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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


GRADUAÇÃO EM DIREITO

PLANO DE ENSINO

SEMESTRE: 2023/1
NATUREZA: Obrigatória
TURNO: Noturno
DOCENTE: Reinaldo Pereira e Silva – reinaldo@pge.sc.gov.br
DISCIPLINA: Teoria Constitucional
CARGA HORÁRIA: 72 h/a

Conceito e princípios do direito constitucional. Formação constitucional do Brasil. A


constituinte de 1987/1988 e a Constituição de 1988. Constitucionalismo.
Ementa:
Constituição. Poder constituinte. Poder de reforma. Mutações constitucionais. Normas
constitucionais. Interpretação constitucional. Controle de constitucionalidade.
Geral: A Teoria Constitucional, além de integrar o rol das disciplinas fundamentais à
qualificação do bacharel em direito para o desempenho das diferentes profissões
jurídicas, é conhecimento imprescindível à sua formação humanística e ao seu
preparo para o exercício da cidadania.
Objetivos:
Específicos: Discorrer analiticamente sobre as principais categorias da Teoria
Constitucional (abordagens sincrônica e diacrônica); apresentar as condições para
uma abordagem empírica em Teoria Constitucional (pretensão descritivo-explicativa);
e tratar das diferentes concepções normativas da Teoria Constitucional (abordagens
justificativas/morais).
Apresentação e discussão do plano de ensino

Sobre a teoria constitucional

Unidade I

Unidade II

Unidade III

Metodologia: Sobre a teoria do poder constituinte

Revisão para a 1ª avaliação

Unidade IV

Unidade V

Unidade VI

Revisão para a 2ª avaliação

Critérios de Duas avaliações: a primeira no dia 26 de abril (unidades I, II e III, bem como a aula
avaliação: extra) e a segunda no dia 20 de junho (unidades IV, V e VI). A recuperação ocorrerá
na primeira semana do mês de julho de 2023.
Conteúdo Unidade I – Sobre a classificação das Constituições: LOEWENSTEIN, Karl. Teoría
programático: de la Constitucíon. Tradução de Alfredo Gallego Anabitarte. Barcelona: Editorial
Ariel, 1979. p.205-222

1. Distinga as Constituições rígidas das Constituições flexíveis.


2. Distinga as condições formais dos requisitos materiais da Constituição.
3. Distinga as Constituições originárias das Constituições derivadas.
4. Distinga as Constituições ideológico-programáticas das Constituições utilitárias.
5. Em que sentido a autocracia moderna perverte a ideia de Constituição?
6. Em que se fundamenta a proposta de classificação ontológica das Constituições de
Loewenstein?
7. O que é uma Constituição normativa? Exemplifique.
8. O que é uma Constituição nominal? Exemplifique.
9. O que é uma Constituição semântica? Exemplifique.

Unidade II - Sobre a Constituição em sentido empírico e sobre a Constituição em


sentido normativo: HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Tradução de
Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 1991. p.9-34.

1. Discorra sobre a definição de Constituição (real) de Ferdinand Lassalle.


2. Diferencie as ciências normativas das ciências da realidade (como a sociologia) e
discorra sobre a tarefa que cabe ao direito constitucional na realidade do Estado,
segundo Konrad Hesse.
3. Qual era a visão de Constituição (jurídica) que possuía o positivismo jurídico da
Escola de Georg Jellinek?
4. O que significa dizer que a pretensão de eficácia da Constituição (jurídica) se
associa mas não se confunde com as condições históricas de sua realização?
5. O que Konrad Hesse entende por força normativa da Constituição?
6. Discorra sobre os limites da força normativa da Constituição.
7. Diferencie a “vontade de poder” da “vontade de Constituição” (pressuposto
fundamental da força normativa da Constituição) e discorra sobre as três vertentes que
originam a “vontade de Constituição”.
8. Discorra sobre os pressupostos que permitem à Constituição desenvolver de forma
ótima sua força normativa.

Unidade III - Sobre a Constituição e a congruência histórica: HOLMES, Stephen;


SUNSTEIN, Cass. O custo dos direitos. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São
Paulo: Martins Fontes, 2019. p.23-35 e 159-171.

1. Discorra sobre a distinção entre direitos positivos e direitos negativos segundo a


doutrina em que se ampara a Suprema Corte dos Estados Unidos da América.
2. Discorra sobre a relação entre direitos positivos e direitos negativos segundo a
narrativa político-conservadora.
3. Discorra sobre a relação entre direitos positivos e direitos negativos segundo a
narrativa político-progressista.
4. Por que, segundo Stephen Holmes e Cass Sunstein, todos os direitos passíveis de
imposição jurídica são necessariamente positivos?
5. Por que é impossível ser “a favor dos direitos” e “contra o Estado”?
6. Discorra sobre a seguinte afirmação: “a justiça penal ajuda a preservar a riqueza
acumulada por particulares, não somente contra a cobiça dos inescrupulosos, mas
também contra a indignação dos pobres”.
7. Como o Estado deve tratar os pobres, “dado que um de seus principais objetivos é
proteger com eficácia os direitos de propriedade dos ricos”?
8. Discorra sobre a seguinte afirmação: ”a assistência social pública se originou por
motivo de prudência e não por razões morais ou humanitárias” (p.165).
9. Agora desenvolva um contraponto com a seguinte afirmação: “o poder tem diversas
fontes, não advém somente do dinheiro (…), também deriva das ideias morais
capazes de mobilizar um apoio social organizado” (p.170).

Unidade IV - Sobre a pré-compreensão constitucional, a laicização do Estado e a


diferenciação entre as esferas da religião e da política: BRUGGER, Winfried.
Separação, igualdade, aproximação: três modelos da relação Estado-Igreja. Revista
direitos fundamentais & democracia, Curitiba, v. 7, 2010.

1. No constitucionalismo contemporâneo, quais são as pré-condições jurídico-


políticas para se pensar os diferentes tipos de relação entre o Estado e as religiões?
2. Descreva o modelo de separação estrita entre o Estado e as religiões.
3. Discorra sobre as vantagens e as desvantagens do modelo de separação estrita entre
o Estado e as religiões.
4. Descreva o modelo da igualdade das religiões como valor preferencial.
5. Discorra sobre as vantagens e as desvantagens do modelo da igualdade das
religiões como valor preferencial.
6. Descreva o modelo da integração através da proximidade entre religião civil e
moral constitucional.
7. Discorra sobre as vantagens e as desvantagens do modelo da integração através da
proximidade entre religião civil e moral constitucional.

Unidade V - Sobre a pré-compreensão constitucional, o Estado de direito e a relação


entre direito e política: SILVA, Reinaldo Pereira e. Hermann Heller: a defesa do
Estado social de direito contra os inimigos da liberdade. Revista de direito
constitucional e internacional, São Paulo, v. 131, ano 30, p.39-79, maio/jun. 2022.

1. Distinga os dois significados de liberdade.


2. Discorra sobre a distinta apreciação do valor igualdade entre direta e esquerda.
3. Qual o projeto político de Hermann Heller?
4. Qual o conceito de Estado de Hermann Heller?
5. O que significa Estado soberano?
6. Diferencie Estado de governo.
7. Qual o conceito de política de Hermann Heller?
8. Diferencie explicação de justificação.
9. Discorra sobre a concepção burguesa de Estado de direito.
10. Em que consiste a crítica marxista ao Estado de direito?
11. Distinga democracia de autocracia.
12. Relacione Estado liberal e democracia.
13. Discorre sobre as especificidades da democracia representativa.
14. Discorra sobre o pressuposto da democracia.
15. Discorra sobre a condição material da democracia.
16. Discorra sobre o conceito de Estado social de direito.
17. Em que sentido o Estado social de direito é a justificação do Estado democrático?
18. Defina o fascismo.

Unidade VI - Sobre a pré-compreensão constitucional, a igualdade entre os indivíduos


e a sujeição de todos ao direito: MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo
jurídico do princípio da igualdade. São Paulo: Malheiros, 2007. p.9-48.

1. A quem se volta o princípio jurídico da igualdade?


2. O princípio jurídico da igualdade interdita todo tratamento diferenciado?
3. Quais são as diferenciações juridicamente intoleráveis?
4. Quando uma diferenciação de tratamento é racionalmente justificada?
5. Qualquer justificativa racional (fundamento lógico) autoriza a diferenciação de
tratamento?
6. Discorra sobre a generalidade e a abstração e sua influência na compreensão do
princípio jurídico da igualdade.
7. Qual o papel da Constituição na compreensão do princípio jurídico da igualdade?
Interpretar/aplicar as normas (princípios e regras) do sistema jurídico
☐ nacional, observando a experiência estrangeira comparada, quando couber,
articulando o conhecimento teórico com a resolução de problemas.
Demonstrar competência na leitura, compreensão e elaboração de textos,
☐ atos e documentos jurídicos, de caráter negocial, processual ou normativo,
bem como a devida utilização das normas técnico-jurídicas.
☐ Demonstrar capacidade para comunicar-se com precisão.
Dominar instrumentos da metodologia jurídica, sendo capaz de
X compreender e aplicar conceitos, estruturas e racionalidades fundamentais
ao exercício do Direito.
Adquirir capacidade para desenvolver técnicas de raciocínio e de
X argumentação jurídicos com objetivo de propor soluções e decidir questões
no âmbito do Direito.
Desenvolver a cultura do diálogo e o uso de meios consensuais de solução

de conflitos.
Compreender a hermenêutica e os métodos interpretativos, com a necessária
☐ capacidade de pesquisa e de utilização da legislação, da jurisprudência, da
doutrina e de outras fontes do Direito.
Ter competências para atuar em diferentes instâncias extrajudiciais,
Habilidades** ☐ administrativas ou judiciais, com a devida utilização de processos, atos e
procedimentos.
* Exigência MEC X Utilizar corretamente a terminologia e as categorias jurídicas.
– Resolução nº 5,
X Aceitar a diversidade e o pluralismo cultural.
18 de dezembro
de 2018. Compreender o impacto da inteligência artificial e das novas tecnologias na

área jurídica.
Possuir o domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão

e aplicação do Direito.
Desenvolver a capacidade de trabalhar em grupos formados por
X
profissionais do Direito ou de caráter interdisciplinar.
Apreender conceitos deontológico-profissionais e desenvolver perspectivas
X
transversais sobre direitos humanos
Outras: 1. Compreender a dimensão histórica do fenômeno jurídico; 2.
Demonstrar competência na leitura, compreensão e elaboração de textos; 3.
Demonstrar capacidade para comunicar-se com precisão; 4. Dominar
instrumentos da metodologia histórico-jurídica, sendo capaz de
compreender e aplicar conceitos, estruturas e racionalidades fundamentais;
5. Compreender a lógica da produção jurídica no Brasil, em uma região do
mundo que julga atrasada e periférica; 6. Desenvolver a cultura do diálogo,
X ao dar-se conta do pluralismo ideológico da produção jurídica; 7. Explicar a
“lógica” dos transplantes jurídicos em um país que se percebe periférico; 8.
Compreender a razão do movimento pendular entre liberalismo cosmopolita
e conservadorismo nacionalista ao longo da história do pensamento jurídico
brasileiro; 9. Vincular o surgimento dos diversos diplomas jurídicos
fundamentais às problemáticas de construção do Estado de direito
democrático; 10. Esclarecer as variedades progressistas e conservadora
dentro do próprio pensamento jurídico.
Bibliografia BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2006.
Principal:
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Estado de direito. Lisboa: Gradiva, 1999.

BRUGGER, Winfried. Separação, igualdade, aproximação: três modelos da relação


Estado-Igreja. Revista direitos fundamentais & democracia, Curitiba, v. 7, 2010.

FERREIRA Filho, Manoel Gonçalves. O poder constituinte. São Paulo: Saraiva,


2007.

HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira


Mendes. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 1991.

HOLMES, Stephen; SUNSTEIN, Cass. O custo dos direitos. Tradução de Marcelo


Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2019.

KELSEN, Hans. Jurisdição constitucional. Tradução de Alexandre Krug. São Paulo:


Martins Fontes, 2003.

LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la Constitucíon. Tradução de Alfredo Gallego


Anabitarte. Barcelona: Editorial Ariel, 1979.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade.


São Paulo: Malheiros, 2007.

SILVA, Reinaldo Pereira e. Hermann Heller: a defesa do Estado social de direito


contra os inimigos da liberdade. Revista de direito constitucional e internacional, São
Paulo, v. 131, ano 30, p.39-79, maio/jun. 2022.
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da
Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.

BEATTY, David M. A essência do Estado de direito. Tradução de Ana Aguiar


Cotrim. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

BÖCKENFÖRDE, Ernst Wolfgang. Estudios sobre el Estado de derecho y la


democracia. Tradução de Rafael Serrano. Madrid: Editorial Trotta, 2000.

___. Stato, costituzione, democrazia. Studi di teoria della costituzione e di diritto


costituzionale. Tradução de Michele Nicoletti. Milano: Giuffrè Editore, 2006.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição dirigente e vinculação do


legislador. Contributo para a compreensão das normas constitucionais programáticas.
Coimbra: Coimbra Editora, 1994.
Bibliografia
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de Nelson Boeira. São
Complementar:
Paulo: Martins Fontes, 2002.

___. O império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.

ELY, John Hart. Democracia e desconfiança. Uma teoria do controle judicial de


constitucionalidade. Tradução de Juliana Lemos. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

PIEROTH, Bodo; SCHLINK, Bernhard. Direitos fundamentais. Tradução de Antonio


Francisco de Sousa. São Paulo: Saraiva, 2012.

SILVA, José Afonso da. Teoria do conhecimento constitucional. São Paulo:


Malheiros, 2014.

VERDÚ, Pablo Lucas. Teoría de la Constitución como ciencia cultural. Madrid:


Dykinson, 1998.

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