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Barroco

Literatura
Prof, Adriana Christinne
Prof. Adriana Christinne

Contrariamente à arte do Renascimento, que


pregava o predomínio da razão sobre o sentimento,
no Barroco há uma exaltação das emoções, e a
religiosidade é expressa de forma dramática e
intensa.

Realizada em 1694, a pintura do padre jesuíta Andrea


Pozzo no teto da Igreja de Santo Inácio, em Roma,
tornou-se uma importante referência para a arte
barroca.
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O Enterro do Conde Orgaz (1586-


1588) – El Greco
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Cristo morto, Gregório Fernández (1576-1636).


Escultura em madeira. 1625-1630.

Cristo crucificado, Diego Velázquez. Óleo sobre tela.


1623
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Cronologia do Barroco português
Período: séculos XVI a XVIII
Início: 1580 – Portugal se submete ao domínio
espanhol.

Término: 1756 – Início do Neoclassicismo.


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A procedência da palavra “BARROCO”, como


denominação genérica dos estilos seiscentistas,
é controversa. Provavelmente teve origem na
designação de uma pérola de forma muito
irregular conhecida por “pérola barroca”.
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A irregularidade, em
Cultura Greco-Romana Cultura Medieval contraposição à
simetria e à
Antropocêntrica Teocêntrica
(o homem é centro) (Deus é o centro) regularidade do
Razão Fé Classicismo, é a
Materialista Espiritualista marca do novo
Universalista Individualista estilo, expressando
Equilíbrio Desequilíbrio o pessimismo, o
Harmonia Desarmonia conflito, o
Clareza Obscuridade desequilíbrio entre a
linearidade sinuosidade razão e a emoção.
Pietro Perugino. Pietá. 1494-95. Óleo
sobre painel.

Caravaggio. Disposição da cruz. 1602-


1604. Óleo sobre tela.
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Amor Victorius,
Caravaggio. 1602-
03. Óleo sobre tela.
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MOMENTO HISTÓRICO DO BARROCO EM


PORTUGAL
Surge em um momento histórico conturbado, da
Contrarreforma e de muitas guerras.
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Depois de um breve momento de esplendor, Portugal entra


em acelerada decadência. Em 1580, após dois anos de
disputa pela sucessão de D. Sebastião, desaparecido na
Batalha de Alcácer Quibir, o rei da Espanha, Filipe II, realiza
a integração de Portugal ao império espanhol.
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A maior expressão de
desalento do povo
português é o surgimento
do mito Sebastianismo,
segundo o qual D.
Sebastião voltaria para
redimir Portugal. O mito
sobrevive por muito
tempo, como expressão do
anseio popular pelo
aparecimento de um
redentor.
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O Barroco português
nunca atingiu o
mesmo brilho e a
mesma riqueza do
Barroco espanhol,
apesar de ter sido
diretamente
influenciado por ele.

Diego Velázquez. As Meninas.


1656. Obra Espanhola.
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Literalmente, seus grandes recursos estilísticos


são as metáforas, revelando a tendência do
Barroco à alusão e a descrição indireta; a
antítese e o paradoxo, exprimindo a
coexistência angustiada de ideias e
sentimentos opostos e contraditórios; a
hipérbole, expressão da perplexidade diante do
mundo e da vida; e o hipérbato, refletindo na
inversão da frase as contorções da alma.
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CARACTERÍSTICAS DO BARROCO
• Pessimismo;
• Desequilíbrio entre a razão e a emoção;
• Dualidade; contradição;
• Tendência à ilusão (fuga à realidade objetiva,
subjetividade);
• Tendência à alusão (descrição indireta);
• Predomínio de figuras de linguagem como a
metáfora, a antítese, o paradoxo, a hipérbole, o
hipérbato.
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TENDÊNCIAS DO BARROCO LITERÁRIO

• CULTISMO: graças ao poeta espanhol D. Luís de


Góngora, seu maior representante, este estilo
também costuma ser chamado Gongorismo.
Consiste na valorização da forma por meio de jogos
de palavras – trocadilhos -, do abuso de
comparações, metáforas e hipérbole.
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CONCEPTISMO: Consiste na valorização do


conteúdo por meio do jogo de ideias, de
conceitos, do raciocínio lógico e da
argumentação com base antiética ou paradoxal.
Enquanto o cultismo é essencialmente
descritivo, o Conceptismo é analítico. Considera-
se o espanhol D. Francisco de Quevedo o mais
representativo e influente autor deste estilo,
portanto tanto é conhecido como Quevedismo.
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TEMAS
As principais preocupações temáticas do Barroco:

• Transitoriedade da Vida e dos Bens Materiais;


• “Carpe Diem”;
• Preocupação com a morte;
• Duelo entre o Desejo e a Castidade;
• “Locus Horrendus”;
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O BARROCO BRASILEIRO
 

PERÍODO: Séculos XVII e XVIII

Início: 1601 – Prosopopeia, de Bento Teixeira.

Término – 1768 – início do Neoclassicismo.


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MOMENTO HISTÓRICO DO BARROCO NO
BRASIL
• - A cidade de Salvador, capital da Colônia desde a
criação do Governo Geral em 1549, foi então
transformada não apenas em centro político e
econômico mas também em polo, quase único, da
produção cultural. Por isso, o Barroco brasileiro é
chamado por alguns historiadores de Escola
Baiana.

• - Costuma-se dar marco inicial do Barroco no


Brasil o ano de 1601, quando foi publicado o
poemeto épico Prosopopeia, de Bento Teixeira
Pinto.
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GREGÓRIO DE MATOS

- Para muitos historiadores, ele é o iniciador


da literatura brasileira.

- Gregório recebeu influência tanto do


Cultismo de Góngora quanto do Conceptismo
de Quevedo. Seu espírito profundamente
barroco pode ser percebido na contraditória
diversidade dos temas que desenvolveu em
sua obra:
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• Poesia sacra (temática religiosa);


• Lírica amorosa;
• Poesia satírica;
• Poesia burlesca.
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POESIA SACRA
A Jesus Cristo
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,


A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada


Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,


Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
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Impaciência do poeta
Cresce o desejo; falta o sofrimento;
Sofrendo morro; morro desejando:
Por uma, e outra parte estou penando,
Sem poder dar alívio ao meu tormento.

Se quero declarar meu pensamento,


Está-me um gesto grave acovardando;
E tenho por melhor morrer calando,
Que fiar-me de um néscio atrevimento.

Quem pretende alcançar, espera, e cala;


Porque quem temerário se abalança,
Muitas vezes o amor o desiguala.

Pois se aquele que espera sempre alcança,


Quero ter por melhor morrer sem fala,
Que falando, perder toda a esperança.
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CARACTERÍSTICAS
• Dicotomia entre a salvação eterna e o mundo
terreno;
• Licença moral e senso de arrependimento;
• Relação entre o ato pecaminoso e a obtenção
do perdão divino.
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Formosura de D.Ângela
Não vi em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
POESIA LÍRICA
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.

Ontem a vi por minha desventura


Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava criatura.

Me matem (disse então vendo abrasar-me)


Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus (disse então por defender- me)


Se a beleza hei de ver matar- me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.
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CARACTERÍSTICAS
• Amor elevado;
• Amor obsceno e satírico;
• Linguagem mais branda em alguns poemas e
mais ríspida em outros.
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POESIA SATÍRICA
À Bahia
Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas nem faladas,
São, ó Bahia! Vésperas choradas
De outros que estão por vir mais estranhosos.

Sentimo-nos confusos e teimosos,


Pois não damos remédios às já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas,
Como que estamos delas desejosos.

Levou-vos o dinheiro a má fortuna,


Ficamos sem tostão, real nem branca,
Macutas, correão, novelos, molhos.

Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,


E é que, quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua , os olhos.
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CARACTERÍSTICAS
• Poemas contundentes e críticos;
• Acentua os problemas da Bahia e seus
habitantes;
• Utilizava tabuísmos se fosse necessário;
• Utilização frequente da ironia.
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POESIA BURLESCA
• É a poesia mais circunstancial de
Gregório de Matos;
• De modo sempre galhofeiro, o poeta
registra em versos sempre pequenos
acontecimentos da vida cotidiana da
cidade e dos engenhos;
• A poesia burlesca é a crônica do viver
baiano seiscentista.

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