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A “virtude da prudência” era vista como algo essencial do ser humano, uma
virtude carregada de essencialidade, que permitia o indivíduo ter uma convivência em
sociedade de forma equilibrada. Ela o auxiliaria na compreensão adequada da fé cristã,
assim como a busca por viver uma vida equilibrada em meios as dimensões da vida
humana isso inclui a liberdade pessoal e a obediência, a fé e a razão. Em resumo implicava
o escrutínio das circunstâncias e a escolha do melhor curso de ação.
“... pois são quatro os sujeitos da virtude que estamos falando aqui, a saber: o
racional por essência, que a Prudência aperfeiçoa, e o racional por participação,
que se divide em três, ou seja, a vontade, sujeito da justiça; o apetite
concupiscível, sujeito da temperança e o irascível, sujeito da fortaleza.”
(Aquino, Tomás de. Suma Teológica. Iª IIªe, v.IV, Q. 61, a. 2. São Paulo:
Loyola, 2004)
Ele atribui um papel notável à virtude da prudência, para ele era a principal
virtude, a rainha, a mãe das virtudes. Segundo Aquino, a prudência é a capacidade de
distinguir entre o bem e o mal em uma situação específica e escolher o curso de ação mais
apropriado para alcançar o resultado desejado. No entanto, não depende de regras ou
preceitos rígidos, mas sim de uma avaliação cuidadosa das circunstâncias particulares e
não pode ser reduzida a um conjunto de diretrizes ou regras, mas, uma habilidade que
deve ser aprendida através da reflexão e da experiência.
Além disso, Tomás de Aquino enfatizou que a prudência não é uma virtude
isolada, mas está intimamente relacionada com outras virtudes fundamentais. Entre as
virtudes intelectuais e morais, a virtude moral pode existir sem alguma virtude intelectual,
como sabedoria, ciência e arte, mas nunca sem inteligência e prudência moral. Estas duas
qualidades são necessárias para que haja um objetivo em mente e os métodos adequados
para alcançar esse objetivo.
Portanto, a prudência não deve ser vista como uma habilidade individual, mas
como uma virtude que exige cooperação e unidade. Com efeito, compreende não só a
virtude intelectual no que diz respeito ao conhecimento, mas também virtude moral
representando não só a ligação entre o domínio do conhecimento dos princípios e uma
única ação, mas sobretudo a ligação entre a disposição ao fim último da vontade e a
escolha concreta.
A prudência foi vista como uma virtude essencial que permitiu viver na sociedade
e envolveu pesar todas as opções disponíveis antes de escolher o melhor curso de ação.
A importância de respeitar as autoridades religiosas e políticas, bem como a ênfase nas
hierarquias sociais, foram críticas da sociedade medieval. Reconhecer o certo do errado
e aderir às leis e normas estabelecidas eram consideradas virtudes nesta situação. A
crença era que a sabedoria permitiria a um indivíduo alcançar um equilíbrio entre
liberdade pessoal e submissão, evitando a censura da autoridade, mantendo as regras
atuais.
“É necessário, pois, que lhes sejam acrescentados por Deus certos princípios
pelos quais ele se ordene a bem-aventurança sobrenatural, tal como está
ordenado ao fim que lhe é conatural por princípios naturais que, porém, não
excluem o auxílio divino. Ora, esses princípios se chamam virtudes teologais,
primeiro por terem Deus como objeto, no sentido que nos orientam retamente
para ele; depois por serem infundidos só por Deus; e, finalmente, porque essas
virtudes são transmitidas unicamente pela revelação divina, na sagrada
escritura”. (Aquino, Tomás de. Suma Teológica. Iª IIªe, v.IV, Q. 62, a. 1. São
Paulo: Loyola, 2004)
AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. IIª Seção da IIª Parte, Introdução e notas das
virtudes teologais por Antonin-Marcel Henri e da prudência por Albert Raulin. São Paulo:
Loyola, 2004.
AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. V. I, III e IV. São Paulo: Loyola, 2004.
TORREL, J-P. Iniciação a Santo Tomás de Aquino. Sua pessoa e sua obra. Trad. Luiz
Paulo Rouanet. Ed. Loyola, São Paulo, 1999.