado Savieto
Lucas Coquenão
Lucas Evangelista
Lucas Francisco Da Costa Helt
Lucas Gomes
Lucas Magno
Lucas Melo
Lucas Porto Lopes
Lucas Prudencio Eiterer
Lucas Silva Borne
Luciano Portella Rodovalho
Lucio Pedro Limonta
Luis Augusto Monteiro Coelho
Luis Felipe Antonio Machado
Morcillo
Luís Felipe Hussin Bento
Luis Guilherme B G Ruas
Luis Paulo Koppe
Luiz Augusto Monteiro
Santiago
Luiz Carlos Tomaz
Luiz Dias
Luiz Felipe Lemes Barbosa
Luiz Felipe Martins Silva
Luiz Fernando Reis
Luiz Paulo De Lima
Luiz Paulo Lindroth
Luiz Paulo Vieira
Luiz Ramon Magalhães
Luiz Santos
Luiz Tiago Balbi Finkel
Luiz Wanderley Santos Gomes
Lungas Neto
Lutero Cardoso Strege
Luykarlo Ramos De Sena
Magias & Dragões
Maicon Grazianne De Oliveira
Maia
Manoel Firmino Da Silva Neto
Marcel Pinheiro
Marcelo Jose Dos Anjos
Marcelo Lima Souza
Marcelo Massahiko Miyoshi
Marcelo Monteiro De Aquino
Bertazzo
Marcelo Oho
Marcelo Pereira Leite Da Silva
Marcelo Siqueira De Souza
Marcio Dias
Marcio Hiroyuki Miyamoto
Marcos Alberto Prietsch
Loureiro
Marcos Barreto
Marcos Cordeiro
Marcos José Mariano Teixeira
Marcos Lima
Marcos Santos
Marcos Vinicius Troll
Marcus Antônio Santana
Santos
Marcus Vinicius Lima Sousa
Marielle Zum Bach
Mário Brandes Silva
Marlon Ricardo
Marlon Vinícius Machado
Marluce Da Costa
Mateus Carmona Maciel
Mateus Cypriano
Mateus De Souza Rocha
Mateus Do Nascimento Rocha
Mateus Freitas Dantas
Mateus Porto Calson
Mateus Sales
Matheus Arthur Massieu
Matheus Augusto Matias
Santos
Matheus Canova Faria
Matheus Da Silva Oliveira
Bonfim
Matheus De Alcântara Mota
Matheus De Souza De Lucena
Matheus Dias
Matheus Dias De Oliveira
Matheus Eccel
Matheus Farencena Righi
Matheus Felipe Pires Mendes
Matheus Hobit
Matheus Kilp
Matheus Marcelo De Castro
Matheus Nascimento
Matheus Paes Maciel
Matheus Rocha Vasconcellos
Matheus Santos
Matheus Vrechi
Mauricio Bomfim
Mauro Araújo Gontijo
Mauro Vinícius Dutra Tercino
Max Pattacini
Mayck Szezech
Messyo Sousa Brito
Michael Kenion
Miguel "Beholder" De Souza
Silva
Miguel Costa Rodrigues
Miguel Vieira Dos Santos
Mikael Queiroz
Mitae Do Mato
Moises Roberto De Araújo
Mota
Murillo Campos
Murilo Koiti Martinez Shoji
Murilo Reimann Ardenghi
Murilo Vieira Guidoni
Mushi-Chan
Nataly Kuplich
Natan Edmundo Canassa
Natan Siqueira Dos Santos
Nataniel Lopes
Nathan Bisoto Varago
Nathan Borges Gonçalves
Neilton Carlos De Oliveira
Guedes Neto
Neves D. Hiago
Nicolas De Almeida Martins
Nicolas Pereira
Nikolas Martins Brandão
Oliveira
Nill Chesther Nunes De
Azevedo
Ogro900
Orlando Luiz
Osvanildo Domingos De
Souza Filho
Othon Gilson
Otto Menegasso Pires
Paula Sousa Ribeiro
Paulo Cesar Nunes Mindicello
Paulo Cunha
Paulo Fernando Gomes
Velloso
Paulo Henrique
Paulo Henrique Martins De
Souza
Paulo Junior
Paulo Nadal Pupo
Paulo Ramon Nogueira De
Freitas
Pedro Aurélio Pinheiro Da
Silva
Pedro Baldansa
Pedro Cesar Bento Mendes
Pedro Curcio
Pedro Daniel Corrêa Ferreira
Pedro De Almeida Lima
Pedro Henrique De Mattos
Draeger
Pedro Henrique Estumano
Gomes
Pedro Henrique Lima
Carvalho
Pedro Henrique Mendes
Barbosa
Pedro Henrique Palma Ramos
Pedro Henrique Thuler
Pedro Lamkowski Dos Santos
Pedro Lucas Gomes Rodrigues
Pedro Luperini Piza
Pedro Marques Telles De
Souza
Pedro Monreal Rosado
Cadamuro
Pedro Oliveira Torres De
Andrade
Péricles Da Cunha Lopes
Peter Pantoja
Philipe Salvador Loredo
Philippe Pittigliani Magnus
Pietro Atore
Piterson Nunes Martins
Rafael Almeida
Rafael Alves De Oliveira
Rafael Augusto Albuquerque
Miquelini
Rafael Augusto Rocha Maia
Rafael Balbi
Rafael Cmb
Rafael Da Silveira Melo
Devera
Rafael Guarnieri
Rafael Lange
Rafael Lichy
Rafael Noleto
Rafael Oliveira Bezerra
Rafael Prandi Guedes Moreira
Rafael Rodrigues Michetti
Rafael Sangoi
Raissa Wanderley
Ramiro Alba Alba Filho
Ramom De Almeida De Barros
Rangerfantasma
Raphael Ribeiro
Raul "Seuraul" Lucena E
Silva
Raul Flavio D'Elia Barbosa
Raul Galli Alves
Raul Guimarães Sampaio
Raul Morôni Calheira Almeida
Peixoto
Raul Natale Júnior
Régis Fernando Bender
Puppo
Renan Antonio De Lima
Renan Cordeiro Costa
Renan Espíndola Arrais
Ribeiro
Renan Irabi
Renata Gilaberte Campos Dos
Santos
Renato Junior
Renato Lima Alves
Rennan Mendes Da Costa
Barreto
Renner Castro
Rhenan Pereira Santos
Rian Rosendo Martins
Ricardo A Ritter M Barroso
Ricardo Albuquerque Pereira
Ricardo Barbosa Da Silva
Ricardo Batista
Ricardo Dos Santos
Domingues
Ricardo Rodrigues Pereira
Ricardo Silva Rodrigues De
Sousa
Richard Aguiar Bueno
Richard Sassoon
Roberto Levita
Roberto Rodriques
Roberto Tadashi Wakita
Soares
Robertson Schitcoski
Robson C Oliveira
Robson De Braga Castelo
Branco Junior
Rodolfo Caravana
Rodrigo Aparecido De Toledo
Rodrigo Araujo Ribeiro Vieira
Rodrigo Augusto Spiess
Rodrigo Correa Marques
Rodrigo Freitas
Rodrigo Montecchio
Rodrigo Moreira Clares De
Souza
Rodrigo Palomo Monteiro
Rodrigo Santiago De Arruda
 Loiola
Rodrigo Zeymer Auad
Rogério Fabiano Dos Passos
Rogers Jhonatan Mendonça
Costa
Romulo Antonio Pinto Do Vale
Ronald Monteiro Lobato De
Melo
Ronaldo Hasselman
Nascimento
Roque Luiz Gobbo
Rubens Mateus Padoveze
Samuel Alencar
Samuel Batista De Carvalho
Samuel Cardoso Santiago
Junior
Samuel Marcelino
Samuel Silva
Sander Yan Maciel Dias
Sandro Azevedo
Sasukerdg Mendes
Saulo Soares
Saymon Dos Santos Madruga
Da Silva
Sergio Migueis
Sidnei Gomes De Oliveira
Filho
Silvio Rodrigues
Simonarde Lima
Solano Pereira Doliveira
Soren Francis
Suelson Alves Dos Santos
Junior
Suely M Marchesi
Tafarel Camargo
Tales Zuliani
Tarso Halk
Tayguara Ferreira
Teophanes Barbosa Moraes
Neto
Thales Barreto
Thales Campelo
Thaynara Americano
Theodoro Padua
Theógenes Rocha
Thiago "T8" Silva
Thiago Allison Lima Silva
Thiago Almeida
Thiago Alves Da Silva Costa
Thiago Assaf Reis Halabi
Thiago Augusto Zanellato Dos
Santos
Thiago Bussola
Thiago Curvelo
Thiago Destri Cabral
Thiago Donadel
Thiago Ferreira
Thiago Lima
Thiago Loriggio
Thiago Monteiro
Thiago Neri
Thiago Ozório
Thiago Pinheiro
Thiago Rodrigues De Souza
Thiago Russo Nantes
Thiago Sos
Thiago Tavares Corrêa
Thiago Thomaz Rolim
Thomas Bueno Schmitt
Thomaz Jedson Lima
Thyago Oliveira Pereira
Tiago Alexandrino
Tiago Alves Araujo
Tiago César Oliveira
Tiago Lindomar Siqueira
Tiago Misael De Jesus Martins
Tiago Moura
Tiago Tachard
Uelerson Canto
Vanilo Alexandre
Victor Augusto Martins
Ribeiro
Victor Da Silva Costa Cortizo
Victor Florêncio
Victor Guimo
Victor Hugo Simões Santos
Victor Milani
Victor Sapateiro
Vinicius Bervian
Vinicius Bogossian
Vinícius Cesar
Vinícius Corrêa Ramos
Vinícius De Jesus Gonçalves
Vinícius Lima Silva
Vinícius Macuco
Vinicius Rodrigues De Sales
Vinicius Segantine
Vitor Carvalho
Vitor Davis
Vitor Gabriel Etcheverry
Vitor Godoi Mendes
Vitor Hugo Soares Alves
Vítor Nascimento Da Silva
Andrades
Vitor Nishimura
Vitor Paz De Melo
Vittor Gabriel Rodrigues De
Oliveira
Wagner Armani
Wagner Azambuja
Wagner Larsen
Wagner Rodero Junior
Wallace Dias
Wallace F Lopes
Wallison Viana De Carvalho
Walter Andrade Neto
Walter Soprani Júnior
Wanderson De Oliveira
Barros
Wandson Ferreira Da Silva
Wefferson David De Souza
Silva
Welington Haas Hein
Wellington Botelho
Wellington Souza Branco
Wesley Francisco Da Silva
Wilkson Belem Monteiro
William Alves
William Ferreira
William Marques
William Moraes
Willian Marques Da Silva
Willian Ramos
Wilson A S Faria
Yago Ribeiro De Sousa
Pereira
Yalace De Souza
Yan Oliveira Prado
Yan Thiago Dos Santos
Pereira
Yasser Arafat Belem De
Figueiredo
Ygor Vieira
Yuri Araujo
Yuri Bitencourt
Yuri Nóbrega
Yuri Travalim