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As Virtudes

A virtude1 designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios.
Segundo os dicionários é uma disposição constante, habitual ou firme que leva o homem a praticar o bem ou a
evitar o mal, equivalendo a uma força moral. Virtude é o conjunto de todas ou qualquer das boas qualidades
morais, uma ação virtuosa.
Por isso acredito na importância deste breve estudo sobre as virtudes. Se quando estamos em Loja a elas
edificamos templos, sempre é bom relembrar a que exatamente estamos nos referindo.
Nossos Rituais, e em especial os do Rito Moderno, não dedicam muitas linhas a este precioso tema. No entanto,
uma rápida pesquisa sobre o assunto trouxe alguns resultados interessantes, muito embora o referencial tenha
sido o REAA praticado nos Estados Unidos da América, podemos utilizá-los tranquilamente para nossa
instrução.
Lá, o Aprendiz é apresentado a sete princípios morais, que são agrupados em três preceitos e quatro virtudes
cardeais.

Os preceitos são:

1. Amor fraterno;
2. Auxílio/Socorro;
3. Verdade;

Tais princípios são fundamentais para qualquer organização, mas em especial para a Maçonaria. O auxílio através
da pratica desinteressada da beneficência, como uma expressão de amor fraternal, e a busca da verdade através
do estudo se quisermos realmente nos tornar homens melhores.

Estes preceitos, como já dissemos, têm seu complemento nas quatro virtudes cardeais:

1. Temperança;
2. Fortaleza;
3. Prudência;
4. Justiça;

Engana-se quem acredita que as virtudes cardeais tiveram sua origem na Igreja Romana. A palavra “cardeal” ou
“cardinal” é derivada do latim “cardo/cardinis” que pode ser entendido como “algo que gira”.
Portanto, as virtudes cardeais funcionam como um eixo que sustenta todas as outras virtudes. São aquelas virtudes
essenciais das quais todas as outras decorrem.
A ideia de quatro virtudes cardeais vem de Platão que escreveu o seguinte em sua obra “As leis”2: “A sabedoria
ocupa o primeiro lugar, seguida pela temperança. Da união destas duas com a coragem nasce a justiça.”
Comparando o texto de Platão com as terminologias dos dias atuais, temos a prudência associada à sabedoria, a
coragem com a fortaleza, sendo as duas últimas mantidas intactas (temperança e justiça).
Portanto, o conceito teológico das quatro virtudes foi derivado do esquema original de Platão e adaptado por
integrantes da Igreja Romana, como por exemplo, São Tomás de Aquino.

1
Virtude, do latim virtus, virtute, virtutis, de vir, viril, força, vigor. Do grego, ρετή, arèté, arete, força;
2
Livro 1, pág. 631
1
Temperança.
É a qualidade ou virtude de quem é moderado, comedido. A temperança ordena afetos, domestica os instintos,
sublima as paixões, organiza a sexualidade, modera os impulsos e apetites. Abre o caminho para a continência, a
sobriedade, o desapego. É próprio da temperança o cuidado conosco mesmo, com os outros e com a natureza. A
temperança não permite que sejamos escravos, mas livres e libertadores e nos encaminha para o cumprimento dos
deveres e para a maturidade humana.

Fortaleza.
É a virtude que designa quem tem coragem frente aos perigos, quem afronta com serenidade os riscos, não se
abate pelas dores físicas ou morais, ou em geral, enfrenta com os olhos abertos o sofrimento, o perigo, a incerteza
e a intimidação. Leva-nos a perseverar nas coisas difíceis e árduas, a resistir à mediocridade, a evitar rotina e
omissões. Pela fortaleza vencemos a apatia, a acomodação e abraçamos os desafios.

Prudência.
Significa previdência, previsão, sabedoria, inteligência. A Prudência faz prever e procura evitar as inconveniências e
os perigos. É uma virtude moral que inclina a nossa inteligência a escolher, em qualquer circunstância, os melhores
meios para atingir nossos fins. É aquela virtude pela qual os homens sábios elegem aquilo que é bom e evitam
aquilo que é mau. É o reto agir, o bom senso, o equilíbrio.

Justiça.
É a qualidade do que está em conformidade com o que é direito. Maneira de perceber o que é justo e direito. A
justiça diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o principio básico de um acordo que objetiva manter a
ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal. A Justiça é a virtude pela qual damos a cada
um o que lhe é devido.

Conclusão.
Para que um determinado comportamento moral possa ser considerado uma virtude não é suficiente a prática de
atos morais esporádicos ou isolados. É necessário antes de tudo haver uma continuidade, um hábito, um estado de
espírito sempre ativo e presente na consciência, a cada dia e a cada momento.

Referências:
1- Artigo “What fortitude achieves” – Pelo Irm Richard D. Marcus – George Washington Lodge, #337 - USA
2- http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtudes_cardinais
3- Web Site: www.masonicworld.com
4- Platão “As leis”, Livro I – obtido em pdf no web site: http://pensamentosnomadas.files.wordpress.com/2012/04/30-leis.pdf
5- Web Site: http://asvirtudescardeais.blogspot.com.br/
6- P de Arq do Irm Moacir José Outeiro Pinto – “Virtudes e Vícios” em www.maconaria.net

Rogério Alegrucci
MM 16/09/2014 EV

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