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CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: ÉTICA (GERAL E JURÍDICA)
PROFA. Me. FLÁVIA CARVALHO MENDES SARAIVA
1.1. ORIGEM DO PENSAMENTO ÉTICO – HISTÓRIA DAS IDEIAS SOBRE A ÉTICA E A JUS-
TIÇA.
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c) Mudanças morais, novos direitos, críticas dos vícios e das virtudes;
a) SOFISTAS
• A Escola Sofística (filósofos?) - Momento de transição na forma de
interpretar e pensar da sociedade grega antiga, quando o mito deixava de
ser a explicação e justificativa fundamental para cada fenômeno e ação,
configurando o Homem e o logos – aqui tratado como razão – como desta-
que e fundamentação do discurso.
• racionalidade como pressuposto de compreensão de processos tanto ra-
cionais quanto irracionais.
• Defendem o relativismo de todos os valores, afirmando que cada cidadão Figura 1Busto de Polemon de Laodi-
ceia, filósofo sofista grego do século II.
deveria alcançar o prazer supremo que seria o poder político.
• O poder pertenceria a poucos mais fortes na força das palavras, e a mai-
oria dos fracos deveria ser dominada por essa minoria.
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b) SÓCRATES (470-399 A.C.)
• Defende o caráter eterno de certos valores como o
bem, a virtude, a justiça e o saber.
• O valor supremo da vida é atingir a perfeição.
• Tudo deve ser feito em função desse ideal, o qual só
pode ser obtido através do saber.
• Na vida privada ou na vida pública, todos tem a obri-
gação de se aperfeiçoarem fazendo o bem, sendo jus-
tos.
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IMPORTANTE - CONCEPÇÃO FINALISTA DA ÉTICA
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g) SÃO TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
• Suas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida
como Escolástica, e que, por isso, é conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" e "Doctor
Universalis"
• Fim da Idade Média – Poder da Igreja Católica administrativamente / economicamente;
• Fundamentar na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção por
meio da graça divina.
• Poder da Igreja - modelo de ética que trazia castigos aos pecados e recompensa à virtude através
da imortalidade.
• Fortalece a existência de uma lei natural universal capaz de re-
gular o comportamento humano e de todos os seres.
• Apenas o homem está submetido às leis morais, considera-
das “leis naturais” que, colocadas como princípio ordenador da con-
duta humana, devem estar em harmonia com a ordem geral do uni-
verso.
• São Tomás de Aquino definiu as quatro virtudes cardinais como
sendo prudência, temperança, justiça e coragem (ou "fortaleza").
Segundo ele, elas são naturais, reveladas na natureza e inerentes a
todos. Há, porém, três virtudes teológicas: fé, esperança e caridade.
Estas, por outro lado, são algo sobrenaturais e distintas das demais
em seu objeto: Deus.
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• Espinosa identifica a substância com a Natureza e com Deus: "concebe a natureza sob um duplo
aspecto; como um processo vital e activo, a que chama natura naturans, natureza naturante e como o
produto passivo de tal processus, natura naturata - natureza criada, e material e conteúdo da natureza
- as árvores, ventos, águas, as montanhas ou campos e miríades de formas externas".
• a substância é a natureza “activa”, ou Deus, e o modo é a natureza passiva, a matéria, ou o Mundo.
• as leis universais da natureza e os eternos decretos de Deus são uma e a mesma coisa.
• teoria da liberdade que se afasta do livre arbítrio: a vontade de Deus e as leis da natureza, sendo
uma e a mesma realidade, diversamente expressa, segue-se que todos os fenómenos são o efeito
mecânico de leis invariáveis e não joguete de um autocrata irresponsável entronizado lá nas estrelas.
• O Mundo é regido pelo determinismo e não pela finalidade.
• Porque agimos em vista a fins conscientes, supomos que todos os fenômenos se produzem em
função de tais fins; e porque somos humanos, cremos que todos os acontecimentos se reportam ao
homem e que tudo se destina a satisfazer as suas necessidades. Mas isso é uma ilusão antropocên-
trica, como tantos outros dos nossos pensamentos".
• A visão panteísta de Espinosa leva-o afirmar que a vontade de Deus é a soma de todas as
causas e leis e que o intelecto de Deus é a soma de todos os pensamentos.
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j) JEREMY BENTHAM (1748-1832)
• As ações humanas são guiadas pelos sentimentos de prazer e
dor.
• São eles que apontam o que se deve fazer, bem como o que se
fará de fato.
• Vinculação entre: a norma que distingue o que é certo do que é
errado e a cadeia de causas e efeitos de uma ação
• prazer e dor como aquilo que governa as ações humanas - prin-
cípio da utilidade - aquele que reconhece a sujeição do indivíduo a
estes sentimentos e tem o objetivo de colocá-los como fundamento
para a construção da melhor sociedade possível - passa a ser a
norma para julgamento do que é certo e errado.
• significado de ética - é um princípio norteador, das regras de conduta do agir moral, para a produção
de mais prazer do que dor, ou seja, é um princípio construído, pelos homens, visando ao maior bene-
fício de todos envolvidos
• ética - coincide com o próprio significado do princípio de utilidade - pois visa à obtenção da maior
quantidade de prazer para todos aqueles que estão envolvidos em uma ação
• uma ação só pode ser considerada correta caso gere mais prazer do que dor e só pode ser conde-
nada caso gere mais dor do que prazer, no cômputo geral do balanço das consequências das ações
- os costumes que fazem parte das regras morais devem, também, passar pelo crivo do princípio de
utilidade.
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• A ética possui uma parte empírica e uma parte estritamente racional, sendo esta denominada moral
• O estudo da parte empírica da física ou da ética deveria ser precedido da análise da metafísica da
natureza e dos costumes, ressaltando a necessidade desta última para a construção de uma filosofia
moral pura, que externe os fundamentos da obrigação contidos na lei moral.
• As capacidades humanas, sem a boa vontade, de nada valem - fundamentar uma filosofia moral,
objetivo que irá diferenciá-lo de todos os outros da tradição filosófica, posto que as capacidades, se
não forem orientadas pela boa vontade, podem se tornar coisas más.
• O homem é um ser racional sensível e a vontade humana não é sempre perfeita, podendo recair
em escolhas, as quais podem não ser boas.
• A vontade deve ser orientada pela razão – porém o homem não é um ser puramente racional e
precisa da lei moral para fazer a ligação entre vontade e razão. Por isso, é para a vontade não perfei-
tamente boa que se põe o dever moral.
• A moral não pode ser extraída de fatos da experiência, pois o valor moral das ações é buscado em
seus princípios íntimos. Se a lei moral não pode ser fundamentada de forma empírica, será fundamen-
tada de forma metafísica; assim, "a representação de um princípio objetivo, enquanto seja constitutivo
para uma vontade, chama-se mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se 'impe-
rativo'" (KANT, 2004, p. 43-44).
• IMPERATIVO CATEGÓRICO - fato de não ser limitado por nenhuma condição e poder ser cha-
mado de um "mandamento absoluto": "age só segundo a máxima tal que possas ao mesmo tempo
querer que ela se torne lei universal".
1ª. as máximas devem ser escolhidas de maneira a poderem ser convertidas em leis universais da
natureza;
2ª. nas máximas a humanidade do ser racional como um fim, jamais como um meio;
3ª. considera as máximas na sua determinação completa, ao enunciar que emanam da própria legis-
lação do homem, com o que se gera um reino de fins, o qual seria um reino da natureza.
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• O imperativo categórico não deriva da experiência e impõe-se por si mesmo, e não pela finalidade
que permite agir.
• O imperativo categórico, cumprido ou não, sempre terá o caráter de lei prática, sendo uma propo-
sição construída por Kant, a qual impõe ao sujeito um imperativo (uma máxima) que deve ser cumprido
por enunciar uma lei universal.
• autonomia da vontade - significa não escolher senão de modo que as máximas da escolha estejam
incluídas, concomitantemente, no próprio querer, como uma lei universal
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• IDEAL ASCÉTICO - vida de autoabnegação como a vida ideal - a moralização da culpa - “entrela-
çamento da má-consciência com o conceito de Deus”
• O conceito de Deus em questão é um conceito ascético, podemos compreender como seu uso
permite voltar a agressividade contra si mesmo.
• Enquanto os deuses gregos eram o reflexo daquilo que os gregos valorizavam em si mesmos, de
acordo com Nietzsche, o Deus judaico-cristão é a projeção de um valor que os seres humanos nunca
podem chegar perto de atingir, um ser que é o oposto dos nossos próprios “instintos animais inevitá-
veis”. Essa concepção do divino reflete o ideal ascético e as funções de internalização da crueldade.
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n) JONH RAWLS (1921-2002)
• Uma teoria da justiça - alternativa às formulações contratualistas
já consolidadas.
• Noções de contrato, posição originária, véu de ignorância, liber-
dade, igualdade e razoabilidade, ele apresentou a noção de justiça
como sustentáculo para um novo ordenamento da sociedade.
• Justiça adotada com princípio ordenador das instituições so-
ciais garantiria o equilíbrio das relações marcadas por
interesses individualistas e possibilitaria as instituições assumir
uma concepção pública de justiça.
• Dimensão ética do princípio “justiça” formulada pelo autor: os su-
jeitos da escolha dos princípios são racionais;
• O sujeito tem uma capacidade de ajuizamento que qualifica a escolha conferindo-lhe credibilidade
- as pessoas têm autonomia de decisão.
• A clareza de ajuizamento e a capacidade de decisão, possibilitam as partes de uma
sociedade definir e optar para si e o conjunto da sociedade aquilo que possibilita uma vida
ordenada.
• Uma pessoa com senso de racionalidade, diante de alternativas várias escolhe a que lhe
parece representar o melhor para si e para os outros.
• A pessoa racional é capaz de conduzir-se nas várias circunstâncias que se lhes aparece
no cotidiano conforme o senso de justiça - dotação racional: viabiliza a adequação de princípios à
prática.
• O sujeito racional pode ter condições de perceber que uma determinada prática pessoal ou
institucional está conforme os princípios estabelecidos.
• O indivíduo ético é capaz de reconhecer a coerência ou incoerência entre o que se estabelece
como normativo e sua efetividade nas circunstâncias concretas.
• Pode, portanto, justificar racionalmente, o cumprimento ou não dos princípios, que ele se
propõe a cumprir conforme os meios mais adequados.
• O equilíbrio reflexivo - "modelo de coerência em ética" - incorporado ao modelo contratualista
não criaria a oportunidade para se pensar numa postura contraditória ou que se trate de uma
substituição pela invalidade do outro.
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• Os modelos convivem - o modelo contratualista fundamenta melhor, justifica uma concepção
de justiça nos termos amplos - concepção pública de justiça.
• A ideia de “liberdade” em Rawls - apresenta-se vinculada ao termo “básico”.
• Para o autor = existem outras liberdades que são importantes, mas determinadas liberdades são
condições de sustentação de outras.
• Liberdade como um bem básico fundamental, que precisa ser garantido na distribuição
como condição indispensável da vida em comum.
• O princípio figura como uma limitação, a prática é da própria liberdade - a liberdade poderá assumir
uma “natureza” bidimensional: um bem a ser garantido na distribuição e referência ao limite da
ação livre.
• é necessário verificar a correção de qualquer uma das normas, não por uma única pessoa ou
por um grupo de pessoas, mas por todos aqueles que são afetados pela norma em questão.
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• o procedimento para verificar a correção moral das normas deveria ser o de perguntar se tal norma
seria aceitável para todos os afetados por ela - ação ideal de fala.
• A ação comunicativa – os atos de fala explícitos – é uma ação que serve para compelir membros da
sociedade a aderir a normas sociais implícitas.
• Os membros da sociedade são motivados a aderir a estas normas através do efeito ilocucionário exis-
tente no discurso dos outros (Habermas, 1989a).
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