Você está na página 1de 16

Universidade CEUMA

Disciplina: TEORIA DO DIREITO


Profa. Ma. Carla Costa

Plano de Aula

1. O que é Direito?
 Por que o Direito existe?
◦ A regulação das relações sociais
◦ O conflito está sempre no conteúdo e não nas relações
propriamente ditas: inerente ao convívio social
 Direito x Justiça
◦ Direito se confunde com Justiça?
◦ Direito é Lei?
◦ Direito injusto não é Direito?
 Lei e Estado: classes dominantes
◦ A lei é necessária para o Direito existir?
A lei sempre emana do Estado e permanece, em última análise,
ligada à classe dominante, pois o Estado como sistema de órgãos
que regem a sociedade politicamente organizada, fica sob o
comando daqueles que comandam o processo econômico
(LYRA FILHO, p. 9)

 O que o Direito é e o que Direito deve ser


◦ Risco de distanciamento da realidade: Direito enquanto ferramenta
de opressão

 Direito e Moralidade
◦ A Justiça é o princípio e o problema moral do direito:
convergências e riscos
◦ Direito enquanto relação de poder: o que o confere sentido ao
Direito é a Justiça, enquanto exigência moral
◦ Igualdade e equidade: Direito enquanto um jogo de igualdade e
desigualdades: racionalidade à justiça enquanto doador moral do
Direito às regras de convivência
◦ Função social do Direito

Filme: O segredo dos seus olhos (2009). Direção: Juan José Campanella
Leitura recomendada:
1. Livro: O que é Direito – Roberto Lyra Filho
2. Capítulos 1 e 7 (A universalidade do fenômeno jurídico e A
moralidade do Direito) – Tércio Sampaio Ferraz Jr.

2. Dogmática x Zetética
◦ Diferentes enfoques
Por isso, o enfoque zetético visa saber o que é uma coisa. Já o
enfoque dogmático preocupa-se em possibilitar uma decisão e
orientar uma ação. (FERRAZ JR, p. 41)
◦ Pontos de partida: para a Zetética se parte de uma evidência →
cessa o questionamento quando os enunciados se remontam
comprováveis e verificáveis; já a Dogmática tem suas premissas
estabelecidas, não em questionamento, se trata de uma diretriz e
exige uma decisão (FERRAZ JR., p. 43).
◦ Conciliação entre as duas para o Direito atual, com predominância
da dogmática.

3. Direito Natural, Jusnaturalismo e Direitos Humanos


 Direito universal, proveniente de valores que devem reger toda a
humanidade – princípios superiores – busca por um ideal de Justiça: o
que é justo por natureza
 Direitos natos, inerentes ao ser humano e de origem divina – eternos e
imutáveis → evolução histórica
 Superior ao Direito Positivo
 Como a sociedade se constrói para garantir direitos?
 Contexto histórico: Idade Média → Doutores da Igreja: São Tomás de
Aquino e Santo Agostinho quanto expoentes
 Thomas Hobbes – guerra de todos contra todos – o Estado deve
assegurar a vida e a segurança – direitos dos seres humanos
 John Locke – direito à liberdade (propriedade)
 Jean Jacques Rousseau – direito à igualdade (lutas por poder político
– burguesia/absolutismo)
 Jusnaturalismo abstrato → não é positivado → John Locke e Jean
Jacques Rosseau quanto expoentes: empirismo → tudo advém do
próprio homem e da razão humana → o homem está no centro das
intenções → direito natural seria aquilo que merece reconhecimento e
que precisa que a sociedade, portanto, os garanta.
A natureza do ato determina tal sorte as cláusulas do contrato, que
a menor modificação as tornaria vãs e nulas; de modo que, não
tendo sido talvez nunca formalmente anunciadas, são por toda
parte as mesmas, por toda a parte admitidas tacitamente e
reconhecidas, até que, violado o pacto social, cada um torne a
entrar em seus primitivos direitos e retorne a liberdade natural,
perdendo a liberdade de convenção, à qual sacrificou a primeira.
(ROSSEAU, p. 29)
 Direitos Humanos e Direitos Fundamentais: condições mínimas e a
questão da igualdade

Vídeos de apoio:
O que são direitos humanos - Glenda Mezarobba: Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=fMBNL4HFEOQ >

Leitura recomendada:
Livro: O caso dos exploradores de caverna – Lon L. Fuller

4. Positivismo e Positivismo Jurídico


 Surgimento da norma escrita
◦ hierarquia de fontes: leis e costumes (direito consuetudinário)
◦ aumenta a compreensão e delimitação (até onde ir)
◦ hierarquia das normas: supremacia da lei sobre os costumes
◦ contexto histórico: do Rei ao Estado: separação dos poderes –
separação entre política e direito
A teoria clássica da divisão dos poderes, construída com um
claro acento anti-hierarquizante face à concepção personalista
anterior, iria garantir de certa forma uma progressiva separação
entre política e direito, regulando a legitimidade da influência
política na administração, que se torna totalmente aceitável no
Legislativo, parcialmente no Executivo e fortemente
neutralizada no Judiciário, dentro dos quadros ideológicos do
Estado do Direito (cf. Friedrich, 1953:208; Locke, 1952:58;
Montesquieu, s.d.). Ora, essa neutralização política do Judiciário
(Luhman, 1972) é uma das peças importantes para o
aparecimento de uma nova forma de saber jurídico: a ciência do
direito do século XIX (FERRAZ JR., p. 73).
◦ Positivação do direito: o direito passa a ser mutável e não mais
estanque (há uma inversão)
◦ Revolução Industrial → pressão por respostas mais imediatas →
diretrizes → saber-fazer para obter os resultados: apuração da
técnica → doutrinas x prática → lacunas da lei (interpretação)
◦ Escola Histórica → espírito do povo → incorporar a História ao
conhecimento jurídico (FERRAZ JR., p. 75 e ss.)
◦ Jurisprudência dos Conceitos → instrumento metódico → dogma
da subsunção: pensamento jurídico → diretiva legal + caso
concreto = decisão/manifestação do juízo (FERRAZ JR., p. 80)
◦ Dogmática jurídica → abstração que permite emancipar as
necessidades cotidianas dos interesses concretos → objeto: normas,
conceitos e regras → risco: distanciamento da realidade

 Mas o que é Positivismo → método científico para as ciências sociais


(exame empírico)
a) observação: ponto de partida (fenômeno)
b) formulação de hipótese: a partir dos fatos
c) experimentação: teste → atingir o valor científico após a
comprovação

 Positivismo jurídico: Afastar valores (NADER, p. 382) → só existe


uma ordem jurídica, a estatal → a lei é o único valor (Escola da
Exegese → doutrina do codicismo) → crítica: fundamenta regimes
totalitários ao entender Direito quanto lei: comunismo, facismo,
nazismo (NADER, p. 383)

5. Teoria Pura do Direito de Kelsen


 Contexto em que se insere: direito positivo → ver DINIZ, p. 132
 Direito: ciência social normativa → isolar o fenômeno do Direito,
separando-o da moral, somente quanto metodologia, para que
possa ser estudado/analisado separadamente → Considerações de
ordem valorativa estão fora da Ciência do Direito → Justiça se
alcançaria com a aplicação da norma ao caso concreto → justiça
enquanto valor relativo → a norma jurídica é empírica e verificável
 Reduz a compreensão do direito à norma jurídica (dever-ser x ser) –
NADER, p. 386 → a norma jurídica seria o objeto da ciência do
direito → direito em uma estrutura normativa → fontes formais do
direito → Direito apresentado pela ciência jurídica quanto sistema de
normas (DINIZ, p. 142)
 O Direito deve representar a autoridade do Estado → a norma deve
ser obedecida independente de ter viés democrático ou autoritário
 O que caracteriza uma norma jurídica? → sanção (punição) e coação
(monopólio e prescrição do Direito)
 Norma – eficácia e validade – ver DINIZ, p. 140
 A moldura de Kelsen: a aplicação da norma pode ir em todos os
sentidos, desde que respeite os limites da moldura, excluindo tudo o
que ficar fora dos parâmetros estabelecidos pela norma em análise
→o Direito impõe os limites e o intérprete aplica a norma (margem de
interpretação)

 Hierarquia e escalonamento no sistema normativo → normas


inferiores tem sua validade decorrente de normas superiores →
Norma fundamental – ficção jurídica → pressuposto (NADER, p.
387) → “Pirâmide”
 Crítica: risco de isolar o fenômeno jurídico dos demais fenômenos
sociais → identidade entre Direito e Estado
 Kelsen propôs uma pureza metodológica, não significando que
desprezava a utilidade sociológica no Direito, foi uma escolha de
recorte para o desenvolvimento da teoria proposta (DINIZ, p. 135)

Resumo:
Vídeo de apoio:
1. Objeto da Teoria Pura do Direito. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=Ut25XwzpyOc >

Leitura recomendada:
1. Positivismo sociológico e positivismo jurídico e Racionalismo
dogmático ou normativismo jurídico de Hans Kelsen → Maria Helena
Diniz (p. 118 – 146)

Quando a si própria se designa como “pura” Teoria do


Direito, isto significa que ela se propõe garantir um
conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste
conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo
que não se possa, rigorosamente, determinar como Direito.
Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência
jurídica de todos os elementos que lhe são
estranhos. Esse é o seu princípio metodológico
fundamental. (KELSEN, 2003, p. 1)
 
Quanto a Teoria Pura pretende delimitar o conhecimento
do Direito em face destas disciplinas, fá-lo não por ignorar
ou, muito menos, por negar essa conexão, por que intenta
evitar um sincretismo metodológico que obscurece a
essência da ciência jurídica e dilui os limites que lhe são
impostos pela natureza do seu objeto. (KELSEN, 2003, p. 2)

Positivismo Jurídico: pretende analisar se as normas são válidas ou


inválidas, a partir da compreensão acerca do que é lícito ou ilícito
o é possível uma penalização a partir da compreensão do
Direito enquanto uma fórmula a ser aplicada ao caso que se
amolde à norma? Podemos aplicar o Direito “fora da
moldura?”

6. Teoria Tridimensional de Reale


 Elaborada em resposta ao formalismo normativista – derivado do
positivismo, que consistia em uma maneira de ver o Direito de forma
tradicional onde este estaria na norma positivada
 Sociologismo jurídico: o Direito é uma construção de fatos, pautado
nos costumes
 Moralismo jurídico: o Direito interpretado a partir da moral – sendo
ligada ao Jusnaturalismo – ligada aos valores
 Proposta de Miguel Reale: interpretar o Direito a partir de três
dimensões – fato, valor e norma – e não de forma unidimensional
como nas escolas jurídicas supracitadas – Direito é fruto de uma
determinada sociedade, por isso a importância dada pelo autor ao seu
aspecto histórico-cultural
 O valor dado ao fato é o que permite que a norma evolua
 “Direito é a ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na
medida do bem comum. Todas as regras sociais ordenam a conduta,
tanto as morais como as jurídicas e as convencionais ou de trato
social” (REALE, p. 59) → convivência ordenada: bem comum
(harmonia no exercício dos bens individuais com o bem de todos) →
proporção e socialidade em Dante (humanização do Direito)
 fato (conjunto de circunstâncias/não é isolado), valor (elemento
moral/sentido de justiça) e norma (padrão de comportamento
social/conduta imposta)→ eficácia, fundamento e vigência (NADER,
p. 390) → relações de vida são a fonte material do Direito

 ver REALE, p. 65:


◦ SE A (conduta) é, deve ser B (norma)
SE NÃO FOR B (norma), então deverá ser C (sanção/imposição)

Leitura recomendada:
1. Conceito de Direito: sua estrutura tridimensional – Miguel Reale (p.
59 – 68)

7. Pós-positivismo

 Objetivo: compatibilizar o sistema jurídico com os anseios sociais


 Construção escalonada (hierarquia) foi mantida mesmo após se
abandonar o método puramente descritivo e a ideologia quanto direito
livre de valor → historicamente: pós segunda guerra mundial e
constitucionalismo.
 Características:
1. direitos fundamentais: moral alinhada ao conceito de justiça
2. reabilitação e aplicação dos princípios em hard cases: técnicas
para aplicação – razoabilidade e proporcionalidade
 Principal ponto de análise e diferenciação: para o Positivismo Jurídico
o centro está na legislação como fonte principal do direito. Para o
Pós-positivismo, não só da lei deriva o direito, haja vista a
complexidade que lhe é própria, motivo pelo qual se buscam outros
sistemas, como a moral, para analisar e solucionar casos em que não
há resposta no sistema normativo, onde haja vista tal silêncio
indicativo da falta de instrumentos suficientes para atender a realidade
que desponta.
 Diferenciação (normas): princípios (abertos → ordens genéricas para
situações fáticas e possibilidades jurídicas): ponderação → não basta
evocar, necessita de uma lógica argumentativa para sua aplicação; e,
regras (específicas → mandado definitivo → incidência da norma
perante o acontecimento da situação abstrata nela prevista)
◦ Expoentes: Robert Alexy e Ronald Dworkin

 Constitucionalismo
◦ Constituição → carta magna → dar limite às normas
infraconstitucionais – direitos fundamentais

 Neoconstitucionalismo
◦ Direitos fundamentais → concretização e efetividade→ controle da
inconstitucionalidade (omissão do legislativo)
▪ Ativismo Judicial: limites e excessos → a estaticidade da Lei e a
atuação do Judiciário frente ao dinamismo social

Leitura recomendada:
- Do positivismo ao pós-positivismo jurídico: O atual paradigma
jusfilosófico constitucional - Ricardo Vieira de Carvalho Fernandes e
Guilherme Pereira Dolabella Bicalho

Lei de Introdução ao Direito Brasileiro


Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum.
Código de Processo Civil
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação
de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos
casos previstos em lei.

8. Fontes do Direito

→ Ordenamento visto enquanto sistema → normas e lacunas → universo


de comportamentos → fontes do direito → direito enquanto construção e
não dado estritamente
→ Tércio Sampaio (2003, p. 224), enquanto classificação dos centros
produtores do direito, trabalhar a diferenciação entre fontes substanciais
(elementos materiais, históricos, racionais e ideais) – dados – e fontes
formais (técnica e formas solenes) – construído, visariam revelar o direito.
→ Fontes formais: se ocupa do ‘como o direito se exterioriza?’ → lei
escrita e precedentes (interpretação pelo Judiciário)
→ Fontes materiais: se ocupa do ‘de onde o direito surge?’ → relações
sociais (conflitos, tendências, pensamentos, etc) → foram excluídas por
Kelsen na Teoria Pura do Direito
→ Direito Material (substancial) – bens da vida ou bens jurídicos titulados
por uma pessoa (Ex: direitos fundamentais e CF), dispõe sobre o conteúdo
dos direitos; e Direito Processual (instrumento de proteção do direito
material, é o que regulamenta o processo)
→ Fatos jurídicos: incidência das normas jurídicas em fatos sociais
→ Direito Objetivo – previsto de forma abstrata no ordenamento – pelo
que, ante a incidência de um caso concreto leva a incidência do Direito
Subjetivo – incidência da norma e titularidade por um sujeito de direitos
→ Ver Tércio Sampaio Ferraz Jr. (2003, p. 225/226) sobre Teoria das
Fontes → Revolução francesa → positivação do direito costumeiro →
“racionalização do fenômeno jurídico e uma justificação de uma conjuntura
histórica, cujo expoente máximo é o liberalismo” (p. 226) → alterações
sociais e complexidade → “E a teoria das fontes é, assim, um de seus
instrumentos primordiais, pois, por meio dela, torna-se possível regular o
aparecimento contínuo e plural de normas de comportamento sem perder de
vista a segurança e a certeza das relações.” (p. 227) → orientação do
raciocínio perante questões de decidibilidade → fundamentação →
objetividade quanto critério de classificação

Ver: Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (Arts. 2º, 3º e 4º)


1. Legislação
→ “é o modo de formação das normas jurídicas por meio de atos
competentes” (FERRAZ JR., 2003, p. 228)
→ Constituição enquanto lei fundamental: sentido material
(indicando parâmetros de elaboração de outras normas) e sentido
formal (disciplina comportamentos imediatamente) → visão de
Kelsen (FERRAZ JR., 2003, p. 229/230) → fatores reais de poder
(Lassale) e folha de papel (Hesse): ver p. 231 (FERRAZ JR., 2003)
→ Leis decorrem da Constituição → ninguém é obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei – princípio da
legalidade: a norma é a prescrição e a lei é a forma de que se reveste a
norma → institucionalização: ver p. 233 (FERRAZ JR., 2003) →
solenidade: promulgação (sancionar a lei, existência e validade) e
publicação (ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando
desconhecimento).

→ Todo ato de legislação, realizado pelo poder competente e


obedecidos aos requisitos do ordenamento, é lei → exemplos de tipos
de leis: ver p. 234 (FERRAZ JR., 2003)
→ Hierarquia e competência, ligada a questão da validade
→ fontes internacionais → tratados e convenções → norma de direito
interno

2. Costumes e Jurisprudência
→Costume: uso continuado e convicção de obrigatoriedade → ver p.
242 (FERRAZ JR., 2003) → validade: o costume tem que ser provado
por quem o alega (fundamentação)
→ costumes contra lei (contra legem); costumes e lacunas (praeter
legem); e, costumes conforme a lei (secundum legem).
→ fonte formal subsidiária (complementar)
→ Jurisprudência: é o conjunto de julgados → súmula é o resumo
da jurisprudência (ver: Art. 103-A, §§/CF) → commow law (costume
– precedentes – é a principal fonte) e civil law (lei escrita é a principal
fonte)
→ Commow Law: anglo-saxônico → sobre precedentes (ver
FERRAZ JR., 2003, p. 244) -: Revolução Francesa → codificação
→ fontes interpretativas da lei
Observar sobre precedentes: Art. 489, § 1º, incisos V e VI; Art. 926, §
2º; Art. 927, § 5º todos do NCPC (2015)

3. Analogia, Princípios Gerais do Direito, Doutrina e Equidade


→ fórmulas interpretativas gerais que resultam de valorações capazes
de conferir certa uniformidade a conceitos vagos e ambíguos –
objetivo: buscar uma certa segurança jurídica
→ fontes de segundo grau (ver FERRAZ JR, 2003, p. 249).

NPCP: Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a


alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento
jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por
equidade nos casos previstos em lei. (grifo nosso)

Debate em sala: Documentário – Uma História Severina


(https://www.youtube.com/watch?v=65Ab38kWFhE)

4. Ativismo judicial
→ postura proativa do Judiciário → inovação decorrendo da
necessidade de tutelar direitos fundamentais
→ perspectiva política: o protagonismo do Judiciário surge do vácuo
legislativo (omissão legislativa)
→ a legitimidade da decisão judicial está na fundamentação →
princípio da proporcionalidade → tem quanto limite atuar somente no
que é necessário para garantir o núcleo essencial do direito
fundamental (proibição da insuficiência/mínimo existencial)

9. Direito Crítico e Pluralismo Jurídico

Como surgem as normas? – regulamentação da convivência social: as


normas são somente as formalmente jurídicas?
- Há mais de um tipo de norma regulamentadora?

Ordenamento jurídico: monismo ou pluralismo?


- Validade e sanção – reflexos jurídicos

Como viabilizar um pensamento crítico?


- o Direito como espaço de luta
- democratização das instâncias jurisdicionais – uso alternativo do
Direito – flexibilização e inovações
- Direito achado na rua, Direito insurgente e Direito Alternativo –
Lyra Filho e José Geraldo de Sousa Junior – crítica a partir de uma
análise social – transformação social e conhecimento libertador –
direito produzido pelos oprimidos
- Articular as formas discursivas do Direito / significações do discurso
jurídico enquanto discurso de poder – Luis Alberto Warat
- Rio Grande do Sul – Amilton Bueno de Carvalho
- São Paulo – Juízes para a democracia
- RENAP (advocacia popular)
- Assessorias Jurídicas populares (AJUP’s)

Pensamento jurídico crítico no Brasil


- Saber dogmático (técnico-formal interno) x saber crítico
(aspectos externos do Direito)
- Pressupostos comuns: denunciar funções político-ideológicas do
normativismo estatal – questionando as bases de produção
tradicional da ciência jurídica, com foco em expor as falácias e
abstrações tecno-formalistas dos discursos legais
- Contextualizar Direito enquanto prática social – práxis social

Desconstruir o Direito Positivo por dentro: o que está oculto?


- que tipo de profissionais queremos formar?
- aprofundamento da pesquisa jurídica – práxis – realidade
- tomada de consciência: autonomia e transformação
- compatibilizar tecnicismo com humanismo: alinhado às necessidades do
seu tempo

 Alteridade enquanto eixo para repensar o Direito → pensamento


crítico alinhado à práxis jurídica → fazer o direito alinhado ao fato
social
 Repensar as fontes do direito: libertação e resistência; inclusão dos
excluídos – foco nas necessidades reais
 Positivismo jurídico de combate – lutas dos operadores jurídicos para
efetivar as conquistas legais sonegadas pelos aparelhos oficiais do
Estado – não nega a importância da legalidade, mas sim quer
afastar leis injustas e opressoras (Justiça, Equidade e Princípios gerais
do Direito)
 Projeto político e social emancipatório: sociedade civil e Estado →
reescrever o modo de vida e formas de legitimidade → a voz que
vem das comunidades
 Alinhamento com o pensamento de Paulo Freire
 Produção alternativa da normatividade: poder comunitário quanto
espaço público de conscientização e libertação → resgate dos
sujeitos
 Centralização nas necessidades de quem sofre discriminação e
exclusão: compromisso com a transformação e contra a dominação →
Pensamento crítico para combater – papel anti-hegemônico
 Novos movimentos sociais: conteúdo, valores, formas de ação e
atores sociais → mutabilidade de circunstâncias históricas
(WOLKMER, p. 123)
 Crise do modelo estatal: ineficiência administrativa, incapacidade de
prestar serviços e deteriorização da legitimidade (WOLKMER, p. 126
e 129) → construção de identidade (de objeto a sujeito), ideologia,
força de oposição e política participativa → objetivos em comum
(autonomia → sujeitos coletivos → bem comum) (ver WOLKMER p.
134, 139 e 143) → capacidade transformadora da vontade coletiva
comunitária → institucionalização e formalismo (definir a
representatividade, mas não para engessamento) → pluralidade
(WOLKMER, p. 145 e 148) → paternalismo assistencialista estatal no
Brasil (agigantamento do Estado) → democracia representativa e
conselhos.

Vídeo de apoio:
1. Crítica Jurídica e Filosofia da Libertação – Antônio Carlos Wolkmer:
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-G-ss1QJBoc >

Leitura recomendada:
1. Capítulo III (As fontes de produção na nova cultura jurídica) –
Antônio Carlos Wolkmer
REFERÊNCIAS UTILIZADAS

BOBBIO, Norberto. Estudos por uma teoria geral do direito. Trad.


Daniela Beccaccia Versiani. - Barueri, SP: Manole, 2015.

BOBBIO, Norberto. Teoria da Norma Jurídica. Trad. Fernando Pavan


Baptista e Ariani Bueno Sudatti / Apresentação Alaôr Caffé Alves. 3 ed.
Rev. Bauru, SP: EDIPRO, 2005.

BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 3 ed. Rev. Bauru,


SP: EDIPRO, 1999.

CAPPELLETI, Mauro; GARTH, Bryan. Acesso à Justiça. Tradução e


revisão de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 2002.

DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito.


27ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

FERNANDES, Ricardo Vieira de Carvalho; BICALHO, Guilherme Pereira


Dolabella. Do positivismo ao pós-positivismo jurídico: O atual paradigma
jusfilosófico constitucional. Disponível em: <
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/48/189/ril_v48_n189_p105.pdf >.
Acesso em: 16 set. 2019.

FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica,


decisão, dominação. 4 ed. rev. e amp. São Paulo: Atlas, 2003.

FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de caverna. Tradução por Ivo


de Paula LL. Introdução e apêndice por João Paulo Rossi Júlio. São Paulo:
Livraria e Editora Universitária de Direito, 2003.

LYRA FILHO, Roberto. O que é direito. Coleção Primeiros Passos. São


Paulo: Editora Brasiliense, 2006.

NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 41ª ed. Rio de Janeiro:


Forense, 2019.
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª ed. 20ª tir. São
Paulo: Saraiva, 2017.

ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social. Coleção a Obra-prima de


cada autor. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da


Justiça. Coleção questões da nossa época. São Paulo: Cortez, 2007.

WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico. 3 ed. rev. e amp. São


Paulo: Editora Alfa-Omega, 2001.

BIBLIOGRAFIA DE APOIO PARA APROFUNDAMENTO

BOBBIO, Norberto. Positivismo Jurídico: lições de filosofia do direito.


Compilação por Nello Morra; tradução e notas por Márcio Pugliesi, Edson
Bini, Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 2006.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 46ª ed. Rio de Janeiro: Paz e


Terra, 2005.

KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Tradução por João Baptista


Machado. 8ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2019.

Você também pode gostar