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Sumário

Introdução

Capítulo I
Definição de ética
Consciência moral e liberdade
Movimentos éticos
Diferentes tipos de Ética
Funções da ética
Relativismo Ético X Ética objetiva
Ética cristã

Capítulo II
O cristão como sujeito da ética
Liberdade para agir
Base da ética cristã
O ser humano a Imagem de Deus
Os deveres éticos do cristão

Capítulo III
Biotecnologia
Bioética
Abrangência da bioética

Capítulo IV
Ética ministerial
A ética do obreiro
Ética na família
Ética na igreja
Ética com outros obreiros
Ética no culto
Conclusão
Bibliografia
Introdução

A ética cristã é um conjunto de regras de conduta, que tem seu fundamentada


na Palavra de Deus. Para o cristão, a regra de fé e pratica é a Bíblia Sagrada, é ela
que ensina o que é certo ou errado. “O fruto do Espírito está em toda a bondade, e
justiça e verdade, aprovando o que é agradável ao SENHOR.” (Ef 5.8-10).
Neste livro será abordado à ética, e mais especificamente a ética cristã, pois
contém os valores morais que norteiam a vida do cristão. Estudaremos a ética cristã,
tendo como principio norteador a Bíblia Sagrada.
O primeiro capítulo abordará definição da ética, consciência moral e
liberdade. Trataremos dos diferentes tipos de ética, sua perspectiva. Terminaremos
este primeiro capítulo abordando a ética cristã.
No segundo capítulo trataremos da vida cristã, sua liberdade, as bases da
ética cristã. O ser humano cristão tem maiores responsabilidades éticas do que os
demais, veremos isso através dos deveres que aqui serão apresentados.
O terceiro capítulo trará uma análise sobre biotecnologia, bioética e sua
abrangência. Analisaremos a biotecnologia, e de forma mais minuciosa a bioética,
tratando de assuntos como técnicas reprodutivas, eutanásia, são assuntos que
devem ser conhecidos dos cristãos;
O quarto e último capítulo traz o obreiro como matéria a ser estudada. Este
por sua vez deve ter um posicionamento, deve ter uma conduta condizente com os
parâmetros estabelecido por Deus. Veremos quais os requisitos para ser um obreiro
e quais são as responsabilidades que esta honra acarreta.
Capítulo I

Definição de Ética

Ética é a ciência (estudo) que se ocupa com a conduta do ser humano,


concentrando sua responsabilidade pela organização da vida na sociedade e
perante Deus. Ética é a ciência normativa do agir humano em vista do seu fim
último. A partir dessa definição, a ética pode ser descritiva e normativa.
Ética descritiva significa que a atarefa da ética consiste em analisar e
descrever a história da conduta do ser humano. Ética normativa trata do
comportamento do ser humano. A ética normativa pressupõe a existência da
verdade. Para detectá-la necessita-se de normas a partir da verdade. Desta forma
pressupõe-se que o ser humano tenha liberdade para agir desta ou daquela
maneira.
Para Cotrim1, a ética abrange as normas morais e as normas jurídicas. As
normas morais são regras éticas que tem como base a consciência moral das
pessoas ou de um grupo social e podem se estender por toda uma coletividade
mediante os costumes e tradições presentes em determinado meio social. Já as
normas jurídicas são regras ético-social, que têm como base o poder do Estado
sobre a população que habita seu território. Assim, uma das principais
características da norma jurídica é a coercibilidade, ou seja, a norma jurídica contra
a força e a repressão potencial do Estado para ser obedecida pelas pessoas.
Exemplo: quando alguém desrespeita uma norma moral, sua atitude ofende a
moralidade de um grupo, que não tem poderes para promover uma punição. Por
outro lado, se uma pessoa desrespeita uma norma jurídica prevista por lei, sua
atitude provoca a ação do Estado, que pode impor uma pena ao infrator.

Consciência moral2 e liberdade

1
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: ser, saber e fazer. São Paulo: Saraiva, 1995, p.257.
2
O termo moral precede do latim mores que originalmente significa “costume” e em seguida passou a
significar “modo de ser”, “caráter”. Moral denota os diferentes códigos morais concretos. A moral
responde à pergunta “O que devemos fazer?” e a ética “Por que devemos?”.
A consciência é o sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano
viver, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior,
é a percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em
atos e motivos individuais. Ou seja, o ser humano possui a capacidade moral 3,
capacidade que o faz compreender própria conduta e formular juízo sobre os atos
passados, presentes e as intenções futuras.
O ser humano tem mais liberdade de decisão do que qualquer outro ser.
Podemos dizer que o ser humano não tem um comportamento pré-estabelecido ou
determinado. A liberdade de decisão traz com sigo o risco de acertar ou errar.
Porém a liberdade de decisão também possibilita desenvolver sua criatividade, suas
faculdades.

Movimentos éticos

Epicurismo é uma ética hedonista, isto é, uma explicação moral como busca
de felicidade entendida como prazer, como satisfação de caráter sensível. Essa
escola foi fundada por Epicuro de Samos (341 – 270 a.C.). Para ele, o sábio é
aquele que for capaz de calcular corretamente quais atividades proporcionam maior
prazer e menor sofrimento. Portanto as duas condições para ser sábio e feliz são o
prazer e o entendimento reflexivo para ponderar estes prazeres.
Estoicismo agrupa um grupo de autores gregos e romanos. Zenão de Cítio é
o fundador (335 – 264 a.C.), mas teve cooperadores como Posidônio, Sêneca,
Epicteto e o imperador romano Marco Aurélio. Caracteriza-se por uma ética em que
a imperturbabilidade, a extirpação das paixões e a aceitação resignada do destino
são as marcas fundamentais do homem sábio, o único apto a experimentar a
verdadeira felicidade.
Tomas de Aquino afirma que a felicidade perfeita está em contemplar a
verdade que se identifica com o próprio Deus. Esta verdade divina identifica-se com
3
A filosofia moral é a investigação cientifica e uma filosofia de julgamentos morais que declaram a
conduta boa, má, certa ou errada. Isto é, o que deve ou não deve ser feito.CHAMPLIN, R. N.
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos Vol. 2 D – G 2001, p.554.
a lei eterna que rege providencialmente o universo e se expressa nos conteúdos da
lei natural. Esta lei contém o primeiro princípio imperativo: “Fazer o bem e evitar o
mal”.
Formalismo kantiano: Kant defendia a concepção moral que identificava o
bem ao cumprimento puro e simples do dever. A fonte do dever é a razão humana,
que elabora normas orientadoras de nossa conduta.

Diferentes tipos de Ética

Podemos dividir a ética em vários tipos: ética social, ética política, ética
religiosa entre outras. A ética social abrange os princípios que norteiam a vida em
sociedade, ou seja, do espaço privado (familiar) ao espaço público (trabalho, escola,
comunidade). A ética política fala dos princípios de condução e administração do
bem público. Em termos genéricos podemos definir ética social como a que contém
um conjunto de normas e valores que formam determinados pela conduta da
sociedade. Inspirado num otimismo antropológico que aposta na evolução da razão
humana, rumo à perfeição.
Embora a ética social possa fornecer critérios para agir na sociedade, no
fundo, ela defende um relativismo de valores.
A ética cristã pressupõe o novo ser humano partir de Cristo como sujeito da
ética. Portanto, o que determina a ética cristã não são circunstâncias do contexto
humano, mas seu alvo maior que é o reino de Deus. Os Dez mandamentos formam
a moldura externa da ética cristã, porém não se limita a eles. O objetivo maior da
ética cristã é o reino de Deus. O evangelho traz e possibilita a renovação do ser
humano. A ética cristã acontece no senhorio de Deus (Mt 6.10) – Venha o teu reino;
faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu 4.

Funções da ética

4
WIESE, Werner. Ética fundamental: critérios para crer e agir. São Bento do Sul: Ed. União Cristã:
FLT, 2008, p.146.
A ética tem a função de esclarecer o que é a moral 5, quais são seus traços
específicos, fundamenta a moralidade6 e aplicar aos diferentes âmbitos da vida
social os resultados obtidos da moral e da moralidade.

Relativismo Ético X Ética objetiva

Admitindo uma multiplicidade de valores e códigos morais, alguns pensadores


defendem a teoria do relativismo ético. Nesta concepção, a moral é fruto do padrão
vigente. E este varia com a história e a geografia. Desta forma a ética depende da
cosmovisão da sociedade, a qual cria laços e normas para que a vida em grupo
possa existir com certo grau de ordem.
Ao contrário do relativismo ético, existem filósofos que afirmam ser possível
estabelecermos um conjunto de valores válidos para os seres humanos. Entre os
defensores de uma ética objetiva podemos destacar pensadores que se inspiram no
conceito da “natureza humana” e outros nos valores filosóficos cristãos.
O humanismo é a postura filosófica que não quer afirmar ou negar a
existência de Deus, pois busca no conhecimento profundo da natureza humana a
fundamentação para as normas éticas e os valores que devem orientar nossa vida
individual e coletiva.
Chegamos ao ponto culminante deste capítulo, ao introduzirmos o conceito de
ética cristão. A palavra de Deus talvez não cobre cada situação que temos que
encarar em nossas vidas, seus princípios nos dão os padrões pelos quais pelos
quais devemos agir nas situações onde não temos instruções explícitas. Por
exemplo, a Bíblia não diz nada diretamente sobre o uso de drogas, no entanto,
baseado nos princípios que aprendemos das Escrituras, podemos saber que é
errado. Devemos cuidar do corpo porque é templo do Espírito Santo (1Co 6.19,20).
5
Moral vem do latim mos e originalmente significa vontade, intenção ou intento e é, por assim dizer
sinônimo de ética. O filósofo grego, Cícero, traduz o termo grego êthos com mos. Portanto,
linguisticamente não existe uma diferença significativa entre ética e moral nem há motivo para
desqualificar a palavra moral. J.M.Vasquez. Ética, in: Dicionário de ciências sociais. Benedito Silva.
Rio de Janeiro, 1987, p.433.
6
Moralidade é qualidade, característica do que é moral, do que segue os princípios da moral.
Conjunto dos princípios morais, individuais ou coletivos, como a virtude, o bem, a honestidade a
moral.
Conforme João 3.3 somente o nascimento espiritual nos capacita a viver de
modo a agradar a Deus. O cristão agora é sal da terra e conforme (Mt 5.13), tem a
responsabilidade de conservar sua identidade com Deus e de ser agente de
equilíbrio no meio em que vive. A partir da conversão, podemos destacar três
dimensões de responsabilidade: perante Deus; perante o próximo e no meio
ambiente de forma mais ampla.

Ética cristã

Ética teológica e/ou cristã e ética social não se funde em uma só ética. A
partir da Bíblia, os valores servem para avaliar atitudes humanas e para poder dizer
se uma atitude é boa ou má, certa ou errada. A noção de certo e errado está
presente em todas as culturas, porém a forma de defini-los não é igual, cada cultura
segue padrões próprios. A ética cristã tem elementos distintivos em relação a outros
sistemas, pois é a ciência da conduta humana que se determina pela conduta divina.
Os fundamentos da ética cristã encontram-se na Bíblia Sagrada, entendidas como a
revelação especial de Deus aos seres humanos.
A ética é importante para a vida diária do cristão. A cada momento
precisamos tomar decisões que afetam a outros e a nós mesmos. A ética cristã
ajuda as pessoas a encarar seus valores e deveres de uma perspectiva correta, a
perspectiva de Deus. Ela mostra ao ser humano o quanto está distante dos alvos de
Deus para a sua vida, mas o ajuda a progredir em direção a esse ideal.
Podemos declarar em uma só sentença a totalidade do dever social e moral
do ser humano, podemos fazê-lo com as palavras de Jesus: “Amarás o SENHOR
teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... e
amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37,39).
O evangelho traz e possibilita a renovação do ser humano. A ética cristã
acontece no senhorio de Deus, (Mt 6.10) – Venha o teu reino; faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu7.
O objetivo da ética teológico-cristã é a salvação do mundo criado por Deus. A
missão mais urgente da pessoa crente em Jesus Cristo e da comunidade cristã é
7
WIESE, 2008, p.146.
proclamar o evangelho (Mt 28.18-20; At 1.8; Jo3. 16; 2Tm 1.10). Proclamar o
evangelho é falar de forma clara que existe somente um caminho que resgata o ser
humano da via da morte: Jesus Cristo (Jo14. 6).

Exercícios:

1. Conceitue ética:
_____________________________________________________
_____________________________________________________

2. Diferencie ética descritiva de ética normativa:


______________________________________________________________
___________________________________________
3. Qual a característica que diferencia o ser humano dos animais? Explique:
______________________________________________________________
___________________________________________
4. Quais são os tipos de ética?
______________________________________________________________
____________________________________________
5. Cite as funções da ética:
______________________________________________________________
____________________________________________
6. Descreva a ética cristã e cite a principal missão do indivíduo crente:
______________________________________________________________
____________________________________________

Capítulo II

O cristão como sujeito da ética


No Sermão do Monte, Jesus foi enfático ao afirmar que não veio descumprir a
Lei, e, sim, cumpri-la. A ética dos dez mandamentos dá suporte à ética cristã, de
modo marcante e aperfeiçoado por Cristo.
O Sermão do Monte tem o decálogo como máxima da Lei, Jesus trouxe uma
nova maneira de cumprir a Lei, valorizando o interior, muito mais do que o exterior.
Tal entendimento é fundamental para a consistência e solidez da ética cristã. Cristo
também aprofundou o cumprimento do decálogo, formulando uma obediência mais
exigente do decálogo. Ele fundamenta tal obediência numa atitude consciente, que
brota do interior do ser, e não do cumprimento legalista de atos exteriores 8. Deus
prometeu isto a Ezequiel:
Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês, tirarei
de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu
Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a
obedecerem fielmente às minhas leis (Ez 36.26,27).
Em (Gn 1.27,28), o ser humano é descrito como sendo a imagem e
semelhança de Deus. O ser humano é a coroa da criação, ou seja, esta acima da
criação não-humana. Em relação a Deus, o ser humano esta abaixo Dele. Isso lhe
confere dignidade, pois não precisa bancar Deus, pode assumir seu lugar diante do
próprio Deus e dentro da criação. Isso significa que o ser humano partilha, ainda que
de modo limitado, do caráter moral de Deus. Deus requer uma conduta ética dos
seres humanos: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 19.2; 20.26; 1Pd1. 16). Há
três tipos de leis no Antigo Testamento, as leis cerimoniais, leis civis e leis morais.
Estas leis têm por objetivo aproximar o ser humano com Deus e com o seu próximo.
A síntese da lei moral está expressa nos Dez mandamentos (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21).
Os profetas também trazem preceitos éticos, principalmente Isaías, Oséias, Amós e
Miquéias. Sua ênfase abrange conceitos éticos individuais e sociais. Eles descrevem
a incoerência em seu relacionamento com Deus (Is 1.10-17; 5.7,20; 10.1,2; Os 4.1,2;
6.6-10; Am 5.12-15,21-24; Mq 6.6-8).
No Antigo Testamento, os atos exteriores falavam mais alto, e eram levados
em consideração em termos de julgamento das ações, Cristo procurou mostrar que,
para ELE e para Deus, o mais importante é o íntimo do coração do ser humano.

8
LIMA, Elinado Renovato de. Ética Cristã. Confrontando as questões morais do nosso tempo. Rio de
Janeiro: Ed. CPAD, 2ª ed, 2002, p.32.
Jesus produziu perplexidade aos seus ouvintes com sua interpretação dos Dez
mandamentos9. No ensinamento de Jesus sobre o amor ele diz:
Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os
perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos
céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva
sobre justos e injustos Mt 5.44,45.
Desta forma Jesus eleva o sentido do amor. No Antigo Testamento,
cumpriam-se os mandamentos e estatutos, em Israel, de modo formal. Jesus deu
aos mandamentos um sentido mais elevado, tornando-o instrumento de justiça e do
amor de Deus. Outro exemplo a ser citado é a parábola do bom samaritano (Lc
10.25-37). Nela Jesus define o próximo como alguém que tenha necessidades a que
eu possa atender, cristãos e não cristãos. Outro exemplo o fariseu evitava o
homicídio, o cristão evita o resentimento e o ódio (Mt 5.21-26). O judeu cuidava para
não cometer adultério, o cristão preocupa-se com o pensamento puro (Mt 5 27-32).
Paulo baseia sua ética me Jesus, e para isso usa a expressão “em Cristo” (Gl 2.20;
Fp 2.13). Paulo fala para o cristão, que o viver ético é fruto do Espírito (Gl 5.22,23),
isso abrange cristãos, não cristãos e a sociedade.

Liberdade para agir

O ser humano é convocado para agir com liberdade. É evidente que não se
trata de uma liberdade absoluta. A liberdade esta condicionada em duplo sentido.
Está condicionada a Deus, como cristão. E a liberdade está condicionada ao
pecado, isto é, o ser humano age como pecador. Portanto, trata-se de liberdade de
escolha, o que vai fazer ou não vai fazer, que atitude vai tomar ou não tomar. Dessa
forma a liberdade de agir é uma característica que diferencia o ser humano dos
outros seres vivos. Os seres vivos são ricos em instintos e pobre em decisão, o ser
humano é pobre em instintos e rico em decisões 10.
A decisão do ser humano de pecar não apenas inclui as ações individuais,
como mentir roubar ou matar, mas também as atitudes que são contrárias à atitude

9
LIMA, 2002, p.34
10
WIESE, 2008, p.87.
que Deus requer de nós. Portanto, uma vida que agrada a Deus tem pureza moral
não somente em ações, mas também nos desejos do coração 11.
Paulo diz: “Quando, pois, os gentios, que não tem lei, procedem, por
natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para
si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração,
testemunhando-lhes também a consciência e os seu pensamentos,
mutuamente acusando-se ou defendendo-se” Rm 2.14,15 12.
O grande adversário da verdadeira liberdade é o pecado e a sua degradação.

Base da ética cristã

Como vimos anteriormente à ética cristã tem por base a Bíblia Sagrada. O
decálogo, os profetas, os ensinos de Jesus “Sermão do monte”, são algumas das
bases da ética cristã. O decálogo teve como propósito regular o comportamento do
homem perante Deus, a sociedade e si mesmo. As doutrinas do homem e do
pecado descrevem quem é o ser humano e qual sua situação diante de Deus.

O ser humano a Imagem de Deus

Podemos definir o ser humano da seguinte forma: o ser homem à imagem de


Deus significa que ele é semelhante, ou seja, o ser humano representa Deus.
Grudem descreve a imagem e semelhança como:
O fato de ser o homem à imagem de Deus significa que o homem é como
Deus nos seguintes aspectos: capacidade intelectual, pureza moral,
natureza espiritual, domínio sobre a terra, criatividade, capacidade de tomar
decisões éticas e imortalidade [ou alguma declaração equivalente] 13.
O ser humano pecou, e sua pureza moral se perdeu, seu intelecto está
corrompido pela falsidade e pelo engano, porém ainda assim continua sendo a
imagem e semelhança de Deus, o Novo Testamento confirma isso quando em Tiago

11
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.781.
12
GRUDEM, 2009, p.552.
13
GRUDEM, 2009, p.365
3.9 diz que os homens em geral, não só os crentes, são “feitos à semelhança de
Deus”. Como ilustração Wolff registra que, na política de expansão territorial, “século
XIII a.C. o faraó Ramasés II fez esculpir na rocha a sua imagem na desembocadura
do rio dos Cães, no Mar Mediterrâneo, ao norte de Beirut”. 14
A imagem esculpida
não era o próprio Ramasés II, mas significava que ele dominava a região. O ser
humano ser a Imagem de Deus significa que ele é a “estatua de Deus”, ele
representa Deus. A finalidade do ser humano é documentar que Deus é o SENHOR
da criação.
Como Imagem de Deus o ser humano é administrador da criação. Deus
entregou aos cuidados do homem a criação para que este administre de forma
responsável. Como administrador, ele tem direitos e deveres.
O direito consiste na liberdade de decisão (Gn 2.18-20) e usufruir dos frutos
da criação (Gn 1.29; 2.16).
Os deveres são cuidar, cultivar (Gn 2.15), e obediência irrestrita a Deus, pois
é seu Criador (Gn. 1.27). Assim o homem tem a responsabilidade de cuidar de sua
casa. A ecologia é uma palavra grega, constituída por duas palavras-raízes. A
palavra “logia” significa: discurso, fala, estudo, etc. A palavra “eco” provem da
palavra grega “oikós”, que significa literalmente “casa”. Assim ecologia tem a ver
com a casa como espaço comum de vida.
Nossa responsabilidade com a nossa “casa” esta descrita no Decálogo,
quando Deus institui um dia de descanso. O shabbat é para que os seres humanos
tenham um dia para buscarem o seu Criador, para terem convívio familiar e social.
Com essa perspectiva ainda foi instituído o ano do jubileu (Lv 25.8-55), este
marcava um ano de liberdade no qual a herança da família era restaurada àqueles
que tiveram a desgraça de perdê-la, os escravos hebraicos eram libertados e a terra
era deixada sem cultivar.
O pecado é antes de tudo transgressão do preceito de Deus. Adão e Eva, no
paraíso, desrespeitaram a vontade de Deus ao comer da fruta proibida. O
transgressor se desvia do caminho de Deus. O pecado não se resume em
desrespeito, tem a ver com responsabilidade. Pecado é dívida. Assim nos lembra
Jesus nas parábolas (Mt 18.23ss; Lc 7.40ss) e a oração do Pai-nosso nos diz:
“perdoa-nos as nossas dívidas” (Mt 6.12ss). Pecado resulta de atos, omissões,
posicionamentos. Pecado implica culpa que necessita de perdão.
14
WOLFF, H.W. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Agnos. 1975, p.214.
Os deveres éticos do cristão

A pessoa regenerada por Deus passam da condição de escravos do pecado e


inimigos de Deus (Rm 5.1,10; 6.6) para a condição de filhos de Deus (Rm 8.1).
Como já vimos anteriormente o cristão tem responsabilidades. Ela s abrangem a
família, sociedade e o próprio Deus.

Família – Deus ordenou que o homem deixa-se pai e mãe e se una à sua
mulher e se tornariam uma só carne (Mt 19.5,6). O lar deve estar de acordo com os
princípios bíblicos, isso implica em respeito entre homem e mulher, pois ambos são
filhos e imagem de Deus. Os filhos devem ser educados nos princípios da sua
Palavra (instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, mesmo com
o passar dos anos não se desviará deles Pv 22.6), ainda em (Pv 23.12) nos diz: Não
evite disciplinar a criança, se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Os filhos
por sua vez devem honrar os pais( Êx 20.12). A família é tão sagrada que foi
instituída antes da queda do ser humano.

Deus – deve ser adorado através de nossa consciência limpa (coração limpo).
Não há duvida o reto procedimento produz uma consciência limpa e é seu guardião.
Por princípio, o cristão deve caracterizar-se pela consciência limpa (Rm 9.1,2; 13.5;
2Co 1.12; 1Tm 1.5; 1Pe. 3.16). Deus purifica nossa consciência através da obra
redentora em Jesus (Hb 9.14; 10.22; 1Pe 3.21). Se alguém está em Cristo, é nova
criatura, as coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas (2Co 5.17).
Burkhardt define essa realidade com as seguintes palavras:
Por isso o Espírito de Deus renova nosso conhecimento e nossa
capacidade de discernimento ético, de modo que somos capazes de provar
o que é a vontade de Deus (Rm 12.2) 15.
De fato o testemunho bíblico relata que a consciência doentia (1Co 8) é
curada por meio de doutrina que cura (1Tm 1.10). A restauração da consciência é,
sem duvida, uma dimensão do Evangelho.

15
WIESE, 2009, p.99, op. cit, p. 84 Burkhardt.
A consciência humana não é imune ao pecado e culpa. Pelo contrario, ela
se corrompe e participa da corrupção da existência humana.
Consequentemente, a consciência é passível de erros, moldável e até
manipulável. Por essa razão, o ser humano necessita de critérios que
estejam acima das variações sociais, e temporais para o viver e agir
responsável em que está inserido16.

Sociedade – a ética cristã abrange uma forma de reflexão no serviço a uma


comunidade, e deriva seu caráter da natureza das convicções dessa comunidade. O
ético da teologia é idêntico à espiritualidade, à missão, é o próprio projeto de vida de
fé, a vida que se projeta de dentro de si mesmo para o mundo. Nessa perspectiva o
conceito de igreja (ekkesia), não mais é comunidade que se “reúne” ao redor da
Palavra, mas como a comunidade que se “dispersa”, enviada ao mundo pelo Deus
que se revela na Palavra. E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o
evangelho a todas as pessoas” Mc 16.15. Por fim, é seguindo o exemplo do
Messias, “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de
muitos” (Mc 10.45), que reconhecemos o chamado didático para ser Luz em meio as
treva. Como vimos anteriormente temos a responsabilidade de cuidar, cultiva da
“casa” que foi nos dada. Para isso veremos que um campo da ética que ainda não
abordamos e é de suma importância em nossos dias: a bioética.

Exercícios:

1. Qual a base da ética Cristã?


________________________________________________________________
_____________________________________________________________

2. Como o ser humano é descrito em (Gn 1.27,28)?


________________________________________________________________
_____________________________________________________________

3. Quais são os 3 tipos de leis que haviam no Antigo Testamento?


16
WIESE, 2009, p.100,101.
________________________________________________________________
_____________________________________________________________
4. Qual é o grande adversário da verdadeira liberdade?
________________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________

5. Descreva o significado de ser a imagem de Deus?


________________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________

6. Cite as responsabilidades dos cristãos:


________________________________________________________________
____________________________________________________________

7. Como devemos adorar a Deus?


________________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________

Capítulo III

Biotecnologia

Conceito
“Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas
biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos
ou processos para utilização específica”.
Nesta definição se enquadram um conjunto de atividades que o homem vem
desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados
(pão, vinho, iogurte, e outros). Por outro lado a biotecnologia moderna se considera
aquela que faz uso da informação genética, incorporando técnicas de DNA
recombinante.

Bioética

Conceito de bioética
Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais - incluindo visão moral,
decisões, conduta e políticas - das ciências da vida e atenção à saúde, utilizando
uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar 17.
A bioética é um ramo da ética que tenta imprimir responsabilidade às ciências
que se ocupam com a vida, bem como às tecnologias correspondentes. O assunto é
de grande relevância e urgente necessidade. Trata-se de assegurar nada menos do
que a sobrevivência da humanidade, colocada em risco por uma ciência
descontrolada e, por isto suscetível de explorações inescrupulosas.
Considera, portanto, questões onde não existe consenso moral como
a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia, os transgênicos e as
pesquisas com células tronco, bem como a responsabilidade moral de cientistas em
suas pesquisas e aplicações.
Deus conferiu dignidade ao ser humano quando o fez sua imagem e
semelhança. A teologia deve levantar protesto sempre que a dignidade for reservada
a alguns em detrimento de outros. A ética e principalmente a ética cristã não pode
conformar-se com a predominância do fator econômico.
Deus quis que o ser humano coopera-se na preservação do Jardim do Éden,
de cultivar a terra, de gerenciar a criação (Gn 1-2). Considerando que a criação de

17
GOLDIN, José Roberto. Bioética. http://www.bioetica.ufrgs.br/biodef.htm > Acesso em 23 mar.
2016.
Deus continua através dos tempos. Somos criaturas limitadas pelo tempo, espaço e
pecadores. Porém temos a capacidades criativas. E a biotecnologia possibilita o ser
humano exercer cooperação na criação.
Devemos de tomar providencias contra a ameaça da poluição genética, ou
seja, a extinção dos limites entre as espécies, para que não ocorra o caos genético.

Abrangência da bioética

As técnicas reprodutivas – a ciência evoluiu ao ponto de fertilizar um óvulo


em laboratório, dando origem a “fertilização in vitro”. Este método possibilitou a
ciência escapar de certas formas de esterilidade e cumprir o desejo de um casal por
um filho próprio18. Para obter êxito, é necessário que vários embriões sejam
implantados no útero, e com frequência múltiplas gestações ocorrem. Porém para
evitar riscos para as crianças, as mulheres são obrigadas a proceder à assim
chamada “redução fetal”, ou seja, à eliminação de um ou mais fetos 19. A técnica de
reprodução pode facilmente perverter o sentido de procriação e transforma-la em
fabricação de gente20.
O transplante de órgãos oportuniza a demonstração de amor (2Co 13).
Jesus diz que é melhor entrar na vida com um só olho, com um só pé ou mão, isto é,
de forma mutilada, do que possuir todos os membros e ser lançado no inferno (Mt
18.8ss). Vejamos o contexto de Tiago 2.19-22, a fé sem obras é morta, e a doação
de órgãos é uma grande obra.
Eutanásia – designa uma morte suave, sem sofrimento alguns traduzem por
morte digna, porem cada grupo, interpreta a dignidade que convém à pessoa no
contexto das próprias crenças, isto é, de sua antropologia. A eutanásia é a
antecipação da morte de uma pessoa sem dor ou sofrimento. O uso preferível do
termo eutanásia visa à situação em que o interessado quer livremente morrer, mas
não consegue realizar seu desejo amadurecido, por motivos físicos. Eutanásia é o
emprego ou abstenção de procedimentos que permitem apressar ou provocar o

18
VIDAL, Marciano. Ética teológica: conceitos fundamentais. Petrópolis: Vozes, 1999, p.449-470.
19
Importante matéria sobre o tema em Veja, São Paulo, v.32. n.5, p.80s, 1999, sob o título “O drama
da redução fetal”.
20
JUNGES José Roque. Bioética: perspectivas e desafios. São Leopoldo: Unisinos, 1999, p.154.
óbito de um doente incurável, a fim de livrá-lo dos extremos sofrimentos que o
assaltam21.
A vida é um dom precioso de Deus (Gn 1.20-25), porém às vezes temos o
desejo de morrer, para estar com Cristo (Fl 1.23). Por fim é necessário lembrar os
não cristãos que a morte não é o fim do sofrimento, apenas o resultado do pecado
(Rm 6.23).
Manipulação genética – são indiscutíveis as bênçãos das novas conquistas
na fabricação de produtos farmacêuticos como a insulina, certos hormônios entre
outros. As novas tecnologias garantem o aumento de produção agrícola, a redução
da quantidade de herbicidas. Porém ainda não sabermos quais as consequências do
consumo dos alimentos transgênicos para o organismo humano. Por isso é
necessário uma cuidadosa avaliação a cerca dos transgênicos. Quanto maiores os
benefícios, tanto maiores a necessidade de preocupação e de barreiras para evitar
os abusos em seu uso.

Exercícios:

1. Defina Bioética:
______________________________________________________________
2. Defina Biotecnologia:
______________________________________________________________

3. Cite 4 áreas que abrangem as questões tratadas na bioética:

______________________________________________________________

21
Para uma análise maior sobre o assunto sugiro ler o artigo de Rodrigo Siqueira Batista e Fermin
Roland Schramm, Conversações sobre a “boa morte”: o debate bioético acerca da eutanásia.
http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v21n1/13.pdf.
Capitulo IV

Ética ministerial

Todo homem ou mulher chamado por Deus ao ministério deve fazer um


minucioso exame sobre sua própria vida, antes de iniciar a carreira ministerial. Deve
ter certeza em seu coração de seu chamado, conhecer suas condições emocionais
precisam ser cuidadosamente avaliados. Paulo relata isso quando diz: “Procura
apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). Aqueles que são chamados por
Deus para liderar parte de seu rebanho devem ser líderes de verdade.
A ética ministerial diz respeito ao obreiro como pessoa diante de Deus, diante
de si mesmo, diante da família, diante da Igreja e diante da sociedade. O obreiro
toma decisões morais todos os dias em sua responsabilidade de ajudar os outros.
Para Deus, não importa a formação ou experiência que a pessoa tenha, se esta não
tiver as qualidades morais bíblicas, torna-se automaticamente inapta para o
ministério. É muito mais importante o que o ministro é do que o que ele é capaz de
fazer22. O obreiro deve ter convicção de seu chamado para que possa realizar a
vontade de Deus, sendo benção para si, para sua família, para a Igreja, para a
sociedade e para Deus.

A ética do obreiro

O obreiro deve ser integro, sábio, temperado e justo (1Tm 4.12). A verdade
deve ser primícia, na vida do obreiro e deve ser exemplo.
As cartas de Paulo a Timóteo e Tito são verdadeiros manuais de
administração eclesiástica. Elas contêm doutrina, ensino, quanto a assuntos
práticos, mas, também, diretrizes gerais sobre liderança, designação de
obreiros, suas qualificações, as responsabilidades espirituais e morais do
ministério, o relacionamento com Deus, com os lideres e as relações
interpessoais23.
O Espírito Santo orientou a Paulo nos critérios de escolha dos obreiros ao
Presbitério, ele estava estabelecendo os critérios éticos para tal função. Homens de
boa reputação isso nos mostra como o candidato deveria ser visto pela sociedade,
(1Tim 3.7) cheios do Espírito Santo, (Gl 5.22-26) isso mostra que seu caráter deveria
estar moldado pela pessoa do Espírito Santo, cheios de sabedoria. O padrão moral
do obreiro esta descrito em (1Tm 3.1-8). Paulo escreve dizendo o seguinte “da

22
MACARTHUR, Jr, John. Redescobrindo o ministério pastoral: moldando o ministério
contemporâneo aos preceitos bíblicos. 3. Ed. Tradução de Lucy Yamakami. Rio de Janeiro, CPAD,
1999, p. 137.
23
LIMA, Elinaldo Renovato de. As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais. Rio de Janeiro: CPAD,
2015, p.13.
mesma sorte os diáconos.” Ou seja, o padrão de comportamento ético é o mesmo
seja para o Pastor, Presbítero ou Diácono.
O obreiro deve tomar cuidado com a fama. O desejo de fama produz desvio
de conduta, deixamos de sermos guiados pelo Espírito Santo. O desejo de fama tira
a ousadia e, consequentemente a nossa fé. Cristo afirmou aos fariseus: “Eu não
aceito glória dos homens.... Como vocês podem crer, se aceitam glória uns dos
outros, mas não procuram a glória que vem do Deus único?” (Jo 5.41,44). As
convicções são deixadas de lado em detrimento da posição na organização
eclesiástica. Jesus deu o exemplo de como deve ser o ministério do obreiro, ao
curar um surdo ELE disse abre-te os olhos. Abriram-se os olhos e ouvidos, Jesus
ordenou que a ninguém dissesse, porém quanto mais recomendava, mais era
divulgado (Mt 7.34-36). Outras passagens semelhantes encontram-se em Mt 8.4; Mc
5.43; 8.30; Lc 8.56; 9.21.
Para vencer o desejo de fama devemos seguir o exemplo de Jesus: retirou-
se, sozinho, para o monte. No momento da oração, certamente encontraremos
prazeres maiores do que os terrenos. Devemos ter o posicionamento de João
Batista quando disse: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo3. 30).

Ética na família

Paulo escreve a Timóteo (1Tm 3.12) e a Tito (Tt 1.6) nos advertindo da
necessidade de termos nossa família estruturada na sã doutrina, vivendo na prática
diária do lar a autenticidade destes ensinos. Ainda em (Rm 2.1-6), Paulo nos alerta
sobre o perigo de pregar sem praticar, de apontar e julgar sem consertar-se e
arrepender-se igualmente. Antes de assumirmos o grande privilégio de sermos
ministros do SENHOR, devemos reconhecer a responsabilidade de viver antes de
pregar, lembrando que o exemplo é a mais poderosa ferramenta de ensino que
temos. As situações mais variadas do dia a dia nos dão a oportunidade de exercitar
os frutos do Espírito com aquelas pessoas que nos conhecem na intimidade.

Ética na igreja
O obreiro, devido ao seu chamado ministerial, é um líder por vocação.
Entretanto, liderança ministerial, antes de tudo é renúncia e serviço. Todo o obreiro
está debaixo de autoridade, e não apenas da autoridade de Deus. Ao líder Deus dá
autoridade para realizar a obra do Reino e não dos homens. Isso é imprescindível a
fim de evitar desvios em seu chamado. O Líder deve pegar a Palavra com temor e
tremor, orar e meditar na Palavra, preparar aqueles que tem chamado para servir,
para celebrar a ceia, para evangelizar etc. O obreiro deve tratar a igreja com toda
consideração e estima tendo em mente que a mesma é a noiva de Cristo. Deve ser
imparcial no seu julgamento, não se deixando levar por partidos, fofocas ou
preferências pessoais. O obreiro deve estar pautado por uma vida ética e de
santidade (1Tm 3.1-7).

Ética com outros obreiros

O obreiro deve ser um discipulador, promovendo meios para o


aperfeiçoamento do chamado das pessoas sob seus cuidados. Deve ser um
cooperador do ministério de outros obreiros, pois o objetivo maior é alcançar almas.

Ética no culto

O púlpito deve ser para o obreiro o que o Monte Sinai foi para Moisés.
Também é o púlpito o local onde Deus colocou seu servo, onde as almas são
conduzidas a Deus. Sendo assim o obreiro deve tomar alguns cuidados como:
Deve ter cuidado para não contar estórias, fabulas. O púlpito é o lugar onde o
obreiro ensina, exorta, admoesta. A dignidade do púlpito firma-se no modo pelo qual
o usamos, por isso, devemos usá-lo de modo correto. O culto deve ter horário para
começar e terminar. Quando for convidado para pregar a palavra, pergunte quantos
minutos dispõe. Não gritar no microfone. Não fazer uma “sobre pregação”, isto é,
após o pregador terminar, não pregar novamente.
Exercícios:

1. Ética ministerial diz respeito a qual âmbito na vida do obreiro?


R:
______________________________________________________________
_____________________________________________________________

2. Qual o padrão moral do obreiro e qual a diferença de ética entre pastor,


presbítero e diácono?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________

3. Qual texto descreve a vida ética e de santidade do obreiro?


_____________________________________________________________

4. É correto afirmar que o obreiro deve repregar a mensagem após o


pregador convidado entregar se julgar necessário.
______________________________________________________________
Conclusão

Ao término deste estudo aprendemos o conceito de ética, suas diferenças,


sua função, sendo possível compreender a responsabilidade de cada cristão.
Aprendemos o conceito de liberdade e onde esta abalizada.
Conhecemos um pouco sobre a manipulação genética, suas consequências e
benefícios nas questões da bioética.
No último capítulo abordamos a ética que o obreiro deve ter. Como deve
conduzir sua família, a igreja do SENHOR, sua conduta com os companheiros de
ministério.
Com este breve estudo “esperamos que o cristão possa ter um
posicionamento adequado em meio a uma sociedade cada vez mais fragilizada em
termos éticos” Mt 5.37. “Que cada cristão se sinta instigado a conhecer mais sobre
os valores do Reino de Deus, buscando mais conhecimento” Os 6.3.

Bibliografia

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Para uma análise maior sobre o assunto sugiro ler o artigo de Rodrigo Siqueira
Batista e Fermin Roland Schramm, Conversações sobre a “boa morte”: o debate
bioético acerca da eutanásia. http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v21n1/13.pdf
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