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CENTRO UNIVERSITÁRIO CHRISTUS - UNICHRISTUS

CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: ÉTICA (GERAL E JURÍDICA)
PROFA. Me. FLÁVIA CARVALHO MENDES SARAIVA

UNIDADE I – FUNDAMENTOS CONCEITUAIS

1.1. ORIGEM DO PENSAMENTO ÉTICO – HISTÓRIA DAS IDEIAS SOBRE A ÉTICA E A JUS-
TIÇA.

1.1.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS – O QUE É ÉTICA?


• Confusão na compreensão dos termos ética e moral - ambos têm o mesmo significado? Deixo claro
que isto não está correto.
• Crise ética?
• O que é certo ou errado?
• “A ética, como ciência do ethos, é um saber elaborado segundo regras ou segundo uma lógica
peculiar”
• É a ética que esclarece o motivo que leva os indivíduos a tomarem esta ou aquela decisão, orien-
tados por este ou aquele valor, condicionados por estes ou aqueles interesses.
• O que é ser ético?
• Significa ser um agente social cujas decisões são fundamentadas na moral do grupo ao qual per-
tence e são tomadas com base em valores e interesses que busquem o bem comum?
• A ética é uma ciência?
• O termo ética foi trazido pela primeira vez, pelos trabalhos de Pitágoras em VI a.C. e por Aristóteles,
em IV a.C. em sua obra “Ética a Nicômaco”.
• Cada sociedade tem sua ética própria, assim, não podemos dizer que há certo ou errado?

1.2.1. HISTÓRIA DAS IDEIAS SOBRE A ÉTICA E A JUSTIÇA


• Concepções filosóficas existentes sobre ética:
a) Diversos períodos históricos
b) Síntese diferenciada – abstrações e aspirações intelectuais, de vontade e éticas individuais;

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c) Mudanças morais, novos direitos, críticas dos vícios e das virtudes;

d) Anseios pessoais dos pensadores;


e) Metodologias e ideias vindas das mais diferentes culturas e sociedades.
• A palavra (êthos), da qual deriva “ética”, não significa somente “uso” ou “costumes” como tradicio-
nalmente lembram os estudos introdutórios aos compêndios de Ética. Heidegger, muito oportuna-
mente, recorda que tem também uma outra etimologia, mais antiga, fundamental e sugestiva: “mora-
dia”, “lugar onde se habita” ..., elucidam essa etimologia: “O lugar de habitação do homem é a proxi-
midade dos deuses”.
• A ética necessita de estruturas - são os princípios os seus alicerces, de maneira que os fundamen-
tos da ética são absolutamente necessários para que ela possa se sustentar. Na ética, são os padrões,
os modelos que determinam os espaços do que é ético e do que fica do lado de fora da ética.
• Diversas orientações da ética: a intimidade das pessoas, a necessidade da economia, o desejo de
relações sociais.
• A ética ganha vida através de pequenos detalhes cotidianos - pequenos e firmes costumes.

TEORIAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS

a) SOFISTAS
• A Escola Sofística (filósofos?) - Momento de transição na forma de
interpretar e pensar da sociedade grega antiga, quando o mito deixava de
ser a explicação e justificativa fundamental para cada fenômeno e ação,
configurando o Homem e o logos – aqui tratado como razão – como desta-
que e fundamentação do discurso.
• racionalidade como pressuposto de compreensão de processos tanto ra-
cionais quanto irracionais.
• Defendem o relativismo de todos os valores, afirmando que cada cidadão Figura 1Busto de Polemon de Laodi-
ceia, filósofo sofista grego do século II.
deveria alcançar o prazer supremo que seria o poder político.
• O poder pertenceria a poucos mais fortes na força das palavras, e a mai-
oria dos fracos deveria ser dominada por essa minoria.

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b) SÓCRATES (470-399 A.C.)
• Defende o caráter eterno de certos valores como o
bem, a virtude, a justiça e o saber.
• O valor supremo da vida é atingir a perfeição.
• Tudo deve ser feito em função desse ideal, o qual só
pode ser obtido através do saber.
• Na vida privada ou na vida pública, todos tem a obri-
gação de se aperfeiçoarem fazendo o bem, sendo jus-
tos.

c) PLATÃO (427-347 A.C.)


• Defende o valor supremo do bem.
• O ideal que todos os homens livres deveriam tentar atingir.
• Condições:

- os homens deviam seguir apenas a razão, desprezando os instin-


tos ou as paixões.

- a sociedade devia ser reorganizada, sendo o poder confiado aos


sábios, de modo a evitar que as almas fossem corrompidas pela
maioria composta por homens ignorantes e dominadas por instintos
ou paixões.

d) ARISTÓTELES (384-322 A.C.)

• Defende o valor supremo da felicidade.


• A finalidade de todo o homem é ser feliz.
• Se faz necessário que cada um siga a sua própria natureza, evite os
excessos, seguindo sempre a via do “meio termo” (justa medida).
• Ética a Nicômacos - akrasia, ou “fraqueza de vontade” - é o pro-
blema apresentado por uma pessoa que pensa, ou professa pensar que
deve fazer algo, mas não o faz.

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IMPORTANTE - CONCEPÇÃO FINALISTA DA ÉTICA

• defendida por Platão e Aristóteles subordinava o homem ao


cosmos.
• O sentido da sua existência tinha que ser pensado no quadro
da ordem que reinava no cosmos.
• A ação humana orientava-se de acordo com a sua natureza,
para o fim último a cujo cumprimento estava orientado.
• Não se trata de saber o que leva o homem a agir, mas onde
reside a sua perfeição ou plenitude das suas tendências naturais.

A lei natural - Heráclito, Platão e Aristóteles (Jus Naturalismo)

e) EPICURO (341-270 A.C.)


• em seus 31º e 37º princípios doutrinários propunha que “as leis
existem para os sábios, não para impedir que cometam, mas para
impedir que recebam injustiça.
• A justiça não tem existência por si própria, mas sempre se encontra
nas relações recíprocas, em qualquer tempo e lugar em que exista
um pacto de não produzir nem sofrer dano.”
• concepção mecanicista - separava as questões do homem da
natureza.
• Aquilo que determinava o agir humano era a procura do prazer e o
afastamento da dor.
• O comportamento humano era marcado pela instabilidade dessas
motivações, dado que variava em função dos objetos de desejo.

f) ESTÓICOS (SÉNECA 4 A.C., 65 D.C.)


• O homem é um simples elemento do cosmos cujas leis determinam o nosso
destino.
• O sábio vive em harmonia com a natureza, cultiva o autodomínio, evitando
as paixões e os desejos, em suma, tudo aquilo que pode provocar sofrimento.
• Essa lei governava o cosmos e definia a natureza dos homens e o seu lugar
na hierarquia cósmica.

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g) SÃO TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
• Suas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida
como Escolástica, e que, por isso, é conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" e "Doctor
Universalis"
• Fim da Idade Média – Poder da Igreja Católica administrativamente / economicamente;
• Fundamentar na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção por
meio da graça divina.
• Poder da Igreja - modelo de ética que trazia castigos aos pecados e recompensa à virtude através
da imortalidade.
• Fortalece a existência de uma lei natural universal capaz de re-
gular o comportamento humano e de todos os seres.
• Apenas o homem está submetido às leis morais, considera-
das “leis naturais” que, colocadas como princípio ordenador da con-
duta humana, devem estar em harmonia com a ordem geral do uni-
verso.
• São Tomás de Aquino definiu as quatro virtudes cardinais como
sendo prudência, temperança, justiça e coragem (ou "fortaleza").
Segundo ele, elas são naturais, reveladas na natureza e inerentes a
todos. Há, porém, três virtudes teológicas: fé, esperança e caridade.
Estas, por outro lado, são algo sobrenaturais e distintas das demais
em seu objeto: Deus.

h) BARUCH ESPINOZA (1632-1677)


• Três palavras-chave: substância, atributo e modo.
• Modo - forma ou figura particular que passageiramente a realidade
assume.
• Substância não é a matéria constituinte de qualquer coisa, como
vulgarmente se supõe - é o que é - é o que não muda e é eterno.
• A substância é a eterna ordem das leis e das relações invariáveis.

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• Espinosa identifica a substância com a Natureza e com Deus: "concebe a natureza sob um duplo
aspecto; como um processo vital e activo, a que chama natura naturans, natureza naturante e como o
produto passivo de tal processus, natura naturata - natureza criada, e material e conteúdo da natureza
- as árvores, ventos, águas, as montanhas ou campos e miríades de formas externas".
• a substância é a natureza “activa”, ou Deus, e o modo é a natureza passiva, a matéria, ou o Mundo.
• as leis universais da natureza e os eternos decretos de Deus são uma e a mesma coisa.
• teoria da liberdade que se afasta do livre arbítrio: a vontade de Deus e as leis da natureza, sendo
uma e a mesma realidade, diversamente expressa, segue-se que todos os fenómenos são o efeito
mecânico de leis invariáveis e não joguete de um autocrata irresponsável entronizado lá nas estrelas.
• O Mundo é regido pelo determinismo e não pela finalidade.
• Porque agimos em vista a fins conscientes, supomos que todos os fenômenos se produzem em
função de tais fins; e porque somos humanos, cremos que todos os acontecimentos se reportam ao
homem e que tudo se destina a satisfazer as suas necessidades. Mas isso é uma ilusão antropocên-
trica, como tantos outros dos nossos pensamentos".
• A visão panteísta de Espinosa leva-o afirmar que a vontade de Deus é a soma de todas as
causas e leis e que o intelecto de Deus é a soma de todos os pensamentos.

i) DAVID HUME (1711- 1776)

• A razão sozinha jamais poderia fundamentar a moral, pois ela ne-


cessita de um sentimento básico de dor e prazer, relacionado não só
ao nosso interesse particular, mas também ao geral, que lhe dê um
sentido prático relativo à ética.
• Nossos julgamentos morais não são derivados exclusivamente do
campo do sentimento, sendo necessário que a racionalidade tome
partido indicando o verdadeiro valor do objeto em questão, e, em mui-
tos casos, indicando ações que se tornam deveres por melhor se ade-
quarem aos sentimentos morais e receberem o assentimento destes.
• Relação entre sentimento e razão no âmbito moral - entre natureza
e cultura no território ético, segundo a perspectiva humana.

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j) JEREMY BENTHAM (1748-1832)
• As ações humanas são guiadas pelos sentimentos de prazer e
dor.
• São eles que apontam o que se deve fazer, bem como o que se
fará de fato.
• Vinculação entre: a norma que distingue o que é certo do que é
errado e a cadeia de causas e efeitos de uma ação
• prazer e dor como aquilo que governa as ações humanas - prin-
cípio da utilidade - aquele que reconhece a sujeição do indivíduo a
estes sentimentos e tem o objetivo de colocá-los como fundamento
para a construção da melhor sociedade possível - passa a ser a
norma para julgamento do que é certo e errado.
• significado de ética - é um princípio norteador, das regras de conduta do agir moral, para a produção
de mais prazer do que dor, ou seja, é um princípio construído, pelos homens, visando ao maior bene-
fício de todos envolvidos
• ética - coincide com o próprio significado do princípio de utilidade - pois visa à obtenção da maior
quantidade de prazer para todos aqueles que estão envolvidos em uma ação
• uma ação só pode ser considerada correta caso gere mais prazer do que dor e só pode ser conde-
nada caso gere mais dor do que prazer, no cômputo geral do balanço das consequências das ações
- os costumes que fazem parte das regras morais devem, também, passar pelo crivo do princípio de
utilidade.

k) IMMANUEL KANT (1724-1840)

• Filosofia formal (lógica) x filosofia material (determinados objetos e das leis


a que eles se submetem);

• Leis - leis da natureza ou leis da liberdade.

• A ciência dos primeiros denomina-se física e a dos segundos, ética; aquela


costuma ser também chamada teoria da natureza e esta, teoria dos costumes.

• A física e a ética possuem uma parcela empírica do seu saber.

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• A ética possui uma parte empírica e uma parte estritamente racional, sendo esta denominada moral

• Kant defende uma posição de aprofundamento do conhecimento filosófico, notadamente da filoso-


fia pura.

• O estudo da parte empírica da física ou da ética deveria ser precedido da análise da metafísica da
natureza e dos costumes, ressaltando a necessidade desta última para a construção de uma filosofia
moral pura, que externe os fundamentos da obrigação contidos na lei moral.

• As capacidades humanas, sem a boa vontade, de nada valem - fundamentar uma filosofia moral,
objetivo que irá diferenciá-lo de todos os outros da tradição filosófica, posto que as capacidades, se
não forem orientadas pela boa vontade, podem se tornar coisas más.

• O homem é um ser racional sensível e a vontade humana não é sempre perfeita, podendo recair
em escolhas, as quais podem não ser boas.

• A vontade deve ser orientada pela razão – porém o homem não é um ser puramente racional e
precisa da lei moral para fazer a ligação entre vontade e razão. Por isso, é para a vontade não perfei-
tamente boa que se põe o dever moral.
• A moral não pode ser extraída de fatos da experiência, pois o valor moral das ações é buscado em
seus princípios íntimos. Se a lei moral não pode ser fundamentada de forma empírica, será fundamen-
tada de forma metafísica; assim, "a representação de um princípio objetivo, enquanto seja constitutivo
para uma vontade, chama-se mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se 'impe-
rativo'" (KANT, 2004, p. 43-44).

• IMPERATIVO CATEGÓRICO - fato de não ser limitado por nenhuma condição e poder ser cha-
mado de um "mandamento absoluto": "age só segundo a máxima tal que possas ao mesmo tempo
querer que ela se torne lei universal".

• Princípio supremo da moralidade - o qual deve ser independente da experiência e fundar-se na


razão pura, ou seja, deve ser posto a prior4.

• Formulações derivadas do imperativo categórico:

1ª. as máximas devem ser escolhidas de maneira a poderem ser convertidas em leis universais da
natureza;

2ª. nas máximas a humanidade do ser racional como um fim, jamais como um meio;

3ª. considera as máximas na sua determinação completa, ao enunciar que emanam da própria legis-
lação do homem, com o que se gera um reino de fins, o qual seria um reino da natureza.

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• O imperativo categórico não deriva da experiência e impõe-se por si mesmo, e não pela finalidade
que permite agir.

• O imperativo categórico, cumprido ou não, sempre terá o caráter de lei prática, sendo uma propo-
sição construída por Kant, a qual impõe ao sujeito um imperativo (uma máxima) que deve ser cumprido
por enunciar uma lei universal.

• autonomia da vontade - significa não escolher senão de modo que as máximas da escolha estejam
incluídas, concomitantemente, no próprio querer, como uma lei universal

l) FRIEDRICH NIETSZCHE (1844-1900)

• Ética comparada à ação de um martelo, pois com um


martelo podemos destruir a então vigente moralidade eu-
ropeia ocidental e contemporânea, fundamentada em ído-
los vazios e valores que só oprimem e anulam o homem.
• Obra Genealogia da Moral – 1887 - genealogia da forma
de vida ética que ele procura superar - a genealogia é o
único modo de esclarecer o conceito de moral, de tornar
claro no que consiste uma forma de vida ética particular.
• O conceito de qualquer prática que possua uma história
envolverá “uma completa síntese de ‘sentidos’” que tenham
“finalmente se cristalizado em uma espécie de unidade que
é difícil dissolver, difícil de analisar, e - deve-se enfatizar - é
completa e absolutamente indefinível”
• Nietzsche aponta um modo alternativo de analisá-la: olhar retroativamente para os estágios anteri-
ores do seu desenvolvimento, nos quais “essa síntese de sentidos ainda aparece mais solúvel, tam-
bém mais suscetível a deslocamentos” e se pode “ainda perceber” como os elementos da síntese
mudaram a sua valência e, portanto, se reordenaram.
• O conceito é, então, como uma corda, que se mantém coesa através do entrelaçamento dos seus
fios, de modo que analisá-la não é uma questão de isolar seu âmago ou essência, mas de desenredar
seus vários fios para que se possa ver o que está de fato envolvido nela.
• “Análise do estágio anterior” - separar vários fios que se encontram reunidos em nosso conceito
de moral, e explicar como eles vieram a ser reunidos dessa maneira.

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• IDEAL ASCÉTICO - vida de autoabnegação como a vida ideal - a moralização da culpa - “entrela-
çamento da má-consciência com o conceito de Deus”
• O conceito de Deus em questão é um conceito ascético, podemos compreender como seu uso
permite voltar a agressividade contra si mesmo.
• Enquanto os deuses gregos eram o reflexo daquilo que os gregos valorizavam em si mesmos, de
acordo com Nietzsche, o Deus judaico-cristão é a projeção de um valor que os seres humanos nunca
podem chegar perto de atingir, um ser que é o oposto dos nossos próprios “instintos animais inevitá-
veis”. Essa concepção do divino reflete o ideal ascético e as funções de internalização da crueldade.

m) GEORGE EDWARD MOORE (1873-1958)

• Metaética - Principia Ethica, de G. E. Moore, em 1903;


• Investigação da moralidade a partir de uma análise lógica, concei-
tual e epistemológica do discurso moral.
• A ética não diz o que se deve fazer ou não fazer, mas analisa o
que se faz ao falar do que se deve fazer
• Discutir ética é uma tarefa científica, o que vincula a ética estrei-
tamente com a teoria e a distância da esfera prática.
• A metaética é uma palavra técnica da filosofia - A finalidade da
metaética parece ser a de elucidar a linguagem da ética normativa,
discutindo seus fundamentos.
• A metaética é um discurso Metalingüístico - metaética tem como objeto o discurso ético e quer
investigar questões tais como: “Como se caracteriza o discurso ético”?; “Qual a diferença entre um
juízo de valor e um juízo de fato?”; “É possível a passagem (inferência ou dedução) de juízos descri-
tivos para juízos prescritivos?”.
• Proposições metaéticas são (a) proposições de caráter metodológico e (b) proposições destinadas
a esclarecer os conceitos usados pelas teorias éticas
• Analisar as proposições que questionam sobre o valor intrínseco das coisas e as proposições que
estabelecem que tipo de ações se deve praticar.
• A ética deve analisar a natureza de uma proposição ética - depuração da linguagem moral,
visando uma ética futura que se pretenda minimamente científica.

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n) JONH RAWLS (1921-2002)
• Uma teoria da justiça - alternativa às formulações contratualistas
já consolidadas.
• Noções de contrato, posição originária, véu de ignorância, liber-
dade, igualdade e razoabilidade, ele apresentou a noção de justiça
como sustentáculo para um novo ordenamento da sociedade.
• Justiça adotada com princípio ordenador das instituições so-
ciais garantiria o equilíbrio das relações marcadas por
interesses individualistas e possibilitaria as instituições assumir
uma concepção pública de justiça.
• Dimensão ética do princípio “justiça” formulada pelo autor: os su-
jeitos da escolha dos princípios são racionais;
• O sujeito tem uma capacidade de ajuizamento que qualifica a escolha conferindo-lhe credibilidade
- as pessoas têm autonomia de decisão.
• A clareza de ajuizamento e a capacidade de decisão, possibilitam as partes de uma
sociedade definir e optar para si e o conjunto da sociedade aquilo que possibilita uma vida
ordenada.
• Uma pessoa com senso de racionalidade, diante de alternativas várias escolhe a que lhe
parece representar o melhor para si e para os outros.
• A pessoa racional é capaz de conduzir-se nas várias circunstâncias que se lhes aparece
no cotidiano conforme o senso de justiça - dotação racional: viabiliza a adequação de princípios à
prática.
• O sujeito racional pode ter condições de perceber que uma determinada prática pessoal ou
institucional está conforme os princípios estabelecidos.
• O indivíduo ético é capaz de reconhecer a coerência ou incoerência entre o que se estabelece
como normativo e sua efetividade nas circunstâncias concretas.
• Pode, portanto, justificar racionalmente, o cumprimento ou não dos princípios, que ele se
propõe a cumprir conforme os meios mais adequados.
• O equilíbrio reflexivo - "modelo de coerência em ética" - incorporado ao modelo contratualista
não criaria a oportunidade para se pensar numa postura contraditória ou que se trate de uma
substituição pela invalidade do outro.

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• Os modelos convivem - o modelo contratualista fundamenta melhor, justifica uma concepção
de justiça nos termos amplos - concepção pública de justiça.
• A ideia de “liberdade” em Rawls - apresenta-se vinculada ao termo “básico”.
• Para o autor = existem outras liberdades que são importantes, mas determinadas liberdades são
condições de sustentação de outras.
• Liberdade como um bem básico fundamental, que precisa ser garantido na distribuição
como condição indispensável da vida em comum.
• O princípio figura como uma limitação, a prática é da própria liberdade - a liberdade poderá assumir
uma “natureza” bidimensional: um bem a ser garantido na distribuição e referência ao limite da
ação livre.

o) JURGEN HABERMAS (1929 - )

• Ética do Discurso de Habermas (1989)


• A racionalidade e a argumentação deveriam
guiar os seres humanos no processo de decisão
daquilo que faz sentido e daquilo que aceitam
como correto para suas vidas.
• Privilegia a comunicação endereçada ao
acordo mútuo, isto é, ao entendimento.
• Para que o entendimento seja alcançado, todas as pessoas devem ser capazes de participar da
enunciação do discurso, da ação e da interlocução, especialmente naquilo que se relaciona à sua vida.
• As normas que encontram o assentimento de todos os concernidos enquanto participantes de um
discurso prático podem reclamar validez (HABERMAS, 1989a).

• motivações que podem ser divergentes ou convergentes às de outros seres humanos.

• precisam ser harmonizadas para a vida em sociedade ser possível.

• Compreende-se entendimento como uma comunicação endereçada ao acordo mútuo. A teia


das relações humanas impõe a necessidade do estabelecimento de normas que rejam essas
interações.

• é necessário verificar a correção de qualquer uma das normas, não por uma única pessoa ou
por um grupo de pessoas, mas por todos aqueles que são afetados pela norma em questão.

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• o procedimento para verificar a correção moral das normas deveria ser o de perguntar se tal norma
seria aceitável para todos os afetados por ela - ação ideal de fala.

• A ação comunicativa – os atos de fala explícitos – é uma ação que serve para compelir membros da
sociedade a aderir a normas sociais implícitas.

• Os membros da sociedade são motivados a aderir a estas normas através do efeito ilocucionário exis-
tente no discurso dos outros (Habermas, 1989a).

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