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ÉTICA PROFISSIONAL

Mediador: João Pedro Roriz


Mediador
• Psicanalista clínico
• Graduado em Comunicação
Social.
• Licenciado em História e
Filosofia.
• Pós Graduado em Docência
e Psicopedagogia.
• Mestrando em Psicologia.

Contato: (21) 998885570.


jproriz@gmail.com
ERRA UMA VEZ

Nunca cometo um erro duas vezes.


Já cometo duas três quatro cinco seis.
Até esse erro aprender
que só o erro tem vez.

(LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São


Paulo: Companhia das Letras, 2013)
Reflexão de Boaventura Santos
(2020): quando a crise é
normativa, se torna a
responsável por todos os
males.

Contraditoriamente, como
bode expiatório, a CRISE
deixa de vilã para ser
heroína. Para as iniquidades
decorrentes, há manutenção
de uma excepcionalidade
que já atua em estado de
exceção.
NOSSA META
• PARTE 1
Conceitos gerais e Ética em Aristóteles.

• PARTE 2
Ética e contemporaneidade.

• PARTE 3
Ética e teoria psicanalítica.

• PARTE 4
A ética do psicanalista.
PARTE 1
Conceitos gerais e ética aristotélica
CONCEITO GERAL
ETHOS – é a construção
social, fundamento da
estrutura do pensamento
de um povo e alicerce das
escolhas individuais.

MORES - Dispõe dos


repertórios internos do
indivíduo de onde são
produzidas poderosas
crises.
CONCEITO GERAL
TRABALHO – Conceito cujo Se hoje, é considerada uma ação
significado se transforma com o (física ou intelectual) capaz de
tempo, assim como o conceito gerar produção e riqueza, na
de ética. Grécia Antiga já foi
considerada uma atividade
Conceito associado a um discurso meramente física que não
ideológico próprio de uma depende de qualquer relação
determinada época. com a intelectualidade ou com
a produção de riqueza, apenas
Foi reconhecido por MARX (2002) manutenção de determinada
como uma forma de aderência constituição social
do homem com a natureza, previamente constituída
capaz de formar sua identidade. (NEVES, 2018)
CONCEITO GERAL

“Significado” estaria relacionado a representação social do trabalho


para os próprios trabalhadores no que se refere ao entendimento
que fazem em relação ao seu trabalho dentro do âmbito social

“Sentido” estaria relacionado ao sentimento que o trabalhador tem


em relação ao seu trabalho e como ele se sente em relação ao
trabalho dentro de seu âmbito íntimo e familiar.

NEVES (2018)
ÉTICA EM ARISTÓTELES
• ÉTICA A NICÔMACO, de PARTE IRRACIONAL
Aristóteles (335 a.C)
-Vegetativa
-Apetitiva
- Livre de mitos e sagrados
(oposição a Platão).
PARTE RACIONAL
- Bem é a felicidade,
atividade da alma.
- Puramente contemplativa,
Haveria portanto a alma
demanda apetite da parte
racional e a alma irracional, de onde surgem as
irracional virtudes INTELECTUAL E MORAL.
ÉTICA EM ARTISTÓTELES
VIRTUDE INTELECTUAL –
Resultam das instruções,
morais e dos hábitos.

VIRTUDES MORAIS –
Instruções quando
transformadas em
hábitos bons. Com o
tempo, há prazer no “agir
bem”.
ÉTICA EM ARISTÓTELES
Toda virtude, para
Aristóteles, é um meio
termo entre dois
extremos.

Coragem = entre covardia e


temeridade.
Generosidade =
Prodigalidade e maldade
Amor-próprio = vaidade e
humildade.
ÉTICA EM ARISTÓTELES
• Não pode ser medida através de • O melhor indivíduo é aquele
um método, portanto é regra que que tem amor-próprio e
permanece.
desprezo pelo indigno.
• Só pode ser medida e regida
• A virtude é recompensada e
através da JUSTIÇA e essa só pode
ser compartilhada por dois homens o vício é punido. Vício é
em estado de semelhança. aquele que viola a essência.
• Justiça ocorre quando cria-se • Contradição – As sociedades
equidade entre homens com limitam recursos à maioria.
interesses incompatíveis, de modo Aristóteles, Platão e
a alcançar a maior felicidade total – Nietzsche concordam.
independente de quem a desfrute
ou partilhe
ÉTICA EM ARISTÓTELES
• Cristãos refutam a ideia de • Para Aristóteles, é impossível
EUGENIA – mas se beneficiam dela que todos os homens
e entendem que a virtude não é desfrutem das mesmas
algo que vem do mundo externo. condições de poder.
(A eugenia é a seleção dos seres
humanos com base em suas
características hereditárias com objetivo • Ainda assim, não há relação
de melhorar as gerações futuras) entre contexto social e ética. A
virtude seria evitar o
• Democratas refutam e ideia de desvirtuamento.
EUGENIA, mas não conseguem
resolver a questão da transferência • virtude intelectual é um fim
de renda, pois resvala no em si mesmo, enquanto a
neoliberalismo e no patriarcado. virtude prática é um meio.
ARISTÓTELES GERA QUESTÕES
• Se a ética colabora com • NEM SEMPRE O BEM DO
a formação da virtude ESTADO SERIA O BEM DO
INDIVÍDUO. A PREMISSA
na produção do bem, é CONTRÁRIA DEVERIA SER A
preciso entender nos MESMA?
dias de hoje: • A ÉTICA, PORTANTO, SERÁ UM
• O QUE É O BEM? CONCEITO QUE SE
MODIFICARÁ COM O PASSAR
• ESSE BEM É TAMBÉM DO TEMPO.
SOCIAL? • APONTADA COMO FRIA E
• O BEM SOCIAL SERIA A POBRE DE EMOÇÃO. NÃO
RECONHECE O CARÁTER
SOMA DE TODOS OS
HUMANO E AS EXPERIÊNCIAS.
BENS INDIVIDUAIS?
PARTE 2
Ética e contemporaneidade
MAQUIAVEL (1469 – 1527) - Resgate do areté grego.
Ética renascentista. - Visão de planejamento e
prevenção. Sempre em virtude
- Distanciamento da moral dos fins. Valor na estabilidade.
cristã diante da nova
realidade política na Itália.
- Crise moral.
- Divisão entre SER e o
DEVE SER.
- Alienação à “verdade
efetiva das coisas” do que
do ideal (pragmatismo).
- Conceito de soberania e
de representatividade.
JEAN JACQUES ROUSSEAU -Os direitos civis são
(1712 – 1778) relacionados às decisões
Ética na modernidade humanas promulgadas pelo
poder civil.
-Ética está ligada à relação do
homem com a Lei e com os
contratos sociais que ele
“assina”.
-Responsabilidade civil.
-Convivência é a razão e a
natureza que coincidem entre
os homens.
- O direito natural reflete a
racionalidade e a ordem da
Criação divina.
JEAN JACQUES ROUSSEAU - Para haver contrato, é
(1712 – 1778) preciso haver liberdade de
Ética na modernidade decisão para
consentimento.
-Direito Civil Positivo visa a -Qualquer pacto exige
utilidade e é sustentado liberdade individual
pelo consentimento dos
cidadãos.
- Direito Natural pertence à
vida e ao direito de
dignidade.
- o contrato é um direito
natural à vida, à liberdade e
à sobrevivência.
IMMANUEL KANT (1724-1804)

Para I. Kant, todo homem


deveria ser intuído de um
"imperativo categórico", isto é,
uma lei que diz que toda
função humana deve ter “um
fim em si próprio” e não se
constituir apenas “em um
meio”. Kant diz ainda que
autonomia e dignidade humana
são objetivos para todas as
ciências éticas e que o interesse
científico, à priori, não deve
estar acima do autocontrole do
individuo humano.
3 FÓRMULAS DO IMPERATIVO CATEGÓRICO

1 – LEI UNIVERSAL.
Sua ação vista como Lei Universal.

2 – FIM EM SI.
O bem praticado por si, porque é bom e faz bem.

3- LEGISLADOR UNIVERSAL
Sua vontade deve poder encarar a si mesmo.
CIENTIFICISMO
Ética no século XIX
• Estruturalismo.
• A ciência acima das necessidades individuais.
• Vazão da razão em detrimento da emoção, da subjetivação e
de qualquer visão litúrgica considerada experimental ou
bárbara.
• Forte tendência positivista, conservadora e cristã.
• Foco no método científico e na vida urbana e social.
• Pragmatismo que leva a humanidade aos horrores da Primeira
Guerra Mundial.
• Revisto após os experimentos humanos feitos pelos nazistas na
Segunda Guerra Mundial.
BELLE ÉPOQUE
ANTES DE FREUD E BREUER
Na antiguidade – “Hystera” possuía Século 17 – A Histeria é atribuído
conotação hoje reconhecida como apenas às mulheres, resultado de
“doença do útero”. Acreditava-se retenção de líquidos ou resultado
que mulheres com comportamentos das oscilações de humor. O
distintos do considerado regular tratamento era o sexo consentido
pelos gregos do século VI possuíam com o marido.
um “útero errante”, algo discutido
posteriormente pelos filósofos
humanistas. Século 19 - Esse “tratamento” passa
a ser estimulatório através da
No Medievo – O comportamento que masturbação consentida,
não poderia ser corrigido pela igreja realizada pelo médico com o
era considerado a representação de dedo, ou com o chuveiro. Nesse
um mal diabólico ou de uma ambiente teria sido inventado o
possessão. Essa visão é revista no vibrador, junto com a descoberta
século 17 com as experiências da energia elétrica (hipótese
médicas proposta pelos luteranos levantada por Rachel Maines e
em espaços de convivência onde bastante criticada por
eram depositados os doentes historiadores).
mentais.
PROPOSTA DE FILME
PROPOSTA DE FILME
ANTES DE FREUD E BREUER
Charcot – é o primeiro a Breuer – É quem convida o
dizer que se trata de uma amigo Freud, na época
questão física elaborada um jovem neurologista a
pela mente. Entende que estudar com
histeria também pode profundidade a histeria
ser masculina. de mulheres em seu
consultório. Freud abraça
Rousseau – “A doença se os estudos e supera
explica pelo desejo Breuer em suas primeiras
natural não realizado análises, o que causa
pela mulher”. atrito entre os dois.
Hipnose
DIFERENÇA ENTRE OS DOIS AUTORES
Breuer está mais preocupado em Freud está mais interessado
encontrar um “elo perdido” na compreensão da origem
entre os aspectos emocionais dos traumas e de seus
e as doenças psiscológicas simbolismos que darão
com o corpo. Sua linguagem é
origem aos fenômenos
mais voltada para o campo da
histéricos – principalmente
medicina e da anatomia e na
busca por respostas práticas
as com sintomas
que podem ser utilizadas no convergentes.
consultório. Faz as primeiras
descobertas que abriria Seus estudos geram mais
espaço para a descoberta da perguntas que respostas, o
própria Psicanálise freudiana. que cria cisão com o autor
mais velho.
FREUD CHOCA A ÉTICA POSITIVISTA
• Freud desconstrói a • Revela conhecimentos
ideia de uma “natureza sobre uma desconhecida
do homem”. sexualidade infantil.
• Revela as pulsões • Transcende o atendimento
médico-fisiológico.
primitivas do homem.
• Constrange os colegas com
• Deflagra que o homem
exploração de seus
pode regredir. próprios ressentimentos e
• Deflagra que o homem necessidades psicológicas.
não está totalmente no
comando de sua razão.
PARTE 3
Ética e teoria psicanalítica
ÉTICA NA CONTEMPORANEIDADE
• A ética está hoje • A ética reterá parte da
relacionada ao Humanismo cultura ocidental/oriental e
(substituto do Positivismo se atrela a um sentimento de
após a 2ª guerra mundial). dever, sempre aliado às
• Atua sobretudo no Sujeito responsabilidades sociais.
da Responsabilidade: • A moral colocará o Homem
resposta por suas decisões. em relação com sua própria
• É portanto impossível falar ação. Será uma direção
pessoal que clama por um
de ética sem contudo falar
ideal de conduta diante do
sobre igualdade, direito de
DESEJO de realização.
fala e liberdade.
• A Psicanálise ajuda a
equacionar essa relação.
ACOLHIMENTO
Muitas pessoas chegam aos consultórios de Psicanálise
nessas condições.

É preciso, diante da dor do outro, partir da base em que


ele se encontra. Vestir o lugar do cliente e não julgar suas
ações, mas fazer o caminho que W. Bion nos ensinou:
acolher, nomear, identificar, desintoxicar e devolver.

Cuidar da autoestima do paciente, ajudá-lo a separar o


ego das fantasias e dos simbolismos e contribuir para sua
autonomia em relação aos outros.
SER ANIMAL VS SER SOCIAL
• Como a ética está pautada • O GOZO passa a ser
em valores relacionados entendido como resultado
ao dever social e à da obediência a uma ordem
responsabilidade, haverá psíquica de prazer, que
choque do sujeito com seu conduz a uma servidão e
DESEJO primário. uma submissão ao
imperativo categórico.
• A MORAL será também
• A Psicanálise prega a
afetada pelo
libertação do desejo,
individualismo e pelo
quando as ações sociais
entendimento de que a impelem o sujeito a uma
vida precisa produzir obrigatoriedade. Qual é a
prazer. solução?
SER ANIMAL VS SER SOCIAL
• Para FANI (2006) a busca • Assim, a Psicanálise em
pelo prazer é insaciável e tempos contemporâneos
inesgotável. É um objeto pregará a intenção de
que não pode ser achado. tornar consciente os atos
Essa busca precisa, portanto
inconscientes.
se adaptar ao pacto social e
a ética. • LACAN (1958) em Ética
• Propõe busca íntima com da Psicanálise, fala em
destino à pretensa “Bússola ética”, um
felicidade, desde que possa, orientador para as ações
ao mesmo tempo que toma que buscam aliviar e
decisões, ser capaz de arcar gozar as pulsões do ID.
com essas obrigações.
SER ANIMAL VS SER SOCIAL
• O desenvolvimento social • Para FREUD (2017), o estímulo
nasceria da relação humana e o desejo (de satisfação) criam
e seu fracasso geraria a angústias quando encontram
auto-julgamento impiedoso. resistências. Montam-se dois
• Lacan também fala em palcos dissonantes: o real e o
“Crédito Moral”, conseguido ideal. O resultado, no
ao sustentar o juízo neurótico, é a CULPA, herdeira
defendido pela cultura, do Édipo e da castração dela
mesmo quando as pulsões decorrente que falam sobre o
incoscientes emergem e desejo de conquista da mãe e
fissuram esse pacto ao do parricídio.
golpear as resistências da • A castração seria portanto, um
moralidade. vetor necessário para a
construção do SUPEREGO.
CONCEITOS
CONCEITO DE GOZO • CONCEITO DE CULPA

Componente fundamental do Masoquismo moral. Age de


funcionamento psíquico. acordo com ideais
Deve ter, juridicamente, internalizados e operam
direito de fruir de um bem de modo repressivo. O
até exauri-lo, desde que se sujeito se compara com o
arque, posteriormente, OUTRO enquanto tenta
com as devidas conciliar seus ideais com a
consequências. cultura, gerando
ANGÚSTIA. Logo, promove
atos contra si e contra “o
outro que me criou”.
REPRESSÃO PARA A PSICANÁLISE
-Para LACAN (1958), o que dá forma à proibição corresponde ao
modo pelo qual o desejo se apoia no CONJUNTO DE
SIGNIFICAÇÕES que representam sua domesticação.
- A MORAL SEXUAL CIVILIZADA, tece fronteiras que cercam o
pudor e o obceno (lei aristotélica).
- O significante paterno interliga-se com o SUPEREU, guardião e
cúmplice da LEI e formador de um JUÍZO sobre nossas ações.
-Toda perturbação do SER SOCIAL decorre quando o desejo do
incesto e o decorrente medo da castração revolvem o inconsciente
diante de um OUTRO que emerge sem ser anunciado. Para Freud
em TOTEM E TABU, isso ocorre por conta do impulso primitivo que
o homem possui em destronar o líder e matá-lo para distribuição
de seus poder.
Sabemos que, apesar da Filosofia “BANZO”, de Jaci Santos.
defender o imperativo categórico, MARGS – Porto Alegre.
vivemos em um mundo baseado
em interesses materiais. Nesse
universo, o homem (ou o seu
talento) também se torna objeto
de comercialização. A derrocada
do ego muitas vezes nasce da
invasão do externo ao mundo
interno. Para compensar
tamanhas perdas e pressões, há
quem se prenda ao simbólico e se
deixe levar pela fantasia, pelo
devaneio ou pela ilusão para que,
em um processo de deformação
da realidade, possa haver um
espaço de conforto e de controle
da realidade.
PARA A PSICANÁLISE
É fundamental perguntar-se sempre que possível:

"o que peço para os outros fazer, é algo que eu gostaria


para mim"?

Visão ética: antes da tomada de decisão, é sempre muito


bom indagar-se: “Eu gostaria que fosse universal esse
imperativo que desejo para o outro?”.

Visão psicanalítica: sei separar o “eu” do “outro”? Eu cuido


do meu ego e sou autônomo para as minhas tomadas de
decisão?
PARTE 4
Ética do psicanalista
PAR ANALÍTICO
Para haver terapia, a Que o analista possua:
priori, é preciso que o - Desejo analítico (pulsão)
paciente possua: - Conhecimento teórico e
experiência.
- Fidelidade à linha
-Angústia (conteúdo).
psicanalítica.
-Transferência. -Respeito ao trinômio
-Pacto com analista. (expressão algébrica de três termos)
psicanalítico.
-Liberdade de expressão.
- Capacidade continente.
-Desejo (pulsão). - Neutralidade.
“DOMINE TODAS AS TÉCNICAS, MAS
DIANTE DE UM SER HUMANO, SEJA
APENAS OUTRO SER HUMANO”

Carl Jung (1875-1961)


A METAFÍSICA DO SER
O “vir a ser” será melhor do que o
“ser”, para Heráclito de Efeso.

Tudo flui, tudo navega em um devir.

Para Freud: não estamos no comando


de todas as nossas ações.

Nossas ações são supradeterminadas.


A METAFÍSICA DO SER
Outro: o não-eu.
Eu: ser autônomo capaz de Descartes (1596-1650)
legislar sobre a própria
existência.
Como ter certeza da existência
do “eu”? Ainda mais, como ter
certeza da existência do outro?

Para DESCARTES: Penso,


portanto existo.

Para LACAN: Existo onde não


penso.
O HOMEM PODE SE LIVRAR DA JUSTIÇA POR
ATOS INCONSCIENTES?
• No parecer forense do • Há o chamado “VETO AO
CASO HALSMANN (1931), PARRICÍDIO”, citado em
Freud demonstra que atos Totem e Tabu, que forma
criminosos podem ser no campo simbólico um
cometidos pela reconhecimento do
consequência de um Édipo Homem de que o desejo
mal resolvido, mas que isso sexual está sob os
não deve ser apontado auspícios da proibição
como escusa para para a garantia da
incriminar ou absolver, pois
manutenção de um
é íntimo e comum.
acordo tácito e civilizador.
A METAFÍSICA DO SER
O outro é como eu?

O homem é um animal social. Viver


em comunidade é fundamento de
subsistência.

Sempre haverá CONFIANÇA e


DESCONFIANÇA.

A importância do MÉTODO, do
RESPEITO á experiência do outro e o
NÃO JULGAMENTO no SET, mesmo
diante das TRANSFERÊNCIAS e dos
ACTINGS (movimento regressivo que vai do
pensamento ao ato ).
ÉTICA DO ANALISTA
• Reconhecer a verdade • Não mudar o set analítico.
psiquica e separá-la da • Não sociabilizar com o
verdade material. paciente.
• Ser continente das • Entender que exceções
informações dispostas no fazem parte das regras,
set. desde que justificadas e
• Reconhecer as legitimadas pelo supervisor.
contratrasferências e a • Sempre falar a verdade no
transferência do analista.
set.
• Recorrer ao supervisor no
• Conhecer os próprios limites
primeiro caso e ao analista
e encaminhar o paciente
no segundo caso.
quando necessário.
ÉTICA DO ANALISTA
• Lembrar que o set é um • Ter disciplina com horários e
espaço do cliente. organização dos clientes.
• Nunca estimular a • Não buscar saciedade pessoal
transferência. no paciente.
• Ter responsabilidade em • Direcionar o discurso do
casos de catexia. paciente para as zonas de
análise e de investigação, sem
• Respeitar o tempo do
contudo falar pelo paciente
paciente. ou impedi-lo de se expressar.
• Não diagnosticar. • Buscar na literatura
• Tratar doentes e não a psicanalítica formas de
doença. atuação analítica.
ÉTICA DO ANALISTA
• Ser psicanalista é abraçar um estilo de vida, uma forma de
linguagem.
• Atue apenas em ambientes profissionais.
• Sempre seja remunerado por seu trabalho.
• Lute pela LIBERDADE de atuação do psicanalista. Se engaje
politicamente em sua Associação.
• Respeite as outras linhas da psicologia e outras formas de
análise.
• Saiba quando a Psicanálise deverá ser utilizada como forma
de aplicação e não como análise propriamente dita (Ex:
casos de traumas, de psicoeducação, de consultoria e de
tratamento a transtornos de personalidade).
BIBLIOGRAFIA
• ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martins Claret, 2016.
• FANI, Hiszail. A ética da Psicanálise. Revista Brasileira de Direito
Constitucional, n8. jul-dez. 2006.
• FREUD, Sigmund. Fundamentos da Clínica Psicanalítica. Belo Horizonte:
Autêntica, 2017.
• _____________. Totem e Tabu, 1977.
• LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
• LACAN, Jacques. Ética da Psicanálise. 1958.
• MARX, Karl, Engels, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.
• MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da Complexidade. São
Paulo: Pax, 2010.
• RUSSEL, Bertrand. A história da Filsofia Ocidental. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2015.
• SANTOS, Boaventura de sousa. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra:
Almedina, 2020.

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