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UNIDADE II – Teoria da Constituição

A IDEIA DE CONSTITUIÇÃO

1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO (Walter Claudius Rothenburg)

- Conjunto das normas jurídicas fundamentais, escritas ou não, de um Estado e que versam principalmente sobre:
i) Estrutura, organização e funcionamento do Estado
II) Direitos e garantias fundamentais
iii) Outros aspectos importantes nas Constituições contemporâneas: sociais, culturais, econômicos, ecológicos etc.

Indicação bibliográfica (Biblioteca Virtual)

NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019: ler itens 3..1,
3.2 e 3.3, no Capítulo 3 (Teoria da Constituição).
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2. FUNÇÕES ESSENCIAIS DA CONSTITUIÇÃO (FINALIDADES)

- “Para que serve uma constituição? Tal como se fala de "multiusos"


do conceito de constituição pode, do mesmo modo, falar-se de "multifunções" da lei fundamental. Os autores arrumam de forma
muito diversa estas várias funções da constituição. A título de exemplo, referiremos as propostas de Hans-Peter Schneider e de
Klaus Stern. O primeiro refere quatro funções: função de unidade, função de justificação, função de protecção e função de
ordenação. O segundo individualiza nada menos que oito: função de ordenação, função de estabilização, função de unidade,
função de controlo e limite do poder, função de garantia de liberdade e da autodeterminação e da protecção jurídica do
indivíduo, função de fixação de estrutura organizatória fundamental do estado, função de determinação dos fins materiais do
Estado, função definidora da posição jurídica do cidadão no e perante o Estado. Vamos tentar explicitar algumas das principais
funções da Constituição [Portuguesa] de 1 976 de acordo com o roteiro seguinte: função de revelação de consensos
fundamentais, função de legitimação da ordem política, função de garantia e de protecção, função de organização do poder
político e função de ordem e ordenação.” (GOMES CANOTILHO, José Joaquim. Direito constitucional e teoria da constituição.
7. ed. Lisboa: Almedina, 1997, p. 1438).

- “No Brasil, Manoel Gonçalves Ferreira Filho indica dez funções: a função de garantia, a função organizativa ou estruturante, a
função limitativa, a função procedimental, a função instrumental, a função conformadora da ordem sociopolítica, a função
legitimadora (às vezes legitimante), a função legalizadora, a função simbólica e a função prospectiva. Poderiam agregar-se ao (ou
desmembrar do) extenso rol outras funções, como a função social ou prestacional mínima, a função de escolha econômica, a
função pacificadora ou de calibração das forças políticas, de judicialização do respeito aos direitos fundamentais e outras que se
poderiam indicar para cada Constituição em particular. Nessa trilha, a ideia de funções da Constituição acaba por se aproximar
do conceito (subjetivo) de constituição em sentido material.” (TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18. ed.
São Paulo: Saraiva, 2020, p. 180).

Indicação bibliográfica (Biblioteca Virtual)


SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de direito constitucional. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018: ler o item 3.2 (As funções da Constituição), da Primeira Parte (Teoria da Constituição e do Direito Constitucional).
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3. SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO

a) Sentido sociológico (Ferdinand Lassalle)


- Livro: “A essência da Constituição” ou “O que é uma Constituição”.
- Constituição é o somatório dos fatores reais de poder em um determinado Estado.
- Constituição real (efetiva)
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- Constituição jurídica (escrita)

b) Sentido político (Carl Schmitt)


- Livro: Teoría de la Constitución
- Constituição é a decisão política fundamental do titular do poder constituinte. Compõe-se, em aproximação doutrinária,
daquelas normas materialmente constitucionais da chamada Constituição em sentido material.
- Constituição
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- Leis constitucionais: “elementos que não sejam propriamente constitucionais, porque dissociados da decisão política
fundamental do poder constituinte” (SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional: teoria,
história e métodos de trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2013, p. 189), mas foram inseridos no texto escrito da Constituição.
São, pois, as normas formalmente constitucionais da denominada Constituição em sentido formal.

c) Sentido jurídico (Hans Kelsen)


- Livro: Teoria Pura do Direito
- Constituição é o fundamento de validade de todas as normas no ordenamento jurídico
- Constituição em sentido lógico-jurídica: é a norma hipotética fundamental
- Constituição em sentido jurídico-positiva: lei fundamental e suprema do ordenamento jurídico do Estado.
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d) Sentido normativo (Konrad Hesse)


- Livro: Força normativa da Constituição
- Constituição é uma “síntese das duas posições (sociológica e normativa), ao formular a conhecida força normativa da
Constituição” (SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional: teoria, história e métodos de
trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2013, p. 193)
- Vontade de poder: fatores reais de poder (realidade)
- Vontade de Constituição: “é o empenho dos que vivem sob a sua égide no sentido de lutar pela efetivação dos seus
comandos” (ibidem, p. 194)

Indicações bibliográficas (Biblioteca Virtual)

AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014: ler itens 3.4, 3.5 e 3.6, todos
do Capítulo III (Constituição).

NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019: ler item 3.4
(Concepções principais sobre Constituição), no Capítulo 3 (Teoria da Constituição).

BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo
modelo. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Ler o item III (Concepções e Teorias acerca da Constituição) do Capítulo
III (Constituição).
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