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EPISTEMOLOGIA DA TEORIA
DA CONSTITUIÇÃO E DO
DIREITO CONSTITUCIONAL
Universidade Federal de Uberlândia - Faculdade de Direito
Teoria da Constituição
Prof. Dr. Raoni Bielschowsky
ACEPÇÕES DAS
PALAVRAS
O que é Direito?
Etimologicamente
Palavras Romanas
Ius
Rectum - derectum
rek-tó (Indoeuropeu )
• Plurivocidade
• Múltiplos sentidos
• Ambiguidades
• Emotividade
ACEPÇÕES
DAS Ambiguidades do termo
PALAVRAS • Exemplo:
• "direito é uma ciência (1) que estuda o direito (2)
quer no sentido de direito objetivo (3) conjunto
das normas, quer no de direito subjetivo (4)
faculdades” (FERRAZ JÚNIOR, 2011)
ACEPÇÕES DAS PALAVRAS
DAS
Abordagem apologética
Abordagem crítica
PALAVRAS Abordagem (pretensamente) neutra
Polissemia do Termo Constituição
SENTIDOS DE
CONSTITUIÇ Origem etimológica:
Verbo latino: constituere
ÃO: O QUE É
CONSTITUIÇ Acepção denotativa
ÃO? Composição
Compleição
“A palavra constituição é empregada com vários
significados, tais como: (a) ‘Conjunto dos
SILVA, JOSÉ
elementos essenciais de alguma coisa: a AFONSO. CURSO DE
constituição do universo, a constituição dos DIREITO
corpos sólidos’; (b) ‘Temperamento, compleição CONSTITUCIONAL
do corpo humano: uma constituição psicológica POSITIVO. 37 ED.
explosiva, uma constituição robusta’; (c) SÃO PAULO:
Organização, formação: a constituição de uma MALHEIROS, 2014,
assembléia, a constituição de uma comissão; (d) P. 37.
a constituição de dote, de renda, de uma
sociedade anônima’; (e) ‘Conjunto de normas
que regem uma corporação, uma instituição: a
constituição da propriedade’; (f) ‘A lei
fundamental de um Estado’”
“É MISTER BATER, BATER CEM
VÊZES, E CEM VÊZES REPETIR:
O DIREITO NÃO É UM FILHO DO
CÉU, É SIMPLESMENTE UM
FENÔMENO HISTÓRICO, UM Direito (ocidental)
PRODUTO CULTURAL DA
HUMANIDADE. SERPENS NISI
SERPENTEM COMEDERIT, NON
FIT DRACO, A SERPE QUE NÃO Direito moderno
DEVORA A SERPE, NÃO SE FAZ
DRAGÃO; A FÔRÇA QUE NÃO
VENCE A FÔRÇA, NÃO SE FAZ
DIREITO; O DIREITO É A FORÇA Direito do Estado de Direito
QUE MATOU A PRÓPRIA
FORÇA”.
Estado Constitucional
BARRETO DE MENEZES, TOBIAS.
"IDÉIA DO DIREITO" —
(Estado Democrático de
DISCURSO PROFERIDO EM Direito)
COLAÇÃO DE GRAU NA
FACULDADE DE RECIFE. IN:
SOUSA, CARLOS AURÉLIO MOTA
DE (ORG.). ANTOLOGIA DE
FAMOSOS DISCURSOS
BRASILEIROS. SÃO PAULO:
LOGOS, 1957, PP. 92-93
Constituição em sentido moderno
IÇÃO
“O constitucionalismo em sentido amplo é a ideologia
que requer a criação de uma – qualquer – constituição, a
fim de limitar o poder e prevenir o despotismo. O
constitucionalismo em sentido estrito é a ideologia que
requer a criação de um tipo específico de constituição a
fim de limitar o poder e de prevenir o despotismo.
Desde outro ponto de vista, podemos distinguir entre
CONSTITUCION constitucionalismo débil e constitucionalismo forte.
ALISMO O constitucionalismo débil é a ideologia que requer uma
constituição somente para limitar o poder existente, sem
prever uma específica defesa de direitos fundamenatis. O
constitucionalismo forte (o liberal) é a idelogia que
requer uma constituição para garantir os direitos e as
liberadades fundamentais frente o poder estatal”
(COMANDUCCI, 2002, p. 91, tradução nossa)
“Constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) que
ergue o princípio do governo limitado indispensável à
garantia dos direitos em dimensão estruturante da
organização político-social de uma comunidade. Neste
sentido, o constitucionalismo moderno representará CONSTITUCION
uma técnica específica de limitação do poder com fins
garantísticos. O conceito de constitucionalismo ALISMO
transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo,
uma teoria normativa da política, tal como a teoria da
democracia ou a do liberalismo” (CANOTILHO,
2003, p. 51)
CONSTITUIÇÃO E
ORDENAMENTO JURÍDICO
“(O Direito Constitucional) Consubstanciava-se numa idéia
fundamental: a limitação da autoridade governativa. Tal
limitação se lograria tecnicamente mediante a separação de
poderes (as funções legislativas, executivas e judiciárias
atribuídas a órgãos distintos) e a declaração de direitos”
(BONAVIDES, 2007, p. 36)
OS SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO
UMA APROXIMAÇÃO CLÁSSICA
HELLER, Hermann. Teoría del Estado. Tradução Luís Fernando Tobio. México:
FCE, 1998, p. 48.
RESSALVA LÓGICA E
METODOLÓGICA
“A perspectiva metodológica de estudo do Direito
Constitucional nunca é axiologicamente neutra, antes tem
sempre subjacente e revela na sua elaboração científica
uma determinada pressuposição de valores: o Direito
Constitucional é o sector da ciência jurídica mais
ideologicamente comprometido”.
Teoria do Estado
Filosofia Constitucional
Leitura dogmática e leitura teorética
Hierarquia normativa
DIREITO CONSTITUCIONAL
Fontes Formais
Fontes escritas
Legislação em sentido amplo ou material
Normas de origem judicial
FONTES DO Doutrina
IÇÃO E Ordenamento
Norma Jurídica
ENTO Legislação
JURÍDICO Constituição
Leis esparsas
Leis complementares
Leis ordinárias
Leis delegadas
Medidas provisórias
GRADAÇÃO DE
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
DENSIDADE
outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
COMBATE AO
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
RACISMO VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
CONSTITUIÇÃO brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
DA REPÚBLICA XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
FEDERATIVA DO
BRASIL (CRFB)
LEGISLAÇÃO: Lei n. 7716/1989
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou
EXEMPLOS DE
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
RACISMO
inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita .
Art. 3º Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1º desta Lei
serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por
pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo
igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na
população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
LEIS
LEGISLAÇÃO:
EXEMPLOS DE Decreto n. 7.824/2012
GRADAÇÃO DE Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o
ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio.
DENSIDADE
(...)
COMBATE AO
profissional técnica, observadas as seguintes condições:
I - no mínimo cinquenta por cento das vagas de que trata o caput serão reservadas a estudantes com
RACISMO
renda familiar bruta igual ou inferior a um inteiro e cinco décimos salário-mínimo per capita ; e
ATOS II - as vagas de que trata o art. 1º da Lei nº 12.711, de 2012, serão preenchidas, por curso e turno,
por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da
legislação pertinente, em proporção ao total de vagas, no mínimo, igual à proporção respectiva de
NORMATIVOS DA pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade federativa onde está
instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE.
ADMINISTRAÇÃ
O
Portaria Normativa n. 13, DE 11 DE MAIO DE 2016 (MEC)
LEGISLAÇÃO: O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único,
inciso IV, da Constituição, em observância ao disposto no art. 9o , inciso II, do Decreto no 7.824, de 11 de outubro
de 2012, e
EXEMPLOS DE CONSIDERANDO:
O estabelecido na Lei no 12.288, de 20 de julho de 2010, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial;
GRADAÇÃO DE
Que as Ações Afirmativas e reservas de vagas adotadas em cursos de graduação, sobretudo as definidas na Lei no
12.711, de 29de agosto de 2012, e regulamentada pelo Decreto no 7.824, de 2012,que explicitamente coloca em seu
art. 5o , § 3o , que "as instituiçõesfederais de educação poderão, por meio de políticas específicas deações
afirmativas, instituir reservas de vagas suplementares ou deoutra modalidade";
DENSIDADE Que o Supremo Tribunal Federal declarou, em 2012, a Constitucionalidadedas Políticas de Ações Afirmativas;
Que o ingresso no Serviço Público Federal, nos termos daLei no 12.990, de 9 de junho de 2014, estabelece reserva
de vinte porcento das vagas aos/às negros/as, demonstrando que a adoção dePolíticas de Ações Afirmativas na
graduação não é suficiente parareparar ou compensar efetivamente as desigualdades sociais resultantesde passivos
históricos ou atitudes discriminatórias atuais; e
COMBATE AO
Que universidades públicas, em diversos programas de pósgraduação,estão adotando Políticas de Ações Afirmativas
para negros,indígenas e pessoas com deficiências, ampliando a diversidadeétnica e cultural em seu corpo discente,
resolve:
RACISMO Art. 1o As Instituições Federais de Ensino Superior, no âmbitode sua autonomia e observados os princípios de mérito
inerentesao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, terão oprazo de noventa dias para apresentar
propostas sobre inclusão denegros (pretos e pardos), indígenas e pessoas com deficiência em seusprogramas de pós-
graduação (Mestrado, Mestrado Profissional e Doutorado),como Políticas de Ações Afirmativas.
ATOS
Art. 2o As Instituições Federais de Ensino deverão criarcomissões próprias com a finalidade de dar continuidade ao
processo de discussão e aperfeiçoamento das Ações Afirmativas propostas.
NORMATIVOS DA Art. 3o A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES deverá coordenar a elaboração
periódica docenso discente da pós-graduação brasileira, com o intuito de forneceros subsídios para o
acompanhamento de ações de inclusão de negros(pretos e pardos), indígenas e pessoas com deficiência na pós-
ADMINISTRAÇÃ
graduação, bem como para a avaliação de tais ações junto aos programas de pós-graduação.
Art. 4o O Ministério da Educação - MEC instituirá Grupo deTrabalho para acompanhar e monitorar as ações
TELECOMUNIC
AÇÕES
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
radiodifusão;
EXEMPLOS DE
outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8,
de 1995 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9472.htm)
Art. 10. Caberá ao Poder Executivo instalar a Agência,
AÇÕES
universalização de serviço prestado no regime público;
IV - autorizar a participação de empresa brasileira em
organizações ou consórcios intergovernamentais destinados
ao provimento de meios ou à prestação de serviços de
telecomunicações.
Parágrafo único. O Poder Executivo, levando em conta os
LEIS interesses do País no contexto de suas relações com os
demais países, poderá estabelecer limites à participação
estrangeira no capital de prestadora de serviços de
telecomunicações.
Art. 25. Os mandatos dos primeiros membros do Conselho
Diretor serão de três, quatro, cinco, seis e sete anos, a serem
estabelecidos no decreto de nomeação.
LEGISLAÇÃO: Decreto n. 3.896/2001: Dispõe sobre a regência dos serviços de telecomunicações, e dá
outras providências
Art. 1o Os serviços de telecomunicações, qualquer que seja o regime jurídico ou o
EXEMPLOS DE interesse, regem-se exclusivamente pelos regulamentos e pelas normas editadas pela
Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, não se lhes aplicando a
regulamentação anteriormente vigente, excetuada a hipótese prevista no inciso II do
art. 214 da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997.
GRADAÇÃO DE Art. 2o Ficam revogados o art. 3o e seu parágrafo único, os arts. 5o, 8o e 9o, o § 2o
do art. 10, os arts. 13, 14, 16 a 33, 35 a 40 e 61 a 64 do Regulamento aprovado pelo
Decreto no 2.197, de 8 de abril de 1997; os arts. 6o a 29 do Decreto no 2.196, de 8
DECRETOS
de radiodifusão de sons e imagens.
Art. 2o Para os fins deste decreto, entende-se por:
I - SBTVD-T - Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre - conjunto de
padrões tecnológicos a serem adotados para transmissão e recepção de sinais digitais
terrestres de radiodifusão de sons e imagens; e
II - ISDB-T - Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial – serviços
integrados de radiodifusão digital terrestre.
...
LEGISLAÇÃO: DECRETO Nº 9.837, DE 14 DE JUNHO DE 2019
GRADAÇÃO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput,
inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 38, § 5º, da Lei nº 4.117, de 27
de agosto de 1962 - Código Brasileiro de Telecomunicações,
DENSIDADE DECRETA:
TELECOMUNIC horas, horário oficial de Brasília, nos termos do disposto na alínea “e” do caput do art. 38 da
Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962 - Código Brasileiro de Telecomunicações.
Onyx Lorenzoni
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9837.htm#art1
Constituição e Lei
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Tradução Maria Celeste C. J. Santos. 6 ed. Brasília:
Universidade de Brasília, 1995.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 21 ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. REFERÊNC
IAS
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Coimbra: Almedina,
2003.
DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
HORTA, Raúl Machado. Direito constitucional. 5 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
KIRSTE, Stephan. Introdução à Filosofia do Direito. Tradução Paula Nasser. Belo Horizonte: Editora
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MATA MACHADO, Edgar Godoi. Elementos de Teoria Geral do Direito: introdução ao Direito. 4 ed.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995.
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 36 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014.
NEUMANN, Franz. O Império do Direito: teoria política e sistema jurídico na sociedade moderna.
(CONTINU
Tradução Rúrion Soares Melo. São Paulo: Quartier Latin, 2013.
NINO, Carlos Santiago. Introdução à análise do Direito. Tradução Elza Maria Gasparoito. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2010.
AÇÃO)
OTERO, Paulo. Instituições políticas e Constitucionais: v. I. Coimbra: Almedina, 2007.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SCHLINK, Bernhard. The constitutional subject and its identity: my german experience. Cardozo Law
Review, Nova York, v. 33, n. 5, pp. 1869-1873, 2012, p. 1873.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 37 ed. São Paulo: Malheiros, 2014.